rima - STCP
Transcrição
rima - STCP
SUZANO ENERGIA RENOVÁVEL LTDA. RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL (RIMA) PARA IMPLANTAÇÃO DE INDÚSTRIA DE PELLETS NO MUNICÍPIO DE CHAPADINHA, ESTADO DO MARANHÃO 03SER0211 R00 CURITIBA / PR FEVEREIRO / 2012 2012© STCP Engenharia de Projetos Ltda. – Proposta Técnica CER0112 R00 (12/03/2012) 1 SUZANO ENERGIA RENOVÁVEL LTDA. RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL (RIMA) PARA IMPLANTAÇÃO DE INDÚSTRIA DE PELLETS NO MUNICÍPIO DE CHAPADINHA, ESTADO DO MARANHÃO 03SER0211 R00 CURITIBA / PR FEVEREIRO / 2012 CONTEÚDO Pág. 1 - APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................1.1 2 - INFORMAÇÕES GERAIS...........................................................................................................2.1 2.1 - IDENTIFICAÇÃO DO EMPREENDIMENTO .............................................................................2.1 2.2 - EMPREENDEDOR ..................................................................................................................2.1 2.3 - EMPRESA RESPONSÁVEL PELO EIA E RIMA .......................................................................2.2 2.4 - OBJETIVO DO ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL ............................................................... 2.2 2.5 - ABRANGÊNCIA DA AVALIAÇÃO AMBIENTAL .........................................................................2.2 2.6 - EQUIPE PARTICIPANTE .........................................................................................................2.3 2.6.1 - Coordenação Geral e Responsável Técnico ..................................................................2.3 2.6.2 - Coordenação das Áreas Temáticas ...............................................................................2.3 2.6.3 - Meio Físico....................................................................................................................2.4 2.6.4 - Meio Biótico...................................................................................................................2.5 2.6.5 - Meio Socioeconômico....................................................................................................2.5 2.6.6 - Sensoriamento Remoto e Mapeamento .........................................................................2.6 2.6.7 - Equipe de Apoio ............................................................................................................2.6 3 – O QUE É O EMPREENDIMENTO .............................................................................................. 3.1 3.1 – O EMPREENDEDOR ..............................................................................................................3.1 3.2 – O EMPREENDIMENTO...........................................................................................................3.1 3.3 – QUAIS OS OBJETIVOS DO EMPREENDIMENTO..................................................................3.3 3.3.1 – Objetivo Geral...............................................................................................................3.3 3.3.2 – Objetivos Específicos....................................................................................................3.4 3.4 – QUAIS AS JUSTIFICATIVAS PARA IMPLANTAÇÃO DO EMPREENDIMENTO .......................3.4 3.4.1 – Técnica......................................................................................................................... 3.4 3.4.2 – Locacional ....................................................................................................................3.4 3.4.3 – Socioeconômica ...........................................................................................................3.4 3.4.4 – Ambiental .....................................................................................................................3.5 3.5 – O PROCESSO INDUSTRIAL ..................................................................................................3.5 3.5.1 – Descritivo do Processo .................................................................................................3.5 3.5.1.1 – Princípios de Operação.......................................................................................... 3.6 3.6 – SISTEMA DE COGERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA........................................................... 3.6 3.7 – OS SISTEMAS DE CONTROLE AMBIENTAL .........................................................................3.8 3.8 – ANÁLISE ECONÔMICO-FINANCEIRA DO EMPREENDIMENTO............................................3.8 3.9 – ALTERNATIVAS AO EMPREENDIMENTO ..............................................................................3.8 3.10 – LEGISLAÇÃO APLICADA AO EMPREENDIMENTO.............................................................. 3.9 3.10.1 – Licenciamento Ambiental ............................................................................................ 3.9 3.10.2 – O EIA/RIMA ................................................................................................................3.9 4 - SITUAÇÃO ATUAL ....................................................................................................................4.1 4.1 - DEFINIÇÃO DAS ÁREAS DE INFLUÊNCIA .............................................................................4.1 4.1.1 - Áreas de Influência dos Meios Físico e Biótico............................................................... 4.1 4.1.2 - Áreas de Influência do Meio Socioeconômico ................................................................ 4.3 4.2 - MEIO FÍSICO........................................................................................................................... 4.4 4.2.1 - Clima............................................................................................................................. 4.4 4.2.2 - Geologia e Relevo .........................................................................................................4.4 4.2.3 - Hidrografia.....................................................................................................................4.4 4.2.4 - Solos ............................................................................................................................. 4.5 4.3 - MEIO BIÓTICO ........................................................................................................................4.6 4.3.1 - Vegetação .....................................................................................................................4.6 4.3.1.1 - Informações da Vegetação da Região do Empreendimento ....................................4.6 4.3.1.2 - Metodologia ............................................................................................................4.7 4.3.1.3 - Caracterização da Vegetação da Área de Influência do Empreendimento ...............4.7 4.3.1.4 - Tipos de Pressão Identificados sobre a Vegetação da Área de Influência do Empreendimento ..................................................................................................4.10 4.3.2 - A Importância dos Estudos de Fauna .......................................................................... 4.11 4.3.3 - Peixes (Ictiofauna)....................................................................................................... 4.12 4.3.4 - Répteis (Herpetofauna) ............................................................................................... 4.14 4.3.5 - Mamíferos (Mastofauna).............................................................................................. 4.14 4.3.6 - Aves (Avifauna) ........................................................................................................... 4.15 4.3.7 - Considerações Finais sobre a Fauna........................................................................... 4.16 4.4 - MEIO SOCIOECONÔMICO E CULTURAL ............................................................................. 4.17 4.4.1 - Socioeconomia............................................................................................................ 4.17 4.4.2 - Arqueologia ................................................................................................................. 4.19 4.4.2.1 - Conceitos Gerais: Ocorrência, Registro e Sítio Arqueológico ................................ 4.19 4.4.2.2 - Aspectos Jurídicos................................................................................................ 4.19 4.4.2.3 - Referencial Teórico - Metodológico ....................................................................... 4.19 4.4.2.4 - O Referencial Arqueológico Regional....................................................................4.20 4.4.2.5 - Referencial Arqueológico Pré-histórico para as Áreas de Influência ...................... 4.20 4.4.2.6 - Referencial Arqueológico Histórico para as Áreas de Influência ............................ 4.20 4.4.2.7 - Comunidades Indígenas Atuais............................................................................. 4.20 4.4.2.8 - Caracterização Arqueológica da Área Diretamente Afetada e de Influência Direta da Indústria de Pellets ................................................................................ 4.20 4.4.2.9 - Recomendações...................................................................................................4.21 5 - IMPACTOS, MEDIDAS E PROGRAMAS SOCIOAMBIENTAIS ..................................................5.1 5.1 - OS IMPACTOS AMBIENTAIS PREVISTOS ..............................................................................5.1 5.2 - AS MEDIDAS E PROGRAMAS DE CONTROLE DE IMPACTOS AMBIENTAIS INDICADOS ............................................................................................................................ 5.2 6 - COMO SERÁ O FUTURO .........................................................................................................6.1 7 - CONCLUSÃO............................................................................................................................. 7.1 LISTA DE TABELAS Tabela 4.01 - Espécies Ameaçadas e/ou Protegidas da Flora Registrada na Área de Influência do Empreendimento .................................................................................................4.10 Tabela 5.01 - Fatores e Componentes Ambientais Considerados Nesta Avaliação...........................5.2 Tabela 5.02 - Impactos e Riscos Ambientais Associados ao Projeto Industrial da Suzano Energia e Respectivos Programas e Medidas para Controle, Minimização, Compensação, Potencialização e Monitoramento ...............................................................................5.3 LISTA DE FIGURAS Figura 3.01 – Localização e Acessos à Área do Empreendimento a partir do Município de São Luís .....................................................................................................................3.2 Figura 3.02 – Localização do Empreendimento da SER ...................................................................3.3 Figura 3.03 – Fluxo Simplificado do Processo Industrial ...................................................................3.7 Figura 4.01 - ADA, AID e AII dos Meios Físico e Biótico ...................................................................4.2 Figura 4.02 - ADA, AID e AII dos Meios Físico e Biótico ...................................................................4.3 Figura 4.03 - Bacia Hidrográfica do Rio Munim.................................................................................4.5 Figura 4.04 - Área de Abrangência do Bioma Cerrado......................................................................4.6 LISTA DE FOTOS Foto 4.01 - Cobertura Vegetacional da Área de Influência Indireta ...................................................4.8 Foto 4.02 - Vegetação da Área de Influência Direta..........................................................................4.9 Foto 4.03 - Vegetação da Área Diretamente Afetada........................................................................4.9 1 – APRESENTAÇÃO 1 – APRESENTAÇÃO A Suzano Energia Renovável Ltda., através da empresa de consultoria contratada – STCP Engenharia de Projetos Ltda., submete à Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Estado do Maranhão o presente documento, “Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) da Implantação da Indústria de Pellets no Município de Chapadinha, Estado do Maranhão”. Elaborado de acordo com a legislação federal, estadual e as legislações municipais, este estudo ambiental foi construído exclusivamente com base nas informações disponibilizadas pelo empreendedor a respeito do projeto industrial de produção de pellets. O presente documento foi produzido para possibilitar o licenciamento ambiental do empreendimento industrial, atendendo à exigência da Secretaria do Estado de Meio Ambiente e Recursos Naturais do Estado do Maranhão (SEMA/MA). Levando em consideração o desenvolvimento econômico, social e ecológico, e a utilização racional dos recursos naturais, o empreendimento tem como objetivo a produção de pellets de madeira tendo como fonte os plantios de eucalipto da SER na região. A capacidade de produção esperada da indústria é de 2 milhões de toneladas de pellets de madeira ao ano, e a operação deverá ser iniciada em 2014. Para atingir o objetivo acima, seguindo as leis ambientais, este documento foi feito de acordo com o que pede o Termo de Referência emitido pela SEMA/MA. Este estudo foi elaborado com as informações disponíveis da região, e também trabalho de campo realizado por especialistas. Os resultados destes estudos permitiram descrever os possíveis impactos da indústria no meio ambiente e também elaborar e recomendar programas ambientais para a região do empreendimento industrial. 2012 © STCP Engenharia de Projetos Ltda. 1.1 2 – INFORMAÇÕES GERAIS 2 – INFORMAÇÕES GERAIS O Capítulo 2 deste documento apresenta as informações gerais sobre o empreendimento (indústria) e o empreendedor (empresa), além da equipe de técnicos e pesquisadores que elaborou o Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA e RIMA). 2.1 – O QUE É O EMPREENDIMENTO? O empreendimento é a Indústria de Produção de Pellets de Madeira de Eucalipto que a Suzano Energia Renovável (SER) pretende instalar no município de Chapadinha, no Estado do Maranhão. Os pellets são produzidos a partir do pó da madeira, e são utilizados para a queima, produzindo calor e energia. A produção dessa indústria deve ser exportada para outros países, onde servirá para a geração de energia renovável. A operação desta Unidade Industrial da Suzano Energia Renovável deve iniciar em 2013, e a meta é produzir 2 milhões de toneladas de pellets por ano a partir de 2014. Além de produzir pellets, a indústria também fará a cogeração de energia elétrica a partir de resíduos de madeira, para seu próprio abastecimento. 2.2 – QUEM É O EMPREENDEDOR? SUZANO ENERGIA RENOVÁVEL LTDA. Endereço: Rua Diogo Moreira, n°132, andar 21, conjuntos 2101/2104 Pinheiros São Paulo/SP CEP 05.423-010 Telefone: (11) 3503-9669 CNPJ: 12.777.977/0001-07 Inscrição Estadual: 146.540.773.1108 Responsável Técnico: João Carlos Gonchorosky – Engenheiro Químico, Especialista em Produção de Celulose Email: [email protected] CREA 23746/D-PR CTF IBAMA: 5456106 2 – Informações Gerais 2.3 – EMPRESA RESPONSÁVEL PELO EIA E RIMA STCP ENGENHARIA DE PROJETOS LTDA. Endereço: Rua Euzébio da Motta, 450, Juvevê, Curitiba/PR CEP 80.530-260 Telefone: (41) 3252-5861 Fax: (41) 3252-5871 Email: [email protected] Responsável Técnico: Joésio Deoclécio Pierin Siqueira - Engenheiro Florestal, Dr. em Política e Economia Florestal Email: [email protected] CREA 4057/D-PR Visto CREA/PI: 18.831 CTF IBAMA 183508 2.4 – OBJETIVO DO ESTUDO (EIA) E RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL (RIMA) O Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA e RIMA) do Empreendimento da Suzano Energia Renovável, na região de Chapadinha, Estado do Maranhão, foi elaborado de forma a atender ao que as leis da Constituição Federal exigem a emissão da licença prévia – LP, que é a primeira etapa de um processo de licenciamento ambiental na SEMA. Enquanto o EIA é um documento técnico, com informações detalhadas, o presente documento – Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) é um documento resumido e escrito em uma linguagem mais simples, para permitir que a população tenha acesso às informações dos estudos ambientais e possa compreender o que é o empreendimento, quais serão os impactos e também conhecer os programas socioambientais propostos. 2.5 – AONDE FOI REALIZADA A AVALIAÇÃO AMBIENTAL Os estudos para a avaliação ambiental e análise dos impactos foram realizados no local onde deverá ser instalada a indústria da Suzano Energia Renovável - SER, e também nas áreas de influência do empreendimento, principalmente na região de Chapadinha e municípios vizinhos. 2.6 – EQUIPE PARTICIPANTE A equipe multidisciplinar responsável pelo Estudo de Impacto Ambiental e pela elaboração do RIMA é apresentada a seguir. O Anexo 2.01 exibe cópia da ART, Cadastro Técnico Federal e procurações. 2.2 2012 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 2 – Informações Gerais 2.6.1 – Coordenação Geral e Responsável Técnico ___________________________________________ Joésio Deoclécio Pierin Siqueira – Engenheiro Florestal Dr. em Política e Economia Florestal CREA 4057/D-PR Visto CREA/PI 18831 CTF IBAMA 183508 2.6.2 – Coordenação das Áreas Temáticas Coordenação Técnica ___________________________________________ Ramon Gomes - Engenheiro Ambiental CREA/SC 069895-8/D CTF 507177 Supervisão Técnica ___________________________________________ Pieter Maurits van der Meer - Biólogo CTF IBAMA 5113880 Coordenação do Meio Físico ___________________________________________ Michela Rossane Cavilha Geógrafa, Especialista em Análise Ambiental CREA/PR 93566/D CTF IBAMA 1503810 2012 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 2.3 2 – Informações Gerais Coordenação do Meio Biótico ___________________________________________ Bruno de Andrade Matuella – Biólogo, Msc. em Sistemas Costeiros e Oceânicos e Especialista em Gestão Ambiental CRBio 41797/07-D CTF IBAMA 3614597 Coordenação do Meio Socioeconômico ___________________________________________ Claudia Pereira da Silva Sampaio - Engenheira Agrônoma Dra. em Planejamento e Desenvolvimento Rural Sustentável CREA/PR 23603/D CTF IBAMA 4732705 Coordenação da Análise Ambiental ___________________________________________ Sérgio Augusto Abrahão Morato – Biólogo Dr.r em Ciências Biológicas – Zoologia CRBio/PR 08478-07/D CTF IBAMA 50879 2.6.3 – Meio Físico ___________________________________________ Bruna de Freitas Iwata Engenheira Agrônoma, MSc. em Agronomia; Especialista em Solos, Hidrologia e Recursos Hídricos CRQ/PI: LT 022-2009 2.4 CTF IBAMA 4345248 2012 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 2 – Informações Gerais 2.6.4 – Meio Biótico ___________________________________________ Luciano Ceolin Biólogo, MSc. em Botânica CRBio/PR 50464 -07/D CTF IBAMA 200.1711 ___________________________________________ Rogerio Lima Biólogo, Dr. em Zoologia, Especialista em Mastofauna CRBio 2 29531-02/D CTF IBAMA 2526093 2.6.5 – Meio Socioeconômico ___________________________________________ Antonio Afonso Batista e Silva Geógrafo ___________________________________________ Ana Caroline Paz Lima Economista ___________________________________________ Arkley Marques Bandeira Arqueólogo e Historiador, MSc. em Arqueologia, Especialista em Arqueologia e Antropologia CTF IBAMA 4026001 2012 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 2.5 2 – Informações Gerais ___________________________________________ Mônica Letícia Breda Advogada OAB/PR 29.270 2.6.6 – Sensoriamento Remoto e Mapeamento ___________________________________________ Francelino Sczanoski de Jesus Junior Geógrafo CREA/PR 99.277/D CTF IBAMA 3484751 2.6.7 – Equipe de Apoio ___________________________________________ Diogo Pereira de Cristo Engenheiro Ambiental ___________________________________________ Fabiana Wladyka Engenheira Ambiental ___________________________________________ Leticia Karmann Monteiro de Almeida Ulandowski Bióloga, Especialista em Gerenciamento Ambiental na Indústria 2.6 2012 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 2 – Informações Gerais ___________________________________________ Marcela Mainardes Tempo Bióloga ___________________________________________ Marcelo Lentini Ribas Engenheiro Ambiental ___________________________________________ Vanessa Vlnieska Estagiária de Ciências Biológicas 2012 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 2.7 3 – O QUE É O EMPREENDIMENTO 3 – O QUE É O EMPREENDIMENTO 3.1 – O EMPREENDEDOR O empreendedor é a empresa que pretende instalar este empreendimento industrial, neste caso a Suzano Energia Renovável – SER, que faz parte do grupo Suzano. O grupo Suzano existe a mais de 87 anos, e iniciou suas atividades com a empresa Suzano Papel e Celulose, que realiza plantios florestais e produz papel e celulose a partir da madeira destes plantios. Estes produtos são vendidos para mais de 80 países, além do Brasil. Em 2010, a Suzano anunciou que pretende investir na ampliação da produção de papel e celulose, e na diversificação de suas atividades, atuando também na área de biotecnologia e energia renovável. Com este objetivo foi criada a Suzano Energia Renovável – SER, que tem como objetivo a produção de pellets de madeira, que são utilizados para a geração de energia, e serão vendidos para o mercado europeu. 3.2 – O EMPREENDIMENTO Empreendimento é o nome dado para o tipo de atividade ou indústria que o empreendedor pretende instalar. A Suzano Energia Renovável tem a intenção de construir uma fábrica de pellets de madeira no município de Chapadinha, no Estado do Maranhão, a aproximadamente 230 km de São Luís (Figura 3.01). A indústria será localizada na Fazenda Santo Anjo, uma área rural que fica a aproximadamente 20 km do centro da cidade de Chapadinha (Figura 3.02). A meta de produção desta nova indústria da Suzano Energia Renovável é de 2 milhões de toneladas de pellets ao ano a partir de 2014, mas a atividade já será iniciada em 2013. A madeira para abastecer a fábrica virá de árvores plantadas pela SER na região, para uso exclusivo neste processo industrial. 3 – O que é o Empreendimento Figura 3.01 – Localização e Acessos à Área do Empreendimento a partir do Município de São Luís Fonte: SER (2011) – Adaptado por STCP. 3.2 2012 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 3 – O que é o Empreendimento Figura 3.02 – Localização do Empreendimento da SER Fonte: SER (2011) – Adaptado por STCP. 3.3 – QUAIS OS OBJETIVOS DO EMPREENDIMENTO 3.3.1 – Objetivo Geral O empreendimento da SER tem como principal objetivo a implantação de uma fábrica de pellets de madeira com capacidade de produção de 2 milhões de toneladas por ano, na região de Chapadinha, Estado do Maranhão. 2012 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 3.3 3 – O que é o Empreendimento 3.3.2 – Objetivos Específicos Além do objetivo principal, o empreendimento da SER tem ainda os seguintes objetivos específicos: − Instalar uma indústria que promova o desenvolvimento, progresso e qualidade de vida para a sociedade, principalmente na região do empreendimento; − Gerar energia por meio de fontes renováveis que permitem o desenvolvimento, juntamente com a preservação dos recursos naturais; − Oferecer uma fonte de energia renovável para os principais mercados consumidores, com práticas e tecnologias modernas e inovadoras. 3.4 – QUAIS AS JUSTIFICATIVAS PARA IMPLANTAÇÃO DO EMPREENDIMENTO As principais justificativas para a implantação do empreendimento da Suzano Energia Renovável no Estado do Maranhão são de ordem: técnica, locacional, socioeconômica e ambiental. 3.4.1 – Técnica Os resíduos de madeira, como por exemplo os pellets, como insumo energético são uma importante alternativa de energia, tendo em vista que se trata de uma fonte renovável e descentralizada, que promove a geração de empregos no campo e renda adicional. 3.4.2 – Locacional O empreendimento industrial da SER apresenta uma visão integrada, entre o recebimento da matéria prima (toras de eucalipto) e a futura produção de pellets. Dessa forma, para compor à análise de alternativas locacionais é necessário que sejam considerados os seguintes fatores: − A existência de áreas já cultivadas com florestas com eucalipto na região é um atrativo para a implantação da unidade industrial de peletização da Suzano, pois tal fator facilita o fornecimento de matéria prima (madeira); − Considerando o aspecto de infraestrutura, o Maranhão possui hoje um dos mais modernos sistemas de transporte intermodal de todo o Nordeste, constituído de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos. − As características físicas do Porto de Itaqui e de todo o seu complexo de unidades portuárias, bem como a sua distância em relação aos principais mercados consumidores da Europa e dos Estados Unidos, confere-lhe a categoria de um dos mais importantes portos marítimos brasileiros (IMESC, 2007); 3.4.3 – Socioeconômica A adoção de energias renováveis é fundamental para o desenvolvimento industrial, assim como, a cogeração sustentável de energia como o uso de biomassa para produção de pellets. Definições como essas devem ser direcionadoras de soluções das ações economicamente mais vantajosas e com menores impactos ambientais. 3.4 2012 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 3 – O que é o Empreendimento Nesse contexto, a biomassa tem um papel muito importante. Nos últimos anos, a venda de pellets de madeira para uso energético no continente europeu apresentou um crescimento significativo, atingindo de cerca de 9 milhões de toneladas no último ano. O empreendimento industrial da SER será de suma importância para o crescimento do estado do Maranhão e da região de Chapadinha, em termos econômicos e sociais, com a geração de empregos e renda, em um região hoje carente e com indicadores sociais abaixo da média brasileira. 3.4.4 – Ambiental O setor de produção de pellets trata-se de um sistema agroindustrial diferenciado dos demais produtos agrícolas e florestais, em função do seu caráter de reciclagem dos resíduos industriais. Outras vantagens deste processo serão listadas a seguir: − Utilização dos pellets favorável ao meio ambiente, pois o CO2 emitido em sua queima é recuperado no crescimento de uma árvore; − Possui baixas emissões de gases de efeito estufa; − Derivado de resíduos de madeira, que constituem um passivo ambiental quando deixado no campo; − O ciclo de produção de uma arvore de eucalipto para a produção de pellets é de 2 a 3 anos; − Fácil armazenamento; − Não se degradam ao longo do tempo devido a sua baixa umidade; − Possui alto poder de produção de calor; − Pellets para aquecimento reduzem a dependência energética em relação ao gás e ao petróleo; − É uma forma de energia renovável. 3.5 – O PROCESSO INDUSTRIAL O projeto pretendido pela SER é de alta tecnologia, prevendo a instalação de uma planta industrial com capacidade de produção de cerca de 2 milhões de Ton/ano, com matéria prima vinda de florestas plantadas com eucalipto. A indústria será abastecida por uma planta de cogeração de energia elétrica, que também será responsável pela geração de vapor para o processo industrial. 3.5.1 – Descritivo do Processo A indústria terá como produto principal os pellets de madeira, considerado como um combustível sólido formado por pó de madeira prensado. A produção é feita a partir de madeira (biomassa) que depois de triturada (serragem) e submetida a um processo secagem, de modo a eliminar o máximo de resinas e umidade, obtendo uma das formas de geração de energia por queima menos poluentes disponíveis atualmente no mercado. A empresa prevê que os trabalhos de construção (instalação) durem cerca de 21 meses e que a unidade estará apta a operar com capacidade máxima em 30 meses. 2012 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 3.5 3 – O que é o Empreendimento A matéria-prima a ser utilizada na Suzano Energia Renovável será a madeira retirada de florestas plantadas da própria empresa. Estima-se o consumo de um volume de cerca de 3,3 milhões de toneladas de madeira por ano. 3.5.1.1 – Princípios de Operação O processo de produção de pellets da SER é dividido em onze partes, (Figura 3.03): − Armazenamento, Carregamento e Lavagem das Toras; − Picagem da Madeira; − Peneiramento; − Pilhas de cavaco; − Secagem; − Silos de Secagem; − Peneiramento a Seco; − Hammermills (Moinhos de martelo); − Peletização; − Resfriamento; − Armazenamento. 3.6 – SISTEMA DE COGERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA A capacidade da Central de Cogeração para produção de energia elétrica e de vapor foi definida utilizando as seguintes premissas: − Consumo máximo de energia elétrica pela indústria no ponto de entrega: 50 MW; − Não haverá necessidade de exportação de energia elétrica para a rede, para controle de reativos; − Consumo máximo de vapor pela fábrica no ponto de entrega: 188 t/h a 2,5 bar (a) saturado e 12 t/h a 9 bar saturado; − Taxa e temperatura de retorno de condensado: 90% a 90 ºC (apenas referente ao consumo de vapor na pressão de 2,5 bar); − Regime de operação da Unidade da Produção de pellets: 24 h/dia x 365 dias/ano, com períodos anuais de paradas programadas a serem informados pela SER. A energia elétrica gerada de 50 MW líquidos será fornecida na tensão de 13,8 kV. A utilização de dois turbogeradores (um de contrapressão com extração e outro de contrapressão) foi definida para permitir que a Central de Cogeração opere com a maior eficiência possível. 3.6 2012 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 3 – O que é o Empreendimento Figura 3.03 – Fluxo Simplificado do Processo Industrial Toras de Eucalipto ARMAZENAMENTO, CARREGAMENTO E LAVAGEM Água PICADOR PENEIRAMENTO Efluente Resíduos Ruído Resíduos Overs (Finos) PILHA DE CAVACO Vapor Cogeração Resíduos Para Floresta 3,7 ton/hora Armazenamento para Cogeração Emissões MP Água SECAGEM Efluente Ar comprimido SILO DE SECAGEM Ruído PENEIRAMENTO A SECO Overs (Finos) Ar comprimido HAMMERMILLS (Moinhos de Martelo) Emissões MP Vapor Cogeração PELETIZAÇÃO Emissões MP Ar comprimido RESFRIAMENTO Emissões MP Armazenamento para Cogeração Ciclone Sistema de detecção de Faíscas e Incêndio Ciclone Ar Overs (Finos) ARMAZENAMENTO Hammermills Fonte: Stolberg (2011) – Adaptado por STCP. 2012 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 3.7 3 – O que é o Empreendimento 3.7 – OS SISTEMAS DE CONTROLE AMBIENTAL O controle Ambiental existente em todo o processo de produção de pellets é definido pela execução dos seguintes sistemas: − Sistema de Combate a Incêndio; − Sistema de Drenagem; − Sistema de Coleta e Tratamento de Esgoto Sanitário; − Sistema de Água de Reuso para Prédios Administrativos; − Sistema de Tratamento de Efluentes Industriais; − Sistema de Controle de Emissões Atmosféricas. 3.8 – ANÁLISE ECONÔMICO-FINANCEIRA DO EMPREENDIMENTO O empreendimento será implantado considerando um horizonte de 12 meses, iniciando em 2012, finalizando a instalação em 2013. Os investimentos previstos são da ordem de 650 milhões. Foi previsto para o empreendimento em questão cerca de 250 (duzentos e cinquenta) novos empregos diretos e cerca de 1000 (um mil) empregos indiretos nas áreas industrial, além de aproximadamente 1.500 (um mil e quinhentos) empregos temporários diretos durante o período de instalação, sendo que a contratação de trabalhadores domiciliados no Estado se dará de forma prioritária, respeitando as particularidades técnicas e as competências profissionais exigidas pela natureza das obras e operação da empresa. 3.9 – ALTERNATIVAS AO EMPREENDIMENTO As alternativas ao empreendimento analisadas são: Técnicas, Locacionais e Econômicas. • Alternativas Locacionais As alternativas viáveis para a implantação da Indústria de produção de pellets, objeto deste estudo, foram: Site 4,3, a Fazenda Derch e a região próxima ao Aeroporto. Considerando o Estado do Maranhão, a região de Chapadinha foi definida como sendo a mais adequada para a instalação do empreendimento, para tanto foram consideradas algumas características tais como: terra, logística, aspectos socioambientais, material genético, técnico e operacional. • Alternativas Técnicas Por se tratar de uma indústria de produção de pellets de madeira, juntamente com processo de cogeração de energia, serão utilizadas as técnicas mais modernas disponíveis relacionadas à utilização de biomassa como insumo energético, neste sentido, atualmente não existe alternativa técnica viável para esta finalidade industrial, além da técnica apresentada pelo empreendimento da Suzano Energia Renovável. 3.8 2012 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 3 – O que é o Empreendimento • Alternativa de Não Implantação A alternativa de não implantação do Projeto Industrial da SER está descrita no item 6 –Situação Futura, neste RIMA. 3.10 – LEGISLAÇÃO APLICADA AO EMPREENDIMENTO A exigência de elaboração do Estudo e Relatório de Impacto Ambiental - EIA/RIMA para instalação de um empreendimento ou atividade que possa causar alguma degradação ambiental é encontrada na Resolução do CONAMA nº 001/1986, bem como na Constituição Federal de 1988. É competência comum da União, do Estado e dos Municípios proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas, preservar as florestas, a fauna e a flora, conforme determina o art. 23, incisos VI e VII da Constituição Federal de 1988. O empreendimento objeto do presente Estudo de Impacto Ambiental deve estar inserido dentro dos princípios estabelecidos na Constituição Federal. Diz o caput do art. 225: “Art. 225 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. Cabe lembrar que as condutas e atividades consideradas prejudiciais ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados, por expressa determinação constitucional, prevista no § 3º do art. 225 da Constituição Federal. Esta disposição constitucional foi regulamentada pela Lei 9.605/98, a Lei de Crimes Ambientais. 3.10.1 – Licenciamento Ambiental Licenciamento Ambiental é o procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente autoriza a localização, instalação, ampliação e operação de empreendimentos e atividades que utilizem os recursos ambientais, e que de alguma forma possam causar poluição ou degradação do meio ambiente. 3.10.2 – O EIA/RIMA No caso de empreendimentos que possam causar uma significativa degradação ambiental, a licença ambiental só será concedida mediante a produção de um Estudo de Impacto Ambiental (EIA), acompanhado por seu respectivo Relatório de Impacto sobre o Meio Ambiente (RIMA). Este estudo verifica e analisa os impactos positivos e negativos que o empreendimento poderá causar. Considera-se impacto ambiental qualquer alteração no meio ambiente, causada pelas atividades humanas, que possa afetar a paisagem, os animais, as plantas, a terra, os rios, a qualidade dos recursos naturais, as atividades sociais e econômicas, e também a saúde, a segurança e o bem-estar da população. Para o empreendimento da Suzano Energia Renovável, considerando as suas características, foi necessário a elaboração do EIA/RIMA. 2012 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 4 – SITUAÇÃO ATUAL 4 – SITUAÇÃO ATUAL 4.1 – DEFINIÇÃO DAS ÁREAS DE INFLUÊNCIA As áreas de influência correspondem aos locais onde podem ser percebidos os efeitos do empreendimento sobre o meio ambiente e a sociedade, tanto na fase de implantação quanto na de operação. A delimitação destas áreas é exigida por lei, para possibilitar a avaliação dos impactos ambientais, e permitir o licenciamento das atividades. Com as áreas de influência definidas, é mais fácil realizar o diagnóstico socioambiental e também propor as medidas e programas para minimizar e compensar os impactos. Os limites das áreas de influência variam de acordo com os elementos dos meios físico, biótico e social, conforme os seguintes critérios: • Área Diretamente Afetada (ADA): contempla os ambientes naturais e sociais efetivamente alterados pela implantação do projeto. Corresponde à área a ser ocupada pela planta industrial e área diretamente afetada pela instalação de estruturas, seja durante sua fase de implementação (construção) e operação. • Área de Influência Direta (AID): consiste na área onde ocorrerão os maiores efeitos da atividade industrial, tanto relativas ao meio ambiente, quanto às comunidades e economia local. Se trata do espaço territorial ampliado da ADA. • Área de Influência Indireta (AII): é definida como aquela onde poderá ocorrer algum impacto da instalação e operação do empreendimento, de forma indireta e menos intensa que na AID. As áreas de influência do empreendimento industrial, que a Suzano Energia Renovável pretende instalar no Estado do Maranhão, foram definidas considerando uma análise detalhada do meio ambiente, incluindo solos, recursos hídricos, fauna, vegetação, comunidades, economia e outros aspectos sociais. A definição destas áreas foi realizada em conjunto com os especialistas de cada área temática e discutida com a equipe multidisciplinar do EIA/RIMA de forma a embasar tecnicamente cada área de influência. 4.1.1 – Áreas de Influência dos Meios Físico e Biótico Para a definição das áreas de influência do meio físico foram considerados os diagnósticos de clima, geologia, geomorfologia, solos, hidrogeologia e recursos hídricos. Já o meio biótico compreendeu os estudos de vegetação e grupos de fauna. (Figura 4.01) • Área Diretamente Afetada (ADA) Os critérios utilizados para a definição da ADA para os meios físico e biótico são: 4 – Situação Atual • Meio biótico (fauna e flora): foi considerada como área diretamente afetada a área efetiva de instalação da planta industrial, bem como estruturas de apoio: estradas, pátios e outros; • Meio físico: as definições são as mesmas citadas para o meio biótico. Com relação aos recursos hídricos, caso haja captação de água ou lançamento de efluentes em algum rio, ainda que este não esteja localizado dentro da área do site industrial, o mesmo será considerado como integrante da ADA. • Área de Influência Direta (AID) A Área de Influência Direta do empreendimento foi definida, pela equipe multidisciplinar que elaborou o EIA/RIMA, como sendo constituída pela área do site industrial acrescida de um buffer de 5 km, que é um limite até onde poderia ocorrer alguma influência direta das operações da indústria. • Área de Influência Indireta (AII) A Área de Influência Indireta (AII) do empreendimento, para os meios Físico e Biótico foi definida pela equipe multidisciplinar como sendo constituído por parte das microbacias hidrográficas nas quais se insere o empreendimento. O perímetro da AII envolve os setores das microbacias hidrográficas dos rios Munim e Preto. 4.2 2012 © STCP Engenharia de Projetos Ltda. 4 – Situação Atual Figura 4.01 – ADA, AID e AII dos Meios Físico e Biótico Fonte: STCP, 2012 4.1.2 – Áreas de Influência do Meio Socioeconômico Foram definidas considerando os aspectos sociais, econômicos, históricos e culturais. (Figura 4.02) • Área Diretamente Afetada (ADA) Para o meio socioeconômico, a ADA abrange a área prevista para instalação da planta industrial da Suzano Energia Renovável, o que corresponde a uma área de até 120 hectares. • Área de Influência Direta (AID) Para a definição da AID do meio socioeconômico, foram consideradas as atividades relacionadas ao empreendimento que irão interferir diretamente no cotidiano da população, bem como nas relações econômicas, o que deve ser mais evidente no município de Chapadinha. 2012 © STCP Engenharia de Projetos Ltda. 4.3 4 – Situação Atual Figura 4.02 – ADA, AID e AII dos Meios Físico e Biótico Fonte: STCP, 2012 • Área de Influência Indireta (AII) Para a Área de Influência Indireta do meio socioeconômico foram considerados os municípios vizinhos à Chapadinha, município no qual estará inserido o empreendimento da SER. Os seis municípios, a saber: Anapurus, Mata Roma, São Benedito do Rio Preto, Urbano Santos, Nina Rodrigues e Santa Quitéria, poderão, mesmo que não diretamente, sofrer algum tipo de efeito do empreendimento, principalmente em relação ao fornecimento de mão-de-obra, geração de renda e dinamização da economia regional. 4.2 – MEIO FÍSICO Os trabalhos relacionados ao meio físico envolveram estudos de: Clima, Geologia, Geomorfologia, Hidrografia e Solos, bem como suas relações com o ambiente. 4.4 2012 © STCP Engenharia de Projetos Ltda. 4 – Situação Atual 4.2.1 – Clima Na região onde será instalado o empreendimento existem dois períodos distintos: um com presença abundante de chuvas, de janeiro a maio; e outro de seca, com redução das chuvas, de agosto a novembro. Esses períodos contribuem para o balanço hídrico, onde de fevereiro a maio há excedente hídrico e de julho a dezembro deficiência. A temperatura média anual gira em torno de 27ºC, e nos meses de fevereiro a maio ocorre maior umidade relativa do ar, coincidindo com o período chuvoso. 4.2.2 – Geologia e Relevo A microrregião de Chapadinha, situada na bacia do rio Munim, apresenta características geológicas da Formação Itapecuru e da Formação Codó. Ambas foram depositadas durante o Período Cretáceo e fazem parte da Bacia do Grajaú, situada na Província Parnaíba. A bacia do rio Munim caracteriza-se pelo relevo plano, com forma de tabuleiro, com fragilidade geológica moderada a alta, com potencial erosivo alto a muito alto e a desertificação nas partes baixas e secas, mais distantes dos rios. Outras partes da bacia são úmidas e ocupadas por rios intermitentes e perenes. Por causa de diversos fatores geológicos e geomorfológicos locais, ocorre nestas áreas, alto potencial para desenvolvimento de processos de assoreamento, podendo alcançar condições extremas se as ações do ser humano forem favoráveis ao escoamento superficial, por dificultarem a infiltração. Outro fator que influencia é a pouca quantidade de mata ciliar que o rio Munim possui, facilitando assim, a ocorrência de processos erosivos. Entre as causas da erosão identificadas na bacia estão o desmatamento e o uso posterior do solo na agricultura de subsistência e na pecuária extensiva, sem as devidas práticas de proteção e manutenção do solo. A variação de altitude nas áreas de influência do empreendimento é de 30 m a 105 m. O relevo varia predominantemente de suave a ondulado, apresentando, porém áreas com relevo mais acidentado. 4.2.3 – Hidrografia A principal bacia presente na área de influência do empreendimento é a Bacia Hidrográfica do rio Munim (Figura 4.03). Este rio nasce nos tabuleiros da Formação Barreiras, a nordeste de Caxias, na porção extremo-leste do Estado do Maranhão. Tem como principais afluentes os rios Muquém, Iguara, Preto, Mocambo, Prata, Pirangi, Costa e Santana e deságua na baía de São José, entre Axixá e Icatu, após um percurso de mais de 320 km. Atualmente apresenta em seu curso trechos assoreados, sofrendo as consequências dos desmatamentos e do uso irregular do solo. Isso associado à utilização atual de suas águas para abastecimento público, tem acarretado em grandes interferências no seu curso. Segundo o Relatório Anual da Qualidade da Água da região de Chapadinha todos os rios e riachos sofrem com desmatamento, assoreamento e lançamento de esgotos ao longo de sua extensão (Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão - CAEMA, 2010). Nas margens há existência de atividade agropecuária e agricultura com uso de defensivos agrícolas, havendo possibilidade de contaminação. 4.2.4 – Solos A região de Chapadinha apresenta principalmente Latossolos, Argissolos e Plintossolos. A formação destas classes tem origem na Formação Itapecuru, que é constituída principalmente de areia fina e silte (tipo de argila). 2012 © STCP Engenharia de Projetos Ltda. 4.5 4 – Situação Atual Figura 4.03 – Bacia Hidrográfica do Rio Munim Fonte: Bacia hidrográfica ANA, elaborado por STCP, 2012. Na Área Diretamente Afetada (ADA) ocorrem Latossolos, que são bastante desenvolvidos e possuem potencial para o uso e manejo. Além disso, o relevo plano a ondulado favorece o uso do solo para práticas agrícolas, florestais e pecuárias. Assim como na ADA, na Área de Influência Direta (AID) e na Área de Influência Indireta (AII) ocorrem Latossolos, que possuem grande capacidade de armazenamento de água e boa aptidão agrícola. Na AII os Latossolos são seguidos dos Argissolos, que também são favorecidos pelo relevo plano a suavemente ondulado. 4.3 – MEIO BIÓTICO 4.3.1 – Vegetação 4.3.1.1 – Informações da Vegetação da Região do Empreendimento O município de Chapadinha está localizado na região do Domínio do Cerrado, especificamente na microrregião de Chapadinha, também conhecida como microrregião do 4.6 2012 © STCP Engenharia de Projetos Ltda. 4 – Situação Atual Alto Munim. Os tabuleiros desta região compõem a bacia do Rio Munim, que tem os rios Iguará, Mocambo e Preto como principais afluentes (IBAMA/SEMATUR, 1991). O Domínio do Bioma Cerrado (Figura 4.04) ocupa cerca de 1/5 da superfície do país, sendo que aproximadamente 70% se encontram numa região chamada de “núcleo”, abrangendo os estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Tocantins, oeste da Bahia, oeste de Minas Gerais, sul do Mato Grosso e o Distrito Federal (Eiten, 1994; Fernandes & Bezerra, 1990). O restante distribui-se pelas denominadas “Áreas Periféricas de Cerrado” ocorrendo em direção ao norte nos estados do Maranhão e Piauí, a oeste na região central do Mato Grosso e sudeste de Rondônia; e ainda em áreas não contínuas de vários estados como São Paulo, Paraná, Pará, Amazonas, Amapá e Rio Grande do Norte (Figueiredo, 1986; Eiten, 1994; Fernandes & Bezerra, 1990; Miranda, 1993). Figura 4.04 – Área de Abrangência do Bioma Cerrado Fonte: Extraído de CSR/IBAMA (2009). Além da alta biodiversidade, estudos vêm demonstrando uma grande variação ao longo da sua área de distribuição (Eiten, 1972; Oliveira Filho & Ratter, 2002; Ratter et al. 2003), especialmente nos cerrados localizados nos estados do Maranhão e Piauí, cuja individualidade florística e fisionômica, com ocorrência de espécies características a estas localidades, é bem evidente (Eiten, 1972; Heringer et al., 1977; Kuhlmann, 1977; Castro, 1993). Trabalhos recentes identificaram sete regiões com tipos de vegetação diferenciados, estando os cerrados do Maranhão situados dentro das formações de cerrado do NorteNordeste (Ratter et al.,2003). 4.3.1.2 – Metodologia A metodologia utilizada para a caracterização da vegetação na região do empreendimento considerou as seguintes fases: (1) definição das áreas de influência do empreendimento; (2) 2012 © STCP Engenharia de Projetos Ltda. 4.7 4 – Situação Atual obtenção de dados secundários e (3) levantamento de campo (obtenção de dados primários). • Obtenção dos Dados Secundários e Primários As informações secundárias sobre a vegetação da área de influência do empreendimento foram obtidas por meio de consulta à literatura especializada (artigos, teses, dissertações), documentos técnicos fornecidos pelo empreendedor e consulta ao material botânico depositado no Herbário da UFMA para confirmação das espécies registradas na área. Os dados primários foram obtidos em campo apenas para as formações savânicas (Cerrado “sensu lato”), inclusas na Área de Influência Direta (AID) do empreendimento. Informações sobre as outras tipologias de vegetação, inseridas na Área de Influência Indireta (AII) foram obtidas por meio de dados secundários. O reconhecimento dos principais tipos de vegetação e o seu estado de conservação foi realizado por meio de observações na área de influência do empreendimento. Nestas visitas procurou-se observar os pontos mais extremos de distribuição dessas formações (Norte/Sul e Leste/Oeste), sendo efetuado o reconhecimento e caracterização visual da vegetação. • Sistema de Classificação de Vegetação Utilizado Conforme Sistema Fitogeográfico proposto pelo IBGE (1992), a vegetação da área de influência do empreendimento está inserida no Sistema Primário (natural) representado por Savana (Cerrado sensu lato) e Áreas de Transição (Contato Cerrado/Mata Seca). 4.3.1.3 – Caracterização da Vegetação da Área de Influência do Empreendimento A Área de Influência do empreendimento, de acordo com o mapa de Vegetação do Maranhão (GRN/IBGE - Goiás, 2011) e informações obtidas dos levantamentos de campo, apresenta remanescentes de Savana Florestada (Cerradão), Savana com palmeiras (babaçuais/buritizais), Savana Arborizada (Cerrado Denso), Vegetação Secundária em diferentes estágios de regeneração (Contato Cerrado/Mata Seca) e áreas agrícolas. A vegetação da Área de Influência Indireta do empreendimento é composta de remanescentes de Savana Arborizada, Vegetação Secundária em diferentes estágios de regeneração (Contato Cerrado/Mata Seca) e de áreas agrícolas com plantios de soja e reflorestamentos (Foto 4.01). Entre as principais espécies, temos pau-terra (Qualea parviflora), janaúba (Hymathanthus articulata), bacuri-bravo (Lafoensia pacari), amargoso (Vatairea macrocarpa), sucupira (Bowdichia virgillioides), pequi (Caryocar brasiliensis), tucum (Astrocaryum aculeatum), Connarus favosus, copaíba (Copaifera langsdorffii), algodão-bravo (Cochlospermum sp.), entre outras. A vegetação da Área de Influência Direta do empreendimento é representada por Savana Florestada (Cerradão), Savana com palmeiras (babaçuais/buritizais), Vegetação Secundária em diferentes estágios de regeneração e áreas agrícolas (plantios de soja) (Foto 4.02). 4.8 2012 © STCP Engenharia de Projetos Ltda. 4 – Situação Atual Foto 4.01 – Cobertura Vegetacional da Área de Influência Indireta A B C D Legenda: Município de Chapadinha. (A) Savana Arborizada; (B) Vegetação Secundária em estágio inicial-médio de regeneração (capoeira); (C) plantio de soja; (D) reflorestamento de eucalipto. Fonte: STCP Engenharia de Projetos Ltda. (2012). Entre as principais espécies registradas na Savana Florestada destacam-se gonçalo-alves (Astronium fraxinifolium), pau-d’árco (Handroanthus serratifolius); candeia (Plathymenia reticulata), faveira (Parkia plathycephala), sucupira (Bowdichia virgillioides), folha-larga (Salvertia convallariodora), pau-terra (Qualea parviflora), barbatimão (Striphnodendron coriaceum), pequi (Caryocar brasiliensis), marfim (Agonandra brasiliensis), mangaba (Hancornia speciosa), janaúba (Hymathanthus articulata), bacuri-bravo (Lafoensia pacari), amargoso (Vatairea macrocarpa), sucupira (Bowdichia virgillioides), entre outras. Quanto aos palmeirais não existem dados sobre estas formações na região do empreendimento, entretanto as espécies mais comuns foram buriti (Mauritia flexuosa), babaçu (Attalea speciosa) inajá (Attalea maripa), aninga (Montrichardia sp.), camaçarí (Vochysia sp.), ucuúba (Virola sp.), puçá (Mouriri guianensis) e Tococa guianensis. A vegetação da Área Diretamente Afetada pelo empreendimento é representada por uma extensa área agrícola ocupada por plantios de soja (Foto 4.03). Entre as principais espécies que ocorrem na regeneração destacam-se cansanção (Cnidoscolus urens), a tiririca (Cyperus sp.) e o cipó-de-fogo (Davilla macrocarpa). 2012 © STCP Engenharia de Projetos Ltda. 4.9 4 – Situação Atual Foto 4.02 – Vegetação da Área de Influência Direta A B C D Legenda: Município de Chapadinha. (A) Savana Florestada (Cerradão); (B) Vegetação Secundária em estágio avançado de regeneração (capoeirão); (C) buritizal; (D) babaçual. Fonte: STCP Engenharia de Projetos Ltda. (2012). Foto 4.03 – Vegetação da Área Diretamente Afetada A B Legenda: Município de Chapadinha. (A-B) áreas agrícolas. Fonte: STCP Engenharia de Projetos Ltda. (2012). 4.10 2012 © STCP Engenharia de Projetos Ltda. 4 – Situação Atual • Diversidade da Vegetação As principais espécies registradas na área de influência do empreendimento durante os levantamentos de campo, considerando todas as tipologias de vegetação identificadas, chegam a um total de 89 espécies de 79 gêneros, distribuídas em 43 famílias. Não foram registradas espécies endêmicas à área de influência do empreendimento. Todas as espécies registradas nesse estudo tem distribuição mais ou menos ampla entre as fitofisionomias de Cerrado encontradas em outros estados brasileiros; inclusive, ocorrem naturalmente em outros biomas e em áreas de transição (ecótono) destes. Analisando a Lista Oficial das Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção (MMA, 2008) e considerando a legislação sobre espécies protegidas, foram identificadas três espécies ameaçadas e/ou protegidas na área de influência do empreendimento, conforme observado na Tabela 4.01. Tabela 4.01 – Espécies Ameaçadas e/ou Protegidas da Flora Registrada na Área de Influência do Empreendimento FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME COMUM LEGISLAÇÃO Gonçalo-alves Instrução Normativa MMA N° 6/2008 * Babaçu Lei Estadual N° 4.734/1986 Pequi Portaria IBAMA Nº 113/1995 ANACARDIACEAE Astronium fraxinifolium Schott ex Spreng ARECACEAE Attalea speciosa Mart. Ex Spreng CARYOCARACEAE Caryocar brasiliense Cambess. Fonte: STCP, 2011. Das espécies com potencial de utilização agrícola na região do cerrado, destacam-se as frutíferas, representadas por algumas dezenas de espécies de diferentes famílias que produzem frutos comestíveis. Segundo Avidos & Ferreira (2003), são conhecidas mais de 60 espécies de frutas nativas dos cerrados que são utilizadas pela população. Os frutos geralmente apresentam sabores diferenciados e elevados teores de açúcares, proteínas, vitaminas e sais minerais e podem ser consumidos in natura ou na forma de sucos, licores, sorvetes, geleias etc. (Silva et al., 1994 apud Silva et al., 2001). O interesse industrial pelas frutas nativas dos cerrados foi intensificado após os anos 40. A mangaba, por exemplo, foi intensivamente explorada durante a Segunda Guerra Mundial, para exploração de látex. O babaçu foi bastante estudado na década de 70, em decorrência da crise de petróleo, e mostrou-se com potencial na utilização em motores de combustão, em substituição ao óleo diesel (Avidos & Ferreira, 2003). O pequi já foi industrializado, sendo o seu óleo enlatado e comercializado. A polpa e o óleo da macaúba são utilizados na fabricação de sabão de coco. Os sorvetes de pequi e mangaba, entre outras espécies, são comercializados no Distrito Federal e em Belo Horizonte (Avidos & Ferreira, 2003). 4.3.1.4 – Tipos de Pressão Identificados sobre a Vegetação da Área de Influência do Empreendimento As taxas de desmatamento no Cerrado têm sido historicamente superiores às da floresta Amazônica e o esforço de conservação do bioma é muito inferior ao da Amazônia: apenas 2,2% da área do Cerrado encontra-se legalmente protegida. Diversas espécies animais e 2012 © STCP Engenharia de Projetos Ltda. 4.11 4 – Situação Atual vegetais estão ameaçadas de extinção e estima-se que 20% das espécies ameaçadas ou endêmicas não ocorram nas áreas legalmente protegidas (Klink & Machado, 2005). As principais pressões sobre a vegetação da área de influência do empreendimento foram definidas a partir das observações em relação às alterações locais do ambiente original. É importante mencionar que entre todas as formas de impacto, as queimadas assumem relevante posição nesse contexto, principalmente por se tratar de um evento recorrente na região. As pressões identificadas e seus efeitos são detalhados a seguir: • O uso do fogo é um artifício comumente utilizado pelos pecuaristas para promover a eliminação de resíduos vegetais mortos e estimular a rebrota das gramíneas, o que se traduz em uma relação benéfica para o gado. Infelizmente, o fogo é um impacto de intensidade elevada e que, quando em elevada frequência, é capaz de provocar a eliminação local de espécies campestres, diretamente por sua ação danosa, ou indiretamente, promovendo a dominância competitiva de uma ou poucas espécies; • O uso agrícola dos solos pode promover a erosão e soterramento de superfícies provocando a mudança de características locais. Esta alteração provoca extinção local de espécies especializadas em determinados hábitats. Isso se faz sentir particularmente nas áreas onde a modificação do regime hídrico provoca a alteração dos solos e a eliminação das espécies; • O uso do solo pela pecuária acarreta impactos diretos e indiretos. Os diretos estão relacionados com a pressão do pastoreio que, ou provoca a eliminação de algumas espécies, ou a supremacia competitiva de outras, as quais, por não serem pastoreadas, ganham espaço competitivo e passam a exercer pressão seletiva sobre as demais espécies. Indiretamente, a pecuária induz à prática de queimadas, pisoteio e introdução de espécies de gramíneas exóticas, em sua maioria extremamente agressivas e capazes de provocar exclusão competitiva das espécies nativas; • O transporte das sementes nas fezes do gado pode disseminar espécies invasoras, quando o mesmo rompe as cercas que tentam evitar sua passagem. O pisoteio provoca sulcos que direcionam o fluxo hídrico que, além de acelerar o processo erosivo, drena os solos hidromórficos e semi-hidromórficos, alterando as condições dos solos e provocando a eliminação de diversas espécies por meio de substituição competitiva. A extração de material vegetal parece ser um problema que ainda deixa sequelas evidentes nas áreas florestais. Se a extração for seletiva, pode levar à extinção de algumas espécies como é o caso do gonçalo-alves e o pequi, que se encontram na lista oficial brasileira de espécies ameaçadas. Porém, o maior dos efeitos é verificado por meio da redução dos espaços hoje ainda ocupados por florestas remanescentes, estas, relictos de um passado de intensa exploração que conduziu à redução numérica de diversas populações. Na região do empreendimento, essas formações se encontram ameaçadas pela pressão exercida não somente pelo extrativismo, mas pela necessidade de uso agrícola e pecuário dos solos, estando, portanto, permanentemente expostas a uma redução numérica cada vez maior, ao isolamento decorrente da fragmentação e à consequente iminência de extinção local. 4.3.2 – A Importância dos Estudos de Fauna Os estudos de fauna possuem diversas aplicações para a sociedade. No caso de estudos de avaliação ambiental eles se prestam mais especificamente para caracterizar a situação prévia aos impactos a serem causados pelo empreendimento e para projetar as consequências advindas do mesmo, com vistas à proposição de medidas redutoras dos 4.12 2012 © STCP Engenharia de Projetos Ltda. 4 – Situação Atual impactos considerados negativos para a biodiversidade e funcionamento dos ecossistemas no que tange à sua relação com a fauna. Para investigar a qualidade de ecossistemas, principalmente caracterizando-os previamente frente a possíveis impactos, a avaliação dos riscos de degradação ambiental a partir dos possíveis impactos pode empregar várias técnicas direcionadas aos diversos níveis de organização biológica, mas a avaliação do estado de conservação de espécies, populações comunidades de forma integrada são consideradas as abordagens mais importantes para essa finalidade (Attrill & Depledge, 1977). O estudo ao nível de comunidades reflete respostas de um conjunto de espécies demonstrando possíveis alterações em cadeias alimentares, relações inter e intraespecíficas que influenciam diretamente em toda a fauna existente na área, enquanto em níveis de organização menores, as investigações tendem a refletir o efeito em uma única espécie. Em relação à vegetação, a região é coberta em grande escala por ambientes de Cerrado, como boa parte do estado do Maranhão ela se localiza na confluência de três grandes biomas brasileiros: Amazônia, Cerrado e Caatinga. No caso da área de estudos na região do leste maranhense (microrregião de Chapadinha). A região se insere em uma área de transição entre o Cerrado, florestas semidecíduas com influência de elementos da Caatinga e enclaves da chamada “Zona dos Cocais”, formação de influência amazônica caracterizada pela dominância de palmeiras babaçu Attalea speciosa. A cobertura vegetal é constituída principalmente por cerrados de diferentes fisionomias (especialmente cerrados sensu stricto), bem como por áreas antropizadas e limitados babaçuais. As florestas ripárias dos rios da região encontram-se em avançado estado de degradação ambiental. O relevo é plano, característico de áreas do curso inferior do rio Parnaíba, denominado baixo Parnaíba (Selbach, 2007). O presente estudo objetivou identificar os componentes da fauna de vertebrados da área de estudo e relacionar a sua ocorrência com características dos ambientes onde foram encontrados, como forma de balizar iniciativas sustentáveis de usos dos recursos naturais na região. Para obtenção das informações dos principais grupos da fauna foram considerados ainda e principalmente Estudos de Impacto Ambiental (EIA) realizados nas proximidades da região de interesse do empreendimento, tais como STCP (2006). 4.3.3 – Peixes (Ictiofauna) Os peixes constituem pouco mais da metade de todos os vertebrados atualmente conhecidos, incluindo aproximadamente 24.600 espécies válidas e exibindo enorme diversidade na morfologia, na biologia e nos habitats que ocupam. Nesse estudo, a comunidade de peixes foi utilizada como parâmetro indicador de possíveis impactos a serem estabelecidos sobre a ictiofauna com a implantação e a operação do empreendimento industrial proposto para a produção de pellets, no estado do Maranhão. Na investigação de STCP (2006) foram encontradas 224 espécies para a região de estudos e seus arredores. As famílias com maior diversidade de espécies foram Characidae, Callichthyidae, Ariidae, Cichlidae, Carangidae, Sciaenidae, Carcharhinidae, todas com sete ou mais espécies. Além disso, em outro estudo realizado próximo à região do atual empreendimento (Barros et al 2011) coletou 1.563 espécimes representando 69 espécies, 65 gêneros, 29 famílias e 10 ordens. Os Caraciformes com 24 espécies e os Siluriformes com 25, foram as ordens com maior riqueza específica, enquanto as famílias de maior expressividade nesse estudo foram Characidae (13 espécies), Loricariidae (7 espécies) e Cichlidae, Pimelodidae e Auchenipteridae (5 espécies). 2012 © STCP Engenharia de Projetos Ltda. 4.13 4 – Situação Atual A presença de grande representatividade de Characidae denota boa transparência dos rios da região, pois esses animais são geralmente caçadores ativos e que dependem de sua visão, sendo seus hábitos alimentares prejudicados em águas com muito material em suspensão. A presença da Pirarara indica fundos com boa qualidade de oxigenação, ou seja, ambientes não eutrofizados. A ocorrência das espécies dependentes de mata ciliar, citada ao longo desse texto, também sinalizam que ocorre boa conservação desse ecossistema. Das espécies identificadas na região de interesse, 03 fazem parte da lista provocativa das espécies de peixes ameaçadas no Brasil, elaborada pela Sociedade Brasileira de Ictiologia: Galha preta (Carcharhinus limbatus), Lombo preto (C. obscurus) e Pargo (Lutjanus analis). Foram apontados também como peixes de interesse para pesca aqueles nominados popularmente como Pescada amarela (Cynoscion acoupa); Tucunaré (Cichla sp.); Apapá (Pellona sp.); Pirarara (Phractocephalus sp.); Bicuda (Strongylura sp.); Surubim ou pintado (Pseudoplatystoma sp.); Curimatá (Prochilodus sp.); Piau (Leporinus sp.), dentre outras (Empresa das artes, 2001). Pescadas são nominações amplas para muitos peixes, mas referem-se especialmente ao gênero Cynoscion pescada amarela que são muito capturadas em redes e arrastões de pesca (Lopes & Sena, 1996). O Tucunaré é uma espécie presente nos rios da América do Sul também conhecida como tucunaré-açu, tucunaré-paca, tucunaré-pinima, tucunaré-pitanga, tucunaré-vermelho ou tucunaré-pretinho. Os tucunarés são sedentários e vivem em lagos, lagoas, rios e estuários, preferindo zonas de águas lentas ou paradas. São diurnos e se alimentam de qualquer coisa pequena que se movimenta e outros peixes e até pequenos crustáceos. Ao contrário da maioria dos peixes da Amazônia, os tucunarés perseguem a presa até conseguir o sucesso. Ele tem como habitat natural a bacia amazônica, porém ele foi introduzido nas represas do sudeste, centro-oeste e nordeste. Isso trouxe alguns problemas, como o desaparecimento de algumas espécies que passaram a ser capturadas pelos tucunarés. O tucunaré é um peixe voraz, que ocupa os níveis superiores das cadeias alimentares dos rios. Alimenta-se de peixes adultos, filhotes, pitus e, provavelmente, toda sorte de insetos e aranhas que caiam na água. Pescadores artesanais da represa de Três Marias, no rio São Francisco, citam que o Tucunaré come todos os outros (peixes), sendo relatado como por pescadores do reservatório de Furnas, médio Rio Grande, como sendo uma das principais causas da diminuição dos recursos pesqueiros (Azevedo-Santos et al 2010). A Pirarara pode ser encontrada nas bacias dos rios Araguaia, Tocantins e Amazonas e nas bacias menores e adjacentes a essas. É uma espécie onívora de fundo dos rios, predando outros peixes, frutas, moluscos e crustáceos. A sua presença indica fundos com boa qualidade de oxigenação, ou seja, ambientes não eutrofizados. As bicudas ou peixe-agulhas pertencem à família Belonidea e vivem tanto em água salgada, quanto em água salobra e em água doce (Strongylura sp.), mas alguns gêneros são estritamente de água doce. Todas as bicudas comem basicamente peixes menores, que capturam com um movimento lateral da cabeça. Algumas espécies também comem plâncton, crustáceos, e pequenos cefalópodes, sendo que as espécies dulciaquícolas são predadoras vorazes. São relativamente fáceis de serem capturados com um anzol iscado e bem apreciada na culinária, apesar de ter espinhas verde-brilhantes (Collete et al, 1998). O Surubim é espécie de ocorrência em áreas lóticas dos cursos d’água, especialmente em seus cursos médios, com grande potencial migratório, sem cuidado parental e de hábito alimentar piscívoro (Horizonte geográfico, 2003). Os Curimatidae formam uma família de peixes actinopterígeos pertencentes à ordem Characiformes. Habitam o fundo de rios de pouca água corrente. O curimatá (Prochilodus sp.), além de ter uma importância econômica para diversos municípios do Maranhão, como item alimentar, é também importante vetor na 4.14 2012 © STCP Engenharia de Projetos Ltda. 4 – Situação Atual dispersão de sementes para a manutenção, diversidade e regeneração de plantas às margens dos rios e lagos. Por ser detritívoro, apresenta um papel importante na, transferência de energia e na reciclagem de nutrientes dentro de um ecossistema (Araújo & Pinheiro, 2009; Teixeira, 2010). 4.3.4 – Répteis (Herpetofauna) A herpetofauna inclui os grupos popularmente conhecidos como répteis e anfíbios. Dentre esses animais os lagartos e os sapos representam o grupo mais diversificado. O Brasil possui a maior diversidade de anfíbios de todo o mundo, com 776 espécies e a 4ª. maior riqueza de répteis, com 641 espécies (SBH, 2005). Lagartos, serpentes e anfíbios são fundamentais para a transferência de energia nas teias alimentares, alimentando-se de pequenas presas, indisponíveis para aves e mamíferos, e servindo de alimento para predadores de maior porte (Pough et al., 2003). Em estudos realizados anteriormente na região foram registradas 30 espécies da herpetofauna, sendo 14 de anfíbios, 10 de lagartos, 6 de serpentes e 1 de jacaré. As espécies mais abundantes foram tijubina (Cnemidophorus ocellifer) e o calango (Tropidurus hispidus), que representaram valores de 65% a 86% das espécies encontradas em diferentes sítios de estudos. Quatro espécies endêmicas do Cerrado são encontradas na região: o sapo Rhinella ocellatus, a rã Physalaemus centralis, o lagarto “jacarezinho do seco” Hoplocercus spinosus e a serpente Xenopholis undulatus (Colli et al., 2002; Lima, 2003). Muitas espécies de lagartos e anfíbios são também bons indicadores de habitat e são habitats especialistas (Andrade et al., 2003a; Gomes et al., 2003), o que as tornam particularmente vulneráveis a alterações do ambiente natural. Os anfíbios, além de geralmente apresentarem uma fase larvária aquática, possuem a pele lisa e permeável, sendo, portanto muito sensíveis à contaminação da água. Dentre as espécies encontradas houve relato do uso do Tejo, do Camaleão e do Jacaré como alimento, bem como existe o hábito de guardar as serpentes peçonhentas em frascos com aguardente para em caso de acidente ofídico ser ministrada ao acidentado como se fosse um remédio antiofídico, o que não tem comprovação científica. 4.3.5 – Mamíferos (Mastofauna) Os mamíferos são importantes não só do ponto de vista da manutenção dos processos ecológicos, mas também porque é responsável pela polinização e dispersão de muitas espécies de importância econômica, além da manutenção da diversidade biológica. Os mamíferos predadores da ordem Carnivora, por estarem no topo da pirâmide ecológica, desempenham um importante papel na manutenção da diversidade de uma série de espécies da comunidade em níveis tróficos inferiores (Crook & Soulé, 1999). Os estudos mais complexos realizados na região, principalmente aqueles baseados no município vizinho (Urbano Santos) apontam para a ocorrência de 58 espécies de mamíferos, sendo 46 espécies de terrestres não-voadores e 12 de quirópteros, compreendendo 08 ordens e 22 famílias. A composição da comunidade de mamíferos encontrada está bastante caracterizada no que é esperado para o Cerrado, embora ocorram algumas espécies típicas dos ambientes amazônicos e da Caatinga, o que claramente demonstra a situação de encontro de ambientes. Esse aspecto também é corroborado por uma ocorrência numérica que diverge do esperado tanto para a mastofauna da Caatinga (143 espécies) quanto do Cerrado (aprox. 180 espécies). Ou seja, nesse ambiente de encontro ocorrem espécies algumas típicas 2012 © STCP Engenharia de Projetos Ltda. 4.15 4 – Situação Atual desses ecossistemas, mas muitas delas não suportam as condições ambientais intermediárias dessa região. É interessante a ocorrência do cachorro-do-mato-vinagre (Speothos venaticus), da lontra (Lontra longicaudis) (STCP, 2006) e do gato-palheiro (Leopardus colocolo) na Chapada Limpa - MA (MMA, 2006), talvez o encontro mais inesperado para essa região. Além disso, houve ocorrência de espécies inesperadas para essa região, mesmo sendo ambiente de Cerrado, como é o caso de raposinha-do-campo (Lycalopex vetulus). Para estudos relativos à fauna de morcegos (Quirópteros), a maioria das espécies pertence à família Phyllostomidae, de hábitos majoritariamente frugívoro-insetívoro (alimentam-se de frutas e insetos), fato importante por serem estes alguns dos principais dispersores de sementes na recomposição florestal de áreas degradadas. Das 12 espécies capturadas, os morcegos Artibeus obscurus e Phyllostomus discolor foram as mais abundantes (32,1% e 20,6%, respectivamente), ambas da família Phyllostomidae e de alimentação frugívoraonívora, (alimentação sem restrições) assim como 75% das demais espécies registradas. A espécie de raposa (Pseudalopex vetulus), tatu-bola (Tolypeutes tricinctus), veadocampeiro (Ozotocerus bezoarticus), queixada (Tayassu pecari), anta (Tapirus terrestris) e o cachorro-do-mato-vinagre (Speothos venaticus) podem servir como indicadores da qualidade ambiental, pois são altamente sensíveis às alterações antrópicas. Das espécies de morcegos, mamíferos não-voadoras, 07 são consideradas ameaçadas de extinção pela nova listagem da fauna ameaçada no Brasil (MMA, 2003), enquanto 08 são consideradas ameaçadas de extinção no Maranhão (Oliveira, 1997). Das oito espécies ameaçadas presentes na região, 07 são da Ordem Carnivora, sendo que 05 são felinos. O gato-do-mato (Leopardus tigrinus) é considerado vulnerável à extinção, enquanto o gatomaracajá (L. wiedii) e a onça pintada (Panthera onca) são consideradas em estado quase ameaçadas, segundo a lista de espécies ameaçadas da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN, 2011). O registro do tatu-bola (Tolypeutes tricinctus) para essa região foi inesperado, pois sua ocorrência atual no MA não incluiria esta região, além de ser espécie rara e de situação crítica. A anta (Tapirus terrestres) e o veado-campeiro (Ozotocerus bezoarticus) são considerados vulneráveis no Maranhão (Oliveira, op cit), assim como o Queixada (Tayassu pecari), que não existe em toda a região em função da pressão de caça sofrida. É tradicional na região a prática de caça, e mesmo no estudo do MMA (2006) as comunidades tradicionais investigadas admitem essa prática, inclusive sendo a anta Tapirus terrestris considerada extinta na região desse estudo. De forma que é esperado que outras espécies como tatu Dasypus sp., anta Tapirus terrestris, tamanduá-mirim Tamandua tetradactyla, preguiça Bradypus variegatus, mico Callithrix jacchus, gambá Conepatus semistriatus, onça-vermelha Puma concolor, onça-pintada Panthera onca, quiexada Pecari tajacu, veado-mateiro Mazama americana, veado-catingueiro Mazama gouazoubira, ouriço Coendou prehensilis, paca Cuniculus paca, dentre outros, sejam alvo comum dessa prática, por motivos diversos como extermínio para proteção de criações, para alimentação e para constituir animais de xerimbabo. 4.3.6 – Aves (Avifauna) As aves são importantes componentes dos ecossistemas, pois participam de vários processos vitais de interação entre plantas e animais que são essenciais para a diversidade genética dentro das populações de espécies de árvores tropicais, permitindo uma maior variedade e resistência genética da diversas espécies vegetais por meio da polinização e dispersão de sementes. Além disso, são indicadores da qualidade dos ambientes e condições de saúde. Desastres ambientais como queimadas, desmatamentos, poluição de 4.16 2012 © STCP Engenharia de Projetos Ltda. 4 – Situação Atual lagoas e rios, as afetam, prejudicando-as, causando extinções de espécies ou excesso de população. Ajudam no controle de pragas como insetos e lagartas que atacam as cidades e plantações e no controle de ratos e cobras, pois os gaviões e corujas são grandes predadores de ratos e a ema é comedora de cobras. Realizam trabalho de limpeza da natureza, pois aves como urubus removem animais em decomposição, evitando, assim, moscas e outros animais. O folclore de muitos países está enriquecido com lendas e superstições baseadas em pássaros. Dados apontaram a ocorrência de 154 espécies para as proximidades da região de interesse. Esse número, entretanto, seguramente ainda é bem inferior a riqueza total de espécies de aves na região. A região do médio e baixo Paranaíba, entre o Maranhão e o Piauí, permanece como uma das menos conhecidas do ponto de vista do estudo de aves. Os locais com maior riqueza de espécies nesse estudo foram aqueles onde existe a combinação de habitats, que inclui diferentes ambientes aquáticos, florestais e de cerrado. Normalmente, entre os representantes da avifauna mais ameaçados de extinção pela fragmentação de áreas florestais estão às espécies maiores (gaviões), as aves chamadas de cinegéticas, as quais são utilizadas para caça, os tinamídeos como inhambus, macuco e azulona e os cracídeos como aracuãs, mutuns, jacus e jacutinga, os grandes frugívoros, ex. como papagaios e tucanos, que vivem nas copas das árvores. As espécies consideradas como registros interessantes ou ameaçadas/quase ameaçadas em algum nível por diferentes entidades de controle e estudo de aves são a araponga Procnias averano (Birdlife International, 2004) e/ou o pica-pau Picumnus pygmaeus, a gralha Cyanocorax cristatellus, e o mineirinho Charitospiza eucosma (MMA - 2003). 4.3.7 – Considerações Finais sobre a Fauna Além das demais iniciativas de pesquisa anteriormente citadas para a região do empreendimento em foco, em estudo realizado por uma equipe do MMA (2006) com ajuda de moradores locais de povoados de Chapadinha - MA, foram encontradas 79 espécies de vertebrados, sendo 04 espécies de peixes, 09 da herpetofauna (apenas répteis, nenhum anfíbio), 30 mamíferos e 36 aves. Algumas dessas espécies constam na lista oficial de espécies da fauna brasileira ameaçada de extinção (MMA, 2003). A ordem dos carnívoros destaca-se por ter apresentado 07 espécies na referida lista, sendo a família dos felinos (Felidae) a mais representativa nesse aspecto, com 06 representantes listados: gato-domato-pequeno Leopardus tigrinus, gato-maracajá Leopardus wiedii, jaguatirica Leopardus pardalis, onça-pintada Panthera onca, gato-palheiro Leopardus colocolo e suçuarana Puma concolor. A família Canidae possui apenas um representante listado, cachorro-do-matovinagre Speothos venaticus, sendo uma espécie inesperada para essa região. Com relação aos demais grupos de vertebrados o mesmo estudo mostrou que no grupo das aves, apenas duas espécies citadas figuram na lista de espécies ameaçadas, araponga Procnias averano e udu-do-nordeste Momotus momota. Por parte da herpetofauna jacarécoroa Paleosuchus palpebrosos não consta na lista do IBAMA, mas é considerada espécie vulnerável pela CITES (Convenção sobre o Comércio Internacional da Fauna e Flora). E ainda, esse estudo apontou que quatro espécies foram consideradas como extintas localmente devido aos hábitos de caça e destruição dos seus habitats. São elas: anta Tapirus terrestris, guariba Alouatta beuzebul, mutum Crax fasciolata e tamanduá-bandeira Mymercophaga tridactyla. As populações locais também possuem o hábito tradicional de manter animais silvestres em ambientes domiciliares (animais de xerimbabo). Nesse sentido Nunes et al. (2009) realizou um estudo sobre esse tema e produziu uma lista das espécies mais comumente encontradas que compõem a fauna de xerimbabo na região. A totalidade de animais 2012 © STCP Engenharia de Projetos Ltda. 4.17 4 – Situação Atual registrada é representada por 107 indivíduos criados, sendo que 78% são de aves, 20% mamíferos e 2% répteis. A maioria das espécies de aves encontrada nas casas visitadas é proveniente de fragmentos de matas próximos ao município de Chapadinha ou de regiões próximas. Associado ao problema da diminuição da cobertura vegetal que causa a perda de habitat de várias espécies, há a captura ilegal que é facilitada em muitos casos pelo quadro social de pouca oportunidade de empregos no meio rural o que faz com que a população humana dessas regiões possua poucos recursos e usem esses animais até mesmo como fonte de proteína e nos comércios. Além disso, existe um nível primário, quando muito, de instrução, que é um empecilho para a compreensão da legislação ambiental. 4.4 – MEIO SOCIOECONÔMICO E CULTURAL 4.4.1 – Socioeconomia • Demografia A população total dos municípios da região de estudo, em 2010, era de 188.457 habitantes. O crescimento populacional foi de 21,17%, entre 2000-2010, expressivo e superior ao Estado do Maranhão e do Brasil, respectivamente, 6,25% e 12,33%. A população nos municípios é predominantemente urbana, 60,59%. • Educação Na região do empreendimento, o percentual da população de 15 anos ou mais alfabetizada é inferior ao conjunto do Estado (79,12). Há municípios como Santa Quitéria, São Benedito do Rio Preto e Urbano Santos com percentual de alfabetizados inferior a 70%. O município que apresenta o maior percentual de alfabetizados é Chapadinha, 74,97%. No entanto, a infraestrutura educacional é satisfatória, especialmente no ensino fundamental. E, considerando a educação como um indicador de desenvolvimento destes municípios, pode-se destacar como um fator relevante para a implantação do empreendimento em questão. • Saúde Os indicadores de longevidade, mortalidade e fecundidade apresentaram melhoras, o que pode estar associado ao processo de transição demográfica, vivenciado pelo país nos últimos anos. A esperança de vida ao nascer aumentou em todos os municípios analisados na região, inclusive em Chapadinha. O desenvolvimento da saúde aliado às melhorias e construções de novas unidades hospitalares nos últimos dez anos, bem como a efetivação de políticas públicas voltadas às condições da saúde pública indiscutivelmente foram responsáveis pelo progresso alcançado na região. • Renda Os domicílios de pessoas que vivem em extrema pobreza são aqueles sem rendimento, bem como os que recebem apenas benefícios como o Programa Bolsa Família e os que não têm nenhum tipo de assistência monetária do poder público, considerados como miseráveis. Na região de estudo, há mais de três municípios com mais de 10% dos domicílios nesta situação, a saber: Anapurus, Mata Roma, Nina Rodrigues, São Benedito do Rio Preto, Urbano Santos e Chapadinha. A população com rendimento domiciliar per capita até 1 salário mínimo é em torno de 80% em todos os municípios da região de estudo. 4.18 2012 © STCP Engenharia de Projetos Ltda. 4 – Situação Atual • Uso e Ocupação do Solo Nos sete municípios, as terras com atividades agropecuárias eram principalmente utilizadas para lavouras temporárias, especialmente arroz e soja. Com relação as categorias de uso do solo, infere-se que 32,76% das terras destinam-se às matas e/ou florestas (exclusive área de preservação permanente e as em sistemas agroflorestais). Os cultivos mais relevantes são mandioca, soja, arroz e banana, respectivamente, e os rebanhos de aves, suínos e bovinos. • Infraestrutura O acesso aos municípios da área de influência da implantação do empreendimento se dá através de rodovias asfaltadas de jurisdição estadual e federal. As principais vias de acesso aos municípios em estudo partindo da Capital São Luís são as BRs 135, 222 e 402, além da MA 110. Recentemente, o prolongamento da BR 222 que interliga os estados do Maranhão, Piauí e Ceará, aos municípios da Área de Influência, em especial Chapadinha e Urbano Santos ganharam destaque em sua estrutura socioeconômica em razão do fluxo de veículos que circula por este trecho. Além disso, reduziram as distâncias entre São Luís e a cidade de Fortaleza no estado do Ceará. No que concerne a comunicação na área de estudo, foram identificados os meios de comunicação de massa e interpessoal. Há linhas convencionais de telefonia fixa e telefonia móvel, atendidos pelas operadoras TIM, VIVO, OI e CLARO. A CEMAR em 2010, somou o consumo total de 31.724 megawatts/hora (MWh) nos municípios da área de estudo, tendo na classe residencial sua maior representatividade, cerca de 69,64% dos consumidores. O abastecimento de água e tratamento de esgoto no Estado do Maranhão é realizado pela Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (CAEMA) ou pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAEE). O Censo de 2010 considera domicílios adequados àqueles ligados à rede geral de esgoto, abastecidos por rede geral de água e com lixo coletado por serviço de limpeza. Nos sete municípios da região apenas 49,80% dos domicílios são abastecidos pela rede geral. Já a cobertura pela rede coletora de esgotos nos municípios é baixa, alcançando no máximo 3%, e inferior ao estado do Maranhão em todos os municípios. Por fim, o sistema de coleta de lixo nos municípios beneficia entre 2% e 50% dos domicílios, situação bastante heterogênea e inferior ao Estado do Maranhão. • Produto Interno Bruto e Principais Atividades Produtivas Nos últimos anos, no Estado do Maranhão o setor de serviços tem sido responsável, em 2010, por aproximadamente 68% do valor total do PIB. Os setores de agropecuária e serviço apresentaram participação semelhante. O complexo portuário do Maranhão integrado pelos terminais de Itaqui (possui 420 metros), Ponta da Madeira e Alumar é responsável por mais de 50% da movimentação de cargas portuárias do Norte e do Nordeste. Nos municípios da região de estudo, o setor de serviços equivale a 60%. A agropecuária representa aproximadamente 30%, com destaque para a produção de grãos e mandioca. O setor industrial, com 10%, é composto basicamente por micros e pequenas empresas dos mais variados segmentos da atividade manufatureira. A construção da indústria para a geração de Pellets de Madeira com capacidade de produção de 2.000.000 ton/ano, pela Suzano Energia Renovável, irá aquecer a economia maranhense, especialmente no município de Chapadinha, situado na Área de Influência 2012 © STCP Engenharia de Projetos Ltda. 4.19 4 – Situação Atual Direta do empreendimento, com a geração de aproximadamente 250 empregos diretos e 1.000 empregos indiretos, na operação da indústria. • Aspectos Culturais, de Lazer e Turismo Chapadinha, assim como os demais municípios abrangidos pelo empreendimento, compartilham das manifestações culturais comuns no estado do Maranhão. Dentre os pontos turísticos chapadinhenses estão o rio Munim, principal atrativo da cidade e muito visitado pelos moradores de Chapadinha que procuram o local para o lazer, assim como para atividades de pesca. A manifestação cultural-religiosa mais significativa do município de Chapadinha são os Festejos de Nossa Senhora das Dores, realizado no mês de setembro. O carnaval chapadinhense já ocupou por muito tempo lugar de expressividade no calendário turístico do município, recepcionando visitantes de vários outros estados brasileiros e de outros países. 4.4.2 – Arqueologia O presente diagnóstico objetivou a realização do levantamento do patrimônio arqueológico da Área de Implantação da Indústria de Produção de Pellets de Madeira. Esta situa-se entre os municípios de Chapadinha e Urbano Santos, no Estado do Maranhão, em área rural e próxima as comunidades de Lagoa Amarela e Gavião. Sua área de estudo abrange uma parcela de terras da Fazenda Santo Anjo, já licenciada ambientalmente para plantação de soja e eucalipto, onde o empreendimento será implantado e cuja Área de Influência Direta totaliza 120 hectares. 4.4.2.1 – Conceitos Gerais: Ocorrência, Registro e Sítio Arqueológico O conceito de sítio arqueológico refere-se a indícios da presença física no meio ambiente, isto é, estruturas implantadas nas paisagens urbanas ou rurais, por exemplo, abrigos com registros rupestres, sambaquis, sítios cerâmicos, oficinas líticas, etc. Já o conceito de registro arqueológico refere-se a objetos, artefatos, estruturas e construções produzidas pelas sociedades do passado, inseridas em determinado contexto. E o conceito de ocorrência arqueológica refere-se aos objetos inseridos no meio ambiente, mas que estão desassociados de outros registros arqueológicos, podendo estar correlacionado ou não a um sítio arqueológico. 4.4.2.2 – Aspectos Jurídicos Dado o caráter público do patrimônio arqueológico e o caráter finito desse tipo de registro, é fundamental que um plano de diagnóstico arqueológico atenda a legislação em vigor, sobretudo a Lei Federal nº 3924/1961 e o artigo 255 da Constituição Federal. 4.4.2.3 – Referencial Teórico - Metodológico Neste diagnóstico optou-se por uma metodologia interdisciplinar que pudesse utilizar informações contidas em outros estudos para a área de pesquisa. Para isso foram realizadas três etapas: Pesquisa Bibliográfica Prévia, Atividades de Campo e Atividades de Gabinete. A primeira etapa consistiu no levantamento bibliográfico no Portal do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN, assim como na pesquisa em livros e periódicos especializados, nacionais e internacionais. Também houve uma consulta sobre a base cartográfica da área de estudo a fim de localizar dados para a existência de sítios ou vestígios arqueológicos, além da existência de terras e etnias indígenas e populações tradicionais. 4.20 2012 © STCP Engenharia de Projetos Ltda. 4 – Situação Atual Na segunda etapa foi realizada uma entrevista com os moradores da área, uma pesquisa bibliográfica local, consulta aos órgãos ambientais e culturais locais, visita em museus, instituições de ensino e pesquisa e órgãos públicos, além do caminhamento em busca de vestígios arqueológicos na área de implantação da indústria. Na última etapa foi realizada a organização dos dados primários e secundários, a plotagem dos pontos georreferenciados e a elaboração do relatório final. 4.4.2.4 – O Referencial Arqueológico Regional Como o Estado do Maranhão ainda possui poucos dados acerca do período pré-colonial (Bandeira, 2005), a principal referência para a elaboração de diagnósticos arqueológicos é a consulta da base de dados do Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos - CNSA, no portal do IPHAN. Neste, 111 sítios arqueológicos estão cadastrados para o Maranhão, sendo que nenhum é indicado para os municípios de Chapadinha ou Urbano Santos. 4.4.2.5 – Referencial Arqueológico Pré-histórico para as Áreas de Influência A base para este estudo foi obtida no Diagnóstico Arqueológico para o Estudo de Impacto Ambiental das Áreas de Influência do Empreendimento Paineiras, realizado na Macrorregião de Chapadinha, em 2005. Este constatou a existência de potencial arqueológico positivo e relevante na região do empreendimento. Através de informações obtidas por entrevistas, foram registradas 129 sobre registros arqueológicos para todas as áreas identificadas, sendo três delas localizadas nas Áreas de Influência do empreendimento. A área 1 compreende as terras localizadas ao norte de Urbano Santos, ao longo da estrada que faz ligação com o município de Barreirinhas (MA 225). Nesta houve registros de artefatos líticos de posse de moradores e material cerâmico dispersos em algumas áreas. Já a área 2 compreende uma extensa região de terras que se localiza entre Urbano Santos e Chapadinha. Nesta há a ocorrência de artefatos líticos e cerâmicos e um sítio cerâmico foi identificado (Sítio Arqueológico Bernardo). E a área 3 compreende a região localizada a oeste de Urbano Santos; abrangendo também áreas dos municípios de Belágua e São Benedito do Rio Preto. Nesta houve registros de artefatos líticos e cerâmicos. 4.4.2.6 – Referencial Arqueológico Histórico para as Áreas de Influência Do processo permearam a culturais que preservação, históricos. de povoamento e ocupação histórica e dos eventos político-sociais que história do nordeste maranhense ficaram edificações, ruínas e tradições marcaram a paisagem regional e, com maior ou menor visibilidade e deixaram remanescentes materiais que formaram sítios arqueológicos 4.4.2.7 – Comunidades Indígenas Atuais Atualmente, nas Áreas de Influência da Indústria de Pellets não existem terras indígenas ou populações ligadas a nenhuma etnia indígena conhecida. 4.4.2.8 – Caracterização Arqueológica da Área Diretamente Afetada e de Influência Direta da Indústria de Pellets Tanto na ADA como na AID do empreendimento não foram observadas cavidades naturais ou chapadões. A ausência desse indicador já inibe a existência de registros rupestres, associados aos grupos caçadores-coletores nômades. 2012 © STCP Engenharia de Projetos Ltda. 4.21 4 – Situação Atual Com relação aos bens culturais, principalmente os de interesse arqueológico, foram localizados e georreferenciados dois cemitérios, situados na área de Plantio da Fazenda Santo Anjo e um sítio arqueológico, todos da AID do empreendimento. Também foi identificado na Área de Influência Direta um antigo caminho, pavimentado de pedras de laterita, com cerca de 400m que deve ter sido utilizado no passado para encurtar caminho entre os municípios de Chapadinha e Urbano Santos e pelo que foi averiguado o mesmo encontra-se abandonado. O povoado de Lagoa Amarela apresentou o maior potencial arqueológico da região, inclusive com a existência de um sítio arqueológico pré-histórico e áreas de interesse histórico. Uma das áreas de interesse é uma casa de alvenaria, com característica de Casa Grande rural, com 7 cômodos internos e um pomar aos fundos com casa de farinha e curral. 4.4.2.9 – Recomendações Toda a área do empreendimento, apesar de antropizada por atividades anteriores a execução da Indústria de Pellets, apresenta potencial para existência de sítios arqueológicos, portanto há a necessidade de se realizar um Programa de Prospecção Arqueológica para conhecer a sub-superfície do empreendimento. A baixa visibilidade arqueológica não significa afirmar que sítios arqueológicos ou outros vestígios não existam na área, dessa forma para a ADA, a visualização dos vestígios deverá ser confirmada com pesquisa arqueológica mais aprofundada, bem como na AID, para melhor conhecer o Sítio Arqueológico Lagoa Amarela. Analisando a área de instalação da Indústria de Pellets, recomenda-se também a elaboração de um Programa Básico Ambiental (PBA), o qual fará o detalhamento de todas as atividades da pesquisa arqueológica, devendo ser protocolado no IPHAN. As obras que envolverem o revolvimento de parcelas significativas do solo deverão ser feitas com base nos dados apresentados pela prospecção arqueológica; e se por ventura alguém encontrar vestígios arqueológicos na área de trabalho é recomendável paralisar momentaneamente as atividades e comunicar imediatamente ao arqueólogo coordenador do PBA. Além dos dados arqueológicos levantados, recomenda-se a criação de um programa de socialização do conhecimento arqueológico. 4.22 2012 © STCP Engenharia de Projetos Ltda. 5 – IMPACTOS, MEDIDAS E PROGRAMAS SOCIOAMBIENTAIS 5 – IMPACTOS, MEDIDAS E PROGRAMAS SOCIOAMBIENTAIS A lei da Política Nacional do Meio Ambiente define o meio ambiente como “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”. Pode-se afirmar então, com base nessa definição, que o meio ambiente não consiste apenas nos bens naturais como o solo, água, flora e fauna, mas também todas as relações entre esses elementos e o homem. A implantação e operação de projetos, quaisquer que sejam, rompem o equilíbrio do meio ambiente. Tal rompimento, segundo o CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente, pode ser traduzido na definição de impacto ambiental, ou seja, “qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: a saúde, a segurança e o bem estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; e a qualidade dos recursos ambientais”. A avaliação de impactos tem por objetivo verificar quais os efeitos de um empreendimento sobre o meio ambiente, através da análise da relação entre as atividades, estruturas e resíduos do empreendimento e os componentes ambientais. A análise dessas alterações visa, caso o projeto seja autorizado, propor ações para tornar o quadro ambiental futuro o mais positivo possível, onde ocorra um novo equilíbrio ambiental em que não ocorram perdas dos seus elementos ou da qualidade dos mesmos. 5.1 - OS IMPACTOS AMBIENTAIS PREVISTOS A metodologia utilizada neste estudo foi baseada numa análise que relaciona os elementos do empreendimento capazes de gerar impactos (suas atividades, estruturas e resíduos) com os fatores e componentes ambientais que podem ser afetados. Esta análise, feita em um quadro onde os componentes do empreendimento são relacionados em uma linha superior e os fatores ambientais em uma coluna, permite uma visão geral dos impactos, destacando as atividades com maior potencial para promover os mesmos. A Tabela 5.01 apresenta os fatores e os componentes ambientais que podem sofrer algum tipo de alteração em razão das atividades nas fases de planejamento, implantação e operação do projeto. Estes fatores e componentes foram definidos em conjunto pela equipe técnica responsável por este estudo, baseando-se nos principais resultados identificados através do diagnóstico ambiental e na análise das atividades do projeto em questão. A partir da definição dos elementos ambientais e sociais passíveis de serem afetados pelo empreendimento, oito impactos ambientais negativos, três positivos e quatro riscos ambientais puderam ser previstos pela equipe multidisciplinar que realizou os estudos. Tais 5 – Impactos, Medidas e Programas Socioambientais impactos e riscos são listados na Tabela 5.02, acrescidos de sua descrição e atributos como AI - Amplitude do Impacto (local, quando restrita às áreas do projeto em si, ou regional, quando as extrapola), MI - Magnitude (ou intensidade dos efeitos), HT – Horizonte de Tempo (ou período total em que o impacto será observado) e PE – Prazo de Efeito (ou momento de início do impacto). Tabela 5.01 – Fatores e Componentes Ambientais Considerados Nesta Avaliação MEIO Físico FATOR AMBIENTAL Clima Qualitativo. Água Superficial/Subterrânea Qualitativo e Quantitativo. Solo / Subsolo Estrutura física, Composição química e relevo/paisagem, Aptidão. Flora Fitofisionomia; diversidade; estrutura da comunidade; dinâmica; relações flora-fauna. Fauna Diversidade; estrutura das comunidades; dinâmica; relações espécies-ambiente. Estrutura Fundiária Uso e ocupação do solo Aspectos Sociais Fluxos migratórios, educação, saúde, serviços básicos Infraestrutura Transportes Economia regional Emprego, setores primário, secundário e terciário, balança comercial, renda, PIB, impostos e taxas Biótico Socioeconômico COMPONENTES Patrimônio Arqueológico e Patrimônio arqueológico Cultural Patrimônio cultural. Fonte: STCP, 2012. 5.2 – AS MEDIDAS E PROGRAMAS DE CONTROLE DE IMPACTOS AMBIENTAIS INDICADOS As alterações causadas pelas atividades previstas no empreendimento podem ser minimizadas, prevenidas, compensadas, monitoradas ou gerar melhorias (potencializadas) através da adoção de medidas e programas destinados a melhorar a qualidade ambiental do empreendimento e adequar sua inserção no meio. As medidas e programas apresentados nesse estudo foram propostos pela equipe técnica na fase de identificação e análise dos impactos, tendo como base a dimensão e intensidade destes. A proposição de uma medida considera uma estratégia onde sejam atenuados ou eliminados os efeitos negativos nas várias etapas do processo. Assim, medidas e programas preventivos evitam ou reduzem a possibilidade de ocorrerem impactos negativos. Entretanto, quando as alterações são irreversíveis, as medidas buscam ações positivas de compensação. Conforme rege a legislação ambiental, as medidas e programas propostos (Tabela 5.02) apresentam caráter preventivo, minimizador, compensatório, potencializador ou avaliador. Tais programas foram relacionados diretamente com os efeitos a serem causados pela implantação e operação da planta industrial da Suzano Energia Renovável. 5.2 2012 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 5 – Impactos, Medidas e Programas Socioambientais Tabela 5.02 – Impactos e Riscos Ambientais Associados ao Projeto Industrial da Suzano Energia e Respectivos Programas e Medidas para Controle, Minimização, Compensação, Potencialização e Monitoramento IMPACTOS E RISCOS DESCRIÇÃO ATRIBUTOS DO IMPACTO MEDIDAS E PROGRAMAS AMBIENTAIS E SOCIAIS IMPACTOS NEGATIVOS AI: Regional Alteração da Qualidade do Ar pela Emissão de Gases e Material Particulado Alteração da Qualidade do Ar pela Emissão de Ruídos A qualidade do ar sofrerá impactos negativos na área MI: Grande em que o empreendimento será implantado, dadas as emissões de gases (fumaças) e poeiras derivados HT: Permanente da movimentação de máquinas, veículos, caldeiras e PE: Em curto prazo equipamentos em geral. Fases: Implantação e Operação Os ruídos gerados pelas máquinas, equipamentos e veículos (de passeio e de carga) também geram um impacto negativo sobre a qualidade do ar da área diretamente afetada do empreendimento. Este impacto afetará principalmente os trabalhadores e a fauna local. Manutenção Permanente de Máquinas, Equipamentos e Veículos. Programa de Segurança no Trabalho e Saúde Ocupacional. Programa de Monitoramento de Emissões Atmosféricas AI: Regional Controle e Gestão da Qualidade do Ar; MI: Grande Manutenção Permanente de Máquinas, Equipamentos e Veículos. HT: Permanente PE: Em curto prazo Programa de Segurança no Trabalho e Saúde Ocupacional. Fases: Implantação e Operação Programa de Monitoramento de Ruídos A paisagem da região do empreendimento é basicamente composta por áreas alteradas pelo Alteração da Paisagem homem, havendo presença mínima de ambientes Regional naturais, sendo estes ainda já fortemente perturabdos. A inserção da área industrial deverá gerar modificações pouco significativas na paisagem. AI: Local A supressão da vegetação para a instalação da área industrial e para a abertura de estradas e demais Redução da Diversidade Vegetal na infraestruturas gerará pressões sobre a vegetação da região de influência do projeto. Este impacto Área do apresenta pequena magnitude, dada a Empreendimento predominância de ambientes já alterados na área e ao fato dos remanescentes vegetacionais se AI: Local 2012 © STCP Engenharia de Projetos Ltda Controle e Gestão da Qualidade do Ar; MI: Pequena HT: Permanente PE: Em curto prazo Fase: Implantação MI: Pequena HT: Permanente PE: Em curto prazo Fases: Implantação e Operação Compensação Ambiental; Criação da reserva legal da propriedade; Programa de Recuperação de Áreas Degradadas. Compensação Ambiental; Criação da reserva legal da propriedade; Programa de Recuperação de Áreas Degradadas. 5.3 5 – Impactos, Medidas e Programas Socioambientais IMPACTOS E RISCOS DESCRIÇÃO ATRIBUTOS DO IMPACTO MEDIDAS E PROGRAMAS AMBIENTAIS E SOCIAIS concentrarem em áreas de preservação permanente, as quais serão mantidas intactas. Afugentamento da Fauna Atropelamento de Animais Silvestres Expectativa da População A abertura de estradas e acessos, o tráfego intenso de veículos e a própria presença humana na área da propriedade e nas vias de acesso provocarão a dispersão de animais silvestres para as regiões circunvizinhas ao empreendimento. Este impacto detém pequena importância, dado o fato de que a fauna presente na região é predominantemente composta por espécies comuns. Há, entretanto, risco de acidentes com animais peçonhentos para com os trabalhadores durante a fase de supressão da vegetação. O estabelecimento de tráfego intenso de veículos para a implantação e para a operação do empreendimento representará um aumento de atropelamentos de animais silvestres na região. Os atropelamentos constituem um dos principais impactos sobre a fauna brasileira, representando um importante impacto negativo. A análise da viabilidade técnica-econômica da implantação e operação do empreendimento, acompanhada dos levantamentos preliminares, identificação da área de abrangência, contato com a população da área de influência, gera inquietação e expectativas nas comunidades residentes. Por sua vez, a atração do contingente de trabalhadores para a região em função da instalação e início das operações do empreendimento, seguido do transporte de materiais e produtos utilizados para a construção da infraestrutura, irá alterar a dinâmica econômica local. AI: Loc al MI: Pequena Compensação Ambiental; HT: Temporário Criação da reserva legal da propriedade; PE: Em curto prazo Programa de Recuperação de Áreas Degradadas. Fases: Implantação e Operação AI: Regional MI: Média Implantação de Sinalização e Redutores de Velocidade nas Vias de Acesso; HT: Permanente Compensação Ambiental; PE: Em curto prazo Criação da reserva legal da propriedade; Fases: Implantação e Operação Programa de Recuperação de Áreas Degradadas. Implantação de Sinalização e Redutores de Velocidade nas Vias de Acesso; AI: Regional MI: Grande HT: Temporário PE: Em curto prazo Fases: Planejamento, Implantação e Operação Contratação Preferencial de Mão de Obra Regional; Promoção de Parcerias com os Atores Locais (Poder Público, Setor Privado, Instituições Nãogovernamentais, Associações de Classe e Outros); Programa de Comunicação Social; Programa de Segurança no Trabalho e Saúde Ocupacional; Programa de Qualificação/Capacitação de Mão 5.4 2012 © STCP Engenharia de Projetos Ltda. 7 – Impactos Ambientais, Medidas e Programas IMPACTOS E RISCOS DESCRIÇÃO ATRIBUTOS DO IMPACTO MEDIDAS E PROGRAMAS AMBIENTAIS E SOCIAIS de Obra Local. IMPACTOS POSITIVOS Com a instalação do empreendimento ocorrerá um aumento de postos de trabalho na região, através da criação de empregos diretos e indiretos. Tal Geração de Emprego e processo no médio e longo prazo deve acarretar em Renda melhoria das condições de vida da população local. A necessidade de mão de obra local qualificada ficará a cargo do empreendedor, na forma de parcerias com governos municipais e do Estado. Melhoria dos Acessos Regionais a Localidades Isoladas Aumento da Receita Tributária, Municipal e Estadual O estado atual das vias de acesso é bastante precário e em várias áreas as estradas não recebem qualquer tipo de manutenção por parte do poder público, deixando ainda mais isoladas as comunidades da região. A notícia da implantação e operação do empreendimento gera expectativas da população em relação à melhoria dos acessos, estradas utilizadas pelas comunidades e pelo empreendimento e que a partir de então receberão melhorias constantes. Com o potencial aumento de empregos, desenvolvimento do comércio local e dos investimentos locais em decorrência do empreendimento proposto (tanto na fase de implantação quanto de operação), haverá um aumento considerável na arrecadação de impostos em toda a região, trazendo desta forma beneficios para a população de um modo geral pelo maior investimento público em obras de infraestrutura. 2012 © STCP Engenharia de Projetos Ltda. AI: Regional MI: Grande HT: Permanente PE: Em médio prazo Fases: Implantação e Operação Contratação Preferencial de Mão de Obra Regional; Promoção de Parcerias com os Atores Locais (Poder Público, Setor Privado, Instituições Nãogovernamentais, Associações de Classe e Outros); Programa de Qualificação/Capacitação de Mãode-Obra Local. AI: Regional Implantação de Sinalização e Redutores de Velocidade nas Vias de Acesso; MI: Grande Controle e Gestão da Qualidade do Ar; HT: Permanente Promoção de Parcerias com os Atores Locais (Poder Público, Setor Privado, Instituições Nãogovernamentais, Associações de Classe e Outros); PE: Em curto prazo Fases: Implantação e Operação AI: Regional MI: Grande HT: Permanente PE: Em curto prazo Fases: Implantação e Operação Programa de Comunicação Social. Programa de Comunicação Social; Preferência da Utilização do Comércio Local e Regional para o Suprimento do Empreendimento; Contratação Preferencial de Mão de Obra Regional. 5.5 5 – Impactos, Medidas e Programas Socioambientais IMPACTOS E RISCOS DESCRIÇÃO ATRIBUTOS DO IMPACTO MEDIDAS E PROGRAMAS AMBIENTAIS E SOCIAIS RISCOS AMBIENTAIS A geração de resíduos decorrentes da instalação do empreendimento e de sua operação, junto com a movimentação de veículos e com a mobilização e desmobilização de canteiros de obras como estrutura de apoio da mão-de-obra do projeto, promoverá a geração de diversos tipos de resíduos (sólidos e líquidos) na área do projeto. Risco de Poluição do Solo e dos Corpos d’Água pela Emissão de Efluentes Risco de Assoreamento de Nascentes Risco de Acidentes de Trabalho 5.6 Dentre os resíduos sólidos, estes vão desde material vegetal da supressão vegetal da área a materiais descartáveis (lixo comum) utilizados no ponto de apoio do projeto, a exemplo de embalagens dos produtos utilizados na construção e na operação. Todos estes resíduos devem ser devidamente destinados e, quando possível, reutilizados, de forma a não gerar processos de contaminação do solo e da água. Entretanto, não ocorrem cursos d’água de maior porte (rios) na área do empreendimento, tornando este risco como bastante pequeno. Este impacto poderá ocorrer em função de diferentes atividades, entre as quais supressão da vegetação, terraplanagem, movimentação de maquinas e de equipamentos e construção de bota fora. Ressaltase, entretanto, que há apenas uma nascente diagnosticada na área da propriedade, sendo a mesma já demarcada como uma Área de Preservação Permanente (APP). Esta condição minimiza ao máximo a possibilidade desse risco ocorrer. A circulação de veículos e do maquinário necessário para a implantação do empreendimento, a operação dos diversos equipamentos (alguns de risco moderado, tais como caldeiras), poderá acarretar acidentes envolvendo principalmente os AI: Local MI: Pequena Programa de Educação Ambiental e Cultural; HT: Permanente Programa de Gestão de Resíduos Sólidos; PE: Em curto prazo Implantação de Sistemas Adequados de Captação e Tratamento do Esgoto. Fases: Implantação e Operação AI: Local MI: Pequena Criação da reserva legal da propriedade; HT: Permanente Programa de Recuperação de Áreas Degradadas. PE: Em curto prazo Fase: Implantação AI: Regional MI: Grande HT: Permanente PE: Em curto prazo Implantação de Sinalização e Redutores de Velocidade nas Vias de Acesso; Programa de Qualificação/Capacitação de Mãode-Obra Local; Programa de Segurança no Trabalho e Saúde 2012 © STCP Engenharia de Projetos Ltda. 7 – Impactos Ambientais, Medidas e Programas IMPACTOS E RISCOS DESCRIÇÃO trabalhadores do empreendimento. A população da Área de Influência Direta também poderá sofrer esse impacto, na medida em que o fluxo de automóveis e caminhões nas rodovias e estradas já existentes venha a aumentar. ATRIBUTOS DO IMPACTO Fases: Implantação e Operação MEDIDAS E PROGRAMAS AMBIENTAIS E SOCIAIS Ocupacional. Manutenção Permanente de Máquinas, Equipamentos e Veículos; Controle e Gestão da Qualidade do Ar. Programa de Gestão de Resíduos Sólidos. Risco de Perdas e Destruição do Patrimônio Arqueológico em Superfície e Subsuperfície As atividades de naturezas diversas que venham a intervir no solo, principalmente a supressão da vegetação e a terraplanagem da área a receber a planta industrial e as vias de acesso, poderão destruir o patrimônio arqueológico superficial e em profundidade que possa ocorrer na região. AI: Local MI: Grande HT: Permanente PE: Em curto prazo Programa de Resgate Arqueológico; Programa de Educação Ambiental e Cultural. Fases: Implantação Legenda: AI – Amplitude do Impacto, MI – Magnitude do Impacto, HT- Horizonte de Tempo, PE- Prazo do Efeito Fonte: Equipe Multidisciplinar e STCP (2012). 2012 © STCP Engenharia de Projetos Ltda. 5.7 6 – COMO SERÁ O FUTURO 6 – COMO SERÁ O FUTURO? O futuro da qualidade ambiental da região onde será implantado o empreendimento levou em conta duas situações: a instalação da indústria e a sua não instalação. Foram analisadas as mudanças que poderão ser sofridas pelos meios físico (solo, água e qualidade do ar), biológico (flora e fauna) e socioeconômico (demografia e dinâmica populacional, aspectos sociais, economia regional, uso e ocupação do solo, infraestrutura). • Considerando que a Indústria Não Será Instalada Considerando a não instalação da indústria, o cenário se manteria praticamente sem alteração sob os aspectos do solo, da qualidade da água e do ar e da emissão de ruídos. Atualmente a qualidade do ar é boa, porém no período entre agosto e novembro no preparo do solo para agricultura há alteração nessa condição do ar, em função de algumas queimadas utilizadas na agricultura de subsistência. Sem a instalação do empreendimento, a qualidade do ar e as emissões de ruído deverão ser mantidas, uma vez que não haverá o tráfego de caminhões, funcionamento de máquinas e equipamentos, e tampouco, as emissões atmosféricas decorrentes das atividades industriais. Sem a implantação do empreendimento não haverá riscos para os recursos hídricos regionais, uma vez que não ocorreria a captação de água para o processo da indústria. Sem o empreendimento não haverá geração de fontes potenciais de impactos sobre o solo decorrentes das operações, principalmente no que se refere à utilização de produtos químicos e maquinários que utilizam combustíveis, óleos e graxas. Já quanto a processos erosivos, os mesmos não deverão ser observados em nenhum dos cenários, considerando o tipo do empreendimento e as condições planas do terreno local. Em relação à vegetação da região, continuará a sofrer as mesmas pressões pelo pisoteio do gado e sua retirada para atividades agrícolas. Deve-se ressaltar que a planta industrial ocupará uma área onde se observa total descaracterização da vegetação nativa e sua substituição por áreas alteradas. A não implantação do empreendimento cria um quadro em que não ocorrerão os impactos diretos sobre as espécies animais, causados com a retirada da vegetação, operações de máquinas, tráfego de veículos e caminhões. Por fim, com a ausência do empreendimento na região, espera-se a continuidade da caça de animais silvestres nas propriedades por moradores que poderiam ser absorvidos como mão-de-obra na planta industrial. Do ponto de vista social e econômico, a não instalação do empreendimento manteria a atual situação, onde a qualidade de vida, a geração de emprego e renda são baixas, mantendo-se a dependência de repasse de recursos do governo. 6 – Como Será o Futuro? • Considerando a Instalação da Indústria A qualidade do ar poderá ser alterada na fase com a implantação do empreendimento, em função da movimentação de terra e da operação de máquinas (ruídos), na fase de operação com a emissão de particulados (poeiras) e de emissões atmosféricas vindos do processo industrial. Um fator importante para diminuir os efeitos das emissões de poeira e de processos erosivos é a pavimentação da rede viária e dos pátios de acessos. No cenário com a implantação do empreendimento não existem riscos de perda da qualidade da água, pela inexistência de recursos hídricos em suas proximidades. A única nascente local, da qual decorre a formação de um pequeno banhado, encontra-se protegida por vegetação. Os efluentes sanitários e industriais gerados serão tratados através de sistemas adequados, controlando-se assim os impactos sobre a qualidade da água. Com a necessidade de escoamento da produção, haverá melhorias na disponibilidade de infraestrutura local, essas adequações deverão ocorrer principalmente nas vias de acesso, facilitando o desenvolvimento das atividades de produção e a condições de vida da população. Com o aumento do movimento, haverá necessidade de medidas de controle sobre as emissões atmosféricas e de prevenção de acidentes. Na fase de implantação do empreendimento será necessária a retirada de parte da vegetação, porém no local da instalação da indústria a vegetação já foi alterada pelo uso agrícola no local. Porém melhorias para vegetação estão previstas como forma de diminuir o impacto, como recuperação de áreas degradadas, consolidação de reserva legal, recuperação de áreas de preservação permanente. Para a fauna, da mesma forma que para a vegetação, a maioria dos impactos ocorrerá na fase de implantação do empreendimento, muito embora trânsito de caminhões durante a operação implique em um aumento significativo de atropelamentos de animais silvestres na região. Através do planejamento do uso do solo, o projeto em estudo considera a manutenção de áreas de conservação, destinadas para Reserva Legal e Preservação Permanente, nas quais é possível compatibilizar o uso dos recursos naturais com a presença do empreendimento. Contudo, esses efeitos descritos acima no ar, solos, água, animais e vegetação deverão ser prevenidos ou ao menos minimizados na medida em que forem obedecidas as medidas e implantados os programas propostos. Com a implantação e operação do empreendimento, espera-se a criação de cerca de 2.750 postos de trabalho diretos e indiretos, referentes tanto à área industrial quanto de serviços como comércio, transportes e outros, proporcionando desenvolvimento socioeconômico com reflexos positivos na economia local e regional. A geração de empregos tem como reflexo direto a melhoria da renda e da qualidade de vida da população, através dos rendimentos ou através da injeção de recursos na economia, bem como pela geração de impostos para o setor público os quais, também, contribuem para o benefício social de toda a população da região. A operacionalização das atividades do empreendimento terá reflexos na economia também em relação à melhoria das formas de comercialização, na medida em que será priorizada a aquisição de insumos e serviços locais, inclusive fortalecendo o mercado local, com preços 6.2 2012 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 6 – Como Será o Futuro? compatíveis com a realidade econômica dos municípios. Significa criar uma cadeia de benefícios, sendo que a renda gerada passará a circular na própria região, induzindo o aquecimento do comércio e serviços locais. A instalação do empreendimento proposto deverá oportunizar postos de trabalho tanto à população rural quanto urbana. Isso indica a existência de mão de obra ociosa na região com capacidade de trabalho e de promover o desenvolvimento, através da transformação de recursos em bens e serviços. 2012 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 6.3 7 – CONCLUSÃO 7 – CONCLUSÃO De acordo com a legislação ambiental brasileira, este documento objetiva atender às exigências estabelecidas pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Maranhão – SEMA/MA, com vistas ao processo de licenciamento ambiental para instalação e operação, no município de Chapadinha, no Estado do Maranhão, do empreendimento industrial madeireiro pretendido pela Suzano Energia Renovável – SER. O empreendimento que a SER deseja implantar no Maranhão é uma indústria de produção de pellets de madeira, aproximadamente 2 milhões de toneladas por ano, o qual terá como insumo único a madeira oriunda dos plantios de eucalipto da Suzano no Maranhão. O produto final terá, inicialmente, destinação ao mercado internacional para a produção de energia. Para a elaboração do presente documento observou-se, inicialmente, os procedimentos burocráticos estabelecidos pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente, tanto no que se refere ao protocolo de solicitação da Licença Prévia – LP, como no estrito cumprimento das exigências estabelecidas no Termo de Referencia – TR. Desse modo o processo iniciou-se com o protocolo da solicitação de licenciamento junto à Secretaria Estadual de Meio Ambiente, o qual recebeu o número 155/12. Como resultado dessa solicitação foi exigido à realização de um Estudo de Impacto Ambiental e o respectivo Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA). Para tanto, a SEMA/MA emitiu em 20/01/2012 o parecer 166/2012, que apresentou o devido Termo de Referência para esses estudos. Em relação a este licenciamento ambiental é considerada, em especial, a Constituição Federal de 1988, art. 225; a pela Lei 6.938/81, que trata da Política Nacional do Meio Ambiente; a Lei 4.711/65, o Código Florestal, a Lei de Proteção à Fauna, dos Crimes Ambientais, entre outras. Nesse mesmo nível, considerou ainda, as Resoluções do CONAMA, em especial a 001/86 e a 237/97, bem como todas as outras que tenham relação direta e indireta com as características e atividades do empreendimento industrial pretendido pela SER. Paralelamente observou-se a legislação ambiental também nos níveis estadual e municipal. A descrição da situação futura, chamada de prognóstico ambiental, considerou as atividades previstas para a implantação e operação da unidade industrial pretendida pela SER e os impactos ambientais decorrentes dessas atividades, com e sem o empreendimento, demonstra que haverá impactos positivos e negativos, sobre o ambiente objeto dessa unidade industrial. O prognóstico sem o empreendimento mantém as atuais condições constantes do diagnóstico realizado pela equipe multidisciplinar responsável pelo estudo ambiental. Já o prognóstico com o empreendimento mostra uma série de impactos negativos, os quais poderão ser minimizados, compensados e evitados com a adoção das medidas mitigadoras 7 – Conclusão sugeridas. Ainda neste aspecto, observa-se que os impactos positivos, em especial aqueles relacionados com o meio socioeconômico, poderão ser potencializados e contribuir com o adequado desenvolvimento econômico e social das comunidades que ocupam a região de influência do empreendimento da SER. Considerando o exposto anteriormente, e havendo a confirmação das políticas públicas previstas para a região de influência do projeto industrial apresentado no processo de licenciamento junto à SEMA/MA, bem como do cumprimento da legislação ambiental, nos níveis federal, estadual e municipal, e principalmente com relação à implantação das medidas e programas propostos, a conclusão final da equipe multidisciplinar responsável pelos estudos, é a de que o empreendimento possui a necessária viabilidade ambiental e apresenta condições de ser devidamente licenciado pelo Estado do Maranhão. 2012 © STCP Engenharia de Projetos Ltda 7.2