melhoria da qualidade da gua tratada e aumento da capacidade de
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melhoria da qualidade da gua tratada e aumento da capacidade de
23º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental III-182 - AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE ESTABILIZAÇÃO POR SOLIDIFICAÇÃO André Luiz Fiquene de Brito (1) Químico pela Universidade Federal da Paraíba - UFPB; Especialista em Inovação e Difusão Tecnológica (UFPB); Mestre em Saneamento Ambiental (UFPB/UEPB); Professor da Universidade Federal de Campina Grande, Departamento de Engenharia Química, e atualmente realizando doutorado no Programa de PósGraduação em Engenharia Ambiental (PPGEA) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Sebastião Roberto Soares Engenheiro Sanitarista pela UFSC; Doutor em Gestão e Tratamento de Resíduos pelo Institut National des Sciences Appliquées de Lyon. Lyon, França; Pós-doutorado em Análise de Ciclo de Vida pela Escola PoliTécnica de Montreal – Canadá, e Professor do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental (UFSC/ENS). Endereço(1): Universidade Federal de Santa Catarina, Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental, Campus da Trindade - Florianópolis – Santa Catarina - CEP: 88040-970 – Cx Postal 476 - Brasil - Tel: +55 (48) 331-7754 - Fax: +55 (48) 234-6459 - e-mail: [email protected] RESUMO No Brasil, o processo de estabilização por solidificação (E/S) tem sido avaliado por normas/ procedimentos internacionais ou por ensaio da indústria de cimento e concreto. Em países como a França e Canadá existem normas específicas, apresentando os procedimentos para realização de ensaios e os limites máximos que o produto E/S podem apresentar para sua disposição em áreas adequadas. Este trabalho tem por objetivo avaliar comparativamente normas e procedimentos que têm sido usadas pela E/S. Para tanto, foi definido que seria comparado aspectos operacional, físico e químico. Com base no que foi pesquisado e avaliado, há necessidade de definir normas para o Brasil com critérios que possam avaliar o produto solidificado. Constata-se também que os critérios operacionais, físicos e químicos são importantes para avaliar a E/S, pois, a forma de avaliar produto E/S depende dos critérios adotados. PALAVRAS-CHAVE: Estabilização/Solidificação; Normas; Resíduos Sólidos Industriais. INTRODUÇÃO Em trabalho realizado sobre a E/S, Brito e Soares (2004a) mostraram a necessidade de elaborar normas com critérios para avaliar e dispor resíduos estabilizados por solidificação. A necessidade devia-se ao cenário atual para disposição de resíduos sólidos industriais e aos aspectos legais. Ficou constatado que a necessidade de elaborar normas poderia estar relacionada com: 9 9 9 9 Locais inadequados de disposição de resíduos sólidos, contribuindo para a degradação da qualidade ambiental; Elevada representatividade dos resíduos sólidos perigosos no total de resíduos sólidos produzidos nas áreas urbanas do país; Necessidade de responsabilização dos geradores de resíduos perigosos das atividades industriais; Viabilidade técnica e econômica da E/S para o tratamento de resíduos perigosos. Quanto aos aspectos legais, constatou-se que atualmente, para tratar a questão dos resíduos sólidos industriais, existem Leis Específicas, Resoluções e Normas Técnicas que regulam as atividades envolvendo resíduos sólidos industriais. Constata-se também, que cada Agência Estadual de Controle Ambiental, possui de acordo com a política do Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA), a função normativa permitindo a regulamentação própria complementando as Normas e Leis Federais (Brito e Soares, 2004a). Quanto à situação brasileira referente à E/S, Brito e Soares (2004 b) informaram ainda que: 9 Mesmo considerando ser eminentemente do gerador a competência para o tratamento dos resíduos sólidos industriais, a legislação brasileira, ressente-se de uma política nacional de resíduos sólidos ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 1 23º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 9 9 industriais bem como de norma específica, visando avaliar com critérios a estabilização por solidificação; Há necessidade de estabelecer no Brasil critérios para caracterização de produtos finais obtidos após aplicação da estabilização por solidificação de resíduos sólidos industriais em matrizes de cimento e/ou materiais com características solidificantes; Estabelecer diretrizes para disposição segura de produtos finais estabilizados por solidificação de acordo com os cenários apropriados para resíduos sólidos industriais. Geralmente, o processo de E/S tem sido avaliada de acordo com critérios e padrões especificados pela legislação federal, estadual e local, ou por agências reguladoras que usam métodos e padrões englobando os grupos de propriedades físicas e propriedades químicas do resíduo solidificado (WEITZMANN et al., 1988). Com relação aos países, serão avaliadas comparativamente as normas do Canadá e da França, e quanto aos procedimentos, serão avaliados comparativamente, os ensaios da Holanda, Inglaterra, Espanha, Austrália, Itália e da Comunidade Européia. Neste trabalho, as avaliações e análises foram realizadas para os diversos tipos de classificação do processo tais como: processos baseados em asfalto, cimento Portland simples, fosfatos solúveis, betuminização, vitrificação, polietileno, sorbentes/sufractantes e silicatos solúveis (LIU, 1999). O trabalho tem por objetivo, avaliar procedimentos e normas relacionadas aos critérios operacionais físicos e químicos. MATERIAIS E MÉTODOS Este trabalho foi realizado, nas dependências do Laboratório Interdisciplinar de Meio Ambiente (LIMA) e o Laboratório de Resíduos Sólidos (LARESO), pertencente à Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, no Estado de Santa Catarina, SC. Na primeira etapa, foram selecionados normas e procedimentos, que tem sido utilizada para avaliar resíduo estabilizado por solidificação (E/S). Na segunda etapa foi realizada a seleção dos principais critérios utilizados para avaliar as características de resíduos E/S. Na terceira etapa foi realizada avaliação das normas e critérios relacionados aos aspectos operacionais, físicos e químicos. O Quadro 1 mostra resumidamente normas, procedimentos e critérios que serão utilizados na avaliação de resíduos E/S. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 2 23º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental Quadro 1: Resumo de normas/procedimentos e critérios operacionais utilizados para de avaliar resíduo E/S NORMA ESPECÍFICA LOCAL ASPECTOS/CRITÉRIOS Agence Française de Normalization AFNOR – NX – 31- 212 França Wastewater Technology Center – WTCEC-EPS-3/HÁ/9 Canadá PROCEDIMENTOS United State Environmental Protection Agency - US EPA American Nuclear Society - ANS American Society For Testing and Materials Society – ASTM European Committee for Standardization – CEN LOCAL EUA Operacionais: Tempo e tipo de molde; umidade relativa; tempo de cura e temperatura ensaio; Físicos: Resistência à compressão e umidificaçãosecagem; Químicos: capacidade de absorção de água; e lixiviação. Operacionais: tempo e tipo de molde; UR; tempo de cura e temperatura ensaio; Físicos: umidade, peso específico; condutividade hidráulica; resistência física e variação de temperatura; Químicos: lixiviação; capacidade de neutralização ácida. CRITÉRIOS Físico: Peso específico; umidade; condutividade hidráulica; resistência à compressão; resistência ao congelamento/descongelamento. Químico: lixiviação China TCLP Standard – China TCLP Neatherlands Normalization – NEN Deutsches Institut Für Normung – DIN Bristish Standards – BSI Asociación Española de Normalizacion y Certificacion - AENOR Japan Standartization – JIS IRSA – ISTITUTO DI RICERRCA SULLE E ACQUA /ITALIAN LAW Australian Standards Institute – AS Europa Operacionais: Tempo e tipo de molde; UR; tempo de cura e temperatura ensaio; Químico: Lixiviação China Operacionais: Tempo e tipo de molde; tempo de cura e temperatura ensaio; Químico: Lixiviação Holanda Químico: Lixiviação Alemanha Químico: Lixiviação Inglaterra Operacionais: tipo de molde; tempo de cura e temperatura ensaio. Espanha Operacionais: tempo e tipo de molde; UR; tempo de cura e temperatura ensaio. Japão Químico: Lixiviação Itália Operacionais: tempo molde; UR; tempo de cura e temperatura ensaio; Químico: Lixiviação. Austrália Operacionais: tempo de cura; Químico: Lixiviação. FONTE: DIN 38414 (1985); IRSA (1985); Italian Law 915 (1984); JIS (1973); AENOR (1985a); AENOR 80.101(1985b); AS (1997); NEN 7345 (1993); AFNOR (1994); WTC (1991); BSI (1983); CEN 196-3 (1989); CEN 12457 (1989); CEN 1961-1(1994); ANS 16.1(1986); US EPA 1310 (1992); US EPA 1311 (1992); US EPA 1311 (1986); ASTM, (2004); YOUCAI et al., 2002. RESULTADOS E DISCUSSÃO Aspectos Operacionais Com relação ao critério operacional, vários aspectos podem ser avaliados e comparados entre si. Os aspectos estão relacionados com: tipos de moldes; dimensões dos moldes, tempo de moldagem; tempo de cura e condições ambientais para o teste como, temperatura e umidade relativa. Tomando-se como base a bibliografia consultada para os diversos critérios operacionais pode-se observar que os corpos de provas são confeccionados utilizando moldes com formato e capacidade volumétrica diferentes. Moldes nos formatos de paralelepípedos são oriundos da Comunidade Européia, Itália e França. No procedimento utilizado pela Comunidade Européia os moldes apresentam dimensões que conferem volume de ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 3 23º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 256 cm3 ao corpo de prova. A norma da França utiliza moldes com dimensões de 4 x 4 x 8 cm proporcionando volume de 128 cm3. A norma francesa recomenda que as massas das amostras utilizadas nos ensaios sejam de aproximadamente 100 ± 20 g (CEN 196-3 1989; AFNOR, 1994). O procedimento italiano apresenta-se idêntico, em termos de volume, ao procedimento da Comunidade Européia com dimensões iguais a 4 x 4 x 8 cm (IRSA, 1985). Os corpos de provas, nos formatos cilíndricos são oriundos dos procedimentos da Espanha, Reino Unido, Austrália e da Norma Canadense. No Brasil, alguns ensaios têm sido realizados utilizando metodologia da indústria de cimento Portland, que recomenda o uso de moldes no formato cilíndrico e capacidade a 196,35 cm3 (ABNT NBR 7215,1996). No procedimento da Espanha o volume do molde é de aproximadamente 127,23 cm3 com um tempo mínimo de cura de um dia e tempo máximo 90 dias de cura. O controle do ambiente é realizado em câmara úmida na faixa de 100% de umidade relativa (AENOR, 1985). Os procedimentos do Reino Unido, Austrália e Holanda não especificam todas as dimensões do molde. O procedimento britânico apenas informa o diâmetro do cilindro (5,5 cm) e os procedimentos da Austrália e da Holanda apenas especificam a relação entre líquido/sólido e o volume da solução extratora em relação à massa do corpo de prova para o ensaio de lixiviação (BSI, 1983; AS, 1997; NEN 7345, 1993). Por outro lado, a Norma do Canadá - WTC-EC-EPS-3/HÁ/9, apresenta moldes com dimensões diferenciadas de acordo com o ensaio a ser realizado e com base em critérios físicos ou químicos. Os volumes, ou seja, as capacidades máximas dos moldes são em função do ensaio a ser realizado (WTC, 1991). Para o ensaio de condutividade hidráulica o volume para o corpo de prova é de 344,77 cm3. Para o ensaio de resistência à compressão o volume do molde é de 98,17 cm3 e para os ensaios de resistência ao congelamento e resistência ao descongelamento; resistência à secagem e resistência à umidificação o volume é de aproximadamente 145 cm3. Para os demais ensaios, como umidade, lixiviação, capacidade de neutralização ácida e peso específico não há especificação para o formato e volume do molde a ser usado. Com relação ao tempo de cura constata-se que há bastante variação entre as normas e procedimentos analisados. Geralmente o tempo de cura varia de 1 até 90 dias, com intervalos de 2,7, 28, 30, 56 e 84 dias de cura para realização dos ensaios. A norma francesa não indica o tempo de cura para a realização dos ensaios. A Norma do Canadá, recomenda períodos de cura diferentes conforme o teste a ser realizado, ou seja, para critérios físicos como densidade aparente, umidade e resistência à compressão o tempo de cura é de 56 ± 7 dias, enquanto que para critérios químicos como lixiviação e capacidade de neutralização ácida o tempo de cura é de 84 dias após preparação da amostra (AFNOR, 1994; WTC, 1991). O tempo de cura mais utilizado por normas, procedimentos e diversos autores têm sido 28 dias conforme critérios de origem física e química de produtos estabilizados por solidificação (MINOCHA et al. 2003; ABNT NBR 7215, 1996; POON et al. 2003; PARK et al. 2000; ALBA et al. 2001; NEVILLE, 1997, POLLETINE et al, 2001). Comparando-se os tempos de cura proposto pela norma canadense com os diversos autores acima, pode-se observar que os períodos de 56 e 84 dias são respectivamente 200 e 300% superiores a 28 dias de cura. Com relação ao tempo de moldagem, a norma do Canadá recomenda que os resíduos solidificados permaneçam no molde por sete dias. Já os procedimentos da Comunidade Européia e da Espanha indicam período de 24 horas no interior do molde, para em seguida aplicar o tempo de cura estabelecido (AENOR,1985; CEN 196-3, 1989). Quanto às condições ambientais para o teste, temperatura e umidade relativa, em que são submetidos os corpos de provas variam de 20 a 250 C e 90 a 100% de umidade. A norma da França e o procedimento italiano apresentam menores temperaturas (200 C), enquanto que o procedimento da Espanha apresenta maior ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 4 23º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental temperatura para realização dos ensaios e cura das amostras solidificadas (AENOR,1985; AFNOR, 1994; IRSA (1985). Na Norma da França, todos os ensaios são executados em triplicata, e os resultados são apresentados em função da média aritimética dos valores obtidos. A Tabela 1 mostra resumidamente o tempo de cura, a temperatura e a umidade relativa utilizadas por diversos procedimentos e normas que tem sido utilizada para avaliar resíduos E/S. TABELA 1: Tempo de Cura e Condições Ambientais Utilizadas por Diversas Normas e Procedimentos U.R(%) Agência Local Tempo Cura(dias) T(0C) European Committee for Standardization – Comunidade 2, 7 e 28 20 ± 1 > 90 Européia CEN Agence Française de Normalization França 20 ± 5 AFNOR Asociación Española de Normalizacion y Espanha 1, 7, 30 e 90 25 100 Certificacion - AENOR Inglaterra 1, 2, 7 e 28 20 Bristish Standards – BSI Austrália 28 Australian Standards Institute – AS Canadá Entre 56 e 84 22 ± Wastewater Technology Center- WTC 3 ISTITUTO DI RICERRCA SULLE E ACQUA – Itália 7, 28 e 90 20 ± > 90 IRSA Fonte: CEN, 1989; AFNOR, 1994; AENOR, 1985; BSI, 1983; AS 4439/3, 1997;WTC, 1991; IRSA, 1985; STEGEMANN e CÔTÉ, 1991. Aspectos Físicos e Químicos Como critérios físicos destacam-se: teor de umidade, peso específico, porosidade, resistência à compressão, determinação do tempo de pega e medida de pH. A norma canadense referente a resíduos solidificados foi elaborada pelo WTC no Canadá, em conjunto com diversas indústrias e a agência oficial de proteção ambiental americana. Inicialmente, foi realizado um programa experimental cooperativo para desenvolver e validar dezesseis testes e ensaios laboratoriais para avaliar as propriedades físicas e químicas de resíduos solidificados. O estudo foi coordenado pelo órgão ambiental canadense, Environment Canada (EC) em cooperação com a USEPA Alberta Environmental e quinze indústrias americanas, canadenses e européias (STEGEMANN e CÔTÉ, 1990). A norma francesa NX 31-211 (AFNOR, 1994) é específica para testar o procedimento de solidificação compreendendo três secções: na seção I, é proposto teste de pré-seleção dos resíduos sólidos maciços ou solidificados; na seção II, a norma propõe teste de verificação da integridade e da perenidade da estrutura física e na seção III, a norma propõe um teste de lixiviação nos corpos de prova. 9 Na seção I o objetivo é realizar uma primeira etapa da seleção dos resíduos para distinguir os resíduos admissíveis às provas de seleção mais propensas descritos na seção II. 9 Na seção II o objetivo é verificar se o estado físico do sólido maciço, é suficientemente estável para evitar uma desagregação posterior significativa do resíduo, nas condições do ambiente natural e, por conseguinte, um aumento da lixiviação dos poluentes em contato com água. 9 Na seção III, o objetivo é definir o modo operatório do ensaio de lixiviação a ser aplicado aos resíduos tendo sucessivamente atendido aos critérios de seleção da seção I e II. O procedimento existente nos Estados Unidos é oriundo de agências ambientais como a ASTM, US EPA e ANS. Pode-se dividir em procedimentos de origens físicas e químicas. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 5 23º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental Quanto aos ensaios físicos, têm sido utilizados os ensaios preconizados pela ASTM destacando-se o peso específico, teor de umidade, condutividade hidráulica, resistência à compressão, resistência ao congelamento e descongelamento e resistência a umidificação e secagem (ASTM, 2004). Além das normas dos países e agências como o da França (AFNOR) e Canadá (WTC), outros procedimentos dos Estados Unidos (US EPA, ASTM e ANS) e de países da Europa, Oceania e Ásia têm sido utilizados para avaliar a E/S. Podemos citar como exemplo: 9 9 9 9 9 9 9 9 Comunidade Européia (CEN); Holanda (NEN); Alemanha (DIN); Austrália (AS); Reino Unido (BSI); Espanha (AENOR); Itália (IRSA/Italian Law); Japão (JIS). Parte da Europa utiliza para avaliar resíduos estabilizados por solidificação procedimentos baseados na Comunidade Européia – European Standards (CEN). Os principais critérios químicos que têm sido usados na avaliação de resíduos solidificados são os ensaios de lixiviação e o ensaio da capacidade de neutralização ácida. O teste de lixiviação avalia o potencial do resíduo em liberar determinados tipos de contaminantes, mostrando se o resíduo atende as normas estabelecidas. O ensaio pode fornecer informações sobre a classificação do resíduo e avaliar se o mesmo deve ser submetido a um processo de tratamento com o objetivo de reduzir sua capacidade poluente. A capacidade de neutralização ácida tem sido usada para medir a capacidade das matrizes em resistir à redução de pH por exposição a ácido (ANDRÉS et al., 1999). O ensaio é usado para avaliar a capacidade das matrizes de CPS para resistir à acidificação, fornecer informações sobre a progressão da hidratação das matrizes e medir a liberação de metais pesados sob diferentes condições de pH (POLENTINI et al., 2001). Nos processos de E/S, deve-se relatar os mecanismos de lixiviação e as formas de disposição ou utilização tais como: disposição em aterro sanitário ou aterro industrial; utilização controlada ou utilização de forma irrestrita. A capacidade de neutralização ácida é um ensaio para avaliar a capacidade das matrizes para imobilizar metais pesados em diferentes faixas de pH (STEGEMANN e CÔTÉ, 1996). CONCLUSÕES Com base na avaliação comparativa de normas e procedimentos utilizados pela E/S pode-se concluir que: 9 9 9 9 9 Os critérios operacionais, físicos e químicos avaliados têm sido usados por diversos países e agências internacionais de normalização. Ficou constatado, também, que não existe no Brasil Norma específica com procedimentos e critérios para avaliar a E/S, pois, tem sido utilizada a Norma da França e procedimentos dos Estados Unidos além da aplicação de ensaios destinados à indústria de cimento e de concreto brasileira; Os critérios operacionais são importantes para definir as dimensões do molde, tempo de moldagem, tempo de cura, temperatura e umidade relativa; Com a necessidade de elaboração de norma para o Brasil, a mesma deve considerar os critérios citados anteriormente, devendo-se realizar estudo mais detalhado para saber se existe interação entre os critérios adotados e a sua influencia na qualidade do produto resultante da E/S; O período de cura pode fornecer, subsídio para tomada de decisão na preparação e manuseio das amostras e definir fatores que podem influenciar na qualidade do produto solidificado; Baseado na bibliografia consultada, os critérios avaliados, podem ser usados para avaliar e caracterizar processos de estabilização por solidificação quando se utiliza os seguintes agentes ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 6 23º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental solidificantes: asfalto, cimento Portland simples, fosfatos solúveis, betumem, vitrificação, polietileno, sorbentes/sufractantes e silicatos solúveis. AGRADECIMENTOS Ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental – PPGEA, da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC e À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. AGENCE FRANÇAISE DE NORMALISATION – AFNOR. NX31-211: Déchets - Essai de Lessivage d’un déchet solide initialement massif ou généré par un procédé de solidification. Normalisation Française. Paris, 1994. 14 p. 2. ALBA, N; VASQUEZ, E; GASSÓ,S; BALDASANO, J.M. Stabilization/Solidification of MSW Incineration Residues From Facilities With Different Air Pollution Control Systems Durability of matrices versus carbonation. Waste Management. v.21, p.313-323, 2001. AMERICAN NUCLEAR SOCIETY. Measurement of the leachability of solidified low-level radioactive wastes. ANSI/ANS 16.1. ANS. Chicago, IL, 1986. AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS – ASTM International: Standards Worldwide. Philadelphia, PA, USA, 2004. Acesso em: 26 de Set. – 2004. 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