Percepção Ambiental e Desenho Urbano
Transcrição
Percepção Ambiental e Desenho Urbano
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL PRÓ-REITORIA DE PESQUISA CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO Renovação da bolsa de Iniciação Científica PIBIC/CNPq-Propesq 2008-2009 Percepção Ambiental e Desenho Urbano Bolsista: Marcos Amado Petroli Orientador: Lineu Castello Vigência: 01/04/2007 – 31/07/2008 Porto Alegre, 29 de maio de 2008 Introdução: O Grupo de Pesquisa em Percepção Ambiental e Desenho Urbano desenvolve trabalhos regionais, nacionais, internacionais, com média de aproximadamente 8 papers apresentados e publicados ao ano, dentro, principalmente, da área de Arquitetura e Urbanismo. A Percepção e a Conceituação de Lugar, este definido pelo autor como “uma forma ambiental criada, impregnada de significado simbólico para seus usuários” (CASTELLO, 2007), são os focos das pesquisas, valendo-se de casos empíricos para complementar os trabalhos. Atualmente, esses temas estão sendo tratados com bastante acuidade pelos pesquisadores da área, pois têm se tornado requisito para o sucesso e vitalidade dos espaços urbanos e diretrizes para futuros projetos arquitetônicourbanísticos. Além disso, o Grupo chama atenção para as técnicas de criação de novos lugares placemaking - e para toda a produção voltada a atrair pessoas a esses espaços placemarketing -, e tem especial interesse em descrever a percepção que os usuários têm do local. O exemplo mais significativo contemporâneo é a Disneylândia, Califórnia, EUA, que é um lugar desenvolvido para fins econômicos e vale-se de um contexto totalmente fictício, combinando o imaginário do desenho cinematográfico à realidade urbana para atrair usuários. Para descrever o assunto no presente Relatório, foi selecionado o trabalho “ENVIRONMENTAL NEXUS: AND YOU WILL KNOW US BY OUR PLACES”, desenvolvido para a Associação Internacional de Estudos sobre Pessoa-Ambiente (IAPS, International Association for People-Environment Studies). A pesquisa toma como exemplo a região da Serra Gaúcha, capitaneada pela cidade de Bento Gonçalves (FIG. 1) com 100 643 habitantes, área, inclusive, incluída no programa de preservação “Man and the Biosphere” (MAB) da Unesco. “Lá, existem espaços percebidos como lugares; e ocorre a invenção de novos lugares, que em seguida, passam a também integrar o universo perceptivo dos usuários” (CASTELLO 2008). No fim do século XIX, fora uma das sedes da imigração italiana, e representara (e ainda representa) a fixação e evolução do povo estrangeiro no sul do Brasil. Após a iniciativa municipal de preservar e restaurar o lugar através do programa “Caminhos de Pedra”, o lugar passou a receber intervenções privadas para desenvolver o campo econômico da região.Ainda, houve a criação de uma atmosfera de resgate à arquitetura italiana dos imigrantes, surgindo, assim, prédios que imitam as antigas técnicas construtivas (FIG. 2). Atualmente, a cidade se apresenta como um pólo industrial e demonstra índices excelentes de qualidade de vida, como o índice de desenvolvimento humano, melhor do estado e 6° lugar do país, conforme dados do IBGE. Fig. 1 – Pórtico de entrada de Bento Gonçalves a uma pipa de vinha. Referência a cidade, capital brasileira da Uva e do Vinho. Foto: Marcos Petroli Fig. 2 - Edificação réplica das antigas habitações dos imigrantes italianos. Foto: Marcos Petroli 1. Informações da Literatura: Nas últimas décadas, com os avanços da tecnologia e fortificação da globalização, e graças ao aumento extraordinário do turismo, parques temáticos encontraram espaço em meio a essa situação para explorar economicamente a demanda de pessoas que buscam algum tipo de entretenimento ou lazer. Para tal função, nada melhor do que abordar um tema que todos já tenham prévio conhecimento, como a memória da população. E essa tática de infiltrar o passado nos parques temáticos e associá-lo ao novo, tecnológico, tem surtido resultados eficazes no campo de sucesso empresarial, assim com reforça DE GRACIA, Francisco: “Depois da segunda guerra mundial, durante a reconstrução de edifícios, percebe-se o apreço público pela arquitetura histórica e percebe-se então a necessidade de um diálogo entre o novo e o antigo”. Assim, no período arquitetônicourbanístico denominado Pós-Urbanismo, os parques temáticos se desenvolveram e avançam em proporção espacial, em quantidade de entretenimento e em inovações tecnológicas. O grande ícone dos parques temáticos e um dos pioneiros da implantação desse método financeiro é o empreendimento de Walt Disney com o parque temático que leva seu nome. Muitos desses centros de entretenimento utilizam prédios antigos como sede do parque, justamente por trazer o passado à tona e o relacionando com as apresentações que o empreendimento oferece. Assim como descreve BOYER, Christine: “Cada visitante do lugar sente-se como parte de um show em uma IMAGEM RECRIADA de uma cidade mais manejável”(1997). Para os arquitetos e urbanistas, reutilizar uma edificação antiga é o processo de fazer RE-Arquitetura. E essa união do passado com o moderno traz vantagens para a estrutura urbana, renovando os lugares da cidade.). Esse fenômeno repete-se na área de pesquisa, assim como reforçam os pesquisadores CASTELLO e CASTELLO: “o que é encontrado em grande parte das metrópoles de toda a Terra é, curiosamente, replicado nas cidades da Serra, mesmo nas de menor tamanho populacional”. Uma grande preocupação de caráter mundial que tem adquirido importância nesses últimos anos, graças principalmente aos poluentes vindos das indústrias e ao demasiado crescimento populacional, é sobre as condições físicas do planeta, seu ecossistema. Dessa preocupação, surgem hipóteses desenvolvidas pelos cientistas e pesquisadores, porém a mais acessível, capaz de tornar-se realidade como resposta à problemática, está no conceito de sustentabilidade, ou seja, tornar qualquer espaço utilizado pelo homem capaz de reciclar-se, crescer e desenvolver-se sem gerar lixos nocivos ao meio-ambiente e ao próprio espaço, sustentar-se com seus próprios mecanismos de fonte de energia de forma que estes não se escasseiem, que sirvam por gerações. Nesse estudo, enquadra-se a pesquisa da re-utilização das edificações dentro das cidades, já que re-ocupar um prédio abandonado implica em não avançar em área urbana, preservando zonas rurais; e em re-inserir o espaço degradado novamente no contexto urbano. Mais do que re-ocupar um espaço urbano é torná-lo, ainda, um lugar agradável e confortável para as pessoas que o ocupem, e a Epopéia Italiana é exemplo disso. Edificações que com funções de parques temáticos, centros de entretenimento ou ponto de compras, são muito recentes na estrutura do espaço urbano, verdadeiras inovações urbanísticas. Além disso, justamente por serem inéditas, trazem consigo mudanças para o comportamento da população das cidades, bem como suas atividades. Um Shopping Center, por exemplo, nas últimas décadas, tornou-se o novo ponto de encontro e entretenimento das pessoas, as quais trocaram seus antigos lugares, como o centro da cidade ou ruas famosas. Como reforça o professor, “Entre algumas das práticas mais recentes que vêm acompanhando o urbanismo contemporâneo, destacam-se as da criação de ambientes que evocam uma meta-realidade, isto é, cujas principais intenções são as de transportar seus usuários para um mundo distante das imagens habituais que conformam seus cotidianos; e cuja excelência é intensamente promovida por meio das mais sofisticadas estratégias de marketing urbano (Castello: 1998; 1999a).” (p.252). 2. Objetivos do Trabalho Base: Environmental Nexus: And You Will Know Us By Our Places 2.1. Gerais: Comprovar que, com base nas pesquisas desenvolvidas na região dos “Caminhos de Pedra”, na Serra Gaúcha, a subjetividade, implícita nas edificações e revelada na memória das pessoas, é o nexo principal na relação homem-ambiente, tornando o espaço um lugar; e vem como uma forte técnica de propaganda de lugares. Assim, todo esse contexto favorece a preservação de edificações antigas, tornando o espaço sustentável no campo social, econômico, ambiental. 2.2. Específicos Identificar as técnicas utilizadas no lugar para sua preservação e para atração de usuários; Pesquisar como os moradores e os visitantes percebem o lugar; Descrever as atividades desenvolvidas nas construções turísticas. 3. Métodos de Pesquisa Visita in situ; Realização de Entrevistas; Pesquisa em órgãos de Planejamento Urbano e Administração Municipal; Pesquisa bibliográfica; Pesquisa na internet; Pesquisa cartográfica. As pesquisas de campo foram realizadas nos dias 19 a 23 de novembro de 2007; 28 de janeiro a 2 de fevereiro; e, recentemente, dias 23 a 27 de junho de 2008. Os pesquisadores foram recebidos no IPURB, pelas arquiteta Magda e Melissa; na Secretaria Municipal de Turismo, pela antiga secretária adjunta Emira Maria Tremea Dendena, e pela atual Talise Valduga Zanini; pela Associação Caminhos de Pedra, com o presidente Nestor Foresti. Nas ocasiões, os pesquisadores receberam materiais coletados pelos organismos, apresentando dados sobre a região compilados em CDROM e registros cartográficos. Além disso, foram realizadas visitas através do circuito denominado “Caminhos de Pedra”, efetuando-se paradas em alguns dos lugares que se revelaram como de maior interesse para a pesquisa. 4. Desenvolvimento O trabalho em curso investiga “lugar” em três temas: percepção; escala; e administração. Cada um reconhece duas categorias: percepção é considerada como REAL e INVENTADA (respectivamente, espontaneamente ou intencionalmente percebida lugares); escala como URBANA e RURAL (local e rural lugares); como administração PÚBLICA e PRIVADA (principalmente produzidos por uma economia social ou por uma construção de casas). O pressuposto teórico liga LUGAR a SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL e está fundamentado sobre a sucessão de conjecturas seguintes: ação humana sobre a biosfera desempenha um papel decisivo AMBIENTAL; essa ação é responsável pela criação de lugares, que desempenham um forte papel social AMBIENTAL; pensamento atual em lugar AMBIENTAL atribui um papel econômico aos locais, por meio do placemaking e placemarketing processos empregados na sua concepção; lugares que configurem a estrutura interna de uma região urbana - ou seja, de uma "região urbana biosfera", como no caso estudado – a oferecer direções que contribuam para melhorar a AMBIENTAIS um papel econômico sustentável para a região. Finalmente, no caso reside uma excelente oportunidade para o estabelecimento de um papel SÓCIO-AMBIENTAL SUSTENTÁVEL E-ECONÔMICOS a ser atribuído às casas regionais. Dentre os diversos exemplares do projeto “Caminhos de Pedra” (FIG. 1), destaca-se o exemplo da “Casa da Ovelha” (FIG.3) no distrito de São Pedro, onde há desde a criação de animais de corte e industrialização de seus derivados (FIG. 4), até a promoção turística causada pela restauração e pelas atratividades de uma antiga casa em madeira fruto da imigração italiana. Fig. 1 – Distrito de São Pedro, sede do projeto “Caminhos de Pedra”. Fonte: Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Bento Gonçalves (IPURB). Figs. 2 e 3 – “Casa da Ovelha”, São Pedro, RS. Fotos: Lineu Castello A combinação entre os três setores econômicos contidos no ‘placemaking’ e sua preservação contida no ‘placemarketing’ do lugar conferem à Casa da Ovelha um ótimo exemplo de rearquitetura, onde tem seu sucesso comprovado pela alta freqüência de turistas e consumidores, além da lucratividade econômica – principal foco da iniciativa privada. Outros exemplos de preservação do ambiente construído estão na “Casa da Erva-Mate” (FIG. 4) e na “Casa do Artesanato” (FIG. 5). Fig.4 – Moinho d’água na “Casa da Erva-Mate”, São Pedro, RS. Fonte: Associação Caminhos de Pedra Fig.5 – “Casa da Artesanato”, São Pedro, RS. Fonte: Associação Caminhos de Pedra O IPURB, Instituto de Planejamento Urbano de Bento Gonçalves, fez um questionário com os moradores e visitantes do distrito de São Pedro, resultando: • Todos entrevistados são a favor do turismo. Gostam de mostrar suas técnicas, construções, história. • Metade dos entrevistados tem medo de que o distrito se transforme em cidade, trazendo os problemas urbanos consigo. • Todos adoram morar em São Pedro. • Todos entrevistados têm consciência de preservação ecológica, • Todos incentivam a preservação dos monumentos históricos. Isso evidencia o desenvolvimento de uma EDUCAÇÃO HUMANA nas áreas de preservação através da percepção ambiental, propósito idealizado pelo programa MAB UNESCO, sendo considerado fundamental para a preservação das Reservas da Biosfera. Os habitantes de São Pedro aprenderam a trabalhar em conjunto com o meio-ambiente, revelando numa clara manifestação de desenvolvimento sustentável. O conceito de lugar, como está posicionado na parte de interface entre disciplinas físicas, sociais, econômicas e comportamentais, parece susceptível de proporcionar um meio para fazer face aos desafios do desenvolvimento regional sustentado por um planejamento 5. Conclusão Todo o contexto, bem como a valorização cultural, econômica, histórica e social da região, conferem aos moradores de São Pedro orgulho das intervenções feitas em seu distrito, percebendo toda região como um lugar importante, graças às características intrínsecas de poder, aura, ordem, pluralidade, aprazibilidade. A região-urbanizada chega, assim, ao ponto crucial de se tornar um lugar completamente sustentável, ou seja, capaz de renovar-se, receber funções variadas, ser freqüentada e utilizada com o passar do tempo, e promover economia energética oriunda da demolição e construção de novos prédios, além de reocupar áreas desativadas – um lugar digno de preservação. 6. Principais Resultados Aprovação de Abstract encaminhado para “20th IAPS International Conference”, apresentado em Roma, Itália, de 28 julho a 01 agosto 2008. (VER ANEXO 1) Citação em paper do congresso Arquimemória 3, Salvador, 2008. Publicação do Abstract no “Conference Abstract Book”. Paper em desenvolvimento para mesma conferência. 6. Continuidade do Trabalho 6.1 Trabalhos Gerais Desenvolvimento de diversas pesquisas na área, contribuindo para as teses de Arquitetura e Urbanismo, além de mais participações em congressos, desenvolvimento de textos para artigos e livros. O aprendizado adquirido, certamente, será muito valoroso, bem como tem sido com as experiências e ensinamentos do orientador. O conhecimento oferecido pela bolsa de pesquisa está ligado diretamente à formação do profissional e seus respectivos projetos. 6.2 Sobre o trabalho selecionado – IAPS, Roma, 2008 • Paper em desenvolvimento IAPS, Roma, 2008. • O trabalho compõe o repertório de exemplos do grupo de pesquisa para futuros congressos; 7. Agências financiadoras do projeto Sistema de bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) 8. Agradecimentos • IPURB – Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Bento Gonçalves. • Ao professor-orientador Lineu Castello • À Pró-Reitoria de Pesquisa UFRGS (PROPESQ). Bibliografia BOYER, M. Christine. Cities for Sale: Merchandising History at South Street Seaport. In SORKIN, M. (Ed.). Variations on a Theme Park. The New American City and the End of Public Space. 8ª ed. Nova York: Hill and Wang, 1997, p. 181 – 204. CARMONA, M., HEATH, T., OC, T., & TIESDELL, S.. Public Places - Urban Spaces. Oxford, UK: Architectural Press, 2003. CASTELLO, Lineu. A Re-Arquitetura da cidade. In: CASTRIOTA, Leonardo Barci. (Org.). Urbanização Brasileira: Redescobertas. Belo Horizonte, MG: Editora C/Arte, 2003, p. 244-258. CASTELLO, Lineu. A Percepção de lugar. Repensando o Conceito de lugar em Arquitetura-Urbanismo. Porto Alegre: PROPAR/UFRGS, 2007. CASTELLO, Lineu. CASTELLO, Iara Regina. Assim na Serra como na Terra. CASTELLO, Lineu; CASTELLO, Iára Regina. Por uma Sustentabilidade Lógica e Psicilógica para o Ambiente Metropolitano. OLAM Ciência e Tecnologia. Rio Claro, SP, v. 3, n. N°1, p. 92 – 110, 2003. CASTELLO, Lineu; MACHRY, Juliana; PETROLI, Marcos. A Reurbanização Modernizada do Moderno. In: O Moderno já Passado / O Passado no Moderno. Anais do 7º Seminário DOCOMOMO Brasil. Porto Alegre: PROPAR / UFRGS, 2007. LYNCH, Kevin. A Imagem da Cidade.???????????? ROGERS, Richard. Cities for a Small Planet. Barcelona: G. Glili, 2000. ZUKIN, Sharon. Paisagens Urbanas Pós-Modernas: Mapeando Cultura e Poder. (Título original: Posmodern Urban Landscapes: Maping Culture and Power). Tradução: Silvana Rubino. Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional: Cidadania. N°24, 1996, p. 205 – 219. 9. Outros Trabalhos realizados durante a vigência da bolsa Durante o desenvolvimento da bolsa foram realizados ainda outros trabalhos, entre os quais, vale citar os seguintes: 9.1. Resumo e paper aceitos para apresentação oral e publicação nos Congressos DOCOMOMO VII – PROJETAR III, O Moderno já Passado / O Passado no Moderno: reciclagem, requalificação, rearquitetura. Porto Alegre, outubro/2008. (VER ANEXO 2) 9.2. Resumo e paper aceitos para o Congresso II DOCOMOMO N-NE, Desafios da Preservação: referências da arquitetura e urbanismo modernos no Norte e Nordeste. Salvador, a se realizar em junho 2008. (VER ANEXO 3) 9.3. Elaboração do Projeto Individual de Pesquisa: UM PARQUE SINCRÉTICO: O CASO DA EPOPÉIA ITALIANA EM BENTO GONÇALVES, RS (VER ANEXO 4) 9.4. Resumo e apresentação no XIX Salão de Iniciação Científica, UFRGS, de 21 a 26 de outubro de 2007. (VER ANEXO 5) 9.5. Resumo para o XX Salão de Iniciação Científica, UFRGS, de 21 a 26 de outubro de 2007. (VER ANEXO 6) ANEXOS ANEXO 1- Abstract encaminhado para “20th IAPS International Conference”, a se realizar em Roma, Itália, de 28 julho a 01 agosto 2008. ENVIRONMENTAL NEXUS: AND YOU WILL KNOW US BY OUR PLACES Abstract: In face of the rapid growth of urbanization, MAB-UNESCO’s agenda now includes an URBAN Biosphere Reserves Programme. IAPS 2008 Conference Aims also emphasize the need to include URBAN environments within the biosphere processes. If, on the one hand, urbanization poses imperious threats of erosion to the biosphere, on the other hand, urban landscapes offer advancements in knowledge, intelligence and innovation that enable to create alternatives for sustainable development. This paper investigates an urban region inside a Biosphere Reserve and explores the potentialities for establishing synergies between the biological and sociocultural systems present in its PLACES. It assumes that current progresses in the conceptualization of place may prove helpful for furthering the search for sustainability. Place is a traditional concept in Architecture-Urbanism, area of the paper’s author, in which it is seen as a created environmental form, imbued with symbolic significance to its users. In the present shift of paradigms from modernism to postmodernism, the concept evolves from its former emphasis on a functionally rational design, and essays to encompass the experiential phenomenological intricacies the concept involves. This allows for a broadened transdisciplinar perspective to be conveniently appended to the basic understanding of the construct (Castello 2007). Also, the noticeable changes brought about by globalism to the form of cities call attention to the influence commercial forces exert upon modelling up the urban landscapes of globalization (Koolhaas & Obrist 2004). One typical manifestation of such influence is the insertion of prettified images of new PLACES, created in order to competitively use “urbanity” - that unique quality forwarded by cities to their citizens in terms of communication and sociability - as a tool to attract people and to entertain them in an exciting assortment of iconic PLACES that provide for the effectiveness of a necessary human ESCAPISM (Tuan 1998). In the creation of urbanity, urban designers are often guided by the unselfconscious ROOTEDNESS (Tuan 1980) people preserve in relation to the regional spaces they are most familiar with. The research area comprises a constellation of places in the urban region polarised by the city of “Bento Gonçalves” (southern Brazil; population:100.000), located within a Biosphere Reserve named “Mata Atlantica”. Ongoing research investigates places under three headings: perception; scale; and management. Initial findings allow categorizing: perception as REAL and INVENTED (respectively, spontaneously or intentionally perceived places); scale as URBAN and EX-URBAN (local and rural places); and management as PUBLIC and PRIVATE (mainly produced by a social or by an economic construction of places). So far, among the numerous cases the region exposes, three have been selected: “Italian Odyssey”, an urban old wine factory reused as an invented place, centering on the theme of immigration epics; “Stone Ways”, a rural circuit touring along old real stone houses, revealing respect for rural communities’ places and their accumulated wisdom; “Bertarello Mills”, an extra-urban family enterprise producing corn and wheat flour, located on a rebuilt mill, formerly geared by water-wheels. Apparently, the regional rootedness of places, real or invented, may work as a positive factor to enhance the region’s planning. This is grounded on the conjectures that: (i) human action on the biosphere plays a decisive ENVIRONMENTAL role; (ii) such action is responsible for the creation of places, which play a strong ENVIRONMENTAL SOCIAL role; (iii) current thinking on place attaches an ENVIRONMENTAL ECONOMIC role to places, by means of the placemaking and placemarketing processes employed in their design; (iv) places that configure the internal structure of an urban region i.e., of an “urban biosphere region” - offer directions that contribute to enhance an ENVIRONMENTAL SUSTAINABLE ECONOMIC role for the region; (v) finally, it seems herein lies an excellent opportunity for establishing an ENVIRONMENTAL SUSTAINABLE SOCIO-AND-ECONOMIC role to be attributed to the regional places. Actually, the urbanised biosphere region of Bento Gonçalves points out rather clearly towards an opportunity like that one, helping to promote and preserve the well-being of the bio-spherical and human-cultural components of the reserve. REFERENCES CASTELLO, Lineu (2007). A Percepção de Lugar. Repensando o conceito de lugar em Arquitetura-Urbanismo (The perception of place. Rethinking the concept of place in Architecture-Urbanism). Porto Alegre: PROPAR/UFRGS. KOOLHAAS, Rem & OBRIST, Hans (2004). Re-Learning from Las Vegas. Interview with Denise Scott Brown & Robert Venturi. In R. KOOLHAAS (Ed.). Content. Cologne: Taschen, p. 150-157. TUAN, Yi-Fu (1980). Rootedness versus Sense of Place. Landscape, V.24, p. 3-8. TUAN, Yi-Fu (1998). Escapism. Baltimore: The Johns Hopkins University Press. ANEXO 2- Abstract encaminhado para os Congressos DOCOMOMO VII – PROJETAR III. O Moderno já Passado / O Passado no Moderno: reciclagem, requalificação, rearquitetura. Anais do 7º Seminário DOCOMOMO Brasil. Porto Alegre, outubro/2008. A REURBANIZAÇÃO MODERNIZADA DO MODERNO Resumo - É praticamente irresistível deixar de vislumbrar, por trás da chamada para trabalhos ao DOCOMOMO, a abertura para um oportuno apelo a um dos temas mais desafiadores que se antepõem aos arquitetos-urbanistas do século XXI: a sustentabilidade do ambiente construído. Conceitualmente, contudo, enquadrar o moderno já passado dentro de um bem delineado passado no moderno é, precisamente, se não uma estratégia adequada nessa direção, pelo menos uma brecha a não perder de vista, especialmente quando considerados os inflamados esforços que impelem a decisões hoje cruciais de como manter viável a sobrevivência no/do planeta. Sob a rearquitetura da cidade como operação urbanística, na verdade, abre-se uma perspectiva em tudo factível para os desígnios de se alcançar uma cidade sustentável. Guardados certos cuidados, a política de fazer crescer as cidades pela re-ocupação de seus territórios interiores apresenta méritos inegáveis. Esse tema será, então, central nas reflexões apresentadas no presente texto, usando-se uma experiência emblemática como contraponto empírico – o Bund de Xangai. Pois o Bund consegue fazer convergir diversos tópicos – todos notáveis – de experiências realizadas na esfera da rearquitetura contemporânea. Desde os primórdios de sua urbanização, sempre ocupou posição de destaque na percepção ambiental dos moradores de Xangai. Seja na condição de percebido como um lugar dos europeus pelos europeus; seja percebido como um lugar dos europeus pelos nativos; mas, sempre, percebido de modo diferenciado – como um lugar. E como um lugar onde se concretiza de maneira admirável aquela qualidade inata ao bom urbano: a urbanidade. Nas primeiras décadas do século XX, quando no auge do seu desenvolvimento se tornou uma verdadeira vitrine dos mais altos avanços tecnológicos urbanos mundiais, desfraldou frente a uma sociedade ainda eminentemente agrícola, a modernidade do que seria um ambiente urbanizado. Naquele strip de aproximadamente dois quilômetros encontram-se exemplares arquitetônicos de diversificadas influências, inclusive de extração neoclássica e art-déco. Já no final do século XX, consegue crescer mais ainda, por obras de rearquitetura, para se tornar o grande lugar com que a hoje global metrópole de Xangai fascina visitantes, moradores, turistas e investidores. Pois é nessa sua nova condição que é aqui lembrado: como um lugar. Um lugar que ilustra de maneira magnífica as ações contemporâneas que levam ao sucesso das chamadas rearquiteturas. ANEXO 3- Abstract encaminhado para Congresso II DOCOMOMO N-NE, Desafios da Preservação: referências da arquitetura e urbanismo modernos no Norte e Nordeste. Salvador, a se realizar em junho 2008. VALIDANDO A PRESERVAÇÃO: O FATOR LUGAR Resumo - Dentre as questões relativas aos valores fundamentais para a preservação de obras modernas mencionadas na chamada para o 2º DOCOMOMO N-NE, merece destaque a que investiga “Referenciais para a preservação da obra moderna”. Ali são questionados fatores que podem outorgar o mérito de validar a preservação “a determinadas realizações modernas em detrimento de outras”. Entre eles, se incluem, por exemplo, articulações espaciais, implantações e resoluções de adequação. A esses fatores, o presente trabalho se propõe acrescentar ainda mais outro, indagando: e, por que não, ressaltar as articulações com o campo psicológico? Focando a conotação à subjetividade como valor fundamental para o mérito da preservação? Pesquisando a percepção de um lugar urbano moderno, de modo a validar sua preservação? O trabalho se concentra em investigar a modernidade dos espaços projetados e se preocupa mais acentuadamente com o viés teórico de lugar, conferindo maior atenção às variações contemporâneas presentes em sua conceituação. Observa-se que a expressão “lugar”, curiosamente, não chega a ser usual nas discussões de natureza predominantemente espaciais do período áureo do urbanismo modernista. A tentativa de criação de espaços modernos, no entanto, é prática quase legendária em ArquiteturaUrbanismo, onde a idéia da busca da modernidade em projetar os espaços é uma prerrogativa permanente. Além disso, é um objetivo que transcende aos variados tempos do Movimento Moderno - inclusive ao período áureo dos anos 1950s - e que, ainda hoje, consegue sobreviver com surpreendente resiliência. Àquela época, a idéia era a de que um espaço moderno deveria celebrar o “zeitgeist” do período, oferecendo espaços saudáveis e menos congestionados. São numerosos os exemplos de espaços projetados com a intenção de atingir uma situação de “modernidade”. Embora os extremados cuidados no desenho dos espaços modernos, nem sempre esses projetos conduziram à criação de verdadeiros lugares modernos, no sentido mais simbólico e filosófico da expressão. Quando isso aconteceu, é de todo válido batalhar por sua preservação. Para melhor demonstrar como o critério de lugar pode ser útil na detecção dos exemplares modernistas mais aptos à preservação, o trabalho irá buscar exemplares empíricos que ajudem a explicar o porquê de acreditar que o conceito de lugar possa ser tomado como um dos valores fundamentais para a preservação de obras modernas. Serão discutidos dois exemplares selecionados de lugares cuja preservação já esteja consagrada: o emblemático “Bund” (Xangai, China); e “Ruhrgebiet” (Alemanha). Embora o conceito transpasse variados campos disciplinares (Psicologia, Geografia, Antropologia, etc.), na área de Arquitetura-Urbanismo, lugar é uma forma ambiental criada, impregnada de significado simbólico para seus usuários. Só que na presente transformação dos paradigmas do modernismo a uma situação que alguns denominam de pós-modernismo, a disciplina arquitetônico-urbanistica passa a se reportar com enorme interesse às implicações psicológicas de lugar, trazendo ao conceito uma considerável força no sentido de justificar a preservação de algumas obras modernas. Lugar, então, movese de uma antiga condição funcionalista para uma condição fenomenológica, a refletir seu importante papel existencial. Dessa maneira, os lugares, em geral, e os lugares modernos, em particular, protagonizam uma conexão tão importante com o contexto ambiental onde se situam, que tornam sua preservação um referencial imperativo para o registro e entendimento das manifestações modernizadoras. Palavras-chave: subjetividade, lugar, percepção de modernidade. ANEXO 4- Projeto Individual de Pesquisa sobre o Parque Temático Epopéia Italiana, em Bento Gonçalves. Encaminhado ao Professor Orientador em 27 de setembro de 2007; e encaminhado ao Parque Temático Epopéia Italiana em 28 de outubro de 2007. UM PARQUE TEMÁTICO SINCRÉTICO: O CASO DA EPOPÉIA ITALIANA EM BENTO GONÇALVES, RS Sobre o parque temático epopéia Italiana: A edificação do parque temático, antes, encontra-se abandonada graças à falência da antiga empresa que lá funcionava. Sobre os rachaduras e destroços, instalou-se uma nova situação, capaz de revitalizar, restaurar e reocupar o lugar. Hoje, além de favorecer alterações qualitativas à estrutura urbana, a Epopéia Italiana ainda atrai turistas para a cidade de Bento Gonçalves, sede, movimentando a região tanto economicamente, como socialmente. Um lugar que antes praticamente não existia para os cidadãos bentogonçalvenses, agora representa um eficaz ponto de entretenimento. O parque temático possui como tema a vinda dos imigrantes italianos para o Brasil. Aos seus visitantes, consegue proporcionar através de ambientes e pequenos teatros a sensação e o retrato da viagem, adaptação e fixação do povo estrangeiro. Para que a percepção dos visitantes seja mais aguçada, as apresentações interagem com essas pessoas. A Epopéia Italiana existe há quase meia década e, em área construída, já ocupa 2000 metros quadrados, espaço reutilizado da antiga destilaria fundadora do local, Granja União, que funcionou a partir dos anos 30/40 do século XX, e extinguiu-se por volta dos anos 80, ficando como espaço desocupado até o parque se instalar. Sobre o grupo de pesquisa: O grupo é composto pelo professor-doutor arquiteto e urbanista Lineu Castello e pelo estudante de arquitetura Marcos Amado Petroli, ambos com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e incentivos dos programas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. O centro de estudo, tema de pesquisa, desenvolve-se sobre a Percepção Ambiental que as pessoas têm nos diferentes tipos de lugares, porém com enfoque principal nos equipamentos urbanos recentes, a exemplo shopping malls. Justificativas: Pesquisa que se realiza na área de Ciências Sociais aplicadas. Estudar uma edificação com cerca de 2000 metros quadrados localizada na cidade de Bento Gonçalves, Rio Grande do Sul. O tempo estimado para concretização da pesquisa é de aproximadamente dois meses, a partir de setembro de 2007. O trabalho contribui para compreender os inéditos equipamentos urbanos, como parques temáticos e shopping centers, bem como suas alterações na estrutura urbana. A pesquisa é viável porque o local de estudo é acessível aos pesquisadores, e, por se tratar de pesquisa teórica, não necessita de grandes equipamentos para execução do projeto. Problemas: As conseqüências que a implantação da Epopéia Italiana causou na população bento-gonçalvense. Como o parque é percebido pelos habitantes da região. As conseqüências que a implantação de um projeto temático como a epopéia italiana traz para a administração municipal; Se a implantação desse projeto acarretou alterações na estrutura urbana; Qual a eficácia em transmitir a percepção de “italianidade” e como fazem para transmitir essa mensagem (passado, herança); Hipóteses: A Epopéia Italiana é uma inovação urbanística trazida por um projeto temático. O parque traz movimentação econômica e social para a cidade, além de influenciar mudanças no contexto urbano. A Epopéia usa o passado para atrair visitantes e usa uma antiga edificação para ajudar nessa tarefa. Portanto, re-ocupar esses tipos de espaços pode trazer benefícios globais. Objetivos: Geral: Estudar a percepção de um parque temático localizado em uma edificação (como já se faz para analisar a percepção de um centro de compras localizado em uma edificação – o shopping center). Específicos: Analisar a re-utilização da edificação, mantendo suas características; Constatar os incentivos que um empreendimento desses recebe; Examinar as alterações provenientes na estrutura urbana graças à EI; Identificar os mecanismos de comunicação entre a EI e população. Revisão da Literatura: Nas últimas décadas, com os avanços da tecnologia e fortificação da globalização, e graças ao aumento extraordinário do turismo, parques temáticos encontraram espaço em meia a essa situação para explorar economicamente a demanda de pessoas que buscam algum tipo de entretenimento ou lazer. Para tal função, nada melhor do que abordar um tema que todos já tenham prévio conhecimento, como a memória da população. E essa tática de infiltrar o passado nos parques temáticos e associá-lo ao novo, tecnológico, tem surtido resultados eficazes no campo de sucesso empresarial, assim com reforça DE GRACIA, Francisco: “Depois da segunda guerra mundial, durante a reconstrução de edifícios, percebe-se o apreço público pela arquitetura histórica e percebe-se então a necessidade de um diálogo entre o novo e o antigo”. Assim, no período arquitetônico-urbanístico denominado Pós-Urbanismo, os parques temáticos desenvolveram-se e avançam em proporção espacial, em quantidade de entretenimento e em inovações tecnológicas. O grande ícone dos parques temáticos e um dos pioneiros da implantação desse método financeiro é o empreendimento de Walt Disney com o parque temático que leva seu nome. Muitos desses centros de entretenimento utilizam prédios antigos como sede do parque, justamente por trazer o passado à tona e o relacionando com as apresentações que o empreendimento oferece. Assim como descreve BOYER, Christine: “Cada visitante do lugar sente-se como parte de um show em uma IMAGEM RECRIADA de uma cidade mais manejável”(1997). Para os arquitetos e urbanistas, re-utilizar uma edificação antiga é o processo de fazer RE-Arquitetura. E essa união do passado com o moderno traz vantagens para a estrutura urbana, renovando os lugares da cidade. O caso da Epopéia Italiana enquadrase perfeitamente nesse estudo, e por estar no interior do Rio Grande do Sul – BR, mostra os efeitos da globalização eminente. O processo de Walt Disney feito em New York no século XX, repete-se com o surgimento desse novo parque temático de Bento Gonçalves. Como reforça o professor: “o que é encontrado em grande parte das metrópoles de toda a Terra é, curiosamente, replicado nas cidades da Serra, mesmo nas de menor tamanho populacional” (CASTELLO e CASTELLO). Uma grande preocupação de caráter mundial que tem adquirido importância nesses últimos anos, graças principalmente aos poluentes vindos das indústrias e ao demasiado crescimento populacional, é sobre as condições físicas do planeta, seu ecossistema. Dessa preocupação, surgem hipóteses desenvolvidas pelos cientistas e pesquisadores, porém a mais acessível, capaz de tornar-se realidade como resposta à problemática, está no conceito de sustentabilidade, ou seja, tornar qualquer espaço utilizado pelo homem capaz de reciclar-se, crescer e desenvolver-se sem gerar lixos nocivos ao meio-ambiente e ao próprio espaço, sustentar-se com seus próprios mecanismos de fonte de energia de forma que estes não se escasseiem, que sirvam por gerações. Nesse estudo, enquadra-se a pesquisa da re-utilização das edificações dentro das cidades, já que re-ocupar um prédio abandonado implica em não avançar em área urbana, preservando zonas rurais; e em re-inserir o espaço degradado novamente no contexto urbano. Mais do que re-ocupar um espaço urbano é torná-lo, ainda, um lugar agradável e confortável para as pessoas que o ocupem, e a Epopéia Italiana é exemplo disso. Edificações que com funções de parques temáticos, centros de entretenimento ou ponto de compras, são muito recentes na estrutura do espaço urbano, verdadeiras inovações urbanísticas. Além disso, justamente por serem inéditas, trazem consigo mudanças para o comportamento da população das cidades, bem como suas atividades. Um Shopping Center, por exemplo, nas últimas décadas, tornou-se o novo ponto de encontro e entretenimento das pessoas, as quais trocaram seus antigos lugares, como o centro da cidade ou ruas famosas. Como reforça o professor, “Entre algumas das práticas mais recentes que vêm acompanhando o urbanismo contemporâneo, destacam-se as da criação de ambientes que evocam uma meta-realidade, isto é, cujas principais intenções são as de transportar seus usuários para um mundo distante das imagens habituais que conformam seus cotidianos; e cuja excelência é intensamente promovida por meio das mais sofisticadas estratégias de marketing urbano (Castello: 1998; 1999a).” (p.252) Para o grupo de pesquisa, estudar a percepção que as pessoas têm desses novos lugares é importante para desenvolver teorias que auxiliem na compreensão dos espaços, bem como as modificações que causam no contexto urbano. Metodologia: visita ‘in situ; pesquisa cartográfica; entrevistas (perfis); visita a órgãos como Sebrae (se empreendimentos como esse trazem bons retornos, se empresas ou órgãos governamentais estimulam pesquisas nesse campo e suas ações perante isso). Resultados Esperados: O trabalho será exposto em congressos, feiras e Salões da UFRGS, além de outros onde o tema do estudo estiver sendo abordado. Deverá ser publicado em sites virtuais (como Vitruvius), para consulta dos profissionais da área. Além disso, a pesquisa e o parque temático servirão de exemplos para futuros trabalhos. Cronograma: visita à Epopéia Italiana e diplomação com representantes; buscar informações pré-existentes no local; levantamento (fotos, folders, meios físicos de divulgação e informação do parque) assessoramento com orientador; visita ao Sebrae, postos de informação e semelhantes; nova visita ao Parque Temático Epopéia Italiana, para mais informações; assessoramento com orientador; início da pesquisa de campo com habitantes da cidade, turistas e funcionários do local; desdobramento com auxílio do orientador; Aplicação da teoria no caso estudado; Auxílio à bibliografia; Nova visita ao local de estudo para encerramento; Conclusão Referências: BOYER, M. Christine. Cities For Sale: Merchandising History at South Street Seaport. In SORKIN, M. (Ed.). Variations on a Theme Park. The New American City and the End of Public Space. 8ª ed. Nova York: Hill and Wang, 1997, p. 181-204. CASTELLO, Lineu. A Re-arquitetura da Cidade. In: CASTRIOTA, Leonardo Barci. (Org.). Urbanização Brasileira: Redescobertas. Belo Horizonte, MG: Editora C/Arte, 2003, p. 244-258. CASTELLO, Lineu. A Percepção em Análises Ambientais: O projeto MAB/UNESCO em Porto Alegre. In: DEL RIO, Vicente: Percepção Ambiental, a Experiência Brasileira. (Ed.). UFSCar, 1996 ROGERS, Richard. Cities for a Small Planet. EUA, (Ed.). Westview Press, 1998 CASTELLO, Lineu; CASTELLO, Iára: Por uma Sustentabilidade Lógica e Psicológica para o Ambiente Metropolitano. OLAM, Ciência e Tecnologia. Rio Claro, SP, v.3, n. n° 1, p. 92-110, 2003. SANTOS, Carlos Nelson dos. Preservar não é tombar, Renovar não é pôr tudo abaixo. Projeto, n°86, 1986, p. 59-63. ZUKIN, Sharon. Paisagens Urbanas Pós-modernas: Mapeando Cultura e Poder. (Título original: Postmodern Urban Landscapes: Mapping Culture and Power). Tradução: Silvana Rubino. Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional: Cidadania. N° 24, 1996, p. 205-219. ANEXO 5- XIX Salão de Iniciação Científica, UFRGS, de 21 a 26 de outubro de 2007. O BUND E A PERCEPÇÃO DE LUGAR Resumo - No início do século XX, a China apresentava-se ainda agrícola e em fase de exploração européia. Em meio a esse cenário, surge na cidade de Xangai, um bairro que futuramente se tornará objeto de estudo do Urbanismo Contemporâneo e tema da atual apresentação: o enclave denominado Bund. Desenvolvido a partir de interesses dos ocupantes europeus, foi planejado nos moldes de uma arquitetura neoclássica e art-déco, introduzindo os mais altos avanços tecnológicos urbanos da época. Após a Revolução Chinesa, liderada por Mao Tsé Tung, o bairro sofreu intervenções e, mesmo tendo recebido algumas características da cultura local, entrou em declínio. Recentemente, no fim do século XX, graças ao alto crescimento econômico da China, o Bund foi restaurado e, hoje, apresenta-se como um dos mais belos exemplos do movimento chamado de re-arquitetura. O strip de 2 quilômetros é composto por 52 edificações ocupadas, principalmente, por escritórios de multinacionais, bares, restaurantes, atrações turísticas e de entretenimento, evidenciando a função de atração econômica, além da social. De fato, consegue proporcionar aos nativos e turistas do mundo todo, a percepção de ser um espaço que se enquadra admiravelmente dentro da conceituação de lugar – conceito que está sendo revisitado com grande interesse nos presentes estudos e pesquisas de arquitetura e urbanismo – pelos seus usuários. Além disso, o Bund consegue, ainda, ser reconhecido como um bom exemplar da corrente de sustentabilidade ambiental que defende a reocupação do solo urbano em áreas desativadas, evitando a expansão horizontal dos centros urbanos e a ocupação de áreas novas, o que, também, preserva zonas ambientais. ANEXO 6- XX Salão de Iniciação Científica, UFRGS, de 20 a 25 de outubro de 2008. O grupo de pesquisa observa o surgimento de novos lugares e procura descrevê-los e acompanhar os efeitos provocados nos usuários e no entorno urbano. Caso exemplar: Caminhos de Pedra. A criação de novos lugares na virada do século XX Atualmente, há uma demanda crescente pela criação de novos lugares provocada pela expansão globalizada do turismo. Ilhas inteiras e extensas áreas urbanas são planejadas com variadas bases temáticas, como desenhos animados, culturas e antigüidades. Esses lugares, formulados nas mais criativas técnicas de marketing, são proporcionados pelo desenvolvimento tecnológico atingido na virada do século e têm como propósito econômico atrair pessoas para freqüentarem esses espaços, criando verdadeiros lugares inventados. Entretanto, o grupo de pesquisa concentra-se especificamente em casos onde já havia uma urbanidade manifestada, e a criação de lugares acontece sobre esta, preservando elementos originais. Atribui-se de forma teórica, então, o desígnio de “placemaking” para o surgimento desses lugares; e a referência de “placemarketing” à propaganda dos espaços. O trabalho pesquisa e avalia, através de técnicas de pesquisa em percepção ambiental, as conseqüências da criação de novos lugares, estruturado no viés teórico de lugar. Para validar o embasamento teórico, busca-se o caso dos “Caminhos de Pedra”, Bento Gonçalves, RS, inserido numa das Reservas da Biosfera da UNESCO. Nesse lugar, pesquisas de campo, como questionários aos usuários e visita in locu, e coleta de informações cartográficas, históricas, econômicas e sociais complementam os estudos de caso. Outros exemplos são mencionados, como o caso do “Bund”, Xangai; e o caso de “Ruhrgebiet”, Alemanha. Analisando os casos estudados e compenetrando as fundamentações teórico-práticas, observa-se o desenvolvimento global da região e o surgimento de práticas louváveis dignas de sustentar os lugares nos campos social, econômico e ambiental, revitalizando antigas áreas urbanas e proporcionando espaços agradáveis para seus usuários.