MATERIAL LPT II 2011-01 - Engenharia Elétrica 3° Semestre
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MATERIAL LPT II 2011-01 - Engenharia Elétrica 3° Semestre
MATERIAL ORGANIZADO PELOS PROFESSORES Chafiha Maria Suiti Laszkiewicz Clélia Maria da Silva Jacy do Nascimento Floriano Ligia Ramo de |Souza Rosa Maria Aparecida Silva Salim ALUNO: ________________________________________________ RA: _____________ CURSO ________________________________________________ SALA ____________ 1º SEMESTRE DE 2011 1 1. O PROCESSO DA ESCRITA É muito comum estudantes e profissionais sentirem certa dificuldade na produção de textos. Esse problema se deve, na maioria das vezes, à falta do hábito de leitura, de treino e também de técnica. Aprender a escrever é aprender a pensar. Não é possível escrever sem que se tenha o que dizer e sem que se possa organizar o pensamento. Portanto, é necessário observar os fatos, analisá-los, criar idéias sobre eles, ou seja, pensar. Como falantes, somos produtores diários de comunicação e, na vida profissional, cada vez mais faz-se necessário dominar técnicas de produção de textos tanto orais como escritos. Em função disso, é preciso conhecer os modos fundamentais de redação: narração, descrição e dissertação. 2. TRABALHANDO O TEXTO - DISSERTAÇÃO Dissertar é exercer nossa consciência crítica, questionar um tema, debater um ponto de vista, desenvolver argumentos. Existem dois tipos de dissertação: o texto dissertativo expositivo e o dissertativo argumentativo. O primeiro tem como objetivo primordial expor uma tese, analisar e interpretar idéias e pode ser identificado como demonstrativo: não se dirige a um interlocutor definido e se constitui de provas as mais impessoais possíveis. Na dissertação argumentativa – texto argumentativo, além do interlocutor não definido e da utilização de provas impessoais, tentamos, explicitamente, formar a opinião do leitor ou ouvinte, procurando persuadi-lo de que a razão está conosco. Para a argumentação ser eficaz, os argumentos devem possuir consistência de raciocínio e de provas. O raciocínio consistente é aquele que se apóia nos princípios da lógica, que não se perde em especulações vãs, no “bate-boca” estéril. As provas, por sua vez, servem para reforçar os argumentos. Os tipos mais comuns de provas são: os fatos exemplos, os dados estatísticos e o testemunho. A estrutura dos dois tipos de composição é a mesma: introdução, desenvolvimento e conclusão. 2.1 ASSUNTO, TEMA, RECORTE, TESE, TÍTULO Para alcançar um bom texto, é necessário relembrar alguns pontos fundamentais que favorecem a organização daquilo que se pretende comunicar. Observe: Assunto é algo amplo, genérico. Tema é o assunto já delimitado. Recorte é o que interessa ao autor discutir no texto. Tese é o ponto de vista a ser defendido sobre um determinado tema. Título é o nome dado ao texto, visa a atrair o leitor para a leitura do texto, fazendo referência ao tema abordado. 2 Veja, agora, alguns exemplos: 1. Assunto: Centros urbanos. Tema: O desenvolvimento dos grandes centros urbanos. Recorte: A violência em São Paulo. Tese: A cidade de São Paulo enfrenta sérios problemas em relação à segurança da população. Título: O desenvolvimento urbano e violência. 2. Assunto: Tecnologia. Tema: O avanço tecnológico no século 21. Recorte: Os meios de comunicação e as relações sociais. Tese: Na era da comunicação, o homem contemporâneo encontra-se cada vez mais sozinho. Título: O paradoxo da era da comunicação. Outro aspecto que merece ser lembrado é a estrutura do parágrafo: introdução, desenvolvimento e conclusão. Em relação ao conteúdo do parágrafo vale lembrar: “Se o texto é um conjunto de idéias associadas, cada parágrafo – em princípio, pelo menos – deve corresponder a cada uma dessas idéias(...)” (Garcia 2003). Desse modo, cria-se um parágrafo para cada aspecto a ser discutido no texto. Além disso, a construção do tópico frasal – idéia núcleo – auxilia na construção do parágrafo e, consequentemente, do texto claro e coeso. 2.2. O PLANEJAMENTO DO TEXTO I: mapeamento de idéias por meio de fluxograma Para início de conversa, vamos considerar algumas idéias sobre leitura: • Ler é raciocinar, pois é por meio da leitura que extraímos do texto as idéias importantes e as idéias secundárias. • O saber ler é saber construir: cada pedra é uma palavra; cada pá de reboco, a coesão; cada parede levantada, a coerência. Assim, a construção do texto, tecedura feita de fios significativos. O MAPEAMENTO DE IDEIAS Mapear a idéia significa encontrar no texto aquilo que é importante e separá-lo do que é secundário. Para realizar essa tarefa, é preciso seguir quatro etapas: • Leitura integral do texto; • Nova leitura, destacando os elementos mais importantes de cada período ou de cada parágrafo, dependendo de sua extensão; 3 • Estabelecer a idéia-matriz que vai ser o elemento-chave para se relacionar as várias informações, elaborar um esquema, ou um fluxograma; • Relacionar as ideias que se complementam, montando, enfim, o mapeamento. PARA QUE SERVE O MAPEAMENTO? O mapeamento serve para agilizar a leitura, porque trabalha com a essência do texto. Por meio do mapeamento, chega-se mais facilmente à leitura crítica, pois o leitor é estimulado não só a encontrar a essência do texto, mas também a fazer inferências e tirar conclusões. Assim, é que, por meio da leitura, descobre-se a coesão textual pelas orações, períodos, parágrafos. COMO SE FAZ O MAPEAMENTO? Após a primeira leitura, destacam-se os elementos mais importantes de cada trecho e se observa como esses elementos fazem progredir o texto. Normalmente, esses elementos aparecem ao longo do texto das mais variadas formas: repetidas, modificadas, retomadas por sinônimos. Como vimos, a organização do pensamento pode ser feita por meio da construção de um gráfico ou fluxograma. Para compreender essa técnica de planejamento de texto, ou pelo menos, amenizar as dificuldades em relação à escrita, faremos a análise do texto a seguir. a) Leia o texto na íntegra; b) Elabore uma lista, para cada um dos parágrafos, com as palavras repetidas, retomadas por sinônimos, ou modificadas; c) Selecione, de cada lista, as palavras que ocorrem ao longo do texto, verifique – entre as palavras mais recorrentes – aquelas que têm sentido mais amplo: essas são as palavraschave; d) Destaque a frase que representa a idéia central de cada parágrafo; e) Elabore um fluxograma que represente a sequência do raciocínio desenvolvido pelo autor. O cientista é uma pessoa que pensa melhor do que as outras? Antes de mais nada, é necessário acabar com o mito de que o cientista é uma pessoa que pensa melhor do que as outras. O fato de uma pessoa ser muito boa para jogar xadrez não significa que ela seja mais inteligente do que os não jogadores. Você pode ser um especialista em resolver quebra cabeças. Isso não o torna mais capacitado na arte de pensar. Tocar piano (como tocar qualquer instrumento) é extremamente complicado. O pianista tem de dominar uma série de técnicas distintas – oitavas, sextas, terças, trinados, legatos, stacattos - e coordená-las, para que a execução ocorra de forma integrada e equilibrada. Imagine um pianista que resolva especializar-se 4 (...) na técnica dos trinados apenas. O que vai acontecer é que ele será capaz de fazer trinados como ninguém – só que ele não será capaz de executar nenhuma música. Cientistas são como pianistas que resolveram especializar-se numa técnica só. Imagine as várias divisões da ciência – física, química, biologia, psicologia, sociologia – como técnicas especializadas. No início pensavase que tais especializações produziriam, miraculosamente, uma sinfonia. Isso não ocorreu. O que ocorre, freqüentemente, é que cada músico é surdo para o que os outros estão tocando. Físicos não entendem os sociólogos, que não sabem traduzir as afirmações dos biólogos, que por sua vez não compreendem a linguagem da economia, e assim por diante. A especialização pode transformar-se numa fraqueza. Um animal que só desenvolvesse e especializasse os olhos se tornaria um gênio no mundo das cores e das formas, mas se tornaria incapaz de perceber o mundo dos sons e dos odores. E isto pode ser fatal para a sobrevivência. O que eu desejo é que você entenda o seguinte: a ciência é uma especialização, um refinamento de potenciais comuns a todos. Quem usa um telescópio ou um microscópio vê coisas que não poderiam ser vistas a olho nu. Mas eles nada mais são do que extensões do olho. Não são órgãos novos. São melhoramentos na capacidade de ver comum a quase todas as pessoas. Um instrumento que fosse a melhoria de um sentido que não temos seria totalmente inútil. Da mesma forma como telescópios e microscópios são inúteis para cegos, e pianos e violinos são inúteis para surdos. A ciência não é um órgão novo de conhecimento. A ciência não é a hipertrofia de capacidades que todos têm. Isso pode ser bom, mas pode ser muito perigoso. Quanto maior a visão em profundidade, menor a visão em extensão. A tendência da especialização é conhecer cada vez mais de cada vez menos. ALVES, Rubens. In: VIANA, Antônio Carlos et alii. Roteiro de redação: lendo e argumentando. São Paulo, Scipione, 1998, p. 128-9. EXERCÍCIOS PARA COMPOSIÇÃO DE NOTA – AV1 a) Em grupo, para exposição oral: Selecione um assunto na área de engenharia, delimite um tema, estabeleça um recorte e elabore uma tese. (1.0) b) Leia com atenção o texto abaixo e, em seguida, produza um parágrafo com, no máximo 8 linhas, adotando como tópico frasal a tese apresentada pelo autor. (1.0) Como planejar uma carreira de sucesso? 5 A incerteza é algo comum no pensamento de profissionais em início de carreira. È que se, de um lado, há uma considerável disposição para enfrentar os desafios do dia-a-dia, do outro, há a falta de referência sobre quais são os passos que devem seguir. Um bom exemplo é o considerável número de recém-formados que encontram dificuldades para ingressar no mercado de trabalho. Aliás, para que servem as desculpas e argumentos senão para separar os profissionais que são determinados daqueles que preferem acreditar que as coisas estão cada vez mais difíceis e que todas as oportunidades aconteceram apenas até ontem? Trata-se de um interessante dilema: por que algumas pessoas conseguem desenvolver suas carreiras imediatamente após a formatura enquanto que outros sofrem e acabam desistindo de atuar na profissão para a qual estudaram? A resposta está na capacidade que cada pessoa tem de fazer conexões entre seus objetivos pessoais e a realidade à sua volta. Explico. Algumas pessoas são competentes apenas para desperdiçar oportunidades pela completa falta de visão sobre o futuro e carreira. Em vez de aproveitar as chances que surgem no dia-a-dia, como quando clientes de uma farmácia, de um posto de gasolina ou qualquer coisa do gênero, esses recém-formados preferem se resignar ao papel de mero consumidor. Logo, o primeiro passo para quem quer construir uma carreira de sucesso é aprender a fazer conexões entre seus objetivos e o mercado de trabalho. Às vezes, por exemplo, o dono da panificadora aonde você vai todo dia pode conhecer alguém que tem interesse no seu trabalho. Mas, para isso, você precisa interagir com as pessoas dividindo expectativas e partilhando seus objetivos. Resumindo: você precisa desenvolver a habilidade de estabelecer conexões produtivas para sua carreira. (Luciano Salamacha)http://www.sinproorp.br/Clipping/visaoempresarial/034.htm) 3 PRÁTICAS GRAMATICAIS I Os sinais de pontuação – vírgula, ponto e vírgula, travessão, aspas – são, entre outros elementos que compõem a Língua Portuguesa, elementos muito importantes, pois conferem clareza aos textos. Verifique o exemplo a seguir que poderia fazer parte do relatório do projeto integrador de 2010 – Fórmula Truck. Certamente, perceberá que a ausência de pontuação cria uma grande confusão de sentido. Apesar de a equipe ter feito a seleção prévia dos materiais no momento da prova a prancha utilizada na confecção da carroceria do caminhão assim que recebeu a carga extra de 200 gramas 6 rompeu inviabilizando de modo definitivo a participação do grupo na competição entre os grupos da classe. O texto a seguir foi, propositalmente, modificado. Foram retirados os sinais de pontuação – exceto os pontos finais. Leia-o com atenção e, em seguida, faça a pontuação necessária. Notícias de engenharia Dificuldades em executar Obras não assustam Engenharia Brasileira Não é novidade que a Engenharia Brasileira é reconhecida mundialmente. Prova disso é o grande número de projetos desenvolvidos por empreiteiras e projetistas nacionais especialmente nos países americanos africanos e asiáticos. Grandes viadutos pontes estradas entre outras obras de arte fazem parte do portfólio das construtoras. A realização de gigantescas estruturas significa o desenvolvimento na economia mesmo que local e o incremento na infraestrutura de uma nação. É o que se vê no trabalho que está sendo feito no Sistema Nacional de Estradas na Bolívia. As rotas fundamentais estão sendo desenvolvidas e construídas pela brasileira OAS que apesar das dificuldades topográficas encontradas tem feito um belo trabalho. A estrada Potosí – Uyuni tem extensão de 201 quilômetros dividida em cinco trechos em uma região topográfica que varia desde planícies até regiões montanhosas com altitudes que podem chegar a 4,2 mil metros. Essa estrada vai ser de vital importância para a Bolívia pois conectará os Estados mais importantes do país fazendo com que as regiões produtivas se integrem melhorando a vida de diversas comunidades inclusive por meio do estímulo ao turismo. Além disso permitirá a exploração e exportação de petróleo e de outros recursos naturais controlará os assentamentos urbanos invasivos que depredam as áreas de preservação ambiental e controlará a plantação ilegal de coca. A estrada apesar de não pertencer ao IIRSA (Integração da Infraestrutura regional Sul Americana) projeto do governo brasileiro faz parte do corredor Leste-Oeste Brasil Bolívia e Chile ajudando a promover a total ligação da América do Sul. O investimento total dessa obra que gerou dois mil empregos diretos e indiretos é de US$ 100 milhões com previsão de término para 2010 o que está dentro do cronograma original. Dificuldades – A empresa relatou que algumas dificuldades tiveram de ser vencidas. As maiores foram a altitude a logística e o frio intenso durante o inverno comenta Geraldo Santana líder da OAS para a América latina. Alguns funcionários tiveram que retornar ao Brasil por não suportar 7 grandes altitudes. Mas os problemas não acabaram por aí. Todo o equipamento, importado pela construtora para a realização do trabalho teve de passar por compensações mecânicas. Devido às grandes altitudes alguns nem chegavam a funcionar disse Santana. A compensação é necessária para que a queima de combustível seja feita com menos oxigênio. Santana explicou que mesmo assim um equipamento novo perde atá 30% da potência. Tal modificação só poderia ser feita pelos fabricantes por causa das especificações ou seja tudo deveria retornar ao Brasil. Tal fato não alterou a data de entrega da rodovia. O impacto ambiental também foi estudado pela empresa. A região onde está sendo construída a rodovia faz parte do caminho inca. A topografia local foi aproveitada ao máximo tentando causar o menor impacto. A rodovia é atravessada por diferentes formações geológicas. Turismo – Essa rodovia permitirá o acesso ao Solar de Uyuni muito visitado por turistas que está hoje entre as 10 maravilhas da natureza no mundo. Como é a região mais pobre do país a rodovia é fundamental para o seu desenvolvimento. Naquela área há uma cultura muito forte na criação de lhamas alpacas e apesar de estar em risco de extinção a vicunha. A OAS também está encarregada da conclusão das Rodovias Potos–Tarija e Potosí Cotagaitas cuja extensão é de 480 quilômetros. (Adaptado de Instituto de Engenharia. Agosto, 2009, nº 52, p. 12.) Além da pontuação, outras questões importantes na construção dos textos são os elementos de coesão e a concordância. Verifique, no artigo a seguir – que serve também de exemplo de texto científico, como são utilizados os recursos utilizados na construção do texto, entre eles, o tópico frasal, a divisão dos parágrafos, a pontuação, os elementos coesivos, a concordância e a impessoalização. Observe os trechos grifados. Gestão & Produção versão ISSN 0104-530X Gest. Prod. vol.17 no.3 São Carlos 2010 doi: 10.1590/S0104-530X2010000300005 Projeto conceitual de componentes de um forno industrial por meio da integração entre a engenharia reversa e o DFMA Conceptual design of components of an industrial oven through the integration between the reverse engineering and DFMA Carlos Henrique Pereira MelloII; Filipe Natividade GuedesI; Carlos Eduardo Sanches da SilvaII; José Hamilton Chaves Gorgulho JúniorII; Amanda Fernandes XavierIII I Graduando em Engenharia de Produção, Núcleo de Otimização da Manufatura e de Tecnologia da Inovação - NOMATI, Instituto de Engenharia de Produção e Gestão - IEPG, Universidade Federal de Itajubá - UNIFEI, CP 50, CEP 37500-000, Itajubá, MG, Brasil, E-mail: [email protected] II Professor Adjunto, Doutor, Núcleo de Otimização da Manufatura e de Tecnologia da Inovação - NOMATI, Instituto de Engenharia de Produção e Gestão - IEPG, Universidade Federal de Itajubá - UNIFEI, CP 50, CEP 37500-000, Itajubá, MG, Brasil, E-mail: 8 [email protected]; [email protected]; [email protected] III Mestranda em Engenharia de Produção, Núcleo de Otimização da Manufatura e de Tecnologia da Inovação - NOMATI, Instituto de Engenharia de Produção e Gestão - IEPG, Universidade Federal de Itajubá - UNIFEI, CP 50, CEP 37500-000, Itajubá, MG, Brasil, E-mail: [email protected] RESUMO O tema deste artigo é o estudo da integração da engenharia reversa (ER) e o projeto para manufatura e montagem (DFMA) como ferramentas de suporte ao projeto conceitual de produtos. A partir de uma fundamentação teórica sobre esses conceitos, o presente trabalho visa analisar a adequação de um modelo para a utilização integrada do DFMA com a prototipagem rápida em uma abordagem de ER no projeto de um novo sistema de fechadura para forno industrial e recomendar melhorias no projeto conceitual do novo sistema de fechadura. O método de pesquisa empregado foi a pesquisa-ação, uma vez que o pesquisador buscava resolver um problema identificado dentro do objeto de estudo em parceria com a equipe de profissionais da empresa. Os resultados das recomendações para o projeto conceitual apresentam redução, especialmente, no custo, no tempo para fabricação e no tempo para montagem. Conclui-se que o modelo de integração estudado foi adequado para apoiar o processo de projeto do sistema de fechadura proposto por meio da ER. Palavras-chave: Engenharia reversa. Processo de desenvolvimento de produtos. Projeto conceitual. Projeto para manufatura e montagem. ABSTRACT This study focuses on investigating the integration between reverse engineering (RE) and design for manufacture and assembly (DFMA) as tools to support the conceptual design of products. From a literature review of these concepts, this research aims to examine the adequacy of a model for the integrated use of DFMA and rapid prototyping in an ER approach in the design of a new locking system for an industrial oven and recommend improvements in conceptual design of a new lock system. The research method employed was action-research since the aim was to solve a problem identified in the company, object of study, in partnership with the company team. The results of the conceptual design indicate reductions, especially in cost, time to manufacture, and assembly time. It was concluded that the integration model studied was adequate to support the design process of the locking system proposed by the ER approach. Keywords: Reverse engineering. Product development process. Conceptual design. Design for manufacturing and assembly. 1 INTRODUÇÃO Cada vez mais o mercado tem imposto aos produtos especificações que vêm se desenvolvendo e se atualizando de forma muito rápida. As empresas sabem que, para se manter no mercado, são obrigadas a aprender a analisar e atender a essas necessidades a uma velocidade muitas vezes maior que o próprio surgimento delas (HUANG; MAK, 1998; SALGADO et al., 2009). Melhorar um produto implica em oferecer novas características, tecnologias, formas atrativas melhorar a qualidade para o seu lançamento no mercado (GAUTAM; SINGH, 2008). Desta forma, técnicas para análise do mercado são utilizadas para auxiliar na interpretação do que o mercado está necessitando ou do que ele ainda necessitará. Os clientes aguardam pelo lançamento de novos produtos, preferencialmente, no menor tempo possível. Alguns desses clientes esperam a sua marca preferida lançar um novo produto. Na realidade, o tempo de renovação de seus produtos e o potencial de renovação de modelos e diversificação das versões passaram a ser mais algumas das características que ajudam a redefinir o conceito de marca preferida. Este ritmo acelerado das exigências dos consumidores obriga as empresas a manterem seus produtos atualizados e competitivos no mercado e, 9 consequentemente, o seu processo de desenvolvimento. Para alcançarem estes resultados, os produtos precisam ser constantemente melhorados com base nas necessidades dos consumidores. Dufour (1996) é enfático ao dizer que muitos dos novos projetos, mesmo que inconscientemente, são na maioria dos casos, reprojetos baseados em um produto já existente. Porém, esta atividade não pode ser realizada, unicamente, de forma intuitiva, dependendo apenas do empirismo. O reprojeto necessita ser realizado por meio de um processo sistematizado, que oriente o trabalho do projetista e da equipe de desenvolvimento de produtos, desde a identificação do problema até o projeto final do produto, oferecendo maiores possibilidades de sucesso. No caso das pequenas e médias empresas, Silva (2001) pondera que, para este tipo de empresa, ser considerado como pioneiro no desenvolvimento de produtos não é um dos fatores críticos de sucesso. Então, adiciona-se a esta análise o estudo da montabilidade e manufaturabilidade, pela avaliação estruturada das condições e dos recursos produtivos disponíveis, interna e externamente, como forma de redução de custos imprevistos e otimização dos prazos para lançamento de produtos. Sendo assim, o reprojeto dos produtos, apoiado por uma abordagem de engenharia reversa (ER) integrada ao projeto para manufatura e montagem (DFMA), pode ser uma forma de essas empresas conseguirem lançar novos produtos com menores investimento e risco. O presente trabalho identificou um problema de pesquisa em uma pequena empresa de bens de consumo para fins alimentícios, consolidada no mercado de fornos industriais e que apresentou oportunidade de melhorar todo o sistema de fechamento da porta de um de seus modelos. O novo sistema necessita permitir sua utilização para qualquer tipo de fechamento, principalmente geladeiras e fornos, devido à semelhança de características para seu manuseio de abertura e fechamento. A fechadura precisa atender a uma característica básica que é a perfeita selagem da câmara, mesmo após ser aberta e fechada inúmeras vezes. A partir de então, todo o resto depende da tecnologia do mecanismo. Além disso, a empresa ainda não possui um processo consolidado para o reprojeto de seus produtos. Para resolver o problema de pesquisa identificado, definiram-se como objetivos do trabalho: analisar a adequação de um modelo para a utilização integrada do projeto para manufatura e montagem (DFMA) com a prototipagem rápida em uma abordagem da engenharia reversa (ER) no projeto de um novo sistema de fechadura para forno industrial; e recomendar melhorias no projeto conceitual do novo sistema de fechadura. O método de pesquisa empregado foi a pesquisa-ação. Segundo Thiollent (2007), a pesquisaação é um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo. 2 Fundamentação teórica 2.1 Processo de desenvolvimento de produtos Segundo Toledo et al. (2008), o processo de desenvolvimento de produto (PDP) é considerado, cada vez mais, um processo crítico para a capacidade competitiva das empresas, tendo em vista a necessidade, de um modo geral, de renovação frequente das linhas de produtos, redução dos custos e prazos de desenvolvimento, desenvolvimento de produtos mais adequados às necessidades do mercado e, para empresas que participam de redes de fornecimento de componentes e sistemas, capacitação para participar de estratégias de desenvolvimento conjunto (co-design) com os clientes. Para Rozenfeld et al. (2006), desenvolver produtos consiste em um conjunto de atividades por meio das quais se busca, a partir das necessidades do mercado e das possibilidades e restrições tecnológicas, e considerando as estratégias competitivas e de produto da empresa, chegar a especificações de projeto de um produto e de seu processo de produção para que a manufatura seja capaz de produzi-lo. A inovação é fundamental para o desenvolvimento da sociedade, rejuvenescimento, crescimento 10 de negócios e críticas para a sobrevivência, a longo prazo, de uma empresa no mundo dos negócios. Também é reconhecido que a inovação é mais do que a invenção de novos produtos, mas um complexo conceito multidimensional, que deve ser visto de diferentes perspectivas, no seu contexto específico (HÜSIG; KOHN, 2009). Muitos produtos são feitos de componentes distintos que, por si só, não têm nenhuma influência para os consumidores finais. Na indústria automobilística, por exemplo, alguns componentes de sistemas do carro como, motor, sistema de freio, sistema de suspensão, são usados para apenas um único veículo. Normalmente, um componente distinto pode ser usado para produzir sistemas de carros diferentes, desde que as interfaces relevantes sejam padronizadas. É por isso que empresas diferentes (que podem ou não ser concorrentes), muitas vezes acordam em desenvolver alguns componentes do produto por meio da cooperação (BOURREAU; DOGAN, 2009). Sobre os modelos de desenvolvimento de produtos, Ogliari (1999) cita que é possível encontrar diversos tipos disponíveis na literatura (BACK, 1983; ROSENTHAL, 1992; VINCENT, 1989; WHEELWRIGHT; CLARK, 1992; COOPER; EDGETT, 1999; PAHL et al., 2005; ROZENFELD et al., 2006; BACK et al., 2008), e a principal diferença entre eles ocorre normalmente nas denominações de suas fases, mantendo-se quase que constantes as suas sequências e conceitos. Pahl et al. (2005) mencionam um modelo de desenvolvimentos de produtos (Figura 1) que destaca os aspectos importantes para a implantação da engenharia simultânea, considerando basicamente a antecipação e intersecção do início das fases para uma redução do prazo para o desenvolvimento de um novo produto e de acompanhamento de seus custos. Na Figura 1 foi destacada a utilização do DFMA. No processo de criação de um produto sob a ótica da engenharia simultânea, as atividades de cada um dos departamentos da empresa caminham, em grande parte, em paralelo. Ocorre também um permanente monitoramento do produto até o fim do seu ciclo de vida. Pahl et al. (2005) ressaltam a importância da equipe de desenvolvimento ser constituída não somente por pessoas responsáveis diretamente pelo projeto, mas também por outros setores que estejam envolvidos com o desenvolvimento de produtos, para que os aspectos ligados ao processo possam ser tratados de forma a romper as fronteiras departamentais. Visto que, em geral, a condição das pequenas e médias empresas (PMEs) não é necessariamente a de pioneirismo e que suas estratégias de desenvolvimento de produtos não são necessariamente ofensivas (SILVA, 2001), devido à necessidade de grandes investimentos em pesquisa e desenvolvimento tecnológico, muitas vezes, este entendimento e uma revisão na estratégia passam a ser o ponto chave para a redução de custos ou, até mesmo, a possibilidade única de desenvolvimento de novos produtos de uma forma estruturada e com maiores chances de sucesso. Dessa forma, a abordagem da engenharia reversa para o processo de desenvolvimento de produtos passa a ser uma possível solução para a inovação nessas empresas. 2.2 Engenharia reversa A engenharia reversa (ER) é uma ferramenta muito importante, e esta técnica tem sido amplamente reconhecida como sendo um passo importante no ciclo de desenvolvimento de produtos. O uso da ER diminui o tempo e os custos para chegar-se ao novo produto. Em contraste com as sequências tradicionais de desenvolvimento de produtos, a engenharia reversa normalmente começa com a medição de um produto de referência, de modo que um modelo sólido pode ser deduzido, a fim de fazer uso das vantagens tecnológicas existentes. Posteriormente, modelos são utilizados para a fabricação ou prototipagem rápida (BAGCI, 2008). Segundo Kim e Nelson (2000), países com a industrialização recente recorreram, principalmente nas décadas de 1960 e 1970, à engenharia reversa. Zhu, Liang e Xu (2005) afirmam que o processo de aquisição de tecnologia da China segue, geralmente, a seguinte linha: aquisição de linhas de manufatura e técnicas de países desenvolvidos, modificação do processo e identificação das partes e componentes, alcançar o desenvolvimento do produto por meio da ER e, por fim, otimizar os produtos. O processo de inovação da Coreia do Sul é por meio da ER, esperando os países desenvolvidos gerarem novas tecnologias e mercados para, aí sim, desenvolver seus produtos (HOBDAY; RUSH; BESSANT, 2004). 11 A ER é útil para orientar o entendimento do sistema de interesse e permitir que sejam feitas comparações com modelos de design semelhantes para verificar o que realmente pode ser aproveitado da tecnologia (KANG; PARK; WU, 2009). Ingle (1994) define a ER como um processo de levantamento de informações sobre um produto de referência por meio da sua desmontagem, com o objetivo de determinar como ele foi desenvolvido, desde seus componentes separados até o produto final. Sua abordagem defende claramente a aplicação da ER com o objetivo de gerar um produto o mais similar possível ao original com um nível de investimento que possa garantir a geração de lucros ao empreendimento. A principal aplicação da ER é no reprojeto e aperfeiçoamento de peças já existentes, em que sejam desejadas melhorias, tais como redução de custo ou mesmo inclusão de novas características ao produto. Além disso, um projeto de ER permite, por meio da construção de peças de reposição, fora de linha ou de difícil acesso, manter equipamentos obsoletos em funcionamento (MURY, 2000). Apesar de muito citado na literatura, o modelo de Ingle (1994) não contempla a integração do projeto para manufatura e montagem com a prototipagem rápida em uma abordagem de engenharia reversa para o reprojeto de produtos. Essa é uma contribuição científica que o presente trabalho busca oferecer. Outra abordagem que, de forma integrada com a ER, pode auxiliar a análise de reprojeto de produtos é o projeto para manufatura e montagem (DFMA). 2.3 Projeto para manufatura e montagem Dentre os métodos de apoio ao design de produtos que auxiliam a considerar a fabricação e montagem, durante a fase de concepção, o DFMA é utilizado como apoio para melhorar o conceito do produto ou um projeto já existente. Afinal, o foco do DFMA é contribuir para gerar um projeto considerando a capacidade de fabricação da empresa, para facilitar a montagem do produto final (ESTORILIO; SIMIÃO, 2006). O DFMA visa que o projeto de produto e o planejamento da produção aconteçam simultaneamente a partir de um conjunto de princípios. Já no reprojeto, o DFMA ajuda a adequar o produto da melhor maneira às características da produção e montagem, procurando melhorar a qualidade e reduzir o tempo de manufatura e montagem (DUFOUR, 1996). Segundo Stephenson e Wallace (1995) e Boothroyd, Dewhurst e Knight (2002), os requisitos da concepção original devem ser reavaliados para estabelecer os novos requisitos de qualidade DFMA, considerando sempre os seguintes princípios básicos do projeto para manufatura (DFM) e do projeto para montagem (DFA): simplicidade (diminuir o número de partes, sequência de manufatura mais curta etc.); materiais e componentes padronizados; liberar tolerâncias (evitar tolerâncias muito justas, que implicam em custos altos); uso de materiais mais processáveis; reduzir operações secundárias; utilizar características especiais de processo (tirar vantagem das capacidades especiais dos processos de manufatura, eliminando operações onerosas e desnecessárias); evitar limitações no processo. 2.4 Prototipagem rápida A prototipagem rápida (PR) é uma tecnologia inovadora desenvolvida nas últimas duas décadas. Ela visa produzir protótipos de forma relativamente rápida para inspeção visual, avaliação ergonômica, análise de forma/dimensional e como padrão mestre para a produção de ferramentas para auxiliar na redução de tempo do processo de desenvolvimento de produtos (CHOI; CHAN, 2004). A PR permite aos projetistas criar rapidamente protótipos concretos a partir de seus projetos, ao invés de Figuras bidimensionais, possibilitando um auxílio visual excelente durante a discussão prévia do projeto com colaboradores ou clientes. Atualmente existe um grande número de tecnologias de prototipagem rápida disponíveis no mercado. Entretanto, sete delas se destacam: estereolitografia (SLA), sinterização seletiva a laser (SLS), manufatura de objetos em lâminas (LOM), modelagem por deposição de material fundido (FDM) e impressão tridimensional (3D Printing) (CHEN, 2000). A presente pesquisa se concentrou na tecnologia de modelagem por deposição de material 12 fundido (Fused Deposition Modelling - FDM), por ser aquela que oferece equipamentos de menor custo (KOCHAN, 2000), ou seja, ao alcance das pequenas e médias empresas e das instituições de pesquisa. A FDM se baseia na deposição, sobre uma plataforma, de camadas resultantes do aquecimento e amolecimento de filamentos do material plástico destinado à confecção do modelo, como ilustra a Figura 2. Simultaneamente, outros fios amolecidos vão formando suportes para as superfícies livremente suspensas do modelo, a fim de que elas possam ser construídas. Os arames destinados ao modelo são, geralmente, de ABS (Acrylonitrile Butadiene Styrene), enquanto os destinados aos suportes são uma mistura de ABS e cal. A partir do protótipo gerado, a equipe de projeto pode analisar o produto adotado como referência, testar suas especificações, testar situações de manufatura ou montagem, propor alterações dimensionais ou construtivas e estabelecer as possíveis melhorias a serem feitas no produto final a ser desenvolvido. 2.5 Integração da engenharia reversa com o projeto para manufatura e montagem No processo de criação de um produto, sob a ótica da engenharia simultânea, as atividades de cada um dos departamentos da empresa caminham, em grande parte, em paralelo. Ocorre também um permanente monitoramento do produto até o fim do seu ciclo de vida. Partindo-se do modelo analisado por Pahl et al. (2005) (Figura 1), Souza (2007) propôs uma adaptação no modelo para a inclusão das considerações realizadas por Ingle (1994), de forma que se contemple o desenvolvimento de produtos em uma abordagem de engenharia reversa. Depois de realizada a inclusão do processo de engenharia reversa, é necessário deixar as fases de forma clara dentro do modelo. Analisando-se o trabalho proposto por Ingle (1994), observa-se que existe uma grande deficiência nas considerações relativas às necessidades da manufatura e montagem. Desta forma, o modelo proposto por Souza (2007), considera que os fundamentos do DFMA sejam incluídos durante as análises de engenharia reversa, fazendo com isto um complemento ao proposto por Ingle (1994). A partir da análise dessas necessidades, Souza (2007) gerou um modelo composto por oito etapas, como ilustra a Figura 3. Esse modelo não busca substituir todas as fases inicialmente propostas por Pahl et al. (2005), mas sim as fases específicas de desenvolvimento do projeto e do processo. Ou seja, esta adaptação busca otimizar a parte técnica do processo de desenvolvimento de um produto, de forma que ele poderá ser aplicado a outros modelos existentes, inclusive de reprojeto de um produto, esperando-se que os mesmos resultados finais possam ser obtidos. O Quadro 1 apresenta um breve detalhamento de cada uma das fases do referido modelo. 3 Pesquisa-ação 3.1 Descrição do método Bryman (1989) considera que a pesquisa-ação é uma abordagem da pesquisa social aplicada, na qual o pesquisador e o cliente colaboram no desenvolvimento de um diagnóstico e para a solução de um problema, por meio da qual as descobertas resultantes irão contribuir para a base de conhecimento em um domínio empírico particular. De modo geral, esta abordagem de pesquisa compreende três fases principais: uma preliminar, um ciclo de condução e uma meta-fase, ilustradas na Figura 4. O ciclo de condução da pesquisa 13 compreende seis passos, enquanto que a meta-fase está presente em cada um desses seis passos. A fase do estudo preliminar no presente trabalho compreendeu reuniões de planejamento, realizadas com o intuito de identificar os problemas no sistema de fechamento de um forno industrial, por meio de informações fornecidas pelos próprios clientes e análise do mercado. Assim, o seguinte propósito foi estabelecido: desenvolver um sistema de fechadura, de fácil utilização se comparado ao atual, para o forno modelo EC-10. Na segunda fase, o ciclo de condução constituído por seis passos (Figura 3), foi repetido 12 vezes, como mostra o Quadro 2. Alguns ciclos foram mais longos do que os demais, tais como os ciclos 5 e 9, em que foi necessário projetar as peças no software SolidWorks (versão 2005) e usinar as peças em metal, respectivamente. Na terceira (meta) fase, denominada de monitoramento, foi realizada a verificação de cada um dos seis passos anteriores, no sentido de identificar qual é o aprendizado gerado na condução da pesquisa-ação. O monitoramento gerou diversas lições aprendidas que foram registradas na base de dados da empresa para serem utilizadas em projetos futuros. 3.2 Descrição da pesquisa A unidade de análise selecionada para o presente trabalho foi a Prática Technicook. Ela foi fundada em 1991, está situada em Pouso Alegre (MG), e desde 1994 fabrica com sucesso fornos para panificação e para cozinhas industriais. A empresa é líder nacional no segmento dos fornos para cozinhas profissionais, sendo referência no mercado em que atua. A pesquisa, realizada de janeiro a setembro de 2009, seguiu as etapas do modelo de integração proposto por Souza (2007), citados no item 2.5, apresentadas a seguir. 3.2.1 Identificar a oportunidade Foram identificados dois fornos de referência. Um proveniente de uma empresa alemã, concorrente direta no Brasil, e outro de uma empresa italiana, que faz a comercialização de diferentes produtos, inclusive fechaduras. Também foram utilizados para fins de comparação todos os quatro diferentes tipos de fechadura usados atualmente na empresa. Quanto à aquisição, não houve problemas, pois o forno alemão já havia sido adquirido anteriormente pela fábrica, também com o intuito de fazer uso da técnica de ER para outras partes do forno. A fechadura italiana foi fornecida pela própria empresa fabricante, como amostra para possíveis vendas futuras. Dessa forma, não houve custo algum. 3.2.2 Coletar e preparar dados iniciais Todas as informações foram coletadas por um colaborador e dentro da própria empresa, já que havia a disponibilidade da fechadura alemã e da italiana, além das fechaduras usadas na fábrica. Para se obter outras informações foram consultados os chefes de cozinha, funcionários da assistência técnica, funcionários da engenharia de produto, gerentes, diretores e coletados dados do SAC (Serviço de Atendimento ao Cliente), além de buscas pela internet. 3.2.3 Formação da equipe A equipe de pesquisa formada foi composta pelo Cozinheiro Chefe, Gerente de Engenharia, Diretores da Fábrica e Responsável de Compras, além do pesquisador, os quais supriram as necessidades de informações em diferentes áreas. Cada um dos participantes da empresa tem mais de cinco anos de experiência no desenvolvimento e fabricação dos fornos. 3.2.4 Desmontar (informações sobre o produto) Para as fechaduras usadas na empresa, foram utilizados seus desenhos virtuais, o que possibilitou analisar cada uma quanto à montagem e também cada peça separadamente, sem precisar desmontar o produto. Já com a fechadura alemã e a italiana, foi realizada a desmontagem, a análise e, por meio de fotografias, o conteúdo pôde ser arquivado. O Quadro 3 apresenta a comparação entre o sistema atual de fechadura do forno modelo EC-10 e o sistema proposto. Para monitorar o trabalho, toda a sua condução foi registrada na forma desenhos virtuais, fotos e vídeos, visando análise posterior. 14 3.2.5 Medir e testar (informações sobre os componentes) Nesta fase, identificou-se a aplicabilidade do DFMA durante as análises dos componentes, observando: • • • • • desgastes prematuros; redução do número de componentes; materiais alternativos; equipamentos necessários para a manufatura, qualidade e manuseios; e layout do chão de fábrica. O funcionamento das fechaduras usadas na empresa foi observado nos próprios fornos. A fechadura alemã foi observada quanto ao funcionamento, pois pôde ser montada no seu forno de origem. Para a fechadura italiana, foi possível apenas a observação por meio de um simples encaixe manual. As análises de aplicabilidade do DFMA foram feitas e, como a empresa não fabrica os componentes da fechadura, foi solicitado o auxílio de profissionais especializados em processos de fabricação desse tipo de peças que trabalham em duas empresas que comercializam serviços de usinagem na região. 3.2.6 Especificar e documentar A proposta da nova fechadura foi modelada por meio do software SolidWorks (versão 2005) e, levando em consideração as informações obtidas pelas fases anteriores, o novo produto foi definido. Cada um dos novos componentes foi desenhado e devidamente registrado e documentado. 3.2.7 Prototipar Todas as peças da fechadura foram prototipadas na Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI), na máquina Dimension SST 768, pelo método de Modelagem por Deposição de Material Fundido (FDM), como ilustra a Figura 5. 3.2.8 Analisar e rever os resultados Assim como descrito na literatura, o projeto passou por todas as fases anteriores e, ao final delas, o protótipo pôde ser apresentado para a equipe formada para a pesquisa. Foram identificadas novas necessidades, fazendo o projeto retornar a algumas das fases anteriores para reavaliação e reprojeto. Depois de repetir esse ciclo por diversas vezes, finalmente chegou-se a um projeto conceitual final, mostrado na Figura 6. 15 4 Análise dos resultados Segundo Coughlan e Coghlan (2002), o aspecto crítico da análise de dados na pesquisa-ação é que ela é colaborativa, tanto o pesquisador quanto os membros do sistema cliente (por exemplo, o time de gerentes, um grupo de clientes etc.) fazem-na juntos. Esta abordagem colaborativa é baseada na suposição de que os colaboradores conhecem melhor a sua empresa, sabem o que irá funcionar e, principalmente, serão aqueles que irão implementar e seguir as ações a serem implementadas. Portanto, seu envolvimento na análise é crucial. Sendo assim, os critérios e ferramentas para a análise foram discutidos entre o pesquisador e sua equipe de colaboradores da empresa, de forma a estarem diretamente ligados ao propósito da pesquisa e no âmago das intervenções. Foram identificados 12 aspectos para a comparação dos resultados finais entre o sistema atual de fechadura e o novo sistema proposto. A Tabela 1 apresenta de forma resumida esses aspectos. A fechadura atual possui 13 componentes, pois são necessárias duas esferas e duas molas. Isso já não é necessário na nova fechadura, que contém apenas 11 componentes, representando uma redução aproximada de 15% no número de componentes. Para a fabricação da fechadura atual, são utilizados cinco processos de fabricação: corte a laser, dobra, usinagem, solda e conformação de mola. Já para a fechadura nova, propõem-se apenas quatro: injeção de plástico, usinagem, conformação de mola e fundição, ou seja, uma redução de 20% no número de processos. O tempo de fabricação da fechadura atual foi obtido do fornecedor que produz o produto, englobando todos os processos de corte a laser, dobra, usinagem, solda, conformação de mola e acabamento, resultando em um tempo total de 220 minutos. Além da fabricação, a montagem do conjunto também é feita por este fornecedor e são necessários, aproximadamente, 480 segundos para a fechadura estar pronta para despacho. O custo de todo este serviço é de R$ 124,00. Fazendo contado com os fornecedores, discutindo métodos de produção e fazendo estimativas para a nova fechadura, pôde-se estimar os custos em, aproximadamente, R$ 45,00 (redução de 64% no custo), englobando todas as peças necessárias e o tempo para fabricação das peças manufaturadas em, aproximadamente, 20 minutos (redução de 91% no tempo de fabricação). Por meio da montagem de protótipos usinados, estima-se um tempo de 150 segundos (redução de 68%) para a montagem do sistema. Por meio do sistema de atendimento ao consumidor (SAC) e pessoal de assistência técnica foi possível identificar alguns problemas apresentados pela fechadura atual: • • • • • processo de fabricação caro, devido à quantidade e complexidade da usinagem de alguns componentes; sobra de material (sucata); com o passar do tempo ou utilização excessiva, o sistema gera uma folga, ocasionada pelo desgaste, dado pela alavanca que pressiona o conjunto a todo fechamento da porta; por ser um sistema que trava a porta pelo atrito entre duas partes, até que ambas encaixemse, é necessário fazer certa força para superar esse atrito, tornando o sistema duro; não existe nenhum sistema de retorno por mola para auxiliar os movimentos; 16 • • • • o alívio existente gera uma abertura muito pequena entre a porta e a guarnição que, às vezes, não é percebido pelo cliente e, portanto, não utilizado. Também pode não ser utilizado quando o cliente o considera ineficiente para liberação do vapor; o sistema é complicado para montagem e desmontagem, devido à presença de parafuso mosca, esferas e molas, que podem não ser utilizados de maneira correta por uma pessoa leiga. Geralmente, quando ocorre folga, é necessária a troca da fechadura inteira; por ser feita pela união de chapas de três milímetros, gerando um cabo de seis milímetros, os cantos acabam ficando retos, o que torna o manuseio doloroso, já que há a necessidade de se fazer força em cima de uma aresta; e se a fechadura, após a abertura, for retornada à posição vertical e depois for feito o fechamento do forno, o componente de giro irá bater no painel e, provavelmente, amassar. Após os primeiros testes com a fechadura nova, foi possível chegar a conclusões preliminares quanto a algumas dificuldades: por ser um sistema em que a haste/mola deve encaixar-se perfeitamente na trava, é necessário ter maior atenção no posicionamento da porta, garantindo o alinhamento correto; se, devido à construção do forno, houver algum erro de dimensões, o que ocorre com certa frequencia (devido à existência de processos como puncionamento, dobra, encaixe sem gabaritos e solda), deve-se fazer uso de arruelas para o posicionamento correto da trava de dois estágios; como algumas peças propostas serão fundidas, é necessário um grande desembolso inicial para a fabricação dos moldes de fundição, tanto para o metal quanto para o plástico, num total de aproximadamente R$ 35.000,00. Em contrapartida a essas dificuldades, foi possível observar os benefícios de cada fechadura. A atual possui um sistema robusto, que atende às exigências do mercado e está consolidada na empresa. A nova proposta é inovadora (em relação aos modelos utilizados na empresa), de fácil utilização e bons recursos. O sistema atual é de difícil manutenção, uma vez que dificilmente a troca de alguma peça resolve o problema. Geralmente, o sistema é substituído por inteiro, além da complexidade para montagem e desmontagem. A fechadura nova é de fácil desmontagem e montagem: as principais peças podem ser trocadas com a retirada de apenas um parafuso. Possui menor desgaste, pois o sistema sofre principalmente força axial. Em relação às funções, é possível observar na atual fechadura as seguintes: garantir a selagem completa do forno; disponibilizar sistema de alívio; servir como haste para abertura e fechamento do forno. As funções da fechadura nova contemplam as funções do sistema atual e ainda: abrir o forno com o giro da maçaneta, tanto para a direita, quanto para a esquerda; garantir o retorno rápido da maçaneta, após ser acionada. No que tange ao funcionamento, pôde-se verificar uma melhoria em relação à abertura, alívio e fechamento. O sistema de alívio da fechadura atual é considerado ineficiente, já que proporciona distância muito pequena para liberação de vapores, geralmente imperceptível pelos clientes. O sistema de alívio da fechadura nova possibilita um alívio de 20 mm, podendo ser utilizado com um leve toque na maçaneta. Ele pode não ser utilizado por opção, caso a maçaneta seja acionada e permaneça com 50 graus de torção durante a abertura. A nova fechadura possibilita o fechamento (lock) da porta, se for deslocada com um leve jogo de corpo, em momentos em que o operador se encontra com as mãos ocupadas e não tem a intenção de deixar a porta do forno aberta. Considerando a ergonomia, a atual fechadura é considerada pela equipe um mecanismo duro, necessitando de muita força para o acionamento. A maçaneta possui cantos retos que machucam com a utilização diária. Na nova fechadura o mecanismo é leve, pode ser acionado com um único dedo, é fácil de fechar e a maçaneta é arredondada para o encaixe da mão. Após obter todas as peças em materiais suficientemente resistentes para testar o mecanismo, foi feita uma reunião com todos os responsáveis da equipe para um teste. A Figura 7 ilustra o protótipo pronto para teste. 17 Com a utilização de uma nova porta com a furação adequada para nova fechadura, montou-se o mecanismo no forno proposto e pode-se testar o funcionamento. Todos os integrantes da equipe manusearam a fechadura de formas diferentes, de acordo com suas percepções de exigências que devem ser atendidas pelo produto. A nova fechadura foi aprovada por todos, como se percebeu em alguns depoimentos. O Cozinheiro Chefe afirmou: "Para mim não faz muita diferença o tipo de fechadura, eu gosto do sistema atual mas, realmente, este novo ficou mais fácil". Já o responsável de Compras completou dizendo: "Gostei muito, agora temos que decidir os materiais, processos de fabricação e aonde vai ser feito. Estamos no caminho certo, os concorrentes estão trazendo coisas novas e essa fechadura vai dar um diferencial para o nosso forno". Finalmente, o Diretor da Fábrica completou: "O sistema ficou muito legal. Vamos definir se realmente fica finalizado nesse protótipo, mandar produzir mais protótipos funcionais e testar. Podemos utilizar acionadores pneumáticos para ver os desgastes e ir ajustando até que possa ser introduzido em nossa linha". 5 Conclusões O trabalho realizado preocupou-se em chegar a um produto que atendesse às exigências da empresa e do mercado, trazendo inovações e soluções para problemas antigos. O projeto encontra-se em fase de testes, levando em conta pontos importantes listados pela equipe de projeto e com o intuito de identificar possíveis pontos para reprojeto. Pretende-se chegar a uma fechadura ideal e, em uma segunda fase, realizar análises financeiras para então programar fornecedores, modificar linhas de produção e componentes dos fornos para a utilização do novo sistema. Analisando preliminarmente a diferença entre custo das fechaduras, tempo para fabricação, tempo para montagem e facilidades apresentadas pelo modelo novo, percebe-se que será uma mudança muito positiva e, embora se tenha altos custos com a aquisição dos moldes de fundição, com o tempo esse montante será recompensado. Dessa forma, os objetivos do trabalho foram atingidos. Foram feitas as recomendações de melhorias no projeto conceitual do novo sistema de fechadura. Foi utilizado o modelo proposto por Souza (2007) que integra projeto para manufatura e montagem (DFMA) com a prototipagem rápida (PR) em uma abordagem da engenharia reversa (ER). Foram utilizadas fechaduras de referência, por meio da ferramenta ER, no momento da criação virtual da nova fechadura, conceitos de DFMA foram empregados para beneficiar o produto e a primeira análise física do sistema foi possível devido à fabricação do primeiro protótipo por PR, além de utilizar o modelo no decorrer do projeto, já que ele propõe retornar às fases anteriores sempre que for necessário. Portanto, o presente trabalho contribuiu na consolidação do modelo proposto por Souza (2007), que se mostrou adequado para a criação desse novo projeto. Como os princípios do DFMA não são estruturados, sugere-se para trabalho futuro uma pesquisa que trate justamente da estruturação dos princípios do DFMA para aplicação no desenvolvimento ou reprojetos de produtos industriais. Espera-se que a nova fechadura venha a ser validada e que as melhorias beneficiem tanto a empresa quanto os seus clientes. Como sugestões para futuros trabalhos, sugere-se aplicar o 18 modelo proposto por Souza (2007) no reprojeto de outros produtos para validar sua utilidade. Foi dada entrada no INPI de um pedido de patente de modelo de utilização para a fechadura proposta neste trabalho. Agradecimentos Os autores agradecem à Fapemig (processos EDT-538/07 e TEC-PPM-00043/08) os recursos fornecidos para o fomento de pesquisas sobre o presente tema, sem os quais a realização desta pesquisa não seria possível. Nosso muito obrigado também à Prática Technicook e aos seus colaboradores, que nos permitiram realizar o presente trabalho. Referências ARTIS. Tecnologias de prototipagem - estereolitografia SLA. Brasília, DF: Clínica de Odontologia Integrada Artis. Disponível em: <http://www.artis.com.br>. Acesso em: 25 maio 2006. [ Links ] BACK, N. et al. Projeto integrado de produtos: planejamento, concepção e modelagem. Porto Alegre: Editora Manole, 2008. [ Links ] BACK, N. 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Todo o conteúdo do periódico, exceto onde está identificado, está licenciado sob uma Licença Creative Commons 20 Universidade Federal de São Carlos Departamento de Engenharia de Produção Caixa Postal 676 13.565-905 São Carlos SP Brazil Tel.: +55 16 3351 8237 r.246 Fax: +55 16 3351 8240 [email protected] Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104530X2010000300005&lng=pt&nrm=iso – 31/01/2011 3.1 PRÁTICAS GRAMATICAIS II EXERCÍCIOS 1. O trecho a seguir foi adaptado do resumo de um artigo publicado no Scielo. Leia-o com atenção e, em seguida, faça as correções necessárias. RESUMO As organizações necessitam gerenciar o conhecimento utilizados em seus processos de forma efetiva para promover aprendizado organizacional e preservar seu capital intelectual. A Gestão do Conhecimento tem um papel fundamental no desenvolvimento de produtos como agente disseminadores de informações para os atores envolvidos neste processo. O Processo de Desenvolvimento de Produto (PDP) tem natureza interdisciplinar e é caracterizado pelo elevado número de informações que são geradas e manipuladas. Portanto neste processo o compartilhamento de conhecimento, assim como a integração entre os recursos humanos, faz-se necessária para a solução de problemas. Ontologias, enquanto sistemas de representação do conhecimento, é importante para apoiar a organização, classificação, representação, recuperação e difusão do conhecimento no PDP. Nosso objetivo neste artigo é descrever a elaboração de uma proposta de Gestão do Conhecimento utilizando ontologias, que apoie a representação, recuperação e disseminação de conhecimento relativo ao PDP. Para tanto, descrevemos um método para a formalização e construção de ontologias para subprocessos do PDP. Na sequência apresentamos o método para a construção da ontologia e sua aplicação no SENAI CIMATEC - Centro Integrado de Manufatura e Tecnologia. (Uma ontologia para a Gestão do Conhecimento no Processo de Desenvolvimento de Produto , Maria Teresinha Tamanini AndradeI; Cristiano Vasconcelos FerreiraII; Hernane Borges de Barros PereiraIII) 2. Reescreva os trechos a seguir, buscando a impessoalização, a clareza e a precisão vocabular. a) A Engenharia de Software procura chegar a sistematizar a produção, a manutenção, a evolução e a recuperar os produtos, com essa busca espera-se que tudo saia dentro do prazo e com os valores que foram desejados pela empresa, com progresso controlado e utilizando princípios, métodos e processo em contínuo aprimoramento... 21 b) Com a pesquisa, pude perceber que procedimentos sistemáticos de controle não são utilizados sempre e quando eles são usados, posso notar que muitas vezes ficam só nos produtos que tem um nível inferior, e ainda ignoram o controle das especificações dos requisitos ou sobre o projeto (design)... c) Se nós formos analisar o que está acontecendo em outros países com esses rejeitos, vamos ver que nos Estados Unidos, com a lei do “Clean Water Act” Lei (PL-92-500), as estações de tratamento de água para abastecimento entram na classificação das indústrias e aí devem ter seus rejeitos tratados e jogados de acordo com regras. Depois dessa lei, verificamos que outras apareceram para mostrar como é o jeito que considero correto do tratamento e descarte de rejeitos... d) Com esse programa temos o objetivo geral de desenvolvermos e aperfeiçoar tecnologias nas áreas de águas de abastecimento, águas residuárias e resíduos sólidos que sejam fáceis de aplicar, que tenham baixo custo na sua implantação, na sua operação e também na manutenção e que resultem numa grande melhoria em termos de qualidade de vida da nossa população carente aqui do Brasil. Prepare-se para a próxima aula – alimentação temática: • Durante esta semana, procure ler textos que tratem do desenvolvimento tecnológico (benefícios, prejuízos, adaptação dos profissionais, implicação em relação ao desemprego, contribuições para a medicina, para a educação etc.), para que possamos elaborar um fluxograma, ou um mapeamento de idéias sobre o assunto e desenvolver um texto organizado, claro e coeso. Quanto mais contato tiver com os meios de informação (TV, jornais, revistas, rádio, livros), maior será seu conhecimento sobre os assuntos. Por isso é muito importante ler constantemente, a fim de que seu “arquivo” de conhecimentos esteja sempre cheio e atualizado. Se suas idéias forem limitadas, seu texto também o será! 4 O PLANEJAMENTO DO TEXTO II: elaboração de argumentos a partir da tese Outra possibilidade de planejamento de texto é a utilização da técnica do “POR QUÊ?” Considere a seguinte estrutura textual: INTRODUÇÃO: Tese + argumento 1 + argumento 2 + argumento 3 DESENVOLVIMENTO: argumento 1+ argumento 2+ argumento 3 CONCLUSÃO: Expressão inicial + reafirmação do tema + observação final Vejamos, agora, os passos para este tipo de planejamento textual: 22 Tese: O MUNDO CAMINHA PARA A PRÓPRIA DESTRUIÇÃO Pergunta-se: Responde-se: POR QUÊ? O MUNDO CAMINHA PARA A PRÓPRIA DESTRUIÇÃO? (argumento 1) tem havido inúmeros conflitos internacionais. (argumento 2) o meio ambiente encontra-se ameaçado por sério desequilíbrio ecológico. (argumento 3) permanece o perigo de uma catástrofe nuclear. Conclui-se: Expressão inicial + retomada do tema + sugestão ou possibilidade (previsão) de solução do problema. Com esse esquema preparado, basta desenvolver as idéias selecionadas, articulando os parágrafos de maneira clara e lógica. E, por fim, escolher um título atraente que faça referência ao tema abordado no texto. Observe como isso pode dar um excelente resultado: Destruição: a ameaça constante O mundo caminha atualmente para a sua própria destruição, pois tem havido inúmeros conflitos internacionais, o meio ambiente encontra-se ameaçado por sério desequilíbrio ecológico e, além do mais, permanece o perigo de uma catástrofe nuclear. Nestas últimas décadas, temos assistido, com certa preocupação, aos inúmeros conflitos internacionais que se sucedem. Muitos trazem na memória a triste lembrança das guerras do Vietnã e da Coréia que provocaram grande extermínio. Em nossos dias, testemunhamos conflitos que, envolvendo as grandes potências internacionais, poderiam conduzir-nos a um confronto mundial de proporções incalculáveis. Outra ameaça constante é o desequilíbrio ecológico, provocado pela ambição desmedida de alguns, que promovem desmatamentos e poluem as águas dos rios. Tais atitudes contribuem para que o meio ambiente, em virtude de tantas agressões, acabe por se transformar em um local inabitável... Além disso, enfrentamos sério perigo relativo à utilização da energia atômica. Quer pelos acidentes que já ocorreram e podem acontecer novamente nas usinas nucleares, quer por um eventual confronto em uma guerra mundial, dificilmente poderíamos sobreviver diante do poder avassalador desses sofisticados armamentos. Isso posto ( sendo assim/ desse modo/ assim/ portanto) somos levados a acreditar na possibilidade de estarmos a caminho do nosso próprio extermínio. É desejo de todos nós que algo 23 possa ser feito no sentido de conter essas diversas forças destrutivas, para podermos sobreviver às adversidades e construir um mundo que, por ser pacífico, será mais facilmente habitado pelas gerações futuras. (Texto adaptado de GRANATIC, Branca. Técnicas básicas de redação. São Paulo:Ed. Scipione,1988) 4.1 PRODUÇÃO DE TEXTO A partir da pesquisa que sugerimos, faremos, agora, a construção do texto, para isso há duas possibilidades: PROPOSTA 1 • Reflita sobre as leituras que fez. • Delimite o tema. • Estabeleça a tese que será apresentada. • Selecione o caminho que o levará à comprovação de sua idéia. • Estabeleça a que deseja chegar com a exposição que fará em seu texto. • Organize esse raciocínio por meio do gráfico. • Agora, transforme em texto as idéias que organizou no gráfico e, a seguir, escreva seu texto. PROPOSTA 2 • Reflita sobre as leituras que fez. • Delimite o tema. • Estabeleça a tese que será apresentada. • Selecione o caminho, ou seja, os argumentos que o levarão à comprovação de sua idéia, para isso, utilize a técnica II. LEMBRETES: • • Faça sempre um rascunho do texto. Essa prática auxilia a desenvolver um texto mais claro e coerente. Se, durante a leitura do texto, você pensar “acho que vão entender”, esse é o momento de reescrever e tornar as idéias mais claras. 24 EXPRESSÕES QUE AJUDAM A MELHORAR SUA REDAÇÃO 1. Para introdução de uma ideia:Segundo Fulano...; Sucedeu que...; Ao iniciar...; Indubitavelmente...; Ainda que...; Não existe...; O que é...; No dia..; Ao iniciar...; Não há dúvidas que...; Não há muito tempo...; Primeiramente...; Sabemos que...; De modo geral...; Por que...?; Era uma vez...; Propomonos a ..; No início...; Aconteceu que...; Há...; Havia...; Foi uma vez...; Inicialmente...; Voltemos nosso pensamento para...; Embora...; Temos...; Eis...; Você sabia...; Durante...; Existem...; Observamos que...; Quando...; Supomos que...; Em primeiro lugar...; Eu...; Por volta de...; Até meados de...; Pensamos que...; Sucedeu que...; Nestas considerações iniciais...; A palavra...; Voltemos nossa atenção para.... 2. Para desenvolvimento da ideia: Em segundo lugar...; Com referência a ...; Em seguida...; Outro enfoque...; Passemos para...; A evidência adicional para confirmação...; Após as considerações iniciais...; Continuando...; Prosseguindo...; Passamos em seguida para...; Examinemos a seguir...; Examinemos agora...; Comparemos agora...;Depois...; Além disso...; Então...; Ora...; Voltemos por ora a nossa atenção para...; 3. Para contraste de várias ideias: Mesmo que...; Por um lado...; Por outro lado...; Mas...; Porém...;Contudo...; No entanto...; Entretanto...; Todavia...; Apesar de...; Não obstante... 4. Resultado de ideias:O saldo desse confronto...; Assim sendo...; Em conseqüência...; Como conseqüência...; Então...; Como resultado do exposto...; O resultado positivo...; Portanto...; Por isso...; Assim...; Desse modo...; Desde que...; Porque...; Conseqüentemente...; Daí...; Já que...; O saldo positivo do exposto...; Por essa razão...; Por esse motivo...; O saldo negativo... 5. Transição de ideias: Concomitantemente...; Paralelamente...; Ao mesmo tempo...; Nesse ínterim...; Além disso...; Se...; Então...; Voltemos nossa atenção para...; Se o que dissemos é verdade...; Simultaneamente... 6. Cronologia de ideias:Em primeiro lugar...; Em segundo lugar...; Em Terceiro lugar...; Este...; Aquele...; Um outro...; O primeiro...; O segundo...; Este...; O próximo...; Por último...; Depois...; Enfim...; Em conclusão... 7. Ênfase das ideias:Aliás...; Deste modo...; Neste caso...; Isto é importante porque...; Os resultados 25 óbvios são...; Obviamente...; Os resultados significativos são...; Torna-se claro que...; Deixe me repetir que...; Lembremos que...; Deixe-me enfatizar que...; Enfatizemos que...;Naturalmente...; É claro que...; Frisemos que...; É obvio que...; Notemos que... 8. Resumo de ideias: Em suma...; Em conclusão...; Em resumo...; Em síntese...; Resumindo...; Sumarizando...; Sintetizando...; Concluindo...; Como conclusão...; Como demonstramos...; Como vimos...; Em poucas palavras...; Por esses...; Pelo exposto acima... 9. Explicação das ideias: (Poderia ser encaixado na ênfase das idéias)...isto é; ...é o seguinte; Esclarecendo...; Explicando melhor...; Neste caso...; Com efeito...; 10. Conclusão das ideias: Por fim...; Finalmente...; Encerrando...; Afinal...; Enfim... 5 LEITURA, ENTENDIMENTO DE QUESTÕES E RESPOSTAS ADEQUADAS A resolução de exercícios e as respostas oferecidas a questões de provas também compreendem o entendimento e a produção de texto. A distração aliada à inconveniente pressa e à dificuldade em relação aos verbos de comando são as responsáveis, na maior parte das vezes, pelo mau desempenho na solução desses problemas. Há que se mergulhar na leitura para melhor compreender o sentido do texto que ora faz parte de nossa ocupação. Não adianta pular etapas, pois um bom raciocínio requer começo, meio e fim. É importante lembrar sempre que cada resposta é um pequeno texto e que, portanto, deve ter introdução (muitas vezes representada pela reescrita da própria pergunta (tópico frasal), desenvolvimento (a resposta propriamente dita) e, quando possível, conclusão (fechamento do texto). Na resolução de problemas, muitos alunos começam a ler a questão e, sem terminar de ler todo o enunciado, acham que já sabem o que se está pedindo e fazem as contas. Mas, na verdade, não sabem realmente qual é a pergunta do problema. Isso é muito ruim, pois em muitos problemas a pergunta está justamente no finalzinho do enunciado. Por esse motivo, na maioria das vezes, uma questão muito fácil pode ser jogada fora por causa de uma má leitura do enunciado. Há questões que apresentam enunciados muito longos, daqueles que você já olha e fica assustado - "isso aqui não sei". Geralmente, nesse tipo de questão, quando o aluno chega ao fim da leitura do enunciado, já se esqueceu o que dizia o começo do problema: aí fica nervoso e acaba considerando a questão difícil. 26 O que você deve fazer então? 1. Com calma, faça uma primeira leitura do enunciado para você se familiarizar com o problema e delinear as metas a serem atingidas; 2. Numa segunda leitura, sublinhe as palavras-chave. 3. A terceira leitura possibilitará que você faça as anotações necessárias ao lado da questão a fim de buscar uma representação gráfica para evitar abstrações desnecessárias. 4. Liste os dados e as incógnitas - é importante ter acesso fácil, em qualquer etapa da resolução, aos dados conhecidos e aos desconhecidos. 5. Verifique o sistema de unidades. 6. Elabore hipóteses e escreva as equações apropriadas para delinear o problema da forma mais clara possível. 7. Desenvolva o problema literalmente. 8. Analise o resultado. (adaptado de http:// plato.if.usp.ler/seminarios 1 resolução de problemas e de http://vestibular.uol.com.br) Para auxiliá-los durante esse processo, vamos analisar alguns enunciados: 1. Um caminhão com carga de 20 toneladas e velocidade de 150 km/h trafega por uma rodovia. No km 25, passa sob uma ponte cuja capacidade é suportar um peso de 15 toneladas. Pergunta-se o que ocorre com a ponte durante a passagem do caminhão. 2. Um trem de 150 metros de comprimento, com capacidade para transportar cerca de 200 pessoas, viaja de uma cidade a outra, movendo-se com uma velocidade constante de 72 km/h. Durante o percurso, atravessa um túnel de 300 m de comprimento. Sabe-se que a distância entre as duas cidades é de 2 km. Determine o tempo gasto pelo trem após atravessar completamente o túnel. 3. Em um prédio de 20 andares (além do térreo) o elevador leva 36s para ir do térreo ao 20º andar. Uma pessoa no andar X chama o elevador, que está inicialmente no térreo, e 39,6s após a chamada a pessoa atinge o andar térreo. Determine o valor do andar X, considerando-se que não ocorreram paradas intermediárias, e que os tempos de abertura e fechamento da porta do elevador e de entrada e saída do passageiro são desprezíveis. 27 6 O TEXTO ARGUMENTATIVO O texto argumentativo tem como meta principal a defesa de uma tese, pressupondo a existência de um “auditório” (interlocutor) definido, isto é, um interlocutor específico, adequando-se a ele com a intenção de convencê-lo, persuadi-lo (levá-lo a crer no ponto de vista defendido, de tal forma que passe a aceitá-lo como verdadeiro). Nesse tipo de discurso, o enunciador almeja a adesão total do interlocutor. Ao elaborar um texto argumentativo visando a conseguir a adesão de determinado(s) interlocutor(es), o enunciador precisa escolher os argumentos, conhecer a dimensão deles e estabelecer uma ordem de apresentação dos mesmos. Em outras palavras, deve ter consciência da pertinência e da força dos argumentos. Sem esse conhecimento prévio, toda argumentação pode ser contemplada com seu inimigo fatal: o fracasso. Os argumentos são, portanto, as “provas” (raciocínio, dados, fatos) apresentadas para demonstrar que a idéia que você pretende defender é correta. Como diz Aristóteles, os argumentos servem quando se tem de escolher entre duas ou mais coisas. Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e uma desvantajosa, como a saúde e a doença, não precisamos argumentar. Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher entre duas coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. Nesse caso, precisamos argumentar sobre qual das duas é mais desejável. O argumento pode, então, ser definido como qualquer recurso que torna uma coisa mais vantajosa que a outra. O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de um fato, mas levar o ouvinte a admitir como verdadeiro o que o enunciador está propondo. Sendo assim, podemos dizer que todo texto é argumentativo, porque todos são persuasivos, mais ou menos explicitamente, uma vez que “ toda a ação comunicativa é dotada de intencionalidade, veiculadora de ideologia e, portanto, caracterizada pela argumentatividade”. "Argumentar é a arte de convencer e persuadir. Convencer é saber gerenciar informação, é falar à razão do outro, demonstrando, provando. Etimologicamente, significa 'vencer junto com o outro' (com + vencer) e não contra o outro. Persuadir é saber gerenciar a relação, é falar à emoção do outro". A origem dessa palavra está ligada à preposição ‘per, 'por meio de, e a 'Suada, deusa romana da persuasão. (... ) Mas em que 'convencer' se diferencia de ‘persuadir'? Convencer é construir algo no campo das idéias. Quando convencemos alguém, esse alguém passa a pensar como nós. Persuadir é construir no terreno das emoções, é sensibilizar o outro para agir. Quando persuadimos alguém, esse alguém realiza algo que desejamos que ele realize". (Antônio Suarez Abreu, A arte de argumentar - gerenciando razão e emoção. São Paulo. Ateliê, 1999) 28 É comum utilizarem-se indistintamente os termos "convencer" e "persuadir" como sinônimos. Na teoria da argumentação, entretanto, eles adquirem sentidos específicos, associando-se o primeiro conceito mais à razão, e o segundo, à emoção. Koch (1984) adota essa distinção: "Enquanto o ato de convencer se dirige unicamente à razão, através de um raciocínio estritamente lógico e por meio de provas objetivas (... ), o ato de persuadir, por sua vez, procura atingir a vontade, o sentimento do(s) interlocutor(es), por meio de argumentos plausíveis ou verossímeis, e tem caráter ideológico, subjetivo, temporal". 6.1 FORMAS DE ARGUMENTAÇÃO Os argumentos são recursos lingüísticos que utilizamos para tornar nosso discurso mais persuasivo e conquistar a adesão do auditório. Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase impossível, tantas são as formas de que nos valemos para fazer as pessoas preferirem uma coisa à outra. Qualquer recurso lingüístico destinado a fazer o interlocutor dar preferência à tese do enunciador é um argumento. Os argumentos mais utilizados são: a)Argumento de autoridade É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconhecidas pelo auditório como autoridades em certos domínios do saber, para servir de apoio àquilo que o enunciador está propondo. Isso confere ao texto maior credibilidade, pois o ancora no depoimento de um especialista. Para o auditório, o efeito é positivo, uma vez que se acredita que as considerações de um expert são verdadeiras. A estratégia é adquirir respeitabilidade, fazendo valer sua tese com o peso da consideração de que goza a autoridade citada. Se considerarmos que por meio da argumentação se constrói um determinado objeto de saber, o discurso como um todo, podemos dizer que a autoridade auxilia-nos a construir esse objeto. Observe: Administrar é dirigir uma organização, utilizando técnicas de gestão para que alcance seus objetivos de forma eficiente, eficaz e com responsabilidade social e ambiental. Lacombe (2003, p.4) diz que a essência do trabalho do administrador é obter resultados por meio das pessoas que ele coordena. A partir desse raciocínio de Lacombe, temos o papel do "Gestor Administrativo" que com sua capacidade de gestão com as pessoas, consegue obeter os resultados esperados. Drucker (1998, p. 2) diz que administrar é manter as organizações coesas, fazendo-as funcionar. As principais funções administrativas são: • • Fixar objetivos (planejar) Analisar: conhecer os problemas. 29 • • • • • • Solucionar problemas Organizar e alocar recursos (recursos financeiros e tecnológicos e as pessoas). Comunicar, dirigir e motivar as pessoas (liderar) Negociar Tomar as decisões. Mensurar e avaliar (controlar). Fayol foi o primeiro a definir as funções básicas do Administrador: Planejar, Organizar, Controlar, Coordenar e Comandar - POCCC. Destas funções a que sofreu maior evolução foi o "comandar" que hoje chamamos de Liderança. b)Argumento baseado no consenso É aquele que corresponde a valores em circulação na sociedade sobre os quais não pairam dúvidas: trata-se de idéias aceitas como verdadeiras por determinado grupo social, razão pela qual o consenso dispensa a demonstração (o que é considerado óbvio não precisa ser comprovado para ser aceito). De certa maneira, os dados consensuais produzem efeito semelhante ao que chamamos anteriormente de "evidência" (no discurso científico): criam a impressão de que não há o que argumentar. De fato, só se argumenta para chegar a um consenso, a um ponto comum (na verdade, o ponto de vista do enunciador). É preciso cautela no uso desse recurso argumentativo, uma vez que o consenso é o que todos sabem, e o texto que fala só do que todos já sabem torna-se desnecessário, perde sua razão de ser. Não há o que argumentar, por exemplo, diante de dados consensuais como a idéia de que o homem é mortal, a AIDS é uma doença contagiosa, homens não podem engravidar etc. Observe, por exemplo, o seguinte argumento em se tratando da questão da escassez de água: A escassez e o uso abusivo da água doce constituem, hoje, uma ameaça crescente ao desenvolvimento das nações e à proteção ao meio ambiente. A saúde e o bem estar de milhões de pessoas, a alimentação, o desenvolvimento sustentável e os ecossistemas estão em perigo. A luta pela água poderá levar o mundo a outra grande guerra. Alguns economistas prevêem que, por sua importância estratégica, a água será a moeda do futuro. Mais do que o petróleo e o ouro, ela é valiosa para a humanidade. Sem ouro ou sem petróleo o homem vive; sem água não. (adaptado de http://www.uniagua.org.br. 06/08/2007) c)Argumento baseado em provas concretas 30 Trata-se da apresentação de dados que servem para comprovar a nossa tese, criando também efeito de sentido de evidência, de realidade. Esses dados concretos, isto é, extraídos da experiência "real", são obtidos de levantamentos estatísticos, relatórios, pesquisas etc., em geral divulgados por fontes consideradas "fidedignas", ou seja, que gozam de credibilidade - por exemplo, os números do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), os índices da FGV (Faculdade Getúlio Vargas) etc. Do ponto de vista do poder persuasivo, esse é um tipo de argumento forte, uma vez que cria a impressão de realidade, o efeito de verdade (embora se saiba que números podem ser desmentidos por números). Vejamos um exemplo de uso desse recurso argumentativo extraído do texto "Uma revolução silenciosa" (Folha de S. Paulo, 29/12/1996), do então presidente Fernando Henrique Cardoso: " ( .. ) Treze milhões de brasileiros já deixaram a linha de pobreza. As classes D e E diminuíram 17%, e as classes A e B cresceram 21 %. O rendimento dos 1 0% mais pobres da população dobrou. ( .. ) Carne bovina, ovos, congelados, iogurte e conservas passaram a freqüentar mais a mesa dos brasileiros. As classes D e E são responsáveis por 30% de produtos como biscoitos, iogurte e macarrão instantâneo. Aumentou também o número de residências com geladeira, TV em cores, freezer, produtos eletrônicos e eletrodomésticos (... ). As vendas de cimento cresceram 12% em 1995 e 21,5% no primeiro semestre deste ano. (... ) Nestes dois anos de governo, 100 mil novas famílias tiveram acesso à terra. ( ... ). Já desapropriamos, neste período, 3 milhões de hectares (... ). Na Previdência Social, o aumento real médio dos benefícios foi de 39% entre 94 e 96 (... ). Conseguimos reduzir, de maneira sensível, os índices de mortalidade infantil (... )" Como se vê, o enunciador constrói uma imagem positiva de si, como o "salvador da pátria" que resgatou o país da situação caótica em que se encontrava (antes do Plano Real), devolvendo ao povo a esperança de transformações, a partir das realizações "demonstradas" por meio das provas concretas. Produz, assim, a impressão de comprometimento com os rumos da nação, de seriedade no exercício da função presidencial. É importante dizer que se trata de uma estratégia: o discurso não diz a verdade (o que é a verdade?); cria efeitos de verdade, ou seja, faz o auditório crer que aquilo que parece verdadeiro de fato é verdadeiro. d)Argumento baseado no raciocínio lógico O texto é um todo coeso, organizado, coerente - o que pressupõe que nele exista uma progressão lógica das idéias. Utilizar satisfatoriamente esse recurso argumentativo, então, significa estabelecer relações adequadas entre as passagens do texto, respeitando, por exemplo, as relações de 31 causa e conseqüência(entre o que provoca dado evento e o resultado produzido). Tudo aquilo que afeta a maneira habitual de as pessoas raciocinarem, associarem idéias, relacionarem proposições, afeta a lógica, logo prejudica o sentido (e, como ocorre via de regra, a argumentatividade do texto, seu poder persuasivo). Para ser coerente, o texto precisa, entre outras coisas, respeitar princípios lógicos fundamentais, como o "princípio da não-contradição", por exemplo. Quer dizer que não pode afirmar "A" e o contrário de "A": suas passagens têm de ser compatíveis entre si. Esta carta publicada no Painel do Leitor da Folha de S. Paulo (712/2003) ilustra a questão: "Se não punir Heloísa Helena, por quem tenho o maior apreço, o PT passará a ser mais uma sigla que, um dia, já foi um partido político. Não estará tolhendo o direito a opinião divergente, mas estará zelando pela unidade do partido”. (Fábio P. Marques, São Bernardo do Campo, São Paulo) De modo como está posto no enunciado, o que se depreende é que a não punição da deputada implicaria o desaparecimento do PT ("A") e a preservação da unidade do PT (o contrário de "A"). Em matéria de problemas envolvendo o raciocínio lógico, é importante também ficarmos atentos às formas de ligar orações nas composições dos períodos e aos mecanismos de relação entre eles. Expressões tais como "por exemplo", "dessa forma", "por outro lado" - que são exemplos de "articuladores lógicos do discurso" -, só servem à coerência se usadas, respectivamente, para explicar o que foi dito anteriormente, recuperar a "forma" em questão (o que se falou antes) e apresentar um outro aspecto do tema tratado. Outros recursos linguísticos que merecem igual atenção são as conjunções que estabelecem relações temporais, marcando “anterioridade" e "posterioridade" entre os fatos apresentados, as conjunções que estabelecem noções de causa e conseqüência, condição, oposição, etc. e) Argumento de competência lingüística O que interessa, aqui, não é tanto "o que dizer", mas "como dizer": grosso modo, pode-se pensar que a competência lingüística está mais ligada à forma do que ao conteúdo. Por melhores que sejam os argumentos do ponto de vista do conteúdo, a forma como são expostos pode pôr tudo a perder. Se considerarmos que a linguagem utilizada pelo é o "cartão de apresentação" do texto, criando já de início uma boa ou uma má impressão no auditório, a competência linguística, isto é, o manejo linguístico hábil, adequado, tem força persuasiva. Problemas de concordância, regência, crase, 32 pontuação, ortografia etc, por outro lado, são comprometedores na medida em que desautorizam o enunciador, enquanto uma dissertação produzida em obediência aos padrões linguísticos formais colabora para que dele se construa uma imagem positiva. O texto abaixo ilustra exemplarmente o quanto à competência linguística interfere na persuasão, afetando a imagem do enunciador. Vejamos um trecho: “Tropecei num jota muçulmano na semana passada. Caí de cara no chão. Pra quem não leu a crônica da semana passada vou logo confessando que escrevi 'atinjiu' com jota e não com ge de jeito (esta dói mais). Mas eu explico. O que eu estava dizendo que atingiu foi jato. Jato com jota. Devo ter esquecido o dedo na tecla. A quantidade de cartas foi assustadora. Ninguém comentou nada sobre as torres atingidas. O que doeu mesmo no leitor foi aquele jota de jato. Bem nos alvos. Como se não bastasse o jota, no lugar de muçulmano, escrevi mulçumano. Aqui eu poderia mentir e dizer que foi de propósito, pois não queria atingir os muçulmanos que não tinham nada com o atingido. Então, teria inventado a palavra 'mulçumano. E mais, que teria escrito errado para facilitar a rima com humano. Tudo mentira. Errei mesmo. Talvez por nunca ter visto um ' muçulmano pela frente. Aliás, nem por trás, como o Bush anda vendo ( .. ) ". O jota muçulmano, Mário Prata, O Estado de S. Paulo, 3/10/2001 De forma bem-humorada, o enunciador confessa que cometeu deslizes de ortografia na crônica anterior, chamando a atenção para o fato curioso de que os erros ganharam destaque sobre o próprio assunto de que ele falava. As cartas dos leitores são uma prova disso: enquanto Mário Prata tratava do atentado terrorista, as cartas acusavam-no de "atentados à língua". Apesar do tom de brincadeira do texto, trata-se de uma questão tão importante que sua discussão mereceu uma crônica inteira. 6.3 TEXTOS PARA ANÁLISE E DISCUSSÃO O estudo desse texto nos levará a perceber várias formas de argumentação. Leia-o e, a seguir, faça os exercícios solicitados. Apagão de engenheiros no Brasil Paulo Serteki Para se atender à demanda de crescimento do país é necessário que haja um número ideal de engenheiros em torno de 25 mil trabalhadores; hoje estamos com 6 por mil. A necessidade de investimento em infraestrutura nas áreas como as de construção civil, da energia, 33 do gás e do petróleo, devido ao aquecimento da economia, tornou aguda a demanda por engenheiros experientes. A falta se dá em virtude dos inúmeros projetos para atender à exploração da camada présal, da infraestrutura necessária para a realização da Copa do Mundo em 2014 e também para a Olimpíada prevista para 2016. O apagão de engenheiros se explica pelo fato de que os anos de 1980 e 1990 foram voltados às necessidades financeiras das empresas durante o longo período inflacionário. Nesses anos os engenheiros dedicaram-se a atividades pouco ligadas à sua especialidade, ainda que se necessitasse de suas habilidades para o cálculo matemático, a visão analítica e a capacidade de modelar e resolver problemas. Por isso hoje há um déficit espantoso de profissionais de engenharia. De acordo com a Confederação Nacional da Indústria, faltarão até 2012 aproximadamente 150 mil engenheiros. No Brasil ingressam nas escolas de engenharias, todos os anos, 130 mil e formam-se 30 mil engenheiros, dos quais, se avalia que 20 mil deles têm formação insuficiente. A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoas de Nível Superior (Capes) está desenvolvendo um programa que pretende em cinco anos dobrar o número de engenheiros. Fixou como meta principal a redução da evasão dos cursos de engenharia, pois 60% dos alunos matriculados não chegam ao final do c urso. O plano Nacional Pró-Engenharia terá começo em 2011 e a sua estratégia prevê a bolsa permanência para estudantes e incentivos ao contato, no início do curso, com as questões práticas mais motivadoras ao ambiente tecnológico. Outra dificuldade para assegurar a continuidade dos estudantes nos cursos de engenharia é a precariedade dos ensinos fundamental e médio do país, acumulando apagões nas habilidades para o pensamento abstrato, pela deficiência de aprendizagem da matemática e física. O próprio diretor de Relações Internacionais do Capes, Sandoval Carneiro Júnior, diagnostica que “muitos alunos fogem da engenharia porque tiveram péssimos professores de matemática.” Para se atender à demanda de crescimento do país é necessário que haja um número ideal de engenheiros em torno de 25 por mil trabalhadores; hoje estamos com 6 por mil. Nos EUA, China e Coreia esse número e de 25, e na Índia, 22. Por outro lado, o almejado crescimento de 7% anual do PIB, que supera a média de 4% histórica do período republicano recente, exigirá, além do aumento e aprimoramento dos cursos de engenharia, o investimento forte em qualidade de ensino, especialmente nas fases iniciais do letramento. A baixa qualidade da nossa educação é o obstáculo decisivo para o crescimento na melhoria do capital humano nas universidades. De acordo com o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, “ o número de doutores tem crescido de forma acelerada no Brasil, em grande parte motivada pela demanda de quadros para atender às necessidades da própria pós-graduação, assim como do crescimento do sistema universitário em geral. O crescimento de ml por centro no número de doutores titulados anualmente entre 1987 e 2008 evidencia esse fato, o que se reduz a diferença entre o Brasil e outros países”. Mesmo tendo em conta o aspecto positivo desses números, “no Brasil, em 2008, foram titulados mais de 10 mil doutores em todos os programas de doutorado, públicos ou privados. O número total de doutores existentes no país no ano de 2008 era de 132 mil. Ainda assim, a proporção de doutores na população total é de apenas 1,4 por mil habitantes. Os Estados Unidos, por exemplo, têm 8,4 doutores por mil habitantes e a Alemanha, 15,4”. A questão, que necessita um olhar acurado, é a da formação de doutores em engenharia, já que apenas 6% do total dos formados ao ano são dessa área, comparados, por exemplo, com os 27% na China e 31% na Coreia. Esse dado é significativo em virtude da questão da inovação como fator de competitividade, pois esta exige a capacidade de desenvolver pesquisas em engenharia que redundem em melhorias de produtividade e modos de lidar com problemas tecnológicos. O apagão de engenheiros graduados e de doutores é um desafio para o próximo presidente, pois sem isso não há como ser competitivos internacionalmente. 1. Paulo Sertek, doutor em Educação, é professor da UniFae (Centro Universitário) e autor de livros: Responsabilidade Social e Competência Interpessoal; Empreendedorismo e Administração e Planejamento Estratégico. Consultor da Bellatrix Gestão em Planejamento e Marketing. Extraído do jornal Gazeta do Povo, Opinião, 01.10.2010. 34 1. Qual é o ponto de vista defendido pelo autor? 2.Quais são os argumentos utilizados por ele para defender seu ponto de vista e como se classificam? 3. Qual a conclusão a que chega o autor? 4. Você considera o texto convincente e persuasivo? Por quê? MOMENTO DE PRODUÇÃO EM GRUPO Novamente, reúna-se com seu grupo de estudos para elaborar uma reflexão acerca da questão discutida por Stephen Kanitz no texto a seguir. Na elaboração de seu texto (entre 8 e 12 linhas), utilize, pelo menos, dois dos tipos de argumentos estudados. 35 PREPARADAS PARA SERVIR Quem quiser sobreviver na indústria e no comércio terá de se conscientizar de que não está mais operando nos setores de comércio nem na indústria e sim no setor de serviços. O mundo empresarial de hoje é o mundo dos serviços. A grande maioria das empresas ainda não percebeu este fato ou então ainda não estão preparadas para esta nova era. Poucas estão organizadas e treinadas para servir o outro, neste caso o cliente. As empresas de sucesso serão as empresas que eu chamaria de “Preparadas Para Servir”. Transformar estas empresas será um enorme desafio, e vamos ter que promover uma mudança cultural de enormes proporções, por razões históricas. Herdamos uma cultura portuguesa que via a servidão como um fardo, uma obrigação a ser evitada. Servir o outro era visto como uma penalidade, algo que devia ser evitado a todo custo. Esta mentalidade tem muito a ver com os quase 400 anos de tradição escravocrata, importaram escravos justamente porque servir o outro era impensável. Tanto é, que fomos os últimos países do mundo a abolir a escravidão. Pior, o Brasil ainda vive a resistência à servidão e todas as distorções culturais dela decorrentes. Servir está associado a servilismo, serviçal, subserviente, termos absolutamente negativos. Muito distante da idéia cristã de servir o outro como finalidade da existência e coroamento da vida. Em outras culturas servir o outro é um prazer, feito de bom grado e que gera o círculo virtuoso da reciprocidade. Como mudar este quadro e este pensamento dominante? Que ações uma empresa poderá efetivar para transformar-se efetivamente numa empresa preparada a servir? Uma das saídas que recomendo às empresas é contratar funcionários que tenham sido voluntários em entidades beneficentes no passado. Isto porque não há seminário, palestra motivacional ou treinamento que induza alguém a mudar de postura, é uma característica pessoal. Funcionários que tenham sido voluntários mostram pelo menos predisposição a servir os outros. Hoje, muitas empresas incluem entre os seus critérios de seleção de pessoal a experiência do candidato como voluntário de causas sociais. Outra medida é a criação de um clima motivacional, envolvente, o lançamento de uma campanha do tipo “Seja Um Voluntário”. Existem mais de 2.000 entidades sem fins lucrativos sérias neste país, que precisam de trabalho esporádico e eventual. São 2.000 entidades que sabem muito bem como servir o outro e mostram claramente que isto pode ser um trabalho digno e muito estimulante. Incentivar seus funcionários a serem voluntários é um primeiro passo para aperfeiçoá-los a atuar no mundo dos serviços. A campanha abre oportunidade para os funcionários que normalmente estão bem distantes do foco da empresa, como os auditores internos, envolvam-se com questões mais humanas e sociais. O 36 que um auditor interno tem para contar de interessante aos seus filhos ao conversar depois do jantar? Que descobriu mais cinco notas frias, ou mais um desfalque no almoxarifado? “Sexta-feira, dia que reservo para o trabalho voluntário, é uma ocasião em que fico de bem com a vida e comigo. É minha terapia”, disse um auditor interno depois da introdução do trabalho voluntário na sua empresa. O trabalho voluntário não ultrapassa a média de três horas por semana, mas muda significativamente a vida de seus funcionários. Oito anos atrás criei um site que aproxima entidades e potenciais voluntários, no www.voluntarios.com.br. Naquela época, ninguém sabia o que era uma .com, muito menos uma .org, razão do nosso sufixo comercial. Se ensinarmos as pessoas que servir o outro não é degradante, pelo contrário, é um raro prazer, construiremos uma sólida plataforma de exportação de serviços além de criar uma nação de cidadãos compromissados com o cliente e com o social. Vamos começar hoje, por que não? MOMENTO DE PRODUÇÃO EM GRUPO ALIMENTAÇÃO TEMÁTICA Os três primeiros textos - escritos em 2008 - apresentam pontos de vista diversos acerca da construção da Usina Nuclear Angra III, já os outros textos apresentam a situação atual do mesmo processo. Reúna-se com seu grupo de estudos para elaborar um texto que apresente seu ponto de vista sobre a questão discutida. Na elaboração de seu texto (entre 20 e 25 linhas), utilize, pelo menos, três dos tipos de argumentos estudados. (Este exercício compõe nota da Av2 - 2,0) TEXTO I Uma folga para São Pedro RONALDO FABRÍCIO São Paulo, quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008 __________________________________________________________________________________ Parece óbvio que o Brasil precisa redesenhar sua matriz energética, o que torna a conclusão de Angra 3 uma necessidade urgente É injustificável achar que o Brasil vai ser para sempre dependente de São Pedro e viver pavores cíclicos de um novo apagão, como ocorre mais uma vez agora. Nossa excessiva dependência da energia hidrelétrica não é obra do santo, mas resultado de uma antiga opção estratégica que só agora começa a ser mudada, pois está impondo ao país perda de tempo, de recursos e de oportunidades de desenvolvimento. Se antes podíamos contar com grandes reservatórios em hidrelétricas que garantiam o 37 fornecimento de "combustível" em períodos secos, hoje isso é impossível. Os grandes reservatórios perderam capacidade por assoreamentos devidos aos desmatamentos e pelo uso de suas águas para outras finalidades também importantes, como abastecimento e irrigação. As novas hidrelétricas já não contam mais com tamanha capacidade de armazenamento, por problemas ambientais. Não se trata de substituir simplesmente uma fonte por outra, mas de explorar complementarmente todas as boas alternativas disponíveis dos pontos de vista econômico e ambiental. A energia nuclear é uma delas, como já constataram os países mais avançados. O Brasil tem a sexta maior reserva de urânio do mundo. São 309 mil toneladas, que equivalem em energia ao dobro das reservas de gás bolivianas ou quase 240 anos de operação do gasoduto Bolívia-Brasil, que tem capacidade para transportar 25 milhões de metros cúbicos por dia. Apesar disso, a energia nuclear representa apenas 2% da matriz brasileira, centrada na fonte hidráulica em quase 90%. A geração nuclear nos Estados Unidos, França e Inglaterra é maior hoje do que toda a energia produzida no Brasil. E a previsão é de que cresça no mundo consideravelmente até 2030. Não faltam argumentos para que o Brasil também tome este caminho. Do ponto de vista ambiental, as usinas nucleares são defendidas hoje até por ecologistas que antes as rejeitavam, pois comprovaram ser uma alternativa às emissões provocadas pelas centrais térmicas e à necessidade de alagamento de grandes áreas para a construção de hidrelétricas. Além de não emitirem gases causadores do efeito estufa, elas armazenam seus resíduos de forma segura, isolados do público e do ambiente. Economicamente, a opção nuclear também é vantajosa em relação a outras energias alternativas, seja pelo rendimento, seja pelo custo de geração e até mesmo pela tarifa, que se tornou competitiva no caso do Brasil. Tomemos o exemplo de Angra 3, projeto estratégico cuja retomada foi anunciada em 2007 sem que até agora tenha se concretizado. A central nuclear de 1.350 megawatts pode gerar 10,9 milhões de megawatts-hora/ano, suficientes para abastecer um terço da demanda energética do Estado do Rio de Janeiro. Uma usina eólica com a mesma capacidade, por exemplo, geraria menos da metade dessa energia a um preço bem superior e ocuparia uma área muito maior do que o quilômetro quadrado onde se concentra todo o complexo de Angra. A geração nuclear se tornou competitiva também em se tratando de tarifa. O Brasil tem déficit de 4.000 MW e não pode confiar apenas em projetos hidrelétricos disponíveis para atender essa demanda. No último leilão realizado pelo governo, em outubro passado, a energia contratada de térmicas foi negociada a um preço médio de R$ 130 o megawatt-hora, considerando que estas usinas vão operar apenas 5% do tempo. Se for necessário operar por períodos maiores, o custo do combustível será rateado entre todos os consumidores. Este valor é muito próximo dos R$ 140 a serem cobrados por Angra 3. Parece óbvio, portanto, que o Brasil precisa redesenhar sua matriz energética, e nesse redesenho há um bom espaço para a geração nuclear, o que torna a conclusão de Angra 3 uma necessidade estratégica e urgente. A não ser que nos conformemos com a reza coletiva a São Pedro como alternativa avançada de política energética. ___________________________________________________________________ RONALDO FABRÍCIO, 74, engenheiro civil, é vice-presidente executivo da Abdan (Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares). Foi presidente de Furnas e da Eletronuclear e diretor de Engenharia da Eletrobrás. 38 TEXTO II Quem vai pagar a conta de Angra 3? BEATRIZ CARVALHO G. SANTOS São Paulo, segunda-feira, 17 de março de 2008 _____________________________________________________________________ Construir uma usina nuclear no Brasil será um verdadeiro saque aos cofres públicos; se criada, Angra 3 gerará pouca energia e vários problemas Em recente artigo publicado nesta Folha ("Uma folga para são Pedro", "Tendências/Debates", 13/2/08), Ronaldo Fabrício, da Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares, defendeu a construção da usina nuclear Angra 3. Para justificar a opção atômica, listou argumentos sobre a suposta viabilidade econômica do empreendimento, em detrimento de alternativas como a energia eólica. Construir uma usina nuclear no Brasil só será possível por meio de um verdadeiro saque aos cofres públicos. Se for instalada, Angra 3 vai gerar pouca energia -apenas 1.350 MW- e diversos problemas sem solução, como lixo radioativo e risco permanente de acidentes. E, apesar do marketing para posicionar a geração atômica como resposta ao aquecimento global, sabe-se que o ciclo de vida da energia nuclear, incluindo a fabricação do combustível a partir do urânio, consome energia e gera emissões indiretas de gases estufa. Tais emissões indiretas podem, em alguns casos, equiparar-se à poluição de termelétricas fósseis. Orçamentos estourados e problemas de cronograma são típicos da indústria nuclear, que registra uma média mundial de quatro anos de atraso na conclusão das obras. O caso de Angra 2 é emblemático: fruto do tratado Brasil-Alemanha firmado em 1975, a usina custou mais de R$ 20 bilhões e entrou em operação apenas em 2000. A construção de Olkiluoto 3, na Finlândia, está 18 meses atrasada em relação ao cronograma original e acumula perdas de quase US$ 1 bilhão. O cronograma oficial de Angra 3 prevê que as obras da usina sejam iniciadas em 2008 improvável, já que as licenças ambientais nem sequer foram concedidas- e terminem em 2014. Se a média de quatro anos de atraso for mantida, a usina ficará pronta só em 2018. Quanto maior o tempo de construção, maior o ônus financeiro por conta dos juros sobre o capital imobilizado para a obra. A Eletronuclear informa que o empreendimento custará R$ 7,2 bilhões, sendo que 70% do financiamento virão de recursos do BNDES e fontes estatais, e os outros 30% de investidores internacionais, entre eles a gigante francesa Areva. As condições do financiamento são controversas. A Eletronuclear assumiu uma taxa de retorno para o investimento entre 8% e 10% -muito abaixo das praticadas pelo mercado, que variam de 12% a 18%. Somente uma taxa de retorno tão baixa pode viabilizar a tarifa de R$ 138 MW/h anunciada pelo governo federal para Angra 3 e emprestar um verniz de competitividade ao empreendimento. A título de comparação, a energia da hidrelétrica de Santo Antônio, no Rio Madeira, foi negociada a uma tarifa de R$ 78,87 MW/h. A operação a baixas taxas de juros revela o subsídio estatal à construção da usina, uma vez que o investimento público não será integralmente recuperado. Os subsídios governamentais ocultos no projeto da usina nuclear Angra 3 são perversos, porque estão disfarçados nas contas de luz dos consumidores. O Greenpeace não se opõe ao aporte de recursos públicos para setores estratégicos ao desenvolvimento do país, mas condena a falta de transparência sobre os custos reais das suas opções energéticas, impedindo que a sociedade saiba, e se manifeste, sobre como e onde seu dinheiro está sendo investido. Em um horizonte mais amplo, o desvio de recursos públicos para a opção nuclear é um verdadeiro obstáculo ao estabelecimento de um mercado de energias renováveis no Brasil. Com os R$ 7,2 bilhões alocados para Angra 3, seria possível construir um parque eólico com o dobro da capacidade da usina nuclear em apenas dois anos sem lixo radioativo ou risco de acidentes. Dados do Procel (Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica), do governo federal, mostram que cada R$ 1 bilhão empregado em programas de eficiência energética resulta em uma economia de 7.400 MW, o equivalente a 5,5 vezes a potência de Angra 3. Se uma usina nuclear custa mais de R$ 7 bilhões, pode-se concluir que cada R$ 1 bilhão investido em eficiência pode evitar investimentos de até R$ 40 bilhões para gerar a mesma eletricidade a partir de plantas nucleares. 39 Os custos econômicos, ambientais e sociais de Angra 3 são altíssimos. Apenas as verdadeiras ambições políticas e econômicas do Programa Nuclear Brasileiro -leia-se: aumento da exploração de urânio, o mercado de combustível nuclear e finalidades militares- podem explicar tal insistência com projeto tão desnecessário para o Brasil e tão ineficaz em termos de energia. ___________________________________________________________________ BEATRIZ CARVALHO G. SANTOS , advogada, é coordenadora da campanha antinuclear do Greenpeace. TEXTO II Quem vai pagar a conta de Angra 3? BEATRIZ CARVALHO G. SANTOS São Paulo, segunda-feira, 17 de março de 2008 _____________________________________________________________________ Construir uma usina nuclear no Brasil será um verdadeiro saque aos cofres públicos; se criada, Angra 3 gerará pouca energia e vários problemas Em recente artigo publicado nesta Folha ("Uma folga para são Pedro", "Tendências/Debates", 13/2/08), Ronaldo Fabrício, da Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares, defendeu a construção da usina nuclear Angra 3. Para justificar a opção atômica, listou argumentos sobre a suposta viabilidade econômica do empreendimento, em detrimento de alternativas como a energia eólica. Construir uma usina nuclear no Brasil só será possível por meio de um verdadeiro saque aos cofres públicos. Se for instalada, Angra 3 vai gerar pouca energia -apenas 1.350 MW- e diversos problemas sem solução, como lixo radioativo e risco permanente de acidentes. E, apesar do marketing para posicionar a geração atômica como resposta ao aquecimento global, sabe-se que o ciclo de vida da energia nuclear, incluindo a fabricação do combustível a partir do urânio, consome energia e gera emissões indiretas de gases estufa. Tais emissões indiretas podem, em alguns casos, equiparar-se à poluição de termelétricas fósseis. Orçamentos estourados e problemas de cronograma são típicos da indústria nuclear, que registra uma média mundial de quatro anos de atraso na conclusão das obras. O caso de Angra 2 é emblemático: fruto do tratado Brasil-Alemanha firmado em 1975, a usina custou mais de R$ 20 bilhões e entrou em operação apenas em 2000. A construção de Olkiluoto 3, na Finlândia, está 18 meses atrasada em relação ao cronograma original e acumula perdas de quase US$ 1 bilhão. O cronograma oficial de Angra 3 prevê que as obras da usina sejam iniciadas em 2008 improvável, já que as licenças ambientais nem sequer foram concedidas- e terminem em 2014. Se a média de quatro anos de atraso for mantida, a usina ficará pronta só em 2018. Quanto maior o tempo de construção, maior o ônus financeiro por conta dos juros sobre o capital imobilizado para a obra. A Eletronuclear informa que o empreendimento custará R$ 7,2 bilhões, sendo que 70% do financiamento virão de recursos do BNDES e fontes estatais, e os outros 30% de investidores internacionais, entre eles a gigante francesa Areva. As condições do financiamento são controversas. A Eletronuclear assumiu uma taxa de retorno para o investimento entre 8% e 10% -muito abaixo das praticadas pelo mercado, que variam de 12% a 18%. Somente uma taxa de retorno tão baixa pode viabilizar a tarifa de R$ 138 MW/h anunciada pelo governo federal para Angra 3 e emprestar um verniz de competitividade ao empreendimento. A título de comparação, a energia da hidrelétrica de Santo Antônio, no Rio Madeira, foi negociada a uma tarifa de R$ 78,87 MW/h. A operação a baixas taxas de juros revela o subsídio estatal à construção da usina, uma vez 40 que o investimento público não será integralmente recuperado. Os subsídios governamentais ocultos no projeto da usina nuclear Angra 3 são perversos, porque estão disfarçados nas contas de luz dos consumidores. O Greenpeace não se opõe ao aporte de recursos públicos para setores estratégicos ao desenvolvimento do país, mas condena a falta de transparência sobre os custos reais das suas opções energéticas, impedindo que a sociedade saiba, e se manifeste, sobre como e onde seu dinheiro está sendo investido. Em um horizonte mais amplo, o desvio de recursos públicos para a opção nuclear é um verdadeiro obstáculo ao estabelecimento de um mercado de energias renováveis no Brasil. Com os R$ 7,2 bilhões alocados para Angra 3, seria possível construir um parque eólico com o dobro da capacidade da usina nuclear em apenas dois anos sem lixo radioativo ou risco de acidentes. Dados do Procel (Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica), do governo federal, mostram que cada R$ 1 bilhão empregado em programas de eficiência energética resulta em uma economia de 7.400 MW, o equivalente a 5,5 vezes a potência de Angra 3. Se uma usina nuclear custa mais de R$ 7 bilhões, pode-se concluir que cada R$ 1 bilhão investido em eficiência pode evitar investimentos de até R$ 40 bilhões para gerar a mesma eletricidade a partir de plantas nucleares. Os custos econômicos, ambientais e sociais de Angra 3 são altíssimos. Apenas as verdadeiras ambições políticas e econômicas do Programa Nuclear Brasileiro -leia-se: aumento da exploração de urânio, o mercado de combustível nuclear e finalidades militares- podem explicar tal insistência com projeto tão desnecessário para o Brasil e tão ineficaz em termos de energia. ___________________________________________________________________ BEATRIZ CARVALHO G. SANTOS , advogada, é coordenadora da campanha antinuclear do Greenpeace. TEXTO III Licenciar Angra 3: por quê? ROBERTO MESSIAS FRANCO São Paulo, terça-feira, 05 de agosto de 2008 _________________________________________________________________________________ Nenhuma alternativa de geração de energia pode ser descartada liminarmente. Isso porque o Brasil retomou o desenvolvimento Vários projetos estruturantes para o Brasil do futuro estão em análise pelo Ibama e pelos órgãos ambientais dos Estados brasileiros. Nesse cenário, nenhuma alternativa de geração de energia pode ser descartada liminarmente. O Ibama analisa com responsabilidade e rigor os impactos ambientais relativos a cada uma das opções possíveis. Isso porque o Brasil retomou o desenvolvimento. Ninguém ignora ou é contra o crescimento do país, pois significa novas oportunidades de emprego, de desenvolvimento científico e tecnológico e de uso dos recursos abundantes. Entretanto, para a área ambiental, o desafio é enorme: é, certamente, mais fácil licenciar e controlar numa economia estagnada. Além disso, ante as mudanças climáticas, é imperativo ter uma matriz energética com o mínimo de emissão de CO2 e, neste quesito, o país tem uma situação confortável comparada com a de outras nações do mundo. Mas o ritmo do desenvolvimento requer mais produção de energia. A energia nuclear representa cerca de 3% na matriz energética brasileira, mesmo com a existência de cientistas de grande capacidade, compromissados com o país, desenvolvendo tecnologias nucleares que não podem ser confundidas com usos belicosos nem bomba atômica, ao contrário, resultam em benefícios para a indústria médico-hospitalar em avançados tratamentos de doenças como o câncer, a conservação de alimentos e outras conquistas científicas. A produção de energia é mais uma conquista. Juntas, as usinas nucleares brasileiras formam um complexo de padrão internacional e iluminam a cidade do Rio de Janeiro. Se a energia nuclear fosse uma tecnologia obsoleta e descartável, não seria usada em grande escala na Europa e nos EUA. 41 O Brasil possui combustível nuclear, já descoberto e de conhecimento de todos, para 400 anos de geração de energia sem despender um só dólar com importação, ao contrário das termoelétricas, que terão de importar carvão. As hidrelétricas, por sua vez, apresentam impactos na sua construção, com áreas alagadas e populações afetadas, e não são todos os rios que mantêm volume de água suficiente para geração de energia em todas as estações do ano. O parque eólico e o uso de energias solares, que também têm de ser considerados e estimulados, são certamente componentes da matriz energética, mas insuficientes para manter toda a atividade industrial e o consumo urbano que o país vai exigir. As térmicas a carvão ou a óleo, em funcionamento ou em perspectiva de construção, envolvem emissão de CO2 na atmosfera, contribuindo para o aquecimento global, fator que não pode ser esquecido quando caminhamos para um acordo mundial pós-Kyoto para evitar mudanças indesejáveis para toda a população da Terra. As próprias hidrelétricas na Amazônia têm uma complicada análise de custo/benefício e é necessário estudar com profundidade seu impacto sobre um rico ecossistema e sobre as populações tradicionais e indígenas. Diante de todos os desafios impostos ao país, que retoma o caminho para o desenvolvimento da grande nação que é, o Ibama analisou a licença para Angra 3 à luz das exigências da legislação ambiental brasileira, com todo o rigor e profundidade para garantir a segurança em relação aos impactos ambientais que poderiam ocorrer em sua construção e em sua operação. Vale lembrar que as duas unidades nucleares funcionam sem nenhum episódio de significativo risco para a população desde que entraram em operação; a licença prevê mecanismos de monitoramento, com isenção e transparência para a população local e brasileira; e foram impostas medidas compensatórias para corrigir eventuais pressões causadas por um aumento de densidade da população na região. No caso de Angra 3, o empreendedor assumirá custos do saneamento ambiental de Angra dos Reis e Paraty, uma vez que um investimento desse porte significa uma pressão maior sobre o meio ambiente. E adotará duas preciosidades da mata atlântica regional, que são o parque da Bocaina e a Estação Ecológica de Tamoios. Nenhuma cidade vai deixar de ter seus prédios, elevadores, computadores e chuveiros elétricos, e as indústrias vão continuar usando energia, gerando trabalho e benefícios. É sob a ótica da sustentabilidade que o licenciamento sério e responsável de Angra 3 pretende ser uma contribuição ao desenvolvimento brasileiro. _____________________________________________________________________ ROBERTO MESSIAS FRANCO , geógrafo, é presidente do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Foi diretor-adjunto para a América Latina do Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) e secretário especial do Meio Ambiente (governo Sarney). TEXTO IV RGR financia Angra 3 www.energiahoje.com/.../2011/.../rgr-financia-angra-3.html A Eletrobras Eletronuclear vai fechar nesta semana o financiamento no valor de R$ 890 milhões com a holding Eletrobras para a construção da usina nuclear de Angra 3 (RJ), de 1.350 MW. Os recursos serão oriundos do fundo da Reserva Global de Reversão (RGR), um dos encargos do setor elétrico brasileiro. A usina demandará no total investimentos de R$ 9,9 bilhões. Desse valor, R$ 6,1 bilhões serão emprestados pelo BNDES. O financiamento com o banco estatal, já aprovado, deverá ser assinado entre o fim de janeiro e o início de fevereiro. 42 Outros 1,6 bilhão de euros (aproximadamente R$ 2,7 bilhões) serão levantados por um financiamento internacional, via holding Eletrobras. A expectativa é que a definição da operação, com o nome dos bancos financiadores, seja definida nas próximas semanas. De acordo com o diretor de Administração e Finanças da Eletronuclear, Edno Negrini, a empresa investirá cerca de R$ 1,2 bilhão nas obras de Angra 3 em 2011. A usina está prevista para entrar em operação em 2016. TEXTO V Obras de Angra 3: conteúdo nacional na usina deve chegar a 54% Rio de Janeiro - A participação do conteúdo nacional na Usina de Angra 3 será de 54%, segundo informou à Agência Brasil o superintendente de gerenciamento de empreendimento da Eletronuclear, Luiz Manuel Messias. Na avaliação do coordenador das obras de construção da terceira unidade nuclear do país, além da importância estratégica para o suprimento energético do país e a continuidade do programa nuclear brasileiro, a retomada das obras de Angra 3 vai alavancar os setores de fornecimento de bens e serviços implementando a indústria nacional. “A gama de fornecimento de conteúdo nacional é extremamente ampla e diversa. Ela passa pela parte de serviços, construção civil (que já está sendo feita por uma construtora local), de serviços de montagem eletromecânica e de engenharia.” O superintendente da Eletronuclear ressaltou o fato de que, ao suspender os inúmeros contratos que estão sendo renegociados pela Eletronuclear - advindos ainda do Programa Nuclear Brasileiro e que foram assinados a cerca de 25 anos por ocasião da construção das usinas de Angra 2 e 3, a subsidiaria da Eletrobras terá que renegociar inúmeros contratos. “Isso nos levará a desenvolver também uma série de processos licitatórios aqui no Brasil e eles passam pelo fornecimento de tanque, de tubulações, o envoltório de aço da contenção, trocadores de 43 calor, cabos, painéis elétricos – a gama é extremamente variável e a participação da indústria nacional é bem extensa”, afirmou. (Disponível em: exame.abril.com.br/.../conteudo-nacional-na-usina-de-angra-3-sera-superior-a-50) TEXTO VI Angra 3 prossegue em 2011 Eletrobras terá recursos necessários para dar continuidade a obras com empréstimo de R$ 6,1 bilhões aprovados pelo BNDES para a Eletronuclear A aprovação de um empréstimo de R$ 6,1 bilhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a Eletronuclear – subsidiária da Eletrobras para o setor de energia nuclear – permitirá a continuidade das obras de Angra 3. Segundo o superintendente de gerenciamento empresarial da Eletronuclear, Luiz Manuel Messias, o orçamento para a construção de Angra 3 prevê para 2011 investimentos de R$ 1,7 bilhão, dos quais até R$ 1,4 bilhão podem vir a ser desembolsados pelo banco de fomento do Brasil. “Se essa meta vai ser alcançada isso vai depender dos processos de renegociação de contratos e também dos processos licitatórios. Se correr tudo bem, temos como executar esse programa.” Os R$ 6,1 bilhões aprovados pelo BNDES para a Eletronuclear, considerando os custos incorridos, correspondem a 58,6% do investimento total do projeto, que vai criar 9 mil empregos diretos e mais 15 mil indiretos durante a fase de construção da usina, além de mais 500 quando a usina entrar em operação. A Eletrobras financiará R$ 890 milhões com recursos provenientes da RGR – Reserva Global de Reversão e 1,6 bilhão de euros serão captados no mercado externo. Os investimentos diretos ainda a realizar chegam a R$ 9,9 bilhões. (Disponível em: http://www.seesp.org.br/site/cotidiano/1188-angra-3-prossegue-em-2011- .html) TEXTO VII Société Générale lidera grupo de bancos que vão financiar Angra 3 18/01/2011 - 19h19 | da Folha.com JANAINA LAGE DO RIO Um grupo de bancos liderado pelo francês Société Générale foi escolhido pela Eletrobrás e pela Eletronuclear para financiar com 1,5 bilhão de euros parte das obras da usina de Angra 3. A proposta 44 prevê um prazo de pagamento de 30 anos, com seis anos de carência. Os demais bancos que fazem parte da operação de financiamento são o BNP Paribas, o Crédit Agricole, o Santander e o CNC. Os recursos serão usados para custear a importação de equipamentos. O empréstimo será analisado pelo Ministério da Fazenda e será submetido à aprovação do Congresso ainda neste ano. O custo total de construção de Angra 3 chega a R$ 10,4 bilhões e inclui também um financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), de R$ 6,1 bilhões, para financiar a compra de equipamento nacional. Há ainda uma parcela de recursos da própria Eletrobrás. No próximo mês, a Eletronuclear espera fechar a renegociação de um dos principais contratos, o de aquisição de equipamentos da francesa Areva (fabricante de reatores), estimado em 1,1 bilhão de euros. A lista de empresas que tiveram contratos renegociados para a obra, que ficou parada por mais de 20 anos, inclui ainda a Andrade Gutierrez, responsável pelas obras civis, a Confab, que produz vasos e tanques e a Nuclep, responsável pela produção de equipamentos de grande porte. URÂNIO A INB (Indústrias Nucleares do Brasil) planeja ainda enriquecer comercialmente todo o urânio necessário para atender a demanda da usina de Angra 3 a partir de 2016. Para isso, o país terá de realizar etapas feitas hoje no exterior, como a conversão de urânio em gás e o enriquecimento. O país já domina a tecnologia, mas ainda não faz o enriquecimento em escala industrial. Para atender a demanda, será construída uma nova fábrica em Resende. Segundo o diretor de Produção de Combustível da INB, Samuel Fayad Filho, será possível fornecer combustível fabricado inteiramente no Brasil na segunda recarga de Angra 3, prevista para ocorrer em 2016/2017. NOVAS USINAS O presidente da Eletronuclear, Othon Pinheiro da Silva, afirmou ontem que a próxima central (conjunto de usinas) será construída no Nordeste por conta de fatores como o ritmo de crescimento econômico da região e pelo número reduzido de oportunidades de exploração de energia hídrica na região. A nova usina deverá ser construída nas margens do rio São Francisco. A Eletronuclear entregará até o fim do semestre um atlas com mais de 40 locais em todo o país que, em uma primeira análise, seriam capazes de abrigar uma central nuclear. No Nordeste, a estatal mapeou 12 municípios nos Estados de Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas. A lista inclui Rodelas (BA), Belém do São Francisco (PE), Traipu (AL), Poço Redondo (SE), Tacaratu (PE) e Belo Monte (AL). A decisão final caberá ao governo. http://noticias.bol.uol.com.br/economia/2011/01/18/societe-generale-lidera-grupo-de-bancos-que-vaofinanciar-angra-3.jhtm 7 O TEXTO DESCRITIVO A descrição é uma espécie de retrato verbal de um determinado objeto. É descritivo o texto que tem por finalidade retratar algo, de forma que o interlocutor possa, por meio das palavras, criar mentalmente a imagem do objeto descrito. 45 É importante ressaltar que como não há escrita sem intenção, descreve-se para atingir determinados objetivos, tais como: o exaltar ou criticar. o analisar conteúdos. o fazer conhecer, direta ou indiretamente, objeto, processos laboratoriais – por exemplo - e ambientes. Ao descrever, a pessoa seleciona as palavras que pretende usar para que possa convencer o interlocutor. Se há um desejo de convencer, de fazer com que o interlocutor enxergue de acordo com a visão de mundo do enunciador, o texto descritivo possui uma função argumentativa. Sendo assim, a descrição pretende ser um retrato verbal, mostrar aquilo que os olhos do enunciador veem, portanto: a linguagem deve ser objetiva – vocabulário denotativo; as frases devem ser curtas e, preferencialmente, na ordem direta; os verbos devem ser utilizados em 3ª pessoa. Como construir um texto descritivo: É muito comum a dificuldade na criação de um texto descritivo, pois a sensação é de que há muito a dizer e não se sabe por onde começar, ou ainda, definir o que é ou não relevante para que se atinja o objetivo do texto. Uma boa maneira de solucionar esses problemas é observar, analisar e classificar as idéias que se tem acerca do objeto da descrição. Elaborar uma lista (ou um quadro) com idéias que vão ocorrendo sobre o que se quer descrever e, a seguir, organizar essas informações, separando-as em grupos que se coordenam é um bom começo. A descrição técnica deve apresentar precisão vocabular e exatidão de pormenores. Deve esclarecer, convencendo. Pode-se descrever objetos, mecanismos ou processos, fenômenos, fatos, lugares, eventos. Determinar o ponto de vista e o objetivo do texto são muito importantes na construção da descrição, deles depende a estrutura do texto: o que será descrito? que aspecto será destacado? quais são os pormenores mais importantes? que ordem será adotada para a descrição? a quem se destina o texto: ao técnico ou ao leigo? Veja na ilustração a seguir o resultado de uma descrição mal feita. 46 Descrição técnica de objeto: passo a passo Introdução – 1º parágrafo: No 1º período, apresente o objeto como um todo (nome), função, campo de utilização. No 2º período, apresente as partes que compõem o objeto, procure adotar um ponto de vista, uma sequência para que o leitor possa, à medida que lê, visualizar o objeto descrito. Parágrafos de desenvolvimento: Elabore um parágrafo para cada parte, procure adotar a sequência que estabelece a ligação entre elas de modo, agora, a ir montando o objeto na mente do leitor, apresente as características mais relevantes (função, formato, dimensões, cor – quando isso for relevante, como no caso de fios -, material (flexibilidade, dureza). Em seguida, indique a que outra parte se liga. Passe então para o próximo parágrafo e assim sucessivamente. Conclusão - último parágrafo: 47 Retome o objeto como um todo ( repita o nome), apresente, então mais alguma característica geral como o peso, a eficácia ou o preço, por exemplo. Traga mais alguma informação sobre o funcionamento, a segurança no uso ou a manutenção e encerre. Descrição técnica de processo: passo a passo Introdução – 1º parágrafo: No 1º período, cite o nome do processo, sua função, campo de utilização. No 2º período, indique quantas e quais são as etapas do processo. Em seguida apresente os materiais, as ferramentas ou equipamentos que são utilizados. Procure descrever a sequência em que vão ocorrendo os passos, para que o leitor possa, à medida que lê, visualizar e compreender o que está sendo descrito. Parágrafos de desenvolvimento: Elabore um parágrafo para apresentar o preparo para a realização do processo. Elabore, em seguida, o número de parágrafos necessários para descrever como se dá o desenvolvimento do processo. Conclusão - último parágrafo: Retome o nome do processo, sua validade, eficiência, utilidade ou finalidade. È possível acrescentar também comentários acerca da segurança da execução do trabalho. Lembre-se de: a) impessoalizar o texto, ou seja, utilize expressões como: misturou-se..., procedeu-se a ... No caso de manuais de instrução, os verbos devem ser utilizados no modo imperativo: faça, pegue, cole etc b) utilizar expressões correlacionais como: em primeiro lugar, primeiramente, logo após, em seguida, depois disso, feito isso, a partir disso, posteriormente, por último, finalmente, por fim. Descrição técnica de ambiente: passo a passo Introdução – 1º parágrafo: Apresente, inicialmente, o nome do ambiente, a que se destina, sua localização, área. Parágrafos de desenvolvimento: Elabore um parágrafo para detalhar as características da construção: portas, janelas, paredes teto, chão. Lembre-se de adotar um ponto de vista: a leitura do texto deve ser um 48 verdadeiro retrato do ambiente, escolha indicar a partir da porta onde está localizada a janela, por exemplo. No parágrafo seguinte, faça o detalhamento dos móveis e objetos que estão no ambiente, localizando sua posição no espaço. Lembre-se novamente de adotar uma sequência, quanto mais organizado a disposição das informações mais claramente a imagem se constrói na mente do leitor. Conclusão - último parágrafo: Retome o nome do ambiente, e teça comentários acerca da adequação, acesso, ventilação, segurança, iluminação do local. Veja, a seguir, alguns exemplos de descrição. DESCRIÇÃO TÉCNICA DE OBJETO TEXTO I O motor está montado na traseira do carro, fixado por quatro parafusos à caixa de câmbio, a qual, por sua vez, está fixada nos coxins de borracha na extremidade bifurcada do chassi. Os cilindros estão dispostos horizontalmente e opostos dois a dois. Cada par de cilindros tem um cabeçote comum de metal leve. As válvulas, situadas nos cabeçotes, são comandadas por meio de tuchos e balancins. O virabrequim, livre de vibrações, de comprimento reduzido, com têmpera especial nos colos, gira em quatro pontos de apoio e aciona o eixo excêntrico por meio de engrenagens oblíquas. As bielas contam com mancais de chumbo-bronze e os pistões são fundidos de uma liga de metal leve. (Manual de instruções (Volkswagem). In: Comunicação em prosa moderna. GARCIA Othon, Rio de janeiro: Editora FGV, 1996, p.388.) 49 TEXTO II Mesa de Rolos EFACEC Mesas de rolos são tipicamente usadas em aplicações onde seja necessário acumular e manusear um número relativamente grande de malas, como no final de coletoras em pequenos terminais, no final de rampas, ou após a saída de máquinas de inspeção. Esses transportadores possuem rolos livres e operam baseados no princípio da força de gravidade. A estruturas, reforçadas com contrafortes montados na parte inferior a intervalos nunca maiores do que 1m, são construídas a partir de chapas de aço macio quinado, com 3 mm de espessura, com robustez e rigidez suficientes para suportar as cargas exigidas e serem fáceis de manusear. São projetadas para suportar uma carga estática de 1500N/m. Todos os elementos do transportador são capazes de suportar uma carga singular concentrada de 1150N. Os rolos são fabricados em aço zincado, possuem rolamentos internos e estão equipados com veios facetados. O diâmetro é de 60 mm.de Rolos Os rolos estão inseridos em ranhuras existentes na estrutura do transportador, espaçadas entre si de 80 mm. Os rolamentos internos dos rolos são de precisão, do tipo esferas, com lubrificação para a sua vida útil. Os elementos estruturais dos transportadores são construídas com aço pré-galvanizado e pintado. Todas as partes estruturais serão pintadas segundo um processo de pintura eletrostática a pó. Os suportes dos rolamentos, esticadores e outros acessórios são zincados. Partes maquinadas estão protegidas contra a ferrugem com pintura inibidora ou então fosfatadas e passivadas. As guardas laterais são feitas de chapa de aço macio quinada com 2mm de espessura, altura entre 350-600mm e largura de 40mm, com robustez e rigidez suficientes para suportar impactos laterais. Nas áreas públicas, as guardas laterais são feitas em chapa de aço inoxidável com 2 mm de espessura, com acabamento e polimento de acordo com os requisitos do cliente. Localizam-se em ambos os lados do transportador, exceto em áreas de carga e descarga onde as guardas só existem no lado oposto ao do operador. As guardas laterais são aparafusadas entre si e à estrutura do transportador e são reforçadas com contrafortes a intervalos inferiores a 3m, em pontos sujeitos a impactos constantes. Nas áreas de carga e descarga, do lado do operador, guardas laterais tapam a estrutura do transportador até o chão.esa de R Todos os transportadores são equipados com proteções de segurança, para que as bagagens não caiam no chão. Essa proteção pode ser um rolo proeminente ou uma superfície de borracha com 5mm de espessura. Como acessórios, os transportadores de rolos estão identificados com uma placa contendo as indicações mais importantes. Além disso, um par de suportes para fotocélulas e refletores estão incluídos em cada equipamento. 50 Esses produtos apresentam versões adequadas às diferentes aplicações, com diversas opções, como sejam diferentes diâmetros de rolos ou dispositivo de travagem passiva. De acordo com o modelo, podem variar em tamanho tendo comprimento entre 1000-20000mm; largura entre 8001200mm; altura da superfície de transporte: 300mm no mínimo e ângulo de inclinação ± 3º máximo. (Adaptado de material disponível em: http://www.efacec.pt/PresentationLayer/ResourcesUser/CatalogoOnline/PDFs/Descri%C3%A7%C3% A3o%20T%C3%A9cnica%20-%20Mesa%20de%20Rolos.pdf 19/11/2010, 17h30) II – DESCRIÇÃO TÉCNICA DE PROCESSO Transmissão de um programa de rádio Os sons que se produzem dentro do campo de ação do microfone são por estes captados e transformados em corrente elétrica equivalente. Estas correntes, devido ao fato de serem extremamente fracas, são conduzidas a um pré-amplificador de microfone, que as amplifica convenientemente, depois do que são transferidas para um amplificador de grandes dimensões, chamado modulador. Existe no equipamento transmissor um circuito gerador de alta freqüência, que fornece a onda a ser irradiada pela Estação. Esta onda R. F. (alta freqüência) será misturada com as correntes de som amplificadas pelo modulador e transmitidas no espaço por meio de antena transmissora. (Martins, º N., Curso pratico de rádio, p. 127. In: Comunicação em prosa moderna. GARCIA Othon, Rio de janeiro: Editora FGV, 1996, p.398.) 7.1 EXERCÍCIOS Nas aulas de Metodologia, vocês tiveram a oportunidade conhecer os laboratórios do curso de engenharia da unidade em que estuda. A seguir, apresentamos fotos dos laboratórios das outras unidades. Vamos aproveitar que conhece pessoalmente alguns deles e treinar a descrição técnica. Selecione uma das imagens e crie uma descrição de ambiente, objeto ou processo que pode ser executado nesses laboratórios. (Este trabalho compõe a nota da AV3 2.0). ______________________________________________________ Fotos cedidas pela supervisora de campi Catia Regina Wellichan do Departamento de Ciências Exatas. 51 Laboratório de Elétrica – Memorial (Wellichan, 2010) Laboratórios Prédio K – Vila Maria (Wellichan, 2010) 52 Laboratório de Física – Vergueiro (Wellichan, 2010) Laboratório de Automação – Santo Amaro (Wellichan, 2010) 8 EXERCÍCIOS – ENADE 53 A estrutura dos exercícios a seguir é muito semelhante à das questões solicitadas no Exame Nacional de desempenho Estudantil. Faça-os com atenção, pode ser um bom treino! 1. Para responder às questões 1 e 2, leia os textos a seguir. Texto 1 Quase 50% da população vive em cidades ______________________________________________________________ Um novo relatório da Organização das nações unidas (ONU) indica que quase metade da população mundial vive hoje em cidades, onde está conectada a uma rede econômica global em franca expansão.. No entanto essa máquina urbana de prosperidade pode ser brutal. Mais de 1 bilhão de pessoas vivem em favelas e áreas invadidas em todo o mundo. Istanbul- O relatório situação das Cidades do Mundo, divulgado ontem chega cinco anos depois de um evento no qual esses problemas foram discutidos, a 2ª conferência da nações Unidas sobre os Assentamentos Humanos, a Habitar 2. Na conferência, em Istambul, na Turquia, representantes de mais de 170 países firmaram o compromisso como o de lutar pelo desenvolvimento sustentável de suas cidades e providenciar teto adequado a seus habitantes. [...] O relatório da ONU mostra a urgência de se cumprirem metas da declaração de Istanbul. “Houve, definitivamente, algum progresso desde 1996, mas o xix da questão é que 1,2 bilhão de pessoas continuam sem teto adequado.” Diz a diretora executiva do Centro habitar, Anna Tabaijuka. Consumo – Enquanto o Terceiro Mundo luta para providenciar moradia, emprego e serviços básicos, países industrializados tentam conter o consumo em suas cidades. O mundo usa cinco vezes mais combustível fóssil e duas vezes mais água potável do que em meados do século 20. A essa taxa de crescimento, tais recursos estarão exauridos ao final do século. “Uma criança nascida no mundo industrializado consome e polui durante a vida mais do que 30 a 50 crianças em países em desenvolvimento; ainda assim, o dano ambiental derivado do consumo em escala global recai mais sobre os pobres”, diz o relatório da ONU. O Estado de São Paulo, São Paulo, 5 de junho de 2001. (Fragmento) Texto 2 O gráfico a seguir representa o crescimento das favelas no Rio de Janeiro. 54 (Disponível em: http://ofca.com.br/artigos/wpcontent/uploads.jpg. 04/10/2010, 14h) 1. A leitura e comparação entre os textos 1 e 2 permitem afirmar que: a) A aglomeração crescente de pessoas na área urbana deixou de ser preocupante desde a 2ª Conferência das Nações Unidas sobre os Assentamentos Humanos. b) Nos países de 3º mundo, a população carece de moradia, serviços básicos e empregos, paradoxalmente, nos países industrializados a preocupação deve-se à contenção do consumo excessivo de recursos existentes. c) A utilização descontrolada dos bens naturais em países de Primeiro Mundo tem como principal consequência o abandono das populações dos países do 3ª mundo e o consequente aumento de favelas e condições sub-humanas de vida. d) À medida que os recursos ambientais se tornam cada vez mais escassos, maior o índice da favelas nos grandes centros urbanos, como ocorreu nos 14 anos demonstrados no gráfico. e) O gráfico demonstrado no texto 2 exemplifica perfeitamente as relações entre pobreza e aglomeração crescente de pessoas nas área urbanas. 2. A leitura e análise dos textos levam a dois problemas que se intensificam na sociedade: a) Serviços básicos e pobreza. b) Assistência social e moradia. c) Habitação e segurança pública. d) Crescimento sustentável e urbanização. e) Escassez de recursos naturais e invasão de áreas. Textos para questão 3 55 Texto 1 A SOCIEDADE GLOBAL As pessoas se alimentam, se vestem, moram, se comunicam, se divertem, por meio de bens e serviços mundiais, utilizando mercadorias produzidas pelo capitalismo mundial globalizado. Suponhamos que você vá com seus amigos comer Big Mac e tomar Coca-Cola no Mc Donald's. Em seguida, assiste a um filme de Steven Spielberg e volta para Casa num ônibus de maca Mercedes. Ao chegar em casa, liga seu aparelho de TV Philips para ver o videoclip de Michael Jackson e, em seguida, deve ouvir um CD do grupo Simply Red, gravado pela BMG Ariola Discos em seu equipamento AIWA. Veja quantas empresas transnacionais estiveram presentes nesse seu curto programa de algumas horas. (Adap. Praxedes et alli, 1997. O MERCOSUL. SP, Ed. Ática, 1997) Texto 2 A globalização implica uma nova configuração espacial da economia mundial, como resultado geral de velhos e novos elementos de internacionalização e integração. Mas se expressa não somente em termos de maiores laços e interações internacionais, como também na difusão de padrões transacionais de organização econômica e social, consumo, vida ou pensamento, que resultam do jogo das pressões competitivas do mercado, das experiências políticas ou administrativas, da amplitude das comunicações ou da similitude de situações e problemas impostos pelas novas condições internacionais de produção e intercâmbio. As principais transformações acarretadas pela globalização situam-se no âmbito da organização econômica, das relações sociais, dos padrões de vida e cultura, das transformações do estado e da política. Outros aspectos são as migrações e viagens internacionais, multiplicação dos contatos e das redes de comunicação (...) internacionalização de conhecimento social e novas formas de interdependência mundial. (VIEIRA, Liszt. Cidadania e Globalização.8ª ed. Rio de Janeiro, Record, 2005. p.73) Texto 3 56 (Disponível em:http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://1.bp.blogspot.com. 04/10/2010 – 16h25) 3.A leitura o texto permite compreender que: I.A globalização favorece, principalmente, países ricos como a Europa e a América do Norte. II. São as empresas transacionais que decidem o país no qual irão atuar e, consequentemente, favorecer no aspecto econômico. III. O Brasil não possui empresas transacionais e, portanto, está desvinculado de qualquer possibilidade de globalização ou movimentos divisinistas. IV. O capitalismo decorrente da globalização suprimiu as características culturais dos povos. V. A globalização não é apenas um fenômeno econômico, é também cultural. Dessas afirmativas, estão corretas: a) I e II apenas. b) II,IV e V, apenas. c) II e III, apenas. d) I, III e IV, apenas. e) IV e V, apenas Textos para questão 4 57 Casos de dengue sobem 109% em 2010, para 108,6 mil registros Chuvas a altas temperaturas explicam aumento, diz Ministério da Saúde. 5 estados concentram 71% dos casos e governo nega 'epidemia' nacional. Alexandro Martello Do G1, em Brasília O Ministério da Saúde informou nesta sexta-feira (26) que o número de casos de dengue registrados no país neste ano, entre 1o. de janeiro e 13 de fevereiro, somaram 108,64 mil registros, o que significa um crescimento de 109% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram detectados 51,87 mil casos no país. A dengue é transmitida por meio da picada do mosquito Aedes aegypti. O coordenador-geral do Programa Nacional de Controle da Dengue do Ministério da Saúde, Giovanini Coelho, negou que haja uma epidemia da doença no país - que se caracteriza pelo aparecimento de casos em todos os municípios do Brasil. Ele não afastou, porém, a possibilidade da eclosão de uma epidemia de dengue neste ano. "Existe o risco", afirmou a jornalistas. Razões do aumento Segundo Giovanini Coelho, algumas variáveis podem explicar a elevação no número de casos registrados no país, como o alto volume de chuvas e, também, as altas temperaturas registradas. (Disponível em : g1.globo.com/Noticias/.../0,,MUL1507239-5598,00.html) Texto 2 http://maryvillano.blogspot.com/2008/04/charges-do-dia.html 58 4. O texto e a charge em questão abordam o mesmo tema, a leitura atenta permite afirmar que: a) Apesar dos números apresentados na manchete, o lide acalma a população, pois afirma não haver risco de epidemia. b) No texto da globo.com o autor é omisso em relação ao fato e mantém a imparcialidade. c) A charge expressa juízo de valor que contradiz a notícia apresentada pela globo.com. d) A notícia se detém apenas às informações que dizem respeito aos estados e os números relacionados à incidência da doença, todavia não deixa clara a real situação do país. e) Os dois textos transmitem o aumento dos casos de dengue sob o mesmo viés. Texto para questão 5 A definição mais aceita para desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender às necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro. Essa definição surgiu na Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pelas Nações Unidas para discutir e propor meios de harmonizar dois objetivos: o desenvolvimento econômico e a conservação ambiental. adaptado de:http://www.wwf.org.br/informacoes/questoes_ambientaisdesenvolvimento_sustentavel/ 04/04/2010 Elabore um texto de, no máximo, 12 linhas que valide as afirmações apresentadas no texto. TEXTOS PARA QUESTÃO 6 59 TEXTO I TEXTO II TEXTO III TEXTO IV 60 6. A partir da leitura dos textos motivadores, redija uma proposta, fundamentada em dois argumentos, endossando ou refutando os pontos de vista apresentados. Observações . Seu texto deve ser dissertativo-argumentativo (não deve, portanto, ser escrito em forma de poema ou de narração). . A sua proposta deve estar apoiada em, pelo menos, dois argumentos. . O texto deve ter entre 8 e 12 linhas. . O texto deve ser redigido na modalidade escrita padrão da Língua Portuguesa. . Os textos motivadores não devem ser copiados. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 61 BIBLIOGRAFIA ABAURRE, Maria Luiza et alii. (2003). Português: língua e literatura. 2. ed. São Paulo: Moderna. CASTRO, Adriane Belluci Belório de et alii .(2000). Os degraus da leitura. São Paulo: Edusc. EMEDIATO, Wander (2004). A fórmula do texto: redação, argumentação e leitura. São Paulo: Geração editorial. FARACO, Carlos Alberto & TEZZA, Cristóvão. (1999). Prática de texto: língua portuguesa para nossos estudantes. 7. ed. Petrópolis: Vozes. FIORIN, José Luiz & SAVIOLI, Francisco Platão. (1995). Para entender o texto: leitura e redação. 11. ed. São Paulo: Ática. MARCUSCHI, Luiz Antônio. (2001). Da fala para a escrita: atividades de retextualização. 2. ed. São Paulo: Cortez. NALDÓSKIS, Hêndricas. (2006). Comunicação Redacional. 10. ed. – São Paulo: Saraiva. PACHECO, Agnelo de Carvalho. (1988). A dissertação: teoria e prática. 19 ed. São Paulo: Atual SAVIOLI, Francisco Platão et alii. (2004). Coleção Anglo de Ensino. São Paulo: Anglo. SOBRAL, João Jonas Veiga. Redação: Escrevendo com prática. São Paulo: Iglu, 1997. TERRA, Ermani & NICOLA, José de.(1997).Gramática, literatura e redação. São Paulo: Scipione. 62 ANEXOS I . FLUXOGRAMA Possibilidade 1: Esquematizando . . . Cientista X Não-cientista ser especialista torna alguém mais capacitado necessário acabar com o mito várias divisões da ciência como técnicas especializadas pseudo-sinfonia especialização transforma-se em fraqueza ciência é uma especialização ser especialista, ou cientista, é compreender cada vez mais de cada vez menos Possibilidade 2: Esquematizando . . . mais uma vez ciência especialização PERIGOSO conhece-se cada vez mais de cada vez menos cientista pensa melhor do que as outras pessoas? UM MITO 63 II. Novo acordo ortográfico Como estudante da Língua Portuguesa, você já sabe que nosso idioma sofreu algumas alterações ortográficas com o objetivo de minimizar as diferenças existentes entre os países que tem como idioma oficial a língua portuguesa. Esse pode ser considerado um primeiro passo em direção à unificação da língua. UM POUCO DA HISTÓRIA O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa foi assinado em 16 de dezembro de 1990, em Lisboa. Participaram do acordo Portugal, Brasil, Angola, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e Timor Leste. Especialmente no Brasil, o acordo foi aprovado em 18 de abril de 1995 pelo Decreto Legislativo nº 54. NO BRASIL: As alterações devem entrar em vigor a partir de janeiro de 2009. Recentemente, o Ministério da Educação (MEC) publicou uma resolução no Diário Oficial exigindo que os livros didáticos que serão destinados às escolas públicas estejam de acordo com essas novas normas. O mesmo documento autoriza as editoras a já fazerem as adaptações necessárias, uma vez que a data limite será 2012. Embora o documento oficial do Acordo não seja claro em alguns aspectos, julgamos imprescindível que o revisor conheça as alterações e as possa colocar em prática em sua atividade profissional. ALTERAÇÕES: O alfabeto passa a ter 26 letras, reintroduziram-se as letras k, w e y. O trema ( ¨ ) não é mais utilizado nos grupos gue, gui, que ,qui para marcar a pronúncia do u , mas permanece nas palavras estrangeiras: Lingüiça Linguiça Müller Retira-se o acento dos ditongos abertos ói e éi apenas das palavras paroxítonas: Asteróide asteroide Nas oxítonas, o acento permanece: papéis Depois dos ditongos o i e o u tônicos não são mais acentuados: Feiúra feiura Nas palavras oxítonas terminadas em que o i ou u (seguidos ou não de s) o acento permanece: Piauí 64 As formas êem e ôo não são mais acentuadas: enjôo, lêem enjoo, leem Não são mais usados os diferenciais em: pára / para péla(s) / pela(s) pêlo(s) / pelo(s) péla(s) / pelas(s) pêra / pera Permanece o diferencial entre pôde e pode de pretérito e presente respectivamente. Permanece o diferencial entre pôr e por. Não há alterações nos verbos ter e vir e seus derivados. Não se usa mais o acento agudo no u tônico nas formas arguis, argui, arguem. Verbos terminados em quar, quir e guar usados, no Brasil, com o i e o u tônicos recebem acento: enxáguo, delinqües EMPREGO DO HÍFEN Se antes da reforma já não havia consenso acerca do emprego do hífen, depois do acordo a situação continua levantando polêmicas. Vejamos que se apresenta atualmente: Sempre se usa hífen antes do h: anti-herói Prefixo terminado em vogal Sem afim diante de vogal diferente: antiaéreo. Sem afim diante de consoantes, exceto r e s, com as últimas, dobra-se o r e o s: anteprojeto, antissocial. Com afim diante da mesma vogal: micro-ondas. Prefixo terminado em consoante Com hífen diante da mesma consoante: inter-relação. Sem afim diante de consoante diferente e vogal: intercomunicação, superimportante. Prefixo sub Com afim diante de r: sub-raça. Sem hífen diante de h que deve ser omitido: subumano. Prefixos circum e pan Com hífen diante de palavra iniciada com m, n, vogal: pan-americano, circumnavegação. Prefixo co 65 Com hífen: cooperar, cooptar. Prefixo vice: Com hífen: vice-presidente. Prefixos sem, aquém, além, ex, recém, pós, pré, pró Com hífen: pós-graduação, ex-aluno. Palavras que perderam a noção de composição Sem hífen: pontapé, paraquedas. TUFANO, Douglas. Michaelis. São Paulo. Melhoramentos. 1ed, 2008. III. ELABORAÇÃO DE RELATÓRIO O relatório é um documento para registro de observações, pesquisas, investigações, fatos, e que varia de acordo com o assunto e as finalidades. Assim, há, por exemplo, relatórios executivos, operacionais, de estágio, de auditoria e de reunião de estudos. A redação é a etapa final do desenvolvimento de um processo. Só será bem feita se as etapas iniciais tiveram sido todas cumpridas com dedicação e cuidado. Para redigir bem, o relator deve ter expressão linguística desenvolvida pelo treino constante de redação alicerçada em bons conhecimentos gramaticais. A clareza e a correção devem constituir-se em preocupação constante para se conseguir um texto de leitura fácil e agradável. Sugestão de esquema para um relatório: Na capa: - Título do relatório - Nome do relator - Cidade - Ano Na folha de rosto: - Título do relatório - Para: - Elaborado por: - Assunto: - Local: Ref.: 66 - Data de elaboração: - Tipo de relatório: (parcial, total, inicial, final) - Natureza: (normal, confidencial, reservado, secreto) Nas folhas seguintes: - Resumo (O quê? Por quê? O que se fez? Recomendações.) - Introdução - Objetivos (O que se pretende?) - Métodos (Entrevista, questionários, observações, testes...) - Meios (Instrumentos) - Duração (Quanto tempo?) - Pessoal envolvido (Quem?) Desenvolvimento: - Fatos, constatações (Exatos, objetivos, em seqüência.) - Avaliação crítica (Motivos e conseqüência, ou causas e efeitos.) - Recomendações (Medidas a serem tomadas.) - Conclusões (Resultados esperados.) Anexos: - Bibliografia - Assinatura - Data - Nome legível - Identificação funcional NALDÓSKIS, Hêndricas. (2006). Comunicação Redacional. 10. ed. – São Paulo: Saraiva. IV. Expressões Evitáveis na Redação Comercial A clareza de um texto, em geral, está relacionada com frases curtas, utilização de vocabulário simples e eliminação de palavras desnecessárias. SE VOCÊ AINDA USA Levamos ao conhecimento de V.Sa. Durante o ano de 2003 Devido ao fato de que Acusamos o recebimento de Temos a informar que Vimos solicitar Até o presente momento TROQUE POR Informamos Em 2003 Por causa Recebemos Informamos Solicitamos Até o momento 67 Conforme segue abaixo relacionado Relacionado a seguir Estas expressões ainda são usadas... (acredite se quiser) Tomamos a liberdade... Como dissemos acima... Tem a presente a finalidade de... Vimos por meio desta... Certos de sua compreensão... Limitados ao exposto, encerramos... Sem mais para o momento... Tanto tomou que escreveu... se já disse, está repetindo por quê? Expressão desnecessária. Você escreveria uma carta sem finalidade? Você viria por meio de outra? Se o texto for convincente, ele compreenderá O ponto final já indica todo esse palavrório Se já acabou, não escreva mais nada