Coloração e Pigmentação - Casa da Serva
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Coloração e Pigmentação - Casa da Serva
Comentários sobre o padrão da raça Pastor Alemão Coloração e Pigmentação Pretendemos comentar alguns itens do padrão do pastor alemão, baseados no documento oficial FCI, nas palavras do fundador da raça, Capitão Max von Stephanitz e na obra de Linda Shaw. Falaremos primeiramente sobre o item coloração e pigmentação. É importante ficar claro que se o animal apresenta coloração e pigmentação dentro do que estabelece o padrão da raça, o mesmo não pode ser prejudicado em seu julgamento por gostos pessoais em detrimento de suas qualidades anatômicas e psíquicas. Conforme o Padrão FCI 166 de 07/08/1996, define-se a cor do pastor alemão: varia desde o preto unicolor, preto com marcas marrom avermelhado, marrom ou amarela, até o cinza claro. Máscara e manto, pretos. Pequenas e discretas marcas brancas no ante-peito ou uma coloração muito clara na face interna dos membros são toleradas, mas não desejadas. A trufa deverá ser, necessariamente, preta em todas as cores de pelagem. São penalizadas, como sinal de pigmentação insuficiente, a ausência da máscara, os olhos claros ou penetrantes, as marcas claras e esbranquiçadas, no ante-peito e na face interna dos membros, as unhas de cor clara e a ponta da cauda avermelhada. O subpêlo é cinza claro. O branco não é admitido. Max von Stephanitz já dizia em sua obra “O Pastor Alemão” que a pigmentação deve ser observada no que tange a resistência do cão às intempéries. Este tópico foi observado entre os animais domésticos e os seres humanos, como por exemplo, crianças que tem dificuldade para se bronzear ou ficarem expostos ao sol. Por isto, os albinos ficam excluídos da criação, assim como os cães brancos. Diferente disto, todas as outras cores são permitidas, e é uma questão de gosto, embora não possamos negar que um exemplar escuro e bem pigmentado transmite uma boa impressão geral. Stephanitz não era a favor de unicolores pois achava que o cão pastor requer uma composição de cores para evitar a impressão visual de “igualdade” na atividade de pastoreio. No entanto, tolerava os cães pretos pois o reflexo da luz sobre eles quebrava esta monotonia. As cores aceitas na pelagem do pastor Alemão são uma composição entre o preto e o marrom (este em várias tonalidades). O preto criado pelo pigmento eumelanina varia em função da extensão do corpo que ocupa, enquanto que o marrom, criado pelo pigmento phaeomelanina, varia na riqueza da cor, na sua intensidade e tonalidade. Um cão bem pigmentado ira exibir preto em cerca de 50% do corpo, com um dourado forte e uniforme, que pode variar de uma tonalidade “amarela ou dourada” a uma tonalidade avermelhada, forte e intensa. Estas cores são exibidas em quatro tipos de pelagem. Estas são em ordem de dominância: Cinza, Capa Preta, Bicolor e Preto. (Linda Shaw, 2003). Cores 1. Cinza Ricamente Mantado, Cinza Negro, Cinza Despigmentado O Cinza é a cor original do “Lobo”, com uma cor de fundo sobreposta por uma camada negra. No Pastor Alemão, esta cor de fundo, o sob pelo, é o marrom, comumente chamada de “cebola”, com a camada de negro forte que pode chegar a parecer totalmente negro, quando visto de longe. Willis cogita, mas não está totalmente convencido que existem na verdade dois alelos para a cor cinza; cinza, propriamente dito, e o amarelo. Entretanto, a mesma variação em cor pode ser vista no capa preta. Suspeita-se da existência de dois alelos na pelagem cinza, afetando a extensão do manto negro; um para o cinza mantado e outro para o cinza negro, o qual mostra marcas distintas na pelagem, dedos e pernas, freqüentemente apresentando a cor preta espalhada pela garganta e pelo peito. Alguns cinza negros parecem mesmo serem totalmente negros, mas é só observar de perto que logo se percebe a cor de fundo, marrom, presente. Tais dois alelos, se existirem, coincidirão com a distribuição genética do pigmento no capa preta e no escuro bicolor. O cinza não melhora a pigmentação pelo simples fato de ser cinza. O cinza pode ser tão pobremente pigmentado quanto Cinza típico 1 qualquer outra pelagem. Acredita-se no entanto que em geral o cinza é mais melânico que a média dos capa preta, apenas por parecer igualmente escuro, portanto, trazendo uma melhor pigmentação na criação por ser geneticamente mais escuro. O mesmo resultado pode ser conseguido se utilizado o capa preta igualmente melânico. Conclui-se então que devemos utilizar o cinza para melhorar a pigmentação, porém utilizando-se o que Stephanitz chamava de cor do lobo, ou cinzas escuros, com sob pelo na cor “cebola”. 2. Pelagem Capa Preta. Rica (Intensa), Capa Preta melânico, Capa Preta despigmentado. O Capa preta também mostra coloração de fundo, marrom, rica, mas apresenta pelo negro cuja cor negra do fio vai até bem próximo a raiz (pele). O manto negro deve cobrir a parte superior do pescoço, os ombros, algumas marcações, costas e laterais, ate certo ponto, garupa e cauda. Freqüentemente percebemos marrom no pescoço ou na parte inferior da cauda, mas se é percebido na garupa nos lados, ou se a cauda não apresenta um prolongamento do negro do dorso, a despigmentação esta presente. Chamuscamento de marrom em meio ao preto na região da cernelha, nas costas é bem freqüente nas fêmeas, ate mesmo nas mais escuras, mas é mais visto nos machos despigmentados que nos mais escuros. Um capa preta despigmentada pode ser facilmente confundido com um cinza claro, mas se são assim tão parecidos, certamente são ambos despigmentados e merecem como tal serem penalizados. Capa pretas muito bem pigmentados chegam até a ser anunciados como bicolores e podem apresentar cabeça, pescoço e corpo próximos ao preto. No entanto, apresentam normalmente o marrom na base das orelhas, e tem pouco ou nenhum pelo negro por baixo ou nos dedos e pernas. Típico capa preta ricamente colorido Sinais de despigmentação 3. Bicolor (Bem marcado pelo marrom), Bicolor melânico, Bicolor Despigmentado. Tipicamente o bicolor e um cão preto com marrom em algumas partes, como no Dobermann. De fato é o mesmo gene. Este tipo raramente é encontrado atualmente nas exposições e chamado como “tipo antigo”. Um bicolor escuro com a mascara negra, pode parecer um cão preto, com sub pêlo preto e apenas algum marrom nos pés. Normalmente os bicolores apresentam algum marrom no ventre e entre os dedos, mas já vi alguns com tão pouco marrom nestas áreas que pareciam ser cães pretos. Um bicolor despigmentado pode parecer um cão cinza negro, mostrando partes de cor mista no pescoço e um sub pêlo claro em algumas áreas. Tais cães, embora pareçam escuros, carregam a despigmentação. 2 4. Pretos Um cão preto é sempre preto, embora alguns tenham partes marrons entre os dedos ou mesmo pelos cinza no sub pêlo do pescoço, em pequena quantidade. Maur Ray Kennels, um canil americano especializado em cães pretos nos anos 40, sugeriu que se cruzasse Pretos sólidos x Pretos sólidos por inúmeras gerações até que se chegasse a pretos totalmente negros. No entanto tal prática não afasta o gen da despigmentação, visto que não é incomum que cães capa preta despigmentados gerem cães pretos, que embora não aparentem, gerarão por sua vez cães capa preta despigmentados. Como já citado, Stephanitz não era a favor de unicolores, mas tolerava o preto. Alem disto, a física explica que a cor preta absorve mais calor, o que torna o cão mais sensível ao calor do sol. O fato é que todos estes fatores fizeram com que os cães pretos deixassem de serem criados em prol dos capa-preta e cinzas, por estes transmitirem a pigmentação mais fortemente e serem mais resistentes. 5. Quatro pelagens com Azul e quatro pelagens com Fígado. Os genes de Azul e Fígado, apesar de raros, atualmente parecem despertar interesse, pelo menos, se levarmos em conta o numero de buscas na internet. Se bem cruzados podem ter aparência interessante. Não são expressamente proibidos, mas o padrão manda que a pele do nariz seja preta, e estes diluídos mostram peles azul e fígado. O gen azul faz com que o pigmento preto, tanto da pele quanto dos pêlos, torne-se azul, enquanto que o gen fígado age da mesma forma, mas transforma o pigmento preto em fígado. Nos dois casos normalmente os olhos adquirem coloração amarelada. Ambas as diluições são recessivas e podem ocorrer em todas as pelagens do Pastor Alemão. Quando estas diluições se encontram, o resultado e a cor prateada dos Weimaraner ou a cor dos Dobermann isabelinos, e de acordo com os criadores de Dobermann, tendem a ter pelagem rala,. Uma boa razão para evita-los. A tão falada letalidade da cor fígado parece não existir. Azuis, Fígados e Brancos devem ser postos em lares carinhosos e devem ficar isolados do programa de criação. 6. Capa Preta ou Cinza com partes claras Há uma tendência de algumas famílias em gerarem exemplares com partes mais claras, especialmente na garganta, nos pés, peito e entre as pernas. Deve ser feito um esforço para tornar homogênea a cor de fundo. 7. Tigrado O tigrado foi uma das cores presentes na fundação da raça, mas que parece ter desaparecido. O gen tigrado afeta a cor de fundo, fazendo com que o capa preta e o cinza mostrem um escurecimento na parte marrom, com um efeito semelhante ao que ocorre nos Boxers de cor tigrado. Stephanitz citou esta cor em seu livro, mas não gostava pois causava má impressão. Talvez esta seja a razão por não encontrar-mos hoje em dia, cães desta cor. 3 Pigmentação 1. Pigmentação do focinho A mascara negra, tão importante na expressão do Pastor Alemão, aparenta ser um gen dominante e independente. É perfeitamente possível que um cão bem pigmentado em outros aspectos careça de mascara, ou mesmo, que um cão despigmentado apresente boa mascara. A mascara envolve o focinho e em volta dos olhos. As marcações na altura do crânio estão vinculadas ao manto, assim, um cão com manto claro provavelmente apresentara um crânio amarelo, enquanto que um com manto muito escuro provavelmente apresentara marcações negras na cabeça. Um bicolor sem mascara exibira marcações parecidas com as de um Dobermann, preto na face com o focinho amarelo, enquanto que um cão preto sólido sem mascara será difícil de distinguir. Nos cinza, a cabeça recebe as marcações de acordo com a pelagem, enquanto que a mascara segue caminho independente. Máscara pouco marcada 2. A Capa ( Preto e Prata) e (Vermelho e Preto despigmentado) Pigmentação fraca é indesejável, mas suas varias manifestações podem ser bem complicadas. O manto claro não é atraente, mas em um cão vermelho-tomate é freqüentemente ignorado. Um cão com o manto, fortemente pigmentado e boa mascara mas com coloração de fundo creme ou mesmo prata pode possuir um gen para produzir albinos, sendo igualmente indesejável. Em algumas circunstancias estes cães podem produzir brancos. Marcas brancas não são desejáveis, no entanto uma pequena mancha branca no peito é comum até em cinzas negros, podendo ser ignoradas por não causarem maiores conseqüências. Unhas claras podem ser um sinal de maior gravidade quanto ao aparecimento de manchas brancas. Unhas escuras, negras, são indicativo de boa pigmentação do manto, pois cães com mantos claros normalmente apresentam também unhas claras. 3. Olhos De acordo com o padrão FCI, de tamanho médio, amendoados, não proeminentes, sutilmente oblíquos; a cor, o mais escura possível. Olhos claros e penetrantes, que alterem a expressão natural do Pastor Alemão, são indesejáveis. A cor dos olhos não está relacionada a pigmentação da pelagem. Um cão escuro, de excelente pigmentação, pode apresentar olhos claros, enquanto que um cão de péssima pigmentação pode vir a apresentar olhos bem escuros. O padrão diz que os olhos devem ser o mais escuro possível, mas olhos pretos demais podem prejudicar a expressão, outros falam que a cor dos olhos deve se harmonizar com a cor da pelagem, mas uma face Olhos escuros clara e bem mais atraente com olhos escuros, então não há razão para buscar olhos claros. Em cães muito melânicos ate as gengivas podem ser pretas e não é incomum haverem sinais pretos na língua, A pele nas áreas pretas é escura, enquanto que nas áreas marrons, são rosadas. Todas as partes expostas da pele devem ser pretas, exceto as orelhas e o ventre, mas em alguns cães, muito escuros, até estas partes são escurecidas. Unhas devem ser sempre pretas. Olhos claros 4 Max von Stephanitz julgando pastores alemães na Morris & Essex, em 1930. O interesse foi tão grande que os pastores alemães machos foram julgados um dia antes, a fim de não ter de adicionar um segundo juiz. Como seria de esperar, o Capitão von Stephanitz também fez uma súmula de cada cão apresentado, independentemente de sua colocação na classe. Por Marceliano Tadeu Cartaxo – Casa da Serva Pastores Alemães – www.casadaserva.com Referencias bibliográficas: • • • • Stephanitz, Capt. v., 1947, The German Shepherd Dog, 8ª Ed. Willis, Malcolm B., B.Sc. Ph.D., 1977, The German Shepherd Dog: Its History, Development and Genetics. New York; Arco Publishing. p. 132. The Illustrated Standard of the german shepherd dog - Linda Shaw Padrão oficial da raça Pastor Alemão - FCI 166 de 07/08/1996 5