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VidaBosch Arnaldo Interata Novembro | Dezembro de 2008 | Janeiro de 2009 • nº 16 Lorem ipsum dolor Maré mansa sit amet, consectetuer adipiscing elit. Beleza ainda pouco badalada Etiam nisi. Duis feugiat, leo nec volutpat iaculis, de Praia dos Carneiros inspira contemplação nisl erat semper velit, eget molestie É claro magna risus non lacus. Luz natural dá vida ao ambiente d, velit sit amet iaculis lacinia, eros lectus com mais limpeza e menor conta de energia rutrum augue, sit amet ultrices neque justo at felis. Vermelho de saúde Praesent ac mauris. Frutas como framboesa e morango Maecenas quis purus. Curabitur nisl. ajudam a combater envelhecimento editorial 02 20 Final, mas também começo 2008 já está chegando ao fim e começamos a nos questionar sobre o que fizemos ou deixamos de fazer ao longo do ano. Quais serão os próximos desafios, descobertas, alegrias e realizações em nossas vidas, tanto profissional como pessoal. São esses pensamentos que nos motivam e nos estimulam a criar, a cada edição da VidaBosch, um roteiro de leitura que surpreenda o nosso leitor. Por isso é muito importante que você, leitor, participe da nossa pesquisa de satisfação, que está encartada nesta edição, em que poderá dar a sua opinião sobre esta revista, que busca não só apresentar tecnologias da Bosch para a sua vida, mas também apresentar conteúdos com foco em inovações, curiosidades, bem-estar e saúde, entre outros. É também no espírito de fim de ano que damos nossa sugestão de passeio na seção viagem: a Praia de Carneiros, um balneário de Pernambuco ainda pouco explorado, ideal para descansar de 2008 e preparar-se para os desafios de 2009. Quem prefere o interior pode escolher cidades históricas brasileiras. Em atitude cidadã, falamos de iniciativas para preservar imóveis que contam um pouco da nossa história. E que assim seja seu final de ano — com um balanço prazeroso e instrutivo, em que você recorde os bons momentos de 2008 e se estimule a fazer de 2009 um ano melhor ainda. 36 46 Sumário 02 viagem | Praia dos Carneiros, uma Porto de Galinhas sem badalação 08 eu e meu carro | Ao viajar com suas peças, o ator Cláudio Fontana assume a direção 10 torque e potência | Picapes tomam “banho de loja” e conquistam as mulheres 14 casa e conforto | Visita diária da luz natural traz mais cores e limpeza ao lar 20 saudável e gostoso | Fruta vermelha conquista paladares até em pratos quentes 26 tendências | Com maior consumo, mercado de perfumes experimenta novos ares 30 grandes obras | Hidrelétrica “remove” montanha para rio passar 32 Brasil cresce | Com mais viajantes, investimentos em aeroportos decolam Feliz Natal e feliz Ano Novo. E boa leitura! 36 atitude cidadã | Morar em prédios históricos é caminho para preservá-los Ellen Paula 46 áudio | Os sons que podem ajudar as crianças a aprender melhor 42 aquilo deu nisso | Antes do GPS, eram os mapas. Antes dos mapas, as estrelas Expediente VidaBosch é uma publicação trimestral da Robert Bosch Ltda., desenvolvida pelo departamento de Marketing Corporativo (MKC). Se você tiver dúvidas, reclamações ou sugestões, fale com o Serviço de Atendimento ao Consumidor Bosch: (011) 2126-1950 (Grande São Paulo) e 0800-7045446 (outros locais) ou www.bosch.com.br/contato Presidente: Andreas Nobis • Gerente de Marketing Corporativo: Ellen Paula G. da Silva • Produção e edição: PrimaPagina (www.primapagina.com.br), rua Jesuíno Arruda, 797, 10° andar, CEP 04532-082, São Paulo, SP, tel. (11) 3512-2100, fax (11) 3512-2105 / e-mail: [email protected] • Projeto gráfico e diagramação: Buono Disegno ([email protected]), tel. (11) 3512-2122 • Tratamento de imagem e finalização: Inovater • Impressão: Log & Print • Revisão: Luciane Alves ([email protected]) • Jornalista responsável: Jaime Spitzcovsky (DRT-SP 26479) 2 | VidaBosch | viagem Arnaldo Interata Antes da maré encher | Por Wilfred Gadêlha Ainda preservada do assédio de turistas, Praia dos Carneiros (PE) conta com natureza exuberante, passeios de barco e muita calma – apesar da chegada de novos empreendimentos 4 | VidaBosch | O viagem litoral de Pernambuco é conhecido pelos seus cenários paradisíacos: águas calmas, mar entre o verde e o azul, areia branquinha e finíssima. Mas a idéia de paraíso não combina com trânsito, praias lotadas, falta de espaço na areia e filas nas duchas, nos bares e nos restaurantes. A 110 quilômetros do Recife, a Praia dos Carneiros é a melhor opção para quem quer fugir da confusão e da badalação no litoral sul pernambucano, mas sem perder contato com a natureza. Carneiros faz parte do município de Tamandaré, na Zona da Mata Sul de Pernambuco. A região é marcada por uma certa “esquizofrenia”: de um lado, hectares e mais hectares de plantações de cana-deaçúcar, herança de mais de 400 anos da monocultura e da indústria sucroalcooleira; do outro, praias belíssimas, que têm atraído turistas de dentro e de fora do país. É nesse ambiente – e com uma concorrência acirradíssima de balneários como Guadalupe, viagem | VidaBosch | 5 São cerca de 5 quilômetros de praia, recheados com altos coqueiros que parecem estar cumprimentando os visitantes Barra de Sirinhaém, Serrambi, Maracaípe, Muro Alto e, claro, Porto de Galinhas – que a Praia dos Carneiros se revela. Um bom paralelo é comparar Carneiros a Porto de Galinhas. Ambas têm a mesma receita, com todos os ingredientes de belas paisagens naturais que fazem a fama da segunda. A diferença é que Porto de Galinhas está no limite da saturação na alta temporada. Carneiros, não. Apesar de a especulação imobiliária e do trade turístico darem seus primeiros passos na areia branca, o local ainda guarda uma aura de virgindade. A distância ajuda a explicar a diferença: Porto de Galinhas é bem mais perto do Recife (65 quilômetros) o que, obviamente, atrai mais gente. Some-se a isso o fato de que a infra-estrutura em Carneiros é bem menos consolidada. Há muitos acessos não-pavimentados, e não existem tantas opções de diversão como na irmã mais velha e rica. Ponto para quem prefere a calmaria. Cumprimentos da natureza Longe das comparações, quem vai a Carneiros deve estar preparado para se deslumbrar. São cerca de 5 quilômetros de praia, recheados com altos coqueiros que parecem cumprimentar os visitantes. O som das marolas se mistura ao das palhas das árvores, criando um ambiente convidativo para o ócio contemplativo – esporte mais do que adequado nestes tempos de correria nas grandes cidades. Tudo sem buzina, fumaça ou engarrafamento. Mesmo na maré baixa, a faixa de areia disponível não é muito grande – contribuem para isso as propriedades particulares à beira-mar, que reservam para si pedaços Arnaldo Interata extensos de areia. Bares, restaurantes e hotéis ficam na praia. Mas é quando o mar seca que se perde o fôlego: as croas (bancos de areia) são uma atração. Pertinho ficam várias piscinas naturais, em meio aos corais. E o mar? O tom das águas de Carneiros parece ter sido tirado da paleta de um pintor impressionista. Um azul que se confunde volta e meia com o verde. A temperatura, nem fria, nem quente demais. Águas claras, refrescantes para amenizar o calorão e, o melhor, sem um só sargaço (alga) para contar história. O banho de mar é delicioso, mas a contemplação da natureza tem um lugar especial na viagem. Principalmente na foz do rio Ariquindá, que se encontra com os rios Mariaçu e Formoso, separando Carneiros das praias do Rio Formoso. A mistura de água doce com salgada dá um charme especial ao local, completado por um pôrdo-sol deslumbrante. Marcos Issa / Argosfoto Areia fina, água entre o verde e o azul e mar calmo convidam o turista ao principal esporte de Carneiros: o ócio contemplativo Melhor ainda é o passeio de catamarã. Custa entre R$ 20 e R$ 25 por pessoa e dura cerca de duas horas. A embarcação sai da frente do bar Bora Bora e faz um pit-stop em Guadalupe, para o tradicional banho de argila – que os moradores dizem ser medicinal e é recomendado com insistência pelos barqueiros. Na volta, manguezais e a simpática Capela de São Benedito, construída no século 18, quando Carneiros era uma acanhada vila de pescadores. Localizada a menos de dez metros do mar, a capelinha, pintada em branco e verde, ainda é utilizada em eventos especiais. Quando a maré fica cheia, o Atlântico bate na murada da igrejinha, criando um clima de romance muito apreciado pelos casais apaixonados. Comes e bebes O turista pode escolher entre alguns bares e restaurantes que ficam à beira-mar. Um destaque recente é a filial do restau- rante Beijupirá, cuja matriz fica em Porto de Galinhas. Aberta no início deste ano, a unidade já obteve uma estrela no tradicional Guia Quatro Rodas. O estabelecimento agrada pelo clima rústico-despojado. Com poucas mesas no salão, o Beijupirá fica de frente para o mar, ao lado dos bangalôs Pontal dos Carneiros Beach. No cardápio, delícias como o Camaranga (camarões fritos na manteiga, com fatias de manga grelhadas e arroz de aipo) ou o Beijupitanga (filé de peixe beijupirá na chapa, batatas temperadas, arroz de castanha de caju e molho de pitanga à parte). O Beijupirá oferece ainda coquetéis próprios como o Filomena Blue (curaçao, vodca e limonada) ou o Severina Green (licor de kiwi, vodca e limonada). Outra opção – menos requintada, mas recomendada igualmente – é o restaurante O Pescador, em Tamandaré. O ambiente é todo decorado com apetrechos dos homens do mar, como chapéus de palha, samburás viagem (cestos de pesca) e outros utensílios, com direito a uma jangada no meio do salão. Uma boa pedida é o filé de cavala branca ao molho de camarão. Para curtir um bar à beira-mar, a melhor pedida é o Jobar – restaurante do hotel Bangalôs do Gameleiro. O turista tem três opções: ficar no salão, em cabanas com direito a rede e na areia da praia. O estabelecimento é da família Rocha, cujo patriarca Rosalvo – falecido em 1972 – teve a genial idéia de comprar 5,5 quilômetros quadrados de terras em Carneiros, o que ajudou a preservar o local. Os descendentes do ex-pedreiro são proprietários de vários empreendimentos na praia. O Jobar, de uns tempos para cá, começou a atrair gente famosa. Um dos primeiros, contam os funcionários, foi Chico Buarque. A ligação do cantor com Pernambuco é antiga ¬– como ele mesmo diz na música “Paratodos”: “Meu avô, pernambucano”. Os olhos azuis de Chico se encantaram com Carneiros, e o boca a boca ajudou. Depois viagem | VidaBosch | 7 dele, vieram a filha Silvia Buarque e o marido Chico Diaz, Malu Mader, Mateus Nachtergaele, Alessandra Negrini (ex-mulher do cantor pernambucano Otto), Arnaldo Antunes, Vanessa da Matta, Marcelo Camelo (ex-Los Hermanos) e Pelé. O eterno rei do futebol já esteve lá pelo menos três vezes. Orgulhoso, um garçom do Jobar faz questão de dizer que “as fotos deles estão todas ali, no mural”. É a mais pura verdade. Expansão e ameaça A atração que Carneiros exerce sobre os famosos termina atraindo o olhar mais aguçado do trade turístico. Há dezenas de condomínios fechados e casas de veraneio, mas, para se hospedar, a variedade ainda não é tão grande. A expectativa é que, em um futuro breve, mais investimentos desembarquem na área. Uma ponte sobre o rio Ariquindá, que vai ligar Carneiros à rodovia PE-60, está entre os projetos turísticos para a área. Os recursos para a obra devem vir do se- gundo Programa de Desenvolvimento do Turismo no Nordeste (Prodetur II). A construtora Moura Dubeux, uma das maiores do Estado, também investe na construção de um sofisticado resort. A placa com o anúncio da obra já está fincada no terreno de 10 hectares, à beira-mar, pertinho da Capela de São Benedito. Lá, a holding pernambucana pretende levantar 160 bangalôs de, em média, 150 metros quadrados. O custo do empreendimento está orçado em R$ 70 milhões. O Banco do Nordeste, que libera os recursos para o Prodetur II, prevê que sejam instalados cerca de mais 3 mil vagas para turistas na Praia dos Carneiros nos próximos anos. Fora os condomínios fechados que também estão sendo construídos e planejados. Se o avanço da especulação imobiliária e turística vai tirar a aura paradisíaca de Carneiros, ainda não é possível afirmar. Mas, certamente, esperar para ver se o paraíso se transforma em outra praia lotada não é a melhor opção. Como chegar São 110 quilômetros entre a capital pernambucana e a Praia dos Carneiros. Saindo do Recife, pegar a BR-101 sentido Sul. No Cabo de Santo Agostinho, seguir pela PE-60. Após o município de Rio Formoso, entrar à esquerda na PE-76. Em Tamandaré, pegar a estrada em direção à Praia dos Carneiros. Nas BR-101, PE-60 e PE- 76, as estradas estão em boas condições. O caminho para a Praia dos Carneiros alterna trechos em asfalto, paralelepípedos e barro. Adri Felden / Argosfoto 6 | VidaBosch | Número de turistas em Carneiros tem crescido, mas calmaria ainda é a maior atração do local Limpo, seco e seguro No litoral, o clima é úmido inclusive quando não chove — em razão da evaporação da água do mar. Mesmo com o céu limpo, constantemente os vidros do carro ficam cobertos de gotículas de água e sal. Assim, numa viagem à Praia dos Carneiros ou a outras praias a atenção às palhetas do limpador de pára-brisa deve ser ainda maior. Se elas não estiverem em bom estado, comprometem a visibilidade e a segurança do motorista. Para garantir o funcionamento adequado, a Bosch, fabricante de várias linhas de palhetas, recomenda que a limpeza do dispositivo seja feita somente com um pano umedecido em água, nunca com querosene ou outros produtos químicos. Além da limpeza, a troca regular das palhetas também é importante — seja ela dianteira ou traseira. Durante sua vida útil (por volta de um ano), cada palheta limpa uma área equivalente a 60 campos oficiais de futebol. Com a constante exposição a sol, chuva, chuva ácida, raios ultravioleta e mudanças de temperatura, elas acabam danificadas. Aditivos usados na limpeza dos vidros também prejudicam os limpadores. O Bosch Service aconselha trocar as palhetas pelo menos uma vez por ano (de preferência no início do período de chuvas), ou quando houver os seguintes sinais de desgaste: • No pára-brisa, faixas, riscos ou áreas nas quais permanece uma camada de água (chamada de névoa) mesmo após o uso das palhetas. Ruído ou trepidação das palhetas durante a limpeza também indicam que é hora de levar o componente para ser analisado em uma das oficinas Bosch Car Service. • Borracha da palheta quebradiça, torta ou rasgada. Ao substituir as palhetas, é importante verificar a condição do motor do limpador e se o esguichador está desobstruído e corretamente posicionado. Pousada do Farol Rua Tancredo Neves, s/n, Praia dos Carneiros Tel.: (81) 3676-0708 Pontal dos Carneiros Beach Bungalows Sítio dos Manguinhos, s/n, Praia dos Carneiros Tel.: (81) 3676 2365 Bangalôs do Gameleiro Praia dos Carneiros Tel.: (81) 3676 1421 Onde comer Beijupirá Sítio dos Manguinhos, Pontal dos Carneiros Tel.: (81) 3676 1461 Jobar (frutos do mar) Bangalôs do Gameleiro, Praia dos Carneiros Tel.: 81 3676 1421 Arnaldo Interata Arquivo Bosch Dicas Bosch Service Onde ficar O Pescador Rua Raul de Pompéia, s/n. Tamandaré Tel.: 81 3676 1345 8 | VidaBosch | eu e meu carro | Por Sarah Fernandes André Klotz Vai, de carro, aonde o povo está Amante de estradas e dos palcos, o ator Cláudio Fontana tira o automóvel da garagem para viajar toda vez que se apresenta no interior de São Paulo D epois de encerrar sua participação na novela das seis da Rede Globo “Ciranda de Pedra”, onde vivia o jovem e talentoso advogado Rogério, o ator Cláudio Fontana estreou, em março de 2008, a peça “Andaime”, na qual protagonizou um limpador de janelas que despertava questionamentos sobre a liberdade. A produção foi bem recebida pela crítica e, além dos palcos do Teatro Vivo, na capital paulista, ganhou os teatros de municípios do interior e do litoral de São Paulo. Como fez para acompanhar a turnê por cidades diferentes? Simples: Fontana guiava (uma de suas paixões) pelas estradas do Estado até os locais que iriam receber a peça. “Eu adoro dirigir, principalmente em estrada. Até quando viajo para outros países alugo um carro para conhecer as cidades”, afirma o ator, que coleciona 18 anos de carreira. Há cerca de um ano e meio ele comprou o utilitário Mitsubishi Airtrek, que virou o seu favorito. “É o melhor carro que já tive. É alto, muito confortável na estrada e automático”, destaca. “Sempre que tenho que viajar a uma distância menor que 400 quilômetros eu vou dirigindo. A peça esteve dois meses e meio em Campinas e eu ia e voltava [para São Paulo] todos os dias de apresentação”, conta Fontana, vencedor do prêmio de ator Revelação de 1990, da Associação dos Produtores de Espetáculos Teatrais do Estado de São Paulo. Além das viagens a trabalho, o ator costuma ir para um sítio em Minas Gerais, e acaba passando por estradas de terra, quando a suspensão do seu carro é colocada em teste. O que não pode faltar no carro dele? Arcondicionado. “Está cada vez mais quente, e é muito desconfortável andar sem o ar, ainda mais em São Paulo. Gosto muito do câmbio automático, mas, se precisasse, abriria mão dele para ter o ar”. Fontana confessa, porém, que dirigir nas cidades se tornou mais agradável com o câmbio que não exige trocas de marchas constantemente. “Fiquei mais tranqüilo com o automático, porque sem ele é primeira... segunda... volta para primeira... embreagem...” Na cidade, o trânsito condiciona o ritmo do artista. Na estrada, porém, ele conta que os radares fizeram com que tirasse um pouco o pé do acelerador. “Acho que, às vezes, eu corria um pouquinho mais do que devia. Mas a fiscalização me fez dirigir mais devagar”, confessa o ator, que participou de sucessos da televisão brasileira como as novelas “Fera Ferida” (1993) e “América” (2005). Apaixãopordirigircomeçoucedo.Cláudio aprendeu a guiar com 16 anos, no Guarujá, onde a família tem casa de veraneio. “Meu pai foi meu primeiro professor e na época as ruas de lá eram muito tranqüilas.” Quando passou no vestibular para cursar Economia, ganhou do pai um Passat, que dividia com seu irmão, em um esquema “um para os dois”, lembra. “O carro era a álcool e eu tinha que acordar mais cedo para esquentar o motor.” Depois de terminar a faculdade e trabalhar quase dez anos na área, trocou os números pela dramaturgia. Ao ver um cartaz de “Procura-se um ator”, resolveu tentar a sorte e começou a atuar no Teatro Amador do Esporte Clube Pinheiros, onde fazia atletismo. Durante seis anos continuou como artista amador, até que resolveu pegar a estrada das artes cênicas como profissional e dedicar-se totalmente a peças e participações na televisão. “Na época foi uma decisão difícil. Eu tinha um cargo bom, salário fixo, oportunidade de viajar a trabalho, mas decidi arriscar.” O público agradece. A Bosch na sua vida Arquivo Bosch Para viajar tranqüilo Quem faz da viagem por estradas um hábito, como Cláudio Fontana quando excursiona com suas peças, precisa estar atento ao desgaste das velas de ignição. O movimento do eixo e, portanto, das rodas do automóvel depende de um sobe-e-desce de pistões dentro do motor que só acontece porque lá são geradas pequenas explosões. Essas explosões são fruto de uma combinação de ar, combustível e faíscas, produzidas constantemente pelas Velas Bosch. Em veículos que acumulam muitas quilometragens, esse componente tem maior desgaste. Se ele estiver em mau estado, o carro consome mais combustível e libera na atmosfera uma quantidade maior de gases poluentes. A Bosch, que patenteou as velas há mais de 100 anos, recomenda que se faça uma revisão a cada 15 mil quilômetros, para avaliar se é necessário algum ajuste ou troca. No Brasil, a empresa fornece o produto às principais montadoras do país, como Volkswagen, Peugeot, Citröen, Fiat e GM. As Velas Bosch são as ideais para motores bicombustíveis — são as únicas com tratamento de níquel na carcaça metálica, o que evita a corrosão provocada pelo álcool. 10 | VidaBosch | torque e potência | Por Talita Amorim Utilitários de salto alto Maiores e mais robustos, as picapes e os carros conquistam o público feminino Polusvet / Shutterstock H elena Deyama já participou de dez edições do Rally Internacional dos Sertões; em oito, chegou entre os dez primeiros. É a única mulher que já venceu um campeonato de rali tanto no Brasil quanto no exterior. Ainda assim, quase sempre que desce de sua picape Mitubishi L200 RS o público se espanta. “Principalmente no interior do Brasil, as pessoas ficam muito surpresas e falam: nossa, é uma mulher! Tão pequenininha e frágil”, brinca, referindo-se a seu pouco mais de um metro e meio de altura. Na cidade, porém, quando desce de sua picape Toyota Hilux SRV 4x4, que usa para dirigir em São Paulo, a surpresa já não é tão grande. Na capital, assim como na maioria das metrópoles brasileiras, a campeã torna-se apenas mais uma mulher a bordo de um automóvel utilitário esportivo ou de uma picape — um segmento que alguns especialistas consideram “a febre do momento”, principalmente entre o público feminino. A presença pelas ruas de picapes como a que Helena dirige em São Paulo aumentou 85% no país em cinco anos, segundo a Jato Brasil, consultoria de informações automobilísticas. De janeiro a agosto deste ano, foram 75.177 emplacamentos de veículos desse tipo — em 2004, no mesmo período, foram 40.477. Considerando-se o setor de automóveis utilitários como um todo — o que inclui, além das picapes de tamanho grande, as de tamanho médio e os utilitários esportivos o salto foi de 190%: de 81.321 emplacamentos de janeiro a agosto de 2004 para 235.479 em 2008. Em relação ao mesmo período do ano, o avanço mais impressionante se deu entre os utilitários esportivos: de 12.207 emplacamentos, em 2004, para 92.130 em 2008 — seis vezes mais em apenas quatro anos. 12 | VidaBosch | torque e potência Posição de dirigir — que passa sensação de segurança — e profusão de porta-objetos chamam atenção das mulheres “É uma febre. Esses carros estão vendendo mais porque são mais altos e fortes, o que dá uma sensação maior de segurança. Junto com isso, há a facilidade dos financiamentos, que ajudam a elevar as compras”, comenta o diretor de vendas e marketing da Jato Brasil, Luiz Carlos Augusto. “Nas viagens, o carro vai super bem, pega mais velocidade, e eu me sinto confortável e segura”, conta a secretária Sueli Bonizze, que há três anos tem uma Blazer a diesel. Na cidade, ela prefere usar um carro menor, um Clio, mas na estrada não abre mão de seu utilitário esportivo. “Tem mais força no motor”, elogia. O campeão de vendas nessa categoria é o Ford EcoSport, que corresponde a 34% dos veículos utilitários emplacados no primeiro semestre deste ano, de acordo com a Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores). Cerca de 50% das vendas do automóvel são para as mulheres, segundo a Ford. Não há uma estimativa de quanto o público feminino representa na venda dos utilitários esportivos e das picapes, mas é unanimidade no setor a percepção de que o percentual de mulheres atrás dos volantes desses automóveis tem crescido. A Nissan do Brasil, por exemplo, estima que 35% das compras de seu utilitário esportivo mais popular, o X-Trail, sejam feitas por ou para mulheres. “Há dois anos, esse número não passava de 20%”, diz o gerente de marketing e produto da montadora, Mário Furtado. Assim como o executivo da Jato Brasil, ele também acredita que o preço seja um fator relevante para o crescimento da procura por esse tipo de carro. A diferença entre os sedãs e os utilitários esportivos tem caído, segundo Furtado. “Além disso, os juros para comprar carros novos estão bastante acessíveis”, ressalta. Ele destaca ainda que, para agradá-las, as montadoras passaram a fazer veículos mais suaves. “O motor e o câmbio melho- torque e potência | VidaBosch | 13 raram muito. Esse crescimento entre as mulheres é uma evolução natural da oferta de mercado. As montadoras, em geral, hoje se preocupam muito mais em atender esse público. E mudanças para elas também beneficiam os homens.” Fotos Divulgação Carro “de mulher”? A participação maior das mulheres não é algo exclusivo desse segmento — a Volkswagen estima que, a cada dez compras de carros feitas no Brasil, pelo menos sete tenham alguma participação delas. Uma pesquisa feita em 2004 pela empresa detectou que 40% dos carros comprados são destinados às mulheres e outros 30% são comprados por homens influenciados por elas. De olho nesse novo filão, as montadoras passaram a investir mais em adaptações feitas especialmente para o segmento feminino. Avaliando que as mulheres compram carros “de dentro para fora”, começaram a fazer modificações no interior dos veículos. Os utilitários esportivos apostam nessa tendência. Eles fazem sucesso entre elas não apenas pela posição de dirigir — que, por ser mais alta, passa uma sensação maior de segurança —, mas também pela grande quantidade de porta-objetos. Isso mostra que, além de um design bonito dentro e fora do carro e bancos confortáveis, as compradoras querem praticidade. Não por acaso, vários utilitários esportivos e picapes possuem recipientes internos para quase tudo: servem para esconder bolsas, notebooks, CDs e até livros. Os porta-malas espaçosos também são fatores de grande atração. Esse setor também seguiu outras tendências do mercado automotivo. Os utilitários esportivos passaram a ter regulagem de altura nos bancos, o que ajuda a adequálos à menor estatura feminina (algo especialmente importante em carros grandes). Ganharam espelhos no quebra-sol do motorista e do passageiro e muitas montadoras, inclusive, trocaram as maçanetas das portas, por modelos que evitam a quebra das unhas, e os tecidos dos bancos, para dificultar que as meias-calças tenham os fios puxados. Apesar das mudanças bem-vindas, a migração das mulheres para os utilitários As pessoas ainda se admiram quando vêem sair de uma picape de competição a piloto de rali Helena Deyama esportivos pode ser vista como uma declaração de independência: elas não querem mais dirigir “carros de mulher”. Querem, sim, ter carros potentes como os dos homens, com um pouco mais de conforto, destaca Helena. “O mais importante é que eu não preciso me preocupar com os buracos e valetas da cidade. Com um utilitário, não há problema para passar por esses obstáculos”. Ela elogia, nesse sentido, o fato de sua picape ser movida a diesel. “É mais resistente. Anda até embaixo d’água”. A possibilidade de carregar cargas maiores também atrai parte desse público. “Me sinto mais auto-suficiente, posso carregar motos e bicicletas na carroceria”, diz Helena. Foi a praticidade que fez a designer de jóias Moara Facilott comprar um veículo que tem bem mais características de utilitário do que de esportivo, um furgão Sprinter 313, a diesel. “Transporto minhas motos dentro do carro. Levo três motos e quatro pessoas”, conta ela, que corre de moto em ralis. “Acho carro a diesel mais confiável e resistente. Tive outro carro igual que durou por 12 anos”, recorda. Helena chama atenção para outros itens. “Esse tipo de carro tem coisas que ajudam a facilitar minha vida, como guinchos, chave de roda especial, que solta a roda com mais facilidade para trocar os pneus, e uma bolsa inflável que eleva o carro sem que seja preciso usar um macaco”, destaca. “Mas é lógico que dentro eu quero espaço para guardar minhas coisas, como protetor solar e labial e cremes. É preciso não perder a feminilidade.” A febre dos utilitários esportivos, porém, ainda precisa ser acompanhada de ajustes — por serem grandes e pesados, eles, em geral, poluem mais que os sedãs e os carros menores, ainda que haja investimentos para que seus motores sejam mais eficientes. Num ranking feito recentemente pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, a maioria dos veículos mais poluentes eram utilitários esportivos movidos a diesel. “A emissão de poluentes é muito maior. Tanto é que em países com maior consciência ambiental, a venda deles vem caindo. Na Europa, nos últimos anos, houve uma redução de 30% a 40%”, afirma Luiz Carlos Augusto, da Jato Brasil. A Bosch na sua vida Arquivo Bosch Menos ruído na cidade Com os utilitários saindo da terra e indo para o asfalto, um baixo nível de ruído no motor e de emissão de poluentes torna-se requisito indispensável no projeto do veículo. O Brasil poderá contar, já no início de 2009, com uma tecnologia avançada para atacar esses aspectos: o Sistema Common Rail PKW 2.2, criado para veículos de passeio e utilitários leves. O equipamento da Bosch é dotado de uma série de sensores e atuadores que permitem calcular o momento certo e a quantidade ideal de diesel a ser injetado no motor para uma combustão mais homogênea, o que significa menos barulho e menos poluição. A partir de janeiro de 2009, o injetor CRI 2.2 passa a ser fornecido pela unidade da Bosch de Curitiba, que fabricará o equipamento. Com isso, as montadoras deixarão de arcar com custos de importação e os veículos equipados com a versão mais antiga do sistema poderão se atualizar. A nova geração tem a vantagem de trabalhar com mais pressão (o que permite ao motor desenvolver maior potência específica) e com uma quantidade maior de injeções por ciclo de queima (são mais de mil por minuto), o que leva a menos poluição. A tecnologia atende às mais recentes normas de emissão de poluentes do Brasil. 14 | VidaBosch | casa e conforto | Por Mariana Martinez Fotos Shutterstock A iluminação natural economiza energia elétrica, higieniza o ambiente e faz do sol uma visita diária Dê à luz 16 | VidaBosch | casa e conforto casa e conforto | VidaBosch | 17 Fotos Shutterstock Além do benefício estético, mais luz em todos os ambientes significa economia de energia A cordar, abrir as janelas, deixar o sol invadir o ambiente aos poucos, perceber as cores mais vivas e o calor da manhã que reconforta. Eis uma receita prática de bem-estar para começar o dia. Se uma medida simples como essa já dá a idéia de como a claridade modifica o espaço e influencia os nossos ânimos, imagine investir em maneiras mais eficientes para tirar, permanentemente, o maior proveito da luz natural dentro de casa? Varandas, fendas de tamanhos diferentes nas paredes e no teto, clarabóias, cúpulas, pergolados e grandes vãos são algumas propostas consideradas por arquitetos e decoradores para clarear o ambiente. “Os projetos contemplam, na medida do possível, janelas em todos os ambientes para trazer luz e ventilação natural. Na arquitetura contemporânea, muitas vezes as paredes dão lugar aos painéis de vidro. Tudo depende do caso e da necessidade”, afirma o decorador Fernando Piva. A estética e o conforto térmico são os benefícios diretos mais evidentes, mas há também a economia de energia elétrica por conta de menos lâmpadas acesas, um aspecto fundamental, principalmente em meio ao presente debate sobre como tornar o planeta mais sustentável. Segundo o arquiteto Leonardo Junqueira, outro efeito positivo da iluminação natural é o poder de higienização. “Ela naturalmente limpa o espaço de determinados tipos de ácaros e bactérias”, diz. A iluminação zenital (por meio de abertura no teto) é uma grande vantagem quando se quer obter mais claridade, mas é necessário cuidado para não trazer luz em excesso ao ambiente Pelo teto Uma das apostas mais eficazes e charmosas para melhor usufruir os raios solares, inclusive em ambientes menores, é a iluminação zenital. O termo pode parecer muito técnico para quem é leigo no assunto, mas a idéia se resume em criar uma abertura no teto para deixar a claridade entrar o dia inteiro. No forro, o ângulo de incidência da luz é maior do que por uma janela, aonde o sol chega apenas durante uma parte do dia. É uma grande vantagem quando se quer obter mais claridade, mas, justamente por isso, o recurso é mais adequado para áreas de circulação ou curta permanência, como corredores, escadas e banheiros, que podem receber luz o tempo todo sem oferecer o incômodo do “efeito estufa” provocado pela longa exposição aos raios solares. “O que define a quantidade de luz satisfatória dentro de um espaço na maioria das vezes é o uso. Em áreas sociais, ela é sempre bem vinda. Já em quartos, deve ser controlada”, pondera Junqueira. Segundo o arquiteto, uma das maneiras de filtrar o excesso de luz nesses casos é o uso de pergolados, que são estruturas de vigas colocadas lado a lado em determinada fenda no teto, com um espaço entre cada uma delas. As sombras que se formam conseguem “quebrar” a incidência do sol e ainda criar um efeito decorativo. Geralmente feitas em madeira, essas vigas também são projetadas em concreto, aço e outros materiais. Por cima delas, deve vir uma cobertura em vidro ou policarbonato. De acordo com a arquiteta Fabiana Sá, a segunda opção é mais vantajosa. “O policarbonato custa menos do que o vidro, é leve, permite trabalhar com curvas e placas grandes, além de ter menos chance de quebrar. No entanto, o vidro tem uma durabilidade bem maior e a manutenção com limpeza é bem mais fácil”, afirma. Em qualquer uma das escolhas, a vedação precisa ser planejada, de preferência por um profissional que conheça bem a área, para evitar goteiras inconvenientes. Sob medida Uma proposta mais simples de iluminação zenital, que pode ser aproveitada em projetos menores sem o impacto de grandes reformas, é o emprego de janelas de teto. Feitas com madeira, alumínio, cobre, PVC ou policarbonato, elas são fabricadas em diversos tamanhos e facilmente instaladas nos telhados das casas de acordo com o grau de inclinação. Alguns modelos contam até com sistema de abertura motorizado, película para absorção de energia e já vêm prontos para instalação. “Há duas maneiras de aumentar a incidência de luz natural nos ambientes pequenos: aumentar os vãos de janelas e portas ou criar, quando possível, uma iluminação zenital”, observa Junqueira. A dica de Fernando Piva para espaços menos amplos é apostar em espelhos, que duplicam o ambiente e a iluminação. Suaves ajustes na decoração que às vezes passam despercebidos podem valorizar ainda mais a luz natural que a casa ou o apartamento proporciona. Com o simples uso de cortinas, é possível dar um ar diferente ao ambiente, o que vai depender das cores e do tipo de tecido escolhidos. Tons mais claros costumam deixar os espaços mais luminosos. A mesma incidência de luz da rua pode ter um efeito totalmente diferente se a cortina escolhida for laranja, por exemplo. “Melhor descartar os tons vibrantes, que podem ter o mesmo efeito de uma lâmpada incandescente e deixar Tons vibrantes de cortina podem deixar tudo amarelado e acabar com a grande vantagem da luz natural: permitir enxergar a cor original dos móveis e objetos tudo ao redor meio amarelado. A grande vantagem da luz natural é justamente permitir enxergar a cor original das coisas. Por isso ela deve ser bem usada”, explica Fabiana. Sem ofuscar Sol demais não é prejudicial apenas para a pele. Uma situação em que o excesso de luz pode ser inconveniente é quando o espaço se torna desconfortável do ponto de vista térmico, ou seja, superaquecido – o que acaba anulando o possível benefício de economia de eletricidade. “Em um país tropical como o Brasil, esse é um problema comum. Alguns prédios têm enormes fachadas de vidro, que seriam perfeitas para países de clima temperado, mas não servem para o nosso daqui. O resultado, além do calor insuportável, é o consumo exagerado de energia elétrica por conta do uso constante de ar-condicionado”, alerta Junqueira. Outro ponto a ser pensado é o ofuscamento pela luz, que pode ser um incômodo de acordo com o tipo de atividade exercida em determinados espaços. “Em ambientes de TV, muita claridade atrapalha, pois re- 18 | VidaBosch | casa e conforto casa e conforto | VidaBosch | 19 Fotos Shutterstock A Bosch na sua vida Arquivo Bosch Verniz para madeira e persianas ajudam a evitar o desbotamento do piso e dos móveis flete na tela do aparelho”, avisa Piva. Há também questões mais práticas, como o desbotamento de tecidos, pisos e móveis. Para não correr esse risco, Fabiana Sá destaca alguns materiais que não sofrem tanto com a ação dos raios solares. Pisos de mármore são melhores, pois os de madeira descascam. Se a madeira for inevitável, há alguns tipos de sinteco (tipo de verniz) mais resistentes a estragos. Nos móveis, ipê e cumaru são boas escolhas. “Sofás de couro desbotam facilmente, portanto, é melhor ficar com tecidos naturais, como algodão, linho e Pode-se abusar das entradas de luz em áreas de circulação ou curta permanência, como corredores e escadas fibras”, sugere a arquiteta. Persianas também podem ajudar a diminuir o prejuízo. Há diversos modelos disponíveis no mercado. As mais tradicionais são as persianas de lâminas, mas existem também as plissadas (com dobras permanentes), feitas de tecido pregueado, e as romanas, que são erguidas dobrando em camadas. Os rolôs são cortinas que, quando recolhidas, ficam enroladas. Quanto aos materiais, há de alumínio, madeira, algodão, poliéster, PVC, fibras naturais e sintéticas. Todos protegem do sol quando fechados, mas manter a persiana sempre abaixada pode significar abrir mão da vista e da claridade. Somente a tela solar, nas versões rolô e romana, controla o calor e filtra os raios UV sem impedir a entrada de luz natural nem esconder totalmente a paisagem. A escolha depende do tipo de ambiente e do objetivo desejado. Deixe a luz decidir Um ambiente que receba doses adequadas de iluminação natural durante o dia é o ideal para as plantas, o piso e os móveis. Mas não dá para ficar de prontidão e abrir a janela quando o sol aparecer, ou fechá-la quando a chuva começar. Não dá e não precisa: o motor FPG, da Bosch, faz isso automaticamente. O Motor Levantador de Vidro tipo FPG foi desenvolvido originalmente para abertura de vidro automotivo, mas também pode ser aplicado em residências. Por meio de uma programação simples, é possível definir a que horas basculantes ou vidros de correr devem ser abertos e fechados. Pode-se também deixar a decisão ao sabor do tempo: um sensor detecta presença ou ausência de luz natural e ordena ao FPG abrir ou fechar as janelas. Há ainda um sensor que interrompe a programação e fecha o vidro quando começa a chover. Para a comodidade, o melhor é o controle remoto, com o qual é possível comandar o motor sem sair do sofá. O sistema ainda permite integração com aparelhos para segurança domiciliar, abrindo ou fechando ao sinal de presença indesejada, e com celulares. Está no trabalho e quer fechar a janela de casa? Mande um torpedo e o FPG entra em ação. O aparelho, movido a eletricidade, conta com dispositivo de segurança acoplado a uma bateria que fecha as janelas se faltar energia. 20 | VidaBosch | saudável e gostoso | Por Maria Eduarda Mattar Liviu Toader Michel Brown As damas de vermelho Frutas como morango, cereja, amora e framboesa são ótimas para acompanhar e decorar pratos doces e salgados, e ainda trazem substância que ajuda a combater envelhecimento 22 | VidaBosch | saudável e gostoso D iscretas no tamanho, chamativas no sabor e vestidas com a cor das emoções fortes, as frutas vermelhas posam de vedetes em sobremesas, sorvetes, iogurtes, caldas, sucos, drinks e até mesmo muito longe de pratos e garfos, perfumando óleos e cremes hidratantes. Morangos, amoras, framboesas, mirtilos e groselhas estão neste grupo, caracterizado por tamanho reduzido, ausência de caroço e interior em tons que variam do rosa claro ao roxo quase preto. Trata-se das berries, como são chamadas na língua inglesa, sufixo em comum que ajuda a identificar o grupo dessas pequenas notáveis. Cerejas, apesar do caroço, também acabam sendo incluídas nesse time. Algumas são originárias da Europa, outras da Ásia. Próprias de clima temperado, em sua maioria, algumas só são cultivadas em poucas quantidades no Brasil, sendo encontradas com mais facilidade na forma congelada. “Por isso, acabamos utilizando muito em caldas e doces”, revela a chef e nutricionista Clarissa Magalhães, do restaurante e boate Symbol, do Rio de Janeiro. O cultivo é feito em solos brasileiros principalmente no sul de Minas Gerais, em São Paulo e no Rio Grande do Sul. Luis Antônio do Lago, da mineira cidade saudável e gostoso | VidaBosch | 23 de Campestre, é um dos produtores das frutas no Estado. Seu sítio — o Juranda — produz amora há cinco anos e framboesa há menos de um. A propriedade é situada no alto da Serra da Cachoeira, a 1.300 metros de altitude. Lago ensina que o clima frio de montanha é adequado ao cultivo das duas frutas — tanto que abandonou quase completamente a plantação de café, predominante na região, e pretende tentar o cultivo de uma nova berry ainda neste ano: o mirtilo, ou blueberry. Lago produz 25 toneladas anuais de amora e framboesa, em um universo de aproximadamente 2.200 toneladas produzidas por ano no Brasil, segundo estimativas da unidade Clima Temperado da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), considerando-se os 250 hectares (ha) de amora e os cerca de 50 ha de framboesa cultivados em todo o país. As plantações de morango rendem 105 mil toneladas anuais, em 3.500 ha cultivados; já as de mirtilo se espalham por 150 ha e rendem 600 toneladas por ano. Segundo Luis Eduardo Corrêa Antunes, pesquisador da Empraba Clima Temperado, a maior parte dessa produção é direcionada ao consumo interno, mais especificamen- te para o mercado in natura. Ou seja, para feiras e mercados. E, dali, para figurar nas receitas em restaurantes e casas, garantindo a quem consome, além do prazer do sabor ligeiramente azedo comum a quase todas as frutas vermelhas, os benefícios do ácido elágico. Presente em grande quantidade nesse tipo de fruta, ele já teve sua ação antioxidante comprovada por diversos estudos internacionais e por pesquisas nacionais. Uma destas é a da nutricionista Janini Ginani, da Universidade de Brasília, que concluiu o doutorado em 2005 com uma tese sobre o assunto. O ácido elágico não é produzido pelo corpo humano — encontra-se apenas em frutas, cascas de árvores, nozes e flores. “Ele é um tipo de polifenol, substância grosseiramente chamada de anticorpo das plantas, porque as protege, principalmente quando ainda não estão maduras e são, portanto, mais suscetíveis a ataques de parasitas, insetos e aos raios ultravioleta”, explica Janini, que garante: “não se tem ainda notícia de outros alimentos tão ricos em ácido elágico como as frutas vermelhas”. A ação antioxidante combate os radicais livres, retardando o envelhecimento. Outra Arquivo Bosch A Bosch na sua vida Pronto para o brinde O Side by Side, um refrigerador de porta dupla lançado pela Bosch, permite servir bebidas na temperatura ideal, de modo prático e econômico. Quer oferecer a seus convidados um suco de frutas vermelhas geladinho? Basta acionar o home bar, uma abertura na porta que dá acesso a uma prateleira interna, na qual você pode colocar a bebida que for utilizar. Não é preciso, portanto, abrir o refrigerador toda hora — basta usar o home bar. É mais fácil e economiza energia elétrica, já que entra menos calor na geladeira. Prefere fazer um drink na hora e, em vez de colocá-lo no refrigerador, acrescentar gelo? O Side by Side também facilita seu trabalho: na porta da esquerda, traz um dispenser que libera água, gelo em cubo ou picado. Para selecionar um desses itens, basta apertar um botão — se quiser mais do que a quantidade inicial, é só manter o botão pressionado. Do lado de dentro, esse modelo da Bosch também traz funções úteis. Uma delas é o recurso super cool, que intensifica a refrigeração (é ideal para quem chega com as compras do supermercado e quer conservar logo os produtos, como as frutas vermelhas). Outro é o fast freezing, que pode ser usando quando for preciso congelar algo rapidamente. Apesar da porta dupla e do grande volume interno (504 litros), o Side by Side tem pouca profundidade (73,3 centímetros). Com isso, ele entra facilmente na cozinha — a entrega e a instalação tornam-se mais simples. Joseph C. Salonis Morango é a fruta vermelha mais colhida no Brasil: são 105 mil toneladas por ano ação comprovada da substância é a prevenção de alguns tipos de câncer e doenças cardiovasculares. Márcia Vizzoto, pesquisadora na área de alimentos funcionais da Embrapa Clima Temperado, lembra que a ação é preventiva, e não profilática. “Não se deve esperar ingerir essas frutas depois que já está instalada alguma doença crônica ou cardiovascular. Depois que já existe o problema, é difícil resolver. Elas agem mais no sentido de prevenir”, alerta a agrônoma. Outro ponto positivo da substância é que ela só ataca células cancerígenas. “Não existe indicador de quantidade indicada de consumo diário. Mas é possível dizer que, para ter uma proporção representativa, a quantidade de frutos que se teria de ingerir é grande”, reconhece Janini. Consumindo 10 unidades de morango, o corpo recebe 133 miligramas de ácido elágico. O mesmo número de amoras pretas fornece 1,7 grama da substância. Frutas vermelhas são ricas em substâncias que ajudam a prevenir o câncer e também concentram grandes quantidades de fibras e vitamina A e C É importante sublinhar, no entanto, que a ação do ácido elágico é local — depois da digestão, não é muito absorvido pelo organismo e perde efeito. “Tanto que seu maior poder é contra câncer de boca, de intestino e de estômago”, ilustra a pesquisadora da UnB. Por isso, o indicado é ingerir quantidades constantes de frutas vermelhas, quase diariamente, apesar de seus preços não serem baixos. Se o preço é um empecilho, a variedade das frutas e a versatilidade nas formas de preparo são um estímulo —- muito mais atraente, por sinal. O consumo mais tradicional é em sobremesas — elas se destacam em relação ao açúcar das tortas, avivam caldas, misturam-se ao leite em sorvetes, in natura, entre outras opções —, mas está longe de ser o único. Em drinks, por exemplo, vão bem com vodcas ou espumantes, aconselha o barman Rafael Santos, que comanda os balcões da Drinkeria Maldita, no Rio de Janeiro, uma casa que oferece mais de cem batidas. “Morango e cranberry (em português, oxicoco) são as que mais saem. Além, claro, da caipirinha de frutas vermelhas, a caipirouge”, conta Santos, que usa no dia-a-dia morango, framboesa, amora e cereja. Esta última é bastante usada como decoração ou combinada com espumantes. Para “beber” o morango, o barman sugere misturar com hortelã, vodca e açúcar. “Na dúvida, usem vodca, que combina com todas elas”, recomenda. É uma forma descontraída de aproveitar todas as propriedades das frutas vermelhas, ricas não só em ácido elágico, mas também em outros polifenóis presentes em menor quantidade, como os ácidos caféico, ferúlico e gálico. “Todos eles também são antioxidantes e possuem atividade anticâncer. Além deles, encontramos grandes quantidades de vitamina C, A, ácido fólico, fibras, cálcio, magnésio... A quantidade de cada um varia de acordo com o tipo de fruta, espécie, época do ano, local onde foi cultivado e condição do solo”, ensina Janini, da UnB. Porém, mais que aproveitar as frutinhas nos convencionais doces e bebidas, é possível também ousar e combinar com peixes e carnes em pratos quentes. Clarissa Magalhães, por exemplo, recomenda a preparação de quiche de gorgonzola, com calda de frutas vermelhas, ou rocambole de bacalhau com as frutas no interior ou também na calda. “O azedo da calda vai muito bem com o queijo, e o doce das frutas contrasta com o salgado do bacalhau”, detalha a chef da Symbol. Clarissa diz que, entre as bebidas, faz bastante sucesso o saquê misturado a frutas vermelhas, e que “não pode faltar” a caipirinha feita com elas. “Mesmo que eu compre ‘um trilhão’ de caixas das frutas, utilizamos todas”, diz a chef, revelando mais uma das muitas paixões despertadas por essas pequenas tentações púrpuras. 24 | VidaBosch | saudável e gostoso Fruta da terra Fotos Alexandre Schneider Chef de Campos do Jordão usa frutos cultivados em sua própria fazenda para preparar pratos doces e salgados saudável e gostoso | VidaBosch | 25 E la é responsável por cuidar de duas cafeterias, um bistrô, a gerência geral de uma fazenda e, em breve, mais um restaurante no Capivari, bairro mais badalado de Campos do Jordão (SP). É a chef de todos os empreendimentos, responsável pelas inovações nos pratos, nos ambientes, nos produtos. E tem apenas 23 anos. Melissa Masotti é formada em hotelaria e teve uma trajetória rápida à frente das panelas e do cardápio do Baronesa Café, da cafeteria Landscape e do Baronesa Von Leithner Bistrô. “Tinha pânico de cozinha! Sabia cozinhar, mas não gostava. Hoje sou apaixonada por criar, desenvolver, buscar novidades e tendências na gastronomia”, conta ela, que ganhou as primeiras noções à frente das panelas com a avó portuguesa, que cozinhava nos almoços de família e com quem a mãe a obrigava a aprender. O caminho para se tornar chef, porém, começou logo após o casamento, em 2004. O casal resolveu tocar a fazenda Baronesa von Leithner, produtora de frutas vermelhas, da família do marido de Melissa. Mudaram de São Paulo para Campos do Jordão e iniciaram o trabalho. “Foi uma das primeiras propriedades do município. A primeira no país no cultivo de amora e framboesa, com mudas da Suíça e da Áustria em meados da década de 40”, conta a chef. Hoje, a fazenda produz 12 toneladas de framboesas, amoras e mirtilos. Percebendo que não havia cafeteria em Campos do Jordão, Melissa e o marido fundaram, em 2005, o Baronesa Café, dentro da fazenda. No ano seguinte, nasceu o Landscape, uma cafeteria no topo de uma colina da propriedade, com direito a vista para o vale e a Pedra do Baú, ponto turístico da região. Em 2007, foi montado o Baronesa Von Leithner Bistrô, também na fazenda. O cardápio dos estabelecimentos esbanja frutas vermelhas. A decisão de usá-las, foi, em parte, circunstancial. Percebendo que muitos restaurantes não utilizam essas frutas em função do preço e da vida curta (algumas começam a estragar três dias depois de colhidas), Melissa viu uma oportunidade. “Para mim é o contrário: posso abusar. Criei comidas que harmonizassem com elas, não só na sobremesa. Todo mundo conhece na sobremesa, no cheesecake. Mas poucos estão acostumados a comê-las nos pratos quentes”, comenta. Assim nasceram receitas como o ravióli de blueberry (mirtilo), recheado de amêndoas, alecrim e parmesão, com calda da mesma fruta, e o peito de frango da serra, empanado com queijo da Serra da Estrela e framboesa, sobre ninho de pupunha e alhoporó. As combinações inusitadas têm tido ótima aceitação, segundo a chef. “Foi um desafio montar pratos bem combinados que também agradassem ao público”, diz Melissa. “O Brasil, infelizmente, ainda não conhece muito a gastronomia aplicada às frutas vermelhas. Elas têm fama de azedas, de amargas, o que não é verdade.” Ravióli de blueberry ao molho de mirtilos Baronesa Von Leithner Bistrô Av. Alto da Boa Vista, 3.025. Alto da Boa Vista | Campos do Jordão | SP Tel.: (12) 3662-1121 | (12) 3664-4136 Das 13h às 22h (fecha de seg. a qua.) www.baronesavonleithner.com.br Bouquet de folhas orgânicas com vinagrete de framboesa Rendimento 4 a 6 porções de salada. Ingredientes Salada (ingredientes na quantidade que desejar) Folhas de diversos tipos Tomates cerejas Queijo branco ou mussarela de búfala Folhas de manjericão ou hortelã para dar um perfume e decorar Vinagrete de Framboesa 260 g de geléia de framboesa 50 ml de vinagre de vinho branco Modo de preparo do vinagrete Dilua a geléia no vinagre. Se desejar um vinagrete liso, peneire as sementes. Rendimento 18 raviólis. Ingredientes Massa 200 g de farinha de trigo 2 ovos inteiros 100 ml de extrato de mirtilos Recheio 200 g de parmesão ralado 30 g de alecrim picado 50 g de lascas de amêndoas picadas Molho de mirtilo 300 g de geléia de mirtilo 80 ml de vinho do porto 50 ml de água Sal e pimenta a gosto Modo de preparo Recheio Misturar todos os ingredientes. Massa Para o extrato, bater os mirtilos no processador e coar. Acrescentar esse sumo na massa. Juntar todos os ingredientes e sovar até ficar uma massa lisa e elástica, se necessário acrescente farinha até formar essa massa lisa. Sovar por 3040 minutos. Deixar descansar por 1 hora na geladeira. Abrir a massa após o descanso, deixando-a com aproximadamente 2 mm. Cortar a massa em círculos de aproximadamente 8 cm de diâmetro e rechear. Selar com clara de ovo as bordas do ravióli e pressionar com um garfo. Molho de mirtilo Numa panela, coloque o vinho do porto e afervente; acrescente a geléia, a água, o sal e a pimenta. Deixe ferver até obter um molho. Cozinhe a massa por 8 a 10 minutos. Escorra e sirva com o molho em cima, com lascas de queijo granna padanno. 26 | VidaBosch | tendências | Por Chantal Brissac Joana Wnuk Slowfish / shutterstock Piotr Wardyski Cheiro de novo Maior participação de mulheres no mercado de trabalho, ganhos de renda de algumas classes sociais e aumento de expectativa de vida renovam o mercado de perfumes Kulish Viktoria C om pelo menos 10 milhões de células olfativas, somos sensíveis aos mais diversos aromas que nos atiçam a memória afetiva, nos despertam e nos levam ao paraíso. O bolo da infância, a terra molhada da chuva, as rosas do jardim, a lavanda depois do banho, o café recémpassado... O olfato funciona como uma máquina do tempo das emoções, registrando na mente as mais diversas fragrâncias. “É um mágico poderoso que nos transporta, percorrendo a distância de milhares de milhas e de todos os anos que vivemos”, escreveu Helen Keller (1880-1968), autora norte-americana cega, surda e muda, que percorreu o mundo promovendo campanhas para melhorar a vida dos deficientes. Keller era conhecida por decifrar nuances de fragrâncias que passariam despercebidas pelas pessoas comuns, mas não é preciso tanto para perceber a importância do perfume na sociedade. Desde os antigos egípcios, que usavam loções tão místicas quanto preciosas, as pessoas buscam aromas que lhes agradam. Hoje, as poções ritualísticas foram substituídas por uma indústria sofisticada que lança 600 novas fragrâncias por ano e fatura cerca de US$ 30 bilhões no mundo, segundo a consultoria Euromonitor International. Desse valor, o Brasil movimentou, em 2007, aproximadamente, R$ 2,27 bilhões. A preservação da aparência e do bem-estar, valores difundidos desde a Antiguidade, são decisivos para a expansão desse segmento. “Estar bonita é uma obrigação no mercado de trabalho. A aparência é muito importante e o mercado cresceu em função disso”, afirma Renata Ashcar, consultora especializada em perfumaria e cosméticos, autora de “Brasilessência: A Cultura do Perfume” (Ed. Best Seller). A valorização do setor no país não pode apenas ser atribuída à crescente participação feminina no mercado de trabalho. O segmento masculino também se tornou alvo dessa indústria. “A partir da década de 60, os homens começaram a valorizar o perfume. Uma peculiaridade é que eles costumam ser mais fiéis a marcas e tipologias aromáticas”, ressalta Renata. Já as mulheres atrelam o uso de essências ao estado de espírito, o que funciona como uma “arma poderosa”. “Dependendo da intenção, aderem a um estilo mais romântico, mais sensual. Eu, por exemplo, uso ao menos dez tipos diferentes. Isso faz parte da essência feminina”, crê a especialista. O Brasil é o segundo maior consumidor de perfumes e fragrâncias do mundo, com uma participação de 11,1% no mercado global, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), atrás apenas dos Estados Unidos. Além da presença feminina no mercado, avanços tecnológicos, constantes lançamentos e a ascensão de novas classes sociais ao consumo conferem ao segmento o crescimento médio anual de 5% ao ano, de acordo 28 | VidaBosch | tendências tendências | VidaBosch | 29 Fotos Divulgação A Bosch na sua vida Arquivo Bosch O museu do perfume, em Curitiba (à esquerda e à direita), proporciona uma viagem sensorial pela história dos aromas e fragrâncias ao longo das décadas Um cheiro de história Na Antiguidade, os egípcios acreditavam que o uso de perfume após a morte permitiria que a alma pudesse ser tocada. Essa idéia de permanência do espírito levava a cuidados pessoais inclusive depois da morte. A escritora Diane Ackerman, autora de “Uma História Natural dos Sentidos” (Editora Bertrand Brasil), lembra que Cleópatra, conhecida por sua devoção às fragrâncias, costumava untar as mãos com kyphi, que continha óleo de rosas, açafrão e violetas, e perfumava os pés com aegyptium, (uma loção feita com óleo de amêndoas, mel, canela, flores de laranjeira) e henna (planta encontrada no norte da África). Após o rito, ela esperava suas visitas em um quarto que recendia perfume de rosas – as paredes do seu aposento eram enfeitadas com redes contendo essa flor. Os babilônios e assírios usavam jóias e Museu interativo penteados elaborados, com pequenos caracóis embebidos em loções perfumadas, enquanto na Roma Antiga, a paixão por perfumes chegava a tal ponto que homens e mulheres ensopavam neles suas roupas e ainda aplicavam as loções em seus cavalos e animais domésticos. Isso não é o mais longe a que a influência dos aromas chegou. No livro “Aroma, A História Cultural dos Odores” (Jorge Zahar Editora), os historiadores canadenses David Howes e Constance Classen contam curiosidades cheirosas como as de Mali, na África, onde adolescentes fritam a cebola na manteiga e friccionam a mistura no corpo, como um desodorante. Na Etiópia, o cheiro de gado simboliza fertilidade e status. Sinal de sedução para os homens é se besuntar com esterco de vaca, enquanto as mulheres se untam com manteiga. Criado em 2004, o Espaço Perfume Arte & História, primeiro museu brasileiro dedicado à perfumaria, pretende levar às pessoas a cultura do aroma. Salas sensoriais mostram detalhes da indústria da perfumaria ao longo da história por meio de imagens sincronizadas com uma série de fragrâncias que envolvem o visitante. Nessa jornada multissensorial, é possível percorrer os últimos cinco mil anos e apreciar mais de 900 peças – o acervo tem preciosidades datadas de 1400 a.C, procedentes de povos fenícios, romanos e chineses. Espaço Perfume Arte & História Shopping Estação. Av. Sete de Setembro, 2.775, Curitiba De ter. a dom., das 12h30 às 20h30 Tel.: (41) 2101-9000. Grátis. com a Associação Nacional do Comércio de Artigos de Higiene Pessoal e Beleza (Anabel). O aumento da expectativa de vida da população, que traz a necessidade de conservar uma aparência jovial, também contribui para esquentar o setor. “Com a maior expectativa de vida, as pessoas procuram retardar o processo de envelhecimento”, afirma Roberto Mateus Ordine, presidente da Anabel. Os cuidados que a nobreza egípcia mantinha com o corpo persistem, só que de outra forma. Os perfumes contam com novas funções, como identidade, status e aspirações. “Socialmente falando, o costume de se perfumar é também um processo de aceitação. Ele nos remete a uma aspiração, a um sonho. Deixa transparecer o envolvimento do indivíduo com uma marca e com o conceito embutido nisso. O perfume é ainda uma maneira [mais barata] de desfrutar o universo de mercado de luxo”, analisa Renata. “Uma mulher que não pode comprar um vestido Chanel pode investir em um perfume dessa marca”, completa Carlos Ferreirinha, diretor-presidente da MCF Consultoria & Conhecimento, especializada no segmento de negócios de luxo. Para ele, a perfumaria é uma das áreas mais representativas nesse setor. “Tanto pelo volume e pela distribuição, bem significativos, como também por atrelar emoções e sensações. O perfume é o eixo da sensibilidade”, define. Ferreirinha compara a força da perfumaria nos últimos 30 anos com a profissionalização do mercado de luxo. “No mundo todo, o frasco de perfume é um objeto adorado e cercado de sedução.” Embora seja um segmento de reconhecida importância econômica, Ordine, presidente da Anabel, nota que ainda existe preconceito. “A nossa principal luta é descaracterizar a imagem do setor de higiene e beleza como um negócio supérfluo. Lutamos pela legitimação da idéia de que são produtos necessários, não só como elementos de saúde preventiva, mas também por melhorar a auto-estima das pessoas”, completa. Cheiro embalado Para atender à vontade do brasileiro de se perfumar mais e melhor, os fabricantes não se concentram apenas na descoberta de fragrâncias. A distribuição rápida e precisa nos frascos e, por sua vez, dos frascos nas embalagens, é fundamental para que o consumidor sempre encontre seus produtos preferidos nas prateleiras ou nas mãos de suas consultoras de venda (venda direta). As máquinas de embalagem CUK e CART 5, produzidas pela Bosch no Brasil, resolvem essa parte da tarefa. Elas inserem os frascos com as fragrâncias em caixas de diversos tamanhos – a maior delas com pouco mais de 17 centímetros. Nos dois modelos, é possível instalar uma balança para verificar se o peso da embalagem condiz com o do frasco preenchido pela quantidade certa de perfume, o que empresta precisão ao processo. A máquina CART 5 tem capacidade para embalar cerca de 70 frascos por minuto, com trabalho manual ou automático. A CUK, indicada para linhas de montagem de grande porte, pode embalar entre 160 e 200 perfumes por minuto. No Brasil, empresas como Avon, Natura e L’Oréal usam as máquinas. Os equipamentos também são usados para embalar outros cosméticos, como batons, esmaltes e xampus. grandes obras | Por Tiago Mali Mergulho no subsolo Túnel de sete quilômetros faz usina hidrelétrica reduzir áreas alagadas P ense em um toboágua fechado e gigante: quase sete quilômetros de extensão com uma descida de 195 metros de altura (equivalente a um prédio de 65 andares). Algo muito semelhante a isso existe em Santa Catarina, mas não dentro do parque temático Beto Carreiro. Trata-se de uma das três maiores usinas hidrelétricas subterrâneas do Brasil. A imensa tubulação vai transportar, por dentro de uma formação rochosa, parte das águas do Itajaí-Açu — um dos principais rios do Estado — e colocar em funcionamento as turbinas da usina Salto Pilão, localizadas no final do “tobogã”. O leito do Itajaí-Açu faz um caminho sinuoso: nasce no município de Rio do Sul, no nordeste catarinense, percorre Lontras, na fronteira com Ibirama, vai para a esquerda e volta, formando um “U” imperfeito, segue pelo município de Apiúna e depois em direção ao mar, até Itajaí. Construir uma hidrelétrica tradicional em Apiúna, desejo antigo de empresários da região, significaria alagar um trecho enorme dos municípios, fazendo desaparecer parte da rica área industrial do Vale do Itajaí – cujas fábricas seriam o destino de parte da eletricidade. Em busca de uma alternativa, foram chamados técnicos da Agência Japonesa de Cooperação industrial, que criaram o projeto de escoamento da água por dentro das rochas – o que reduz significativamente o alagamento. A construção, que emprega 1.100 pessoas, tem um custo estimado de R$ 500 milhões. As obras vão formar um atalho, unindo as duas extremidades desse “U”. Do local do desvio até o final da tubulação — quando o rio que seguiu pelo túnel volta ao leito original –, há um desnível de cerca de 200 metros. Na usina, esse desnível se concentrará dentro do morro, fazendo com que as águas ganhem velocidade e força para mover duas turbinas com potência conjunta de 182,3 MW, o suficiente para abastecer 700 mil pessoas (o equivalente à população da região metropolitana de Florianópolis). Nesse caminho pelo subsolo foram construídas duas aberturas adicionais de ar, as chaminés. “Servem para equilibrar a formação de bolsões de ar, comuns quando se movimenta muita água. Uma turbina funcionando com esses bolsões é como o motor quando um carro anda devagar com a quinta marcha engatada: engasga e não consegue trabalhar”, explica Jair Fabiciack, assessor de comunicação do Consórcio Empresarial Santo Pilão, responsável pela usina. Pelo cano Somados aos 6,6 quilômetros do túnel principal, as escavações totalizam 10,5 quilômetros. Foram retirados da formação rochosa 700 mil metros cúbicos de terra e pedras. Se tudo isso fosse transformado em brita, seria o suficiente para pavimentar uma estrada de mais de 80 km — aliás, parte desse material é, de fato, usada em obras de pavimentação nos municípios da região. Construir uma abertura desse comprimento, com 8 metros de diâmetro, exige mais do que apenas cavar. Foram usadas 2.400 toneladas de dinamite ao longo de todo o percurso, abrindo caminho para a retirada de terra. Sustentar essa abertura sem desabamentos seria mais um grande desafio. Porém, os engenheiros de Salto Pilão constataram, no decorrer da obra, que o túnel principal passaria por um maciço de granito, uma formação geológica com bastante firmeza. Assim, a abertura não necessitou de revestimento, vigas ou vergalhões para ser escorada. Por conta disso, a obra deve ser entregue com cinco meses de antecedência – em setembro de 2009. Ainda assim, a obra usa bastante material de construção. A parte da descida, trecho de 300 metros no qual o túnel se divide em dois canais chamados condutos forçados para levar a água até as turbinas, tem de ser concretada e revestida com aço para agüentar a pressão da correnteza. Além disso, há ainda a barragem e a casa de for- Sistema da usina hidrelétrica a fio d’água 1 4 3 2 LONTRAS IBIRAMA 5 7 8 APIÚNA 6 ça, entre outros trechos a serem erguidos. Ao todo, a obra usará 46 mil toneladas de concreto, 16 mil toneladas de cimento e 3,6 mil toneladas de aço. Meio ambiente Nem toda a água do Itajaí-Açu, porém, entra pela tubulação. Para cumprir as normas ambientais, o consórcio é obrigado a construir um “túnel de descarga”, por onde passa um volume de água de, no mínimo, 10 metros cúbicos por segundo. Esse fluxo continua pelo leito natural do rio e se encontra mais à frente com a parte que pegou o atalho. Isso é feito para preservar a fauna e a flora 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. Rio Itajaí-Açu Barragem Túnel principal Chaminé de equilíbrio Condutos forçados Turbinas Chaminé de equilíbrio Rio Itajaí-Açu dependentes do Itajaí-Açu. “Esse sistema se chama ‘a fio d’água’, sem represamento: todo o volume necessário para geração de energia é desviado através do túnel e o excedente passa por cima da crista da pequena barragem”, detalha Jair Fabiciack. Tudo isso faz com que o lago da usina não chegue a 3 hectares, o equivalente a quatro campos oficiais de futebol. Para se ter uma idéia, a usina de Jacuí (com potência praticamente igual, de 180 MW), no Rio Grande do Sul, considerada uma das mais “econômicas” em alagamentos, inundou uma área de 5 km2, o equivalente a 571 campos de futebol. A Bosch na sua vida Arquivo Bosch Jair Fabiciack/Ascom/CESAP 30 | VidaBosch | Conserto rápido Em uma obra do tamanho da usina Salto Pilão, é comum que as máquinas ou os equipamentos sofram desgaste. Por isso, há um setor específico para manutenção, que conserta caçambas de caminhões, partes de guindastes, conchas e esteiras de tratores usados para retirar terra de dentro do túnel. No conserto, é preciso cortar metais e soldá-los. Além disso, é necessário identificar possíveis trincos na solda e repará-los, para garantir uma estrutura firme. A equipe de engenheiros de Salto Pilão escolheu as esmerilhadeiras GWS 26-180 e GWS 26-230, da Bosch, para realizar os cortes e desbastes da manutenção. Entre os fatores que levaram à escolha está a potência das ferramentas, de 2.600 W, que se destaca entre os concorrentes. Essa característica permite cortar materiais mais rapidamente e com menos esforço. Além disso, as esmerilhadeiras contam com um punho traseiro que se desloca em um ângulo de até 90 graus (para a direita e a esquerda), o que proporciona maior conforto para o usuário, que não precisa ficar em posições ruins para fazer reparos mais complexos. As ferramentas também são usadas na construção da barragem da usina, onde fazem acabamentos com discos de desbastes após as soldagens da estrutura e executam cortes em tubulações e chapas de diâmetros variados. 32 | VidaBosch | brasil cresce | Por Kathlen Ramos Nas asas do crescimento Embarques e desembarques aumentam 63,7% em cinco anos, abrem discussão sobre privatização e fazem previsão de verbas para aeroportos decolar Divulgação O crescimento de 5,4% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2007, o segundo melhor dos últimos 12 anos, levou a economia do país a abrir suas asas. Com mais dinheiro circulando, houve aumento das viagens de negócios e de turismo: a demanda do setor de transporte aéreo também decolou. “A economia experimenta crescimento significativo, acompanhada pelo setor de aviação, tanto no número de aeronaves como no de passageiros transportados. Maior quantidade de assentos ofertados, redução dos preços e facilitação do pagamento levaram mais brasileiros aos aeroportos”, afirma o vice-presidente executivo da Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag), Ricardo Nogueira. Mesmo com a crise aérea enfrentada pelo setor no ano passado, o volume de pessoas que viajaram de avião em 2007 aumentou 8,24% em relação a 2006, totalizando 110,6 milhões de embarques e desembarques nos aeroportos, de acordo com a Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero). O crescimento, no entanto, vem de ares mais antigos. De janeiro a agosto de 2008 foram contabilizados 76,3 milhões de embarques e desembarques pelos aeroportos da Infraero, alta de 63,7% em relação ao mesmo período em 2003, quando foram registrados 46,6 milhões de passageiros. “Hoje, a maior parte das viagens brasileiras são a trabalho, e tempo é dinheiro. O único meio viável para aproximação rápida entre as regiões é o transporte aéreo”, afirma Gilson de Lima Garófalo, professor de economia da Universidade de São Paulo e vice-presidente da Ordem dos Economistas do Brasil (OEB). Além da agilidade, benefícios como menor risco de assaltos e acidentes fazem com que o setor não pare de crescer. “Nos últimos cinco anos, o transporte aéreo no Brasil tem crescido, em média, 6% ao ano; incremento superior ao da média mundial que está entre 3% e 4%”, complementa Nogueira. Após uma queda de 35% na década de 90, os investimentos no setor aeroportuário voltaram a crescer em ritmo acelerado. De 2000, quando foram gastos R$ 281 milhões, até 2007, as verbas para a área praticamente duplicaram, chegando a R$ 548 milhões. E seriam ainda maiores, caso, no ano passado, muitas das obras 34 | VidaBosch | brasil cresce brasil cresce | VidaBosch | 35 Divulgação Investimentos de destaque nos últimos anos 1995 Novo terminal de passageiros no Aeroporto Internacional de Curitiba. 1998 Construção de um novo terminal de passageiros no Aeroporto Internacional de Porto Alegre 2000 Conclusão das obras do terminal de passageiros 2 no Aeroporto Internacional do Galeão 2002 Obras de ampliação e modernização do Aeroporto Internacional de Salvador 2005 Entrega da segunda pista de pousos e decolagens do Aeroporto Internacional de Brasília 2006 Construção de um novo terminal de passageiros, torre de controle, central de utilidades e sistema de pista no Aeroporto de Vitória não tivessem sido interrompidas para avaliação do Tribunal de Contas da União. Isso fez com que 2007 não conseguisse acompanhar os valores de 2006 (quando foram aplicados R$ 797 milhões). Mas a tendência de cada vez mais aplicações no setor, segundo a Infraero, já foi retomada. E foi retomada porque, para atender a atual demanda, é necessário um volume de recursos muito maior. Grandes obras nos principais aeroportos foram anunciadas com a previsão de investir R$ 3,89 bilhões, entre 2007 e 2010, em todo o Brasil, na área de logística e infra-estrutura. Desse total, R$ 2,89 bilhões serão repassados pela União e R$ 1 bilhão virá da Infraero. A maior parte das obras prioriza a reforma das pistas de Investimento da Infraero em aeroportos como de Brasília saltou de R$ 281 milhões, em 2000, para R$ 548 milhões, em 2007 pouso e decolagem, aumento da capacidade dos terminais de passageiros e construção de novos terminais de carga. Os aeroportos brasileiros registraram 110,6 milhões de embarques e desembarques em 2007 Obras também nos acessos De acordo com especialistas, melhorar a infra-estrutura da malha aeroviária não é suficiente. É preciso investir, igualmente, na melhoria dos acessos. “Durante muito tempo, o planejamento dos aeroportos era realizado com total ênfase na área aeroportuária, com esquecimento do acesso terrestre e também do aéreo. Praticamente todos os principais aeroportos brasileiros necessitam de melhorias nos acessos”, constata Nogueira. Algumas ações para melhorar essa ques- tão começam a aparecer em São Paulo. A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) deve implantar os projetos Trem de Guarulhos e Expresso Aeroporto, com o objetivo de interligar as duas maiores cidades da Região Metropolitana (São Paulo e Guarulhos, onde está o aeroporto de Cumbica). O Expresso Aeroporto deverá fazer a ligação entre os terminais e a metrópole percorrendo uma distância de 31 quilômetros em 20 minutos. Andando a mais de 100 quilômetros por hora, os veículos devem partir com intervalo de 12 minutos e atender cerca de 20 mil usuários ao dia, a partir de 2011. O Trem de Guarulhos também vai se conectar à capital paulista, parando em diversas estações, interligando-se à rede metroferroviária. O valor total das duas obras está estimado em R$ 1,7 bilhão. Um megaaeroporto no Brasil A Infraero também assinou um Termo de Cooperação Mútua com a Prefeitura de Campinas (SP) para desapropriar áreas no entorno do aeroporto de Viracopos e começar a construir a segunda pista de pousos e decolagens até setembro de 2009. Hoje, a unidade tem capacidade para um movimento de até 2 milhões de pessoas por ano, mas esse limite deve crescer exponencialmente. Com as obras, a expectativa é que Viracopos receba 9 milhões de viajantes até 2015 e seja o aeroporto mais importante do Brasil e o maior do hemisfério Sul até 2030, com movimento de cerca de 60 milhões de passageiros por ano. A ampliação ainda conta com um projeto – incluído no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal – de construir um trem rápido para ligar Rio de Janeiro, São Paulo e Campinas, o que deve direcionar viajantes das duas metrópoles ao aeroporto. Para viabilizar a construção dessa obra gigantesca, segundo proposta do ministro da Defesa, Nelson Jobim, Viracopos, assim como o aeroporto Tom Jobim (Galeão), no Rio de Janeiro, devem ser concedidos à iniciativa privada. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai fazer o estudo e então será definido o modelo de concessão dos dois aeroportos, além da concessão para a construção de um novo aeroporto em São Paulo. Para especialistas do setor, essa iniciativa deve ser positiva. “A privatização é uma tendência no Brasil como no mundo e deve ser válida, tendo em vista que a administração de aeroportos não é o core business [a preocupação central] do governo, mas será o foco da empresa que administrá-los”, avalia Amaryllis Romano, analista do setor de aviação da Tendências Consultoria. No Brasil, já existem alguns aeroportos privatizados, como o de Porto Seguro que, desde 1999, começou a ser administrado pela Sociedade Nacional de Apoio Rodoviário e Turístico (Sinart). De lá para cá, o local começou a funcionar 24 horas por dia (anteriormente eram apenas 8 horas), ampliou o número de destinos para vôos internacionais e mais do que duplicou o número de passageiros. Ainda para este ano, estão previstas obras importantes, como as de ampliação do aeroporto de Guarulhos, que será o maior investimento até 2010, quase R$ 1 bilhão. Cumbica deve receber o terceiro terminal, além do terceiro e do quarto pátio para aviões. A Bosch na sua vida Arquivo Bosch Para não perder o avião Tão ruim quanto esperar um vôo atrasado é entrar no avião em cima da hora, por não ter ouvido o anúncio do vôo. A situação é comum, já que, em ambientes amplos e com muito ruído, como aeroportos, é difícil o som se propagar de maneira clara. Esse problema é superado pelo sistema de som Praesidio, da Bosch. Para que o alto-falante reproduza a voz do locutor fielmente, ele possui um controle automático de volume conjugado a entradas e saídas de áudio dotadas de equalizadores digitais. O Praesidio pode ser interligado ao Sistema Informativo de Vôo (SIV) do aeroporto, possibilitando o anúncio automático de mensagens dos números de vôos, portões e horários de embarques em intervalos predefinidos. O sistema da Bosch também dispõe de um software que simula o resultado acústico do ambiente nos alto-falantes, antes mesmo de eles funcionarem. Essa tecnologia pode ser interligada ao sistema de detecção de incêndio, para gerar mensagens automáticas e ajudar uma evacuação do aeroporto. Para situações como essa, há amplificadores suplementares que são acionados se algum falhar. Tudo é ligado por fibras ópticas e monitorado por um software. O Praesidio pode ser conectado a soluções de segurança da Bosch, funcionando com a plataforma Building Integration System (BIS). 36 | VidaBosch | atitude cidadã Franck Camhi Por dentro da história Ouro Preto, em Minas Gerais | Por Sarah Fernandes Programas de recuperação do patrimônio tentam convencer moradores e comerciantes a ocupar casas e prédios antigos como forma de garantir a preservação 38 | VidaBosch | atitude cidadã atitude cidadã | VidaBosch | 39 Alvaro Alkschbirs Bruno Miranda / Folha Imagem Alan Oliveira Restauração do Centro de São Paulo revigorou edifícios como a Estação Júlio Prestes (esquerda) e a Estação da Luz (à direita, detalhe do relógio e a plataforma da estação) U ma soleira de porta indica o estilo dos antigos moradores de uma casa. Uma jarra de louça do século 18 mostra um pouco do cotidiano da época. Uma estátua em pedra sabão traz reflexos da política de um momento histórico. A observação detalhada de utensílios, monumentos e prédios históricos faz a imaginação voltar no tempo e permite saber um pouco mais do passado. A França foi a primeira nação a criar um órgão para preservar e classificar prédios e utensílios antigos, chamado Comissão de Monumento Histórico, fundada em 1837. No Brasil, a lei do tombamento, em 1937, deu início a uma série de ações no setor. De lá até 2007 somaram-se 793 prédios e 77 centros urbanos reconhecidos pelo governo como portadores de valor histórico, denominados tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) . O tombamento é uma tentativa do governo federal de proteger imóveis da descaracterização: qualquer reforma deve ser autorizada pelo Iphan. Em contrapartida, os proprietários podem receber isenção parcial de tributos como o IPTU e o ISS para aplicar em obras de conservação. Qualquer pessoa pode pedir o tombamento de um imóvel, desde que justifique sua importância histórica. O tempo dos processos varia de acordo com a relevância e a emergência da preservação. Em outubro de 2008, 19 bens materiais com importância reconhecida pelo governo aguardavam certidão de tombamento. Entre eles estão o Pátio Ferroviário da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, em Rondônia, a Vila Ferroviária de Paranapiacaba, em Santo André, e o centro histórico da cidade de Arreia, na Paraíba Além das obras tombadas pelo Iphan, mais 17 bens brasileiros são reconhecidos como Patrimônio da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Ciência e a Cultura (Unesco). Entre eles estão as cidades de Ouro Preto e Diamantina, em Minas Gerais, e o centro histórico de São Luiz do Maranhão. Os bens reconhecidos pela Unesco recebem assistência técnica para preservação e têm apoio financeiro em situações de risco, como aconteceu com o centro histórico de Goiás quando sofreu com enchentes no final de 2001. Além disso, ganham mais visibilidade e podem, assim, receber mais turistas. Conservação O estado dos bens tombados está diretamente ligado ao ganho das cidades com esse tipo de patrimônio. Municípios bem estruturados financeiramente costumam ter o patrimônio mais preservado, de acordo com a diretora de patrimônio imaterial do Iphan, Márcia Santana. Muitos desses imóveis são particulares, funcionam como residências ou como comércios. Nesses casos, o governo não pode interferir diretamente nas obras de restauro, apenas proibir alterações nas linhas originais dos edifícios. Os imóveis precisam ter um uso adequado, para fins culturais e residenciais, por exemplo. Mas é importante que eles sejam ocupados, porque se não tiverem um dono e uma utilidade é muito mais difícil preservá-los, avalia Márcia. Exemplo disso é a restauração do Pelourinho, parte do centro histórico de Salvador, que tenta atrair moradores para as casas antigas. As primeiras fases do projeto, iniciado em 1992, previam que a região Os proprietários de imóveis tombados podem receber isenção parcial de tributos como o IPTU e o ISS para aplicar em obras de conservação funcionasse como um centro de compras, com lojas de grife e praças de alimentação. “A idéia teve fôlego curto, porque, com o crescimento de Salvador, muitos shoppings foram inaugurados em outras partes da cidade”, relata Frederico Mendonça, diretor geral do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia. A nova etapa do projeto quer repovoar a área central do Pelourinho, com dez quarteirões, compreendidos entre o Cruzeiro de São Francisco e a Ladeira da Praça. A região tem 300 unidades habitacionais, e um terço delas será reservado para pessoas que já habitavam a área, afirma Mendonça. Para incentivar a aquisição de imóveis no Pelourinho, a prefeitura firmou um acordo com os governos federal e estadual a fim de incluir as residências em um programa habitacional. Assim como a presença de atividade econômica e a ocupação da região por moradores leva à preservação, a falta desses componentes tende a fazer com que o espaço fique deteriorado. “Com o crescimento das cidades, foram criados novos núcleos financeiros, deixando as regiões centrais em segundo plano, como em São Paulo e no Rio de Janeiro”, afirma Márcia. Foi o que aconteceu no bairro da Luz, na capital paulista. Com a transferência de lojas e de pessoas do centro histórico para outras localidades, a região se transformou em um local de comércio clandestino, prostituição e venda de drogas — o que lhe rendeu o apelido de Cracolândia. Para revitalizar o bairro, a prefeitura iniciou, em 2005, um projeto que prevê atrair empresas para o local, abatendo até 80% do valor de impostos como o IPTU e o ISS, de acordo com a verba investida em obras nos edifícios da região. A idéia é que as empresas se mudem para o centro, inclusive para prédios antigos, investindo em reformas, afirma Valéria Rossi, assessora da Secretaria de Coordenação das Subprefeituras de São Paulo. As ações municipais prevêem ainda reformas na iluminação e no calçamento, além de passagem dos fios de eletricidade e telefone por debaixo da terra. Atrair moradores para o centro histórico é uma estratégia usada em São Paulo desde a época de aniversário de 450 anos da cidade, em 2004, quando o prédio que foi a sede das indústrias Matarazzo, o Banespinha (ganhou esse nome depois de ser controlado pelo banco Banespa), passou a ser a sede da prefeitura. Além de levar funcionários públicos e comércio para a região, a ação foi acompanhada por obras de revitalização, como reformas das praças da Sé, República e Fernando Prestes, a restauração da Estação Júlio Prestes, abertura de calçadões, recapeamento, implantação de áreas verdes e aumento da limpeza no local. Atualmente, o Teatro Municipal passa por restauração. Investimento As obras de revitalização geralmente acontecem por meio de parcerias público-privadas ou por leis de incentivo, como a lei Rouanet. No ranking de projetos financiados pela lei, os de conservação do patrimônio histórico, 40 | VidaBosch | atitude cidadã atitude cidadã | VidaBosch | 41 Werner Rudhart / Kino.com.br 2083 projetos, foram a quinta categoria a receber mais financiamento entre 1996 e setembro de 2008, segundo o Ministério da Cultura. À frente em quantidade de verbas, estão áreas como Artes Cênicas e Música, primeira e segunda colocadas. Além desse tipo de investimentos, há ações patrocinadas pelo Iphan (que conta com um orçamento anual de R$ 30 milhões) e o programa Monumenta, ligado ao Ministério da Cultura. Criado em 2000, o Monumenta tem o objetivo de restaurar cidades históricas e ajudar os moradores a desenvolverem novas atividades econômicas baseadas na preservação do patrimônio. O programa inclui ações de incentivo ao folclore tradicional e cursos de capacitação de agentes de turismo. Do orçamento de US$ 125 milhões (para serem gastos até o fim de 2009), o projeto investiu R$ 150 milhões até o momento. O Monumenta possui também uma linha de financiamento para restauração de imóveis históricos particulares. Os empréstimos são realizados a juros zero, com prazo de 20 anos para serem quitados. A iniciativa funciona com verba do governo federal, dos Estados e dos municípios. Existem ações desse tipo em 26 cidades em todas as regiões do Brasil, como São Francisco do Sul, em Santa Catarina, Natividade, no Tocantins, e Cachoeira, na Bahia. A participação da sociedade no processo é fundamental, avalia Robson Antonio de Almeida, coordenador nacional adjunto do programa. Turismo Almeida destaca que a renda gerada com o turismo não é o foco do programa. O lugar tem que ser primeiro bom para se viver, frisa. Entretanto, a atividade comercial gerada tem sido um grande incentivo para a conservação do patrimônio. Quem viaja para conhecer obras de arte, edifícios antigos e museus não se preocupa tanto com condições climáticas como outros tipos de turistas, o que favorece as cidades históricas durante todo o ano, afirma relatório do Ministério do Turismo publicado em 2008. Os visitantes movimentam lojas, hotéis e restaurantes, gerando mais verbas no orçamento no município. É o que acontece, por exemplo, em Ouro Preto (MG), na qual o turismo é a segunda maior fonte de renda. O conjunto tombado inclui capelas, casas, monumentos e arruamento, além da igreja de São Francisco de Assis, projetada por Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. Ao todo, são 13 igrejas, três delas restauradas. As obras de restauro em Ouro Preto exigem atenção para os ornamentos feitos em pedra sabão e quartzito, típicos do Barroco. Para recuperar esse tipo de peça, é necessário um profissional que esculpe as pedras. O ofício, antes comum na cidade, hoje é raridade. A Universidade Federal de Ouro Preto oferece um curso para resgatar a profissão. Trata-se de um claro exemplo de que a preservação tem de envolver vários setores da sociedade, e de que preservar o passado exige investimentos no presente. Preservação do patrimônio histórico, como em Diamantina (acima) e no Pelourinho de Salvador (abaixo), ajuda a fomentar o turismo Jose Miguel Hernandez Leon Arquivo Bosch A Bosch na sua vida Ajudando a refazer a história O Instituto Robert Bosch apóia dois projetos que oferecem cursos de restauro para profissionais da construção civil, um em São Paulo, outro em Salvador. O objetivo é preparar os alunos para trabalharem em reformas de prédios históricos, aproveitando ornamentos antigos e respeitando as linhas originais. O conteúdo das aulas inclui história da arte e discussões sobre a importância de conservar edifícios antigos. Na capital baiana, duas turmas já foram formadas, num total de 22 alunos. Eles ajudaram na restauração de seis prédios históricos, trabalhando em funções como pedreiro e pintor. O foco do curso são prédios construídos nos séculos 19 e 20 e que não foram tombados. “São residências e prédios particulares que passam por reformas”, afirma o padre Hans Bonisch, coordenador da Associação Barroco na Bahia, que realiza o curso. O Instituto Robert Bosch, braço social da empresa no Brasil, apóia financeiramente a realização do projeto. Em São Paulo, o Instituto firmou uma parceira com a Escola Paulista de Restauro para oferecer cursos de capacitação a pedreiros e serventes de obras. Os cursos, previstos para começar ainda neste ano, devem ser ministrados também para jovens internos da Fundação Casa, antiga Fundação Estadual do Bem Estar do Menor (Febem). As aulas para a primeira turma devem ter início em novembro, na unidade Pirituba. Os alunos vão fazer a restauração de uma capela antiga dentro da unidade. Vários endereços da fundação estão instalados em prédios históricos, afirma o coordenador do projeto, Francisco Zorzete. O Instituto Robert Bosch montou o Ateliê Bosch de Restauro, doando para a escola ferramentas elétricas como furadeira, politriz, martelete, vibrador de concreto e serra-mármore. 42 | VidaBosch | aquilo deu nisso | Por Luís Eblak Navegar mais preciso Tischenko Irina Instrumentos que davam uma idéia vaga de onde uma embarcação se encontrava foram os primórdios do GPS, sistema capaz de localizar qualquer ponto da Terra com pequena margem de erro 44 | VidaBosch | aquilo deu nisso O s navegantes do século 15 portavam quase uma dezena de instrumentos para realizar as grandes expedições que mudaram a cara do mundo. Hoje, esses equipamentos deram lugar a um aparelho de navegação com possibilidades multiplicadas: o GPS (sigla em inglês que significa Sistema de Posicionamento Global), que, ao contrário dos antigos dispositivos, se disseminou muito além do universo marítimo e tem inúmeras aplicações terrestres — pode ser usado, por exemplo, como uma espécie de mapa rodoviário ultramoderno. Não há informações confiáveis sobre desde quando existiam esses aparelhos, mas sabe-se que os chineses usavam algo similar a uma bússola no século 4º. O astrolábio seria do século 5º. Os mapas de navegação existiam desde a Antiguidade. O auge, de qualquer maneira, foi bem posterior. “Esses instrumentos foram melhorados e utilizados de modo mais eficaz nas Grandes Navegações”, afirma Mauro Condé, professor de história da ciência da UFMG. Os portugueses do final do século 15 — pioneiros das grandes descobertas marítimas – usavam o astrolábio (que determina, tendo como referência o sol, a distância – no sentido norte-sul – entre o ponto de partida e o ponto onde se encontra a embarcação), a bússola, a ampulheta e os mapas de navegação. Posteriormente, juntaram a esses instrumentos o sextante (um astrolábio com apenas a sexta parte de um arco, cuja referência é a estrela polar) e o quadrante (quarta parte) – e tornaram as navegações mais precisas. A diretora-associada do Ins- aquilo deu nisso | VidaBosch | 45 tituto de Geociências da Unicamp, Silvia Figueirôa, acrescenta um equipamento a essa lista: a sondareza (uma corda com nós para checar a profundidade do mar). Edobric Hoje, o GPS pode ser usado em ciclismo, escalada, caminhada, rastreamento de cargas e como um mapa rodoviário ultramoderno Salto para fora do mapa Condé lembra que, na época das grandes descobertas marítimas, os mapas tinham uma limitação: baseavam-se no livro “O Almagesto”, de Claudius Ptolomeu (cerca de 83-161 a.C.), que considerava a Terra, e não o Sol, o centro do sistema solar. “Certamente, uma carta astronômica – e os mapas derivados dela – baseada nesse princípio não tinha muita abrangência, sobretudo no Hemisfério Sul”, afirma o historiador. Somente com a teoria heliocêntrica de Nicolau Copérnico (1473-1543) é que aquela visão – chamada de teoria geocêntrica – foi superada. A partir do século 17 acontece o que o engenheiro do ITA, Fernando Walter, chama de “grande revolução”: a publicação dos princípios matemáticos da filosofia natural, de Isaac Newton (1643-1727). “Em 1670 começou-se a mapear o globo com técnicas de determinação de latitude e tempo – essenciais para a determinação precisa da longitude”, afirma Walter, coordenador do Laboratório GNSS (sigla em inglês para Sistema Global de Navegação por Satélite). Com o desenvolvimento de outros meios de transportes, os mapas ganharam outros campos. Eles começaram a se popularizar apenas no século 20, com os mapas rodoviários. O guia Michelin, por exemplo, confeccionou o primeiro mapa rodoviário da França em 1913. Em São Paulo, o governo estadual fez o primeiro mapa em 1936. O Guia Quatro Rodas estreou em 1976. Todos esses instrumentos podem ser considerados os primórdios do GPS. Para Walter, no século 20 o aparelho substituiu, de uma vez só, bússola, astrolábio, sextante, quadrante, sondareza e mapas. “O astrolábio e o sextante, através de observações de estrelas, permitiam calcular a posição do navegador com baixa precisão. O GPS permite determinar a posição do usuário com erro inferior a 20 metros”, concorda Edvaldo Simões da Fonseca Junior, coordenador do Laboratório de Topografia e Geodésia, da Escola Politécnica da USP. A história do GPS, segundo Fonseca Junior, começa por volta de 1960, nos Estados Unidos. Nasceu de dois projetos: um para apoiar as operações das Forças Aéreas e o outro, para a Marinha. “O Departamento de Defesa resolveu juntar os dois e, a partir daí, surgiu o GPS.” Apesar de o projeto ter começado na década de 60, apenas em 1974 ocorreu o lançamento do primeiro satélite de GPS. Em 1995, o sistema ficou plenamente operacional e passou a ser usado para diversas aplicações. Tecnologia de localização Os outros sistemas de navegação desenvolvidos ao longo do século 20 se guiavam por 24 satélites enviam e recebem ondas de rádio para que o sistema GPS possa funcionar Arquivo Bosch A Bosch na sua vida Mapa musical Os GPS atuais já fazem muito mais que apenas mostrar o local onde o usuário está e dar as orientações para ir de um lugar a outro. Em alguns equipamentos é possível tocar arquivos de MP3, atender telefone celular ou reproduzir músicas e vídeos em cartões de memória ou pen drives. A Blaupunkt, marca do Grupo Bosch, vai lançar em breve no Brasil o TravelPilot 300. O equipamento tem tecnologia bluetooth, que permite ao usuário atender chamadas de celular através do navegador, por um sistema viva-voz. A mesma tecnologia torna possível transmitir diretamente arquivos de música (MP3) do celular para o GPS. Para novembro de 2008, a Blaupunkt já traz para o Brasil o aparelho TravelPilot 100. Assim como o TP 300, esse equipamento conta com um sistema GPS, via satélite, que calcula rapidamente o caminho até o destino desejado e cobre, ao todo, 1.259 cidades, com informações detalhadas — identificação das ruas e avenidas, pontos de referência, estabelecimentos comerciais (como bares e restaurantes) e serviços (como oficinas mecânicas e hospitais). O banco de dados dos dois produtos agrupa um total de 54 mil locais de interesse. Tanto o TravelPilot 100 quanto o 300 têm uma tela de TFT (Thin Film Transistor) de 3,5 polegadas e resolução de 320 por 240 pixels. Trazem ainda um display touch screen — que permite realizar comandos com um simples toque na tela — e alto-falantes embutidos. ondas de rádio emitidas de bases terrestres. O GPS funciona a partir de uma série de satélites que transmitem sinais de rádio em duas freqüências. “Sobre tais freqüências é modulado o código C/A (para qualquer usuário) e o código P (para usuários autorizados). Para determinar as coordenadas do usuário [latitude, longitude e altitude] é necessário que o receptor GPS receba os sinais de pelo menos quatro satélites distintos”, observa Fonseca Junior. A “constelação” na órbita da Terra é formada por 24 satélites, segundo Walter. “O GPS é composto por três segmentos: espacial (constelação de satélites), de controle (estações de monitoramento) e de usuário (receptores).” Hoje, o ex-projeto militar é usado para localização de aeronave, embarcação ou mesmo de veículo terrestre. “Já é comum o uso de aparelhos em táxis. Nesse caso, o receptor determina a coordenada e a coloca sobre um mapa no mostrador do equipamento, indicando a via onde se encontra o veículo, e sugere o melhor caminho para se chegar ao destino. Hoje, qualquer pessoa pode comprar um receptor GPS e utilizar em ciclismo, escalada, caminhada, corrida, localização e controle de frotas, rastreamento de cargas e até mesmo de pessoas”, diz Fonseca Junior. No Brasil, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Gerenciamento de Riscos e de Tecnologia de Rastreamento e Monitoramento (Gristec), o GPS em automóveis existe há dois anos, e 2% da frota de veículos do país tem o aparelho. Dependendo do produto, o equipamento cobre de 900 a mais de 4 mil municípios brasileiros. E, assim como fazem mapas rodoviários mais recentes, trazem não só as informações viárias, mas também pontos de referência ou de interesse. Fonseca Junior observa, porém, que esse tipo de equipamento não funciona dentro de prédios ou túneis. “Deve-se ter em mente também que o GPS acaba com a sua privacidade. Imagine um celular que também tenha um receptor GPS. Qualquer pessoa, autorizada, saberá onde você se encontra.” Além disso, ao contrário de seus antecessores, o GPS depende de pilhas. Se esquecê-las, “você estará perdido na certa”, destaca o especialista. áudio | Por Osmar Soares de Campos Dragan Trifunovic/Shutterstock 46 | VidaBosch | Conhecimento musical D e dentro da barriga, um feto de seis meses já pode ouvir. A respiração da mãe, as batidas do coração e os barulhos do aparelho digestivo, embora sejam os sons mais freqüentes, não são toda a trilha sonora da vida intra-uterina. Ruídos externos também chegam aos ouvidos em formação e trazem a voz do pai ou músicas tocadas perto da gestante. Talvez esse seja o primeiro contato do ser humano com o universo musical. Contato que, durante os primeiros anos de vida do bebê, pode juntar-se a estímulos de linguagem para impulsionar o aprendizado. É isso o que pode acontecer, por exemplo, quando a música é relacionada ao ensino de idiomas estrangeiros. Uma pesquisa divulgada em 2007 pela Universidade de Granada, na Espanha, mostrou que crianças marroquinas de 4,5 anos aprendiam melhor espanhol quando o método de estudo incluía música. Submetidos a dois anos de aprendizado de fonemas latinos, o grupo que teve aulas com canções saiuse melhor em testes do que o grupo sem contato com métodos musicais. “Crianças que aprendem com música detectam fonemas mais rápido, com mais facilidade”, sintetiza Beatriz Ilari, professora adjunta de educação musical da Universidade Federal do Paraná, em Curitiba. Além desse benefício, a formação musical no começo da vida é relacionada, por diversos estudos, a um bom desempenho em matemática, a uma melhor introdução ao mundo das letras e a um avanço na socialização da criança. O assunto, no entanto, não é consensual. E virou alvo de ceticismo depois que uma pesquisa, divulgada em 1993, bradou um suposto efeito positivo em testes de QI para estudantes universitários que ouviam a “Sonata Para Métodos de educação infantil que usam música podem agilizar o aprendizado de outra língua e desenvolver habilidades como coordenação motora e socialização Dois Pianos em Ré Maior”, de Mozart. O trabalho ganhou sonora repercussão na imprensa, impulsionou distribuição de CDs a crianças nas escolas, mas nenhum outro pesquisador conseguiu repetir a experiência com sucesso e o estudo perdeu credibilidade. Apesar da controvérsia, o “efeito Mozart”, como ficou conhecido, estimulou uma série de estudos na área. A musicóloga Kathryn Vaughn, da Universidade de Illinois, selecionou, em 2000, várias dessas pesquisas e produziu uma análise na qual afirma que grande parte dos experimentos mostram relações positivas entre realizar problemas matemáticos e escutar música. Ela destaca, entretanto, que nenhum conseguiu responder conclusivamente se ouvir música, por si só, melhora o raciocínio matemático. Educando com música Se as pesquisas científicas ainda dão seus primeiros passos para desvendar a influência da música no aprendizado, quem atua com educação musical já está convencido dos benefícios há muito tempo. “O que nós, educadores, notamos há décadas, a ciên- cia está conseguindo provar hoje”, opina Renato Sampaio, coordenador do curso de musicoterapia da Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp). Sampaio, assim como outros professores, destaca o papel dos sons em harmonia para trabalhar habilidades como percepção auditiva, memorização, imaginação, tolerância, expressividade e socialização. As técnicas para aperfeiçoar essas habilidades foram reunidas sob o nome de musicalização. O conjunto de métodos inclui aulas formais, atividades de interação com a música (sozinho e em grupo), identi- 48 | VidaBosch | áudio Especialistas usam a música para trabalhar habilidades como percepção auditiva, memorização, imaginação, tolerância, expressividade e socialização ficação de sons durante a audição, criação de instrumentos rudimentares e até mesmo exercícios lúdicos, como a brincadeira estátua – quando a criança pára de dançar assim que a música é interrompida, o que é usado para melhorar a atenção. Por meio de atividades como cantar fazendo gestos, dançar, bater palmas e bater os pés, as crianças desenvolvem o senso rítmico e a coordenação motora. Ao ver, ouvir, tocar e identificar os instrumentos, trabalham a acuidade auditiva. Já aulas musicais coletivas são usadas para favorecer a capacidade de inserção das crianças em um grupo, estimulando a compreensão da hora certa de tocar e de ouvir além da cooperação. “A musicalização busca desenvolver a sensibilidade emocional e despertar potencialidades musicais nas crianças”, diz a professora, musicista e pesquisadora Lilia Rosa, autora de livros de educação musical na infância, há 30 anos na área . Apesar dos benefícios, pesquisadores e educadores são cuidadosos quanto a expectativas imediatistas: o ensino musical não faz milagres. “Estudar música vai propiciar um desenvolvimento, mas não é simplesmente o fato de escutar. Os efeitos aparecem a partir de técnicas e de um estudo continuado”, afirma Sampaio. “Ela não é um pozinho mágico que vai criar pessoas mais inteligentes, mas pode tornar suas vidas melhores.” Primeiras notas A introdução a esse universo começa desde o nascimento, fortemente influenciada pelos hábitos da família, diz Beatriz. “A música que o pai ouve, o que a mãe canta, o que a avó escuta no rádio, tudo vai musicalizar a criança”, explica a especialista, que tem doutorado em Educação Musical pela Universidade Mcgill, no Canadá. A professora coordena desde 2003 o curso de musicalização infantil para crianças de 0 a 12 anos na Universidade Federal do Paraná, mas destaca o fato de que não só a escola deve incentivar esse tipo de formação. Em casa, diz, os pais podem e devem mostrar as canções que mais lhes agradam –— os benefícios não têm a ver com um estilo específico, mas com o contato com as notas ritmadas em harmonia. O espaço escolar como local de desenvolvimento musical, no entanto, deve ganhar força em breve. O governo federal sancionou em agosto de 2008 a lei nº 11.769, que determina que a “música deverá ser conteúdo obrigatório (…) do componente curricular”. Ainda está sob discussão co- mo a legislação será aplicada, mas a nova diretriz vai introduzir, dentro de três anos, a educação musical nas salas de aula do ensino fundamental e médio. Lilia Rosa foi designada pelo Sindicado dos Músicos Independentes para chefiar a Secretaria de Formação Profissional, cujo objetivo é capacitar os profissionais que desejam trabalhar nas escolas. “A arte é fundamental para o desenvolvimento da sensibilidade do ser humano. Sem ela, todos os aspectos negativos que o mundo contemporâneo tem nos trazido vão pegar em cheio essas crianças.” A Bosch na sua vida Arquivo Bosch De pai para filho A inserção das crianças no universo musical não precisa ficar restrita a ambientes domésticos (quarto do bebê, sala) nem a locais específicos (escolas de música). Os estímulos podem aparecer em diversos momentos — no carro, por exemplo. Você pode fazer seu filho escutar suas canções prediletas durante o caminho para a escola ou nas viagens de fim de semana. A Blaupunkt, marca do grupo Bosch, tem um auto-rádio que toca a seleção musical de MP3 que você preparou para você mesmo ou para seu filho. E faz isso a partir de diversas fontes — afinal, se os benefícios da música são tão variados (tolerância, socialização, expressividade), por que as opções para tocá-la têm de ser limitadas? O som automotivo Brisbane SD48 permite tocar as músicas prediletas suas e de seu filho em um mesmo dispositivo. Você pode ligar o MP3 player ou iPod à entrada auxiliar frontal. Outra opção é a conexão USB (para pendrives). Ainda há a possibilidade de conectar as músicas pela entrada de cartões de memória SD/MMC (aqueles usados em máquinas fotográficas). Qualquer uma dessas alternativas é mais segura do que ficar trocando CDs enquanto dirige. O aparelho tem ainda rádio AM/FM, equalizador de três bandas e painel destacável. “O CD é uma tecnologia antiga, que ocupa espaço, principalmente no caso daquelas pessoas que têm muitos cases no carro”, afirma Camila Loureiro, do marketing da Blaupunkt. “As novas tecnologias permitem armazenar muito mais músicas, ocupando menos espaço. Além disso, permitem criar seleções de maneira bastante simples, incluindo apenas as faixas que a pessoa quer ouvir.”