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- O Futurismo nas Coleções de Outono/Inverno 2009 Apresentação O presente trabalho insere-se no eixo temático da aula “As coleções” e propõe uma análise do futurismo, uma tendência recorrente nos desfiles1 da temporada outono/inverno 2009. Dentre as grifes nacionais2 que sugeriram o futurismo como uma tendência em suas coleções de outono/inverno 2009, estão: Animale, Iodice, Reinaldo Lourenço, Marcella Virzi, Priscilla Darolt, Glória Coelho, Carlota Joakina, e Cori. Anteriormente à análise destas coleções, faz-se necessário estabelecer um paralelo histórico do futurismo enquanto tendência em moda, passando pelo seu surgimento, na década de 1960, até os dias atuais. A questão em foco é discutir como uma mesma tendência é abordada em diversas épocas, por diferentes estilistas, observando sua evolução temática, a incorporação de materiais, referências e estilos. Ainda, estabelecer relações de similaridade ou de diferenciação entre as coleções de outono/inverno 2009 que trazem o futurismo como tendência. Conceitos Para a compreensão deste trabalho é imprescindível conhecer conceitos como moda, tendência e coleção. Moda Em seu livro “O império do efêmero”, o filósofo Gilles Lipovetsky, caracteriza o fenômeno da moda como uma realidade sócio-histórica, nascida no Ocidente, própria da modernidade. (2005) O Ocidente moderno, mais precisamente a partir da segunda metade do século XIV, no período da Renascença, é o ponto de partida do que atualmente chama-se por moda, pois em outros momentos, houve apenas esboços, sinais precursores do que vem a ser moda – demonstrações de luxo e elegância -, nada como um sistema inteiro. Para Lipovetsky não há moda senão na conjunção da lógica do efêmero à lógica da fantasia estética. A lógica do efêmero refere-se à mutabilidade da moda, em ciclos mais ou menos esparsos, a da fantasia estética, ao desejo de expressão do indivíduo. Moda é reflexo do comportamento humano, presente na sua interação com o mundo e fundamentada na reivindicação da individualidade e na legitimidade da singularidade. Na visão do filósofo, moda não é apenas um instrumento de diferenciação social, mas principalmente de diferenciação dos indivíduos em uma mesma classe. Ou seja, o que muitos afirmam como a origem do fenômeno da moda – a disputa entre classes -, Lipovetsky aponta como apenas uma das funções sociais da moda, ainda, que a confusão desses conceitos por anos obscureceu uma profunda investigação do fenômeno. Tendência O conceito de tendência reflete o caráter da temporalidade da moda, em que estéticas, maneiras de vestir, adornos, peças e comportamentos são transformados constantemente. Tendências é aquilo que adquire alguma legitimidade social e, então, é difundido para o restante da sociedade. Nesse processo a mídia tem grande importância, pois é fator determinante do processo de disseminação de uma tendência. Em moda, várias tendências compõem o que será reconhecido como estilo(s) de uma estação. Elas resultam da atividade dos componentes da cadeia têxtil (indústrias de corantes, fiações, tecelagens), designers, marcas, confecções, varejo, escritórios de tendências, consultores de moda e estilo, mídia especializada e consumidores. Para que determinada tendência configure fenômeno de moda, ela precisa ser escolhida dentre as outras propostas, legitimada e compartilhada. (Caldas, 2004) 1 Desfiles da São Paulo Fashion Week e Fashion Rio, que ocorreram em janeiro deste ano. É importante ressaltar que não se pode dizer que apenas essas grifes desenvolveram coleções com referências ao futurismo, é possível que algum desfile tenha escapado a esta análise. 2 Coleção Por coleção entende-se a reunião ou conjunto de peças de roupas e/ou acessórios que possuam alguma relação entre si. Essa relação normalmente está centrada no tema escolhido para a coleção, que deve ser condizente com a imagem / conceito da marca, com o perfil do público consumidor e com as tendências do momento.3 A coleção em destaque é a da temporada de outono/inverno 2009. Temporada Outono/Inverno 2009 As coleções de outono/inverno 2009 desenvolveram-se numa conjuntura socioeconômica bastante peculiar: a crise financeira internacional. Comparada à queda da bolsa de valores de 29 em tamanho e impacto, a atual crise financeira provocou mudanças de comportamento, de consumo e de pensamento que afetaram diretamente o mercado da moda, uma vez que esta pode ser considerada um reflexo da sociedade, mas não somente. As marcas de luxo (não somente) tiveram de adaptar-se à falta de crédito do mercado, algumas caíram em número de vendas, passaram por mudanças de mercado, outras, como a grife de alta costura de Christian Lacroix, tiveram de fechar suas portas. A crise também foi traduzida para a passarela, para os estilos e tendências. Novamente, os estilistas resgataram uma moda austera, sem exageros, típica dos momentos de crise.4 As cores que predominaram foram o preto e o cinza, revelando o tom sóbrio das coleções. A cor cinza foi marca da Osklen, o preto reinou em looks de grifes como: Forum Tui Duek, Ellus, Iodice, Gloria Coelho, Juliana Jabour, entre outras. O ideário feminino comumente foi evocado como símbolo de força e poder, características necessárias às mulheres em tempos difíceis, como o enfrentamento de uma recessão, de uma guerra, ou mesmo o mercado de trabalho.5 Nesse contexto, surgiram algumas tendências que discutem, às suas maneiras, a crise financeira, dentre elas: Minimalismo, Neo Grunge, Masculino, e o Futurismo.6 Enquanto o Minimalismo e o Masculino exaltaram a praticidade, a funcionalidade ou a simplicidade nos modos de vestir; e o Neo Grunge, um estilo alternativo; o Futurismo revelou o lado lúdico e criativo da moda. Ou seja, enquanto algumas tendências estéticas representam uma interpretação sóbria e contida do momento da crise financeira, o Futurismo traz uma leitura criativa da crise financeira. Futurismo O Futurismo é a tendência que, em termos práticos, propõe-se a adivinhar o futuro da moda. Atividade que pode render uma infinidade de criações: novas peças, novas estéticas, novos modos de vestir. 3 Trecho retirado do texto da aula 4 “As coleções”. A década de 1980, considerada pelos economistas a "década perdida", paradoxalmente, revelou coleções que expressavam justamente o contrário. Eram coleções alegres, esportivas, versáteis, sofisticadas, sensuais e ousadas, que não refletiam o clima da crise econômica da época. 5 Em referência à crise pós-queda da Bolsa de Valores de Nova York (1929), à 1ª GM (1914-1919) e à 2ª GM (1939-1945), e ao fato das mulheres conquistarem espaço no mercado de trabalho (a partir da década de 1980). 6 As coleções de outono/inverno 2009 revelaram inúmeras tendências, não apenas as citadas. 4 Breve história7 A tendência surgiu na década de 1960, sob influência da conquista do espaço8, e cujos precursores foram os estilistas Pierre Cardin, Paco Rabanne e André Courrèges. Courrèges, que divide com a inglesa Mary Quant9 a invenção da minissaia produziu verdadeiras coleções prêt-à-porter cosmonautas, compostas, roupas de malha branca, catsuits (macacões colantes, em geral de mangas compridas, com zíperes ou botões). Ainda, coleções baseadas em linhas retas, minissaias, botas brancas, detalhes em couro branco ou em cores metálicas e fluorescentes. (Moutinho, 2003). Courrèges imaginou uma mulher andrógena pronta para uma viagem interestelar O futurismo de Courrèges também foi fortemente influenciado pelo modernismo, o que pode ser observado por suas formas minimalistas, em vestidos com grandes círculos vazados, ou em chapéus de palha e viseiras de formas geométricas. As linhas retas de Courrèges 7 A década de 1990 e anos 2000 não serão aprofundados, embora o futurismo comumente tenha influenciado coleções nesses períodos. 8 O primeiro homem a pisar na Lua foi o americano Neil Armstrong, em 21 de julho de 1969. 9 A questão da invenção da minissaia é muito controversa, enquanto alguns historiadores a atribuem à Courregès, o fato é que foi Mary Quant quem divulgou a moda da minissaia para o mundo. (Moutinho, 2003). Na mesma época Pierre Cardin, que até hoje tem o futurismo como marca registrada, realizava experimentações com elementos gráficos, geométricos e coloridos. Cardin lançou perucas coloridas, casacos que se abriam a partir de golas curvas, vestidos recortados, bolsos grandes. Em 1964, Cardin apresenta a coleção “Era Espacial”, também composta por catsuits de malha, calças justas de couro, capacetes, e macacões com manga de morcego. Cardin lança a coleção “Era Espacial” para celebrar a chegada do homem à lua Cardin também criou vestidos tudo com decoração geométrica e túnicas para serem usadas sobre calcas leggings e meias opacas. As linhas, elementos gráficos e cores de Cardin Paco Rabanne, chamado de "o metalúrgico" por Coco Chanel, criou modelagens inovadoras a partir de materiais inusitados , como o alumínio, o plástico e o couro. (Moutinho, 2003). Em 1968, Paco Rabanne criou o seu primeiro vestido em plástico, depois, passou a utilizar discos de metal e correntes em seus vestidos, substituindo, a agulha e a linha pelo alicate. O vestido metalizado é criação de Paco Rabanne Rabanne também veio a trabalhar com materiais como papel amassado, alumínio e toalhas de jérsei. O futurismo da década de 60 também inspirou outros estilistas, como Louis Férard, Jacques Esterel, entre outros. No entanto, suas coleções atingiram públicos limitados, sendo, então, consideradas menos expressivas para o futurismo da época, em comparação aos citados anteriormente. O futurismo reaparece nos anos de 1970, cujo ícone maior foi o cantor David Bowie, com seu visual andrógino e com seus figurinos exóticos. Bowie adotava um visual extravagante: roupas com fluor, trajes em listras com cores vibrantes, botas compridas de verniz, cabelo laranja e maquiagem com muita sombra e muito brilho. Estava inaugurada a era “glam”. Na década de 198010, o futurismo é novamente revisitado, dessa vez com referências ao universo tecnológico, em pleno desenvolvimento11, e à ficção científica. Thierry Mugler, Claude Montana e Azzedine Alaïa estão entre os estilistas que reinventaram o futurismo nos anos 80, marcado pela ambigüidade de estilos e tendências. O surgimento de novos tecidos, como o stretch, deu o tom futurista às roupas. Essas tinham estampas de oncinha; cores cítricas, como o verde-limão, o amarelo e laranja, ou fluorescentes; ombros largos, inclusive com ombreiras; volumes contrapondo com formas justas. Os acessórios tinham muito brilho. Os vestidos valorizavam o corpo feminino: cintura marcada, fendas, curtos que deixavam pernas longas à mostra e revelavam saltos altíssimos. A cintura marcada e os corseletes foram muito explorados por Thierry Mugler nos anos 80 11 Na década de 80 surgiu o Personal Computer, PC. Coleções de Outono/Inverno 2009 Atualmente, o futurismo aparece aliado às formas arquitetônicas ou orgânicas, sob influência da robótica, da ficção cientifica, ou como releituras do futurismo nas décadas passadas, o futurismo retrô. Dentre as grifes nacionais que desenvolveram coleções futuristas, para o outono/inverno 2009, estão: Animale, Iodice, Reinaldo Lourenço, Marcela Virzi, Priscilla Darolt, Glória Coelho, Carlota Joakina, e Cori. Animale A coleção de outono/inverno 2009 da Animale faz referência ao futurismo sob influência do universo da ficção científica, em recortes orgânicos e formas do imaginário alienígena. Outra característica marcante dessa coleção foi a ampla utilização de tecidos tecnológicos, ora semitransparentes, e que mudavam de tom conforme o calor do corpo. Os tecidos tecnológicos da Animale A Animale trabalhou com uma alfaiataria requintada e cheia de detalhes, marcados pela utilização de zíperes em grande tamanho, pregas e volumes. A cartela de cores variou de tons de pele com efeitos iridescentes, ao rosa, roxo e amarelo fluorescente. A transparência aparece em tricôs tecnológicos e vestidos fluidos Formas estruturadas como corsets que desenham a cintura Iodice Em sua coleção da temporada de outono/inverno 2009, Valdemar Iódice, ao resgatar o futurismo dos anos de 1980, insere-se no chamado futurismo retrô. Valdemar apresentou peças inspiradas no filme cult “Blade Runner” (1986), de Ridley Scott, que retrata um mundo futurista, onde a maior parte da Terra foi destruída por desastres ambientais, e colonizada por “replicantes”, robôs criados à aparência dos humanos. A Iodice levou às passarelas modelos andróides, propondo uma mulher moderna, urbana, forte e muito sensual. Outra referência da Iodice foi o futurista Thierry Mugler, o que pode ser observado no resgate da silhueta justa, em peças estruturadas, na utilização de ombros largos e pontudos, e na cintura marcada. Formas geométricas, ombreiras, golas estruturadas, volumes estratégicos e decotes também estiveram presentes em muitos looks da grife. No detalhe: golas estruturadas, decotes e ombreiras As cores predominantes do desfile da Iodice foram o preto, o branco, que aparecem em combinações bicolores, e o rosa-shock: Quanto aos tecidos, além dos clássicos e naturais como o gorgurão de seda e a lã, materiais tecnológicos, tecidos laminados e metalizados, foram utilizados. Marcella Virzi Marcella Virzi apresenta um futurismo discreto sob influência da arquitetura Art Déco, com looks inspirados no filme “Cremaster 3”, que aborda a construção do edifício Crysler Building de Nova York, obra do cineasta Mathew Barney. A referência a Art Déco fica evidente em formas geométricas nos bordados e nos desenhos triangulares de algumas peças. Peças metalizadas são essenciais para compor um look futurista Tendências dos anos 80 também foram incorporadas às criações de Marcella Virzi, como calças com pregas, ombreiras e saias afuniladas, além da silhueta próxima ao corpo. A estilista utilizou combinações entre o preto, o branco e o dourado, o creme também aparece em algumas peças. Vestidos tricolores com recortes gráficos e detalhes em lamê dourado Marcella Virzi trabalhou com tecidos nobres como a seda, tecidos com detalhes em lamê, aplicações de canutilho, e rendas em couro. Reinaldo Lourenço A coleção de outono/inverno 2009 de Reinaldo Lourenço foi inspirada no filme “Metrópole”, de Fritz Lang, nas esculturas geométricas do romeno D.H. Chiparus (artista art decó do início do século 20) e num futurismo também retrô, o que rendeu vestidos arquitetônicos, que, como os edifícios, revestem-se de espelhos, com aplicação de plaquinhas de organza metalizada ou rebordadas de paetês. A geometria marca toda a coleção de Reinaldo Lourenço, sobretudo na seqüência de vestidos trabalhados de maneira semelhante ao origami em tecidos em cor prata, dourado e bronze. Também as calças do designer traziam desenhos geométricos no contraste do branco no preto ou do vermelho no preto. Os ombros são marcados, e as costas ganham volumes laterais. Reinaldo Lourenço exibe roupas com aspecto metalizado A alfaiataria também é explorada pela grife, que traz novidades como estolas que acabam se transformando em mangas, ou casacos volumosos que acabam em golas estruturadas. Priscilla Darolt A coleção de Priscilla Darolt foi inspirada em um vidro de perfume de cristal Baccarat encontrado em um antiquário. Das formas do frasco, vieram as formas orgânicas, as texturas em zigue-zague, tridimensionais ou estampados, plissados e nervurados. Outra característica das peças de Priscilla foi o volume, que foi trabalhado em tecidos sintéticos e estruturados. A cartela de cores trouxe o branco off-white, toques rosados, bege, azul metalizado e preto. Priscilla desenvolveu verdadeiros vestidos espaciais A coleção de Priscilla Darolt trouxe corte assimétricos A estilista também utilizou zíperes aparentes Gloria Coelho A coleção futurista da estilista Gloria Coelho se desenvolve partir do tema "O ET Abduziu a Duquesa" e é marcada pela utilização de volumes e assimetrias que dão tom moderno e sofisticado às peças. O volume em paletós, vestidos, jaquetas e casacos, aparece aliado às formas orgânicas, aplicados na cintura, em mangas, nos ombros, acompanhando silhuetas justas. Os casacos em veludo e couro sintético possuem formas irregulares e recortes inusitados nas mangas Formas estruturadas como golas e capuzes também estão presentes na coleção de Gloria Coelho. O romantismo da coleção é ressaltado pela utilização de tecidos nobres – como organza, cetim, tule e veludo – bordados com pérolas e cristais Swarovski, ou transparentes. A cartela cromática traz muito preto, off-white e bege. Carlota Joakina A grife Carlota Joakina inspirou-se nos jogos de vídeo game – Pac Man, Tetris e Street Fighter – e no cubo mágico, o que resultou numa coleção jovem cheia de referências aos anos 80, como estampas pixelizadas, silhueta colada no corpo, cores, vinis, ombros marcados e a maneira robótica de andar na passarela. Muitas roupas tinham um estilo esportivo, como macaquinhos, collants, leggings e malhas, peças típicas dos anos 80. Macaquinhos e collants foram peças-chaves do desfile de Carlota Joakina Carlota Joakina também trouxe peças como vestidos mais soltos, casacos metalizados e de matelassê, moletons de capuz e manga curta, minissaias em modelos justos e rodados, além de sobreposições. Ombros em evidência Quadrados pixelados estampavam mini vestidos, saias e jabôs, listras e medalhas estavam em collants, vestidos, leggings, jaquetas, entre outros. Quadrados coloridos faziam em referência ao cubo mágico construíram um tipo do bolero, além de alguns acessórios como cintos. Na cartela de cores, o preto predominou, com os toques de cor dados pela referência ao cubo mágico Os vinis coloridos apareceram em pelerines, calças justas e vestidos Cori Arquitetura, concretismo e futurismo retrô são as referências da coleção de outono/inverno 2009 da Cori. A tendência do futurismo com toques de retrô aparece em calças de cintura alta, blazeres com ombreira e em golas pontudas. O retrô também está presente em maxicolares com formas geométricas, fazendo referência direta ao concretismo. A Cori trouxe paletós, casacos, vestidos e calças em cores predominantemente pretas e cinzas, mas com pitadas de cores fortes como laranja, rosa, azul, roxo e verde. Estampas gráficas apareceram em patchwork de couro, em listras. Análise das Coleções Para a análise das coleções, foram estabelecidas as seguintes categorias: - Referencial – estabelece o eixo temático que se insere cada coleção; - Características – traça características gerais como formas ou estilos que apareceram nas coleções analisadas; - Tecidos; - Corte; - Cores; e - Acessórios. Referencial Os temas, que fazem referência à tendência do futurismo, evocados pelas grifes em questão foram: - Animale – Ficção científica; - Iodice – Futurismo retrô - anos 80; - Marcella Virzi - Futurismo retrô - Art Déco; - Reinaldo Lourenço - Futurismo retrô - Art Déco; - Priscilla Darolt – Formas orgânicas (frasco de cristal de perfume Baccarat); - Glória Coelho – Ficção científica e ufologia; - Carlota Joakina - Jogos de vídeo game e futurismo retrô - anos 80; e - Cori - Arquitetura, concretismo e futurismo retrô - anos 80. O futurismo retrô, em especial o que faz menção à estética dos anos 80, foi um dos temas mais abordados. Três grifes enquadram-se nesse eixo temático, uma delas de forma bem direta, a Iodice, as outras duas, Cori e Carlota Joakina, trabalharam com outros temas, além do futurismo retrô. Nessas coleções, é evidente a influência de futuristas da década de 1980, principalmente sob três aspectos: a silhueta justa, os ombros marcados e a cintura alta. Nos desfiles dessas três grifes é possível essas características. A Iodice fez opção por ombros pontiagudos, Carlota Joakina e Cori, por ombros estruturados, ora com ombreiras, ora com volumes. O stretch, que nos anos 80 possibilitou silhuetas muito justas, é substituído pela malha, em Carlota Joakina, mas mantidos os looks justos. Na Iodice e na Cori, a silhueta justa aparece de forma mais sutil. Já a cintura alta é evidente nas três coleções, por calças de cós alto, cintos e acessórios. A arquitetura déco também teve três interpretações, pela veia do futurismo: Cori, Marcella Virzi e Reinaldo Lourenço. Reinaldo Lourenço é o que mais deixa visível essa influência, em peças um tanto conceituais, como vestidos geométricos. O predomínio de linhas e formas retas é marcante nos três desfiles. Em Marcella Virzi e Reinaldo Lourenço observam-se ainda materiais típicos de coleções futurísticas: o metal e o lamê. E enquanto Marcella Virzi explora mais o dourado, Reinaldo, o prata, mas com toques de dourado. Os maxicolares da Cori confirmam a influência da arquitetura decó. O universo da ficção científica foi abordado pela Animale e por Gloria Coelho, de formas bem similares: recortes orgânicos, formas do imaginário alienígena e muito volume. A diferença recai mais na paleta de cores utilizadas e nos tecidos. Enquanto a Animale utilizou tecidos tecnológicos, tons próximos à cor da pele, nudes, amarelo e roxo fluorescentes, Gloria Coelho preferiu tecidos sintéticos e tons mais sóbrios. Características Dentre as características que foram apresentadas por mais de uma coleção, estão: - Formas geométricas ou arquitetônicas – Iodice, Marcela Virzi, Reinaldo Lourenço e Cori. - Formas orgânicas – Animale, Priscilla Darolt e Gloria Coelho. - Formas estruturadas – Animale, Iodice, Priscilla Darolt, Gloria Coelho, Reinaldo Lourenço e Cori. - Ombros largos, pontiagudos ou marcados – Iodice, Cori, Marcela Virzi, Reinaldo Lourenço, Carlota Joakina e Cori. - Cintura marcada - Iodice, Animale, Marcela Virzi e Cori. - Silhueta justa – Iodice, Gloria Coelho, Cori, Marcela Virzi, Carlota Joakina e Cori. - Volumes – Animale, Iodice, Priscilla Darolt, Gloria Coelho e Reinaldo Lourenço. - Transparências ou sobreposição– Animale, Gloria Coelho, Reinaldo Lourenço e Carlota Joakina. - Texturas – Priscilla Darolt, Gloria Coelho, Animale, Reinaldo Lourenço e Carlota Joakina. - Alfaiataria – Iodice, Gloria Coelho, Cori e Marcela Virzi. Tecidos - Tecidos laminados – Iodice e Marcela Virzi. - Tecidos metalizados – Iodice e Reinaldo Lourenço. - Tecidos plastificados - Carlota Joakina. - Tecidos tecnológicos – Animale e Iodice - Tecidos sintéticos - Priscilla Darolt e Gloria Coelho. - Couro – Marcela Virzi e Cori. Cortes - Cortes ousados/ assimetria - Priscilla Darolt e Gloria Coelho. - Curtos – Animale, Iodice, Priscilla Darolt, Gloria Coelho, Marcela Virzi, Reinaldo Lourenço, Carlota Joakina e Cori - Decotes – Iodice, Marcella Virzi, Reinaldo Lourenço e Cori Cores - Tons sóbrios (preto, cinza e branco) – Iodice, Priscilla Darolt, Gloria Coelho, Marcella Virzi, Reinaldo Lourenço, Carlota Joakina e Cori. - Cores vibrantes (rosa shock, pink, roxo, azul) – Animale, Iodice, Reinaldo Lourenço, Carlota Joakina e Cori. - Tons de pele (beges, salmão, rosa) – Animale, Priscilla Darolt e Gloria Coelho. - Tons metálicos (bronze, dourado e prata) - Marcella Virzi, Reinaldo Lourenço, Priscilla Darolt e Gloria Coelho. Acessórios - Zíperes aparentes – Animale, Iodice e Priscilla Darolt. - Sapatos futurísticos – Animale, Gloria Coelho, Reinaldo Lourenço, Carlota Joakina e Cori. - Bijoux retrô – Cori e Iodice. Bibliografia Caldas, Dario. Observatório tendência. Rio de Janeiro: SENAC. 2004 de sinais: teoria e prática da pesquisa de Lipovetsky, Gilles. O império do efêmero - A moda e seu destino nas sociedades modernas. São Paulo. Companhia das Letras. 2005. Moutinho, Rita. A moda no século XX. Rio de Janeiro: SENAC. 2005. Sites e Blogs Campos, Helena. Perfume fashion. Disponível em: darolt/desfile-414238.shtml>. Acesso em: junho/2009. < http://elle.abril.com.br/desfiles/priscila- Campos, Helena. Gloria will be Gloria. Disponível em: < http://elle.abril.com.br/desfiles/gloriacoelho/desfile-414396.shtml>. Acesso em: junho/2009. Cerejeira, Thiago. Década de 40 Moda e Guerra. Disponível <http://modahistoria.blogspot.com/2008_06_01_archive.html>. Acesso em: junho/2009. em: Chaves, Milene. 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