Apostila
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Evangelismo e Pós-modernidade Autor Jaime Morales Herrera Um curso do Seminário Internacional de Miami Miami International Seminary 14401 Old Cutler Road Miami, FL 33158 305-238-8121 ext. 315 email, [email protected] web site: www.MINTS.ws 2006 TABELA DE CONTEÚDO PLANO DE CURSO………………………………………………………………………………………….. 3 INTRODUÇÃO..... ……………………………………………………………………………………………4 CAPÍTULO 1: O PRIMEIRO DESAFIO DA PÓS-MODERNIDADE A IGREJA NÃO QUER EVANGELIZAR…………......………………………….5 CAPÍTULO 2: O SEGUNDO DESAFIO DA PÓS-MODERNIDADE READAPTANDO A MENSAGEM: BARREIRAS………………………………..20 CAPÍTULO 3: O SEGUNDO DESAFIO DA PÓS-MODERNIDADE READAPTANDO A MENSAGEM: PONTES……………………………………..32 CAPÍTULO 4: O SEGUNDO DESAFIO DA PÓS-MODERNIDADE READAPTANDO A MENSAGEM: ESTRATÉGIAS……………………………41 CAPÍTULO 5: O SEGUNDO DESAFIO DA PÓS-MODERNIDADE READAPTANDO A MENSAGEM: UM MODELO ………………….............57 CAPÍTULO 6: O SEGUNDO DESAFIO DA PÓS-MODERNIDADE READAPTANDO A MENSAGEM: MISSÃO INTEGRAL …………............65 CAPÍTULO 7: O TERCEIRO DESAFIO DA PÓS-MODERNIDADE INVESTIR EM DISCIPULADO…………..……………………………………….73 CONCLUSÃO……... ………………………………………………….................................87 BIBLIOGRAFIA………………………………………………………………………………… ……………88 WEBGRAFIA…………………………………………………………………………………… …………….88 APÊNDICE 1: PASSOS BÁSICOS PARA APRESENTAR O EVANGELHO…………90 APÊNDICE 2: MÉTODOS CLÁSSICOS DE EVANGELISMO PESSOAL…………..91 APÊNDICE 3: O CURSO DE CINCO NOITES…….... ……………………………………..94 APÊNDICE 4: NOVOS MÉTODOS DE EVANGELISMO EM MASSA……………….97 APÊNDICE 5: CARTAS EVANGELÍSTICAS……………………………………………………98 PROGRAMA DO CURSO Nome do curso: Evangelismo e Pós-modernidade Professor: Jaime Morales Herrera Créditos: 3 Objetivos A. Conhecimentos 1. Conhecer as barreiras, pontes e estratégias que podemos utilizar para levar a mensagem de Jesus Cristo dentro da cosmovisão pósmoderna; 2. Conhecer diversos métodos de evangelismo e como adaptá-los à cultura moderna; 3. Conhecer diversas formas de dar acompanhamento às pessoas que evangelizamos. B. Atitudes 1. Deixar o individualismo e egoísmo para amar o nosso próximo; 2. Entender a necessidade de que o evangelismo inclua um posterior acompanhamento imediato; 3. Compreender a responsabilidade que temos de dar acompanhamento às pessoas a quem pregamos a mensagem. C. Habilidades 1. Aprender como motivar à igreja a realizar evangelismo; 2. Por em prática estratégias e métodos de evangelismo contextualizados à pós-modernidade; 3. Desenvolver projetos para que a igreja se envolva na ação social. Avaliação 1. Projeto 1. 40% Primeira Etapa. Evangelizar uma pessoa do mesmo sexo de forma pessoal de acordo com o método do Censo de Oração; Fazer um informe de uma página que contenha a descrição da pessoa e como ela respondeu à apresentação da mensagem; Fazer um plano para dar acompanhamento a esta pessoa de forma pessoal mediante o método das cinco noites aplicado a esta pessoa somente. Segunda Etapa. Orar por esta pessoa durante toda a semana posterior; Executar com a pessoa evangelizada aos menos duas das primeiras cinco noite do plano realizado na primeira etapa; Fazer um informe de uma página explicando o progresso da pessoa durante estas noites de acompanhamento. 2. Projeto 2. 25% Fazer um planejamento de uma atividade que dê projeção social à sua igreja. 3. Realizar as tarefas de cada capítulo . 25% (5% por responder às perguntas dos capítulo 1, 2, 3, 4 e 7). 4. Assistência ou participação no foro (para quem faz via web). 10%. Introdução O presente escrito fala sobre a evangelização e a pós-modernidade. Antes de falar de qualquer outra coisa, é necessário que compreendamos estes conceitos. A evangelização neste escrito é entendida como a ação de desenvolver a igreja segundo a Grande Comissão. Ou seja, ir e fazer discípulos de todas as nações. Em segundo lugar, entende-se a pósmodernidade como uma cosmovisão que surge como uma reação que emerge do fracasso dos ideais da modernidade. A fé no progresso e no ser humano desaparece ante as guerras, as novas enfermidades e a decadência do ser humano. E assim, ante a frustração que isso produz, surge a pósmodernidade com características diretamente opostas à época que a precedeu. Assim, em meio a este contexto, o presente texto vai desenvolver principalmente três teses que nos apresenta três desafios que a igreja cristã contemporânea tem de enfrentar ao realizar evangelismo. O primeiro desafio é que a própria igreja cristã não quer evangelizar; o segundo é a necessidade de readaptar nossa maneira de apresentar o Evangelho; e por último, o terceiro desafio é enfrentarmos a verdade bíblica de que devemos realizar um melhor acompanhamento das pessoas com o discipulado cristão. Por outro lado, devo fazer um esclarecimento de que este escrito pretende confrontar a pós-modernidade das ruas, a do povo, não a filosófica, dos acadêmicos e catedráticos universitários. Não vamos falar de pós-estruturalismo, nem de metadesafios; mas da filosofia pós-moderna tal e como se vive nas ruas. É importante reconhecer que a maioria das pessoas com as quais nos encontramos não são pós-modernos filosóficos, mas pós-modernos das ruas. Capítulo 1: O Primeiro Desafio da Pós-Modenidade A Igreja não quer Evangelizar Objetivo 1. Compreender que vivemos em uma sociedade de individualismo e facilidades 2. Entender como o individualismo tem afetado o evangelismo em nossas igrejas 3. Dar sugestões para motivar à igreja a realizar evangelismo Uma Introdução à Pós-modernidade O problema de muitos escritos acerca da pós-modernidade é falar dela como se fosse um conceito que todo mundo deveria lidar. Poucos tomam o tempo necessário para realmente explicar o que significa esse termo complexo. Por isso, nossa primeira tarefa será explicar ao leitor, de forma simples, o que significa esta palavra. Em palavras simples, a pós-modernidade é uma nova forma de ver o mundo que surgiu como conseqüência dos fracassos dos ideais da época moderna. Por isso suas raízes etimológicas dão a entender algo como “depois do modernismo”. Como descrevo em meu texto Apologética e Pós- Modernidade: “A pós-modernidade surge como reação à modernidade. Uma modernidade que proclamava ideais que com o transcurso do tempo foram caindo pela própria natureza pecadora do ser humano, evidenciada na doutrina escriturística da depravação total do homem. A modernidade se caracterizou por ser uma época de fé. As pessoas criam nos princípios libertadores da Revolução Francesa, nos avanços da ciência, no progresso do ser humano e na liberdade religiosa. Pensava-se ter chegado ao ponto alto da humanidade, de onde se chegaria à solução de todos os problemas; ideais que sequer chegaram a cumprimento mínimo 1. Entre as principais teses modernas que mais ostensivamente entraram em colapso se encontram2: a) A pretensão de entender a história humana como um processo progressio de emancipação e humanização ascendente: “a modernidade 1 2 Morales, p. 11. http://biblioteca.itam.mx/estudios/estudio/letras42/textos4/sec_3.html deixa de existir quando desaparece a possibilidade de seguir falando da história como uma entidade unitária”. b) A pretensão de que a racionalidade ocidental – filosofia, religião, ciência e tecnologia – constituía o protótipo da racionalidade humana e a meta necessária para a realização universal de todos os povos e culturas. c) A pretensão de que esta dita racionalidade garantiria um futuro de progresso ilimitado e universal, já que esta mesma racionalidade banhou de sangue as nações, mergulhou na pobreza dois terços da humanidade e tem ameaçado matar o ecossistema global. As guerras, enfermidades como AIDS e câncer, os pecados dos pastores e sacerdotes cristãos e outros fracassos da época moderna levam o mundo a pensar de maneira diferente. “A busca do saber, a tecnologia, a razão e a ciência, deixaram um vazio no espírito do homem. A industrialização trouxe a contaminação e a destruição acelerada dos recursos naturais. O capitalismo tornou os ricos mais ricos e os pobres mais pobres. O socialismo tampouco satisfez as necessidades do ser humano, e também converteu-se numa nova ditadura. A medicina descobriu a cura para muitas doenças, mas, por outro lado, surgiram novas versões de vírus e bactérias resistentes aos antibióticos e às vacinas que foram inventadas” 3. Veio o desencanto das promessas não cumpridas, a renúncia a toda utopia, o abandono de toda esperança de renovar o mundo e a sociedade. Rejeitam-se as certezas, e vive-se sem sentido, no temporário e fugaz: é a cultura do descartável. O aumento da maldade, ameaças à vida e insegurança social tem trazido crises de desespero. O progresso técnico não tem conseguido fazer-nos mais humanos nem mais felizes. A juventude perdeu sua força de denúncia, caiu em passividade, acomodada ao ambiente, aturdida com a vertigem de experiências vivenciais extremas: viagens psicodélicas, erotização, uso de drogas e da violência como intensa experiência ante situações de morte. Os novos partidos políticos no poder não satisfizeram as expectativas do povo, nem despertaram nova consciência cívica, nem ofereceram projetos alternativos de organização cidadã4. 3 4 Pereira, p.40. http://www.redial.com.mx/obispado/semi/aletheia/a3708.html Assim, surge esta nova forma de pensar com características inversas à cosmovisão que a precedeu. Características que hoje em dia desafiam à cosmovisão cristã - que é superior a toda cosmovisão humana – a contextualizar sua mensagem e proclamar a esperança do Salvador. Uma sociedade de individualismo e facilidades Entre as diversas características da sociedade pós-moderna encontramos o individualismo. Um individualismo onde a única coisa que importa é a própria pessoa. Meus estudos, meu desenvolvimento pessoal, minha auto-superação, meu sustento financeiro, minha felicidade, etc. Há pouco tempo para pensar no outro em uma sociedade com tanta competição e agressividade. É uma época onde o que importa é a própria felicidade, o próprio bem-estar, o bem de si mesmo e não o bem comum; já não se busca o bem coletivo, mas o prazer e o benefício próprio. Ao ser ele mesmo a prioridade, não se deixa lugar para os demais, a menos, claro que tragam algum tipo de benefício. A era do “eu-eu”, primeiro eu, depois eu e depois eu; onde o indivíduo se preocupa somente consigo mesmo e se esquece das outras pessoas. Além disso, é uma era da lei do menor esforço, do mínimo esforço para se ter as coisas rapidamente. As pessoas estabelecem metas fáceis, desejam obter títulos acadêmicos em pouco tempo, buscam dinheiro fácil, querem perder peso com pastilhas e aparatos milagrosos, e claro, nada como o “milagre” dos cartões de crédito. O individualismo não é outra coisa senão o pecado do egoísmo e da indiferença. O “eu” vai ao encontro do “tu” para voltar para o “eu”. O outro é somente meu satélite. O individualista não será capaz de dizer “nós” porque para ele só existe “eu”. O individualismo é a negação do amor – o valor principal do cristianismo e seu grande mandamento (Mt 22.39), o principal fruto do Espírito (Gl 5.22-23), a essência de Deus refletida na imagem e semelhança de si mesmo que Ele nos tem dado (1 Jo 4.7-8). Recordemos o texto: “Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor ”. Se somos cristãos devemos amar a nosso próximo, demonstrar esse amor ágape que ele implantou em nossos corações, o amor de 1 Coríntios, capítulo 135. Individualismo e a Lei do menor esforço na Igreja A igreja tem sido afetada por isso. Há muitos que chamam a muitas igrejas de “Igrejas Light”. Estas são igrejas onde se prioriza a comodidade e o prazer dos membros. Igrejas onde se tem horas de música de louvor e adoração com letras simples, curtas, repetitivas e emotivas que muitas vezes parecem mais concertos que cultos cristãos. César Henríquez nos diz acerca das novas liturgias cristãs: “Nas últimas décadas, as igrejas tem deixado de construir locais para suas reuniões, é mais comum encontrar grupos cristãos que se reúnem em salas de cinema, hotéis, teatros, etc. a razão é que elas necessitam de espaços para a celebração dominical, que não só comportem as centenas ou milhares de assistentes, mas também ao grupo musical com todos os seus instrumentos e equipe de alta tecnologia. Ademais estes novos lugares de reunião contam com uma série de recursos tecnológicos, e outras características que dificilmente encontraríamos nos locais tradicionais: jogo de luz; poltronas com excelente visibilidade, palco, telões, decoração, cabines especiais para quem controla o áudio, etc. Este é um pequeno reflexo não só da apropriação por parte da igreja de recursos midiáticos da época, mas que também refletem a apropriação estética própria dos meios massivos de comunicação. Não é estranho então, que agora as celebrações cúlticas tenham lugar em salas cinematográficas” 6. Os sermões pregados são agradáveis aos ouvidos, nunca a mensagem ético-moral dos velhos pregadores; e quanto mais curto melhor. Uma mensagem de dez ou quinze minutos é suficiente, e se é um vídeo muito melhor. Eliminam-se cultos na semana e se mantém ao mínimo no fim de semana. Os pastores desejam comodidade e manter acomodados os membros fazendo e dando-lhes o que gostam. “Estamos frente a uma celebração cúltica que se esvazia de seus conteúdos naturais, satisfaz o hedonismo religioso dos adoradores e torna-se cúmplice de uma teologia castrada e “light” exibidas nas polidas vitrines das liturgias que apresentam um evangelho sem cruz, um discipulado sem custo, ressurreição sem crucificação, espiritualidade sem Espírito, igreja sem discípulos, Bíblias sem a imagem do servo sofredor, discipulado sem acompanhamento, pregação 5 6 Morales, p. 53 http://www.selah.com.ar/database/images/2393A01.DOC sem perseguição, reino de Deus sem justiça e zelo sem esperança. Como bem aponta Bonhoeffer, um evangelho da “graça barata” 7. Além disso, vamos à igreja segundo as circunstâncias: se o clima está fresco, se não está chovendo, se eu desejar, se não tiver jogo de futebol, se não há outro compromisso ou algo melhor para fazer. Praticamos uma fé cômoda. Transformamos o Deus da Bíblia em um Deus pouco exigente. Um Deus que nos dá muito e nos demanda pouco. Antônio Cruz menciona acerca disso: “Trata-se de um deus criado à imagem do homem pós-moderno que nunca pede, só parece está disposto a dar; sempre preparado para oferecer momentos religiosos agradáveis, sentimentos de euforia em determinadas cerimônias com multidões; alimentos para os necessitados e trabalho para os desempregados que simplesmente pedem com fé8”. Um deus como uma máquina, que apertamos um botão e ele nos dá suas bênçãos. Cremos em um Deus que nos salvou, mas só para nosso benefício pessoal e não para o de outros. É uma fé egoísta onde o que interessa é o próprio bem-estar. Temos caído em uma espécie de apatia espiritual onde é muito difícil que nos preocupemos com o próximo; temos nos tornado como Caim, indiferente ao seu próximo mais íntimo: seu próprio irmão. Deus considerava Caim responsável pelo seu irmão, e por isso, o confrontou abertamente perguntando-lhe por Abel. A resposta de Caim descreve o que poderíamos chamar de “a síndrome de Caim”. Esta síndrome consiste em evitar, em não sentir-se responsável pelas necessidades, situação ou sorte de nosso próximo. O “cainismo” consiste precisamente na falta de preocupação com as necessidades de outros seres humanos. A sorte de nosso próximo não nos diz respeito, deve ser da responsabilidade de qualquer outro, mas, naturalmente, não a nossa. A síndrome de Caim nos faz viver centrados em nós mesmos e despreocupados com o que sucede com outros seres humanos ao nosso redor, inclusive aqueles mais próximos, aqueles com os quais estamos ligados pelos vínculos mais fortes, os próprios laços de sangue. No entanto, Deus pede contas a Caim acerca de sua responsabilidade. Caim é chamado a prestar contas sobre o seu irmão Abel e é considerado culpado por haver faltado com respeito a seu irmão. Deus considerou Caim guardião de seu irmão 9. 7 http://www.selah.com.ar/database/images/2393A01.DOC Cruz, p. 170. 9 http://www.paralideres.org/pages/page_2861.asp 8 O mundo complexo de hoje nos traz exigências e nos pressiona de tal forma que isso nos leva a viver centrados em nós mesmos deixando-nos pouco tempo para pensar nos outros e nas suas necessidades. Caim, com sua experiência nos ensina acerca do perigo de esquecer que somos guardiões de nossos irmãos, que somos responsáveis por ajudar a nosso próximo em suas necessidades, lutas, carências, problemas e tensões. Ademais, Caim nos lembra que Deus nos considera responsáveis e, por isso, nos pedirá contas acerca do modo como temos levado a efeito a nossa responsabilidade. Caim nos desafia a viver uma vida de solidariedade, de compaixão, de entrega sacrificial ao nosso irmão 10. Assim, desta maneira, caímos no “cainismo” e nos é mais cômodo ficar como estamos que sair para evangelizar e preocupar-nos com o estado espiritual dos perdidos. Nos conformamos com esporádicas incursões evangelísticas para silenciar a nossa consciência que como crentes temos e que nos diz que devemos ser testemunhas até aos confins da terra. A evangelização tem perdido força simplesmente porque os outros deixaram de ser importantes para nós. O importante somos nós mesmos, o crescimento próprio e nunca as almas perdidas. Queremos que as almas venham à igreja, não queremos ir onde elas estão. Somos uma força centrípeta e não uma força centrífuga 11. “Muitos têm transformado a “Grande Comissão” em a “Grande Omissão”, porque mudaram o “ide” (a responsabilidade da igreja) pelo “venham” (a responsabilidade do outro). A ordem é “ir”, mas sem dúvida é mais cômodo que o outro “venha” a nós” 12. O amor, de que tanto fala a Escritura, tem se tornado mais um ideal abstrato que um valor expressado em ações. A profecia nos adverte que nos últimos dias, o amor de muitos esfriará. Não basta falar do amor de Deus em Cristo Jesus: devemos vivê-lo e demonstrá-lo. É incrível que as pessoas gastem mais dinheiro em manter um animal de estimação, do que com o envio de missionários transculturais a lugares onde não se ouviu o Evangelho. Gastamos mais em um restaurante de comida rápida do que em ajudar os povos não alcançados da terra a que conheçam ao Nosso Senhor Jesus Cristo. Ficamos pasmos quando nos damos conta de que megaigrejas e grandes denominações ofereçam somas de dinheiro quase ínfimas para missões transculturais. A porcentagem anual 10 Idem. Morales, p. 51 12 http://www.desarrollocristiano.com/site.asp?seccion=arti&articulo=613 11 oferecida em muitas igrejas às missões é tão pequena que poucas vezes alcança o 1% das entradas de muitas congregações. Onde fica o chamado para ser luz para as nações? Como vamos chegar até os confins da terra quando nem sequer chegamos à nossa Jerusalém? (Atos 1.8). O evangelismo e a missão da igreja em todas as suas dimensões tem diminuído13. Apresentamos diversas razões para não evangelizar, “temos um horário que não nos permite”, ou deixamos para aqueles que têm especificamente esse ministério; muitos tem “crescido” tanto que já se sentem isentos desse compromisso, outros têm se tornado tão “sábios” que não incomodam a ninguém com práticas religiosas. Desculpas comuns para não evangelizar Não tenho tempo Todos temos tempo, a grande verdade é que há tempo para cada coisa. A Palavra diz que tudo tem seu tempo (Ec 3.1-8) e nos chama a remilo (Ef 5.16; Cl 4.5). De fato, desperdiçamos muito tempo vendo televisão e fazendo coisas que não são proveitosas. O problema é que não separamos o tempo para evangelizar. Deus sempre porá pessoas em nosso caminho às quais podemos testemunhar. O evangelismo é mais que uma ação pontual é um estilo de vida. Não tenho o chamado Muitos afirmar que não foram chamados a esse ministério ignorando que a grande comissão é um mandato para todos, não somente para os que Deus tem chamado a trabalhar como evangelistas e missionários em tempo completo. A grande comissão é um mandato para todos os que são chamados discípulos de Jesus Cristo. Há que se ensinar ao crente a orar para que Deus lhe guie onde ele “deve ir”, ao invés de “se deveria ir”, porque todos temos sido chamados. Não sei como fazer 13 Morales, p. 51 Deus sempre põe as palavras em nossa boa. Ademais, uma pessoa disposta buscará ajuda quando não sabe fazer algo. Sempre haverá pastores ou mestres que estarão dispostos a ensinar como se deve apresentar o Evangelho. Por outro lado todos podemos evangelizar com nosso testemunho de conversão e nosso testemunho de vida. Não tenho a capacidade para fazer Deus não elege os capacitados, capacita aos escolhidos. Se a pessoa não tem capacidade para evangelizar, Deus o capacitará para isso. O único que tem que fazer é dispor-se e Deus fará a obra. Como vencer este desafio O desafio de motivar a igreja a evangelizar neste mundo pós-moderno não é tarefa fácil. Seria arrogante dizer que este escrito tem a solução para tal realidade. Antes busca colaborar com algumas sugestões que podem nos ajudar a iniciar com este complexo labor. 1. Ser uma igreja que vai contra a corrente A verdadeira igreja de Cristo deve ir contra a corrente, deve ser uma verdadeira contracultura, sendo contra os valores negativos da sociedade na qual ela floresce. A igreja não pode seguir os antivalores do individualismo e da facilidade. Não devemos nos conformar aos valores deste mundo. Não podemos dar às pessoas o que elas querem, mas o que Deus quer. Uma igreja que deseja ser o que Deus quer deve ter vários cultos inclusive durante a semana; não buscar a comodidade dos seus membros. Recordemos que a igreja primitiva se reunia todos os dias (Atos 2.46-47). Sabemos que a agenda das pessoas hoje em dia está apertada e que muitas pessoas tem que cumprir compromissos de trabalho e acadêmicos; mas que esta seja uma exceção e não a simples deserção dos cultos por apatia ou porque está em primeiro lugar o prazer do compromisso com o Senhor. Não devemos adaptar os cultos à mente pós-moderna sacrificando a mensagem e transformando o diálogo que se dá no culto entre Deus e sua igreja como corpo coletivo, em um pacto onde o que vale são as emoções pessoais e individuais. Como pastores preguemos a totalidade das Escrituras e não somente mensagens de alento e positivismo que é o que as pessoas desejam escutar. Devemos dar acompanhamento de qualidade aos novos convertidos, aos que desejam se batizar e àqueles que querem integrar-se nos ministérios da igreja. Isto exigirá tempo de ambas as partes e não o mínimo esforço. Enfim, vivamos a plenitude da mensagem de Cristo como seguidores dEle. 2. Sensibilizar à igreja ante a dor alheia e os perdidos Como igreja não podemos permanecer alheios ao que está sucedendo no mundo. Nesta era de tecnologia onde as notícias voam de um lado para o outro do mundo em segundos, estamos nos tornando acostumados com notícias sensacionalistas que nos parecem cotidianas e normais, e poucas vezes nos causam verdadeiro pesar. Ouvimos de guerra, terremotos, tsunamis, furações, fome, epidemias, estupros, corrupção, etc. e poucas vezes nos detemos a pensar nisso, e, muito menos nos detemos a orar por estas pessoas e nações que estão sofrendo estes males. Estamos tão ocupados com nossos próprios problemas que não pensamos que há outros que também tem seus problemas e talvez, sejam maiores que os nossos. Com o agravante de que muitas vezes não conhecem o Senhor que faz com que o jugo seja fácil e suave a carga, e no qual podemos descansar. Pergunte-se: “Quando foi a última vez que tirei uns minutos para orar pelas pessoas que estão sofrendo as conseqüências de um desastre natural em um país sem relação com o seu ou sua pessoa? Se, você lembra de uma dessas oportunidade nos últimos dias, te felicito. Mas, se não, este é um sintoma de indiferença cristã e o contrário do amor de Deus que dizemos conhecer. Tiremos tempo nos cultos para orar por estas situações em nosso país e fora dele. Podemos incluir ler alguma dessas notícias de forma breve e então motivar a igreja a orar por isso. Atividades similares podem ser feitas em reuniões de grupos de jovens, classes de escola dominical, células, reuniões de homens ou senhoras. Mostremos vídeos que mostrem a necessidade de conhecer a que os povos têm de conhecer a Cristo. Acostumemos às pessoas a sentir a necessidade que o mundo tem de Cristo. A igreja deve compreender que o evangelismo não é somente pregar a mensagem da salvação; é fazer discípulos. A igreja deve entender que tem sido chamada à missão integral, ou seja, a uma missão que inclui tanto a evangelização como o serviço e a ação social. A solidariedade com todos os seres humanos sejam crentes ou não, é algo que hoje as comunidades evangélicas não podem esquecer. A sensibilidade social para os marginalizados e oprimidos que vivem juntos a nós será uma das evidências que convencerá a muitos da sinceridade da nossa fé. A inquietude do pobre pelo alimento é em nossos dias um dos principais instrumentos de evangelização. Devemos abrir portas aos necessitados e por em prática as palavras de Jesus: “O que tem duas túnicas, dê ao que não tem; e o que tem que o que comer, faça o mesmo”14. 3. Ensinar acerca do compromisso do cristão A fé cristã demanda compromisso. Não é uma fé cômoda; claro que obtemos a salvação pela graça por meio da fé e temos o Espírito Santo que é nosso grande ajudador. Mas, isso não significa que não tenhamos demandas da parte do Senhor. Realmente a Escritura nos chama a render toda nossa vida a Jesus Cristo baseados na graça que Ele mostrou a nós. O compromisso cristão é parte natural de ser cristão, é uma implicação de ser seguidor de Jesus. O Senhor mesmo nos disse: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a sim mesmo, tome a sua cruz e siga-me”. (Mateus 16.24). Nos dedicarmos a alguém implica um custo, um sacrifício, isso é tomar nossa cruz. Por isso necessitamos ensinar acerca disso. O discipulado cristão dos membros da igreja deve mostrar claramente essa entrega. O compromisso é essencial para que possamos crescer e amadurecer (Rm 12.1-2) e para o ministério de todos os crentes (2 Tm 2.20-21). Um exemplo de pessoas que se dedicaram a Deus no Antigo Testamento eram os nazireus. A palavra nazireu significa “separado” (hebraico: Nazar). Era uma pessoa separada e dedicada ao Senhor mediante um voto voluntário e esta devia expressar-se em renúncia (Nm 6.5) e pureza pessoal (Nm 6.6-8). Assim, da mesma maneira, devemos consagrar-nos ao Senhor. Devemos como cristãos absternos de muitas coisas assim como faziam os nazireus; devemos mostrar 14 Cruz, p.201 também o testemunho de forma visível com nossa aparência física e nossas ações devem ser coerentes com a entrega a Deus. No mundo pós-moderno o testemunho é essencial. Assim, primeiramente devemos como líderes mostrar aos outros que nós estamos comprometidos. Em segundo lugar, devemos mostrar com exemplos da história bíblica e cristã o que é compromisso. Os grandes heróis da fé são os melhores exemplos de pessoas consagradas ao Senhor. E ainda, não podemos deixar de lado grandes homens que Deus tem usado através da história antiga, medieval, moderna e contemporânea. Eles também nos podem servir de inspiração. Em terceiro lugar, não deixemos de mostrar os princípios que nos falam do compromisso e entrega que se nos apresentam na Escritura. Mostremos que a fé cristã é uma fé que vale a pena viver, porque é uma fé pela qual vale a pena morrer. Conclusão Por seus frutos os conhecereis! Quando foi a última vez que em cumprimento à Grande Comissão fui a alguém apresentar o Evangelho de Jesus Cristo? Está muito ocupado na obra do Senhor? E quanto ao Senhor da obra? A igreja não deve sair a evangelizar; deve evangelizar quando sai. Alguns de nós cantamos a conhecida música de Marcos Witt, que diz: “Eis-me aqui, eu irei Senhor...”; quando na realidade queremos dizer: “Eisme aqui, ele irá Senhor”. Você como líder é o primeiro que deve perguntarse: Realmente quero evangelizar? Sinto amor pelos perdidos? Quero pagar o preço do discipulado? Depois disso desafie aqueles que estão debaixo do seu campo de ação a fazê-lo também. O tempo é limitado. “Certamente venho sem demora”. (Ap 22.20). Não temos todo o tempo do mundo para pregar o Evangelho, Jesus vem sem demora, e nosso próximo imediato – familiares, amigos, vizinhos e companheiros que não conhecem a Cristo – não viverá para sempre. Esforcemo-nos por regressar ao valioso princípio da evangelização pessoa; incomodemos ao mundo por causa do Evangelho; empurremos as trevas com a nossa luz. Para extendê-la fomos investidos do poder do Espírito Santo, façamos a obra, cumpramos a Grande Comissão. Os apóstolos e profetas não eram pessoas estudadas, eram simplesmente pessoas entregues a Deus. Deus está esperando que nós digamos “Eis-me aqui, eu irei”. Deus está buscando pessoas que o sirva. Você tem o poder do Espírito Santo que convence o mundo do pecado e que dá força para vencer. Lute, batalhe, trabalhe, pois Cristo vem sem demora e seu galardão está com Ele. Perguntas do Capítulo 1 a. Defina com suas próprias palavras o princípio do individualismo na pós-modernidade. b. Defina com suas próprias palavras o principio da lei do menor esforço (facilidade). c. O que é a igreja "light"? d. Há evidências de individualismo em sua própria igreja. Explique. e. Defina o que é o cainismo. f. Explique como podemos ser una igreja que vai contra a corrente. g. Explique algumas maneiras de como podemos sensibilizar a igreja frente à dor alheia. h. O que é missão integral? i. Explique o que é compromisso cristão j. Segundo o autor quais os três elementos que devemos mostrar à igreja ao ensinar acerca do compromisso cristão? Capítulo 2: O Segundo Desafio da Pós-modernidade Readaptando nossa mensagem: Barreiras Objetivos 1. Mostrar as diversas barreiras que podemos enfrentar ao apresentar a mensagem no mundo pós-moderno. 2. Levar em conta algumas recomendações para superar as barreiras antes mencionadas. Temos de readaptar a mensagem à cultura O segundo desafio que nos apresenta a pós-modernidade quando falamos de evangelismo é a readequação da mensagem à cultura. Devemos entregar a mensagem mediante um processo de contextualização à cultura que estamos inseridos. Não podemos seguir pensando em evangelizar à maneira do pensamento moderno, ao nos defrontarmos com as mentes pósmodernas. Enfrentamos verdadeiras barreiras culturais ao tratar de pregar a mensagem de Jesus no contexto pós-moderno. A presente cultura nos oferece suas próprias características que a distinguem de outros momentos históricos, e novamente, o Evangelho deve enfrentar novos obstáculos, aproveitar as pontes de comunicação e definir estratégias para que a mensagem transformadora de Jesus Cristo chegue até os confins da terra. Dessa maneira, começaremos analisando os obstáculos com os quais nos defrontaremos ao comunicar as boas novas ao indivíduo pós-moderno. Primeira Barreira: Relativismo e subjetividade O cristão, da mesma forma que outros que se formaram a partir da perspectiva moderna, certamente dá muito valor à verdade absoluta. Para os crentes em Cristo Jesus, Ele é o caminho, a verdade e a vida (Jo 14.6) de forma exclusiva. Só o Deus Trino é a única verdade, e Ele tem revelado essa verdade em Sua Palavra escrita e encarnada (Jo 17.17; 14.6). Nós como cristãos nos criamos com a ideia de que há valores bíblicos claros que definem o que é bom e o que é mal. Deus nos tem mostrado em Sua Palavra por meio dos mandamentos e princípios bíblicos, o que como cristãos nos é permitido e o que não nos é permitido fazer. Sabemos que Deus nos pede para ser tal como Ele é em Seus atributos morais e comunicáveis. Se Ele é um Deus bom, ele quer que sejamos bons, não quer que roubemos, mintamos ou enganemos porque Ele é um Deus que é verdade; não quer que matemos porque Ele é o doador da vida, e assim de forma sucessiva podemos descobrir todos os princípios bíblicos expressos nos mandamentos. Por outro lado, o homem secular da época moderna via o absoluto em si mesmo. O humanismo indicava que o mais importante era a dignidade humana. Assim, nasceram os direitos humanos e múltiplas organizações que tratavam de lutar contra as práticas realizadas contra os seres humanos. O homem era seu próprio absoluto. Mas isso tem sido rejeitado na cosmovisão pós-moderna, pois proclama-se que não há uma única verdade. Claro, existe uma verdade; ainda que seja verdade para mim, não quer dizer, entretanto que seja verdade para você. A verdade tem sido definida em termos de relatividade e subjetividade. “Em outras palavras, pode-se dizer, esta é minha verdade; você pode ter a sua. É verdade para mim. Você crer no que quiser e eu crerei no que eu quiser”15. “Não existe diferença alguma entre o que uma pessoa elege crer e o que é “verdade” para eles: “O que você crer é a sua verdade, eu tenho outra verdade”. O importante, por exemplo, no campo religioso, é buscar uma espiritualidade que funcione para mim. Não importa se é uma espiritualidade por catálogo tipo “buffet”. A pergunta é: De que você tem fome? O sabor é mais importante que a substância” 16 . Na pós- modernidade, a ética e a moralidade surgem em função do hedonismo que produz o relativismo atual onde os atos são bons ou maus em função do prazer que geram. A ética se converte em estética. Tudo é relativo, a verdade depende de cada indivíduo e do que é conveniente para ele 17. Ninguém ver as coisas como são, senão como lhes parece que as coisas são. Somos um grupo de crianças contemplando as nuvens; cada um vê uma figura diferente e não há maneira de decidir qual das crianças está vendo a figura correta e qual não. Como disse Os Guinnes, referindo-se ao ensino pós-moderno: “A realidade é portanto, somente um estado mental, um “espelhar” do cérebro”. 18 Por isso tem-se perdido a habilidade de diferenciar entre o bom e o mal. A moralidade se rege mais pela preferência individual que por 15 http://www.aventuraweb.org/descargas/evangelioyposmodernidad.doc Salinas, p.66 17 Morales, p. 14 18 http://www.ibsj.org/NUEVOIBSJORG/Articulos/El%20Caribe/101Postmodernidadyverdad.asp 16 princípios bíblicos ou padrões sociais. Hoje em dia, o homossexualismo, o adultério, o aborto e outros pecados podem ser vistos como coisas boas para os cidadãos pós-modernos. Fala-se de homossexualismo como simplesmente uma orientação sexual que a pessoa tem direito a escolher. O aborto e a eutanásia são manejadas como uma opção possível em muitas legislações. E da mesma forma, um sem número de categorias de pecados. De fato, muitos se perguntam o que tem ocorrido com a moralidade. Samuel Escobar nos diz que isso pode ser observado através desses “veículos de formação popular: as telenovelas argentinas, brasileiras, mexicanas e venezuelanas; os costumes, atitudes e diálogos, além dos relacionamentos de todo tipo que atualmente são achados nelas, mostram tanto um culto ao prazer como um relativismo moral aberto. A análise do conteúdo das histórias, as quais ocupam muitas horas dos telespectadores, mostram evidentemente como hoje se apresentam cenas que há dez anos atrás seriam inadmissíveis em público”19. Simplesmente, por razão da verdade não ser considerada uma questão absoluta é difícil definir o conceito de pecado. E sem pecado, não pode haver culpa e muito menos arrependimento. Tradicionalmente, temos iniciado nossos encontros evangelísticos falando do pecado no homem e da necessidade de arrependimento; mas o que acontece se o que chamamos pecado não é reconhecido como tal para a pessoa que comunicamos a mensagem do Evangelho? Esta é a nossa primeira barreira ao fazer evangelismo. O mesmo autor segue escrevendo acerca dos meios populares: “Agora os atores espanhóis e mexicanos descrevem seus adultérios ou fornicações de forma desinibida e despojada de todo intento de justificação racional e ainda de cobertura sentimental” 20. Segunda Barreira: Intolerância aos absolutos Salinas nos diz que “a rejeição dos absolutos tem levado o pósmodernismo a repudiar qualquer conceito de verdade que pretenda ser universal. Para Focault, por exemplo, a idéia de “verdade” nasce dos interesses dos que detêm o poder. Para ele há uma relação direta entre verdade e poder. A “verdade” serve como instrumento de apoio para 19 20 Escobar, p.24 Escobar, p.25 sistema repressivos, portanto, qualquer “verdade” que pretenda ser absoluta, deve ser erradicada”21. Assim, desta maneira, o ser humano pós-moderno não gosta das distinções inflexíveis ou rígidas sobre eles ou outros. Estão contra os juízos negativos para os diferentes estilos de vida ou opiniões. Para eles, todos temos direito de pensar como quisermos e ninguém deve julgar ao outro por isso. Pode ser que não estejam de acordo com eles, mas “respeitam” seu modo de pensar. A sabedoria popular pós-moderna, diria “não concordo, mas respeito”. Eles definem isso como tolerância, um valor que hoje em dia é abundantemente proclamado no mundo. Isso se expressaria da seguinte forma: Como você se atreve a julgar o outro? Creio na tolerância. A única coisa com a qual sou intolerante é a intolerância. Creio na diversidade de estilos de vida22. Ensina-se tolerância às crianças nas escolas. Isso é visto como uma habilidade social para a boa convivência; assim se lhes diz que devem ser tolerantes ante as opiniões e comportamentos dos demais. Para estes uma pessoa tolerante se caracteriza como compreensiva, aberta e flexível com as idéias, opiniões e posturas que os demais manifestam, ainda que não esteja de acordo com elas. Felix Ortiz em um artigo que fala dos espanhóis, numa realidade não tão distinta à da América Latina nos diz: “os jovens de nossos dias estão acostumados e tem se alimentado do pluralismo e da diversidade desde sempre. Nos centros de ensino, cada vez é mais normal a presença de meninos e meninas de outras raças, culturas e religiões. Quando chegam ao ensino médio, e principalmente na universidade, não é nada raro para eles encontrarem-se com companheiros e companheiras que tem valores e cosmovisões dos mais variados e coloridos. Ter amigos homossexuais, budistas, que crêem em abduções, que são ateus ou que praticam ativamente a nova era é algo assumido por nossos filhos. Claro que muitos não praticam o estilo de vida de seus amigos e companheiros, mas acham aceitável e válido para eles, e por isso, toleram e respeitam”23. Certamente temos de ser tolerantes com as diferenças entre pessoas. A Palavra nos fala que não devemos fazer acepção de pessoas (Tg 2.1). Jamais um cristão vai estar de acordo com idéias racistas, xenofóbicas, 21 Salinas, p. 59 http://www.aventuraweb.org/descargas/evangelioyposmodernidad.doc 23 http://www.aventuraweb.org/descargas/evangelizacionrelevante.doc 22 homofóbicas24, assim como qualquer outro tipo de marginalização. Mas nem por isso tem que passar por alto idéias e conceitos que estão contrárias às Sagradas Escrituras. A única coisa que os pós-modernos não toleram são os absolutos que para eles é traduzido como “intolerância”. “Até pouco tempo, tolerância significava que alguém aceitava que outra pessoa tivesse conceitos distintos e que esse alguém não procurava prejudicar a outra pessoa por causa de seus conceitos diferentes. O antônimo de tolerância era perseguição – pretender fazer mal à pessoa por causa das suas opiniões. Este não é o sentido hoje em dia. Agora, é intolerante a pessoa que pensa que suas idéias e opiniões são verdade. Não é possível crer que as convicções de alguém são corretas e ser tolerantes ao mesmo tempo”25. Quando na verdade “a amplitude de critério é a posição mais estreita de todas porque elimina a consideração do ponto de vista absoluto” 26. Por isso, os crentes são visto muitas vezes como intolerantes e estreitos de pensamento. Lembro que uma vez um conhecido não-crente me disse “o que me molesta nos evangélicos é que eles crêem que só eles têm a razão”. Esta é a forma como os pós-modernos nos percebem, este é o segundo grande obstáculo. Os pós-modernistas tendem a tomar como verdade o que seus pares ou sua comunidade crêem. Se o grupo ao qual pertencem sustenta uma forte estrutura de valores, eles tenderão a mantê-la também 27. Assim, se o maior valor cultural dos pós-modernos é a tolerância aos estilos de vida, religiões e formas de conduta; eles tomarão isso para si. Terceira Barreira: A Comunicação A terceira barreira são as divergências no modo de comunicação. Os cristãos nascido na época moderna têm em alta estima o conhecimento e o raciocínio. O pós-moderno, por sua vez, tem em alta estima o sentimento. Para o modernista o contrário do conhecimento é a ignorância. Mas, na pósmodernidade este mesmo conceito é ruído distorcido. Os pós-modernistas têm tanta dificuldade de entender idéias formuladas fora do seu paradigma como qualquer outra cosmovisão. Ao nos comunicarmos com os pós24 Que um cristão não está de acordo com o homossexualismo ou outros pecados não quer dizer que rejeite aos homossexuais. Como Jesus, deveríamos estar abertos a receber a todos aqueles que são pecadores e querem deixar sua vida de pecado. Nossa atitude deve ser de misericórdia e não de rejeição. 25 http://www.ibsj.org/NUEVOIBSJORG/Articulos/El%20Caribe/101Postmodernidadyverdad.asp 26 Geisler, Norman y Brooks, Ron, Apologética, p. 310 27 http://www.aventuraweb.org/descargas/evangelioyposmodernidad.doc modernistas em paradigmas modernistas nos ariscamos a que classifiquem nossas idéias como algo sem valor (ruído distorcido). Neste momento, esta é a barreira principal que encontramos ao pregar o Evangelho aos pósmodernistas. Tendemos a começar pelos pontos equivocados, e apresentar nossa verdade de maneira equivocada. Portanto, nos desligam como se desliga um ruído distorcido, da mesma forma que alguém muda a sintonia do radio para eliminar a distorção 28. São cosmovisões diferentes; portanto ao comunicar o Evangelho a partir do paradigma modernista aos pósmodernistas nos arriscamos a que classifiquem a nossa mensagem como algo sem valor e nos desliguem. Estamos enfrentando verdadeiras barreiras culturais e necessitamos ser verdadeiros pregadores transculturais. Por outro lado, estamos acostumados a transmitir a mensagem de maneira equivocada. Em uma delas utilizamos o modelo da educação bancária, focando-nos somente na transferência de informação. Nesta, o importante é a transmissão da informação que considera a evangelização como um caminho de uma só direção, através do qual se comunica aos ouvintes certos fatos que necessitam conhecer. Nesse caso, quando a informação é apresentada de forma adequada, pode se esperar que se obtenha uma decisão adequada. A relação entre o evangelizador e o “candidato” é similar à de mestre-aluno, porquanto existe o objetivo de comunicar certa informação de forma correta. Portanto, o cerne da questão é: “Quantas pessoas escutaram a mensagem?”29. O outro modo é chamado por Carlos Arn de “monólogo manipulativo”. Este método concentra sua atenção no apelo emocional ou se utiliza de uma série de perguntas cuidadosamente preparadas. A relação entre o crente e o não-crente se aproximaria da relação vendedor-cliente, onde o objetivo que se persegue é conseguir a venda do produto. Nesta situação, o que mais importa é: “Quantas pessoas disseram sim?” 30. Ambas são maneiras equivocadas de apresentar a mensagem de Cristo já que em nenhuma das duas estamos partindo da verdadeira necessidade que as pessoas têm de conhecer ao Salvador. Eles necessitam da relação mestre-discípulo que se encarna nas Escrituras através de Jesus Cristo, uma relação de mais amizade que parte da compaixão genuína diante das necessidades reais das pessoas. 28 http://www.aventuraweb.org/descargas/evangelioyposmodernidad.doc http://www.desarrollocristiano.com/site.asp?seccion=arti&articulo=291 30 http://www.desarrollocristiano.com/site.asp?seccion=arti&articulo=291 29 Quarta Barreira: Resistência à religião institucionalizada O pós-moderno não confia na religião institucionalizada. Esta caiu como todo o ideal do projeto moderno. Tanto o catolicismo como o protestantismo são vistos como velhos modelos que nunca chegaram a ser o que proclamaram. E os meios de comunicação apontam os delitos de muitos pastores e sacerdotes. São muitos os erros da igreja cristã que são sinalizados: as divisões da igreja; a inquisição (não só a católica espanhola, mas também a protestante; pensemos, por exemplo, na queima de pessoas acusadas de bruxaria em Salém); o surgimento das novas denominações negras nos Estados Unidos, por causa da escravatura e do racismo; as guerras santas – tanto as cruzadas medievais com as atuais segundo o “destino manifesto” dos Estados Unidos. O Cristianismo é visto como uma religião que não apresenta consistência entre a proclamação de seus ideais de amor ao próximo e suas ações ao longo da história 31. Algumas recomendações para enfrentar estas barreiras 1. Corrigir a ideia de que evangelizar e pregar o Evangelho O homem ocidental pós-moderno pode não reconhecer alguns comportamentos como pecado e pensar que esta tudo bem. Mas, sempre haverá coisas que serão vistas como moralmente má. Todos os ocidentais reconhecem o termo pecado e reconhecem que há coisas que fazem mal, e que tem trazido problemas pessoais e familiares à sua vida. Isto é parte da imagem de Deus que há em cada um de nós. Todos temos uma consciência que nos diz que há coisas que são más e outras que são boas. Muitas vezes nossa consciência está cega ou cauterizada, mas ela existe. Estando ela correta32 ou errada33 temos uma consciência. O homem pós-moderno vai entender a necessidade de Cristo morrer por seus pecados mesmo que não os reconheça todos no momento de tomar uma decisão pelo Senhor. Ele não tem que estar consciente de todos os seus pecados para poder tomar uma decisão pelo Salvador. Deus a seu tempo lhe mostrará por meio do Espírito Santo e com um conseqüente 31 Morales, p. 91 Aquela que julga como bom aquilo que realmente é bom, e viceversa com o mal. 33 A consciência errada é aquela que julga como bom o que na realidade é mal e viceversa. 32 discipulado verdadeiro, novas áreas que deverá submeter a Jesus Cristo. Realmente assim é todos nós, pouco a pouco, o Espírito Santo, nos santifica na medida em que nos aproximamos de Deus e nos entregamos a Ele. Regressando ao ponto de partida, recordemos que evangelizar não é pregar o Evangelho, mas fazer discípulos (Mt 28.19-20). Podemos apresentar a mensagem e a pessoa se entregar a Cristo, mas isso não finaliza o nosso trabalho – devemos fazer discípulos de Jesus Cristo. E assim, o acompanhamento e discipulado é parte de nosso compromisso ao fazer incursões evangelísticas. 2. Não mostrar hostilidade (“intolerância”) inicial a outras expressões religiosas, estilos de vida ou moralidades. No momento de apresentar a mensagem de salvação não é momento de julgar outros estilos de vida ou expressões religiosas. A pessoa pósmoderna pode não concordar com tudo, mas ela defende o direito de todos pensarem como quiser. Pode ser que a pessoa esteja no erro de ter um estilo de vida incorreto ou equivocadamente creia que certos estilos de vida devem ser respeitados; isso pode ser tratado no processo de discipulado posterior pelo qual essa pessoa deve passar. É importante esclarecer que esta posição é somente “inicial”, para assim apresentar uma mensagem sensível à cosmovisão moderna. Em nenhum momento queremos dizer que estes temas devam ser evitados completamente, mas, só temporariamente para assim apresentar a mensagem da salvação. Em todo caso, é nossa responsabilidade dar um acompanhamento adequado posterior para que estes indivíduos entendam os problemas que podem ter certos estilos de vida e expressões religiosas. 3. Usar comunicação com pontes Devemos comunicar o Evangelho estabelecendo pontes entre a verdade bíblica e o pós-modernismo. Não entre o modernismo e o pósmodernismo. Digo isto porque alguns de nós temos casado o modernismo com o cristianismo. Temos fundido de tal maneira o modernismo ao cristianismo que os vemos com um só. Temos mimetizado, e podemos cair no erro de muitos missionários ocidentais que além de levar o Evangelho a povos com culturas distintas levaram por sua vez, os costumes ocidentais, como se tudo fosse parte do mesmo pacote. Trata-se de buscar pontes entre a cultura pós-moderna e o Evangelho para que o Senhor seja proclamado. Não eliminando a própria cultura, mas respeitando aquilo que não vai contra o Evangelho e transformando aqueles valores que vão contra os valores do Reino dos Céus. O Senhor mesmo se encarnou, tomando a forma de homem, através de Seu Filho (Fp 2.5-8). Ele estabeleceu uma ponte conosco. Ele se fez homem para poder comunicar-se com os homens. Este e o princípio encarnacional missiológico que as Escrituras nos mostram. Aproveitemos as diversas pontes que a pós-modernidade nos dá para comunicar o Evangelho a todos os homens. Conclusão Como em qualquer outro momento da historia, comunicar a cosmovisão cristã e bíblica a outra cosmovisão não tem sido tarefa fácil. Mas, ao contrário apresenta obstáculos que são dificilmente transpostos. É necessário fazer uma devida imersão na cultura pós-moderna para poder comunicar a mensagem e transpor as barreiras culturais nesta nova forma de ver o mundo. Enfrentemos o desafio que como cristãos, se nos apresenta esse novo paradgima. Perguntas Capítulo 2 a. Qual é o segundo desafio que nos apresenta a pós-modernidade quando falamos de evangelismo? b. Por que o autor diz que o modernismo era uma época de verdades absolutas? c. O que a pós-modernidade proclama sobre a verdade? d. Como a posição da pós-modernidade acerca da verdade, afeta o conceito de pecado? e. Qual é a segunda barreira ao evangelismo que a pós-modernidade nos apresenta? f. Descreva a terceira barreira ao evangelismo? g. Por que a pessoa pós-moderna não confia na religião institucionalizada? h. Para o autor, o que é realmente evangelizar? i. O que o autor recomenda com respeito às expressões religiosas, estilos de vida e de moralidades? j. Que crítica o autor faz sobre estabelecer pontes com a cultura pósmoderna? Capítulo 3: O Segundo Desafio da Pós-modernidade Readaptando nossa mensagem: Pontes Objetivo Identificar as diversas pontes que podemos utilizar para comunicar a mensagem do Evangelho ao cidadão pós-moderno. A Necessidade de estabelecer pontes É necessário estabelecer pontes ou plataformas com o mundo pósmoderno para poder pregar e levar o Evangelho e a Palavra de forma mais eficiente. Deus mesmo construiu uma ponte com o ser humano ao encarnarse por meio de Cristo e ser como nós (Fp 2.5-8). Cristãos de todas as épocas têm se perguntado como apresentar a mensagem contextualizada às novas culturas que tem diante de si. O próprio apostolo Paulo em sua época utilizou um “altar ao Deus desconhecido” quando se encontrava em Atenas como plataforma para apresentar a mensagem aos gregos (Atos 17.23) e nos disse: “Porque, sendo livre de todos, fiz-me escravo de todos, a fim de ganhar o maior número possível. Procedi, para com os judeus, como judeu, a fim de ganhar os judeus; para os que vivem sob o regime da lei, como se eu mesmo assim vivesse, para ganhar os que vivem debaixo da lei, embora não esteja eu debaixo da lei. Aos sem lei, como se eu mesmo o fosse, não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo, para ganhar os que vivem fora do regime da lei. Fiz-me fraco para com os fracos, com o fim de ganhar os fracos. Fiz-me tudo para com todos, com o fim de, por todos os modos, salvar alguns. Tudo faço por causa do evangelho, com o fim de me tornar cooperador com ele” (1 Co 9:19-23). Somos chamados a ser pontífices, uma palavra que muitas vezes identificamos com um título dado pelo catolicismo romano a seu bispo em Roma. Esta, em seu sentido original vem do latim, “póntifex”, formado por pons (ponte) e fácere (fazer) e significa “fazer ponte”. Cristo é nosso pontífice, a ponte entre Deus e o homem, por isso, Deus chega a nós e nós podemos chegar a Deus. Da mesma forma nós, como seguidores de Cristo, somos enviados a construir pontes entre Deus e os não crentes para a propagação do Evangelho. Ao falar de comunicação transcultural recomenda-se aos obreiros adotar provisoriamente a cosmovisão dos ouvintes não cristãos; depois, mediante uma análise de sua mensagem à luz do ponto de vista daqueles, eles podem adaptar a mensagem, formulando-a de tal modo que tenha sentido para eles34. Devemos lembrar que o cristianismo bíblico em si mesmo é uma cosmovisão, mas uma cosmovisão que pode ser expressa em todas as épocas e culturas mediante o processo de contextualização. “O cristianismo bíblico está no processo de aprender a expressar-se no novo mundo pósmoderno. O cristianismo teve muitíssimo êxito na cosmovisão antiga ao extender-se rapidamente pelo mundo Greco-romano. Foi claramente manifestado no Renascimento através do Protestantismo e no Iluminismo com o Evangelicalismo Moderno. Atualmente a cosmovisão ao nosso redor está mudando e o cristianismo bíblico se encontra outra vez na necessidade de desenvolver novas formas para expressar-se dentro da cultura sem perder suas verdades fundamentais” 35. Em seguida, analisaremos alguns elementos que podem nos servir de pontes com os indivíduos pós-modernos. Primeira Ponte: Sensibilidade Espiritual O homem pós-modernos apesar de ter resistência à religião institucionalizada devido à sua desconfiança à mesma gosta da espiritualidade. É interessante notar como ouvimos comentários de pessoas afirmando: “Sou espiritual, mas não religioso”; dando a entender que busca uma experiência espiritual que não seja através de uma religião, mas por seus próprios meios. Ou seja, uma espiritualidade dirigida em seus próprios termos – subjetiva e individual; na qual a religião já não se apresenta como uma herança recebida de nossos antecessores nem das tradições institucionalizadas, mas côo resultado de uma busca, de um encontro, de uma elaboração pessoal 36. Assim, ouvimos muitos dizerem: “Deus existe porque eu o sinto, falo com ele e ele me ouve”. Já não é uma verdade fundada em um objeto de fé como Jesus Cristo, mas fundada na mera experiência subjetiva do indivíduo. Esta é uma espiritualidade que se 34 Lewis, p. 107 http://www.aventuraweb.org/descargas/iglesiaypostmodernidad.doc 36 In Sik Hong, p9 35 expressa em termos emocionais, onde o que conta é a experiência mística da pessoa e não há espaço para a razão. Mary fala que a pós-modernidade é uma sociedade de autorreferência e explica: “Quando as instituições perdem sua autoridade, o sentido desta pode ser alojado na pessoa, fazendo do indivíduo o arbitro principal de toda verdade. O auge do individualismo que começou na década de 60 e tem sido alimentado desde então pela propaganda de publicidade, rejeita a sabedoria e qualquer autoridade fora dele mesmo”37. Assim, a única referência que a pessoa tem é ela mesma; não tem referências externas. Assim, o ser humano tem uma espiritualidade cuja única referência é a própria vivência subjetiva. Assim, nesta busca de espiritualidade, que é parte essencial da natureza humana – já que é parte da imagem de Deus em nós – o ser humano pós-moderno busca preencher esse vazio com um sem número de crenças. Como bem sinaliza José Maria Martínez: “A cultura moderna tem produzido um grande vazio espiritual e este vazio nem sempre permanece assim; com freqüência é ocupado por crenças as mais irracionais” 38. Enquanto na modernidade o grande problema era a quantidade de ateus que precisavam não acreditar em Deus, o problema da pós-modernidade é que agora se crer em qualquer coisa. Convivem de forma harmoniosa e sincrética (sem importar se são contraditórias ou não), um leque de crenças diversas. Horóscopos, astrologia, cartomancia, vidência, ciências ocultas, satanismo, parapsicologia, meditação transcendental, práticas budistas, hinduístas, extraterrestres, culto ao corpo, aos artistas, ecologia, islamismo, seitas, etc., são exemplos da busca de espiritualidade dos indivíduos pósmodernos. Joel Ching nos diz acerca disso que “o problema não é se nosso povo crerá ou não, mas em que crerá. A modernidade é um estado de incerteza acerca dos deuses, mas a pós-modernidade é o regresso triunfal dos deuses, mitologias e religiões pré-cristãs, e em cada região adquirem uma coloração especial. Na nossa América estão voltando aos cultos précolombinos39. Das religiões pré-cristãs e suas mitologias passamos à magia, o ocultimos e o aumento das seitas satânicas, como disse o pensador Humberto Eco: “Quando os homens deixam de crer em Deus, não é que não 37 http://www.cisoc.cl/html/oct05.htm http://www.ibsj.org/NUEVOIBSJORG/Articulos/El%20Caribe/104NuevaEspiritualidad.asp 39 O autor faz referência aos tempos antes da chegada de Colombo. Nessa ocasião havia complexos sistemas de organização política e social e varias manifestações artísticas e religiosas, com várias divindades; e cultos e hierarquia complexamente elaborados. 38 creiam em nada, crêem em qualquer coisa”. Esta religiosidade selvagem, o cardeal Lehmann definiu como “teoplasma”, “espécie de massa de modelar religiosa a partir da qual cada um fabrica seus deuses a seu próprio gosto, adaptando-as às próprias necessidades” 40. Escobar nos diz: “há uma verdadeira explosão do religioso, e se está impondo um pluralismo religioso notável. Junto às igrejas cristãs proliferam os cultos afrocaribenhos, o espiritismo brasileiro, os cultos de origem asiática como o Mahikari, a religião Bahai e assim por diante. No limiar do novo século da religiosidade isso está presente em novas formas, mas explícitas como nunca antes” 41. Têm surgido cultos oficiais tão absurdos como a Igreja Maradoniana que rende culto ao astro do futebol argentino Diego Armando Maradona e pessoas que dizem professar a mesma religião que os cavaleiros “jedi” de Star Wars. As livrarias têm entre seus livros mais vendidos aqueles que falam de meditação, oração, anjos e questões espirituais; esses vendem muito mais que aqueles que falam de sexo ou auto-ajuda. Mais de 665.000 arquivos na internet, grandes ou pequenos, tem algo a ver com o fenômeno religioso 42. Assim, notamos a inquietude espiritual dos pós-modernos. E é precisamente em meio a esta busca de espiritualidade subjetiva que a mensagem do Evangelho pode penetrar. Eles buscam uma fé experimental, pessoa e prática. Estão buscando sua própria espiritualidade pessoal. Conseqüentemente vemos este crescimento das religiões orientais nas sociedades ocidentais. O pensamento da Nova Era, por exemplo, está ficando cada vez mais popular. Devemos pensar na Nova Era como uma expressão pós-moderna da espiritualidade porque é experimental, pessoal e do ponto de vista dos praticantes prática 43. Entretanto, estes três elementos não estão contidos apenas na Nova Era, mas podem ser encontrados de melhor maneira na fé cristã. Em primeiro lugar, o cristianismo é uma fé experimental. Temos um Deus real que está vivo, que busca seus filhos e quer ter comunhão com eles. Podemos ter uma experiência dia a dia com Jesus e ter contato com ele por meio da oração e do estudo bíblico. Em segundo lugar, o cristianismo é uma fé pessoal. Podemos ter uma relação pessoal com Jesus Cristo. Ainda que a igreja seja formada por todos os fiéis, Deus nos chama pessoalmente a cada 40 http://www.monografias.com/trabajos16/iglesia-postmodernismo/iglesia-postmodernismo.shtml Escobar, p.26 42 http://www.el-mundo.es/su-ordenador/SORnumeros/97/SOR066/SOR066dios.html 43 http://www.aventuraweb.org/descargas/evangelioyposmodernidad.doc 41 um, Jesus foi morto por nossos pecados de forma pessoal e nos chama a exercer um sacerdócio pessoal de nossas vidas. Ele está interessado em cada detalhe de nossas vidas e quer se envolver nos menores e mais íntimos detalhes de nossa vida. Esta é uma mensagem muito positiva para um pós-moderno se conseguirmos comunicá-la em sua linguagem cultural. Em terceiro lugar, o cristianismo é uma fé prática. Na Palavra de Deus não há somente doutrina; há respostas reais e práticas para todos os problemas do ser humano. A Bíblia é o melhor manual de aconselhamento e supera todos os escritos de psicologia que já foram escritos. Os cristãos têm um Deus que se interessa pelo ser humano, supre cada necessidade e sempre cuida de nós. Segunda Ponte: Respostas às Necessidades Sociais Para os pós-modernos o cristianismo não funcionou porque ficou somente nos ideais. Estes o percebem como uma religião muito bonita com o grande problema de que ninguém a pratica. “Se fôssemos falar com um pós-moderno sobre os problemas sociopolíticos que causam a fome no mundo, seria para eles como ruídos distorcidos. Entretanto, se fôssemos enviar comida e roupa às vítimas de uma inundação, nos respeitariam por ter uma consciência social”44. Estão cansados dos discursos cansativos e querem ação. Não querem teoria, querem ver prática. “Eles necessitam não só de argumentação; necessitam ver o Evangelho atuando e encarnado em uma comunidade real que vive e pratica o que proclama e atua desse modo como uma estrutura de plausibilidade aos seus olhos”45. Eles querem ver uma igreja que viva a missão integral, que sua mensagem seja acompanhada de um compromisso real com a sociedade manifestado em projeção social. Eles querem ver uma fé que reflita ação, que resolve problemas concretos. Para eles isto é uma luz espiritual, para nós simplesmente, testemunho cristão. O existo e o impacto da igreja primitiva consistiram em que a comunidade dos crentes proporcionava total credibilidade e plausibilidade à mensagem que pregavam. Um não convertido podia freqüentar as suas reuniões e comprovar que o perdão, a humildade, a generosidade, o serviço, o amor, a solidariedade, a simplicidade de vida, a preocupação de uns com os outros era uma realidade. Podiam comprovar que judeus e gentios, ricos 44 45 http://www.aventuraweb.org/descargas/evangelioyposmodernidad.doc http://www.aventuraweb.org/descargas/evangelizacionrelevante.doc e pobres, escravos e amor, opressores e oprimidos, homens e mulheres podiam conviver como irmãos graças ao amor de Jesus Cristo. A igreja foi a apologética do século I46. Terceira Ponte: Uma vida melhor Todos os seres humanos buscam melhoras na qualidade de vida. Mas, isto não é certo somente no terreno do material, mas também no âmbito espiritual. Os pós-modernos apreciam a tecnologia e a cultura de consumo, buscam melhorar sua vidas com DVD’s, telefonia celular, televisões tela plana, equipamentos de som, videogames e de outros aparatos que criam necessidades fictícias. Isso tem levado à cultura do consumismo. O homem busca consumir para saciar certas necessidades muitas vezes criadas pelos próprios meios televisivos. O homem pós-moderno busca a felicidade baseada no hedonismo e, por conseguinte no consumismo. O ser humano pós-moderno é alguém cheio da necessidade compulsiva de consumir, e busca produtos cada vez mais estimulantes, impactantes, novos e refinados 47. A ânsia de “ter coisas”, de “possuir coisas” chega a ser mais importante do que “ser gente”. É necessário adquirir bens materiais acima de todas as coisas. A maioria dessas coisas consideradas “necessárias” somente devido à publicidade comercial, cria novas necessidades, que são, na realidade, fictícias. A moda, que muda sempre, faz com que se deseje cada vez mais coisas e que continuamente, temos de trocá-las. Tem-se criado uma patologia da infelicidade devido a que sempre os homens “querem algo melhor, mais caro, outra coisa. Nada lhes parece satisfazer, e não há outra forma de fazê-los felizes” 48. A publicidade em geral foca especialmente os adolescentes e sua necessidade de “pertencer”, o que, por sua vez, faz com que estes sejam o principal grupo de mercado da sociedade de consumo. “Promete-se felicidade nas ofertas de produtos de limpeza, de perfumaria; em medicamentos, em alimentos, em aparelhos domésticos, em apólice de seguros. Assim afirma uma propaganda comercial pela boca e imagem de algumas modelos fotográficas radiantes” 49. 46 http://www.aventuraweb.org/descargas/evangelizacionrelevante.doc In Sik Hong, p. 21. 48 Meves, Christa. Juventud Manipulada y Seducida, p. 14. 49 Ibíd, p. 14. 47 Mas, todos sabemos que o que realmente o homem realmente quer é ser feliz. Ele busca algo mais. Quer paz, gozo, amor... quer ter uma vida satisfatória e com sentido. Pois isto é o que Jesus oferece, uma vida com sentido, não isenta de problemas, mas sim, com a Sua companhia e a do Espírito Santo que produz em nós a paz, a alegria e o amor que o mundo não dá e que só Ele pode dar às nossas vidas. Quarto Ponto: Buscam guias espirituais Os homens pós-modernos buscam pessoas que os guiem em sua espiritualidade. Estes podem ser gurus hindus, anciãos mórmons, líderes carismáticos de novas seitas, ou outro tipo de mestre espiritual. Mas, precisamente para isso, os cristãos foram chamados: a fazer discípulos. E quem faz discípulos? A resposta é: os mestres. Ao fazer discípulos estamos nos colocamos na posição de mestres. Claro que, ao mesmo tempo somos discípulos do Mestre, mas por outro lado, ao segui-lo estamos assumindo o desafio de fazer discípulos e ser guia para outros. O discipulado implica em que se tenham mestres e estudantes. O mestre ensina outros a serem mestres. O discípulo é alguém que segue um mestre. “Seu conceito de guia espiritual não é alguém que lhe diga onde está o caminho, mas alguém que pode dizer: Conheço o caminho. O caminho é maravilhoso. Estou nele. Venha comigo. Ainda mais, tem de sentir que na realidade estamos em um caminho espiritual e que esse caminho pode ser bom e prático para eles” 50. O crente é um gua que mostra que Jesus é o caminho, e leva o discípulo por ele, acompanhando-o. Não podemos só sinalizar o caminho, temos que seguir nele. Conclusão “Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo”. (Jo 17.18). Estas são palavras de Jesus quando Ele se prepara para ser morto; nosso Senhor toma tempo para orar ao Pai por seus discípulos proclamando a verdade de que da mesma forma como o Pai o enviou Ele está enviando aos discípulos para cumprir a Grande Comissão. O Pai enviou Jesus utilizando a melhor ponte “o fazer-se homem”; o uso do modelo encarnacional; assim, desta maneira Jesus nos envia a utilizar as pontes que temos com os indivíduos pós-modernos e comunicar a mensagem do 50 http://www.aventuraweb.org/descargas/evangelioyposmodernidad.doc Evangelho que transcende o espaço e o tempo; e todas as culturas deste mundo. Sejamos fiéis à Grande Comissão – que todos os povos e culturas cheguem a conhecê-lo. Perguntas Capítulo 3 a. Como é a espiritualidade da qual gosta o homem pós-moderno? b. Como o homem pós-moderno busca preencher seu vazio espiritual? c. Por que dizemos que o cristianismo é uma fé experimental? d. Por que dizemos que o cristianismo é uma fé pessoal? e. Por que dizemos que o cristianismo é uma fé prática? f. Qual é a segunda ponte que podemos utilizar com os pós-modernos? g. Qual é a terceira ponte que podemos utilizar com os pós-modernos? h. Qual é a quarta ponte que podemos utilizar com os pós-modernos? i. Quem poderia ser estes guias espirituais que os pós-modernos precisam? j. Qual é a função do mestre com respeito ao discípulo? Capítulo 4: O Segundo Desafio da Pós-modernidade Readaptando nossa mensagem: Estratégias Objetivo Conhecer diversas estratégias que podem ser utilizadas ao comunicar o Evangelho na era pós-moderna. Introdução Hoje em dia existem centenas de métodos para comunicar o Evangelho tanto de forma pessoal como em massa. Entre os mais conhecidos métodos de evangelização pessoa se encontram: “evangelismo explosivo”, “o caminho romano”, “as quatro leis espirituais”, “o livro sem palavras” (um método para evangelizar crianças) – métodos que Deus tem utilizado para levar o Evangelho pessoa a pessoa. Na evangelização em massa, além das clássicas campanhas ou cruzadas evangelísticas de pregação, hoje em dia se utilizam métodos como o teatro, a mímica, eventos desportivos, cantos, coreografias, fantoches, palhaços, exibição de filmes em igrejas e locais públicos, etc. Outra forma de evangelização é por meios da internet. Todos os métodos são excelentes para comunicar a mensagem às pessoas. Na evangelização pessoal, creio que não haja um método melhor que outro, nem creio que haja um método que se preste melhor para evangelizar dentro da cultura pós-moderna. Mas, como dissemos nos capítulos anteriores a nossa mensagem deve ser adaptada à cultura, levando em conta as barreiras, aproveitando as pontes de comunicação e precisamente das redefinindo estratégias. estratégias. Nesse Considerando que capítulo uma falaremos mudança de estratégia não é uma mudança de método, mas uma mudança na forma de apresentar a mensagem. Em seguida, são sugeridas algumas estratégias para apresentar o plano de salvação na era pós-moderna. Falar do que Jesus fez em minha vida Lembremos que o homem moderno é sensível espiritualmente e está buscando encher o vazio natural que os homens têm de conhecer a Deus. Eles desejam encontrar com as forças espirituais de forma pessoa, isto num jargão evangélico pode ser traduzido como: “eles querem uma relação pessoal e experimental com Deus”. Claramente isso é uma espada de dois gumes; da mesma forma que podem encontrar-se com Jesus Salvador e Senhor de todos, poderiam ir na direção incorreta e busca preencher esse desejo com falsos deuses e experiências místicas ocultas. Essa é uma grande responsabilidade para os crentes. Devemos levá-los a conhecer ao Deus verdadeiro e ter um encontro pessoal com Ele. Muitos se reservarão o direito de entrar em seu mundo espiritual, mas não devemos cruzar os braços sem fazer nada; utilizemos nosso testemunho pessoal do que Deus está fazendo na nossa vida. Um pós-moderno pode ir embora se lhes dermos uma apresentação lógica do Evangelho, mas se lhe dermos um testemunho pessoal pode ser que nos escute. Mas, os testemunhos que mais lhes interessam não são de salvação, mas histórias de como temos experimentado pessoalmente um relacionamento com Deus. Pode ser um testemunho de cura divina, resposta de oração ou como Deus nos guia. O importante é que vejam como Deus atua na vida do crente. Os pós-modernos querem ter um encontro pessoal com Deus, por isso querem ouvir como outras pessoas se encontraram com Deus51. Assim, desta maneira iniciemos falando do quão pessoal Jesus é para nós. Todos, como crentes, tivemos experiências em que sentimos Deus nos falando de uma maneira especial. Respondamos: Como Jesus tem, na prática, me falado na vida diária? Isso é o que chamamos testificar – mostrar com Deus tem sido relevante em nossas vidas. Como tem respondido as nossas orações quando estávamos em necessidade – como proveu alimento quando mais o necessitávamos, como nos supriu trabalho, como esteve conosco quando estávamos enfermos, como restaurou nossas famílias, como nos ajudou a tomar uma decisão e nos mostrou o caminho. Ao mostrar como o Senhor é relevante em nossas vidas eles compreenderão a relevância que pode ter para as suas. Devemos falar dEle tal como Ele é. Um Deus pessoal que nos fala em todo momento e de forma prática. Devemos falar de Jesus e de Deus com os não-crentes assim como o fazemos com os crentes, de uma forma natural. Claro, Paulo nos disse que para muitos, o Evangelho é loucura (1 Co 1.18), e que os não espirituais não podem discernir as coisas espirituais (1 Co 2.14); mas o pós-moderno está 51 http://www.aventuraweb.org/descargas/iglesiaypostmodernidad.doc tão acostumado com a linguagem religiosa que isso pode até lhe parecer familiar. Como lhe será estranho ouvir acerca de um Deus que responde as orações dos justos quando estão acostumados a escutar acerca de médiuns, carmas, mantras, áureas, cartas astrais e um sem números de palavras do atual jargão religioso pluralista e sincrético. Mostremos aos não-crentes como Jesus nos ajuda de forma prática. Como isso influencia em minha profissão ou ofício? Como nos ajuda quando estamos tristes, cansados, frustrados, etc.? Como o Senhor me ajuda ou ajudou a escolher meu cônjuge? Sim, podemos mostrar-nos “espirituais”. Na modernidade o cristão evitava isso. O modernista observava o misticismo com ceticismo, mas o pós-moderno é atraído por ele. Quando um familiar, amigo, professor, companheiro de escola, universidade ou trabalho não crente está enfermo ou está passando por uma necessidade aproveitemos a oportunidade e oremos por ele estamos o mesmo presente. Pode ser que nosso conhecido não queira que o façamos, mas pode ser que o deseje. Deus pode responder a oração e o mesmo experimentar a relevância que Deus pode ter em sua vida. Fazemo-lo provar a resposta de Jesus a uma necessidade imediata. Apresentemos ao Jesus pessoal Nossa tendência ao apresentar a mensagem tem sido do modo modernista. O apresentamos como conhecimento, como um ideal que se deve crer e aceitar como verdade. Inclusive muitas vezes temos cometido o erro de apresentá-lo simplesmente como uma doutrina que deve ser crida. É mais prático apresentá-lo a nossos ouvintes pós-modernos como um ser espiritual que tem soluções práticas para suas vidas. Apresentemos a Jesus como ele é na realidade – um Deus pessoal e prático. Ele é um Deus pessoal que quer ter uma relação conosco, esta é uma analogia redentora compreensível para um pós-moderno, e pode significar a diferença entre uma recepção hostila ou indiferente ao Evangelho, e a aceitação da mesma. Salinas nos diz: “Nossa tarefa nesta era pós-moderna é apresentar uma pessoa: Jesus, mas que um sistema lógico de crenças. Devemos apresentar a Jesus, em toda sua plenitude, para que esta geração seja transformada à sua imagem. E devemos fazê-lo com compaixão, entrando em relações significativas com os não-cristãos, com um ouvido que realmente lhes escute e com a convicção absoluta de que a Palavra revelada é pertinente para qualquer época52”. Assim, a maior solução que Jesus nos quer oferecer é a de limpar-nos do pecado. Um mal que todos os pós-modernos reconhecem que existe ainda que não reconheça tudo o que é pecado como tal. Os pós-modernistas identificam o mal com o pecado e estão muito conscientes de suas conseqüências daninhas. Em seguida podemos mostrar que Deus nos oferece a graça do perdão dos pecados e quer ter uma relação pessoal com aqueles que não o conhecem. Podemos neste momento falar do sacrifício pessoal que Jesus fez na cruz precisamente para limpar-nos espiritualmente. Logo, podemos levá-los a reconhecer Cristo como Senhor e Salvador ao querer receber a dádiva de ter uma relação para sempre com Ele. E assim fazer a oração de fé com eles. Em seguida, deve-se fazer um processo de acompanhamento que leve à consolidação do mesmo mediante o discipulado. Estes mesmos princípios podem ser usados tanto ao apresentarmos o Evangelho de forma pessoal como quando o apresentamos às massas. Utilizemos evangelismo silencioso Com isto me refiro ao evangelismo que fazemos a partir de nosso testemunho pessoal. Não necessitamos de palavras somente de ações. Nossas ações gritam tão alto que não necessitamos de palavras. Nossa vida pode testemunhar acerca de Cristo mostrando que somos diferentes. Criando nos outros a idéia de que temos algo diferente e que é algo que eles desejam ter. Por isso, nosso testemunho deve ser consistente. Devemos viver de uma maneira que seja consistente com o nosso discurso, deve haver coerência entre nossas ações e nossas palavras. Nosso caráter deve refletir que temos o fruto do Espírito em nossas vidas. Nossa conduta deve ser um testemunho de que seguimos a Jesus Cristo. Félix Ortiz dá algumas recomendações para adolescentes que podem ser transpostas a todo o contexto pós-moderno; ele nos diz que: “Quando vivemos de uma forma coerente – não perfeita – a vida cristã, fazemos que o evangelho seja a VERDADE aos olhos dos adolescentes, damos credibilidade e damos realidade à mensagem. Já não serve o argumento, que muitas vezes damos aos não-crentes, que devem olhar para o Senhor e 52 Salinas, p. 76 não para os homens. Esse é um escapismo fácil de nossa responsabilidade de dar credibilidade à mensagem cristã. Põe a responsabilidade no adolescente e nos libera de encarnar e viver a verdade”53. Antonio Cruz com respeito a isso indica: “Também o mundo do matrimônio e da família cristã é único e fundamental na evangelização. Frente à pós-modernidade, na qual se vem praticando, de maneira alarmante, um autêntico culto ao divorcio e à relação amorosa esporádica, o casal cristão constitui um testemunho que fala por si mesmo da realidade de relações duradouras. As famílias unidas que vivem amorosamente, educando filhos, e forjando vidas humanas estão dando conteúdo e vida ao Evangelho; estão pregando sua fé com o exemplo mais real e autêntico”54. Uma imagem vale mais que mil palavras, um exemplo vale mais que mil imagens. Salinas nos diz: “Muitos jovens sentem atração pelo Jesus dos evangelhos, mas rejeitam qualquer envolvimento eclesiástico ao ver a vida dos que se dizem seguidores de Jesus. Devemos assumir essa crítica, avaliando as muitas formas nas quais a igreja e os crentes têm sido obstáculos para que outros se acheguem ao Evangelho” 55. Nossas vidas devem refletir o verdadeiro amor ágape de que falam os Evangelhos e as epístolas. Este amor incondicional que recebemos de Deus deve ser refletido em nossas vidas diárias; expressando-o nas diversas esferas de nossa vida: família, amigos, conhecidos, crentes e não-crentes (Lucas 10.27; Efésios 5.12; Filipenses 1.9-11; 1 Timóteo 1.5). Devemos mostrar essa mesma compaixão que Jesus teve pelos perdidos – incluindo os rejeitados, que em Seu tempo foram os publicanos e prostitutas, hoje em dia seriam os homossexuais, as prostitutas, as pessoas com AIDS, e outros grupos marginalizados pela sociedade. Nossas vidas devem refletir que nossa ética está baseada nos valores do Reino. Nossa conduta e aparência devem ser radicais. Não só o que fazemos, mas toda a nossa visão de mundo. Não seguimos correntes nem modas. Somos peregrinos e estrangeiros nesta terra, pelo que nossos costumes devem refletir a cidadania celestial que portamos. Desta maneira nosso falar deve ser diferente, nossa forma de vestir deve ser diferente, nossa forma de agir também deve ser distinta. Assim como os nazireus, os 53 http://www.aventuraweb.org/descargas/evangelizacionrelevante.doc Cruz, p. 204 55 Salinas, p.73 54 crentes devem refletir seu relacionamento com o Senhor em renúncia, expressão visível do voto e pureza pessoal (Nm 6:3-8). Os nazireus se abstinham de comer, segundo a Escritura, de tudo o “que se faz da vinha” (Nm 6.4), devido ao seu voto. De mesma maneira, os crentes deveriam se abster de certas questões que em sua cultura estão relacionadas ao pecado. Na cultura Latino-americana estas coisas poderiam ser: escutar certos tipos de música, dançar, consumir bebidas alcoólicas e outras expressões que se associam ao pecado. Por outro lado, os nazireus tinham em seu cabelo uma expressão visível de seu voto. De igual forma o crente deve vestir-se de maneira decorosa e ainda, distinta da cultura em que se encontra. Podemos distinguir uma pessoa pelo seu traje. No mundo hispânico são conhecidas as chamadas “maras” ou “pandillas”56; as pessoas que pertencem a estes grupos são normalmente identificadas por certas evidências físicas como seus trajes e tatuagens. Muitos jovens, inclusive, são detidos pela polícia em muitas ocasiões porque ao se vestirem de certa forma, são confundidos com os “mareros” ou “pandilleros”. Assim, os crentes devem se vestir mostrando que somos verdadeiros embaixadores de Jesus Cristo e não devemos ser confundidos com outros grupos por nosso traje. É doloroso ver jovens cristãs que são confundidas com prostitutas por causa da sua vestimenta ou ver a jovens crentes que são confundidos com “mareros”; isto é um anti-testemunho para os não crentes. Por outro lado, nossas ações devem refletir uma verdadeira santidade, assim como do nazireu se demandava pureza pessoal. Devemos encarnar a mensagem de Jesus Cristo e não somente falar dele do púlpito cristão. É incrível ver crentes evangelizando durante seu horário de trabalho, isto e um anti-testemunho porque se está roubando o dinheiro de seus patrões. É claro que é necessário evangelizar aos companheiros de trabalho, mas isto pode ser feito durante os descansos ou hora de almoço. Utilizemos o evangelismo amistoso ou relacional Tendemos a encerrar-nos em nossa própria bolha. No momento que nos entregamos a Cristo começamos a cortar as relações com os nãocristãos até que, com o passar dos anos, cortamos a relação com eles 56 “Maras” e “Pandillas” são termos com uma conotação negativa, usado para se referir a grupos que habitualmente realizam ações violentas contra outras pessoas ou como sinónimo de uma organização criminal. (N.T.). completamente. Assim, é muito freqüente que os crentes tenham amigos crentes e já não tenham relações com as quais compartilhar o Evangelho. Isto é um erro porque por meio da amizade com outros, teremos excelentes oportunidades de ser guias espirituais e discipular outros. Este é um excelente paradigma evangelizador – a evangelização por meio de amizades. É por meio da amizade que começa o discipulado. No processo de discipulado podemos apresentar Jesus Cristo aos nossos amigos, e lhes orientamos em sua relação com Ele e em seu crescimento pessoal. “Tendemos a pensar que primeiro vem o Evangelho, depois apresentamos o novo crente à igreja e finalmente, vem o discipulado por meio do ensino. Quando o novo crente entra na igreja, encontrará novos amigos cristãos. Talvez pudéssemos mudar a ordem deste modelo. Começamos a amizade. A oportunidade de ser guia espiritual vem da relação de amizade. É neste momento que começa o discipulado. No processo de discipulado (ou formação espiritual) apresentamos ao nosso amigo a pessoa de Jesus. Continuamos guiando esta pessoa em sua relação com Jesus. No processo, à medida que vemos crescimento espiritual, apresentamos o novo discípulo a outros que já conhecem a Jesus e que desfrutam desse relacionamento louvando juntos ao Senhor. Quando o discípulo estiver pronto lhe colocamos numa experiência de adoração coletiva em algum grupo, até em uma igreja”57. De acordo com o relatório “Igreja e Pós-modernidade” realizado na Espanha, o modelo pós-moderno de evangelização começa com uma “relação”. O homem pós-moderno observa a espiritualidade na vida de alguém em quem confia. Seu amigo o convida a explorar a espiritualidade com ele. Ele aprende que a espiritualidade na realidade é uma relação pessoal com Jesus Cristo. O amigo o convida a explorar esta relação não só individualmente, mas também na comunidade de outros que estão buscando e encontrando uma relação com Jesus. À medida que vai descobrindo a espiritualidade na forma do fruto do Espírito nas vidas de seus amigos, em seu amor por ele e pelos demais e na beleza da adoração corporativa, criativa e artística, então ele decide crer e seguir a Jesus. 58. A evangelização é um esforço por responder à outra pessoa como individuo e de descobrir o valor da fé cristã em termos de necessidades 57 http://www.aventuraweb.org/descargas/evangelioyposmodernidad.doc http://www.aventuraweb.org/descargas/iglesiaypostmodernidad.doc 58 pessoais e individuais. Neste caso a relação entre o cristão e o que não é, é na qualidade de amigo-amigo e o objetico consiste em demonstrar uma honesta preocupação pelo bem do outro 59. Salinas nos diz: “São quatro as pedras fundamentais da evangelização nesta geração: a autenticidade, o cuidado mútuo, a confiança e a transparência, e cada uma destas se desenvolve no contexto de relações comprometidas com os não-crentes” 60. Uma pesquisa de Operación Mundo mostrou que 75% a 90% receberam a Jesus Cristo pela influência de um familiar ou de um amigo. As relações amistosa genuínas, são as pontes naturais por onde viaja o evangelho. Deus criou os seres humanos de tal maneira que nossa receptividade responde a estas pontes naturais. Ainda que nos isolemos, quase sempre há uma pessoa que nos entende, nos escuta, se preocupa conosco, e é aí onde começa a encarnar-se a mensagem. É esta rede de relações por onde viaja a mensagem 61. Especialmente entre os latino-americanos nos quais há certa proximidade afetiva natural entre familiares e amigos, este sistema é essencialmente prático. Os latinos são conhecidos por seu calor em contrate com outras culturas e esta proximidade tem um potencial evangelizador que deveríamos aproveitar. Com respeito a isto Cruz nos diz: “O campo de relações naturais dos crentes é o âmbito no qual a intercomunicação é mais eficaz já que se apóia em experiências diárias comuns. Com os companheiros, no mundo de trabalho, com os vizinhos que compartilham espaço; com os colegas ou amigos nos estudos e momentos de ócio; em todas estas relações geralmente circula uma linguagem comum compartilhada que não necessita de explicações, formando assim um ambiente adequado para expressar as crenças pessoais porque existe um “nós” concreto que dá acessibilidade e facilita a comunicação entre uns e outros 62. Não deixemos de falar de nossa fé a estas pessoas. Apresentemo-los ao Cristo pessoal como falamos acima. Outras coisas que podemos fazer é presenteá-los com uma Bíblia, com seu nome gravado; convidá-los à nossa casa para assistir um filme cristão; orar por eles, etc. Todas essas são maneiras de apresentar a mensagem àqueles que são nossa Jerusalém e nossa Samaria (Atos 1.8). 59 http://www.desarrollocristiano.com/site.asp?seccion=arti&articulo=291 Salinas, p. 74 61 http://www.desarrollocristiano.com/site.asp?seccion=arti&articulo=1146 62 Cruz, p. 204 60 Utilizar grupos pequenos para evangelismo “em massa” Ao invés de fazer uma campanha pública como os modernistas, o evangelismo sensível à pós-modernidade deve ser feita em grupos pequenos ou com algum tipo de estudo. O esquema geral é que se convide às pessoas a explorar a espiritualidade através da pessoa de Jesus Cristo, em um ambiente de grupo. Assim, eles são levados a um estudo organizado das Escrituras para que vejam quem é Jesus Cristo, o que ele oferece e como podemos encontrá-lo. Isso deve ser feito em uma casa, ou ainda no âmbito da igreja. Pode ser servido algum refrigerante ou lanche. A ênfase é um ambiente agradável, que não seja ameaçador, nem apresenta confrontação, onde as pessoas podem aprender juntos sobre Jesus 63. Entre os métodos aplicados a grupos pequenos está o conhecido como “Curso das Cinco Noites”. Neste método o grupo se reúne por cinco noites para fazer um estudo bíblico sobre o plano da salvação. Toma-se cada noite para apresentar um dos cinco pontos. Ao final da quarta noite se faz um chamado evangelístico. Nas reuniões de estudo pode-se deixar espaço para testemunhos e oração, o que é de suma importância para ver a plausibilidade da mensagem do Evangelho. Enfatizar disciplinas espirituais como meios relacionais As diversas disciplinas espirituais devem ser tratadas como meios para nos relacionarmos com Deus. A oração, a meditação da Palavra, o jejum e as demais disciplinas espirituais cristãs devem ser apresentadas como exercícios espirituais que servem para nos aproximarmos de Cristo e para alcançar soluções práticas para a própria vida. Muitos dos pósmodernistas, crentes recentes ou não-crentes se identificarão facilmente com a oração, já que é uma atividade espiritual. Poderia ser sábio enfatizar uma oração completa que cubra todas as formas de oração. Ou seja, no cristianismo modernista tem havido uma tendência a enfatizar a petição, ação de graças e confissão, pouca importância tem sido dada à adoração e praticamente se tem ignorado a meditação no estudo bíblico, a meditação cristã e a oração silenciosa. Alguns de nossos irmãos pentecostais tendem a enfatizar um só aspecto da oração extasiada (línguas) esquecendo de outros aspectos da mesma. Em todos os casos nossa tendência tem sido 63 http://www.aventuraweb.org/descargas/iglesiaypostmodernidad.doc falar mais do que escutamos em oração. Os pós-modernistas se sentiriam tão atraídos por estes tipos de oração como por súplica ou línguas 64. Projetar a igreja para enfrentar as necessidades sociais Como mencionamos em capítulos anteriores o pós-moderno está cansado de teoria e quer ver prática. Testifiquemos e demonstremos a fé bíblica em ações mediante a ação social. Que a missão integral seja parte essencial de nossos esforços evangelísticos. Envolvamos a outros neste serviço, esta é uma forma de fazer os não-crentes verem o Evangelho em ação. O artigo cinco do Pacto de Lausanne nos diz: “Afirmamos que Deus é o Criador e o Juiz de todos os homens. Portanto, devemos partilhar o seu interesse pela justiça e pela conciliação em toda a sociedade humana, e pela libertação dos homens de todo tipo de opressão. Porque a humanidade foi feita à imagem de Deus, toda pessoa, sem distinção de raça, religião, cor, cultura, classe social, sexo ou idade possui uma dignidade intrínseca em razão da qual deve ser respeitada e servida, e não explorada. Aqui também nos arrependemos de nossa negligência e de termos algumas vezes considerado a evangelização e a atividade social mutuamente exclusivas. Embora a reconciliação com o homem não seja reconciliação com Deus, nem a ação social evangelização, nem a libertação política salvação, afirmamos que a evangelização e o envolvimento sócio-político são ambos parte do nosso dever cristão. Pois ambos são necessárias expressões de nossas doutrinas acerca de Deus e do homem, de nosso amor por nosso próximo e de nossa obediência a Jesus Cristo. A mensagem da salvação implica também uma mensagem de juízo sobre toda forma de alienação, de opressão e de discriminação, e não devemos ter medo de denunciar o mal e a injustiça onde quer que existam. Quando as pessoas recebem Cristo, nascem de novo em seu reino e devem procurar não só evidenciar mas também divulgar a retidão do reino em meio a um mundo injusto. A salvação que alegamos possuir deve estar nos transformando na totalidade de nossas responsabilidades pessoais e sociais. A fé sem obras é morta.”65. Não há nenhum substituto para a fé prática, o homem pósmoderno ouvirá qualquer mensagem que dê resultado na vida de seus companheiros. Isto vai além da santidade, tem a ver com a necessidade de ser sincero e direto. O pós-modernista quer o mesmo nível de sinceridade 64 65 http://www.aventuraweb.org/descargas/evangelioyposmodernidad.doc http://www.desarrollocristiano.com/site.asp?seccion=arti&articulo=623 na mensagem em si. Mas, se a mensagem não é sincera ou autêntica, a mensagem terá pouco efeito, sem importar quão direta seja. Eles encontram a fé por meio da autenticidade e crescem na fé da mesma maneira66. Os pós-modernistas querem mini-soluções para problemas reais. Eles se identificariam muito mais com doar sangue em um veículo da Cruz Vermelha do que fazendo uma manifestação contra a fome no mundo. Podemos aproveitar-nos destes pequenos eventos para contatar pessoas e construir uma imagem de gente espiritual e solidária. Podemos convidá-los a doar roupa para um abrigo ou para imigrantes romenos; podemos convidar a Cruz Vermelha a dispor um carro para doação de sangue do lado da igreja e convidar os vizinhos a doar sangue também; podemos pedir aos vizinhos para participar de nosso esforço de ajudar às vítimas de inundações, etc. Poderíamos colocar à disposição do doador uma garantia por escrito de que a ajuda chegará aos necessitados para dirimir a falta de credibilidade da igreja institucional. Além disso, podemos oferecer aos vizinhos que alguns deles participem no controle das contas para assegurar que tudo chegue ao seu destino. Poderíamos pedir que participem conosco em quase todos os níveis. Não temos porque perder o controle desses eventos, mas podemos oferecer oportunidades para trabalhar juntos com pessoas amáveis que conhecem a Jesus67. Apresentar a Bíblia como um livro relacional e vivencial Devemos apresentar a Bíblia como o meio pelo qual Deus quer nos falar não como um livro de doutrina. Os teólogos gostam de ver a Bíblia como um livro que contem teologia, mas não é só isso; assim, devemos apresentar a Bíblia às pessoas como um livro prático que nos ensinar como nos relacionarmos com Deus e pelo qual Deus nos fala. “A geração pósmoderna, que suspeita da razão, precisa descobrir que a Bíblia, mais que um código de normas, é um livro sobre pessoas de carne e osso, que viveram muitas lutas, levantaram as mesmas questões que nós, duvidaram, retrocederam, caíram e se levantaram de novo68. Lembremos que a Escritura é o melhor manual de aconselhamento e ela tem uma resposta para cada um dos problemas do ser humano. A Bíblia 66 http://www.monografias.com/trabajos16/iglesia-postmodernismo/iglesia-postmodernismo.shtml http://www.aventuraweb.org/descargas/evangelioyposmodernidad.doc 68 Salinas, p. 71 67 fala de todos os temas da atualidade. Fala de todos os problemas emocionais do ser humano: o desânimo, a depressão, a ira, a ansiedade, o sentimento de culpa, a dor de uma perda, etc. Fala sobre as relações matrimoniais e familiares, problemas sexuais, abusos e vícios. Ela tem palavras de alento e formação para a vida diária do ser humano. Apresentar o Fruto do Espírito como resultado da entrega a Cristo O fruto do Espírito é o resultado da entrega de nossas vidas a Cristo. Ele é o único que pode dar amor, gozo, paz, paciência, benignidade, bondade, fé, mansidão e temperança às nossas vidas. Pode ser atrativo para um homem pós-moderno saber que o Espírito produz isto nas vidas daqueles que se entregam a Cristo. Eles buscam saúde emocional e o Espírito Santo pode tomar o controle de nossas emoções produzindo este fruto que nos identifica como crentes. Evitar o jargão evangélico Temos nos acostumados tanto ao jargão evangélico que ás vezes não nos damos conta da quantidade de vezes que a utilizamos quando evangelizamos. Expressamos, quando pregamos o evangelho, conceitos complexos como se todos pudessem entendê-los. Os que estudam teologia, inclusive, pregam com vocabulário teológico. Por exemplo, salvação, redenção, justificação, etc. Usamos frases como “aceite o dom da salvação que Deus quer lhe dar”, quando as pessoas nem sequer entendem de que tem de ser salvas. E a própria palavra “salvação” tem toda uma conotação doutrinária. As frases “aceitar a Cristo” ou “receber a Cristo” não tem muito sustento bíblico. A primeira sequer aparece na Bíblia e a segunda aparece num só texto bíblico (Jo 1.12) e de uma forma um tanto indireta. Realmente a mensagem bíblica dos apóstolos era mais “arrependa-se e creia” do que “receba a Cristo como seu Senhor e Salvador”. Evitemos a linguagem doutrinária. O destinatário do Evangelho deve também poder compreender as categorias culturais na qual este é expresso, para que sua vida possa ser transformada. Por isso, devemos nos preocupar com que a linguagem que se utiliza seja atual, para que as palavras de Jesus ou outros personagens históricos não soem estranhas, de outro tempo, com pouca ou nenhuma relevância em nossos dias 69. Para um pós-moderno a doutrina é ruído distorcido que prontamente eles buscam apagar. Não é que não se ocupem de doutrina, mas que o momento oportuno para isso é mediante o discipulado e não na apresentação do plano da salvação. Além disso, mais que doutrina o que o catecúmeno necessita é do ensino bíblico relacionado com as questões práticas da vida. Evitar criticar outros credos É contraproducente para um pós-moderno que se critique outras crenças. Lembremos que o maior valor para eles é a tolerância. Pode ser que não compartilhem das mesmas crenças, mas defendem o direito de que outras pessoas acreditem no que quiserem. Como foi dito em capítulos anteriores, o que temos que evitar é a discussão inicial acerca desses temas. Mas, em um discipulado posterior, pode-se ensinar os erros dessas religiões, crenças ou estilos de vida conforme as Escrituras. Apresentar a igreja como uma comunidade de crentes O ser humano pós-moderno é atraído pelos relacionamentos. Assim temos de apresentar o modelo bíblico de igreja como comunidade. É isso que precisamente significa a palavra “igreja”. Os pós-modernos gostam de participar de eventos e participar dos valores de uma comunidade. Conclusão Temos um duro desafio: adaptar nossa mensagem ao mundo pósmoderno utilizando estratégias corretas. Sejamos testemunhas de Jesus Cristo, apresentemos os milagres e maravilhas que Ele tem realizado visto em nossas vidas diárias. Ele realizou o maior dos milagres ao transformar as nossas vidas e nos fazer seus filhos. Demos glória a Deus compartilhando quão pessoal Ele é em nossas vidas e que outros possam ver o quão relevante Ele pode ser para suas vidas. Apresentemos a mensagem do Evangelho de uma forma compreensível e prática para seus receptores, para que estes possam entregar suas vidas a Jesus Cristo e unirem-se a 69 Cruz, p. 203 nosso trabalho de fazer discípulos de todas as nações. Essa é a Grande Comissão da igreja, e portanto, nosso trabalho. Perguntas do Capítulo 4 a. Mencione alguns métodos de evangelização pessoal. b. Mencione alguns métodos de evangelização em massa. c. Para que o autor menciona que devemos falar do quão pessoal é Jesus em nossas vidas? d. Como devemos apresentar Jesus na pós-modernidade? e. O que é o Evangelismo por amizade? f. Como devemos lidar com as disciplinas espirituais ao evangelizar? g. Como devemos apresentar a Bíblia aos pós-modernos? h. Por que o autor aconselha a evitar o jargão religioso? i. Por que o autor disse que temos de, inicialmente, evitar criticar outros credos j. Como devemos apresentar a igreja quando evangelizamos? Capítulo 5: O Segundo Desafio da Pós-modernidade Readaptando nossa mensagem: Um modelo Objetivo Aplicar diversas estratégias mediante um modelo de evangelismo. Introdução No capítulo anterior apresentamos o que poderiam ser diversas estratégias para evangelizar de uma maneira mais eficiente na era pósmoderna. No presente capítulo se explicará um modelo que põe em prática essas estratégias. Não pretende, de forma alguma, ser o único modelo que põe em prática o que foi visto anteriormente, nem muito menos ser o melhor método para evangelizar o homem pós-moderno. Somente é um modelo que já se colocou em prática em algumas igrejas e com o qual o autor desse escrito tem experiência. Este método é conhecido como o “censo de oração”. Descrição do método O método “Censo de Oração” tem uma forma de pesquisa de opinião ou censo, ainda que, realmente seja uma excelente maneira de romper o gelo para iniciar um encontro evangelístico. Este se realiza de casa em casa, levando um questionário (ver a página seguinte) na qual se leva escrito uma série de motivos de oração. Ao chegar a uma casa se inicia saudando a cada pessoa; os entrevistadores são apresentados (preferivelmente um casal – homem e mulher70); indica-se de que igreja fazem parte; e, segue com explicações de que estão fazendo um censo para orar pela comunidade. Depois disso, lêem-se os motivos de oração e a pessoa indica quais são os seus pedidos pessoais de oração. Podem ser marcadas com um X e deixar claro às pessoas que toda a congregação estará orando por eles. Depois, pergunta-se se eles gostariam de uma explicação sobre quatro versículos da 70 Isto porque é mais cômodo para a pessoa que os recebe na porta. Se for uma mulher pode se sentir incomodada com dois homens, se for um homem pode se sentir incomodado com duas mulheres. Além disso, deve entender, para fins de bom testemunho, que não é conveniente que dois homens entre na casa de uma mulher, nem que duas mulheres entrem na casa de um homem no caso de serem convidados. Bíblia71, e se a resposta for positiva, iniciamos a apresentação do Evangelho. Encerra-se com um convite à nossa igreja ou célula na comunidade 72. Comunidade Cristã _____________ CENSO DE ORAÇÃO Data: ________________________ N°_________ Endereço: ___________________________________________ ____________________________________________________ Nome: ____________________________________________ Membro da Igreja:____________________________________ Pedidos de Oração73 1. Problemas matrimoniais ……………………...……………………... 2. Problemas com os filhos ..……………………………………………. 3. Problemas nos estudos das crianças …….............………. 4. Alcoolismo na família …….......………………………………………. 5. Drogas na família …….....………………………………………………. 6. Problemas de câncer ou outra enfermidade…………………. 7. Problemas econômicos…...…………………………………………….. 8. Enfermidades depressivas…...………………………………………… 9. Familiares no hospital….......………………………………………….. 10. Familiares na prisão .....………………………………………..………. 11. Problemas de ocultismo ..……………………………………..………. 12. Problemas de suicídio ...…………………………………………………. 13. Rebeldia dos filhos ..............……………………………………..…. 14. Desemprego na família ...........…..…………………………..……. 15. Falta de amor entre a família…………………...……………….…. 16. Infidelidade matrimonial……………………………………………….. 71 Recomenda-se utilizar Novos Testamentos ao invés de Bìblias. Isto para não ser confundidos com pessoas que seguem a seita das Testemunhas de Jeová. 72 Recomenda-se que desde o momento que se iniciam as incursões evangelísticas tenha-se a lista pronta para dar acompanhamento para o discipulado. Para isso é ideal as células ou grupos pequenos, isto porque para as pessoas é mais fácil ir a uma casa do que a uma igreja. Também pode aplicar-se o método do curso de Cinco Noites para dar acompanhamento. 73 Este é só um modelo para a entrevista que pode ser mudado. Os pedidos podem ser outros, dependendo do contexto. 17. Problemas de inimigos fora da família….........……….……. 18. Dor por morte de um familiar…………......………………………. 19. Problemas de adultério na família……….......………….………. 20. Intenções de divórcio no lar .............………………..…………. 21. Problemas de imoralidade sexual………………...……….……... 22. Falta de amor no lar ……………………….........……………….….. 23. Falta de perdão no lar…..........………………………………..……. 24. Falta de paz no lar .........………………………………………………. 25.Outras pedidos: ________________________________ _________________________________________________ Gostaria que eu explicasse quatro versículos da Bíblia? Romanos 5:12; Romanos 5:8; João 3:16 e Romanos 10:9 Você gostaria de receber o presente da vida eterna dado por Cristo? _________. Vantagens do método Este método tem diversas vantagens. Em primeiro lugar, é um excelente método de romper o gelo. Isto é muito importante já que há pessoas que não têm esse dom e isso lhes facilita o processo; além disso, fazer o contato inicial com a pessoa é para muitos a parte mais difícil de pregar o Evangelho. Este método nos dá uma via mais fácil para nos apresentarmos e iniciar uma conversa com qualquer pessoa. Em segundo lugar, este método se torna atrativo a um pós-moderno. Recordemos que os pós-modernos são atraídos pelas disciplinas espirituais, entre elas a oração. Eles a conhecem como uma prática cristã e nunca desprezam que se ore por eles. Além disso, ainda que para muitos, orar não seja uma grande ação, isso mostra a igreja como preocupada com sua comunidade e com as pessoas. As pessoas verão a igreja como uma comunidade que está, ao menos na área espiritual, trabalhando unida em oração pelas necessidades das pessoas que a rodeiam. A terceira vantagem é que o método é uma forma a mais com a qual podemos sensibilizar a igreja com respeito às necessidades reais das pessoas em sua comunidade; e assim, lutar contra o individualismo reinante da sociedade pós-moderna. É uma maneira de envolver a igreja a sensibilizar-se ante as necessidades de seu próximo por meio da oração. Como mostramos anteriormente, cada entrevista contém dados de cada lar evangelizado com diversos pedidos de oração deles, e é de se supor que a igreja esteja comprometida realmente em orar por estas pessoas. Dessa maneira pode-se separar um tempo dentro do culto de cada semana, para orar por estes diferentes pedidos, ou pode-se ter reuniões especiais dedicadas à oração pelas necessidades apresentadas nas entrevistas; ou distribuir cartões entre o ministério de oração da congregação para que estes continuamente orem por elas. Desvantagens do método Como qualquer método este também tem suas desvantagens. Em primeiro lugar, não serve para evangelizar uma população específica. Por ser um método que se executa de casa em casa, não se escolhe a população a ser evangelizada, mas se evangeliza a pessoa que nos atende à porta. Algumas vezes serão jovens os que nos atenderão à porta, na maioria das vezes são senhoras e, talvez uns poucos senhores. Em muitos lares, onde há cristãos, sai à porta um membro da família que não é crente, e este, mandará ao familiar crente preencher o censo de oração, porque na apreciação do membro não-crente é ao familiar cristão que cabe a responsabilidade pelas questões religiosas. Outra desvantagem é que é um método que não pode ser usado em outra esfera que não seja a evangelização de casa em casa. É difícil usá-lo em um parque ou outro lugar público porque careceria de sentido em si mesmo. Apresentando a mensagem com os quatro versículos Já indicamos anteriormente como chegar ao ponto de apresentar a mensagem, agora, analisaremos como apresentar a mensagem com este método, utilizando as estratégias vistas no capítulo anterior. Em primeiro lugar, antes de iniciar a leitura e explicação dos versículos do novo testamento que temos em mãos, junto ao questionário da entrevista, devemos esclarecer que realmente a Bíblia é a forma que Deus resolveu se comunicar com o homem para ter com este uma relação. Podemos dizer: “A Bíblia não é como qualquer outro livro, é um livro no qual Deus nos explica qual é a maneira de ter uma relação com Ele. Vamos ler estes versículos que explicam como podemos nos relacionar de forma adequada com Sua Pessoa”. Podemos então, proceder a leitura de cada versículo. No modelo antes descrito há quatro versículos que apresentam o plano da salvação. Não são os únicos com os quais podemos apresentar esse plano, mas são apenas um exemplo de como apresentá-lo. Sinta-se à vontade para ler outros versículos com os quais se sinta mais cômodo para apresentar a mensagem. Recomendo que não sejam mais de cinco, para que a apresentação do Evangelho não se torne tediosa para um pós-moderno que deseja tudo rápido e imediato. Os versículos escolhidos são os seguintes: Romanos 5:12 “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram.”. Com este primeiro versículo devemos explicar que há uma realidade no mundo: que todos pecaram. Podemos nos referir a que todos esses pedidos que se encontram no questionário “alcoolismo, drogas, rebeldia, falta de perdão, etc.” são pecados ou ao menos conseqüências do pecado no homem. Explicar que a Bíblia nos mostra que o pecado entrou por Adão, e dele passou a todos os homens; que hoje em dia não há ninguém que posso dizer que não tenha pecado. Depois disso, deve-se explicar que o pecado é a principal barreira que temos para ter uma relação com Deus. Romanos 5:8 “Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores.”. Com este texto deve-se explicar que apesar de sermos pecadores e que isso era uma barreira entre nós e Deus, Ele deu uma solução com base no seu grande amor: enviar seu Filho para morrer por nós em nosso lugar, e assim estabelecer uma ponte para poder comunicar-se conosco e ter um relacionamento com Ele. João 3:16 “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. Aqui devemos enfatizar a frase “para todo aquele que nele crê”, explicando que o propósito de enviar a Jesus era dar uma oportunidade para receber o dom da vida eterna. Explicar que a vida eterna realmente consiste em viver um relacionamento com Deus desde o momento em que se recebe este dom até a eternidade no céu; e que este dom é para o que crê. Pode-se fazer a ilustração de que há muitas vezes em que rejeitamos um presente porque não o podemos aceitar por uma razão ou outra; da mesma forma os seres humanos podem rejeitar ou aceitar o presente que Deus nos dá. Romanos 10:9 “Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo”. Com este texto deve-se explicar que a forma de receber esse dom é confessando a Cristo com a boca mediante uma oração e que devemos crer nele de todo o coração. É neste momento que iniciamos o chamado evangelístico. Em primeiro lugar, perguntar de gostaria de receber esse presente da salvação. Se for assim, então, perguntar se a pessoa crê com o coração na verdade de que Jesus Cristo morreu por seus pecados e que ressuscitou. Depois disso, deve-se explicar que ele deve confessá-lo com a boca mediante uma oração. A oração deve ser algo simples, mas que se entenda que a pessoa quer arrepender-se e crer no Evangelho. Pode ser algo como: “Deus reconheço que sou pecado e que necessito de Ti. Arrependo-me e creio com meu coração que Jesus morreu em meu lugar por Teu grande amor, quero receber este presente que Tu me ofereces de ter um relacionamento contigo. Quero viver tendo esse relacionamento contigo e conhecer-tem mais. Amém”. Neste momento, espera-se que já estejam preparadas as estratégias de acompanhamento. Então, deve-se explicar à pessoa que este primeiro passo restaura sua relação com Deus, mas que deve seguir crescendo nessa relação e comprometer-se com Deus para seguir em frente. Deve-se ainda deixar claro a forma como será dado acompanhamento, seja de forma individual ou grupal em uma célula ou mediante algum outro método como o do curso das cinco noites (explicado no apêndice 3). Recomenda-se não encaminhá-lo a uma igreja senão no meio do acompanhamento do discipulado que se fará de forma posterior. Conclusão Apresentamos um método para comunicar o Evangelho. Como se disse anteriormente não é o único método, mas se desejar usar como modelo você pode adaptar seus próprios métodos às características que nos apresenta a pós-modernidade. Seu desafio é apresentar o Evangelho às pessoas que vivem este tipo de ideologia. Ninguém pode aprender a evangelizar por correspondência, assim como nunca aprenderemos a nadar por correspondência. Ponha o método em prática ou adapte seus próprios métodos, readeqüe a mensagem do Evangelho à pós-modernidade. Pregue a mensagem de salvação agora, logo poderia ser tarde para muitos. Projeto 1 Primeira Etapa. Evangelizar uma pessoa do mesmo sexo de forma pessoal mediante o método do Censo de Oração. Fazer um relatório de uma página que contenha a descrição da pessoa e como a pessoa reagiu à apresentação da mensagem. Fazer um plano para dar acompanhamento a esta pessoa de forma pessoal mediante o método das cinco noites aplicado somente à essa pessoa. Segunda Etapa. Orar por esta pessoa durante toda a semana posterior, de acordo com esse método. Executar com a pessoa evangelizada ao menos duas das primeiras cinco noites do plano realizado na primeira etapa. Fazer um relatório de uma página que explique o progresso da pessoa durante estas noites de acompanhamento. Capítulo 6: O Segundo Desafio da Pós-modernidade Readaptando nossa mensagem: Missão Integral Objetivo 1. Explicar o que se conhece como “missão integral”. 2. Identificar diversas vias práticas de projetar a igreja de forma social. Introdução Já fizemos menção anteriormente, que para o pós-moderno o cristianismo não cumpriu seus ideais porque se percebe como uma religião que não pratica o que prega. São muitos os erros atribuídos ao cristianismo histórico: a evangelização forçada dos indígenas de todo o continente americano, a inquisição, as cruzadas, denominações protestantes nos Estados Unidos que nunca se opuseram ao tráfico de escravos, pastores alemães que apoiaram Adolf Hitler, etc. De igual forma no mundo de hoje muitas são as acusações de abuso e corrupção que recaem sobre pastores e sacerdotes. Por isso, as pessoas têm uma reação de aversão ao cristianismo como religião institucional. Agora, os pós-modernos estão cansados de metanarrativas e discursos teóricos como o cristianismo e querem ver pessoas que realmente vivam e encarnem os princípios de Jesus. Eles querem ver prática, o cristianismo em ação; eles querem ver ações não ouvir sermões; querem ver uma igreja que aplique sua mensagem aos problemas concretos e práticos vivenciados pelo próximo todos os dias. Isso faz parte do testemunho cristão. “O evangelho é comunicado não só pelo que é dito, mas pelo que você faz. Assim como a fé que não é acompanhada por obras é morta, assim também as palavras que não são confirmadas com as ações são vazias” 74. Pode-se afirmar, inclusive, que se uma religião não tem práxis, então realmente, não é uma religião, mas somente uma ideologia. Chamados a ser luz e sal Somo seguidores de Jesus, por isso somos cristãos. Jesus sentia compaixão pelos demais. Ele sentia uma compaixão integral, isto é, por 74 Padilla, p. 28 todas as necessidades das pessoas. Não somente a espiritual, mas todo seu ser integral. De fato, a compaixão de Jesus se expressou de distintas maneiras, de acordo com o caso e a pessoa, mas sempre objetivou a restauração completa do individuo. Por exemplo, as diferenças nos relatos da multiplicação dos pães e dos peixes em Marcos 6 e 8 somente se entendem à luz da compaixão integral. Em primeiro lugar, observamos que em Marcos 6 o público é judeu e Jesus teve compaixão por causa da desorientação espiritual das pessoas e começou e ensinar-lhes (6.34). Em Marcos 8 temos outro público (judeus e gentios) e nesta ocasião Jesus teve piedade por causa da necessidade física das pessoas: não tinham o que comer (8.2). Em outras palavras, a compaixão nos leva a responder a toda necessidade humana. Em segundo lugar, vemos como Jesus desperta a consciência dos discípulos, envolvendo-os na missão. Ele lhes apresenta o problema e diz: “dá-lhes vós mesmos de comer”. Ante a grande necessidade e escassez sempre clamaremos como os discípulos: “onde poderemos encontrar o suficiente...?”. É nesse momento que o verdadeiro desafio da fé nos vem: “Entreguem-me o que tem”... não o que sobra, então vemos o milagre75. Assim como Jesus mostra misericórdia e compaixão nós devemos mostrá-la também. “É a compaixão que ao longo da historia da igreja tem movido muitos cristãos a fazer sua a causa dos necessitados. Foi a compaixão que moveu William Willberforce a lutar no parlamento inglês pela abolição da escravatura; a Florence Nightingale a auxiliar milhares de soldados feridos durante a Guerra de Crimea; a Toyohiko Kagawa a sepultarse em uma favela na cidade japonesa de Kobe; a Martin Luther King a liderar um movimento em prol dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos76. Realmente como igreja e como crentes somos chamados à missão integral, isto é, a uma missão que inclui tanto a evangelização como o serviço e a ação social. A missão integral significa procurar a apresentação de todo o Evangelho a todas as pessoas, levando em conta o ser integral, sendo sensível a todas e a cada uma das necessidades. A Rede Miqueias, que reúne mais de 260 organizações cristãs de compromisso social, define missão integral como a proclamação do Evangelho unida a sua demonstração. Não é simplesmente que a evangelização e o compromisso social tenham que ser feitos juntos, mas compreender as conseqüências 75 76 http://www.desarrollocristiano.com/site.asp?seccion=arti&articulo=1689 Padilla, p. 45 sociais da evangelização e as conseqüências evangelizadoras do compromisso social77. Somos chamados a ser luz e sal. A função do sal nos tempos de Jesus Cristo era de conservar os alimentos, assim nós, como o sal da terra, somos chamados a conservar a terra frente à deterioração da sociedade causada pelo pecado. Sejamos luz e alumiemos a todos os homens com o testemunho da verdade encarnada a fim de transformar a sociedade. A igreja é chamada a “tomar o lugar de Jesus numa comunidade específica, fazendo o que ele faria, indo onde ele iria, ensinando o que ele ensinaria” 78. Pondo em prática o ser luz e sal O presente capítulo busca mostrar como levar à prática nosso compromisso com a sociedade e assim projetar à igreja de forma social. Fazer uma pesquisa na comunidade pode ajudar a realmente definir quais são as necessidades mais imediatas e visíveis. O planejamento é crucial para começar a trabalhar. Inicia-se com perguntas como: O grupo, seus problemas, como enfrentar esse problemas, as estratégias para dar ajuda social, como reunir-se ou se aproximar do grupo ao qual se quer alcançar, as expectativas a longo e a curto prazo. Ressalte-se que todos os ministérios e membros devem estar encharcados com a ideia de ajudar, e pouco a pouco entrar com o Evangelho. Para envolver a igreja na missão integral recomendam-se as seguintes ações79: Informar aos líderes da igreja, em primeira instância, e posteriormente à congregação, com literatura que explique o que é e como faz a missão integral. Desenvolver uma série de Estudos Bíblicos ou reflexões teológicas sobre o tema missão integral com toda a igreja em diferentes níveis. Por exemplo: em pregações nos cultos regulares, em ensinos de grupos de discipulado, escola dominical e grupos de crescimento. Em todos estes espaços de reflexão bíblica o que deve operar são o diálogo e a discussão aberta entre os participantes, isto com o fim de 77 http://www.teologica.org/seguridad/articulos/Hsegura2.html Perkins, p.39 79 http://www.asjhonduras.com/pdf/estudio24.pdf 78 compreender o que é a missão integral e esclarecer todo tipo de inquietudes teóricas e metodológicas sobre o tema. Não é recomendável querer impor a conversão junto com a ajuda social, porque as pessoas entenderão que se está pedindo algo em troca dessa ajuda, que deve originalmente ser feita sem interesse, e por amor aos pobres (em todas as áreas humanas). Temos visto, por meio de muitos exemplos, como se tem conseguido o acesso a muitas comunidades sem nada exigir, somente ajudando com amor. Os resultados são novas almas chegando aos pés de Cristo só pelo testemunho que essa congregação lhes deu em determinado tempo. Com respeito ao tempo, lembremos que nesta obra os resultados não se verão da noite para o dia. É um processo e esse depende de Deus, do tempo que se está investindo e da aceitação do grupo. Quando já estabelecido este trabalho, é primordial que além das orações para que Deus abençoe o trabalho com eles, se estude bem a realidade deste grupo escolhido. Refiro-me aqui às suas necessidades imediatas. Também é bom desenvolver uma pastoral, tanto para os membros que estão trabalhando, como para as pessoas que fazem parte do grupo escolhido. No caso dos membros isso é necessário porque estes enfrentam uma realidade que pode confrontar seu modo de ver a vida e afetar seu ministério, sua relação com Deus, além da carga emocional que se pode enfrentar dependendo dos problemas do grupo. Enumeremos uma série de possibilidade que podem servir de exemplo sobre o que sua igreja ou algum ministério dela pode fazer para projetar-se na comunidade. 1. Construir, reparar ou melhorar os “play grounds” da comunidade. Pode-se reparar ou fazer redes e outros jogos. Fazer mesas, bancos e outras coisas. 2. Festas, passeios ou outros eventos para crianças órfãs, não somente durante o Natal mas durante outras épocas do ano. 3. Conseguir equipes de recreação para orfanatos ou reconhecer dinheiro para esse fim e doá-lo. 4. Visitar crianças deficientes. 5. Visitar crianças em hospitais. 6. Doar cadernos e materiais escolares a estudantes de baixa renda. 7. Podar as árvores da comunidade. 8. Semear árvores na comunidade. 9. Dias de limpeza da comunidade 10. Construir lixeiras nos parques ou outras zonas da comunidade. 11. Ajudar a organizações voluntárias em suas atividades. 12. Fazer trabalhos de reparos em escolas públicas primárias ou secundárias na comunidade; 13. Confeccionar rótulos com cores vivas com temas preventivos ou de ajuda como “Conselhos para economizar energia em casa”, “O que você deve saber sobre a Aids”, temas de segurança no trânsito, etc. Isso pode ser exibido em diversos lugares como escolas, lojas, centros comerciais ou outro local que permita ser exibido. 14. Conseguir roupa para as vítimas de incêndio, terremoto, inundação ou outro desastre natural. 15. Ajudar na limpeza de áreas danificadas por inundação ou incêndio. 16. Prover água às crianças ou jovens nos desfiles cívicos como o dia da independência, celebrados em muitos países da América Latina. 17. Fazer campanhas para doação de sangue; 18. Visitar os enfermos em hospitais; 19. Fazer visitas às prisões; 20. Colaborar em projetos com organizações como CARE, UNICEF, Cruz Vermelha Internacional, etc. 21. Visitar lares de idosos. 22. Oferecer aulas de computação ou idiomas na igreja; 23. Oferecer cursos para melhorar as habilidades e hábitos de estudo das pessoas da comunidade. 24. Programar aulas de recuperação das matérias escolares dentro da igreja; 25. Oferecer orientação vocacional aos jovens da comunidade; 26. Oferecer cursos de capacitação vocacional em diversas áreas técnicas e artesanais na igreja; 27. Oferecer opções de educação básica ou de ensino médio com aulas dentro da igreja; 28. Oferecer palestras de prevenção sobre drogas, o stress, a violência, o alcoolismo ou outros problemas psicossociais. 29. Dar palestras sobre educação sxual que estejam contextualizadas às necessidades dos jovens. 30. Oferecer conferêcias que ajudem a melhorar as relações na família; 31. Oferecer serviços odontológicos, médicos, psicológicos ou outros a preços menores que o normal. 32. Fazer projetos como ter um ministério que trabalhe com portadores de AIDS, orfanato, ministério para inválidos, etc. 33. Oferecer o local da igreja para eventos organizados pela comunidade. Palestras sobre saúde dadas por profissionais da área, cursos de reabilitação, curso de preparação para o parto, etc. 34. Fazer parte de grupos que buscam melhorias para a comunidade. 35. Distribuir cestas básicas. Alguns projetos são maiores que outros; alguns requerem mais investimentos que outros. Mas, como todo projeto, pode iniciar-se a partir do levantamento de fundos, até à consecução do mesmo. Conclusão Realmente a missão integral é parte essencial do Evangelho. Não se está inventando nada novo, mas simplesmente reafirmando o que diz a Escritura. Temos enumerado uma série de “projetos” que como cristãos podemos realizar e assim estaremos cumprindo com nosso chamado a ser verdadeiras testemunhas de Jesus Cristo. Não se trata de simplesmente ter uma ponte para chegar ao mundo pós-moderno, mas de encarar a missão que Deus nos tem dado por meio da pessoa de Jesus Cristo. Projeto 2 Fazer o planejamento de uma atividade que dê projeção social à sua igreja. Capítulo 7: O Terceiro Desafio da Pós-modernidade Investir em discipulado Objetivos 1. Entender a necessidade de que o evangelismo inclua um acompanhamento posterior imediato. 2. Entender em que implica o discipulado e acompanhamento dos novos crentes. Introdução Se antes dizíamos que ao preparar uma incursão evangelística a manutenção abarcava 45% do tempo, hoje indicamos que esta porcentagem cresceu para 90% do tempo. Hoje, mais do que nunca, devemos realizar um acompanhamento que implica ir mais além de uma série de sessões de estudo de doutrina que chamamos “discipulado”. Lembremos que o discipulado é a ação de formar discípulos, e isto implica em um processo que dura a vida toda. Hoje enfrentamos o fato de que muitas pessoas entram pela porta da frente da igreja, mas saem “pelas portas do fundo”. Isto é, pessoas que tomam uma decisão por Jesus Cristo, visitam, inclusive, a igreja, mas nunca se integram à mesma. Precisamente para evitar esse efeito é necessário levar em conta diversas considerações que citamos abaixo. Evangelizar deve incluir o discipulado Para muitos o evangelismo é parte do discipulado cristão; o que em certo sentido é correto. Eles dão a entender que o plano da salvação deve ser visto como parte do processo do discipulado cristão. Mas, por outro lado, deve corrigir-se o erro de ver o evangelismo como somente pregar o Evangelho, quando na realidade o Senhor Jesus Cristo nos deixou na Grande Comissão o “fazer discípulos” como nossa tarefa primordial. Assim, o evangelismo segundo a Grande Comissão não é somente pregar o plano da salvação, mas também seu acompanhamento posterior. Isto implica em uma mudança de metas. Nossa meta não deve ser conseguir decisões por Cristo. Nossa meta como cristãos deve ser fazer discípulos. “O nascimento de um filho é de grande alegria para os pais, entretanto, isso é só o início de vários anos de trabalho duro para levá-los à maturidade. Se os pais se conformam com o nascimento, sem se preocupar com seu desenvolvimento, as crianças não irão longe. Da mesma maneira, quando a Igreja vê a decisão como o fim e não como um passo no longo caminho, terminam com poucos resultados” 80. O enfoque da evangelização que se concentra nas decisões das pessoas é chamado por Carlos Arn de “monólogo manipulativo”. Neste método se concentra a atenção no apelo emocional ou se utiliza uma série de perguntas cuidadosamente preparadas. A relação entre o crente o nãocrente se aproximaria da do vendedor-cliente, onde o objetivo que se persegue é conseguir a colocação do produto no mercado. Nesta situação, o que mais importa é: quantas pessoas disseram sim?” 81. Um processo evangelístico que tem como objetivo uma “decisão” ao invés de um “discípulo”, tende a produzir “desaparecidos”. Quando a meta é “uma alma salva”, freqüentemente o plano de Deus de fazer discípulos entra em curto-circuito. O fato é que nem todos decidem chegar a ser “discípulos”, e os termos não são sinônimos. A meta bíblica não é simplesmente uma confissão oral. O objetivo é uma vida transformada e um membro do corpo de Cristo que participa. Em nenhum lugar das Sagradas Escrituras se encontra a palavra “decisão”; enquanto a palavras “discípulo” aparece repetidamente82. Devemos entender claramente o que implica um discipulado Os pós-modernos buscam guias espirituais, e nós devemos ser estes guias espirituais. A palavra nos chama a fazer discípulos, isto nos põe em posição de mestres. “Deus nos chama a ser mentores de novos cristãos. Quando guiamos alguém a Cristo, temos uma obrigação pessoal de caminhar juntos com eles à medida que iniciam sua nova viagem. Há muitas coisas que eles não conhecem ou simplesmente não entendem. Por isso, precisam de alguém que os guie e os ensine” 83. O discipulado implica precisamente nessa relação mestre-discípulo que é tão claramente expressa nas Escrituras na pessoa de Jesus. Implica em ensinar constantemente, por um período de tempo, não somente com 80 http://www.desarrollocristiano.com/site.asp?seccion=arti&articulo=613 http://www.desarrollocristiano.com/site.asp?seccion=arti&articulo=291 82 http://www.desarrollocristiano.com/site.asp?seccion=arti&articulo=291 83 http://www.desarrollocristiano.com/site.asp?seccion=arti&articulo=1185 81 palavras, mas também com atos mediante o acompanhamento da pessoa. Jesus usou seu tempo para ensinar a seus discípulos, exemplos disso são o sermão do monte, as parábolas do Reino, o sermão escatológico, etc.; mas também sempre encarnou seus princípios em si mesmo. Por outro lado, Ele ensinou aos doze muitas vezes como um grupo, ainda que também tenha tido encontros pessoais com discípulos específicos. E o Senhor Jesus nos chama precisamente a fazer isso, em Sua Grande Comissão: a fazer discípulos tal e como ele fez. Ele deixou a tarefa do discipulado a todos aqueles que são chamados seus discípulos. Desta forma, concluímos que o discipulado não deve ser feito somente pelos que são líderes da igreja, mas também deve ser feito pelas mãos de todos os crentes. Toda a igreja deve ser envolvida no processo de discipulado. Não é tarefa só de alguns líderes e muito menos tarefa exclusiva do pastor. “É o conjunto dos santos que faz a obra do ministério eclesial (Ef 4.12). As pessoas que chegam a Cristo precisam de pessoas que as aconselhem, que as discipulem e as adotem como filhos espirituais. É certo que alguns crescem sem a ajuda de outros; entretanto, o plano de Deus é trabalhar através das pessoas, não apesar delas. Jesus investiu três anos preparando os homens que depois poderiam discipular, ensinar e levar adiante a obra”84. Muitos dirão que não sabem ensinar, mas estes podem ajudar no processo ao estabelecer uma relação próxima com os novos crentes e dispor-se a contribuir com o que Deus lhes tem dado. O trabalho é simplesmente acompanhar aos novos crentes no processo de ser transformados enquanto ao mesmo tempo Deus está trabalhando em nós. O problema é que como cristãos cujas bases as obtivemos sob a cultura moderna temos dado pouco valor ao discipulado ou o temos interpretado debaixo de padrões diferentes da perspectiva bíblica. Em muitas igrejas percebe-se o discipulado como uma série de lições doutrinárias ou um currículo educacional que se usa na igreja. “A expressão mais comum do discipulado que encontramos se baseia principalmente no ensino bíblico e doutrinário ou na memorização de textos bíblicos. Muitas vezes, é difícil distinguir entre o discipulado pessoal e o ensino dado na escola dominical (outra expressão modernista). Isto não quer dizer que não existe um discipulado, mas que é pouco freqüente, e quando se expressa tende a ter uma natureza muito doutrinária”85. 84 85 http://www.desarrollocristiano.com/site.asp?seccion=arti&articulo=613 http://www.aventuraweb.org/descargas/evangelioyposmodernidad.doc Recordo que, faz algum tempo, ao perguntar a um pastor de uma igreja tradicional de viés calvinista o que ele utilizava para o discipulado a seus membros, este me respondeu que usavam um curso básico de doutrina que se baseava no Catecismo de Heidelberg. Este é um excelente exemplo da concepção de discipulado que existem nas igrejas que foram plantadas com a cosmovisão moderna. Devemos entender que o discipulado é outra coisa, é esse acompanhamento pessoal, íntimo e intenso que vem de um mestre a um discípulo, próprio das culturas orientais como a bíblica. O que deve ser incluído no discipulado na pós-modernidade Devemos ensiná-los a pensar O pós-moderno tende muito à subjetividade e à busca de experiências. O moderno gostava do racional. O homo sapiens da modernidade transformou-se no homo sensibilis da pós-modernidade. Assim, é necessário forçar ao pós-moderno a pensar e ser crítico. Há um claro deslocamento de uma fé mais intelectualizada (modernidade) a uma fé mais vivenciada componentes: (pós-modernidade). intelectual e experiencial A fé e cristã ambos possui deveriam ambos está harmonizados e integrados, embora seja legítimo destacar mais um que outro segundo as características da cultura. É positivo que depois do domínio quase absoluto da teologia acadêmica, valorizemos também a via da experiência e o silêncio na aproximação a Deus. Não há fé sem essa experiência inicial de Deus que chamamos oração 86. O Cristianismo e a modernidade se casaram de tal maneira com o ideal da razão, que pensamos que o cristianismo e só isso. Não, realmente o cristianismo tinha ambos componentes. Para a cosmovisão bíblica não se podia separar o credo da experiência, o discurso das ações, a fé das obras. Assim, devemos resgatar que o cristianismo é uma fé racional e objetiva; além de ser uma fé em que podemos ter uma experiência e relacionamento pessoal com Deus. Parte do nosso discipulado é ensinar os discípulos a pensarem criticamente, senão eles podem ser levados por outros ventos de doutrina, levado às falsas doutrinas. 86 http://www.eulasalle.com/documentacion/religion/modernidad_postmodernidad.doc Samuel Escobar nos diz: Como cristãos não podemos renunciar à razão. A própria mensagem cristã é racional, se dirige tanto à razão como à pessoa toda; é inteligível. A mensagem cristã não é absurda e em cada século houve apologistas que demonstraram a veracidade e a validade da mensagem cristã. Mas, a razão não é tudo, nem tampouco a mensagem cristã são apenas idéias que alguns transmitem e outros recebem. A vida cristã é mais que cérebro, mais que só transmissão de idéias. A vida cristã é paixão, fé, entusiasmo pela verdade. Às vezes, ainda que haja muitas idéias corretas, se não há entusiasmo por Cristo, não há uma vivência prática do cristão. Se falta a dimensão da paixão algo está faltando. Nesta época pósmoderna vamos manter a dimensão de uma fé inteligente, mas ao mesmo tempo reconhecer a validade da dimensão da celebração e do 87 sentimento“ . Temos que separar o precioso do vil (Jeremias 15.19); resgatemos o conceito acerca do ser humano presente na pós-modernidade que reconhece um componente afetivo e sentimental. Não somente a razão nos diferencia dos animais, a afetividade também é parte da Imago Dei que Deus pôs em nós e que constitui parte essencial de nossa humanidade. O problema não é ser emocional, o problema é ser emocionalista; o problema está no extremo, o equilíbrio é saudável. Somos seres afetivos e relacionais da mesma maneira que o é nosso Criador. A dimensão espiritual do ser humano reflete a imagem divina que tem tanto componentes racionais como afetivos e volitivos; assim não se deve depreciar nenhum destes aspectos, em detrimento dos outros. Não está correto o pensamento pósmoderno “sinto, logo existo”; mas também está incorreto o pensamento cartesiano “penso, logo existo”. Realmente o pensamento bíblico integral é “existo, por isso penso, sinto e atuo” 88. Ensinemos que a única Verdade é Jesus Cristo Antes havia mencionado que devemos evitar discussões iniciais acerca de outros credos, pois é durante o discipulado o momento de precisamente de trazer essas questões a lume. Temos de ensinar que realmente a Escritura não está de acordo com certos estilos de vida e condutas. Que esta chama pecado a muitas coisas que a sociedade pósmoderna vê como normais. Deve-se explicar que é uma mentira que todos 87 88 Escobar, p. 34 Morales, p. 65 os caminhos conduzem a Deus e que realmente há um único caminho que Deus provindenciou: Jesus Cristo. Por outra parte, temos de ensinar que a tolerância não é ficar calado ante os outros estilos de vida, mas não fazer acepção de pessoas como nos diz as Escrituras. Ensinar a dimensão coletiva da igreja O pós-moderno tende a buscar sua espiritualidade de maneira individual. Eles buscarão ter uma relação com Deus e experimentar sua presença em suas vidas. Eles precisam saber que Deus opera através da sua igreja e que como Corpo de Cristo somos depositários da verdade. Eles necessitam saber que os fundamentos de sua fé sejam a Bíblia e não somente a experiência que vivem dia a dia com o Senhor. Por outro lado, deve-se recuperar a relação vertical do culto tão importante na época da Reforma. O culto na igreja é um diálogo entre Deus e sua Igreja; não entre Deus e cada individuo como se fomentar nas igrejas na atualidade. O louvor, a adoração, oração e cada atividade litúrgica devem ser reorientados em sua forma congregacional. Ensinar a diferenciar o bíblico do pagão Há um pluralismo muito forte na sociedade pós-moderna e, pior ainda, um sincretismo marcante entre os cristãos de hoje em dia. Muitos grupos cristãos estão misturados com elementos de outras religiões. E nas espiritualidades pessoais de um pós-moderno podem-se encontrar mesclas de crenças das mais diversas e contraditórias. Há muitos crentes que lêem horóscopo, crêem no “olho gordo” ou outras coisas similares. “Hoje em dia não é excepcional encontrar cristãos que crêem na reencarnação ou que desejam incorporar ritos célticos de solscitio nas celabrações paroquiais de Advento”89. Estudos recentes mostram que há crentes que crêem em Deus, mas não em Cristo, ou que crêem em Deus e em Cristo, mas não na vida eterna. Qualquer um poderia ver a falta de lógica e até contradição em um crente que aceite a vida eterna e rejeite a ressurreição dos mortos. Qualquer um poderia observar a falta de hierarquia de crenças na prática de fé de não poucos jovens e adultos. Mas, o pós-moderno não se deixa impressionar pela lógica aristotélica ou cartesiana. Obedece a outras formas 89 http://www.cisoc.cl/html/oct05.htm de pensamentos, que não vêem com maus olhos a dispersão mental e busca a reunificação em torno de experiências e vivências existenciais 90. Esta mescla de crenas é contraditória com a Palavra de Deus. Um exemplo que pode esclarecer isso é o de uma psicóloga cristã que me dizia que a violência era resultado da educação da pessoa. Ela dizia que o que influencia para que o homem se torne violento é o meio e não acreditava que isso era inato. Isso contradiz a Escritura, realmente a violência é resultado do pecado no homem e é próprio da sua natureza humana desde que nasce. Ela havia feito um sincretismo entre as crenças da psicologia e o cristianismo. O sincretismo é heresia, não de pode misturar a verdade com a mentira. A Bíblia ensina que só há uma religião verdadeira, todas as demais foram criadas pelo homem. O povo de Deus no Antigo Testamento foi advertido para não se relacionar com os pagãos nem experimentar sua religião. Casamentos com pagãos eram proibidos, da mesma forma que hoje somos exortados a não nos unirmos em jugo desigual com os incrédulos. Não devemos misturar paganismo e cristianismo, porque o resultado será uma mentira disfarçada de verdade. Não se podem amalgamar elementos heterogêneos de acordo com a Palavra de Deus (Lv 10.1-2, 10; Ez 22.26). So há um caminho e esse é Jesus Cristo (João 14.6), ainda que outros caminhos possam nos parecer direitos (Pv 14.12) 91 . Devemos ensinar a diferença entre a verdade e a mentira; o pagão do bíblico. Ensinar que o cristianismo demanda um compromisso Nesta época de grandes facilidades devemos ensinar que o cristianismo demanda um compromisso. Jesus nos disse: “Toma a tua cruz e siga-me”. O seguir a Jesus Cristo implica em uma cruz e nem tudo será cor de rosa. Deus demanda fidelidade a seu povo e nos deixou por escrito em sua Palavra o que Ele requer de nós. Ensinar a pensar bíblicamente O pós-moderno deve entender que a Bíblia é o manual de vida para o cristão. É por meio dela que podemos encontrar soluções para a vida diária. É a Palavra que nos diz que Jesus é a única verdade e que há outros caminhos cujo fim é de morte. Como todos os crentes de todas as épocas, o 90 91 http://www.eulasalle.com/documentacion/religion/modernidad_postmodernidad.doc Morales, p. 102 pós-moderno precisa do fundamento bíblico para sua vivência diária com Jesus e sua ação social e prática. As estratégias de acompanhamento devem estar prontas Não podemos cair no descaramento de fazer incursões evangelísticas quando não está claro como vamos dar acompanhamento às pessoas. Se fizermos isso seremos culpados da alta taxa de mortalidade infantil espiritual que caracteriza nossos esforços evangelísticos, e no momento próprio, Deus mesmo nos pedirá contas disso. Realmente temos de assegurar-nos que as pessoas tenham o acompanhamento adequado. Há muitos ministérios evangelísticos que chegam a certos lugares, fazem evangelismo em massa e entregam as pessoas que tomaram a decisão por Cristo às igrejas que devem dar-lhes acompanhamento. Mas, que certeza realmente se tem que se fez o devido acompanhamento? Que certeza se tem que essas pessoas foram realmente bem recebidas? Minha esposa Susana me fala acerca de um amigo que levou a uma patinada evangelística. Este recebeu ao Senhor Jesus Cristo e foi enviado a uma igreja próxima de sua casa. Esta igreja lhe deu pouca atenção, pelo que o deixou à deriva. Logo chegaram os mórmons à sua casa a falar-lhes de Jesus Cristo, dando-lhe atenção e dando-lhe o “acompanhamento” que tanto queria. Hoje em dia este jovem é missionária da igreja mórmon no estrangeiro92. Este exemplo nos mostra como muitos eventos evangelísticos podem ser irresponsáveis. Ganha-se uma pessoa para que seja jogada a Satanás; simplesmente por um ministério evangelístico imprudente, que pensou que esta pessoa ia ser discipulada por outros. Quando os eventos evangelísticos ocorrem fora da relação com as pessoas da igreja local, não chegam a estabelecer laços e a pessoa evangelizada percebe pouco da necessidade de envolver-se em uma comunidade cristã. Isto é percebido não só quando as decisões acontecem em grandes cruzadas ou por outros meios de evangelismo em massa, mas também quando os chamados cultos evangelísticos são realizados pela igreja local sem a preocupação de unir uma coisa com a outra 93. 92 A igreja Mórmon ou Igreja dos Santos dos últimos dias é uma seita cristã cuja base se encontra em Utah e tem centenas de igrejas na América Latina. Não é considerada uma igreja cristã porque suas doutrinas se opõem ao cristianismo histórico dos primeiros séculos. 93 http://www.desarrollocristiano.com/site.asp?seccion=arti&articulo=291 Também as estratégias de acompanhamento devem estar prontas a partir do momento que fazemos as incursões evangelísticas porque o acompanhamento deve ser imediato senão o fruto pode se perder. “A Cruzada Estudantil para Cristo treina seus obreiros sobre a base de que dentro das 48 horas posteriores à decisão deve haver a primeira reunião de acompanhamento com o recém-convertido. A confirmação rápida imediatamente depois das decisões é vital para a continuidade do novo convertido”94. É interessante notar que segundo uma investigação realizada na Costa Rica com pessoas que saíram da Igreja protentante, uns 3.3% dos entrevistados deram como razão de deserção o fato de não encontrar nenhuma pessoa que o discipulasse e ajudasse espiritualmente. Este grupo de pessoas confessou que em períodos cruciais de sua vida espiritual não puderam encontrar líderes que lhe animassem a resolver seus problemas. Também se queixaram de não ser doutrinados para crescer espiritualmente95. O recém-convertido tem fome de aprender, de entender, de fazer. Temos de aproveitar as primeiras semanas para dar-lhes uma base sólida para o resto de suas vidas. Esses ensinos devem incluir doutrina básica, ensino prático sobre a vida cristã e uma apologética básica que capacite o novo convertido a defender sua nova fé. Esses ensinos são mais eficazes quando incluem a oportunidade de discussão e contestação de perguntas 96. Em meu caso, gosto do método do curso das cinco noites para realizar o acompanhamento. A ideia é realizar em uma casa, durante cinco noites, um curso sobre o cristianismo. Este pode ser feito individualmente ou em grupo. Os temas a serem tratados podem ser: a relação com Deus, a necessidade de congregar, batismo, doutrina básica e o testemunho cristão. Na forma individual é interessante realizá-lo na casa da própria pessoa porque assim ela pode convidar outros membros da família a participar de nosso curso. Pode ser que, assim, em vez de discipular uma só pessoa discipulemos a uma família completa. Devemos ter estratégias para receber às novas pessoas 94 http://www.desarrollocristiano.com/site.asp?seccion=arti&articulo=613 Gómez, p.60 96 http://www.desarrollocristiano.com/site.asp?seccion=arti&articulo=613 95 As pessoas que visitam a igreja, sejam novos crentes ou visitantes que vem de outra igreja, devem sentir que são bem recebidos. Se eles não se sentem genuinamente recebidos e apreciados é raro eles voltarem. Por isso, deve-se estabelecer ministérios na igreja dedicados à dar boas vindas a estas novas pessoas e fazer com que se sintam em casa. Recordemos que o contato inicial é muito importante, já que dependendo da primeira impressão a pessoa qualificará a congregação e disso dependerá se ela continuará frenquentando a igreja. Espera-se que as pessoas encarregadas da boa vinda tomem os dados pessoais destas pessoas para que na mesma semana realizem uma chamada telefônica ou uma visita ao lar da pessoa que visitou a congregação. Estas pessoas durante o culto devem tratar de apresentá-los aos outros membros e iniciar relação de companheirismo e amizade. As amizades demonstram ser o laço mais forte para agregar os novos membros à congregação. Se eles não desenvolverem imediatamente amizades genuínas no corpo de Cristo, pode ser que voltem às suas velhas amizades – e caminhos – fora da igreja. Sete novas amizades é o mínimo; é muito melhor que sejam dez, quinze ou ainda mais e que estas se dêem nos primeiros seis meses97. Por isso, devemos integrar os novos crentes o mais rápido possível aos diversos grupos que funcionam na igreja: adolescentes, jovens, senhoras, homens, jovens casais, profissionais, células, etc. Nestes grupos há maiores oportunidades de formar amizades que nos cultos gerais da congregação. Outro elemento importante é envolver aos recém integrados à igreja em algum ministério ou serviço da igreja que se projete para dentro e para fora dela. É bom explorar os dons de cada novo crente e localizá-lo dentro de uma equipe dentro da igreja. Os novos membros têm novos dons e podem ter novas idéias que podem beneficiar a igreja e dar maior vitalidade a ela. Naturalmente isso não se deve generalizar isso. Haverá pessoas que quererão integrar-se no ministério da igreja por diversos motivos. Cada caso deve ser analisado de maneira particular. É primordial que os líderes façam sobressair sobre cada membro o que minha esposa Susana denomina de duplo “E”. Este termo sintetiza duas ações que os cristãos e seus líderes comprometidos com a missão integral de Deus devem fazer para iniciar e mantê-la. O primeiro termo é 97 http://www.desarrollocristiano.com/site.asp?seccion=arti&articulo=291 “Encontrar” – com esse termo me refiro ao imporante papel que os líderes devem desempenhar junto com outros cristãos. Quando os membros não reconhecem seus dons, podem, por meio de seus líderes, ter uma orientação de qual é seu dom ou dons dados por Deus para enriquecer a comunidade dos crentes. O segundo termo é “Explorar” – este se refere a desenvolver estes dons espirituais em cada um. Fazer isso é o centro do funcionamento de qualquer ministério, obra, visão que a igreja tenha, vez que os membros usam suas habilidades (dons) focados em fazer uma tarefa específica, que será realizada com facilidade, porque é a área na qual Deus capacitou ao membro. Assim, como nos diz a Palavra de Deus por meio de Pedro: “Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus” 1 Pedro 4.10. Ao fazer isso, tudo o que a congregação e seus ministérios realizarem não só serão orientados para o interior das congregações, mas para o exterior dela: sua comunidade. Além disso, enfrentamos a realidade de que certos ministérios requerem certa preparação para poder exercê-los, especialmente o de mestres; assim, o ideal é que existam dentro da congregação programas de capacitação contínua para que os crentes com este tipo de dom possam ser integrados nos diversos ministérios. Isto ajuda a criar compromisso e é parte essencial de ser um discípulo de Cristo. Por outro lado, devemos deixar de lado as grandes barreiras que erigimos para batizar as pessoas. Certamente é necessário que a pessoa tenha um verdadeiro compromisso com Cristo para ser batizado, mas, nem por isso devemos dar um longo curso de doutrina denominacional antes de fazê-lo ou propor o batismo somente quando houver um grupo grande de pessoas que queira fazê-lo. Lembremos da passagem que menciona que Felipe anunciou o Evangelho ao etíope. Recordemos el pasaje cuando Felipe le anuncia el Evangelio de Jesús al etiope. “Seguindo eles caminho fora, chegando a certo lugar onde havia água, disse o eunuco: Eis aqui água; que impede que seja eu batizado? Filipe respondeu: É lícito, se crês de todo o coração. E, respondendo ele, disse: Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus. Então, mandou parar o carro, ambos desceram à água, e Filipe batizou o eunuco. Quando saíram da água, o Espírito do Senhor arrebatou a Filipe, não o vendo mais o eunuco; e este foi seguindo o seu caminho, cheio de júbilo” (Atos 8.36-39). Há muitas igrejas que coloca o batismo como requisito para servir num ministério, isto é muito importante para a ordem. Mas, isto não quer dizer que as pessoas não batizadas não possam servir, elas podem ajudar no evangelismo já que esta é uma tarefa de todos os crentes, e podem realizar serviços simples dentro da igreja. Conclusão Nós somos chamados a fazer discípulos, não somente a levar as pessoas a tomarem uma decisão por Cristo. A nossa responsabilidade não acaba aí, é somente o primeiro passo. Se levamos o nome de cristãos e queremos realmente seguir o Mestre, nossos esforços em dar acompanhamento aos novos discípulos devem ser responsáveis e fiéis ao modelo de Jesus. Fechemos a “porta dos fundos” de nossas igrejas e façamos a vontade de Deus. Perguntas do Capítulo 7 a. Quanto tempo se gasta, em termos de porcentagem, para conversar os resultados? b. O que o autor quer dizer com a expressão “saem pela porta dos fundos? c. Como o autor define evangelismo? d. Como o autor define o discipulado? e. De quem é a responsabilidade de discipular os novos convertidos? f. Por que as estratégias de acompanhamento deve está prontas antes das incursões incursiones evangelísticas? g. Em que consiste o método do curso das cinco noites? h. O que podemos fazer para que as pessoas que nos visitam se sintam bem recebidos? i. O que podemos fazer para envolver os recém chegados à igreja? j. O que aqueles que não são batizados podem fazer na igreja? Conclusão Desenvolvemos três grandes desafios que a igreja cristã deve enfrentar ao fazer evangelismo no contexto da cosmovisão pós-moderna. Em primeiro lugar, a necessidade de motivar a própria igreja cristã a deixar o egoísmo subjacente no individualismo pós-moderno que lhe tem afetado internamente a ponto de não querer evangelizar. Em segundo lugar, a necessidade de adequar nossos métodos de evangelismo às características que nos apresenta a pós-modernidade; e por último, em terceiro lugar, tomar consciência da necessidade de um posterior acompanhamento e discipulado das pessoas que são integradas à igreja cristã. Os três desafios são complexos e difíceis de enfrentar, entretanto, é nossa responsabilidade como líderes da igreja cristã, assumi-los com responsabilidade, entrega e sacrifício. Encarnemos a nosso Senhor Jesus Cristo e façamos discípulos de todas as nações. Isso é o que dá sentido ao cristianismo; é a tarefa que nos faz ser o que somos: testemunhas e discípulos de Jesus. Bibliografia Cruz, Antonio. Postmodernidad, CLIE: Terrassa, 1996. Geisler, Norman y Brooks, Ron. Apologética, UNILIT: Miami, 1995. Gómez, Jorge. El Crecimiento y la Deserción en la Iglesia Evangélica Costarricense, Publicaciones IINDEF: San José, 1996. Escobar, Salinas, Góngora. Post-modernidad y la iglesia evangélica . Publicaciones IINDEF: San José, 2000. In Sik Hong, Tomasini y otros. Ética y Religiosidad en tiempos postmodernos, Kairos: Buenos Aires, 2001. Lewis, Jonathan. Misión Mundial: Tomo III. UNILIT: Miami, 1990. McDowell, Josh. Evidencia que exige un veredicto , Editorial Vida: Miami, 1982. Meves, Christa. 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Hacia resultados que permanecen. http://www.desarrollocristiano.com/site.asp?seccion=arti&articulo=613 Apêndice 1 Passos Básicos para apresentar o Evangelho Para evangelizar utilizamos três passos básicos: A. Romper o gelo. B. Entregar a Mensagem. C. Fazer o chamado. A. Romper o gelo: Considerada a parte mais difícil do evangelismo para muitas pessoas, é para outros a parte mais fácil. Isso depende da personalidade da pessoa que apresenta a mensagem. É a hora de iniciar a conversa. Apresente-se, procure fazer com que a outra pessoa sinta confiança. B. A Mensagem: Seja qual for o método, o plano de salvação é sempre o mesmo. Ele deve ter os seguintes aspectos básicos: 1. Deus nos ama. 2. O homem é pecador. 3. Jesus Cristo como solução para o pecado. 4. Devemos aceitar a Jesus. C. O chamado: Esclareça que para receber Jesus tem que confessá-lo com a boca; explique que orar é simplesmente falar com Deus e dirija-o em oração. Pode ser que por vergonha, quando fazemos o chamado à pessoa para que aceite a Cristo, ela não o queira fazer. Também, no caso de a pessoa está indecisa, se pode fazer uma oração escrita em um papel ou em um cartão. Pode ser usada como base uma oração como esta: “Senhor tenho pecado contra ti, mas creio que Cristo Jesus morreu por meus pecados e ressuscitou. Hoje aceito o presente da vida eterna. Agora, com sinceridade confio em Cristo como Salvador. Amém”. A oração é algo simples, mas deve refletir os quatro passos mencionados. Apêndice 2 Métodos Clássicos de Evangelismo Pessoal A) Evangelismo Explosivo Este é um método de evangelismo que se basea em perguntas de diagnóstico. Se nesse momento acontece um acidente com você, no qual você perderia a vida, para onde você crer que iria? Para o céu ou para o inferno? Se a pessoa responde que vai para o céu, pergunte-lhe: Se Deus lhe perguntar: o que você tem feito para merecer entrar no céu? O que você responderia? Se a pessoa responde que vai para o inferno, pergunte-lhe: Você deseja ir para lá? O que você acredita que tem de fazer para não ir para o inferno? Se a pessoa responde algo que denota obra como “fazer o bem, orar, ler a Bíblia, ir à igreja”, deve-se explicar que assim ela não poderá entrar no céu, porque a Bíblia diz que a salvação não é pelas obras (Efésios 2:9). Se a pessoa responde “crer em Deus”. Explique-lhe que a própria Bíblia nos diz em Tiago 2.19, que os demônios também crêem em Deus, mas não vai para o céu. Depois disso, deve-se explicar que a Bíblia nos indica qual é a forma de chegar ao céu e passar a explicar o plano da salvação. B) O Caminho Romano Este é um método cujos textos se encontram somente no Livro de Romanos. É um método bom e fácil de comunicar as verdades do Evangelho. É apresentado mediante os seguintes pontos: Somos pecadores – Romanos 3.23. Merecemos a morte eterna – Romanos 6.23. Deus provindenciou a solução - Romanos 5.8. Temos que crer em Cristo – Romanos 10.9-10 O resultado: não há condenação – Romanos 8.1. c) As Quatro Leis Espirituais Este é um método muito usado pela Cruzada Estudantil e Profissional para Cristo. Aqui escrevemos algumas frases deste método tomados do livro Evidências que exigem um veredito de de Josh McDowell. Você já ouviu as quatro leis espirituais? “Assim como há leis que regem o universo, também há leis que regem nossa relação com Deus”. PRIMEIRA LEI: "Deus nos ama, e tem um plano maravilhoso para nossa vida". Começa-se explicando acerca do amor de Deus (Jo 3.16) e do plano de Deus (Jo 10.10b). Mas, por que é que a maioria das pessoas não está experimentando “vida em abundância”? Isto se encontra na segunda lei... SEGUNDA LEY: "O homem é pecador e está separado de Deus, portanto não pode conhecer nem experimentar o amor e o plano de Deus para sua vida". O homem está separado de Deus: Romanos 6.23ª “Porque o salário do pecado é a morte” (separação espiritual de Deus). Deus é santo e o homem é pecador, um grande abismo os separa. O homem está tentando continuamente buscar a Deus e a vida em abundância, e cruzar esse abismo de separação mediante seus próprios esforços: a religião; a moral; a filosofia; as boas obras, etc. A terceira lei nos dá a única solução para este problema... TERCEIRA LEI: "Jesus Cristo é a única provisão de Deus para o pecador, só nEle você pode conhecer o amor e o plano de Deus para a sua vida". Explica-se que Jesus morreu em nosso lugar (Rm 5.8), que Ele ressuscitou (1 Co 15.3-6) e que Ele é o único caminho (Jo 14.6). Deus cruzou o abismo que nos separa dele ao enviar Jesus Cristo, para morrer na cruz em nosso lugar. Não é suficiente conhecer estas três leis nem mesmo aceitá-las intelectualmente... QUARTA LEI:"Devemos individualmente receber a Jesus Cristo como Senhor e Salvador para poder conhecer e experimentar o amor e o plano de Deus para nossas vidas". - Devemos receber a Cristo: João 1:12. - Recebemos a Cristo mediante a fé: Efesios 2:8,9. - Recebemos a Cristo mediante convite pessoal: Apocalipse 3:20. O receber a Cristo compreende converter-se do “eu” para Deus, confiar em Cristo para que Ele entre em nossas vidas, perdoe nossos pecados e nos faça a pessoa que Ele quer que sejamos. Você pode receber a Cristo agora mesmo mediante a oração. (Orar é falar com Deus). Deus conhece seu coração e não tem tanto interesse nas suas palavras, antes, tem interesse na atitude de seu coração. Logo depois, se realiza a oração de fé. D) O Livro sem Palavras Este é talvez o método mais conhecido para evangelizar crianças. Este se baseia em um livro com folhas de diversas cores onde cada uma delas representa o plano da salvação. A cor preta é o pecado; o vermelho, o sangue de Cristo, o branco, a limpeza dos pecados; o dourado, o céu; e o verde, o crescimento espiritual. Existem diversas variações deste método como: “A Luva Secreta” onde cada dedo é de uma cor do livro sem palavras e “A Pulseira do Poder”: cada conta é de uma cor do livro sem palavras; e “A Bolsa Secreta”, que é um avental de cartões; cada cartão é de uma cor do livro sem palavras. Apêndice 3 O Curso de Cinco Noites Este é um método evangelístico, mas pode também ser usado para dar acompanhamento aos novos convertidos. A ideia é realizar em uma casa, durante cinco noites, um curso sobre o cristianismo. Novamente, deixamos claro que o melhor é realizá-lo em uma casa e não em uma igrejas, já que assim fica menos ameaçador para a pessoa convidada para o curso. Este método é atrativo porque se promove em forma de curso; assim como hoje em dia há curso de muitas coisas, neste caso se anunciará como um curso para estudar a Bíblia, e pode-se buscar um título atrativo como: “Como nos relacionar com Deus”, “Cristianismo Básico” ou algo assim. Também é atrativo porque tem uma duração determinada, neste casa cinco noite, pelo que a pessoa sente que só deve comprometer alguns dias e depois disso, o curso terminará. É bem diferente de convidar uma pessoa a comprometer-se com uma célula ou grupo pequeno que tem uma duração determinada. Em sua forma evangelística o que este método faz é apresentar noite após noite um dos pontos do plano de salvação. Assim, se apresenta na primeira noite “a realidade do pecado”; na segunda noite “o amor de Deus”; na terceira noite “o sacrifício de Cristo”; na quarta “o receber a Cristo”; e na quinta sobre “a segurança da salvação”. Na sua forma de acompanhamento o que se faz é tratar cinco temas que sejam básicos para discipular um novo crente. Em meu caso, daria o título de “Cristianismo Básico” e daria os seguintes temas: Primeira Noite: Minha relação com Deus Nesta noite falaria dos meios que temos para nos relacionarmos com Deus. Em primeiro lugar “a oração” como meio de nos comunicarmos com Deus e a leitura da Palavra como o meio pelo qual Deus se comunica conosco. Tudo isso, claro, estudado com o sustento bíblico. Segunda Noite: Meu crescimento pessoal (congregar) Falar da necessidade e mandamento de congregarmos e crescermos espiritualmente. Não somente ir à igreja e “esquentar” bancos, mas ver a necessidade de comprometer-se com o Corpo de Cristo para servir a Deus e crescer como membros de uma igreja que interagem continuamente. Terceira Noite: Meu primeiro passo de obediência (o batismo) Falar do passo de obediência que constitui o batismo. Falar da necessidade de tomar esta decisão aceitando o que Deus nos diz através da Sua Palavras. Quarta Noite: Minha fé (doutrina – credo apostólico) Pode-se fazer uma breve revisão da doutrina cristã. Podemos fazer isso baseado nos doze artigos de fé do credo apostólico, os quais são válidos para todos os cristãos sem importar sua denominação. Quinta Noite: Meu testemunho (palavras e ações) Falar da necessidade de manter um testemunho cristão. Pode-se fazer isso tanto com palavras ao falar de Cristo a outros, como tendo uma vida que reflete a Cristo com ações. Pode-se incluir um pouco de apologética básica que ajude ao novo crente a defender sua fé. Meu amigo Hiram Guzmán, pastor de jovens da Primeira Igreja Batista de Cidade Satélite na República Mexicana lhes chama de “5 A’s depois de crer” e as descreve da seguinte forma: Primeira Noite: Amar Nesta noite a ideia principal é falar da importância de Amar a Deus. Quando se ama, busca-se manter uma relação dia a dia, e isso é o que Deus busca de nós e essa relação se dá por meio da oração e da leitura da Palavra. Aqui, se fala da obediência e também do batismo. Segunda Noite: Aprender Nesta noite a ideia é falar da importância de crescer espiritualmente a cada dia, por meio do estudo constante da Palavra, porque assim é que se conhece a Deus; não por puros sentimentos, mas por meio da Bíblia. Também se falará da doutrina básica. Terceira Noite: Anunciar Nesta noute a ideia principal é falar da importância de testemunhar a outros o que nós cremos e vivemos a cada dia. Se falará da importância de dar testemunho e da fé que nos move. Quarta Noite: Ajudar Nesta noute a ideia principal é falar do serviço, que é o compromisso que todos temos de ajudar aos que nos rodeiam. Esta ajuda se realiza em nossa congregação, mas também em nossa comunidade. Quinta Noite: Animar Nesta noite a ideia principal é falar do companheirismo, da importância que tem a convivência com outras pessoas de forma sã, bem como da importância de congregarmo-nos. Apêndice 4 Novos Métodos de Evangelismo em Massa Essas são algumas variações de evangelismo em massa nas quais podem ser aplicados os princípios anteriormente expostos. 1. Fazer uma equipe de futebol na igreja. Sabe-se que na maioria das igrejas as mulheres correspondem à maior porcentagem. Por outro lado, todos sabemos que o futebol é o esporte preferido da maioria dos brasileiros. Uma boa alternativa é fazer uma equipe de futebol com os homens da igreja e convidar os esposos das irmãs que não são crentes e outros homens da comunidade para participarem. Esta é uma excelente oportunidade de criar relações com eles e dar testemunho. Se o pastor também estiver, facilmente poderá iniciar uma relação de confiança com estas pessoas. 2. Dar palestras sobre temas atuais para públicos diversos com um tom evangelístico, assim se dará respostas às necessidades reais das pessoas. Por exemplo: “Como formar uma Familia Feliz?” para pais de família; “Identidade Perdida?” para adolescentes, etc. Apêndice 5 Cartas Evangelísticas Em seguida, anexo um método de evangelismo pessoal que está estruturado em forma de uma carta que pode ser entregue a uma pessoa conhecida. Este método foi desenvolvido pelo movimento cristão universitário em Costa Rica conhecido como ECU (Estudantes Cristãos Universitários). Esta também pode ser uma ferramente para chegar aos ouvintes pós-modernos. O Céu, 18 de abril de 2013 Querido amigo: Tenho visto muitas vezes seu vazio, sua tristeza em reconhecer que tudo em que você se baseia pode vir a falhar, e saber disso é como saber que não há nada em que se apoiar. Mas quero que saibas que eu te prometo está com você sempre. Se você quiser posso ser teu Deus, dirigirei sua vida. Serei seu refúgio e escudo, te daré a força que precisa para viver para mim. Pode contar com ela sempre, sem importar o que tiver de enfrentar. Sempre te sustentarei com minha mão forte de perfeita bondade. Eu tenho o controle de todo este universo; dou fôlego de vida a todas as pessoas da terra, e por bondade e misericórdia estou lhe chamando. Prometo está com você e guardá-lo, se permanecer próximo de mim. Nunca o rejeitarei, nunca mais sentirá solidão. Se me você abrir a porta para mim, pode aprender a reconhecer a minha voz. Quero que me conheça tal e como o conheço. Escutando-me você saberá qual o caminho a seguir e poderá saber o que quero que você faça para mim. Vou contar algo: Por um ato de minha própria vontade, fiz você diferente do resto da criação. Fiz você à minha semelhança, e lhe dei um espírito. Criei-o com um fim determinado: para viver numa relação especial comingo e com seus irmãos. Mas, esta harmonia original foi rapidamente destruída por desobediência, por raciocínio falso e por sua rebelião intencional. Isto provocou uma ruptura em nossa relação e trouxe conseqüências trágicas. Sempre fico triste com as conseqüências dos seus atos, e os vejo em todas as partes: guerras, contaminação, miséria, violência, morte. Mas apesar de tudo isso, meu propósito para você não mudou. Amo você tanto que vim a este mundo por você. E sofri a morte em seu lugar e derramei meu sangue para que você tenha vida. Aceite o sacrifício que fiz por você na cruz. Assim, você será livre. Só por meio da minha morte e ressurreição é possível nosso esperado encontro. Atenciosamente, Jesus Cristo. O Céu, 18 de abril de 2013 Querido amigo(a): Como estás? Tive que mandar uma carta para lhe dizer o quanto te amo e me preocupo com você. Te vi caminhando ontem com teus amigos e esperei todo o dia que falasses comigo também. Ao entardecer te presenteei com lindas cores no céu e uma brisa fresca para que descansasses e esperei. Nunca viestes. Sim, me doe, mas te amo, porque sou teu amigo. Te vi adormecer à noite e anelei tocar tua fronte, assim, derrame os raios da lua em teu travesseiro e em tua face. De novo esperei, desejando muitíssimo falar contigo. Você acordou tarde e correu muito. Minhas lágrimas se confundiram com a chuva. Hoje vi que você estava tão triste e só, e em doeu o coração, porque eu entendo, também meus amigos me deixam só e me ferem muitas vezes, porém eu o amor. E trato de dizer isso a você através do sussurro das folhas das árvores e do canto das árvores; com o calor do sol e com o perfume do ar. Meu amor por você é mais profundo que os oceanos e maior que qualquer coisa que imagine. Sei que as coisas são difíceis na terra, realmente o sei porque eu estive aí e quero ajudar você. Você só precisa me chamar, me perguntar, me falar. É sua a decisão... eu o escolhi. Porque o amo, estou lhe esperando. Atenciosamento: Jesus Cristo O Céu, 18 de abril de 2013 Querido filho: Não tenha mais medo, filho meu. Eu estarei sempre com você. Sou o seu Deus, pois você pediu que eu controlasse a sua vida. Eu darei força que precisa a fim de que viva para mim. Pode contar com esta força sempre, sem importar o que vai enfrentar. Sempre te sustentarei com minha forte de perfeita bondade. Sim, eu sei, você tem um gosto definido para a velha e segura sujeira; teme sair à luz do sol da minha presença. Mas eu tenho o controle de todo o universo. Promento está com você e guardá-lo, se você permanecer junto a mim. Você já não precisa se preocupar, nem temer. Na casa de meu Pai, já preparei um lugar para você. Ali estarei, esperando-o, quando você dormir em meus braços. Algum dia você me conhecerá como eu o conheço. Leia o que digo em Meu Livro. Dei a Bíblia para que fazê-lo reto em todos os assuntos da vida. Toda palavra que disse está plena de poder vivificador, e lhe ajudará a dedidir ante as diferenças entre minha vontade e a maneira como você costumava andar. Fale sempre comigo. Isso ajudará você a ter um coração valente e confiado em todas as partes e em todo tempo. Sim, mesmo assim o caminho é difícil e duro. De agora em diante pode esperar aflições da parte do mundo que te rodeia. Já não pertences ao mundo do inimigo, mas ao meu. Quando o mundo lhe machucar, é uma prova e que sua vida é agora verdadeiramente diferente. Não se esforce pelas coisas materiais como a comida, nem com o que vai beber ou com a roupa que vai vestir. Não. Busque sempre o que pode fazer para meu Pai e sua justiça primeiro, e lhe prometo, lhe dou a minha palavra, que me encarregarei de cada uma dessas coisas em particular. Eis aqui um fato tremendo: dou a você autoridade sobre qualquer das forças da escuridão do diabo e do mal. Se você resistir ao diabo firmemente com minha força, ele fugirá de você. Sim, Deus está trabalhando em você, e nada te será impossível. Se o seu pé resvalar, ou cair, e um hábito antigo lhe pegar desprevinido, não o encubras, diga-me, expresse-o abertamente. Prometo perdoar você e voltar a limpá-lo, não importa o quanto esteja ferido, prometo esquecer e fazer com que comece tudo de novo. Filho meu, acima de tudo, me ame com todo seu coração, com toda sua alma, com toda sua mente, e com toda sua força; enquanto não começar a fazer isso, não poderá realmente amar aos demais, tal como eu o amo. Atenciosamente, Jesucristo.