Conferências - Títulos e resumos
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Conferências - Títulos e resumos
! CONFERÊNCIAS Autora: Pérside Omena Ribeiro Título: A VIA SACRA EM AZULEJOS DO ADRO DO CONJUNTO FRANCISCANO DE JOÃO PESSOA, PARAÍBA – PROJETO DE RESTAURAÇÃO. Resumo: O Convento de Santo Antônio da Paraíba é um conjunto religioso franciscano composto por Cruzeiro, Adro, Igreja de Santo Antônio, Convento de Santo Antônio, Capela da Ordem Terceira, Casa de Oração (conhecida como Capela Dourada), Horto e Fonte de Santo Antônio. É um dos mais importantes monumentos do Brasil. Sua construção, que foi iniciada no século XVI e concluída no séc. XVIII, permite que seja observado todo o desenvolvimento da chamada “escola franciscana” tanto na arquitetura quanto na talha, na cantaria, na pintura e na azulejaria. No acesso a esse conjunto, encontra-se o Adro guarnecido por muros com revestimento em área aproximada de 480m² de azulejos portugueses da segunda metade do século XVIII, monocrômicos, brancos e azuis, arrematados pelas cimeiras em cantaria de calcário, ornadas com leões de fô, pináculos, mascarões, cartelas, volutas e outros elementos em calcário, intercalando os seis frontões que encimam os nichos que abrigam a Via Sacra representada por seis painéis em azulejos figurativos em tons azuis sobre fundo branco, de provável autoria do artista português Policarpo de Oliveira Bernardes. Esse importante acervo é objeto do projeto de restauração realizado pela Grifo Diagnóstico e Preservação de Bens Culturais, juntamente com Antônio Fernando Batista dos Santos, por meio de contrato firmado com a Grillo e Werneck Projetos e Consultoria Ltda., Empresa responsável pelo projeto completo de restauração do conjunto. Para a realização da proposta de intervenção, exposta neste artigo, foram necessários levantamento com estudo detalhado sobre cada elemento e identificação dos materiais componentes, além da ! verificação do comportamento entre eles e da ação dos agentes de deteriorações naturais e artificiais, intrínsecos e extrínsecos, para a definição de um diagnóstico quanto ao estado de conservação dos bens, isoladamente. Após conclusão do diagnóstico, foi possível definir a proposta de tratamento em relação a cada um dos objetos do acervo, com a especificação de técnicas e materiais compatíveis com os primitivos, possibilitando, deste modo, resgatar a integridade física e estética de tais bens, assim como a leitura do conjunto, de forma mais harmoniosa. Autora: Dra. Aldilene Matinho César Almeida Diniz Título: CIRCULAÇÃO DE GRAVURAS FLAMENGAS E AS ORIGENS ICONOGRÁFICAS DOS AZULEJOS DA VIDA DE FRANCISCO DE ASSIS NA AMÉRICA PORTUGUESA. Resumo: O presente trabalho tem como objetivo discutir sobre a circulação de gravuras flamengas e suas relações com as origens iconográficas dos azulejos da vida de Francisco de Assis (c. 1181-1226) produzidos para a América Portuguesa. Considerando-se, ainda, o risco de perda de parte do acervo azulejar encontrado no Brasil, pretende-se apresentar alguns exemplos de painéis que, atualmente, encontram-se deteriorados e promover uma comparação desses azulejos com seus modelos gravados, modelos esses localizados por meio da pesquisa de doutorado da autora. Para isso, serão discutidas questões em torno dos conjuntos azulejares estudados, presentes nos estados de Pernambuco e da Bahia. Autor: Francisco Tomás Título: SANT'ANNA - FAIANÇAS E AZULEJOS DESDE 1741 - A HISTÓRIA DA FÁBRICA SANT'ANNA FUNDADA EM 1741 E OS SEUS QUASE 3 SÉCULOS DE PRODUÇÃO AZULEJAR EM PORTUGAL E NO MUNDO. Resumo: ! Autora: Dora Alcântara Título: O PATRIMÔNIO AZULEJAR NO RIO DE JANEIRO. Resumo: Dos azulejos seiscentistas enviados para o Brasil, poucos são os exemplares encontrados no Rio de Janeiro. Tal como aconteceu nas cidades situadas fora da área de produção açucareira, onde somente algumas encomendas de ordens religiosas proporcionaram o revestimento de paredes com os tapetes cerâmicos, característicos daquela época, no Rio de Janeiro, apenas o Mosteiro de São Bento e o Convento de Santo Antônio possuem exemplares do século XVII. Ainda que, no seguinte, como porto de exportação do ouro das Gerais, a importância da cidade crescesse, os exemplares encontrados continuam em igrejas, conventuais ou de irmandades. Podem ser vistos na sacristia do Convento de Santo Antônio, na portaria do Convento de Santa Teresa, e nas igrejas de irmandades de Nossa Senhora da Glória, de Nossa Senhora da Saúde, e de Nossa Senhora da Pena. Algumas residências nobres, muito provavelmente, terão tido painéis do período de D. José I, mais referido como pombalino, e do período/ estilo seguinte, Dª Maria I, alguns registrados em gravuras ou aquarelas da época. Com o Movimento Neocolonial, junto à valorização da arquitetura, surgiu o interesse pelo azulejo. Colecionadores possuem os mais diversos exemplares dos que encontraram em nossas demolições ou reformas, mas também trazidos de outros pontos do País ou do estrangeiro. A coleção de Raymundo Ottoni de Castro Maia, tornada pública no Museu do Açude, complementa a série de exemplares, segundo sua cronologia. A capital do Brasil independente coloriu suas ruas e atribuiu-lhes um brilho discreto, por meio dos azulejos que importou de Portugal e de vários centros europeus de produção, revestindo as fachadas de suas ! casas e sobrados com os azulejos. Aos poucos, finais do XIX e princípios do XX, o gosto foi mudando e os revestimentos cerâmicos fixaram-se nas varandas laterais das casas de porão alto, ou no interior das edificações. Durante o Movimento Neocolonial, acima referido, alguns artistas pintaram cenas históricas em painéis de azulejos; os mais notáveis deste gênero encontram-se em São Paulo. O Modernismo, porém, já começava a revolucionar as propostas arquitetônicas e os painéis de Cândido Portinari refletiram, no então revolucionário Ministério da Educação e Saúde, a nova linguagem pictórica correspondente. Alguns de nossos melhores pintores seguiram a linha traçada por Portinari. Outras experiências marcam a contemporaneidade do azulejo. E, se estes atualizaram os painéis figurativos, Athos Bulcão o fez em relação aos azulejos de tapete. A maior parte de sua obra encontra-se em Brasília, mas temos exemplares no Rio de Janeiro, deles sendo mais conhecidos os do Sambódromo. Autor: Dr. Magno Moraes Mello Título: A EXPERIÊNCIA DO ENGANO ARQUITETÔNICO NA AZULEJARIA SETECENTISTA PORTUGFUESA. Resumo: A arte portuguesa de setecentos encontra na pintura barroca um momento de grande expressão, da qual destacamos o quadraturismo, considerado o episódio de maior relevo na história da perspectiva. É nesse sentido que podemos pensar na pintura de falsa arquitetura apenas como mais um gênero pictórico. Lembre-se que esta forma (a quadratura) se insere tanto no universo do arquiteto, como no da pintura. Há de lembrar que este gênero pictórico constituiu por si só uma diversidade na pintura e no sentido tradicional do decorativismo. Para além de uma certa individualidade e de uma especificidade das suas próprias formas, o quadraturismo tem a capacidade de unificar pintura e arquitetura, de modo que uma e outra perdem-se nos seus verdadeiros limites. É o exemplo da liberdade interpretativa ! proveniente de uma ausência de vínculos estruturais. Será devido a essa dinâmica do espetacular que o quadraturismo não pode ser considerado apenas um gênero pictórico, mas um modelo de forma pictórica capaz de atuar com o ambiente construído num primeiro momento, mas também capaz de criar a sua própria arquitetura continuando a dimensão espacial (real) de qualquer templo. As chamadas arquiteturas fingidas que formavam o fecho natural das estruturas reais dando o complemento alegórico de visões de espaço em céu aberto e aparições, constituirá no sonho que se tornava realidade. É neste sentido que a pintura de perspectiva arquitetônica portuguesa do período barroco se estrutura em focos de destaque num mesmo sistema nacional. É a constituição de uma ordem específica de situações e de realidades locais com seus pequenos centros dominados pela corte e condicionado pela esfera intelectual. Estas esferas artísticas com seus pequenos centros possibilitam a criação de um grande eixo com suas específicas ramificações. Assim, a pintura sobre paredes, cúpulas e abóbadas constroem espaços entre dois mundos. A esta categoria insere-se a decoração azulejar ao longo de todo o século XVIII variando apenas em seus cromatismos, mas possibilitando as mesmas aberturas perspécticas que o fresco ou a pintura a óleo proporcionava. O quadraturismo enfrentará a dificuldade técnica do azulejo, mas permanecerá em sua essência com a mesma disposição geométrica e perspectiva arrombando espaços métricos: seja em paredes ou em coberturas curvas. Os motivos perspécticos aparecem corretamente dispostos em painéis que abrem espaços no sentido interno das paredes como rombos cenográficos em abundantes cenas povoadas de figurações, como também a presença de formas arquitetônicas simulando espacialidades. O ilusionismo arquitetônico português não está condicionado ao modelo pictórico sobre o muro, assiste-se plenamente o azulejo com sua forma reticulada criando dimensões perspécticas de grande valor tectônico. ! Autora: Dra. Niura Legramante Ribeiro Título: OSIRARTE: UM MARCO NA AZULEJARIA MODERNA NO BRASIL. Resumo: A Osirarte (1940-1959) foi um ateliê de azulejos artísticos pintados à mão que, com a colaboração de artistas modernos, como Cândido Portinari, Alfredo Volpi, Mário Zanini e Burle Marx, entre outros realizou, primeiramente, grandes murais de azulejos monocromáticos para espaços modernos arquitetônicos: Palácio Capanema, Conjunto Residencial Pedregulho, Instituto Oswaldo Cruz, Clube de Regatas Vasco da Gama, todos no Rio de Janeiro e Igreja da Pampulha, em Belo Horizonte; posteriormente, executou composições de azulejos em policromias para funções diversificadas e para um público privado. Entre os motivos das temáticas utilizadas, estão o mar, a vida de São Francisco e cenas da cultura popular brasileira. A palestra enfocará todo o processo de tratativas, as expectativas de Paulo Rossi Osir em obter a encomenda dos azulejos para o Palácio Capanema, as pesquisas realizadas para conseguir o processo técnico em relação ao azul, por meio do acompanhamento de cartas trocadas com Portinari; e ainda, serão abordadas os demais trabalhos como os azulejos da Pampulha e as policromias vendidas a particulares, após a realização das grandes encomendas. Autor: Dr. Antônio Tomás Título: A PRODUÇÃO DE AZULEJOS ARTESANAIS NO SÉC. XXI: UMA VISITA A TODO O PROCESSO PRODUTIVO E CRIATIVO DE UM AZULEJO E DE UMA PEÇA DE FAIANÇA NA SANT'ANNA E OS FATORES DE SUCESSO QUE AS TORNAM ÚNICAS E APRECIADAS EM TODO O MUNDO. Resumo: Autora: Letícia de Maria Paixão Martins de Castro ! Título: PATRIMÔNIO AZULEJAR MARANHENSE. Resumo: São Luís, capital do Estado do Maranhão, possui conjunto arquitetônico de valor histórico, artístico e paisagístico. Seu Centro Histórico, composto de arquitetura civil e religiosa, onde se concentra maior número de azulejos dos séculos XVIII, XIX e meados do século XX. A cidade foi tombada pelo Patrimônio Estadual em 1986, pelo Patrimônio Federal em 1974 e incluído em dezembro de 1997, na Lista do Patrimônio Mundial da UNESCO. Edificações de diferentes tipologias receberam revestimento azulejar interna ou externamente, a maioria de procedência portuguesa. No Centro Histórico, fachadas azulejadas, praças, escadarias e mirantes se misturam às sacadas, alamedas, museus, igrejas, remonta ao período colonial. O Inventário do Patrimônio Azulejar do Maranhão é um conjunto de informações, mapas, documentos, formulários, fotografias, relatórios e CD-ROM que fazem parte de um projeto mais abrangente e ambicioso elaborado em 2001, pelos técnicos da Oficina de Azulejaria do Centro de Criatividade” Odylo Costa, filho”, órgão da Secretaria de Estado da Cultura do Maranhão – Brasil, para identificar e documentar todo patrimônio azulejar existente no Estado do Maranhão. No trabalho realizado em 2004, 2005 e 2006, aproximadamente 5.600 edificações estão na área de tombamento estadual, destas 423 com fachadas azulejadas em diferentes formas de aplicações, padrões e técnicas de decoração. Este espólio fotográfico e documental está, desde 2004, digitalizado e disponível, com a publicação dos Catálogos dos Azulejos do Maranhão, documento histórico que tem como propósito promover a conscientização do valor do nosso patrimônio, ante a importância da memória documental desta coleção existente no estado. Autora: Fernanda Gamboa Título: O DESENVOLVIMENTO DO AZULEJO NO MÉXICO DA COLÔNIA AOS NOSSOS DIAS. – (VIDEOCONFERÊNCIA). Resumo: ! Autora: Zeila Maria de Oliveira Machado Título: EMBRECHADOS DE EDIFÍCIOS RELIGIOSOS E CIVIS EM SALVADOR. Resumo: O embrechado foi um revestimento muito utilizado na Europa, em grutas de jardins e, em Portugal, passou a compor também os muros de jardins, além das grutas. No Brasil, essa arte foi aplicada em torres e frontões de igrejas, em capelas, no interior das igrejas, e também em muros de jardins de residências. De expressão ingênua e decorativa, o embrechado foi uma técnica concebida em função dos contrastes e da capacidade expressiva dos materiais utilizados (conchas, pedras, fragmentos de vidro, fragmentos de porcelana e porcelanas inteiras) e da sua ligação com as formas e espaços arquitetônicos. Os primeiros exemplares da técnica do embrechado surgiram na Itália, no século XVI, e foi introduzida no Brasil no final do século XVIII, sendo o Nordeste com destaque relevante e na Bahia é onde encontramos maior número de composições, quer seja em torres de igrejas, capelas e jardins de residências e na cidade de Salvador contamos com belas composições de embrechados nas principais igrejas e jardins residências. Autor: Dr. Olímpio José Pinheiro Título: AZULEJARIA LUSO-BRASILEIRA: IDENTIDADE, METAMORFOSE E CONTEMPORANEIDADE. Resumo: O tapete cerâmico de padrão, século XVII, e o painel istoriato, século XVIII, da azulejaria colonial luso-brasileira, constituem um meio de comunicação, inter e pluri-sensorial, talvez o mais poderoso do seu tempo, uma vez que incorpora e inter-relaciona, dinamicamente, linguagens artísticas e técnicas de diferentes gêneros. Pela simulação da linguagem da arquitetura (cercaduras, molduras, vãos falsos, e outros), expressa-se como uma meta-arquitetura. Pelo ! projeto de design de superfície e reprodutibilidade seriada, constitui um objeto de design histórico. Pela incorporação de linguagens e técnicas, conecta um sistema de comunicação técnico e artístico. De um lado, pelo pseudo-mosaic europeu e, de outro, pelo mosaico alicatado árabe. Passa, posteriormente, a revelar-se como azulejo, em cuerda seca e cuenca. Finalmente, realizando-se plenamente através da maiolica da renascença italiana, incorpora técnicas e temas da pintura. Evolui, articulando-se com a linguagem da gravura em termos de projeto, reprodutibilidade e mobilidade. E, deste modo, agencia um poderoso sistema, em rede, de tele-comunicação, uma vez que irradia sua mensagem imagética à dimensão e escala terrestre (Portugal, Açores, Madeira, Brasil, e, parcimoniosamente, até Angola e Índia). Como um fenômeno de natureza híbrida, constitui e incorpora diferentes linguagens, constrói identidades, metamorfoseia-se e desafia a criatividade de arquitetos, designers e artistas contemporâneos. Autor: Dr. Carlos Linhares de Albuquerque Título: NEM TUDO ESTÁ AZUL NO CLAUSTRO DO CONVENTO DE SÃO FRANCISCO DE SALVADOR. Resumo: O que se perde, em termos de memória e registro da cultura, quando se deixa um legado de 55 mil azulejos, dos séculos 17 e 18 se deteriorar? O complexo do convento de São Francisco, em Salvador da Bahia, reune muitos tesouros da arte barroca e uma riqueza extraordinária em termos de arquitetura e arte sacra. Em meio tanto esplendor, uma coleção de painéis compostos em azulejos se destaca. É um tratado de ética e de elogio da boa conduta cristã, denominado de Sermão dos Azulejos. É baseado na Emblemática Horaciana e consiste em um verdadeiro Teatro Mitológico, muito de acordo com a didática da Contrarreforma católica. O Theatro Moral da Vida Humana e Toda a Filosofia dos Antigos e Modernos, no ritmo da Renascença, retoma ! valores romandos e os cristianiza, os painéis nada tem de bíblico, nem do Antigo nem do Novo Testamento, sua “doutrina contém a tônica no temor de Deus e no conhecimento de si mesmo”. É filosofia pagã cristianizada. A concepção da obra chamada Sermão de Azulejos é de Otto Vaenius, holandês da Antuérpia, católico, com os painéis contendo os Emblemas de Horácio. Mas poderia ser Ovídio, Virgílio, Sêneca, Plutarco e Horácio. É uma jóia rara que liga a Bahia lusitana à cultura européia em uma época de retomada e renascimento das matrizes greco-latinas. Os painéis foram instalados aqui no guardianato de frei Boaventura de São José no ano de 1746-1748, segundo os Livros dos Guardiães e registram quem "foram azulejadas as 4 quadras do claustro". Os painéis estão largados à própria sorte e avançado estado de deterioração. Há muitos deles com peças se soltando e a infiltração está matando o azul. Lembram as araras azuis, no rumo da extinção. Um crime. É preciso estancar esta ameaça. Como o olhar da psicologia social e da antropologia, vamos comprovar que a perda da memória e dos seus registros materiais ameaça a noção de identidade e imagem social. Autora: Eliana Mello Título: UDO KNOFFE E A FORMAÇÃO DO PATRIMÔNIO AZULEJAR CONTEMPORÂNEO NA BAHIA Resumo: Em 1936, a arte azulejar ganha uma feição genuinamente nacional ao ser inscrita nas monumentais fachadas de um marco da arquitetura moderna, o edifício sede do Ministério de Educação e Saúde, no Rio de Janeiro. Atualizando uma referência estreitamente ligada à nossa tradição cultural, a azulejaria portuguesa, os azulejos do MES inauguraram um período no qual, importantes artistas do cenário brasileiro fizeram do azulejo um suporte de expressão criativa, influenciando por algumas décadas as proposições de integração entre arte e arquitetura. Se na Região Sudeste o Atelier Osirarte, sob comando do artista Paulo Rossi Osir, em São Paulo, foi o centro produtor indissociável de praticamente todo o patrimônio azulejar formado entre as décadas de ! 1940 e 1950, na Região Nordeste, o polo de maior destaque foi, sem dúvidas, liderado por Udo Knoff, em Salvador. Para conhecer a obra deste ceramista é preciso abordar duas vertentes. A primeira envolve seu trabalho na execução das composições idealizadas por Jenner Augusto, Carybé, Raimundo de Oliveira, Floriano Teixeira, Lênio Braga e Juracy Dórea, artistas ligados ao Movimento Modernista na Bahia. A segunda é sua produção autoral, de temáticas figurativas e, também, de padrões, para revestimento de fachadas. Nesta comunicação apresentamos o legado deste artista húngaro, seu papel na transmissão do conhecimento sobre a arte azulejar e sua relevante contribuição na formação do patrimônio cerâmico contemporâneo brasileiro. ! COMUNICAÇÕES Autor: Ana Maria Villar Leite Título: O RESTAURO DO MURAL DE AZULEJOS MODERNISTAS DE LÊNIO BRAGA DA RODOVIÁRIA DE FEIRA DE SANTANA Resumo: Lênio Braga Nasceu no Paraná em 1931 e faleceu no Rio de Janeiro em 1973. Começou sua vida artística em São Paulo, onde foi aluno de Lívio Abramo, em 1955 transfere-se para Salvador, fazendo parte da intelectualidade artística da Bahia. Em 1961 foi contratado pelo CEAO (Centro de Estudos Afro-Oriental) da UFBA em 1965 participa com Premiação da I Bienal de Artes Plásticas de Salvador, no Convento do Carmo. Por questões políticas migra para o interior, como Jequié, Itapetinga e Feira de Santana, razão pela qual hoje a nossa palestra sobre a restauração de um grande mural com 120m², localizada na Rodoviária de Feira de Santana, obra hoje tombada pelo IPAC após a nossa intervenção de Restauro e de várias divulgações sobre este Artista tão importante para a História da Arte baiana e Brasileira. Autora: Belinda Maria de Almeida Neves Título: OS PADRÕES DA AZULEJARIA DE FIGURA AVULSA NAS IGREJAS DE SALVADOR Resumo: Os azulejos de figura avulsa foram amplamente utilizados nos programas decorativos dos templos religiosos no século XVIII, em Portugal e nas colônias lusitanas. A cidade de Salvador possui um significativo contingente desses exemplares nas igrejas do antigo Convento de Santa Teresa - Museu de Arte Sacra da Universidade Federal da Bahia -, Ordem Terceira de São Francisco, Convento de Santa Clara do Desterro, Convento de Nossa Senhora do Carmo e Santa Casa de Misericórdia. Em nosso estudo identificamos onde se encontram esses exemplares, quantificamos esse contingente e o classificamos em cinco grandes grupos: antropomorfos, zoomorfos, fitomorfos, ! embarcações, torres e castelos. Nos espaços religiosos é evidente a preferência pelos motivos florais, seguido dos motivos zoomorfos, que constituem um rico e diversificado bestiário, com exemplares únicos e com características específicas em cada recinto. A presente comunicação visa apresentar à comunidade o resultado desse inventário e ressaltar a importância da azulejaria de figura avulsa nos templos de Salvador. Autora: Andreza Veronica dos Santos Baptista Título: O DEPARTAMENTO DE PATRIMONIO HISTORICO E A PRESERVAÇÃO DOS PAINEIS DE AZULEJOS DE BURLE MARX DO PAVILHÃO DE CURSOS E O DE PAULO ROSSI OSIR DO RESTAURANTE CENTRAL DA FIOCRUZ. Resumo: A Casa de Oswaldo Cruz vem desde 1986 desenvolvendo diversas ações que buscam preservar a memória das ciências e da saúde pública, incluindo a arquitetura histórica do campus Fiocruz Manguinhos. O Departamento de Patrimônio Histórico (DPH) é um escritório institucional especializado em preservação do Patrimônio Cultural e possui como objetivo a salvaguarda das edificações tombadas e de interesse para preservação da Fiocruz. O DPH atua na preservação dos exemplares modernistas existentes na fundação, sendo duas destas edificações o Pavilhão de Cursos e Restaurante Central, conhecidos também como Pavilhão Arthur Neiva e Pavilhão Carlos Augusto da Silva, respectivamente. As duas edificações são projetos do arquiteto Jorge Ferreira e contam com painéis de azulejos, o Pavilhão de Cursos conta com o painel desenvolvido por Roberto Burle Marx e o Pavilhão Central com painel de Paulo Rossi Osir. Estas edificações são reconhecidas e protegidas desde 2001 pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (INEPAC), órgão responsável pela preservação do patrimônio cultural do estado do Rio de Janeiro. O painel de azulejos do Pavilhão de Cursos também recebeu o reconhecimento e proteção, desde 2009, do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH), órgão municipal que protege e promove o patrimônio cultural do município do Rio de Janeiro. Para entender a importância do trabalho desenvolvido pelo ! departamento na preservação dos azulejos podemos destacar três intervenções. Dois projetos de restauração dos painéis de azulejos do Pavilhão de Cursos e do Refeitório Central foram desenvolvidos em 1994 e 2000. Em 2004 foi realizado o projeto de confecção e fornecimento de azulejos artísticos para a recomposição do painel inferior do Pavilhão de Cursos, este painel foi retirado e guardado na década de 1970. Com a análise destas intervenções podemos compreender a atuação do DPH na preservação dos painéis de azulejos modernistas e a importância que este elemento decorativo carrega, principalmente nas edificações modernistas. Autoras: Fabiana Comerlato; Caroline Pereira Teixeira, Aline Silva Marçal Título: LADRILHOS HIDRÁULICOS DO RECÔNCAVO DA BAHIA: MAPEAMENTO E ESTUDO DOS PADRÕES COMPOSITIVOS EM CACHOEIRA – BAHIA Resumo: O ladrilho hidráulico é uma placa de cimento constituída de areia, pó de mármore e pigmentos com superfície de textura lisa, sendo mais utilizado como piso. Este pavimento chega ao Brasil no penúltimo quartel do século XIX com os imigrantes italianos. O emprego do ladrilho hidráulico está associado a novos padrões de moradia com a importação de gostos europeizantes, sendo um símbolo de status. A ideia inicial pesquisa surgiu em razão da recolha de ladrilhos hidráulicos de demolições e reformas de edificações históricas da cidade de Cachoeira, Recôncavo da Bahia. A pesquisa compôs dois planos de trabalho: um relativo à necessidade de compreender as técnicas de produção e sua cadeia operatória nos locais de produção – oficinas tradicionais, bem como seus padrões compositivos; e o outro, a realização do levantamento da existência e preservação de ladrilho hidráulico nas edificações do centro da cidade. Para os trabalhos de campo, foram utilizadas duas fichas de registro: uma de levantamento de imóveis e outra de padrões compositivos. O perímetro percorrido abrangeu 28 logradouros (ruas, praças, travessas, ladeiras) do centro de Cachoeira, sendo encontrados 32 imóveis com ! ladrilhos hidráulicos. O mapeamento trouxe dados relevantes, a maior ocorrência deste pavimento em edificações com uso comercial e a existência de grandes tapetes com mais de 1.000 peças. O hall de entrada é o lugar da edificação que o ladrilho se mantém mais presente. Nestes 32 imóveis, foram identificados 80 tapetes, sendo identificados 28 padrões diferentes. Os pisos encontrados são simples, sem desenhos rebuscados e com poucas cores. Os padrões compositivos encontrados na cidade foram: os geométricos, os florais geométricos e os florais orgânicos. Esses padrões têm muitos desenhos inspirados nas formas elementares da geometria, tais como: quadrado, retângulo, losango, hexágono, octógono, círculo e cubo. Foram encontrados também padrões com figuras avulsas (flor de Liz), cubox, cubo médio e cubinho. As cores dos ladrilhos que mais apareceram foram: o vermelho, o vinho, o amarelo, o laranja e o rosa. Na cidade de Cachoeira existe uma grande ocorrência desses desenhos compositivos, sendo apresentados tanto em unidades de ladrilhos, como em frisos e cantoneiras. A pesquisa além de trazer o registro e análise dos ladrilhos nas edificações de Cachoeira, buscou sensibilizar seus moradores para a manutenção e preservação destes pisos artísticos. Autora: Darlene Silva Senhorinho Título: AZULEJOS INSERIDOS NO TEMPLO DA ORDEM TERCEIRA DO CARMO DE CACHOEIRA: HISTÓRIA E ICONOGRAFIA Resumo: Com a chegada dos carmelitas à colônia brasileira, a sua instalação em Pernambuco e o seu rápido avanço no território, o estabelecimento das Ordens Terceiras se processou com certo imediatismo. Na Vila de Cachoeira, onde também se deu a instalação da Ordem Carmelita, os irmãos Terceiros logo se fizeram presentes, de modo organizado e marcante. No contexto da igreja da Ordem Terceira do Carmo de Cachoeira, é percebível que os irmãos terceiros, não satisfeitos com toda a talha dourada, policromia, molduras e pisos elaborados, encomendaram o revestimento das paredes com azulejos portugueses ! do século XVIII, em tons de azul com fundo branco, composição típica do período. Os elementos estilísticos informam que os painéis são de transição do Barroco para o Rococó e as cenas bíblicas ali representadas apontam ligações com o Antigo Testamento, tendo, provavelmente, como referências ilustrações bíblicas circulantes no início do século XVIII, as quais em muito contribuíram para o trabalho de pintores de azulejos. Contudo, é desconhecida a data exata de fixação dos azulejos no templo. Considerando os estilos dos enquadramentos, próprios daqueles produzidos em oficinas lisboetas, supomos que as peças tenham sido fixadas entre 1745 e 1750. Os azulejos da nave em sua cabeceira têm a altura de quase 3m com vinte e um azulejos, já na capela-mor tem a altura de 3,30m, com vinte e três azulejos. A iconografia é algo particular a cada ordem religiosa, servindo, muitas vezes, como elemento de identificação e diferenciação entre os muitos grupos existentes. Os carmelitas, que aqui nos interessam particularmente, possuem uma iconografia pautada essencialmente nos personagens que participaram direta e indiretamente da formação da Ordem e da história do Catolicismo, incluindo aqueles associados ao plano divino. Nesse sentido, assume grande relevância o “patrono” da Ordem: o profeta Elias, tido como o primeiro exemplo de vida monástica, tendo seu rigoroso regulamento perdurado por séculos. A madona da Ordem a Virgem Maria, bem como seus santos reformadores, São Simão Stock e Santa Tereza D’Ávila. Autora: Valflor Loureiro Oliveira Título: OFICINA DE AZULEJARIA DE SÃO LUIZ DO MARANHÃO Resumo: O presente estudo tem como objetivo apresentar a Oficina de Azulejaria do Centro de Criatividade Odylo Costa Filho (CCOCF), localizado no Centro Histórico, da cidade de São Luís, capital do Maranhão (MA), que destina-se à pesquisa, ao registro, à capacitação de jovens e à manufatura de azulejo colonial. A metodologia de trabalho utilizada na Oficina de Azulejaria consiste na conservação e no restauro de azulejos com técnicas a frio, na produção de réplicas de ! azulejos para reposição de fachadas e interiores de prédios coloniais, e no preparo de jovens com formação técnicas/científicas para reprodução da manufatura de azulejos com tecnologia antiga e originais. Assim, a partir de noções teóricas e práticas de conservação e restauro do patrimônio azulejar em São Luís, o trabalho realizado na Oficina de Azulejaria torna-se viável, pois contribui para dirimir as perdas do patrimônio histórico. Autor: Francisco Portugal Guimarães Título: PAINÉIS ANTIGOS EM SALVADOR COM PINTURA IMITATIVA DE AZULEJOS. Resumo: A azulejaria foi durante séculos empregada na decoração em Portugal, por influência dos mosaicos árabes, para revestir e embelezar as paredes nuas de seus edifícios com conjuntos preciosos de azulejos. Essa arte foi largamente utilizada no Brasil entre os séculos XVII e XIX, por influência portuguesa, nos interiores e exteriores de seus opulentos solares e de suas instituições religiosas. A Bahia, particularmente Salvador, uma das cidades mais ricas e importantes durante esses séculos, teve suas edificações enriquecidas por esse tratamento decorativo, que lhes conferia brilho e ostentação. Juntamente com a arte azulejar, Portugal produziu outras formas de ornamentação, especialmente em fachadas de residências, a exemplo da arte imitativa de azulejos encontrada nas fachadas das casas da região da Bairrada, em que os artistas produziram uma relação de complementaridade entre a arquitetura e a arte. Essa técnica, também no Brasil, teve aceitação, em especial, em Minas Gerais, que, na quase ausência de azulejos, produziu silhares pintados sobre madeira, sugerindo azulejo, sem criar ilusões de que, de fato, fossem painéis de azulejos. Em Salvador, as pesquisas antigas e atuais não registram o emprego do imitativo de azulejo como elemento decorativo nas edificações. Desse modo, o propósito desta comunicação é trazer a público, em caráter inédito, a existência de imitativos de azulejos em instituições religiosas ! soteropolitanas. Esse achado instiga a pesquisa que deverá, entre outros objetivos, identificar, em Salvador, os monumentos civis e religiosos que utilizaram e ainda possuem esse tipo de decoração, o período de produção e as razões por que foram assim produzidos e não empregados os azulejos propriamente, e compará-los com similares existentes e documentados em outros estados brasileiros e em Portugal. Autor: Bruno Pascal Guinard Título: O REVESTIMENTO AZULEJAR E A IDENTIFICAÇÃO DO MIKVÉ DA CASA DE Nº 18 DO LARGO DO CRUZEIRO DE SÃO FRANCISCO, ATUAL HOTEL VILLA BAHIA. Resumo: O hotel Villa Bahia, antigo solar de arquitetura portuguesa construído em princípio do século XVIII, localizado no Centro Histórico de Salvador, outrora área urbana ocupada pela elite colonial açucareira, profissionais liberais, funcionários da Coroa e ricos mercadores que se avizinhavam de pequenas lojas comerciais e das principais ordens religiosas regulares e suas igrejas. Durante o processo de restauração do casarão foi identificada um conjunto azulejar numa pequena área, que levou a equipe acreditar que seria uma construção similar a um mikvé, com isso formou-se uma equipe composta pelo rabino Ariel Oliszewski, pelo Presidente da Sociedade Israelita da Bahia, Dr. Maurício Szporer, e pela historiadora Profa. Dra. Suzana Severs, a fim de investigar a origem e finalidade deste equipamento doméstico colonial. A possibilidade de descobrir um mikvé em um dos solares situado em importante área urbana da capital da colônia portuguesa na América, nos evidenciará um cotidiano religioso judaico singular para o período em que foi construído. O fato do mikvé nunca ter sido mencionado na documentação inquisitorial conhecida (única fonte que pode fornecer informações sobre a presença dos descendentes dos judeus conversos ! na América portuguesa), corroborará com as informações sobre uma ativa vida criptojudaizante na Bahia. Autor: Luiz Alberto Ribeiro Freire Título: AZUL, BRANCO, OURO E NEGRO NA ORNAMENTAÇÃO DOS ESPAÇOS SAGRADOS NO BRASIL ANTIGO. Resumo: A associação entre os ornatos em madeira entalhada e dourada com os azulejos em azul e branco é bastante observável na ornamentação dos templos católicos em Portugal e nas colônias. Robert Smith observou “o conceito da unidade, realizado na talha dourada dos retábulos, alargou-se para abranger a capela-mor e, depois, o resto do interior da igreja. Assim, altares, púlpitos, grades e vãos foram ligados por meio de um revestimento de madeira dourada, com quadros pintados, os azulejos, os relevos e mármores do templo. A igreja “toda de ouro” que daí resultou, foi uma realização sem paralelo no passado e um ideal nunca superado nos estilos sucessivos da arte lusitana. As suas formosas harmonias de ouro com branco, azul e vermelho, constituindo uma das mais belas expressões da arte do mundo português, começaram a receber, já no princípio do século XVIII, os mais variados elogios dos viajantes estrangeiros”. (SMITH, A talha em Portugal, p. 79). A harmonização das variadas tonalidades atua em consonância com a liturgia e com o programa simbólico da ornamentação dos espaços sagrados. O dourado da talha que dignifica os móveis nos quais se guardam e expõem para o culto as imagens sagradas contrastam com painéis figurados, narrativos ou decorativos em azulejos em azul e branco, por outro lado o negro das balaustradas de jacarandá se impõe na ornamentação das igrejas no Brasil antigo, cumprindo o importante papel de delimitar os espaços definindo e qualificando o acesso dos fiéis. Essas associações e contrastes cromáticos contavam também com elementos móveis, que assumiam funções primordiais como as toalhas brancas dos altares que acentuavam o caráter essencial do altar. Abordaremos os ambientes sacros a partir das associações e contrastes cromáticos de elementos fixos e móveis e suas funções litúrgicas. ! Autor: Pablo Sotuyo Blanco Título: ICONOGRAFIA MUSICAL NOS AZULEJOS DO CONVENTO DE SÃO FRANCISCO EM SALVADOR (BAHIA) Resumo: No âmbito da azulejaria presente nos diversos espaços do Convento de São Francisco em Salvador, Bahia, discutiremos aqueles cujo conteúdo se destaca não apenas por expor elementos musicais no espaço conventual, mas também por serem testemunho da negociação ideológica, estética e cultural, alicerçada na circulação de ideias e programas visuais oriundos de locais ultramarinos diversos, acontecida a partir do século XVII e assim “aclimatada” ao gosto monacal franciscano soteropolitano.