FACULDADES INTEGRADAS DE BAURU CURSO DE PÓS
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FACULDADES INTEGRADAS DE BAURU CURSO DE PÓS
FACULDADES INTEGRADAS DE BAURU CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO INTEGRADA DE PESSOAS E SISTEMAS DE INFORMAÇÃO Adriano Martins da Rosa Silva Eliana Svizzero da Silva Lobo Ronaldo Luis Diegoli APLICAÇÃO DA METODOLOGIA DE ANÁLISE DE SOLUÇÃO DE PROBLEMAS (MASP) EMPREGADA NA COMUNICAÇÃO CORPORATIVA Bauru – SP Adriano Martins da Rosa Silva Eliana Svizzero da Silva Lobo Ronaldo Luis Diegoli APLICAÇÃO DA METODOLOGIA DE ANÁLISE DE SOLUÇÃO DE PROBLEMAS (MASP) EMPREGADA NA COMUNICAÇÃO CORPORATIVA Monografia de Conclusão de Curso de Pós-graduação apresentada às Faculdades Integradas de Bauru para obtenção do título de especialista em Gestão Integrada de Pessoas e Sistemas de Informação, sob orientação do Professor Edson Alcebides Spósito. Bauru – SP Adriano Martins da Rosa Silva Eliana Svizzero da Silva Lobo Ronaldo Luis Diegoli APLICAÇÃO DA METODOLOGIA DE ANÁLISE DE SOLUÇÃO DE PROBLEMAS (MASP) EMPREGADA NA COMUNICAÇÃO CORPORATIVA Monografia de Conclusão de Curso de Pós-graduação apresentada às Faculdades Integradas de Bauru para obtenção do título de especialista em Gestão Integrada de Pessoas e Sistemas de Informação. Bauru, 27 de Abril de 2013. Banca Examinadora: Presidente/Orientador: Edson Alcebides Spósito Instituição: Faculdades Integradas de Bauru Prof. 1 Marilza Delphino Zanardo Instituição: Faculdades Integradas de Bauru Prof. 2 Regina Célia Baptista Beluzo Instituição: Faculdades Integradas de Bauru AGRADECIMENTOS Agradecemos primeiramente a Deus, pelo dom da vida. Agradecemos aos nossos familiares que sempre estão ao nosso lado, nos apoiando em nossas decisões. Agradecemos um ao outro por termos nos apoiado durante os momentos em que pensávamos em desistir deste trabalho e da pós-graduação. Agradecemos aos professores pelos ensinamentos transmitidos durante o período do curso. E agradecemos, principalmente, ao nosso orientador Edson Spósito que com toda paciência e persistência nos orientou da melhor forma neste trabalho. SILVA, A.M.R.; LOBO, E.S.S.; DIEGOLI, R.L. A aplicação da metodologia de análise de solução de problemas (MASP) empregada na comunicação corporativa. 2013. Monografia Especialização em Gestão Integrada de Pessoas e Sistemas de Informação – FIB, Bauru, 2013. RESUMO Este trabalho consiste em aplicar a renomada Metodologia de Análise e Solução de Problemas (MASP), tema central de inúmeros trabalhos e obras de administração, na sistematização de falhas de comunicação dentro das organizações, correções e/ou melhorias dos processos comunicacionais existentes, estabelecendo, assim, uma conexão entre a literatura da área de comunicação, as ferramentas consagradas e reunidas na metodologia já citada e os reflexos que impactam na área de recursos humanos das organizações. Durante a realização da revisão da literatura, retomou-se o contexto histórico, evolução, composição de mensagem, meios, canais e ruídos de comunicação, bem como os impactos nas gerações do século XX até os dias de hoje. Na sequência, discorreu-se sobre a teoria e aplicação das principais ferramentas da literatura administrativa. Em etapa posterior, após definição de uma situação-problema hipotética de comunicação como objeto de estudo, partiu-se para a aplicação prática das metodologias. Em considerações finais, foi possível conceber um material que norteará gestores, líderes, comunicadores, recursos humanos, administradores, entre outros profissionais na tomada de decisões frente aos percalços comunicacionais existentes que vivenciam nas corporações, auxiliando na melhoria da relação entre empresa e colaborador. Palavras Chave: Comunicação. MASP. Falhas de Comunicação. SILVA, A.M.R.; LOBO, E.S.S.; DIEGOLI, R.L. Applying the methodology of analysis of problem solving (MASP) used in corporate communications. 2013. Monograph (Specialization in Integrated People Management and Information Systems – FIB), Bauru, 2013. ABSTRACT This work consists in the application of the well-known Methodology for Analysis and Solution of Problems (MASP) into communication mistakes inside organizations, as well as, into corrections and/or improvements of the existing communication problems. This work aims to connect the mentioned methodology with the communication literature and observe its impacts in human resource of organizations. Going through the communication literature mentioned, the historic context, evolution, image composition, channels and communication noise were taken in consideration and also their impacts in the 20th Century generation up to the current days. In the sequence, the application of the main administration tools available in the literature was done. The next stage, and the objective of the study, was to apply the methodology to a defined hypothetic communication problem.The result of the work, which can be found in the final considerations, is a helpful material to guide managers, leaders, communicators, human resource and other professionals in the decision making process towards communication and its challenges in the corporations, in this way supporting to improve even further the relation between employer and employee. Keywords: Communication. MASP. Communication Errors LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Processo de Comunicação 17 Figura 2 – Fluxos de Comunicação vertical, horizontal e transversal 25 Figura 3 – Pirâmide Organizacional da Informação Empresarial 31 Figura 4 – Diagrama de Ishikawa utilizando conceito 6 M 42 Figura 5 – A estrutura padronizada do Diagrama de Ishikawa 43 Figura 6 – Processo de MDPO 43 Figura 7 – Exemplo de uma análise de Pareto para problemas em uma oficina de carro 45 Figura 8 – Demonstração da utilização do diagrama de Ishikawa 53 Figura 9 – Demonstração da Aplicação da metodologia GUT 54 Figura 10 – Demonstração da Aplicação da Metodologia MDPO 55 LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Sugestão para comunicação escrita 29 Quadro 2 – Perfil das gerações 35 Quadro 3 – Pontuação na Matriz GUT 44 Quadro 4 – Demonstração do PDCA em fases e com os objetivos 48 Quadro 5 – Melhoria do Processo – Planejamento da implantação 51 Quadro 6 – Melhoria do processo – Avaliação e Análise da Implantação 52 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Satisfação dos brasileiros em relação ao local que trabalham 39 Gráfico 2 – Demonstração da Aplicação da metodologia de Pareto 54 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 6M Materiais, Métodos, Mão de obra, Máquinas, Meio Ambiente, Medida) MDPO Método de Delineamento de Problemas Organizacionais GUT Gravidade x Urgência x Tendência PDCA Planejamento, desenvolvimento, checagem, agir MASP Método de Análise de Solução de Problemas MAMP Método de Análise de Melhoria de Processo IQGP Índice de Qualidade de Gestão de Pessoas IQAT Índice de Qualidade de Ambiente de Trabalho GQT Gestão de Qualidade Total SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 12 1.1 Justificativa 13 1.2 Objetivo geral 14 1.3 Objetivos específicos 14 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 15 2.1 O que é comunicação? 15 2.2 O processo de comunicação 16 2.3 Meios de comunicação de massa 18 2.4 A influência dos meios 20 2.5 Tipos de comunicação nas empresas 21 2.5.1 Comunicação transversal, horizontal, vertical e circular 22 2.5.2 Comunicação formal e informal 23 2.5.3 Comunicação oral, escrita e não verbal 26 2.5.4 Endomarketing 27 2.6 Pós-modernidade: o conflito entre as gerações 30 2.7 Ruídos na comunicação 32 2.7.1 Ruídos na era digital 34 2.7.2 Ruídos de comunicação nas empresas 35 2.8 Ferramentas para identificação das falhas de comunicação 37 2.8.1 Benchmarking 37 2.8.2 Diagrama de Ishikawa 37 2.8.3 Método de Delineamento de Problemas Organizacionais (MDPO) 39 2.8.4 GUT – Gravidade x Urgência x Tendência 40 2.8.5 Método de Análise de Pareto 41 2.8.6 Ciclo PDCA 42 2.8.7 MASP – Método de Análise de Solução de Problemas 43 2.8.8 MAMP – Método de Análise de Melhoria de Processos 44 2.9 Demonstrativo da utilização da Masp na comunicação corporativa 49 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS 59 12 1 INTRODUÇÃO Uma grande empresa pode ser comparada à própria sociedade na qual está inserida. Basta uma análise sobre as características e peculiaridades da maior razão da existência de ambas: as pessoas. Durante as atividades laborais e momentos de interação, como reuniões de negócios, redação de ofícios e comunicados, e até mesmo nos diálogos mais curtos, muitas vezes necessários para resolução de problemas entre departamentos ou de processos, os seres humanos trazem consigo um enorme repertório cultural. Esses conhecimentos são adquiridos ao longo da vida, em épocas, lugares e de formas diferentes, e recebem influências religiosas, culturais, midiáticas, sociais, raciais, entre muitas outras. Com tamanha divergência de pensamentos é imprescindível que qualquer mensagem a ser transmitida neste meio seja bem elaborada. Apesar do processo de comunicação parecer simples e as pessoas se comunicarem muitas vezes sem se dar conta que o fazem, a complexidade existe e as ocorrências de envio de mensagens de maneira inadequada ou distorcida são numerosas. Chiavenato (1999), demonstra dois elementos básicos da comunicação: a fonte e o destinatário, sendo que entre eles existem quatro elementos adicionais: transmissor, receptor, canal e ruídos. Conforme cita Dubrin (1996), as barreiras na comunicação podem ocorrer por diversos fatores que estão presentes entre o envio da mensagem e a recepção da mensagem, são eles: motivação e baixos interesses, linguagem inapropriada, comunicação defensiva, filtro, comunicação não verbal insuficiente, sobrecarga de informações, habilidades de comunicação deficientes e problemas de comunicação eletrônica. De acordo com Stoner; Freeman (1999), o processo comunicativo tem sido cada vez mais caracterizado como o “sangue vital” de uma organização, e a falta de comunicação tem causado o equivalente a uma doença vascular em mais de uma organização. Sem dúvida, os administradores atuais enfrentam um ambiente em que a questão da comunicação tornou-se cada vez mais complexa. Portanto, diante deste cenário repleto de complexidade, é notória a falta de instrumentos eficientes voltados para o processo de comunicação, desta forma, a assertividade neste processo torna-se cada vez mais difícil. Com o atual cenário competitivo e globalizado, as empresas investem cada vez mais em modelos de controles internos eficientes que forneçam subsídios à tomada de 13 decisão, contudo, nota-se que a comunicação encontra-se excluída das prioridades nas políticas empresariais atuais. Diante disso, notar-se-á a necessidade das empresas em adotar um modelo proposto, afim de minimizar as falhas de comunicação e resolver conflitos internos, provenientes das atuais falhas em comunicação, o que leva, cada vez mais, à otimização no processo de comunicação empresarial. Sendo assim, com base nas ferramentas administrativas existentes na atualidade, coloca-se em estudo, principalmente, o Método de Análise de Solução de Problemas (MASP), um modelo a ser adaptado para a área da comunicação empresarial. 1.1 Justificativa Muitos problemas internos em grandes empresas são decorrentes de falhas na comunicação e, por conseguinte, culminam em custos desnecessários, retrabalho, alta rotatividade de funcionários, e uma série de consequências prejudiciais à manutenção e ao crescimento das empresas. A partir desta constatação são numerosos os estudos e análises que podem ser relacionados, nas áreas da comunicação e de gestão de pessoas. Uma troca de conhecimentos abrangendo essas duas linhas de estudo pode promover e propor novos caminhos e soluções para dificuldades na comunicação, que perduram após anos e anos, mesmo com a modernização, avanço das tecnologias e seus inúmeros progressos conquistados nos ambientes corporativos. Em um ambiente corporativo tais soluções podem melhorar os relacionamentos e a produtividade, além de potencializar o crescimento e obter mais transparência de ambas as partes. O processo de negociação na relação entre corporação e trabalhadores pode constituir-se de forma mais concisa e justa. Se a comunicação funcionar melhor, funcionário e empresa situar-se-ão dentro da sociedade onde vivem de forma mais efetiva, reconhecendo e identificando a relevância de seus papéis. O empregado produz e passa a ser o maior responsável na condução da boa imagem da empresa. Entende-se, portanto, que este estudo possa contribuir para a identificação de um modelo, dentre tantos, que possam facilitar a identificação, classificação e priorização de 14 meios para reduzir substancialmente as deficiências de comunicação entre as pessoas e sobretudo nas corporações como um todo. 1.2 Objetivo geral Identificar, classificar e descrever, através de bibliografia especializada, os preceitos da comunicação, trilhando seus aspectos mais relevantes, proporcionando a reflexão sobre sua eficiência, assim como suas falhas, e buscar um modelo prático de apuração destas deficiências de modo que se possa classificar e priorizar as possíveis melhorias, através das consagradas ferramentas que compõem o Método de Análise de Solução de Problemas (MASP). 1.2.1 Objetivos específicos - Compilar a literatura existente sobre comunicação, processos de comunicação e ruídos de comunicação; - Identificar nas ferramentas administrativas consagradas o que pode ser implementado à metodologia a ser proposta; - Adaptar o MASP de modo a identificar, de forma eficaz, problemas corporativos que sejam, exclusivamente, relacionados à comunicação; 15 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 O que é comunicação Dubrin (1996) relata que a comunicação é o processo pelo qual ocorre a troca de informações através do uso de palavras, letras, símbolos ou comportamentos não verbais. O envio da mensagem para outra pessoa de modo que ela seja interpretada como se pretendia inicialmente é um processo complexo e difícil, principalmente porque depende da percepção das pessoas e cada ser humano tem um jeito único de perceber palavras, símbolos, ações e até cores, pois depende de sua formação e de seus interesses. A Comunicação conduz todas as ações dos seres humanos. A palavra comunicação tem origem do latim communicare. Segundo Bahia (1995, p. 23), “comunicação significa o mesmo que tornar comum, partilhar, repartir, trocar opiniões, associar, tornar comum”. A definição de comunicação é complexa, pois todos os seres vivos de alguma forma se comunicam. Um dos primeiros autores que se dedicou ao estudo deste tema foi Charles Cooley, que defendeu que a comunicação é “o mecanismo através do qual existem e se desenvolvem as relações humanas” (MATOS, 2006) Segundo Chiavenato (2000) comunicação é a troca de informações entre indivíduos. Significa tornar comum uma mensagem ou uma informação. Já no conceito de Scanlan (1979) a comunicação pode ser definida simplesmente como o processo de se passar informações e entendimentos de uma pessoa para outra. A comunicação é o processo pelo qual a informação é intercambiada, compreendida e partilhada por duas pessoas, geralmente com a intenção de influenciar o comportamento. A comunicação é uma estrada de duas mãos que inclui a ida- enviar a mensagem – e a volta – ouvir e obter retroação para chegar a um entendimento comum. (CHIAVENATO, 2000, p. 519) Gil (1994 apud GESSNER, 2007) exemplifica que o processo de comunicação ocorre conforme abaixo: Uma pessoa (emissor) tem uma ideia (significado) que pretende comunicar. Para tanto se vale de seu mecanismo vocal (codificador), que expressa sua mensagem em palavras. Essa mensagem, veiculada pelo ar (canal) é interpretada pela pessoa a quem se comunica 16 (receptor), após sua decifração por seu mecanismo auditivo (descodificador). O receptor, após constatar que entendeu a mensagem (compreensão), esclarece a fonte acerca de seu entendimento (regulamentação). Pode-se, portanto dizer que, a comunicação só pode ser considerada eficaz quando a compreensão de receptor coincide como o significado pretendido pelo emissor. É o que cita também Matos (2006, p.20) quando ele diz que saber ouvir é tão importante como saber falar. “Saber ouvir transcende o ato de escutar; é compreender a pessoa que expressa; é entender a mensagem que ela transmite; é assimilar o que é dito por palavras, atitudes, gestos ou silêncio; é perceber a grandeza da essência da comunicação e do diálogo; é alcançar a plenitude do relacionamento humano.” 2.2 O Processo de comunicação Apesar do processo de comunicação parecer simples e as pessoas se comunicarem muitas vezes involuntariamente, a complexidade existe e as ocorrências de envio de mensagens de maneira errada ou distorcida são numerosas. Para exemplificar segue o modelo de Dubrin(1996) demonstrado na figura 1, onde ele demonstra os dois elementos básicos da comunicação: a fonte e o destinatário e entre eles existem quatro elementos adicionais. Figura 1 – Processo de Comunicação Fonte – Adaptado de Dubrin(1996 p.204) Dubrin (1996) classifica o processo em etapas, que são elas: - Codificar a mensagem: é o processo de organizar as ideias em palavras, símbolos e gestos de forma a se comunicar com o receptor 17 - Decodificar a mensagem: nesta fase o receptor interpreta a mensagem e a traduz em informação significativa. Nesta fase podem surgir as barreiras de comunicação, pois as pessoas interpretam a mensagem de acordo com a sua necessidade. - Feedback: é o momento que o receptor envia um sinal de volta para o emissor e neste momento é possível medir se a mensagem foi bem compreendida Contudo, é importante entender historicamente as definições do processo comunicacional. O mais preciso e sintético modelo de comunicação, cuja base é a oratória, foi proposto por Aristóteles e envolve o comunicador, mensagem e receptor apenas. “Nele estão realmente, embora se nomeie de acordo com o enfoque com que são apresentados, os elementos fundamentais indispensáveis à formação comunicacional”. (BELTRÃO, 1982, p. 93). O comunicador, segundo Beltrão (1982), se utiliza da fala, escrita, desenhos, gestos e movimentos para idealizar, codificar e emitir a mensagem. Esta pode ser entendida como um sinal com um significado a ser interpretado a ser transformada em símbolos, como palavras, textos, ganhando característica física como impresso ou gravado. Já o receptor, ainda na visão do autor, é aquele que verá, sentirá os impactos, ouvirá, receberá e decodificará a mensagem emitida, podendo tornar-se um emissor, caso produza alguma reação ou resposta ao estímulo. Num diálogo, os dois elementos físicos que trocam de papéis no estímulo e resposta foram denominados unidade de comunicação, sendo que: Traduzidos na linguagem psicólogica tradicional, entrada equivale a “estímulo”; receptor passa a ser “recepção” e “percepção”, destino e fonte se convertem em “cognição” (significado, atitude, etc.), transmissor passa a ser “organização e sequência motoras” e saída passa a ser “resposta. (BELTRÃO, 1982, p. 94) Ainda de acordo com Beltrão (1982), nos anos 30, o professor Harold Lasswell, da Universidade de Michigan, EUA, ofereceu um modelo comunicacional simples, porém, com 5 estágios, a saber: Quem (1) diz o Que (2) em que Canal (3) a Quem (4) com que Efeitos (5). Porém, no decorrer da Segunda Guerra Mundial, como parte dos estudos da propaganda nazista, Raymond Nixon modificou o modelo proposto por Lasswel introduzindo mais dois elementos que são: as intenções (6), por parte do comunicador, e as condições (7) 18 de recepção da mensagem, que garantem à mensagem a capacidade de produzir efeito no anônimo do receptor. Aplicável à engenharia de comunicações, que envolve circuitos elétrico e eletrônico, e que sustentam tecnologias como a radiofônica, televisiva e também do telégrafo, temos o modelo de Shannon e Weever, que, segundo Beltrão (1982), posteriormente, foi estruturado por Wienner na ocasião em que apresentou sua Teoria da Informação. Ficou então constítuido da seguinte forma: Fonte, Transmissor, sinal, ruído (fonte de interferência), sinal recebido, receptor, Destino. Após concluído o processo temos a mensagem. Posteriormente o modelo de comunicação eletrônica foi adaptado para o interpessoal. Cabe a Wilbur Schramm adaptar o modelo eletrônico à comunicação cultural: considerando que a fonte e o comunicador são uma pessoa e o receptor e o destino são outra, enquanto o sinal é uma linguagem (mensagem), introduz o conceito de codificação desta pelo comunicador e sua decifração pelo receptor. Desse modo, o esquema inclui a percepção psicológica do significado da mensagem, o que o diferencia da simples recepção física do modelo de comunicação eletrônica. (BELTRÃO, 1982, p. 96) À comunicação de retorno do receptor, Schramm explica como feedback, momento em que o emissor avalia como foi interpretada a mensagem, relata Beltrão (1982), que registra também a contribuição do Professor Marques de Mello, da Universidade de São Paulo, dividindo o processo de comunicação como processo de transmissão e recuperação de informação. Após decompor os diversos processos de comunicação em estágios, analisando suas variações nos diferentes modelos propostos e conhecendo o processo comunicacional em sua essência, obtém-se embasamento para entendê-lo aplicado nos canais de comunicação, assunto abordado no capítulo seguinte. 2.3 Meios de comunicação de massa Os meios de comunicação em massa são definidos por Souza (1996, p. 6) como “os veículos de comunicação destinados a um público amplo, um aglomerado gigantesco de 19 indivíduos”. O mesmo autor complementa que a comunicação em massa possibilita a comunicação imediata de qualquer evento a qualquer parte do mundo, tornando o mundo globalizado. E o indivíduo será mais ou menos culto de acordo com a sua memorização e assimilação, recebida por estas mídias. Souza (1996) conta sobre a descoberta do radio que foi em 1896, quando se descobriu as propriedades das ondas hertzianas. Em 1898, o radio entrava a serviço da informação jornalística e na sequencia a marinha adotou também para comunicação no transporte marinho. No Brasil se iniciou entre os anos de 1922 e 1925. O autor continua que o prestigio do rádio como veículo popular, teve que começar a ser dividido com a televisão nos anos 50, porém até que isso acontecesse, ele foi soberano em todos os lugares. Mas, os meios de comunicação não são apenas concorrentes, eles se completam na comunicação, antes de competirem entre si, é o que dizem Quirino; Beltrão (1986). A imprensa que atendia os alfabetizados da sociedade, foi completada pelo disco, rádio e cinema, que por sua vez estenderam sua influência até os receptores que não dominavam os códigos linguísticos. E, na sequência, veio a televisão que caberia preencher o vazio que resta no espírito do homem do nosso tempo. Hoje em dia, os meios de comunicação estão sendo desafiados por novas tecnologias que oferecem opções mais amplas de informações e entretenimento, como por exemplo, a internet. Dizard (2000) diz que “os meios de comunicação de massa estão entre os vários setores da comunicação que estão sendo transformados pelas novas formas de coletar, armazenar e transmitir informação”. O mesmo autor detalha que um dos fatores comuns a esta transição é a mudança da informação na forma digital. Os produtos de voz, impressos e vídeos estão cada vez mais sendo criados por bytes, que é o código básico do computador. O antigo modo da mídia de separar canais está desaparecendo e nascendo redes que já não fazem distinção entre voz, vídeo ou informação impressa que transmitem e cada vez mais estes dados estão circulando em rede digital comum. 20 2.4 A Influência dos meios A produção de mensagens pelos diversos veículos ou meios de comunicação existentes envolve muitas questões polêmicas e importantes, porém, pouco conhecidas pela maioria de seus receptores, aqueles que aceitam docilmente as notícias divulgadas, aponta McLuhan (2006). Defendendo a teoria de que ‘o meio é a mensagem’ o autor exemplifica que “o ‘conteúdo’ de um meio é como a ‘bola’ de carne que o assaltante leva consigo para distrair o cão de guarda da mente”. Assim, o que alguém falou a um repórter está escrito na notícia (no caso dos veículos impressos) e seria simplesmente o conteúdo, se não fosse também um meio de concretizar intenções subliminares. McLuhan (2006) utiliza uma situação mencionada por C. G. Jung para retratar os efeitos de um meio ou mensagem no inconsciente de nações e povos: Todo Romano era cercado por escravos. O escravo e a sua psicologia inundaram a Itália antiga, e todo Romano se tornou interiormente – e, claro, inconscientemente – um escravo. Vivendo constantemente na atmosfera dos escravos, ele se contaminou de sua psicologia, através do inconsciente. Ninguém consegue evitar essa influência. (Contributions to Analytical Pshychology, Londres, 1928). (JUNG apud McLUHAN, 2006, p.35) Assim como na situação abordada acima, o inconsciente também é acessado no consumo das notícias transmitidas pelos meios de comunicação de massa. Quando se busca estar bem informado, ao assistir ao noticiário televisivo, na verdade, esta primeira mensagem pode significar, para grande parcela da população, estar enquadrado nos padrões socialmente aceitos pela maioria. É quando são empregadas grandes estratégias de marketing, em muito casos inescrupulosas, que criam realidades e conceitos, injetam nas massas as opiniões acerca dessas realidades e conceitos e assim vão ditando os rumos da cultura. O espetáculo criado pela mídia é o que leva “O homem letrado a se inclinar e a encarar pateticamente aqueles que não se enquadram nos esquemas. Mais especialmente, a criança, o aleijado, a mulher e as pessoas de cor comparecem como vítimas da injustiça, no mundo da tecnologia tipográfica e visual.” (MCLUHAN, 2006, p. 32). A distinção entre meios quentes e frios proposta por McLuhan (2006) permite avaliar o nível de interação dos meios com o receptor da mensagem. Meios quentes, segundo o autor, oferecem uma grande quantidade de informações de modo instantâneo que ‘camuflam’ ou ‘escondem’ possíveis questionamentos ao primeiro contato e, portanto, há pouca interação ou necessidade de reflexão para o entendimento, como no caso da fotografia. 21 Por outro lado os meios frios fornecem poucas informações de modo a exigir do ouvinte um complemento e, portanto, o nível de interação é maior. Contrapondo a fotografia o autor cita o desenho animado ou a caricatura que não consegue trazer a gama de detalhes da fotografia. As classificações quente e frio também se aplicam às culturas, que em suas relações com a imprensa e os meios de comunicação sofrem impactos significativos. O rádio, meio quente, aplicado a culturas frias ou não letradas, provoca um efeito violento, contrariamente ao que acontece, por exemplo, na Inglaterra e na América, onde o rádio é considerado divertimento. Uma cultura fria, ou pouco letrada, não pode aceitar como simples divertimentos os meios quentes, como o rádio e o cinema. Estes meios são tão perturbadores para elas como o meio frio da televisão acabou por se mostrar em nosso mundo altamente letrado. (MCLUHAN, 2006, p. 47-48). Considerando que o meio frio permite mais participação que um quente, McLuhan (2006) aponta que a imprensa excluiu formas anteriores da vida e da arte, mas, ao mesmo tempo, outras ganharam nova intensidade. Mas o nosso próprio tempo está cheio de exemplos do princípio segundo o qual a forma quente exclui e a forma fria inclui. Quando as bailarinas começaram a dançar nas pontas dos pés, há um século atrás, todos sentiram que a arte do balé havia adquirido uma nova ‘espiritualidade’. Devido a essa nova intensidade, as figuras masculinas foram excluídas do balé. (MCLUHAN, 2006, p. 39). 2.5 Tipos de comunicação nas empresas Nas empresas, a comunicação se divide entre a comunicação interna e externa auxiliando na estratégia da empresa, podendo ser executada simultaneamente ou paralelamente, conforme exposto por Bahia (1995). Bahia (1995) demonstra a diferença entre a comunicação interna e a externa, sendo a primeira a que se verifica entre a organização e seu pessoal, e a externa é aquela que abrange consumidores, clientes, fornecedores, acionistas e o público amplamente afetado por jornal, revista, radio, televisão, agência de notícias, etc. Nas comunicações internas ocorrem diversos tipos de comunicação, que são elas: 22 2.5.1 Comunicação transversal, horizontal, vertical e circular: A comunicação vertical se divide em comunicação descendente ou ascendente, a primeira é aquela conhecida com a comunicação de cima para baixo e a segunda é que acontece de baixo para cima, como exemplo disso, Kunsch (2002) cita que a primeira é aquela da cúpula diretiva da empresa para os subalternos, diz-se também que é a comunicação administrativa oficial e a segunda são informações que as pessoas na parte inferior da cúpula organizacional enviam informações para a cúpula da empresa, podendo ser por meio de instrumentos planejados como caixa de sugestões, reuniões de trabalho, sistemas de consultas, pesquisas de clima organizacional e satisfação no trabalho. A intensidade do fluxo ascendente irá depender da filosofia e da política de cada organização. Já a comunicação horizontal ou lateral, Kunsch (2002) diz ocorre no mesmo nível hierárquico, entre pares e as pessoas situam-se em posições hierárquicas semelhantes. Ainda complementa o autor que é aquela comunicação que dentro das empresas ocorre entre departamentos, seções, serviços, unidades de negócios entre outros. Hoje em dia, as organizações gostam que ultrapassem as fronteiras tradicionais das informações surgindo assim a comunicação transversal e circular. Kunsch (2002) diz que estes tipos de comunicação são mais participativas e integradas permitindo que as pessoas possam intervir e integrar em diferentes áreas. O fluxo transversal é aquele que a comunicação acontece em todas as direções, ela acontece em todas as instâncias e nas em diversas unidades setoriais. Na figura 2 pode-se observar como funciona os fluxos de comunicação citados acima: comunicação vertical, horizontal e transversal. 23 Figura 2 – Fluxos de comunicação vertical, horizontal e transversal Fonte: Adaptado de Andrade e Amboni ( 2010, p. 187) Ainda Kunsch (2002) cita que por último temos a comunicação circular, que normalmente ocorre nas organizações informais e favorece a efetividade do trabalho, esta ocorre em todos os níveis e em todas as direções e o conteúdo é cada vez mais amplo de acordo com a proximidade de relações entre os indivíduos. 2.5.2 Comunicação formal e informal A comunicação formal são os caminhos oficiais para o envio de informações dentro e fora das organizações é o que cita Dubrin (1996). Segundo o autor, a principal fonte de comunicação formal nas empresas é o organograma, sendo ele, um canal que a mensagem deve seguir. 24 Além de serem caminhos para a comunicação, os canais formais são também meios de enviar mensagens. Esses meios incluem publicações como boletins e jornais, reuniões, memorandos escritos, correio eletrônico, quadro de aviso tradicionais e informativos eletrônicos. (DUBRIN, 1996, p. 207) Kunsch (2002) cita que a comunicação formal trata-se da comunicação administrativa, que se relaciona com o sistema expresso de normas que regem o comportamento, os objetivos, as estratégias e conduzem as responsabilidades dos integrantes das organizações. Já Matos (2009) esclarece que é a comunicação formal e burocrática que as empresas utilizam em seu cotidiano, sendo que preocupa-se tanto com a eficácia dos mecanismos de transmissão da mensagem que acaba se esquecendo da compreensão do seu conteúdo. Complementa ainda o autor que, tanto são os instrumentos de informação que muitas vezes não se consegue identificar o objetivo especifico da sua existência. Matos (2009 p. 18) cita “não adianta emails, intranet e telefones celulares. Sem feedback e contato humano, a comunicação é sempre precária e ineficaz.” e complementa “a falta de retorno acaba gerando erros e falhas de comunicação que comprometem seriamente a produtividade e o resultado da empresa. Já a comunicação informal, cita Kunsch (2002) é a mais conhecida, que são através dos boatos, ou mesmo, radio peão, conhecida dentro das empresas, além disso, a informação é complementada por comentários maldosos, gerado muitas vezes pela ansiedade, insegurança e normalmente pela falta de informação das pessoas que os repassam. Matos (2009) comenta que a comunicação informal é o meio que efetiva uma transmissão de informação, estando fora dos canais formalmente conhecidos da empresa como fontes fidedignas. Como exemplo, temos o bate papo do café, encontro no corredor ou mesmo a cerveja com os amigos. As comunicações informais são todas as livres expressões e manifestações dos trabalhadores, não controladas pela administração. Caracterizam-se classicamente pela temível rede de boatos, rede que não tem estrutura, que segue caminhos diferentes e que dá margem à criação de outras redes. Vence, na rapidez com que dissemina as informações, a estática que caracteriza a rede formal de comunicação. (TORQUATO, 1986, p. 63). Com outro olhar sobre a Rádio Peão, Pimenta (2002) afirma que ela tem sido utilizada, de forma intencional, em seu aspecto positivo, como meio de comunicação nas empresas. Os administradores passaram não só a aceitar esta realidade, mas também a 25 potencializar a capacidade que ela possui de integrar e fortalecer as relações entre as pessoas e grupos, o que auxilia na interpretação de informações divulgadas oficialmente. È extremamente importante não descuidar da valorização dos canais oficiais, pois quando estas vias não atendem a demanda das informações do público interno, passa a surgir a versão “extra-oficial” do “ouvi dizer”, que já é a mensagem original distorcida, e por algumas vezes tendo sentido totalmente ao contrário da versão oficial. (MATOS, 2009). Mas, mesmo focando para que a comunicação formal ocorra da melhor maneira possível para não gerar distorções, a comunicação informal é um dos grandes instrumentos de controle e avaliação das empresas, A comunicação informal, ou rádio peão, por não apresentar uma estrutura fácil de ser conhecida, muitos administradores e os próprios profissionais da comunicação empresarial, preferem, na maioria das vezes, considerá-lo como um mal, que não deve receber atenção, já que transmite apenas informações extraoficias. Porém, é preciso reconhecer que a comunicação informal também é importante para as organizações, sendo uma atividade normal e natural. Balcão; Cordeiro (1999) afirmam que a rede informal não pode ser apagada ou excluída, pois, a medida que o ser humano se junta em grupos, ela certamente ocorrerá podendo, então, ser considerada um direito do ser humano. Portanto, a comunicação informal tem mais liberdade e flui, não existindo a necessidade de linhas hierárquicas. As comunicações informais são todas as livres expressões e manifestações dos trabalhadores, não controladas pela administração. Caracterizam-se classicamente pela temível rede de boatos, rede que não tem estrutura, que segue caminhos diferentes e que dá margem à criação de outras redes. Vence, na rapidez com que dissemina as informações, a estática que caracteriza a rede formal de comunicação. (TORQUATO, 1986, p. 63). A participação dos funcionários na elaboração dos canais de comunicação é importante para que ele se identifique com o conteúdo e para que a mensagem seja transmitida de forma eficaz. Assim, ele não precisará recorrer a canais informais para se inteirar sobre os acontecimentos da empresa. Portanto, Matos (2009) afirma que as organizações, na verdade, têm pensado os funcionários como objeto e não como protagonistas e valem-se deles apenas para reforçar as opiniões, decisões tomadas no topo da administração. Dessa forma, é preciso que a gerência promova a comunicação e a troca de informações, criando espaços de convivência, onde os funcionários possam dialogar entre si, estimulando o debate. Pois, se a empresa promove a interação entre seus públicos e os dá voz, fica muito mais fácil “ouvir” os ruídos da “Rádio Peão”. 26 2.5.3 Comunicação oral, escrita e não verbal No dia a dia das empresas, são várias as situações onde é necessária a comunicação através da fala. Pimenta (2002, p. 142) as classifica como: “conversas com clientes, superiores e subordinados; entrevistas para empregos; reuniões, palestras, debates; seminários, conferências, convenções, cursos; ao telefone e reuniões sociais.” Diz o mesmo autor que para atender a esta demanda existem várias técnicas, cursos para se falar em publico, porém mesmo existindo estas técnicas, a parte mais difícil é ela ser incorporada no dia a dia de cada um para que ela seja utilizada com naturalidade. A comunicação escrita nas empresas é uma prática necessária e comum entre os profissionais. Os objetivos destas práticas segundo Pimenta (2002, p.152) são: “obter e fornecer informação; promover uma ação específica; promover e manter ou encerrar relacionamentos comerciais. O mesmo autor comenta alguns princípios para que a comunicação escrita seja considerada eficaz. Ela precisa ter clareza e objetividade para que a mensagem seja compreendida, ser precisa para que o receptor compreenda o que o emissor esta pensando, persuasão para se ter a resposta esperada. O quadro 1 retrata sugestões para a comunicação escrita: Quadro 1 – Sugestões para comunicação escrita Evite: Incompreensão Para Tanto: Seja empático, coloque-se no lugar do leitor para identificar seu nivel cultural, posição, espectativas, etc Confusão Seja claro, simples e objetivo Desinformação Seja preciso e forneça as informações necessárias Mágoa e antipatia Seja atencioso, polido e delicado Fonte: Adaptado de Pimenta(2002, p. 152) Complementa a autora alguns tipos de comunicação escrita que existem nas empresas: carta, circular, memorando, relatório, requerimento, procuração, ofício, notificação, ata, boletim, manual, jornal e revista. Já a comunicação não verbal é aquela que ocorre sem palavras, e que no convívio social você não fala, ela ocorre pelo que você faz ou deixa de fazer, ela pode ser visual, o que uma pessoa transmite a outro por meio de gestos, toques, postura, aparência, orientação e paralinguagem, de acordo com Pimenta (2002). São as transmissões das emoções: ansiedade, 27 decepção, alegria, tranquilidade, agressividade, equilíbrio e outras emoções que podem ser percebidas. 2.5.4 Endomarketing Segundo Brum (1994, p.23) endomarketing pode ser descrito como “um conjunto de ações que tem como objetivo tornar comum, entre funcionários de uma mesma empresa, objetivos, metas e resultados”. Já o autor Bekin (1995, p.2) detalha que “Endomarketing consiste em ações de marketing voltadas para o públicos interno da empresa, com o fim de promover entre seus funcionários e departamentos valores destinados a servir o cliente.” O Endomarketing tem como objetivo atrair e reter clientes internos (funcionários) no intuito de trazer resultados eficientes para a empresa. A ideia é fazer com que os funcionários vistam a camisa da empresa, fazendo com que busquem alcançar os objetivos estratégicos proposto expõe Bekin (1995). O endomarketing deve partir de três premissas básicas: 1) estamos num mercado orientado para o cliente. Clientes só podem ser conquistados e retidos com um serviço excelente; 2) Funcionários tem expectativas, são um ativo valioso e constituem o primeiro mercado para a organização. Assim, funcionários devem ser tratados como clientes e valorizados como pessoas; 3) Excelência de serviços para os clientes e gerenciamento de recursos humanos significam muito mais do que sorrisos e tapinhas nas costas. Significam envolver e comprometer os funcionários com os objetivos e decisões da empresa. Estas três premissas trazem como consequência um principio: este processo de envolvimento, comprometimento e valorização do funcionário deve preceder o marketing externo. (BEKIN, 1995, p.40) Bekin (1995) diz que o endomarketing é fruto da necessidade de definir uma nova área de ação e investigação. É uma criação brasileira que emergiu de uma necessidade de ressintonizar e reorientar objetivos de modo a reformular o lado interno da empresa. Silva (2005) cita que para implementar o endomarketing dentro da organização ele precisa objetivar o trabalho com as seguintes atividades: - Melhoria da comunicação interna; - Democratização na distribuição da informação; 28 - Análise e, se necessário, melhoria do clima organizacional; - Criação de estímulos para um processo de motivação dos empregados; - Avaliação de desempenho; - Estímulo a fomentação de ideias; - Descentralização das decisões; - Criação de uma cultura organizacional, voltada para o usuário do produto ou serviço; Bekin (1995) menciona que três condições são indispensáveis para implantar o endomarketing: “Primeiro que o endomarketing precisa ser visto como parte integrante da estratégia global. Em segundo lugar, este processo requer conhecimento, informação, compromisso e apoio dos altos executivos da empresa. Por fim, antes de se implantar é preciso avaliar os pontos fortes e fracos da estrutura organizacional a fim de se conhecer o contexto.” O autor complementa ainda que o ideal para por em funcionamento um plano de endomarketing é fazer um diagnóstico da empresa. Neste momento será avaliada a situação do ambiente interno da empresa, realizando um perfil dos funcionários e avaliando o desempenho global. Após este passo avaliam-se os setores individualmente, o potencial dos funcionários, nível de motivação, espírito de equipe, necessidade de treinamento e expectativas e aspirações. A comunicação dentro das organizações deve ser concebida no topo da pirâmide organizacional, conforme BRUM (1994). O centro são as chefias intermediárias e a base da pirâmide os funcionários comuns, que neste caso são os clientes que vão receber este produto. Veja representação gráfica na figura abaixo: 29 Figura 3 – Pirâmide Organizacional da Informação empresarial Direção Produto Chefias Intermediária s Cliente Funcionários Comuns Fonte: Adaptada de BRUM (1994, p. 48) Os relatos de BRUM (1994) explicam que as chefias intermediárias facilitam a ocorrência dos processos de comunicação com menos ruídos entre a direção e os funcionários, pois elas devem comprar as ideias e vendê-las como se fossem suas. Eles precisam levar a mensagem de boas vindas às mudanças ao invés de lutar contra elas. Após o detalhamento dos tipos de comunicação presentes no ambiente corporativo e a compreensão da profundidade dos seus impactos no dia a dia das organizações, vem à tona a necessidade de estudar o personagem central da comunicação, para entender os problemas dessa ordem nas organizações: o ser humano. É preciso analisar o contexto histórico pós-moderno e os fatos importantes que vêm ocorrendo desde o século XX, bem como a influência desses fatores no comportamento humano e sua trajetória até os dias atuais. Isto pode contribuir para um melhor entendimento dos problemas que envolvem conflitos de gerações e os ruídos de comunicação que deles derivam, realidade que chegou no ambiente corporativo e que tem grande influência no desempenho das organizações. 30 2.6 Pós-modernidade: o conflito entre as gerações De acordo com Polistchuk; Trinta (2003), iniciou-se nas duas últimas décadas do século XX o que se chama de era pós-modernismo, nome dado a um conjunto de fenômenos sociais, culturais, artístico e políticos que têm lugar em sociedades pós-industriais. Com o advento desta era, nota-se que o fluxo de informações e o tratamento automático de dados estão para esse novo tempo em que se vive como a urbanização, a mecanização do cotidiano, a prepotência do Estado e o irresistível ascenso dos meios de comunicação, entre outros diversos fatores, estiveram para a modernidade. Polistchuk; Trinta (2003) aponta que fatos relevantes também contribuíram para dificultar ainda mais este labirinto de cenários e informações, como no final dos anos 80, que ficou marcado com fim dos protestos na Praça da Paz da China, logo após o massacre promovido pelo Governo do país. Destaca-se também, a queda do muro de Berlin, colocando fim na divisão da Alemanha, a execução do ditador romeno Nicolae Ceausesco, dando início ao fim da então grande potência mundial União da República Socialista Soviética URSS bem como já no início da década de 90, a libertação de Nelson Mandela após passar 27 anos presos na África do Sul. Catanante; Filliage (2011), descrevem uma geração que viveu no período antes do descrito acima como pós-modernidade, como os Baby Boomers. Compreende as pessoas que nasceram nos Estados Unidos entre 1946 e 1964. Entretanto, com freqüência elas são divididas em dois grupos distintos: aqueles que nasceram entre 1946 e 1954 (geralmente chamados de Primeiros Boomers) e os nascidos entre 1955 e 1964 (freqüentemente chamados de Boomers Posteriores ou Geração Jones) (CATANANTE; FILLIAGE, 2011, p. 21). Ainda conforme Catanante; Filliage (2011), o que diferencia os primeiros Boomers dos Boomers posteriores é a guerra do Vietnã, onde devido a ela, os Bommers posteriores não poderiam se alistar. Atualmente, essa geração que é contemporânea ao nascimento da tecnologia, se destaca também pelo alto poder consumidor, e desta forma, a economia têm se movimentado abundantemente para atendê-los. O mundo digital sempre será um atraente desafio, portanto, movimentos neste sentido sempre serão bem vindos por eles. 31 Em contrapartida aos baby boomers, a geração X surge na sequencia fazendo o uso destes recursos tecnológicos recém presentes no mercado. No Brasil, vivenciou acontecimentos como as diretas já e fim da ditadura. No meio profissional, essa geração se notabiliza pela resistência ao novo, e receio de perder o emprego a sua geração sucessora, a geração Y, continua descrevendo Catanante; Filliage (2011). Segundo Khoury (2009) já esta geração denominada Y, que são os nascidos na década de 80, em pouco tempo de vida presenciou todos os maiores avanços tecnológicos surgidos em sua época até a presente data, e com esta constante diversidade de acontecimentos, ela aderiu ao seu período notabilizando-se pela habilidade em desfrutar de diversas coisas ao mesmo tempo, como ouvir música, navegar pela internet, ler e-mail’s, bater papo em chat’s on line entre outras coisas, tudo isto, em tese, não atrapalhando seus afazeres profissionais. Todavia, em meio a este cenário inovador a geração Y se individualiza nestas práticas contemporâneas. Para os nascidos na década de 90, segundo Boog; Boog (2012), a geração que sucedeu a Y é chamada geração Z, aquela que estará no mercado de trabalho próximo a 2015. Especula-se que esta será a geração que se importará com os temas relacionados a sustentabilidade, redes sociais e convergência digital. Essa geração, por viver sua juventude no auge do mundo digital, onde são bombardeados por uma grande massa de informação numa velocidade incontrolável, possui características mais voltadas para o imediatismo. Tudo se torna obsoleto muito rápido. Outro fator relevante desta geração, é que com a tecnologia atual, torna-se fácil galgar as barreiras da distância, levando as pessoas desta geração e ter problemas de interação social, uma vez que a comunicação verbal se torna cada vez mais menos frequente em suas vidas. Como se vê no quadro 2, nesta contraposição de gerações se destacam os seguintes perfis: 32 Quadro 2 – Perfil das Gerações GERAÇÕES COMPORTAMENTO ATITUDES Baby Boomer Relacionado ao resultado. Voltadas à segurança. X Relacionado ao equilíbrio. Y Induzido ao dinamismo e movimentação. Z Voltadas para a tranquilidade. Voltadas à inovação e criatividade. Relacionado à alta velocidade nas tomadas de Voltadas para o dinamismo decisões, são imediatistas. e imediatismo. Fonte – Crédito dos autores. Com esta complexidade de diferenças comportamentais encontradas ao longo do surgimento destas gerações, Khoury (2009) diz que o grande desafio da comunicação se intensifica em como fazer ouvir e ser ouvido em meio as sempre presente barreiras que dificultam o relacionamento comunicativo entre as gerações, minimizando todo e qualquer conflito que já exista, ou que ainda possa ainda vir à tona. Bordenave (2000) destaca que esta é uma questão atual, pois o enorme desenvolvimento ocorrido desde os anos 70, intensifica a necessidade de se encontrar as melhores formas e meios de comunicação adequados para atingir de maneira assertiva cada uma das gerações. Por exemplo, a formalidade na comunicação verbal hoje existente entre os baby boomer, não são adequadas para se interagir com a geração Y, que são mais informais, menos burocráticos, e buscam soluções rápidas e inovadoras para seu problemas. A geração X, com suas características de preferir o relacionamento pessoal, equilíbrio e qualidade vida, possuem dificuldades em serem compreendidos pela geração Z, que são imediatistas, não gostam de esperar por um resultado significativo, e prefere se isolar para se expressar em seu universo digital. 2.7 Ruídos na Comunicação A comunicação, por se tratar de um processo complexo, torna-se vulnerável frente aos diversos fatores que culminam em ruídos. Kunsch (2002) classifica esses ruídos ou barreiras de comunicação em mecânicas, fisiológicas, semânticas ou psicológicas. As 33 barreiras mecânicas ou físicas estão ligadas aos aparelhos de transmissão: barulho, ambiente e equipamentos que podem dificultar que a comunicação ocorra. As barreiras fisiológicas são relacionadas a problemas genéticos de órgãos vitais de fala, como a surdez, gagueira e não articulação fonética. Já as barreiras semânticas, são as que ocorrem devido ao uso inadequado da linguagem ou de linguagem incomum ao receptor, a exemplo dos códigos que não são conhecidos em determinados ambientes, como gírias. As barreiras psicológicas são relacionadas ao preconceito que faz com que a comunicação fique prejudicada, e ocasionam percepções equivocadas quanto a crenças, valores e culturas. Para Gessner (2007), ruído é uma perturbação indesejável em qualquer processo de comunicação, que pode provocar danos ou desvios na mensagem. Quase sempre existem fatores que reduzem a probabilidade de que ocorra comunicação bem sucedida. São as chamadas barreiras da comunicação. Barreiras são restrições ou limitações que ocorrem dentro ou entre as etapas do processo de comunicação, fazendo com que nem todo sinal emitido pela fonte percorra livremente o processo, de modo a chegar incólume ao seu destino. (CHIAVENATO, 1999, p .528) Porém, a classificação de ruídos vai além para Dubrin (1996). As barreiras na comunicação podem ocorrer por diversos fatores que estão presentes entre o envio da e a recepção da mensagem, a saber: motivação e baixo interesse; linguagem inapropriada; comunicação defensiva; filtro; comunicação não verbal insuficiente; sobrecarga de informações; habilidades de comunicação deficientes; e problemas de comunicação eletrônica. A maior parte dessas barreiras existentes são superáveis, e podem ser sanadas tecnicamente. “Primeiro, você precisa estar ciente de que todas estas barreiras potenciais existem. Segundo, precisa desenvolver uma tática para lidar com cada uma.”(DUBRIN, 1996, p. 211). Já Mendonça (2009) classifica as causas dos ruídos como: a) ambiente adverso – local em que há muito barulho, excesso de pessoas circulando poderá distrair a atenção do receptor, que por sua vez compreenderá apenas parte da mensagem emitida pelo emissor; b) o momento em que a mensagem esta sendo passada - caso o receptor não esteja concentrado para obter as informações necessárias, tenha sua atenção dividida em mais de uma atividade, a mensagem não será completamente entendida; 34 c) linguagem inadequada – uso de termos técnicos ou palavras em idioma desconhecido pelo receptor; d) exposição descuidada – falar de temas que não são do interesse dos receptores, desviando assim a atenção, não centrando nos assuntos que são de fato importantes. 2.7.1 Ruídos na era digital Considerando o que vem sendo relatado neste estudo, a discussão dos ruídos presentes no processo comunicacional agora deve ser analisada sob a ótica da evolução tecnológica dos meios. Em razão do contexto histórico e de fatos importantes já citados anteriormente, “vivemos um período de profunda transformação social e política, e a tecnologia digital é a maior revolução que já ocorreu na história das mídias.” (CANNITO, 2010, p. 15). A tecnologia digital agora dita os rumos não só na internet, que muitas vezes é confundida com seu ambiente (digital), mas também dos clássicos veículos de comunicação de massa como a TV, o rádio, o cinema e o telefone. Até nos livros houve uma revolução no modo de trabalhar a imagem. Na explicação de Cannito (2010) alguns estudiosos disseram que com a chegada do digital seria o fim da pouco interativa narrativa em televisão, porém, na visão do autor, a queda da audiência das novelas brasileiras, por exemplo, tem maior relação com a perda de interesse pelo formato, por parte das novas gerações, do que com a perda de importância da narrativa. Assim, evidencia-se a necessidade da comunicação acompanhar a revolução no modo de produção de conteúdos, convergindo com todas as mídias, pois, em contrário, temos barreiras ou ruídos na recepção da mensagem. “Mecanismos psicológicos individuais, problemas estruturais da organização, cultura, crenças e valores, preconceitos, entre outros fatores, quando ineficazmente trabalhados, também podem se transformar em campo fértil para as barreiras da comunicação”. (OLIVEIRA, 2005, p. 34). É também o que Cannito (2010) reafirma quando aborda a crise no modelo da TV genérica frente à TV interativa, interpretada por estudiosos do assunto. Está em crise o modelo antigo de coletivo, ou a comunidade imaginada nos anos 1970: a comunidade de ‘todos os brasileiros’. Nessa utopia maluca, todos os brasileiros assistiriam ao mesmo conteúdo. Essa proposta não se sustenta mais. Hoje se percebe que as comunidades não desapareceram, apenas são menores e mais segmentadas. Em outras palavras, o foco deve ser a segmentação das comunidades 35 que constituem o público, não a individualização e a customização dos conteúdos de televisão. (CANNITO, 2010, pg. 21). 2.7.2 Ruídos de comunicação nas empresas: Uma das maiores preocupações da administração é quanto à comunicação e suas falhas. Drucker (1992) aponta que o ruído de comunicação “é uma inquietação compartilhada por toda sociedade de hoje.” O autor também retoma fatos históricos importantes do século XX e faz uma análise sob a ótica da comunicação, dimensionando os impactos dos ruídos, que culminaram com a morte de milhares de pessoas, como no caso das guerras. Mas isso já vem desde a Primeira Grande Guerra, quando todo o mundo ocidental tornou-se consciente da comunicação. Quando os documentos diplomáticos de 1914, que se encontravam nos arquivos alemães e russos foram publicados logo que acabou a guerra, ficou espantosamente claro que a catástrofe fora causada, essencialmente por falhas de comunicação... E a própria guerra – especialmente o fracasso total do seu único conceito estratégico, a campanha de Galipoli de Winston Churchill – foi patentemente uma tragicomédia de falta de comunicação. Ao mesmo tempo, o período imediatamente após a guerra – um período de disputas industriais e de uma total falta de comunicação entre os ocidentais e os revolucionários comunistas (e um pouco mais tarde, com os fascistas igualmente revolucionários) mostrou tanto a necessidade como a data de uma teoria válida ou uma prática corrente de comunicação, nas instituições existentes, nas sociedades existentes e entre vários grupos de liderança e seus diversos públicos. (DRUCKER, 1992, p. 115) Segundo França; Freitas (1997), a maioria dos problemas de comunicação situa-se no nível de relacionamento interpessoal, e identificar esta realidade e encontrar abordagens criativas para este tema é um desafio para os administradores e gestores em geral. Relata Sendin (2013) que apesar da evolução da área de recursos humanos nas corporações, melhoria de salários e aumento de benefícios, os trabalhadores estão cada vez mais infelizes. “Membros da sociedade americana de recursos humanos mapeiam há dez anos quão contentes as pessoas estão com seu emprego atual. A conclusão é que, nos últimos quatro anos, os níveis de satisfação têm caído.” (SENDIN, 2013, p.19). Segundo pesquisas utilizadas pela autora, no período compreendido entre 2009 e 2012, embora tenha ocorrido melhora nas práticas de gestão de pessoas, demonstrado no gráfico 1, a nota de satisfação atribuída à empresa à qual pertencem baixou de 82,51 para 80,98, o que é prejudicial tanto para os indivíduos quanto para as organizações, quando resultam em doenças psicológicas, como depressão e estresse, e custos aumentando em diversos departamentos. 36 Gráfico 1 – Satisfação dos brasileiros em relação ao local em que trabalham Fonte – SendiN (2013, p.19) No gráfico acima a sigla IQGP – Índice de Qualidade de Gestão de Pessoas e a sigla IQAT – Índice de Qualidade do Ambiente de Trabalho. Alternativas precisam ser encontradas para alterar essa realidade, contudo, o desafio vai além de encontrar uma receita que um dia já funcionou. Pelo contrário, é preciso inovar. Ser criativo é encontrar novas formas de fazer as coisas, gerar novas idéias, criar novos relacionamentos, é ver novas possibilidades de resolver problemas. Ser criativo é não ficar preso em uma única forma de perceber, de sentir e de fazer: é abrir as portas da percepção para as inúmeras possibilidades da vida. Em outras palavras, é introduzir novidade onde todos só reproduzem rotinas. E as soluções criativas aplicam-se a tudo na vida, tanto às grandes como às pequenas coisas do dia-a-dia. E sabemos que a maioria dos problemas de comunicação situa-se no nível de relacionamento interpessoal. (FRANÇA; FREITAS, 1997, p. 143) Com base em todo referencial de comunicação elaborado até aqui, passando pela definição, processos e canais de comunicação, a influência dos meios, bem como pelos tipos de comunicação mais comumente encontrados no ambiente das organizações, reúne-se teoria suficiente para identificar, fundamentar e analisar problemas encontrados de forma recorrente nas empresas e que são relacionados a área em questão. A partir deste ponto, fica estabelecido o envolvimento das áreas de administração, recursos humanos e comunicação num trabalho multidisciplinar, pois nas etapas seguintes, 37 será proposto um modelo eficiente para investigar com profundidade os ruídos de comunicação existentes, além de medir seus impactos no ambiente corporativo, tomando por base ferramentas já consagradas, de modo a nortear gestores na tomada de decisão, adotando o melhor caminho para a solução de problemas nas organizações. 2.8 Ferramentas para identificação das falhas na comunicação 2.8.1 Benchmarking Maximiano (2005, p.347) menciona que benchmarking é a técnica por meio da qual a organização compara o seu desempenho com o de outra. Através do benchmarking, uma empresa procura imitar outras organizações, concorrentes ou não, do mesmo ramo, ou até mesmo de outros universos de negócios, que façam algo de maneira praticamente perfeita, ou seja, é a busca das melhores práticas de administração, como forma de identificar e ganhar vantagens competitivas. De Sordi (2006) também diz que todo processo de negócios é estruturado a partir de modelos gerenciais e operacionais que abrangem técnicas e métodos de trabalho. Muitos destes modelos se tornam referência devido aos ótimos resultados gerados. Esses modelos bem sucedidos para determinada atividade são rotulados como melhores práticas, podendo se tornar um padrão, chamando assim, benchmarking. Benchmarking é o processo de avaliar quão bem as funções e habilidades de uma empresa estão sendo desempenhadas em comparação a alguma outra empresa ou conjunto de empresas. O principal objetivo do benchmarking é entender completamente as “melhores práticas” de outras empresas e empreender ações para atingir tanto o melhor desempenho quanto os menores custos. (BATEMAN; SNELL, 1998, p. 129) 2.8.2 Diagrama de Ishikawa Possi et al (2006) relatam que em 1953, um professor da Universidade de Tóquio chamado Kaouru Ishikawa converteu as opiniões de vários engenheiros de uma fábrica em um diagrama, algo como uma ata de reunião representada graficamente. O desenho, similar a uma espinha de peixe e batizado como Diagrama de Ishikawa, tornou-se uma ferramenta excelente, com diversas funcionalidades, como a criação de um referencial teórico que auxilia na seleção de informações e causas primárias essenciais para dirimir questões complexas. 38 Este diagrama, originalmente proposto por Kaouru Ishikawa na década de 60, já foi bastante usado em ambientes industriais para a localização de causas de dispersão de qualidade no produto e no processo de produção. Ele é uma ferramenta gráfica destinada a explorar e representar opiniões a respeito de fontes de variações em qualidade de processo, mas que pode perfeitamente ser utilizada para a análise de problemas organizacionais genéricos. (POSSI ET AL 2006, p. 78 ) O Diagrama de Causa e Efeito, também conhecido como Espinha de Peixe, Diagrama dos 6M e de Causa e Efeito, segundo Reyes; Vicino (2013) é uma das sete ferramentas utilizadas para identificar problemas ou oportunidades de melhorias relacionadas à Qualidade, e sua utilização permite estruturar sistemas que resultem em uma ou mais respostas de forma gráfica e sintética. Conforme explicam os autores, um grupo de pessoas relacionadas ao efeito que está em análise lista todas as causas possíveis e, posteriormente, os agrupa a partir do conceito dos 6M que abrange materiais, métodos, mão-de-obra, máquinas, meio ambiente e medidas. Na opinião de Reyes; Vicino (2013) “o uso dos 6M pode ajudar a identificar as causas de um problema e servir como uma estrutura inicial para facilitar o raciocínio na análise desse”. Figura 4 – Diagrama de Ishikawa utilizando o conceito 6 M. Fonte: Reys; Vicino (2013, p.2) De acordo com Reyes, é possível utilizar o Diagrama de Ishikawa em softwares com recursos gráficos, como Word, Power Point e Paint Brush. Para problemas complexos há uma alternativa adaptada dos desdobramentos hierárquicos dos diagramas. “O desdobramento das causas em diagramas secundários, com o propósito de não construir 39 diagramas excessivamente carregados, onde as causas principais passam a ser efeito” ( SARRIÉS, 1989 apud REYS; VICINO). Já Maximiano (2004, p. 115), ao explicar o Diagrama de Ishikawa, aponta apenas 4 grupos de causas e o conceito 4M para identificar o por quê da ocorrência de um determinado problema: mão-de-obra, método, materiais e máquinas. Para Maximiano (2004, p. 115) “outros critérios de organização podem ser usados, dependendo do tipo de problema e empresa, como na figura a seguir, cujo estudo de um problema teve as causas organizadas segundo outros critérios”. Figura 5 – A estrutura padronizada do Diagrama de Ishikawa Fonte: Maximiano (2004, p. 116) ) 2.8.3 Método de Delineamento de Problemas Organizacionais (MDPO) De acordo com Maximiano (2004, p.118), o MDPO, também chamado de paradigma de Rubinstein, é um recurso que permite organizar, em um diagrama, todas as relações de causa e efeito que existem em um problema. Quando se utiliza esta ferramenta, deve-se fazer uma pergunta que começa com um “como?”. 40 Figura 6 - Processo de MDPO variáveis (O que podemos manipular?) efeitos desejados (O que queremos alcançar?) parâmetros (O que não podemos mudar?) Fonte – Maximiano ( 2004, p. 119) 2.8.4 GUT – Gravidade x Urgência x Tendência No ponto de vista de Meireles (2001, p.51), GUT é uma ferramenta utilizada para definir prioridades dadas diversas alternativas de ação. Esta ferramenta responde de forma racional as seguintes questões: - O que devemos fazer primeiro? Por onde devemos começar? Para responder a tais perguntas, a ferramenta GUT considera: Gravidade; Urgência; Tendência do fenômeno. O termo gravidade pode ser considerado também por intensidade, ou seja, a profundidade dos danos que o problema pode causar caso não se atue sobre ele. Já a urgência, deve ser entendida como o tempo de eclosão dos danos ou resultados indesejáveis se não se atuar sobre o problema. Por fim, a tendência deve ser levada em consideração o desenvolvimento que o problema terá na ausência de ação. Meireles (2001) diz que sobre cada um dos três termos acima, devem ser atribuídas notas, seguindo a seguinte escala crescente: nota 5 para os maiores valores e 1 para os menores valores. Ou seja, um problema extremamente grave, urgentíssimo e com altíssima tendência a piorar com o tempo receberia pontuação máxima em cada um dos termos. Meireles (2001) diz ainda que para muitos, o fato de simplesmente atribuir notas para os problemas pode parecer algo um pouco subjetivo, baseado apenas no “achismo”. 41 Por este motivo, recomenda-se que no momento de atribuir as notas, avaliem-se os fatores conforme o quadro abaixo Quadro 3 – Pontuação na Matriz GUT Fonte – Meireles (2001, p.53) 2.8.5 Método de Analise de Pareto Na opinião de Campos (2004) o método de análise de Pareto é uma metodologia muito simples e muito poderosa para o gerente, pois ajuda a classificar e priorizar os seus problemas. Já Lucinda (2010) entende que o objetivo deste método é identificar as principais causas geradoras de problemas, quantificar o número de ocorrências de cada causa identificada e classificá-las em ordem de importância. O trabalho de Pareto deu origem a regra 80/20, pois cita que 20% das causas são responsáveis por 80% dos problemas, não devendo ser aplicado em valores absolutos e sim de forma relativa. Campos, destaca as seguintes fases a serem seguintes para o método de análise de Pareto: a) Identifique o problema; b) Extratifique; c) Colete dados; d) Priorize com a ajuda do diagrama de pareto; e) Atribua responsabilidades pela solução dos problemas; 42 O Diagrama de Pareto é uma figura simples que visa dar uma representação gráfica à estratificação [...] A estratificação seguida da coleta de dados e a visualização gráfica apresentada no Diagrama de Pareto permitem priorizar quantativamente os itens mais importantes[...] A consciência pelo” Princípio de Pareto” permite ao gerente conseguir ótimos resultados com poucas ações. (CAMPOS, 2004, p.231) Figura 7 – Exemplo de uma análise de Pareto para problemas em uma oficina de carros. Fonte: BESSANT; TIDD, P. 68 2.8.6 Ciclo PDCA Segundo Daychouw (2007), o ciclo PDCA também é conhecido como ciclo de Shewhart ou ciclo de Deming, e foi introduzido no Japão após a guerra. Foi idealizado por Shewhart, mas foi Deming quem o divulgou e efetivamente, o aplicou. Este ciclo tem por natureza, tornar mais transparente e ágeis os processos envolvidos na execução da gestão, dividindo-a em quatro passos fundamentais, que são os seguintes: Plan (Planejamento): Criar um referencial futuro, estabelecer missão, visão, objetivos (metas), procedimentos e processos (metodologias) necessários para o alcance dos resultados. Do (Execução): Realizar, executar as atividades. Check (Verificação): Monitorar e avaliar periodicamente os processos e resultados, confrontando-os com o planejado, objetivos, especificações e estado desejado, consolidando as informações e, eventualmente, confeccionando relatórios. Act (Ação): Agir de acordo com o avaliado e de acordo com os relatórios, eventualmente determinar e confeccionar novos planos de ação, de forma a 43 melhorar a qualidade, a eficiência e a eficácia, aprimorando a execução e corrigindo eventuais falhas. O PDCA é aplicado principalmente nas normas de sistemas de gestão e deve ser utilizado (pelo menos na teoria) em qualquer organização de forma a garantir o sucesso nos negócios, independentemente da área ou departamento (vendas, compras, engenharia etc.). O ciclo começa pelo planejamento, em seguida a ação ou conjunto de ações planejadas são executadas, checa-se o que foi feito, se estava de acordo com o planejado, constantemente e repetidamente (ciclicamente) e toma-se uma ação para eliminar ou ao menos mitigar os defeitos no produto ou na execução. (DAYCHOUW, 2007, p. 131). 2.8.7 MASP (Método de Análise de Solução de Problema) Conforme Camacho (1998), MASP é o método de Análise de Solução de Problemas, que também é conhecido como QC Story (Quality Control Story). Na opinião de Campos (2004, p. 66) no Brasil costuma-se dar muita importância as ferramentas e pouca importância ao método. Cita “é necessário praticar iniciando pelos problemas mais fáceis até que o individuo domine o método. Depois aprendem-se todas as ferramentas. Campos (2004) diz “como o controle da qualidade via PDCA é o modelo gerencial para todas as pessoas da empresa, este método de solução de problemas deve ser utilizado por todos.” O MASP se utiliza o conceito do PDCA, que é um ciclo de desenvolvimento que tem foco na melhoria contínua. Na opinião de Campos, o PDCA é composto por 8 fases, conforme quadro 4, seguindo o seguinte fluxograma: 1) Identificação do problema: nesta fase defini-se qual o problema e a sua importância. 2) Observação: investiga-se as características especificas do problema com uma visão ampla e sob vários pontos de vista; 3) Análise: deve-se descobrir quais as causas fundamentais; 4) Plano de Ação: estabelecer um plano para bloquear as causas fundamentais; 5) Ação: efetivamente bloquear as causas fundamentais; 6) Verificação: confirma se o bloqueio foi realizado 7) Padronização: procurar uma forma de prevenir que o problema reapareça 8) Conclusão: revisar todo o processo de solução do problema para trabalhos futuros. 44 As fases de 1 a 4 estão dentro do P (Planejamento, a fase 5 é referente ao D do desenvolvimento, a fase 6 ao C de checagem e as fases 7 e 8 é o A que é ação do processo. Quadro 4 – Demonstração do PDCA em fases e com o objetivos Fonte – Campos(2004 p. 239) 2.8.8 MAMP – Método de Análise e Melhoria de Processos A Análise e Melhoria de Processos, segundo Galvão; Mendonça (1997), é extremamente importante para conduzir a organização no caminho para a qualidade total. A metodologia permite, por meio de um programa de Gestão pela Qualidade Total (GQT), que uma determinada organização trate seus problemas sem descuidar da melhoria contínua de seus processos. A Metodologia de GTQ (Gestão pela Qualidade Total) do IBQN (Instituto Brasileiro da Qualidade Nuclear) considera que uma instituição precisa ter todas as suas ações pautadas em 10 princípios (valores conhecidos, aceitos e praticados por todos), sendo a Análise de Melhoria de Processos (AMP) um fator fundamental para a 45 internalização da GQT, quer pela prática que desenvolve na aplicação sistemática destes 10 princípios ao longo de suas etapas de execução, quer pela evolução que promove nos processos, no crescimento das pessoas e no desenvolvimento da rganização. (GALVÃO; MENDONÇA, 1997, p. 5). A MAMP adotada pelo IBQN, relata Galvão; Mendonça (1997, p. 5), tem como base de sua implantação o ciclo PDCA (Plan, Do, Check and Act), que representa fielmente um ciclo de gestão. Para aplicação do método mencionado é importante considerar três situações típicas que normalmente são encontradas a saber: melhoria de uma rotina existente, implantação de um novo projeto ou processo ou melhoria radical do desempenho de um processo. Lucinda (2010) conceitua que uma organização é um sistema de processos interrelacionados que são capazes de transformar insumos em saídas que vão satisfazer as necessidades dos clientes, sejam eles internos ou externos. Assim, entende-se que a análise e melhoria de processos deve estar intimamente relacionada à gestão de qualidade da organização, e, ainda segundo Lucinda (2010), sua finalidade é a de identificar o processo ou grupo de processos que estão desalinhados em relação ao desempenho da organização, o que, por conseguinte, a prejudica. Para sua aplicação faz-se necessário seguir algumas etapas sequenciais, a saber: a) Mapear os processos organizacionais e determinar o inter-relacionamento entre eles; b) Identificar processos a serem melhorados; c) Análise de cada processo que necessita passar por melhorias; d) Identificar as oportunidades de melhorias; e) Redesenhar o processo e documentá-lo; f) Implantar o novo processo ou o processo melhorado; g) Acompanhar o novo processo; Detalhando as etapas, Lucinda (2010) relata que para aplicar o MAMP com o mapeamento de todos os processos da organização, é imprescindível que o analista tenha uma visão do todo, sempre considerando que falhas em um determinado processo podem ser decorrentes de um processo secundário inter-relacionado. A análise deve ser feita do todo para cada uma das partes. Um bom ponto de partida seria relacionar fornecedores, clientes e as principais atividades desenvolvidas pela instituição. Deve–se iniciar a segunda etapa perguntando por onde iniciar uma melhoria. “Caso a organização já tenha identificado uma área problemática, não será difícil a escolha do 46 processo ou conjunto de processos a serem melhorados. Neste caso, deverão ser identificados todos os processos que possuem alguma relação com o problema” (LUCINDA, 2010, p. 40). Esse mesmo autor comenta que nos casos em que a organização sabe que precisa melhorar, mas ainda não definiu um foco problemático, será preciso estabelecer um critério lógico para escolher o processo ou grupo de processos a serem melhorados. Em seguida, na fase da análise dos processos que necessitam de melhorias, faz-se necessário estudar cada um dos itens selecionados desde o funcionamento em nível macro, passando, na sequência, para as partes constituintes, o que garante um conhecimento mais preciso sobre os processos analisados. “Somente após conhecermos o funcionamento do processo atual é que teremos condições de melhorá-lo. Não se pode melhorar aquilo que não se conhece.” (LUCINDA, 2010, p. 40). O mesmo autor cita que algumas ferramentas como o fluxograma e o diagrama de causa e feito auxiliam na análise, que deve buscar gargalos no fluxo e ausência de responsabilidades por algumas etapas do processo, falta de controle nas etapas críticas, inexistência de indicadores, entre outros problemas. Com os problemas listados, iniciar-se-á a fase da melhoria dos processos problemáticos selecionados, o que, conforme Galvão; Mendonça (1997, p.51), envolve a identificação e ordenação das alternativas de solução para as possíveis causas e o desenvolvimento dessas soluções. Uma atitude criativa nesta fase é importante, pois estimula a pluralidade de ideias, pontos de vista e soluções, além de compilar conhecimentos e experiências visando as oportunidades de mudança. “Criatividade pode ser entendida como o Processo de produção pelo qual uma pessoa produz um maior número de ideias, pontos de vista, hipóteses, soluções, opiniões originais e eficazes do que as demais pessoas, num espaço de tempo mais curto.” (OSBORN p. 52 apud GALVÃO; MENDONÇA, 1997,). Galvão; Mendonça (1997, p.51), sugerem algumas formas de identificar as alternativas de solução, como a divisão dessas soluções em corretiva, adaptativa ou provisória, ou ainda a utilização do brainstorming, do Ábaco Heurístico, que consiste na combinação aleatória de palavras distribuídas em colunas, de modo a formar sentenças as mais variadas, com ou sem sentido, para que dessa combinação surja uma única solução em forma de frase. Além disso, faz-se necessária uma priorização das soluções, e, dessa forma, implantar um plano das melhorias de um processo. Para Galvão; Mendonça (1997, p. 54) as ferramentas indicadas neste ponto seriam a matriz de relacionamento soluções X Causas, Matriz BASICO e TGN. O que Lucinda (2010) intitula como “redesenhar o processo e documentá-lo”, Galvão; Mendonça (1997, p. 61) descreve como “Desenvolver Soluções”, recomendando sua implantação inicialmente em caráter experimental, com escala reduzida do processo, 47 permitindo rápidas intervenções e ajustes, quando necessários. Para maior segurança possível na implantação, deve-se descrever, detalhadamente, o quê deverá ser feito, quem deverá fazer, onde e quanto deverá ser feito e quanto deverá custar. “Ainda na etapa do desenvolvimento das soluções a serem implantadas, é necessário elaborar o fluxo do novo processo após a implantação das soluções, destacando os pontos críticos sujeitos a avaliação periódica dos resultados”. (GALVÃO; MENDONÇA 1997, p. 52). Compara-se, em seguida, o fluxo desenvolvido na etapa de conhecimento do processo com a nova representação gráfica, utiliza-se o fluxo de rotina para elaboração das normas e procedimentos descritos para implantação do processo alterado. Há que se considerar que quanto mais detalhado for o processo, tanto melhor será sua compreensão pelos envolvidos. (GALVÃO; MENDONÇA, 1997, p. 52). Apontado como aspecto de grande importância por Galvão; Mendonça (1997, p. 61), o treinamento a ser dado a todo o pessoal envolvido com a rotina é imprescindível na implantação de um processo melhorado ou novo. Quadro 5 – Melhoria do Processo – Planejamento da implantação Fonte: Galvão; Mendonça (1997, p. 71) 48 Ainda segundo Galvão; Mendonça (1997, p. 67), é preciso ser cuidadosa a implantação do processo através da MAMP, fator preponderante para um grande sucesso ou enorme fracasso. A experiência mostra que esta fase é a mais delicada de todo o processo da MAMP, pois envolve sérios riscos de conflito com a estrutura formal, sendo fundamental bastante comprometimento das pessoas envolvidas com as melhorias propostas. Pode ser ainda influenciada por altas doses de desconfiança no novo processo, pois o novo é sempre uma ameaça. (GALVÃO; MENDONÇA, 1997, p. 52). A última etapa consiste no acompanhamento do processo recém-implantado. Após a disseminação das informações, elaboração e aplicação de treinamentos, a implantação deve ser acompanhada, interagindo com a estrutura formal da instituição e buscando soluções. Deve-se estabelecer os indicadores e suas respectivas sistemáticas de obtenção que permitam comparar os resultados obtidos e as metas traçadas. Caso na medição feita sejam encontradas divergências entre a situação atual e a desejada, o que configura um problema ou não-conformidade, deve-se seguir as etapas da MAMP para um processo existente, a partir da identificação dos problemas. (GALVÃO; MENDONÇA, 1997, p. 52). Quadro 6 – Melhoria do Processo – Avaliação e Análise da Implantação Fonte: Galvão; Mendonça (1997, p. 73) 49 2.9 DEMONSTRATIVO DA UTILIZAÇÃO DO MASP NA COMUNICAÇÃO CORPORATIVA Para demonstração do problema central a ser solucionado, iniciar-se-á a aplicação do presente método com a utilização do diagrama de Ishikawa, com base no conceito 6M, conforme citado anteriormente. A situação problema neste caso será: como se comunicar de forma eficiente nas empresas: Figura 8 – Demonstração da utilização do diagrama de Ishikawa Fonte: Crédito dos próprios autores 1) Materiais: divulgar através de murais, intranet, rádios, televisões, reuniões; 2) Métodos: utilizar comunicação oral, escrita e visual; 3) Mão de Obra: utilizar o departamento responsável pela comunicação interna da empresa; 4) Máquina: divulgar através de cartazes e vídeos; 5) Meio Ambiente: utilizar refeitórios, relógio de ponto e sala de reunião; 6) Medidas: medir número de feedback positivos; Na sequência deve-se aplicar a metodologia GUT para avaliar a situação a qual deve ser priorizada. Para este efeito, será demonstrada através de uma situação hipotética, a aplicação através de uma pesquisa junto aos colaboradores da organização: 50 Figura 9- Demonstração da Aplicação da Metodologia GUT Situações a classificar Divulgar em murais Utilizar comunicação escrita Utilizar relógio de ponto Divulgar através de cartazes Divulgar em intranet Divulgar através de televisão Utilizar refeitórios Divulgar em reuniões Utilizar sala de reunião Utilizar comunicação visual Divulgar através de videos Utilizar comunicação oral Divulgar em rádio Gravidade Urgência Tendência G x U x T 5 5 5 125 4 5 5 100 5 4 4 80 4 4 4 64 4 4 3 48 4 3 3 36 3 3 3 27 3 3 2 18 3 2 2 12 2 2 2 8 2 2 1 4 2 1 1 2 1 1 1 1 525 TOTAL % 24% 19% 15% 12% 9% 7% 5% 3% 2% 2% 1% 0% 0% % Acumulado 24% 43% 58% 70% 79% 86% 91% 95% 97% 99% 99% 100% 100% Fonte:Crédito dos próprios autores Depois da classificação realizada através da aplicação da metodologia GUT, deve-se demonstrar através do gráfico de Pareto, que conforme as divulgações forem feitas nas prioridades apontadas pela pesquisa realizada de forma hipotética, maior será o número de funcionários atingidos pelas divulgações. Gráfico 2 – Demonstração da Aplicação da Metodologia de pareto 51 Fonte: Crédito dos próprios autores Depois da demonstração gráfica da metodologia de Pareto deve-se aplicar a metodologia MDPO: Figura 10 – Demonstração da Aplicação da Metodologia MDPO Fonte: Crédito dos próprios autores Após aplicação do MDPO, inicia-se a metodologia MASP para ajudar a solucionar problemas de comunicação na corporação. Utilizar-se-ão situações apontadas no diagrama de Pareto como as mais prioritárias a serem solucionadas, visto que a somatória delas representam praticamente 80% das situações. São elas: utilizar comunicação escrita, divulgar em murais, divulgar em relógio de ponto, divulgar em cartazes e utilizar a intranet. Aplicação da metodologia MASP, que é baseada no PDCA abaixo demonstrado: ETAPA PLANEJAMENTO – P Esta etapa é composta pelas fases 1 – identificação do problema, 2 - observação, 3 - analise e 4 – plano de ação. Fase 1 – Identificar o problema Objetivo: definir claramente o problema e reconhecer sua importância 52 A comunicação não é feita de forma eficiente na organização, pois muitos colaboradores desconhecem diversas informações da empresa. Fase 2 – Observação Objetivo: Investigar as características específicas do problema com uma visão ampla e baseada em vários pontos de vista - Porque os funcionários não recebem a informação adequada? - A comunicação é feita em diversos meios? - Todos tem acesso ao meio que ela é divulgada? - Quando a pessoa tem dúvida a quem ela recorre? Fase 3 – Análise Objetivo: descobrir as causas fundamentais 1- Comunicação é passada mais oralmente que por escrito; 2- Pouco detalhamento da informação; 3- Informações não são divulgadas de forma clara; 4- O colaborador não tem a quem procurar quando recebe uma informação a qual não entende; Fase 4 – Plano de Ação Objetivo: conceber um plano para bloquear as causas fundamentais Plano de Ação 1 Fazer divulgação de forma escrita, clara e adequada para cada local Plano de Ação 2 Fazer a divulgação em murais da empresa, pois é um local o qual todos os funcionários tem acesso. Plano de Ação 3 53 Fazer a divulgação nos relógios de ponto, pois é um local onde todos os funcionários passam pelo menos duas vezes por dia. Neste local, deve-se utilizar informação simples e direta, na qual o colaborador sinta a necessidade de buscar detalhes em outras fontes de informação. Plano de Ação 4 Utilizar cartazes nos locais de maiores circulações de funcionários. Plano de Ação 5 Fazer a divulgação na intranet, que é um local onde todos que se utilizam de computador têm acesso e a informação fica disponível para consulta posterior. ETAPA “DO” EXECUTAR – D Esta etapa é composta pela fase 5 - ação. Fase 5 – Ação Objetivo: bloquear as causas fundamentais O Departamento responsável pela comunicação interna da empresa fica responsável em utilizar todos os meios de comunicação aqui citados. ETAPA “CHECK” VERIFICAÇÃO – C Esta etapa é composta pela fase 6 - verificação. Fase 6 - Verificação Objetivo: verificar se o bloqueio foi efetivo Após efetuada a divulgação nos locais estipulados nos planos de ação, o profissional de comunicação deve fazer uma pesquisa para saber se os funcionários estão recebendo as informações de forma clara e adequada. Pode ser através de uma entrevista com questionamentos diretos a alguns funcionários. Os funcionários para esta pesquisa devem ser escolhidos por amostragem e de áreas distintas. Neste momento é necessário saber se o bloqueio foi efetivo. Se não, tem que refazer o plano de ação 54 Se sim, prossiga para a fase 7. ETAPA “ACTION” AÇÃO – A Esta etapa é composta pelas fases 7 – padronização e 8 - conclusão. Fase 7 – Padronização Objetivo: prevenir contra o reaparecimento do problema Formalizar este processo nos manuais da área. Fase 8 – Conclusão Objetivo: Recapitular todo o processo de solução do problema para trabalhos futuros Após revisar um processo como um todo, houve solução nos problemas de comunicação que existiam? 55 56 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS É notório que as consequências de uma comunicação ineficiente são graves, podendo causar sérios problemas empresariais. Decisões importantes podem ser tomadas sem, ou com o tardio conhecimento de informações imprescindíveis e fundamentais para uma determinada ação ou processo. Isto sem dizer que tais decisões podem ser seriamente afetadas ainda por conta de informações imprecisas ou incorretas. Após a realização deste estudo, observa-se que a literatura atualmente existente é tênue no que se refere a modelos administrativos, voltados exclusivamente para a otimização do processo de comunicação, quer seja no âmbito pessoal ou profissional. Desta forma, nota-se que a adequação ou utilização de metodologias já consagradas é uma solução eficiente para solucionar ou amenizar problemas na comunicação. A utilização do MASP, de forma precisa e minuciosa, como descrito neste trabalho através de suas 8 fases, tem o objetivo de mapear e propor soluções para os eventuais problemas de comunicação. É necessário, portanto agregar outras ferramentas, como o modelo de GUT – Gravidade, Urgência e Tendência, que auxilia na definição de prioridades diante das diversas alternativas levantadas para o problema, o Diagrama de Ishikawa, que também auxilia na identificação de oportunidades de melhorias, possibilitando assim uma listagem completas das causas e efeitos dos problemas e das alternativas escolhidas para resolução destes, a Análise de Pareto, oportunamente ajudando na classificação e priorização dos problemas, enfim, a combinação das eficientes ferramentas já existentes proporciona uma diversidade de informações relevantes, com a finalidade de resolver problemas de comunicação. Observa-se então, que, com inovação e criatividade, utilização das metodologias já existentes e reconhecidas, combinando-as entre si, e finalizando com a aplicação do MASP, é uma ótima alternativa para solucionar problemas de comunicação, uma vez que há falta de literatura e modelos já prontos para esta finalidade. 57 REFERÊNCIAS BAHIA, B. J. Introdução a comunicação empresarial. Rio de Janeiro: MAUAD, 1995. BALCÃO, Y.; CORDEIRO L. O comprometimento na empresa. Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas, 1999. BATEMAN, T. S. ; SNELL, S. A. Administração, construindo vantagem competitiva. São Paulo: Atlas, 1998. BEKIN, S. F. Conversando sobre endomarketing. São Paulo, Makron Books, edição 2. 1995 BELTRÃO, L.. Teoria geral da comunicação. 3. ed. Brasília: Thesaurus, 1982 BELTRAO, L; QUIRINO, N. O. Subsídios para uma teoria da comunicação de massa. São Paulo: Sumus, 1986 BOOG G. G.; BOOG M. Discursos e práticas de gestão de pessoas e equipes. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. BORDENAVE, J. E. 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