Relatório de Avaliação
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Relatório de Avaliação
SciCamp - Uma Rede para Campos de Ciência na Europa Relatório de Avaliação Informação do Projecto Acrónimo do Projecto: Título do Projecto: Número do Projecto: Subprograma ou KA: Página do Projecto SCICAMP SciCamp – Uma Rede para Campos de Ciência na Europa 527525-LLP-1-2012-1-DE-COMENIUS-CNW Não aplicável http://www.sciencecamps.eu Período do Projecto: De 01/12/2012 a 30/06/2015 Versão do Relatório: Data da preparação: 1 Organização beneficiária: Martin-Luther-University Halle-Wittenberg Coordenador do Projecto: Organização Coordenadora do Projecto: Contacto telefónico do Coordenador do Projecto: Endereço de email do Coordenador do Projecto: Christian Kubat Martin-Luther-University Halle-Wittenberg +49 345 5526007, mobile: +49 176 24170931 [email protected] Organização Parceira responsável por este Relatório: Autor: Contributos para o Relatório: Linda Ahrenkiel, [email protected], +45 6550 7288 Todos os Parceiros do SciCamp Projecto financiado com o apoio da Comissão Europeia. Esta publicação vincula exclusivamente o autor, não sendo a Comissão responsável pelo uso que dela possa ser feita. © 2016 Copyright SciCamp project, 527525-LLP-1-2012-1-DE-COMENIUS-CNW. Este documento pode ser copiado e distribuído desde que não sejam realizadas alterações, que a fonte seja mencionada e esta indicação incluída. 2 Sumário Executivo Este relatório de avaliação faz parte do projecto SciCamp com o objectivo de recolher informações úteis sobre as diversas actividades realizadas nos Campos de Ciência conduzidos na União Europeia. O principal objectivo dos Campos de Ciência consiste na angariação de conhecimento no contexto das áreas STEM e da literaria científica. Foram adoptadas diferentes estratégias para obter informação sobre os Campos de Ciência. Esta avaliação está focada em dois aspectos fundamentais: 1. Quais os efeitos da participação nos Campos de Cência? 2. Como é organizada a colaboração? O impacto nos participantes foi avaliado através da realização de entrevistas informais e questionários que procuraram identiicar os seus interesses, conhecimentos e motivações para lidar com as questões relacionadas com a Ciência e a Matemática. As diferentes formas de colaboração dos organizadores dos Campos de Ciência foram aferidas através dos casos de estudo e de questionários. O Capítulo 1 apresenta uma breve introdução a este Relatório. O Capítulo 2 constitui um sumário do Relatório de Exploração realizado pelo SciCamp. O Relatório de Exploração recolhe informações sobre diferentes aspectos dos Campos de Ciência, com particular incidência em: 1) Estratégia, 2) Programas, 3) Intervenientes, 4) Promotores, 5) Recursos Financeiros, 6) Resultados e 7) Impacto. Este Capítulo tem como objectivo fornecer contributos para os Campos da Ciência na Europa. O Capítulo tem por base um inquérito. Em geral, o resultado mostra que os organizadores dos Campos de Ciência são extremamente difíceis de contactar e, por essa razão, é difícil de obter o seu parecer sobre o fenómeno dos Campos de Ciência. Algumas razões que justificam esta questão reflectem o facto dos Campos de Ciência serem conduzidos como um projecto pontual e não como uma componente efectiva do plano de trabalho da organização. Caso o Campo de Ciência fosse conduzido alguns anos depois, o responsável pela sua organização poderia já não fazer parte da instituição ou ter outras funções atribuídas. Outra das razões está relacionada com o facto dos Campos de Ciência serem frequentemente organizados por várias pessoas e a responsabilidade de responder a inquéritos não estar claramente definida. O inquérito revela, entre outras coisas, que a maioria dos Campos de Ciência são organizados com o objectivo de promover o interesse pela Ciência e pela Educação. Para além disso, os resultados mostram que é possível organizar e investigar a colaboração a vários níveis (isto é, colaboração entre professores, organizações, empresas, investigadores, parceiros). O Capítulo 3 consiste na apresentação de 4 experiências, em diferentes países, ao nível do consórcio SciCamp: Sérvia, Portugal, Alemanha e Dinamarca. Cada 3 parceiro descreveu o processo do SciCamp na sua organização. Com base nestas experiências, este Capítulo apresenta-se como uma síntese geral. Os Capítulos 4 e 5 apresentam uma análise realizada “entre pares”, mostrando os efeitos da participação nos Campos de Ciência junto dos participantes. Ambos os Capítulos dão conta de um efeito positivo nesta participação. O Capítulo 6 apresenta um caso de estudo na Alemanha com o foco na experiência anterior dos participantes e nas oportunidades de trabalho. De acordo com este Relatório, é evidente que os participantes são influenciados, de algum modo, pela participação nos Campos de Ciência. Mas também os professores estão focados nessa questão. O Capítulo 7 demonstra que os benefícios dos professores são descritos em relação às comunidades de aprendizagem profissional. O Capítulo 8 apresenta parte de um programa de investigação, ao nível do doutoramento, sobre a influência dos Campos de Ciência na relação dos estudantes com a Matemática. Figura 1: Participantes no Campo de Ciência de Halle respondem ao pré-questionário. Foto: Christian Kubat, 03.08.2016. 4 Table of contents 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 6 2. EXPLORAÇÃO DOS CAMPOS DE CIÊNCIA NA EUROPA.............................. 9 3. CAMPOS DE CIÊNCIA A PARTIR DOS PARCEIROS DO SCICAMP ............ 18 3.1. Sérvia: Campo de Ciência para crianças ..........................................................19 3.2. Concurso Nacional dos Jovens Cientistas – Feira Nacional de Ciência ........23 3.3 Visitas, Palestras, Experiências e Entrevista de Abertura no Campo de Ciência em Halle (Saale), Alemanha ........................................................................25 Este capítulo é da responsabilidade do parceiro alemão Christian Kubat, da Universidade Martin Luther King Halle-Wittenberg. ...............................................25 3.4 Campos de Ciências, Visitas de Estudo, Palestras, Acções de Formação para professors no Science Talenter, na Dinamarca ......................................................28 4. PROLONGAR UM CAMPO DE CIÊNCIA FORENSE PARA INTRODUZIR E PROMOVER UMA LIGAÇÃO ENTRE OS ALUNOS DO ENSINO SECUNDÁRIO COM TÓPICOS CIENTÍFICOS DE CARÁCTER INTERDISCILINAR. .................... 33 5. SERÁ QUE A PARTICIPAÇÃO EM CAMPOS DE CIÊNCIA DURANTE O ENSINO SECUNDÁRIO CONTRIBUI PARA A LITERACIA CIENTÍFICA? ............ 45 6. CASO DE ESTUDO DO CAMPO DE CIÊNCIA NA MARTIN-LUTHER – UNIVERSITY, HALLE, ALEMANHA 2015 ............................................................... 49 7. RECONSTRUÇÃO EDUCATIVA E COOPERAÇÃO NA CIÊNCIA .................. 56 8. O M NAS STEM - DESENVOLVER LITERACIA CIENTÍFICA E MATEMÁTICA ATRAVÉS DE UM CAMPO DE CIÊNCIA BAEADO NA INTERDISCIPLINARIDADE E PERGUNTAS ........................................................................................................ 65 9. CONCLUSÃO ................................................................................................... 71 5 1. Introdução Em muitos países europeus, é consensual a necessidade de haver um maior esforço na promoção do envolvimento dos mais jovens ao nível da Ciência e da Tecnologia, de modo a assegurar as necessidades educativas futuras nesta matéria (OECD, 2008; Osborne & Dillon, 2008). Como solução paralela para esta questão surge a promoção de actividades fora do contexto escolar. A investigação permite-nos verificar aspectos muitos positivos destas actividades, tendo em conta o interesse, motivação e eventuais decisões ao nível da carreira profissional dos jovens (Pawek, 2009). Para que isto seja possível, uma das acções de recrutamento para a educação na área das STEM é o Campo de Ciência (Bischoff, Castendyk, Gallagher, Schaumloffel, & Labroo, 2008; Yilmaz, Ren, Custer, & Coleman, 2010). Um dos objectivos implícitos dos Campos de Ciência é, justamente, influenciar a motivação, interesse e attitude dos participantes no que concerne à Ciência e à literacia científica. 1.1 Âmbito e Estratégia Este Relatório de Avaliação consiste numa parte do Projecto cujo objectivo é recolher informação útil sobre as actividades desenvolvidas nos Campos de Ciência organizados na Comunidade Europeia. O objectivo principal no projecto SciCamp é obter conhecimento sobre os Campos de Ciência no contexto das áreas STEM e da literacia científica. Foram utilizadas diferentes estratégias para obter informação sobre os Campos de Ciência. Esta avaliação está focada em dois aspectos fundamentais: 1. Quais os efeitos da participação nos Campos de Ciência? 2. Como é organizada a colaboração? O impacto verificado junto dos participantes foi investigado através da realização de entrevistas informais e questionários sobre o seu interesse, conhecimento e motivação para se relacionar com questões ao nível da Ciência e da Matemática. As diferentes formas de colaboração dos organizadores dos Campos de Ciência foram investigadas através da análise de casos de estudo e questionários. Foram utilizadas diferentes estratégias para obter informação sobre os Campos de Ciência. As estratégias foram as seguintes: 1) Uma análise histórica e global do fenómeno, 2) Exploração de inquéritos sobre a existência de Campos da Ciência na Europa, 3) Uma revisão da literatura sobre o tema, 4) Investigação de diferentes Campos de Ciência, em contextos diversificados, cujo foco é a literacia científica e a attitude dos paricipantes no que diz respeito às áreas STEM, 5) Entrevistas retrospectivas com os participantes, 6) Desenvolvimento profissional através do ensino, no contexto dos Campos de Ciência. Muitas destas abordagens estão presentes neste Relatório. 6 Esta abordagem está reflectida na Figura 2: Campos de Ciência Análise Histórica Literatura Inquéritos de Investigação Investigação Literacia Científica Atitude relativamente à Ciência (…) Figura 2: Abordagens para obtenção de informação sobre os Campos de Ciência. 1.2. Guia de leitura Os capítulos seguintes mostram como os participantes são influenciados pela participação nos Campos de Ciência e como é organizada a colaboração, com o foco na primeira parte. O Capítulo 2 consiste num sumário do Relatório de Exploração realizado pelo SciCamp. O Relatório de Exploração recolhe informação sobre diferentes vertentes dos Campos de Ciência, focando-se nos seguintes aspectos: 1) Estratégia, 2) Programas, 3) Intervenientes, 4) Promotores, 5) Recursos Financeiros, 6) Resultados e 7) Impacto. Este Capítulo tem como objectivo fornecer contributos para os Campos da Ciência na Europa. O Capítulo tem por base um inquérito e revela, entre outros aspectos, que a maioria dos Campos de Ciência são organizados com o objectivo de promover o interesse pela Ciência e pela Educação. Para além disso, os resultados da investigação demonstram que a colaboração pode ser organizada e investigada a vários níveis (isto é, colaboração entre professores, organizações, empresas, investigadores, parceiros). 7 O Capítulo 3 consiste na apresentação de quatro experiências, em diferentes países, no contexto do consórcio SciCamp: Sérvia, Portugal, Alemanha e Dinamarca. Cda parceiro descreveu o seu processo de desenvolvimento do Campo de Ciência. Com base nestas experiências, o Capítulo inicia-se com uma síntese geral. Os Capítulos 4 e 5 apresentam uma análise realizada “entre pares”, mostrando os efeitos da participação nos Campos de Ciência junto dos participantes. Ambos os Capítulos dão conta de um efeito positivo nesta participação. O Capítulo 6 apresenta um caso de estudo na Alemanha com o foco na experiência anterior dos participantes e nas oportunidades de trabalho. De acordo com este Relatório, é evidente que os participantes são influenciados, de algum modo, pela participação nos Campos de Ciência. Mas também os professores estão focados nessa questão. O Capítulo 7 demonstra que os benefícios dos professores são descritos em relação às comunidades de aprendizagem profissional. O Capítulo 8 apresenta parte de um programa de investigação, ao nível do doutoramento, sobre a influência dos Campos de Ciência na relação dos estudantes com a Matemática. 1.3. Referências Bischoff, P. J., Castendyk, D., Gallagher, H., Schaumloffel, J., & Labroo, S. (2008). A Science Summer Camp as an Effective Way to Recruit High School Students to Major in the Physical Sciences and Science Education. International Journal of Environmental and Science Education, 3(3), 131-141. Retrieved from http://www.eric.ed.gov/ERICWebPortal/detail?accno=EJ894856 OECD. (2008). Encouraging Student Interest in Science and Technology Studies: OECD Publishing. Osborne, J., & Dillon, J. (2008). Science education in Europe: Critical reflections (Vol. 13): London: The Nuffield Foundation. Pawek, C. (2009). Schülerlabore als interessefördernde außerschulische Lernumgebungen für Schülerinnen und Schüler aus der Mittel-und Oberstufe. Online http://eldiss. unikiel. de/macau/receive/dissertation_diss_00003669. Yilmaz, M., Ren, J., Custer, S., & Coleman, J. (2010). Hands-on Summer Camp to Attract K-12 Students to Engineering Fields. IEEE Transactions on Education, 53(1), 144-151. Retrieved from http://www.eric.ed.gov/ERICWebPortal/detail?accno=EJ898865 8 2. Exploração dos Campos de Ciência na Europa Este Capítulo constitui uma síntese do Relatório de Exploração realizado pelo SciCamp. O Relatório completo está disponível em http://sciencecamps.eu/tag/report/ e representa uma recolha de informação sobre diferentes aspectos dos Campos de Ciência, com particular foco em: 1) Estratégias, 2) Programas, 3) Participantes, 4) Intervenientes, 5) Recursos Financeiros, 6) Resultados e 7) Impacto. Tendo em conta os dois aspectos essenciais abordados no âmbito deste Relatório de Avaliação, a investigação demonstra que os Campos de Ciência são organizados com o objectivo de promover o interesse pela Ciência e pela Educação, para além de revelar o impacto muito positivo que estas iniciativas possuem junto dos mais novos, nomeadamente no que diz respeito ao interesse pela Educação Científica e, inclusivamente, nas opções que fazem em termos de educação. Para além disso, a investigação demonstra que a colaboração pode ser organizada e investigada a vários níveis (isto é, colaboração entre professores, organizações, empresas, investigadores, parceiros). 2.1. Metodologia A investigação foi realizada como parte do projecto SciCamp. A investigação foi realizada, maioritariamente, através de inquéritos online, enviados para os organizadores dos Campos de Ciência na União Europeia. Nesse sentido, os sete parceiros do SciCamp foram convidados a identificar e a fornecer informação sobre todos os Campos de Ciência organizados nos seus paises e dentro das suas redes de contacto. Ao mesmo tempo, foi enviada uma informação a todos os ministérios da Educação e Investigação ou entidades equivalentes responsáveis pelos Campos de Ciência na União Europeia solicitando-lhes o envio de informação sobre a organização de Campos de Ciência sob a sua tutela. Para além disso, o questionário foi disponibilizado online na página http://sciencecamps.eu/. Aí, os organizadores dos Campos de Ciência foram encorajados a responder ao questionário. Neste contexto, foram identificados 534 organizadores e organizações ligados a Campos de Ciência em toda a Europa. Na Primavera de 2013, todos os organizadores e organizações ligadas a Campos de Ciência identificados receberam um email de divulgação do projecto SciCamp e dos objectivos do questionário, sendo que o link do mesmo era indicado no email. O questionário online estava disponível em inglês, alemão, holandês, espanhol, português, sérvio e eslovaco. O objectivo do inquéirto era obter informação sobre os programas existentes nos vários Campos de Ciência, a diferentes niveis: 1). Estratégias, 2) Programas, 3) Participantes, 4) Intervenientes, 5) Recursos Financeiros, 6) Resultados e 7) Impacto. 9 2.2. Resultados 96 organizadores e organizações ligados aos Campos de Ciência responderam ao questionário durante o Verão de 2013 (18%). Depois de excluídas as respostas incompletas (ausência do país e organização), foram consideradas 82 respostas válidas (15%). As respostas foram provenientes de 15 países da União Europeia e 3 outros, estando distribuídas por 33 diferentes organizações. Figura 3: Distribuição das respostas pelas países da União Europeia:(n=82, 16 faltam): Austria(AT), Belgica (BE), Bulgaria (BG), Croacia (HR), Chipre(CY), República Checa (CZ), Dinamarca(DK), Estonia(EE), Finlândia (FI), França (FR), Alemanha (DE), Grécia (GR), Hungria (HU), Irlanda (IE), Italia (IT), Letónia (LV), Lituania(LT), Luxemburgo (LU), Malta(MT), (Países Baixos (NL), Noruega (NO)*, Polónia (PO), Portugal(PT), Roménia(RO), Suiça (SZ)*, Sérvia (RS)*, Eslováquia (SK), Eslovénia (SI), Espanha (ES), Suécia (S), Suriname (SR)*, Reino Unido (UK), Não identificado(?). Países marcados com * não fazem parte da União Europeia. O questionário foi distribuído entre os organizadores e as organizações envolvidos com os Campos de Ciência. No caso dos questionários distribuídos juntos das organizações promotoras dos Campos de Ciência, foi-lhes solicitado que o mesmo fosse respondido pela pessoa responsável e também reencaminhado aos organizadores locais dos Campos de Ciência, responsáveis por uma única edição. O nosso objetivo foi aproximar-nos o mais possível do Campo de Ciência. 32% das respostas foram provenientes do responsável pela instituição promotora do Campo de Ciência, enquanto que 68% resultaram da participação dos organizadores locais do Campo de Ciência. Tendo em conta os resultados alcançados, podemos concluir que apenas uma pequena percentagem dos emails chegou aos organizadores locais. Por outro lado, esperamos que esta informação seja distribuída junto dos vários membros que compõem as redes dos Campos de Ciência. 10 Figura 4: O líder da organização. O responsável pelo Campo de Ciência é designado como “organizador do Campo de Ciência”. Tendo em conta estes dados, verificamos que é muito difícil entrar em contacto com os organizadores dos Campos de Ciência e, nesse contexto, obter informações sobre o fenómeno dos Campos de Ciência. O fenómeno dos Campos de Ciência tem uma história longa. De acordo com esta investigação, o primeiro Campo de Ciência teve lugar em 1969, enquanto a maior parte dos inquiridos referiu que as suas organizações promoveram o primeiro Campo de Ciência após o ano 2000. 2.3. Organizações dos Campos de Ciência Entre as respostas recolhidas, verificou-se que algumas das organizações de Campos de Ciência realizaram poucas edições por ano («10), enquanto outras realizaram um maior número (»40). Com base nas respostas obtidas junto do responsável pela instituição promotora, uma organização promove, em media, para 282 (6185 participantes/22 respostas) em 2012. Apenas um terço das respostas obtidas (25/81) indica os recursos financeiros que os Campos de Ciência possuem. Entre as respostas consideradas, 52% refere que o dinheiro utilizado pela organização dos Campos de Ciência é proveniente dos pagamentos efectuados pelos participantes e dos patrocínios (43& dos inquiridos). O número não indica a distribuição financeira no contexto da organização de um Campo de Ciência. Contudo, alguns dos inquiridos referem o pagamento de uma pequena “fee”. De acordo com os dados de uma organização, a “fee” corresponde a cerca de um quarto do orçamento, enquanto o restante é proveniente de outras fontes, nomeadamente patrocínios e subsídios públicos. 11 Figura 5: Recursos Financeiros no contexto da organização de um Campo de Ciência (n=25) 2.4. Organizadores dos Campos de Ciência Os resultados obtidos permitem-nos concluir que a maior parte dos organizadores dos Campos de Ciência conta com 34 anos (n=37), sendo que, em media, participaram em 7 Campos de Ciência. O grupo de organizadores dos Campos de Ciência é dividido em dois: alguns organizadores integraram a equipa da organização antes de assumirem a função de responsável pelo evento (43%), enquanto outros assumiram essa responsabilidade sem terem tido qualquer experiência anterior em Campos de Ciência (57%). Figura 6: Número de vezes em que o organizador fez parte de um Campo de Ciência (n=37) Os inquéritos demonstram que a maior parte dos organizadores dos Campos de Ciência possuem formação específica nessa área, seja na universidade ou enquanto professores nessa área. Especialmente na Dinamarca, uma parte considerável dos participantes no inquérito estavam envolvidos na área da educação na universidade. 12 2.5. Campos de Ciência A maior parte dos Campos de Ciência identificados através do inquérito, realizados na Europa, destinam-se a rapazes e a raparigas (91%), num modelo de residência, entre 5 (21%) e 7 (28%) dias (n=47). A inscrição nos Campos de Ciência verifica-se, primeiro, de acordo com a ordem de inscrição, os primeiros a chegar (43%); recomendação por parte dos professores (14%) ou formulário de candidatura (por exemplo, perguntas) (26%). 65% dos Campos de Ciência possuem um valor de inscrição”, enquantos os restantes são de acesso gratuito. O valor da inscrição varia entre os 50 e os 200 euros. Figura 7: Inscrição nos Campos de Ciência A maior parte dos Campos de Ciência tem como público-alvo os estudantes do ensino secundário (15-18) (29%). O grupo identificado como “Outro” na figura 8, corresponde a grupos definidos no questionário. Figura 6: Grupos etários dos participantes nos Campos de Ciência 13 Para além do nível de ensino/idade, os Campos de Ciência contemplam um grupo com características especiais. Um dos mais frequentes corresponde a um grupo de pessoas sobredotadas ou talentosas (46%) ou sem qualquer especificação (60%). Figura 7: Grupo com características especiais Os Campos de Ciência podem ser subdivididos em dois grupos: alguns Campos de Ciência abordam subtemas na área da Ciência, enquanto outros assumem uma abordagem mais global, com diferentes módulos sobre diversas áreas. De acordo com os dados apurados através dos inquéritos realizados, os subtemas abordados não correspondem a uma abordagem clássica da Ciência, estando sobretudo realcionados com áreas interdisciplinares, nomeadamente, as Ciências Forenses, a Robótica, a Biologia Molecular. Figura 8: Pessoas responsáveis pelo ensino nos Campos de Ciência Todos os Campos de Ciência são avaliados. Os métodos de avaliação mais utilizados são os inquéritos, a observação e a entrevista aos participantes no final do Campo de Ciência. . 14 Figura 9: Avaliação 2.6. Outras conclusões No que diz respeito aos intervenientes (grupo, instituição, membro ou Sistema que influencia ou pode ser influenciado pelas ações da instituição), o inquerito indica que 79% das instituições promotoras dos Campos de Ciência e organizadores colaboram com universidades enquanto intervenientes. Figura 10: Intervenientes envolvidos na organização dos Campos de Ciência. A percentagem atribuída pode ultrapassar os 100, tendo em conta que é possível indicar mais do que um interveniente. 2.7. Sumário No geral, o resultado do Inquérito revela que as instituições promotoras e os organizadores dos Campos de Ciência são muito difíceis de contactar, sendo por essa razão complicado obter da sua parte uma visão no que diz respeito aos Campos de Ciência. Os resultados do inquérito permitem-nos apresentar uma síntese com 7 pontos essenciais: 15 Estratégias: Os Campos de Ciência são, sobretudo, organizados com o objectivo de promover o interesse pela Ciência e pela Educação, mas os resultados apurados revelam um particular interesse ao nível do recrutamento e perspectivas sociais, bem como do lazer. Programas: Os Campos de Ciência funcionam, na sua maioria, no modelo de “residência”, apesar de também existirem alguns que decorrem sem esse compromisso. De acordo com os organizadores dos Campos de Ciência, estes decorrem, normalmente, entre 5 (21%) e 7 (28%) (n=47). Para além disso, existem outros cujo funcionamento pode variar entre 1 e 24 dias. Os Campos de Ciência podem ser subdivididos em 2 grupos: alguns subordinados a temas específicos na área da Ciência, outros com abordagens mais globais, apresentando módulos com temas específicos. Os subtemas indicados no questionário não remetem para as áreas tradicionalmente associadas à Ciência, mas sim com uma relação interdisciplinar muito vincada, tais como a Ciência Forense, a Robótica e a Biologia Molecular. Alguns organizadores promovem, ainda, outro tipo de Campos relacionados com áreas tão diversas quanto a música, a literatura, o cinema e línguas. O ensino é garantido pelos recursos humanos da universidade, alunos, com um sem um grau determinado, bem como pelos professores do ensino secundário e do ensino básico. Sobretudo na Dinamarca, grande parte dos organizadores dos Campos de Ciência têm uma relação com as univerisdades. . Participantes: A maioria dos Campos de Ciência identificados, em toda a Europa, estão abertos à participação de rapazes e raparigas (91%). A selecção dos participantes decorre de um primeiro contacto, por ordem de chegada (43%), recomendação por parte dos professores (14%) ou formulário de candidatura (26%). A maior parte dos Campos de Ciência destina-se à participação de jovens a frequentar o ensino secundário ou superior 15-18) (29%). Para além do grau de ensino/idade, alguns Campos de Ciência possuem grupos com características especiais. Um dos mais frequentes corresponde a um grupo de pessoas sobredotadas ou talentosas (46%) ou sem qualquer especificação (60%). Isto implica que muitos Campos de Ciência são para jovens com um interesse muito particular pela Ciência. Intervenientes: A maior parte dos organizadores dos Campos de Ciência identificam, enquanto principais intervenientes neste processo, as universidades, sublinhando também a participação das empresas. Para além disso, também são mencionados os pais e instituições públicas (municípios e governo), imprensa e patrocinadores. Recursos Financeiros: A maior parte dos Campos de Ciência recebem patrocinios e outros apoios financeiros, alguns dos quais por parte do Governo, para além de que a maior parte dos Campos cobra uma inscrição e possui capital próprio. 65% dos Campos de Ciência cobra uma taxa de inscrição, enquanto os restantes são de acesso gratuito. O valor da inscrição varia, na maioria dos casos, entre os 50 e os 200 euros. Isto quer dizer que muito jovens podem participar nos Campos de Ciência porque estes são patrocinados, mas o facto de alguns exigirem o 16 pagamento de uma inscrição exclui a participação de jovens muito interessados neste tema. 52% das respostas obtidas através do inquérito realizado, revela que o dinheiro dispendido na organização do Campo resulta da cobrança do valor da inscrição e dos patrocínios. Os resultados não demonstram a distribuição dos recursos financeiros durante a organização do Campo de Ciência. Resultados: Os resultados demonstram os benefícios da participação nos Campos de Ciência, no que diz respeito à promoção do interesse pela Ciência, o bem-estar social, a criação de redes e relações sociais entre os mais novos, as competências e a motivação pela área. Os resultados revelam que todos os Campos de Ciência são avaliados. Os métodos mais frequentemente utilizados são o inquérito, a obervação e a entrevista junto dos participantes no final dos Campos de Ciência. Não constituiu objectivo do inquérito aferir quais os benefícios reconhecidos pelos participantes no que diz respeito à sua participação nos Campos de Ciência. No entanto, um organiador acrescenta: “A participação nos Campos de Ciência representa uma experiência extremamente positiva na medida em que contribui para a criação de redes e relações sociais entre os jovens e crianças interessados na Ciência, os quais, em algumas circunstâncias, se sentem “diferentes” à conta dos seus interesses. No decurso do Campo, eles podem demonstrar os seus interesses e potencial. Por outro lado, as crianças adquirem novas competências, nomeadamente na vertente da experiência, tantas vezes negligenciada nas escolas”. Isto é sustentado pela bibliografia. Impacto: De acordo com os resultados obtidos através do Inquérito concluimos que alguns organizadores promovem um número reduzido de Campos de Ciência por ano («10), outro em número mais elevado (»40). De acordo com as responstas dos responsáveis pela organização do Campo de Ciência, uma organização promove, em media, para 282 (6185 participantes/22 respostas) em 2012. Um organizador declara: “Para conselheiros e gestores, os Campos constituem uma experiência muito valiosa na medida em que nos permite envolver na educação da Ciência, numa óptica mais informal, e na comunicação da Ciência”. Para além disso, os organizadores consideram que trabalhar nos Campos de Ciência com jovens extremamente motivados reforça o compromisso com o ensino”. 17 3. Campos de Ciência a partir dos parceiros do SciCamp A colaboração e organização do Campo de Ciência pode ser estabelecida de várias formas, tal como referido no Capítulo 2. Neste Capítulo, os parceiros do consórcio SciCamp descrevem os Campos de Ciência, na sua perspectiva. As descrições dos Campos de Ciência revela uma certa latitude no que diz respeito à tipologia dos Campos (com ou sem estadia, pagamento de inscrição, duração, etc). isto é algo corroborado através das publicações sobre esta matéria. Para além disso, isto é revelador da necessidade de definir os Campos de Ciência. Do mesmo modo, os grupos-alvo e a forma de inscrição é descrita pelos parceiros e também pelas publicações. Os Campos de Ciência, no contexto Consórcio com os vários parceiros, é frequentemente dirigido ao ensino básico e secundário, o que também está expresso nas várias publicações. A maioria dos organizadores dos Campos de Ciência promovem alguns Campos de Ciência anuais, sobretudo durante as férias. O Science Talenter, na Dinamarca, distingue-se disto pelo facto de promover Campos de Ciência, ao longo de todo o ano, dirigidos a ciranças particularmente talentosas. Os professores nos Campos de Ciência podem envolver-se antes e durante o serviço, tal como acontece na Alemanha e na Dinamarca. A descrição do que acontece na Alemanha e na Dinamarca mostra duas tendência muitos diferentes no que diz respeito aos Campos de Ciência. O Campo de Ciência realizado na Alemanha representa, por assim dizer, o modelo tradicional que contempla a estadia, o envolvimento com os professores logo à partida, uma inscrição para todos os que ingressavam pela primeira vez, com um valor reduzido. A Science Talenter é uma organização que possui alojamento próprio e dirige-se a um público selecionado (talentoso). Os Science Talents denotam uma nova tendência no que diz respeito aos Campos de Ciência – os participantes estão envolvidos em vários campos e, enquanto organização, procuram facultar aos professores envolvidos materiais e ferramentas que possam constituir verdadeiros desafios para os estudantes. A investigação demonstra que os estudantes possuem muitas vezes um apurado interesse logo que chegam aos Campos de Ciência. Para além disso, a colaboração em equipa e as actividades de carácter social são uma parte importante dos Campos. A Sérvia partilha um aspecto curioso: os participantes pretendem mais actividades científicas e mais intervalos. Para além disso, a Sérvia acrescenta que os participantes não apresentam nenhuma proposta de mudança. Isto pode ser interpretado como um resultado positivo, mas também pode ser entendido como o reflexo da dificuldade dos participantes em imaginar o que, eventualmente, poderia ser diferente. Nesta perspectiva, é importante que os Campos de Ciência se foquem na melhorias que podem realizar, e não apenas nos bons resultados que os inquéritos possam apresentar. Os resultados apresentados pela Sérvia permitem também verificar que, cada vez mais, os participantes e os seus pais entram em 18 contacto com os Campos de Ciência através as Redes Sociais, nomeadamente o Facebook. No geral, as descrições aqui apresentadas permitem-nos verificar a diversidade dos Campos de Ciência e das respectivas organizações. 3.1. Sérvia: Campo de Ciência para crianças Este capítulo é da autoria do parceiro Sérvio, Centro de Promoção de Ciência: Ana Klobucar, Coordenadora para Assuntos de Cooperação Internacional Em 2013, o Campo de Ciência para Crianças foi organizado em Viminacium, um sítio arqueológico. Tendo em consideração o elevado interesse, com base na análise dos inquéritos e sugestões dos pais, um novo ciclo do DNA (Dečji Naučni Kamp – Campo de Ciência para Crianças em Sérvio, o equivalente a DNK) foi organizado um Campo de Ciência durante as férias escolares, desde essa altura, ambos funcionando no modelo diário e de acampamento. Os DNK são dirigidos a crianças de ambos os sexos, com idades compreendidas entre os 7 e os 12 anos. O preço varia, em alguns anos a participação até foi gratuita, outros houve em que foi solicitado o pagamento de um valor simbólico apenas para cobrir as despesas dos materiais. O Campo de Ciência para Crianças não é focado numa área específica da Ciência. Os participantes têm a oportunidade de explorar uma grande diversidade de tópicos de carácter científico durante a participação em workshops interactivos onde trabalham em equipa, construindo, descobrindo, inventando, competindo, criando e utilizando as suas criações. Em cada dia do Campo são abordadas três áreas distintas da Ciência, ajustadas ao perfil dos participantes. Todos os líderes do workshop são professores, cientistas ou estudantes de Ciência. Todo o programa é supervisionado por um psicólogo, o qual é também responsável pela componente social do programa. Os voluntários apoiam a realização dos workshops. Os DNK possuem uma versão de frequência diária e uma outra que implica estadia no Campo. Os pais podem optar – os filhos podem participar diariamente, entre as 9h e as 14h ou 16h juntando-se nos Campos de fim-de-semana organizados ao longo dos últimos 2 anos em Viminacium, onde todas as refeições e a estadia são providenciadas pelos participantes e pelos organizadores. Estes Campos duram três dias, de sexta a sábado. . . 19 Tabela 1: Modelo de Organização diária de um Campo de Ciência para Crianças na Sérvia Exemplo de um dia num Campo de Ciência para Crianças na Sérvia (Inverno) 8:30-9:00 Reunião dos participantes 9:00-9:30 Actividades Sociais, jogos “quebra-gelo” e estímulo de espírito de equipa 9:30-10:30 Primeiro Workshop 10:45-11:45 Segundo Workshop 11:45-12:15 Pausa para almoço 12:15-13:15 Terceiro Workshop 13:15-14:00 Avaliação, Prémios 14.00 Fim das actividades do dia 20 Tabela 2: Exemplo dos Wrokshops agendados para os Campos de Ciência realizados durante as férias de Inverno Quinta, Janeiro 8 O maravilhoso mundo da água (Química) Como pilotar um fogute? (Física) Os mistérios das bactérias (Biologia) Sexta, Janeiro 9 Ciência da música (acústica) Papel eléctrico (Física) Como os animais se adaptam (Biologia) Sábado, Janeiro 10 Pistola de ar (Mecânica) Constelações mágicas (Astronomia) Quando eu crescer, serei um neurocientista! (Psicologia) Domingo, 11 Janeiro Segredos das Civilizações Antigas (História) Parasitas e Hospedeiros (Biologia) Caixa de Luz (Física) Monday, 12 Janeiro Microscópio de bolso (Óptica) Como pilotar um foguete? (Física) O maravilhoso mundo da água (Química) Terça, 13 Janeiro A programação é um jogo (Programação) Ábaco (Matemática) Disco voador (Física) Quarta, 14 Janeiro Geometria interessante (Geometria) Parasitas e Hospedeiros (Biologia) A constelação da luz (Astronomia) Quinta, 15 Janeiro Pequena Escola de Electronica 1 Vibrovot Pequena Escola de Electrónica 2 – Corrida de carros de bacteria Pequena Escola de Electrónica 3 – Impressora 3D Sexta, 16 Janeiro Caixa de Luz (Física) Como os animais se adaptam (Biologia) NeuroCiência para Iniciados (Psicologia) Sábado, Janeiro 17 Pistola de ar (Mecânica) Ciência da música (acústica) Papel-eléctrico (Física) Domingo, 18 Janeiro Quando eu crescer, serei um neurocientista! (Psicologia) Segredos das Civilizações Antigas (História) Ábaco (Matemática) Resultados da Avaliação de um Campo de Ciência no Inverno: Cerca de 200 crianças com idades compreendidas entre os 7 e os 12 anos participaram no ciclo de Inverno do nosso Campo de Ciência, entre os dias 8 e 18 de Janeiro de 2015. A pontuação atribuída ao Campo pelas crianças, numa escala de 1 a 5, foi 4.93, enquanto os pais atribuíram 4.92, o que revela que, tanto os pais como as crianças, estão muito satisfeitos com o Campo. Por outro lado, a maior parte das crianças e dos pais envolvidos recomendava o Campo de Ciência aos seus amigos ou estava disposto a participar novamente, o que constitui o melhor indicador de satisfação relativamente ao Programa. As crianças avaliaram o programa como tendo sido muito claro,educativo, divertido e útil. 21 A maioria dos participantes não apresenta qualquer objecção ou propostas no que diz respeito a eventuais alterações que possam ser feitas no Programa. A principal dificuldade apontada pelas crianças diz respeito ao grau de ruído nos grupos mais numerosos, palestras curtas, mais workshops e intervalos mais longos. Os pais propuseram dividir as crianças em grupos de acordo com a sua idade, alterar o horário de funcionamento dos Campos de modo a melhor corresponder às necessidades dos pais que trabalham e o envio de material de apoio via email. As crianças apontam os workshops de carácter prático como os favoritos, workshops em que, individualmente ou em grupo, constroem qualquer coisa que, posteriormente, podem levar para casa ou utilizar de imediato com os colegas. No que diz respeito aos pais, estes sublinham a hospitalidade da equipa, a boa organização, os voluntários, a variedade de workshops, a relação entre as crianças e o espaço. Os pais tomaram conhecimnento do nosso Campo de Ciência enquanto pesquisavam actividades de tempos livres para os seus filhos, durante as férias, no Facebook, no contacto com amigos, através da radio e da televisão, mailing lists, foruns de pais, as nossas publicações e, outros ainda, por acaso. No final do questionário, as crianças podiam deixar mensagens aos organizadores. Aqui estão alguns exemplos: - Ensinaram-nos coisas e foram simpáticos connosco. - Sempre disponíveis para os pequenos cientistas. - Adorei este Campo de Verão. Vocês foram óptimos, continuem! Tudo é perfeito! Continuem porque é óptimo e útil! - - Mal posso esperar para voltar! - - Gostei mesmo muito, nunca tinha participado. Continuem! Mensagens dos pais para os organizadores do Campo: - “Não percam o entusiasmo para continuar a influenciar o desenvolvimento da curiosidade nas nossas crianças” - “É um prazer colaborar com o Centro de Promoção da Ciência sobretudo quando vemos a satisfação dos nossos filhos por terem participado num workshop do Campo de Ciência” - “ Obrigada por esta óptima ideia e organização” - “Muito obrigada pelos fantásticos conteúdos que disponiblizam às nossas crianças! Continuem! Obrigada por terem proporcionado aos meu filho uma óptima experiência” - “Obrigada pelo conhecimento e energia que passam às nossas crianças” - “Bravo pelo vosso desempenho” - “Continuem, estão no bom caminho! Depois de três dias no vosso Campo de Ciência, a minha filha abraçou-me e disse: “Obrigada, mamã, descobriste este Campo de Ciência, foi óptimo, estou ansiosa por cada ida”. 22 3.2. Concurso Nacional dos Jovens Cientistas – Feira Nacional de Ciência Este capítulo é da responsabilidade do parceiro português, Susana Chaves, da Fundação da Juventude. Concurso Nacional dos Jovens Cientistas – Feira Nacional de Ciência A Fundação da Juventude organiza em Portugal, desde 1992, o Concurso Nacional dos Jovens Cientistas e Investigadores. O Concurso Nacional dos Jovens Cientistas e Investigadores tem por objectivo promover os ideais de cooperação e relação entre jovens cientistas (com idades compreendidas entre os 15 e os 20 anos) e investigadores e estimular o desenvolvimento de jovens talentos nas áreas da Ciência, Tecnologia, Investigação e Inovação. Por todo o país, a competição pretende encorajar o espírito competitivo entre os jovens através da implementação de projectos/trabalhos científicos inovadores. Todos os anos, mais de 120 projectos participam no concurso, envolvendo mais de 350 jovens cientistas, 90 professores e 80 escolas de todo o país. Este ano, teve lugar o 23º Concurso Nacional de Jovens Cientistas e Investigadores. Os projectos a concurso devem incidir sobre uma das seguintes áras: Biologia, Ciências da Terra, Ciências da Vida, Ciências Médicas, Ciências Sociais, Economia, Engenharia, Física, Tecnologias da Informação/Ciências da Computação, Matemática e Química. Podem participar no concurso estudantes a residir em Portugal, do ensino básico, secundário e do primeiro ano do ensino superior, com idades compreendidas entre os 15 e os 20 anos (têm de ter 20 anos até dia 30 de Setembro e 14 até 1 de Setembro). Sâo admitidos individualmente ou em grupo, este constituído com o máximo de 3 elementos. Desde 2006, a Fundação da Juventude organiza em Portugal a Feira Nacional de Ciência. Durante três dias, convidamos os jovens cientistas e os seus professors coordenadores a participar neste evento. O júri nacional seleciona os 100 melhores projectos candidatos ao “Concurso Nacional dos Jovens Cientistas” para serem apresentados num stand e competirem para os prémios nacionais e presenças internacionais. Esta Feira tem lugar todos os anos, durante a última semana do mês de Maio, no Museu da Electricidade, em Lisboa. Este ano, durante a 9ª edição, registamos a participação de 100 projectos, 266 jovens cientistas e 47 professores coordenadores. A Feira Nacional de Ciência tem lugar no Museu da Electricidade, em Lisboa. Durante 3 dias, a Fundação da Juventude garante as refeições e o alojamento para os alunos e rofessores. Os participantes apenas pagam as deslocações. Após a Feira da Ciência, fizemos uma avaliação do nível de satisfação dos participantes tendo registado 92%. 23 Tabela 3: Programa da Feira Nacional de Ciência 28th de Maio 2015 29th de Maio 2015 10– 11 11-13 Chegada e Registo Montagem dos stands Escolas e visita do público 13–14.30 Almoço Entrevistas do júri 15–16 Cerimónia de Abertura 16-18 16-18 Escolas e visita do público Entrevistas do júri 18.30– 20 Jantar 20 – 21 Transfers para o alojamento 30th de Maio 2015 Workshop dp Campo de Ciência Almoço Visita guiada ao Musrofessores) e reunião do Consórcio Escolas e visita do público 11H Visita guiada ao Museu da Electricidade (alunos) 13–14.30 Almoço Cerimónia de Prémios Partida Reunião do Júri Conferência Científica Jantar Transfers para o alojamento 24 3.3 Visitas, Palestras, Experiências e Entrevista de Abertura no Campo de Ciência em Halle (Saale), Alemanha Este capítulo é da responsabilidade do parceiro alemão Christian Kubat, da Universidade Martin Luther King Halle-Wittenberg. Os objectivos do Campo de Ciência O nosso evento anual designa-se “Campo de Ciência” e tem por objectivo incentivar o interesse dos jovens pela Ciência/área STEM. Queremos mostrar aos participantes que a abordagem “aborrecida” da escola, ao nível da física e da matemática pode ser muito interessante quando há uma aproximação às questões da investigação, pessoal motivado e um ambiente de grande envolvimento. Estes foram os temas dos últimos anos: Energia, Alimentação Orgânica, Plantas Invasoras, Voo, Vida Selvagem e Alterações Climáticas. Todos os anos, no momento do registo online, sugerimos diferentes tópicos para que os alunos possam escolher entre eles. Quando o Campo começa, existem habitualmente três grupos com diferentes temas e 15 alunos envolvidos. Um exemplo de programa O participante de um Campo de Ciência, durante uma semana, habitualmente, faz este trajecto: O participante chega durante a manhã do primeiro dia. Ficamos num alojamento onde realizamos toda a investigação ou, em ultimo caso, muito próximo daí. Em Halle (Saale), o alojamento era normalmente a Villa Jühling, uma antiga fábrica situada numa grande propriedade e com muita natureza em volta. Após o registo, juntamos todos os participantes para o almoço e damos as boas-vindas a todos. Após o intervalo do almoço, e depois de concluída a entrevista, damos início aos workshops em grupo. Por exemplo, se o participante escolher o tema “Alterações Climáticas”, então este grupo começará a actividade com um “brain storming” sobre “Alterações Climáticas”, tendo uma pespectiva global sobre as actividades da semana e participam num jogo que lhes permitem conhecer-se melhor entre eles. Depois disso, têm a sua primeira experiência ou a primeira visita ou plaestra com um especialista externo. Ao serão, haverá o jantar conjunto e, depois disso, alguns momentos de lazer e actividades de campo, tais como fogueiras, voleibol e caminhadas. Os dias seguintes, nomeadamente durante a tarde, funcionam da mesma forma. Os alunos participam em experiências, visitas e palestras, mas tudo num modelo muito “aberto”, permitindo aos participantes fazer uma pausa. Podem trabalhar em conjunto, em grupo, e são estimulados a colocar as suas próprias questões e ideias para debate e experimentação. 25 A última semana é mais exigente, tendo em conta a apresentação final. No último dia, todos os grupos preparam o que fizeram durante a semana. Podem fazer as as apresentações oralmente, através de experiências, narrativas, videos, jogos ou qualquer outra ferramenta. A forma como o fazem é opcional, a apresentação é obrigatória. Usualmente, são muito criativos e orgulhosos em mostrar o trabalho desenvolvido. Depois de tudo, fazemos uma grande fotografia de família, um levantamento do que se passou, um almoço e despedida e dizemos “até ao próximo ano!” Descrições da Organização/Equipa A equipa de professors/orientadores é, sobretudo, proveniente da Universidade e o grupo de trabalho do Prde. Dr. Martin Lindner. Os alunos de doutoramento possuem formação ao nível da pedagogia e participam no Campo de Ciência enquanto parte integrante das suas funções, das suas teses ou para obterem pontuação extra junto da Universidade. Tal como referido anteriormente, os participantes e a equipa ficam alojados no Hostel Villa Jühling, nas proximidades de Halle (Saale) e a cerca de 30 minutos do centro da cidade. São cerca de 60 pessoas que passam uma semana juntas, incluindo o tempo antes do pequeno-almoço e antes de irem para a cama. As refeições são preparadas pelo pessoal da cozinha e há, habitualmente, um buffet com uma oferta diversificada para vegetarianos ou vegans. Como se processa a inscrição Os estudantes podem fazer a sua inscrição através de um formulário online no nosso website www.camps.uni-halle.de. O Campo de Ciência em Halle custa 100€ por semana, incluindo alojamento e alimentação. Público-alvo O nosso público-alvo são estudantes com idades compreendidas entre os 14 e os 16 anos, de ambos os sexos. Normalmente, esta realidade é fácil de gerir. É mais frequente ajustar as idades dos participantes na medida em que se verifica uma tendência no sentido dos pais inscreverem jovens com idades compreendidas entre os 12 e os 13 anos. Os estudantes são provenientes de toda a Alemanha, com especial incidência em Halle (Saale) e da área circundante. Em 2015, organizamos um Campo de Ciência excelente em inglês, com 15 estudantes provenientes da Turquia, 3 da Macedónia e 25 alemães. 26 Local de realização do Campo de Ciência, duração e data O Campo de Ciência realiza-se em Villa Jühling, Semmelweissstraße 6, 06120 Halle (Saale), Alemanha, habitualmente durante as férias do Verão, entre Julho e Agosto, entre segunda e sexta-feira. Avaliação/Resultados Os resultados do inquérito demonstram que os estudantes possuem, à partida, um grande interesse no tema da Ciência, o que não invalida que este seja ampliado com a frequência do Campo. Para além disso, habitualmente atribuem a pontuação máxima quando avaliam a sua participação (1 ou 2, numa escala de 1 a 6, sedo que 1 é a pontuação máxima e 6 a minima). Referem, ainda, que repetiriam a experiência sobre outro tópico, no próximo ano, preferindo uma estadia mais prolongada. Aprenderam a trabalhar em grupo, métodos de investigação, o dia-a-dia de um cientista, referindo a importância destas iniciativas para aumentar o interesse pela Ciência. 27 3.4 Campos de Ciências, Visitas de Estudo, Palestras, Acções de Formação para professors no Science Talenter, na Dinamarca Esta capítulo é da responsabilidade de Uffe Sveegaard do Science Talenter na Dinamarca, localizado em Soroe, no Centro de Ciência de Maersk, criado pelo Ministério da Educação dinamarquês em 2009 com o objectivo de desenvolver esta área do conhecimento nos currículos escolares para os jovens talentos com idades compreendidas entre os 12 e os 20 anos, integrados no Sistema de ensino da Dinamarca. Os principais objectivos da nossa organização são: - Organizar o ensino e campos para os jovens talentos tendo em conta que este conceito já demonstrou a sua eficácia para os desafiar num ambiente inspirador: - Desenvolver ambientes de aprendizagem que integrem complexos programas de enriquecimento, competitição e relações sociais, estabelecendo assim um quadro de desenvolvimento curricular; - Inspirar professores a desenvolver metodologias de ensino que inspirem os jovens talentos, bem como desenvolver estratégias de suporte nas suas escolas e municípios; - Promover o networking entre talentos, escolas, municípios, universidades e investigadores; - Promover o diálogo e o debate sobre oportunidades para talentos académicos ao nível político, actuando inclusivamente como centros de conhecimento. O Science Talents organiza diversos Campos de Ciência, nomeadamente: o Science Talent para Investigadores, o Sciencetalents para Perfis Diferenciados, Campos sobre Voo, Robótica, Energia, Medicina, Aeronáutica, o Dia da Ciência para Raparigas, o Campo GeneTec, a MarterClass Junior. A seguir, vamos descrever alguns dos Campos destinados a jovens e um curso de formação para professores. SCIENCETALENT PATTERN-BREAKER – Os objectivos do Campo de Ciência Este projecto foca-se em talentos com padrões diferenciados, em dois contextos específicos: 1- De origem não dinamarquesa e 2. Estudantes talentosos cujos pais não possuem formação secundária. O objectivo deste projecto é apoiar todos os jovens talentos, com qualquer tipo de histórico em termos educacionais. O ScienceTalenter pretende identificar como podemos apoiar, inspirar e motivar jovens talentos com perfis diferenciados, persuadindo o seu envolvimento com a Ciência, tendo em conta que a nossa experiência com esse meio é muito reduzida. 28 Estamos a faze-lo testando um novo conceito, um programa mentor e apresentando um projecto de investigação, na sequência desta iniciativa. Participação: Todos os Campos e cursos são de acesso gratuito enquanto o projecto é financiado pelo A.P. Møllerske Fond. O próximo programa começa em Abril de 2015: Voo – matemática e física. 1. Talentos do Ensino Secundário. Última ronda #3 devido ao ano lectivo ’15-’16 com equipas do ensino secundário e superior. O conceito do Campo consiste numa acção de formação para professores, 2 Campos, uma componente de trabalho de casa e um curso de mentores para os jovens talentos. Em paralelo, a investigação procurará produzir conhecimento sobre perfis diferenciados na perspectiva dos talentos, bem como identificar factores que possam contribuir para uma mudança significativa relativamente ao histórico dos participantes, assegurando que também estes possam assumir-se como perfis diferenciadores. Este projecto termina com um Seminário de encerramento para apresentação de resultados. Exemplo de um Campo durante o Projecto de Perfis Diferenciados: Marte O projecto consiste na realização de 8 Campos durante 2 anos. Durante o Campo, aproximadamente 40 talentos – cujos pais não frequentaram o ensino secundário – provenientes de diferentes escolas da Dinamarca, reuniram-se no nosso Centro de Ciência durante 3 dias, com o objectivo de serem desafiados a trabalhar sobre a temática do planeta Marte. Durante o Campo, ficaram instalados nas nossas instalações e participaram em palestras sobre Marte e as viagens que se se têm vindo realizar, bem como outros aspectos relacionados com este tema, alternando entre palestras ministradas por nós ou por convidados, actvidades de experimentação nos nossos laboratórios, visitas a universidades, visitas de estudo, trabalhos de grupo e, muito importante, participação em actividades de carácter social e de lazer que lhes permitam adquirir competências ao nível da auto-estima, saúde e bem-estar ao mesmo tempo que promove a criação de ligações entre os jovens. Para além disso, promovemos sempre intervalos entre as actividades, permitindolhes paticipar noutras actividades: passeios de Segway, corridas com GPS, trilhos de bicicleta junto ao lago ou jogos nocturnos. Descrição da organização/equipa A equipa é consttuída, na sua maioria, por professores da nossa organização, docentes qualificados do ensino básico e secundário, ou académicos. O ScienceTalenter tem por hábito convidar palestrantes externos do ensino secundário e universidades com quem costumamos colaborar, para além de outras pessoas de organizações científicas. 29 Como decorre o processo de inscrição Neste caso, as escolas que já fazem parte do nosso networking identificam os potenciais participantes neste projecto, o que se tem revelado uma tarefa difícil, tendo em conta que as características demonstradas são muito diferentes das normalmente associadas a estes grupos etários. É um desafio, mas é também por isso que organizamos este projecto, para aprendermos mais sobre este grupo e para lhes proporcionarmos as mesmas oportunidades. Avaliação/Resultados No que diz respeito a este projecto em particular, contamos com a colaboração de investigadores da Universidade de Aarhus para acompanhar o público-alvo e reunir informação sobre o impacto desta iniciativa, na perspectiva de envolver os participantes num projecto de Ciência de longa duração e proporcionando-lhes conteúdos extracurriculares e uma atenção em particular. Os restantes Campos estão focados nas áreas da Medicina, Voo, Energia, mas mantendo o mesmo padrão. Os resultados do inquérito demonstram que os estudantes possuem, desde logo, um grande interesse pela Ciência. Isto não que invalida que esse interessa seja potencializado. Aprendem a trabalhar em equipa, métodos de investigação, o dia-adia de um cientista e sublinham o contributo desta experiência para aumentar o índice de atractividade da Ciência. Equia SCIENCETALENT GENIUS 2014 / Um projecto de 3 anos – Objectivos do Campo de Ciência Muitas crianças com elevadas competências não são suficientemente estimuladas nas escolas. Alias, têm até alguma dificuldade em fazer amigos e participar nas actividades de carácter social, sentindo-se algo diferentes dos seus pares. Neste contexto, o Egmont Foundation e o Science Talenter têm feito um esforço no sentido de proporcionar a estas crianças experiências adequadas ao seu perfil, oportunidades para devolver as suas competências sociais e conhecer outras crianças com as mesmas características. O projeto Science Talent Genius decorre entre 2014-2017. É um projecto longo, com a duração de 3 anos, cujo objectivo é proporcionar a estas crianças os desafios aqdequados e as competências necessárias, bem como proporcionar o contacto com crianças com as mesmas características. As crianças são selecionadas em conjunto pelo Science Talenter e um investigador da Universidade de Aarhus e são oferecidos vários Campos de Ciência durante o projecto, com a duração minima de dois dias. 30 - Desafios académicos para estudantes: networking social – conhecer outros com as mesmas características; 3 campos por cada ano escolar; Foguetes; Química Básica; Robótica e Programação; Professores: novas técnicas de planeamento das aulas (3 níveis académicos e 6 formas de atribuição); Directores: desenvolvimento de uma estratégia adequada a alunos talentosos nas escolas. MasterClass Junior – Objectivos do Campo de Ciência MasterClass Junior consiste numa ação de formação dos três Campos destinada a jovens do ensino secundário, no Maersk Science Center, em Sorö, na Dinamarca. Em cada um dos Campos, cuja duração varia entre os 3 e os 4 dias, os jovens talentos sao estimulados a participar em desafios no domínio da Matemática, da Ciência e da Técnica, cujos conteúdos ultrapassam o que aprendem no âmbito dos currículos escolares. Em estreita relação com o programa do MasterClass Junior, a Sciencetalents uma formação dirigida a professores, com a duração de um dia, cujo objectivo é mantelos actualizados sobre estas actividades. O objectivo do programa é identificar e manter os talentos na área da Ciência nas escolas e promover junto destes a convicção de que é positivo assumir-se como um talento nesta área. Avaliação/Resultados Os resultados do inquérito demonstram que os alunos possuem, logo à partida, um grande interesse pela Ciência, o que não invalida um esforço no sentido de tornar essa característica mais vincada. Neste contexto, aprendem a trabalhar em grupo, métodos de investigação, o dia-a-dia de um cientista e sublinham a importância de uma boa pedagogia para impulsionar o gosto pela Ciência. Treino de talentos – acção de formação para professores O Sciente Talentsdesenvolveu uma acção de formação com o objectivo de qualificar os professores: - Identificar e desafiar os jovens talentos no ensino básico e secundário; - Colaborar no desenvolvimento e gestão de uma estratégia junto dos jovens talentos nas escolas; - Constituir um grupo, entre pares, sobre os Jovens Talentos. 31 A acção de formação consiste em três módulos com a duração de 20 dias, incluindo uma visita a Gales com o objectivo de visitar escolas com grande tradição no trabalho com jovens talentos. Os professores são identificados dentro da nossa rede de contactos e, normalmente, procuramos contar com dois professores de cada escola de modo a assegurar um maior impacto das acções nas suas instituições. Avaliação/Resultados Os resultados dos inquéritos demonstram que os estudantes possuem, logo à partida, um grande interesse pela Ciência, o que não invalida um esforço no sentido de tornar essa característica mais vincada. Neste contexto, aprendem a trabalhar em grupo, métodos de investigação, o dia-a-dia de um cientista e sublinham a importância de uma boa pedagogia para impulsionar o gosto pela Ciência . Campo no ScienceTalenter Os Campos realizados no Science Talenter têm vários objectivos: 1. Proporcionar o contacto com a realidade científica e desafia-los a participar (muitos não são suficientemente estimulados no exercício diário da sua actividade lectiva); 2. Assegurar que todos os talentos contactam com os desafios adequados, no domínio pessoal e profissional; 3. Proporcionar o contacto com jovens com os mesmos interesses, permitindolhes verificar que não são os únicos a possuir um gosto particular pela Ciência; 4. Permitir a aquisição de competências que os ajudem no dia-a-dia a lidar com estas questões (deve ser tão agradável jogar futebol quanto juntar-se a um grupo de discussão sobre física atómica). Reflexões didácticas e pedagógicas Os Campos têm por base as seguintes permissas: - Interrogação: os talentos entram em contacto com fenómenos científicos, invenções tecnológicas ou novas ideias, que podem impressiona-los e proporcionar momentos de discussão; - Contemplação: os talentos têm a possibilidade de contemplar e interagir com uma determinada realidade – em alguns casos, podem escolher os respectivos tópicos; - Comunicação: os talentos assumem o compromisso de partilhar o conhecimento adquirido com os seus pares, nomeadamente através de posters, sessões de video, artigos, palestras e experiências. 32 4. Prolongar um Campo de Ciência Forense para introduzir e promover uma ligação entre os alunos do Ensino Secundário com tópicos científicos de carácter interdiscilinar. Este capítulo está igualmente publicado no Jornal de Educação Química (http://pubs.acs.org/doi/abs/10.1021/ed400321a) e constitui um exemplo de um caso de estudo que pretende demonstrar de que modo os participantes reflectem a sua participação num Campo de Ciência. No fim deste estudo, foi possível verificar que os Campos de Ciência têm um efeito muito positivo nos seus participantes, na perspectiva da Ciência, de um modo geral, e ao nível da Ciência Forense, em particular. De acordo com as respostas obtidas no inquérito, verificamos que os participantes apreciaram trabalhar com a Ciência de um modo interdisciplinar, tendo adquirido conhecimentos específicos relativamente aos conteúdos abordados, e outros de carácter geral, ao nível da Ciência. De um modo geral, os resultados obtidos através do inquérito revelam que os participantes gostaram de fazer parte do Campo de Ciência, tendo adquirido competências do foro académico e pessoal Autores Linda Ahrenkiel*, MSc, aluna de Doutoramento, Center for Science and Mathematics Education, University de Southern Denmark, Odense, Denmark [[email protected]] Martin Worm-Leonhard, MSc, Toxicologista Forense, Institute de Forensic Medicine, University de Southern Denmark, Odense, Denmark Resumo Neste artigo, apresentamos um Campo de Ciência interdisciplinar, com a duração de uma semana, um Campo Criminal para alunos do ensino secundário, na Dinarmara. Este artigo irá focar-se na descrição da utilização da Ciência Forense e da simulação de crimes enquanto recursos para o ensino da química, física e medicina/biologia, nas perspectivas teórica e prática. O principal objectivo do programa do Campo de Ciência foi permitir um primeiro contacto dos participantes com a Ciência e dos Cientistas, num cenário próximo da realidade. Os resultados obtidos após o inquérito permitem-nos verificar que esta experiência tem um efeito muito positivo junto dos participantes, nomeadamente no que diz respeito à sua relação com a Ciência no geral, e a Ciência Forense, em particular. De acordo com as respostas apresentadas verificamos ainda que os participantes apreciaram trabalhar com a Ciência numa lógica interdisciplinar, tendo adquirido conhecimentos específicos ao nível dos conteúdos leccionados e ao nível da literacia científica, de um modo geral. 33 Palavras-chave Ensino Secundário/Introdução à Química; Interdisciplinar/Multidisciplinar; Química Orgânica; Público em Geral/Divulgação; Analogias/Transferência; Aprendizagem Indutiva/Aprendizagem baseada na descoberta; Química Forense Introdução O estado da Ciência, Tecnologia, Engenharia e Educação para a Saúde na Dinamarca, tal como no resto da Europa1,2_ENREF_2 tem sido objecto de particular atenção._ENREF_1. Têm sido promovidas várias iniciativas para motivar o interesse pela Ciência, nomeadamente através da organização de Campos de Ciência 3,4_ENREF_2_ENREF_1. Os Campos de Ciência contribuem para aumentar a eficácia da Ciência, bem como aumentar uma attitude positiva relativamente a este assunto5,6,7. Os Campos de Ciência promovem ambientes imersivos e relativamente informais onde os jovens podem dispender algum tempo, fora do contexto habitual das salas de aulas, em contacto com experiências científicas, investigação e pensamento crítico. Estes Campos de Ciências, quando bem concebidos, proporcionam experiências de aprendizagem realmente acessíveis no contexto da sala de aula, podendo focar-se em aspectos da educação da Ciência que podem ser ignorados ou menos valorizados ao nível dos currículos tradicionais8. A Ciência Forense tornou-se muito popular na televisão e no cinema. Muitos alunos assistem a series televisivas como CSI: Invstigação Criminal ou Ossos e acham-nas fascinantes. A Ciência Forense é uma área específica que integra a Química, a Física e a Biologia numa lógica interdisciplinar. As experiências realizadas nestes contextos forenses são verdadeiramente estimulantes e capazes de envolver os alunos. Há muitas experiências descritas em publicações sobre este assunto9,10._ENREF_9 Muitos dos casos forenses relatados e utilizados em contexto escolar combinam os currículos na área de Química com a Química em cenários de crime. Neste artigo procuramos dar a conhecer como uma série de simulações de casos forenses pode ser utilizada numa lógica interdisciplinar que integra a Química, a Física e a Biologia. Um Campo de Ciência voluntário, com a duração de uma semana, que contou com a participação de jovens estudantes com idades compreendidas entre os 16 e os 19 anos, a viver na Dinamarca que puderam usufruir desta experiência, constituindo uma oportunidade para aqueles que já possuiam um verdadeiro interesse pela Ciência Forense aprenderem sobre os processos relacionados com a resolução de crimes, numa perspectiva científica. A descrição do Campo de Ciência e das actividades associadas juntamente com a simulação de um caso forense é apresentada neste artigo, num primeiro momento focado no ensino da Química. Campo de Ciência Forense 34 O objectivo do Campo de Ciência com a duração de uma semana é promover o contacto de 45 jovens voluntários, da Dinamarca, com conteúdos científicos directamente relacionados com problemas reais, no âmbito da Ciência Forense. O Campo de Ciência designava-se Campo Criminal e foi concebido com o propósito de motivar a experiência científica, a compreensão do método científico, a aplicação do inquérito e a resolução de problemas no domínio da Ciência. Estes princípios constituem objectivos educativos do currículo escolar do ensino secundário dinamarquês11. A concretização destes objectivos não constitui a base da planificação e da organização do Campo de Ciência, mas foi tomada em consideração pela Organização. A equipa é constituída por universitários voluntários e cientistas, os quais trabalham e permanecem com os participantes durante o Campo de Ciência, interagindo com estes de modo formal e informal. São responsáveis pela preparação e execução do ensino durante o Campo e são designados “professores” neste artigo, apesar de serem estudantes universitários voluntários e cientistas sem uma formação específica ao nível do ensino. A inscrição no Campo Criminal estava disponível a todos os alunos do ensino secundário. A primeira acção de divulgação do Campo de Ciência de 2011 consistiu no envi de um poster para as escolas secundárias dinamarquesas. Não houve selecção com base num processo de candidatura, a inscrição verificou-se por ordem de chegada. Esta metodologia parte do princípio que os candidatos já possuem um interesse nestas matérias, a partir do momento em que fazem a sua inscrição, o que pode traduzir-se em opiniões algo tendenciosas no momento da avaliação. A maioria dos participantes (54%) ingressou no segundo ano do ensino secundário após as férias de Verão. A maioria dos restantes participantes (39%) ingressou no terceiro ano do ensino secundário, enquanto os restantes já tinham concluído o ensino secundário. Em termos de género o racio de rapazes para raparigas é de 1:2, não tendo sido feito qualquer esforço no momento da candidatura a este nível. O Campo de Ciência teve lugar durante as férias de Verão na University Southern Denmark, em Odense. A participação no Campo Criminal tinha um cusato de 85€, sendo que tanto os participantes como os organizadores permaneciam no Campo durante toda a semana. Três dos sete dias do Campo de Ciência eram dedicados a casos específicos com uma abordagem interdisciplinar ao nível da Física, da Química e da Biologia (tabela 4). Durante o primeiro dia e serões, o Campo de Ciência incluía diversas actividades de carácter lúdico. 35 Tabela 4: Plao da semana Domingo 8:00-8:30 8:30-9:00 9:00-9:30 9:30-10:00 10:00-10:30 10:30-11:00 11:00-11:30 11:30-12:00 12:00-12:30 12:30-13:00 13:00-13:30 13:30-14:00 14:00-14:30 14:30-15:00 15:00-15:30 15:30-16:00 16:00-16:30 16:30-17:00 17:00-17:30 17:30-18:00 18:00-18:30 18:30-19:00 19:00-19:30 19:30-20:00 20:00-20:30 20:30-21:00 21:00-21:30 21:30-22:00 22:00-22:30 22:30-23:00 Segunda Pequeno-Almoço Terça Pequeno-Almoço Quarta Pequeno-Almoço Quinta Pequeno-Almoço Palestra: Forense Relatório Diário Ensino e trabalho de equipa em laboratório Relatório Diário Ensino e trabalho de equipa em laboratório Relatório Diário Ensino e trabalho de equipa em laboratório Concorrente: Investigação no cenário do crime Lab. Toxicologia Forense Segura Almoço Almoço Almoço Almoço Ensino e trabalho de equipa em laboratório Ensino e trabalho de equipa em laboratório Ensino e trabalho de equipa em laboratório Open Space Apresentação do Programa Acompanhamento Palestra: Forensic Psychiatry Sessão Plenária Intra- e Interdisciplinar Sessão Plenária Intra- e Interdisciplinar Sessão Plenária Intra- e Interdisciplinar Ceia Ceia Interdisciplinary Ceia Ceia Ceia Actividades sociais e extracurriculares Actividades sociais e extracurriculares Actividades sociais e extracurriculares Actividades sociais e extracurriculares Palestra: Física e acidentes de trânsito Almoço Boas vindas Palestra Actividades sociais e extracurriculares Sexta PequenoAlmoço Palestra Conclusão da sessão plenária Sábado Pequeno-Almoço Avaliação e acompanhamento Almoço Partida Festa/jantar de encerramento Depois de chegarem no domingo, os participantes são envolvidos em actividades em equipa com o objectivo de estimular o espírito de equipa e a criação de novas amizades. Entre segunda e sexta feira, estavam marcadas várias simulações de casos na área das Ciências forenses com uma abordagem de carácter narrativa. Sábado era dedicado à recapitulação do Campo de Ciência e respectiva avaliação. A participação no Campo Criminal sublinha o espírito de equipa, cooperação e criatividade na resolução de problemas quando confrontados com desafios científicos. Para facilitar esta atmosfera, os organizadores formam equipas com os participantes antes da sua chegada. As equipas eram mistas, com participantes provenientes de diversas escolas. Est metodologia promove a criação de novas amizades. As equipas trabalham em conjunto durante os vários casos. O Campo de Ciência foi concebido para que os participantes possam fazer Ciência como se fossem, efectivamente, profissionais forenses, dotando esta experiência de um carácter simultaneamente lúdico e formativo e contribuindo, de igual modo, para o desenvolvimento do interesse pela Ciência, não só enquanto tema mas também enquanto perspectiva de carreira. Alguns dos conteúdos abordados no Campo eram já do conhecimento dos alunos, no contexto escolar. Um dos objetivos é, justamente, apresentar conteúdos já conhecidos, mas num contexto diferente até divertido. O Campo Criminal foi concebido com o objectivo de alcançar os seguintes objectivoos: 36 - Os participantes devem adquirir competências básicas no que diz respeito a técnicas utilizadas no domínio da Biologia, Física e Química, em estreita relação com a Ciência Forense; Os participantes devem aprender a conduzir uma investigação científica: observar e levanter suposições; fazer experiências para confirmer hipóteses e recolher, analisar e interpreter dados resultantes das experiências. Apesar destes objectivos serem muito específicos, não foi feita uma avaliação ao nível da sua concretização junto dos participantes, tendo em conta a abordagem de carácter narrativa que foi utilizada na dinâmica do ensino. A narrativa e abordagem imersivas utilizadas permitia aos participantes resolver os casos diários se, e apenas se, fossem suficientemente aptos ao nível das metodologias científicas de modo a poderem formar uma hipótese e com base nessa seleção e experiências obter o maior número de informação possível sobre o caso, crime e/ou agente. Uma abordagem narrativa Os participantes são envolvidos nas premissas e conceitos do Campo Criminal através de uma abordagem narrativa12. No dia da sua chegada, são informados que a polícia local contactou a organização do Campo Criminal solicitando apoio na resolução de alguns casos suspeitos relacionados com um surto na área. Os participantes são sucintamente informados sobre a situação através de um video onde um “falso detective” os informa sobre o caso. Contudo, e tendo em conta que são estudantes, os participantes têm de participar num primeiro dia de formação intensiva, mesmo que básica, sobre Ciência Forense, após o qual lhes é permitido entrar em contacto com as provas, sob supervisão dos professores do Campo. Estão, assim, reunidas, as condições para um dia (Segunda) dedicado a palestras e exercícios, permitindo-lhes o contacto com diferentes áreas da Ciência Forense, investigação do cenário de crime, patologia forense, química forense, assim como segurança laboratorial e outros assuntos que possam estar na ordem do dia. Isto não pretende ser relevante ou directamente relacionado com o caso em estudo durante os dias que se seguiam, mas servir para dar aos participantes uma visão global das diferentes áreas envolvidas na Ciência Forense, assim como contribuir para uma maior imersão na narrativa. No primeiro dia do “caso real” (Terça), os participantes assinam um documento no qual atestam o reconhecimento da importância da confidencialidade quando se trata de provas, o que reforça a ideia segundo a qual estão a trabalhar com casos reais. Algumas conversas posteriores com os professores do Campo reflectem que os participantes efectivamente aceitam os casos como reais ou, no mínimo, estão disponíveis em encarar os casos dessa forma, tendo em conta a formalidade e realismo incutidos pela Organização. O Campo Criminal tem três dias dedicados ao caso, todos eles estruturados de forma muito similar. Depois de uma breve sessão plenária sobre o caso do dia, os 37 participantes distribuem-se em três equipas de 15, sendo a cada uma atribuída uma prova física e relatórios do caso, ambos relevantes para o assunto do dia. Um dos grupos assumiu o papel dos patologistas forenses/medicos examinadores, um gupo os químicos forenses/toxicologistas e outro grupo analistas do cenário do crime/equipa da polícia forense. Cada grupo era ensinado e orientado por uma equipa de três professores, especialistas no assunto – no nosso caso medicos/estudantes de medicina, químicos e físicos, respectivamente. Os papéis desempenhados pelos participantes rodavam todos os dias, de modo a que todos os participantes possam envolver-se em todas as temáticas. O dia de trabalho teórico-prático decorria em equipas, após o qual cada equipa tem uma sessão plenária com os seus professores para discutir e interpretar o trabalho realizado durante o dia, assim como preparar a sua apresentação junto dos outros grupos. Finalmente, realiza-se uma sessão plenária interdisciplinar, na qual cada equipa apresenta os seus resultados aos colegas, proporcionando um momento de debate. Em cada um destes momentos, verifica-se um foco na apresentação e interpretação dos resultados, mais do que propriamente no trabalho realizado, para melhor desempenharem o seu papel enquanto cientistas forenses, como peritos e consultores capazes de partilhar as suas descobertas com profissionais de outras áreas. Esta abordagem foi escolhida para facilitar a reflexão sobre a interpretação dos resultados, ao invés de um processo apenas orientado para os resultados. Um exemplo: investigação de uma doença relacionada com drogas Na sessão de apresentação, os participantes são informados que um toxicodependente e pequeno criminoso tinha sido encontrado morto em casa. Drogas suspeitas e outros fármacos foram descobertos na cena do crime e levados como provas. Aos químicos foram entregues amostras das drogas suspeitas, assim como amostras de sangue e de urina do defunto. Aos analistas do cenário do crime foi solicitada a investigação do local e a identificação da hora do óbito. Aos patologistas foi solicitada a autópsia. As investigações Os patologistas participaram em palestras sobre anatomia e funcionamento do sistema nervoso e circulatório e dissecaram blocos de orgãos de suinos contendo orgãos internos. O analista da cena do crime participou em palestras e experiências sobre transferência de calor e de frio de modo a permitir-lhes estabelecer a hora do óbito a partir da temperatura do corpo através da utilização do nanograma Henges 13. O químico assistiu a palestras sobre química analítica básica e cromatografia e investigou as amostras biológicas suspeitas da cena do crime utilizando cromatografia em camada fina (TLC) 14 e grupos de análise funcionais. O ensino da Química Uma palestra com a duração de uma hora sobre química analítica e cromatografia utilizou amostras de diferentes drogas e toxinas como exemplo da variedade de estruturas comummente identificadas em moléculas biológicas activas, tendo 38 também contribuído para o debate sobre como identificar as mais comuns através das suas reacções específicas e atributos. Com base nas amostras biológicas, os conceitos de interferência e separação através da cromatografia foram introduzidos através dos conceitos de polaridade, afinidade relativa e solubilidade. Esta foi expandida mediante uma cromatografia em camada fina que demonstrou, na prática, com marcadores permanentes, diferentes cores nas placas TLC e desenvolvidas em dois sistemas de solventes, mostrando resultados diferentes, de acordo com a metodologia apresentada na literatura15. Depois disto, seguiu-se a identificação dos pós na cena do crime, com base nos valores Rf, em diferentes sistemas solventes. Os sistemas solventes eram TLC comuns, designados TA e TC15, mas as listas originais de valores Rf foram substituídas por listas especialmente criadas para facilitar a sua utilização por estudantes inexperientes. Os valores Rf foram registados em suportes de 0,05 em vez de 0,01, e com excepção dos alvos analisados, nomes compostos foram pseudo-aleatoriamente designados para minimizar o risco de um falso positiv. Quando os participantes tinham uma ou mais sugestões para identificar um composto, eram sensibilizados para a teoria e para a utilização de testes que possam confirmar ou refutar a identificação sugerida. Os resultados eram, então, utilizados para promover um debate sobre as propriedade químicas e farmacológicas do composto identificado e como estes se podem relacionar com o caso em mãos. O teste executado pelo grupo consistia em: teste de solubilidade na água, etanol, solução de ácido clorídrico e solução de hidróxido de sódio; teste para ácidos carboxilicos por observação da evolução do gás com solução de hidrogenocarbonato de sódio; teste para grupos carbonila por 2,4 – dinitrofenilhidrazina; teste de esteres por hidrólise com hidróxido de sódio: testes para álcool e aldeídos por dicromato de potássio acidificado e teste para aldeídos com reagente de Tollens. Todos estes testes são bem conhecidos e utilizados no ensino secundário na área da Química. Foi feito um ponto de situação dos testes, embora fosse esperado que os resultados fossem negativos a partir da substância sugerida, assim como discutida a informação e os respectivos resultados positivos e negativos. No fim do trabalho em laboratório, na sessão plenária sobre química, os resultados apurados por cada um dos grupos foram debatidos e relacionados, e preparada uma sessão para a sessão plenária do grupo, com a presença dos supervisors para responder a questões e ajudar a interpretar os dados. Paralelamente, os participantes são encorajados a pensar em termos de resultados e conclusões, mais do que processso propriamente ditto. A sessão é também utilizada para preparer questões para as outras disciplinas, reflexões posteriores e qualidade da prova. Resultados e discussão Aos participantes foi solicitado o preenchimento de um inquérito (uma escala de 5 pontos) sobre o Campo Criminal. O inquérito inclui perguntas sobre o gozo dos participantes relativamente ao Campo, o seu contributo para o seu dia-a-dia, 39 logística, interdisciplinaridade, aplicabilidade, etc. O inquérito tem por objectivo dar a conhecer a visão dos participantes relativamente ao Campo Criminal e foi conduzido de modo a que a experiência destes durante o Campo seja conhecida em detalhe. Os resultados do inquérito estão aqui apresentados com um foco na perpsectiva dos participantes no que diz respeito à sua experiência do ponto de vista académico ao nível da química e da sua aplicabilidade na sua formação futura. Durante a interpretação dos resultados é importante não esquecer que não foi feito qualquer inquérito prévio e que, como referido anteriormente, o formulário de inscrição denota uma certa tendência ao nível do perfil dos visitants para terem uma opinião positiva sobre os conteudos leccionados e a Ciência Forense. Muitos dos resultados de avaliação aqui apresentados não são respostas relativas que impliquem uma comparação entre as respostas dos participantes antes e depois do Campo, mas sim respostas baseadas na experiência no Campo. Tendo em conta que o género não constitui um parâmetro de avaliação do envolvimento, nada foi feito no sentido de apresentar alguma distinção entre géneros e, a partir daí, comparar as suas respostas. De acordo com os resultados do inquérito, todos os participantes consideraram a experiência no Campo Criminal positiva, sendo que 80% respondeu ter gostado muito do Campo e 20% simplesmente gostado. Muitos participantes acrescentaram comentários sobre a sua experiência no Campo Criminal ao inquérito, a exemplo destes: “Acho que é um conceito fantástico. Nesse sentido, foi uma experiência para a vida.” E “O Campo superou em muito as minhas expectativas. Nunca pensei contactar com tantos conceitos, não só nas palestras como também nas aulas” [Tradução do dinamarquês pelos autores] Perguntamos aos participantes qual a sua opinião sobre o programa académico de um modo geral e sobre cada um dos tópicos, em particular (Química, Física e Biologia). O programa académico foi do agrado de 98% dos participantes, quer muito ou pouco. No que diz respeito à Química, 36% concordaram fortemente e 47% consideraram ter ganho muitos benefícios ao nível do ensino da Química (ver figura 13). Estes resultados demonstram que os participantes no Campo Criminal adquirem uma grande experiência participando nesta iniciativa. 40 Figura 11: os benefícios no domínio da Química identificados pelos participantes na sequência da sua participação no Campo. Estes resultados indicam que os participantes no Campo Criminal consideram ter adquirido uma grande experiência na sequência da participação nesta iniciativa. Quando perguntamos aos participantes se consideravam que a experiência adquirida no Campo era útil à sua formação e vivência diária, 54% dos participantes concordaram enquanto 14% concordaram que, de alguma forma, a sua experiência no Campo foi útil à sua formação e à sua vivência diária (Figura 14 ). Interpretamos esses resultados como o reflexo de que o Campo não só contribui para a sua formação mas também lhes proporcionou uma nova perspectiva sobre a Ciência que é divulgada no cinema e na televisão. Isto pode querer dizer que os participantes adquiriam literaria científica. 16_ENREF_16, mas faltando dados anteriores ao inquérito, isto não pode ser encarado como garantido. Figura 12: Os participantes consideram que as sua experiências no Campo foram úteis para a sua formação. 41 A utilidade da participação no Campo Criminal foi igualmente expressa na resposta relacionada com o futuro profissional. A maioria dos participantes (83%) respondeu ter adquirido competências durante o Campo (Figura 15), que acreditam ser úteis para o seu futuro profissional, sendo que assumem que gostariam de seguir uma carreira no domínio de um dos domínios da Ciência Forense que experimentaram. Isto foi também reflectido num dos comentários deixados por um dos participantes “Conheci muitas perpsectivas de diferentes disciplinas que me agradaram. Considero que poderei utilizar muito do que aprendi aqui no futuro.”[Tradução do dinamarquês pelos autores] Figura 13: A utilidade da experiência dos participantes no Campo Criminal está reflectida na questão sobre o futuro professional. A maioria dos participantes (83%) respondeu que considera ter adquirido muitas competências durante a experiência no Campo que acredita poderão ser úteis no seu futuro profissional. Para além do ensino e supervisão dos participantes, uma outra dimensão importante do Campo é a interacção social entre os participantes e a organização. Nesse sentido, é possível aos participantes colocarem questões sobre a vida, formação, oportunidades de carreira e similares, num ambiente informal , privado e debater assuntos cientificos e pessoais, assim o entendam. Isto contribui para que os organizadores assumam um papel positivo junto dos participantes, influenciando as suas escolhas formativas e ocupação futuras, um aspecto que consideramos muito importante no que diz respeito às responsabilidades atribuídas aos organizadores, no contexto de um Campo de Ciência. Conclusões e perspectivas No final deste estudo, foi possível concluir que o Campo de Ciência tem um efeito positivo sobre os participantes no que diz respeito à sua atitude relativamente à Ciência no geral, e à Ciência Forense em particular. De acordo com as respostas de “texto livre” dadas no inquérito, foi possível verificar que os participantes gostaram de trabalhar com a Ciência num contexto interdisciplinar e que consideram ter 42 adquirido conhecimentos ao nível das matérias leccionadas e literaria científica, de um modo geral. Estas conclusões são sustentadas pela experiência dos professores que trabalharam com os participantes ao longo da semana e que partilharam diariamente essas experiências com a Organização do Campo, durante as sessões de planeamento. De um modo geral, os resultados do inquérito demonstram que os participaantes gostaram de participar no Campo Criminal, tendo adquirido competências académicas e pessoais no decurso da experiência. O interesse demonstrado pelos diferentes temas abordados pode ser atribuído ao uso da Ciência Forense num contexto narrativo como uma forma de demonstrar a aplicação e utilidade dos métodos científicos. Agradecimentos Os autores gostariam de agradecer a todos a equipa do Campo Criminal de 2011 por todo o esforço e pelo excelente desempenho enquanto voluntários. Um agradecimento à University de Southern Denmark e aos patrocinadores e apoios do Campo Criminal. Um agradecimento em particular ao Instituto de Medicina Forense pelo apoio na organização de palestras e ofertas. Este artigo é parcialmente financiado pelo ProgramaEU Interreg 4a, no Sul da Dinamarca, Schleswig and K.E.R.N. Referências Rocard, M.; Csermely, P.; Jorde, D.; Lenzen, D.; Walberg-Henriksson, H.; Hemmo, V., Science Education Now: A Renewed Pedagogy for the Futuro de Europe. Defice for Deficial Publications de the European Communnities: Belgium, 2007. Busch, H., 15-åriges interesse for naturvidenskab, teknologi og naturfag i skolen: De første resultater fra den danske ROSE-undersøgelse. Forskningsenhed for Naturfagsdidaktik ved Danmarks Pædagogiske Universitet: Denmark, 2004. 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No contexto do Norte da Europa, a literacia é descrita em três dimensões: “produto” (conhecimento de teorias científicas e conceitos básicos); “processo e método” (compreensão do processo e natureza da investigação científica); e “instituição social” (compreensão do impacto da Ciência e da Tecnologia no indivíduo e na sociedade) (Sjøberg, 2012). As dimensões foram operacionalizadas em questões directamente relacionadas com a experiência no Campo de Ciência. O tema do Campo de Ciência com a duração de três dias foi a Ciência e a Alimentação. O Campo de Ciência repetiu-se quatro vezes durante o outono de 2014. Os participantes nos quatro Campos de Ciência eram provenientes de escolas do ensino secundário. Os participantes (n=115) preencheram um questionário, antes e após o Campo. A análise do Campo de Ciência permitiu verificar um impacto positivo no que diz respeito à Literacia Científica. Verificaram-se alterações muito positivas no grupo. Numa perspectiva mais individual, a observação mais recorrente por parte dos participantes diz respeito ao reconhecimento do impacto desta experiência nas três dimensões da Literacia Científica (produto, processo e método, instituição social). Estes resultados reflectem uma análise quantitativa, a nível nacional na Dinamarca, sobre a eficácia dos Campos de Ciência, ao nível da aprendizagem. Resumo estendido Introdução Na Dinamarca, assim como em muitos outros países da Europa, existe um consenso generalizado no que concerne à necessidade de ser feito um maior esforço no sentido de envolver os mais jovens na Ciência e na Tecnologia, assegurando, deste modo, uma necessidade futura (OECD; Osborne & Dillon, 2008). Tendo em conta este objectivo, um dos requisitos ao nível do recrutamento para o exercício de funções no contexto das STEM são os Campos de Ciência (Bischdef, Castendyk, Gallagher, Schaumldefel, & Labroo, 2008; Yilmaz, Ren, Custer, & Coleman, 2010). O Campo de Ciência é uma residência temporária, com pernoita incluída, para pessoas/viajantes, onde a Ciência é comunicada e as actividades científicas executadas (Fields, 2009; Irwin, 1950; Mittelstaedt, Sanker, & VanderVeer, 1999). Um dos objectivos implícitos em muitos Campos de Ciência é a sua eficácia ao junto dos participantes, no que concerne a Literacia Científica. 45 Neste estudo, a investigação sobre o objectivo ao nível da Literacia Científica está concluído. A pergunta apresentada com este foi a seguinte: “Como é que a participação em Campos de Ciência durante o Ensino Secundário contribui para a Literacia Científica?” Nesta abordagem, a Literacia Científica é descrita em três dimensões: “produto” (conhecimento de teorias científicas e conceitos básicos); “processo e método” (compreensao do processo e natureza da investigação científica); e “instituição social” (compreensão do impacto da Ciência e da Tecnologia no indivíduo e na sociedade) (Sjøberg, 2012). Esta descrição de Literacia Científica é bem aceite nos países nórdicos. As dimensões foram operacionalizadas em questões directamente relacionadas com a experiência no Campo de Ciência. Metodologia Foi implementado um questionário com o objectivo de medir o conhecimento e a atitude no que concerne à Literacia Científica, com perguntas abertas e fechadas. As perguntas fechadas apresentavam uma escala de Likert com 5 valores (Likert, 1932), enquanto as perguntas abertas foram analisadas sob um ponto de vista qualitativo, atendendo ao seu conteúdo (Hsieh & Shannon, 2005). O questionário foi distribuído aos participantes (n=115) durante os quatro Campos de Ciência, no Outono de 2014, todos subordinados à mesma temática: Ciência e Alimentação. Foi concebido um pré-teste e um pós-teste para medir eventuais alterações ao nível da attitude no que concerne a Literacia Científica. As concretizações dos Campos de Ciência são analisadas através de pré e pós-testes (Al-Duwis et al., 2013; Bischdef et al., 2008; Crombie, Walsh, & Trinneer, 2003; Foster & Shiel-Rolle, 2011; Sullivan, 2008). No primeiro dia do Campo de Ciência, o programa é apresentado aos participantes e, no final da sua experiência no Campo de Ciencia, é-lhes apresentado o mesmo instrumento, como sendo a ultimo actividade do Campo de Ciência. Informação de carácter demográfico foi igualmente recolhida, nomeadamente a idade e o género. Até agora, não foi desenhado qualquer teste para uso específico num programa experimental, residencial (Campo de Ciência) com o objectivo de medir alterações ao nível da Literacia Científica. Cada questionário tinha uma grelha de respostas tornando possível comparar as respostas dadas nos dois momentos (pré e pós), a nível individual. As respostas foram analisadas através do Wilcoxon Signed Ranks Test e do SPSS 22 (IBM, 2013), com o intuito de explorar o impacto na atitude dos estudantes, no que concerne à Literacia Científica e verificar se o mesmo foi significativo. Resultados Uma análise preliminar das respostas dos estudantes dos Campos de Ciência revela que o Campo de Ciência tem um impacto no que concerne à Literacia Científica. 46 No que diz respeito aos grupos, a avaliação do Wilcoxon Signed Ranks revela um impacto significativo no que diz respeito à Literacia Científica. Ao nível individual, a nota mais comum no que diz respeito ás respostas dadas pelos estudantes revela que os mesmos consideram existir um impacto positivo nas três dimensões (produto, processo e método, e instituição social) (54%). A segunda nota mais comum revela que o Campo de Ciência tem um impacto positivo em três dimensões (produto e instituição social) (24%). A dimensão “processo e método” não foi efectada nem possui um efeito negativo, de acordo com as respostas dos estudantes. Debate e Conclusões A interpretação dos resultados permite-nos concluir que os Campos de Ciência podem ter um impacto junto dos estudantes do ensino secundário, no que concerne à Literacia Científica. Tal como é possível verificar através da análise das respostas dos estudantes, parecem existir algumas inconveniências entre eles, enquanto grupo, que aumentaram significativamente, mas em termos individuais 24% revela uma estagnação ou perda na dimensão do processo e do método. Este pode constituir-se como um aspecto a aprofundar em futuras investigações em que melhorias possam ser identificadas. O impacto positivo dos Campos de Ciência é globalmente apresentado na literatura existente (Crombie et al., 2003; Fields, 2009). Existem várias avaliações do programa do Campo de Ciência (Konur, Seyihoglu, Sezen, & Tekbiyik, 2011; Markowitz, 2004). Para esses foram desenvolvidos vários instrumentos para avaliar o impacto dos programas dos Campos de Ciência. Potvin and Hasni (2014) “encorajam os investigadores a utilizar tópicos ou instrumentos já disponíveis, tais como o SMQ2, o TOSRA, entre outros, os quais permitem obter comparações interessantes”. Neste contexto, cada estudo poderá contribuir de forma específica para o todo, e não com uma mera reinvenção. Os Campos de Ciência são cada vez mais reconhecidos como um cenário com um enorme potencial no que diz respeito ao desenvolvimento de uma maior aproximação relativamente à Ciência e às realizações científicas. Com esta consciencialização, surge um novo convite para esats matérias. Este estudo procurou operacionalizar a Literacia Científica e acrescentar algo ao que os os participantes adquirem no contexto de um Campo de Ciência. Referências Al-Duwis, M., Al-Khalifa, H. S., Al-Razgan, M. S., Al-Rajebah, N., Al-Subaihin, A., & Ieee. (2013). 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Caso de estudo do Campo de Ciência na MartinLuther –University, Halle, Alemanha 2015 Este capítulo é da responsabilidade do parceiro alemão Martin Lindner, da MartinLuther-University e permite conhecer o perfil dos participantes no Campo de Ciência e a sua opinião sobre perspectivas de trabalho. Resuno 1. Dados sobre a Organização 1.1 Introdução 1.2 Localização 1.3 Participantes 1.4 Tópicos 2. Metodologia do Caso de Estudo 3. Resultados 3.1 Motivação 3.2 Contexto familiar 3.3 Perspectivas profissionais 4. Relatórios de entrevistas: etrevistas informais com estudantes em… 4.1 Campo de Ciênca de Ankara, Turquia 4.2 Campo de Ciência de Halle, Alemanha 4.3 Campo de Ciência de Heide, Alemanha 1. Dados sobre a Organização 1.1 Introdução Em 2015, a equipa da Martin-Luther-University em Halle, Alemanha, organizou três Campos de Ciência durante as férias de verão, com a duração de 5 dias cada. Em Ankara, o programa funcionou durante 5 dias, mais 2 adicionais para visitas turísticas. Para além da experiência de carácter científico, os Campos promoveram visitas a locais relacionados com os vários tópicos, como centrais eléctricas, quintas, unidades de reciclagem, etc. Cada Campo de Ciência foi preparado e orientado por uma equipa constituída por 6 a 9 pessoas, professores, estudantes de doutoramento, estudantes de ensino ou formadores para jovens. Estas pessoas variaram de acordo com a localização e os tópicos, à excepção de dois casos. 1.2 Localização 1. Campo Internacional de Ciência em Ankara, Turquia (Participantes: 15 Alemães, 5 participantes turcos) 2. Campo Internacional em Halle, Alemanha (Participantes: 30 Alemães, 15 Turcos, 3 Macedónios, 2 Eslovacos e 1 Checo) Campo de Ciencia em Heide, Alemanha (45 participantes Alemães) 1.3 Participantes Todos os Campos tiveram cerca de 50% participantes de cada sexo, com idades compreendidas, na sua maioria, entre os 14 e os 16 anos, alguns com 12/13 ou 17/28 anos. A selecção dos participantes foi sobretudo voluntária e de várias escolas, assim com diferentes perfis de participantes, no que à relação com a Ciência diz respeito. Contudo, a maioria mantinha uma relação bastante positiva com a Ciência. Os estudantes Turcos foram seleccionados de uma escola de Ankara tendo em consideração as suas competências ao nível do inglês e a sua atitude positiva relativamente à Ciência. Cerca de 20% dos participantes envolvidos participaram em Campos nos útimos anos, nomeadamente em Halle. . 1.4 Tópicos Todos os Campos de Ciência promoviam três tópicos distintos.Em Ankara, eram participados por todos de modo sequencial, em Halle e em Heide, os estudantes escolhiam um tópico e onde pretendiam abordá-lo. Local Ankara Halle Heide Tópico Mecânica Vida Selvagem Energia Renovável Energia Alimentação Orgânica Alimentação Orgânica Reciclagem Espécies Invasoras Como voar 2. Metodologia do Caso de Estudo Com 27 estudantes (9, 11 e 17 estudantes relacionados com o Campo de Ciência acima mencionado), fizemos “entervistas informais”, ou seja, conversamos com os estudantes individualmente sobre a sua motivação para se juntar ao Campo de Ciência, o seu contexto familiar no que diz respeito à Ciência e as suas perspectivas profissionais. As respostas foram anotadas após as entrevistas, e estão aqui descritas. 3. Resultados As respostas dos estudantes são muito diversificados. 3.1 Motivação No que diz respeito à motivação relativamente à Ciência, verificamos uma grande variedade de razões, umas de carácter mais intrínseco outras mais extrínsecas. Temos estudanes interessados em Ciência “desde sempre” ou que afirmaram possuir “benzina no sangue”. Outros foram enviados pelos pais (sobretudo as mães). Um terceiro grupo, foi seleccionado pelas suas escolas para se juntar ao Campo de Ciência, pelo facto de revelarem algum talento nessa área. 50 A maior parte dos entrevistados estão envolvidos com experiências científicas, actvidades técnicas ou assistem a programas relacionados com a Ciências nos seus tempos livres. Estas actividades eram acompanhadas, em alguns casos, pelos avós, irmãos mais velhos ou pelos pais. Alguns alunos descreveram as aulas na áreas da Ciências como sendo motivadoras, sendo que alguns consideraram que essa mesma motivação varia em função dos professores e das matérias leccionadas. Quatro raparigas relataram que o seu interesse pela Ciência aumentou com a mudança de professor, agora com um perfil mais motivador. 3.2 Contexto familiar O contexto familiar de 25% dos parceiros entrevistados estava relacionado com a Ciência e a Tecnologia, incluindo professores de Ciência ou avós envolvidos com temáticas Científicas. Num dos casos, a tradição familiar estava directamente envolvida com uma famosa fábrica de químicos. Alguns estudantes referiram que os seus avós ou tios apoiaram experiências científicas ou tecnológicas em casa, coalborando com eles. Alguns alunos disseram-nos que tinham animais de estimação,o que motivou o seu interesse pela Ciência. 3.3 Perspectivas profissionais A maioria dos participantes tem um percurso em mente, relacionado com a Ciência ou a Tecnologia, desde técnicos até investigadores. Alguns são alunos com excelente aproveitamento, aspirantes a uma carreira na área da medicina, especialmente os alunos provenientes da Turquia, sendo que esta é também uma carreira na área da Ciência. Alguns estudantes pretendem tornar-se professores na área da Ciência, alguns no ensino primário. Outras escolhas em termos de profissão recaem na arquitectura, política, fotografia ou direito. A questão sobre em que medida o(s) Campo(s) de Ciência(s) influencia a sua opção profissional não obteve respostas muito claras. Tudo aponta para que a decisão estava tomada mesmo antes de participarem nos Campos. O que quer dizer que o Campo de Ciência contribui para solidificar a decisão. 4. Relatórios de entrevistas 4.1 Entrevistas informais com estudantes no Campo de Ciência de Ankara Um aluno Turco (10º ano) disse estar fascinado com as séries de televisão sobre animais desde os 7 anos de idade. Ele pretende estudar Biologia, os seus animais de eleição são os caracóis e os insectos. Ele não os procura na natureza, mas 51 pesquisa sobre eles na internet. Os seus pais não estão relacionados com a actividade científica, nem mesmo em termos académicos. Ele também se interessa por línguas e aprende alemão, para além do inglês. Um rapaz da Alemanha (16) diz: Tenho benzina no meu sangue. Pretende formar-se em engenharia mecânica. Dedica-se aos carros há vários anos frequentando workshops com o seu avó. Comprou uma mini-motoreta e gostava de trabalhar nela. Uma rapariga alemã (15) pretende enveredar pela política e está interessada na visita à Turquia. Não está tão interessada em Ciência. Viaja muito com os pais e visitou a Turquia anteriormente. Os seus pais não estão envolvidos com a Ciência, mas a sua mãe trabalha na Universidade. Teve uma experiência no Parlamento. Um rapaz alemão (15) participa no Campo de Ciência pela terceira vez. Percorreu 500 km para poder participar. Dedica-se à Química, algo que começou na escola de Química. No 7º ano, era aborrecido, mas desde o 8º ano é mais interessante, privilegiando o raciocínio e os resultados de pesquisa. Os pais não estão envolvidos na Ciência. Uma rapariga alemã (18) terminou a escola e pretende tornar-se arquitecta. Interessa-se por edifícios desde há muitos anos e debate com a sua mãe questões relacionadas com esta temática. O seu exame final não foi dos melhores, sendo que a sua vontade em estudar arquitectura é possível porque a universidade onde pretende ingressar não apresenta limitações (NC). Os seus pais sugeriram que fizesse uma formação na área da consultoria aplicada à construção (Bauingenieur), mas ela está sobretudo interessada na arquitectura. Ela tem um tio arquiteto, com muito trabalho. Ele trabalha parcialmente na gestão de edifícios urbanos e por contaprópria em arquitectura. Um rapaz alemão (15) tem feito formação numa fábrica de químicos. Pretende tornar-se um profissional nessa área (“Chemikant”). Brinca com jogos relacionados com Química desde os 8 anos. O avô costumava ajuda-lo. Descobriu que o avô trabalhou na mesma fábrica antes de se reformar. Ele já está empregado num Laboratório Químico – “Kombinat” – do GDR. Teve a sua formação de carácter vocacional após um estágio profissional de 14 dias, organizado pelo próprio. Ele necessita terminar a escola no próximo ano para depois começar na empresa. Uma rapariga alemã (16) receia não poder tornar-se professora primária porque o “numerous clausus” é demasiado elevado. Procuramos convence-la a manter a mesma vontade porque ela é muito talentosa e entusiasta. Ela fez a sua orientação vocacional numa escola primária (a mesma que frequentou enquanto criança) e a professora apoio o seu desejo, para além de ter sublinhado que ela será uma boa professora. 52 Outro estudante alemão (16) pretende tornar-se professor primário. Ele dedica-se ao Alemão, à Matemática e à Ciência e pretende tornar-se aluno da nossa Universidade. Um estudante alemão (17) participa no Campo de Ciência pela segunda vez. Ele participou no Schleswig-Holstein há dois anos atrás, visitou uma escola de verão para alunos talentosos, na óptica da microbiologia. Pretende tornar-se m diplomata ou estudar Química. Os pais são professores; a mãe é responsável pela formação de professores. 4.2 Entrevistas informais em Halle, Alemanha Uma estudante do sexo feminino, com 17 anos, participa pela terceira vez. Pretende tornar-se professor de Matemática ou Física ou Religião. Os pais são um professor e um financeiro. A sua experiência escolar é conduzida na lógica do professor que ensina os conteúdos. Outra aluna do sexo feminioe, com 17 anos, pretende ingressar em Medicina. Os pais não estão relacionados com a Ciência, trabalham na área da Gestão. Um rapaz alemão, que participa no Campo pela segunda vez, com 15 anos de idade, pretende formar-se em Física, mas este tema não constava do programa deste Campo. Ele gostou do primeiro Campo e era um especialista na pilotagem de drones. Ele é interessado em Ciência desde há vários anos, sobretudo na área da Astronomia. Não há um motivo específico, já é assim há muito tempo. Um outro rapaz alemão qie participa pela segunda vez (12), é um bom aluno e interessado em Ciência (desde sempre). Ainda não tomou uma decisão relativamente ao futuro. Um outro rapaz alemão tomou conhecimento através da mãe de um primo e ambos acabaram por se inscrever pela primeira vez. Ele é interessado em Ciência, sobretudo na área da Física, porque esta explica o mundo. Tem as segundas melhores notas na área das Ciências e a melhor nota em Matemática (1). A Biologia não é tão interessante, porque as plantas e os animais também não são assim tão interessantes. Os pais não estão relacionados com a Ciência, trabalham na área das Finanças. Nem os irmãos mais velhos influenciaram os seus interesses. Um rapaz turco (16) é interessado em Ciência e pretende formar-se em Engenharia Electrónica. O pai é engenheiro electrónico. Ele brinca e trabalha com eletrónica desde os 10 anos. Ele não joga no computador, mas usa programas, videos e tem ferramentas electrónicas. 53 Uma rapariga alemã (16) participa pela terceira vez. Ela gosta do “ambiente”, quer rever os amigos. Participou nos tópicos “Alterações climáticas”, “Voo” e agora “Alimentação Orgânica”. Pretende desenvolver uma actividade relacionada com animais ou confeitaria. Uma rapariga turca (15) pretende tornar-se médica. Em casa, tem cavalos e um pequeno aquário. Os pais não estão relacionados com a Ciência, mas na área militar e financeira. Ela é boa na área das Ciências e sente-se muito atraída pela forma interessante como os seus professores de Ciência conduzem as aulas. Uma rapariga turca (15) é filha de pais advogados. Ela não sabe o que pretende fazer no futuro e os não pais recomendam o Direito. Ela está disponível para qualquer área. Prefere o Campo à escola porque no primeiro pode fazer experiências, o que não acontece na sala-de-aula. No entanto, a sua professora é muito entusiasta e conduz as aulas de forma muito interessante. Isto também contribui para o seu interesse pela Ciência. Uma rapariga da Macedónia, com 18 anos, estava muito entusiasmada com a possibilidade de conhecer pessoas durante as visitas. Desse modo, é possível ver o que os Cientistas fazem, efectivamente. Ela pretende formar-se em Psicologia (BA). O pai é engenheiro. A mãe era jornalista, mas agora trabalha com o marido. Uma rapariga com 18 anos, da Macedónia, tem um pai engenheiro que a ajudou imenso a compreender a Física e a Matemática. Ela pretende dedicar-se ao estudo molecular e genético. Gosta de conversar com os participantes e colaborar com estes, treinando também o seu alemão. Considera que o ensino nas escolas depende sobretudo dos professores. 4.3 Entrevistas informais em Heide, Norte da Alemanha Um rapaz com 14 anos, de uma escola básica, cujos pais não estão relacionados com a área da Ciência. O pai é carpinteiro, mas actualmente a trabalhar na área da Gestão, a mãe é auxiliay num jardim de infância. Ele tem interesse em Psicologia, tendo sido seleccionado pela sua escola, a qual paga a inscrição no Campo. Ele não está incluído em nenhuma actividade em casa ou na escola. Quatro raparigas, com idades compreendidas entre os 14 e os 15 anos, foram também seleccionadas pelas escolas ou pelas suas mães. Têm interesse pela Ciência, especialmente pela área da Biologia. Consideram que o ensino na escola está demasiado dependente da professora. Duas raparigas com 14 anos de idade, de uma ilha (a primeira ilha energeticamente autónoma) estão sobretudo interessadas em workshops na área da energia. Os pais 54 não estão relacionados com a Ciência, um deles é agricultor, o outro cozinheiro. Pretendem tornar-se cientistas, mas para isso têm de mudar-se para o continente, dado que a ilha não possui escolas para esse fim. Numa das visitas a uma quinta orgânica, uma das raparigas perguntou ao proprietário se é possível fazer um estágio na propriedade. Uma rapariga com 15 anos, há dois anos que participa no Campo de Ciência. Como não conseguiu participar no workshop de voo, ela quis voltar. Já decidiu que quer tornar-se um técnico criminal desde há um ano, mas agora está plenamente convencida. Vai desenvolver a sua orientação profissional de carácter prático na polícia, dado que, como não tem ainda 16 aos, está impedida de trabalhar nos laboratórios. Quer estudar bioquímica, tendo em conta que não existe, na Alemanha, uma formação específica ao nível da técnica criminal. Os pais não estão envolvidos na área da Ciência ou Tecnologia. Na escola, frequenta um curso de enriquecimento, o que a judou ao nível da Ciência. Foi, sobretudo, influenciada por series de televisão como a Investigação Criminal. Considera o episódio com um drone muito interessante. Pretendia que um dos líderes a ajudasse a programar o drone, mas não foi possível. Pouco depois, ela estava em condições de pilotar o drone com o seu colega. Foi uma excelente conquista para as duas raparigas. Um rapaz com 16 anos, veio da Ucrânia há um ano atrás. Tem interesse pela Matemática e pela Ciência e pretende formar-se em arquitectura, também para reconstruir algumas cidades destruídas na Ucrânia. Uma rapariga com 15 anos, que cresceu em diferentes famílias de acolhimento e em lares e orfanatos, pretende tornar-se professora de Matemática e Física. Não tem a certeza sobre como concretizar esta ideia, tendo em conta que não está numa Academia, mas esta é a sua vontade. Apresentei-lhe a possibilidade de iniciar os estudos universitários sem fazer os exames finais, depois de frequenter uma formação de carácter vocacional. Um rapaz de 15 anos dedica-se ao estudo de Arquitectura ou Artes. Ele também é bom em Ciências, mas o seu gosto por esta área está muito dependente dos professores que ensinam Biologia, Física ou Química. 55 7. Reconstrução educativa e cooperação na Ciência Este capítulo é da responsabilidade de Linda Ahrenkiel e Morten Rask Petersen, SDU. Este capítulo é uma tradução de uma antologia dinamarquesa sobre comunidades de aprendizagem profissional publicadas em Dafolo. Através deste relatório é possível verificar que os participantes são afectados, de alguma forma, pela participação nos Campos de Ciência. Mas também os professores dos Campos de Ciência estão focados nisso. Este capítulo mostra os resultados de um estudo sobre os benefícios dos professores envolvidos em comunidades de aprendizagem profissional. Introdução Uma das características das comunidades de aprendizagem profissional é a cooperação (Albrechtsen, 2013). A cooperação pode ser descrita como o trabalho individual/profissinal (de alguém) em colaboração om outro ou alguma coisa. A cooperação em relação às comunidades de aprendizagem profissional é frequentemente descrita em termos de prática diária na escola. É também aqui que a maior parte do trabalho desenvolvido pelas comunidades de aprendizagem profissional tem lugar. Contudo, implica também que as novas escolas desenvolvam a cooperação com a comunidade em redor mas também novas constelações (UVM). Neste capítulo alteramos o foco da prática diária para outras de carácter extraordinário e olhamos para a forma como a colaboração entre indivíduos sobre determinados temas pode desdobrar-se no seu trabalho com particular incidência nas Ciências Naturais. Isto é demonstrado com um Campo de Ciência, a título de exemplo. O caso apresentado é sobre o desenvolvimento de materiais de ensino nos Campos de Ciência. Aqui os estudantes universitários trabalham intensamente sobre um tema no âmbito das Ciências Naturais num contexto fora das aulas diárias e onde dispendem, inclusivamente, os serões. Neste caso, consideramos que os professores precisam juntar-se para desenvolver novas metodologias de ensino e tomar contacto com novos conhecimentos científicos. Este capítulo está estruturado em cinco partes. Na secção seguinte, é feita uma breve descrição do contexto e apresentadas as possibilidades de cooperação com qualquer pessoa relacionada com o caso. Na terceira secção, um especial foco sobre como a teoria da reconstrução educacional pode desempenhar um papel importante ao nível da colaboração no domínio da Ciência, o caso é descrito com maior detalhe na secção, onde podemos também verificar a percepção dos professores com base num inquérito. Finalmente, reflectimos sobre o modo como esta cooperação pode contribuir para o desenvolvimento das comunidades de aprendizagem profissional, no domínio da Ciência e, talvez até, no domínio de outras matérias. 56 Colaborar com outros As formas de colaboração estão descritas de muitas maneiras na literatura existente (Albrechtsen (2013), Hargreaves (2002), PRÖBSTEL & Soltan (2012)). A cooperação pode ter lugar de muitas formas. Albrechtsen (2013) apoia-se PRÖBSTEL & Soltans (2012) para apresentar uma classificação distribuída por três níveis: i) troca; ii) Divisão ou sincronização; iii) uma construção que requer muito mais do que uma mera troca de ideias ou materiais (Ver Figura 14). Formas de Cooperação Troca Divisão ou sincronização Construção Descrição Os professores informaram todos os participantes sobre os tópicos sobre os quais iam trabalhar, nomeadamente aspectos práticos e eventos. Podemos estar a falar de trocas ao nível dos compoertamentos ou, até mesmo, materiais. Não existe um modelo previamente definido, sendo que a cooperação pode acontecer em qualquer momento. Os professores não têm de trabalhar sobre os mesmos temas, ao mesmo tempo. Os professores coordenam o seu trabalho com os outros. As tarefas e os resultados são alinhados entre eles e distribuídos entre si. Pode ser, por exemplo, uma coordenação dos conteúdos de uma determinada sequência de ensino, do género de uma “educação paralela”, no contexto da qual os professores trabalham com o mesmo tema, sobre diferentes perspectivas ou em diferentes níveis de ensino. Pode haver planeamento conjunto de sessões. Os professores integram os seus próprios conhecimentos ao nível da cooperação (construção), o que acontece no mesmo local e ao mesmo tempo e na mesma sala, ao ponto de se verificar uma aquisição de conhecimentos em simultâneo ou um trabalho em conjunto que permite desenvolver tarefas ou resolver problemas em conjunto. Um objectivo comum é muito útil em termos de tempo e espaço e caracteriza-se por uma clara dependência mútua no que concerne ao alcançar dos objectivos definidos. Figura 14: Três tipos de cooperação (after Albrectsen, 2013: 106-107) Neither Albrechtsen (2013) ou PRÖBSTEL & Sultan (2012) descreve qual o tipo de cooperação que regista maior eficácia. No imediato, há uma tendência no sentido de salientar a troca como a forma mais simples de cooperação e a construção como a mais avançada, mas se um modelo é mais correcto ou gratificante numa comunidade de aprendizgem profissional não é considerado ou respondido. No contexto deste capítulo, defendemos que um dos objectivos da cooperação é o desnevolvimento de uma comunidade de aprendizagem profissional forte. Nesse sentido, uma parceria caracterizada pela “construção” tende a constituir uma comunidade de aprendizagem profissional mais forte do que outra, caracterizada pela “divisão ou sincronização”. No contexto dinamarquês, é tida em consideração a 57 dimensão social no que diz respeito aos alunos e às aulas, sendo que, nesta perspectiva, os professores desempenham um papel essencial no que diz respeito à sensibilização e cooperação. Mesmo sendo considerado cooperação, existe um nível antes da troca, divisão ou sincronização e construção, ou enquanto algo que acontece em paralelo e deve ser debatido. Neste capítulo analisamos a cooperação a partir da figura 17. A figura ilustra graficamente a relação entre o conteúdo da cooperação e a força de uma comunidade de aprendizagem profissional. Tudo aponta para que uma comunidade de aprendizagem profissional seja encarada como reunindo a dimensão social a troca, a divisão e sincronização e a contrução. É a junção destes quatro elementos que constitui a força de uma comunidade de aprendizagem profissional. Uma colaboração que se caracteriza por muitos debates sobre as dimensões sociais não é tão forte como uma comunidade de aprendizagem social, como uma parceria que se pauta por um grande compromisso ao nível da construção. As quatro dimensões estão sempre presente numa comunidade de aprendizagem profissional, mas a sua força depende das dimensões predominantes na cooperação. Figura 15: Diagrama representativo da relação existente entre a força da comunidade na aprendizagem profissional e o conteúdo da cooperação. No âmbito da educação da Ciência, uma grande parte dos professores tradicionalmente desenvolve a cooperação na categoria da “troca”. Isto é referido por Stougaard (2005) de acordo com um estudo de 2003: “.a cooperação dos professores que deve assegurar o desenvolvimento e o ensino de competências ao nível da Ciência, verifica-se frequentemente a um nível informal, na forma de “palavra acção”. (Stougaard, 2005: 98, traduzido do dinamarquês pelo autor)." Numa recomendação para o desenvolvimento do tema Natureza & Técnica (agora Natureza e Tecnologia), esta torna-se mais acentuada enquanto uma faltaao nível da cultura de cooperaçãopara o desenvolvimento da profissão e das competências dos professores: “As escolas dinamarquesas geralmente possuem uma fraca cultura profissional, no que à Ciência diz respeito. Isto é particularmente característico na relação de 58 cooperação entre professores de Ciência e nas conversas profissionais, predominantemente restritas a assuntos de carácter prático, gestão das salas de aula, gestão das colecções e aquisição de materiais e instrumentos de ensino. Na maioria das escolas, esta realidade constitui um quadro muito frequente, sem que a cooperação entre professores vá mais longe do que isto. Por outras palavras, uma cultura que privilegia a solidão profissional do indivíduo e a falta de debate académico, sob a forma de inspiração e partilha de conhecimentos (Andersen, 2006: 26, translated from Danish br the Author)." Esta prática não é particularmente gratificante para o desenvolvimento do ensino, o que não é desejável. – sobretudo não quando a investigação demonstra que a boa cooperação (ensino) se traduz em bons resultados académicos para os alunos (Andersen, 2011). Existem vários exemplos muito positivos de iniciativas de cooperação ao nível da Ciência. Um dos exemplos é a Ciência Municipal onde os consultores municipais de Ciência destacam o aumento da cooperação entre os professores como um aspecto positivo (Jensen & Sølberg, 2012). Cooperar sobre algo A educação da Ciência constitui um desafio, sobretudo no que diz respeito ao desenvolvimento de novos materiais de ensino. A correção do conhecimento gerado no campo da Ciência é abstrato, o que torna estes assuntos pouco acessiveis aos estudantes (Lunetta, HDESTEIN, & Clough, 2007). Para obter novo conhecimento científico, é essencial o desenvolvimento permanente de novos materiais de ensino de modo a tornar esse mesmo conhecimento acessível aos estudantes. Esta é uma das vantagens que identificamos nas comunidades de aprendizagem profissional. Uma ferramenta para produzir esses novos materiais de ensino (materiais, modelos e experiências piloto) é a teoria de reconstrução educacional (Duit, Gropengießer, Kattmann, Komorek, & Parchmann, 2012). Esta teoria corresponde ao ponto de partida para o desenvolvimento de conhecimento didáctico e nós iremos de seguida abordar eta questão. Nesta secção. Iremos apresentar uma breve descrição da teoria de construção educaciona (Duit et al., 2012). Esta teoria tem sido testada em diferentes contextos, no que diz respeito ao desenvolvimento de novos materiais educativos por parte dos docentes. Globalmente, o modelo consiste em três níveis de desenvolvimento (ver Figura 3). O primeiro momento consiste numa análise do campo científico que pretende comunicar e ensinar aos alunos. O aspecto mais importante desta análise é “elementariseringen”, ou seja, ou a análise do que é elementar no novo conhecimento. Para tal, é necessário olharmos para o conhecimento científico como uma entidade complexa, que pode ser dividida em várias partes. Duit e os seus colegas (2012) apresentam, a título de exemplo, o conceito da energia. Aqui, uma análise demonstrou que pode ser produtivo apresentar gaficamente os subelementos da energia a partir dos sistemas de energia, substância, acesso e 59 transferência. Somente depois de identificar o que é elementar é possível começar a desenvolver ideias para a sua disseminação. Um exemplo desse desenvolvimento é reflectido por Scott (2005), onde ele porcura demonstrar que a energia elementar não se inicia no ponto A e se move para o ponto B, mas é um movimento simultâneo de cargas eléctricas ao longo do circuito. Juntamente com os seus colegas, ele alcançou o conceito de “elementariseringen” de um circuito eléctrico enquanto um movimento coeso. Assim, ele alcançou a segunda etapa do modelo, nomeadamente a ideia do desenvolvimento de novos materiais de ensino. Esta etapa é alcançada através do conhecimento sobre as ideias elementares e do material de desenvolvimento de que as pode ilustrar. Segundo o caso apresentado por Scott (2005), ele desenvolve juntamente com os seus colegas um novo modelo através do qual os alunos são juntos com uma corda, formando um círculo. A certa altura, ele pede a um dos alunos para ser a fonte de energia e fazer a corda girar. Os estudantes apercebem-se que é toda a corda que ganha movimento ao mesmo tempo, e não a percepção inicial segunda a qual o fluxo é feito por pequenas bolas, funcionando num circuito + para -. O desenvolvimento deste novo modelo deve ter por base uma investigação pedagógica e didáctica. A Figura 18 mostra essa relação entre uma primeira clarificação e análise dos conteúdos e o seu valor educativo, e o posterior ensino através do uso do conhecimento existente (etapa 2), até que é finalmente avaliado e testado no percurso (etapa 3), voltando depois para as duas primeiras etapas. A reconstrução educativa é, simultaneamente, uma ferramenta para o desenvolvimento de novos materiais de ensino e para o desenvolvimento do conhecimento didáctico dos docentes. Concepção de ambientes de aprendizagem Investigação sobre as perspectivas dos alunos Clarificação e análise dos conteúdos científicos Figura 16: Interacção entre as fases individuais da reconstrução educativa (Duit et al., 2012, translated). 60 Outros exemplos da utilização da reconstrução educativa no contexto do do desenvolvimento de novos maeriais de ensino pode ser observada nos Campos de Ciência, o que ilustramos através de um caso de estudo. Desenvolvimento e organização de um Campo de Ciência como fortalecimento de uma comunidade de aprendizagem profissional Um Campo de Ciência consiste numa estadia de carácter temporário, através da qual a Ciência é comunicada e onde se realizam actividades científicas (Ahrenkiel, in. Prep.). No que concerne às pesquisas realizados no âmbito dos Campos de Ciência, um dos focos consiste na análise dos benefícios resultantes da participação nestas iniciativas, por parte dos participantes, mas parece-nos igualmente interessante abordar os aspectos relacionados com a cooperação entre professores, sobretudo na perpsectiva dos estudos dinamarqueses, segundo os quais a uma boa colaboração entre professores corresponde bons resultados académicos entre os alunos (Andersen, 2011). Se isto também se aplica à organização informal, tal como um Campo de Ciência se apresenta, é interessante observar o aspecto da cooperação no desenvolvimento dos Campos de Ciência. A equipa do Campo de Ciência é constituída por estudantes que, de forma voluntária, ensinam e são envolvidos no desenvolvimento de materiais no Campo de Ciência. De acordo com um inquérito desenvolvido entre 42 Campos de Ciência, os instrutores procuram perceber como a colaboração funciona na prática. Todos os participantes neste estudo fizeram parte de uma equipa de ensino num ou mais Campo de Ciência. Os Campos de Ciência são concebidos para proporcionar aos participantes, na sua maioria alunos do ensino secundário ou superior, uma experiência entusiasmante ao nível da Ciência, a partir de um tema que lhes é sugerido (pode ser uma única disiplina, como a Matemática ou a Química) ou numa lógica interdisciplinar (por exemplo, detecção de crimes relacionados com drogas (ver também Ahrenkiel et al., 2012). Um aspecto comum a todos os docentes é que todos escolheram voluntariamente colaborar no desenvolvimento e organização do Campo de Ciência. A partir daí, são os próprios professores que determinam os conteúdos e a didáctica. Muitos dos professores são alunos universitários e estão, portanto, familiarizados com a lógica da cooperação e da didáctica. A reconstrução educativa constitui, a exemplo do que verificamos no caso anterior, um aspecto essencial, na medida em que os professores devem ter identificado os elementos essenciais dos tópicos científicos que pretendem abordar juntos dos alunos do ensino básico e secundário. Um aspecto importante é o facto dos professores não possuirem educação formal ao nível do ensino, o que representa algum desconheciemento no que diz respeito à teoria da reconstrução educativa enquanto ferramenta. Um dos grandes benefícios da participação dos professores voluntários nos Campos de Ciência é “a cooperação e a comunicação”. Os Campos de Ciência contribuem para colocar os professores em diferentes situações de cooperação: “compreender 61 as matizes da cooperação”. Assim, a comunicação faz parte da dimensão didática e dos conteúdos: “Usufrui de um óptima experiência ensinando e organizando uma seuqência de ensino” e “a capacidade de comunicar conteúdos académicos e um apresentar um mesmo assunto sob diferentes perspectivas”. Partindo dos benefícios reconhecidos pelos professores, podemos concluir que o Campo de Ciência congrega muitas competências características de uma sólida comunidade de aprendizagem profissional. O ensino é planeado com um elevado índice de cooperação entre os professores e muitos dos conteúdos parecem concebidos especificamente para esta ocasião: (…) os outros professores estavam envolvidos no desenvolvimento de várias tarefas, etc. O que era desenvolvido para o Campo. Estes foram desenvolvidos no contexto de fins-de-semana de trabalho (…). Se os outros professores tinham uma ideia para um material diferente, eles traziam-no, e todos colaboravamos no seu desenvolvimento e produção”. Os professores partilham o seu conhecimento individual ao nível da cooperação (construção), o que acontece no mesmo lugar, ao mesmo tempo, na mesma sala (fins-de-semana de trabalho), ao ponto de se verificar uma aquisição de conhecimento comum, ao trabalho conjunto com o propósito de desenvolver algumas tarefas. A cooperação é, assim, caracterizada pela concepção comum. Alguns materiais educativos, desenvolvidos por uma ou um pequeno grupo de pessoas. Nestes casos, é possível obter feedback dos restantes elementos do grupo: “Antes do Campo se tornar uma casa de verão, onde, entre outras coisas, os professores deram o seu feedback sobre o material preparado”. Nos casos em que os materiais não foram desenvolvidos em conjunto, foi estabelecido um período de tempo e espaço para que fosse possível obter o feedback. Uma das características de uma sólida comunidade de aprendizagem profissional. Mas inconscientemente, estas equipas utilizam práticas de reconstrução educativa. Resumo Neste capítulo, utilizamos um caso que aborda indirectamente a teoria da reorganização didáctica para o desenvolvimento de novos materiais de ensino e ilustra como esta técnica pode contribuir para fortalecer a comunidade de aprendizagem profissional. A Figura 4 mostra um breve sumário com base na descrição do caso. É considerado como um aspecto positivo o facto dos membros da equipa poderem participar com diferentes contributos e que a distribuição geográfica (por falta de espaço e tempo) é um aspecto menos conseguido. Isto é, contudo, superado pelos Campos de Ciência. Além disso, os professores dos Campos de Ciência procuram ter tempo e espaço paa observar e participar nas actividades de ensino entre pares, o que revela uma maior “transparência” ao nível do ensino e um eventual feedback. Isto resulta numa mais sólida comunidade de aprendizagem profissional. Conclusão Neste capítulo, ilustramos o exercício diário de uma prática extraordinária e observamos como a colaboração entre pares sobre um qualquer assunto se desdobra em grupos que trabalham em conjunto sobre o tema específico da Ciência. 62 Um Campo de Ciência, no contexto de uma comunidade de aprendizagem profissional, pode ser entendido como uma concepção comum. Diferente do modelo de ensino mais formal, os instrutores utilizam os Campos de Ciência não como reconstrução educacional, mas como uma ferramenta deliberada para fortalecer a cooperação. Em contrapartida, tudo indica que utilizam insconscientemente a reconstrução educativa e, desse modo, conseguem alcançar uma comunidade com prática com um elevado índice de concepção comum e solidez. Com base nos inquéritos, parece-nos que a solidez da comunidade de aprendizagem profissional tem uma influência decisiva no afastamento do tempo e espaço (estruturas) pela cooperação. Assim, consideramos que os quadros existentes no que concerne à condução dos Campos de Ciência, permite maior tempo e espaço para observar e participar nas aulas uns dos outros, o que se traduz num maior índice de “transparência” ao nível do ensino e a maior feedback entre professores. Daqui emerge uma sólida comunidade de aprendizagem profissional. Descobrimos que os professores precisam reunir-se para desenvolver novas metodlogias de ensino, a partir de conhecimentos já existentes, ou de novos conhecimentos científicos. Neste contexto, é essencial (consciente ou inconscientemente) exercer um foco na reconstrução educativa que pode ser encarada como uma ferramenta em benefício da cooperação, permitindo alcançar um nível mais elevado de construção entre os participantes e, assim, fortelecer a comunidade de aprendizagem profissional. É uma comunidade como esta que permite, através da utilização de ferramentas tais como a reconstrução educativa, o conhecimento sobre novas metodologias profissionais em contexto educativo. Assim podemos olhar para a organização de um Campo de Ciência se queremos trabalhar em conjunto e transportar conteúdos académicos para o ensino diários (formal). Referências Ahrenkiel, Linda; Worm-Leonhard, Martin; Larsen, Anders Foller; Füchtbauer, Laila; Jarnhus, Philip Roland; Petersen, Jeppe Willads; Lautrup-Larsen, Cecilie Hovitz; Hansen, Dennis Lund; Hyldgaard, Mette Gade; Midtiby, Henrik Skov; Laursen, Johan Sund (2012): Retsmedicin i Naturfagsundervisningen - Sagen opklaret, Laboratorium for Sammenhængende Uddannelse og Læring, Syddanks Universtitet Ahrenkiel, L. (2015) (in prep) Science camp og naturfaglige dannelse - Hvorledes deltagelse i en science camp påvirker deltagernes naturfaglige dannelse i review til MONA Albrechtsen, T. R. (2013). 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O M nas STEM - Desenvolver Literacia Científica e Matemática através de um Campo de Ciência baeado na interdisciplinaridade e perguntas Este capítulo é da responsabilidade de Louise Bindel e Martin Lindner da MartinLuther-University Halle-Wittenberg e apresenta o artigo no programa NARST (National Association de Research in Science Teaching) do National Convention de NARST em Março 2014 em Pittsburgh, Estado Unidos da América. Os nossos resultados e os comentários dos estudantes revelam o potencial dos Campos de Ciência de verão. As crianças referem a “diversão” existente nos Campos de Ciência, o que reflecte o seu grau de envolvimento. Adicionalmente, podem ser criadas perspectivas sobre a interacção da Ciência e da Matemática. Para além disso, o entendimento das funções foi alargado. O resultado da nossa pesquisa mostra claramente o desenvolvimento do parâmetro destinado. Mesmo quando o pré-teste revela um índice positivo elevado relativamente aos parâmetros de medição, é possível verificar um aumento. Para além disso, o instrumento oferece uma suficiente comparação de tratamentos, no que diz respeito aos valores da Ciência. Resumo O poster apresenta uma visão geral do desenvolvimento das respostas relacionadas com a Literacia Ciêntífica e Matemática durante um Campo de Ciência no verão, com a duração de cinco dias. Um grupo dedicado ao trabalho sobre as alterações climáticas foi confrontado com tarefas no domínio da matemática, para além dos workshops científicos, enquanto o grupo de controle apenas fazia algumas experiências. A combinação de actividades entre a Ciência e a Matemática permite o desenvolvimento de parâmetros, os quais são medidos através da combinação de inquéritos e entrevistas. O estudo demonstra o impacto do worksho e revela, também,a utilidade dos métodos de investigação. Assunto O crescente interesse nas disiplinas STEM traduz-se numa grande variedade de actividades fora do contexto de ensino escolar. Estas actividades têm dois propósitos: o primeiro é combater a previsível falta de profissionais na área da Ciência (U.S. Department de Labor 2007). O segundo procura permitir às crianças estarem aptas para desempenhar a sua cidadania num mundo marcadamente tecnológico. Na Alemanha, ao nível da engenharia técnica, temos uma amostra de 1000 projectos recentemente apresentados com o objectivo de aumentar o interesse pela Ciência e pela Tecnologia (Deutsche Akademie der Technikwissenschaften 2011). Os resultados mostram que os projectos são, na sua maioria, financiados pela disponiblidade do patrocinador e pela atenção das políticas educativas regionais. Para além disso, é também relatado que as actividades fora do contexto 65 escolar desempenham um papel importante no desabrochar do interesse inicial pela Ciência e pela Tecnologia. Portanto, são um complemento essencial às actividades escolares. A nossa investigação está focada nos Campos de Ciência de verão, realizados desde 2010. Ao longo de 5 dias, as crianças, entre o 7º e o 9º ano, frequentam um de três workshops: Energia, Aviação e Alterações Climáticas. As crianças trabalham num lógica com base em perguntas, constituída por visitas a empresas locais e instituições académicas. Um destes workshops tem por objectivo promover a investigação numa lógica de relação entre a Matemática e a Ciência. A Literacia Centífica e Matemática são consideradas essenciais para uma participação bem sucedida numa sociedade democrática. Um dos aspectos da Literacia Matemática é “a capacidade individual para identificar e compreender o papel que a Matemática desempenha no mundo” (OECD 1999, p. 41). Isto pode ser melhor concretizado com tarefas autênticas, definidas como tendo um contexto figurado, relacionadas com uma situação real, for a da própria Matemática, que já ocorreu ou muito provavelmente pode vir a ter lugar (Palm 2007). Assim como a Ciência lida com efeitos e fenómenos no nosso mundo, isso também pode ser observado na vida real. Para tal, a Ciência transfere uma grande oportunidade para aprender Matemática de uma forma autêntica. Sobretudo, quando os efeitos da Ciência podem ser mostrados através de experiências, o que pode trazer uma situação recente. A vida real está ligada e as tarefas autênticas permitem conhecer em profundidade os conteitos (Doorman and Gravemeijer 2009). Do mesmo, modo, este estudo também pretende abordar esta dimensão, no que diz respeito à Literacia Matemática. Além disso, a actuaização da educação científica tem de enfrentar alguns standards, como a recente introdução do “ “Framework for K-12 Science Education” (NRC 2012). Neste contexto, “a utilização da matemática e do raciocínio computacional” é considerada uma das seis práticas que necessitam de investigação científica (NRC 2012). Mais razões que justificam o ensino integrado da Matemática e da Ciência podem ser encontrados em (McBride and Silverman 1991). Estas são as aproximações da Matemática e da Ciência como sistemas de pensamento; os exmplos concretos que a Ciência proporciona sobre as ideais matematicas abstractas; a Matemática proporciona formas de quantificar e explicar a Ciência e permite aos estudantes alcançar um conhecimento mais profundo dos conceitos da Ciência; a relevância e a motivação que as actividades da Ciência ilustram para a aprendizagem da Matemática. Contrariamente a outros projectos de investigação, cujos objectivos consistem em mostrar a relação entre um determinado assunto na área da Ciência (ex. Física) e a Matemática, este estudo investiga os resultados de uma unidade que integra todas as áreas da Ciência e a Matemática. Em linha com a autenticidade exigida, o tópico abordado deve ser relevante para as crianças e para a sociedade. Como um tema actual, um tópico gerador de debates controversos, as Alterações Climáticas cumprem estes requisitos 66 Os dados recolhidos sobre experiências científicas no domínio das Alterações Climáticas oferecem uma oportunidade para debater o conceito matemático das funções. Apesar de se constituir como um conceito essencial da Matemática (Michelsen 2006), a investigação demonstra que os alunos tendem a ter uma concepção errada sobre as funções (Hdefkamp 2011). Entre outros motivos, esta situção justifica-se por definições abstractas com uma relação importante, mesmo que não óbvia, na educação da Matemática tradicional. Uma abordagem integrada pode oferecer diferentes visões e contributos. Concepção / Método de Investigação Selecionamos um método de concepção misto, como é normalmente recomendado no contexto da investigação sobre estudos integrados e interdisciplinares (Hurley 2010). Como é expectável o desevolvimento da compreensão das funções no decurso dos workshops, isto foi monitorizado através da comparação dos Mapas Conceptuais dos participantes desenhados antes e depois do Campo de Ciência. Sobretudo por estarmos perante um método de aprendizagem e um método de investigação sobre compreensão (Henno and Reiska 2008). Para além disso, os estudantes preencheram um pré-pós questionário de acompanhamento (as fontes dos instrumentos serão incluídas no poster). Este questionário apresenta uma variedade de conceitos tais como o interesse na Ciência e na Matemática, auto-conceito na Ciência, Matemática, Biologia e escola e visão sobre a Matemática e quatro aspectos da natureza da Ciência (desenvolvimento, julgamentos/razão, uso, criatividade). Também avaliamos o que podemos designar por “variáveis laboratoriais”. Por um lado, estas avaliam os critérios os workshops enquanto um ambiente de aprendizagem construtiva. Por outro lado, permite a avaliação de necessidades básicas (competência, autonomia e relacionados), essenciais ao desenvolvimento do interesse (Krapp 2005). Para triangular os resultados, foram conduzidas entrevistas semi-estruturadas, antes e depois do Campo, para aferir a opinião sobre os workshops e a Matemática, a Ciência, e a sua interacção no geral. Resultados e Análise No momento da submissão deste artigo, está a decorrer um segundo Campo de Ciência. Até ao momento, temos dados de 12 estudantes participantes no primeiro workshop, oito dos quais raparigas. O outro workshop permitirá uma oportunidade de investigação sobre outros 16 alunos, cujo resultado será incluído nesta apresentação. Paralelamente aos dois workshops sobre Alterações Climáticas, irão decorrer outros workshops, fequentados por cerca de 30 crianças, o nosso grupo de controle. Os resultados da Tabela 1 mostram que as crianças participantes no workshop de Alterações Climáticas desenvolvem um conceito de função com um vasto número de interconexões. Contudo, o mapa conceptual dos participantes revela um aumento dos conceitos, tal como a mapeação dos conceitos é também um método de ensino. 67 Figura 17: Mapa conceptual pre (Figura da esquerda) e pós (Figura da direita) de um participante no workshop de Alterações Climáticas. Mapa Conceptual Número de Conceitos Setas ligações Alterações Climáticas(N=12) pre post Diferença 9.9 12.1 2.2 8.7 12.4 3.7 0 1.1 1.1 Grupo de Controle (N=33) pre post Diferença 9.3 11.2 1.9 8.3 10.8 2.5 0.6 0.8 0.2 Tabela 5: Desenvolvimento de Mapas Conceptuais antes (pre) e depois (post) o workshop sobre Alterações Climáticas e o Grupo de Controle, números mostram valores médios. Para facilitar o início e registar uma maior comparabilidade, foram apresentados 5 conceitos a incluir no mapa. Um exemplo de um pré e pós mapa conceptual é apresentado na Figura 19. Dado o interesse crescente, apresentaremos os resultados do teste de Acompanhamento na conferência. Não obstante, após cinco dias, um primeiro (menos frequente) interesse surgiu. Além disso, as necessidades básicas, medidas por variáveis laboratoriais (Tabela 2), demonstram elevado número de participantes nas duas abordagens. Com base nestes dados, um aumento do interesse pela Ciência é igualmente expectável no teste de Acompanhamento Variáveis Laboratoriais Relevância Diária Autenticidade Participação Activa Cuidado / Ambiente Desafio Compreensão Colaboração Alterações Climáticas (N=12) 3.56 4.50 4.42 3.26 2.92 4.22 4.39 Grupo de Controle (N=33) 3.51 4.33 3.95 2.83 2.84 4.00 4.32 Tabela 2: Valores de Laboratório depois de participar no workshop. Os números apresentados são números médios numa escala de Likert, de 1 (não concordo) a 5 (concord em absoluto). 68 Há já uma tendência no sentido de um interesse crescente pela Matemática: os dados dos alunos participantes no workshop de Alterações Climáticas varia entre 3.30 e 3.53 (valores médios) numa escala de Likert de 1 (não concordo) a 4 (concordo em absoluto). O Grupo de Controle regista um ligeiro aumento entre 3.30 e 3.46. Natureza da Ciência Desenvolvmento Racional Uso Criatividade Total Alterações Climáticas (N=12) pre post 3.49 3.73 3.28 3.26 3.53 3.58 3.03 3.08 3.33 3.41 Grupo de Controle (N=33) pre 3.41 3.26 3.37 2.93 3.24 post 3.34 3.17 3.34 3.10 3.24 Tabela 3: Desenvolvimento da visão da natrueza da Ciência antes (pré) e depois (pós) a participação nos workshops. Os números apresentados são números médios numa escala de Likert de 1 (não concordo) a 4 (concord em absolute). Também medimos alterações na visão sobre a natureza da Ciência, ver Tabela 3. Como a perspectiva dos aspectos que medimos estava já razoavelmente equilibrada antes dos workshops, não era possível observar grandes alterações. O que invalida a existência de algumas mudanças que reflectem que os workshops têm algum efeito na visão dos participantes sobre a natureza da Ciência. A concepção é definitivamente bem sucedida no que diz respeito à interacção entre a Matemática e a Ciência, tendo em conta que todas as crianças reconhecem essa ligação e são capazes de mencionar um exemplo. De um modo geral, o Campo de Ciência pode ser entendido como um sucesso, tendo em consideração que 97% dos participantes gostariam de participar em mais workshops. Comentários sobre o que mais gostaram no Campo de Ciência mostram o que as crianças concluem: “liberdade durante a investigação”, “a possibilidade de trabalharmos livremente”, fazer experiências”, “Muita diversão! Não é como na escola”, “experimentar tudo”, “a ligação entre a diversão e a aprendizagem combinada com a liberdade de decidir por nós mesmos é perfeita”, “muitas experiências, testar as nossas próprias ideias”. . Contributo para o ensino/aprendizagem Os nossos resultados e os comentários dos alunos mostram o potencial dos Campos de Ciência de verão. A “diversão” testemunhada pelas crianças durante o Campo de Ciência demonstra o seu grau de envolvimento. Adicionalmente, podem ser criadas novas perspectivas sobre a relação entre a Matemática e a Ciência. Para além disso, o conhecimento das funções ganhou novas fronteiras. O resultado da nossa pesquisa mostra claramente o desenvolvimento do parâmetro destinado. Mesmo quando o pré-teste revela um índice positivo elevado relativamente aos parâmetros de medição, é possível verificar um aumento. Para 69 além disso, o instrumento oferece um suficiente comparação de tratamentos, no que diz respeito aos valores da Ciência. Referências Deutsche Akademie der Technikwissenschaften (2011). Monitoring von Motivationskonzepten für den Techniknachwuchs: (MoMoTech): Springer. Doorman, L. and Gravemeijer, K. (2009). Emergent modeling: discrete graphs to support the understanding de change and velocity. ZDM 41, 199–211. Grigutsch, S., Raatz, U. and Toerner, G. (1998). Einstellungen gegenüber Mathematik bei Mathematiklehrern. Journal für Mathematik-Didaktik 19, 3–45. Henno, I. and Reiska, P. (2008). Using Concept Mapping as Assessment Tool in School Biology. In Concept Mapping: Connecting Educators Proc. de the Third Int. Conference on Concept Mapping (ed. A. J. Canas, P. Reiska, M. Ahlberg and J. D. Novak). Hdefkamp, A. (2011). Entwicklung qualitativ-inhaltlicher Vorstellungen zu Konzepten der Analysis durch den Einsatz interaktiver Visualisierungen - Gestaltungsprinzipien und empirische Ergebnisse. Dissertation, Technische Universität Berlin. Berlin. Hurley, M. M. (2010). 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As várias formas de colaboração dos organizadores dos Campos de Ciência foi investigada a partir dos casos de estudo e dos questionários-. O típico Campo de Ciência O capítulo 2 apresenta uma visão global sobre os Campos de Ciência que são organizados na Europa. Os Campos de Ciência são organizados, sobretudo, com o objectivo de promover o interesse pela Ciência e pela Educação, mas as respostas enfatizam, de igual modo, as perspectivas de carácter social e de recrutamento, assim como o lazer. Para além disso, os resultados da exploração demonstram que existem vários níveis nos quais a colaboração pode ser analisada e investigada (ex. Colaboração entre professores, organizações, empresas, investigadores, promotores). Os Campos de Ciência funcionam, na sua maioria, como residências, mas também existem Campos com a duração de alguns dias. Os Campos de Ciência decorrem entre – de acordo com os organizadores dos Campos de Ciência – 5 (21%) e 7 (28%) dias (n=47). Mas existem também Campos de Ciência com duração entre 1 e 24 dias. Os Campos de Ciência podem ser subdivididos em dois grupos: alguns Campos tratam subemas específicos na área da Ciência, enquanto outros abordam a Ciência em termos gerais, isto é, com módulos sobre diferentes temas. Os subtemas referidos entre os respondentes ao inquérito não são os temas clássicos ao nível da Ciência, mas subtemas com um carácter interdisciplinar, isto é, Ciência Forense, Robótica e Biologia Molecular. Alguns dos organizadores também oferecem outros tipos de Campos, nomeadamente Música, Literatura, Cinema e Linguas. A maioria dos Campos de Ciência identificados pelos respondentes na Europa estão abertos a rapazes e a raparigas (91%). Os participantes inscrevem-se por ordem de chegada (43%), recomendação dos professores (14%) ou por candidature (isto é, perguntas) (26%). A maioria dos Campos de Ciência tem como destinatários os alnos do ensino secundário (15-18) (29%). Para além do nível/idade, os Campos de Ciência possuem um grupo-alvo em particular. Os grupos-alvo mais frequentes são 71 tanto os jovens mais talentosos (46%) como grupos sem qualquer particularidade (60%). Isto implica que muitos dos Campos de Ciência são para jovens que já revelam interesse pela Ciência. Como é que os participantes beneficiam da sua participação nos Campos de Ciência? Os participantes podem beneficiar de muitas formas, seja pelo aumento do interesse pela Ciência, pelo bem-estar, criação de redes e relações sociais entre os mais jovens, desevolvimento de competências e motivação pela Ciência. Os resultados demonstram que todos os Campos de Ciência são avaliados. Os métodos mais utilizados para avaliação são o inquérito, a observação e a avaliação oral entre os participantes no final do Campo de Ciência. Não constitui parte da investigação aferir até que ponto a avaliação percepcionou o que os participantes ganham com a sua participação nos Campos de Ciência. Contudo, um organizador refere: “Os Campos de Ciência constituem experiências extremamente positivas sobretudo pela oportunidade de criar redes e relações sociais entre as crianças e jovens com interesse pela Ciência, os quais com frequência se sentem diferentes, tendo em conta os seus interesses. Durante o Campo, eles podem evidenciar naturalmente o seu potencial. Por outro lado, as crianças adquirem novas competências, sobretudo de carácter interactivo, normalmente neglegenciadas nas escolas”. Isto é sustentado pela literatura., O capítulo 3 contem descrições de Campos de Ciência selecionados do consórcio SciCamp. Todos os casos descrevem diferentes tipos de Campos de Ciência, com avaliações positivas ao nível do programa. Os capítulos 4 e 5 apresentam dois exemplos sobre como os participantes podem ser beneficiados por esta experiência. Ambos os capítulos mostram um efeito positivo sobre os participantes envolvidos nos Campos de Ciência. O capítulo 6 apresenta uma experiência na Alemanha, com foco no contexto dos participantes e nas oportunidades profissionais. A partir deste relatório, é evidente que os participantes, de alguma forma, são beneficiados pela sua participação num Campo de Ciência. A questão é se esse efeito é temporário ou de longa-duração. Como é organizada a colaoração? No capítulo 2, verificamos que os organizadores dos Campos de Ciência são extremamente difíceis de contactar e, desse modo, obter uma visão geral sobre o fenómeno dos Campos de Ciência. Algumas razões que explicam este facto podem estar relacionadas com o carácter excepcional deste Campos de Ciência, os quais não constituem uma actividade regular das instituições que os promovem. Se estamos a falar de um Campo de Ciência organizado há alguns anos, é provável que o organizador já não faça parte da equipa ou já esteja envolvido noutras funções. Outra razão remete para o facto do Campo de Ciência ser frequentemente organizado por muitas pessoas e, por essa razão, a responsabilidade de responder a um inquérito como este pode não estar bem definida. Esta premissa torna ainda mais desafiante obter informação sobre a colaboração. 72 Uma das perspectivas sobre a colaboração é a colaboração entre professores. O ensino ´administrado pelos recursos humanos da universidade, estudantes universitários, com ou sem grau académico, assim como por professores do ensino básico e secundário. Sobretudo na Dinamarca, grande parte dos organizadores dos Campos de Ciência estão relacionados com as universidades. No capítulo 7, a colaboração entre professores nos Campos de Ciênciaé analisado tendo sido demonstrado que não são apenas os participantes a ser beneficiados pela sua participação nestas iniciativas. A organização de um Campo de Ciência também contribui para o desenvolvimento de uma comunidade de aprendizagem profissional. A colaboração também pode ser vista na perspectiva dos stakeholders. A maioria dos organizadores dos Campos de Ciência identifica os seus stakeholders entre as universidades, mas também as empresas estão representadas. Além disso, os pais, as autoridades públicas (municipais e governamentais), media e patrocinadores são mencionados. A maior parte dos Campos de Ciência beneficia de patrocínios e subsídios, alguns suportados por dinheiros públicos, e quase todos os Campos cobram um valor de inscrição, assim como quase metade dos Campos possuem capitais próprios. 65% dos campos dos Campos de Ciência cobram o valor de uma inscrição, enquanto os restantes são de participação gratuita. O valor da inscrição varia, normalmente, entre os 50 e os 200 euros. Isto quer dizer que muitos jovens podem participar nos Campos de Ciência porque estes foram patrocinados, mas quase todos os Campos requerem o pagamento de uma inscrição o que também exclui a participação de alguns jovens interessados em Ciência. Entre os respondentes, 52% dos inquiridos refere que o dinheiro utilizado para organizar os Campos de Ciência resultam do pagamento da inscrição dos participantes e dos patrocinios. O resultado não indica a distribuição as finanças durante a organização dos Campos de Ciência. Como a colaboração é organizada junto dos stakeholders e financiadores com o objjectivo de angariar dinheiro é um dos objectivos deste Relatório. Paa mais informações, por favor consultem os diferentes capítulos e casos de estudo ou utilizem os materiais disponíveis no nosso site: http://www.sciencecamps.eu (por exemplo. the recommendations for collaboration with companies da conferência de encerramento). 73 Relatório de Avaliação do SciCamp Mais informações sobre os Campos de Ciência de férias ou sobre o projectoSciCamp no nosso site: www.sciencecamps.eu. 74