AGRITEC ID – EMRC International Business Forum

Transcrição

AGRITEC ID – EMRC International Business Forum
Relatório do Fórum
2011
AGRITEC ID – EMRC
International Business Forum
20-21 Janeiro 2011
Agradecimentos
O presente documento é o resumo oficial da primeira edição do Fórum
de Negócios Internacional AGRITEC ID – EMRC, promovido em Lisboa,
Portugal de 20 a 21 de Janeiro de 2011. O Fórum foi organizado em
colaboração com a Associação Industrial Portuguesa (AIP) e teve lugar
na FIL – Feira Internacional de Lisboa.
A EMRC gostaria de agradecer à Associação Industrial Portuguesa pela
sua parceria e apoio, assim como às organizações de suporte que se
associaram ao Evento: Organização das Nações Unidas para a
Agricultura e Alimentação (FAO), o Fórum de Pesquisa Agrícola em
África (FARA), KPMG, a Associação Industrial de Angola (AIA), o
International Trade Centre (ITC), o INSEAD Business School, Amiran
Kenya, a Alliance for Commodity Trade in Eastern and Southern Africa
(ACTESA) e o Common Market for Eastern and Southern Africa
(COMESA) pelo seu apoio e colaboração.
Prefácio
A edição inaugural do “AGRITEC ID – EMRC International Business Forum”
acolheu mais de 200 delegados vindos do mundo inteiro. O Fórum de
negócios serviu como plataforma para o debate das mais recentes
tendências agrícolas, tendo juntado representantes dos sectores
público e privado da Europa, África, Médio Oriente, América Latina e
EUA. Durante dois dias, representantes de PMEs, investidores,
representantes governamentais, ONGs, Universidades, Institutos de
pesquisa, Organizações internacionais e Multinacionais tiveram a
oportunidade de discutir a questão urgente da Promoção da Inovação
Agrícola em África.
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Quinta-feira, 20 de Janeiro de 2011
Abertura oficial do Fórum Internacional de Negócios Agritec ID –
EMRC
Comendador Jorge Rocha de Matos, Presidente
da Associação Industrial Portuguesa (AIP), abriu o
Fórum com o tema cada vez mais importante do
papel do continente Europeu relativamente ao
desenvolvimento sustentável da Agricultura em
África e ao estabelecimento de parcerias
estratégicas. O Presidente da AIP sublinhou que a
inovação agrícola é um ponto essencial a par da
competitividade e do empreendedorismo, os
quais constituem factores indispensáveis para o
desenvolvimento da economia Africana. No fim da sua palestra, o
Comendador Rocha de Matos definiu que o maior desafio que os povos
africanos enfrentam neste momento é o acesso à tecnologia e
informação, factor determinante no desenvolvimento agrícola e no
acesso aos mercados regionais e internacionais.
Idit Miller, Directora Executiva da EMRC, alertou a
audiência para a subida de preços nos bens
alimentares, com base nas previsões da FAO
relativamente à evolução de preços desde 2008.
Ficou patente que as populações mais pobres
são infelizmente as mais afectadas por este
fenómeno, chamando de seguida a atenção
para a mobilização imediata da sociedade para
a erradicação da fome e das consequências
desastrosas que a subida de preços pode trazer.
Neste contexto, foi sublinhada a importância da
inovação agrícola enquanto meio de controlo
da subida de preços dos bens de consumo, alertando para a importância
da criação de parcerias estáveis sobretudo no sector privado.
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António Serrano, Ministro da Agricultura do Desenvolvimento Rural e das
Pescas Português, agradeceu o convite para estar presente nesta
iniciativa internacional. Referiu que o aumento da
população até 9 biliões de pessoas previsto para
2050, representará um grande desafio para o
qual a única solução será o aumento da
produção
agrícola.
Foi
mencionada
a
importância do Fórum no que diz respeito à troca
de experiências e de conhecimentos entre os
participantes. Foi ainda reconhecido que nem
todos os países do mundo têm as mesmas
possibilidades de produção devido às condições
climáticas e à diferenciação dos tipos de solo. De
acordo com o Ministro a segurança alimentar é seguramente uma das
prioridades das agendas governamentais do século XXI. No final desta
apresentação foi ainda abordado o problema da subida dos preços dos
bens essenciais, flagelo que tem tocado principalmente os países em vias
de desenvolvimento, chamando a atenção para a necessidade de
modernização tecnológica do sector privado africano.
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Sessão Plenária I
Impulsionar o desenvolvimento do sector privado nos agronegócios africanos
Carlos da Silva, Economista especializado do sector agríco na FAO,
abordou o tema do acesso aos mercados e
desenvolvimento do sector privado, definindo-o
como um desafio fundamental para o
crescimento sustentado da economia Africana.
De acordo com o seu ponto de vista, são os
pequenos produtores que enfrentam, uma vez
mais, as maiores dificuldades. Carlos da Silva
convidou os participantes presentes no Fórum a
estabelecerem uma melhor colaboração e
coordenação entre eles para que seja possível
ultrapassar este desafio.
O representante da FAO salientou que, no
entanto, o cenário não é totalmente negativo, registando-se casos de
sucesso no papel do sector privado na produção de algodão, especiarias
e tabaco, nomeadamente no Brasil, mas também em vários países
africanos. O Estado assume, a este nível, um papel extremamente
importante enquanto elemento facilitador, nomeadamente ao nível da
criação de infra-estruturas e na criação de condições adequadas para a
realização de negócios. Na opinião do orador, a FAO aceita o desafio de
impulsionamento do sector privado e está decidida a encetar todos os
esforços para um maior desenvolvimento da inovação agrícola em África.
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Benjamin Warr, Investigador no Centro de
Inovação Social da Escola de Gestão INSEAD,
definiu a inovação social como a introdução de
novos modelos de negócio e de mercado que
possibilitam uma prosperidade económica e
social a longo prazo. Segundo este orador, é
necessário cultivar nos pequenos produtores um
maior
sentido
de
competitividade
e
empreendedorismo. Muitas vezes são concedidos
às pequenas empresas agrícolas os terrenos
menos férteis e o acesso aos mercados é difícil. O
Professor Warr concluiu com um mote positivo,
sublinhando que os constrangimentos actuais podem transformar-se em
factores competitivos no futuro.
Julio Garrido, Sócio Gerente da KPMG Quénia,
iniciou a sua intervenção com a afirmação
acerca dos objectivos do milénio, que segundo o
orador não serão alcançados no periodo
esperado, nomeadamente devido à falta de
investimento no sector agrícola. Neste sentido
afirmou que é por esta razão urgente apoiar o
sector privado através do financiamento.
Chamou ainda a atenção que até pouco tempo
os financiamentos eram geridos pelos Governos
e por ONGs, os quais demonstraram não
conseguir ultrapassar o desafio de criar um
desenvolvimento sustentável para África no
sector agrícola. Neste sentido é necessário redireccionar estes recursos
financeiros para os pequenos produtores, financiando directamente
aqueles que mais precisam. A KPMG, acredita que estes financiamentos
devem ser considerados como extremamente viáveis doo ponto de vista
comercial.
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Sessão Plenária II
O Comércio Agrícola e o Acesso aos Mercados
Julius Mathende, Administrador da ACTESA,
começou por abordar a necessidade de
criação de laços entre os pequenos produtores
e os mercados, bem como a necessidade dos
pequenos produtores serem mais competitivos,
recorrendo nomeadamente a fertilizantes mais
eficientes. Um
dos
principais obstáculos
encontrados no continente africano é a falta de
transparência política ou até mesmo a
corrupção. Sublinhou também o facto dos
pequenos produtores representarem um risco
bastante elevado principalmente no que diz
respeito ao retorno de investimento, reforçando a necessidade da
melhoria dos acessos ao financiamento. O desenvolvimento de seguros foi
também mencionado como uma grande preocupação dos agricultores,
os quais podem agora beneficiar em alguns países de um seguro em caso
de elevadas precipitações ou mesmo falta da mesma, de forma a se
proteger de riscos imprevisíveis. Ficou patente através da apresenção de
Julius Mathende a necessidade de políticos que sejam capazes de pôr em
prática a coordenação de todos os programas de ajuda aos agricultores.
Silencer
Mapurunga,
responsável
pelo
Departamento de Promoção de Comércio do
ITC – International Trade Centre, abordou o
tema da capacitação de Recursos Humanos no
comércio e agricultura, bem como o da
capacidade de projectar a criação de
estratégias locais e regionais ao nível das
parcerias de negócios locais e internacionais. O
orador fez ainda questão de mencionar a
importância
do
acompanhamento
dos
pequenos produtores na cadeia de valor, desde
a produção à comercialização nos mais diversos sectores. Segundo ele,
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um indivíduo por si só não pode gerir toda uma cadeia de produção,
sendo que para os pequenos produtores torna-se impossível levar a cabo
estudos de mercado sem saber qual é a procura pelo seu produto. É por
isso necessário optimizar e analisar todos os elementos da cadeia de valor,
para que se consiga atingir um resultado final mais benéfico e
especializado. Os pequenos produtores não possuem os conhecimentos
suficientes para poder vender os seus produtos nas grandes superfícies, de
forma a gerar lucro, necessário ao seu crescimento. Neste contexto, o ITC
procura disponibilizar informação para que se consiga ter uma melhor
informação sobre o funcionamento dos mercados. Chama ainda a
atenção para a necessidade de conhecer o mercado antes de iniciar a
produção. A partilha de informações importantes é deste modo o objecto
de trabalho que leva o ITC a entrar em contacto com os pequenos
produtores agrícolas. Desta forma, os produtores podem tomar
consciência do seu potencial e desenvolverem-se em função das
informações que lhes são transmitidas. Em tom de finalização, o
representante do ITC afirmou que a Agricultura é a chave para o
desenvolvimento de África.
Sessão Plenária III
Investir e Financiar – potenciar o crescimento Agrícola
através de Financiamento
Parte I: Fontes disponíveis de financiamento
Ben Zwinkels, Responsável pelo Financiamento
no FMO, Banco para o Desenvolvimento dos
Países Baixos, começou a sua apresentação por
se mostrar surpreendido com a falta de alimentos
em África, dadas as condições do continente,
definindo consequentemente como objectivo o
investimento em mercados rentáveis. O agronegócio africano proporciona na sua opinião
grandes
possibilidades,
beneficiando
neste
momento de um crescimento elevado que o eleva
ao estatuto de “oportunidade a não perder”.
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África representa assim um mercado fulcral para áreas como a floricultura ou
produção de frutas e legumes. O FMO tem neste momento 6 delegações
permanentes em África e acredita que no futuro a prioridade será aumentar
a sua presença neste continente.
Paula Alayo, Responsável pelo Departamento de Investimentos na
International Finance Corporation – Banco
Mundial, começou por agradecer o convite à
EMRC e passou de seguida a apresentar a sua
organização, caracterizando-a como um Banco
de Desenvolvimento que tem por missão o
financiamento do sector privado emergente a
nível global. África, representa 10% do
investimento do IFC, o qual tem como objectivo
investir em toda a cadeia de valor agroalimentar. Esta organização dedica-se ao apoio
às PMEs, as quais têm vindo a revelar-se cada vez
mais eficazes a trabalhar na cadeia de produção, especialmente na
área de logística. Outro objectivo do IFC é trabalhar com clientes mais
pequenos, para que se possa dar apoio técnico e possibilitar a
cooperação com instituições financeiras. Neste contexto, o IFC promove
o desenvolvimento sustentável e leva a cabo um trabalho muito
importante principalmente ao nível das infra-estruturas necessárias à
exportação. Esta organização trabalha deste modo em colaboração
com várias instituições financeiras relacionadas directamente com a
agricultura. Este trabalho com as PMEs é importante para que se possa
ter acesso a dados macroeconómicos que nos permitam atrair o
investimento privado.
Parte II: Como atrair fundos para o sector agrícola e agroindustrial em projectos em África
Tony
Kalm,
Director
de
Departamento
de
Desenvolvimento na ONE ACRE FUND – Quénia,
começou por afirmar que a sua organização investe
sobretudo em famílias de agricultores, para que estas
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possam ter acesso a uma renda. Deste modo, todos os seus clientes
devem duplicar a sua produção para que possam continuar a trabalhar
em parceria. A sua organização trabalha principalmente com pessoas
que não tenham lucros superiores a 1 USD por dia, obtendo uma taxa de
reembolso de 100%, o que demonstra o sucesso do projecto. O objectivo
é incrementar um sentido de autonomia nos agricultores durante um
período de 4 anos. São contudo pedidos alguns pré-requisitos, tais como
trabalhar com sementes melhoradas e em terrenos de dimensão
pequena, usufruindo de uma boa organização e de um mercado
potencial. Existem também novos projectos a ser desenvolvidos com os
agricultores que obtiveram sucesso no programa inicial. Em suma,
através da apresentação de Tony Kalm fica patente a ideia de que é
contraproducente disponibilizar fundos aos agricultores sem uma
formação de acompanhamento.
Mark Terken, Director Geral do Projecto de
Desenvolvimento M.T. na Zâmbia, inicia a sua
apresentação
abordando
o
carácter
empresarial da agricultura e afirmando que é
necessária determinação para ter sucesso neste
negócio. A Agricultura é o coração de toda uma
cadeia de valor complexa, e por isso são
necessários diferentes recursos para poder
colocá-la
em
prática,
nomeadamente
adequadas estruturas políticas, económicas e
humanitárias. É necessária a utilização de novas
tecnologias bem como a capacidade de as
saber aplicar na área do agro-negócio. Alguns investimentos podem estar
garantidos através da utilização de financiamento via o micro crédito,
como é o caso da Zâmbia. Finalizou a sua exposição ao afirmar que este
não é contudo um exemplo a generalizar, apesar do seu sucesso, pois
existem outros países onde não existem sistemas financeiros desenvolvidos
e há todo um conjunto de infra-estruturas que têm que ser criadas para
que o mercado de exportações possa finalmente se desenvolver.
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Sexta-Feira 21 de Janeiro de 2011
Sessão Paralela IV
Capacitação de Recursos Humanos: Empreendedorismo
& Inovação
Luís Mira da Silva, Presidente da INOVISA, começou a sua apresentação
por sublinhar a importância das Universidades como Incubadoras de
Empresas, lembrando-nos que apesar do papel tradicional da Academia
ser a divulgação de conhecimento, com o
desenvolvimento das tecnologias a Universidade
tem o dever de entrar no mundo dos negócios
enquanto factor essencial ao desenvolvimento
económico-social. Neste contexto, sectores como
a consultadoria, projectos de colaboração e
registo de patentes ganham cada vez mais
importância no contexto das instituições de
ensino
superior,
pois
representam
uma
oportunidade de criação de empreendedorismo.
Foram apresentadas de seguida taxas de sucesso
empresarial entre as empresas “start up” criadas
com o apoio de incubadoras de empresas (80%), citando-se como
exemplo o INOVISA, incubadora de empresas do ISA (Instituto Superior de
Agronomia - Portugal) que tem como função ajudar os estudantes a
fundar as suas primeiras empresas no sector agro-alimentar,
estabelecendo ao mesmo tempo parcerias com universidades e
empresas francesas, espanholas, norte-americanas e angolanas.
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Benjamin Warr, Investigador no INSEAD,
abordou os desafios que as Universidades
enfrentam hoje em dia, afirmando que a
maioria das pessoas não se apercebe do
potencial
que
existe
numa
pessoa
empreendedora.
Deste
modo,
a
incrementação desta qualidade é necessária
num grande número de regiões, entre as quais
África, a mais importante e infelizmente a mais
pobre. Esta é a razão pela qual o INSEAD definiu
como objectivo “saber como se fazem
negócios”, tendo chegado à conclusão de que
para isto acontecer é necessário serem tomadas 3 medidas importantes:
mais Investigação; aumentar número de estudantes africanos no INSEAD
e construir uma rede de contactos. Em suma, o Professor Benjamin Warr
acredita que a preparação dos Líderes Africanos é a solução proposta
pelo INSEAD para desenvolver de forma sustentada o Continente,
abertamente reconhecido como terra de grande potencial.
Orlando da Mata, Reitor da Universidade
Agostinho Neto (UAN – Angola), começou por
responder a cinco questões sobre a UAN: “Quem
somos, Onde estamos, O que podemos oferecer,
Quantos somos, e Com quem queremos
estabelecer parcerias”. No que diz respeito à
história da UAN, o Exmo. Reitor definiu que a
Universidade foi criada em 1962 sob o nome de
Instituto de Estudos Gerais Universitários, e desde
o fim do Conflito Civil de Angola tem feito um
percurso de modernização constante. O
objectivo de desenvolver o país, levou o Estado
Angolano a investir na construção de dois novos Campus Universitários no
Bengo e no Huambo. A UAN tem vindo assim a tornar-se numa grande
universidade, contando entre os seus quadros 700 professores, 850
funcionários e 26000 alunos. O Reitor da Universidade Agostinho Neto
terminou a sua apresentação afirmando que o papel mais importante da
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Universidade é a formação dos cidadãos angolanos, razão pela qual foi
criado um curso de negociação económica para os pequenos
agricultores. Esta medida contribuirá decididamente para aumentar a
competitividade, a qualidade e a integração de Angola no Mercado
Mundial, constituindo assim um benefício para a diversificação da
economia nacional, ainda bastante dependente das exportações de
petróleo.
Sessão Paralela V
Origem da Cadeia de Valor - Inputs, Produção & Protecção
João Emanuel Pereira, Director do Departamento de Desenvolvimento EDIA, deu-nos a conhecer os projectos levados a cabo pela Empresa de
Desenvolvimento e Infra-Estruturas do Alqueva (EDIA) nas áreas de
irrigação, barragens, criação de energias renováveis e gestão de recursos
hídricos. A água é hoje em dia o motor do desenvolvimento sustentável.
Neste sentido a EDIA fornece sistemas de informação e consultadoria
técnica para projectos agrícolas. Este orador afirmou ainda que a
formação, a inovação, a tecnologia e o ensino são áreas fulcrais para os
agricultores, os quais são ajudados pela a EDIA a escolher as melhores
culturas em função da intensidade solar.
Yariv Kedar, Chefe do Departamento Agrícola
da AMIRAN – Quénia, apresentou o “KIT AmiranFarmer”. Estando presentes no Quénia desde
1963, foram responsáveis pela construção de
quase 80% dos sistemas de irrigação deste país. O
seu grupo trabalha ainda no ramo da irrigação,
fertilizantes e sementes para os pequenos
produtores agrícolas, possuindo um sistema de
irrigação gota-a-gota que permite uma melhor e
eficiente nutrição da raiz das plantas bem como
a redução da evaporação da água e
consequentemente o desperdício desta. A AMIRAN disponibiliza ainda
sementes híbridas que podem ser utilizadas tanto no exterior como no
interior. O orador afirmou que acredita que a instrução, a formação e o
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marketing são pontos essenciais para a promoção de qualquer iniciativa.
Através de parcerias com o FAO, a Cruz Vermelha e a União Europeia, a
Amiran obteve grande sucesso sobretudo na venda de melão para os
turistas que visitam as reservas naturais do Quénia. Com estes avanços
tecnológicos os rendimentos tornaram-se mais elevados, gerando ao
mesmo tempo maiores expectativas. O seu desejo é agora desencadear
uma revolução no agro-negócio africano.
Luís da Graça Pereira, Director do Programa Agrícola da TECHNOSERVE
(Moçambique), sublinhou que Angola e
Moçambique partilham um problema de falta
de floresta, sofrendo as consequências da
desertificação dos solos. Segundo o orador é
necessário conhecer as pessoas e encontrar um
equilíbrio entre a produção intensiva e
sustentável. Sublinhou ainda a importância da
transferência de tecnologias para os pequenos
agricultores,
sendo
que
estes
podem
representar uma solução para o aumento das
exportações, dado que quanto maiores são as
explorações,
maiores
são
também
os
problemas associados. A sua organização propõe por isso um programa
de crédito (negociado com um banco) para compra de grãos e
sementes garantindo assim uma produção mais equilibrada. A
TECHNOSERVE tenta desta forma fomentar o empreendedorismo
agrícola incentivando ao mesmo tempo as empresas a adaptarem-se
ao seu programa.
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Sessões Plenárias – Apresentação Especial
Melhorar a produtividade de pequenos lavradores:
Agronegócios na base da pirâmide
Monty Jones, Director Executivo do FARA (Forum
for Agricultural Research in Africa - Ghana)
mostrou-nos um quadro de oportunidades de
investimento no sector agícola africano.
Começou por salientar que a economia africana
esteve em baixa entre 1960 e 2000, mas que a
partir desse ano não tem parado de crescer a
uma média de 5,4% por ano, qualificando por
isso o continente de “leão em movimento” no
que diz respeito ao volume de investimentos que
têm sido feitos. Neste contexto, afirma que entre
as 10 economias que mais crescem no mundo, 6 são africanas. Ao mesmo
tempo, África é infelizmente o continente que tem o maior número de
pessoas a viver com menos de 2 USD por dia. Neste contexto, o
investimento na agricultura é indispensável melhorar a qualidade de vida
da grande maioria da população, efatizando que esta é a melhor forma
de luta contra a pobreza. Na sua opinião «um mundo esfomeado é um
mundo perigoso que ameaça consideravelmente toda a estabilidade
política, social e económica». O Professor Jones apresentou um gráfico
que demonstra que à medida que aumenta a produção agrícola, a
pobreza bem como a fome são reduzidas proporcionalmente.
De seguida o orador abordou os desafios que nos são agora colocados:
evoluir e/ou reformar as instituições agrícolas, aumentar o investimento no
sector agrícola africano e por fim coordenar investimentos. A investigação
e a formação são ainda dois sectores importantes que até agora têm sido
subutilizados, segundo ele. Também a fragmentação das ONGs tem
impossibilitado uma acção concertada e eficaz. Existe por estas razões
uma necessidade real de coordenar todas estas ajudas sem as quais será
difícil de poder cumprir os objectivos que são propostos.
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O papel que os Governos têm em todo este processo é também muito
importante, nomeadamente no que diz respeito à construção de infraestruturas, que se revelam indispensáveis ao desenvolvimento económico
e agrícola em particular.
Por outro lado, os benefícios são enormes: África dispõe de um quarto das
terras aráveis do planeta para um sexto da população mundial. A
população africana é uma das mais jovens do mundo, visto que 44% da
população total tem menos de 15 anos, o que representa uma
percentagem de população activa considerável. Por último, 90% da
produção de minerais a nível global também se encontra em África. Neste
contexto, deve ser incentivado um novo modo de pensar, incentivando a
criação de investimentos duráveis e lucrativos. Segundo o Professor são
sempre são os pequenos produtores que sofrem mais com a fome e com
a miséria e são a estes que vêem, não raras vezes, serem-lhes atribuídas as
terras mais ingratas e menos férteis.
O Professor Monty Jones denunciou também a tentativa de
monopolização das melhores terras pelos investidores internacionais, «é
urgente encontrar alternativas de investimento a estas aquisições de
terras». Devemos ainda procurar novas fontes de financiamento, tais
como o microcrédito e investir fortemente na educação e na formação.
Em suma, na opinião do Director Executivo do FARA, África é uma das
maiores fontes de investimento a nível global, e se hoje em dia existem
problemas de alimentação nos vários países que fazem parte deste
Continente, isso não constitui um impedimento a que África possa vir a
tornar-se um dos principais produtores agrícolas mundiais. Segundo o
Professor “As oportunidades são muitas e devemos agarrá-las o mais
rápido possível”.
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Sessão paralela VI
Pesquisa, Ciência
competitividade
&
Tecnologia
para
o
crescimento
e
Benjamin Warr, Investigador no INSEAD, começou a sua apresentação
por explicar o funcionamento do SIS (Spatial Information System), um
programa informático que fornece dados sobre
o terreno agrícola através de imagens obtidas
via satélite. Este sistema, que ainda está em fase
de desenvolvimento, tem como objectivo a
melhoria da produtividade, a descoberta de
terrenos aráveis e a criação de novos produtos
agrícolas.
Na
segunda
parte
desta
apresentação o Professor Warr elucidou a
plateia sobre o funcionamento do SISP, um outro
programa que funciona através de um sistemas
de extracção de características do solo e de
organização de dados através da criação de um mapa que indica as
especificidades do terreno. Terminou a sua intervenção ao afirmar que
embora os custos de aplicação deste sistema sejam elevados, o
aumento do lucro proveniente da sua utilização torna a sua utilização
viável.
José Luiz Bellini Leite, Economista especializado
em Agricultura na EMBRAPA (Brasil), começou
por falar sobre a sua empresa e da forma como
esta se enquadra na Inovação e Investigação.
De seguida, abordou o papel do Brasil
enquanto líder mundial do agro-negócio,
justificando-o com 4 razões: empreendedorismo,
apoio governamental sob a forma de políticas
públicas favoráveis, uma cadeia de produção
organizada e dinâmica, e por fim um sistema de
investigação bem organizado. A EMBRAPA
detém neste momento 17 centros de pesquisa a nível estadual e 45 a nível
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local (em parceria com o sector privado). Esta Organização utiliza 3 tipos
de estruturas: os Centros de Produto, os Centros Temáticos e Centros ecoregionais. No que diz respeito a África, a EMBRAPA está já a desenvolver
instituições em parceria com 35 países e 61 organizações, entre as quais a
FARA (Ghana).
António Costa Moreira, Sócio da Pogis Software
AG – Portugal, explicou-nos o funcionamento do
seu software «WIN GIS» e «AX-Development
Environment». Estes programas foram inventados
com
o
intuito
de
poder
registar
o
desenvolvimento das áreas agrícolas através da
utilização de um sistema de imagem via satélite.
Com este sistema (desenvolvido através de uma
parceria com a Microsoft para a partilha de
imagens e bases de dados geográficas) é
possível prever a evolução dos terrenos agrícolas
e florestais tendo por base a leitura dos registos feitos em anos anteriores.
O orador concluiu a sua apresentação afirmando que todas as
tecnologias desenvolvidas pela sua empresa estão já disponíveis no
mercado, podendo mesmo fornecer equipamento especialmente
concebido para a leitura desta informação e posterior coordenação com
o desempenho das máquinas agrícolas no terreno, concebido através de
uma parceria entre a Progis Software AG e a John Deer).
Sessão Paralela VII
Produção Animal e Nutrição
Tambwe Mukaz, Director da GIASOP (Angola),
abordou
o
problema
das
dificuldades
encontradas em Angola quanto às diferentes
raças bovinas que não conseguem atingir os
parâmetros técnicos desejados. O seu objectivo
é introduzir raças melhoradas, com base no
exemplo do Brasil, país de grande potencial
nesta área. Foram sobretudo mencionados os
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cruzamentos já feitos para que se consiga originar novas raças, sendo que
o objectivo final é a melhoria genética de grandes agrupamentos de
animais. Para que se atinja uma melhor produtividade e melhores vendas
é necessária uma melhor adaptabilidade dos animais aos pastos e às altas
temperaturas.
Monty Jones, Director Executivo do FARA no
Ghana, abordou as melhorias feitas na
produção do arroz, feitas com o objectivo de
enriquecer a sua cadeia de valor. Neste
contexto, NERICA (New Rice for Africa) é o novo
arroz africano, criado através de um cruzamento
entre o arroz asiático e o arroz africano, tendo
assim maior potencial nutritivo e uma maior
rentabilidade por hectare comparativamente às
outras qualidades. Este é um grande desafio
para a segurança alimentar, visto que ainda
existem cerca de 20000 vítimas mortais diárias devido à má nutrição em
África. O Professor terminou a sua intervenção ao afirmar que o objectivo
é suprir estas necessidades.
Tony Ngarbaroum, Director Geral da VETAGRI
(Chade), mencionou que o seu país é o maior
produtor de gado, com 19 milhões de cabeças.
O mercado da produção animal é assim uma
grande aposta neste país que exporta
anualmente 1 milhão de cabeças para a Nigéria.
Este orador agradeceu o contributo do estudo
da EMRC nesta área e convidou o sector privado
a investir no sector da produção animal,
sublinhando o potencial do mercado Centro Africano com 270 milhões de habitantes.
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Sessão Plenária Especial
Country Focus – Angola
Oportunidades de Investimento em Agricultura, Agroalimentar e Agro-indústria
António Prata, representante da ANIP (Agência
Nacional para o Investimento Privado) começou
a sua intervenção ao referir que depois da longa
guerra que afectou Angola o país está agora a
seguir uma nova direcção, investindo no sector
agro-industrial. Se por um lado é verdade que a
economia angolana depende ainda em grande
parte do petróleo, os governantes reconhecem
esta situação e querem diversificar a produção
nacional. A crise mundial de 2008 pouco afectou
Angola comparativamente a outros países do
mundo e o objectivo a que o país se propõe
agora é equilibrar a balança comercial,
aumentando as exportações. Segundo o orador, estão a ser feitos
esforços principalmente na construção de infra-estruturas rurais, até aqui
praticamente inexistentes ou bastante danificadas. O Dr. Prata chama
também a atenção de que Angola sofre ainda de problemas
burocráticos, que segundo o orador, foram reduzidos, contudo continuam
a representar um entrave ao investimento e à entrada de empresas
estrangeiras. As medidas prioritárias são acolher o investimento directo e
gerar empregos. Angola procura hoje em dia dar garantias de
estabilidade aos investidores. A construção de infra-estruturas tais como
caminhos-de-ferro, portos, estradas e aeroportos é também uma das
medidas mais importantes a ser tomadas pelo Governo. A estas
construções foi destinado um fundo especial de 100 000 barris de petróleo.
O orador termina ao afirmar que o papel da ANIP é o de garantir a
ligação entre os investidores e o sector dos serviços.
20
Miguel Farrajota, Representante do BPI (Banco
Portugês
de
Investimentos),
destacou
o
crescimento económico de Angola entre os anos
2002/2009, o qual atingiu 12% e as prespectivas
apontam para um crecimento de 15% em 2015. A
agricultura representa o segundo sector de
actividade neste país, tendo por isso um
potencial gigantesco nomeadamente devido ao
clima favorável e ao baixo preço de mão-deobra. Contudo, existe ainda muitos obstáculos ao
investimento, como seja a falta de quadros
superiores, de infra-estruturas, um custo elevado
nas exportações e um alto nível de burocracia, sendo que o Estado ainda
tem uma forte intervenção em muitas áreas. O BPI é um Banco comercial
e está disponível para conceder meios financeiros para o investimento
agrícola. Em tom de conclusão, o Dr. Miguel Farrajota afirmou que é
necessário investir em Angola para que o país possa crescer e conquistar
a estabilidade.
Orlando Da Mata, Reitor da Universidade
Agostinho Neto, começou a sua apresentação
por afirmar que durante o ano de 2008 foram
criadas 7 faculdades. Tendo também sido
conseguidas colaborações com os Estados
Unidos da América e com a União Europeia,
nomeadamente no âmbito do Programa
ERASMUS. O Reitor da UAN reconheceu a
necessidade de melhorar as performances do
sector dos serviços, melhorando a capacidade
de negociação e de integração nos mercados.
Em suma, chamou-se a atenção para a
necessidade de um maior e constante investimento na formação técnica,
profissional e superior, apesar de todos os esforços que têm sido feitos a
esse nivel pela Agostinho Neto.
21
António João, Secretário-geral da COMUR
(Comité Nacional para a Promoção da Mulher
Rural), reiterou que estão a ser estão a ser feitos
todos os esforços para a reconstrução de
Angola. O apoio económico à mulher rural é
importante pois esta representa a força de
trabalho no sector agrícola. As dificuldades em
aceder a zonas rurais em Angola são ainda
muitas, sendo por isso urgente a construção de
mais e melhores vias de comunicação para os
aproximem as comunidades mais distantes dos
centros urbanos. A capacidade de gestão de comunidades através do
recurso ao micro crédito é ainda baixa. A taxa de mortalidade tem
diminuido devido à introdução de cuidados de saúde nas zonas rurais,
como seja a melhoria das condições de parto e introdução de medidas
de combate ao vírus HIV. O trabalho desenvolvido na comercialização de
produtos, a criação de pequenas escolas e postos médicos, os cursos de
formação em costura, cozinha e pastelaria demonstram que o país quer
acima de tudo iniciar uma era de prosperidade e melhores condições
sociais. Em suma, a COMUR é responsável por várias iniciativas no campo
da formação das pequenas comunidades que tem como objectivo o
desenvolvimento económico local.
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CONCLUSÃO
A EMRC considera fundamental para atingir níveis de crescimento
sustentáveis do sector agrícola em África a criação de parcerias
empresariais e o desenvolvimento do sector privado. Nesse sentido, no
último dia do AGRITEC ID – EMRC International Business Forum os
Delegados através de Sessões bilaterais B2B promovidas pela EMRC em
colaboração com Europa Institutet, tiveram a oportunidade de agendar
reuniões empresariais com entidades seleccionadas, onde se
proporcionou momentos propícios à criação de parcerias, investimento e
troca de experiências e conhecimento essenciais.
Para finalizar o AGRITEC ID – EMRC International Business Forum, os
Delegados foram convidados a participar num Cocktail de Encerramento.
Os representantes das entidades organizadoras, através da Directora
Geral e Vice-Presidente da EMRC, Idit Miller e o Director de Feiras da AIP,
Miguel Comporta, agradeceram a presença e participação de todos e
lançaram o mote acreditarem na potencialidade do continente africano
e na importância de parcerias para um eficiente e frutífero investimento
no continente africano, referido como o continente do futuro.
FUTURO - Eventos EMRC 2011:
Missão Agrícola África- Israel:
Israel, 27-30 Março 2011
Africa Finance & Investment Forum 2011:
Junho 2011
Fórum AgriBusiness 2011:
África do Sul, Outubro 2011
Missão África-India:
India, Dezembro 2011
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