Aula 2 – Os Reinos Africanos
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Aula 2 – Os Reinos Africanos
PRÉ-VESTIBULAR SOCIAL PARÓQUIA NOSSA SENHORA DA GLÓRIA Professora: Michele Castro Disciplina: História da África Os Reinos Africanos As duas Áfricas: África Setentrional: Ao Norte (acima do Saara) – Berço da Civilização: Egípcios e Cartagineses. África Subsaariana: Ao Sul (Abaixo do Saara) – Grandes extensões de terras, aliada a baixa densidade demográfica, o solo é pobre e pouco propício ao cultivo, e conta ainda com as pragas que transmitem doenças ao gado e as pessoas. Até a Era Cristã o que prevaleceu foi a coleta de alimentos e a caça. Algumas populações se sedentarizaram e constituíram sociedades que exerceriam enorme influência na história do continente. Separadas pelo deserto do Saara que atravessa 10 países. Sociedades Africanas Aspectos comuns: O princípio do equilíbrio – A crença e o culto aos elementos da natureza é um traço comum, zelam pelo equilíbrio da natureza, das diferentes forças divinas que compõem o todo. A ancestralidade – Acreditam que fazem parte de um mundo de vivos e mortos, e essa ligação é natural e necessária para manter o equilíbrio. Essa conexão se dá por: Sonhos, transes, confraria de máscaras*, cultos familiares, sacrifícios de animais. A noção de família extensa – Ancestral em comum, a linhagem é a organização que assegura a existência física e a perpetuação dos indivíduos. Socialização. A noção de status está ligada a quantidade de pessoas que trabalham e vivem dependendo de um homem, seja culturalmente ou economicamente. Pertencimento ao coletivo – Direitos e deveres; Rituais de iniciação; Adultos são responsáveis pelo sustento de crianças e idosos; Chefes são respeitados e responsáveis por rituais e cultos aos ancestrais; Idosos podem viver isolados. Oralidade – Palavra funciona como “cimento” para o africano, transmitem seus conhecimentos através da palavra, em grande parte, são sociedades ágrafas; Anciãos falam pouco. *Disfarce místico com o qual poderiam absorver forças mágicas dos espíritos e assim utilizá-los em benefício da comunidade como, cura de doentes, rituais fúnebres, cerimônias de iniciação, casamentos e nascimentos e identificar membros de sociedades secretas. A profissão é herança familiar, e envolve questões de poder, como a do ferreiro, que possui a capacidade de transformar a natureza, e geralmente se casam com ceramistas, mulheres que lidam com a terra. Sociedades Africanas Axum: Um reino Cristão Umas das primeiras sociedades a se converter ao Cristianismo, o reino de Axum, ocupou uma região que hoje é um dos países mais pobres do mundo, a Etiópia, e foi fundada por volta do ano 100 d.C. . Seus primeiros habitantes se originaram do sul da península arábica. Ao longo dos séculos já dominavam a agricultura e a criação de bois, ovelhas, cabras e cavalos. Deviam conhecer o arado e tinham uma escrita de caracteres semíticos. Os primeiros acampamentos e aldeias se transformaram em centros comercias, tendo destaque a cidade de Adúlis, que tornou um porto de máxima importância pelo comércio com outros países. Axum, foi a cidade que mais se desenvolveu, comercializava marfim, plumas, ouro, sal e obsidianas (espécie de vidro vulcânico, não é classificado como mineral e sim um mineralóide), e isso a fez expandir-se e conquistar vários territórios vizinhos e se constituir como reino e derrotou o império Kush na região da Núbia, no século III os axumitas começaram a cunhar moedas de ouro, prata e cobre, tamanha era sua prosperidade. Até a primeira metade do Século IV era politeístas, mas um de seus reis, Ezama, converte-se ao cristianismo, fazendo a população pouco a pouco abraçar a fé cristã. O reino de Axum foi enfraquecido pelas invasões muçulmanas que com o pretexto de combater a pirataria no Mar Vermelho, dominaram e destruíram o porto de Adúlis, no século VII. Reinos do Sahel Sahel: faixa de terra intermediária entre o deserto do Saara, ao Norte, e a fértil floresta tropical úmida, ao sul. “Rica em ouro, metais preciosos e marfim, durante muito tempo a região do Sahel teve dificuldades em comercializar com os povos do norte da África e da bacia do Mediterrâneo, pelo obstáculo natural interposto entre eles: o deserto do Saara. Somente quando os africanos, através dos árabes, introduziram o camelo no transporte de mercadorias, nos primeiros séculos da Era Cristã. Em troca de sal, cobre, panos de algodão, perfumes e outros artigos de luxo, os povos do Sahel ofereciam ouro, pimenta, peles e noz-de-cola (semente de efeito estimulante). Além disso, havia o comércio de escravos, entre os povos do Norte e do Sul. O comércio transaariano existiu por mais de 2 mil anos e decaiu a partir do século XIX.” (Fonte: Alberto da Costa e Silva. A enxada e a lança: a África antes dos portugueses. São Paulo: Nova Fronteira/Edusp,1992. P.242-5) Gana: a terra do ouro Localizado onde hoje é a Mauritânia, no extremo sul de uma importante rota de comércio transaariano, o reino de Gana surgiu por volta do século IV e ficou conhecido em virtude de sua produção de ouro, que era tão grande que na Idade Média, Gana foi o principal fornecedor do metal ao mundo mediterrâneo, e tal posto foi perdido no século XVIII quando o ouro do Brasil chegou a Europa. Em relatos de viajantes do Século XI, consta que o ouro estava presente em toda corte e palácio real, em pulseiras, armas, escudos, até nas coleiras de cães. Gana não possuía fronteiras delimitadas, para o soberano daquele povo, o gana, o importante não era a extensão do território e sim a quantidade de pessoas, grupos humanos, aldeias e cidades que estivessem sob seu controle, lhe pagando tributos e fornecendo soldados e funcionários à corte. Gana possuía duas capitais, uma delas, Koumbi Saleh, sudeste do atual Mauritânia, viviam os mercadores mulçumanos do norte da África, na outra, que ainda não foi encontrada pelos arqueólogos, ficavam o rei e sua corte. No século XII, fatores como a desertificação do Sahel, consequência do pastoreio como prática intensiva, e o surgimento de outras áreas auríferas fora do domínio de Gana, enfraqueceu o reino e ocasionou a conquista do mesmo por outros reinos africanos. Mali: Em nome de Alá Enquanto Gana perdia sua influência sobre a África ocidental, um novo reino ganhava importância, o do Mali. Até o século XII, essa região, habitada pelo povo mandinga era submetida ao rei de Gana, em 1.230, um guerreiro conhecido como Sundiata Keita aglutinou sob seu comando diversos clãs vizinhos e se estabeleceu como soberano do Mali, adotando o título de Mansa, que quer dizer rei. A expansão territorial dos malinenses correspondia ao que hoje vai do Atlântico, Senegal e Gâmbia, até o rio Níger, controlando assim jazidas de ouro e rotas importantes do comercio transaariano. Seguidores do islamismo, os soberanos costumavam fazer peregrinações a Meca, cidade sagrada dos muçulmanos, e graças a uma dessas viagens, organizada em 1.324 pelo mansa Kankan Musa, a fama do reino chegou ao Oriente Médio e à Europa. Musa levou consigo milhares de pessoas, escravos, soldados, e ainda cem camelos carregados de ouro, de passagem pelo Egito, o mansa distribuiu presentes e esmolas. Com intenção de expandir o Islamismo pelo Mali, o mansa trouxe consigo sábios e arquitetos para construir mesquitas em seu reino. Assim, a cidade de Tumbuctu se transformou em um famoso centro de estudos islâmicos e muitos estrangeiros foram para lá. Em 1988, Tumbuctu foi considerada patrimônio da humanidade pela UNESCO (ONU), e continua até os dias de hoje, entrando na lista de patrimônio em perigo em 1990, em virtude da desertificação. Lá estão as madrasas, escolas islâmicas nas quais se estudavam (e ainda se estudam) Religião e Direito. Mesmo com a decadência do Mali, Tumbuctu, continuou sendo importante centro econômico e religioso da África, só decaindo após ter sido saqueada por invasores vindo do Marrocos, na última década do século XVI. O Mali decaiu após invasões após a morte do Mansa Musa em 1337. Quando os portugueses ali chegaram, no final do sáculo XV, Mali em nada lembrava a importância que teve no passado. Bibliografia: Gislaine e Roberto. História: Volume único. Editora Ática.São Paulo,2008.
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