Ricardo Boechat -RevistaIstoÉ - Esclarecimento - NAe SP

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Ricardo Boechat -RevistaIstoÉ - Esclarecimento - NAe SP
CENTRO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA MARINHA
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Ao Senhor
Ricardo Boechat
Jornalista
Revista “IstoÉ”
Para:
Telefone:
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De:
Centro de Comunicação Social da Marinha
Data: 18/05/2010
No de páginas, incluindo esta: 03 (três)
Senhor jornalista,
Em relação à nota “Ao menos...boia”, publicada em sua coluna na revista “IstoÉ’, edição
nº 2114, a Marinha do Brasil (MB) esclarece que o Navio-Aeródromo (NAe) “São Paulo” operou,
ininterruptamente, de 2001 até 2005, quando ocorreu o rompimento em uma rede de vapor
principal, o que determinou a sua parada para a realização de reparos. Em função da extensão dos
serviços a serem realizados e o tempo necessário à sua consecução, bem como da programação de
futuros períodos de manutenção do Navio, diversos outros serviços foram oportunamente
antecipados, em face da necessidade de sua imobilização. Dessa forma, compatibilizou-se a
manutenção corretiva com a preventiva, decorrente do número de horas de funcionamento de
determinados equipamentos e sistemas.
Portanto, o NAe “São Paulo”, com quatro anos de operação e 164,5 dias de mar, já realizou
568 catapultagens/enganches, o que demonstra o elevado grau de operatividade e segurança na
condução de operações aéreas. Salienta-se que a capacidade da MB nesse tipo de operação é
reconhecida internacionalmente, sendo razão para que, rotineiramente, a Força participe em
programas de intercâmbio e cooperação com Marinhas de outros países que, também, operam
Navios-Aeródromos. É mister lembrar que somente nove países no mundo têm capacidade de
operar Navios-Aeródromos, sendo o Brasil um deles.
Em outubro de 2007, alguns serviços foram concluídos e o navio iniciou suas provas de
mar, quando foi constatada uma avaria no eixo propulsor de boreste, cujo reparo culminou na sua
substituição. O período de tempo necessário ao serviço do eixo, cerca de um ano, permitiu a
execução de outros serviços de manutenção e a modernização de alguns sistemas componentes da
planta propulsora e catapultas. De um modo simplificado, podemos resumir as obras, em cinco
grupos, assim discriminados:
I – Praças de Máquinas – revisão das turbinas de propulsão do eixo de bombordo; reparos
de turbo-geradores, que são as principais fontes de energia elétrica; e reparo da maioria das bombas
principais do Navio.
II – Praças de Caldeiras – duas caldeiras foram retubuladas completamente. Para se ter
uma idéia, são cerca de 1.500 tubos por caldeira. Uma delas ficou pronta no fim de abril e a outra
em julho de 2009.
III – Catapulta lateral – a catapulta lateral está sofrendo uma revisão geral com a troca de
inúmeras peças do seu aparelho de força, aquele que impulsiona a aeronave; reforço em sua
estrutura; e verificação de todo circuito vapor. A previsão de término do reparo é para 15 de julho
de 2010.
IV – Condensadores principais – estão sendo realizados serviços de reparo no
engaxetamento (vedação) dos 19.700 tubos, pertencentes aos dois condensadores principais do
Navio. A previsão de término é para julho de 2010.
V – Outras obras – foram modernizadas as quatro unidades de resfriamento principais, para
melhorar o sistema de condicionamento de ar do navio. Foram, também, substituídos três motores
de combustão, responsáveis por parte da geração de energia, bem como foram instalados grupos de
osmose reversa, responsáveis pela produção de água doce.
Durante um período longo de manutenção, todo navio da MB é submetido a um criterioso
programa de adestramento, que culmina em rigorosas inspeções, com o propósito de preparar a
tripulação para executar suas tarefas no mar, a qualquer tempo, com segurança. Esse período é
variável de acordo com o tipo e a missão do navio. No caso do NAe "São Paulo", vem sendo
executado um Programa de Adestramento específico para cada um dos diversos setores de bordo e
está previsto, inicialmente, um período de mais 3 meses para a realização do adestramento da
tripulação no mar e para iniciar a qualificação de aviadores a bordo. Após tal período, o navio
iniciará seu Ciclo de Atividades Operativas, cumprindo diversas missões de treinamento com os
demais navios da Esquadra.
A operação de um Navio-Aeródromo apresenta elevado fator de risco e demanda grande
esforço para sua condução com segurança. O Programa de Prevenção de Acidentes é calcado em
uma política de segurança, fundamentada em conceitos básicos como: desenvolvimento de uma
consciência situacional; identificação dos potenciais riscos envolvidos em cada atividade realizada;
na correta manutenção dos equipamentos; e no intensivo adestramento do pessoal. No decorrer
deste Período de Manutenção e Modernização, toda a tripulação está sendo submetida aos
adestramentos programados, recebendo orientação específica para a prevenção de acidentes, a fim
de manter a mentalidade de segurança que contribuirá para a redução de riscos inerentes ao fator
humano, o que, associado à criteriosa manutenção dos equipamentos e sistemas, elevará os níveis
de segurança na operação do Navio. Esse é um esforço que se mantém diuturnamente e recebe a
mais alta prioridade do Comando.
A importância de o nosso País possuir um NAe está relacionada à existência de enormes
recursos naturais ao longo do nosso vasto litoral e nas Águas Jurisdicionais, além da dependência
do transporte marítimo para o comércio exterior, o que exige alguma capacidade de defesa de
nossos interesses, na enorme área marítima brasileira. Tal fato impõe à MB dispor de instrumentos
de vigilância, controle e proteção.
Isso pode ser concretizado pela existência de uma Força Naval capaz de operar tanto em
áreas oceânicas quanto próximo ao litoral de regiões conturbadas. Em qualquer situação, ela deverá
ser capaz de prover eficazmente a própria defesa, inclusive contra ameaças aéreas, para o que se faz
indispensável dispor de aviação embarcada em um NAe.
Assim, uma Força Naval nucleada em Porta-Aviões possuirá as características de
mobilidade, flexibilidade, versatilidade e capacidade de permanência, que a habilitarão a cumprir
um amplo espectro de missões, desde as humanitárias e de paz até as típicas de manobra de crise ou
de conflito armado. Um Poder Naval bem aparelhado provê, ao nível político decisório, a
capacidade de graduar a aplicação da força, no tempo e no local apropriados, e com a intensidade
proporcional aos propósitos pretendidos. Além disso, representa eficaz elemento de dissuasão, pois
poucos países são capazes de efetivamente operar distantes do seu litoral.
Deve-se ressaltar, ainda, que a capacidade de controlar áreas marítimas não pode ser
alcançada somente com o emprego de navios escoltas e que a aviação baseada em terra possui
limitações de raio de ação, além de demandar tempo excessivo para reagir às ameaças aéreas
provenientes do mar, principalmente para a defesa de objetivos situados a muitas milhas da costa, a
exemplo das plataformas de petróleo.
Dentre as várias operações realizadas pelo NAe “São Paulo”, podemos destacar as
seguintes:
a) ARAEX-VI/02 (com a Marinha da Argentina) – operação destinada a incrementar o
grau de interoperabilidade entre unidades de superfície e aeronaves orgânicas das Marinhas do
Brasil e da Argentina (ARA);
b) URUEX-02 (com a Marinha do Uruguai) – operação destinada a incrementar o grau de
interoperabilidade entre unidades de superfície e aeronaves orgânicas das Marinhas do Brasil e do
Uruguai (AROU);
c) ESQUADREX-04 e ADEREX-I/05 – operações destinadas a elevar a prontidão, o grau
de adestramento e avaliar o desempenho das unidades da Esquadra;
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d) TROPICALEX-02 e 03 – operação destinada a realizar ação de presença nos portos do
nordeste e elevar o grau de prontidão das unidades da Esquadra, por meio da realização de
exercícios avançados e operações de guerra naval;
e) TEMPEREX-02 – operação destinada a realizar ação de presença nos portos do sul e
elevar o grau de prontidão das unidades da Esquadra, por meio da realização de exercícios
avançados;
f) ESPADARTE-02 – operação de Patrulha Costeira, destinada ao Controle Naval do
Tráfego Marítimo; e
g) ASPIRANTEX-03 – operação com o propósito de manter o grau de prontidão dos meios
navais da Esquadra e contribuir para a formação militar naval dos Aspirantes da Escola Naval e
Alunos do Centro de Instrução Almirante Graça Aranha (CIAGA), por meio da realização de
exercícios básicos de adestramento.
Por último, faz-se mister esclarecer que a visita de técnicos franceses diz respeito a mais
uma entre diversas visitas técnicas já realizadas e previstas nos Acordos assinados entre a MB e a
empresa DCNS.
Atenciosamente,
CENTRO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA MARINHA
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