Cem anos de turismo em Portalegre One hundred years of tourism

Transcrição

Cem anos de turismo em Portalegre One hundred years of tourism
PUBL I C A Ç Õ E S D A F U N D A ÇÃO R O B INSO N
ISSN
1646-7116
Cem anos de turismo em Portalegre
One hundred years of tourism in Portalegre
14
Publ i c a ç õ e s d a F u n d a ç ã o R o b i n s o n
Cem anos de turismo em Portalegre
One hundred years of tourism in Portalegre
António Ventura
14
Publicações da Fundação Robinson n.º 14
Robinson Foundation Publications no. 14
Cem anos de turismo em Portalegre
One hundred years of tourism in Portalegre
António Ventura
Portalegre, 2009 Portalegre 2009
Fundação Robinson
Robinson Foundation
Conselho de Curadores
Council of Curators
José Fernando da Mata Cáceres (Presidente) (Chair),
António Fernando Biscainho, Carlos Melancia, Jaime Azedo,
Nuno Oliveira, Luís Calado, Sérgio Umbelino, António Ventura,
Filipe Themudo Barata
Conselho de Administração
Administrative Council
José Polainas (Presidente) (Chair), Helena Nabais, Ana Manteiga,
João Adolfo Geraldes, Joaquim Leal Martins
Conselho Fiscal
Fiscal Council
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José Escarameia de Sousa, António Escarameia Mariquito
Administradora Delegada
Assistant Administrator
Alexandra Carrilho Barata
A correspondência relativa a colaboração,
permuta e oferta de publicações deverá ser dirigida a
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Fundação Robinson
Robinson Foundation
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Tel. 245 307 463
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António Camões Gouveia
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Há Cultura Lda.
Publicações da Fundação Robinson
Robinson Foundation Publications
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Editorial Board
Amélia Polónia, António Camões Gouveia, António Filipe Pimentel,
António Ventura, Carlos Serra, João Carlos Brigola, José Dias Heitor
Patrão, Luísa Tavares Moreira, Maria João Mogarro, Mário Freire,
Rui Cardoso Martins
Director
Editor
tradução
translated by
David Hardisty (inglês) (english), Pedro Santa María de Abreu
(espanhol) (spanish)
revisão
editing
Ana Bicho, António Camões Gouveia, Jorge Maroco Alberto
Impressão
printed by
Caleidoscópio, edição e artes gráficas, SA
António Camões Gouveia
Administração das Publicações
Publications Administrator
dep. legal 298324/09
issn 978-989-658-040-7
Alexandra Carrilho Barata
Secretariado de Edição
Publication Secretary
Ana Bicho (Câmara Municipal de Portalegre) (Portalegre Town Hall)
Jorge Maroco Alberto
Agradecimentos
acknowledgements
Aurélio Bentes Bravo, António Martinó Coutinho, Raul Ladeira
Capa: pormenor de ilustração de João Tavares para capa
da revista Viagem, Maio/Junho 1950
Cover: detail of illustration by João Tavares for the cover
of the magazine Viagem, May/June 1950
4
Cem anos de turismo em Portalegre
One hundred years of tourism in Portalegre
Cien años de turismo en Portalegre
Presidente do Conselho de Curadores | Chair of the Council of Curators
6
Cem anos de turismo e a Fundação Robinson
One hundred years of tourism and the Robinson Foundation
10
Cien años de turismo y la Fundación Robinson
António Camões Gouveia
Introdução
Introduction
Introducción
26
Portalegre no início do século XX
38
Portalegre at the beginning of the 20th century
Portalegre a inicios del siglo XX
A Sociedade de Propaganda de Portugal e Portalegre
The Society for the Promotion of Portugal and Portalegre
La Sociedad de Propaganda de Portugal y Portalegre
52
Portalegre no Guia de Portugal de Raul Proença
58
Grémio Alentejano, Casa do Alentejo
66
Portalegre in the Guide to Portugal by Raul Proença
Portalegre en la Guía de Portugal de Raúl Proença
Grémio Alentejano, Casa do Alentejo
Grémio Alentejano, Casa de Alentejo
A Serra de Portalegre – estância turística
The Portalegre Mountain – tourist resort
La Sierra de Portalegre – estancia turística
82
As festas da cidade
The city festivals
Las fiestas de la ciudad
102
A Festa dos Aventais
A Festa dos Aventais – The Aprons Festival
La Festa dos Aventais
112
Da Comissão de Iniciativa e Turismo à Comissão Municipal de Turismo
From Planning and Tourist Commission to Municipal Tourist Commission
De la Comissão de Iniciativa e Turismo a la Comissão Municipal de Turismo
132
As Festas Centenárias de 1950
The 1950 Centenary Celebrations
Las Fiestas Centenarias de 1950
142
Cronologia
Chronology
Cronología
196
Síntese: resumos e palavras-chave
Abstracts and key-words
Resúmenes y palabras clave
Cem anos de turismo em Portalegre
One hundred years of tourism in Portalegre
José Fernando da Mata Cáceres
presidente do conselho de curadores
chair of the council of curators
Publicações da Fundação Robinson 14, 2009, p. 4-5, ISSN 1646-7116
Reconhecendo bem as mais valias desta terra, a capacidade de acolhimento
e a simpatia das gentes, é um motivo de orgulho promover iniciativas que ajudem a enaltecer o nome de Portalegre. Neste caso concreto, os “Cem anos de
Turismo em Portalegre”, mais do que uma publicação, podem ser o ponto de
partida para mais uma reflexão profunda acerca desta temática. Se temos as
condições, o património, a paisagem e os produtos, porque é que Portalegre
nunca se conseguiu afirmar como um destino turístico de excelência? Conhecer Portalegre é provar os produtos tradicionais qualificados aplicados à nossa gastronomia, é descobrir a hospitalidade de uma terra conservadora que tem vindo a apostar na inovação e na modernidade, é apreciar o
valor patrimonial, histórico e cultural da sua arquitectura e dos seus gestos
e saberes, nas ruas, nas praças, nos monumentos e naqueles com quem nos
cruzamos.
Em cem anos Portalegre modificou a sua forma de se apresentar ao mundo,
multiplicou a oferta turística, descobriu que o caminho a seguir é o da diversidade da Cultura como forma de diversificar o Turismo. Turismo que pode ser
em futuro muito próximo um dos valores mais ricos do concelho de Portalegre
no que a Fundação Robinson terá, com certeza, uma palavra a dizer. Se há cem anos se trabalhou no sentido de criar uma imagem coordenada
para Portalegre, assente no passeio à Serra de São Mamede, hoje fazêmo-lo
tendo por base a memória e os patrimónios que podemos deixar às gerações
futuras. Porque acreditamos em Portalegre estamos a investir em diferentes
áreas do desenvolvimento: na cultura, na educação e na formação, na área
social, na inovação e na criatividade. A dimensão turística que nos interessa hoje tem a ver com a construção
cultural local, aquela que engloba a construção de novos espaços de estadia e
lazer, espaços requalificados, novos jardins, novos museus, novos locais para
passear ou que apetece visitar. Locais que falam de permanências de cultura,
porque é nelas que residem os valores que nos caracterizam, os motivos capazes de atrair os olhares dos visitantes, as razões para querer conhecer e saber
mais sobre nós. A renovação, a adaptação e a consequente abertura e o preenchimento de
“vazios urbanos” ajuda-nos a construir esta realidade interior, consolidando o
património existente, criando novos interesses, desafiando quem passa a uma
visita mais atenta e prolongada. Conservando o carácter mais conservador e
muito hospitaleiro dos espaços e das pessoas, abrimos a cidade ao exterior
procurando dar respostas às novas vagas de turistas, cada vez mais exigentes.
Estamos a construir uma imagem sólida, de qualidade, e, simultaneamente,
moderna e arrojada. A paixão e o orgulho de Portalegre pelas suas coisas, pelos
seus sítios, sente-se nas ruas, nos cafés, nas pessoas… O que é que, em conjunto, vamos fazer para que os outros sintam o mesmo que nós?
Knowing well the riches of this land, the ability to receive and the
friendliness of its people, it is a source of pride to promote initiatives which
help to praise the name of Portalegre. In this specific case, the “Hundred
years of Tourism in Portalegre”, can be more than a publication, and rather
the starting point for considered reflection on this theme. If we possess the
conditions, the patrimony, the countryside and products, why is it that Portalegre has never managed to become a tourist destination par excellence? Knowing Portalegre involves tasting its rich traditional gastronomic
products, discovering the hospitality of a conservative land which has been
investing in innovation and modernity, and appreciating the patrimonial,
historical and cultural aspects of its architecture, along with its gestures and
tastes, in its streets, squares, monuments and the people we come across.
During these hundred years Portalegre has altered the way it presents
itself to the world, increased what it has to offer to tourists, and discovered
that the path to follow is one of diversifying Culture as a means of diversifying Tourism, a Tourism which in the very near future could be one of the
richest assets for the district of Portalegre and in which the Robinson Foundation will certainly have a word to say. If one hundred years ago, the image worked on in establishing a coordinated vision for Portalegre was based around a stroll to the Serra de São
Mamede, today this is achieved by basing this on the memory and patrimony
that we can leave to future generations. As such, in Portalegre we believe that
we are investing in different areas of development: in culture, education and
training, in the social area, in innovation and creativity. The aspect of tourism which interests us presently has to do with the
construction of local culture, that which covers the creation of new spaces in
which to stay and enjoy leisure, renovated spaces, new gardens, new museums, new places to walk around or to decide to visit. Places which tell us of
the permanence of culture, since it is there that the values of which we are
formed reside, the reasons which can attract the eye of the visitors, the reasons which they wish to learn about and so know more about ourselves. Renovation, adaptation and subsequent opening and filling of “urban
emptiness” helps us to build this interior reality, by consolidating our existing
patrimony, establishing new interests and daring those passing by to remain
for a longer and more attentive stay. By conserving the most conservative
and hospitable character of the spaces and people, we can open the city to the
outside work by seeking to obtain answers to the new, ever more demanding,
tourist trends. We are building a solid image, which is one of quality and, at
the same time, both modern and bold. The passion and pride that Portalegre
has for its things, for its places, is felt in the streets, the cafés, within people
... What can we jointly do so that others can feel that which we do?
Cem anos de turismo e a Fundação Robinson
One hundred years of tourism and the Robinson Foundation
António Camões Gouveia
F.C.S.H. da U.N.L. e Coordenador Científico da Fundação Robinson
F.C.S.H. of the U.N.L. and Academic Coordinator for the Robinson Foundation
Publicações da Fundação Robinson 14, 2009, p. 6-7, ISSN 1646-7116
A pergunta àquela questão que tanto se quer fazer ou que não se gosta
de explicitar, tem lugar para ser aqui inscrita. Como é que a Fundação
Robinson envolve o tema do livro Cem Anos de Turismo em Portalegre nas
suas Publicações? Mais, antecedendo-a, uma outra deve ser expressa: a
Fundação Robinson não é de âmbito arqueológico-industrial? Nesta mesma
ordem directa e questionante deverão nascer as respostas.
As Publicações da Fundação Robinson acolhem o tema do turismo na
cidade de Portalegre, aceitando a coordenação científica e de gestão do
projecto e candidatando a verbas comunitárias a sua produção, porque a
Fundação faz parte de um percurso humano e urbano-citadino de que hoje
é um afloramento qualificante.
Afloramento, fundado em raízes sólidas, qualificante porque consistente
nos seus saberes e olhares de arte e ciência. A Fundação olha-se da Fábrica e
assume-se na realidade de programação que é o “espaço Robinson”.
O “espaço Robinson” começa por ser, na cidade de Portalegre, a Fábrica
da meia encosta que lhe traça um perfil alongado em chaminés de fumo
branco e negro. Esta Fábrica, “das rolhas”, “da cortiça”, “a Robinson”,
olhando-se do alto daquelas chaminés, foi capaz de originar formas de
pensar que, por enquadramento de prevenção patrimonial, conduziram
ao projecto da Fundação que lhe herdou o nome e as possibilidades de
estudo das memórias. A Fundação, a sua equipa, conceptualizou os tempos,
espaços e conteúdos e deixou as ideias crescer, tão lentamente quanto a
certeza da cortiça no sobreiro, em benefício de Portalegre e daqueles que cá
vivem e por cá passam, os turistas.
O turismo que aqui se mostra, o fazer de cultura municipal que gerou
turismo, é história local em que a Fundação Robinson se documenta e
aprende, é atitude de criação e realidade de concretização em objecto, em
produto, que responde ao mundo do espaço Robinson. Como a Fábrica na
meia encosta, olhando a planície, como a Fábrica povoada de trabalhadores
e de saberes profissionais, como a Fábrica, património a preservar, a
comunicar e a divulgar.
A Fundação Robinson, a programação dos diferentes patrimónios de
Portalegre no espaço Robinson, pauta-se pela exigência que lhe merecem os
portalegrenses e os que a visitam.
A possibilidade de acolher nas suas Publicações o trabalho Cem Anos de
Turismo em Portalegre insere-se nessa forma de programar e nessa exigência
profissionalizante.
The question wanted to be asked or which remains unstated can be written
here. How has the Robinson Foundation ended up being involved with
the theme of the book One hundred Years of Tourism in Portalegre as part
of its Publications? Yet, there is a further one which needs stating: Doesn’t
the Robinson Foundation concern itself with archaeological-industrial
matters? These open and direct questions will engender their own answers
as indeed will their order.
The Publications of the Robinson Foundation have welcomed the theme of
tourism in the city of Portalegre, and have accepted academic coordination
and project management of the project and applied for community funds for
its authoring, since the Foundation is part of a human and urban-city path
which nowadays is what might be called onward blossoming.
Blossoming, based on solid roots, onward because it is consistent in its
knowledge and way of looking at art and science. The Foundation looks out
from the Factory and takes on its identity within the programming reality of
what is the “Robinson space”.
The “Robinson space” starts by being, in the city of Portalegre, the Factory
halfway up the hill which traces an elongated profile through white and black
smoking chimneys. This Factory, “of stoppers”, “of cork” “a la Robinson”,
looking down from the height of those chimneys, was able to engender ways
of thinking which, through being encapsulated within the preservation of
heritage, led to the project of the Foundation which has inherited its name
and the possibilities of studying memories. The Foundation, its team, have
conceptualised times, spaces and content and have let ideas grow, as slowly
as the certainty of the cork on the cork trees, to benefit Portalegre and those
who live here as well as those who pass through here – the tourists.
The tourism shown here, the municipal cultural work which has
managed this tourism, is the local history which the Robinson Foundation
has documented and learnt from. It is the attitude of creation and the reality
of making an object, a product, real, which responds to the world of the
Robinson space. As the Factory, halfway up the hill, looking at the plain, as
the Factory peopled with workers and professional skills, as the Factory, as
patrimony to preserve, to communicate and to disseminate.
The Robinson Foundation, the programming of the different heritages of
Portalegre within the Robinson space, seeks to attain the level which the people
of Portalegre deserve as well as those who visit it.
The possibility of receiving the work One hundred Years of Tourism in
Portalegre within its Publications is part of this way of programming and this
professionalising requirement.
Cem anos de turismo em Portalegre
One hundred years of tourism in Portalegre
António Ventura
Introdução
Introduction
Publicações da Fundação Robinson 14, 2009, p. 10-25, ISSN 1646-7116
Brasão de Portalegre.
Gravura (1860).
Em 18 de Maio de 1911 era publicado o decreto que criava a
Repartição do Turismo no seio do Ministério do Fomento, estabelecendo que seria constituído um Conselho de Turismo composto por seis membros, o qual dirigiria os respectivos serviços. Nascia assim, há quase um século, o turismo moderno em
Portugal.
A publicação deste livro pode, por isso, ser considerado como
uma espécie de comemoração antecipada daquela efeméride,
incidindo, é certo, sobre uma região que durante séculos não suscitou grande interesse por parte de viajantes nacionais e muito
menos de estrangeiros.
Uma fonte importante para aquilatar o interesse ou desinteresse que uma região suscitou são os livros escritos por viajantes estrangeiros em Portugal, literatura que constitui um rico
manancial, pleno de utilidade a vários níveis, embora com um
grau de pormenor diferente. Regra geral, neles encontramos
informações, descrições, comentários e reflexões sobre Portugal
e o povo português, com apontamentos sobre a História, quase
sempre retirados de livros consultados, descrição de usos e costumes, por vezes fruto de observações directas. No entanto, o
facto de ser um estrangeiro a escrever sobre o país visitado não
é sinónimo de distanciamento e de neutralidade em relação ao
objecto visado. Muitos viajantes que vinham até ao extremo ocidental europeu, a Portugal e sobretudo a Espanha, já traziam
ideias preconcebidas e a sua visão estava antecipadamente toldada por preconceitos, situação mais frequente eram viajantes
oriundos de Inglaterra ou de outros países do Norte da Europa
predominantemente protestantes. Para eles, a Península Ibérica
e os dois Estados que a compunham era uma região governada
por monarcas fanáticos, predominando a Inquisição e as suas
perseguições, a intolerância e a iniquidade. Esta imagem que
afectava mais a Espanha que Portugal, embora tenha nascido no
século XVI como reacção contra a Espanha Filipina, desenvol11
On the 18th of March, 1911, the decree that created the
Tourism Division within the Ministry of Development
(Ministério do Fomento) was published, ordering a Tourism
Council to be set up consisting of six members who would
manage each respective service. Thus was born, almost a
century ago, modern tourism in Portugal.
The publication of this book can therefore be considered to be a kind of advance commemoration of that
undertaking, originating, it is true, in a region that for
centuries invited little interest on the part of national
travellers and, even less, foreigners.
An important source for measuring the level of interest or disinterest that a region inspired are the books
veu-se nas centúrias seguintes principalmente fruto de autores
iluministas que influenciaram as elites cultas e mais susceptíveis de viajar. Por isso, alguns dos que se lançavam na realização
da «grand tour», como parte integral da sua formação e educação1, deslocavam-se até Espanha e Portugal em busca de algum
exotismo.
No século XVIII desenvolve-se uma novo gosto pelo viajar.
No passado, a generalidade dos que se deslocavam até outro país
faziam-no por necessitar e muito raramente por gosto. Eram
comerciantes, militares, diplomatas, eclesiásticos, que se deslocavam em função das actividades económicas ou dos cargos que
desempenhavam. Mas, no «Século das Luzes», viajar começava
a ser encarado como um acto tanto de enriquecimento pessoal
no plano cultural, como de lazer, podendo por vezes acumular
ambos os objectivos. Recordemos as deslocações de Voltaire e de
Montesquieu a Inglaterra, em que ambos trataram de negócios
mas também usufruíram o máximo da cultura inglesa, tão admirada pelos iluministas do Continente.
Paralelamente ao gosto de viajar, apurou-se um género literário que alguns autores até consideram ter nascido nessa época,
a literatura de viagens, diferente das narrativas ou meras descrições de viagens que são tão antigas como as mais antigas manifestações literárias da Humanidade. No século XVI, fruto da
expansão europeia e do optimismo renascentista, esse género
conheceu um desenvolvimento notável, como o atesta o nosso
Fernão Mendes Pinto e a sua extraordinária Peregrinação. Mas a
verdade é que no «Século das Luzes» esse gosto foi reinventado,
privilegiando os relatos onde se descreviam viagens a regiões longínquas, nas quais desfilavam povos e civilizações desconhecidos
em que o exotismo servia de aliciante, e de que o relato de Marco
Pólo podia ser considerado como um arquétipo longínquo, onde
se mesclava realidade, utopia e mero labor inventivo. Realidade
e ficção, objectividade e mistificação, tudo se fundia em relatos
written by foreign travellers in Portugal, a literature providing a rich travel guide, full of useful information of
various kinds, although with a particular type of detail.
As a rule, we find there information, descriptions, commentaries and reflections on Portugal and the Portuguese people, with historical notes nearly always acquired
from books, as well as on customs, sometimes as a result
of personal observation. However, it does not necessarily follow that because it is a foreigner writing about a
country he or she is visiting that his or her account will
be distant or even neutral. Many travellers who came to
the extreme west of Europe, to Portugal and above all to
Spain, would have preconceived ideas and their vision was
coloured by that. This was more common amongst travellers from England or from other predominantly Protestant northern European countries. In their view, the Iberian Peninsula and the two nations that occupied it, was a
region governed by fanatical monarchs, persecuted by the
Inquisition and suffering from intolerance and inequality. This image, which focused more on Spain than Portugal, had its beginnings in the 16th century as a reaction to
the Spain of King Philip. However, it developed over the
centuries that followed, principally as the fruit of Illuminist authors who influenced the cultured elite who were
the most likely to travel. For this reason, some of those
who embarked on the “grand tour” as a necessary part of
their up-bringing and education1 would travel to Spain
and Portugal in search of the exotic.
In the 18th century, a new taste for travel develops.
Previously, most people who travelled to another country
had done so out of necessity and very rarely for pleasure.
They were traders, soldiers, diplomats, clerics, for whom
travelling was a necessary part of their economic activi-
12
Planta de Portalegre.
Início dos anos 20 (século XX).
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que prendiam os leitores europeus, ávidos de conhecer povos,
civilizações, hábitos, paisagens e monumentos que nada tinham
a ver com o mundo que os rodeava. O Oriente – China, Índia –
continuava, desde a Idade Média, a merecer uma atracção especial, mas outras regiões asiáticas e da África do Norte foram privilegiados. A expedição de Napoleão ao Egipto, em 1798, com as
numerosas obras que originou, contribuiu poderosamente para
incrementar a popularidade que o gosto pelos temas arabizantes conheceu na Europa oitocentista. Mais tarde, a descoberta
do continente africano, com as numerosas viagens de exploração
em busca das nascentes do Nilo e do reconhecimento do interior,
originou uma literatura abundante e específica.
O gosto de viajar em países europeus, longe de possuir a
atracção do exotismo das regiões equinociais, proporcionava,
ainda assim, contacto com povos, culturas e realidades diferentes. O contraste podia não ser tão radical, mas as diferenças existiam e eram sensíveis. Em Portugal e Espanha o viajante europeu
culto encontrava usos e costumes bizarros, paisagens agrestes,
povoações primitivamente pitorescas.
A literatura de autores estrangeiros que viajaram em Portugal é numerosa, como numerosos são os seus inventários, ponto
de partida para qualquer pesquisa, a começar pelo clássico trabalho de Manuel Bernardo Branco Portugal e os Estrangeiros2, a
que se seguiu Raymond Foulché-Delbosc3, com a sua pioneira
Bibliographie des Voyages en Espagne et en Portugal (1896), a excelente antologia de José Garcia Mercadal, Viajes de Extranjeros
por España y Portugal, em boa hora recentemente reeditada pela
Junta de Castilla y Léon com substanciais ampliações4, Arturo
Farinelli5, o catálogo da Livraria Duarte de Sousa6, e as excelentes bibliografias de Carlos García-Romeral Pérez sobre viagens
em Portugal e Espanha nos séculos XVI a XIX7.
A vinda desses viajantes a Portugal e Espanha também se
deveu inicialmente a razões de ordem profissional, e só a partir
ties or of fulfilling their duties. But in the “Age of Enlightenment”, travel began to be considered a means of personal cultural enrichment, as well as a form of relaxation,
at times, simultaneously. We may recall Voltaire’s and de
Montesquieu’s journeys to England, during which both
engaged in business activities, but also took full advantage of their exposure to English culture, which was so
prized by Continental Illuminists.
Alongside a heightened interest in travel, there was
an increase in a type of literature that some authors
believe was born at this time. The travel book was very
different from the narratives or mere descriptions of journeys which are as old as literature itself. In the 16th century, as a result of European expansion and Renaissance
optimism, that genre took a major step forward in its evolution, as evidenced by Portuguese author Fernão Mendes
Pinto’s extraordinary Peregrinação. But if truth be told, in
the “Age of Enlightenment” the genre was reinvented,
favouring accounts of journeys to distant lands populated
by unknown civilizations and in which the exotic played
an important role. Marco Polo’s travelogue can be considered a very early and supreme example of this style – a mix
of reality, utopia and imagination. Real life and fiction,
objectivity and mystification, all were present in accounts
that captivated European readers, thirsty for knowledge
of people, civilizations, customs, landscapes and monuments so different from the world around them. The Orient – China and India – continued to hold a strong attraction since the Middle Ages, but other Asiatic regions, as
well as North Africa, were also popular. Napoleon’s expedition to Egypt, in 1798, with the numerous works that
it inspired, contributed greatly to the increased popularity of Arab themes in 19th century Europe. Later, the dis-
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do século XVIII surgem também os eruditos, os amantes da arte,
os naturalistas. Se consultarmos essas obras referentes às centúrias de Setecentos e de Oitocentos, chegamos à conclusão que
os viajantes em Portugal, na sua grande maioria, entravam pelo
porto de Lisboa, ou então por terra, frequentemente por Elvas,
e os seus destinos eram relativamente limitados: Lisboa, Sintra, Batalha, Alcobaça, Porto, mais raramente Coimbra ou Évora.
Faziam excursões aos arredores de Lisboa ou de Setúbal. É o que
encontramos nas obras mais representativas da literatura de viagens de autores estrangeiros em Portugal. James Murphy viajou por Entre-Douro-e-Minho, Beira, Estremadura e Alentejo,
com uma atenção especial focada no Mosteiro da Batalha que
estudou em pormenor. O abastado e singular William Beckford
deteve-se longamente na região de Lisboa e Sintra, com uma
incursão na Batalha e em Alcobaça. Lord Byron, Hans Christian
covery of the African continent, the numerous journeys
of exploration in search of the source of the Nile, and the
discovery of the interior, gave rise to an abundance of literature of this type.
The taste for travelling to European countries, far
from holding the same exotic attraction as the equinoctial regions, nevertheless offered contact with different
people, cultures and realities. The contrast may not have
been so extreme, but the differences existed and were
felt. In Portugal and Spain, the cultured European traveller encountered unfamiliar customs, rural landscapes and
picturesque primitive settlements.
The list of works written by foreign authors who
visited Portugal is long. The starting off point for any
research is the classic work by Manuel Bernardo Branco,
Portugal e os Estrangeiros2. That should be followed by Raymond Foulché-Delbosc’s3 pioneering Bibliographie des Voyages en Espagne et en Portugal (1896), José Garcia Mercadal’s excellent anthology, Viajes de Extranjeros por España
y Portugal, fortunately recently republished by the Council of Castilla y Leon, with substantial additions4, Arturo
Farinelli5, the Livraria Duarte de Sousa Catalogue6 and
Carlos García-Romeral Pérez’ excellent bibliographies on
travels in Portugal and Spain between the 16th and 19th
centuries7.
The coming of those travellers to Portugal and Spain
was also due at first to professional requirements, and it
was only from the 18th century that the scholars, art lovers and naturalists came. If we consult those works that
refer to the 1700’s and 1800’s, we will come to the conclusion that the vast majority of travellers to Portugal entered by the port of Lisbon or by land, frequently
via Elvas, and their destinations were relatively limited:
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Andersen, Fielding, com a sua breve e fatal visita, e Robert
Southey são outros tantos exemplos que confirmam aquelas
preferências geográficas, determinadas, por vezes, pela duração
limitada da visita.
No plano iconográfico, surgiram algumas obras excepcionais, fixando paisagens e vistas de localidades. Como precursoras destacam-se as pinturas feitas durante a viagem a Portugal de Cosme de Médicis, Grão-Duque da Toscânia, em 1668.
Era acompanhado por Lorenzo Magalotti, Filippo Corsini, Vieri
di Catiglione e pelo pintor Pier Maria Baldi que fez as belíssimas paisagens que ilustram a descrição desta viagem, e que se
guardam na Biblioteca Laurenciana de Florença. Outras obras
valiosas pela sua iconografia foram Views of Cintra, de William
Hickling Burnett, com 14 gravuras litografadas em Londres
em 1836, o célebre Costumes of Portugal (Londres, 1814), onde
Enry L’Éveque reúne 50 gravuras a cobre aguareladas com cenas
e tipos, quase todos de Lisboa. E George Vivian, com Scenary
of Portugal and Spain (Londres, 1839), com 39 gravuras coloridas com uma amplitude geográfica que vai de Lisboa a Guimarães, Sintra, Santarém, Setúbal, Leiria, Coimbra, Porto, Torres Vedras, Vila do Conde, Braga e Ponte de Lima. No caso da
Madeira, destacam-se Thomas Edward Bowdich, John Dix,
John Driver, Edward Vernon Harcourt, James Holmen, James
Macaulay, Robert Steel e W. S. Pitt Sringett, com Recollections of
Madeira (Londres, 1843).
No século XIX, as campanhas militares que decorreram em
Portugal trouxeram até nós diversos estrangeiros que escreveram
livros, normalmente com uma forte componente militar. Foi o
que sucedeu durante a Guerra Peninsular, com numerosos oficiais franceses e ingleses que nas suas memórias se referem ao
nosso país. Veja-se, pela qualidade das ilustrações, Thomas Saint
Clair, A Serie of Views of the principal Ocurrences on the Campaigns
in Spain and Portugal (Londres, 1815), G. Cumberland, Views in
Lisbon, Sintra, Batalha, Alcobaça and Porto, and more
rarely, Coimbra and Évora. They would make excursions to
the surrounding areas of Lisbon and Setubal. This is what
we find in the more representative works of travel literature by foreign authors in Portugal. James Murphy travelled through the Douro and Minho, Beira, Estremadura
and the Alentejo, paying special attention to the Batalha
Monastery, which he studied in detail. The wealthy and
eccentric William Beckford stayed a long time in the
region of Lisbon and Sintra, with a visit to Batalha and
Alcobaça. Lord Byron, Hans Christian Andersen, Fielding,
with his short and fatal visit, and Robert Southey are a few
more examples that confirm that geographical preference,
sometimes determined by the limited length of their stay.
With regard to illustration, there have been some
exceptional works, depicting landscapes and views of various localities. An early and outstanding example of these
is the collection of paintings done when Cosme de Medicis, Grand-Duke of Tuscany, visited Portugal in 1668. He
was accompanied by Lorenzo Magalotti, Filippo Corsini,
Vieri di Catiglione and by the painter Pier Maria Baldi who
painted the beautiful landscapes illustrating the descriptions of their journey. This work is kept at the Laurentian Library in Florence. Other works noted for their illustrations are Views of Cintra, by William Hickling Burnett,
with 14 engravings done in London, in 1836, the famous
Costumes of Portugal (London, 1814), in which Enry
L’Éveque assembles 50 water coloured copper engravings
mostly of Lisbon scenes and people. And George Vivian’s
Scenery of Portugal and Spain (London, 1839), with 39 coloured engravings covering a wide geographic area including Lisbon, Guimarães, Sintra, Santarém, Setúbal, Leiria,
Coimbra, Porto, Torres Vedras, Vila do Conde, Braga and
16
Spain and Portugal taking during the Campaigns of His Grace the
Duke of Wellington (Londres, 1829), Campaigns of Field-Marshal,
The Duke of Wellington (Paris, 18..) e, naturalmente, o clássico Sketches of the Country, Character and Costume of Portugal (Londres,
1809), de William Bradford, com dezenas de belas águas tintas.
Durante as Guerras Liberais também surgiram várias obras
de militares estrangeiros ao serviço de D. Miguel e de D. Pedro,
como Charles Napier, Charles Show, Thomas Knigth, John
Dixon, Peter Mins, Hugh Owen, no campo liberal, e do Barão de
Saint-Pardoux, no campo absolutista.
Essas obras têm um interesse desigual, e nem sempre encontramos nelas os pormenores e as informações que gostaríamos de encontrar. Muitos viajantes deslocavam-se com rapidez,
rumo a destinos que mais os interessavam, omitindo ou raramente referindo as regiões de passagem.
Podemos pois afirmar que é numerosa a literatura de viagens
de estrangeiros que vieram a Portugal ao longo dos séculos pelas
mais diversas razões. Quando comparados com outras regiões ou
localidades que eram os grandes destinos – Lisboa, Porto, Sintra,
Madeira, Batalha... – são escassos os relatos de viajantes estrangeiros que referem Portalegre e mesmo assim alguns são duvidosos. É o que sucede com Willem van der Burge, que terá viajado
pela Península Ibérica em 1704, e que fala em Portalegre8, mas
cujo texto parece ser a tradução de um relato mais antigo, anónimo, de inícios do século anterior. O conde Johann Centurius
von Hoffmansegg, naturalista alemão que acompanhou Heirich
Friedrih Link9 na sua viagem a Portugal, esteve em Portalegre e
a descrição dessa e de outras andanças por Portugal foram descritas por Link10.
Só na centúria de Oitocentos surgiram mais algumas referências, como sucedeu com o ministro anglicano William Morgan
Kinsey, professor no Trinity College da Universidade de
Oxford11, e de alguns militares ingleses que aqui estiveram
17
Ponte de Lima. In the case of Madeira, Thomas Edward
Bowdich, John Dix, John Driver, Edward Vernon Harcourt, James Holmen, James Macaulay, Robert Steele and
W. S. Pitt Springett, with Recollections from Madeira (London, 1843), all stand out.
In the 19th century, the military campaigns which
occurred in Portugal brought to our shores various foreigners who wrote books, usually with a strong military
content. This was the case during the Peninsular War,
with many French and English officers referring to our
country in their journals. Witness the quality of the illustrations: Thomas Saint Clair, A Series of Views of the principal Occurrences in the Campaigns in Spain and Portugal
(London, 1815), G. Cumberland, Views in Spain and Portugal taken during the Campaigns of His Grace the Duke of Wellington (London, 1829), Campaigns of Field-Marshal, The
Duke of Wellington (Paris, 18..) and, of course, the classic
Sketches of the Country, Character and Costume, in Portugal
and Spain (London, 1809), by William Bradford, with dozens of beautiful water colours.
During the Portuguese Civil War (1828-1834) several
works also emerged, written by foreign soldiers in the
service of D. Miguel and D. Pedro, such as Charles Napier,
Charles Snow, Thomas Knight, John Dixon, Peter Minns,
Hugh Owen, on the Liberal side, and Baron de SaintPardoux, on the Absolutist side. These works are of uneven value and we do not always find in them the detail
and information we are looking for. Many travellers
moved quickly, on their way to destinations that interested them, omitting, or rarely mentioning, the regions
they passed on their journey.
We can therefore confirm that there is much travel
literature written by foreigners who, for various rea-
Sé de Portalegre
Desenho de J. Larcher.
Litografia de 1840.
durante a Guerra Peninsular. Edward Costello12 fez algumas
rápidas alusões; Joseph Moyle Sherer compôs uma bela descrição da cidade e da sua localização, descrevendo uma cerimónia religiosa na Sé e uma procissão13; o capitão J. Kinkaid esteve
em Portalegre em Abril de 1812 e refere o cenário romântico,
a simpatia e a hospitalidade dos seus habitantes e os serões
em Santa Clara, ao som do órgão e com os doces ali produzidos,
apesar de os visitantes estarem separados pelas barras de ferro
que resguardavam as monjas14. Outras breves alusões a Portalegre encontramo-las no tenente-coronel Jonathan Leach15,
em Charles Boutflower16, em Francis Seymour Larpent17.
Tardio, mas extremamente interessante, é o livro The Hills of Alen-
sons, visited Portugal over the centuries. In contrast
with the major destinations, such as Lisbon, Porto, Sintra, Madeira Island and Batalha, very few journals refer
to Portalegre, and of those some are suspect. A case in
point, a journal written by Willem van der Burge, who
is supposed to have travelled to the Iberian Peninsula
in 1704, mentions Portalegre8, but the text appears to
be a translation of an older anonymous account dating from the previous century. Count Johann Centurius
von Hoffmansegg, a German naturalist, was accompanied by Heinrich Friedrich Link9 on his voyage to Portugal, which included Portalegre, and a description of that
18
tejo, de Huldine V. Beamish, que viveu muitos anos na Quinta da
Relva, na Serra de Portalegre, depois da II Guerra Mundial18.
No plano iconográfico, apenas há a salientar G. Cumberland
Jr., com Views in Spain and Portugal taking during the Campaigns of
His Grace the Duke of Wellington (Londres, William Nicol., 1829).
Das 19 gravuras, três são de Elvas e uma de Portalegre, abrangendo a Corredoura, com o mosteiro de São Bernardo ao longe, a
igreja do Calvário e parte do edifício da Fábrica Real.
Numa época em que o interesse dos turistas e estrangeiros
se dirigia para locais muito concretos e os nacionais procuravam
termas, praias e estâncias de montanha, poucos motivos justificariam uma viagem até Portalegre. Veja-se o clássico e muito
popular guia publicado em meados do século XIX pela prestigiada editora de John Murray, que produziu roteiros de viagens
para os quatro cantos do mundo, e que também elaborou um
sobre Portugal. Ao referir Portalegre na rota 6, Lisboa, Crato,
Portalegre, Arronches e Campo Maior, dedica a Portalegre uma dúzia de linhas onde refere a Sé, a Serra
quase selvagem, o edifício da Câmara Municipal e o
Paço Episcopal, terminando por recomendar: «but
no traveller can be recomended to extend his excursion hither unless induced to do so by some particular object»19.
Não obstante, a cidade encontrava-se relativamente próximo de alguns locais que mobilizavam viajantes. Elvas, desde logo. Como vimos, os
estrangeiros que vinham até Portugal chegavam na
sua grande maioria pelo porto de Lisboa, mas os
que vinham por terra entravam a partir de Espanha pela fronteira do Caia. Ao longo dos séculos,
Elvas foi uma das principais rotas de entrada e de
saída de Portugal. Por esse facto, são abundantes os
textos que referem Elvas na literatura de viagens.
19
visit and visits to other places in Portugal were written
by Link10.
It is only in the 1800’s that a few more references
appear, such as with the Anglican minister, William Morgan Kinsey, professor at Trinity College, Oxford11, and with
some English soldiers who were here during the Peninsular
War. Edward Costello12 refers briefly to Portalegre; Joseph
Moyle Sherer wrote a beautiful description of the town and
its surroundings, describing a religious ceremony in the
See and a precession13; Captain J. Kinkaid visited Portalegre in April 1812 and refers to the romantic scenery and
to the pleasantness and hospitality of its inhabitants, and
to the soirées in Santa Clara, with organ accompaniment
and locally produced sweets, in spite of the visitors being
separated from the nuns by iron railings14. Other brief references to Portalegre can be found in Lieutenant-Colonel
Jonathan Leach15, Charles Boutflower16 and Francis Seymour Larpent17. Much more recent, but extremely interesting, is the book The Hills of Alentejo, by Huldine V. Beamish, who lived for many years in the Quinta da Relva, in the
Portalegre Mountains, after World War II18.
Regarding illustration, there is only G. Cumberland
Jr., with Views in Spain and Portugal taken during the Campaigns of His Grace the Duke of Wellington (London, William
Nicol., 1829). Of the 19 engravings, three are of Elvas and
one is of Portalegre, of the Corredoura Garden, featuring
the Calvário Church and part of the Fábrica Real building,
with the São Bernardo Monastery in the background.
At a time when tourists and foreigners focused on
particular destinations and nationals looked for hot
springs, beaches and mountain resorts, there was little
to attract people to Portalegre. One has only to look at
the classic and very popular guide published in the middle
Portalegre, The Winter Quarters
of General Hill with the 2nd Division of
the Army in Views in Spain and
Portugal taken during the Campaigns
of His Grace the Duke of Wellington.
Gravura de G. Cumberland Jr. Londres,
William Nicol., 1829.
20
Sendo uma praça militar de grande importância, com uma guarnição numerosa mesmo no início do século XX, esse facto impunha uma permanência e frequência de numerosos militares.
Para além de Elvas, assinalavam-se dois outros pontos de
atracção nesta região, as estâncias termais de Cabeço de Vide e
da Fadagosa de Marvão. Os banhos de Cabeço de Vide, conhecidos desde a época romana e com uma vasta bibliografia a partir de 1820, começou a funcionar como estabelecimento hidrológico em 1826 e ganhou um novo incremento em 1855 com a
edificação de um balneário, no mesmo ano em que foi extinto
o concelho e Cabeço de Vide passou a freguesia anexada a Alter
do Chão. Em 1896, a empresa arrendatária rescindiu o contrato,
passando o estabelecimento a ser administrado pela Câmara
Municipal de Alter do Chão. Seguiu-se um período de decadência, ampliado pelo descontentamento dos cabeço-videnses
of the 19th century by the prestigious publishing house
John Murray, which produced travel guides for the four
corners of the Earth, and which produced one for Portugal. When it refers to Portalegre, in its Route 6 (Lisbon,
Crato, Portalegre, Arronches and Campo Maior), it dedicates a dozen lines to it, in which it refers to the See, the
“almost wild” mountains, the Town Hall, the Bishop’s
Palace, and finishes with the advice “but no traveller can
be recommended to extend his excursion hither unless
induced to do so by some particular object”19.
Notwithstanding, the town was relatively near some
locations that attracted travellers. For instance, Elvas.
As we have seen, most foreigners who came to Portugal
entered via the port of Lisbon, and those who came overland from Spain crossed the border at Caia. Over the centuries, Elvas was one of the principal entry and exit routes
to and from Portugal. For this reason, there are many references to Elvas in travel literature. Being an important
military post, with a large garrison, even at the beginning
of the 20th century, it had a large permanent and temporary military population.
In addition to Elvas, two other attractions were recommended in this region: the hot springs at Cabeço de Vide
and at Fadagosa de Marvão. The baths at Cabeço de Vide,
known in the Roman era and with a vast bibliography dating back to 1820, began its life as a spa in 1826 and received
a boost in 1855 with the building of the baths. That same
year, the Town Council was abolished and Cabeço de Vide
became a parish attached to Alter do Chão. In 1896, the
company that was renting the facility cancelled its contract
and the management of the spa became the responsibility of the Town Council of Alter do Chão. There followed a
period of decadency, made worse by the discontent of the
21
pela sua inclusão no concelho vizinho, numa disputa por vezes
amarga que só foi sanada em 1932, com a desanexação de Alter
do Chão e a passagem para o concelho de Fronteira, e, no ano
seguinte, com a concessão da exploração das águas à Junta de
Freguesia de Cabeço de Vide. Em 1906, o estabelecimento, que
abria ao público entre 1 de Maio e 31 de Outubro de cada ano,
era considerado modesto, primando «porém pelo asseio e pela
boa disposição das excelentes instalações»20. A verdade é que
as termas devem ter vivido um momento difícil nos primeiros
anos do século XX. E é essa a razão pela qual nem aparecem referidas no livro Águas e Termas Portuguesas, publicado em 1918
pela Sociedade de Propaganda de Portugal, no qual são referidas
simples nascentes da região, como as águas da Fonte das Rosas,
na herdade de Fonte Paredes entre Avis e Ervedal, as nascentes de águas férreas nas margens da Ribeira Grande e da Ribeira
de Seda, em especial a da cerca do Convento de São Bento de
Avis, a nascente de água sulfurosa no Monte da Pedra e, finalmente, as águas minero-medicinais de Castelo de Vide, da Fonte
da Mealhada21.
citizens of Cabeço de Vide over their inclusion in the neighbouring council. This often bitter dispute was resolved only
in 1932, with the de-annexation from Alter do Chão and
the transfer to the Council of Fronteira, followed one year
later by the concession to the Parish of Cabeço de Vide for
the commercial development of the hot springs. In 1906,
the facility, which was open yearly to the public from the
1st of May to the 31st of October, was considered modest
but worthwhile “because of its cleanliness and the good
condition of its excellent installations”20. The truth of the
matter is that the hot springs must have gone through a
difficult period in the first years of the 20th century. This
is the reason why they are not even mentioned in the book
Águas e Termas Portuguesas, published in 1918 by the Sociedade de Propaganda de Portugal, in which are listed ordinary springs in the region such as Fonte das Rosas, on the
Fonte Paredes property, between Avis and Ervedal, the ferrous springs on the banks of the Ribeira Grande and the
Ribeira de Seda, and especially in the area surrounding
the São Bento de Avis Convent, the sulphurous spring at
Monte da Pedra and, lastly, the medicinal mineral waters of
Castelo de Vide, at the Mealhada Fountain21.
The most important spa in that period was Fadagosa
de Marvão. Located 7.5 miles from the town, near the
River Sever, the spring had been known since 1780, when
a fountain arch was built. In 1885, António de Matos
Magalhães became its owner. In August of the following
year, the building of the first structures was completed.
The thermal spa season began on the 1st of July and
ended on the 30th of September, with an average of 500
visitors per year, mostly from Spain. In 1906 the Hotel
das Termas opened. The closeness of the railway contributed to its popularity22.
22
Brochura e postais de publicidade
às Termas da Fadagosa (Marvão).
23
A estância mais importante nessa época era a Fadagosa de
Marvão. Situada a 12 quilómetros da vila, próximo do rio Sever,
o conhecimento dessas águas remontava a 1780, quando foi
construída uma arca da fonte. Em 1885, esta foi adquirida por
António de Matos Magalhães. Logo em Agosto do ano seguinte
ficaram concluídas as primeiras edificações. A época termal
começava em 1 de Julho e ia até 30 de Setembro, com uma média
de 500 utentes, na maior parte espanhóis. Em 1906 foi inaugurado o Hotel das Termas. A proximidade do caminho-de-ferro
facilitava a sua frequência22.
Não era fácil a Portalegre beneficiar da proximidade desses
pequenos pólos de atracção, até porque as vias de comunicação
eram escassas. Distâncias que hoje parecem exíguas, possuíam
naquele época dificuldades acrescidas. A cidade teria que procurar outras formas de atrair visitantes nesse dealbar do século XX
e nas décadas seguintes. Este livro procura dar uma panorâmica
do turismo em Portalegre até à década de 70, pouco antes da
fundação da Comissão Regional de Turismo de S. Mamede.
It was not easy for Portalegre to benefit from its
closeness to these small centres of interest, especially
since roads and public transport were limited. Distances
which today seem small, in those days presented serious difficulties. The town needed to find other ways
to attract visitors in those early years of the 20th century and in the decades that followed. This book will
offer a panoramic view of tourism in Portalegre until the
1970’s, shortly before the creation of the Saint Mamede
Regional Commission of Tourism [Comissão Regional de
Turismo de S. Mamede].
Notes
1
We will not take time with conceptual and historical introductions
to tourism, there being excellent books available on the subject. For
example, Sérgio Palma Brito, Notas sobre a Evolução do Viajar e a Formação do Turismo, Lisboa, Medialivros, 2003.
2
Manuel Bernardes Branco, Portugal e os Estrangeiros, Lisboa, A M
Pereira, 1879, 2 volumes; Lisboa, Imprensa Nacional, 1893 – 1894 –
1895, 3 volumes.
3
notas
Foulché-Delbosc, Bibliographie des Voyages en Espagne et en Portugal, Madrid, Julio Olero Editor, 1991, facsimile reprint of the 1st edition, with an introduction by Ramón Alba, first published in Revue
1
2
3
4
5
Não vamos perder tempo com introduções conceptuais e históricas sobre o
turismo, havendo excelentes obras disponíveis para tal. Veja-se, por exemplo: Sérgio Palma Brito, Notas sobre a Evolução do Viajar e a Formação do Turismo,
Lisboa, Medialivros, 2003.
Manuel Bernardes Branco, Portugal e os Estrangeiros, Lisboa, A M Pereira, 1879,
2 volumes; Lisboa, Imprensa Nacional, 1893 – 1894 – 1895, 3 volumes.
Foulché-Delbosc, Bibliographie des Voyages en Espagne et en Portugal, Madrid, Julio
Olero Editor, 1991, reimpressão fac-similada da primeira edição, com uma introdução de Ramón Alba. Publicado pela primeira vez na Revue Hispanic em 1894, e
autonomamente em 1896, por W. Walter.
J. Garcia Mercadal, Viajes de extranjeros por España y Portugal, Junta de Castilla y
Léon, Consejeria de Educación y Cultura, 1999, 6 volumes.
Arturo Farinelli, Apuntes sobre viajes y viajeros por España y Portugal, Oviedo,
Separata da Revista crítica de Historia y Literatura españolas, portuguesas e hispanoamericanas, Abril – Setembro de 1898; Mas apuntes y divagaciones bibliográficas sobre
viajes y viajeros por España y Portugal, Madrid, Tipografía de la Revista de Archivos,
Hispanic in 1894, and in 1896, by W. Walter.
4
J. Garcia Mercadal, Viajes de extranjeros por España y Portugal, Junta
de Castilla y Léon, Consejeria de Educación y Cultura, 1999, 6
volumes.
5
Arturo Farinelli, Apuntes sobre viajes y viajeros por España y Portugal,
Oviedo, Separata de la Revista crítica de Historia y Literatura españolas, portuguesas y hispano-americanas, April – September 1898; Mas
apuntes y divagaciones bibliográficas sobre viajes y viajeros por España
y Portugal, Madrid, Tipografía de la Revista de Archivos, Bibliotecas y
Museos, 1903; Viajes por España y Portugal desde la edad media hasta
el siglo XX: nuevas y antiguas divagaciones bibliográficas, 4 volumes,
Rome, Reale Accademia d’Italia, 1942-1979.
6
Catálogo da Livraria Duarte de Sousa, Séculos XIX e XX, Lisboa, Secretaria de Estado da Informação e Turismo, 1972; Catálogo da Livraria
Duarte de Sousa, Séculos XV a XVIII, Lisbon, Secretaria de Estado da
Informação e Turismo, 1974.
24
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
25
Bibliotecas y Museos, 1903; Viajes por España y Portugal desde la edad media hasta el
siglo XX: nuevas y antiguas divagaciones bibliográficas, 4 volumes, Roma, Reale Accademia d’Italia, 1942-1979.
Catálogo da Livraria Duarte de Sousa, Séculos XIX e XX, Lisboa, Secretaria de Estado
da Informação e Turismo, 1972; Catálogo da Livraria Duarte de Sousa, Séculos XV
a XVIII, Lisboa, Secretaria de Estado da Informação e Turismo, 1974.
Carlos García-Romeral Pérez, Bio-Bibliografia de Viajeros por España y Portugal (Siglos XV
– XVI – XVII), Madrid, Olero & Ramos Editores, 2001; Bio-Bibliografia de Viajeros por
España y Portugal (Siglo XVIII), Madrid, Olero & Ramos Editores, 2000; Bio-Bibliografia
de Viajeros por España y Portugal (Siglo XIX), Madrid, Olero & Ramos Editores, 1999.
Nieuve Historische en Geographische Reisbeschryvinge van Spanjen en Portugal. Alles in
verscheide Brieven beschreven, Gravenhage, Engelbrecht Boucqet, 1705, 2 volumes.
O segundo é sobre Portugal.
Link publicou o relato da sua viagem a Portugal: Bemerkungen auf einer Reise
durch Frankreich, Spanien und vorzüglich Portugal (Kiel, 1801-1804, 3 volumes),
e Travels in Portugal and through France and Spain, with a dissertation on the Literature of Portugal and Spanish languages (Londres, 1801, 1 volume), numa tradução
de John Hinckley. Dois anos depois surgia a tradução francesa: Voyage en Portugal fait depuis 1797 jusq’en 1799, suivi d’un essai sur le Commerce du Portugal, Paris,
1803, 2 volumes.
Voyage en Portugal par Mr. Le Comte de Hoffmansegg , Paris, Lavrault, Schoell et Cie,
1805, pp. 243, 295 e 300.
Portugal illustrated in a series of letters, Londres, Treuttel, Würtz and Richter, 1828,
p. 307.
Edward Costello, Adventures of a Soldier written by himself, Londres, Colburn and
Co, Publishers, 1852, pp. 86 a 88.
Recollections of the Peninsula, Londres, Longman, Hurst, Rees, Orme, Brown and
Green, 1824, pp idem, pp. 64 e 65.
J. Kinkaid, Adventures in the Rifle Brigade in the Peninsula, France and the Nederland’s
from 1809 to 1815, Londres, T. and W. Boone, Stand, 1830, p. 143 e 144.
J. Leach, Rough Sketches of the Life of an Old Soldier, Londres, Longman, Rees, Orme,
Brown and Green, 1831, pp. 5, 87, 102, 113 e 221.
The Journal of an Army Surgeon during the Peninsular War, Manchester, Refuge Printing Dept., 1912, p. 131.
The Private Journal of F. S. Larpent, Esq., Judge Advocate General of the British Forces in
The Peninsula, Londres, Richard Bentley, 1853, Volume I, p. 155.
Huldine V. Beamish, The Hills of Alentejo, Londres, Geoffrey Bles, 1958.
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Inácio Caetano Xavier, As Águas Medicinais de Cabeço de Vide (Portugal), Portalegre,
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Marvão. A Estação Termal da Fadagosa. Época Balnear de 1911, Lisboa, Centro Tip.
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Carlos García-Romeral Pérez, Bio-Bibliografia de Viajeros por España
7
y Portugal (Siglos XV – XVI – XVII), Madrid, Olero & Ramos Editores,
2001; Bio-Bibliografia de Viajeros por España y Portugal (Siglo XVIII),
Madrid, Olero & Ramos Editores, 2000; Bio-Bibliografia de Viajeros
por España y Portugal (Siglo XIX), Madrid, Olero & Ramos Editores,
1999.
Nieuve Historische en Geographische Reisbeschryvinge van Span-
8
jen en Portugal. Alles in verscheide Brieven beschreven, Gravenhage,
Engelbrecht Boucqet, 1705, 2 volumes. The second is on Portugal.
Link published the journal of his voyage to Portugal: Bemerkungen auf
9
einer Reise durch Frankreich, Spanien und vorzüglich Portugal (Kiel,
1801-1804, 3 volumes), and Travels in Portugal and through France
and Spain, with a dissertation on the Literature of Portugal and Spanish languages (London, 1801, 1 volume), in a translation by John
Hinckley. Two years later, it was followed by the French translation:
Voyage en Portugal fait depuis 1797 jusq’en 1799, suivi d’un essai sur
le Commerce du Portugal, Paris, 1803, 2 volumes.
10
Voyage en Portugal par Mr. Le Comte de Hoffmansegg , Paris, Lavrault,
Schoell et Cie, 1805, pp. 243, 295 and 300.
11
Portugal illustrated in a series of letters, London, Treuttel, Würtz and
Richter, 1828, p. 307.
12
Edward Costello, Adventures of a Soldier written by himself, London,
Colburn and Co, Publishers, 1852, pp. 86 to 88.
13
Recollections of the Peninsula, London, Lomgamn, Hurst, Rees, Orme,
Brown and Gree, 1824, pp. idem, pp. 64 and 65.
14
J. Kinkaid, Adventures in the Rifle Brigade in the Peninsula, France
and the Nederland’s from 1809 to 1815, London, T. and W. Boone,
Stand, 1830, pp. 143 and 144.
15
J. Leach, Rough Sketches of the Life of an Old Soldier, London, Longman,
Rees, Orme, Brown and Green, 1831, pp. 5, 87, 102, 113 and 221.
16
The Journal of an Army Surgeon during the Peninsular War, Manchester, Refuge Printing Dept., 1912, p. 131.
17
The Private Journal of F. S. Larpent, Esq., Judge Advocate General of
the British Forces in The Peninsula, London, Richard Bentley, 1853,
Volume I, p. 155.
18
19
Huldine V. Beamish, The Hills of Alentejo, London, Georffrey Bles, 1958.
A Handbook for Travellers in Portugal with a travelling Map, London,
John Murray, 1856, 2nd edition, p. 51.
20
Inácio Caetano Xavier, As Águas Medicinais de Cabeço de Vide (Portugal), Portalegre, Tipografia Minerva Central, 1906, p. 20.
21
Águas e Termas Portuguesas. Indicações para uso de banhistas e Turistas, Lisbon, Sociedade Propaganda de Portugal, Tipografia Universal,
Lisboa, pp. 75-77.
22
Marvão. A Estação Termal da Fadagosa. Época Balnear de 1911, Lisboa, Centro Tip. Colonial, 1912.
Portalegre no início do século XX
Portalegre at the beginning of the 20th century
Publicações da Fundação Robinson 14, 2009, p. 26-37, ISSN 1646-7116
Almanaque bijou, de publicidade
à Farmácia Lopes.
Como era Portalegre no despontar do século XX?
O concelho de Portalegre pouco diferia, na passagem do século
XIX para o século XX, da grande maioria dos concelhos da província, com a excepção de incluir uma cidade – pequena cidade – igualmente capital de distrito, que teve uma expansão considerável a
partir de 1860. Tinha então 6 433 habitantes, número que passou
para 7 039 em 1878, 10 538 em 1890 e 18 500 em 1900, segundo
os respectivos censos. As duas freguesias urbanas, Sé e S. Lourenço,
contavam com 9 303 habitantes, o que traduz um decréscimo por
razões que não conseguimos ainda apurar com clareza, mas que
se estriba, segundo cremos, na crise que a partir de 1891 afectou
a indústria e o comércio locais. Outro elemento que ressalta é um
certo equilíbrio entre a população citadina e a rural. A urbe encontrava-se – tal como ainda hoje, se bem que com dimensões diferentes – rodeada por povoações, lugarejos e montes onde predominava a pequena propriedade rural e a agricultura de subsistência.
O casario espraiara-se, a partir do século XVII, para fora da
cerca medieval da cidade. A história do desenvolvimento urbanístico da cidade está por fazer, mas reconhece-se que se expandiu
para Este, pelo arrabalde de S. Francisco e Corro, lugar de lide, a
partir da Porta de Alegrete, e para Norte, em direcção ao Rossio do
Espírito Santo. Essa progressão para Norte efectuara-se segundo
duas linhas rectas, uma partindo da Porta da Deveza, fronteira ao
Rossio, outra tomando como referência a Mouraria, extramuros.
Pelas ruelas medievais e pelas novas que se foram construindo,
frente à Fábrica Robinson, disseminava-se um ainda numeroso
conjunto de artesãos, alfaiates, sapateiros, carpinteiros, chocalheiros, cesteiros, cuja tradição se perdia na distância dos séculos e que
deram nome a diversas ruas – dos Canastreiros, Sapateiros, Chocalheiros – e os operários – corticeiros, na sua maioria, mas também
alvanéus, padeiros e tecelões – que conferiam à cidade um cunho
marcadamente industrial. Pela Rua da Cadeia (actual do Comércio), Pracinha, Rossio, Rua do Mercado e Rua dos Canastreiros
27
What was Portalegre like at the beginning of the
20th century?
At the turn of the century, the council of Portalegre
was not very different from most of the councils in the
province, with the exception that it included a town, albeit
a small town, which was also the capital of the district, and
that it had undergone considerable expansion since 1860.
At that time, it had 6,433 inhabitants, increasing to 7,039
in 1878, 10,538 in 1890 and 18,500 in 1900, according
to the censuses. In 1900 the two urban parishes – Sé and
S. Lourenço – had 9,303 inhabitants, which indicates a
decrease in population, the reasons for which are still
(que resistiu até hoje a várias mudanças de nome, desde “Infante D.
Manuel” a “31 de Janeiro”), surgiam estabelecimentos comerciais
de diversos ramos, tabernas, mercearias, salsicharias, lojas de tecidos, tabacarias e cafés. Existia uma certa vida mundana e boémia
em redor daqueles últimos, com realce para a Tabacaria Estrela,
onde pontificava o caricaturista Eleutério Alvarrão, ou para a loja
de Frederico Porto, em ambos os casos sedes de tertúlias informais.
Novos bairros foram erguidos nos finais do século XIX. Um deles,
iniciativa de dois operários – Joaquim Dias Ferreira e Bernardino
José Rainho – começou a ser construído em 3 de Abril de 1895 e
ainda hoje conserva os nomes dos seus fundadores que já ninguém
recorda: «Ferreira e Rainho». O segundo, empreendimento individual do comerciante Joaquim Lopes Pires, comerciante, prestamista e proprietário da loja «O Novo Mundo», popularmente
conhecido como «Joaquim da Bola», começou a ser construído em
3 Janeiro de 1898 e foi concluído em 1900. O abastecimento de
água foi melhorado com a construção de uma canalização desde
os Maguetos, aprovada pela Câmara Municipal em 1894 e feita
sob projecto do engenheiro Filipe Canavarro. As obras decorreram entre 1895 e 1896, importaram em 9 505$000 réis, chegando
a água à cidade a 1 de Maio de
1897. A iluminação pública,
iniciada em 1855 com azeite
e melhorada dez anos depois
com petróleo, passou em 1901
a utilizar a energia eléctrica.
Por outro lado, o desenvolvimento da cidade foi acompanhado pela instalação de
novos serviços: delegações
da Caixa Económica Portuguesa (Dezembro de 1887)
e do Banco de Portugal (1 de
Joaquim Lopes Pires.
unclear. However, we believe it had its roots in the crisis
which from 1891 onwards began to affect the local industry and commerce. Another element which comes to mind
is a certain equilibrium between urban and rural population. The town was surrounded, as it is today (although
to a different degree), by small villages, homesteads and
hills in which small holdings and subsistence agriculture
predominated.
From the 17th century onwards, homes spread beyond
the medieval town walls. The history of the urban development of the town is yet to be written, but it is known that
the town grew in an easterly direction from the Alegrete
Gate towards the S. Francisco and Corro suburbs, and in
a northerly direction towards Rossio de Espirito Santo.
Progress towards the north followed two separate straight
line paths, the first from the Deveza Gate, bordering on
Rossio, and the second outwards from Mouraria.
Along the narrow medieval streets and along the new
ones that were being built, opposite the Robinson Factory, a large number of craftspeople set up shop – tailors,
shoemakers, carpenters, bell makers and basket makers. Although these crafts slowly disappeared over the
centuries they gave their names to the streets they once
occupied – Canastreiros (Basket makers), Sapateiros (Shoemakers), Chocalheiros (Bell makers)... And there were the
workmen – mostly cork workers, but also masons, bakers
and weavers who gave the town an industrial quality. On
Rua da Cadeia (i.e. Cadeia Street, now called Rua do Comércio, i.e. Commerce Street), Pracinha, Rossio, Rua do Mercado (Market Street) and Rua dos Canasteiros (which has
so far resisted various name changes, including Infante
D. Manuel and 31 de Janeiro), commercial establishments
of various kinds opened – taverns, grocers, sausage
28
Abril de 1891). A primeira contava em 1901 com 472 depositantes com um total de 124 247$297 réis. Em Maio de 1898, o
Banco de Portugal instalou-se numa casa própria, comprada por
5 000 000$000 réis. Em 1900 foram tomadas 1305 letras no valor
de 337 908$592 réis sobre o país, e 131 983$550 sobre o estrangeiro. Os lucros da agência de Portalegre foram de 10 934$804
réis. O associativismo desenvolvera-se na segunda metade do
século XIX. Vejamos a situação em 1901. A Cooperativa Operária Portalegrense, fundada em 1898, tinha um movimento de
12 390$000 réis de consumo e 14 480$000 réis de compras, com
312 associados. O Montepio Operário Artístico Portalegrense,
fundado em 1888, tinha 399 sócios, com 6 604$700 réis de capital e 1 400$000 de rendimento. O Montepio Fraternidade, fundado em 1855, tinha 240 sócios, com 6 000$000 réis de capital
e 1 100$000 de rendimento. O Montepio Euterpe, fundado em
1866 pela Sociedade Filarmónica Euterpe, tinha 127 sócios, com
2 900$000 réis de capital e 400$000 de rendimento. O Hospital
da Misericórdia tinha um rendimento de 5 885$320 réis. O Asilo
da Infância Desvalida, fundado em 1863, tinha um fundo nominal próprio de 14 000$000 réis e sustentava 30 crianças do sexo
feminino. As Confrarias do Santíssimo Sacramento das Freguesias da Sé e de São Lourenço e as do Bonfim e do Senhor dos Aflitos tinham um capital nominal de 14 000$000 réis.
Era, porém, a indústria que caracterizava a vida portalegrense
nos finais de oitocentos. Os outrora florescentes lanifícios, com
momentos de glória a partir do último quartel do século XVIII,
entraram em decadência. As duas principais empresas faliram em
1868 e encerraram as suas portas, com o consequente desemprego
para cinco centenas de operários. O golpe de misericórdia naquela
indústria será desferido em 1896 com a falência da Companhia da
Fábrica de Lanifícios de Portalegre, constituída em 1889 no Porto
com capitais nortenhos – onde avultavam os do Banco União – e
de cuja administração fazia parte o polémico António José Duro,
29
shops, fabric shops, tobacconists and cafés. There was a
kind of mundane bohemian life surrounding the latter,
especially the Tabacaria Estrela, a favourite haunt of the
caricaturist Eleutério Alvarrão, or Frederico Porto’s shop,
both of which were sites for frequent intellectual discussions. New districts were built in the 19th century. One of
them, the initiative of two workmen – Joaquim Dias Ferreira and Bernardino José Rainho – started to be built on
the 3rd of April, 1895, and still retains the names of its
founders, whom no-one remembers any more: “Ferreira
e Rainho”. The second, a one-man project of Joaquim
Lopes Pires, nick named “Joaquim da Bola”, businessman, money lender, owner of the “O Novo Mundo” shop,
started to be built on the 3rd of January, 1898 and was
completed in 1900. The municipal water supply was
improved with the construction of a pipe system from
Maguetos, approved by the Town Hall in 1894 and built
under the supervision of Engineer Filipe Canavarro. The
works took place from 1895 to 1896, cost 9,505$000 réis
and the water started to flow on the 1st of May, 1897.
Street lighting was installed in 1855. At first it used olive
oil and 10 years later it was changed to petroleum. In
1901, it was converted to electricity.
On the other hand, the development of the town
was accompanied by the introduction of new services:
branches of the Caixa Económica Portuguesa (December
1887) and of the Banco de Portugal [Bank of Portugal]
(1st of April 1891). The first of these had 472 depositors in 1901, with a deposit total of 124,247$297 réis.
In May of 1898, the Bank of Portugal moved to its own
building, which it bought for 5,000,000$000 réis. In
1900, 1305 loans were made – 337,908$592 réis nationally and 131,983$550 abroad. The profits for the Portale-
pai do poeta José Duro. Desse conjunto de empresas emergia a
fábrica de preparação de cortiça do inglês George Robinson, fundada em meados do século XIX, e que assumiu, no último quartel
de Oitocentos, o papel de principal entidade empregadora.
Os inquéritos industriais não nos transmitem a imagem fiel
das diversas actividades industriais e artesanais da cidade. O de
1881, por exemplo, é muitíssimo incompleto, incluindo apenas
elementos sobre quatro empresas com o respectivo pessoal operário, ficando de fora as mais importantes, cujos proprietários se
recusaram a responder. A 20 de Março de 1880, todas as fábricas
de Portalegre dirigiram uma representação à Câmara dos Deputados protestando contra o novo imposto sobre a renda, assinado por George Robinson, Honório Fiel de Lima, e pelos gerentes das «fábricas de lanifícios e curtumes» José António Duro,
Ramiro Marçal & C.ª , Manuel de Jesus Costa, Genoveva Amélia
Cerejo e Costa & Irmão1.
Este documento inclui um quadro com o número de trabalhadores de todas as fábricas da cidade que mostra a importância relativa de cada uma delas:
gre branch were 10,934$804 réis. The labour movement
developed in the second half of the 19th century. Let us
examine the situation in 1901. The Cooperativa Operária
Portalegrense, founded in 1898, recorded 12,390$000 réis
in expenses and 14,480$000 réis in purchases and had
312 members. The Montepio Operário Artístico Portalegrense, founded in 1888, had 399 members, 6,604$700 réis
in capital and 1,400$000 in revenue. The Montepio Fraternidade, founded in 1855, had 240 members, 6,000$000
réis in capital and 1,100$000 in revenue. The Montepio
Euterpe, founded in 1866 by the Sociedade Filarmónica
Euterpe, had 127 members, 2,900$000 réis in capital and
400$000 in revenue. The Hospital da Misericórdia had a
revenue of 5,885$320 réis. The Asilo da Infância Desvalida (Home for Disadvantaged Children), founded in 1863,
had a nominal capital of 14,000$000 réis and supported
30 children of the feminine sex. The Confrarias do Santíssimo Sacramento of the parishes of the See, São Lourenço,
Bonfim and Senhor dos Aflitos, had a nominal capital of
14,000$000 réis.
Estabelecimentos
Operários
Operárias
Total
Fábrica de Cortiça
de George Robinson
260
420
680
Companhia da Fábrica Nacional
de Lanifícios de Portalegre
147
41
188
Fábrica de Lanifícios e Curtumes
de Portalegre
108
39
147
Fábrica de Lanifícios de Ramiro
Marçal & C.ª
44
20
64
Fábrica de Lanifícios e moagens
de Manuel Joaquim Costa
25
18
43
Fábrica de Tecidos da Viúva
de Vicente Cerejo
4
12
16
Fábrica de Massas de Costa & Irmão
5
–
5
593
550
1143
Total
It was nevertheless industry which characterized life
in Portalegre at the end of the 1800’s. The once flourishing wool industry, with moments of glory in the last quarter of the 18th century started to die out. The two main
companies folded in 1868 and closed their doors, resulting
in the laying off of 500 workers. The final blow of mercy
in that industry came in 1896 with the bankruptcy of the
Companhia da Fábrica de Lanifícios de Portalegre (a woollen mill), incorporated in Oporto in 1889 with northern
capital augmented by the Banco União, and of which the
management team included the polemical António José
Duro, father of the poet José Duro. Out of this group of
companies emerged the cork processing factory owned by
30
Englishman George Robinson, founded in the mid 19th
century and which assumed, in the last quarter of the
1800’s, the role of principal employer.
Research on industries does not give us a true picture
of the various industrial and craft activities in the town.
For example, the one conducted in 1881 is extremely
incomplete, covering only four companies and their
employees, with the exclusion of the more important companies whose owners refused to respond. On the 29th of
March, 1880, all the factories of Portalegre sent an official
protest to the national Chamber of Deputies against the
new revenue tax. The protest was signed by George Robinson, Honório Fiel de Lima and all the managers of the
“wool and leather products factories”, José António Duro,
Ramiro Marçal & C.ª , Manuel de Jesus Costa, Genoveva
Amélia Cerejo and Costa & Irmão1.
This document included a table which gave the
number of workers in each factory in the town and showed
the relative importance of each establishment:
Male
workers
Female
workers
Total
Fábrica de Cortiça
de George Robinson
260
420
680
Companhia da Fábrica Nacional
de Lanifícios de Portalegre
147
41
188
Fábrica de Lanifícios
e Curtumes de Portalegre
108
39
147
Fábrica de Lanifícios
de Ramiro Marçal & C.ª
44
20
64
Fábrica de Lanifícios e Moagens
de Manuel Joaquim Costa
25
18
43
Fábrica de Tecidos da Viúva
de Vicente Cerejo
4
12
16
Fábrica de Massas
de Costa & Irmão
5
–
5
593
550
1143
Establishments
Para recolhermos outros elementos informativos sobre Portalegre na viragem do século XIX para o século XX, vejamos o Anuário Comercial para 1902, para termos uma ideia da situação.
A fazermos fé nos elementos ali publicados, o concelho teria
14 671 habitantes. A estação do caminho-de-ferro distava 11 quilómetros da cidade – uma reivindicação sempre repetida e nunca
31
Total
In order to gather more information about Portalegre at
the end of the 19th century and at the beginning of the 20th
century, we should study the Anuário Comercial for 1902.
If we are to trust the published figures, the council had
14,671 inhabitants. The train station was located 7 miles
from the town – an often repeated promise to extend the
railway line to the town was never kept. There was a dili-
cumprida era que o comboio chegasse à cidade –, havendo carreiras de diligências para lá, ao preço de 300 réis. Feiras anuais:
de 6 a 8 de Junho e de 13 a 15 de Setembro. Cafés, havia os de
António dos Anjos Mourão, Fernando dos Santos Gallope e João
Augusto Mourato. Estalagens, existiam duas, de José Joaquim
Feiteira e de José dos Ramos, e dois hotéis, de António de Oliveira
Caraça e Brito & Irmão. Os estabelecimentos comerciais, eram
variados. Salsicharias: Amália Machado, Emília da Paz Malato,
Francisco Emílio Alves, João Baptista de Brito, Manuel Joaquim
Duarte, Nicolau Emílio Alves, Viúva Goês e Viúva Serra & Filho;
empresas de transportes de pessoas e mercadorias: António de
Oliveira Caraça, Brito & Irmão e José Luís Castelo.
Um acontecimento sempre esperado com impaciência era a
realização de feiras francas. Realizavam-se três por ano: na última
quarta-feira do mês de Janeiro, predominantemente vocacionada para a transacção de gado suíno e popularmente conhecida como «Feira dos Porcos»; 1 a 3 de Junho, conhecida como
«Feira das Cerejas»; 13 a 15 de Setembro, a mais antiga, instituída por alvará régio de 3 de Agosto de 1753, conhecida como
«Feira das Cebolas». Quanto ao mercado, havia dois semanais:
32
Portalegre, Mercado do Corro.
Anos 30 (século XX).
às quartas-feiras, no Corro, Praça do Príncipe Real, depois Praça
da República, tendo as obras começado em 1884 e terminado em
1894; desde 3 de Abril de 1853, aos Sábados, no Rossio. A actividade comercial era intensa. Para além do gado, que se vendia
em grande quantidade entre Dezembro e Março, em especial suínos gordos, exportava-se salsicharia – famosa pela sua qualidade –,
cortiça preparada e em rolha, massas, alpergatas, azeite, frutas,
madeiras, fazendo aumentar muito o tráfego através do caminho-de-ferro. A ligação entre a cidade e a estação era feita por 120 veículos e 200 animais de carga – burros, cavalos e mulas. Em 1899,
Portalegre exportou para diversos pontos do país 1 000 000 toneladas de rolhas, 300 toneladas de cortiça em prancha, raspada e
cosida, 300 toneladas de farinha e sêmeas, 70 toneladas de massas alimentícias e mais de 100 toneladas de enchidos.
gence service to the station which cost 300 réis. Annual
fairs: 6th to 8th June and 13th to 15th September. Cafés:
those of António dos Anjos Mourão, Fernando dos Santos
Gallope and João Augusto Mourato. Inns: there were two,
one belonging to José Joaquim Feiteira and the other to
José dos Ramos, and there were two hotels, António de
Oliveira Caraça’s and Brito & Irmão. There was a variety of
commercial establishments. Sausage shops: Amália Machado, Emília da Paz Malato, Francisco Emílio Alves, João
Baptista de Brito, Manuel Joaquim Duarte, Nicolau Emílio
Alves, Viúva Goês and Viúva Serra & Filho; transport companies (people and goods): António de Oliveira Caraça,
Brito & Irmão and José Luís Castelo.
One event that was always looked forward to was the
free fair. There were three per year: the last Wednesday in
January, mainly devoted to the buying and selling of pigs
and known as the “Feira dos Porcos” (i.e., “Pigs Fair”); the
1st to the 3rd of June, known as the “Feira das Cerejas”
(i.e., “Cherry Fair”); the 13th to the 15th of September, the
oldest, established by royal decree on the 3rd of August,
1753, and known as the “Feira das Cebolas” (i.e., “Onion
Fair”). There were two markets per week: on Wednesdays,
in the market square known as the “Corro”, in the Praça
do Príncipe Real, later called Praça da República, the building of which began in 1884 and was completed in 1894;
and, since the 3rd of April, 1853, on Saturdays, in Rossio
square. The commercial activity was intense. In addition to
the livestock, mainly pigs, which were sold from December
to March, sausages were exported – famous for their quality. There was also processed cork and bottle corks, fabric
shoes, pasta, olive oil, fruit and wood. On market days, the
trains would run full. The connection between the town
and the station was made by 120 vehicles and 200 pack
33
No que respeita ao lazer, existia um amplo teatro, o Teatro Portalegrense, inspirado no Teatro Ginásio de Lisboa, sob
traço de José de Sousa Larcher, cuja primeira pedra foi colocada a 24 de Junho de 1854, sendo inaugurado a 20 de Junho
de 1858 com a representação de «O Alfageme de Santarém», de
Almeida Garrett. O teatro foi restaurado em 1887, sendo constituída uma sociedade por acções para a sua gestão. Ao longo
do tempo surgiram outros teatros improvisados, reflexo da
intensa actividade associativa local, e também barracas para o
animatógrafo.
Uma sociedade composta por Eduardo Malato, Francisco
Serra e Francisco Romão promoveu a construção de uma praça
de touros que terá o nome de «D. Luís do Rego». D. Luís do Rego
Brandão da Fonseca Magalhães, proprietário da herdade da
Almojanda, nos arredores de Portalegre, bem como de outras
propriedades da região, era um grande aficionado e cavaleiro
tauromáquico. Por sua iniciativa foi construída a praça de touros, cujos acabamentos ficaram a cargo de Joaquim Caetano
de Almeida, sendo as decorações – desenho e pintura – da responsabilidade de, respectivamente, José Maria da Fonseca e
Álvaro Mateus. Custou 10 600$000 réis e tinha 4000 lugares.
A sua inauguração foi marcada para os dias 14 e 15 de Setembro de 1894 – uma sexta-feira e um sábado –, coincidindo com
a planeada visita do rei D. Carlos a Portalegre. Infelizmente, por
razões de saúde, a visita régia não se realizou, mas D. Luís do
Rego manteve a inauguração da praça para aqueles dias, com
duas touradas que se prometiam memoráveis. O cartel era invejável. Como cavaleiro anunciava-se o grande Alfredo Tinoco da
Silva, com os bandarilheiros João da Cruz Calabaça, Felipe Aragó
(Minuto), Teodoro Gonçalves, Jorge Cadete e Torres Branco.
Como forcados, o grupo do Riacho. Foram lidados 8 touros em
cada corrida, da ganadaria do comendador Paulino da Cunha e
Silva, da Borda d’Água.
animals – donkeys, horses and mules. In 1899, Portalegre
exported to various points in the country 1,000,000 tons of
corks, 300 tons of processed cork sheets, 300 tons of flour
and seeds, 70 tons of dough and 100 tons of sausages.
With regard to entertainment, there was a large theatre, the Teatro Portalegrense, inspired by the Teatro Ginásio in Lisbon and designed by José de Sousa Larcher, for
which the first stone was laid on the 24th of June, 1854.
The theatre opened on the 20th of June, 1858, with the
production of “O Alfageme de Santarém” by Almeida Garrett. The theatre was restored in 1887, a public limited
liability company having been set up to manage it. Over
time, other theatres came into being, a reflection of the
social and cultural activity in the region. There were also
tents for magic lantern shows.
A company formed by Eduardo Malato, Francisco Serra
and Francisco Romão built a bull ring with the name of
“D. Luís do Rego”. D. Luís do Rego Brandão da Fonseca
Magalhães, owner of the Almojanda property, on the
outskirts of Portalegre, as well as other properties in the
region, was a big bull fighting aficionado and was himself a
bull fighting horseman. It was on his initiative that the bull
ring was built. The design details were the responsibility of
Joaquim Caetano de Almeida, and the decoration was the
work of José Maria da Fonseca and de Álvaro Mateus. It cost
10,600$000 réis and could seat 4,000. The official opening
was on Friday the 14th and Saturday the 15th of September, 1894, and coincided with the planned the visit of King
D. Carlos to Portalegre. Unfortunately, for health reasons,
the royal visit did not take place, but D. Luís do Rego went
ahead with the opening on those days, with two bull fights
which promised to be memorable. The programme was
enviable. The horseman was Alfredo Tinoco da Silva and
34
the bandarilheiros (those whose role is to stab the bandarilhas, i.e., small javelins, in the back of the bull) were João da
Cruz Calabaça, Felipe Aragó (Minuto), Teodoro Gonçalves,
Jorge Cadete and Torres Branco. The Grupo do Riacho was
the “forcados”2 team. There were eight bulls per fight, supplied by the “ganadaria” (ranch) belonging to Comendador
Paulino da Cunha e Silva, in Borda d’Água.
On the 14th of September, 1898, another bull ring was
opened, merely 300 metres from the first one. Feast or famine! This one was built by Jacinto Serrão … a man of many
ideas and business projects – he was a post office clerk and
also owned a café –, Jacinto Serrão Burguete Soares de Albergaria Galhardo died in Paris, on the 17th of July, 1936.
Outstanding in the field of learning, because of its
age, the diocesan seminary was situated in its old home
near the See. By request of the Commissary of the Diocese, Dr. José de Andrade Sequeira, the São Bernardo Convent was ceded temporarily to the Diocese after the death
of the last nun, in 1878. This was done according to the
decree of 26th November of that year to install the SemiMercado do Rossio.
Como não há fome que não dê em fartura, em 14 de Setembro de 1898 era inaugurada outra praça de touros a apenas 300
metros da anterior, iniciativa de Jacinto Serrão… Homem das
mil iniciativas e negócios – foi fiel dos Correios, explorou um
café –, Jacinto Serrão Burguete Soares de Albergaria Galhardo
virá a morrer em Paris, a 17 de Julho de 1936.
No ensino, destacava-se, pela sua antiguidade, o seminário
diocesano, instalado no seu antigo edifício junto à Sé. Por instâncias do Vigário-geral da Diocese, Dr. José de Andrade Sequeira,
o mosteiro de São Bernardo foi cedido provisoriamente à Diocese, depois da morte da última freira, ocorrida em 1878. Essa
cedência foi concedida por decreto de 26 de Novembro daquele
ano para ali se instalar o Seminário, o que foi confirmado por
35
nary in that location, and was confirmed by legal letter on
the 15th of January, 1883. The transfer occurred on the
29th of December, 1878. In 1900, there were 120 students,
including 101 borders.
There were various feasts, both religious and secular. Carnival was celebrated with balls and parties in the
social clubs and charitable organizations. The Feast of
Nossa Senhora da Piedade (Our Lady of Piety), who was
venerated in the church of São Fancisco, was the most
important one in the town. It is true that they lost some of
their importance after the proclamation of the Republic,
but they remained very popular. This was the case with
the celebrations in the See and in São Lourenço, especially
carta de lei de 15 de Janeiro de 1883. A transferência ocorreu a
29 de Dezembro de 1878. Em 1900 havia 120 alunos, dos quais
101 internos.
Realizavam-se diversas festas tanto religiosas como profanas. O Carnaval era celebrado com bailes e festas nas associações
recreativas e de beneficência. As festividades religiosas tinham
um lugar de destaque, com realce para a de Nossa Senhora da
Piedade, que se venerava na igreja de São Francisco, e que era a
mais pomposa e importante da cidade. É certo que se viram limitadas com a proclamação da República, mas nem por isso deixaram de ser muito frequentadas. Era o caso das celebrações na
Sé e em São Lourenço (com destaque para o Mártir São Sebastião e Nossa Senhora das Candeias), na igreja do antigo mosteiro
de São Bernardo (Divina Pastora), a de Nossa Senhora da Graça
(igreja de Santo André), de Nossa Senhora do Bom Despacho
(igreja de São Pedro), da festividade do Espírito Santo, na igreja
da mesma evocação, a procissão dos Passos, que atraía sempre
muitos fiéis, o mesmo sucedendo com a de São Mateus, na Avenida de George Robinson. Tradicionais e muito concorridas eram
as festas da Senhora da Penha, Santana, S. Cristóvão, Bonfim,
Nossa Senhora dos Remédios e São João Baptista (Reguengo),
Nossa Senhora das Mercês (Urra), Nossa Senhora da Esperança
(Ribeira e Nisa), a de S. Mamede, que se celebrava junto à igreja
na serra do mesmo nome e, acima de tudo, a grande romaria e
peregrinação ao Senhor dos Aflitos. Os Santos Populares eram
igualmente celebrados. No São João erguiam-se cascatas e altares, com músicos que percorriam as ruas, comes e bebes.
Os agrupamentos musicais, teatrais ou recreativos em geral
eram numerosos, o mesmo sucedendo com os desportivos a partir de 1910. O futebol, introduzido pelos ingleses, floresceu com
rapidez, chegando a coexistir cinco ou seis clubes, por vezes com
situações bizarras: o Sport Clube Esperança organizou, a 27 de
Abril de 1913, um passeio à serra de São Mamede, com tiro aos
those in honour of the Martyr Saint Sebastian and N.ª
Sr.ª das Candeias (i.e., Our Lady of Lamps), in the church
of the old Saint Bernard Monastery (Divina Pastora, i.e.,
Divine Pastor), of Nossa Senhora da Graça, i.e., Our Lady
of Grace, (in the church of Saint Andrew), of Nossa Senhora de Bom Despacho, i.e., Our Lady of Resourcefulness
(in the church of Saint Peter), the Feast of the Holy Ghost,
in the church of the same name, the Procissão dos Passos
(Procession of Steps), and the Procissão de São Mateus (Procession of Saint Matthew), on Avenida George Robinson,
both of which always attracted many of the faithful. Both
traditional and very popular, were the feasts of Senhora da
Penha (i.e., Our Lady of the Rock), Santana, Saint Cristopher, Bonfim, Nossa Senhora dos Remédios (i.e., Our Lady
of Medicine) and Saint John Baptist, in Reguengo, Nossa
Senhora das Mercês in Urra, Nossa Senhora da Esperança
(Our Lady of Hope), in Ribeira and Nisa, Saint Mamede,
which was celebrated near the church on the mountain
of the same name and, above all, the great pilgrimage to
the Senhor dos Aflitos (Lord of the Afflicted). The Popular
Saints were also celebrated. On St. John’s day (São João),
fountains and alters were erected, musicians walked about
and drinks and snacks were sold on the street.
Musical and theatrical groups and groups offering
a variety of entertainment were numerous, and so were
the sports clubs, after 1910. Football was introduced by
the English and became popular very quickly, to the point
when there were six clubs. At times, strange things happened: the Esperança Sports Club (SCE) organized a donkey ride and pigeon shoot in the Saint Mamede mountains
on the 27th of April, 1913. But in a general meeting, taking into consideration their financial state, they decided
to dissolve the company. On the 25th of May, the members
36
pombos e burricadas. Mas, em assembleia geral, perante a situação financeira, decidiu dissolver-se, a 25 de Maio. Contudo, os
sócios do extinto SCE organizaram uma excursão à ribeira de
Arronches, com passagem pela Quinta Formosa onde discutiriam a fundação de outra agremiação… com o mesmo nome.
Com a proclamação da República vulgarizaram-se as festas,
marchas, desfiles e manifestações de todo o tipo. As comemorações do 1.º de Maio já se realizavam regularmente desde 1893.
Do mesmo modo eram frequentes as quermesses, tômbolas, festivais, bailes, etc., dos bombeiros. O aniversário da mudança de
regime, o 1.º de Dezembro, os triunfos eleitorais, a homenagem
a figuras históricas ou coevas com bandas, archotes, etc., acabaram por banalizar momentos que antes eram raros. Por exemplo,
a vitória dos democráticos nas eleições de Novembro de 1913
provocou uma grande manifestação em Portalegre, na Praça
do Município, em que o povo desfilou pelas ruas com archotes,
com a banda dos Bombeiros à frente. As festas escolares eram
frequentes e, com um significado muito particular, a Festa da
Árvore suscitou grande adesão, mobilizando o universo escolar
e não só. Ficou memorável a Festa da Árvore que se realizou em
1915 no Jardim Operário.
A cidade necessitava de outros festejos que atraíssem um
maior número de forasteiros. As feiras e outras actividades
mobilizavam sempre muita gente de fora, como a imprensa local
sublinhava. Mas era pouco…
of the extinct SCE organized an excursion to the bank of
Nota
Notes
1
Representação dirigida à câmara dos Senhores Deputados da Nação Portuguesa pelos
Representantes de todas as Fábricas de Portalegre, Portalegre, Tip. Portalegrense,
1880, 6 p.
the River Arronches, passing by the Quinta Formosa (Formosa Farm), where they discussed the formation of a new
club… with the same name.
With the declaration of the Republic, new feasts,
marches, parades and demonstrations of all kinds spread.
The festivities of the 1st of May had already been taking
place since 1893. The Volunteer Firemen also frequently
held fairs, raffles, festivals, dances, etc. The anniversary
of the change of regime, the 1st of December, election
triumphs, homages to historical figures, with bands and
torches, etc., turned what used to be occasional events
into common occurrences. For instance, the victory of
the Democratic Party in the elections of 1913 caused a big
demonstration in Portalegre, in the Praça do Município, in
which the crowds, led by the Firemen’s band, marched in
the streets carrying torches. School feasts were frequent
and the Festa da Árvore (Feast of the Tree) was especially
popular, not only with school children. The Festa da Árvore
in 1915, in the Jardim Operário (Worker’s Garden) was particularly memorable.
The town needed other festivities which would attract
more people from out of town. The fairs and other activities always attracted a lot of people as the local newspapers noted. However, it wasn’t enough…
1
Representação dirigida à câmara dos Senhores Deputados da Nação Portuguesa
pelos Representantes de todas as Fábricas de Portalegre, Portalegre, Tip. Portalegrense, 1880, 6 p.
2
N.T.: A forcado is a member of the team that performs the pega de cara or
pega de caras (“face catch”).
37
A Sociedade de Propaganda de Portugal e Portalegre
The Society for the Promotion of Portugal and Portalegre
Publicações da Fundação Robinson 14, 2009, p. 38-51, ISSN 1646-7116
A Sociedade de Propaganda de Portugal desempenhou um
papel de primeiro plano no início do século XX na divulgação das
virtualidades turísticas portuguesas tanto no estrangeiro como
no interior do país.
Fundada a 28 de Fevereiro de 1906, no seguimento de uma
assembleia reunida na Liga Naval de Lisboa, era o coroar dos
esforços desenvolvidos por Leonildo de Mendonça e Costa, fundador e director da Gazeta dos Caminhos de Ferro, que desde os
finais do século anterior pugnava pela fundação de uma «Associação promotora do Bem do País». Dirigindo uma carta a Alfredo
da Cunha, director do Diário de Notícias, apelava à congregação das boas-vontades com o objectivo de sublinhar os valores
pátrios. Nas páginas da Gazeta dos Caminhos de Ferro publicavam-se diversas descrições de viagens, como as Notas de Viagem,
do engenheiro Cândido Xavier, publicadas ao longo dos vários
números de 1896. A iniciativa de criação da Sociedade de Propaganda de Portugal teve uma enorme receptividade na sociedade portuguesa. Numa época em que se agudizavam as lutas
políticas, com clivagens entre republicanos e monárquicos mas
também entre estes últimos, a Sociedade surgia como uma entidade supra-partidária, situando-se acima das paixões ideológicas. Prova disso foi a adesão de figuras antagónicas como
Fernando de Sousa, o aguerrido «Nemo» da imprensa católica,
ferozmente anti-maçónico, e de Magalhães Lima, Grão-mestre
do Grande Oriente Lusitano Unido, que assumiu em 1911 a presidência da SPP.
A Sociedade apostou, desde o início, na sensibilização da opinião pública portuguesa para a sua causa através de uma persistente propaganda interna e regional. Depois, procurou instalar
por todo o país estruturas logísticas que permitissem efectivar o
turismo, estabelecendo ao mesmo tempo relações com agremiações estrangeiras, filiando-se na Federação Franco-hispânica dos
Sindicatos de Iniciativa. O objectivo central da SPP era fazer com
39
The Sociedade de Propaganda de Portugal played a
major role at the beginning of the 20th century in spreading tourism information about Portugal both internationally and at home.
Founded on the 28th of February, 1906, following a
meeting held at the Liga Naval de Lisboa (Navy League
of Lisbon), it was the crowning of the efforts of Leonildo
de Mendonça e Costa, founder and director of the Gazeta
dos Caminhos de Ferro (Railway Gazette), who, since the last
days of the previous century, had fought for the creation
of an “association that would promote our country”. In a
letter to Alfredo da Cunha, director of the Diário de Notícias newspaper, he appealed to his good will to emphasize the value of Portugal. In the pages of the Gazeta dos
Caminhos de Ferro various accounts of journeys were published as Notas de Viagem (Voyage Notes), written by Engineer Cândido Xavier, published in several 1896 issues.
The creation of the Sociedade de Propaganda de Portugal
was very well received by Portuguese society. At a time of
worsening political battles, with deep rifts between republicans and monarchists, and even within the monarchist
camp, the Society emerged as a supra-party entity, placing itself above ideological passion. Proof of this was the
membership of such antagonistic figures as Fernando de
Sousa, the combative “Nemo” of the Catholic press, ferociously anti-freemason, and Magalhães Lima, Grand-Master of the Grande Oriente Lusitano Unido (United Lusitanian Grand Orient – the Portuguese Masonic Obedience),
who, in 1911, assumed the presidency of the SPP.
From the beginning, the Society was focused on sensitizing Portuguese public opinion to its cause through persistent promotion on a national and regional level. Later,
it endeavoured to set up a logistical structure throughout
40
que Portugal fosse visitado e apreciado por nacionais e estrangeiros.1 É evidente que, tratando-se de uma instituição não oficial, inteiramente privada, a sua capacidade de manobra e grau
de intervenção estavam limitados à partida.
Em Julho de 1907 começou a publicar-se o respectivo boletim, com periodicidade mensal, onde se dava conta das actividades da associação e se publicavam artigos em português e em
inglês sobre as riquezas monumentais e naturais do país. Tendo
como Presidente de Honra o príncipe D. Luís Filipe, a SPP era
presidida pelo conselheiro José Fernando de Sousa, Secretário
do Conselho da Administração dos caminhos de Ferro do Estado,
tendo como Vice-Presidentes André Leproux, Director-geral
da Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses e
António Maria de Oliveira Belo, Secretário da Associação Comercial de Lisboa. Dos corpos gerentes destacava-se Ramiro Leão,
natural de Gavião e um dos mais importantes comerciantes da
capital. Do organigrama da SPP faziam parte as comissões de
hotéis, comunicações marítimas, festejos, financeira, higiene,
melhoramentos, monumentos, praias e termas e recepção.
Ao folhearmos o boletim da SPP, poucas referências encontramos ao interior do país: Gerez, Coimbra, Serra da Estrela,
Bussaco. Só tardiamente surge o Algarve (1911).
Em Dezembro de 1906, o número de sócios era de 2175 (1054
sócios fundadores e 1121 outros sócios). Nos anos seguinte verificou-se um aumento significativo dos mesmos, como é patente
nos respectivos relatórios anuais:
the country that would support tourism, at the same time
establishing relations with foreign groups and affiliating
itself with the Fédération Franco-espagnole de Syndicats
d’Initiative. The main objective of the SPP was to encourage nationals and foreigners to visit and appreciate Portugal1. Naturally, since it was not an official institution but a
private one, its ability to manoeuvre and the level of inter-
Número de sócios da Sociedade de Propaganda de Portugal
41
vention were limited from the start.
Datas
Número de sócios
1906
2175
1912
5995
lished, which contained a report on the Society’s activ-
1913
2225
ities, and in which articles appeared in Portuguese and
1916
9829
English extolling the richness of Portuguese monuments
1918
10 635
and landscapes. The Society’s Honorary President was
In June 1907 the monthly bulletin began to be pub-
A Sociedade procurou promover o turismo nacional e estrangeiro organizando e divulgando o inventário dos monumentos,
riquezas artísticas e lugares pitorescos do país. Publicou material
promocional, nomeadamente guias e cartas de Portugal, organizou excursões. Para promover o turismo, incentivaram o melhoramento da hotelaria e fizeram diversas propostas ao poder
político para que se melhorassem estradas, portos e caminhos-de-ferro, sugerindo ainda a abolição dos passaportes, bem como
o estabelecimento do Sud-Express diário e a organização de um
guia prático de Caminhos-de-Ferro do Estado. Em 1908, a SPP
promoveu um concurso de hotéis, destinado a premiar os que
mais tivessem progredido em relação a instalações sanitárias,
sendo admitidos os hotéis de localidades constantes em três
grupos: Grupo I: Âncora, Braga, Caminha, Fafe, Guimarães,
Penafiel, Póvoa de Varzim, Viana do Castelo e Vila do Conde;
Grupo II: Alcobaça, Belas, Caldas da Rainha, Coimbra, Ericeira,
Figueira da Foz, Leiria, Luso, Mafra, Nazaré, Penacova, Queluz,
Santarém, S. Martinho do Porto, Tomar e Torres Vedras; Grupo
III: Castelo de Vide, Elvas, Évora, Estremoz, Portalegre, Setúbal e Vila Viçosa. Os prémios eram de 150 000 réis para o 1.º,
30 000 para o segundo e um bilhete gratuito de ida e volta concedido pelos caminhos-de-ferro do Estado para uma viagem à escolha2. Apenas se inscreveram hotéis de Valença, Caminha, Vizela,
Figueira da Foz e Setúbal.
Em 1910, a SPP promoveu a realização de um curso de empregados de hotéis em colaboração com a Casa Pia de Lisboa.
Em Fevereiro de 1911, a SPP lançou um apelo para a criação
de delegações locais da Associação. Em Maio, decorreu em Lisboa o Congresso Internacional de Turismo.
Só nos finais de 1912 aparece na relação de hotéis e similares
que concediam descontos aos sócios da SPP um estabelecimento
de Portalegre: o Hotel Caraça, que concedia 10% de desconto.
A Sociedade publicava anualmente um pequeno volume inti-
Prince D. Luís Filipe and its board of directors was as follows: Councillor José Fernando de Sousa, Secretary of
the Administrative Council of the State Railways, VicePresidents André Leproux, General Manager of the Portuguese Royal Railway Company and António Maria de
Oliveira Belo, Secretary of the Commercial Association
of Lisbon. One of the outstanding members of the management team was Ramiro Leão, from Gavião, an important businessman in the capital. The SPP’s organization
chart included hotel management, maritime communications, festivities, financial, hygiene, improvements, monuments, beaches, hot springs and reception.
Leafing through the SPP bulletin, we can find few references to the interior of the country: Gerez, Coimbra,
Serra da Estrela and Bussaco. The Algarve shows up only
in 1911.
In December, 1906, the number of members was 2,175
(1,054 founding members and 1,121 other members).
In the following years there was a significant increase in
membership as is evidenced by the annual reports:
Number of Members of the Sociedade
de Propaganda de Portugal
Dates
Number of Members
1906
2,175
1912
5,995
1913
2,225
1916
9,829
1918
10,635
The Society endeavoured to promote tourism in Portugal on a national and an international level. It provided
an inventory of monuments, art and picturesque places
in the country. It published promotional material, mainly
42
tulado Lista das Vantagens dos Sócios, com os estabelecimentos
nacionais que concediam descontos aos associados, sendo os de
Portalegre raros. Nas listas de 1916 e na de 1919 surgem exactamente os mesmos: o Grande Salão Paraíso, que concedia 25%
de desconto nos seus espectáculos, os Armazéns do Chiado, com
5% e o Café Restaurante de Tiago Morgado, com 10%.
Em 1913 já estavam constituídas delegações em Penacova,
Portimão e Bairrada e em vias de instalação em Leiria, Manteigas, Évora, Elvas, Covilhã, Vila Real, Portalegre e Faro. Naquele
ano existiam sócios em Avis, Santa Eulália, Elvas, Castelo de
43
guides and maps, and organized excursions. In order to
attract tourists to the country they encouraged hotels to
improve their quality and made several proposals to government for the improvement of roads, ports and railways. They even suggested that passports should not be
required and that there should be a daily service of the
Sud-Express. They also recommended that there be a practical guide to the State Railways. In 1908, the SPP held a
hotel competition with the intention of giving awards
to those who had made progress with regard to sanitary
Vide, Monforte, Montargil, Barbacena, Alter do Chão, Sousel,
Marvão e Alpalhão. Na cidade de Portalegre o seu número era de
47, acrescidos de mais 17 nos primeiros meses de 1914. Entre
eles contavam-se personalidades marcantes da vida local, industriais, comerciantes, professores, militares e funcionários. Merecem realce Sebastião Vitorino Bragança, Adelino Brito, Fernando
Costa, João Mário de Albuquerque de Azevedo Coutinho, Luís
de Sousa Gomes, António José Goês Cardoso, Manuel Gerardo
Cassola, João do Monte Empina, Jorge Maria de Macedo,
António Maria de Matos, Henrique Esteves Moreira, Apolino
Marques, George Milner Robinson, Adriano Tapadinhas, Arnold
Watson, George Robinson da Silveira, Jorge Frederico Velez
Caroço, Emílio Costa e Augusto César de Oliveira Tavares. Emílio
Costa era então funcionário da SPP e ministrava em Berna um
curso de Língua Portuguesa.
A 10 de Maio de 1914, no salão nobre da Câmara Municipal de Portalegre, Emílio Costa proferiu uma conferência sobre
o papel da SPP. Em Junho do mesmo ano, a SPP procedeu à inauguração de três delegações no distrito de Portalegre. Uma comissão composta por Emílio Costa, Melo de Matos, Jaime de Pádua
Franco e António José Ferreira Madail realizou uma sessão em
Elvas a 3 de Junho, ficando constituída uma comissão local formada por José Nunes da Silva Sobrinho, presidente, António
José Torres de Carvalho, secretário, António Nunes de Andrade,
tesoureiro, Miguel Francisco da Conceição Santos e António
dos Santos Cidrais, vogais. No dia seguinte os visitantes deslocaram-se a Castelo de Vide, onde foram obsequiados com uma
almoço na Quinta da Atalaia. Os corpos dirigentes da delegação
local eram constituídos por João Magrassó, presidente, Alfredo
Vítor Lecoq, tesoureiro, António Vicente Raposo Repenicado,
secretário, João Luís Carvalho Cordeiro, Ramiro César Murta
e Francisco Manuel de Faria Videira, vogais. Carvalho Cordeiro
publica uma pequena monografia de Castelo de Vide no
facilities. There were three geographical groups: Group
I: Âncora, Braga, Caminha, Fafe, Guimarães, Penafiel,
Póvoa do Varzim, Viana do Castelo and Vila do Conde;
Group II: Alcobaça, Belas, Caldas da Rainha, Coimbra, Ericeira, Figueira da Foz, Leiria, Luso, Mafra, Nazaré, Penacova, Queluz, Santarém, S. Martinho do Porto, Tomar and
Torres Vedras; Group III: Castelo de Vide, Elvas, Évora,
Estremoz, Portalegre, Setúbal and Vila Viçosa. The prizes
were 150,000 réis for first place, 30,000 réis for second
place and a free return train ticket to a destination of one’s
choice, offered by the State Railway, for third place2. Only
hotels from Valença, Caminha, Vizela, Figueira da Foz and
Setúbal entered the competion.
In 1910, the SPP sponsored a course for hotel employees in collaboration with Casa Pia, of Lisbon.
In February of 1911, the SPP called for the creation of
local delegations of the Society. In May, the International
Tourism Congress was held in Lisbon.
It was only towards the end of 1912 that hotels and
other establishments began to give discounts to members
of the SPP. The first was a hotel in Portalegre – the Hotel
Caraça, with a 10% discount.
Every year the Society published a booklet with the
title Lista das Vantagens aos Sócios (List of Advantages to
Members). The list included national establishments that
gave discounts to members, and those in Portalegre were
rare. In the 1916 and 1919 lists, exactly the same ones
appear: The Grande Salão Paraíso, offering a 25% discount
on its shows, the Armazéns do Chiado, with 5% and the
Café Restaurante de Tiago Morgado, with 10%.
In 1913, delegations were already set up in Penacova, Portimão and Bairrada and delegations in Leiria,
Manteigas, Évora, Elvas, Covilhã, Vila Real, Portalegre
44
Luís Gomes. Caricatura de José Tavares.
Boletim da SPP3, mas, apesar desse início promissor, a delegação local será dissolvida em 1916.
Ainda no mesmo dia 10 de Maio de 1914, pelas
19 horas, realizou-se no Teatro Portalegrense uma
sessão de propaganda presidida pelo presidente
da Câmara Municipal, António Maria de Matos,
na qual usaram da palavra todos os visitantes à
excepção de Ferreira Madail, e ainda Luís Gomes
e José Marques Lemos. A comissão directiva da
delegação de Portalegre ficou constituída por
João Manuel Franco de Sousa, presidente, Jaime
Ribeiro Martins, tesoureiro, e Luís Gomes, secretário. A SPP iniciou então a publicação de um novo
órgão, Propaganda de Portugal, com a forma de jornal, que no seu n.º 3 incluía duas páginas dedicadas a Portalegre e à divulgação dos seus monumentos mas, acima de tudo, sublinhava o que ela
tinha de melhor: «mas onde Portalegre pode reivindicar as honras tirar os proveitos duma região
de turismo de primeira ordem, é nos seus arredores, na sua belíssima serra. Sem nos demorarmos
a descrever as muitas e grandes belezas da região,
afirmamos que os arredores montanhosos de Portalegre constituem uma região de turismo, como
estação de Verão, das melhores de Portugal, desde
que se faça por ela o pouco relativamente que ele
necessita: boas vias de comunicação. Esta região,
pondo-se em comunicação rápida e cómoda com o
resto do país, reputamo-la superior ao Buçaco e a
Bom Jesus do Monte»4.
Portalegre passava a figurar nos roteiros da SPP,
como se verá nos guias que começaram a ser publicados. A 5 de Maio de 1915, Luís Gomes realizava na
45
and Faro were in the process of being set up. That year
there were members in Avis, Santa Eulália, Elvas, Castelo de Vide, Monforte, Montargil, Barbacena, Alter do
Chão, Sousel, Marvão and Alpalhão. In Portalegre, there
were 47, increasing by 17 members in the first months of
1914. Amongst the members were outstanding personalities in the life of the town – industrialists, merchants,
professors, military personnel and officials. Deserving of
mention were Sebastião Vitorino Bragança, Adelino Brito,
Fernando Costa, João Mário de Albuquerque de Azevedo
Coutinho, Luís de Sousa Gomes, António José Goês Cardoso, Manuel Gerardo Cassola, João do Monte Empina,
Jorge Maria de Macedo, António Maria de Matos, Henrique Esteves Moreira, Apolino Marques, George Milner
Robinson, Adriano Tapadinhas, Arnold Watson, George
Robinson da Silveira, Jorge Frederico Velez Caroço, Emílio
Costa and Augusto César de Oliveira Tavares. Emílio Costa
was at that time an official of the SPP and was conducting
a course in Portuguese in Berne.
On the 10th of May, 1914, in the reception hall of the
Portalegre Town Hall, Emílio Costa gave a talk on the role
of the SPP. In June of the same year, the SPP inaugurated
three delegations in the District of Portalegre. A commission consisting of Costa, Melo de Matos, Jaime de Pádua
Franco and António José Ferreira Madail held a meeting in Elvas on the 3rd of June, and set up a local commission consisting of José Nunes da Silva Sobrinho, president, António José Torres de Carvalho, secretary, António
Nunes de Andrade, treasurer, Miguel Francisco da Conceição Santos and António dos Santos Cidrais, representatives. On the following day, the visitors travelled to Castelo de Vide where they were honoured with a luncheon at
the Quinta da Atalaia. The directors of the local delegation
sede da SPP em Lisboa uma conferência intitulada «O Alto-Alentejo, Região e Turismo», na qual defendia a necessidade de aproveitamento das potencialidades turísticas da região definida por
aqueles três concelhos, e que foi publicada no ano seguinte.
Outra componente importante da actividade da SPP era a
edição de materiais promocionais, mas, nos de âmbito nacional,
Portalegre está completamente ausente. No folheto Portugal,
publicado em espanhol e com excelente qualidade gráfica, aparece Lisboa, Sintra, Batalha, Cascais, Tomar, Coimbra, Buçaco,
Porto e Braga. Na brochura Portugal. Clima, Paisages, Estaciones
termales, também em espanhol, publicada em 1912, Portalegre é
ignorada nas sugestões de excursões, onde já encontramos Setúbal, Évora, o Algarve, Santarém e Óbidos. Mas, em contrapartida, aparece no capítulo dedicado aos sanatórios, uma vez que
a cidade dispunha do sanatório Dr. Rodrigues de Gusmão, inaugurado em 1909. Na brochura surge uma fotografia panorâmica
de Portalegre e a informação de que o seu sanatório regional dispõe de 30 camas.
Embora não fosse directamente uma edição da SPP, não podemos deixar de referir o Manual do Viajante em Portugal, de Leonildo
de Mendonça e Costa, publicado em 1907, na Tipografia da Gazeta
dos Caminhos de Ferro, com uma 6.ª edição em 1930. Esta obra, ilustrada com algumas plantas de cidades, mapas dos distritos e um de
Portugal, elaborado pela SPP, teve uma notável divulgação, saindo
ainda uma versão em francês em 1908. Portalegre é referida na
Excursão VI – Lisboa a Sevilha, em duas páginas e meia, incluindo
o mapa do distrito. Para além de sumaríssimas notas sobre os
monumentos e um comentário sobre o aspecto interior da cidade,
«pouco atraente pelos arruamentos estreitos, íngremes e mal calçados», sublinhava a beleza da serra, «com interessantes casinhas de
campo a quem chamam «Sintra do Alentejo»5.
O Relatório da Direcção sobre a gerência de 1916 apontava
para a execução de um rol substancial de monografias consagra-
were João Magrassó, president, Alfredo Vítor Lecoq, treasurer, António Vicente Raposo Repenicado, secretary, João
Luís Carvalho Cordeiro, Ramiro César Murta and Francisco Manuel de Faria Videira, representatives. Carvalho
Cordeiro published a small portrait of Castelo de Vide in
the SPP Bulletin3, but, in spite of that auspicious beginning, the local delegation was dissolved in 1916.
Also on the same day of 10th May, 1914, at seven
o’clock in the evening, there was, at the Teatro Portalegrense, a promotional presentation presided over by the
president of the Town Hall, António Maria de Matos, at
which all the visitors spoke, with the exception of Ferreira
Madail, Luís Gomes and José Marques Lemos. The following were named directors of the Portalegre Commission:
João Manuel Franco de Sousa, president, Jaime Ribeiro
Martins, treasurer, and Luís Gomes, secretary.
At that time the SPP started to publish a new organ
of the Society, Propaganda de Portugal, in a newspaper format, which, in its 3rd issue, included two pages devoted
to Portalegre and its historical buildings, but, above all,
underlining its best quality: “but where Portalegre can
claim honours and benefit from a first rate tourist region
is in its surroundings, in its beautiful mountains. Without
spending much time describing the many aspects of this
magnificent region, we can confidently say that the Portalegre’s mountainous area can be one of Portugal’s best
tourist regions and summer resorts, so long as the minimum is done for it: good road and rail accessibility. In our
opinion, this region, with fast and comfortable communication with the rest of the country, can be greater than
Buçaco and Bom Jesus do Monte”4.
Portalegre began to be featured in the SPP tourist routes, as can be seen in the guides that were start-
46
ing to be published. On the 5th of May, 1915, Luís Gomes
gave a talk in the SPP head office in Lisbon with the title
“O Alto-Alentejo, Região e Turismo” (“Northern Alentejo,
the Region and its Tourism”) in which he speaks of the
necessity to take advantage of the tourism potential of the
region outlined by those three councils. The talk was published the following year.
Another important aspect of the activities of SPP
was the editing of promotional material. Amongst the
material covering the whole country, Portalegre is completely absent. In the folder Portugal, published in Spanish with excellent graphics, the following towns are mentioned: Lisbon, Sintra, Batalha, Cascais, Tomar, Coimbra,
Buçaco, Oporto and Braga. In the brochure Portugal. Clima,
Paisages, Estaciones termale, also in Spanish, published in
1912, Setúbal, Évora, the Algarve, Santarém and Óbidos
are included in the excursion suggestions, but Portalegre
is ignored. However, it does appear in the chapter dealing
with spas, since the town did have the Dr. Rodrigues de
Gusmão Spa, which opened in 1909. The brochure has a
panoramic photograph of Portalegre and mentions that
the spa has 30 beds.
Although it wasn’t actually published by the SPP, we
feel compelled to refer to the Manual do Viajante em Portugal, by Leonildo de Mendonça e Costa, published in 1907
by the printers of the Gazeta dos Caminhos de Ferro, with a
6th edition in 1930. This work, illustrated with some maps
of towns and districts, and a map of Portugal drawn by the
SPP, was widely distributed, and there was even a French
edition, published in 1908. Portalegre is mentioned in
Excursion VI – Lisbon to Sevil, in two and a half pages,
including a map of the district. Apart from extremely brief
notes on the historical buildings and a comment about
47
the look of the interior of the town, “not very attractive, with narrow, steep and badly paved streets”, it does
remark on the beauty of the mountains, “with interesting little houses” which some people call “the Sintra of the
Alentejo”.
The Directors’ Report on the management of 1916
refers to the creation of a substantial collection of monographs of various Portuguese regions, three of which had
already been published, and 20 others being prepared! In
fact, the SPP published various regional guides. In 1916,
the following were published: Porto e Arredores: Indicações
para uso dos Viajantes (Oporto and Surroundings: Information
for Travellers), Santarém - seus Arredoredores: Indicações para
uso dos Viajantes (Santarem and Surroundings: Information
for Travellers) and Évora e seus Arredores: Indicações gerais
para uso dos Viajantes (Evora and its Surroundings: General
Information for Travellers) / Sociedade de Propaganda de Portugal. Followed by: Na região do Mondego: Figueira da Foz e
Arredores: Indicações gerais para uso dos Viajantes (The Mondego Region: Figueira da Foz and Surroundings: General Information for Travellers) / Sociedade Propaganda de Portugal
das a diversas regiões portuguesas, tendo já sido três publicadas
e estando em curso outras 20! De facto, a SPP publicou diversos guias regionais. Em 1916 saiu Porto e Arredores Indicações
para uso dos Viajantes, Santarém seus Arredores. Indicações para
uso dos Viajantes e Évora e seus arredores: indicações gerais para uso
dos viajantes / Sociedade de Propaganda de Portugal. No seguinte:
Na região do Mondego: Figueira da Foz e arredores: indicações gerais
para uso dos viajantes / Sociedade Propaganda de Portugal (1917);
A região do Vouga: Aveiro, Águeda, S. Pedro do Sul, Viseu: indicações
gerais para uso dos viajantes / Sociedade Propaganda de Portugal
(1917); Coimbra e seus arredores: indicações gerais para uso dos viajantes / Sociedade de Propaganda de Portugal (1917); Na Região do
(1917); A região do Vouga: Aveiro, Águeda, S. Pedro do Sul,
Viseu: Indicações gerais para uso dos Viajantes (The Vouga
Region: Aveiro, Águeda, S. Pedro do Sul, Viseu: General Information for Travellers) / Sociedade Propaganda de Portugal
(1917); Coimbra e seus Arredores: Indicações gerais para uso
dos Viajantes (Coimbra and its Surroundings: General Information for Travellers) / Sociedade de Propaganda de Portugal (1917); Na Região do Ave / Vila do Conde, Póvoa do Varzim, Famalicão: Indicações gerais para uso dos Viajantes (The
Ave Region: Vila do Conde, Póvoa do Varzim, Famalicão: General Information for Travellers) (1917). In 1918 the Northern Alentejo guide was published, clearly favouring the
48
Ave / Vila do Conde, Póvoa de Varzim, Famalicão / Indicações gerais
para uso dos viajantes (1917). Em 1918 era publicado o guia sobre
o Norte Alentejano, privilegiando claramente as três localidades onde existiam delegações da SPP: No Alto Alentejo / Portalegre, Elvas, Castelo de Vide/ Indicações gerais para uso dos viajantes.
Ao longo de 74 páginas, discorria-se sobre a história de cada localidade, monumentos, passeios possíveis e pontos de interesse,
para além de se reunirem informações actuais que nos possibilitam ter uma ideia muito precisa dos recursos locais em 1918.
No que respeita a Portalegre, refere-se a existência do fabrico
de amêndoas por João Maria Guapo, na Rua dos Açougues,
de arcos de pau, cestos e canastras por Elisiário de Brito,
Francisco Miranda e viúva Serra, de doces diversos por Maria
Joana Dias, feitos no antigo convento de Santa Clara, ao tempo
recolhimento, e de flores artificiais por Maria Ana Malato.
three localities where there were SPP delegations: No Alto
Alentejo: Portalegre, Elvas, Castelo de Vide: Indicações gerais
para uso dos Viajantes. (Northern Alentejo: Portalegre, Elvas,
Castelo de Vide: General Information for Travellers). Here
we have 74 pages full of historical notes on each locality, information on historical buildings, suggestions for
walks and points of interest, as well as current information which allows us to have a very precise idea of the
local resources in 1918. With regard to Portalegre, the
following are mentioned: João Maria Guapo’s almond
factory, on Rua dos Açougues, cane bows and baskets
made by Elisiário de Brito, Francisco Miranda and the
widow Serra, a variety of cakes and sweets made by Maria
Joana Dias at the old Santa Clara Convent and artificial
flowers made by Maria Ana Malato.
Hospedagem e restauração em 1918
Hotels and Restaurants in 1918
Hotel Caraça, de António de Oliveira Caraça
Hotel Caraça, owned by António de Oliveira Caraça
Hotel Garcia, de António Garcia
Hotel Garcia, owned by António Garcia
Casa de Hóspedes, de José Amaro de Andrade Temudo
Guest House owned by José Amaro de Andrade Temudo
Estalagens de:
Inns owned by:
Alexandre Azeitona
Alexandre Azeitona
Joaquim Lourinho
Joaquim Lourinho
Joaquim Pereira
Joaquim Pereira
José Avelino Facha
José Avelino Facha
José Joaquim Pereira
José Joaquim Pereira
José Maria Baptista
José Maria Baptista
Casas de Pasto de:
Joaquim Maria Casaca
Joaquim Maria Casaca
Tiago Morgado
Tiago Morgado
Esperança Maria
Esperança Maria
Restaurante de César Moreira
49
Workers Restaurants owned by:
Restaurante of César Moreira
O Guia descreve Portalegre salientando o contraste com o
resto do Alentejo: «é sempre agradável a surpresa que experimenta o turista que pela primeira vez visita a linda cidade do
Alto Alentejo, pois vai quase sempre convencido de que ali
encontrará mais um clássico trecho dessa província, que tão
errada e injustificada reputação goza pelo que respeita a belezas naturais, quando é certo que as tem como todas as províncias, embora a paisagem seja mais diversa. O contraste entre
Portalegre e o médio e baixo Alentejo é completo, e logo ali tem
o forasteiro a primeira impressão das surpresas que o esperam».
Não esqueceu as valências – bancos, fábricas, correios, associações – as ligações rodoviárias e ferroviárias, as associações, o
ensino, a imprensa local, os divertimentos. Informava que os
principais produtos comercializados eram os frutos secos, a
madeira, a cortiça, o gado suíno e o azeite. Dedicava duas páginas e meia à Fadagosa de Marvão, o que atesta a sua importância e terminava com algumas sugestões de passeios nos arredores da cidade: Reguengo, com quintas interessantes e comércio
de canastras e de madeira de castanho, Fortios e Ribeira de
Nisa, valendo mais pelas paisagens que se podiam usufruir e a
serra de São Mamede, que é descrita com bastante pormenor,
nomeadamente a cadeia de picos que se prolongava pela Espanha dentro.
No entanto, parecendo ignorar o opúsculo de 1918, o guia
Portugal, com centena e meia de páginas, publicado em 1929 em
inglês e em francês, com amplas referências a todo o país, nas
excursões centradas em Évora, Portalegre não é considerada, em
detrimento de Beja, Vila Viçosa, Estremoz e Elvas.
De qualquer forma, a Sociedade de Propaganda de Portugal
contribuiu de modo significativo para a divulgação da região de
Portalegre, nas páginas dos seus boletins, nas conferências realizadas, na actividade das suas delegações, publicando ainda o primeiro guia turístico de Portalegre.
The Guide describes Portalegre, highlighting the contrast with the rest of the Alentejo: “It is always a pleasant surprise for the tourist when he visits for the first time the beautiful town of northern Alentejo. He goes there expecting to
find another typical corner of that province which has such
a wrong and unjustified reputation with regard to its beauty,
when in fact it has as much as other provinces, albeit more
varied. The contrast between Portalegre and central and
southern Alentejo is complete, and the stranger has there his
first impression of the surprises that await him”. The Guide
has not forgotten its richness – the banks, the factories, the
post office, the societies, the road and railway connections,
education, the local press, entertainment… It informs us
that the principal products are dried fruits, wood, cork, pork
and olive oil. It devotes two and a half pages to the Fadagosa
de Marvão thermal spa (which confirms its importance) and
finishes with some suggestions for outings in the surrounding area: Reguengo, with its interesting “quintas” and its basket and chestnut wood industries. Fortios and Ribeira de
Nisa are mentioned for the beauty of the landscape.
The São Mamede mountains are described in much
detail, especially the chain of peaks that stretches beyond
the Spanish border.
However, as if ignoring the existence of the 1918 guide
book, the Portugal guide, published in 1929, in English and
French, with 150 pages covering the whole country, Portalegre is notably absent from the Évora based excursions
which include Beja, Vila Viçosa, Estremoz and Elvas.
Nevertheless, the Sociedade de Propaganda de Portugal contributes significantly to the promotion of Portalegre in the pages of its bulletins, in its talks and through
the activities of its delegations. It also published the first
Portalegre tourist guide.
50
Notas
1
3
2
4
5
51
Estatutos da Sociedade de Propaganda de Portugal, Lisboa, Papelaria e Tipografia Guedes & Saraiva, s.d., p. 3.
«2.º Concurso de Hotéis», Boletim da SPP, n.º 5, Setembro de 1908, p. 69.
Carvalho Cordeiro, «Castelo de Vide. Esboceto monográfico», Boletim da Sociedade de Propaganda de Portugal, n.º 6, Novembro – Dezembro de 1916, pp. 106 a
110.
«Terras de Portugal. Portalegre», Propaganda de Portugal, n.º 3, 10 de Junho de
1914, p. 5.
Leonildo de Mendonça e Costa, Manual do Viajante em Portugal com itinerários
de Excursões em todo o País e para Madrid, Paris, Vigo, Santiago, Salamanca, Badajoz
e Sevilha, Lisboa, Tipografia da Gazeta dos Caminhos de Ferro, 1924, 5.ª edição,
p. 215.
Notes
1
Estatutos da Sociedade de Propaganda de Portugal, Lisboa, Papelaria e
Tipografia Guedes & Saraiva, s.d., p. 3.
2
3
«2.º Concurso de Hotéis», Boletim da SPP, no. 5, September 1908, p. 69.
Carvalho Cordeiro, «Castelo de Vide. Esboceto monográfico», Boletim da
Sociedade de Propaganda de Portugal, no. 6, November – December, 1916,
pp. 106 to 110.
4
«Terras de Portugal. Portalegre», Propaganda de Portugal, no. 3, 10th
June, 1914, p. 5.
5
Leonildo de Mendonça e Costa, Manual do Viajante em Portugal com itinerários de Excursões em todo o País e para Madrid, paris, Vigo, Santiago, Salamanca,
Badajoz e Sevilha, Lisboa, Tipografia da Gazeta dos Caminhos de Ferro,
1924, 5th edition, p. 215.
Portalegre no Guia de Portugal de Raul Proença
Portalegre in the Guide to Portugal by Raul Proença
Publicações da Fundação Robinson 14, 2009, p. 52-57, ISSN 1646-7116
A 16 de Abril de 1925 chegaram a Portalegre Raul Proença e
Reinaldo dos Santos, a fim de recolherem elementos destinados
ao Guia de Portugal. Foram recebidos e acompanhados por Luís
Gomes e Laureano Sardinha, um médico militar muito entendido em Arte e possuidor de uma excelente colecção de cerâmica
portuguesa que mais tarde foi integrada no Museu Municipal de
Portalegre. Estava em marcha um grandioso projecto que mobilizou vontades e recursos sob a direcção de Proença. Para a elaboração da parte referente a Portalegre foi também consultado o
conde de Almarjão.
A 31 de Dezembro de 1927 acabava de ser impresso o
2.º volume do Guia de Portugal, dedicado à Estremadura, ao Alentejo e ao Algarve. Nele encontramos uma excelente descrição
turística de Portalegre, acompanhada de um mapa da cidade.
O texto que reproduzimos em fac-simile é das provas originais corrigidas por Proença e pelo Dr. Laureano Sardinha.
On April 16th, 1925 Raul Proença and Reinaldo dos Santos arrived in Portalegre, with the purpose of gathering
information for the Guide to Portugal. They were received
and accompanied by Luís Gomes and Laureano Sardinha,
a medical doctor very well acquainted with Art and in possession of an excellent collection of Portuguese ceramics,
which was later incorporated into the Museu Municipal de
Portalegre (the Portalegre Municipal Museum). A grand
project which called upon determination and resources
was set in motion under the management of Proença. The
Count of Almarjão was also consulted about the work on
the part of the project relating to Portalegre.
On December 31st, 1927 the 2nd volume of the Guide
to Portugal, dedicated to Estremadura, Alentejo and the
Algarve, came off the press. We found an excellent tourist description of Portalegre in it, accompanied by a map
of the town.
The text we reproduce in facsimile is of the original
proofs corrected by Proença and Dr. Laureano Sardinha.
Guia de Portugal.
Raul Proença, 1927.
53
Planta de Portalegre
incluída no Guia de Portugal.
Raul Proença, 1927.
54
55
Provas tipográficas do texto
referente a Portalegre,
publicado no Guia de Portugal
de Raul Proença, corrigidas
pelo próprio, 1927.
56
57
Grémio Alentejano, Casa do Alentejo
Grémio Alentejano, Casa do Alentejo
Publicações da Fundação Robinson 14, 2009, p. 58-65, ISSN 1646-7116
Uma das primeiras estruturas regionalistas fundadas após
a proclamação da República foi a Liga Alentejana, constituída a
30 de Outubro de 1912 numa reunião havida no Ateneu Comercial de Lisboa, convocada por uma comissão de elementos da colónia transtagana residentes na capital. O documento inicial era
subscrito por duas dezenas e meia de personalidades de diversas
orientações políticas e partidárias desde o antigo deputado progressista Lourenço Cayola, professor da Escola Colonial, até aos
republicanos Júlio Martins, Ladislau Parreira, Vasconcelos e Sá,
Caldeira Queirós e João Camoesas, José da Ponte e Sousa e o libertário Emílio Costa1.
A 29 de Outubro, o diário Intransigente, que deu um destaque invulgar à iniciativa, publicava um artigo sobre os interesses do Alentejo, no qual apoiava a iniciativa e chamava a atenção para algumas dificuldades existentes: «o Alentejo é muito
grande, os alentejanos não se conhecem muito bem uns aos
outros e entre eles há diferenças apreciáveis de carácter, filhas
da grande extensão da província e das poucas relações que têm
mantido uns com os outros»2. A futura Liga deveria ser norteada por um princípio essencial – pôr os interesses que se prometeu defender acima das conveniências políticas ou das simpatias pessoais. A reunião de 30 de Outubro contou com a
presença de três centenas de pessoas e foi presidida por Agostinho Fortes, que apelou para a união de «todos os alentejanos,
dispondo-os a realizar um programa mínimo capaz de solucionar
os problemas mais ingentes da vida provincial»3. Usaram ainda
da palavra João Camoesas, Pedro Muralha, António Serrano,
Pedro Martins, Mateus Ramos, Armando Massano, Alfredo
Pico, José de Lemos, Anselmo Vieira, antigo deputado monárquico, e Emílio Costa. Foi eleita uma comissão encarregada de
redigir os estatutos, constituída por Lourenço Cayola, Artur
Pestana, João Camoesas, Emílio Costa, Armando Camacho,
Mário Miranda Monteiro, Armando Zagalo e Vasconcelos e Sá.
59
One of the first regional framework founded after
the proclamation of the Republic was the Liga Alentejana (League of Alentejo), established on October 30th,
1912 in a meeting held at the Ateneu Comercial de Lisboa
(Lisbon Commercial Athenaeum), called by a commission
of elements from the colony of inhabitants from beyond
the river Tagus resident in the capital. The initial document was signed by twenty five personalities of various
political inclinations and parties from the ex progressionist deputy Lourenço Cayola, teacher at the Escola Colonial,
to the republicans Júlio Martins, Ladislau Parreira, Vasconcelos e Sá, Caldeira Queirós and João Camoesas, José
da Ponte e Sousa and the libertarian Emílio Costa1.
On October 29th, the daily newspaper Intransigente,
which exceptionally highlighted the initiative, published an
article on the importance of Alentejo, in which it supported
the initiative and drew attention to some of the existing difficulties: “Alentejo is very big, the inhabitants of Alentejo
do not know each other very well and there are appreciable differences of character among them, born of the great
expanse of the province and of the few connections maintained between them”2. The future League was to be led by
an essential principle – to place the causes they promised
to defend before political convenience or personal sympathies. The meeting of October 30th was attended by three
hundred people and was presided over by Agostinho Fortes,
who appealed to “all the inhabitants of Alentejo, in union,
to put into place the creation of a minimal programme
able to solve the greatest problems in the life of the province”3. João Camoesas, Pedro Muralha, António Serrano,
Pedro Martins, Mateus Ramos, Armando Massano, Alfredo
Pico, José de Lemos, Anselmo Vieira, ex Monarchic deputy, and Emílio Costa all spoke. A commission charged with
Constituiu-se uma outra comissão instaladora que integrava
Pedro Martins, Francisco Lopes, Sousa Câmara, António Serrano,
Frederico Villaret, Martinho Rosado, Alfredo Pico, Armando
Massano e Ladislau Parreira. Uma terceira comissão, a formar
posteriormente, teria como função organizar a propaganda da
Liga por toda a província.
De entre as adesões recebidas destaca-se a de Adelaide
Cabete, que era natural de Elvas.
O jornal de Machado Santos deu uma ampla cobertura ao
andamento dos trabalhos, publicando convocatórias e relatos
da reunião, incitando a que se imitasse o exemplo dos alentejanos – «o regionalismo, que há muito tempo só se tem manifestado entre nós para a luta da mesquinha e mais que nociva
política dos partidos e dos influentes, parece querer orientar-se de forma a produzir efeitos benéficos para o progresso das
diversas regiões do país»4. No mesmo jornal, num artigo intitulado «A Liga Alentejana propõe-se realizar uma obra grandiosa»5, Edmundo de Oliveira censurava asperamente o silêncio
com que a generalidade dos outros órgãos de imprensa acolheram a iniciativa, dando conta da magnitude do projecto em
curso. É que a Liga Alentejana pretendia criar diversas estruturas interligadas, uma cooperativa, escolas, um jornal, organização de excursões ao Alentejo, bem como a edição de materiais
de promoção da província. Note-se, porém, que os dinamizadores da Liga eram alentejanos residentes em Lisboa, o que contradizia de certo modo a filosofia subjacente ao projecto. Não se
tratava de uma acção desencadeada a partir do interior, das terras abandonadas e esquecidas pelo poder central, mas sim concebida na capital, embora por regionalistas dedicados que não
esqueciam a sua origem.
Segundo os seus estatutos, a Liga Alentejana era «completamente estranha a quaisquer agrupamentos e doutrinas políticas, sociais e religiosas»6 (Art.º 19), apostando na realização
drafting the Statutes was elected, composed of: Lourenço
Cayola, Artur Pestana, João Camoesas, Emílio Costa,
Armando Camacho, Mário Miranda Monteiro, Armando
Zagalo and Vasconcelos e Sá. Another inaugural commission was set up comprised of Pedro Martins, Francisco
Lopes, Sousa Câmara, António Serrano, Frederico Villaret,
Martinho Rosado, Alfredo Pico, Armando Massano and
Ladislau Parreira. A third commission was to be formed later,
with the role of setting up the promotion of the League all
over the province. One of the more outstanding members
to join was Adelaide Cabete, who was born in Elvas.
Machado Santos’s newspaper gave ample coverage
of the progress of the work, publishing convocations and
reports on the meeting, encouraging the following of the
example of the people of Alentejo – “provincialism, which
for so long has only shown itself among us through the
struggle of grudging and more than noxious political and
influential parties, seems to wish to move in the direction
of producing beneficial effects for the development of the
various regions in the country”4. In the same newspaper, an
article entitled “The Alentejo League proposes to take up
an imposing position”5, Edmundo de Oliveira severely criticised the silence with which the other organs of the press
in general had received the initiative, considering the magnitude of the project under way. The Liga Alentejana aimed
at creating various interrelated structures, a cooperative,
schools, a newspaper, the organisation of tours of Alentejo,
as well as the publication of material to promote the province. However, it should be noted that the active organisers
of the League were people from Alentejo resident in Lisbon,
which somewhat contradicted the underlying philosophy
of the project. This was not an internal unfettered action,
on abandoned and forgotten territory by central powers,
60
61
62
de congressos regionais que, como já referimos, nunca tiveram
lugar, pelo menos no que diz respeito ao Alentejo.
Dentro dos objectivos definidos de lutar pelo desenvolvimento e pela propaganda do Alentejo, a Liga Alentejana, que
chegou a ter uma sede em Évora, realizou algumas sessões de
propaganda, a mais importante das quais teve lugar a 13 de
Abril de 1913 em Elvas, no Teatro Elvense, presidida por António Simões Paquete, proprietário em Évora, na qual usaram da
palavra o Dr. Evaristo Cutileiro e João Camoesas. Emílio Costa
concebia a existência desta estrutura numa perspectiva mais
ampla de verdadeira alternativa de poder – «a proclamação da
República não trouxe para o país uma era de descentralizaçaão,
porque os governos republicanos não são diferentes, sob esse
ponto de vista, de quaisquer outros governos. A acção das regiões tem que se exercer contra eles, contra o seu poder absorvente, a sua tendência tirânica como condição indispensável
de progresso. As Ligas, como a Liga Alentejana são os organismos que estarão indicados para iniciar essa acção e educação.
Devem-se constituir numerosas e fortes, porque delas resulta o
progresso geral, o bem-estar de todos»7.
although conceived in the capital, but one by dedicated people of the region who had not forgotten their origin.
According to its Statute, the Liga Alentejana was
“completely separate from any political, social or religions
groups and doctrines”6 (Article 19), pledging itself to the
accomplishment of regional congresses, as already stated,
which had never taken place, at least as far as Alentejo was
concerned.
Within the objectives defined for the struggle for the
development and promotion of Alentejo, the Liga Alentejana, which even had a head Office in Évora, had some
meetings for promotion, the most important of which was
held on April 13th, 1913 at Elvas, in the Teatro Elvense, presided over by António Simões Paquete, a landowner from
Évora, at which Dr. Evaristo Cutileiro and João Camoesas
spoke. Emílio Costa conceived the existence of this framework within the wide perspective of true alternative power
– “the proclamation of the Republic did not bring an era of
decentralisation to the country, because the republican governments are no different, in this respect, from any other
governments. The regions’ procedure must exert itself
O Grémio Alentejano e a Casa do Alentejo
A última estrutura regionalista alentejana criada durante a
I República foi o Grémio Alentejano, constituído a 16 de Outubro de 1923. Entre os seus fundadores encontramos nomes já
conhecidos – Aboim Inglês, Agostinho Fortes, Hernâni Cidade –
a par de uma nova geração que se empenhou no projecto. Depois
de algumas sedes provisórias, o Grémio instalou-se em 1927 na
Rua de S. Pedro de Alcântara, 45, com uma sessão a 30 de Janeiro
onde foi conferencista Brito Camacho, e, depois, a 2 de Maio
de 1932, no Palácio de S. Luís, na Rua de Eugénio dos Santos.
O Grémio Alentejano mudou a sua designação para Casa do Alentejo, instituição que ainda existe, com uma notável actividade.
63
against them, against their absorbing power, their tyrannical tendency as an indispensable condition for progress.
Leagues such as the Liga Alentejana are those organisations most appropriate to start this action and education.
They should be set up, numerous and strong, because, general progress results in the welfare of everyone”7.
The Grémio Alentejano and the Casa do Alentejo
The last regional structure in Alentejo to be created
during the 1st Republic was the Grémio Alentejano (Guild of
Alentejo), established on October 16th, 1923. Well-known
names are to be found among its founders – Aboim Inglês,
O carácter abrangente do regionalismo anterior ao 28 de
Maio prosseguiu, reforçado pela colaboração entre os vários
grémios que chegaram a constituir um Conselho Superior do
Regionalismo, com representantes das várias organizações existentes em Lisboa. Mais uma vez, o exemplo do Grémio Alentejano é significativo. Realizaram-se dois Congressos da Imprensa
Alentejana, um em 1932 e outro em 1933. Mas nunca conseguirá levar a cabo um congresso regional, planeado desde 1940 e
periodicamente agitado até 19538. Dos corpos gerentes do Grémio, depois Casa do Alentejo, fizeram parte figuras oriundas de
campos políticos muito diferentes, como Passos e Sousa e Hernâni Cidade, Agostinho Fortes e Leopoldo Nunes. Em nome do
progresso do Alentejo e da defesa dos seus interesses, fazia-se
a propaganda das belezas naturais e monumentais, do folclore
e da história. Em 1938, Andrade Saraiva escrevia: «o regionalismo, sendo essencialmente patriótico e afectivo, é incompatível com toda a espécie de facciosismo e de sectarismo, porque todo o faccioso e sectário é, no fundo, um antipatriota, que,
conscientemente, promove lutas, violências,
a discórdia e a desagregação nacional»9 . Vítor
Santos, embora de uma
forma menos explícita,
não deixava de salientar
em 1941 que o regionalismo é um movimento
«de cunho nitidamente
nacional, talvez o único
capaz de fazer canalizar o esforço de todos
os homens para o bem
comum»10.
Casimiro Mourato.
Agostinho Fortes, Hernâni Cidade – apart from a new generation which became engaged in the project. After having
some provisional head offices, in 1927 the Grémio took up
residence at number 45, S. Pedro de Alcântara street, with
a session on January 30th with Brito Camacho as speaker,
and, later, on May 2nd, 1932, at the St. Luís Palace, in the
Eugénio dos Santos street. The Grémio Alentejano changed
its title to Casa do Alentejo (House of Alentejo), an institution which still exists, with remarkable activity.
The all-embracing character of interior regionalism of May 28th continued, strengthened by collaboration between various guilds which rose to make up a
Higher Counsel Superior for Regionalism, with representatives from various organisations already in existence in
Lisbon. Once more, the example of the Grémio Alentejano is noteworthy. Two Congresses of the Alentejo Press
took place, one in 1932 and another in 1933. But there
was never a regional congress, as had been planned since
1940 and periodically threatened until 19538. Among the
governing body of the Grémio, later the Casa do Alentejo,
were figures from different fields of politics, such as Passos e Sousa and Hernâni Cidade, Agostinho Fortes and
Leopoldo Nunes. In the name of the development of Alentejo and the defence of its interests, its natural beauty
and monuments, folklore and history were propagated. In
1938, Andrade Saraiva wrote: “regionalism, being essentially patriotic and affective, is incompatible with any kind
of partiality and sectarianism, because all factious and sectarianism is, essentially antipatriotic, which, consciously
promotes conflict, violence, discord and national disintegration”9 .Although in a less explicit manner, Vítor Santos, does not fail to point out in 1941 that regionalism is a
movement “of a distinct national stamp, perhaps the only
64
O Grémio, primeiro, com portalegrenses dedicados como
Luís Gomes, e a Casa do Alentejo depois foram veículos extraordinários de divulgação das potencialidades turísticas do Alentejo em geral e de Portalegre em particular. Nos seus órgãos de
imprensa, em especial na Revista Alentejana, colaborou com frequência Casimiro Mourato com artigos exaltando as virtualidades da região.
one able to channel the efforts of all men towards common good”10.
The Grémio, first, with dedicated people from Portalegre such as Luís Gomes, and then the Casa do Alentejo, were extraordinary vehicles for the diffusion of the
tourist potentials of Alentejo in general and of Portalegre
in particular. Casimiro Mourato frequently collaborated in
its organs of the press, especially in the Revista Alentejana,
Notas
«Pró Regionalismo. A Futura Liga Alentejana», O Intransigente (Portalegre), n.º 394,
3-11-1912, p. 1. V. para a história do alentejanismo. «A fundação da Liga Alentejana», O Grémio Alentejano, número comemorativo do XIV aniversário do Grémio
Alentejano, 1937, pp. 10 e 12.
2
«Os Interesses do Alentejo», Intransigente (Lisboa), n.º 692, 29-10-1912, p. 1.
3
Correio Elvense, 7-12-1912, p. 1.
4 «Regionalismo», Intransigente (Lisboa), n.º 730, 12-12-1912, p. 1.
5 Intransigente (Lisboa), n.º 758, 15-1-1913, p. 1.
6 Os Estatutos da Liga Alentejana foram publicados em diversos jornais da província.
Veja-se, como exemplo, o Correio Elvense de 24-5-1913, p. 1.
7 Emílio Costa, «As Ligas Regionais e o Poder Central», Intransigente (Lisboa), n.º 758,
28-1-1913, p. 1.
8 V., por exemplo, Victor Santos, «Uma vez mais o Congresso», O Grémio Alentejano,
n.º 15, Novembro de 1936, pp. 1 e 4; «Uma Ideia que não morre. O Congresso Alentejano»?, Revista Transtagana (Évora), n.º 33, Dezembro de 1936, p. 1.
9 J. Andrade Saraiva, «O Regionalismo e a Concórdia nacional», O Grémio Alentejano,
n.º 39, Novembro de 1938, p. 1.
10 Victor Santos, Regionalismo, Política nacional, Lisboa, Ed. da Casa do Alentejo, 1944,
p. 5.
with articles praising the virtuosities of the region.
1
Notes
1
“Pró Regionalismo. A Futura Liga Alentejana”, O Intransigente (Portalegre), n.º 394, 3-11-1912, p. 1. V. For the history of the promotion of Alentejo. “A fundação da Liga Alentejana”, O Grémio Alentejano, commemorative number for the XIV anniversary of the Grémio Alentejano, 1937, pp.
10 and 12.
2
“Os Interesses do Alentejo”, Intransigente (Lisboa), no. 692, 29-10-1912,
p. 1.
3
Correio Elvense, 7-12-1912, p. 1.
“Regionalismo”, Intransigente (Lisboa), no. 730, 12-12-1912, p. 1.
Intransigente (Lisboa), no. 758, 15-1-1913, p. 1.
4
5
6
The Statutes of the Liga Alentejana were published in various newspapers
of the province. See, for example, Correio Elvense of 24-5-1913, p. 1.
7
Emílio Costa, “As Ligas Regionais e o Poder Central”, Intransigente (Lis-
8
See, for example, Victor Santos, “Uma vez mais o Congresso”, O Gré-
boa), no. 758, 28-1-1913, p. 1.
mio Alentejano, no. 15, November 1936, pp. 1 and 4; “Uma Ideia que não
morre. O Congresso Alentejano”?, Revista Transtagana (Évora), no. 33,
December 1936, p. 1.
9
J. Andrade Saraiva, «O Regionalismo e a Concórdia nacional», O Grémio
10
Victor Santos, Regionalismo, Política nacional, Lisboa, Ed. da Casa do Alen-
Alentejano, no. 39, November 1938, p. 1.
tejo, 1944, p. 5.
65
A Serra de Portalegre – estância turística
The Portalegre Mountain – tourist resort
Publicações da Fundação Robinson 14, 2009, p. 66-81, ISSN 1646-7116
A Serra de Portalegre sempre impressionou ao longo dos
séculos. Frei Amador Arrais descreveu-a de forma magistral nos
seus Diálogos:
For centuries the Portalegre Mountain has always
«É a serra de Portalegre uma das melhores da Lusitânia do
seu tamanho, que parece extremar-se a natureza na fresquidão do arvoredo, a muitos prados, e diversidades de boas frutas, suavidade de ares aprazíveis, que correndo entre flores
e ervas cheirosas sopram mui suavemente ruído músico e
soidoso de várias plantas, multidão de claras fontes, doces
e frias águas. É toda coberta de sombrios soutos, pomares,
vinhas, olivais etc. e de mui altos castanheiros e outras árvores tecidas per obra da natureza em troncos da graciosa era,
e dela cingidas e suas ramas que representam em todo o ano
o mês de Maio, e nunca perde de todo a formosura da sua
primavera»1.
“The Serra de Portalegre is one of the best of its size
impressed. Friar Amador Arrais describes it perfectly in
his Diálogos:
in Lusitania, and seems to reach the very limits of
nature in the pleasant coolness of its groves of trees,
many meadows, and diversity of good fruit, its bland
pleasant climate, flowing through sweet smelling
flowers and grasses, very gently blowing musical and
nostalgic notes of a variety of plants, a multitude of
clear fountains, fresh, cool water. It is all covered
with shady plantations, orchards, vineyards, olive
groves etc. and very tall chestnut trees and because
of other trees woven in time by the work of nature
among the trunks, encircling them and their foliage, it is as in the month of May all year round, never
O padre Diogo Pereira Sotto Maior, em 1619, referia:
loosing the beauty of spring”1.
«da parte do Norte, ou quase debaixo de norte, cai a grande
serra de Portalegre tão nomeada por todo o mundo, porque é
a mais rica coisa que deve de haver em todo ele»2.
In 1619, Father Diogo Pereira Sotto Maior said:
“in the north, or just below the north, slopes the great
mountain of Portalegre so well-known throughout
Alberto Pimentel, administrador do concelho de Portalegre
no ano de 1877, evoca o passeio à serra, «entre espessas florestas
de castanheiros bravos, tão espessos, que em eles estando crescidos não entra lá dentro nem sol nem calma, por mais ardente
que o dia esteja»3.
E terminamos com o testemunho do visconde de Benalcanfor, porque os exemplos são numerosos:
the world, because it is the most magnificent thing
in it”2.
In 1877, Alberto Pimentel, administrator of the district of Portalegre, calls to mind the trip up the mountain, “among thick forests of wild chestnut trees, so
thick, that since they have grown neither the sun nor
unrest can enter, however hot the day may be”3.
«Sabíamos que havia por lá fontes, levadas, castanheiros de
grandes sombras; mas toda essa paisagem imaginária, que
67
And to finish with the Viscount of Benalcanfor’s
remarks, because there are many examples:
transportávamos dentro de nós, empalideceu, desbotou ante
a magia do esplêndido cenário alpestre daquela região. As
cumeadas das serras recortam-se ali em feitios caprichoso,
como as de Sintra ou da Peninha em Colares»4.
“We knew that there were springs and fountains, cascades, great shady chestnut-trees; but all the imaginary landscapes we carry within ourselves turn pale
and faded before the magic splendour of alpine scenery in this region. The mountain ridges and crests
Infelizmente, as vicissitudes da natureza com a «tinta», que
destruiu grande parte dos castanheiros, e dos homens, com a crescente procura da madeira de castanho, alteraram drasticamente a
flora da Serra e Portalegre. Mas, apesar disso, ela conservou muito
do seu potencial continuando a impressionar o visitante.
No entanto, mesmo no século XX, sucedem-se os testemunhos positivos. No volume Portugal Contemporâneo organizado
por Albino Forjaz de Sampaio e editado em 1905 no Brasil, Portalegre é brevemente referida em termos elogiosos: «é uma das
cidades portuguesas mais industriais, disposta no alto de um
monte delicioso, dominando uma vasta e produtiva planície»5.
Brito Camacho, numa visita a Portalegre nos finais da década de
vinte, na companhia do Dr. Abílio Ferreira, de Crato, escreveu
algumas notas curiosas sobre a cidade e os seus arredores:
are outlined in a capricious fashion, like those of Sintra or Peninha in Colares”4.
Unfortunately, Lusitanian vicissitudes of nature
such as “ink”, which has destroyed a large part of the
chestnut trees, and of men, with their increased demand
for chestnut tree wood, have drastically altered the flora
of the Mountain and of Portalegre. But, in spite of this,
it has preserved much of its potential and continues to
impress visitors.
Meanwhile, even in the 20th century, there is positive proof. In the book Portugal Contemporâneo organised
by Albino Forjaz de Sampaio and published in 1905 in
Brazil, Portalegre is briefly praised: “it is one of the most
industrial Portuguese cities, set high on a delightful hill,
«Quase na assomada para a cidade, ainda dentro da zona florestal, há casas isoladas de habitação, construídas com bom
gosto, sem o preciosismo dos chalets feitos por cópia, quase
sempre em absoluta desconformidade com o ambiente. Na
Serra há abundância de água, jorra por toda a parte, e porque
o ar ali é puro, sem poeiras e sem micróbios, sendo agradável
para todos, é útil para os debilitados e enfraquecidos fazerem
ali uma estação, de algumas semanas ou de alguns meses.
Toda esta estrada que venho de percorrer, passando pelo
Reguengo, devia ser já, e há muito tempo, uma larga avenida arborizada, convenientemente espaçadas as árvores,
para não encurtarem a vista. Pára o automóvel, por instantes, para o dr. Abílio Ferreira, incorrigível fumador, chupar
overlooking a vast, fertile plain”5. On a visit to Portalegre at the end of the nineteen twenties, accompanied by
Dr. Abílio Ferreira de Crato, Brito Camacho wrote some
rare notes on the city and its surrounding area.
“Almost at the summit of the city, still within the
forest belt, there are isolated dwelling houses, built
with good taste, without the affected copies of chalet, which are almost always in absolute discordance
with the scene. There is an abundance of water on
the Mountain, which gushes out all over the place,
and because the air is pure there, with no dust or bacteria, pleasant for everyone, it is beneficial for the
68
um cigarro, e delicio-me a ver a cidade, de forma aproximadamente triangular, com tendência a estender-se para o lado do
vértice. A impressão que dá, numa vista de conjunto, é muito
agradável, não se vendo, do ponto onde estou, a parte baixa,
onde há alguns prédios e vulto. Não tem nada de monumental, mas também não tem nada de mesquinho, antes afecta
um ar de elegância e garridice, que faz lembrar uma noiva
rústica, vestindo como se fosse uma princesa. (…)
É dia de feira.
Abundância de fruta no mercado; rumas de melão e melancia, que se vendem a olho, e uma incalculável porção de loiça
para uso doméstico, loiça de barro cosido, simples e grosseira, como talvez já se fabricasse quando por aqui andaram
os sarracenos. Todas as mulheres de lenço na cabeça, todos os
homens de jaqueta vestida, e raros chapéus-de-sol como se o
calmasio não fosse de respeito.
Almoçámos no Café Central, que é, nos dias de feira, o rendez-vous dos lavradores do sítio, que acodem à cidade»6.
feeble and weak to stay there for a few weeks or even
months.
All the highway I have just travelled along, passing through Reguengo, must have been a wide, tree
planted avenue for a long time, the trees suitably
spaced out so as not to block the view. The car stops
for some instants while Dr. Abílio Ferreira, an incorrigible smoker, draws on a cigarette, and I delight
in viewing the city, which is approximately triangular, with a tendency to spread at its summit. Viewed
altogether it gives a very pleasant impression,
although from where I am standing I cannot see
lower down, where there are some buildings in the
distance. It is not majestic but is also not unpleasant, rather it affects an air of elegance and smartness, which reminds one of a country bride, dressed
as a princess. (…)
It’s market day.
There is a copious amount of fruit at the market;
Anos mais tarde, Charles David Ley, professor do Instituto
Britânico em Portugal, visitou José Régio e Francisco Bugalho
e ficou impressionado com a Serra de Portalegre7. O próprio
José Régio, na letra que escreveu para a «Canção de Portalegre»,
musicada por Frederico Valério, evocava a esplêndida vista que
se desfrutava:
piles of melon and water-melon sold without being
weighed, and a countless amount of crockery for
domestic use, clay pottery, plain and rustic, just as
it was forged when the Saracens were here. All the
women wear a head scarf, all the men wear a jacket,
and there are few sun shades, as if the heat were not
to be respected.
«Olhei da Serra a cidade,
Tão branca, estreita, comprida!
Faz-me alegria e saudade
Assim de novo vestida».
We ate lunch at the Central, which on market days
is the rendez-vous for the farmers of the area, who
throng to the city”6.
Years later, Charles David Ley, teacher at the British
E foi justamente a Serra e o seu potencial que projectou a
cidade em termos turísticos.
69
Institute in Portugal, visited José Régio and Francisco
Bugalho and was impressed by the Portalegre Mountain7.
Tudo começou por volta de 1912 – não existem documentos que o atestem, mas apenas depoimentos orais8 – e teve como
protagonista João Augusto de Carvalho Serra. Nascido em Portalegre, em 30 de Agosto de 1895, filho de Inácio Augusto de
Carvalho, sapateiro, e de Emília Rosa Rainho, estudou na Escola
Industrial Fradesso da Silveira, mas dedicou-se ao comércio de
sapataria – era proprietário da sapataria Serra – possuindo ainda
algumas propriedades tanto urbanas como rústicas, dedicando-se também à actividade agrícola. Algumas situavam-se na Serra
de Portalegre, onde tinha uma casa no Souto do Gago. Como um
dos seus filhos sofresse de bronquite asmática, um médico recomendou-lhe os ares de montanha, pelo que passou a permanecer
durante mais tempo na serra. Alguns amigos pediam-lhe a casa
para passar alguns dias no Verão. Apercebendo-se dos potenciais daquele local, a beleza natural e os bons ares, João Serra
iniciou um processo de construção de residências nos seus térreos e também de cedência gratuita de parcelas a amigos que ali
quisessem construir vivendas. Por outro lado, as virtualidades
do local tornavam-se cada vez mais conhecidas e começou a procura sazonal por parte de pessoas que ali pretendiam alugar residência durante alguns meses. No total construiu 32 moradias
mobiladas, com três quartos, sala e cozinha, pelo que teve que
alienar algum património para financiar o projecto. Havia um
senão: as casas não possuíam casa de banho porque havia problemas com o abastecimento de água, sendo o fornecimento feito
diariamente, à noite, a partir da nascente na Fonte dos Maguetes. Embora existisse água, na época não era possível elevá-la de
modo a ser utilizada. Mas a verdade é que o sucesso da Quinta da
Saúde, como começou a ser conhecida ainda nos anos vinte, não
podia ser maior. Tal designação parece ter sido dada em 1927 por
Virgínio Rego9. A procura era muita, tanto de veraneantes como de
pacientes que sofriam de doenças respiratórias não contagiosas,
incidindo nos meses de Junho, Julho e Agosto, mas com procura
José Régio himself, in the lyrics he wrote for the “Canção
de Portalegre”, put to music by Frederico Valério, evoked
the splendid view to be enjoyed:
“Look at the Mountain over the city,
So white, narrow, elongated!
It makes me happy and nostalgic
All dressed anew”.
And it was the very Mountain and its potential which
led to the planning of the city for tourist purposes.
Everything began about 1912 – going by spoken evidence, as there are no documents to confirm this8 –, João
Augusto de Carvalho Serra playing a leading role in this.
Born in Portalegre, on August 30th, son of Inácio Augusto
de Carvalho, a shoemaker, and Emília Rosa Rainho, he
studied at the Escola Industrial Fradesso da Silveira
(Fradesso da Silveira Industrial School), but went into
the shoe trade – he was the owner of the shoe shop Serra.
He was also the owner of some property both in town
and in the country, and did some farming, too. Some of
his property was on the Portalegre Mountain, where he
has a house in Souto do Gago. As one of his children suffered from asthmatic bronchitis, a doctor recommended
the mountain air for him, and so he spent more time up
the mountain. Some friends asked to stay in his house
for a few days in summer. João Serra became aware of the
potential of the place, the natural beauty and the good,
fresh air, and began proceedings to build dwelling houses
on his land and also to give pieces of land, free of charge,
to friends who wished to build houses there. On the other
hand, the virtues of the site became more and more well
known and people who wished to rent lodgings for some
70
months began to seek seasonal accommodation. 32 furnished houses were built in all, with three bedrooms, living room and kitchen, and he had to use some inheritance to finance the project. One inconvenience was that
the houses had no bathrooms because there were problems with the water supply, the water being supplied at
night from the spring in Fonte dos Maguetes (i. e., Fountain of Maguetes). Although there was water, at the time
it was not possible to pump it for use. But the truth of
the matter was that the success of the Quinta da Saúde
(i. e., Good Health Property), as it began to be known
Quinta da Saúde.
in the 1920s, could not have been greater. It seems to
também nos de Maio e Setembro. Outro problema inicial residia nos acessos, que se limitavam à azinhaga da Santo António.
A estrada de acesso que será conhecida como Estrada da Serra foi
construída por iniciativa de João Serra, com o concurso de muitos operários da Fábrica Robinson que ficaram desempregados
em virtude da crise que atingia a indústria corticeira.
A sua acção começou a ter um maior reconhecimento depois
da visita a Portalegre do Presidente da República, marechal
Carmona, em Maio de 1932. Um grupo de senhoras levou a
mulher do Presidente à Quinta da Saúde, onde teve lugar uma
recepção, procedendo à inauguração do telefone. João de
Carvalho Serra foi condecorado, a 9 de Junho daquele ano, com
o grau de comendador da Ordem de Benemerência.
Entre os frequentadores, alguns dos quais ali veranearam
durante 10 a 15 anos, estavam famílias abastadas da região, que
contribuíam para dinamizar o comércio local, mas também outros
de fora como o pintor Dordio Gomes e o Eng.º Jorge Jardim e por
ali passaram jornalistas como o portalegrense Aprígio Mafra, João
Pereira da Rosa e Tito Martins, que muito contribuíram para a
promoção da Quinta pelo país fora e até no estrangeiro. Por vezes,
os hóspedes animavam por sua iniciativa o local. O Dr. Francisco
71
have been designated as such in 1927 by Virgínio Rego9.
It was much sought after, both by holidaymakers as well
as by patients suffering from uncontagious respiratory
diseases, during the months of June, July and August,
but also in May and September. Access to the vicinity
João Serra.
was also a problem, which was only through the Santo
António pathway. The Access highway known as the
Estrada da Serra (the Mountain Road) was constructed
under the initiative of João Serra, with the cooperation
of many of the workers from the Fábrica Robinson (Robinson Factory), who lost their jobs because of the crisis
which hit the cork industry.
His activity became more acknowledged after the
President of the Republic, Marshal Carmona visited Portalegre, in May 1932. The group of ladies took the President’s wife to the Quinta da Saúde, where there was a
reception in honour of the inauguration of the telephone.
João de Carvalho Serra was decorated, on June 9th of
that year, with the rank of commander of the Ordem de
Benemerência (Order of Merit).
Among the regular users, some of whom went there
in the summer for 10 and 15 years, were wealthy families of the region, who contributed to the increase in local
trade and commerce, but there were also outsiders such
as the painter Dordio Gomes and Engineer Jorge Jardim,
as well as journalists such as the Portalegre born Aprígio
Mafra, João Pereira da Rosa and Tito Martins, who contributed a lot to the promotion of the Quinta throughout the country and even abroad. Sometimes the visitors livened up the place on their own initiative. There
Dr. Francisco Semedo, from Ourique, promoted a dinner
Semedo, de Ourique, promoveu ali um jantar com mais de 300
convivas em honra dos veraneantes. E também as curiosidades:
um lavrador de Campo Maior levava uma vaca para que os filhos
pudessem ter leite em abundância…
Outro propagandista da Quinta foi Pedro Muralha, editor
do Álbum Alentejano. No jornal A Rabeca, aquele jornalista elogiava, em 1932, João de Carvalho Serra: «homem sem prepa-
with more than 300 guests in honour of the summer visitors. There were also some odd events: a farmer from
Campo Maior took a cow with him so his children could
have plenty of milk….
Another person who played a big role in the Quinta
was Pedro Muralha, editor of the Álbum Alentejano. In the
A Rabeca newspaper, in 1932, this journalist praised João
72
Festas dos Bombeiros
na Quinta da Saúde.
Convívio de Bombeiros
na Quinta da Saúde.
ração intelectual, possuindo apenas alguns meios de fortuna,
ele multiplicando-os com uma grande quantidade de capital de
energia, e só com a sua energia contando vencer, ele, repetimos,
lutando durante alguns anos por uma obra que idealizou, conseguiu ver enfim transformado em realidade esse seu sonho, que
para a maioria dos homens não passaria de mera fantasia. Este
bocado da Serra de Portalegre a que me estou referindo, e que
há pouco mais de 12 anos era virgem e consequentemente selvagem, é hoje um autêntico Éden»10. Empenhado na preparação do projecto do Álbum Alentejano, Pedro Muralha visitou Portalegre algumas vezes. Na revista que publicou em 1935, Vida
Alentejana, inseriu outro artigo intitulado «A Serra e Portalegre e alguns dos seus Chalets»11, onde sublinhava o facto de só
agora ter sido criada uma Comissão de Iniciativa e Turismo em
Portalegre: «não será a Serra de Portalegre digna de ser consi-
de Carvalho Serra as: “a man with no intellectual background, owner of a fortune, which he multiplied with a
great deal of energy, only counting on his own energy
to win, working for years towards his ideal undertaking,
finally managed to see this, his dream, transformed into
reality, which for most men would not go beyond mere
fantasy. This piece of the Portalegre Mountain to which
I am referring, and which until about 12 years ago was
untouched and therefore wild, is today a real Eden”10.
Pledged to the preparation of the project Álbum Alentejano, Pedro Muralha visited Portalegre a few times. In the
magazine Vida Alentejana, which he published in 1935,
he had another article entitled “A Serra e Portalegre e
alguns dos seus Chalets» (The Mountain and Portalegre
and some of its Chalets)11, where he underlined the fact
that the Planning and Tourist Commission in Portalegre had only just been created: “is the Serra de Portalegre not worthy to be considered as one of the most amazing tourist regions in our country?”. And he described a
tour along a circuit which became the classic trip Round
the Mountain (a Volta à Serra), going through various
quintas (i. e., properties), from the Ribeira de Sedavalley to the Quinta da Saúde, passing through the Lameira,
Carreira, Leão, Cantarinhos, Relva, Campos and Branca
Properties. He consecrated a large area to the João Serra
project, expressing his surprise at the excellence of what
he saw. Unlike the houses in the Serra da Estrela, with
bay, tiled roofs and no plaster work, he came upon “beautiful chalets all covered with plaster, not illuminated with
oil but using electricity; and the Mountain, this Mountain, if all these 130 hectares were used to its benefit,
would be one of the places most worthy of admiration in
the Peninsula. (…) All the roads and pathways are very
73
derada uma das mais estupendas regiões de turismo do nosso
país?». E descreveu um passeio num circuito que se tornará clássico, a Volta à Serra, pontuada por diversas quintas, desde o vale
da Ribeira de Seda até à Quinta da Saúde, passando pelas Quintas da Lameira, Carreira, do Leão, dos Cantarinhos, da Relva, de
Campos e Branca. Dedicou um largo espaço ao projecto de João
Serra, manifestando surpresa pela qualidade do que viu. Contrariamente às casas da Serra da Estrela, de telha vã e sem reboco,
deparou-se com «lindos chalets todos estucados, não se usa ali
iluminação de azeite, consome-se electricidade; e a Serra, esta
Serra que se toda fosse beneficiada com estes 130 hectares, seria
um dos recintos mais dignos de admirar-se da Península. (…)
Todos os caminhos muito limpos, muito bem arranjados. Toda
a Quinta tem já uma grande rede de estradas, todas elas delineadas pelo estimado proprietário de este Éden. Entre o verde
compacto, isto é, no meio das florestas de castanheiros e pinheiros, encontram-se os chalets. Estes são para duas famílias, com
todas as comodidades exigidas pela civilização. Coile de tennis,
balouços para crianças; enfim, tudo quanto um estabelecimento
deste género pode exigir, ali se encontra. No Álbum Alentejano,
cuja parte referente a Portalegre só foi publicada em 1937, Pedro
Muralha volta a publicar o mesmo texto, mas com um título diferente12, como fez com tantos outros primitivamente inseridos
na Vida Alentejana.
Em 1934, o jornal A Voz Portalegrense sublinhava o incremento da construção na serra de Portalegre: «vão aumentando
em quantidade e impondo-se também um pouco pela qualidade»13. Anúncios de aluguer de chalets e quintas na serra começavam a surgir…
A imprensa local, com destaque para A Rabeca e para A Voz
Portalegrense, era pródiga em elogios: «A Serra de Portalegre é
o grande fulcro de todas as atenções. Povoada como está hoje, a
Serra de Portalegre pode vir a ser – salvo as devidas proporções –
74
Quinta da Saúde.
o mesmo que as Penhas da Saúde são para a Covilhã, ou o mar foi
para a Figueira: um elemento de riqueza»14. Não é de estranhar
que João de Carvalho Serra tenha encarado, em 1936, a construção de um hotel.
As autoridades locais – Governo Civil, Câmara Municipal – e
a Comissão de Iniciativa e Turismo passaram a utilizar a Quinta
da Saúde para a realização de recepções a entidades oficiais ou
outros eventos. Ali decorreu um Porto de Honra, por ocasião da
inauguração da luz eléctrica na estrada da Serra (Junho de 1935).
Ali decorreram as recepções ao ministro do Interior, Gomes
Pereira (Outubro de 1933), ao ministro da Instrução, Carneiro
Pacheco (Maio de 1935) e a outros membros do governo que visitavam a cidade e o distrito.
A Guerra Civil de Espanha fez desaparecer os turistas espanhóis que frequentavam a Quinta, mas mesmo nessa época e
durante a II Guerra Mundial, o racionamento não afectou os
clean and tidy. The whole Property already has a large
network of roads, all delineated by the venerated owner
of this Eden. Among the dense greenery that is in the
middle of the forests of chestnut and pine trees, are the
chalets. These are for two families, with all the comforts
available to civilisation. Tennis courts, children’s swings;
in fact, all this modern generation could require is there.
In the Álbum Alentejano, in which the part referring to
Portalegre was only published in 1937, Pedro Muralha
published the same text again, but with a different title12,
as he had done with so many others originally included
in Vida Alentejana.
In 1934, the A Voz Portalegrense newspaper drew
attention to the increase of construction on Portalegre
Mountain: “they are increasing in quantity and of imposing quality”13. Advertisements for the rent of chalets and
farms on the mountain began to increase…
The local press, especially A Rabeca and A Voz Portalegrense, was lavish with praise: “The Portalegre Mountain is the great centre of all attention. With its present
population, the Portalegre Mountain could become – in
all due proportions – the same as the Penhas da Saúde
are for Covilhã, or the sea is for Figueira: an element of
wealth”14. It is not surprising that in 1936 João de Carvalho Serra undertook the construction of a hotel.
The local authorities – Local Government, Municipal Council – and the Planning and Tourist Commission
began to use the Quinta da Saúde for receptions of official
personages or other events. A Porto wine Reception was
held there, on the occasion of the inauguration of electric
light along the Mountain road (June 1935). Receptions
for the Minister of the Interior Gomes Pereira (October
1933), the Education Minister Carneiro Pacheco (May
75
1935) and the other members of the government who
visited the city and the district were also held there.
The Spanish tourists who used to go to the Quinta,
disappeared because of the Spanish Civil War, but even
during this time and throughout the 2nd World War,
rationing did not deter the summer visitors, as the
Quinta da Saúde was the third supply authority, after the
sanatorium and the hospital… The CP (Railways) granted
veraneantes, uma vez que a Quinta da Saúde era a terceira prioridade no abastecimento, depois do sanatório e do hospital…
a CP concedia aos frequentadores da Serra bilhetes especiais
equivalentes aos de banhos e com a mesma duração.
A Quinta possuía pessoal próprio e um automóvel com
motorista para conduzir os hóspedes à cidade quando o necessitassem, posto médico, telefone e serviço regular de correio no
Verão. Mas com a permanência de algumas dezenas de pessoas
naquele local, foi necessário desenvolver outras actividades complementares, como um casino e uma esplanada. Aos sábados à
noite realizavam-se «ceias à americana» e bailes com a orquestra local «Ferrugem». Nesses programas de animação também
incluíam burricadas até à Serra de São Mamede, para as quais os
agricultores que habitavam na zona alugavam animais. Depois
foram construídos uma capela e um campo de tiro aos pombos.
Em 1941, o semanário nacionalista Correio de Portalegre, ao
comentar e louvar a acção da Comissão Municipal de Turismo,
referia que «não resta, pois, dúvida, de que a serra é, verdadeiramente, o centro do turismo em Portalegre»15, e que no Verão ante76
special tickets to the regular visitors to the Mountain
equivalent to those for the bathing resorts, and for the
same length of time.
The Quinta had its own personnel and a motorcar,
with a driver to drive the guests to the city when necessary, a medical centre, telephone and regular mail services in the Summer. But as there were a few score people there, it became necessary to develop other complementary activities, such as a casino and an esplanade.
On Saturday nights there were “American suppers” and
Convívio de Bombeiros na Quinta
da Saúde.
balls with the local “Ferrugem” orchestra. In these entertainment programmes there were also donkey rides to
rior estiveram na Quinta da Saúde cerca de 200 pessoas! . O autor
da série de artigos concluía que «a razão de ser do turismo em Portalegre reside na Serra; o centro da Serra é constituído pela Quinta
da Saúde; consequentemente, a Quinta da Saúde seu fulcro do
turismo local»17. João Carvalho Serra agradeceu ao articulista e
manifestou toda a disponibilidade para prosseguir a sua obra18.
Naquele ano começou o alcatroamento da estrada da Serra.
Em 1942, o arquitecto Jacobety Rosa foi encarregado pela
Comissão Municipal Turismo de elaborar um estudo sobre a
Quinta da Saúde19. Em Março daquele ano, uma brigada do Secretariado da Propaganda Nacional esteve na Quinta da Saúde para
estudar as melhorias a introduzir no casino de forma a torná-lo
mais cómodo e atraente. O SPN e a CMT ajudaram na renovação de mobiliário. A 28 de Maio, a Quinta recebia outro visitante
ilustre: Marcello Caetano, Comissário Nacional da Mocidade
Portuguesa esteve em Portalegre e no acampamento da Mocidade Portuguesa em Marvão, detendo-se em diversos locais da
Serra de Portalegre. Em 1945, estudantes espanhóis de Agronomia tiveram uma recepção na Quinta da Saúde.
O jornalista e escritor Julião Quintinha foi outro propagandista da Quinta da Saúde: «tal o êxito desta iniciativa particu16
77
the São Mamede Mountain, for which the local farmers rented animals. Then, a chapel and a pigeon shooting range were built.
In 1941, Correio de Portalegre, the weekly national
newspaper, commenting upon and praising the Municipal Tourist Commission, reported that “thus, there is no
doubt that the mountain is really the centre of tourism
in Portalegre”15, and that last Summer some 200 people
visited the Quinta da Saúde!16. The author of this series
of articles concluded that “the reason for tourism in Portalegre is the Mountain; at the centre of the Mountain is
the Quinta da Saúde; consequently the Quinta da Saúde
is the centre of local tourism”17. João Carvalho Serra
thanked the columnist and showed every sign of continuing his work18. In that year the tarring of the Mountain
road began.
In 1942, the architect Jacobety Rosa was entrusted
by the Planning and Tourist Commission to carry out a
study on the Quinta da Saúde19. In March of that year,
a group of people from the National Propaganda Secretariat went to the Quinta da Saúde to examine what
improvements should be carried out on the casino to
make it more comfortable and appealing. The NPS and
the PTC helped towards the renovation of the furniture
and fittings. On May 28th, the Quinta was once more visited by the distinguished: Marcello Caetano, Comissário
Nacional da Mocidade Portuguesa (National Commissioner of the Portuguese Youth Movement) was in Portalegre and at the Portuguese Youth camp in Marvão,
stopping at various places on the Portalegre Mountain.
In 1945, Spanish Agricultural students attended a reception at the Quinta da Saúde.
The journalist and writer Julião Quintinha also played
an important part at the Quinta da Saúde: “this private
initiative has been so successful that there is no house
available this season, several hundreds of people spend-
lar que já não existe nesta época uma casa disponível, passando
ali todos os anos algumas centenas de pessoas no mais cativante
convívio»20.
A Serra de Portalegre e a Quinta da Saúde eram realidades
indissociáveis e prestigiadas. Não é de estranhar que Duarte
Pacheco, em 1945, tenha prometido a construção de uma pousada naquele local, mas que não passou da promessa… Em Abril
de 1957 ali decorreu o acampamento regional da Ala de Portalegre da Mocidade Portuguesa, com uma centena de filiados de
centros escolares e extra-escolares da região.
A Quinta funcionou também como local privilegiado de festas da cidade, como a Festa dos Aventais, ali realizada desde
1928, com algumas interrupções. Também a Festa do Comércio,
a partir de 1940 passou a realizar-se ali a Festa do Comércio,
organizada pelo Grémio do Comércio de Portalegre, mobilizando
centenas de pessoas, comerciantes, empregados do comércio e
respectivos familiares. Do mesmo modo foi palco de convívios
organizados pelos bombeiros.
ing a most enchanting interlude there every year”20.
The Portalegre Mountain and the
Quinta da Saúde were prestigious,
indissociable realities. It is not surprising that in 1945 Duarte Pacheco
promised to build a country-house
hotel there, but it did not go beyond a
promise… In April 1957 the regional
holiday camp of the local Branch of
the Portalegre Portuguese Youth
Movement was set up, with about a
hundred children from schools and
organisations of the region.
The property served as a favoured
place for city festivals, like the Aprons
Festival, held there in 1928, with a
few interruptions. As from 1940 the
Trade Fair was also held there, organ-
78
Quinta da Saúde: grupo de residentes
e de veraneantes.
Em 1955 foi criada uma casa para hóspedes de curta duração, género pousada. Mas nem tudo corria pelo melhor. Um dos
problemas principais era o facto de as casas da Quinta não disporem de instalações sanitárias próprias nem de água canalizada. Já em 1928 todos os proprietários que na Serra alugavam
casas para «curas de ares» e repouso foram intimados pela Junta
de Higiene a construírem retretes apropriadas. Com o tempo,
as exigências foram sendo renovadas e João de Carvalho Serra
não tinha possibilidade de cumprir com todos os requisitos exi79
ised by the Grémio do Comércio de Portalegre (Portalegre Trade Guild), rallying hundreds of people, tradesmen,
shop assistants and their respective families. In the same
way social activities organised by the fire brigade were
also staged there.
In 1955 house for short-term guests, a kind of
country-house hotel, was constructed. But not everything went well. One of the main problems was the fact
that the houses in the property did not have their own
gidos. A 1 de Abril de 1960
era celebrado um contrato de
arrendamento entre ele e a
Câmara Municipal de Portalegre, presidida pelo Dr. Martinho de França de Azevedo Coutinho, pelo qual a
Quinta de Saúde era alugada
à autarquia pelo período de
29 anos, pela renda anual
de 25 mil escudos. Iniciava-se uma nova fase na vida
Martinho de Azevedo Coutinho.
daquela estância, agora sob
os auspícios da autarquia portalegrense. A instalação de um parque de campismo da Orbitur e obras diversas alteraram significativamente a estrutura da Quinta, que perdeu o aspecto luxuriante que tivera no passado, com a demolição de algumas casas
e abertura de arruamentos mais amplos.
A 19 de Dezembro de 1963 morria em Portalegre João de
Carvalho Serra, o homem a quem Portalegre tanto deve e que
permanece mergulhado no mais profundo esquecimento.
hygiene facilities, or running water. Already in 1928, all
Notas
Notes
1
1
Diálogos de Dom Frei Amador Arrais Bispo de Portalegre, Lisboa, Tipogra-
2
Diogo Pereira Sotto Maior, Tratado da Cidade de Portalegre, introdução, rea-
3
Alberto Pimentel, Viagens à Roda do Código Administrativo, Lisboa, Ofi-
4
Visconde de Benalcanfor, Realidades e Fantasmas, Porto, Livraria Por-
5
Albino Forjaz de Sampaio, Portugal Contemporâneo, Rio de Janeiro,
2
3
4
5
6
7
Diálogos de Dom Frei Amador Arrais Bispo de Portalegre, Lisboa, Tipografia Rolandiana, nova dição, 1846, p. 253.
Diogo Pereira Sotto Maior, Tratado da Cidade de Portalegre, introdução, leitura e
notas de Leonel Cardoso Martins, Lisboa, IN-CM, 1982, p. 54.
Alberto Pimentel, Viagens à Roda do Código Administrativo, Lisboa, Oficina Tipográfica de J. A. de Matos, 1905, p. 31.
Visconde de Benalcanfor, Realidades e Fantasmas, Porto, Livraria Portuense de Clavel & Cia – Editores, 1881, p. 155.
Albino Forjaz de Sampaio, Portugal Contemporâneo, Rio de Janeiro, Publicação
d’O Malho, 1905, pp. 200 e 201.
Brito Camacho, Por Cerros e Vales, Lisboa, Guimarães & C.ª, s.d., pp. 157 a 159.
Charles David Ley, Escritores e Paisagens de Portugal, Lisboa, Seara Nova, 1942,
p. 106.
the landlords who rented houses on the Mountain for
“clean air cures” and rest were summoned by the Board of
Hygiene to build appropriate toilets. In time, the existing
ones were renewed and João de Carvalho Serra was unable to comply with all the demanded requirements. On
April 1st, a lease between him and the Portalegre Municipal Council, presided over by Dr. Martinho de França
de Azevedo Coutinho was made, by which the Quinta
de Saúde was rented to the autarchy for a period of 29
years, for an annual rent of 25 thousand escudos (i. e.,
124.70 Euros). A new phase in the life of that spa began,
this time under the auspices of the Portalegre autarchy.
A camping site in Orbitur and various alteration works
significantly changed the structure of the property,
which lost the luxury appearance it had had in the past,
through the demolition of some of the houses and the
building of wider streets.
On December 19th, 1963, João de Carvalho Serra,
the man to whom Portalegre owes so much and has now
been quite forgotten, died in Portalegre .
fia Rolandiana, new edition, 1846, p. 253.
ding and notes by Leonel Cardoso Martins, Lisboa, IN-CM, 1982, p. 54.
cina Tipográfica de J. A. de Matos, 1905, p. 31.
tuense de Clavel & Cia – Editores, 1881, 155.
Publicação d’O Malho, 1905, pp. 200 and 201.
6
Brito Camacho, Por Cerros e Vales, Lisboa, Guimarães & C.ª , s.d., pp. 157 to
7
Charles David Ley, Escritores e Paisagens de Portugal, Lisboa, Seara Nova,
159.
80
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
Feito por D. Inês Serra, filha de João de Carvalho Serra.
O semanário A Rabeca escrevia: «acaba de ser cognominada Quinta da Saúde pelo
nosso amigo Sr. Virgínio Rego», n.º 569, 29-5-1927, p. 3.
Pedro Muralha, A Civilização na Serra», A Rabeca, n.º 822, de 23-10-1932,
pp. 1 e 2.
Vida Alentejana, n.º 27, 19 de Março de 1935, pp. 4, 5 e 7.
Pedro Muralha, «Portalegre Cidade Presépio. Uma das mais lindas Serras do país»,
Álbum Alentejano. Tomo III Distrito de Portalegre, Lisboa, Imprensa Beleza, s. d.
[1937], pp. 927 a 930.
«Erra filão à vista», A Voz Portalegrense n.º 117, 4-3-1934, p. 2.
A Voz Portalegrense, n.º 100, de 29-10-1933, p. 1.
José da Penha «A Serra e Portalegre e a Obra do Homem II», Correio de Portalegre,
n.º 6, 19 de Novembro de 1941, p. 1.
José da Penha «A Serra e Portalegre e a Obra do Homem III», Correio de Portalegre,
n.º 7, 26 de Novembro de 1941, p. 4.
José da Penha «A Serra e Portalegre e a Obra do Homem IV», Correio de Portalegre,
n.º 8, 3 de Dezembro de 1941, p. 1.
João de Carvalho Serra, «Uma Carta. A Serra de Portalegre e a obra do Homem»,
Correio de Portalegre n.º 9, de 10 de Dezembro de 1941, p. 1.
«Urbanização. A Cidade, a Serra e o Asilo», Correio de Portalegre, n.º 20, 25 de Fevereiro de 1942, pp. 1 e 4.
Julião Quintinha, «Impressões de Portalegre», Diário do Alentejo, 20 de Julho de
1942. Transcrito em Correio de Portalegre, n.º 42, 29 de Julho de 1942, p. 1.
1942, p. 106.
8
Made by D. Inês Serra, daughter of João de Carvalho Serra.
9
The weekly newspaper A Rabeca wrote: “it has just been nicknamed Quinta
10
Pedro Muralha, “A Civilização na Serra”, A Rabeca, no. 822, 23-10-1932,
da Saúde by our friend Mr. Virgínio Rego”, no. 569, 29-5-1927, p. 3.
pp. 1 and 2.
11
Vida Alentejana, no. 27, March 19th, 1935, pp. 4, 5 and 7.
12
Pedro Muralha, «Portalegre Cidade Presépio. Uma das mais lindas Serras do país», Álbum Alentejano. Tomo III Distrito de Portalegre, Lisboa,
Imprensa Beleza, s. d. [1937], pp. 927 to 930.
13
«Erra filão à vista», A Voz Portalegrense no. 117, 4-3-1934, p. 2.
14
A Voz Portalegrense, no. 100, of 29-10-1933, p. 1.
15
José da Penha «A Serra e Portalegre e a Obra do Homem II», Correio de
16
José da Penha «A Serra e Portalegre e a Obra do Homem III», Correio de
17
José da Penha «A Serra e Portalegre e a Obra do Homem IV», Correio de
18
João de Carvalho Serra, «Uma Carta. A Serra de Portalegre a obra do
19
«Urbanização. A Cidade, a Serra e o Asilo», Correio de Portalegre, no. 20,
20
Julião Quintinha, «Impressões de Portalegre», Diário do Alentejo, July 20th,
Portalegre, no. 6, November 19th, 1941, p. 1.
Portalegre, no. 7, November 26th, 1941, p. 4.
Portalegre, no. 8, December 3rd, 1941, p. 1.
Homem», Correio de Portalegre no. 9, December 10th, 1941, p. 1.
February 25th, 1942, pp. 1 and 4.
1942. Transcribed in Correio de Portalegre no. 42, July 29th, 1942, p. 1.
81
As festas da cidade
The city festivals
Publicações da Fundação Robinson 14, 2009, p. 82-101, ISSN 1646-7116
Não existia qualquer tradição de realização de «festas da
cidade», mas, tradicionalmente, a grande festa anual era a feira
das Cebolas, em Setembro, ou fazia-se coincidir com ela certos
eventos de maior importância. Realizada pela primeira vez em
13 de Setembro de 1841, no Rossio do Espírito Santo, local onde
se manteve durante mais de um século, aquela feira converteu-se
num evento anual único e de grande amplitude. Por isso mesmo,
algumas realizações foram a ela associadas. A 11 de Setembro de
1863 foi inaugurada na cidade a iluminação a petróleo. A 14 de
Setembro de 1894 foi inaugurada a Praça de Touros D. Luís do
Rego. A 14 de Setembro d 1898 foi inaugurada a Praça de Touros
de Jacinto Serrão. A 12 de Setembro de 1901 foi inaugurada a luz
eléctrica pública e particular. Normalmente, a feira era acompanhada de música na Avenida de D. Carlos (depois da Liberdade),
pelo menos uma tourada e eventualmente a realização de uma
tômbola, quase sempre em benefício dos bombeiros voluntários.
Ocasionalmente decorriam festejos pontuais, como os que tiveram lugar em 1897. A 1 de Abril daquele ano, George Weelhouse
Robinson adquiriu a «Fábrica Pequena», pondo termo a uma
longa crise vivida sem solução aparente, que colocava em risco
os postos de trabalho de dezenas de operários. Esta aquisição,
que ascendeu a 21 608$000 réis, deveu-se fundamentalmente
a propósitos filantrópicos, cedendo ao pedido das famílias dos
trabalhadores ameaçados. A «Fábrica Pequena», agora rebaptizada de «Fábrica das Meninas Robinson» ganhou um novo vigor
com a vinda de equipamento. A cidade rejubilou, agradecendo ao
benemérito industrial.
A 11 e 12 de Agosto de 1907 decorreram as Festas de Portalegre, em honra de Nossa Senhora da Piedade. Bandas de Portalegre e de Alpalhão, quermesse, missa solene, tourada na praça
D. Luís do Rego e festival na Avenida de D. Carlos, com iluminações, fogo de artifício e as bandas. Nesse mesmo ano, a Feira das
Cebolas (13, 14 e 15 de Setembro) foi um sucesso: «era grande
83
There was no folk custom for “city festivals”, but, traditionally, the great annual festival was the Onion Fair in
September, and certain more important events were made
to coincide with this. Held for the first time on September
13th, 1841, in Rossio do Espírito Santo, where it continued
to be held for more than a century, the fair turned into a
very big, unique, annual event. That is why, some events
became associated with it. On September 11th, 1863 the
illumination of the city with petrol was inaugurated. On
September 14th, 1894 the D. Luís do Rego Bullring was
inaugurated. On September 14th, 1898 the Jacinto Serrão Bullring was inaugurated. On September 12th, 1901
the public and private electricity supply was inaugurated.
Normally, the fair was accompanied by music on the
D. Carlos avenue (later to be renamed Avenida Liberdade,
i.e., Liberty Avenue), at least one bull fight and sometimes
a raffle, almost always for the benefit of the voluntary fire
brigade. Occasionally, there were other festivals, such as
those which were held in 1897. On April 1st of that year,
George Weelhouse Robinson bought the “Fábrica Pequena”
(i.e., the small factory), calling an end to a long crisis
which seemed to have no apparent solution, placing the
jobs of scores of workers at risk. This takeover, which cost
21 608$000 réis (now equal to 0.11 euros or eleven centimes), was essentially for philanthropic motives, yielding
to the appeals of the families of the threatened workers.
The “Fábrica Pequena”, since renamed “Fábrica das Meninas Robinson” (i. e., the Factory of Robinson Girls), picked
up with the arrival of equipment. The city rejoiced, showing its gratitude to the industrial benefactor.
On August 11th and 12th, 1907 the Portalegre Festivals were held, in honour of Nossa Senhora da Piedade
(i.e., Our Lady of Mercy). There were bands from Portale-
Festa da inauguração da luz eléctrica
(1901).
o número de barracas de bufarinheiros, fazendas, calçado, louças, latas, ourives, caldeireiros, leilões, rifas, restaurantes, animatógrafos e vários outros divertimentos»1.
As primeiras «festas da cidade» com este nome, ocorreram
nos dias 13 a 16 de Setembro de 1912, coincidindo com a Feira
das Cebolas. Foram organizadas por uma comissão central constituída por Joaquim José de Abreu, George Milner Robinson,
Jorge Caroço, Jerónimo Garção e Jorge de Macedo, que coordenava outras comissões específicas: de propaganda, desportiva,
cavalhadas, fogo de artifício, tômbola e bazar, alojamentos trans-
gre and Alpalhão, a bazaar, high mass, a bull fight in the
D. Luís do Rego bull ring and a festival in the D. Carlos Avenue, with illuminations, fireworks and bands. This year,
the Onion Fair (September 13th, 14th and 15th) was a success: “there were a great number of stalls for street traders, cloth and materials, trousers, crockery, tins, jewellers,
coppersmiths, auctions, raffles, restaurants, animatographers and various other sideshows”1.
The first “city festivals” with this name, were held
from September 13th to 16th, 1912, coinciding with the
84
Festa da Árvore (1915).
Festa da Árvore (1915).
Feira dos Porcos.
porte, exercícios de bombeiros, finanças, iluminação, coretos e
exposição de produtos locais. Os Caminhos-de-ferro proporcionaram uma redução no preço dos bilhetes de 50% a partir de
Lisboa e de 30% a partir de outros destinos. Muitas residências
particulares disponibilizaram-se para receber hóspedes durante
as festas. O jornal O Distrito de Portalegre publicou um número
especial dedicado aos forasteiros, de formato menor ao habitual, com alguns artigos de carácter histórico, informações úteis
e anúncios. A imprensa local fala em milhares de forasteiros e
sublinha que desde os festejos pela inauguração da luz eléctrica,
que Portalegre não assistia a um evento tão marcante e movimentado2. Dado o sucesso alcançado, a iniciativa repetiu-se.
As festas de 1913 decorreram entre 13 e 16 de Setembro,
organizadas por uma comissão das forças vivas locais. Apesar de
alguns apoios institucionais, o grosso do financiamento recaía
sobre o comércio e a indústria locais. Constaram de uma exposição de arte ornamental, touradas, fogo de artifício, iluminações, corrida de bicicletas, jogos desportivos, arraiais, tômbola
e parada agrícola. Um dos pontos altos foi a actuação da Banda
Festa da Árvore (1915),
no Jardim Operário.
Onion Fair. They were organised by a central commission
made up of Joaquim José de Abreu, George Milner Robinson, Jorge Caroço, Jerónimo Garção and Jorge de Macedo,
who organised specific commissions for advertising, sport,
horse shows, firework displays, raffles and bazaars, lodg-
85
da Guarda Nacional Republicana. A ornamentação do recinto,
desde a Fontedeira até ao Rossio, esteve a cargo de José Maria
dos Santos e de Victor Duarte Sequeira. Os Caminhos-de-ferro
proporcionaram preços especiais com bilhetes válidos para ida
e volta nos comboios ordinários e nos rápidos. O semanário
A Cidade publicou um álbum anunciativo dedicado às festas.
Sublinhava-se que «a serra de Portalegre, com 600 metros de
altitude é digna de ser visitada» e que «o forasteiro encontra
em Portalegre dois magníficos hotéis, várias empresas de trens,
duas garagens de automóveis, um café modelar»3. De facto, para
além dos hotéis Caraça e Brito e da pensão de José Amaro de
Andrade Temudo, Carlos Ribeiro Sogalho alugava trens e automóveis, Pedro Rubio da Graça alugava automóveis, e Paulo Prezas
disponibilizava também trens.
Para além das feiras anuais, com realce para a das Cebolas,
começaram a organizar-se festas de outro tipo, pela iniciativa de
associações particulares mas que ganharam uma grande repercussão. Assim, em 1920, o Grémio Planetário organiza as Festas da Cidade de Portalegre, nos dias 23 e 24 de Maio, com um
cortejo histórico evocativo do ressurgimento de Portalegre e o
ing and accommodation, transport, fire
brigade exercises, funding, illumination,
bandstands and exhibitions and shows
of local products. The railways offered a
50% reduction on the price of tickets from
Lisbon and 30% from other destinations.
Many private residents offered accommodation for guests during the festivities. The
O Distrito de Portalegre newspaper published
a special edition dedicated to the visitors,
in a smaller size than usual, with some articles of an historical nature, useful information and advertisements. The local press
mentions millions of visitors and underlines the fact that, since the festivities for
the inauguration of electric light Portalegre had not seen
such a remarkable and moving event2. Since it was such a
success, the event was repeated.
The 1913 festivities were held between September
13th and 16th, organised by a commission of eminent local
public figures. Apart from some institutional support, the
bulk of the financing fell upon the local trade and industry.
There were an ornamental art exhibition, bull fights, fireworks, illuminations, bicycle races, sports activities, singing and dancing, raffles and an agricultural show. One of
the highlights was the Guarda Nacional Republicana (i.e.,
the National Republican Guard) band performance. The
cost for the decoration of the area, from the Fontedeira
to the Rossio, was met by José Maria dos Santos and Victor Duarte Sequeira. The Railways offered special return
tickets in the normal and fast trains. The weekly newspaper A Cidade published a publicity album dedicated to the
festivities. It emphasized that “the Portalegre Mountain,
86
lançamento da primeira pedra do Monumento aos Mortos da
Grande Guerra, com a presença do ministro da Guerra, coronel João Estêvão Águas. No ano seguinte, a mesma agremiação levou a cabo as Festas da Primavera na Cidade de Portalegre, de novo benefício ao Monumento aos Mortos da Grande
Guerra, nos dias 5 e 6 de Junho, com exposição de artes e indústrias, batalha de flores, concertos, corrida de cavalos, futebol
e sarau. Em 1922, a mesma associação, que entretanto alterara o seu nome para Grémio Transtagano, organizou de novo
as Festas da Primavera, nos dias 3, 4 e 5 de Junho, em benefício ao Monumento aos Mortos da Grande Guerra. No primeiro
dia começou o concurso de montras ornamentadas e decorreram festas escolares no Liceu de Mousinho da Silveira, parada
militar na Avenida da Liberdade, festa nacional de educação
física no campo da Fontedeira, jogo de futebol e concerto pela
banda regimental. No segundo dia abriu a Exposição de Produtos Regionais, seguindo-se uma batalha de flores e à noite festival com as bandas Euterpe e dos Bombeiros, com fogo de artifício. No terceiro e último dia houve corrida de cavalos, jogo de
futebol e um sarau de gala no Teatro Portalegrense. Este sarau
começou com uma conferência do Dr. António Correia, a peça
600 metres high, is well worth a visit” and that “visitors
will find two magnificent hotels, various carriage companies, two garages for motorcars and an excellent café in
Portalegre”3. In fact, besides the hotels Caraça and Brito
and the José Amaro de Andrade Temudo guesthouse, Carlos Ribeiro Sogalho rented carriages and motorcars, Pedro
Rubio da Graça rented motorcars, and Paulo Prezas also
supplied carriages.
Besides the annual festivals, especially the Onion
Fair, other kinds of festivals began to be organised, under
the initiative of private associations which became very
influential. Thus, in 1920, the Grémio Planetário (Planetary Guild) organised the City Festivals on May 23rd and
24th, with a pageant evocative of the renaissance in Portalegre and the laying of the first stone of the Monument
to the Dead of the Great War, in the presence of the Minister for War, Colonel João Estêvão Águas. The following
year, the same association took care of the Festas da Primavera (i.e., the Spring Festivals) in the City of Portalegre,
once again for the benefit of the Monument to the Dead
of the Great War, on June 5th and 6th, with exhibitions of
art, trade and industry, battle of flowers, concerts, horse
races, football and an evening of musical entertainment.
In 1922, the same association, which had in the meantime altered its name to Grémio Transtagano (Transtagano Guild), once again organised the Spring Festivals, on
June 3rd, 4th and 5th, for the benefit of the Monument to
the Dead of the Great War. On the first day, the competition for decorated shop-windows began, and school parties were given in the Mousinho da Silveira High School.
There was a military parade on the Avenida da Liberdade, a
national festival of physical education on the Fontedeira
arena, a football match and a concert by the regimental
87
88
«O Primeiro Beijo», de Júlio Dantas, «Um Acto de Cabaret», por
um terceto de piano, violino e violoncelo, a comédia «A Roca de
Hércules», de Manuel Pinheiro Chagas e um concerto pela banda
do regimento de Infantaria n.º 22 regida pelo capitão José
Cândido Martinó. Durante o certame estiveram abertas diversas barracas de chá e foi publicado um catálogo muito cuidado,
com textos diversos, entre os quais um poema inédito de José
Duro, e publicidade.
Em 1923, realizaram-se de novo as Festas da Primavera organizadas pelo Grémio Transtagano, a 5, 6 e 7 de Junho. O programa foi semelhante ao anterior: Exposição Regional na Escola
Fradesso da Silveira, concurso de montras, romagem aos mortos da Grande Guerra, exercício dos bombeiros na Fábrica Real,
batalha de flores, festival nocturno com as bandas dos bombeiros e Euterpe, iluminação da Avenida e fogo de artifício, barracas de chá, corrida de motocicletas no campo da Fontedeira, cor-
band. On the second day, the Exhibition of Regional Products opened, followed by a battle of flowers and an evening
of entertainment with the Euterpe and Fire Brigade bands,
with fireworks. On the third and last day, there were horse
races, a football match and gala evening of musical entertainment in the Teatro Portalegrense (Portalegre Theatre).
This evening of musical entertainment began with a conference given by Dr. António Correia, the play “O Primeiro
Beijo” (The First Kiss), by Júlio Dantas, “Um Acto de Cabaret” (An Act of Cabaret), by a trio of piano, violin and violoncello, the comedy “A Roca de Hércules” (Hercules’ Distaff), by Manuel Pinheiro Chagas and a concert by the band
of the regiment of the 22nd Infantry, conducted by Captain
José Cândido Martinó. During the performances various
tea stalls were open and a carefully prepared catalogue was
published, with a variety of texts, among which a previously
unpublished poem by José Duro, and advertisements.
In 1923, the Spring Festivals were again organised by
the Transtagano Guild, on June 5th, 6th and 7th. The programme was similar to the previous one: Regional Exhibition in the Fradesso da Silveira School, shop-windows
competition, homage to the dead of the Great War, Fire
Brigade exercises in the Fábrica Real, battle of flowers,
night entertainment with the Euterpe and Fire Brigade
bands, illumination of the Avenida, tea stalls, motorcycle
races on the Fontedeira arena, running races, football and
gala evening of musical entertainment in the Portalegre
theatre. A more carefully prepared programme was also
published, with texts of a historical and literary nature
and advertisements. The Spring Festivals became a regular event. In 1924, another edition, still under the initiative of the Transtagano Guild and dedicated to the Monument for the Dead of the Great War, coincided with the
89
rida pedestre, futebol e sarau de gala no teatro Portalegrense.
Também se publicou um programa, mais cuidado, com textos de
carácter histórico e literário e publicidade. As Festas da Primavera tornavam-se num acontecimento regular. Em 1924, mais
uma edição, sempre por iniciativa do Grémio Transtagano e dedicada ao Monumento aos Mortos da Grande Guerra, coincidindo
com a segunda feira anual. Desta vez ao longo de quatro dias –
5, 6, 7 e 8 de Junho –, tinha um formato semelhante aos anteriores: concurso de montras, exposição de produtos regionais,
festa desportiva (desta vez com boxe), romagem aos mortos da
Grande Guerra, batalha de flores, festival nocturno com bandas,
concerto diurno, futebol, torneio de tiro aos pombos e concerto
na Avenida da Liberdade. Para além das costumadas barracas de
chá, houve animatógrafo, tômbola e iluminações. O programa
era mais volumoso e contava com textos de carácter histórico
de Lacerda Machado, Luís Gomes, Casimiro Mourato e Galiano
Tavares para além de abundante publicidade.
Terminou então essa primeira fase das Festas da Primavera. Nos anos seguintes, para além das habituais feiras anuais,
second annual fair. This time over a period of four days –
June 5th, 6th, 7th and 8th –, it had similar programme to
the previous ones: shop-windows competition, exhibition
of regional products, sports festival (this time including
boxing), homage to the dead of the Great War, battle of
flowers, an evening of musical entertainment with bands,
daily concert, football, pigeon shooting tournament and
concert on the Avenida de Liberdade. Besides the usual tea
stalls, there was animatography, raffles and illuminations.
The programme was more extensive and included texts
of an historical nature by Lacerda Machado, Luís Gomes,
Casimiro Mourato and Galiano Tavares, as well as an abundance of advertisements.
This first phase of the Spring Festivals ended. In the
following years, besides the usual annual festivals, the
Festa dos Aventais (the Aprons Festival) and the religious
festivals, others are recorded, such as the Festa da Flor
(Flower Festival), on June 7th and 8th, 1925, for the benefit of the Voluntary Fire Brigade.
From September 13th to 15th, 1926, on the occasion
of the Onion Fair, festivities for the benefit of the Portalegre Charitable Institution took place. On June 23rd and
24th, 1927, there were new popular festivities also for the
benefit of the Santa Casa da Misericórdia Charitable Institution, which took place from September 13th to 16th,
1928 and September 13th to 16th, 1929, with festivities
on the Avenida da Liberdade, once again coinciding with the
Onion Fair, for the benefit of the Misericórdia Charitable
Organisation, the sanatorium and the rehabilitation centre. From September 10th and 11th, 1930, the festivities
took place again, and the only edition of the newspaper
A Voz Portalegrense was published, with a print run of 3,000
copies, artistically composed and dedicated to the visitors.
90
91
da Festa dos Aventais e das festas religiosas registamos outras
como a Festa da Flor, em 7 e 8 de Junho de 1925, em benefício
dos Bombeiros Voluntários.
De 13 a 15 de Setembro de 1926, por ocasião da Feira das
Cebolas, realizaram-se festas em benefício da Misericórdia de
Portalegre. Em 23 e 24 de Junho de 1927, decorreram novas festas populares também em benefício da Santa Casa da Misericórdia, o mesmo sucedendo de 13 a 16 de Setembro de 1928 e de 13
a 16 de Setembro de 1929, com festas na Avenida da Liberdade,
de novo coincidindo com a Feira das Cebolas, em benefício da
Misericórdia, do sanatório e da casa de regeneração. Em 1930,
10 e 11 de Setembro, as festas repetiram-se, sendo então publicado o número único do jornal A Voz Portalegrense, com uma tiragem de 3000 exemplares, artisticamente composto e dedicado
aos forasteiros. A imprensa local não regateava loas aos produtos regionais, com destaque para os famosos enchidos, a groselha e as amêndoas de Portalegre.
The local press did not fail to praise the regional products,
especially highlighting the famous sausages, the red currents and almonds of Portalegre.
In 1931, from June 5th to 8th, on the occasion of the
Cherry Fair, the festivities in aid of the Santa Casa da Misericórdia Charity Institution were held again, and a well
compiled programme was published by STEL, in Lisbon,
with texts that had nothing to do with Portalegre and
abundant advertising. Motorcar Gymkhana, flower vendors, battle of flowers, festival in the streets, livestock
auction and concerts were the highlights. Similarly, on
the 5th, 6th and 7th, the district Exhibition took place on
the Fontedeira arena, organised by the Portalegre General
District Council, with agricultural, industrial, artistic, bibliographical and livestock sections.
In 1935 the Spring Festival reappeared, promoted
by the Football and Athletic Sports Association of Por-
92
talegre under the patronage of the Planning and Tour-
Exposição distrital, 1931.
ist Commission, coinciding with the Cherry Fair and also
with the Aprons Festival. On May 30th, and June 1st, 2nd,
3rd, 4th, 5th, 6th, 7th and 9th, there was an extensive, varied programme highlighted by the inauguration of electric lighting on the Mountain road (May 30th), the School
Party (June 1st), with a procession of 5,000 children from
primary schools in the district and a rhythmic gymnastics parade with 1,000 children, the 1st Portalegre Hippic
Competition (June 2nd) and the 1st Bicycle Tour of Portalegre (June 3rd). The Avenida da Liberdade was cordoned
off, and there were entrance fees. These festivities were of
an unprecedented dimension, with the publication of an
advertising campaign and other specific documentation.
In 1936, the Spring Festivals were promoted by the
Em 1931, de 5 a 8 de Junho, por ocasião da Feira das Cerejas,
repetiram-se as festas em benefício da Santa Casa da Misericórdia, com a publicação de um bem elaborado programa publicado
pela STEL, de Lisboa, com textos que nada têm a ver com Portalegre e abundante publicidade. Gincana de automóveis, venda
da flor, batalha de flores, festival no Passeio Público, leilão de
gado, concertos, eram os pontos a destacar. Paralelamente, nos
dias 5, 6 e 7, teve lugar no campo da Fontedeira a Exposição
Distrital, organizada pela Junta Geral do Distrito de Portalegre, com as secções agrícola, industrial, artística e bibliográfica
e pecuária.
Em 1935 regressaram as Festas da Primavera, promovidas
pela Associação de Futebol e Desportos Atléticos de Portalegre
e com o patrocínio da Comissão de Iniciativa e Turismo, coincidindo com a Feira das Cerejas e também com a Festa dos Aventais. Nos dias 30 de Maio, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 9 de Junho, decorreu
um extenso e diversificado programa que teve como pontos altos
a inauguração da luz eléctrica na estrada da Serra (30 de Maio),
93
Planning and Tourist Commission, with the collaboration
of the Portalegre Municipal council, trade and industry
and local farmers. This took place on June 4th, 5th, 6th,
7th, 8th, 9th and 10th, on the occasion of the Cherry Fair.
The mark of the experienced hand of João Tavares is left
on this publicity and programme. The most significant
highlights were the 1st Aviation Exhibition, the 2nd Por-
a Festa Escolar (dia 1 de Junho), com o cortejo de 5000 crianças de escolas primárias do distrito e uma parada de ginástica
rítmica com 1000 crianças, o I Concurso Hípico de Portalegre
(2 de Junho), a I Volta Ciclista a Portalegre (3 de Junho). A Avenida da Liberdade ficou vedada, com entradas pagas. Estas festas
tiveram uma dimensão inédita, com a edição de um programa e
de outra documentação promocional específica.
Em 1936, as Festas da Primavera foram promovidas pela
Comissão de Iniciativa e Turismo, com a colaboração da Câmara
Municipal de Portalegre, comércio, indústria e lavoura locais.
Decorreram nos dias 4, 5, 6, 7, 8, 9 e 10 de Junho, por ocasião da
feira das Cerejas. Tudo muito mais cuidado a denotar a mão experiente de João Tavares no cartaz e no programa. Como momen-
talegre Hippic Competition and the inauguration of the
José Elias Martins bull ring .
In 1937, there was no Spring Festival, but the Municipal Council developed a programme for the City Festivals
very similar to the two previous ones4. In the following
year, the Spring Festivals were even better. Promoted by
the new Municipal Tourist Commission on June 5th, 6th,
7th, 8th, 9th, 10th, 11th and 12th – and once again coinciding with the Cherry Fair, its strong points were the District Exhibition in which the Municipal Councils of Elvas,
Alter do Chão, Arronches, Avis, Campo Maior, Castelo e
Vide, Crato, Gavião, Marvão, Monforte, Nisa, Ponte de Sor
and Sousel and the 7th Fire Brigade National Congress par-
94
Cartaz Festas da Primavera.
João Tavares, 1935.
ticipated. The parades of the Legion and the Portuguese
Youth, the Motor Rally, the fraternisation party for past
and present pupils of the high school, the inauguration of
the Mountain belvedere, the flower exhibition, etc. are all
outstanding. Once again João Tavares designed the programme’s poster.
The splendour of these festivities contrasts with the
decline of traditional fairs. The A Voz Portalegrense newspaper reported in 1939, on the Onion Fair: “for some years
the sound of popular Basílio’s voice and witty comments
conquering people when constantly auctioning crockery
has been missed. Leonard’s meat pies and ham stall has
also disappeared. Marujo’s liver meat has disappeared.
The clowns’ sideshows have also vanished. Circuses have
become rare”5. And in this same year the A Rabeca newspaper, when reporting on the Cherry Fair, said that the
greatest success had been the electric cars stall and a
Chinese circus with an elephant. Most of the stalls were
deserted, the Euterpe band did not perform alone as the
Legion’s band appeared. The rain contributed to making
things sadder.
That’s how the second cycle of Spring Festivals went.
From then on, the fairs revived, especially those in June
and September, although during the latter rain fell frequently. Normally, apart from the trade activities inherent at any fair, with stalls for food, entertainment, music
in the street, there was always a circus and one or two bull
fights.
In 1944, there was an important exhibition: the Exhibition of Corporate Business of the District of Portalegre,
mainly organised by Dr. Bento Caldas, delegate for the
Portalegre Institute of Labour and Social Welfare (Instituto do Trabalho e Previdência). The chosen venue was the
95
tos mais significativos destacamos o I Certame de Aviação, o
II Concurso Hípico de Portalegre e a inauguração da praça de
Touros de José Elias Martins.
Em 1937 não houve Festas da Primavera, mas a Câmara
Municipal elaborou um programa de «Festas da Cidade» muito
semelhante aos dois anteriores4. No ano seguinte as Festas da
Primavera surgiram reforçadas. Promovidas pela novel Comissão Municipal de Turismo nos dias 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11 e 12 de
Junho – mais uma vez coincidindo com a Feira das Cerejas –
tinha como pontos fortes a Exposição Distrital que contou com
a participação das Câmaras Municipais de Elvas, Alter do Chão,
Arronches, Avis, Campo Maior, Castelo de Vide, Crato, Gavião,
Marvão, Monforte, Nisa, Ponte de Sor e Sousel e o VII Congresso Nacional dos Bombeiros. Merecem ainda destaque as
paradas do Legionário e da Mocidade Portuguesa, o Rali Automobilístico, a festa de confraternização entre antigos e actuais
alunos do Liceu, inauguração do miradouro da Serra, exposição de flores, etc. De novo o design do cartaz e do programa foi
de João Tavares.
O brilho destas festas contrastava com uma certa decadência
das feiras tradicionais. O jornal A Voz Portalegrense escrevia em
1939, a propósito da Feira das Cebolas: «já há anos que falta o
popular Basílio que com o seu barulho da sua voz e ditos engraçados conquistava os fregueses para a loiça que constantemente
leiloava. As empadas e o fiambre da barraca do Leonardo deixaram também de aparecer. As iscas do Marujo eclipsaram-se.
As barracas dos fantoches sumiram-se. Os circos escasseiam»5.
E nesse mesmo ano, o jornal A Rabeca referia, a propósito da
Feira das Cerejas, que o maior sucesso tinha sido a barraca dos
carros eléctricos, um circo chinês com um elefante. A maior
parte das barracas desertas, a banda Euterpe não actuou só,
comparecendo a da legião. A chuva contribuiu para a tornar
ainda mais triste.
96
Brochuras e cartaz das Festas
da Primavera.
1936.
97
Terminou assim o segundo ciclo das Festas da Primavera.
A partir de então, reforçaram-se as feiras, em especial as de
Junho e de Setembro, embora neste último caso a chuva fizesse
a sua aparição frequente. Normalmente, para além das actividades comerciais inerentes a qualquer feira, como as barracas de
alimentação, divertimentos, música no Passeio, havia sempre
um circo que aparecia e uma ou duas touradas.
Em 1944, ocorreu um importante certame: a Exposição da
Vida Corporativa do Distrito de Portalegre, cujo principal organizador foi o Dr. Bento Caldas, delegado do Instituto do Trabalho e Previdência em Portalegre. O local escolhido foi o edifício
do antigo Colégio de São Sebastião da Companhia de Jesus, onde
esteve a Real Fábrica de Lanifícios de Portalegre. Ao longo de
10 salas estavam representadas as principais actividades do distrito, desde a arte popular à indústria, actividades de grémios,
casas do povo e outros organismos corporativos. O pavilhão da
Comissão Municipal de Turismo de Portalegre foi concebido por
João Tavares e estava decorado com fotografias e com bonecos
feitos por Capela e Silva, com trajos regionais, apresentando
old building of the Jesuit College of São
Sebastião, where the Real Fábrica de Lanifícios de Portalegre (Portalegre Wool Factory) had been. Throughout 10 large rooms
the main activities of the district were represented, from popular art to industry,
guild activities, social centres and other
corporative organisations. The Portalegre Municipal Tourist Commission pavilion was conceived by João Tavares and
was decorated with photographs and dolls
made by Capela e Silva, with regional costumes, and there was also a catalogue by
João Tavares, with text by José Régio. At
the inauguration on June 5th, the undersecretary of State for Corporations and Social Welfare,
Dr. Joaquim Trigo de Negreiros was present, and it closed
in Elvas on September 23rd, the day the National Statutes
of Labour were published. An Official Guide of the ExhiChegada do Dr. Trigo de Negreiros.
.
Bonecos de Capela e Silva no pavilhão
da Comissão Municipal de Turismo.
.
98
Átrio da Exposição.
Pavilhão da Comissão Municipal
de Turismo.
Um oleiro.
Inauguração oficial da Exposição.
99
bition was published, with texts by Bento Caldas, Afonso
Leite de Sampaio, Galiano Tavares, Azinhal Abelho, Morujo
Trindade and Capela e Silva, followed by a description of
all the corporative organisms in the district – guilds, syndicates, social centres – with the respective management.
In 1946 the possibility of holding the City Festivals was
discussed. It was generally agreed that that there should
be annual festivities, but when? In the month of September the weather was unsettled. Perhaps in June or July.
Some proposed they should be called Popular Festivals.
The Municipal Tourist Commission invited the opinion
of some organisations and a commission presided over by
Dr. Martinho de Azevedo Coutinho was formed. The Popular Festivals – as they were called – took place on September
ainda um catálogo do mesmo João Tavares, com um texto de José
Régio. A inauguração, no dia 5 e Junho, contou com a presença
do subsecretário de Estado das Corporações e Previdência Social,
Dr. Joaquim Trigo de Negreiros, e o encerramento decorreu
em Elvas a 23 de Setembro, data da promulgação do Estatuto
do Trabalho Nacional. Foi publicado um Guia Oficial da Exposição, com textos de Bento Caldas, Afonso Leite de Sampaio,
Galiano Tavares, Azinhal Abelho, Morujo Trindade e Capela e
Silva, seguindo-se a relação de todos os organismos corporativos do distrito – grémios, sindicatos, casas do povo – com as respectivas direcções.
Em 1946 debateu-se a possibilidade de realização de umas
Festas da Cidade. Era consensual que deviam realizar-se umas
festas anuais, mas quando? O mês de Setembro era incerto. Talvez em Junho ou Julho. Houve quem propusesse o nome de Festas Populares. A CMT convidou algumas organizações a pronun100
Francisco Fino e Trigo de Negreiros.
ciarem-se e formou-se uma comissão presidida pelo Dr. Martinho
de Azevedo Coutinho. Os Festejos Populares – assim se chamaram – realizaram-se nos dias 13, 14, 15 e 16 de Setembro, coincidindo com a Feira das Cebolas, com tourada, futebol, volta em
bicicleta ao Triângulo Turístico, festival de música no Estádio da
Fontedeira e fogo de artifício. Em 1948, de novo entre 1 e 16 de
Setembro, houve exposição de produtos regionais, ranchos folclóricos, artistas da rádio, corridas de touros e arraiais. O modelo
repete-se até à exaustão.
As Festas Centenárias de 1950 contribuíram para adiar a resolução da não existência de umas festas concelhias ou da cidade,
continuando a apostar-se no reforço das feiras. Por exemplo,
em 1960, a Feira das Cebolas teve umas festas organizadas pela
Comissão de Turismo e pelo Grémio do Comércio, e em 1963 as
festas durante a Feira das Cebolas foram organizadas e reverteram a favor das Conferências de São Vicente de Paula.
Somente em 1964, o executivo presidido pelo Prof. Manuel
de Jesus da Silva Mendes decide passar a celebrar as Festas da
Cidade no dia 23 de Maio, assumindo assim um carácter de celebração do aniversário da elevação de Portalegre a cidade.
13th, 14th, and September 1st and 16th, and coincided with
the Onion Fair, with bull fight, football, bicycle tour of the
Tourist Triangle, music festival in the Fontedeira Stadium
and fireworks. In 1948, again between September 1st and
16th, there was an exhibition of regional products, folklore groups, radio personalities, bull fights and singing and
dancing. The pattern continues until it wears itself out.
The Centenary Festivities in 1950 contributed
towards postponing the reaching of a solution on the non
existent municipal or city festivities, continuing to use
fairs as a backup. For example, in 1960, the Onion Fair
had festivities organised by the Tourist Commission and
the Grémio do Comércio (Trade Guild), and in 1963 the
festivities during the Onion Fair were organised by and
reverted to the Saint Vincent de Paul Seminary.
Only in 1964, the executive authority, presided over
by Professor Manuel de Jesus da Silva Mendes, decided
to celebrate the City Festivals on May 23rd, thus taking on
the quality of celebration of the anniversary of Portalegre
being raised to the level of a city.
Notas
notes
3
4
5
1
Folha Portalegrense, no. 46, 19-9-1907, p. 2
2
A Plebe no. 887, September 22nd, 1912, pp. 2 and 3.
1
2
101
Folha Portalegrense, n.º 46, 19-9-1907, p. 2.
A Plebe, n.º 887, de 22 de Setembro de 1912, pp. 2 e 3.
A Cidade, n.º 25, 14-9-1913, p. 1.
«Festas da Cidade», A Rabeca, n.º 992, de 17-3-1937, p. 3.
A Voz Portalegrense, n.º 406, de 16-9-1939, p. 1.
3
A Cidade no. 25, 14-9-1913, p. 1.
4
“Festas da Cidade”, A Rabeca, no. 992, 17-3-1937, p. 3.
5
A Voz Portalegrense, no. 406, 16-9-1939, p. 1.
A Festa dos Aventais
A Festa dos Aventais – The Aprons Festival
Publicações da Fundação Robinson 14, 2009, p. 102-111, ISSN 1646-7116
Pavilhão da Comissão da Festa
dos Aventais.
.
A história da Festa dos Aventais tem sido objecto de alguns
estudos e testemunhos1, sendo consensual que ela surgiu a
partir do passeio à Portagem, junto ao rio Sever, que António
Maria Serra ali organizou em 1907. No entanto, cremos que a
questão é um pouco mais complexa. É certo que naquele ano e
nos seguintes a merenda da Portagem se realizou, mas a proclamação da República veio alterar aquele hábito.
A 25 de Maio de 1911, a «Merenda da Portagem», organizada por António Maria Serra reuniu mais de 2000 pessoas, entre as quais 800 oriundas de Portalegre, mas também
de Marvão, Castelo de Vide, Beirã e Póvoa e Meadas. Com a
participação da Banda dos Bombeiros, ela assumiu um cariz
marcadamente republicano e democrático2. Mas para o dia
22 de Maio daquele ano estava programada uma «Merenda
Democrática» na Quinta Branca, de Elisiário de Brito, em
recepção a Eusébio Leão. Apesar de haver muitos inscritos,
foi anulada devido ao adiamento da deslocação daquele político a Portalegre. Entretanto, em Abril de 1911, o Dr. António
José Lourinho lançou uma ideia e uma proposta: «Um dos
meios mais eficazes de atrair e reunir o Povo, um dos melhores ensejos de boa sementeira de ideias generosas e patrióticas – é a festa popular, onde se combine o deleite e a lição.
Aí se abre generosamente a alma dos que trabalham, se
expande na sua genuína pureza o coração dos que labutam e
se inspiram de entusiasmo pelo bem e de amor pela Pátria os
que pela Pátria são capazes de morrer. Uma festa tal nada tem
de comum com os tradicionais folguedos em que se associa o
fanatismo, a embriaguez, a desordem e a brutalidade. As festas modernas do Povo, as festas da democracia são de intuitos
definidos, almejam o bem comum, convertem numa utilidade
moral e social todo o movimento colectivo. Portalegre deve
iniciar estas festas que honram as povoações que as adoptam.
Permitimo-nos lembrar uma Merenda Democrática na pito103
The history of the Festa dos Aventais (i.e., the Aprons
Festival) has been the object of a number of studies and interpretations1, and according to common consent it came about
through the outing to Portagem, next to the river Sever, which
was organised by António Maria Serra in 1907. Nevertheless,
we believe the question is a little complex. In fact, in that year
and in the following ones the Portagem picnic was held, but the
declaration of the Republic changed the tradition.
On May 25th, 1911, the “Merenda da Portagem” (Portagem
picnic), organized by António Maria Serra rallied together more
than 2000 people, 800 of whom were from Portalegre, and also
from Marvão, Castelo de Vide, Beirã and Póvoa and Meadas.
With the participation of the Firemen’s Band, it took on striking republican and democratic characteristics2. But a “Merenda
Democrática” (Democratic Picnic) was planned to be held at
Elisiário de Brito’s Quinta Branca on May 22nd of that year, to
welcome Eusébio Leão. Although many people had enrolled to
attend, it was cancelled as this politician deferred his visit to
Portalegre. Meanwhile, in April 1911, Dr. António José Lourinho put forward an idea and a proposal: “One of the most
effective ways of attracting and bringing the People together
– one of the best opportunities for sowing generous and patriotic ideas well – is to give a party for the people, where pleasure
and learning come together. The working class unlocked their
souls, opening their hearts, in the perfectly genuine manner of
those who work and are inspired by all that is good and for love
of their Country, and are even willing to die for their Country.
Such festivities have nothing in common with the traditional
entertainment associated with fanaticism, drunkenness, disorder and brutality. Modern festivities of the population, democratic festivities, are of positive intent, and aimed at the common good, and to convert the whole collective movement to
moral and social advantage. Portalegre should initiate these
festivities which are in honour of the population which adopts
them. We might remember a Democratic Picnic on the nearby
picturesque Mountain, on one of those first sunny Sundays, or
on May 1st, weather permitting”3.
The appeal made by the esteemed Republican, President of
the Administrative Commission of the Portalegre City Council
resca Serra próxima, num dos primeiros domingos de sol, ou
no 1.º de Maio, se o tempo o permitir»3.
O apelo do prestigiado republicano, Presidente da Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Portalegre não
caiu no vazio. Em 1912 realizou-se a «Merenda Democrática» na Quinta Branca, Serra de Portalegre, propriedade de
Elisiário de Brito, um destacado dirigente republicano local.
Mas, no mesmo dia, a imprensa local refere que na Portagem
se reuniram 2000 pessoas numa festa semelhante, a exemplo do que sucedia desde 1907, o que significa terem ocorrido
did not go without notice. In 1912, there was the Democratic
Picnic at the Quinta Branca, Portalegre Mountain, of the proprietor Elisiário de Brito, a well-known, leading local republican. But, on the same day, the local press reported that 2000
people gathered in Portagem for similar festivities, as an example of what had been happening since 1907, which meant that
two festivities occurred at the same time. We believe that the
exact date of the beginning of the Aprons Festival is the year
1912, and that for two years the festivities were held simultaneously as two events, and then Portagem ceased to do so due
104
Comissão da Festa e colaboradores
(anos 70).
O tradicional baile da Festa
dos Aventais (anos 60).
to the advantage of the vicinity of the Quinta Branca, because it
Comissão da Festa dos Aventais
e colaboradores.
was conveniently nearer the city. Although the hypothetical fiftieth anniversary was commemorated in 1952, the truth is that
A Rabeca reported the festivities that year were to celebrate 40
years, which goes back to 19124.
On May 1st, 1913 – a municipal holiday – and once again
at the Quinta Branca, some four to five thousand people joined
in the festivities, taking part in a march from the city to the
Quinta Branca: “Although very large, the area was insufficient
to accommodate so many pilgrims eager for the pleasures the
country-side could afford them”5. The Fire Brigade’s Band and
Um avental premiado.
duas festas em paralelo. Cremos que a data exacta do início
da festa dos Aventais é o ano de 1912 e que durante dois anos
se realizaram simultaneamente as duas iniciativas, tendo a
da Portagem deixado de se fazer em benefício da que tinha
como palco a Quinta Branca, pela comodidade que representava a sua proximidade em relação à cidade. Apesar de se ter
comemorado em 1957 o hipotético cinquentenário, a verdade é que A Rabeca de 1952 informava que a festa daquele
ano era a 40.ª realização, o que remete para 19124.
Em, 1913, no dia 1 de Maio – feriado municipal – e de
novo na Quinta Branca, a festa contou com 4 a 5 mil pessoas,
com desfile a pé da cidade para a Quinta Branca: «Tornou-se insuficiente o recinto, que é espaçoso, para albergar tantos romeiros ávidos dos prazeres que o campo proporciona»5.
Participou a Banda dos Bombeiros e a Banda de Infantaria
22. Às 20 horas, os participantes organizaram uma marcha
com archotes de regresso à cidade, à Praça do Município.
A festa da Quinta Branca surge referida na imprensa como
tendo sido «iniciada no ano passado» (1912), regozijando-se
o semanário A Cidade: «ficaremos assim com duas festas cívicas anuais: a da cidade, também o ano passado iniciada, e a da
quinta-feira de Ascensão»6.
105
the 22nd Infantry Band performed. At 10.00 p.m., the participants organised a torch-lit procession back to the city, in the
Praça do Município (Municipal Square). The festivities at the
Quinta Branca were reported in the press as having “begun
last year” (1912), and the weekly newspaper A Cidade joyfully
announced: “thus we shall have two annual civic festivals: one
for the city, already begun last year, and one for Ascension
Thursday”6.
The festivities at the Quinta Branca happened again in 1914,
on May 25th, with the Fire Brigade’s Band and the Dr. Frederico
Laranjo Band, from Castelo de Vide. This time it was already
called the “Festa dos Aventais”. But, at the same time, the press
A festa na Quinta Branca repetiu-se em 1914, no dia 25
de Maio, com a Banda dos Bombeiros e a Banda Dr. Frederico
Laranjo, de Castelo de Vide. Aparece já com a designação de
«Festa dos Aventais». Mas, paralelamente, a imprensa revela
que «Muitas outras pessoas foram também hoje em excursão
pelos Olhos de Água, Portagem, Prado e Castelo de Vide»7.
A partir de então a Festa dos Aventais afirmou-se como
uma grande festa portalegrense, e o passeio à Portagem acabou por desaparecer. Teve sempre o concurso de aventais,
bandas e outras atracções, culminando com a marcha nocturna com archotes ou balões, pela serra abaixo, em direcção
à cidade, ao som da música da Tuna Fraternal. O modelo era
muito semelhante de ano para ano, com barracas de comes
e bebes, o concurso de aventais nas modalidades de bordado
à mão e de pintado, a animação musical e o baile. Na componente musical participaram bandas de Portalegre, como
a Euterpe, dos Bombeiros (Popular), da Legião Portuguesa,
e de Castelo de Vide, Nisa e Veiros, grupos musicais locais,
como a «Enrascadófona», «Ideal» e «Ferrugem». Nos anos
sessenta, por iniciativa de Mário Rodrigues Solano, residente no Barreiro, realizava-se uma excursão a Portalegre
por ocasião da festa, sendo essa colaboração reforçada com
a participação dos conjuntos barreirenses «Os Mexicanos» e
«Holliday». O intercâmbio também contemplava excursões
de portalegrenses ao Barreiro.
Vejamos de forma sumária quando e onde teve lugar a
Festa dos Aventais de 1915 a 1971.
reported that “Many other people today made the excursion to
Olhos de Água, Portagem, Prado and Castelo de Vide”7.
From then on the Aprons Festival became a great festival
in Portalegre, and there was no longer a Portagem walk. There
was always an aprons competition, bands and other attractions,
ending with a balloon or torch lit march, down the mountain,
towards the city to the sound of the music of the Tuna Fraternal band. It followed the same pattern from year to year, with
food and drink stalls, the competition for aprons, both hand
embroidered and painted, musical entertainment and the ball.
The musical participants were bands from Portalegre, such as
Euterpe, the Voluntary Fire Brigade, the Legião Portuguesa, and
from Castelo de Vide, Nisa and Veiros, Local musical Groups,
such as “Enrascadófona”, “Ideal” and “Ferrugem”. In the seventies, through the initiative of Mário Rodrigues Solano, a resident of Barreiro, there was a trip to Portalegre for the festival,
with the Barreiro groups “Os Mexicanos” and “Holliday” adding
to the number of performers. In exchange trips of people from
Portalegre to Barreiro were also expected.
Here is a summary of when and where the Aprons Festival
took place from 1915 to 1971.
1915 May 13th. At the Quinta Branca.
1916 June 1st. At the Quinta Branca. Meeting point: the
Jardim Operário (Workers’ Garden).
1917 Not held due to War.
1918 May 9th. At the Quinta Branca.
1919 Not held due to aftermath of War.
1915 13 de Maio. Na Quinta Branca.
1916 1 de Junho. Na Quinta Branca. Concentração no Jardim Operário.
1917 Não se realizou por causa da Guerra.
1918 9 de Maio. Na Quinta Branca.
1920 Due to bad weather, the celebration was held on June
13th. At the Quinta Branca.
1921 May 5th. Festivities held at the Fonte dos Amores (Fountain of Love) as it was closer to the city. Great success
(A Rabeca, no. 275, 8-5-1921, p. 1).
106
1919 Não se realizou no rescaldo da Guerra.
1920 Por causa do mau tempo, a festa passou para 13 de
Junho. Na Quinta Branca.
1921 5 de Maio. Festa na Fonte dos Amores por ser um local
mais perto da cidade. Grande sucesso (A Rabeca, n.º 275,
8-5-1921, p. 1).
1922 João Serra já tinha cedido a sua quinta, mas por ter
um largo insuficiente, a comissão contactou a viscondessa do Reguengo, que cedeu a Quinta de Campos.
Corridas de motas. Mais de 2000 pessoas.
1923 10 de Maio. Festa no Souto dos Apóstolos, propriedade de D. Fernando Botelho, junto à quinta de João
Serra.
1924 29 de Maio. Decorreu no Monte da Penha.
1925 21 de Maio. Festa no Souto dos Apóstolos, do conde
de Vila Real. «Apesar de o dia da Espiga se apresentar
pouco convidativo, foi grande a concorrência» (A Rabeca,
n.º 471, 24-5-1925, p. 2).
1926 13 de Maio. Festa na Quinta de Campos, de Pinto
Bastos.
1927 26 de Maio. No Souto anexo à quinta de João de Carvalho Serra.
1928 17 de Maio. Na Quinta de João de Carvalho Serra.
1929 9 de Maio. Na Quinta da Saúde.
1930 29 de Maio. Na Quinta da Saúde.
1931 Não há informação. O semanário A Rabeca estava suspenso.
1932 30 de Maio. Na Quinta da Saúde, com milhares de
pessoas.
1933 24 de Maio. Na Quinta da Saúde
1934 10 de Maio. Na Quinta da Saúde.
1935 30 de Maio. Na Quinta da Saúde. Com torneio aos
pombos no Campo de Tiro Manuel Picão Fernandes.
107
1922 João Serra had already offered his quinta (estate), but as
its square was insufficient, the commission contacted
the viscountess of Reguengo, who offered the Quinta de
Campos. Motor bicycle racing. More than 2000 people.
1923 May 10th. Festivities held at Souto dos Apóstolos, D. Fernando Botelho’s estate, adjoining de João Serra’s estate.
1924 May 29th. Held at Monte da Penha.
1925 May 21st. Festivities at Souto dos Apóstolos, belonging
to the count of Vila Real. “Although it was Harvest Festival day and it appeared not to be a good day, it drew
the crowds” (A Rabeca, no. 471, 24-5-1925, p. 2).
1926 May 13th. Festivities at the Quinta de Campos, which
belongs to Pinto Bastos.
1927 May 26th. At Souto annex of João de Carvalho Serra’s
quinta.
1928 May 17th. At João de Carvalho Serra’s quinta.
1929 May 9th. At the Quinta da Saúde.
1930 May 29th. At the Quinta da Saúde.
1931 No information. The weekly newspaper A Rabeca had
been suspended.
1932 May 30th. At the Quinta da Saúde, there were thousands of people.
1933 May 24th. At the Quinta da Saúde
1934 May 10th. At the Quinta da Saúde.
1935 May 30th. At the Quinta da Saúde. With pigeons tournament at the Campo de Tiro Manuel Picão Fernandes
(a shooting range).
1936 May 21st. At the Quinta da Saúde. With the Popular
Band and the Tuna Fraternal Band.
1937 May 6th. At the Quinta da Saúde.
1938 May 26th. At the Quinta da Saúde. With the Euterpe
band and the music group directed by Gervásio Madeira.
Few people.
1936 21 de Maio. Na Quinta da Saúde. Com a Banda Popular e a Tuna Fraternal.
1937 6 de Maio. Na Quinta da Saúde.
1938 26 de Maio. Na Quinta da Saúde. Com a Banda Euterpe
e o grupo musical regido por Gervásio Madeira. Pouco
concorrida.
1939 18 de Maio. Na Quinta da Saúde.
1940 2 de Maio. Na Quinta da saúde. Com a banda Euterpe.
A marcha nocturna teve 400 balões.
1941 22 de Maio. Na Quinta da Saúde.
1942 14 de Maio. Na Quinta da Saúde.
1943 3 de Junho. Na Quinta da Saúde.
1944 18 e 21 de Maio. Na Quinta da Saúde.
1945 Inicialmente marcada para 10 de Maio, a crise agrícola
impediu a cedência da Quinta da Saúde, pelo que
decorreu na Fonte dos Amores.
1946 2 de Junho. Na Fonte dos Amores.
1947 15 de Maio. Na Fonte dos Amores.
1948 6 de Maio. Na Quinta da Saúde. Muito prejudicada
pelo mau tempo.
1949 26 de Maio. Não se realizou, mas em seu lugar por
falta de apoios, decorrendo um festival Pró-Portalegre
na Quinta da Saúde, seguido de passeio à serra.
1950 4 de Junho. No Miradouro da Serra. Integrada nas
Festas Centenárias.
1951 3 de Maio. Na Quinta da Saúde, com o apoio do Grupo
Amigos de Portalegre.
1952 22 de Maio. Na Quinta da Saúde.
1953 Inicialmente marcada para 14 de Maio, foi adiada por
causa do mau tempo para o dia 24.
1955 19 de Maio. Na Quinta da Saúde.
1956 10 de Maio. Na Quinta da Saúde.
1957 30 de Maio. Na Quinta da Saúde.
108
1939 May 18th. At the Quinta da Saúde.
1940 May 2nd. At the Quinta da Saúde. With the Euterpe
band. 400 balloons were used during the night
march.
1941 May 22nd. At the Quinta da Saúde.
1942 May 14th. At the Quinta da Saúde.
1943 June 3rd. At the Quinta da Saúde.
1944 May 18th and 21st. At the Quinta da Saúde.
1945 Initially planned for May 10th, the farming crisis prevented the Quinta da Saúde being used, and so it took
place at Fonte dos Amores.
1946 June 2nd. At the Fonte dos Amores.
1947 May 15th. At the Fonte dos Amores.
1948 May 6th. At the Quinta da Saúde. Suffered because of
the bad weather.
1949 May 26th. It did not take place, but due to lack of support, festivities were held in Pro-Portalegre at the
Quinta da Saúde, along the side of the mountain.
1950 June 4th. At the Mountain Belvedere (Miradouro da
Serra). Integrated in the Centenary Festivities.
1951 May 3rd. At the Quinta da Saúde, backed by the Grupo
Amigos de Portalegre (Friends of Portalegre).
1952 May 22nd. At the Quinta da Saúde.
1953 Initially set for May 14th, it was postponed to the 24th
due to bad weather.
1955 May 19th. At the Quinta da Saúde.
1956 May 10th. At the Quinta da Saúde.
1957 May 30th. At the Quinta da Saúde.
1958 May 15th and 18th. At the Quinta da Saúde.
1959 May 13th and 16th. At the Quinta da Saúde.
1960 May 26th and 29th. At the Quinta da Saúde.
1961 May 11th and 14th. At the Quinta da Saúde.
1962 May 31st and June 3rd. At the Quinta da Saúde.
109
110
1958
1959
1960
1961
1962
1963
1964
1965
1966
1967
1968
1969
1970
1971
15 e 18 de Maio. Na Quinta da Saúde.
13 e 16 de Maio. Na Quinta da Saúde.
26 e 29 de Maio. Na Quinta da Saúde.
11 e 14 de Maio. Na Quinta da Saúde.
31 de Maio e 3 de Junho. Na Quinta da Saúde.
23 e 26 de Maio. Na Quinta da Saúde.
7 e 10 de Maio. Na Quinta da Saúde.
27 e 30 de Maio. Na Quinta da Saúde. Prejudicada pela
transmissão do jogo Benfica – Inter.
19 e 22 de Maio. Na Quinta da Saúde (parque da Orbitur).
4 e 7 de Maio. Na Quinta da Saúde (Orbitur).
23 e 26 de Maio. Na Quinta da Saúde (Orbitur).
15 e 18 de Maio. Na Quinta da Saúde (Parque da Orbitur).
Inicialmente marcada para dia 10 de Maio, foi adiada por
causa do mau tempo para dia 17.
20 e 23 de Maio. Na Quinta da Saúde (Parque da Orbitur).
1963 May 23rd and May 26th. At the Quinta da Saúde.
1964 May 7th and 10th. At the Quinta da Saúde.
1965 May 27th and 30th. At the Quinta da Saúde. Suffered the influence of the Benfica – Inter match
being shown on television.
1966 May 19th and 22nd. At the Quinta da Saúde (Orbitur
park).
1967 May 4th and 7th. At the Quinta da Saúde (Orbitur).
1968 May 23rd and 26th. At the Quinta da Saúde
(Orbitur).
1969 May 15th and 18th. At the Quinta da Saúde (Orbitur
park).
1970 Initially planned for May 10th, it was postponed for
the 17th due to bad weather.
1971 May 20th and 23rd. At the Quinta da Saúde (Orbitur
park).
Notas
Notes
1
1
2
3
4
5
6
7
111
Veja-se Ângelo Monteiro, A Festa dos Aventais (1907-1957). Recordação das suas Bodas
de Ouro, Portalegre, Tipografia Casaca, 1957, baseado num artigo que Luís Gomes
escreveu 1937 no semanário A Rabeca, e José Martins dos Santos Conde, A Festa
dos Aventais. Festa popular, regionalista, republicana e laica, Portalegre. Edição da Escola
Secundária de São Lourenço, 1987.
Intransigente, n.º 245, 28-5-1911, p. 2.
António José Lourinho, «Assuntos locais. Merenda Democrática», A Plebe, n.º 814,
de 23-4-1911, p. 2.
A Rabeca n.º 1680, de 21-5-1952, p. 2.
A Cidade n.º 6, 4-5-1913, p. 2.
A Cidade, n.º 5, de 27-4-1913, p. 2.
A Cidade, n.º 58, 21-5-1914, p. 2.
See Ângelo Monteiro, A Festa dos Aventais (1907-1957). Recordação das
suas Bodas de Ouro, Portalegre, Tipografia Casaca, 1957, based on
an article written by Luís Gomes, in 1937, in the weekly newspaper
A Rabeca, and José Martins dos Santos Conde, A Festa dos Aventais. Festa
popular, regionalista, republicana e laica, Portalegre, Escola Secundária de
São Lourenço Edition, 1987.
2
Intransigente, no. 245, 28-5-1911, p. 2.
3
António José Lourinho, “Assuntos locais. Merenda Democrática”, A Plebe,
no. 814, of 23-4-1911, p. 2.
4
A Rabeca, no. 1680, de 21-5-1952, p. 2.
5
A Cidade, no. 6, 4-5-1913, p. 2.
6
A Cidade, no. 5, of 27-4-1913, p. 2.
7
A Cidade, no. 58, 21-5-1914, p. 2.
Da Comissão de Iniciativa e Turismo
à Comissão Municipal de Turismo
From Planning and Tourist Commission
to Municipal Tourist Commission
Publicações da Fundação Robinson 14, 2009, p. 112-131, ISSN 1646-7116
Em termos institucionais, foi preciso um longo caminho até
à fundação de uma estrutura oficial que apoiasse o turismo em
Portalegre. Em 1920 surge a primeira referência às Comissões
de Turismo, no Decreto n.º 7037, de 17 de Outubro daquele
ano1, que aprova no seu Artigo 9.º a organização daquelas estruturas:
«Artigo 9.º – Directamente subordinadas à Repartição de
Turismo organizar-se-ão comissões de turismo nas localidades do continente e ilhas adjacentes, propostas por esta
Repartição. Estas comissões devem interessar-se pelos
assuntos concernentes ao turismo, protecção e defesa dos
monumentos nacionais de qualquer espécie relíquias históricas e artísticas, cooperação no estudo e nos serviços das
estradas de turismo, higiene e propaganda das localidades
e fiscalização dos respectivos locais e por todos os demais
assuntos tendentes à melhor realização do seu objectivo.
As comissões de turismo funcionarão nas sedes das câmaras municipais ou nos edifícios das escolas oficiais, nas localidades onde não houver câmaras municipais. As comissões locais de turismo poderão lançar uma pequena taxa de
cura sobre todos os forasteiros que frequentem as respectivas estâncias balneares, termais e de turismo, cujo produto se destinará a fazer face às despesas necessárias para
levar a cabo o seu objectivo de fomento e desenvolvimento
de turismo, e aumentar os seus fundos e receitas próprias.
O número de membros destas comissões locais não será
inferior a 3, nem superior a 9. Nas localidades onde houver câmaras municipais, o médico municipal e um vereador
delegado da câmara são membros natos da comissão.
Os membros desta comissão que o não forem de direito próprio serão nomeados pelo Governo por proposta da Repartição de Turismo».
113
It took a long time, on the organisational side, before
an official structure to support tourism in Portalegre was
founded. In 1920 the first reference to the Tourist Commission appeared, in Decree nr. 7037, of October 17th of the
same year1, and the organisation of such structures are confirmed in Article 9 thereof:
“Article 9 – Under the direct authority of the Tourist Department, tourist commissions proposed by this
department will be set up in all the districts of the continent and adjacent islands. These commissions should
concern themselves with matters of tourism, the protection and maintenance of national monuments and
all kinds of historical and artistic relics, cooperation in
the study and function of tourism schemes, hygiene
and the promotion of the districts and inspection of
the respective sites and all other matters likely to best
achieve their objective.
The tourist commissions will operate from the town halls
or from local school buildings, in the districts which do
not have a town hall. The local tourist commissions may
levy a small restoration tax on all visitors to the respective
bathing resorts, spas and tourist attractions, when this
is to meet expenses needed to achieve the object of promoting and developing tourism, and increasing its own
income and revenue. The number of members in these
local commissions should not be less than 3, nor over 9.
In the districts which have a Town Hall, the municipal
physician and a town councillor delegated by the council
shall be intrinsic member of the commission.
The members of the commission which are not so by
legal right shall be nominated by the Government on
the proposal of the Tourist Department”.
As Comissões de Iniciativa
A Câmara Municipal de Portalegre não descurou a promoção turística do concelho. De facto, em 1929 foram dados passos importantes com a organização de um plano que incluía a edição de monografias regionais, a impressão de vinhetas e cartazes
de propaganda, realização de conferências na Sociedade de Geografia de Lisboa, participação em exposições, com pavilhão próprio, tanto no país como no estrangeiro. E também a realização
de filmagens das melhores e mais pitorescas paisagens e motivos
norte-alentejanos. A Câmara comunicou com a Sociedade de Iniciativa e Turismo de Lisboa, mais experiente em tais matérias2.
Foi encarregada a empresa Lisboa-Film da realização de filmagens
em Portalegre e sua região, com encargos no valor de 16 726$77.
O filme foi efectivamente feito por dois operadores, acompanhados por Lacerda Machado, que percorreram as zonas rurais da
Serra, Reguengo e São Julião. Foram filmados costumes, cenas de
trabalho e trajos típicos e na cidade os principais monumentos.
As Comissões de Iniciativa e Turismo foram criadas pela Lei
n.º 1152, de 23 de Abril de 19213, nos locais que o governo classificasse como «estâncias turísticas». Só depois dessa classifica-
The Planning Commissions
The Portalegre City Council did not neglect tourist
promotion in the district council. In fact, in 1929 important steps were taken for a plan to include the publishing
of regional guides, the printing of advertising pamphlets
and posters, the realisation of conferences in the Sociedade de Geografia de Lisboa (Lisbon Geographical Society), participation in exhibitions, with its own pavilion,
both at home and abroad. It also had films made of the
best and most picturesque scenery and north Alentejo
art and design. The Council contacted the Lisbon Planning and Tourist Commission, as it had more experience
in such matters2. The firm of Lisboa-Film was charged
with shooting the films in Portalegre and the region, at
a cost of 16,726$77 (83.43 Euros). In effect, the film
was made by two cameramen, accompanied by Lacerda
Machado, throughout the rural areas of the Mountain
(Serra), Reguengo, São Julião. Customs, scenes of workers and typical costumes and the main monuments in
the city were filmed.
Da esquerda para a direita:
Desdobrável de 1948, edição do SNI.
Desdobrável de 1947, edição da
Papelaria Silva.
Desdobrável de finais dos anos 20.
Edição da Câmara Municipal
de Portalegre
114
Da esquerda para a direita:
Desdobráveis da Câmara Municipal
de Portalegre:
-1970
-1961
-1953
-Anos 60
-Anos 40
ção seria possível constituir tais organismos, que teriam «o fim
de promover o desenvolvimento das estâncias, de forma a proporcionar aos seus frequentadores um meio confortável, higiénico e agradável, quer executando obras de interesse geral, quer
realizando iniciativas tendentes a aumentar a sua frequência e a
fomentar a indústria de turismo».
As Comissões de Iniciativa e Turismo seriam constituídas em
cada estância pelos seguintes vogais:
The Planning and Tourist Commissions were created
under Law nr. 1152, of April 23rd, 19213, in districts the
government classified as “tourist resorts”. Only after the
establishment of this classification was it possible to set
up such bodies, with the “aim of promoting the development of the resorts, in such a way as to offer visitors a
comfortable, hygienic and pleasant environment, either
by doing work of general interest, or taking initiatives liable to increase the number of visitors and to develop the
• Um delegado do município;
• Um delegado da junta de freguesia;
• Um delegado de cada uma das entidades que explorasse águas
da estância;
• Um médico director clínico ou adjunto de cada estância;
• Um delegado da Sociedade de Propaganda de Portugal;
• O capitão do porto ou delegado marítimo quando as estâncias fossem das praias;
• O regente florestal quando houvesse matas do Estado nas
proximidades;
• O chefe de conservação das obras da área respectiva;
115
tourist industry”.
The Planning and Tourist Commissions in each resort
shall be composed of the following members:
• A representative of the City Council;
• A representative of the rural community council;
• A representative of each of the entities of the resort’s
water concerns;
• A medical director or assistant for each resort;
• A representative of the Publicity Department for
Portugal;
• Um hoteleiro;
• Um proprietário;
• Um comerciante.
• The Captain of the port or maritime delegate for
beach resorts;
• The forestry commissioner where there are State forests and woodlands in the area;
O hoteleiro e o proprietário eram eleitos pelos indivíduos que
na localidade exercessem a respectiva profissão, sendo convocados para o acto eleitoral pelo respectivo administrador do concelho, devendo cada classe eleger o seu representante. Mas, no
primeiro biénio fariam parte da comissão os indivíduos das respectivas classes, residentes permanente ou temporariamente no
local da estância, que pagassem maior contribuição pelo exercício da indústria de que eram representantes.
As competências eram definidas pelo Artigo 3.º da Lei n.º 1152:
• The director of maintenance work in the respective
area;
• A hotel-keeper;
• A landlord;
• A tradesman.
The hotel-keeper and the landlord shall be elected
individuals who exercise their respective professions in
the area, voted into office by the respective council administrator, each class electing its own representative. How-
«As Comissões de Iniciativa podem executar obras e realizar
quaisquer melhoramentos em locais dependentes da acção
do Governo ou das corporações administrativas, quando os
respectivos projectos forem aprovados por aquelas entidades, não ficando, porém, estas ou quaisquer outras obras ou
melhoramentos sujeitos ao pagamento de qualquer taxa ou
licença. Quando os respectivos projectos não tenham sido
devolvidos às comissões sessenta dias depois de entregues,
consideram-se aprovados».
ever, in the first two years those of the respective classes,
permanent or temporary residents of the local resort, who
have paid the largest contribution to the exercise of the
industry they represent, shall be part of the commission.
The duties and responsibilities were defined in Article 3 of Law nr. 1152:
“The Planning Commissions can carry out repairs and
any improvements on premises depending on support
from the Government or administrative corporations,
O Artigo 5.º estabelecia o financiamento das Comissões de
Iniciativa:
when the respective projects have been approved by
those entities, these repairs or any other improvements, however, not being subject to payment of any
«Os fundos das comissões de iniciativa serão constituídos
pela cobrança duma taxa especial denominada de Turismo,
paga pelas pessoas que frequentam as estâncias e nelas
tenham residência própria, por uma percentagem equivalente a 15% da contribuição industrial, paga pela sociedade
ou entidades que explorem as concessões de águas minero-
tax or licence. When the respective projects have not
been returned to the commissions sixty days after
delivery, they shall be considered as approved”.
Article 5 establishes the financing of the Planning
Commissions:
116
“The funds of the planning commissions shall be constituted by payment of a special tax denominated as
Tourist tax, paid by those using the resorts who have
their own homes there, in a percentage equivalent to
15% of the industrial contribution, paid by the society
or entities who use the mineral-medicinal water concession, or do not carry out any trade or industry, by a
percentage of 10% on property tax on property in the
district and for any other revenue the same commissions may acquire”.
Paragraphs 3 and 4 of this Article 5 stipulate:
“§ 3 – Tourist tax for people who rent houses or stay in
hotels will be covered immediately by the property owners and hotel proprietors; all other percentages will be
covered by the treasurer of the planning commission.
§ 4 – 20 % of the funds raised through this law shall
be destined for the Tourist Department; in the hydrologic resorts, however, the takings of this Council
shall only be 5%, the other 15% being destined for the
Institute of Hydrology”.
Then there will be a charge from the Tourist Department on the Planning Commission:
“Article 7 – The Planning commissions shall submit for
higher approval their reports, budgets and improvement plans to be carried out, through the intermediary of the Tourist Department, who will give their
view, with the opinion of the Mineral Waters Inspection in the case of hydrologic resorts, up to November
30th of each year.
Postal de João Tavares.
117
medicinais, ou nela exerçam qualquer comércio ou indústria,
por uma percentagem de 10 por cento sobre a contribuição
predial das propriedades da localidade e por quaisquer outras
receitas que as mesmas comissões possam angariar».
Article 8 – The fiscal control and inspection of the
planning commissions shall be exercised through the
intermediary of the Mineral Waters Inspection or the
Tourist Department, depending on the nature of the
resort”.
Os parágrafos 3.º e 4.º deste Artigo 5.º determinavam:
The Planning and Tourist Commission were not part
«§ 3.º . – A taxa de turismo das pessoas que alugarem casas ou
estejam nos hotéis será cobrada por intermédio dos proprietários e hoteleiros; todas as outras percentagens serão cobradas pelo tesoureiro da comissão de iniciativa.
§ 4.º – 20 % dos fundos criados por esta lei serão destinados ao Conselho de Turismo; nas estâncias hidrológicas,
porém, a receita deste Conselho será apenas de 5 por cento,
devendo os 15 por cento restantes ser destinados ao instituto de Hidrologia».
of the autarchic administration, but related to the central
administration and the autarchic administration, representing a large part of the economic activities;
With regard to Portalegre, everything depends on the
city being recognised as a tourist resort by the governmental jurisdiction, without which step a Planning Commission could not be set up. Such vindications were recurrent
in the local press. As regards the foundation of a tourist
area in Barcelos, in August 1933 the A Rabeca newspaper
wrote: “What blight has fallen upon our region to make it
Havia, pois, uma tutela de Repartição de Turismo sobre as
Comissões de Iniciativa:
impossible to obtain at least a little of the justice to which
we are entitled?”4.
Decree nr. 23 282, of December 2nd, 1933, faithfully
«Artigo 7.º – As Comissões de iniciativa submeterão à aprovação superior por intermédio da Repartição de Turismo,
que sobre elas emitirá a sua opinião, com parecer da Inspecção das Águas Minerais quando se trate de estâncias hidrológicas, até o dia 30 de Novembro de cada ano, os seus relatórios, orçamentos e planos de melhoramentos a executar.
Artigo 8.º – A fiscalização e superintendência sobre as comissões de iniciativas será exercida por intermédio da Inspecção das Águas Minerais ou Repartição de Turismo conforme
a natureza da estância».
classified Portalegre as a tourist resort. We believe that
the visit of the President of the Republic, Marshal Carmona, was of fundamental importance for this decision.
The Commission was immediately formed, taking up position on December 22nd of the same year, with the following elements:
President: Dr. Galiano Tavares representing the Publicity Department of Portugal
Vice-president: Dr. Américo Ribeiro, of the National
Tubercular Assistance
As Comissões de Iniciativa e Turismo não faziam parte da
administração autárquica, mas relacionavam a administração
1st Secretary: Engineer Salvador Mendes Frazão, Forestry Commissioner
118
central e a administração autárquica, apresentando uma forte
participação das actividades económicas.
No que respeita a Portalegre, tudo dependia do reconhecimento da cidade como estância turística pelas instâncias governamentais, passo sem o qual não podia ser constituída uma Comissão
de Iniciativa. Na imprensa local tal reivindicação era recorrente.
A propósito da fundação, em Agosto de 1933, da zona turística de
Barcelos, o jornal A Rabeca escrevia: «Que maldição caiu sobre a
nossa terra que não é possível conseguir-se que, ao menos, se lhe
faça um pouco daquela justiça a que tem direito?»4.
Finalmente, o Decreto-lei n.º 23 282, de 2 de Dezembro de
1933, classificava Portalegre como estância de turismo. Cremos
que a visita do Presidente da República, marechal Carmona, teve
uma importância fundamental em tal decisão. A Comissão foi de
imediato formada, tomando posse a 22 de Dezembro do mesmo
ano, integrando os seguintes elementos:
2nd Secretary: Commander João de Carvalho Serra,
for the tourist resort
Treasurer: João do Monte Empina, delegate for the
Association of Trade and Industry.
Delegate Administrator: Major Aurélio Nunes da Silva,
representative for the Rural Community Councils.
Members: Engineer João de Pimentel Rolim, Director
for Highways.
Dr. Joaquim José de Abreu, representative of the
landlords.
School inspector António Barata, representative for
the Portalegre City Council5.
The Commission, which was installed in the building of the General District Council, met twice a month, on
the 15th and 30th, the first meeting being held on January 9th, 1934. The logotype of the commission, promoting
Presidente: Dr. Galiano Tavares representando a Sociedade
de Propaganda de Portugal.
Vice-presidente: Dr. Américo Ribeiro, da Assistência Nacional aos Tuberculosos.
the Mountain and created by João Tavares, appeared for
the first time in the headlines of the weekly newspaper A
Voz Portalegrense of December 31st, and was after used on
headed writing paper and envelopes both for the Planning
Commission and later for the Municipal Commission.
Through not having received any subsidy from the
State in 1934, the Commission had to ask for a loan and
used the money of some of the members to keep itself
going6. Augusto Severino da Silva was nominated as
administrator. But in spite of its sparse resources, it subsidised the magazine O Volante with 1000$00 (4.99 euros),
so that the 3rd Automobile Tour of Portugal would pass
through Portalegre and oblige all the participants to stay
for a day. Other subsidies were given to the Jornal da Situação and Diário da Manhã, to include texts on Portalegre.
Dr. Galiano Tavares.
João do Monte Empina.
119
Eng.º João de Pimentel Rolim.
An amount of 500$00 (2.49 euros) was granted to A. Mon-
1.º Secretário: Engenheiro Salvador Mendes Frazão, chefe
dos Serviços Florestais.
2.º Secretário: Comendador João de Carvalho Serra, pela
estância de turismo.
Tesoureiro: João do Monte Empina, delegado da Associação
Comercial e Industrial.
Administrador Delegado: major Aurélio Nunes da Silva,
representante das Juntas de Freguesia.
Vogais: Engenheiro João de Pimentel Rolim, director das
Estradas.
Dr. Joaquim José de Abreu, representante dos proprietários,
Inspector escolar António Barata, representante da Câmara
Municipal de Portalegre5.
A Comissão, que ficou instalada no edifício da Junta Geral
do Distrito, passou a reunir duas vezes por mês, nos dias 15 e
30, realizando-se a primeira reunião a 9 de Janeiro de 1934.
O logótipo da comissão, promovendo a Serra e da autoria de João
Tavares, surgia pela primeira vez no cabeçalho do semanário
A Voz Portalegrense de 31 de Dezembro de 1933 e depois será utilizado no papel timbrado e envelopes tanto da Comissão de Iniciativa como depois pela Comissão Municipal.
Por não ter recebido em 1934 qualquer subvenção do Estado,
a Comissão teve que pedir mobiliário emprestado e utilizou
dinheiro de alguns dos seus membros para suportar o seu funcionamento6. Como chefe de secretaria foi nomeado Augusto
Severino da Silva. Mas ainda que com parcos recursos, subsidiou
com 1000$00 a revista O Volante, para que a 3.ª Volta a Portugal
em Automóvel passasse em Portalegre com a obrigação de permanência de um dia para todos os participantes. Outros subsídios foram dados ao Jornal da Situação e Diário da Manhã, pela
inclusão de textos sobre Portalegre. Foi concedido um apoio
de 500$00 a A. Monteiro do Amaral, para publicação de um
Logótipo, papel timbrado e envelope
concebidos por João Tavares.
teiro do Amaral, to publish a number of Expansão Portuguesa dedicated to the district of Portalegre. The possibility of building an airfield on land belonging to the earl of
São Payo was also studied, but it did not materialise.
120
número da Expansão Portuguesa dedicado ao distrito de Portalegre. Estudou ainda a possibilidade de construção de um aeródromo num terreno propriedade do conde de São Payo, o que
não se concretizou.
A Comissão contratou Pedro Muralha para promover a região
em jornais de Lisboa. De facto, já em 1932 aquele jornalista estivera na cidade, para preparar a edição do Álbum Alentejano, no
volume referente ao distrito de Portalegre, iniciando-se assim
uma colaboração que não foi isenta de percalços. A Comissão
encarregou-o de fazer uma monografia de Portalegre que poderia ser uma separata do Álbum Alentejano. Em 1934 surgia a notíDesdobrável.
Anos 30 (século XX).
121
The Commission hired Pedro Muralha to promote the
region in the Lisbon newspapers. In fact, already in 1932
this journalist had been in the city, to prepare the edition
of Álbum Alentejano, in the volume referring to the district
of Portalegre, thus initiating collaboration which was not
without advantages. The Commission charged him to make
a monograph on Portalegre which could be a reprinted article of the Álbum Alentejano. In 1934 news came out that it
was to be printed at the Imprensa Beleza printing house,
in Lisbon. But, in 1936, the local press reported that
Pedro Muralha was in Portalegre again, to give the finish-
cia de que estava a ser impressa na Imprensa Beleza, de Lisboa.
Mas, em 1936, a imprensa local informa que Pedro Muralha
estava de novo em Portalegre para ultimar a famosa monografia já há três anos em preparação! Nunca será publicada, o Álbum
Alentejano sofreu grandes atrasos e o volume sobre o distrito de
Portalegre só será publicado apenas em 1938!
A Comissão publicou ainda um mapa com os pontos principais de turismo da região, monumentos, estradas, distâncias e
quintas da Serra.
Como o verdadeiro centro turístico de Portalegre fosse a Serra,
a Comissão insistiu em dois pontos fundamentais: o arranjo da
estrada de acesso e respectiva iluminação, bem como a electrificação da Serra, para o que houve contactos com a Hidroeléctrica do Alto Alentejo. Em 1936 foram comprados 2000 pinheiros para arborização da estrada da Serra.
ing touches to the famous monograph which had already
taken three years to prepare! It was never published, the
Álbum Alentejano was much delayed and the volume on the
district of Portalegre was only published in 1938!
The Commission still published a map with the points
of tourist interest in the region, monuments, roads, distances and country gardens on the Serra.
As the real centre of tourism in Portalegre was the
Serra, the Commission insisted on two fundamental
points: the upkeep of the Access road and respective illumination, as well as the electrification of the Serra, so as
to have a connection with the Alto Alentejo Hydroelectric
station. In 1936, 2,000 pine-trees were purchased to line
the Serra road.
The Municipal Tourist Commission
A Comissão Municipal de Turismo
O Decreto-Lei n.º 27 424, de 31 de Dezembro de 1936, ao
aprovar o novo Código Administrativo, criou uma comissão para
acompanhar a sua execução e preparar a sua redacção definitiva,
prevista para dois anos depois e posteriormente diferida para o
final de 1940. O texto revisto do Código Administrativo de 1936
foi aprovado pelo Decreto-Lei n.º 31 095, de 31 de Dezembro de
1940, o qual, por manter a mesma lógica normativa é em geral
referido como nova versão do anterior ou então, simplesmente
por Código Administrativo de 1936-1940. As Juntas Gerais de
Distrito foram extintas e os seus bens e atribuições passaram
para as Câmaras Municipais e, em determinados casos, para as
Juntas de Turismo.
As Comissões de Iniciativa e Turismo foram assim extintas
em 1936. No Capítulo VI, referente aos órgãos municipais, o
Código estabelecia que passava a existir uma Comissão Municipal de Turismo, especificando as suas atribuições:
Law nr. 27 424, of December 31st, 1936, while approving the new Administrative Code, created a commission
to follow up its execution and prepare its final edition,
planned for two years later and later postponed until the
end of 1940. The revised text of the 1936 Administrative Code was approved by Decree nr. 31 095, of December 31st, 1940, which following the same normative logic
is generally referred to as a new version of the previous
one or simply as the 1936-1940 Administrative Code. The
General District Councils were abolished and their goods
and belongings passed on to the Municipal Councils and,
in some cases, to the Tourist Board.
The Planning and Tourist Commissions were thus
abolished in 1936. In Chapter VI, when referring to the
municipal advisory members, the Code established that
there would be a Municipal Tourist Commission, specifying its prerogatives:
122
«Artigo 105.º – Nas zonas de turismo directamente administradas pela câmara municipal e para o efeito de colaborar
com esta no estudo dos problemas turísticos, haverá uma
comissão municipal de turismo presidida pelo vereador do
respectivo pelouro e com a seguinte composição:
1.º – Um representante da comissão municipal de arte e
arqueologia, onde a houver;
2.º – O delegado de saúde;
3.º – Um hoteleiro, eleito pelos proprietários dos hotéis existentes na zona;
4.º – Um comerciante estabelecido na zona e um proprietário, ambos designados pelo presidente da câmara municipal;
5.º – O capitão do porto ou delegado marítimo, onde os houver.
§ Único. Quando na zona não haja hotéis, será o hoteleiro
substituído por pessoa designada pelo presidente da câmara
municipal.
Artigo 106.º – Às câmaras municipais que administrem zonas
de turismo incumbem, pelo menos, as atribuições de exercício obrigatório impostas às câmaras dos concelhos urbanos
de 3.ª ordem.
Artigo 107.º – À comissão municipal de turismo compete:
1.º – Colaborar na preparação do plano anual de actividade
turística;
2.º – Dar parecer sobre quaisquer projectos de obras de interesse turístico;
3.º – Sugerir o que entender por conveniente ao melhoramento das condições turísticas da zona
4.º – Dar parecer sobre o orçamento dos serviços de turismo;
5.º – Deliberar sobre propaganda, despendendo as verbas que
para esse efeito lhes sejam atribuídas no orçamento.
Artigo 108.º O pessoal dos serviços de turismo, nas zonas
directamente administradas pelas câmaras municipais, será
destacado dos restantes serviços municipais»7.
123
“Article 105. In the tourist areas directly administered
by the city council and with the intention of collaborating with them on tourist problems, there will be
a municipal tourist commission presided over by the
respective municipal services made up of the following members:
1. A representative of the municipal commission for
art and archaeology where there is one;
2. The health delegate;
3. A hotel-keeper, elected by the hotel owners in the area;
4 A Merchant established in the area and a landlord,
both appointed by the president of the city council;
5. The capital of the port or maritime delegate, when
there is one.
§ Apart. When there are no hotels in the area, the
hotel-keeper will be replaced by someone appointed
by the president of the city council.
Article 106. In the city councils which administer
tourist areas, at least, the prerogatives of the compulsory activities are incumbent upon the urban district
councils of third order.
Article 107. It is incumbent upon the municipal tourist commission:
1. To collaborate in the preparation of the annual
tourist activity plan;
2. To give their opinion on any projects of work of
tourist interest;
3. To suggest what they feel convenient to improve
the conditions for tourism in the area;
4. To give their opinion on the budget for tourist
services;
5. To give their opinion on advertising, employing the
sums attributed for this purpose in the budget.
Desaparecia desse modo a recentemente formada Comissão
de Iniciativa e Turismo8 sendo substituída pela Comissão Municipal de Turismo que era presidida por António Barata, vereador do pelouro do Turismo da Câmara Municipal de Portalegre, integrando ainda os antigos membros da CIT, Dr. Galiano
Tavares, Dr. Joaquim de Abreu, Dr. Américo Ribeiro e João do
Monte Empina. António Barata deixou a Câmara e foi substituído na CMT por Joaquim da Cruz Correia.
No essencial, a nova comissão prosseguiu o trabalho da anterior, insistindo sempre com a valorização da Serra, através da
construção de novas acessibilidades, da passagem da estrada
para a tutela da Junta Autónoma e com a confecção de carimbos
promocionais. Comerciantes locais aderiram, colocando nos seus
envelopes propaganda alusiva à Serra. A CMP esteve envolvida
na realização das Festas da Primavera e de outras festividades
promovidas por entidades como o Grémio do Comércio, a Comissão da Festa dos Aventais, Bombeiros, escolas, etc. Diversos colaboradores da Comissão merecem destaque. Em primeiro lugar,
o pintor João Tavares, professor do Liceu, que concebeu o seu
logótipo e fez projectos de stands e foi encarregado de conceber
a capa para uma monografia que nunca chegou a ser publicada.
Article 108. Tourist services’ personnel, in the areas
directly administered by the city councils, shall be distinguished from those of the rest of the municipal
services”7.
Thus, the recently constituted Planning and Tourist Commission was to disappear8 to be replaced by the
Municipal Tourist Commission, presided over by António
Barata, town councillor of the Municipal Tourist Services
of Portalegre, further including the old members of the
Planning and Tourist Commission, Dr. Galiano Tavares,
Dr. Joaquim de Abreu, Dr. Américo Ribeiro and João do
Monte Empina. António Barata left the council and was
substituted in the Municipal Tourist Commission by
Joaquim da Cruz Correia.
Essentially, the new commission pursued the work of
the previous one, still concentrating on the promotion of
the Serra, through the construction of new accesses, roads
and thoroughfares, under the tutelage of the Independent
Board, and the confection of rubber stamps for advertising purposes. Local tradesmen joined in, putting advertising about the Serra on their envelopes. The Portalegre
City Council was involved in the realisation of the Festas
da Primavera (Spring Festivals) and other festivities promoted by entities such as the Grémio do Comércio (Trade
Guild), the Comissão da Festa dos Aventais (Commission
for the Aprons Festival), Fire Brigade, schools, etc. Various collaborators on the Commission are worthy of praise.
First of all, the painter João Tavares, secondary school
teacher, who invented the logotype and did projects for
stands and was delegated to create the cover of a monograph which was never published. On the other hand, he
Joaquim da Cruz Correia.
João Tavares.
created the designs for postcards published in 1937 and
124
Por outro lado, são de sua autoria desenhos para bilhetes-postais editados em 1937 e de um outro em 1940, com a volta à
Serra, bem como de desdobráveis e de cartazes, nomeadamente
para as Festas da Primavera. Uma curiosidade: João Tavares
recebeu 500$00 pela concepção do cartaz das Festas da Primavera de 1935. Outro colaborador assíduo foi o arquitecto Miguel
Jacobbety Rosa9, professor da Escola Industrial, que também fez
stands e projectos para a realização da Parada do Trabalho (Maio
de 1936), a construção de um teatro, do miradouro da serra e
da Fonte dos Amores, entre outros. Embora tenha deixado Portalegre em 1938, para integrar os quadros dos serviços técnicos
da Câmara Municipal de Lisboa, Jacobbety continuou a fazer
projectos na cidade onde viveu e leccionou durante sete anos.
A Comissão enviava regularmente aos jornais resumos das suas
resoluções10.
A questão dos transportes também mereceu atenção da
Comissão, que concedeu subsídios a J. Facha para manter a carreira de passageiros entre Portalegre-cidade e Castelo de Vide,
com ligação ao rápido e Madrid e mandou colocar chapas de
esmalte com propaganda turística afixadas nas estações de caminho-de-ferro de Elvas, Portalegre e Castelo de Vide.
No campo das fotografias, a Comissão começou com a colaboração graciosa do fotógrafo Joaquim António Rodrigues
e depois de Carlos Madeira Curvelo, que fez as ampliações das
fotografias regionais destinadas a propaganda. Outro fotógrafo local que colaborou intensamente foi Luís Rosiel. Dos
que vieram a Portalegre por diversas vezes executar trabalhos, destaca-se Mário Novais. A partir das fotos de Carlos
Curvelo foram feitas fotogravuras que eram cedidas aos órgãos
de comunicação.
Em 1938 a CMT era presidida por Joaquim da Cruz Correia, integrando ainda os Drs. Galiano Tavares, Américo Ribeiro,
Laureano Sardinha e João do Monte Empina. Segue-se como
125
in 1940 for the tour of the Serra, as well as pamphlets and
posters, namely for the Spring Festivals. Oddly enough:
João Tavares received 500$00 (2.49 euros) for creating
the poster for the 1935 Spring Festival. Another assiduous collaborator was the architect Miguel Jacobbety
Rosa9, teacher at the Escola Industrial (Industrial School),
who also made stands and projects for the Parada do Trabalho (Labour Parade) (May 1936), the construction of a
theatre, a belvedere of the mountain and the Fonte dos
Amores (Fountain of Love), among other things. Although
he left Portalegre in 1938, to join the staff of the Lisbon
City Council technical department, Jacobbety continued
to make projects in the city where he had lived and taught
for seven years. The Commission regularly sent summaries of their resolutions to the newspapers10.
The transport situation also drew the attention of the
Commission, which granted a subsidy to J. Facha to maintain the track for the passage of travellers between the city
of Portalegre and Castelo de Vide, with a fast connection,
and Madrid, and he ordered enamel plates with tourist
publicity to be put up in the railway stations of Elvas, Portalegre and Castelo de Vide. In the field of photography,
the Commission began with the kind collaboration of the
photographer Joaquim António Rorigues and then Carlos
Madeira Curvelo, who made the enlargements of regional
photographs to be used in advertising. Another local photographer who actively collaborated was Luís Rosiel. Of
the outstanding people who came to Portalegre to carry
out work several times was Mário Novais. Carlos Curvelo
made photo engravings from the photographs, which were
given to the organs of communication.
In 1938, the Municipal Tourist Commission was presided over by Joaquim da Cruz Correia, with Doctors Gal-
iano Tavares, Américo Ribeiro, Laureano Sardinha and
João do Monte Empina. The next president was Manuel
do Carmo Peixeiro, the Municipal Tourist Commission
backing the Marvão City Council in the creation of a tourist area in that district.
The MTC promoted glazed tile panels being put up in
various places in the city, with scenes of farm workers in
the fields and monuments, ordered from the Aleluia factory in Aveiro. The event of the 6th Fire Brigade Congress,
from June 8th to 12th, 1938, was an important occasion
for Portalegre. The MTC called for flower pots to be placed
Dr. Laureano Sardinha.
Manuel do Carmo Peixeiro.
on the balconies and at the windows and also on the walls
which bordered the road to the Serra.
presidente Manuel do Carmo Peixeiro, tendo a CMT apoiado
a Câmara Municipal de Marvão para a criação de uma zona de
turismo naquele concelho.
A CMT promoveu a colocação de painéis de azulejos em diversos locais da cidade, com cenas de trabalho no campo e monumentos, encomendados à fábrica Aleluia, de Aveiro. A realização do VI Congresso dos Bombeiros, de 8 a 12 de Junho de 1938,
constituiu um momento importante para Portalegre. A CMT
apelou para que se colocassem vasos com flores nas varandas e
janelas e também nos muros que bordejavam a estrada para a
Serra.
Em 1939, presidiu à CMT o tenente Carlos Serpa Soares,
tendo a mesma mandado rever o projecto de Miguel Jacobetti
Rosa referente à Fonte dos Amores. Deu prioridade à construção
de novas estradas ligando a igreja da Penha à Cruz, a igreja de
São Mamede ao marco geodésico e a estrada na serra ao Monte
Carvalho. No plano da promoção, avançou com a impressão de
postais sobre o Triângulo Turístico, a Volta à Serra e o Distrito
de Portalegre. O arquitecto Read Teixeira elaborou diversos estudos sobre o arranjo de vários pontos da cidade. Foi elaborado um
In 1939, the president of the MTC was lieutenant
Carlos Serpa Soares, who ordered Miguel Jacobetti Rosa’s
project for the Fountain of Love to be reviewed. He gave
priority to the construction of new roads to link the Penha
church to Cruz, Saint Mamede church to the geodesic
boundary, and the mountains road to Monte Carvalho.
In the publicity campaign, he proceeded with the printing of postcards on the Tourist Triangle Tour of the Serra
and the district of Portalegre. The architect Read Teixeira prepared various studies on adaptations to various
points in the city. A standard pattern for chestnut sellers’
stalls was established. A suggestion for the construction
of a country-house hotel on the Portalegre Mountain was
suggested at this time, but it never materialised. In June
1939, the Commission addressed a petition to the Chairman of the Council, requesting, among other things, the
construction of a hotel in the city or a country-house hotel
on the Portalegre Mountain, the construction of tourist
road such as that from São Mamede to Marvão, across the
mountain, also serving the districts of São Julião, Urra,
126
Postais de João Tavares (1937).
127
modelo de barraca para as vendedoras de castanhas. Nessa época
surge a sugestão para a construção de uma pousada na serra de
Portalegre, o que não se concretizou. A Comissão dirigiu, em
Junho de 1939, uma representação dirigida ao Presidente do
Conselho, solicitando, entre outras medidas, a construção de
um hotel na cidade ou de uma pousada na Serra de Portalegre, a
abertura de estradas de turismo como a de São Mamede a Marvão, pela serra, servindo igualmente as freguesias de São Julião,
Urra, Alegrete, Reguengo e a estrada ao Monte da Penha, miradouro natural, com ligação à estrada nacional, ramal n.º 1711.
Alegrete, Reguengo and the road to Monte da Penha, natural belvedere, with connection to the national road, branch
road nr. 1711. The mountain road finally came under the
jurisdiction of the Independent Board.
In February 1941, a collection of postcards with views
of the city, by Luís Rosiel, were put on sale, sponsored by
the Tourist Commission, with the painters João Tavares
and Renato Torres on the jury, and it further promoted
the “Janelas Floridas” (i.e., flowered windows) competition. Then, there arose the possibility of a Portalegre–
128
Postais editados com o apoio da
Comissão Municipal de Turismo.
Castelo de Vide – Marvão Tourist federation, which was
always impracticable because Marvão did not have the
tourist resort statute. Dr. Afonso Leite de Sampaio thus
proposed a federation between the three vertexes of the
triangle, administrated by a commission of the respective
council chairmen and an attorney to the provincial council
who would be the president12.
In 1942, a coming visit of António Ferro to Portalegre was discussed, and was considered as a decisive step
towards tourist promotion of the city and the region. But
Ferro went on a trip to Brazil, postponing this visit and it
never took place.
In April 1944, the photographer Mário Novais went to
Portalegre to prepare a collection of postcards for the Tourist Commission, when in this same year new postcards on
the Tourist Triangle had been printed.
129
A estrada da Serra passou, finalmente, para a alçada da Junta
Autónoma.
Em Fevereiro de 1941 foi posta à venda uma colecção de postais com fotografias de vistas da cidade, da autoria de Luís Rosiel,
patrocinada pela Comissão de Turismo, que promoveu ainda o
concurso das «Janelas Floridas», fazendo parte do júri os pintores João Tavares e Renato Torres. Levantou-se então a possibilidade de uma federação Turística Portalegre – Castelo de Vide
– Marvão, o que foi sempre inviabilizado pelo facto de Marvão
não possuir o estatuto de estância turística. O Dr. Afonso Leite
de Sampaio propunha então uma federação entre os três vértices
do triângulo, administrada por uma comissão constituída pelos
respectivos presidentes de câmara e por um procurador ao conselho provincial que seria o presidente12.
Em 1942 falava-se numa próxima visita de António Ferro a
Portalegre, o que era considerado como um passo decisivo na
valorização turística da cidade e da região. Mas uma viagem
de Ferro ao Brasil adiou essa deslocação que afinal nunca se
concretizou.
Em Abril de 1944 deslocou-se a Portalegre o fotógrafo Mário
Novais para a preparação de uma colecção de postais para a
Comissão de Turismo, tendo nesse mesmo ano sido editados
novos bilhetes-postais sobre o Triângulo Turístico.
No fundamental, a CMT, instalada em sede própria no cruzamento entre a Rua de Elvas e a Rua de 19 de Junho, desenvolveu uma acção regular ao longo do tempo, promovendo o
concelho, nomeadamente a Serra. Em 1955 a Comissão mandou imprimir um cartaz de propaganda à Serra de Portalegre
da autoria de Arsénio da Ressurreição. Mas também editou
materiais como desdobráveis e postais, participou em certames
com pavilhões, apoiou iniciativas locais de todo o tipo, desde
as feiras tradicionais a festas e outras realizações pontuais.
Um problema sempre adiado foi o da escassa oferta hoteleira.
Basically, the MTC, with its head offices at the crossing between Elvas Street and 19 de Junho Street, carried
out regular activities for some time, developing the district, namely the Mountain. In 1955, the Commission had a
poster printed, prepared by Arsénio da Ressurreição, advertising the Portalegre Mountain. But it also published material such as pamphlets and postcards, took part in pavilion
contests, supported local initiatives of all kinds, such as traditional fairs and festivities and other timely activities. One
problem which was always delayed was the insufficient supply of hotels. Whenever bigger festivities took place, and
as had ensued since the beginning of the 20th century, the
Commission had to take recourse in private enterprise,
sometimes calling on the press, to provide lodgings for visitors in their homes, as the local guest houses and houses
were of a very reduced capacity. Only in 1972 was this shortage resolved when the Hotel D. João III was opened.
Over a period of time, innumerable local personalities performed the duties of town councillor for
Tourism, on the Municipal Tourist Commission, such as
Catálogo com texto de José Régio.
130
Eng.º Próspero dos Santos.
Romeu Cassola, funcionário da
Comissão Municipal de Turismo
durante décadas.
Sempre que decorriam festas de maior dimensão, e na linha
do que sucedia desde o princípio do século XX, a Comissão
tinha que recorrer aos particulares, por vezes com apelos na
imprensa, para que alojassem em sua casa os visitantes, uma
vez que as pensões e hotéis locais tinham uma capacidade
muito reduzida. Só em 1972 tal carência será resolvida com a
abertura do Hotel D. João III.
Ao longo do tempo, passaram pela Comissão Municipal de
Turismo inúmeras personalidades locais que desempenharam
as funções de vereador do Turismo, como Amândio de Oliveira
Santos, o Dr. Luís Roma Alves de Sousa, o Prof. Manuel
Silvério, o Dr. Plínio Serrote, o Eng.º Óscar Boavida Malcata, o
Eng.º Próspero dos Santos, entre outros.
Com o 25 de Abril de 1974 tudo irá mudar, com a posterior
constituição da Comissão Regional de Turismo de S. Mamede.
Notas
1
2
3
4
5
Diário do Governo, I série, n.º 209, de 17 de Outubro de 1920, pp. 1371 a 1392.
A Rabeca, n.º 659, de 17-3-1929, p. 1.
Diário do Governo, I Série, n.º 84, de 23 de Abril de 1921, pp. 635 e 636.
A Rabeca, n.º 866, de 3-9-1933, p. 1.
A Voz Portalegrense, n.º 108, de 24-12-1933, p. 1. O Distrito de Portalegre n.º 3318,
de 24-12-1933, p. 1.
6 A Voz Portalegrense, n.º 112, de 21-1-1934, p. 1. Veja-se o resumo das suas actividades no comunicado publicado em A Voz Portalegrense, n.º 153, de 4-11-1934,
p. 4.
7 Código Administrativo. Decreto-lei n.º 27424, de 31 de Dezembro de 1936, Lisboa, 1937,
p. 35.
8 Para as últimas decisões e iniciativas da CIT ver A Voz Portalegrense, n.º 206, de
10-11-1935, p. 4 e n.º 209, de 1-1-1935, p. 2.
9 Veja-se sobre este arquitecto, Luís André Salgueiro Freire da Cruz, O Estádio Nacional e os novos paradigmas do culto: Miguel Jacobetty Rosa e a sua época. Lisboa, [s.n.],
2005. (Dissertações e teses Lusíada).
10 Veja-se como exemplo A Voz Portalegrense n.º 223, de 8-3-1936, p. 2, e n.º 246, de
15-8-1936, p. 4.
11 A Voz Portalegrense, n.º 391, 3 de Junho de 1919, pp. 1 e 2.
12 Leite de Sampaio, «Federação Turística», Correio de Portalegre, n.º 16, de 28-11-1942,
p. 6.
131
Amândio de Oliveira Santos, Dr. Luís Roma Alves de
Sousa, Prof. Manuel Silvério, Dr. Plínio Serrote, Eng. Óscar
Boavida Malcata, Eng. Próspero dos Santos…
With April 25th, everything was to change, with the
subsequent constitution of the S. Mamede Regional Tourist Commission.
Notes
1
Diário do Governo, I series, no. 209, October 17th, 1920, pp. 1371 a 1392.
2
A Rabeca, no. 659, of 17-3-1929, p. 1.
3
Diário do Governo, I series, no. 84, of April 23rd, 1921, pp. 635 and 636.
4
A Rabeca, no. 866, of 3-9-1933, p. 1.
5
A Voz Portalegrense, no. 108, of 24-12-1933, p. 1.O Distrito de Portalegre
no. 3318, of 24-12-1933, p. 1.
6
A Voz Portalegrense no. 112, of 21-1-1934, p. 1. The summary of its activities can be seen in the report published in A Voz Portalegrense no. 153,
of 4-11-1934, p. 4.
7
Código Administrativo. Decreto-lei no. 27424, de 31 de Dezembro de 1936,
8
For the latest decisions and initiatives of the PTC see A Voz Portale-
9
About the architect Luís André Salgueiro Freire da Cruz see, O Está-
Lisbon, 1937, p. 35.
grense, no. 206, of 10-11-1935, p. 4 and no. 209, of 1-1-1935, p. 2.
dio Nacional e os novos paradigmas do culto: Miguel Jacobetty Rosa e a sua
época. Lisboa, [s.n.], 2005. (Dissertações e teses Lusíada).
10
As an example see A Voz Portalegrense, no. 223, of 8-3-1936, p. 2, and
no. 246, of 15-8-1936, p. 4.
11
A Voz Portalegrense, no. 391, June 3rd, 1919, pp. 1 and 2.
12
Leite de Sampaio, “Federação Turística”, Correio de Portalegre, no. 16, of
28-11-1942, p. 6.
As Festas Centenárias de 1950
The 1950 Centenary Celebrations
Publicações da Fundação Robinson 14, 2009, p. 132-141, ISSN 1646-7116
Um dos pontos altos da vida portalegrense no século XX
foi a celebração do IV Centenário da erecção da Diocese, pela
bula Pro excellenti apostolicae sedis, do Papa Paulo III, de 21
de Agosto de 1549, e da elevação de Portalegre a cidade por
carta régia de D. João III, datada de 23 de Maio de 1550. Como
é natural, a Câmara Municipal e as forças vivas locais começaram a trabalhar durante o ano de 1949, sendo constituída
uma Comissão Executiva presidida pelo Dr. Galiano Tavares,
e depois subcomissões do Comércio (presidida por João do
Monte Empina), de recepção aos ranchos e deputações concelhias (presidida por António José Carrapiço), do baile de gala
(presidida por Guy Fino) e de divertimentos e folguedos populares (presidida por Manuel Celestino Peixeiro). A concepção
gráfica ficou a cargo de João Tavares, que fez o respectivo logótipo e todo o material relacionado com a promoção, as vinhetas, os diplomas, o cartaz, que era vendido a 10$00 e o papel
timbrado.
One of the highlights of life in Portalegre in the 20th
century was the celebration for the IV Centenary of the
creation of the Diocese, by Pope Paul III’s bull Pro excellenti
apostolicae sedis, on August 21st, 1549, and the elevation of
Portalegre to a city by D. João III’s royal charter, dated May
23rd, 1550. Quite naturally, the City Council and the local
prominent people began work in 1949, with an Executive
Commission presided over by Dr. Galiano Tavares, and
then sub-commissions for Trade presided over by João do
Monte Empina), for the reception of food and public delegations (presided over by António José Carrapiço), the festival ball (presided over by Guy Fino) and the amusements
and popular entertainment (presided over by Manuel
Celestino Peixeiro). The graphic art conception was
entrusted to João Tavares, who made the respective logotype and all the material related to the promotion, the
vignettes, the diplomas, the poster, which was sold at
10$00, and the stamped paper.
The distribution of the vignettes, which were made
in three colours, green, red and brown, began in October
1949, and they were sold at the price of $50. In January
1950, 8,896 had already been distributed.
The festivities proceeded brilliantly, with a very varied
programme and drew many foreign visitors. They began
at midnight on May 23rd, with, the inauguration of the
public illuminations to the peel of the fire brigade’s clarions, the Legião Portuguesa (Portuguese Legion) and Mocidade Portuguesa (Portuguese Youth). The street was overrun with musical groups. In the morning a memorial stone
was unveiled in the D. João III street, followed by a reception, in the City hall, the District Councils and the march
past of the bands of the rural and city parishes, previously
concentrated in the Largo da Boa Vista. Engineer Augusto
133
134
A concepção gráfica dos materiais
de promoção coube a João Tavares.
A distribuição das vinhetas, que foram feitas em três cores,
verde, vermelho e castanho, começou ainda em Outubro de
1949, sendo vendidas ao preço de $50. Em Janeiro de 1950 já
tinham sido distribuídas 8896.
As festividades decorreram de forma brilhante, com um programa muito variado e atraindo numerosos forasteiros. Iniciaram-se às 0 horas do dia 23 de Maio, com a inauguração das iluminações públicas e o toque de clarins dos bombeiros, Legião
Portuguesa e Mocidade Portuguesa. A rua foi percorrida por
grupos musicais. De manhã foi descerrada uma lápide na Rua
de D. João III, seguindo-se a recepção, no Município, às Câmaras do Distrito e o desfile dos ranchos das freguesias rurais e
da cidade, previamente concentrados no Largo da Boa Vista.
Esteve presente o ministro do Interior, Eng.º Augusto Cancela
de Abreu, mas o mau tempo prejudicou o programa. Às 14 horas
do mesmo dia foram abertas cinco exposições:
• De uma maqueta do Plano de Urbanização da cidade e brasões de
algumas famílias notáveis de Portalegre, na Câmara Municipal.
• De Pintores do Distrito de Portalegre, na Assembleia (Palácio Amarelo), sendo publicado um catálogo com introdução
de José Régio.
• Bibliográfica, na Biblioteca Municipal.
• De actividades industriais do concelho no Centro de Assistência Social.
• De artes populares, no edifício da Escola Primária, da Fontedeira.
A sessão solene teve lugar às 18 horas, no Salão Nobre do
Governo Civil, usando da palavra o Presidente da Comissão Executiva, proferindo em seguida o Dr. Joaquim Dias Loução uma
conferência intitulada «A Antiga Vila de Portalegre, sua elevação
a cidade, El-Rei D. João III».
135
Cancela de Abreu, Minister of the Interior was present,
but bad weather spoiled the programme. At two o’clock
in the afternoon on the same day five exhibitions were
opened of:
À noite, no Estádio da Fontedeira, a Banda da Legião tocou
das 22 até às 24 horas, seguindo-se fogo de artifício.
As comemorações continuaram até ao dia 16 de Junho:
• No dia 25 de Maio, pelas 22 horas, no Estádio da Fontedeira,
exibição do rancho da Urra, concerto por Eugénia Lima e
fados e canções por Márcia Condesso, Isabel Silva e Carlos
Ramos.
• No dia 26 de Maio, das 22 às 24, no Estádio da Fontedeira,
exibição das «Harmónicas vocais de Ponte de Sor» e rancho
do Reguengo.
• No dia 27 de Maio, às 9 horas, caçada para convidados na Herdade de Entre-as-Ribeiras, na propriedade do lavrador José
Carrilho de Moura. Às 14, almoço na mesma Herdade, oferecido
pelos lavradores José Carrilho de Moura e José Elias Martins.
Às 22, na Avenida, concerto pela Banda Euterpe, e às 23 Baile de
Gala para convidados, nos salões da Liceu e Governo Civil.
• No dia 28 de Maio, pelas 10 horas, no Estádio da Fontedeira,
largada de pombos promovida pelo Clube Columbófilo «Asas
do Portalegre». Às 16, tarde desportiva com corridas pedestres, lançamento de aeromodelos pela Mocidade Portuguesa,
e jogo de futebol entre o Grupo Desportivo Portalegrense e
Desportivo de Badajoz. Das 22 às 24, na Avenida, concerto
pela Banda da Legião.
• No dia 29 de Maio, pelas 18 horas, no Salão Nobre do Governo
Civil, conferência pelo Dr. António Garção sobre «José Maria
Grande». Às 22, no Estádio da Fontedeira, exibição do Grupo
Enrascadófona». Às 22 horas, no Estádio da Fontedeira, exibição dos ranchos de Santa Eulália e da Fábrica Robinson.
• No dia 30 de Maio, às 22 horas, na Avenida, concerto da
Banda de Alegrete.
• No dia 31 de Maio, às 22 horas, no Estádio da Fontedeira,
exibição do rancho de Campo Maior.
136
• A maquette of the Town planning Project of the city
and coats of arms of some families of note in Portalegre, in the Town Hall.
• Painters of the Portalegre district, in the Assembly
(Palácio Amarelo), published in a catalogue with an
introduction by José Régio.
• Bibliography, in the Municipal Library.
• Industrial municipality activities in the Social Assistance Centre.
• Popular art, in the building of the Fontedeira Primary
School.
The solemn assembly took place at 6.00 p.m., in the
Great Hall of the Civil Government, at which the President
of the Executive Commission spoke, and Dr. Joaquim Dias
Loução then gave a conference entitled “The Ancient Town
of Portalegre, its elevation to a city, El-Rei D. João III”.
At night, in the Fontedeira Stadium, the Band of the
Legion played from 10 o’clock to midnight, followed by a
fireworks display.
The commemorations continued until June 16th:
• On May 25th, at 10.00 p.m., in the Fontedeira Stadium, the Urra band, gave a concert by Eugénia Lima
and played fados and songs by Márcia Condesso, Isabel
Silva and Carlos Ramos.
• On May 26th, from 10.00 p.m. to midnight, in the
Fontedeira Stadium, there was a performance by
the “Vocal harmónicas from Ponte de Sor” and the
Reguengo band.
• On May 27th, at 9.00 a.m., there was a hunt for guests
at the Entre-as-Ribeiras Estate, on the property of the
137
• No dia 1 de Junho, pelas 18 horas, no Salão Nobre do Governo
Civil, o Dr. Possidónio Mateus Laranjo Coelho proferiu a conferência «Anais de Portalegre, a nova Cidade, a nova Diocese
(século XVI)». Homenagem da Câmara Municipal de Castelo
de Vide a Portalegre. Às 22 horas, no Estádio da Fontedeira,
actuou o rancho dos Fortios e houve fados e canções por
Márcia Condessa, Isabel Silva e Carlos Ramos.
• No dia 2 de Junho, às 22 horas, no Estádio da Fontedeira,
exibição dos ranchos de Santa Eulália e da Fábrica Robinson.
landowner José Carrilho de Moura. At 2.00 p.m., on
the same Estate, there was one offered by the landowners José Carrilho de Moura and José Elias Martins. At 10.00 p.m., on the Avenida, there was a concert by the Euterpe Band, and at 11.00 p.m. a Gala
Ball for guests, in the ballroom of the Secondary
School and the Local Government buildings.
• On May 28th, at 10.00 a.m., in the Fontedeira Stadium, releasing of pigeons promoted by the Clube
Columbófilo “Asas do Portalegre” (i.e., the Pigeon
– Breeders Club “Wings of Portugal”). At 4.00 p.m.,
sports afternoon with running races, model aircraft
flying by Portuguese Youth Movement, and a game
of football between Grupo Desportivo Portalegrense
(Portalegre Sports Group) and Desportivo de Badajoz
(Badajoz Sports Club). From 10.00 p.m. to midnight,
a concert played by the Legion Band on the Avenida.
• On May 29th at 6.00 p.m., in the Main Hall of the
Local Government building, conference given by
Dr. António Garção on “José Maria Grande”. At 10.00
p.m., in the Fontedeira Stadium, show by the Enrascadófona Group. At 10.00 p.m., in the Fontedeira Stadium, show by Santa Eulália and Fábrica Robinson
bands.
• On May 30th, at 10.00 p.m., on the Avenida, concert by
Banda de Alegrete.
• On May 31st, at 10.00 p.m., in the Fontedeira Stadium, show of Campo Maior band.
• On June 1st, at 6.00 p.m., in the Main Hall of the Local
Government building, Dr. Possidónio Mateus Laranjo
Coelho gave the conference “Chronicles of Portalegre,
the new city, the new Diocese (16th century)”. Homage was paid to Portalegre by the City Council of Cas-
138
telo de Vide. At 10.00 p.m., in the Fontedeira Stadium, the Fortios band performed and there were
fados and songs by Márcia Condessa, Isabel Silva and
Carlos Ramos.
• On June 2nd, at 10.00 p.m., in the Fontedeira Stadium, there was a show by the Santa Eulália and
Fábrica Robinson groups.
• On June 3rd, at 10.00 p.m., performance of religious
plays in the Largo da Sé, by a group of pupils from the
Conservatório de Lisboa (Lisbon Conservatory): “Auto
de Santo António” (St. Anthony), by Afonso Álvares,
and “Auto da Alma” (The Soul), by Gil Vicente.
• On June 4th, at 6.00 p.m., Festa dos Aventais (i.e., the
Aprons Festival). At 3.00 p.m., “Garden-Party” at the
Quinta da Lameira, given by Eng. Henrique Acciaolli
de Sá Nogueira. At 10.00 p.m., in the Fontedeira Stadium, Amália Rodrigues show, by the “Enrascadófona” band and the Fábrica de Lanifícios (the woollen
mill) folklore group.
• On June 5th, inauguration of the Feira das Cerejas (i.e., the Cherry Fair). At 6.00 p.m., in the Main
Hall of the Local Government building, Conference by
Dr. Manue1 Portílheiro, “O Jornalismo portalegrense
nos últimos 50 anos” (Portalegre journalism over the
last 50 years). At 10.00 p.m., in the Fontedeira Stadium, show by the Paião folklore group.
• On June 6th, continuation of the Cherry Fair. At 4.00
p.m., in the Corredoura Park, representation of the
Old Horse Shows. At 10.00 p.m., in the Fontedeira
Stadium, show by the Paião folklore group.
• On June 7th, continuation of the Cherry Fair. At 5.00
p.m., bull fight, with Luis Procuna and Manuel dos
Santos. At 10.00 p.m., in the Fontedeira Stadium,
139
• No dia 3 de Junho, às 22 horas, representação no Largo
do Sé, por um grupo de alunos do Conservatório de Lisboa
de autos religiosos, «Auto de Santo António», de Afonso
Álvares, e «Auto da Alma», de Gil Vicente.
• No dia 4 de Junho, pelas 8 horas, Festa dos Aventais. Às 15
horas, «Garden-Party» na Quinta da Lameira, cedida pelo
Eng.º Henrique Acciaiolli de Sá Nogueira. Às 22 horas, no
Estádio da Fontedeira, exibição de Amália Rodrigues, do
grupo «Enrascadófona» e do rancho da Fábrica de Lanifícios.
• No dia 5 de Junho, início da Feira das Cerejas. Às 18 horas, no
Salão Nobre do Governo Civil, Conferência pelo Dr. Manuel
Portilheiro, «O Jornalismo portalegrense nos últimos 50
anos». Às 22, na Estádio da Fontedeira, exibição do Rancho
de Paião.
• No dia 6 de Junho, continuação da Feira das Cerejas. Às
16 horas, no Parque da Corredoura, reconstituição das Antigas Cavalhadas. Às 22, no Estádio da Fontedeira, exibição do
Rancho de Paião.
• No dia 7 de Junho, continuação da Feira. Às 17 horas corrida
de Toiros, com Luís Procuna e Manuel dos Santos. Às 22, no
Estádio da Fontedeira, exibição dos Ranchos de Badajoz, Olivença e Huesca, seguindo-se fogo de Artifício.
• No dia 8 de Junho, pelas 18 horas, Procissão do Corpo de
Deus, sob a presidência do Bispo de Portalegre.
• No dia 9 de Junho, pelas 18 horas, no Salão Nobre do Governo
Civil, conferência pelo Dr. Manuel Hermenegildo Lourinho,
«A Serra, Estância de Repouso». Das 22 às 24, na Avenida,
concerto pela Banda Euterpe.
• Dia 10 de Junho, pelas 22 horas, no Estádio da Fontedeira,
concerto pela Banda Militar de Badajoz seguido de fogo de
artifício.
Vinheta promocional.
show by bands from Badajoz, Olivença and Huesca,
followed by fireworks.
• On June 8th, at 6.00 p.m., Corpo de Deus Procession,
presided over by the Bishop of Portalegre.
• On June 9th, at 6.00 p.m., in the Main Hall of the
Local Government building, conference by Dr.
Manuel Hermenegildo Lourinho, “A Serra, Estância de Repouso” (The Mountain, Spa of Rest) . From
10.00 p.m. to midnight, a concert by the Euterpe
band on the Avenida.
• June 10th, at 10.00 p.m., in the Fontedeira Stadium,
concert by the Badajoz Militar Band, followed by fireworks.
The exhibitions opened at 2.00 p.m. and closed at
midnight, with the exception of the Bibliográfica, which
was open from 10.00 a.m. to 12.00 p.m. and from 2.00
p.m. to 7.00 p.m. and Popular Arts, which opened at
3.00.p.m. and closed 8.00 p.m. until June 10th, being
entrance free for workers on May 30th and 31st, June 1st
140
As exposições abriam às 14 horas e encerravam às 24, com
excepção da Bibliográfica, que abria das 10 às 12 e das 14 às 19 e
Artes Populares, que abria às 15 encerrando às 20 e até ao dia 10
de Junho, sendo livres para as classes trabalhadoras nos dias 30 e
31 de Maio, 1 e 4 de Junho das 17 às 20 horas. Houve projecções
todas as noites durante 2 ou 3 períodos com fotografias de interesse local. No recinto da Fontedeira havia bailes todas as noites a
partir das 22 horas, com as Orquestras «Ferrugem», «Jazz Ideal»
e «Os Lisos». Foi composto um hino do centenário com letra da
autoria do Dr. Roma da Fonseca, musicado pelo professor do Conservatório José Henrique dos Santos. O comércio local participou
activamente no Concurso de Montras e de Interiores.
No dia 16 de Junho, decorreu a Sessão Solene do IV Centenário da Diocese de Portalegre com um programa musical a cargo
de uma orquestra regida por José Henrique dos Santos e um
coro dirigido pelo padre Braz Jorge, autores do «Hino das Festas
Centenárias da Diocese». Houve ainda intervenções do Dr. Dias
Loução e do Bispo de Portalegre.
Destas comemorações ficaram ainda um curioso emblema e
diversas edições.
Foi um momento em que Portalegre esteve no centro da atenção da comunicação social portuguesa, atraindo numerosos visitantes durante esses dias de festividades.
141
and 4th from 5.00.p.m. to 8.00 p.m. Every night there
were 2 or 3 sessions of projections of photographs of
local interest. In the Fontedeira arena there were balls
every night from 10.00 p.m., with the “Ferrugem”, the
“Jazz Ideal” and the “Os Lisos” Orchestras. A centenary
hymn was composed with lyrics by Dr. Roma da Fonseca,
put to music by the Conservatory teacher José Henrique
dos Santos. The local commerce played an active part in
the Concurso de Montras e de Interiores (Shop Windows and
Interiors Competition).
On June 16th, the Solemn Ceremony for the IV Centenary of the Diocese of Portalegre took place, with a
musical programme undertaken by an orchestra directed
by José Henrique dos Santos and a choir conducted by
Father Braz Jorge, composers of the “Hino das Festas Centenárias da Diocese” (the Diocese Centenary Celebrations
Hymn). Dr. Dias Loução and the Bishop of Portalegre also
participated.
These commemorations left us with a special ensign
and various publications.
This was a moment when Portalegre was the centre
of attention of Portuguese social communication, and
attracted many visitors on these days of festivity.
Cronologia
Chronology
Publicações da Fundação Robinson 14, 2009, p. 142-195, ISSN 1646-7116
Estas informações não são nem pretendem ser exaustivas.
Como o presente livro incide sobre o Turismo, a cronologia
privilegia aquilo que tem a ver directa ou indirectamente com
tal matéria ou muito próximas, deixando de fora outros eventos.
This information does not claim to be comprehen-
1901
• Fevereiro, 13 – A firma Pilar & Tejedor, de Badajoz, compra o edifício da antiga Fábrica de Lanifícios da Horta das
Bolas para ali instalar uma fábrica de produção de energia
eléctrica.
• Maio, 12 – Na Serra da Penha foi colocada uma enorme cruz de
madeira, depois substituída por uma de cantaria, destinada a
assinalar o fim do século XIX e paga através de uma subscrição
pública.
• Setembro, 12 – É inaugurado a luz eléctrica em Portalegre
para iluminação pública e particular, com grandes festejos
organizados pela Associação Comercial e Industrial de Portalegre.
1901
1902
• Abril, 20 – Decorrem as provas velocipédicas de 50 quilómetros organizadas pela União Velocipédica de Lisboa entre Nisa
e Portalegre.
• Maio, 8 – Abre nesta cidade a fábrica de gasosas e água Seltz
«A Pérola», propriedade de Antero Hernandez.
• Julho, 21 – Instala-se no edifício do Governo Civil o Conselho
Distrital de Agricultura de Portalegre, criado pelo decreto de
24 de Dezembro de 1901.
• Outubro, 19 – Decorrem as corridas de bicicleta de velocidade
por amadores de Castelo de Vide, de onde é dada a partida para
Portalegre.
143
sive. In the present book on tourism, this is a chronology mainly about what is directly or indirectly, or closely, connected with such material, quite apart from other
events.
• February 13th – The firm Pilar & Tejedor, and Badajoz,
bought the building of the old Fábrica de Lanifícios da
Horta das Bolas to set up a factory there for the production of electric energy.
• May 12th – An enormous wooden cross was set up on
the Penha Mountain, later substituted by squared stone,
intended to mark the end of the 19th century and paid
by public contribution.
• September 12th – Electric lighting was inaugurated
in Portalegre for public and private illumination, with
great festivity organised by the Portalegre Industrial
Trade Association.
1902
• April 20th – The 50 kilometre cycling races organised by
the União Velocipédica de Lisboa (Lisbon Cycling Union)
between Nisa and Portalegre took place.
• May 8th – The fizzy drinks and waters factory Seltz
“A Pérola”, owned by Antero Hernandez, opened in the
city.
• July 21st – The Portalegre District Council of Agriculture was set up in the Local Government building, created under the Decree of December 24th, 1901.
• October 19th – Castelo de Vide amateur bicycle speed
races took place, departing from Portalegre.
1903
• Fevereiro, 14 – Terminou a construção da escola primária do
Calvário, segundo planta de Adães Bermudes.
• Março, 15 – Reúne na Sociedade Musical Euterpe uma grande comissão que se propunha realizar anualmente a festas da
cidade.
• Agosto, 22 – Inaugurado na Rua dos Muros, o Teatro Recreio
Operário.
1903
• February 14th – The construction of the Calvário primary school, according to Adães Bermudes’ plan was completed.
• March 15th – A large commission offering to annually
organise the city festivals met in the Sociedade Musical
Euterpe.
• August 22nd – The Teatro Recreio Operário (Workers’
Entertainment Theatre) in the Muros street was inaugu-
1904
• Março, 5 – Chega a Portalegre o arquitecto Raul Lino incumbido pela Assistência Nacional aos Tuberculosos de fazer os estudos para a construção do sanatório.
• Maio, 1 – Na tapada do conde de Vila Real realizou-se um exercício de tiro aos pratos, com uma máquina de António José
Costa, o primeiro efectuado na cidade.
rated.
1904
• March 5th – The architect Raul Lino arrived in Portalegre entrusted by the Assistência Nacional aos Tuberculosis (National Tuberculosis Association) to look into
the construction of a sanatorium.
• May 1st – There was a plate shooting exercise on the
1905
• Abril, 6 – Inaugurada a Creche João Baptista Rolo num edifício
junto à fábrica Robinson.
game preserve of the earl of Vila Real, using António
José Costa’s machine, the first to take place in the city.
1905
1906
• Março, 3 – Começam as obras de canalização em ferro de água
para o abastecimento da cidade.
• Agosto, 12 – Festas de Nossa Senhora da Piedade, da Igreja do
Espírito Santo, as mais importantes que ao tempo se realizavam na cidade.
• Dezembro – É inaugurado o salão High-Life, na Avenida de
D. Carlos, um barracão destinado a exibições cinematográficas.
• April 6th – Inauguration of the Creche João Baptista
Rolo in a building next to the Robinson factory.
O Rossio.
Aguarela de João Tavares.
The Rossio. João Tavares watercolor.
144
1906
Visita de D. Carlos (1907).
D. Carlos visit.
• March 3rd – The work on the iron piping and draining
water system to supply the city began.
• August 12th – Feasts of Nossa Senhora da Piedade (i.e.,
Our Lady of Mercy), in the Church of the Espírito Santo
(i.e., the Church of the Holy Spirit), the most important
ones held in the city at that time.
• December – The High-Life reception room was inaugurated in the D. Carlos avenue, a large hall for film projections.
1907
• March 26th – King Dom Carlos arrived in Portalegre,
by the Santo André street. He went to the Local Government offices where he was greeted by official personages, and then went on to the Portalegre station to catch
1907
• Março, 26 – Chega a Portalegre o rei D. Carlos, entrando pela
Rua de Santo André. Dirigiu-se para o Governo Civil onde foi
cumprimentado pelas entidades oficiais, seguindo depois para
a estação de Portalegre onde tomou o comboio.
• Abril, 25 – Abriu em Portalegre a fábrica de bebidas gasosas de
António Joaquim Costa
• Julho, 8 – D. Carlos visita oficialmente Portalegre e a sua guarnição militar, acompanhado pelo ministro da Guerra, António
Carlos Vasconcelos Porto. Houve recepção no Paço Episcopal e
foi hóspede do visconde do Reguengo.
• Agosto, 11 e 12 – Grandes Festas de Portalegre em honra de
Nossa Senhora da Piedade.
• Setembro, 28 – Chegaram a Portalegre os participantes no Raid
Hípico organizado pelo jornal O Século.
• Outubro, 7 – É inaugurado o Posto e Desinfecção Pública de
Portalegre.
145
the train.
• April 25th – António Joaquim Costa’s factory of fizzy
drinks and waters opened in Portalegre.
• July 8th – Dom Carlos made an official visit to Portalegre and its military barracks, accompanied by the Minister of War, António Carlos Vasconcelos Porto. There was
a reception in the Episcopal Palace at which the Viscount
of Reguengos was a guest.
• August 11th and 12th – The Grand Festivals of Portalegre in honour of Our Lady of Mercy.
• September 28th – The participants of the Raid Hípico (Horse Ride) organised by the O Século newspaper
arrived in Portalegre.
• October 7th – The Portalegre Public Disinfectant Station
was inaugurated.
1908
• Abril, 19 – Visita a Portalegre da Tuna Académica de Lisboa,
com recepção no Liceu.
• Julho, 17 – Grandiosas comemorações do I Centenário da Guerra Peninsular.
• Julho, 21 – É fundada a Banda dos Bombeiros.
• Agosto, 15, 16 e 17 – Festas organizadas por «um grupo de artistas», festival e iluminação na Avenida de D. Carlos, fogo de artifício, duas garraiadas e concerto musical. Sem apoio oficial.
• Outubro, 28 – É fundada a corporação de Bombeiros Robinson
• Novembro – Funda-se o Grupo Académico Musical Portalegrense, dirigido pelo futuro jornalista Aprígio Mafra.
• Dezembro, 11 – Começou a terraplenagem do terreno cedido pela
Câmara Municipal na Fontedeira, para ali ser instalado o campo
de futebol para as duas corporações de bombeiros da cidade.
1908
• April 19th – The Lisbon Students’ Musical Group visited
Portalegre and a reception was given at the Secondary
school.
• July 17th – Magnificent commemoration of the 1st Centenary of the Peninsular War.
• July 21st – The Fire Brigade Band was founded.
• August 15th, 16th and 17th – Festivities organised by
“a group and artists”, festival and illumination in the
D. Carlos avenue, fireworks, two bullock fights and a
music concert, with no official support.
• October 28th – The Robinson Fire Brigade was founded.
• November – The Portalegre Academic Music Group was
founded, run by the future journalist Aprígio Mafra.
• December 11th – The ground began to be levelled off on
the land granted by the Fontedeira City Council, to be
1909
• Abril, 25 – Foi inaugurado no Rossio o Salão Paraíso, uma barraca cinematográfica de António dos Anjos Mourão. Destinava-se à exibição de filmes, para o que estava apetrechado com
uma máquina Pathè, e nele se realizaram muitos espectáculos
de teatro, musicais e récitas
• Junho, 6 – Estão em Portalegre os dirigentes republicanos
Bernardino Machado, João Chagas, Inocêncio Camacho e José
Relvas, que participaram num comício.
• Outubro, 4 – Abre o hospital suburbano para tuberculosos.
• Setembro, 2 – É publicado pelo Governo Civil de Portalegre o
Regulamento de Hotéis, Hospedarias, Estalagens e Armazéns de
Bebidas e Comidas e outras Casas e Correctores de Hotéis, Moços
de fretes e carroceiros.
• Dezembro, 6 – A Câmara Municipal de Portalegre nomeou
Máximo Pires, natural de Arronches, pregoeiro citadino. Foi o
último a desempenhar tal tarefa.
made into a football field for the two fire association in
the city.
146
1910
• Fevereiro, 28 – Visitou Portalegre o conselheiro Teixeira de
Sousa, chefe do Partido Regenerador, a quem foi oferecido um
banquete no teatro Portalegrense, com 80 convivas. Retirou a
1 de Março.
• Junho, 5 – António José de Almeida participou num comício
republicano no Teatro Portalegrense.
• Junho, 16 – Por decreto desta data foram declarados monumentos nacionais a Sé de Portalegre e a igreja do mosteiro de
São Bernardo, incluindo o túmulo de D. Jorge de Melo.
• Agosto, 6 – Passagem de Bernardino Machado por Portalegre,
onde ficou alojado. Participou no dia seguinte num comício
republicano em Arronches.
• Setembro, 1 – Começa o serviço de guardas-nocturnos na Rua
do Comércio, Sé e Praça.
• Setembro, 4 – Inaugurou-se no lado oriental da Avenida de
D. Carlos (depois da Liberdade) o Salão Moderno.
• Outubro, 1 – Começa o serviço de guardas-nocturnos na
2.ª área: Rua da Rainha D. Amélia, Pracinha, etc.
1911
• Janeiro, 30 – A Câmara Municipal de Portalegre declara o dia
1 de Maio como feriado municipal.
• Março, 19 – Visita Portalegre o ministro da Guerra do Governo
Provisório da República, coronel Correia Barreto.
• Maio, 14 – Reabre na Avenida da Liberdade o Salão Moderno
(cinema), há tempos encerrado.
• Junho, 17 – O Liceu de Portalegre foi elevado a Central, categoria que conservou até 1928.
• Julho, 2 – É inaugurado o campo de jogos da Quinta Formosa.
• Outubro, 5 – Grandes festas em Portalegre comemorando o
1.º aniversário da Proclamação da República.
147
1909
• April 25th – The Salão Paraíso, a large projection film
hall belonging to António dos Anjos Mourão, was inaugurated in the Rossio (Main Square). It was to be used
for the exhibition of films, for which it was fitted out
with a Pathè machine, and many theatrical and musical
shows and recitals were given there.
• June 6th – The Republicans Bernardino Machado, João
Chagas, Inocêncio Camacho and José Relvas were in
Portalegre for a rally.
• October 4th – The suburban hospital for tuberculosis
opened.
• Outubro, 29 – Chega a Portalegre o contingente da Guarda
Nacional Republicano ali colocado, ficando alojado no antigo
convento de Santo Agostinho.
• Novembro, 8 – Reunião dos clubes de futebol da cidade, onde
foi eleita a primeira direcção da Associação de Futebol de Portalegre constituída por Álvaro Sampaio (presidente), Frederick
Shaw (tesoureiro), Leopoldo José Mocho (1.º secretário) e José
da Silva (2.º secretário).
• Novembro, 23 – É exibido no Salão Paraíso o primeiro filme de
longa-metragem em Portalegre: «Pecados da Juventude».
• Dezembro, 3 – Na Barraca-Cine de Barreto Caldeira, junto ao
lago do Rossio, tem lugar um espectáculo cinematográfico «só
para homens».
• Dezembro, 23 – Por decreto desta data, publicado no Diário do
Governo n.º 1 de 2 de Janeiro de 1912, são mandados incluir no
regime florestal parcial os baldios da Serra de São Mamede.
• September 2nd – The Regulamento de Hotéis, Hospedarias, Estalagens e Armazéns de Bebidas e Comidas e outras
Casas e Correctores de Hotéis, Moços de fretes e carroceiros
(i.e., The Hotels, Lodgings, Inns, Hostels and Food and
Drinks Warehouses and other Houses and Hotel Inspectors, Freight Servants and Waggoners’ Regulations) was
published by the Portalegre Local Government.
• December 6th – The Portalegre City Council appointed
Máximo Pires, native of Arronches, town crier. He was
the last to carry out this task.
1910
• February 28th – Counsellor Teixeira de Sousa, head of
the Partido Regenerador (i.e., Regenerator Party), visited Portalegre and a banquet was offered in his honour at
the Portalegre theatre, with 80 guests. He went back on
March 1st.
1912
• Maio, 16 – Na Quinta Branca, na Serra de Portalegre, realizou-se uma «Merenda Democrática».
• Julho, 7 – Iniciou-se no perímetro florestal da Serra de São
Mamede a plantação de penisco e de carvalhos, faias, choupos
e castanheiros.
• Setembro, 13 a 16 – Festas da Cidade organizadas pelo comércio e indústria locais.
• June 5th – António José de Almeida took part in a repub-
1913
• Janeiro, 15 – Abertura das propostas para a construção do
caminho-de-ferro entre Estremoz e Portalegre
• Março, 9 – Promovida pelo jornal O Século realizou-se a «Festa
da Árvore», com um cortejo no Passeio Público com as crianças
das escolas e a plantação de seis tílias. À noite, no Teatro Portalegrense, houve um sarau de gala.
• September 1st – The night watchmen began their services
lican rally in the Portalegre Theatre.
• June 16th – On this day the Portalegre Cathedral and the
church of the monastery of Saint Bernardo, including
the tomb of Don Jorge de Melo, were declared national monuments by decree.
• August 6th – Bernardino Machado went to Portalegre,
where he took lodging. The next day he went to a republican rally in Arronches.
in the Rua do Comércio, Cathedral and Market Square.
• September 4th – The Salão Moderno was inaugurated on
the east side of the D. Carlos avenue (later named Liberdade avenue).
• October 1st – The night watchmen began their services
in the 2nd area: Rainha D. Amélia street, Pracinha, etc.
148
• Abril, 26 – Esteve em Portalegre o ministro da Guerra, major
João Pereira Bastos, onde assistiu a instrução de recrutas,
seguindo depois para Elvas.
• Maio – Inaugurada a Confeitaria La Esperanza, na Rua do
Comércio 103 e 105, que produzia e vendia doces, bolos, vinhos
e licores, propriedade do espanhol José Martin Vidal
• Junho, 9 – Chega a Portalegre o Prof. Silva Teles, orientando
uma visita de estudo do Curso de Geografia da Universidade de
Lisboa, dedicada às Serras de Portalegre, de São Mamede e de
Marvão.
• Julho – António Maria Garcia assume a direcção do Hotel Brito.
• Agosto, 3 – Esteve em Portalegre o Dr. Leite de Vasconcelos
e depois em São Salvador da Aramenha. Levou consigo para
o Museu Etnológico de Belém 57 vasos de barro e de vidro
oferecidos por António Maçãs, Adolfo Mota e João Sequeira
Fialho, para além de pesos romanos de barro, moedas de prata
e de cobre e vários instrumentos pré-históricos de pedra.
• Agosto, 24 – Visita Portalegre o arquitecto Ventura Terra,
encarregado de estudar e indicar as obras a levar a efeito
no templo, claustros e casa capitular do mosteiro de São Bernardo.
• Setembro, 13 a 16 – Têm lugar pela 2.ª vez as Festas da Cidade
de Portalegre, que foram abrilhantadas pela banda da Guarda
Nacional Republicana.
• Setembro, 14 – Festival de filarmónicas na praça de touros
D. Luís do Rego.
1911
• January 30th – The Portalegre City Council declared
May 1st as a municipal holiday.
• March 19th – The Minister for War of the Provisional
Government of the Republic, Colonel Correia Barreto,
paid a visit to Portalegre.
• May 14th – The Salão Moderno (cinema), which had been
closed for some time, reopened in the Liberdade avenue.
• June 17th – The Portalegre Secondary School was promoted to a higher level (Central), which category it
retained until 1928.
• July 2nd – The Quinta Formosa playing fields were inaugurated.
• October 5th – Big festivities in Portalegre commemorated the 1st anniversary of the Proclamation of the
Republic.
• October 29th – The contingent of the National Republican Guard stationed there arrived in Portalegre, and
were billeted in the old convent of Santo Agostinho.
• November 8th – Meeting of the city’s football clubs,
when the first management of the Portalegre Football Association was elected, composed of: Álvaro Sampaio (president), Frederick Shaw (treasurer), Leopoldo
José Mocho (1st secretary) and José da Silva (2nd secretary).
• November 23rd – For the first time, a full length feature
film, “Pecados da Juventude” (The sins of Youth), was
1914
• Abril – Começam as projecções cinematográficas no Cine Popular, que funciona na praça de touros D. Luís do Rego.
• Junho, 23 – No Jardim Operário têm lugar festas em honra de
São João, cujo produto reverteu a favor da construção de um
coreto naquele local.
149
shown in the Paraíso hall.
• December 3rd – In Barreto Caldeira’s Barraca-Cine, next
to the pond in Rossio, a cinema show was given for “men
only”.
• December 23rd – By a decree of this date, published
in the Official Government Journal Diário do Governo
• Setembro, 6 – É inaugurado o novo Salão Paraíso, totalmente
remodelado.
nr. 1 of January 2nd, 1912, it was ordered that the waste
land of the Saint Mamede Hills be included in the partial forest regime.
1915
• Janeiro 21 – Por decreto desta data e por proposta do ministro da Instrução Pública Frederico António Simões, é dada ao
Liceu Nacional de Portalegre a denominação de Liceu de Mousinho da Silveira.
1912
• May 16th – There was a “Merenda Democrática” (Democratic Picnic) in the Quinta Branca, on the Portalegre
Mountain.
• July 7th – The planting of pine-seeds and of oak, beech,
1916
• Junho – Foi inaugurada a sala de operações do Hospital da
Misericórdia.
• Constituída em Portalegre a subcomissão da Cruzada das
Mulheres Portuguesas.
• Julho, 12 – Um furacão atingiu a estação de caminho-de-ferro
de Portalegre, destruindo 50 metros de cais.
• Agosto, 31 – Numa reunião em casa de Artur Malato, foi fundado o Grémio Planetário.
• Setembro, 10 – É inaugurado o coreto do Jardim Operário.
poplar and chestnut trees began in the forest belt of the
Saint Mamede Mountain.
• September 13th to 16th – City Festivals organised by
local trade and industry.
1913
• January 15th – Opening of a tender for the construction
of the railway between Estremoz and Portalegre
• March 9th – The “Festa da Árvore” (Feast of the Tree)
was held, promoted by the O Século newspaper, with a
procession along the Promenade with school children
and the planting of six linden trees. At night there was a
gala evening party in the Portalegrense Theatre.
• April 26th – The Minister of War, Major João Pereira
Bastos, was in Portalegre and attended the instruction
of recruits, and then went on to Elvas.
• May – The Confectionery shop La Esperanza, property of the Spanish gentleman José Martin Vidal, in the
103 and 105 Comércio street, which produced and sold
sweets, cakes, wines and liqueurs, was inaugurated.
• June 9th – Professor Silva Teles arrived in Portalegre, for
a study visit of the Geography Course at the University of Lisbon, dedicated to the Mountains of Portalegre,
Saint Mamede and Marvão.
Coreto do Jardim Operário.
150
• July – António Maria Garcia took over the management
of the Hotel Brito.
• August 3rd – Dr. Leite de Vasconcelos was in Portalegre and
then in São Salvador da Aramenha. He took with him 57
vessels in clay and glass offered by António Maçãs, Adolfo Mota and João Sequeira Fialho, as well as Roman coins
in clay, coins of silver and copper and various prehistoric
stone instruments, for the Belem Ethnological Museum.
• August 24th – The architect Ventura Terra, commissioned to study and denote the building work to be carried out in the church, cloisters and capitulary house of
the Saint Bernard monastery, visited Portalegre.
• September 13th to 16th – It was time, for the 2nd time,
for the Portalegre City Festivals, which were brightened
up by the band of the National Republican Guard.
• September 14th – Philarmonic festival in the D. Luís do
Rego bull ring.
1914
• April – Film projections began in the Cine Popular,
which was installed in the D. Luís do Rego bull ring.
• June 23rd – In the Jardim Operário (Workers’ Garden)
there were festivities in honour of São João (Saint John),
the proceeds of which reverted to support the construction of a bandstand there.
• September 6th – The new, totally remodelled, Paraíso
hall was inaugurated.
1917
• Abril, 30 – António Afonso Franco abre o Café Académico.
1915
• January 21st – By decree of this date, on the proposal
1918
• Março, 30 – Afonso Costa visitou Portalegre, vindo de Elvas,
onde esteve detido.
151
of the Minister of Education, Frederico António Simões,
the Portalegre National Secondary School was given the
title of Mousinho da Silveira Secondary School.
• Junho, 20 – A caminho de Elvas, parou na estação de Portalegre o doutor Sidónio Pais, Presidente da República. Recebido por muitos populares, foi saudado por autoridades locais,
por uma força do Regimento de Infantaria n.º 22 e pela Banda
Euterpe.
• Julho, 7 – Inaugurado o Grande Hotel de Portalegre, de Celestino
Aires, antigo criado da casa Robinson.
• Dezembro, 15 – Abre a delegação de Portalegre do Banco Nacional Ultramarino.
• Dezembro – O Café Académico de Franco & Martins fechou por
ter sido vendido a uma casa bancária o edifício onde se encontrava.
1919
• Junho, 16 – Por decreto deste dia, foram classificados como
monumentos nacionais as janelas manuelinas do solar dos
Melos e o cruzeiro do mosteiro de São Bernardo.
• Setembro, 23 – É fundado o Sport Clube Estrela.
1916
• June – The operating theatre of the Misericórdia Hospital was inaugurated.
The subcommittee of the Cruzada das Mulheres Portuguesas (The Crusade of Portuguese Women) was established in Portalegre.
• July 12th – A hurricane struck the Portalegre railway
station, destroying 50 metres of platform.
• August 31st – At a meeting in Artur Malato’s house, the
Grémio Planetário (Planetary Guild) was founded.
• September 10th – The bandstand in the Jardim Operário
was inaugurated.
1917
• April 30th – António Afonso Franco opened the Café
Académico.
1918
• March 30th – Afonso Costa visited Portalegre, coming
1920
• Janeiro, 17 – Inaugurado o café Académico, de João Diogo
Casaca, no local onde estava a sua tipografia.
• Janeiro, 27 – No Salão Paraíso tem lugar uma sessão de propaganda da Aldeia Portuguesa com Leal da Câmara.
• Março, 17 – São aprovados os estatutos do Grémio Planetário.
• Março, 23 – Festa da Cidade, com um cortejo histórico evocativo do ressurgimento e Portalegre.
• Maio, 24 – É lançada a primeira pedra do Monumento aos Mortos da Grande Guerra, com a presença do ministro da Guerra,
coronel João Estêvão Águas.
• Julho, 14 – Festa da Paz, celebrando o aniversário do assinatura do armistício. Na Avenida da Liberdade foi plantada uma oliveira como símbolo da paz.
from Elvas, where he had been detained.
• June 20th – On his way to Elvas, Doctor Sidónio Pais,
President of the Republic, stopped at Portalegre station.
Received by many people, he was greeted by the local
authorities, by a contingent from the Regiment of the
22nd Infantry and the Euterpe band.
• July 7th – The Grande Hotel de Portalegre, belonging to
Celestino Aires, an old servant at the Robinson house,
was inaugurated.
• December 15th – A delegation of the Portalegre do Banco Nacional Ultramarino was opened.
• December – The Café Académico, belonging to Franco &
Martins closed because the building it was in had been
sold to a bank.
152
• Agosto, 23 – Constituída a Empresa Mercantil Limitada, com
secção especial de transportes de passageiros com carreiras em
camiões para as estações de Castelo de Vide e de Portalegre.
Subcontrataram Luís Pereira Murta e Celestino Aires, que formaram a empresa Celestino & Aires.
• Setembro, 27 – No Diário do Governo é publicada a lei que cede
à Câmara Municipal de Portalegre o edifício do mosteiro de São
Bernardo, sob várias condições.
1919
• June 16th – By decree on this day, the Manuelian windows of the Melos’ manor house and the transept of
the Saint Bernard monastery were classified as national
monuments.
• September 23rd – The Sport Clube Estrela was founded.
1920
• January 17th – The café Académico, belonging to João
Junto à estação da Camionagem Murta.
1921
• Janeiro, 19 – Abriu ao público a filial da Caixa Geral de Depósitos, ficando provisoriamente instalada no edifício do Governo Civil, onde anteriormente era a Recebedoria do Concelho,
Agência do Banco de Portugal e Tesouraria e Pagadoria do Distrito de Portalegre.
• Março, 5 – Inaugurado o «Palace Hotel», na Rua de 31 de Janeiro, propriedade de Jerónimo Facha. Era o antigo Grande Hotel,
devidamente remodelado.
• Junho, 5 e 6 – Festas da Primavera, iniciativa do Grémio Planetário, em benefício do monumento aos mortos da Grande
Guerra. Com exposição de artes e indústrias, batalha de flores,
concertos, corrida de cavalos, futebol e sarau.
• Junho – É fundado o Sport Clube de Portalegre.
• Julho – Está em venda o Hotel Celestino, de Celestino Aires.
• Agosto, 20 – O Grémio Planetário mudou o seu nome para Grémio Transtagano, mantendo a orgânica, fins e intuitos.
• Setembro, 14 – Visita a Portalegre do chefe do governo,
Dr. António Granjo, e do ministro da Guerra, coronel Freitas
Soares, numa homenagem ao Regimento de Infantaria n.º 22
pelo seu desempenho na Grande Guerra.
• Outubro, 10 – A empresa Murta cria uma carreira de char-a-banc entre Portalegre e Castelo de Vide.
153
Diogo Casaca, on the premises of his typography, was
inaugurated.
• January 27th – In the Salão Paraíso there was an advertising session by the Aldeia Portuguesa with Leal da
Câmara.
• March 17th – The Grémio Planetário statutes were
approved.
• March 23rd –City Festival, with a pageant evocative of
the renaissance and Portalegre.
• May 24th – The first stone of the Monument to the Dead
of the Great War was laid, in the presence of the Minister of War, Colonel João Estêvão Águas.
1922
• Março, 6 – Reunião no salão nobre da Câmara Municipal de
Portalegre promovida pelo Grémio Transtagano, para preparação das Festas da Primavera.
• Maio, 31 – A Câmara Municipal delibera criar dois mercados
de gado suíno: um no 2.º domingo do mês de Maio e outro no
4.º domingo do mês de Outubro de cada ano. E que a feira das
Cerejas, que tinha lugar no 1.º sábado de Junho passasse a realizar-se nos dias 5, 6 e 7 do mesmo mês para assim apoiar a
obra do Grémio Planetário.
• Junho, 3 e 4 – Festas da Primavera organizadas pelo Grémio Transtagano, em benefício do Monumento aos Mortos
da Grande Guerra. O último dia foi muito prejudicado pela
chuva.
• Junho, 17 – Grandes festividades populares nas ruas da cidade
pela chegada de Gago Coutinho e Sacadura Cabral ao Brasil.
• Junho – João Diogo Casaca muda o nome do seu café de «Académico» para «Luso» e depois para «Atlântico».
• Junho – Jerónimo da Silva Botelho inicia uma carreira de
camioneta para as estações de Castelo de Vide e de Portalegre.
• Setembro, 14 – Por iniciativa do Grémio Transtagano foi inaugurada, nas salas da Junta Geral do Distrito, a Exposição Agrícola Regional que se prolongou até ao dia 16.
• Outubro, 24 – Reúne na Câmara Municipal o Congresso Municipalista do Distrito, com representantes de todas câmaras
com excepção das de Nisa, Monforte e Sousel.
• July 14th – Festa da Paz (i.e., Festival of Peace), celebrating the anniversary of the signing of the amnesty. On
Liberdade avenue an olive tree was planted as a sign of
peace.
• August 23rd – The Empresa Mercantil Limitada was
established, with a special passengers’ transport section, with bus routes to the Castelo de Vide and Portalegre stations. Luís Pereira Murta and Celestino Aires,
who created the firm Celestino & Aires, were subcontracted.
• September 27th – The law which yields the monastery of
Saint Bernard to the Portalegre City Council, on various
conditions, was published in the Diário do Governo .
1921
• January 19th – The Caixa Geral de Depósitos branch
office was opened to the public, provisionally installed
in the Local Government building, where the Council Treasury Office, Branch of the Bank of Portugal and
Treasurer’s office and Treasury of the Portalegre District had been.
Esplanada do Café Central.
1923
• Janeiro, 2 – Abre ao público o Café Central, de Manuel de
Andrade e Sousa, no Largo Dr. Frederico Laranjo.
• Janeiro, 26 – Visitou Portalegre o engenheiro José Abecassis
Júnior, Administrador Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais.
154
• Março – É fundado o Sport Clube União Comercial.
• Maio – É expropriada pela Câmara Municipal de Portalegre a
praça de touros D. Luís do Rêgo, em ruínas.
• Junho, 5, 6 e 7 de Junho – Festa da Primavera organizada pelo
Grémio Transtagano em benefício da construção do Monumento aos Mortos da Grande Guerra.
• Junho, 5 – Abre ao público a Exposição Regional na Escola Fradesso da Silveira, uma iniciativa do Grémio Transtagano.
• Setembro, 14 e 15 – 2.ª Exposição Agrícola Regional do Distrito de Portalegre, organizada pelo Grémio Transtagano, nas
salas do Clube Republicano de Portalegre.
• Dezembro, 3 – Organizada pelo Alentejo Futebol Clube tem
lugar uma corrida ciclista de 75 quilómetros com o seguinte itinerário: Portalegre – Senhora da Luz – Póvoa e Meadas – Nisa
– Alpalhão – Portalegre.
• March 5th – Inauguration of the «Palace Hotel», in the
31 de Janeiro street, owned by Jerónimo Facha. It was
the old Grande Hotel, duly remodelled.
• June 5th and 6th – Spring Festivals, initiative of the
Grémio Planetário, for the benefit of the Monument to
the Dead of the Great War. With an exhibition of art and
industry, battle of flowers, concerts, horse races, football and evening entertainment.
• June – The Sport Clube de Portalegre was founded.
• July – The Hotel Celestino, belonging to Celestino Aires
was put up for sale.
• August 20th – The Grémio Planetário changed its name
to Grémio Transtagano (Beyond the Tagus Guild), preserving its organisation, aims and purposes.
• September 14th – The head of the Government,
Dr. António Granjo, and the Minister of War, Colo-
1924
• Março, 23 – Visita Portalegre o ministro da Instrução, Dr. João
Camoesas.
• Abril, 13 – Reabre o Teatro dos Bombeiros com um novo aparelho cinematográfico.
• Maio, 11 – É inaugurado o Estádio da Fontedeira depois do seu
alargamento.
• Junho, 5 a 8 – Festas da Primavera, de novo iniciativa do Grémio Transtagano para financiar ao construção do Monumento
aos Mortos da Grande Guerra
• Julho, 13 – No Estádio da Fontedeira é inaugurado um cinema
ao ar livre.
• Agosto, 10 – Iniciam-se as festas de São Mateus, em benefício
do Sanatório e da Misericórdia de Portalegre.
• Setembro, 30 – Inaugurou-se o Albergue de Inválidos do Trabalho «João Augusto Alves».
nel Freitas Soares visited Portalegre, to pay tribute to
the 22nd Infantry Regiment for its performance in the
Great War.
• October 10th – The firm Murta created a char-a-banc line
between Portalegre and Castelo de Vide.
1922
• March 6th – Meeting in the main hall of the Portalegre
City Council promoted by the Grémio Transtagano, on
the preparation of the Spring Festivals.
• May 31st – The City Council decided to create two markets for livestock: one on the 2nd Sunday of the month
of May and the other on the 4th Sunday of the month
of October each year, and that the Cherries fair, which
took place on the 1st Saturday in June would change to
the 5th, 6th and 7th of the same month in support of the
work of the Grémio Planetário.
155
1925
• Janeiro – É fundado o Sporting Clube Portalegrense.
• Abril, 4 – O aviador Sarmento de Beires, herói do voo LisboaMacau, esteve em Portalegre, percorrendo de automóvel algumas ruas.
• Maio – Começam os trabalhos de demolição da praça de touros
D. Luís do Rêgo.
• Junho, 7 e 8 – Festa da Flor em benefício dos Bombeiros Voluntários.
• Julho, 19 – O Teatro Portalegrense inaugura a época de Verão
com sessões cinematográficas no estádio da Fontedeira.
• Julho, 27 – É fundado o Grupo Desportivo Portalegrense.
• Agosto, 1 – A empresa Murta reduz em 40% o preço dos bilhetes das camionetas para os comboios-correios nas estações de
Portalegre e de Castelo de Vide.
• Agosto, 23 e 24 – Festas de angariação de fundos para a Misericórdia de Portalegre na Avenida da Liberdade. Houve comboios
especiais.
• Outubro, 5 – É inaugurada a Biblioteca Municipal de Portalegre.
• Outubro, 10 – Júlio Dantas, Presidente da Secção de Letras da
Academia das Ciências de Lisboa, visita Portalegre, nomeadamente a Sé e outros monumentos, dando ainda uma volta pela
Serra que achou encantadora.
• Outubro, 18 – Chegam a Portalegre os participantes no Grande Circuito Hípico de Portugal, organizado pelo Diário de Notícias.
• Novembro, 25 – É constituída a Hidroeléctrica do Alto Alentejo.
• June 3rd and 4th – Spring Festivals organised by the
Grémio Transtagano, for the benefit of the Monument
to the Dead of the Great War. The last day was very
spoiled by the rain.
• June 17th – Great people’s festivities in the streets of
the city because of the arrival of Gago Coutinho and
Sacadura Cabral in Brazil.
• June – João Diogo Casaca changes the name of his café
from “Académico” to “Luso” and then to “Atlântico”.
• June – Jerónimo da Silva Botelho started a bus route for
the stations of Castelo de Vide and Portalegre.
• September, 14th – On the initiative of the Grémio Transtagano, the Regional Agricultural Exhibition was inaugurated in the General District Council halls and continued until the 16th.
• October 24th – The Municipal District Assembly held a
meeting at the City Council offices, with representatives
from all the councils except those of Nisa, Monforte and
Sousel.
1923
• January 2nd – The Café Central, in the Largo Dr. Frederico Laranjo, belonging to Manuel de Andrade e Sousa,
was opened to the public.
• January 26th – Engineer José Abecassis Júnior, General Administrator of National Buildings and Monuments,
visited Portalegre.
• March – The Sport Clube União Comercial was founded.
• May – The D. Luís do Rêgo bull ring, in ruins, was expropriated by the Portalegre City Council.
1926
• Abril, 1 – O Café Central é trespassado ao tenente Domingos
Rasquilha.
• June 5th, 6th and 7th – Spring Festival organised by the
Grémio Tanstagano, the profits going towards the construction of the Monument to the Dead of the Great War.
156
Estação Central da Camionagem Murta.
• Maio, 2 – Faz a sua apresentação pública o Grupo n.º 21 do Corpo
Nacional de Scouts, que acabou de se formar em Portalegre.
• Maio, 29 – Festa Nacional da Educação Física no Liceu de Portalegre.
• Junho, 30 – É extinta a Escola Superior Primária de Portalegre.
• June 5th – The Regional Exhibition in the Fradesso da
Silveira school, an initiative of the Grémio Transtagano,
was opened to the public.
• September 14th and 15th – 2nd Regional Agricultural
Exhibition of the District of Portalegre, organised by the
Grémio Transtagano, in the halls of the Clube Republi-
1926
• 13 a 15 de Setembro – Festas em benefício da Misericórdia
coincidindo com a Feira das Cebolas.
• Outubro, 17 – Gincana de automóveis organizada pelo Portalegre Clube e Sport.
157
cano de Portalegre (Portalegre Republican Club).
• December 3rd – There was a 47 miles bicycle race organised by the Alentejo Futebol Clube with the following
itinerary: Portalegre – Senhora da Luz – Póvoa e Meadas
– Nisa – Alpalhão – Portalegre.
• Outubro, 18 – Deixa de ter quartel em Portalegre o Regimento
de Infantaria n.º 22, sendo as suas instalações ocupadas pelo
Batalhão de Caçadores n.º 1.
• Dezembro, 12 – No Hospital da Misericórdia é inaugurado o
gabinete de radiologia.
1924
• March 23rd – The Education Minister, Dr. João Camoesas, visited Portalegre.
• April 13th – The Fire Brigade Theatre reopened with new
filming equipment.
• May 11th – The Fontedeira stadium was inaugurated
1927
• Janeiro, 7 – Visita a Portalegre dos ministros da Justiça, Doutor Manuel Rodrigues, e do Comércio e Comunicações, Júlio
César de Carvalho Teixeira.
• Abril – A delegação da Caixa Geral de Depósitos inaugurou os
serviços da Casa de Crédito Popular, empréstimo sobre penhores.
• Abril, 4, Maio, 1 e 2 – Visita do ministro da Guerra, tenente-coronel Passos e Sousa.
• Maio, 5 – Passa por Portalegre a I Volta a Portugal em Bicicleta
organizada pelo Diário de Notícias.
• Junho, 23 e 24 – Grandes festas populares em benefício da
Santa Casa da Misericórdia.
• Setembro, 15 a 17 – Festas em benefício da Misericórdia, coincidindo com a Feira das Cebolas.
after being extended.
• June 5th to 8th – Spring Festivals, another initiative of
the Grémio Transtagano to finance the construction of
the Monument to the Dead of the Great War.
• July 13th – An open air cinema was inaugurated in the
Fontedeira stadium.
• August 10th – The Saint Mathew festivities, for the benefit of the Sanatorium and the Portalegre Misericórdia
(a Charity Home), began.
• September 30th – The “João Augusto Alves” Hospice for
Invalid Workers was inaugurated.
1925
• January – Sporting Clube Portalegrense (Portalegre
Sporting Club) was inaugurated.
• April 4th – The aviator Sarmento de Beires, hero of the
1928
• Fevereiro, 2 – Visita Portalegre o ministro do Interior, José
Vicente de Freitas, que se deslocou à Câmara Municipal, Governo Civil e Misericórdia.
• Fevereiro, 26 a 28 – Visita do ministro da Instrução, Dr. Alfredo
de Magalhães.
• Junho, 6 – É inaugurado o novo edifício dos Correios, Telégrafos
e Telefones com a assistência do Presidente da República, general Carmona, e dos ministros do Comércio e do Interior, respectivamente José Bacelar Bebiano e José Vicente de Freitas. A visita durou até ao dia 8, sendo entregue o estandarte ao Regimento
flight Lisbon-Macau, was in Portalegre, driving round
some of the streets by car.
Cerimónia de atribuição da Ordem
de Torre e Espada aos Bombeiros
de Portalegre.
158
Novo quartel dos Bombeiros.
de Artilharia Montada Independente n.º 14 e condecorada a corporação de Bombeiros Voluntários com a Torre e Espada.
• Julho, 5 – A empresa de camionagem Murta inaugura os serviços combinados com a CP entre a estação e Portalegre-central.
• Julho, 22 – Chegam a Portalegre dois operadores da Lisboa Film,
para o trabalho da filmagem de propaganda da cidade e da região.
• Setembro – Por divergências com a corporação, a Banda dos
Bombeiros Voluntários autonomizou-se, passando a chamar-se Banda Popular de Portalegre.
• Setembro, 13 a 16 – Festas em benefício da Misericórdia de
Portalegre.
• Novembro, 1 – Exposição de flores pelo florista amador
António Pires Ventura, em benefício dos bombeiros.
• May – The demolition work on the Don Luís do Rêgo
bullring began.
• June 7th and 8th – Flower Festival for the benefit of the
1929
• Fevereiro – Derrubados os últimos eucaliptos e arvoredo velho
do Parque Miguel Bombarda. A Câmara Municipal encomendou a Benvindo Ceia a concepção de 20 bancos em cimento
armado para aquele parque.
• Junho, 23 e 24 – Festas de São João no Parque de Miguel Bombarda em benefício da banda Euterpe.
• Julho, 2 – Inaugurado o novo quartel dos bombeiros voluntários, na Praça do Município, projecto de Benvindo Ceia.
• Julho, 11 – Inaugurado o posto rádio-telegráfico no quartel de
Artilharia n.º 14 (São Francisco).
• Julho, 27 – Por despacho desta data do ministro da Instrução é
criado o Museu Regional de Portalegre, instalado na Igreja do
antigo mosteiro de São Bernardo.
• Agosto, 10, 11 e 12 – Grandes festas na Avenida Robinson em
benefício dos Bombeiros Voluntários.
• 12 de Setembro – No antigo convento de Santa Clara é inaugurada a Casa de Regeneração e Amparo, à frente da qual se destaca Olinda Sardinha.
159
Voluntary Fire Brigade.
• July 19th – The Portalegrense Theatre opened its summer season with film sessions in the Fontedeira stadium.
• July 27th – The Grupo Desportivo Portalegrense was
founded.
• August 1st – The firm Murta reduced the price of tickets
by 40% in the buses to the mail trains at the stations of
Portalegre and Castelo de Vide.
• August 23rd and 24th – Festivities to raise funds for the
Portalegre Misericórdia (a Charity Home) in the Liberdade avenue. There were special trains.
• October 5th – The Portalegre Municipal Library was
inaugurated.
• October 10th – Júlio Dantas, President of the Department of Letters of the Lisbon Academy of Sciences, visited Portalegre, namely the Cathedral and other monuments, and went on a tour round the Mountain, which
he found enchanting.
• Setembro, 13 – É inaugurada a rede telefónica urbana de Portalegre.
• Setembro, 13 a 16 – Festas na Avenida da Liberdade, coincidindo com a Feira das Cebolas, em benefício da Misericórdia, do
Sanatório e da Casa de Regeneração.
• Setembro, 17 – Foi pela primeira vez visionado, no Teatro Portalegrense, o filme «Portalegre – Castelo de Vide – Marvão»,
realizado pela Lisboa Film, com legendas do general Lacerda
Machado. Tinha 2338 metros dividido em 5 partes. Importou
em 16 726$77.
• October 18th – The participants in the Grande Circuito
Hípico de Portugal (Grand Steeplechase Tour of Portugal),
organised by the Diário de Notícias, arrived in Portalegre.
• November 25th – The Alto Alentejo Hydroelectric Station was set up.
1926
• April 1st – The Café Central was trespassed to Lieutenant Domingos Rasquilha.
• May 2nd – Group nr. 21 of the National Scouts Organisation, which had just been constituted in Portalegre, gave
1930
• Maio, 19 – Inicia-se a carreira de autocarro entre Portalegre e
Estremoz, primeiro às 2.as, 4.as e 6.as e depois diariamente.
• Maio – Começa a reparação da estrada desde a Fonte dos Amores até à Quinta da Saúde.
• Agosto, 2 – Por iniciativa do capitão Jorge Caroço é inaugurado
o Cine Parque, cinematógrafo ao ar livre, nas traseiras da antiga Fábrica Real.
• Agosto, 22 – Em reunião da Câmara Municipal de Portalegre é
adjudicado à Hidro-Eléctrica do Alto Alentejo o fornecimento
de energia eléctrica pública e particular.
• Setembro, 5 – É exposta no Congresso Internacional de Fotografia de Zurique a pedido do engenheiro alemão Weil, a planta da cidade de Portalegre na escala 1/1000, obra do Instituto
Geográfico e Cadastral Português.
• Setembro, 10 e 11 – Festas em benefício da Misericórdia, coincidindo com a Feira das Cebolas.
• Novembro – A Câmara Municipal de Portalegre decide modernizar e modificar o jardim da Avenida da Liberdade, confiando a elaboração desse projecto à Casa Moreira & Filhos, do
Porto.
its first presentation.
• May 29th – National Festival of Physical Education in
the Portalegre Secondary School.
• June 30th – The Portalegre Primary School was closed.
• September 13th to 15th – Festivities for the benefit of
the Misericórdia Charity Home coincided with the Feira
das Cebolas (i.e., the Onion Fair).
• October 17th – Motor car Gymkhana organised by the
Portalegre Clube e Sport.
• October 18th – The 22nd Infantry Regiment gave up its
barracks in Portalegre, and its installations were taken
over by the 1st Gunners Battalion.
• December 12th – The radiology unit was inaugurated in
the Misericórdia Hospital.
1927
• January 7th – The Ministers of Justice, Doctor Manuel
Rodrigues, and of Trade and Communications, Júlio
César de Carvalho Teixeira, visited Portalegre.
• April – The delegation for the Caixa Geral de Depósitos
inaugurated the services of the Casa de Crédito Popular,
loans on pledges.
160
1931
• Junho, 5 a 7 – Decorre a 1.ª Exposição Distrital de Portalegre – Agrícola, Pecuária, Industrial e de Artes e Ofícios, no
Estádio da Fontedeira, levada a efeito pela Junta Geral do
Distrito.
• Julho, 15 – A Câmara Municipal de Portalegre decide adquirir
material moderno para a iluminação do largo do Monumento aos Mortos da Grande Guerra e da ala central da Avenida da
Liberdade.
• Julho, 19 – Inaugurado o balneário da Santa Casa da Misericórdia.
• Agosto, 1 – Inicia-se a carreira diária entre Évora e Portalegre,
montada por Inácio Gonçalves Capucho.
• Setembro, 4 – É feita a primeira ligação de electricidade da
Hidro Eléctrica do Alto Alentejo para a cidade de Portalegre.
• Setembro, 13 – Abriu o Museu Regional de Portalegre, instalado no antigo mosteiro de São Bernardo.
• Outubro, 24 – Um grande temporal atingiu a cidade, derrubando centenas de árvores e também a cruz monumental colocada
na Serra da Penha.
• April 4th, May 1st and 2nd – Visit of the Minister of War,
Lieutenant Colonel Passos e Sousa.
• May 5th – The 1st Bicycle Tour of Portugal organised by
the Diário de Notícias passed through Portalegre.
• June 23rd and 24th – Big popular festivities, for the
benefit of the Santa Casa da Misericórdia Charity
Home.
• September 15th to 17th – Festivities for the benefit of
the Misericórdia, coincided with the Onion Fair.
1928
• February 2nd – The Minister of the Interior, José Vicente de Freitas, visited the City council offices, the Local
Government buildings and the Misericórdia, in Portalegre.
• February 26th to 28th – The Minister of Education,
Dr. Alfredo de Magalhães came on a visit.
• June 6th – The new Post Office, Telegraphs and Telephones building was inaugurated with the presence
of the President of the Republic, General Carmona,
and the Ministers of Commerce and the Interior, José
1932
• Fevereiro – É fundado o Orfeão de Portalegre.
• Março, 20 – No Teatro Portalegrense, inauguração do cinema
sonoro, com o filme «Às Ordens de Vossa Alteza».
• Abril, 8 – Começam as obras de reconstrução da cruz da Serra
da Penha destruída pelo temporal.
• Maio, 10 – O Presidente da República, general Carmona, visita Portalegre, sendo-lhe oferecido um banquete no Liceu Mousinho da Silveira. Era acompanhado pelos ministros do Interior (Mário Pais de Sousa), Justiça (José de Almeida Eusébio),
Guerra (António Lopes Mateus) e Comércio (João Antunes
Guimarães).
161
Bacelar Bebiano and José Vicente de Freitas, respectively. The visit lasted until the 8th, the banner of the
14th Independent Mounted Artillery Regiment was
handed over and the corporation of the Voluntary
Firemen was awarded the Torre e Espada (i.e., Tower
and Spade).
• July 5th – The transport company Murta inaugurated
services combined with the Railways between the station and the centre of Portalegre.
• July 22nd – Two cameramen from Lisboa Film arrived in
Portalegre to work on the filming of publicity for the city
and the region.
162
• Junho, 6 – São inauguradas as obras de ampliação e melhoramento do edifício do Liceu.
• Agosto, 1 – Começam no Cine-Parque os Concertos Sinfónicos
dados pela Banda de Caçadores n.º 1, regida por José Maria
Cordeiro.
• Setembro, 13 – Abre o Museu Regional de Portalegre, instalado na igreja do antigo mosteiro e S. Bernardo.
1933
• Fevereiro, 13 – Por decreto n.º 22 180 desta data é criado o
Arquivo Distrital de Portalegre, que fica instalado no edifício
da Junta Geral do Distrito.
• Fevereiro, 21 – O ministro da Guerra, Daniel Rodrigues de
Sousa, visitou os quartéis de Portalegre.
• Abril, 12 – Reunião na Associação Comercial e amigos de
Portalegre, nomeando-se depois uma comissão para organização de um grémio regionalista, composta por major
Aurélio Nunes da Silva, Dr. Honório de Freitas, Henrique Esteves Moreira, João Tavares, alferes Ricardo e Luís
Costa.
• Agosto, 3 – É aberto ao público o Posto Telefónico n.º 3, instalado no Café Atlântico, na Rua de 19 de Junho.
• Agosto, 14 – Inaugurados no Café Central os cartazes decorativos publicitários feitos por João Tavares.
• Agosto, 18 – Na agência do Banco de Portugal foi inaugurado o
novo serviço de cofres de aluguer.
• Agosto, 26 – Chegam a Portalegre os ciclistas da 4.ª Volta a Portugal, na etapa Évora – Portalegre.
• Setembro, 25 – Em suplemento ao Diário do Governo, II Série, é
publicado o plano das estradas municipais do Distrito de Portalegre.
• Setembro, 29 – 3.º Concerto Sinfónico da Banda de Caçadores
n.º 1 no Teatro Portalegrense.
163
• September – Due to divergences with the corporation,
the Band of the Voluntary Fire Brigade became independent, becoming known as Banda Popular de Portalegre.
• September 13th to 16th – Festivities for the benefit of
the Portalegre Misericórdia.
• November 1st – Flower exhibition by the amateur florist
António Pires Ventura, for the benefit of the firemen.
1929
• February – The last eucalyptus and old groves of trees
in the Miguel Bombarda Park were cut down. The City
Council ordered the designing of 20 cement benches for
the park from Benvindo Ceia.
• Outubro, 23 – O ministro do Interior, António Raul da Mata
Gomes Pereira, visita diversos estabelecimentos de assistência
de Portalegre, havendo ainda uma recepção na Quinta da Saúde.
• Novembro, 16 – Para início das obras de alargamento da Rua
de Elvas, começou a ser demolido um muro e parte do quintal
do palácio dos condes de Melo.
• Novembro, 29 – Inaugurada a Clínica Portalegrense, Casa de
Saúde.
• Dezembro, 2 – O Diário do Governo n.º 275, 1.ª Série, publica o
decreto-lei n.º 23 282 que classifica como estância de turismo
a cidade de Portalegre, abrangendo todo o concelho.
• Dezembro, 21 – Inicia-se a demolição da Porta do Postigo –
popularmente conhecida como Arco do Serra – para alargamento da rua, ficando depois encastoado na parede.
• Dezembro, 23 – É instalada a primeira Comissão de Iniciativa e
Turismo de Portalegre, presidida pelo Dr. Galiano Tavares.
• June 23rd and 24th – São João (Saint John) Festivities in
the Miguel Bombarda Park for the benefit of the Euterpe
band.
• July 2nd – The new voluntary fire brigade barracks, in
the Município square, a project by Benvindo Ceia, were
inaugurated.
• July 11th – The radio-telegraph station at the 14th Artillery (Saint Francisco) barracks was inaugurated.
• July 27th – By a dispatch of this date by the Minister
of Education, the Portalegre Regional Museum was created, installed in the Church of the old Saint Bernard
monastery.
Obras de alargamento da Rua de Elvas.
164
1934
• Abril, 4 – O ministro da Instrução, Alexandre Alberto de Sousa
Pinto visita Portalegre acompanhado pelo director-geral do
Ensino Primário.
• Abril, 25 – A Câmara Municipal de Portalegre proclama Salazar
cidadão honorário de Portalegre.
• Junho – A II Prova de Resistência organizada pelo jornal
O Volante e patrocinada por O Século passou por Portalegre.
• Outubro, 23 – Visita Portalegre o ministro do Interior, capitão
Gomes Pereira.
• August 10th, 11th and 12th – Big festivities in the
Robinson avenue for the benefit of the Voluntary Fire
Brigade.
• September 12th – The Casa de Regeneração e Amparo
was inaugurated in the old Santa Clara convent, at the
front of which Olinda Sardinha was highlighted.
• September 13th – The Portalegre urban telephone network was inaugurated.
• September 13th to 16th – Festivities in the Liberdade
avenue, coincided with the Onion Fair, for the benefit of the Misericórdia, the Sanatorium and the Casa de
1935
• Abril, 14 – É inaugurada a sede da delegação de Portalegre da
Liga dos Combatentes.
• Maio, 26, 29, 30 a 7 de Junho – Festas da Primavera organizadas pela Associação de Futebol e Desportos Atléticos, sob o
patrocínio da Comissão de Iniciativa e Turismo.
• Junho – Monteiro do Amaral esteve em Portalegre para preparar um número da revista Expansão Portuguesa dedicado ao
Distrito de Portalegre.
• Junho, 20 – Por decreto n.º 25 523, desta data, é classificado
como monumento nacional o conjunto de todas as construções
que compõem o convento de Santa Clara
• Junho, 30 – É proibido o trânsito de veículos nas avenidas
principais do Parque de Miguel Bombarda.
• Agosto, 18 – É fundada a «Troupe Jazz Eléctrica».
• Agosto – A Revista Transtagana, de Évora, dedica a Portalegre o
seu número 17 e 18, de Agosto – Setembro,
• Novembro, 11 – Inaugurado o Monumento aos Mortos
da Grande Guerra com a presença do ministro da Guerra,
Abílio Augusto Valdez de Passos e Sousa. Obra do escultor
Henrique Araújo Moreira (Avintes, Vila Nova de Gaia, 1890-1979).
165
Regeneração.
• September 17th – For the first time, the film “Portalegre – Castelo de Vide – Marvão”, produced by Lisboa
Film, with sub-titles by General Lacerda Machado,
was shown in the Portalegrense Theatre. It was 2338
metres long, divided into 5 parts. It cost 16 726$77
(83,43 €).
1930
• May 19th – The bus route between Portalegre and
Estremoz began, first on Mondays, Wednesdays and
Fridays and then daily.
• May – Repairs to the road from Fonte dos Amores
(i.e., Fountain of Love) to the Quinta da Saúde began.
• August 2nd – On the initiative of Captain Jorge Caroço
the Cine Parque open air cinema, behind the old Fábrica
Real, was inaugurated.
• August 22nd – In a meeting of the Portalegre City Council the Alto Alentejo Hydro Electric station was contracted to supply public and private electric energy.
• September 5th – On the request of the German Engineer Weil, the plan of the city of Portalegre on a scale
of 1/1000, work of the Instituto Geográfico e Cadastral
Português (Geographic and Cadastral Portuguese Institute), was put on exhibition at the International Photography Congress in Zurich.
• September 10th and 11th – Festivities for the benefit of
the Misericórdia, coincided with the Onion Fair.
• November – The Portalegre City Council decided to
modernise and modify the garden in the Liberdade avenue, entrusting the elaboration of this project to the
Casa Moreira & Filhos, in Oporto.
1931
• June 5th to 7th – The 1st Portalegre District Exhibition
– Agriculture, Cattle breeding, Industry and Arts and
Crafts, took place in the Fontedeira Stadium, instigated
by the General District Council.
• July 15th – The Portalegre City Council decided to
acquire modern equipment to illuminate the square for
the Monument to the Dead of the Great War and the
central wing of the Liberdade avenue.
• July 19th – The Santa Casa da Misericórdia bathing
resort was inaugurated.
• August 1st – The daily bus route between Évora and Portalegre, set up by Inácio Gonçalves Capucho, began.
• September 4th – The first electricity connection from
the Alto Alentejo Hydroelectric Station for the city of
Portalegre was made.
• September 13th – The Portalegre Regional Museum, installed in the old Saint Bernard Monastery, was
opened.
• October 24th – A great storm hit the city, knocking down
hundreds of trees and also the monumental cross on the
Penha Mountain.
166
• Novembro, 17 – É inaugurado na Quinta de Santo António o
Asilo Escola Distrital de Infância Desvalida do Sexo Masculino
Dr. Manuel Fernandes de Carvalho.
• Dezembro, 9 – O ministro da Guerra, Abílio de Passos e Sousa
participa numa sessão de propaganda eleitoral no Teatro Portalegrense.
• Sai o número Extraordinário n.º 6 da revista Expansão Portuguesa, dedicado ao distrito de Portalegre.
1932
• February – The Portalegre choral society was founded.
• March 20th – Inauguration of films with sound, with
the film “Às Ordens de Vossa Alteza” (by Your Highness
commandment) in the Portalegrense Theatre.
• April 8th – Repair work began on the Penha Mountain
cross destroyed by the storm.
• May 10th – The President of the Republic, General Carmona, visited Portalegre, and a banquet was offered
1936
• Fevereiro, 27 – Visita Portalegre o ministro do Interior, Mário
Pais de Sousa
• Maio – Abriu o Café Alentejano, que resultou de um projecto
original de Benvindo Ceia, adaptado.
• Junho, 4 a 10 – Decorrem as Festas da Primavera, promovidas
pela Comissão de Iniciativa e Turismo, coincidindo com a Feira
das Cerejas.
• Junho, 8 – É inaugurada a praça de Touros de José Elias
Martins, projecto de Joaquim de Carvalho Isaac e que teve como
mestre-de-obras António Luís Mamão. Tinha 6000 lugares.
• Novembro – Concluído o projecto de Miguel Jacobetty Rosa
para o estádio, na parte respeitante a balneários, vestiários,
gabinetes WCs e salão de festas.
in his honour at the Mousinho da Silveira Secondary
School. He was accompanied by the Ministers of the
Interior (Mário Pais de Sousa), Justice (José de Almeida
Eusébio), War (António Lopes Mateus) and Commerce
(João Antunes Guimarães).
• June 6th – The work of extending and improving the
secondary school building began.
• August 1st – The Symphonic Concerts given by the
1st Gunners Regiment Band, directed by José Maria
Cordeiro began in the Cine-Parque.
• September 13th – The Portalegre Regional Museum,
installed in the church of the old Saint Bernard monastery was opened.
1933
1937
• Janeiro, 11 – Começaram as obras no edifício da Caixa Geral de
Depósitos, na Rua de Elvas.
• Março – Corre a notícia de que um grupo de capitalistas do
norte visitará Portalegre, interessado num projecto de transformação da Serra da Penha e da sua ermida num miradouro
semelhante ao Bom Jesus do Monte, de Braga.
• Abril, 12 – Chegou a Portalegre o ministro das Colónias, Dr. Francisco Vieira Machado, que percorreu o triângulo turístico.
167
• February 13th – By decree nr. 22180 of this date the Portalegre District Archives, installed in the General District Council building, were created.
• February 21st – The Minister of War, Daniel Rodrigues
de Sousa, visited the Portalegre barracks.
• April 12th – Meeting in the Associação Comercial e amigos de Portalegre (i.e., Trade Association and friends of
Portalegre), after which an organising commission for
a regional guild was nominated, composed of Major
• Junho, 22 – Chega a Portalegre o cruzeiro dos estudantes das Colónias à Metrópole, indo os estudantes jantar à Quinta da Saúde.
• Julho, 6 – Grande manifestação que percorreu as ruas de Portalegre de repúdio contra o atentado a Salazar.
• Julho, 9 – Serviço especial de carros de aluguer para a Serra
a partir do largo Dr. Frederico Laranjo. Funcionava das 21 às
0 horas e os veículos deviam ostentar um dístico apropriado.
• Agosto, 24 – Visita do ministro do Interior Dr. Mário Pais de
Sousa a Portalegre, onde inaugurou um bebedouro no Parque
de Miguel Bombarda. Ficou alojado na Quinta da Saúde.
• Novembro, 7 – Inauguração das novas instalações do Comando da Polícia da cidade: gabinete do comandante, escola, camarata, refeitório, posto de socorros, etc.
1938
• Abril, 8 – Na sede da Comissão Municipal de Turismo de Portalegre tem lugar a exposição da maqueta em madeira da exposição, da autoria de João Tavares, que vai ser construída com a
colaboração das câmaras do distrito por ocasião do Congresso
do Bombeiro.
• Maio – O semanário A Rabeca publica em diversos números,
por ocasião das Festas da Primavera, o trabalho de Luís Gomes
Ciceroneando um Forasteiro, que também saiu em separata.
• Junho, 5 a 12 – Festas da Primavera e Congresso Nacional dos
Bombeiros.
• Junho, 7 – Inaugurado o Miradouro da Serra, projecto do arquitecto Miguel Jacobetty Rosa.
• Agosto, 9 – Chega a Portalegre a VII Volta a Portugal em Bicicleta, organizada pelo Diário de Notícias e pelo jornal Sports.
• Outubro, 29 – Visita Portalegre o ministro das Colónias,
Dr. Vieira Machado, para participar numa reunião de propaganda eleitoral no Teatro Portalegrense. A sessão foi radiodifundida pela Emissora Nacional.
168
Caixa Geral de Depósitos.
Rua de Elvas.
1939
• Janeiro, 1 – Inaugurado na Rua de Oliveira o «Retiro da Severa», de Celestino Aires, com uma sessão de fados onde cantou
Lucília do Carmo.
• Fevereiro – A Estrada da Serra passou para a alçada da Junta
Autónoma das Estradas.
• Agosto, 9 – Chega a Portalegre a VIII Volta a Portugal em Bicicleta.
• Dezembro, 18 – Constituída a Sociedade por cotas «Francisco Fino
Ltd.ª », por Francisco de Sales Fino e Frederico Pereira Jardim.
1940
• Abril, 29 – O ministro da Instrução Carneiro Pacheco esteve em Portalegre, visitou escolas, o miradouro e a Quinta da
Saúde, onde almoçou.
• Junho, 10 – É inaugurado o Parque Infantil no Parque de
Miguel Bombarda.
• Novembro, 9 – Inaugurado sem formalidades o novo edifício
da Caixa Geral de Depósitos, na Rua de Elvas.
• Novembro, 17 – Estreou-se a «Troupe Jazz Ideal».
• Dezembro, 12 – Começa a demolição das casas ao fundo da Rua
de Elvas, para ampliação da mesma.
Troup Jazz Ideal.
Aurélio Nunes da Silva, Doctor Honório de Freitas, Henrique Esteves Moreira, João Tavares, Second Lieutenant
Ricardo and Luís Costa.
• August 3rd – Telephone post nr. 3, installed in the Café
Atlântico, in 19 de Junho street, was opened to the public.
• August 14th – In the Café Central, the ornamental
advertising posters, made by João Tavares, were inaugurated.
169
1941
• Abril, 28 – Manifestação de homenagem a Salazar, com desfile
pelas ruas, partindo da Avenida da Liberdade e terminando no
Governo Civil.
• Agosto, 16 – A X Volta a Portugal em Bicicleta passou por Portalegre.
• Novembro, 16 – É inaugurada em Alegrete a primeira Casa do
Povo no concelho de Portalegre.
• Novembro, 17 – Vindo de Castelo Branco visita Portalegre o
Eng.º Duarte Pacheco, ministro das Obras Públicas e Comunicações, acompanhado pelo arquitecto Baltazar da Costa, Director-geral dos Monumentos Nacionais.
• Dezembro, 25 – É inaugurado o Albergue Distrital.
• Dezembro, 24 a 31 de Dezembro – Concurso de Montras
promovido pelo semanário Correio de Portalegre, Câmara
Municipal, Grémio do Comércio e Comissão Municipal de
Turismo.
• August 18th – In the Bank of Portugal branch office the
new service of rented safes was inaugurated.
• August 26th – The cyclists in the 4th Tour of Portugal, in
the Évora – Portalegre stage, arrived in Portalegre.
• September 25th – In a supplement to the Diário do
Governo, II Series, the plan of the municipal roads of
the Portalegre District was published.
• September 29th – 3rd Symphonic Concert by the 1st
Gunners Regiment Band in the Portalegrense Theatre.
• October 23rd – The Minister of the Interior, António
Raul da Mata Gomes Pereira, visited various establishments offering assistance in Portalegre, and a reception
was held in the Quinta da Saúde.
• November 16th – To commence the work on the widening of the Elvas street, a wall and part of the quintal of
the Earls de Melo palace began to be demolished.
• November 29th – The Portalegrense Clinic, a Nursing
Home, was inaugurated.
1942
• Janeiro, 26 – Visita Portalegre do ministro do Interior, Dr. Mário
Pais de Sousa, em campanha eleitoral para as eleições presidenciais.
• Fevereiro, 9 – Por edital desta data, o governador civil Joaquim
Lino Neto proíbe nas ruas e nos recintos abertos quaisquer festejos carnavalescos.
• Março – Terminaram as obras de renovação total do café Alentejano, de José Joaquim Francisco Fernandes.
• Maio, 28 – Marcello Caetano, Comissário Nacional da Mocidade Portuguesa, visita Portalegre e o acampamento da Mocidade Portuguesa em Marvão.
• Junho, 20 – Festival «Verbena Azul», no campo de jogos do
Liceu, organizada pelo Grupo Desportivo Portalegrense e pela
Mocidade Portuguesa.
• December 2nd – O Diário do Governo nr. 275, 1st Series,
published decree nr. 23 282, which classified the city of
Portalegre as a tourist resort, embracing the whole district.
• December 21st – Demolition began on the Porta do
Postigo – popularly known as Arco da Serra – to widen
the road, and was later leaned up against the wall.
• December 23rd – The first Portalegre Planning and Tourist Commission, presided over by Dr. Galiano Tavares,
was installed.
1934
• April 4th – The Minister of Education, Alexandre Alberto de Sousa Pinto visited Portalegre accompanied by the
Director General of Primary Education.
170
• Junho – Julião Quintinha esteve em Portalegre ao serviço da
Revista de Turismo.
• Julho, 30 – João Villaret recita a «Toada de Portalegre», de José
Régio, no Teatro Nacional D. Maria II.
• Novembro – Inaugurado o novo café Vitória, de Manuel de
Carvalho Serra, Diogo Roque e Manuel Lourinho Júnior.
• Novembro, 5 – Constituída a Sociedade Ensimagem Limitada.
Grupo de trabalhadores que
participaram nas obras do Parque de
Miguel Bombarda (Corredoura).
1943
• Junho, 5 – Inaugurada a casa de pasto de Joaquim da Cruz
Baptista, na Rua de 31 de Janeiro.
• Julho – O lago do jardim da Corredoura (Parque de Miguel
Bombarda) é aberto como piscina, sendo publicado o respectivo regulamento.
• April 25th – The Portalegre City Council proclaimed
Salazar an honorary citizen of Portalegre.
• June – The II Prova de Resistência organised by the
O Volante newspaper and sponsored by the O Século
newspaper was passed to Portalegre.
• October 23rd – The Minister of the Interior, Captain
Gomes Pereira, visited Portalegre.
1935
• April 14th – The head Office of the Portalegre delegation
of the Liga dos Combatentes (i.e., Combatants’ League)
was inaugurated.
• May 26th, 29th, 30th to June 7th – Spring Festivals organised by the Associação de Futebol e Desportos Atléticos
(Association of Football and Athletic Sports), under the
patronage of the Planning and Tourist Commission.
• June – Monteiro do Amaral came to Portalegre to prepare a number of the magazine Expansão Portuguesa dedicated to the Portalegre District.
• June 20th – By decree nr. 25 523, of this date, all the
buildings which made up the Santa Clara convent were
classified as a national monuments.
• June 30th – Traffic was prohibited on the main avenues
of the Miguel Bombarda Park.
• August 18th – The “Troupe Jazz Eléctrica” was founded.
• August – The magazine A Revista Transtagana, of Évora,
dedicated its numbers 17 and 18, of August – September, to Portalegre.
• November 11th – The Monument to the Dead of the
Great War was inaugurated in the presence of the Minister of War, Abílio Augusto Valdez de Passos e Sousa.
Work of the Sculptor Henrique Araújo Moreira (Avintes,
Vila Nova de Gaia, 1890-1979).
171
1944
• Janeiro – Na Quinta de Santo António foi instalado o Instituto
Académico Adventista.
• Abril – Por falta de saúde da sua proprietária, Rosalina Vinte e
Um, anuncia-se a venda ou trespasse da Pensão Vinte e Um.
• Maio – A Câmara Municipal encarregou o arquitecto paisagista Caldeira Cabral, professor do Instituto Superior de Agronomia, de estudar o arranjo e repovoamento do Parque de Miguel
Bombarda.
• Maio •Esteve em Portalegre o fotógrafo Mário Novais, para
tirar fotografias destinadas a propaganda turística.
• Junho, 5 a 25 – Exposição da Vida Corporativa do Distrito
de Portalegre, patente no antigo edifício da Fábrica Real
(Colégio de São Sebastião). A inauguração contou com a presença do subsecretário de Estado das Corporações Trigo de
Negreiros.
• Julho, 23 – Homenagem a José Duro promovida por um grupo
de estudantes do Liceu, sendo erigido um banco-memória,
com medalhão, no Parque de Miguel Bombarda, projecto de
João Tavares.
• November 17th – In the Quinta de Santo António, the Asilo Escola Distrital de Infância Desvalida do Sexo Masculino Dr. Manuel Fernandes de Carvalho was inaugurated.
• December 9th – The Minister of War, Abílio de Passos e
Sousa, took part in an election rally in the Portalegrense
Theatre.
• The sixth extraordinary number of the magazine Expansão Portuguesa, dedicated to the district of Portalegre,
came out.
1936
• February 27th – The Minister of the Interior, Mário Pais
de Sousa, visited Portalegre.
• May – The Café Alentejano, from an original project
adapted by Benvindo Ceia, was opened.
• June 4th to 10th – The Spring Festivals, promoted by the
Planning and Tourist Commission, was held, coinciding
with the Cherry Fair.
• June 8th – The José Elias Martins bull ring, a project
by Joaquim de Carvalho Isaac, of which António Luís
Mamão was master builder, was inaugurated. It had
6,000 places.
• November – Miguel Jacobetty Rosa’s project for the
stadium, for bathhouses, changing rooms, toilets and
entertainment halls, was concluded.
1937
• January 11th – Building work on the Caixa Geral de
Depósitos building in the Elvas street began.
• March – News came out that a group of capitalists from
the north, interested by a project to turn the Penha Mountain and its chapel into a belvedere similar to the Bom
Jesus do Monte one in Braga, were to visit Portalegre.
172
Pensão 21. D. Rosalina, a proprietária,
com amigos e familiares.
• April 12th – The Minister of the Colonies, Doctor Fran-
Banco-monumento, homenagem
a José Duro. Projecto de João Tavares.
cisco Vieira Machado, visited Portalegre and travelled
around the tourist triangle.
• June 22nd – The tour for students of the Colonies to the
Metropolis, arrived in Portalegre and the students had
dinner at the Quinta da Saúde.
• July 6th – Big demonstration in the streets of Portalegre
in rejection of the attempt upon the life of Salazar.
• July 9th – Special service of rented cars to the Mountain
from the Dr. Frederico Laranjo square. It operated from
9.00 p.m. to midnight and the vehicles were to display
an appropriate symbol.
• August 24th – The Minister of the Interior, Doctor
Mário Pais de Sousa, visited Portalegre, and inaugurat-
• Julho – Prossegue a demolição do que restava da antiga igreja
de Santo André e de outros prédios arruinados.
• Outubro – Abre a Pensão Testa, de Manuel Soares Testa, na
Rua do Calvário n.º 6.
Dezembro – Na Avenida da Liberdade, ultimam-se os preparativos para a abertura da Casa da Mocidade.
ed a drinking fountain in the Miguel Bombarda Park. He
stayed at the Quinta da Saúde.
• November 7th – The new premises of the Police Headquarters in the city: commanding officer’s room, school, dormitory, mess hall, first aid post, etc. were inaugurated.
1938
1945
• Junho – O fotógrafo Rosiel coloca no seu estúdio um placard
intitulado «Actualidades gráficas de Portalegre», onde insere
fotografias da vida citadina.
• Junho – Abre a nova casa fotográfica de Francisco Leitão Realinho, junto aos Correios.
• Novembro, 14 – Visita do ministro da Economia, Clotário Supico Pinto Ribeiro, que preside a uma sessão de propaganda eleitoral no Teatro Portalegrense.
• Dezembro, 31 – Junto ao Parque Infantil do Parque Miguel
Bombarda, começou a funcionar um serviço de leitura, em
colaboração com a Comissão Municipal de Turismo.
173
• April 8th – At the Head Office of the Portalegre Planning
and Tourist Commission there was an exhibition of the
wooden maquette of the exhibition, by João Tavares,
which was to be constructed with the collaboration of
the district councils on the occasion of the Fire Brigade
Congress.
• May – In various numbers the weekly newspaper
A Rabeca published Luís Gomes’s work Ciceroneando um
Forasteiro, which also came out in a leaflet on the occasion of the Spring Festivals.
• June 5th to 12th – Spring Festivals and Fire Brigade
National Congress.
1946
• Fevereiro, 11 – Venda pela Câmara Municipal de Portalegre de
terrenos no lado oriental da Avenida da Liberdade e Tapada de
D. Fernando, para construção da Cidade Nova.
• Junho, 23 – Exposição de Flores no Grémio da Lavoura.
• Setembro, 26 – Constituída a sociedade «Tapetes de Portalegre Ltd.ª », por Manuel Celestino Peixeiro, Manuel, Francisco e
Guy Fino.
• Dezembro, 8 – Inaugurada a Casa de Saúde Madalena Sampaio,
iniciativa do Dr. José Forjaz de Sampaio.
• June 7th – The Belvedere of the Mountain, a project by
the architect Jacobetty Rosa was inaugurated.
• August 9th – The 7th Bicycle Tour of Portugal, organised by the Diário de Notícias and the newspaper Sports,
arrived in Portalegre.
• October 29th – The Minister of the Colonies, Doctor Vieira Machado, visited Portalegre to participate in an electoral propaganda meeting in the Portalegrense Theatre.
The session was broadcast by the National Broadcaster.
1939
A cidade nova.
• January 1st – The “Retiro da Severa”, belonging to Celestino Aires, was inaugurated in the Oliveira street with
a fado show, in which Lucília do Carmo sang.
1947
• Janeiro – A revista Turismo dedica a Portalegre o seu número
71, Janeiro a Março de 1947.
• Abril, 11 – O ministro do Interior, Eng.º Cancela de Abreu, visitou Portalegre.
• Maio, 16 – O ministro das Obras Públicas, Eng.º José Frederico Ulrich, acompanhado pelo director-geral da Urbanização,
Director dos Edifícios e Monumentos Nacionais, visitou diversas obras públicas em Portalegre.
174
• Novembro, 6 – esteve em Portalegre o Eng.º Daniel Vieira Barbosa, ministro da Economia, acompanhado pelo subsecretário
de Estado do Comércio e Indústria, reunindo com os presidentes dos Grémios da Lavoura do distrito.
1948
• Janeiro, 24 – Inaugurado o Centro de Assistência Social na
Fontedeira.
• Abril, 12 – Visita do ministro do Interior, Cancela de Abreu,
acompanhado pelo subsecretário de Estado das Corporações e da Assistência e pelo Dr. José Manuel da Costa, tendo percorrido diversos estabelecimentos de assistência da
cidade.
• Abril, 29 – Inaugurada a Escola da Fontedeira.
• Junho – Inaugurado o Café «O Leão de Ouro», de Manuel Velez
Madeira.
• Julho, 1 – Abre o 1.º Congresso da Juventude Adventista Portuguesa, na Quinta de Santo António, com a presença de 300
participantes.
• Julho – Sai o fascículo no 3 do volume I da série Portugal Turístico. Cidades e Vilas do Império, dedicado a Portalegre, com texto
de Casimiro Mourato e fotografias de Mário Novais.
• February – The Estrada da Serra (i.e., Mountain Road)
came under the jurisdiction of the Junta Autónoma das
Estradas (i.e., Autonomous Board for Roads).
• August 9th – The 7th Bicycle Tour of Portugal arrived in
Portalegre.
Escola da Fontedeira.
• December 18th – The limited company “Francisco Fino
Ltd”, was established by Francisco de Sales Fino and Frederico Pereira Jardim.
1940
• April 29th – The Minister for Education, Carneiro
Pacheco came to Portalegre and visited schools, the belvedere and the Quinta da Saúde, where he had lunch.
• June 10th – The Children’s Park in the Miguel Bombarda
Park was inaugurated.
175
Setembro, 26 – É lançada a primeira pedra do Centro de Assistência Social e Creche, na Rua de Alexandre Herculano
• November 9th – The new Caixa Geral de Depósitos building,
in the Elvas street was inaugurated with no formalities.
• November 17th – The “Troupe Jazz Ideal” played for the
1949
• Maio, 24 – Visitam Portalegre os finalistas da Escola do Magistério Primário de Cáceres.
• Agosto – A Câmara Municipal anulou os mercados que decorriam ao Sábado na Avenida da Liberdade, passando a realizar-se também na Praça da República.
• Agosto, 21 – Começam as obras de construção do novo mercado municipal.
• Outubro – São postas à venda ao preço de $50 cada as vinhetas promocionais das Festas Centenárias a decorrer no ano
seguinte.
• Novembro, 7 – Visita do ministro das Obras Públicas, Eng.º José
Frederico Ulrich, que reuniu com os presidentes das Câmaras
Municipais do distrito.
first time.
• December 12th – The houses at the end of Elvas street
began to be demolished to widen the road.
1941
• April 28th – Demonstration in homage of Salazar, with a
march through the streets, from the Liberdade avenue to
the Local Government offices.
• August 16th – The 10th Bicycle Tour of Portugal passed
through Portalegre.
• November 16th – The first Community Centre in the
district of Portalegre was inaugurated in Alegrete.
• November 17th – Engineer Duarte Pacheco, Minister
of Public Works and Communications, accompanied
by Architect Baltazar da Costa, General Director of the
1950
• Março – a Câmara Municipal de Portalegre decidiu mudar o
feriado municipal de 1 de Maio para 23 do mesmo mês.
• Maio, 23 a 10 de Junho – grandes festividades comemorativas
do 4.º Centenário da Elevação de Portalegre a Cidade, com a
presença do ministro do Interior, Cancela de Abreu.
• Junho – A revista Viagem dedica a Portalegre e às festas Centenárias o seu n.º 116.
• Junho, 10 – o número da revista Notícias de Portugal, Boletim
Semanal do Secretariado Nacional da Informação, dedica a sua
capa a Portalegre.
• Julho, 12 – 1.ª Festival de A Rabeca no estádio da Fontedeira,
em benefício do arranjo do plátano do Rossio.
• Julho, 21 – O jornal A Rabeca lança a ideia de constituição de
uma Liga dos Amigos da Cidade.
National Monuments, came from Castelo Branco to visit Portalegre.
• December 25th – The District Home was inaugurated.
• December 24th to 31st – Shop Windows Competition
promoted by the weekly newspaper Correio de Portalegre,
City Council, Grémio do Comércio (Trade and Commerce
Guild) and the Planning and Tourist Commission.
1942
• January 26th – The Minister for the Interior, Doctor
Mário Pais de Sousa, visited Portalegre in the election
campaign for the presidential elections.
• February 9th – By a proclamation of this date, the local
governor, Joaquim Lino Neto, forbade any Carnival festivities in the streets and open spaces.
176
• March – The total renovation work on the café Alentejano, belonging to José Joaquim Francisco Fernandes,
was finished.
• May 28th – Marcello Caetano, National Commissioner
for Mocidade Portuguesa (Portuguese Youth), visited
Portalegre and the Portuguese Youth camped in Marvão.
• June 20th – “Verbena Azul” Festival on the secondary
school playing field, organised by the Grupo Desportivo
Portalegrense (Portalegre Sport Group) and the Portuguese Youth.
• June – Julião Quintinha was in Portalegre in the service
of the magazine Revista de Turismo.
• July 30th – João Villaret recited the “Toada de Portalegre”, by José Régio, in the D. Maria II National
Theatre.
• November – The new café Vitória, belonging to Manuel
de Carvalho Serra, Diogo Roque and Manuel Lourinho
Junior was inaugurated.
• November 5th – The Sociedade Ensimagem Limitada
was established.
1943
• June 5th – The Joaquim da Cruz Baptista pastry house,
in the 31 de Janeiro street was inaugurated.
• July – The pond in the Corredoura Garden (Miguel Bom-
Orquestra Ferrugem.
barda Park), with swimming pool, was opened, and the
• Agosto, 9 – 2.º Festival de A Rabeca, no mesmo local e com o
mesmo propósito.
• Setembro, 6 – 3.º Festival de A Rabeca, no mesmo local e com o
mesmo propósito.
• Dezembro, 20 – São aprovados os estatutos do Grupo dos Amigos de Portalegre
177
respective regulations were published.
1944
• January – The Instituto Académico Adventista (Adventist Academic Institute) was installed in the Quinta de
Santo António.
• April – Due to bad health of the proprietor, Rosalina
Vinte e Um, the sale or conveyance of the Vinte e Um
guesthouse was announced.
• May – The City Council charged the landscape architect Caldeira Cabral, professor at the Agronomy Superior Institute, to study the disposition and rearrangement
of the Miguel Bombarda Park.
• May – The photographer Mário Novais was in Portalegre, to take photographs for tourist advertising.
• June 5th to 25th – Exhibition of Corporative Life in
the District of Portalegre, held in the old building of
the Fábrica Real (São Sebastião, i.e., Saint Sebastian
School). The inauguration was attended by the undersecretary of State for Corporations, Trigo de Negrei-
1951
• Maio – Reabre o Cedro-Bar, no Passeio Público.
• Junho, 20 – 4.º Festival do jornal A Rabeca, a favor do arranjo
do Plátano do Rossio.
• Julho, 11 – 5.º Festival do jornal A Rabeca a favor do arranjo do
Plátano do Rossio.
• Setembro, 26 – Inaugurado o Centro de Assistência Social (Rua
de Santo André), pelo Ministro do Interior, Joaquim Trigo de
Negreiros.
• Dezembro, 4 e 5 – Programa dos «Companheiros da Alegria»,
de Igrejas Caeiro, transmitido de Portalegre.
ros.
• July 23rd – Homage to José Duro promoted by a group
of students from the secondary school, and a memorial
bench was built, with a medallion, in the Miguel Bombarda Park, a project of João Tavares.
• July – The demolition of the remains of the old Santo
André (Saint Andrew) church and other ruined buildings continued.
• October – The Testa guesthouse, belonging to Manuel
Soares Testa, at 6 Calvário street was opened.
• December – In the Liberdade avenue, preparations for
the opening of the Casa da Mocidade (Youth House)
1952
• Janeiro – Começa a carreira de camioneta da «Setubalense»
entre Castelo de Vide e Castelo Branco, com ligação de Castelo de Vide a Portalegre. Possibilitava a ligação aos comboios da
Beira Baixa.
• Março, 1 – A carreira de camioneta para a estação de Portalegre
da empresa Murta, que era só aos Domingos, passa a ser diária.
were finished.
1945
• June – The photographer Rosiel placed a board entitled “Actualidades gráficas de Portalegre” (Portalegre
Graphich Trends) in his studio, where he inserted photographs of city life.
178
O Cedro-Bar.
• June – Francisco Leitão Realinho’s photography shop
opened, next to the Post Office.
• November 14th – Visit by the Minister of Economy,
Clotário Supico Pinto Ribeiro, who presided over an electoral campaign session in the Portalegrense Theatre.
• December 31st – A reading facility, in collaboration
with the Planning and Tourist Commission, next to the
Children Park in the Miguel Bombarda Park, began to
operate.
1946
• February 11th – Sale by the Portalegre City Council of
land to the east of the Liberdade avenue and the Tapada de D. Fernando (reserve), for the construction of the
Cidade Nova (New City).
• Junho, 6 e 7 – Nova emissão dos «Companheiros da Alegria»
a partir do Cine-Parque.
• Agosto – A Pensão Alto Alentejo subiu de categoria, sendo
agora denominada «Mansão Alto Alentejo».
• Setembro, 10 – Visita a Portalegre do governador civil de Badajoz, Pedro Beillon Uiarte, com passeio à Serra.
•A Comissão Municipal de Turismo adquire uma tapeçaria de
João Tavares destinada à sua sede.
• Outubro, 1 – É inaugurada a sala de espectáculos da Fundação Nacional para a Alegria no Trabalho, no Parque de Miguel
Bombarda.
• June 23rd – Flower Exhibition in the Grémio da lavoura
(Farmers’ Guild).
• September 26th – The company “Tapetes de Portalegre
Ltd.ª ” (Portalegre Carpets), established by Manuel Celes
tino Peixeiro, Manuel, Francisco and Guy Fino.
• December 8th – The Madalena Sampaio Nursing Home,
an initiative of Doctor José Forjaz de Sampaio, was inaugurated.
1947
• January – The magazine Turismo dedicated its number
71, January to March, 1947, to Portalegre.
1953
• Fevereiro – A empresa de Viação Murta adquire um autocarro
«Maudslay».
• Setembro, 26 a 28 – Comemoração do I Centenário da 1.ª Exposição Pecuária do País, que se realizou em Portalegre em 14 de
Setembro de 1853.
179
• April 11th – The Minister of the Interior, Engineer Cancela de Abreu, visited Portalegre.
• May 16th – The Minister of Public Works, Engineer José
Frederico Ulrich, accompanied by the General Director
for Town Planning, Director of National Buildings and
Monuments, visited various public works in Portalegre.
• Novembro – A revista Turismo dedica a Portalegre o seu número 107, de Novembro.
• Outubro, 8 – É constituída a empresa de camionagem Luís da
Trindade Martins Murta & Filhos Ltd.ª .
• Dezembro, 8 – Lançada a primeira pedra do Seminário Maior
de Portalegre.
• November 6th – Engineer Daniel Vieira Barbosa,
Minister of Economy, went to Portalegre accompanied by the Undersecretary of State for Commerce
and Industry, and they had a meeting with the presidents of the Grémios da Lavoura (Farmers Guilds) of
the district.
1948
• January 24th – Inauguration of the Social Assistance
Centre in Fontedeira.
• April 12th – Visit of the Minister of the Interior, Cancela de Abreu, accompanied by the Undersecretary of
State for Corporations and Social Security and Doctor
José Manuel da Costa, who went to visit various relief
organisations in the city.
• April 29th – Inauguration of the Fontedeira School.
• June – Inauguration of the Café “O Leão de Ouro”
(i.e., The Golden Lion), belonging to Manuel Velez
Madeira.
• July 1st – The 1st Congress of the Portuguese Adventist
Youth opened in the Quinta de Santo António, with 300
participants.
• July – Fascicle nr. 3 of volume I of the series Portugal
Turístico. Cidades e Vilas do Império, dedicated to Portalegre, with text by Casimiro Mourato and photographs by
Mário Novais, came out.
• September 26th – The first stone was laid at the Social
Assistance Centre and Nursery, in the Alexandre Herculano street.
1949
• May 24th – The graduate students of the Cáceres Primary School visited Portalegre.
180
1954
• Janeiro, 7 – É arrematada a construção de 36 moradias na tapada de D. Fernando. Toma corpo a chamada «Cidade Nova».
• Abril, 11 – Visita Portalegre o ministro da Justiça Doutor Cavaleiro Ferreira, a propósito das obras do novo Tribunal.
• Julho – Decorrem obras no edifício da Estação de Serviço
Facha, para instalação de um café e de dois pisos suplementares.
• August – The City Council closed the markets held on
Saturdays on the Liberdade avenue, and they were continued in the República square.
• August 21st – The construction work on the new market
began.
• October – The advertising vignettes for the Centenary
Celebrations to take place in the following year were put
on sale at a price of $50 (0,0025 €) each.
• November 7th – The Minister for Public Works, Engi-
Estação de Serviço Facha.
neer José Frederico Ulrich, came on a visit to meet all
the City Council presidents of the district.
1950
• March – The Portalegre City Council decided to change
the municipal holiday from May 1st to the 23rd of the
same month.
• May 23rd to June 10th – Great festivities to commemorate the 4th centenary of the raising of Portalegre to the
grade of city, with the presence of the Minister of the
Interior, Cancela de Abreu.
• June – The magazine Viagem dedicated its nr. 116 to
Café Facha.
Portalegre and the Centenary Celebrations.
• June 10th – The number of the magazine Notícias de Portugal, the weekly bulletin of the National Secretariat for
Information, dedicated its cover to Portalegre.
• July 12th – 1st Festival of A Rabeca in the Fontedeira stadium, to cover the treatment of the trees in
Rossio.
• July 21st – The newspaper A Rabeca came up with the
idea of establishing the Liga dos Amigos da Cidade
(League of Friends of the City).
• August 9th – 2nd A Rabeca Festival, in the same place, for
the same reason.
181
• September 6th – 3rd A Rabeca Festival, in the same place,
for the same reason.
Inauguração do Mercado Municipal.
• December 20th – The statutes for the Grupo de Amigos de Portalegre (Portalegre Group of Friends) were
approved.
1951
• May – The Cedro-Bar, on the Promenade reopened.
• June 20th – 4th Festival of the newspaper A Rabeca, for
the treatment of the plane tree in Rossio.
• July 11th – 5th Festival of the newspaper A Rabeca, for
the treatment of the plane tree in Rossio.
• September 26th Inauguration of the Social Assistance
Centre (Santo André street), by the Minister of the Interior, Trigo de Negreiros.
• December 4th and 5th – Programme of the “Companheiros da Alegria”, by Igrejas Caeiro, transmitted
from Portalegre.
1952
• January – The bus route “Setubalense” between Castelo
de Vide and Castelo Branco, with connection from Cas-
• Outubro, 10 – É inaugurado o arranjo da Fonte dos Amores,
velho projecto de Miguel Jacometty. O grupo escultórico em
cimento patinado foi executado por Manuel de Jesus Lopes, de
Vila Viçosa.
• Dezembro, 12 – É inaugurado o novo mercado municipal.
telo de Vide to Portalegre, began. This enabled connection with the Beira Baixa trains.
• March 1st – The bus route to Portalegre station of the firm
Murta, which had only been on Sundays, became daily.
• June 6th and 7th – New emission of the “Companheiros
da Alegria” at the Cine-Parque.
1955
• Janeiro – Na sede do SNI, em Lisboa, estiveram expostos desenhos de José Rodrigues Neves e fotografias de Mário Novais,
numa iniciativa da Comissão Municipal de Turismo de Portalegre.
Mercado Municipal.
• August – The Alto Alentejo guesthouse went up in category, to be called “Mansão Alto Alentejo”.
• September 10th – The local governor of Badajoz, Pedro
Beillon Uiarte, came to Portalegre, and made a tour of
the Mountain.
182
• Fevereiro, 1 – É inaugurada a estação de serviço da CEGREL.
• Maio – Circula na cidade a notícia de que um grupo de capitalistas pretende construir um hotel.
• Maio, 28 – É inaugurado o novo edifício do Tribunal Judicial de
Portalegre.
• Junho, 1 – Começaram as obras do novo edifício da Escola
Industrial e Comercial.
• Junho, 5 – É inaugurado o Monumento ao Bombeiro, na Praceta do Bairro Dr. Oliveira Salazar, em plena «Cidade Nova».
• The Planning and tourist Commission acquired a tapestry by João Tavares for its head office.
• October 1st – The entertainment hall of the Fundação
Nacional para a Alegria no Trabalho (i.e., the Joy at
Work National Foundation), in the Miguel Bombarda
Park, was inaugurated.
1953
• February – The transport company Murta bought a
“Maudslay” bus.
O novo Tribunal.
• September 26th to 28th – Celebration of the 1st Centenary of the 1st Cattle Breeding Exhibition in the Country,
which took place in Portalegre on September 14th, 1853.
• November – The magazine Turismo dedicated its number
107, of November, to Portalegre .
• October 8th – The transport company Luís da Trindade
Martins Murta & Filhos Ltd. was established.
• December 8th – The first stone of the Portalegre Seminário Maior was laid.
1954
• January 7th – The construction of 36 villas in the D. Fernando reserve was approved. It was to be called “Cidade
Nova” (New City).
• April 11th – The Minister for Justice, Doctor Cavaleiro
Ferreira visited Portalegre because of the work on the
new court of justice.
• July – Work was done to the Facha Service Station building, for a café and two extra floors.
• October 10th – Work on the Fonte dos Amores (Fountain of Love), Miguel Jacometty’s old project, began.
The sculpture group in smoothed cement was done by
Manuel de Jesus Lopes, from Vila Viçosa.
183
• Outubro, 23 – Inaugurado o novo edifício do Seminário Maior
de Portalegre, com a presença do Cardeal Patriarca de Lisboa,
D. Manuel Gonçalves Cerejeira. O projecto é do arquitecto
Vasco Palmeira.
• December 12th – The new municipal market was inaugurated.
1955
• January – At the headquarters of the SNI, in Lisbon,
1956
• Setembro, 29 – Inauguração do Cine-Teatro Crisfal, pela Companhia de Amélia Rey-Colaço Robles Monteiro. Projecto do
arquitecto Domingos Alves Dias e iniciativa do empresário
João Nunes Sequeira.
drawings by José Rodrigues Neves and photographs by
Mário Novais, were on exhibition on the initiative of the
Portalegre Municipal Tourist Commission.
• February 1st – Inauguration of the CEGREL service
station.
• May – News went around the city that a group of capitalists intended to build a hotel.
• May 28th – Inauguration of a new building for the Portalegre Court of Justice.
• June 1st – Work on the new Industrial and Commercial
School building began.
• June 5th – Inauguration of the Monumento ao Bombeiro
(Fireman’s Monument), in the Praceta do Bairro Dr. Oliveira Salazar, in the very centre of the “Cidade Nova”.
• October 23rd – Inauguration of the new building for the
Portalegre Seminário Maior, with the presence of the
Cardinal of Lisbon, Don Manuel Gonçalves Cerejeira.
The project was by the architect Vasco Palmeira.
1956
• September 29th – Inauguration of the Cine-Teatro Crisfal, by the Amélia Rey-Colaço Robles Monteiro Company. Project by the architect Domingos Alves Dias on the
initiative of the businessman João Nunes Sequeira.
1957
• January 5th – Founding of the AMICITIA, Portalegre
Cultural Group, which for a decade was to have a lot of
184
1957
• Janeiro, 5 – É fundado o AMICITIA, Grupo Cultural de Portalegre, que desenvolverá durante uma década uma importante
actividade, organizando exposições, edições e colóquios.
• Janeiro, 23 – Festa dedicada a todos os portalegrenses em Lisboa, no salão de festas do Cinema Promotora.
• Fevereiro – A «Transportadora Setubalense», de João Cândido
Belo & Ca passa a servir Portalegre em substituição da Empresa Murta.
• Maio, 7 – Sarau «Robbialac» no cine-Teatro Crisfal. A Empresa ofereceu a «Canção de Portalegre», com letra de Gentil Marques e música de Ferrer Trindade.
•Está em organização o Clube de Ténis de Portalegre.
• Primeiras experiências de recepção da televisão, na Quinta da
Saúde.
1958
• Março, 23 – Visita a Portalegre dos ministros das Corporações
e Previdência Social, Doutor Henrique Veiga de Macedo, e das
Obras Públicas, Eng.º Arantes e Oliveira.
• Abril, 9 – Começam as aulas no novo edifício da Escola Industrial e Comercial, ainda antes da inauguração.
activity, organising exhibitions, publications and conferences.
• January 23rd – Festivities for all those from Portalegre
in Lisbon, in the entertainments room of Cinema Promotora.
Escola Industrial e Comercial.
• February – “Transportadora Setubalense”, belonging to
João Cândido Belo & Ca went over to serving Portalegre
in place of the firm Murta.
• May, 7th – “Robbialac” evening entertainment in the
cine-Teatro Crisfal. The firm offered the “Canção de
Portalegre” (Song of Portalegre), with lyrics by Gentil
Marques and music by Ferrer Trindade.
• The Portalegre Tennis Club was organised.
• First experiments of television reception at the Quinta
da Saúde.
185
• Abril, 29 – São publicados pelos CTT 8 postais alusivos a Portalegre, com aguarelas de João Tavares.
• Junho, 5 – Pelo ministro da Educação Nacional, Doutor Leite
Pinto, foi inaugurado o novo edifício da Escola Industrial e
Comercial.
•Pelos Serviços Técnicos de Publicidade, de Lisboa, é publicado
o Guia Regional do Alentejo, com amplas referências a Portalegre.
1959
• Maio, 29 – Visita a Portalegre do Ministro da Educação, Prof.
Leite Pinto.
• Junho, 9 – Inauguração do novo edifício do Colégio de Santo
António.
• Julho, 3 e 4 – Visita do Ministro das Corporações, Dr. Veiga de
Macedo.
• Novembro, 11 – Começam as aulas na Escola do Magistério
Primário de Portalegre
1958
• March 23rd – The Ministers of Corporations and Social
Security, Doctor Henrique Veiga de Macedo, and of Public Works, Engineers Arantes and Oliveira visit Portalegre.
• April 9th – Classes in the new building of the Industrial
and Commercial School began, even before its inauguration.
• April 29th – 8 allusive postcards of Portalegre were published by the CTT (Post Office), with watercolours by
João Tavares.
• June 5th – The new building of the Industrial and Commercial School was inaugurated by the Minister for
National Education, Doctor Leite Pinto.
Colégio Santo António.
186
• The Guia Regional do Alentejo (Regional Guide to Alentejo) was published by the Technical Advertising Services,
in Lisbon, with extensive reference to Portalegre.
1959
• May 29th – The Minister for Education, Professor Leite
Pinto visited Portalegre.
• June 9th – Inauguration of the new Santo António (Saint
Anthony) School building.
• July 3rd and 4th – Visit by the Minister of Corporations,
Doctor Veiga de Macedo.
• November 11th – Classes began at the Portalegre Primary School.
• The magazine Roteiro de Portugal, in Oporto, dedicated
the cover of its winter number to Portalegre.
1960
• The Portalegre Cineclube, Portalegre Centro de Cultura Cinematográfica (Cinematographic Culture Centre),
was founded.
• February 15th – The new centre of “Transportadora
A Setubalense”, began to operate on the Penha road.
• June 18th to 21st – The Minister of the Interior, Arnaldo
Schultz, was in Portalegre and stayed at the Quinta da
Saúde.
• A revista Roteiro de Portugal, do Porto, dedica a Portalegre a
capa do seu número de Inverno.
• August 10th – The painter Vieira da Silva and her husband, Arpad Szenes, visited Portalegre on the invitation of the industrialist Guy Fino, director of Portalegre
1960
• É fundado o Cineclube de Portalegre, Centro de Cultura Cinematográfica de Portalegre.
• Fevereiro, 15 – Começa a funcionar a nova central da «Transportadora A Setubalense», na estrada da Penha.
187
Manufactura de Tapeçarias (Tapestry Producers).
1961
• January 3rd – The urban municipal bus routes began to
operate, with three units.
• May 11th – “Noite Portalegrense” in Lisboa, in the main
hall of the Sociedade Promotora de Educação Popular
(Popular Education Promoting Society), in the Fontaínhas square.
• May 23rd – The João Cândido Belo & Cia Transport
Company decided to have a business day with a trip to
the Portalegre Mountain.
• May 30th and 31st – The President of the Republic,
Admiral Américo Thomaz, visited Portalegre and stayed
at the Quinta do Rosal, on the Mountain.
• June 10th – After a break of two years, the Festas do
Comércio e dos Empregados de Escritório (i.e., the Festivities of Trade and Office Workers) started again at the
Quinta da Saúde.
• December 19th – The new bus route of the municipal
• Junho, 18 a 21 – Esteve em Portalegre o ministro do Interior,
Arnaldo Schultz, ficando instalado na Quinta da Saúde.
• Agosto, 10 – A pintora Vieira da Silva e o seu marido, Arpad
Szenes, visitam Portalegre a convite do industrial Guy Fino,
director da Manufactura de Tapeçarias de Portalegre.
services of Volta à Serra began.
1962
• February – The Municipal Museum was set up in the old
Seminary building, next to the Cathedral.
• June 26th – Work on the levelling of the land for the
1961
• Janeiro, 3 – Começaram a funcionar as carreiras de autocarros
urbanos municipais, com três unidades.
• Maio, 11 – «Noite Portalegrense» em Lisboa, no salão nobre da
Sociedade Promotora de Educação Popular, no Largo das Fontaínhas.
• Maio, 23 – A Empresa de Camionagem de João Cândido Belo
& Cia decidiu realizar o dia da empresa com um passeio à Serra
de Portalegre.
• Maio, 30 e 31 – Visita a Portalegre do Presidente a República, almirante Américo Thomaz, que ficou alojado na Quinta do
Rosal, na Serra.
future municipal stadium began.
• August – The new Cooperative Cellar building came into
operation.
1963
• February – The building of a new hotel was announced,
involving the construction companies Associados do
Alto Alentejo, Sacor, and the Portalegre City Council, which was to be in the Liberdade avenue, where the
Health Delegation building was.
• May 30th and 31st and June 1st – The President of the
Republic, Admiral Américo Thomaz, visited Portalegre.
188
Esplanada do Café Luso (anos 60).
• Jun, 15th and 16th – Coming from Elvas, the President
Visita presidencial (1963).
of the Republic went to Portalegre again, and made a visit to the Manufactura de Tapeçarias (Tapestry Producers).
1964
• January – The City Council ordered shelters to be put up
at the bus stops.
• May 23rd – On this day the Portalegre City Council took
over the organisation of the City Festivals.
• June 10th – Portalegre Festivities of Trade and Office
Workers in the Fontedeira stadium and the Quinta a
saúde.
• June 13th and 14th – The Minister of Corporations and
• Junho, 10 – Depois de dois anos de interrupção, voltam a realizar-se as Festas do Comércio e dos Empregados de Escritório
na Quinta da Saúde.
• Dezembro, 19 – Começa a nova carreira de autocarro dos serviços municipalizados da Volta à Serra.
Social Security, Doctor José Gonçalves de Proença, visited Portalegre.
• August 13th – José Régio and Doctor Francisco Fino,
Vice-president of the executive committee, went to the
Portalegre City Council for the drawing up of a purchase
contract for the contents of the future Casa-Museu do
1962
• Fevereiro – O Museu Municipal foi instalado no edifício do
antigo Seminário, junto à Sé.
• Junho, 26 – Começaram os trabalhos de terraplenagem do
futuro estádio municipal.
• Agosto – Começa a funcionar o novo edifício para a Adega Cooperativa.
1963
• Fevereiro – Anuncia-se a próxima construção de um hotel, envolvendo a empresa Construtores Associados do Alto Alentejo, a
Sacor, a Câmara Municipal de Portalegre, que se situaria na Avenida da Liberdade, onde estava o edifício da Delegação de Saúde.
189
Poeta (Poet’s House-Museum) by the Portalegre town
council.
• Maio, 30 e 31 e 1 de Junho – Visita a Portalegre do Presidente
da República, almirante Américo Thomaz.
• Junho, 15 e 16 – vindo de Elvas, o Presidente da República
vem de novo a Portalegre, visitando a Manufactura de Tapeçarias.
Visita presidencial (1963).
1965
• May 23rd to June 5th – 1st International Show of
Portalegre Photographic Art, under the initiative of
AMICITIA, Portalegre Cultural Group.
• Inauguration of the Rádio Clube Português retransmitter on the Serra.
• August – The decree for the creation of the Portalegre
Mental Health Centre, to be installed in the old Santo
António (Saint Anthony) convent, was published.
1966
• March 1st – The Banco Espírito Santo opened a branch
at 95 Liberdade avenue.
• April 2nd – Visit of the Minister of Corporations, Doctor
Gonçalves de Proença.
190
Visita do Presidente da República
à Manufactura de Tapeçaria,
com Guy Fino.
Café-Restaurante Tarro.
Piscina Municipal.
1964
• Janeiro – a Câmara Municipal manda colocar abrigos nas paragens dos autocarros.
• Maio, 23 – A Câmara Municipal de Portalegre passa a organizar
nesta data as Festas da Cidade.
• Junho, 10 – Festa do Comércio e Escritórios de Portalegre no
Estádio da Fontedeira e Quinta da Saúde.
• Junho, 13 e 14 – Visita a Portalegre do ministro das Corporações e Previdência Social, Doutor José Gonçalves de Proença.
• Agosto, 13 – Na Secretaria da Câmara Municipal de Portalegre compareceram José Régio e o Dr. Francisco Fino, Vice-presidente do executivo, sendo lavrada a escritura de compra pela
edilidade portalegrense do recheio da futura Casa-Museu do
Poeta.
1965
• Maio, 23 a 5 de Junho – I Salão Internacional de Arte Fotográfica de Portalegre, iniciativa do AMICITIA, Grupo Cultural de
Portalegre
• Inaugurado na Serra o retransmissor do Rádio Clube Português.
• Agosto – É publicada a portaria que cria o Centro de Saúde
Mental de Portalegre, que ficará instalado no antigo convento
de Santo António.
1966
• Março, 1 – Abriu na Avenida da Liberdade n.º 95 a agência do
Banco Espírito Santo.
• Abril, 2 – Visita do ministro das Corporações, Doutor Gonçalves de Proença.
• Abril, 24 – Visita do ministro das Obras Públicas, Eng.º Arantes e Oliveira, onde visitou diversas obras em curso como o
café-restaurante da Avenida (Tarro), o estádio e a piscina.
191
• April 24th – Visit of the Minister of Public Works, Engineer Arantes e Oliveira, who visited various work under
way on the café-restaurant in the Avenida (Tarro), the
stadium and the swimming pool.
• May 17th – The president of the Republic, Admiral
Américo Thomaz, inaugurated the FINICISA industrial
unit, Fibras Sintéticas SARL.
• September 13th – Inauguration of Portalegre Municipal
Swimming pool, with the presence of the Minister of the
Interior, Santos Júnior, the Secretary of State of Public Works and the Director General for Sport. Activities
within the celebrations for the 40th anniversary of the
National Revolution.
• Maio, 17 – O presidente da República, almirante Américo Thomaz, inaugura a unidade industrial FINICISA, Fibras Sintéticas SARL.
• Setembro, 13 – É inaugurada a Piscina Municipal de Portalegre, com a presença do ministro do Interior, Santos Júnior, do
secretário de Estado das Obras Públicas e do director-geral dos
Desportos. Actos integrados nas comemorações do 40.º aniversário da Revolução Nacional.
• Nunes Torrão publica em Castelo Branco o volume Portalegre.
Suas Actividades comerciais, industriais e turísticas, com distribuição gratuita.
1967
• Fevereiro, 15 – A Câmara Municipal de Portalegre aprova o Regulamento de Fiscalização e Cobrança de Imposto de Turismo.
• É fundado o Grupo Típico do Bairro da Boavista.
Rancho da Boavista: desfile
etnográfico.
192
1968
• Fevereiro, 4 – Visitou Portalegre um grupo de 80 bolseiros do
Instituto de Obras Sociais, acompanhados pelo presidente da
instituição, o antigo ministro Henrique Veiga de Macedo.
• Agosto, 17 – Começa na Serra de Portalegre o V Jamboree,
13.º Acampamento Nacional de Escuteiros.
• Dezembro – Foi apresentada a maqueta do novo hotel a construir na Fontedeira, projecto do arquitecto Cruz Homem.
• Dezembro, 9 – Abre em Portalegre uma agência do Banco da
Agricultura.
• In Castelo Branco, Nunes Torrão published the book Portalegre. Suas Actividades comerciais, industriais e turísticas,
(Portalegre. Its commercial, industrial and tourist Activities) for free distribution.
1967
• February 15th – The Portalegre City Council approved
the Regulations on Budget and Tourist Tax Collection.
• The Grupo Típico do Bairro da Boavista (Typical Group
of Boavista neighbourhood) was founded.
1969
• Começou a funcionar a Escola Preparatória de Cristóvão Falcão.
• Março, 23 – Visita a Portalegre do ministro as Corporações e
Previdência Social, Doutor Gonçalves de Proença, nomeadamente ao bairro de São Cristóvão.
• Maio, 23 – Visita a Portalegre do Presidente da República, almirante Américo Thomaz, procedendo à inauguração do Centro
de Saúde Mental e do Pavilhão Gimno-desportivo.
• Maio, 25 – É fundado o Grupo Forcados de Portalegre.
1968
• February 4th – A group of 80 scholarship holders from
the Institute of Social Work visited Portalegre, accompanied by the president of the institution, ex-minister
Henrique Veiga de Macedo.
• August 17th – The Vth Jamboree, 13th National Scouts’
Encampment on Portalegre Mountain began.
• December – The maquette of the new hotel to be built in
Fontedeira was presented, project of the architect Cruz
Visita presidencial (1969).
Homem.
• December 9th – A branch of the Banco da Agricultura
opened in Portalegre.
1969
• The Cristóvão Falcão Preparatory School began to
function.
• March 23rd – The Minister of Corporations and Social
Security, Doctor Gonçalves de Proença, visited Portalegre, namely the São Cristóvão quarter.
• May 23rd – The President of the Republic, Admiral
Américo Thomaz, visited Portalegre to preside over
193
1970
• É inaugurado o posto de concentração e tratamento de leite de
Portalegre (Central Leiteira).
• Maio, 23 – O secretário de Estado do Trabalho e Previdência
Social, Dr. Joaquim Paulo Dias da Silva Pinto, inaugurou 110
moradias no bairro de São Cristóvão (Atalaião).
• Junho, 14 – É lançada a primeira pedra do futuro Hotel
D. João III, iniciativa da empresa Jorge & Soares Ld.ª , de
Fernando Afonso Soares e Alberto Jorge. Com um orçamento previsto de 16 000 contos e um prazo de execução de 18
meses, virá a custar 24 000 contos.
the inauguration of the Mental Health Centre and the
Sports and Gymnastics Pavilion.
• May, 25th – The Portalegre Grupo de Forcados (Bull
Jumping Group) was founded.
1970
• The Portalegre station for milk concentration and treatment (known as Central Leiteira) was inaugurated.
• May 23rd – The Secretary of State for Labour and Social
Security, Doctor Joaquim Paulo Dias da Silva Pinto,
inaugurated 110 houses in the São Cristóvão (Atalaião)
quarter.
Inauguração do Bairro do Atalaião.
• June 14th – The first stone of the future Hotel
D. João III was laid, initiative of the firm Jorge & Soares
Ltd., belonging to Fernando Afonso Soares and Alberto Jorge. With an expected budget of 16 000 contos
(i.e., 79,807.66 euros) and a time limit for completion of 18 months, it was to cost 24 000 contos (i.e.,
119,711.50 €).
1971
• April, 24th – A group of British doctors visited Portalegre to pay homage to John Hunter, a great figure in English medicine who had been there in 1762-4.
• April, 30th – Visit of the Minister of Public Works,
1971
• Abril, 24 – Visita a Portalegre de um grupo de médicos britânico que homenagearam John Hunter, grande figura da medicina inglesa que aqui esteve em 1762-4.
• Abril, 30 – Visita do ministro das Obras Públicas, Eng.º Rui
Sanches, a propósito dos novos projectos em marcha: novo
Liceu, piscina coberta, centro social de S. Cristóvão, Clube de
Ténis, estátua de D. João III e recuperação do castelo.
Engineer Rui Sanches, because of the new projects
which were in process: new secondary school, closed
swimming pool, S. Cristóvão (St. Christopher) social
centre, Tennis Club, statue of Don João III and
repairs to the castle.
• May, 23rd – Visit of the chairman of the council, Professor Doctor Marcello Caetano, on the Day of the City,
inaugurated in the Poet’s House-Museum of José Régio.
194
Inauguração da Casa-Museu
José Régio.
• Maio, 23 – Visita do Presidente do Conselho, Prof. Doutor Marcello Caetano, no Dia da Cidade, inaugurando a Casa-Museu do
Poeta José Régio
• Julho 2 a 8 – Semana contra a Tuberculose.
• Outubro, 24 – Abre a agência de Portalegre do Banco Totta &
Açores.
1972
• Março, 4 – Noite Portalegrense na casa do Alentejo em Lisboa.
• Julho, 7 – É constituída a Invicar – Sociedade de Confecções,
por Francisco Costa Caroço, Emília da Piedade Borrego e Raul
dos Santos Vilela.
• Junho, 14 e 15 – Semana contra a Tuberculose.
• Novembro, 12 – O Presidente da República almirante Américo Thomaz, inaugura a Escola de Enfermagem, visitando ao
mesmo tempo o Hotel D. João III, já concluído.
• July 2nd to 8th – Tuberculosis Week.
• October, 24 – The Banco Totta & Açores opened a branch
in Portalegre.
1974
• Maio – Começou a funcionar, sem inauguração formal, o novo
edifício dos CTT.
1972
• March 4th – Portalegre Night in the Casa do Alentejo
(Alentejo House), in Lisbon.
Hotel D. João III.
• July 7th – Invicar – Sociedade de Confecções was founded, by Francisco Costa Caroço, Emília da Piedade Borrego and Raul dos Santos Vilela.
• June 14th and 15th – Tuberculosis Week.
• November 12th – The President of the Republic, Admiral Américo Thomaz, inaugurated the Nursing School,
and visited the Hotel Don João III, now completed, at
the same time.
1974
• May – The new CTT (Post Office) building began to
function, with no formal inauguration.
195
Resumos e palavras-chave
Abstracts and key-words
Resúmenes y palabras clave
Publicações da Fundação Robinson 14, 2009, p. 196-197, ISSN 1646-7116
PORTUGUÊS
english
e sp a ñ o l
Cem anos de turismo
em Portalegre
One hundred years of tourism
in Portalegre
Cien años de turismo
en Portalegre
Uma panorâmica sobre o desenvolvimento urbanístico e o crescimento da cidade, os costumes da
época, os locais e as festas de interesse, eventos
e iniciativas para atrair visitantes, as publicações
com referências à região.
Uma retrospectiva histórica sobre a forma como
foram abordadas as questões do turismo em Portalegre ao longo do século XX, num concelho onde
desde cedo houve quem descobrisse recursos e
potencialidades turísticas únicas.
A serra de São Mamede era, à época, o grande
atractivo da região, destacando-se por contraste
com a imagem do Alentejo das planícies douradas.
A view of the urban development and the growth of
the city in the last 100 years, as well as the clothes
of the period, the places and festivities of interest,
events and initiatives to attract visitors, and publications referring to the region.
A retrospective history on the way in which matters
of tourism were dealt with and the corresponding
structures to promote them in Portalegre throughout the 20th Century, in a district which early on
knew how to discover its singular tourist resources
and potential.
The Portalegre Serra was, at that time, the main attraction of the region, in contrast to the general image
of the Alentejo as being one of splendorous plains.
Una panorámica sobre el desarrollo urbanístico y el
crecimiento de la ciudad durante los últimos 100 años,
las costumbres de la época, los locales y las fiestas de
interés, los eventos y las iniciativas para atraer a visitantes, las publicaciones que mencionan la región.
Una retrospectiva histórica sobre la forma como se
enfocaron las cuestiones del turismo y las estructuras para promocionarlo en Portalegre a lo largo del
siglo XX, en una comarca en donde desde pronto ha
habido quien descubriera recursos y potenciales turísticos únicos.
La sierra Portalegre era, en aquella época, el gran
atractivo de la región, destacándose, por contraste,
de la imagen del Alentejo de doradas llanuras.
Palavras-chave
Turismo
Século XX
Portalegre
Serra de São Mamede
Personalidades
Festividades
Publicações
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Tourism
20th Century
Portalegre
Serra de Portalegre
Personalities
Festivities
Publications
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Siglo XX
Portalegre
Sierra de Portalegre
Personalidades
Fiestas
Publicaciones
197
INTERREG IIIA
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