produção de biomassa de clones de eucalipto sob fontes e doses
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produção de biomassa de clones de eucalipto sob fontes e doses
II Simpósio de Tecnologia Sucroenergética e de Biocombustíveis PRODUÇÃO DE BIOMASSA DE CLONES DE EUCALIPTO SOB FONTES E DOSES DE BORO BIOMASS PRODUCTION OF EUCALYPTUS CLONES UNDER BORON SOURCES AND RATES Vitor Corrêa de Mattos Barretto (1) Jefferson Ferreira da Silva(2) José Eduardo Dias Calixto Júnior (3) Cleiton da Silva Oliveira(4) ClaudenirFacincani Franco(5) Resumo O propósito deste estudo foi avaliar respostas de clones de eucalipto sob fontes e doses de boro em casa-de-vegetação. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, em arranjo fatorial 2 x 5 x 2 com 5 repetições, totalizando 100 unidades experimentais, que foram representadas por um vaso de 7 dm3 com 1 planta de eucalipto. O primeiro fator foi composto por cinco doses de boro (0,00; 0,25; 0,75; 2,25; 6,25 mg kg-1); o segundo: duas fontes de boro (ácido bórico e ulexita) e o terceiro: dois clones (GG 100 e Super Clone). Massa de matéria seca de folhas, ramos, caule e total da parte aérea aos três meses de idade foram avaliados. A massa seca das folhas, dos ramos, do caule e a massa seca total da parte aérea apresentaram diferenças estatísticas significativas. A produção de biomassa, principalmente para produção de folhas e total da parte aérea, mostrou efeitos diferenciados para clones e doses de boro. O Super Clone foi superior em comparação ao GG100 para produção de folha e biomassa total. As doses de boro influenciaram as produções de folhas e biomassa total no Super Clone e para o GG100, não houve diferenças. Palavras-chave: Micronutriente. Adubação. Produção florestal. Abstract The purpose of this study was to evaluate responses of Eucalyptus clones under sources and rates of boron in greenery. The experimental design used was the completely randomized in a 2 x 5 x 2 factorial scheme with five replications, totaling one hundred experimental units, which were represented by a vase of 7 dm3of soil with Eucalyptus plant. The first factor was composed of five doses of boron (0; 0.25; 0.75; 2.25 and 6.25 mg kg-1); the second: two sources of boron (boric acid and ulexite) and the third: two clones (GG 100 and Super Clone). Dry matter of the leaves, branches, stem and total of the shoot at 3th month of age were evaluated. The dry matter of leaves, of branches, of stem and total dry matter of the shoot showed significant statistical differences. Biomass production, mainly for production of leaves and total of the shoot, showed different effects for clones and rates of boron. The Super 1 Doutor em Agronomia pela Unesp/FCAV. Professor da Universidade Estadual de Goiás, Câmpus Ipameri (UEG) – GO; 2,3Universidade Estadual de Goiás, Ipameri (UEG) – GO;4Mestrando do Programa de Produção Vegetal da Universidade Estadual de Goiás, Ipameri – GO.5Doutor em Agronomia pela Unesp/FCAV. Professor do curso de Tecnologia em Biocombustíveis na Faculdade de Tecnologia Nilo de Stéfani, Jaboticabal (Fatec-JB) – SP. E-mail contato: [email protected] Ciência & Tecnologia: Fatec-JB, Jaboticabal, v. 6, p.16-21, 2014. Suplemento. 16 II Simpósio de Tecnologia Sucroenergética e de Biocombustíveis Clone was superior in comparison to GG100 for leaf production and total biomass. The rates of boron influenced the productions of leaves and total biomass in the Super Clone and to GG100, there was no differences. Keywords: Micronutrient. Fertilization. Production forest. 1 Introdução A expansão de florestas plantadas vem ocorrendo principalmente em áreas do Cerrado, conhecidas por apresentarem acentuada restrição hídrica e nutricional, no qual o estado de Goiás está inserido. Apesar dessas características, as excelentes propriedades físicas, topográficas e a posição geográfica tornam a implantação de florestas de rápido crescimento um ótimo negócio em Goiás. O estado de Goiás está na 11ª posição em área de florestas plantadas (38.081 ha), no ano de 2012 (ABRAF, 2013), para atender a demanda das companhias mineradoras, que usam a lenha, para as siderúrgicas de Minas Gerais fabricarem o aço, para produção de embalagens e madeira serrada. Os solos destinados aos cultivos do eucalipto concentram-se em solos de baixa fertilidade, como os Neossolos Quartzarênicos e Latossolos de textura média (SGARBI et al., 1999), apresentando alguns nutrientes limitantes como o fósforo, o potássio e o boro (GONÇALVES; VALERI, 2001). O boro é, entre os micronutrientes, o que mais apresenta deficiência no solo, requerendo repetidas adubações (MATTIELLO et al., 2009). A importância do boro está associada à formação da parede celular, mais especificamente na síntese dos seus componentes, como apectina, a celulose e a lignina (MARSCHNER, 1995; MORAES et al., 2002; SILVEIRA et al., 2002). A exigência de B varia largamente entre as espécies vegetais (BELL, 1997). Neste sentido, objetivou-se avaliar respostas de clones de eucalipto sob fontes e doses de boro em casa de vegetação. 2 Material e Métodos O experimento foi conduzido em casa de vegetação, na Unidade Universitária de Ipameri, Universidade Estadual de Goiás. Foram usados dois clones comerciais (GG 100 da Gerdau e AEC 1528 – Super clone da S&D Viveiros) híbridos de Eucalyptus grandis W. (Hill ex Maiden) x E. urophylla S.T. Blake, que vêm sendo usados em áreas de plantio comercial na região sudeste de Goiás. As mudas foram Ciência & Tecnologia: Fatec-JB, Jaboticabal, v. 6, p.16-21, 2014. Suplemento. 17 II Simpósio de Tecnologia Sucroenergética e de Biocombustíveis obtidas por meio de enraizamento de mini-estaca em tubetes de 50 cm3, com altura média da parte aérea de 20 cm e 107 dias de idade. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, em arranjo fatorial 5 x 2 x 2, com 5 repetições, totalizando 100 unidades experimentais, que foram representadas por um vaso de 7 dm3 com 1 planta. O primeiro fator foi composto por cinco doses de boro (0,00; 0,25; 0,75; 2,25; 6,25 mg kg-1); o segundo: duas fontes de boro (ácido bórico e ulexita), ambos fornecidos pela empresa de Fertilizantes Heringer, e o terceiro: dois clones comerciais (GG 100 e Super Clone). A ulexita é um borato natural de sódio e cálcio na forma mineral, que é extraído o boro para a fabricação do ácido bórico. O solo usado foi o Latossolo Vermelho distroférrico da camada superficial (0–0,2m). A análise de solo na área experimental apresentou a seguinte composição química: pH (CaCl2)= 4,4; H + Al= 47 mmolc dm-3; Ca= 7 mmolc dm-3; Mg= 3 mmolc dm-3; P (resina)= 5 mg dm-3; K= 2,4 mmolc dm-3; Matéria orgânica = 33 g dm-3; CTC= 59 mmolc dm-3; V%= 21; Cu= 1,2 mg dm-3, Fe= 66 mg dm-3, Mn= 6,9 mg dm-3, Zn= 0,6 mg dm-3,= e B= 0,12 mg dm-3. Realizou-se incubação do solo para elevar a saturação por base em 60%, sendo a dose utilizada de 8,75 g de calcário por vaso conforme necessidade indicada na análise de solo. A adubação de plantio constou de 7 g do formulado NPK 13-30-10 + 0,2 Zn, produzido pela empresa de Fertilizantes Heringer, de acordo com os resultados da análise química do solo estudado. A irrigação das plantas de eucalipto foi realizada a fim de manter a capacidade de campo do solo a 60%, definida a partir da pesagem dos vasos. As plantas foram conduzidas até os 90 dias após o transplantio, momento em que foram realizadas as avaliações de massa de matéria seca de folhas, ramos, caule e massa de matéria seca total da parte aérea. Os dados foram submetidos à análise de variância (teste F) e as médias comparadas pelo teste de Tukey (p < 0,05). 3 Resultados e Discussão A biomassa de folhas, ramos, caule e total da parte aérea apresentaram diferenças estatísticas significativas para os clones avaliados. Houve resposta das fontes para produção de massa seca das folhas e total da parte aérea, além de interação entre os clones e doses (Tabela 1). Ciência & Tecnologia: Fatec-JB, Jaboticabal, v. 6, p.16-21, 2014. Suplemento. 18 II Simpósio de Tecnologia Sucroenergética e de Biocombustíveis A interação entre clones e doses de boro para biomassa de folhas e total da parte aérea está apresentada na Tabela 2. Para clones, verifica-se que tanto para biomassa de folhas quanto para total da parte aérea, o Super Clone produziu mais do que o GG100 nas doses de 0,75 e 2,25 mg kg-1 de boro. Em relação a doses de boro, houve diferenças estatísticas entre as produções de biomassa de folhas e total para GG100, entretanto as doses de boro não foram suficientes para promover grandes incrementos na biomassa, em comparação com a testemunha. O Super Clone não apresentou diferenças estatísticas significativas para produção de biomassa de folhas e total da parte aérea. Tabela 1 - Valores de F calculados para massa seca de folhas (MSF), massa seca de ramos (MSR), massa seca de caule (MSC) e massa seca total da parte aérea (MSTPA) de eucalipto. F calculado Fontes de variação MSF MSR MSC MSTPA Clones (C) 5,15* 11,07** 64,58** 10,33** Fontes (F) 4,88* 2,10ns 0,62ns 6,24* ns ns ns Doses (D) 2,12 1,87 1,20 1,54ns CxF 0,74ns 0,41ns 0,17ns 0,02ns ns ns CxD 3,32* 1,79 1,62 2,54* ns ns ns FxD 0,86 1,88 1,01 1,41ns 1,35ns CxDxF 1,54ns 0,35ns 1,41ns CV (%) 11,05 11,19 10,55 9,56 **significativo a 1% de probabilidade; *significativo a 5% de probabilidade; ns = não significativo pelo teste F. (Ipameri, GO, 2013). A resposta do eucalipto ao B na solução nutritiva, de acordo com Mattiello et al. (2009), depende do clone, havendo diferenças entre eles na tolerância à deficiência e toxidez e na eficiência de utilização de B. Ramos et al. (2009) verificaram que as menores doses de B (2,03; 2,21; e 2,13 mg -3 dm ) proporcionaram a máxima produção de matéria seca da parte aérea de Eucalyptus citriodora. Não foi observado aparecimento de sintomas de deficiência de boro durante a condução do experimento. Ciência & Tecnologia: Fatec-JB, Jaboticabal, v. 6, p.16-21, 2014. Suplemento. 19 II Simpósio de Tecnologia Sucroenergética e de Biocombustíveis Tabela 2 - Valores médios de massa seca de folhas (MSF) e massa seca total (MSTPA) de eucalipto em função dos clones e doses de boro. MSF Doses (mg kg-1) Clones 0 0,25 0,75 2,25 GG 100 37,49aA 30,59aB 32,07bB 33,64bAB Super Clone 34,08aA 34,94aA 34,00aA 35,50aA MSTPA Doses (mg kg-1) Clones 0 0,25 0,75 2,25 GG 100 63,08bA 54,79aB 58,10bAB 60,91bAB Super Clone 63,25aA 63,77aA 60,36aA 60,93aA da parte aérea 6,25 31,97aB 35,75aA 6,25 56,81aAB 64,03aA a,b: Médias dos clones dentro de cada dose seguidas da mesma letra minúscula em cada coluna não diferem entre si, a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey. A,B: Médias das doses dentro de cada clone seguidas da mesma letra maiúscula em cada linha não diferem entre si, a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey.(Ipameri, GO, 2013). 4 Conclusão A produção de biomassa, principalmente para produção de folhas e total da parte aérea, apresentou respostas distintas para clones e doses de boro. O Super Clone foi superior em relação ao GG100 na produção de folhas e biomassa total. As doses de boro pouco influenciaram as produções de folhas e biomassa total no GG100 e para o Super Clone não houve diferenças. Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PRODUTORES DE FLORESTAS PLANTADAS. Anuário estatístico da ABRAF ano base 2012. Brasília. 2013. 142 p. Disponível em:<http//:www.abraflor.org.br/estatisticas/ABRAF12/ABRAF12-BR.pdf >. Acesso em: 05 out. 2014. BELL, R. W. Diagnosis and prediction of boron deficiency for plant production. Plant Soil, v.193, p.149-168, 1997. GONÇALVES, J.L.M.; VALERI, S.V. Micronutrientes para culturas: eucalipto e pinus. In: FERREIRA, M.E.; CRUZ, M.C.P.; RAIJ, B. van; ABREU, C.A. (Ed.). Micronutrientes e elementos tóxicos na agricultura. Jaboticabal: CNPq/FAPESP/POTAFOS, 2001. p. 393-423. MARSCHNER, H. Mineral nutritional of higher plants. London: Academic, 1995. 889p. MORAES, L.A.C.; MORAES, V.H.F.; MOREIRA, A. Relação entre a flexibilidade do caule de seringueira e a carência de boro. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.37, n.10, p.1431-1436, 2002. Ciência & Tecnologia: Fatec-JB, Jaboticabal, v. 6, p.16-21, 2014. Suplemento. 20 II Simpósio de Tecnologia Sucroenergética e de Biocombustíveis MATTIELLO, E. M.; RUIZ, H. A.; SILVA, I. R.; GUERRA, P. C.; ANDRADE, V. M. Características fisiológicas e crescimento de clones de eucalipto em resposta ao boro. Revista Árvore, Viçosa, v. 33, n. 5, p. 821-830, 2009. RAMOS, S. J.; FAQUIN, V.; FERREIRA, R. M. A.; ARAUJO, J. L. A.; CARVALHO, J. G. Crescimento e teores de boro em plantas de eucalipto (Eucalyptus citriodora) cultivadas em dois solos sob influência de doses de boro e disponibilidade de água. Revista Árvore, Viçosa, v.33, n.1, p.57-65, 2009. SGARBI, F.; SILVEIRA, R.L.V.A.; TAKARASHI, E. N.; CAMARGO, M.A.F. Crescimento e produção de biomassa de clone de Eucalyptus grandis x Eucalyptus urophylla em condições de deficiência de macronutrientes, B e Zn. IPEF, Piracicaba, n. 56, p. 69-82, 1999. SILVEIRA, R.L.V.A.; MOREIRA, A; TAKAHASHI, E.N.; SGARBI, F.; BRANCO, E.F. Sintomas de deficiência de macronutrientes e de boro em clones híbridos de Eucalyptus grandis com Eucalyptus urophylla. Cerne, Lavras, v.8, n.2, p.108-117, 2002. Ciência & Tecnologia: Fatec-JB, Jaboticabal, v. 6, p.16-21, 2014. Suplemento. 21
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