Relatos-de-experiências-vivências-pibidianas-na
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RELATOS DE EXPERIÊNCIAS Vivências pibidianas na iniciação docente OrganizaDORES P at r í c i a a p a r e c i d a p e d r o s o Regina Oneda Mello RELATOS DE EXPERIÊNCIAS Vivências pibidianas na iniciação docente OrganizaDORES P at r í c i a a p a r e c i d a p e d r o s o Regina Oneda Mello Relatos de experiências: vivências pibidianas na iniciação docente / Patrícia Aparecida Pedroso, Regina Oneda Mello (Orgs.). – Joaçaba : AllPrint Varella, 2015. 159 p. ; 25 cm. Inclui bibliografia. R382 ISBN 978-85-63917-09-6 Professores – Formação. 2. Programa institucional de bolsas de iniciação científica 3. Didática – Ensino. I. Pedroso, Patrícia Aparecida. II. Mello, Regina Oneda. III. Título. CDD 371.3 4 Universidade do Oeste de Santa Catarina Reitor Aristides Cimadon Vice-reitores dos Campi Campus de Chapecó Ricardo Antônio De Marco Campus São Miguel do Oeste Vitor Carlos D’ Agostini Campus Videira Antonio Carlos de Souza Campus Xanxerê Genesio Téo Diretor Executivo da Reitoria Alciomar Antônio Marin Conselho Editorial Fábio Lazzarotti Débora Diersmann Silva Pereira Andréa Jaqueline Prates Ribeiro Glauber Wagner Eliane Salete Filipim Carlos Luiz Strapazzon Marilda Pasqual Schneider Claudio Luiz Orço Maria Rita Nogueira Daniele Cristine Beuron Pró-reitor de Graduação Ricardo Marcelo de Menezes Pró-reitor de Pesquisa, Pós-graduação e Extensão Fábio Lazzarotti SUMÁRIO PREFÁCIO.................................................................................................................................................... 6 APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................... 8 A FORMAÇÃO DE PROFESSORES QUE VIVENCIAM AS EXPERIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA EM SALA DE AULA NO ENSINO REGULAR............................................................................... 10 A PSICOMOTRICIDADE EM MOVIMENTO: APRENDENDO A AMARRAR O TÊNIS....................................... 20 APRENDENDO COM JOGOS........................................................................................................................ 26 ARTE AÇÃO INOVADORA: A INTERDISCIPLINARIDADE NOS PROCESSOS DO ENSINO DA APRENDIZAGEM NO ENSINO MÉDIO................................................................................................... 36 DIDÁTICA: SÓ UM MINUTINHO................................................................................................................. 44 EDUCA/AÇÃO PARA A CIDADANIA........................................................................................................... 52 HISTÓRIA, MEMÓRIA E PATRIMÔNIO CULTURAL: PESQUISA, SALVAGUARDA E INTERAÇÃO COM A COMUNIDADE ESCOLAR................................................................................................................ 62 IDENTIDADE E DIVERSIDADE CULTURAL: A HISTÓRIA ESTABELECENDO DIÁLOGOS.............................. 66 IMPORTÂNCIA DOS JOGOS COM ÊNFASE À MATEMÁTICA NO COTIDIANO ESCOLAR............................... 72 JOGOS GIGANTES: AMPLIANDO OS CONHECIMENTOS NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR......................... 80 LITERATURA: UM MUNDO DIFERENTE DE SE ALFABETIZAR E LETRAR..................................................... 84 MUITAS FORMAS DE LER........................................................................................................................... 90 MUSICALIZAÇÃO NA ESCOLA................................................................................................................... 96 O PAPEL DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA PROMOÇÃO DA SAÚDE E DA QUALIDADE DE VIDA......................... 102 PIBID - UM ESPAÇO DE TRANSFORMAÇÃO DE SI E DO OUTRO..................................................................112 PIBID EDUCAÇÃO FÍSICA: ASPECTOS MOTIVACIONAIS NO COTIDIANO ESCOLAR..................................116 PIBID MÚSICA RELATO DE EXPERIÊNCIA “O DESENVOLVIMENTO DO LICENCIANDO EM MÚSICA E SUA INTEGRAÇÃO COM A PRÁTICA PEDAGÓGICA: BENEFÍCIOS NO PROCESSO DA FORMAÇÃO DOCENTE”.......................................................................................................................124 PROMOÇÃO DE SAÚDE NA ESCOLA: ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO PARA UM ESTILO DE VIDA SAUDÁVEL..................................................................................................... 130 O PIBID E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA DO SUBPROJETO DE PEDAGOGIA – CAMPOS NOVOS/OURO DA UNOESC.....................134 A LEITURA ENQUANTO PROCESSO FORMATIVO UM RELATO DE EXPERIÊNCIA ENTRE COMUNIDADE ESCOLAR E O PIBID............................................................................................... 144 Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente 5 PREFÁCIO ESCREVER O PREFÁCIO DE UMA OBRA n ão é tarefa fácil. Elaborar uma apresentação de uma obra que aborda uma diversidade de artigos, temas e conceitos fundamentais para a educação e, de modo especial, para um programa de formação de professores, como é o caso do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), entendo ser uma atribuição de grande responsabilidade e, principalmente, de grande valor em um momento histórico do processo educativo pelo qual estamos passando. Um dos objetivos dessa importante publicação é a elevação da qualidade das ações acadêmicas voltadas à formação inicial de professores nos cursos de licenciatura, inserindo-os, de forma efetiva, no cotidiano de escolas de educação básica das redes de educação pública municipal e estadual, na região de abrangência da Unoesc, o que promove de fato a integração entre a educação superior e a educação básica. O programa visa também a proporcionar aos acadêmicos envolvidos a participação em experiências metodológicas, tecnológicas e práticas docentes de caráter inovador e interdisciplinar e que busquem a superação de problemas identificados no processo de ensino-aprendizagem. Igualmente objetiva incentivar as escolas públicas de educação básica a tornarem-se protagonistas nos processos formativos dos estudantes das licenciaturas, mobilizando seus professores como coformadores dos futuros professores. Assim, a obra representa o resultado de um trabalho integrado entre o PIBID e o espaço escolar. Por tudo isso, antes de mais nada, é importante compreender o processo de construção de tais resultados (artigos), para analisar a caminhada dos acadêmicos das licenciaturas da Unoesc pertencentes ao PIBID, no exercício da docência na Educação Básica. Percebe-se um grande avanço e um compromisso extremamente sério em relação a essa caminhada de formação docente. Esta obra, portanto, aborda uma grande diversidade de temas importantes para a melhoria da qualidade de educação, com muitos artigos com grande profundidade científica, o que contribui significativamente com a qualidade técnica e científica da obra. Ressalta-se ainda que os temas aqui abordados são de grande importância para o desenvolvimento das atividades escolares que promovem efetivamente o processo de ensinar e de aprender, com experiências únicas no processo de formação e de vivências acadêmicas desenvolvidas dentro do espaço da escola, o que poderá ter resultados significativos na formação tanto dos acadêmicos pibidianos quanto dos alunos da educação básica beneficiados pelo PIBID. Em vista disso tudo, desejamos a todos uma boa leitura desta publicação que traz um pouco do que é e do que pretende o PIBID na Unoesc. Prof. Dr. Claudio Luiz Orço Diretor de Graduação Unoesc Xanxerê Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente 7 APRESENTAÇÃO NO QUE DIZ RESPEITO À IMPORTÂNCIA do programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência, (PIBID), em relação à Unoesc, podemos salientar as oportunidades que este programa proporciona na formação docente e na relação teoria/prática dos graduandos e graduandas dos cursos de licenciatura. Para além da formação docente, o PIBID tem, em sua característica maior, a reflexão e criticidade do sistema educacional, considerando a participação efetiva dos bolsistas no processo de ensino e de aprendizagem nas escolas em que os subprojetos estão inseridos. Estas oportunidades de participação no campo educacional têm impactado diretamente na preparação para a docência dos alunos e alunas dos cursos de licenciaturas da Unoesc, com práticas educativas interdisciplinares. Por consequência, têm contribuído na qualidade da educação pública, na formação de professores e, sobretudo, na formação à docência, com ações integradas e reflexivas. O PIBID, um programa da Capes é desenvolvido na Unoesc desde 2010, numa parceria efetiva entre universidade e escolas da Educação Básica Pública, envolvendo os cursos de licenciaturas em Artes Visuais, Educação Física, História, Música e Pedagogia. Assim, apresentamos para a comunidade, alguns relatos de vivências pedagógicas desenvolvidas nos subprojetos do PIBID/Unoesc. Observamos que o projeto PIBID tem auxiliado no desempenho dos graduandos e graduandas da universidade e servido como incentivo, apoio e permanência nos Cursos de formação docente. A prática desenvolvida tem permitido a valorização do conhecimento pela investigação e compreensão do sistema educacional de escolas públicas. Apresentamos este livro como parte do trabalho desenvolvido nas escolas, o qual serve para reflexão e exercício do pensamento crítico, do respeito às diferenças e à diversidade. Desejamos a todos uma boa leitura, reflexão e aprendizagem! Patrícia Aparecida Pedroso Coordenadora de Gestão Educacional PIBID/Unoesc Regina Oneda Mello Coordenadora Institucional PIBID/Unoesc Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente 9 A FORMAÇÃO DE PROFESSORES QUE VIVENCIAM AS EXPERIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA EM SALA DE AULA NO ENSINO REGULAR Teresinha Pellicioli* Ângela Ribeiro** Josiane Cardoso*** * Coordenadora do Subprojeto de Pedagogia – Capinzal. ** Professora Supervisora do Subprojeto de Pedagogia – Capinzal. *** Bolsista de ID do Subprojeto de Pedagogia – Capinzal. INTRODUÇÃO ESTE RELATO TEM POR OBJETIVOevidenciar as experiências ocorridas no ano de 2014 na Escola de Educação Básica MaterDolorum – Capinzal, SC, cujo objetivo foi inserir bolsistas do subprojeto de Pedagogia do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), nas instituições públicas do ensino básico para vivenciar o dia a dia do profissional da educação, reforçando, assim a sua formação. Para alcançar este objetivo fez-se necessário que as bolsistas vivenciassem e compreendessem as diversidades culturais, sociais e cognitivas existentes no âmbito escolar. A Escola, polo de Educação Especial (salas de atendimento especializado e alunos inclusos no ensino regular, segundo professor de turma, professor intérprete e bilíngue) amparada pela política do estado de Santa Catarina, também possui programas do Governo Federal: Mais Educação, Mais Cultura, Atleta na Escola, Programa Estadual Novas Oportunidades de Aprendizagem (PNOA). Segundo a proposta da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes, 2014): [...] desenvolver programas que permitam a inserção de uma matriz educacional que articula três vertentes: formação de qualidade; integração entre graduação e pós-graduação na formação de professores da escola básica; e produção de conhecimento. Na base de cada ação da DEB, está o compromisso da CAPES de valorizar o magistério da educação básica. Esta valorização perpassa pela formação em nível integral, conhecendo e reconhecendo que o educador necessita perceber e saber trabalhar na diversidade existente na humanidade em todos os seus aspectos no cotidiano escolar. E, por fazermos parte do PIBID, sentimos a necessidade de entender que no ambiente escolar a diversidade deve ser respeitada, compreendida e aceita pelo professor, sendo um lócus de diversificadas experiências. METODOLOGIA DESSA FORMA, a experiência ocorreu na turma do terceiro ano do Ensino Fundamental, com 16 alunos com idades entre oito e dez anos, com alunos inclusos, uma com grande prejuízo visual e outra com surdez, um aluno com TDAH, duas alunas com problemas de aprendizagem. Duas vezes por semana uma instrutora surda com fluência em Língua Brasileira de Sinais (Libras) ensinava os alunos sobre o universo da pessoa surda e como se comunicarem por meio de Libras. A Libras é uma das linguagens de sinais existentes no mundo inteiro para a comunicação entre surdos. Ela tem origem na Linguagem de Sinais Francesa. As linguagens de sinais não são universais, elas possuem sua própria estrutura de país prapaís e diferem até mesmo de região pra Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente 11 região de um mesmo país, dependendo da cultura daquele determinado local para construir suas expressões ou regionalismos. (SKLIAR, 1998, p. 25). Assim, antes de ser inserida no contexto da turma a bolsista pibidiana recebeu orientações da bolsista supervisora e teve acompanhamento constante na elucidação de dúvidas, produção de atividades de aprendizagens significativas, leitura para compreensão teórica da prática vivenciada, preparo de materiais adaptados ao planejamento da professora regente e atendimento individualizado para os educandos com maiores dificuldades ou com mais facilidade de aprendizagem. Ressalta-se a grande importância do apoio da Direção e Equipe Pedagógica da escola, bem como a aceitação da professora regente. Assim, entender que o trabalho do educador é complexo, reconhecer que neste exercício de lecionar o profissional poderá enfrentar situações que trazem desafios de reaprender a ensinar, reaprender a aprender o como fazer para ofertar uma educação de qualidade é um ato de confiança e entendimento de que é na escola que a vida se organiza para um bem coletivo, sejam quais forem os sujeitos, suas dificuldades ou deficiências. EM SALA DE AULA 12 EM RELAÇÃO AOS PROBLEMASde aprendizagem detectados, observou-se que as alunas citadas possuem nível de inteligência normal. As alunas se esforçam para compreender comandos e realizar atividades, porém não conseguem realizá-las sozinhas, pois suas maiores dificuldades estão em entender e processar informações. As alunas não conseguem reter as informações e reelaborar hipóteses para o desenvolvimento intelectual. Apesar da melhora ter sido verificada com o auxílio da supervisora e acadêmica pibidiana e ter ocorrido o primeiro momento de compreensão do processo de leitura e escrita, as duas alunas estão no processo de decodificação e lhes falta a atribuição de significados. mento de impotência diante de situações fáceis. As bolsistas tiveram o cuidado em escolher atividades lúdicas e de compreensão simples e que, também, permitissem a estimulação para o aprender. Observou-se também que os problemas de aprendizagem afetam diretamente a vida diária nos seus aspectos mais simples: cuidado com o material escolar, esquecimento de livros em casa, de realizar tarefas, de suar e se irritar por não conseguir aprender, demonstrando frustração pela incapacidade e senti- A formação de professores que vivenciam as experiências da educação inclusiva em sala de aula no ensino regular É importante que a escola se comprometa com essas crianças e esteja atenta para verificar se os problemas são momentâneos ou se persistem há tempos. O professor tem um papel muito importante ao identificar algum problema de aprendizagem nas crianças e, juntamente com a família, fazer encaminhamentos que permitam avaliar o grau do problema e sua causa e trabalhar o contexto social. Esses encaminhamentos podem ser feitos para psicólogos, psicopedagogos ou médicos. Contudo, quanto maior a formação dos envolvidos no processo e dos bolsistas, melhor serão os resultados. Conforme a Proposta Curricular de Santa Catarina (Santa Catarina, 2014, p.23): A formação integral tem assumido papel cada vez mais central no debate sobre os pressupostos e finalidades da Educação Básica no Brasil. Como concepção de formação e como projeto educacional, ela forma parte da histórica luta pela emancipação humana. Quanto mais integral a formação dos sujeitos, maiores são as possibilidades de criação e transformação da sociedade. Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente 13 14 Outra atividade significativa foi com a música Oito anos de Adriana Calcanhoto, a letra da música instiga a curiosidade da criança a procurar respostas e lançar novos questionamentos acerca do mundo em que vive, traz a descoberta de novas palavras e culturas, enfim, permite que a criança elabore hipóteses e repense seu espaço social. Outra experiência pibidiana foi o desafio de trabalhar com um aluno com laudo de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), problema de ordem neurológica, que traz consigo sinais evidentes de inquietude, desatenção, falta de concentração e impulsividade. Este aluno tem acompanhamento do Conselho Tutelar e uma história de vida bastante complicada. Raramente se conseguia dar continuidade em qualquer atividade, pois suas faltas eram constantes e, quando presente, recusava-se a ficar na sala, demonstrava irritabilidade por estar na escola e raramente se sentia feliz no ambiente. É visí- vel perceber que o aluno não está em prontidão para aprender, faz-se necessário atuar em outras áreas de sua vida para que ele possa ter um nível suficiente de condições emocionais para envolver-se no cotidiano escolar e com práticas pedagógicas adequadas. É fundamental que as práticas pedagógicas a serem levadas a efeito nas escolas considerem a importância do desenvolvimento de todas as potencialidades humanas, sejam elas físicas/motoras, emocionais/afetivas, artísticas, linguísticas, A formação de professores que vivenciam as experiências da educação inclusiva em sala de aula no ensino regular expressivo-sociais, cognitivas, dentre outras, contribuindo assim para o desenvolvimento do ser humano de forma omnilateral. (SANTA CATARINA, 2014, p. 31) O terceiro relato de experiência pibidiana em sala de aula é aluna com deficiência auditiva profunda, que apresenta inteligência compatível com seu nível escolar e excelente relacionamento com os colegas e professoras. Seu vocabulário em Libras, ainda é limitado e usado apenas para suprir suas necessidades imediatas (físicas e comunicar situações com a família), misturando ainda a linguagem de sinais com a mímica. Apresentava certa resistência em usar a Libras para sua comunicação, mas com o passar do tempo e o interesse dos colegas em aprender, a aluna passou a aceitar e compreender melhor sua língua materna. As atividades desenvolvidas foram sempre relacionadas a imagens e exemplos reais, envolvendo situações diferentes, inserindo o sinal no contexto da ideia a ser transmitida e permitindo a acomodação desse saber, além de jogos da memória, recorte e colagem para construção de significados gráficos, adaptando em Libras. 15 Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente Um passeio no centro da cidade para inclusão de sinais em LIBRAS sobre o comércio local, também foi de extrema importância para as crianças, elaborarem,de forma mais significativa, seus conceitos. 16 É imprescindível que no ensino da linguagem de sinais aconteça a visualização de imagens, palavras, nos locais da situação, para que ocorra o processo de aprendizagem. A dinâmica do trabalho ou a metodologia utilizada são ferramentas que permitem significados e construção de conhecimento. É de fundamental importância que “[...] as instituições escolares [...] flexibilizarem seus currículos para atender à diversidade dos educandos, garantindo a qualidade no processo de ensino e aprendizagem”. (SANTA CATARINA, 2014, p. 31). Durante todo o ano a turma teve aulas de Libras duas vezes por semana com uma instrutora, surda, com fluência em sua Língua Materna. Essas aulas propiciaram uma ampliação do vocabulário de todos os alunos que tinham visível interesse no aprendizado A formação de professores que vivenciam as experiências da educação inclusiva em sala de aula no ensino regular para uma efetiva comunicação com a colega inclusa. Ao perceber este interesse a aluna em questão não mais resistiu em se comunicar, utilizando os sinais adequados para as informações que pretendia repassar e compreender melhor sua língua materna. É de direito do aluno surdo aprender a Língua Brasileira de Sinais e a Língua Portuguesa. Ao respeitarmos este direito dos alunos diagnosticados com surdez estamos garantindo uma educação de qualidade e efetivando sua inclusão e garantindo a sua participação no cotidiano escolar. Fazendo uso da concepção Vygostskyana, principalmente entendermos que a participação inclusiva dos alunos facilita o aprendizado para todos. Este entendimento está baseado no conceito da Zona de Desenvolvimento Proximal, ou seja, zona de conhecimento a ser conquistada, por meio da mediação do outro, seja este o professor ou os próprios colegas. Nesta perspectiva de o aluno não estar apenas inserido na sala de aula, mas fazer parte do processo educativo é que desenvolveram-se as atividades adaptadas para melhor compreensão da Libras e da Língua Portuguesa. CONSIDERAÇÕES FINAIS A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DO PIBID na atuação escolar foi se desenhando ao longo dos anos, adaptando o subprojeto de Pedagogia ao cotidiano escolar que se difere em cada esfera de ensino e em cada unidade escolar. As experiências relatadas fortaleceram nossa condição profissional, reconhecendo que o professor é um eterno pesquisador, que deve conhecer teorias e relacioná-las às práticas cotidianas para desempenhar um trabalho de excelência. Participar deste momento ímpar da história da formação docente nos permite ter uma bagagem de conhecimento sem precedente e riquíssima em experiências. E neste acolher para o saber experimentamos os sabores e dissabores do profissional da educação, percebemos que a semente do conhecimento deve ser regada no dia a dia. Conhecer e entender o processo ensino aprendizagem é passar pelas diversas facetas da construção histórico social da humanidade. O desafio é grande, mas a recompensa é enriquecedora e gratificante. Salientamos que para a realização de tal complexidade exigida pela educação inclusiva é preciso que o acadêmico tenha constantes orientações da supervisora e que esteja com no mínimo a sexta fase de estudos na faculdade. Entendemos que o trabalho poderia ter ido além e que os resultados poderiam ter sido mais significativos, mas só pelo esforço, aprendizagem, a satisfação O quesito educação inclusiva não fazia parte dos da experiência nos leva a crer que PROFESSORAS é o objetivos da pibidiana, para não “assustar” o profis- que queremos ser. sional em formação, porém, a necessidade existente na unidade escolar nos fez repensar nossa atuação e aceitar o desafio de “acolher para o saber” (lema da escola no desempenho de sua função) na efetivação desse projeto. Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente 17 REFERÊNCIAS BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: adaptações curriculares. Brasília: MEC/SEF/SEESP, 1999. MANTOAN. Maria T. Eglér. O desafio das diferenças nas escolas. Rio de Janeiro: Vozes, 2008. SANTA CATARINA (Estado). Secretaria de Estado da Educação. Política da Educação Especial. São José: FCEE, 2009. SANTA CATARINA (Estado). Secretaria de Estado da Educação. Proposta Curricular: Formação Integral na Educação Básica, 2014. Skliar, Carlos(Org.). Educação e exclusão: Abordagens sócio-antropológicas em educação especial. Porto Alegre: Mediação, 1997. 18 A formação de professores que vivenciam as experiências da educação inclusiva em sala de aula no ensino regular 19 Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente A PSICOMOTRICIDADE EM MOVIMENTO: APRENDENDO A AMARRAR O TÊNIS Elisabeth Baretta* Isabel Cristina Cattani** Alcimar dos Santos, Jenifer Colet Nascimento, Matheus Lehrer, Marina Raizer e Rosana Carolina Lorenço da Rosa*** * Professora Coordenadora do subprojeto Educação Física – PIBID/Capes da Universidade do Oeste de Santa Catarina – Unoesc. ** Professora Supervisora do subprojeto Educação Física – PIBID/Capes da Universidade do Oeste de Santa Catarina – Unoesc. *** Bolsistas do subprojeto Educação Física – PIBID/Capes da Universidade do Oeste de Santa Catarina – Unoesc. INTRODUÇÃO DURANTE A FASE DE DESENVOLVIMENTOmotor de um indivíduo, deparamo-nos com diversas dificuldades, como o déficit motor, déficits nas habilidades mais minuciosas que abrangem movimentos como preensão, uso das mãos, coordenação olho mão e destreza manual, e essas habilidades são adquiridas por meio de estimulação adequada e constante. A psicomotricidade busca transformar o corpo em um instrumento de relação e expressão dos indivíduos por meio do movimento direcionado ao ser em sua totalidade, em seus aspectos motores, emocionais, afetivos, intelectuais e sociais (FALCÃO; BARRETO, 2009). Para Soares (1996 apud GONZÁLEZ; SCHWENGBER, 2012), a proposta psicomotora da Educação Física está associada diretamente nas tarefas da escola, auxiliando no desenvolvimento da criança e, por consequência, aprimorando sua aprendizagem. Na Escola Municipal Cruz e Sousa, localizada num bairro de baixa renda do município de Herval d´Oeste (SC), percebe-se que atividades, como o ato de amarrar um tênis são as mais afetadas em crianças da Educação Infantil. Fotografia 1 – Atividade prática para amarrar o tênis envolvendo alunos, professor supervisor e bolsistas do PIBID na Escola Municipal Cruz e Sousa, Herval D Oeste, SC (2014) 21 Fonte: os autores. Um bom embasamento de educação psicomotora é elemento fundamental para o processo de aprendizagem da criança, sendo que o desenvolvimento evolui gradativamente do todo para o específico. Quando a criança apresenta determinada dificulda- de de aprendizagem, seu principal motivo pode estar relacionado a alguma deficiência no desenvolvimento psicomotor. Nesse aspecto, adquirindo uma boa experiência motora, é possível conquistar uma vida emocional e intelectual adequada (ROCHAEL, 2009). Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente Nesse sentido, as aulas de Educação Física na educação infantil devem promover por meio das atividades psicomotoras o desenvolvimento integral das crianças. Pensando nisto, este projeto teve o objetivo de aprimorar a coordenação motora fina das crianças da educação infantil que apresentavam dificuldades nas tarefas mais minuciosas, como, por exemplo, amarrar o tênis. METODOLOGIA A INICIATIVA OCORREU EM VIRTUDE DE A da tindo desta tarefa, utilizamos modelos de tênis, enmaioria das crianças do pré-escolar não realizarem sinando-as a passar o cadarço e amarrá-los corretacom êxito a tarefa de amarrar seu próprio tênis. Par- mente. Fotografia 2 – Atividade prática para amarrar o tênis com alunos, professor supervisor e bolsistas do PIBID na Escola Municipal Cruz e Sousa, Herval d’ Oeste, SC (2014) 22 Fonte: os autores. Para a realização da atividade proposta foram confeccionados modelos de tênis utilizando EVA e barbante: o EVA formava a base do tênis e o barbante o cadarço. As crianças posicionaram-se em um grande círculo no centro da quadra da escola e no centro deste os bolsistas do PIBID orientaram as atividades. Num primeiro momento as crianças tiraram os cadarços que já estavam nos tênis, passaram novamente, finalizando com a aprendizagem do nó e manuseio para fazer o laço. A psicomotricidade em movimento: aprendendo a amarrar o tênis Fotografia 3 – Material pedagógico do projeto “Amarrar o Tênis” na Escola Municipal Cruz e Sousa, Herval D Oeste, SC (2014) Fonte: os autores. Com o surgimento de uma ideia diferente, foi possível melhorar o desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo das crianças. Foi constatado, portanto, por meio desta atividade que tais dificuldades desaparecem com estímulos e com a prática dos movimentos que envolvem a coordenação motora fina. Com incentivo é possível transformar os hábitos dos alunos e transmitir conhecimentos que irão contribuir no seu desenvolvimento. Fotografia 4 – Atividade prática para amarrar o tênis com alunos e bolsistas do PIBID na Escola Municipal Cruz e Sousa, Herval d’Oeste, SC (2014) Fonte: os autores. Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente 23 CONSIDERAÇÕES FINAIS DIANTE DOS CONTRATEMPOS com que nos deparamos nas atividades diárias, muitas vezes não consideramos o processo de formação e os estímulos aos quais nossos alunos estão expostos. Muitas dificuldades estão atribuídas às práticas psicomotoras, por isso desenvolvemos este projeto para minimizar tais problemas. Concluiu-se, portanto, que o desenvolvimento de cada criança ocorre de maneiras diferentes e cada aluno possui seu tempo e nível para desenvolver as atividades. Cabe a nós, profissionais, propiciar os estímulos adequados, gerando influências positivas para a participação prazerosa aos exercícios propostos e ao desenvolvimento de habilidades, bem como à construção de novos saberes, tornando o educando cada vez mais autônomo num contexto cada vez mais amplo. REFERÊNCIAS FALCÃO, Hilda Torres; BARRETO, Maria Auxiliadora Motta. Breve histórico da psicomotricidade. Revista Ensino, Saúde e Ambiente, v.2, n.2 p. 84-96 agosto 2009. GONZÁLEZ, Fernando Jaime; SCHWENGBER, Maria Simone Vione. Práticas Pedagógicas em Educação Física: espaço, tempo e corporeidade. Erechim: Edelbra, 2012. 24 LUSSAC, Ricardo Martins Porto. Psicomotricidade: história, desenvolvimento, conceitos, definições e intervenção profissional. Buenos Aires. 2008. ROCHAEL, Luciene. A Importância da Psicomotricidade no Processo da Aprendizagem. Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente. A psicomotricidade em movimento: aprendendo a amarrar o tênis 25 Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente APRENDENDO COM JOGOS Angélica Alves da Silva, Gisele Dondoerfer Schmidt, Lorena Furtado* * Bolsistas de ID – PIBID INTRODUÇÃO ESTE RELATO RESSALTA a importância do trabalho com jogos em sala de aula de forma agradável e envolvente. Considerando que os jogos são de extrema importância para o desenvolvimento das crianças, é um recurso muito útil no processo de ensino-aprendizagem, na concentração, no raciocínio lógico e na atenção, contribuindo para todo o seu desenvolvimento integral. Relata-se aqui a partir das vivências de três pibidianas da Escola de Educação Básica Nossa Senhora da Salete, Maravilha SC, que trabalharam com crianças dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, observando como elas agem e aprendem por meio dos jogos em sala de aula, valorizando o conhecimento e as vantagens desse recurso no desenvolvimento da aprendizagem, visando desenvolver a concentração e o raciocínio lógico. O JOGO EM SALA DE AULA EXISTEM VÁRIOS MÉTODOS d e ensino que o educador pode utilizar em sala de aula e todos são importantes para o ensino e a aprendizagem dos alunos. Um desses métodos é a aprendizagem com os jogos. Os jogos ajudam a diminuir o bloqueio do aluno em relação à aprendizagem, pois de maneira lúdica e divertida o educador proporciona aos alunos um aprendizado mais envolvente e significativo. É fundamental inserir as crianças em atividades que permitam um caminho que vai da imaginação à abstração, através de processos de levantamento de hipóteses e testagem de conjecturas, reflexão, análise, síntese e criação, pela criança, de estratégias diversificadas de resolução dos problemas em jogo. (GRANDO, 2000, p. 20). Por muito tempo os jogos não eram bem aceitos nas salas de aulas pelos professores, pois achavam que não traziam conhecimento nenhum aos educandos. Ainda hoje existe certo tipo de rejeição por parte de professores e alguns pais em relação à utilização dos jogos em sala de aula, pois muitos acreditam que os alunos devem aprender conteúdos por intermédio do método tradicional. Com a evolução dos estudos sobre o desenvolvimento de jogos em sala de aula, foi possível comprovar que o jogo auxilia na construção do pensamento do aluno, na compreensão da leitura, da escrita e do raciocínio lógico. É muito comum ouvirmos dizer que os jogos não servem para nada e não têm significação alguma dentro das escolas, a não ser na cadeira de educação física. Tal opinião está muito ligada a pressupostos da pedagogia tradicional, que excluía o lúdico de qualquer atividade educativa séria ou formal. Percebe-se claramente que há uma restrição do lúdico, isto é, uma falta de conhecimento e compreensão de seu verdadeiro sentido. (ALMEIDA, 2000, p. 59). Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente 27 Segundo Kishimoto (1993, p. 43), “os jogos colaboram para a emergência do papel comunicativo da linguagem, a aprendizagem das convenções sociais e a aquisição das habilidades sociais.” A utilização dos jogos pode ser considerada um excelente recurso de ensino para o professor em sala de aula, pois através dele o aluno poderá aprender de forma prazerosa e o educador poderá realizar obCom toda a complexidade dos jogos, podemos dizer servações sobre o desenvolvimento de seus alunos. O que o jogo seria de certa forma uma brincadeira, mas texto dos Referenciais Curriculares Nacionais - RCN o jogo e o brincar possuem significados diferentes. (Brasil, 1998) apontam que o professor não pode simO brincar, diferente do jogo, não possui regras dei- plesmente trazer por si só qualquer jogo para sala xando assim a criança livre para estruturar de sua de aula, pois os jogos propostos para os alunos deve maneira a brincadeira. Já o jogo possui regras que o conter um objetivo de ensino. norteia e estrutura para o desenvolvimento e aprendizagem do educando. É Freire (1989, p. 76) nos traz uma fala sobre o jogo: 28 O jogo contém um elemento de motivação que poucas atividades teriam para a primeira infância: o prazer da atividade lúdica. Creio de minha parte, que todas as propostas sérias de desenvolvimento poderiam ser realizadas dentro do jogo, aproveitando seu caráter lúdico. No entanto, não caiamos no exagero. Escola alguma poderia ser só jogo. Nas atividades infantis, mesmo àquelas sem orientação escolar, o que a criança faz contém uma mistura inseparável de jogo e trabalho, de atividade descomprometida e atividade séria, de puro prazer funcional e ação adaptativa. Portanto, seria perfeitamente compatível o desenvolvimento de atividades sérias dentro do contexto do jogo. A escola não seria só jogo, mas, na primeira infância, o contexto de desenvolvimento das atividades poderia ser o do jogo. preciso que o professor tenha consciência que na brincadeira as crianças recriam e estabilizam aquilo que sabem sobre as mais diversas esferas do conhecimento, em uma atividade espontânea e imaginativa. Nessa perspectiva não se deve confundir situações nas quais se objetiva determinadas aprendizagens relativas a conceitos, procedimentos ou atitudes explícitas com aquelas nas quais os conhecimentos são experimentados de uma maneira espontânea e destituída de objetivos imediatos pelas crianças. Pode-se, entretanto, utilizar os jogos, especialmente àqueles que possuem regras, como atividades didáticas. É preciso, porém, que o professor tenha consciência que as crianças não estarão brincando livremente nestas situações, pois há objetivos didáticos em questão. (BRASIL, 1998, p. 29). Sendo assim o professor só poderá trazer o jogo para sala de aula desde que previsto no planejamento e nos objetivos que o aluno precisará alcançar. Aprendendo com jogos Tapete Matemático: Proporcionar o ensinamento da matemática para alunos dos primeiros anos NO ANO LETIVO DE 2014,na Escola de Educação Básica Nossa Senhora da Salete, nós, pibidianas, tra- de maneira lúdica, facilitando a compreensão. Esta balhamos com jogos em turmas de 1°, 3°, 4° e 5° ano atividade iniciou-se a partir do segundo semestre do Ensino Fundamental, todos contando com a dis- do ano letivo e teve sequência no decorrer do ano, o ponibilidade da professora da turma. Alguns desses aluno utilizava-o como auxiliar em várias atividades jogos foram apresentados na oficina de vivências no matemáticas. esenvolver o raciocínio e conII Encontro Catarinense do PIBID, em Itajaí e comen- Caixa de Alfabeto: D tada no III Seminário Institucional do PIBID, em Xan- centração para formação de palavras. Este projeto aconteceu no primeiro semestre e teve sequência até xerê. Os jogos desenvolvidos foram pensados a partir de o final do ano letivo, utilizando materiais de reciclaanálises das turmas, pois após conhecermos estas, gem (caixinhas de leite). O trabalho foi realizado parcompreendemos as dificuldades dos alunos e, assim, tindo do conceito de alfabetização, seu processo de tornou-se possível o uso dos jogos como alternativa construção e aprendizagem da leitura. AS VIVÊNCIAS DAS PIBIDIANAS Jogo da Memória: O jogo consiste em virar duas peças e encontrar iguais, quem não achar igual passa a Resta 1: T rabalhar a concentração e estratégia. Este vez, o jogador que encontrar as peças iguais poderá jogo é trabalhado de forma lúdica e aprimora a con- jogar novamente. As crianças gostaram do jogo, despertando nelas o interesse em jogá-lo repetidas vecentração e o trabalho em grupo. zes, estimulando a concentração e atenção. Bingo Matemático: A Matemática é trabalhada por tabuada é consimeio deste jogo, privilegiando a assimilação dos co- Tabuada com Caixa de Ovos: A nhecimentos matemáticos. Realizada três vezes em derada um dos pilares da matemática, então sua sala de aula, no mês de agosto, com o acompanha- aprendizagem é muito importante para o bom demento das professoras na turma do quinto ano ves- sempenho dos educandos. Com o jogo, as crianças pertino, a atividade objetivou levar aos alunos mo- desenvolveram maior segurança em relação à mulmentos de reflexão e fixação das quatro operações, tiplicação, maior autonomia e interesse pela matedespertando o gosto pela Matemática, exigindo con- mática. Esta atividade aconteceu de julho até o final centração, persistência, cálculo mental e estratégias do ano letivo, com duas crianças atendidas no conde jogo. Utilizamos durante o ano, em momentos di- traturno, as quais cursam o terceiro ano. A atividade versificados com o primeiro ano, envolvendo apenas de tabuada se deu devido à dificuldade que ambas demonstravam e a ludicidade foi importante neste adição e subtração. processo, pois despertou o gosto pelo aprender por Fecha 12: A atividade iniciou-se no terceiro semestre meio do brincar. e aconteceu até o final do ano letivo com os alunos do terceiro ano, atendidos no contraturno, com o ob- Jogo com Unidade, Dezena e Centena: Oportujetivo de promover atividades com adição e subtra- nizar momentos de reflexão envolvendo unidades, ção de forma lúdica; também momentos para mediar dezenas e centenas. A atividade aconteceu com as conflitos pessoais presentes, em razão do ganhar e do crianças na atividade extraclasse, com elas no contraturno, sendo desenvolvida nos dois primeiros seperder. para diminuir estas dificuldades. Alguns jogos realizados foram: Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente 29 mestres, levando as crianças à reflexão sobre as quatro operações. As crianças interagiram uma com a outra, desenvolvendo o diálogo, cálculos de adição e subtração, concentração e determinação. Fichas de Palavras: Estudar palavras, sílabas e letras. Nas fichas, as crianças encontravam palavras para colocar as letras em cima. O jogo teve grande participação, as crianças gostaram da atividade e o repetiram várias vezes. Estes jogos, em alguns momentos, foram desenvolvidos no coletivo e em outros individualmente, dependendo da realidade e da necessidade dos educandos. 30 As principais dificuldades que buscamos sanar no decorrer do ano foram referentes à alfabetização (português e matemática), em todas as turmas trabalhadas. Além do desenvolvimento dos jogos, também ocorreu o acompanhamento das turmas quando estas realizavam suas atividades no dia a dia. Também auxiliamos as professoras no planejamento das aulas e na confecção de materiais, além da participação nos eventos da escola, como assembleias, reuniões com as famílias das turmas e conselhos de classe. Na sequência apresentamos as considerações de cada Pibidiana, em relação às experiências e sobre o que consideram de maior valia para o seu crescimento pessoal e profissional. Aprendendo com jogos DURANTE o ano eu cresci muito, pois conheci melhor o espaço escolar, fiz amizade com direção, professores e funcionários e o melhor de tudo: tive meus objetivos alcançados. Os alunos do 1° ano aprenderam muito com o resta 1 e o bingo matemático, pois estes possibilitaram uma maior concentração e ainda o auxílio de um colega para com o outro. Também auxiliei nas atividades coletivas observando o caderno e fazendo com que acompanhassem a professora. Atendi crianças no contraturno, ajudandoas em suas dificuldades com atividades específicas. Todas essas atividades foram de extrema importância para o meu crescimento pessoal e profissional, adentrando nessa realidade escolar e preparando para o estágio supervisionado, que com a experiência que adquiri me senti mais capacitada. (PIBIDIANA ANGÉLICA, 2015). Fotografia 1 - Alunos jogando bingo Fonte: os autores. Fotografia 2 - Alunos confeccionando o resta 1 Fonte: os autores. Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente 31 Fotografia 3 - Alunos jogando o resta 1 32 Fonte: os autores. NO início, quando me inscrevi no programa do PIBID, tive um certo medo, pois até então somente havia trabalhado com a educação infantil, mas logo nas primeiras semanas percebi o quanto era prazeroso trabalhar com os anos iniciais e fui me identificando com essa nova experiência. No ano de 2014 acompanhei uma turma de 4° ano, onde percebi a importância do meu papel como profissional. Nesta turma pude desenvolver algumas atividades com jogos e mostrar para a turma que eles podem trabalhar e aprender por meio dos jogos. Percebi que os Aprendendo com jogos alunos ao desenvolver as atividades lúdicas mostravam mais interesse e envolvimento nas atividades. Nesta turma também tive o prazer de poder auxiliar a professora da turma e ajudar os alunos com mais dificuldades em aprender determinados conteúdos. Neste ano também atendi alunos que vinham no contraturno, que tinham mais dificuldades em aprendizagem, desenvolvi com eles atividades de reforço, como matemática e português básico e um dos métodos que levei também foram os jogos, para despertar maior interesse neles e fazer com que eles aprendessem de maneira divertida. Hoje posso dizer que o programa do PIBID me fez perceber que estou realmente fazendo o que gosto e me ajudou proporcionando vivências e experiências que me ajudaram na minha vida profissional. (GISELE, 2015). Fotografia 4 - Aluna decorando sua lata do tapetinho da tabuada 33 Fonte: os autores. Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente Fotografia 5 - Pibidianas preparando material do resta 1 34 Fonte: os autores. AS experiências que vivenciei durante o ano letivo de 2014 foram de suma importância para meu aprimoramento profissional. Acompanhar a turma de 5° ano me fez perceber como ocorre a educação nos anos iniciais, até então por mim desconhecido. Por ser o último ano da primeira etapa do ensino fundamental, preparando-se para segunda etapa, considero que pude aprender muito referente aos assuntos abordados em sala em todas as disciplinas. Também, logo nas primeiras semanas já havia me entrosado com a turma e criado um laço afetivo com os alunos, o que foi muito importante para poder acompanhá-los nas Aprendendo com jogos atividades realizadas pela professora e nas atividades de jogos que desenvolvi.Realizei, além disso, atendimento no contraturno, o que foi no início um desafio, mas realizar o planejamento e atendê-los individualmente me fez refletir e crescer. Para finalizar é importante ressaltar o convívio no espaço escolar, pois estando inserido nele pude conhecê-lo melhor e me relacionar com professores, diretores e demais funcionários da escola, que sempre se dedicavam em ajudar. (LORENA, 2015). CONSIDERAÇÕES FINAIS OS JOGOS SÃO REALMENTE instrumentos e recursos adequados para o desenvolvimento integral da criança, bem como para o processo de ensino-aprendizagem. Porém, é necessário que haja sempre um planejamento sua aplicação, prevendo objetivos e avaliação desta prática para que não se torne uma atividade perdida e sem fundamentos. desenvolvimento das crianças, facilitadoras na construção de conceitos. Como consideramos uma experiência de sucesso, tornou-se importante socializar esta experiência, a partir do relato de cada acadêmica envolvida, enfatizando a importância de trabalhar no PIBID e o quanto a experiência de participar deste programa foi importante para o crescimento indiviO objetivo desse artigo foi apresentar as vivências das dual e profissional de cada uma. acadêmicas pibidianas com o uso de jogos em sala de aula, considerados aqui auxiliares no processo de ensino e aprendizagem e como ferramentas para o REFERÊNCIAS ALMEIDA, Paulo Nunes. Educação Lúdica: técnicas e jogos pedagógicos. São Paulo:Edições Loyola, 2000. BRASIL. Referencial curricular nacional para a educação infantil: Brasília, 1998. FREIRE, João Batista. Educação de corpo inteiro – Teoria e prática da Educação Física.”São Paulo: Scipione, 1989. GRANDO, Regina Célia. O Conhecimento e o uso de jogos na sala de aula. UNICAMP; São Paulo, 2000. KISHIMOTO, Tizuko Morchida. O jogo, a criança e a educação. Petropólis: Vozes, 1993. Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente 35 ARTE AÇÃO INOVADORA: A INTERDISCIPLINARIDADE NOS PROCESSOS DO ENSINO DA APRENDIZAGEM NO ENSINO MÉDIO Sueli Perazzoli Trindade* Elenise Schuler** Sonia Maria Marmentini Borges*** Angela Maria Soares*** Estela Maris Santini*** Ana Lúcia Moura*** Regina Silva de Oliveira*** * Coordenadora de área do PIBID. ** Professora supervisora do PIBID. *** Bolsistas do PIBID Artes Visuais Unoesc. INTRODUÇÃO AS EXPERIÊNCIAS DO PIBID, tiveram como objetivo compreender como a arte se relaciona nos processos do ensino e da aprendizagem no Ensino Médio, possibilitando uma aprendizagem contextualizada e sensível, ao interligar os saberes das diferentes áreas do conhecimento. O trabalho foi realizado em uma escola que pertence à rede de ensino estadual da 9ª Gerência Regional de Educação (Gered) de Videira (SC). Os referenciais que fundamentaram a pesquisa foram: Buoro (2011), Barbosa (2005), Ostrower (2004), Harrison (1994), Arnhein, (1995). Durante os processos de ensino e da arte, os alunos aprenderam a contextualizar o conhecimento construído, a articular os conteúdos entre e para além das disciplinas e a dialogar com as diversas áreas do conhecimento. Os trabalhos coletivos entre alunos e professoras possibilitou a aprendizagem significativa e sensível, ao aprender a dialogar, a contextualizar, a indagar, a refletir e a conviver juntos, construindo conhecimento e trocando experiências. O ENSINO DA ARTE NA EDUCAÇÃO BÁSICA A ARTE RELACIONA-SE intimamente com o desenvolvimento da capacidade de interpretar, analisar, abstrair, contextualizar, criticar, inovar como todas as atividades realizadas pelo ser humano que se apoiam na linguagem visual. Torna-se relevante saber comentar o que se vê e argumentar sobre as preferências, gostos que cada ser humano apresenta sobre as imagens presentes no contexto histórico, social e cultural. Neste tema o objetivo principal foi resgatar os valores humanos essenciais na formação dos adolescentes, enquanto seres humanos críticos e atuantes na sociedade. Desenvolver a capacidade de autoconhecimento por meio da criatividade, utilizando a imaginação e percepção para a construção de sua identidade familiar, cultural e social. Durante a realização das atividades e usando habilidades manuais, proporcionamos aos alunos o gosto pela arte, onde utilizaram Considera-se que a interpretação pessoal pode ser materiais diversos que fizeram ou fazem parte de sua um dos passos essenciais no processo da leitura de história, e assim houve a possibilidade da vivência de uma obra de arte. Sendo assim, é necessário indagar conceitos da tridimensionalidade, percepção do voo objeto de estudo que se observa no ensino da arte. lume, profundidade e formas geométricas. Para isso, algumas perguntas são essenciais: Como o Além disso, trabalhamos com os conceitos de aceioutro nos veem? Como nós nos vemos? Como nós ve- tação e de autoestima, o resgate dos valores éticos mos o outro? Essas indagações permearam o diálogo necessários para a convivência social e cultural. Conentre professoras bolsistas e alunos no contexto do sequentemente, observamos nos alunos, o progresensino da arte inserido no Projeto Identidade, que foi so na capacidade de concentração e criatividade, na desenvolvido com os alunos dos primeiros anos do habilidade e competência, nas produções artísticas, Ensino Médio Inovador da Escola de Educação Básica nas relações interpessoais e na percepção do espaço. Professora Adelina Regis, tendo como tema: “Desco- Vale mencionar, a autoavaliação como resultado da brindo-se na Assemblage: desvendando a identidade aprendizagem dos alunos, a criatividade no fazer, por meio de máscara.” Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente 37 o descobrir o quanto somos únicos e sociáveis. Durante a realização da técnica de assemblage, constatamos também que houve pesquisa e busca pelo conhecimento e dedicação nas produções artísticas. Fotografia 1 - Aluna pintando a máscara 38 Fonte: os autores. Fotografia 2 - Construindo a máscara no colega Fonte: os autores. Arte ação inovadora: a interdisciplinaridade nos processos do ensino da aprendizagem no ensino médio Nas palavras de Buoro (2001, p. 25), a arte é “[...] um produto de embate homem/mundo, consideramos que ela é vida e, por meio dela, o homem interpreta sua própria natureza, construindo formas ao mesmo tempo em que (se) descobre, inventa, figura e conhece.” Por meio da arte o aluno irá realizar sua leitura de mundo, entender o contexto em que vive e no qual se relaciona e torna-se, na sua maioria um ser humano mais sensível e que carrega significados de seus atos e atitudes no dia a dia. A arte no Ensino Médio possibilita ao aluno aprender as diferentes linguagens visuais em sua diversidade de técnicas, e assim tornar o ambiente escolar mais agradável, contribuindo na convivência entre alunos e professores. Além disso, os alunos, por meio da arte, podem representar seus desejos, expressar seus sentimentos e colocar em evidência sua personalidade. Fotografia 3 - Técnica da Asemblage 39 Fonte: os autores. Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente Fotografia 4 - Identidade dos alunos Fonte: os autores. 40 Nos últimos anos, os processos do ensino e da aprendizagem da arte foi melhor compreendido na sua importância para a formação de seres humanos críticos e reflexivos, abrangendo, dessa maneira, as diferentes áreas do conhecimento por meio da interdisciplinaridade. De acordo com Cavalcanti (2008), a interdisciplinaridade é, portanto, a articulação que existe entre as disciplinas para que o conhecimento do aluno seja global, e não fragmentado. metimento e ao desenvolvimento sustentável no agir ecológico por meio do projeto Meio Ambiente e Sustentabilidade, foi desenvolvido com os alunos dos segundos e terceiros anos do Ensino Médio Inovador, o tema “Restauro Contemporâneo”, o qual tinha por objetivo investigar e experimentar a diversidade de materiais, como a madeira, ferramentas, tintas e texturas, criando possibilidades de novas produções artísticas visando à sustentabilidade. Na arte, as manifestações artísticas podem ser utilizadas como exemplo de interdisciplinaridade, pois utilizam a diversidade cultural de todos os tempos e lugares, falando de problemas sociais, políticos, de relações humanas, de sonhos, medos, perguntas e inquietações do artista (BRASIL, 1997). As atividades de arte possibilitaram aos alunos o desenvolvimento da criatividade e a realização das pinturas em madeira, estimulando, assim, a coordenação motora ampla e fina no decorrer das atividades. Puderam também identificar conceitos de texturas, profundidade e formas, analisando e relatando as inO projeto Arte Ação Inovadora, buscando o desenvol- formações obtidas no decorrer de cada técnica aprevimento sustentável, com o intuito na restauração de sentada na oficina. Outra técnica foi trabalhada por madeiras, desenvolveu habilidades e competências meio da (re)utilização de móveis descartados, que dos alunos, buscando trabalhar a criatividade na busca para novas criações. Com vistas ao compro- Arte ação inovadora: a interdisciplinaridade nos processos do ensino da aprendizagem no ensino médio em razão do tempo de uso ficaram danificados, estes foram transformados em móveis coloridos, criativos e decorativos, criando um ambiente sustentável e artístico, chegando a mudar a paisagem escolar. Fotografia 7 - Restauração com técnicas de pintura Apresentamos nas figuras 05, 06 e 07 as peças de madeira restauradas com as técnicas da arte de pintar. Fotografia 5 - Restauração com técnicas de pintura Fonte: os autores. Fonte: os autores. Fotografia 6 - Restauração com técnicas de pintura Posterior às técnicas escolhidas, apresentadas e executadas verificamos que os alunos apresentaram mais possibilidades criativas, na execução das produções artísticas, interesse e participação nas etapas de cada técnica, e interagiram no processo do restauro de madeiras com curiosidade em aprender mais sobre Arte. A vivência da interdisciplinaridade na sala de aula é fundamental no aprendizado da Arte, compreendida também como um processo de pesquisa, em que a investigação nos processos do ensino e da aprendizagem torna-se um diferencial para que os alunos observem, reflitam e usem de seu senso-crítico reflexivo. Observa-se que no Ensino Médio é importante promover espaço para experimentar, criar e ampliar o ensino da arte sensível. Cabe a nós, professores, possibilitar aos alunos transitar por processos educativos ainda desconhecidos, vivenciar experiências significativas que lhes permitam a construção do conhecimento interdisciplinar. Fonte: os autores. Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente 41 CONSIDERAÇÕES FINAIS ESTE TRABALHO REALIZADOno PIBID teve êxito nas reflexões sobre o ensino da arte atual e no incentivo para a realização das práticas contextualizadas no cotidiano do aluno. Essas produções artísticas foram também, com suas preocupações, satisfações, desejos e sentimentos da vida dos alunos, por isso, torna-se alvo de discussão e reflexão em sala de aula. Ao fazer essa relação entre a arte e a vida, o professor estará contribuindo na construção dos saberes articulado com as diversas áreas do conhecimento. Considerou-se importante o trabalho com os temas deste relato, para que os carreguem consigo a percepção da arte nas áreas do conhecimento. Também houve a oportunidade de ver a necessidade de que o professor compreenda e proporcione novas formas da linguagem, como é o caso da assemblage e do restauro, que proporcionaram aos alunos a busca de sua história e de sua identidade. Houve a compreensão das produções artísticas pelos alunos produzidas, possibilitando-lhes o acesso às leituras de imagens e aproximando a arte com a sua vida, na qual surgiram ressignificações do conhecimento e do olhar. Conclui-se que em todos os contextos vivenciados houve mudanças e ressignificações de atitudes e no comportamento dos alunos do Ensino Médio. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 42 ARCHER, Michel. Arte contemporânea: uma história concisa. São Paulo: Martins.Fontes, 2001. ARGAN, Giulio Cario. Arte Moderna. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. ARNHEIN, Rudolf. Arte e Percepção Visual. 9. ed. São Paulo. Pioneira, 1995. BARBOSA, Ana Amália. Releitura, citação, apropriação ou o quê? In: BARBOSA, Ana Mae (Org.). Arte/educação contemporânea: consonâncias internacionais. São Paulo: Cortez, 2005. BUORO, A. B. O Olhar em Construção: uma experiência de ensino e aprendizagem da arte na escola. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2001. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretária de Educação Fundamental.Parâmetros Curriculares Nacionais: Arte. Brasília: MEC/SEF, 1997. CAVALCANTI, M. Vinte dicas para dominar as modernas práticas pedagógicas. Disponível em: <http:// revistaescola.abril.uol.com.br/edicoes/0188/aberto/mt_105133.shtml#topo>. Acesso em: 24 maio 2008. HARRISON, Hazel. Desenho e pintura. Porto Alegre: Edelbra, 1994. KANDINSKY, Wassily. Ponto e linha sobre plano. Lisboa. 12. ed. Edições 70, 1992. OSTROWER, Fayga. Universos da arte. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. SANTOS, Maria Cecília Loschiavo dos. Móvel Moderno no Brasil. São Paulo: Ed USP, 1995. Arte ação inovadora: a interdisciplinaridade nos processos do ensino da aprendizagem no ensino médio 43 Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente DIDÁTICA: SÓ UM MINUTINHO Giovana Maria Di Domenico Silva* Celoí Terezinha Vichroski** Loiri Maria Casagranda Schmitt*** Nilva Scariot**** Sirlei Fátima Werlang Golfetto***** Bruna Carla Berté, Chaiane Domerasky da Rocha, Francielli Boff, Keila Regina Kleinerte, Zaida Herbert Pagnhusat Cleunice Daiprai, Cleonice Troiani, Francieli Helena Stasiak, Monica Ramos e Simone Bedin****** * Coordenadora do PIBID – Subprojeto Pedagogia – São Miguel do Oeste – SC. ** Supervisora do PIBID - Subprojeto Pedagogia – São Miguel do Oeste na E.M.E.I.E.F. Atílio Luiz Calza. *** Professora de estudos teórico-práticos da Língua Portuguesa I do Curso de Pedagogia da Unoesc – São Miguel do Oeste. **** Segunda professora do 2º ano da E.M.E.I.E.F. Juscelino Kubitscheck de Oliveira de São Miguel do Oeste. ***** Supervisora do PIBID – Subprojeto Pedagogia - E.M.E.I.E.F. Juscelino Kubitscheck de Oliveira de São Miguel do Oeste. ****** Bolsistas de Iniciação à Docência do PIBID – Subprojeto Pedagogia – São Miguel do Oeste. INTRODUÇÃO DESDE MUITO CEDO, as crianças entram em contato com a literatura infantil. Isso ocorre, muitas vezes, de forma oral, na família, quando mãe, pai, irmãos, avós contam, de forma prazerosa, contos populares, trechos bíblicos, histórias inventadas, entre outros. Em que tempo e espaço? Em dias de chuva, feriados, espalhados em tapetes ou embaixo de uma árvore. Nesses momentos, o leitor ou contador torna-se companheiro do ouvinte, oportunizando momentos de brincadeiras, alegrias, imaginação, aproximação e até mesmo intimidade. Momentos estes que podem ser aproveitados para trabalhar conflitos vivenciados pelas crianças ao identificarem-se com situações vividas pelos personagens das histórias. É ouvindo histórias que se pode sentir (também) emoções importantes, como a tristeza, a raiva, a irritação, o bem estar, o medo, a alegria, o pavor, a insegurança, a tranquilidade, e tantas outras mais, e viver profundamente tudo o que as narrativas provocam em quem as ouve - com toda a amplitude, significância e verdade que cada uma delas fez (ou não) brotar... Pois é ouvir, sentir e enxergar como os olhos do imaginário! (ABRAMOVICH, 1997, p. 17). Por estes e outros tantos motivos que a literatura deve fazer parte do cotidiano das crianças dos anos iniciais do ensino fundamental, não de forma descontextualizada e mecânica, mas plena de significação, pois muitas dessas experiências vão acompanhar as crianças ao longo de suas vidas. Com o objetivo de oportunizar aos educandos uma reflexão sobre o sistema de escrita e leitura e também participar de momentos como os acima mencionados, planejamos e desenvolvemos uma sequência didática com base na história Só um minutinho, traduzida por Ana Maria Machado (2004), oferecendo, assim, às crianças práticas pedagógicas lúdicas e prazerosas. Dolz e Schneuwly (2004 apud MARCUSCHI, 2008), em seus estudos sobre o gênero textual, enfatizam que a sequência didática diz respeito a um conjunto de atividades escolares organizadas, sistematicamente, com base em um gênero textual oral ou escrito. A finalidade de se trabalhar com sequência didática é proporcionar aos alunos a realização de todas as etapas para a produção de um gênero. Portanto, enquanto educadoras precisamos oferecer o máximo possível dessas práticas para que os educandos possam se apropriar, de forma gradativa, dos conhecimentos de leitura, escrita (letramento), desenvolvendo, concomitantemente, a linguagem oral, corporal e o seu cognitivo como um todo. [...] ao ouvir histórias, as crianças passam a visualizar, de forma mais clara, os sentimentos que têm em relação ao mundo. Elas trabalham problemas existenciais típicos da infância, como os medos, sentimentos de inveja e de carinho, curiosidades, dor, perdas, além de ensinarem infinitos assuntos. Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente 45 A Sabemos que é no mundo das histórias infantis que as crianças constroem muitos dos seus conhecimentos abstratos, valendo-se, pois, da fantasia para criar elementos que povoam a imaginação. Essas experiências favorecem o conhecimento do real, as diversidades culturais e sociais, promovendo, também, a criatividade, permitindo, assim, a formação de ideias próprias, garantindo o desenvolvimento da atenção, da observação, reflexão e das mais diferentes manifestações da linguagem. literatura infantil é, antes de tudo, literatura; ou melhor, é arte: fenômeno de criatividade que representa o mundo, o homem, a vida, através da palavra. Funde sonhos e a vida prática, o imaginário e o real, os ideais e sua possível/impossível realização [... ] (GREGORIN. 2009, p. 9 ). Atualmente, a literatura infantil tem conquistado uma dimensão extraordinária, e as contribuições são notórias no que se refere ao desenvolvimento dos aspectos emocionais, sociais e cognitivos dos seus leitores. Segundo Abramovich (1997, p.17): METODOLOGIA 46 OPTAMOS, ENTÃO, em desenvolver atividades utilizando a sequência didática, pois esta permite estabelecer uma ligação mais concreta entre as atividades, planejando etapa por etapa, no que se refere também ao currículo, organizando de acordo com os objetivos a serem alcançados em relação à aprendizagem e à avaliação. As atividades foram desenvolvidas com alunos do 2º ano das Unidades Escolares Atílio Luiz Calza e Jucelino Kubitschek De Oliveira, de São Miguel do Oeste/ SC, envolvendo as professoras titulares das turmas, juntamente com as acadêmicas da Unoesc, bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência - PIBID. Na sequência relataremos as atividades desenvolvidas durante a sequência didática: escondida e os alunos deveriam encontrá-la. Após terem esgotadas as tentativas possíveis de encontrarem, demos algumas pistas como: “Não está na nossa sala.” Após os esclarecimentos, as crianças correram pelos corredores da escola, vasculhando no intuito de encontrar a sacola. Nesse momento, explicamos para eles que não estava nos corredores, nem na secretaria. Percebemos, por intermédio das atitudes de busca das crianças, que estavam ansiosas, pois haviam explorado vários locais, na escola, e não tinham encontrado. Por isso, para acalmá-las, fornecemos a segunda pista: “Crianças, a sacola está em uma sala que, neste momento, não há alunos!” No primeiro dia, chegamos à sala de aula e falamos que haveria uma surpresa. Para isso, realizamos a leitura do texto. A sacola maluca (Texto adaptado da caixa maluca). Então, arrumamos uma sacola que foi Didática: só um minutinho Ao ouvirem a segunda pista, elas correram para a biblioteca e, após terem procurado em todos os lugares e não terem encontrado nada, começamos com a brincadeira do está frio, está morno, está quente, está pegando fogo... está queimando...até que alguém a encontrou. Nesse momento, percebemos a alegria, a curiosidade e o interesse que estavam estampados em seus rostinhos. Seus olhos brilhavam e seus sorrisos eram radiantes por terem encontrado a sacola. Em seguida, fomos até a sala de aula, formamos um círculo, no chão, e a sacola fora colocada no centro. Chamava a atenção por sua beleza: tinha um tope grande, amarelo no ritmo de copa (pois nesta época estavam acontecendo os jogos da copa do mundo no Brasil). Continuando com a atividade, questionamos sobre: O que será que há dentro dessa sacola? Eles pensaram, pensaram e a sacola foi passando de mão em mão. Cada um podia pegá-la, apalpar, balançar, chacoalhar e dizer o que achava que havia dentro, de forma organizada, respeitando sua vez de falar. Encerrada a exploração do livro, realizamos então o desenho da capa. Os desenhos ficaram lindos e ficaOutros falaram: “Eu acho que são pirulitos”. “Eu acho mos muito felizes em poder ver a capacidade ao desenharem os detalhes existentes. Nesse momento, senque são livros”. “Eu acho...” E assim cada um foi colocando a sua conclusão. Aca- timos a recompensa, pois as crianças demonstraram bada a exposição das ideias, falamos que alguém ti- o envolvimento, a fantasia, a criatividade e a ludicidade que estava presente durante a realização dessa nha acertado. atividade. Parecia que estavam vivendo o que estava Continuando, demos a sacola para quem que a tinha ali representado. encontrado na biblioteca. Quando ela abriu e verificou que realmente dentro da sacola havia o livro Só No dia seguinte, retomamos a história do livro. Os um Minutinho, balas e pirulitos, todos ficaram felizes educandos sentaram-se em círculo e lemos novamente a história, mostrando as ilustrações, realizane curiosos para manusear. do questionamentos: O que você faria se fosse a vovó Enquanto iam comendo os doces, o livro ia passan- Carocha? Você tem medo de esqueleto? O que são pido de mão em mão para os alunos irem explorando nhatas? O que são tortilhas? ... a capa. Enquanto isso, fazíamos intervenções, questionando quanto ao autor, quem escreveu? Quem traduziu? Quem fez os desenhos? Como eram os desenhos da capa? Um disse: “Eu acho que são brinquedos”. Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente 47 Após longo diálogo, os educandos concluíram que na história tinha várias palavras (desconhecidas) mexicanas. Também, questionaram o que elas significavam na nossa língua. As crianças ficaram surpresas com a comprovação das possibilidades de movimentos do corpo deles, comparando com os movimentos do corpo do esqueleto, por exemplo: articulações das mãos, joelhos, Na disciplina de Língua Portuguesa, observamos o braços, antebraços, dedos, entre outras partes do corbilhete, destacando o que deve ter nele e como se es- po. As crianças também puderam observar por que é creve (características do gênero), fizemos ditado de possível fazer certos movimentos. palavras relacionadas à história, escrevemos a ordem Fizemos também um bolo para comemorarmos o em que os fatos da história aconteceram. aniversário da vovó. Durante o processo, as crianças, atentamente, observavam as unidades de medidas de cada um dos ingredientes. Também os alunos falavam sobre as experiências já vivenciadas com receitas. Em seguida, enquanto o bolo assava, foi realizada uma dramatização. Um educando, com o esqueleto na mão, batia na porta da sala e perguntava: - Vovó Carocha eu vim te buscar? Ela, com sua esperteza, representada por uma educanda respondia: 48 Prosseguindo com as atividades, foi utilizada a técnica da “CAIXA MALUCA”, para apresentar o “Senhor Esqueleto”. Para isso, usamos o esqueleto humano. Esse procedimento foi realizado da mesma forma que a sacola maluca. Os educandos acharam o máximo, não tendo palavras para relatar tamanha emoção das crianças ao verem o esqueleto dentro da caixa, poder mexê-lo, tocar, manusear, inclusive cada um pôde relacionar o esqueleto com os movimentos do seu próprio corpo. Foi um encanto, pois exploramos tudo, de forma minuciosa. Os educandos ficaram radiantes com a visita do “Senhor Esqueleto”. Só um minutinho, tenho que varrer uma casa..., e assim fomos até o final da história e fizemos a festa comemorando o aniversário da vovó (com o bolo que ajudaram a fazer). Todos os alunos participaram, uns sendo os netos da vovó e outros em papéis que estavam presentes na história. Didática: só um minutinho A próxima proposta foi desafiar os educandos para a escrita de um bilhete, convidando um colega para ir brincar em sua casa, observando todos os passos necessários em um bilhete. Dando continuidade à aula, outras perguntas foram feitas, envolvendo questões matemáticas, como: exploração de tempo (medidas de tempo), números ordinais, ordem dos fatos, no caso das falas da vovó cada vez que o esqueleto ia buscá-la, cálculos matemáticos, contagens, quantidades. Em Geografia/História localizamos, no mapa múndi, os países como: Brasil, México e Estados Unidos (autora e ilustradora). Também dialogamos sobre as Também desafiamos os alunos para a reescrita da diferentes culturas, sobre a constituição da família, história e, novamente, surpreendemo-nos com a sua quem conhecia suas avós. capacidade, daquilo que ficou em suas memórias, Em Ciências, a partir do esqueleto, exploramos o cor- do vocabulário por eles utilizado e da escrita como po humano, as partes, os órgãos dos sentidos e a im- um todo, pois conseguimos visualizar, com clareza, portância dos movimentos dos membros do corpo, os progressos de cada um e no que seria necessário avançar. fases da vida, entre outros. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com a realização dessas atividades, foi possível envolver todas as áreas do conhecimento e podemos afirmar que foram momentos ímpares, gratificantes como educadoras. Não existem palavras para expressar o que todos sentimos no decorrer do desenvolvimento das atividades, pois foram muitos dias em que se construiu o conhecimento, de forma coletiva, envolvente, lúdica e participativa. Nesse sentido, o PIBID proporcionou esses momentos de trabalho construtivos, participativos e de aprendizagem o que mostra sua importância nas escolas onde está inserido. Um crescimento tanto para os acadêmicos e acadêmicas das licenciaturas quanto para as crianças e adolescentes participantes dos projetos. Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente 49 REFERÊNCIAS ABRAMOVICH, F. Literatura infantil: gostosuras e bobices, 3. ed. São Paulo: Scipione, 1997. COELHO, Nelly Novaes. Literatura infantil: teoria, análise, didática, São Paulo: Moderna, 2000. GREGORIN FILHO, José Nicolau. Literatura Infantil: múltiplas linguagens na formação de leitores. São Paulo: Editora Melhoramentos, 2009. MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola, 2008. 50 Didática: só um minutinho 51 Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente EDUCA/AÇÃO PARA A CIDADANIA Andrés Graciella Ferreira* * Bolsista do Subprojeto de Pedagogia – Maravilha. INTRODUÇÃO ESTE RELATO NOS TRAZ r eflexões essenciais porque se referem a aspectos conceituais e metodológicos que devem orientar o trabalho pedagógico no que diz respeito à cidadania. Cidadania é um conceito histórico, já que sua concepção variou e varia em diferentes contextos históricos e geográficos. A história da humanidade mostra que, independentemente da forma de organização das sociedades, os indivíduos participam da vida social de diferentes maneiras e gozam de direitos e deveres em relação à coletividade. Como integrante de uma sociedade, todo indivíduo possui um conjunto de prerrogativas e responsabilidades, fruto de uma histórica construção que envolveu lutas e conquistas dos diversos grupos dessa sociedade. Para satisfazer necessidades e interesses, indivíduos e grupos buscaram o reconhecimento de direitos, o que muitas vezes gerou conflitos, já que uma reivindicação só é considerada justa e passa a ser respaldada juridicamente quando obrigações são impostas ao estado, ao conjunto da sociedade e/ou a parcelas dela. ART. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. (BRASIL, 1990, grifo nosso). A formação para a cidadania, nos primeiros anos do ensino fundamental, é essencial ao educando, à comunidade escolar e à sociedade. A criança vivencia, nesse período, uma ampliação de seus espaços de convivência, antes restritos aos ambientes doméstico e familiar e aos locais públicos e privados que frequenta na companhia dos responsáveis e de pessoas a elas relacionadas. Em contato com outras crianças, educadores, funcionários da escola e famiUma característica da cidadania é ser dinâmica, pois liares de alunos, ela participa de diferentes atividaela incorpora transformações que afetam o modo de des nas quais convive com a pluralidade de ideias, de viver da sociedade. opiniões e de comportamentos, passando a perceber A criança, como integrante de uma sociedade nacio- que há necessidades e interesses individuais e colenal, é de fato um cidadão. Entretanto, em decorrên- tivos. Como membro dessa coletividade, a criança cia de sua pouca idade, a ela não se aplicam ou são percebe que existem relações de dependência entre limitados alguns direitos dos quais deve gozar todo e os diferentes indivíduos, que definem os acontecimentos ou neles interferem. Então, ela passa a assuqualquer cidadão, sem nenhuma discriminação. mir compromissos com vistas à promoção da própria felicidade e, também, do bem comum. Cabe ao professor dos primeiros anos do ensino fundamental oferecer estratégias pedagógicas que auxiliem o educando a construir conhecimentos, valores, atitudes e competências necessárias à formação para o exercício da cidadania. Tais estratégias devem Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente 53 valorizar os princípios éticos e da dignidade humana necessários ao convívio social, entre os quais destacamos a busca de soluções pacíficas e consensuais para conflitos, a isenção de preconceito e de discriminação de qualquer espécie, o reconhecimento da equidade como princípio da justiça, a adoção de atitudes de solidariedade e de cooperação. EDUCAÇÃO PARA A CIDADANIA A ESCOLA CIDADÃ IDENTIFICAum conjunto de • a formação para a cidadania: acreditamos que a propostas educacionais, cujo foco é a educação para escola pode incorporar milhões de brasileiros à a cidadania. Cidadania tomada não no sentido da recidadania e deve aprofundar a participação da sotórica formal, mas cidadania apropriada como um ciedade civil organizada nas instâncias de poder direito histórico, dinâmico, cujos resultados concreinstitucional; tos são construídos a partir da correlação de forças • a educação para o desenvolvimento: entendemos estabelecida pelos sujeitos sociais constituídos como que a educação é condição sine qua non para o deforças políticas em movimento. senvolvimento autossustentado do país. A educaA educação para a cidadania busca a construção de ção básica é um bem muito precioso e de maior uma nova estética e de uma nova ética universal. valor para o desenvolvimento, mais do que as riquezas naturais. Segundo Azevedo (2007, p. 14), a educação cidadã ab- 54 sorve, na sua ação educativa formadora, um profundo questionamento às derivações desagregadoras produzidas pela lógica da acumulação do capital, tais como: os comportamentos cotidianos naturalizados da violência no trânsito; todo o tipo de violência e discriminação contra a pessoa; a agressão ambiental; a produção e o manejo dos detritos produzidos pelo consumismo ilimitado; o comprometimento da biodiversidade, dos recursos hídricos e da herança genética das fontes botânicas tradicionais que a natureza disponibilizou à partilha com os humanos. Com o conhecimento adquirido na escola, o aluno se prepara para a vida. Passa a ter o poder de se transformar e de modificar o mundo onde vive. Educar é um ato que visa à convivência social, à cidadania e à tomada de consciência política. A educação escolar, além de ensinar o conhecimento científico, deve assumir a incumbência de preparar as pessoas para o exercício da cidadania. A educação para a cidadania pretende fazer de cada pessoa um agente de transformação. Isso exige uma reflexão que possibilite compreender as raízes históA escola cidadã tem como prática absorver essas ricas da situação de miséria e exclusão em que vive questões, transformando-as em matéria-prima cur- boa parte da população. A formação política, que ricular, conteúdo vivo, não de uma escola para a vida, tem no universo escolar um espaço privilegiado, mas na vida. deve propor caminhos para mudar as situações de Conforme Gadotti e Romão (1998, p. 23), em princí- opressão. Muito embora outros segmentos participio, toda escola pode ser cidadã enquanto realizar pem dessa formação, como a família ou os meios de comunicação, não haverá democracia substancial se uma certa concepção de educação orientada para: inexistir essa responsabilidade propiciada, sobretudo, pelo ambiente escolar. Educa/ação para a cidadania A educação escolar para a construção da cidadania necessita de criticidade e consciência por parte dos sujeitos envolvidos, para isso é preciso pensar em como se produz a cultura política, extrapolando o ensino meramente intelectual, indo além da opinião e do senso comum. duza os sujeitos a uma tomada de consciência sobre a sua realidade, partindo dela e retornando a esta por meio de ações transformadoras. A escola cidadã é um modelo de escola enquanto espaço democrático, tendo como um dos seus defensores o educador Paulo Freire (1997), que pontua: “a escola cidadã é aquela Para romper com as práticas educacionais que ape- que se assume como um centro de direitos e deveres nas reproduzem o sistema, a escola deve ser um espa- [...] é uma escola que vive a experiência tensa da deço de construção de conhecimento crítico, caso con- mocracia.” A escola então, exercendo sua finalidade trário não se pode culpar a escola ou se exigir dela de inserir o indivíduo ao saber erudito, ao conhecide não conseguir transformações significativas em mento científico, de forma eficaz e com qualidade, uma sociedade desigual. A ruptura da reprodução do também cumpre com sua função social de preparar sistema por meio da escola é possível, desde que con- o sujeito para o trabalho, o pleno exercício da cidadania e seu desenvolvimento como pessoa. CIDADANIA EM AÇÃO: A EXPERIÊNCIA APRENDER A SER CIDADÃO e a ser cidadã é, entre outras coisas, aprender a agir com respeito, solidariedade, responsabilidade, justiça, não violência, aprender a usar o diálogo nas mais diferentes situações e comprometer-se com o que acontece na vida coletiva da comunidade e do país. Esses valores e essas atitudes precisam ser aprendidos e desenvolvidos pelos alunos e, portanto, podem e devem ser ensinados na escola. A promoção de uma educação cidadã deve partir de temáticas significativas do ponto de vista ético, propiciando condições para que os alunos desenvolvam sua capacidade dialógica, tomem consciência de seus próprios sentimentos e emoções e desenvolvam a capacidade autônoma de tomada de decisão em situações conflitantes do ponto de vista ético e moral. A melhor forma de ensiná-los, portanto, é estimulando reflexões e vivências. Mais do que os discursos, Segundo Lodi e Araújo (2007, p. 71), para que os alu- são a prática, o exemplo, a convivência e a reflexão, nos possam aprender e assumir os princípios éticos em situações reais, que farão com que os alunos deé necessário pelo menos dois fatores: 1) que os prin- senvolvam atitudes coerentes em relação aos valores cípios se expressem em situações reais, nas quais que queremos ensinar. Por isso, o convívio escolar é possam ter experiências e nas quais possam conviver um elemento-chave na formação ética dos estudancom a sua prática; 2) que haja um desenvolvimento tes. E, ao mesmo tempo, é o instrumento mais podeda sua capacidade de autonomia moral, isto é, da roso que a escola tem para cumprir sua tarefa educacapacidade de analisar e eleger valores para si, cons- tiva nesse aspecto. ciente e livremente. É necessário introduzir conhecimentos que perpassam o universo dos conteúdos trabalhados nas escolas, de forma que seus princípios estejam presentes nas ações cotidianas. Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente 55 56 Nesse intuito é que nós, pibidianas, acadêmicas do Curso de Pedagogia, desenvolvemos no Centro Educacional Mundo Infantil - CAIC um projeto com as crianças do primeiro ano dos anos iniciais do Ensino Fundamental, tendo como temática o trânsito. O projeto teve como objetivo formar o comportamento do cidadão enquanto usuário das vias públicas na condição de pedestre, condutor ou passageiro, envolvendo os conceitos básicos para cada ano/série, a ludicidade e a sustentabilidade. Justificamos o tema por entendermos que a instituição educativa é agente de transformação social, tendo o dever de mobilizar-se para resolver situações que interfiram em seu cotidiano, uma vez que somente buscando a solução para os problemas é que iremos modificar o contexto. Devemos, portanto, intervir na realidade e transformá-la, visando ao bem da coletividade. Nas questões específicas buscou-se conhecer as formas, cores e significados das placas mais utilizadas no trânsito; visitar e explorar locais públicos da cidade; orientações para conduzir as crianças nos diversos meios de locomoção; confeccionar semáforo e veículos com material reciclável; desenvolver atividades diversificadas e interdisciplinares. Iniciamos as atividades com um vídeo educativo inA localização da nossa escola é ao lado da principal titulado Segurança no Trânsito, onde o mesmo aprevia de acesso ao centro da cidade, aliada ao fato de sentou para as crianças as principais leis de trânsito. que ao menos duas vezes ao dia as crianças fazem Fotografia 2 – Assistindo o vídeo uso do transporte escolar nos trajetos casa-escola e escola-casa, lembrando ainda que a grande maioria dos alunos reside na zona rural, por isso, torna-se importante conscientizar as crianças a partir do ambiente escolar, a respeito das leis de trânsito. Fotografia 1 – Localização da escola Fonte: os autores. Em seguida realizamos um debate com os alunos onde dialogamos sobre o tema abordado. Para aprofundar nossas reflexões realizamos um passeio de observação do trânsito. Fonte: os autores. Nesse sentido, a escola tem papel fundamental na ação educativa para o trânsito e é espaço determinante de formação de cidadãos conscientes e críticos. Educa/ação para a cidadania Fotografia 3 – Passeio Fotografia 5 – Travessia no semáforo Fonte: os autores. Fonte: os autores. Fotografia 4 – Interpretando as placas Fotografia 6 – Observação das cores do semáforo 57 Fonte: os autores. Fonte: os autores. Ao voltarmos do passeio conversamos sobre nossas observações em relação ao trânsito e fizemos uma produção textual coletiva, na qual todos relataram suas ideias e experiências. Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente Fotografia 7 – Produção textual Fotografia 9 - Gráfico Fonte: os autores. Fonte: os autores. A outra proposta foi um caça-palavras, onde os alunos deveriam encontrar e colorir as palavras que se referiam ao trânsito. Ao término do cartaz, analisamos e realizamos a contagem, comparando a maior e menor quantidade de meios de transportes utilizados pelos alunos. Fotografia 8 – Caça-palavras Fotografia 10 – Análise dos dados Fonte: os autores. Fonte: os autores. Aproveitamos o tema e trabalhamos os meios de transporte e com quais os alunos vinham para a escola. Confeccionamos um gráfico, utilizando o carimbo das mãos dos alunos. Entregamos para os alunos algumas fichas contendo nomes de placas e, em outras fichas, os desenhos das placas, onde eles deveriam relacionar a placa correta conforme a escrita. Ficamos surpresas, pois a maioria dos alunos conseguiu fazer as devidas identificações. 58 Educa/ação para a cidadania Fotografia 11 – Colagem Fotografia 13 – Relembrando o semáforo e as cores Fonte: os autores. Fonte: os autores. Nas aulas de artes confeccionamos um carrinho com Oportunizamos aos alunos brincadeiras livres com caixa de leite, onde cada aluno teve que fazer a pro- seus carrinhos. Eles brincaram muito e, pelo que perdução visual do seu carro, enquanto as professoras cebemos, a diversão foi geral. confeccionaram um semáforo de madeira. Depois de os alunos terem os seus carros prontos aproveitamos as aulas de educação física para colocarmos em prática o que tínhamos aprendido sobre trânsito. Fotografia 13 – Brincando de trânsito Fotografia 12 – Envolvendo aula de artes e educação física Fonte: os autores. Ao final da aula os alunos receberam suas carteiras de habilitação como forma de conscientização sobre os aprendizados do trânsito. Fonte: os autores. Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente 59 CONSIDERAÇÕES FINAIS 60 INVESTIGAR A EVOLUÇÃOdo conceito de cidadania e relacionar com os fazeres da escola contribui para compreender o papel que todos os envolvidos no processo educacional desempenham na busca da ação transformadora e na diminuição das desigualdades econômicas e sociais. Dessa forma, então, almejando a cidadania plena, o reconhecimento de direitos como forma de garantir ao homem condições de vida e existência igualitária. Para o cidadão exigir seus direitos e usufruí-los precisa conhecê-los e questioná-los. Para isso, a escola tem papel fundamental no sentido de contribuir com a formação de cidadãos capazes de exercer seus direitos civis, sociais e políticos. Embora sejam muitas as atribuições da escola, sabemos que esta não é o único meio de transformação da sociedade, mas temos consciência de seu papel fundamental na vida dos sujeitos da sociedade onde está inserida. São muitas atribuições dadas à escola, porém não podemos esperar que ela seja o único meio de transformação da sociedade. A escola apresenta-se como um caminho possível em busca da cidadania à medida que é crítica e constrói essa criticidade com os sujeitos no decorrer dos diversos níveis de escolaridade. A experiência que obtivemos com o projeto representou, dentro de seus limites, as potencialidades de uma educação comprometida com a cidadania. A escola, ao exercê-la, considera a formação do sujeito na sua singularidade, na sua identidade, na sua pertinência a um contexto e a um conjunto de experiências de vida. A abertura da escola à cidadania implica a derrubada dos muros culturais que a isolam da sua comunidade, significando também uma mudança epistemológica que pressupõe o conhecimento como uma construção a partir das experiências e dos saberes das comunidades. Ou seja, a consideração do educando como sujeito real, concreto, histórico, constituído de culturas e de saberes que não podem ser abstraídos artificialmente no processo de construção do conhecimento. Isso implica a superação da concepção do conhecimento coisificado, pronto, acabado, alheio ao contexto cultural, à vida do sujeito educando, que pode ser transferido dos que sabem para os que não sabem. De fato, contribuímos com o exercício da cidadania no trabalho com os educandos, educadores, escola e sociedade em geral. A mudança e as transformações são possíveis quando acreditamos e colocamos em prática nossos projetos, esboçamos sonhos e ideias e convertemos em vida real. REFERÊNCIAS AZEVEDO, José Clóvis de. Educação pública: o desafio da qualidade. Estud. av. São Paulo, v. 21, n.60, May/August 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid =S0103-40142007000200002> Acesso em: 10 fev. 2015. BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Ética e cidadania: construindo valores na escola e na sociedade. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2007. Educa/ação para a cidadania BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente, 1990. Disponível em <www.planalto.gov.br>. Acesso em: 10 fev. 2015. CAMPOS, Helena Guimarães. A história e a formação para a cidadania nos anos iniciais do ensino fundamental. São Paulo: Livraria Saraiva, 2012. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1997. GADOTTI, Moacir. ROMÃO, José Eustáquio. Construindo a escola cidadã. Brasília: Ministério da Educação e do Desporto, SEED, 1998. 61 Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente HISTÓRIA, MEMÓRIA E PATRIMÔNIO CULTURAL: PESQUISA, SALVAGUARDA E INTERAÇÃO COM A COMUNIDADE ESCOLAR André Luiz Onghero* Daiane Dal Bello, Nalu Savaris, Sandra Chiarello** Solange De Biasi*** * Coordenador do Subprojeto – PIBID - História/Xanxerê. ** Bolsistas de ID – PIBID *** Supervisora do Subprojeto – PIBID - História/Xanxerê. INTRODUÇÃO APRESENTAMOS O RELATO de uma experiência realizada por um dos grupos de acadêmicos do curso de História da Unoesc/Xanxerê, sobre a memória das vivências passadas e presentes que influenciam de certa forma o hoje e o momento. educação básica por meio da inserção de estudantes dos cursos de licenciatura em unidades escolares, atuando em atividades relacionadas à área de formação, supervisionados por profissionais da escola e sob a coordenação de professores universitários. Os As memórias carregam os traços das relações, dos acadêmicos atuam oito horas semanais nas unidades diálogos, dos sentimentos e elementos simbólicos escolares e recebem uma bolsa mensal, assim como compartilhados, são, portanto, coletivas (BARROS, os supervisores e coordenadores. 2009). O ambiente escolar, como espaço coletivo e de Além de incentivar os estudantes que optam pela formação, constitui um significativo “lugar de me- carreira docente a aproximar-se da realidade escolar, mória”. Partindo deste princípio, o Subprojeto Histó- o PIBID tem a intenção de promover melhoras qualiria PIBID-Unoesc/Xanxerê desenvolveu uma série de tativas na educação básica, por meio da articulação atividades voltadas à valorização da História, da Me- integrada da educação superior com a educação bámória e do Patrimônio Cultural de uma das escolas sica, do sistema público, em proveito de uma sólida do município de Xanxerê. formação docente inicial em diálogo com as unidaPromovido pela Coordenação de Aperfeiçoamento des escolares e suas demandas. de Pessoal de Nível Superior (Capes), o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) procura incentivar a formação de professores para a 63 METODOLOGIA EM 2014, O SUBPROJETO HISTÓRIA contou com 20 bolsistas, quatro supervisoras e um coordenador, com quatro escolas estaduais participantes: EEB João Winckler, EEB Presidente Artur da Costa e Silva, EEB Professor Iracy Tonello e EEB Romildo Czepanhik. Neste artigo será apresentado um relato da experiência desenvolvida na EEB João Winckler, que passou a integrar o projeto em 2014. do PIBID, que atuaram na escola EEB João Winckler desenvolveram atividades com o intuito de levantar e preservar fragmentos que compõem a história da unidade escolar. Conforme Chagas (1999, p. 20), “a memória (provocada ou espontânea) é construção e não está aprisionada nas coisas e sim situada na dimensão inter-relacional entre os seres, e entre os seres e as coisas.” O fortalecimento da identidade de um grupo passa Buscando estabelecer uma “dimensão inter-relaciopela busca por suas raízes, sua trajetória histórica e nal”, as atividades realizadas pelos bolsistas incluífatos que marcaram o passado e estabeleceram mar- ram a pesquisa de documentos históricos, produções cos de reconhecimento para o grupo. Nessa perspec- de caráter memorialístico realizadas por alunos em tiva, os acadêmicos do curso de História e bolsistas momentos passados, registros fotográficos e depoimentos de pessoas que fizeram e fazem parte da sociedade escolar, oportunizando às pessoas da comunidade se reconhecerem como sujeitos históricos. Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente Para o historiador francês Jacques Le Goff, o tempo presente desempenha um importante papel em relação à preservação da memória e dos elementos que informam as sociedades presentes sobre o passado. Segundo ele, “o que sobrevive não é o conjunto daquilo que existiu no passado, mas uma escolha efetuada quer pelas forças que operam no desenvolvimento temporal do mundo e da humanidade, quer pelos que se dedicam à ciência do passado e do tempo que passa, os historiadores.” (LE GOFF, 1990, p. 535). Nesta escolha sobre o que seria rememorado, a equipe de bolsistas procurou ver a história da escola por vários ângulos, tanto pelos dados estatísticos e documentais expressos nos documentos arquivados quanto na informalidade e espontaneidade representada em tantas das fotografias de momentos cotidianos, eventos e apresentações organizadas na unidade escolar. 64 Para além dos fatos ocorridos, o passado foi obra de expectativas, projetos, necessidades, sentimentos e anseios. Considerar estes aspectos levou os bolsistas a ir em busca de pessoas que fundaram a escola e nela atuaram ou estudaram e registrar suas memórias por meio de entrevistas orais. Conforme E.P. Thompson (1981), ao considerar as experiências dos sujeitos históricos, percebe-se a dimensão subjetiva dos fatos, o que as pessoas sentiram ou pensaram fazer. A socialização dos resultados do levantamento histórico ocorreu por meio de uma exposição aberta para a comunidade em um dos eventos promovidos pela unidade escolar. Na ocasião, os familiares dos estudantes puderam conhecer a história da escola e muitas vezes se reconhecer nos materiais expostos nos casos em que também foram estudantes da escola ou nela trabalharam. A exposição procurou valorizar a diversidade das fontes históricas, incluindo fotografias, dados extraídos de documentos escritos e trechos das entrevistas. O levantamento da História da Escola João Winckler foi uma atividade gratificante para todas as participantes do projeto. Como acadêmicas, foi uma importante experiência de conhecimento, que possibilitou ampliar os conhecimentos, uma vez que o grupo de bolsistas já havia realizado um trabalho semelhante em outra escola da cidade, também vinculado ao PIBID. Considerando também que a educação faz parte de nossa vida desde a infância e que a escola tem um papel importante no desenvolvimento do conhecimento científico, moral e do convívio em sociedade, o grupo considerou que este projeto possibilitou entrar em contato com a própria história das bolsistas que também foram alunas da escola e algumas têm filhos que estudam no local. A preocupação com as fontes históricas e as memórias é um diferencial do profissional da área de história. Por isso, além das atividades voltadas à preservação dos acervos que fazem parte dos arquivos escolares, foram ministradas as oficinas de “Organização de Acervo Fotográfico” nos encontros do PIBID realizados em Itajaí-SC e em Xanxerê-SC, fornecendo diretrizes para a organização de fotografias em coleções e fundos, a partir da identificação de fotografias, pautando-se nas condições ideais para o seu arquivamento. A partir destas orientações o grupo de bolsistas iniciou, no final de 2014, o trabalho de organização do acervo fotográfico da EEB João Winckler. História, memória e patrimônio cultural: pesquisa, salvaguarda e interação com a comunidade escolar CONSIDERAÇÕES FINAIS PERCEBE-SE QUE AS AÇÕES DO PIBIDno ambiente escolar desencadeiam um envolvimento da equipe gestora, docente e discente na unidade, desenvolvendo, assim, atividades que propiciam o aprendizado conjunto. A contribuição do Subprojeto História para a qualificação dos licenciandos é evidente, além da Integração com a realidade escolar e da experiên- cia adquirida na instituição de ensino, também são desenvolvidas habilidades profissionais na área de História, que motivam os acadêmicos bolsistas para o ingresso na carreira docente como professores dotados de uma postura investigativa e com inspiração para novas atividades, uso de novas metodologias, linguagens e atividades. REFERÊNCIAS BARROS, José D’Assunção. História e memória – uma relação na confluência entre tempo e espaço. Mouseion, v. 3, n. 5, 2009. CHAGAS, Mario Souza. Há uma gota de sangue em cada museu: preparando o terreno. Cadernos de Sociomuseologia, n. 13, Lisboa, 1999. LE GOFF, Jacques. História e memória. Campinas: Unicamp, 1990. THOMPSON, E. P. A miséria da teoria. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1981. 65 Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente IDENTIDADE E DIVERSIDADE CULTURAL: A HISTÓRIA ESTABELECENDO DIÁLOGOS André Luiz Onghero* Daiane Dal Bello, Nalu Savaris, Sandra Chiarello** Solange De Biasi*** * Coordenador do subprojeto – PIBID - História/Xanxerê. ** Bolsistas de ID – PIBID *** Supervisores do subprojeto – PIBID - História/Xanxerê. INTRODUÇÃO ESTE RELATO DE EXPERIÊNCIA,considerando o papel da escola de educação básica como local de atuação do professor de História, traz no subprojeto do PIBID - Unoesc/Xanxerê, o foco na diversidade cultural e a interdisciplinaridade no contexto escolar. A proposta busca alternativas de formação que respondam à discussão acerca da diversidade e identidade cultural, dos direitos humanos, afrodescendentes, meio ambiente e patrimônio histórico e cultural, atendendo assim às diretrizes curriculares nacionais para a formação de professores, fortalecendo os pressupostos políticos e pedagógicos capazes de construir uma educação básica pública e de qualidade. Isso, sem esquecer da responsabilidade dos professores de história apontada por Pinski e Pinski (2003, p. 22): É se de sua responsabilidade social perante dos alunos, preocupando-se em ajudá-los a compreender e – esperamos – a melhorar o mundo em que vivem. Conhecer a identidade própria, individual, local e nacional adquire especial importância em um contexto em que a tecnologia, que muitas vezes facilita as vidas das pessoas, também permite que os jovens se distanciem dos elementos culturais e sociais em que estão inseridos. A escolha do tema Identidade Cultural considerou a possibilidade de levantar reflexões e discussões que possam contribuir com o despertar da consciência coletiva sobre a importância das raízes culturais, não apenas do local, mas em esferas mais amplas. 67 necessário, portanto, que o ensino de História seja revalorizado e que os professores dessa disciplina conscientizemMETODOLOGIA COM A REALIZAÇÃO DA COPA DO MUNDOno Brasil em 2014, surgiu a necessidade de fazer com que os alunos integrassem o evento com os estudos escolares. Na EEB Professor Iracy Tonello o PIBID articulou atividades, como a construção de murais feitos pelos acadêmicos para comunicação da história da copa, curiosidades, informações sobre os vencedores das copas e os estádios onde os jogos foram realizados. Com o auxílio dos alunos, foi realizada a pintura externa dos muros escolares, e, na entrada da escola, foram exibidas bandeiras confeccionadas pelos discentes, contendo aspectos da história do futebol e das copas anteriores. Estas atividades tiveram início com uma pesquisa dos bolsistas sobre a História do futebol, com ênfase nos jogos que tiveram mais destaque e também sobre os vencedores e o mascote de cada copa. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998, p. 77) do ensino fundamental o professor deve “desenvolver atividades com diferentes fontes de informação (livros, jornais, revistas, filmes, fotografias, objetos, etc.) e confrontar dados e abordagens.” As atividades desenvolvidas pelos bolsistas do PIBID Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente potencializaram este aspecto ao contribuir com a pesquisa de materiais e planejamento de atividades, criando condições para que os alunos aprendam com mais facilidade e interesse pelas aulas por serem diversificadas e mais atraentes. 68 do estudo em questão teve a intenção de contribuir para uma formação crítica, participativa e atuante dos discentes, tornando-os principais agentes transformadores do seu meio social, entendendo que o conhecimento sobre diversidade cultural abre novos Reconhecendo a escola como um espaço onde se re- horizontes, despertando na sociedade o sentimento lacionam várias pessoas com diferenças biológicas e de responsabilidade para com a sua própria identidaculturais, percebeu-se o desafio de uma convivência de, respeitando as escolhas do outro. onde prevaleça o respeito e um diálogo propositi- O eixo temático “diversidade cultural” suscitou debavo. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais tes sobre as diferentes culturas que compõem a sode Pluralidade Cultural, elementos da cultura local ciedade brasileira. Na EEB Presidente Artur da Costa devem estar presentes na Educação Básica, a fim de e Silva uma das primeiras atividades realizadas em formar um cidadão conhecedor de suas raízes. São 2014 foi uma pesquisa sobre algumas das principais muitos os que desconhecem os elementos formado- culturas indígenas que fizeram parte da história do res da sua cultura e, diversas vezes, o indivíduo não Brasil, levantando as especificidades e as diferenças se reconhece como sujeito de seu próprio grupo. de sua cultura e modo de vida. O estudo das culturas Na EEB Romildo Czepanhik várias atividades foram indígenas se torna fundamental na realidade brasidesenvolvidas com alunos do 5º e 7º ano do ensino leira, da qual as populações indígenas são integranfundamental, abordando a história dos afrodescen- tes presentes, mas muitas vezes incompreendidas ou dentes no Brasil, procurando desenvolver atitudes até mesmo marginalizadas e vítimas de violência. de respeito e reconhecimento da herança cultural proveniente dos diferentes grupos que povoaram o Brasil. Após a apresentação de conteúdos referentes à história dos afro-descendentes no Brasil para o 5º ano, foram elaborados vários jogos referentes ao conteúdo estudado, incluindo mitos e outros aspectos culturais, como a culinária. Na turma do 7º ano, após as aulas sobre o continente africano e as heranças culturais provenientes dos afrodescendentes, como alguns pratos típicos e palavras que permanecem no vocabulário, a turma se dedicou à preparação da apresentação teatral “Dos grilhões ao quilombo”, apresentado para a comunidade escolar em um evento que reuniu os alunos, professores, funcionários da escola e as famílias dos alunos. Partindo do pressuposto de que cultura é tudo aquilo que o ser humano produz, logo, entende-se que não basta apenas identificar as diferenças, são de suma importância o respeito e a aceitabilidade, no lugar da tolerância. Nesta perspectiva o desenvolvimento Em consonância com os conteúdos estudados nas aulas de história, foi desenvolvida uma atividade buscando sensibilizar os alunos do ensino médio para aspectos da cultura do Egito antigo a partir da sua forma de escrita. A partir do estudo dos hieróglifos egípcios, foi realizada uma atividade prática na qual os alunos poderiam escrever na argila os símbolos aprendidos nas aulas. O desenvolvimento de aspectos lúdicos é defendido por autores, como Funari (2003), ao afirmar: AS estratégias de sala de aula incrementaramse muito, nos últimos anos, mas há recursos já conhecidos e que buscam incentivar o aspecto lúdico da atividade intelectual e que devem ser incrementados. Fornecer e Identidade e diversidade cultural: a história estabelecendo diálogos orientar o desenvolvimento de um tema a ser pesquisado e indicar caminhos lúdicos de reflexão revela-se uma estratégia excelente. (FUNARI, 2003, p. 101). Outros conteúdos também foram estudados a partir de atividades lúdicas. Ao abordar a Idade Média, o conteúdo foi explorado a partir das vestimentas. O conteúdo foi pesquisado pelos bolsistas e complementado pela supervisora, sendo comunicado aos alunos do ensino médio. Simultaneamente ao estudo do conteúdo nas aulas de História, os bolsistas apresentaram informações sobre as vestimentas durante a Idade Média, contextualizando o modo de vida da época a partir das divisões sociais e as respectivas vestimentas. Então, os alunos foram divididos em grupos para confeccionar trajes correspondentes às classes sociais. A partir de moldes traçados no papel pardo, produziram cortes em EVA. e cartolina, colados, de maneira a dar forma às vestimentas. NEM sempre o objetivo da História é buscar estabelecer semelhanças e identidades com o presente. O confronto com as diferenças e a diversidade dos modos de vida dos seres humanos ao longo de outros períodos da História, em outras civilizações ou regiões culturais, pode nos revelar nossa própria originalidade, e nos capacitar melhor a ver o lugar que ocupamos na história da humanidade. Confrontando com as diferenças e com a diversidade dos modos de vida das pessoas de outros tempos e lugares, teríamos como discernir melhor nossa própria originalidade, e perceber melhor nossa própria posição no processo histórico universal. (MACEDO, 2003, p. 119). O confronto das diferentes épocas, por meio de atividades diversificadas e participativas, possibilita promover o sentimento de valorização cultural, a partir do reconhecimento e respeito às múltiplas culturas do passado e do presente, assim como às diversas formas em que se apresentaram em períodos diversos. CONSIDERAÇÕES FINAIS CONSIDERANDO A IMPORTÂNCIA do contato com o ambiente escolar na formação de futuros professores, o PIBID se apresenta como uma ponte entre o educador em formação e o ambiente escolar, sendo importante para o desenvolvimento de aptidões dentro da sala de aula. A experiência no subprojeto demonstrou que é preciso motivar, cativar e surpreender os alunos para se envolverem nas atividades e projetos aplicados e, com isso, obter os resultados de aprendizagem, sempre considerando o diálogo como base do trabalho. Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente 69 REFERÊNCIAS ABUD, Kátia Maria; SILVA, André Chaves de Melo; ALVES, Ronaldo Cardoso. Ensino de História. São Paulo: Cengage Learning, 2010. BITTENCOURT, Circe (Org.). O saber histórico na sala de aula. 2. ed. São Paulo: Contexto, 1998. ______. Ensino de História: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2005. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: História / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC / SEF. 1998. CATELLI JUNIOR, Roberto. Temas e linguagens da história: ferramentas para a sala de aula no ensino médio. São Paulo: Scipione, 2009. FUNARI, Pedro Paulo. A Renovação da História Antiga. In: KARNAL, Leandro (Org.). História na sala de aula: conceitos, práticas e propostas. São Paulo: Contexto, 2003. p. 95 - 107. MACEDO, José Rivair. Repensando a Idade Média no Ensino de História. In: KARNAL, Leandro (Org.). História na sala de aula: conceitos, práticas e propostas. São Paulo: Contexto, 2003. p. 109-125. PINSKY, Carla B.; PINSKY, Jaime. Por uma História prazerosa e consequente. In. KARNAL, Leandro (Org.). História na sala de aula: conceitos, práticas e propostas. São Paulo: Contexto, 2003. p. 17-36. 70 Identidade e diversidade cultural: a história estabelecendo diálogos 71 Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente IMPORTÂNCIA DOS JOGOS COM ÊNFASE À MATEMÁTICA NO COTIDIANO ESCOLAR Giovana Maria Di Domenico Silva* Dulce Falavigna** Vera Maria Lauermann Herbert*** Adriana Cristina Scain Pinto, Clarice Scherner, Juliana Fátima Klein e Keli Adriani Taparelo e Marilize Manfé**** * Coordenadora do PIBID – Subprojeto Pedagogia – São Miguel do Oeste – SC. ** Supervisora do PIBID – Subprojeto Pedagogia – São Miguel do Oeste na E.M.E.I.E.F. Aurélio Pedro Vicari. *** **** Supervisora do PIBID – Subprojeto Pedagogia – São Miguel do Oeste na E.M.E.I.E.F. Marechal Arthur da Costa e Silva. Bolsistas de Iniciação à Docência do PIBID – Subprojeto Pedagogia – São Miguel do Oeste. INTRODUÇÃO ESTE ARTIGO RELATA EXPERIÊNCIAS d e aprendizagem vivenciadas no Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), subprojeto Pedagogia da Unoesc, campus de São Miguel do Oeste, SC. As experiências destacadas, neste artigo, darão ênfase aos jogos, por intermédio dos quais buscamos trabalhar conteúdos relacionados à matemática no cotidiano escolar, que constituem um recurso pedagógico de grande importância no desenvolvimento de habilidades de raciocínio, atenção, organização e concentração. A matemática, a maioria das vezes, é vista como acabada, pronta, exata, sem muito espaço para a criatividade, gerando insegurança aos educandos, fazendo-os acreditar ser uma disciplina difícil, distante da realidade, geralmente, sem utilidade e quem consegue aprender é considerado muito inteligente. Como educadores devemos reverter essa ideia de que a matemática é para poucos e mostrar que todos têm a capacidade de aprender e, ainda, explorar o lúdico (jogos). Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática (BRASIL, 1997, p. 35) destacam que: POR meio dos jogos as crianças não apenas vivenciam situações que se repetem, mas aprendem a lidar com símbolos e a pensar por analogia (jogos simbólicos): os significados das coisas passam a ser imaginados por elas. Ao criarem essas analogias, tornam-se produtoras de linguagens, criadoras de convenções, capacitando-se para se submeterem a regras e dar explicações. Além disso, passam a compreender e a utilizar convenções e regras que serão empregadas no processo de ensino e aprendizagem. Essa compreensão favorece sua integração num mundo social bastante complexo e proporciona as primeiras aproximações com futuras teorizações. O uso dos jogos, na sala de aula, favorece o desenvolvimento da autonomia intelectual e social do educando. Dessa forma, é preciso que haja espaço para discussão e reflexão, nas situações de jogos, e que sejam estimuladas a criação de novas normas e regras de jogar por parte do educador e do educando. Conforme a cartilha Jogos na Alfabetização Matemática, do Ministério da Educação (BRASIL, 2014, p. 05) “[...] o jogo possibilita aos educandos desenvolver a capacidade de organização, análise, reflexão e argumentação, uma série de atitudes como: aprender a ganhar e a lidar com o perder, aprender a trabalhar em equipe, respeitar regras entre outras.” É importante propor mudanças que tornem as aulas mais dinâmicas e atrativas. Por meio da brincadeira, o educando envolve-se nos jogos e sente a necessidade de ajudar o outro, expondo suas potencialidades e relacionando as emoções. A brincadeira e o jogo oportunizam o desenvolvimento de suas capacidades, estas indispensáveis ao seu futuro profissional, como a atenção, afetividade, concentração e outras habilidades psicomotoras. O jogo é um recurso didático muito recomendado nos anos iniciais do ensino fundamental e tem um papel importante na integração do educando com a escola. Com a ajuda do educador ou dos colegas, o educando constrói o conhecimento, em grupo, discute e entende as regras e negocia ideias e decisões. Ajuda, portanto, a desenvolver a comunicação, buscando a contribuição da pedagogia lúdica para o processo ensino aprendizagem da matemática. Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente 73 O uso de jogos e brincadeiras faz com que os alunos se apropriem do conhecimento através do pensamento criativo, da imaginação, do raciocínio, do trabalho desenvolvido em equipe, da interação social, descobrindo, assim, o prazer da aprendizagem, ao mesmo tempo que desenvolvem sua capacidade de encontrar soluções, seja nas disciplinas escolares, seja em seu cotidiano. Relataremos, a seguir, algumas experiências realizadas pelas bolsistas de Iniciação à Docência nas escolas E.M.E.I.E.F. Marechal Arthur da Costa e Silva e Aurélio Pedro Vicari, do município de São Miguel do Oeste/SC. A Bolsista Marilize Manfé confeccionou cartelas para um jogo de Bingo. Para a produção do jogo, os alunos do 2º ano pintaram, colaram números e desenhos em uma cartolina para facilitar o manuseio. A realização do jogo e o jogar foram significantes para os alunos, estes estavam entusiasmados para completar a cartela. Quem a completava recebia prêmios (material escolar). Em outro momento, a bolsista confeccionou o Jogo da Velha para os alunos. As peças foram fei- tas de EVA, tendo como suporte tampas de garrafas pet. Esse jogo desenvolve a construção de estratégias para poder ganhar, sem “abrir mão”da ludicidade e divertimento que este proporciona. 74 A Bolsista Juliana Fátima Klein, da mesma escola, realizou a atividade com os alunos do 2º ano sobre o sistema monetário: Nosso dinheiro. As crianças conheceram cédulas e moedas que circulam no nosso país, então realizamos a atividade do Mercadinho. Todos os alunos receberam um determinado valor, Importância dos jogos com ênfase à matemática no cotidiano escolar deveriam ir às compras e comprar produtos equivalentes ao dinheiro que cada uma possuía. Outra atividade realizada foi o jogo da memória. Esta foi planejada e executada devido à Bolsista perceber que os alunos do 2º ano possuíam dificuldades na aprendizagem. Interessante destacar que os alunos que apresentavam mais dificuldades ficavam mais atentos e concentravam-se mais, consequentemente, faziam mais pontos do que os demais colegas. Outros brincavam enquanto realizavam o jogo e, assim, não ocorria a memorização do local onde estavam as peças. conjuntamente com os alunos, após os alunos foram auxiliados para a construção das demais tabuadas. Esse tabuleiro também foi utilizado para cálculos envolvendo as quatro operações básicas, dobro, triplo, quádruplo e outros conteúdos. As Bolsistas Adriana Scain Pinto e Clarice Scherner desenvolveram a construção do jogo da velha matemática o qual permite que os alunos se apropriem de novos conhecimentos, enriquecendo e facilitando a aprendizagem de conceitos matemáticos (adição, subtração, divisão e multiplicação), utilizando, para isso, várias formas geométricas, com diferentes taDestacamos, também, que a Bolsista Keli Adriani Ta- manhos e cores (dois dados). Também construíram o parelo confeccionou, juntamente com os alunos do 3º tangram para favorecer o desenvolvimento de ideias ano, um tabuleiro para a construção da tabuada, pois e estratégias dos alunos. Por meio do tangram podeé algo que os alunos apresentam muita dificuldade mos explorar maneiras de ensinar os alunos a subno entendimento. Depois realizaram a construção trair, de forma dinâmica e lúdica. de todas as tabuadas. Primeiramente, foi construída 75 Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente As atividades lúdicas são extremamente importantes no aprendizado, pois são atividades que reúnem, interessam e exigem concentração e afetividade entre as crianças. A partir de jogos e brincadeiras, a criança consegue criar, imaginar, fazer de conta, experimentar, enfim, aprender a se relacionar socialmente, equilibrando seu estado emocional e afetivo, além de compreender valores, como a colaboração e a socialização, que são importantes para a criança compreender melhor o mundo. O brincar e o jogar são atos indispensáveis à saúde física, emocional e intelectual e sempre estiveram presentes em qualquer povo desde os tempos mais remotos até os dias atuais. Por intermédio deles, a criança desenvolve a linguagem, o pensamento, a socialização, a iniciativa e a autoestima, preparando-se para ser um cidadão capaz de enfrentar desafios e participar da construção de um mundo melhor. 76 Esses comportamentos são fundamentais para o desenvolvimento da curiosidade e interesse das crianças em relação à matemática, principalmente, porque elas se encontram em processo de alfabetização e têm a necessidade de compreender e explicar o mundo. Os jogos são utilizados para promover momentos de descontração, para fixação de conteúdos de maneira significativa e divertida e são ricas possibilida- des de aprendizagens. Segundo Cerquetti-Aberkan e Berdonneau (1997, p. 44): “[...] o jogo é uma oportunidade para desenvolver um grande número de competências ou habilidades transversais. Participar de um jogo leva a realizar escolhas, a tomar decisões, a organizar estratégias.” Os jogos proporcionam contextos nos quais as ideias matemáticas podem ser exploradas de forma significativa e interessante. Nesse sentido, a criança se sente mais livre para desenvolver suas ações, buscar soluções e superar desafios, sendo estes emocionais ou cognitivos. O jogo é uma tarefa importante e reelaborada pelo aluno no processo de sua assimilação, da atividade lúdica proposta no processo de construção do conhecimento, existindo, para isso, duas possibilidades de análise pedagógica. A primeira parte da descrição e da interpretação da proposição física do jogo: o tema, referindo-se à base material e simbólica das atividades matemáticas proposta pelo adulto. A segunda possibilidade está associada à atividade matemática realmente desenvolvida pelo grupo de crianças que jogam, direcionando ao adulto que concedeu o jogo as interpretações, significações realizadas pelas crianças ao jogar. Importância dos jogos com ênfase à matemática no cotidiano escolar As motivações de jogo promovem também oportunidades para a criança se distrair, nomear pontos de vista e entender o sentido e o porquê das normas e regras dos jogos. Os jogos provocam situações, conquistas de novos conhecimentos e geram prazer. Mas é necessário que o educador crie um ambiente adequado para o uso de jogos em sala de aula e explore ao máximo as possibilidades pedagógicas. Cerquetti-Aberkane e Berdoneau (1997, p. 44) assim se posicionam frente ao assunto: O jogo estabelece relações entre os parceiros, e estrutura o grupo. A criança aprende a respeitar a ordem até chegar a sua vez de jogar (esta aquisição é bastante lenta, e muitos “adultos” ainda tem dificuldades para esperar a sua vez), descobre o estímulo, desenvolve a paciência, o domínio de si própria. Habitua-se a aceitar regras – conhecê-las, poder explicá-los a outros, tomar cuidado com o material, a correr riscos, a aceitar um eventual fracasso [...] a admitir que se pode não ganhar, e pensar que na próxima jogada talvez tenha mais sorte. DURANTE a realização do jogo, é interessante que as crianças registrem, do seu jeito, a quantidade de pontos obtidos, percebendo que há diferentes formas de registrar os resultados de uma jogada. Cabe ao professor instigá-las para que criem suas formas de registro e as compartilhem com os colegas. (BRASIL, 2014, p. 44). Os jogos em grupo proporcionam inúmeras modificações para elencar as regras, observação de soluções, oportunidades e comparações com as diferentes situações adotadas. Em outras situações, é importante propiciar maneiras diferentes de registrar os pontos, explorando diferentes representações. Os jogos, se convenientemente planejados, são um recurso pedagógico eficaz para a construção do conhecimento matemático e que traz motivação para aprendizagem das crianças. Piletti (1985, p. 42) destaca que: A motivação é fator fundamental da aprendizagem. Sem motivação não há aprendizagem. Pode ocorrer aprendizagem sem professor, sem livro, sem escola e sem uma porção de outros recursos. Mas mesmo que existam todos esses recursos favoráveis, se não há motivação não há aprendizagem. As situações que envolvem o uso do jogo como fonte de aprendizagem requerem do educador a compreensão na disposição das normas e regras dos desafios matemáticos. Estes exigem dos educandos um esforço maior nas atividades de refletir e pensar a partir de suas ações e dos seus colegas. Em algumas situações, é interessante propiciar diferentes manei- No entanto, para que o ato de jogar, em sala de aula, ras de representação. caracterize-se como uma metodologia que favoreça a aprendizagem, o papel do professor é essencial, desde a confecção do material, com a participação ativa dos alunos, até o acompanhamento para que realmente os objetivos traços com os jogos sejam, Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente 77 verdadeiramente, alcançados. Sem intencionalidade pedagógica corremos o risco de jogar o jogo sem explorar seus aspectos educativos, perdendo grande parte de sua potencialidade. CONSIDERAÇÕES FINAIS A PARTIR DAS EXPERIÊNCIASvivenciadas pelos pibidianos, envolvendo os jogos com ênfase à matemática no cotidiano escolar, podemos afirmar que o jogo se caracterizou e se caracteriza como um importante aliado no processo de ensino e aprendizagem. Por meio do jogo favorecemos o desenvolvimento de habilidades que são fundamentais para consolidarmos o processo de conhecimento, como: concentração, raciocínio lógico, respeito a regras, o envolvi- mento com o trabalho coletivo e o estabelecimento de parcerias. Outro fator fundamental e que não podemos deixar de destacar é que se acreditamos que o jogo, a brincadeira caracteriza, marca, o tempo de infância, é nosso compromisso como educadores/pibidianos inseri-los no cotidiano da escola, tornando o espaço e o tempo escolar permeado de prazerosidade nos processos de ensino e aprendizagem. REFERÊNCIAS 78 BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Matemática / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação básica. Elementos conceituais e metodologias para definição dos direitos de aprendizagem e desenvolvimento do ciclo de alfabetização (1º; 2º; 3º anos) do ensino fundamental. Brasília, 2012. BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa: Jogos na Alfabetização matemática / Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Brasília: MEC, SEB, 2014. CERQUETTI-ABERKANE, Françiose; BERDONNEAU, Catherine. Tradução Eunice Gruman. O ensino da matemática na Educação Infantil. Porto Alegre: Artmed, 1997 PILLETI, Nelson. Psicologia Educacional: motivação da aprendizagem. 2. ed. São Paulo: Ática, 1985. Importância dos jogos com ênfase à matemática no cotidiano escolar 79 Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente JOGOS GIGANTES: AMPLIANDO OS CONHECIMENTOS NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR Sandra Rogéria de Oliveira* * Mestre em Educação. Bolsista, coordenadora do PIBID - Curso de Educação Física - Subprojeto PIBID – Unoesc Chapecó INTRODUÇÃO TODA HISTÓRIA É UMA CONSTRUÇÃO d a humanidade, envolvendo fatores sociais, culturais e econômicos. Dessa forma a história dos jogos se faz desde a tenra idade nas relações consequentes do trabalho, no processo de criação e uso de ferramentas para esta finalidade (ALVES; GNOATO, 2003). são deste fenômeno que acompanha a humanidade desde os primórdios. Diante destes estudos que nos fazem pensar no universo lúdico que envolve os jogos, brinquedos e brincadeiras, objetivamos refletir a vivência dos acadêmicos e professores bolsistas do Programa InstiO jogo como elemento da cultura é tratado por Hui- tucional de Iniciação à Docência (PIBID) Subprojeto zinga (1971), que serve como referência para os es- Universidade do Oeste de Santa Catarina (Unoesc) tudos de Alves e Gnoato (2003), Falkenbach e Stam- Campus de Chapecó no desenvolvimento dos jogos pe (2000), Romera e colaboradores (2007), Freire e gigantes em aulas de Educação Física nas escolas de Goda (2008), Guervós (2011), na busca da compreen- educação básica. NOSSAS VIVÊNCIAS COM OS JOGOS GIGANTES A PRIMEIRA ETAPA DA ATIVIDADE aconteceu dos que podem ser dinamizados no universo escolar com a capacitação de acadêmicos e professores su- em atividades interdisciplinares. pervisores no Laboratório Interdisciplinar do Lúdico e do Comportamento Motor (Lilucom), contamos com a participação de 25 sujeitos sendo 1 coordenadora (mediadora da atividade), 4 supervisores (professores de Educação Física das escolas parceiras) e 20 acadêmicos (bolsistas estagiários do curso de Educação Física da Unoesc-Chapecó). No momento,todos foram levados a experimentar 6 jogos gigantes adquiridos para o Lilucom e 2 criados pelos próprios alunos do curso de Educação Física nas aulas de Recreação e Lazer. Todos são releituras gigantes dos jogos em formato tabuleiros de mesa. Os jogos gigantes levaram professores e alunos a viajar através do tempo estudando suas histórias, aproximando-se de diferentes culturas da humanidade, aprendendo suas regras e refletindo sobre as possibilidades pedagógicas de cada jogo como ferramenta de aprendizagem ou como objeto de estudo, uma vez que cada um traz consigo uma bagagem de conteú- Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente 81 82 Assim, foram explorados os seguintes jogos e suas origens: 1) Inversão – jogo que se caracteriza como desafio de origem francesa, apresentado pela primeira vez no livro Récréations Mathématiques, de Edouard Lucas (1891); 2) Jarmo – caracterizado como jogo de captura, proveniente da antiga lenda Tartariana e Polonesa Batu Khan, neto de Genghis Khan, carregava um exemplardeste jogo durante as campanhas militares e sempre jogava uma partida de suas batalhas, suas peças representam os arqueiros. 3) PongHauQi - Jogo chinês de desafio, que foi difundido na Coreia com o nome de “Ou MoulKo No”, na Tailândia como SualTok Tong e na Índia como Do Gutide característica semelhante ao tradicional Jogo da Velha. 4) Puluc - é um jogo de captura de guerreiros, ainda hoje é jogado pelos índios ketchis da Guatemala descendentes do povo Maia, representa as batalhas entre povos da América Central. 5) Quarto – é um jogo de desafio criado por Blaise Muller na França, em 1985, foi premiado nos Concursos de Boulorne-Billancourt e em Cannes em 1992; 6) Reversi - Até hoje não se sabe ao certo quem inventou. Mas em 1883 os ingleses Lewis Waterman e John W. Mollet, inventaram cada um jogo à sua maneira e com regras muito parecidas, provocando discussões pela autoria. Ao final do Sec. XIX, o jogo ganhou uma publicação no jornal New York Times intitulada Reversi. Em 1971 Goro Hasegawa com a ajuda de James R. Becker simplificou as regras do jogo e o batizou de Otelo, como homenagem ao clássico Shakespeariano, hoje encontramos versões deste jogo também em desafios virtuais; 7) Vikings – jogo de captura, pertence a uma família de jogos denominada Tafl que no idioma Viking significa mesa e conhecido como o pai do Xadrez , sua origem aproximada é do ano 120 d.C no período das conquistas romanas, chegando à Escócia com os Vikings; 8) Yoté - jogo de desafio, dos africanos do Senegal (este considerado como um dos melhores jogos da infância pelo Comitê Internacional da Unicef). Em algumas tribos este jogo é exclusivo para os homens, utilizado para resolução de conflitos sociais. (LUDENS SPIRIT, 2015). A segunda etapa do trabalho se concretizou com a organização de um cronograma para aplicação dessa atividade nas escolas atendidas. Os supervisores com seus acadêmicos bolsistas escolheram momentos e formas diferentes para a aplicação da atividade. No período de 4 a 9 de agosto os jogos gigantes foram levados para a Escola de Educação Básica Bom Pastor, aplicamos aos alunos do ensino médio transformando-os em multiplicadores para o desenvolvimento da atividade, no evento comemorativo ao dia dos pais; de 11 a 15 de agosto organizamos a atividade na Escola de Educação Básica Druziana Sartori, durante as aula de Educação Física; de 18 a 22 de agosto aconteceu na Escola de Educação Básica Luiza Santin, no recreio orientado, utilizados como entretenimento dos alunos; de 6 a 10 de outubro finalizamos a atividade na Escola de Educação Básica Antonio Morandini, com os alunos do Ensino Fundamental, na semana alusiva ao dia da criança. A avaliação da atividade marcou a última etapa deste trabalho. Acadêmicos e supervisores teceram seus comentários apontando pontos fortes e fragilidades que encontraram no decorrer do processo. Ficou então registrado que a atividade foi recebida de forma positiva, mas algumas crianças tinham dificuldades de compreensão dos jogos por falta de experiências no seu cotidiano em brincar com jogos de tabuleiros diversos, por este motivo os jogos gigantes precisam ser desenvolvidos nas escolas possibilitando diferentes vivências lúdicas. Alguns estagiários conseguiram desenvolver os jogos e envolver os alunos da escola com maior êxito que outros. Notamos que precisamos buscar e estudar estratégias em grupo que motivem os alunos nesta prática. Também percebemos que os jogos gigantes podem ser utilizados como ferramenta importante Jogos gigantes: ampliando os conhecimentos na educação física escolar para a utilização no recreio orientado, dseixando-os atividades de movimentos corporais mais intensos. mais calmos e tranquilos, uma vez que nas aulas de Percebemos, também, que a atividade é propicia para Educação Física as crianças e adolescentes esperam dias de chuvas, quando as quadras externas ficam impossibilitadas de serem utilizadas. CONSIDERAÇÕES FINAIS No exercício da reflexão do trabalho pedagógico que emana o PIBID, podemos considerá-lo como uma boa oportunidade para atividades que possibilitam a ressignificação e recriação de jogos da cultura universal, transformando o ambiente escolar no espaço de construção do conhecimento cultural como também de diversão e descontração. Os jogos gigantes possi- bilitaram aos professores e acadêmicos repensar nas práticas da Educação Física, visualizando novas perspectivas de trabalho, assim como no desenvolvimento de pesquisa científica, que instiguem a conhecer e aprofundar os conteúdos implícitos no ato de aplicar os jogos gigantes na escola. REFERÊNCIAS ALVES, A. M. P.; GNOATO, G. O brincar e a cultura: jogos e brincadeiras na cidade de Morretes na década de 1960. Psicologia em estudo [online], v. 8, n. 1, p. 111-117, 2003. FALKENBACH, A.; STAMPE, B. Educação física e artes uma experiência interdisciplinar através do lúdico. Revista Movimento, Porto Alegre, Ano 7, n. 13, 2002. FREIRE, J. B.; GODA, C. Fabrincando: as oficinas do jogo como proposta educacional nas séries iniciais do ensino fundamental. Revista Movimento, Porto Alegre, v. 14, n. 1, p. 111-134, jan./abr. 2008. GUERVÓS, L. E. S. A dimensão estética do jogo na filosofia de F. Nietzsche. Cadernos Nietzsche, v. 28, SEDEN, p. 49-72, 2011. LUDENS SPIRIT. 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E, por constituir-se, um direito de todo cidadão, esta precisa, por sua vez, ser universal e de qualidade. rantia da qualidade educativa depende, todavia, da boa administração e planejamento dos recursos com as atividades a serem desenvolvidas, para tanto, este processo requer compromisso e capacitação na gestão escolar. O Ensino Fundamental de nove anos é obrigatório e gratuito, conforme a Lei n. 11.274/2006, descrito na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), em seu art.32, que estabelece esta obrigatoriedade para crianças a partir de 06 anos de idade. O ensejo de valorizar as potencialidades dos educandos vai além da cobrança diária. Para o desenvolvimento individual de cada um, a eles são ofertadas diferentes oportunidades e, consequentemente, elas indicam o caminho que mais os agrada ou com o qual mais se identificam. A educação básica objetiva, por sua vez, fornecer os meios para que os estudantes progridam no trabalho e em estudos posteriores, tanto eles no ensino superior quanto em outras modalidades educativas. A gaMETODOLOGIA DENTRO DESTE PRESSUPOSTO c onstatamos a necessidade da inserção de novas atividades que compreendessem a socialização, a recreação e o brincar para a superação das dificuldades em ler, ouvir, escrever e recontar histórias. Assim, ao iniciarmos a alfabetização de nossos educandos, pensamos na perspectiva do que a escrita representa, os seus valores e usos sociais, além da compreensão de como se organiza esse sistema de representação. Entendemos o ato de contar histórias como um momento de recreação, no qual há possibilidades em auxiliar as necessidades e encantar o ouvinte. Para que isto ocorresse foi necessário termos em mente que o processo de aquisição da linguagem escrita traz consigo uma pré-história, que é o momento progressivo da apropriação pela criança, da ideia de representação e que sempre tem como base a fala. Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente 85 Ao abordar o tema alfabetização e letramento escolar, nos direcionamos ao mundo da intenção de estabelecer um diálogo polivalente sobre as questões que fundamentam a prática da alfabetização e letramento na atualidade. Nesse sentido, O 86 aluno constrói o seu desenvolvimento na intenção com o meio em que vive. Portanto, depende das condições deste meio, da vivência de objetos e situações, para ultrapassar determinados estágios de desenvolvimento e ser capaz de estabelecer relações cada vez mais complexas e abstratas. Os entendimentos dos alunos são decorrentes do seu desenvolvimento próprio frente a uma e outras áreas de conhecimento. (HOFFMANN, 2010, p.1). A compreensão da natureza da escrita, de suas funções e usos é indispensável ao processo de alfabetização. Mas o que se vê comumente, nas salas de aula e nos livros didáticos, é um total desconhecimento do assunto. Por outro lado, toda a consciência que a criança tem da linguagem oral se deturpa quando ela entra na escola e aprende a escrever; de tal modo que depois, adulta, só será capaz de observar sua falta, sem as interferências da forma gráfica das palavras, após treinamento fonético. Dessa forma, elaboramos um projeto com o objetivo de contribuir para a prática da leitura e da escrita no processo de alfabetização, especialmente, para os discentes com dificuldades no ensino-aprendizagem. As atividades foram desenvolvidas na Escola Municipal Rotary Fritz Lucht, do município de Joaçaba, direcionadas aos alunos das Séries Iniciais do Ensino Fundamental I, com faixa etária entre 6 e 10 anos de Os processos de ensino-aprendizagem na prática e idade, apresentando como tema principal “Um munexercício da alfabetização dos anos iniciais requedo diferente de se alfabetizar e letrar ”. rem um conhecimento mais amplo, para conseguir entender como a criança aprende, de tal maneira que Fotografia 1 - Bolsistas do PIBID este colabore com a transformação efetiva da prática pedagógica, que, muitas vezes, não considera o conhecimento prévio dos alunos no processo de letramento. Primordialmente, a alfabetização/letramento é a aprendizagem da leitura e escrita com função social que faz parte da vida de todo cidadão, nos mais diversos aspectos. Cagliari defende a ideia de que (2009, p. 5): Fonte: os autores. Literatura: um mundo diferente de se alfabetizar e letrar Após a aplicação do Diagnóstico realizado com as alunos com mais dificuldades de forma mais lúdica turmas das Séries Iniciais, procuramos atender os e interativa. Fotografias 2 e 3 - Atendimento aos alunos Fonte: Escola Municipal Rotary Fritz Lucht. A aplicação do diagnóstico de avaliação do nível de aprendizagem foi baseada segundo os parâmetros do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), devidamente regulamentado pelo MEC. móvel, cartilha do alfabeto com as sílabas complexas, produções coletivas e individuais, recreações, jogos da Caixa Amarela, brincadeiras, músicas e vídeos, confecção de jogos para trabalhar a coordenaAs atividades trabalhadas foram: Sondagem, conta- ção motora e auxiliar no processo de alfabetização/ ção de histórias, formação de palavras com alfabeto letramento, dinâmicas, diálogos e relatos. Fotografias 4 e 5 - Contação de História no bosque da escola Fonte: Escola Municipal RotaryFritz Lucht. Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente 87 Fotografias 6 e 7 - Alunos realizando atividades de leitura coletiva e recreio orientado com brinquedos de garrafa pet Fonte: Escola Municipal Rotary Fritz Lucht. 88 Fotografias 8 e 9 - Alunos do 3º ano montando palavras com o alfabeto móvel após Contação de História Fonte: Escola Municipal RotaryFritz Lucht. Literatura: um mundo diferente de se alfabetizar e letrar CONSIDERAÇÕES FINAIS O TEMA ABORDADO AUXILIOU n a sondagem e compilação de dados dos alunos em nível de alfabetização/letramento para início do trabalho de uma forma diferenciada em paralelo com as atividades do seu cotidiano escolar. As atividades foram relacionadas com práticas e reflexão sobre a importância da leitura, o som das letras, a formação da palavra escrita e letramento na sociedade moderna. Foram utilizados recursos didáticos, materiais e estratégias para a realização das atividades durante o atendimento dos alunos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e Linguística. São Paulo: Scipione, 2009. GREGORIN FILHO, José Nicolau. Literatura Infantil: múltiplas linguagens na formaçãode leitores. São Paulo: melhoramentos, 2009. HOFFMANN, Jussara. Avaliação mediadora. Uma Prática da Construção da Pré-escola à Universidade. 17. ed. Porto Alegre: Mediação, 2010 SOARES. Maria Ines Bizzottoet al. Alfabetização Linguística da Teoria à Prática. Belo Horizonte: Dimensão, 2010. 89 Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente MUITAS FORMAS DE LER Teresinha Pellicioli* Vivian Golin** Cintia Demin, Danieli de Mattos, Francieli Mantovani, Joslaine Pereira, Marlei Hackmann*** * Coordenadora do Subprojeto de Pedagogia. ** Supervisora do Subprojeto de Pedagogia. *** Bolsistas de Iniciação à Docência de Pedagogia. INTRODUÇÃO PARTINDO DO PROJETOAs muitas formas de ler, as bolsistas do PIBID do subprojeto de Pedagogia da Escola Municipal Bernardo Moro Sobrinho, Capinzal, SC, buscaram compreender o mundo visto de várias maneiras e proporcionar a investigação, o descobrir, o inovar e tornar-se modificadores do meio familiar e social. Esta experiência levou os alunos a ter uma formação escolar embutida de informação, desde que sejam oferecidas diferentes linguagens, possam construir o seu próprio saber, por meio de que aprendem em seu meio familiar e na unidade escolar. O ato de ler é incompleto sem o ato de escrever. Um não pode existir sem o outro. Ler e escrever não apenas palavras, mas ler e escrever a vida, a história. Numa sociedade de privilegiados, a leitura e a escrita são um privilégio. Ensinar o trabalhador apenas a escrever o nome ou assiná-lo na carteira profissional, ensiná-lo a ler alguns letreiros na fábrica como perigo, atenção, cuidado, para que ele não provoque algum acidente e ponha em risco o capital do patrão não é suficiente. Não basta ler a realidade. É preciso escrevê-la. (VARGAS, 2000, p. 14). O ambiente escolar oferece uma formação e informação da arte de se ler e relacionar imagens no assunto trabalhado, o aluno construtor de um pensamento que irá levá-lo a ser crítico, através da leitura. A leitura nos proporciona a cada momento um conhecimento. Organizar a forma de se ler, ajudar o aluno a organizar e envolver o fazer, buscar novos procedimentos de leitura, leva-o à compreensão de um tex- Quando uma criança de 1 a 3 anos pega um livro de to, de uma imagem, a saber o porquê, o para que e o ponta cabeça e o lê de forma fluente chama a atenção dos ouvintes: percebe-se então que ela leu imagens? como. Ler é mais que compreender instruções, é observar o Palavras? Ou memória? Ou escreve. Isso mostra que conhecimento e modificar seu modo de ser de ver e o fazer de forma organizada molda, constrói signifiagir. Segundo Rubem Alves “Um livro é um brinque- cados. E o fato de fazer por fazer também o torna um observador de imagens e um construtor de sua pródo feito com letras. Ler é brincar.” pria personalidade. Saber interpretar o que a imagem está demonstrando em seus mínimos detalhes faz parte da construção do conhecimento, pois desde a pré-história o homem já lia as imagens por intermédio do grafismo, o homem lia o seu sustento e fatos presenciados em cotidiano. Os símbolos são uma forma de comunicação e usar este meio faz com que o aluno aflore seus sentimentos, amplie suas formas de interpretar, modifique sua narrativa e transmita o seu conhecimento, a sua forma de ler, para que haja a construção de outro ser. Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente 91 METODOLOGIA A HISTÓRIA DO LIVRO REVELA os povos antepassados e sua evolução. Desde a primeira forma encontrada para gravar registros, passando por todas as fases, escrevendo em pedra, argila, tábua chegando ao pergaminho, que foi substituído pelo papiro, o homem vem se modificando. Outras invenções chegaram à Idade Média, como a impressão, de Johann Gutenberg, que foi fundamental para a difusão da leitura no mundo, com a criação de um processo de impressão em série. 92 Fotografia 1 - Representação Assim, partindo do recebimento de banners sobre a história do livro, a E.M. Bernardo Moro Sobrinho, Capinzal, SC, decidiu, a partir deles, proporcionar uma palestra informativa, voltada para os alunos do 1° ao 5° ano. O espaço físico foi modificado, e nós, pibidianas, com a orientação da supervisora nos caracterizamos e usamos a vestimenta da época, apresentando a Fonte: os autores maravilhosa história do livro de forma que atraísse a atenção dos alunos. A culminância da apresentação aconteceu no moApós toda a organização e preparação, os alunos fo- mento em que os alunos interagiam com cada perram recepcionados com um túnel que demostrava sonagem, motivando-os a dançar e expressar-se com objetos da fase da evolução do papel ao livro e do li- gírias do tipo “tá ligado”, “pode crer”... Houve uma vro ao I phone. O aluno ao entrar no túnel do tempo fusão entre a informação e a ludicidade, pois toda já ficou impregnado de informações com os objetos imagem tem uma história para contar e abrem espaexpostos, isso foi importante, pois houve o preparo ço para o pensamento elaborar, fabular e fantasiar sobre o que iriam assistir. Desde este momento os alunos se sentiram atraídos e empolgados com cada etapa da história cantada pelos personagens. Este trabalho foi elogiado e muito bem aproveitado, em razão da forma lúdica de apresentar um conteúdo histórico, mediante banners, que se não se aplicasse uma dinâmica ativa, teria sido mais um conteúdo, uma informação engessada e sem sentido. Outra experiência, resultante do projeto elaborado pelo PIBID e de acordo com o planejamento da escola, foi sobre o “corpo humano”. Podemos ampliar o conhecimento por meio da leitura do corporal, pois o corpo é um espaço universal com todas as suas partes, é um templo digno e requer um olhar de valor e cuidado. Esse conhecimento representa o “conhecimento de mundo ou conhecimento enciclopédico, Muitas formas de ler que consiste na configuração de conceitos e relações subjacentes ao texto, organizados sob a forma de esquemas, entretanto essa ‘construção’ estará associada à visão pessoal e às crenças do leitor”( KLEIMAN, 1989, p. 27). cantiga “[...] Tudo em mim vai ficando, levinho como algodão, agora posso sentir as batidas do meu coração. Tumm... tumm... tumm... [...]” Falar do corpo é falar da nossa identidade e de nossas características. Formamos nossa identidade com as marcas do Somos construídos pelo que lemos e ouvimos, isso nosso corpo, que vão se construindo no decorrer da promove um balanço do corpo, aguça os ouvidos e vida. Essas marcas diferenciam nossas identidades os órgãos dos sentidos vão se envolvendo, percebe- enquanto indivíduos. mos então que o corpo faz parte de um todo, como na Fotografias 2 e 3 - Interação dos alunos 93 Fonte: os autores Desenvolver o projeto “corpo humano” nos proporcionou um contato direto com os alunos e tivemos a oportunidade de trabalhar em sala de aula e fora dela, com suas dificuldades e descobertas. truir e viver as fantasias, fazendo leitura de mundos diferentes, estimulando o imaginário, onde as crianças ultrapassam a realidade, transformando-a por meio da imaginação. E, dessa forma, expressam Como parte do projeto, também levamos as crianças o que teriam dificuldades em realizar através do uso a conhecer novos espaços, como a visita realizada de palavras, interagindo com o mundo em que estão nas dependências da Unoesc de Capinzal, para que os inseridas. alunos pudessem estabelecer uma comparação entre Assim, proporcionar o prazer de inventar e construir, a biblioteca da escola e a biblioteca da universidade. compreender que a criança, ao fantasiar, usa imagiTambém visitamos o laboratório de matemática e a nação, acessórios, simbolização do contexto em que brinquedoteca, cujos espaços enriquecem e propor- está inserida, valendo-se de objetos significativos cionam experiências antes não vividas, experiências para sua aprendizagem, no processo de leitura, é funonde os alunos tiveram liberdade de pensar, cons- damental. Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente Fotografias 4 e 5 - Ambiente preparado Fonte: os autores 94 O ato de estar em um ambiente envolvente, decorado, minuciosamente preparado para representar, como ocorreu com a experiência da “casa da bruxa”, trouxe a informação de todo um contexto: a informação visual, a sentimental e a do construir. O livro O manual prático de bruxaria proporcionou a explora- ção de seu conteúdo. As crianças interagiram com a emoção do contato que tiveram com as bruxas e com a construção de uma ponteira de lápis, máscaras e chapéus. Todo esse envolvimento proporcionou uma relação de afeto, colaborando com o desenvolvimento de cada um. Fotografias 6 e 7 - Dinâmica “Casa da bruxa” Fonte: os autores Muitas formas de ler Por isso, “[ ...] a escola precisa assegurar a todos os estudantes – diariamente – a vivência de práticas reais de leitura e produção textos diversificados [...] com autonomia” (BRASIL, 2007, p.70). CONSIDERAÇÕES FINAIS DURANTE O DESENVOLVIMENTOdesse projeto, os alunos perceberam, em relação à leitura, que é muito mais interessante ler um livro de diferentes modos. Eles também entenderam que para ter prazer na leitura é preciso ter concentração para vivenciar a história. Foi possível associar a prática e a teoria, perceber que o projeto As muitas formas de se ler, propiciar tanto às crianças quanto às bolsistas, além do prazer de ler, a ampliação do vocabulário, aguçando a imaginação, possibilitando construir sonhos e a procurar caminhos para realizá-los e a entender a prática da docência e qualificação como acadêmicas bolsistas do subprojeto de Pedagogia/PIBID. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa (1ª a 4ª séries). Brasília: MEC/SEB, 1997. KLEIMAN, Ângela. Oficina de Leitura: Teoria e Prática. 9. ed. Campinas: Pontes, 1989. VARGAS, Suzana. Leitura: uma aprendizagem de prazer. 4. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2000. Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente 95 MUSICALIZAÇÃO NA ESCOLA Erickson Rodrigues do Espírito Santo* Wanessa Trzcinski, Ana Serpa, Luiz Elci Leite, Marcos Schwingel, Roberto Kleinschmitt, Vanessa Bof ** * Coordenador de área. ** Bolsistas de ID – PIBID. INTRODUÇÃO NO PRESENTE RELATO abordou-se um tema referente à “musicalização na escola”, que tem como finalidade propiciar o ensino da música, de tal forma que a criança sinta-se à vontade para expor suas vivencias e experiências relacionadas à música. Por meio dos resultados de trabalhos desenvolvidos pelos pibidianos, obteve-se resultado mais amplo e sólido para a continuidade da proposta. INDEPENDENTE do seu papel dentro da sociedade, a música exerce forte atração sobre os seres humanos, fazendo mesmo que de forma inconsciente que nos relacionemos com ela, muitas vezes quando a ouvimos começamos a nos familiarizar, movimentando o corpo ou cantarolando pequenas partes da melodia. (DE SOUZA; JOLY, 2010, p. 98). A partir da Lei n. 11769/08, a musicalização em sala de aula vem ganhando forças, uma vez que se tornou componente obrigatório na grade curricular. Assim, definiu-se a justificativa do projeto de musicalização na escola, já que os envolvidos são acadêmicos da Licenciatura em Música da Unoesc e participam do programa Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), vinculado à Capes. Este constitui-se em uma ferramenta potencializadora para fortalecer a formação na educação básica, considerando as conexões entre os saberes que se constroem na universidade e os saberes que são produzidos nas unidades escolares. O objetivo deste artigo é de socializar, parcialmente, alguns aspectos da investigação que foram concebidos junto aos bolsistas do programa, mantendo o foco principal desta análise centrado na organização e no funcionamento da escola, bem como na maneira como futuros professores planejam e desenvolvem suas práticas pedagógicas na área da musicalização infantil. DESENVOLVIMENTO A MÚSICA EXERCE FORTE ATRAÇÃOsobre os seres humanos, fazendo, mesmo que de forma consciente, que nos relacionemos com ela, movimentando o corpo ou cantarolando pequenas partes da melodia. As crianças quando brincam ou interagem com o universo sonoro, acabam descobrindo, mesmo de maneira simples, formas diferentes de fazer músicas. Pitágoras***, ao conhecer a ideia dos antigos egípcios comparou o som do movimento de cada planeta no espaço, com as notas musicais, todos os planetas formariam uma escala musical. *** Pitágoras é considerado o pai da matemática e da música. Inventou o coma pitagórica ou coma diatônica, é o intervalo microtonal definido como a diferença entre um apótoma pitagórico e um limma pitagórico. Apótoma pitagórico é um intervalo de 2187/2048, cerca de 113, 69 cents. Limma pitagórico é um intervalo de 256/243, cerca de 90,22 cents. O coma pitagórico também pode ser pensado como a discrepância entre doze quintas justas (razão 3:2) e sete oitavas (razão 2:1). Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente 97 Dalcroze****, depois de muito observar e fazer inúmeras experiências chegou à conclusão de que o ensino elementar da música deveria começar pelo som, e não por símbolos e regras. çar diversos objetivos, como: a melhoria da linguagem, da coordenação, da percepção auditiva, rítmica, das orientações temporal e espacial, do equilíbrio e, principalmente, da comunicação. A ASSIM música, então entra como uma linguagem expressiva e a canção como veículo de emoções e sentimentos, que podem fazer com que o estudante reconheça nelas seu próprio sentir, organizando seu pensamento, para melhor se exprimir e alcançar seus objetivos, ou mesmo satisfazer suas necessidades. (BECKER, 2006, p. 25) 98 sendo, o corpo torna-se um aliado no processo de ensino aprendizagem musical, proporcionando por meio dos diferentes movimentos oportunidades para o aprendizado. Por meio desse recurso podemos desenvolver atividades que envolvam a percepção e interiorização do ritmo, intensidade e altura, trabalhar com a forma musical e também desenvolver a expressividade das crianças. (DE SOUZA; JOLY; 2010, p. 99) Entende-se, assim, que a música, especificamente, estimula o aprendizado e tem o poder de despertar a criatividade e a afetividade infantil. Ela auxilia a criança no desenvolvimento de sua potencialidade, Para trabalhar a expressividade que aparentemenajudando-a a usar o próprio corpo como meio de co- te as crianças carregam com elas, antes de colocar a municação e expressão. A partir dela pode-se alcan- música ou tocá-la no violão, combinou-se que elas poderiam se movimentar ou dançar da maneira como quisessem e que deveriam aproveitar o espaço da sala para isso. A única restrição ocorreu em relação aos conflitos entre eles, como empurrões e evitar que ficassem caindo no chão, já que algumas vezes **** Emile Jacques Dalcroze: nasceu em Viena no dia, 6 de elas tropeçavam uma nas outras. julho de 1869, faleceu em Genebra, no dia 01 de julho de 1950; Foi o criador de um sistema de ensino rítmico musical através do movimento corporal, que se tornou mundialmente difundido a partir da década de 1930. Princípio Pedagógico da Eurritmia: O estudo da música é o conhecimento de si próprio. A música, arte da expressão, é a imagem humana: sentir para expressar-se conhecer para construir-se. Dalcroze quer que a música, passando pelo ouvido, chegue até a alma para abraçála e que a alma transforme o corpo em ressonâncias. A música transporta sua harmonia, sua melodia, seu ritmo, sua frase, seus silêncios para falar à nossa alma. Na proposta do educador musical Orff existe uma “grande ênfase no movimento corporal e na expressão plástica, interligados à experiência musical.” Nesse tipo de atividade não havia certo ou errado, mas era permitido que as crianças ficassem livres (sem movimentos pré-estabelecidos) para expressarem a música da maneira como a compreendiam. Musicalização na escola PARA Orff, o ritmo é a base sobre a qual se assenta a melodia e, em sua proposta pedagógica, deveria provir do movimento, enquanto a melodia nasceria dos ritmos da fala. (FONTERRADA, 2008, p. 161). nas sociedades urbanas nas quais a força da cultura de massa é muito intensa, pois são fontes de vivências e desenvolvimento expressivo musical. Envolvendo o gesto, o movimento, o canto, a dança e faz- de- conta, esses jogos e brincadeiras são expressão da infância. Brincar de roda, ciranda, pular corda, amarelinha etc...são maneiras de estabelecer contato consigo próprio e com o outro, de se sentir único e, ao mesmo tempo, parte de um grupo, e de trabalhar com as estruturas e formas musicais que se apresentam em cada canção e em cada brinquedo. (BRASIL, 1998, p.71-72). Os sons existem em todas as partes e o contato das crianças com atividade musical ocorre muito cedo, ao nascer, o bebê encontra um mundo rodeado de sonoridades que se apresentarão, em variadas quantidade e qualidade, dependendo do ambiente no qual irá viver e se desenvolver. Assim, a criança aprenderá as tradições da cultura musical. Dessa forma, versa o É importante mencionar as reações que a música RCNEI: provoca na criança, como alegria, prazer e emoção, comunicando-se com o mundo e com ela mesma. Quando observamos uma criança cantando, seu rosto exprime emoção e, frequentemente, seu corpo se movimenta, seja no balanço da canção, palmas ou batendo os pés, por exemplo. O uso de um chocalho, um pandeiro ou um sininho faz com que a criança se todas as culturas as crianças brincam com expresse, batendo ou sacudindo em inúmeras tentaa música. Jogos e brinquedos musicais são tivas de produzir sons diferenciados. transmitidos por tradição oral persistindo EM RELATO DAS AÇÕES AS ATIVIDADES REALIZADAS c ontribuíram para ampliar o desenvolvimento cognitivo, coordenação motora e conhecimento musical. Com o auxílio dos bolsistas, os educandos foram incentivados à realizarem a produção de sons independente ou em grupo, estimulando-os na aprendizagem da linguagem musical por meio da ludicidade. Entre as atividades desenvolvidas, percebeu-se o entusiasmo dos alunos ao trabalhar com canos musicais, BoomWhackers, que são tubos de diversos tamanhos com a afinação percorrendo por duas oitavas cromáticas, 24 semitons. Despertou-se então a curiosidade para conhecer aqueles canos tão coloridos e de tamanhos diferentes. Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente 99 É As músicas utilizadas para a demonstração dos boomwhackers foram Ode à Alegria, de Beethoven, uma peça musical do período clássico, que Beethoven compôs quando já estava quase surdo, e a música Cai cai balão, de Assis Valente do folclore brasileiro, conhecido nas cantigas de roda. 100 muito difícil encontrarmos alguém que nunca cantou, ou mesmo que não goste de escutar uma música. As expressões sonoras estão ao nosso redor, no cantar dos pássaros, na chuva, no rádio, na televisão, etc. Assim ela está presente em todos os momentos de nossa vida. Assim, “a música faz parte de nossa vida de uma maneira mais ou menos intensa, consciente ou não, mas existe para todos.” Faz parte das criações humanas, sendo, portanto, algo feito pelo homem e não existente na natureza, pelo menos assim como a conhecemos. (TREIN, 1986, p. 5) Vinculado com a música buscou-se resgatar o valor da família comparando com acordes compostos por três notas. Exemplo: acorde de Dó maior, nota fundamental Dó (pai), a terça do acorde MI (mãe), e a nota Sol (a criança). Os alunos foram chamados a compor a família de DÓ MAIOR (DÓ+MI+SOL), de SOL MAIOR (SOL+SI+RÉ), de FÁ MAIOR (FÁ+LÁ+DÓ), tocando coordenadamente em um compasso de 4/4, QUATERNÁRIO, quatro tempos para DÓ, para SOL e para FÁ, depois oito tempos para cada família, então, quando já ensaiados, cantamos Cai cai balão com o ritmo feito por eles. Na sequência, foi apresentada a Assim, os exercícios, as brincadeiras de roda, expressão corporal, a dança, a sensibilidade, a experimenmúsica Barata na careca do vovô, aí solfejaram: tação, não somente do ritmo, mas de toda a linguagem musical, como a altura dos sons, os intervalos, DÓ RÉ MI FÁ FÁFÁ, as notas dos acordes, as estruturas harmônicas e cadências, visam estabelecer as relações entre música e DÓ RÉ DÓ RÉ RÉRÉ, gesto, entre ritmo musical e expressividade do corpo. DÓ SOL FÁ MI MIMI, DÓ RÉ MI FÁ FÁFÁ. CONSIDERAÇÕES FINAIS POR INTERMÉDIO DESSE TRABALHO ampliou-se a coordenação, a paciência, a equidade musical, a criatividade e produção de ideias inovadoras individuais e em grupos, que é tão necessária no nosso dia a dia cada vez mais corrido e concorrido. DESENVOLVIMENTO e coordenação motora, lateralidade, orientação espacial e temporal são conceitos pertinentes à psicomotricidade, área que estuda o movimento humano. É pelo movimento que a criança se relaciona com o mundo, transmite suas emoções e descobertas. O movimento proporciona prazer à criança e confere um sentido lúdico às atividades. (MEDEIROS, 2011, p. 25). Concluiu-se o trabalho com um debate entre os bolsistas da Escola Municipal Bernardo Moro Sobrinho, Ana, Luiz, Marcos, Roberto e Vanessa. Para iniciantes à docência, com o auxílio da supervisora Wanessa M. Musicalização na escola Trzcinski, o trabalho teve um enorme valor, as experiências adquiridas a cada aula aplicada serviram como um aprendizado constante, a dedicação mútua de cada integrante do grupo para a realização das atividades foi fundamental. Entende-se cada vez mais a importância da música na vida da criança, este trabalho desperta emoções, criatividade, sensibilidades, aumenta a coordenação, a concentração, animando a criança para a atividade em grupo, seja cantando tocando, ou mesmo batendo palmas e acompanhando com gestos. É evidente o mudar da criança quando inserida a musicalização: aprendem a escutar e prestar atenção, pois é algo novo que ela terá que fazer ao chegar sua vez. Vale destacar a gratidão ao programa do PIBID por proporcionar aos acadêmicos a oportunidade de iniciar a carreiras como docentes, favorecendo o contato direto com o ambiente escolar e seu universo como um todo. REFERÊNCIAS BIBLÍOGRAFICAS BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998. BECKER, Valesca E. Música na escola: uma estratégia pedagógica. Monografia (Especialização em metodologia e didática do ensino superior). Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC, curso de pós-graduação, CRICIUMA, AGOSTO, 2006. FONTERRADA, Marisa Trench de Oliveira. De tramas e fios – um ensaio sobre música e educação. 2. ed. São Paulo: Unesp; Rio de Janeiro: Funarte, 2008. DE SOUZA, Carlos Eduardo; JOLY, Maria Carolina Leme. A importância do ensino musical na educação infantil. 2010. LIBÂNEO, José Carlos. Adeus professor, Adeus professora? Novas exigências educacionais e profissão docente. 5. ed. São Paulo: Cortez. 2001. MATEIRO, Teresa; ILARI, Beatriz. Pedagogias em educação musical. Curitiba: Ebpex, 2011. MEDEIROS, Ana Elisa. Música: soluções para dez desafios do professor. 1º ao 3º ano do Ensino Fundamental. São Paulo: Ática. 2011. THIESSEN. Maria Lúcia; BEAL, Ana Rosa. Pré-escola, tempo de educar. 4. ed. São Paulo: Ática. 1991. TREIN, Paul. A linguagem musical. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1986. QUEIROZ, Tania de. Manual pedagógico: do educador, da educação infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental. São Paulo: Rideel, 2011. Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente 101 O PAPEL DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA PROMOÇÃO DA SAÚDE E DA QUALIDADE DE VIDA JaissonBordignon* Aílton Alaércio Gomes de Campos, Dirceu Luiz Cendron, Fabiana Cendron Zacaron, Teobaldo Adolar Oelke** * Coordenador de área do PIBID. ** Supervisores das escolas- PIBID. INTRODUÇÃO O PRESENTE RELATO de experiências expõe o resultado da oferta de atividade física em crianças e pré-adolescentes do ensino fundamental, no que se refere ao contributo para a formação de um hábito saudável em relação à adoção de um estilo de vida saudável para a vida. Além disso, a prática de atividade física oportuniza as descobertas das possibilidades do próprio corpo, por meio da interação com o mundo ao seu redor. Desse modo, a Educação Física Escolar deve oferecer e o fazer com qualidade o que é seu ofício de origem, ou seja, contribuir para o desenvolvimento motor e cognitivo dos escolares em suas aulas, fazendo uso de conteúdos, como os esportes, a ginástica, as lutas, os jogos e as danças. Esta contribuição se traduzirá em maior crescimento e desenvolvimento humano que se manifestará em todos os aspectos inerentes à vida do cidadão que serão mantidos na vida adulta. A EDUCAÇÃO FÍSICA E OS DESAFIOS IMPOSTOS PELO MUNDO MODERNO O PROGRAMA INSTITUCIONAL de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) consiste num programa do Ministério da Educação (MEC), gerenciado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). O subprojeto de Educação Física da Universidade do Oeste de Santa Catarina (Unoesc) de Videira -tem como objetivo contribuir na formação dos acadêmicos em Educação Física no que diz respeito a iniciação à prática docente e, consequentemente, desempenhar um contributo a oferta de atividade física no ambiente escolar. Desse modo, é importante ofertar a prática de atividades físicas regulares aos educandos, pois esta tem sido indicada para a imensa maioria da população humana, em virtude dos amplos benefícios oriundos de sua prática. Investigações têm mostrado associações da atividade física na redução da mortalidade, por prevenção de doença cardiovascular, diabetes, obesidade, osteoporose e tipos específicos de câncer (FOGEHOLM; KUKKONEN-HARJULA, 2000; BAUMAN, 2004; KETELHUT et al., 2004). Além da prevenção, a prática de atividade física regular proporciona muitos benefícios já relatados na literatura, entre eles, a saúde cardiovascular; hipotensão pós-exercício; menor resistência à insulina; maior autoestima; alterações no padrão de força e saúde muscu- loesquelética; diminuição dos problemas posturais; benefícios estéticos; diminuição do risco de morte e tratamento complementar de vários distúrbios humanos (NAHAS, 2010). A hipocinesia humana vem sendo mantida ou agravada pela atual “era digital”. Concomitantemente, os hábitos das pessoas também mudaram com o passar dos tempos, provocando modificações na qualidade de vida. O próprio lazer é sedentário. Dentre esses fatos há um consenso de que a hipocinesia está relacionada com várias doenças crônico-degenerativas, como: acidente vascular cerebral, câncer, obesidade, osteoporose, diabetes, hipertensão e as cardiovasculares (GLANER, 2003). Nesse sentido, os profissionais de Educação Física devem possibilitar o desenvolvimento cognitivo e motor em suas aulas, fazendo uso de conteúdos, como os esportes, a ginástica, as lutas, os jogos, as danças (DARIDO; RANGEL, 2011), visto que tanto as crianças quanto os adolescentes estão sempre prontos para algum tipo de experiência, mas a seleção e provisão de estímulos, que desencadeiem a resposta esperada, são responsabilidade do professor (GALVÃO, 2002). Desse modo, a infância e a adolescência são períodos críticos, extremamente importantes, associados aos aspectos de conduta e de solicitação física e motora. Assim, o acompanhamento dos índices de desempe- Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente 103 nho físico e motor de crianças e adolescentes podem contribuir de forma decisiva na tentativa de promover a prática de atividades físicas no presente e para toda a vida (GUEDES, 2007). Além disso, evidenciamos que a exposição à inatividade física, quando iniciada na infância ou adolescência, torna-se mais estável na vida adulta e, portanto, mais difícil de modificar. Logo objetivo principal deste subprojeto é ampliar as possibilidades de vivências ligadas à prática de atividade física diferenciada as costumeiramente oferecidas na escola de educação básica. RELATO DE EXPERIÊNCIA DO SUBPROJETO DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO PIBID/UNOESC/2014 Coordenador de área A educação física oferecida nas escolas sofreu durante muitas décadas influência do modo de pensar dos governos, isso ocorreu em diversos povos. Sendo utilizada como forma de descoberta de talentos para a prática esportiva, com intenção de demonstrar vantagens de uma forma de governo sobre outra. Ocorre que a esportivização classificou a educação física 104 como uma atividade apenas prática, separada dos conceitos teóricos de outros conteúdos escolares (BRACHT, 2010). Nos dias atuais, há necessidade de transcender o esporte e oferecer outras possibilidades de expressão do movimento humano visando contribuir para a adoção de estilo de vida saudável (NAHAS, 2010). Diretores das escolas Os benefícios do esporte são notados em seus desdobramentos físicos, intelectuais, éticos, morais e no desenvolvimento humano dos educandos, daí a sua fundamental importância na trajetória escolar. As práticas da Educação Física nas unidades escolares estão integradas ao Projeto Político Pedagógico (PPP) por meio da participação de toda a comunidade escolar visando ao desenvolvimento integral do aluno. Com o PIBID, as Escolas de Educação Básica foram beneficiadas com um maior acesso ao conhecimento esportivo, prática e de integração. Nesse aspecto, os pais estão felizes por seus filhos se ocuparem no contraturno escolar com atividades que desenvolvem atitudes de melhoria de qualidade de vida e socialização. Para os professores, aumenta a possibilidade de participação dos alunos em campeonatos e de valorização da classe, já para a direção e equipe administrativa pelo envolvimento de toda a comunidade e pela satisfação dos alunos. Acima de tudo, as parcerias estabelecidas com a chegada do PIBID nos dão credibilidade e apoio, pois se sabe que para haver uma gestão democrática, as práticas pedagógicas devem ultrapassar os muros da escola. No que se refere ao desenvolvimento da Educação Física em sua plenitude é necessário espaço aberto, coberto, verde, entre outros espaços, onde possam ser desenvolvidos esportes, jogos, competições, atividades de comunicação, dança, lutas e expressão corporal. Por meio do PIBID está sendo favorecido aos educandos o desenvolvimento da consciência corporal, o conhecimento dos seus próprios limites, suas potencialidades, a solidariedade, cooperação mútua e de respeito coletivo. O papel da educação física na promoção da saúde e da qualidade de vida Professores supervisores O PIBID/Educação Física é um projeto que proporciona uma aproximação dos estudantes de Educação Física ao ambiente escolar, oportunizando a eles vivenciarem e interagirem junto à realidade durante seu processo de formação escolar, pois oportuniza aos mesmos, precocemente, a participação na construção de práticas e vivências educacionais. o que influencia na melhoria das suas atitudes, formando um aluno mais sociável, responsável, sensível e autônomo, além de levá-lo a desenvolver o gosto pela atividade física. E partindo desta proposta do subprojeto, da disciplina de Educação Física e do número de bolsistas que tínhamos para desenvolvermos nosso trabalho, iniQuando nos foi oportunizado a realização do PIBID/ ciamos a proposta em nossa escola. No começo, tiveEducação Física em nosso ambiente escolar, o mes- mos que escolher as atividades e adequá-las às conmo foi recebido com muito entusiasmo, pois sabe- dições de estrutura física que possuíamos na escola. mos das carências das escolas públicas em relação a Sabemos que as escolas da rede pública apresentam projetos que contribuam para elevar a qualidade do sérios problemas na sua estrutura física, o que de iníensino. Assim, vimos a entrada do PIBID em nossa cio se tornou um obstáculo a ser superado por todos escola como um projeto a suprir os espaços que não para podermos iniciar nossas atividades. Superamos são preenchidos pelo currículo atual. E, como o sub- o problema ao firmarmos parcerias com entidades projeto apresentava como proposta “O Papel da Edu- próximas à escola, o que nos oportunizou iniciarmos cação Física na Promoção da Saúde e da Qualidade nossas atividades fazendo com que despertasse intede Vida”, recebemos a oportunidade certa de mudar- resse dos alunos para frequentarem as oficinas que mos os hábitos de nossos alunos. Ao nos referirmos havíamos disponibilizado a eles. No primeiro moà Educação Física, devemos ressaltar sua importân- mento, ofertamos oficinas esportivas que suprissem cia, pois sabemos que é por meio desta área do co- o que não era muito trabalhado no âmbito escolar. nhecimento que trabalhamos o todo do ser humano. A participação dos alunos era grande em cada oficina De um modo específico, cabe à educação física tra- oferecida, onde se notava o interesse e a procura cada tar das representações e práticas sociais que consti- vez maior conforme eles eram desenvolvidas no dia tuem a cultura corporal de movimento, estruturada a dia. em diversos contextos históricos e de algum modo vinculadas ao campo do lazer e à promoção da saú- Ressaltamos que estas oficinas esportivas eram trade. É o caso, por exemplo, das práticas esportivas, das balhadas em caráter formativo e lúdico, não sendo ginásticas, das lutas, das atividades lúdicas, dos mo- priorizados competições ou rendimento. vimentos expressivos, entre outros que se firmaram Outro trabalho relevante dos bolsistas foi à realizaao longo dos anos como objetos de estudo próprios ção do exame antropométrico nos alunos em dois desta disciplina (GONZÁLEZ; FRAGA, 2009). Desen- momentos durante o ano, o que oportunizou aos volvemos ao longo dos anos, qualidades físicas, psí- mesmos, além da coleta de dados, realizar um diagquicas, morais e sociais para tornar nossos alunos nóstico dos alunos participantes do PIBID e da escola. íntegros, participativos e seres transformadores da O mais importante a ressaltar na realização deste sociedade, bem como proporcionar a eles o contato projeto na escola é que desde o seu início o PIBID com diversas atividades físicas, recreativas e lúdicas, teve ótima aceitação por toda a comunidade escolar. Em nossa escola os alunos bolsistas eram professo- Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente 105 res do PIBID e não simplesmente acadêmicos bolsistas. O trabalho realizado pelos mesmos era valorizado como o dos demais professores na escola, pois os mesmos participavam de reuniões, cursos e dos eventos festivos, esportivos e sociais da escola. Desta forma, conseguimos alcançar o objetivo proposto, que era proporcionar e oportunizar aos mesmos a vivência e a interação junto à realidade da escola durante seu processo de formação acadêmica. Mas, o mais importante a ressaltar neste trabalho realizado no ano de 2014 com o PIBID/ Educação Física foi de que conseguimos mudar os hábitos da grande maioria dos nossos alunos, e dar aos mesmos uma qualidade de vida melhor através das oficinas que ofertamos ao longo de todo o ano. RELATO DOS ALUNOS PARTICIPANTES DO PIBID DE 2014 NA ESCOLA DE EDUCAÇÃO BÁSICA Aluno participante do PIBID: Vinícius Pasetto de Siqueira - 8º ano Eu gostei muito deste projeto de esportes na escola, pois além de praticá-lo, você aprende muitas coisas e fica com uma saúde em nível bom. Os esportes eram bem interessantes, principalmente, handebol, atletismo e futsal, que era os esportes que eu praticava. 106 No atletismo, nós aprendíamos várias provas, que eram a corrida dos 100 metros, corrida dos 400 metros, corrida de revezamento e saltos em distância. Nós fazíamos pesquisas na sala de informática sobre corredores e debatíamos em grande círculo. O professor era bem legal e No handebol o professor ajudava na coordenação dos sempre tinha ideias novas. Já no futsal, o professor era o movimentos do nosso corpo, resistência e inteligência. mesmo do atletismo, e nos fazia pesquisar sobre o futsal Era muito legal com seus alunos e fazia muitas brinca- e, em seguida, tínhamos que apresentar para os colegas como se fôssemos o professor. Resumindo, este projeto foi deiras interessantes e era engraçado. muito bom para o nosso aprendizado e solidificar amizade com os colegas e os professores, pois estes professores foram muito gentis com seus alunos e sempre mantiveram a calma. Parabéns, professores do PIBID. Aluno participante do PIBID: Laís de Fátima Rodrigues - 8º ano Eu fiz parte dos seguintes esportes no PIBID de 2014: handebol, futsal e atletismo. Eu gostei muito de participar, pois além de ser ótimo para minha saúde eu melhorei muito nesses esportes. Foi bom, os professores eram muito atenciosos, queridos, gentis, engraçados e legais. Eu interagia com meus colegas e melhorei minha saúde e autoestima. Foi muito bom ter participado em 2014 e quero participar em 2015 novamente. Aprendi muito com o PIBID, pois mesmo estando sempre ajudando, o professor de educação física não tem como dar atenção reforçada para todos, e assim foi um aprendizado extra, até mesmo ajudando para as aulas de outras matérias. O espaço onde realizávamos o PIBID era ótimo, pudemos realizar muitas atividades diferentes e criativas e o tempo também foi ótimo. Fizemos muito progresso com o PIBID em 2014. O papel da educação física na promoção da saúde e da qualidade de vida Aluno participante do PIBID: Arryelle Stoekle - 7º ano O PIBID fez com que minhas atividades físicas e produtivas melhorassem muito mais. O PIBID não só nos ajudou nas atividades físicas, mas também com o respeito e dedicação dos alunos para com as aulas e os professores, que deram o seu melhor, e eu acredito que com isso nosso futuro está garantido, principalmente, para os que se esforçaram para aprender. As atividades estavam sempre bem planejadas, mesmo sendo atividades que praticávamos no dia a dia e eu acredito que a cada ano vai melhorar cada vez mais. Para mim, o PIBID chegou no melhor momento, pois me ajudou na educação e na prática do esporte e lazer. Mas o melhor de tudo mesmo, seja perdendo ou ganhando, isso não importava, pois o importante foi a ligação das amizades, que mesmo perdendo, sempre estavam com você, unidos como uma equipe. Quero participar novamente. Amo esse programa. RELATO DOS PAIS QUANTO À PARTICIPAÇÃO DOS FILHOS NO PIBID DE 2014 NA ESCOLA DE EDUCAÇÃO BÁSICA Luciane C. Carneiro e Clóvis Knebel de Siqueira (Pais de Vinícius Pasetto de Siqueira) Este projeto é de grande valia, pois nos oferece inúmeros benefícios. A prática esportiva na atualidade é fundamental para ser mais ativo e ter boa saúde. É importante também salientar que a prática de atividades físicas saudáveis possibilita uma boa socialização e interação com outras pessoas e com o mundo. Cremos fielmente que a prática esportiva é importantíssima para a formação do caráter humano, fazendo com que nossos filhos desenvolvam muitas habilidades físicas e emocionais. Concluímos, ainda, com mais segurança, que a prática esportiva é uma ferramenta essencial para a educação, sendo então este subprojeto de elevadíssima importância para nossos filhos. Graziele Stokle (Mãe de Arryelle Stoekle ) Primeiramente, quero parabenizar os organizadores pelo excelente trabalho. Foi o primeiro que minha filha participou, mas deu para perceber muito progresso em relação às atividades físicas e ao seu comportamento. Foi um ano produtivo para ela e nós, como pais, estamos felizes, pois é um projeto onde as crianças aprendem muitas coisas produtivas, às vezes, tirando elas das ruas, dos computadores e outros meios que acabam prejudicando sua educação. Também através desse projeto, aprenderam a convivência entre colegas e professores, a dividir e a competir. Aprenderam que nem sempre a competividade é uma conquista, mas sim vencer e perder, como é no dia a dia na vida. Também percebi bastante empenho dos professores, pois minha filha está bem preparada e fala muito bem de seus professores. São dedicados e respeitados pelos alunos. Como mãe, espero que a escola sempre tenha iniciativa de manter esses projetos, pois é bom para a escola, para os pais e, principalmente, para os filhos. Enfim, estou muito orgulhosa de minha filha participar e muito feliz por ter professores tão empenhados em ensinar coisas Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente 107 boas para essa nova geração. Então, espero que sempre estejam dispostos a ensinar o bem para nossos filhos. Só tenho a agradecer a vocês. Muito obrigada. Mari Cecília Rodrigues (Mãe de Laís de Fátima Rodrigues) O projeto PIBID é algo muito bom, pois nossos filhos estão sempre aprendendo mais a serem jovens e adolescentes com uma bagagem rica não só de esportes, mas sim, de saber respeitar as outras pessoas e seus colegas e decidir sobre o que quer, pois minha filha participou neste ano de 2014 e aprendeu muito, principalmente que na vida tudo tem regras e saber até onde pode ir. Eu ia trabalhar despreocupada, pois sabia que na parte da manhã estudava em sala de aula e à tarde estava com os professores do PIBID. Ou seja, com profissionais que sabia que ela estava bem cuidada, pois a escola tem uma equipe de trabalho ótima. Os professores do PIBID ensinaram não só esportes, mas sim a ter bom relacionamento com seus colegas. Minha filha Laís gostou de participar, e se neste ano de 2015 tiver, com certeza, ela vai continuar no PIBID. RELATÓRIO SOBRE AS VIVÊNCIAS OCORRIDAS NO ANO DE 2014, ATRAVÉS DO PROGRAMA PIBID Acadêmico / Bolsista: Willian Moreira Costa 108 O projeto PIBID teve como princípio auxiliar os acadêmicos de licenciatura do curso de Educação Física, campus Videira, a terem uma vivência mais aprofundada aplicada no âmbito escolar, favorecendo uma experiência eficaz, unindo prática e teoria, que é um ponto extremamente importante para todos os cursos de graduação. Com isso, o programa proporcionou uma melhora acentuada na relação aluno-futuro professor, onde o próprio pôde desenvolver e aplicar seu planejamento, suas ideias e metodologias de ensino, deparando-se com o mundo fascinante de compartilhar ensinamentos e, também, com as dificuldades que fazem parte desse ambiente. pantes, não só a parte de execução, mas o entendimento do esporte, e como ele poderia influenciar na vida de cada indivíduo, levando a criança a aprender e analisar a modalidade da qual participou. O estagiário se encontra totalmente satisfeito com os resultados do trabalho, pois se pode notar uma significativa influência do trabalho no cotidiano das crianças, desde a melhora das valências físicas, entendimento da modalidade e também na relação com o próximo, ponto que o estagiário avalia como meta alcançada. Também se notou certas dificuldades para a aplicação da modalidade, como falta de material, e, em algumas situações, O estagiário trabalhou com a modalidade do atletismo, um local ideal para a prática, situações essas ocorridas a qual na sua visão é uma modalidade totalmente essen- por falta de estrutura adequada dentro da escola, pois cial para o desenvolvimento físico-cognitivo da criança, em certas ocasiões, por motivos maiores, o ambiente das sendo um esporte que abrange todas as valências físicas, aulas estava indisponível. Embora tenha sido um ótimo e que pode ser a porta para eficácia em todos os outros ano, quando o estagiário realmente se sentiu muito mais esportes, bem como para as relações interpessoais e qua- apto a, futuramente, ingressar no meio acadêmico, acrelidade de vida. Através de uma metodologia dinâmica, dita-se que há muito mais a produzir e aprender, junto o estagiário usou de prática e teoria como ferramenta essencial em seu trabalho, disponibilizando aos partici- O papel da educação física na promoção da saúde e da qualidade de vida a ambas instituições, universidade e as escolas básicas da rede pública da cidade de Videira, SC, promovendo realmente uma crescente melhora na educação do nosso país. Acadêmico / Bolsista: Jean Carlos Moresco Este relatório é uma síntese do trabalho que realizei através do PIBID na Escola de Educação Básica. Sou acadêmico da 5a fase de Educação Física da Unoesc Campus de Videira e, através do projeto PIBID, fui selecionado para dar fazer parte deste projeto na escola. A atividade do tênis de mesa teve um bom aproveitamento das turmas, pois é um esporte fácil de entender e de ensinar, sendo que alguns alunos demonstraram um pouco de dificuldade, mas, com o tempo, foram melhorando, e contei com a colaboração e participação das turmas, sem maiores problemas. As minhas aulas eram direcionadas ao esporte de tênis de mesa na escola, que disponibilizou bons materiais Tive boas experiências nessa prática e aprendi refletindo para a realização desse trabalho, tendo também espaço sobre a prática de meu trabalho. Aprendi muito, mas teadequado para as crianças atuarem. O projeto de tênis nho a consciência de que sempre haverá muito a aprende mesa foi aplicado nas turmas de 5ª a 8ª série, com as der. aulas ministradas uma vez por semana, tanto no período matutino quanto no vespertino. Acadêmico / Bolsista: Renan Willian Belcaro Pazin O programa do PIBID vem com uma grande força para ajudar os futuros professores na construção de sua carreira, de forma que oportuniza atuarem no seu ambiente de trabalho, vivenciando o que vão fazer daqui a alguns anos na sua carreira. Estou muito contente em fazer parte disso, desse trabalho e poder melhorar cada vez mais a minha experiência profissional, e espero que isso seja sempre possível para os acadêmicos que desejam seguir carreira, pois oportunizar essa vivência faz com que os futuros profissionais estejam mais preparados para sua futura vida na área profissional. As experiências vividas foram fantásticas, apesar de o calendário às vezes não ajudar muito, o aprendizado tanto para mim como professor, quanto para os alunos, foi enorme, e espero que continue neste ano de 2015. Com certeza, o programa está ajudando e muito para que em um futuro próximo eu me torne um profissional melhor e talvez até preparado para enfrentar o mercado de trabalho. Também, é importante para muitos desses alunos atendidos, que poderiam estar nas ruas ou vivenciando coisas que não fazem bem, ao invés de estarem participando do programa. O projeto, dentre outras coiA vivência desse projeto no ano de 2014 foi muito im- sas, proporciona isso aos alunos, sair de ruas, deixar de portante e gratificante em todos os sentidos. Professo- sedentarismo e combater algumas doenças hereditárias, res, funcionários e, principalmente, os alunos da escola como diabetes, hipertensão e uma que afeta e muito hoje sempre nos trataram bem e realmente nos acolheram em dia as nossas crianças, que é a obesidade. como funcionários e parte integrante de seu cotidiano. Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente 109 Esperamos que 2015 nos traga muitos desafios. Estamos preparados para que este seja um ano melhor e de muita aprendizagem. CONSIDERAÇÕES FINAIS ENTENDEMOS SER NECESSÁRIOinvestir na formação inicial dos professores no sentido de que eles possam desenvolver a autonomia e a autoria no seu fazer docente e, simultaneamente, oferecer acesso a informações que lhes propiciem algum suporte e apoio frente ao desamparo que acomete a muitos. A partir do projeto de iniciação à docência podemos resgatar a importância da Educação Física na formação física e cognitiva dos escolares, bem como contribuir com seu ofício de origem com a adoção de um estilo de vida mais ativo e saudável. E reforçar a importância das relações interdisciplinares no processo de educação de crianças visando à formação integral do ser humano. REFERÊNCIAS BAUMAN, A. E. Updating the evidence that physical activity is good for health: an epidemiological review 2000–2003. Journal of Science Medicine Sport, v. 7, p. 6-19, 2004. 110 BRACHT, V. A educação física no ensino fundamental. Anais do I Seminário Nacional: currículo em movimento – Perspectivas Atuais. Belo Horizonte, 2010. BOOTH, F. W.; LEES, S. J. Fundamental questions about genes, inactivity, and chronic diseases. Physiol. Genom, v. 28, 146–157, 2007. DARIDO, S. C.; RANGEL, I. C. A. Educação Física na escola: Implicações para a prática pedagógica. 2. ed. Guanabara Koogan, 2011. FOGEHOLM, M.; KUKKONEN-HARJULA, K. Does physical activity prevent weight gain – a systematic review. Obesity Review, v. 1, p. 95-111, 2000. GALVÃO, Z. Educação física escolar: a prática do bom professor. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, v. 1, n. 1, p. 65-72. 2002. GLANER, M. F. Importância da aptidão física relacionada à saúde. Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano, v. 5, n. 2, p.75-85. 2003. GONZÁLEZ, Fernando Jaime; FRAGA, Alex Branco. Referencial Curricular de educação física. In: RIO GRANDE DO SUL. Secretaria de Estado da educação. Departamento Pedagógico (Org.). Referenciais Curriculares do Estado do Rio Grande do Sul: linguagens, códigos e suas tecnologias: arte e educação física. Porto Alegre: SE/DP, 2009. v. 2, p. 112-181. GUEDES, D. P. Implicações associadas ao acompanhamento do desempenho motor de crianças e adolescentes. Revista Brasileira Educação Física e Esportes, v. 21, p. 37-60. 2007. O papel da educação física na promoção da saúde e da qualidade de vida KETELHUT, R. G.; FRANZ, I. W.; SHOLZE, J. Regular exercise as aneffective approach in antihypertensivetherapy. Medicine Science Sports Exercise, v. 36, p. 4-8, 2004. NAHAS, M. V. Atividade física, saúde e qualidade de vida: conceitos e sugestões para um estilo de vida ativo. 5 ed. rev. atual. Londrina: Midiograf, 2010. 111 Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente PIBID - UM ESPAÇO DE TRANSFORMAÇÃO DE SI E DO OUTRO Neli Aparecida Gai* Alexandra Cristina Curtarelli, Kélen Cristina Rodrigues Tonello, Marilusi Bonetto Priske** * Coordenadora de área – PIBID. ** Bolsistas de Iniciação à Docência – PIBID . INTRODUÇÃO ESTE É O QUINTO ANOque a E. E. F. Dom Oscar Arnulfo Romero está trabalhando com o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID). Este Programa assumiu várias modalidades de atuação neste período, sempre considerando as necessidades juntos a própria prática pode significar desde da escola e os objetivos do PIBID para traçar o plano de refletir coletivamente sobre o trabalho do trabalho. Alfaletrando pela consciência fonológica foi professor, atuando o pedagogo como desafiador uma das experiências mais exitosas do PIBID em nossa ou coordenador da discussão, como pode Unidade Escolar no ano de 2014, desenvolvido com as significar também que os profissionais da turmas do primeiro ano um e dois. Esta nova prática de escola submetem sua atuação à análise crítica atuação, além de contemplar também os objetivos trae avaliativa do corpo docente e vice-versa. çados pelo PIBID e por ser uma necessidade observada na educação básica é um momento de amadurecimento Dessa forma, percebe-se que a proposta de trabalhar coe evolução deste Programa que se observa claramente letivamente, ou seja, aos moldes que este ano o grupo do PIBID atuou, é uma postura assumida para atender o seu ótimo desempenho. O Projeto Alfaletrando pela consciência fonológica tem aluno como um todo, primando pela construção de um como objetivo enfatizar o método fônico de alfabetiza- sujeito que compreenda o mundo ao seu redor para enção e, a partir disso, desenvolver a oralidade, a leitura, tão transformá-lo, este é o objetivo que a escola tem com a interpretação e o cálculo na alfabetização em língua seus alunos ao final da educação básica, trabalho que portuguesa e matemática, valorizando o conhecimento deve começar ainda na educação infantil e primeiros prévio do aluno e a partir deste apresentar-lhe o cientí- anos da educação básica é indissociável então a imporfico, assim como trabalhar com conceitos e conteúdos tância do trabalho cooperativo da equipe e do coordenapertinentes ao primeiro ano partindo do simples ao dor ou supervisor atuar de forma conjunta, assim, há a possibilidade da prática pedagógico, a ser revista conscomplexo e do concreto ao abstrato. tantemente, diagnosticando, refletindo e avaliando todo A partir de uma reflexão entre a professora da turma do o processo educativo, adotando novas metodologias de primeiro ano, a diretora escolar, a coordenadora, a su- ensino de acordo com as especificidades de cada aluno. pervisora e as acadêmicas sobre a prática pedagógica já então desenvolvidas em anos anteriores, chegou-se à Outro fator que contribuiu significativamente na decidefinição em trabalhar este projeto focado na turma dos são de trabalhar em conjunto com a professora regente primeiros anos, turma que é a base da educação básica. do primeiro ano e, consequentemente, com os demais professores da turma foi o fato da professora regente Acreditando também que combatendo a defasagem na demonstrar motivação e estar cativada com a proposta alfabetização e no letramento do primeiro ano, ter-se-ia de trabalho do PIBID, contribuindo na formação docenmenos defasagem no ensino das turmas subsequentes. te das acadêmicas, compartilhando suas experiências, além de conhecer e aceitar novas metodologias de enDe acordo com Kramer (2010): sino que as acadêmicas traziam da Universidade, dessa forma, a educação básica compartilha com a universidade na formação à docência. Nesse sentido Nóvoa (2011 p.49) ajuda a justificar esta prática quando diz: REVER Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente 113 SER professor é compreender os sentidos da instituição escolar, integrar-se numa profissão, aprender com os colegas mais experientes. É na escola e no diálogo com outros professores que se aprende a profissão. O registro das práticas, a reflexão sobre o trabalho e o exercício de avaliação são elementos centrais para o aperfeiçoamento e a inovação. São estas rotinas que fazem avançar a profissão. 114 utilizem o método fônico de alfabetização, baseados na concepção de Fernando C. Capovilla e o planejamento das aulas em sequências didáticas baseadas na concepção de João Luiz Gasparin. As atividades utilizando o método fônico de alfabetização focam o ensino a partir da associação entre fonemas e grafemas (sons e letras), para que a criança seja capaz de decifrar as palavras associando o símbolo ao som. As atividades desenvolvidas foram de utilização de letras gigantes na apresentação de um novo grafema e fonema, sendo inicialmente apresentado o som da letra e, a partir disso, em sua forma gráfica, podendo cada criança manusear a letra: formando palavras, unindo sua letra com as letras dos colegas, identificando de uma forma divertida a formação de sons e palavras diferentes. Com atividades diversificadas incluindo o nome de cada aluno, da professora, identificando a letra inicial e final, quantas letras a palavra tem e demais atividades incluindo o alfabeto. Percebe-se claramente que a formação dos professores precisa acontecer de forma integrada entre universidade e escola. Unir a teoria e prática possibilita aos futuros professores maior êxito na construção da sua identidade profissional. Nesse sentido, o PIBID é um programa que possibilita a inserção dos acadêmicos no contexto escolar, para vivenciar sua rotina trans- A partir da utilização do alfabeto gigante percebeu-se que o aluno possui melhor entendimento do som de formando-a em novos saberes. O Projeto Alfaletrando pela consciência fonológica cada letra e de sua forma gráfica, além da alegria de possibilitou a participação das acadêmicas na realiza- cada criança manusear as letras do alfabeto, tornando ção de atividades didáticas voltadas à alfabetização. a aprendizagem significativa com o uso deste material Partindo desta realidade foram traçadas ações deste concreto, pois cada criança percebia de uma forma diProjeto, com vistas principalmente em práticas que vertida que a união das letras formavam-se sílabas e palavras. PIBID - um espaço de transformação de si e do outro O planejamento das aulas seguindo a sequência didática tem por objetivo a aplicação de atividades diferenciadas, a fim de ampliar as habilidades de leitura e escrita nos alunos, auxiliando no processo de alfabetização e letramento. O ponto de partida da sequência didática, seguindo os passos de planejamento de Gasparin, é fazer o diagnóstico da turma para então pensar nos pró- ximos passos de planejamento: prática social inicial do conteúdo, problematização, instrumentalização, resultados e avaliação e prática social final. Os temas utilizados nas sequências didáticas primeiramente são focados no método fônico de ensino, nos conceitos e conteúdos do primeiro ano com suas respectivas habilidades a serem desenvolvidas. CONSIDERAÇÕES FINAIS DESSE MODO PERCEBEMOSa contribuição do Projeto para a formação acadêmica, no sentido de aliar a teoria e prática e possibilitar vivências do funcionamento da comunidade escolar. Por meio dessa experiência vivenciada dos elementos escolares como um todo, recebeu-se uma bagagem de conhecimentos indescritíveis às palavras, pois são tão válidas que transcendem ao conhecimento universitário, garantindo a estas acadêmicas uma formação docente embasada na prática e em um ambiente propício ao ensino e a aprendizagem, acompanhadas de profissionais engajados no PIBID, seja direta e indiretamente. A partir destas experiências, certamente, teremos profissionais mais críticos, atuantes e compromissados com as lutas educacionais. REFERÊNCIAS 115 CAPOVILLA, Alessandra G. S.; CAPOVILLA, Fernando C. Alfabetização: método fônico. São Paulo: Memnon. Edições científicas, 2002. E. E. F. DOM OSCAR ARNULFO ROMERO. Projeto Político Pedagógico. Xanxerê: EEF. Dom Oscar Arnulfo Romero, 2014. KRAMER, Sonia. Alfabetização, leitura e escrita: formação de professores em curso. São Paulo, Ática, 2010. NÓVOA, António. Professores Imagens do futuro presente. Lisboa, Relgrafia artes gráficas Ltda., 2009. NÓVOA, António. Regresso dos Professores. Lisboa, Relgrafia artes gráficas Ltda., 2011. SANTA CATARINA (Estado). Secretaria de Estado, da Educação, Ciência e Tecnologia. Proposta Curricular de Santa Catarina: Estudos temáticos. Florianópolis, Estado de Santa Catarina, 2005. Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente PIBID EDUCAÇÃO FÍSICA: ASPECTOS MOTIVACIONAIS NO COTIDIANO ESCOLAR Elisabeth Baretta* Leoberto Ricardo Grigollo, Mirian Dolzan, Jacqueline Salete Baptista, Isabel Cristina Cattani** Gracielle Fin*** Gilcemar Dalmagro de Quadros**** * Professora Coordenadora do subprojeto Educação Física – PIBID/Capes da Universidade do Oeste de Santa Catarina – Unoesc. ** Professores Supervisores do subprojeto Educação Física - PIBID/Capes da Universidade do Oeste de Santa Catarina – Unoesc. *** **** Professora do Curso de Educação Física da Universidade do Oeste de Santa Catarina – Unoesc e colaboradora da pesquisa. Bolsista do subprojeto Educação Física – PIBID/Capes da Universidade do Oeste de Santa Catarina – Unoesc. INTRODUÇÃO AS CRIANÇAS, ADOLESCENTES E JOVENSque frequentam as escolas vivem momentos em que os hábitos e as atitudes estão sendo criados e, dependendo da idade ou da abordagem, estão sendo revistos (BRASIL, 2002). A prática regular e bem orientada de exercícios traz inúmeros benefícios, como a redução do colesterol, diminuição do risco de distúrbios cardiovasculares, o aumento da vascularização, a melhoria da eficiência cardíaca, o fortalecimento de músculos, articulações e ossos, a melhoria da flexibilidade e da força muscular, que reduz as dores nas costas, entre outros (NAHAS, 2003). importância da prática de atividades físicas desde a infância até a vida adulta, percebe-se uma falta de interesse dos alunos no período da adolescência pelas aulas de Educação Física Escolar (CORREIA, 1996). Nesta perspectiva, a Educação Física Escolar tem como principal objetivo estimular as manifestações que compõem a cultura corporal do movimento. Mesmo havendo várias maneiras de trabalho e formas diferentes de estímulo à prática e sabendo da Dessa forma, os profissionais de Educação Física devem possibilitar o desenvolvimento cognitivo e motor em suas aulas, visto que tanto as crianças quanto os adolescentes estão sempre prontos para algum tipo de experiência, mas a seleção e provisão de estímulos, que desencadeiem a resposta esperada, são de responsabilidade do professor (GALVÃO, 2002). Os jogos, ginástica, lutas, dinâmicas e os esportes englobam o enorme conteúdo que a Educação Física tem a oferecer ao longo da vida escolar. É papel do professor de Educação Física realizar uma seleção desses conteúdos para que os alunos desenvolvam suas habilidades motoras, expressão corporal, conhecimento do corpo e tenham consciência do que é saúde (SOLER, 2003). METODOLOGIA NA PRÁTICA DA EDUCAÇÃO FÍSICAum fator relevante é a motivação, fenômeno emocional, biológico e social responsável por iniciar, direcionar e manter comportamentos relacionados com o cumprimento de objetivos (FURTADO, 2004). A motivação é essencial para o ser humano, pois é ela que estimula o cumprimento das tarefas do dia a dia e a forma como serão feitas. É ela que define a disposição de esforço em favor das metas a serem cumpridas, sob a condição de que o esforço seja capaz de satisfazer algumas necessidades individuais (GIL, 2001). Segundo Samulski (2002), a motivação é caracterizada como um processo ativo, intencional e dirigido a uma meta, o qual depende da interação de fatores pessoais (intrínsecos) e ambientais (extrínsecos). O aluno que está motivado se impõe em responsabilidades, aumentando sua vontade de praticar esportes, aumentando o desejo pela prática esportiva, levando o aluno a compreender seu papel na sociedade, acarretando no cumprimento de suas tarefas cotidianas com responsabilidade (WENTZEL, 1991 apud MORENO et al., 2012). Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente 117 Os alunos que possuem responsabilidades durante as aulas têm um papel importante para os colegas, pois aumentam seu nível de persistência buscando a cada dia melhorar suas capacidades e realizando com prazer as atividades propostas pelo professor (ALLEN, 2003 apud MORENO et al., 2008). O subprojeto Educação Física campus de Joaçaba, contemplado pelo PIBID na Universidade do Oeste de Santa Catarina, além de oportunizar aos acadêmicos a vivência no processo pedagógico de modo a intervir na promoção da saúde e qualidade de vida dos escolares por meio do desenvolvimento de suas O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à habilidades motoras, investigou questões referentes Docência (PIBID) tem como finalidade a aproxima- às regulações motivacionais para a prática das aulas ção dos cursos de licenciatura com a realidade esco- de Educação Física entre os escolares beneficiados lar, proporcionando aos acadêmicos da graduação a pela atuação do Programa. oportunidade de compreender a natureza das diversas implicações docentes estabelecidas junto ao contexto escolar. Fotografia 1 – Equipe de professores e bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) Educação Física da Universidade do Oeste de Santa Catarina, campus de Joaçaba (2014). 118 Fonte: os autores. Foram investigados 474 alunos de ambos os sexos, de 12 a 14 anos, regularmente matriculados em quatro escolas públicas das cidades de Joaçaba, Luzerna e Herval d’Oeste, SC. A regulação motivacional para a prática das aulas de Educação Física foi avaliada por meio do questionário Perceived Locus of Causality Questionnaire (PLOCQ) (GOUDAS; BIDDLE, 1994). Esse instrumento avalia PIBID Educação Física: aspectos motivacionais no cotidiano escolar a motivação dos estudantes para a participação nas aulas de Educação Física. O questionário é composto por 20 questões baseadas na Teoria da Autodeterminação (TAD) e é subdividido em cinco dimensões: motivação intrínseca, motivação extrínseca identificada, motivação extrínseca introjetada, motivação extrínseca externa e amotivação, na qual cada uma destas é composta por quatro itens. Utilizando 7 opções de resposta, baseadas na escala de Likert (1 – discordo plenamente, a 7 – concordo plenamente). Quanto maior o escore, maior o nível de concordância do aluno. No instrumento não foi considerada a pontuação total obtida pelos escolares no questionário, mas as registradas por estes em cada uma das subescalas do instrumento. Quanto mais alta for a pontuação obtida pelo indivíduo em determinada subescala, mais elevada é a sua orientação para os objetivos de realização inerentes a essa mesma subescala. A Tabela 1 apresenta os resultados que caracterizam as regulações motivacionais para a prática das aulas de Educação Física dos escolares do sexo masculino e feminino respectivamente. Tabela 1 – Regulações motivacionais para a prática das aulas de Educação Física dos escolares beneficiados pelo PIBID, de acordo com sexo (2014) Masculino Amotivação Regulação Externa Regulação Introjetada Regulação Identificada Motivação Intrínseca Feminino Amotivação Regulação Externa Regulação Introjetada Regulação Identificada Motivação Intrínseca N Mínimo Máximo Média Desvio Padrão 203 203 203 203 203 01 01 01 01 01 06 07 07 07 07 2,3 2,8 3,9 5,6 5,7 1,40 1,42 1,48 1,29 1,27 271 271 271 271 271 01 01 01 01 1,5 07 07 07 07 07 2,6 3,2 3,5 5,1 5,0 1,44 1,52 1,37 1,33 1,41 Fonte: os autores. Observa-se, para ambos os sexos, um perfil de motivação mais autodeterminado, verificando-se a média mais elevada para a motivação intrínseca, definida como a realização de uma atividade para obter a própria satisfação e prazer (BRICKELL; CHATZISARANTIS, 2007). As regulações motivacionais seguiram-se de forma decrescente na média dos valores. Nos resultados do sexo feminino, observa-se uma média mais alta para a regulação identificada, que é um tipo de motivação extrínseca (externa), em comparação com a motivação intrínseca. Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente 119 A regulação identificada apresenta-se como um comportamento mais internamente regulado, neste caso, o indivíduo já considera importante a sua participação na atividade e aprecia os resultados e benefícios que envolvem o processo, mesmo que a sua prática ainda não seja tão agradável (WILSON et al., 2003). 120 física. Assim, depois de finalizada a etapa de escolaridade obrigatória, a tendência é que o abandono da prática seja atenuado. Nesse sentido, percebe-se a necessidade de que a Educação Física Escolar seja trabalhada de forma a ser um facilitador para que os adolescentes tenham maior adesão à prática de ativiQuando comparadas as médias dos dois grupos dades físicas. percebe-se a predominância da autodeterminação, O indicador da motivação refere-se à falta de intensendo os adolescentes do sexo masculino mais mo- ção ou quando o indivíduo não se sente competente tivados intrinsecamente. No entanto, a regulação in- para fazer ou não está satisfeito com o resultado obtrojetada, tipo de motivação presente no reconheci- tido (DECI; RYAN, 2000). Acredita-se que no contexmento social, é maior nos meninos em comparação to investigado os alunos demonstram predisposição às meninas. Na regulação introjetada as recompen- à prática das aulas de Educação Física, em razão de sas envolvidas no processo regulatório são internas. esse indicador ter apresentado a menor média entre Nesse caso, há um sentimento de obrigação para a os critérios analisados. realização da atividade, influenciada também pelo Estudos têm demonstrado que para a efetiva adesão meio social, quando, por exemplo, o indivíduo prati- à prática de atividades físicas, a motivação intrínseca ca a atividade física para não se sentir culpado dian- é a forma mais desejada, uma vez que proporciona o te de seu comportamento inativo. Assim, envolve desenvolvimento da autonomia do indivíduo ao resituações conflituosas em que os comportamentos alizar as atividades (KOBAL, 1996). Considerando o são influenciados por pressões internas, como a cul- desenvolvimento desta característica, Darido (2004) pa e a ansiedade (FERNANDES; VASCONCELOS-RA- destaca que quando se tratam de crianças e adolesPOSO, 2005). centes, a obtenção desta autonomia em relação à Ryan e Deci (2000) consideram que os indivíduos têm maior tendência de participação nas atividades quando o seu comportamento é regulado de forma mais autodeterminada (regulação integrada e motivação intrínseca). Moreno e Martínez (2006) afirmam que programas educacionais que estimulem o desenvolvimento da motivação intrínseca e de uma conduta mais autodeterminada, principalmente, nas primeiras etapas escolares, podem conduzir o indivíduo à adoção de hábitos de prática de atividade prática de atividades físicas pode ser propiciada com influência da Educação Física, que se apresenta na escola como uma área que deve introduzir e integrar o aluno nas dimensões da cultura corporal. Contudo, é preciso entender como as necessidades de autonomia, competência e relações com os demais são estimuladas durante as aulas, uma vez que a interiorização destes fatores pode ter influência direta na adesão à prática de atividade física. CONSIDERAÇÕES FINAIS DIANTE DESSE CONTEXTO, acreditamos que o Educação Física escolar, a qual enfrenta muitos desadesenvolvimento do PIBID junto às escolas públicas fios. poderá intervir de forma mais direta e significativa nos aspectos motivacionais que envolvem as aulas de PIBID Educação Física: aspectos motivacionais no cotidiano escolar Por outro lado, estas informações são dados preliminares, foram coletados a partir da inserção de PIBID nas escolas com apenas alguns meses de intervenção e fazem parte de um estudo de maior envergadura. Sugere-se a realização de novas pesquisas com a abordagem de outros indicadores que envolvem os aspectos motivacionais relacionados à Educação Física, para que possamos identificar e sugerir ações para qualificação das aulas, no sentido de superarmos os desafios que a disciplina enfrenta no contexto da escola. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde. A promoção da saúde no contexto escolar. Revista Saúde Pública, v. 36, n. 2, p. 533-535, 2002. BRICKELL, T. A; CHATZISARANTIS, N. L. D. Using self-determination theory to examine the motivational correlates and predictive utility of spontaneous exercise implementation intentions.Psychology of Sport and Exercise, v. 8, p. 758-770, 2007. CORREIA, W. R. Planejamento participativo e o ensino de Educação Física no 2º grau. Revista Paulista de Educação Física, suplemento 2, p. 43-48, 1996. DARIDO, S. C. A Educação Física na escola e o processo de formação dos não praticantes de atividade física. 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O conhecimento da realidade constitui pressuposto essencial à inserção no contexto sócio educacional e ao exercício da docência. Para fazer frente ao, até certo ponto, desencanto com a carreira do magistério, às dificuldades emergentes na educação básica, institui-se como um dos componentes das políticas públicas o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID com a finalidade de estimular o licenciando a conhecer a realidade da escola e as possibilidades concretas de exercer a docência. (SARTORI, 2011, p. 2.) Assim o PIBID, enquanto subprojeto da Licenciatura em Música, vai ao encontro dos anseios escolares, apoiando-se no que diz respeito à Lei n. 11769/08*** e usando o lúdico como ferramenta pedagógica. No projeto aplicado uma vez por semana pelos bolsistas acadêmicos, os conhecimentos são internalizados por meio de uma linguagem privilegiada, usando o lúdico, criando crenças e valores que, muitas vezes, em aulas tidas como convencionais não surtiriam efeitos tão imediatos aos alunos, dessa forma, o PIBID agrega valor cognitivo tanto aos bolsistas quanto aos alunos. O trabalho docente contribui para o processo de humanização dos alunos historicamente situados, essa humanização é prática, intelectual e relacionada com o todo. Essa relação tanto se dá pelo intelecto quanto pelos sentidos, em síntese por todos os órgãos da individualidade que são objetos da reapropriação humana. (PEREIRA; SUBTIL, 2012, p. 3). A música é usada como ferramenta para modificar comportamentos, estabelecer regras de boa convivência, construir saberes de forma lúdica e prazerosa, melhorar a autoestima das crianças, criar espaços para reflexões, resultando em uma postura de ensi- *** Sobre a Lei 11769/08 ver: BRASIL, Lei 11769/08 nar e aprender mais consciente, mais significativo, (2008). Altera a Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996, única, verdadeira e possível. Lei de Diretrizes e Bases da Educação, para dispor sobre a obrigatoriedade do ensino da música na educação básica: promulgada em 18 de agosto de 2008. 2008ª. Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente 125 Compreender o jogo, a brincadeira e o brinquedo como manifestações culturais de profunda significação, principalmente para a criança, e reconhecer a necessidade dessas atividades no processo de desenvolvimento infantil. Segundo Volpato (2002, p. 111) “(...) é importante, sobretudo pela necessidade urgente de a escola vir a ser um lugar mais prazeroso.” Com o propósito de se buscar situações de aprendizagens no contexto escolar e a formação integral do ser, fazendo uso de ferramentas lúdicas e brincadeiras, os bolsistas pibidianos estão plantando uma semente para o amanhã, construindo um novo futuro, um futuro de direito à cidadania, bem como criando uma extensão, aproximando a academia de licenciatura em música com a Educação Básica. PROPOSIÇÃO DE CASO 126 O ESTUDO DE CASO aqui apresentado refere-se ao Programa de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) do subprojeto Licenciatura de Música, que está em andamento na Escola Estadual de Educação Básica Mater Dolorum, Capinzal, SC, a qual em seu Projeto Político Pedagógico contempla a proposta Curricular de Santa Catarina, fazendo uso da ampliação da jornada escolar na perspectiva de uma Educação Integral, a qual pressupõe um espaço privilegiado na formação do aluno de maneira igualitária, integral e humana. Por meio do projeto PIBID, os bolsistas desenvolveram atividades extracurriculares com as crianças do 4°, 6° e 7° anos, com atividades de 40 minutos em uma aula semanal, possibilitando aos alunos oportunidades, como: musicalização, concentração, melhoria da autoestima, recreação, interdisciplinaridade, desenvolvendo o gosto pela música, pela poesia, pelo lúdico, sensibilizando-os para atitudes mais humanistas – maior carência do mundo atual. No entanto, as reuniões, as sugestões de estudos, materiais bibliográficos, a organização, o espaço apropriado e os demais suportes fornecidos pela instituição acadêmica e escola proporcionaram-lhes o suporte necessário para efetuarem seus planejamentos e transformá-los em prática de forma agradável. O resultado foi a interação entre conhecimento pedagógico e prático, agregando, inclusive, conhecimentos para a licenciatura acadêmica. O estudo de caso que segue está baseado nos princípios educacionais citados e relata sobre o bolsista com as iniciais do seu nome “J.L.J”, nascido em Campo Belo do Sul, com 39 anos de idade. Originário de família humilde, estudou em escola pública, onde se formou no ensino básico, “J.L.J”, relata que teve uma vida muito difícil, ajudando seus pais desde os sete anos de idade e, como o próprio menciona: “sempre fui da roça”. Seus pais achavam que estudar era coisa de família abastada, cresceu tendo ao seu lado todas as possiEm princípio havia uma grande inquietação por par- bilidades de como as pessoas dizem “não dar certo”, te dos bolsistas para encontrar formas de ensinar, com dificuldades de socialização, devido ao isolae que as mesmas conseguissem abranger também mento e à criação tímida e sem maiores ambições os conteúdos de modo geral, a maioria deles não ti- culturais. nham contato direto com as escolas e não sabia por A música em sua vida foi se revelando de forma inaonde começar. ta, aprendeu a tocar violão antes dos 15 anos somente de ouvido, um autodidata apaixonado por sons. Sua primeira oportunidade de trabalho com música foi “O desenvolvimento do licenciando em música e sua integração com a prática pedagógica: benefícios no processo da formação docente” como componente em uma banda, e daí em diante fez alguns cursos na área e frequentou um ano e meio de conservatório. No final de 2013, foi aprovado no processo seletivo da Unoesc, no curso de Licenciatura de Música. Com essa nova perspectiva do ensino superior, “J.L.J”, viu no PIBID uma forma de aumentar seus conhecimentos como docente, bem como auxiliá-lo financeiramente para custear seus compromissos acadêmicos. No caso, o pibidiano “J.L.J”, desde o início teve uma postura muito questionadora e reflexiva, preocupado em cumprir o seu papel com eficiência, em como proceder diante das dificuldades e diferenças, disposto em construir momentos satisfatórios em sala de aula, buscando a interdisciplinaridade da educação musical com as demais disciplinas, somando à sua bagagem e experiência no saber universitário. A princípio notava-se certa insegurança, medo de errar, porém as aulas foram acontecendo e ele foi se alinhando com o espaço, com a convivência, com as parcerias, com a escola e seus segmentos. Aos poucos os seus conflitos foram superados e o acadêmico foi dominando as questões relacionadas com a iniciação da sua formação, aproximando o empírico do teórico. Na trajetória vivenciada pelo bolsista “J.L.J”, na Escola Estadual de Educação Básica Mater Dolorum, podemos citar um detalhe que percebemos ter grande influência em seu progresso individual: era visto que o mesmo tinha algumas barreiras ao relatar casos, e fazer produções científicas, resumos, planos de aula, entre outros. Assim aos poucos, “J.L.J” começou a desenvolver melhor suas habilidades na arte redacional, por meio dos seus relatórios das aulas; demonstrando interesse e adquirindo, com isso, maior segurança e conhecimento para a continuidade em seus estudos acadêmicos. A própria Proposta Curricular de Santa Catarina propõe a realidade de que os conceitos sistematizados são decorrência do dia a dia e que evoluímos à medida que nos disponibilizamos a aprender. OS conceitos cotidianos e sistematizados/ elaborados não fluem por canais isolados, mas estão imersos num processo de contínua interação e devem produzir como resultado inevitável que as generalizações de estrutura superior, características dos conceitos sistematizados, desenvolvam mudanças estruturais nos seus conceitos cotidianos. Dessa forma, o sujeito realiza voluntariamente algo que utilizava espontaneamente com facilidade. Os conceitos cotidianos, estabelecidos anteriormente, sofrem significativo incremento com as tarefas que exigem trabalho com os conceitos sistematizados, fundamentais para o desenvolvimento teórico.(SANTA CATARINA, 2014, p. 36-37). “J.L.J” é um aluno que se mostra capaz, disposto e possui genuína liderança ao propor aulas e aplicá-las com muita criatividade e ludicidade, registrando suas ideias e compartilhando com os demais. O que antes era timidez agora se transforma em conhecimento. O que era dificuldade de se expressar, hoje é exemplo de superação. Os demais bolsistas têm-no como amigo, um jovem incentivador de ideias novas, que ajuda a construir relações sociais positivas, de respeito e que os leva a crer em suas potencialidades e em seus próprios sonhos. Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente 127 HOJE pedagógicos; que os professores não são apenas técnicos, mas também profissionais críticos e reflexivos. De facto, não há ensino sem renovação permanente dos meios pedagógicos, sem uma concepção quotidiana de novos materiais [...] os professores encontram-se diante de uma atividade constante de produção e de invenção. (NÓVOA, 2002, p. 36-37). em dia impõe-se cada vez com maior evidência: que os professores não são apenas consumidores, mas são também produtores de materiais de ensino; que os professores não são apenas executores, mas são também criadores e inventores de instrumentos Fotografias 1, 2, 3 - Música na escola 128 Fonte: os autores. CONSIDERAÇÕES FINAIS TENDO EM VISTA A PROPOSTA d e incentivo à Iniciação a Docência do PIBID, pode-se afirmar que a conscientização positiva do diálogo e aproxima- ção da Universidade com a Educação Básica como uma perspectiva interacionista e proativa é real. O estímulo ao trabalho conjunto e constante vem rom- “O desenvolvimento do licenciando em música e sua integração com a prática pedagógica: benefícios no processo da formação docente” pendo a autossuficiência do saber docente através das relações de ensino-aprendizagem, envolvendo a cada um dos docentes numa postura de comprometimento, crescimento e colaboração. Em síntese, é importante trazer à tona os registros acerca das ações que os bolsistas do PIBID desenvolvem no ambiente escolar, colocando-os à realidade concreta da escola, fazendo que eles vivenciem na A formação universitária em parceria com escolas prática o conceito de facilitador do processo ensinode ensino básico, vem se constituindo num proces- -aprendizagem, investigando e entendendo o conheso unilateral, as experiências e vivências de ensino cimento sistematizado dos fazeres da docência e, aprendizado são enriquecedoras, fortalecendo e ga- assim, afirmar que a formação inicial dos bolsistas rantindo a permanência do docente em sala de aula, pibidianos vem sendo de suma importância para as reflexões e quebra de paradigmas, pois a música é pautado de conhecimento teórico e prático. uma área do conhecimento que necessita de estudo, As experiências nos dão conta da importância des- prática e reflexão. te projeto na escola, a música nos faz crescer como seres humanos, ela ultrapassa as barreiras da incompreensão, é a forma mais sensível de linguagem e expressão, pois transforma nosso interior e nos torna mais humanos. REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MUSICAL. Disponível em: <http://www.abemeducacaomusical.org.br/noticias2.html>. Acesso em 18 fev. de 2015. BRASIL. LDB. Lei 9394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.Brasília: MEC, 1996. NÓVOA, António. Formação de professores e trabalho pedagógico. Lisboa, Educa, 2002. PENNA, M. A questão curricular: por um eixo pedagógico para as Licenciaturas em Arte. In: PEREGRINO, I. (Coord.). Da camiseta ao museu o ensino das artes na democratização da cultura. João Pessoa: ed. UFPB, 1995. PEREIRA, Melissa P. da Silveira; SUBTIL Maria J.Dozza. Perspectivas para a formação de professores de música: o projeto político pedagógico da licenciatura em música da UEPG 2003. In: ANPED SUL, 9., 2012. Anais... 2012. SANTA CATARINA (Estado). Proposta Curricular de Santa Catarina. Formação Básica Integral naEducação básica. Estado de Santa Catarina, Secretaria de Estado da Educação. 2014. SARTORI, Jerônimo. “Formação de professores: conexões entre saberes da universidade e fazeres na educação básica.” Anais do II Encontro Institucional do PIBID UFRGS/Porto Alegre 1 (2011). VOLPATO, Gildo. Jogo, brincadeira e brinquedo: usos e significados no contextoescolar e familiar. Florianópolis: Cidade Futura, 2002. Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente 129 PROMOÇÃO DE SAÚDE NA ESCOLA: ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO PARA UM ESTILO DE VIDA SAUDÁVEL Andréa Jaqueline Prates Ribeiro* Dalvana Gallina, Igor Mercaus da Silva, Katiane Fraporti, Sirlei Martins Ferrasso** * Coordenadora do subprojeto de Educação Física – PIBID - São Miguel do Oeste/SC. ** Supervisores do subprojeto de Educação Física – PIBID - São Miguel do Oeste/SC. INTRODUÇÃO A INFÂNCIA E A ADOLESCÊNCIAsão períodos do ciclo de vida marcados por grande vulnerabilidade, por representarem fases em que o ser humano está crescendo e se desenvolvendo, tanto física quanto intelectualmente, merecendo, assim, atenção redobrada. Por isso, é estratégica e necessária uma educação voltada para a saúde com impacto, que resultará em maior autonomia das pessoas em relação ao cuidado consigo mesmas, com o outro e com o meio em que vivem, para a conquista de melhor qualidade de vida (GUIMARÃES, 2003). Do ponto de vista da saúde pública e medicina preventiva, promover a atividade física na infância e na adolescência significa estabelecer uma base sólida para a redução da prevalência do sedentarismo na idade adulta, contribuindo desta forma para uma melhor qualidade de vida. Nesse contexto, ressaltamos que a atividade física é qualquer movimento como resultado de contração muscular esquelética que aumente o gasto energético acima do repouso e não necessariamente a prática desportiva (LAZZOLLI et al., 1998). Diante da realidade apresentada, uma das intenções do trabalho que vem sendo realizado pelos profissionais e acadêmicos de Educação Física do PIBID é a vivência no processo pedagógico de modo a intervir na promoção da saúde e qualidade de vida dos escolares por meio da orientação de atividades físicas nas aulas de Educação Física, bem como promover encontros temáticos de conscientização dos estudantes sobre boas práticas de atividade física e saúde na melhora da qualidade de vida. Sendo assim, a escola pode ser considerada como um espaço excelente para o desenvolvimento de programas de promoção da qualidade de vida em virtude de várias condições que são contempladas pela sua estrutura e objetivos. É, sem dúvida, um local que favorece a participação de toda a comunidade. O conceito “Escola Promotora da Saúde” é proposto pela Organização Mundial da Saúde como estratégia para promoção da qualidade de vida nos municípios e comunidades saudáveis. Os objetivos da “Escola A prática regular e bem orientada de exercícios fí- Promotora da Saúde” estão centrados em três prinsicos traz inúmeros benefícios, como a redução do cipais temas: a) educação para a saúde e o ensino de colesterol, diminuição do risco de distúrbios cardio- habilidades para a vida, visando à aquisição de covasculares, aumento da vascularização, a melhoria nhecimento sobre a adoção e manutenção de comda eficiência cardíaca, o fortalecimento de músculos, portamentos e estilos de vida saudáveis; b) estrutuarticulações e ossos, a melhoria da flexibilidade e da ração de ambientes saudáveis para criar e melhorar força muscular, que reduz as dores nas costas, entre a qualidade de vida na escola e nos locais onde ela outras. (BRASIL, 2002; NAHAS, 2013; SOARES; PE- está situada; c) fortalecimento da colaboração entre TROSKI, 2003). os serviços de saúde e de educação visando à promoção integrada da saúde, alimentação, nutrição, lazer, atividade física e formação profissional (ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD, 2006). ESTRATÉGIAS DE TRABALHO O TRABALHO FOI REALIZADOnas Escolas Mu- Kubitschek e Marechal Arthur da Costa e Silva (São nicipais: Atilio L. Calza, Aurélio P. Vicari, Juscelino Miguel do Oeste/SC) por intermédio do trabalho Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente 131 conjunto da Coordenação do subprojeto de Educação Física com os supervisores e acadêmicos do PIBID. Foram propostas aulas com foco na promoção da saúde por meio da seleção, organização e desenvolvimento de experiências que fizeram com que o aluno não apenas se tornasse ativo fisicamente, mas tivesse conscientização a respeito do assunto, incentivando a manutenção desses hábitos saudáveis também em sua vida adulta. Sendo assim, as aulas foram baseadas na abordagem da Saúde Renovada, a qual busca, através dos conteúdos da Educação Física inserir conceitos que objetivam trabalhar as questões relacionadas à importância da prática da atividade física e sua relação com a aptidão física e saúde. Para se aumentar as possibilidades de influenciar o comportamento futuro dos alunos, levando-os a hábitos que incluam atividades físicas regulares e uma alimentação mais saudável, a Educação Física e as atividades extraclasse realizadas buscaram: • proporcionar a aquisição de conhecimentos sobre atividade física e nutrição para o bem-estar e a saúde em todas as idades; • estimular atitudes positivas em relação à atividade física e à prática esportiva; • proporcionar independência (autoavaliação, escolha de atividades e conhecimentos nutricionais), considerando-se os componentes que envolvem o estilo de vida. No Quadro 1 são apresentados, de forma resumida, os conteúdos e estratégias utilizados. Quadro 1 - Proposta resumida da intervenção - conteúdos/estratégias 132 CONTEÚDOS Atividade física Nutrição ESTRATÉGIAS Vídeos, conversas durante as aulas, circuitos, atividades realizadas pelos familiares no passado, artigos e textos informativos, organização da pirâmide da atividade física. Conversas durante as atividades realizadas, confecção de mural a partir de recortes de palavras e gravuras, artigos e textos informativos, organização da pirâmide alimentar, palestras. Fonte: os autores. A escola pode e deve ensinar mais que conceitos de saúde aos alunos, já que a prática de hábitos saudáveis faz com que as crianças e os adolescentes acabem desenvolvendo as mesmas atitudes em suas casas. A alimentação tem um papel de destaque nos temas que trabalham promoção da saúde, visto que pode fortalecer o vínculo entre educação e saúde, promover o desenvolvimento de um ambiente saudável e, ainda, melhorar o potencial de aprendizagem do aluno. A partir da proposta implementada, o grupo do presente subprojeto pode vivenciar o importante papel do professor de Educação Física na promoção da saúde dos escolares e comunidade envolvida com a escola. Já os escolares e seus familiares relataram a importância dos conteúdos trabalhados, assim como das estratégias utilizadas, as quais fizeram com que todos avaliassem seus estilos de vida e buscassem modificações em relação aos componentes atividade física e nutrição, de modo a melhorar aspectos relacionados à saúde. Promoção de saúde na escola: estratégias de intervenção para um estilo de vida saudável CONSIDERAÇÕES FINAIS EM RELAÇÃO AO TRABALHO implementado, percebeu-se que as práticas de caráter informativo em promoção da saúde precisam estar vinculadas a ações educativas, mediadas pelo professor de Educação Física e seus alunos, mediante atividades de movimento, palestras, tarefas de aula e para casa, cartazes, murais informativos, vídeos, folhetos e demais meios de comunicação disponíveis na comunidade. As ações pedagógicas devem ser coerentes com o pensamento pedagógico, onde o aluno possa se integrar socialmente, desenvolver seus domínios cognitivos, motor e afetivo-social, oportunizando, através de atividades interessantes, a criatividade, a experimentar, tomar decisões, avaliar, observando tudo o que se pode atingir visando à formação de um indivíduo independente, reflexivo e crítico. Dessa forma, o professor de Educação Física, a partir de um diagnóstico da comunidade encontrará as principais demandas em saúde, atividade física e práticas alimentares podendo assim propor recomendações mais adequadas. Também poderá avaliar os resultados de sua ação educativa com a finalidade de corrigir os equívocos e redirecionar as medidas adotadas e informações oferecidas. A escola possui espaço e tempo privilegiados para promover a saúde, pois é um local onde muitas pessoas passam grande parte do seu tempo, vivem, aprendem e trabalham. Dessa forma, o ambiente de ensino pode articular, de forma dinâmica, todos os atores envolvidos proporcionando condições para o desenvolvimento de atividades que favoreçam o conhecimento e a convivência com atitudes saudáveis. REFERÊNCIAS GUIMARÃES, G. R. A. Promoção da saúde na escola: saúde bucal como objeto de saber. Dissertação (Mestrado em Odontologia)-Faculdade de Odontologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2003. LAZZOLI, J. K. et al. Atividade física e saúde na infância e adolescência. Revista Bras. Med. Esporte , v. 4, n. 4, Jul/Ago, 1998. BRASIL. Ministério da Saúde. A promoção da saúde no contexto escolar. Revista Saúde Pública, v. 36, n.2, p. 533-535, 2002. NAHAS, M. V. Atividade Física, Saúde e Qualidade de Vida. 6. ed. Londrina: Midiograf, 2013. OMS – Organização Mundial da Saúde. Prevenção das doenças crônicas: um investimento vital. 2005. Disponível em: <http://www.who.int/chp/chronic_disease_report/contents/en/index.html>. Acesso em: 14 abr. 2014. SOARES, L. D.; PETROSKI E. L. Prevalência, fatores etiológicos e tratamento da obesidade infantil. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano, Florianópolis, v. 5, n. 1, p. 63-74, 2003. Disponível em: <http://www.rbcdh.ufsc.br/DownloadArtigo.do%3Bjsessionid=E8C866A75126F2F02E077194E3A A572D?artigo=104>. Acesso em: 29 jun. 2014. Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente 133 O PIBID E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA DO SUBPROJETO DE PEDAGOGIA – CAMPOS NOVOS/OURO DA UNOESC Raquel Terezinha Sampaio* Ângela Maria Dalberto, Elenita Bareta, Mônea Soares Borges, Tânia Ross** * Coordenadora de área do PIBID. ** Professoras supervisoras de área do PIBID. INTRODUÇÃO O PRESENTE RELATO TEM COMO fi nalidade contar as experiências vividas pelas bolsistas do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência, o PIBID, bem como atividades realizadas pelas professoras supervisoras Tania Ross, Angela Maria Dalberto, Elenita Bareta e Mônea Soares Borges que tem como eixo temático: “O mundo encantado da literatura”, Contexto, Pesquisa e Prática”, junto ao curso de Pedagogia da Universidade do Oeste de Santa Catarina Unoesc, que, comprometida com o desenvolvimento da educação, acompanha, observa, e intervém, sempre que necessário, nas demandas regionais, no que diz respeito, neste caso, às práticas pedagógicas em educação, mais especificamente, no processo de alfabetização e letramento, alfabetização matemática e na Formação de professores do Magistério da Educação Básica. A Universidade por meio do curso de Licenciatura em Pedagogia integrada com escolas de Educação Básica vem contribuir na formação dos futuros pedagogos com várias competências, ajudando-o a compreender a sua realidade e a refletir sobre ela e a aceitação das diferenças individuais, valorização da formação e das práticas escolares, a capacidade comunicativa, oral e escrita, a convivência dentro da diversidade humana e aprendizagem por meio de cooperação. dos no processo ensino-aprendizagem, no foco: alfabetização e letramento “ler e escrever no contexto das práticas sociais da leitura e escrita” (SOARES, 1998), nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Por isso, para acompanhar estas transformações, precisa-se ter uma visão ampla e crítica das novas formas de aquisição do conhecimento e das novas tecnologias que exigem estudos/pesquisas, na obtenção de uma qualidade de educação que viabiliza projetos inovadores que redefinam a inclusão social. Dessa forma, a superação das dificuldades de aprendizagem contribui para a inclusão, minimizando a lógica seletiva, o que implica competência multidimensional do educador. Ao proporcionar a apropriação dos conhecimentos o aluno melhora sua autoestima, proporcionando também o interesse ao aprendizado de outras disciplinas que estas contribuam imensamente na formação de licenciandos e na inovação do processo de ensino-aprendizagem nas escolas de Educação Básica conveniadas. Entendemos que o processo de educação inclusiva no ensino fundamental está diretamente ligado à oportunidade dada a cada criança em alfabetizar-se, de maneira lúdica, considerando principalmente a vivência prazerosa da infância. A alfabetização não se limita à leitura e à escrita – ela se estende a todos os níveis da vida social. Aprende-se mais e melhor com a troca de informações e experiências. Nesta perspectiva, a contribuição na formação dos futuros professores, a participação em experiências metodológicas, tecnológicas, práticas docentes de A seguir relatam-se algumas das muitas atividades caráter inovador e prática interdisciplinar do PIBID realizadas nas escolas onde se aplica o subprojeto de possibilitando a superação de problemas identifica- Pedagogia do PIBID/Unoesc Campos Novos/Ouro. Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente 135 ESCOLA DE EDUCAÇÃO BÁSICA “HENRIQUE RUPP JÚNIOR – CAMPOS NOVOS OFICINAS PEDAGÓGICA A presente ação encontra-se em desenvolvimento na Escola Henrique RuppJúnior com a participação das bolsistas do programa PIBID e tem como objetivo principal estimular e criar condições de aprendizagem aos alunos do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental que necessitam de uma intervenção pedagógica diferenciada e imediata no processo de alfabetização. 136 Fotografia 1 - Jogo da Emília O trabalho com literatura, jogos e atividades lúdicas é um recurso que estimula a aprendizagem e favorece o desenvolvimento de diferentes habilidades, como: linguagem, raciocínio lógico, observação, interpretação, análise, levantamento de hipóteses, reflexão, argumentação, organização, interação, iniciativa, autoconfiança, autonomia, entre outras. O trabalho do PIBID vem possibilitando mudança no processo ensino e aprendizagem, uma vez que modifica e aprimora o método de ensino, possibilitando uma situação de prazer, tornando a aprendizagem significativa. Dessa forma, em parceria com as professoras regentes das turmas, organizamos várias oficinas pedagógicas com o intuito de enriquecimento e fortalecimento da ação pedagógica, entre elas a Oficina da Emília. Por Fonte: os autores. meio dos contos de Lobato, desenvolvemos uma série de atividades lúdicas, jogos, teatros, usando um Esse jogo trabalha as quatro operações matemáticas, dos personagens mais queridos no universo infantil: em que os alunos são estimulados a trabalhar em a Emília. Por meio desse personagem conseguimos duas equipes competindo entre si. prender e direcionar a atenção dos educandos suprindo e superando dificuldades de leitura, escrita, raciocínio lógico e deficiências matemáticas. As oficinas são oferecidas a todas as turmas de 1º a 5º ano, sendo adaptadas à série e às necessidades de cada turma. Essa ação tem promovido alterações positivas no quadro atual, resultando em melhor aproveitamento escolar dos alunos elevando seus níveis de alfabetização matemática e letramento. O PIBID e a formação de professores para a educação básica: relato de experiência do subprojeto de Pedagogia – Campos Novos/Ouro da Unoesc DANÇA DAS EMÍLIAS: BINGO ALFABÉTICO DO RABICÓ Essa coreografia foi ensaiada com as turmas depois O jogo explora o personagem literário para chamar a da contagem das várias travessuras da Emília, sendo atenção dos alunos do 1º ano, tornando o processo de apresentada na festa junina da escola. A ação mos- alfabetização mais prazeroso. trou-se eficiente na interação, atenção e divertimento aos alunos. Fotografia 3 - Bingo Alfabético do Rabicó Fotografia 2 - Dança das Emílias Fonte: os autores. Fonte: os autores. ESCOLA MUNICIPAL WALDERMAR RUPP – CAMPOS NOVOS RELATO DE EXPERIÊNCIA O Programa Institucional de Bolsa de Iniciativa à Docência (PIBID), é um programa do Ministério da Educação (MEC), por intermédio da Diretora de Formação de Professores da Educação Básica da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), que desenvolve uma ação integrada da educação superior do sistema federal e de instituições de ensino superior comunitário, no caso da Unoesc de Joaçaba e Campos Novos, com a escola de Educação Básica dos sistemas públicos. O Grupo Escolar Municipal Deputado Waldemar Rupp, de Campos Novos/ SC, vem sendo contemplado com o Projeto desde o ano de 2012. É de suma importância este projeto na comunidade, pois é constituído basicamente por famílias de baixa renda e com baixo nível de escolaridade. Os alunos atendidos são de 1º a 5° ano do Ensino Fundamental. Estudos recentes apontam para a necessidade de criação de uma escola bem diferente da que conhecemos. Uma escola em que as pessoas possam dialogar, duvidar, discutir, questionar e compartilhar saberes. Onde há espaço para transformações, para as diferenças, para o erro, para as contradições, para a colaboração mútua e para a criatividade. Uma escola em Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente 137 que os professores e alunos possam refletir sobre o seu próprio processo de construção de conhecimento e ter acesso a novas informações. A escola deve ser o lugar onde o aluno e o professor precisam aprender a reaprender sempre. É nesta perspectiva que o PIBID vem fazendo a diferença, propondo aos educandos uma aprendizagem prazerosa e significativa, com materiais concretos, jogos confeccionados pelas bolsistas, organizando ações e atividades que levam ao desenvolvimento do raciocínio lógico matemático e à construção gradativa do processo de alfabetização e letramento. Entre várias ações desenvolvidas, que obtivemos ótimos resultados, destacamos o atendimento individual e de pequenos grupos de alunos, conforme relato das bolsistas. 138 Em meio a tantas inovações e a tantas tecnologias nos vemos com a missão de ensinar, trabalhamos com o que há de mais precioso em nosso mundo, trabalhamos com crianças, que a cada dia nos surpreendem. Buscamos por meio de atendimento individual atender às necessidades que são encontradas pelas mesmas em sala de aula, porém nosso trabalho é diferenciado, procuramos ensinar de modo lúdico e significativo, onde temos como principal objetivo despertar, motivar o aprendizado. Brincamos com o alfabeto, onde as palavras criam vida e cor, a matemática fica divertida, e os números se transformam. Em meio às dificuldades, as crianças percebem que o aprender se torna prazeroso, e é despertado nesta troca a autoconfiança, o afeto, e o estímulo pelo saber mais. Portanto, estes encontros semanais proporcionam uma experiência inigualável, conhecemos cada aluno de maneira única, e passamos a fazer parte da vida e da educação dos mesmos. A cada novo encontro, não apenas ensinamos, mas a troca de conhecimentos é mútua, acreditamos que este é o diferencial, é o que nos dá prazer pelo inovar. Entendemos que este é o caminho correto para uma inovação na educação. Dos alunos atendidos pelo PIBID, verificou-se avanços significativos em relação às dificuldades encontradas quanto à aprendizagem, a leitura, a concentração e atenção, houve também um resgate pela autoestima. Desse modo, houve grandes avanços tanto no intelectual quanto no didático. Fotografia 4 - Formando palavras com o alfabeto móvel Fonte: os autores. Fotografia 5 - Joga da joaninha/ adição e subtração Fonte: os autores. O PIBID e a formação de professores para a educação básica: relato de experiência do subprojeto de Pedagogia – Campos Novos/Ouro da Unoesc Fotografia 5 - Formando palavras por meio de figuras Fotografia 6 - Trabalhando identidade/ autoestima Fonte: os autores. Fonte: os autores. Fotografia 7 - Leitura e escrita 139 Fonte: os autores. ESCOLA MUNICIPAL FELISBERTO VILARINO DUTRA – OURO RELATO DE EXPERIÊNCIAS O PIBID - subprojeto em Pedagogia da Universidade do Oeste de Santa Catarina de Capinzal oferece aos acadêmicos do Curso de Pedagogia a oportunidade de se inserir e participar no contexto escolar, proporcionando novas experiências e reflexões, trazendo enriquecimento e conhecimento na prática do acadêmico. O presente relato tem como objetivo apresentar as experiências vivenciadas no Projeto: “Só lendo para Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente ficar sabendo” junto aos Anos Iniciais do Ensino Fundamental da Escola Municipal Felisberto Vilarino Dutra, no Município de Ouro, SC, como atividade do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID, no ano de 2014 visando promover o incentivo da leitura. 140 Foram organizadas atividades envolvendo literaturas apropriadas condizentes com a faixa etária do ano-série a ser trabalhada, a execução do projeto ocorre na sala de aula em momentos predeterminados em comum acordo com a professora regente. Os alunos participam ativamente das atividades, lendo, contando ou dramaPara que o projeto fosse realizado e atendesse ao seu tizando e, finalmente, produzindo uma atividade suobjetivo central, foi necessária a participação no pla- gerida pelas bolsistas, também redigiram textos pelos nejamento de ações por parte dos bolsistas do projeto alunos do quarto ano, onde o objetivo era levar a leitura PIBID no sentido do uso de diversas metodologias e para fora da escola, assim, os alunos, acompanhados estratégias de leitura. Foram realizadas atividades, pelas bolsistas, eram incentivados a apresentarem seus como manuseio de livros e revistas, teatro de fanto- textos em estabelecimentos comerciais para a apreciaches, cadernos de histórias, reconta de histórias, en- ção da comunidade em geral. tre outras, propiciando o convívio e oportunidades Por intermédio do projeto incentivo à leitura buscoupara se expressar, além de sobre o porquê ler, o que -se desenvolver o hábito da leitura e conscientizar os ler, como ler e quando ler. alunos de sua importância, para melhorar a escrita e ampliar o vocabulário, nessa perspectiva, possibilitamos às crianças o contato com as diferentes linguagens mediadas pelo universo lúdico e imaginário da literatura. Fotografias 9, 10, 11 - Momento de contação de história Fonte: os autores. O PIBID e a formação de professores para a educação básica: relato de experiência do subprojeto de Pedagogia – Campos Novos/Ouro da Unoesc Fotografias 12 e 13 - Mostra de textos redigidos pelos alunos e expostos no comércio Fonte: os autores ESCOLA MUNICIPAL PROF. GUERINO RIQUETTI – OURO GINCANA DIVERTIDA Um dos desafios encontrados pelo professor é de instigar seus alunos ao aprender. Pensando em atividades recreativas, os Bolsistas do PIBID da Escola Municipal Professor Guerino Riquetti, de Ouro, realizaram uma gincana envolvendo todos os alunos da escola juntamente com os professores. Esta atividade prática foi desenvolvida no Ginásio, com o objetivo de proporcionar uma prática pedagógica diferenciada da sala de aula, mostrando que o trabalho de interação com o outro contribui para a aprendizagem. tições podem ser realizadas para colocar em prova as habilidades físicas ou cognitivas dos participantes, sempre com um prêmio final, onde vence o melhor ou o que tiver mais habilidades. Foram divididos em quatro grupos de 25 alunos, em seguida iniciou-se a gincana. Entre as brincadeiras oferecidas se encontravam corrida do saco, o ovo na colher, estoura balão (com perguntas a serem respondidas), corrida com jornal no abdômen (com leitura de notícias), entre outras... Todos participaram de Sendo assim, a Gincana é um conjunto de tarefas dis- forma dinâmica e com muito entusiasmo, percebiaputadas entre grupos, com o mesmo objetivo final, -se a alegria estampada no rosto de todas as crianças, podendo ser realizada com diversos tipos de compe- pois ao mesmo tempo em que alguns disputavam os tições onde os concorrentes enfrentam várias provas, desafios, outros interagiam com os colegas, fazendo com obstáculos que dificultam as tarefas. As compe- torcida para sua equipe. Constatou-se que a gincana foi muito significativa para os alunos da escola. Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente 141 Fotografias 14 e 15 - Gincana divertida na semana da criança Fonte: os autores 142 CONSIDERAÇÕES FINAIS A FORMAÇÃO DE PROFESSORES para a educação básica, na atualidade, é um tema de grande relevância, pois esse processo de formação inicial e contínuo, além de uma exigência profissional contribui para a construção de uma educação de qualidade social. No subprojeto de Pedagogia Campos Novos/Ouro foi utilizada a pesquisa-ação como procedimento metodológico para o desenvolvimento das atividades junto aos bolsistas, alunos, professores, coordenação e direção das escolas conveniadas e demais segmentos envolvidos neste trabalho. O PIBID trouxe como resultado para as escolas em questão uma contribuição de extrema relevância, sobretudo no que se refere à melhoria do desempenho escolar dos alunos com dificuldades de aprendizagem das turmas que estiveram vinculadas ao subprojeto, como também para a formação inicial das bolsistas (futuras educadoras) e continuada das professoras que estiveram envolvidas com as atividades propostas. É de grande relevância ressaltar o êxito que as bolsista têm nas unidades escolares onde atuam e os benefícios que a chegada delas trouxe para a comunidade escolar, seja do ponto de vista pedagógico, de auxílio, de reconhecimento e, principalmente, da formação delas enquanto futuras educadoras e formadoras, uma vez que também vai ao encontro de um dos objetivos do programa “que o futuro professor tenha a possibilidade de entrar em contato com a realidade e o cotidiano escolar, suas dificuldades e desafios.” O PIBID e a formação de professores para a educação básica: relato de experiência do subprojeto de Pedagogia – Campos Novos/Ouro da Unoesc Segundo o subprojeto do curso de Pedagogia, as bolsistas deveriam ter uma inserção sistemática, continua e reflexiva no contexto do Ensino Fundamental, nas suas séries iniciais e nas práticas de alfabetização, e isto, elas têm feito de forma crítica e propositiva, articulando teoria e prática. A inserção dos acadêmicos de licenciatura no campo de atuação profissional permite compreender o que realmente é ser professor. O subprojeto PIBID/Pedagogia auxilia na construção de saberes pedagógicos, sendo estes muito importantes no exercício da docência. Inclusive, muitos de nossos bolsistas de Iniciação à Docência são convidados a assumir turmas em escolas devido à experiência adquirida por meio do programa. REFERÊNCIAS ABRAMOVICH, F. Literatura Infantil. São Paulo: Scipione, 1991. COELHO, Betty. Contar histórias uma arte se idade. 10. ed. São Paulo: Ática, 1999. FREIRE, Paulo. A Importância do Ato de Ler. 40. ed. São Paulo: Cortez, 2000. SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 1998. 143 Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente A LEITURA ENQUANTO PROCESSO FORMATIVO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA ENTRE COMUNIDADE ESCOLAR E O PIBID Geraldo Vieceli* Janice Aparecida Vacari** Alini Bettoni, Edi Graff, Samuel Strauss Mozz, Luana Moraes de Souza, Sandra NatalinaVanin*** * Coordenador de área. ** Supervisora de área. *** Bolsistas do subprojeto. INTRODUÇÃO A ESCOLA DE EDUCAÇÃO BÁSICA Josefina Caldeira de Andrade, da rede pública estadual de ensino, localizada no Bairro Farroupilha, no município de Videira-SC vem sendo contemplada desde 2012, para juntamente ao seu corpo docente, equipe pedagógica e gestão desenvolver projeto visando a incentivar o hábito da leitura nos alunos e na comunidade escolar por meio de metodologia inovadora. Já, no ano de 2014, diversas ações foram programadas e executadas para facilitar o acesso à leitura para essa população. Adquiriram-se livros, com recursos oriundos da Associação de Pais e Professores, entre eles exemplares da autora catarinense Eloí Elisabete Bocheco, que motivaram o trabalho em sala de aula mediante técnicas atrativas, as quais favoreceram o envolvimento em sua leitura. Também, objetivando A gestão da escola, sob a direção da professora Maris- arraigar o encantamento pelos livros, muitas das histela Lang Ferraz, priorizando ações pedagógicas que tórias foram dramatizadas pelas bolsistas do PIBID proporcionem integração e atraiam o corpo social de de Pedagogia da Unoesc Videira. seu entorno, bem como oportunidades que desenvol- Uma ocorrência também significativa foi a revitalivam os saberes múltiplos em alunos e seus pares, bus- zação de uma área, denominada de “Espaço de Leicou recursos diversos junto a parceiros para investir em tura Cantorias de Jardim”, idealizada pela assistente empreendimentos que possibilitaram, aos envolvidos, técnica pedagógica Inelve Fruet Peretti, em parceria vivenciar experiências ímpares e motivadoras. com docentes e o aluno ganhador de concurso de Nesse intuito, em 2013, planejou-se a publicação de um desenho realizado na escola, Leonardo Flores, com livro, compilando as produções realizadas pelos alunos o apoio da Direção da Escola, os quais decoraram o e pela comunidade escolar. Tal obra foi editada no iní- espaço, onde os alunos podem fazer leitura em um cio de 2014 e, em 31 de abril daquele ano, para encerrar ambiente propício, com bancos e jardim. a intervenção do Projeto de Leitura, realizou-se o lançamento do livro Nossas Imaginações e Criações. Fotografia 2 – Espaço de leitura A festividade de lançamento da obra contou com a presença de toda comunidade do entorno e cada família recebeu um exemplar gratuitamente. Fotografia 1 – Entrega de livros às crianças Fonte: os autores. Fonte: os autores. Toda a estratégia culminou com a presença da autora na escola, oportunidade em que os alunos puderam interagir com a mesma e ouvir sua história de vida, de como uma professora se tornou uma renomada escritora. Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente 145 Na mesma oportunidade, os alunos interpretaram peças artísticas baseadas nas obras que haviam lido, ouvido ou assistido às dramatizações e realizou-se ,também, a exposição de trabalhos, além da sessão de autógrafos com a escritora. Fotografia 3 – Exposição de livros 146 Fonte: os autores. Fotografia 4 – Bolsista do PIBID de Pedagogia, aluno e escritora Eloí Elisabete Bocheco Fonte: os autores. A escola precisa ser um espaço mais amplamente aberto a todos os aspectos culturais do povo, e ir além do ensinar a ler e a fazer as quatro operações. Precisa investir em bons livros, considerando que a cultura de um povo se fortalece muito pelo prazer da leitura; e a escola representa a única oportunidade de ler que muitas crianças têm. É necessário propiciar nas salas de aula e na biblioteca a dinamização da cultura viva, diversificada e criativa, que representa o conjunto de formas de pensar, agir e sentir do povo brasileiro. (BRAGA, 1985, p. 7). Paralelamente a este evento, ocorreu a II Feira do Livro, ocasião em que alunos e comunidade puderam adquirir livros da autora visitante, bem como de outros escritores. Os bolsistas também tiveram participação efetiva nesse contexto, quando organizaram e acompanharam a visitação à feira, contando com a colaboração dos alunos do Grêmio Estudantil, que, caracterizados de personagens, recebiam os convidados e incentivavam a leitura. Neste mesmo ano, no mês de novembro, em homenagem ao Dia do Livro a Escola promoveu, ainda, a III Feira do Livro, possibilitando aos alunos e comunidade adquirir livros com preços acessíveis, bem como vivenciar momentos prazerosos de contato com a leitura. Concomitante à feira, houve duas oficinas, uma de contação de histórias e outra de dobraduras, organizadas pelos bolsistas do PIBID de Pedagogia da Unoesc com a colaboração dos bolsistas do PIBID do curso de Educação Física, também da Unoesc Videira. Todas as turmas passavam antes pelas oficinas e depois visitavam a Feira do Livro. A leitura enquanto processo formativo: um relato de experiência entre comunidade escolar e o PIBID Fotografias 5 e 6 – Contação de história realizada por bolsistas do Pibid Fonte: os autores Fotografia 7 – Oficina de atividades em dobradura 147 Fonte: Pibid Pedagogia Unoesc Videira Como sabemos, o hábito da leitura deve iniciar-se na infância e, neste período, a criança também frequenta a escola, que tem a obrigação de oportunizar momentos para que inicie e desenvolva esse processo de formação, pois conforme Carvalho (1989, p. 194), “[...] é na infância que se adquire o hábito de ler; é na criança que estão todas as potencialidades e disponibilidades para o prazer da leitura. E é evidente também que se torna necessário abrir para a criança as janelas desse mundo maravilhoso [...] mas é preciso saber fazê-lo.” Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente CONTAR histórias, sejam elas de bruxas malvadas, princesas presas em altas torres e cavaleiros corajosos não é apenas um passatempo lúdico, mas uma importante ferramenta no ensino para a vida. Os contos de fadas não perdem a atualidade e a magia porque tratam de conflitos humanos de socialização e trazem mensagens essenciais ao desenvolvimento da criança (NOVA ESCOLA, 2007). Todos nós, educadores, sabemos o valor da leitura para a formação integral do indivíduo, por isso, a importância em se fazer parcerias que oportunizem manter, sempre vivos, no coração da escola, projetos de leitura que facilitem acesso aos livros e alimentem o gosto e o hábito da leitura. REFERÊNCIAS BRAGA, Maria Lucia; SILVEIRA, Maria Helena. Revista de Estudos Regionais e Urbanos. Rio de Janeiro. 1985. v. 3. CARVALHO, Bárbara Vasconcelos de. A literatura infantil: visão histórica e crítica. 6. ed. São Paulo: Global, 1989. 148 ESCOLA Nova, ano 22 n. 203 jun./jul 2007. A leitura enquanto processo formativo: um relato de experiência entre comunidade escolar e o PIBID 149 Relatos de experiências: Vivências pibidianas na iniciação docente ISBN 978-85-63917-09-6 9 788563 917096