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Universidade Estadual de Maringá Centro de Ciências Exatas Departamento de Química Tese de Doutorado Barreiras Rotacionais em Sistemas Amídicos. Estudo Experimental e Teórico de Congêneros de Carbamatos e Uréias Orientado: Rodrigo Meneghetti Pontes Orientador: Ernani Abicht Basso Maringá – 2006 “Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine. Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei. E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará. O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acaba; mas, havendo profecias, desaparecerão; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, passará; porque, em parte, conhecemos e, em parte, profetizamos. Quando, porém, vier o que é perfeito, então, o que é em parte será aniquilado. Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, pensava como menino; quando cheguei a ser homem, desisti das coisas próprias de menino. Porque, agora, vemos como em espelho, obscuramente; então veremos face a face. Agora, conheço em parte; então conhecerei como também sou conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é o amor.” (I Coríntios 13:1-13) À minha mãe Cleuza, Por sua coragem e sabedoria, Pela dedicação e pelas lições de vida Dedico esta tese AGRADECIMENTOS Ao Prof. Dr. Ernani Basso, pela orientação desde os primeiros dias de laboratório, por sua ajuda em me fazer crescer como cientista, e pelo apoio nos momentos difíceis. À minha família, Ondina, Daniella, Mariana, Valdomiro, Cleonice, Cléia, Jefferson, Clizeide, Voni, Raimundo, Renata, Luissy, Volney, Tiago, Renan, Otávio e Vítor. In memorian ao meu avô Otávio e à Ana Maria. À Rosangela Basso, pela amizade e incentivo. Ao Cleverson, à Gisele, à Barbara, à Franciele, à Ana, ao Jaime e ao Francisco. Cada um ao seu modo me ajudou a crescer um pouco. Ao Dr. Paulo R. Oliveira, pelas primeiras lições de cálculo e por sua prestatividade. Aos pessoal da IC pelo convívio agradável. Aos professores do DQI, particularmente ao Prof. Dr. Noboru Hioka pelo incentivo no início da graduação. Ao Agrinaldo, pela amizade e por suas mensagens de sabedoria. Ao Prof. Dr. Gentil José Vidotti por assumir a co-orientação durante o período de pós-doutorado do Prof. Ernani. Ao Frimmel, por sua solicitude constante, principalmente durante a realização dos experimentos de RMND. À Dra Ivânia Schuquel pela paciência e empenho durante os experimentos de RMND, por não se importar de trabalhar à noite e jantar salgadinhos da cantina. Ao Prof. Dr. Roberto Rittner pelo incentivo ao grupo ECO. Ao Cláudio Tormena, pelo apoio, principalmente nos primeiros tempos. À Cristina e ao Claudemir, por seu bom atendimento sempre que necessário. À turma do bloco 31. Ao pessoal da república, Rene, Luiz, Leonardo e Rogério. Ao Augustinho, pela amizade e pelo bom exercício intelectual. À CAPES, pelas bolsas de mestrado e doutorado. Ao CENAPAD-SP, pelo uso do ambiente computacional. RESUMO Barreiras Rotacionais em Sistemas Amídicos. Estudo Experimental e Teórico de Congêneros de Carbamatos e Uréias Orientado: Rodrigo Meneghetti Pontes Orientador: Ernani Abicht Basso Nossa investigação tratou das barreiras rotacionais para ligações C-N conjugadas em uma série de congêneros do N,N-dimetilcarbamato de O-metila [CH3―X―(C=Z) ―N(CH3)2, X=O,S e Z=O,S] e da N,N,N’-trimetiluréia [CH3―N(X)―(C=Z)―N(CH3)2, X=H,CH3 e Z=O,S]. A Ressonância magnética nuclear dinâmica (RMND) foi empregada para a determinação experimental das barreiras rotacionais em diversos solventes. Foram realizados cálculos ab initio e com a teoria do funcional de densidade (TFD-B3LYP) para o estudo teórico das barreiras rotacionais em fase gasosa e sua resposta à polaridade do meio. Empregamos, ainda, simulações com dinâmica molecular buscando avaliar o efeito das ligações de hidrogênio. Para estes trabalhos, fez-se necessária a parametrização de campos de forças para os solutos. Os resultados mostraram que é fundamental a inclusão dos efeitos de solvatação para o cômputo correto das barreiras rotacionais, sendo que a combinação do modelo de solvatação IPCM com cálculos de dinâmica molecular mostrouse bastante adequada para este propósito. Observamos aumento das barreiras rotacionais devido à ligações de hidrogênio para dois compostos, enquanto nos demais o efeito foi negativo, i.e. diminuição da barreira. A origem das barreiras foi investigada através de cálculos com a teoria dos orbitais naturais de ligação (NBO). Verificamos que a deslocalização eletrônica possui um papel fundamental, como se supunha, mas precisa ser suplementada pelas modificações energéticas na estrutura de Lewis, decorrentes, principalmente, das variações nos parâmetros estruturais (comprimentos e ângulos de ligação). ABSTRACT Rotational Barriers in Amidelike Systems. An Experimental and Theoretical Study of Carbamate and Urea Congeners Author: Rodrigo Meneghetti Pontes Advisor: Ernani Abicht Basso Our investigation dealt with the rotational barriers for conjugated C-N bonds in congeners of O-methyl N,N-dimethylcarbamate [CH3―X―(C=Z)―N(CH3)2, X= O,S and Z=O,S] and N,N,N’-trimethylurea [CH3―N(X)―(C=Z)―N(CH3)2, X=H,CH3 and Z=O,S]. Dynamic nuclear magnetic resonance (DNMR) was employed for the experimental determination of the rotational barriers in several solvents. Gas-phase rotational barriers, as well as their response to the medium polarity, were studied through ab initio and density functional theory (DFT-B3LYP). In addition, we performed molecular dynamic simulations to evaluate the effect of hydrogen bonding. For these latter, it was necessary to conduct a force field parameterization for each solute. The results showed that it is indispensable to include solvation effects in order to correctly calculate rotational barriers, and that combining the IPCM solvation model with molecular dynamics calculations provide us with a suitable way to approach the problem. Hydrogen bonding causes increase on the rotational barrier of two compounds, but has a negative effect on the remaining, i.e. decrease their barriers. The rotational barrier origin was studied through natural bond orbital theory (NBO). Our findings showed that electron delocalization indeed plays an important role, as it was supposed to do, but needs to be supplemented by energetic modifications taking place in the Lewis structure, which originates mainly from structural parameters variations (bond lengths and angles). ÍNDICE Abreviaturas e Símbolos Definição das Estruturas 1. Introdução e Objetivos .....................................................................1 2. Fundamentação Teórica ...................................................................6 2.1. Métodos de Estrutura Eletrônica ....................................................7 2.1.1. O Método de Hartree-Fock ......................................................8 2.1.1. Conjunto de Funções de Bases ............................................... 13 2.1.3. Correlação Eletrônica.......................................................... 16 2.1.4. Teoria do Funcional de Densidade ........................................... 17 2.1.5. Otimização de Geometrias.................................................... 19 2.1.6. Propriedades Termodinâmicas ............................................... 21 2.1.7. Modelos de Solvatação......................................................... 23 2.1.8. Modelos de Solvatação Contínuos ............................................ 24 2.1.9. Teoria dos Orbitais Naturais de Ligação .................................... 26 2.2. Dinâmica Molecular ................................................................. 28 2.2.1. Visão Geral ...................................................................... 28 2.2.2. Campo de Forças ............................................................... 30 2.2.3. Função de Distribuição Radial de Pares..................................... 31 2.3. Ressonância Magnética Nuclear Dinâmica ....................................... 33 2.4. Barreiras Rotacionais em Sistemas Amídicos .................................... 37 3. Parte Experimental ....................................................................... 43 3.1. Ressonância Magnética Nuclear ................................................... 44 3.2. Cálculos Teóricos .................................................................... 46 3.2.1. Métodos de Estrutura Eletrônica ............................................. 46 3.2.2. Dinâmica Molecular ............................................................ 48 3.3. Preparação dos Compostos ......................................................... 49 4. Resultados e Discussão ................................................................... 56 4.1. Obtenção dos Compostos e RMND ................................................. 57 4.1.1. Síntese dos Compostos ........................................................ 57 4.1.2. Determinação das Barreiras Rotacionais por RMND ....................... 60 4.2. Estudo Teórico ....................................................................... 67 4.2.1. Estruturas Estáveis em Fase Gasosa ......................................... 67 4.2.1.1. Conformações para o Grupo 1........................................... 67 4.2.1.2. Conformações para o Grupo 2........................................... 70 4.2.2. Barreiras Rotacionais no Vácuo e em Solução por Métodos Quânticos . 81 4.2.2.1. Grupo 1 ..................................................................... 81 4.2.2.2. Grupo 2 ..................................................................... 88 4.2.3. Inclusão do Efeito das Ligações de Hidrogênio por Dinâmica Molecular Associadas a Cálculos Quânticos ................................................... 92 4.2.3.1. Grupo 1 ..................................................................... 92 4.2.3.1. Grupo 2 ....................................................................108 4.2.4. Origem das Barreiras Rotacionais ...........................................120 4.2.4.1. Grupo 1 ....................................................................120 4.2.4.2. Grupo 2 ....................................................................134 5. Conclusões ................................................................................142 Referências Bibliográficas..................................................................145 Apêndice I ....................................................................................152 Apêndice II ...................................................................................155 Apêndice III...................................................................................163 ABREVIATURAS, SÍMBOLOS E DEFINIÇÕES SCF Self-Consistent Field (Campo Auto-Consistente) HF Hartree-Fock B3LYP Método de Três Parâmetros de Becke com Funcional de Correlação de Lee, Young e Par TFD Teoria do Funcional de Densidade IPCM Isodensisty Polarizable Continuum Model (Modelo do Contínuo Polarizável com uso de Superfície de Isodensidade) DM Dinâmica Molecular RMND Ressonância Magnética Nuclear Dinâmica NBO Natural Bond Orbital (Orbital Natural de Ligação) ef Estado fundamental et Estado de transição fdr Função de distribuição radial g(r) Função de distribuição radial Tc Temperatura de coalescência Dn Separação das freqüências de absorção de dois núcleos que participam de um processo de troca APB Análise do Perfil das Bandas SEP Superfície de Energia Potencial ε, s Parâmetros de Lennard-Jones q Carga atômica e Unidade de carga atômica (equivalente à carga de um elétron) e Constante dielétrica ei Energia do NBO i; também para energia, de forma geral, na função de partição εi Energia do orbital SCF i hartree Unidade de energia, 1 hartree = 627,51 kcal/mol DEFINIÇÃO DE ESTRUTURAS Grupo 1 Z H3C CH3 X N ef CH3 H H Z designação genérica da estrutura planar H H H Z H H H X H N H X N H H H H H ef1 H H H ef2 Z H H X H N H H Z X H estrutura planar com as conformações das metilas definidas H N H H H H ef4 ef3 H H Z H H Z H H H H H H H H H H H X H H N X H N H H H H H H H et1 et2 estruturas geradas pela rotação sobre a ligação C-N Grupo 2 Z H3C H CH3 N N H CH3 H Z ef designação genérica da estrutura planar H H H Z H H H N N H H N N H H H H H H H H H H ef1 H H H Z N ef2 H H N H H H H H Z N H H N H H H ef3 ef4 Z H H H H N H Z H N H H N H H H H H H H H ef5 Z H H N H H H H H H H H ef6 H H H Z H H H H H N N H H H H H ef7 H N H N H H H H ef8 estrutura planar com as conformações das metilas definidas H H H z H H H N H N H H H H z H H N H N H H H H et1-a H H H H et1-b z H z H H N H N H N H H H H H H H H H H et2-a estruturas geradas pela rotação sobre a ligação C-N H N H H et2-b 1 Capítulo 1: Introdução e Objetivos Introdução e Objetivos 2 Capítulo 1: Introdução e Objetivos Os carbamatos (Fig. 1.1) são alguns dos mais importantes compostos com atividade farmacológica.1-6 Doenças como a miastenia gravis e o mal de Alzheimer são tratadas com drogas contendo esse grupo funcional, que também ocorre na estrutura de certos pesticidas. Em vista disso, têm-se buscado estabelecer a correlação estrutura-atividade com o intuito de desenvolver drogas mais potentes e de menor toxidez, mas essas investigações esbarram na falta de conhecimento a respeito da estrutura química dos sítios ativos das colinesterases.1-3 Mesmo assim, é possível afirmar que a distância entre os grupos funcionais é um dos fatores determinantes.1 O C X N Amidas: X = alquila ou arila Carbamatos: X = OR(R = alquila ou arila) Figura 1.1: Estrutura geral de amidas e carbamatos. Recentemente, Furukawa et al.2 mostraram que a (S)-metacolina e a (2S,4R,5S)-muscarina mudam sua conformação quando se ligam a um receptor de acetilcolina. A principal implicação de tal descoberta é o fato de ser necessário considerar, além da distância entre os grupos funcionais, a flexibilidade molecular, pois esta pode ser responsável por um acomplamento enzima-substrato mais efetivo. Obviamente, esta flexibilidade depende da facilidade com que se pode rotacionar os grupos funcionais sobre as ligações químicas, ou em outras palavras, das barreiras rotacionais. Portanto, a compreensão destas últimas é crucial para o entendimento da atividade biológica. Na última década, a descoberta de que as barreiras rotacionais em carbamatos são insensíveis ao solvente fez com que esses compostos se tornassem modelos bastante interessantes fundamental. 7, 8 também do ponto de vista da química No entanto, a atenção dedicada aos carbamatos ainda é pequena se os compararmos às amidas (Fig. 1.1), que desempenham um papel importante na química biológica, particularmente no que diz respeito à estrutura das proteínas Introdução e Objetivos 3 e enzimas.9-21 A grande atenção dedicada às amidas decorre do fato delas serem os “blocos fundamentais” constituintes das proteínas, de modo que sua análise pode ajudar na compreensão do comportamento desses polímeros biológicos. O aspecto mais notável acerca das amidas é a elevada barreira de energia para a rotação sobre a ligação (C=O)-N. Atribui-se essa barreira à deslocalização do par de elétrons do nitrogênio sobre o orbital π antiligante da carbonila, nN → π*C=O, ou ainda, na liguagem da teoria de ligação de valência, à possibilidade das estruturas de ressonância apresentadas na Fig. 1.2.16 Contudo, nos últimos anos alguns autores têm contestado a validade desse modelo, argumentando que o mesmo não é capaz de suprir explicações para certas características tais como a distribuição de carga elétrica.22-24 O O C X C N X N Figura 1.2. Estruturas de ressonância para amidas e carbamatos. Situação similar foi encontrada para o etano, que embora difira dos compostos de nosso interesse, ilustra bem a idéia que tentamos expressar.25-27 Recentemente, a comunidade química foi surpreendida com os artigos de Weinhold e Goodman-Pophristic nos quais os autores contrariam um dos mais conhecidos fundamentos da estereoquímica.25, 27 Nos referidos estudos, os autores demonstram que a barreira rotacional no etano possui origem predominantemente hiperconjugativa, e não estérica, como é ensinado em livros de química orgânica.28-30 Essa conclusão é o resultado da aplicação de métodos modernos de estrutura eletrônica a um problema que foi tratado de forma essencialmente qualitativa quando de sua proposição. Muito se tem feito a esse respeito para as amidas,15, 17-19, 23, 31-35 mas não conhecemos estudo similar para os carbamatos e seus congêneros. Além da origem das barreiras rotacionais, um segundo problema intriga os pesquisadores desta área, trata-se da influência do ambiente químico, ou em outras palavras, do solvente. Sabe-se que a barreira rotacional nas amidas aumenta Introdução e Objetivos 4 com o aumento da polaridade do meio.10, 19 Ademais, verificou-se que a formação de ligações de hidrogênio soluto-solvente causa uma posterior elevação, como é o caso da N,N-dimetilacetamida (DMA) que tem sua barreira acrescida por ~ 4 kcal/mol ao passar da fase gasosa para uma solução aquosa.19 Porém, quando os estudos foram estendidos para carbamatos, surpreendentemente não se encontrou qualquer variação, fosse com a polaridade do meio ou com a capacidade de formar ligações de hidrogênio.7 As explicações que haviam sido elaboradas para as amidas precisaram então ser revistas, uma vez que amidas e carbamatos partilham do mesmo fragmento (C=O)-N e deveriam, em princípio, seguir comportamentos similares.8 Este contraste entre as duas classes de compostos revelou a necessidade da exploração de novos sistemas. Tendo em vista os trabalhos que já haviam sido desenvolvidos pelo grupo de estereoquímica de compostos orgânicos (ECO) desta Universidade,36-38 julgamos que as moléculas mais apropriadas para uma investigação seriam os congêneros de carbamatos. Consideramos também que a inclusão de outros modelos como as uréias e seus congêneros poderia ser de grande valia, uma vez que sua estrutura possui uma particularidade não presente nos outros compostos, viz. dois pares de elétrons dos nitrogênios interagindo com a (tio)carbonila. Isto deu origem à série 1 a 8 apresentada na Fig. 1.3. O presente trabalho foi proposto com o intuito de adquirir dados experimentais para 1-8 e compreender estas observações com a ajuda de cálculos teóricos. Para esses propósitos, prevíamos a realização de experimentos de RMN dinâmica em diferentes solventes. Quanto ao estudo teórico, a natureza do problema exigia o emprego de cálculos de estrutura eletrônica, mas também de métodos que fossem capazes de tratar adequadamente de interações como as ligações de hidrogênio. Sendo assim, o estudo teórico foi composto por métodos ab initio e da teoria do funcional de densidade (TFD), além de dinâmica molecular. De forma resumida, estes foram nossos objetivos: Obter os compostos 1-8 e determinar suas barreiras rotacionais em diversos solventes por RMN dinâmica; Introdução e Objetivos 5 Explicar o efeito da polaridade do solvente e das ligações de hidrogênio por meio de cálculos teóricos, tanto de estrutura eletrônica como clássicos; Avaliar a origem das barreiras rotacionais através de cálculos teóricos. O O H3C C O N CH3 H3C CH3 C N N H CH3 (5) N,N,N'-Trimetiluréia (1) N,N-Dimetilcarbamato de O-Metila S O H3C C S N CH3 H3C CH3 C N N H CH3 (2) N,N,N'-Trimetiltiouréia S O C O N CH3 H3C CH3 C N N CH3 CH3 (3) N,N,N',N'-Tetrametiluréia S S C S CH3 (7) N,N-Dimetiltiocarbamato de O-Metila H3C CH3 (6) N,N-Dimetiltiocarbamato de S-Metila H3C CH3 N CH3 H3C CH3 (4) N,N-Dimetilditiocarbamato de S-Metila C N N CH3 CH3 CH3 (8) N,N,N',N'-Tetrametiltiouréia Figura 1.3. Compostos estudados. Introdução e Objetivos Capítulo 2: Fundamentação Teórica 6 Fundamentação Teórica 7 Capítulo 2: Fundamentação Teórica No desenvolvimento de nossos trabalhos, fizemos uso de ressonância magnética nuclear dinâmica (RMND) para o estudo experimental das barreiras rotacionais, bem como de métodos teóricos para o entendimento das observações. No que segue, abordaremos os conceitos necessários à compreensão do trabalho. A linguagem do texto foi direcionada para o leitor com pouca ou nenhuma experiência com métodos de estrutura eletrônica e dinâmica molecular, de forma que as exposições, em certos casos, podem ser prolixas para o pesquisador com experiência na área. Pedimos a compreensão do mesmo, que pode, à sua escolha, seguir diretamente para o próximo capítulo. O mesmo se aplica à RMN dinâmica. 2.1 Métodos de Estrutura Eletrônica A expressão “estrutura eletrônica” é utilizada para uma extensa classe de métodos que tratam explicitamente do comportamento de elétrons e núcleos nas espécies químicas. É utilizada para a diferenciação de um segundo conjunto de métodos, baseados na física clássica, que descreve o comportamento dos átomos através de um grupo de parâmetros ajustados para reproduzir dados experimentais, sem contudo considerar a estrutura subatômica. Os próprios métodos de estrutura eletrônica subdividem-se em três outras categorias: ab initio, semi-empíricos e métodos híbridos. O método de HartreeFock é o alicerce para todos os três e dele trataremos agora. Fundamentação Teórica 8 2.1.1 O Método de Hartree-Fock39-45 “Método para a determinação dos orbitais espaciais ψi da função de onda determinantal de um elétron, baseado na redução de equações diferenciais não-lineares acopladas para as formas ótimas dos orbitais moleculares pelo uso do método variacional. O operador Hamiltoniano de Hartree-Fock é definido em termos desses orbitais através dos operadores de repulsão de Coulomb e de troca. O procedimento geral para resolver as equações de Hartree-Fock consiste em tornar os orbitais auto-consistentes com respeito ao campo que eles produzem. Isto é alcançado através de um processo computacional de tentativa e erro, e por esta razão o processo todo é chamado de método do campo auto consistente.” (Glossary of Therms Used in Theoretical Organic Chemistry, IUPAC Recomendations 1999).46 A descrição dos sistemas microscópicos segue os princípios da física quântica, cujo desenvolvimento deu-se no primeiro terço do século passado com contribuições de diversos cientistas, dentre eles, Planck, Einstein, Dirac, Heisenberg, Schrödinger, Bohr e Born. Nessa teoria, um sistema físico é descrito pela seguinte equação de movimento, a equação de Schrödinger*: HΨ(R,r ) = EΨ(R,r ) (2.1) na qual H é o operador Hamiltoniano, Ψ é a função de onda, dependente das coordenadas eletrônicas (r) e nucleares (R), e E é a energia do sistema. Resolver essa equação significa encontrar as funções de onda Ψ que a satisfazem e os seus autovalores E de energia. Tendo em vista que as velocidades com que os elétrons se movimentam são bastante superiores às dos núcleos, podemos tratar estes como fixos e resolver a Eq. (2.1) apenas para os elétrons. Esta é a aproximação de Born-Oppenheimer. No átomo de hidrogênio, os únicos termos que compõem o operador Hamiltoniano são a energia cinética do elétron (assumindo o núcleo fixo) e a energia potencial de * Em sua forma mais geral, a equação de Schrödinger é dependente do tempo. Como nosso interesse principal são os sistemas estacionários, trabalharemos com a forma independente do tempo, que provém de uma separação de variáveis a partir da Eq. (2.1). Fundamentação Teórica 9 interação elétron-núcleo. Para este sistema, é possível empregar o procedimento conhecido como “separação de variáveis”, no qual a Eq. de Schrödinger é dividida em três equações mais simples que podem ser resolvidas de forma exata. Quando há vários elétrons, faz-se necessário considerar a interação repulsiva entre os mesmos. É justamente esse termo de interação elétron-elétron que impede a aplicação do processo de separação de variáveis e preclude a resolução exata da equação de Schrödinger para sistemas multi-eletrônicos. O recurso possível para esse problema é a busca por soluções numéricas ou aproximadas. O primeiro passo nessa busca consiste em escrever a função de onda Ψ(r1, r2,⋅⋅⋅,rn) – que depende das coordenadas dos elétrons 1, 2,...,n – em termos de funções mais simples ϕi(ri), cada uma das quais dependendo das coordenadas apenas do elétron i. As funções ϕi(ri) são chamadas de orbitais moleculares ou atômicos, dependendo do sistema em estudo. Douglas Hartree trabalhou com produtos das funções ϕi(ri) da seguinte forma: Ψ(r 1 , r 2 ,⋅⋅⋅,r n ) = ϕ 1 (r 1 ) ϕ 2 (r 2 )⋅⋅⋅ ϕ n (r n) (2.2) A partir dessa função, Hartree conseguiu encontrar soluções numéricas bastante satisfatórias. Mas o produto (2.2) não é condizente com o princípio da exclusão de Pauli, cuja importância na descrição das partículas elementares começava a ficar evidente na mesma época dos trabalhos de Hartree. Em termos matemáticos, o princípio de Pauli requer que o sinal da função de onda seja invertido quando se troca as coordenadas de dois elétrons. Isso não ocorre na Eq. (2.2), pois ϕ 1 (r 1 ) ϕ 2 (r 2 )⋅⋅⋅ ϕ n(r n ) é o mesmo que ϕ 2 (r 2 ) ϕ 1 (r 1 )⋅⋅⋅ ϕ n (r n ). Vladimir Fock então utilizou uma função com seguinte forma: Ψ (r1, r2 ,L,rn ) = Sendo 1 ϕ1 (r1 ) ϕ1 (r2 ) L ϕ1 (rn ) ϕ1 (r1 ) ϕ1 (r2 ) L ϕ1 (rn ) 1 M M O M n! ϕ (r ) ϕ (r ) L ϕ (r ) k 1 k 2 k n ϕ k (r1 ) ϕ k (r2 ) L ϕ k (rn ) (2.3) n! uma constante de normalização. Ou seja, a função Ψ(r1, r2,⋅⋅⋅,rn) é definida pelo determinante dos orbitais moleculares ϕi(ri); a barra sobre as funções Fundamentação Teórica 10 serve para identificar o spin eletrônico. Essa função foi proposta por Slater e por isso é conhecida como “determinante de Slater”. Como exemplo, vamos assumir que cada um dos dois elétrons do átomo de hélio possa ser representado por um orbital atômico do tipo 1s (ϕi(ri)=1s). Neste caso, o determinante de Slater teria a seguinte forma: 1 1s(r1 ) 1s(r2 ) 2 1s (r1 ) 1s (r2 ) (2.4) 1 [1s(r1 )1s (r2 ) − 1s(r2 )1s(r1 )] 2 (2.5) Ψ (r1,r2 ) = que após ser desenvolvido fica: Ψ(r1,r2 ) = A função (2.5) tem seu sinal invertido quando trocamos as coordenadas dos elétrons 1 e 2, e portanto satisfaz o requerimento de antissimetria exigido pelo princípio de Pauli. A partir do determinante de Slater, Fock deduziu a equação para a energia molecular: n/2 n/2 n/2 i =1 i =1 j =1 E HF = 2 ∑ ε i − ∑∑ (2 Jij − K ij ) + VNN (2.6) na qual εi é a energia do orbital i, J ij é “integral de Coulomb” e diz respeito à repulsão elétron-elétron; K ij é a “integral de troca”, que surge do princípio de Pauli e não possui análogo clássico; VNN é a energia potencial de interação núcleonúcleo. O procedimento utilizado para se obter a energia molecular ou atômica por meio da Eq. (2.6) é chamado “método de Hartre-Fock”, abreviadamente, HF. A energia fornecida pela Eq. (2.6) não é exata, uma vez que a função de onda (2.3) é uma aproximação para a função “verdadeira”. Deste modo, a Eq. (2.6) está sujeita ao “princípio variacional”, segundo o qual a energia obtida por uma função aproximada, de forma variacional, é sempre maior do que a energia exata. Apesar das simplificações de Hartree-Fock em relação à função de onda Ψ(r1,r2,⋅⋅⋅,rn), ainda é necessário conhecer a forma dos orbitais moleculares ϕi(ri) e isso constitui um outro problema. Roothaan propôs uma simplificação adicional, Fundamentação Teórica 11 que consite em representar os orbitais moleculares como combinações lineares de orbitais atômicos: ϕ i (ri ) = ∑ c ik χ k = c i1 χ 1 + c i 2 χ 2 + L + c in χ n (2.7) k sendo c ik os coeficientes e χ k os orbitais atômicos. As funções χ k utilizadas para a construção do orbital molecular constituem um “conjunto de funções de base”. Tendo em vista uma conveniência matemática, as funções mais comumente 2 utilizadas como bases atômicas são as Gaussianas, i.e. funções do tipo e −αx . O problema passa então a ser a determinação do melhor conjunto de valores para os coeficientes cik . A substituição da Eq. (2.7) na Eq. (2.6), seguida de rearranjos, fornece: n ∑ c si (Frs s =1 − ε i Srs ) = 0 (2.8) na qual, Frs = ∫ χ r* Fχ s dτ , Srs = ∫ χ r* χ s dτ e Frs é o “operador de Fock”. O que está representado em (2.8) é um conjunto de n equações lineares simultâneas. Nesse sistema, Frs − ε i S rs são os coeficientes, ao passo que os coeficientes dos orbitais atômicos, cik , que desejamos encontrar, assumem o papel de variáveis. Resolver o sistema (2.8), portanto, significa encontrar os valores dos coeficientes dos orbitais atômicos. As energias εi são os autovalores do operador de Fock: Fϕ i = ε i ϕ i (2.9) e para conhecê-las, é preciso antes conhecer os orbitais moleculares ϕ i , que por sua vez dependem dos coeficientes c ik (Eq. 2.7). Mas para encontrar esses coeficientes, precisamos dos valores de ε i , ou seja, voltamos ao início. Um problema desse tipo não pode ser resolvido de forma exata, e sim por um Fundamentação Teórica 12 procedimento de “iterações”. Esse processo consiste em sugerir um conjunto inicial de coeficientes para obter os orbitais moleculares ϕ i e seus autovalores ε i iniciais. Os coeficientes Frs − ε i S rs em (2.8) são então utilizados para encontrar um conjunto de valores melhorados para os c ik . A partir desse conjunto melhorado, obtém-se um novo sistema de equações lineares, que por sua vez gera um conjunto melhorado de coeficientes dos orbitais e assim por diante. Esse ciclo de cálculos é repetido até que a diferença entre uma iteração e outra fique dentro de um limite pré-estabelecido. Neste ponto, a densidade eletrônica da molécula atingiu sua convergência. Lembremos que a densidade eletrônica determina a distribuição de carga elétrica da molécula, ou de um orbital, e essa distribuição de carga gera um campo elétrico, que não era conhecido no início dos cálculos. Se o campo elétrico final (ou a densidade que o gera) for usado como ponto de partida para um novo ciclo de cálculos, o resultado será o próprio campo. Diz-se então que o campo é “auto-consistente”, ou seja, gera a si mesmo, e por isso a teoria de Hartree-Fock é referida muitas vezes como teoria do “campo auto-consistente” (self-consistent field, SCF). Cálculos deste tipo podem até ser realizados manualmente para alguns átomos, como Hartree fazia na década de 20 do século passado, mas na medida em que aumentam a complexidade do sistema e a acurância almejada, torna-se necessário recorrer a computadores. Na verdade, uma das primeiras aplicações dos computadores pioneiros foi a resolução de cálculos científicos como os de Hartree, com sua participação.42 Obviamente, o tempo que um computador gasta fazendo um cálculo SCF depende da complexidade do sistema – do número e do tipo de átomos – e da quantidade de funções utilizadas na expansão dos orbitais moleculares (2.7). Num único ciclo de cálculos é necessário que o computador resolva milhares de integrais. Sendo assim, o ponto de partida para a realização de um cálculo HF é a escolha do conjunto de funções de bases, do qual trataremos agora com mais detalhes. Fundamentação Teórica 13 2.1.2 Conjunto de Funções de Bases39-45, 47 “Em química quântica, um conjunto de funções empregadas para a representação de orbitais moleculares. Pode-se distinguir entre o conjunto de bases mínimo (inclui uma função de base para cada orbital SCF atômico ocupado com membros quânticos principal e angular distintos); conjunto de bases com valência dividida (inclui duas ou mais funções de base para cada orbital de valência); conjunto de bases de duplo zeta (DZ) (um conjunto de bases com valência dividida que inclui exatamente o dobro de funções do conjunto de bases mínimo); conjunto de bases extendido (o conjunto maior do que o conjunto de bases de duplo zeta); conjunto de bases polarizado (incorpora funções de base com número quântico de momento angular superior ao necessário para o átomo em seu estado eletrônico fundamental; permite que os orbitais se ajustem não somente em tamanho, mas também em sua forma); conjunto de bases com funções difusas e outros.” (Glossary of Therms Used in Theoretical Organic Chemistry, IUPAC Recomendations 1999).46 Como dissemos no ítem anterior, é a partir das funções atômicas que são construídos os orbitais moleculares e, sendo assim, a escolha correta do conjunto de funções de base é essencial para o resultado final, seja em termos de acurância ou de rapidez. A escolha mais obvia nos primeiros tempos da química computacional foi a adoção do chamado conjunto mínimo, composto apenas dos orbitais atômicos do átomo livre. Assim, o conjunto mínimo para o hidrogênio é um único orbital 1s, ao passo qua para o carbono temos 1s, 2s, 2px, 2py e 2pz. Os orbitais para ao átomo de hidrogênio, soluções exatas da equação de Schrödinger, são “orbitais do tipo Slater” (Slater Typer Orbitals, STO) e possuem uma dependência radial exp(-ζr). O problema com essas funções é a sua forma matemática, que acaba por dificultar os cálculos. Por outro lado, funções Gaussianas, exp(-ζr2), possuem propriedades que facilitam sua manipulação e se mostram atrativas para a substituição dos STO. Porém, uma única Gaussiana não é capaz de reproduzir um STO, principalmente próximo à origem. Faz-se necessário então combinar várias Gaussianas para aproximar o comportamento de um STO, mas ainda assim o uso das Gaussianas traz simplificações. Fundamentação Teórica 14 Um dos primeiros conjuntos construídos com este intuito foi o STO-3G, no qual três funções gaussianas são combinadas para aproximar um orbital do tipo Slater; daí vem a notação “3G”. As funções Gaussianas utilizadas nessa construção são denominadas “gaussianas primitivas”. Diz-se então que três Gaussianas com simetria 1s são “contraídas” para formar um STO 1s. A base STO-3G, apesar de ter sido amplamente utilizada nos primeiros tempos da química computacional, possui pouca flexibilidade do ponto de vista químico. Por exemplo, um orbital 2s de um carbono próximo a um átomo mais eletronegativo deve ser mais compacto do que próximo a um átomo de maior eletropositividade. Mas no STO-3G ambos os ambientes são representados pela mesma base 2s. Visando resolver este problema, foram desenvolvidos os conjunto de bases com “valência dividida”. Por exemplo, ao invés de combinar três Gaussianas para descrever um orbital de valência numa única contração, pode-se dividir essas três funções em dois grupos, um com duas e um outro com uma única Gaussiana. Esses grupos podem então ser otimizados de forma separada e produzir orbitais que se adaptam melhor às particularidades do ambiente químico: + 1º grupo = 2º grupo combinação A base 3-21G representa cada orbital interno por uma combinação de três Gaussianas primitivas, e cada orbital de valência é representado por dois grupos de funções, um formado por duas Gaussianas primitivas e o outro por apenas uma. É possivel ainda melhorar a base aumentando-se o número de Gaussianas. Esse é o caso da base 6-31G, que utiliza 6 Gaussianas primitivas para representar cada orbital interno e, à semelhença da 3-21G, divide cada orbital de valência em dois grupos, sendo agora de 3 e de 1 Gaussianas primitivas. Os resultados das bases com valência dividida são bastante superiores aos dos conjuntos mínimos, mas em compensação o tempo de cálculo aumenta substancialmente. A divisão da camada de valência melhora a flexibilidade das bases, permitindo que os orbitais atômicos se expandam ou se contraim, mas não permite Fundamentação Teórica 15 nenhuma polarização. Considere, por exemplo, como ficaria o orbital 1s do hidrogênio em uma hidroxila. Experaríamos um deslocamento para o lado do oxigênio. Esse tipo de efeito pode ser tratado acrescentando-se “funções de polarização” ao conjunto de bases. No exemplo anterior, poderíamos combinar o orbital 1s com um orbital p: + = Os próprios orbitais p podem ser polarizados pela adição de orbitais d ou mesmo f. As funções de polarização são fundamentais para a correta descrição dos ângulos de ligações. Segundo Jasien et al.11, essas funções são também necessárias para uma descrição adequada das barreiras rotacionais em amidas e, conseqüentemente, nos tipos de sistemas objetos do presente estudo. Denota-se as funções de polarização por uma letra entre parêntesis, ou por asteriscos: 6-31G(d,p) indica o uso da base 6-31G, como a definimos acima, com a inclusão de funções do tipo p no hidrogênio e funções do tipo d nos átomos pesados; uma notação alternativa é 6-31G**. Há sistemas químicos cuja descrição em regiões distantes do núcleo merece ser considerada com mais cautela, como é o caso dos ânions ou dos átomos com pares isolados. Para esses sistemas, adiciona-se mais uma Gaussiana ao conjunto de bases, possuindo esta Gaussiana um coeficiente (ζ ) pequeno. Isto faz com que a função adicionada decaia “lentamente” com o raio atômico e possua valores significativos nas regiões afastadas do núcleo. Por essa razão, são chamadas “funções difusas” e são identificadas pelo símbolo “+”. Assim, a base 6-31+G(d,p) possui todos os atributos anteriores e ainda uma função difusa em cada átomo pesado. Pode-se ainda adicionar funções difusas ao hidrogênio e aí teríamos 6-31++G(d,p). Fundamentação Teórica 16 2.1.3 Correlação Eletrônica39-43, 48 “O ajuste do movimento eletrônico para as posições instantâneas (diferente das médias temporais) de todos os elétrons em um sistema molecular, i.e. a tendência dos elétrons em correlacionar seu movimento de forma a manter-se o mais distante possível por causa das restrições impostas pelo princípio da exclusão de Pauli (repulsão de troca) e por causa das repulsões eletrostáticas (repulsão Coulômbica).” (Glossary of Therms Used in Theoretical Organic Chemistry, IUPAC Recomendations 1999).46 No método de Hartree-Fock cada elétron é representado por uma função de onda que possui dependência apenas nas coordenadas daquele elétron (aproximação dos orbitais). A probabilidade de se encontrar um elétron em um dado ponto nas vizinhanças de um núcleo é determinada apenas pela posição em relação ao núcleo, mas não em relação aos outros elétrons. Um certo elétron interage apenas com o campo médio dos outros elétrons, mas não há dependência mútua nas equações SCF e não se considera as interações instantâneas entre esses elétrons. Em outras palavras, os movimentos não estão correlacionados. A aproximação introduzida por Hartree-Fock, i.e. tratar os elétrons com funções de onda independentes, possui conseqüências energéticas. A energia negligenciada no cálculo HF é denominada “energia de correlação eletrônica”. Formalmente, a energia de correlação é definida por: Ecorr = Eexata − EHF (2.10) Sendo Eexata a energia exata não-relativística do sistema. Diversos métodos foram desenvolvidos para o cálculo de energias de correlação, sendo que a maioria deles parte do resultado HF e sobre ele realiza correções. Entre eles podemos citar Interação de Configurações, Teoria de Perturbação de Møller-Plesset e Teoria do Funcional de Densidade (TFD). A idéia da interação de configurações é a construção de uma função de onda que leva em consideração não somente o estado fundamental, Ψo , do sistema, mas também alguns de seus estados excitados, Fundamentação Teórica Ψ = c o Ψo + c1Ψ1 + c 3 Ψ3 L 17 (2.11) na qual os ci são os pesos de cada “configuração eletrônica”. Os resultados de um cálculo com interação de configurações pode ser bastante acurado, mas o custo computacional é elevado. Na teoria de perturbação de Møller-Plesset, a correção para a correlação é introduzida na forma, como o próprio nome sugere, de uma perturbação sobre a função de onda. A função de onda é escrita como: Ψ = Ψo(o) + λ Ψo(1) + λ2 Ψo(2) + λ3 Ψo(3) + λ 4 Ψo(4) + L (2.12) onde Ψo(n) indica a correção de n-ésima ordem para a função de onda do estado fundamental e λ é um parâmetro que varia de 0 a 1. Quando se utiliza apenas n=1 para truncar a série acima, tem-se uma perturbação de primeira ordem, MP1 (Møller-Plesset até 1ª. ordem), para n=2, MP2, e assim por diante. A acurância do cálculo melhora com o aumento da ordem escolhida. O mais comum é a utilização de MP2, pelo equilíbrio entre qualidade de resultados e tempo de cálculo, mas em trabalhos de maior rigor também se emprega MP4. A teoria do funcional de densidade, que utilizamos ao longo de nossos trabalhos juntamento com HF, será considerada à parte. 2.1.4 Teoria do Funcional de Densidade39, 40, 42, 43, 49, 50 “Uma teoria que trata da descrição mecânica quântica de sistemas atômicos e moleculares em termos da densidade eletrônica. Todas as propriedades são funcionais dessa densidade, incluindo a energia cinética T[ρ] e a energia de repulsão elétron-elétron Vee[ρ]. A energia eletrônica total de um sistema com N elétrons é expressa como um funcional de suas densidades de uma partícula ρ(r) E[ρ] = T[ρ] + Iν(r) ρ(r)dr + Vee[ρ] onde ν(r) é o potencial devido aos núcleos; a energia acima é um mínimo quando ρ é a densidade do estado fundamental correta. Na TFD, o termo de energia de troca exata para um único determinante é substituído por uma Fundamentação Teórica 18 expressão mais geral, o funcional de troca-correlação, que inclui termos tanto para a energia de repulsão de troca como para a energia de correlação, omitida no método de Hartree-Fock. A TFD fornece a base conceitual para um grande número de conceitos químicos importantes como eletronegatividade, dureza e moleza absolutas, a teoria dos orbitais de fronteira, etc.” (Glossary of Therms Used in Theoretical Organic Chemistry, IUPAC Recomendations 1999).46 A Teoria do Funcional de Densidade (TFD) tem suas origens ainda nos primeiros anos da física quântica moderna, na década de 1920, com trabalhos de Thomas, Fermi e Dirac. A idéia básica desses autores consistia em expressar a energia de um sistema como uma função de sua densidade eletrônica, ρ(r), ou seja, E=E[ρ(r)]. A densidade eletrônica é, por sua vez, uma função das coordenadas espaciais, r. Por esta razão, diz-se que a energia é um “funcional” da densidade eletrônica, pois o papel de variável é desempenhado por uma outra função, ρ(r). Porém, as considerações que precisavam ser feitas naquela época para se chegar a resultados numéricos eram demasiadamente simplistas e não encontrariam uso na química quântica moderna. Passos importantes foram dados por Slater na década de 1950, mas pode-se dizer que a estrutura moderna da TFD deve-se aos trabalhos de Hohenberg e Kohn, em 1964,51 e Kohn e Sham, em 1965.52 Hohenberg-Kohn demonstraram, pela primeira vez, que a densidade eletrônica determina de forma unívoca todas as propriedades do estado fundamental de um sistema, colocando assim a teoria de Thomas-Fermi-Dirac num patamar exato. Porém, faltou aos autores estabelecer como calcular o funcional E[ρ(r)]. Para fazê-lo, Kohn-Sham desenvolveram uma abordagem semelhante à de Hartree-Fock, que leva à seguinte expressão para a energia molecular: E = ET + EV +EJ + EXC (2.13) na qual ET é a energia cinética, EV inclui a contribuição da atração elétron-núcleo e da repulsão núcleo-núcleo, EJ é a repulsão elétron-elétron e EXC é o termo de troca e correlação. Este último deve-se essencialmente a efeitos quânticos e não possui análogos clássicos como os três primeiros. O termo de EXC leva em consideração a Fundamentação Teórica 19 energia de troca, que surge da antisimetria das funções de onda para elétrons (Seção 2.1.1), e a energia de correlação, que resulta da influência que um elétron exerce sobre o movimento dos demais (também chamada de correlação dinâmica). O funcional de troca-correlação pode ainda ser dividido em duas partes: EXC[ρ(r)] = EX[ρ(r)] + EC[ρ(r)] (2.14) sendo EX[ρ(r)] e EC[ρ(r)] os funcionais de troca e de correlação, respectivamante. Recentemente, Becke49 percebeu que haveria vantagens em mesclar os métodos de Hartree-Fock e TFD, o que deu origem aos métodos híbridos. O mais popular deles nos dias de hoje é conhecido como B3LYP, sigla que identifica o uso do funcional de troca-correlação de Becke no qual está incluído o funcional de correlação desenvolvido por Lee, Yang e Parr.53 O número três vem do uso de três parâmetros empíricos utilizados para compor o funcional EX. Por utilizar esses parâmetros empíricos, é comum não classificar o método B3LYP como ab initio. Convém mencionar que nem todos os métodos TFD são híbridos ou utilizam parâmetros e, assim, poderiam ser chamados ab initio. Todavia, os parâmetros empíricos estão presentes nos mais utilizados e é comum considerar a TFD propriamente como uma classe à parte para diferenciá-la de métodos como HF e MP2. Uma vantagem importante da TFD sobre os demais métodos de correlação eletrônica é sua rapidez, o que fez com que essa teoria se tornasse popular nos últimos anos entre a comunidade química. 2.1.5 Otimização de Geometrias40-44 Nas seções anteriores descrevemos os métodos para obter a energia molecular, sem porém mencionar qual estrutura deve ser utilizada em tais cálculos. Certamente a energia da molécula de H2 será diferente se os átomos estiverem separados por 1 Å ou por 1,5 Å, mas como decidir qual o valor? Uma opção é recorrer a dados experimentais como os de difração de raios-X ou microondas, mas para a maioria dos casos estes dados não são disponíveis. No caso do H2, poderíamos calcular a energia para diversas distâncias H—H e assim Fundamentação Teórica 20 determinar qual o valor mínimo para o sistema (Fig. 2.1). Esse processo é chamado Energia de “otimização de geometria”. Estrutura ótima Distância H-H Figura 2.1. Superfície de energia potencial hipotética para o H2. Todavia, à medida em que a complexidade do sistema aumenta, também aumenta o número de parâmetros a serem otimizados. Para a água, teríamos dois comprimentos de ligação (ou um, se aplicarmos restrições de simetria) e um ângulo de ligação. Para o peróxido de hidrogênio teríamos três comprimentos de ligação, dois ângulos de ligação e um ângulo diedro, e assim por diante. Dessa forma, adotar o procedimento de otimização que mencionamos acima para a molécula de H2 não seria uma boa opção, muitas vezes até inviável. Imagine, por exemplo, construir uma curva como a apresentada acima para cada parâmetro do cicloexano. E ainda que o fizéssemos, teríamos os mínimos referentes a cada parâmetro, mas dificilmente encontraríamos o mínimo global. É possivel resolver esse problema se as derivadas da energia com respeito a cada parâmetro forem determinadas, ou em outras paravras, pelo conhecimento do gradiente da energia molecular com respeito aos parâmetros estruturais: grad E = 3 ME / Mqi (2.15) Sabemos, do cálculo diferencial, que os extremos de uma função ocorrem nos pontos onde sua derivada é zero. Pontos de mínimo e máximo são determinados inequivocamente pela segunda derivada, que é positiva nos mínimos e negativa nos máximos. Porém, o cômputo das segundas derivadas introduz complicações Fundamentação Teórica 21 adicionais e aumenta consideravelmente o tempo de cálculo, de forma que os algoritmos utilizados atualmente trabalham em busca da condição: grad E = 0 (2.16) e são contruídos de modo a procurar por mínimos de energia e não máximos. As derivadas da energia, tanto primeira como segunda, possuem expressões analíticas conhecidas para boa parte dos métodos teóricos. De forma simplificada, o processo de otimização de geometria funciona como segue. Parte-se de uma estrutura inicial, com parâmetros estruturais aproximados (ex. comprimentos de ligação C-C de 1,4 Å e C-H de 0,9 Å), calcula-se a energia da molécula e determina-se o gradiente da energia em relação aos parâmetros. Se o gradiente estiver abaixo de um valor preestabalecido (por exemplo 0,001) a geometria é considerada otimizada. Caso contrário, varia-se os parâmetros, seguindo-se para isso um algoritmo específico, e calcula-se novamente a energia molecular e seu gradiente. O processo é repetido até que se obtenha a convergência da estrutura para um ponto de mínimo, ou seja, grad E ≈ 0. 2.1.6 Propriedades Termodinâmicas39, 40, 43, 54 Até agora, apresentamos as ferramentas para determinar a geometria molecular ótima e sua energia. Essa energia é normalmente chamada de energia total, incluindo as contribuições eletrônica e de repulsão nuclear. Contudo, a descrição completa dos sistemas químicos requer o conhecimento da energia livre de Gibbs, G, e das quantidades relacionadas, entalpia H e entropia S. Para obtêlas, utlizamo-nos da estrutura teórica da termodinâmica estatística, ramo da ciência que cuida da determinação das propriedades termodinâmicas de um sistema em termos de seu comportamento microscópico.54 Segundo a termodinâmica estatística, o elo de ligação entre o macroscópico e o microscópico é a “função de partição”, Q, cuja forma geral é: Q = 3 exp(-ei / kBT) (2.17) Fundamentação Teórica 22 Sendo ei os níveis de energia do sistema, kB a constante de Boltzmaan e T a temperatura absoluta. A função de partição corresponde ao número de estados microscópicos acessíveis ao sistema em uma dada temperatura. Tendo em vista que os níveis de energia de uma molécula dividem-se em eletrônico, rotacional, vibracional e translacional, pode-se escrever: Q = Q ele Q vib Q rot Q trans (2.18) na qual Qele representa a contribuição eletrônica, Qvib representa a contribuição das vibrações moleculares, Qrot representa a contribuição da rotação molecular e Qtrans diz repeito à translação da molécula. (À rigor, teríamos de incluir também a contribuição da energia relativistica, E=mc2, mas as variações nesta energia são desprezíveis na escala dos processos químicos, de modo que resultados acurados podem ser obtidos sem o seu cômputo). Para o cálculo da contribuição eletrônica, assume-se que a população dos estados excitados é desprezível e trabalha-se apenas com o estado fundamental. Uma vez que a função de partição é o número de estados acessíveis ao sistema, no estado fundamental ela pode ser determinada pela multplicidade de spin da molécula. A contribuição vibracional é obtida tratando-se cada modo de vibração como um oscilador harmônico. Essa simplificação é adequada na maioria dos casos, mas pode causar erros para alguns modos que apresentam alto caráter anarmônico, como a inversão do nitrogênio ou a torção de metilas.19 A parte translacional é obtida a partir dos níveis de energia da partícula na caixa, ao passo que a contribuição rotacional é calculada pelos níveis de energia de um rotor rígido. Na prática, a contribuição desses dois movimentos para as variações nas propriedades termodinâmica são pouco importante para rotacões sobre ligações, e o mesmo vale para a parte eletrônica. A maior contribuição provém, portanto, das vibrações moleculares, pois as freqüências vibracionais são mais sensíveis às variações que ocorrem durante a isomerização rotacional. Fundamentação Teórica 23 2.1.7 Modelos de Solvatação39-41, 43, 45, 55-61 Apresentamos os resursos necessários para obter a energia molecular e as propriedades termodinâmicas de um composto. No entanto, os procedimento anteriores trabalham com a molécula no vácuo (ou em fase gasosa, se assumirmos o comportamento de um gás ideal). Uma vez que a presente tese propõe, entre seus objetivos, o estudo do efeito do solvente sobre as barreiras rotacionais, é preciso descrever também as formas de se obter as energias moleculares em fase condensada. Há dois modos de se estudar o efeito do solvente sobre as propriedades moleculares: os métodos contínuos e os métodos explícitos. No primeiro caso, o solvente é tratato como um contínuo representado por alguns parâmetros, como a constante dielétrica. Nesses modelos não se faz referência à estrutura molecular do solvente, e sendo assim, interações fortes como as ligações de hidrogênio não são incluídas. Por outro lado, nos modelos explícitos trabalha-se diretamente com uma porção de moléculas de solvente, sendo essa porção grande o suficiente para reproduzir as propriedades do liquido. Portanto, nos modelos explícitos as interações específicas soluto-solvente (complexação ou ligações de hidrogênio) são consideradas. Ademais, leva-se em conta a estrutura estatística do líquido, uma vez que as proprieades são obtidas como uma média sobre um grande número de configuração das posições moleculares. A grande desvantagem dos modelos explícitos é a dimensão do sistema em estudo. Tipicamente, é preciso cerca de 200 moléculas para se reproduzir apropriadamente as propriedades de um líquido. Se o solvente for a água, teríamos um sistema com 600 átomos, que é um número proibitivo para trabalhos ab initio ou TFD. A dificuldade não surge da impossibilidade de calcular a energia de tal sistema, isso é possivel, mas sim do tratamento das posições moleculares. Numa caixa com 200 moléculas, teríamos um número inestimável de mínimos de energia e todos contribuiriam de forma expressiva para as propriedades macroscópicas do líquido. Aqui surge o primeiro problema, para se obter um único desses mínimos seria necessário uma otimização da geometria de todo o sistema, e isso aumenta drasticamente o custo computacional. Ainda que se realizasse essa otimização, teríamos apenas um dos tantos mínimos e a cobertura da totalidade tornaria os Fundamentação Teórica 24 trabalhos inviáveis. Por essa razão, os modelos explícitos utilizam simplificações que apelam à mecânica clássica na busca da redução do tempo de cálculo. A seguir descreveremos os modelos contínuos. Dos modelos explícitos, por constituirem uma família de cálculos completamente diferente dos ab initio e TFD, trataremos após descrever todos os fundamentos de estrutura eletrônica necessários aos nossos trabalhos. 2.1.8 Modelos de Solvatação Contínuos40, 55, 57-61 O mais simples dos modelos de solvatação é o de Onsager,56, 60, 61 que baseiase na interação do dipolo do soluto com o campo elétrico do solvente. O dipolo molecular induz um campo elétrico no solvente, que, por sua vez, interage com o soluto e causa estabilização. Por essa razão, diz-se que este é um modelo de campo de reação. Em sua forma atual, a energia obtida pelo modelo de Onsager é calculada de forma auto-consistente, ou seja, o efeito do campo elétrico sobre a energia molecular é incluído no Hamiltoniano eletrônico e participa do proceso SCF (Seção 2.1). Esse procedimento também é conhecido como método SCRF (selfconsistent reaction field). A maior limitação do método de Onsager é a forma da cavidade molecular. O soluto é colocado em uma cavidade esférica, fora da qual localiza-se o contínuo caracterizado pela constante dielétrica e. Uma cavidade esférica é uma aproximação razoável apenas para moléculas pequenas. Em isomerização rotacional, a forma molecular, particularmente o volume, não se modifica muito e pode-se contar nestes casos com um cancelamento de erros. Uma outra limitação é a consideração apenas do momento de dipolo, mas esta é mais branda do que a forma da cavidade. O modelo do contínuo polarizável (PCM, porarizable continuum model)57-59 melhora bastante as duas limitações que citamos para Onsager. A cavidade do soluto é definida pela junção de um conjunto de esferas de tamanhos diferentes. Além disso, nas fronteiras da cavidade situa-se um elevado número de cargas pontuais que se adequam, durante os cálculos, de forma a melhor reproduzir o Fundamentação Teórica 25 campo de resposta do solvente induzido pelo soluto. O tratamento desse modelo é equivalente a considerar todos os momentos elétricos da molécula. Um terceiro modelo melhora ainda mais a descrição da cavidade do soluto, trata-se do modelo do contínuo polarizável com uso de superfície de isodensidade (IPCM, isodensity polarizable continuum model).55 A abordagem é parecida com a do PCM, mas a cavidade é definida por meio de uma superfície construída a partir da densidade eletrônica do soluto (Fig. 2.2). O IPCM trabalha com um valor fixo de isodensidade ao longo dos cálculos (tipicamente 0,0004 e/bohr2). Para melhorar ainda mais a descrição do efeito do solvente, pode-se variar esse valor e otimizá-lo de forma a fornecer um efeito mais realístico. Isso é feito no modelo do contínuo polarizável com uso de superfície de isodensidade auto-consistente (SCF-IPCM, selfconsistente field isodensity polarizable continuum model). Embora melhor do que o IPCM, o SCF-IPCM costuma apresentar problemas de convergência além de exigir um tempo de cálculo muito maior. Na prática, o custo computacional dos modelos contínuos segue a ordem SCF-IPCM > IPCM > PCM > Onsager. Figura 2.2. Definição da cavidade molecular do modelo IPCM para a DMF. Existe ainda um grande número de modelos de solvatação contínuos que não descreveremos aqui.59 Ao longo de nossos trabalhos, utilizamos o IPCM, de modo que nossa intenção com o que expusemos acima era apenas apresentar uma hierarquia dos modelos e localizar o método que escolhemos. Fundamentação Teórica 26 2.1.9 Teoria dos Orbitais Naturais de Ligação62-68 “Orbital natural de ligação (NBO) – o orbital que é formado a partir de orbitais natutais híbridos. Para uma ligação s localizada entre os átomos A e B, o NBO é: s AB = c A h A + c B h B onde hA e hB são híbridos naturais centrados nos átomos A e B. Os NBOs correspondem, de forma muito próxima, à representação de ligações localizadas e pares isolados como as unidades básicas da estrutura molecular, de forma que é possível interpretar convenientemente as funções de onda ab initio em termos dos conceitos clássicos de estrutura de Lewis pela transformação destas funções para a forma NBO.” (Glossary of Therms Used in Theoretical Organic Chemistry, IUPAC Recomendations 1999).46 Os cálculos de orbital molecular (OM) podem fornecer resultados bastante satisfatórios com respeito às energias relativas, e mesmo para as energias totais se for incluída correlação eletrônica com um conjunto de bases grande o suficiente. A partir das energias relativas podemos saber que a espécie X é mais estável do que a espécie Y. A pergunta que segue a esta informação é sobre o porquê desse comportamento, e neste ponto a teoria do orbital molecular já não se mostra tão atrativa. Issso porque conceitos como pares isolados, ligações simples e duplas não existem dentro do contexto OM, o que torna o “pensar químico” um tanto desconfortável. Para esse propósito, é conveniente utilizar métodos que buscam incorporar as idéias das da ligação de valência. O mais popular dentre eles é o dos orbitais naturais de ligação (natural bond orbitals, NBO) que passaremos a descrever. Considere a seguinte expressão, denominada de matriz de densidade de um elétron: ρ= ∑∑ aij φi* φ j i j (2.19) na qual aij são os coeficientes e ϕi são os orbitais que determinam a matriz. O que a Eq. (2.19) descreve é simplesmente a densidade eletrônica molecular em termos das densidades eletrônicas associadas a cada orbital ϕi. Em sua forma diagonal, somente os elementos com i = j são diferentes de zero, i.e. Fundamentação Teórica ρ= ∑ nk χ k* χ k 27 (2.20) k sendo nk o número de ocupação do k-ésimo orbital. Os orbitais χ que satisfazem à equação acima são chamados de “orbitais naturais” e foram propostos por Löwdin69 numa tentativa de fornecer ferramentas para interpretar as funções de onda da mecânica quântica. Foster e Weinhold64 perceberam a aplicação do trabalho de Löwdin nos conceitos de hibridização e ligação química. Deste modo, propuseram um procedimento para construir orbitais naturais atômicos (semelhantes às soluções da Eq. de Schrödinger para o hidrogênio) e, a partir destes, orbitais naturais híbridos (sp, sp2, sp3 ...). Os orbitais híbridos podem ser combinados para formar “orbitais naturais de ligação” (NBO). Os NBOs assim construídos permitem descrever a estrutura química de uma molécula a partir de ligações entre dois átomos e pares isolados, de forma muito similar às estrutulas de Lewis. A molécula de metano, por exemplo, seria formada por quatro ligações sigma C-H, σ C−H , e pelos elétrons internos do carbono. No processo de construção dos NBOs, formam-se também orbitais antiligantes. No caso do metano, teríamos os σ C* -H e os orbitais de Rydberg, que são orbitais antiligantes centrados nos átomos.65 A teoria NBO fornece ainda ferramentas para analisar transferências de carga de orbitais ligantes para antiligantes, bem como as implicações energéticas associadas. Isso é feito a partir de um procedimento de perturbação de segunda ordem que fornece a seguinte expressão para a energia de estabilização: E ( 2) = q i Fij2 e j − ei (2.21) onde qi é a ocupação do orbital doador, ei a energia de cada NBO e Fij é o elemento fora da diagonal da matriz de Fock.68 Badenhoop e Weinhold62 demonstraram que é possível avaliar também interações não-ligantes por meio da teoria NBO. As interações de que essa teoria pode tratar são de natureza quântica e derivam do princípio da exclusão de Pauli, Fundamentação Teórica 28 sendo por isso referidas como “interações de Pauli” ou “repulsões de Pauli”, ou ainda “energia de troca”. Quando dois orbitais são ortogonais, sua integral de sobreposição é nula, ao contrário de orbitais não-ortogonais. Badenhoop e Weinhold62 propuseram então que o custo energético da ortogonalização de orbitais naturais poderia ser utilizado para determinar a energia de troca do sistema. Essa energia de troca, ao contrário daquela mencionada na teoria de Hartree-Fock, é de caráter desestabilizador. Fisicamente, a energia de troca assim obtida é vista como uma espécie de “pressão quântica” que tende a manter os elétrons separados.25 Portanto, pode-se calcular a energia de troca para duas moléculas, digamos, dois confôrmeros, e comparará-las, de forma que aquele que possuir o maior valor será desestabilizado por esse tipo de interação. 2.2 Dinâmica Molecular 2.2.1 Visão Geral39, 41, 43, 70-73 “Um método de modelagem computacional das propriedades estáticas (no equilíbrio) e dinâmicas (cinéticas) de sistemas de várias partículas baseado na resolução da equação Newtoniana clássica, assumindo um potencial de forças e um protocolo para a preparação do sistema em uma configuração de partida racional predeterminados, visando monitorar o movimento das moléculas no líquido ou em solução, definir as trajetórias e então a média sobre o tempo, e obter a magnitude das funções examinadas.” (Glossary of Therms Used in Theoretical Organic Chemistry, IUPAC Recomendations 1999).46 Nas seções anteriores descrevemos os métodos de cálculo que tratam detalhadamente da estrutura eletrônica dos sistemas químicos. Esses métodos tornam possível a predição de um grande número de propriedades moleculares, cuja exatidão depende do nível de teoria que se usa para a realização dos cálculos. Os métodos de estrutura eletrônica são bem sucedidos quando tratamos de propriedades da fase gasosa ou quando as interações intermoleculares de uma fase Fundamentação Teórica 29 condensada são pouco importantes, mas, à medida que interações como as ligações de hidrogênio tornam-se importantes, a divergência entre experimento e teoria fica mais acentuada. Como explicado na Seção 2.1.7, existem métodos de cálculo que tentam reproduzir o efeito das vizinhanças sobre uma molécula através da representação dessas vizinhanças por um campo de forças médio (o campo de reação). Porém, esse procedimento ainda não é suficiente para tratar da influência das interações de curto alcance. Para formarmos uma idéia melhor sobre a importância de tratar adequadamente a estrutura estatística dos líquidos, lembremos que o tempo de aquisição dos espectros de RMN de 1H é da ordem de segundos. No entanto, as modificações das configurações das moléculas de solvente ao redor do soluto ocorrem em tempos da ordem de picosegundos (10-12 s).41 Em outras palavras, o resultado obtido no espectro é uma média temporal dessas configurações, cujo número, em nosso exemplo, é da ordem de 1012 (!). daí surge a necessidade de métodos como Monte Carlo e dinâmica molecular;39, 41, 43 nos ocuparemos apenas com este último. De forma resumida, o que se faz em dinâmica molecular é preparar o sistema em um estado inicial e, a partir das leis clássicas, reproduzir sua evolução temporal. Durante esse processo, produz-se um grande número de configurações espaciais que são acumuladas em certos intervalos de tempo. Ao final, pode-se avaliar uma propriedade física de interesse tomando-se uma média temporal de todas as configurações. O primeiro passo numa simulação é o estabelecimento das posições e velocidades iniciais, sendo essas últimas determinadas a partir de uma distribuição de Maxwell. A seguir calcula-se as forças atuantes nas partículas em um tempo t através da relação, Fi = − ∂V ∂ri (2.22) na qual V é o potencial do sistema e ri as posições das partículas. Por meio de uma solução numérica da equação de movimento de Newton, chega-se às posições e velocidades de cada partícula em um tempo t+∆t. Fundamentação Teórica 30 Existem certas condições utilizadas durante a simulação que ajudam a tornar o modelo verossímil, trata-se das “condições periódicas de contorno”. Numa caixa cúbica contendo moléculas de solvente, os movimentos moleculares estão orientados em direções aleatórias, de forma que uma molécula pode migrar tanto para o interior da caixa como para fora. Neste último caso, teríamos um problema com a conservação de matéria. Esse problema pode ser corrigido cercando-se a caixa de interesse por outras 21 imagens suas, o que também diminui a passagem abrupta do solvente para o vácuo. Assim, quando uma molécula deixa a caixa por uma extremidade, uma outra, com as mesmas características, adentra a caixa pela face oposta. Além disso, volume, temperatura e pressão podem ser controlados, estes dois últimos por meio de recursos que equivalem ao acoplamento do sistema a “reservatórios de calor e pressão”. Mantendo-se o volume (V), a temperaruta (T) e o número de partículas (N) constantes, teríamos um “ensemble”* NVT. Se permitíssemos que o volume variasse e mantivéssemos a pressão constante, teríamos um “ensemble” NPT, dentre outros. 2.2.2 Campo de Forças12, 13, 74-77 Para o cálculo do movimento das moléculas, é preciso conhecer o potencial de interação entre as mesmas. O cômputo das energias potenciais em dinâmica molecular precisa ser mais rápido do que em métodos ab initio e TFD, e por isso recorre-se a formulações clássicas. Uma simplificação normalmente utilizada é a negligência dos movimentos intramoleculares, o que torna desnecessário o cálculo das interações entre os átomos de uma mesma molécula. As interações intermoleculares são compostas por forças de Coulomb e de van der Waals. A expressão matemática para um potencial Coulombiano é bem conhecida, e para a representação das forças de van der Waals adota-se o potencial de Lennard-Jones. Desta forma, a energia de interação entre duas moléculas é dada pela seguinte equação: ∆E int = ∑∑ {qi q j e 2 / rij + 4ε ij [(σ ij / rij )12 − (σ ij / rij )6 ]} i * (2.23) j A palavra “conjunto” ou “coleção” aplicaria-se bem ao presente caso, mas seguiremos a tendência dos tradutores em manter o termo “ensemble”. Fundamentação Teórica 31 sendo ε ij = ε i ε j , σ ij = σ iσ j na qual qi são as cargas atômicas, enquanto σ e εi são os parâmetros de LennardJones que determinam as interações de origem não-eletrostática. O conjunto de parâmetros e a Eq. (2.23) determinam um “campo de forças”. Quando bem parametrizado, um campo de forças pode fornecer resultados comparáveis, e por vezes superiores, aos ab initio e TFD. Contudo, os cálculos de estrutura eletrônica demoram horas ou dias, ao passo que o uso de campos de forças reduz os tempos para a ordem de segundos. Em contrapartida, as parametrizações possuem muita especificidade, isto é, um conjunto de parâmetros ajustados para uma classe de compostos não se aplica a uma segunda classe, e mesmo numa única classe pode haver resultados divergentes. Conseqüentemente, em muitos casos é preciso, antes de realizar a simulação, parametrizar o campo de forças para o sistema que se deseja estudar. Esse procedimento será descrito com mais detelhes nas discussões. 2.2.3 Função de Distribuição Radial de Pares39, 41, 70 Como mencionado anteriormente, nas simulações de líquidos constrói-se modelos que buscam reproduzir, de forma explícita, as interações de curto alcance entre as moléculas. A partir dessas simulações pode-se fazer inferências a respeito do arranjo relativo das moléculas, ou seja, a respeito da estrutura do líquido. Essa informação pode ser obtida pela “função de distribuição radial de pares” (fdr), definida por: g ij (r ) = N ij (r, r + ∆r ) 4πr 2 ∆rρ j (2.24) onde gij (r ) é a fdr entre os átomos i e j, Nij (r,r + ∆r ) é o número de átomos j encontrados na camada esférica r e r + ∆r cujo centro é o átomo i, 4πr 2 ∆r é o Fundamentação Teórica 32 volume da camada esférica e ρ j é a densidade numérica média de átomos j na porção de líquido utilizada na simulação. Para ver de que forma a fdr descreve a organização das moléculas do líquido, observemos primeiramente que a razão N ij (r, r + ∆r ) 4πr 2 ∆r é a densidade numérica de átomos j no interior da camada esférica de volume 4πr 2 ∆r , que chamaremos de ρ j (r, r + ∆r ) , de modo que a Eq. (2.24) pode ser escrita como: g ij (r ) = ρ j (r, r + ∆r ) ρj (2.25) Consideremos agora um líquido no qual a densidade de átomos j é uniforme ao londo de todo o volume. Nesse caso, a densidade local, ρ j (r, r + ∆r ) , seria igual à densidade média, ρ j , em todas as regiões do líquido e teríamos gij (r ) = 1 . Suponhamos agora que em uma região próxima de r a densidade local ρ j (r, r + ∆r ) fosse maior do que a densidade média ρ j , teríamos então gij (r ) > 1 . Caso contrário, isto é, ρ j (r, r + ∆r ) menor do que ρ j , teríamos gij (r ) < 1. Interpreta-se gij (r ) da seguinte forma: as regiões do líquido para as quais gij (r ) > 1 são regiões para as quais a probabilidade de se encontrar átomos j é aumentada em relação às regiões em que gij (r ) = 1 . O mesmo aplica-se a gij (r ) < 1. Na Fig. 2.3 apresentamos uma fdr típica. 1,5 1,2 Rc g(r) 0,9 0,6 0,3 0,0 0 2 4 6 8 10 r (Å) Figura 2.3. Função de distribuição radial. Fundamentação Teórica 33 As informações extraídas das fdrs podem ser analisadas de forma quantitativa a partir de um processo de integração. Por exemplo, na Fig. 2.3 o primeiro máximo corresponde à primeira camada de solvatação de átomos j ao redor do átomo i, de forma que pela integração da fdr de 0 até o primeiro vale, que identificaremos por um raio de corte Rc, teremos o número de átomos j solvatando o átomo i dentro de Rc. Este número, ou número de coordenação Cij (Rc ) , é calculado por: Rc Cij (Rc ) = ρ j ∫ gij (r )4πr 2 dr (2.26) 0 e para o caso de intervalos finitos, Rc Cij (Rc ) = ρ j ∑ gij (rk )4πrk2 ∆r (2.27) k =0 Para a análise das frds é preciso considerar também o formato das bandas, e não somente a existência de máximos e mínimos, como veremos nas discussões. 2.3 Ressonância Magnética Nuclear Dinâmica78-81 A determinação de barreiras rotacionais em sistemas conjugados é realizada essencialmente através da ressonância magnética nuclear. A espectroscopia de microondas, empregada para moléculas pequenas como o acetaldeído, não é aplicada à modelos similares às amidas por causa da necessidade da resolução de equações demasiadamente complexas para cada molécula.82 Por outro lado, a RMN fundamenta-se numa base simples que pode ser facilmente aplicada sem a necessidade de uma formulação teórica específica para cada sistema.83 Recebe a denominação “RMN dinâmica” (RMND) a parte da RMN que se ocupa com os processos de permuta química, tanto no âmbito intramolecular como intermolecular. A RMND explora o fato de que o perfil dos sinais, sua intensidade e largura, dependem da rapidez com que os processos de troca ocorrem – para Fundamentação Teórica 34 velocidades entre 10-1 e 103 Hz as bandas de 1H são afetadas, enquanto as bandas de 13C sofrem modificações entre 10 e 5×103 Hz.83 Para melhor entender a técnica, consideremos como exemplo um dos compostos estudados na presente tese, o N,N-dimetilditiocarbamato de S-metila (4). A rotação sobre a ligação C-N faz com que as metilas amídicas invertam sua posição: CH3 (A) S C H3CS CH3 (X) S N C CH3 (X) H3CS N CH3 (A) Essa rotação ocorre um certo número de vezes por segundo e, assumindo-se uma cinética de primeira ordem, pode ser caracterizada por uma constante de velocidade k em Hz (ou s-1). Uma vez que as vizinhanças químicas de (A) e (X) são diferentes, seus deslocamentos químicos devem ser distintos e poderiam ser observados separadamente no espectro. Porém, o formato dos sinais depende da velocidade da rotação sobre a ligação C-N, o que por sua vez depende da temperatura em que é realizado o experimento. Em temperaturas baixas o suficiente, observa-se sinais distintos, mas à medida em que a temperatura é elevada, os sinais passam a se alargar e a se aproximar e, por fim, coalescem numa única banda (Fig. 2.4). Figura 2.4. Experimento de RMND de 1H para o composto 4 em CDCl3: a) espetros experimentais em diversas temperaturas; b) espectros simulados e suas respectivas constantes de velocidade (k). Fundamentação Teórica 35 Informações sobre a cinética do processo podem ser obtidas modificando-se as equações de Bloch – equações fundamentais da RMN – para processos com permuta. Chega-se à seguinte expressão para o perfil do sinal em função da freqüência n: I(ν ) = M0 k(ν A − ν X )2 2 − ν ]2 + 4π 2 (ν A − ν )2 (ν X − ν )2 k 2 [(ν A + ν X ) (2.28) onde νA e νX são as frequências de ressonância dos núcleos A e X, M0 é a magnetização e k é a constante de velocidade.81, 83 A derivada de I(ν) em relação a ν fornece dois máximos com uma separação (∆ν’) que satisfaz a equação: k= π 2 [(ν A −ν X )2 − (∆ν ' )2 ] 1 2 (2.29) Na temperatura de coalescência (Tc) , ∆ν '= 0, o que nos leva a: kc = π (ν A −ν X ) 2 = π∆ν (2.30) 2 Vale salientar que a separação dos sinais (∆ν) refere-se à uma condição na ausência de troca, na qual os sinais não estejam alargados. (Geralmente, é preciso ir à temperaturas muito baixas para atingir esta condição, o que, por vezes, inviabiliza a determinação de ∆ν por causa do congelamento do solvente). A teoria do estado de transição de Eyring80 relaciona a constante de velocidade com os parâmetros de ativação ∆G‡, ∆H‡ e ∆S‡ por meio da equação: k=κ k=κ ∆G ‡ kB T exp − h RT ∆H ‡ kB T exp − h RT ∆S ‡ exp R (2.31a) (2.31b) Fundamentação Teórica 36 na qual kB é a constante de boltzmann, h é a constante de Planck e κ é o coeficiente de transmissão (usualmente tomado como 1). Isolando ∆G‡ da Eq. (2.31a) e substituindo o valor das constantes, chegamos a: T ∆G ‡ = 4,58T 10,32 + log k (2.32) que fornece a energia de Gibbs de ativação em cal/mol. Portanto, podemos utilizar a constante de velocidade na coalescência dada pela Eq. (2.30) e conhecer assim o ∆G‡ para o processo. Na Fig. 2.4, o primeiro espectro inferior serviria para determinar Dν, ao passo que do último superior se extrairia Tc. Tal procedimento, contudo, não fornece a entalpia e a entropia de ativação. Essas duas últimas precisam ser determinadas por um protocolo diferente. Se linearizarmos a Eq. (2.31b), obtemos: ‡ ∆H ‡ k B ∆S k ln = ln + − R RT T h (2.33) que nada mais é do que uma equação com a forma y=a-b(1/T). Assim, um gráfico de ln(k/T) versus 1/T fornece os valores de ∆H‡ e ∆S‡ pelos coeficientes angular e linear, respectivamente, e, a partir destes, o de ∆G‡ por meio de: ∆G‡ = ∆H‡ - T∆S‡ (2.34) O problema deste último procedimento é a necessidade de se conhecer a constante de velocidade em diversas temperaturas, ao passo que a Eq. (2.30) é válida somente na temperatura de coalescência. Para este propósito, faz-se uso do método de “análise do perfil das bandas” (APB).83 A Eq. (2.28) expressa o perfil das bandas de RMN de dois núcleos em permuta como uma função da freqüência e de alguns parâmetros, dentre eles, a constante de velocidade k. Podemos tomar um espectro experimental e variar os parâmetros da Eq. (2.28) até que os sinais experimentais e calculados coicidam. Nesta condição, teríamos a constante de velocidade para a temperatura de realização daquele experimento. Este processo pode ser repetido para várias temperaturas, donde se obtém as constantes de velocidade necessárias à construção do gráfico. Atualmente, diversos programas Fundamentação Teórica 37 computacionais implementam rotinas que facilitam o trabalho de ajuste das bandas, como é o caso do WINDNMR,84 que adotamos na presente tese. Na Fig. 2.4 apresentamos uma comparação de espectros calculados e simulados. Portanto, as energias de Gibbs de ativação podem ser obtidas tanto pelo método da temperatura de coalescência como por análise do perfil das bandas, sendo este último procedimento um pouco mais trabalhoso, porém também mais informativo. 2.4 Barreiras Rotacionais em Sistemas Amídicos A rotação sobre a ligação C-N pode ocorrer via dois estados de transição, nos quais o par de elétrons do nitrogênio posiciona-se anti (et1) ou syn (et2) à ligação dupla (Fig. 2.5).15, 17, 18, 22, 23, 31-33, 85-87 Nos estados de transição não há orientação adequada para a conjugação nN → π C* =O , de modo que a forma mais estável do nitrogênio é a piramidal. Figura 2.5. Definição das estruturas moleculares para as espécies existentes durante a rotação sobre a ligação C-N. Os estados de transição possuem propriedades químicas diferentes, particularmente no que diz respeito a seus momentos de dipolo. A forma como Fundamentação Teórica 38 esses estados de transição são afetados pelo meio serve de base para explicar o comportamento de sistemas distantes.19, 20 Embora o estudo dos sistemas amídicos não seja algo novo,16, 88 investigações sistemáticas acerca do efeito do solvente surgiram apenas na última década.7, 10, 19, 89, 90 Wiberg et al.19 determinaram, tanto experimentalmente como teoricamente, as barreiras rotacionais para a N,N-dimetilacetamida (DMA) e para a N,Ndimetilformamida (DMF). Seus estudos mostraram que a barreira da DMA aumenta por 4 kcal/mol ao se passar da fase gasosa para água e a DMF sofre um aumento mais modesto, de 2 kcal/mol. O comportamento distinto dessas amidas foi explicados com base em cálculos IPCM no nível MP2/6-31+G(d,p), como segue. Primeiramente, o estado de transição 1 (et1, Fig. 2.5) possui um momento de dipolo menor do que o estado de transição 2 (et2), de acordo com os cálculos teóricos, e ambos os et possuem momento de dipolo menor do que o estado fundamental (ef). Na DMA, o estado de transição preferido é o et1, enquanto que para a DMF a rotação ocorre preferencialmente por meio do et2. Sendo assim, a rotação para a DMA é governada por uma diferença de momento de dipolo maior do que aquela na DMF. À medida em que a polaridade do solvente aumenta, a barreira rotacional sofre também um aumento proporcional à essa diferença de momentos de dipolo, e isso faz com que a barreira na DMA seja mais afetada.19 Posteriomente, Wiberg e Rush20 estenderam os estudos para a N,N- dimetiltioacetamida (DMTA) e para a N,N-dimetiltioformamida (DMTF). Os resultados foram similares, porém as tioamidas mostraram-se ainda mais sensíveis ao solvente. Rablen et al.89, 90 investigaram acrilonitrilas, extremamente similares às amidas, e também constataram o aumento de suas barreiras rotacionais pelo solvente. À mesma época desses últimos estudos de Rablen, uma comunicação por Cox e Lectka7 chamara a atenção para o fato de que um outro grupo de compostos, que também continha um esqueleto amídico, possuia barreiras rotacionais insensíveis ao solvente – tratava-se dos carbamatos. A situação tornou-se ainda mais intrigante ao se calcular os momentos de dipolo dos carbamatos, pois as diferenças entre o estado fundamental e os estados de transição eram similares às das amidas.8 Sendo assim, seria esperado um efeito do solvente comparável àquele observado para as amidas, e essa divergência impôs a necessidade de rever o modelo proposto por Fundamentação Teórica 39 Wiberg et al.19 baseado nas diferenças de momentos de dipolo. Na Tabela 2.1 listamos alguns dos resultados de Cox e Lectka. 7 Tabela 2.1. Efeito do solvente sobre as barreiras rotacionais de amidas e carbamatos a,b,c O O Ph OBn O O N N OMe OMe a Solvente ∆G‡ ∆G‡ CCl4 17,4 17,1 CDCl3 18,7 17,2 CD3OD 19,1 17,3 25% D2O/CD3OD 19,6 17,4 50% D2O/CD3OD 19,9 17,4 75% D2O/CD3OD 20,2 17,3 Medidas por RMN de 1H com transferência de saturação. trans. c ± 0,2 kcal/mol. b Isomerisação cis- Rablen8 baseou sua explicação nos momentos de dipolo dos estados fundamentais. Em seus estudos, verificou que, apesar das diferenças de dipolo entre ef e et serem similares para amidas e carbamatos, o momento de dipolo do ef dos carbamatos era aproximadamente a metade daquele para as amidas. Levando em consideração o modelo de solvatação de Onsager,61 que prevê uma dependência quadrática com o momento de dipolo, Rablen propôs que o efeito do solvente sobre a barreira rotacional seria proporcional ao momento de dipolo do ef.8 Tendo as amidas momentos de dipolo próximos a 4 D e os carbamatos cerca de 2 D, esperar-se-ia uma razão de efeitos do solvente da ordem de 16/4. Obviamente, se o efeito do solvente para os carbamatos fosse menor do que a precisão experimental, não se verificaria modificações representativas. Portanto, os momentos de dipolo dos ef, e não as diferenças de dipolo entre ef e et, deveriam ser analisadas para racionalizar o efeito do solvente. O modelo de Rablen descreve bem a relação entre amidas e carbamatos, mas, de forma intrigante, os cálculos de Wiberg et al.19 mostraram que o momento de dipolo do ef da DMF é levemente superior ao da DMA, ou seja, na ordem oposta à Fundamentação Teórica 40 sensibilidade das barreiras. Para o caso das amidas, então, o modelo de Wiberg et al. é mais adequado. Parecia, portanto, que cada modelo tinha sua validade para uma circunstância, mas restava estabelecer o que determinava cada comportamento. Esta era a situação no início dos trabalhos da presente tese. Além do efeito do meio sobre as barreiras rotacionais, muito se tem feito com o objetivo de compreender a origem destas barreiras.15, 17, 18, 22, 23, 31-33, 85-87, 91 O modelo mais popular fundamenta-se na teoria de ressonância. Há, contudo, aqueles que contestam a validade de tal modelo, como Lauvergnat e Hilberty.23 Esses autores utilizram cálculos ab initio baseados na teoria de ligação de valência para estimar a contribuição da deslocalização do par de elétrons do nitrogênio na formamida e na tioformamida. Concluiram que este efeito é responsável por aproximadamente a metade da barreira de energia para a formamida e dois terços para a tioformamida. De onde, então, viria o restante da energia para a rotação? Laidig e Cameron22 utilizaram um método alternativo, que descreve a estrutura molecular com base na soma de propriedades atômicas (átomos em moléculas),92 e propuseram que a preferência pela hibridização sp2 no ef decorria da estabilidade que o par de elétrons do nitrogênio conferiria ao sistema evitando interações estéricas com a carbonila ou com a ligação C-H da carbonila (na formamida e na tioformamida). Wiberg e Laidig24 sugeriram que as modilicações nas cargas atômicas durante a rotação não são condizentes com o modelo de ressonância. Observa-se uma grande variação no nitrogênio, mas a variação do oxigênio é relativamente pequena. Por outro lado, há um aumento significativo na carga do carbono carbonílico. Essas observações levaram os referidos autores24 a concluir que a interação responsável pela barreira deve ocorrer entre o nitrogênio e o carbono carbonílico, e que o oxigênio é um mero “expectador” durante a rotação. É possível, no entanto, reconciliar o modelo de ressonância com as observações de Wiberg e Laidig. Lembremos que a interação responsável pela barreira rotacional ocorre entre o par de elétrons do nitrogênio e o orbital antiligante π da carbonila, nN → π C* =O . O orbital antiligante tem seu maior lóbulo na região do carbono, de forma que, numa transferência de carga para este orbital, a maior parte se concentraria nessa região. Como o lóbulo na região do oxigênio é menor, é razoável que a variação de carga sobre o mesmo seja menor que no Fundamentação Teórica 41 carbono. Ainda assim, Wiberg e Rush20 atestaram que a barreira possui um componente π e um σ, implicando que a explicação acima estaria incompleta. Diversos estudos trataram da barreira rotacional dos carbamatos e seus congêneros.5, 7, 8, 79, 93-109 Alguns fazem uso de cálculos teóricos, mas em nenhum caso encontramos investigações a respeito da origem das barreiras.5, 7, 89, 103, 109 Por serem sistemas parecidos, esperaríamos que os resultados encontrados para as amidas servissem também para os carbamatos, mas assim fazendo, poderíamos incorrer no mesmo erro que mencionamos a respeito do efeito do solvente. O único estudo experimental existente sobre o efeito do solvente nas barreiras dos carbamatos, além do que foi realizado nesta tese, é o de Cox e Lectka.7 Da mesma forma, somente o trabalho de Rablen8 aborda o problema do ponto de vista teórico, e ainda assim, com o uso apenas de cálculos ab initio e TFD. Quanto à magnitude, Kleinpeter et al.110, 111 investigaram o efeito dos substituintes nas barreiras de carbamatos e tiocarbamatos e seus resultados mostram que a variação é discreta para substituintes alifáticos, mas aumenta significativamente para aromáticos. Estudos de natureza similar foram conduzidos por Deetz et al.,103 segundo os quais a adição de um grupo pirimidil no nitrogênio faz a barreira decrescer ao ponto de não ser possível sequer medí-la por RMN. Os grupos arila ligados ao nitrogênio também diminuem a barreira, porém com menor intensidade. Por outro lado, a substituição no oxigênio com ligações simples (-O-) faz com que a barreira aumente.101 Os estudos experimentais acerca das barreiras rotacionais das uréias e seus congêneros reportam valores abaixo daqueles encontrados para amidas e carbamatos,112-117 como é o caso da uréia em dimetilformamida/dimetilsulfóxido que apresenta uma barreira de 11,2 kcal/mol.117 A metilação deste composto aparentemente diminui a barreira rotacional, indicando grande contribuição da auto-associação.115 Não há, contudo, uma avaliação sistemática do efeito do solvente, o que se deve principalmente às pequenas barreiras e à solubilidade das uréias em temperaturas baixas. Quanto ao aspecto teórico, existem estudos que tratam tanto da estrutura como da origem das barreiras nas uréias e seus congêneros.118-121 Destaque-se o trabalho de Kim et al.121, que utilizaram cálculos NBO e concluiram que a nãoplanaridade da uréia em seu estado fundamental surge da competição dos pares de Fundamentação Teórica 42 elétrons dos nitrogênios distintos pela interação com o orbital π antiligante da carbonila. Há alguns estudos envolvendo simulações de líquidos, porém a maior parte trata apenas das propriedades dos estados fundamentais.122-127 Parte Experimental Capítulo 3: Parte Experimental 43 Parte Experimental 44 Capítulo 3: Parte Experimental 3.1 Ressonância Magnética Nuclear Os espectros de RMN foram adquiridos em um espectrômetro Varian Gemini 2000 BB operando a 300 MHz para 1H e, posteriormente, num Varian Mercury Plus BB a 300 MHz. Utilizamos as seguintes condições experimentais: Parâmetro Gemini Mercury Freqüência (MHz) 300,065 300,059 Largura espectral (Hz) ~ 2500 ~ 2500 Duração do pulso (ms) 6,7 7,2 1,000 1,359 Número de transientes 16 16 Número de pontos de dados (K) 32 32 Alargamento da linha (Hz) 0,0 0,0 Tempo de espera de reciclagem (s) As amostras para os experimentos com variação de temperatura foram preparadas pela adição de 15µL do composto líquido ou 20 mg do composto sólido em 0,7 mL do solvente. As amostras que exigiram o uso de um tubo de inserção foram preparadas com uma menor quantidade de solvente (0,5 mL). Nos casos em que o dissulfeto de carbono foi usado como solvente, exigindo assim um tubo de inserção, a acetona deuterada foi utilizada para ajustar a homogeneidade do campo magnético. Para os experimentos realizados com água deuterada, a referência empregada foi o 3-(trimetilsilil)propionato-2,2,3,3-d4 de sódio. Para as demais amostras a referência foi o tetrametilsilano (TMS). Nos experimentos à baixas temperaturas foi necessário o acoplamento, ao aparelho de RMN, de um sistema de fornecimento de nitrogênio gasoso para a injeção, ejeção e rotação da amostra na sonda. Esse procedimento foi necessário tendo em vista que nessas temperaturas a umidade do ar se condensaria na sonda, Parte Experimental 45 comprometendo o experimento. O sistema utilizado consistia de um tanque de nitrogênio líquido com trocador de calor acoplado à saída (Fig. 3.1). O trocador de calor foi construído a partir de um radiador de automóvel e tubos de cobre pelo técnico MSc. Antonio Frimmel. Figura 3.1. Sistema utilizado na produção de N2 gasoso para os experimentos à baixas temperaturas. A ampliação mostra o tracador de calor. Em todos os experimentos com variação de temperatura aguardou-se por cerca de 6 minutos, no mínimo, até que a amostra atingisse o equilíbrio térmico antes da aquisição. Para a correta determinação das constantes de velocidade, a temperatura da sonda foi calibrada por meio de padrões de metanol e etileno glicol selados sob vácuo. No Apêncide I descrevemos com mais detalhes o processo de calibração. Parte Experimental 46 Os espectros foram salvos em formato MS-DOS e editados no programa NUTS. 128 Os FIDs editados foram então submetidos à análise dos perfis de suas bandas, na região das metilas amídicas, com o programa WINDNMR.84 Este programa permite a simulação dos sinais a partir de certos dados definidos pelo usuário, a saber: freqüência dos sinais, largura dos sinais à meia-altura na ausência de troca e constante de velocidade, que é o valor que mais nos interessa. Ao todo, foram adquiridos cerca de 330 espetros de RMN de 1H (6 compostos, 8 ou 9 solventes estudados para cada composto e uma média de 7 pontos para cada solvente). 3.2 Cálculos Teóricos 3.2.1 Métodos de Estrutura Eletrônica Para a realização dos cálculos, foram utilizados computadores com diversas configurações, com processadores AMD Athlon de 1,0 a 3,2 GHz e memória RAM de 256 Kb a 1,0 Gb, rodando em ambiente Windows ou LINUX (Kurumin 4.0). Também foram empregadas estações de trabalho do Centro Nacional de Processamento de Alto Desempenho de São Paulo (CENAPAD-SP), com processadores trabalhando tanto em série como em paralelo em ambiente UNIX. (O CENAPAD-SP faz parte do programa SINAPAD, implementado pelo Ministério da Ciência de Tecnologia através da FINEP, e disponibiliza para usuários de todo o país um ambiente computacional equipado com softwares específicos, oferecendo ainda um serviço de suporte técnico para auxílio aos usuários). As otimizações de geometria foram realizadas com os métodos HF e B3LYP, utilizando o conjunto de funções de base 6-311+G(2d,p). Nesta base, as camadas de valência são representadas por três conjuntos de funções, um deles constituído por três gaussianas primitivas e os outros dois por apenas uma. Além disso, cada átomo pesado recebe dois conjuntos de orbitais d para polarização, adicionando-se um orbital p aos hidrogênios. Ao longo dos trabalhos, utilizamos também as bases 6-31+G(d,p) e a 6-31G(d) – já descritas na Seção 2.1.2 – e a PTZV de Ahlrichs et Parte Experimental 47 al..129 Esta última, à semelhança da 6-311+G(2d,p), divide a camada de valência em três grupos de gaussianas e adiciona um conjunto de funções d nos átomos pesados, além de p no hidrogênio. As geometrias otimizadas foram submetidas a cálculos de freqüências para caracterizá-las como pontos estacionários ou não, e para a obtenção das propriedades termodinâmicas. As estruturas foram então utilizadas em cálculos de ponto único para a obtenção das energias de solvatação pelo método IPCM. Em alguns casos, foram construídas superfícies de energia potencial em uma ou duas dimensões. No caso das superfícies 1D, variou-se o ângulo diedro C-N-C=Z em incrementos de 10o, num total de 36 passos (B3LYP/6-31+G(d,p) ou B3LYP/ 6-31G(d,p)). As superfícies 2D foram construídas com incrementos de 30o, cobrindo um intervalo de 180o sobre os ângulos X-C-N-C de cada uma das metilas amídicas variadas (B3LYP/6-31G(d)). Todos esses cálculos foram realizados com os programas GAUSSIAN 98130 e GAUSSIAN 03131. Para manipulação de estruturas, construção de matrizes e vizualização dos resultados, utilizamos os programas gráficos MOLDEN132, MOLEKEL133 e GAUSSVIEW. Os cálculos para análizes energéticas foram realizados através do módulo NBO 5.0134 compilado no programa GAMESS135. Para a determinação das energias de deslocalização, utilizamos a opção NOSTAR no grupo “DEL”. As energias de troca foram obtidas por meio da opção STERIC no grupo “NBO”, enquanto que os pesos dos híbridos de ressonância foram avaliados pela opção NRTSTR no mesmo grupo. Neste último caso, é necessário especificar a natureza de cada uma das ligações da estrutura, simples, duplas e pares isolados. Esses cálculos foram realizados no nível HF/PTZV//HF/6-311+G(2d,p), i.e. cálculo de ponto único em HF/PTZV sobre a estrutura otimizada em HF/6-311+G(2d,p). Para o cômputo das energias de repulsão eletrostática, empregamos o esquema de partição de energia de Mayer e Mamza136, 137 implementado no programa APOST138. Neste esquema, a energia total molecular é repartida em contribuições atômicas, podendo-se analisar a partir disso as energias de interação de dois átomos que não estejam diretamente ligados. Essa energia de interação é ainda particionada em componentes, um dos quais é o termo eletrostático que nos interessa. O APOST toma como entrada um arquivo “.FChk” do GAUSSIAN, que é obtido por meio da opção “FormCheck”. Esses cálculos foram realizados no nível Parte Experimental 48 HF/PTZV//HF/6-311+G(2d,p). Para a análise do arquivo de saída do APOST, escrevemos um programa simples em linguagem FORTRAN. 3.2.2 Dinâmica Molecular Os cálculos com dinâmica molecular foram realizados utilizando o pacote de programas TINKER139 (ANALIZE, XYZEDIT, MINRIGID, DYNAMICS, RADIAL,...). Dois solventes foram empregados, sendo eles a água, representada pelo modelo de quatro pontos TIP4P,12 e o metanol, representado por um modelo de três pontos do campo OPLS.74 Como não havia parâmetros para os compostos em estudos, tivemos que ajustar um campo de forças antes das simulações de líquidos. Para isso, calculamos as energias de interação de uma série de complexos 1:1 soluto-solvente no nível B3LYP/6-31+G(d,p). Essas energias de interação foram corrigidas para o “erro de sobreposição de conjunto de funções de bases” (basis set superposition error, BSSE),39 que nada mais é do que uma diminuição não-realística da energia do complexo em relação às moléculas isoladas devida ao maior número de funções de bases no primeiro. Para fazê-lo, calculamos a energia do soluto mantendo todas as bases do complexo, porém sem os átomos de solvente, e fizemos o mesmo para as moléculas de solvente, i.e. mantivemos as bases do complexo e retiramos os átomos do soluto. No programa GAUSSIAN 98 esse procedimento pode ser realizado através da opção “Massage”. De posse das energias de complexação, variamos manualmente os parâmetros da Eq. (2.23), por meio do programa ANALIZE139, até que a mesma fornecesse resultados próximos aos TFD. Para as simulações, construímos caixas periódicas com 300 moléculas do solvente, água ou metanol. Isso foi feito através do programa XYZEDIT139 e de uma molécula do solvente em formato Cartesiano. A caixa de água tinha dimensões 20,80 × 20,80 × 20,80 Å3, sendo essas dimensões determinadas a partir da densidade do líquido. A caixa de metanol tinha dimensões 27,275 × 27,275 × 27,275 Å3. Submetemos as caixas a uma minimização inicial utilizando o programa MINRIGID139, que efetua a otimização de um sistema de moléculas rígidas (gradiente=1,0). Em seguida, a caixa foi equilibrada a 298 K no ensemble NVT por 20 ps (20.000 etapas) através do programa DYNAMICS139. Neste último caso, empregamos um parâmetro de acoplamento de temperatura (τ) de 0,01 ps, e Parte Experimental 0,001 ps para o tempo de cada etapa. 49 Uma vez que a caixa encontrava-se equilibrada, removemos quatro moléculas próximas ao seu centro por meio do programa PCMODEL140 e, empregando novamente o XYZEDIT139, adicionamos a molécula de interesse na lacuna das moléculas removidas. No caso da caixa de metanol, utilizamos uma versão mais atualizado do código XYZEDIT139, que corretamente remove as moléculas necessárias e adiciona o soluto sem a necessidade de utilizar outro programa. Para este último caso, apenas uma molécula de metanol foi removida. O sistema foi equilibrado por 30 ps nas mesmas condições anteriores, após o que, τ foi aumentado para 0,3 ps e procedeu-se à acumulação por mais 300 ps. As coordenadas foram salvas a cada 100 etapas. A partir dos arquivos acumulados, construímos a função de distribuição radial para cada par de átomos soluto-solvente por meio do programa RADIAL139. As fdrs foram integradas com o auxílio do programa Origin. 3.3 Preparação dos Compostos • Solventes de Uso Geral Para a preparação dos compostos foram utilizados solventes de qualidade técnica ou P.A., cuja purificação foi realizada de acordo com procedimentos usuais.141 Os solventes deuterados e o CCl4, empregados na aquisição dos espetros de RMN, foram obtidos comercialmente e utilizados sem purificação adicional. O CS2, empregado nos espectros de RMN, foi purificado por destilação em coluna de Vigreux (p.e. 45 oC /~760 Torr) e armazenado com peneira molecular de 4 Å. • Cloreto de N,N-dimetilcarbamoíla Obtido comercialmente e destilado em coluna de Vigreux com pressão reduzida, fornecendo uma fração média de p.e. 45 oC/4 Torr (lit.141 34 oC/1 Torr). O destilado foi estocado sob atmosfera de N2 com peneira molecular de 4 Å. Parte Experimental 50 • Cloreto de N,N-Dimetiltiocarbamoíla Obtido comercialmente e seco à vácuo na presença de pentóxido de fósforo, sendo utilizado sem purificação posterior. O produto foi estocado sob atmosfera de N2 em um dissecador. • N,N-Dimetilcarbamato de O-Metila (1) 36 Em um balão de fundo redondo de 125 mL com duas bocas, equipado com agitador magnético e condensador de refluxo, e preenchido com nitrogênio gasoso, adicionou-se 70 mL de tetraidrofurano (THF) seco, 2,9 mL (0,072 mol) de metanol, previamente tratado com iodo e magnésio,141 e 1,7g (0,074 mol) de sódio metálico. Manteve-se a mistura em refluxo por 30 min. Adicionou-se, com uma seringa e durante 20 min, 6,4 mL de cloreto de N,N-dimetilcarbamoíla. Manteve-se a mistura em refluxo e sob agitação por uma noite. Permitiu-se que a mistura atingisse a temperatura ambiente e verteu-se a mesma sobre 100 mL de água destilada. Transferiu-se a mistura para um funil de decantação, separou-se as fases e extraiuse o composto da fase aquosa com éter etílico (4 × 30mL). Juntou-se as fases orgânicas e secou-se com sulfato de sódio anidro. Filtrou-se e removeu-se o solvente em evaporador rotatório. O produto foi destilado em coluna de Vigreux, obtendo-se 3,5 g (49 %) de um composto incolor de p.e. 128 oC/~760Torr (lit.107 130-132 oC/~760 Torr). RMN de 1H δ(300 MHz, CDCl3): 3,69 (3H, s); 2,91 (6H, s). • N,N-Dimetiltiocarbamato de S-Metila (2) 107, 142 Em um balão de duas bocas de 250 mL, equipado com agitador magnético e condensador de refluxo (em expiral), foram adicionados 29 g (0,402 mol) de tiouréia, 15 mL (0,370 mol) de metanol e 60 mL (0,530 mol) de uma solução de HBr 48% m/m. Manteve-se a mistura em refluxo durante uma noite. Após este período, conectou-se, com uma mangueira de silicone, o topo do condensador a um balão de Parte Experimental 51 duas bocas de 125 mL – previamente flambado e preenchido com nitrogênio gasoso – equipado com agitador magnético, contendo 60 mL de THF seco e 1,3 g (0,566 mol) de sódio metálico. Essa conexão foi feita por meio de um borbulhador cuja extremidade foi ajustada de forma a fazer com que o gás que provinha do balão de 250 mL entrasse em contato com o THF a 1 cm do fundo do balão de 125 mL. A segunda boca do balão continha um registro ligado à linha de nitrogênio gasoso. Resfriou-se o balão de 125 mL a –40oC, com um banho de nitrogênio líquido e etanol, e adicionou-se, com uma pipeta de Pasteur e em pequenas porções, 80 mL (0,200 mol) de uma solução aquosa de NaOH 10% m/m ao balão de 250 mL. Neste estágio, o fluxo de nitrogênio gasoso foi cessado e o registro conectado ao balão de 125 mL foi utilizado para regular a pressão no interior do balão, de forma a permitir a passagem do gás pelo solvente. Ao término da adição de hidróxido de sódio, retirou-se as conexões do balão de 125 mL, tampando-o com septos de borracha. Aqueceu-se, lentamente, a 60 oC durante 40 min, com eventuais inserções de uma agulha de metal para reduzir levemente a pressão interna. Após este período, adaptou-se um condensador de refluxo (em expiral) e adicionou-se, lentamente, 10 mL de cloreto de N,N-dimetilcarbamoíla (0,109 mol) ao balão de 125 mL. Aqueceu-se a 65oC com banho de glicerina e manteve-se em agitação por uma noite. Permitiu-se, então, que a mistura atingisse a temperatura ambiente, vertendo-a sobre 150 mL de uma solução gelada de bicarbonato de sódio a 3%. Extraíu-se com éter etílico (5 vezes de 30mL), secou-se a fase orgânica com sulfato de sódio anidro, filtrou-se e evaporou-se o solvente em evaporador rotatório, obtendo-se 5,4 g (42 %) de um líquido levemente amarelado de p.e. 54 oC/>6 Torr (lit.107 184 oC/~760 Torr). RMN de 1H δ(300 MHz, CDCl3): 2,96 (6H, s); 2,29 (3H, s). • N,N-Dimetiltiocarbamato de O-Metila (3) 107 Em um balão de duas bocas de 125 mL, equipado com agitador magnético, condensador de refluxo e preenchido com nitrogênio gasoso, adicionou-se 60 mL de THF seco, 2,0 mL (0,049 mol) de metanol e 0,9 g (0,039 mol) de sódio metálico. Permitiu-se que a mistura reagisse por 40 min. Resfriou-se o reator a 5 oC com Parte Experimental 52 banho de gelo e adicionou-se 4,0 g (0,032 mol) de cloreto de N,Ndimetiltiocarbamoíla. Retirou-se o banho de gelo e, lentamente, aqueceu-se a mistura à 70oC, mantendo-se a mesma nesta temperatura por uma noite. Retirou-se o aquecimento e permitiu-se que a mistura atingisse a temperatura ambiente, vertendo-a em seguida sobre 150 mL de uma solução gelada de bicarbonato de sódio a 3%. Extraiu-se o composto da fase aquosa com éter etílico (5 vezes de 30 mL), secou-se com sulfato de sódio anidro e removeu-se o solvente em evaporador rotatório. Destilou-se o produto a vácuo obtendo-se 1,9 g (50 %) de um composto incolor com p.e. 76 oC/>7 Torr (lit.107 87-92 oC/12 Torr). RMN de 1H δ(300 MHz, CDCl3): 4,02 (3H, s); 3,74 (3H, s); 3,12 (3H, s). • N,N-Dimetilditiocarbamato de S-Metila (4) 1a Tentativa Na primeira tentativa procedeu-se de forma análoga à preparação do composto 2, substituindo-se o cloreto de N,N-dimetilcarbamoíla pelo cloreto de N,Ndimetiltiocarbamoíla. No entanto, a quantidade de produto obtida foi extremamente baixa e com muitas impurezas de difícil remoção. 2a Tentativa 107 Em um balão de três bocas de 100 mL, equipado com agitador magnético e condensador de refluxo, adicionou-se 18 mL (0,260 mol) de solução aquosa de N,N-dimetilamina a 40% m/m. Resfriou-se com banho de gelo e adicionou-se, lentamente, 5,5 mL (0,088 mol) de dissulfeto de carbono. Retirou-se o banho, permitindo-se que o reator atingisse a temperatura ambiente. Manteve-se a mistura nessa condição por 20 min. Aqueceu-se, com banho de glicerina, até 45 oC e manteve-se esta temperatura por mais 30 min com as bocas do balão abertas, sem o condensador. Resfriou-se a mistura com banho de gelo e adicionou-se, de forma lenta, 5,6 mL (0,088 mol) de iodeto de metila. Retirou-se o banho de gelo e aqueceu-se, lentamente, à 50 oC por 5 h. Decorrido este período, retirou-se o Parte Experimental 53 aquecimento e permitiu-se que a mistura atingisse a temperatura ambiente. Os cristais formados foram removidos da fase aquosa e dissolvidos, sob aquecimento, em uma mistura de etanol e água (1:1; 300 mL). Elevou-se a temperatura até que o volume fosse reduzido pela metade. Imergiu-se a mistura em banho de gelo e filtrou-se os cristais formados em funil de Büchner. Essa última etapa foi repetida mais uma vez. Em seguida, dissolveu-se os cristais em éter etílico e secou-se com sulfato de magnésio anidro. Filtrou-se e removeu-se o solvente em evaporador rotatório, obtendo-se 2,0 g (17 %) de cristais incolores com p.f. 43-44 oC (lit.107 4547 oC). RMN de 1H δ(300 MHz, CDCl3): 3,57 (3H, s); 3,38 (3H, s); 2,65 (3H, s). • N,N,N’-Trimetiluréia (5) 115 Em um balão de 125 mL de duas bocas, previamente flambado e equipado com agitador magnético, adicionou-se 0,9 g de cloreto de N,N-dimetilcarbamoila (0,0084 mol), 0,5 g (0,0074 mol) de cloreto de metilamônio e 60 mL de piridina seca. Adaptou-se um condensador ao balão e manteve-se a mistura em agitação a 70 oC por 2 dias. Passado este período, retirou-se o aquecimento e aguardou-se até que a mistura atingisse a temperatura ambiente. Verteu-se a mistura sobre 200 mL de água destilada gelada. Adicionou-se cloreto de sódio até a saturação e extraiuse o produto com éter etílico (5 x de 30 mL). Secou-se a fase orgânica com sulfato de magnésio anidro, filtrou-se e removeu-se o solvente em evaporador rotatório. Adicionou-se diclorometano, secou-se, filtrou-se e removeu-se o solvente em evaporador rotatório. Esta última etapa foi repetida até que toda a piridina tivesse sido removida. Obteve-se 0,6 g (70 %) de um sólido branco com p.f. 75-76oC. RMN de 1H δ(300 MHz, CDCl3): 4,47 (1H, bl); 2,90 (6H, s); 2,81/2,80(3H, d). • Isotiocianato de Metila 143 Em um balão de 100 mL de três bocas, equipado com agitador magnético, condensador de refluxo e funil de adição, adicionou-se 3 mL (0,050 mol) de dissulfeto de carbono e 3,6 g (0,053mol) de cloreto de metilamônio dissolvidos em Parte Experimental 54 6 mL de água. Resfriou-se a mistura a 10–15 oC com banho de gelo e adicionou-se, com agitação e por um período de 20 min, 4,2 g (0,105 mol) de hidróxido de sódio dissolvidos em 10 mL de água. Manteve-se a agitação e aqueceu-se a mistura com banho de glicerina por duas horas (neste período, a temperatura gradualmente foi elevada da ambiente para 80 oC). Retirou-se o aquecimento e esperou-se que a mistura atingisse 38 oC. Adicionou-se, lentamente (30 min), 5 mL (0,088 mol) de clorocarbonato de etila. Manteve-se a agitação por mais uma hora. A mistura foi transferida para um funil de separação, recolhendo-se a fase que se formou na parte inferior. Secou-se com sulfato de sódio anidro e destilou-se com coluna simples obtendo-se 1,7 g (47 %) de um líquido incolor com p.e. 110 oC/~760 Torr (lit.144 119 oC/760 Torr). Espectro de massas: m/e = 73. • N,N,N’-Trimetiltiouréia (6) 145 1a Tentativa Em um balão de 125 mL, previamente flambado, equipado com agitador magnético e preenchido com nitrogênio gasoso, adicionou-se 70 mL de tetraidrofurano seco, 3,5 g (0,0283 mol) de cloreto de N,N-dimetiltiocarbamoíla e 2 mL de piridina (0,0248 mol) . Em um segundo balão, de 250 mL, munido de um condensador de refluxo em expiral e agitador magnético, adicionou-se 40 g (0,592 mol) de cloreto de metilamônio. Adaptou-se ao topo do condensador uma mangueira de silicone munida de um borbulhador em uma de suas extremidades. Este borbulhador foi ajustado ao balão de 125 mL de modo a fazer com que o gás produzido entrasse em contato com o líquido 1 cm acima do fundo. Resfriou-se o balão de 125 mL com banho de gelo e adicionou-se lentamente, com pipeta de Pasteur, uma solução de 24 g (0,600 mol) de NaOH em 60 mL de água ao balão de 250 mL. Desligou-se o fluxo de nitrogênio do balão de 125 mL, permitindo-se o fluxo da metilamina gasosa produzida. Manteve-se a mistura em agitação e em refluxo por uma noite. Passado este período, retirou-se o banho de aquecimento e aguardou-se até que o sistema atingisse a temperatura ambiente. Transferiu-se a mistura para um funil de separação, lavando-se a mesma com água destilada (2 x de 30 mL). Secou-se a fase Parte Experimental 55 orgânica com sulfato de sódio anidro e removeu-se o solvente em evaporador rotatório. Obteve-se um sólido de coloração escura contendo diversos subprodutos (RMN), não sendo possível o isolamento do composto de interesse. 2a Tentativa Em um balão de 125 mL de duas bocas, previamente flambado e equipado com agitador magnético, adicionou-se 2 g (0,0162 mol) de cloreto de N,Ndimetiltiocarbamoila, 2 g (0,0300) de cloreto de metilamônio e 60 mL de piridina seca. Adaptou-se um condensador ao balão e manteve-se a mistura em agitação a 70 oC por 4 dias. Passado este período, retirou-se o aquecimento e aguardou-se até que a mistura atingisse a temperatura ambiente, vertendo-se a mesma sobre 200 mL de água destilada gelada. Adicionou-se cloreto de sódio até a saturação e extraiu-se o produto com éter etílico (4 x de 30 mL). Secou-se a fase orgânica com sulfato de magnésio anidro, filtrou-se e removeu-se o solvente em evaporador rotatório. Obteve-se um sólido laranja escuro contendo diversos subprodutos (RMN), não sendo possível o isolamento do composto de interesse. 3a Tentativa Em um balão de duas bocas de 100 mL, equipado com agitador magnético, e condensador de refluxo, foram colocados 5,3 mL (2,1 g; 0,046 mol) de uma solução aquosa de N,N-dimetilamina (44% m/m). Adicionou-se, com uma seringa e de forma lenta, 1,7 g (0,023 mol) de isotiocianato de metila. Após a adição, manteve-se em agitação por 20 min. Passado este período, aqueceu-se a mistura em banho de óleo por 30 min para remover o excesso de dimetilamina. A solução foi aquecida com carvão ativo, filtrada e imergida em uma bacia com gelo. O sobrenadante foi separado dos cristais formados com uma pipeta de Pasteur. Os cristais foram primeiramente secos em dissecador (uma noite) e depois secos à vácuo na presença de pentóxido de fósforo. Obteve-se 0,65 g (24 %) de cristais brancos com p.f. 8788 oC (lit.146 87 oC). RMN de 1H δ(300 MHz, CDCl3): 3,27 (6H, s); 3,16/3,15 (3H, d) Resultados e Discussão Capítulo 4: Resultados e Discussão 56 Resultados e Discussão 57 Capítulo 4: Resultados e Discussão 4.1 Obtenção dos Compostos e RMND 4.1.1 Síntese dos Compostos Dentre os oito compostos apresentados na Introdução, 7 e 8 foram adquiridos comercialmente e os seis primeiros foram sintetizados de acordo com os procedimentos descritos no Cap. 3. A maioria das reações é conhecida e de fácil execução, salvo aquelas em que se faz necessária a produção de reagentes gasosos. O composto 1 foi preparado pela adição do metóxido à carbonila do cloreto de N,N-dimetilcarbamoíla: O CH3O O C + Cl CH3 N H3C C O CH3 N CH3 CH3 (1) O produto é facilmente purificado por destilação em coluna de Vigreux e é relativamente estável. Uma reação similar foi utilizada para obter o composto 3, mas neste caso o reagente foi o cloreto de N,N-dimetiltiocarbamoíla. Ao contrário de 1, o composto 3, após isolado, é extremamente sensível à umidade, de forma que observávamos a evolução de uma fumaça branca quando o mantínhamos exposto ao ar por apenas alguns segundos. Este comportamento foi limitante no caso dos experimentos com RMND, como veremos a seguir, porque em razão disto não foi possível adquirir espectros em solventes próticos para 3. A idéia para a preparação de 2 segue a mesma reação de 1, mas o nucleófilo é o tiometóxido. Este último é obtido a partir da tiouréia, tendo como intermediário um sal de isotiurônio: Resultados e Discussão S H 2N Br NH2 + C 1) i) NaOH HBr + CH3OH H3C NH2 NH2 O O C ii) 2) CH3SH + CH3SH C S 58 CH3 Cl Nao N C H3C CH3 S CH3 N (2) CH3 A preparação do tiometóxido representa um acréscimo significativo, pois, após a adição de hidróxido, o metanotiol se desprende do reator na forma de um gás e precisa ser transportado para um segundo balão contendo sódio metálico em THF. O borbulhamento de metanotiol no THF ocorre pela diferença de pressão entre o balão de produção e o que contém o THF. Essa diferença é determinada pela temperatura do banho do balão com THF e pela taxa de adição do hidróxido, mas o primeiro fator é mais significativo. No entanto, o banho que utilizamos para manter o balão resfriado, etanol/nitrogênio líquido, é bastante sensível, de modo que se não for controlado adequadamente, há o risco da solução contendo sódio metálico ser projetada para o balão onde é produzido o metanotiol, causando uma explosão. Por isso, é recomendável que não se utilize uma mangueira muito curta e que se mantenha o balão com THF no nível mais baixo possível em relação ao balão do metanotiol. Tentamos preparar o composto 4 da mesma forma que 2, substituindo apenas o cloreto de N,N-dimetilcarbamoíla pelo cloreto de N,N-dimetiltiocarbamoíla. Contudo, os rendimentos foram extremamente baixos e a quantidade de impurezas que se agregava ao composto era de difícil separação. Sendo assim, optamos por uma reação alternativa: S S CS2 + NH(CH3)2 H C S CH3 N CH3 CH3I H3C C CH3 N S CH3 (4) Resultados e Discussão 59 Essa reação foi efetuada sem maiores problemas e forneceu o composto com pureza adequada e em quantidade suficiente para a realização dos experimentos. O composto 5 foi preparado de forma similar a 1 e 3, mas utilizando CH3NH2 como nucleófilo. Todavia, não foi possível aplicar esse procedimento para 6, uma vez que os rendimento foram extremamente baixos e o composto encontrava-se misturado com impuzeras de difícil remoção. Seguimos então um procedimento para a preparação de tiouréias a partir de isotiocianatos. No nosso caso, foi necessário preparar o isotiocianato de metila: H3C 1) CH3NH2 + + CS2 S N NaOH H Na C H2 O + S S H3C 2) N Na C H C + Cl S S 3) N C H3C O N C2H5 C C2H5 S O H O C H3C O O S C S C2H5 O CH3-N=C=S COS + + C2H2OH H De posse do isotiocianato de metila, a N,N,N’-trimetiltiouréia (6) pôde ser obtida pela reação com N,N-dimetilamina: S CH3-N=C=S + (CH3)2NH H3C C N N H (6) CH3 CH3 Na Tabela 4.1 estão apresentados os rendimentos e as propriedades físicas dos compostos que sintetizamos, além de 7 e 8. Resultados e Discussão 60 Tabela 4.1. Propriedades físicas e rendimentos dos compostos estudados a Estado na T Amb. p.e./P (oC/Torr) p.f.(oC) Rendimento (%) 1 l 128 /760 - 49 2 l 54/6 - 45 3 l 76/7 - 50 4 s - 43-44 17 5 s - 75-76 70 6 s - 87-88 24 7 l 62-63/12 - - a 8 s - 75-77 - a De origem comercial (Aldrich). 4.1.2 Determinação das Barreiras Rotacionais por RMND Há duas formas pelas quais se pode obter o valor das barreiras rotacionais por RMND, por meio da temperatura de coalescência (Tc) e a separação limite dos sinais (Dn), e por meio de análise do perfil das bandas (APB). O método da temperatura de coalescência trabalha na região de temperaturas na qual o erro na determinação da constante de velocidade deve ser mínimo, i.e. próximo à coalescência.78 Contudo, este método requer a determinação da separação entre os sinais na ausência de troca, algo muitas vezes limitado pela temperatura de congelamento do solvente. No método APB, Tc e Dn não precisam ser conhecidas, mas é necessária a obtenção do maior número possível de espectros em temperaturas variadas, dando-se preferência para as temperaturas próximas à coalescência. Na Fig. 4.1, apresentamos uma seqüência de espectros simulados e experimentais utilizados na análise do perfil das bandas. As Tabelas 4.2 e 4.3 apresentam os parâmetros de ativação determinados a partir dos gráficos de Eyring (Fig. 4.2), como explicado no Cap. 2. Resultados e Discussão 61 Figura 4.1. Experimentos de RMND de 1H para o composto 1 em CD3OD: à esquerda, espectros experimentais em diversas temperaturas e, à direita, os respectivos espectros simulados e suas constantes de velocidade (k). -2,5 Y = 22,1635 - 7159,5807*X Coeficiente de Correlação = -0,997 ln(k/Temp) -3,0 -3,5 -4,0 -4,5 -5,0 3,50 3,55 3,60 3,65 3,70 3,75 3 1/Temp (10 /K) Figura 4.2. Gráfico de Eyring para o composto 1 obtido em CD3OD. Resultados e Discussão 62 Tabela 4.2. Barreiras rotacionais para os compostos 1-4 determinadas por RMND de 1 H (∆H‡ e ∆G‡ em kcal/mol e ∆S‡ em cal/K@mol)a 1 ‡ 2 ‡ ‡ ∆S‡ ∆G‡ – – – – – – ∆H ∆S ∆G ∆H CCl4 – – – Bz-d6 – – – ‡ CS2 10,8±0,3 -15,0±1,2 15,3±0,5 12,5±0,7 -5,4±2,8 14,0±1,1 CD2Cl2 10,4±0,6 -16,6±2,1 15,3±0,9 14,7±1,0 1,7±4,1 14,2±1,6 CD3OD 14,2±0,6 -3,1±2,1 15,2±0,9 12,6±1,1 -6,7±4,2 14,6±1,6 CD3CN 12,9±1,4 -7,0±5,4 15,0±2,1 13,5±0,7 -2,8±2,7 14,3±1,1 20% D2O/CD3OD 10,1±0,8 -17,1±2,9 15,2±1,2 DMSO-d6 D2 O – – – 11,6±1,0 -10,6±3,4 9,7±0,3 -17,7±1,2 14,9±0,5 – 14,8±1,4 – 11,6±0,5 -10,8±1,7 14,8±0,7 3 ‡ 4 ‡ ∆H – ‡ ∆S ∆G ∆H ‡ ∆S‡ ∆G‡ CCl4 17,4±0,3 -0,2±0,9 17,5±0,4 13,8±0,4 -2,7±1,2 14,6±0,5 Bz-d6 19,9±0,8 8,0±2,5 17,6±1,1 15,1±0,2 0,3±0,5 15,0±0,2 CS2 – – – – – – CD2Cl2 – – – – – – CD3OD – – – 14,2±0,1 -3,1±0,4 15,2±0,2 CD3CN 17,4±0,3 -0,2±0,9 17,5±0,4 15,7±0,1 0,4±0,3 15,6±0,1 – – – 14,8±0,2 -2,5±0,6 15,5±0,3 18,7±0,3 2,7±0,7 17,9±0,3 16,0±0,2 0,0±0,5 16,0±0,2 – – – 20% D2O/CD3OD DMSO-d6 D2 O a 12,7±0,2 -10,8±0,6 15,9±0,3 Erros estimados com um intervalo de confiança de 95 % para a distribuição de Student. Os resultados das Tabelas 4.2 e 4.3 trazem erros experimentais que vão de 0,1 kcal/mol até 2,1 kcal/mol para ∆G‡, e em certos casos a magnitude desses erros compromete a avaliação de variações representativas. Porém, para os solventes em que se pôde obter dados adequados de Tc e Dn, espera-se erros de aproximadamente 0,2 kcal/mol†, o que pode ser de grande valia em combinação com os dados das Tabelas 4.2 e 4.3. A Fig. 4.3 descreve a variação das freqüências † Este é na verdade um valor extremo, obtido a partir da Eq. (2.32) assumindo-se um erro de 3 K na determinação da temperatura de coalescência para um sistema parecido aos estudados, Dn = 15 Hz e Tc = 300 K. Resultados e Discussão 63 de absorção do composto 1 com a temperatura em CD3OD. Neste caso, foi possível obter convergência para Dn, de forma que a partir de -20 oC a separação dos sinais permanece aproximadamente constante. Todavia, essa condição não foi possível para todos os solventes, muitas vezes por limitações impostas pelo ponto de congelamento dos mesmos. Para esses casos, a separação entre os sinais das metilas pode vir a ser menor do que a separação limite, causando um aumento irreal na barreira rotacional assim determinada. Nas Tabelas 4.4 e 4.5 apresentamos as barreiras rotacionais calculadas pelo método da temperatura de coalescência. Tabela 4.3. Barreiras Rotacionais para os Compostos 5-6 determinadas por RMND de 1H (∆H‡ e ∆G‡ em kcal/mol e ∆S‡ em cal/K@mol)a 5 6 ∆H‡ ∆S‡ ∆G‡ ∆H‡ ∆S‡ ∆G‡ CCl4 – – – – – – Bz-d6 – – – – – – CS2 – – – – – – CD2Cl2 – – – 10,3±0,1 CD3OD CD3CN 10% D2O/CD3OD 6,5±0,3 -16,0±1,5 – – 5,0±0,1 -25,0±0,6 11,3±0,6 – 12,4±0,2 8,4±0,2 – 10,1±0,2 1,5±0,7 9,8±0,3 -6,7±0,8 10,5±0,3 – – -1,3±0,8 10,5±0,3 DMSO-d6 – – – – – – D2 O – – – – – – a Erros estimados com um intervalo de confiança de 95 % para a distribuição de Student. Passemos agora à análise das magnitudes relativas das barreiras e de sua resposta ao solvente. Tanto os dados de Tc como de APB mostram que o composto 1 não experimenta variação significativa com o solvente. Como dissemos na Introdução, esse comportamento já era conhecido para os carbamatos, mas dados para o N,N-dimetilcarbamato de metila (1) ainda não haviam sido obtidos. Para o composto 2, os dados de APB mostram um aumento sistemático com a polaridade do solvente e podería-se atribuir isso a um efeito real do solvente não fosse pelos erros experimentais. Os dados de Tc para este composto nos fornecem informações valiosas, salvo apenas o fato de que para a água não foi possível atingir uma boa Resultados e Discussão 64 separação dos sinais das metilas. De acordo com esses dados, a barreira de 2 aumenta por aproximadamente 1 kcal/mol quando se vai de CS2 para metanol/água (Tabela 4.4). O aumento seria ainda maior se considerássemos a água, mas para esta é provável que o valor esteja superestimado. Considerando que o erro médio por Tc é de cerca de 0,2 kcal/mol, é possível, assim, identificar o aumento como real. 872 ν2 Freqüência (Hz) 871 870 869 868 867 ν1 866 -80 -60 -40 -20 0 20 o Temperatura ( C) Figura 4.3. Variação das freqüências de absorção das metilas do composto 1 com a temperatura (CD3OD). Para o composto 3, não se observa aumento representativo por APB e tampouco foi possível obter dados para Tc por serem demasiadamente elevados esses valores. Ainda para esse composto, os solventes próticos causavam a decomposição do mesmo; quando preparávamos as soluções, havia uma homogeneidade inicial, que se desfazia em alguns segundos com a separação de fazes e evolução de uma fumaça branca. Não nos detivemos, contudo, à uma análise mais profunda deste processo. De qualquer forma, o referido Resultados e Discussão 65 comportamento nos dá evidências de um efeito drástico das ligações de hidrogênio sobre a estrutura do composto 3. Tabela 4.4. Barreiras rotacionais para os compostos 1-4 determinadas por RMND de 1 H pelo método da temperatura de coalescência (Tc em oC, ∆ν em Hz e ∆G‡ em kcal/mol) 1 Tc 2 ∆ν ∆G‡ Tc 3 ∆ν ∆G‡ Tc 4 ∆ν ∆G‡ Tc ∆ν ∆G‡ CCl4 − − − − − − − − − 31,5 35,10 15,2a Bz-d6 − − − − − − − − − 54,7 149,0 15,5 21,6 10,9 15,4 -5,8 6,6 14,2 − − − − − − CD2Cl2 5,9 3,6 15,2 -14,6 2,1 14,3 − − − − − − CD3OD 11,6 4,1 15,4 -1,0 4,0 14,7 − − − 43,5 42,4 15,7 -1,0 1,8 15,1 -7,8 2,3 14,6 − − − 43,6 43,5 15,7 13,7 8,2 15,1 − − − 49,1 40,5 16,0 − − − − − 54,7 34,1 16,5 − − − 61,1 38,3 16,7 CS2 CD3CN b D2O/Met 11,8 DMSO-d6 − D2O a 10,8 6,0 − 3,0 15,2 a − 15,5 − a 17,7 9,3 a 15,3 Não foi possível atingir uma boa separação para os sinais das metilas. b 20 % D2O/CD3OD. Tabela 4.5. Barreiras rotacionais para os compostos 5 e 6 determinadas por RMND de 1H pelo método da temperatura de coalescência (Tc em oC, ∆ν em Hz e ∆G‡ em kcal/mol) 5 6 Tc ∆ν ∆G‡ Tc ∆ν ∆G‡ CCl4 − − − − − − Bz-d6 − − − − − − CS2 − − − − − − CD2Cl2 − − − -53,9 102,6 10,3 18,3 10,0 -56,8 99,9 10,2 − − − − 13,8 10,6 90,2 10,2 CD3OD CD3CN 10% D2O/CD3OD -75,3 − -66,5 − -45,2 DMSO-d6 − − − − − − D2 O − − − − − − Tanto Tc como APB mostram que a barreira rotacional de 4 é afetada de forma representativa pelo solvente, porém, os comportamentos são levemente Resultados e Discussão 66 diferentes em cada método. Note que os erros experimentais para 4 segundo APB são os menores entre os dados da Tabela 4.2. Segundo os dados desta Tabela, há um aumento da barreira quando se vai de CCl4 para DMSO. Este aumento não persiste ao se passar para a água, mas seria esperado, tendo em vista que a barreira rotacional neste composto mostra-se sensível à polaridade. O fato de não se observar um aumento posterior na água sugere que as ligações de hidrogênio possuem um efeito negativo sobre a barreira rotacional de 4. Este comportamento é menos óbvio nos dados de Tc, nos quais observa-se um aumento de 0,2 kcal/mol passando do DMSO para a água. No entanto, 0,2 kcal/mol é o erro estimado para este experimento, ou seja, não se pode tratar esta variação como significativa. Como veremos mais adiante, os cálculos teóricos suportam um efeito negativo por parte das ligações de hidrogênio. Devido à baixíssima temperatura de coalescência para as uréias e tiouréias (5-8), não foi possível fazer um estudo extensivo acerca do efeito do solvente para estes compostos; obtivemos dados para um número modesto de solventes. Para a N,N,N’,N’-tetrametiluréia (7) e a N,N,N’,N’-tetrametiltiouréia (8), não observamos a descoalescência dos sinais em nenhuma das temperaturas experimentais, de forma que não pudemos determinar as barreiras rotacionais destes compostos por RMND. No caso dos compostos 5 e 6, os dados de APB são de longe mais confiáveis do que os de Tc, pois a separação dos sinais das metilas era relativamente pobre. Com os dados de APB, foi possível observar uma variação representativa nos solventes para os quais os espectros eram adequados para análise. Tanto 5 como 6 têm suas barreiras aumentadas pelo solvente, mas aqui não é possível fazer uma clara distinção do efeito da polaridade do solvente e das ligações de hidrogênio, tendo em vista o limitado número de solventes passíveis de medidas de barreiras (Tabela 4.3). A barreira da N,N,N’-trimetiluréia (5) aumenta por ~1 kcal/mol ao passar do metanol para metanol/água, o que constrasta com a N,N,N’-trimetiltiouréia (6) para a qual a barreira permanece insensível à mesma mudança. Há, por outro lado, uma pequena diferença entre a barreira em diclorometano e em metanol para 6. A interpretação destes resultados não pode ser conduzida apenas com os dados que apresentamos até agora, precisaremos, outrossim, do auxílio dos cálculos teóricos que passaremos a descrever. Resultados e Discussão 67 4.2 Estudo Teórico 4.2.1 Estruturas Estáveis em Fase Gasosa Como dissemos anteriormente, o propósito desta parte do estudo é o entendimento das observações experimentais, uma vez que os métodos teóricos podem nos fornecer informações detalhadas a respeito dos processos ocorrendo em fase condensada e sobre a origem das barreiras rotacionais. Para assim o fazermos, precisamos antes conhecer as barreiras rotacionais dos compostos em fase gasosa, isoladas de qualquer interação com o solvente. As estruturas obtidas nesta etapa serão também utilizadas nos estudos com o método NBO, que permite a investigação de efeitos de deslocalização eletrônica. O primeiro passo nesse sentido é o estabelecimento das conformações dos compostos, que a seguir descrevemos. Afim de melhor sistematizar este estudo, dividimos os compostos em dois grupos: os congêneros de carbamatos (Grupo 1) e os congêneros de uréias (Grupo 2). 4.2.1.1 Conformações para o Grupo 1 Os estudos de Goodman et al.147-149 sugerem que em grupos metila vizinhos a um oxigênio sp3 a conformação adotada é aquela apresentada na Fig. 4.4, na qual um dos ângulos H-C-O-C é 180 o. H O H H H H H Figura 4.4. Conformação do éter dimetílico. Resultados e Discussão 68 Uma conformação semelhante foi obtida para todos os compostos do Grupo 1 e não realizamos nenhuma avaliação posterior para essa porção das moléculas. O fragmento amídico é um caso mais complicado. Sabe-se que em grupos metila vizinhos a insaturações, a conformação mais estável é aquela em que um dos hidrogênios permanece eclipsado com a ligação dupla (Fig. 4.5).150 Uma das estruturas de ressonância do grupo amida (Fig. 1.2) possui uma ligação dupla C=N. Por analogia com os sistemas vinílicos, esperaríamos uma conformação para as metilas como a da Fig. 4.5. Contudo, não temos aqui uma ligação dupla formal, mas sim uma ligação com caráter de dupla, o que faz com que o efeito observado nos sistemas vinílicos possua, nas amidas, uma intensidade menor. O H H H H H H H H N H H H H Figura 4.5. Conformação de grupos metila em alcenos e amidas. Os relatos de geometrias moleculares de amidas encontrados na literatura apresentam estruturas como a da Fig. 4.5.19, 33 Esse foi também o nosso ponto de partida para as otimizações de geometria das moléculas que estudamos, mas no nosso caso obtínhamos freqüências imaginárias. Sendo assim, foi necessário realizar um estudo sobre a conformação das metilas amídicas. Com esse fim, consideramos as possibilidades apresentadas na Fig. 4.6. Cada uma dessas estruturas foi submetida a uma otimização seguida por cálculos de freqüências com os métodos HF e B3LYP. Os resultados estão apresentados na Tabela 4.6. Os compostos 1 e 2 seguiram o comportamento das amidas, ou seja, a única conformação estável que obtivemos foi a ef1, com os dois níveis de teoria. Por outro lado, obtivemos duas conformações estáveis para os compostos 3 e 4, e nesses casos os resultados dos métodos HF e B3LYP são diferentes. Resultados e Discussão H H Z H H H Z H H H X N H H H X H H H H Z X N H H H H H ef1 H 69 ef2 H H N H H H H Z X N H H H H H H H H H ef4 ef3 Figura 4.6. Possíveis confôrmeros para os compostos 1-4. Tabela 4.6. Resultados da pesquisa conformacional para os compostos 1-4 ef1 ef2 ef3 a,b,c,d ef4 (1) B3LYP HF -363,175947 (2i) -363,175144 (1i) -363,174575 (1i) -363,173821 (2i) -361,011323 (2i) -361,010695 (1i) -361,010219 (1i) -361,009507 (2i) B3LYP -686,146239 (2i) HF -683,676750 (2i) B3LYP -686,123893 (2i) -686,124065 (1i) -686,123935 (1i) -686,123838 (1i) HF -683,633783 (2i) -683,634383 (1i) -683,634350 (1i) -683,634290 (1i) B3LYP (4) HF → ef4 -1006,279158 (2i) -1009,096894 (1i) → ef4 → ef4 -1006,280370 (1i) -1009,097170 (1i) -1006,280687 (1i) (2) (3) → ef1 → ef1 → ef1 → ef1 -686,146239 (2i) -683,652169 (2i) a 6-311+G(2d,p). b Energias em hartrees. c As freqüências imaginarias estão representadas entre parênteses. d “→”: converge para. No Caso da conformação ef3 de 3, o hidrogênio da metila anti eclipsado com a ligação (C=O)-N está a 2,197 Å do oxigênio (-O-) no método HF, sendo esta distância um pouco menor com B3LYP, 2,188 Å. Some-se a isso o fato de que a Resultados e Discussão 70 densidade eletrônica em B3LYP tende a concentrar-se nas periferias das moléculas mais do que em HF,151 e teríamos uma repulsão estérica maior para o método B3LYP que poderia explicar a instabilidade de ef3 neste método. Já a instabilidade do ef2 de 4 em HF pode ser entendida com base na tendência do método HF em fornecer comprimentos de ligações mais curtos do que os métodos de correlação eletrônica.151 A distância entre o carbono da metila syn e o enxofre da dupla é 2,973 Å em HF, contra 2,994 Å em B3LYP. Portanto, numa conformação como ef2 o hidrogênio da metila syn eclipsado com a ligação (C=S)-N sofre maior repulsão estérica em HF, o que faz como que a metila rotacione e assuma a configuração de ef4. No caso dos estados de transição, utilizamos as estruturas da Fig. 4.7. Não há relatos de estruturas diferentes dessas para os estados de transição, e a simetria dos mesmos nos leva à conclusão de que ambas as metilas amídicas devem adotar a mesma conformação. A concordância com os dados experimentais justifica nossa escolha. H H H Z H H H Z H H X H N H H X N H H H H H H H et1 et2 Figura 4.7. Estados de transição para o cálculo das barreiras rotacionais de 1-4. 4.2.1.2 Conformações para o Grupo 2 Tratemos primeiramente da N,N,N’-trimetiluréia (5) e da N,N,N’-trimetiltiouréia (6). As possibilidades conformacionais para estes compostos são mais complexas do que nos casos anteriores. Assumindo que cada metila possa ser arranjada de duas Resultados e Discussão 71 formas, temos 23 = 8 conformações candidatas a mímimos (dois arranjos para cada uma das três metilas). Sendo assim, realizamos uma pesquisa conformacional como a dos compostos do Grupo 1, ou seja, otimização de cada uma das estruturas possíveis nos níveis B3LYP e HF com a base 6-311+G(2d,p). As conformações estão representadas na Fig. 4.8 e os resultados das otimizações estão na Tabela 4.7. H H Z H H H Z H H H N N H H H H N H H H H H Z N ef2 H H N H H H H Z H H ef4 H H H H N H H N H H H Z H H H H N H H H H H ef5 Z H H H Z H N H ef3 H H H N H H N H H H H H H H ef1 H N ef6 H H H Z H H H H H N N H H H H ef7 H H N H N H H H H ef8 Figura 4.8. Possíveis confôrmeros para os compostos 5 e 6. Resultados e Discussão 72 A primeira estrutura estável que obtivemos foi o ef2. Afim de economizar tempo, decidimos somente realizar cálculos de freqüências para as outras estruturas caso fossem diferentes do ef2. Como pode ser observado na Tabela 4.7, a única estrutura estável para o ef, tanto para 5 como para 6, é de fato o ef2. Tabela 4.7. Resultados da pesquisa conformacional para a 5 e 6 a,b,c (5) a (6) B3LYP HF B3LYP HF ef1 → ef2 → ef2 → ef2 → ef2 ef2 -343,300404 -341,170901 -666,253401 -663,799793 ef3 → ef2 → ef2 → ef2 → ef2 ef4 → ef2 → ef2 → ef2 → ef2 ef5 → ef2 → ef2 → ef2 → ef2 ef6 → ef2 → ef2 → ef2 → ef2 ef7 → ef2 → ef2 → ef2 → ef2 ef8 → ef2 → ef2 → ef2 → ef2 6-311+G(2d,p). b Energias em hartrees. c “→”: converge para. Ainda visando estabelecer corretamente as conformações, adotamos um procedimento alternativo. Construímos uma superfície de energia potencial (SEP) variando as posições das duas metilas ligadas ao mesmo nitrogênio simultaneamente. Esses cálculos foram realizados no nível B3LYP/6-31G* com incremento de 30 o para um intervalo de 180 o. Empregamos este último método como uma forma de validação do procedimento de variar a posição da metilas, do modo que fizemos para o Grupo 1, uma vez que para os próximos compostos o número de conformações geradas pelo primeiro procedimento é consideravelmente maior e a utilização de SEP mostra-se mais econômica. Os gráficos para a 5 e 6 estão apresentados nas Figs. 4.9 e 4.10, respectivamente. A SEP para a 5 apresenta três mínimos distintos (Fig. 4.9a 4.9b). Cada um deles (Fig. 4.9c) assemelha-se ao ef2, como obtido pelo primeiro procedimento. Resultados e Discussão 73 Após a otimização das geometrias desse mínimos no nível B3LYP/6-311+G(2d,p), o resultado final é o ef2, o que nos mostra que ambos os procedimentos são eficientes para a localização dos mínimos. 0 -343.1841 -343.1844 ) Energia (hartrees -60 -343.1847 -343.1850 -90 -343.1853 -120 0 -30 -60 -90 -120 -150 -343.1856 1 (g -150 120 150 60 180 a) 90 φ C6-N9 φ C6-N9-C14-H17 (graus) 120 -C14-H 17 150 180 (graus) b) H17 H O N9 H N H H H C10 H H C6 C14 H c) -N9 -C1 90 φ C6 30 60 0-H 1 -343.1859 30 raus ) φ C6-N9-C10-H11 (graus) -30 H11 metilas estudadas Figura 4.9. Superfície de energia potencial para 5 obtida no nível B3LYP/6-31G*. a) Visão 2D; b) visão 3D; c) corte do gráfico em a) mostranto as conformações correspondentes a cada mínimo. Resultados e Discussão 74 0 -666.1370 -60 -666.1375 ia (ha Energ -90 -666.1380 -120 -666.1385 rtrees 0 -20 -40 -60 -80 -100 -120 -666.1390 ) -150 120 150 180 40 60 φ C6-N9-C14-H17 (graus) φC a) 80 100 1( 90 120 6-N 9-C 14H1 b) 140 -140 160 -160 180 200 7( g ra us) H17 H S C14 H N H H H C10 H H C6 N9 H c) φC 6-N 9- C 10 60 gra us ) -666.1395 30 -H 1 φ C6-N9-C10-H11 (graus) -30 H11 metilas estudadas Figura 4.10. Superfície de energia potencial para a 6 obtida no nível B3LYP/6-31G*. a) Visão 2D; b) visão 3D; c) corte do gráfico em a) mostranto as conformações correspondentes a cada mínimo. A SEP para 6 (Fig. 4.10) apresenta, semelhantemente, três mínimos. Há outros mínimos visíveis na periferia da SEP, mas trata-se de repetições dos três centrais. Assim como no caso de 6, os mínimos assemelham-se ao ef2 e convergem para este quando otimizados no nível B3LYP/6-311+G(2d,p). Resultados e Discussão 75 Passemos aos estados de transição. Para os compostos do Grupo 1, trabalhamos com as possibilidades representadas na Fig. 4.7. Não nos deparamos com nenhum problema quanto à otimização dessas estruturas, de forma que tanto et1 como et2 apareceram como estados de transição de primeira ordem (uma freqüência imaginária apenas) para os quatro compostos. Por outro lado, quando fizemos as otimizações para o Grupo 2, verificamos que a metila do nitrogênio secundário adota uma conformação oposta à dos compostos do Grupo 1. Para este caso, não conhecemos relatos da literatura, e deste modo foi necessário estudar as conformações apresentadas na Fig. 4.11. Os resultados estão compilados na Tabela 4.8. H H H Y H H H H N H H N H H H H H et1-a H H N H H H H H H N H Y et1-b Y H Y H N H N H N H H H H H H H H H H et2-a H N H H et2-b Figura 4.11. Possíveis confôrmeros para os estados de transição dos compostos 5 e 6. Os resultados dos métodos HF e B3LYP são diferentes para o composto 5, mas se equivalem para 6. Por HF, o et1-a é estável para 5, ao contrário do resultado B3LYP, que prediz apenas o et1-b. O et2-a de 5 é o único estável em HF, mas em B3LYP ambos et1-a e et2-a são estáveis. Apesar das diferenças na posição das metilas, os dois métodos concordam no fato de que o et1 é significativamente Resultados e Discussão 76 mais estável do que o et2, seja nas forma a ou b (5 a 6 kcal/mol). Esta diferença deve-se principalmente à interação repulsiva entre o par de elétrons do nitrogênio e a ligação dupla. Tabela 4.8. Pesquisa conformacional para os estados de transição da N,N,N’-trimetiluréia (5) e da N,N,N’-trimetiltiouréia (6)a,b N,N,N’-Trimetiluréia (5) HF B3LYP Energia #i Energia #i et1-a -341,158723 1 -343,280692 1 et1-b -341,161232 2 -343,290087 1 et2-a -341,151284 1 -343,280692 1 et2-b → et2-a -343,280083 1 c N,N,N’-Trimetiltiouréia (6) HF B3LYP Energia #i Energia #i et1-a -663,790329 1 -666,243511 1 et1-b → et1-a et2-a -663,778956 et2-b → et2-a → et1-a 1 -666,232775 1 → et2-a a 6-311+G(2d,p). b Energias em hartree. c A freqüência imaginária corresponde à inversão do nitrogênio secundário, não à rotacão C-N. Os resultados distintos em HF e B3LYP para o et1 de 5 podem ser entendidos com base no efeito da correlação eletrônica sobre os comprimentos de ligação. Sabe-se que o método de Hartree-Fock geralmente fornece comprimentos de ligação um pouco mais curtos do que os métodos de correlação.151 A análise dos parâmetros otimizados nos mostra que as ligações (C=O)-NH e H3C-NH são realmente mais curtas na geometria HF, viz. r((C=O)-NH)=1,339 Å e r(H3CNH)=1,444 Å, enquanto que os parâmetros B3LYP são r((C=O)-NH)=1,354 Å e r(H3CNH)=1,450 Å. Deste modo, se a geometria do et1 em HF fosse similar à B3LYP, o hidrogênio eclipsado com a ligação (C=O)-N experimentaria maior interação estérica com a região da carbonila. Existe também interação estérica com o hidrogênio do grupo NH na geometria estável HF, mas, ao que parece, a interação com a carbonila é mais intensa. Resultados e Discussão 77 No caso da N,N,N’-trimetiltiouréia (6), apenas os et2-a foram obtidos. Isto reforça a interpretação acima, pois a conjugação nN → π*C=S deve ser mais forte do que a nN → π*C=O, fazendo com que o comprimento da ligação (C=S)-NH seja mais curto na tiouréia. Sendo assim, o mesmo raciocínio aplicado ao caso HF no parágrafo anterior vale aqui para o método B3LYP. Os comprimentos de ligação suportam este argumento: r((C=S)-NH)=1,316 Å e r(H3C-NH)=1,450 Å em HF, e r((C=S)-NH)=1,338 Å e r(H3C-NH)=1,451 Å em B3LYP. Apesar do aumento de r(H3C-NH) em HF na N,N,N’-trimetiltiouréia (6), a nuvem eletrônica da tiocarbonila é mais ampla do que a da carbonila e compensa a variação geométrica. Tendo em vista que não foi possível realizar determinações experimentais das barreiras rotacionais de 7 e 8, o interesse teórico nesses compostos ficou em segundo plano e a pesquisa conformacional para os mesmos foi mais simples. Basicamente, construímos as SEPs para 7 e 8 e otimizamos os mínimos resultantes. A partir desses mínimos, rodamos uma varredura sobre a ligação C-N para localizar os estados de transição, que foram então otimizados sem dar maior atenção à posição das metilas como fizemos nos casos anteriores. As SEPs e os mínimos resultantes estão apresentados nas Fig. 4.12 e 4.13. A SEP para o composto 7 apresenta, à primeira vista, dois mínimos distintos que se repetem periodicamente. Quando analisados, descobrimos que, embora as periferias desses mínimos sejam diferentes, sua estrutura e energia são essencialmente iguais, ou seja, há somente um mínimo de energia para 7. A situação é similar para 8, mas para este a presença de um único mínimo é mais evidente. A não ocorrência de outros mínimos nas SEPs destes compostos deve-se, provavelmente, à grande interação estérica entre as metilas de nitrogênios diferentes, que acaba por reduzir as opções estáveis de arranjos espaciais O mesmo tipo de interação mencionado no parágrafo anterior faz com que as metilas anti à ligação C=Z fiquem fora do plano N-(C=O)-N. Antes mesmo de levar adiante os estudos com os compostos 7 e 8 podemos deduzir o porquê da impossibilidade de detectar as barreiras por RMND, bastando notar que as interações mencionadas colocam os pares de elétrons dos nitrogênios em uma posição que desfavorece a deslocalização nN → π*C=X e diminui a barreira rotacional (Figs. 4.12 e 4.13). Resultados e Discussão 78 150 es) 120 Energia (hartre φ C6-N8-C9-H10 (graus) -382,484 90 60 -382,485 -382,486 -382,487 -382,488 30 150 -382,489 30 120 60 0 90 90 30 60 90 120 150 φ C6-N8-C13-H14 (graus) a) 180 60 120 φC 30 150 6-N 8-C 180 13 H14 (gra 0 6 φC us) H1 9-C 8 -N b) H14 H O C6 C13 N8 H H c) s) au gr ( 0 N C9 H H10 Figura 4.12. Superfície de energia potencial para 7 obtida no nível B3LYP/6-31G*. a) Visão 2D; b) visão 3D; c) corte do gráfico em a) mostranto as conformações correspondentes a cada mínimo. Resultados e Discussão 79 -705.436 150 -705.438 30 -705.439 150 120 -705.440 90 -705.441 60 90 120 150 φ (C6-N7-C12-H13) (graus) a) 180 φ (C6 90 -N7-C 30 120 12-H 1 150 3) (gr a 0 180 6-N7 30 60 φ (C 30 0 60 us) b) H13 H c) ) (gr aus) 60 -C8H9 ) (hartrees 90 Energia φ (C6-N7-C8-H9) (graus) -705.437 120 S C12 C6 N7 H H N C8 H H9 Figura 4.13. Superfície de energia potencial para 8 obtida no nível B3LYP/6-31G*. a) Visão 2D; b) visão 3D; c) corte do gráfico em a) mostranto as conformações correspondentes a cada mínimo. Nas Figs. 4.14 e 4.15 apresentamos as SEPs para rotação sobre a ligação C-N conjugada de 7 e 8, respectivamente. Dentre os três possíveis estados de transição encontrados nas SEPs, apenas o que está próximo de 300 o é um ponto estacionário. Resultados e Discussão 80 Este ponto corresponde ao et1 dos compostos anteriores e a Fig. 4.16 ilustra sua forma para 7 e 8. A provável causa para não haver um análogo ao et2 é a presença da metila adicional em 7 e 8, que promoveria alta interação estérica caso estes compostos assumissem um arranjo similar aos et2 dos compostos anteriores. Chegando a este ponto, temos em mãos as estruturas otimizadas em fase gasosa que servirão de base para toda a seqüência dos trabalhos. Passemos então ao estudo das barreiras rotacionais no vácuo e em solução pelo modelo IPCM. 14 H14 O7 C13 C6 12 N8 H H C9 H10 H 10 N ∆E (kcal/mol) H 8 6 4 2 0 0 50 100 150 200 250 300 350 τ (O7-C6-N8-C13) (graus) Figura 4.14. Superfície de energia potencial 2D para 7 obtida no nível B3LYP/6-31+G**. 14 H13 C12 C6 N7 H H 10 N C8 H 12 H9 ∆E (kcal/mol) H S20 8 6 4 2 0 0 40 80 120 160 200 240 280 320 360 τ (S20-C6-N7-C12) (graus) Figura 4.15. Superfície de energia potencial 2D para a 8 obtida no nível B3LYP/6-31G**. Resultados e Discussão 81 Figura 4.16. Estados de transição obtidos a partir das superfícies de energia potencial 2D para os compostos 7 e 8. 4.2.2 Barreiras Rotacionais no Vácuo e em Solução por Métodos Quânticos 4.2.2.1 Grupo 1 Uma vez determinadas as conformações, passamos ao cálculo das barreiras rotacionais no vácuo e em solução utilizando o modelo de solvatação IPCM. Na Tabela 4.9 apresentamos os parâmetros de ativação no vácuo e na Tabela 4.10 listamos as barreiras rotacionais com a inclusão do efeito da polaridade do meio. Para estes cálculos utilizamos apenas as conformações de menor energia livre de Gibbs. Além disso, as energias de solvatação determinadas pelo método IPCM tratam apenas da parte eletrônica, não incluem as contribuições dos movimentos nucleares (rotação, vibração e translação) e nem os efeitos das interações de curto alcance – complexações ou ligações de hidrogênio. As barreiras no vácuo (Tabela 4.9) evidenciam a necessidade de se incluir os efeitos de solvatação. Tomemos por exemplo o composto 2, para o qual o valor obtido com HF (11,66 kcal/mol) fica 1,4 kcal/mol abaixo do valor experimental Resultados e Discussão 82 para o solvente de menor polaridade (CS2). O valor obtido com o método B3LYP é um pouco melhor, mas ainda assim insatisfatório. No caso do composto 1, a barreira com HF fica próxima dos valores experimentais, mas o valor fornecido pelo método B3LYP é ruim. Tanto para 3 como para 4 obtém-se uma aparente concordância com os experimento em ambos os níveis de teoria. A inclusão da polaridade do solvente (Tabela 4.10) resulta em valores concordantes com os experimentais para o composto 1 em HF. Para ser mais exatos, os valores calculados são, em média, um pouco superiores ao obtidos por APB, mas em pleno acordo com os obtidos por Tc. As barreiras em B3LYP são aproximadamente 2 kcal/mol maiores do que as experimentais. Tabela 4.9. Parâmetros de ativação no vácuo para os compostos 1-4 calculados com os nível de teoria HF/6-311+G(2d,p) e B3LYP/6-311+G(2d,p) (∆G ‡ e ∆H ‡ em kcal/mol, ∆S ‡ em cal/K⋅mol, T=298,15 K) HF ∆H ‡ ∆S B3LYP ‡ ∆G ‡ ∆H ‡ ∆S ‡ ∆G ‡ (1) et1 et2 efet. 12,86 -7,08 14,97 13,86 -8,28 16,33 13,89 -6,71 15,89 14,77 -7,90 17,12 a 14,86 16,19 (2) et1 et2 efet. (3) efet. 11,66 -5,52 13,40 13,51 -5,90 15,29 14,82 -5,80 16,55 11,66 13,40 15,16 -9,00 17,84 14,52 -9,21 17,27 16,14 -8,46 18,66 15,97 -8,86 18,61 a 17,71 17,21 b et1 et2 efet. b 11,66 a et2 a -6,53 a et1 (4) 9,71 a 11,12 -11,56 14,56 11,45 -7,78 13,77 15,38 -10,59 18,53 15,54 -6,90 17,60 14,56 Barreira efetiva, incorporando a contribuição dos dois estados de transição. Conformação ef2. c Conformação ef4. 13,77 Resultados e Discussão 83 Tabela 4.10. Barreiras rotacionais (∆G‡, em kcal/mol) para os compostos 1-4 calculadas nos níveis HF/6-311+G(2d,p) e B3LYP/6-311+G(2d,p) com os efeitos de solvatação incluídos através do modelo IPCM et1 efet, et2 a HF B3LYP HF B3LYP HF B3LYP 1,00 2,23 2,27 2,61 8,82 32,61 35,69 41,76 46,83 78,36 14,97 15,41 15,42 15,47 15,75 15,84 15,84 15,85 15,85 15,86 16,33 16,81 16,82 16,88 17,19 17,29 17,30 17,30 17,30 17,32 15,89 16,03 16,03 16,04 16,06 16,03 16,03 16,03 16,03 16,02 17,12 17,41 17,41 14,44 17,57 17,59 17,59 17,59 17,59 17,60 14,9 15,2 15,2 15,3 15,5 15,5 15,5 15,2 15,5 15,5 16,2 16,6 16,6 16,7 16,9 17,0 17,0 17,0 17,0 17,0 e = 1,00 11,66 12,56 12,57 12,70 12,84 13,70 13,70 13,72 13,73 13,76 13,40 14,60 16,62 14,75 15,46 15,72 15,73 15,74 15,75 15,78 15,29 15,45 15,45 15,47 15,52 15,51 15,51 15,51 15,51 15,51 16,55 17,84 17,84 17,88 18,04 18,08 18,08 18,09 18,09 18,09 11,7 12,6 12,6 12,7 12,8 13,7 13,7 13,7 13,7 13,7 13,4 14,6 14,6 14,8 15,5 15,7 15,7 15,7 15,7 15,8 17,84 19,17 19,19 19,37 20,39 20,76 20,77 20,79 20,80 20,84 17,27 18,03 18,06 18,17 18,80 19,04 19,04 19,06 19,06 19,09 18,66 19,06 19,07 19,14 19,48 19,59 19,59 19,60 19,60 19,61 18,61 18,70 18,71 18,73 18,86 18,90 18,90 18,91 19,91 18,91 17,7 18,7 18,7 18,8 19,4 19,5 19,5 19,5 19,5 19,5 17,2 17,9 17,9 18,0 18,4 18,6 18,6 18,6 18,6 18,6 14,56 15,41 15,42 15,54 16,26 16,55 16,56 16,57 16,58 16,62 13,77 14,31 14,32 14,40 14,87 15,06 15,06 15,07 15,08 15,10 18,53 19,65 19,66 19,80 20,50 2073 20,74 20,75 20,76 20,78 17,60 18,38 18,39 18,50 18,97 19,11 19,11 19,12 19,13 19,14 14,6 15,4 15,4 15,5 16,6 16,6 16,6 16,6 16,6 16,6 13,8 14,3 14,3 14,4 14,9 15,1 15,1 15,1 15,1 15,1 (1) e= (2) 2,23 2,27 2,61 8,82 32,61 35,69 41,76 46,83 78,36 (3) b e = 1,00 2,23 2,27 2,61 8,82 32,61 35,69 41,76 46,83 78,36 (4) c e = 1,00 2,23 2,27 2,61 8,82 32,61 35,69 41,76 46,83 78,36 a Barreira efetiva, incorporando a contribuição dos dois estados de transição. Conformação ef2. c Conformação ef4. Constantes dielétricas corrigidas para 25 oC 152; a ordem dos solventes, depois do vácuo (e = 1,00), é a mesma que aparece na Tabela 4.2 (pg. 62) b Resultados e Discussão 84 As barreiras em solução calculadas para o composto 2 divergem dos experimentos tanto em HF como em B3LYP. Para este último, a concordância é um pouco melhor, mas assim como para 1, os valores B3LYP ficam acima dos experimentais. O composto 3 serve como um bom exemplo de advertência para a prática comum de se trabalhar com barreiras rotacionais sem a inclusão do efeito do solvente, pois as barreiras no vácuo, que eram próximas às experimentais, ficam demasiadamente elevadas. Para os solventes menos polares, as barreiras em B3LYP ainda estão em uma faixa aceitável, mas com o aumento da polaridade a divergência se acentua. O mesmo se pode dizer acerca de 4 – há uma inicial concordância entre os valores em B3LYP e os experimentos, mas, como antes, essa concordância diminui com o aumento da polaridade. As barreiras em HF concordam com os valores obtidos por Tc, que são um pouco maiores do que os APB. Porém, como já dissemos, para 4 esperamos informações mais exatas por APB. Neste ponto do trabalho, não há como julgar a performance dos métodos HF e B3LYP, uma vez que percorremos apenas metade do caminho para a reprodução das barreiras experimentais. Contudo, o que parece confuso neste estágio tornarse-á claro com a inclusão da contribuição das ligações de hidrogênio. Analisemos agora as variações nas barreiras rotacionais previstas teoricamente pelo método IPCM, i.e. o efeito da polaridade do solvente. A barreira para 1 sofre em ambos os métodos um leve aumento, 0,2 kcal/mol em HF e 0,3 kcal/mol em B3LYP, quando se passa do CS2 para H2O. Ou seja, embora os métodos HF e B3LYP divirjam na magnitude da barreira, ambos predizem uma variação pequena, condizente com as observações experimentais (Tabelas 4.2 e 4.4). Já para o composto 2, os cálculos apontam uma variação de 1 kcal/mol para a mesma mudança de solventes. Isto está de acordo com os experimentos, mas as magnitudes das barreiras ainda não são satisfatórias. Passando-se de CCl4 para DMSO, há uma variação para 3 de 0,8 e 0,9 kcal/mol em HF e B3LYP, respectivamente. Esta variação não é observada experimentalmente. Para 4 as variações, de CCl4 para H2O, são 1,2 e 0,8 kcal/mol em HF e B3LYP. Estes valores, particularmente o HF, são coerentes com a mudança experimental de 1,3 kcal/mol. Resultados e Discussão 85 Resumindo, variações mensuráveis são previstas para 2, 3 e 4, mas somente para 2 e 4 essas variações foram observadas experimentalmente. Vejamos então o que causa essas respostas à polaridade do meio. Como dissemos no Cap. 2, a resposta das barreiras rotacionais ao solvente tem sido explicada com base na diferença de momento de dipolo entre ef e et ou com base no momento de dipolo do ef. É possível, contudo, desenvolver uma formulação que nos permita agregar a contribuição de ambos e assim realizar uma análise mais completa. Para fazê-lo, consideremos a energia de solvatação tal como expressa no modelo de Onsager:61 ∆Gsolv = (e − 1) µ 2 (2e + 1) a o3 (4.1) na qual e é a constante dielétrica do solvente, ao é o raio de uma cavidade que contém o soluto e m é o momento de dipolo do soluto. O momento de dipolo do et pode ser expresso como met = mef + δm, sendo δm a diferença entre os momentos de dipolo do ef e do et. Com isso, chegamos ao seguinte resultado para a energia de solvatação do et: et ∆Gsolv = −ξ (e, a o )µ ef2 − 2ξ (e , a o )µ ef δµ − ξ (e , a o )δµ 2 (4.2) onde ξ (e , a o ) = (e − 1) 1 (2e + 1) a o3 (4.3) O efeito do solvente resultante da polaridade do meio pode ser calculado como a diferença entre as energias de solvatação do et e do ef, et ef Efeito do Solvente = ∆Gsolv − ∆Gsolv (4.4) Uma vez que o primeiro termo da Eq. (4.2) é simplesmente a energia de solvatação do ef, chegamos a: Efeito do Solvente = −2ξ (e , a o )µ ef δµ − ξ (e , a o )δµ 2 (4.5) Resultados e Discussão 86 A Eq. (4.5) permite uma racionalização sistematizada do efeito do solvente. Se analisarmos dois compostos cujos momentos de dipolo de seus ef sejam similares (mef), e que tenham também uma dimensão similar (ao), a diferença no efeito do solvente para cada composto será ditada por δm. Este é o tipo de explicação empregada por Wiberg et al.19 para o caso da N,N-dimetilacetamida e da N,N-dimetilformamida. Por outro lado, se os momentos de dipolo do estado fundamental são muito diferentes, então δm assume um papel secundário, como é o caso da N,N-dimetilacetamida e do N,N-dimetilcarbamato de O-metila estudados por Rablen.8 Certamente, há situações intermediárias em que não se pode adotar preferencialmente um dos parâmetros, mef ou δm, sendo necessário considerar ambos com igual peso. Na Tabela 4.11 compilamos as contribuições para a Eq. (4.5) para cada composto de acordo com os dados HF. A escolha deste nível ficará clara mais adiante, depois que apresentarmos os dados de dinâmica molecular. Tabela 4.11. Momentos de dipolo em fase gasosa (em debyes) para os compostos 1-4 obtidos no nível de teoria HF/6-311+G(2d,p) et1 et2 mef − 2 µ ef δµ − δµ 2 Total − 2 µ ef δµ − δµ 2 Total (1) 2,56 +8,44 -2,71 +5,73 -2,28 -0,20 -2,48 (2) 2,25 +7,47 -2,75 +4,72 +0,10 +0,00 +0,10 (3) 4,28 +21,61 -6,37 +15,24 +6,15 -0,52 +5,63 (4) 3,74 +19,10 -6,51 +12,59 +8,37 -1,25 +7,12 Consideremos os et1, começando por 3 e 4. Segundo a Tabela 4.11, a contribuição de δm para as barreiras de 3 e 4 é muito parecida, mas o termo que envolve o momento de dipolo do ef é bem maior para 3. A soma das contribuições prevê um efeito do solvente maior para o et1 de 3, o que de fato ocorre (Tabela 4.10). O ponto interessante para o caso de 3 e 4 é que se igualarmos os δm (um valor médio, por exemplo), continuaremos com o mesmo resultado, e portanto, o efeito do solvente, neste caso, é ditado pelo momento de dipolo do ef. Para os et2 desses compostos, o efeito é bem mais modesto, o que justifica a inversão de Resultados e Discussão 87 estabilidade observada para os et de 3, i.e. embora a barreira aumente para ambos os et de 3, o aumento é mais expressivo para o et1. Isso ocorre porque o momento de dipolo dos et2 é aproximadamente o dobro dos momentos de dipolo dos et1. O caso de 1 e 2 é um pouco mais complexo. De acordo com a Tabela 4.10, a barreira através de et1 para 2 aumenta por cerca de 2 kcal/mol, enquanto a barreira para 1 sofre uma elevação de menos de 1 kcal/mol. No entanto, A Tabela 4.11 aponta um efeito do solvente maior para 1, revelando uma falha em nosso modelo baseado nos momentos de dipolo em fase gasosa. Temos que considerar, contudo, que o composto 2 possui um átomo de enxofre e isso acaba por aumentar a polarizabilidade do composto. Isso é confirmado ao compararmos as componentes do tensor de hiperpolarizabilidade: (69,375, -1,292, 59,611, -0,281, 0,062, 46,282) para 1 e (94,555, -1,590, 74,280, -0,199, 0,094, 56,407) para 2. Sendo assim, espera-se que a densidade eletrônica de 2 varie mais na presença do campo elétrico do solvente. Na Tabela 4.12 listamos os resultados para os cálculos em água. A diferença anteriomente observada agora se inverteu, ainda que por uma pequena quantidade, em favor do composto 2. Vale lembrar que estamos utilizando um modelo relativamente simples para guiar nossas interpretações, de forma que temos que considerar a possibilidade de não encontrarmos valores totalmente condizentes com os experimentos e com os cálculos IPCM. Mesmo assim, o modelo de Onsager pode ser empregado na interpretação qualitativa dos resultados. Tabela 4.12. Momentos de dipolo em água (em debyes) para os compostos 1-4 obtidos no nível de teoria HF/6-311+G(2d,p) et1 et2 mef − 2 µ ef δµ (1) +3,61 +15,95 -4,88 +11,07 (2) +3,63 +16,56 -5,21 (3) +6,04 +46,28 (4) +5,39 +34,10 − δµ 2 − 2 µ ef δµ − δµ 2 Total -3,19 -0,19 -3,38 +11,35 +1,17 -0,03 +1,15 -14,67 +31,61 +15,58 -1,66 +13,92 -10,19 +23,91 +18,90 -3,13 +15,77 Total Do que expusemos acima, decorre que não apenas os momentos de dipolo devem ser considerados na análise da resposta ao solvente das barreiras Resultados e Discussão 88 rotacionais, é preciso ter em mente também a importância da polarizabilidade molecular, ou seja, a forma como a densidade eletrônica muda na presença do campo elétrico do solvente. 4.2.2.2 Grupo 2 As barreiras rotacionais no vácuo para os compostos 5-8 estão apresentadas na Tabela 4.13, seguidas das barreiras em solução na Tabela 4.14. Tabela 4.13. Parâmetros de ativação no vácuo para os compostos 5-8 calculados com os nível de teoria HF/6-311+G(2d,p) e B3LYP/6-311+G(2d,p) (∆G ‡ e ∆H ‡ em kcal/mol, ∆S ‡ em cal/K⋅mol, T=298,15 K) ∆H ‡ HF ∆S ‡ ∆G ‡ ∆H ‡ B3LYP ∆S ‡ ∆G ‡ (5) et1-a et1-b et2-a et2-b efet. a 5,02 -3,78 6,14 11,18 -0,39 11,30 5,71 11,23 11,29 -5,62 -3,94 -1,60 7,39 12,40 11,77 7,39 5,37 11,72 -8,41 -7,77 7,88 14,03 6,14 (6) et1-a et2-a et2-b efet. a 5,15 11,93 -8,37 -7,50 7,64 14,17 7,64 7,88 (7) et1 3,90 -1,07 4,22 3,72 -3,71 4,82 et1 3,12 -2,81 3,95 3,60 -3,31 4,59 (8) a Barreira efetiva, incorporando a contribuição de todos os estados de transição. Assim como no Grupo 1, as barreiras no vácuo em B3LYP são maiores do que as HF, porém as diferenças aqui são menos acentuadas. Segundo ambos os métodos, a barreira para a N,N,N’-trimetiltiouréia (6) é maior do que para a N,N,N’-trimetiluréia (5), enquanto que a situação se inverte para a N,N,N’,N’tetrametiluréia (7) e a N,N,N’,N’-tetrametiltiouréia (8). Resultados e Discussão 89 Tabela 4.14. Barreiras rotacionais (∆G‡, em kcal/mol) para os compostos 5-8 calculadas nos níveis HF/6-311+G(2d,p) e B3LYP/6-311+G(2d,p) com os efeitos de solvatação incluídos através do modelo IPCM N,N,N’-Trimetiluréia (5) e b = 1,00 2,61 8,82 20,49 32,61 37,18 78,36 et1-a 6,14 7,00 7,61 7,79 7,85 7,86 7,90 HF et2-a 11,30 10,88 10,69 10,61 10,59 10,58 10,56 efet.a 6,1 7,0 7,6 7,8 7,8 7,9 7,9 HF et2-a 14,17 13,33 12,70 12,48 12,41 12,40 12,34 efet.a 7,6 9,1 10,3 10,6 10,7 10,7 10,8 et1-b 7,39 8,33 8,99 9,19 9,25 9,26 9,31 B3LYP et2-a et2-b 12,40 11,77 12,39 11,66 12,36 11,50 12,34 11,42 12,33 11,40 12,33 11,39 12,32 11,37 efet.a 7,4 8,2 9,0 9,2 9,2 9,2 9,3 N,N,N’-Trimetiltiouréia (6) e= 1,00 2,61 8,82 20,49 32,61 37,18 78,36 et1-a 7,64 9,13 10,29 10,65 10,75 10,78 10,86 et1-b 7,88 9,24 10,40 10,77 10,88 10,91 11,00 B3LYP et2-a 14,03 13,60 13,33 13,23 13,20 13,20 13,17 efet.a 7,9 9,2 10,4 10,8 10,9 10,9 11,0 N,N,N’,N’-Tetrametiluréia (7) HF et1 4,22 4,31 4,56 4,67 4,71 4,72 4,75 B3LYP et1 4,82 5,21 5,65 5,82 5,87 5,88 5,92 N,N,N’,N’-Tetrametiltiouréia (8) HF et1 e = 1,00 3,95 4,25 2,61 4,38 8,82 4,38 20,49 4,38 32,61 37,18 4,38 4,38 78,36 B3LYP et1 3,59 3,99 4,20 4,24 4,25 4,26 4,26 e= a 1,00 2,61 8,82 20,49 32,61 37,18 78,36 Barreira efetiva, incorporando a contribuição de todos os estados de transição. Constantes dielétricas corrigidas para 25 oC.152 Solventes, pela ordem: vácuo, CS2, CH2Cl2, (CH3)2CO, CH3OH, CD3CN, H2O. b Resultados e Discussão 90 A inclusão do efeito do solvente causa aumentos expressivos nas barreiras rotacionais de 5 e 6, mas tem um efeito mais modesto sobre as barreiras de 7 e 8 (Tabela 4.14). A barreira de 6 é mais sensível ao solvente do que a de 5, uma situação similar à observada entre amidas e tioamidas.20 A magnitude relativa fornecida pelos cálculos IPCM é inversa à experimental, uma vez que os experimentos mostram que a barreira de 5 é maior do que a de 6. Lembremos aqui que só foi possível obter dados de RMND para 5 em solventes próticos, que incorporam efeitos não reproduzidos no modelo IPCM. Mas as barreiras calculadas para 6, tanto por HF como por B3LYP, são coerentes com as experimentais, o que nos dá indícios de que 6 é pouco afetado por ligações de hidrogênio. Mesmo com a inclusão do efeito do solvente, o maior valor que se obtém dentre aqueles calculados para 7 e 8 é 5,9 kcal/mol. Isso é quase a metade do valor calculado para 5, sendo esta a causa de não ter sido possível determinar as barreiras para 7 e 8. Da mesma forma como procedemos para o Grupo 1, compilamos na Tabela 4.15 os momentos de dipolo e diferenças de momentos de dipolo para os compostos do Grupo 2. Uma vez que os dois et2 obtidos para 5 em B3LYP são próximos em energia, e visto que nenhum deles faz contribuição significativa à barreira, tomamos apenas o et2-b para essas análises. Tabela 4.15. Momentos de dipolo em fase gasosa (em debyes) para os compostos 5-8 obtidos no nível de teoria HF/6-311+G(2d,p) et1 mef − 2 µ ef δµ et2 − δµ 2 Total − 2 µ ef δµ − δµ 2 Total (5) 4,00 +8,11 -1,03 +7,08 -5,37 +0,45 -4,92 (6) 5,98 +21,15 -3,13 +18,03 +3,86 +0,10 +3,96 (7) 3,40 +2,86 -0,18 +2,68 − − − (8) 5,29 +6,59 -0,39 +6,20 − − − O maior efeito da polaridade do solvente observado para 6 em relação a 5 deve-se tanto ao momento de dipolo do ef como à maior δm. É interessante notar Resultados e Discussão 91 que o composto 8 possui um momento de dipolo maior do que 5, mas por causa do pequeno valor de δm o efeito do solvente acaba sendo menor. O comportamento em fase gasosa apenas se acentua em água (Tabela 4.16). Tabela 4.16. Momentos de dipolo em água (em debyes) para os compostos 5-8 obtidos no nível de teoria HF/6-311+G(2d,p) et1 mef − 2 µ ef δµ et2 − δµ 2 Total − 2 µ ef δµ − δµ 2 Total (5) 5,56 16,88 -2,30 +14,57 -9,03 -0,66 -9,69 (6) 8,03 +40,71 -6,43 +34,28 -1,10 +0,00 -1,10 (7) 4,84 +5,80 -0,36 +5,44 − − − (8) 7,62 +9,59 -0,40 +9,20 − − − Encerramos assim os trabalhos com respeito ao efeito da polaridade do meio sobre as barreiras rotacionais. Percorremos até aqui apenas uma parte do caminho para uma reprodução realística do efeito do solvente. A seguir, trataremos da inclusão das ligações de hidrogênio. Resultados e Discussão 92 4.2.3 Inclusão do Efeito das Ligações de Hidrogênio por Dinâmica Molecular Associada a Cálculos Quânticos 4.2.3.1 Grupo 1 Mencionamos no Cap. 2 a importância da incorporação das interações de curto alcance no cálculo das energias de solvatação. Existe na literatura alguns trabalhos em que essa contribuição é obtida pela adição de uma molécula do solvente a uma região receptora de prótons.8, 18 Esse procedimento constitui uma aproximação relativamente pobre, pois não considera adequadamente a estrutura estatística do líquido. Como dissemos ainda no Cap. 2, a realização de cálculos com dinâmica molecular requer a especificação de um conjunto de parâmetros que descreve as interações entre o soluto e o solvente (campo de forças). Infelizmente, não existe parametrização para o Grupo 1, e sendo assim, nosso primeiro passo foi obter os parâmetros de Lennard-Jones e de Coulomb para cada um dos compostos desse grupo, tanto no estado fundamental quanto nos estados de transição. O procedimento que adotamos é semelhante ao descrito por Jorgensen et al. 10 (Parte Experimental). Na Fig. 4.17 apresentamos os complexos utilizados na parametrização. Ao longo desses cálculos, mantivemos a geometria do soluto fixada nos valores obtidos com o nível B3LYP/6-311+G(2d,p) e a geometria da molécula de água fixada nos valores do modelo TIP4P.12 Apenas a distância entre a molécula de água e o soluto foi otimizada. A energia de complexação ( ∆E comp ) foi então calculada por: ( ∆E comp = E comp − E água + E soluto ) (4.6) sendo E comp a energia total do complexo solutoּּּágua. Os valores para E água e E soluto foram obtidos de forma a corrigir o erro de sobreposição de conjunto de funções de bases.39 Resultados e Discussão ef et1 93 et2 c1 c2 c3 c4 c5 c6 Figura 4.17. Complexos utilizados na parametrização dos campos de forças para os compostos 1-4. Resultados e Discussão 94 Uma vez obtidas as energias de complexação, foi necessário ajustar os parâmetros q, ε e σ para cada átomo ou grupo de átomos. No modelo que adotamos, os hidrogênios dos grupos metila não são tratados explicitamente, ao invés disso, os três hidrogênios e o carbono constituem um único agregado descrito por um conjunto de valores q, ε e σ. Isso simplifica consideravelmente os cálculos durante as simulações, tornando-as mais rápidas e sem perda significativa da qualidade dos resultados. Portanto, temos um modelo de sete pontos para os solutos do Grupo 1. A otimização simultânea de todos os parâmetros da Eq. (2.23) é uma tarefa extremamente laboriosa. Apenas para o soluto teríamos 18 parâmetros a ser variados simultaneamente. Por isso, adotamos uma simplificação adicional em que os parâmetros de Lennad-Jones são mantidos fixos enquanto variamos apenas as cargas atômicas.10 Iniciamos os trabalhos utilizando parâmetros otimizados para amidas10, 77 e alcoóis74 e empregamos o programa ANALIZE139 para calcular as energias de complexação a partir do campo de forças que definimos. Os valores finais para o conjunto de parâmetros estão apresentados na Tabela 4.17 e as energias de complexação calculadas pela Eq. (2.23) estão listadas na Tabela 4.18. A concordância entre os valores calculados por B3LYP e pelo campo de forças mostra que o procedimento adotado para a otimização dos parâmetros é justificável, de forma que temos um campo de forças que descreve apropriadamente as interações entre o soluto e a água. Com respeito às cargas pontuais, é interessante observar a forma como os valores da Tabela 4.17 são coerentes com o modelo de ressonância. Por exemplo, a Fig. 1.2 sugere que a ressonância desloca carga elétrica do nitrogênio para o oxigênio carbonílico, efeito esse que só ocorre no ef. Assim, com o desfavorecimento da conjugação nos et, a carga do oxigênio carbonílico deveria diminuir, ao passo que a carga do nitrogênio deveria aumentar. Como pode ser visto na Tabela 4.17, é o que de fato ocorre. Uma vez determinados os parâmetros de Coulomb e Lennard-Jones, procedemos às simulações conforme descrito na Parte Experimental. Na Fig. 4.18 apresentamos um “instantâneo” da caixa periódica utilizada. Resultados e Discussão Tabela 4.17. Parâmetros das funções de potencial para os compostos 1-4 Átomo σ (Å) ε (kcal/mol) q(ef) (e) q(et1) (e) q(et2) (e) N,N-Dimetilcarbamato de Metila (1) CH3 (-O-) 3,775 0,207 0,300 0,318 0,243 CH3 (-N-) 3,800 0,170 0,125 0,267 0,265 C (C=O) 3,750 0,105 0,200 0,360 0,380 O (C=O) 2,960 0,210 -0,400 -0,353 -0,353 O (-O-) 3,070 0,170 -0,280 -0,255 -0,156 N 3,250 0,170 -0,070 -0,604 -0,644 N,N-Dimetiltiocarbamato de S-Metila (2) CH3 (-S-) 3,800 0,177 0,230 0,200 0,200 CH3 (-N-) 3,800 0,170 0,140 0,235 0,280 C (C=O) 3,750 0,105 0,225 0,398 0,380 O (C=O) 2,960 0,210 -0,400 -0,353 -0,340 S (-S-) 3,550 0,250 -0,270 -0,211 -0,166 N 3,250 0,170 -0,065 -0,504 -0,634 N,N-Dimetiltiocarbamato de O-Metila (3) CH3 (-O-) 3,070 0,170 -0,122 0,243 0,270 CH3 (-N-) 3,800 0,170 0,090 0,192 0,225 C (C=S) 3,750 0,105 0,060 0,303 0,342 S (C=S) 3,550 0,250 -0,263 -0,210 -0,190 O (-O-) 3,070 0,170 -0,122 -0,160 -0,167 N 3,250 0,170 -0,055 -0,560 -0,705 N,N-Dimetilditiocarbamato de Metila (4) CH3 (-S-) 3,800 0,177 0,160 0,148 0,183 CH3 (-N-) 3,800 0,170 0,130 0,180 0,265 C (C=S) 3,750 0,105 0,200 0,290 0,240 S (C=S) 3,550 0,250 -0,270 -0,213 -0,153 S (-S-) 3,550 0,250 -0,280 -0,145 -0,156 N 3,250 0,170 -0,070 -0,440 -0,644 a Os parâmetros de Lennard-Jones foram extraídos das Refs. 10, 74-77 . 95 a Resultados e Discussão 96 Tabela 4.18. Energias de complexação (kcal/mol) soluto-água calculadas no nível B3LYP/6-31+G(d,p) e através do campo de forças clássico a c1 c2 c3 c4 c5 c6 N,N-Dimetilcarbamato de O-Metila (1) ef TFD C. Forças -6,21 -6,32 -5,91 -5,98 -1,20 -1,32 -2,24 -2,37 -0,79 -0,65 -0,83 -0,80 TFD -5,38 -5,28 -4,96 -4,90 -5,91 -5,93 -1,62 -1,56 -1,32 -1,54 -0,54 -0,98 TFD -5,36 -5,53 -4,44 -4,16 -5,88 -5,55 -1,04 -0,93 -1,51 -1,24 -0,55 -1,11 et1 C. Forças et2 C. Forças N,N-Dimetiltiocarbamato de S-Metila (2) TFD C. Forças -4,87 -4,43 -5,51 -5,89 -1,07 -0,80 -2,01 -1,74 -0,24 -0,84 -0,97 -1,22 et1 C. Forças TFD -4,64 -4,39 -4,49 -4,66 -4,47 -4,61 -1,35 -1,30 -0,57 -1,05 -0,30 -1,01 TFD C. Forças -4,46 -4,34 -3,92 -4,05 -5,45 -5,32 -1,73 -1,28 -0,74 -1,16 -0,56 -1,30 ef et2 N,N-Dimetiltiocarbamato de O-Metila (3) ef TFD C. Forças -2,79 -2,93 -2,46 -2,60 -1,23 -1,42 -0,51 -1,22 -0,85 -0,57 -1,02 -0,63 et1 TFD C. Forças -2,26 -2,16 -1,58 -1,67 -5,13 -5,10 -1,05 -0,50 -1,21 -1,22 -0,36 -0,50 et2 TFD C. Forças -2,32 -2,32 -1,28 -1,29 -5,68 -5,66 -0,42 -0,46 -1,52 -1,66 -0,39 -0,54 N,N-Dimetilditiocarbamato de S-Metila (4) ef TFD C. Forças -2,77 -2,68 -2,42 -2,57 -0,68 -0,56 -2,30 -2,30 -0,28 -0,42 -1,15 -1,11 et1 TFD C. Forças -2,20 -2,11 -1,54 -1,77 -3,99 -3,95 -1,03 -0,91 -0,72 -0,86 -0,21 -0,73 TFD -2,29 -2,17 -1,25 -1,32 -5,49 -5,07 -1,36 -1,26 -0,69 -1,14 -0,48 -1,02 et2 C. Forças a As espécies c1, c2,... são definidas na Fig. 4.17. Resultados e Discussão 97 Figura 4.18. Instantâneo da caixa periódica utilizada nas simulações com água. A caixa possui dimensões 20,8 Å ×20,8 Å ×20,8Å e contém 296 moléculas de água. As funções de distribuição radial (g(r)) para o compostos do Grupo 1 estão apresentadas nas Figs. 4.19-4.22. Como dissemos na Fundamentação Teórica, esses gráficos refletem a probabilidade de se encontrar determinados tipos de átomos próximos um ao outro. Uma fdr, contudo, não fornece diretamente probabilidades no sentido quantitativo, outrossim, é construída de forma que gxy(r)→ 1 à medida que r → ∞ (Cap. 2). Nas regiões em que os átomos x e y estão próximos, a fdr pode diferir da unidade, e caso isso ocorra, teremos um indicador de estruturação no líquido: máximos indicam regiões favoráveis para se encontrar átomos do tipo y, ao passo que mínimos indicam diminuição da quantidade dos mesmos naquela região. Seguiremos os passos seguintes para incorporar o efeito das interações específicas nas barreiras rotacionais: 1) Análise dos aspectos qualitativos das fdrs para identificar as camadas de solvatação, quando existentes; 2) Integração das fdrs para obter o número de moléculas de água nas camadas de solvatação; Resultados e Discussão 98 3) Cálculo da energia total de interação das moléculas de água da camada de solvatação do soluto; 4) Cálculo das barreiras rotacionais incorporando as contribuições determi- nadas no ítem anterior. Vejamos, separadamente, os aspectos mais importantes das fdrs para os compostos 1-4. N,N-Dimetilcarbamato de O-Metila (1) (Fig. 4.19). As fdrs das metilas, tanto do fragmento amídico como do estérico, apresentam bandas largas e com máximos tipicamente em torno de 4 Å. Essa observação indica que as moléculas de água se arranjam ao redor das metilas, mas não se prendem a elas por interações fortes – a estruturação das moléculas de água ocasionada por esse tipo de interação é pouco significante.10, 77 Por outro lado, vê-se claramente que as fdrs para o oxigênio carbonílico, (C=)OAAAH(água), apresentam máximos agudos para o ef, o que indica interações fortes e grande restrição geométrica. A distância entre os máximos das fdrs com o oxigênio e o hidrogênio da água é 0,95 Å, aproximadamente o valor do comprimento da ligação O-H utilizada no modelo TIP4P (0,9572 Å),12 o que mostra que existe uma complexação eficiente entre o oxigênio carbonílico e as moléculas de água. Observa-se ainda máximos pouco resolvidos nas fdrs envolvendo o carbono carbonílico, mas trata-se de máximos em regiões relativamente distantes do referido carbono. Ao compararmos, por exemplo, o máximo da fdr (O=)CAAAH(água) com máximo da fdr (C=)OAAAH(água), vemos que a distância entre eles é de aproximadamente 1,1 Å, um valor muito próximo ao do comprimento da ligação C=O. Portanto, os máximos que aparecem na fdr (O=)CAAAH(água) resultam da presença das moléculas complexadas com o oxigênio carbonílico. A ausência de máximos nas fdrs do nitrogênio, juntamente com as observações acima, nos dão bases para concluir que o oxigênio carbonílico é o único sítio de solvatação do ef do composto 1. O comportamento é um pouco diferente para os et, visto que ambos apresentam máximos tanto para as fdrs do oxigênio carbonílico como para as do nitrogênio. Como no caso do ef, há máximos nas fdrs do carbono carbonílico e a explicação que expusemos anteriormente se aplica aqui. O fato de agora existirem Resultados e Discussão 99 máximos nas fdrs no nitrogênio é uma simples conseqüência da mudança de sua hibridização, de sp2 para sp3, pois o par de elétrons não se encontra mais envolvido na conjugação com a carbonila e fica disponínel para a formação de ligações de hidrogênio. N,N-Dimetiltiocarbamato de S-Metila (2) (Fig. 4.20). As fdrs para 2 são, de forma geral, semelhantes às de 1. A diferença mais acentuada é a intensidade dos máximos que aparecem nos et em relação à intensidade dos máximos dos ef. Em 2, o máximo do ef é mais pronunciado do que o do et, e de uma forma mais intensa do que em 1, ou seja, devemos observar um efeito do solvente mais pronunciado em 2. N,N-Dimetiltiocarbamato de O-Metila (3) (Fig. 4.21). Neste composto, a diferença essencial para os anteriores é a ausência de picos nas fdrs do ef, indicando que nessa espécie não ocorre ligação de hidrogênio. De fato, as energias de complexação para a água com a tiocarbonila (Tabela 4.18) são significativamente menores do que para a carbonila. Quanto aos nitrogênios dos et, as fdrs indicam ligações de hidrogênio em ambos. Dessa forma, 3 deve seguir um comportamento oposto a 2, ou seja, como os et são estabilizados pelas ligações de hidrogênio, a barreira deve diminuir em solventes próticos. N,N-Dimetilditiocarbamato de Metila (4) (Fig. 4.22). O composto 4 segue o mesmo comportamento de 3, com a diferença de que o pico para as fdrs do N são pouco evidentes no et1. Também para esse composto devemos esperar uma diminuição da barreira rotacional em solventes próticos. Vemos, portanto, que em seus aspectos qualitativos as fdrs são coerentes com as observações experimentais, excetuando-se o composto 3, para o qual não foi possível realizar medidas em solventes próticos. Resultados e Discussão 100 a) b) c) Figura 4.19. Funções de distribuição radial para o composto 1: a) ef; b) et1; c) et2). Resultados e Discussão 101 a) b) c) Figura 4.20. Funções de distribuição radial para o composto 2: a) ef; b) et1; c) et2). Resultados e Discussão 102 a) b) c) Figura 4.21. Funções de distribuição radial para o composto 3: a) ef; b) et1; c) et2). Resultados e Discussão 103 a) b) c) Figura 4.22. Funções de distribuição radial para o composto 4: a) ef; b) et1; c) et2). Resultados e Discussão 104 Podemos, agora, quantificar as ligações de hidrogênio. Como dissemos no Cap. 2, a integração de um pico na fdr fornece o número médio de átomos, e por conseguinte, de moléculas que se encontram complexados ao soluto. Com base nas observações anteriores, realizamos a integração das fdrs para os compostos do Grupo 1; os resultados estão apresentados na Tabela 4.19. Tabela 4.19. Análise das funções de distribuição radial para os compostos 1-4 C=Z Espécie N.C.a N ∆E b ∆∆E e Total N.C.a ∆E b N.C.c ∆E d N,N-Dimetilcarbamato de Metila (1) f 1,69 -10,21 0,89 (2,63) -5,28 1,97 -10,88 -0,67 0,92 (2,63) -5,41 2,04 -10,91 -0,70 ef 1,69 (2,53) -10,21 − et1 1,08 (2,43) -5,60 et2 1,12 (2,38) -5,50 f − N,N-Dimetiltiocarbamato de S-Metila (2) f 1,56 -8,09 0,44 (2,68) -1,97 1,37 -6,21 +1,88 0,84 (2,68) -4,58 1,55 -7,53 +0,56 ef 1,56 (2,48) -8,09 − et1 0,93 (2,38) -4,24 et2 0,71 (2,18) -2,95 f − N,N-Dimetiltiocarbamato de O-Metila (3) ef − f − f − f et1 − f − f 0,92 (2,73) -4,72 0,92 -4,72 -4,72 et2 − f − f 1,01 (2,68) -5,71 1,01 -5,71 -5,71 ef − f − f − et1 − f − f 0,36 (2,73) -1,44 0,36 -1,44 -1,44 − f − f 0,93 (2,68) -5,10 0,93 -5,10 -5,10 − f N,N-Dimetilditiocarbamato de Metila (4) et2 f − f a Número de coordenação obtido pela integração das fdrs (C=)Z⋅⋅⋅H(água) ou N⋅⋅⋅H(água); os raios de corte são dados em parêntesis e em Å. b Energias de complexação soluto⋅⋅⋅água (kcal/mol) calculadas com base nos valores da Tabela 4.18 e nos números de coordenação. c Número de coordenação total obtido pela soma das contribuições dos dois sítios (C=)Z e N. d Energia total de interação soluto⋅⋅⋅água (kcal/mol) obtida pela soma das contribuições dos dois sítios (C=)Z e N. e Contribuição total das ligações de hidrogênio para as barreiras rotacionais (kcal/mol). f Nenhuma camada de solvatação identificada nas fdrs. Para a obtenção das energias de complexação listadas na Tabela 4.19, utilizamos os valores da Tabela 4.18. Assim, a complexação de uma molécula de Resultados e Discussão 105 água com a carbonila do ef de 1 produz uma estabilização de -6,06 kcal/mol (média entre c1 e c2). Mas como, em média, 1,7 moléculas de água se ligam à carbonila, a estabilização passa a ser 1,7 x -6,06 kcal/mol= -10,21 kcal/mol. O mesmo se aplica ao nitrogênio, e por este procedimento obtivemos as contribuições das ligações de hidrogênio para cada espécie. Na Tabela 4.20 listamos as barreiras rotacionais em água calculadas levando em consideração tanto os efeitos da polaridade do meio como das ligações de hidrogênio. Esses valores foram obtidos simplesmente pela soma das barreiras listadas na Tabela 4.10 com as contribuições da Tabela 4.19. Tabela 4.20. Barreiras rotacionais (kcal/mol) para os compostos do Grupo 1 em água calculadas pela combinação IPCM + DM et1 efet. et2 a B3LYP HF B3LYP HF B3LYP HF Exp. (1) 17,00 15,19 17,25 15,32 16,7 14,8 14,8 ±1,4 (2) 17,99 15,64 19,08 16,07 17,9 15,4 14,8 ±0,7 (3) 14,39 16,12 13,24 13,90 13,2 13,9 - (4) 13,66 15,18 14,00 15,68 13,4 15,0 15,9 ±0,3 a Barreira efetiva, incorporando as contribuições dos dois estados de transição. Os valores obtidos a partir do método B3LYP apresentam divergências significativas dos experimentos. Por outro lado, há uma boa concordância entre os valores calculados com HF e os valores experimentais. Jasien et al.11 concluiram, do estudo de amidas, que a inclusão de correlação eletrônica com MP2 não alterava expressivamente os resultados. Antes da inclusão dos efeitos de solvatação não era possível fazer afirmações conclusivas sobre cada um dos métodos, HF e B3LYP. A partir do estudo detalhado do efeito do solvente, tanto da polaridade como das interações específicas, concluímos que Hartree-Fock é o método recomendado para esse tipo de cálculo. O fato de que o HF descreve adequadamente as barreiras rotacionais é um resultado bem vindo, pois alguns dos estudos que apresentaremos mais tarde a respeito da origem das barreiras rotacionais são conduzidos a partir desse método. Resultados e Discussão 106 Concentremos agora a nossa atenção ao comportamento de cada composto. Exceto para 2, as barreiras rotacionais decrescem como conseqüência das ligações de hidrogênio, tanto para o et1 como para o et2 (Tabela 4.20). Vale lembrar que os casos relatados na literatura, até o período da redação desta tese, sempre descreviam um comportamento oposto, i.e. aumento da barreira rotacional em solventes próticos10, 19, 20, 89, 90 . O efeito mais discreto ocorre em 1. Como mencionado na análise das fdrs desse composto, os estados de transição são protonados tanto no nitrogênio como no oxigênio carbonílico, ao passo que somente o ef forma ligações de hidrogênio neste último sítio. Mesmo sendo a interação C=O⋅⋅⋅H-O-H mais forte no ef, a soma das interações C=O⋅⋅⋅H-O-H e N⋅⋅⋅H-O-H acaba estabilizando mais os et como mostram os dados da Tabela 4.19. Notemos ainda que esse comportamento é coerente com o modelo de ressonância para os carbamatos, ou seja, a ressonância no ef aumenta a carga negativa no oxigênio carbonílico, tornando-o um doador de carga melhor, mas ao mesmo tempo diminui a carga negativa no nitrogênio e desfavorece a protonação neste ponto. Nos et, o efeito de ressonância desaparece e diminui a quantidade de carga no oxigênio, não obstante, agora o nitrogênio também é um sítio favorável para formação de ligações de hidrogênio: H H O O H H H3C CH3 O N CH3 ef O O O H H H3C O N CH3 H3C et No composto 2 os efeitos são qualitativamente parecidos a 1, exceto que o nitrogênio não é um doador de carga tão bom. Para mostrá-lo, observemos primeiramente as cargas de Mulliken no nitrogênio. No et1 de 1 há -0.326 e em Resultados e Discussão 107 excesso contra apenas -0.058 e em 2 [HF/6-311+G(2d,p)]. Para o et2, os valores são -0.325 e no caso de 1 e -0.159 e para 2. As cargas ajustadas para DM na Tabela 4.17 indicam a mesma tendência, embora com valores diferentes. Some-se a isso um outro fator, no et1 de 2 o átomo de enxofre, em razão de seu volume, atrapalha a aproximação da molécula de água como conseqüência de uma maior interação estérica. Portanto, no et1 do composto 2 há dois efeitos – carga menor e repulsão provocada pelo enxofre – ao passo que no et2 tem-se apenas a diminuição de carga em relação ao composto 1. Considerando esses fatores, o et1 é desfavorecido em relação ao et2 na formação de ligações de hidrogênio, o que fica evidente na Tabela 4.19, e ambos são desfavorecidos em relação aos et de 1. Consideremos agora os compostos 3 e 4. Para ambos a barreira rotacional diminui, mas diminui de forma mais acentuada em 3. Nesses compostos, não há formação de ligação de hidrogênio na região da ligação dupla, fato que pode ser racionalizado pelo modelo das durezas de ácidos e bases.153 O hidrogênio é um ácido de Lewis duro e, portanto, irá interagir de forma efetiva com uma base de Lewis dura, como o oxigênio. O enxofre, por sua vez, é uma base mole, e, sendo assim, interage de forma fraca com o hidrogênio. Desta forma, somente os et serão estabilizados por ligações de hidrogênio e isso causa a diminuição das barreiras. O segundo ponto de que devemos considerar é o porquê da diferença entre 3 e 4. Essencialmente, em 3 os dois et são estabilizados de forma comparável um ao outro (Tabela 4.19), enquanto que em 4 a estabilização do et1 é expressivamente mais fraca do que a do et2. Os motivos dessa diferença podem ser entendidos por uma explicação similar à utilizada para 2, baseada em interações estéricas ocasionadas pelo átomo de enxofre. Como no caso anterior, o volumoso átomo de enxofre atrapalha a aproximação da molécula de água no et1 de 4, mas não de 3. Todavia, em 4 há dois átomos de enxofre e seria esperado, pelo menos em princípio, que também o et2 experimentasse um efeito parecido ao do et1. A ausência deste efeito pode ser entendida com base em alguns aspectos estruturais dos dois estados de transição. Para tanto, consideremos uma ligação O-H na qual o átomo de hidrogênio situa-se à 2 Å do nitrogênio e a ligação O-H orienta-se de forma a contituir um tetraedro, na direção do par de elétrons do nitrogênio (Fig. 4.23). Como o ângulo ∠S-C-N no et1 é menor do que o ângulo ∠S=C-N no et2 Resultados e Discussão 108 (104,2 o contra 124,4 o), o oxigênio da água estará mais próximo do enxofre no et1, o que faz com que a repulsão estérica seja maior neste. S S 124,4o S O Å 3,213 104,4o N S H N Å 30 2,9 H O et1 et2 Figura 4.23. Diferenças estruturais para complexos de água com et1 e et2 do composto 4. Resumindo, embora os efeitos das ligações de hidrogênio incluídos através de DM possam diferir levemente dos efeitos experimentais, o método que aplicamos prevê a tendência correta das barreiras rotacionais em água e nos permite entender, com detalhes, quais aspectos da solvatação de cada espécie determina este comportamento. 4.2.3.2. Grupo 2 N,N,N-Trimetiluréia e N,N,N’-Trimetiltiouréia Nas simulações de líquidos realizadas com esses compostos, tendo em vista os resultados experimentais, utilizamos o metanol como solvente. A determinação das funções de potencial de interação entre moléculas de 5/6 e metanol foi conduzida de forma similar à dos compostos do Grupo 1, exceto que agora não realizamos otimização das distâncias entre as moléculas de soluto e solvente. Procedemos assim fundamentados no princípio de que a informação essencial necessária ao Resultados e Discussão 109 processo de parametrização é a energia de complexo em função das coordenadas espaciais dos átomos, não havendo necessidade de se trabalhar exatamente num mínimo de energia. De fato, durante a simulação de dinâmica molecular não é realizado qualquer processo que envolva a otimização de geometrias – calcula-se as forças atuantes entre as moléculas e determina-se assim o seu movimento. O ponto negativo deste processo é o fato de que, se a estrutura do complexo estiver muito distante de um mínimo, a utilização do mesmo para estimar a energia de complexação na etapa seguinte pode prejudicar os resultados. Porém, notamos que para a maioria dos casos anteriores a distância típica de uma ligação de hidrogênio é de 2 Å. Assim, adotamos esse valor como padrão. Os complexos utilizados para a parametrização estão apresentados na Fig. 4.24. Note que foram empregados sete complexos, e não seis como antes, em razão do hidrogênio adicional dos compostos 5 e 6. Existem diversos estudos na literatura utilizando dinâmica molecular para uréia e para a tetrametiluréia, mas todos eles tratam apenas do estado fundamental dessas moléculas. Como vimos anteriormente, há diferenças significativas entre os parâmetros para os estados fundamentais e os estados de transição. Mesmo assim, poderíamos, em princípio, utilizar os parâmetros da literatura apenas para os estados fundamentais.123-127 Procedemos dessa forma, mas não obtivemos resultados satisfatórios para as energias de complexação entre os solutos e o metanol. Por conta disso, fomos novamente compelidos ao processo de ajuste utilizado no Grupo 1, ou seja, utilizamos os parâmetros de van der Waals da literatura e variamos as cargas atômicas. O modelo que adotamos para 5 e 6 consiste de 8 pontos e os parâmetros ajustados estão apresentados na Tabela 4.21, enquanto as energias de complexação estão compiladas na Tabela 4.22. De forma geral, o campo de forças reproduz satisfatoriamente os resultados TFD, com ligeiras exceções aos complexos com as metilas de 5. Nesses casos, o campo de forças sempre superestima os valores B3LYP. Contudo, como pode ser visto nas fdrs para os compostos do Grupo 1, quando se tem energias de complexação menores do que c.a. 4 kcal/mol, observa-se apenas interações do tipo dipolar. As regiões de maior interesse da molécula, isto é, aquelas onde potencialmente poderíamos observar ligações de hidrogênio, são bem descritas. Resultados e Discussão 110 ef et1 et2 c1 c2 c3 c4 c5 c6 c7 Figura 4.24. Complexos utilizados na parametrização dos campos de forças para os compostos 5 e 6. Resultados e Discussão Tabela 4.21. Parâmetros das funções de potencial para os compostos 5 e 6 111 a Z5 C2 Átomo σ (Å) C3 C78 N1 N6 H4 C78 ε (kcal/mol) q(ef2) (e) q(et1-a) (e) q(et2-a) (e) N,N,N’-Trimetiluréia (5) N1 3,250 0,1699 -0,485 -0,030 0,060 C2 3,7538 0,1280 0,143 0,143 0,123 C3 3,750 0,1050 0,853 0,283 0,303 H4 0,000 0,000 0,136 0,092 0,012 O5 2,960 0,210 -0,555 -0,376 -0,376 N6 3,250 0,1270 -0,296 -0,412 -0,442 C78 3,7538 0,170 0,102 0,150 0,160 N,N,N’-Trimetiltiouréia (6) a N1 3,250 0,1699 -0,100 0,255 0,249 C2 3,7538 0,1280 0,000 0,010 0,000 C3 3,750 0,1050 -0,024 0,041 0,016 H4 0,000 0,000 0,120 -0,022 0,090 S5 3,550 0,250 -0,060 0,041 0,085 N6 3,250 0,1270 0,084 -0,209 -0,780 C78 3,7538 0,128 -0,010 -0,058 0,170 Parâmetros de Lennard-Jones extraídos das Refs. 123-127 . Nas Figs. 4.25 e 4.26 apresentamos as fdrs para 5 e 6, respectivamente. Analisemos primeiramente o composto 5. Os picos indicativos de ligações de hidrogênio aparecem de forma clara nas fdrs (C=)O⋅⋅⋅H(água) e (C=)O⋅⋅⋅O(água) tanto para o estado fundamental como para os estados de transição. Vê-se, contudo, que o pico da fdr é acentuadamente mais intenso no ef, o que sugere que este último é estabilizado por ligações de hidrogênio e que estas causam um aumento na barreira rotacional. Essa é a conclusão mais importante a respeito das fdrs da Fig. 4.25, mas alguns outros aspectos chamam a atenção. Primeiramente, Resultados e Discussão 112 os nitrogênios de 5 não são bons receptores de prótons; exceto pelo pequeno “ombro” que aparece na fdr [(CH3)2]N⋅⋅⋅ H(água) do et2-a, não há indícios de ligações de hidrogênio tanto no ef como no et1. Além disso, os máximos dos picos de ligações de hidrogênio normalmente situam-se em 2 Å, mas no caso da referida fdr do et2-a, a saliência inicial é pouquíssimo intensa nessa região e ganha intensidade na medida em que r aumenta. O nitrogênio secundário deveria, de fato, comportar-se desta maneira, uma vez que é quase planar tanto no ef como nos et. Mas o nitrogênio terciário, que muda bastante sua hibridização durante a rotação, deveria, pelo menos em princípio, ser uma boa base de Lewis. Tabela 4.22. Energias de complexação (kcal/mol) soluto-água calculadas no nível B3LYP/6-31+G(d,p) e através do campo de forças clássico para 5 e 6 c1 c2 c3 c4 c5 c6 c7 N,N,N’-Trimetiluréia (5) ef2 TFD C. Forças −6,31 −6,23 −5,93 −6,27 −1,63 −1,47 −2,96 −2,69 −0,59 −0,87 +0,08 −0,71 −2,21 −2,58 et1-a TFD C. Forças −5,67 −5,83 −5,48 −5,45 −3,91 −3,37 +2,33 +2,05 −0,34 −0,88 −0,19 −0,55 −2,11 −2,50 et2-a TFD C. Forças −5,74 −5,94 −5,24 −5,06 −4,62 −4,21 +1,44 +1,15 −0,66 −1,47 −0,22 −0,72 −1,67 −1,91 N,N,N’-Trimetiltiouréia (6) ef2 TFD C. Forças +0,51 +0,22 +0,54 +0,22 −1,01 −1,45 −1,66 −2,20 −0,50 −0,28 −0,30 −0,27 +0,58 +1,52 et1-b TFD C. Forças +1,54 +1,44 +1,86 +2,30 −3,11 −3,07 +2,91 +3,02 −0,91 −1,32 −0,49 −0,23 +1,10 +0,46 et2-b TFD C. Forcas +1,54 +1,35 +2,47 +2,45 −4,43 −4,37 +4,51 +3,86 −1,09 −0,99 −0,12 +0,02 −2,33 −2,13 Alguns aspectos estruturais explicam a baixa tendência em formar ligações de hidrogênio na região do nitrogênio terciário de 5. Tomemos para comparação o composto 1. No et2 desse composto, a média dos ângulos ∠C-N-C é 112,8 o, ao passo que no et2 de 5 esse valor é 114,0 o. Tais valores demonstram que o Resultados e Discussão 113 nitrogênio terciário em 5 é piramidalizado de forma menos intensa. Segundo cálculos NBO (próxima seção), o par de elétrons do nitrogênio no et2 de 1 possui 86,96% de caráter p, enquanto que em 5 o valor é 89,01%. Em outras palavras, o nitrogênio em 1 aproxima-se mais de uma hibridização sp3 do que em 5, e portanto, há uma maior densidade de probabilidade na região externa do topo da pirâmide >N- em 1. No composto 5 a densidade de probabilidade se distribui mais entre as duas faces do N e deixa a face voltada para o metanol com menor densidade. Outro aspecto intrigante das fdrs de 5 é a diferença de intensidade das fdrs envolvendo o hidrogênio e o oxigênio do metanol. A intensidade do pico da fdr (C=)O⋅⋅⋅H(MeOH) é aproximadamente duas vezes a do pico da frd (C=)O⋅⋅⋅O(MeOH). Lembremos, porém, que para obter o número de coordenação não integramos a fdr diretamente, mas sim a função gij(r)ρj4pr2dr, na qual ρj é a densidade numérica de átomos j (Cap. 2). Quando propriamente integradas, as duas fdrs acima fornecem o mesmo número de coordenação. Por exemplo, para o ef o valor é 0,83 no caso da frd (C=)O⋅⋅⋅H(MeOH) e 0,85 para a fdr (C=)O⋅⋅⋅O(MeOH). Por fim, observa-se picos de solvatação nas fdrs do carbono carbonílico. Esse efeito, como explicado para o caso dos compostos do Grupo 1, resulta presença de moléculas de metanol em outras regiões de solvatação do composto. No caso do ef, é a solvatação do oxigênio carbonílico que causa o aparecimento do sinal na fdr do carbono. Nas fdrs de 6 (Fig. 2.26), não há picos de solvatação para o enxofre, efeito similar ao dos compostos 3 e 4. A solvatação é evidenciada somente nas fdrs do nitrogênio terciário do et2-b. Lembremos, contudo, que os cálculos de estrutura eletrônica mostram que a barreira para o et2-b é expressivamente maior do que a do et1-b (10 kcal/mol contra 15 kcal/mol, Tabela 4.14). Desta forma, a maior contribuição para a barreira rotacional de 6 provém do et1-b, que não é afetado pelas ligações de hidrogênio assim como o ef2. A ligações de hidrogênio no et2-b, que o estabilizam, farão com que sua contribuição para o processo de rotação aumente e, sendo assim, a constante de velocidade para o et2-b passará a ter importância perto da constante para o et1-b. Como consequência, a barreira rotacional deve sofrer uma pequena diminuição. Resultados e Discussão 114 Figura 4.25. Funções de distribuição radial para a N,N,N’-Trimetiluréia (5). Resultados e Discussão 115 Figura 4.26. Funções de distribuição radial para a N,N,N’-Trimetiltiouréia (6). Resultados e Discussão 116 Com base nas observações acima, realizamos a integração dos picos das fdr para o oxigênio de 5 e os nitrogênios terciários de 5 e 6, Tabela 4.23. Na Tabela 4.24 apresentamos as barreiras rotacionais calculadas levando-se em consideração o efeito das ligações de hidrogênio. Os valores calculados para 5, em ambos os níveis utilizados, são coerentes com a medida experimental, embora difiram por 1 kcal/mol entre si. Por outro lado, a barreira para 6 fica signicativamente abaixo do valor experimental nos dois níveis de teoria e chega a diferir por 2 kcal/mol no HF. Os valores IPCM predizem uma barreira rotacional maior para 6, ao contrário dos experimentos. Sendo assim, esperaríamos realmente que a inclusão das ligações de hidrogênio contribuisse para a diminuição da barreira de 6, como de fato se observou. Esse efeito parece ter sido excessivamente acentuado em nossos cálculos, mas o resultado qualitativo é coerente com as observações experimentais. Ao compararmos 6 com os dois casos do Grupo 1 para os quais também observamos diminuição das barreiras, 3 e 4, parece-nos sensata a conclusão de que compostos amídicos que possuam um átomo de enxofre na tiocarbonila terão suas barreiras rotacionais diminuídas frente a solventes próticos, algo até o presente não apontado na literatura.* A causa principal é a baixa afinidade do enxofre por prótons. Como mencionado na discussão do Grupo 1, no estado fundamental o nitrogênio terciário adota uma configuração aproximada-mente planar e não forma ligações de hidrogênio, de forma que somente o calcogênio da ligação dupla poderia servir como sítio de complexação. Isso ocorre na carbonila, mas não na tiocarbonila e assim, neste último caso, não se formam ligações de hidrogênio no estado fundamental. Nos estados de transição, o nitrogênio assume uma configuração piramidalizada e passa a ser um bom receptor de prótons. Portanto, as ligações de hidrogênio nos et acabam por estabilizá-los em relação ao ef fazendo com que a barreira rotacional diminua. Como pode ser visto, também para o caso de 5 e 6 a combinação IPCM + DM mostra-se efetiva para o estudo das barreiras rotacionais. Refinamentos do método, como um maior número de complexos para a parametrização e otimizações de geometria, poderiam corrigir as divergência observadas para 6. * Os dados experimentais de Wiberg e Rush 20. Wiberg, K. B.; Rush, D. J., J. Am. Chem. Soc. 2001, 123, 2038-2046.) para a DMTF e a DMTA sugerem a ausência de complexação. Resultados e Discussão 117 Tabela 4.23. Análise das funções de distribuição radial para a 5 e 6 C=Y Espécie N N.C.a N.C.a ∆E b ∆∆E e Total ∆E b N.C.c ∆E d N,N,N’-Trimetiluréia (5) ef2 0,86 (2,73) -5,26 − f − f 0,86 -5,26 et1-a 0,35 (2,78) -1,95 − f − f 0,35 -1,95 +3,31 et2-a 0,74 (2,88) -4,06 0,09 (2,53) -0,42 0,83 -4,48 +0,78 ef2 − f et1-b − f − f N,N,N’-Trimetiltiouréia (6) et2-b − f − f − f 0,00 0,00 − f − f − f 0,00 0,00 0,00 − f 0,88 (2,83) -3,90 0,88 -3,90 -3,90 a Número de coordenação obtido pela integração das fdrs (C=)Z⋅⋅⋅H(MeOH) or N⋅⋅⋅H(MeOH); os raios de corte são dados em parêntesis e em Å. b Energias de interação soluto⋅⋅⋅MeOH (kcal/mol) calculadas com base nos valores da Tab. 5 e nos números de coordenação. c Número de coordenação total obtido pela soma das contribuições dos dois sítios (C=)Z e N. d Energia total de interação soluto⋅⋅⋅MeOH (kcal/mol) obtida pela soma das contribuições dos dois sítios (C=)Z e N. e Contribuição total das ligações de hidrogênio para as barreiras rotacionais (kcal/mol). f Nenhuma camada de solvatação identificada nas fdrs. Tabela 4.24. Barreiras rotacionais (kcal/mol) para 5 e 6 em metanol, calculadas pela combinação IPCM + DM et1 efet. et2 a B3LYP HF B3LYP HF B3LYP HF Exp. (5) 12,56 11,16 12,18 11,37 11,9 10,9 11,3 ±0,6 (6) 10,91 10,75 9,34 8,51 9,30 8,5 10,5 ±0,3 a Barreira efetiva, incorporando a contribuição dos dois estados de transição. Resultados e Discussão 118 N,N,N’,N’-Tetrametiluréia e N,N,N’,N’-Tetrametiltiouréia Para estes dois compostos não realizamos parametrizações como nos casos anteriores. Assumindo um comportamento similar, utilizamos os resultados de 5 e 6. Sendo assim, as contribuições para as barreiras rotacionais de 7 e 8 devida às ligações de hidrogênio foram obtidas a partir da Tabela 4.23. Tendo em vista que apenas o et1 participa da rotação desses últimos compostos, a barreira de 7 deve ser acrescida por aproximadamente 3,31 kcal/mol, enquanto que a barreira de 8 não deve sofrer variação alguma por conta de ligações de hidrogênio. Na Tabela 4.25 listamos os resultados assim obtidos. Tabela 4.25. Barreiras rotacionais (kcal/mol) para 7 e 8 em metanol calculadas pela combinação IPCM + DM et1 (7) (8) B3LYP HF 9,13 4,38 8,02 4,26 A barreira para 8 está definitivamente fora do alcance da RMND para solventes cujo ponto de fusão seja próximo de -100 oC. Por outro lado, o menor valor que determinamos experimentalmente para os compostos do Grupo 1 foi a barreira em CD2Cl2 de 6, viz. 9,8 kcal/mol, o que sugere que a barreira de 7 poderia também ser vefificada nas mesmas condições. Precisamos, contudo, levar em conta que a obtenção de espectros com separação de sinais depende não apenas da magnitude da barreira, mas também do quão quimicamente inequivalentes são as metilas amídicas. Lembremos que as metilas de 7 estão “torcidas” em relação às de 5 e 6 (ver Fig. 4.12), e isso impõe uma condição diferente. Se as freqüências de absorção das metilas fossem muito próximas, não ocorreria o fenômeno de descoalescência, i.e. a observação de dois sinais distintos, nas temperaturas acessíveis aos nossos experimentos. Resultados e Discussão 119 Com os comentários da página anterior, finalizamos o estudo dos efeitos de solvatação sobre as barreiras rotacionais. De forma geral, verificamos que todos os compostos têm suas barreiras modificadas pelo solvente, em menor ou em maior grau. Em alguns casos, porém, as variações são pequenas demais para serem observadas experimentalmente, como ocorre com os carbamatos. As ligações de hidrogênio podem tanto aumentar como diminuir as barreiras, e destaquemos aqui que diminuições das barreiras pelas ligações de hidrogênio é algo até então não relatado na literatura. Na seção seguinte, buscaremos entender as causas das barreiras rotacionais para cada composto em fase gasosa. Resultados e Discussão 120 4.2.4 Origem das Barreiras Rotacionais 4.2.4.1 Grupo 1 Contribuições Energéticas para as Barreiras Rotacionais Segundo a teoria de ligação de valência, os compostos do Grupo 1 podem ser representados pelas seguintes estruturas de ressonância em seu estado fundamental: Z Z C X Z C N X a Z C N X b C N c X N d X=O,S Z=O,S Figura 4.27. Estruturas de ressonância para os compostos do Grupo 1. A rigor, o número de estruturas de ressonância para sistemas da complexidade dos estudados aqui é substancialmente maior. Nos restringiremos, contudo, às quatro acima, de vez que estão mais diretamente ligadas à barreira rotacional e devem possuir os maiores pesos. A rotação sobre a ligação C-N, que produz os estados de transição, elimina a estrutura c e causa o aumento da energia molecular. Essa é a explicação mais popular para a origem das barreiras rotacionais, como dissemos na Fundamentação Teórica. Entretanto, esse modelo diz respeito somente ao efeito de deslocalização eletrônica, e assim assume que a contribuição das repulsões não-ligantes e as modificações intra-ligações são desprezíveis. Como veremos a seguir, a deslocalização eletrônica realmente tem um papel fundamental na formação das barreiras, mas as energias de deslocalização, puramente, não são suficientes para explicar as magnitude relativas dessas barreiras entre os compostos. O principal método que adotaremos para esta parte do estudo é o dos orbitais naturais de ligação (NBO), descrito no Capítulo 2. Além dele, faremos uso do método desenvolvido por Mayer137 que permite a partição da energia molecular em Resultados e Discussão 121 componentes de um e dois centros e nos dá uma informação da qual o NBO não trata, a saber, a energia de interação eletrostática entre átomos que não estão ligados diretamente. Antes, porém, uma questão de validação. Por limitações físicas do computador no qual rodamos os cálculos desta seção, tivemos que ulitizar um conjunto de bases menor do que o empregado para as otimizações de geometria. Adotamos, assim, o conjunto PTZV, um conjunto com a valência dividida em três grupos, à semelhança do 6-311, e com funções de polarização d para os átomos pesados e p para o hidrogênio. Para nos certificar de que os resultados fornecidos pelo método HF/PTZV são apropriados, rodamos cálculos de ponto único com as estruturas otimizadas em HF/6-311+G(2d,p), ou seja, HF/PTZV//HF/6-311+G(2d,p)); os resultados estão apresentados na Tabela 4.26. Ao longo desses cálculos, trabalhamos com ef2 para o composto 3. É importante mencionar que esses valores não incluem as correções térmicas para os movimentos moleculares; correspondem apenas às contribuições da energia total (eletrônica + repulsão nuclear). Procedemos deste modo porque os cálculos NBO tratam apenas dessa energia. a Tabela 4.26. Barreiras rotacionais para 1-4 calculadas em diferentes níveis HF/6-311+G(2d,p) a HF/PTZV//HF/6-311+G(2d,p) et1 et2 efet. b et1 et2 efet. b (1) 13,75 14,86 13,67 14,42 15,21 14,28 (2) 10,69 14,57 10,69 11,07 14,60 11,07 (3) 16,25 17,35 16,16 17,10 18,12 17,00 (4) 12,29 16,68 12,29 13,12 17,36 13,12 kcal/mol. b Barreira efetiva, incorporando a contribuição dos dois estados de transição. Apesar das barreiras rotacionais fornecidas pelo método HF/PTZV//HF/6311+G(2d,p) ficarem, em média, 0,6 kcal/mol acima daquelas calculadas com HF/6-311+G(2d,p), os valores são satisfatórios, pois as magnitudes relativas são mantidas. Seguindo o exemplo de Weinhold,66 poderíamos dividir a barreira rotacional, ∆E, da seguinte forma: DE = DELewis + DEdesl (4.7) Resultados e Discussão 122 na qual ELewis é a energia de uma estrutura de Lewis idealizada, isto é, sem deslocalização. Na Tabela 4.27 listamos esses valores. Tabela 4.27. Decomposição de energia para as barreiras rotacionais de 1-4 a,b (1) a (2) (3) (4) et1 et2 et1 et2 et1 et2 et1 et2 ∆ELewis -17,09 -20,56 -26,02 -25,42 -25,80 -32,68 -35,59 -38,26 ∆Edesl 31,50 35,77 37,09 40,02 42,89 50,80 48,70 55,61 ∆E 14,42 15,21 11,07 14,60 17,10 18,12 13,12 17,36 HF/PTZV//HF/6-311+G(2d,p). b Em kcal/mol. Vemos que, de fato, a deslocalização é o principal componente das barreiras, e além disso, que a estrutura de Lewis dos et é mais estável do que a dos ef (o valor de ∆ELewis é negativo). Entretanto, os valores relativos das energias de deslocalização não são condizentes com as barreiras calculadas, isto é, não se observa uma correlação linear entre ambos. Por exemplo, tanto 4 como 2 possuem maior DEdesl do que 1, mas a barreira em fase gasosa deste último é a maior. É preciso, portanto, entender o que acontece nas estruturas de Lewis com respeito às interações não-ligantes e às contribuições intramoleculares. Comecemos pelas interações não-ligantes, compiladas na Tabela 4.28. À exceção do et1 de 4, para todas as demais espécies as interações nãoligantes desestabilizam o ef em relação aos et. Isso faz sentido, pois nos ef as ligações N-CH3 ficam eclipsadas com a dupla e com a C-X (Fig. 4.6 e 4.7), ao passo que nos et o arranjo é alternado. O fato da contribuição eletrostática dos et de 4 não seguir essa tendência deve-se provavelmente ao maior volume da nuvem eletrônica dessa molécula. Assim, no ef tem-se uma metila interagindo com cada ligação, C-S ou C=S, enquanto que em cada et tem-se duas metilas interagindo com uma ligação e ainda um par de elétrons interagindo com a ligação oposta. Este efeito também está presente nos outros compostos, mas, por serem suas nuvens eletrônicas mais compactas, as interações entre as ligações eclipsadas nos ef acabam sendo mais importantes. Resultados e Discussão 123 Tabela 4.28. Partição de energia para 1-4 no nível HF/PTZV//HF/6-311+G(2d,p) Valor absoluto a Contribuição para a Barreira ef et1 et2 ∆E(et1) ∆E(et2) Eletrostática Pauli 46,75 236,65 36,96 231,73 37,09 230,50 -9,79 -4,92 -9,66 -6,15 Eletrostática Pauli 26,61 211,83 20,14 208,57 21,46 203,65 -6,47 -3,26 -5,15 -8,18 Eletrostática Pauli 19,33 240,16 12,43 236,86 12,80 237,18 -6,90 -3,30 -6,53 -2,98 Eletrostática Pauli 13,18 209,42 16,63 202,14 17,13 197,84 3,45 -7,28 3,95 -11,58 (1) (2) (3) (4) a Em kcal/mol. Embora as interações não-ligantes favoreçam os et, seu valor ainda não é suficiente para explicar o comportamento das estruturas de Lewis da Tabela 4.27. Voltemos então nossas atenções para as modificações que ocorrem causadas pelo fortalecimento ou enfraquecimento das ligações químicas devido às variações geométricas quando se passa de ef para et. A importância deste fator fica clara quando recorremos ao modelo de ressonância. No ef, temos grande contribuição da estrutura c (Fig. 4.27), o que confere caráter de dupla à ligação C-N e, portanto, a faz ficar mais curta do que num caso onde não haja conjugação. Nos et, a estrutura c praticamente deixa de contribuir para o híbrido de ressonância, de forma que a ligação C-N é essencialmente uma ligação simples, e portanto, mais longa do que no ef. Para ilustrar isso, compilamos na Tabela 4.29 os comprimentos das ligações entre os átomos pesados das espécies e as correspondentes variações entre ef e et. As variações mais importantes são observadas nas ligações O2-C3, C3-O4 e C3-N5, sendo esta última a mais expressiva das três. Por exemplo, o aumento da ligação C3-N5 no et1 de 4 chega a 0,0926 Å, e uma variação como esta certamente possui drásticas implicações energéticas. Quando tratarmos das interações Resultados e Discussão 124 específicas entre orbitais e das estruturas de ressonância explicaremos também a magnitude das mudanças nos comprimentos de ligação. Neste ponto, nossa intenção era apenas ilustrar as variações que a estrutura sofre ao longo da rotação. Tabela 4.29. Comprimentos de ligação para os compostos 1-4 a,b Z4 C1 C3 X2 X = O, S C6 N5 Z = O, S C7 Ligação r(ef) r(et1) r(et2) ∆r(et1) ∆r(et2) C1-O2 O2-C3 C3-O4 C3-N5 N4-C6 N5-C7 1,4140 1,3257 1,1937 1,3507 1,4470 1,4476 1,4153 1,3119 1,1840 1,4137 1,4567 1,4566 1,4149 1,3236 1,1785 1,4108 1,4546 1,4546 0,0013 -0,0137 -0,0097 0,0630 0,0096 0,0090 0,0009 -0,0021 -0,0152 0,0600 0,0076 0,0070 C1-O2 O2-C3 C3-O4 C3-N5 N4-C6 N5-C7 1,7999 1,7889 1,1920 1,3496 1,4499 1,4458 1,8099 1,7613 1,1796 1,4196 1,4579 1,4579 1,8100 1,7883 1,1754 1,4151 1,4537 1,4537 0,0100 -0,0276 -0,0123 0,0700 0,0080 0,0120 0,0100 -0,0007 -0,0166 0,0655 0,0039 0,0079 C1-O2 O2-C3 C3-O4 C3-N5 N4-C6 N5-C7 1,4172 1,3130 1,6768 1,3254 1,4506 1,4572 1,4165 1,2955 1,6391 1,4089 1,4565 1,4565 1,4160 1,3054 1,6285 1,4068 1,4562 1,4562 -0,0007 -0,0175 -0,0377 0,0836 0,0059 -0,0007 -0,0012 -0,0076 -0,0483 0,0815 0,0057 -0,0010 C1-O2 O2-C3 C3-O4 C3-N5 N4-C6 N5-C7 1,8046 1,7718 1,6664 1,3260 1,4597 1,4584 1,8040 1,7311 1,6237 1,4186 1,4573 1,4573 1,8043 1,7538 1,6165 1,4141 1,4543 1,4543 -0,0006 -0,0407 -0,0427 0,0926 -0,0024 -0,0011 -0,0003 -0,0179 -0,0499 0,0881 -0,0054 -0,0041 (1) (2) (3) (4) a HF/6-311+G(2d,p). b Em Å. Resultados e Discussão 125 O método NBO fornece uma maneira de avaliar a estabilidade de uma ligação química através dos autovalores de energia dos orbitais de ligação. Na Tabela 4.30 apresentamos esses valores, tanto para os orbitais ligantes localizados entre dois átomos como para os pares de elétrons isolados. As energias apresentadas nessa tabela levam em conta a população eletrônica em cada orbital, ρi, ou seja, são o produto do autovalor do orbital, εi, por essa população, E = ρiei, de modo que as variações das energias dos orbitais ligantes são dadas por: DE = ρeteet < ρefeef (4.8) A identificação “caroço” que aparece na Tabela 4.30 diz respeito aos elétrons internos de cada átomo, que não participam diretamente nas ligações químicas mas que também são afetados pelas variações estruturais. A forma como as energias dos NBO refletem a estabilidade das ligações pode ser ilustrada pela variação da energia do orbital σ C3−N5 . A estrutura de ressonância c implica um caráter de ligação dupla entre os átomos C3-N5 no ef, mas não nos et, de maneira que, no curso da rotação, a ligação C3-N5 se torna mais longa (Tabela 4.29) e perde seu caráter de dupla, ficando assim menos estável. Como pode ser visto na Tabela 4.30, o orbital σ C3−N5 sofre uma desestabilização próxima a 120 kcal/mol em 1. No caso da ligação C3-Z4, os componentes ρ e π seguem em direções opostas, mas o balanço líquido é negativo, ou seja, a ligação C3-Z4 é mais estável no et do que no ef. Como no caso anterior, esse comportamento é previsto pelo modelo de ressonância, tendo em vista que, no ef, a ligação C3-Z4 possui forte caráter de dupla, e esse caráter, devido à estrutura c (Fig. 4.27), é eliminado nos et. A estrutura d ainda permanece nos et, e de forma mais intensa que no ef, mas sua contribuição não é tão importante para o et como a de c é para o ef. Outra variação importante é a do par isolado do nitrogênio. No ef, esse par de elétrons assume uma configuração essencialmente p, ao passo que nos et, com a piramidalização do nitrogênio, o mesmo orbital passa a ser um híbrido aproximadamente sp3. Como pode ser visto na Tabela 4.30, isso leva a uma expressiva diminuição da energia do orbital. Além disso, a diminuição da energia é acentuada pelo aumento da população eletrônica. Por exemplo, no ef de 1 a população é de 1,76177 elétrons contra 1,90598 elétrons no et1, um reflexo claro da transferência Resultados e Discussão 126 de carga como resultado da estrutura de ressonância c (Fig. 4.27). Para se ter uma idéia do que esses números significam, no orbital σ C3−N5 , que também sofre uma intensa variação de energia, os valores são 1,98711 e 1,98261 no ef e no et1, respectivamente, ou seja, a diferença de carga é bem menor do que no par de elétrons isolado. Tabela 4.30. Variação das energias dos NBO entre ef e et dos compostos 1-4 a,b,c Z4 C1 C3 X = O, S C6 X2 N5 Z = O, S C7 (1) (3) (4) et1 et2 et1 et2 et1 et2 et1 et2 σ C1− X2 0,11 -8,87 8,07 1,62 -0,62 -7,07 0,10 -6,59 σ X2−C3 -37,49 -19,18 -40,43 -16,77 -55,24 -41,41 -62,43 -43,61 σ C3− Z4 -158,14 -165,44 -168,63 -169,95 -739,98 -747,35 -787,09 -782,80 π C3− Z4 61,30 64,75 55,04 59,16 617,74 618,39 636,98 639,25 σ C3− N5 125,37 119,68 131,48 126,56 166,02 160,65 169,86 164,96 σ N5−C6 39,77 32,04 39,60 24,96 60,39 59,96 51,50 42,95 σ N5−C7 50,52 42,82 61,73 47,09 53,37 53,00 66,53 58,02 nX 0,28 -8,22 -1,87 -4,53 2,25 -2,18 1,80 2,49 n X' 16,28 1,56 15,62 2,68 28,80 11,56 33,51 17,27 nZ -15,02 -9,22 -9,77 -9,72 -30,50 -25,25 -28,42 -25,63 n Z' -32,72 -27,40 -35,99 -33,23 -24,98 -18,24 -26,34 -23,33 nN -129,54 -116,89 -137,17 -110,95 -143,03 -139,74 -153,66 -131,11 -39,26 -48,38 -57,10 -78,95 -110,24 -105,30 -121,89 -133,22 -118,53 -142,75 -139,43 -162,03 -176,02 -182,99 -219,55 -221,36 Caroço Soma a (2) HF/PTZV//HF/6-311+G(2d,p). b Em kcal/mol. pares isolados dos calcogênios. c O apóstrofo serve para diferenciar os dois Resultados e Discussão 127 Por fim, como a estrutura c desaparece nos et, a estrutura d passa a ter maior peso, uma vez que agora o calcogênio Z recebe carga apenas da ligação X2-C3. Sendo assim, o caráter de dupla da ligação X2-C3 aumenta nos et e, por conseqüência, também a sua estabilidade, como de fato se observa na Tabela 4.30. Vejamos agora o balanço total das energias dos orbitais. Em cada caso, os et são favorecidos pelas energias dos orbitais de ligação ao somarmos todos os valores, como pode ser visto ao final da Tabela 4.30. Comparemos 1 com 2. Os valores para esse último são mais negativos, o que siginifica que, no total, os et de 2 são mais estabilizados pelas variações nas ligações do que os de 1. Assim, a maior DEdesl (Tabela 4.27) de 2 é compensada pelas variações intra-ligações. Explicação similar aplica-se a 4. Na Tabela 4.27 vemos que esse composto possui as maiores DEdesl, mas em compensação, as variações intra-moleculares também são significativamente maiores em 4 do que nos outros compostos e o resultado é a queda de sua barreira rotacional. O composto 3 possui DEdesl menores do que 4, mas também são menores as variações nas energias dos orbitais (Tabela 4.30), de modo que o balanço acaba fazendo com que a barreira de 3 seja maior. As variações nas energias dos orbitais de 3 são maiores do que em 1 e 2, mas esse fato parece ser compensado pela maior DEdesl em 3. Em resumo, a maior contribuição para as barreiras rotacionais vem da deslocalização eletrônica e os demais fatores atuam como uma espécie de “ajuste fino” das magnitudes das barreiras. Essas magnitudes são, portanto, o resultado de um delicado balanço entre os efeitos acima mencionados, particularmente, energias de deslocalização e interações intra-ligações. Híbridos de Ressonância Concentremos agora nossa atenção apenas nos efeitos de deslocalização eletrônica. Os valores da Tabela 4.27 correspondem à deslocalização total das moléculas, ou seja, a todo tipo de interações entre os orbitais ligantes e antiligantes. Desejamos, no entanto, conhecer os tipos mais importantes de interações, aquelas que possuem maior influência na composição das barreiras rotacionais. É nossa intenção estabelecer também a validade do modelo de ressonância como representado pelas estruturas a-d (Fig. 4.27). Comecemos por esse último ponto. Resultados e Discussão 128 Na teoria de ressonância,154 cada uma das estruturas a-d (Fig. 4.27) é representada por uma função de onda, ψ i , à qual está associada um peso w i . O híbrido de ressonância, representado pela função de onda Ψ é o resultado da combinação de todas as estruturas de ressonância possíveis. Como dissemos anteriormente, há muitas outras estruturas além de a-d para os compostos em estudo, mas a-d devem possuir os maiores pesos e fornecer uma boa descrição do sistema e uma boa base para entender as modificações eletrônicas. Portanto, nossos híbridos de ressonância serão dados por: Ψ = w 1ψ 1 + w 2ψ 2 + w 3ψ 3 + w 4ψ 4 (4.9) A pergunta que nos fazemos agora é: qual o peso w i de cada uma das estruturas a-d ? Para responder a isso, utilizaremos a “teoria de ressonância natural”, derivada do método NBO.155-157 Os pesos na Eq. (4.9) são determinados procurando-se pela melhor combinação de valores que represente a densidade molecular em termos das densidades eletrônicas das estruturas de ressonância. Esse tipo de cálculo foi realizado com o módulo NBO 5.0 do programa GAMESS (Parte Experimental) e os resultados estão apresentados na Tabela 4.31. Alguns aspectos gerais chamam a atenção. Primeiro, a estrutura b, usualmente incluída para justificar a polarização da carbonila, praticamente não participa do híbrido. Segundo, como esperado, a estrutura a possui o maior peso, tanto nos ef como nos et. Nos ef a estrutura c, responsável pelo caráter de dupla da ligação C-N, possui o segundo maior peso, seguida pela estrutura d. Nos et, esta ordem se inverte, ou seja, a estrutura d passa a ser a segunda de maior peso enquanto c diminui para para aproximadamente 1%. A diminuição do peso de c é uma conseqüência imediata da quebra de conjugação que ocorre nos et, eliminando o caráter de dupla da ligação C-N. A importância da deslocalização pode ser avaliada pelo peso da estrutura a, pois quanto menor for a contribuição de qualquer uma das outras três estruturas, maior será w 1 . Comparemos os compostos 1 e 2. Ambos possuen aproximadamente o mesmo peso w 1 nos ef e nos et, mas 2 possui uma contribuição maior da estrutura c para o ef e isso faz com que sua DEdesl seja maior. Essa observação é acompanhada pela menor contribuição de d ao ef de 2, o que indica que a Resultados e Discussão 129 interação do par de elétrons do enxofre com a carbonila não é tão eficiente quanto no caso do oxigênio. Como mencionamos acima, a contribuição de d aumenta nos et. Isso ocorre porque nos ef há uma competição entre c e d, tendo em vista que o calcogênio Z comporta apenas uma certa quantidade de carga. Nos ef, a transferência de carca para Z por c praticamente desaparece, facilitando a transferência via d. Tabela 4.31. Análise das estruturas de ressonâncina para os compostos 1-4 Peso da estrutura para o híbrido de ressonância (wi, em %) Z C X Z Z C C N X Z N X C N X N d a b c ef 51,90 0,00 24,91 8,32 et1 62,43 0,00 0,75 19,25 et2 63,41 0,00 0,52 18,43 ef 52,79 0,00 27,23 4,71 et1 62,83 0,00 2,90 16,37 et2 64,78 0,00 2,66 13,29 ef 40,22 0,00 34,71 10,95 et1 57,53 0,00 1,09 25,23 et2 61,40 0,00 0,84 20,66 ef 43,91 0,00 34,56 7,47 et1 60,70 0,00 0,78 21,50 et2 63,41 0,00 0,69 18,19 (1) (2) (3) (4) a HF/PTZV//HF/6-311+G(2d,p) a Resultados e Discussão 130 A diferença nas contribuições das estruturas de ressonância para os compostos 3 e 4 é muito sutil. A maior diferença está na contribuição de d, que é menor para 4. Tendo em vista que esta estrutura estabiliza os et e diminui a barreira, pode-se justificar a maior energia de deslocalização para 4 na Tabela 4.27 justamente pela menor contribuição de d. Como conclusão geral acerca dos híbridos de ressonância, pode-se dizer que a estrutura responsável pelo caráter de ligação dupla nos ef, estrutura c, possui de fato um peso considerável. Todavia, tentar entender as magnitudes relativas das barreiras rotacionais recorrendo aos modelos das Fig. 1.2 ou 4.27, que representam apenas os ef, não é uma prática recomendável. Por exemplo, os valores da Tabela 4.31 para 1 e 2 claramente indicam maior energia de deslocalização para 2, o que é contrário às barreiras rotacionais, pois já vimos que a barreira de 1 é maior. Buscaremos agora estudar os efeitos de ressonância com base nas interações entre orbitais ligantes e anti-ligantes Interações Entre Orbitais Na Tabela 4.32 apresentamos energias de deslocalização associadas às principais interações, a saber: • nN → π C* =Z , interação entre o par isolado do nitrogênio, nN , e o orbital pi antiligante da (tio)carbonila, π C* =Z . Associada à estrutura de ressonância c; • nN → σ C* =Z , interação entre o par isolado do nitrogênio e o orbital sigma antiligante da (tio)carbonila, σ C* =Z . Associada à estrutura de ressonância c; • n X → π C* =Z , interação entre o par isolado sp3, n X , do calcogênio X e o orbital pi antiligante da carbonila. Associada à estrutura de ressonância d; Resultados e Discussão 131 • n X → σ *C=Z , interação entre o par isolado sp3 do calcogênio X com o orbital sigma antiligante da (tio)carbonila. Associada à estrutura de ressonância d; • n X' → π C* =Z , interação entre o par isolado s do calcogênio X, n X' , e o orbital pi antiligante da (tio)carbonila. Associada à estrutura de ressonância d; e • n X' → σ *C=Z , interação entre o par isolado s do calcogênio X e o orbital sigma antiligante da (tio)carbonila. Associada à estrutura de ressonância d. Em primeiro lugar, a Tabela 4.32 nos mostra que a contribuição da deslocalização para a barreira é dominada pela interação nN → π C* =Z , o que é coerente com a observação de que a estrutura c possui o segundo maior peso no híbrido de ressonância. Porém, a magnitude relativa das barreiras dos quatro compostos não se correlaciona bem com a energia da referida interação. Em 2, a interação nN → π C* =Z é maior do que em 1, ao contrário das barreiras rotacionais. Em compensação, as interações que diminuem a barreira são maiores em 2 e isso poderia contrabalancear o efeito nN → π C* =Z , mas este não é o caso, pois a soma de tais interações ainda deixa o resultado líquido superior para 2. Esse é o mesmo resultado a que chegamos considerando as deslocalizações totais comentadas anteriormente (Tabela 4.27). Os compostos 3 e 4 apresentam um comportamento parecido, suas energias de deslocalização são de magnitudes próximas, mas as interações que diminuem a barreira rotacional são maiores em 4. Neste caso, os resultados da Tabela 4.32 não seguem fielmente as energias de deslocalização totais sugerindo que o conjunto de interações apresentados na tabela deve ser complementado por outras de menor importância, da ordem de 1 kcal/mol. Contudo, a deslocalização nN → π C* =Z correlaciona-se muito bem com as deslocalizações totais, justificando a abordagem comum de se explicar as barreiras rotacionais através da mesma e da estrutura de ressonância c. Contudo, vale mais uma vez reforçar que as energias de deslocalização por si só não explicam completamente as barreiras rotacionais e precisam Resultados e Discussão 132 ser suplementadas com outros componentes para se chegar à correta relação entre os valores relativos das barreiras entre os compostos. Tabela 4.32. Interações determinadas por NBO para os compostos 1-4 Energia de Deslocalização (E(2), kcal/mol) a Contribuição para a Barreira ef et1 et2 ∆E(et1) ∆E(et2) nN → σ C* =O 4,09 15,97 5,22 -11,88 -1,13 nN → π C* =O 73,89 0,00 0,00 73,89 73,89 nO → σ C* =O 12,09 13,97 13,06 -1,88 -0,97 nO → π C* =O (1) 1,86 0,00 0,00 1,86 1,86 * C =O 2,62 0,00 0,00 2,62 2,62 nO' → π C* =O 51,23 75,27 67,35 -24,04 -16,12 nN → σ C* =O 3,50 16,09 7,86 -12,59 -7,86 nN → π C* =O 81,75 0,00 0,00 81,75 81,75 nS → σ C* =O 4,69 7,37 5,80 -2,68 -1,11 nS → π C* =O 0,69 0,00 0,00 0,69 0,69 nS' → σ C* =O 1,27 0,00 0,00 1,27 1,27 nS' → π C* =O 28,53 47,10 39,07 -18,57 -18,57 nN → σ C* =S 0,00 14,22 2,71 -14,22 -2,71 nN → π C* =S 144,72 0,00 0,00 144,72 144,72 nO → σ C* =S 11,79 13,10 12,85 -1,31 -1,06 nO → π C* =S 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 nO' → σ C* =S 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 nO' → π C* =S 74,71 96,82 85,56 -22,11 -10,85 nN → σ C* =S 0,00 14,92 4,61 -14,92 -4,61 nN → π C* =S 149,06 0,00 0,00 149,06 149,06 nO → σ C* =S 7,45 14,84 9,69 -7,38 -2,24 nS → π C* =S 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 nS' → σ C* =S 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 nS' → π C* =S 50,91 75,06 62,64 -24,15 -11,73 ' O n →σ (2) (3) (4) a HF/PTZV//HF/6-311+G(2d,p) Resultados e Discussão 133 Na Fig. 4.28 ilustramos a interação nN → π C* =Z para os compostos 1 e 3 (carbonila e tiocarbonila). Vemos claramente o alinhamento dos orbitais nos ef favorecendo a interação. Nos et, o par de elétrons isolado do nitrogênio fica perpendicular ao orbital anti-ligante da carbonila e, desta forma, a interação decai significativamente. Notemos ainda que, no ef, na região onde ocorre o contato entre as superfícies mostradas dos dois orbitais, os lóbulos em 3 são maiores do que os de 1, favorecendo a sobreposição dos orbitais. Este é um dos fatores responsáveis pela maior energia de deslocalização para a interação nN → π C* =Z no composto 4 (Tabela 4.32). πC=Z* nN ef et1 Figura 4.28. Interação nN → π C* =Z para os compostos 1 (a) e 3 (b). et2 Resultados e Discussão 134 4.2.4.2 Grupo 2 Contribuições Energéticas para as Barreiras Rotacionais Na Tabela 4.33 compilamos as contribuições para a barreira rotacional da deslocalização eletrônica e da estrutura de Lewis. Por limitação de recursos computacionais, tivemos que realizar os cálculos para 7 e 8 sem funções de polarização nos hidrogênios, e com isso esperamos uma diferença em relação a 5 e 6 com origem puramente nas funções de base. Não obstante, as diferenças calculadas são tão expressivas que seguramente podemos projetá-las para fora do problema das bases, além do fato das análises NBO não variarem muito com o conjunto de funções utilizadas.158 Tabela 4.33. Decomposição de energia para as barreiras rotacionais de 5-8 (5) (6) b (7) c (8) c et1 et2 et1 et2 et1 et1 ∆ELewis -6,15 -3,06 -18,22 -19,39 8,438 3,112 ∆Edesl 12,05 15,30 24,40 32,91 -3,703 0,811 5,90 12,24 6,18 13,52 4,735 3,923 ∆E a b kcal/mol. b HF/PTZV//HF/6-311+G(2d,p). nos hidrogênios. c a HF/PTZV//HF/6-311+G(2d,p) sem funções d O primeiro ponto que notamos é a coerência entre as energias de deslocalização de 5 e 6 com as magnitudes relativas de suas barreiras, ou seja, a barreira em fase gasosa de 6 é maior do que a de 5, tendência refletida pela maior energia de deslocalização de 6. No entanto, a energia de deslocalização de 5 é a metade da de 6, enquanto que suas barreiras rotacionais diferem por apenas 0,28 kcal/mol. Ocorre aqui uma compensação por parte das estruturas de Lewis, que são mais estáveis nos et do que no ef para 5 e 6, porém de forma mais intensa neste último. O comportamento se inverte completamente no caso de 7 e 8. Surpreendentemente, a energia de deslocalização de 7 é maior no et e faz a barreira rotacional diminuir. De forma similar a energia de deslocalização de 8 é, ainda que positiva, de apenas 0,8 kcal/mol. Em ambos os casos, a barreira rotacional é dominada essencialmente pelas variações energéticas na estrutura de Resultados e Discussão 135 Lewis. Embora seja este um resultado conspícuo, sua interpretação é simples, bastando observar as estruturas do ef e do et (Figs. 4.29). A repulsão entre as metilas anti à ligação dupla no ef faz com que as mesmas se direcionem para fora do plano molecular, colocando os pares isolados dos nitrogênios em orientação desfavorável para a interação com o orbital antiligante p da dupla. Quando uma das ligações C-N é rotacionada para gerar o et1, a interação entre as metilas ocorre de forma simétrica e faz com que as metilas que estão na parte nãorotacionada da molécula posicionem-se num mesmo plano, colocando o par de elétrons do nitrogênio num arranjo ótimo para a interação com o orbital p antiligante da carbonila ou tiocarbonila nN → π C* =Z . Isso explica o comportamento das energias de deslocalização de 7 e 8. ef H3C O alinhamento ótimo para interação N H3C CH3 repulsão afastanto as metilas et CH3 N H3C CH3 CH3 alinhamento ótimo para interação repulsões balanceadas deixam a metila no centro Figura 4.29. Influência da repulsão entre as metilas de 7 sobre a posição do par de elétrons do nitrogênio. Precisamos agora examinar o comportamento das estruturas de Lewis com mais detalhes. Comecemos pelas interações não-ligantes, eletrostática e de Pauli, compiladas na Tabela 4.34. Em todos os casos as interações repulsivas não-ligantes favorecem os et. Isto era esperado para 5 e 6 por sua semelhança com os compostos do Grupo 1. i.e. a barreira formada pela deslocalização é diminuída pela estrutura de Lewis. Resultados e Discussão 136 Entretanto, 7 e 8 não têm suas barreiras formadas pela deslocalização, como dissemos acima, e sim pelas estruturas de Lewis. Mas as interações não-ligantes nessas estruturas favorecem os et à semelhança de 5 e 6, de forma que a única fonte que resta para a composição da barreira são as variações intra-ligações. Consideremos então a Tabela 4.35. Tabela 4.34. Partição de energia para 5-8 no nível HF/PTZV//HF/6-311+G(2d,p) Valor absoluto Contribribuição para a Barreira ef et1 et2 ∆E(et1) ∆E(et2) +59,36 +52,46 +53,65 -6,90 -5,71 +234,46 +232,94 +230,15 -1,52 -4,31 -8,42 -10,02 (5) Eletrostática Pauli Total (6) Eletrostática Pauli +28,61 +12,93 +19,52 -15,68 -9,09 +235,25 +234,55 +231,44 -0,70 -3,81 -16,38 -12,90 Total ef et1 ∆E(et1) Eletrostática +62,249 +60,555 -1,694 Pauli +282,81 +280,47 -2,340 (7) Total -7,737 (8) Eletrostática +51,142 +45,746 -5,396 Pauli +289,13 +287,40 -1,73 Total a a,b Sem funções p nos hidrogênios para 7 e 8. b kcal/mol. -6,315 Resultados e Discussão 137 Os resultados para 5 e 6 mostram que as estruturas de Lewis de seus ef são desestabilizadas em relação aos et. Além disso, esta desestabilização é maior no composto 6, compensando assim sua maior energia de deslocalização e aproximando sua barreira de 5 (Tabela 4.33). Nos compostos 7 e 8 ocorre o contrário, i.e. suas estruturas de Lewis são mais estáveis nos ef e isto nos dá mais uma evidência de que as barreiras rotacionais destes compostos possui uma natureza diferente das dos anteriores. Tabela 4.35. Variação das energias dos NBO entre ef e et dos compostos 5-8 a Z4 C1 C3 N2 N5 X8 C7 Z = O, S (5) b (6) b et1 et2 et1 σ N2−C1 -20,87 -22,04 -17,97 σ N2−C3 -51,84 -42,35 σ N1− X8 -17,08 σ C3−Z4 (7) (8) c et1 -17,13 -16,30 -9,88 -52,39 -43,81 -68,43 -71,40 -28,81 2,92 -7,48 -24,63 -20,45 -43,68 -48,77 -73,01 -77,48 -7,67 -17,49 π C3−Z4 -13,10 -10,55 -25,82 -25,97 -4,19 -8,94 σ C3−N5 115,42 103,57 156,31 144,20 100,57 135,49 σ N5−C7 53,93 28,85 66,25 46,14 27,58 42,10 σ N5−C6 31,71 7,21 47,06 26,96 34,71 40,78 nN2 60,64 45,10 40,07 22,32 73,68 59,97 nN5 -114,54 -73,15 -144,03 -109,00 -92,15 -118,03 nZ4 -1,52 0,47 -18,12 -14,55 4,21 -4,44 ' nZ4 -14,24 -11,21 -13,64 -8,62 0,94 -3,23 0,26 -35,97 -41,07 -70,81 -9,76 -40,53 -14,90 -87,64 -73,44 -135,22 +18,56 +30,42 Soma kcal/mol. b HF/PTZV//HF/6-311+G(2d,p). sem funções p nos hidrogênios. et2 c et1 Caroço a X = H, CH3 C6 c HF/PTZV//HF/6-311+G(2d,p) Resultados e Discussão 138 Lembremos agora da explicação anterior para a baixa contribuição da energia de deslocalização dos compostos 7 e 8, ou seja, nos et há um arranjo mais favorável para transferência de carga do par de elétrons isolado para o orbital p antiligante da dupla. Com base nisso, e nas discussões anteriores para os compostos do Grupo 1, podemos apontar uma tendência comum a todos os compostos estudados: as estruturas de Lewis são mais estáveis para as conformações onde a conjugação é mínima. Mas enfatizamos que esta conclusão deve ser estendida apenas a sistemas com o fragmento amídico. Há dois compo-nentes principais para este comportamento, sendo eles as energias dos orbitais da ligação C=Z e dos pares isolados dos nitrogênios. Primeiramente, quando a conjugação é possível, a ligação C=Z adquire caráter de ligação simples, ou seja, mais fraca. Segundo, quando a conjugação é possível, o par de elétrons do nitrogênio assume hibridização sp2, sendo que o arranjo natural de um par de elé-trons em um nitrogênio é ~ sp3. Se combinarmos ambos os efeitos, vemos que a estrutura do estado fundamental dos compostos 1-6 deve ser desestabilizada em relação ao et, o que é confirmado pelas variações de energias dos orbitais mencio-nados listadas nas Tabelas 4.30 e 4.35. Em 7 e 8, o et é tão ou mais estabilizado por conjugação quanto o ef, de forma que para estes compostos ocorre o oposto, isto é, as estruturas de Lewis dos et é que são desestabilizadas em relação às dos ef. Híbridos de Ressonância Na Tabela 4.36 apresentamos os pesos das estruturas de ressonância para 5-8. Assim como para o Grupo 1, a estrutura b não participa do híbrido de ressonância, que é portanto descrito de forma satisfatória por a, c e d. No estado fundamental de 5 a estrutura a contribui com 52,28 % para o híbrido, enquanto que no composto 6 este número cai para 36,10 %. Isto demonstra que a conjugação é mais efetiva em 6, de acordo com as energias de deslocalização calculadas (Tabela 4.33). Observa-se também que cada uma das estruturas c e d possui um peso menor do que a estrutura c dos compostos do Grupo 1. Conseqüentemente, o caráter de dupla da ligação C-N no Grupo 2 é menor, o que é coerente com as menores barreiras rotacionais. Isso ocorre porque há dois pares de elétrons interagindo com a (tio)carbonila, mas esta suporta apenas uma certa quantidade de carga e por isso Resultados e Discussão 139 cada uma das estruturas c e d possui um peso menor do que o esperado se houvesse apenas um nitrogênio. Tabela 4.36. Análise das estruturas de ressonâncina para os compostos 5-8 a Peso da estrutura para o híbrido de ressonância (%) Z C N Z Z C C N N Z N N C N N N a b c d ef 52,28 0,00 16,07 17,13 et1 55,84 0,00 0,53 27,38 et2 57,56 0,00 0,61 24,60 ef 36,10 0,00 25,59 24,91 et1 47,15 0,00 0,55 35,74 et2 51,41 0,00 0,53 30,97 ef 54,74 0,00 13,31 13,75 et1 52,88 0,00 0,68 22,97 ef 41,43 0,00 20,05 20,95 et1 43,86 0,00 0,56 36,79 (5) (6) (7) (8) a HF/PTZV//HF/6-311+G(2d,p). hidrogênios. c HF/PTZV//HF/6-311+G(2d,p) sem funções p nos No caso de 7 e 8, os pesos dos estados fundamentais são maiores, refletindo uma menor conjugação. Assim como nos dois compostos anteriores, a deslocalização é maior no derivado com enxofre. Em todos os casos, a contribuição de d aumenta ao longo da rotação, pois somente um dos nitrogênios interage efetivamente com a ligação C-Z. Resultados e Discussão 140 Interações Entre Orbitais Na Tabela 4.37 apresentamos as interações entre os orbitais para o Grupo 2. Listamos somente as interações entre o par de elétrons do nitrogênio e os orbitais anti-ligantes da (tio)carbonila. Tabela 4.37. Interações determinadas por NBO para os compostos 5-8 a Z4 C1 C3 C6 N2 N5 X8 C7 X = H, CH3 Z = O, S Energia de Deslocalização (E(2), kcal/mol) ef et1 et2 Contribuição para a Barreira ∆E(et1) ∆E(et2) (5) b nN2 → σ C* =Z 1,09 0,00 0,00 1,09 1,09 * C =Z 0,00 15,23 6,29 -15,23 -6,29 nN2 → π C* =Z 67,36 102,27 90,90 -34,91 -23,54 * C =Z 75,33 0,00 0,00 75,33 75,33 nN2 → σ C* =Z 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 * C =Z * C =Z 0,56 14,18 3,66 -13,62 -3,10 112,32 154,45 135,28 -42,13 -22,96 nN5 → π C* =Z 117,81 0,00 0,00 117,81 117,81 nN2 → σ C* =Z 3,85 0,00 3,85 nN5 → σ * C =Z 3,85 14,08 -10,23 nN2 → π * C =Z 56,76 105,65 -48,89 nN5 → π C* =Z 56,81 0,00 56,81 nN2 → σ C* =Z 3,42 0,00 3,42 nN5 → σ * C =Z 3,42 13,59 -10,17 nN2 → π * C =Z 88,57 163,04 -74,47 nN5 → π * C =Z 88,47 0,00 88,47 nN5 → σ nN5 → π (6) b nN5 → σ nN2 → π (7) c (8) c a kcal/mol. b HF/PTZV//HF/6-311+G(2d,p). nos hidrogênios. c HF/PTZV//HF/6-311+G(2d,p) sem funções p Resultados e Discussão 141 Em ambos os derivados com enxofre, 6 e 8, as energias de deslocalização são maiores, corroborando com as observações acerca das estruturas de ressonância comentadas acima. Notamos ainda que em 5 e 6 as delocalizações formadoras superam expressivamente aquelas que diminuem a barreira. Em 7 e 8 as interações que aumentam e diminuem a barreira são de magnitude próxima, concordando com a conclusão de que nestes compostos a barreira não é oriunda de deslocalização. Finalizamos assim a parte do estudo que trata das origem das barreiras rotacionais. A conclusão de maior importância desta parte dos estudos diz respeito à forma como as barreiras rotacionais são afetadas por outros efeitos além da deslocalização eletrônica. Conclusões 142 Capítulo 5: Conclusões Conclusões 143 Capítulo 5: Conclusões No que diz respeito aos experimentos, foi possível obter dados para seis dos oito compostos estudados, ficando os compostos 7 e 8 fora do alcance da RMND. Observou-se variação da barreira rotacional com o solvente para 2, 4, 5 e 6. O composto 1 mostrou-se insensível tanto à polaridade como às interações específicas. Os dados de RMND para 3 sugerem insensibilidade à polaridade e forte interação com os solventes próticos, visto que nestes não foi possível sequer adquirir espectros por causa da decomposição da amostra. Os cálculos teóricos foram de muita valia para a interpretação dos resultados e possibilitaram o entendimento dos dois fatores estudados, polaridade e ligações de hidrogênio, para o efeito do solvente. Verificamos que é imprescindível a inclusão dos efeitos de solvatação para o cálculo correto das barreiras rotacionais. O maior acréscimo às barreiras rotacionais pelas ligações de hidrogênio foi observado para 2. Por outro lado, encontramos casos em que as ligações de hidrogênio diminuem as barreiras rotacionais, uma situação diferente das reportadas na literatura. Este comportamento ocorre nos compostos com enxofre. O método que foi aplicado, combinando dinâmica molecular e cálculos quânticos, mostrou-se satisfatório. Há, em alguns casos, um certo exagero nos efeitos, como ocorre para o composto 6. Entretanto, julgamos que isso pode ser corrigido por refinamentos do método, incluindo um número maior de complexos na parametrização, realizando otimizações de geometria ou diminuindo as restrições durante as otimizações, simulações no ensemble NPT e simulações com modelos flexíveis tanto para soluto como para o solvente. Evidentemente, a inclusão de tais melhoramentos faz crescer exponencialmente os recursos computacionais e o trabalho de pesquisa, mas na medida em que for sendo acumulado um conjunto de dados a respeito dos compostos que estudamos, estes melhoramentos podem vir a ser utilizados em ferramentas de rotina. Quanto à origem das barreiras rotacionais, nos fica claro que as especificidades de cada sistema precludem a completa racionalização em termos de um único efeito, como é prática comum neste assunto. A deslocalização eletrônica desempenha, sem dúvida, o papel mais importante, mas somente com este Conclusões 144 conceito não é possível explicar as magnitudes relativas das barreiras rotacionais. Verificamos que há um delicado balanço entre um conjunto de efeitos, sendo necessário considerar as modificações nas interações não-ligantes, bem como nas forças que mantém próximos os átomos diretamente ligados. A deslocalização eletrônica não parece ser responsável pela barreira rotacional dos compostos 7 e 8. Nestes, a principal contribuição vem das forças intra-ligações, e isto ocorre devido à forma como os grupos metilas se arranjam no ef fazendo com que o nitrogênio fique numa posição desfavorável à conjugação. O modelo de ressonância é válido para explicar as energias de deslocalização, mas não a barreira rotacional por completo. De forma geral, a combinação dos dados experimentais e teóricos nos permitiu avançar no conhecimento acerca das barreiras rotacionais, sobre sua resposta ao solvente e sobre suas causas. Desejamos que o material aqui apresentado possa ser útil para o planejamento de modelos com aplicações práticas, ou como ponto de partida para novas investigações a respeito de fundamentos químicos. Referências Bibliográficas 145 Referências Bibliográficas 1. Beers, W. H.; Reich, E., Nature 1970, 228, 917-922. 2. Furukawa, H.; Hamada, T.; Hayashi, M. K.; Haga, T.; Muto, Y.; Hirota, H.; Yokoyama, S.; Nagasawa, K.; Ishiguro, M., Mol. Pharmacol. 2002, 62, 778787. 3. Oliveira, P. R. O.; Wiectzycoski, F.; Basso, E. A.; Gonçalves, R. A. C.; Pontes, R. M., J. Mol. Struct. 2003, 657, 191-198. 4. Song, J.; Gordon, M. S.; Deakyne, C. A.; Zheng, W., J. Phys. Chem. A 2004, 108, 11419-11432. 5. Souza, W. F.; Kambe, N.; Sonoda, N., J. Phys. Org. Chem. 1996, 9, 179-186. 6. Tezer, N., J. Mol. Struct. 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Tabela A1.1 Dados para a calibração do sistema de controle de temperatura da sonda de RMN para os aparelhos Gemini e Mercury Gemini a Mercury b temp. observada temp. corrigida temp. observada temp. corrigida -40,0 -30,0 -20,0 -10,0 0,0 10,0 15,0 -36,1 -26,7 -16,4 -6,6 3,2 12,3 17,8 -70,0 -60,0 -50,0 -35,0 -25,0 -15,0 -5,0 5,0 15,0 -66,7 -56,8 -47,1 -32,4 -22,6 -13,5 -3,2 6,2 15,9 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 22,1 31,0 40,5 50,0 59,0 68,2 23,4 25,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 23,8 25,2 29,6 38,4 48,0 57,5 67,0 75,9 Metanol Etilenoglicol a ± 0,4 oC. b ± 0,1 oC. Os padrões empregados foram o metanol (para temperaturas baixas) e o etilenoglicol (para temperaturas altas). Obtivemos espectros em diversas temperaturas nas regiões de interesse, sendo que em cada temperatura aguardamos por Apêndice I 154 cerca de 6 min, após o ajuste, para a estabilização térmica do sistema. Na Tabela A2.1 apresentamos as equações das retas ajustadas aos dados da Tabela A1.1. Tabela A1.2. Equações ajustadas aos dados da Tabela A1.1 Gemini Mercury Metanol t corr = 2,98088 + 0,97822 ⋅ t obs t corr = 1,42110 + 0,97079 ⋅ t obs Etilenoglicol t corr = 3,47619 + 0,92571 ⋅ t obs t corr = 1,87291 + 0,92605 ⋅ t obs a obs: refere-se à temperatura observada; corr: refere-se à temperatura corrigida. As equações fornecem valores em oC. É importante ressaltar que cada equação é válida apenas na faixa de temperaturas na qual foi estudada. Por exemplo, a equação para a correção das temperaturas no espectrômetro Gemini obtida com metanol é válida na faixa aproximada de –40 a 15 oC (temperatura observada). Apêndice II 155 Apêndice II Espectros de RMN Apêndice II 156 O H3C C CH3 N O CH 3 2.950 2.925 2.900 2.875 2.850 7.00 6.50 6.00 5.50 5.00 4.50 4.00 5.50 5.00 4.50 4.00 1.99 1.00 7.50 3.50 3.00 3.50 3.00 2.50 2.00 1.50 1.00 0.50 0.00 2.50 2.00 1.50 1.00 0.50 0.00 ppm 2.925 2.900 2.875 2.850 7.00 6.50 6.00 2.00 1.00 7.50 ppm Figura A1.1. Espectro de RMN de 1H para o N,N-dimetilcarbamato de O-metila (1) em CD3OD a 300 MHz: superior a 25 oC, inferior a -70 oC. Apêndice II 157 O H3 C C CH 3 N S CH3 3.050 3.000 2.950 6.00 5.50 5.00 4.50 4.00 3.50 3.00 4.50 4.00 3.50 3.00 1.00 2.00 6.50 2.50 2.00 1.50 1.00 0.50 0.00 2.00 1.50 1.00 0.50 0.00 ppm 3.050 3.000 2.950 6.00 5.50 5.00 1.00 2.09 6.50 2.50 ppm Figura A1.2. Espectro de RMN de 1H para o N,N-dimetiltiocarbamato de S-metila (2) em CD3OD a 300 MHz: superior a 10 oC, inferior a -70 oC. Apêndice II 158 S H 3C C CH 3 N O CH 3 3.50 3.40 3.30 3.20 3.10 3.00 2.90 6.00 5.50 5.00 4.50 4.00 4.50 4.00 1.97 1.00 6.50 3.50 3.00 2.50 2.00 1.50 1.00 0.50 0.00 3.00 2.50 2.00 1.50 1.00 0.50 0.00 ppm 3.40 3.30 3.20 3.10 3.00 2.90 6.00 5.50 5.00 1.97 1.00 6.50 3.50 ppm Figura A1.3. Espectro de RMN de 1H para o N,N-dimetiltiocarbamato de O-metila (3) em CD3CN a 300 MHz: superior a 75 oC, inferior a 23 oC. Apêndice II 159 S H3 C C S CH 3 N CH3 3.80 3.70 3.60 3.50 3.40 3.30 3.20 6.00 5.50 5.00 4.50 4.00 3.50 4.50 4.00 3.50 1.00 2.03 6.50 3.00 2.50 2.00 1.50 1.00 0.50 0.00 2.00 1.50 1.00 0.50 0.00 ppm 3.70 3.60 3.50 3.40 3.30 6.00 5.50 5.00 1.00 1.99 6.50 3.00 2.50 ppm Figura A1.4. Espectro de RMN de 1H para o N,N-dimetilditiocarbamato de S-metila (4) em CDCl3 a 300 MHz: superior a 53 oC, inferior a 22 oC. Apêndice II 160 O H 3C C CH3 N N H CH3 2.950 2.900 2.850 2.800 6.00 5.50 5.00 4.50 4.00 3.50 3.00 4.50 4.00 3.50 3.00 1.00 2.03 6.50 2.50 2.00 1.50 1.00 0.50 0.00 2.00 1.50 1.00 0.50 0.00 ppm 2.950 2.900 2.850 2.800 2.750 6.00 5.50 5.00 1.00 2.08 6.50 2.50 ppm Figura A1.5. Espectro de RMN de 1H para a N,N,N’-trimetiluréia (5) em CD3OD a 300 MHz: superior a 25 oC, inferior a -95 oC. Apêndice II 161 S H 3C C CH 3 N N H CH3 3.300 3.250 3.200 3.150 3.100 6.00 5.50 5.00 4.50 4.00 3.50 4.50 4.00 3.50 1.00 1.90 6.50 3.00 2.50 2.00 1.50 1.00 0.50 0.00 2.50 2.00 1.50 1.00 0.50 0.00 ppm 3.40 3.30 3.20 3.10 3.00 2.90 6.00 5.50 5.00 1.00 0.89 1.13 6.50 3.00 ppm Figura A1.6. Espectro de RMN de 1H para a N,N,N’-trimetiltiouréia (6) em CD3OD a 300 MHz: superior a -30 oC, inferior a -80 oC. Apêndice II 162 O H 3C 6.50 6.00 5.50 5.00 4.50 4.00 3.50 3.00 2.50 2.00 C CH 3 N N CH 3 CH 3 1.50 1.00 0.50 0.00 ppm S H 3C 6.50 6.00 5.50 5.00 4.50 4.00 3.50 3.00 2.50 2.00 1.50 C CH3 N N CH 3 CH3 1.00 0.50 0.00 ppm Figura A1.7. Espectro de RMN 1H para a N,N,N’,N’-tetrametiluréia (7) (superior, -40 oC) e para a N,N,N’,N’-Tetrametiltiouréia (8) (inferior, -30 oC) em CD3OD a 300 MHz. Apêndice III 163 Apêndice III Matrizes das Estruturas Otimizadas 164 N,N-Dimetilcarbamato de O-Metila (1) C O,1,r2 C,2,r3,1,a3 N,3,r4,2,a4,1,d4,0 C,4,r5,3,a5,2,d5,0 O,3,r6,2,a6,1,d6,0 C,4,r7,3,a7,2,d7,0 H,1,r8,2,a8,3,d8,0 H,1,r9,2,a9,3,d9,0 H,1,r10,2,a10,3,d10,0 H,7,r11,4,a11,3,d11,0 H,7,r12,4,a12,3,d12,0 H,7,r13,4,a13,3,d13,0 H,5,r14,4,a14,3,d14,0 H,5,r15,4,a15,3,d15,0 H,5,r16,4,a16,3,d16,0 r2=1.41398667 r3=1.32566882 a3=116.37200204 r4=1.3507289 a4=112.61288012 d4=-177.78685488 r5=1.4476427 a5=122.71188196 d5=-10.96772162 r6=1.19372954 a6=122.66210236 d6=1.32145108 r7=1.44704498 a7=118.2953979 d7=-171.78332434 r8=1.07995929 a8=110.62721011 d8=60.87372287 r9=1.07977533 a9=110.64791757 d9=-60.38731682 r10=1.07905628 a10=105.62810119 d10=-179.78175674 r11=1.08770894 a11=111.32508573 d11=96.94823916 r12=1.07616445 a12=109.73103611 d12=-23.60122238 r13=1.08348594 a13=109.2726163 d13=-143.32451833 r14=1.07613518 a14=110.84890705 d14=33.9370355 r15=1.08773718 a15=111.71828113 d15=-87.64628481 r16=1.08286719 a16=108.56986166 d16=153.07801765 H F ef 6-311+G(2d,p) C O,1,r2 C,2,r3,1,a3 N,3,r4,2,a4,1,d4,0 C,4,r5,3,a5,2,d5,0 O,3,r6,2,a6,1,d6,0 C,4,r7,3,a7,2,d7,0 H,1,r8,2,a8,3,d8,0 H,1,r9,2,a9,3,d9,0 H,1,r10,2,a10,3,d10,0 H,7,r11,4,a11,3,d11,0 H,7,r12,4,a12,3,d12,0 H,7,r13,4,a13,3,d13,0 H,5,r14,4,a14,3,d14,0 H,5,r15,4,a15,3,d15,0 H,5,r16,4,a16,3,d16,0 r2=1.43461022 r3=1.36118763 a3=114.66597218 r4=1.36215754 a4=112.06684473 d4=-178.79391 r5=1.45354115 a5=124.30973892 d5=-3.2938553 r6=1.2160609 a6=122.88023959 d6=0.83780338 r7=1.45258372 a7=118.89612304 d7=-176.85152912 r8=1.08970153 a8=110.6782902 d8=61.05324943 r9=1.08951789 a9=110.67234132 d9=-60.01823254 r10=1.08773228 a10=105.31005819 d10=-179.50515335 r11=1.09554437 a11=110.7173896 d11=113.26135478 r12=1.08587491 a12=109.12493947 d12=-6.90840866 r13=1.0940558 a13=110.11977964 d13=-126.98690395 r14=1.08435191 a14=110.4563299 d14=12.32697354 r15=1.09604042 a15=110.88596166 d15=-108.46664482 r16=1.09397323 a16=109.59403364 d16=132.2776719 B 3 L Y P 165 N,N-Dimetilcarbamato de O-Metila (1) C O,1,r2 C,2,r3,1,a3 N,3,r4,2,a4,1,d4,0 C,4,r5,3,a5,2,d5,0 O,3,r6,2,a6,1,d6,0 C,4,r7,3,a7,2,d7,0 H,1,r8,2,a8,3,d8,0 H,1,r9,2,a9,3,d9,0 H,1,r10,2,a10,3,d10,0 H,7,r11,4,a11,3,d11,0 H,7,r12,4,a12,3,d12,0 H,7,r13,4,a13,3,d13,0 H,5,r14,4,a14,3,d14,0 H,5,r15,4,a15,3,d15,0 H,5,r16,4,a16,3,d16,0 r2=1.41398667 r3=1.32566882 a3=116.37200204 r4=1.3507289 a4=112.61288012 d4=-177.78685488 r5=1.4476427 a5=122.71188196 d5=-10.96772162 r6=1.19372954 a6=122.66210236 d6=1.32145108 r7=1.44704498 a7=118.2953979 d7=-171.78332434 r8=1.07995929 a8=110.62721011 d8=60.87372287 r9=1.07977533 a9=110.64791757 d9=-60.38731682 r10=1.07905628 a10=105.62810119 d10=-179.78175674 r11=1.08770894 a11=111.32508573 d11=96.94823916 r12=1.07616445 a12=109.73103611 d12=-23.60122238 r13=1.08348594 a13=109.2726163 d13=-143.32451833 r14=1.07613518 a14=110.84890705 d14=33.9370355 r15=1.08773718 a15=111.71828113 d15=-87.64628481 r16=1.08286719 a16=108.56986166 d16=153.07801765 H F et1 6-311+G(2d,p) C O,1,r2 C,2,r3,1,a3 N,3,r4,2,a4,1,d4,0 C,4,r5,3,a5,2,d5,0 O,3,r6,2,a6,1,d6,0 C,4,r7,3,a7,2,d7,0 H,1,r8,2,a8,3,d8,0 H,1,r9,2,a9,3,d9,0 H,1,r10,2,a10,3,d10,0 H,7,r11,4,a11,3,d11,0 H,7,r12,4,a12,3,d12,0 H,7,r13,4,a13,3,d13,0 H,5,r14,4,a14,3,d14,0 H,5,r15,4,a15,3,d15,0 H,5,r16,4,a16,3,d16,0 r2=1.43988951 r3=1.33971149 a3=115.35766027 r4=1.42942386 a4=110.30025217 d4=179.9999274 r5=1.46781576 a5=110.70425803 d5=-117.69452096 r6=1.20652266 a6=123.75385326 d6=-0.00030136 r7=1.46781612 a7=110.70406366 d7=117.69280871 r8=1.08964069 a8=110.35356833 d8=60.38063613 r9=1.08964012 a9=110.35369768 d9=-60.37293936 r10=1.08686523 a10=105.4100609 d10=-179.99631553 r11=1.09857565 a11=112.81853903 d11=64.52406744 r12=1.09096917 a12=109.66377548 d12=-57.04858555 r13=1.0908869 a13=108.32570974 d13=-174.73416423 r14=1.09096921 a14=109.66367205 d14=57.04828507 r15=1.09857531 a15=112.81878589 d15=-64.52458934 r16=1.09088711 a16=108.32555901 d16=174.73342962 B 3 L Y P 166 N,N-Dimetilcarbamato de O-Metila (1) C O,1,r2 C,2,r3,1,a3 N,3,r4,2,a4,1,d4,0 C,4,r5,3,a5,2,d5,0 O,3,r6,2,a6,1,d6,0 C,4,r7,3,a7,2,d7,0 H,1,r8,2,a8,3,d8,0 H,1,r9,2,a9,3,d9,0 H,1,r10,2,a10,3,d10,0 H,7,r11,4,a11,3,d11,0 H,7,r12,4,a12,3,d12,0 H,7,r13,4,a13,3,d13,0 H,5,r14,4,a14,3,d14,0 H,5,r15,4,a15,3,d15,0 H,5,r16,4,a16,3,d16,0 r2=1.41487755 r3=1.32358989 a3=117.02902384 r4=1.4107451 a4=112.72702033 d4=179.99883032 r5=1.45460261 a5=112.58966954 d5=64.50297568 r6=1.17848914 a6=123.10895027 d6=0.0021583 r7=1.45460341 a7=112.58797526 d7=-64.53977327 r8=1.08034304 a8=110.4819771 d8=60.51282428 r9=1.08034226 a9=110.48246092 d9=-60.50978724 r10=1.07875526 a10=105.88912862 d10=-179.99872211 r11=1.08858219 a11=113.03497415 d11=70.32217219 r12=1.08286807 a12=109.68401273 d12=-51.41402955 r13=1.08238375 a13=108.40695942 d13=-168.97029726 r14=1.08286842 a14=109.68440379 d14=51.3882378 r15=1.08857994 a15=113.03589443 d15=-70.34771465 r16=1.08238421 a16=108.40609824 d16=168.94395882 H F et2 6-311+G(2d,p) C O,1,r2 C,2,r3,1,a3 N,3,r4,2,a4,1,d4,0 C,4,r5,3,a5,2,d5,0 O,3,r6,2,a6,1,d6,0 C,4,r7,3,a7,2,d7,0 H,1,r8,2,a8,3,d8,0 H,1,r9,2,a9,3,d9,0 H,1,r10,2,a10,3,d10,0 H,7,r11,4,a11,3,d11,0 H,7,r12,4,a12,3,d12,0 H,7,r13,4,a13,3,d13,0 H,5,r14,4,a14,3,d14,0 H,5,r15,4,a15,3,d15,0 H,5,r16,4,a16,3,d16,0 r2=1.43879174 r3=1.35274366 a3=115.79088986 r4=1.42489946 a4=112.12881643 d4=179.99942753 r5=1.46523147 a5=112.76979047 d5=64.53489911 r6=1.20091428 a6=123.2462744 d6=0. r7=1.4652304 a7=112.76944025 d7=-64.53820809 r8=1.08965446 a8=110.33154344 d8=60.34553164 r9=1.08965473 a9=110.33129554 d9=-60.34907153 r10=1.08729442 a10=105.59732292 d10=179.99836389 r11=1.09899164 a11=113.22859845 d11=70.42135417 r12=1.09086551 a12=109.59684637 d12=-51.44190387 r13=1.09139058 a13=108.31243015 d13=-168.91505772 r14=1.09086499 a14=109.59684448 d14=51.43639705 r15=1.09899204 a15=113.22880547 d15=-70.4270311 r16=1.09139112 a16=108.31238201 d16=168.90957892 B 3 L Y P 167 N,N-Dimetiltiocarbamato de S-Metila (2) C S,1,r2 C,2,r3,1,a3 N,3,r4,2,a4,1,d4,0 C,4,r5,3,a5,2,d5,0 O,3,r6,2,a6,1,d6,0 C,4,r7,3,a7,2,d7,0 H,1,r8,2,a8,3,d8,0 H,1,r9,2,a9,3,d9,0 H,1,r10,2,a10,3,d10,0 H,7,r11,4,a11,3,d11,0 H,7,r12,4,a12,3,d12,0 H,7,r13,4,a13,3,d13,0 H,5,r14,4,a14,3,d14,0 H,5,r15,4,a15,3,d15,0 H,5,r16,4,a16,3,d16,0 Variables: r2=1.80858155 r3=1.79512795 a3=99.26221766 r4=1.34965289 a4=115.92943814 d4=-178.04935735 r5=1.44705957 a5=123.62197255 d5=-9.68416134 r6=1.19253876 a6=120.07337439 d6=1.39488593 r7=1.4509602 a7=118.21989386 d7=-172.35869182 r8=1.07777981 a8=110.43923796 d8=61.4272504 r9=1.07767304 a9=110.40109744 d9=-60.57538636 r10=1.08185545 a10=105.61584744 d10=-179.58791669 r11=1.08712129 a11=111.06340498 d11=98.76729671 r12=1.07578683 a12=109.68414763 d12=-21.68821689 r13=1.08321772 a13=109.22707512 d13=-141.48012349 r14=1.07877645 a14=111.37952272 d14=38.45291631 r15=1.08663235 a15=112.00691504 d15=-83.81149951 r16=1.0818768 a16=108.43848081 d16=156.54164141 ef 6-311+G(2d,p) C H F S,1,r2 C,2,r3,1,a3 N,3,r4,2,a4,1,d4,0 C,4,r5,3,a5,2,d5,0 O,3,r6,2,a6,1,d6,0 C,4,r7,3,a7,2,d7,0 H,1,r8,2,a8,3,d8,0 H,1,r9,2,a9,3,d9,0 H,1,r10,2,a10,3,d10,0 H,7,r11,4,a11,3,d11,0 H,7,r12,4,a12,3,d12,0 H,7,r13,4,a13,3,d13,0 H,5,r14,4,a14,3,d14,0 H,5,r15,4,a15,3,d15,0 H,5,r16,4,a16,3,d16,0 Variables: r2=1.82019156 r3=1.82135846 a3=98.05207001 r4=1.36287262 a4=115.06575397 d4=-177.13888427 r5=1.45253087 a5=124.11610651 d5=-3.98829002 r6=1.21545047 a6=120.74774894 d6=2.81197372 r7=1.45717732 a7=118.74978512 d7=-173.76517717 r8=1.08698903 a8=110.50059764 d8=63.34621709 r9=1.08668581 a9=110.19637963 d9=-58.40312614 r10=1.0896867 a10=105.62672712 d10=-177.52822006 r11=1.09532372 a11=110.72628408 d11=109.68339067 r12=1.08584069 a12=109.0090486 d12=-10.41529239 r13=1.09307435 a13=109.87057439 d13=-130.42600542 r14=1.08810874 a14=110.92371034 d14=28.64844375 r15=1.09564896 a15=111.87699725 d15=-93.10276707 r16=1.09192492 a16=108.89049789 d16=147.02423655 B 3 L Y P 168 N,N-Dimetiltiocarbamato de S-Metila (2) C S,1,r2 C,2,r3,1,a3 O,3,r4,2,a4,1,d4,0 N,3,r5,2,a5,1,d5,0 C,5,r6,3,a6,2,d6,0 C,5,r7,3,a7,2,d7,0 H,1,r8,2,a8,3,d8,0 H,1,r9,2,a9,3,d9,0 H,1,r10,2,a10,3,d10,0 H,6,r11,5,a11,3,d11,0 H,6,r12,5,a12,3,d12,0 H,6,r13,5,a13,3,d13,0 H,7,r14,5,a14,3,d14,0 H,7,r15,5,a15,3,d15,0 H,7,r16,5,a16,3,d16,0 Variables: r2=1.80986985 r3=1.76130094 a3=100.93279907 r4=1.17961984 a4=123.99154304 d4=0.00351015 r5=1.41959128 a5=110.78831674 d5=-179.99732911 r6=1.45787893 a6=111.12499976 d6=116.93125261 r7=1.45788033 a7=111.1253157 d7=-116.94883069 r8=1.07887148 a8=110.38030176 d8=60.89827541 r9=1.07887365 a9=110.3799796 d9=-60.88705016 r10=1.0815625 a10=106.38044786 d10=-179.99444371 r11=1.08758639 a11=112.56461669 d11=66.20787177 r12=1.08275892 a12=109.66269815 d12=-55.09817723 r13=1.08217509 a13=108.45541743 d13=-172.9493931 r14=1.08275821 a14=109.66243469 d14=55.0976558 r15=1.08758573 a15=112.56545439 d15=-66.20836599 r16=1.08217522 a16=108.45511493 d16=172.94846858 H F et1 6-311+G(2d,p) C S,1,r2 C,2,r3,1,a3 O,3,r4,2,a4,1,d4,0 N,3,r5,2,a5,1,d5,0 C,5,r6,3,a6,2,d6,0 C,5,r7,3,a7,2,d7,0 H,1,r8,2,a8,3,d8,0 H,1,r9,2,a9,3,d9,0 H,1,r10,2,a10,3,d10,0 H,6,r11,5,a11,3,d11,0 H,6,r12,5,a12,3,d12,0 H,6,r13,5,a13,3,d13,0 H,7,r14,5,a14,3,d14,0 H,7,r15,5,a15,3,d15,0 H,7,r16,5,a16,3,d16,0 r2=1.82401 r3=1.76906 a3=100.40762 r4=1.20434 a4=124.83944 d4=0.06837 r5=1.43764 a5=109.34529 d5=-180.01268 r6=1.46881 a6=111.09605 d6=117.13607 r7=1.46889 a7=111.10694 d7=-117.20927 r8=1.08776 a8=110.12302 d8=60.81738 r9=1.08775 a9=110.11377 d9=-60.47187 r10=1.0893 a10=106.58081 d10=-179.82627 r11=1.09795 a11=112.75023 d11=66.03797 r12=1.0908 a12=109.53397 d12=-55.36044 r13=1.09101 a13=108.38925 d13=-173.20153 r14=1.0908 a14=109.53164 d14=55.38546 r15=1.09796 a15=112.74928 d15=-66.00829 r16=1.09102 a16=108.40515 d16=173.22655 B 3 L Y P 169 N,N-Dimetiltiocarbamato de S-Metila (2) C S,1,r2 C,2,r3,1,a3 N,3,r4,2,a4,1,d4,0 C,4,r5,3,a5,2,d5,0 O,3,r6,2,a6,1,d6,0 C,4,r7,3,a7,2,d7,0 H,1,r8,2,a8,3,d8,0 H,1,r9,2,a9,3,d9,0 H,1,r10,2,a10,3,d10,0 H,7,r11,4,a11,3,d11,0 H,7,r12,4,a12,3,d12,0 H,7,r13,4,a13,3,d13,0 H,5,r14,4,a14,3,d14,0 H,5,r15,4,a15,3,d15,0 H,5,r16,4,a16,3,d16,0 Variables: r2=1.80995024 r3=1.78824471 a3=100.61502066 r4=1.41512083 a4=115.44064502 d4=179.97086166 r5=1.45374286 a5=114.21205663 d5=66.66967681 r6=1.17540228 a6=121.43460763 d6=-0.02691269 r7=1.45373881 a7=114.21066888 r8=1.07836001 a8=110.2624685 d8=60.93586616 r9=1.07834608 a9=110.25728845 d9=-60.79055296 r10=1.08139855 a10=106.2146199 d10=-179.92624919 r11=1.0890602 a11=113.39871134 d11=74.95585904 r12=1.08201581 a12=109.75955128 d12=-46.85130158 r13=1.08258584 a13=108.29063865 d13=-164.53643532 r14=1.08201608 a14=109.76008782 d14=46.8624081 r15=1.08906212 a15=113.40012563 d15=-74.94524823 r16=1.0825855 a16=108.2907891 d16=164.54730514 d7=-66.68462903 H F et2 6-311+G(2d,p) C S,1,r2 C,2,r3,1,a3 N,3,r4,2,a4,1,d4,0 C,4,r5,3,a5,2,d5,0 O,3,r6,2,a6,1,d6,0 C,4,r7,3,a7,2,d7,0 H,1,r8,2,a8,3,d8,0 H,1,r9,2,a9,3,d9,0 H,1,r10,2,a10,3,d10,0 H,7,r11,4,a11,3,d11,0 H,7,r12,4,a12,3,d12,0 H,7,r13,4,a13,3,d13,0 H,5,r14,4,a14,3,d14,0 H,5,r15,4,a15,3,d15,0 H,5,r16,4,a16,3,d16,0 Variables: r2=1.82185145 r3=1.8050922 a3=99.97632493 r4=1.42962155 a4=114.8021973 d4=179.99994105 r5=1.46381111 a5=114.11627738 d5=66.34457402 r6=1.19975575 a6=121.76406337 d6=-0.00007572 r7=1.46381121 a7=114.11627742 r8=1.08734994 a8=110.05550208 d8=60.62557614 r9=1.08734966 a9=110.05550143 d9=-60.62570516 r10=1.08925904 a10=106.41881977 d10=179.99994023 r11=1.0995436 a11=113.55281789 d11=74.22500716 r12=1.09008656 a12=109.66727724 d12=-47.64145952 r13=1.09172007 a13=108.25869454 d13=-165.29029259 r14=1.09008652 a14=109.66728802 d14=47.64142097 r15=1.09954346 a15=113.55279566 d15=-74.22504968 r16=1.09171994 a16=108.25870251 d16=165.2902838 d7=-66.34440116 B 3 L Y P 170 N,N-Dimetiltiocarbamato de O-Metila (3) C O,1,r2 C,2,r3,1,a3 N,3,r4,2,a4,1,d4,0 C,4,r5,3,a5,2,d5,0 S,3,r6,2,a6,1,d6,0 C,4,r7,3,a7,2,d7,0 H,1,r8,2,a8,3,d8,0 H,1,r9,2,a9,3,d9,0 H,1,r10,2,a10,3,d10,0 H,7,r11,4,a11,3,d11,0 H,7,r12,4,a12,3,d12,0 H,7,r13,4,a13,3,d13,0 H,5,r14,4,a14,3,d14,0 H,5,r15,4,a15,3,d15,0 H,5,r16,4,a16,3,d16,0 Variables: r2=1.41723341 r3=1.3129619 a3=121.3785883 r4=1.32536504 a4=110.7824084 d4=-179.99893011 r5=1.45719881 a5=120.58356731 d5=-0.00482682 r6=1.67679915 a6=123.10936082 d6=-0.00354304 r7=1.45058344 a7=123.04533312 d7=179.98950641 r8=1.07843123 a8=110.54028155 d8=60.78688586 r9=1.07843135 a9=110.54017386 d9=-60.78601082 r10=1.079094 a10=104.80439279 d10=-179.99955447 r11=1.08437082 a11=109.66935996 d11=120.27828921 r12=1.07360233 a12=110.07061681 d12=-0.00999132 r13=1.08437025 a13=109.66814254 d13=-120.29774415 r14=1.08148627 a14=111.2922408 d14=60.72075994 r15=1.08147596 a15=111.29174005 d15=-60.6764692 r16=1.07956836 a16=107.95670075 d16=-179.97758811 ef2 HF/6-311+G(2d,p) C O,1,B1 C,2,B2,1,A1 N,3,B3,2,A2,1,D1,0 C,4,B4,3,A3,2,D2,0 S,3,B5,2,A4,1,D3,0 C,4,B6,3,A5,2,D4,0 H,1,B7,2,A6,3,D5,0 H,1,B8,2,A7,3,D6,0 H,1,B9,2,A8,3,D7,0 H,7,B10,4,A9,3,D8,0 H,7,B11,4,A10,3,D9,0 H,7,B12,4,A11,3,D10,0 H,5,B13,4,A12,3,D11,0 H,5,B14,4,A13,3,D12,0 H,5,B15,4,A14,3,D13,0 Variables: B1=1.41693039 B2=1.3130116 B3=1.32509336 B4=1.45483052 B5=1.67497507 B6=1.45472475 B7=1.07852307 B8=1.07852214 B9=1.07916572 B10=1.08066081 B11=1.08061982 B12=1.08065934 B13=1.08424792 B14=1.08424829 B15=1.07340387 A1=121.11054422 A2=112.65658017 A3=123.64746254 A4=123.40195849 A5=120.31789131 A6=110.57135544 A7=110.57043174 A8=104.79542669 A9=111.02568063 A10=107.90168524 A11=111.02441824 A12=109.65671283 A13=109.65728083 A14=110.98513136 D1=-179.97503888 D2=-0.02117992 D3=-0.02013689 D4=179.97463949 D5=60.81085991 D6=-60.8115856 D7=179.99974406 D8=-60.35693008 D9=-179.99926311 D10=60.35875486 D11=-120.43912903 D12=120.43772191 D13=-0.00094422 ef3 171 N,N-Dimetiltiocarbamato de O-Metila (3) C O,1,r2 C,2,r3,1,a3 N,3,r4,2,a4,1,d4,0 C,4,r5,3,a5,2,d5,0 S,3,r6,2,a6,1,d6,0 C,4,r7,3,a7,2,d7,0 H,1,r8,2,a8,3,d8,0 H,1,r9,2,a9,3,d9,0 H,1,r10,2,a10,3,d10,0 H,7,r11,4,a11,3,d11,0 H,7,r12,4,a12,3,d12,0 H,7,r13,4,a13,3,d13,0 H,5,r14,4,a14,3,d14,0 H,5,r15,4,a15,3,d15,0 H,5,r16,4,a16,3,d16,0 Variables: r2=1.43407912 r3=1.34842907 a3=119.10763021 r4=1.35022301 a4=110.10278602 d4=-177.95348874 r5=1.46248303 a5=121.34598134 d5=-2.85051529 r6=1.67233748 a6=123.67315485 d6=1.95115131 r7=1.45525184 a7=121.83537637 d7=-174.38585992 r8=1.08910816 a8=110.61656637 d8=60.53322257 r9=1.08899129 a9=110.54475159 d9=-60.58474605 r10=1.08819417 a10=104.66301888 d10=179.97381407 r11=1.09497027 a11=110.48756089 d11=108.65246516 r12=1.08523101 a12=109.29199213 d12=-11.42522954 r13=1.09247158 a13=109.56062716 d13=-131.56273165 r14=1.08724759 a14=110.8703952 d14=44.67150826 r15=1.09445125 a15=111.54509806 d15=-76.38509104 r16=1.08899832 a16=108.19056823 d16=164.1307192 ef2 B3LYP/6-311+G(2d,p) 172 N,N-Dimetiltiocarbamato de O-Metila (3) C O,1,r2 C,2,r3,1,a3 N,3,r4,2,a4,1,d4,0 C,4,r5,3,a5,2,d5,0 S,3,r6,2,a6,1,d6,0 C,4,r7,3,a7,2,d7,0 H,1,r8,2,a8,3,d8,0 H,1,r9,2,a9,3,d9,0 H,1,r10,2,a10,3,d10,0 H,7,r11,4,a11,3,d11,0 H,7,r12,4,a12,3,d12,0 H,7,r13,4,a13,3,d13,0 H,5,r14,4,a14,3,d14,0 H,5,r15,4,a15,3,d15,0 H,5,r16,4,a16,3,d16,0 Variables: r2=1.41650606 r3=1.29547756 a3=121.1177767 r4=1.40893818 a4=109.88024118 d4=-179.99490331 r5=1.4564693 a5=112.88043333 d5=-115.49803032 r6=1.63908081 a6=125.10379028 d6=0.00021287 r7=1.45648093 a7=112.87514963 d7=115.43194322 r8=1.07964216 a8=110.35154602 d8=-60.58920878 r9=1.07821554 a9=105.10463979 d9=-179.99751775 r10=1.07964396 a10=110.35331101 d10=60.59355332 r11=1.08713271 a11=112.62713442 d11=69.60353036 r12=1.08220606 a12=109.8273211 d12=-51.89856101 r13=1.08241382 a13=108.08660727 d13=-169.61596856 r14=1.0822042 a14=109.82891629 d14=51.88552086 r15=1.08713187 a15=112.62943438 d15=-69.61708159 r16=1.08241338 a16=108.08451055 d16=169.60402794 HF et1 6-311+G(2d,p) C O,1,r2 C,2,r3,1,a3 N,3,r4,2,a4,1,d4,0 C,4,r5,3,a5,2,d5,0 S,3,r6,2,a6,1,d6,0 C,4,r7,3,a7,2,d7,0 H,1,r8,2,a8,3,d8,0 H,1,r9,2,a9,3,d9,0 H,1,r10,2,a10,3,d10,0 H,7,r11,4,a11,3,d11,0 H,7,r12,4,a12,3,d12,0 H,7,r13,4,a13,3,d13,0 H,5,r14,4,a14,3,d14,0 H,5,r15,4,a15,3,d15,0 H,5,r16,4,a16,3,d16,0 Variables: r2=1.43705206 r3=1.32929611 a3=119.13331339 r4=1.41977459 a4=109.22250733 d4=-179.99642592 r5=1.46655418 a5=112.65184335 d5=-115.9285187 r6=1.64777567 a6=125.05639695 d6=0.00687914 r7=1.4665519 a7=112.65196802 d7=115.98000136 r8=1.08979309 a8=110.22072221 d8=-60.29675105 r9=1.08718756 a9=104.96205086 d9=179.9682574 r10=1.08977886 a10=110.22209031 d10=60.22726275 r11=1.09841132 a11=112.56089376 d11=68.0010378 r12=1.09023312 a12=109.72064536 d12=-53.41468521 r13=1.09114185 a13=108.19595731 d13=-171.26399017 r14=1.09023132 a14=109.72056255 d14=53.41369299 r15=1.09841748 a15=112.5606645 d15=-68.00151056 r16=1.09114578 a16=108.19980019 d16=171.26296377 B3LYP 173 N,N-Dimetiltiocarbamato de O-Metila (3) C O,1,r2 C,2,r3,1,a3 N,3,r4,2,a4,1,d4,0 C,4,r5,3,a5,2,d5,0 S,3,r6,2,a6,1,d6,0 C,4,r7,3,a7,2,d7,0 H,1,r8,2,a8,3,d8,0 H,1,r9,2,a9,3,d9,0 H,1,r10,2,a10,3,d10,0 H,7,r11,4,a11,3,d11,0 H,7,r12,4,a12,3,d12,0 H,7,r13,4,a13,3,d13,0 H,5,r14,4,a14,3,d14,0 H,5,r15,4,a15,3,d15,0 H,5,r16,4,a16,3,d16,0 Variables: r2=1.41602832 r3=1.30538593 a3=121.34225653 r4=1.40684079 a4=111.9452138 d4=179.99981866 r5=1.45623398 a5=112.64035765 d5=64.70291712 r6=1.62848585 a6=125.2825361 d6=-0.00020597 r7=1.45623114 a7=112.64284743 d7=-64.67879333 r8=1.07959983 a8=110.30314905 d8=60.54302547 r9=1.07960044 a9=110.30318434 d9=-60.54317063 r10=1.07863384 a10=105.28014996 d10=180. r11=1.08848143 a11=113.08154765 d11=69.59116571 r12=1.0823573 a12=109.50974827 d12=-52.20073874 r13=1.08215912 a13=108.2084426 d13=-169.75314375 r14=1.08235516 a14=109.51011337 d14=52.14527068 r15=1.08848493 a15=113.08016289 d15=-69.64468287 r16=1.08215935 a16=108.2092768 d16=169.69854767 et2 6-311+G(2d,p) C HF O,1,r2 C,2,r3,1,a3 N,3,r4,2,a4,1,d4,0 C,4,r5,3,a5,2,d5,0 S,3,r6,2,a6,1,d6,0 C,4,r7,3,a7,2,d7,0 H,1,r8,2,a8,3,d8,0 H,1,r9,2,a9,3,d9,0 H,1,r10,2,a10,3,d10,0 H,7,r11,4,a11,3,d11,0 H,7,r12,4,a12,3,d12,0 H,7,r13,4,a13,3,d13,0 H,5,r14,4,a14,3,d14,0 H,5,r15,4,a15,3,d15,0 H,5,r16,4,a16,3,d16,0 Variables: r2=1.43600252 r3=1.33904304 a3=119.68068498 r4=1.41637507 a4=111.4583668 d4=179.98829748 r5=1.46577845 a5=113.15179794 d5=65.10764467 r6=1.63888171 a6=124.99611001 d6=-0.01257148 r7=1.46576989 a7=113.15109599 d7=-65.0962294 r8=1.08981053 a8=110.17295091 d8=60.24746955 r9=1.08980481 a9=110.1743346 d9=-60.17341927 r10=1.08769934 a10=105.19060792 d10=-179.9649841 r11=1.09909157 a11=113.28219515 d11=69.99438027 r12=1.0906379 a12=109.36807997 d12=-51.79226061 r13=1.09126034 a13=108.25195372 d13=-169.36062551 r14=1.09063509 a14=109.36709827 d14=51.72268335 r15=1.09909913 a15=113.28219365 d15=-70.05895941 r16=1.09126158 a16=108.2543316 d16=169.29233907 B3LYP 174 N,N-Dimetilditiocarbamato de S-Metila (4) ef HF/6-311+G(2d,p) C S,1,r2 C,2,r3,1,a3 N,3,r4,2,a4,1,d4,0 C,4,r5,3,a5,2,d5,0 S,3,r6,2,a6,1,d6,0 C,4,r7,3,a7,2,d7,0 H,1,r8,2,a8,3,d8,0 H,1,r9,2,a9,3,d9,0 H,1,r10,2,a10,3,d10,0 H,7,r11,4,a11,3,d11,0 H,7,r12,4,a12,3,d12,0 H,7,r13,4,a13,3,d13,0 H,5,r14,4,a14,3,d14,0 H,5,r15,4,a15,3,d15,0 H,5,r16,4,a16,3,d16,0 Variables: r2=1.80459497 r3=1.7717509 a3=104.48523998 r4=1.32598572 a4=114.11952219 d4=179.94733922 r5=1.4583948 a5=122.23691471 d5=0.25334067 r6=1.66636821 a6=122.06622126 d6=-0.14247745 r7=1.45965466 a7=119.45910183 d7=179.22037177 r8=1.07711771 a8=110.78194044 d8=61.40501919 r9=1.07712243 a9=110.78329508 d9=-61.4096197 r10=1.08289326 a10=104.20981313 d10=-179.99985474 r11=1.08063042 a11=110.64403157 d11=60.21573289 r12=1.0807951 a12=110.67608418 d12=-59.68049403 r13=1.07868481 a13=108.50386532 d13=-179.72632439 r14=1.08301234 a14=111.26620613 d14=63.1100067 r15=1.08218494 a15=111.1430939 d15=-58.384308 r16=1.07716177 a16=108.74474843 d16=-177.48519318 ef4 175 N,N-Dimetilditiocarbamato de S-Metila (4) ef B3LYP/6-311+G(2d,p) C S,1,r2 C,2,r3,1,a3 N,3,r4,2,a4,1,d4,0 C,4,r5,3,a5,2,d5,0 S,3,r6,2,a6,1,d6,0 C,4,r7,3,a7,2,d7,0 H,1,r8,2,a8,3,d8,0 H,1,r9,2,a9,3,d9,0 H,1,r10,2,a10,3,d10,0 H,7,r11,4,a11,3,d11,0 H,7,r12,4,a12,3,d12,0 H,7,r13,4,a13,3,d13,0 H,5,r14,4,a14,3,d14,0 H,5,r15,4,a15,3,d15,0 H,5,r16,4,a16,3,d16,0 Variables: r2=1.81298714 r3=1.79435744 a3=102.94175316 r4=1.35181215 a4=112.58382342 d4=-178.6053091 r5=1.46160514 a5=122.40621796 d5=-2.74616592 r6=1.66820125 a6=122.12989868 d6=1.60321642 r7=1.46032445 a7=121.64949958 d7=-175.88393775 r8=1.08690892 a8=110.65385668 d8=61.50781391 r9=1.08691651 a9=110.5536815 d9=-60.63122407 r10=1.09105922 a10=104.52329482 d10=-179.56778124 r11=1.09465907 a11=110.31592117 d11=107.84142354 r12=1.08491418 a12=109.32182257 d12=-12.18255323 r13=1.09203648 a13=109.32747775 d13=-132.42984797 r14=1.09092449 a14=111.02516217 d14=51.82520487 r15=1.0940429 a15=111.60343134 d15=-69.69104519 r16=1.08799373 a16=108.44612407 d16=170.67563652 ef2 C S,1,B1 C,2,B2,1,A1 N,3,B3,2,A2,1,D1,0 C,4,B4,3,A3,2,D2,0 S,3,B5,2,A4,1,D3,0 C,4,B6,3,A5,2,D4,0 H,1,B7,2,A6,3,D5,0 H,1,B8,2,A7,3,D6,0 H,1,B9,2,A8,3,D7,0 H,7,B10,4,A9,3,D8,0 H,7,B11,4,A10,3,D9,0 H,7,B12,4,A11,3,D10,0 H,5,B13,4,A12,3,D11,0 H,5,B14,4,A13,3,D12,0 H,5,B15,4,A14,3,D13,0 Variables: B1=1.81315092 B2=1.79349592 B3=1.34992783 B4=1.46245697 B5=1.66655147 B6=1.46326645 B7=1.08700626 B8=1.08701133 B9=1.09092323 B10=1.0919403 B11=1.08791326 B12=1.09043817 B13=1.08684915 B14=1.09408555 B15=1.0914268 A1=102.66259456 A2=113.20633888 A3=122.1675183 A4=122.96834698 A5=119.19439759 A6=110.53659137 A7=110.61405981 A8=104.62917679 A9=110.85013154 A10=108.58531072 A11=110.48022542 A12=108.8633787 A13=111.58744277 A14=110.81856645 D1=179.08724443 D2=1.57557952 D3=-1.28966288 D4=177.19111009 D5=60.69839802 D6=-61.36041559 D7=179.67424938 D8=-61.09979239 D9=178.47031782 D10=58.10560709 D11=-170.67794149 D12=69.31388276 D13=-51.77994341 ef4 176 N,N-Dimetilditiocarbamato de S-Metila (4) C S,1,r2 C,2,r3,1,a3 S,3,r4,2,a4,1,d4,0 N,3,r5,2,a5,1,d5,0 C,5,r6,3,a6,2,d6,0 C,5,r7,3,a7,2,d7,0 H,1,r8,2,a8,3,d8,0 H,1,r9,2,a9,3,d9,0 H,1,r10,2,a10,3,d10,0 H,6,r11,5,a11,3,d11,0 H,6,r12,5,a12,3,d12,0 H,6,r13,5,a13,3,d13,0 H,7,r14,5,a14,3,d14,0 H,7,r15,5,a15,3,d15,0 H,7,r16,5,a16,3,d16,0 r2=1.80401675 r3=1.73108639 a3=105.03598243 r4=1.62370723 a4=126.38470778 d4=0.00762008 r5=1.41859447 a5=108.01905669 d5=-179.99519879 r6=1.45729912 a6=112.87214624 d6=115.37860539 r7=1.45729182 a7=112.87242423 r8=1.07899361 a8=110.63170521 d8=61.04569863 r9=1.07899592 a9=110.63207187 d9=-61.07290093 r10=1.08221604 a10=105.53548181 d10=179.98641963 r11=1.08699885 a11=112.54069145 d11=69.0586485 r12=1.08199083 a12=109.68448839 d12=-52.32404185 r13=1.08241818 a13=108.14283521 d13=-170.18340718 r14=1.08199109 a14=109.68499757 d14=52.31440142 r15=1.08700177 a15=112.54077281 d15=-69.0669537 r16=1.08241905 a16=108.14372045 d16=170.17448343 d7=-115.37779728 HF et1 6-311+G(2d,p) C S,1,r2 C,2,r3,1,a3 S,3,r4,2,a4,1,d4,0 N,3,r5,2,a5,1,d5,0 C,5,r6,3,a6,2,d6,0 C,5,r7,3,a7,2,d7,0 H,1,r8,2,a8,3,d8,0 H,1,r9,2,a9,3,d9,0 H,1,r10,2,a10,3,d10,0 H,6,r11,5,a11,3,d11,0 H,6,r12,5,a12,3,d12,0 H,6,r13,5,a13,3,d13,0 H,7,r14,5,a14,3,d14,0 H,7,r15,5,a15,3,d15,0 H,7,r16,5,a16,3,d16,0 r2=1.81656 r3=1.74034 a3=104.10567 r4=1.64227 a4=126.72234 d4=-0.00642 r5=1.43098 a5=107.18373 d5=179.99231 r6=1.46721 a6=112.72407 d6=115.74271 r7=1.46722 a7=112.72017 r8=1.08848 a8=110.20351 d8=60.49508 r9=1.08848 a9=110.20746 d9=-60.59074 r10=1.09003 a10=106.03636 d10=179.95236 r11=1.09785 a11=112.51683 d11=67.69644 r12=1.09024 a12=109.54314 d12=-53.51458 r13=1.09118 a13=108.2948 d13=-171.51623 r14=1.09024 a14=109.54367 d14=53.49276 r15=1.09785 a15=112.51461 d15=-67.71655 r16=1.09118 a16=108.29472 d16=171.49614 d7=-115.69505 B3LYP 177 N,N-Dimetilditiocarbamato de S-Metila (4) C S,1,r2 C,2,r3,1,a3 N,3,r4,2,a4,1,d4,0 C,4,r5,3,a5,2,d5,0 S,3,r6,2,a6,1,d6,0 C,4,r7,3,a7,2,d7,0 H,1,r8,2,a8,3,d8,0 H,1,r9,2,a9,3,d9,0 H,1,r10,2,a10,3,d10,0 H,7,r11,4,a11,3,d11,0 H,7,r12,4,a12,3,d12,0 H,7,r13,4,a13,3,d13,0 H,5,r14,4,a14,3,d14,0 H,5,r15,4,a15,3,d15,0 H,5,r16,4,a16,3,d16,0 r2=1.80427004 r3=1.75383487 a3=105.23503451 r4=1.41409831 a4=113.44892155 d4=-179.99809534 r5=1.45426821 a5=114.78813003 d5=67.53256687 r6=1.6164598 a6=124.71665469 d6=0.00178773 r7=1.45426837 a7=114.7885472 r8=1.07842322 a8=110.5259788 d8=61.06227056 r9=1.07842294 a9=110.52608552 d9=-61.06353486 r10=1.08213292 a10=105.30447918 d10=179.99933778 r11=1.08901628 a11=113.49189731 d11=74.80664446 r12=1.08161514 a12=109.57244248 d12=-47.01217196 r13=1.08258962 a13=108.13011617 d13=-164.6679758 r14=1.08161528 a14=109.57242917 d14=47.01267054 r15=1.0890161 a15=113.49182973 d15=-74.80617241 r16=1.08258959 a16=108.13014148 d16=164.66839128 d7=-67.52735011 HF et2 6-311+G(2d,p) C S,1,r2 C,2,r3,1,a3 N,3,r4,2,a4,1,d4,0 C,4,r5,3,a5,2,d5,0 S,3,r6,2,a6,1,d6,0 C,4,r7,3,a7,2,d7,0 H,1,r8,2,a8,3,d8,0 H,1,r9,2,a9,3,d9,0 H,1,r10,2,a10,3,d10,0 H,7,r11,4,a11,3,d11,0 H,7,r12,4,a12,3,d12,0 H,7,r13,4,a13,3,d13,0 H,5,r14,4,a14,3,d14,0 H,5,r15,4,a15,3,d15,0 H,5,r16,4,a16,3,d16,0 r2=1.81464422 r3=1.76804896 a3=104.46857446 r4=1.42207261 a4=112.93399471 d4=-179.98930573 r5=1.46280304 a5=115.14608268 d5=67.93983546 r6=1.63615105 a6=124.56485718 d6=0.01185224 r7=1.4628049 a7=115.14381215 r8=1.08804073 a8=110.11801456 d8=-60.56029966 r9=1.09023872 a9=105.90412042 d9=179.9541057 r10=1.08803935 a10=110.11538574 d10=60.46853339 r11=1.09989449 a11=113.65608042 d11=74.83453495 r12=1.0900158 a12=109.41715967 d12=-46.89952064 r13=1.09179093 a13=108.2953875 d13=-164.59516161 r14=1.09001738 a14=109.41722127 d14=46.91608254 r15=1.09989147 a15=113.65829428 d15=-74.82031749 r16=1.09178997 a16=108.29314433 d16=164.61051286 d7=-67.95295114 B3LYP N,N,N’-Trimetiluréia (5) N C,1,B1 H,2,B2,1,A1 H,2,B3,1,A2,3,D1,0 H,2,B4,1,A3,4,D2,0 C,1,B5,2,A4,4,D3,0 H,1,B6,6,A5,2,D4,0 O,6,B7,1,A6,2,D5,0 N,6,B8,1,A7,2,D6,0 C,9,B9,6,A8,1,D7,0 H,10,B10,9,A9,6,D8,0 H,10,B11,9,A10,6,D9,0 H,10,B12,9,A11,6,D10,0 C,9,B13,6,A12,1,D11,0 H,14,B14,9,A13,6,D12,0 H,14,B15,9,A14,6,D13,0 H,14,B16,9,A15,6,D14,0 Variables: B1=1.44857731 B2=1.08477317 B3=1.07887023 B4=1.0823563 B5=1.36603626 B6=0.99049873 B7=1.20035888 B8=1.37044185 B9=1.44838169 B10=1.08033296 B11=1.08343993 B12=1.08697994 B13=1.45090087 B14=1.08264622 B15=1.08814099 B16=1.07599897 A1=112.46438933 A2=109.78299515 A3=108.27614066 A4=118.62012421 A5=117.30517736 A6=121.25655594 A7=116.2704536 A8=121.17065509 A9=108.41653742 A10=111.93910874 A11=112.67533004 A12=116.5427371 A13=108.93334978 A14=111.95793599 A15=109.6001213 D1=120.62152833 D2=118.6573598 D3=57.26326316 D4=-147.16109665 D5=-10.93754949 D6=169.41962631 D7=19.49570408 D8=178.68536818 D9=-63.96786107 D10=58.85895505 D11=170.28834784 D12=155.13644471 D13=-84.60667759 D14=35.77651714 HF ef2 6-311+G(2d,p) N C,1,r2 H,2,r3,1,a3 H,2,r4,1,a4,3,d4,0 H,2,r5,1,a5,3,d5,0 C,1,r6,2,a6,3,d6,0 H,1,r7,2,a7,3,d7,0 O,6,r8,1,a8,2,d8,0 N,6,r9,1,a9,2,d9,0 C,9,r10,6,a10,1,d10,0 H,10,r11,9,a11,6,d11,0 H,10,r12,9,a12,6,d12,0 H,10,r13,9,a13,6,d13,0 C,9,r14,6,a14,1,d14,0 H,14,r15,9,a15,6,d15,0 H,14,r16,9,a16,6,d16,0 H,14,r17,9,a17,6,d17,0 Variables: r2=1.45536937 r3=1.09483753 a3=112.66639422 r4=1.08777293 a4=109.25893867 d4=120.03760518 r5=1.09033054 a5=108.66740757 d5=-121.12593907 r6=1.38086134 a6=118.92266798 d6=-69.9297639 r7=1.00612345 a7=116.30565229 d7=81.01496569 r8=1.22495154 a8=121.42458861 d8=-11.3912975 r9=1.38350352 a9=115.88310266 d9=169.38324147 r10=1.45356679 a10=122.12197297 d10=11.61285581 r11=1.089133 a11=108.58763412 d11=-178.45439499 r12=1.09405127 a12=111.82290464 d12=-61.12454893 r13=1.09674161 a13=112.76749864 d13=61.69421574 r14=1.45622885 a14=117.5489496 d14=169.99079431 r15=1.09223031 a15=109.65662248 d15=143.55149808 r16=1.09712437 a16=111.80674309 d16=-95.88109964 r17=1.08586728 a17=108.73434195 d17=23.90311039 178 B3LYP N,N,N’-Trimetiluréia (5) N C,1,B1 H,2,B2,1,A1 H,2,B3,1,A2,3,D1,0 H,2,B4,1,A3,3,D2,0 C,1,B5,2,A4,3,D3,0 H,1,B6,6,A5,2,D4,0 O,6,B7,1,A6,2,D5,0 N,6,B8,1,A7,2,D6,0 C,9,B9,6,A8,1,D7,0 H,10,B10,9,A9,6,D8,0 H,10,B11,9,A10,6,D9,0 H,10,B12,9,A11,6,D10,0 C,9,B13,6,A12,1,D11,0 H,14,B14,9,A13,6,D12,0 H,14,B15,9,A14,6,D13,0 H,14,B16,9,A15,6,D14,0 Variables: B1=1.44406587 B2=1.08151151 B3=1.08246693 HF – et1-a B4=1.08244095 B5=1.33880426 B6=0.99004839 B7=1.19435809 B8=1.42824605 B9=1.45710346 B10=1.08725569 B11=1.08328129 B12=1.08276292 B13=1.45709724 B14=1.0827624 B15=1.08327955 B16=1.08725709 A1=108.56647237 A2=111.04470009 A3=111.03325816 A4=122.08331334 A5=117.18870048 A6=123.37088523 A7=112.68740082 A8=110.64358442 A9=112.48628015 A10=109.77808963 A11=108.67950145 A12=110.64549966 A13=108.67980764 A14=109.77729965 A15=112.48633488 D1=119.74245889 D2=-119.73530099 D3=179.93015107 D4=-179.93997812 D5=-0.02740134 D6=179.97459983 D7=-117.8765031 D8=-64.88292804 D9=56.17754146 D10=174.20803736 D11=117.89415966 D12=-174.19737247 D13=-56.16600865 D14=64.89315804 et1 6-311+G(2d,p) 179 N C,1,B1 H,2,B2,1,A1 H,2,B3,1,A2,3,D1,0 H,2,B4,1,A3,3,D2,0 C,1,B5,2,A4,3,D3,0 H,1,B6,6,A5,2,D4,0 O,6,B7,1,A6,2,D5,0 N,6,B8,1,A7,2,D6,0 C,9,B9,6,A8,1,D7,0 H,10,B10,9,A9,6,D8,0 H,10,B11,9,A10,6,D9,0 H,10,B12,9,A11,6,D10,0 C,9,B13,6,A12,1,D11,0 H,14,B14,9,A13,6,D12,0 H,14,B15,9,A14,6,D13,0 H,14,B16,9,A15,6,D14,0 Variables: B1=1.45037695 B2=1.08788329 B3=1.09276439 B3LYP B4=1.09276487 B5=1.35394917 B6=1.00720982 B7=1.21697502 B8=1.45197348 B9=1.46855065 B10=1.09787215 B11=1.09128718 B12=1.09138461 B13=1.46855109 B14=1.09138467 B15=1.09128695 B16=1.0978716 A1=107.87442351 A2=111.06914866 A3=111.06907862 A4=123.46964338 A5=115.90602712 A6=124.57636239 A7=111.26763221 A8=110.31232189 A9=112.60075724 A10=109.69486981 A11=108.61773347 A12=110.31222855 A13=108.61774664 A14=109.69487324 A15=112.60073574 D1=119.36665694 D2=-119.36667254 D3=0. D4=179.99992734 D5=0.00007586 D6=180. D7=-118.45033518 D8=-63.72503595 D9=57.42257822 D10=175.47524205 D11=118.45035024 D12=-175.4749474 D13=-57.42230509 D14=63.72531681 – et1-b N,N,N’-Trimetiluréia (5) et2-a N C,1,B1 H,2,B2,1,A1 H,2,B3,1,A2,3,D1,0 H,2,B4,1,A3,4,D2,0 C,1,B5,2,A4,4,D3,0 H,1,B6,6,A5,2,D4,0 O,6,B7,1,A6,2,D5,0 N,6,B8,1,A7,2,D6,0 C,9,B9,6,A8,1,D7,0 H,10,B10,9,A9,6,D8,0 H,10,B11,9,A10,6,D9,0 H,10,B12,9,A11,6,D10,0 C,9,B13,6,A12,1,D11,0 H,14,B14,9,A13,6,D12,0 H,14,B15,9,A14,6,D13,0 H,14,B16,9,A15,6,D14,0 Variables: B1=1.44543059 B2=1.08257577 HF B3=1.08185804 B4=1.08192822 B5=1.34957558 B6=0.98959625 B7=1.18911103 B8=1.42513813 B9=1.44831821 B10=1.08298101 B11=1.09311906 B12=1.08229361 B13=1.44850132 B14=1.09293869 B15=1.08300765 B16=1.08224421 A1=111.16494662 A2=108.58259579 A3=110.86971846 A4=121.68528755 A5=119.13469345 A6=122.08868866 A7=115.86262362 A8=114.2382769 A9=108.85597332 A10=113.773194 A11=109.78229286 A12=114.21884869 A13=113.74645511 A14=108.84663778 A15=109.76572335 D1=119.86278307 D2=119.64855257 D3=-178.92030693 D4=177.6412225 D5=0.92609868 D6=-179.22088359 D7=66.89927036 D8=164.93089552 D9=-74.81302755 D10=46.95009519 D11=-66.8232232 D12=74.73621244 D13=-164.96807202 D14=-46.98806742 6-311+G(2d,p) N C,1,r2 H,2,r3,1,a3 H,2,r4,1,a4,3,d4,0 H,2,r5,1,a5,3,d5,0 C,1,r6,2,a6,3,d6,0 H,1,r7,2,a7,3,d7,0 O,6,r8,1,a8,2,d8,0 N,6,r9,1,a9,2,d9,0 C,9,r10,6,a10,1,d10,0 H,10,r11,9,a11,6,d11,0 H,10,r12,9,a12,6,d12,0 H,10,r13,9,a13,6,d13,0 C,9,r14,6,a14,1,d14,0 H,14,r15,9,a15,6,d15,0 H,14,r16,9,a16,6,d16,0 H,14,r17,9,a17,6,d17,0 Variables: r2=1.45373 r3=1.08966 B3LYP a3=108.88579 r4=1.09035 a4=110.25527 d4=119.73804 r5=1.09267 a5=111.42851 d5=-120.33756 r6=1.36094 a6=121.92792 d6=-172.23194 r7=1.00645 a7=118.96434 d7=11.29842 r8=1.21278 a8=122.40409 d8=1.4105 r9=1.44495 a9=115.34322 d9=-178.9828 r10=1.45717 a10=114.19885 d10=66.05704 r11=1.09221 a11=108.93498 d11=165.49424 r12=1.10491 a12=113.96921 d12=-74.41283 r13=1.0905 a13=109.7624 d13=47.46675 r14=1.45766 a14=114.06574 d14=-66.72073 r15=1.10466 a15=113.8715 d15=74.204 r16=1.09221 a16=108.94534 d16=-165.61103 r17=1.09044 a17=109.74063 d17=-47.56272 180 N,N,N’-Trimetiluréia (5) et2-b B3LYP/6-311+G(2d,p) N C,1,B1 H,2,B2,1,A1 H,2,B3,1,A2,3,D1,0 H,2,B4,1,A3,3,D2,0 C,1,B5,2,A4,3,D3,0 H,1,B6,6,A5,2,D4,0 O,6,B7,1,A6,2,D5,0 N,6,B8,1,A7,2,D6,0 C,9,B9,6,A8,1,D7,0 H,10,B10,9,A9,6,D8,0 H,10,B11,9,A10,6,D9,0 H,10,B12,9,A11,6,D10,0 C,9,B13,6,A12,1,D11,0 H,14,B14,9,A13,6,D12,0 H,14,B15,9,A14,6,D13,0 H,14,B16,9,A15,6,D14,0 Variables: B1=1.45247658 B2=1.09274017 B3=1.08736429 B4=1.09314904 B5=1.36359046 B6=1.00735253 B7=1.21222291 B8=1.44566576 B9=1.45702738 B10=1.0922561 B11=1.10477668 B12=1.09046509 B13=1.45715854 B14=1.10473289 B15=1.09223112 B16=1.09046097 A1=110.96644303 A2=107.77169453 A3=111.20244282 A4=123.36645063 A5=118.17111097 A6=123.3358492 A7=114.77429864 A8=114.25641682 A9=108.92684046 A10=113.98288533 A11=109.7389873 A12=114.20086305 A13=113.95426158 A14=108.93938193 A15=109.74024679 D1=119.32222897 D2=-121.36096257 D3=-122.01336961 D4=179.2440865 D5=0.41912032 D6=-179.68538268 D7=66.39240095 D8=165.14427014 D9=-74.74087406 D10=47.1362716 D11=-66.74640317 D12=74.63698799 D13=-165.22423109 D14=-47.19562474 181 N,N,N’-Trimetiltiouréia (6) ef2 6-311+G(2d,p) N C,1,B1 H,2,B2,1,A1 H,2,B3,1,A2,3,D1,0 H,2,B4,1,A3,4,D2,0 C,1,B5,2,A4,4,D3,0 H,1,B6,6,A5,2,D4,0 N,6,B7,1,A6,2,D5,0 C,8,B8,6,A7,1,D6,0 H,9,B9,8,A8,6,D7,0 H,9,B10,8,A9,6,D8,0 H,9,B11,8,A10,6,D9,0 C,8,B12,6,A11,1,D10,0 H,13,B13,8,A12,6,D11,0 H,13,B14,8,A13,6,D12,0 H,13,B15,8,A14,6,D13,0 S,6,B16,1,A15,2,D14,0 Variables: B1=1.44923032 B2=1.08150311 HF B3=1.07926063 B4=1.08255268 B5=1.34029381 B6=0.98945143 B7=1.34377866 B8=1.45120084 B9=1.07808794 B10=1.08673261 B11=1.08470134 B12=1.4544381 B13=1.08162867 B14=1.08521942 B15=1.07497651 B16=1.68860895 A1=111.64250124 A2=110.75310548 A3=107.39351632 A4=124.35285808 A5=118.54462083 A6=116.02194054 A7=121.29316156 A8=108.81455572 A9=112.05619723 A10=111.60674134 A11=121.20107393 A12=108.37573199 A13=111.45497786 A14=110.185418 A15=120.71695934 D1=121.02513165 D2=119.10468797 D3=59.91214338 D4=-167.53276418 D5=177.04576788 D6=10.30048443 D7=169.08768675 D8=-72.22084678 D9=50.41300297 D10=179.933538 D11=154.49909669 D12=-85.36158811 D13=35.18895008 D14=-3.58436896 N C,1,B1 H,2,B2,1,A1 H,2,B3,1,A2,3,D1,0 H,2,B4,1,A3,4,D2,0 C,1,B5,2,A4,4,D3,0 H,1,B6,6,A5,2,D4,0 N,6,B7,1,A6,2,D5,0 C,8,B8,6,A7,1,D6,0 H,9,B9,8,A8,6,D7,0 H,9,B10,8,A9,6,D8,0 H,9,B11,8,A10,6,D9,0 C,8,B12,6,A11,1,D10,0 H,13,B13,8,A12,6,D11,0 H,13,B14,8,A13,6,D12,0 H,13,B15,8,A14,6,D13,0 S,6,B16,1,A15,2,D14,0 Variables: B1=1.45411031 B2=1.09219416 B3LYP B3=1.08927416 B4=1.09080201 B5=1.36166805 B6=1.00597338 B7=1.36544817 B8=1.45554269 B9=1.08783668 B10=1.09768385 B11=1.09374023 B12=1.4563478 B13=1.09420542 B14=1.09418072 B15=1.0854166 B16=1.6877006 A1=111.76522405 A2=110.51267783 A3=107.77257393 A4=123.48732832 A5=118.6655178 A6=115.18005192 A7=121.76249064 A8=108.72371064 A9=112.47627544 A10=111.43606201 A11=122.08506025 A12=110.11853233 A13=110.3851591 A14=108.95720227 A15=120.71067922 D1=120.23234175 D2=119.32193039 D3=59.28576401 D4=-164.17295431 D5=177.66979464 D6=3.21316081 D7=170.29680538 D8=-70.83686924 D9=51.86884516 D10=-175.82086456 D11=121.61901221 D12=-118.21417157 D13=1.55997496 D14=-3.28989401 182 N,N,N’-Trimetiltiouréia (6) et1-a 6-311+G(2d,p) N C,1,B1 H,2,B2,1,A1 H,2,B3,1,A2,3,D1,0 H,2,B4,1,A3,3,D2,0 C,1,B5,2,A4,5,D3,0 H,1,B6,6,A5,2,D4,0 N,6,B7,1,A6,2,D5,0 C,8,B8,6,A7,1,D6,0 H,9,B9,8,A8,6,D7,0 H,9,B10,8,A9,6,D8,0 H,9,B11,8,A10,6,D9,0 C,8,B12,6,A11,1,D10,0 H,13,B13,8,A12,6,D11,0 H,13,B14,8,A13,6,D12,0 H,13,B15,8,A14,6,D13,0 S,6,B16,1,A15,2,D14,0 Variables: B1=1.4459852 B2=1.08141947 B3=1.08128124 HF B4=1.08142326 B5=1.31573892 B6=0.9937625 B7=1.42378117 B8=1.45804012 B9=1.08603647 B10=1.08244646 B11=1.08280623 B12=1.45803955 B13=1.08280629 B14=1.08244622 B15=1.08603618 B16=1.65980632 A1=110.72690022 A2=108.02097951 A3=110.72977068 A4=125.353414 A5=115.34799861 A6=111.31466493 A7=112.41094487 A8=112.48126702 A9=109.83833159 A10=108.17871123 A11=112.41115021 A12=108.17863436 A13=109.83826296 A14=112.48131275 A15=124.05251525 D1=119.87375782 D2=-120.24845999 D3=-60.14769079 D4=-179.99359683 D5=179.99740319 D6=-116.3768129 D7=-68.64774163 D8=52.53760945 D9=170.52051339 D10=116.3834011 D11=-170.52079415 D12=-52.53796472 D13=68.64745804 D14=-0.00067896 N C,1,B1 H,2,B2,1,A1 H,2,B3,1,A2,3,D1,0 H,2,B4,1,A3,3,D2,0 C,1,B5,2,A4,3,D3,0 H,1,B6,6,A5,2,D4,0 N,6,B7,1,A6,2,D5,0 C,8,B8,6,A7,1,D6,0 H,9,B9,8,A8,6,D7,0 H,9,B10,8,A9,6,D8,0 H,9,B11,8,A10,6,D9,0 C,8,B12,6,A11,1,D10,0 H,13,B13,8,A12,6,D11,0 H,13,B14,8,A13,6,D12,0 H,13,B15,8,A14,6,D13,0 S,6,B16,1,A15,2,D14,0 Variables: B1=1.45057641 B2=1.09172081 B3=1.09173026 B3LYP B4=1.08928527 B5=1.3376194 B6=1.01027572 B7=1.4411358 B8=1.46851031 B9=1.09730809 B10=1.09054802 B11=1.09140164 B12=1.4685133 B13=1.09140135 B14=1.09054751 B15=1.09730973 B16=1.66364403 A1=110.60327215 A2=110.60998311 A3=108.48621195 A4=124.82624869 A5=115.18937805 A6=110.77474872 A7=112.02401361 A8=112.39231091 A9=109.73309957 A10=108.3186486 A11=112.02201867 A12=108.31915311 A13=109.73296396 A14=112.39174623 A15=124.01393215 D1=119.32203305 D2=-120.33805424 D3=-59.59121278 D4=179.99680252 D5=-179.99895379 D6=-117.07236149 D7=-66.57638754 D8=54.47404926 D9=172.63038766 D10=117.06715964 D11=-172.62545698 D12=-54.46869309 D13=66.58114509 D14=0.00178721 183 N,N,N’-Trimetiltiouréia (6) et2-b 6-311+G(2d,p) N C,1,B1 H,2,B2,1,A1 H,2,B3,1,A2,3,D1,0 H,2,B4,1,A3,3,D2,0 C,1,B5,2,A4,5,D3,0 H,1,B6,6,A5,2,D4,0 N,6,B7,1,A6,2,D5,0 C,8,B8,6,A7,1,D6,0 H,9,B9,8,A8,6,D7,0 H,9,B10,8,A9,6,D8,0 H,9,B11,8,A10,6,D9,0 C,8,B12,6,A11,1,D10,0 H,13,B13,8,A12,6,D11,0 H,13,B14,8,A13,6,D12,0 H,13,B15,8,A14,6,D13,0 S,6,B16,1,A15,2,D14,0 Variables: B1=1.44724103 B2=1.08129036 B3=1.08177053 HF B4=1.08131261 B5=1.32529408 B6=0.99238494 B7=1.42032352 B8=1.44961831 B9=1.0824942 B10=1.09316637 B11=1.08176221 B12=1.44961466 B13=1.09316984 B14=1.08249376 B15=1.08176286 B16=1.64902513 A1=110.72879405 A2=108.04569426 A3=110.73438314 A4=125.10733266 A5=117.40062837 A6=115.1371477 A7=114.29088964 A8=108.60418858 A9=113.87675343 A10=109.56226832 A11=114.29219299 A12=113.877546 A13=108.60428231 A14=109.56254202 A15=123.59517676 D1=119.88138302 D2=-120.23193528 D3=-60.15122525 D4=-179.96368721 D5=179.99125867 D6=67.29850954 D7=165.98121912 D8=-73.79321137 D9=48.03777146 D10=-67.29215421 D11=73.79615303 D12=-165.97923893 D13=-48.03575381 D14=-0.00778151 N C,1,B1 H,2,B2,1,A1 H,2,B3,1,A2,3,D1,0 H,2,B4,1,A3,3,D2,0 C,1,B5,2,A4,3,D3,0 H,1,B6,6,A5,2,D4,0 N,6,B7,1,A6,2,D5,0 C,8,B8,6,A7,1,D6,0 H,9,B9,8,A8,6,D7,0 H,9,B10,8,A9,6,D8,0 H,9,B11,8,A10,6,D9,0 C,8,B12,6,A11,1,D10,0 H,13,B13,8,A12,6,D11,0 H,13,B14,8,A13,6,D12,0 H,13,B15,8,A14,6,D13,0 S,6,B16,1,A15,2,D14,0 Variables: B1=1.45228259 B2=1.09160659 B3=1.09155695 B3LYP B4=1.0900389 B5=1.34586426 B6=1.00906734 B7=1.4346746 B8=1.45795164 B9=1.09178499 B10=1.10487933 B11=1.09028961 B12=1.45795526 B13=1.10487678 B14=1.09178524 B15=1.09028891 B16=1.65564227 A1=110.60416839 A2=110.61339355 A3=108.50347108 A4=124.72057568 A5=117.64609673 A6=114.77969918 A7=114.3721499 A8=108.77391318 A9=114.08458767 A10=109.46621204 A11=114.37049447 A12=114.08351908 A13=108.77434435 A14=109.46603442 A15=123.32200899 D1=119.29738498 D2=-120.33083195 D3=-59.68506429 D4=179.97004646 D5=-179.98144674 D6=67.02938774 D7=166.45790132 D8=-73.38314308 D9=48.41992103 D10=-67.0458401 D11=73.38313753 D12=-166.4574905 D13=-48.41892955 D14=0.01353618 184 N,N,N’,N’-Tetrametiluréia (7) ef HF/6-311+G(2d,p) 185 N C,1,B1 H,2,B2,1,A1 H,2,B3,1,A2,3,D1,0 H,2,B4,1,A3,3,D2,0 C,1,B5,2,A4,3,D3,0 O,6,B6,1,A5,2,D4,0 N,6,B7,1,A6,2,D5,0 C,8,B8,6,A7,1,D6,0 H,9,B9,8,A8,6,D7,0 H,9,B10,8,A9,6,D8,0 H,9,B11,8,A10,6,D9,0 C,8,B12,6,A11,1,D10,0 H,13,B13,8,A12,6,D11,0 H,13,B14,8,A13,6,D12,0 H,13,B15,8,A14,6,D13,0 C,1,B16,6,A15,7,D14,0 H,17,B17,1,A16,6,D15,0 H,17,B18,1,A17,6,D16,0 H,17,B19,1,A18,6,D17,0 Variables: B1=1.44976178 B2=1.07797122 B3=1.08340936 B4=1.08715289 B5=1.37803933 B6=1.19778675 B7=1.37808417 B8=1.45217315 B9=1.07654473 B10=1.08841106 B11=1.08421764 B12=1.44976875 B13=1.07796971 B14=1.08340918 B15=1.08715504 B16=1.45216726 B17=1.08422506 B18=1.07654557 B19=1.08840306 A1=110.17234052 A2=108.38336865 A3=112.14157784 A4=115.24789691 A5=121.82541274 A6=116.34863452 A7=120.21519474 A8=111.28072175 A9=110.71583275 A10=109.91266022 A11=115.24348312 A12=110.17180312 A13=108.3835561 A14=112.14214726 A15=120.22564692 A16=109.91832138 A17=111.27828948 A18=110.71169797 D1=119.16024959 D2=-120.7061872 D3=45.97307289 D4=5.79124529 D5=-174.20655419 D6=44.49123818 D7=-28.01701699 D8=92.04012387 D9=-148.54781146 D10=-174.20422953 D11=45.97568962 D12=165.13616292 D13=-74.72988981 D14=-135.54521485 D15=-148.45934648 D16=-27.92369146 D17=92.12826792 N,N,N’,N’-Tetrametiluréia (7) ef B3LYP/6-311+G(2d,p) 186 N C,1,B1 H,2,B2,1,A1 H,2,B3,1,A2,3,D1,0 H,2,B4,1,A3,4,D2,0 C,1,B5,2,A4,3,D3,0 O,6,B6,1,A5,2,D4,0 N,6,B7,1,A6,2,D5,0 C,8,B8,6,A7,1,D6,0 H,9,B9,8,A8,6,D7,0 H,9,B10,8,A9,6,D8,0 H,9,B11,8,A10,6,D9,0 C,8,B12,6,A11,1,D10,0 H,13,B13,8,A12,6,D11,0 H,13,B14,8,A13,6,D12,0 H,13,B15,8,A14,6,D13,0 C,1,B16,6,A15,7,D14,0 H,17,B17,1,A16,6,D15,0 H,17,B18,1,A17,6,D16,0 H,17,B19,1,A18,6,D17,0 Variables: B1=1.4564407 B2=1.08664894 B3=1.09237637 B4=1.09704219 B5=1.38972984 B6=1.22431912 B7=1.38972336 B8=1.45836057 B9=1.08610999 B10=1.09729086 B11=1.09431458 B12=1.45643748 B13=1.08664812 B14=1.09237745 B15=1.09704249 B16=1.45836136 B17=1.0943123 B18=1.08610664 B19=1.09729411 A1=109.7499815 A2=108.81553612 A3=112.02806918 A4=116.04946364 A5=121.98054906 A6=116.03868093 A7=121.68105104 A8=110.72837255 A9=110.27219453 A10=110.99723336 A11=116.05129235 A12=109.7495716 A13=108.81599438 A14=112.02798567 A15=121.68021592 A16=110.99539676 A17=110.72947885 A18=110.27307076 D1=119.7012965 D2=120.18134778 D3=37.57485287 D4=7.57488038 D5=-172.41286687 D6=40.85995707 D7=-16.96723925 D8=102.37437907 D9=-137.99648886 D10=-172.42621862 D11=37.56312692 D12=157.26465976 D13=-82.5541639 D14=-139.13017392 D15=-138.02071905 D16=-16.99217476 D17=102.35038243 N,N,N’,N’-Tetrametiluréia (7) et1 HF/6-311+G(2d,p) 187 N C,1,B1 H,2,B2,1,A1 H,2,B3,1,A2,3,D1,0 H,2,B4,1,A3,3,D2,0 C,1,B5,2,A4,3,D3,0 O,6,B6,1,A5,2,D4,0 N,6,B7,1,A6,2,D5,0 C,8,B8,6,A7,1,D6,0 H,9,B9,8,A8,6,D7,0 H,9,B10,8,A9,6,D8,0 H,9,B11,8,A10,6,D9,0 C,8,B12,6,A11,1,D10,0 H,13,B13,8,A12,6,D11,0 H,13,B14,8,A13,6,D12,0 H,13,B15,8,A14,6,D13,0 C,1,B16,6,A15,7,D14,0 H,17,B17,1,A16,6,D15,0 H,17,B18,1,A17,6,D16,0 H,17,B19,1,A18,6,D17,0 Variables: B1=1.44642802 B2=1.07400121 B3=1.08625854 B4=1.08626359 B5=1.3470198 B6=1.19757016 B7=1.42802405 B8=1.45646297 B9=1.08363032 B10=1.08299684 B11=1.08702915 B12=1.45646217 B13=1.08363076 B14=1.08702967 B15=1.08299681 B16=1.4473792 B17=1.08592628 B18=1.07537742 B19=1.08593328 A1=110.56703938 A2=109.97153137 A3=109.9734067 A4=125.43920005 A5=123.02440836 A6=115.23798245 A7=110.44195193 A8=109.81467839 A9=108.68280118 A10=112.512021 A11=110.44189944 A12=109.81486233 A13=112.51215085 A14=108.68273865 A15=119.47702802 A16=110.11934057 A17=109.84821553 A18=110.12325647 D1=120.65676645 D2=-120.65795061 D3=0.02492896 D4=179.98368055 D5=-0.01816625 D6=-117.95989155 D7=56.85373172 D8=174.85042411 D9=-64.16023947 D10=117.96482323 D11=-56.85395504 D12=64.16000873 D13=-174.85061913 D14=0.00546734 D15=-120.42713295 D16=-0.04185883 D17=120.34432592 N,N,N’,N’-Tetrametiluréia (7) et1 B3LYP/6-311+G(2d,p) 188 N C,1,B1 H,2,B2,1,A1 H,2,B3,1,A2,3,D1,0 H,2,B4,1,A3,3,D2,0 C,1,B5,2,A4,3,D3,0 O,6,B6,1,A5,2,D4,0 N,6,B7,1,A6,2,D5,0 C,8,B8,6,A7,1,D6,0 H,9,B9,8,A8,6,D7,0 H,9,B10,8,A9,6,D8,0 H,9,B11,8,A10,6,D9,0 C,8,B12,6,A11,1,D10,0 H,13,B13,8,A12,6,D11,0 H,13,B14,8,A13,6,D12,0 H,13,B15,8,A14,6,D13,0 C,1,B16,6,A15,7,D14,0 H,17,B17,1,A16,6,D15,0 H,17,B18,1,A17,6,D16,0 H,17,B19,1,A18,6,D17,0 Variables: B1=1.45444664 B2=1.08437988 B3=1.09512955 B4=1.09512875 B5=1.36240562 B6=1.22095846 B7=1.44912704 B8=1.46760638 B9=1.09159307 B10=1.09158857 B11=1.09785719 B12=1.46761054 B13=1.09159573 B14=1.09786142 B15=1.09158834 B16=1.45504033 B17=1.09447687 B18=1.08559496 B19=1.09448626 A1=109.54930187 A2=110.15728294 A3=110.15532205 A4=125.13919249 A5=123.13064624 A6=114.53125648 A7=110.1609946 A8=109.73058147 A9=108.66551689 A10=112.58138117 A11=110.16095166 A12=109.73092726 A13=112.58115219 A14=108.66646676 A15=119.18210982 A16=110.23553596 A17=109.13284128 A18=110.2414099 D1=120.5164016 D2=-120.51777786 D3=-0.01046913 D4=179.99017169 D5=-0.0124959 D6=-118.4727748 D7=58.19770703 D8=176.25451445 D9=-62.84364108 D10=118.40900666 D11=-58.18432988 D12=62.85667839 D13=-176.24171476 D14=0.00215564 D15=-120.33436312 D16=-0.05030872 D17=120.23346775 N,N,N’,N’-Tetrametiltiouréia (8) ef HF/6-311+G(2d,p) 189 N C,1,B1 H,2,B2,1,A1 H,2,B3,1,A2,3,D1,0 H,2,B4,1,A3,4,D2,0 C,1,B5,2,A4,3,D3,0 N,6,B6,1,A5,2,D4,0 C,7,B7,6,A6,1,D5,0 H,8,B8,7,A7,6,D6,0 H,8,B9,7,A8,6,D7,0 H,8,B10,7,A9,6,D8,0 C,7,B11,6,A10,1,D9,0 H,12,B12,7,A11,6,D10,0 H,12,B13,7,A12,6,D11,0 H,12,B14,7,A13,6,D12,0 C,1,B15,6,A14,7,D13,0 H,16,B16,1,A15,6,D14,0 H,16,B17,1,A16,6,D15,0 H,16,B18,1,A17,6,D16,0 S,6,B19,1,A18,2,D17,0 Variables: B1=1.45117834 B2=1.07665289 B3=1.08350165 B4=1.08510286 B5=1.35407147 B6=1.35413988 B7=1.45556508 B8=1.07650511 B9=1.08521565 B10=1.08477418 B11=1.45117464 B12=1.08350416 B13=1.08510466 B14=1.07665485 B15=1.45555362 B16=1.08477631 B17=1.07650635 B18=1.08520871 B19=1.6780359 A1=110.5407119 A2=107.75905837 A3=111.81728728 A4=120.34413998 A5=115.83415565 A6=121.30377849 A7=111.09456412 A8=109.07666281 A9=111.28667151 A10=120.33906384 A11=107.75820473 A12=111.81899909 A13=110.5403157 A14=121.31346565 A15=111.2895757 A16=111.0926707 A17=109.07408932 A18=122.08352002 D1=119.10246508 D2=119.8541681 D3=43.24564367 D4=-168.4270555 D5=38.60534836 D6=-4.80272671 D7=114.10836406 D8=-126.56439181 D9=-168.41040852 D10=162.35787356 D11=-77.78768418 D12=43.25680509 D13=38.5391482 D14=-126.50638253 D15=-4.74286279 D16=114.16719615 D17=11.57854989 N,N,N’,N’-Tetrametiltiouréia (8) ef B3LYP/6-311+G(2d,p) 190 N C,1,B1 H,2,B2,1,A1 H,2,B3,1,A2,3,D1,0 H,2,B4,1,A3,4,D2,0 C,1,B5,2,A4,3,D3,0 N,6,B6,1,A5,2,D4,0 C,7,B7,6,A6,1,D5,0 H,8,B8,7,A7,6,D6,0 H,8,B9,7,A8,6,D7,0 H,8,B10,7,A9,6,D8,0 C,7,B11,6,A10,1,D9,0 H,12,B12,7,A11,6,D10,0 H,12,B13,7,A12,6,D11,0 H,12,B14,7,A13,6,D12,0 C,1,B15,6,A14,7,D13,0 H,16,B16,1,A15,6,D14,0 H,16,B17,1,A16,6,D15,0 H,16,B18,1,A17,6,D16,0 S,6,B19,1,A18,2,D17,0 Variables: B1=1.45657373 B2=1.08647127 B3=1.09231304 B4=1.09552661 B5=1.37420368 B6=1.37450968 B7=1.46258254 B8=1.08606232 B9=1.09540821 B10=1.09404322 B11=1.45661688 B12=1.09230461 B13=1.09555553 B14=1.08646689 B15=1.462452 B16=1.09406679 B17=1.08606773 B18=1.09537566 B19=1.68014408 A1=110.11549232 A2=108.19216555 A3=111.82971239 A4=119.90027765 A5=115.03444843 A6=121.24127343 A7=110.53159271 A8=109.40649566 A9=111.51571557 A10=119.86866691 A11=108.18288474 A12=111.83906038 A13=110.11654568 A14=121.29827085 A15=111.52948904 A16=110.52175941 A17=109.3944166 A18=122.48214611 D1=119.68125573 D2=120.10810239 D3=40.19635605 D4=-167.63274126 D5=39.7035837 D6=-7.0542264 D7=111.93675022 D8=-128.48102025 D9=-167.60363007 D10=160.04224004 D11=-79.85438438 D12=40.36490864 D13=39.38650236 D14=-128.16477315 D15=-6.73124683 D16=112.2576688 D17=12.37357402 N,N,N’,N’-Tetrametiltiouréia (8) et1 HF/6-311+G(2d,p) 191 N C,1,B1 H,2,B2,1,A1 H,2,B3,1,A2,3,D1,0 H,2,B4,1,A3,4,D2,0 C,1,B5,2,A4,5,D3,0 N,6,B6,1,A5,2,D4,0 C,7,B7,6,A6,1,D5,0 H,8,B8,7,A7,6,D6,0 H,8,B9,7,A8,6,D7,0 H,8,B10,7,A9,6,D8,0 C,7,B11,6,A10,1,D9,0 H,12,B12,7,A11,6,D10,0 H,12,B13,7,A12,6,D11,0 H,12,B14,7,A13,6,D12,0 C,1,B15,6,A14,7,D13,0 H,16,B16,1,A15,6,D14,0 H,16,B17,1,A16,6,D15,0 H,16,B18,1,A17,6,D16,0 S,6,B19,1,A18,16,D17,0 Variables: B1=1.45647258 B2=1.08439204 B3=1.08438878 B4=1.0724045 B5=1.31979681 B6=1.42132928 B7=1.45666826 B8=1.08581962 B9=1.08280991 B10=1.0832692 B11=1.4566698 B12=1.08280931 B13=1.08582002 B14=1.08326921 B15=1.45599507 B16=1.08084951 B17=1.08084106 B18=1.08028454 B19=1.67166936 A1=109.43928428 A2=109.43794299 A3=110.4813663 A4=124.72668153 A5=114.88397253 A6=112.62309418 A7=112.54739737 A8=109.89382762 A9=108.21452588 A10=112.6225893 A11=109.8937734 A12=112.54740963 A13=108.21437625 A14=120.17620774 A15=110.6955899 A16=110.69415564 A17=108.29916511 A18=123.16098375 D1=118.62486505 D2=120.68722576 D3=-0.01636707 D4=0.01336718 D5=-115.99006223 D6=-68.708745 D7=52.40643511 D8=170.36367111 D9=115.98329002 D10=-52.40532195 D11=68.70996448 D12=-170.36262616 D13=179.99907736 D14=-59.97690744 D15=59.96252146 D16=179.99256119 D17=-0.00218996 N,N,N’,N’-Tetrametiltiouréia (8) et2 B3LYP/6-311+G(2d,p) 192 N C,1,B1 H,2,B2,1,A1 H,2,B3,1,A2,3,D1,0 H,2,B4,1,A3,3,D2,0 C,1,B5,2,A4,5,D3,0 N,6,B6,1,A5,2,D4,0 C,7,B7,6,A6,1,D5,0 H,8,B8,7,A7,6,D6,0 H,8,B9,7,A8,6,D7,0 H,8,B10,7,A9,6,D8,0 C,7,B11,6,A10,1,D9,0 H,12,B12,7,A11,6,D10,0 H,12,B13,7,A12,6,D11,0 H,12,B14,7,A13,6,D12,0 S,6,B15,1,A14,2,D13,0 C,1,B16,6,A15,7,D14,0 H,17,B17,1,A16,6,D15,0 H,17,B18,1,A17,6,D16,0 H,17,B19,1,A18,6,D17,0 Variables: B1=1.46021463 B2=1.09124391 B3=1.09127759 B4=1.08874153 B5=1.34559003 B6=1.43686773 B7=1.46677034 B8=1.09734698 B9=1.09089984 B10=1.09180149 B11=1.46676812 B12=1.09180144 B13=1.09090189 B14=1.09734799 B15=1.67396952 B16=1.4624633 B17=1.09355739 B18=1.09357067 B19=1.08366041 A1=110.54698383 A2=110.55357195 A3=108.59750441 A4=119.69548578 A5=114.35348106 A6=112.2815271 A7=112.40625728 A8=109.8000728 A9=108.39043297 A10=112.28230134 A11=108.39102708 A12=109.80055345 A13=112.40591654 A14=122.94069286 A15=124.34217209 A16=109.81797822 A17=109.82006607 A18=109.34470502 D1=118.91265381 D2=-120.54437855 D3=-179.9200113 D4=179.99729554 D5=-116.61629151 D6=-66.27418323 D7=54.64598252 D8=172.80195922 D9=116.61329734 D10=-172.80115247 D11=-54.64470523 D12=66.27471503 D13=-0.00044653 D14=-0.0493473 D15=120.5231955 D16=-120.41055552 D17=0.05650285