patê a base de pescado e sua caracterização físico
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patê a base de pescado e sua caracterização físico
PATÊ À BASE DE PESCADO E SUA CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICO E SENSORIAL Aldi Feiden1*, Wilson Rogério Boscolo2; Jackeline Marcante Dallagnol3, Letícia Hayashi Higuchi3, Carlos Eduardo Weirich4 e Adriana Cristina Bordignon5 *UNIOESTE. E-mail: [email protected] Resumo O trabalho foi realizado com o objetivo de elaborar patê de pescado com três espécies de peixe pacu (Piaractus mesopotamicus), jundiá (Rhandia quelen) e tilápia (Oreochromis niloticus) e sua caracterização quanto aos parâmetros físico-químico e avaliação sensorial utilizando testes de aceitação, atitude e perfil de características para avaliação dos atributos aparência, cor, textura e sabor. As formulações foram desenvolvidas variando os ingredientes de acordo com a variação dos lipídios encontrados nas espécies utilizadas. Os valores da composição centesimal do produto final foram de 9,13, 9,83 e 9,99% de proteínas; 21,72, 27,63 e 14,80% de lipídeos; 58,89, 49,02, 66,61% de umidade, e 3,34, 3,71 e 3,08% de cinzas, utilizando tilápia, jundiá e pacu respectivamente. O patê com maior índice de aceitação foi de pacu com 96,66%, onde comeriam sempre; seguido do patê de tilápia com 80% e jundiá que comeriam ocasionalmente com 43,34%. Portanto, conclui-se que a aceitabilidade foi inversamente proporcional aos teores de lipídeos presentes nos peixes Introdução A piscicultura é uma atividade econômica em evidência no Brasil, fato relacionado à grande disponibilidade de água, acrescido pela ótima qualidade nutricional do pescado. Entre as espécies mais cultivadas, estão as de origem exótica, como a tilápia e as carpas. Entretanto, dentro da ampla diversidade da fauna aquática brasileira, são encontradas espécies que se adaptam perfeitamente ao cultivo, como o pacu, o tambaqui, o piavuçu, entre outros. (Meurer et al; 2005). A tendência nutricional nos últimos anos preconiza uma alimentação mais saudável, produtos com alto valor biológico, baixa ingestão de gordura e colesterol, neste perfil podemos incluir a carne de pescado, pois é de fácil digestibilidade, excelente fonte de proteínas de alto valor protéico, vitaminas A, D e complexo B, ácidos graxos essenciais e minerais, principalmente cálcio e fósforo (Hall, 1992; Ranken, 1993). O consumo de peixes ainda é baixo no Brasil, em torno de 8,0 kg/habitante/ano (Parmigiani & Torres, 2005), consumo que ainda encontra-se abaixo do valor mínimo de 12 kg/ano recomendado pela FAO. Uma alternativa para incentivar o aumento de consumo de pescado é oferecer novos produtos processados de rápido e fácil preparo. O objetivo deste trabalho foi a elaboração de patês utilizando três espécies de peixes: pacu (Piaractus mesopotamicus), jundiá (Rhamdia quelen) e tilápia (Oreochromis niloticus), e sua caracterização quanto aos parâmetros físico-químicos e sensoriais. 1 Agrônomo, Dr. Prof. Adjunto da UNIOESTE - Campus Toledo / GEMAq. E.mail: [email protected] Zootecnista, Dr. Prof. Adjunto da UNIOESTE - Campus Toledo/GEMAq E.mail: [email protected] 3 Bióloga, Bolsista - Convênio SETI/UNIOESTE - Campus Toledo/GEMAq. 4 Biólogo. - Bolsista SETI/Unioeste - Mestrando Programa de Pós-Graduação em Agronomia -PPA/Unioeste. 5 Engenheira de Pesca. - Mestranda Programa de Pós-Graduação em Produção Animal - PPZ/UEM. 2 Material e Métodos A matéria-prima utilizada consistiu em fílés de pacu (P. mesopotamicus), jundiá (R. quelen) e tilápia (O. niloticus), obtidos através insensibilização com gelo, sangria, descabeçamento, evisceração, retirada da pele, lavagem em água clorada, filetagem e congelamento. Os peixes nativos foram provenientes da Unidade Demonstrativa de Aqüicultura em Tanques-rede do Reservatório de ITAIPU, no município de Santa Helena, PR, e as tilápias oriundas de cultivos da Cooperativa de Produção Industrialização e Comercialização de Peixes do Rio Iguaçu, no município de Capitão Leônidas Marques, PR. Para as formulações dos patês os ingredientes foram pesados e os filés cozidos (70%), e crus (30%) foram triturados em um multiprocessador, e adicionados os seguintes ingredientes: gordura hidrogenada, gelo picado, isolado protéico de soja, eritorbato de sódio e finalmente os condimentos, monitorando temperatura de 12º a 15ºC para evitar quebra da emulsão e manutenção do equilíbrio de seus componentes. Após a homogeneização da pasta do patê foram colocados em frascos de vidros fechados hermeticamente e submetidos à cocção por uma hora com temperatura interna de 80ºC para a pasteurização, a seguir resfriados e armazenados sob refrigeração, segue fluxograma abaixo. MATÉRIA-PRIMA (70%) COZIDA E CRUA GELO E GORDURA CONDIMENTOS, EMSULSIFICANTES E AROMATIZANTES Avaliação Sensorial Análises Bromatológicas ENVAZAMENTO, PASTEURIZAÇÃO E RESFRIAMENTO Lipídeos Umidade Proteínas Cinzas Teste de aceitação Teste de Atitude Perfil de características Figura 1 - Fluxograma de elaboração do patê de pescado Para a avaliação físico-química, as análises químicas das formulações de patê foram realizadas no Laboratório de Tecnologia do Pescado, na Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Toledo, PR, com as determinações de umidade, cinzas, proteínas e lipídeos seguindo métodos analíticos descritos na AOAC (2000). Para a avaliação sensorial das diferentes formulações de patê de pescado, foram convidadas aleatoriamente 30 pessoas não treinadas onde se utilizou a Escala Hedônica de nove pontos para a avaliação da preferência, teste de atitude e perfil de característica que avalia os atributos: aparência, cor, odor, sabor e textura (ABNT, 1998). As amostras foram apresentadas aos provadores sobre quadrinhos de pão torrados, de formato o mais semelhante em pratos da mesma cor (branco) e devidamente codificado. Seguido de um copo (plástico) de água mineral, uma bolacha de água e sal, para desmascarar o sabor do patê provado anterior e também uma avaliação sensorial (ficha). Antes de cada teste, os provadores receberam uma orientação do método e os procedimentos para o teste. A análise estatística dos resultados foi realizada através do programa estatístico SAEG (Sistema de Análises Estatístico e Genético) UFV (1997), utilizando análise de variância (ANOVA) e cálculo das médias por Tukey. Os dados foram tranformados segundo teste de Fisher. Foram consideradas como tratamento as três formulações de patê (pacu, jundiá e tilápia), avaliadas por 30 provadores, com três repetições cada. Resultado e Discussão Os resultados médios da composição físico-químico das três formulações de patê com diferentes espécies de peixe estão apresentados na Tabela 1. Estes resultados encontram-se dentro dos padrões de identidade estabelecidos pela legislação, quanto aos parâmetros proteínas, lipídeos e umidade. Tabela 1. Composição centesimal das formulações de patê utilizando pacu, tilápia e jundia. Parâmetros Umidade (%) Lipídeos (%) Proteínas (%) Cinzas (%) Legislação 70,00(máx) 32,00(máx) 8,0 (min) * tilápia 58,89 21,72 9,13 3,34 Patê jundiá 49,02 27,63 9,83 3,71 pacu 66,61 14,8 9,99 3,08 Observou-se uma maior quantidade de lipídeos na formulação do patê de jundiá, isto está relacionado com o maior conteúdo de gordura existente nesta espécie. No teste de perfil de características nas formulações utilizou os seguintes atributos: 1 a 3 padrão inaceitável, 3 a 4 padrão aceitável e 4 e 5 padrão excelente de qualidade. Para o patê de pacu e tilápia esses se encontram num perfil de padrão aceitável (3 a 4). Tabela 2. Teste de Características das formulações de patê utilizando pacu, tilápia e jundiá. Parâmetros Aparência Cor Odor Sabor Textura Pacu 3,80b 3,67b 3,64b 3,93b 3,93a Patê Tilápia 3,67ab 3,87b 3,40ab 3,63b 3,93a Jundiá 3,27a 3,30a 2,83a 2,67a 3,80a C.V. (%) 23,47* 24,20* 35,16* 30,39ns 24,12ns Observando as três formulações de patê, a que apresentou maior intenção de consumo que comeriam sempre foi o patê de pacu com 96,66%, seguido de tilápia com 80%; enquanto o patê de jundiá comeriam ocasionalmente, apresentando 43,34% da preferência. Os resultados comprovam a aceitabilidade do patê de tilápia, pois Minozzo (2005) também apresentou aceitabilidade de 72,72% para o patê de filé de tilápia. Os resultados mostram que a aceitabilidade foi inversamente proporcional ao teor de lipídios. Conclusão Conclui-se que as três formulações de patê a base de pescado com diferentes espécies de peixes encontram-se dentro da legislação padrão. O patê de pacu obteve a maior aceitação com 96,66% de preferência, e a aceitabilidade foi inversamente proporcional aos teores de lipídeos presentes nos peixes. Agradecimentos Aos convênios ITAIPU BINACIONAL/UNIOESTE-GEMAq e SETI - Fundo Paraná/UNIOESTE, pela disponibilização do material biológico e estrutura laboratorial e suporte técnico, respectivamente. Referências ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14141: Escalas utilizadas em análise sensorial de alimentos e bebidas. Rio de Janeiro, 1998, 3p. AOAC – ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHENISTS. HORWITZ W. (Ed), Oficial Methods of Analysis of Official Analytical Chemists. 17 ed.Arlington: Inc., 2000. V1 e v2. HALL,G.M. Fish Procesing Technology. New York, VCH Publishers,1992. MEURER, FÁBIO et al. Nível de arraçoamento para alevinos de lambari-do-raboamarelo (Astyanax bimaculatus). R. Bras. Zootec., Dez 2005, vol.34, no.6, p.1835-1840. ISSN 1516-3598. MINOZZO M.G. Elaboração de Patê cremoso a partir de Filé de Tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus) e sua caracterização físico-química, microbiológica e sensorial. Dissertação apresentada ao curso de Mestrado em Tecnologia de Alimento, Universidade Federal Paraná, 2005. PARMIGIANI, P.; TORRES, R.A. Caminho da elite do agronegócio. Revista da aqüicultura e pesca, edição 10 , p.26-34, 2005. RANKEN,M.D. Manual de Industrias de los Alimentos Editorial Acribia, SA. 2º ed. Espana, 1993. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE VIÇOSA. UFV 1997. SAEG (Sistema para Analises Estatísticas e Genéticas). Versão 7.1 Viçosa, MG. 150 p (Manual de Usuário).