Dissertacao Carla Camarinha 2010 - Instituto de Estudos em Saúde
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Dissertacao Carla Camarinha 2010 - Instituto de Estudos em Saúde
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Carla Regina Camarinha Silva Avaliação do processamento auditivo em trabalhadores rurais expostos ocupacionalmente a agrotóxicos organofosforados Rio de Janeiro 2010 Carla Regina Camarinha Avaliação do processamento auditivo em trabalhadores rurais expostos ocupacionalmente a agrotóxicos organofosforados Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva, Instituto de Estudos em Saúde Coletiva (IESC), Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Saúde Coletiva. Orientador: Profª. Drª. Heloísa Pacheco-Ferreira Rio de Janeiro 2010 C172 Camarinha, Carla Regina. Avaliação do processamento auditivo em trabalhadores rurais expostos ocupacionalmente a agrotóxicos organofosforados/ Carla Regina Camarinha. – Rio de Janeiro: UFRJ/ Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, 2010. 86 f.: il.; 30cm. Orientador: Heloísa Pacheco-Ferreira, Marco Antônio de Melo Tavares de Lima . Dissertação (Mestrado) - UFRJ/Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, 2010. Referências: f. 64-67. 1. Audição. 2. Inseticidas organofosforados. 3. Praguicidas. 4. Saúde do trabalhador. 5. Exposição ocupacional. 6. Saúde pública. I. Pacheco-Ferreira, Heloisa. II. Lima, Marco Antonio de Melo Tavares de. III. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Estudos em Saúde Coletiva. IV. Título. CDD 617.804 Carla Regina Camarinha Avaliação do processamento auditivo em trabalhadores rurais expostos ocupacionalmente a agrotóxicos organofosforados Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva, Instituto de Estudos em Saúde Coletiva (IESC), Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Saúde Coletiva. Aprovada em 26 de fevereiro de 2010 Banca Examinadora: Profª. Drª. Heloísa Pacheco-Ferreira, IESC/UFRJ Profº. Drº. Volney de Magalhães Câmara, IESC/UFRJ Profº Drº. Marco Antônio Araújo Leite, UFF Aos meus pais Regina e Carlos. Com ela aprendi o verdadeiro amor e a ser uma vencedora. Com ele, aprendi a me apaixonar pelo conhecimento e pela pesquisa. Agradecimentos Primeiramente a Deus, que transforma os meus sonhos em conquistas e sem o qual nada sou. À minha família, minha mãe Regina por verdadeiramente segurar minha mão até eu atingir meus objetivos e pelo amor, carinho e paciência. À minha irmã Ana Paula e ao meu cunhado Robson pelas orações e por terem me dado, no meio deste caminho, um lindo presente: meu sobrinho Samuel, que é meu sorriso de paz. Nos dias de cansaço e ansiedade, encontrei neste sorriso serenidade e calma para continuar. Tia te ama! À minha avó Laura, pelo carinho, pelos conselhos e pelo amor de avó que jamais esquecerei. Agradeço também a avó Julia pelo apoio e incentivo. À Vinícius, meu amor, que me deu força, me ajudou todos os dias e esteve sempre ao meu lado. A meus sogros Maria José e Meirelles e minha cunhada Mônica, pelo acolhimento, paciência e torcida. À minha orientadora Heloísa Pacheco-Ferreira, pelo empenho em me orientar e pela serenidade na realização desta pesquisa. Aos meus queridos professores Marco Antonio de Melo Tavares de Lima e Silvana Frota, por serem meus exemplos de profissionalismo e competência. Vocês representam pra mim alguns dos degraus desta “subida”. Muito obrigada! Aos doutores Carlos Alberto Krewer Feier, Marcio Niemeyer de Souza e Renimar Nunes da Costa, por acreditarem no meu trabalho e por me darem a oportunidade de crescer profissionalmente. À minha amiga Adriana da Silva Fernandes, por toda força e incentivo no ingresso e na conclusão deste mestrado. Aos trabalhadores rurais de Sapucaia (Volta do Pião) pelo interesse e disposição em participar da pesquisa. Sem vocês nada seria deste projeto. Ao Joel, Hilmar, Mozair, D. Hilda, Elton, ao vereador Marcelo Seixas, ao sub-prefeito Bianor, que tornaram esta pesquisa possível em Volta do Pião. Obrigada por todo apoio estrutural, incentivo e pela preocupação em sair tudo certo. Em vocês, mais do que ajuda, encontrei verdadeiros amigos. À Fátima Miranda e Olga Penido, que são excelentes profissionais e que me ajudaram muito em todos os sentidos durante a coleta de dados. Aos todos os meus amigos, especialmente Angelo Fonseca, Taiana Falcão, André Gauderer, Meriele Gabry, Tatiana Garcia, Renata Lourenço, Andressa Freitas e Tatiane Amorim. RESUMO Camarinha, Carla Regina. Avaliação do Processamento Auditivo em trabalhadores rurais expostos ocupacionalmente a agrotóxicos organofosforados. Dissertação de Mestrado em Saúde Coletiva. Rio de Janeiro. Instituto de Estudos em Saúde Coletiva/UFRJ, 2010. Tema: processamento auditivo e exposição a agrotóxicos organofosforados. Objetivos: avaliar o processamento auditivo central de trabalhadores expostos ocupacionalmente a agrotóxicos organofosforados. Métodos: estudo epidemiológico descritivo onde foram avaliados 59 trabalhadores rurais, de ambos os gêneros, que são expostos ao organofosforado. Os procedimentos realizados incluíram um questionário sobre a história pessoal, laboral e da exposição ao organofosforado, meatoscopia, audiometria tonal liminar, e bateria de testes para avaliação do processamento auditivo central. Os testes realizados foram SSW (Teste de dissílabos alternados em português), Fala com Ruído Branco, Teste de Padrão de Frequência, Teste de Padrão de Duração e GIN (gaps-in-noise). Além do desempenho dos testes, estudou-se a diferença entre as orelhas direita e esquerda na audiometria tonal liminar e nos testes SSW, Fala com Ruído Brando e GIN; as faixas e tárias maiores e menores que 31 anos para o teste GIN e a faixa de escolaridade em todos os testes do processamento auditivo. Resultados: Dos 59 trabalhadores estudados, 16 foram excluídos da pesquisa por apresentarem perda auditiva. O desempenho dos testes de processamento auditivo foi inferior aos dos padrões de normalidade, na maioria dos trabalhadores, exceto no teste de Fala com Ruído Branco. Observou-se diferença estatisticamente significante entre as orelhas na audiometria tonal na frequência de 4000 Hz (p=0,026) e nos testes de fala com ruído branco (p=0,012). Não houve diferença significante no limiar do teste GIN entre as faixas etárias. Nas faixas de escolaridade, notou-se diferença significante para o teste SSW (p=0,017), para o número de inversões (p=0,014) e para o teste de Fala com Ruído Branco (p=0,007). Conclusão: trabalhadores rurais apresentaram desempenho inferior aos padrões de normalidade nos testes de processamento auditivo e as principais habilidades auditivas alteradas foram as de figura-fundo e resolução temporal. Estes dados demonstram a viabilidade desses exames como método diagnóstico precoce das intoxicações por agrotóxicos organofosforados, de forma a proteger a saúde dos trabalhadores. Palavras-chave: processamento auditivo, audição, exposição à organofosforados, trabalhadores rurais, saúde coletiva. ABSTRACT Camarinha, Carla Regina. Evaluation of auditory processing on rural workers occupationally exposed to organophosphorus pesticides. Mastering Dissertation on Public Health. Rio de Janeiro. Instituto de Estudos em Saúde Coletiva/UFRJ, 2010. Background: Auditory processing and exposition to organophosphorus pesticides. Aim: Evaluate the central auditory processing on workers occupationally exposed to organophosphorus pesticides. Methods: descriptive epidemiological study were evaluated 59 rural workers of both sexes who are exposed to organophosphate. The proceedings put into practice included a questionnaire about personal and labor exposition to the organophosphate, meatoscopy, tonal audiometry, and a group of tests for the evaluation of the central auditory processing. The tests used were SSW, White Noise Speaking, Frequency pattern and Duration Pattern test, and also GIN (gaps-in-noise). Beyond the performance on the tests, it has been studied the disorders between the right and left ears on the SSW, White Noise and GIN tests; the age groups with more and less than 31 years-old for the GIN test, and the scholar level groups in all the tests of the auditory processing. Results: From the 59 workers studied, 16 were excluded from the research for presenting a hearing loss. The performance on the tests of auditory processing was below normality patterns in the most part of the workers except on the White Noise Speaking test. It has been noticed an statistically significant disorder between the ears on the tonal audiometry with the frequency of 400 Hz (p=0,026) and on the White Noise Speaking tests (p=0,012). No significant disorder was found on the low limit of the GIN test between the age groups. On the scholar level groups a significant disorder was noted on the SSW test (p=0,017), for the number of inversions (p=0,014) and for the test of White Noise (p=0,007). Conclusion: Rural workers presented a performance lower than normality patterns on the tests of auditory processing and the main altered hearing skills were the base figure and the temporal resolution. These data demonstrate the feasibility of tests as a method of early diagnosis pesticide poisoning organophosphorus, to protect the health of workers. Key-words: Auditory processing disorder, hearing, organophosphorated, rural workers, disorders, public health. exposition to LISTA DE FIGURAS Figura 1. Nível escolar dos trabalhadores expostos a organofosforados. Figura 2. Valores médios da audiometria tonal da orelha direita dos pacientes incluídos e excluídos. Figura 3. Valores médios da audiometria tonal da orelha esquerda dos pacientes incluídos e excluídos. Figura 4. Distribuição em porcentagem (%) do grau de alteração do processamento auditivo. Figura 5. Médias de acertos do TPF e TPD. Figura 6. Curva de desempenho do teste GIN por intervalo de gap. LISTA DE TABELAS Tabela 1. Medidas de tendência central da audiometria tonal na amostra de pacientes excluídos. Tabela 2. Análise da variação (OD-OE) nas medidas nas medidas de tendência central da audiometria tonal entre as orelhas. Tabela 3. Análise da variação (OD-OE) nas medidas nas medidas de tendência central do teste SSW entre as orelhas. Tabela 4. Análise estatística das medidas de tendência central do teste SSW, segundo a faixa de escolaridade. Tabela 5. Análise da variação (OD-OE) nas medidas nas medidas de tendência central do teste Fala com Ruído entre as orelhas. Tabela 6. Análise estatística das medidas de tendência central do teste de fala com ruído branco, segundo a faixa de escolaridade. Tabela 7. Análise estatística das medidas de tendência central do teste de PF e PD segundo a faixa de escolaridade. Tabela 8. Análise da variação (OD-OE) nas medidas nas medidas de tendência central do menor gap detectado no teste GIN entre as orelhas. Tabela 9. Análise da variação (OD-OE) nas medidas de tendência central segundo os percentuais de acertos do teste GIN entre as orelhas. Tabela 10. Análise estatística das medidas menor gap detectado do teste GIN segundo a faixa etária. Tabela 11. Análise estatística das medidas percentuais de acerto do teste GIN segundo a faixa etária. Tabela 12. Análise estatística das medidas do limiar do teste GIN segundo a faixa de escolaridade. Tabela 13. Análise estatística das medidas do teste GIN (percentual de acertos) segundo a faixa de escolaridade LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS A Agudo AAG Agudo Agudo Grave AChE Acelticolinesterase ACh Acetilcolina AGA Agudo Grave Agudo AGG Agudo Grave Grave ANSI American National Standards Institute ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária ASHA American Speech-Language-Hearing Association C Curto CCL Curto Curto Longo CD Compact Disc CLC Curto Longo Curto CLL Curto Longo Longo CO2 Gás carbônico dB Decibel dB NA Decibel Nível de Audição dB NS Decibel Nível de Sensação DC Orelha Direita Competitiva DP Desvio-padrão EC Orelha Esquerda Competitiva EP Erro Padrão FR Fala com ruído branco G Grave G1 Grupo 1 G2 Grupo 2 G3 Grupo 3 GAA Grave Agudo Agudo GAG Grave Agudo Grave GIN Gaps-in-noise GC Grupo de comparação GE Grupo de estudo GGA Grave Grave Agudo Hz Hertz Inv Inversões IPRF Índice Percentual de Reconhecimento de Fala Km2 Kilômetro quadrado L Longo LCC Longo Curto Curto LCL Longo Curto Longo LLC Longo Longo Curto MS Milissegundos n Número da amostra PAINPSE Perda Auditiva Induzida por Níveis de Pressão Sonora Elevados SINITOX Sistema Nacional de Informações Toxico Farmacológica SNAC Sistema Nervoso Auditivo Central SNC Sistema Nervoso Central SRT Speech reception threshold (Limiares de recepção de fala) SSI Identificação de sentanças competitivas SSW Staggered Spondaic Word Test (Teste de dissílabos alternados em português) TPD Teste de padrão de duração TPF Teste de padrão de freqüência SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 2. OBJETIVOS 3. REVISÃO DA LITERATURA 3.1. Organofosforados 3.2. Substâncias químicas e efeitos auditivos 3.3. Processamento auditivo 3.4. Efeitos das substâncias químicas no processamento auditivo 4. MÉTODOS 4.1. População de estudo e local 4.2. Anamnese 4.3. Avaliação audiológica básica 4.4. Avaliação do processamento auditivo 4.4.1. SSW (Staggered Spondaic Word Test) 4.4.2. Teste de Fala com Ruído Branco (F/R) 4.4.3. Testes de Padrão de Freqüência e Padrão de Duração 4.4.4. GIN (Gaps-in-Noise) 4.5. Análise dos dados 16 20 22 22 24 25 29 33 33 33 33 34 34 35 36 36 37 4.6. Aspectos Éticos 5. RESULTADOS 6. DISCUSSÃO 7. CONCLUSÃO 8. REFERÊNCIAS ANEXOS 37 40 53 61 64 69 APÊNDICES 76 Introdução Introdução 16 1. Introdução Recentemente alguns estudos científicos têm se voltado para questão da exposição a substâncias químicas e seus efeitos no sistema auditivo periférico e central. Até então, os estudos sobre os danos auditivos ocupacionais têm abordado mais os riscos de exposição apenas ao ruído. O uso de agrotóxicos, principalmente em países subdesenvolvidos, vem aumentando a cada dia. O modelo de produção agrícola brasileiro, baseado no uso extensivo de agrotóxicos e na utilização de grandes extensões de terra, tem sido considerado um dos processos produtivos que mais contaminam o ambiente, trabalhadores e população em geral (Gonzaga & Blank, 2005). Utilizados em grande escala por vários setores produtivos e mais intensamente pelo setor agropecuário, os agrotóxicos têm sido objeto de vários tipos de estudos, tanto pelos danos que provocam à saúde das populações humanas, e dos trabalhadores de modo particular, como pelos danos ao meio ambiente e pelo aparecimento de resistência aos agrotóxicos em organismos (Silva et al. 2005). No Brasil, segundo os dados do Sistema Nacional de Informações Tóxico Farmacológicas (SINITOX 2007), as três maiores letalidades por agente tóxico (razão do número de óbitos pelo número de casos decorrentes de intoxicação) foram observadas para os agrotóxicos de uso agrícola, drogas de abuso e raticidas, bem como em 2006, quando as maiores taxas de letalidades foram as mesmas. As intoxicações por raticidas superaram a das drogas de abuso e os agrotóxicos de uso agrícola continuam sendo o caso mais recorrente. Este sistema de informações destaca também a dificuldade de registrar o óbito por agrotóxicos de uso agrícola, uma vez que tais agentes causam doenças crônicas como o câncer, que se manifestam anos depois da exposição ao agrotóxico. Segundo Domingues et. al. (2004) atualmente há no Brasil cerca de 300 ingredientes ativos e 2000 formulações de agrotóxicos. Embora a produção de agrotóxicos tenha proporcionado um aumento da produtividade agrícola, possibilitando a produção de alimentos com qualidade a um custo menor, é preciso citar que o uso indiscriminado desses produtos pode trazer prejuízos à saúde humana e animal e ao meio ambiente. O uso dessas substâncias se dá geralmente na agricultura, mas elas são também utilizadas na saúde pública, na eliminação e controle de vetores transmissores de enfermidades endêmicas, como doença de Chagas, malária e dengue. O Brasil ocupa o sétimo lugar no ranking dos países Introdução 17 consumidores de agrotóxicos do mundo, tendo sido consumido no país, em 2001, 328.413 toneladas deste produto (ANVISA, 2002). O escasso conhecimento de como essas substâncias interferem na fisiologia do sistema nervoso, a relativa semelhança com outras doenças consideradas idiopáticas, sem se estabelecer o nexo entre a contaminação ambiental e a referida substância contaminante, tornam-se um agravante. Além disso, os sintomas são inespecíficos, têm grande período de latência, surgindo lentamente (PachecoFerreira, 2008). Segundo Alavanja et al.(2004) a exposição a agrotóxicos tem profundos efeitos sobre o sistema nervoso. As conseqüências do alto nível de exposição são bem estabelecidas. A exposição está associada a uma gama de sintomas, assim como déficits de desempenho e alterações neurocomportamentais em função do acometimento do sistema nervoso. Um alto nível de exposição para a maioria dos tipos de agrotóxicos pode resultar em neurotoxicidade, incluindo os organofosforados (OF), carbamados, organoclorados, fungicidas, e fumigantes. Este autor também relata que, mesmo na ausência de intoxicação, a exposição crônica em níveis baixos está associada com um amplo leque de sintomas inespecíficos, incluindo dor de cabeça, tontura, fadiga, fraqueza, náuseas, aperto no peito, dificuldade respiratória, insônia, confusão, e dificuldade de concentração. A percepção da fala envolve a audição periférica e a central, e não apenas a percepção da presença dos sons (Schochat, 1997). No entanto, alterações de processamento auditivo não são verificadas pelos dados obtidos através da avaliação audiológica convencional em ambiente ocupacional (Marins, 2004). Processamento Auditivo refere-se aos mecanismos e processos realizados pelas vias cognitivas do SNAC responsáveis por comportamentos de localização e lateralização sonora; discriminação auditiva; reconhecimento de padrões auditivos; aspectos temporais da audição, como resolução, mascaramento, integração e ordenação temporal; desempenho auditivo na presença de sinais acústicos distorcidos ou sinais acústicos competitivos. Um distúrbio do processamento auditivo é uma deficiência observada em um ou mais dos comportamentos listados acima (ASHA, 1996, p.41). A atividade do trabalho associada ao uso de agrotóxicos pode potencializar problemas de saúde com impactos muitas vezes irreversíveis e trazer novas formas de adoecer (Haikel & Pacheco-Ferreira, 2005). Um exemplo de atividade associada Introdução 18 a utilização de agrotóxicos é o município de Sapucaia, onde foi realizado este estudo. As terras do município de Sapucaia começaram a ser povoadas no início do século XIX, como conseqüências da fuga da Família Real Portuguesa para o Brasil em 1807 e o processo de colonização em curso no Brasil naquela ocasião. Além dos portugueses, cidadãos suíços e franceses e a mão de obra escrava dos negros africanos, também contribuíram no desbravamento daquelas terras. Anos mais tarde, atraídos pelas notícias correntes sobre a fertilidade do solo dessa região e de suas redondezas, novos colonizadores, em número sempre crescente, começaram a buscá-la, espraiando-se pelas terras circunvizinhas, abrindo novos caminhos e desbravando matas virgens (PREFEITURA DE SAPUCAIA, 2009). Neste município, a principal atividade do setor primário é a olericultura (chuchu, alface, cenoura, entre outros), que representa 87% da produção agrícola do município (PREFEITURA DE SAPUCAIA, 2009). A população alfabetizada está aproximadamente na faixa dos 10 aos 29 anos. A população adulta está concentrada na faixa dos 20 aos 59 anos com ligeira predominância do sexo feminino (IBGE, 2009). Os trabalhadores rurais desta região, em sua grande maioria, se expõem ao organofosforado desde a infância, tanto consumindo os alimentos como ajudando aos familiares na plantação e cultivo destes. É possível que trabalhadores agrícolas possam apresentar danos auditivos por estarem expostos ao organofosforado. A literatura é rica em inúmeros trabalhos que comprovam lesão auditiva em decorrência da exposição ocupacional a produtos químicos, mesmo na ausência do ruído (Fechter, 2002; Prasher 2002). No entanto há poucos estudos que descrevam os danos auditivos causados pelos agrotóxicos organofosforados e seus efeitos no processamento auditivo. Por esta razão este estudo avaliou o desempenho dos trabalhadores expostos ao OF nos testes processamento auditivo com o objetivo de descrever as alterações encontradas e as possíveis causas dessas alterações, assim como possibilitar a discussão do uso destes exames como método diagnóstico precoce nas situações de exposição ao agrotóxico organofosforado e/ou outras substâncias químicas. Objetivos Objetivos 20 2. OBJETIVOS 2.1. Objetivo Geral Avaliar o processamento auditivo em trabalhadores rurais expostos a agrotóxicos organofosforados. 2.2. Objetivo específico Verificar por meio de testes de processamento auditivo se a exposição ao organofosforado causou alterações nas vias auditivas centrais. Revisão de Literatura Revisão de Literatura 22 3. Revisão de Literatura 3.1. Organofosforados Existem vários tipos de agrotóxicos e um dos mais utilizados são os agentes anticolinesterásicos como os organofosforados. Esses agentes possuem duas classes distintas: o ácido fosforotióico e o ácido carbamato. O primeiro inseticida sintetizado foi o éster organofosforo em 1937 por um grupo de cientistas germânicos. Em suas pesquisas, constataram ser excessivamente tóxico, sendo utilizado pelos nazistas durante a II Guerra Mundial (Ecobichon in Casarett and Doull’s, 2001). Este mesmo autor afirma que não se pode ignorar sua potencialidade como arma química, pois é facilmente produzido em pequenas quantidades e muito utilizado pelos terroristas. Os organofosforados inibem a acetilcolinesterase (AChE), que é uma enzima responsável pela destruição da atividade biológica do neurotransmissor acetilcolina (ACh). Uma vez acumulado nas terminações nervosa (ACh), a estimulação elétrica do nervo não pára. Os sinais de toxicidade incluem a estimulação dos receptores muscarínicos do sistema parassimpático do sistema nervoso autonômico. As manifestações clínicas causadas pelos OF incluem tanto danos ao sistema nervoso periférico como também ao sistema nervoso central. Os efeitos neuropsicológicos causados por esta substância abrangem uma variedade de distúrbios cognitivos e afetivos, dentre eles estão a diminuição da concentração, memória e processamento de informações (Pacheco-Ferreira, 2008). A exposição a agrotóxicos organofosforados pode ocorrer através das vias digestiva, respiratória e dérmica. Através dessas vias, é rapidamente absorvido em mamíferos (Internacional Programme on Chemical Safety, 1993). Os agrotóxicos inibidores da colinesterase são bem absorvidos por todas as vias de exposição em decorrência da alta lipossolubilidade desses compostos. Por serem de constituição lipoprotéica, as membranas biológicas são facilmente transpostas por compostos lipossolúveis tais como os organofosforados, que atravessam facilmente a barreira hematoencefálica, provocando manifestações neurológicas (FERRER, 2003). Esta substância é rapidamente eliminada, principalmente na forma de metabólitos ácidos pela urina e através do ar exalado como CO , sendo eliminado 2 em menor proporção pelas fezes (Internacional Programme on Chemical Safety, 1993). Revisão de Literatura 23 A mistura de agrotóxicos é muito presente na realidade do trabalho agrícola, principalmente pelo uso simultâneo de várias substâncias. Muitos estudos não consideram a interação que os diversos compostos químicos podem estabelecer entre si modificando o comportamento tóxico de um determinado produto (Silva et al. 2005). A aplicação manual de agrotóxicos é praticada na quase totalidade das pequenas propriedades agrícolas brasileiras que praticam agricultura tradicional, porém sem um treinamento adequado, por vezes baseado no conhecimento empírico, transferido de trabalhador a trabalhador, sem observar os riscos de contaminação ocupacional e ambiental da atividade. A contaminação ocupacional pelos agrotóxicos é observada tanto no processo de formulação (mistura e/ou diluição dos agrotóxicos para uso), quanto no processo de utilização (Assidi e Pinheiro, 2007). Assidi e Pinheiro (2005) descrevem em seu estudo, que as formas de uso dos agrotóxicos são as mais diversas, dependendo, ente outros fatores, da finalidade do tratamento, da fase da cultura e do nível econômico e tecnológico da propriedade. Os dispositivos e métodos utilizados para a diluição dos produtos concentrados não permitem dosagens com a precisão que a atividade exige e expõem os trabalhadores aos perigos dos concentrados altamente tóxicos. Estes autores avaliaram o sistema de aplicação manual de agrotóxicos utilizados nas culturas da acerola, mamão e graviola do litoral sul do estado da Paraíba, em relação aos riscos de contaminação ocupacional. Uma das suas conclusões foi que a utilização de produtos sem registro, deixa os agricultores sem nenhum tipo de indicação técnica para os controles pretendidos. Dessa forma, as decisões sobre diluição, freqüência das aplicações e período de carência, ficam a cargo do bom senso e das observações empíricas. O conhecimento a respeito dos efeitos que a exposição combinada de substâncias químicas causa à saúde é escasso. Além disso, alguns estudos demonstram que a resposta do organismo humano diante das exposições laborais combinadas pode ser influenciada por algumas características pessoais, tais como tabagismo, alcoolismo e estado nutricional (Silva et al 2005). Diante destes aspectos, fica difícil avaliar a quantidade de diluentes que os trabalhadores utilizam na preparação da calda dos agrotóxicos, além de existir influência das características individuais. Revisão de Literatura 24 3.2. Substâncias químicas e efeitos auditivos Os achados audiológicos da perda auditiva por exposição ocupacional a substâncias químicas não diferem muito da Perda Auditiva Induzida por Níveis de Pressão Sonora Elevados (PAINPSE) no que diz respeito à configuração audiométrica. Esta, em geral, se caracteriza por ser coclear, bilateral, simétrica, progressiva e irreversível, com início nas freqüências altas no audiograma (Mello & Waismann, 2004). Segundo Morata (2003), existem 3 grupos principais de químicos considerados como alta prioridade nas pesquisas de ototoxicidade ocupacional: solventes, asfixiantes e metais. Mais recentemente foram incluídos neste grupo os agrotóxicos organofosforados. Os produtos neurotóxicos podem causar problemas sérios para a saúde, inclusive a perda de audição. Além disso, estes produtos podem lesar não somente o componente periférico da audição, mas também o componente central. São poucos os estudos que relatam a associação entre exposição a agrotóxicos e alterações auditivas, mas todos concordam com essa associação (Manjabosco et al, 2004). As doenças do ouvido relacionadas ao trabalho são causadas por agentes ou mecanismos irritativos, alérgicos e/ou tóxicos. No ouvido interno, os danos decorrem da exposição a substâncias neurotóxicas e fatores de risco de natureza física, como o ruído, pressão atmosférica, vibrações e radiação (Ministério da Saúde, 2001). Alguns estudos encontraram alterações no sistema auditivo e vestibular possivelmente causadas pelas substâncias químicas. Hoshino et. al. (2008) avaliaram a função auditiva e vestibular de 18 trabalhadores rurais, na faixa etária de 16 a 59 anos, do Município de Teresópolis, estado do Rio de Janeiro, com queixa de tonteira e que eram expostos ocupacionalmente ao OF. No teste audiométrico, 61,14% sujeitos apresentaram audição dentro da normalidade, 38,8% sujeitos apresentaram alterações na audiometria tonal, sendo que 22,22% sujeitos apresentaram queda nas freqüências de 6000 e 8000 Hertz (Hz) e 16,67% sujeitos apresentaram perda auditiva sensórioneural. A audiometria vocal apresentou-se dentro da normalidade em todos os exames. Somente 11,11% sujeitos apresentaram uma alteração bilateral. Dos 18 sujeitos que realizaram avaliação do sistema vestibular através da vectoeletronistagmografia, 16 deles (88,8%) apresentaram alterações do tipo Revisão de Literatura 25 periférico. Os autores concluíram que os OF induzem alterações do sistema vestibular e do sistema auditivo. Guida et. al. (2009) pesquisou os achados audiológicos e emissões otoacústicas por produto de distorção em 51 trabalhadores expostos ao ruído ocupacional e a praguicidas, e comparou com os dados obtidos em indivíduos sem exposição a estes elementos. O grupo I foi composto de 17 trabalhadores com exposição a ruído e praguicida, todos portadores de perda auditiva neurossensorial; o grupo II por 17 trabalhadores com exposição a ruído e praguicidas com limiares audiométricos dentro dos padrões de normalidade (até 25 dBNA) e o grupo III por 17 indivíduos saudáveis sem alterações auditivas e sem exposição a ruído e praguicidas, grupo controle. A análise dos resultados revelou perda auditiva do tipo neurossensorial unilateral em 47% das orelhas do grupo I. Neste mesmo grupo, todos os trabalhadores apresentaram perda auditiva do tipo neurossensorial sendo 9 bilateral e 8 unilateral. As respostas das emissões otoacústicas por produto de distorção estiveram presentes em 91% dos casos no grupo III, enquanto que nos grupos I e II foram presentes em 47,5% dos casos, mostrando um decréscimo significativo na amplitude de respostas, na comparação entre os grupos. Concluíram então, que houve diminuição da amplitude das respostas das emissões otoacústicas por produto de distorção mesmo em indivíduos expostos a ruído e praguicidas com limiares audiométricos normais. 3.3. Processamento Auditivo O Sistema Nervoso Auditivo Central (SNAC) é um sistema complexo de vias neurais que podem ser afetadas por inúmeras condições de desenvolvimento e patológicas. Por causa desta complexidade das vias neurais do SNAC, a avaliação do sistema auditivo central representa um desafio ímpar (Musiek & Baran, 2001). O processo da informação auditiva envolve estruturas situadas na cóclea e pertencentes ao Sistema Nervoso Periférico (nervo vestibulococlear) e Sistema Nervoso Central (tronco encefálico, diencéfalo e telencéfalo) (Bonaldi, 2004). O processamento auditivo é um conjunto de habilidades específicas das quais o indivíduo depende para interpretar o que ouve (Alvarez et al. 2000). Estas habilidades são mediadas pelos centros auditivos localizados no tronco encefálico e no cérebro, podendo ser subdivididas nas seguintes áreas gerais: atenção, envolvendo habilidades relacionadas à maneira pela qual o indivíduo atenta à fala e Revisão de Literatura 26 aos sons do seu próprio ambiente; discriminação, envolvendo habilidades relacionadas à capacidade de distinguir características diferenciais entre os sons; associação, envolvendo habilidades relacionadas à capacidade de estabelecer uma correspondência entre o estímulo sonoro a outras informações já armazenadas de acordo com as regras da língua; integração, envolvendo habilidades relacionadas à união de informações auditivas com informações de diferentes modalidades sensoriais; prosódia, envolvendo habilidades relacionadas à associação e interpretação dos padrões supra-segmentais, não-verbais, da mensagem recebida, como ritmo, entonação, expressão facial, ênfase e contexto; e organização de saída, envolvendo um conjunto de habilidades de seriação, organização e evocação de informações auditivas para o planejamento e emissão de respostas (Alvarez et al. 2000). Segundo Pereira (1997) os tipos de desordens encontrados no processamento auditivo são: Decodificação, prejuízo dos processos envolvidos na aquisição de conhecimentos pela habilidade de integrar auditivamente eventos sonoros; Codificação, prejuízo dos processos envolvidos na aquisição de conhecimentos adquiridos pela habilidade de integração de informações sensoriais auditivas e das auditivas com outras informações sensoriais não-auditivas, como por exemplo, as visuais; Organização, prejuízo dos processos envolvidos na aquisição de conhecimentos adquiridos com a habilidade de sequencializar eventos sonoros no tempo. Shinn (2003) descreve o processamento auditivo temporal, que pode ser definido como a percepção do som ou alteração deste dentro de um intervalo limitado de tempo. A autora aborda quatro categorias importantes para o processamento temporal: ordenação temporal, que se refere à percepção de estímulos em sua ordem de ocorrência; discriminação ou resolução temporal, que se refere ao menor intervalo de tempo que uma pessoa pode discriminar sinais auditivos distintos; mascaramento temporal, que é a mudança no limiar de um som na presença de outros estímulos subseqüentes; integração temporal, que é a habilidade do sistema auditivo em adicionar informação ao longo do tempo para aumentar a detecção ou a discriminação do estímulo. Alguns fatores como cansaço, atenção, memória e escolaridade podem interferir nas respostas dos testes do processamento auditivo. O estudo de Silveira et. al. (2004) selecionou 226 indivíduos adultos e idosos de acordo com suas Revisão de Literatura 27 ocupações profissionais. O objetivo deste estudo foi caracterizar os processos auditivos de memória, interação e integração em indivíduos adultos e idosos de diferentes níveis ocupacionais na avaliação simplificada do processamento auditivo central e teste dicótico de dígitos, considerando-se as variáveis: sexo, grupo etário, detecção normal, rebaixamento auditivo e em diferentes níveis ocupacionais. Nos resultados as autoras observaram diferenças estatisticamente significantes, com piores resultados para orelha esquerda, em idosos e nos grupos de níveis ocupacionais de profissões semi- especializadas e não-especializadas. Concluíram que os indivíduos que fazem uso diário de suas habilidades mentais apresentaram desempenho significativamente melhor, quando comparados com os indivíduos que ocupam cargos que não exigem uso diário das funções mentais. Existem vários testes que avaliam as habilidades do processamento auditivo, porém descreveremos quatro testes que foram utilizados para este estudo. O teste SSW avalia as habilidades auditivas de memória para sons em seqüência e figura-fundo para sons verbais (Borges, 1986). As modalidades envolvidas são a auditiva e produção motora da fala (Pereira e Schochat, 1997). O teste SSW é um procedimento proposto para avaliar a integridade central, isto é, verificar a presença de algum impedimento na função auditiva central e sua padronização de resultados é coerente entre as faixas de 5 e 70 anos de idade (Borges, 1997). Marotta et. al. (2002), avaliaram o processamento auditivo de pessoas com audição normal, por meio do teste SSW em grupos com (grupo controle) e sem (grupo de estudo) presença de reflexos acústicos contralaterais. Na comparação do número de erros entre as orelhas direita e esquerda competitivas (DC e EC), os autores encontraram diferença estatisticamente significantes no grupo controle com pior desempenho para EC, mas não observaram esta diferença entre as orelhas no grupo de estudo. Já o teste de Fala com Ruído Branco tem como objetivo principal medir a função performance-intensidade, comparando o reconhecimento de fala sem e com a presença de ruído. O teste de fala com ruído verifica os mecanismos de atenção seletiva por meio de uma tarefa de atenção monoaural (Pereira e Schochat e 1997). A habilidade auditiva testada é a de fechamento, isto é, habilidade de compreender uma conversação em ambiente ruidoso. Revisão de Literatura 28 O teste de padrão de freqüência (TPF) e o teste de padrão de duração (TPD) têm por objetivo fazer com que o ouvinte reconheça contornos acústicos (Frota e Pereira, 2005). Avaliam a habilidade auditiva de ordenação temporal, e o mecanismo fisiológico auditivo avaliado é o de reconhecimento de padrão de sons, que também é denominado de processamento temporal. Musiek (2002) descreveu um guia com dez etapas para a realização do teste de padrão de freqüência, cujo padrão de normalidade para pessoas com 11 anos ou mais, a porcentagem de acertos esperada é de 75%. Schochat e Musiek (2006) avaliaram 150 indivíduos entre 7 e 16 anos, objetivando estudar o efeito da maturação no comportamento dos testes de padrão de freqüência e duração. Os autores observaram melhora significativa de performance nos testes até 12 anos, as diferenças entre os percentuais obtidos nas idades de 12 a 16 anos não foram significativas. Os percentuais encontrados para maiores de 14 anos no teste de padrão de freqüência foram 76,67% para orelha direita e 76,41% para a esquerda, e no teste de padrão de duração foram 73,15% para orelha direita e 72,74% para a orelha esquerda. O GIN é um teste de resolução temporal e que também avalia o processamento temporal. O padrão de normalidade do GIN foi proposto por Samelli (2005), que estudou 100 adultos com audição normal com idade entre 18 e 31 anos. De acordo com este padrão, a média geral dos limiares de gap de foi de 3,98 ms. Foi definido um intervalo de confiança (limite mínimo e máximo) para cada faixa-teste. Na faixa-teste 1, que é realizado na orelha direita, a média dos limiares de detecção de gap foi de 3,73 - 4,01 ms. Na faixa-teste 2, que é realizado na orelha esquerda, a média foi de 3,9 - 4,18 ms. A média geral das porcentagens de acertos foi de 78,89%. As porcentagens médias de acertos na faixa-teste 1 foi de 78,14 - 80,52 % e na faixa-teste 2 foi de 77,34 – 79,66%. O estudo de Zaidan et. al.(2008), comparou o desempenho de adultos jovens normais em dois testes de resolução temporal (RGTD e GIN). Os autores não encontraram diferenças estatisticamente significantes entre as orelhas para o teste GIN. Liporaci (2009) avaliou o processamento auditivo em idosos através de testes de resolução temporal (Gaps in Noise). A autora dividiu os participantes em um grupo único e também em três grupos denominados G1, G2 e G3. De acordo com os resultados audiométricos, classificou o G1 (audição normal para as médias de Revisão de Literatura 29 0,5/1/2 kHz e de 3/4/6 kHz), o G2 (perda auditiva de grau leve) e o G3 (perda auditiva de grau moderado). Nos resultados encontrados para o teste GIN, em toda a amostra, as médias de limiar de detecção de gap e de porcentagem de acertos foram de 8,1 ms e 52,6% para a orelha direita e de 8,2 ms e 52,2% para a orelha esquerda. No G1, estas medidas foram de 7,3 ms e 57,6% para a orelha direita e de 7,7 ms e 55,8% para a orelha esquerda. No G2, estas medidas foram de 8,2 ms e 52,5% para a orelha direita e de 7,9 ms e 53,2% para a orelha esquerda. No G3, estas medidas foram de 9,2 ms e 45,2% para as orelhas direita e esquerda. Com estes resultados, concluiu que a presença de perda auditiva elevou os limiares de detecção de gap e diminuiu a porcentagem de acertos de forma estatisticamente significante no teste GIN. Porém mesmo o G1 que apresentou audição normal, os limiares do teste GIN se apresentaram acima dos padrões de normalidade. 3.4. Efeitos das substâncias químicas no processamento auditivo Teixeira (2000) investigou as alterações auditivas a nível periférico e central de agentes de saúde, que trabalhavam com diversos inseticidas no combate aos vetores Aeds aegypti e tryatomineos, nas campanhas das doenças de dengue, febre amarela e Chagas em Pernambuco. Os indivíduos foram avaliados através do teste de audiometria tonal, imitanciometria, do teste comportamental central de padrão de duração (TPD) e de padrão de freqüência (TPF). Os resultados evidenciam que as exposições crônicas a esses inseticidas, afetam o sistema auditivo no nível periférico e central, independentemente da exposição concomitante ao ruído e que o ruído potencializa os efeitos deletérios do inseticida no nível auditivo periférico. O estudo demonstrou que a exposição ocupacional a organofosforados e piretróides é capaz de induzir alterações auditivas estatisticamente significantes no nível central. Como existem poucos estudos que fazem a correlação entre a exposição de agrotóxicos organofosforados e as alterações do processamento auditivo, faremos uma breve revisão sobre quais outras substâncias afetam o sistema auditivo a nível central. Fuente e McPherson (2007) realizaram um estudo que teve o objetivo de avaliar a eventual desordem do processamento auditivo e as possíveis dificuldades auditivas na vida quotidiana que podem adquirir os trabalhadores expostos a solventes. Foi avaliado o processamento auditivo de 100 trabalhadores, nos quais 50 eram expostos a uma mistura de solventes orgânicos (xileno, tolueno, metil etil Revisão de Literatura 30 cetona) e 50 que não eram expostos. Os indivíduos eram acompanhados por idade, sexo e escolaridade. Os testes utilizados foram: dicótico de dígitos, fala filtrada, random gap detection (RGDT), Hearing-in-noise (HINT), pitch pattern sequence (PPS). Os autores encontraram diferenças significativas na avaliação do processamento auditivo entre os trabalhadores expostos e os não-expostos. Estes últimos obtiveram melhores resultados nos testes de processamento auditivo do que os expostos. No entanto, os trabalhadores expostos ainda apresentaram limiares de audição normais (igual ou melhor que 20 dB NA). Este estudo constatou que indivíduos expostos a solventes podem adquirir um distúrbio do processamento auditivo e, assim, a utilização exclusiva de audiometria tonal é insuficiente para avaliar a audição na população exposta a solventes. Num outro estudo (Jacob et. al, 2000), que buscou investigar os efeitos da exposição simultânea ao chumbo e ao ruído sobre o sistema nervoso auditivo central em 43 trabalhadores de uma fábrica de baterias no Brasil, foram utilizados os seguintes procedimentos: medida do nível de chumbo em sangue, Audiometria Tonal, Testes como Dicótico de Dígitos, Identificação de Sentenças Competitivas (SSI), Escuta Dicótica de Dissílabos (SSW), e Fala Filtrada. Destes 43 participantes da pesquisa, 17 estavam expostos a níveis de ruído de 96 dB NA, e 26 estavam expostos a ruído (84 dB NA) e chumbo. Os testes comportamentais que avaliaram as habilidades auditivas de fechamento, figura-fundo e memória seqüencial, evidenciaram as diferenças entre os grupos, pois as alterações foram mais prevalentes entre os trabalhadores expostos aos dois agentes. Dutra (2008) avaliou o processamento auditivo de 52 adolescentes de ambos os sexos, de escolas Municipais e Estaduais e residentes do Município de Poconé/MT. Os adolescentes estavam matriculados no 9º ano do ensino fundamental e apresentavam idade entre 13 e 16 anos e limiares auditivos dentro dos padrões de normalidade. O grupo de estudo (GE) foi composto por 21 adolescentes, sendo classificados como expostos àqueles que referiram trabalhar na queima dos amálgamas de ouro-mercúrio, re-queimar ouro em lojas que comercializam este metal ou residir próximos às áreas de garimpos e às lojas que comercializam ouro. E, como grupo de comparação (GC), foram selecionados 31 adolescentes que não apresentaram história de exposição ao mercúrio. O estudo mostrou que o GE apresentou limiares auditivos inferiores aos do GC. As diferenças de desempenho na avaliação do processamento auditivo central entre o GE e o GC Revisão de Literatura 31 foram estatisticamente significantes para o teste de memória seqüencial para sons não verbais, para os testes de padrão de freqüência e de duração e para o SSW. Os adolescentes expostos ao mercúrio metálico apresentaram desempenho significativamente inferior aos não expostos para a maioria dos testes do processamento auditivo central e a principal alteração encontrada nessa população foi no processamento de sons breves e sucessivos. Métodos 4. Métodos A pesquisa trata-se de um estudo epidemiológico descritivo em 59 trabalhadores rurais de ambos os gêneros que são expostos ocupacionalmente e ambientalmente ao organofosforado, com faixa etária entre 18 e 59 anos, que é a idade ocupacionalmente ativa. Esta faixa etária (até 59 anos) foi escolhida com intuito de limitar alterações relacionadas à idade, como, por exemplo, a presbiacusia. Os testes foram realizados em cabina acústica, em uma sala cedida pela prefeitura local. Realizou-se anamnese, meatoscopia, avaliação audiológica básica e testes para avaliar o processamento auditivo central. Foram incluídos na pesquisa os indivíduos que não apresentaram passado de cirurgia otológica, doenças psiquiátricas e que não tiveram exposição e/ou trabalhado anteriormente com outros produtos químicos. 4.1. População de estudo e local Para avaliar o processamento auditivo em indivíduos ocupacionalmente expostos ao organofosforado foram escolhidos trabalhadores rurais que residem no município de Sapucaia, que se localiza na Região Centro-Sul do Estado do Rio de Janeiro com uma área territorial de aproximadamente 538 km2, tendo como municípios limítrofes Além Paraíba, Carmo, Chiador, São José do Vale do Rio Preto, Sumidouro e Três Rios. Estes trabalhadores se expõem a organofosforados desde a infância, em sua maioria. Todos os indivíduos foram avaliados após sua rotina de trabalho, ou seja, após trabalhar entre 4 e 8 horas expostos ao OF. 4.2. Anamnese Foi utilizado um questionário (apêndice B) que avaliou o histórico de vida e ocupacional do indivíduo com perguntas relativas a dados pessoais, estado de saúde geral do trabalhador e sobre seu trabalho, como: tempo de serviço, uso de equipamentos de proteção, uso de medicamentos e detalhes sobre a exposição ao OF. 4.3. Avaliação audiológica básica Nesta etapa, todos os indivíduos foram submetidos à meatoscopia, com objetivo de excluir indivíduos com rolha de cera; audiometria tonal, para que fosse analisado o limiar de audibilidade do individuo, que deveria estar igual ou melhor do que 25 dB NA, segundo o padrão da Portaria 19 (1998) nas freqüências de 250 a 8.000 Hz; limiar de reconhecimento de fala (SRT – Speech reception treshold), excluindo respostas incompatíveis com a média tonal de 500, 1.000 e 2.000 Hz. Os equipamentos utilizados foram um otoscópio da marca Welch Allyn, uma cabina acústica portátil, da marca Vibrasom e um audiômetro de um canal, da marca Qualitone, modelo WRC, com fone TDH - 39 e coxim MX-41, calibrado segundo o padrão ANSI – 69. A realização da audiometria tonal limiar seguiu o método descendente recomendado por Frota (2003), e iniciou-se pela orelha direita ou pelo lado de melhor acuidade auditiva relatada pelo indivíduo. O Protocolo desta avaliação encontra-se no anexo 2. Foram incluídos no estudo os indivíduos que apresentaram meatoscopia normal, limiares auditivos menores ou iguais a 25 dB NA nas freqüências de 250, 500, 1.000, 2.000, 3.000, 4.000, 6.000 e 8.000 Hz, de acordo com a Portaria 19/1998. 4.4. Avaliação do processamento auditivo Esta avaliação foi realizada com o equipamento Processamento Auditivo 2004, da marca Acústica Orlandi, acoplado a um CD player Philips. Foram utilizados os estímulos gravados nos dois CDs do livro “Processamento auditivo central: Manual de avaliação de Pereira e Schochat, 1997, CD Teste de padrão de freqüência e teste de padrão de duração (Musiek, 1999) e CD Teste Gaps-in-noise (Musiek, 2003). Os indivíduos foram submetidos a alguns testes de processamento auditivo, como o SSW, Teste de Fala com Ruído Branco, TPF, TPD e GIN, que avaliam as habilidades auditivas e que serão descritas a seguir. Todos os testes foram realizados iniciando pela orelha direita, seguindo o protocolo de cada um, exceto os testes de padrão de freqüência e padrão de duração, que foi realizado nas duas orelhas simultaneamente. Os protocolos dos testes encontram-se no anexo 3. 4.4.1. SSW (Staggered Spondaic Word Test) O teste, proposto por Borges (1986), é composto por 40 itens e cada item formado por quatro dissílabos paroxítonos, totalizando 160 vocábulos. Em cada item, há a apresentação de duas palavras em cada orelha, sendo que ocorre uma sobreposição parcial, ou seja, a segunda sílaba da segunda palavra e a primeira sílaba da terceira palavra são enviadas simultaneamente a orelhas opostas. O teste foi realizado a 50 dB acima do limiar tri tonal, considerando-se as médias das freqüências de 500, 1000 e 2000 Hz. Foi utilizado o CD 2 faixa 6 (Pereira e Schochat, 1997). Os indivíduos receberam previamente a seguinte instrução: "Você vai ouvir duas palavras em cada orelha. Depois que todas as 4 palavras forem ditas, repita-as na mesma ordem em que as ouviu". Analisando a resposta para cada uma das 160 palavras testadas, foi considerada individualmente cada uma como certa ou errada. Na análise dos resultados, são avaliados os números de erros e o número de inversões. Segundo Borges (1997) existem 3 tipos de erros: Omissão, quando a palavra dita não é repetida; substituição, quando a palavra dita é substituída por outra; e distorção, quando a palavra dita é substituída por um som ou um grupo de sons que não representam a palavra. Utilizaram-se os valores de normalidade do teste SSW, segundo Pereira (1997). Segundo este padrão, se o número de acertos for maior ou igual 90%, o teste é considerado normal; se o número de acertos variarem de 80 a 89% considera-se alteração de grau leve; se variar de 60 a 79%, a alteração é de grau moderado, e se variar de 0 a 59%, é considerada alteração de grau severo. 4.4.2. Teste de fala com ruído branco (F/R) Como estímulo verbal, foi utilizado uma lista de 25 monossílabos proposta por Mangabeira-Albernaz & Pen (1973). O teste foi realizado utilizando o CD número 1, faixa 2 (Pereira e Schochat, 1997). Neste teste, inicialmente os monossílabos são apresentados sem competição sonora em cada orelha e depois, são apresentados simultaneamente ao ruído branco na mesma orelha, ou seja, ipsilateralmente numa relação fala/ruído de +5 dB. Pedimos ao indivíduo para repetir as palavras ouvidas. Para interpretação dos resultados, comparamos os acertos obtidos tanto na competição com o ruído com aqueles obtidos na ausência de ruído. Consideraram-se normais os testes onde os índices de acertos foram iguais ou acima de 80% quando não havia competição com ruído branco e igual ou acima de 70% quando havia competição. 4.4.3. Testes de Padrão de Freqüência e Teste de Padrão de Duração Para o TPF, os estímulos são tons baixos (880 Hz) e altos (1122 Hz), com duração de 500 ms e intervalos entre os dois tons de 300 ms. Os dois tons são apresentados em grupos de três com seis seqüências possíveis (AAG, AGA, AGG, GAA, GAG, GGA). São apresentados bilateralmente, trinta estímulos a um nível de 50 dB NS, totalizando 60 itens do teste. A intensidade dos estímulos será baseada na média aritmética dos limiares de audibilidade obtidos para as freqüências sonoras de 500, 1.000 e 2.000 Hz. Solicitou-se aos indivíduos que identificassem cada item da série por meio de resposta oral, nomeando grave e agudo ou fino e grosso em cada um dos estímulos da série. Utilizou-se o CD Musiek (1997) faixa 5. Para o TPD, que também foi proposto por Musiek em 1990, emitiu-se um som longo de 500 ms e um som curto de 250 ms, ambos na freqüência de 1000 Hz, a 50 dB NS, totalizando 30 itens do teste apresentados bilateralmente. A freqüência é mantida constante em 1000 Hz. Há seis possibilidades (LLC, LCL, LCC, CLL, CLC, CCL) de combinações que são repetidas varias vezes e apresentadas aleatoriamente. Os indivíduos devem identificar cada item da série por meio de resposta oral, nomeando cada um dos estímulos como curto e longo. Uilizou-se o CD Musiek (1997) faixa 7. Considerou-se normais os testes que obtiveram índice de acertos acima de 75%, segundo o padrão sugerido por Musiek (2002). 4.4.4. GIN (Gaps-in-Noise) O GIN é um teste de resolução temporal que envolve a apresentação monoaural de 0 – 3 gaps com duração entre 0 e 20 ms inseridos em segmentos de seis segundos de ruído branco. O objetivo deste teste é determinar o liminar de detecção de gap. O limiar de detecção do gap é o menor intervalo detectado em quatro das seis apresentações de determinada duração (Musiek et.al., 2005). A duração do limiar de gap segundo Samelli (2009), quando estabeleceu um critério de normalidade para o teste GIN em adultos com audição normal, foi de 3,98 ms. O GIN é composto por uma lista de treinamento e quatro listas testes, uma para cada orelha (Zaidan et al., 2008). Para a realização deste teste utilizou-se as faixas-testes 1 e 2 do CD Musiek, 2003, que correspondem aos testes da orelha direita e esquerda, respectivamente. A instrução ao paciente foi: “Você vai ouvir um ruído, e no meio do ruído haverá gaps que são intervalos de silêncio. Você deve prestar muita atenção, pois estes intervalos são extremamente rápidos. Cada vez que perceber um intervalo de silêncio, levante a mão”. As respostas certas foram computadas por faixa-teste, ou seja, por orelha. Os resultados foram anotados numa folha de registro específica (Anexo D). O passo seguinte foi determinar a quantidade de gap detectados nas faixasteste, considerando todos os 6 gaps existentes para cada intervalo em ms que totaliza 60 gaps. Considerou-se o limiar de detecção de gap como sendo o menor gap percebido em pelo menos 67% das apresentações, ou seja, quatro vezes, já que cada gap aparece seis vezes em cada faixa-teste (Musiek, 2005). 4.5. Análise dos dados A análise estatística foi composta pelos seguintes métodos: - para verificar se existe variação significativa nas medidas da audiometria e dos testes SSW, FR e GIN da orelha direita para a esquerda foi utilizado o teste dos postos sinalizados de Wilcoxon; e - para verificar se existe diferença significativa nas medidas entre faixas etárias (≤ 34 anos e > 34 anos) ou entre faixas de escolaridade (≤ 3ª série e > 3ª série) foi aplicado o teste de Mann-Whitney. Foram utilizados métodos não paramétricos, pois as variáveis não apresentaram distribuição normal (distribuição Gaussiana), devido a dispersão dos dados, natureza ordinal e/ou falta de simetria da distribuição. O critério de determinação de significância adotado foi o nível de 5%. A análise estatística foi processada pelo software estatístico SAS® System versão 6.11 (SAS Institute, Inc., Cary, North Carolina). 4.6. Aspectos Éticos O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro sob parecer número 143/2009, considerando os aspectos éticos recomendados pela Resolução 196/96 sobre Pesquisa envolvendo seres humanos, incluindo entre outros, a obtenção do Consentimento Livre e Esclarecido dos indivíduos (Apêndice A). Assegura que a participação não acarretará nada que puder levar a danos físicos, psíquicos, morais, intelectuais, sociais, culturais ou espirituais dessas pessoas. Resultados Resultados 40 5. RESULTADOS Inicialmente traçou-se um perfil da população estudada e suas características epidemiológicas. Dos 59 trabalhadores estudados (Apêndice C), 63% eram do sexo masculino e 37% do sexo feminino. A faixa etária média foi de 39 anos. A faixa de escolaridade variou desde analfabetos ao ensino médio completo, porém a maioria dos trabalhadores estudou até a 4ª série do ensino fundamental (Figura 1). Figura 1. Nível escolar dos trabalhadores expostos a organofosforados Legenda- SF: Série Fundamental; A: Analfabeto; EMC: Ensino Médio Completo Para facilitar a leitura e a análise, os resultados foram divididos em duas partes, sendo a primeira relacionada com a audiometria tonal e a segunda, aos testes do processamento auditivo. Parte I – Audiometria tonal Inicialmente apresentou-se um perfil geral dos trabalhadores excluídos (tabela 1), fornecendo a média, desvio padrão (DP), mediana, mínimo e máximo dos limiares tonais por orelha. Resultados 41 Orelha esquerda Orelha direita Tabela 1. Medidas de tendência central da audiometria tonal na amostra dos trabalhadores excluídos. Variável N Média DP Mediana Mínimo Máximo Idade (anos) 16 48,3 5,1 48,5 37 58 Audio 250 Hz - OD (dB) 16 16,9 6,6 15 5 30 Audio 500 Hz - OD (dB) 16 15,3 8,1 10 10 35 Audio 1 KHz - OD (dB) 16 17,2 8,4 15 5 35 Audio 2 KHz - OD (dB) 16 18,4 10,8 15 10 45 Audio 3 KHz - OD (dB) 16 26,3 14,2 22,5 10 60 Audio 4 KHz - OD (dB) 16 38,8 15,8 42,5 10 55 Audio 6 KHz - OD (dB) 16 40,0 16,6 40 15 65 Audio 8 KHz - OD (dB) 16 34,4 15,3 40 10 55 Audio 250 Hz - OE (dB) 16 18,8 5,0 20 10 25 Audio 500 Hz - OE (dB) 16 15,9 4,9 15 10 25 Audio 1 KHz - OE (dB) 16 16,9 8,3 15 5 40 Audio 2 KHz - OE (dB) 16 19,7 13,7 12,5 10 50 Audio 3 KHz - OE (dB) 16 28,8 16,4 20 5 60 Audio 4 KHz - OE (dB) 16 37,2 13,4 35 15 55 Audio 6 KHz - OE (dB) 16 42,2 8,8 42,5 20 55 Audio 8 KHz - OE (dB) 16 35,9 14,5 37,5 10 55 DP: Desvio Padrão Na tabela 2, traçou-se um perfil audiométrico dos pacientes que foram incluídos na pesquisa e comparamos os resultados entre as duas orelhas. Resultados 42 Tabela 2. Análise da variação (OD-OE) nas medidas nas medidas de tendência central da audiometria tonal dos trabalhadores incluídos. Variável n Média DP/EP Mediana Mínimo Máximo Audio 250 Hz - OD (dB) 43 13,6 4,9 15 5 25 Audio 250 Hz - OE (dB) 43 12,2 4,3 10 5 20 Audio 250 Hz - delta (dB) 43 1,40 0,69 0 -10 10 Audio 500 Hz - OD (dB) 43 12,9 4,9 10 5 25 Audio 500 Hz - OE (dB) 43 12,4 4,5 10 5 25 Audio 500 Hz - delta (dB) 43 0,47 0,52 0 -5 10 Audio 1 KHz - OD (dB) 43 11,5 5,2 10 0 25 Audio 1 KHz - OE (dB) 43 11,0 5,1 10 0 25 Audio 1 KHz - delta (dB) 43 0,47 0,70 0 -10 10 Audio 2 KHz - OD (dB) 43 11,1 4,6 10 5 20 Audio 2 KHz - OE (dB) 43 10,8 5,0 10 0 20 Audio 2 KHz - delta (dB) 43 0,26 0,62 0 -10 10 Audio 3 KHz - OD (dB) 43 12,3 5,0 10 5 20 Audio 3 KHz - OE (dB) 43 12,7 6,4 10 0 25 Audio 3 KHz - delta (dB) 43 -0,35 0,71 0 -15 10 Audio 4 KHz - OD (dB) 43 13,3 6,6 10 0 25 Audio 4 KHz - OE (dB) 43 15,1 6,6 15 5 25 Audio 4 KHz - delta (dB) 43 -1,86 0,88 0 -15 15 Audio 6 KHz - OD (dB) 43 16,4 6,6 15 5 25 Audio 6 KHz - OE (dB) 43 15,9 7,1 15 5 25 Audio 6 KHz - delta (dB) 43 0,47 1,00 0 -10 15 Audio 8 KHz - OD (dB) 43 13,3 7,3 15 0 25 Audio 8 KHz - OE (dB) 43 12,8 6,2 10 0 25 Audio 8 KHz - delta (dB) 43 0,47 0,97 0 -15 15 p valor 0,061 0,50 0,59 0,71 0,73 0,026 0,65 0,65 DP: desvio padrão; EP: erro padrão para o delta Observou-se que na freqüência de 4KHz, a OD apresentou-se significativamente melhor que a OE (p = 0,026), apesar de ambas estarem dentro dos valores normais. Não existe variação significativa, ao nível de 5%, nas demais medidas entre as orelhas. Resultados 43 Nas figuras 2 e 3 comparou-se a audiometria tonal dos pacientes incluídos e excluídos e as diferença entre a OD e a OE, respectivamente, em cada freqüência testada. Figura 2. Valores médios da audiometria tonal na orelha direita dos trabalhadores incluídos e excluídos Figura 3. Valores médios da audiometria tonal na orelha esquerda dos trabalhadores incluídos e excluídos Parte II – Resultado dos testes de Processamento Auditivo Teste SSW A tabela 3 fornece a média, desvio padrão ou erro padrão (DP/EP), mediana, mínimo e máximo das medidas na orelha direita (OD), orelha esquerda (OE), delta absoluto (OD-OE) e o correspondente nível descritivo (p valor) do teste dos postos sinalizados de Wilcoxon, para o teste SSW. Resultados 44 Tabela 3. Análise da variação (OD-OE) nas medidas nas medidas de tendência central do teste SSW. Variável n Média DP/EP Mediana Mínimo Máximo SSW - OD (%) 43 79,0 18,7 85 20 100 SSW - OE (%) 43 79,7 16,2 82,5 30 97,5 SSW - delta (%) 43 -0,62 2,18 0 -50 42,5 p valor 0,90 DP: desvio padrão; EP: erro padrão para o delta Não se observou diferença estatisticamente significante entre as orelhas direita e esquerda neste teste. Na figura 4, apresentamos a distribuição do grau de alteração do processamento auditivo de acordo com o desempenho do teste SSW. Figura 4. Distribuição em porcentagem (%) do grau de alteração do processamento auditivo. A tabela 4 fornece a média, desvio padrão (DP) e mediana das medidas segundo a faixa de escolaridade (≤ 3ª série e > 3ª série) e o correspondente nível descritivo (p valor) do teste de Mann-Whitney, para o teste SSW. Tabela 4. Análise estatística das medidas de tendência central do teste SSW, segundo a faixa de escolaridade. Faixa ≤ 3a série (n=22) Variável Média ± DP Mediana Faixa > 3a série (n=21) Média ± DP Mediana p valor SSW - OD (%) 77,0 ± 17,3 85 81,1 ± 20,3 82,5 0,18 SSW - OE (%) 73,6 ± 18,0 78,8 86,0 ± 11,6 92,5 0,017 SSW Inversões 2,5 ± 3,4 1,5 1,1 ± 2,2 0 0,014 DP: desvio padrão Observou-se que a faixa de escolaridade ≤ 3ª série apresentou respostas piores para o teste SSW (p = 0,017) do que a faixa > 3ª série. O número de Resultados 45 inversões do teste SSW foi significativamente maior (p = 0,014) para a faixa ≤ 3ª série do que a faixa de escolaridade > 3ª série. Fala com Ruído Branco Na tabela 5 fornece a média, desvio padrão ou erro padrão (DP/EP), mediana, mínimo e máximo das medidas na orelha direita (OD), orelha esquerda (OE), delta absoluto (OD-OE) e o correspondente nível descritivo (p valor) do teste dos postos sinalizados de Wilcoxon, para o teste de Fala com Ruído Branco. Tabela 5. Análise da variação (OD-OE) nas medidas nas medidas de tendência central do teste Fala com Ruído. Variável n Média DP/EP Mediana Mínimo Máximo F/R - OD (%) 43 78,0 8,1 80 56 96 F/R - OE (%) 43 80,9 8,3 80 64 96 F/R - delta (%) 43 -2,98 1,12 -4 -16 16 p valor 0,012 DP: desvio padrão; EP: erro padrão para o delta Observou-se que a orelha esquerda apresentou respostas significativamente melhores que a orelha direita (p = 0,012), porém as duas orelhas obtiveram respostas dentro dos valores de normalidade. A tabela 6 fornece a média, desvio padrão (DP) e mediana das medidas segundo a faixa de escolaridade (≤ 3ª série e > 3ª série) e o correspondente nível descritivo (p valor) do teste de Mann-Whitney, para o teste de Fala com Ruído Branco. Tabela 6. Análise estatística das medidas de tendência central do teste de fala com ruído branco, segundo a faixa de escolaridade. Faixa ≤ 3a série (n=22) Variável Média ± DP Mediana Faixa > 3a série (n=21) Média ± DP Mediana p valor F/R - OD (%) 76,7 ± 9,4 78 79,2 ± 6,5 80 0,29 F/R - OE (%) 77,5 ± 8,3 78 84,6 ± 6,6 84 0,007 DP: desvio padrão A faixa ≤ 3ª série obteve respostas significativamente piores que a faixa > 3ª série na OE (p = 0,007). Resultados 46 Teste de Padrão de freqüência e Teste de Padrão de Duração A figura 5 ilustra as médias de acertos, expressas em porcentagem (%) do TPF e TPD. Figura 5. Médias de acertos do TPF e TPD A tabela 7 fornece a média, desvio padrão (DP) e mediana das medidas segundo a faixa de escolaridade (≤ 3ª série e > 3ª série) e o correspondente nível descritivo (p valor) do teste de Mann-Whitney, para os TPF e TPD respectivamente. Tabela 7. Análise estatística das medidas de tendência central do teste de PF e PD segundo a faixa de escolaridade. Faixa ≤ 3a série (n=22) Variável Média ± DP Mediana Faixa > 3a série (n=21) Média ± DP Mediana p valor PF 45,3 ± 26,0 36,6 49,2 ± 20,8 43,3 0,37 PD 51,6 ± 19,2 51,7 54,0 ± 25,1 56,6 0,84 DP: desvio padrão Não existe diferença significativa, ao nível de 5%, nas medidas entre as faixas de escolaridade para este teste. GIN A tabela 8 e 9 fornecem a média, desvio padrão ou erro padrão (DP/EP), mediana, mínimo e máximo das medidas na orelha direita (OD), orelha esquerda (OE), delta absoluto (OD-OE) e o correspondente nível descritivo (p valor) do teste dos postos sinalizados de Wilcoxon, para o teste GIN, analisando o menor gap detectado (tabela 8) e o percentual de acertos (tabela 9). Resultados 47 Tabela 8. Análise da variação (OD-OE) nas medidas nas medidas de tendência central do menor gap detectado no teste GIN entre as orelhas. Limiar (ms) n Média DP/EP Mediana Mínimo Máximo Faixa 1 OD 43 7,0 1,7 8 4 10 Faixa 2 OE 43 6,8 1,7 6 5 12 Limiar – delta 43 0,16 0,19 0 -3 2 p valor 0,33 DP: desvio padrão; EP: erro padrão para o delta Tabela 9. Análise da variação (OD-OE) nas medidas de tendência central segundo os percentuais de acertos do teste GIN entre as orelhas. % acertos (ms) n Média DP/EP Mediana Mínimo Máximo p valor 2 - OD (%) 2 - OE (%) 2 - delta (%) 3 - OD (%) 3 - OE (%) 3 - delta (%) 4 - OD (%) 4 - OE (%) 4 - delta (%) 5 - OD (%) 5 - OE (%) 5 - delta (%) 6 - OD (%) 6 - OE (%) 6 - delta (%) 8 - OD (%) 8 - OE (%) 8 - delta (%) 10 - OD (%) 10 - OE (%) 10 - delta (%) 12 - OD (%) 12 - OE (%) 12 - delta (%) 15 - OD (%) 15 - OE (%) 15 - delta (%) 20 - OD (%) 20 - OE (%) 20 - delta (%) 43 43 43 43 43 43 43 43 43 43 43 43 43 43 43 43 43 43 43 43 43 43 43 43 43 43 43 43 43 43 0 0 0 1,2 1,2 0,00 9,3 3,5 5,80 29,8 27,5 2,32 48,8 55,8 -6,97 81,0 85,6 -4,66 96,1 96,5 -0,39 96,5 98,4 -1,94 99,6 99,2 0,39 100,0 98,8 1,17 0 0 0 5,6 4,3 0,96 19,0 10,0 2,87 29,9 32,3 3,70 31,8 30,0 4,09 19,5 17,3 2,68 8,8 11,8 1,18 13,4 4,9 1,68 2,5 3,6 0,68 0,0 5,6 0,86 0 0 0 0 0 0 0 0 0 16,6 16,6 0 50 66,6 0 83,3 83,3 0 100 100 0 100 100 0 100 100 0 100 100 0 0 0 0 0 0 -16,6 0 0 -16,6 0 0 -66,6 0 0 -66,7 33,3 16,6 -33,4 66,6 33,3 -16,7 16,6 83,3 -66,7 83,3 83,3 -16,7 100 66,6 0 0 0 0 33,3 16,6 33,3 66,6 50 66,6 100 100 66,6 100 100 83,4 100 100 50 100 100 33,3 100 100 16,7 100 100 16,7 100 100 33,4 NSA 1 0,073 0,73 0,12 0,057 1 0,50 1 0,50 DP: desvio padrão; EP: erro padrão para o delta Nas tabelas 8 e 9, não observamos variação significativa ao nível de 5 % dos limiares e do percentual de acertos do teste GIN entre as orelhas. Apesar disso, as respostas de detecção de gap encontram-se piores do que as respostas esperadas segundo o padrão de normalidade. Resultados 48 A figura 6 expressa o desempenho por intervalo de gap na média de acertos, considerando as duas faixas de teste e as orelhas direita e esquerda expressa em percentual (%). Figura 6. Curva de desempenho do teste GIN por intervalo de gap. As tabelas 10 e 11 fornecem a média, desvio padrão (DP) e mediana das medidas segundo a faixa etária (≤ 31 anos e > 31 anos) e o correspondente nível descritivo (p valor) do teste de Mann-Whitney para o teste GIN segundo o menor gap detectado e segundo o percentual de acertos, respectivamente. Tabela 10. Análise estatística das medidas menor gap detectado do teste GIN segundo a faixa etária. Faixa ≤ 31 anos (n=18) Limiar (ms) Média ± DP Faixa 1 - OD 6,3 ± 1,7 6 Faixa 2 - OE 6,5 ± 2,1 6 Mediana Faixa > 31 anos (n=25) Média ± DP Mediana p valor 7,3 ± 1,7 8 0,066 7,0 ± 1,4 8 0,12 DP: Desvio Padrão Na tabela 10, não observamos diferença estatisticamente significante nas respostas de detecção de gap do teste GIN, segundo a faixa etária. Apesar disso, as respostas encontram-se piores do que as do padrão de normalidade. Resultados 49 Tabela 11. Análise estatística das medidas percentuais de acerto do teste GIN segundo a faixa etária. Faixa ≤ 31 anos (n=18) Faixa > 31 anos (n=25) % acertos Média ± DP 2 - OD (%) 0 ± 0 0 0 ± 0 0 1,0 3 - OD (%) 3,6 ± 9,6 0 0 ± 0 0 0,039 4 - OD (%) 14,3 ± 24,3 0 6,9 ± 15,7 0 0,34 Gin 5 - OD (%) 45,2 ± 31,0 50 22,4 ± 26,8 16,6 0,022 Gin 6 - OD (%) 65,4 ± 23,1 66,6 40,8 ± 32,6 33,3 0,020 Gin 8 - OD (%) 89,3 ± 20,3 100 77,0 ± 18,1 83,3 0,018 Gin 10 - OD (%) 96,4 ± 9,7 100 96,0 ± 8,5 100 0,67 Gin 12 - OD (%) 92,9 ± 22,4 100 98,3 ± 5,2 100 0,65 Gin 15 - OD (%) 100 ± 0 100 99,4 ± 3,1 100 0,48 Gin 20 - OD (%) 100 ± 0 100 100 ± 0 100 1,0 Mediana Média ± DP Mediana p valor Gin 2 - OE (%) 0 ± 0 0 0 ± 0 0 1,0 Gin 3 - OE (%) 2,4 ± 6,0 0 0,6 ± 3,1 0 0,19 Gin 4 - OE (%) 3,6 ± 9,6 0 3,4 ± 10,3 0 0,94 Gin 5 - OE (%) 36,9 ± 35,9 33,3 23,0 ± 30,0 0 0,20 Gin 6 - OE (%) 66,6 ± 27,8 66,6 50,5 ± 30,1 50 0,093 Gin 8 - OE (%) 86,9 ± 24,6 100 85,0 ± 12,9 83,3 0,091 Gin 10 - OE (%) 94,0 ± 18,0 100 97,7 ± 7,4 100 0,67 Gin 12 - OE (%) 97,6 ± 6,1 100 98,8 ± 4,3 100 0,43 Gin 15 - OE (%) 98,8 ± 4,5 100 99,4 ± 3,1 100 0,59 Gin 20 - OE (%) 97,6 ± 8,9 100 99,4 ± 3,1 100 0,56 DP: Desvio Padrão Já na tabela 11, observou-se que a faixa ≤ 31 anos apresentou um número percentual de detecções de gaps significativamente maior para o intervalo de 5 ms (p = 0,05) que a faixa > 31 anos na orelha direita, apesar de ainda estar abaixo dos 67% de detecções esperadas. Observou-se também que, nas duas faixas etárias, encontramos um percentual de acertos igual ou acima de 67% apenas a partir do intervalo de 8 ms. Não existe diferença significativa, ao nível de 5%, nas demais medidas entre as faixas etárias. As tabelas 12 e 13 fornecem a média, desvio padrão (DP) e mediana das medidas segundo a faixa de escolaridade (≤ 3ª série e > 3ª série) e o correspondente nível descritivo (p valor) do teste de Mann-Whitney, para o teste GIN. Resultados 50 Tabela 12. Análise estatística das medidas do limiar do teste GIN segundo a faixa de escolaridade. Faixa ≤ 3a série (n=22) Limiar (ms) Média ± DP Mediana Faixa > 3a série (n=21) Média ± DP Mediana p valor Faixa 1 - OD (ms) 7,3 ± 1,8 8 6,7 ± 1,7 6 0,21 Faixa 2 - OE (ms) 7,3 ± 1,8 8 6,3 ± 1,4 6 0,053 DP: Desvio Padrão Na tabela 12, não existe diferença significativa, ao nível de 5%, nas medidas entre as faixas de escolaridade. Tabela 13. Análise estatística das medidas do teste GIN (percentual de acertos) segundo a faixa de escolaridade Faixa ≤ 3a série (n=22) % de acertos Média ± DP Mediana Faixa > 3a série (n=21) Média ± DP Mediana p valor 2 - OD (%) 0 ± 0 0 0 ± 0 0 1,0 3 - OD (%) 1,5 ± 7,1 0 1 ± 4 0 1,0 4 - OD (%) 9,1 ± 19,7 0 9,5 ± 18,7 0 0,90 5 - OD (%) 26,5 ± 30,7 16,6 33,3 ± 29,3 16,6 0,36 6 - OD (%) 40,9 ± 34,4 25,0 57,1 ± 27,2 66,6 0,1 8 - OD (%) 75,7 ± 19,1 66,6 86,5 ± 18,7 100 0,042 10 - OD (%) 93,9 ± 11,0 100 98,4 ± 5,0 100 0,12 12 - OD (%) 93,9 ± 18,2 100 99,2 ± 3,6 100 0,16 15 - OD (%) 99 ± 4 100 100 ± 0 100 0,32 20 - OD (%) 100 ± 0 100 100 ± 0 100 1,0 2 - OE (%) 0 ± 0 0 0 ± 0 0 1,0 3 - OE (%) 0 ± 0 0 2,4 ± 6,0 0 0,069 4 - OE (%) 1,5 ± 4,9 0 5,5 ± 13,3 0 0,31 5 - OE (%) 21,2 ± 27,8 8,3 34,1 ± 35,9 33,3 0,29 6 - OE (%) 48,4 ± 27,7 50 63,5 ± 31,0 66,6 0,10 8 - OE (%) 80,3 ± 19,7 83,3 91,3 ± 12,5 100 0,017 10 - OE (%) 93,9 ± 15,9 100 99,2 ± 3,6 100 0,16 12 - OE (%) 97,7 ± 5,9 100 99,2 ± 3,6 100 0,32 5 - OE (%) 98,5 ± 4,9 100 100,0 ± 0,0 100 0,16 20 - OE (%) 97,7 ± 7,8 100 100,0 ± 0,0 100 0,16 DP: Desvio Padrão Resultados 51 Na tabela 13, observou-se que a faixa de escolaridade ≤ 3ª série apresentou limiar do GIN OD (p = 0,042) e GIN OE (p = 0,017) significativamente piores que a faixa de escolaridade > 3ª série. Não existe diferença significativa, ao nível de 5%, nas demais medidas entre as faixas de escolaridade. Pode-se dizer, que existe uma tendência (forte) da faixa de escolaridade ≤ 3ª série apresentar menor número de acertos (p = 0,053) que a faixa de escolaridade > 3ª série, na detecção do intervalo de 8 ms. Discussão Discussão 53 6. Discussão Neste capítulo apresentaremos uma análise crítica dos resultados referentes ao estudo da avaliação do processamento auditivo em trabalhadores rurais expostos ao organofosforado. Contudo, é válido ressaltar que os efeitos do OF no sistema nervoso central e a rota que esta substância percorre no organismo após exposição, são bem descritos na literatura e abordados por diversos autores (International Programme on Chemical Safety,1993; Ecobichon in Casarett and Doull’s, 2001; Ferrer, 2003; Pacheco-Ferreira, 2008). No entanto, estudos feitos com testes de processamento auditivo que descrevam os efeitos do OF sobre o SNAC são raros. As doenças do ouvido relacionadas ao trabalho podem ocorrer por fatores tóxicos (Ministério da Saúde, 2001) e o SNAC pode ser afetado por inúmeras condições de desenvolvimento e patológicas (Musiek e Baran, 2001). Por isso a importância de novas pesquisas serem realizadas priorizando o estudo da ototoxicidade ocupacional tanto dos OF quanto de outras substâncias químicas (Morata, 2003). Estudos mostram que o processo da informação auditiva se dá tanto na cóclea quanto em todo o SNC (Bonaldi, 2004). A avaliação audiológica ocupacional não é suficiente para detectar alterações do processamento auditivo (Marins, 2004), no entanto é necessário que as habilidades do processamento auditivo estejam íntegras para que o indivíduo possa interpretar o que ouve (Alvarez et al. 2000). Com relação a utilização do agrotóxico, outros fatores devem ser levados em consideração, como por exemplo, o modo como estes são misturados e diluídos (Assidi e Pinheiro, 2007; Silva et. al. 2005; Silva et. al. 2007). A utilização inadequada desta substância expõe o trabalhador aos perigos destes concentrados (Assidi e Pinheiro, 2005). Diante destes aspectos, nota-se que há necessidade de programas de treinamento adequado para estes pequenos agricultores, a fim de preservar sua saúde e de sua família. Para facilitar a exposição dos dados, obedeceremos a mesma ordem de apresentação dos resultados. Discussão 54 Parte I - Audiometria tonal Inicialmente, selecionamos 59 trabalhadores expostos a OF, moradores do município de Sapucaia. A partir da audiometria tonal, foram excluídos 16 trabalhadores (27%) do total da amostra inicial. Observou-se que, em média, os limiares tonais começaram a declinar (ficaram maiores que 25 dB NA) a partir da freqüência de 3 KHz bilateralmente (tabela1). Estes trabalhadores apresentaram perda auditiva sensorioneural que variou de grau leve a moderado bilateralmente (apêndice C). Este resultado está de acordo com alguns autores estudados (Manjabosco et al, 2004; Mello & Waismann, 2004). Na pesquisa de Hoshino (2008), foram encontradas alterações audiométricas nas freqüências de 6 e 8 KHz em 38,8% da população estudada. No estudo realizado por Guida et. al. (2009), os resultados da audiometria indicaram que os sujeitos da pesquisa não apresentaram perdas auditivas nas frequências de 500 Hz, 1 e 2 kHz, sendo que as perdas ocorreram nas frequências entre 3 e 8 kHz, diferentemente dos resultados encontrados no presente estudo, no qual dos 16 trabalhadores excluídos, 5 (31%) apresentaram queda dos limiares auditivos nas freqüências graves até 2 KHz. Notou-se também que 14 (87,5%) trabalhadores apresentaram perda bilateral e 2 (12,5%) apresentaram perda unilateral na OE. Analisando a audiometria tonal dos indivíduos que foram incluídos na pesquisa (apêndice D), observou-se que estes obtiveram limiares auditivos piores na frequência de 4.000 Hz na OE, apesar de apresentarem limiares normais em todas as frequências testadas (tabela 2). Uma hipótese para este resultado está no estudo de Alberti (1994), que considerou que a audição de adultos do sexo masculino é cerca de 4 dB (NA) mais baixa à esquerda em relação à orelha direita. Este pode ser o motivo no qual os limiares da orelha esquerda em 4000 Hz da amostra estejam piores que os demais. As figuras 2 e 3 mostram as diferenças dos limiares auditivos em cada frequência na OD e OE, respectivamente. Observa-se que todos os trabalhadores incluídos estavam dentro do padrão de normalidade, de 25 dB NA e que os trabalhadores excluídos apresentaram limiares audiométricos piores, principalmente nas frequências a partir de 3.000 Hz. Discussão 55 Parte II – Testes de Processamento Auditivo SSW Analisando as medidas de tendência central da tabela 3, percebemos que em média, os trabalhadores apresentaram valores que variaram de 20% a 100% de acertos na DC e de 30% a 97,5% de acertos na EC. A média geral de acertos, 79,0% na DC e 79,7% na EC, indica que estes trabalhadores, em média, tiveram alteração do processamento auditivo de grau moderado em ambas as orelhas. Este resultado não foi observado no estudo de Dutra (2008), pois o teste SSW do grupo de estudo apresentou em média, 88,57% de acertos na DC e 88,93% de acertos na EC, indicando alteração de grau leve. Porém a autora pesquisou adolescentes expostos a mercúrio metálico. Dois fatores podem possivelmente influenciar nesta diferença de resultados. O primeiro é o tipo de substância estudada e o segundo o tempo de exposição destas populações, visto que os adolescentes, por serem mais jovens, se expuseram menos tempo do que a população rural. Analisando os valores mínimos e os máximos, notou-se que os resultados variaram de normal ao grau severo, segundo a padronização proposta por Pereira (1997). Não observamos diferença estatisticamente significante entre as orelhas direita e esquerda para o teste SSW. Observando as porcentagens de acertos nas condições DC e EC (apêndice E), dos 43 trabalhadores estudados, 12 (28%) apresentaram respostas dentro dos valores normais e 31 (72%) apresentaram alterações do processamento auditivo. Estes valores parecem alarmantes se associados a estudos realizados em populações não expostas a produtos químicos. Encontramos 10 (23%) trabalhadores com alteração de grau leve, 11 (26%) com grau moderado e 10 (23%) com grau severo. A figura 4 ilustra a distribuição do percentual dos graus de alteração do processamento auditivo. O numero de inversões permitidas para indivíduos acima de 9 anos para o teste SSW é de apenas uma, segundo o critério de Borges (1997). Porém, observamos que 16 trabalhadores (37%) apresentaram mais de uma inversão, indicando alteração da habilidade de ordenação temporal. Dutra (2008) também observou diferenças estatisticamente significantes no número de inversões entre o GE e o GC, no qual este último apresentou menos inversões que o primeiro. Quanto ao comprometimento das orelhas, 14 (45%) apresentaram alteração bilateralmente, 11 (35,5%) apresentaram alteração apenas na EC, e 6 (19,5%) Discussão 56 apresentaram alteração apenas na DC, mostrando que a EC obteve pior desempenho no teste SSW. Este achado está de acordo com outros estudos realizados (Marotta et.al., 2002; Silveira et. al., 2004) onde a EC obteve respostas piores que a DC. Dado ao exposto observou-se que a maioria destes trabalhadores teve alteração no índice do número de acertos do teste SSW, que avalia a capacidade do indivíduo em decodificar os sons, ou seja, avalia a habilidade de integrar auditivamente eventos sonoros e pode ser considerada como um déficit em memória sensorial do código da língua. Segundo Pacheco-Ferreira (2008), os efeitos neuropsicológicos causados pelo OF abrangem uma variedade de distúrbios cognitivos, entre eles a concentração, memória e processamento de informações. Este relato pode justificar a alteração processamento auditivo destes indivíduos. O teste SSW avalia as habilidades de figura-fundo e memória seqüencial verbal utilizando palavras dissílabas apresentadas de forma dicótica. Segundo o estudo de Silveira (2004), que comparou indivíduos com diferentes níveis intelectuais, aqueles com baixo nível intelectual tiveram piores resultados nos testes de processamento auditivo do que aqueles com maior nível. Por isso, optamos por estudar se o grau de escolaridade poderia influenciar nas respostas do percentual de acertos nas duas orelhas. Na tabela 5, observou-se que houve diferença estatisticamente significante entre as faixas escolares. A faixa ≤ 3ª série apresentou respostas piores para o teste SSW comparando com a faixa > 3ª série na orelha esquerda. Além disso, o número de inversões foram maiores para a faixa de menor nível escolar. Talvez, se o nível de escolaridade destes indivíduos fosse maior, os resultados do teste teriam sido melhores, como foi observado no estudo citado acima. Sugerimos novos estudos sobre o assunto, pois acreditamos ser um fator de grande interferência para os testes de processamento auditivo. Fala com ruído Analisando o teste de fala com ruído branco, que avalia a habilidade auditiva de fechamento, observou-se que os valores mínimos e máximos do índice de acertos variaram de 56% a 96% na OD e de 64% a 96% na OE e que o índice de acertos na média geral nas duas orelhas, encontra-se acima de 70% (tabela 5). No estudo de Dutra (2008) não foram observadas diferenças entre o desempenho dos Discussão 57 GE e GC na habilidade de fechamento. Já no estudo de Jacob (2000) foi encontrada maior prevalência de alteração na habilidade auditiva de fechamento em indivíduos expostos a chumbo. Dos 43 trabalhadores estudados, 33 (77%) apresentaram o percentual de acertos dentro da normalidade, ou seja, acima de 70% de palavras reconhecidas (apêndice F) e 23% apresentaram este índice abaixo de 70%. A orelha esquerda obteve significativamente maior índice percentual de respostas certas do que a orelha direita (tabela 6). Este resultado corrobora com os achados de Dutra (2009) que apesar de não haver diferença significante entre as duas orelhas, o maior índice de acertos ocorreu na OE para o GE. No presente estudo, dos 10 trabalhadores que obtiveram respostas abaixo do padrão normal, 2 (5%) apresentaram erros bilateralmente, 3 (7%) tiveram erros apenas na OE e 5 (12%) apresentaram erros apenas na OD. Fuente e McPherson (2007) também encontraram alterações significativas entre os grupos expostos e não expostos a solventes no teste de fala com ruído, onde os expostos apresentaram pior desempenho. Com relação ao nível de escolaridade (tabela 6), nota-se que a faixa ≤ 3ª série apresentou menor índice de acertos na OE do que a faixa > 3ª série, apesar da média do índice de acertos para as duas faixas escolares estar dentro dos padrões de normalidade. Teste de Padrão de Freqüência e Teste de Padrão de Duração Estes testes têm como objetivo avaliar a ordenação temporal e o reconhecimento dos contornos acústicos (Frota e Pereira, 2005; Schochat e Musiek, 2006). A ordenação temporal se refere à percepção de múltiplos estímulos auditivos em sua ordem de ocorrência (Shinn, 2003). Têm sido recomendados como uma importante ferramenta para complementar o diagnóstico dos distúrbios do processamento auditivo. Neste estudo, a média geral de acertos do TPF foi de 47,18% e a média de acertos do TPD foi de 52,77% (gráfico 5). Este resultado corrobora com os achados de Dutra (2008), que também encontrou respostas piores do que o esperado, segundo o padrão de normalidade sugerido por Musiek (2002). Teixeira (2000) também avaliou trabalhadores expostos a estas substâncias por meio do TPF e TPD e encontrou alterações significativas ao nível central. Fuente Discussão 58 e McPherson (2007) encontraram pior desempenho destes testes em indivíduos expostos a solventes. Não foram encontradas diferenças estatisticamente significantes entre os níveis de escolaridade para TPF e TPD (tabela 7). Entretanto, observamos que o índice de acertos foi bem abaixo do esperado, de acordo com o critério de normalidade de Musiek (2002). No TPF, o índice de acertos variou de 0 a 96,6% e no TPD este índice variou de 3,3 a 100% (apêndice G). Tanto no TPF quanto no TPD, apenas 7 trabalhadores (16%) apresentaram respostas dentro dos padrões de normalidade em cada teste. A alteração destes testes sugere que a percepção do som ou da alteração do som dentro de um período restrito e definido de tempo (Shinn, 2002), ficou prejudicada. Durante a realização dos testes, por diversas vezes foi explicado o procedimento, porém foi comum encontrarmos respostas aleatórias e imprecisas, mesmo após treinamento. Mesmo não tendo significância, pudemos observar que os trabalhadores com maior nível escolar tiveram, em média, índice de acertos discretamente melhores que os de menor nível (tabela7). GIN Este teste é o mais novo dentro da bateria de testes do processamento auditivo e avalia a resolução temporal, que é a habilidade de uma pessoa em discriminar sinais acústicos num curto intervalo de tempo (Shinn, 2003). Na tabela 8, observou-se que os trabalhadores rurais estudados apresentaram em média, limares de 7,0 ms para orelha direita e 6,8 ms para a orelha esquerda (tabela 3). Estes dados chegam mais perto dos resultados do estudo de Liporaci (2009), porém esta autora avaliou idosos acima de 60 anos. Com relação a diferenças entre as orelhas direita e esquerda (tabela 9), não foram encontradas diferenças estatisticamente significantes, tanto nos limiares do teste GIN, quanto em cada intervalo de gap. Este dado está de acordo com o estudo de Zaidan et. al. (2008), que também não encontrou diferença estatisticamente significante nas respostas do GIN entre as orelhas. No presente estudo, notou-se que somente a partir do intervalo de gap de 8 ms, os trabalhadores apresentaram índice de detecções igual ou acima de 67% tanto na orelha direita, quanto na orelha esquerda. Discussão 59 Estes números mostram-se bem acima do padrão de normalidade descrito por Samelli (2005). Cabe ressaltar que o estudo desta autora, foi o único feito no Brasil com objetivo de determinar o padrão de normalidade do teste GIN, porém foi realizado em pessoas com idade até 31 anos. Por esta razão, neste estudo nos preocupamos em dividir a faixa etária da amostra no teste GIN. Uma hipótese para este resultado pode ser o nível de exposição ao organofosforado que estes trabalhadores se submetem, prejudicando assim a concentração, memória e processamento de informações (Pacheco-Ferreira, 2008). Esta afirmativa concorda com o relato de Manjabosco et al, (2004), que relata que produtos neurotóxicos lesam o componente central. Na tabela 10 nota-se que, em média, a diferença de idade não interferiu nos resultados deste teste. Porém, analisando separadamente cada intervalo de gap (tabela 11), observa-se que houve diferença significante nos intervalos de 3 ms, 5ms, 6 ms e 8ms entre a faixa etária maior e menor que 31 anos. Com relação ao nível de escolaridade, observa-se que não houve diferença estatisticamente significante nos limiares do teste GIN (tabela 12), porém o nível de escolaridade ≤ 3ª série, apresentou menor percentual de acertos que o nível de escolaridade > 3ª série, para o intervalo de 8 ms nas duas orelhas. Este resultado sugere que o nível de escolaridade influenciou na quantidade de detecções do gap para este intervalo. A utilização exclusiva de audiometria tonal limiar pode ser insuficiente para avaliar a audição em populações expostas ao organofosforado. Esta técnica é útil apenas para avaliar a capacidade de detecção do som. O uso dos testes de processamento auditivo, juntamente com a audiometria tonal limiar, é uma abordagem mais ampla na avaliação da audição periférica e central destes trabalhadores, levando em consideração as possíveis desordens do processamento auditivo e as dificuldades que os trabalhadores expostos podem adquirir para ouvir. Considerando os estudos discutidos e os resultados da presente pesquisa, nota-se a necessidade da implantação da vigilância em saúde do trabalhador e ambiental na região serrana do estado do Rio de Janeiro e o desenvolvimento de programas de capacitação para que essas substâncias sejam substituídas por alternativas ecológicas e sustentáveis, como por exemplo, a agricultura orgânica, de forma a proteger a saúde humana e o meio ambiente. Conclusão Conclusão 61 7. CONCLUSÃO Os trabalhadores expostos ao organofosforado apresentaram desempenho dos testes do processamento auditivo inferior ao esperado para os testes SSW, TPF, TPD e GIN, segundo os padrões de normalidade descritos anteriormente para cada teste. As principais habilidades auditivas alteradas foram as de figura-fundo e ordenação temporal, indicando que estes trabalhadores podem apresentar dificuldade em compreender uma conversa num ambiente ruidoso, principalmente ruídos de fala, e dificuldades na percepção do som ou alteração na percepção do som dentro de um intervalo limitado de tempo. Quanto ao grau de alteração do processamento auditivo, os trabalhadores apresentaram em média alteração de grau moderado. Isso indica uma possibilidade de haver lesão cortical envolvendo áreas de recepção auditiva, além de dificuldade moderada em acompanhar a conversação em condições ambientais desfavoráveis. Quanto ao tipo de desordem do processamento auditivo, verificou-se alteração na decodificação (número de acertos do teste SSW) e na organização (número significante de inversões no teste SSW, nos testes GIN, TPF e TPD), indicando, respectivamente, prejuízos na integração auditiva de eventos sonoros e na sequencialização de eventos sonoros no tempo. Portanto, o desempenho dos testes auditivos deve ser considerado como parte da bateria de testes audiológicos na avaliação dessas populações. Mais estudos são necessários para melhor caracterizar os danos induzidos pelo organofosforado nas vias auditivas centrais. Referência Referências AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Programa de análise de resíduos de agrotóxicos em alimentos: relatório anual 04/06/2001 – 30/06/2002. Brasília, 2002. ALAVANJA, M. C. R.; HOPPIN, J. A.; KAMEL, F. Health effects of chronic pesticide exposure: cancer and neurotoxocity. Rev. Public.Health, n. 25, p. 155-197, 2004. ALBERTI, P. 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Anexos Anexos 68 ANEXOS Anexo A – aprovação do CEP Anexos 69 Anexo B Audiometria tonal OD 250 500 1000 2000 3000 4000 6000 8000 OE Audiometria Vocal SRT: OD________dB OE________dB IRF: OD________% OE_________% Curvas timpanométricas: OD tipo ___ OE tipo ___ Reflexos Acústicos Contralateral OD Ipsilateral OD Contralateral OE Ipsilateral OE Anexos 70 Anexo C PADRÃO DE DURAÇÃO (Musiek, 1999) OE OD 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. LCL LLC CLL LLC CCL CLL LLC LCC CCL CLL CCL LCC CLL LCL LCC LLC 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30. 31. 32. 33. LCC CLC LLC LLC CCL CLL CLC LLC LLC LCL CCL LCC CLC LCL CLC CCL CLC 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. CCL CLC LCL CLL LCC CCL LCL LLC CLL LCC CLL CLC CCL LCC LLC CLL 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30. 31. 32. 33. LCL LCC LCL CLC CLC CCL CCL CLC LCL LCL CLC LLC LCC LCL LCC CLL CLL OD __________ % OE __________ % PADRÃO DE FREQÜÊNCIA (Musiek,1999) OE OD 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. AAG AGG GAG GAA GAA GGA GGA AGA AAG GAA AGG GAG AAG AAG AGA 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30. GAG GAA GGA AGA GGA AGA GGA AAG AGA AAG AGA AGA GAG GAA AAG 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. GGA GGA AAG GAG GAA AGA AGA AGG AAG GAA GGA AGG AGG GAG AGA 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30. GAA GGA AGG AGG GAG AAG AGG GGA GAG GAG AGG AGG GAA GAA GAG OD __________ % OE __________ % Padrão de Freqüência Padrão de Duração Faixa Etária OD (%) OE (%) OD (%) OE (%) 7a – 8a 11m 47,49 48,97 43,02 44,25 9a – 10a 11m 63,30 62,34 57,29 56,32 11a – 12a 11m 69,47 69,75 66,25 64,80 13a – 14a 11m 75,73 75,63 72,89 72,40 15a – 16a 11m 76,67 76,41 73,15 72,74 Anexos 71 Anexo D TESTE SSW EM PORTUGUÊS (PEREIRA & SCHOCHAT, 1997) Folha de registro de resposta do Teste SSW Nº 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 DNC A bota cara água joga ponto porta rapa malha boa faixa vila gente contra poça pêra padre leite quinze queda lava DC B fora vela limpa fora morto lápis tudo grossa pinta branca rica grande bando raso dura nosso branco dias livre louça EC C pega roupa tarde chuta vento bela cara caldo muito pele ama vida homem prato coco dia sopa oito copo guarda EC ENC EC DC D ERR INV Nº E F G Fogo 2 noite negra sala Suja 4 minha nora nossa fresca 6 vaga lume mori Bola viva milho 8 cerca fraco 10 bola grande rosa Jóia mole peixe 12 ovo Dura alta braço 14 caixa quente 16 queijo podre figo prosa 18 grande venda outra preta uma 20 porta mala velha nova taça 22 lua Boa logo bela 24 entre baixo 26 auto móvel não me fundo 28 sono calmo pena doce 30 folha verde mosca santo 32 meio a meio lindo quente frio bate 34 cala Anos 36 sobre tudo nosso d’água 38 desde quando hoje roupa volta meia 40 vira DNC H ERR INV clara filha bundo verde murcha fresco forte seco coisa luva cheia vista peça leve morta dia boca nome cedo lata Tot TOTAL DE ERROS DC (B+G) EC (C+F) X 2,5= OD (% erros) = Total de erros (%) = Efeito de Ordem: Efeito Auditivo: Inversões: Tipo A: X 2,5= (A+B+E+F) – (C+D+G+H) (A+B+C+D) – (E+F+G+H) TOTAL DE ACERTOS OD % OE % Anexos 72 Anexo E DISCRIMINAÇÃO NÃO SENSIBILIZADA, TESTE DE FALA COM RUÍDO, FALA FILTRADA, FUSÃO BINAURAL (PEREIRA & SCHOCHAT, 1998) Lista de Palavras de PEN & MANGABEIRA ALBERNAZ D1 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25 TIL JAZ ROL PUS FAZ GIM RIR BOI VAI MEL NÚ LHE CAL MIL TEM DIL DOR CHÁ ZUM NHÁ CÃO TOM SEIS LER SUL D2 CHÁ DOR MIL TOM ZUM MEL TIL GIM DIL NÚ PUS NHÁ SUL JAZ ROL TEM FAZ LHE BOI CAL RIR CÃO LER VAI SEIS IPRF não sensibilizada: Teste de Fala com Ruído Branco: Teste de Fala Filtrada: Teste de Fusão Binaural: D3 DOR BOI TIL ROL GIM CAL NHÁ CHÁ TOM SUL TEM PUS NÚ CÃO VAI MEL RIR JAZ ZUM MIL LHE LER FAZ SEIS DIL OD: _______ % OD: _______ % OD: _______ % OD: _______ % D4 JAZ CÃO CAL BOI NÚ FAZ GIM PUS SEIS NHA MIL TEM ZUM TIL LHE SUL CHÁ ROL MEL DOR VAI DIL TOM RIR LER OE: _______ OE: _______ OE: _______ OE: _______ Anexos 73 Anexo F Apêndices Apêndice 76 APÊNDICES Apêndice A TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO O Instituto de Estudos de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro, através do Ambulatório de Toxicologia do HUCFF, está realizando um estudo desenvolvido pela Fga. Carla Regina Camarinha Silva cujo título é: “Avaliação do Processamento Auditivo em indivíduos expostos a agrotóxicos organofosforados”. O principal objetivo deste estudo é avaliar o sistema auditivo central do trabalhador exposto ao organofosforado, através do teste do processamento auditivo. Alguns estudos demonstraram que trabalhadores que utilizam o agrotóxico podem apresentar lesões auditivas durante e após a exposição ao produto. Para sua realização as pessoas que participarão do estudo serão submetidas a: ANAMNESE: questionário com perguntas relativas a dados pessoais, estados de saúde geral do trabalhador e sobre seu trabalho, como tempo de serviço, uso de equipamentos de proteção etc. MEATOSCOPIA: avaliação das condições da orelha do paciente. EXAME AUDIOMÉTRICO: avaliação auditiva do paciente pelo qual poderemos avaliar se a audição está normal ou não. Será realizada em uma cabine e ser-lhe-á colocado um fone que emitirá sons variados. O paciente responderá se ouviu ou não cada som. Logo após, o paciente repetirá algumas palavras ditas pelo examinador. Este exame não é invasivo, ou seja, não introduziremos nenhum equipamento dentro do corpo do paciente, e é indolor, rápido e de fácil execução. PROCESSAMENTO AUDITIVO: Esta avaliação é composta por quatro testes. O participante entrará numa cabine e utilizará um fone de ouvido pelo qual ouvirá os comandos necessários para a realização dos testes. Apêndice 77 A participação nesta pesquisa é voluntária e a realização destas atividades não oferecem riscos para a saúde dos participantes da pesquisa, que a qualquer momento podem recusar esta participação. Os dados colhidos serão inteiramente sigilosos, avaliados apenas pelos pesquisadores e seu orientador e a identidade dos participantes do estudo será preservada. Entretanto, os resultados, em sua totalidade, poderão ser publicados em literatura científica especializada. Será marcada uma data para divulgação dos resultados e, caso seja detectada alguma anormalidade, os participantes da pesquisa serão encaminhados para outras avaliações especializadas. Atenciosamente, Carla Regina Camarinha/ Fonoaudióloga e pesquisadora Heloisa Pacheco Ferreira / Profª Dra. e orientadora da pesquisa Eu, _______________________________________________, RG no__________ Certifico que lendo as informações acima concordo com o que foi exposto e autorizo a minha participação nesta pesquisa. Assinatura___________________________________ Data____/____/_________ Apêndice 78 Apêndice B Anamnese Nome: ________________________________________________________Rio de Janeiro: ___/___/___ Idade: ________ Data de nascimento: ___ /___/ ___ I. Foi Alfabetizado? Sim ( ) Não ( ) Nível escolaridade? _________________________________ Nível sócio-econômico?_____________________________________________________________ Teve episódios de otite, dor de ouvido? Sim ( ) Não ( ) ___________________________________________________________________________________ Já fez cirurgia Otológica? Sim ( ) Não ( ) Tem Zumbido? ( ) Sim ( ) Não Qual lado? ( ) OD ( ) OE ( ) OD e OE ( ) cabeça O zumbido interfere: ( ) concentração ( ) sono Teve ou tem outras doenças? ___________________________________________________________________________________ Faz uso de medicamentos? Sim ( ) Não ( ) Quais? _______________________________________ Fuma? Sim ( ) Não ( ) Bebida alcoólica? ( ) Sim ( ) Não Há quanto tempo trabalha com organofosforado (tempo de exposição)? _________________________ Carga horária por dia?_________________________________________________________________ Processo de trabalho: aplicação manual ( ) bomba costal ( ) Residência próxima ao local de trabalho ? Trabalha com ou próximo a algum equipamento ruidoso? ( ) Sim ( ) Não Quantas horas? ____________________ Usa EPI?_________________________________________ Quais foram seus trabalhos anteriores?_____________________________________________________ Lazer?_______________________________________________________________________________ II. Anamnese proposta por PEREIRA & SCHOCHAT (1997). Apresenta alguma dificuldade em: Fala? Sim ( ) Escrita? Sim ( ) Leitura? Sim ( ) Outras? Sim ( ) Tem boa memória? Para nomes: Para situações: Para lugares: Sim ( ) Sim ( ) Sim ( ) Não ( Não ( Não ( Não ( ) Qual? ________________________________________ ) Qual? ________________________________________ ) Qual? ________________________________________ ) Qual? ________________________________________ Não ( ) Não ( ) Não ( ) Compreende bem a conversa em ambiente ruidoso? Sim ( Oscila independente do ambiente ( ) Sim ( ) Não ) Não ( ) e silencioso? ( ) Sim ( ) Não Observações__________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ Apêndice 79 Apêndice C – Características gerais dos trabalhadores pesquisados Número 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 Sexo M M F F M M F M M M F F F F M M F M M F F F M F M M M F F M Idade 35 45 35 52 35 39 45 39 39 39 49 40 37 52 53 35 45 43 42 44 50 38 39 39 41 30 28 23 28 31 Escolaridade 4ª SF 4ª SF 4ª SF 3ª SF 3ª SF Analfabeto 4ª SF 3ª SF 3ª SF 4ª SF 2ª SF 2ª SF 2ª SF 2ª SF 3ª SF 4ª SF 2ª SF 4ª SF 1ª SF Analfabeto Analfabeto 5ª SF 2ª SF 2ª SF 4ª SF 1ª SF 4ª SF 3ª SF 4ª SF 3ª SF Número 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 Sexo F M M M F F F M M M F F M M M M F M M M M M M M M M F M F Idade 21 33 32 31 33 33 28 23 26 29 18 19 26 48 46 49 37 52 42 58 52 46 45 55 49 52 46 51 45 Escolaridade 6ª SF 3ª SF 4ª SF 3ª SF 4ª SF 4ª SF EMC 5ª SF 4ª SF 3ª SF EMC EMC EMC 2ª SF 4ª SF 5ª SF 1ª SF 4ª SF 4ª SF 5ª SF 4ª SF 4ª SF 4ª SF Analfabeto 2ª SF 5ª SF 4ª SF Analfabeto 4ª SF Apêndice 80 Apêndice D – Limiares aéreos da audiometria tonal dos pacientes excluídos N 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 250 Hz OD OE 5 15 15 20 15 25 15 15 25 25 15 15 25 25 15 20 20 20 20 20 20 20 10 15 10 10 20 10 30 25 10 20 500 Hz OD OE 10 20 10 20 10 20 20 15 25 20 10 10 25 25 10 15 10 10 15 15 25 20 10 10 10 10 10 10 35 30 10 15 1 KHz OD OE 20 25 15 10 10 20 15 10 30 20 5 5 35 40 10 10 20 20 15 10 15 15 20 15 10 15 15 15 30 25 10 15 2 KHz OD OE 10 10 15 10 15 50 15 10 45 25 10 10 40 45 10 15 10 10 15 10 10 10 30 40 20 25 20 10 15 20 15 15 3 KHz OD OE 25 30 15 10 10 45 15 5 45 35 40 55 60 60 30 20 15 20 25 20 20 20 45 50 25 35 15 15 20 20 15 20 4 KHz OD OE 55 55 10 15 10 35 25 20 55 45 50 45 55 55 50 50 45 45 40 25 40 35 50 55 40 35 50 25 25 20 20 35 6 KHz OD OE 60 50 40 40 25 40 45 35 65 55 40 50 65 45 15 40 45 50 40 40 50 40 55 50 35 45 15 45 25 30 20 20 8 KHz OD OE 50 45 45 50 25 40 25 30 40 35 20 25 45 55 15 10 50 45 40 55 55 50 50 35 45 45 10 20 15 15 20 20 Apêndice 81 Apêndice E – Limiares aéreos da audiometria tonal dos pacientes incluídos N 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 250 Hz OD OE 20 15 20 20 10 10 20 20 20 10 15 20 15 10 15 15 10 10 15 10 10 10 20 20 10 10 10 10 15 15 15 10 25 15 10 10 10 5 10 10 15 10 10 20 10 10 20 20 20 10 10 10 10 10 15 15 15 10 10 10 20 10 20 20 15 15 5 5 5 10 15 10 10 15 20 10 5 10 10 5 10 10 10 15 10 10 500 Hz OD OE 15 15 20 20 15 15 20 20 15 10 15 20 25 25 15 10 5 5 15 15 10 10 15 20 10 10 10 10 20 15 15 10 15 15 5 5 10 5 10 10 10 10 10 15 10 15 20 15 15 10 10 10 10 10 10 10 10 10 15 15 20 15 20 20 15 10 5 5 5 10 15 15 10 10 20 10 5 10 10 15 10 10 10 10 10 10 1 KHz OD OE 10 10 15 10 20 20 20 15 15 10 15 15 25 25 5 5 5 5 10 15 15 5 10 20 10 10 10 10 15 15 15 10 15 10 0 0 5 5 15 15 10 5 5 15 10 5 20 15 15 10 10 10 10 10 10 15 5 5 10 15 15 15 15 15 15 15 10 5 5 5 10 15 10 10 20 10 5 10 5 15 10 10 10 5 10 10 2 KHz OD OE 10 10 15 15 15 20 20 15 10 10 10 10 20 20 5 5 10 10 10 15 15 10 20 20 15 10 10 10 15 20 10 5 20 10 5 0 5 5 16 15 10 5 5 15 10 10 10 15 10 10 10 10 5 5 15 10 5 5 15 15 15 15 10 15 15 20 5 5 10 5 10 10 5 5 10 10 5 10 5 10 10 10 15 5 10 10 3 KHz OD OE 10 10 20 20 20 15 20 25 5 10 10 10 20 20 5 5 10 15 15 20 15 20 20 20 15 10 10 10 20 25 10 10 10 10 5 0 5 5 10 25 10 5 10 20 20 15 15 15 15 15 10 10 10 5 10 10 5 5 15 15 15 15 15 15 20 25 5 10 10 5 10 15 10 10 15 10 10 10 5 10 10 5 10 5 20 10 4 KHz OD OE 0 10 20 25 5 20 15 20 10 15 10 15 25 25 5 5 10 15 20 20 25 25 15 10 15 20 10 10 20 25 10 15 10 10 20 5 10 10 20 25 5 10 20 25 25 20 15 10 20 25 10 10 10 10 10 10 5 5 10 15 10 10 20 20 20 25 10 10 15 25 10 10 10 15 20 15 5 15 5 15 5 5 10 10 25 10 6 KHz OD OE 10 10 20 20 5 15 20 25 15 5 15 25 20 15 20 5 20 15 20 20 25 25 25 15 15 15 10 10 15 25 10 20 20 10 15 5 10 15 15 20 5 5 25 25 20 25 25 25 25 25 10 10 10 10 10 15 15 5 15 20 10 10 25 25 25 25 10 5 25 20 20 25 10 15 20 15 15 15 5 15 5 5 25 10 25 20 8 KHz OD OE 10 10 25 15 5 5 10 15 5 5 15 10 15 15 5 5 10 5 20 25 15 10 15 25 20 15 10 10 15 25 15 15 25 15 0 5 10 10 5 10 10 10 20 20 10 25 25 15 25 20 10 10 10 10 5 15 10 10 5 10 20 15 20 20 15 20 5 0 20 20 15 10 5 5 20 10 25 15 0 10 5 5 15 15 25 10 Apêndice 82 Apêndice F – Índice de acertos do teste SSW e número de inversões N 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 DC 92,5 70 95 72,5 87,5 85 95 92,5 92,5 97,5 90 90 85 57,5 35 82,5 70 52,5 92,5 95 70 100 90 47,5 100 72,5 82,5 55 80 57,5 77,5 92,5 77,5 92,5 100 47,5 97,5 95 20 72,5 88,5 77,5 75 EC 82,5 70 97,5 30 82,5 85 97,5 82,5 72,5 95 87,5 95 82,5 62,5 40 75 67,5 80 77,5 95 55 97,5 95 80 92,5 75 97,5 52,5 82,5 65 77,5 82,5 75 95 95 62,5 97,5 95 70 60 95 95 75 SSW Inversões 0 5 0 1 0 1 0 2 4 0 0 0 2 6 2 1 12 6 1 1 1 0 0 2 0 12 0 3 0 2 0 2 0 1 0 2 0 0 7 0 0 3 0 Apêndice 83 Apêndice G - Índice de acertos do teste de Fala com Ruído N 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 F/R OD % 84 80 80 80 80 80 76 56 80 88 72 76 76 80 76 80 84 80 84 84 64 88 76 64 76 84 80 72 68 88 68 76 80 96 88 84 84 80 76 60 76 84 64 F/R OE % 92 84 80 64 80 88 80 68 80 96 68 76 84 72 64 88 84 88 84 72 80 92 80 72 88 92 80 76 72 84 80 76 80 92 92 76 84 92 92 68 80 84 76 Apêndice 84 Apêndice H – Percentual (%) de acertos dos testes de Padrão de Freqüência e Padrão de Duração Número 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 Idade 35 45 35 52 35 39 45 39 39 39 49 40 37 52 53 35 45 43 42 44 50 38 39 39 41 30 28 23 28 31 21 33 32 31 33 33 28 23 26 29 18 19 26 PF 50 46,6 33,3 0 66,6 33,3 43,3 50 30 53,3 70 20% 33,3 36,6 63,3 30 20 83,3 20 36,6 66,6 36,6 33,3 20 36,6 76,6 40 10 80 66,6 23,3 70 33,3 97 40 70 66,6 86,6 23,3 76,6 53,3 23,3 80 PD 56,6 43,3 36,6 3,3 50 56,6 91 33,3 50 46,6 50 36,6 66,6 56,6 53,3 40 43,3 63,3 66,6 43,3 56,6 46,6 43,3 50 73,3 70 66,6 13 73,3 63,3 3,3 66,6 46,6 90 33,3 63,3 90 30 6,6 73,3 63,3 60 100 Apêndice 85 Apêndice I – Limiares do teste GIN expressos em milissegundos (ms) N 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 OD 5 4 8 10 5 8 10 8 8 5 8 5 8 8 8 8 8 8 6 10 6 8 8 8 6 10 8 8 6 4 6 8 5 4 6 10 5 8 6 5 6 6 6 OE 5 5 6 10 6 8 8 8 8 5 6 5 6 8 8 8 8 6 6 8 6 8 6 8 6 12 6 10 5 5 8 8 8 5 5 10 5 6 6 6 6 6 5 Apêndice 86 Apêndice J – Percentual (%) de acertos do teste GIN N 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 2 ms 3 ms OD OE OD OE 0 0 0 16,6 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 16,6 0 0 33,3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 16,6 16,6 4 ms OD OE 50 50 66,6 0 0 0 0 0 0 0 16,6 0 0 16,6 0 0 0 0 0 0 0 0 16,6 0 16,6 0 0 0 0 0 16,6 0 0 0 0 0 0 16,6 0 0 0 16,6 0 0 0 0 0 0 0 0 16,6 0 0 0 0 0 0 0 66,6 0 0 0 0 0 16,6 0 66,6 0 0 0 0 0 33,3 33,3 16,6 0 0 16,6 0 0 0 0 0 0 0 0 5 ms OD OE 66,6 100 66,6 83,3 0 0 0 16,6 66,6 50 33,3 33,3 0 0 0 16,6 0 0 66,6 66,6 0 0 66,6 66,6 50 33,3 0 16,6 0 0 16,6 0 16,6 0 16,6 0 33,3 33,3 0 0 33,3 33,3 0 0 0 0 0 0 16,6 0 16,6 0 0 33,3 0 0 50 83,3 100 83,3 66,6 0 33,3 0 66,6 50 66,6 83,3 0 66,6 0 0 83,3 83,3 50 0 50 33,3 66,6 0 16,6 16,6 16,6 33,3 50 66,6 6 ms OD OE 100 100 83,3 66,6 50 100 0 16,6 83,3 83,3 50 33,3 0 16,6 16,6 16,6 16,6 16,6 66,6 100 0 66,6 100 83,3 16,6 83,3 0 16,6 16,6 16,6 33,3 16,6 33,3 50 33,3 66,6 83,3 66,6 33,3 16,6 83,3 66,6 33,3 33,3 16,6 66,6 16,6 33,3 66,6 66,6 16,6 16,6 33,3 66,6 50 33,3 66,6 66,6 100 100 100 16,6 16,6 50 66,6 50 83,3 66,6 66,6 66,6 0 0 66,6 100 50 66,6 83,3 83,3 66,6 66,6 66,6 66,6 66,6 100 66,6 83,3 8 ms OD OE 100 83,3 100 100 83,3 83,3 50 50 83,3 100 100 83,3 50 83,3 83,3 83,3 66,6 100 100 100 66,6 83,3 100 83,3 66,6 83,3 83,3 66,6 83,3 100 83,3 83,3 100 100 83,3 100 66,6 83,3 50 83,3 66,6 83,3 83,3 83,3 66,6 83,3 66,6 83,3 83,3 83,3 33,3 50 100 100 66,6 16,6 100 100 100 100 83,3 100 66,6 83,3 100 83,3 100 83,3 66,6 100 33,3 50 100 100 100 100 100 83,3 100 83,3 100 100 66,6 100 100 100 10 ms OD OE 100 100 100 100 100 100 66,6 66,6 100 100 100 100 83,3 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 83,3 100 83,3 100 100 100 100 100 83,3 100 100 100 100 100 100 100 100 100 83,3 83,3 100 83,3 100 100 100 100 66,6 33,3 100 100 83,3 83,3 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 12 ms OD OE 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 83,3 100 100 100 100 100 100 100 100 100 83,3 83,3 100 83,3 100 100 100 100 16,6 83,3 100 100 83,3 83,3 100 100 100 100 100 100 83,3 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 15 ms OD OE 100 100 100 100 100 100 83,3 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 83,3 100 100 100 100 100 83,3 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 20 ms OD OE 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 83,3 100 100 100 100 100 66,6 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100