Ana Christina Gomes Guilherme Acumulação de - NIMA - PUC-Rio
Transcrição
Ana Christina Gomes Guilherme Acumulação de - NIMA - PUC-Rio
A-PDF Merger DEMO : Purchase from www.A-PDF.com to remove the watermark Ana Christina Gomes Guilherme PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA Acumulação de Cádmio pela Ruppia maritima Linnaeus em Ensaios de Fitorremediação DISSERTAÇÃO DE MESTRADO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DOS MATERIAIS E METALURGIA Programa de Mestrado em Engenharia Metalúrgica do Departamento de Ciência dos Materiais e Metalurgia Rio de Janeiro, setembro de 2005 Ana Christina Gomes Guilherme PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA Acumulação de Cádmio pela Ruppia maritima Linnaeus em Ensaios de Fitorremediação Dissertação de Mestrado Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Mestre pelo Programa de PósGraduação em Engenharia Metalúrgica do Departamento de Ciência dos Materiais e Metalurgia da PUC-Rio. Orientador: Roberto José de Carvalho Co-orientadores: Regina Helena Potsch Andreata Reinaldo Campos Calixto Rio de Janeiro, setembro de 2005 Ana Christina Gomes Guilherme Acumulação de Cádmio pela Ruppia maritima Linnaeus em PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA Ensaios de Fitorremediação Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Engenharia Metalúrgica e de Materiais pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Metalúrgica do Departamento de Ciência dos Materiais e Metalurgia da PUC-Rio. Aprovada pela Comissão Examinadora abaixo assinada. Prof. Roberto José Carvalho Orientador Departamento de Ciência dos Materiais e Metalurgia - PUC-Rio Prof. Regina Helena Potsch Andreata Co-orientadora Universidade Santa Úrsula - USU Prof. Raul Almeida Nunes Departamento de Ciência dos Materiais e Metalurgia - PUC-Rio Prof. Rachel Bardy Prado Embrapa – Solos Prof. José Eugenio Leal Coordenador Setorial de Pós-Graduação do Centro Técnico Científico da PUC-Rio Rio de Janeiro, 16 de setembro de 2005 Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem autorização da universidade, da autora e do orientador. Ana Christina Gomes Guilherme Bacharel e licenciada em Ciências Biológicas pela Universidade Santa Úrsula, Rio de Janeiro. Ficha Catalográfica PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA Guilherme, Ana Christina Gomes Acumulação de cádmio pela Ruppia marítima Linnaeus em ensaios de fitorremediação / Ana Christina Gomes Guilherme ; orientador: Roberto José Carvalho ; co-orientadores: Regina Helena Potsch Andreata, Reinaldo Campos Calixto. – Rio de Janeiro : PUC-Rio, Departamento de Ciência dos Materiais e Metalurgia, 2005. 109 f. ; 30 cm Dissertação (mestrado) – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Departamento de Ciência dos Materiais e Metalurgia. Inclui referências bibliográficas 1. Ciência dos materiais e metalurgia – Teses. 2. Fitorremediação. 3. Cádmio. 4. Sedimentos . 5. Águas . 6. Ruppia maritima. 7. Macrófita aquática. I. Carvalho, Roberto José. II. Andreata, Regina Helena Potsch. III. Calixto, Reinaldo Campos. IV. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Departamento de Ciência dos Materiais e Metalurgia. V. Título. CDD: 669 Dedico este trabalho de todo o meu coração: A Deus, porque sem ele nada seria possível. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA Ao meu marido Antonio Mendes Dutra por me incentivar a fazer o mestrado, por estar do meu lado nos meus momentos difíceis, por me ajudar nas tarefas de casa, por levar o meu café na cama e por me amar. Ao meu filho Sheine G.G.Dutra por ter que entender ainda tão novo que a minha atenção por dois anos estava voltada quase que inteiramente para as aulas, os experimentos e o computador. Por ser um filho maravilhoso, amoroso e independente. Aos meus Pais Israel G. Santos e Ana Maria G.Guilherme por me ajudarem e me ampararem em todos os momentos. A minha sogra, Alair M. Dutra, por me ouvir, me compreender, me aturar e ser a minha professora de português, lendo e corrigindo os meus trabalhos e a minha dissertação. Mãe só se tem uma, mas algumas pessoas são tão amorosas e atenciosas comigo que também poderiam ser chamadas de mãe: A minha Avó Nancy S. Gomes; a minha Tia Franquelina Weydt; a minha Irmã Lili Cútalo e a minha Sogra Alair Dutra. A minha família, meus tios, meu primo, meus sobrinhos, minha cunhada e ao meu sogro pelo apoio, carinho e compreensão. Aos meus amigos, Tuna, Vini, Marcelo Queiroz e Tati por estarem presentes e levantarem a minha moral quando eu precisei. Aos meus novos amigos, feitos na PUC, por estarem presentes e atuantes como um amigo tem que estar. Aos meus inimigos, pois se não fosse por eles tentando me derrubar e me considerando incapaz, eu não teria tanta disposição de mostrar o quanto sou capaz. Agradeço principalmente A DEUS, ao meu marido e ao meu filho, por serem meus amigos, minha família e minha vida. Agradecimentos A Deus por me ajudar a chegar aonde estou, me amparar e me acalmar quando eu precisei. Ao meu orientador Roberto Carvalho, por acreditar em mim e por ser extremamente paciente e compreensivo em meus momentos de crise. Sem ele eu não estaria apresentando este trabalho. A minha Co-Orientadora Regina Andreata por estar sempre presente e participativa nas tomadas de decisões e por disponibilizar toda a infra-estrutura da USU. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA Ao meu Co-Orientador Reinaldo Calixto pela atenção, ajuda e participação na hora em que mais precisei, disponibilizando não só material, técnicos e o laboratório para análise como o seu tempo. A todos do Departamento de Engenharia Metalúrgica que de alguma forma ajudaram na concretização da dissertação. Aos meus professores por tudo que me ensinaram em especial ao Prof. Raul Nunes pelo apoio e pela disponibilização do seu laboratório e a secretária da Pós-Graduação Lusinete por ser mais do que uma secretária, se tornando para mim uma amiga e conselheira. Ao Prof. Andreata da USU, pela atenção dispensada na elaboração do histórico da Lagoa Rodrigo de Freitas, nas coletas (me colocando como parte da equipe) e na obtenção e manutenção dos aquários. A equipe do prof. Andreata por me ajudar a coletar o material. Aos funcionários da montagem da USU, por me ajudarem na montagem dos aquários e na herborização das plantas, me fornecendo todo o material necessário. Aos alunos da professora Regina Andreata, principalmente ao Carlos Henrique pelo aquário e pelas informações sobre a Ruppia maritima. Ao Técnico Rodrigo Gonçalves e ao André Vechi, responsáveis pelo departamento de Química da PUC-Rio, pela atenção e pela ajuda no processamento e na análise do meu material no espectrofotômetro. Aos meus amigos da PUC pela atenção nas horas em que precisei e pelo material que me emprestaram, sem o qual a planta nunca seria contaminada. Agradeço principalmente aos meus melhores amigos: Belenia, Gabriela, Eduardo, Ana Elisa, Tatiana, Marcelo, Ediney, Joedy e Ysrael. A Gabriela por também me emprestar a sua dissertação para que servisse de base para a minha. Aos órgãos governamentais responsáveis pelo meio ambiente, como: Feema, SERLA e IBAMA, que mantém o controle, a fiscalização e a legislação ambiental PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA atualizados e disponíveis aos cidadãos. Ao CNPq pelo apoio financeiro dispensado durante todo o curso de mestrado. Resumo Dutra- Guilherme A.C.G.. Acumulação de Cádmio pela Ruppia maritima Linnaeus em Ensaios de Fitorremediação. Rio de Janeiro, 2005. 109p. Dissertação de Mestrado - Departamento de Ciência dos Materiais e Metalurgia, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Nos últimos anos tem ocorrido um crescimento na extração e no beneficiamento de metais pesados ocasionando um aumento de rejeitos tóxicos na natureza, abrindo-se assim, a oportunidade para a pesquisa de técnicas de remediação de solos e águas, menos agressivas ao meio ambiente e com custos baixos. A fitorremediação é uma técnica de tratamento de solos, águas e sedimentos contaminados que promove o recapeamento de áreas devastadas e não altera o ecossistema, utilizando plantas como agentes remediadores. Entre as PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA vantagens da fitorremediação, citam-se o custo reduzido e o baixo risco de dano ambiental ao solo, contrariamente a alguns processos de remediação física, química e da biorremediação. A técnica de fitorremediação consiste em se plantar e cultivar no local a ser tratado uma planta capaz de absorver o contaminante. O objetivo do trabalho foi estudar a capacidade de hiperacumulação de cádmio pela Ruppia maritima L., que é uma macrófita aquática enraizada e semi-cosmopolita encontrada em ambientes contaminados e possui uma capacidade adaptativa muito boa. A capacidade de fitorremediação da espécie, juntamente com a sua flora e fauna associadas, foi estudada utilizando-se soluções de cloreto de cádmio. A partir dos experimentos realizados concluímos que a Ruppia maritima possui uma capacidade muito boa de remediação de águas e sedimentos contaminados e de adaptação às condições adversas. Palavras-chave Fitorremediação; c ádmio; sedimentos; águas; Ruppia maritima; macrófita aquática Abstract Dutra- Guilherme A.C.G.. Acumulação de Cádmio pela Ruppia maritima Linnaeus em Ensaios de Fitorremediação. Rio de Janeiro, 2005. 109p. Dissertação de Mestrado - Departamento de Ciência dos Materiais e Metalurgia, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. In the last years a growth has occurred in the extraction and refining of heavy metals causing an increase in the accumulation of wastes that are toxic to nature, thus opening up the opportunity for research in new soil and wastewaters remediation technics that are less aggressive to the environment and have lower costs. The established technics have not been developed with the preservation of the environment to be decontaminated in mind, nevertheless the current awareness in preserving the environmental balance acts as an incentive to the study of PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA ecologically correct technologies. Phytoremediation is a technic for treatment of contaminated soil and wastewaters that promotes reforestation of devastated areas and does not modify the ecosystem, using plants as remediating agents. Amongst the cited advantages of phytoremediation are its low cost and risk of environmental damage to the soil, as opposed to certain physical and chemical remediation, and bioremediation processes. The phytoremediation technology consists of planting and cultivating on location a plant that is capable of absorbing the contaminating agent. The aim of this work was to study the cadmium hiperaccumulation capacity through the Ruppia maritima L., which is a cosmopolitan rooted aquatic macrophyte found in contaminated environments with a very good adaptation capacity. The phytoremediation capacity of this species, together with its associated flora and fauna, was tested using cadmium chloride solutions. From the developed experiments we concluded that the Ruppia maritima possesses a very good capacity for remediating contaminated soils and wastewaters and adapting to adverse conditions. Keywords Phytoremediation; soils; wastewaters ; cadmium; aquatic macrophytes; Ruppia maritima PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA Sumário 1 . INTRODUÇÃO 17 1.1. Objetivos 20 2 . REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 21 2.1. Metais pesados 21 2.1.1. Descrição 21 2.1.2. Fontes de contaminação por metais pesados 21 2.1.3. Danos ao meio ambiente e à saúde 21 2.2. Cádmio 22 2.2.1. Descrição 22 2.2.2. Fontes de contaminação por cádmio 22 2.2.3. Danos ao meio ambiente e à saúde 23 2.2.4. Produção global de cádmio 23 2.2.5. Disponibilidade do cádmio no meio ambiente 24 2.3. Métodos de remoção de metais pesados 25 2.3.1. Sistemas de tratamento dos despejos industriais 28 2.3.2. Tratamentos de águas , sedimentos e solos contaminados in situ 35 2.3.3. Projetos de tratamento das Lagoas do Estado do Rio de Janeiro 40 2.3.4. Fitorremediação de metais pesados por macrófitas aquáticas 41 2.3.4.1. Formas de complexação e transporte do cádmio através da planta 41 2.3.4.2. Exemplos de remediação de cádmio por plantas aquáticas e plantas de solo 43 2.3.4.2.1. Plantas de solo 44 2.3.4.2.2. Plantas aquáticas 45 2.4. Macrófitas aquáticas 49 2.5. Taxonomia de Ruppia maritima L. 51 3 . MATERIAIS E MÉTODOS 53 3.1. Organização dos experimentos 53 3.2. Coleta 54 3.2.1. Localização e caracterização da área de estudo 54 3.2.2. Estações de amostragem neste estudo 55 3.2.3. Amostragem 56 3.2.4. Identificação dos fatores abióticos relevantes 56 3.2.5. Limites de cádmio estabelecidos pela Resolução CONAMA 20 57 3.2.6. Metais pesados na Lagoa Rodrigo de Freitas 61 3.3. Herborização da Ruppia maritima 62 3.4. Estabilização dos aquários 62 3.5. Teste Piloto para se determinar as condições ideais de cultivo da planta e a diluição do cádmio 63 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA 3.6. Cultivo da Ruppia maritima em ambientes com a adição de cloreto de cádmio 65 3.7. Digestão do material para análise química 67 3.7.1. Sedimento 67 3.7.2. Planta 67 3.8. Análises Químicas 68 4 . RESULTADOS & DISCUSSÃO 69 5 . CONCLUSÕES 93 5.1. Perspectivas futuras 95 6 . REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 97 Lista de tabelas Tabela 1 - Produção global de cádmio em toneladas por ano 23 Tabela 2 - Técnicas de descontaminação de efluentes líquidos, eficiência e custo 26 Tabela 3 - Técnicas utilizadas na remoção de metais dos diferentes tipos de efluentes líquidos 27 Tabela 4 - Formas de tratamento de águas de rejeitos antes de serem lançadas nos corpos d’água 29 Tabela 5 - Capacidade de remoção de metais pelo carvão ativado e outros PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA materiais (Benvindo, 2004) 31 Tabela 6 - Exemplos de bioacumulação de metais 33 Tabela 7 - Formas de tratamento de efluentes líquidos in situ 36 Tabela 8 - Plantas que tiveram as maiores concentrações de Cd nas raízes e folhas 46 Tabela 9– Dados abióticos da Lagoa Rodrigo de Freitas 57 Tabela 10 – Relatório anual dos fatores abióticos fornecido pela Feema (2004) 57 Tabela 11 - Limites máximos permitidos por classe para o cádmio Resolução CONAMA 20 (Brasil,1986) 58 Tabela 12 – Limites máximos admitidos de cádmio segundo Resolução CONAMA 357 (Brasil, 2005) Tabela 13 – Classificação das águas brasileiras 59 60 Tabela 14 - Valor máximo admissível de cádmio lançado no efluente (Brasil,1986) 61 Tabela 15- Concentração de Cádmio no sedimento da Lagoa Rodrigo de Freitas 62 Tabela 16- Condições operacionais do espectrofotômetro para o cádmio 68 Tabela 17 - Resultados do teste piloto em relação aos parâmetros utilizados 70 Tabela 18 - Resultado das diluições de cloreto de cádmio em água milli-q e sedimento 71 Tabela 19 - Peso seco em g do sedimento no 7° e 14 ° dia 72 Tabela 20- Quantidade de água contida na planta no 7° dia de contaminação 73 Tabela 21 - Quantidade de água contida na planta no 14° dia de contaminação 74 Tabela 22 - Quantidade de água contida na raiz, no caule e na folha da Ruppia maritima no 14° dia de contaminação por cádmio 75 Tabela 23 - Concentração de cádmio encontrado na água, no sedimento e na Ruppia maritima no 7° e no 14° dia 77 Tabela 24 - Quantidade de cádmio encontrado no 14°dia em cada órgão da planta em mg de Cd/kg de raiz, de caule e de folha respectivamente 79 Tabela 25 - Valor médio de absorção de cádmio pela Ruppia maritima 79 Tabela 26 - Absorção média de cádmio pela Ruppia maritima e por outras espécies de plantas 87 Tabela 27 - Absorção média de cádmio em diferentes órgãos da Ruppia maritima e de outras espécies de plantas 89 Tabela 28 - Comparação entre algumas tecnologias utilizadas na remediação de PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA solos, águas e sedimentos contaminados com metais pesados 91 Lista de figuras Figura 1 - Diagrama de especiação do cádmio 24 Figura 2 – Vista aérea da Lagoa Rodrigo de Freitas (Feema, 2004) 55 Figura 3 - Localização das luzes artificiais e distribuição dos vidros 64 Figura 4 - Ambiente de controle no 14°dia 65 Figura 5 - Ambiente intoxicado com cloreto de cádmio no 14° dia 66 Figura 6 - Ruppia maritima com a sua flora e fauna associada, aumento de 5x 69 Figura 7 - Comparação entre o cultivo da Ruppia maritima na água da Lagoa (A) e na água milli-q (B), contaminadas com cádmio PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA Figura 8 - Quantidade de cádmio na água 80 81 Figura 9– Quantidade de cádmio precipitada no sedimento em mg de Cd/kg de sedimento seco 82 Figura 10 - Quantidade de cádmio absorvido pela planta em mg de Cd/kg de planta seca 83 Figura 11 – Distribuição de cádmio na água, no sedimento e na planta por ambiente Figura 12 – Distribuição de cádmio na água e no sedimento por ambiente 84 85 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA Lista de símbolos Ag - prata Ar - argônio ArsC - enzima que reduz o arsenato para arsenito As - arsênio ATP molécula de trifosfato de adenosina Au - ouro Bi - bismuto Cd - cádmio CdCl2 - cloreto de cádmio Cisteína - Cys, aminoácido que contém um grupo tiol (C 3 H7 NO2 S) Co - cobalto Cr - cromo Cu - cobre EDTA ácido etileno-diaminotetra-acético EPA - Agência de Proteção Ambiental ex situ - fora do local Fe - ferro Fitoquelatinas - são peptídeos sintetizados não ribosomais com a estrutura (γ-Glu-Cys)n X FRO2 - redutase quelato férrica GCP - bomba de glutationa conjugada ao S Glicina - Gly, aminoácido mais simples (C 2 H5 NO2 ) Glutamina - Glu, aminoácido que contém um (C 5 H10N2 O3 ) H2 O2 - peróxido de hidrogênio Hg - mercúrio HMA4 - proteína transportadora de metais pesados HNO3 - ácido nítrico In situ - no local ITR1 - proteinas transportadoras de ferro 3 m - metros cúbicos grupo amina PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA Mn - manganês Mo - molibdênio MTs - metalotioninas Ni - níquel P.A. - puro Pb - chumbo PCs - fitoquelatinas Sb - antimônio Se - selênio SERLA - Fundação Superintendência Estadual de Rios e Lagoas Sn - estanho t- toneladas Ti - titânio U- urânio V- vanádio W- tungstênio YCF1 - fator de leveduras ZIP - proteinas transportadoras de zinco Zn - zinco Zr - zircônio PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA “Tis well, I´le have thee speake out the rest, soone. Good my Lord, will you see the Players wel bestow'd. Do ye heare, let them be well us'd: for they are the Abstracts and breefe Chronicles of the time. After your death, you were better have a bad Epitaph, then their ill report while you lived.” Hamlet. The tragedie of HAMLET, Prince of Denmarke, by William Shakespeare. 1. INTRODUÇÃO A crescente demanda por tecnologias me nos agressivas ao meio ambiente incentivou o desenvolvimento de técnicas de remediação de solos, águas e sedimentos contaminados com custos mais baixos do que as técnicas já estabelecidas e utilizadas. Neste sentido, o presente estudo visa entender melhor as formas de fitorremediação águas e sedimentos contaminados com metais pesados (cádmio) por meio da Ruppia maritima L.. A fitorremediação, também conhecida como PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA remediação ou biorremediação, é uma técnica de limpeza de solos, águas e sedimentos contaminados com metais pesados ou compostos orgânicos, que utiliza uma planta como agente remediador. Para que a fitorremediação possa ser aplicada à níve l industrial, é necessário estudar os fatores determinantes da técnica para posterior avaliação de sua eficiência e custo benefício. Segundo Lora (2002) “O custo da biorremediação encontra-se entre 30 e 50% do custo de sistemas convencionais de remediação química e física. A aplicação da biotecnologia é mais eficiente quando se deve eliminar pequenas quantidades de contaminantes tóxicos de grandes volumes de terra e de efluentes industriais.” As técnicas de remediação começaram a fazer parte do contexto industrial a partir do aumento da produção de rejeitos provenientes das diversas etapas existentes desde a extração até a produção de materiais. Os próprios rejeitos passaram a ser separados e utilizados como matéria-prima na produção de outros materiais, como é o caso do cádmio (Cd) proveniente da extração de zinco. A utilização desses rejeitos, que antes eram descartados como lixo, aumentou a eficiência econômica do processo e diminuiu a poluição dos rejeitos no meio ambiente. 18 Entretanto, outros fatores como o descarte indevido de objetos manufaturados, a explosão demográfica, e o crescimento da demanda por matéria prima, somado ao avanço nas técnicas extrativas, têm causado um aumento global na poluição do meio ambiente. O cádmio (Cd), um metal altamente tóxico, é freqüentemente descartado de forma inapropriada no ambiente, podendo atingir o solo ou o ar através da queima de resíduos urbanos e de combustíveis fósseis. A remoção deste metal do ambiente pode ser realizada por meio de várias técnicas de remediação, como por exemplo a remediação física, química ou com a utilização das macrófitas aquáticas (Eckenfelder, 1989; Benvindo et al., 2002). Dentre as indústrias que mais impactam o meio ambiente estão as dos PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA setores mineiro e metalúrgico, segundo a Organização dos Estados Americanos (OEA) (Eckenfelder, 1989; Benvindo et al., 2002). Um exemplo de contaminação do ambiente por estas fontes é a deposição de rejeitos sólidos no solo provocando muitos impactos ambientais. Essa deposição ocorre durante o processamento metalúrgico (Eckenfelder, 1989; Benvindo et al., 2002). Os impactos mais comuns são: nos efluentes líquidos (contaminação com metais pesados, ânions tóxicos, sólidos, colóides, resíduos orgânicos) e no ar (a produção de poeira e ruídos durante a etapa de cominuição e as emanações gasosas (vapor de mercúrio)) (Benvindo et al., 2002). As principais áreas de atuação para a redução dos impactos ambientais na lavra são: abatimento de poeiras com spraystensoativos; neutralização; atrição; tratamento do solo/subsolo; recuperaçãoreflorestamento de áreas degradadas; e aglomeração-encapsulamento de sólidos lixiviáveis. A idéia de se introduzir no solo a ser tratado algumas plantas que hiperacumulam metais foi iniciada em 1983, quando observou-se em solos contaminados o crescimento de plantas que antes da contaminação por metais pesados não se desenvolviam tão bem naquele local (Chaney, 1983; Chaney et al., 1997). 19 A planta escolhida para o presente estudo sobre a fitorremediação de águas e sedimentos contaminados com cádmio foi a Ruppia maritima, que é um vegetal superior herbáceo, que faz parte de um grupo de plantas aquáticas denominadas de macrófitas aquáticas. A escolha da espécie a ser estudada foi feita a partir de algumas características consideradas importantes para a fitorremediação, como a resistência da planta a sedimentos e águas contaminados por metais pesados e a possibilidade de adaptação da planta a ambientes adversos (como alteração no pH, na salinidade, e poucos nutrientes no solo ). Descobertas recentes reforçam a idéia de se testar um grande número de macrófitas pertencentes a grupos diferentes, de forma a obtermos um conhecimento mais significativo da acumulação de metal por estas plantas aquáticas (Esteves, 1988; Rai et al., 1995; Joly, 1998; Judd et al., 1999; Heywood 2001; Paula et al., 2001). PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA A Ruppia maritima utilizada para os estudos nos aquários e nos vidros foi retirada da Lagoa Rodrigo de Freitas que foi escolhida como área de coleta por ser uma laguna de fácil acesso e por não estar em conformidade com os níveis de Cd permitidos pela Resolução CONAMA 20. Desde 1880 a Lagoa Rodrigo de Freitas apresenta problemas de saneamento. O relatório do Barão de Teffé já evidencia va a necessidade da realização de obras de engenharia para resolverem os problemas de assoreamento, mau cheiro e poluição da Lagoa (Barão de Teffé, 1880). Neste local a R. maritima é conhecida popularmente como grama-do-mar, possuindo grande resistência à poluição e se desenvolve ndo rapidamente, o que dificulta a navegação na Lagoa e contribui para o assoreamento das regiões marginais (Paula et al., 2001). Em 1943 a vigilância sanitária teve uma autorização para a retirada periódica da R. maritima da Lagoa conforme Portaria 248/1943 para minimizar os problema s causados pela planta. Atualmente esta função vem sendo realizada pela Comlurb e pelos pescadores da colônia Z-13 contratados pela Fundação Superintendência Estadual de Rios e Lagoas (SERLA) (Portaria 248,1943). Apesar dos problemas causados pela biomassa excessiva de R. maritima, a necessidade de se encontrar plantas com as características necessárias para a fitorremediação inverteu seu papel de agente poluidor para agente remediador. 20 1.1. Objetivos O trabalho tem como objetivos desenvolver e caracterizar a capacidade de hiperacumulação de Cd por parte da R. mar itima, sob diversas condições, analisando as diferentes formas de adaptação ao meio , de modo a subsidiar processos de fitorremediação de solos e PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA águas contaminados com metais pesados. 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1. Metais pesados 2.1.1. Descrição Os metais podem ser classificados em metais alcalinos (Li, Na, K, Rb, Cs, Fr) coluna 1A, metais alcalino-terrosos (Be, Mg, Ca, Sr, Ba, Ra) coluna 2A, e os demais metais, como é o caso do cádmio. Os metais pesados possue m número atômico maior que 20, podem ser encontrados na forma elementar (sem sofrer alterações) ou formando compostos (Brady & Humiston, 1986; Feltre, 1988; PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA Pino, 2005; Webelements, 2005). A presença de metais pesados no solo se apresenta como um componente natural ou como um resultado da atividade humana (Garbisu & Itziar, 2001). 2.1.2. Fontes de contaminação por metais pesados Os metais são despejados nos efluentes líquidos provenientes das seguintes fontes típicas: limpeza, platinado e decapagem de metais, refinamento dos fosfatos e da bauxita, geração de cloro; fabricação de baterias, curtimento do couro, etc (Lora, 2002). Pode-se encontrar também metais pesados poluindo os efluentes líquidos provenientes da lavra, do beneficiamento e da metalurgia extrativa/ processamento metalúrgico (Benvindo et al., 2004). 2.1.3. Danos ao meio ambiente e à saúde Alguns metais pesados podem causar a morte de peixes, envenenamento do gado, morte do plâncton, e podem se acumular na carne dos peixes e dos moluscos. Eles se concentram a medida que avançam na cadeia alimentar. 22 2.2. Cádmio 2.2.1. Descrição O cádmio (Cd) foi descoberto por Friedrich Strohmeyer na Alemanha em 1817. Este cientista percebeu que algumas amostras de carbonato de zinco que continham impurezas mudavam de cor quando aquecidas, enquanto outras amostras de carbonato de zinco puro permaneciam com a mesma cor. Após exaustivos estudos para tentar purificar as amostras que mudavam de cor, Friedrich conseguiu isolar o Cd (Brady & Humiston, 1986; Webelements, 2005). O cádmio, cujo símbolo é Cd, se apresenta no estado sólido à temperatura ambiente (25°C), número atômico 48 e massa atômica 112.411g. Este elemento pertence ao grupo dos metais de coloração cinza prateada metálica e está PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA disponível em diversas formas incluindo fo lha, grânulo, pelete, pó, bastão, fio, dentre outras. Ele é um metal macio, altamente tóxico, que pode ser facilmente cortado com uma faca, sendo em sua maior parte produzido como subproduto da extração de zinco (Zn), cobre (Cu) e chumbo (Pb) (Brady & Humiston, 1986; Webelements, 2005). 2.2.2. Fontes de contaminação por cádmio O isolamento do Cd dos demais metais e a sua utilização minimizou os problemas ambientais gerados pelas indústrias de produção de zinco, minérios de fosfato e produção de fertilizantes fosfatados artificiais, que depositavam o Cd, na forma de resíduos sólidos em bacias de águas residuais (Benvindo et al., 2004). O Cd pode ser usado para folhear metais (com restrições, por causar problemas ambientais), em soldas e ligas com coeficientes de fricção baixos e boa resistência a fadiga, sendo usado além disso em diversos materiais, como: componente de baterias níquel-cádmio (Ni-Cd), em alguns bastões de controle e escudos dentro de reatores nucleares. Podendo ser encontrado também em tubos de TV, em alguns semi-condutores, na composição de pigmento amarelo (CdS) e para estabilizar PVC (Brady & Humiston, 1986; Webelements, 2005). 23 2.2.3. Danos ao meio ambiente e à saúde Um dos principais problemas associados ao Cd é o seu destino final, pois o mesmo pode atingir o solo ou o ar através da queima de resíduos urbanos ou da queima de combustíveis fósseis, poluindo assim o meio ambiente e ocasionando danos ao ecossistema (Pino, 2005). Os problemas ocasionados pelo Cd não se limitam a área ambiental, provocand o danos irreparáveis à saúde podendo inclusive ocasionar a morte. A intoxicação por este metal pesado pode causar problemas específicos dependendo do tipo de contaminação ocorrida: quando a intoxicação ocorre por meio das vias aéreas, pela inalação da poeira de Cd, podem ocorrer problemas no trato respiratório e nos rins, podendo levar a morte; no caso de intoxicação via oral, quando ocorre a ingestão de uma quantidade significante de Cd, PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA pode advir envenenamento imediato e danos ao fígado e aos rins; já na intoxicação por contato podem ocorrer alterações genéticas (Brady & Humiston, 1986; Webelements, 2005). 2.2.4. Produção global de cádmio O aumento da produção global de Cd está intrinsicamente relacionado à atividade humana. Esta produção de Cd tem aumentado ao longo dos últimos anos, devido ao implemento de novos materiais que utilizam Cd na sua composição. Um exemplo desse aumento pode ser visto na Tabela 1 que mostra o aumento da produção global do Cd ao longo de 15 anos (Mulligan et al. , 2001). Tabela 1 - Produção global de cádmio em toneladas por ano Ano 1975 1980 1985 1990 Produção 15.200 18.200 19.100 20.200 24 2.2.5. Disponibilidade do cádmio no meio ambiente Para se conter e retirar o Cd do meio ambiente, afim de se evitar a intoxicação por este metal muitas técnicas de remediação têm sido utilizadas. Para se garantir uma maior eficiência na retirada do Cd, algumas características deste metal devem ser levadas em consideração, como a mobilidade do mesmo no meio e a sua capacidade de solubilização. Estas características são definidas principalmente pelo pH que possibilita uma maior mobilidade do Cd (quando se encontra entre 4.5 e 5.5) e a formação de complexos insolúveis por parte dos metais (que irá definir quanto do metal está disponível no meio) (Brady & Humiston, 1986; Mulligan et al., 2001; Webelements, 2005). A solubilidade do Cd em relação ao pH pode CdOH+ Fração das espécies PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA ser observada no diagrama de especiação na Figura 1 (Scorzelli, 1999). Cd(OH)3 - Cd2+ Cd(OH)2 Cd(OH)4 2pH Figura 1 - Diagrama de especiação do cádmio 25 2.3.Métodos de remoção de metais pesados A remoção de metais pesados do solo é realizada por meio de várias técnicas, na maioria das vezes utilizadas em conjunto. Algumas dessas técnicas já são conhecidas e utilizadas mundialmente para a descontaminação de efluentes líquidos (Eckenfelder, 1989 ; EPA, 1997; Benvindo et al., 2004; Boulding, 2004). Um dos fatores que influem na escolha da técnica a ser utilizada é o custo da mesma em relação a sua eficiência na remoção de despejos. As tecnologias utilizadas atualmente para a limpeza de solos contaminados com metais custam em média U$1.000.000 por acre e, somente os EUA, possuem um custo estimado para a desintoxicação de metais de U$ 300 bilhões com tecnologias PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA convencionais. (Raskin et al., 1997). O estudo de novas tecnologias se torna indispensável já que as técnicas convencionais, na maioria das vezes, possuem um custo relativamente elevado e agridem o ambiente. Atualmente, a preocupação de se remediar o meio contaminado sem causar maiores prejuízos ao solo, abre espaço para novas formas de remediação a curto e longo prazo (Sawidis et al., 1995; EPA, 1997; Dahmani- Muller & Balabane, 2000; Nedelkoska & Doran, 2000; Garbisu & Itziar, 2001; Sridhar et al., 2002; Weis & Weis, 2003; Gardea- Torresdey et al., 2004). A eficiência na utilização das técnicas de remediação pode variar bastante, dependendo do contaminante, e do meio, com pode-se observar resumidamente na Tabela 2 (Boulding , 2004). 26 Tabela 2 - Técnicas de descontaminação de efluentes líquidos, eficiência e custo TÉCNICA TRATAMENTOS DE EFLUENTES LÍQUIDOS IN SITU ( EPA) TIPO DE EFICIÊNCIA CUSTO U$ CONTAMINAÇÃO Lavagem do solo Extração de vapor do solo Extração de vapor PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA Biodegradação Biorremediação Vitrificação Compostos orgânicos Metais voláteis Metais não voláteis Compostos orgânicos Metais voláteis Metais não voláteis Compostos orgânicos Metais voláteis Metais não voláteis Compostos orgânicos Metais voláteis Metais não voláteis Compostos orgânicos Metais voláteis Metais não voláteis Compostos orgânicos Metais voláteis Metais não voláteis K - K J K 50/t solo tratado M M K Entre 38,25 e 229,5/ m3 ? - sistemas estacionários M - sistemas móveis. ? - sistemas estacionários M - sistemas móveis J Custo baixo* ý ý - J J J Entre 300 e 650 /t solo tratado J - Eficiente K - Eficiente para alguns compostos orgânicos / poderá funcionar M - Não eficiente ? - Só irá funcionar se os contaminantes forem solúveis ý - Esta técnica não é utilizada normalmente para degradar inorgânicos ou tratar meios contaminados com metais pesados. * - Tecnologia considerada de custo baixo, mas tem que ser levado em conta as características específicas do sítio. Aproximadamente 10% mais baixo o custo do que as técnicas de escavação ou bombeamento e tratamento. m3 – metros cúbicos t - toneladas 27 A eficiência de cada tecnologia varia muito com relação ao tipo de despejo envolvido, sendo necessário um estudo minucioso sobre as tecnologias utilizadas para a retirada de metais e a área a ser descontaminada. Os tipos mais comuns de despejos que contém metais são: os despejos aquosos, os líquidos orgânicos e as lamas. O resultado da aplicabilidade das técnicas de remediação em diferentes tipos de despejos realizado pela Agência de Proteção Ambiental Americana (EPA) foi sintetizado na Tabela 3 (Boulding, 2004). Tabela 3 - Técnicas utilizadas na remoção de metais dos diferentes tipos de efluentes líquidos TECNOLOGIAS UTILIZADAS NO TRATAMENTO DE DESPEJOS CONTENDO METAIS PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA Aquosos Orgânicos Biorremediação M M In situ Lama ativada M M Filtração J J Evaporação J J Membrana de J M separação/troca iônica Extração/ lavagem K M do solo Fixação M K Separação de fase M J Evaporação/ M M “Dewatering” Carbono ativado K M Retirada do ar/ M M aeração do solo Destilação M J Precipitação J J Neutralização J J Oxidação molhada M M Pirólise M K Incineração K K “Dewatering” = remoção de água de um material sólido. J - Aplicável K - Potencialmente aplicável M - Não aplicável Lamas/ solos com metais M M M K M J J M J K M M K K M K K Algumas tecnologias utilizadas largamente para a descontaminação de compostos orgânicos do solo, como por exemplo a extração de vapor, não são eficientes na retirada de metais. Assim sendo, as técnicas anteriormente descritas serão as que possuem alguma eficiência na remoção de metais. 28 2.3.1. Sistemas de tratamento dos despejos industriais As indústrias realizam, na maioria das vezes, o tratamento de seus despejos, antes dos mesmos serem lançados nos corpos d’água. Algumas dessas técnicas também podem ser utilizadas diretamente no local para despoluir o meio ambiente. Um exemplo diretamente ligado a este tipo de tratamento é o que ocorre nos setores mineiro e metalúrgico (Eckenfelder, 1989; Lora, 2002; Benvindo et al., 2004). Existem várias formas de tratamento, sendo que as mais comuns são: a separação em bacias de decantação, e a equalização que consiste em misturar o sedimento com a água da bacia, com um misturador (processo mecânico) (Eckenfelder, 1989; Benvindo et al., 2004). Os processos de tratamento são definidos de acordo com os subprodutos produzidos nas águas de rejeito. Algumas técnicas já estabelecidas têm sido utilizadas em conjunto com PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA novas tecnologias como a biossorção, para se conseguir diminuir o custo aumentando a remoção dos metais pesados (EPA, 1997; Eckenfelder, 1989; Benvindo et al., 2004; Boulding, 2004). A biossorção é uma técnica de baixo custo já que a sua matéria-prima pode ser encontrada em abundância em todo o planeta. As fontes desses materiais podem ser provenientes de rejeitos da agricultura e de processos de fermentação de larga escala ou simplesmente estar disponíveis na natureza (Eckenfelder, 1989; EPA, 1997; Benvindo et al., 2004; Boulding, 2004). Os metais pesados não podem ser destruidos biologicamente, mas podem ser transformados em outros pela oxidação ou por complexos orgânicos. Como conseqüência dessa transformação estes metais podem ficar menos tóxicos; ou se tornarem mais solúveis em água (e então serem removidos por lixiviação); ou menos solúveis em água (para que possam se precipitar mais facilmente e assim se tornarem menos biodisponíve is); ou ainda serem volatilizados (e removidos da área poluída) (Garbisu & Itziar, 2001). A Tabela 4 apresenta algumas técnicas que são utilizadas no tratamento de águas de rejeitos, provenientes da extração e do beneficiamento de minério, antes dessas águas serem lançadas no efluente líquido. Esta também mostra uma breve descrição e cita alguns dos processos utilizados (Benvindo et al., 2004). 29 Tabela 4 - Formas de tratamento de águas de rejeitos antes de serem lançadas nos corpos d’água TRATAMENTO Separação em bacias de decantação Tratamento físico PROCESSOS EXISTENTES Bacia de rejeitos Separação de material sólido grosso através de peneiras Classificação Separação do rejeito levando em conta a velocidade que os grãos atravessam um meio fluido Remoção das partículas sólidas presentes em uma corrente líquida que se dá pela ação do campo gravitacional Espessamento por sedimentação gravítica ou centrífuga PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA Secagem térmica Extração por solvente Separação do rejeito sólido do meio líquido através de um filtro Evaporação ou congelamento Extração com agentes quelantes em meios apolares Eletrocinética/eletroosmose e eletrólise redutiva Cristalização Eletroquímica aplicada na remoção de elementos poluentes Saturação induzida de soluções Separação magnética Remoção de poluentes por meio da utilização de partículas magnéticas adsorventes Separação por precipitaçãosedimentação Degradação microbiológica de poluentes Floculação hidrofóbica Biorremediação Oxidação por fotólise e/ou aeração Processo de sorção Reservatório onde o rejeito permanece por um tempo para que ocorra a decantação dos sólidos suspensos Peneiramento Desaguamento por filtração a vácuo e com pressão Tratamento físicoquímico D ESCRIÇÃO Adsorção Absorção Destruição de complexos cianetados Carvão ativado Materiais alternativos Biossorção de íons Eletroflotação Flotação Flotação por ar disperso (induzido) Flotação por ar dissolvido, FAD Flotação “Nozzle” Flotação em coluna Ciclone de Miller ou ciclone aerado, ASH Flotação centrífuga Flotação a jato Método no qual se produz bolhas de ar que carream o rejeito para fora do local de tratamento 30 As técnicas citadas na Tabela 4 são descritas a seguir mais detalhadamente. Ø Separação em bacias de decantação – outras técnicas podem ser utilizadas na bacia de decantação, como a neutralização que precipita metais pesados e neutraliza o efluente. No caso de efluentes ácidos adiciona- se cal, dolomita, soda cáustica, amônia ou cinzas, e em efluentes básicos adiciona- se ácido sulfúrico (Benvindo et al., 2004). Ø Tratamento físico – as tecnologias utilizadas nesse tratamento visam a separação sólido/líquido e sólido/sólido/líquido. A separação se realiza em classificadores gravíticos (espirais, PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA ciclones) ou centrífugos (Benvindo et al., 2004). Ø Tratamento físico- químico – algumas destas tecnologias possuem altos custos, como é o caso da extração por solvente que é uma técnica já bem estabelecida. Na floculação hidrofóbica ocorre a remoção de surfactantes iônicos mediante a interação entre estes reagentes e polímeros de baixo peso molecular (Benvindo et al., 2004). Ø Processo de sorção – a sorção pode ser dividida em adsorção e absorção, descritos a seguir. É uma técnica bastante utilizada na remoção de metais pesados (Benvindo et al., 2004). ♦ Adsorção – o material se prende a superfície da substância adsorvente. Esse fenômeno pode se dar devido à forças hidrofóbicas, atração elétrica entre o soluto e o adsorvente, forças de van der Waals ou simplesmente como produto de uma reação química entre o soluto e o sorvente. 31 O adsorvente comumente utilizado é o carvão ativado, que se refere a qualquer forma de carbono amorfa previamente tratada, como por exemplo: madeira, casca de coco, resíduos de petróleo, carvão mineral e vegetal. Outros materiais também podem ser utilizados como sorventes. É o caso de particulados minerais, microorganismos, tecidos vegetais, materiais industriais e rejeitos (Benvindo et al., 2004). Esses materiais, assim como o carvão ativado, devem ser preparados adequadamente antes de serem utilizados. Estudos realizados sobre a remoção de íons metálicos por materiais alternativos mostram a capacidade de adsorção desses materiais e os metais que eles PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA adsorvem, descritos na Tabela 5 (Benvindo et al., 2004). Tabela 5 - Capacidade de remoção de metais pelo carvão ativado e outros materiais (Benvindo, 2004) Substância Adsorvente Metais removidos 6+ Carvão ativado elevado potencial de adsorção Au, Sb, As, Bi, Cr e Sn Carvão ativado bom potencial de adsorção Ag, Hg, Co e Zr Carvão ativado médio potencial de adsorção Pb, Ni, Ti, V e Fe Carvão ativado baixo potencial de adsorção Cu, Cd, Zn, Mo, Mn e W Bactérias Zn, Cu, Ni, Cd e Pb Algas Ag, Pb, Zn, Cd e Hg Macrófitas aquáticas Cr, Cu, Pb, Co, Zn, Ni e Cd Subprodutos industriais de origem biológica Cu, Pb, Zn e Hg Minerais naturais Cu, Fe, Zn, Pb, Cd, Cr e Ni Subprodutos industriais de origem mineral Fe, Cu, Zn, Ni e Cr * Os nomes dos elementos químicos citados na Tabela 5, se encontram na lista de símbolos. 32 Para se obter uma maior eficiência na sorção é necessário que se faça um tratamento alcalino dos subprodutos de beneficiamento do carvão, propiciando a complexação e precipitação superficial dos íons metálicos levando assim a ionização e exposição dos sítios superficiais (Benvindo et al., 2004). ♦ Processo de biossorção de íons – nos processos de biossorção os biosorventes envolvidos podem ser: microorganismos (bactérias, microalgas e fungos); vegetais macroscópicos (algas, gramíneas, plantas aquáticas) e partes ou tecidos específicos de vegetais (casca, bagaço, semente) PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA (Benvindo et al., 2004). A absorção do material pode ocorrer de diversas formas, dentre elas: (Benvindo et al., 2004) a) Via complexação (formação de um complexo a partir da associação de duas espécies); b) Coordenação (ligação de um átomo central de um complexo com outros átomos por ligação covalente); c) Quelação (complexos formados por um composto orgânico unido ao metal por pelo menos dois sítios); d) Troca iônica (intercâmbio de íons formando espécies moleculares); e) Adsorção (sorção através da superfície do tecido orgânico); 33 f) Precipitação inorgânica (alteração no meio aquoso levando a uma precipitação do despejo). O custo da biossorção irá depender dos procedimentos de preparação do material sorvente. Nas últimas duas décadas estudos com biosorventes têm sido desenvolvidos para se estimar a capacidade de sorção de metais pelos diferentes grupos de biomassa, exemplificados na Tabela 6 (Benvindo et al., 2004). Tabela 6 - Exemplos de bioacumulação de metais PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA Biossorvente Metal RM/mg/g Referências Bactéria Cu 9 Brierley et al., 1987 Bacillus subtilis U 85 Nakajima, 1986 Levedura : Saccharomyces cerevisial Cd 9 Norris & Kelly, 1977 U 140 Fungo: Rhizopus arrhizus Pb 165 Au 100 Microalga Cd 220 Brierley et al., 1987 Chlorella vulgaris Au 500 Darnall et al., 1986 Macroalga Cu 23 Costa et al., 1995 Sargassum natans Cu 41 Volesky, 1990; Kratochvil & Volesky, 1998 Macrófitas aquáticas Sd Sd Schneider et al., 1995 Eichhornia crassipes Cu 30 Schneider et al., 1994 Potamogeton lucens Cu 50 Cu, As, Hg, Zn 20-40 40-60 Subprodutos agrícolas, cascas de árvores e serragem RM – Remoção do metal, mg/g Sd – sem dados * U - urânio Tsezos & Volesky, 1981 Gaballah et al., 1993, 1995, 1996 34 Todos os grupos de biossorventes precisam ser estudados mais detalhadamente. Um exemplo de um grupo grande com características diferentes é o das macrófitas aquáticas. Elas podem remediar quantidades de metais maiores ou menores, dependendo simplesmente de uma característica. Por exemplo: normalmente macrófitas aquáticas emersas acumulam menos metais que as macrófitas aquáticas submersas (Cardwell et al., 2002). Segundo Benvindo et al. (2004) “Em relação ao tratamento de efluentes líquidos, o processo convencional de precipitação-sedimentação não é eficiente para atender os padrões de emissão da legislação e novos processos PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA tecnológicos são necessários no setor. Os processos de sorção e flotação não convencionais surgem como alternativas de grande potencial no setor.” Ø Flotação – separação por hidrofobicidade. Existem várias técnicas de flotação. As utilizadas no tratamento de efluentes mineiros e metalúrgicos possuem dentre outros objetivos a remoção e recuperação de íons, complexos, quelatos, macromoléculas e tensoativos (Benvindo et al., 2004). Ø Separação pirometalúrgica – ex situ (fora do local), processo que usa fornos a elevadas temperaturas (200-700°C) para volatilizar metais em solos contaminados. Após o processo o metal é recuperado e imobilizado. No caso do Cd o processo pode requerer um pré-tratamento com agentes redutores para ajudar na fundição promovendo uma queima uniforme. Esta é uma técnica recomendada para solos altamente contaminados com metais, para que a recuperação seja eficaz (Mulligan et al., 2001). 35 Ø Lavagem do solo – ex situ, é uma técnica que remove metais pesados do solo usando vários agentes adicionados ao solo. As substâncias utilizadas são: ácidos inorgânicos (ác. sulfúrico e ác. hidroclorídrico pH<2); ácidos orgânicos (ác. acético e ác. cítrico, o pH não pode ser menor que 4); agentes quelantes (EDTA – ác. etilenodiaminotetra-acético, e NTA – nitrilotriacetato). Os agentes adicionados diferem para cada tipo de solo (Mulligan et al., 2001) Existem ainda outras formas de tratamento realizadas diretamente no efluente (in situ). Alguns dos tratamentos acima citados também podem ser utilizados in situ, como é o caso da biossorção e da adsorção, mas por não PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA ser uma área controlada, o tratamento in situ pode vir a ocasionar mudanças nas formas de sorção que poderão alterar a eficiência e o custo da remoção (EPA, 1997; Boulding, 2004). 2.3.2. Tratamentos de águas, sedimentos e solos contaminados in situ As formas de tratamento in situ possuem a vantagem de tratar o ambiente no local da contaminação sem ser necessário a sua retirada como acontece nos tratamentos ex situ (EPA, 1997; Boulding, 2004). Alguns processos usados nos tratamentos de solos, águas e sedimentos contaminados com metais pesados foram compilados na Tabela 7 e descritos posteriormente (EPA, 1997; Mulligan et al., 2001). 36 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA Tabela 7 - Formas de tratamento de efluentes líquidos in situ TRATAMENTO D ESCRIÇÃO EFICIÊNCIA COM METAIS CUSTO US$/t Contenção & isolamento Barreiras físicas Boa em áreas não muito extensas Solidificação/ estabilização Boa para áreas pequenas. Possui melhor eficiência se tratada ex situ 60-290 Vitrificação Boa em rejeitos misturados, e se aplicada a grandes extensões com pouca profundidade 400-870 10-90 Tratamento químico Promove oxidação, neutralização ou redução do metal Eficiência maior quando usado em pré-tratamentos. Varia de acordo com as substâncias utilizadas Muros de tratamento permeáveis Material do muro reage com o met al Materiais do muro ainda em estudo 60-245 Eletrocinética Passagem de um gradiente elétrico pelo solo a ser descontaminado Método promissor para contaminação moderada em argilas em áreas profundas Não estabelecido Jateamento de água no solo Jateamento (realizado com ou sem aditivos para solubilizar os contaminantes) Mais efetiva para solos homogêneos, permeáveis, de areia e silte. 100-200 Ø Contenção e isolamento – é uma técnica muito utilizada para a descontaminação de sedimentos contaminados com metais pesados. O seu custo vai depender da presença de escombros, excesso de mistura, profundidade do contaminante, e homogeneidade do solo. Este processo de remediação é bom para ser usado em áreas contaminadas com grandes extensões profundidade (Mulligan et al., 2001). e com pouca 37 a) Barreiras físicas – são feitos muros de aço, cimento e/ou betonita para cobrir vertical ou horizontalmente o local, reduzir a infiltração de água e impedir o deslocamento do metal. O método mais comum e menos caro é conhecido como “slurry wall” (Mulligan et al., 2001) b) Solidificação/estabilização – é uma técnica muito comum nos EUA. É mais comumente usada em descontaminação ex situ, pois necessita utilizar outros processos, aumentando assim o custo da descontaminação em áreas muito grandes. Normalmente, a área afetada é escavada e retirada para ser tratada em tanques. Porém, pode ser realizado o tratamento in situ. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA A solidificação é o encapsulamento físico do contaminante em uma matriz sólida, enquanto que a estabilização inc lui reações químicas para reduzir a mobilidade do contaminante. Plantas pequenas podem tratar acima de 100 toneladas por dia de solo contaminado, enquanto que plantas grandes podem estabilizar entre 500-1000 toneladas por dia de solo contaminado. No Reino Unido esse processo in situ é chamado de “Colmix” (Mulligan et al., 2001). c) Vitrificação – é um processo que requer energia térmica. O método consiste em se inserir eletrodos no solo, sendo que este deve conduzir uma corrente e então se solidificar enquanto esfria. Este processo pode produzir gases tóxicos. Solos ricos em argila e escombros podem afetar a eficiência do processo, sendo este mais utilizado em solos contaminados que atingem grandes extensões com pouca profundidade. É um método muito caro, aplicado em rejeitos misturados (Mulligan et al., 2001). 38 Ø Tratamento químico – in situ, algumas vezes são utilizados como pré-tratamento para outras técnicas. O método consiste em se reduzir ou oxidar os contaminantes metálicos para diminuir a toxicidade ou a mobilidade desses metais. É um método comumente usado para tratar águas com rejeitos metálicos. Nas reações de oxidação pode-se usar: permanganato de potássio, peróxido de hidrogênio, gás hipocloreto ou cloreto. Reações de neutralização são usadas para ajustar o pH. Reações de redução podem ser usadas com a adição de: metais alcalinos (sódio, dióxido de enxofre, sais de enxofre, e sulfato ferroso). Esse tratamento é feito in situ pela injeção da substância redutora ou oxidante na área a ser descontaminada. Essas reações podem aumentar a toxicidade de outros metais que estejam no meio PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA e a sua mobilidade também pode ser alterada (Mulligan et al., 2001). Ø Muros de tratamento permeáveis – in situ, consiste na construção de um muro que reduz a mobilidade de metais em solos e águas contaminados, o material do muro reage com o metal precipitando o mesmo. Vários materiais que podem reagir com o metal têm sido estudados, como por exemplo , um muro construído de pedra calcária que reage com o chumbo precipitando-o (Mulligan et al., 2001). Ø Eletrocinética – in situ ou ex situ, o método consiste em se passar uma corrente elétrica de baixa intensidade entre um catodo e um anodo introduzidos no solo a ser descontaminado. O gradiente elétrico inicia um movimento por eletromigração (movimento de carga química), eletro-osmose (movimento do fluído), eletroforese (movimento pela carga da partícula), eletrólise (reação química combinada a um campo elétrico). Uma solução padrão é usada para manter o pH dos eletrodos. Rochas, grandes objetos metálicos, fundações e outros obstáculos podem interferir no processo. Este processo é efetivo em solos de argila com baixa permeabilidade. Na Europa esta tecnologia é utilizada para Cd, Zn, Cu, Pb, Ar, Cr, e Ni. Este é um método promissor para limpar áreas profundas moderadamente contaminadas com argilas (Mulligan et al., 2001). 39 Ø Jateamento de água no solo – o jateamento pode ser realizado com ou sem aditivos para solubilizar os contaminantes do solo. Os aditivos utilizados tem que ser mais estudados, como no caso do ácido etileno-diaminotetra-acético (EDTA). Solos com alta permeabilidade resultam em melhores resultados. Esta técnica de remediação é mais efetiva para solos homogêneos, permeáveis, de areia e silte (Mulligan et al., 2001). Ø Dragage m – é uma técnica utilizada para a abertura e manutenção de canais e portos e para o saneamento de corpos de água contaminados. Muito utilizada na Lagoa Rodrigo de Freitas para limpeza e desassoreamento do canal do Jardim de Alah (SERLA, PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA 2005). As dragagens podem ser de águas costeiras ou águas interiores. A descrição será relacionada às águas interiores por serem enfocadas no presente trabalho. As dragagens de águas interiores podem ocorrer para manutenção (servem para desassorear canais e aumentar a lâmina de água de corpos hídricos que são constantemente assoreados) ou para controle ambiental (servem para remover material contaminado, recuperando assim o meio ambiente) (Semads, 2002). Antes de ser dragada, a área precisa passar por estudos bióticos, geomorfológicos, de contaminação, dentre outros. As amostras para estudo deverão ser coletadas em no mínimo 3 estações (volume dragado de até 25000 m3 ), aumentando de acordo com o volume a ser dragado, conforme estabelecido na London Convention (1972). A dragagem pode gerar impactos ambientais tais como: alterações morfológicas dos corpos d’água, danos à comunidade bentônica, aumento da turbidez na massa d’água e contaminação do lençol freático por disposição de material dragado de forma inadequada (Semads, 2002). 40 2.3.3.Projetos de tratamento das Lagoas do Estado do Rio de Janeiro No Estado do Rio de Janeiro o órgão responsável pela gestão dos recursos hídricos é a Fundação Superintendência Estadual de Rios e Lagoas (SERLA), que possui vários projetos de tratame nto de lagoas e rios. Visando uma melhora na gestão destes recursos hídricos, a SERLA criou vários conselhos e comitês para tratar dos problemas referentes a cada sistema estuarino, criando em 24 de maio de 2004 através do decreto 35.487, um “Conselho Consultivo de Gestão da Bacia Hidrográfica da Lagoa Rodrigo de Freitas”, que trata especificamente dos problemas relacionados à Lagoa Rodrigo de Freitas. Este conselho é formado por representantes de órgãos governamentais, não governamentais e por qualquer cidadão que queira contribuir com a melhoria da Lagoa (SERLA,2005). PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA A SERLA possui vários projetos ligados ao tratamento dos sistemas estuarinos. Alguns deles são permanentes, como por exemplo a dragagem e o desassoreamento da Lagoa Rodrigo de Freitas, e outros são projetos em andamento como o Projeto Lagoamar e o Projeto Ecobarreira, descritos a seguir: a) Projeto Lagoamar – visa a revitalização do complexo lagunar de Jacarepaguá com a reativação da antiga ligação da lagoa com o mar (através do Canal de Sernambetiba, na Praia da Macumba, Recreio dos Bandeirantes) e com a dragagem da entrada do canal, que se encontra totalmente assoreada. No canal será construído um molhe (enrocamento de pedras) para captação das águas. Também serão desassoreados todos os canais e rios que interligam o Sistema Lagunar de Jacarepaguá ao Canal de Sernambetiba, como o Canal das Taxas, o Rio Marinho, o Canal do Cortado e o Canal do Portelo (SERLA, 2005). b) Projeto Ecobarreira – controle do lixo flutuante lançado nos corpos hídricos. Redes coletoras são colocadas em pontos importantes de rios e lagoas e o material recolhido é reciclado em cooperativas (SERLA, 2005). 41 2.3.4.Fitorremediação de metais pesados por macrófitas aquáticas A fitorremediação é considerada uma forma de limpeza dos solos, águas e sedimentos efetiva e de baixo custo para áreas moderadamente contaminadas (Weis & Weis, 2003). A inspiração para o desenvolvimento da fitoextração veio da descoberta de uma variedade de plantas selvagens end êmicas em solos mineralizados, com concentrações altas de metais nas suas folhagens (Raskin et al., 1997). As plantas acumuladoras de metais são naturalmente capazes de acumular Ni, Zn, Cd , As, ou Se em seus tecidos sem desenvolver qualquer sintoma de toxicidade. A concentração desses elementos na biomassa seca da folha, pode normalmente ser até 100 vezes maior do que as concentrações no PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA solo (Krämer, 2005). Acredita- se que a captura de Cd, dentre outros metais, pela planta pode ser facilitada por microorganismos encontrados na rizosfera, ou por substâncias secretadas pela própria planta (Raskin et al.,1997; Meagher, 2000). Alguns processos biológicos importantes para a captura do Cd são: absorção intracelular, deposição vacuolar e translocação para as raízes. Alguns estudos mostram que plantas estressadas translocam parte do metal acumulado nas raízes para o resto da planta, como é o caso da alfafa, que translocou 26% do metal da raiz para os brotos (Raskin et al.,1997; PeraltaVidea et al., 2004). 2.3.4.1. Formas de complexação e transporte do cádmio através da planta Existem complexos que podem ser formados com o Cd fazendo com que o mesmo não se torne tóxico para a planta. O transporte de metais é explicado a partir do sistema fisiológico molecular da planta. Alguns tipos de transportes estudados são os realizados por proteínas transportadoras; por enzimas; e por complexação de metais. Estes serão descritos a seguir (Meagher, 2000): 42 ♦ Proteinas transportadoras de zinco (ZIP) - elas capturam Zn e Fe e metais tóxicos (Cd) carregando-os através da membrana plasmática dentro das raízes e/ou através da membrana tonoplástica, dentro dos vacúolos. São inibidas por Mn, Co, Cd e/ou Cu o que indica que elas podem transportar esses metais bem como os nutrientes. ♦ Proteinas transportadoras de ferro (ITR1) - elas podem ser ativadas de várias formas diferentes e eficientemente transportar Cd e Zn. ♦ Transporte via bomba GCP (bomba de glutationa conjugada ao S) – pode ocorrer de duas formas. Na primeira as fitoquelatinas PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA (que são peptídeos sintetizados não ribosomais com a estrutura (γ- GluCys)n X, no caso específico n = 3 e X= Gly) formam complexos tetrahédricos com metais, como o Cd, aumentando a sua tolerância. Essas estruturas podem ajudar no transporte e na captura desses metais nos vacúolos, via a bomba GCP. Na segunda forma, os metais tóxicos podem ser complexados com glutationas e então bombeados pela GCP dentro dos vacúolos ou fora das raízes. ♦ A expressão da enzima ArsC – esta enzima reduz o arsenato para arsenito em plantas (Arabidopsis thaliana), também aumenta a tolerância e a acumulação de Cd (Krämer, 2005). ♦ A super expressão do fator YCF1 de leveduras - na Arabidopsis thaliana é capaz de transportar o complexo contendo Cd para dentro dos vacúolos de leveduras e células de plantas (Krämer, 2005). ♦ A super expressão da proteína transportadora de metais pesados HMA4 - na Arabidopsis thaliana torna a planta mais tolerante ao Cd que as plantas selvagens , mas acumula menos Cd nas suas folhas (Krämer, 2005). 43 As metalotioninas (MTs) e as fitoquelatinas (PCs) formam complexos com os íons metálicos tóxicos e possuem o mais notável mecanismo de sequestro de metais, podendo proteger as plantas dos efeitos tóxicos dos metais e ajudar na sua acumulação (Meagher, 2000). Plantas tratadas com Cd capturaram significativamente mais Ca, K, Mg e P que o controle sem Cd e do que as plantas tratadas com Cu ou Zn. A solubilidade e o transporte de alguns metais para as raízes aumenta em solos acidificados (Meagher, 2000; Peralta- Videa et al., 2004). Em locais com deficiência de nutrientes metálicos as plantas podem secretar ácidos quelantes metálicos (como o mugênico e o avênico) que aumentam a biodisponibilidade dos metais que estão ligados firmemente ao PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA solo, carregando-os para dentro das plantas. Quelantes sintéticos podem reproduzir esses efeitos. Esses ácidos orgânicos podem ter a sua secreção aumentada por meio de mutações genéticas. Algumas mutações genéticas aumentam o transporte de metais tóxicos para a planta, como por exemplo, na Arabidopsis thaliana um erro no gen responsável pela produção do FRO2 (redutase quelato férrica), aumenta a atividade do ZIP (Meagher, 2000). 2.3.4.2. Exemplos d e remediação de cádmio por plantas aquáticas e plantas de solo As plantas descritas a seguir foram estudadas por outros autores e serão utilizadas para comparar a quantidade de Cd absorvido pela R. maritima em relação à quantidade de Cd absorvido pelas outras plantas. 44 2.3.4.2.1. Plantas de solo A Brassica juncea, conhecida como mostarda da India, é uma planta herbácea, perene, da família Crucíferae, sendo uma boa acumuladora de Cd. Estudos mostraram a acumulação de Cd em diversos órgãos da planta, ligado a diferentes elementos (Raskin et al., 1997). 1. Raiz – o Cd se apresenta como um complexo de CdS4 . 2. Xilema – o Cd aparece predominantemente ligado ao oxigênio ou ao nitrogênio 3. Folhas – Cd se acumula preferencialmente nas tricomas (responsáveis pelo crescimento de pêlos em vegetais). PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA Medicago sativa - conhecida como alfafa, pertence a familia Leguminosae. Foram realizados estudos que mostram a importância de se contaminar a planta em várias fases do seu crescimento, já que em algumas espécies como no caso da alfafa , a intoxicação de Cd na planta nos dias 4, 8 e 12 são letais. Vindo a planta a apresentar tolerância ao Cd 20 dias após a sua germinação. Nesse caso o sal de Cd usado foi o Cd(NO3 )2 .4H2 O e as plantas tratadas com Cd acumularam 4650 mg de Cd/kg de raiz seca e 1200 mg de Cd/kg de broto seco (Peralta-Videa et al., 2004). Armeria maritima – são plantas superiores, espécie herbácea perene, com ervas que nascem em tufos e pertence a família Plumbaginaceae. Esta espécie teve um acúmulo de Cd maior nas raízes, 49 mg de Cd/kg de raiz, seguida do caule < 20mg de Cd/kg de caule, e o local que menos acumulou Cd foram as folhas < 10mg de Cd/kg de folha. Foram realizadas escavações do solo em três profundidades: 0-5 cm , 5-10 cm e 10-20 cm, sendo os primeiros cinco cm de solo os mais contaminados. O solo foi coletado em três áreas contaminadas com Cd na França, com concentração média das profundidades de 83mg de Cd/kg de solo na área um; 56 mg de Cd/kg de solo na área dois e de 37 mg de Cd/kg de solo na área três (Dahmani-Muller & Balabane, 2000). 45 Cardaminopsis halleri – é da família Brassicaceae. Esta espécia teve um acúmulo de Cd maior nas folhas 281mg de Cd/kg de folha, seguido da raiz com um acúmulo de Cd aproximado de 90 mg de Cd/kg de raiz, e o local que menos acumulou Cd foi o caule acumulando aproximadamente 40 mg de Cd/kg de caule. Foram realizadas escavações do solo em três profundidades: 0-5 cm, 5- 10 cm e 10-20 cm, sendo os primeiros cinco cm de solo os mais contaminados. O solo foi coletado em três áreas contaminadas com Cd na França com concentração média das profundidades de 83mg de Cd/kg de solo na área um; 56 mg de Cd/kg de solo na área dois e de 37 mg de Cd/kg de solo na área três (Dahmani- Muller & Balabane, 2000). Agrostis tenuis – é da família das Poaceae. Esta espécie teve um PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA acúmulo de Cd maior nas raízes 37 mg de Cd/kg de raiz, com um acúmulo no caule e nas folhas menor que 20 mg de Cd/kg de caule e folhas respectivamente. Foram realizadas escavações do solo em três profundidades: 0-5 cm, 5- 10 cm e 10-20 cm, sendo os primeiros cinco cm de solo os mais contaminados. O solo foi coletado em três áreas contaminadas com Cd na França com concentração média das profundidades de 83mg de Cd/kg de solo na área um; 56 mg de Cd/kg de solo na área dois e de 37 mg de Cd/kg de solo na área três (Dahmani- Muller & Balabane, 2000). 2.3.4.2.2. Plantas aquáticas Cardwell et al. (2002) estudou 13 espécies de macrófitas aquáticas do sudeste de Queensland na Austrália, ao longo de seis áreas diferentes. Dentre as espécies coletadas as mais comuns foram a Typha e a Persicaria, das quais obteve- se a concentração média de Cd encontrada em cada região da planta: raiz 25,3 mg de Cd/kg, caule 5 mg de Cd/kg e folha 4,8 mg de Cd/kg. Na Tabela 8 abaixo, observam-se os resultados da concentração de Cd nas raízes e folhas das macrófitas que mais absorveram Cd, no estudo citado. 46 Tabela 8 - Plantas que tiveram as maiores concentrações de Cd nas raízes e folhas Região da planta Área de coleta Espécie Concentração (mg de Cd/kg) Raiz 1 Persicaria lapathifolium 34,2 – 52,4 4 Myriophyllum aquaticum 65 5 Nymphoides germinata 36,7 – 38,3 5 Persicaria subsessilis 89 - 233 5 Schoenoplectus validus 47,1 – 67,9 4 Myriophyllum aquaticum 15 – 16,4 5 Nymphoides germinata 19,9 – 25,5 6 Potamogeton javanicus 12 – 13,4 Folha PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA Arabidopsis thaliana - segundo Ager et al. (2003), o Cd se acumula preferencialmente na região central da nervura das folhas da espécie intoxicada com Cd e cultivada por duas semanas, o que vem a confirmar os estudos realizados por outros autores. Cymodocea nodosa – segundo Sanchiz et al. (2000) esta macrófita aquática é uma das encontradas ao longo do Mediterrâneo na costa da Espanha, aonde foram estabelecidas 17 estações de coleta. A espécie foi encontrada em 11 estações com uma contaminação média do sedimento de 0,000016mg de Cd/kg de sedimento. A quantidade média encontrada nas raízes foi de 0,00004 mg de Cd/kg de raiz e nas folhas de 0,00006 mg de Cd/kg de folha. Eichhornia crassipes – conhecida como jacinto, é uma planta aquática flutuante, muito boa acumuladora de Cd, chegando a acumular até seis gramas de Cd por kg de peso seco da planta, quando são adicionados dez miligramas de Cd por litro de água (Qian et al., 1999). Estudos realizados por Maine et al. (2001) com duplicatas de cada planta mostraram que quando o jacinto foi intoxicado com um miligrama de solução aquosa de CdSO4 .8H2 0 por litro de água, ao final de 21 dias a concentração média final de Cd na planta foi de 0,00076mg de Cd/kg de planta. 47 Hydromistia stolonifera – remediou 0,00083 mg de Cd por kg de planta à temperaturas baixas (10-15°C), sendo realizadas duplicatas de cada planta. Não é uma boa planta remediadora de Cd, pois remediou uma quantidade de Cd muito baixa e apresentou necrose nos tecidos ao longo dos 21 dias de intoxicação. A concentração da solução aquosa contendo Cd foi de um miligrama de CdSO4 .8H2 0 por litro de água (Maine et al., 2001). Lemna minor – conhecida como “duckweed”, é uma planta aquática flutuante, muito boa acumuladora de Cd, chegando a acumular até 13g de Cd por kg de peso seco quando são adicionados 10mg de Cd /l de água (Qian et al., 1999). Myriophyllum brasiliense – segundo Qian et al. (1999) foi a espécie que PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA mais acumulou Cd nas raízes. Os estudos foram realizados com seis plantas aquáticas com três replicatas de cada planta. Foram adicionados um miligrama de Cd por litro de meio hidropônico e analisados após dez dias. O Cd utilizado foi CdSO4 •8H2 O e o seu acúmulo nas raízes foi de 1426 mg de Cd por kg de raiz. Pistia stratiotes – segundo Maine et al. (2001), de todas as espécies estudadas por ele, foi a que apresentou o melhor desempenho, sendo escolhida para estudos mais detalhados sobre fitorremediação. Foram feitas duplicatas de cada planta. A concentração média final de Cd ao longo dos 21 dias de contaminação com um miligrama de CdSO4 .8H2 0 por litro de água foi de 0,00078mg de Cd/kg de planta. Polygonum hydropiperoides – é uma ótima remediadora pois teve a segunda maior concentração de metais para: As, Cd, Cr, Cu, Pb, Mn, Hg, Ni, e Se. Os estudos foram realizados com seis plantas aquáticas, com três replicatas de cada planta. Foram adicionados um miligrama de solução aquosa de CdSO4 •8H2O por litro de meio hidropônico e analisados após dez dias. O acúmulo de Cd nas raízes foi de 1300 mg de Cd por kg de raiz e nos brotos de 90 mg de Cd por kg de broto (Qian et al., 1999). 48 Posidonia oceanica - segundo Sanchiz et al. (2000), é uma das macrófitas que ocorreu ao longo do Mediterrâneo na costa da Espanha, aonde foram estabelecidas 17 estações de coleta. A espécie foi encontrada em dez estações com uma contaminação média de Cd no sedimento de 0,000014mg de Cd/kg de sedimento. A quantidade média de Cd encontrada nas raízes foi de 0,00014 mg de Cd/kg de raiz e nas folhas foi de 0,0006 mg de Cd/kg de folha. A região de El Portús (Espanha) foi a que teve os resultados mais significativos de acúmulo de Cd para a Posidonia oceanica, apresentando 0,0025mg de Cd/kg de planta, a quantidade de Cd no solo de El Portús foi de 0,00001mg de Cd/kg de solo. Potamogeton pectinatus - segundo Lewander et al. (1996) estudos no rio Przemsza, ao sul da Polônia, contaminado com Cd, mostraram a capacidade de remediação de Cd por parte da planta que acumulou nos brotos 0,00067mg de PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA Cd/kg de broto e na raiz 0,0021mg de Cd/kg de raiz. Os níveis de contaminação com Cd no solo do rio Przemsza foram de 0,0154mg de Cd/kg de solo. Ruppia cirrhosa - segundo Sanchiz et al. (2000), é uma das macrófitas aquáticas encontradas ao longo do Mediterrâneo na costa da Espanha, aonde foram estabelecidas 17 estações de coleta. A espécie foi encontrada em três das estações que tinham uma contaminação média com Cd no sedimento de 0,00003 mg de Cd/kg de sedimento. A quantidade média de Cd encontrada nas raízes foi de 0,00012 mg de Cd /kg de raiz, nas folhas foi de 0,00009 mg de Cd/kg de folha e nos brotos foi de 0,00006 mg de Cd /kg de broto. Salvinia herzogii – a concentração média final ao longo dos 21 dias de contaminação com um miligrama de CdSO4 .8H2 0 por litro de água foi de 0,0008 mg de Cd/kg de planta. Todos os testes foram realizados em duplicata (Maine et al., 2001). Wedelia trilobata – segundo Qian et al. (1999) foi a espécie que mais acumulou Cd nos brotos. Os estudos foram realizados com seis plantas aquáticas sendo realizadas três replicatas de cada planta, foram adicionados um miligrama de CdSO4 .8H2 0 por litro de meio hidropônico e analisados depois de dez dias. O acúmulo de Cd nos brotos foi de 148 mg de Cd por kg de broto. 49 Zostera noltii - segundo Sanchiz et al. (2000), é uma das macrófitas encontradas ao longo do Mediterrâneo na costa da Espanha, aonde foram estabelecidas 17 estações de coleta. A espécie foi encontrada em três estações com uma contaminação média de Cd no sedimento de 0,00001mg de Cd/kg de sedimento. A quantidade média de Cd encontrada nas raízes foi de 0,0002 mg de Cd /kg de raiz e nas folhas de 0,00001 mg de Cd/kg de folha. 2.4. Macrófitas aquáticas A escolha da planta a ser utilizada na técnica de fitorremediação foi realizada a partir da capacidade de adaptação da mesma ao meio. O grupo de PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA plantas que melhor se adapta tanto ao meio aquático quanto ao terrestre é a das macrófitas aquáticas. Elas foram classificadas dessa forma por poderem permanecer tanto fora da água quanto dentro da água, habitando desde brejos até ambientes aquáticos, sendo que uma das primeiras menções ao termo macrófitas aquáticas foi proposta por Weaner & Clements em 1938. Algumas características evolutivas de vegetais terrestres que ainda permanecem nas macrófitas são a presença de cutícula e de estômatos. Estas plantas possuem grande amplitude ecológica, fazendo parte desta comunidade diversos grupos taxonômicos, dentre eles as Angiospermas com representantes de 42 famílias de Dicotiledôneas e 30 de Monocotiledôneas; as Briófitas com 17 famílias e as Pteridófitas com 6 famílias (Esteves, 1988; Murphy et al., 2003). As macrófitas aquáticas são classificadas segundo Esteves (1988) quanto ao seu biótipo, que é denominado genericamente de grupo ecológico. Estes grupos podem ser classificados como: a) Macrófitas aquáticas emersas – plantas enraizadas no sedimento e com folhas fora d’água. Alguns exemplos: Eleocharis. Typha, Ponteferia, Echinodorus, 50 b) Macrófitas aquáticas com folhas flutuantes – plantas enraizadas no sedimento e com folhas flutuando na superfície da água. Exemplos: Nymphaea, Vitoria e Nymphoides. c) Macrófitas aquáticas submersas enraizadas – plantas enraizadas no sedimento, que crescem totalmente submersas na água. Podem crescer, via de regra, até 11 m de profundidade, dependendo da disponibilidade de luz. A maioria tem seus órgãos reprodutivos flutuando na superfície ou aéreos. Exemplos: Myriophyllum, Elodea, Egeria, Hydrilla, Vallisneria, Mayaca, Ruppia e a maioria das espécies do gênero Potamogeton. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA d) Macrófitas aquáticas submersas livres – são plantas que têm rizóides pouco desenvolvidos e que permanecem flutuando submergidas nas águas em locais de pouca turbulência. Geralmente ficam presas aos pecíolos e talos das macrófitas aquáticas de folhas flutuantes e nos caules das macrófitas emersas. Durante o período reprodutivo emitem flores emersas (exceção da Ceratophyllum). Exemplos: Utricularia e Ceratophyllum. e) Macrófitas aquáticas flutuantes – são aquelas que flutuam na superfície da água. Geralmente seu desenvolvimento máximo ocorre em locais protegidos pelo vento. Neste grupo, destacam-se Eichhornia crassipes, Salvinia, Pistia, Lemna e Azolla. Existem algumas adaptações presentes nas macrófitas aquáticas como o aumento dos tecidos (responsáveis pela captura de gases) e o aumento na capacidade de transpiração (que podem facilitar a entrada de metais pesados na planta pelas folhas) (Esteves, 1988). 51 Uma das formas de absorção de metais pelas folhas ocorre com particulas muito pequenas < 10 µm , que entram na folha através da respiração, pelos estômatos (Polette et al., 2000; Krämer, 2005). As angiospermas submersas e macroalgas podem ativar o transporte de sódio, potássio e íons clorídricos para dentro de canais associados com plasmalemas invaginados contendo várias mitocôndrias. Eles também podem ativar a exclusão de sais com mecanismos de transporte de íons que requerem ATP (molécula de trifosfato de adenosina). Essa permuta de íons permite manter estável os potenciais de membrana (Esteves, 1988; Murphy et al., 2003). Todos esses mecanismos e adaptações facilitam a captura de metais pesados pelas macrófitas, o que as tornam ótimas plantas para fitorremediação. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA Uma macrófita aquática bastante utilizada em estudos de fitorremediação é a Typha, que é uma macrófita emersa mais frequentemente encontrada paralela à margem. Mas segundo Esteves (1988), dada a rápida complexação de metais à matéria orgânica e sua posterior precipitação, em forma particulada, é de se esperar que as macrófitas enraizadas no sedimento sejam mais eficazes na eliminação de metais do que as flutuantes. Este é um dos motivos que nos levou a escolher a R. maritima como agente remediador de Cd. 2.5. Taxonomia de Ruppia maritima L. A taxonomia é de extrema importância, pois é a ciência que trata da nomenclatura correta de todos os organismos (Heywood, 2001). A espécie estudada é uma Angiospermae da Classe Monocotyledoneae subordinada a Ordem Alismatales (Judd et al., 1999). Segundo os autores, a mesma tem sido considerada como pertencente a Ordens e Famílias diferentes como Zannichelliaceae (Small, 1933), Zoosteraceae (Fernald, 1950), Najadaceae (Steyermark, 1963), Potamogetonaceae (Thorne, 1992) e mais recentemente como Ruppiaceae (Cronquist, 1981; Judd et al., 1999; Haynes, 2000). Neste trabalho segue-se o conceito de Judd et al. (1999) por ser mais atual e levar em conta a filogenia do grupo. 52 O Gênero Ruppia consiste de cerca de dez espécies de ampla distribuição. No Brasil ocorre apenas a espécie Ruppia maritima L. que é cosmopolita e habita vários ambientes aquáticos sendo tolerante a altas salinidades (Bonis et al., 1993; Heywood, 2001; Morgan & Holmes, 2004; ). A R. maritima, denominada popularmente como grama-do- mar, possui folhas lineares reticuladas, duas flores dispostas em espigas andróginas com dois estames e quatro carpelos. Seu fruto é drupáceo e longamente pedicelado, suas sementes possuem testa fina. Suas flores crescem aos pares em um pedúnculo comum mas são acentuadamente protândricas. Essas flores ficam situadas no sistema de uma bainha foliar, semelhante a uma espata. Sendo em um primeiro estágio tipicamente masculinas e extremamente curtas, mal saindo da bainha que as envolve, os grãos de pólem da antera madura são liberados na água. Depois PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA que o pólem foi descarregado, a inflorescência funciona como um par de flores femininas, o pedúnculo se alonga e os carpelos estipitados são levados à superfície da água, onde os estigmas entram em contato com os grãos de pólem levados a eles pela correnteza e pelo vento. Depois de fecundados os pedúnculos se retraem e a formação do futo se dá sob a água, como a sua dirpersão. A R. maritima possui algumas adaptações que dificultam a sua sobrevivênvia fora da água, por exemplo a epiderme foi reduzida (Barroso, 1974; Esteves, 1988; Murphy, 2003). Segundo diversos autores esta espécie pode sobreviver a solos pobres em nutrientes (nitrogênio e fósforo), e a grandes variações de salinidade. O problema de se aumentar muito a salinidade é que a planta diminui a sua capacidade fotossintética. Esse aumento requer um alto custo energético se o estresse ao qual a planta foi exposta não for reduzido (Lin & Xun, 2002; Murphy, 2003). A Ruppia maritima pode remediar solos e águas contaminados através de suas raízes e folhas, acumulando os metais preferencialmente na folhas. Já outras plantas, como a mostarda, absorvem metais pesados pela raiz, acumulando esses metais preferencialmente na raiz, seguida das folhas e do caule respectivamente (Dahlgren & Clifford, 1987 ; Raskin et al., 1997; Judd et al., 1999; Ager et al., 2003; Peralta-Videa et al., 2004; Sridhar et al., 2005). 3. MATERIAIS E MÉTODOS 3.1. Organização dos experimentos 1. Coleta 2. Herborização 3. Cultivo da R. maritima em dois aquários 4. Testes piloto 1º. Condições ideais de cultivo da planta – a planta foi cultivada com a adição de CdCl2 ao PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA longo de 14 dias para se conseguir as condições ideais de cultivo. 2º. Diluíção de cloreto de cádmio – teste realizado para se chegar a diluição pré- determinada de 0,1 mg de Cd/L de água, que levou em conta a quantidade de Cd encontrado nas águas da Lagoa e o limite máximo estabelecido pelo CONAMA 20 (que em 2004 era a resolução para águas vigente no Brasil). 5. Ensaios para o cultivo da R. maritima com a adição de CdCl2 em laboratório – a planta foi cultivada com a adição de CdCl2 , durante 14 dias para se saber se ela acumula Cd. 6. Análise dos dados obtidos – realizada de duas formas: 1º. A partir da observação do desenvolvimento da planta nos aquários, no 1° teste piloto e nos ensaios de fitorremediação. 2º. Com o resultado da análise química feita com a planta, seus órgãos, a água e o sedimento usados nos ensaios. 54 3.2. Coleta 3.2.1. Localização e caracterização da área de estudo Dois motivos foram determinantes para a escolha do local de estudo: ♦ A Lagoa Rodrigo de Freitas possui uma grande quantidade de R. maritima, principalmente nas áreas mais contaminadas com Cd (Koblitz et al., 2001). ♦ A quantidade mínima de Cd na Lagoa ultrapassa os limites determinados pela Resolução Brasileira vigente (CONAMA 20, 1986). A origem e evolução da Lagoa está associada a vários eventos ligados PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA a oscilação do nível médio dos oceanos ocorridos durante o Cenozóico. A formação ocorreu a partir do fechamento de uma enseada pelo cordão litorâneo (praias do Leblon e Ipanema) (Bertolino & Andreata, 2001). O seu nome é devido ao último Senhor de Engenho Rodrigo de Freitas de Mello e Castro em 1660. Antes da colonização huma na era conhecida como Sacopenopã, que em tupi significa “praia batida pelos socós” (Fazenda, 1927). Ela é uma Lagoa costeira do leste- fluminense localizada na zona sul da cidade do Rio de Janeiro, nas coordenadas 22º58’09”S e 043º13’03”W (IBAMA, 1989). Possui forma poligonal irregular com aproximadamente três quilômetros quadrados de superfície, profundidade média de quatro metros com aproximadamente sete milhões de metros quadrados de volume líquido com a contribuição hidrográfica dos rios: Macaco, Rainha e Cabeça, que se localizam próximos a estação de coleta III (Bertolino & Andreata, 2001). Essa descrição pode ser conferida na Figura 2, que mostra a vista aérea da Lagoa Rodrigo de Freitas, bem como a localização das estações de coleta deste estudo. 55 Figura 2 – Vista aérea da Lagoa Rodrigo de Freitas (Feema, 2004) O regime de águas e o equilíbrio biológico são controlados por dois sistemas de drenagem: o canal do Jardim de Alah e o canal do Leblon (que PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA desemboca no oceano junto à Av. Niemeyer). Esses sistemas de dragagem servem para levar para o mar as águas poluídas das bacias de drenagem (IBAMA, 1989). A área central da Lagoa é a que apresenta o maior teor de matéria orgânica (6 a 23%) e silte (1 a 13%) (Bertolino & Andreata, 2001). 3.2.2. Estações de amostragem neste estudo A Lagoa foi dividida em cinco estações de coleta, pré-estabelecidas anteriormente pela equipe do Dr. José V. Andreata, Professor da Universidade Santa Úrsula (USU) (Bertolino & Andreata, 1997). Estações (Figura 2): I - Próximo ao canal do Jardim de Alah até as proximidades do Clube Caiçaras. II - Próximo ao Parque da Catacumba. III - Próximo ao Clube Piraquê, aonde desembocam as águas do Rio Macaco e do canal de recirculação. IV - Região nordeste, próximo ao posto Shell (na av. Epitácio Pessoa, próximo ao nº4560) V - Área central da Lagoa. 56 3.2.3. Amostragem Amostras de R. maritima foram coletadas da Lagoa Rodrigo de Freitas nas cinco estações com o auxílio da equipe do Prof. Andreata (que possui autorização para coletar na Lagoa e desenvolve pesquisa na Lagoa à mais de dez anos), juntamente com as medições dos fatores abióticos, no dia 5 de outubro de 2004. As amostras de R. maritima foram utilizadas para: a herborização, os aquários e os testes piloto. No dia 30/05/2005 uma segunda coleta foi realizada com a ajuda da Comlurb nas estações I, II, III e IV. A água e a R. maritima provenientes desta coleta foram utilizadas nos testes de contaminação da planta pelo Cd. Ao se coletar a R. maritima encontrou-se uma flora associada formada por algas do gênero Enteromorpha e uma fauna associada à planta formada por gastrópodes e PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA zooplâncton. 3.2.4. Identificação dos fatores abióticos relevantes Os fatores abióticos relevantes para o estudo da fitorremediação de Cd pela R. maritima foram os nutrientes, o pH, a salinidade e a temperatura . Pois como já foi visto na revisão bibliográfica, eles interferem diretamente nas formas de complexação e transporte do Cd pela planta, na disponibilidade e na mobilidade do Cd. Os fatores abióticos apresentam uma maior variação ligados ao clima da região, sendo que essas variações sazonais são observadas principalmente no verão e no inverno, sendo caracterizados como verão úmido (época das chuvas com níveis de salinidade baixos) e inverno seco (com maiores níveis de salinidade). De acordo com as análises da equipe do prof. Andreata verificou-se a tendência progressiva na diminuição dos valores de salinidade (Freret et al., 2001; Marca et al., 2001). As médias dos fatores abióticos da Lagoa de 1991 até 1995 estão na Tabela 9 e foram separadas por estação. A taxa de oxigênio dissolvido (O.D.) oscila muito, podendo variar de 0,7 mMolL-1 à 10 mMolL-1 (Marca et al., 2001). 57 Tabela 9– Dados abióticos da Lagoa Rodrigo de Freitas Verão Inverno Temperatura ≅ 28ºC ≅ 25ºC Salinidade 2‰ - 16‰ 13‰ - 26‰ pH ≅ 7,8 ≅ 7,8 A Feema monitora desde 1970 a qualidade da água na Lagoa Rodrigo de Freitas. Esse monitoramento é realizado semanalmente e são monitorados alguns perfis verticais, a coluna d’água e a biota. Dados mais recentes dos fatores abióticos da Lagoa (oxigênio dissolvido, temperatura, salinidade e transparência) fornecidos pela Feema (2004) foram utilizados em nosso estudo. Esses dados foram resumidos na Tabela 10 (Feema, 2004). PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA Tabela 10 – Relatório anual dos fatores abióticos fornecido pela Feema (2004) Temperatura ≅ 27ºC Salinidade 14‰ 3.2.5. Limites de cádmio estabelecidos pela Resolução CONAMA 20 A Resolução CONAMA 20 de 1986 estabelece classes nas quais os corpos d’água devem ser enquadrados. A classificação das águas esta relacionada ao uso a que se destinam (Brasil, 1986). Por tanto, são estabelecidos limites para alguns parâmetros de qualidade da água para cada classe, inclusive para os metais pesados. Quando um corpo d’água é enquadrado em uma classe, os órgãos responsáveis pelo mesmo devem estabelecer medidas para que este consiga atingir os limites determinados para aquela classe. Conforme a Resolução CONAMA 20, as águas podem ser classificadas de acordo com os seus usos em nove classes. Por outro lado enquanto não ocorrer o enquadramento, os corpos de águas doces serão considerados como Classe 2, os de águas salinas como Classe 5 e os de águas salobras como Classe 7. 58 Os Artigos 18 e 19 da Resolução CONAMA 20 explicam de forma geral o que não é permitido ser encontrado nas diferentes classes de águas (Brasil, 1986). Art. 18 - Na classe especial não serão tolerados nenhum tipo de lançamentos de águas residuárias, domésticas e industriais, lixo e outros resíduos sólidos, substâncias potencialmente tóxicas, defensivos agrícolas, fertilizantes químicos e outros poluentes mesmo tratados. Caso sejam utilizadas para o abastecimento doméstico deverão ser submetidas a uma inspeção sanitária preliminar (Brasil, 1986). Art. 19 - Nas águas das Classes 1 a 8 serão tolerados lançamentos de despejos, desde que, além de atenderem ao disposto no Art. 21 desta resolução, não venham a fazer com que os limites estabelecidos para as respectivas classes PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA sejam ultrapassados (Brasil, 1986). A definição detalhada das classes 1 à 8 se encontram na Resolução CONAMA 20. As quantidades máximas admitidas de Cd nos corpos d’água em cada classe se encontram na Tabela 11 (Brasil,1986). Tabela 11 - Limites máximos permitidos por classe para o cádmio Resolução CONAMA 20 (Brasil,1986) CLASSE CÁDMIO (mg de Cd/L) 1 0,001 2 0,01 5 0,005 7 0,005 Até que ocorra um novo enquadramento por parte dos órgãos responsáveis, a Lagoa está na classe 7. A resolução brasileira vigente a partir de 17 de março de 2005 que dispõe sobre a classificação dos corpos de água, as diretrizes ambientais e estabelece condições padrões de lançamento de efluentes é a Resolução CONAMA 357 (Brasil, 2005). 59 Não ocorreu alteração na classificação das águas brasileiras. Quanto as classes ocorreram algumas alterações mostrando uma maior tolerância nos níveis de Cd, essas classes se subdividem de acordo com a classificação. Os limites máximos admitidos de Cd nos corpos d’água em cada classe se encontram na Tabela 12 (Brasil, 2005). Tabela 12 – Limites máximos admitidos de cádmio segundo Resolução CONAMA 357 (Brasil, 2005) Águas Classe Especial 1 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA Doces Salinas Salobras Cd (mg de Cd/L) Manter as condições naturais do corpo d’água 0,001 2 3 0,01 4 Limite não estabelecido Especial Manter as condições naturais do corpo d’água 1 0,005 2 0,04 3 Limite não estabelecido Especial Manter as condições naturais do corpo d’água 1 0,005 2 0,04 3 Limite não estabelecido A Resolução CONAMA 357 revoga a Resolução CONAMA 20, mas os limites utilizados neste trabalho foram os estabelecidos pela Resolução CONAMA 20, pois era a que estava em vigor na época das coletas. A classificação das águas quanto à salinidade possui limites préestabelecidos pela legislação e descritos na Tabela 13. 60 Tabela 13 – Classificação das águas brasileiras Águas doces: salinidade igual ou inferior a 0,50‰. Águas salobras: salinidade igual ou inferior a 0,50‰ e 30‰. Águas salinas: salinidade igual ou superior a 30‰. Quanto à classificação das águas brasileiras, as águas da Lagoa Rodrigo de Freitas são salobras (salinidade entre 0,50‰ e 30‰.) (Brasil,1986). A quantidade de contaminantes existentes nos corpos d’água não influencia na quantidade máxima que uma fonte poluidora, qualquer que seja esta fonte, pode lançar no corpo d’água. Toda fonte poluidora precisa seguir os parâmetros determinados nos Artigo s 21 e 22 da Resolução CONAMA 20, que determinam PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA as condições e os limites de lançamento de contaminantes nos corpos d’água. Art.21 - Os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser lançados, direta ou indiretamente, nos corpos de água desde que obedeçam às seguintes condições (Brasil, 1986): a) pH entre 5 a 9; b) temperatura: inferior a 40°C, sendo que a elevação de temperatura do corpo receptor não deverá exceder a 3°C; c) materiais sedimentáveis: até 1ml/litro em teste de 1 hora em cone Imhoff. Para o lançamento em lagos e lagoas, cuja velocidade de circulação seja praticamente nula, os materiais sedimentáveis deverão estar virtualmente ausentes; d) regime de lançamento com vazão máxima de até 1,5 vezes a vazão média do período de atividade diária do agente poluidor; Quanto aos limites de lançamento nos corpos d’água a Resolução CONAMA 357 acrescenta ao artigo 21 da Resolução CONAMA 20, 3 parágrafos relativos aos níveis de toxicidade do material a ser lançado. Esses parágrafos são descritos no artigo 34: 61 § 1° - O efluente não deverá causar ou possuir potencial para causar efeitos tóxicos aos organismos aquáticos no corpo receptor, de acordo com os critérios de toxicidade estabelecidos pelo órgão ambiental competente. § 2° - Os critérios de toxicidade previstos no § 1° devem se basear em resultados de ensaios ecotoxicológicos padronizados, utilizando organismos aquáticos, e realizados no egluente. § 3° - Nos corpos de água em que as condições e padrões de qualidade previstos nesta Resolução não incluam restrições de toxicidade a organismos aquáticos, não se aplicam os parágrafos anteriores. O valor máximo de Cd permitido para lançamento nos efluentes, PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA encontra- se na Tabela 14. Tabela 14 - V alor máximo admissível de cádmio lançado no efluente (Brasil,1986) METAL LANÇAMENTO (mg de Cd/L) Cádmio 0,2 Art. 22 - Não será permitida a diluição de efluentes industriais com águas não poluídas, tais como água de abastecimento, água de mar e água de refrigeração (Brasil, 1986). 3.2.6. Metais pesados na Lagoa Rodrigo de Freitas Foram feitas análises químicas ao longo de cinco anos (março de 1991 à fevereiro de 1995) nos sedimentos da Lagoa Rodrigo de Freitas nas cinco estações de coleta, aonde foram obtidos os valores de cada estação em mg de Cd por l de água da Lagoa. Esses resultados serviram como base para determinármos a quantidade de Cd adicionada no experimento. A partir desses valores foram retiradas as médias por estação representadas na Tabela 15 (Koblitz et al., 2001). 62 Tabela 15- Concentração de Cádmio no sedimento da Lagoa Rodrigo de Freitas METAL Cd VALOR ESTAÇÃO ( mg de Cd/l ) I II III IV V Média 0,86 0,64 0,39 0,68 1,87 Máximo 12,20 1,60 1,20 2,20 33,50 Mínimo 0,20 0,20 0,20 0,20 0,20 3.3. Herborização da Ruppia maritima A herborização é uma técnica de preservação do material botânico realizada após a coleta e que serve como documentação permanente do material de estudo PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA após ser identificado e depositado em um herbário. As R. maritima herborizadas foram provenientes da coleta na Lagoa Rodrigo de Freitas. Para a herborização no Instituto de Ciências Biológicas e ambientais da Universidade Santa Úrsula (USU) a planta foi prensada e posta para secar na estufa à 60ºC por 48h. Após a secagem ela foi montada, registrada no livro tombo e incluída no herbário da Universidade Santa Úrsula (RUSU) com duplicata para o herbário Friburguense da PUC-Rio cuja sigla é FCAB. Registro no livro tombo, sob o número geral, pois s.n. quer dizer sem número de coletor. Material testemunho à: Brasil, Estado do Rio de Janeiro, Lagoa Rodrigo de Freitas, 05/10/2004, A.C.G. Dutra-Guilherme s.n. (RUSU 14984; FCAB 6173). 3.4. Estabilização dos aquários A planta foi estabilizada em dois aquários na USU, num período de sete meses (do dia 7/10/2004 ao dia 24/04/2005). No aquário 1 foram colocadas as plantas retiradas das estações I, II e III, e no aquário 2 as coletadas das estações IV e V. Os aquários foram montados com água e sedimento da Lagoa, adicionando-se cascalho lavado os mesmos foram acondicionados ao ar livre com luz natural. 63 Ao longo dos meses, devido à água das chuvas, os aquários tiveram alterações em alguns de seus fatores abióticos como a diminuição da salinidade e o aumento do pH (de 7 para 8.4), transformando a água salobra dos aquários em água doce. 3.5. Teste Piloto para se determinar as condições ideais de cultivo da planta e a diluição do cádmio Foram realizados dois testes piloto, um para se ter as condições ideais de cultivo da planta e outro para se chegar a diluição de dez vezes o nível máximo permitido pelo CONAMA 20 em relação ao Cd. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA No primeiro teste as plantas permaneceram por duas semanas intoxicadas com CdCl2 , reagente cloreto de Cd P.A. (puro) monohidratado, com peso molecular de 201,333, fornecido pela Vetec em vidros com capacidade de três litros com 32 cm de altura. Em cada vidro foram montados ambientes contendo aproximadamente 4 cm de sedimento para a fixação da macrófita (o sedimento da Lagoa não foi utilizado por causa do nível de contaminação do mesmo com diversas substâncias que poderiam vir a interferir no desenvolvimento dos experimentos), tendo como composição: terra (PUC-Rio) + cascalho lavado (USU), dois litros de água da torneira e aproximadamente 15g de R. maritima. O peso total do sedimento foi de aproximadamente 400g. Os ambientes montados foram colocados em um laboratório (laboratório MAR do Prof. Raul Nunes do DCMM-PUC-Rio) com um sistema de luz artificial (padrão usado na UFF (Universidade Federal Fluminense) para cultivo de plantas com oito lâmpadas frias de 40W) tendo sido dispostos da seguinte forma: um conjunto de quatro lâmpadas em cima dos ambientes e outro conjunto de qua tro lâmpadas à frente. O crescimento das plantas foi monitorado ao longo da semana. A posição dos ambientes foi alterada (a cada dois dias). Os ambientes foram colocados em três fileiras dispostas diagonalmente. A primeira fileira recebia mais luz e a terceira menos luz, conforme mostra a Figura 3. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA 64 Figura 3 - Localização das luzes artificiais e distribuição dos vidros O dispositivo de luz estava ligado a um timer com ciclos claro/escuro de 12 horas. No segundo teste foi preparada uma solução padrão (1,63 g de CdCl2 diluida em 50 ml de água milli- q) e guardada até a sua utilização. O sal usado na solução foi pesado em uma balança analítica, marca sartorius Bl210s. Foram feitas diluições de 1x (1,63 mg de CdCl2 para cada litro de água), 5x (8,15 mg de CdCl2 para cada litro de água), 10x (16,3 mg de CdCl2 para cada litro de água), e 100x (163 mg de CdCl2 para cada litro de água) a partir da solução padrão todas com duas réplicas, para se estimar quanto de Cd estaria presente na água e no sedimento. Para os testes de diluição utilizou- se água ultrapurificada (deionizada, desmineralizada e destilada, também chamada água milli- q) com pH 5.5. O sedimento era composto de terra preta homogeneizada, comprada em loja de jardinagem. 65 3.6. Cultivo da Ruppia maritima em ambientes com a adição de cloreto de cádmio Para a contaminação da planta com CdCl2 foram usados 12 vidros. A montagem dos ambientes foi realizada colocando-se aproximadamente 200 g de sedimento para a fixação da macrófita, constituído de terra para jardinagem homogeneizada. O cascalho não foi adicionado para que não ocorresse interferência nos resultados da absorção atômica do sedimento. Utilizou-se água da Lagoa Rodrigo de Freitas (pH 7) e água milli-q pH 5.5. As plantas foram podadas com aproximadamente 15 cm de altura, para se conseguir uma distribuição mais homogênea e plantadas em cada vidro aproximadamente 30 g de R. maritima. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA Para os ensaios de fitorremediação foram montados dois ambientes (cada vidro montado equivale a um ambiente): 1) Ambiente de controle com a planta e a sua flora e fauna associadas. (a) Vidros 1, 5 e 9 com água milli-q. (b) Vidros 3, 7 e 11 com água da Lagoa Rodrigo de Freitas. Na figura 4 são mostrados os ambientes que não foram contaminados com Cd, após 14 dias de experimento. Figura 4 - Ambiente de controle no 14°dia 66 2) Ambiente com a planta e a sua flora e fauna associadas, com adição de CdCl2 . (a) Vidros 2, 6 e 10 com água milli-q. (b) Vidros 4, 8 e 12 com água da Lagoa Rodrigo de Freitas. Na figura 5 são mostrados os vidros intoxicados com CdCl2 , após 14 dias PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA de experimento. Figura 5 - Ambiente intoxicado com cloreto de cádmio no 14° dia Todos os testes realizados foram feitos em duplicata. Os ambientes plantados permaneceram três dias sem alteração do meio, para que a planta pudesse se enraizar. Após esse período foram adicionados 1,63mg de CdCl2 /l de água. Essa diluição foi baseada nos resultados obtidos com os testes de diluição, onde se conseguiu a diluição de uma vez o valor mais próximo de dez vezes o nível máximo permitido pelo CONAMA 20. As amostras foram levadas para análise química depois de 7 e 14 dias de contaminação com o CdCl2 . Segundo alguns autores que realizaram análises diárias, esses são os melhores dias para se analisar a absorção de metais pesados por macrófitas (Chen et al., 2000; Sanchiz et al., 2001; Kamal et al., 2004). 67 3.7.Digestão do material para análise química 3.7.1. Sedimento Uma parte do sedimento foi seca na estufa à 75°C, durante a noite, em tubos de 50 ml. A outra parte foi guardada em embalagens plásticas com fecho hermético, como testemunho. Depois de seco, o sedimento foi pesado (aproximadamente 500 mg) e foram adicionados 5 ml de ácido nítrico (HNO3 ) P.A., fornecido pela Vetec. O material permaneceu no ácido durante a noite toda. Após este período, o material foi posto na chapa à 70°C por 5hs e em seguida permaneceu no ultra-som por 1h, sendo então centrifugado. O sobrenadante foi vertido para outro frasco de igual volume. A água milli-q PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA foi adicionada no primeiro frasco, que foi agitado e centrifugado. Seu sobrenadante foi novamente vertido. O frasco com o sobrenadante foi avolumado para 20 ml e levado para análise no espectrofotômetro de absorção atômica de chama. 3.7.2. Planta A planta passou por um processo mecânico de retirada da sua flora e fauna associadas, para que os valores de Cd encontrados fossem só referentes a R. maritima. Após esse processo, a planta foi desidratada na estufa. Com base no peso seco das amostras, o material foi digerido e avolumado para 15 e 20 ml. Amostras com peso seco entre 0,0149 até 0,3577 g (peso A) foram avolumadas para 15 ml e amostras com peso seco entre 0,3577 e 0,6539 g (peso B) foram avolumadas para 20 ml. Uma parte da planta foi seca na estufa, à 75°C, durante a noite, em tubos de 50 ml e a outra foi guardada em embalagens plásticas com fecho hermético, como testemunho. 68 Depois de seca, a planta foi pesada e foram adicionados 5 ml de HNO3 na chapa à 70°C. A planta permaneceu com ácido na chapa à 70°C durante toda a noite. No dia seguinte as amostras foram para o ultra-som por uma hora, sendo então adicionado um mililitro nas amostras de peso A de peróxido de hidrogênio (H2 O2 ) P.A. , marca Vetec, e dois mililitros de H2 O2 nas amostras de peso B. As amostras voltaram para o ultra-som por uma hora, sendo levadas em seguida para a chapa à 70°C por uma hora e novamente para o ultra-som por uma hora. Finalmente o material foi avolumado de acordo com o peso seco e levado para leitura no espectrofotômetro de absorção atômica de chama. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA 3.8. Análises Químicas Depois de coletado, o material foi preparado segundo procedimento padrão do laboratório de Química do Prof. Reinaldo Calixto (Departamento de Química PUC-Rio), para análise no espectrofotômetro de absorção atômica de chama da Perkim Elmer modelo 1100B. A água foi filtrada e realizada a digestão no sedimento e na planta. As condições do espectrofotômetro para a leitura do Cd foram compilados na Tabela 16. Tabela 16- Condições operacionais do espectrofotômetro para o cádmio Parâmetros Comprimento de onda (λ) Abertura da Fenda Corrente Gás Calibração 228,8 nm 200 µm 3 mA ar/acetileno tipo de chama oxidante Curva padrão 0 / 0,5 / 1 / 1,5 / 2 mg/L 4. RESULTADOS & DISCUSSÃO A distribuição da R. maritima na Lagoa é heterogênea. Foi encontrada uma quantidade muito grande da planta nas estações IV e V. Na estação I ela foi encontrada em alguns bancos de areia e nas estações II e III encontrou-se pouca R. maritima que estava mais afastada da margem. Durante a estabilização da planta observou-se que o aquário 1 tinha um crescimento maior da flora e da fauna associadas à planta do que o aquário 2, isso tendo acontecido durante todo o tempo de cultivo. Notadamente a R. maritima PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA cresceu bem, mesmo sem ser feito o enriquecimento do sedimento e a sua exposição direta ao sol se fez necessária para que ela não morresse. A interação da planta com a sua flora e fauna associadas pode ser vista na Figura 6. Figura 6 - Ruppia maritima com a sua flora e fauna associada, aumento de 5x Zooplâncton Gastrópode (caramujo) Ruppia marítima L. Enteromorpha spp. (alga) 70 No teste piloto, para o cultivo da planta, foi visto que após sete dias um dos ambientes de controle (o que permaneceu quatro dias mais próximo da luz artificial) estava com as folhas queimadas. Por esse motivo o conjunto de luz (quatro lâmpadas) lateral foi desligado, permanecendo ligado só o conjunto de luz que fica acima da planta. A planta permaneceu em observação durante 14 dias. Depois de ser realizado o controle de luz ela permaneceu saudável até o final do experimento. Após a análise do desenvolvimento da planta durante o teste piloto sobreveio a necessidade de controlar alguns parâmetros como a turbidez da água, a quantidade de luz, a quantidade e composição de sedimento, a quantidade de planta adicionada por vidro e o tipo de água, para um melhor desenvolvimento do PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA experimento. A terra foi homogeneizada e a coleta nos vidros para as análises passou a ser realizada em áreas por causa da heterogeneidade na distribuição do Cd no sedimento. As áreas 1, 2 e 3 são as da borda do vidro e a área 4 o centro do vidro. A turbidez da água também foi controlada (a água passou a ser adicionada com um regador e não vertida). As modificações necessárias observadas nos testes piloto se encontram na Tabela 17. Tabela 17 - Resultados do teste piloto em relação aos parâmetros utilizados FATOR ANALISADO TESTE PILOTO EXPERIMENTO Luz 8 lâmpadas frias de 40 w cada 4 lâmpadas frias de 40 w cada Turbidez da água Água turva (água vertida) Água com pouca turbidez (Água adicionada com regador) Quantidade de sedimento 400 g 200 g Composição do sedimento Terra + cascalho Terra homogeneizada para jardinagem ≅ 15 g ≅ 30 g Quantidade de planta por vidro 71 Para o teste de diluição foi utilizada água milli-q e não da torneira, pois a mesma não possui contaminação. Portanto, a quantidade de Cd encontrado neste ambiente na água será proveniente apenas do cádmio adicionado. A terra usada foi previamente homogeneizada e não foi utilizada a planta no teste de diluição, para que a mesma não remediasse o meio. Os valores obtidos com as diversas diluições foram comparados com o limite permitido pelo CONAMA 20, para se ter a quantidade de Cd adicionada no experimento. Para o experimento, o ambiente intoxicado com Cd deverá conter dez vezes mais Cd no meio do que o limite máximo estabelecido pelo CONAMA 20. Os resultados das diluições estão na Tabela 18. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA Tabela 18 - Resultado das diluições de cloreto de cádmio em água milli-q e sedimento CONAMA mg de Cd/l de água Água milli-q mg de Cd/l de água Sedimento mg de Cd/kg de sedimento 10x 1x 5x 10x 100x 1x 5x 10x 100x 0,1 0,11 1,07 1,44 1,14 1,87 6,07 1,92 111,00 0,18 0,90 2,31 * 0,10 4,76 8,34 185,57 0,22 1,02 * * 1,37 7,32 2,88 91,89 Média 0,17 1,00 1,87 >2 * Resultado maior do que o limite de detecção 2,33 do aparelho. A curva padrão máxima da calibração do aparelho, neste experimento, foi de 2 mg de Cd por litro de solução. Como o objetivo dos testes de diluição era o de obter um valor próximo à 0,1 mg de Cd por litro de água não foi necessário diluir as amostras com os resultados maiores que os da curva padrão. A diluição que melhor se encaixou nos parâmetros pré-estabelecidos para a contaminação dos ambientes foi a de 1x. Sendo a diluição utilizada no experimento de remediação de Cd pela R. maritima . 72 O peso seco das amostras entrou no cálculo de absorbância, resultando na quantidade de Cd contida na água em miligramas por litro de água, no sedimento em miligramas por kg de sedimento e na R. maritima em miligramas por kg de planta. Para o 14° dia somente uma amostra de cada controle foi preparada e analisada, as demais foram congeladas. Os resultados do peso seco do sedimento no 7° e 14° dia de contaminação com Cd podem ser observados na Tabela 19. Tabela 19 - Peso seco em g do sedimento no 7° e 14 ° dia 7° dia Milli-q Controle Milli-q CdCl 2 1 2 I II III IV I II III IV 0,5051 0,5326 0,5192 0,5504 0,5654 0,4373 0,5712 0,5786 0,5296 0,5273 0,5471 0,5516 5 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA 0,5247 0,6568 6 0,5494 0,5606 0,5620 0,5017 9 0,6309 0,5422 10 0,5534 0,5715 0,5324 0,5570 Lagoa controle Lagoa CdCl 2 3 4 I II III IV I II III IV 0,5884 0,5320 0,5643 0,5771 0,5566 0,6185 0,5614 0,5796 0,5565 0,5574 0,5363 0,5724 7 0,5909 0,5508 8 0,5654 0,5491 0,5594 0,5428 11 0,5540 0,5950 12 0,5516 0,5425 0,5644 0,5319 14° dia I 0,5511 Milli-q controle Lagoa controle 1 7 0,4193 0,5082 Milli-q CdCl 2 Lagoa CdCl 2 2 4 II III 0,4515 0,3340 IV I II III IV 0,5498 0,5458 0,5159 0,5356 0,5481 0,5329 0,5404 0,5836 0,4842 8 0,5570 0,5237 6 0,4423 0,5368 12 0,5060 0,5013 0,5198 0,5655 73 O resultado do peso da R. maritima contribuiu para a análise da absorção de água pela planta. Estes resultados podem ser vistos nas Tabelas 20 e 21. Tabela 20- Quantidade de água contida na planta no 7° dia de contaminação ÁGUA Milli-q VIDRO Controle 1 5 9 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA CdCl2 2 6 10 Lagoa Rodrigo de Freitas Controle 3 7 11 CdCl2 4 8 12 ÁREA PESO I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV (g) 0,6205 1,0155 0,9603 1,6546 1,0806 1,0692 0,7702 1,2035 1,3095 0,9869 1,3573 1,4128 1,1534 1,1139 1,3145 1,2677 1,2952 1,3804 1,2741 1,0580 1,5172 1,4457 1,4068 1,4932 I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV 0,8999 1,2346 1,1583 1,0632 0,9821 1,3104 1,3754 1,3305 0,9278 0,9057 1,3558 1,8861 1,0667 1,3776 1,1807 1,2059 1,2805 1,0805 1,0053 1,2553 1,2522 1,3064 1,1166 1,2356 PESO SECO (g) % ÁGUA 0,0577 0,0951 0,1012 0,6539 0,1775 0,1245 0,0681 0,0975 0,1774 0,1300 0,5083 0,6318 0,2203 0,1171 0,2584 0,3326 0,3640 0,4817 0,3929 0,1171 0,6031 0,4665 0,5482 0,4055 90,7 90,7 89,5 60,5 83,6 88,4 91,2 91,9 86,5 86,2 62,5 55,3 80,9 89,5 80,3 73,7 71,9 65,1 69,2 88,9 60,3 67,3 61 72,8 0,1707 0,3897 0,3233 0,2035 0,1169 0,4140 0,5263 0,4653 0,1039 0,0871 0,3019 0,6256 0,0969 0,5839 0,3465 0,3710 0,2224 0,2609 0,2589 0,4728 0,4157 0,1844 0,1833 0,3185 81 68,4 72,1 80,9 88,1 68,4 61,7 65 88,8 90,4 77,7 66,8 90,9 57,6 70,6 69,2 82,6 75,9 74,3 62,3 66,8 85,9 83,6 74,2 PLANTA % MÉDIA D ESVIO PADRÃO 81 13,6 73 9,8 76 10 74 9,9 74 Nos sete primeiros dias de contaminação com Cd a R. maritima possuia em média 76% do seu peso em água. Após a análise do 7° dia observou-se a contaminação do ambiente n°10 por microrganismos, que levaram a planta à morte. Este ambiente foi descartado para que não ocorresse contaminação nos demais ambientes. Não foi possível realizar a identificação do microrganismo contaminante. Uma semana após as análises do 7° dia foram realizadas as do 14° dia, referentes à quantidade de água contida na planta. Esses resultados estão na Tabela 21. Tabela 21 - Quantidade de água contida na planta no 14° dia de contaminação ÁGUA PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA Milli-q VIDRO ÁREA PESO SECO (g) % ÁGUA PLANTA Controle 1 I 0,8479 0,0767 90,9 CdCl2 2 I 1,1987 0,4433 63 II 1,1005 0,2343 78,8 III 1,0673 0,2370 77,8 IV 1,0224 0,2865 72 I 1,0682 0,1661 84,5 II 0,9951 0,1204 87,9 III 0,9959 0,1939 80,5 IV 1,0632 0,3517 66,9 6 Lagoa Rodrigo de Freitas PESO (g) Controle 7 I 1,1376 0,2370 79,2 CdCl2 4 I 1,0708 0,3496 67,4 II 1,0840 0,3697 65,9 III 1,0908 0,4431 59,4 IV 0,9820 0,3178 67,6 I 1,0024 0,3271 67,4 II 1,2233 0,5147 58 III 0,8571 0,1403 83,6 IV 1,0665 0,5095 52,2 I 0,8737 0,1594 81,8 II 1,1540 0,2275 80,3 III 1,0200 0,2193 78,5 IV 0,9361 0,1243 86,7 8 12 D ESVIO PADRÃO 8,5 11,2 75 No 14° dia de contaminação com Cd a R. maritima possuia em média 79% do seu peso em água. Os resultados obtidos com o peso da planta confirmam os resultados descritos por Esteves, 1988. Este autor mostra que o teor de água na planta é muito elevado, variando de 85 a 95% do peso seco. As plantas analisadas tinham em média 78% de água na sua composição. Na coleta do 14° dia também foram separados exemplares contendo só raiz, folha e caule. A quantidade de água contida em média em cada órgão consta da Tabela 22. Tabela 22 - Quantidade de água contida na raiz, no caule e na folha da Ruppia maritima no 14° dia de contaminação por cádmio PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA ÓRGÃO RAIZ CAULE FOLHA PESO PESO SECO % ÁGUA (g) (g) PLANTA Controle 0,4693 0,0495 89,5 2 0,2121 0,0731 65,5 4 0,2246 0,0149 93,4 6 0,1857 0,0684 96,3 8 0,2861 0,0737 74,2 12 0,2060 0,0709 65,6 Controle 1,0222 0,1171 88,5 2 0,9259 0,1236 86,5 4 0,9288 0,1300 86 6 0,9243 0,2902 68,6 8 0,9723 0,0916 90,6 12 1,0457 0,1910 81,7 Controle 0,9498 0,1094 88,5 2 1,0093 0,1660 83,5 4 1,0638 0,3733 65 6 0,9296 0,4209 54,7 8 1,0879 0,2523 76,8 12 1,1238 0,3478 69 VIDRO % M ÉDIA D ESVIO PADRÃO 81 14 84 7,9 73 12,5 76 Os resultados da análise dos órgãos da planta mostraram que a raiz da R. maritima possui 81% de água, o caule 84% e a folha 73%. Esses resultados estão de acordo com as características histológicas das macrófitas aquáticas descritas por Esteves, 1988. Os valores de absorção de Cd pela planta foram elevados sendo necessário avolumar para 50 ml as amostras dos 7° e 14° dias, para que as mesmas entrassem na curva padrão. As amostras de folha também foram avolumadas para 50 ml. As amostras de raiz e caule permaneceram em 20 ml. Os resultados da absorção de Cd pela planta nos dois dias de leitura, a quantidade de Cd restante na água e a quantidade de Cd que precipitou no PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA sedimento nos 7° e 14° dias são apresentados na Tabela 23. 77 Tabela 23 - Concentração de cádmio encontrado na água, no sedimento e na Ruppia maritima no 7° e no 14° dia Vidros controle água milli-q Água mg/L 7°dia 14° dia 1 0,035 0,007 5 0,009 9 0,004 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA CdCl2 água milli-q controle água lagoa 2 0,069 0,048 6 0,054 0,102 10 0,040 - 3 0,040 0,031 7 0,029 11 0,026 CdCl2 água lagoa 0,024 Sedimento mg/kg 7° dia 14° dia 0,919 0,506 0,890 0,613 0,600 0,630 0,540 0,668 0,741 0,632 0,762 0,685 0,774 Rm mg/kg 7° dia 14° dia 11,153 3,566 2,843 1,547 0,798 4,654 5,902 9,807 9,098 9,289 2,742 0,667 0,633 3,935 2,872 4,735 0,697 7,022 12,428 1,553 5,882 0,849 0,847 1,116 1,063 134,670 343,910 117,216 80,360 127,862 114,154 151,690 308,561 49,061 39,613 31,655 65,537 0,562 0,585 0,577 0,539 0,621 0,688 0,541 0,225 0,693 0,817 0,749 0,789 3,781 5,559 4,780 4,172 5,261 1,178 3,040 1,291 - 0,846 2,201 1,183 1,840 2,414 4,151 2,584 1,894 0,807 10,295 12,630 3,906 1,564 137,150 102,123 144,752 225,887 175,389 140,337 70,502 67,341 - 3,614 1,556 3,214 108,096 123,552 11,061 4,451 47,057 58,300 3,430 7,390 41,649 * 1,767 1,344 43,837 136,585 1,527 2,582 97,871 39,932 0,360 0,224 8 5,162 7,791 33,918 18,281 1,600 2,313 67,262 232,806 1,292 1,954 42,175 63,689 4,296 6,950 23,367 191,162 12 0,282 0,163 6,778 4,373 26,433 67,796 2,705 3,518 40,373 127,290 8,213 3,011 21,515 164,583 * Durante a centrifugação das amostras de R. maritima o tubo 4-III do 14°dia quebrou na centrífuga. 4 0,368 0,219 78 As amostras de água mostraram uma diminuição da concentração de Cd nesse meio do 7° ao 14° dia, inclusive nos controles. Na água milli- q a pequena concentração de Cd encontrada pode ser proveniente do sedimento. A amostra 6 teve um aumento na quantidade de Cd. Este comportamento pode ser devido ao fato da planta não ter condições tão favoráveis na água milli- q quando comparada à água da Lagoa, uma vez que a água milli- q não tem nenhum nutriente. Existe a possibilidade de que a planta já estivesse morrendo e por esse motivo liberando na água o Cd retido. As plantas usadas são provenientes de um meio, que já possui uma certa contaminação com Cd. Esse fato também pode explicar porque algumas amostras de plantas tinham uma quantidade de Cd maior do que a PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA que foi adicionada. A partir destes resultados supõe- se que a R. maritima é uma ótima espécie para se introduzir em um ambiente aquático para a remediação de Cd. Também pode- se observar que os locais na Lagoa onde é encontrada uma maior quantidade de espécimes são: próximos das saídas de esgoto e no meio da Lagoa. Nesses locais a quantidade de matéria orgânica e Cd é muito maior do que no restante da Lagoa. Este fato mostra que a R. maritima se prolifera mais em ambientes por vezes nocivos a outras formas de vida. O sedimento mostra heterogeneidade na distribuição de Cd. Todas as análises controle tiveram resultados inferiores a 1 mg de Cd/kg de sedimento (sendo o menor 0,225 e o maior 0,919mg de Cd /kg de sedimento). Com o objetivo de se conhecer melhor a dinâmica de absorção da planta, foram analisados em separado a raiz, o caule e a folha. Os resultados obtidos são mostrados na Tabela 24. 79 Tabela 24 - Quantidade de cádmio encontrado no 14°dia em cada órgão da planta em PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA mg de Cd/kg de raiz, de caule e de folha respectivamente Ambiente RAIZ mg de Cd/Kg de raiz CAULE mg de Cd/Kg de caule FOLHA mg de Cd/Kg de folha 2 29,336 105,902 175,678 6 55,737 39,777 97,777 Controle Lagoa 13,317 2,198 0,763 4 340,025 46,558 94,765 8 41,321 64,613 167,960 12 61,670 34,493 120,166 Média 105,618 58,269 131,269 Desvio padrão 131,6 28,9 38,4 No 14° dia foi realizada a análise da planta inteira, da raiz, do caule e da folha, em separado. Como era de se esperar foi observado uma maior quantidade de Cd na folha, já que a folha recebe Cd da raiz e também absorve Cd da água. A partir dos resultados de absorção pela R. maritima, foi obtida a média de absorção por área no 7° e 14° dias em mg de Cd/kg de planta seca, conforme a Tabela 25. Tabela 25 - Valor médio de absorção de cádmio pela Ruppia maritima Milli-q (mg de Cd/kg de planta) Média por ambiente LAGOA (mg de Cd/kg de planta) 7°dia 14°dia 7°dia 14°dia 169,039 152,478 60,160 106,146 60,306 88,677 175,567 113,392 27,922 137,707 Média total 172,303 132,935 49,463 110,843 Desvio padrão 4,6 27,6 18,6 24,8 80 A absorção de Cd pela planta diminuiu nos ambientes com água milli-q, mostrando que a planta não se adaptou ao meio ultra purificado. Porém, mesmo em condições adversas, a R. maritima conseguiu continuar remediando o meio. Nos ambientes com água da Lagoa Rodrigo de Freitas houve um aumento na remediação de Cd. As plantas depois dos 14 dias permaneceram com aparência saudável, o que não aconteceu com as plantas que estavam na água milli-q, PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA conforme pode ser observado na Figura 7. A B Figura 7 - Comparação entre o cultivo da Ruppia maritima na água da Lagoa (A) e na água milli-q (B), contaminadas com cádmio Ocorreu um aumento progressivo da turbidez dos ambientes que estavam com água milli-q e uma perda na coloração das plantas, que no momento do plantio estavam viçosas e com coloração verde intensa. Na segunda semana de contaminação com Cd os espécimes apresentaram uma coloração amareloesverdeada e algumas uma coloração marrom. 81 As plantas dos ambientes com água da Lagoa Rodrigo de Freitas permaneceram com uma tonalidade de verde intenso, não ocorrendo alteração na sua coloração desde o dia da contaminação até o dia da última coleta. A água permaneceu límpida em todos os exemplares. O crescimento de algas tanto nos ambientes com água da Lagoa quanto nos ambientes com água milli- q não foi tão intenso quanto o crescimento das mesmas no aquário. Os resultados obtidos foram resumidos nas Figuras 8, 9 e 10. 1,8 1,4 Cd (mg de Cd/l) PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA 1,6 CdCl2 adicionado Milli-q 2 Milli-q 6 Lagoa 4 Lagoa 8 Lagoa 12 Controle milli-q Controle Lagoa 1,2 1 0,8 0,6 0,4 0,2 0 7 14 Dia Figura 8 - Quantidade de cádmio na água Conforme indicado na Figura 8 a quantidade de Cd na água diminuiu ao longo dos dias. Esse decréscimo foi mais significante nos ambientes que continham água da Lagoa Rodrigo de Freitas, onde as condições para remediação de Cd foram favoráveis. 82 O ambiente 6 que estava com água milli- q foi o único que apresentou um aumento na quantidade de Cd na água, o que pode estar relacionado aos mecanismos de liberação de metais pesados pela folha por parte da R. maritima. Os controles apresentaram uma quantidade de Cd aceitável, já que as plantas utilizadas e o sedimento não estavam livres de contaminação. 8 Sedimento2 Cd (mg de Cd/kg de solo) PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA 7 Sedimento6 6 Sedimento4 5 Sedimento8 4 3 Sedimento12 2 Sedimento controle 1 Sedimento controleLagoa 0 7 14 Dia Figura 9– Quantidade de cádmio precipitada no sedimento em mg de Cd/kg de sedimento seco De acordo com a Figura 9, a quantidade de Cd no sedimento também diminuiu em quase todos os ambientes, o que pode mostrar a eficiência na remediação de Cd por parte da planta. Os controles mostraram que a quantidade média de Cd no sedimento usado foi de 0,73 mg de Cd /kg de sedimento seco. 83 No ambiente 8 com água da Lagoa, o aumento de Cd pode estar vinculado à precipitação do metal. Esta precipitação pode estar ocorrendo mais rapidamente do que a remediação do Cd pela R. maritima. No ambiente 2 com água milli- q, o aumento na quantidade de Cd no sedimento pode estar ligado à precipitação do metal e a liberação de Cd pela planta Cd (mg de Cd/kg de planta seca) PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA através da raiz. 200 R. maritima 2 180 160 R. maritima 6 140 R. maritima 4 120 100 R. maritima 8 80 R. maritima 12 60 40 R. maritima Controle 20 0 7 R. maritima Controle-Lagoa 14 Dia Figura 10 - Quantidade de cádmio absorvido pela planta em mg de Cd/kg de planta seca Os resultados apresentados na Figura 10 sugerem que a planta remedia Cd e que essa remediação irá depender das condições as quais a planta é submetida. A resistência da R. maritima e capacidade de remediação ao longo dos 14 dias de contaminação com Cd decaiu nos ambientes com água milli- q, utilizando muito provavelmente diferentes mecanismos de absorção de Cd no ambiente 2 e no ambiente 6. No ambiente 8 com água da Lagoa a remediação de Cd se mostrou intensa ao longo dos 14 dias de contaminação. 84 A distribuição de Cd em cada ambiente pode ser observada de uma forma mais ampla nas Figuras 12 e 13. 100,00% 90,00% 80,00% 70,00% 60,00% Cd 50,00% 40,00% 30,00% 20,00% 12 8 4 Controle Lagoa 6 2 12 8 4 6 2 7°dia Controle milli-q Água Planta Sedimento Controle Lagoa PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA 0,00% Controle milli-q 10,00% 14°dia Figura 11 – Distribuição de cádmio na água, no sedimento e na planta por ambiente A Figura 11 mostra cada ambiente com sua porcentagem máxima de Cd (100%), leva ndo em conta a quantidade de Cd adicionada por ambiente. Esta quantidade se refere a quantidade de Cd existente no sedimento, a quantidade de Cd que estava na água da Lagoa e na água milli-q, e a quantidade de Cd média que cada planta absorveu. A planta utilizada foi retirada da Lagoa, e a quantidade de Cd já existente nela varia dependendo da área de coleta e do tempo de vida da planta na Lagoa. Por este motivo tentamos obter um comportamento aproximado da planta na captura de Cd. Para se obter um parâmetro comparativo entre os ambientes e conseguir observar a distribuição de Cd por ambiente, realizamos um cálculo de proporcionalidade nas porcentagens. Este cálculo fo i realizado levando-se em conta quanto de Cd tinha em cada ambiente e tirando por base o ambiente que continha mais Cd. Como o valor em mg de Cd distribuído nesse ambiente não foi um número inteiro (aproximadamente 182 mg de Cd no ambiente 6), aproximamos o valor máximo para 200 mg de Cd por ambiente. Então 200 mg de Cd está para 100% assim como os valores individuais de cada ambiente estão para x%. 85 Dessa forma fica mais fácil visualizar a distribuição de Cd em cada ambiente sem contudo perder a noção da quantidade de Cd que cada ambiente possui. A Figura 11 mostra que ao longo dos 14 dias ocorreu a remediação do Cd pela planta, mesmo nos ambientes controles, que tinham traços do metal, mostrando a capacidade de adaptação da espécie em ambientes com poucos nutrientes e contaminados com Cd. Nos ambientes com água milli-q a remediação foi maior, o que pode significar um aumento nas atividades metabólicas da planta relativas à captura de nutrientes. Essas atividades metabólicas podem ter sido estimuladas em diferentes órgãos da planta, o que explicaria as diferenças ocorridas nos ambientes 2 e 6. Essas adaptações foram mais eficientes ao longo A Figura 12 mostra a quantidade de Cd precipitada no sedimento ao longo dos 14 dias de contaminação e a quantidade de Cd disponível na água em cada ambiente. 3,50% 3,00% 2,50% 2,00% Cd 1,50% 1,00% 7°dia 14°dia Figura 12 – Distribuição de cádmio na água e no sedimento por ambiente 12 8 4 Controle Lagoa 6 2 12 8 4 Controle milli-q Sedimento Controle Lagoa Água 6 0,00% 2 0,50% Controle milli-q PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA dos sete primeiros dias de contaminação. 86 Como a quantidade de Cd na água foi muito pequena, e difícil de ser visualizada na Figura 11, os valores da planta foram retirados para melhor observarmos a distribuição do Cd no sedimento e na água. A porcentagem de Cd maior no sedimento do que na água mostra a importância de se ter como agente fitorremediador uma planta enraizada. A comparação dos resultados deste trabalho com aqueles relatados por ouros autores em trabalhos anteriores com outras espécies de plantas (Lewander et al., 1996; Qian et al., 1999; Dahmani- Muller et al., 2000; Sanchiz et al., 2000; Maine et al., 2001; Peralta- Videa et al., 2004) fez- se necessária para que pudéssemos avaliar a capacidade da R. maritima em remediar sedimentos e águas contaminados com Cd. De todas as espécies PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA citadas ao longo do nosso trabalho, para realizar a comparação com a R. maritima escolhemos as que melhor remediaram o meio. A comparação da R. maritima com outras plantas fitorremediadoras precisa ser realizada levando em consideração alguns parâmetros como: a quantidade de Cd adicionado no meio, pois quantidades muito elevadas de Cd no meio podem fazer com que o metal seja absorvido pela planta por diferença de pressão; quantos dias a planta permaneceu contaminada e quanto a planta remediou de Cd ao longo desse tempo. A partir da análise destes dados é possível avaliar a capacidade de remediação de cada planta. A Tabela 26 apresenta os resultados obtidos nesta fase. 87 Tabela 26 - Absorção média de cádmio pela Ruppia maritima e por outras espécies de PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA plantas Planta Cd adicionado Dias de contaminação com Cd Concentração de Cd nas plantas entre 0-30dias (mg de Cd/kg de planta) Referência Ruppia maritima 1,13 mg/l 14 110,843 Presente trabalho Lemna minor 10mg/l ? 13000 Qian et al., 1999 Pistia stratiotes 1mg/l 21 0,00078 Maine et al., 2001 Polygonum hydropiperoides 1mg/l 10 90 Qian et al., 1999 Eichhornia crassipes 1mg/l 21 0,00076 Maine et al., 2001 Potamogeton pectinatus 0,0154mg/k g(sedimento ) Plantas retiradas do local contaminado 0,00067 Lewander et al., 1996 Salvinia herzogii 1mg/l 21 0,0008 Maine et al., 2001 Posidonia oceanica 0,00001mg/ kg(sediment o) Plantas retiradas do local contaminado 0,0025 Sanchiz et al., 2000 Wedelia trilobata 1mg/l 10 148 Qian et al., 1999 Plantas de solo 83mg/kg (solo) ? 1200 Peralta-Videa et al., 2004 DahmaniMuller et al., 2000 88 Analisando a Tabela 26 podemos concluir que a R. maritima é uma espécime boa para se usar na fitorremediação, pois ela absorveu relativamente mais Cd do que as demais plantas aquáticas. A sua capacidade de remediação só foi menor do que a da Wedelia trilobata. Quanto a Lemna minor a quantidade de Cd adicionado ao meio pode ter influenciado na entrada do mesmo na planta, por este motivo, até que se tenha mais estudos sobre esta espécie, com quantidades de Cd menores ou analises biológicas mais detalhadas (para explicar a entrada deste metal na planta) a Lemna minor não será considerada por nós como uma espécie remediadora mais eficiente do que a R. maritima. Em comparação às outras espécies de macrófitas aquáticas que já são PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA utilizadas em ensaios de remediação de sedimentos e águas contaminados, a R. maritima demonstrou uma elevada capacidade de absorção de Cd e de adaptação à águas pobres em nutrientes, possuindo duas desvantagens em relação as macrófitas emersas: a necessidade de sedimento para a sua fixação e a demora na remediação devido ao tempo necessário para a precipitaçao do Cd no sedimento. As plantas de solo possuem uma alta capacidade de remediação, muito maior do que as macrófitas aquáticas, mas elas não conseguem sobreviver no ambiente aquático. Ao contrário de algumas macrófitas que conseguem sobreviver tanto no ambiente aquático quanto no solo devido as suas adaptações morfológicas e fisiológicas. A Tabela 27 mostra a quantidade de Cd absorvido nos diferentes órgãos da planta em diferentes espécies de plantas. 89 Tabela 27 - Absorção média de cádmio em diferentes órgãos da Ruppia maritima e de PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA outras espécies de plantas Planta Cd adicionado Concentração de Cd na raiz mg de Cd/kg de raiz Concentração de Cd na folha mg de Cd/kg de folha Referência Ruppia maritima 1,13 mg de Cd/l 105,62 131,27 Presente trabalho Ruppia cirrhosa 0,00003mg de Cd/kg (sedimento) 0,00012 0,00009 Sanchiz et al., 2000 Medicago sativa 500 mg de Cd/l 4650 Cymodocea nodosa 0,000016mg de Cd/kg(sedimento) 0,00004 0,00006 Sanchiz et al., 2000, Zostera noltii 0,00001mg de Cd/kg(sedimento) 0,0002 0,00001 Sanchiz et al., 2000 Posidonia oceanica 0,000014mg de Cd/kg(sedimento) 0,00014 0,0006 Sanchiz et al., 2000 Myriophyllum brasiliense 1mg de Cd/l 1426 - Qian et al., 1999 Potamogeton pectinatus 0,0154mg de Cd/kg(sedimento) 0,0021 - Lewander et al., 1996 Plantas de solo 83mg de Cd/kg (solo) 1579 281 PeraltaVidea et al., 2004 - PeraltaVidea et al., 2004 DahmaniMuller et al., 2000 90 A maioria dos trabalhos utilizados na comparação com o presente estudo utilizam contaminações com Cd muito menores, referentes aos níveis de contaminação encontrados em cada região de cada país de origem do estudo. Isto mostra que os níveis máximos de contaminação ainda precisam ser muito bem estudados e definidos para que seja possível realizar uma avaliação comparativa empregando um método de análise eficiente. Dependendo da espécie de macrófita, o acúmulo pode acontecer em maior quantidade nas raízes ou nas folhas. Os resultados da Tabela 24 e 27 confirmam alguns estudos de outros autores que mostram o acúmulo preferencial em macrófitas aquáticas de Cd nas folhas (Raskin et al., 1997; Ager et al.,2003). PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA Uma desvantagem que a fitorremediação tem e que pode ser contornada é o fato de algumas macrófitas aquáticas, como é o caso da R. maritima, possuírem uma proliferação muito intensa. Nesse caso é preciso que se realize periodicamente a retirada da planta. Outro ponto importante a ser discutido é a introdução da fitorremediação em projetos de descontaminação de efluentes líquidos em escala industrial. Na maioria dos casos várias técnicas são utilizadas em conjunto para se conseguir uma descontaminação eficiente mantendo os custos a níveis aceitáveis. Para que se possa ter uma noção mais ampla das tecnologias aplicadas, suas vantagens e desvantagens, e do custo benefício com certas técnicas, foi confeccionada a Tabela 28, com algumas tecnologias utilizadas na remediação de solos, águas e sedimentos com metais pesados . 91 Tabela 28 - Comparação entre algumas tecnologias utilizadas na remediação de solos, águas e sedimentos contaminados com metais pesados Técnica Fitorremediação Vantagem • Não agride o solo • Pode ser usada in situ • Reestrutura a área degradada Lavagem do solo • Técnica bem estabelecida PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA Separação de fase Dragagem Tratamentos físicos Jateamento de água no solo Desvantagem • Leva muito tempo para descontaminar o ambiente • Técnica pouco conhecida • Poluição do solo pelos descontaminantes • Cada tipo de contaminação requer um descontaminante diferente • Custo baixo • Agride o ambiente a ser descontaminado, através da escavação • Requer uma área muito grande ex situ para a precipitação • O material precisa permanecer por um longo período para que ocorra a decantação • É necessária a utilização de outras técnicas em conjunto • Contenção e • Agride o solo retirada da área • Pode contaminar o contaminada lençol freático • Aumenta a turbidez • Altera o meio ambiente • Agride o meio biótico • Técnica bem • Agride o solo estabelecida • Possui maior • Restringe a área eficiência e menor contaminada custo se tratado ex situ • Custo baixo • Necessita de outras • Eficaz em solos técnicas para com alta remoção do metal permeabilidade • Retira o metal do solo Custo Referência Baixo 50,000 200,000/ acre Mulligan, 2001 25-300 U$/ton EPA,1996 Mulligan, 2001 Baixo EPA,1996 Benvindo, 2004 Elevado SERLA, 2005 60-245 U$/ton Benvindo, 2004 Mulligan, 2001 100-200 U$/ton Mulligan, 2001 92 Vitrificação Separação pirometalúrgica Flotação PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA Adsorção Biorremediação Muros de tratamento permeáveis Tratamentos químicos Tratamentos físico-químicos • Restringe a área contaminada • Eficaz para solos altamente contaminados • Eficaz em rejeitos misturados • Eficaz em grandes extensões com pouca profundidade • Descontamina o ambiente rapidamente • Eficaz em áreas altamente contaminadas • Remoção e recuperação dos compostos contaminantes • Remoção e recuperação dos compostos contaminantes • Baixo custo • Custo muito alto • Material vitrificado não pode ser recuperado • Agride o solo • Pode produzir vapores tóxicos • Custo muito alto • Eficaz em tratamentos ex situ rapidamente o solo • Técnica bem estabelecida EPA,1996 Elevado 200-1000 U$/ton EPA,1996 Mulligan, 2001 60-245 U$/ton EPA,1996 Mulligan, 2001 • Eficaz em tratamentos ex situ EPA,1996 Benvindo, 2004 • O composto EPA,1996 orgânico pode se tornar patogênico • Técnica pouco conhecida • Restringe a área • Material do muro contaminada varia de acordo com • Material de que é a contaminação feito o muro reage • Técnica pouco com o metal conhecida • Descontamina • Agride o solo rapidamente o • Pode produzir solo vapores tóxicos • Técnica bem • Pode produzir estabelecida compostos tóxicos • Descontamina Elevado Entre 300 e 650 /ton solo tratado • Agride o solo • Pode produzir 60-245 U$/ton Mulligan, 2001 Elevado Mulligan, 2001 Elevado Benvindo, 2004 vapores tóxicos • Pode produzir compostos tóxicos Comparada com as demais técnicas utilizadas percebemos que a fitorremediação com a espécie estudada em nosso trabalho pode vir a ser uma fonte de tratamento de solos e águas contaminados muito eficiente, e a longo prazo pode ser vista como uma forma de prevenção contra despejos ou acidentes no meio ambiente. 5. CONCLUSÕES Concluiu-se que a R. maritima absorve Cd, tanto em situações adversas quanto em condições normais, reduzindo em poucos dias o nível de contaminação de Cd na água, a um custo bem mais baixo do que outras técnicas citadas, pois esta planta se adapta bem a condições extremas. Para se ter ao certo o tempo necessário de descontaminação pela R. maritima de um ambiente contaminado com Cd, é necessário que se realize um estudo da área contaminada definindo todos os parâmetros que possam vir a interferir na fitorremediação. Esta técnica precisa ser adaptada para cada área a ser descontaminada, aumentando assim as PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA chances de se conseguir uma remediação mais rápida e menos dispendiosa. No áquário a planta se desenvolveu muito bem, apesar das condições adversas como: a alteração do pH (de 7 para 8,4), da salinidade (a água passou de salobra a doce) e com o empobrecimento do sedimento, continuando viva por 10 meses a todas essas condições. A planta permanece viva (no aquário da Universidade Santa Úrsula) mostrando a sua resistência. Esse fato contribuiu de forma positiva na escolha da espécie para a fitorremediação. A espécie estudada é uma macrófita aquática com uma grande capacidade de adaptação ao meio em relação a outras Angiospermas já era de se esperar que a mesma conseguisse desenvolver melhor uma adaptação ao meio pobre em que foi colocada. Por tal motivo, muito provavelmente todos os mecanismos utilizados pela planta ligados a absorção foram estimulados. O aumento da sua capacidade de absorção de nutrientes foi fundamental para que ela conseguisse utilizar ao máximo os nutrientes existentes no sedimento. Em alguns casos os mecanismos responsáveis pela captura de nutrientes metálicos pela planta também capturam metais tóxicos, o que resulta em um aumento na capacidade de acumulação de Cd pela R. maritima. 94 A partir do entendimento da importância que a flora e a fauna associadas à R. maritima tem no aumento da absorção de metais tóxicos por parte da planta, torna- se imprescindível testar a remediação de Cd por parte da R. maritima in situ, já que a sua flora e a fauna associadas se desenvolvem melhor no ambiente exposto à luz natural. Levando em conta o fato da R. maritima se reproduzir e desenvolver rapidamente, uma forma de utilização desta planta na remediação de Cd pode ser desenvolvida plantando-se grandes quantidades da espécime no local a ser descontaminado. Fazendo a sua retirada logo após a dispersão dos frutos, garantindo assim a germinação e o crescimento de novos brotos, que irão remediar o local, fechando o ciclo sem diminuir a eficiência de absorção por parte da planta. Esta técnica também pode ser usada em meios PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA pobres em nutrientes, sendo necessário neste caso monitorar a absorção de Cd pela planta para que a mesma possa ser retirada antes de começar a liberar o Cd novamente no ambiente. A fitorremediação é uma técnica que não agride o sedimento e promove o recapeamento de áreas devastadas. Não altera o ecossistema, e como a espécie estudada é cosmopolita, não ocorre o risco de se introduzir uma espécie exótica que alteraria as características ambientais do local, sendo por issso uma escolha aceitável em processos de remediação de águas e sedimentos contaminados com Cd. Esta técnica necessita de monitoramento constante para que se possa avaliar com eficiência qualquer alteração no meio contaminado que possa vir a interferir na capacidade de remediação por parte da R. maritima. Neste caso, as medidas necessárias para não diminuir a eficiência de remediação de solos e águas contaminados com Cd pela planta devem ser tomadas em tempo hábil. 95 5.1. Perspectivas futuras Ø Testar a capacidade de absorção por parte da R. maritima com outros metais, como Hg, Pb, Zn etc. Ø Acompanhar a absorção de Cd pela R. maritima aumentando a concentração, até se conseguir uma concentração máxima de absorção de Cd. Ø Testar a capacidade de complexação por parte da R. maritima com Cd e outros metais, como Hg, Pb, Zn etc. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA Ø Analisar o acúmulo de metais nos tecidos dos diversos órgãos da R. maritima. Ø Testar a capacidade de absorção e quebra de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA´s) pela R. maritima. Ø Testar a capacidade de absorção e quebra de outros compostos orgânicos pela R. maritima. Ø Semear e cultivar a R. maritima em ambientes com quantidades diferentes de Cd, analisando as alterações químicas e biológicas ocorridas na enriquecido com o metal. planta provenientes do meio PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA “The rest is silence.” Hamlet. The tragedie of HAMLET, Prince of Denmarke, by William Shakespeare. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADLER Paul R., Summerfelt Steven T., Michael Glenn D. and Takeda Fumiomi.Mechanistic approach to phytoremediation of water. Ecological Engineering, Volume 20, Issue 3, July 2003. 251-264p. AGER F. J., M. D. Ynsa, J. R. Domínguez-Solís, M. C. López-Martín, C. Gotor and L. C. Romero. Nuclear micro-probe analysis of Arabidopsis thaliana leaves, Nuclear Instruments and Methods in Physics Research Section B: Beam Interactions with Materials and Atoms, Volume 210, September 2003. 401-406p. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA ALBUQUERQUE E.S.B. de, Neves L.J. Anatomia foliar de Alpinia zerumbet (Pers.) Burtt & Smith (Zingiberaceae). Acta bot. bras. 18(1), 2004. 109-121p. ALI M. B., Tripathi R. D., Rai U. N., Pal A. and Singh S. P. Physicochemical characteristics and pollution level of lake Nainital (U.P., India): Role of macrophytes and phytoplankton in biomonitoring and phytoremediation of toxic metal ions, Chemosphere, Volume 39, Issue 12, November 1999, 2171-2182p. ANDERSON C. W. N., Brooks R. R., Chiarucci A., LaCoste C. J., Leblanc M., Robinson B. H., Simcock R. and Stewart R. B. Phytomining for nickel, thallium and gold, Journal of Geochemical Exploration, Volume 67, Issues 1-3, December 1999, 407- 415p. ANDREATA J.V., Marca A.G., Soares C.L. & Silva Santos, R. da. Distribuição mensal dos peixes mais representativos da Lagoa Rodrigo de Freitas, RJ. Revta. Brás. Zool. 14(1): 1997. 121- 134p. AXTELL Nicholas R., Sternberg Steven P. K. and Claussen Kathryn.Lead and nickel removal using Microspora and Lemna minor. Bioresource Technology, Volume 89, Issue 1, August 2003. 41- 48p. 98 BAKER A.J.M., McGrath S.P., Sidoli C.M.D., Reeves R.D. The possibility of in situ heavy metal decontamination of polluted soils using crops of metal-accumulating plants. Resources, conservation and recycling, 11, 1994.41-49p. BARAZANI Oz, Sathiyamoorthy Peramachi, Manandhar Uttam, Vulkan Raya and Golan- Goldhirsh Avi. Heavy metal accumulation by Nicotiana glauca Graham in a solid waste disposal site, Chemosphere, Volume 54, Issue 7, February 2004, 867- 872p. BARÃO DE TEFFÉ. Relatório de Saneamento da Lagoa Rodrigo de Freitas - relatório do Capitão de Mar e Guerra Barão de Teffé. Publicado em relatório apresentado a assembléia Legislativa na terceira sessão da décima sétima Legislatura pelo Ministro e secretário de Estado PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA dos negócios do Império Barão Homem de Melo. Rio de Janeiro. Tipografia Nacional, 1880. 1-16p. BARNES R.D. Zoologia dos Invertebrados. 4ªed. Roca.1990. 1179p. BARROSO G.M. Organografia e sistemática de monocotiledôneas. Universidade Santa Úrsula, Rio de Janeiro (apostilado) 1974. 149p. BARROSO L.V. Diagnóstico Ambiental para a pesca de águas interiores no Estado do Rio de Janeiro. Ministério do Interior/ Instituto Brasileiro Meio Ambiente e dos recursos naturais renováveis. IBAMA- RJ ACUMEP. Rio de Janeiro n°4, 1989. 177p. BENVINDO da luz A, et al. Tratamento de minérios. 3ed.CETEM,Rio de Janeiro,2004. 858p. BERTOLINO L.C. & Andreata J.V. Aspectos geomorfológicos da Lagoa Rodrigo de Freitas, Rio de Janeiro. In Lagoa Rodrigo de Freitas - síntese histórica e ecológica. Ed. Andreata J.V. USU, RJ, 2001. 315p. BIRD K.T., Brown M.S., Henderson T.T., O´Hara C.E., Robbie J.M.Culture studies of Ruppia maritime L. in bicarbonate - and sucrosebased media. Journal of Experimental Marine Biology and Ecology, 199 , 1996. 153-164p. 99 BONIS A., Grillas P., van Wijck C., Lepart J. The effect of salinity on the reproduction of coastal submerged macrophytes in experimental communities. J. Veg. Science 4, 1993. 461-468p. BOULDING J.R. EPA - Environmental Engineering Sourcebook. Edited by Boulding J.R.USA, 2004. 404p. BRASIL, Portaria 248, de 26 de junho de 1943. Divisão de Caça e Pesca. Publicado no D.O.U. BRASIL, Resolução CONAMA n°20, de 18 de junho de 1986. Classificação de águas, doces, salobras e salinas do Território Nacional. Publicado no D.O.U. de 30 julho 1986. BRASIL, Resolução CONAMA n°357, de 17 de março de 2005. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA Classificação de águas, doces, salobras e salinas do Território Nacional. Publicado no D.O.U. BRENNAN Mark A. and Shelley Michael L.. A model of the uptake, translocation, and accumulation of lead (Pb) by maize for the purpose of phytoextraction. Ecological Engineering, Volume 12, Issues 3- 4, February 1999. 271- 297p. BRADY J. E. & Humiston G.E.. Química Geral. 2ªed Livros Técnicos e Científicos, RJ, Volume 1, 1986. BROOK Robert R. s, Chambers Michael F., Nicks Larry J.and. Robinson Brett H. Phytomining, Trends in Plant Science, Volume 3, Issue 9, 1 September 1998, 359-362p. CARDWELL A. J., Hawker D. W. and Greenway M.Metal accumulation in aquatic macrophytes from southeast Queensland, Chemosphere, Volume 48, Issue 7, August 2002. 653-663p . Australia. 100 CAVENAGHI A.L., Velini E.D., Galo M.L.B.T., Carvalho F.T., Negrisoli E., Trindade M.L.B. e Simionato J.L.A. Pollard,A. Joseph Keri Dandridge Powell, Frances A. Harper and J. Andrew C. Smith. Caracterização da qualidade de água e sedimento relacionados com a ocorrência de plantas aquáticas em cinco reservatórios da Bacia do rio Tietê. Planta Daninha, Viçosa- MG, v.21, p.43-52 (2003).The Genetic Basis of Metal Hyperaccumulation in Plants, Critical Reviews in Plant Sciences, Volume 21, Issue 6, November 2002. 539-566p. CHANEY Rufus L. Plant uptake of inorganic waste constituents. In land treatment of hazadous wastes. Edited by Parr JF, Marsh PD, Kla JM. Park Ridge, NJ: noyes data corporation; 1983. 50- 76p. CHANEY Rufus L, Malik Minnie, Li Yin M, Brown Sally L, Brewer Eric PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA P, Angle J Scott and Baker Alan JM. Phytoremediation of soil metals, Current Opinion in Biotechnology, Volume 8, Issue 3, June 1997. 279284p. CHEN H. M, Zheng C. R., Tu and C. Shen Z. G.. Chemical methods and phytoremediation of soil contaminated with heavy metals. Chemosphere, Volume 41, Issues 1-2, July 2000. 229-234p. CHENG Shuiping, Thoennessen Grosse Manfred. Wolfgang, Efficiency of Karrenbrock constructed Friedhelm wetlands and in decontamination of water polluted by heavy metals, Ecological Engineering, Volume 18, Issue 3, January 2002, 317- 325p. COQUERY M. and Welbourn P. M. The relationship between metal concentration and organic matter in sediments and metal concentration in the aquatic macrophyte Eriocaulon septangulare. Water Research, Volume 29, Issue 9, September 1995. 2094- 2102p. CRONQUIST A. An integrated system of classificação of flowering plants. Columbia University press, New York, 1981. CUNNINGHAM Scott D., Berti William R. and Huang Jianwei W.. Phytoremediation of contaminated soils. Trends in Biotechnology, Volume 13, Issue 9, September 1995. 393-397p. 101 DAHLGREN R.M.T. & Clifford H.T. The Monocotyledons - A comparative Study. Ed. Academic Press INC. London, 1987. 378p. de VRIES Gert E. Plants help clean up toxic soils. Trends in Plant Science, Volume 5, Issue 9, 1 September 2000. 367p. DAHMANI- MULLER H., van Oort F. and Balabane M. Metal extraction by Arabidopsis halleri grown on an unpolluted soil amended with various metal-bearing solids: a pot experiment, Environmental Pollution, Volume 114, Issue 1, August 2001, 77-84p. ECKENFELDER W.Industrial water pollution control.2ed.,1989. EPA. Technology Alternatives for the Remediation of Soils Contaminated with As, Cd, Cr, Hg, and Pb. Engineering Bulletin. EPA, PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA USA, august 1997, 21p. ERNST W. H. O. Bioavailability of heavy metals and decontamination of soils by plants, Applied Geochemistry, Volume 11, Issues 1-2, JanuaryMarch 1996. 163-167p. ESTEVES F.A. Fundamentos de Limnologia. Ed. Interciência-FINEP. RJ, 1988. 575p.Fazenda J.V. A Lagoa Rodrigo de Freitas. Ver. Inst. Hist. Geog. Bras., 95(149): Imprensa Nacional, RJ, 1927. 688- 691. FAYED Sami E. and Abd- El-Shafy Hussein I. Accumulation of Cu, Zn, Cd, and Pb by aquatic macrophytes. Environment International, Volume 11, Issue 1, 1985. 77- 87p. FEEMA - Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente. Boletim da Lagoa Rodrigo de Freitas. RJ, nov. 2004 Disponível em: <http://www.feema.rj.gov.br/admin_fotos/boletim_11_12%20internet.pdf> Acesso em: 21 nov. 2004. FELTRE R. Química Geral. Ed. Moderna, vol.1, 2ªed., SP- Brasil.1988. 370p. FERNALD, M.L. Gray’s manual of botany. 8th ed. American Book Co., New York, 1950. 102 FRERET N.V., Longo M.M., Andreata J.V. Nutrientes das águas superficiais da Lagoa Rodrigo de Freitas. In Lagoa Rodrigo de Freitas síntese histórica e ecológica. Ed. Andreata J.V. USU, RJ, 2001. 315p. GARBISU Carlos and Itziar Alkorta Phytoextraction: a cost-effective plantbased technology for the removal of metals from the environment, Bioresource Technology, Volume 77, Issue 3, May 2001. 229-236 p. GARDEA- TORRESDEY L., Peralta- Videa J. R., Montes M., de la Rosa G.and Corral- Diaz B.. Bioaccumulation of cadmium, chromium and copper by Convolvulus arvensis L.: impact on plant growth and uptake of nutritional elements. Bioresource Technology, Volume 92, Issue 3, May 2004. 229- 235p. GUILIZZONI Piero The role of heavy metals and toxic amterials in the PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA physiological ecology of submersed macrophytes. Aquatic Botany, Volume 41, Issues 1-3, 1991. 87-109p. HAYNES R.R. Ruppiaceae. In: Flora of North America editorial committee, Flora of North America. Vol. 22. Oxford University Press, New York, 2000. HEYWOOD V.H. Flowering Plants of the World. Ed. Groom Helm.Austrália, 2001. 335p. IBAMA. Lagoa Rodrigo de Freitas . Segundo Ministério do interior. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. IBAMA - RJ, 1989. 177p. JOLY A.B. Botânica - Introdução à Taxonomia Vegetal. Ed. Nacional 12ed. São Paulo, 1998. JUDD W.S., Campbell C.S., Kellog E.A., Stevens P.F. Plant Systematics A Phylogenetic Approach. Ed. SINAUER. USA, 1999. 464p. KAMAL M., A. E. Ghaly, N. Mahmoud and R. Côté .Phytoaccumulation of heavy metals by aquatic plants, Environment International, Volume 29, Issue 8, February 2004, 1029-1039p 103 KÄENLAMPI S., Schat H., Vangronsveld J., Verkleij J.A.C., van der Lelie D. Mergeay M., Tervahauta A.I. Genetic engineering in the improvement of plants for phytoremediation of metal polluted soils. Environmental Pollution 107, 2000, 225-231p. KHAN A. G., KueC. k, Chaudhry T. M., Khoo C. S. and Hayes W. J. Role of plants, mycorrhizae and phytochelators in heavy metal contaminated land remediation, Chemosphere, Volume 41, Issues 1-2, July 2000, 197207p. KRÄMER U. Phytoremediation: novel approaches to cleaning up polluted soils. Current Opinion in Biotechnology, 16, 2005. 133- 141p. KOBLITZ J.L., Andreata J.V., Marca A.G. Distribuição por área dos metais pesados , tipos de grãos e matéria orgânica nos sedimentos PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA recentes da Lagoa Rodrigo de Freitas. In Lagoa Rodrigo de Freitas síntese histórica e ecológica. Ed. Andreata J.V. USU, RJ, 2001. 315p. LALONDE S., Wipf D., Frommer W.B.Transport Mechanisms For Organic Forms Of Carbon And Nitrogen Between Source And Sink. Annual Review of Plant Biology Jun, Vol. 55, 2004. 341-372p. LEBRUN Michel Phytoremediation of Toxic Metals. Using Plants to Clean Up the Environment, Edited by I. Raskin and B. Ensley, John Wiley & Sons, Inc., New Yo rk, 2000. Plant Science, Volume 160, Issue 5, April 2001. 1073- 1075p. LEWANDER M., Greger M., Kautsky L., SzarekE. Macrophytes as indicators of bioavailable Cd, Pb and Zn flow in the river Przemsza, Katowice Region. Applied Geochemistry, Volume 11, Issues 1-2, JanuaryMarch 1996. 169-173p. LIN Wu and Xun Guo. Selenium Accumulation in Submerged Aquatic Macrophytes Potamogeton pectinatus L. and Ruppia maritima L. from Water with Elevated Chloride and Sulfate Salinity. Ecotoxicology and Environmental Safety, Volume 51, Issue 1, January 2002. 22- 27p. 104 LINGER P., Müssig J., Fischer H. and Kobert J. Industrial hemp (Cannabis sativa L.) growing on heavy metal contaminated soil: fibre quality and phytoremediation potential, Industrial Crops and Products, Volume 16, Issue 1, July 2002, 33-42p. LORA E.E.S. Prevenção e Controle da Poluição nos Setores Energético, Industrial e de Transporte. Ed Interciência, 2ªed. Rio de Janeiro 2002. 481p. MADRID F., Liphadzi M. S. and Kirkham M. B. Heavy metal displacement in che late -irrigated soil during phytoremediation, Journal of Hydrology, Volume 272, Issues 1-4, 10 March 2003, 107- 119p. MAINE María A., Duarte María V. and Suñé Noemí L. Cadmium uptake by floating macrophytes. Water Research, Volume 35, Issue 11, August PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA 2001. 2629- 2634p. MAL Tarun K., Adorjan Peter and Corbett Andrea L. Effect of copper on growth of an aquatic macrophyte, Elodea canadensis • Environmental Pollution, Volume 120, Issue 2, December 2002. 307-311p. MARCA A.G. & Andreata J.V. Estrutura da comunidade de peixes da Lagoa Rodrigo de Freitas. In Lagoa Rodrigo de Freitas - síntese histórica e ecológica. Ed. Andreata J.V. USU, RJ, 2001. 315p. MARQUES T.C.L.L.S.M., Moreira F.M.S. & Siqueira J.O. Crescimento e teor de metais de mudas de espécies arbóreas cultivadas em solo contaminado com metais pesados. Pesq. Agropec. Bras. , Brasília, v.35, n.1, jan. 2000, 121-132 p. MATTINA MaryJane Incorvia, Lannucci- Berger William, Musante Craig and White Jason C.. Concurrent plant uptake of heavy metals and persiste nt organic pollutants from soil. Environmental Pollution, Volume 124, Issue 3, August 2003. 375- 378p. MEAGHER Richard B .Phytoremediation of toxic elemental and organic pollutants.Current Opinion in Plant Biology, Volume 3, Issue 2, 1 April 2000. 153-162p. 105 MILLER G. E., Wile I. and Hitchin G. G. Patterns of accumulation of selected metals in members of the soft-water macrophyte flora of central Ontario lakes • Aquatic Botany, Volume 15, Issue 1, January 1983. 53-64p. MORGAN T.L., Holmes W.C. Ruppia cirrhosa (Ruppiaceae) in north central Texas. SIDA 21(1), 2004, 499- 500p. MULLIGAN C. N., Yong R. N. and Gibbs B. F. Remediation technologies for metal-contaminated soils and groundwater: an evaluation, Engineering Geology, Volume 60, Issues 1- 4, June 2001, 193-207p. MURPHY L.R., Kinsey S.T., Durako M.J..Physiological effects of shortterm salinity changes on Ruppia maritime. Aquatic Botany 75, 2003. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA 293-309. NEDELKOSKA T. V. and Doran P. M.. Characteristics of heavy metal uptake by plant species with potential for phytoremediation and phytomining *1 , Minerals Engineering, Volume 13, Issue 5, May 2000. 549561p. OLIVEIRA J. A. Contribuição ao Conhecimento da Fauna da Lagoa Rofrigo de Freitas. Ministério da Agricultura Superintendência do desenvolvimento da Pesca. Coordenadoria Regional, RJ, IV Região, Assessoria de Divulgaç PAULA C.H.R. de, Andreata R.H.P., Andreata J.V. A vegetação da Lagoa Rodrigo de Freitas, RJ. Eugeniana XXV. PUC- RIO, 2001. 11-21p. PERALTA- VIDEA J. R., de la Rosa G., Gonzalez J. H. and GardeaTorresdey J. L. . Effects of the growth stage on the heavy metal tolerance of alfalfa plants. Advances in Environmental Research, Volume 8, Issues 3- 4, March 2004. 679-685p. PICHTEL J., Kuroiwa K. and Sawyerr H. T..Distribution of Pb, Cd and Ba in soils and plants of two contaminated sites, Environmental Pollution, Volume 110, Issue 1, October 2000. 171-178p. 106 PIECHALAK Aneta, Tomaszewska Barbara, Baralkiewicz Danuta and Malecka Arleta.Accumulation and detoxification of lead ions in legumes. Phytochemistry, Volume 60, Issue 2, May 2002. 153-162 p. PINO G.A.H., Biossorção de Metais Pesados Utilizando Cocos nucifera. Dissertação de Mestrado, PUC- RJ, março 2005. POLETTE Lori A., Gardea- Torresdey Jorge L., Chianelli Russell R., George Graham N., Pickering Ingrid J. and Arenas Jesus XAS and microscopy studies of the uptake and bio-transformation of copper in Larrea tridentata (creosote bush), Microchemical Journal, Volume 65, Issue 3, October 2000, 227- 236p. QIAN JH, Zayed A, Zhu ML, Yu M, Terry N. Phytoaccumulation of trace elements by wetland plants: III. Uptake and accumulation of ten trace PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA elements by twelve plant species. J Environ Qual 28(5):1999. 1448- 56p. RAI U. N., Sinha Sarita, Tripathi R. D. and Chandra P. Wastewater treatability potential of some aquatic macrophytes: Removal of heavy metals. Ecological Engineering, Volume 5, Issue 1, October 1995. 5- 12p. RAI U. N., Tripathi R. D., Vajpayee P., Jha Vidyanath and Ali M. B.. Bioaccumulation of toxic metals (Cr, Cd, Pb and Cu) by seeds of Euryale ferox Salisb. (Makhana). Chemosphere, Volume 46, Issue 2, January 2002. 267-272 p. RASKIN Ilya, Smith Robert D and Salt David E. Phytoremediation of metals: using plants to remove pollutants from the environment. Current Opinion in Biotechnology, Volume 8, Issue 2, April 1997. 221226p. REIMER Patricia. Concentrations of lead in aquatic macrophytes from Shoal Lake, Manitoba, Canada. Environmental Pollution, Volume 56, Issue 1, 1989. 77-84p. RÖMKENS P., Bouwman L., Japenga J., Draaisma C. Potentials and drawbacks of chelate -enhanced phytoremediation Environmental Pollution 116, 2002, 109- 121p. of soils. 107 SAMECKA-CYMERMAN A and Kempers A.J. Toxic metals in aquatic plants surviving in surface water polluted by copper mining industry. Ecotoxicology and Environmental Safety 59, 2004. 64-69p. SAMECKA-CYMERMAN A. and Kempers A. J.Concentrations of heavy metals and plant nutrients in water, sediments and aquatic macrophytes of anthropogenic lakes (former open cut brown coal mines) differing in stage of acidification. The Science of The Total Environment, Volume 281, Issues 1-3, 17 December 2001. 87-98p. SANCHIZ C, García-Carrascosa A. M. and Pastor A. Relationships between sediment physico-chemical characteristics and heavy metal bioaccumulation in Mediterranean soft-bottom macrophytes . Aquatic Botany, Volume 69, Issue 1, January 2001. 63-73p. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA SANCHIZ C., Garcia-Carrascosa A.M., Pastor A. Heavy Metal contents in soft-bottom marine macrophytes and sediments along the mediterranean coast of Spain. Matine Ecology, 21 (1), 2000. 1- 16p. SAWIDIS T., Chettri M. K., Zachariadis G. A. and Stratis J. A. Heavy Metals in Aquatic Plants and Sediments from Water Systems in Macedonia, Greece. Ecotoxicology and Environmental Safety, Volume 32, Issue 1, October 1995. 73-80p. SCORZELLI, I.B. Remoção de cádmio e zinco de soluções muito diluídas por flotação iônica. Tese de Doutorado, DCMM PUC- Rio, 1999. SCHOLZ Miklas and Jing.Xu Comparison of constructed reed beds with different filter media and macrophytes treating urban stream water contaminated with lead and copper. Ecological Engineering, Volume 18, Issue 3, January 2002. 385-390p. SEMADS. Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Estado do Rio de Janeiro. Gerenciamento Ambiental de Dragagem e Disposição do Material Dragado. RJ, 2002. 35p. 108 SERLA. Fundação Superintendência Estadual de Rios e Lagoas. Órgão gestor de recursos hídricos do Estado do Rio de Janeiro. RJ, jun. 2005 Disponível em: http://www.serla.rj.gov.br/index.asp. Acesso em: 13 jun. 2005. SKOOG D.A., Principies of Instrumental Analysis. Hot-Sauders International Edithor, 3th Edition, cap. 6-9, 1985. SMALL J.K. Manual of the southeastern flora. University of North Carolina press, Chapel Hill, 1933. STEYERMARK J.A. Flora of Missouri. Iowa State University press, Ames, 1963. SUNG Kijune, Munster C. L., Rhykerd R., Drew M. C. and Corapcioglu M. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA Yavuz. The use of vegetation to remediate soil freshly contaminated by recalcitrant contaminants. Water Research, Volume 37, Issue 10, May 2003. 2408- 2418p. SRIDHAR B.B.M., Diehl S.V., Han F.X., Monts D.L., Su Y. Anatomical changes due to uptake and accumulation of Zn and Cd in Indian mustard (Brassica juncea). Environmental and Experimental Botany. Available online at www.sciencedirect.com. 2005 SZABADVÁRY F. Apostila adaptada de: History of Analytical Chemistry. Pergamon Press, London, 1966, 102p. THORNE R.F. Classification and geography of the flowering plants. Bot. Rev. (Lancaster) 58, 1992, 225-348p. VERVAEKE P., Luyssaert S., Mertens J., Meers E., Tack F. M. G. and Lust N. Phytoremediation prospects of willow stands on contaminated sediment: a field trial, Environmental Pollution, Volume 126, Issue 2, November 2003, 275- 282p. WEBELEMENTS. Chemistry. Disponível em: http://www.webelements.com/ . Acesso em: 20 jun. 2005. 109 WEIS Judith S. and Weis Peddrick .Metal uptake, transport and release by wetland plants: implications for phytoremediation and restoration. Environment International, Corrected Proof, Available online 31 December 2003, WINDHAM, J. S. Weis and Weis P.. Uptake and distribution of metals in two dominant salt marsh macrophytes, Spartina alterniflora (cordgrass) and Phragmites australis (common reed) . Estuarine, Coastal and Shelf Science, Volume 56, Issue 1, January 2003. 63-72p. WONG M. H .Ecological restoration of mine degraded soils, with emphasis on metal contaminated soils, Chemosphere, Volume 50, Issue 6, February 2003. 775- 780 p. WU L. H., Luo Y. M., Xing X. R. and Christie P. EDTA-enhanced PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0321307/CA phytoremediation of heavy metal contaminated soil with Indian mustard and associated potential leaching risk, Agriculture, Ecosystems & Environment, In Press, Corrected Proof, Available online 13 November 2003.