Ressaca ameaça as montadoras
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Ressaca ameaça as montadoras
Jornal Valor --- Página 1 da edição "23/11/2012 1a CAD B" ---- Impressa por ivsilva às 22/11/2012@21:13:59 Jornal Valor Econômico - CAD B - EMPRESAS - 23/11/2012 (21:13) - Página 1- Cor: BLACKCYANMAGENTAYELLOW Enxerto Sexta-feira e fim de semana, 23, 24 e 25 de novembro de 2012 Yissum licencia tecnologias que movimentam ao ano US$ 2 bilhões, diz Renee Ben-Israel B3 Empresas Suporte para um crescimento equilibrado. Veículos Analistas temem que antecipação de compras leve a perda de fôlego em 2013 Ressaca ameaça as montadoras ANA PAULA PAIVA/VALOR Audit, Tax, Advisory, Outsourcing Destaques Siemens planeja cortes A Osram, divisão de iluminação da Siemens, terá milhares de cortes em meio a um programa de restruturação, que ocorrerá antes do desmembramento da unidade no ano que vem, informaram fontes à Reuters. De acordo com a agência de notícias, o programa custará €500 milhões e afetará principalmente operações fora da Alemanha. A Osram tem 44 fábricas em 16 países. No ano passado, já havia cortado dois mil funcionários, passando a um quadro de 39 mil, informou a Reuters. A Siemens chegou a planejar uma abertura de capital da Osram, mas desistiu da ideia por causa da fraqueza do mercado de capitais. Para Raphael Galante, analista da Oikonomia, vendas podem cair até 6% Eduardo Laguna De São Paulo Analistas que acompanham de perto o setor apostam numa ressaca que poderá marcar o fim, em 2013, de uma sequência de nove anos seguidos de crescimento no mercado automotivo brasileiro, o quarto maior do mundo. As projeções vão de forte desaceleração nos emplacamentos à estagnação ou mesmo queda de 4% a 6% nas vendas. São previsões pessimistas se comparadas a expectativas preliminares manifestadas por representantes da indústria e da distribuição, que apontam para um desempenho mais próximo ao comportamento do Produto Interno Bruto (PIB), cuja evolução no próximo ano é estimada pelo mercado em quase 4%. A diferença é que enquanto fontes da Anfavea e da Fenabrave — entidades que, respectivamente, abrigam as montadoras e as concessionárias de veículos — olham para a economia e a ade- rência das vendas de carros à trajetória do PIB, os analistas se preocupam com o fim das alíquotas reduzidas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), os efeitos da antecipação de compras deste ano e a seletividade dos bancos nas liberações de crédito. “Mesmo com a melhora da economia, esperamos um ano de acomodação. Nossa perspectiva é que o mercado enfrentará uma ressaca, principalmente em virtude da antecipação de compras”, diz Rodrigo Nishida, analista da LCA, repetindo uma percepção comum em outras consultorias. A expectativa é de um recuo maior nos três primeiros meses do ano, um período tradicionalmente mais fraco, sobretudo no primeiro bimestre. Após isso, espera-se uma retomada, mas Nishida lembra que a base de comparação passará a ser mais forte, uma vez que a indústria cravou marcas históricas entre junho e agosto deste ano — nos três primeiros meses de IPI reduzido. O analista diz que espera um Debate sobre impostos O Sindusfarma vai lançar na segunda-feira o livro “Arrecadação Fiscal no Brasil 2005 a 2011 — Análise da evolução dos tributos e sua relação com os modernos e eficientes mecanismos de arrecadação do Estado”. O estudo, realizado por economistas da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) , mostra que e brasileiro paga hoje 56% a mais de impostos. No dia do lançamento, haverá um debate sobre o tema, no qual participam os autores do estudo, o senador Paulo Bauer (PSDB-SC), autor de Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que isenta os medicamentos de uso humano de todos os impostos; e o presidente-executivo da entidade, Nelson Mussolini. CCR disputa em Portugal A CCR retornou à disputa por aeroportos portugueses, segundo afirmaram fontes ligadas à empresa ao Valor. A administradora de concessões de infraestrutura vai entrar numa sociedade liderada pela suíça Flughafen Zürich, cuja proposta pelos aeroportos já foi aprovada por Portugal. O fundo Global Infrastructure Parterns (GIP) também está no consórcio. Inicialmente, a CCR tinha concorrido em um consórcio com a Odebrecht, já excluído do processo. Apenas cinco das oito sociedades que apresentaram ofertas inicialmente seguem na disputa. Uma delas é composta pelo grupo brasileiro Engevix em parceria com os argentinos da Corporación América, além das portuguesas Sonae Sierra, Empark e Auto Sueco. Índice Tecnologia&Comunicações B2 e B3 Movimento falimentar B2 Tendências&Consumo B4 Serviços B5 Indústria 6 The Wall Street Journal Americas B8 e B9 Infraestrutura B10 e B11 Agenda tributária B11 Commodities B12 Agronegócios B13 e B14 | B1 Regime abre cenário mais desafiador De São Paulo Como preveem os próprios dirigentes da indústria automobilística, 2013 será um ano de transição. Os descontos automáticos no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) vão dar lugar a um novo regime automotivo, no qual o abatimento do tributo passa a ser vinculado a compras de autopeças no Mercosul, investimentos em inovação e ganhos de eficiência energética dos automóveis produzidos no país. Paralelamente, os preços dos carros estarão pressionados pela chegada de novos equipamentos, caso de rastreadores, airbags e freios abs, cuja instalação se tornará obrigatória para maior parte da produção. Abre-se, portanto, um cenário mais desafiador para os fabricantes de carros. Diante do inevitável aumento dos custos de produção, restam às montadoras duas alternativas, ambas de resultados igualmente incômodos. A primeira seria repassar esses custos ao consumidor, levando a aumentos ainda mais significativos dos preços, com potencial impacto no consumo. Por outro lado, podem absorver parte dos custos adicionais, com impacto, nesse caso, sobre as margens de rentabilidade. Analistas veem a segunda alternativa como a mais provável, tendo em vista o acirramento da concorrência a partir da investida de novas marcas nos segmentos mais populares do mercado. Mas é incerto prever qual será o rumo que a indústria vai tomar. “Existe um aumento de custos, mas, ao mesmo tempo, vemos crescer a concorrência. O efeito final dessa combinação, para mim, é ambiguo”, diz Rodrigo Baggi, analista da Tendências. De qualquer forma, as montadoras estão se movimentando para se adequarem ao novo ambiente. Já se habilitaram ao novo regime automotivo a Nissan, a PSA Peugeot Citroën, a Renault e a Toyota, além da MMC, que fabrica e importa carros da Mitsubishi em Catalão (GO). Isso permite a elas importar um volume limitado de carros sem recolher os 30 pontos adicionais do IPI. Além disso, as montadoras podem abater o IPI extra dos carros fabricados no Brasil com a compra de autopeças locais. Neste ano, o governo está concedendo às montadoras uma habilitação preliminar, válida até 31 de março. Até 15 de fevereiro, elas devem apresentar o requerimento da habilitação definitiva, que é renovada a cada doze meses. Para receber os benefícios tributários do programa, as montadoras assumem o compromisso de melhorar em pelo menos 12% a eficiência energética de seus carros ao longo dos próximos cinco anos. (EL) crescimento de 1% nas vendas de automóveis e utilitários leves no ano que vem, mas adianta que, hoje, essa previsão tem viés de baixa. Stephan Keese, sócio da Roland Berger, tem opinião parecida e diz que, na melhor das hipóteses, 2013 repetirá o desempenho recorde de 2012. “Acho que temos o risco de ver uma queda de 4%”, diz o especialista. “As montadoras que conversam com a gente estão, em geral, com a expectativa de vendas mais fracas no primeiro trimestre”, acrescenta. As projeções variam, mas há consenso de que o mercado não conseguirá sustentar o ritmo deste ano, salvo uma nova prorrogação dos incentivos fiscais a partir de janeiro — uma possibilidade rejeitada publicamente pelo governo, mas não descartada totalmente pelo mercado. Até outubro, as vendas de carros novos no país subiram 7,2%. A Fenabrave acredita que esse crescimento cederá para uma faixa de 4% a 4,8% até o fim do ano. Mas alguns analistas estão mais otimistas, prevendo evolução de 7% a 8%, na expectativa de uma corrida dos consumidores às lojas nos últimos dias de IPI reduzido. Nishida, da LCA, projeta um volume de 350 mil carros apenas em dezembro, último mês do incentivo, o que configuraria o quarto melhor resultado da história. O problema é que toda essa antecipação de consumo poderá tirar a força da demanda no ano que vem. Rodrigo Baggi, analista da consultoria Tendências, acredita que a velocidade de crescimento no segmento de veículos leves cairá de 8% para 3% na passagem de 2012 para 2013. Ele projeta, contudo, um desempenho melhor na produção das montadoras, fundamentando essa visão na expectativa de recuperação das exportações, o recente início das operações nas fábricas da Hyundai e da Toyota, além de um cenário de estoques mais reduzidos no início do ano. Em 2012, o pacote de estímulos anunciado no fim de maio em Brasília foi determinante para reverter a tendência negativa que se desenhava para as vendas de carros nos cinco primeiros meses do ano. A virada no jogo só veio com a redução nas alíquotas do IPI, combinada a descontos praticados pelas próprias montadoras e medidas destinadas a destravar o crédito ao consumo, como a redução nas alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e a liberação de depósitos compulsórios. Os emplacamentos, que cediam 4,4% até maio, ganharam o terreno positivo com a corrida de consumidores ávidos a aproveitar os preços mais baixos, num movimento cujo pico foi a venda de mais de 405 mil carros em agosto — o maior volume da história. “Foi um crescimento que se deu pela forte redução nos preços dos carros”, afirma Raphael Galante, analista da Oikonomia, acrescentando que o setor também se beneficiou pelo maior volume de recursos canalizados ao consumo, devido à menor remuneração da poupança. Mas, a partir do ano que vem, os incentivos devem sair de cena e os preços passarão a ser pressionados pela volta do IPI cheio. Paralelamente, a curva da inadimplência não está caindo como se esperava, levando bancos a manter uma postura cautelosa nas concessões de crédito. Essa situação se reflete na queda superior a 10% das liberações de crédito para veículos novos neste ano. “Mesmo com um aumento da atividade economica, não vejo, atualmente, um cenário de melhora do crédito”, avalia Galante. Mantidas essas condições, ele acredita que as vendas em 2013 poderão cair entre 5% e 6%.