arquivo1 - franthiesco ballerini
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ESCALAPB 2% 5% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 95% 98% PB 100% Produto: JT - SPVARIEDADES - 1 - 01/01/08 ESCALACOR 2% 5% 10% 15% 20% 30% 40% 1C - 50% 60% 70% 85% 90% 95% 98% 100% COR Cyan Magenta Amarelo Preto 80% %HermesFileInfo:1-C:20080101: Podeperguntar?NoparedãodeSilvioSantos ‘NadaAlémdaVerdade’éumjogoqueohomemdobaúfarácomSergioMallandro,Gretcheneoutros. Pág6 ED VIGGIANI/AE TERÇA-FEIRA, 1 DE JANEIRO DE 2008 FRANTHIESCO BALLERINI P R O C U R A D O >Selton Mello vive o novo anti-herói do cinema DIVULGAÇÃO [email protected] Selton Melo como João Estrella: o ex-traficante não usava armas e não fazia fortuna com o tráfico. Gastava tudo em festas e com a namorada, interpretada por Cléo Pires ‘Tropeceinaspalavras, fiqueimuitoemocionado’ Viciado em cocaína, João Estrella foi preso pela Polícia Federal em 1995, quando era um dos criminosos mais procurados do Rio. Pegou doisanosdereclusão,ganhouliberdade em 1998 e contou sua história em 2000 para o jornalista Guilherme Fiuza, que se tornou um dos livros mais lidos da década. Você acha que o filme foi fiel à sua história? Meidentifiqueimuitocomotrabalho do Selton, mas também acabei me influenciando pelo próprio Joãodofilme.Mepegofalandoacelerado como o Selton na trama (risos). O senso de humor também é bastante fidedigno. Vocêinterferiunoroteiro? SeltonMello estávivendo umafase importante no cinema – já fez mais de 15 filmes. Vencedor de diversos prêmiosporsuaatuaçãoemOCheiro do Ralo, ele conta ao JT por que viverJoãoEstrellafoitãoimportante e, ao mesmo tempo, tão difícil. Depois de ‘O Cheiro do Ralo’, João Estrellanãotepareceuumpersonagemmaisfácildeserconstruído? Pelocontrário, éa primeira vez que interpreto alguém que está sentado do meu lado neste momento. NãoquisimitaroJoão,mas,aomesmo tempo, não pude evitar de encontrarvárias pessoas no Rio de Janeiro que sabiam histórias sobre ele. Fui, então, compondo o João que eu achei que ele era. Apenas no lado familiar. Participei da ambientação do roteiro das cenasdafamíliaedaseqüênciadojulgamento. Embora tudo aquilo tenha terminado há mais de 10 anos, eusempresaíaemocionadodasfilmagens. Era como se eu estivesse revivendotudo.Masnadafoitãoterapêutico quanto conceder as entrevistas para o livro. Foram 30 horas de bate-papo. Até cansava. E, após 10 anos, como você vê tudo porquepassou? Há muitas coisas erradas no sistema prisional, na maneira como as pessoas são julgadas, etc. Da minha vida, digo que salvei três vidas (dosamigoseparentes envolvidos indiretamentenahistória)edeixei MARCOS D'PAULA/AE ‘Eracomoseeuestivesse revivendotudoaquilo’ João e Selton: realidade e ficção de morrer três vezes. Agora, quero seguircomacarreiramusical,principalmente compondo. E pretendo ter meu primeiro filho em breve. (F.B.) NãoseriamaisfácilserinstruídopelopróprioJoãoEstrella? Eu não peguei o telefone dele, não queria ficar sugando o cara. E ele também respeitou a minha liberdade.Mas,parafazeracenadojulgamento, eu tive de ir à fonte, para saber o que a juíza entendeu e comoelesesentiu.Eutropeceideverdade nas palavras porque fiquei muitoemocionado.Soufilhotambém, deve ser duro ser julgado na frente da mãe. Acredita na possível eficácia da legalizaçãodasdrogas? Não tenho opinião formada sobre isso. Só acho que o Johnny fornece reflexões tão boas quanto o Tropa de Elite. (F.B.) DIVULGAÇÃO ‘Édifícilpatrocínioparafilmesquefalamsobredrogas’ Assim como Tropa de Elite, Meu Nome não é Johnny também teve dificuldades decaptarrecursosfinanceiros,apesarde ter por trás o nome da premiada produtora Mariza Leão. “As empresas privadas dizem ‘não’ de cara quando ouvem que o filme é sobre drogas. Se fosse um filme sobre meninas grávidas na Amazônia, o 7 8 9 10 11 12 financiamento seria mais fácil porque a históriaestarialongedoeixoempresarial dos patrocinadores. Parece que estávamos mexendo num tabu”, diz Mariza. Apesar dos obstáculos, ela conseguiu produzir tudo que queria com R$ 5,5 milhões, incluindo as seqüências filmadas naEuropaquemostramJohnnyeanamo- rada(Cleo)vendendodrogasetorrandoa grana. “Foram 62 locações. Fazer um filme nos anos 1980 é mais difícil que um filmedeépocaporqueaambientaçãonão é tão acessível”, diz Mariza, que conseguiu classificação de 14 anos para o filme epreferenãodizersuaexpectativadepúblico. (F.B.) Locações na Europa foram fundamentais “Depois do Capitão Nascimento, agora é a vez do Capitão Renascimento.” A frase é do cineasta MauroLima, em alusão ao personagem central de Tropa de Elite (Wagner Moura), que mergulhou numa crise com a violência extrema vivida dentro e fora do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais do Riode Janeiro).Seualter ego –também baseado num personagem real–éJoãoEstrella,rapazdaclasse média alta carioca que virou traficante famoso nos anos 1980, mas renasceu da cela da cadeia e hoje trabalha como músico. Meu Nome não é Johnny estréia nesta sexta nos cinemas paulistanos, trazendo quase que uma biografiadeJoãoEstrella.Issoporque não era preciso inventar muito, apenas se inspirar em sua história. O que este homem viveu no Rio de Janeiro se encaixa tão bem como roteiro de cinema que poucoprecisouseracrescentadoaolivro homônimo do jornalista Guilherme Fiuza. “Apenas o seu círculo de amizades foi incrementado, mas saíram muitas coisas boas do filme, como os‘causos’queeleviveu etestemunhou dentro da prisão”, diz Mauro Lima,queprometeincluí-losnaversão em DVD do filme. João Estrella (Selton Mello) foi um garoto de classe alta que vivia emumabelacasanazonasulcarioca. Morando apenas com o pai, passavaasnoitespromovendobaladasem sua casa, regadas aálcool e drogas. Passou a vendê-las para os amigos, mas o interesse se tornou tão grande que ele transformouofavoremnegócio,tornandose um traficante. Mas,aocontráriodaimagemcomumenteconstruídasobreestetipo de gente, João não usava armas e não fazia fortuna com o tráfico. Apenas utilizava o dinheiro para gastar com a namorada (Cléo Pires) e continuar promovendo suas festas. Em outras palavras, era um irresponsável completo. Como tráfico de drogas é crime – não importam os fins –, João acabou preso. Sua sorte, porém, foi ter sido julgado por uma juíza (Cássia Kiss)quepercebeunelenãoumser humano incorrigível, mas um rapaz inconseqüente que precisava pagar pelo que fez, com direito a umasegundachance.Penacumprida, hoje – época de lançamento do filme–,JoãoEstrellalançaumdisco com músicas compostas por ele, uma delas (Pra Onde se Vai?) parte do longa-metragem. Rediscutindo ‘Tropa de Elite’ Meu Nome não é Johnny foi rodado na mesma época que Tropa de Elite,deJoséPadilha.“EnquantooPadilha estava filmando no Chapéu Mangueira, eu rodava em Copacabanaamesma questão,o tráficode drogas. Acho ótimo este tema aindaestarsendodiscutido”,dizLima, que não se preocupa com o fato de Selton ter imprimido um João simpático e engraçado – um dos pontos fortes do filme é justamente o humor improvisado do ator. “Não pudeevitar,oJoãotambéméengraçado,carismático.Nãoestamosheroizando ninguém.” Cássia Kiss passou um dia no fórum acompanhando o trabalho de juízes para compor sua personagem.“Vi15julgamentosbemcabeludos, mas coloquei sensibilidade na juíza. Eu a vejo como uma mulher ouvindo uma história de coração aberto”, conta. JúliaLemmertzinterpretaamãe de João –que, na vida real, se separou do marido e saiu da casa, pouco antes de ele descobrir que estava com câncer. Assim como Cássia, diz que a cena do julgamento foiumadasmaisfortesquejáinterpretou no cinema. “Sou filha e mãe também. Me deixei levar por aquela situação. Me encontrei comadonaLuízaapenasumavez. Não forcei a barra para descobrir tudo. Deixei-a contar aquilo que achavamaisimportante”,comenta. Julia, assim como todo o elenco, tem atuações marcantes, que, ao lado de um roteiro redondo, fazem de Meu Nome não é Johnny uma estréia animadora para este começo de ano.