aprendizagem cooperativa como recurso metodolgico e
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aprendizagem cooperativa como recurso metodolgico e
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ INSTITUTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES- IEFES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR MARIA DO CARMO DE SOUSA GOMES APRENDIZAGEM COOPERATIVA COMO RECURSO METODOLÓGICO E PEDAGÓGICO DENTRO DAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO ENSINO MÉDIO FORTALEZA 2012 MARIA DO CARMO DE SOUSA GOMES APRENDIZAGEM COOPERATIVA COMO RECURSO METODOLÓGICO E PEDAGÓGICO DENTRO DAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO ENSINO MÉDIO Monografia submetida à Coordenação do Curso de Especialização em Educação Física Escolar, da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do grau de especialista. Orientador: Prof. Marcos Teodorico P. de Almeida FORTALEZA 2012 MARIA DO CARMO DE SOUSA GOMES Monografia submetida à Coordenação do Programa de Educação Física Escolar da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do grau de Especialista em Educação Física Escolar. Aprovada em ___/___/______. BANCA EXAMINADORA ___________________________________________________ Prof. Ms. Marcos Teodorico Pinheiro de Almeida __________________________________________________ Prof. Ms. Edson Silva Soares __________________________________________________ Prof. Dr. Leandro Masuda Cortonesi Em primeiro lugar a Deus e a meu esposo. AGRADECIMENTOS Primeiro a Deus, pois se não fosse ele eu não existiria. Ao PRECE (Programa de Educação em Células Cooperativa), que me deu a oportunidade de continuar a estudar e conseguir ingressar numa Universidade e hoje concluir um curso de especialização, pois antes de conhecer o programa nem sabia o que era Faculdade e nem tão pouco imaginava em ter um título de especialista. À Universidade Federal do Ceará (UFC), pois me deu a oportunidade de ter uma qualificação profissional, me dando as melhores condições possíveis que o curso poderia oferecer. À Escola Estadual de Educação Profissional Alan Pinho Tabosa, que me oportunizou desenvolver o projeto de monografia. À Coordenação da escola Elton Luz e Ednaldo Firmiano que sempre me apoiaram e me deram suporte nessa caminhada. A todos os Professores da Escola, que sempre foram amigos e me ajudaram durante todo esse período, em especial Aline Sousa, Magno Gomes, Milton e Nicelly Marques. À meu Orientador Marcos Teodorico, que sempre foi paciente, amigo nas horas de dificuldade e nas orientações sempre muito coerente. Aos professores Edson Soares e Leandro Masuda que sempre me apoiaram e aceitaram participar da banca de avaliação. Aos meus colegas de curso Marília Abreu e Márcio Pompeu, pois sempre estiveram comigo nessa fase da minha vida. Em especial, agradeço meu esposo, meu pai, minha mãe e meus irmãos que em muitas ocasiões me auxiliaram de diferentes formas. A todos (as) o meu muito obrigada! A cooperação é a convicção plena de que ninguém pode chegar à meta se não chegarem todos. Virginia Burden. LISTA DE TABELAS Gráfico 01 - Sexo dos Estudantes ......................................................................................... 48 Gráfico 02 - Classificação da metodologia de A.C ............................................................... 49 Gráfico 03 - Dificuldade em vivenciar a metodologia de A.C .............................................. 49 Gráfico 04 - Participação na célula com responsabilidade .................................................... 50 Gráfico 05 - Metodologia de A.C. X Metodologia Tradicional ............................................. 51 Gráfico 06 - O que mais gosta na metodologia de A.C ......................................................... 51 Gráfico 07 - O que não gosta na metodologia de A.C ........................................................... 52 Gráfico 08 - Aplicação da A. C. na disciplina de Educação Física ........................................ 53 Gráfico 09 - Metodologia de A.C. X metodologia tradicional nas aulas de Educação Física . 54 Gráfico 10 - Na A.C., o professor acompanha pessoalmente melhor os grupos de estudos que no ensino tradicional ........................................................................................ 54 Gráfico 11 - A A.C. pode contribuir na resolução de problemas nas aulas de educação física 55 Gráfico 12 - Importância da participação na célula para alcançar o objetivo do grupo .......... 56 Gráfico 13 - Fatores positivos na utilização da metodologia Aprendizagem Cooperativa nas aulas de Educação Física ................................................................................. 57 Gráfico 14 - Fatores negativos na utilização da metodologia de Aprendizagem Cooperativa nas aulas de educação física ............................................................................. 58 Gráfico 15 - metodologia lhe ajudou a se relacionar melhor com as pessoas ......................... 58 Gráfico 16 - A A.C. estimula a perder a timidez ou o medo de falar ..................................... 59 Gráfico 17 - A A.C. lhe ajuda a tornar-se mais autônomo para o seu aprendizado? ............... 60 LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Jogos Competitivos e Jogos Cooperativos .......................................................... 28 LISTA DAS FIGURAS Figura 1: Ilustração da primeira etapa do Co-op Co-op......................................................... 37 Figura 2: Ilustração da segunda etapa do Co-op Co-op ......................................................... 37 Figura 3: Ilustração da primeira etapa do Jigsaw .................................................................. 38 Figura 4: Ilustração da segunda etapa do Jigsaw ................................................................... 38 Figura 5: Ilustração da Polêmica Construtiva ....................................................................... 39 Figura 6: Ilustração do pensar, formar pares e partilhar ........................................................ 40 RESUMO Essa pesquisa é um trabalho de conclusão do curso de Pós-Graduação em Educação Física Escolar do Instituto de Educação Física e Esportes (IEFES) da Universidade Federal do Ceará (UFC). Foi investigada a Aprendizagem Cooperativa (A.C.) como recurso metodológico e pedagógico dentro das aulas de educação física do ensino médio. A aprendizagem cooperativa tem uma história bem antiga. Ao longo de todo o percurso da história temos relatos de diversas experiências cooperativas. No Brasil a A.C. é extremamente nova, existem alguns estudos sobre a ideia e algumas experiências isoladas quase sem nenhuma divulgação. Já no Ceará o PRECE – Programa de Educação em Células Cooperativas utilizava o sistema de estudo em grupo não estruturado, algo parecido com essa metodologia. Foi analizada a aplicabilidade da A.C. como recurso metodológico e pedagógico dentro das aulas de educação física do ensino médio na escola Estadual de Educação Profissional Alan Pinho Tabosa em Pentecoste. Foi realizada uma pesquisa-ação com uma abordagem qualitativa. Os sujeitos investigados foram quarenta e cinco estudantes, do 1º ano do Ensino Médio da turma de Agroindústria. Foram utilizados os seguintes instrumentos: dois questionários e observações não participantes feitas durante as aulas aplicadas. Pôde-se perceber através das observações e dos questionários que: a infraestrutura física da escola é muito boa, a quadra poliesportiva fica em um local estratégico onde não prejudica o andamento das outras atividades da escola. No tocante à aplicabilidade da metodologia de A.C. nas aulas de educação física pudemos concluir que a mesma esta sendo aplicada, pois percebemos que a maioria dos estudantes participantes da pesquisa se identifica mais com essa metodologia do que com a metodologia do ensino tradicional, e ainda conclui que na A.C., o professor acompanha pessoalmente melhor os grupos de estudos que no ensino tradicional devido o maior contato com os grupos estudantis. Em relação se a A.C. pode contribuir na resolução de problemas nas aulas de educação física pode-se perceber que a maioria acha que essa metodologia vem contribuindo para a resolução dos problemas, pois durante as aulas aplicadas perceberam-se que os estudantes no inicio dos desafios tinham grandes dificuldades na resolução dos conflitos, no entanto, nas aulas seguintes já conseguiam contornar as dificuldades com maior habilidade. No que se refere aos fatores negativos da utilização da metodologia de A.C. nas aulas de educação física, concluir-se que existem alguns fatores que impedem o bom andamento de algumas atividades, os quais podemos citar: foi percebido que os alunos não compreendem algumas definições da metodologia e eles ainda tem algumas dificuldades no que se refere a compartilhar conhecimentos, responsabilidade individual e a interdependência positiva. Já em relação aos pontos positivos da utilização da metodologia de A.C. nas aulas de educação física, pudemos concluir que existem vários, como: maior capacidade de comunicação verbal, confiança no colega, ser escutado na hora precisa, ser elogiado, expressar sentimento no grupo e pedir ajuda. Enfim, Cabe ressaltar ainda que a aplicação da A.C. no ensino formal é importante não só para obtenção de ganhos em relação ao próprio processo de ensinoaprendizagem, mas também na preparação dos estudantes para situações futuras em qualquer ambiente, onde cada vez mais as atividades exigem pessoas aptas para trabalhar em grupo. Palavras Chaves: Aprendizagem Cooperativa, metodologia de ensino e educação física. ABSTRACT This research is a work of completion of the course Graduate in Physical Education from the Institute of Physical Education and Sports (IEFES), Federal University of Ceará (UFC). We investigated the Cooperative Learning (AC) as a methodology and pedagogy within physical education classes in high school. Cooperative learning has a very ancient history. Throughout the course of history we have reports of several experiments cooperatives. In Brazil, the AC is extremely new, there are few studies about the idea and some isolated experiences almost no disclosure. Already in the Ceará PRAYER - Education Program Cooperative Cells used the system group study unstructured something like this methodology. We analyzed the applicability of the AC as a methodology and pedagogy within physical education classes at school high school State Education Professional Alan Pine Tabosa at Pentecost. We performed an action research with a qualitative approach. The subjects investigated were forty-five students of 1st year high school class of Agribusiness. We used the following instruments: two questionnaires and participants made no comments during class applied. It could be seen through the observations and questionnaires: the physical infrastructure of the school is very good, the sports field is in a strategic location where not affect the progress of other school activities. Regarding the applicability of the methodology of AC in physical education classes we concluded that it is being applied, because we realize that the majority of students participating in the research identifies more with this method than with traditional teaching methodology, and yet concludes that in BC, the teacher personally accompanies best groups of studies in traditional education because the most contact with the student groups. Regarding the AC can contribute in solving problems in physical education classes can be seen that the majority thinks that this methodology has contributed to the resolution of problems as applied during class realized that the students at the beginning of the challenges had great difficulty in resolving conflicts, however, the following classes have managed to overcome the difficulties with greater skill. Regarding the negative factors of using AC methodology in physical education classes, concluded that there are some factors that hinder the smooth progress of some activities, which we can mention: it was noticed that students do not understand some definitions of methodology and they still have some difficulties with regard to share knowledge, individual accountability and positive interdependence. In relation to the strengths of using the methodology of AC in physical education classes, we concluded that there are several, such as: high verbal communication skills, confidence in the fellow's time needs to be heard, to be praised, and express feelings in group ask for help. Anyway, It is worth noting that the application of AC in formal education is important not only for gains in relation to the process of teaching and learning, but also in preparing students for future situations in any environment, where more and more activities require persons able to work in a group. Key words: Cooperative Learning, teaching methodology and physical education. LISTA DAS ABREVIATURAS AC - Aprendizagem Cooperativa UFC - Universidade Federal do Ceará PRECE - Programa de Educação em Células Cooperativas EPC’s - Escolas Populares Cooperativas ONG’s - Organização Não Governamentais SEDUC - CE- Secretaria de Educação do Estado do Ceará SUMÁRIO PARTE I ANTECEDENTES DO ESTUDO CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO, JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS ....................................................... 16 1. Introdução ........................................................................................................................ 16 2. Justificativa do Tema ....................................................................................................... 19 2.1. Propósito e objetivos do estudo .............................................................................. 19 2.1.1. Objetivo geral do estudo ...................................................................................... 20 2.1.2. Objetivos específicos do estudo ........................................................................... 20 CAPÍTULO 2: MARCO TEÓRICO DO ESTUDO ................................................................................... 21 1. Marco Teórico do estudo .................................................................................................. 21 2. História da Educação Física no Brasil .............................................................................. 21 3. Educação Física e suas metodologias ............................................................................... 24 4. Jogos Cooperativos: relevância para a educação física, história categorias ........................ 25 4.1 Jogos Cooperativos: competição versus cooperação ................................................ 27 5. Aprendizagem Cooperativa: Conceito, história e evolução ............................................... 29 6. Elementos Essenciais da Aprendizagem Cooperativa ....................................................... 32 7. Métodos de Aprendizagem Cooperativa ........................................................................... 36 7.1. Co-op co-op ........................................................................................................... 36 7.2. Jigsaw .................................................................................................................... 38 7.3. Polêmica construtiva .............................................................................................. 39 7.4. Pensar, formar pares e partilhar .............................................................................. 40 CAPÍTULO 3: MARCO METODOLÓGICO DO ESTUDO.................................................................... 41 1. Marco metodológico do estudo......................................................................................... 41 2. Perspectiva e Enfoque Metodológico da Investigação....................................................... 41 3. Apresentação do desenho estudo ...................................................................................... 42 4. População estudada e o universo da pesquisa ................................................................... 42 5. Instrumentos e estratégias de obtenção e construção da informação .................................. 43 6. Análises das informações ................................................................................................. 44 7. Estratégias de rigor ou credibilidade utilizadas no estudo ................................................. 44 PARTE II - RESULTADOS, ANÁLISE E CONSTRUÇÃO DAS INFORMAÇÕES CAPÍTULO 4: CONSTRUINDO AS INFORMAÇÕES COLETADAS NA INVESTIGAÇÃO ............. 47 1. Resultado do Estudo......................................................................................................... 47 1.1. O contexto da pesquisa: a escola onde aconteceu a pesquisa ................................... 47 1.2. Análises do Questionário 1 Nível de conhecimento dos estudantes sobre a Aprendizagem Cooperativa ........................................................................................... 48 1.3. Análises do Questionário 2 Aplicação da A.C. nas aulas de educação física............ 53 1.4. Análises das observações das aulas ......................................................................... 61 1.4.1. Aula 1 ...................................................................................................... 61 1.4.2. Aula 2 ...................................................................................................... 62 1.4.3. Aula 3 ...................................................................................................... 63 1.4.4. Aula 4 ...................................................................................................... 64 CAPITULO 5: CONCLUSÕES DO ESTUDO REALIZADO .................................................................. 66 1. Conclusões ....................................................................................................................... 66 CAPITULO 6: LIMITAÇÕES E RECOMENDAÇÕES DO ESTUDO ................................................... 68 1. Relevância do estudo realizado......................................................................................... 68 2. Limitações do estudo........................................................................................................ 68 3. Recomendações do estudo ................................................................................................ 69 CAPITULO 7: BIBLIOGRAFIA DO ESTUDO 1. Bibliografia .........................................................................................................................70 PARTE III – ANEXOS DO ESTUDO Anexo 1: Questionário 1- Nível de conhecimento dos estudantes sobre a A.C.....................75 Anexo 2: Questionário 2 -Aplicação da A.C. nas aulas de educação física...........................77 Anexo 3: Planos de Aulas........................................................................................................79 Anexo 4: Fotos.........................................................................................................................83 PARTE I ANTECEDENTES DO ESTUDO 16 CAPITULO 1 INTRODUÇÃO, JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS DO ESTUDO O presente trabalho foi dividido em três partes: a primeira parte do trabalho compõe-se dos capítulos um, dois e três. O capítulo um é composto da introdução, justificativa do tema, propósito e objetivos do estudo, objetivo geral do estudo e objetivos específicos do estudo. O capítulo dois é composto pelo marco teórico do estudo nele fazemos um apanhado da história da educação física no Brasil e suas metodologias de ensino, jogos cooperativos: relevância para a educação física, história categorias, logo após falamos dos jogos cooperativos: competição versus cooperação e aprendizagem cooperativa: conceito, história e evolução. Logo após vem os elementos essenciais da aprendizagem cooperativa e por fim os métodos de aprendizagem cooperativa. O capítulo três contém o marco metodológico do estudo é composto as seguintes partes perspectiva e enfoque metodológico da investigação, apresentação do desenho estudo, população estudada e o universo da pesquisa, instrumentos e estratégias de obtenção e construção da informação, análises das informações e por fim as estratégias de rigor ou credibilidade utilizadas no estudo. A segunda parte é composta pelos capítulos quatro, cinco e seis. No capítulo quatro são construídas as informações coletadas na investigação. Analisamos o contexto onde está inserida a pesquisa, análise de dois questionários e observações das aulas. O capítulo cinco compõe as conclusões do estudo e o sexto capítulo colocamos as limitações e recomendações do estudo. No sétimo capítulo é composto da bibliografia do estudo. A terceira parte contém os anexos do estudo. Neste capítulo procura-se contextualizar o estudo que se apresenta, analisando-se a importância da Aprendizagem Cooperativa nesse contexto, formulando-se as questões de investigação, apresentando-se os objetivos de estudo, e as justificativas que levaram a escolha da temática. 1. Introdução Diante dos tradicionais panoramas nos quais a aprendizagem está inserida, a mesma é considerada uma atividade solitária e individual, em que cada estudante se encontra sozinho diante de uma atividade, sob o olhar atento do professor, em que vem de uma cultura 17 autoritária e pouco solidária na assimilação do saber. A nova cultura de aprendizagem propõe que esta seja também uma atividade social e não apenas uma atividade individual e particular. A cultura individualista, ainda hoje é vigente nas escolas e dá ênfase a uma aprendizagem individual e competitiva, já que nela o êxito de cada aluno depende do fracasso dos outros. No momento estamos passando por uma crise de socialização em que a família perdeu grande parte do seu papel como agente socializador, e cabe às escolas a responsabilidade em assumir este papel. Segundo Aguado (2000, apud RIBEIRO 2006) considera que, face aos momentos decisivos que se vivem na sociedade atual, a escola deve assumir atitudes mais cooperativas e menos competitivas. A formação de pessoas mais comprometidas com os valores sociais e os princípios de solidariedade devem ser assumidos pela escola. Também Aguado (2000) defende a ideia de que ao considerar que a escola deve proporcionar para além da aprendizagem dos conteúdos científicos específicos, a formação integral dos alunos desenvolvendo competências e atitudes, que permitam a sua intervenção e transformação na sociedade na qual fazem parte. A Aprendizagem Cooperativa (A.C.) sendo uma estratégia de ensino baseada na interação social, e que consiste na estruturação dos objetivos de modo a que a organização da aula crie pautas de socialização positivas face às pautas clássicas do tipo competitivo, apresenta-se como uma alternativa eficaz ao ensino tradicional baseado fundamentalmente em formas de aprendizagem individual e/ou competitiva (AGUADO, 2000). A A.C. no Ceará surgiu de uma experiência no município de Pentecoste na Comunidade rural de Cipó. Sete estudantes resolveram se reunir para estudar em grupo a fim de concluírem o ensino fundamental e médio. Eles contaram com a ajuda do professor Manoel Andrade da Universidade Federal do Ceará (UFC). Com os objetivos alcançados esses estudantes começaram a sonhar em ingressar na tão sonhada e distante Universidade. Dos sete estudantes seis, conseguiram de imediato entrar na UFC e essa novidade começou a ser conhecida e se espalhou para outros municípios. Pois, antes desse movimento apenas filhos de pais ricos conseguiam fazer uma faculdade, agora filhos de agricultores e vaqueiros conseguem quebrar esse ciclo. Eu nessa época ainda adolescente ouvia e presenciava essa experiência, pois dois de meus irmãos estava participando desse movimento. Então comecei a estudar no contra turno fazendo cursos de revisão do Ensino Fundamental de Português e Matemática. 18 A partir de então, esse movimento de sete estudantes começou a ser conhecido como PRECE- Programa de Educação em Células Cooperativas. Atualmente existem mais de 500 estudantes em diversas Universidades oriundos do PRECE a partir das Escolas Populares Cooperativas (EPC´s) que são as escolas do PRECE nas diversas comunidades dos municípios de Médio Curú: Pentecoste, Apuiarés e General Sampaio, e também em outros municípios como: Umirim, Fortaleza e Maracanaú e Organização não governamentais (ONG´s) como Instituto Coração de Estudante, localizada no bairro Benfica na cidade de Fortaleza onde desenvolve outros programas. Segundo Miranda et al (2011), a aprendizagem cooperativa do PRECE iniciou-se com uma experiência informal em educação, que ganhou força como um movimento social, permeando, hoje, os espaços formais de educação através de parceria com Secretaria de Educação do Estado do Ceará (SEDUC–CE) e com UFC. Atualmente, nomeia-se esse modelo de aprendizagem cooperativa devido a consonâncias e influências metodológicas da teoria norte-americana de aprendizagem cooperativa dos irmãos David W. Johnson e Rogers T. Johnson (JOHNSON; JOHNSON; HOLUBEC, 1987), embora se diferencie deste em alguns aspectos. É neste contexto no qual vem surgindo novos estudos e novas metodologias de ensino, onde há uma maior preocupação com o coletivo considero importante a implementação da A.C. nas aulas de educação física escolar para o desenvolvimento de atitudes cooperativas, com vista a aprendizagens significativas de conteúdos científicos, ao mesmo tempo, que estimula o desenvolvimento de competências sociais. Pois, presenciei grande parte do processo de expansão da metodologia nas escolas do PRECE e porque não ser implantado dentro de uma Escola formal de ensino? 19 2. Justificativa do tema A A.C. entrou em minha vida há muitos anos quando comecei a estudar no PRECE na Comunidade de Cipó município de Pentecoste. Essa experiência me fez uma pessoa mais humana e mais cooperativa também trouxe indagações que com o estudo proposto iremos tentar responder. Considerando a importância da A. C. como recurso metodológico dentro das aulas da Escola Estadual de Educação Profissional Alan Pinho Tabosa achamos relevante verificar sua aplicabilidade nas aulas de educação física. Dessa forma gostaria de obtermos respostas concretas sobre estas indagações. Esse trabalho terá uma importância para o processo de avaliação dessa metodologia para escola e também, trará contribuições para o município, pois irá trazer reflexões, principalmente, sobre a metodologia de ensino idealizada pelos os organizadores e gestores da escola e com certeza trará reflexões em seu funcionamento como um todo, podendo ser pensado uma forma de tornar essa metodologia uma das ferramentas de aprendizagem nas escolas do município. Também terá contribuições da metodologia de ensino que é nova para o campo das metodologias de ensino da educação aqui no Brasil. A partir do exposto, a metodologia de A.C. também terá uma maior visibilidade em Pentecoste e também no estado do Ceará, pois a mesma virá ter suas ações mais visíveis no âmbito da comunidade onde está inserida, pois a maioria desconhece sua existência, também terá mais divulgação na comunidade acadêmica. Enfim, poderá ser verificado com base no estudo que vai ser executado se a metodologia pensada pelos idealizadores e gestores da escola estará ou não sendo utilizada, e saber qual o impedimento de utilizá-la e também, se essa é uma metodologia adequada para ser utilizada na execução das atividades na escola. 2.1. Propósito e objetivos do estudo O presente estudo será realizado com o intuito de abordar algumas indagações que surgiram durante minha trajetória de professora de educação física na educação estadual e buscarei a resolução dos mesmos nesse trabalho tentando responder os seguintes objetivos: 20 2.1.1. Objetivo geral do estudo Verificar a aplicabilidade da aprendizagem cooperativa como recurso metodológico e pedagógico dentro das aulas de educação física do ensino médio na escola Estadual de Educação profissional Alan Pinho Tabosa em Pentecoste. 2.1.2. Objetivos específicos do estudo a) Caracterizar a metodologia de Aprendizagem Cooperativa aplicada nas aulas de educação física; b) Verificar como a Aprendizagem Cooperativa pode contribuir na resolução de problemas nas aulas de educação física; c) Detectar as existências de fatores negativos ou positivos da utilização da metodologia de Aprendizagem Cooperativa nas aulas de educação física. 21 CAPITULO 2 MARCO TEÓRICO DO ESTUDO 1. Marco Teórico do Estudo Nesse capítulo procura-se contextualizar o estudo que se apresenta, fazendo um apanhado histórico da Educação Física no Brasil e suas principais metodologias de ensino e os jogos cooperativos sua história e categorias, e ressaltar os jogos cooperativos: competição versus cooperação, logo em seguida faz-se um resgate histórico da A.C. conceituando e fundamentando, expondo os elementos essenciais e mostrando os benefícios e desvantagens da mesma e por fim, descrever alguns métodos de A.C.. 2. História da Educação Física no Brasil A Educação Física tem início quando o homem primitivo sentiu a necessidade de lutar, fugir ou caçar para sobreviver. No passado, a Educação Física teve seus paradigmas estritamente ligados às instituições militares e à classe médica (higienista). Com a visão de melhorar a qualidade de vida, muitos médicos adotaram a forma higienista e buscaram modificar os hábitos de saúde e higiene da população (BRASIL, 2001 apud NUNES et al, 2006). Sendo assim a Educação Física favorecia a educação do corpo, tendo como meta principal a constituição de um físico saudável e equilibrado organicamente, ou seja, menos suscetível às doenças. Além disso, havia o pensamento político e intelectual da época colonial, uma preocupação com o melhoramento genético da raça humana. Com a miscigenação entre escravos, havia o temor de uma “mistura” que “desqualificasse” a raça branca. Dessa forma, a educação sexual associada à Educação Física deveria prevenir homens e mulheres da responsabilidade de manter a “soberania racial branca”. Confirmando o exposto acima Brasil (2001, apud NUNES et al, xxxx), destaca que, embora a elite imperial estivesse de acordo com os pressupostos higiênicos, eugênicos e físicos, havia ainda uma forte oposição às atividades físicas por conta do trabalho físico e do trabalho escravo. Tudo o que prescindia esforço físico era visto com maus olhos e isso dificultava a obrigatoriedade da Educação Física nas escolas. 22 Seguindo o mesmo autor, ainda nesse período, as instituições militares sofreram influência da filosofia positivista, favorecendo o desenvolvimento da educação do físico. Era de fundamental importância formar indivíduos fortes e saudáveis que defendessem a pátria e seus ideais, pois só assim alcançariam à ordem e o progresso. A introdução da Educação Física oficialmente na escola ocorreu, no Brasil 1851, com a reforma Couto Ferraz, embora a preocupação com a inclusão de exercícios físicos na Europa, remonte ao século XVIII, com Guths Muths, J. J. Rosseau, Pestalozzi e outros (BETTI, 1991). No ano de 1882, Rui Barbosa deu seu parecer sobre o Projeto 224, no qual defendeu a inclusão da ginástica nas escolas, equiparou os professores dessa modalidade a outras disciplinas e ainda destacou a importância de se ter um corpo saudável para sustentar a atividade intelectual (BRASIL, 2001). Segundo Darido e Rangel (2011), a Educação Física na escola já sofria preconceitos e baixo status desde o seu início. Ela estava presente na lei, mas essa mesma lei demorou bastante para ser cumprida. No início do século XX, a Educação Física ainda recebia o nome de ginástica e foi incluída no currículo dos Estados: da Bahia, Ceará, Distrito Federal, Minas Gerais, Pernambuco e São Paulo. Nesse mesmo período, a mesma sofreu uma forte influência do movimento escola-novista, que evidenciou a importância da atividade física no desenvolvimento integral do ser humano (BRASIL, 2001). A Educação Física que se aplicava tinha seus pilares nos métodos europeus, os quais se firmavam nos princípios biológicos. A base do movimento era de natureza cultural, política e científica conhecidas como: Movimento Ginástico Europeu, e foi à primeira sistematização da Educação Física no Ocidente (BRASIL, 2001 apud NUNES et al, 2006). Apesar de algumas mudanças ocorridas, como a inclusão da Educação Física nos currículos da escola, na tentativa de valorizar e mostrar os benefícios para o ser humano, isso não poderia ser considerado garantia melhora para o componente curricular, uma vez que faltavam profissionais capacitados principalmente nas escolas primárias. Segundo o Brasil (2001, apud NUNES et al, 2006) os anos 30, que era a época da industrialização e urbanização, fez com que a Educação Física ganhasse novas atribuições: fortalecer o trabalhador para melhorar sua capacidade produtiva e desenvolver o espírito de cooperação em benefício da coletividade. 23 Segundo Brasil 2001, até a promulgação das Leis e Diretrizes de Base de 1961, houve um amplo debate sobre o sistema de ensino brasileiro. Nessa lei, ficou determinada a obrigatoriedade da Educação Física para as escolas primárias e de ensino médio. Sendo assim, o esporte passou a ocupar um lugar cada vez maior durante as aulas. O processo de esportivização da Educação Física Escolar iniciou com a introdução do Método Desportivo Generalizado, que significou uma contraposição aos antigos métodos de ginástica. Segundo o mesmo autor, após 1964, a educação no geral adotou uma visão tecnicista, onde o ensino tinha que formar mão de obra qualificada, os cursos técnicos profissionalizantes se difundiram e a Educação Física tinha um caráter instrumental, que era o de desenvolver atividades práticas voltadas para o desempenho técnico e físico dos alunos. Na década de 70, a Educação Física ainda tinha como função a manutenção da ordem e do progresso. O governo investia na mesma, em função de diretrizes pautadas no nacionalismo, na integração social e na segurança nacional, pois visavam um exército forte saudável para a desmobilização das forças políticas oposicionistas. As atividades esportivas também eram importantes para a melhoria da força de trabalho com vista no “milagre econômico brasileiro”, nesse período o futebol firmava os seus laços com a Copa do Mundo de 1970, onde o Brasil foi campeão (BRASIL, 2001). Ainda segundo Brasil 2001, na década de 80, o modelo de Educação Física Escolar com ênfase na aptidão física começou a ser contestado, o Brasil não passou a ser um competidor de elite internacional e nem tão pouco aumentou o número de adeptos a atividades físicas. Iniciou-se uma crise de identidade no discurso da Educação Física, que originou uma mudança nas políticas educacionais. A Educação Física Escolar que antes priorizava o esporte nos 5º a 9º anos do ensino fundamental, passou a dar origem de 1º a 4º anos e também à préescola. O enfoque passou a ser o desenvolvimento psicomotor do aluno, tirando da escola à função de promover os esportes de alto rendimento. Os debates, as publicações, os cursos de pós-graduação, o aumento de livros e revistas entre outros, difundiram e argumentaram as novas tendências da Educação Física. As relações entre Educação Física e sociedade passaram a ser discutidas sob teorias críticas da educação: “questionou-se seu papel e sua dimensão política” (BRASIL, 2001). Segundo Brasil 2001, ocorreu uma mudança no enfoque, tanto aos objetivos e conteúdos, quanto aos pressupostos pedagógicos de ensino e aprendizagem. Ampliaram a visão para uma área biológica, enfatizaram e reavaliaram as dimensões psicológicas, sociais, cognitivas e afetivas, concebendo o aluno como ser humano integral. Abarcaram-se em objetivos educacionais mais amplos, sob a perspectiva de conteúdos diversificados e não mais 24 apenas em esportes, em pressupostos pedagógicos mais humanos e ao não adestramento de seres humanos. A Educação Física atual, mesmo com tantas divergências, busca o desenvolvimento integral do ser humano, sob dimensões pedagógicas, sociológicas e filosóficas. Mas segundo o Coletivo de Autores, (1992, p.36), nossa Educação Física Escolar, tem como objeto de estudo o desenvolvimento da aptidão física, o que tem contribuído historicamente para a defesa dos interesses de classes no poder, mantendo a estrutura da sociedade capitalista. 3. Educação Física e suas Metodologias Na atualidade podem ser encontradas várias metodologias de ensino da educação física, considerando que o ensino vem, historicamente, buscando organizar meios e formas metodológicas que sejam colocadas em prática para o atendimento das exigências que permeiam o mesmo (OLIVEIRA, 1997). Estudos desenvolvidos por Oliveira (1988; 1992), Bracht (1989; 1992), Guilhermeti (1991), Kunz (1991; 1994) e outros, procuraram demonstrar que as denominadas Tendências Metodológicas de Ensino da Educação Física são propostas que, em vários casos, sucumbiram antes mesmo de serem testadas e colocadas efetivamente em prática devido a vários fatores dentre os quais podem ser encontrados: a falta de preparo dos professores para o enfrentamento de novas estratégias metodológicas; a falta de interesse em estimular novas abordagens metodológicas; a condição de refratário do conhecimento que os docentes assumem no ensino; a estabilidade empregatícia que os docentes têm dentro do sistema educacional e do medo da instabilidade frente a novos conteúdos e estratégias metodológicas (OLIVEIRA, 1997). Entretanto, mesmo frente a este quadro de dificuldades e incertezas na apresentação de propostas metodológicas, na área tem, nos últimos anos, procurado criar estratégias e apresentar novas formas reflexivas do entendimento e aplicação da educação física na escola. Este esforço, mais uma vez, vemos que tem sido pequeno frente aos problemas gerais que a área possui em relação ao entendimento de toda a comunidade sobre a educação física. Infelizmente, a mesma é entendida como atividade dentro do processo educacional, é 25 resolvida como uma prática sem interesse para a formação integral dos educandos e assim por diante (OLIVEIRA, 1997). Nas ultimas décadas a educação física conta-se com várias propostas metodológicas e reflexões para o ensino, dentre elas podemos citar: Desenvolvimentista, Ensino Aberto; Construtivista; Crítico-Superadora, Crítico-Emancipatória e Jogos cooperativos, essa ultima darei um enfoque maior. 4. Jogos Cooperativos: relevância para a educação física, história e categorias. Segundo Correia (2008), a educação física começou a ver a integralidade do ser humano e a necessidade de trabalhar valores como a solidariedade, a liberdade responsável e a cooperação. Conforme Soler (2003), as aulas de educação física são os espaços privilegiados para o desenvolvimento dessas relações. Pensando assim, os jogos cooperativos podem e devem ser um aliado fundamental, pois a cooperação pode ser aprendida assim como a competição foi há décadas. Os jogos cooperativos surgiram na história há milhares de anos. Segundo Orlick (1989) os jogos cooperativos surgiram há milhares de anos quando membros das comunidades tribais se uniam para celebrar a vida. Ainda hoje são praticados por alguns povos que conservam tradições de seus ancestrais, tais como os Inuit (Alaska), Aborígenes (Austrália), Tasaday (África), índios norte americanos, entre outros. No Brasil temos como exemplo os índios Kanela que praticam o ritual cooperativo da “Corrida das Toras” (BROTO, 1999). Os jogos cooperativos surgem como proposta a partir dos anos 50 do século XX, quando Ted Lentz publica o livro com o título “Para Todos: Manual de jogos cooperativos”, que teve como coautora a educadora Ruth Cornelius. A história dos jogos cooperativos no Brasil é relativamente recente. Começou em 1992 com Fabio Otuzzi Brotto juntamente com sua esposa Gisela Sartori Franco os quais iniciaram o Projeto cooperação, através de oficinas, palestras, eventos e publicação de materiais didáticos. Em 1995 publicou o primeiro livro sobre o assunto no Brasil: “Jogos Cooperativos: se o importante é competir, o fundamental é cooperar”. A partir dessa publicação a proposta dos jogos cooperativos atingiu uma parcela maior de pessoas e consequentemente a produção científica, e a bibliográfica no assunto aumentou. 26 O jogo cooperativo possui como características essenciais à possibilidade de vivenciar a aventura, o prazer, o divertimento e tem infinitas possibilidades. O jogo tem o poder de nos conduzir de tal maneira que o nosso comportamento fica altamente relacionado ao que acontecerá no jogo, se há discussão, como a pessoa irá reagir a um conselho do colega. Por este motivo, há empresas que expõem os candidatos a uma vaga de emprego a jogos e a partir dele observarão as mais variadas condutas no decorrer do mesmo. E isso por muitas vezes, o contratado é aquele que sabe se relacionar melhor com os colegas, que possui a capacidade de negociar, resolver conflitos. Aquele que quer apenas ganhar o jogo é descartado, por ignorar o resto dos participantes, preocupando-se apenas no seu bem estar. Amaral (2004) também partilha da mesma ideia, pois, para ele, o jogo proporciona situações que são ricas e atraentes em diversas situações, e isso faz com que haja uma gama de vivências que podem se encaixar em outras ocasiões no decorrer da vida, tais como, ideias confrontantes, defesa de interesses, participação em discussão, vivência da crise e do conflito. Nos jogos cooperativos os alunos aprendem a discutir estas situações com amorosidade, sem que ninguém se exalte, aprendendo a lidar com o ponto de vista do outro. “Os jogos cooperativos permitem a promoção da autoestima e estimula a convivência, possibilitando a prevenção dos problemas sociais” (ABRAHÃO, 2004, p. 54). Na educação física temos a possibilidade de ajudar o aluno a enfrentar algumas situações no futuro, sendo assim, o professor de educação física precisa oportunizar atividades que promovam a integração das crianças e assim, tornar-se um elo de aproximação entre as crianças e não estimular atividades que causem distanciamentos e conflitos entre os mesmos (ABRAHÃO, 2004). Para Amaral (2004), os jogos cooperativos constituem se em atividades que necessitem um trabalho em equipe com o intuito de alcançar objetivos mutuamente aceitáveis, o autor frisa que não é necessário que os integrantes da atividade atinjam um objetivo comum, entretanto seu alcance deve se suscitar satisfação proporcional para todos os participantes. A partir dos estudos de Broto (1999) classificamos os jogos cooperativos em: Jogos cooperativos sem perdedores: são jogos nos quais todos os alunos constituem um time a fim de alcançar uma meta comum a partir de um desafio proposto, mas a característica principal é o prazer de estar jogando com o outro e não desejar parar. 27 Jogos de resultados coletivos: são jogos que podem ser praticados por uma ou mais equipes sem que haja competição entre as mesmas, pois cada equipe está focada em atingir sua meta dependendo do esforço do grupo. Jogos de inversão: são jogos em que há dois ou mais times, mas seus integrantes constantemente mudam de equipe, enfatizando que todos fazem parte de uma só equipe. Por exemplo, num jogo de futsal o jogador que faz o gol passa a jogar na equipe em que fez o gol. Esta atitude deixa claro que o resultado não fará diferença quando terminar a atividade, pois todos jogarão em todas as equipes e, portanto ninguém sairá derrotado. Jogos semi-cooperativos: é aconselhado sua utilização no começo de um planejamento dos jogos cooperativos, para fazer o papel de transição. Por exemplo, num jogo de handebol é proposto que antes de fazer o gol é necessário que todos integrantes da equipe tenham tocado na bola (efetuado passe). Outra alternativa é de passe misto, no qual a troca de passe tem que ser alternada entre meninos e meninas, e por fim num mesmo jogo todos os integrantes tenham jogado em todas as posições possíveis. 4.1. Jogos Cooperativos: Competição versus Cooperação Para Broto (1999) a cooperação é um processo de interação social, no qual os objetivos são comuns, as atitudes são compartilhadas e os objetivos são distribuídos para todos. Enquanto a competição também é um processo de interação social em que os objetivos são exclusivos para cada participante, as ações são isoladas e os benefícios se concentram apenas em alguns. Freire (1997) relata em seu livro que o jogo competitivo faz parte do universo infantil e que tirar a competição de suas brincadeiras seria tentar maquiar um processo em que mais cedo ou mais tarde a criança irá se deparar durante a vida, pois a competição nunca deixará de existir. Entretanto o autor faz críticas à supervalorização do vencedor pela escola, pois alerta que se não houvesse outros competidores o mesmo não se sagraria vencedor. Já Soler (2006) acredita que na escola somos condicionados à competição, já que praticamos muito mais jogos competitivos do que cooperativos. E essa submissão à competição, faz com que não 28 sintamos mais prazer com o jogo e nos deixamos tomar pela vitória no jogo, muitas vezes a qualquer custo. Apresentamos no quadro 1 algumas análises comparativas entre jogos cooperativos e competitivos. JOGOS COMPETITIVOS São divertidos apenas para alguns. JOGOS COOPERATIVOS São divertidos para todos. Alguns jogadores tem o sentimento de Todos os jogadores derrota. sentimento de vitória. tem o Aprende-se a ser desconfiado, egoístas ou se sentirem melindrados com os Aprende-se a compartilhar e a outros. confiar. Divisão por categorias: meninos x meninas, criando barreiras entre as Há misturas de grupos que pessoas e justificando as diferenças brincam juntos criando alto nível como forma de exclusão. de aceitação mútua. Os jogadores estão envolvidos nos jogos por um período maior, tendo Os perdedores ficam de fora do jogo e mais tempo para desenvolver suas simplesmente se tornam observadores. capacidades. Os jogadores não se solidarizam e ficam Aprende-se a se solidarizar com os felizes quando alguma coisa de "ruim" sentimentos dos outros e desejam acontece com os outros. também o seu sucesso. Os Jogadores são desunidos. Os jogadores aprendem a ter senso de unidade. Os jogadores perdem a confiança em si mesmo quando eles são rejeitados ou Desenvolve autoconfiança porque quando perdem. todos são aceitos. Pouca tolerância à derrota desenvolve em alguns jogadores um sentimento de A habilidade de perserverá face às desistência em face de derrota. dificuldades é fortalecida. Poucos se tornam bem sucedidos. Todos encontram um caminho para crescer e desenvolver. Quadro 1– Jogos Competitivos e Jogos Cooperativos Fonte: Fábio Otuzzi Brotto (1999, p.78). 29 5. Aprendizagem Cooperativa: Conceito, história e evolução. A aprendizagem cooperativa tem uma história bem antiga. Não foi em vão que “a capacidade para trabalhar cooperativamente foi um dos fatores que mais contribuiu para a sobrevivência da nossa espécie. Ao longo da história humana, foram os indivíduos que organizavam e coordenavam os seus esforços para alcançar uma meta comum os que tiveram o maior êxito em praticamente todo o empreendimento humano”. (JONHNSONS E JONHNSONS, 1982, p.13 apud LOPES, SANTOS, 2009, p.13). Em vários escritos antigos dentre eles a Bíblia e o Talmund têm-se referências clara acerca da cooperação entre indivíduos. Na idade Antiga o filosofo Sócrates em 470 a.C. – 390 a.C já ensinava a seus discípulos em pequenos grupos. Durante a Idade Média os grêmios de artesãos colocavam seus aprendizes para trabalharem juntos em pequenos grupos e assim devia ensinar suas habilidades aos menos experientes. Posteriormente, e ao longo de todo o percurso da história temos relatos de diversas experiências cooperativas, porém no final da idade moderna Andrew Bell (1753 – 1832) publicou uma obra em que relatava o método de ensino recíproco entre alunos, mais tarde Joseph Lancaster generalizou o método de ensino mútuo, chegando aos Estados Unidos em 1806, e sendo inserido em Portugal em 1815 através das escolas militares. De 1870 a 1900, Francis Parker superintendente das escolas públicas de Quincy em Massachussets, foi responsável por potencializar a aprendizagem cooperativa nas escolas e iniciar um movimento cooperativo com mais de 30.000 professores (Bouzas, 2001). Tornando-se um grande defensor dessa metodologia nas escolas públicas americanas. Exaltando a liberdade e a democracia Francis Parker citado por Ovejero comentava “as crianças são colaboradores naturais e sua maior diversão, depois da descoberta da verdade, é partilhá-la com os colegas” (apud LOPES, SANTOS, 2009, p.9). John Dewey (1859 – 1952) filósofo e pedagogo dos Estados Unidos, também incorporou nos seus trabalhos de ensino a utilização de grupos cooperativos. Para ele, o professor ao ensinar, além de educar contribui para uma vida mais justa. Em sua obra Democracy and Education (1916). Lopes e Santos (2009), defende que a escola seja um espaço de vida e trabalho em que professores e estudantes, em atividades partilhadas, aprendam e ensinem ao mesmo tempo. Em 1934, meados da grande depressão nos Estados Unidos e em boa parte do mundo a política competitiva deixou de lado o modelo cooperativo, transferindo para as escolas o 30 modelo competitivo dos negócios. Acontece que o modelo cooperativo nunca se calou. Na Alemanha o professor de pedagogia Peter Pertesen (1884 – 1952) fundou uma escola em Jena baseada nos valores da sociabilidade. De acordo com Lopes, Santos, (2009), Pertesen publicou em 1934 a obra “A práxis escolar segundo o plano de Jena” na qual propõe um método de ensino em grupo por níveis de rendimento, estabelecendo que a passagem de um nível para outro aconteça por auto avaliação. De 1900 a 1970 a aprendizagem cooperativa foi experimentada em diversos países europeu, Alemanha, Portugal, França. Nos anos 70 os irmãos Jonhnsons, 1975; Sharan e Sharan, 1976; Aronson e seus companheiros em 1978 e outros, fazem ressurgir a aprendizagem cooperativa. Segundo Johnson et al (1998), antes dos anos 70 diversos estudos sobre os efeitos da aprendizagem cooperativa tinha ocorrido em sala de aula. Após a década de 70 desenvolveu inúmeros estudos no campo do jardim da infância e também com estudantes de nível primário e secundário. Já na década de 90 voltaram-se o interesse por estudos sobre o efeito da metodologia em faculdades. No Brasil a aprendizagem cooperativa é extremamente nova, existem alguns estudos sobre a ideia e algumas experiências isoladas quase sem nenhuma divulgação. Já no Ceará o PRECE – Programa de Educação em Células Cooperativas utilizava o sistema de estudo em grupo não estruturado, algo parecido com essa metodologia. Nesse Programa, temos como princípio fundamental à cooperação que fomenta um conjunto de pilares básicos, a saber: habilidades sociais, responsabilidade individual, interação face a face, interdependência positiva e processamento de grupo que subsidiam os grupos de estudo da A.C. Neles ocorre a construção de capital intelectual com base na formação de células de estudos estudantis. De acordo com Lopes e Santos (2009, p.3 apud FATHMAN e KESSLER 1993) define a aprendizagem cooperativa como o trabalho em grupo que se estrutura cuidadosamente para que todos os alunos interajam, troquem informações e possam ser avaliados de forma individual pelo seu trabalho. Johnson e Johnson e Holubec (1993), seguindo a mesma linha referem-se à aprendizagem cooperativa como um método de ensino que consiste na utilização de pequenos grupos de tal modo que os estudantes trabalhem em conjunto para maximizarem sua própria aprendizagem e também as dos colegas. Lopes e Santos (2009, p.3 apud BALKCOM 1992), também define a aprendizagem cooperativa como uma estratégia de ensino em que grupos pequenos, cada um com estudantes 31 de níveis diferentes de capacidades, usam uma variedade de atividades de aprendizagem para melhorar a compreensão de um assunto. Cada membro do grupo é responsável não somente por aprender o que está sendo ensinado, mas também por ajudar os colegas, criando uma atmosfera de realização. Contudo, Johnson e Johnson (2000) recordam que a aprendizagem cooperativa é um termo genérico com a qual fazemos referência a um bom número de métodos para organizar e conduzir o ensino na aula. Em resumo refere-se que a aprendizagem cooperativa deve ser entendida como conjunto de métodos de aprendizagem cooperativa desde o mais direto ao mais conceitual. Cooperar é atuar junto de forma coordenada, no trabalho ou nas relações sociais para atingir metas comuns, seja pelo prazer de compartilhar atividades ou para obter benefícios mútuos (Argyle, 1991). Lopes e Santos (2009, p.5 apud SLAVIN 1995) considera que existem quatro perspectivas teóricas principais, responsáveis por explicar os efeitos produzidos pela aprendizagem cooperativa que são: perspectivas de motivação, perspectivas de coesão social, perspectivas cognitivas de desenvolvimento e perspectivas cognitivas de elaboração. Perspectivas de Motivação Coloca o enfoque na recompensa sob a qual os estudantes agem, ou seja, é criada uma situação, onde os membros do grupo só conseguem realizar os objetivos pessoais, se todo o grupo for bem sucedido. Perspectiva de coesão social Os efeitos da aprendizagem cooperativa acontecem devido à união do grupo, isto é, os alunos ajudam os outros porque desejam o seu sucesso. Perspectivas Cognitivas Segundo Lopes e Santos (2009) a perspectiva cognitiva assume, fundamentalmente que a interação entre aprendentes (estudantes), em tarefas apropriadas, aumenta o seu domínio ou mestria em relação a conceitos fundamentais. 32 Perspectivas de Elaboração As perspectivas de elaboração fundamentada em investigação da área da psicologia cognitiva, que sustentam o fato de que informações retidas na memória estão relacionadas com outras retidas anteriormente. Então se entende que, para aprender, o estudante deve estar envolvido em algum tipo de reestruturação cognitiva ou de elaboração. Um dos meios mais eficazes de elaborar é através da explicação do material que é elaborado por alguém. Desta forma, o estudante que apresenta a explicação aprende muito mais do que aquele que estuda sozinho. 6. Elementos Essenciais da Aprendizagem Cooperativa Trabalhar com a aprendizagem cooperativa não é simplesmente dividir os estudantes em grupo e os colocarem em volta de uma mesa para fazer tarefas individuais, ou pedir para eles fazer uma tarefa individual e os que terminarem primeiro ajudar os outros. Também não é colocar os estudantes para fazer um trabalho e apenas um aluno fazer toda a tarefa. A cooperação é algo que vai além do estar junto, é discutir a matéria, ajudarem se mutuamente, partilhando materiais e responsabilidades. Para que a cooperação aconteça se faz necessário a existência de cinco elementos básicos: Interdependência positiva, responsabilidade individual, interação face-a-face, habilidades sociais e processamento de grupo. Esses elementos devem ser estruturados a fim de garantir a cooperação. Para Jonhnsons e Jonhnsons (1989) a Interdependia Positiva ocorre quando todos os membros sentem-se conectados com os outros, na busca de um objetivo comum. ... o modo como a interdependência social é estruturada determina o modo como os indivíduos interagem, que, por sua vez,determina os resultados. A interdependência positiva (cooperação) resulta em interação promotora visto que os indivíduos estimulam e facilitam os esforços mútuos para se aprender. (JONHNSOS et al., 1998). De acordo com Pujolás (2001) há cinco modalidades de interdependência principais que são: 33 a) a interdependência positiva de finalidades; b) a interdependência positiva de recompensa/celebração; c) a interdependência de tarefas; d) a interdependência de recursos; e) a interdependência de papéis. A responsabilidade individual acontece quando todos asseguram seus esforços para a melhoria do grupo, já as habilidades sociais alimentam o grupo a funcionar efetivamente, aumentando a comunicação e a confiança para tomada de decisões. Já a Interação Face-a-Face acontece quando os alunos promovem o sucesso uns dos outros, resultando no conhecimento mútuo e maior rendimento escolar. Por último, o processamento de grupo acontece quando os grupos se avaliam para eliminar ações inadequadas aumentando o seu rendimento. Dessa forma, a aprendizagem cooperativa irá trazer benefícios afetivos, cognitivos e sociais. Podemos perceber vários benefícios que a Aprendizagem Cooperativa pode proporcionar, de acordo com Lopes e Santos (2009, p.49, apud TED PANITZ 1996; PALMER, PETERS e STREETMAN 2003), existem mais de 50 benefícios que são aplicados a aprendizagem cooperativa. Estes benefícios podem ser resumidos em quatro categorias: sociais, psicológicas, acadêmicos e de avaliação. Benefícios sociais Segundo Lopes e Santos (2009, p.49, apud TED PANITZ 1996; PALMER, PETERS e STREETMAN 2003), os benefícios sociais ocorrem quando os estudantes sentem-se pertencentes ao grupo e quando há objetivos comuns para serem conquistados e isso só é concretizado se todo o grupo for bem sucedido. E quando isso ocorre acaba trazendo benefícios como: Estimulação e desenvolvimento de relações interpessoais; Estabelecimento de uma atmosfera de cooperação e de ajuda em toda a escola; Os alunos aprendem como criticar ideias, não pessoas; Aumentam as competências de lideranças dos estudantes; 34 Ajuda os professores a deixarem de ser o centro do processo de ensino aprendizagem para se tornarem facilitadores da aprendizagem; Enfim, promove um ambiente de cooperação uma vez que o trabalho é pautado nesse método. Benefícios Psicológicos Segundo Lopes e Santos (2009, p.49, apud TED PANITZ 1996; PALMER, PETERS e STREETMAN 2003), os benefícios psicológicos que a A.C. proporciona é de grande importância para o bom andamento das atividades que os grupos desejam realizar, os quais podemos citar: Promove um aumento da autoestima; Melhora a satisfação do estudante com as experiências de aprendizagem; Encoraja os estudantes a pedir ajuda uma das habilidades indispensáveis para o trabalho cooperativo; Cria uma relação mais positiva entre estudantes-professores, uma vez que o professor sai do patamar de ser o detentor do conhecimento deixando o espaço para que o aluno possa se desenvolver cognitivamente por ele mesmo e com ajuda os colegas. Benefícios Acadêmicos Segundo Lopes e Santos (2009, p.49, apud TED PANITZ 1996; PALMER, PETERS e STREETMAN 2003), os benefícios acadêmicos são de grande relevância para a A.C., pois, através dos mesmos os estudantes conseguem se desenvolverem melhor nas atividades dentro da escola e também fora desse ambiente. Dentre vários podemos citar: Estímulo à construção de um pensamento mais crítico através do embate de ideias entre os (as) próprios (as) estudantes; Promove um ambiente de aprendizagem mais ativo, uma vez que conta com a participação de todos os (as) estudantes; Melhora o rendimento escolar; aumenta um sentimento de eficácia no grupo; Estimula a utilização de novas técnicas de aprendizagem em sala de aula; 35 Proporciona aos (as) estudantes com melhores rendimentos aumentarem seus conhecimentos ao ensinarem os outros e aprender com eles; Aumenta a persistência dos (as) estudantes para concluírem a atividade; Permite tornar a tarefa mais estimulante e desafiadora aos estudantes sem que a carga de trabalho seja muito pesada, pois está será dividida entre todos os componentes da célula. Benefícios de Avaliação Segundo Lopes e Santos (2009, p.49, apud TED PANITZ 1996; PALMER, PETERS e STREETMAN 2003), esses benefícios são valiosos dentro do ambiente escolar, pois os mesmos proporcionam: Formas de avaliação alternativas, como: observação de grupos, individuais, escritas e curtas; Feedback imediato aos estudantes e ao professor sobre a eficácia de cada turma e sobre a evolução de cada estudante, a partir da observação dos trabalhos individual e em grupo; Também podemos perceber algumas limitações da Aprendizagem Cooperativa, segundo Lopes e Santos (2009, p.51 apud McCASLIN e TOM GOOD 1996; BATTISTICH, SOLOMON e DELUCCI 1993; COHEN 1986), pode-se citar: Os estudantes valorizarem muito o processo ou o procedimento em detrimento da aprendizagem. O fazer depressa e o acabar a tarefa sobrepõem-se à reflexão e à aprendizagem; Os alunos podem transferir a dependência do professor para o facilitador da célula; Para que possam ser evitadas essas desvantagens o professor deverá fazer um planejamento não somente do conteúdo e das atividades a serem executadas pelos estudantes, mas também deverá ter uma preocupação na divisão dos grupos, especificando os papéis de cada estudante. 36 7. Métodos de Aprendizagem Cooperativa Os métodos de aprendizagem cooperativa são claramente diferentes da aprendizagem tradicional que normalmente tem como base uma estrutura competitiva. Segundo Ribeiro (2006), a aprendizagem cooperativa propõe atividades alternativas de ensino/aprendizagem, baseadas na promoção e desenvolvimento de competências sociais e na ação individual exercida em estruturas cooperativas no seio de pequenos grupos. Assim, rompendo com a aprendizagem clássica, centrada na reprodução social, os efeitos sociais da aprendizagem cooperativa nos indivíduos poderão assumir uma função equilibradora que tem como objetivo a adaptação do indivíduo a normas e papéis sociais, ou mesmo uma função produtora e transformadora que desenvolve nos alunos competências de produção e transformação enquanto agentes sociais (SCHMUCK 1985, in BESSA, N. e FONTAINE, A. 2002). Face às vantagens que esta estratégia apresenta quando comparada com outras formas de ensino/ aprendizagem vários autores desenvolveram e testaram um conjunto de métodos de Aprendizagem Cooperativa, para serem aplicados na sala de aula. Entre os vários métodos de aprendizagem cooperativa, irei enfatizar alguns mais utilizados e conhecidos. 7.1. Co-op co-op Segundo Ribeiro (2006, p.66) esta estratégia foi desenvolvida por Kagan (1988), um especialista em estratégia de aprendizagem. Esse método permite trabalhar um grande tema em pequenos grupos. Pode-se escolher um tema abrangente para toda a sala. Este tema será dividido em subtemas e distribuído nos subgrupos. Logo após será dividido em subtemas ainda menores de modo que cada estudante fique apenas com uma temática. (ver figura 1) 37 Figura 1: Ilustração da primeira etapa do Co-op Co-op Fonte: Elaborada pela autora Como vemos na ilustração da figura 2, cada estudante ficará responsável em estudar e organizar uma mini apresentação do conteúdo que ficou responsável. Passado esse momento os estudantes formarão duplas, onde cada um apresenta sua parte para o outro e vice-versa. Essa nova dupla fica responsável por elaborar uma nova apresentação, porém nesse momento será a partir da junção das duas partes. Finalizamos com uma apresentação para todos os componentes das células estudantis onde ao final todos deverão ter conhecimento de todo o conteúdo estudado. Figura 2: Ilustração da segunda etapa do Co-op Co-op Fonte: Elaborada pela autora Competências Cooperativas a serem desenvolvidas: Ajuda mútua; Saber ouvir; Partilhar ideias. 38 7.2. Jigsaw Segundo Lopes e Santos (2009, p.135), este método de aprendizagem foi desenvolvido por Aronson e colegas (1978). Podemos descrever essa estratégia em duas etapas. Na primeira etapa como observamos na figura 3, os estudantes serão divididos em células, nesse momento devemos trabalhar com o máximo de heterogeneidade possível, em que cada um ficará com um tema diferente, juntos cada grupo discutirá o seu tema. Figura 3: Ilustração da primeira etapa do Jigsaw Fonte: Elaborada pela autora Na segunda etapa, serão montadas novas células de tal modo que ao final cada célula irá conter um integrante de cada célula anterior, no momento seguinte todos irão socializar seu aprendizado. (ver figura 4) Figura 4: Ilustração da segunda etapa do Jigsaw Fonte: Elaborada pela autora 39 Competências Cooperativas a serem desenvolvidas: Ajuda mútua; Saber ouvir; Partilhar ideias; Permanecer na célula; Esperar sua vez para falar. 7.3. Polêmica construtiva Desenvolvida por David e Roger Johnson a partir de meados dos anos 70, a Polêmica Construtiva (ou Polêmica Acadêmica) fundamenta-se no pressuposto de que o conflito intelectual é um dos mais importantes e eficazes motores de aprendizagem. Conforme vemos na figura 5, esse método trata-se de uma estratégia utilizada quando se propõe a criação de um consenso. Consiste na escolha de um tema, geralmente um que seja suscetível a antagonismo. Logo em seguida os estudantes serão divididos em dois grandes grupos, em que cada grupo ficará responsável por defender pontos de vistas opostos (independente de concordar ou não). É realizado o debate através da mediação do (a) professor (a), que deverá assegurar que todos participarão do debate. Ao final da discussão, deve-se estabelecer um consenso. Figura 5: Ilustração da Polêmica Construtiva Fonte: Elaborada pela autora De acordo David e Roger Johnson, este método, quando devidamente implementado, traduz-se em melhores resultados escolares, maior capacidade de resolução de problemas e de tomada de decisão, aumento de criatividade, maior autoestima e capacidade de lidar com o stress e a adversidade. Competências Cooperativas a serem desenvolvidas: Saber ouvir; Esperar sua vez para falar; Respeitar; Saber criticar a ideia e não o autor. 40 7.4. Pensar, formar pares e partilhar Lopes e Santos (2009, p.141) descrevem que o método foi desenvolvido por Frank Lyman e sua equipe em 1981. Esse método tem inicio com um questionamento inicial colocado pelo professor para os estudantes, e estes pensam individualmente numa resposta. Logo em seguida os estudantes são divididos em pares para compartilharem o que pensaram e tentam entrar em consenso sobre a melhor forma como responderam o questionamento. Ao final cada dupla compartilha com todo o grupo a resposta final ao questionamento proposto pelo o professor. (ver figura 6) Figura 6: Ilustração do pensar, formar pares e partilhar. Fonte: Elaborada pela autora 41 CAPITULO 03 MARCO METODOLÓGICO DO ESTUDO 1. Marco metodológico de estudo Neste capítulo descreve-se a metodologia seguida no desenvolvimento do estudo para atingir os objetivos propostos. Assim, começa-se pela a perspectiva do estudo e do enfoque metodológico logo após faz-se a apresentação do desenho estudo com a caracterização da população estudada e o universo da pesquisa. Logo em seguida apresenta os instrumentos e estratégias para obtenção e construção da informação. Posteriormente, descrevem-se as análises das informações seguidos das estratégias de rigor ou credibilidade utilizadas no estudo. 2. Perspectiva e Enfoque Metodológico da Investigação Este trabalho é uma pesquisa de estudo exploratório. O estudo exploratório o caráter da pesquisa qualitativa usada nesse estudo é do tipo exploratório. Esse perfil de pesquisa foi escolhido devido à flexibilidade, criatividade e informalidade que ele permite ao pesquisador que busca um maior conhecimento sobre o tema ou problema de pesquisa. (AAKER, KUMAR e DAY, 1995). Muitos autores consideram os estudos exploratórios como um estágio preliminar no processo de pesquisa como um todo, servindo para coletar dados e informações, mas ele tem sido crescentemente usado para o desenvolvimento integral de pesquisas nas mais diversas áreas. A pesquisa qualitativa segundo Ludke e André (1996), envolve a obtenção de dados descritivos, obtidos do contato direto do pesquisador com a situação estudada, enfatiza mais o processo do que o produto e se preocupa em retratar a perspectiva dos participantes. De acordo com as autoras, a pesquisa qualitativa supõe o contato direto e prolongado do pesquisador com o ambiente e a situação que está sendo investigada, via de regra através do trabalho intensivo de campo. Segundo Ludke e André (1996), neste tipo de pesquisa, os problemas devem ser estudados no ambiente em que eles ocorrem naturalmente, sem qualquer manipulação intencional do pesquisador. 42 3. Apresentação do desenho estudo Com base na bibliografia consultada e de acordo com a teoria sócio-construtivista de Vygotsky, os alunos aprendem mais e melhor quando trabalham em grupos cooperativos, contudo, na generalidade, os alunos ainda não estão totalmente habituados a trabalhar de acordo com esta estratégia, já que os mesmos começaram a ter contato com nova metodologia há apenas seis meses (RIBEIRO, 2006). Na primeira fase - pré-análise realizou-se a organização e preparação das informações, através da leitura do Questionário 01 nível de conhecimento dos estudantes sobre a A.C. e do questionário 02 aplicação da A.C. nas aulas de educação física e do relato das observações. Já a segunda etapa constitui-se da exploração do material, agrupando dados, respostas mais coerente e interpretações. Na terceira etapa – tratamento dos resultados e sua interpretação. 4. População estudada e o universo da pesquisa Esta pesquisa teve como unidade de análise a Escola Estadual de Educação Profissional Alan Pinho Tabosa em Pentecoste. A escola fica localizada na periferia de Pentecoste na Rua Maria Menezes Furtado no bairro Vila Nova. Esta escola está situada na periferia da cidade de Pentecoste. A região é muito carente de infraestrutura. Existe apenas um hospital na cidade para atender uma população numerosa. O asfalto e o saneamento básico não existem. O nível socioeconômico é muito baixo, visto as altas taxas de desemprego e o subemprego, e o seu entorno é altamente marginalizado. E também são baixos os indicadores de escolaridade de toda a população do bairro, como a grande maioria dos bairros periféricos das cidades. A região possui várias escolas municipais e duas estaduais e na cidade existe apenas uma escola da rede particular de ensino. Mesmo com esse número de escolas na região a população conta com poucos espaços para o desenvolvimento de atividades esportivas e culturais. Os participantes dessa pesquisa foram 45 estudantes, de ambos os sexos, do 1º ano do Ensino médio da turma de Agroindústria da mesma escola. 43 5. Instrumentos e estratégias de obtenção e construção da informação Os instrumentos utilizados foram: dois questionários, o primeiro era sobre o nível de conhecimento dos estudantes sobre a A.C e o segundo era a aplicação da A.C. nas aulas de educação física e observações não participantes feitas durante as aulas aplicadas. Nesta pesquisa, o questionário foi um dos instrumentos centrais de coleta de informação. O questionário é um conjunto de perguntas, que a pessoa lê e responde sem a presença de um entrevistador. Os questionários podem ser de quatro tipos diferentes: Estruturado não disfarçado: o respondente sabe qual é o objetivo da pesquisa, e o questionário é padronizado, usando principalmente questões fechadas. Não estruturado: não disfarçado, neste caso usa-se mais questões abertas e o respondente sabe qual é o objetivo da pesquisa. Não estruturado disfarçado: usa técnicas projetivas (completar sentenças, etc.) para conseguir as informações, sem que o respondente saiba a finalidade da pesquisa (BOYD J. & WETFALL, 1964). Estruturado disfarçado: tenta através da tabulação e cruzamento de informações, descobrir a importância de um assunto para a pessoa, indiretamente (MATTAR, 1996). Diante do exposto acima, escolhemos o questionário estruturado não disfarçado para compor as questões dos dois questionários, pois era o que melhor se adequava a pesquisa e também, porque todos os estudantes participantes sabiam a finalidade da mesma. A aplicação dos questionários deu-se da seguinte forma: no primeiro questionário expliquei aos estudantes os objetivos da pesquisa e como eles já tinham assinado o termo de consentimento os mesmos já sabiam o que seria pesquisado. Entreguei o questionário a cada estudante e todos responderam individualmente houve duração de trinta minutos. No segundo questionário os estudantes já sabiam da pesquisa eu apenas entreguei o questionário e os mesmos começaram a responder houve duração de quarenta minutos. 44 6. Análises das informações Dencker e Da Viá (2001) tratam com clareza e extrema precisão da importância desta fase do estudo. Assim, para que se evitem tautologias, passa-se a transcrever a valorosa lição: “esta é a etapa mais importante da pesquisa, o processo de análise e de interpretação dos dados, cujo objetivo é verificar se as suposições propostas pelo pesquisador são ou não pertinentes ao problema estudado” (p.170). A análise dos dados foi realizada em partes: na primeira etapa de pré-análise realizouse a organização e preparação das informações, através da leitura do Questionário 01 sobre o nível de conhecimento dos estudantes sobre a A.C. e do questionário 02 aplicação da metodologia de A.C. nas aulas de educação física e do relato das observações. Já a segunda etapa constitui-se da exploração do material, agrupando dados, respostas mais coerente e interpretações. Na terceira etapa – tratamento dos resultados e sua interpretação. 7. Estratégias de rigor ou credibilidade utilizadas no estudo Segundo Mattos (2005) o conhecimento científico nasce da inspiração construída socialmente, hipótese que levará o pesquisador a testá-la e tomar forma pelas relações sociais. A ciência é uma prática de conhecimento objetivado que enfrenta opinião de pares, suas discordâncias e critérios. Pela objetividade exercita-se o método como tecnologia facilitadora da produção acadêmica. A credibilidade e a legitimidade do saber colocam-se como questão ética, sem limites entre a argumentação para angariar adeptos pela razão ou convicção dos fatos e a persuasão com a intenção de apenas ter pessoas que o apoiam do seu lado (MATTOS, 2005). Seguindo os critérios da pesquisa podemos afirmar que os aspectos éticos fundamentais é a caracterização de que não haverá discriminação na seleção dos dados nem a exposição a riscos desnecessários aos indivíduos. Todos os participantes membros da Escola Estadual de Educação Profissional Alan pinho Tabosa ofereceram consentimento livre para adesão à pesquisa. Essa aceitação foi firmada através da assinatura de um termo de responsabilidade com explicação da pesquisa e de como ia se proceder à mesma e tivemos a concordância de todos. 45 Assim, todos terão garantias de preservação dos dados, da confidencialidade e do anonimato dos indivíduos pesquisados. PARTE II RESULTADOS, ANÁLISE E CONSTRUÇÃO DAS INFORMAÇÕES 47 CAPITULO 4 CONSTRUINDO AS INFORMAÇÕES COLETADAS NA INVESTIGAÇÃO 1. Resultados do estudo Neste capítulo foram analisados todos os dados obtidos nesta pesquisa, as observações coletadas e os dados dos dois questionários. 1.1. O contexto da pesquisa: a escola onde aconteceu a pesquisa A Escola Estadual de Educação Profissional está localizada na periferia de Pentecoste, na Rua Maria Menezes Furtado no bairro Vila Nova. Um bairro muito carente, com infraestrutura quase inexistente, não existe saneamento básico e o nível socioeconômico é muito baixo com altas taxas de desemprego e subemprego e o seu entorno é altamente marginalizado. O corpo administrativo da Escola é composto por um diretor e dois coordenadores. A escola conta com 14 professores nos turnos manhã e tarde. A Escola é um prédio com dois pavimentos, e sua frente com seus alambrados viabilizam uma visão panorâmica da mesma, fugindo à regra dos muros que isolam a escola da comunidade. Possui uma rampa para facilitar o acesso das pessoas com deficiência física. A mesma conta com 12 salas de aula; 1 sala de administração contando com 1 sala de direção, 1 da coordenação pedagógica e 1 de coordenação de estágio; 1 secretaria; 1 refeitório amplo e 1 cozinha; 1 biblioteca; 2 banheiros para professores; 1 sala de material pedagógico; 1 laboratório de biologia; 1 laboratório de física; 1 laboratório de matemática; 1 laboratório de química; 1 laboratório de informática; 1 laboratório de línguas; 1 almoxarifado; 1 sala do grêmio; 1 jardim com pracinha; 12 banheiros masculinos e femininos; 1 quadra de esporte com sala de coordenação de educação física, 1 sala para materiais esportivos, 1 sala de multiuso e 2 vestiários; 2 salas especiais; 1 anfiteatro; 1 auditório; A Escola conta com 180 alunos matriculados, do 1º ano do ensino médio, no turno integral. A infraestrutura física da escola é muito boa, a quadra poliesportiva é coberta com arquibancadas e fica em um local estratégico onde não prejudica o andamento das outras atividades da escola. 48 A coordenação é muito comprometida e responsável, os professores trabalham no clima harmonioso e de cooperação onde todos utilizam a metodologia de A.C. em suas aulas. 1.2. Análises do Questionário 1- Nível de conhecimento dos estudantes sobre a A.C. Porcentagem de Estudantes Os dados analisados são de 45 estudantes, de ambos os sexos, da turma agroindústria. 40% 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% Masculino Feminino Sexo dos Estudantes Gráfico 1 - Sexo dos Estudantes Conforme analisado no gráfico 1 verificamos que 37% dos estudantes são do gênero masculino e 63% feminino. Isso ocorre em grande predominância em todas as turmas da escola. Segundo os dados analisado no gráfico 2 em relação à classificação da metodologia de A.C. obtivermos os seguintes resultados: 51% dos estudantes classificam a metodologia como excelente, 35% ótima, 11% boa e 2% como ruim. É de se esperar essa resposta, pois a instituição já utilizava em suas a metodologia há um ano. Porcentagem de Estudantes 49 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Excelente Ótima Boa Classificação da A.C. Ruim Gráfico 2 - Classificação da metodologia de A.C. Com relação à principal dificuldade em vivenciar a metodologia de A. C. com base no gráfico 3 obtivemos os seguintes resultados. Dos estudantes pesquisados 11% sentem dificuldade com o trabalha em equipe, 42% não sentem dificuldade, 8,8% sentem dificuldades em ouvir o colega na hora precisa, 4% tem dificuldade em compreender e vivenciar a metodologia e 33% tem outras dificuldades. Nesse item o estudante poderia marcar mais de uma alternativa. Porcentagem de Estudantes 45% 40% 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% Trabalhar em Não há equipe dificuldade Ouvir o colega Compr e vivenciar Outros Dificuldade em vivenciar a metodologia de A. C. Gráfico 3 - Dificuldade em vivenciar a metodologia de A.C. O que podemos concluir é que a maior parte dos estudantes gosta muito da metodologia, no entanto, ainda existem algumas dificuldades na hora de vivenciá-la, pois sabemos que o 50 período em que os mesmos estão em contato com essa nova metodologia em comparação com a metodologia anterior é curto e pode significar para eles algo novo em sua vida estudantil. No tocante à participação das atividades na célula com responsabilidade observamos no gráfico 4 que tivemos os seguintes dados: 87% dos estudantes sempre participam da célula com Porcentagem de Estudantes responsabilidade e 13% às vezes participam com responsabilidade. 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Sempre Nunca Ás vezes Participação na célula com responsabilidade Gráfico 4 - Participação na célula com responsabilidade Já esperávamos esse percentual, pois a maioria dos estudantes vem participando a um ano das atividades da escola dentro da metodologia de ensino de A.C. e já sabem as definições de responsabilidade individual e participação da célula com responsabilidade e conseguem se identificar com esse método dividindo as responsabilidades com todos do grupo. Podemos afirmar com base no gráfico 5 que com relação à comparação entre a metodologia de A.C. com a metodologia tradicional 78% a acham melhor essa nova metodologia, 20% às vezes e 2% não ver diferença. Porcentagem de Estudantes 51 90,00% 80,00% 70,00% 60,00% 50,00% 40,00% 30,00% 20,00% 10,00% 0,00% Sim Não Ás vezes Não vejo diferença Metodologia de A. C. comparada a Metodologia Tradicional Gráfico 5 - Metodologia de A.C. comparada a Metodologia Tradicional Percebemos que alguns estudantes ainda têm dificuldades em analisar as duas metodologias e isso é aceitável, pois eles tiveram vários anos de estudo no ensino tradicional e há apenas um ano eles começaram a ter contato com esse novo método e é período curto para internalizar a metodologia. Com base nos dados coletados como vemos no gráfico 6 pode-se identificar o que os estudantes mais gostam na metodologia de A.C. 91% gostam de compartilhar conhecimentos, 80% de ser escutado, 53% de ser elogiado, 48% de ouvir atentamente, 28% expressar sentimentos, 66% pedir ajuda, 48% de resolução de problemas, 42% de ser gentil e 20% de outros, como: autonomia, ser respeitado, celebrar sucesso, ter novos conhecimentos e fazer amizades, interagir, aprender facilmente, união e poder fazer eventos com os grupos bases. Nessa pergunta o estudante poderia marcar mais de um item e eles escolheriam o que mais gostava no método. Porcentagem de Estudantes Outros Ser gentil Resolução de problemas Pedir ajuda Expressar sentimentos Ouvir atentamente Ser elogiado Ser escutado Compartilhar conhecimentos 0% 20% 40% 60% 80% 100% O que mais gosta na Metodologia de A. C. Gráfico 6 - O que mais gosta na metodologia de A.C. 52 Portanto, a A.C. está contribuindo para os estudantes tornem-se atuantes no processo de ensino-aprendizagem, pois a metodologia favorece para que os mesmos atuem como parceiros entre si e com o professor, visando sempre a alcançar os objetivos traçados. Almeida (2011), confirma que com a A.C. os alunos avançam progressivamente em relação ao desenvolvimento pessoal e também em outras dimensões, aumenta o saber descobre e compreende a variedade e complexidade do mundo onde está inserido, desperta curiosidade intelectual, estimula o senso crítico e adquire uma maior autonomia. Com base nos dados coletados em relação o que o estudante não gosta na metodologia de A.C. tivemos os seguintes resultados: 75% não gostam de avaliação individual, 4% de compartilhar conhecimentos, 24% de responsabilidade individual, 8% interdependência positiva, 6% pessoas desinteressadas e 4% de trabalhar com pessoas que não gostam. Porcentagem de Estudantes Pessoas que não gostam Pessoas desinteressadas Interdependência Positiva Responsabilidade Individual Compartilhar conhecimentos Avaliação individual 0% 20% 40% 60% 80% Não gostam na Metodologia de A. C. Gráfico 7- O que não gosta na metodologia de A.C. Nessa indagação conforme vimos nos dados do gráfico 7 podemos concluir que ainda existem muitos entraves em relação à metodologia, pois os estudantes saíram de nove anos de estudo no método tradicional e começaram a ver esse novo método há apenas um ano. 53 1.3. Análise do Questionário 2- Aplicação da A.C. nas aulas de Educação Física Os dados analisados foram de 45 estudantes, de ambos os sexos, da turma agroindústria. Foi elaborado um segundo questionário (anexo 02) sobre a de análise da metodologia de aprendizagem cooperativa na disciplina de educação física. Isto é, como os estudantes percebem a metodologia nas aulas de educação física. Conforme o gráfico 8 pode-se inferir que com relação à metodologia de A.C. podendo ser aplicada na disciplina de educação física obtivemos os seguintes resultados: 94% dos estudantes acham que sim, 2% acham que não, 4% depende do professor e 0% depende da Porcentagem de Estudantes turma. 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Sim Não Depende do Depende da Professor Turma Aplicação da A. C. na disciplina de Educação Física Gráfico 8: Aplicação da A. C. na disciplina de Educação Física Diante dos dados, concluímos que a grande maioria dos estudantes analisados concorda que a metodologia pode ser aplicada na disciplina de educação física, no entanto, percebemos que ainda existe um entrave a essa metodologia nas aulas de educação física, pois o esporte pode ser considerado o conteúdo mais frequente das aulas de educação física na escola, principalmente no que se refere ao ensino médio, até mesmo porque as aulas na sua maioria sempre foram aulas competitivas onde a preocupação maior era com o resultado final do jogo. E trazer um novo olhar cooperativo para as aulas de educação física é um desafio maior do que em todas as outras disciplinas. 54 Com base no gráfico 9 em relação à metodologia de A.C. com a metodologia tradicional nas aulas de educação física concluímos que: 85% acham que a metodologia de A.C. é melhor Porcentagem de Estudantes que a tradicional e 15% às vezes. 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Sempre Nunca Ás vezes Não vejo diferença Metodologia de A.C. X metodologia tradicional nas aulas de Educação Física Gráfico 9: Metodologia de A.C. X metodologia tradicional nas aulas de Educação Física O que concluímos dessa pergunta é que a grande maioria os estudantes preferem as aulas de educação física na metodologia de A.C., no entanto, ainda existem estudantes que tem dificuldades de se adaptar a essa metodologia. Em relação a A.C. o professor acompanha pessoalmente melhor os grupos de estudos que no ensino tradicional obtivemos os seguintes dados: 95% dos estudantes responderam sim Porcentagem de Estudantes e 5% às vezes. 100% 80% 60% 40% 20% 0% Sempre Nunca Ás vezes Na A.C., o professor acompanha pessoalmente melhor os grupos de estudos que no ensino tradicional Gráfico 10: Na A.C., o professor acompanha pessoalmente melhor os grupos de estudos que no ensino tradicional. 55 Podemos perceber com base nos dados do gráfico 10 é que a maior parte da turma acha que o professor consegue acompanhar melhor as atividades na metodologia de A.C., pois o professor divide com os estudantes a responsabilidade do trabalho e isso, contribui para que os grupos possam ser melhores acompanhados no desenvolvimento de suas tarefas e consequentemente atingiram os objetivos propostos. Como observamos nos dados do gráfico 11, 80% dos estudantes acham que a A.C. pode contribuir para a resolução de problemas nas aulas de educação física e 0% acham que Porcentagem de Estudantes não e 20% às vezes pode contribuir. 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Sempre Nunca Ás vezes A A.C. pode contribuir na resolução de problemas nas aulas de educação física? Gráfico 11: A A.C. pode contribuir na resolução de problemas nas aulas de educação física Esperávamos por esse resultado, pois a A.C. contribui para os estudantes juntamente com o professor resolver os problemas que surgirão durante as aulas. Usando a capacidade de comunicação para entender a percepção que os outros têm da situação, as suas necessidades e desejos; ir além das posições base ou soluções para perceber o que as partes realmente precisam para ficarem satisfeitas, tendo em vista o alcance do acordo e procurar a posição comum a todas as partes e por fim, gerar ideias, olhando o problema de todos os ângulos e considerando tantas ideias diferentes quantas possíveis. Tudo isso, juntamente com as regras de convivência claras e o estabelecimento de limites, determinados com o acordo de todos os estudantes, têm provado ser eficiente e eficaz dentro da escola. Porcentagem de Estudantes 56 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Sempre Nunca Ás vezes Importância da participação na célula para alcançar o objetivo do grupo Gráfico 12: Importância da participação na célula para alcançar o objetivo do grupo Em relação à participação do estudante na célula, ou seja, no grupo em que está participando das atividades obtivemos os seguintes dados: 0% dos estudantes responderam que o grupo alcançaria o objetivo sem sua participação, 77% não alcançaria e 23% às vezes. Concluímos que os estudantes compreendem importância do outro no seu aprendizado, pois percebem que sem a ajuda mútua eles não conseguirão alcançar as metas traçadas. (ver gráfico 12) Nessa pergunta os estudantes colocaram justificativas para suas respostas os 35 estudantes que marcaram o item não, deram as algumas justificativas, como: todos precisam de ajuda mútua, participação de todos é igual objetivo alcançado, na aprendizagem cooperativa o grupo precisa participação de todos, cada membro tem sua função, porque precisamos do grupo para alcançar o sucesso, participação de todos é igual trabalho realizado com sucesso, sei alguma coisa que os ouros não sabem e assim posso compartilhar novos conhecimentos, porque a presença de todos é importante fundamental, para alcançar o objetivo, a participação de todos é importante, compartilhando ideias podemos obter o sucesso mais rápido, quando o grupo incompleto não funciona corretamente. Já os estudantes que responderam ás vezes deram as seguintes justificativas: porque nem sempre estou atento nas atividades propostas, se o grupo se dedicar talvez alcançar o objetivo, às vezes há falta de compromisso do grupo, porque há atividade que pode ser realizado sem minha presença, existem atividades que podemos fazer só, mas se o outro ajudar será melhor. 57 Podemos perceber em algumas justificativas que mesmo os estudantes que disseram que às vezes o grupo pode resolver a atividade sem sua presença colocam algumas justificativas que se contradiz com o item que os mesmos escolheram. Pois como afirma Lopes (2009), o objetivo dos grupos na aprendizagem cooperativa é fortalecer cada membro individual, isto é, que os estudantes aprendam juntos para poderem sair-se melhor como indivíduos. Número de Estudantes Ser gentil Res. Prob. em grupos Pedir ajuda Exp. Sentimentos Ouvir atentamente Ser elogiado Ser escutado Compartilhar conhecimentos 0 10 20 30 40 Fatores positivos na Metodologia de A.C. nas aulas de Educação Física Gráfico 13: Fatores positivos na utilização da metodologia A.C. nas aulas de Educação Física Em relação aos fatores positivos na utilização da metodologia de A.C. nas aulas de educação física tivemos os seguintes resultados, como podemos ver no gráfico 13. 37 estudantes acham positivo compartilhar conhecimentos, 31 de ser escutado, 27 de ser elogiado, 28 de ouvir atentamente o colega, 16 de expressar sentimentos, 32 de pedir ajuda, 29 acham muito positivo resolverem os problemas em grupos e 23 ser gentil com os colegas. Nessa pergunta o estudante poderia marcar mais de uma opção. Podemos concluir com base nos resultados que os estudantes compreenderam e reconheceram todos os benefícios que a A.C. pode lhes proporcionar tanto as contribuições cognitivas quanto sociais. Em relação aos fatores negativos na utilização da metodologia de A.C. nas aulas de educação física tivemos os seguintes resultados, como podemos ver no gráfico 14. Percentual de Estudantes 58 Interdependência Positiva Responsabilidade Individual Compartilhar conhecimentos Avaliação Individual 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% Fatores Negativos da A.C. nas aulas de Educação Física Gráfico 14: Fatores negativos na utilização da metodologia de Aprendizagem Cooperativa nas aulas de educação física 54% dos estudantes acham negativo a avaliação individual, 10% compartilhar conhecimento, 29% acham negativo a responsabilidade individual e 7% não gostam da interdependência positiva. Nessa pergunta o estudante poderia marcar mais de uma opção. Nessa resposta como podemos perceber os estudantes ainda tem dificuldades em três elementos que são imprescindíveis para o bom funcionamento dos grupos de estudos: compartilhar conhecimentos, responsabilidade individual e a interdependência positiva. Em relação à metodologia lhe ajudou a se relacionar melhor com as pessoas obtivemos os seguintes resultados: 95% dos estudantes responderam que sim, 0% não e 5% às vezes. Número de Estudantes 120% 100% 80% 60% 40% 20% 0% Sempre Nunca Talvez A A.C. estimula a perder a timidez ou medo de falar Gráfico 15: metodologia lhe ajudou a se relacionar melhor com as pessoas 59 A essa resposta podemos ver no gráfico 15 praticamente houve unanimidade dos estudantes na resposta sim a metodologia de A.C. ajudou a se relacionar melhor com as pessoas. Assim, concluímos, a mesma contribui não só no desenvolvimento cognitivo, mas também no desenvolvimento social dos estudantes. No tocante a A.C. estimula a perder a timidez ou medo de falar obtivemos os seguintes resultados: 95% dos estudantes responderam que sim, 0% não e 5% às vezes. (ver gráfico 16) Porcentagem de Estudantes 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Sempre Nunca Ás vezes A A.C. estimula a perder a timidez ou medo de falar Gráfico 16: A A.C. estimula a perder a timidez ou o medo de falar Temos a conclusão baseado nos dados acima que a grande maioria dos estudantes acha que a metodologia de A.C lhe estimulou a perder a timidez ou o medo de falar para o grupo. Nessa pergunta pedia a justificativa do item marcado os 43 estudantes que marcaram sim em suas respostas deram as seguintes justificativas: Na aprendizagem cooperativa há maior estímulo para falar; O grupo precisa da participação de todos e assim perdemos o medo de falar; Porque a aprendizagem cooperativa ajuda se relacionar melhor com as pessoas; Na metodologia de aprendizagem cooperativa todos contribuem; Ajuda mútua, porque podemos se comunicar melhor com as pessoas; Porque a professora incentiva à gente a falar em todas as atividades e trabalhos. Somos incentivados todos os dias com o debate em grupo e assim nos sentimos mais seguros para falar; Nesse método há maior relacionamento entre os estudantes e também maior estímulo a falar, vou compartilhar o que sei com o grupo e perco a timidez; 60 Nessa metodologia temos que estar em constante comunicação com o grupo; Na aprendizagem cooperativa perdemos o medo de falar, pois precisamos expor ideias para o objetivo ser alcançado; Antes tinha vergonha de falar e expor minhas ideias agora não tenho mais. As justificativas dos 02 estudantes que responderam às vezes foram as seguintes: por conta da timidez ainda não adaptei a metodologia. Já esperávamos por esse percentual, pois os estudantes estão há um ano nessa metodologia e também estão muito entusiasmados podendo dar sua contribuição para o processo de ensino aprendizagem e isso contribui muito para perder a timidez e o medo de falar. Ao contrário da metodologia tradicional onde os estudantes não eram incentivados e assim continuavam com medo de errar, pois achavam que o professor era quem sabia e assim consequentemente estes continuavam sem expressão. Em relação a A.C. lhe ajudou tornar-se mais autônomo para o seu aprendizado obtivemos os seguintes resultados: 89% dos estudantes acham que sim, 0% não e 11% às Porcentagem de Estudantes vezes. 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Sempre Nunca Ás vezes A A.C. lhe ajuda a tornar-se mais autônomo para o seu aprendizado Gráfico 17: A A.C. lhe ajuda a tornar-se mais autônomo para o seu aprendizado? Com base nos dados do gráfico 17 podemos ter a conclusão que a A.C. ajudou os estudantes a serem mais autônomos. Nessa pergunta o estudante justificava o item marcado e os 40 estudantes que marcaram sim deram as seguintes justificativas: maior estímulo e maior capacidade para conhecer, porque a gente aprende a ser responsável, a professora sente confiança na gente e estimula a ter responsabilidade e isso nos ajuda, a metodologia estimula, 61 adquirimos maior responsabilidade, porque a partir da metodologia temos consciência para estudar, aprendemos a tomar decisões, lidar com as pessoas e com o grupo e dar nossa opinião, responsabilidade individual, com a aprendizagem cooperativa temos que ter mais responsabilidade, vamos atrás do que queremos saber, porque o estudante se sente seguro e executa melhor a atividade e com isso se torna mais autônomo. Trabalhar com essa metodologia o estudante se sente mais valorizado, e isso nos ajuda a ser mais independente, criando soluções para os problemas que surgirão no decorrer das atividades. Na Aprendizagem Cooperativa além de aprendermos a trabalhar em grupo somos incentivados a conseguirmos nossa autonomia, é ótimo ela nos faz capaz de solucionar nossos próprios problemas, porque trabalhamos juntos alcançamos muito mais, com a ajuda da coordenação e dos professores da escola. 1.4. Análises das observações das aulas As aulas foram planejadas para 45 estudantes de ambos os sexos masculino e feminino da turma de agroindústria da Escola de Estadual de Educação Profissional Alan Pinho Tabosa em Pentecoste. 1.4.1. Aula 1 A aula teve inicio com a professora falando a importância dos desafios cooperativos, logo em seguida inicia um alongamento coletivo, depois do alongamento a professora explica para o grupo o desafio proposto e determina o tempo de cada tarefa. Percebeu-se que no inicio os estudantes têm algumas dificuldades em se entender na hora de falar e chegar a uma resolução para o desafio proposto. Em algumas vezes a professora precisou intervir e pedir para que os mesmos utilizem algumas habilidades sociais, como: ouvir o outro e falar um de cada vez. No tocante ao tempo da atividade eles não conseguiram cumprir o tempo determinado para a tarefa, mas a professora intervém e concede mais um tempo para eles chegarem ao objetivo, que é tirar o veneno da corda e levá-la, no final eles conseguem cumprir o desafio. No final da atividade a professora fez um feedback com os estudantes sobre a aula. Como cada um se sentiu na execução da tarefa, quais pontos positivos e negativos. Vários estudantes começaram a falar um disse: 62 No inicio tive muita dificuldade em ouvir os colegas e esperar minha vez de falar, mas depois fui me controlando. Pontos considerados positivos da aula: maior interação entre os colegas, todos pensam juntos e compartilham com os demais. Pontos considerados negativos: muito barulho, pois as pessoas falavam todos ao mesmo tempo e não esperava a vez para falar. O que aprenderam com a aula? Todos precisam um do outro para conseguir superar o desafio e atingir o objetivo proposto no desafio. 1.4.2. Aula 2 A segunda aula teve inicio com a professora retomando o assunto da aula anterior e falando que a temática da aula é a mesma mudando apenas o desafio. A professora perguntou se algum estudante deseja fazer o alongamento e vários se propõem. Então ela pede que o estudante inicie o alongamento. Logo em seguida ela descreveu o desafio da aula que foi: desencantar os balões que alguém encantou, no entanto, eles deverão seguir alguns critérios, que são: no instante em que um estudante da turma toca em um balão, esse balão não pode tocar o solo até que todos da turma tenham tocado nele. Ninguém pode tocar o balão com as mãos ou braços antes que ele tenha sido desencantado. E por ultimo, se não forem cumpridas as regras anteriores, esse balão segue encantado e não será possível tocá-lo com as mãos ou braços. No inicio houve uma grande dificuldade, pois os estudantes ainda não tinham se organizado para realização do desafio, mas a professora chamou a atenção e sugeriu que eles tentassem se organizar de outra forma. Então eles perceberam que da forma como estava fazendo não conseguiria superar o desafio. Começaram a se organizar em grupos menores para realizar a tarefa no tempo determinado. Ao final eles conseguiram desencantar os balões no tempo em que foi proposto pela professora. Logo em seguida a professora chama os estudantes para uma roda de conversa para fazer uma analise da aula, como os estudantes se sentiram, se todos participaram, quais suas dificuldades e sugestões. 63 Os estudantes começaram falando que no inicio eles sentiram dificuldades, pois eles não tinham pensado como um grupo para superar o desafio. Eles apenas pensaram individualmente na execução da tarefa proposta. Mas quando a professora pediu que eles pensassem em outras formas de executar a atividade eles começaram a pensar em grupo. E que no final pensando coletivamente alcançaram o objetivo. 1.4.3. Aula 3 A professora iniciou a aula falando da importância do trabalho em grupo relembrando a ultima atividade feita por eles na aula anterior e que eles só alcançaram o objetivo proposto quando começaram a pensar coletivamente. E começou falar o que eles iriam fazer na aula. Pediu uma estudante para fazer o alongamento e falou da importância do mesmo antes de fazer qualquer atividade física. Logo em seguida explicou o desafio que seria a travessia do campo minado e deu algumas regras que ele deveriam cumprir e citou as seguintes: para entrar no campo minado, uma pessoa deve colocar uma máscara nos olhos ou ir em pé andando de costa. Se uma pessoa toca em uma mina, esta pessoa voltará à linha de partida. Se uma mesma pessoa em suas tentativas, ao longo da travessia, toca três vezes em uma mina, um jogador que já tenha atravessado o campo minado deve voltar à linha inicial e recomeçar a travessia. Esse desafio foi o mais complicado até o momento para os estudantes, pois eles ficaram de olhos vedados e tiveram que confiar nos colegas. Mas com as experiências das aulas anteriores os estudantes já estavam mais confiantes e já tinham experiências no trabalho coletivo. Eles tiveram algumas dificuldades na hora de saber realmente onde estavam pisando, pois tinham alguns problemas com a questão da lateralidade, quando algum estudante dizia vai para direita eles se confundiam e acabavam pisando na mina, mesmo assim os companheiros incentivaram e eles acabaram cumprindo o desafio no tempo proposto. No final da atividade a professora chamou todos para uma roda de conversa. Começou elogiando o trabalho desenvolvido por todos os estudantes e todos celebraram o sucesso que é uma das habilidades sociais da aprendizagem cooperativa. Logo após esse momento os estudantes começaram falando as dificuldades que tiveram para realização da tarefa. Eles citaram algumas como: o problema se não saber onde estar pisando, pois estavam de olhos fechados, a confiança que às vezes eles não tinham no amigo quando ele passava as instruções de onde deveriam pisar, mas que ao final da tarefa 64 todos já sentiram mais confiantes no colega e estavam muito felizes, pois conseguiram alcançar o objetivo do grupo. 1.4.4. Aula 4 A professora iniciou a aula falando que estava muito feliz com eles, pois tinha percebido um grande interesse em estar participando dessas atividades que eram extracurriculares, ou seja, não faziam parte das aulas da escola. E todos ficaram muito contentes. Passando esse momento ele começou falando qual seria o desafio da aula que foi o seguinte: Vocês estão diante de um lago contaminado por resíduos tóxicos. Os peixes estão a ponto de morrer. Depende de vocês salvar os peixes. Para isso, vocês podem utilizar as bolas especiais que vocês levam. Todos os estudantes ficaram muito eufóricos com o desafio, e a professora chamou um representante dos meninos para fazer um alongamento coletivo, logo em seguida deu as seguintes instruções para realização do desafio: ninguém pode tocar o lago em nenhum momento. A contaminação fará com que caia uma parte do corpo em contato com a água, se acontecer isso, o jogador segue no jogo, mas não pode usar a parte do corpo que está contaminada caso seja um pé terá que ficar com um pé só, se é uma mão terá que colocá-la atrás das costas e etc. Só se pode lançar contra os objetos do lago, as bolas que tenham sido passadas por uma outra pessoa do grupo, nunca uma bola que tenha sido recolhida do solo caso isso ocorra, a pessoa que lançou a bola deve permanecer um minuto congelada. Cada pessoa pode tirar do lago no máximo dois objetos contaminados, se ao longo da prova, cinco pessoas ficam congeladas, o grupo deve voltar e recomeçar todo o jogo. Depois de todas as instruções os estudantes se reuniram e começaram a pensar que estratégias eles usariam para cumprir a atividade no tempo determinado, e todos deram sugestões e chegar a um consenso de como fazer a tarefa. E começaram a fazer a atividade em algum momento eles se contaminavam e seguiam no jogo apenas com uma parte do corpo, como um pé só. Em outras vezes lançavam contra os objetos do lago as bolas recolhidas do solo e acabavam sendo penalizados. No entanto, no final o grupo atingiu o objetivo salvando os peixes do lago no tempo determinado. Ao final do desafio realizado a professora chamou todos para uma roda de conversa para analisarem como foram na execução da atividade. Eles começaram falando que todos tinham participado da atividade e que o objetivo só foi alcançado porque todos participaram 65 de forma igual. E também, falaram das dificuldades que sentiram, principalmente quando ficaram impossibilitados de usar algum membro e fizeram uma correlação dos membros do corpo humano com os membros do grupo. Se todos não trabalharem harmoniosamente todos perdem. A professora agradeceu muito a participação de todos e falou que essa seria a ultima atividade e que estava muito feliz com a participação e a disponibilidade de todos. 66 CAPITULO 5 CONCLUSÕES DO ESTUDO REALIZADO 1. Conclusões Este estudo buscou verificar a aplicabilidade da aprendizagem cooperativa como recurso metodológico e pedagógico dentro das aulas de educação física do ensino médio na escola Estadual de Educação profissional Alan Pinho Tabosa em Pentecoste. A metodologia de aprendizagem cooperativa não é uma prática nova Ovejero (1990) apud Almeida, (2011) fala que no século XVII que alguns pedagogos acreditavam que o estudante seria beneficiado se ensinasse a outro colega como também aprenderia com ele. No entanto, a aprendizagem cooperativa como metodologia no Brasil é extremamente nova, existem alguns estudos sobre a ideia e algumas experiências isoladas quase sem nenhuma divulgação. Como no caso do Ceará, o PRECE, utilizava o sistema de estudo em grupo não estruturado, algo parecido com essa metodologia, desde 1994. Nas aulas educação física em escola estadual isso é bastante novo. Está havendo desde 2011 uma implementação dessa metodologia nas aulas do ensino médio na escola estadual de educação profissional Alan Pinho Tabosa em Pentecoste, Ceará. Pudemos perceber através das observações não participantes das aulas práticas e dos questionários que: a estrutura física da escola é muito boa, a quadra poliesportiva é coberta e fica no local estratégico onde os estudantes e a professora podem desenvolver todas as atividades sem haver nenhum prejuízo em outras aulas. No tocante à aplicabilidade da metodologia de Aprendizagem Cooperativa nas aulas de educação física pudemos concluir que a mesma esta sendo aplicada. Percebemos também, que a maioria dos estudantes participantes da pesquisa se identifica mais com essa metodologia do que com a metodologia do ensino tradicional. Conclui-se ainda que na aprendizagem cooperativa, o professor acompanha pessoalmente melhor os grupos de estudos que no ensino tradicional, pois o professor divide com os estudantes a responsabilidade do trabalho e isso, contribui para que os grupos possam ser melhores acompanhados no desenvolvimento de suas tarefas e consequentemente conseguem chegar aos objetivos propostos. Em relação a A.C. poder contribuir na resolução de problemas nas aulas de educação física o que se concluiu através dos dados coletados e das observações das aulas é que sim. Durante as aulas os estudantes no inicio dos desafios tinham grandes dificuldades na 67 resolução dos conflitos, no entanto nas aulas seguintes já conseguiam contornar as dificuldades com maior habilidade. Segundo os estudantes pesquisados pode-se perceber que a maioria acha que a metodologia de aprendizagem cooperativa vem contribuindo para a resolução dos problemas nas aulas de educação física e também, que sem a participação de todos, os objetivos do grupo não seria alcançado. Usando as regras de convivência claras e o estabelecimento de limites, determinados com o acordo de todos os estudantes e professores, a A.C. dentro das aulas de educação física têm provado ser eficiente e eficaz dentro da escola. Sabemos que na aprendizagem cooperativa os conflitos sempre existirão. Como confirma Lopes (2009), a cooperação pode desencadear conflitos, os procedimentos e estratégias exigidas para lidar com os conflitos de maneira construtiva são especialmente importantes para o bom funcionamento dos grupos de aprendizagem. No que se refere aos fatores negativos da utilização da metodologia de A.C. nas aulas de educação física, pudemos concluir que existe alguns fatores negativos que impedem o bom andamento de algumas atividades, citaremos alguns: avaliação individual, participar de algumas atividades da célula de estudo, ou seja, em grupo e por fim a responsabilidade individual que alguns citam justificando que a metodologia é muito nova e alguns estudantes ainda sentem dificuldades em aplicá-la. Já em relação aos pontos positivos da utilização da metodologia de aprendizagem cooperativa nas aulas de educação física, pudemos concluir que existem vários, como: compartilhar conhecimentos com os colegas, ser escutado na hora precisa, ser elogiado ao concluir uma tarefa, expressar sentimento no grupo, pedir ajuda na hora exata, resolução de problemas e ser gentil com todos os participantes da célula. Cabe ressaltar ainda que a aplicação da aprendizagem cooperativa no ensino formal é importante não só para obtenção de ganhos em relação ao próprio processo de ensinoaprendizagem, mas também na preparação dos estudantes para situações futuras em qualquer ambiente, onde cada vez mais as atividades exigem pessoas aptas para trabalhar em grupo (LOPES 2009). 68 CAPITULO 6 LIMITAÇÕES E RECOMENDAÇÕES DO ESTUDO 1. Relevância do estudo realizado A importância deste estudo é a de mostrar os benefícios alcançados com a utilização da metodologia de A.C. nas aulas educação Física na EEEP Alan Pinho Tabosa e também ver quais as principais dificuldades enfrentadas na utilização dessa metodologia. Este estudo também é importante para todos que trabalham com educação e metodologias de ensino ou para as pessoas que queiram saber mais sobre essa temática. O estudo realizado tem grande significância para o estudo das metodologias de ensino como um todo, não só na disciplina de educação física. Podendo ser pensado pelo governo municipal em aplicá-lo nas escolas do município onde foi feito a pesquisa. Enfim, trará contribuições e reflexões para comunidade escolar onde está inserida essa metodologia. E também, haverá uma maior divulgação para a comunidade acadêmica sob esse novo olhar para o ensino. 2. Limitações do estudo As limitações pertinentes à pesquisa, já previstas em quaisquer de suas modalidades, quantitativa ou qualitativa, estão relacionadas, primeiramente, à escolha do tema. A minha decisão em escolher a temática que gostaria de pesquisar me trouxe dificuldades na escolha do professor orientador e assim consequentemente, diminui o tempo que tivemos para a elaboração e conclusão da pesquisa. Percebemos também que a coordenação do curso poderia ter incluído uma disciplina de pré-projeto já que esse é uma visão antecipada da pesquisa e representa um planejamento dos passos que serão efetuados até a conclusão do projeto final. Assim teríamos tido um maior foco na temática que iríamos pesquisar. Em consequência disso, o tempo de contato da pesquisadora com o contexto investigado foi significativamente curto. 69 3. Recomendações do estudo O desenvolvimento deste estudo nos leva a considerar algumas sugestões para futuras investigações que aqui se apresentam, e que em nossa opinião poderiam contribuir em certa medida, para o enriquecimento do presente estudo. Destacam-se as seguintes: Um estudo maior que inclua todas as turmas do mesmo ano da escola; Um maior número de aulas para serem aplicadas e observadas. 70 CAPITULO 7 1. Bibliografia ABRAHÃO, Sérgio Roberto. A relevância dos jogos cooperativos na formação dos professores de educação física: uma possibilidade de mudança paradigmática. 2004. Dissertação (Mestrado em Educação) - Curso de Pós- Graduação em Educação, Setor de Educação, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2004. AGUADO, Díaz, M.J.. A Educação Intercultural e Aprendizagem Cooperativa. Porto Editora, 2000. ALMEIDA , M.T.P. Jogos cooperativos: aprendizagens, métodos e práticas. 1ª Ed. Várzea Paulista, São Paulo: Fontoura, 2011. AMARAL, Jader Denicol. Jogos cooperativos. São Paulo: Phorte, 2004. BERNARDI, Ana Paula, ROCHA, André Luis da, LOPES, Jéssica Aparecida Rodrigues. Proposta pedagógica das escolas e metodologias de ensino da Educação Física escolar: uma importante relação. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd127/metodologias-deensino-da-educacao-fisica-escolar.htm>. Acesso: 16/ de maio de 2012. BETTI, Mauro. Educação Física e Sociedade. São Paulo: Editora Movimento, 1991. BOUZAS.P. Aprendizaje Cooperativo no en matemáticas en el nível de educación secundaria obligatoria. Proceso global de aprendizaje. Tesis Doctoral: Universidade Nacional de Eucación a Distancia, 2001. BRANDL NETO, I. Propostas para o Ensino da Educação Física. Caderno de Educação Física, v. 2, nº 1, p. 87-106, Nov/2000. BROTTO, Fábio Otuzzi. Jogos cooperativos: o jogo e o esporte como exercício de convivência. Campinas: 1999. Dissertação (Mestrado) - UNESP. COCHITO, Maria Isabel Geraldes Santos, setembro de 2004 Cooperação e Aprendizagem. Disponível em: <http://ftp.infoeuropa.eurocid.pt/database/000040001000041000/000040616.pdf>. Acesso em: 17 de abril 2012. COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do ensino de Educação Física. São Paulo: 71 Cortez, 1992. CORREIA, M.M. Trabalhando com jogos cooperativos: Em busca de novos paradigmas para a educação física. Campinas, SP: Papirus, 2008. DARIDO, Suraya Crista e RANGEL, Irene Conceição Andrade. Educação física na escola: implicação para a prática pedagógica. 2ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. DENCKER, A de F. M. & Da Viá, S. C. Pesquisa empírica em ciências humanas. (com ênfase em comunicação). São Paulo: Futura, 2001. FIDEL, Raya. The case study method: a case study. In: GLAZIER, Jack D. & POWELL, Ronald R. Qualitative research in information management. Englewood, CO: Libraries Unlimited, 1992. 238p. p.37-50. FREIRE, João Batista. Educação de corpo inteiro: teoria e prática da educação física. São Paulo: Scipione, 1997. HARTLEY, Jean F. Case studies in organizational research. In: CASSELL, Catherine & SYMON, Gillian (Ed.). Qualitative methods in organizational research: a practical guide. London: Sage, 1994. JOHNSON, D. W.; JOHNSON, R. T.; HOLUBEC, E. J. Structuring cooperative learning: lesson plans for teachers. Edina, MN: Interaction Book Company, 1987. JOHNSON, D. W.; JOHNSON, Roger T. & KARL A. Smith in Change, Jul/Aug98, Vol. 30. Disponível em: <http://www.andrews.edu/~freed/ppdfs/readings.pdf http://unjobs.org/authors/roger-t.-johnson>. Acesso em: 31 de out. 2011. LOPES, J. e SILVA, H. S. Aprendizagem Cooperativa na Sala de Aula: Um Guia Prático para o Professor. Lidel, edições técnicas, Lisboa – Portugal, 2009. LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. MATTOS, Pedro Lincoln C. L. de. Sobre a ética do pesquisador: uma dimensão pouco explorada. Revista Eletrônica de Gestão Organizacional, v.3, n.3, set./dez. 2005. 72 MIRANDA, Carmen Silvia Nunes de, BARBOSA, Marília Studart, MOISÉS, Talita Feitosa de A aprendizagem em Células Cooperativas e a efetivação da Aprendizagem Significativa em Sala de Aula. Revista do Nufen - Ano 03, v. 01, n.01, janeiro-julho, 2011. NEGRINE, A. Instrumentos de coleta de informações na pesquisa qualitativa. In: e NETO, V. M. e TRIVIÑOS. A. N. S. A pesquisa qualitativa na educação física: alternativas metodológicas, 2ª ed. Editora da UFRGS, Porto Alegre, 2004. NUNES, Tatiana Cortez, COUTO, Yara Aparecida. Educação física escolar e cultura corporal de movimento no processo educacional, Universidade Federal de Santa Catarina, XXXX. OLIVEIRA, A. A. B. de. Metodologias emergentes no ensino da Educação Física. Revista da Educação Física/UEM, Maringá, Brasil, v. 1, n. 08, p. 21-27, 1997. ORLICK, Terry. Vencendo a competição. São Paulo: Círculo do livro, 1989. PUJOLÁS, Maset, Pere. Atencion a la diversidad y aprendizaje cooperativo en educacion obligatoria. Archodona (Málaga): Ediciones Aljibe, 2001. Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física/ Ministério da Educação. Secretaria da Educação Fundamental. – 3ª ed. Brasília: 2001. PALAFOX, Gabriel Humberto Muñoz, NAZARI, Juliano. Abordagens Metodológicas do Ensino da Educação Física Escolar. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd112/abordagens-metodologicas-do-ensino-da-educacaofisica-escolar.htm>. Acesso: 24/ de abril de 2012. RIBEIRO, Celeste, Aprendizagem Cooperativa na Sala de Aula: Uma estratégia para aquisição de algumas competências cognitivas e atitudinais de definidas pelo Ministério da Educação. Vila Real, 2006. SANTOS, Fernando Tadeu _ In revista nova escola. Disponível em: <http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/henri-wallon-307886.shtml>. Acesso em 05 de set. 2010. SCHUNK, H. Dale. Teorias del aprendizaje. México: Prentice-Hall Hispano América, AS, 1997. 73 SERVA, M.; JAIME JR, P. Observação participante e pesquisa em administração: uma postura antropológica. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v.35, n.1, p.64-79, mai/jun 1995. SOLER, R. Educação Física: uma abordagem cooperativa. Rio de Janeiro: Sprint, 2006. SOLER, R. Jogos cooperativos para o ensino infantil. Rio de Janeiro: S Sprint, 2003. PARTE III ANEXOS DO ESTUDO 75 ANEXO - 1 Questionário 1- Nível de conhecimento dos estudantes sobre a A.C. UNIVERSIDADE FERDERAL DO CEARÁ – UFC INSTITUTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES - IEFES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR Caro estudante, Este questionário é de grande relevância para a obtenção de dados para o desenvolvimento do trabalho de Conclusão do Curso de Especialização em Educação Física Escolar. O foco de estudo será os 45 estudantes da turma de Agroindústria. EEEP ALAN PINHO TABOSA SEXO: ( ) Feminino ( )Masculino IDADE:_____anos SÉRIE:____ano TURMA: Agroindústria 1- Como você classifica a metodologia da Aprendizagem Cooperativa? A) Excelente. B) Ótima. C) Boa. D) Ruim. 2- Qual a principal dificuldade encontrada por você para vivenciar a metodologia de Aprendizagem Cooperativa? A)Trabalhar em equipe. B) Não há dificuldade. C) Ouvir o colega na hora precisa. D) Compreender e vivenciar a metodologia. 3- Você participa das atividades da célula com responsabilidade? A) Sempre. B) Nunca. C) As vezes. 76 4- Você acha que essa nova metodologia de Aprendizagem Cooperativa é melhor que a metodologia tradicional? A) Sempre. B) Nunca. C) As vezes. D) Não vejo diferença. 5- De que você mais gosta na Aprendizagem Cooperativa? Pode marcar mais de uma opção. A) ( ) Compartilhar conhecimentos. B) ( ) Ser escutado. C) ( ) Ser elogiado. D) ( ) Ouvir atentamente. E) ( ) Expressar sentimento. F) ( ) Pedir ajuda. G) ( ) Resolução de problemas. H) ( ) Ser gentil. Outros _________________________________. 6- De que você não gosta na Metodologia de Aprendizagem Cooperativa? Pode marcar mais de uma opção. A) ( ) Avaliação individual. B) ( ) Participar das atividades da célula. C) ( ) De compartilhar conhecimento. D) ( ) Responsabilidade individual. E) ( ) Interdependência positiva. Outros_____________________________ 77 ANEXO 2 Questionário 2 - Aplicação da A.C. nas aulas de Educação Física UNIVERSIDADE FERDERAL DO CEARÁ – UFC INSTITUTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES - IEFES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR Caro estudante, Este questionário é de grande relevância para a obtenção de dados para o desenvolvimento do trabalho de Conclusão do Curso de Especialização em Educação Física Escolar. O meu foco de estudo serão os 45 estudantes da turma de Agroindústria. EEEP ALAN PINHO TABOSA SEXO: ( ) Feminino ( ) Masculino IDADE:_____anos SÉRIE:____ano TURMA: Agroindústria 1. Você acha que a metodologia de Aprendizagem Cooperativa pode ser aplicada na disciplina de Educação Física? a) Sempre ( ) b) Nunca ( ) c) Depende do professor ( ) d) Depende da turma ( ) 2. Você acha que essa nova metodologia de Aprendizagem Cooperativa é melhor que a metodologia tradicional para as aulas de Educação Física? a) Sempre ( ) b) Nunca ( ) c) Às vezes ( ) d) Não vejo diferença ( ) 3. Você acha que, na Aprendizagem Cooperativa, o professor acompanha pessoalmente melhor os grupos de estudos que no ensino tradicional? a) Sempre ( ) b) Nunca ( ) c) Às vezes ( ) 4. Você acha que a Aprendizagem Cooperativa pode contribuir na resolução de problemas nas aulas de educação física? a) Sempre ( ) b) Nunca ( ) c) Às vezes ( ) 5. Você acha que sem a sua participação na célula o objetivo do grupo será alcançado? a) Sempre ( ) b) Nunca ( ) c) Às vezes ( ) Justifique:_______________________________________________________. 6. Quais os fatores positivos na utilização da metodologia Aprendizagem Cooperativa nas aulas de Educação Física? a) Compartilhar conhecimentos ( ) b) Ser escutado ( ) 78 c) Ser elogiado ( ) d) Ouvir atentamente ( ) e) Expressar sentimento ( ) ajuda( ) f) Pedir g) Resolução de problemas ( ) h) Ser gentil( ) i) Qual? _______________________________________________________. 7. Quais os fatores negativos na utilização da metodologia de Aprendizagem Cooperativa nas aulas de educação física? a) Avaliação individual ( ) b) Participar das atividades da célula ( ) c) De compartilhar conhecimento ( ) d) Responsabilidade individual ( ) e) Interdependência positiva ( ) f) Qual?_____________________________. 8. Você acha que essa metodologia lhe ajudou a se relacionar melhor com as pessoas? a) Sempre ( ) b) Nunca ( ) c) Talvez ( ) 9. Você acha que a Aprendizagem Cooperativa lhe estimula a perder a timidez ou o medo de falar? a) Sempre ( ) b) Nunca ( ) c) Às vezes ( ) Justifique:______________________________________________________. 10. Você acha que essa metodologia lhe ajuda a tornar-se mais autônomo para o seu aprendizado? a) Sempre ( ) b) Nunca ( ) c) Às vezes ( ) Justifique:_______________________________________________________. 79 ANEXO 3 Planos de Aulas UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DO CEARÁ ESCOLA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL ALAN PINHO Plano De Aula 1º Ano Do Ensino Médio Profissionalizante 2012 Professor: Disciplina: Mª do Carmo de Sousa Gomes Educação Física Data: Aula Nº: Tempo Previsto: Turma: 09/05/2012 01 50 min. Agroindústria. CONTEÚDO Desafios Físicos cooperativos. OBJETIVOS Todos os estudantes ao final consigam superar o desafio proposto. COMPETÊNCIAS COGNITIVAS Conhecer e compreender os desafios físicos cooperativos. COMPETÊNCIAS COOPERATIVAS Partilhar Ideias, Permanecer na Tarefa, Escutar o outro. INTERDEPENDÊNCIA POSITIVA Interdependência de Papeis, de Objetivos, e de Recursos. FORMAÇÃO DE GRUPOS Grupão TÉCNICA DE ENSINO Pensar, formar pares e partilhar, ou CASP (Compartilhar, atuar, sentir e pensar). Procedimentos Previstos: 1. 2. 3. 4. 5. Descrição do jogo: Todos estão na selva. Vocês necessitarão de uma corda que encontrarão jogada no chão. Vocês percebem que ela está envenenada e que não é possível tocá-las com a mão ou braços (5 minutos). Desafio do jogo: Todos te que tirar o encantamento (veneno) da corda para poderem levá-la. Para conseguir, todos os estudantes da turma têm que passar por baixo da corda em quatro etapas: 1) se rastejando, 2) de quatro patas, 3) de joelhos e 4) em pé (5 minutos). Regras do jogo: 1) Ninguém pode tocar a corda com as mãos ou braços, caso isso ocorra todo o grupo voltará e começa de onde havia iniciado. 2) Só pode passar para a outra etapa quando todos da turma tiverem passado por baixo da corda da etapa anterior (5 minutos). Execução do desafio (15 minutos). Roda de conversa (feedback): Todos terão a oportunidade de falar com se saiu no desafio, se houve colaboração de todos, quais as dificuldades e sugestões.(15 minutos). Desafio Adaptado do livro: Jogos Cooperativos: aprendizagens, métodos e práticas Autor: Marcos Teodorico Pinheiro de Almeida. PROCESSAMENTO DO GRUPO Processamento de grupo oral enfatizando quais as dificuldades e o que pode melhorar. AVALIAÇÃO Pede aos estudantes que se avaliem como se saíram na execução do desafio. REFERÊNCIAS Almeida, M.T.P. Jogos cooperativos: aprendizagens, métodos e práticas. 1ª edição, Várzea Paulista, São Paulo: Fontoura, 2011. 80 UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DO CEARÁ ESCOLA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL ALAN PINHO Plano De Aula 1º Ano Do Ensino Médio Profissionalizante 2012 Professor: Disciplina: Mª do Carmo de Sousa Gomes Educação Física Data: Aula Nº: Tempo Previsto: Turma: 16/05/2012 02 50 min. Agroindústria. CONTEÚDO Desafios Físicos cooperativos. OBJETIVOS Todos os estudantes ao final consigam superar o desafio proposto. COMPETÊNCIAS COGNITIVAS Conhecer e compreender os desafios físicos cooperativos. COMPETÊNCIAS COOPERATIVAS Partilhar Ideias, Permanecer na Tarefa, Escutar o outro. INTERDEPENDÊNCIA POSITIVA Interdependência de Papeis, de Objetivos, e de Recursos. FORMAÇÃO DE GRUPOS Grupão TÉCNICA DE ENSINO Pensar, formar pares e partilhar, ou CASP (Compartilhar, atuar, sentir e pensar). PROCEDIMENTOS PREVISTOS 6. Descrição do jogo: Vocês irão encontrar X balões especiais. O problema é que alguém encantou os balões e não é possível tocá-los com as mãos nem braços até que você acabem com o encantamento (5 minutos). 7. Desafio do jogo: Vocês terão que desencantar X balões. Para desencantar um balão , este deve ser tocado por todas as pessoas da turma antes que caia no chão, só não será possível utilizar mão e braços. (5 minutos). 8. Regras do jogo: 1) No instante em que uma pessoa da turma toca em um balão, esse balão não pode tocar o solo até que todos da turma tenham tocado nele. 2) Ninguém pode tocar o balão com as mãos ou braços antes que ele tenha sido desencantado. 3) Se não forem cumpridas as regras 1 ou 2, esse balão segue encantado e não será possível tocá-lo com as mãos ou braços. (5 minutos). 9. Execução do desafio (15 minutos). 10. Roda de conversa (feedback): Todos terão a oportunidade de falar com se saiu no desafio, se houve colaboração de todos, quais as dificuldades e sugestões.(15 minutos). Desafio Adaptado do livro: Jogos Cooperativos: aprendizagens, métodos e práticas Autor: Marcos Teodorico Pinheiro de Almeida. PROCESSAMENTO DO GRUPO Processamento de grupo oral enfatizando quais as dificuldades e o que pode melhorar. AVALIAÇÃO Pede aos estudantes que se avaliem como se saíram na execução do desafio. REFERÊNCIAS: Almeida, M.T.P. Jogos cooperativos: aprendizagens, métodos e práticas. 1ª edição, Várzea Paulista, São Paulo: Fontoura, 2011. 81 UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DO CEARÁ ESCOLA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL ALAN PINHO Plano De Aula 1º Ano Do Ensino Médio Profissionalizante 2012 PROFESSOR: DISCIPLINA: Mª do Carmo de Sousa Gomes Educação Física DATA: AULA Nº: TEMPO PREVISTO: TURMA: 23/05/2012 03 50 min. Agroindústria. CONTEÚDO Desafios Físicos cooperativos. OBJETIVOS Todos os estudantes ao final consigam superar o desafio proposto. COMPETÊNCIAS COGNITIVAS Conhecer e compreender os desafios físicos cooperativos. COMPETÊNCIAS COOPERATIVAS Partilhar Ideias, Permanecer na Tarefa, Escutar o outro. INTERDEPENDÊNCIA POSITIVA Interdependência de Papeis, de Objetivos, e de Recursos. FORMAÇÃO DE GRUPOS Grupão TÉCNICA DE ENSINO Pensar, formar pares e partilhar, ou CASP (Compartilhar, atuar, sentir e pensar). PROCEDIMENTOS PREVISTOS 11. Descrição do jogo: Vocês chegaram a um campo cheio de minas onde todos têm que passar. Para complicar, alguém encantou o campo, a pessoa que pisa dentro dele perde a visão temporariamente até atravessar todo o campo minado (5 minutos). 12. Desafio do jogo: Todos os estudantes têm que atravessar o campo minado. (2 minutos). 13. Regras do jogo: 1) Para entrar no campo minado, uma pessoa deve colocar uma máscara nos olhos ou ir em pé andando de costa. 2) Se uma pessoa toca em uma mina, esta pessoa voltará a linha de partida. 3) Se uma mesma pessoa em suas tentativas, ao longo da travessia, toca três vezes em uma mina, um jogador que já tenha atravessado o campo minado deve voltar à linha inicial e recomeçar a travessia. (5 minutos). 14. Execução do desafio (18 minutos). 15. Roda de conversa (feedback): Todos terão a oportunidade de falar com se saiu no desafio, se houve colaboração de todos, quais as dificuldades e sugestões.(15 minutos). Desafio Adaptado do livro: Jogos Cooperativos: aprendizagens, métodos e práticas Autor: Marcos Teodorico Pinheiro de Almeida. PROCESSAMENTO DO GRUPO Processamento de grupo oral enfatizando quais as dificuldades e o que pode melhorar. AVALIAÇÃO Pede aos estudantes que se avaliem como se saíram na execução do desafio. REFERÊNCIAS Almeida, M.T.P. Jogos cooperativos: aprendizagens, métodos e práticas. 1ª edição, Várzea Paulista, São Paulo: Fontoura, 2011. 82 UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DO CEARÁ ESCOLA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL ALAN PINHO Plano De Aula 1º Ano Do Ensino Médio Profissionalizante 2012 Professor: Disciplina: Mª do Carmo de Sousa Gomes Educação Física Data: Aula Nº: Tempo Previsto: Turma: 30/05/2012 04 50 min. Agroindústria. CONTEÚDO Desafios Físicos cooperativos. OBJETIVOS Todos os estudantes ao final consigam superar o desafio proposto. COMPETÊNCIAS COGNITIVAS Conhecer e compreender os desafios físicos cooperativos. COMPETÊNCIAS COOPERATIVAS Partilhar Ideias, Permanecer na Tarefa, Escutar o outro. INTERDEPENDÊNCIA POSITIVA Interdependência de Papeis, de Objetivos, e de Recursos. FORMAÇÃO DE GRUPOS Grupão TÉCNICA DE ENSINO Pensar, formar pares e partilhar, ou CASP (Compartilhar, atuar, sentir e pensar). PROCEDIMENTOS PREVISTOS 16. Descrição do jogo: Vocês estão diante de um lago contaminado por resíduos tóxicos. Os peixes estão a ponto de morrer. Depende de vocês salvar os peixes. (2 minutos). 17. Desafio do jogo: Todos os estudantes têm que limpar o lago no menor tempo possível e evitar que os peixes morram. Para isso, vocês podem utilizar as bolas especiais que vocês levam. (2 minutos). 18. Regras do jogo: 1) Ninguém pode tocar o lago em nenhum momento. A contaminação fará com que caia uma parte do corpo em contato com a água. Se acontecer isso, o jogador segue no jogo, mas não pode usar a parte do corpo que está contaminada. Se for um pé terá que ficar com um pé só, se é uma mão terá que colocá -la atrás das costa e etc.. 2) Só se pode lançar contra os objetos do lago, as bolas que tenham sido passadas por uma outra pessoa do grupo, nunca uma bola que tenha sido recolhida do solo. Se acontecer isto, a pessoa que lançou a bola deve permanecer um minuto congelada. 3) Cada pessoa pode tirar do lago no máximo dois objetos contaminados. 4) Se, ao longo da prova, cinco pessoas ficam congeladas, o grupo deve voltar e recomeçar todo o jogo. (5 minutos). 19. Execução do desafio (18 minutos). 20. Roda de conversa (feedback): Todos terão a oportunidade de falar com se saiu no desafio, se houve colaboração de todos, quais as dificuldades e sugestões.(15 minutos). Desafio Adaptado do livro: Jogos Cooperativos: aprendizagens, métodos e práticas Autor: Marcos Teodorico Pinheiro de Almeida. PROCESSAMENTO DO GRUPO Processamento de grupo oral enfatizando quais as dificuldades e o que pode melhorar. AVALIAÇÃO Pede aos estudantes que se avaliem como se saíram na execução do desafio. REFERÊNCIAS Almeida, M.T.P. Jogos cooperativos: aprendizagens, métodos e práticas. 1ª edição, Várzea Paulista, São Paulo: Fontoura, 2011. 83 ANEXOS 4 - FOTOS Frente da Escola Parte Interna da Escola Refeitório Quadra Poliesportiva Mural Frente da Escola Turma Agroindústria