Diagnóstico Fauna - Projeto BIODIVERSIDADE RS
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Diagnóstico Fauna - Projeto BIODIVERSIDADE RS
DIAGNÓSTICO DE FAUNA DO LITORAL MÉDIO DO RIO GRANDE DO SUL E ZONEAMENTO TEMÁTICO DO MEIO BIÓTICO CONSULTORA RESPONSÁVEL: BIÓLOGA CAROLINE ZANK CRBIO 34553-03D PORTO ALEGRE, 10 DE DEZEMBRO DE 2013. SUMÁRIO 1. APRESENTAÇÃO ................................................................................................................ 1 2. CONTEXTUALIZAÇÃO ........................................................................................................ 1 3. DIAGNÓSTICO DE FAUNA DO LITORAL MÉDIO DO RS ................................................... 3 3.1.Metodologia empregada............................................................................................ 3 3.2.Caracterização da fauna de vertebrados .................................................................. 4 3.2.1. Peixes................................................................................................................... 7 3.2.2. Anfíbios.............................................................................................................. 16 3.2.3. Répteis ............................................................................................................... 21 3.2.4. Aves ................................................................................................................... 25 3.2.5. Mamíferos .......................................................................................................... 31 4. PRINCIPAIS AMEAÇAS A FAUNA .................................................................................... 39 5. METODOLOGIA EMPREGADA NA DEFINIÇÃO DAS ZONAS........................................ 41 5.1.Definições gerais ..................................................................................................... 41 5.2.Metodologia utilizada para definição das zonas .................................................... 42 6. DESCRIÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DAS ZONAS DEFINIDAS PARA O MEIO BIÓTICO. 43 6.1. Zona I - Butiazal e comunidades associadas........ ............................................. 45 6.2. Zona II - Áreas úmidas e Matas de Restinga ......................................................... 49 6.3. Zona III - Dunas marítimas, lacustres e areais ...................................................... 57 6.4. Zona IV - Floresta Estacional ................................................................................. 64 6.5. Zona V - Campos arenosos .................................................................................... 70 7. RESUMO DAS RESTRIÇÕES E POTENCIALIDADES POR ZONA DEFINIDA .............. 74 8. ÁREAS IMPORTANTES PARA CONSERVAÇÃO .......................................................... 77 8.1. Unidades de Conservação ..................................................................................... 77 8.2. Indicação de remanescentes de áreas naturais prioritárias para conservação .. 78 9. RECOMENDAÇÕES GERAIS PARA A CONSERVAÇÃO DO MEIO BIÓTICO .............. 88 10. ANEXOS ......................................................................................................................... 89 11. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ................................................................................... 112 1. APRESENTAÇÃO O Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) é uma importante ferramenta na gestão da biodiversidade, e tem como objetivo definir unidades homogêneas considerando as potencialidades e vulnerabilidade da sua fauna associada. A elaboração do mapeamento da fauna característica da região e seu respectivo zoneamento temático, são parte integrante do conjunto de dados a serem cruzados para a construção de um ZEE. Neste sentido, o presente estudo tem como objetivo diagnosticar e zonear a fauna da área 4 – Litoral Médio do Projeto RS Biodiversidade, indicando as restrições e potencialidades de uso do recurso por zona definida, a fim de subsidiar o posterior ZEE desta região. 2. CONTEXTUALIZAÇÃO A Área 4- Litoral Médio do Projeto RS Biodiversidade corresponde a área de abrangência dos municípios de Barra do Ribeiro, Capivari do Sul, Mostardas, Palmares do Sul, São José do Norte, Tapes, Tavares e Viamão no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. A Planície Costeira do RS, na qual está inserido o Litoral Médio do Rio Grande do Sul, cobre uma área aproximada de 33 mil km2 representada um longa faixa de dunas e lagoas. Nossa Planície Costeira do lado Atlântico, possui uma largura variável de 10 km, no norte do Estado, até quase 100 km, nas proximidades da cabeceira da Lagoa dos Patos, e está caracterizada por uma sequencia de ambientes no sentido da costa para o interior, que inclui deste um complexo mosaico de dunas, banhados, campos e matas, até um rico sistema de lagoas costeiras, incluindo inúmeros corpos d´água de diferentes tamanhos, deste pequenas lagoas, até alguns de grandes dimensões, tais como o Laguna dos Patos, com uma área de 10.000 km2. O Litoral Médio do Rio Grande do Sul pertence a duas unidades biogeográfica distintas, a Atlântica, a qual possui uma vegetação florestal com características predominantemente tropicais e a Pampeana caracterizada por um vegetação campestre subtropical, e atualmente determinadas como Florestas úmidas tropicais e subtropicaia e Campos e Savanas tropicais e subtropicais, respectivamente (Dinerstein et al., 1995; Olson et al., 2001) 1 Na região da Planície Costeira destacamos a dominância dos ecossistemas de áreas úmidas, que em um conceito mais amplo englobam grande parte dos ecossistemas naturais presentes na região, como estuários, praias, rios, lagoas e lagunas de água-doce ou salobra, banhados e florestas de inundação (Burger & Ramos, 2007). De especial importância, são indicados os banhados, que nesta região estão principalmente associados as lagoas costeiras e apresentam uma grande variedade de comunidades vegetais e animais estritamente relacionadas a esses ambientes. Nos limites do Litoral Médio do RS existem quatro áreas protegidas como Unidades de Conservação (UCs) federais e estaduais, das quais três estão na categoria de proteção integral, o Parque Nacional da Lagoa do Peixe, o Parque Estadual de Itapuã e o Refúgio de Vida Silvestre Banhado dos Pachecos, e uma na de uso sustentável, a Área de Proteção Ambiental do Banhado Grande. O Parque Nacional da Lagoa do Peixe (PARNA Lagoa do Peixe), localizada nos municípios de Mostardas, Tavares e São José do Norte é uma das áreas úmidas de importância internacional, reconhecida pela Convenção RAMSAR. Foi criada com o objetivo principal de proteger espécies de aves, em especial as migratórias, desta forma preserva ambientes de lagunas, banhados, dunas, marismas e mata de restinga. No entanto, ainda apresenta problemas com a invasão de Pinus sp. e falta de regularização fundiária. O Parque Estadual de Itapuã está localizado no município de Viamão onde estão representados alguns dos ecossistemas naturais da região metropolitana de Porto Alegre, como morros graníticos com campos rupestres, praias lagunares, dunas, lagoas e banhados. Já na O Refúgio de Vida Silvestre Banhado dos Pachecos, situado no município de Viamão sofre forte pressão devido a sua proximidade com o município de Porto Alegre. Esta área preserva uma grande variedade de ambientes, como mata paludosa e ripária e campos úmidos, e portanto também abriga um grande diversidade de espécies animais. Nesta área foram registradas muitas espécies de mamíferos e aves ameaçadas de extinção, como o cervo-do-Pantanal uma espécie criticamente ameaçada no Estado e que só possui ocorrência conhecida para os limites do Refúgio. Na área de entorno do RVS Banhado dos Pachecos, está situada a Área de Proteção Ambiental do Banhado Grande (APA do Banhado Grande), abrangendo os municípios de Glorinha, Santo Antônio da Patrulha, Viamão e Gravataí. Esta área de uso sustentável foi criada para preservar o Banhado Grande 2 do rio Gravataí, constituindo uma importante área para conservação de aves migratórias. Como ameaças aos ambientes naturais do Litoral Médio do RS, destacamos para as áreas de dunas e campos nativos a conversão desses ambientes para a silvicultura com espécies exóticas, como o Pinus e Eucalyptus. Tais culturas florestais ocupam uma grande extensão de ambientes nativos na região (Gautreau & Vélez, 2011). Já as áreas úmidas costeiras e as lagoas sofrem com a pressão da expansão agrícola, principalmente para o cultivo de arroz irrigado que é a principal cultura agrícola na região (Chomenco, 2007). Devido a aceleração no processo de alteração e fragmentação dos habitats naturais, observado na região nos últimos anos, há também uma maior preocupação com a manutenção e conservação das populações da fauna associada. Neste contexto, é fundamental o planejamento do uso dos recursos naturais da região do Litoral Médio através de um Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) e suas partes integrantes, a fim de proporcionar a conservação efetiva da biodiversidade local. 3. DIAGNÓSTICO DA FAUNA DO LITORAL MÉDIO 3.1. Metodologia empregada Para o levantamento de dados sobre a fauna ocorrente no Litoral Médio do RS, utilizamos três diferentes fontes de informação: bibliografia especializada, coleção científica e trabalhos técnicos. Primeiramente, nosso levantamento de dados foi baseado na consulta a bibliografia especializada, tomando como base o levantamento de todo material bibliográfico produzido para a área de abrangência do Litoral Médio do Rio Grande do Sul, e especificamente os que continham informações sobre as espécies de fauna presente na região, como listas de espécies e diagnósticos de fauna. Simultaneamente, consultamos os registros de material testemunho depositados, para cada um dos municípios de interesse (Barra do Ribeiro, Capivari do Sul, Mostardas, Palmares do Sul, São José do Norte, Tapes, Tavares e Viamão), nas três principais coleções científicas do Rio Grande do Sul, que correspondem às coleções científicas do Departamento de Zoologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), do Museu de Ciências e Tecnologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (MCT), e do 3 Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (MCN). Por fim, foram consultados alguns trabalhos técnicos, como diagnósticos e monitoramentos de fauna desenvolvidos na região do Litoral Médio para fins de licenciamento ambiental de empreendimentos, como, parques eólicos, rodovias e estaleiros. Durante o levantamento de dados, encontramos um número ainda muito reduzido de trabalhos científicos publicados com a fauna local, principalmente no que diz respeito a fauna de invertebrados. Portanto, devido a essa lacuna de informação observada para invertebrados, optamos por utilizar no presente Zoneamento somente a fauna de vertebrados. Baseando-se na consulta realizada a bibliografia especializada, coleções científicas e trabalhos técnicos, elaboramos uma base de dados com todas as espécies de peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos com ocorrência confirmada ou potencial ocorrência para a área do Litoral Médio do RS. A seguir foram selecionadas algumas espécies de interesse especial para representar cada um dos grupos de vertebrados a serem utilizados no Zoneamento de Fauna. Para a seleção das espécies utilizamos dois critérios principais: sua presença em alguma das listas de espécies ameaçadas em âmbito regional, nacional e/ou global (Fontana et al., 2003; Machado et al., 2008; IUCN 2013), e/ou grande especificidade ambiental. Por fim, para cada uma dessas espécies selecionadas foi gerado um bando de dados com todos os registros de ocorrência conhecidos para dentro dos limites da área do Litoral Médio do RS. A partir dessa seleção de espécies foi gerado o mapa georeferenciado com a distribuição das espéceis de fauna do Litoral Médio do RS. O mapa de fauna será entregue em conjunto com o presente relatório, mas somente em meio digital. Conforme solicitado, em arquivo vetorial digital ARC-GIS, na escala 1:100.000, e com o Sistema de Referência utilizado para o georreferenciamento sendo o SIRGAS 2000. 3.2. Caracterização da fauna de vertebrados A partir do levantamento de dados, encontramos um número ainda reduzido de trabalhos científicos publicados com a fauna de vertebrados. Apesar de ainda existirem grandes lacunas de informação para muitas regiões do Litoral Médio, 4 algumas poucas áreas importantes são bem conhecidas e possuem dados bastante qualificados sobre a fauna de vertebrados. Verificamos que existem pelo menos três regiões bem inventariadas e estudadas dentro dos limites do Litoral Médio do RS. Uma dessas áreas corresponde ao PARNA Lagoa do Peixe que foi criado com o objetivo de proteger uma amostra dos ecossistemas litorâneos da região da Laguna do Peixe, e em particular, as espécies de aves migratórias que dela dependem. É uma das áreas de grande importância para conservação da fauna no Litoral Médio, em especial a avifauna (ver detalhes item 3.2.4 Aves). O PARNA Lagoa do Peixe possui bons inventários disponíveis para espécies de anfíbios, peixes e aves (e.g. Plano de Manejo PARNA Lagoa do Peixe, 1999; Loebmann & Vieira, 2005a; Loebmann & Vieira, 2005b; Nascimento, 1995; Correa et al., 2010). Além disso, Becker et al., (2007a) desenvolveram um intenso trabalho e uma excelente síntese do conhecimento existente em duas áreas denominadas como região dos Butiazais de Tapes e região da Lagoa do Casamento ambas localizadas na Planície Costeira do Rio Grande do Sul. Este estudo foi desenvolvido através do Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira (PROBIO) do Ministério do Meio Ambiente (MMA), que tem como finalidade suprir lacunas de conhecimento, e desta forma auxiliar no planejamento e conservação da diversidade biológica de áreas previamente determinadas como prioritárias no Brasil. Como resultado, forneceram um estudo bastante completo sobre a biodiversidade local, e indicando áreas prioritárias para a conservação da fauna e flora (Becker et al., 2007a). Estas regiões apresentaram uma fauna de vertebrados, em especial de aves aquáticas, abundante e com uma alta riqueza de espécies (Burger & Ramos, 2007). Fora estes dois estudos abrangendo três regiões importantes dentro dos limites do Litoral Médio do RS, destacamos alguns estudos pontuais desenvolvidos no Parque Estadual de Itapuã, que possui uma lista completa com as espécies de répteis, alguns estudos desenvolvidos com aves, caracterização das espécies de peixes em dois ambientes aquáticos e uma lista não publicada de anfíbios (Silva & Fallavela, 1981; Scherer et al., 2000; Scherer et al., 2007; Dufech & Fialho, 2009; Souza-Filho & Verrastro, 2012; Vinciprova & Colombo, com. pess.). A partir da compilação de dados disponíveis sobre a fauna de vertebrados ocorrente no Litoral Médio do RS, chegamos a um riqueza de 145 espécies de 5 peixes, 44 de anfíbios, 62 de répteis, 362 de aves e 77 de mamíferos, totalizando uma riqueza de 690 espécies de vertebrados para a região. Destacamos que o grupo das aves foi o mais representativo, abrangendo mais de 52% das espécies registradas. Um grande parcela dessas espécies são comuns e apresentam ampla distribuição no Estado, no entanto algumas merecem especial atenção por estarem classificadas em alguma categoria de ameaça em âmbito regional, nacional e/ou mundial, e/ou por apresentarem baixa plasticidade ambiental. Desta forma, a partir deste total de vertebrados registrados, foram selecionadas algumas espécies-chave para representar cada um dos grupos de vertebrados na elaboração do Zoneamento de fauna, dos quais indicamos 22 espécies de peixes, três de anfíbios, quatro de répteis, 29 de aves e 17 de mamíferos (Figura 1). Figura 1. Mapa georeferenciado com a distribuição da fauna de vertebrados selecionada do Litoral Médio do RS (arquivo entregue somente em meio digital). A partir do laventamento dos pontos de ocorrência conhecidos para cada um dessas espécies ao logo dos limites do Litoral Médio, fica evidente as lacunas de informação existentes sobre a distribuição da fauna na região. Observamos que para a maior parte das espécies os pontos de ocorrência conhecidos estão concentrados nas unidades de conservação ou áreas próximas, ou em duas áreas bem inventariadas que são a região dos Butiazais de Tapes e da Lagoa do Casamento (Figura 1). Algumas exceções são observadas para espécies que possuem grupos de pesquisa com projetos específicos, como o caso das espécies de roedores do gênero Ctenomys (tuco-tuco) e as lagartixas do gênero Liolaemus. Ambas possuem linhas de pesquisa lideradas por professores da UFRGS, Thales de Freitas e Laura Verrastro, respectivemente (http://www.ufrgs.br/projetotucotuco; http://www.ufrgs.br/herpetologia). Além desses projetos destacamos o programa Macacos Urbanos onde são levantados os dados para o bugio-ruivo (Alouatta guariba clamitans) (http://www.ufrgs.br/macacosurbanos). De maneira geral a fauna que compõem a nossa Planície Costeira apresenta um baixo nível de endemismo, se comparada a outras regiões como a Mata Atlântica, por exemplo. Esse baixo número de endemismos ocorre principalmente 6 devido a historia geológica bastante recente dos habitat presentes na região (Rocha et al., 2000). No presente estudo, não registramos endemismos para a região do Litoral Médio, no entanto, pelo menos duas espécies que são endêmicas do Rio Grande do Sul, possuem distribuição geográfica muito restrita e concentram a maior parte desta nos limites do Litoral Médio, são elas: a lagartixa-da-areia (Liolaemus arambarensis) e o tuco-tuco (Ctenomys lami). Ambos ocorrem em substratos arenosos das dunas costeiras, no entanto a lagartixa-da-areia (Liolaemus arambarensis) ocorre na restinga sobre depósitos arenosos holocênicos a noroeste da Laguna dos Patos, desde Itapuã no município de Viamão até São Lourenço do Sul (Verrastro, 2001; Verrastro et al., 2003). O tuco-tuco (Ctenomys lami), por sua vez, habita somente uma linha estreita de dunas antigas que se estende desde o norte do Lago Guaíba até as restingas a noroeste da Lagoa dos Barros chamada de Coxilha das Lombas (municípios de Viamão e Santo Antônio da Patrulha) (Freitas, 2001; Fernandes et al., 2007) (detalhes nos itens 3.2.3 répteis e 3.2.5 mamíferos). Por outro lado, a fauna de vertebrados encontrada na região, em especial das aves aquáticas, é considerada rica e abundante. Além dessa elevada diversidade de aves observada, o Estado tem importância significativa para a conservação de aves migratórias, tanto como área de descanso ou como área propícia para o forrageamento e nidificação (detalhes no item 3.2.4 aves). A seguir apresentamos em maior detalhe os resultados obtidos separadamente para cada grupo de vertebrados avaliado, bem como uma descrição sobre as espécies, seus habitats e as principais ameaças para cada grupo. 3.2.1. Peixes O sistema da Laguna dos Patos (SLP), onde está inserida a maior parcela da nossa área de estudo, possui um conhecimento taxonômico satisfatório sobre a ictiofauna, sendo conhecidas 121 espécies de peixes de água doce somente para este sistema (Reis et al., 2003; Becker et al., 2007b). No sistema rio Tramandaí (Bacia do rio Tramandaí), no estremo norte do Litoral Médio, está confirmada a ocorrência de cerca de 100 espécie de peixes, uma riqueza considerada elevada para uma região geográfica tão restrita (Artioli, 2012; Malabarba et al., 2013). Cabe ressaltar que a composição da ictiofauna observada nos corpos d´água da planície 7 costeira são comuns aos registradas na bacia da Laguna dos Patos, evidenciando uma origem comum e recente desses sistemas (Malabarba et al., 2013). Outro ambiente importante para ictiofauna da região são os estuários, que suportam grandes estoques de peixes, principalmente juvenis, e para as regiões temperadas são as principais áreas de criação para a maioria dos estoques de espécies de importância comercial (Kennish, 1990). No Litoral Médio do Rio Grande do Sul ocorrem dois importantes sistemas estuários, que são o da Lagoa do Peixe e da Laguna dos Patos, onde estão registradas pelo menos 30 espécies de peixes estuarinos residentes, dependentes ou visitantes marinhos ou de água doce (Ramos & Vieira, 2001; Oliveira & Bemvenuti, 2006). Com base principalmente nos trabalhos científicos produzidos com a ictiofauna do Litoral Médio do RS, compilamos a ocorrência de 145 espécies de peixes para a região (Ramos & Vieira, 2001; Loebmann & Vieira, 2005a; Becker et al., 2007b; Malabarba, 2008; Corrêa et al., 2010, Artioli, 2012; Malabarba et al. 2013). Esta lista foi composta principalmente pelas espécies de peixes de água doce que ocorrem nos riachos, lagoas e banhados ao longo da planície costeira, e foi complementada com algumas espécies estuarinas mais comuns ou de importância comercial (Anexo 1). As 145 espécies de peixes registradas para o Litoral Médio estão distribuídas em 11 ordens e 43 famílias, das quais a mais representativa foi Characidae onde estão incluídos os peixes popularmente conhecidos como lambaris. A ictiofauna da região está constituída por dois conjuntos principais de espécies, o primeiro deles e mais numeroso está composto pelos peixes de água doce. Nesse grupo estão incluídas algumas espécies com grande especificidade ambiental, que é o caso dos peixes anuais (família Rivulidae), que tem seu ciclo de vida estritamente relacionado a ambientes banhados e alagados temporários. O segundo grupo é constituído por um número menor de espécies, cujo ciclo de vida realiza-se parcialmente no oceano ou nas regiões estuarinas da Lagoa do Peixe e Laguna dos Patos. Entre esses, estão algumas das espécies mais exploradas pela pesca artesanal, como o bagre (Genidens barbus), a corvina (Micropogonias furnieri) e a tainha (Mugil platanus) (Milani, 2005). Assim como observado para a maior parte das espécies ameaçadas de extinção de diferentes grupos de organismos, para os peixes de água doce a principal ameaça provem das alterações ambientais provocadas pelo homem (Reis 8 et al., 2003). Para os ambientes de água doce da planície costeira, algumas atividades antrópicas são potencialmente mais impactantes, incluindo desde algumas das atividades mais tradicionais na região, como a orizicultura, pecuária e silvicultura, a ocupação humana desordenada, e mais recentemente, a implantação de centrais de geração de energia eólica (Malabarba et al., 2013). Já para as espécies de peixe estuarinas e marinhas, a principal ameaça é a sobrepesca de espécies com importância comercial, onde os estoques de algumas espécies mais importantes como bagre, corvina, tainha já sofrem risco de sobreexplotação (Instrução Normativa 05/2004 do Ministério do Meio Ambiente; Rosa & Lima, 2008). Das espécies de peixes registradas para o litoral médio, 14 estão ameaçadas de extinção ou sobreexplotadas (Marques, 2002; Rosa & Lima, 2008). Neste sentido, tais espécies foram selecionadas como espécies de interesse especial, buscando representatividade de ambientes importantes para a manutenção da ictiofauna como um todo. Além dessas, outras espécies foram acrescentadas, por apresentarem áreas de distribuição muito restritas dentro dos limites do litoral médio (Tabela 1). Das espécies ameaçadas de peixes para o Rio Grande do Sul, cerca de 40% pertencem a família Rivulidae (ou peixes anuais), devido a uma combinação de fatores, inúmeras espécies da família se encontram ameaçadas de extinção (Reis et al., 2003; Rosa & Lima, 2008). Entre esses fatores, os principais parecem ser o ciclo de vida intimamente relacionado à dinâmica temporal das áreas úmidas temporárias, áreas de distribuição restrita, limitada capacidade de dispersão e a acentuada destruição das áreas úmidas (Reis et al., 2003; Costa, 2002a; Rosa & Lima, 2008; Lanés & Maltchik, 2010). Outro fator importante parece ser o tamanho corporal reduzido, já que as espécies de peixes que apresentam pequeno porte, como é o caso dos peixes anuais, são especialmente suscetíveis a extinção (Olden et al., 2007). 9 Tabela 1. Espécies de peixes selecionadas como espécies-chave para a elaboração do Zoneamento de fauna da Área 4 do Projeto RS Biodiversidade, Litoral Médio do Rio Grande do Sul. Taxa ORDEM/ Família/ Espécie Nome comum Status de ameaça Pesca SobreHabitat e distribuição Brasil RS explotação ATHERINIFORMES Atherinopsidae Odontesthes sp.1 peixe-rei NA NA X provavelmente endêmica da região da Lagoa do Casamento. Odontesthes sp.2 peixe-rei NA NA X provavelmente endêmica da região da Lagoa do Casamento. Odontesthes ledae peixe-rei LC LC X endêmico do sistema do rio Tramandaí, ocorre nas lagoas mais ao sul do sistema CHARACIFORMES Anostomidae Schizodon jacuiensis voga LC LC X peixe de piracema, presentes apenas em algumas estações do ano, com distribuição restrita ao SLP. Characidae Oligosarcus jenynsii branca LC LC X peixe exclusivo de água doce. Não tolera salinidade. Erythrinidae Hoplias aff. malabaricus traíra LC LC X espécie comum e abundante em águas interiores como riachos, lagos e canais de água doce. peixe-anual peixe-anual peixe-anual CR EN CR CR EN CR CYPRINODONTIFORMES Rivulidae Austrolebias adloffi Austrolebias minuano Austrolebias wolterstorffi banhados e alagadiços temporários banhados e alagadiços temporários banhados e alagadiços temporários 10 Taxa ORDEM/ Família/ Espécie Nome comum Status de ameaça Pesca SobreHabitat e distribuição Brasil RS explotação Atlantirivulus riograndensis killifish-sulino NA NA riachos e poças rasas e pequenas dentro ou em áreas adjacentes a floresta. Cynopoecilus fulgens Cynopoecilus melanotaenia peixe-anual peixe-anual VU NA LC banhados e alagadiços temporários banhados e alagadiços temporários Cynopoecilus multipapillatus peixe-anual LC banhados e alagadiços temporários Cynopoecilus nigrovittatus SILURIFORMES peixe-anual LC banhados e alagadiços temporários Ariidae Genidens barbus bagre LC Callichthyidae Lepthoplosternum tordilho tamboatá Heptapteridae Rhamdia aff. quelen jundiá LC X trata-se de um complexo de espécies e ocupam os mais diversos ambientes lênticos e lóticos. Loricariidae Loricariichthys anus cascudo-viola LC X ocorre em rios, lagos e lagoas com águas calmas, vivendo junto ao fundo lodoso e arenoso. EN X X passa a maior parte de sua vida no mar, mas migram para águas salobras e doces em determinadas épocas do ano a fim de se reproduzir. EN pequenos riachos ou pequenas áreas alagadas, com densa vegetação de macrófitas aquáticas PERCIFORMES Pomatomidae 11 Taxa ORDEM/ Família/ Espécie Nome comum Status de ameaça Pesca SobreHabitat e distribuição Brasil RS explotação Pomatomus saltarix anchova LC X X é uma espécie pelágica, que no inverno se aproxima da costa para formação de cardumes. Eventualmente entram em águas estuarinas para se alimentar. Sciaenidae Micropogonias furnieri corvina LC X X desova no oceano, porém passa parte da fase de crescimento no interior de estuários e lagoas Serranidae Epinephelus marginatus garoupa LC X X espécie marinha associada a fundos rochosos sendo comum em águas costeiras, os juvenis visitam áreas de estuário. Mugilidae Mugil platanus tainha LC X X encontrada em grande abundância nas lagoas estuarinas, locais que dependem diretamente para completarem seu ciclo de vida. A classificação e nomenclatura seguem compilação de Froese & Pauly, 2013. Legenda: O Status de conservação seguiu classificação de Rosa & Lima, 2008 (Nacional) e Fontana et al., 2003 (Regional), onde LC são espécies menos preocupantes, NT são as quase ameaçadas, VU são as vulneráveis a extinção, EN são as em perigo de extinção, CR são as criticamente em perigo de extinção, DD são as deficientes de dados e NA são as espécies não avaliadas na ocasião. Nos campos Pesca e Sobreexplotação estão marcadas as espécies utilizadas como recurso pesqueiro e as que correm risco de sobreexplotação segundo a Instrução Normativa 05/2004 do Ministério do Meio Ambiente. 12 No Rio Grande do Sul, a maioria das espécies de peixes anuais são encontradas geralmente em áreas baixas e planas, próximas a rios ou lagoas, e localizadas principalmente na Planície Costeira e na Depressão Central do Estado (Lanés, 2011). Somente para o nosso Estado, são conhecidas 26 espécies de peixes anuais, das quais 20 pertencem ao gênero Austrolebias, cinco a Cynopoecilus e somente um ao gênero Atlantirivulus (Costa, 2002b; Costa & Lanes, 2009; Cheffe et al., 2010; Volcan et al., 2010; Costa, 2011; Volcan et al., 2011). No entanto, a riqueza de espécies desse grupo para região está subestimada, visto que estudos recentes apontam a ocorrência de espécies desse grupo ainda não descritas nas regiões da Lagoa do Casamento e Butiazais de Tapes, e na metade sul do Estado (Becker et al., 2007b; Lanés, 2011). Além disso, a alta representatividade de espécies deste grupo observada em nosso Estado, e especialmente na planície costeira, demonstra a importância da região para a manutenção e conservação dos peixes anuais. Na ocasião do Livro Vermelho da Fauna Ameaçada de Extinção no Rio Grande do Sul, foram indicadas 11 espécies do gênero Rivulidae como ameaçadas de extinção para o Estado, destas, três tem ocorrência confirmada para o Litoral Médio, são elas Austrolebias adloffi, Austrolebias minuano (Figura 2) e Austrolebias wolterstorffi (Tabela 1), e pelo menos outras duas tem ocorrência potencial para a região, como Austrolebias charrua que é conhecida para a várzea do Arroio Chuí e Austrolebias nigrofasciatus que ocorre na margem esquerda do canal de São Gonçalo (Reis et al., 2003; Costa, 2006). Para as quatro espécies do genero Cynopoecilus (Figura 3) e uma Atlantirivulus que também possuem registro confirmado para o Litoral Médio, é provável a inclusão das mesmas em futuras listagens de espécies ameaçadas, principalmente em função do elevado grau de endemismo e da situação de degradação das áreas úmidas da região (Costa, 2002a; Costa & Lanés, 2009; Volcan et al., 2011). 13 Figura 2. Fêmea (esquerda) e macho (direita) do peixe-anual (Austrolebias minuano) (Foto de Daniel Loebmann). A principal causa apontada para o grande número peixes anuais sob algum grau de ameaça na região, está relacionada principalmente da perda e fragmentação do seu habitat, como resultado da drenagem das áreas úmidas para a agricultura, em especial aos cultivos de arroz, e ao avanço desordenado das áreas urbanas (Reis et al., 2003; Volcan et al., 2010; Lanés & Maltchik, 2010). Além da agricultura e urbanização, a crescente instalação de novos empreendimentos na região, como silvicultura, instalação de parques eólicos e a construção ou duplicação de estradas, indicam a necessidade de acompanhamento técnico e científico nessas atividades a fim de garantir a conservação das populações de peixes anuais remanescentes (Lanés & Maltchik, 2010; Volcan et al., 2011; Lanés, 2011). Devido ao número elevado de espécies endêmicas e ameaçadas, os peixes anuais representam um dos grupos animais que necessitam de estratégias conservacionistas imediatas (Volcan et al., 2011). Como principais recomendações para a conservação dos peixes anuais está a identificação e proteção dos habitats remanescentes, realização de inventários específicos para confirmar a presença e avaliar as populações do grupo em Unidades de Conservação, a criação de novas unidades de conservação, entre outras (Rosa & Lima, 2008; Lanés & Maltchik, 2010; Volcan et al., 2011; Lanés, 2011; Portaria Nº 198, de 19 de junho de 2013). 14 Figura 3. Macho de Cynopoecilus fulgens, holótipo coletado no município de São José do Norte (Foto retirada de Costa, 2002b). Além dos peixes anuais, outra espécie de peixe ameaçada de extinção em ambito nacional e regional registrada para a área do Litoral Médio, é o tamboatá (Lepthoplosternum tordilho). Esta espécie é endêmica do Rio Grande do Sul e conhecida apenas para algumas poucas localidades nos municípios de Eldorado do Sul, Porto Alegre e Barra de Ribeiro (Reis et al., 2003; Becker et al., 2007b). É encontrada apenas em pequenos riachos ou pequenas áreas alagadas, com densa vegetação de macrófitas aquáticas, e é naturalmente pouco abundante nos locais onde ocorre (Reis, 1997). A descaracterização das áreas alagadas e pequenos riachos para utilização agrícula e a poluição desses córpos d´água com pesticidas agrícolas e esgoto doméstico, são algumas das principais ameaças a espécie (Reis et al., 2003; Rosa & Lima, 2008). Um segundo grupo de espécies de peixes que merece atenção especial são as espécies de importância para a pesca, das quais algumas delas já encontra-se em risco de sobreexplotação (Instrução Normativa 05/2004 do Ministério do Meio Ambiente). Um grande número dessas espécies ocorre na área do Litoral Médio, e passam parte do seu ciclo de vida áreas estuarinas ou marinhas, utilizando essas áreas com parte da etapa de reprodução e crescimento (Oliveira & Bemvenuti, 2006; Becker et al., 2007b). As espécies desse grupo sobre risco de sobreexplotação registradas na área do Litoral Médio foram o bagre (Genidens barbus), a anchova (Pomatomus saltarix), a corvina (Micropogonias furnieri), a garoupa (Epinephelus marginatus) e a tainha (Mugil platanus) (Tabela 1). A corvina (Micropogonias furnieri) representa um dos mais importantes recursos pesqueiros do sul do Brasil, a espécie desova no oceano, no entanto passa parte da sua fase de crescimento no interior de 15 estuários e lagoas, como no SLP (Paiva,1997; Robert & Chaves, 2001). A introdução de uma espécie exótica e invasora corvina-de-rio (Pachyurus bonariensis) no SLP, pode representar um outro impacto importante a espécie, já que pode estar exercendo impacto sobre as populações da corvina nativa (Micropogonias furnieri), e reduzindo ainda mais a disponibilidade deste recurso pesqueiro (Becker et al., 2007b). Outras três espécies de água-doce, bastante representativas na pesca da região, cascudo-viola (Loricariichthys anus), traíra (Hoplias aff. malabaricus) e jundiá (Rhamdia aff. quelen) merecem atenção, já que a conservação destas espécies como recurso pesqueiro não depende somente do manejo e gestão da pesca, mas principalmente da conservação de tipos diferentes de habitat lênticos e lóticos (Milani, 2005; Becker et al., 2007b). Desta forma, é importante a identificação de áreas chaves para a reprodução e crescimento dessas espécies (Braun, 2005). Por fim destacamos que para a conservação dos peixes no Litoral Médio do RS, devemos considerar como importantes diversos tipos de habitat que são essenciais para a manutenção deste grupo animal. As lagoas litorâneas são importantes por abrigarem um maior riqueza de espécies, por outro lado, os banhados temporários, e outros ambientes semelhantes, apesar de apresentarem um baixa riqueza, abrigam espécies únicas e são de igual relevância para a conservação (Becker et al., 2007b). Desta forma, para uma efetiva conservação dos peixes dessa região é necessária, além da conservação de diferentes tipos de ambientes de água-doce e estuarinos, a conexão entre os diferentes tipos de ambientes, que permitirá a manutenção da ictiofauna como um todo. 3.2.2. Anfíbios Os anfíbios representam um dos grupos de vertebrados mais conspícuos e diversos, incluindo mais de 6.000 espécies reconhecidas e ocupando uma grande variedade de ambientes terrestres e aquáticos (Duellman & Trueb, 1994; Frost et al., 2006). Por apresentarem uma pele bastante fina e permeável, são bastante sensíveis a alterações ambientais, e desta forma são considerados excelentes indicadores de qualidade ambiental. O Brasil é atualmente o país com a maior riqueza de anfíbios no mundo, com 946 espécies registradas (Segalla et al., 2012), já para o Rio Grande do Sul estão confirmadas mais de 100 dessas espécies de anfíbios (e.g. Braun & Braun 1980; 16 Garcia & Vinciprova 1998; Machado & Maltchik, 2007; Rosset 2008; Colombo et al., 2007; Zank et al., 2008; Zank, 2012). Para a área do Litoral Médio do RS compilamos um total de 44 espécies de anfíbios, das quais 40 tiveram sua ocorrência confirmada por meio de testemunho depositado em coleção científica (Anexo 2). Além disso, indicamos a ocorrência potencial de pelo menos mais quatro espécies para a região, (Anexo 2), que são o sapo-de-barriga-vermelha (Melanophryniscus montevidensis), o sapo-boi (Ceratophrys ornata), a rã-criola (Leptodactylus chaquensis) e a cobra-de-duascabeças (Chthonerpeton indistinctum). Do total de 44 espécies de anfíbios indicadas para a região, a grande maioria pertence a Ordem Anura (onde estão incluídos os sapos, rãs e pererecas), com 43 representantes distribuídos em nove famílias, das quais Hylidae foi a mais representativa com 15 espécies, seguida de Leptodactylidae com 13 espécies (Anexo 2). Com relação as espécies com ocorrência potencial duas merecem atenção especial, o sapo-de-barriga-vermelha (Melanophryniscus montevidensis) e o sapoboi (Ceratophrys ornata). A primeira delas, M. montevidensis, possui distribuição restrita no Uruguai e é conhecida de somente duas localidades do extremo sul do Rio Grande do Sul (municípios de Santa Vitória do Palmar e Chuí) (Zank, 2012), no entanto ocorre em um habitat bastante comum na área do Litoral Médio e, portanto pode vir a ser registrado dentro dos limites do mesmo. Esta espécie ocorre em banhados temporários ou semi-temporários localizados atrás das dunas primárias, e entre os impactos e ameaças conhecidas para a espécie no estado, destacamos as atividades agrícolas da cultura do arroz e atividades relacionadas (Marcelo D. Freire com. press). As ameaças eminentes, bem como o grau de fragmentação de suas localidades conhecidas sugerem a classificação desta espécie em algum grau de ameaça após a revisão da Lista de Espécies da Fauna Ameaçada do RS. A segunda delas, é o sapo-boi (Ceratophrys ornata) que tem seu registro confirmado exclusivamente nas áreas de dunas costeiras em duas localidades a extremo sul do Estado (municípios de Rio Grande e Santa Vitória do Palmar). Está classificada como vulnerável na lista de espécies ameaçadas do RS (Garcia e Vinciprova, 2003), e não é registrada desde o início da década de 80 no Estado, além disso seu habitat encontra-se bastante impactado pela cultura de arroz e monoculturas de Pinus sp. 17 Já as espécies de anfíbios com ocorrência confirmada para o Litoral Médio do RS, são em sua maioria comuns e possuem ampla distribuição no Estado (Zank, 2012). Apesar disso, três delas merecem destaque, são elas a rã-das-matas (Ischnocnema henselii), o sapo-de-barriga-vermelha (Melanophryniscus dorsalis) e o sapo-de-barriga-vermelha-marmoreado (Melanophryniscus pachyrhynus) (Tabela 2). Tais espécies são de interesse especial para a região por estarem classificadas em alguma categoria de ameaça em âmbito global, nacional e/ou regional, ou apresentarem grande especificidade ambiental, desta forma foram selecionadas como espécies chave para direcionar o Zoneamento de Fauna com relação aos anfíbios. A primeira delas, o sapo-de-barriga-vermelha (Melanophryniscus dorsalis) (Figura 4a) está ameaçada em âmbito global, nacional e regional, sendo que no Rio Grande do Sul está classificada como vulnerável entre as categorias de ameaça (Garcia & Vinciprova 2003; Subirá et al., 2012; IUCN, 2013). Sua distribuição geográfica está limitada a região costeira do extremo sul do Brasil, e se estende de Imbituba, Santa Catarina a Rio Grande (Ilha dos Marinheiros), Rio Grande do Sul (Garcia & Vinciprova 2003; Quintela et al. 2007). Esta espécie se reproduz em banhados temporários, comumente encontrados nas áreas de baixada após dunas primárias (Colombo et al., 2008). Entre as principais ameaças a espécies na região do Litoral Médio do RS estão a urbanização desordenada das zonas litorâneas e o cultivo de espécies exóticas e de arroz (Garcia & Vinciprova, 2003). 18 Tabela 2. Espécies de anfíbios selecionadas como espécies-chave para a elaboração do Zoneamento de fauna da Área 4 do Projeto RS Biodiversidade, Litoral Médio do Rio Grande do Sul. Taxa Nome comum Status de ameaça Habitat e distribuição ORDEM/ Família/ Espécie Brasil RS ANURA Bufonidae Melanophryniscus dorsalis sapinho-de-barriga-vermelha VU VU distribuíção limitada a região costeira do extremo sul do Brasil, ocorre em banhados temporários, nas áreas de baixada após dunas primárias Melanophryniscus pachyrhynus sapinho-de-barriga-vermelha-marmoreado LC LC distribuição associada a morros com afloramentos rochosos da Serra do Sudeste, sua reprodução ocorre em pequenos riachos temporários Brachycephalidae Ischnocnema henselii LC ocorre em florestas úmidas maduras ou secundárias avançadas e restritas as formações de Floresta Ombrófila Mista rã-das-matas LC A classificação e nomenclatura seguem compilação de Segalla et al., 2012. Legenda: *Espécies com ocorrência potencial para os limites do Litoral Médio do RS. ex Espécie exótica e invasora. O Status de conservação seguiu classificação de Subirá et al., 2012 (Nacional) e Fontana et al., 2003 (Regional), onde LC são espécies menos preocupantes, NT são as quase ameaçadas, VU são as vulneráveis a extinção, EN são as em perigo de extinção, CR são as criticamente em perigo de extinção, DD são as deficientes de dados e NA são as espécies não avaliadas na ocasião. 19 Sua congênere o sapo-de-barriga-vermelha-marmoreado (Melanophryniscus pachyrhynus) (Figura 4b) apesar de não estar classificada em alguma categoria de ameaça, e de ter sua presença conhecida em diversas localidades ao longo da Serra do Sudeste, é uma espécie que possui grande especificidade ambiental (Zank, 2012). Esta espécie tem sua distribuição associada a terrenos íngremes com formações rochosas graníticas e vegetação composta por um mosaico de áreas abertas e florestais, características da Serra do Sudeste (Vaz-Silva et al., 2008; Zank, 2012). Aspectos sobre sua reprodução e história natural ainda são pouco conhecidos, no entanto, sabe-se que sua reprodução ocorre em pequenos riachos temporários formados após períodos de chuva intensa (Santos et al., 2011). Nos limites do Litoral Médio do RS possui registro histórico para o Morro Santana e Parque Saint Hilaire ambos no município de Viamão, mas pode ocorrer em outras localidades de morros graníticos. Figura 4. Exemplares dos sapinhos-de-barriga-vermelha (a) Melanophryniscus dorsalis e (b) Melanophryniscus pachyrhynus (Fotos (a) de Márcio Borges Martins e (b) Caroline Zank). A rã-das-matas (Ischnocnema henselii) possui apenas um registro histórico para o município de Viamão nos limites do Litoral Médio do RS, que representa atualmente seu limite sul de distribuição (Caroline Zank, com. pess.). Sua área de ocorrência está restrita as formações de Floresta Ombrófila Mista, mais precisamente dentro de florestas maduras ou secundárias avançadas (Kwet & Solé, 2005). É uma espécie terrícola e sua desova ocorre no chão da floresta, debaixo de folhas ou troncos caídos (Kwet et al., 2010). Os ambientes utilizados pela espécie já encontram-se bastante alterados e fragmentados na região. Sendo que, a redução desses ambientes florestais úmidos utilizados pela espécie, é ocasionada principalmente devido ao 20 crescimento das áreas urbanas, mas também em decorrência da expansão das atividades agrícolas e silvicultura (Garcia & Vinciprova, 2003; Subirá et al., 2012). 3.2.3. Répteis Com relação ao número de espécies de répteis, o Brasil está na segunda colocação dos países com maior riqueza, até o momento 744 espécies registradas (Bérnils & Costa, 2012). Apesar do grande número de espécies, os répteis despertam pouco interesse popular, devido principalmente à falta de informação, medo, ou antipatia por parte da maioria das pessoas (DiBernardo et al., 2003). Devido a isso, ainda são propositalmente exterminados, e apesar desse extermínio de indivíduos contribuir para o declínio populacional de algumas espécies, de maneira geral, são a descaracterização e destruição dos habitat que constituem a ameaça mais severa ao grupo (Di-Bernardo et al., 2003). Na área do Litoral Médio do RS registramos a ocorrência de 62 espécies de répteis, das quais a grande maioria pertence a Ordem Squamata (representada pelas cobras e lagartos) (Anexo 3). Destas espécies, a família de serpentes Dipsadidae foi a mais representativa abrangendo mais da metade das espécies confirmadas para a região, com 32 ao total (Anexo 3). Com relação as espécies de répteis registradas, a grande maioria delas são espécie não ameaçadas, comuns e bem distribuídas no Estado, no entanto, três espécies lagartos e uma serpente foram selecionadas como espécies-chave de répteis para o Zoneamento na área do Litoral Médio do RS (Tabela 3). Tais espécies correm risco de extinção e/ou apresentam restrição quanto ao tipo de habitat e/ou representam um táxon novo, e desta forma são espécies importantes direcionar o Zoneamento de fauna. A lagartixa-listrada (Contomastix aff. lacertoides) e a serpente mussurana (Phimophis aff. guerini) foram destacadas por se tratarem de táxon novos (Márcio Borges-Martins com. pess.), e portanto ainda serem insuficientemente conhecidos, mas que parecem estar associados as formações campestres e arenosas, as quais são bastante abundantes no Litoral Médio. 21 A lagartixa-da-praia (Liolaemus occipitalis) é um pequeno lagarto que ocorre nos ambientes de dunas costeiras do extremo sul do Brasil, nos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina e na costa do Uruguai (Verrastro, 1991; Verrastro et al., 2006). Vive associado às moitas de vegetação herbácea presentes nas dunas de areia móvel, sendo que essa vegetação presente nas dunas é essencial para a alimentação, o refúgio de predadores e a termorregulação desta espécie (Verrastro & Bujes, 1998; Bujes & Verrastro, 2008). Este lagarto está ameaçado de extinção no Brasil e em nosso Estado, devido principalmente a redução severa de suas áreas de distribuição causadas pela fragmentação e, em casos mais extremos, à perda total de seus habitats devido ao crescimento da atividade humana nas últimas décadas (Fontana et al., 2003). Figura 5. Exemplar da lagartixa-da-praia (Liolaemus occipitalis) em seu habitat natural (município de Mostardas, RS) (Foto de Laura Verrastro). A presença da lagartixa-da-praia (Liolaemus occipitalis) (Figura 5) está associada principalmente a comunidades vegetais que ocorrem em ambientes não antropizados, sendo que a presença da espécie em áreas semiurbanizadas e urbanizadas é muito baixa, e quando ocorre, está associada a plantas que caracterizam o ambiente natural, como o capim-das-dunas (Panicum racemosum) e a erva-capitão (Hydrocotyle bonariensis) (Melamed & Verrastro, 1997). O Litoral Médio do RS representa uma região extremamente importante para a conservação de L. occipitalis, visto que ainda abriga grandes populações da espécie por ter sofrido menos impacto antrópico, ao contrário do 22 observado no litoral norte do RS, onde grande parte das populações desta espécies foi reduzida e algumas foram até mesmo extintas ( Silva, 2013). A lagartixa-da-areia (Liolaemus arambarensis) (Figura 6) é uma espécie endêmica do Rio Grande do Sul, e com distribuição geográfica muito restrita, ocorrendo desde Itapuã no município de Viamão até São Lourenço do Sul (Verrastro et al., 2003). Ocorre em substrato arenoso, associada à vegetação herbácea e arbustivo/arbórea, típicas das regiões de restinga sobre depósitos arenosos holocênicos a noroeste da Laguna dos Patos (Verrastro, 2001). Devido a sua descrição recente, apenas em 2003, não foi avaliada na ocasião da elaboração das listas de espécies ameaçadas do Rio Grande do Sul e Nacional (Fontana et al., 2003; Verrastro et al., 2003; Martins & Molina, 2008). É uma espécie que sofre as mesmas pressões antrópicas de sua congênere L. occipitalis, e portanto espera-se que seja classificada em alguma categoria de ameaça após revisão das listas regionais e nacional. Isso ocorre pelo fato de seu habitat estar restrito às restingas arenosas da região da Lagoa dos Patos, e tais ambientes vem sofrendo um grande decréscimo, já que representam áreas de grande interesse econômico, seja para especulação imobiliária, empreendimentos de lazer, ou mesmo construção de rodovias (Verrastro, 2001; Verrastro et al., 2003). Figura 6. Exemplar da lagartixa-da-areia (Liolaemus arambarensis) em seu habitat natural (município de Barra do Ribeiro, RS) (Foto de Márcio Borges Martins). 23 Tabela 3. Espécies de répteis selecionadas como espécies-chave para a elaboração do Zoneamento de fauna da Área 4 do Projeto RS Biodiversidade, Litoral Médio do Rio Grande do Sul. ORDEM/ Família/ Espécie Brasil RS SQUAMATA Dipsadidae Phimophis aff. guerini mussurana Liolaemidae Liolaemus arambarensis lagartixa-da-areia NA NA endêmica do RS, apresenta distribuição geográfica muito restrita as regiões de restinga a noroeste da Laguna dos Patos. Liolaemus occipitalis lagartixa-da-praia VU VU ocorre no extremo sul do Brasil (RS e SC) e na costa do Uruguai e vive associado às moitas de vegetação herbácea presentes nos ambientes de dunas costeiras. Teiidae Contomastix aff. lacertoides lagartixa-listrada NA NA NA taxon novo, sua distrubuição parece estar associada a áreas de Savana, campo aberto. NA taxon novo, sua área de distribuição parece estar associada a formações campestres e arenosas. A classificação e nomenclatura seguem compilação de Bérnils & Costa, 2012. Legenda: O Status de conservação seguiu classificação de Martins & Molina, 2008 (Nacional) e Fontana et al., 2003 (Regional), onde LC são espécies menos preocupantes, NT são as quase ameaçadas, VU são as vulneráveis a extinção, EN são as em perigo de extinção, CR são as criticamente em perigo de extinção, DD são as deficientes de dados e NA são as espécies não avaliadas na ocasião. 24 Os ecossistemas de dunas e restingas litorâneas utilizados por essas espécies de lagartos (L. arambarensis e L. occipitalis) tem sido fortemente descaracterizados, sendo que entre os grandes impactos sobre estas formações destacam-se o aumento indiscriminado dos loteamentos em balneários, a expansão da silvicultura em áreas de duna, a retirada de areia e a contaminação do solo e de corpos d'água (Melamed & Verrastro, 1997; Silva, 2013). Já como medidas sugeridas para a conservação dessas espécies, a principal seria a conservação das dunas costeiras, no entanto a criação e manutenção de unidades de conservação, a fim de evitar que as áreas urbanas se interliguem e ocupem a costa de maneira contínua, também é uma medida importante (Verrastro, 2001; Martins & Molina, 2008). 3.2.4. Aves O Rio Grande do Sul, por sua localização e constituição geomorfológica, ocupa uma posição de transição entre várias formações florestais e campestres, sendo limite de distribuição para várias espécies de aves. Como marco topográfico importante, a ruptura perto da escarpa da serra delimita as florestas do norte do Estado e os terrenos mais abertos ao sul, contribuindo para uma transição na avifauna (Belton, 1994). Além da elevada diversidade avifaunística existente, o Estado tem significativa importância para a conservação de aves migratórias, seja como área de descanso para espécies que buscam as latitudes extremas do continente ou como área propícia ao forrageamento e nidificação de outras espécies. Das 624 espécies listadas em Bencke (2001), 31 (incluindo 2 espécies pelágicas) são consideradas como visitantes migratórios provenientes do Hemisfério Norte, 31 (incluindo 14 espécies pelágicas) são consideradas como visitantes migratórios do Cone Sul do continente e 68 (incluindo espécies com status assumido, mas não confirmado, e não considerando espécies vagantes) permanecem no Estado durante a primavera/verão, aqui nidificando. Dentre os ecossistemas existentes no Estado, a Planície Costeira merece destaque por sua extensa área de praia e planícies entremeadas por florestas aluviais, campos, banhados, muitas vezes conectados por estreitos canais, lagoas e lagunas, que reúnem uma expressiva riqueza ornitológica. 25 Na planície costeira riograndense, a Lagoa do Peixe, ao sul de Mostardas, oferece refúgio para flamingos (Phoenicopterus chilensis e, em menor número, Phoenicoparrus andinus) (Figura 7) e uma variedade de espécies de praia. As praias de mar e águas costeiras perto da Barra de Rio Grande (desembocadura da Laguna dos Patos) são locais propícios para aves pelágicas. Muitas áreas no sul do Estado são ricas em anatídeos (marrecas, cisnes e capororocas), entre outras espécies (Belton, 1994). Figura 7. Indivíduos de flamingo-andino (Phoenicoparrus andinus) em seu habitat natural (foto de Jan Karel Felix Mähler Junior). Das 661 espécies de aves listadas para o Rio Grande do Sul (Bencke et al., 2010), 362 (54,8% do total) apresentam registros para a área de interesse no presente estudo (Anexo 4). Deste total, 29 espécies, incluindo três apenas com registros históricos obtidos há mais de 80 anos, apresentam algum grau de ameaça de extinção ou estão próximas a essa condição – Near Threatened (Marques et al., 2002; Monteiro et al., 2008; IUCN, 2013) (Tabela 4). Na seleção das espécies ameaçadas não foram consideradas as espécies marinhas. A maior ameaça as aves em perigo de extinção no Estado é sem dúvida a destruição do habita, sejam eles florestas, campos ou banhados, já a degradação do habitat representa outro grande problema, pois ocasiona perda na qualidade do ambiente utilizado (Bencke et al., 2003). 26 Tabela 4. Espécies de aves selecionadas como espécies-chave para a elaboração do Zoneamento de fauna da Área 4 do Projeto RS Biodiversidade, Litoral Médio do Rio Grande do Sul. Taxa ORDEM/ Família/ Espécie Nome comum Status de ameaça Habitat e distribuição Brasil RS Mundial ACCIPITRIFORMES Accipitridae Busarellus nigricollis gavião-velho LC VU Circus cinereus Geranoaetus melanoleucus* Pseudastur polionotus gavião-cinza águia-chilena gavião-pombo-branco VU VU VU EN NT Urubitinga coronata* águia-cinzenta VU CR EN ambientes abertos com árvores e arbustos, ocupando também áreas de floresta em regiões montanhosas áreas relativamente abertas junto a ambientes aquáticos, como extensos pântanos, banhados, manguezais, campos inundados, lagoas, margens de rios e matas alagadas banhados temporários, áreas de baixada após dunas primárias campos com coxilhas e morros e áreas abertas com árvores esparsas florestas ANSERIFORMES Anatidae Cairina moschata Sarkidiornis sylvicola pato-do-mato pato-de-crista EN VU lagos, rios e banhados cercados de florestas banhados, rios com florestas marginais, lagoas, açudes, depressões alagadas em meio a lavouras, arrozais, margens de canais e reservatórios. CAPRIMULGIFORMES Caprimulgidae Hydropsalis anomala curiango-do-banhado EN NT campos úmidos ou secos, banhados e suas margens, beiras de matas ciliares, áreas arbustivas, restingas e savanas VU VU costas oceânicas, sendo encontrada em praias, costões rochosos, baías, lagoas salobras e, especialmente, estuários CHARADRIIFORMES Laridae Larus atlanticus gaivota-de-rabo-preto VU 27 Taxa ORDEM/ Família/ Espécie Nome comum Status de ameaça Habitat e distribuição Brasil RS Mundial Scolopacidae Gallinago undulata narcejão VU Tryngites subruficollis maçarico-acanelado VU NT Sternidae Thalasseus maximus GRUIFORMES Rallidae Porzana spiloptera PASSERIFORMES Cotingidae Carpornis cucullata Emberizidae Sporophila angolensis Sporophila collaris trinta-réis-real VU sanã-cinza VU varjões, tremedais, pequenos brejos, banhados, lagoas e lagunas litorâneas, áreas pantanosas e pastagens campos de vegetação rasteira com altura ao redor de 2-5 cm e, em menor escala, áreas de orizicultura ambientes costeiros EN VU corocoxó marismas, banhados e capinzais inundáveis NT áreas florestais curió EN beiras de floresta, áreas de vegetação arbustiva, capoeiras e terrenos pantanosos banhados e suas imediações, especialmente com vegetação aquática alta, densa e variada onde haja também arbustos e arvoretas coleiro-do-brejo VU gaturamo-verdadeiro VU florestas ombrófilas e estacionais Fringillidae Euphonia violacea Furnariidae Limnoctites rectirostris Spartonoica maluroides Icteridae Xanthopsar flavus arredio-do-gravatá boininha VU VU NT VU NT gravatazais áreas parcialmente alagadas ou inundáveis, tais como marismas, depressões e margens de banhados, lagoas ou cursos d´água veste-amarela VU VU VU áreas de campos entremeados por banhados de turfa, campos pedregosos, campos úmidos e pastagens 28 Taxa ORDEM/ Família/ Espécie Motacillidae Anthus nattereri Tyrannidae Alectrurus risora* Cnemotriccus fuscatus fuscatus Xolmis dominicanus PHOENICOPTERIFORMES Phoenicopteridae Phoenicoparrus andinus Phoenicopterus chilensis PICIFORMES Picidae Piculus aurulentus Ramphastidae Ramphastos toco STRUTHIONIFORMES Rheidae Rhea americana Nome comum Status de ameaça Habitat e distribuição Brasil RS Mundial caminheiro-grande VU tesoura-do-campo guaracavuçu noivinha-de-rabo-preto VU VU campos nativos (não ralos), campos com afloramentos rochosos VU áreas abertas florestas costeiras e restingas arbóreas campos sujos próximos a banhados, campos pedregosos e banhados VU VU VU flamingo-andino VU Lagoa do Peixe flamingo NT lagoas costeiras rasas pica-pau-dourado NT diferentes tipos de floresta tucanuçu ema VU bordas e estrato emergente de florestas, capões e matas ripárias, savanas NT áreas campestres A classificação e nomenclatura seguem compilação de CBRO, 2011, e os nomes populares seguem Bencke et al.,2010. Legenda: * Espécies com apenas registro histórico para a região (Gliesch, 1930). O Status de conservação seguiu classificação de Silveira & Straube, 2008 (Nacional) e Fontana et al., 2003 (Regional), onde LC são espécies menos preocupantes, NT são as quase ameaçadas, VU são as vulneráveis a extinção, EN são as em perigo de extinção, CR são as criticamente em perigo de extinção, DD são as deficientes de dados e NA são as espécies não avaliadas na ocasião. 29 Uma das principais atividades econômicas do Litoral Médio, a rizicultura, em especial do arroz irrigado, representam um impacto importante para as aves aquáticas, pois provoca múltiplas alterações no ambiente, simplificando a paisagem e mudando a oferta de abrigo, de áreas para nidificação e de alimentação (Menegheti, 2009). Esta perda e fragmentação de habitat gera mudanças importantes, tanto na composição e quanto na abundância das populações de aves. Neste sentido, Bencke et al. (2006) descrevem três áreas importantes para a conservação das aves no Rio Grande do Sul: O Banhado dos Pachecos, onde foi criado o Refúgio de Vida Silvestre Banhado dos Pachecos, está incluído no Sistema Banhado Grande, complexo de áreas alagadas que dá origem ao rio Gravataí. Grande parte do Banhado dos Pachecos já foi convertida em lavouras ou açudes, restando atualmente cerca de 1.685 ha de banhados naturais. A área apresenta grande importância como hábitat de aves que dependem de banhados densos e capinzais úmidos. O Parque Nacional da Lagoa do Peixe abriga uma laguna rasa e salina, de características únicas no contexto da costa brasileira. Variações no nível de água da laguna ou na direção e intensidade dos ventos expõem extensos bancos de lodo, utilizados por aves costeiras como áreas de alimentação. Além do ambiente lagunar, o parque inclui banhados de água doce, marismas (banhados salobres), campos úmidos, alagados temporários, matas de restinga e paludosas, dunas móveis e fixas e um extenso segmento de praia oceânica. A Lagoa do Peixe representa uma área de grande importância para aves migratórias em toda a costa leste da América do Sul. Várias espécies limícolas oriundas do sul do continente ou da região neártica congregam-se em números significativos nessa área, ali invernando ou realizando escala durante suas migrações até regiões mais austrais. No entorno da unidade de conservação são desenvolvidas principalmente a silvicultura e a pecuária extensiva. Por fim, o estuário da Laguna dos Patos corresponde à orla da extremidade meridional da laguna dos Patos, aproximadamente entre a barra do canal São Gonçalo e a foz da laguna no oceano Atlântico. Destacam-se na região as marismas, pântanos salobres caracterizados por vegetação halófila e profundidade influenciada pelas oscilações da maré. A área é importante tanto 30 visitantes austrais (p. ex., Phoenicopterus chilensis, Charadrius modestus, Larus atlanticus) quanto setentrionais (p. ex., Pluvialis spp., Calidris spp., Tryngites subruficollis, Sterna hirundo), muitas delas congregando-se em números expressivos. L. atlanticus parece ter no estuário da laguna dos Patos sua única área de invernagem regular em território brasileiro. Em anos de estiagem, Cygnus melancoryphus refugia-se em grande número nas enseadas do estuário. 3.2.5. Mamíferos Apesar dos mamíferos representarem o grupo de organismos mais bem conhecidos, lacunas de conhecimento ainda dificultam iniciativas de conservação e manejo, principalmente em análises regionais (Brito, 2004). A perda e a fragmentação de habitat, resultantes de atividades humanas, constituem as maiores ameaças aos mamíferos terrestres no Brasil, além disso para mamíferos terrestres de grande e médio porte ainda há a pressão de caça (Costa et al., 2005). A região de abrangência do Litoral Médio do RS apresenta uma riqueza confirmada de 66 espécies nativas de mamíferos terrestres e semi-aquáticos (Anexo 5). Essa riqueza é representada por 26 espécies de roedores (Ordem Rodentia), 14 carnívoros (Carnivora), 13 morcegos (Chiroptera), 5 tatus (Cingulata), 4 marsupiais (Didelphimorphia), 2 cervídeos (Artiodactyla), um primata (Primates) e um tamanduá (Pilosa). Outras seis espécies exóticas tem presença confirmada para a região, e grande parte delas apresentando impactos negativos sobre a fauna local, com a predação e/ou competição com animais nativos (ex. cachorro-doméstico, gato-doméstico e lebre-européia), degradação e alteração dos ambientes nativos, como o javali-europeu e problemas para a saúde pública (camundongo e rato-domético) (Anexo 5). 31 Tabela 5. Espécies de mamíferos selecionadas como espécies-chave para a elaboração do Zoneamento de fauna da Área 4 do Projeto RS Biodiversidade, Litoral Médio do Rio Grande do Sul. Nome comum Taxa ORDEM/ Família/ Espécie Status de ameaça Habitat e distribuição Brasil RS ARTIODACTYLA Cervidae Blastocerus dichotomus Mazama gouazoubira cervo-do-Pantanal veado-catingueiro VU LC CR VU áreas úmidas (banhados, campos alagáveis, várzeas) florestas e savanas gato-palheiro gato-do-matogrande jaguatirica VU LC EN VU savanas e campos florestas e savanas VU VU florestas e savanas, tende a evitar áreas mais abertas gato-do-matopequeno gato-maracajá onça-parda gato-mourisco VU VU florestas e savanas VU VU LC VU EN VU florestas florestas, campos, savanas florestas, campos, savanas LC VU florestas LC VU florestas e savanas LC VU florestas CARNIVORA Felidae Leopardus braccatus Leopardus geoffroyi Leopardus pardalis Leopardus tigrinus Leopardus wiedii Puma concolor Puma yagouaroundi Mustelidae Eira barbara irara PILOSA Myrmecophagidae Tamandua tetradactyla tamanduá-mirim PRIMATES Atelidae Alouatta guariba clamitans bugio-ruivo 32 Taxa ORDEM/ Família/ Espécie RODENTIA Cuniculidae Cuniculus paca Dasyproctidae Dasyprocta azarae Ctenomyidae Ctenomys flamarioni Ctenomys lami Ctenomys minutus Nome comum Status de ameaça Habitat e distribuição Brasil RS paca LC EN florestas cutia LC VU florestas tuco-tuco-branco tuco-tuco tuco-tuco VU LC LC VU LC LC primeira linha de dunas das praias litorâneas e campos arenosos campos arenosos da Coxilha das Lombas habita as dunas primárias e especialmente os campos arenosos da Planície Costeira do sul do Brasil A classificação e nomenclatura seguem compilação de Wilson & Reeders, 2011 e Voss et al., 2013. Legenda: *Espécies com ocorrência potencial para os limites do Litoral Médio do RS. ex Espécie exótica. O Status de conservação seguiu classificação de Chiarello et al., 2008 (Nacional) e Fontana et al., 2003 (Regional), onde LC são espécies menos preocupantes, NT são as quase ameaçadas, VU são as vulneráveis a extinção, EN são as em perigo de extinção, CR são as criticamente em perigo de extinção, DD são as deficientes de dados e NA são as espécies não avaliadas na ocasião. 33 Além dessas, pelo menos mais cinco espécies de mamíferos tem ocorrência potencial para a região, são eles: cuíca-lanosa (Caluromys lanatus), cuíca-d'água (Chironectes minimus), veado-mateiro (Mazama americana), quati (Nasua nasua) e morcelo (Myotis ruber) (Anexo 5). Todas essas espécies apesar de não possuírem registros confirmados para a região abrangência do Litoral Médio do RS, possuem ocorrência conhecida para municípios próximos a região e desta forma podem ocorrer nos limites do Litoral Médio. Desta forma, chegamos a um total de 77 espécies de mamíferos terrestres e semiaquáticos com ocorrência indicada para região (Anexo 5). Dezessete espécies (26 %) encontradas na região estão classificadas como ameaçadas de extinção em nível regional, nacional e/ou mundial (Fontana et al., 2003; Chiarello et al., 2008; IUCN, 2013). O tuco-tuco (Ctenomys lami), embora não esteja classificada como ameaçada pelo Livro Vermelho da Fauna Ameaçada de Extinção do RS de 2003 (Fontana et al., 2003), é considerado Vulnerável mundialmente (Bidau et al., 2008). Para o Estado do Rio Grande do Sul, 13 destas espécies são classificadas como Vulneráveis, duas como Em Perigo e uma como Criticamente em Perigo, o cervo-do-Pantanal (Blastocerus dichotomus) (Tabela 5). A maior parte dessas espécies foram selecionadas como espécies importantes para representar os mamíferos no Zoneamento de fauna do Litoral Médio do RS (Tabela 5). Embora os limites políticos municipais da região de abrangência do Litoral Médio não apresentem nenhum endemismo em nível de espécie de mamíferos reconhecido, a região abriga importantes populações de algumas espécies. O cervo-do-Pantanal (Blastocerus dichotomus) (Figura 8) é uma espécie considerada Vulnerável nacional e mundialmente, e a única população atual conhecida para o Estado do RS se constitui de poucos indivíduos (< 10) que habitam a área do Refúgio de Vida Silvestre Banhado dos Pachecos, município de Viamão. 34 Figura 8. Indivíduo do cervo-do-Pantanal (Blastocerus dichotomus) em seu ambiente natural (Foto de Igor Pfeifer Coelho). Outro grupo de espécies ameaçadas importantes são os carnívoros, que por serem em sua grande maioria predadores, são considerados espécieschave para a conservação da biodiversidade em geral, visto que regulam as populações de suas presas e desta forma ajudam a estruturar as comunidades naturais (Indrusiak & Eizirik, 2003). Por necessitarem de grandes áreas para manter suas populações viáveis, esforços para conservar áreas suficientes à conservação de carnívoros acabam por preservar também as outras espécies da comunidade (Chiarello et al., 2008). A destruição, fragmentação e alteração de habitats representam a principal causa de ameaça para todas as espécies deste grupo, sendo que a segunda principal causa de ameaça para as espécies de carnívoros são a mortalidade pela caça, atropelamento e doenças (Indrusiak & Eizirik, 2003; Chiarello et al., 2008). Na área do Litoral Médio do RS ocorrem sete espécies de carnívoros ameaçadas de extinção, todas da família dos felinos, e todas elas foram incluídas como espécies-chave para o presente Zoneamento de fauna (Tabela 5). 35 Figura 9. Indivíduo de onça-parda (Puma concolor) fotografado em seu ambiente natural (Foto de Oliveira LFB, Hofmann GS & Coelho IP). Os roedores também representam um grupo importante, se levarmos em consideração o número total de espécies ameaçadas de mamíferos no Brasil, os roedores em risco apesar de representarem apenas 7% desse total, somente um não é endêmico ao Brasil (Costa et al., 2005). Para os limites do Litoral Médio do RS temos a presença confirmada de representantes importantes deste grupo, como as espécies do gênero Ctenomys (tuco-tucos) que são roedores subterrâneos. No sul do Brasil nos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina são conhecidas atualmente cinco espécies de tuco-tuco: Ctenomys flamarioni, Ctenomys lami, Ctenomys minutus, Ctenomys torquatus e Ctenomys ibicuiensis (Fernandes et al., 2007; Freitas et al., 2012). Destas espécies somente as três primeiras tem registro confirmado para a região do Litoral Médio do Rio Grande do Sul (Figura 10). 36 Figura 10. Distribuição geográfica das espécie do gênero Ctenomys no sul do Brasil (Fonte : Kubiak, 2013). Ctenomys lami é uma espécie endêmica do Rio Grande do Sul, e habita a região arenosa chamada Coxilha das Lombas (municípios de Viamão e Santo Antônio da Patrulha), que representa uma linha estreita de dunas antigas que se estende desde o norte do Lago Guaíba até as restingas a noroeste da Lagoa dos Barros (Freitas, 2001; Freitas, 2007; Fernandes et al., 2007). O tuco-tuco-branco (Ctenomys flamarioni), está ameaçado de extinção, e é endêmico da primeira linha de dunas do litoral do RS, sendo o Litoral Médio a área central de sua distribuição é que está limitada ao norte pelo município de Arroio Teixeira e ao sul pelo arroio Chuí (Freitas, 1995; Fernández-Stolz et al., 2007). Recentemente foi localizada a primeira população de C. flamarioni que habita campos arenosos, na beira da Laguna dos Patos em São José do Norte, representando também a única área de simpatria conhecida para esta espécie e C. minutus nos limites do Litoral Médio do RS (Kubiak, 2013). 37 Figura 11. Indivíduo do tuco-tuco-branco (Ctenomys flamarioni) em seu ambiente natural (foto de Tatiane Noviski Fornel). Esta outra espécie de tuco-tuco (Ctenomys minutus) é um espécie bastante similar a C. lami, mas ao contário desta sua distribuição geográfica começa em Laguna, SC e vai até São José do Norte no RS (Freitas, 1995). E assim como, C. flamarioni, também habita as dunas primárias, mas especialmente os campos arenosos da Planície Costeira do sul do Brasil, sendo os campos costeiros do Litoral Médio do RS uma área central e o limite austral de sua distribuição (Freitas, 1995; Freygang et al., 2004). As alterações ambientais causadas pelo homem como urbanização em áreas de dunas, a presença de animais domésticos e a introdução de vegetação exótica vem modificando o habitat das espécies de tuco-tuco por anos, e como consequencia tornando os habitats nativos cada vez mais fragmentados ou destruídos (Fernández-Stolz, 2007; Fernandes et al., 2007). Com já observado no Litoral Norte do RS, o avanço de condomínios sobre as áreas de dunas, faz com que o contínuo de dunas se torne fragmentado e, consequentemente, causa o isolamento das populações de tuco-tuco (Fernández, 2002). Como estratégias para a conservação dessas espécies, são indicadas a conservação das áreas de dunas, com construção de passarelas que facilitem o trânsito das pessoas, sem alterar as dunas, a fiscalização afim de controlar a retirada de areia, estudos de impacto ambiental com as populações para que a exploração imobiliária poupe as áreas de dunas 38 que se sobrepõem à distribuição geográfica dessas espécies, além do desenvolvimento de trabalhos de educação ambiental e monitoramento de populações através de trabalhos de estimativa populacional em regiões mais impactadas (Chiarello et al., 2008). Figura 12. Indivíduo do tuco-tuco (Ctenomys minutus) em seu ambiente natural (foto de Tatiane Noviski Fornel). 4. PRINCIPAIS AMEAÇAS A FAUNA A fragmentação e alteração do habitat são sem dúvida as principais ameaças a fauna do Litoral Médio do RS, e elas decorrem principalmente das rizicultura e silvicultura que representam as duas principais atividades econômicas da região. A cultura de arroz representa um ameaça importante para a maior parte das espécies aquáticas, causando perda total ou o empobrecimento na qualidade do ambiente utilizado. Grandes extensões de áreas de várzea são comumente aproveitadas para o cultivo de arroz ao longo de todo Litoral Médio do RS, tornando as áreas úmidas remanescentes fragmentadas e com porte reduzido, e desta forma abrigando uma riqueza menor de espécies se comparadas as áreas úmidas maiores (Maltchik et al., 2010). A conversão de ambientes naturais para a silvicultura atinge principalmente as áreas consideradas improdutivas para a agricultura, como é o caso das áreas de dunas. Por serem áreas pouco produtivas para agricultura 39 e pecuária são frequentemente convertidas em extensas monoculturas florestais. No entanto, este ecossistema aparentemente pobre, abriga um grande número de espécies importantes, como os roedores subterrâneos do gênero Ctenomys, os lagartos do gênero Liolaemus, além de algumas espécies de sapos, peixes e aves que ocupam os numerosos banhados distribuídos ao longo das dunas. A ocupação urbana desordenada das áreas litorâneas também representa uma ameaça importante, apesar de até o momento ser bem menos intensa do que a observada no Litoral Norte do RS. Além disso, a pecuária, também ocasiona a degradação dos ambientes aquáticos e campestres, desta forma e empobrece a qualidade desses habitas na região. Mais recentemente outra preocupação crescente decorre a implantação de Parques eólicos ao longo de toda a Planície Costeira, sendo que muitos desses empreendimentos serão localizados no Litoral Médio do RS. Neste sentido, é fundamental a elaboração e aplicação de ferramentas de gestão, como os Zoneamento dos eólicos que está em andamento, para controlar e direcionar o avanço desses empreendimentos na região. Em nosso o Litoral Norte, uma parte expressiva dos ecossistemas naturais encontram-se alterados e fragmentados, pelo avanço das áreas urbanas, condomínios, estradas, além das culturas agropastoris, que decorrem principamente pela gestão inadequada dos recursos naturais. Devido a essa falta de planejamento na utilização dos recursos naturais, muitas populações da fauna, como os roedores subterrâneos do gênero Ctenomys, os lagartos do gênero Liolaemus, o sapo-de-barriga-vermelha (Melanophryniscus dorsalis), e grande parte da fauna ameaçada de extinção, sofrem com as ameaças associadas a isso. Desta forma torna-se evidente a importância ferramentas de gestão, como o Zoneamento Ecológico-Econômico, a fim de proporcionar o uso sustentável dos recursos naturais e assim evitar o empobrecimento da nossa biodiversidade. Direcionando assim o uso e a conservação dos nossos recursos naturais de uma forma sustentável. 40 5. METODOLOGIA EMPREGADA NA DEFINIÇÃO DAS ZONAS 5.1.Definições gerais A execução do zoneamento temático do meio biótico do Litoral Médio baseou-se no diagnóstico de fauna (presente relatório) e de flora (produzido pelo consultor Julian Mauhs) elaborados e apresentados na primeira fase desta consultoria. Para compor o presente zoneamento temático, procurou-se atender o que preconiza o decreto federal 4.297/2002, que estabelece os critérios para o zoneamento ecológico-econômico do Brasil. Foi considerado em especial o Art. 14º, que dita as diretrizes gerais e específicas para o zoneamento, levando em conta os seguintes aspectos: I – atividades adequadas a cada zona, de acordo com a fragilidade ecológica, capacidade de suporte ambiental e potencialidades; II – necessidades de proteção ambiental e conservação das águas, do solo, do subsolo, da fauna e da flora e demais recursos naturais renováveis e nãorenováveis; III – definição de áreas para unidades de conservação, de proteção integral e de uso sustentável; IV – critérios para orientar atividades madeireira e não-madeireira, agrícola, pecuária, pesqueira e de piscicultura, urbanização, industrialização, mineração e de outras opções de uso dos recursos ambientais; V – medidas destinadas a promover, de forma ordenada e integrada, o desenvolvimento ecológico e economicamente sustentável do setor rural, com o objetivo de melhorar a convivência entre a população e os recursos ambientais, inclusive com a previsão de diretrizes para implantação de infaestrutura de fomento às atividades econômicas; VI – medidas de controle e de ajustamento de planos de zoneamento de atividades econômicas e sociais resultantes da iniciativa dos municípios, visando a compatibilizar, no interesse da proteção ambiental, usos conflitantes em espaços municipais contíguos e a integrar iniciativas regionais amplas e não restritas às cidades; 41 VII – planos, programas e projetos dos governos federal, estadual e municipal, bem como suas respectivas fontes de recursos com vistas a viabilizar as atividades apontadas como adequadas a cada zona. 5.2.Metodologia utilizada para definição das zonas Devido a peculiaridades inerentes a cada zona, em função do(s) habitat(s) abrangido(s), foram empregadas metodologias diferentes em suas delimitações. Sendo assim, apresentam-se abaixo as metodologias utilizadas em cada zona: Zona I – Butiazal e comunidades associadas A zona circunscreve as comunidades com presença de butiá (Butia odorata), em sua ocorrência pura na forma de parque, ou associada a comunidades florestais. A delimitação da zona se deu por interpretação da imagem. A formação vegetal típica é o parque de butiá, onde a palmeira ocorre como espécie dominante no estrato arbóreo, sobre uma matriz campestre. As comunidades associadas, consideradas integrantes da zona II, correspondem a florestas e turfeiras. A floresta ocorre parcialmente sobreposta ao ambiente relictual do parque de butiás. A presença do butiá é visível em meio à floresta, mesmo nas imagens aéreas, o que colaborou na sua delimitação. As turfeiras ocorrem completamente inseridas no butiazal. Zona II – Áreas úmidas e Matas de Restinga Foi delimitada pela união de três classes mapeadas no diagnóstico: matas de restinga (arenosas e paludosas), áreas úmidas e lagoas. Aplicou-se um buffer de 250 metros no entorno dos polígonos, com o objetivo de formar uma faixa de amortecimento, dando espaço para a expansão sazonal dos sistemas úmidos. No caso das matas de restinga, a faixa de amortecimento se justifica para evitar interferências das atividades econômicas do entorno, especialmente da silvicultura. Zona III – Dunas marítimas, lacustres e areais Corresponde exatamente à classe com a mesma descrição, delimitada no diagnóstico (flora e fauna). Quando os areais ocorrem formando um mosaico com outros tipos de vegetação, mais frequentemente com áreas úmidas, atribui-se maior peso ao areal, englobando o mosaico na zona III. 42 Zona IV – Floresta Estacional A zona IV foi delimitada com base na topografia da região, adotando a cota de 20 metros de altitude, em relação ao nível do mar, como ponto de corte. A área com elevação superior a 20 metros, exceto quando abrangido pela zona I (butiazal), foi inserida na zona IV. A cota de 20 metros separa naturalmente os terrenos da Planície Costeira e das coxilhas graníticas, sendo bastante visíveis as diferenças na cobertura vegetal. Acima desta cota altimétrica, passa a predominar cobertura do tipo florestal (Floresta Estacional Semidecidual), em composição e estrutura diferentes das matas de restinga, que ocorrem na Planície Costeira. Eventualmente ocorrem elevações superiores a 20 metros na Planície Costeira, associadas à paleodunas, dispostas em faixas longas e estreitas nas bordas das lagoas isoladas ou da Laguna dos Patos. Estas paleodunas são cobertas por matas arenosas e foram considerados como pertencentes à zona II (áreas úmidas e matas de restinga). Zona V – Campos arenosos A delimitação da Zona 5 se deu por exclusão das demais zonas. Inclui as áreas que eram originalmente cobertas por campos litorâneos (na Planície Costeira), campos das planícies aluviais e campos das coxilhas graníticas (nos municípios de Barra do Ribeiro e Tapes). A característica principal da zona V é o alto grau de alteração da cobertura vegetal, e conseqüentemente da fauna associada, por atividades antrópicas, especialmente a orizicultura. 6. DESCRIÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DAS ZONAS DEFINIDAS PARA O MEIO BIÓTICO A partir da aplicação das metodologias descritas no item anterior, delimitamos as cinco zonas do meio biótico para os limites do Litoral Médio do RS. Na tabela 6 apresentamos a denominação indicada, descrevemos o tipo de habitat compreendido, bom como a área total englobada por cada uma das cinco zonas. 43 Tabela 6. Zonas definidas a partir do Zoneamento Temático do Meio Biótico para a Área 4 do Projeto RS Biodiversidade, Litoral Médio do Rio Grande do Sul. ZONA DENOMINAÇÃO HABITAT ÁREA TOTAL hectares % 6,605 0.81 I Butiazal e comunidades associadas Formação vegetal do tipo parque, em que o butiazeiro (Butia odorata) é a espécie dominante, e comunidades vegetais que ocorrem associadas, tais como turfeiras e formações florestais II Áreas úmidas e Matas de Restinga Lagoas, banhados, áreas inundáveis, estuários, marismas, cursos d'água, e formações florestais que ocorrem associadas (matas de restinga arenícola e paludosa, e matas de galeria) 231,150 28.35 III Dunas marítimas, lacustres e areais Dunas primárias, secundárias e areais, em áreas de influência marítima e lacustre 95,184 11.68 IV Floresta Estacional Floresta estacional semidecidual e comunidades campestres e savanóides, naturais ou antrópicas, das coxilhas graníticas; na área mapeada situadas acima de 20 metros de altitude e localizadas nos municípios de Viamão, Barra do Ribeiro e Tapes 151,220 18.55 V Campos arenosos Campos nativos e alterados, e áreas utilizadas para atividades agrícolas, eventualmente colocadas em pousio; na área mapeada inclui áreas ocupadas por silvicultura 331,116 40.61 44 A seguir descrevemos cada um das zonas definidas para o meio biótico e, indicamos com base nas tendências de ocupação observadas na região, algumas das fragilidades ambientais, potencialidades e restrições quanto ao uso dos seus recursos naturais. A partir de tais definições, buscamos direcionar o uso dos recursos naturais de maneira sustentável e assim evitar o empobrecimento ou a perda da biodiversidade local. 6.1. ZONA 1 – Butiazal e comunidades associadas (Figura 13) Caracterização Os Butiazais apresentam formação vegetal do tipo savanóide, em que o butiazeiro (Butia odorata) é a espécie dominante ou mesmo exclusiva no componente arbóreo. A fisionomia típica é de parque, em que os butiazeiros estão dispersos sobre a vegetação graminácea. Oliveira et al. (2006) estimaram em 77 ind./ha a densidade média de butiazeiros no palmar de Tapes, mas há trechos em que a palmeira ocorre com abundância maior. O estrato herbáceo é dominado por gramíneas, compostas, leguminosas e várias outras espécies de famílias diversas. Onde a ação do gado é menos intensa, estabelece-se uma comunidade florestal. Suspeita-se que a floresta estacional semidecidual existente na região tenda a suplantar o butiazal, na medida em que preenche o espaço aberto, elimina o caráter de parque, e impede a regeneração da palmeira. Com relação a fauna, apesar da Zona 1 não apresentar espécies exclusivas, compartilha com as Zonas 2, 4 e 5 um grande número de espécies ameaçadas e com restrições ambientais, e desta forma é uma área complementar importante para a conservação destas espécies no Litoral Médio (ver mais detalhes sobre as espécies da fauna nos textos de caracterização das Zonas 2, 4 e 5). Entre essas espécies, duas aves, merecem destaque o corocoxó (Carpornis cucullata) que é uma espécie de pássaro frugívoro que habita somente matas bem conservadas, e o tucanuçu (Ramphastos toco) que ocorre em bordas e estrato emergente de florestas, capões e matas ripárias, e parece estar próximo da extinção em toda a região (Bencke et al. 2003). 45 Figura 13. Distribuição do butiazal e das comunidades consideradas como integrantes da Zona 1 na área do Litoral Médio. 46 Fragilidade ambiental O butiazal de Barra do Ribeiro e Tapes ocupa uma área reduzida (ca. 2.700 ha), correspondente a 0,25% da região litoral médio. Nestes números estão incluídas as florestas que se sobrepõem e limitam com o butiazal, cujas características são diferenciadas do restante das florestas do RS, já que se situam na transição da mata de restinga para a floresta estacional semidecidual do interior. O butiazal é uma formação relictual, cujas condições ideais ocorreram num período climático frio e seco. Atualmente, o clima quente e úmido favorece o avanço das formações florestais, que tendem a se sobrepor ao butiazal, limitando ou mesmo inviabilizando a regeneração da palmeira. O ecossistema está localizado, e de certa forma limitado, pela unidade de paisagem da Coxilha das Lombas. Uma lacuna na mancha de distribuição do butiazal ocorre nas proximidades de Tapes, insinua que o butiazal foi suprimido naquele trecho, para dar lugar à atividade de silvicultura. A mancha remanescente e disjunta, mais ao sul, segue a mesma tendência e visivelmente não apresenta mais a vitalidade do remanescente situado mais ao norte. Há descrições históricas sobre butiazais em Palmares do Sul, mas atualmente a localização desta formação naquele município pode ser apenas inferida, com base em poucos butiazeiros remanescentes. A formação já não apresenta as qualidades florísticas e paisagísticas que justificariam sua inclusão na mesma zona. Considerando a beleza, a raridade e o estrito espaço ocupado pelo butiazal de Barra do Ribeiro e Tapes, pode-se atribuir elevado grau de fragilidade à formação. A diversidade do butiazal pode ser considera relevante e de especial interesse à conservação, em especial por congregar espécies de fauna e flora dos biomas Mata Atlântica e Pampa. As espécies componentes do ambiente savânico são predominantemente do bioma Pampa, como é o caso do próprio butiazeiro. Estas espécies habitam o estrato herbáceo entre as palmeiras, associação que confere o aspecto de parque ao butiazal. Já as espécies atlânticas ocorrem na comunidade florestal que contorna e eventualmente se sobrepõe ao butiazal. Algumas delas, como as epífitas, habitam o estipe do 47 butiazeiro, como é o caso de algumas orquídeas (Cattleya intermedia e Catasetum atratum). Foram registradas espécies raras e ameaçadas nas comunidades vegetais que formam a Zona 1, assim como na fauna ocorrente. E embora nenhuma delas seja exclusiva da formação do butiazal, agregam valor para a conservação dos mesmos. Exemplo disto, é que 7% das espécies de aves registradas na região dos Butiazais de Tapes por Bencke et al. (2007) são endêmicas da Mata Atlântica. Potencialidades e restrições de uso da terra Destaca-se o potencial uso econômico do butiá e da fibra das folhas. A Embrapa vem pesquisando as variedades de Butia odorata, evidenciadas por diferenças de tamanho, coloração e sabor dos frutos, bem como em alternativas de processamento do fruto. Em alguns poucos trechos a maior parte do butiazal foi conservada, e vem sendo mantida, aparentemente, por consideração dos proprietários das terras em que ocorre a formação. O mesmo não vem ocorrendo no extremo sul da formação, onde a sobreposição da atividade de silvicultura, agricultura familiar e a expansão urbana de Tapes vêm reduzindo o espaço e a qualidade do butiazal. Devido a sua raridade, beleza cênica e reduzido espaço geográfico ocupado, o butiazal requer toda proteção possível para sua manutenção. Portanto, a implantação de uma unidade de conservação é plenamente justificável, pela raridade da formação vegetal. Isto se faz mais urgente na porção mais próxima de Tapes, onde se fará necessário implementar ações de remoção de espécies exóticas, que descaracterizam o butiazal. No restante da área, correspondente às fazendas em que o butiazal está preservado, recomenda-se avaliar o tipo de UC que melhor se aplicaria. Dado o zelo que tem sido mostrado até então, a instalação de RPPNs ou de uma APA poderia ser uma opção viável e interessante para o Estado e proprietários. Isto vem sendo considerado pela Fundação Zoobotânica do RS. Recomenda-se que toda atividade dentro do perímetro da zona seja licenciada pelo órgão ambiental estadual. É recomendável estabelecer 48 restrições com relação ao parcelamento de solo e prever averbação das restrições de uso nas escrituras e no registro de imóveis. Resumo das atividades possíveis: Pecuária, em lotação adequada e sob sistema de rotação, que permitam a regeneração natural do butiá; Exploração de produtos não-madeireiros, desde que não comprometendo a diversidade biológica (flora, fauna e processos ecológicos); Atividades de turismo, sendo recomendável localizar a instalação de infraestruturas fora do butiazal. 6.2. ZONA 2 – Áreas úmidas e Mata de Restinga (Figura 14) Caracterização A Zona 2 constitui a união de três ambientes distintos: as matas de restinga, os ambientes aquáticos de água-doce (lagoas, banhados, riachos e áreas inundáveis), e os ambientes aquáticos com influência marinha (estuários e marismas). Os ecossistemas de áreas úmidas, em um conceito mais amplo englobam grande parte dos ecossistemas naturais presentes na Zona 2 como estuários, rios, lagoas e lagunas de água-doce ou salobra, banhados e marismas (Burger & Ramos, 2007). As lagoas do Litoral Médio se situam predominantemente próximo da linha da costa, separadas do oceano por barreiras arenosas, formadas pelos processos de transgressão e regressão marinha. Algumas delas, nos meses mais chuvosos (julho/agosto), drenam diretamente para o oceano. Já a Lagoa do Peixe e algumas lagoas próximas, que na época chuvosa se comunicam por banhados, drenam para o mar através de uma barra, permitindo a entrada de água salgada para o interior (Schäfer et al., 2009). Nas margens rasas das lagoas desenvolvem-se comunidades vegetais, geralmente dominadas por Schoenoplectus californicus. A partir da margem, em sentido oposto à lagoa, o terreno pode variar de permanente a sazonalmente inundado, onde se desenvolvem comunidades vegetais aquáticas e anfíbias. Estas comunidades são frequentemente dominadas por uma ou poucas espécies, podendo se alternar e/ou justapor em espaços 49 relativamente pequenos. A ligação entre as comunidades anfíbias/aquáticas com as comunidades perilacunares e as lagoas forma um contínuo, sendo facilmente perceptível a interdependência dos elementos bióticos e abióticos. No litoral médio em especial, os banhados são de grande importância, já que estão associados as lagoas costeiras e apresentam uma grande variedade de comunidades vegetais e animais estritamente relacionadas a esses ambientes, nos quais aves aquáticas e os peixes são sem dúvida os grupos da fauna mais diversos. As aves aquáticas, e em especial as migratórias, utilizam as áreas úmidas presentes na Zona 2 como área de descanso ou como área propícia para o forrageamento e nidificação, representando assim ambientes de importância significativa para a conservação deste grupo. Destas áreas, Bencke et al. (2006) destacam três áreas importantes para a conservação das aves no Rio Grande do Sul. A primeira delas, o Banhado dos Pachecos, onde foi criada a UC Refúgio de Vida Silvestre Banhado dos Pachecos. Esta área apresenta grande importância como hábitat de aves que dependem de banhados densos e capinzais úmidos, e além disso abriga a única população atual conhecida para o Estado do RS do cervo-do-Pantanal (Blastocerus dichotomus), que ocupa ambientes como banhados, campos alagáveis e várzeas. A segunda área, o Parque Nacional da Lagoa do Peixe abriga uma laguna rasa e salina, de características únicas no contexto da costa brasileira, que sofre variações no nível de água ou na direção e intensidade dos ventos e expõem extensos bancos de lodo, utilizados por aves costeiras como áreas de alimentação. Além do ambiente lagunar, o parque inclui banhados de água doce, marismas (banhados salobres), campos úmidos, alagados temporários e matas de restinga, entre outros. A Lagoa do Peixe representa uma área de grande importância para aves migratórias em toda a costa leste da América do Sul. Várias espécies limícolas oriundas do sul do continente ou da região neártica congregam-se em números significativos nessa área, ali invernando ou realizando escala durante suas migrações até regiões mais austrais. A última área corresponde ao estuário da Laguna dos Patos, onde destacam-se as marismas e os pântanos salobres, caracterizados por vegetação halófila e 50 profundidade influenciada pelas oscilações da maré. Representa uma área importante tanto visitantes austrais (p. ex., Phoenicopterus chilensis, Charadrius modestus, Larus atlanticus) quanto setentrionais (p. ex., Pluvialis spp., Calidris spp., Tryngites subruficollis, Sterna hirundo), e muitas delas congregando-se em números expressivos. A gaivota-de-rabo-preto (Larus atlanticus) parece ter no estuário da laguna dos Patos sua única área de invernagem regular em território brasileiro, e em anos de estiagem, o cisne-dopescoço-preto (Cygnus melancoryphus) refugia-se em grande número nas enseadas do estuário. Com relação aos peixes, podemos dividi-los em dois grupos principais, as espécies ameaçadas, nas quais estão inseridos os peixes anuais, e as de interesse comercial (em especial aquelas com risco de sobreexplotação). Os peixes anuais, que abrigam o maior número de espécies ameaçadas, tem seu ciclo de vida intimamente relacionado à dinâmica temporal das áreas úmidas temporárias, que são encontradas geralmente em áreas baixas e planas, próximas a rios ou lagoas. Outra espécie importante e ameaçada que também ocupa ambientes temporários, é o sapinho-de-barriga-vermelha (Melanophryniscus dorsalis), uma espécie com distribuição limitada a região costeira do extremo sul do Brasil, e que se reproduz em banhados temporários, comumente encontrados nas áreas de baixada após dunas primárias (Colombo et al., 2008). Além dos peixes anuais, outra espécie de peixe ameaçada de extinção, que é encontrada apenas em pequenos riachos ou pequenas áreas alagadas, com densa vegetação de macrófitas aquáticas, é o tamboatá (Lepthoplosternum tordilho). Esta espécie é endêmica do Rio Grande do Sul e conhecida apenas para algumas poucas localidades nos municípios de Eldorado do Sul, Porto Alegre e Barra de Ribeiro (Reis et al., 2003; Becker et al., 2007b). O segundo grupo de espécies de peixes que merece atenção especial são as espécies de importância para a pesca, das quais três espécies de água doce bastante representativas na pesca da região, cascudo-viola (Loricariichthys anus), traíra (Hoplias aff. malabaricus) e jundiá (Rhamdia aff. quelen). 51 No Litoral Médio do Rio Grande do Sul ocorrem dois importantes sistemas estuários e marismas associados (o da Lagoa do Peixe e da Laguna dos Patos), que são regiões de extrema importância pois, além de servirem como escala para repouso e alimento de diversas espécies de aves aquáticas migratórias, suportam grandes estoques de peixes de interesse comercial como o bagre (Genidens barbus), a anchova (Pomatomus saltarix), a garoupa (Epinephelus marginatus), a tainha (Mugil platanus) e a corvina (Micropogonias furnieri), esta última representando um dos mais importantes recursos pesqueiros do sul do Brasil. Entre as espécies de aves ameaçadas e estritamente relacionadas as áreas de marismas e estuários destacamos a presença do sanã-cinza (Porzana spiloptera) e da gaivota-de-rabo-preto (Larus atlanticus). Por outro lado, as matas de restinga constituem o “elemento estranho” nesta zona, mas justifica-se a sua inclusão pela proximidade com que ocorrem no espaço da restinga. As matas de restinga se distribuem invariavelmente em faixas mais ou menos paralelas, contíguas aos sistemas de lagoas e áreas úmidas. Algumas vezes as áreas úmidas e as matas se sobrepõem, dando origem à versão paludosa da mata de restinga. As matas arenícolas (psamófilas) ocupam terrenos mais elevados e francamente arenosos, geralmente sobre paleodunas. A composição de ambas as versões da mata de restinga é semelhante, diferindo principalmente no estrato herbáceo. A riqueza de espécies da flora é baixa, quando comparado a qualquer outra formação florestal do interior do Estado, mas constituem verdadeiros refúgios da vida silvestre, em meio à matriz campestre do litoral médio. Com relação a fauna das Matas de Restinga do Litoral Médio, não existem espécies exclusivas desta formação, a maior parte das espécies ocorre associada a outras formações limítrofes, como áreas úmidas e/ou dunas. Entre estas espécies, algumas espécies de aves florestais ameaçadas também ocupam estes ambientes, como o guaracavuçu (Cnemotriccus fuscatus fuscatus), o tucanuçu (Ramphastos toco) e o corocoxó (Carpornis cucullata), além das da lagartixa-da-areia (Liolaemus arambarensis) e lagartixa-da-praia (Liolaemus occipitalis) que ocorrem em áreas de dunas associadas a Matas de Restinga. 52 Figura 14. Distribuição das lagoas, áreas úmidas e matas de restinga que compõem a Zona 2 no Litoral Médio. 53 Fragilidade ambiental As fragilidades da Zona 2 estão relacionadas, principalmente, às limitações de disponibilidade hídrica da região e à escassez de áreas cobertas por mata de restinga. As áreas úmidas são regiões naturalmente frágeis, e na região do Litoral Médio sofrem com o impacto da atividade econômica predominante na região, a orizicultura, que já reduziu consideravelmente o espaço das áreas úmidas. Além disto, a demanda de água para irrigação das plantações é significativa, e ocorre numa época de baixa pluviosidade. A tendência natural à eutrofização das lagoas costeiras pode sofrer um incremento em função da retirada da água e do retorno de nutrientes. O comprometimento da função ecológica das lagoas e dos banhados recebe um peso adicional porque a região é um corredor de aves migratórias, cuja importância tem reconhecimento internacional. Uma das principais atividades econômicas do Litoral Médio, a rizicultura, em especial do arroz irrigado, representam um impacto importante para as aves aquáticas e migratórias, pois provoca múltiplas alterações no ambiente, simplificando a paisagem e mudando a oferta de abrigo, de áreas para nidificação e de alimentação (Menegheti, 2009). Esta perda e fragmentação de habitat gera mudanças importantes, tanto na composição quanto na abundância das populações de aves. Para os ambientes de água doce da planície costeira, algumas atividades antrópicas são potencialmente mais impactantes a fauna, incluindo desde algumas das atividades mais tradicionais na região, como a orizicultura, pecuária e silvicultura, a ocupação humana desordenada, e mais recentemente, a implantação de centrais de geração de energia eólica (Malabarba et al., 2013). Entre os ambientes de água doce os mais sensíveis as alterações ambientais estão as áreas úmidas temporárias que além de abrigarem uma parcela importante de aves aquáticas, guardam o grupo de peixes mais ameaçados no Estado, que são os peixes-anuais. Das espécies ameaçadas de peixes no Rio Grande do Sul, quase metade pertencem a família Rivulidae (ou peixes anuais), que possui um alto percentual de espécies ameaçadas devido a uma combinação de fatores, entre 54 os quais, os principais parecem ser o ciclo de vida intimamente relacionado à dinâmica temporal das áreas úmidas temporárias, áreas de distribuição restrita, limitada capacidade de dispersão e a acentuada destruição das áreas úmidas (Reis et al., 2003; Costa, 2002a; Rosa & Lima, 2008; Lanés & Maltchik, 2010). Outro fator importante parece ser o tamanho corporal reduzido, já que as espécies de peixes que apresentam pequeno porte, como é o caso dos peixes anuais, são especialmente suscetíveis a extinção (Olden et al., 2007). Na região do Litoral Médio, a principal causa apontada para o grande número peixes anuais sob algum grau de ameaça, está relacionada principalmente da perda e fragmentação do seu habitat, como resultado da drenagem das áreas úmidas para a agricultura, em especial aos cultivos de arroz, e ao avanço desordenado das áreas urbanas (Reis et al., 2003; Volcan et al., 2010; Lanés & Maltchik, 2010). Tais ameaças também afetam diretamente o sapo-de-barriga-vermelha (Melanophryniscus dorsalis), uma espécie de anfíbio ameaçada de extinção em âmbito global, nacional e regional, e o cervo-do-Pantanal (Blastocerus dichotomus), espécie de mamífero classificada como criticamente em perigo de extinção em nosso Estado. Já para as espécies de peixe estuarinas e marinhas, a principal ameaça é a sobrepesca de espécies com importância comercial, onde os estoques de algumas espécies mais importantes como bagre, corvina, tainha já sofrem risco de sobreexplotação (Instrução Normativa 05/2004 do Ministério do Meio Ambiente; Rosa & Lima, 2008). Outras três espécies de água-doce, bastante representativas na pesca da região, cascudo-viola (Loricariichthys anus), traíra (Hoplias aff. malabaricus) e jundiá (Rhamdia aff. quelen) merecem atenção, já que a conservação destas espécies como recurso pesqueiro não depende somente do manejo e gestão da pesca, mas principalmente da conservação de tipos diferentes de habitat lênticos e lóticos (Milani, 2005; Becker et al., 2007b). Além disso, as espécies relacionadas as áreas de marismas e estuários sofrem com as ameaças oriundas da degradação e destruição desses ambientes causadas principalmente pelo avanço da ocupação humana. No que se refere à flora, as espécies que compõem as comunidades vegetais, sejam anfíbias/aquáticas ou arbóreas, são na maioria de ampla 55 distribuição geográfica e comuns em formações semelhantes em todo o Estado. As matas de restinga ocupam cerca de 1% do território do litoral médio, constituindo naturalmente uma formação rara na paisagem. Potencialidades e restrições de uso da terra Para a Zona 2 destacamos seu potencial turístico, seja para atividade de lazer recreativo (balneários, práticas esportivas), seja para atividades de turismo ecológico (observação de aves e outros grupos da fauna nativa), assim como para a pesca esportiva. As atividades de turismo ecológico devem ser incentivadas, dado o potencial da região na realização dessas atividades, em especial os grupos de observadores de aves, como o Clube de Observação de aves de Porto Alegre (COA-POA). Neste sentido, as unidades de conservação presentes na região (o Refúgio de Vida Silvestre Banhado dos Pachecos e o Parque Nacional da Lagoa do Peixe) também desempenham um importante papel, buscando incentivar a prática dessas atividades em áreas dentro e fora de suas áreas de proteção, já que tais atividades ajudam a divulgar a importância dessas UCs para a conservação das aves migratórias e residentes. A alta produtividade primária dos banhados (áreas úmidas) poderia ser explorada, embora os produtos potencialmente exploráveis (fibras provenientes de ciperáceas) tenham baixo apelo comercial. Neste sentido, a prática de pesca esportiva nos ambientes aquáticos de água doce e marinhos deve ser encarada como uma atividade a ser incentivada, mas sempre de maneira sustentável. Portanto, deve-se apoiar a utilização de espécies nativas de forma sustentável, em detrimento das espécies exóticas que devem ser proibidas e controladas para fins de pesca esportiva. Resumo das atividades possíveis: Exploração de produtos não-madeireiros, desde que não comprometendo a diversidade biológica (flora, fauna e processos ecológicos); Atividades de turismo recreativo, esportivo (exceto motorizados, como lanchas e jet-skis), contemplativo e científico. 56 Pesca esportiva (de maneira sustentável e evitando a introdução de espécies exóticas). Boa parte das áreas úmidas foi transformada em áreas agriculturáveis, de maneira que a expansão da orizicultura nestas áreas deve ser interrompida. Considerando que a orizicultura é uma das principais atividades econômicas da região, devem ser incentivadas as práticas de aumento da produtividade nas áreas cultivadas, e direcionar a expansão para zonas com menor importância ecológica, como as áreas de campo já impactadas por outros usos. As áreas de marismas, e suas espécies associadas por consequência, vem sofrendo com as reduções constantes nas suas áreas de extensão, em especial as localizadas no estuário da Laguna dos Patos, devido principalmente aos aterros de áreas rasas intermareais e submareais para fins do desenvolvimento portuário, residencial e industrial crescente na região. Em adição, as áreas de marismas deste estuário destinadas a criação de gado é bastante extensa, nas quais já são observadas diferença importantes na diversidade de plantas entre as áreas pastadas e não-pastadas (Machado et al., 2005). Um fator agravante, é que as áreas de marismas localizadas na PARNA Lagoa do Peixe, devido a falta da regularização fundiária, ainda sofrem constantemente com a pressão do uso humano através do trânsito de veículos, pisoteio e uso por gado, e outros animais domésticos. Neste sentido, reforçamos a necessidade de cumprimento da legislação ambiental, visando a preservação das APPs e Reservas Legais, e intensificar ações de fiscalização a fim de inibir a alteração e supressão, com especial atenção aos ambientes temporários que só tornam-se evidentes em algumas ocasiões. 6.3. ZONA 3 - Dunas marítimas, lacustres e areais (Figura 15) Caracterização Na área mapeada, as dunas e os areais cobrem cerca de 95 mil hectares, representando pouco mais de 10% do Litoral Médio. Ocorrem predominantemente ao longo da costa oceânica, numa faixa paralela à linha da praia, com largura média de dois quilômetros, mas podendo chegar a mais de 57 cinco em alguns trechos. No município de São José do Norte, uma faixa larga de dunas “descola” da margem oceânica, e avança para o interior. Este desvio forma um corredor de areais e baixadas úmidas, desde a ponta sul do banhado do Estreito até a cidade de São José do Norte. Dunas lacustres ocorrem também em faixas alongadas, paralelas à Laguna dos Patos, mas cobrem uma área muito menor do que as dunas marítimas. Neste sentido, considerando a pequena área coberta por elas, ganham importância enquanto ambiente a ser conservado. Os trechos mais extensos de dunas lacustres ocupam o Pontal de Tapes e toda orla da laguna até a Ponta da Formiga, em Barra do Ribeiro; e no Pontal das Desertas, no Parque Estadual de Itapuã. Quanto à flora, estes ambientes apresentam limitações ao estabelecimento de vegetação, ficando as comunidades restritas a poucas espécies, tolerantes às condições de mobilidade e baixa fertilidade do substrato, e da forte ação do vento. As dunas primárias, expostas ao borrifo da água salgada, formam a faixa que apresenta menor cobertura vegetal. O capim Paspalum vaginatum é uma das mais importantes espécies deste ambiente, capaz de promover a fixação das dunas primárias e secundárias. Nas baixadas úmidas, a espécie mais abundante passa a ser o junco-da-praia (Androtrichum trigynum), junto com qual medram outras espécies rasteiras, menos abundantes (Pfadenhauer, 1978). As áreas de dunas litorâneas e lacustres abrigam alguns dos representantes da nossa fauna mais característicos da Planície Costeira do Rio Grande do Sul. São espécies exclusivas ou fortemente associadas a tais formações, entre os quais: o sapinho-de-barriga-vermelha (Melanophryniscus dorsalis), a lagartixa-da-praia (Liolaemus occipitalis), a lagartixa-da-areia (Liolaemus arambarensis), o tuco-tuco-branco (Ctenomys flamarioni) e o tucotuco (Ctenomys minutus). A lagartixa-da-praia (Liolaemus occipitalis) é um pequeno lagarto que ocorre nos ambientes de dunas costeiras do extremo sul do Brasil e vive associado às moitas de vegetação herbácea presentes nas dunas de areia móvel, sendo que tal vegetação é essencial para a alimentação, o refúgio de predadores e a termorregulação desta espécie (Verrastro & Bujes, 1998; Bujes 58 & Verrastro, 2008). O Litoral Médio do RS representa uma região extremamente importante para a conservação de L. occipitalis, visto que ainda abriga grandes populações da espécie, ao contrário do observado no litoral norte do RS, onde grande parte das populações desta espécies foram reduzidas e algumas foram até mesmo extintas (Silva, 2013). Já a lagartixa-daareia (Liolaemus arambarensis) é uma espécie endêmica do Rio Grande do Sul, e com distribuição geográfica muito restrita, ocorrendo de Itapuã no município de Viamão até São Lourenço do Sul (Verrastro et al., 2003). Ocorre em substrato arenoso, associada à vegetação herbácea e arbustivo/arbórea, típicas das regiões de restinga sobre depósitos arenosos holocênicos a noroeste da Laguna dos Patos (Verrastro, 2001). O tuco-tuco-branco (Ctenomys flamarioni), por sua vez, é endêmico da primeira linha de dunas do litoral do RS, sendo o Litoral Médio a área central de sua distribuição é que está limitada ao norte pelo município de Arroio Teixeira e ao sul pelo arroio Chuí (Freitas, 1995; Fernández-Stolz et al., 2007). A outra espécie de tuco-tuco (Ctenomys minutus) , assim como, C. flamarioni, também habita as dunas primárias, mas especialmente os campos arenosos da Planície Costeira do sul do Brasil, sendo os campos costeiros do Litoral Médio do RS uma área central e o limite austral de sua distribuição (Freitas, 1995; Freygang et al., 2004). Além das espécies de lagarto e roedores subterrâneos intimamente conectados as áreas de dunas, outras espécies dependem dos ambientes relacionados as formações de dunas, como é o caso do sapinho-de-barrigavermelha (Melanophryniscus dorsalis) e o gavião-cinza (Circus cinereus) que ocupam os banhados temporários presentes nas áreas de baixada após dunas primárias. Além destas espécies, destacamos também as aves migratórias e residentes que utilizam as praias como áreas de descanso, nidificação ou alimentação, como as residentes gaivota-de-rabo-preto (Larus atlanticus) e trinta-réis-real (Thalasseus maximus). 59 Figura 15. Distribuição das dunas marítimas e lacustres, e dos areais que compõem a Zona 3 no Litoral Médio. 60 Fragilidade ambiental A conversão de ambientes naturais para a silvicultura atinge principalmente as áreas consideradas improdutivas para a agricultura, como é o caso das áreas de dunas. Por serem áreas pouco produtivas para agricultura e pecuária são frequentemente convertidas em extensas monoculturas florestais. No entanto, este ecossistema aparentemente pobre, abriga um grande número de espécies importantes, como os roedores subterrâneos do gênero Ctenomys, os lagartos do gênero Liolaemus, além de algumas espécies de sapos, peixes e aves que ocupam os numerosos banhados associados as áreas de dunas. Historicamente as áreas de dunas são tratadas como ambientes "sem vida", ou como ambientes pobres em biodiversidade, e talvez por isso apenas recentemente passaram a receber a atenção e esforços buscando a proteção e conservação de sua rica fauna e flora exclusiva de tais ambientes. Reflexo disso é que os ecossistemas de dunas litorâneas e lacustres tem sido fortemente descaracterizados, tornando os habitats nativos cada vez mais fragmentados ou destruídos (Fernández-Stolz, 2007; Fernandes et al., 2007). Entre os grandes impactos sobre estas formações destacam-se o aumento indiscriminado dos loteamentos em balneários, a expansão da silvicultura em áreas de duna, a retirada de areia e a contaminação do solo e de corpos d'água (Melamed & Verrastro, 1997; Verrastro et al., 2003; Silva, 2013). Como já observado no Litoral Norte do RS, o avanço de condomínios sobre as áreas de dunas, faz com que o contínuo de dunas se torne fragmentado e, consequentemente, cause o isolamento das populações de tuco-tuco (C. flamarioni e C. minutus), por exemplo (Fernández, 2002). A presença da lagartixa-da-praia (Liolaemus occipitalis), por sua vez, está associada principalmente a comunidades vegetais que ocorrem em ambientes não antropizados, sendo que a presença da espécie em áreas semi-urbanizadas e urbanizadas é muito baixa, e quando ocorre, está associada a plantas que caracterizam o ambiente natural, como o capim-das-dunas (Panicum racemosum) e a erva-capitão (Hydrocotyle bonariensis) (Melamed & Verrastro, 1997). 61 Potencialidades e restrições de uso da terra Devido a baixa disposição dos ambientes de dunas da Zona 3 para a agricultura e pecuária, destacamos para a região seu grande potencial turístico, buscando incentivar principalmente as atividades de turismo ecológico, com programas voltados a divulgação da fauna associada a essas formações, além dos grupos de observação de aves já bem difundidos. Por outro lado, as atividade de lazer recreativo (trilhas, práticas esportivas, como "sandboard") devem ser incentivadas de maneira sustentável. Neste sentido, a fiscalização deve ser intensificada durante o período de veraneio, quando essas atividades são mais comuns, e buscando também coibir a entrada e circulação de veículos motores na áreas de dunas e nas áreas de praia. Atualmente, uma preocupação crescente decorre da expansão no número de usinas eólicas em todo o Litoral gaúcho, e em especial no Litoral Médio, onde existem diversos projetos de implantação e alguns já implementados. A região possui um alto potencial para a geração de energia eólica, no entanto a expansão desses empreendimentos deve ocorrer de maneira sustentável. Neste sentido, fica evidente a importância da conclusão e aplicação imediata do Zoneamento Ambiental para Implantação de Parques Eólicos, que tem como objetivo definir as áreas passíveis de licenciamento, ou com ou sem restrições para implantação de tais empreendimentos. Resumo das atividades possíveis: Atividades de turismo recreativo, esportivo, contemplativo e científico sustentáveis. Implantação de Parque Eólicos, respeitando as restrições impostas pelo Zoneamento Ambiental para Implantação de Parques Eólicos do RS. A Zona 3 abrange áreas que sofrem com alteração e destruição dos seus ambientes, devido principalmente, a ocupação humana desregrada frequentemente observada ao longo de todo o litoral riograndense. Essas ocupações são muitas vezes irregulares, e atingem APPs que são protegidas por lei, desta forma as ações de fiscalização são fundamentais para controlar essas práticas. 62 Outra medida importante, seria a restrição ou proibição da implementação de novas áreas para a Silvicultura, além da fiscalização das áreas licenciadas a fim de exigir que medidas de controle sobre a expansão dessas culturas em áreas naturais sejam tomadas. Além disso, neste momento, a retomada de projetos de implantação de áreas de mineração no litoral do RS, causam grande apreensão. Áreas destinadas a mineração, além de apresentarem alto potencial poluidor, causam intensa alteração e fragmentação nas características originais do ambiente, tornando-os inapropriados para a permanência de espécies mais exigentes, as quais em sua maioria já encontram-se em algum grau de ameaça de extinção. Desta forma, tendo como exemplo as experiências vivenciadas com outros empreendimentos, como a silvicultura e atualmente os parques eólicos, destacamos a importância de elaboração de um Zoneamento Ambiental também para a Implantação de Áreas de Mineração em nosso Estado. Já como medidas sugeridas para a conservação das espécies de fauna e flora, a principal seria a conservação das dunas costeiras e lacustres, no entanto a criação e manutenção de unidades de conservação, a fim de evitar que as áreas urbanas se interliguem e ocupem a costa de maneira contínua, também é uma medida importante (Verrastro, 2001; Martins & Molina, 2008). Portanto, encorajamos a criação de uma UC (estadual, federal ou outras particulares como a RPPN Barba Negra) afim de proteger algumas áreas de dunas lacustres, e em especial nas áreas de ocorrência da lagartixa-da-areia (Liolaemus arambarensis). Adicionalmente, como estratégias para garantir a conservação dessas espécies de dunas, são sugeridas algumas medidas como a construção de passarelas que facilitem o trânsito das pessoas sem alterar as dunas, a fiscalização afim de controlar a retirada de areia, estudos de impacto ambiental com as populações para que a exploração imobiliária poupe as áreas de dunas que se sobrepõem à distribuição geográfica dessas espécies, além do desenvolvimento de trabalhos de educação ambiental e monitoramento de populações através de trabalhos de estimativa populacional em regiões mais impactadas (Chiarello et al., 2008). 63 Uma região de dunas e campos arenosos que merece atenção especial, está localizada na beira da Laguna dos Patos em São José do Norte. Um estudo realizado recentemente localizou a primeira população de C. flamarioni que habita campos arenosos, neste local, representando assim a única área de simpatria conhecida para esta espécie e C. minutus nos limites do Litoral Médio do RS, e devido a essa característica particular é uma área de extrema importância para a conservação destas espécies (Kubiak, 2013). 6.4. ZONA 4- Floresta Estacional (Figura 16) Caracterização A Zona 4 abrange a região onde as condições ecológicas são propícias ao desenvolvimento de cobertura florestal. Na região, o tipo de floresta que se estabelece naturalmente é a Floresta Estacional Semidecidual, caracterizada pela decidualidade em cerca de ¼ dos espécimes que compõem o estrato emergente. A área delimitada pela zona 4 distribui-se em dois setores: 1) ao norte do Lago Guaíba e noroeste da Lagoa do Casamento, sobre a Coxilha das Lombas, coincidindo com o município de Viamão; e 2) na faixa mais a oeste da área de mapeamento, sobre coxilhas graníticas do Escudo Riograndense e em parte da Coxilha das Lombas, coincidindo com os municípios de Barra do Ribeiro e Tapes. Esta separação física dos setores não interfere grandemente na composição da floresta. O tipo de uso da terra, no entanto, é bastante diferente nos dois setores, o que acaba por se refletir na qualidade dos remanescentes florestais em cada lado do Guaíba. No setor de Viamão, a cobertura florestal faz parte da Área de Tensão Ecológica (Teixeira et al., 1986; IBGE, 1992), em contato com formações arbustivas e campestres (savana-estepe gramíneo-lenhosa). No setor de Barra do Ribeiro/Tapes, as comunidades florestais compõem a própria região da Floresta Estacional Semidecidual, embora ocorram amplas áreas cobertas por campo nativo. A floresta típica da zona 4 é uma versão diferenciada da Floresta Estacional Semidecidual, comparativamente às florestas do mesmo tipo no interior do Estado. Na região em foco, existe maior participação de espécies da 64 Floresta Ombrófila Densa, e falta completamente a espécie emblemática das floresta estacionais no RS, a grápia (Leite, 2002). Em ambos os setores a fragmentação da floresta é intensa, cedendo espaço para comunidades herbáceas diversas, muitas vezes dominadas por espécies exóticas, e outros tipos de uso da terra. A despeito do nome atribuído para a zona, seguramente a área coberta por floresta é menor do que a área coberta por usos diversos, onde lavouras, pomares, pastagens, silvicultura e ocupação humana formam um intrincado mosaico. A tendência espontânea em restabelecer comunidades florestais, quando uma determinada atividade agrícola é abandonada, e da floresta expandir seus limites sobre as áreas abertas, caracteriza uma unidade ecológica, cuja vocação natural é a floresta. Com relação a fauna, a formação florestal característica da Zona 4 abriga um número importante de representantes da fauna de mamíferos e de aves, principalmente, mas também de alguns anfíbios de interesse especial. Entre as espécies de aves ameaçadas de extinção que ocorrem na região, estão o gavião-pombo-branco (Pseudastur polionotus), o pato-do-mato (Cairina moschata), o corocoxó (Carpornis cucullata), o gaturamo-verdadeiro (Euphonia violacea), o pica-pau-dourado (Piculus aurulentus) e o tucanuçu (Ramphastos toco). Além destas, duas espécies de anfíbios também possuem suas distribuições relacionadas à formações florestais como o sapo-de-barrigavermelha-marmoreado (Melanophryniscus pachyrhynus) e a rã-das-matas (Ischnocnema (Melanophryniscus henselii). O pachyrhynus) sapo-de-barriga-vermelha-marmoreado é uma espécie que possui grande especificidade ambiental, tendo sua distribuição associada a terrenos íngremes com formações rochosas graníticas e vegetação composta por um mosaico de áreas abertas e florestais, que são características da Serra do Sudeste (VazSilva et al., 2008; Zank, 2012). A rã-das-matas (Ischnocnema henselii), por sua vez, possui sua ocorrência restrita ao interior de florestas maduras ou secundárias avançadas, pois é uma espécie terrícola e sua desova ocorre no chão da floresta, debaixo de folhas ou troncos caídos (Kwet & Solé, 2005; Kwet et al., 2010). 65 Figura 16. Área de ocorrência natural da floresta estacional, atualmente coberta por remanescentes fragmentados, muito diferenciados quanto ao estado de conservação. 66 Entre os mamíferos ocorrem muitas espécies ameaçadas de extinção estritamente relacionadas a áreas florestais como, o bugio-ruivo (Alouatta guariba clamitans), a cutia (Dasyprocta azarae), a paca (Cuniculus paca), a irara (Eira Barbara) e o gato-maracajá (Leopardus wiedii), e algumas menos restritivas quanto ao habitat ocorrendo em áreas florestais, campos e/ou savanas como o tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla), o gato-mourisco (Puma yagouaroundi), a onça-parda (Puma concolor), o gato-do-mato-pequeno (Leopardus tigrinus),a jaguatirica (Leopardus pardalis), o gato-do-mato-grande (Leopardus geoffroyi), o gato-palheiro (Leopardus braccatus) e o veadocatingueiro (Mazama gouazoubira). Fragilidade ambiental No setor de Viamão, dada sua inserção na região metropolitana de Porto Alegre, existe forte pressão imobiliária, desde empreendimentos voltados para o público de alto poder aquisitivo, até assentamentos populares. De acréscimo, a proximidade com o mercado consumidor impulsiona a atividade agrícola, focada na produção de hortifrutigrangeiros. A ocupação do espaço para sítios de lazer também é bastante difundida, o que pode tanto promover a restauração natural dos fragmentos florestais, por abandono de lavouras, como também servir de focos de dispersão de espécies exóticas, frequentemente introduzidas pelos proprietários. Desta forma, a vocação agrícola, somada à pressão imobiliária, resultou numa intensa fragmentação e descaracterização da floresta, com grande participação de espécies exóticas, neste setor da zona 4. Já no setor de Barra do Ribeiro/Tapes, os remanescentes florestais estão um tanto melhor conservados, uma vez que a produção na região está focada na pecuária1 e a ocupação humana é mais rarefeita. Neste setor da zona 4 os remanescentes florestais apresentam composição e estrutura bem conservadas, sentindo-se algum impacto pelo gado nos estratos herbáceo e arbustivo da floresta. A presença de espécies exóticas neste setor ocorre nos plantios comerciais de acácia-negra e eucalipto, que raramente se infiltram na 1 Nos municípios de Barra do Ribeiro e Tapes a orizicultura é talvez a atividade produtiva mais importante, mas é praticada nas baixadas mais úmidas, terrenos estes que não estão incluídos na zona 4. 67 floresta, mas acabam tomando o espaço das comunidades campestres e savânica. A presença de butiazeiro (Butia odorata) na zona 4 pode ser interpretada como um testemunho das formações savânicas, que ocorreriam originalmente na região. É interessante observar como esta palmeira se regenera bem nos corredores laterais às estradas. Isto revela sua aptidão para regenerar em ambientes abertos e livres da ação do gado. Já com relação a fauna, as ameaças decorrem das fragilidades ambientais ocasionadas principalmente pelo avanço desordenado das áreas urbanas, que tornam os ambientes utilizados pela fauna bastante alterados e fragmentados na região. Apesar da redução desses ambientes florestais ser ocasionado principalmente pelo crescimento das áreas urbanas, outras alterações ambientais importantes na região decorrem da expansão das atividades agrícolas e da silvicultura (Fontana et al. 2003). Um grupo de espécies bem representativa nesta Zona, são os carnívoros, que são considerados espécies-chave para a conservação da biodiversidade em geral, visto que por necessitarem de grandes áreas para manter suas populações viáveis, esforços para conservar áreas suficientes à conservação de carnívoros acabam por preservar também as outras espécies da comunidade (Indrusiak & Eizirik, 2003; Chiarello et al., 2008). A destruição, fragmentação e alteração de habitats representam a principal causa de ameaça para todas as espécies deste grupo, sendo que a segunda principal causa de ameaça para as espécies de carnívoros são a mortalidade pela caça, atropelamento e doenças (Indrusiak & Eizirik, 2003; Chiarello et al., 2008), fatores que se agravam devido a proximidade com os centros urbanos. Potencialidades e restrições de uso da terra As potencialidades e restrições de uso para a zona 4 devem considerar as características de ocupação já instaladas na região, no período histórico, sob pena de se estabelecerem metas e expectativas de disciplinamento inalcançáveis, ainda que fosse desejável promover uma ampla recuperação da cobertura vegetal natural. 68 Destaca-se a importância de manter e recuperar os remanescentes florestais nativos, ou predominantemente nativos, compatibilizada com a atividade agrícola. Neste sentido, o atendimento do quê preconiza a legislação ambiental, quanto às áreas de preservação permanente e reserva legal, representaria um enorme avanço. A adequação das propriedades produtivas ao código florestal deveria ser conduzida em programas de extensão rural, congregando minimamente instituições como a EMATER e o(s) Comitê(s) de Bacia Hidrográfica. Seria ainda recomendável inserir as instituições de ensino e pesquisa (universidades da região)2. O controle e substituição das espécies exóticas, especialmente das invasoras, representam desafio adicional no manejo das propriedades rurais, tanto das produtivas como dos sítios de lazer/moradia. As reservas legais deveriam, dentro do possível, ser organizadas não de forma independente para cada propriedade rural, mas combinadas em vizinhança, procurando restabelecer pequenos corredores e/ou aumentando o tamanho dos fragmentos florestais. Resumo das atividades possíveis: Prática da agricultura/pecuária em propriedades rurais, adequadas ao que preconiza o código florestal quanto às áreas de preservação permanente; Práticas silviculturais, controladas, eliminando propágulos “fugidos” do cultivo e respeitando recuos em relação aos remanescentes florestais nativos e outras comunidades vegetais (afloramentos rochosos, por exemplo); Práticas agroflorestais, desde que não em APP e sem introdução de espécies exóticas invasoras; Exploração de produtos não-madeireiros, desde que não comprometendo a diversidade biológica (flora, fauna e processos ecológicos); Atividades de lazer, turismo rural e ecoturismo. 2 A Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS tem experiência acumulada nesta prática, no curso de Agronomia, aplicado em diferentes regiões do Estado. 69 6.5. ZONA 5- Campos arenosos (Figura 17) Caracterização A Zona 5 corresponde à área de distribuição original dos campos nativos e comunidades savânicas, atualmente alterados em alto grau pela prática agrícola, incluindo lavouras, pecuária e silvicultura. Os campos nativos na área de mapeamento são do tipo campo arenoso, em cuja composição entram predominantemente gramíneas (Poaceae), nos trechos mais secos, e ciperáceas (Cyperaceae), nas baixadas mais úmidas. Outras famílias botânicas importantes são Asteraceae, Fabaceae e Apiaceae. A zona 5 se caracteriza atualmente por áreas ocupadas pela agricultura (especialmente a cultura do arroz), pecuária e silvicultura. Segundo Garcia & Boldrini (2007), praticamente não existem mais trechos de campos não alterados na Planície Costeira do Rio Grande do Sul. Nas excursões a campo realizadas na região isto se confirma. Áreas cobertas com campo predominantemente nativo são pequenas, e geralmente mostram sinais de já terem sido cultivadas ou sobrepastejadas. Com relação a fauna associada a essas formações, destacamos uma espécie de roedor subterrâneo endêmica do Rio Grande do Sul o tuco-tuco (Ctenomys lami). Esta espécie habita exclusivamente a região arenosa chamada Coxilha das Lombas (municípios de Viamão e Santo Antônio da Patrulha), que representa uma linha estreita de dunas antigas que se estende desde o norte do Lago Guaíba até as restingas a noroeste da Lagoa dos Barros (Freitas, 2001; Freitas, 2007; Fernandes et al., 2007). Além desta, outras espécies de mamíferos menos restritivas quanto ao habitat, visto que habitam áreas florestais, campos e/ou savanas, também ocorrem na Zona 4: o tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla), o gato-mourisco (Puma yagouaroundi), a onça-parda (Puma concolor), o gato-do-mato-pequeno (Leopardus tigrinus),a jaguatirica (Leopardus pardalis), o gato-do-mato-grande (Leopardus geoffroyi), o gato-palheiro (Leopardus braccatus) e o veadocatingueiro (Mazama gouazoubira). Algumas espécies de aves intimamente relacionadas a áreas campestres como a ema (Rhea americana) e a tesoura-do-campo (Alectrurus risora) que habitam áreas campestres e caminheiro-grande (Anthus nattereri) 70 que ocorre em campos nativos (não ralos) ou campos com afloramentos rochosos são representantes notáveis dessas formações. .Além disso, duas espécies de répteis provavelmente novas a lagartixa-listrada (Contomastix aff. lacertoides) e a serpente mussurana (Phimophis aff. guerini) foram destacadas por se tratarem de táxons novos (Márcio Borges-Martins com. pess.), e portanto ainda serem insuficientemente conhecidos, e que parecem estar associados as formações campestres e arenosas presentes na Zona 5. Fragilidade ambiental Os ambientes abertos no Rio Grande do Sul, tais como o campo e as comunidades arbustivas, congregam cerca de 2.200 espécies vegetais, o que pode ser considerado uma elevada diversidade em termos globais (Boldrini, 2009). Historicamente, a valoração das espécies herbáceas tem sido preterida em relação a espécies arbóreas e, considerando que algumas delas ocorrem naturalmente com baixa densidade, o comprometimento destas espécies em habitats campestres alterados pode ter atingido níveis preocupantes. Na região do litoral médio, as áreas cobertas por campo, nas diferentes situações em que ocorria originalmente, foram profundamente alteradas. No entanto, mesmo sob intenso uso agrícola, algumas avaliações da diversidade têm mostrado que o campo litorâneo apresenta boa capacidade de resiliência (Garcia & Boldrini, 2007). A alternância de espaços em cultivo e em pousio, mesmo quando o pousio é consorciado com a pecuária, cria um mosaico em que alguns trechos mantêm cobertura vegetal predominantemente nativa, enquanto outros estão em uso, e isto pode ter evitado uma perda excessiva da diversidade vegetal na região. Por outro lado, a atividade de silvicultura com Pinus tem demonstrado, em observações empíricas realizadas a campo, uma tendência contrária. Nos trechos onde o plantio de Pinus é interrompido, após o corte, deflagra-se um processo de regeneração natural que estabelece vegetação arbustiva, dominada por Asteráceas, e não mais o campo litorâneo. Além da agropecuária e da silvicultura, a urbanização de balneários, especialmente na orla marítima, e a expansão urbana das sedes dos 71 municípios abrangidos pela área de estudo, podem ser apontadas como atividades antrópicas relevantes. Neste caso, o impacto fica restrito a espaços menores, mas a alteração do ambiente é irreversível. No caso do tuco-tuco (Ctenomys lami), a progressiva ocupação humana da região da Coxilha das Lombas pela urbanização, pecuária e agricultura, principalmente do cultivo arroz e soja, reduzem a distribuição geográfica já limitada da espécie (Fernandes et al. 2007). Tais impactos em conjunto com características demográficas e genéticas de C. lami, podem colocar em risco o processo de diferenciação e evolução em que essa espécie está envolvida, requerendo, desta forma, atenção conservacionista especial (Lopes & Freitas, 2012). Mais recentemente na história da ocupação do litoral médio, os parques de geração de energia eólica têm se destacado como uma atividade de grande porte. Do ponto de vista da cobertura vegetal, os parques eólicos têm um impacto pequeno, exceto pela modificação da paisagem. Pode-se dizer que a fragilidade ambiental da zona 5 é dependente do tipo de atividade praticada sobre o habitat campestre, bem como pela extensão que a atividade ocupa, sendo que as práticas agrícola e pecuária parecem ter efeito menos danoso do que a silvicultura. Potencialidades e restrições de uso da terra As potencialidades e restrições de uso para a zona 5 devem considerar as características de ocupação já instaladas, ao longo do período histórico, e que constituem a base da economia regional. Igualmente ao que foi mencionado para a zona 4, o atendimento do quê preconiza a legislação ambiental, quanto às áreas de preservação permanente e reserva legal, representaria um enorme avanço para a recuperação ambiental na zona 5. As reservas legais deveriam, dentro do possível, ser organizadas não de forma independente para cada propriedade rural, mas combinadas em vizinhança, procurando restabelecer pequenos corredores ou áreas maiores, que possibilitassem habitat para a flora e fauna nativas e/ou para as espécies migratórias (no caso das aves). 72 Figura 17. Área ocupada por campos arenosos na região do Litoral Médio, atualmente alterados por atividades antrópicas, principalmente por agricultura e silvicultura. 73 Resumo das atividades possíveis: Prática da agricultura em propriedades rurais, adequadas ao que preconiza o código florestal quanto às áreas de preservação permanente; Incentivar a pecuária extensiva buscando a adequada manutenção dos campos nativos em detrimento da utilização de espécies exóticas para pastagem; Práticas silviculturais, controladas, eliminando propágulos “fugidos” do cultivo e respeitando recuos em relação aos remanescentes florestais nativos; Empreendimentos de geração de energia eólica, observadas as áreas de passagem, refúgio e forrageio de aves migratórias, e/ou habitats de espécies ameaçadas; Urbanização de balneários, ao longo das costas marítima e lacustres, bem como a expansão urbana das sedes municipais e distritos, desde que planejadas e atendendo aos preceitos ambientais, minimamente os cuidados com saneamento básico; Expansão e instalação de infra-estruturas, como estradas, portos, aeroportos, terminais de carga, silos, e outras, e buscando sempre indicar medidas compensatórias e não apenas mitigatórias como compensação ambiental. 7. RESUMO DAS RESTRIÇÕES E POTENCIALIDADES POR ZONA DEFINIDA A tabela 7 apresenta um quadro comparativo com um resumo das funções, restrições e potencialidades quanto ao uso dos recursos naturais definidos para cada uma das cinco zonas do meio biótico. Para uma descrição mais detalhada de cada um dos itens, indicamos a leitura do item 6. 74 Tabela 7. Resumo das funções, restrições e potencialidades definidas por zona do Meio Biótico para os limites da Área 4 do Projeto RS Biodiversidade, Litoral Médio do Rio Grande do Sul. ZONA I Butiazal e comunidades associadas FUNÇÕES RESTRIÇÕES Conservação do butiazal de Tapes/Barra do Ribeiro e das Silvicultura comunidades associadas (formações florestais e turfeiras); os butiazais ou palmares são formações do tipo parque, e têm ocorrência relictual no Rio Grande do Sul; a unidade existente na área mapeada é a mais extensa e melhor conservada no Estado; embora não exclusivas do butiazal, ocorrem espécies da flora e fauna ameaçadas e raras. POTENCIALIDADES Exploração sustentável do butiá, pecuária extensiva, turismo, criação de UC II Áreas Conservação de ambientes sensíveis e que congregam a Orizicultura, pesca comercial, Pesca esportiva, turismo, exploração de úmidas e maior diversidade biológica na área mapeada; as áreas urbanização recursos naturais sob forma sustentável, Matas de úmidas e as lagoas, que correspondem à maior parte da criação de UC´s Restinga zona II, figuram como áreas de alta produtividade, dando suporte à fauna associada; as matas de restinga constituem habitat naturalmente raro no litoral médio, sendo por isso importantes enquanto refúgios para a fauna; importante para a conservação de espécies da flora ameaçadas e raras; para a conservação da fauna destacam-se os banhados temporários, marismas e estuários que abrigam um número expressivo de espécies ameaças, ou em risco de sobreexplotação. III Dunas Conservação de ambientes frágeis, susceptíveis à Mineração, marítimas, invasão e descaracterização por espécies exóticas (pinus silvicultura lacustres e e acácia-trinervis) e por ocupações humanas areais (urbanização); importante para a manutenção do habitat exclusivo de algumas espécies da fauna ameaçada de extinção, em especial os tuco-tucos (Ctenomys flamarioni e Ctenomys minutus) e as lagartixas (Liolaemus occipitalis e Liolaemus arambarensis). 75 urbanização, Turismo ZONA IV Floresta Estacional FUNÇÕES RESTRIÇÕES Abrigo para uma biota diferente daquela que ocupa o Urbanização restante da área mapeada, o que confere uma diversidade biológica maior para a região do litoral médio; importante para preservação de nascentes e áreas de recarga de aqüíferos; e na conservação de espécies estritamente florestais. POTENCIALIDADES Agricultura, pecuária, silvicultura, centros de lazer e recreação, turismo, expansão urbana, desde que observadas as restrições preconizadas em lei, em especial o código florestal V Continuidade e expansão das atividades econômicas Mineração e silvicultura regionais, desde que reestruturadas para atender à legislação ambiental; constitui a unidade com maior superfície na área mapeada, e também a mais descaracterizada por atividades agrícolas e silviculturais; originalmente reunia grande riqueza de espécies, tanto da flora como da fauna, de modo que seria desejável selecionar áreas para recuperação e conservação de remanescentes. Destaca-se como atividade econômica sustentável a pecuária em campo nativo; considerando a grande extensão de áreas já descaracterizadas, a zona V admite agricultura, pecuária, silvicultura, geração de energia eólica, expansão urbana, instalação de obras de infraestrutura e outras, desde que observadas as restrições legais Campos arenosos 76 8. ÁREAS IMPORTANTES PARA CONSERVAÇÃO NO LITORAL MÉDIO DO RIO GRANDE DO SUL 8.1. Unidades de Conservação Nos limites do Litoral Médio do RS existem apenas quatro áreas protegidas como Unidades de Conservação (UCs) federais ou estaduais, das quais três estão na categoria de proteção integral, o Parque Nacional da Lagoa do Peixe, o Parque Estadual de Itapuã e o Refúgio de Vida Silvestre Banhado dos Pachecos, e uma na de uso sustentável, a Área de Proteção Ambiental do Banhado Grande. Todas essas áreas são de extrema importância para a conservação de muitas das espécies da fauna ameaçadas de extinção no Litoral Médio. O Parque Nacional da Lagoa do Peixe (PARNA Lagoa do Peixe) além de ser uma das áreas úmidas de importância internacional, reconhecida pela Convenção RAMSAR, é um área de extrema importância para a conservação de aves aquáticas e migratórias. Foi criada com o objetivo principal de proteger espécies de aves, em especial as migratórias. Desta forma preserva ambientes de lagunas, banhados, dunas, marismas e mata de restinga. Abriga também um número expressivo de espécies de peixes-anuais: Austrolebias wolterstorffi, Austrolebias minuano, Atlantirivulus riograndensis e Cynopoecilus fulgens, além de outras espécies de peixe estuarinas, com importância para pesca e em perigo de sobreexplotação, como a tainha (Mugil platanus), a corvina (Micropogonias furnieri). Na faixa de dunas e campos arenosos abriga também lagartixa-da-praia (Liolaemus occipitalis), espécie ameaçada. No entanto, é uma UC que ainda apresenta vários problemas que comprometem os ambientes e comunidades vivas silvestres, como a invasão de Pinus sp. e falta de regularização fundiária. O Parque Estadual de Itapuã protege alguns dos ecossistemas naturais da região metropolitana de Porto Alegre, como morros graníticos com campos rupestres, praias lacustres, dunas, lagoas e banhados. Abriga espécies importantes da fauna do Litoral Médio do RS, como a lagartixa-da-areia (Liolaemus arambarensis), uma espécie nova de lagartixa-listrada (Contomastix aff. lacertoides), o peixe-anual (Cynopoecilus nigrovittatus), os peixes importantes para pesca como a branca (Oligosarcus jenynsii) e o jundiá 77 (Rhamdia aff. quelen). Abriga também muitas espécies ameaçadas ou importantes de mamíferos, como o bugio-ruivo (Alouatta guariba clamitans), tuco-tuco (Ctenomys lami), cutia (Dasyprocta azarae), gato-morisco (Puma yagouaroundi), onça-parda (Puma concolor), além de ser área potencial para a ocorrência de outras espécies como o tamanduá-mirin (Tamandua tetradactyla) e o sapo-de-barriga-vermelha-marmoreada (Melanophryniscus pachyrhynus). Entre as espécies da flora, ocorrem espécies raras e ameaçadas, como Chiropetalum foliosum (EUPHORBIACEAE), Sellocharis paradoxa (FABACEAE), e ameaçadas, como algumas bromeliáceas e cactáceas, e uma Apocinácea criticamente ameaçada (Aspidosperma riedelii). Já na O Refúgio de Vida Silvestre Banhado dos Pachecos é uma UC que sofre forte pressão devido a sua proximidade com o município de Porto Alegre. Esta área preserva uma grande variedade de ambientes, como mata paludosa e ripária e campos úmidos, e portanto também abriga um grande diversidade de espécies animais. Nesta área foram registradas muitas espécies de mamíferos e aves ameaçadas de extinção, como o cervo-do-Pantanal (Blastocerus dichotomus) uma espécie criticamente ameaçada no Estado, que no momento só possui ocorrência conhecida para os limites do Refúgio. Na área de entorno do RVS Banhado dos Pachecos, está situada a Área de Proteção Ambiental do Banhado Grande (APA do Banhado Grande), uma área de uso sustentável que foi criada com o objetivo de preservar o Banhado Grande do rio Gravataí, constituindo uma importante área para conservação de aves migratórias. Por abrigar em seus limites remanescentes de floresta, também é de suma importância para a conservação de espécies florestais, como a rã-das-matas (Ischnocnema henselii) e todas as espécies já indicadas para o RVS Banhado dos Pachecos. 8.2. Indicação de remanescentes de áreas naturais prioritárias para a conservação Tendo em vista, o alto grau de ameaça em que se encontram nossos sistemas naturais, e por conseqüência a sua fauna associada, é aparente a necessidade de se indicar áreas prioritárias para a conservação dos mesmos. Além das UCs existentes na região de interesse, durante as amostragens em campo 78 localizamos algumas áreas que foram definidas como prioritárias para a conservação dentro dos limites do Litoral Médio do RS, por se tratarem de remanescentes de ambientes naturais em bom estado de conservação. Desta forma, devem receber medidas especiais para sua proteção e/ou restauração. Além de avaliar o estado de conservação destes remanescentes, definimos as áreas buscando contemplar o maior número de habitat representativos da região em estudo. A partir disso, definimos as seguintes áreas: Marismas, Lagoa Moinho, Banhado das Capivaras, e o Sistema Bojuru (no município de São José do Norte); a Lagoa da Reserva (no município de Mostardas), o Pontal do Anastácio e a Lagoa do Casamento (nos municípios de Viamão e Palmares do Sul), os Butiazais de Tapes (nos municípios de Tapes e Barra do Ribeiro), os remanescentes de Floresta Estacional Semidecidual (município de Barra do Ribeiro), e por fim o Pontal localizado entre os municípios de Tapes e Arambaré. Destacamos que grande parte dessas áreas já foram indicadas previamente por autores como áreas prioritárias para a conservação (Burger & Ramos, 2007; MMA, 2007), o que reforça ainda mais a importância de tais ambientes naturais. A seguir descrevemos brevemente cada um dos remanescentes das áreas naturais prioritárias para a conservação para o Litoral Médio do RS, selecionadas em nossa avaliação (Figura 18). Junto com identificação de cada área, é apresentada uma figura, procurando situar as formações naturais que orientaram a seleção. Estas figuras têm caráter meramente ilustrativo, de maneira que um detalhamento futuro das condições de conservação do(s) habitat(s), das interações com o entorno, da situação fundiária e tantos outros aspectos envolvidos, deverão necessariamente fazer parte de estudos objetivos, visando avaliar a proposição de alguma modalidade de UC. Marismas (Figura 19) Áreas alagadiças, sob influência das marés, banhadas por águas salinizadas. No Litoral Médio cobrem superfícies pequenas, no estuário da Laguna dos Patos e na barra da Lagoa do Peixe, não mapeáveis na escala do zoneamento. Uma vez que as marismas situadas na Lagoa do Peixe já estão inseridas em Parque Nacional, destaca-se a prioridade de conservação das marismas localizadas próximo da sede de São José do Norte. 79 Figura 18. Localização das áreas indicadas como prioritárias para a conservação da fauna e flora da Área 4 do Projeto RS Biodiversidade, Litoral Médio do Rio Grande do Sul. 80 Isto se justifica tanto mais pela iminente pressão que se fará sobre os ambientes, a partir da expansão do pólo naval, quanto principalmente pela riqueza e peculiaridade da fauna local, em especial a de aves. Na figura abaixo são indicadas as posições das marismas no contexto mencionado. 31o 54’ 07” S 51º 59’ 57” O São José do Norte (zona urbana) Figura 19. Marismas localizadas na orla do estuário da Laguna dos Patos. o 32 09’ 40” S 52º 05’ 49” O 81 Lagoa Moinho e Banhado das Capivaras (Figura 20) Complexo de ambientes, formado pela Lagoa do Moinho, Banhado das Capivaras, marismas da Ponta Rasa, areais e matas de restinga (arenosas e paludosas). Inclui dentro de seus limites uma colônia de pescadores. De maneira geral os ambientes encontram-se preservados, mas sofrem progressiva pressão pelas atividades de orizicultura e silvicultura (Pinus), especialmente no entorno do Banhado das Capivaras. A figura 15 apresenta, sob forma muito simplificada e meramente ilustrativa, a distribuição dos ambientes em bom estado de conservação. Destaca-se a importância desta região como área de simpatria de duas espécies de tuco-tuco (Ctenomys flamarioni e Ctenomys minutus) (Kubiak, 2013). 31o 48’ 49” S 52º 05’ 54” O Ma Ae Bc Lm Ae 31o 54’ 06” S 51º 58’ 45” O Figura 20. Distribuição dos ambientes considerados prioritários para conservação na região da Lagoa do Moinho e Banhado das Capivaras; Lm – Lagoa do Moinho, Bc – Banhado das Capivaras, Ae – areais, Ma – marisma da Ponta Rasa. Sistema Bojuru (Figura 21) A costa do Bojuru em contato com a Laguna dos Patos, ao norte da Barra Falsa, constitui um dos trechos mais conservados do Litoral Médio, onde ocorrem banhados, matas de restinga paludosa e arenosa, dunas lacustres e 82 campo nativo. Em visita realizada ao local, foi constatada a presença de espécies da flora ameaçada, tais como Ephedra tweediana, Cattleya intermedia, Sideroxylon obtusifolium. Além disso, uma grande diversidade de espécies da fauna ocupam os ambientes presentes na região, em especial destacamos o grande número de aves aquáticas observadas em campo. Destaca-se o zelo dedicado à conservação, por parte do(s) proprietário(s), o que deveria ser levado em conta quando da proposição das futuras medidas que venham a ser propostas para a região. Por outro lado, há uma iminente ameaça de invasão por pinus, já notada nas bordas das dunas lacustres. 31o 29’ 01” S 51º 28” 00” O Bf 31o 35’ 20” S 51º 22” 00” O Figura 21. Complexo do Bojuru, junto da Laguna dos Patos, reunindo diferentes ambientes de restinga em bom estado de conservação. Bf – Barra falsa; as setas indicam silvicultura com Pinus, por onde a invasão por dispersão tem grande probabilidade de avançar. Lagoa da Reserva (Figura 22) Esta área está basicamente focada na Lagoa que empresta o nome, e ambientes associados ou que ocorrem nas adjacências, como banhados e dunas lacustres. Destaca-se a elevada diversidade de fauna silvestre, fácil e abundantemente vistas na rápida visita realizada ao local. A Lagoa da Reserva é uma das lagoas mais rasas do litoral, com menos de um metro de 83 profundidade média (Schäfer et al., 2009). Isto talvez explique a grande importância para conservação de aves, enquanto sistema que tende a alta produtividade primária, mas também a torna extremamente vulnerável aos efeitos do cultivo de arroz irrigado, praticado intensivamente no seu entorno imediato. 30o 49’ 45” S 50º 45” 25” O 30o 54’ 20” S 50º 49” 09” O Figura 22. Lagoa da Reserva localizado junto a Laguna dos Patos, abriga um ambiente composto por uma grande diversidade de áreas úmidas que sofrem forte pressão das culturas de arroz. Pontal do Anastácio e Lagoa do Casamento (Figura 23) Reúne ambientes de campos nativos, lagoas, banhados e comunidades perilacunares, com destacada importância para a fauna nativa. A principal ameaça à conservação está relacionada às lavouras de arroz irrigado. Na Ilha Grande (Lagoa do Casamento), a presença de animais exóticos (javali e cavalos) também constitui uma pressão contrária à conservação ambiental. 84 30o 10’ 32” S 50º 47’ 40” O Lagoa do Casamento An Ig Ga 30o 33’ 51” S 50º 32’ 12” O Figura 23. Região da Lagoa do Gateado (Ga), Pontal do Anastácio (An), Ilha Grande (Ig) e Lagoa do Casamento. Butiazais de Tapes (Figura 24) Apresenta elevada importância fitogeográfica, enquanto formação relictual, que tende a desaparecer. Embora não exclusiva da formação do parque de butiás, ocorrem espécies da flora e da fauna ameaçadas e/ou raras. Destaca-se a importância de preservar ambientes próximos, como as lagoas do Cerro e Formosa, e os banhados associados a estes corpos d’água, dentre os quais o banhado das capivaras (nome aplicado a diversas localidades no litoral médio). Também de elevada importância ecológica (habitat de Liolaemus 85 arambarensis) e cênica são as dunas lacustres, que se estendem desde o Pontal de Tapes até a latitude da Ilha da Barbanegra. As principais ameaças: sobre o butiazal – silvicultura; sobre as lagoas e banhados – orizicultura; sobre as dunas – silvicultura e invasão por pinus. 30o 26’ 17” S 51º 14’ 54” O Du Bt Ce Fo Bt Tapes Du o 30 48’ 59” S 51º 26’ 51” O Figura 24. Delimitação dos butiazais (Bt), e outras áreas importantes para a conservação, no entorno; Ce – Lagoa do Cerro e áreas úmidas, Fo – Lagoa Formosa e áreas úmidas, Du – dunas lacustres e Pontal de Tapes. 86 Remanescentes de Floresta Estacional Semidecidual (Figura 25) Na área delimitada ocorre uma extensa e bem preservada mancha de floresta estacional. Considerando a descaracterização sofrida por este tipo de floresta no RS, o remanescente ganha importância, podendo servir como área para pesquisas, relacionadas a fitossociologia, processos sucessionais, interações com a fauna, banco genético e outras. 30o 24’ 26” S 51o 26’ 36” O Arroio Araçá 30oo 28’ 10” S 51 22’ 24” O Figura 25. Remanescente de Floresta Estacional Semidecidual sobre coxilhas graníticas, no município de Barra do Ribeiro. Pontal de Tapes e Arambaré (Figura 26) Na divisa sul do município de Tapes, no limite com Arambaré, estende-se um pontal que reúne ambientes diversificados. Predominam áreas úmidas, em que as espécies vegetais dominantes se alternam constantemente. Destaca-se a presença de extensos sarandizais (dominados por Cephalanthus glabratus), importantes formadores de ninhais. Abriga fauna e flora variada, inclusive espécies ameaçadas de extinção e/ou raras, como a lagartixa-da-areia (Liolaemus arambarensis). Entre a flora, destaca-se a presença de Monnina itapoanensis (Polygalaceae), uma espécie descrita recentemente, com 87 distribuição restrita a Viamão e Tapes, além de outras espécies ameaçadas, comuns a matas de restinga, banhados e campos arenosos (p. ex.: Zizaniopsis bonariensis, Tibouchina asperior, Sideroxylon obtusifolium). 30o 48’ 22” S 51o 22’ 00” O 30o 53’ 00” S 51o 29’ 00” O Figura 26. Pontal entre Tapes e Arambaré, com extensas áreas de banhado, matas de restinga, campo, lagoas e dunas lacustres. 9. RECOMENDAÇÕES GERAIS PARA A CONSERVAÇÃO DO MEIO BIÓTICO Para a conservação do meio biótico indicamos algumas recomendações gerais: Fortalecer medidas que visem o cumprimento da legislação ambiental, em especial as relacionadas a conservação adequada das APPs e Reservas Legais, e a intensificação das ações de fiscalização; Fomentar a orientação e apoio para a adequação das propriedades ao cadastro ambiental rural, visando maximizar o efeito ecológico das reservas legais no contexto regional; Incentivar e fomentar estudos e pesquisas sobre a biologia e conservação das espécies de flora e fauna, em especial daquelas em risco de extinção; 88 Divulgar nas comunidades locais o conhecimento gerado pela comunidade científica, buscando informar sobre a importância da conservação da fauna e flora locais; Indicar medidas de compensação ambiental para empreendimentos passíveis de licenciamento na região (aquisição de áreas para a conservação, como medida efetiva de compensação por instalação de grandes empreendimentos); Implementar e ou efetivar o sistema de unidades de conservação existente, tendo em vista os problemas recorrentes de invasão, caça, pesca predatória e a coleta de plantas e animais nativos para a comercialização nas UCs; Criar e implementar novas UCs nos limites do Litoral Médio com base nas indicações de áreas prioritárias existentes, como as identificadas no item anterior, bem como por Burger e Ramos (2007) e MMA (2007). 10. ANEXOS Anexo 1: Tabela geral com todas as espécies de peixe compiladas para Área 4 do Projeto RS Biodiversidade, Litoral Médio do Rio Grande do Sul. Taxa ORDEM/ Família/ Espécie Autor e ano Nome comum Odontesthes argentinensis Odontesthes bonariensis (Quoy & Gaimard, 1825) (Valenciennes, 1835) (Valenciennes, 1835) peixe-rei peixe-rei Odontesthes humensis Odontesthes ledae Buen, 1953 Malabarba & Dyer, 2002 peixe-rei peixe-rei Odontesthes mirinensis Odontesthes perugiae Odontesthes sp.1 Odontesthes sp.2 CHARACIFORMES Acestrorhynchidae Bemvenuti, 1996 Evermann & Kendall, 1906 peixe-rei peixe-rei peixe-rei peixe-rei Acestrorhynchus pantaneiroex Anostomidae Leporinus obtusidens Schizodon jacuiensis Characidae Aphyocharax anisitsi Astyanax aff. fasciatus Menezes, 1992 peixe-cachorro (Valenciennes, 1836) Bergman, 1988 piava Voga Eigenmann & Kennedy, 1903 (Cuvier, 1819) lambari-sangue lambari-do-rabo- ATHERINIFORMES Atherinopsidae Atherinella brasiliensis 89 Taxa ORDEM/ Família/ Espécie Autor e ano Nome comum Astyanax bimaculatus Astyanax eigenmanniorum (Linnaeus, 1758) (Cope, 1894) vermelho lambari lambari-de-olhovermelho Astyanax henseli Astyanax jacuhiensis Melo & Buckup, 2006 (Cope, 1894) Astyanax laticeps Bryconamericus iheringii Charax stenopterus Cheirodon ibicuhiensis Cheirodon interruptus Cyanocharax alburnus Diapoma speculiferum Hyphessobrycon bifasciatus Hyphessobrycon boulengeri Hyphessobrycon igneus (Cope, 1894) (Boulenger, 1887) (Cope, 1894) Eigenmann, 1915 (Jenyns, 1842) (Hensel, 1870) Cope, 1894 Ellis, 1911 (Eigenmann, 1907) Miquelarena, Menni, López & Casciotta, 1980 Hyphessobrycon togoi Miquelarena & López, 2006 Hyphessobrycon luetkenii (Boulenger, 1887) Hyphessobrycon meridionalis Ringuelet, Miquelarena & Menni, 1978 Macropsobrycon uruguayanae Eigenmann, 1915 Mimagoniates inequalis (Eigenmann, 1911) Mimagoniates microlepis (Steindachner, 1877) Oligosarcus jenynsii (Günther, 1864) Oligosarcus robustus Menezes, 1969 Pseudocorynopoma doriae Perugia, 1891 Serrapinnus calliurus (Cuvier, 1816) Crenuchidae Characidium occidentale Buckup & Reis, 1997 Characidium rachovii Regan, 1913 Characidium tenue (Cope, 1894) lambari-do-raboamarelo lambari cabeçudo lambari lambari-corcunda lambarizinho lambari-serrilha lambari-branco lambari lambari lambari-prata lambari-limão lambari lambari lambari lambari-coaxador lambari-azul branca branca lambari-bandeira lambari canivete canivete canivete Characidium aff. zebra Curimatidae Eigenmann, 1909 canivete-zebra Cyphocharax saladensis Cyphocharax spilotus (Meinken, 1933) (Vari, 1987) biruzinho-do-banhado biru Cyphocharax voga Steindachnerina biornata Erythrinidae Hoplias aff. malabaricus Lebiasinidae Pyrrhulina australis (Hensel, 1870) (Braga & Azpelicueta, 1987) biru biruzinho-tracejado (Bloch, 1794) Traíra Eigenmann & Kennedy, 1903 pirrulina (Valenciennes, 1836) grumatã Prochilodontidae Prochilodus lineatus 90 Taxa ORDEM/ Família/ Espécie Autor e ano Nome comum (Jenyns, 1842) (Cuvier, 1829) (Regan, 1917) (Jenyns, 1842) savelha sardinha-cascuda sardinha-de-água-doce Lycengraulis grossidens CYPRINIFORMES Cyprinidae Cyprinus carpioex CYPRINODONTIFORMES Anablepidae Agassiz, 1829 manjubão Linnaeus, 1758 carpa Jenynsia lineata Jenynsia multidentata (Jenyns, 1842) (Jenyns, 1842) barrigudinho barrigudinho-listrado CLUPEIFORMES Clupeidae Brevoortia pectinata Harengula clupeola Platanichthys platana Ramnogaster arcuata Engraulidae Poeciliidae Cnesterodon decemmaculatus (Jenyns, 1842) Phalloceros caudimaculatus (Hensel, 1868) Phalloptychus iheringii (Boulenger, 1889) Rivulidae Austrolebias adloffi (Ahl, 1922) Austrolebias minuano Costa & Cheffe, 2001 Austrolebias wolterstorffi (Ahl, 1924) Atlantirivulus riograndensis (Lanés & Costa, 2009) Cynopoecilus fulgens Costa, 2002 Cynopoecilus melanotaenia Cynopoecilus multipapillatus Cynopoecilus nigrovittatus GYMNOTIFORMES Hypopomidae Brachyhypopomus draco Brachyhypopomus gauderio Brachyhypopomus pinnicaudatus Gymnotidae Gymnotus aff. carapo Sternopygidae Eigenmannia trilineata Eigenmannia virescens PERCIFORMES Carangidae Caranx latus Trachinotus falcatus Trachinotus marginatus barrigudinho barrigudinho barrigudinho-riscado (Regan, 1912) Costa, 2002 Costa, 2002 peixe-anual peixe-anual peixe-anual killifish-sulino peixe-anual peixe-anual peixe-anual peixe-anual Giora, Malabarba & Crampton, 2008 Giora & Malabarba, 2009 (Hopkins, 1991) tuvira-dragão tuvira-de-sela tuvira Linnaeus, 1758 tuvira-tigre López & Castello, 1966 (Valenciennes, 1836) peixe-faca Agassiz, 1831 (Linnaeus, 1758) Cuvier, 1832 91 Taxa ORDEM/ Família/ Espécie Cichlidae Australoheros facetus Cichlasoma portalegrense Crenicichla lepidota Crenicichla maculata Crenicichla punctata Geophagus brasiliensis Gymnogeophagus gymnogenys Gymnogeophagus labiatus Gymnogeophagus lacustris Gymnogeophagus rhabdotus Centropomidae ex Centropomus parallelus Gerreidae Eucinostomus gula Eucinostomus melanopterus Ulaema lefroyi Gobiidae Autor e ano Nome comum (Jenyns, 1842) (Hensel, 1870) Heckel, 1840 Kullander & Lucena, 2006 Hensel, 1870 (Quoy & Gaimard 1824) cará-amarelo cará joaninha joaninha-pintada joana-mixola cará-cartola (Hensel 1870) cará-de-lábio-azul (Hensel 1870) Reis & Malabarba 1988 (Hensel 1870) cará-beiçudo cará-de-lagoa cará-azul Poey, 1860 robalo (Quoy & Gaimard, 1824) (Bleeker, 1863) (Goode, 1874) mojarra Gobionellus oceanicus Haemulidae Pomadasys corvinaeformis Pomatomidae Pomatomus saltarix* Sciaenidae (Pallas, 1770) (Linnaeus, 1766) anchova Micropogonias furnieri* Menticirrhus americanus corvina Menticirrhus littoralis Pachyurus bonariensisex (Desmarest, 1823) (Linnaeus, 1758) (Holbrook, 1847) Steindachner, 1879 Serranidae Epinephelus marginatus* (Lowe, 1834) garoupa Trichiuridae Trichiurus lepturus Gobiidae Ctenogobius shufeldti PLEURONECTIFORMES Achiridae (Steindachner, 1868) corvina-de-rio Linnaeus, 1758 (Jordan & Eigenmann, 1887) emborê Catathyridium garmani Paralichthyidae (Jordan, 1889) Linguado Citharichthys spilopterus Paralichthys orbignyanus Günther, 1862 (Valenciennes, 1839) Linguado Pleuronectidae Oncopterus darwinii Steindachner, 1874 92 Taxa ORDEM/ Família/ Espécie MUGILIFORMES Mugilidae Mugil platanus* Mugil curema Mugil gaimardianus SILURIFORMES Ariidae Genidens barbus* Genidens genidens Aspredinidae Bunocephalus iheringii Auchenipteridae Trachelyopterus lucenai Autor e ano Nome comum Günther, 1880 Valenciennes, 1836 Desmarest, 1831 tainha tainha tainha (La Cépède, 1803) (Cuvier 1829) bagre bagre Boulenger, 1891 Bertoletti, Pezzi da Silva & Pereira, 1995 porrudo (Linnaeus, 1758) (Jenyns, 1842) Regan, 1912 (Hancock, 1828) tamboatá limpa-fundo tamboatazinho tamboatá Lepthoplosternum tordilho Clariidae Clarias gariepinusex Heptapteridae Heptapterus mustelinus Heptapterus sympterygium Reis, 1997 tamboatá (Burchell, 1822) bagre africano (Valenciennes, 1840) Buckup, 1988 bagre-de-pedra bagrinho-de-aguapé Pimelodella australis Rhamdella eriarcha Eigenmann, 1917 (Eigenmann & Eigenmann, 1888) (Quoy & Gaimard, 1824) mandinho-listrado mandi jundiá Ancistrus brevipinnis Hemiancistrus punctulatus (Regan, 1904) Cardoso & Malabarba 1999 cascudo-de-espinhos cascudo-pintado Hisonotus laevior Hisonotus leucofrenatus Hisonotus nigricauda Hisonotus taimensis Hypostomus aspilogaster Hypostomus commersoni Cope, 1894 (Miranda Ribeiro, 1908) cascudinho-pintado (Boulenger, 1891) (Buckup, 1981) cascudinho cascudinho (Cope, 1894b) Valenciennes, 1836 cascudinho cascudinho Loricariichthys anus Otothyris rostrata (Valenciennes, 1836) Garavello, Britski & Schaefer, 1998 cascudo-viola cascudinho-de-crista Rineloricaria cadeae Rineloricaria longicauda (Hensel, 1868) Reis, 1983 cascudo-viola Rineloricaria microlepidogaster (Regan, 1904) Callichthyidae Callichthys callichthys Corydoras paleatus Corydoras undulatus Hoplosternum littorale Rhamdia aff. quelen Loricariidae 93 Taxa ORDEM/ Família/ Espécie Autor e ano Nome comum Rineloricaria quadrensis Rineloricaria strigilata Pimelodidae Parapimelodus nigribarbis Pimelodus maculatus Pseudopimelodidae Microglanis cottoides Reis, 1983 (Hensel, 1868) violinha-de-lagoa cascudo-viola (Boulenger, 1889) Lacepede, 1803 mandi pintado (Boulenger, 1891) bagrinho Microglanis cibelae Trichomycteridae Homodiaetus anisitsi Scleronema minutum SYMBRANCHIFORMES Synbranchidae Malabarba & Mahler, 1998 Eigenmann & Ward, 1907 (Boulenger, 1891) chupa-chupa Synbranchus marmoratus Bloch, 1795 muçum 145 Total de espécies A classificação e nomenclatura seguem compilação de Froese & Pauly, 2013. Legenda: *Espécies com risco de sobreexplotação segundo a Instrução Normativa 05/2004 do Ministério do Meio Ambiente.ex Espécie exótica para na região. Anexo 2: Tabela geral com todas as espécies de anfíbios compiladas para Área 4 do Projeto RS Biodiversidade, Litoral Médio do Rio Grande do Sul. Taxa ORDEM/ Família/ Espécie Autor e ano Nome comum (Mertens, 1927) rã-das-cachoeiras (Peters, 1870) rã-das-matas (Mertens, 1933) (Philippi, 1902) sapinho-de-barriga-vermelha sapinho-de-barriga-vermelha (Miranda-Ribeiro, 1920) sapinho-de-barriga-vermelhamarmoreado sapo-da-areia sapinho-de-jardim ANURA Batrachylidae Hylodes meridionalis Brachycephalidae Ischnocnema henselii Bufonidae Melanophryniscus dorsalis Melanophryniscus montevidensis* Melanophryniscus pachyrhynus Rhinella arenarum Rhinella dorbignyi Rhinella fernandezae Rhinella henseli Rhinella icterica Ceratophyidae Ceratophrys ornata* Hylidae Dendropsophus minutus (Hensel, 1867) (Duméril and Bibron, 1841) (Gallardo, 1957) (Lutz, 1934) (Spix, 1824) sapinho-de-jardim sapo-cruz sapo-cururu (Bell, 1843) sapo-boi (Peters, 1872) perereca-rajada 94 Taxa ORDEM/ Família/ Espécie Autor e ano Nome comum Dendropsophus nanus Dendropsophus sanborni Hypsiboas faber Hypsiboas pulchellus (Boulenger, 1889) (Schmidt, 1944) (Wied-Neuwied, 1821) (Duméril and Bibron, 1841) Boulenger, 1885 Günther, 1858 (Barrio, 1962) (Lutz, 1925) (Peters, 1871) (Cope, 1862) (Lutz, 1925) perereca perereca sapo-ferreiro perereca-do-banhado Phyllomedusa iheringii Pseudis minuta Scinax berthae Scinax fuscovarius Scinax granulatus Scinax nasicus Scinax squalirostris Scinax tymbamirin perereca-macaco rã-boiadora perereca perereca-raspa-de-cuia perereca-de-banheiro perereca-de-peito-manchado perereca-nariguda perereca Scinax uruguayus (Schmidt, 1944) Trachycephalus mesophaeus (Hensel, 1867) Leptodactylidae Physalaemus biligonigerus (Cope, 1861) Physalaemus cuvieri Fitzinger, 1826 Physalaemus gracilis (Boulenger, 1883) Physalaemus lisei Braun and Braun, 1977 Physalaemus henselii (Peters, 1872) Physalaemus riograndensis Milstead, 1960 Pseudopaludicola falcipes (Hensel, 1867) Leptodactylus chaquensis* Cei, 1950 Leptodactylus fuscus (Schneider, 1799) Leptodactylus gracilis (Duméril and Bibron, 1840) Leptodactylus latinasus Jiménez de la Espada, 1875 Leptodactylus latrans (Steffen, 1815) Leptodactylus mystacinus (Burmeister, 1861) Microhylidae perereca-uruguaia perereca-leiteira Elachistocleis bicolor Odontophrynidae Odontophrynus americanus (Guérin-Méneville, 1838) rã-de-barriga-amarela (Duméril and Bibron, 1841) Rosset, 2008 sapo-da-enchente (Shaw, 1802) rã-touro Odontophrynus maisuma Ranidae Lithobates catesbeianus ex rã-chorona rã-cachorro rã-chorona rã-chorona rã rã-chorona rãzinha rã-criola rã-assobiadora rã-listrada rã-assobiadora rã-criola rã-de-bigode sapo-da-enchente GYMNOPHIONA Typhlonectidae 95 Taxa ORDEM/ Família/ Espécie Autor e ano Nome comum Chthonerpeton indistinctum* (Reinhardt and Lütken, 1862) cobra-de-duas-cabeças Total de espécies 44 A classificação e nomenclatura seguem compilação de Segalla et al., 2012. Legenda: ex *Espécies com ocorrência potencial para os limites do Litoral Médio do RS. Espécie exótica e invasora. Anexo 3: Tabela geral com todas as espécies de répteis compiladas para Área 4 do Projeto RS Biodiversidade, Litoral Médio do Rio Grande do Sul. Taxa Autor e ano ORDEM/ Família/ Espécie Nome comum CROCODYLIA Alligatoridae Caiman latirostris SQUAMATA (Daudin, 1802) jacaré-do-papo-amarelo Duméril & Bibron, 1839 (Bell, 1833) Klappenbach, 1966 cobra-cega cobra-cega-de-crista cobra-cega (Cope, 1885) Cope, 1885 cobra-cega cobra-cega (Wied, 1820) caninana-verde (Raddi, 1820) (Linnaeus, 1758) (Linnaeus, 1758) jararaca-do-banhado caninana falsa-cabeça-preta Ophiodes aff. striatus Ophiodes fragilis (Spix, 1825) Peters,1877 cobra-de-vidro cobra-de-vidro Dipsadidae Atractus reticulatus Boiruna maculata Paraphimophis rustica Echinanthera cyanopleura Elapomorphus sp.n. (Boulenger, 1885) (Boulenger, 1896) (Cope, 1878) (Cope, 1885) cobra-de-terra muçurana-preta muçurana-parda corredeira-do-mato Helicops infrataeniatus Erythrolamprus almadensis Lygophis anomalus Lygophis flavifrenatus Erythrolamprus jaegeri Erythrolamprus miliaris (Jan, 1865) (Wagler, 1824) (Günther, 1858) (Cope, 1862) (Günther, 1858) (Cope, 1868) cobra-d'água-meridional jararaquinha-do-campo jararaquinha-d'água corredeira-listrada cobra-d'água-verde cobra-lisa Erythrolamprus poecilogyrus (Wied, 1825) cobra-verde Amphisbaenidae Amphisbaena darwini Amphisbaena kingii Amphisbaena munoai Amphisbaena prunicolor Amphisbaena trachura Colubridae Chironius bicarinatus Mastigodryas bifossatus Spilotes pullatus Tantilla aff. melanocephala Diploglossidae 96 Taxa Autor e ano ORDEM/ Família/ Espécie Nome comum Oxyrhopus rhombifer Phalotris lemniscatus Philodryas aestiva Philodryas agassizii Duméril, Bibron & Duméril, 1854 (Duméril, Bibron & Duméril, 1854) (Duméril, Bibron & Duméril, 1854) (Jan, 1863) Philodryas olfersii Philodryas patagoniensis Phimophis aff. guerini Psomophis obtusus (Lichtenstein, 1823) (Girard, 1858) (Duméril, Bibron & Duméril, 1854) (Cope, 1864) Gomes, 1915 (Ihering, 1911) (Boulenger, 1885) falsa-coral cobra-preta-da-areia cobra-cipó-verde parelheira-dosformigueiros cobra-cipó-verde papa-pinto mussurana corredeira Ptychophis flavovirgatus Sibynomorphus neuwiedi Sibynomorphus ventrimaculatus Taeniophallus occipitalis Taeniophallus poecilopogon Thamnodynastes hypoconia Thamnodynastes cf. nattereri Thamnodynastes strigatus Tomodon dorsatus Tomodon ocellatus Tropidodryas striaticeps Xenodon dorbignyi Xenodon merremii Elapidae Micrurus altirostris Gymnophthalmidae Cercosaura ocellata petersi Cercosaura schreibersii Leiosauridae Urostrophus vautieri Leptotyphlopidae Epictia munoai Liolaemidae Liolaemus arambarensis Liolaemus occipitalis Mabuyidae Aspronema dorsivittatum Teiidae Contomastix aff. lacertoides Teius oculatus dormideira-cinzenta dormideira (Jan, 1863) (Cope, 1863) cobra-de-folhiço corredeira-do-mato (Cope, 1860) corredeira-carenada (Mikan, 1828) corredeira (Günther, 1858) Duméril, Bibron & Duméril, 1854 corredeira-lisa cobra-espada Duméril, Bibron & Duméril, 1854 (Cope, 1869) cobra-espada-pampeana cobra-cipó (Duméril, Bibron & Duméril, 1854) (Wagler, 1824) nariguda boipeva (Cope, 1859) cobra-coral Ruibal 1952 lagartixa-listrada Wiegmann, 1834 lagartixa-marrom Duméril & Bibron, 1837 papa-vento-de-barrigalisa (Orejas-Miranda, 1961) cobra-de-duas-cabeças Verrastro, Veronese, Bujes & DiasFilho, 2003 Boulenger, 1885 lagartixa-da-areia (Cope, 1862) scinco-dourado (Duméril & Bibron, 1839) lagartixa-listrada (D'Orbigny & Bibron, 1837) lagartixa-verde 97 lagartixa-da-praia Taxa Autor e ano ORDEM/ Família/ Espécie Nome comum Salvator merianae Viperidae Bothrops alternatus Bothrops jararaca Bothrops pubescens TESTUDINES Chelidae Duméril & Bibron, 1839 teiú Duméril, Bibron & Duméril, 1854 (Wied, 1824) (Cope, 1870) cruzeira jararaca jararaca-pintada Acanthochelys spixii Hydromedusa tectifera (Duméril & Bibron, 1835) Cope, 1869 Phrynops hilarii (Duméril & Bibron, 1835) cágado-negro cágado-de-pescoçocomprido cágado-de-barbelascinzentos 62 Total de espécies A classificação e nomenclatura seguem compilação de Bérnils & Costa, 2012. Anexo 4: Tabela geral com todas as espécies de aves compiladas para Área 4 do Projeto RS Biodiversidade, Litoral Médio do Rio Grande do Sul. Taxa ORDEM/ Família/ Espécie Autor e ano Nome comum Vieillot, 1808 (Latham, 1790) gaviãozinho gavião-velho Vieillot, 1816 (Gmelin, 1788) Vieillot, 1816 (Vieillot, 1818) gavião-de-rabo-curto gavião-do-banhado gavião-cinza gavião-peneira Geranoaetus albicaudatus Geranoaetus melanoleucus* (Vieillot, 1816) (Vieillot, 1819) gavião-de-rabo-branco águia-chilena Heterospizias meridionalis Pseudastur polionotus Rostrhamus sociabilis Rupornis magnirostris Urubitinga coronata* Urubitinga urubitinga (Latham, 1790) (Kaup, 1847) (Vieillot, 1817) (Gmelin, 1788) (Vieillot, 1817) (Gmelin, 1788) gavião-caboclo gavião-pombo-branco gavião-caramujeiro gavião-carijó águia-cinzenta gavião-preto (Linnaeus, 1758) águia-pescadora (Gmelin, 1789) Linnaeus, 1758 marreca-pé-vermelho marreca-toicinho Linnaeus, 1766 Vieillot, 1816 marreca-de-asa-azul marreca-pardinha ACCIPITRIFORMES Accipitridae Accipiter striatus Busarellus nigricollis Buteo brachyurus Circus buffoni Circus cinereus Elanus leucurus Pandionidae Pandion haliaetus ANSERIFORMES Anatidae Amazonetta brasiliensis Anas bahamensis Anas discors Anas flavirostris 98 Taxa ORDEM/ Família/ Espécie Autor e ano Nome comum Anas georgica Anas platalea Anas sibilatrix Anas versicolor Cairina moschata Callonetta leucophrys Coscoroba coscoroba Gmelin, 1789 Vieillot, 1816 Poeppig, 1829 Vieillot, 1816 (Linnaeus, 1758) (Vieillot, 1816) (Molina, 1782) marreca-parda marreca-colhereira marreca-oveira marreca-cricri pato-do-mato marreca-de-coleira capororoca Cygnus melancoryphus Dendrocygna bicolor Dendrocygna viduata Heteronetta atricapilla Netta peposaca Nomonyx dominica (Molina, 1782) (Vieillot, 1816) cisne-de-pescoço-preto marreca-caneleira (Linnaeus, 1766) (Merrem, 1841) marreca-piadeira ou irerê marreca-de-cabeça-preta (Vieillot, 1816) (Linnaeus, 1766) marrecão marreca-de-bico-roxo Oxyura vittata Sarkidiornis sylvicola (Philippi, 1860) Ihering & Ihering, 1907 marreca-pés-na-bunda pato-de-crista (Oken, 1816) tachã Sclater, 1862 Hellmayr, 1907 (Shaw, 1796) andorinhão-de-sobre-cinzento andorinhão-do-temporal andorinhão-de-coleira (Vieillot, 1817) (Shaw, 1812) (Vieillot, 1817) (Shaw, 1812) (Vieillot, 1818) (Vieillot, 1818) beija-flor-de-veste-preta besourinho-de-bico-vermelho beija-flor-preto-de-rabo-branco beija-flor-dourado beija-flor-de-papo-branco beija-flor-de-topete (Forster, 1771) (Vieillot, 1817) (Gmelin, 1789) (Gould, 1838) (Bonaparte, 1825) (Gould, 1837) (Gmelin, 1789) (Gmelin, 1789) bacurau-norte-americano corucão bacurau curiango-do-banhado bacurau-da-telha bacurau-pequeno bacurau-tesoura tuju (Gmelin, 1789) urutau Anhimidae Chauna torquata APODIFORMES Apodidae Chaetura cinereiventris Chaetura meridionalis Streptoprocne zonaris Trochilidae Anthracothorax nigricollis Chlorostilbon lucidus Florisuga fusca Hylocharis chrysura Leucochloris albicollis Stephanoxis lalandi CAPRIMULGIFORMES Caprimulgidae Chordeiles minor Chordeiles nacunda Hydropsalis albicollis Hydropsalis anomala Hydropsalis longirostris Hydropsalis parvula Hydropsalis torquata Lurocalis semitorquatus Nyctibiidae Nyctibius griseus CARIAMIFORMES Cariamidae 99 Taxa ORDEM/ Família/ Espécie Autor e ano Nome comum Cariama cristata Cathartidae Cathartes aura Cathartes burrovianus Coragyps atratus Charadriidae Charadrius collaris (Linnaeus, 1766) seriema (Linnaeus, 1758) Cassin, 1845 (Bechstein, 1793) urubu-de-cabeça-vermelha urubu-de-cabeça-amarela urubu-de-cabeça-preta Vieillot, 1818 batuíra-de-coleira Charadrius falklandicus Charadrius modestus Charadrius semipalmatus Oreopholus ruficollis Pluvialis dominica Pluvialis squatarola Latham, 1790 Lichtenstein, 1823 batuíra-de-coleira-dupla batuíra-de-peito-avermelhado Bonaparte, 1825 (Wagler, 1829) batuíra-norte-americana batuíra-de-papo-ferrugíneo (Statius Muller, 1776) (Linnaeus, 1758) batuiruçu batuiruçu-de-axila-preta Vanellus chilensis Chionidae (Molina, 1782) quero-quero Chionis alba Haematopodidae Haematopus palliatus Jacanidae (Gmelin, 1789) pomba-antártica Temminck, 1820 piru-piru Jacana jacana Laridae Chroicocephalus cirrocephalus Chroicocephalus maculipennis Larus atlanticus Larus dominicanus Leucophaeus pipixcan Recurvirostridae (Linnaeus, 1766) jaçanã (Vieillot, 1818) gaivota-de-cabeça-cinza (Lichtenstein, 1823) gaivota-maria-velha Olrog, 1958 Lichtenstein, 1823 (Wagler, 1831) gaivota-de-rabo-preto gaivotão gaivota-de-franklin Himantopus melanurus Rostratulidae Vieillot, 1817 pernilongo Nycticryphes semicollaris Rynchopidae Rynchops niger Scolopacidae Actitis macularius Arenaria interpres Bartramia longicauda Calidris alba Calidris bairdii Calidris canutus Calidris fuscicollis Calidris himantopus Calidris melanotos (Vieillot, 1816) narceja-de-bico-torto Linnaeus, 1758 talha-mar (Linnaeus, 1766) (Linnaeus, 1758) (Bechstein, 1812) (Pallas, 1764) (Coues, 1861) (Linnaeus, 1758) (Vieillot, 1819) (Bonaparte, 1826) (Vieillot, 1819) maçarico-pintado vira-pedra maçarico-do-campo maçarico-branco maçarico-de-bico-fino maçarico-de-papo-vermelho maçarico-de-sobre-branco maçarico-pernilongo maçarico-de-colete 100 Taxa ORDEM/ Família/ Espécie Autor e ano Nome comum Calidris minutilla Calidris pusilla Gallinago paraguaiae Gallinago undulata Limnodromus griseus Limosa haemastica Numenius phaeopus (Vieillot, 1819) (Linnaeus, 1766) (Vieillot, 1816) (Boddaert, 1783) (Gmelin, 1789) (Linnaeus, 1758) (Linnaeus, 1758) maçariquinho maçarico-miúdo narceja narcejão maçarico-de-costas-brancas maçarico-de-bico-virado maçarico-de-bico-torto Phalaropus tricolor Philomachus pugnax Tringa flavipes Tringa melanoleuca Tringa semipalmata Tringa solitaria (Vieillot, 1819) (Linnaeus, 1758) pisa-n´água combatente (Gmelin, 1789) (Gmelin, 1789) maçarico-de-perna-amarela maçarico-grande-de-perna-amarela (Gmelin, 1789) Wilson, 1813 maçarico-de-asa-branca maçarico-solitário Tryngites subruficollis Stercorariidae (Vieillot, 1819) maçarico-acanelado Stercorarius chilensis Sternidae Chlidonias niger Gelochelidon nilotica Bonaparte, 1857 gaivota-rapineira-chilena (Linnaeus, 1758) (Gmelin, 1789) trinta-réis-negro trinta-réis-de-bico-preto Phaetusa simplex Sterna hirundinacea Sterna hirundo Sterna paradisaea Sterna trudeaui Sternula superciliaris Thalasseus acuflavidus Thalasseus maximus (Gmelin, 1789) Lesson, 1831 Linnaeus, 1758 Pontoppidan, 1763 Audubon, 1838 (Vieillot, 1819) (Cabot, 1847) (Boddaert, 1783) trinta-réis-grande trinta-réis-de-bico-vermelho trinta-réis-boreal trinta-réis-ártico trinta-réis-de-coroa-branca trinta-réis-anão trinta-réis-de-bico-amarelo trinta-réis-real CICONIIFORMES Ciconiidae Ciconia maguari Mycteria americana (Gmelin, 1789) Linnaeus, 1758 joão-grande cabeça-seca Gmelin, 1789 (Temminck, 1813) (Temminck, 1811) (Linnaeus, 1758) (Richard & Bernard, 1792) Bonaparte, 1855 (Temminck, 1813) pombo-doméstico rolinha-picuí rolinha-roxa pariri juriti-gemedeira (Des Murs, 1847) pomba-de-bando COLUMBIFORMES Columbidae Columba liviaex Columbina picui Columbina talpacoti Geotrygon montana Leptotila rufaxilla Leptotila verreauxi Patagioenas picazuro Zenaida auriculata CORACIIFORMES Alcedinidae 101 juriti-pupu asa-branca ou pombão Taxa ORDEM/ Família/ Espécie Autor e ano Nome comum Chloroceryle amazona Chloroceryle americana Megaceryle torquata CUCULIFORMES Cuculidae Coccyzus melacoryphus Crotophaga ani (Latham, 1790) (Gmelin, 1788) (Linnaeus, 1766) martim-pescador-verde martim-pescador-pequeno martim-pescador-grande Vieillot, 1817 Linnaeus, 1758 papa-lagarta-verdadeiro anu-preto Guira guira Piaya cayana Tapera naevia FALCONIFORMES Falconidae Caracara plancus (Gmelin, 1788) (Linnaeus, 1766) anu-branco alma-de-gato (Linnaeus, 1766) saci (Miller, 1777) caracará Falco femoralis Falco peregrinus Temminck, 1822 Tunstall, 1771 Linnaeus, 1758 (Vieillot, 1817) (Vieillot, 1816) (Vieillot, 1816) falcão-de-coleira falcão-peregrino quiriquiri gavião-caburé carrapateiro chimango (Spix, 1825) Temminck, 1815 aracuã jacuaçu Aramus guarauna Rallidae (Linnaeus, 1766) carão Aramides cajanea Aramides saracura Aramides ypecaha Fulica armillata (Statius Muller, 1776) (Spix, 1825) (Vieillot, 1819) Vieillot, 1817 Vieillot, 1817 Philippi & Landbeck, 1861 (Lichtenstein, 1818) três-potes saracura-do-mato saracuruçu carqueja-de-bico-manchado carqueja-de-bico-amarelo carqueja-de-escudo-vermelho (Vieillot, 1819) (Vieillot, 1819) frango-d´água-carijó pinto-d´água-avermelhado Laterallus melanophaius Pardirallus nigricans (Vieillot, 1819) (Vieillot, 1819) pinto-d´água-comum saracurã-sanã Pardirallus sanguinolentus Porphyrio martinica (Swainson, 1837) (Linnaeus, 1766) saracura-do-banhado frango-d´água-azul Porzana albicollis Porzana spiloptera PASSERIFORMES (Vieillot, 1819) Durnford, 1877 sanã-carijó sanã-cinza Falco sparverius Micrastur ruficollis Milvago chimachima Milvago chimango GALLIFORMES Cracidae Ortalis guttata Penelope obscura GRUIFORMES Aramidae Fulica leucoptera Fulica rufifrons Gallinula galeata Gallinula melanops Laterallus leucopyrrhus 102 galinhola ou frango-d´água Taxa ORDEM/ Família/ Espécie Autor e ano Nome comum (Lichtenstein, 1823) (d´Orbigny & Lafresnaye, 1837) azulão azulinho (Linnaeus, 1758) cambacica (Wied, 1831) chupa-dente Cyanocorax chrysops Cotingidae (Vieillot, 1818) gralha-picaça Carpornis cucullata Dendrocolaptidae (Swainson, 1821) corocoxó Dendrocolaptes platyrostris Lepidocolaptes falcinellus Sittasomus griseicapillus Emberizidae Spix, 1825 (Cabanis & Heine, 1859) (Vieillot, 1818) arapaçu-grande arapaçu-escamoso-do-sul arapaçu-verde Ammodramus humeralis Donacospiza albifrons (Bosc, 1792) (Vieillot, 1817) tico-tico-do-campo tico-tico-do-banhado Emberizoides herbicola Emberizoides ypiranganus Embernagra platensis Haplospiza unicolor Poospiza cabanisi Poospiza nigrorufa canário-do-campo canário-do-brejo sabiá-do-banhado cigarra-bambu quete quem-te-vestiu Sicalis flaveola Sicalis luteola Sporophila angolensis (Vieillot, 1817) Ihering & Ihering, 1907 (Gmelin, 1789) Cabanis, 1851 Bonaparte, 1850 (d´Orbigny & Lafresnaye, 1837) (Linnaeus, 1766) (Sparrman, 1789) (Linnaeus, 1766) Sporophila caerulescens Sporophila collaris (Vieillot, 1823) (Boddaert, 1783) coleirinho coleiro-do-brejo Volatinia jacarina Zonotrichia capensis Formicariidae Chamaeza campanisona Fringillidae Euphonia chlorotica Euphonia cyanocephala Euphonia pectoralis Euphonia violacea Sporagra magellanica Furnariidae Anumbius annumbi Certhiaxis cinnamomeus (Linnaeus, 1766) (Statius Muller, 1776) tiziu tico-tico (Lichtenstein, 1823) tovaca-campainha (Linnaeus, 1766) (Vieillot, 1818) (Latham, 1801) (Linnaeus, 1758) (Vieillot, 1805) fim-fim gaturamo-rei gaturamo-serrador ou ferro-velho gaturamo-verdadeiro Pintassilgo (Vieillot, 1817) (Gmelin, 1788) cochicho curutié Cardinalidae Cyanoloxia brissonii Cyanoloxia glaucocaerulea Coerebidae Coereba flaveola Conopophagidae Conopophaga lineata Corvidae 103 canário-da-terra-verdadeiro tipio curió Taxa ORDEM/ Família/ Espécie Autor e ano Nome comum Cinclodes fuscus Cranioleuca obsoleta Cranioleuca sulphurifera Furnarius rufus Limnoctites rectirostris Limnornis curvirostris Lochmias nematura (Vieillot, 1818) (Reichenbach, 1853) (Burmeister, 1869) (Gmelin, 1788) (Gould, 1839) Gould, 1839 (Lichtenstein, 1823) pedreiro-dos-andes arredio-oliváceo arredio-de-papo-manchado joão-de-barro arredio-do-gravatá joão-da-palha joão-porca Phacellodomus ferrugineigula Phacellodomus striaticollis (Pelzeln, 1858) joão-botina (d´Orbigny & Lafresnaye, 1838) (Vieillot, 1817) (Vieillot, 1817) tio-tio boininha Synallaxis spixi Syndactyla rufosuperciliata (d´Orbigny & Lafresnaye, 1837) Temminck, 1823 Vieillot, 1819 Sclater, 1856 (Lafresnaye, 1832) Hirundinidae Alopochelidon fucata Hirundo rustica Progne chalybea Progne tapera Pygochelidon cyanoleuca (Temminck, 1822) Linnaeus, 1758 (Gmelin, 1789) (Vieillot, 1817) (Vieillot, 1817) andorinha-morena andorinha-de-bando andorinha-doméstica-grande) andorinha-do-campo andorinha-pequena-de-casa Tachycineta leucopyga Tachycineta leucorrhoa (Linnaeus, 1758) (Vieillot, 1817) (Meyen, 1834) (Vieillot, 1817) andorinha-do-barranco andorinha-serradora andorinha-chilena andorinha-de-testa-branca Icteridae Agelaioides badius Phleocryptes melanops Schoeniophylax phryganophilus Spartonoica maluroides Synallaxis cinerascens Synallaxis ruficapilla Riparia riparia Stelgidopteryx ruficollis bate-bico bichoita pi-puí pichororé joão-teneném trepador-quiete (Vieillot, 1819) asa-de-telha Agelasticus thilius Amblyramphus holosericeus Cacicus chrysopterus Chrysomus ruficapillus Gnorimopsar chopi Icterus pyrrhopterus (Molina, 1782) (Scopoli, 1786) sargento cardeal-do-banhado (Vigors, 1825) (Vieillot, 1819) tecelão garibaldi (Vieillot, 1819) (Vieillot, 1819) chopim ou graúna encontro Molothrus bonariensis Molothrus rufoaxillaris (Gmelin, 1789) Cassin, 1866 vira-bosta vira-bosta-picumã Pseudoleistes guirahuro Pseudoleistes virescens (Vieillot, 1819) (Vieillot, 1819) chopim-do-brejo dragão Sturnella superciliaris Xanthopsar flavus Incertae sedis (Bonaparte, 1850) (Gmelin, 1788) polícia-inglesa veste-amarela 104 Taxa ORDEM/ Família/ Espécie Autor e ano Nome comum Platyrinchus mystaceus Tachuris rubrigastra Mimidae Mimus saturninus Mimus triurus Motacillidae Anthus correndera Vieillot, 1818 (Vieillot, 1817) patinho papa-piri (Lichtenstein, 1823) (Vieillot, 1818) sabiá-do-campo calhandra-de-três-rabos Vieillot, 1818 caminheiro-de-espora Anthus furcatus d´Orbigny & Lafresnaye, 1837 Hartert, 1909 Pucheran, 1855 Sclater, 1878 caminheiro-de-unha-curta Basileuterus culicivorus Basileuterus leucoblepharus Geothlypis aequinoctialis Parula pitiayumi (Deppe, 1830) (Vieillot, 1817) (Gmelin, 1789) (Vieillot, 1817) pula-pula pula-pula-assobiador pia-cobra mariquita Passeridae Passer domesticusex (Linnaeus, 1758) pardal (Shaw & Nodder, 1793) dançador (Vieillot, 1817) balança-rabo-de-máscara (Temminck, 1824) borboletinha-do-mato (Lafresnaye, 1846) (Spix, 1825) tororó bico-chato-de-orelha-preta (Vieillot, 1816) (Ménétriès, 1835) curriqueiro vira-folha Mackenziaena leachii Thamnophilus caerulescens Thamnophilus ruficapillus Thraupidae Dacnis cayana Hemithraupis guira (Such, 1825) Vieillot, 1816 brujarara-assobiador choca-da-mata Vieillot, 1816 choca-de-boné-vermelho (Linnaeus, 1766) (Linnaeus, 1766) saí-azul papo-preto Lanio cucullatus Lanio melanops (Statius Muller, 1776) (Vieillot, 1818) tico-tico-rei tiê-de-topete Paroaria coronata Pipraeidea bonariensis (Miller, 1776) (Gmelin, 1789) cardeal sanhaçu-papa-laranja Pipraeidea melanonota (Vieillot, 1819) saíra-viúva Saltator similis d´Orbigny & Lafresnaye, trinca-ferro-verdadeiro Anthus hellmayri Anthus lutescens Anthus nattereri Parulidae Pipridae Chiroxiphia caudata Polioptilidae Polioptila dumicola Rhynchocyclidae Phylloscartes ventralis Poecilotriccus plumbeiceps Tolmomyias sulphurescens Scleruridae Geositta cunicularia Sclerurus scansor Thamnophilidae 105 caminheiro-de-barriga-acanelada caminheiro-zumbidor caminheiro-grande Taxa ORDEM/ Família/ Espécie Autor e ano Nome comum 1837 (Temminck, 1823) (Vieillot, 1822) (Cabanis, 1850) (Linnaeus, 1766) (Illiger, 1811) sanhaçu-frade tiê-preto saíra-preciosa sanhaçu-cinzento saí-andorinha Pachyramphus polychopterus Pachyramphus viridis Troglodytidae (Vieillot, 1818) caneleirinho-preto (Vieillot, 1816) caneleirinho-verde Troglodytes musculus Turdidae Naumann, 1823 corruíra Turdus albicollis Turdus amaurochalinus Turdus leucomelas Turdus rufiventris Vieillot, 1818 Cabanis, 1850 Vieillot, 1818 Vieillot, 1818 (Seebohm, 1887) sabiá-coleira sabiá-poca sabiá-barranco sabiá-laranjeira sabiá-ferreiro (Vieillot, 1824) (Linnaeus, 1764) (Temminck, 1824) (Wied-Neuwied, 1831) tesoura-do-campo freirinha risadinha guaracavuçu (Thunberg, 1822) guaracava-de-barriga-amarela Stephanophorus diadematus Tachyphonus coronatus Tangara preciosa Tangara sayaca Tersina viridis Tityridae Turdus subalaris Tyrannidae Alectrurus risora* Arundinicola leucocephala Camptostoma obsoletum Cnemotriccus fuscatus fuscatus Elaenia flavogaster Elaenia mesoleuca Elaenia obscura (Deppe, 1830) (d´Orbigny & Lafresnaye, 1837) Elaenia parvirostris Pelzeln, 1868 Empidonomus varius (Vieillot, 1818) Euscarthmus meloryphus Wied, 1831 Hymenops perspicillatus (Gmelin, 1789) Knipolegus cyanirostris (Vieillot, 1818) Lathrotriccus euleri (Cabanis, 1868) Lessonia rufa (Gmelin, 1789) Machetornis rixosa (Vieillot, 1819) Megarynchus pitangua (Linnaeus, 1766) Myiarchus swainsoni Cabanis & Heine, 1859 Myiodynastes maculatus (Statius Muller, 1776) Myiopagis viridicata (Vieillot, 1817) Myiophobus fasciatus (Statius Muller, 1776) Phyllomyias fasciatus (Thunberg, 1822) Pitangus sulphuratus (Linnaeus, 1766) Pseudocolopteryx flaviventris (d´Orbigny & Lafresnaye, 1837) 106 tuque tucão guaracava-de-bico-curto peitica barulhento viuvinha-de-óculos maria-preta-de-bico-azulado enferrujado colegial suiriri-cavaleiro neinei irré bem-te-vi-rajado guaracava-de-crista-alaranjada filipe piolhinho bem-te-vi amarelinho-do-junco Taxa ORDEM/ Família/ Espécie Autor e ano Nome comum Pseudocolopteryx sclateri Pyrocephalus rubinus Satrapa icterophrys Serpophaga nigricans Serpophaga subcristata Tyrannus melancholicus Tyrannus savana (Oustalet, 1892) (Boddaert, 1783) (Vieillot, 1818) (Vieillot, 1817) (Vieillot, 1817) Vieillot, 1819 Vieillot, 1808 tricolino príncipe suiriri-pequeno joão-pobre alegrinho suiriri tesourinha Xolmis cinereus Xolmis dominicanus Xolmis irupero Vireonidae Cyclarhis gujanensis Vireo olivaceus (Vieillot, 1816) (Vieillot, 1823) primavera noivinha-de-rabo-preto (Vieillot, 1823) noivinha (Gmelin, 1789) (Linnaeus, 1766) gente-de-fora-vem ou pitiguari juruviara Ardea alba Ardea cocoi Botaurus pinnatus Bubulcus ibis Linnaeus, 1758 Linnaeus, 1766 (Wagler, 1829) (Linnaeus, 1758) garça-branca-grande garça-moura ou socó-grande socó-boi-baio garça-vaqueira Butorides striata Egretta caerulea Egretta thula Ixobrychus involucris Nycticorax nycticorax Syrigma sibilatrix (Linnaeus, 1758) (Linnaeus, 1758) (Molina, 1782) (Vieillot, 1823) (Linnaeus, 1758) (Temminck, 1824) (Boddaert, 1783) socozinho garça-azul garça-branca-pequena socoí-amarelo savacu maria-faceira socó-boi-verdadeiro Phimosus infuscatus (Lichtenstein, 1823) Platalea ajaja Plegadis chihi Linnaeus, 1758 (Vieillot, 1817) maçarico-de-cara-pelada ou chapéuvelho colhereiro maçarico-preto Theristicus caerulescens Theristicus caudatus PHOENICOPTERIFORMES Phoenicopteridae Phoenicoparrus andinus Phoenicopterus chilensis (Vieillot, 1817) (Boddaert, 1783) maçarico-real curicaca (Philippi, 1854) Molina, 1782 flamingo-andino Flamingo (Vieillot, 1818) (Gmelin, 1788) (Otto, 1796) (Temminck, 1821) pica-pau-do-campo pica-pau-verde-barrado pica-pau-branco pica-pau-dourado PELECANIFORMES Ardeidae Tigrisoma lineatum Threskiornithidae PICIFORMES Picidae Colaptes campestris Colaptes melanochloros Melanerpes candidus Piculus aurulentus 107 Taxa ORDEM/ Família/ Espécie Autor e ano Nome comum Veniliornis spilogaster Ramphastidae Ramphastos toco PODICIPEDIFORMES Podicipedidae Podicephorus major Podilymbus podiceps (Wagler, 1827) picapauzinho-verde-carijó Statius Muller, 1776 tucanuçu (Boddaert, 1783) (Linnaeus, 1758) mergulhão-grande mergulhão Rollandia rolland Tachybaptus dominicus PROCELLARIIFORMES Diomedeidae Phoebetria fusca Thalassarche chlororhynchos (Quoy & Gaimard, 1824) (Linnaeus, 1766) mergulhão-de-orelha-branca mergulhão-pequeno (Hilsenberg, 1822) (Gmelin, 1789) piau-preto albatroz-de-nariz-amarelo Thalassarche melanophris Procellariidae (Temminck, 1828) albatroz-de-sobrancelha Calonectris borealis Daption capense Macronectes giganteus Pachyptila belcheri (Cory, 1881) (Linnaeus, 1758) (Gmelin, 1789) (Mathews, 1912) pardela-de-bico-amarelo pomba-do-cabo pardelão-gigante-de-bico-verde faigão-de-bico-fino Pachyptila desolata Puffinus gravis Puffinus griseus Puffinus puffinus PSITTACIFORMES Psittacidae (Gmelin, 1789) (O´Reilly, 1818) (Gmelin, 1789) (Brünnich, 1764) faigão-rola pardela-grande-de-sobre-branco pardela-escura pardela-pequena Myiopsitta monachus Pyrrhura frontalis (Boddaert, 1783) (Vieillot, 1817) caturrita tiriba-de-testa-vermelha SPHENISCIFORMES Spheniscidae Aptenodytes patagonicus Spheniscus magellanicus Miller, 1778 (Forster, 1781) pinguim-rei pinguim-de-magalhães (Vieillot, 1808) (Molina, 1782) (Gmelin, 1788) (Gmelin, 1788) (Vieillot, 1817) (Salvin, 1897) coruja-orelhuda coruja-do-campo jacurutu caburé corujinha-do-mato corujinha-do-sul (Scopoli, 1769) coruja-de-igreja STRIGIFORMES Strigidae Asio clamator Athene cunicularia Bubo virginianus Glaucidium brasilianum Megascops choliba Megascops sanctaecatarinae Tytonidae Tyto alba STRUTHIONIFORMES Rheidae 108 Taxa ORDEM/ Família/ Espécie Autor e ano Nome comum Rhea americana SULIFORMES Anhingidae Anhinga anhinga Fregatidae Fregata magnificens Phalacrocoracidae (Linnaeus, 1758) ema (Linnaeus, 1766) biguatinga Mathews, 1914 tesourão Phalacrocorax brasilianus Sulidae Sula leucogaster TINAMIFORMES Tinamidae Crypturellus obsoletus (Gmelin, 1789) biguá (Boddaert, 1783) atobá-pardo (Temminck, 1815) inambuguaçu Nothura maculosa Rhynchotus rufescens (Temminck, 1815) (Temminck, 1815) perdiz ou codorna perdigão TROGONIFORMES Trogonidae Trogon surrucura Vieillot, 1817 surucuá-variado Total de espécies 362 A classificação e nomenclatura seguem compilação de CBRO, 2011, e os nomes populares seguem Bencke et al.,2010. Legenda: * Espécies com apenas registro histórico para a região (Gliesch, 1930) e ex Espécie exótica. Anexo 5: Tabela geral com todas as espécies de mamíferos compiladas para Área 4 do Projeto RS Biodiversidade, Litoral Médio do Rio Grande do Sul. Taxa ORDEM/ Família/ Espécie ARTIODACTYLA Cervidae Blastocerus dichotomus Autor e ano Nome comum (Illiger, 1815) cervo-do-Pantanal Mazama gouazoubira Mazama americana* Suidae Sus scrofaex CARNIVORA Felidae (G. Fischer, 1814) (Erxleben, 1777) veado-catingueiro veado-mateiro Linnaeus, 1758 javali-europeu Felis catusex Leopardus braccatus Leopardus geoffroyi Leopardus pardalis Leopardus tigrinus Leopardus wiedii Puma yagouaroundi Linnaeus, 1758 (Cope, 1889) (d’Orbigny & Gervais, 1844) (Linnaeus, 1758) (Schreber, 1775) (Schinz, 1821) (É. Geoffory Saint-Hilaire, 1803) gato-doméstico gato-palheiro gato-do-mato-grande jaguatirica gato-do-mato-pequeno gato-maracajá gato-mourisco 109 Taxa ORDEM/ Família/ Espécie Puma concolor Canidae Canis familiarisex Cerdocyon thous Lycalopex gymnocercus Mustelidae Eira barbara Autor e ano Nome comum (Linnaeus, 1771) onça-parda Linnaeus, 1758 cachorro-doméstico (Linnaeus, 1766) (G. Fischer, 1814) graxaim raposa-do-campo (Linnaeus, 1758) irara Galictis cuja Lontra longicaudis Mephitidae Conepatus chinga Procyonidae Procyon cancrivorus (Molina, 1782) (Olfers, 1818) furão lontra (Molina, 1782) zorrilho (G. Cuvier, 1798) mão-pelada Nasua nasua* CHIROPTERA Noctilionidae Noctilio leporinus Phyllostomidae Desmodus rotundus (Linnaeus, 1766) quati (Linnaeus, 1758) morcego-pescador-grande (É. Geoffroy, 1810) morcego-vampiro Glossophaga soricina Artibeus lituratus (Pallas, 1766) (Olfers, 1818) (Gray, 1838) (É. Geoffroy, 1810) morcego-beija-flor morcego morcego morcego (I. Geoffroy, 1824) (Gervais, 1856) (É. Geoffroy, 1806) morcego-orelhudo morcego morcego-borboleta morcego morcego (Pallas, 1766) morcego-de-cauda-livre (É. Geoffroy, 1805) (I. Geoffroy, 1824) morcego morcego-do-telhado (Desmarest, 1804) (Desmarest, 1804) tatu-de-rabo-mole-grande tatu-mulita (Linnaeus, 1758) (Linnaeus, 1758) tatu-galinha tatuí (Linnaeus, 1758) tatu-peba (Olfers, 1818) cuíca-lanosa Artibeus fimbriatus Sturnira lilium Vespertilionidae Histiotus velatus Lasiurus ega Eptesicus brasiliensis Myotis nigricans Myotis ruber* Molossidae Molossus molossus Molossus rufus Tadarida brasiliensis CINGULATA Dasypodidae Cabassous tatouay Dasypus hybridus Dasypus novemcinctus Dasypus septemcinctus Euphractus sexcinctus DIDELPHIMORPHIA Didelphidae Caluromys lanatus* (Desmarest, 1819) (Schinz, 1821) 110 Taxa ORDEM/ Família/ Espécie Chironectes minimus* Cryptonanus guahybae Didelphis albiventris Gracilinanus sp. Lutreolina crassicaudata LAGOMORPHA Leporidae Autor e ano Nome comum (Zimmermann, 1780) (Tate, 1931) (Lund, 1840) cuíca-d'água catita gambá (Desmarest, 1804) cuíca cuíca-de-cauda-grossa ex Lepus sp. PILOSA Myrmecophagidae Tamandua tetradactyla PRIMATES Atelidae lebre-européia (Linnaeus, 1758) tamanduá-mirim Alouatta guariba clamitans RODENTIA Cricetidae Akodon azarae Akodon montensis Calomys laucha (Cabrera, 1940) bugio-ruivo (G. Fischer, 1829) (Thomas, 1913) (G. Fischer, 1814) rato rato rato Brucepattersonius iheringi Delomys dorsalis (Thomas, 1896) (Hensel, 1873) (Thomas, 1917) (Desmarest, 1819) (Waterhouse, 1837) (Olfers, 1818) (Waterhouse, 1837) (Waterhouse, 1837) (G. Fischer, 1814) (Thomas, 1928) rato rato-do-mato rato-do-mato rato-d'água rato-do-mato rato-do-mato rato-do-brejo rato-d'água rato-do-mato rato-do-mato (Erxleben, 1777) preá (Ximenez, 1980) (Linnaeus, 1766) preá capivara (Travi, 1981) (Freitas, 2001) (Nehring, 1887) tuco-tuco-branco tuco-tuco tuco-tuco (Linnaeus, 1766) paca (Lichtenstein, 1823) cutia (F. Cuvier, 1823) ouriço-cacheiro Deltamys kempi Holochilus brasiliensis Oligoryzomys flavescens Oligoryzomys nigripes Oxymycterus nasutus Scapteromys tumidus Sooretamys angouya Wilfredomys oenax Caviidae Cavia aperea Cavia magna Hydrochoerus hydrochaeris Ctenomyidae Ctenomys flamarioni Ctenomys lami Ctenomys minutus Cuniculidae Cuniculus paca Dasyproctidae Dasyprocta azarae Erethizontidae Coendou spinosus 111 Taxa ORDEM/ Família/ Espécie Echimyidae Kannabateomys amblyonyx Phyllomys dasythrix Euryzygomatomys spinosus Myocastoridae Myocastor coypus Muridae Mus musculus Rattus rattusex ex Autor e ano Nome comum (Wagner, 1845) (Hensel, 1872) rato-da-taquara rato-da-árvore (G. Fischer, 1814) guirá (Molina, 1782) ratão-do-banhado Linnaeus, 1758 (Linnaeus, 1758) camundongo rato-doméstico Total de espécies 77 A classificação e nomenclatura seguem compilação de Wilson & Reeders, 2011 e Voss et al., 2013. Legenda: *Espécies com ocorrência potencial para os limites do Litoral Médio do RS. ex Espécie exótica. 11. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA Accord IA (2002) New records of the Sickle-winged Nightjar, Eleothreptus anomalus (Caprimulgidae), from a Rio Grande do Sul, Brazil wetland. Ararajuba, 10(2): 227-230. Artioli LGS (2012) As assembleias de peixes da zona litoral de lagoas costeiras subtropicais do Sistema do rio Tramandai/RS: aspectos amostrais, variações espaciais e temporais de descritores ecológicos e suas relações com a variabilidade ambiental. Tese apresentada ao Programa de Pos-graduação em Biologia Animal Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 90p. Becker FG, Ramos RA, Moura LA (2007a) Biodiversidade. Regiões da Lagoa do Casamento e dos Butiazais de Tapes, Planície Costeira do Rio Grande do Sul. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 384p. Becker FG, Grosser KM, Milani PCC, Braun AS (2007b) Peixes. In: Becker, F. G.; Ramos, R. A.; Moura, L. A. Biodiversidade. 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