Março - Adventist World

Transcrição

Março - Adventist World
Órgão Internacional dos Adventistas do Sétimo Dia
Mar ç o 2 0 08
Paixão
Pelas
essoas
P
8 Esclarecimentos Sobre
Serviço Militar
20
A Terceira Pessoa
24
Ministério Atrás
das Grades
Março 2008
A
IGREJA
EM
AÇÃO
Editorial ....................... 3
Notícias
3 Imagens & Notícias
Janela
7 Sri Lanka por Dentro
A D R A / A F R I C A
Visão Mundial
ARTIGO
DE
C A PA
Paixão Pelas Pessoas
Por Kimberly Luste Maran .......................................................... 16
Birgit Philipsen, primeira mulher a ser diretora da Agência
Adventista de Recursos Assistenciais (ADRA) em um país,
preocupa-se pelas pessoas de uma forma evidente.
DEVOCIONAL
Igrejas Milagrosas Por Nathan Brown ................................ 12
O que devemos saber sobre as igrejas que experimentam
crescimento explosivo?
VIDA
ADVENTISTA
Esperança em Meio à Dor Por Josephine Akarue .............. 14
Por vezes, o único controle que temos sobre nossa
situação é a maneira como reagimos a ela.
CRENÇAS
FUNDAMENTAIS
A Terceira Pessoa Por Roy Adams ........................................ 20
O Espírito Santo pode ser sempre um mistério, mas isso não
quer dizer que não podemos ser beneficiados com Sua presença.
ESPÍRITO
DE
PROFECIA
Minha Missão, Meu Mundo Por Ellen G. White .............. 22
Deus nos equipou para fazermos a diferença em nosso mundo.
SERVIÇO
Ministério Atrás das Grades Por Daniel Weber ............... 24
Um pastor que não se esquece dos que a sociedade
procura esquecer.
Adventist World (ISSN 1557-5519) é editada 12 vezes por ano, na primeira quinta-feira do mês, pela Review and Herald
Publishing Association. Copyright (c) 2005. Vol. 4, nº 3, Março 2008.
2
Adventist World | Março 2008
8 Esclarecimentos Sobre
Serviço Militar
SAÚDE
Como a Pobreza Pode
Afetar a Saúde? ......... 11
Por Allan R. Handysides e
Peter N. Landless
PERGUNTAS
BÍBLICAS
Nomes, Datas e
Lugares ....................... 26
Por Angel Manuel Rodríguez
ESTUDO
BÍBLICO
Um Sinal do
Verdadeiro Culto........ 27
Por Mark A. Finley
INTERCÂMBIO
MUNDIAL
29 Cartas
30 O Lugar de Oração
31 Intercâmbio de Idéias
O Lugar das Pessoas... 32
NA SELVA: Birgit Philipsen prepara-se
para visitar, usando veículo antigo,
norte de
Karamoja, Costa
emMagalhães
uma localidade
Tradução:
Sonete
Uganda.
Na capa: OBRIGADO, ADRA: Em Ruanda,
crianças alegres e felizes posam por um
momento em frente da escola primária
construída pela ADRA/Ruanda, com
apoio financeiro do governo dinamarquês
através da ADRA/Dinamarca.
Tradução: Sonete Magalhães Costa
www.portuguese.adventistworld.org
A Igreja em Ação
Editorial
A Tranqüilidade de Nossa Alma
N
uvens carregadas amontoam-se sobre a vasta extensão
do oceano cinzento, ameaçando um dilúvio, como os
antigos amam chamar de “proporções bíblicas”. Relâmpagos
atravessam a curta distância entre as nuvens negras e as enormes ondas. Gaivotas e procelárias, empurradas por correntes
invisíveis de ar, lutam para voar para o sul, em direção à praia.
A maioria dos observadores ficaria muito feliz se pudesse
estar em terra firme, nesse momento, sentindo a areia molhada sob os pés e amparada pelos arbustos e árvores que cercam
essa faixa de terra. Entretanto, a pouco mais de um quilômetro
mar adentro, um barco de pesca avança penosamente sobre
águas encapeladas, buscando a segurança do porto.
Essa é a igreja de Deus, que, como frágil embarcação na
opinião de alguns, é surpreendida por mais uma tormenta.
Dentro da água, carregada com centenas de resgatados de
outros navios naufragados, ela se encontra numa adversidade
bem familiar. As ondas das circunstâncias – econômicas, políticas, de logística – ameaçam levá-la a pique. Críticos predizem seu fim iminente. Em sua mente, mesmo não estando no
papel, podem garantir quando ela naufragará.
Eles não podem saber o que cada um dos sofridos passageiros a bordo deve saber: esse é, no momento, o lugar mais
seguro do Universo, pois Jesus está a bordo. Ele permanece no
centro da igreja de Deus, resoluto e calmo, lembrando-nos,
por Sua Palavra e por Sua presença, que, embora muitos homens rejeitem Sua direção, “as ondas e os ventos ainda conhecem a voz dAquele que reina sobre eles”.
Nosso exausto barco logo chegará ao porto; o perigo e a
tormenta em breve passarão. Estamos atravessando as ondas
com o “Mestre da terra, do mar e do céu”, e essa certeza afasta
nosso medo, dando lugar a uma serena alegria.
Quinze milhões de almas ansiosas estão tranqüilas, não
pela calmaria do mar, mas porque temos o Capitão da igreja
de Deus a bordo.
Aqueles que escolhem permanecer na embarcação agarram-se à tão importante verdade que deriva de uma crescente
confiança em Jesus: a igreja de Deus chegará a salvo ao porto.
“Todos, benditos e salvos, nos encontraremos afinal.”
— Bill Knott
NOTÍCIAS DO MUNDO
FRANÇA: Universidade Adventista Salève
Honra Alunos “Justos”
muitos adventistas do sétimo dia arriscaram e/ou perderam a vida para
proteger judeus e outras pessoas vítimas dos nazistas, houve uma cerimônia
na Universidade Adventista Salève, em
Collonges-sous-Salève, França, cerca de
oito quilômetros de distância da divisa
da cidade de Genebra, na Suíça. Aproximadamente 500 estudantes participaram do evento.
O intuito da escola era prestar reconhecimento aos alunos que desempenharam papel decisivo no resgate
de centenas de pessoas perseguidas na
Segunda Guerra Mundial. Esses adventistas ajudaram no contrabando de
judeus e de outros que se opuseram aos
nazistas, do outro lado da fronteira.
Sylvain Ballais, diretor da escola,
saudou oficialmente os convidados
e demais pessoas presentes. Richard
Lehmann, vice-diretor acadêmico,
mencionou Jean Weidner, que recebeu
menção honrosa de vários países – a
Croix de Guerre, Cavaleiro da Legião
de Honra, Justo entre as Nações, e
uma árvore plantada com seu nome
na Alameda dos Justos, em Jerusalém.
Weidner socorreu mais de 800 judeus
e 300 membros da resistência (entre os
quais, aproximadamente 100 aviadores
aliados) por meio de sua rede secreta,
chamada Holanda–Paris. Essa rede
transportou judeus e opositores do
regime nazista, dos Países Baixos e da
R O L A N D
■ Mais de seis décadas depois que
M E Y E R / E U D
Weidner e outros que socorreram as vítimas do nazismo são lembrados.
PLACA COMEMORATIVA: Em destaque, o
emblema da Igreja Adventista do Sétimo
Dia e do Yad Vashem, Memorial dos “Heróis” e Mártires do Holocausto em Jerusalém, placa em memória dos adventistas que
ajudaram centenas de judeus e outras pessoas a escaparem da perseguição nazista.
A placa está fixada na entrada principal do
edifício escolar da Universidade Adventista
Salève, em Collonges-sous-Salève, França.
Março 2008 | Adventist World
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A Igreja em Ação
R O L A N D
PASSANDO ADIANTE: Roger Fasnacht e Anna
Zurcher, testemunhas sobreviventes do grupo de
salvamento adventista, transmitiram simbolicamente a chama da coragem e do serviço a dois
estudantes da Universidade Adventista Salève,
durante a cerimônia de comemoração
M E Y E R / E U D
NOTÍCIAS DO MUNDO
França para a Suíça, e da Espanha, via Bruxelas, para Paris.
Weidner, ex-aluno da escola e fiel adventista, usou sua
amizade com professores, funcionários e estudantes da escola
como elemento-chave de sua rede.
Os participantes também ouviram o depoimento de
Anna Zurcher, viúva de Jean Zurcher, sobre os riscos que seu
marido correu ao conduzir judeus pela cerca de arame farpado, na fronteira da Suíça, e ao entregar correspondências
confidenciais.
Roger Fasnacht, administrador da escola durante a Segunda Guerra Mundial, destacou os feitos de outras pessoas e alunos, como Jean Lacanchy, Raymond Meyer, Frederic Charpiot
e o Dr.Pierre Toureille. Mais de 150 refugiados passaram pela
escola ou pelas casas das pessoas que ali trabalhavam. Algumas
salas do edifício, denominadas Fontes, foram reservadas para
esses heróis. No ano passado, Emile Bernard, ex-gerente da
fazenda da escola (parte do campus naquela época), e sua esposa Yvonne receberam o prêmio Justo entre as Nações por sua
contribuição, salvando a vida de pessoas perseguidas durante
a ocupação nazista na França.
Mais de 30 membros dessa rede secreta pagaram o preço
máximo por sua coragem. Entre os que foram capturados e
executados, estão Gabrielle Weidner, irmã de Jean, pastor Paul
Meyer e o cônsul da Holanda, em Paris.
O próprio Weidner foi preso, torturado e condenado à
morte, mas conseguiu escapar da prisão na noite anterior à
sua execução. Em 1958, emigrou para os Estados Unidos. Na
Califórnia, Weidner conheceu o escritor Herbert Ford, que
escreveu a história de sua vida no livro Flee the Captor (Fuja
do Captor).
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Adventist World | Março 2008
Representando a Igreja Adventista do Sétimo Dia na região
euro-africana, Roberto Badenas encorajou os jovens presentes
à cerimônia a continuar desenvolvendo a coragem e a devoção
incorporadas pelos ex-trabalhadores e estudantes da Universidade Adventista Salève.
Ulrigh Frikart, presidente da igreja na região euro-africana, ressaltou a importância da preservação das memórias ao
citar o trabalho de Milan Kundera, The Book of Laughter and
Forgetting (O livro do Riso e do Esquecimento): “Um povo
começa a desaparecer quando sua memória é esquecida.”
Como Frikart salientou, é preciso lembrar-se do passado, estudá-lo e tirar lições para o presente e para o futuro.
Concluindo sua carta aos organizadores da cerimônia,
Itzhak Levanon, embaixador de Israel para as Nações Unidas
em Genebra, escreveu: “Que os atos de coragem de Emile
Bernard, Yvonne Bernard, Jean Weidner, Frederic Charpiot,
Jean Lavanchy, Raymond Meyer, Jean Zurcher, doutor Pierre
Toureille, bem como de todos os estudantes do campus e de
todos os “Justos entre as Nações”, continuem gravados em
nossa memória para sempre e sejam inspiração e modelo de
bondade e solidariedade para o futuro da humanidade.”
Num momento emocionante da cerimônia, duas testemunhas sobreviventes, Anna Zurcher e Roger Fasnacht, transmitiram simbolicamente a chama da coragem e do serviço
para dois estudantes universitários que, então, transmitiram a
chama para dois estudantes do ensino médio, os quais, por sua
vez, passaram a chama para dois estudantes do ensino fundamental. Todos, em seguida, cantaram o refrão de “Amai uns
aos Outros”, de Enrico Macias.
O destaque do dia de eventos foi a inauguração de uma
placa comemorativa, fixada sobre uma pedra, na entrada
principal do edifício escolar, no campus Salève.
—Relatado pela Divisão Euro-Asiática/Equipe AW
Uganda: Adventista É Eleito Juiz do Tribunal
Criminal Internacional
■ Daniel D. Ntanda Nsereko, de Uganda, foi eleito um dos
18 juízes do Tribunal Criminal Internacional (TCI), em
Haia, na Holanda. Ele foi empossado como juiz no dia 17
de janeiro.
O TCI foi estabelecido pelo Estatuto Internacional do
Tribunal Criminal de Roma, adotado em 1998, na cidade de
Roma, Itália, pelo Plenipotenciário da Associação Diplomática das Nações Unidas no estabelecimento de um Tribunal
Criminal Internacional. O Estatuto de Roma é um tratado
internacional que incorpora apenas os Estados que formalmente exprimem consentimento para veicular-se como “parceiros” do estatuto. A lei entrou em vigor no dia 1º de julho
de 2002, com a filiação de 60 Estados. Hoje, chega a 105 o
número de filiados.
O TCI é uma entidade independente, um tribunal permanente que julga pessoas acusadas de crimes mais graves, de
REUNIÃO JUDICIÁRIA: Daniel D. Ntanda
Nsereko, à direita,
adventista do sétimo dia de Uganda,
professor de Direito na África e amplamente respeitado
no mundo, é juiz do Tribunal Penal Internacional. Durante
recente visita à sede mundial da Igreja, Nsereko encontrou-se com Robert Kyte, do Conselho Geral da Igreja
Adventista do Sétimo Dia.
R O B E R T
W.
NOTÍCIAS DO MUNDO
igreja mundial
Juventude Adventista Invade
Taiwan para Serviço e
Crescimento Espiritual
Mil e quinhentos delegados são treinados no fórum
mundial para jovens e serviço comunitário
N I X O N
preocupação internacional, a saber, genocídio, crimes contra a
humanidade e crimes de guerra.
Ao ser eleito para o TCI, Nsereko era professor de Direito
na Universidade de Botsuana, onde também acumulava a
função de chefe do Departamento de Direito. Ele foi nomeado para o TCI pelo governo de Uganda e endossado pela
União Africana.
Nsereko é doutor em Ciências Jurídicas (1975) e mestre
em Direito (1971) pela New York University School of Law
(Escola de Direito da Universidade de Nova Iorque), mestre
em Jurisprudência Comparativa (1970) pela Howard University School of Law (Escola de Direito da Universidade
Howard), e Bacharel em Direito (1968) pela Universidade da
África Oriental (Dar Es Salaam).
Como jovem advogado, Nsereko atuou em Uganda representando clientes em inquéritos judiciais, tanto em casos
civis como criminais. Antes de ser eleito juiz, foi admitido
no TCI como advogado encarregado de representar os réus,
assim como as vítimas, diante do tribunal. Ainda pesquisou
e publicou vários livros e muitos artigos para revistas jurídicas internacionais sobre direito penal, direitos humanos
e assuntos correlatos na África, Índia, Europa e América do
Norte. Por mais de um quarto de século, foi professor em
nível universitário.
Nsereko é professor-doutor visitante do Instituto Internacional e Estrangeiro de Direito Penal, em Freiberg, Alemanha;
do Instituto de Direito Penal e Método da Universidade de
Colônia, na Alemanha, e professor-doutor visitante de Direito na Universidade British Columbia, no Canadá. Em 1996,
a Sociedade Internacional para a Reforma do Direito Penal
condecorou-o com medalha de reconhecimento por sua
contribuição para com os direitos humanos internacionais e
reforma no direito penal.
Em Botsuana, Nsereko e sua esposa Helen são membros
da Igreja Adventista do Sétimo Dia de Broadhurst, onde ele
atua como ancião, professor da Escola Sabatina e diretor
de educação cristã. Eles têm cinco filhos: quatro rapazes e
uma moça.
—por Robert W. Nixon, membro aposentado do Conselho Geral
da Igreja Adventista do Sétimo Dia.
Por
Billy Wright,
de Taipé, Taiwan
M
il e quinhentos jovens
adventistas, dos quais
um terço participou de projetos comunitários, chegaram à
ilha de Taiwan para uma série
JOVENS VOLUNTÁRIOS: Jode conferências para jovens,
com duração de quatro dias,
vens adventistas do sétimo
onde foram abordados temas
dia participaram em projetos
sobre serviço e evangelismo.
de serviço comunitário na
A Segunda Conferência
véspera do Congresso MunMundial para Jovens e Serviço
dial da Juventude, realizado
Comunitário (SCMJSC) teve
em Taipé, Taiwan.
início oficialmente na tarde
B I L LY W R I G H T
de terça-feira, 1º de janeiro,
em Taipé, e agrupou adventistas de diversos países,
de acordo com o Departamento do Ministério Jovem da
igreja mundial.
“Eu não queria dormir”, disse Dean Tichborne, jovem
delegado das igrejas da região do Sul do Pacífico. “Taiwan é
um lugar maravilhoso! Eu adorei estar lá.”
O tema do evento “Amar, Cuidar, Servir” foi a principal
ênfase das palestras, assim como os projetos de serviço
comunitário, que causaram grande impacto sobre as comunidades locais por meio do esforço de jovens e adultos.
De acordo com o Departamento de Jovens da igreja mundial, antes do início das conferências, nos dias 24 a 28 de
dezembro de 2007, foram realizados 30 projetos comunitários em Taiwan.
Os delegados do evento foram desafiados, motivados
e fortalecidos durante os cultos matutinos e vespertinos,
sessões plenárias e seminários. Todas as manhãs, os participantes recebiam encorajamento e treinamento adicional
para os ajudar a alcançar muitas comunidades no mundo.
Três oradores falaram: Paul Tompkins, representando a
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A Igreja em Ação
NOTÍCIAS DO MUNDO
Divisão Trans-Européia; Ella Simmons, vice-presidente da
igreja mundial, e Leslie Pollard, da Universidade de Loma
Linda. Mark Finley, um dos vice-presidentes da igreja mundial, e Furman Fordham, pastor da Igreja Adventista de
Riverside em Nashville, Tennessee, foram responsáveis pelos
devocionais. Eles desafiaram os delegados “com mensagens
poderosas e de forte embasamento bíblico”, de acordo com
um participante.
Para Tompkins, “o evento foi um momento significativo
para o ministério jovem adventista. Destaque para as três
maiores necessidades do jovem cristão atualmente: boas amizades, reavivamento espiritual e oportunidades para servir.
Também foram comemorados, de uma forma oportuna, os
100 anos do ministério jovem adventista, com a reafirmação
do compromisso de salvação e serviço”.
Depois de observar os projetos de serviço comunitário e
a qualidade do programa apresentado pela Associação Mundial Para Jovens e Delegados Para Serviços Comunitários, o
governo do estado de Taipé convidou a Igreja Adventista para
estabelecer escolas internacionais na cidade, onde as matérias
serão ensinadas em inglês. As autoridades do governo também
agradeceram aos delegados por terem ido a Taiwan e ajudado
suas comunidades de forma tão positiva.
Pollard disse que ficou impressionado com a dedicação
DELEGAÇÃO JOVEM: Parte da congregação de jovens
adventistas do sétimo dia presente ao Congresso
Mundial de Jovens em Taipé, Taiwan
B I L LY
W R I G H T
B I L LY
W R I G H T
dos jovens que participaram dos projetos de serviço comunitário. “Pela primeira vez, em 30 anos de carreira como líder,
testemunhei o maravilhoso poder de nossos jovens de vinte
a trinta e poucos anos de idade, dedicando seu entusiasmo,
visão e espiritualidade a uma comunidade específica. Para
onde olhássemos, víamos jovens trabalhando em projetos
para as comunidades e vilas. Centenas de jovens adventistas
invadiram a cidade grande e o interior, no ideal de atender as
necessidades de Taiwan. Acredito plenamente que, por causa
do trabalho realizado ali, a cidade de
Taipé nunca mais será a mesma. Loma
Linda trabalhou em parceria com a
equipe médica do Hospital Adventista
de Taiwan para prover atendimento
médico para pessoas portadoras de
deficiência mental. Foi uma bênção.”
De acordo com Simmons, o evento
também obteve boa repercussão para
o ministério jovem da igreja. “O sucesso do Departamento Jovem é um
indicador de que a Igreja Adventista do
século 21 está em boas mãos. Os jovens, como líderes de amanhã, poderão
conduzir a igreja na direção certa até a
volta de Jesus.”
“Está sendo planejada a Terceira
Conferência Mundial para Jovens e
Serviço Comunitário, que será realizada
PERÍODO DE ORAÇÃO: Líderes da igreja adventista, inclusive um dos vicena Cidade do Cabo, África do Sul, nos
presidentes da igreja mundial, Armando Miranda, o diretor mundial do
dias 15 a 17 de julho de 2013”, disse um
ministério jovem, Baraka Muganda e John W. Ash III, presidente da Igreja
porta-voz.
Adventista em Taiwan, oram durante a cerimônia do tambor, realizada pelo
—Notícias adicionais pela equipe
governo taiwanês.
Adventist World
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Adventist World | Março 2008
Palk Bay
JANELA
Sri
SRI LANKA
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Lanka
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Kelani Ganga
Colombo
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law
Wa
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Sri Lanka é uma ilha pitoresca
localizada cerca de 32 quilômetros ao longo da costa sudoeste
da Índia. Estabelecida no século dezesseis
a.C. por cingaleses do norte da Índia e,
mais tarde, pelos tâmiles do sul desse país,
Sri Lanka foi colonizado por vários países
europeus antes de se tornar independente,
em 1948.
Popularmente conhecido como “a
pérola do Oceano Índico”, seus 1.340 km
de costa são margeados por areia branca
e estâncias turísticas. O tsunami de dezembro de 2004 causou um prejuízo de
aproximadamente um bilhão e quinhentos milhões de dólares para a ilha.
As suntuosas montanhas do Sri
Lanka ostentam alguns dos terrenos
mais cultiváveis do mundo. Essa região é
mais conhecida pelos terrenos de cultivo
de chá, aparentemente intermináveis,
que produzem o chá Ceylon, mundialmente conhecido. Mas a economia do
Sri Lanka depende também da variedade de sua agricultura, que exporta arroz,
cana-de-açúcar, borracha, coco e frutas.
Atualmente, o Sri Lanka tem fortes
divisões étnicas e
religiosas. Vários
confrontos entre
Bay of
Bengal
Yan Oya
Gulf of
Mannar
Indian Ocean
a maioria cingalesa (budista) e a minoria tâmil (hindu) têm causado anos
de mal-estar político e social. Essa ilha
possui ainda uma população muçulmana
crescente e uma comunidade cristã estabelecida.
Adventistas no Sri Lanka
Em 1893, Abram La Rue, missionário adventista leigo, visitou e distribuiu
literatura em Colombo, capital do Sri
Lanka. Em 1904, Harry Anderson e outra missionária chegaram ao Sri Lanka
para estabelecer a Igreja Adventista. Os
dois primeiros cingaleses que se converteram foram batizados em 1922. Eles se
tornaram missionários pioneiros e estabeleceram mais quatro igrejas.
Desde que o primeiro missionário
adventista desembarcou no Sri Lanka,
passaram-se mais de cem anos; ainda
assim, pouco mais de 3.500 adventistas
vivem nesse país de cerca de 20 milhões
de habitantes. Dar testemunho público
e pessoal continua sendo difícil. Muitas pessoas moram no interior, outras
tantas em plantações de chá, longe de
templos adventistas. Muitos se tornam
céticos quanto ao cristianismo. As lembranças dos colonos europeus, que for-
SRI LANKA
Capital
Línguas oficiais
Religiões
População
Membros adventistas
População adventista
per capta
Colombo
Cingalês e Tâmil
Budismo – 70%; Islamismo – 7%;
Hinduísmo – 7%; Cristianismo – 6%;
Não identificados – 10%
20 milhões
3.577
1 para cada 5.500
çavam o povo a tornar-se cristão ainda
estão impregnadas na memória deles.
Por essa razão, a maior necessidade
missionária no Sri Lanka consiste em
alcançar as pessoas uma a uma, em suas
casas. Não existem grandes ginásios, com
campanhas evangelísticas. A maioria das
pessoas não possui carro; usam ônibus,
peruas públicas ou táxis de três rodas
como meio de transporte. Ir de um lugar
para outro chega a levar horas. A Igreja
Adventista tem feito grande esforço ao
longo dos últimos anos para enviar pioneiros da missão global às comunidades,
a fim de envolver pessoas no local em que
residem. Desde 1997, o número de congregações cresceu de 28 para quase 50,
uma taxa de crescimento de dois terços.
Em 1964, o Hospital Adventista de
Lakeside abriu suas portas em Kandy.
Mais de 4 mil estudantes estão matriculados em cinco diferentes escolas
adventistas. As escolas têm estudantes de
todos os grandes grupos lingüísticos e
religiosos da ilha.
Para saber mais sobre o serviço missionário no Sri Lanka e em outras partes
do mundo, visite www.global-mission.org.
A Missão Global é uma das estratégias do
serviço missionário da Igreja Adventista
do Sétimo Dia. Mais de 3 mil pioneiros da
Missão Global atuam ao redor do mundo
todos os dias, alcançando as pessoas com a
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A Igreja em Ação
VISÃO MUNDIAL
D
e certa forma, sou filho da Segunda Guerra Mundial. Quando ainda menino, presenciei a tragédia
daqueles dias – vidas destruídas, famílias dizimadas
e grande revolta da sociedade. Minha família deixou o país e,
durante os cinco anos da guerra, moramos no apartamento
de um zelador, num antigo prédio escolar. As salas de aula
tornaram-se dormitórios que abrigaram mais de 300 jovens
soldados alemães.
Ao aproximar-se o fim da guerra, eu me lembro de ter
relacionar-se com o militarismo? E quando servir nas forças
armadas for uma opção – seja como combatente ou em outra
posição – que princípios devem guiá-lo?
Princípios Orientadores
Cada um de nós sente profunda consangüinidade, um
senso de solidariedade, com nosso povo e nosso país. A
cidadania traz o senso de lealdade para com uma nação, o
compartilhamento de lutas e alegrias com pessoas entre as
Esclarecimentos
Sobre
Por Jan Paulsen
perguntado a minha mãe:
– Por que os soldados alemães estão chorando? (Eu conseguia ouvi-los soluçar em seus quartos.)
Minha mãe respondeu:
– “São apenas meninos. Estão com saudades de casa.
Sentem falta da mamãe e do papai. Não entendem por que
enfrentam o frio da Noruega e muito menos o fato de participarem desta guerra.”
Eram jovens e foi-lhes roubada a oportunidade de crescer
e viver de outro modo nessa fase da vida.
Hoje, mais de 60 anos depois, o mundo passou por profundas mudanças: políticas, econômicas e tecnológicas. No
entanto, o papel dos militares na vida de muitas nações, bem
como em disputas internacionais ao redor do mundo, continua a suscitar uma importante questão moral e espiritual:
Como o cristão – o cristão adventista do sétimo dia – deve
Jan Paulsen é presidente mundial da Igreja
Adventista do Sétimo Dia.
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Adventist World | Março 2008
Serviço
quais vivemos. Não há virtude em sermos isolados de nossa
comunidade. É natural sentir orgulho patriótico, e é saudável
participar da vida da nação à qual pertencemos. Entretanto,
como é expresso esse senso de solidariedade quando se trata
das forças armadas de nosso país ou quando nosso primordial dever a Deus suscita tensões que nem sempre são fáceis
de conciliar?
Penso que qualquer discussão sobre este assunto deve basear-se em dois fundamentos essenciais.
Primeiro – A igreja é chamada para ser a clara voz do princípio.
Guerra, paz e participação nas forças armadas não são
questões moralmente neutras. As Escrituras Sagradas não são
omissas em relação a esses assuntos, e a igreja, ao interpretar
e expressar os princípios das Escrituras, deve ser a voz moral
da autoridade e da influência. Essa não é uma responsabilidade “opcional” – algo que podemos deixar de lado quando se
torna desconfortável ou quando vai de encontro ao desejo da
maioria. Se formos omissos, falharemos em nossas responsabilidades para com Deus e a humanidade.
Segundo – A igreja é agente da graça divina.
Essa é, também, uma responsabilidade fundamental.
Todo e qualquer ser humano, não importa sua conduta ou
suas escolhas, possui valor infinito para Deus. Ao expressarse nessa questão, o conselho da igreja, tanto para os mem-
Militar
bros como para a sociedade, é que se lembrem de um fato
imutável que jamais pode ser esquecido: O Deus a quem servimos é capaz de curar e salvar. Cura e salvação são as prioridades da igreja. Enquanto pessoas lutam com essas questões
– e talvez façam escolhas que prefeririam não ter feito – a
igreja deve constantemente refletir o infinito e restaurador
amor de Deus.
Tendo isso em mente, gostaria de refletir sobre duas questões que dizem respeito à atitude histórica e atual da igreja,
em relação ao serviço militar. Essas questões, que são motivo
de grande inquietação, têm chegado a mim repetidas vezes ao
longo dos últimos anos, em minhas visitas a leigos e líderes da
igreja, ao redor do mundo.
1. Não Está Claro?
A posição histórica de nossa igreja com respeito ao serviço às forças armadas foi claramente expressa há 150 anos
– no início da história da igreja, tendo como pano de fundo
a Guerra Civil Americana. O consenso, expresso em artigos
e documentos daquela época, assim como a decisão da Associação Geral de 1867, foram claros. “O porte de armas ou
o envolvimento em guerras é uma transgressão direta aos
ensinamentos de nosso Salvador, e ao espírito e palavra da lei
de Deus.” (1867, Quinta Sessão Anual da Associação Geral).
Via de regra, temos nos guiado por esse
princípio: Quando há presença de armas, está implícito o seu uso para tirar
a vida de outro, e fazer isso com um
dos filhos de Deus, mesmo sendo um
“inimigo”, é incoerente com aquilo que a
igreja acredita ser sagrado e correto.
Durante muitos anos, esse princípio
tem moldado a conduta dos adventistas
do sétimo dia, em tempos de paz ou de
conflito. Muitos optam por se envolver
em trabalho médico dentro das forças
armadas. Participam promovendo a
cura. Dizem à sua nação: “Não posso
tirar vidas. Isso me destruiria como
indivíduo. Mas posso ajudar as pessoas
L E A N D R O C AV I N AT T O
que estão sofrendo. Posso atuar como
cristão, cuidando dos feridos.”
Hoje, em alguns países, os jovens são alvo de projetos – um
período de serviço militar compulsivo. Felizmente, na maioria dos casos, é oferecido serviço alternativo, não exigindo o
treino ou uso de armas. Essa opção poderia ser, simplesmente,
passar um ano e meio trabalhando em estradas ou ajudando
em algum outro projeto do país.
Há países, entretanto, onde os projetos atingem a conduta e as crenças adventistas. Não se pode guardar o sábado. A
única opção oferecida é o porte de armas. Em tais circunstâncias, deparamos com uma séria escolha: aceitar a pena de
dissidência (possivelmente a prisão) pode ser a única decisão
a ser tomada, simplesmente por escolher ser fiel às convicções
e a Deus.
Há, hoje, dúvidas a respeito da posição da igreja? Temos
nós desempenhado um bom trabalho articulando tais princípios? Com certeza, essa questão não será respondida da mesma forma, na igreja, em todas as partes do mundo. Entretanto,
conversando com membros da igreja em diferentes países,
percebi certa ambivalência em relação à nossa posição histórica – um sentimento, talvez, de “era assim no passado, agora
é diferente”. Mesmo assim, não encontro nenhuma razão para
que se pense desse modo.
2. Falta Orientação Moral?
Sou levado a um segundo questionamento. Será que providenciamos orientação adequada em nossas igrejas e escolas
para nossos jovens, enquanto enfrentam decisões difíceis em
relação ao serviço militar? Temos nós negligenciado nosso
papel como bússola moral em relação a essa questão? Na
ausência de orientação para a igreja, alguns de nossos jovens
vêem a participação no ambiente militar como “apenas outra
opção de carreira”, em vez de uma complexa decisão moral,
Março 2008 | Adventist World
9
A Igreja em Ação
VISÃO MUNDIAL
com potencial de amplo alcance e talvez com conseqüências
imprevisíveis para sua vida espiritual.
Não é difícil entender as forças que levam alguém a optar
pela carreira militar. Essa escolha pode ser movida pelo desejo
de servir ao país, ou o militarismo pode oferecer oportunidades educacionais e profissionais que, normalmente, seriam
inacessíveis. Os jovens podem encará-la como opção de curto
prazo ou como um esforço
em prol de um bem maior.
Podem ainda enxergá-la como
um “mal necessário”, um caminho para o futuro, que, por
falta de recursos financeiros
ou de oportunidades, devem
trilhar para alcançar seus objetivos.
Em alguns casos, apresentar-se como voluntário
às forças armadas significa
sacrificar a própria escolha
de não portar armas ou de
solicitar a guarda do sábado.
É decisão individual optar
por abrir mão dos direitos
em relação a esses princípios. Então, pergunto: “Você
está seguro a respeito de
sua escolha? Já pensou nas
conseqüências dessa escolha
no seu relacionamento com
Cristo e sobre suas mais profundas convicções?”
Alguns podem até arriscar e dizer: “Embora, tecnicamente, eu não tenha uma
posição definida a respeito
do porte de armas, a probabilidade de eu participar em
um combate e precisar usálas é de nove em dez.”
Mas independentemente do chamado para o combate, a
decisão a respeito de certos valores básicos foi tomada e declarada publicamente. Foi aceita a possibilidade de a pessoa ser
chamada para trilhar esse caminho, e isso irá atingi-la individualmente. Isso vai mudá-la e moldá-la. A escolha voluntária
de aceitar circunstâncias em que o porte de armas é exigido e a
guarda do sábado negada, sugere que os princípios espirituais
e morais foram colocados em posição de sério risco.
Quando, porém, um recruta militar comparece a univer-
sidades, ou mesmo a escolas de ensino médio, apresentando
aos estudantes as oportunidades que as forças armadas
oferecem, a igreja apresenta claras opções alternativas? Será
que alguém perguntará: Já pensou nas conseqüências que
isso pode acarretar para você? Já pensou no preço que talvez
precise pagar em relação a seus princípios mais valiosos? O
Departamento de Capelania da Associação Geral está desenvolvendo projetos específicos
para dar assessoria e aconselhamento a escolas e igrejas,
e, para mim, essas iniciativas
são bem-vindas.
Sinto muito por aqueles
que tomam a decisão de
“correr o risco” e depois se
deparam com uma situação
de combate. Até oraram esperando que isso não acontecesse. Agora, não encontram
uma saída. O que sua igreja
deveria dizer-lhes? “Eu avisei?” “Bem feito?” Não! A
igreja é uma comunidade
que salva, cura e ministra.
Esse é o momento em que o
jovem, apesar de suas escolhas erradas, precisa sentir-se
acolhido pela igreja.
Quando você
porta armas, fica
implícito que
está preparado para
usá-las para tirar
Esse não é um assunto
simples, e também não está
“completo”; é apenas um aspecto de um enorme problema, envolvendo guerra, paz
e responsabilidade cristã. As
inquietações aqui abordadas
não possuem respostas prontas. São questões que geram
fortes reações. Atingem, em
cheio, nossa maneira de entender as coisas e nossa identidade
como cidadãos de nosso país e da família de Deus. Nossas
respostas são moldadas, em grande parte, por nossas experiências e cultura, assim como pelo desejo de compartilhá-las
na história, no futuro e no amor por nosso país.
Não devemos deixar de lado essas questões pelo fato de
serem difíceis. Portanto, tomemos tempo para analisá-las juntos − no lar, na igreja e escola – tendo coração aberto e com
espírito de humildade.
a vida de alguém.
10
Adventist World | Março 2008
Conclusão
Como a
Pobreza
Pode Afetar a
D AV I D
P L AY F O R D
Por Allan R. Handysides
e Peter N. Landless
Quando se fala sobre assuntos de saúde, do HIV aos problemas cardíacos,
tem-se a impressão de que a pobreza é
sempre mencionada. Poderia esclarecer
como a saúde é afetada pela pobreza?
A
pobreza é uma questão de saúde global, afetando os menos
favorecidos em qualquer parte
do mundo. As estatísticas de saúde em
algumas nações, como os países “pobres”,
retratam um quadro mais escuro que o
de nações mais ricas. Mas, até mesmo
nos Estados Unidos, um dos países mais
ricos, a pobreza é fator significativo.
Um dos maiores problemas é a dieta
e a disponibilidade de alimento. A dieta
típica norte-americana foi grandemente
modificada, aumentando o consumo
de alimentos gordurosos, e as pessoas
mais pobres tendem a satisfazer suas
necessidades calóricas com fast foods
com alto teor de gordura, resultando em
obesidade e propensão para problemas
cardíacos e câncer. Em países subdesenvolvidos, os alimentos podem ser menos
processados, mas com baixo suprimento
e deficiências sazonais. Nos países em
desenvolvimento, superstição ou a falta
de orientação sobre restrições dietéticas,
às vezes elimina o que poderia ser um
item salva-vidas na dieta.
A infecção corre desenfreada entre
pessoas subnutridas ou mal nutridas.
Exposição às intempéries, habitação inadequada, aglomeração em abrigos, falta
de imunização e ignorância – tudo isso
desempenha um papel muito importante. A água, para muitos dos pobres do
mundo, não é segura e constitui fonte
potencial de infecção.
O senso canadense de 2001 descobriu
14.145 pessoas sem lar através do país,
mas o estudo contou apenas aqueles que
estavam em abrigos em um dia de março. E as pessoas sem lar que estavam em
casa de amigos, em albergues, nas ruas
S A Ú D E
N O
M U N D O
Saúde?
ou temporariamente em hotéis? Os australianos relataram que 10% das pessoas
sem lar, em seu país, são crianças. Crianças criadas na rua têm prognóstico de
problemas para toda a vida, sem falar no
risco de violência, abuso sexual e vícios.
Esforços internacionais de melhoria
nas condições do nascimento não têm
sido muito bem sucedidos. Em novembro de 2007, um estudo sobre Ginecologia e Obstetrícia, seguindo o vigésimo
aniversário da Maternidade Segura, mostra, por vários motivos, que não houve
quase nenhuma melhora nesse aspecto.
É evidente a ausência de intervenções
estratégicas. Essa falha também é nossa,
como igreja, porque nos falta coesão de
objetivos, mostrando uma tendência de
prosseguirmos com projetos individuais
e de auto-satisfação.
O HIV e a AIDS, às vezes, refletem o
comércio sexual que, em muitas partes
do mundo, é atividade de sobrevivência.
Alimento e abrigo são obtidos por muitas mulheres apenas em troca de sexo. A
prostituição é desprezada pelos cristãos,
que repudiam não só a atividade, mas,
muitas vezes, a prostituta. Nós, cristãos,
deveríamos nos perguntar se, porventura, o asco é uma emoção cristã.
Os programas de imunização para
os pobres são muitas vezes inadequados.
Há, ainda, o isolamento privilegiado
sendo beneficiado pela “imunização
em massa” (onde a maioria que é
imunizada protege os que não o são),
oportunidade em que alguns se recusam
a imunizar suas crianças. Essa é uma história totalmente diferente, onde grandes
populações estão desprotegidas. Estamos
vivendo em um tempo de mudanças
fundamentais para alcançar a estabilidade internacional. A ascendente economia
chinesa e indiana também enfrenta forte
aumento de problemas sanitários. Sua
população está envelhecendo, sendo cada
vez mais freqüentes os casos de doenças
crônicas, como a doença das artérias coronárias, diabetes, doenças respiratórias
e câncer. Tem aumentado a diferença das
condições de saúde entre as populações
urbanas e rurais. A mobilidade da população, associada à pobreza, sempre promove aumentos de doenças sexualmente
transmissíveis e infecções, como a tuberculose. O grupo econômico dos sete
países reduziu a tal ponto o crescimento
de sua população a ponto de depender
da imigração para sustentar seus índices
populacionais. A imigração abre as portas para o surgimento de novas doenças.
É importante que todos se conscientizem
de que fatores sociais e econômicos são
grande motivo de preocupação, devendo
contar com o envolvimento da igreja
como parte do ministério da saúde.
Precisamos trabalhar unidos, com boa
estratégia. Problemas de tamanha proporção, como a pobreza, não são resolvidos
apenas com programas de alimentação
local. Nossa igreja deve unir forças com
outras comunidades de fé para ministrar
às necessidades dos pobres, focalizando
especialmente seus problemas de saúde.
O desafio é para “sempre”, uma vez que os
pobres “sempre tereis convosco”, até que
Cristo volte. Mas, talvez, seja mais confortável nos fazermos de cegos.
O que você acha?
Allan R. Handysides, M.B., Ch.B.,
FRCPC, FRCSC, FACOG, é diretor
do Departamento de Saúde da
Associação Geral.
Peter N. Landless, M.B., B.Ch.,
M.Med., F.C.P.(SA), F.A.C.C., é
diretor executivo do ICPA e diretor
associado do Departamento de
Saúde.
Março 2008 | Adventist World
11
D E V O C I O N A L
D
e tempos em tempos, recebemos relatórios em
várias publicações de nossa igreja. Trata-se de jornais de associações locais e outras informações de
primeira, segunda e até terceira mão sobre o visível e notável crescimento de nossas igrejas em algum lugar do
mundo, em determinada divisão ou associação. Como tópicos
de discussão e informação, essas “igrejas milagrosas” vêm e
vão, mas parecem ser um fenômeno cada vez mais presente.
Gostamos de saber que existe uma igreja ou distrito
milagroso a uma distância razoável de nossa própria igreja,
Mas ela se revelou uma decepção. Simplificando, nada foi
acrescentado com os números. Além disso, era uma igreja
que parecia ter mais problemas internos do que a maioria,
e o fato de estar tão centrada em alcançar outros a transformou numa igreja obcecada por estatísticas – evangelismo em
detrimento do amor. Francamente, a realidade não correspondeu aos relatórios.
Essa decepção leva a outra pergunta: “Se até nossas igrejas
de aparente ‘sucesso’ são problemáticas (embora tenha certeza
de que nem todas são assim), que esperança há para as outras?”
igre jas
Por Nathan Brown
Milagrosas
Em busca de uma
visão mais equilibrada
sobre a ação de Deus.
porque, de alguma maneira, alivia nossa frustração em relação
à aparente estagnação de nossa congregação, dando-nos um
pouco mais de esperança.
Provavelmente, esse não é o único efeito. É provável que
tais relatórios possam, também, levantar algumas perguntas
como: “Por que parece que quase nada acontece onde eu estou, na igreja que eu freqüento?” “E o que nós podemos fazer
em relação a isso?”
Desapontamento
Não faz muito tempo, eu estava em uma “igreja milagrosa”,
uma igreja grandemente divulgada como “lugar onde as coisas
acontecem”. Dependendo do relatório, líamos que a freqüência
à igreja havia aumentado entre 50 a 150% no ano anterior.
Acoplado a um novo edifício e onde estava em curso um
programa evangelístico, esse era o lugar onde eu queria estar
envolvido.
Nathan Brown é editor das revistas
Recorde e Sinais dos Tempos, na Divisão
Sul do Pacífico, e escreve de Warburton,
Victoria, Austrália.
12
Adventist World | Março 2008
Outro Quadro
Enquanto faço essas considerações, lembro-me das muitas
manhãs de sábado que passei em diversas igrejas. Em alguns
casos, pode-se ficar admirado com a freqüência e com o que
está acontecendo.
C. S. Lewis experimentou algo similar no princípio de sua
vida cristã e escreveu: “Quando me tornei cristão, pensei que
podia exercer meu cristianismo por mim mesmo, ficando em
meu quarto e lendo sobre teologia; não queria ir à igreja...
Detestava os seus hinos, que considerava poemas de quinta
categoria colocados em músicas de sexta categoria. Mas, ao
perseverar, percebi seu grande mérito. Encontrei-me com
diferentes tipos de pessoas, com diferentes perspectivas e
diferentes níveis de instrução e, de repente, meu preconceito
começou a se quebrar. Cheguei à conclusão de que os hinos
(que, para mim, eram apenas música de sexta categoria) eram
cantados com devoção e para o benefício de um santo homem
idoso, usando botas e assentado no banco em direção oposta
ao meu. Então percebi que não era digno, sequer, de limpar
aquelas botas. Isso nos tira de nossa presunção solitária.”1
Na verdade, todas as igrejas são igrejas milagrosas. Basta
olhar em volta, para a incrível variedade de adoradores, e apreciar o milagre que reúne todas essas pessoas com histórias e
personalidades diferentes. Como jovem, freqüentemente fico admirado ao observar os membros mais idosos da igreja, que gastaram toda a vida comprometidos com sua fé e com sua igreja.
M I S S Ã O
O Milagre Continua
A história no Novo Testamento, após a ascensão de Cristo,
é a história do desenvolvimento da igreja cristã. E as muitas
cartas que constituem o restante do Novo Testamento são dirigidas a diferentes igrejas. A título de exemplo, as cartas para as
sete igrejas, nos três primeiros capítulos do Apocalipse, apresentam esses grupos distintos da igreja na época em que
foram escritas, cada uma com pontos fortes e fracos. Todas
essas igrejas e cristãos do primeiro século têm um lugar especial como parte do crescimento do reino de Deus. Todas
eram partes vitais do grande milagre do desenvolvimento do
mundo do primeiro século.
O milagre continua e, pela graça de Deus, somos parte
dele. Nossa experiência individual em uma igreja − qualquer
igreja – pode envolver admiração e desapontamento. Entretanto, nosso envolvimento com a igreja, como parte do corpo
de Cristo, será sempre um milagre. Se concentrássemos nossa
atenção no milagre em nossa própria vida, nossa experiência
na igreja teria muito mais milagres do que desapontamentos.
Sobre o culto na igreja, Lewis escreveu: “O perfeito culto
na igreja deve ser aquele que passou quase despercebido; nossa
atenção deveria estar em Deus.”2
Uma igreja invisível não devia necessariamente ser uma
coisa boa, mas se fôssemos capazes de não gastar tanta energia
tentando criar outra “igreja milagre”, poderíamos prestar mais
atenção à verdadeira finalidade da igreja, como parte do reino
G L O B A L
de Deus, no pedaço do mundo onde vivemos.
Todas as igrejas são milagrosas. Trabalhemos em nossa
própria igreja e, com o poder e o amor de Deus, o milagre
continuará aumentando.
1
2
C. S. Lewis, God in the Dock (Grand Rapids, Michigan: William B. Eerdmans, 1970), pp. 61, 62.
Lewis, Letters to Malcolm: Chiefly on Prayer (Harcourt, 2003), p. 2.
Para
Compartilhar
ou
Refletir
1. De que maneira você vai ao culto em sua igreja local? Vai
buscar uma bênção ou vai para se tornar uma bênção para
alguém? Que você diz aos que pensam que a primeira
abordagem é egoísta?
2. Qual deve ser nossa atitude quando descobrimos que precisamos adorar com pessoas que, em nossa opinião, são menos instruídas (ou sofisticadas) que nós? Qual deve ser nossa
atitude ao convidarmos nossos amigos para tais cultos?
3. Que tipo de atitude nos cumpre demonstrar ao assistir aos
cultos? De que maneira nosso conceito de Deus está
relacionado à maneira como desfrutamos desse evento?
Março 2008 | Adventist World
13
O
cenário é uma piscina localizada perto da Igreja Adventista
do Sétimo Dia de Abidjã, na
Costa do Marfim. O evento: batismo de
11 novos conversos.
A emoção aumenta à medida que o
coral e outros membros da igreja ocupam seus lugares. O evento poderia ter
sido como qualquer outro. Afinal, esse
não é o primeiro batismo a ser realizado
nessa igreja, a qual teve seu início, faz
alguns anos, com um pequeno grupo
que se reunia na capela da Divisão Centro-Oeste Africana (DCOA), conhecida
na época como Divisão África OceanoÍndico. Mas esses candidatos ao batismo
são especiais. São fruto da primeira
campanha evangelística realizada no
campus da Universidade de Cocody, em
Abidjã, palco de muita agitação social
durante cinco anos de guerra civil, durante a qual milhares de pessoas ficaram
desabrigadas.
A decisão do Ministério da Mulher
e do Ministério Pessoal quanto à escolha da universidade como seu campo
missionário para o ano de 2007, finalmente deu certo. A campanha começou
com uma semana de oração, tendo
como orador o secretário ministerial da
DCOA, pastor Danforth Francis. Por
três semanas, de 1º a 23 de junho, ele
apresentou, com veemência, sua mensagem intitulada: “Passos para uma vida
melhor”. No entanto, o solo permanecia
duro e resistente. Outros eventos esportivos e sociais competiam com a atenção
do público. Em algumas noites, a música
vinda de fora do ginásio em que se realizavam as reuniões, ecoava nas paredes.
Em outras noites, o frio da chuva parecia amortecer a mente.
“O ginásio tem capacidade para mil
pessoas”, diz Francis, “mas tínhamos
uma média de 35 ouvintes por noite.” E
acrescenta: “Se tivéssemos a oportunidade de fazer tudo outra vez, gastaríamos
mais tempo para entrar em contato com
as pessoas, antes de lançar a campanha.
A comunidade não nos conhecia o suficiente; por isso, não conseguimos atrair
14
Adventist World | Março 2008
esperança
em Meio à
or
D
Por
Josephine
Akarue
No batismo de onze pessoas
na Igreja Adventista da Costa do Marfim,
a jornalista Josephine Akarue ouve o
testemunho de um candidato que superou
sua tragédia por meio da música.
F R A N C I S
A D V E N T I S T A
V E R N A
V I D A
mais pessoas para nossas reuniões. Com
o aumento das minhas responsabilidades no escritório, incluindo a Missão
Adventista, planejo fazer uma semeadura de tal maneira que possamos colher
onde semeamos.”
Os membros da igreja, porém, não
desanimaram e essa persistência deu
resultado. Finalmente, onze pessoas
demonstraram interesse pelo batismo.
Entre elas, um homem cuja história se
destaca. Preso a uma cadeira de rodas,
ele irradia alegria e confiança que só
alguém em íntima comunhão com Cristo pode ter.
“Quando estou deprimido, canto,
e meu espírito é elevado”, diz Ivorian-
born Jacquelin Brou Kouaku, o décimo
entre doze irmãos. Ele diz, em tom de
brincadeira, que é o dízimo vivo para
Deus. Sua busca pela verdade o levou
a passar por várias experiências
desafiadoras.
Hoje, Kouaku é compositor de muitas canções, que esperam por produção.
Durante o concurso musical da Radio/
Televisão da Costa do Marfim, em 2006,
ele foi classificado entre os finalistas,
impressionando o coração dos ouvintes.
Esse evento, em particular, tornou-se
um ponto decisivo em sua vida, o reconhecimento de como Deus poderia
usá-lo.
Apesar da mudança em sua vida,
F R A N C I S
V E R N A
F R A N C I S
D W I G H T
Sentido horário a partir da esquerda:
CANDIDATOS AO BATISMO: Dez dos
onze conversos que entregaram a vida
a Cristo, durante a campanha evangelística realizada na Costa do Marfim.
Eles posaram para a foto antes do batismo em uma piscina próxima à Igreja
Adventista do Sétimo Dia em Abidjã.
EVANGELISTA: R. Danforth Francis,
secretário ministerial da Divisão Centro-Oeste Africana e orador da série
evangelística realizada na Costa do
Marfim, com sua esposa, Verna. HINO
DE VITÓRIA: O cantor Jacquelin Brou
Kouaku (centro), na cadeira de rodas,
diz que lutou para tomar a decisão de
entregar a vida totalmente a Cristo,
mas finalmente decidiu que preferia
perder seu apoio financeiro a perder a
fé em Cristo.
Kouaku descreve sua busca da verdade
e do sucesso como um caminho longo
e tortuoso, mas permanece impassível:
“Sei que a música, na África, não traz
riqueza imediata,” diz Kouaku, “mas se
for da vontade de Deus, Ele providenciará os recursos.”
Na realidade, a vida de Kouaku
não tem sido fácil. Os problemas financeiros e a relutância inicial de seu
pai em colocá-lo na escola retardaram
sua educação inicial. Entretanto, durante uma visita a um dos hospitais
em Divo, cidade na Costa do Marfim,
oeste africano, um médico missionário
encorajou seu pai a enviá-lo à escola
e ele concordou. Em seu primeiro dia
de aula, Kouaku teve que ser levado
nas costas, pois não podia caminhar.
Algum tempo depois, os missionários
providenciaram uma cadeira de rodas
para facilitar seu transporte.
Por ser muito inteligente, Kouaku
foi logo promovido na escola fundamental. Pulou a segunda série, passando direto para a terceira. Uma doença
grave, porém, forçou-o a ficar fora da
escola por cinco anos. Quando chegou
ao último ano do ensino médio, uma
febre tifóide roubou-lhe a alegria de
completar, com sucesso, seus exames
finais. Isso aconteceu em 2002. No ano
seguinte, sua mãe morreu. O pai já
havia falecido em 2000. A combinação
da tragédia da perda dos pais e a incapacidade de fazer os exames na escola o
levaram à beira do desespero e a pensar
em suicídio.
Mesmo assim, a graça de Deus o
sustentou. Ele passou 2004 cultivando
e vendendo tomates, na luta pela sobrevivência. Em 2005, sua irmã mais velha
morreu, deixando-o desolado.
Sua determinação de superar a dor e
o desânimo levou-o a compor canções
e a manter uma pequena loja que sua
irmã havia deixado. Foi quando ficou
sabendo do concurso e essa experiência abriu outras portas. Ele não apenas
foi convidado para cantar em ocasiões
especiais, mas também teve o privilégio
de cantar no ensaio de um musical na
emissora de rádio.
A igreja que freqüentava providenciou seu sustento. Embora compartilhasse o quarto com outro estudante no
campus universitário, a igreja supriu
suas outras necessidades. Embora fosse
difícil tomar a decisão para o batismo,
depois das reuniões no campus onde
morava, ele aceitou o desafio.
Kouaku não queria magoar sua
antiga igreja. A questão do seu apoio
financeiro também estava em jogo. Ainda assim, sentiu que havia encontrado
a verdade e era necessário posicionar-se
ao lado daquilo em que acreditava. O
conflito permaneceu até o último dia
das conferências, mas logo tomou a decisão de entregar a vida a Cristo.
“Cheguei à conclusão de que minha antiga igreja cortaria a ajuda, por
causa de minha decisão, e que teria que
enfrentar dificuldades”, disse Kouaku.
“Mas preferi perder meu estipêndio e
privilégios a desistir de minha fé em
Jesus, porque, afinal de contas, Ele é o
verdadeiro provedor.”
“Esse é um testemunho do poder do
evangelho”, diz Francis. “Realmente, a
decisão de Kouaku foi encorajadora.”
Foi então que, naquele lindo dia de
sol, Kouaku, juntamente com outros
dez, selou sua fé por meio do batismo.
Os desafios e as lutas de Kouaku são
tão reais hoje quanto no passado, mas
sua confiança nas promessas de Deus
fortalece sua fé. Ele reconhece que, acima do brilho e glórias oferecidos pelo
mundo, há um Deus que o ama e cuida
dele. Na verdade, Aquele que deu o dom
da música e a promessa da vida eterna
deu também a Kouaku esperança por
meio da dor.
Josephine Akarue é
jornalista freelance
residente em Abidjã, na
Costa do Marfim.
Março 2008 | Adventist World
15
A R T I G O D E C A PA
S
e há alguém capaz de descrever, com conhecimento de
causa, a atividade da Agência Adventista de Recursos
Assistenciais (ADRA), seu funcionamento e ainda transmitir a paixão e o propósito por trás do chamado adventista
para servir a humanidade, essa pessoa é a dinamarquesa Birgit
Philipsen. Diretora da regional africana da ADRA, em Nairóbi,
Quênia, é a primeira mulher a ocupar esse cargo. Ela e seu
esposo trabalham para a igreja desde 2006.
Mas Philipsen não é novata na organização de ajuda social.
Após completar a faculdade junto com o esposo, em Collonges, França, lecionou para o ensino médio, por pouco tempo,
na Dinamarca. O chamado da ADRA foi muito impressivo
para ser ignorado e, em 1991, Philipsen integrou a equipe da
ADRA/Dinamarca como secretária. Durante esse tempo, além
de ter se tornado mãe de três filhas, Philipsen aprendeu tudo,
desde finanças à logística do programa de desenvolvimento.
Em 2000, tornou-se diretora da ADRA na Dinamarca.
Embora 70% do seu tempo ter sido gasto, nos últimos
dois anos, em cansativas viagens por toda a África, Philipsen
está feliz com suas novas responsabilidades na ADRA. Ela
está plenamente preparada para o cargo. Além da paixão e
experiência, seu trabalho de graduação pela Universidade
Andrews, em Berrien Springs, Michigan (EUA), rendeu dividendos. O tema de sua tese de mestrado foi sobre doenças
por estresse pós-traumático em pessoas que trabalham com
ajuda humanitária. Sua pesquisa mostrou que, à semelhança
dos soldados, esse tipo de profissional está exposto a altos
níveis de estresse e traumas, ao trabalhar em regiões castigadas pela guerra e pobreza. Em muitos casos, eles enfrentam perigo de assaltos, estupros e roubos em áreas onde as
Paixão pelas
essoas
P
S A N D R A
Por Kimberly
Luste Maran
B L A C K M E R
Uma conversa com Birgit
Philipsen, primeira diretora
regional da ADRA
INFORMADAS E ATIVAS: Em Uganda, a
maioria das mulheres e crianças desenvolve novas habilidades. A educação tinha
pouca prioridade entre os Karimojongs;
entretanto, muitos têm se conscientizado de
que a educação é um meio de desenvolver
suas habilidades para melhorar a vida diária
e capacitá-los para participar no processo
de desenvolvimento tanto na comunidade
como no município e no país.
Como funciona o
trabalho da
adra
Philipsen esclarece como a ADRA oferece alívio aos que dela necessitam.
Parceria é muito importante. A menos que
seja uma intervenção pós-desastre, na
qual a ADRA trabalha em conjunto com
os governos dos países, é importante ir
a campo em todos os programas de desenvolvimento, avaliar as necessidades e
conversar com o maior número possível
de representantes daquela comunidade
(mulheres, crianças, líderes, ou quem quer
que seja), de maneira que compreendam
bem as necessidades. Às vezes, as necessidades detectadas são muito diferentes
da realidade.
Após minuciosa avaliação, a ADRA
trabalha com um escritório de doação,
que funciona com um escritório de execução. Para compreender realmente os problemas, ela estuda as soluções que são
propostas pelas comunidades locais.
A ADRA, então, espera a resposta
de doadores. Às vezes, a ADRA pode,
primeiramente, procurar o doador antes
de realmente fazer a avaliação. Muitos
escritórios sabem que há certos tipos de
doadores que financiam determinados
programas. Assim, a ADRA procura conciliar as necessidades com as possibilidades de angariar fundos com os requisitos
pessoas estão desesperadas. Muitos sofreram estresse por
trabalhar sem objetivo claro ou por não saber exatamente o
que fazer. Ela descobriu que o treinamento dado a esse tipo
de profissional (e seu cônjuge, se necessário) com o intuito
de prepará-lo para o que possa vir a acontecer nos campos
de trabalho, e também para que ele regresse à “vida normal”
após o período de trabalho no campo, é fundamental e
pode promover resultados positivos em todas as pessoas
envolvidas.
Sendo o faroese sua língua materna, Philipsen também fala
inglês, dinamarquês, norueguês, francês, alemão e “um bocado
de crioulo”. Atualmente, está aprendendo swahili. O que se
segue é uma conversa que tive com Philipsen, em 2007.
KM: Quando o trabalho de assistência chamou sua atenção?
BP: Quando cursava o ensino médio, na Noruega, aos 18 anos.
Naquela ocasião, assisti a um filme sobre missionários e, de
repente, senti que Deus estava me chamando para ir à África.
Recebi várias respostas a orações, muito claras, indicando que
eu deveria ir para a África, o que fiz aos 19 anos, indo como
estudante-missionária. Meu plano era ser professora na Noruega, mas fui para a África. Fiquei um ano em Serra Leoa.
Depois de me casar e trabalhar por vários anos para a ADRA
na Dinamarca, eu e minha família nos mudamos para a África, em 2006.
Já teve a oportunidade de compartilhar sua fé no
trabalho?
Tenho essa oportunidade todos os dias, especificamente trabalhando com doadores. É muito interessante trabalhar com
governos e com o pessoal da embaixada – pessoas altamente
instruídas e em altas posições. Descobri muitas oportunidades
de falar sobre a ADRA e sobre o que a Igreja Adventista do
do escritório da ADRA no país.
A ADRA prepara o documento com a
idéia do programa e solicita a aprovação
do doador. Só então se inicia o processo
da proposta de desenvolvimento. Uma vez
que a proposta é patrocinada, a ADRA
compartilha o plano com a comunidade,
recruta trabalhadores e leva adiante o
projeto. Isso tudo termina com uma avaliação do projeto.
Se a ADRA estiver trabalhando em
uma nova área, a necessidade de avaliação começa aí. Mas se trabalhar em um
lugar onde já estavam atuando, é muito
provável que a avaliação final mostre a
necessidade de que a ADRA dê continuidade às melhorias. Assim, isso se torna
um ciclo.
Sétimo Dia está fazendo. Sempre explico a eles que a ADRA é
uma agência da igreja. Com freqüência, dizem que não sabem
muita coisa sobre a Igreja Adventista, de maneira que tenho
boas conversas com eles.
Quando trazemos avaliadores e jornalistas que não conhecem nada sobre nossos projetos, eles se tornam nossos melhores porta-vozes. Ao se familiarizarem com nossos programas e
verem como trabalhamos, ficam impressionados.
Existem muitas agências de assistência e desenvolvimento por aí. Explique por que a ADRA é especial.
Por causa de nossa conexão com a igreja. Trabalho muito com
os doadores do mundo inteiro, principalmente da Dinamarca.
Tivemos várias avaliações, visitas, ou consultores do governo
e de várias empresas de fora, e uma coisa que ouvi várias vezes
é que eles estavam impressionados com o comprometimento
das pessoas. Somos uma organização inspirada na fé. A ADRA
não é apenas um trabalho, é um chamado e um compromisso
que pode ser sentido mesmo entre os não-adventistas que trabalham conosco. Eles são influenciados por essa cultura cristã.
Em sua opinião, como a ADRA colabora com a missão da
Igreja Adventista?
A melhor maneira de apoiar a igreja é encorajar e ajudar os
adventistas a alcançar as pessoas ao seu redor. Isso é muito
Kimberly Luste Maran é editora assistente
da revista Adventist World .
Março 2008 | Adventist World
17
A D R A
A D R A / D E N M A R K
Acima: ASSISTÊNCIA NECESSÁRIA: Obreiros da
ADRA ajudam a construir uma das 3.500 privadas
num campo de refugiados em Darfur, Sudão.
Esquerda: DE VOLTA À ESCOLA: Crianças de Kosovo
chegam para um dia de aulas na recém-reconstruída
escola. A ADRA coordenou a construção do projeto,
que foi financiado pelo governo dinamarquês.
importante porque, freqüentemente, os membros (os jovens
em especial) têm dificuldade de se identificar com a igreja.
Nem sempre os jovens apreciam muito a teologia. Não é isso
que os mantém na igreja e faz com que a amem. A ADRA
oferece identidade aos jovens, pois é onde podem ver que estamos servindo.
Como igreja, temos a tendência de querer que as pessoas
venham até nós. Nós as convidamos para as reuniões e achamos que elas devem ir. Com a ADRA acontece o oposto. Ela é
o braço da igreja, ajudando a todos os necessitados. Alcançar
as pessoas é uma parte muito importante da igreja e de sua
missão.
É essencial que tenhamos instituições adventistas capazes
de fornecer pessoal altamente qualificado, e isso é extremamente importante para a qualidade de serviço que a ADRA
pode oferecer. Essa pode ser uma das razões por que a ADRA
consegue sucesso em locais onde outras instituições não conseguem. Nós temos muitas pessoas comprometidas com esse
trabalho, treinadas em instituições de nossa igreja. Elas têm
um senso de missão e tornaram-se grandes funcionárias da
ADRA.
Fale sobre algo realizado pela ADRA e que é desconhecido para muitos.
A igreja dirige um grande número de escolas e instituições
ao redor do mundo, e a ADRA pode ajudar na formação de
pessoal e na melhoria das instalações. A ADRA também tem a
missão de ajudar as pessoas que não podem freqüentar essas
instituições. Falando especificamente de educação, nem todos
podem estudar em escolas adventistas; por isso, a ADRA complementa nossa política educacional. Dirigimos cursos de alfabetização para adultos que nunca puderam freqüentar uma
escola. Estamos envolvidos com a educação para mulheres,
educação sanitária, informação sobre o HIV/AIDS, e assim
18
Adventist World | Março 2008
por diante. A ADRA pode apoiar algumas das instituições de
saúde da igreja, com equipamentos e treinamento de pessoal.
Podemos também ultrapassar as paredes das instituições para
realizar um serviço de saúde para a comunidade, ensinando a
prevenção de doenças que talvez tivessem que ser tratadas em
nossas clínicas e hospitais.
Na ADRA/Dinamarca focalizamos nosso programa em três
áreas específicas: educação, saúde e assistência a emergências.
Nos meus últimos meses de trabalho na ADRA/Dinamarca,
chegamos à conclusão de que, na África, é importante tentar
dar assistência às comunidades, capacitando-as a resolver seus
próprios problemas. Trabalhamos na comunidade em programas integrados, combinando educação, saúde e segurança alimentar, tendo como objetivo principal o desenvolvimento da
comunidade. Em Ruanda, por exemplo, milhares de pessoas
aderiram aos programas funcionais de aprendizado para adultos, onde se ensinava não apenas a ler e a escrever, mas também importantes habilidades para a vida, como jardinagem,
nutrição, saúde e idiomas. Quando combinamos alfabetização
com o ensino prático, a qualidade de vida dos estudantes melhora imediatamente e eles aprendem com mais eficiência.
A ADRA/Dinamarca envolveu-se, ainda, em vários e
bem-sucedidos programas de educação primária. Nos anos
90, recebemos apoio do governo dinamarquês para construir
e equipar 110 escolas, treinar 5.500 professores e criar 80
associações de pais e mestres. As comunidades forneceram
local, material de construção e trabalharam voluntariamente
na construção. Uma parte essencial do programa consistiu
no treinamento de professores, porque a maioria deles não
era qualificada. A fim de manter professores na área rural,
também construímos casas para eles. E para assegurar boa
administração e manutenção das escolas, os diretores receberam treinamento em administração e, junto com membros da
comunidade, foram instruídos sobre a manutenção dos equi-
pamentos e dos prédios. Finalmente, criamos e instruímos as
associações de pais e mestres.
Kosovo é um exemplo de como a ADRA/Dinamarca trabalha em situações de pós-conflito para restabelecer os serviços sociais. Quando os refugiados que haviam fugido para a
Albânia retornaram após a crise em 1992, planejamos ajudar
com habitações. Uma avaliação mostrou que muitas organizações já estavam empenhadas na construção de casas. Assim, a
ADRA/Dinamarca decidiu ajudar restabelecendo o sistema de
ensino em Kosovo.
A ADRA ajudou na formação de professores entre a população albanesa do Kosovo, mas o primeiro passo, naturalmente, foi restaurar as escolas que haviam sido destruídas pela
guerra. A UNICEF coordenou os programas educacionais e
designou certo número de escolas para a ADRA reabilitar e
reconstruir. O novo ano escolar começou poucas semanas
após iniciarmos nosso projeto e era importante ter as crianças
de volta à escola, de modo que tivessem alguma normalidade
na vida. No princípio, providenciamos tendas e prédios vazios.
Aos poucos, fomos capazes de reconstruir as escolas e, dentro
de dois a três anos, todos os alunos estavam de volta às salas
de aula adequadas. Quando a maior parte das 110 escolas estava pronta, iniciamos a formação de professores e o apoio no
desenvolvimento histórico-curricular. Organizamos reuniões
em que pessoas em altas posições do governo, ministros,
professores experientes e historiadores de diferentes grupos
étnicos pudessem se encontrar para discutir como avançar
no desenvolvimento do currículo. Essa foi uma atividade
pacificadora, onde pessoas anteriormente inimigas aprenderam a trabalhar em conjunto para estabelecer um currículo, e
também aprenderam a desenvolver uma amizade verdadeira,
apesar das diferenças étnicas e políticas.
O que lhe dá maior satisfação em seu trabalho?
O fato de ser possível trabalhar com as pessoas e ver que o que
estou fazendo é algo que realmente está mudando a vida delas.
Sou apaixonada por esse trabalho; as pessoas são a prioridade.
Sempre há desapontamentos e decepções. Como você
administra esses desafios?
Sei que nunca estou sozinha. Deus está sempre ao meu lado.
Freqüentemente, enfrento situações desafiadoras, nas quais
simplesmente digo: “Deus meu, ajuda-me agora.” Ele nunca
me abandona. A meu ver, esse é o segredo para ir em frente,
porque o trabalho exige muito e constantemente aparecem
situações em que realmente não sei o que fazer.
Tenho como princípio não discutir o trabalho no sábado,
mesmo quando estou em viagem, porque não é fácil manter
as coisas compartilhadas como deveriam ser. Para ser honesta,
isso era ainda mais difícil quando minhas filhas eram pequenas; um esforço constante para manter as coisas em equilíbrio.
Eu me preocupava se elas iriam sofrer, mas esse trabalho tão
envolvente também enriqueceu nossa vida familiar. Eu era capaz de compartilhar minhas experiências com a minha família
em fotos e notícias.
Mais uma coisa: É preciso trabalhar com pessoas que sabem se divertir mesmo quando as coisas estão muito difíceis.
Há mais um fator que me empurra para a frente: o fato de
saber que estou fazendo o trabalho que Deus quer que eu faça.
Se algum leitor estiver interessado em trabalhar para a
ADRA, que passos ele deve dar?
Algumas pessoas me perguntam sobre o curso que precisam
fazer para trabalhar na ADRA. Sempre digo que devem fazer o
que é sua habilidade natural e o que mais lhes interessa. Podemos usar pessoas com a mais variada formação educacional.
Não pense que, por fazer determinado curso, você vai acabar
trabalhando para a ADRA. Freqüentemente, nosso melhor
pessoal são as pessoas que concluíram inicialmente algum
curso e, depois, fizeram mestrado em desenvolvimento, o que
as capacita a tornar-se excelentes funcionários da ADRA.
Como conseguir trabalho na ADRA?
Tente ser voluntário por alguns meses ou por um ano. Depois
disso, você saberá como é trabalhar para a ADRA em nível de
campo. Você também conhecerá pessoas e descobrirá em que
área gostaria de ajudar na ADRA.
Papel
Membros
dos
Como organização de desenvolvimento e assistência, a ADRA
necessita de grande apoio dos membros. Um dos papéis da
ADRA é ajudar os membros de igreja a compreender a importância de alcançar as pessoas ao seu redor. Não só com sermões,
mas ajudando e atendendo as pessoas em suas necessidades.
Algumas dessas necessidades são espirituais, mas muitas delas
são necessidades físicas e sociais.
A ADRA e a igreja deveriam trabalhar juntas nisso. Há muitas
pessoas capacitadas nas igrejas que podem servir como voluntários; a ADRA pode ensinar esses membros a servir em suas
comunidades.
Sem dúvida, há também o aspecto financeiro. É muito importante que a ADRA receba os recursos para assistência a
desastres, que são coletados nas igrejas. A ADRA pode fazer
muito com as ofertas vindas das igrejas, as quais podem ser maximizadas com recursos vindos de agências governamentais, etc.
É importante que a ADRA esteja no cenário quando alguma coisa
acontece, o que só pode ocorrer quando ela tem seus recursos
próprios. As doações dos membros da igreja são extremamente
importantes para que a ADRA possa responder imediatamente
quando ocorre um desastre.
Março 2008 | Adventist World
19
C R E N Ç A S
F U N D A M E N T A I S
Por
Roy Adams
A
doutrina da Trindade é o
conceito mais difícil que minha mente limitada já teve
que absorver. Já é bastante
difícil tentar conceber um Deus que não
tem início nem fim, especialmente sem
início! Mas é muitas vezes mais desafiador tentar entender três Seres separados
– cada um sendo Deus de verdade, do
Deus verdadeiro, Deus em todos os
sentidos, co-igual, existindo lado a lado
através da eternidade – sem existir qualquer forma de tempo, no passado, em
que não tenham existido.
Forçamos nossa mente, o máximo
possível, até quase estourar para tão
somente descobrir nossa impotência
intelectual em face desse impenetrável
mistério. E bem no centro de tudo isso,
está o mistério da “Terceira Pessoa”
(usando uma expressão comum para
o Espírito Santo na teologia cristã). O
professor Stanley Hopper, da Universidade Drew, disse há vários anos que “a
doutrina do Espírito Santo é, ao mesmo tempo, a doutrina mais central e a
mais negligenciada da fé cristã”. Mas,
neste artigo, quero me concentrar no
Espírito, não como doutrina, mas como
“Pessoa”.
Ao aproximar-se do fim de Sua vida
na Terra, Jesus disse: “E Eu rogarei ao
Pai, e Ele vos dará outro Consolador”
(Jo 14:16).
A linguagem original desse texto
contém uma sutileza, não evidente na
tradução para o português, ao redor da
palavra “outro”. O escritor/o orador grego tinha à disposição, pelo menos, duas
palavras distintas dependendo do que
queria enfocar. Se, por exemplo, quisesse
distinguir um elefante de uma girafa,
Roy Adams é nosso
editor associado da
Adventist World.
20
Adventist World | Março 2008
A
NÚMERO 5
Terceira
Pessoa
O dom mais negligenciado
deveria usar a palavra heteros para se
referir a “outro animal”. Se, porém, a outra criatura fosse também um elefante,
usaria a palavra allos, que significa outro
animal da mesma espécie.
Provavelmente Jesus falava o aramaico, mas, interpretando o que Ele quis
dizer, João usou a palavra grega allos, no
sentido de que Jesus estava prometendo nos enviar Alguém essencialmente
semelhante a Ele. Não uma força, mas
uma Pessoa que está a par de nossa
angústia, sente nossa dor, compreende
nosso pesar, sustenta-nos em nossas
lutas e nos capacita para a vida diária e
para os desafios à nossa frente. Essa Pessoa poderosa foi prometida a nós, como
presente. Basta pedirmos.
Como exemplo, veja o interessante
paralelo entre as passagens de Mateus
7:7-11 e Lucas 11:9-13. No texto de Mateus, Jesus diz que Deus, mais que nossos pais terrenos, quer nos dar as “boas
coisas” que pedimos. Mas, na versão
paralela de Lucas, vemos que Jesus tinha
em mente algo infinitamente mais importante que meras “coisas”. Na versão
de Lucas, Jesus diz: “Quanto mais o Pai
celestial dará o Espírito Santo àqueles
que lho pedirem?” (verso 13).
Um dia, tentando resolver a aparente
discrepância (com uma passagem dizen-
do “coisas” e a outra “o Espírito Santo”),
procurei uma declaração de Ellen G.
White que, para mim, parece reunir
tudo. Referindo-se ao Espírito Santo,
ela diz: “O poder de Deus aguarda que o
peçam e o recebam. Esta prometida bênção, reclamada pela fé, traz após si todas
as outras bênçãos” (O Desejado de Todas
as Nações, p. 672).
Para mim, isso quer dizer que, mesmo sendo correto e apropriado, não
preciso apresentar uma lista do que fazer para Deus. Não preciso pedir vitória
sobre isso, vitória sobre aquilo e vitória
sobre uma centena de outros problemas.
Não preciso lamentar a minha falta de
fé, a minha falta de sabedoria, a minha
impaciência, e um milhão de outras
deficiências que eu sei que tenho. Nem
preciso apresentar a Ele um catálogo de
mil e uma “coisas” que eu quero. Em vez
disso, tudo o que preciso fazer é pedir
à poderosa Terceira Pessoa que tome
posse de mim. Então, “esta prometida
bênção, reclamada pela fé, traz após si
todas as outras bênçãos”.
Isso é o que chamo de “pacote fechado” de Deus.
Por que, então, temos medo?
Às vezes, penso que não pedimos
desesperadamente por Sua presença em
nossa vida porque, francamente, temos
medo do Espírito. E temos medo pelo
que temos visto daqueles que clamam
bem alto pelo “Espírito”. Pensamos
que o Espírito vai nos levar a fazer coisas estúpidas, ou nos fazer de bobos.
Mas o Espírito nunca nos leva a fazer
coisas repugnantes ou estúpidas para
nossa cultura. Pelo contrário, é o Espírito que nos livra de fazermos muitas
das coisas tolas para as quais temos
tendência.
da igreja cristã
Na verdade, esse Presente, esse Dom,
é muito mais prático do que muitas
vezes imaginamos; e esse contexto nos
leva para Êxodo 35:30-33, para o que
chamo de “atividades seculares” do Espírito Santo. Ali encontramos o Espírito
concedendo habilidades para a criação
e construção de todas as coisas! Isso nos
dá a entender que, seja qual for a nossa
ocupação, podemos depender do Espírito para nos capacitar.
É fantástico parar e pensar nisso!
Não importa se você é construtor, pro-
Espírito
Santo
fessor, enfermeiro, mecânico, médico,
dona de casa, zelador, estudante, ou
qualquer outra coisa – a presença do
Espírito amplia sua habilidade e
competência.
O Espírito, entretanto, não nos faz
melhores por fazermos algo. Deus quer
que usemos os dons do Espírito para
construirmos Seu reino.
Estamos nos Tornando
Auto-suficientes?
Com toda a tecnologia e maravilhas
que temos hoje, é bem possível que
muitos de nós pensemos não necessitar
de ninguém, além de nós mesmos. Mas
a Palavra de Deus, pelo antigo profeta,
ainda é verdadeira em nossos dias: “Não
por força nem por poder, mas pelo Meu
Espírito, diz o Senhor dos Exércitos”
(Zc 4:6).
Os primeiros discípulos reconheceram sua incapacidade de realizar alguma
coisa por eles mesmos e oraram “com
intenso fervor para serem habilitados a
se aproximar [das pessoas ao redor deles]” (Atos dos Apóstolos, p. 37). E o que
veio a seguir foi o Pentecostes!
Não foi por acidente que o grande
pregador inglês, Charles H. Spurgeon,
tinha em suas reuniões, salões lotados,
Deus, o eterno Espírito, atuou com o
Pai e o Filho na criação, encarnação
e redenção. Ele inspirou os escritores da Bíblia. Encheu de poder a vida
de Jesus. Atrai e convence os seres
humanos, e renova e transforma
à imagem de Deus aqueles que O
aceitam. Enviado pelo Pai e pelo Filho para sempre estar com Seus filhos, Ele concede dons espirituais
à igreja, capacitando-a a ser testemunha de Cristo e, em harmonia
com as Escrituras, guia-a em toda a verdade (Gn 1:1, 2; Lc 1:35; 4:18;
At 10:38; 2Pe 1:21; 2Co 3:18; Ef 4:11, 12; At 1:8; Jo 14:16-18, 26; 15:26,
27; 16:7-13).
com pessoas em pé, em pleno dia de
semana. Em uma de suas orações, percebemos seu sentimento: “Ó Deus, envianos o Santo Espírito; dá-nos o fôlego da
vida espiritual, assim como o fogo de
um fervor insuperável até que todas as
nações aceitem a Jesus.”
Como igreja, essa é nossa grande
necessidade. E temos garantias proféticas de que essa necessidade será
satisfeita antes do fim. “A grande obra
do evangelho não deverá encerrar-se
com menor manifestação do poder
de Deus do que a que assinalou o seu
início. [...] Por milhares de vozes, em
toda a extensão da Terra, será dada a
advertência. Operar-se-ão prodígios, os
doentes serão curados, e sinais e maravilhas seguirão os crentes” (O Grande
Conflito, p. 611, 612).
Próximo e Pessoal
O Espírito é também a última solução para todas as nossas mazelas e
problemas. Nas palavras da Crença Fundamental nº 5, “aqueles que respondem
[ao Espírito] Ele renova e transforma à
imagem de Deus”. Sentimento de culpa,
ansiedade, hostilidade e inúmeros outros problemas se desfazem na presença
da poderosa Terceira Pessoa. Ele vem
com poder esmagador, restaurador,
transformador, atingindo nossa alma
paralisada como um choque elétrico,
levando cada nervo, cada fibra de nosso
corpo a reverberar com nova vitalidade
e poder.
Tudo isso é silencioso e imperceptível. “Ninguém vê a mão que suspende
o fardo, nem a luz que desce das cortes
celestiais. A bênção vem quando, pela
fé, a alma se entrega a Deus. Então,
aquele poder que olho algum pode discernir, cria um novo ser à imagem de
Deus” (O Desejado de Todas as Nações,
p. 173).
Que mensagem nós temos − para
nossa alma ignorante e para este mundo
cego e confuso! A Terceira Pessoa, nossa
mais premente necessidade.
Março 2008 | Adventist World
21
E S P Í R I T O
D E
P R O F E C I A
Por Ellen G. White
issão
M
Minha
A
vida dos que se acham ligados a Deus é como
perfumados atos de amor e bondade. A doçura de
Cristo os permeia; Sua influência eleva e abençoa.
São como árvores frutíferas. Homens e mulheres
com esse tipo de caráter prestarão serviço prático, com zelosos atos de bondade e labor honesto e sistemático.
A presunção, vaidade e orgulho nunca deveriam misturar-se com o trabalho sagrado. Aqueles que se exaltam por
poderem fazer algo para a causa de Deus estão em perigo
de deteriorar o trabalho com seu orgulho e arruinarão sua
própria alma.
Todos os que estão ligados ao trabalho de Deus deveriam
tornar sua missão tão atrativa quanto possível, de maneira a não se distanciar da verdade em conseqüência de sua
conduta. O eu deve ser escondido em Jesus, e aqueles que
labutam para Deus devem possuir um caráter de agradável
fragrância. Esse é o tempo de avançarmos com fervorosos
esforços. O grande campo missionário necessita de homens
e mulheres para trabalhar com esforço determinado, oração
e lágrimas, semeando a preciosa semente da verdade à semelhança do Redentor, que foi o Príncipe dos missionários.
Cristo deixou as cortes celestes; deixou seu alto comando e,
em nosso favor, tornou-Se pobre, para que, por Sua pobreza, nos tornássemos ricos. Ele labutou em Suas vinhas entre
as colinas da Galiléia e, finalmente, regou com Seu próprio
sangue a semente que semeara. Quando a colheita da terra
for reunida no celeiro celeste e Cristo contemplar Seus santos redimidos, “verá o fruto do penoso trabalho de Sua alma
e ficará satisfeito”.
Aquele que concede e amplia as habilidades dos que
desenvolveram sabiamente os talentos a eles confiados, tem
prazer em reconhecer o serviço de Seu povo, crentes no
Amado, em cuja força e graça eles realizam a obra. Os que
procuram desenvolver e aperfeiçoar o caráter cristão por
meio de suas habilidades e boas obras, semeando a semente da
verdade ao longo de todos os rios, colherão o que semearam.
O trabalho iniciado na Terra alcançará sua consumação na
22
Adventist World | Março 2008
Mu
Meu
Realizando a obra
vida perfeita e santa, que perdurará pela eternidade. Requerse abnegação e sacrifício no cultivo do coração que realiza a
obra de Cristo, e será infinitamente recompensado pelo prêmio do eterno peso de glória, a alegria da vida medida com a
vida de Deus.
Vivendo por Jesus
Nenhum de nós deve ficar satisfeito por simplesmente
salvar sua própria alma. Aqueles que apreciam o plano da
salvação, o infinito preço pago pela redenção do homem,
não viverão para si mesmos. Demonstrarão o mais profundo
interesse em salvar seus semelhantes, para que a morte de
Cristo por eles não seja em vão.
Todo o Céu está interessado na salvação das pessoas, e
todos os participantes dos benefícios celestes sentirão intenso anseio para que o interesse manifestado no Céu não seja
vão. Na Terra, cooperarão com os anjos do Céu ao manifestar
apreciação pelo valor das almas por quem Cristo morreu.
Por sua determinação e diligente trabalho, conduzirão muitos aos braços de Cristo. Nenhum dos que participam da natureza divina ficará indiferente a esse ponto.
O mundo é nosso campo. Firmados em Deus, em Sua
força e graça, avançaremos no caminho do dever, como colaboradores do Redentor do mundo. Nosso trabalho consiste
em espalhar a luz da verdade e promover a obra de reforma
moral, para elevar, enobrecer e abençoar a humanidade.
Mundo
designada por Deus
Devemos praticar os princípios do sermão do monte em
cada ação, deixando com Deus as conseqüências.
A Alegria do Serviço
“Digo-vos que, assim, haverá maior júbilo no Céu por
um pecador que se arrepende do que por noventa e nove
justos que não necessitam de arrependimento.” “Semelhantemente, Eu vos digo, há alegria na presença dos anjos de Deus
por um pecador que se arrepende.”
Se Deus, Cristo e os anjos se alegram quando apenas um
pecador se arrepende e se torna obediente a Jesus, não deveria o homem estar imbuído desse mesmo espírito e trabalhar
pelo tempo e pela eternidade, com perseverante esforço, para
salvar não apenas sua vida, mas a de outros?
Se trabalharmos nessa direção, com a inteireza de um
coração interessado, como seguidores de Cristo, deixando
toda ocupação, aproveitando cada oportunidade, nossa
alma será moldada gradualmente pelo perfeito cristianismo.
Não haverá vazio no coração, a vida espiritual será ampliada.
O coração se impressionará com o brilho da imagem divina,
pois estará em íntima sintonia com Deus. A vida fluirá
com alegre disposição em canais de amor e compaixão pela
humanidade. O eu será esquecido e o destino desse grupo
será estabelecido por Deus. Ao levar outros à água, sua própria alma será dessedentada.
Os rios que fluem de sua alma brotam de uma fonte viva
P H O T O
B Y
S A N D R A
B L A C K M E R
e alcança os outros em forma de boas obras, determinação e
esforços altruístas para salvá-los. A fim de ser árvore
frutífera, a alma deve retirar
seu sustento e nutrição da
Fonte da Vida e estar em harmonia com o Criador.
Consagração
Nosso trabalho
consiste em
espalhar a luz
da verdade
e promover a
obra de
reforma moral,
para elevar,
enobrecer e
abençoar a
humanidade.
Aqueles que são fiéis
obreiros de Deus dedicarão
seu espírito e suas faculdades em sacrifício voluntário
a Ele.
O Espírito de Deus, atuando em nosso espírito, produz doces melodias na alma,
em resposta ao toque divino.
Essa é a verdadeira santificação revelada na palavra de
Deus. Essa é uma obra para
toda a vida. Será coroado de
glória, nas mansões de Deus,
o homem perfeito em quem
o Espírito de Deus iniciou
Sua obra, sobre a Terra.
São raros os momentos
em que temos o privilégio de
trabalhar. Estamos no limiar
da vida eterna. Não temos
tempo a perder. Cada momento é ouro e muito precioso para ser gasto apenas
com nós mesmos.
Quem seguirá a Deus
com determinação e dEle
receberá força e graça para
ser Seu obreiro fiel no campo missionário? É indispensável
esforço individual para se obter sucesso nesse trabalho.
Os Adventistas do Sétimo Dia crêem que Ellen G. White exerceu
o dom profético bíblico por mais de 70 anos de ministério público.
Esse artigo foi extraído de sua primeira publicação na revista
Adventist Review and Sabbath Herald, hoje Adventist Review, de
2 de janeiro de 1879.
Março 2008 | Adventist World
23
S E R V I Ç O
U
m violão é cuidadosamente
dedilhado e alguns homens
cantam um hino, enquanto as
vozes ecoam pelas paredes de concreto
que os cercam. A pequena janela, no
fundo do quarto, deixa entrar tênues
fachos de luz, que envolvem o local. De
cada face transborda paz e alegria.
Essa república soviética tem resistido
a uma drástica transformação durante
os últimos 20 anos. Apesar de todas as
mudanças, a Moldávia ainda é considerada uma das nações mais pobres da
Europa. A população trabalha muito e,
em sua maioria, na agricultura ou para
o governo. Eles apreciam momentos
Ajuda para “esses meus
pequeninos irmãos” e suas
famílias
Girleanu organiza visitas de grupos
de famílias a prisões femininas por toda
Moldávia. O sorriso estampado na face
das mulheres ao reencontrar seus filhos,
pela primeira vez em meses, mostra
m i n i s t é r i o at r á s da s
Levando
liberdade aos
cativos
rades
G
Por Daniel Weber
Essa poderia ser uma cena típica em
qualquer lugar no mundo: um grupo
de adventistas cantando e compartilhando sua fé, celebrando a nova vida
concedida pelo amável Salvador. Mas
esse grupo é diferente da maioria deles
na igreja. Esses crentes jamais deixarão
o lugar em que se reúnem para adorar.
Foram perdoados por Deus, mas a
sociedade exige que passem o resto de
seus dias atrás das grades.
Comunidade em Transição
A Moldávia é um país com paisagem pitoresca, circundado pelas montanhas do sul ucraniano e norte romeno.
As ruas de Chisinau, a capital, assemelham-se às de muitas cidades ao redor
do mundo. Crianças divertem-se no
parque, jovens reúnem-se em grupos
para conversar e rir, famílias desfrutam
o dia ensolarado. Essas imagens são tão
comuns que podem ser vistas como
corriqueiras, sem valor.
24
Adventist World | Março 2008
em família. A maioria da população
pertence à Igreja Ortodoxa Russa, mas
para muitas religiões, a tradição é mais
importante do que a prática. A Igreja
Adventista do Sétimo Dia é composta de
mais de 11 mil membros, na proporção
de um adventista para cada 390 pessoas
– um dos melhores dados de toda a Divisão Euro-Asiática. Apesar desse crescimento, ainda existem muitos desafios.
Os adventistas do sétimo dia na
Moldávia encontraram maneiras de não
somente difundir o evangelho, mas de
fazer a diferença em sua comunidade.
Nesse contexto, o pastor Pavel Girleanu
merece destaque. Além das três igrejas
que pastoreia, Girleanu trabalha em
sete presídios naquele país. Ele faz tudo:
desde coordenar e realizar cultos em
pequenas e apertadas celas até a organização do “Dia da Família” em presídios
e centros de detenção. Girleanu faz a
diferença na vida dessas pessoas que a
sociedade procura esquecer.
quão importante
é o trabalho que
Girleanu e seus
ajudantes realizam. A ADRA
providencia voluntários, transporte
para parentes e ‘kits’ de higiene para os
prisioneiros. É comum alguns parentes
se emocionarem e terem os olhos marejados, após tantos meses de separação.
Apesar de esse ser um simples ato de
bondade, é excelente exemplo de como
a igreja pode levar conforto aos que dele
necessitam. Assim como Cristo ajudou
as pessoas, sem julgá-las por seus pecados, os esforços de Girleanu constituem
uma forma alternativa de representar a
Cristo na Terra.
Girleanu se interessa por um grupo
de pessoas que a maioria costuma evitar. Dentro de uma pequena cela, que
serve como capela, ele congrega um
pequeno grupo de prisioneiros, que se
reúne para orar e estudar a Bíblia. A
Escola Sabatina consiste em animados
debates, sendo essa a primeira reunião
do grupo em seis meses.
Da janela da cela, é possível vislumbrar a vida solitária que esses prisioneiros levam. Tudo que vêem é um pátio
vazio. Todos ali estão fadados a viver o
resto da vida em desamparo e desespero,
baixa classe de prisioneiros, Valentin foi
rejeitado pelos outros presos. Ele não tem
permissão para tocar e muito menos para
conversar com seus companheiros de fé,
por medo de que estes também sejam
rejeitados. Mas os homens naquela cadeia
são gratos a Valentin, pois foi ele quem
levou cada um deles a Cristo.
igreja e fazem planos de viajar até a Moldávia, para visitar Zakir na prisão.
“Deus está pronto a nos receber, apesar de nossos pecados”, diz Zakir. “Apesar
de tudo o que fizemos até agora, Ele nos
concede salvação e nos perdoa.”
O culto
termina com
Da esquerda para a
direita: FÉ CONTAGIANTE: Condenado
à prisão perpétua,
Valentin compartilha sua fé com público
de prisioneiros. PREGADOR DO PRESÍDIO:
Pavel Girleanu (centro) prega para um
grupo de crentes que se reúnem para culto
numa cela em Chisinau. Além do ministério
na prisão, Girleanu lidera três congregações adventistas. TESTEMUNHANDO SEM
BARREIRAS: Zakir, um ex-muçulmano,
mesmo estando preso, pediu a um pastor
adventista para visitar sua família. Muitos
de seus parentes se converteram.
F O T O S
a não ser que tenham a oportunidade de
falar com Valentin. Ele costuma sentar-se
atrás dos prisioneiros enquanto começam o culto. Valentin tornou-se cristão, e
depois adventista, enquanto cumpria 14
anos de prisão. Ao aproximar-se o fim de
sua sentença, sentiu-se inclinado a confessar seus piores crimes, e por isso, foi
condenado à prisão perpétua.
Valentin não tem medo de compartilhar sua fé com seus companheiros de
prisão. Ele levou seu primeiro companheiro de cela à conversão, que aceitou
o cristianismo rapidamente. Mais uma
vez, os companheiros de cela foram
trocados, e a pessoa seguinte também
tornou-se cristã. A fé de Valentin é
contagiante.
Recentemente, Valentin esteve presente ao batismo de um companheiro de
prisão. Quando o homem saiu das águas,
Valentin abraçou-o, dando-lhe as boasvindas à família de Deus. Ao aceitar esse
homem, considerado membro da mais
“Ele tem me dado essa responsabilidade por uma razão”, diz Valentin. “A
palavra de Deus diz que devemos ser
testemunhas, Suas testemunhas.”
Os prisioneiros são agradecidos pela
nova vida concedida por Cristo. Apesar
de tudo o que cometeram no passado,
eles agora vivem uma vida renovada.
Construindo Pontes
Outro prisioneiro é Zakir, do Turcomenistão, país onde a igreja adventista
tem presença pouco significativa. Zakir
era muçulmano e quando se converteu
ao cristianismo, sua família o abandonou. Há quase quinze anos, ele não encontra nenhum de seus parentes.
Ainda assim, Zakir entrou em contato
com o presidente da igreja adventista
do Turcomenistão e pediu-lhe que visitasse sua família. O presidente atendeu
ao seu pedido, visitando seus parentes e
desenvolvendo um bom relacionamento
com eles. Muitos, hoje, freqüentam a
D O
E S C R I T Ó R I O
D A
M I S S Ã O
G L O B A L
a oração final de Girleanu, e os prisioneiros preparam-se para voltar às suas
celas. Para eles, o culto acabou, mas eles
gostariam de dar uma última mensagem
aos companheiros adventistas ao redor
do mundo: “Por favor, orem pelo nosso
pequeno grupo”, diz Zakir. “Estamos
apenas começando a trilhar nosso caminho rumo a Cristo.”
Muito obrigado por seu apoio à missão adventista ao redor do mundo. Para
saber mais sobre a missão e como participar falando de Jesus ao mundo, visite o
site www.adventistmission.org.
Daniel Weber é produtor
de vídeo da Missão
Adventista.
Março 2008 | Adventist World
25
P E R G U N TA S B Í B L I C A S
PERGUNTA: Como o rei Jeorão recebeu uma
carta de Elias se este foi levado ao Céu antes da
morte de Josafá, pai de Jeorão?
E
sta pergunta não tem que ver com fatos históricos, mas
com a veracidade da Bíblia, por causa de uma aparente
contradição entre 2 Reis 1 a 3 e 2 Crônicas 21:12 a 15.
A possibilidade de encontrar discrepâncias e mesmo tensão,
na Bíblia, é real. Cada caso, porém, deve ser cuidadosamente
analisado antes de se chegar a uma conclusão. Vou descrever
esse caso específico e apresentar possíveis soluções.
1. A natureza do problema: Ao ler 2 Reis 1-3, podese pensar que a ascensão de
Elias ocorreu antes da morte
de Josafá, rei de Judá (848
a.C.). O último rei de Israel
mencionado antes de Deus
levar o profeta, foi Jorão, no
segundo ano de Jeorão (852
a.C.), filho de Josafá, em Judá
(2 Reis 1:17). Ele foi nomeado co-regente antes da morte
de seu pai (cf. 2 Reis 3:1). A
ascensão de Elias ao Céu é
narrada em 2 Reis 2:11-18.
Aparentemente, a primeira
responsabilidade profética foi
revelar a mensagem de Deus a
Josafá e Jorão, antes de guerrearem contra Moabe (2 Reis
3:11-19) Mas isso está longe de ser exato. O fato é que Jeorão,
após a morte de seu pai Josafá em 848 a.C., é mencionado em
2 Reis 8:16. A questão, agora, é: Como Elias, que supostamente
foi levado ao Céu antes da morte de Josafá, poderia ter escrito
uma carta para seu filho, o rei Jeorão, como registrado em 2
Crônicas 21:12-15? (Ficou confundido com os nomes? No texto de Hebreus, Jorão e Jeorão são escritos do mesmo modo!)
2. Elias foi levado ao Céu? Para eliminar possíveis soluções do problema, devemos estabelecer quando Elias foi levado ao Céu. Se ele tivesse sido simplesmente trasladado para
qualquer outro lugar na Terra, então não haveria nenhum
problema. Mas o texto bíblico é claro: Elias foi levado para
o Céu. O verbo “levar” é usado na Bíblia duas vezes apenas,
referindo-se a uma pessoa sendo removida da Terra para o
reino celestial. Primeiro, foi o caso de Enoque, a quem Deus
“tomou para Si”(Gn. 5:24; cf. Hb. 11:5). O outro foi o caso
de Elias. A descrição desse acontecimento dificilmente
causaria qualquer dúvida quanto ao fato de que o texto
descreve uma intervenção singular de Deus na história,
resultando no arrebatamento do profeta: “Indo eles andando e falando, eis que um carro de fogo, com cavalos de
fogo, os separou um do outro; e Elias subiu ao Céu num
redemoinho”(2Rs 2:11). Para enfatizar a partida do profeta
para o Céu em caráter permanente, a narrativa descreve a
insistência de alguns dos filhos dos profetas em obter permissão para saírem à sua procura: “pode ser”, argumentavam eles,
“que o Espírito do SENHOR o tenha levado e lançado nalgum dos montes ou nalgum dos vales” (verso 16). Sabedor da
verdade, Eliseu desencorajou-os, mas finalmente deixou que
fossem procurar Elias. Eles, porém, não o encontraram.
3. Cronologia dos eventos:
Uma vez que Elias havia sido
realmente levado para o Céu,
o problema pode ser resolvido de várias maneiras. A opção mais improvável é a de
que Elias teria escrito a carta
do Céu e, de alguma maneira, chegado até o rei. Outra
possibilidade é a de que ele
escreveu a carta antes de ter
sido levado por Deus e, mais
tarde, alguém a entregou ao
rei. Isso pode ter sido possíPor
vel, mas o texto bíblico não
Angel Manuel
requer esse tipo de precisão.
Para responder algo
Rodríguez
mais plausível, deixe-me
primeiro destacar o fato de
que o traslado de Elias não
foi datado. Aqueles que argumentam que ele ocorreu antes
da morte de Josafá, estão simplesmente preenchendo as
lacunas de conhecimento sobre o lugar da história, dentro
da narrativa. Segundo, os estudiosos da Bíblia sabem (e se
não sabem, deveriam saber) que a narrativa bíblica nem
sempre está em ordem cronológica. Conseqüentemente,
necessitamos levar em consideração todas as datas bíblicas
antes de datarmos um evento em especial. Terceiro, se, de
acordo com o texto, Elias foi levado em caráter permanente
para o Céu, então a carta que ele escreveu para o rei Jeorão,
após a morte de seu pai, foi escrita antes de Deus levá-lo. De
maneira alguma isso é uma distorção da informação bíblica,
mas nos ajuda a harmonizar o que parece ser uma discrepância séria.
Nomes,
,
Datas
e
Lugares
26
Adventist World | Março 2008
Angel Manuel Rodríguez é diretor do Instituto de Pesquisas
Bíblicas da Associação Geral.
E S T U D O
B Í B L I C O
Um Sinal do
Verdadeiro
Por Mark A. Finley
Culto
Uma coisa é certa: Os seres humanos foram criados para adorar a Deus. No íntimo de cada
um de nós há um anseio pelo que é eterno. Ansiamos por propósito e significado na vida.
Alguém disse que “temos um vazio em nosso coração do formato de Deus”. Nesta lição,
estudaremos o plano de Deus para preencher esse vazio dolorido, e descobriremos Seu
plano maravilhoso de completar nossa vida com alegria profunda e perene.
1.
Que convite fez Davi a cada um de nós?
“Vinde, adoremos e prostremo-nos; ajoelhemos diante do SENHOR, que nos criou” (Sl 95:6).
O salmista nos convida a
A adoração nos conduz em direção a Deus. Dirige nossa mente para o que é eterno. Na
adoração, somos lembrados de quem nós somos, de quem Ele é e da nossa relação com
Ele. A adoração retira nosso foco das coisas terrenas e o eleva para os valores eternos.
2. Por que Deus merece nossa adoração? (Circule a frase, no texto a seguir, que indica
por que Deus é digno de nossa adoração.)
“Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, porque todas as coisas Tu criaste,
sim, por causa da Tua vontade vieram a existir e foram criadas” (Ap 4:11, 12).
Nós não fomos criados por nós mesmos. Existimos apenas porque um Deus de amor nos fez.
Uma vez que Ele nos deu vida, é digno de nosso mais profundo louvor e extrema adoração.
3.
Por que Deus nos deu memorial perpétuo de Sua autoridade e poder criativo?
“Lembra-te do dia de sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra. Mas o sétimo
dia é o sábado do SENHOR, teu Deus; não farás nenhum trabalho, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha,
nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o forasteiro das tuas portas para dentro; porque, em
seis dias, fez o SENHOR os céus e a Terra, o mar e tudo o que neles há e, ao sétimo dia, descansou; por isso,
o SENHOR abençoou o dia de sábado e o santificou” (Êx 20:8-11).
O
é um memorial eterno de Deus e de Seu poder criativo.
4.
Quando adoramos a Deus no sábado bíblico, o que estamos declarando abertamente
a respeito de Deus? (Leia Êxodo 20:8-11 mais uma vez e responda abaixo, com suas
próprias palavras.)
Março 2008 | Adventist World
27
5.
Como o profeta Ezequiel descreveu o sábado?
“Também lhes dei os Meus sábados, para servirem de sinal entre Mim e eles, para que soubessem que Eu sou o
SENHOR que os santifica” (Ez 20:12).
O sábado de Deus é um
.
Por que o sábado de Deus é um sinal? É um sinal de quê? (Escreva sua resposta nas linhas abaixo.)
Na criação, pelo poder do Espírito Santo, Deus criou o mundo. Quando somos recriados
à Sua imagem, mais uma vez é pelo poder do Espírito Santo. O sábado é um memorial de
ambas as experiências: do poder de Deus em nos criar e do poder redentor de Deus ao recriar-nos como Seus filhos, nascidos de novo.
6.
Como Moisés chamou o sábado?
“Seis dias trabalhareis, mas o sétimo será o sábado do descanso solene, santa convocação; nenhuma obra fareis; é sábado do SENHOR em todas as vossas moradas” (Lv 23:3).
De acordo com Moisés, o sétimo dia é o “sábado do
,
”.
Aos sábados, descansamos de nossas lidas e encontramos descanso nEle. Nosso descanso físico é um símbolo de descanso mais profundo em Seu amor e cuidado. É uma santa
convocação para a reunião do povo de Deus para adorar. O sábado é a celebração de adoração à grandeza de Deus.
7.
Qual é a promessa expressa por Isaías para aqueles que guardarem o sábado?
“Bem-aventurado o homem que faz isto, e o filho do homem que nisto se firma, que se guarda de profanar o
sábado e guarda a sua mão de cometer algum mal (Is 56:2).
Aquele que guarda o sábado verdadeiramente é
.
(Em suas próprias palavras, defina “bem-aventurado”.)
8.
Quando o Universo inteiro encontrará o verdadeiro descanso sabático?
“Porque, como os novos céus e a nova terra, que hei de fazer, estarão diante de Mim, diz o SENHOR, assim há
de estar a vossa posteridade e o vosso nome. E será que, de uma Festa da Lua Nova à outra e de um sábado a
outro, virá toda a carne a adorar perante Mim, diz o SENHOR” (Is 66:22, 23).
Encontraremos o verdadeiro descanso sabático no novo
No reino eterno de Deus, encontraremos o real descanso enquanto O adoramos a cada
sábado. Através dos séculos, o sábado permanecerá sendo o eterno sinal de Deus e de
Seu poder criativo e redentor. Será, para sempre, um símbolo de Seu eterno amor e do
desejo de tornar felizes Seus filhos. Que seu coração, neste sábado, se encha de
louvor Àquele que o criou e redimiu. Ele logo voltará para buscá-lo.
No próximo mês, estudaremos sobre
“Jesus e o sábado”.
28
Adventist World | Março 2008
Intercâmbio
IntercâmbioMundial
Mundial
C A R TA S
Capacitando
mulheres na
Índia
Fiquei profundamente impressionado
com o artigo de capa
da edição de dezembro de 2007, “Capacitando Mulheres na
Índia”, por Loren Seibold, enfatizando
os projetos de alfabetização. Eu não
podia imaginar o tamanho do impacto
causado nas mulheres, em suas famílias,
sua comunidade e igreja, quando esse
projeto foi iniciado em 2001, em dez
centros, em Garo Hills.
Seibold premiou-me como “Anjo do
Ministério”. Não sou absolutamente merecedora de tal elogio. Sou uma simples
e insignificante ferramenta nas mãos de
Deus, que deseja ser usada da maneira
como Ele deseja. Louvo a Deus por me
usar para abrir os olhos das mulheres
para enxergar a Palavra e o mundo.
Eu não teria feito metade do que
fiz sem a generosidade e o sacrifício de
pessoas que colaboraram com contribuições (inclusive de óculos de leitura)
por meio do projeto Esperança Para a
Humanidade, da AFAM, do Ministério
da Mulher e da Associação Geral.
Por favor, aceitem meus sinceros
agradecimentos por terem feito a diferença na vida dessas mulheres – e por
publicarem suas histórias.
Hepzibah Kore, diretora
do ministério da mulher e
coordenadora da AFAM na
Divisão Sul- Asiática
Tamil Nadu, Índia
Revelação da Salvação
Quero comentar a seção Perguntas Bíblicas, de dezembro de 2007, a respeito de
como somos salvos e sobre a influência
moral da cruz, no artigo escrito por
Angel Manuel Rodríguez.
Sempre pensei e acreditei que
Cristo morreu em meu lugar: o Justo
pelo injusto, o Puro pelo pecador – eu.
Descobri, depois de ler o artigo do pastor Rodríguez, que existe uma teoria
chamada “teoria da influência moral”,
que nega esse fato bíblico vital. Sou
muito grata pelo esclarecimento dado
pelo pastor Rodríguez acerca do sentido
da teoria moral, assim como por sua
eloqüência, pela lucidez da explanação e
pela fidelidade à verdade.
Além dos versos bíblicos que ele
menciona em apoio à visão bíblica, há
um verso que amo repetir, em Hebreus
2:9: “Vemos, todavia, Aquele que, por
um pouco, tendo sido feito menor que os
anjos, Jesus, por causa do sofrimento da
morte, foi coroado de glória e de honra,
para que, pela graça de Deus, provasse a
morte por todo homem.”
Esse texto fala que Cristo pagou
minha dívida. Ele morreu em meu lugar
para que eu não tivesse que morrer por
meus pecados, porque, de bom grado,
aceitei Seu sacrifício em meu favor. Deus
seja louvado por Seu incrível amor e
graça!
Laurice Kafrouni-Durrant
Texas, Estados Unidos
adventistas há muito tempo. É claro que
tenho minhas próprias idéias do que absorvi da Bíblia. Mas o pastor Rodríguez
apresenta a natureza humana/divina de
Cristo em palavras que explicam claramente – tão claras quanto as palavras
humanas podem descrever a divindade.
Gostei muito da franqueza e lógica
do pastor Rodríguez. Gostei ainda mais
do embasamento bíblico de sua conclusão: Deus experimentou coisas da
natureza humana que são únicas da humanidade, enquanto o homem tornouse um veículo onde a natureza divina
pudesse trabalhar. E, naturalmente, para
a mente finita, tudo isso é um mistério
insondável que talvez nunca venhamos a
compreender completamente – mesmo
na eternidade.
Thurman C. Petty Jr.
Texas, Estados Unidos
Evangelho na Internet
Sou extremamente grato a Deus por
permitir que a proclamação do evangelho seja feita através da internet e quero
parabenizar os editores da Adventist
World por nos concederem acesso à
página (www.adventistworld.org). Sou
adventista e hoje (14 de dezembro de
2007) acessei o site pela primeira vez.
Parabéns!
Jacob Arias Frias
Tabasco, México
O Grande Ministério do
Cristianismo
Angel Manuel Rodríguez realmente
iniciou um ministério (veja “O Grande
Ministério do Cristianismo”, Perguntas
Bíblicas, novembro de 2007). Esse assunto vem sendo discutido entre os círculos
Março 2008 | Adventist World
29
Intercâmbio Mundial
C A R TA S
Bom Trabalho
Gostaria de parabenizar a equipe da
Adventist World. Vocês merecem elogios
pela excelente qualidade das publicações. Sob a direção do Espírito Santo,
vocês elaboraram uma maravilhosa revista cristã, cuja excelência está refletida
no formato, conteúdo e simpatia com o
leitor. Continuem assim.
Nicky Moseti Ogenche
Kisii, Quênia
Meus cumprimentos ao editor da
Adventist World. Tecnicamente, ele e sua
equipe realizam um ótimo trabalho.
Os artigos são notáveis – fotos, layout
– tudo se aproxima da perfeição. Eu realmente adorei a revista. Até hoje, entre
as publicações adventistas, é uma das
minhas preferidas. Bom trabalho!
Vamos proclamar as boas-novas para
nossos irmãos e irmãs não adventistas.
Espero que esta revista dure até a volta
do Senhor!
Jayden Lamparero
Cavite, Filipinas
Unidos através da Adventist
World
Gostaria de parabenizá-los pelo maravilhoso trabalho que vocês estão realizando. Esta revista, Adventist World, tem um
amplo alcance, mais especificamente no
Quênia (principalmente em Nairóbi).
Além de informar aos adventistas
sobre o que Deus tem realizado, ela nos
une e, de alguma forma, nos proporciona o sentimento de pertencer a uma
igreja que é maior do que nós. Fiquei
realmente inspirado pela fuga dos voluntários adventistas e me diverti muito
ao ler a sessão Conheça Seu Vizinho (O
Lugar das Pessoas)
Dan Ouko
Nairobi, Quênia
Cartas para o Editor – Envie para: [email protected]
As cartas devem ser escritas com clareza e ao ponto, com
250 palavras no máximo. Lembre-se de incluir o nome do artigo,
data da publicação e número da página em seu comentário.
Inclua, também, seu nome, cidade, estado e país de onde você
está escrevendo. Por questão de espaço, as cartas serão
resumidas. Cartas mais recentes têm maior chance de ser
publicadas. Nem todas, porém, serão divulgadas.
O LUGAR DE ORAÇÃO
Minha família e eu estamos passando por
momentos decisivos em nossa vida. Gostaríamos que orassem para que a vontade
de Deus seja evidente e que estejamos
prontos para obedecer-Lhe, não importando o que isso nos custe. Assim, saberemos que Sua vontade é o melhor para nós.
Christian, Bolívia
Por favor, orem para que meu pai deixe
de usar bebidas alcoólicas, para que
minha mãe, acometida de diabetes, seja
curada e tenha sucesso em seu novo trabalho. Orem também por nossa família,
para que tenhamos melhor relacionamento com Deus e para que aprendamos
como guardar o santo sábado de Deus.
Josh, via e-mail
Sou uma mulher de 21 anos de idade. O
ano de 2007 foi repleto de desafios, mas
agradeço a Deus por estar comigo. Deus
tem me abençoado ao longo desses 21
anos e realmente agradeço-Lhe por isso.
Quero que Deus continue a me
abençoar no ano de 2008. Preciso que o
Senhor me ajude a escolher um cônjuge
– quero que Ele esteja envolvido em
todos os detalhes, porque já sofri com
pessoas erradas. Também gostaria que
30
Adventist World | Março 2008
orassem para que eu consiga um emprego depois de terminar a faculdade.
Chigodo, Zimbábue
Por favor, orem para que minha família
e eu consigamos vender bem a nossa
casa, o mais rápido possível. Orem
também para que nosso novo empreendimento dê certo, para que eu possa sair
do meu trabalho e não tenha que trabalhar tanto. Além disso, orem para que
tenhamos boa saúde e para que Deus
nos guie na direção certa.
Janelle, Estados Unidos
Por favor, orem por mim, porque aconteceu uma catástrofe. Sou adventista
e recentemente soube que perdi meu
trabalho – depois de quase 25 anos. Na
minha idade, não é fácil encontrar um
emprego, mas sei que nosso Deus é o
Deus dos impossíveis. Orem para que eu
não me sinta desanimado e consiga um
novo emprego.
Jacob, Malavi
Sou muito grata pela fidelidade de Deus
e pelo constante amor recebido. Tenho
essa certeza, apesar dos problemas e
tentações que nos assolam. Peço orações
por minha família. Sou de uma família
polígama. Minha madrasta é bruxa
com poderes do mal. Necessitamos de
oração, especialmente por minha madrasta, para que ela deixe os caminhos
da maldade e volte para Cristo (ela é
ex-adventista). Satanás nos aprisionou,
mas acreditamos que com Deus tudo
isso terminará logo.
Joyce, Quênia
Sou das Filipinas. Peço oração pela estabilidade da saúde de meu pai e pela cura
completa de seu câncer. Orem também
para que eu volte a ter minha voz, pois
tive problemas vocais. Vou passar por
uma série de exames. Orem para que
não seja nada sério e para que os resultados não sejam alarmantes. Finalmente,
orem por minha irmã e minha mãe, pois
estão no processo para conseguir cidadania americana.
Josephine, Estados Unidos
Pedidos de oração e agradecimentos (gratidão por resposta à
oração). Sua participação deve ser concisa e de, no máximo,
75 palavras. As mensagens enviadas para esta seção serão
editadas por uma questão de espaço. Embora oremos por todos
os pedidos nos cultos com nossa equipe durante a semana, nem
todos serão publicados. Por favor, inclua no seu pedido, seu nome
e o país onde vive. Outras maneiras de enviar o seu material:
envie fax para 00XX1(301) 680-6638, ou carta para: Intercâmbio
Mundial, Adventist World, 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring,
Maryland 20904-6600 EUA.
INTERCÂMBIO DE IDÉIAS
Everest
Adventista no Topo do
E
m uma incrível demonstração dos benefícios do estilo
de vida adventista, o Dr.
Cedric Ross Hayden chegou
ao topo do Everest em uma
rápida escalada de sete horas, a partir da
base avançada (a 8.200 metros), chegando ao topo às cinco horas da manhã do
dia 20 de maio de 2007. Desse modo, ele
completou um programa de seis anos
ao escalar o ponto mais alto de cada um
dos sete continentes (além de esquiar
ESTIVE LÁ: Cedric Ross Hayden
nos pólos Norte e Sul).
Embora aproximadamente duas mil
retorna de sua escalada ao Everest.
pessoas tenham chegado ao topo do
Everest, apenas algumas chegaram ao ponto mais alto dos sete continentes, e menos
de uma dúzia de atletas no mundo completaram a Maratona dos Sete Pontos Mais
Altos e os Dois Pólos. Hayden é membro desse grupo de elite e o único adventista do
sétimo dia a realizar tal façanha.
Além de alcançar o cume, Hayden foi cerca de dois quilômetros além, durante
a escalada, onde extraiu um dente infeccionado de um amigo alpinista, usando um
canivete suíço e fórceps emprestados a aproximadamente seis mil metros de altura,
no Everest.
Hayden, que é membro da Igreja Adventista do Sétimo Dia de Fall Creek, Óregon, EUA, foi recentemente convidado a falar sobre sua conquista, diante da sociedade médica do país, onde várias centenas de médicos estavam presentes. No fim da
apresentação, os médicos bombardearam Hayden com perguntas sobre seu treinamento, exercício, dieta e filosofia.
Na verdade, como foi mencionado no artigo de capa da Adventist World de novembro de 2007, esse atleta cristão está “sonhando com novas maneiras de cumprir
a missão.”
— Narrado pelo correspondente de comunicação da Igreja Adventista do Sétimo Dia
Fall Creek, em Fall Creek, Óregon, Estados Unidos.
“Eis que cedo venho…”
Nossa missão é exaltar Jesus Cristo, unindo os
adventistas do sétimo dia de todo o mundo numa só
crença, missão, estilo de vida e esperança.
Editor
Adventist World é uma publicação dos Adventistas
do Sétimo Dia, editada pela Igreja Adventista na
Coréia e pela Associação Geral.
Editor Administrativo
Bill Knott
Editor Associado
Claude Richli
Gerente Internacional de Publicação
Chun, Pyung Duk
Comissão Editorial
Jan Paulsen, presidente; Ted N. C. Wilson, vice-presidente;
Bill Knott, secretário; Armando Miranda; Pardon K.
Mwansa; Juan Prestol; Charles C. Sandefur; Don C.
Schneider; Heather-Dawn Small; Robert S. Smith;
Robert E. Kyte, assessor jurídico
Comissão Coordenadora da Adventist World
Lee, Jairyong, presidente; Akeri Suzuki; Donald Upson;
Guimo Sung; Glenn Mitchell; Chun, Pyung Duk
Editor-Chefe
Bill Knott
Editores em Silver Spring, Maryland
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Stephen Chavez, Mark A. Kellner, Kimberly Luste Maran
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Laurie J. Evans, Alberto C. Gulfan, Jr., Erton Köhler,
Jairyong Lee, Israel Leito, Geoffrey G. Mbwana, Paul
S. Ratsara, Don C. Schneider, Artur A. Stele, Ulrich W.
Frikart, D. Ronald Watts, Bertil A. Wiklander
Aos colaboradores: São bem-vindos artigos enviados
voluntariamente. Toda correspondência editorial deve ser
enviada para: 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring MD
20904-6600, EUA. Escritórios da Redação: (301) 680-6638
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Website: www.adventistworld.org
A menos que indicado de outra forma, todas as referências
bíblicas são extraídas da Versão João Ferreira de Almeida,
Revista e Atualizada no Brasil pela Sociedade Bíblica do
Brasil, 1993.
Adventist World é uma revista mensal editada simultaneamente na Coréia, Austrália, Indonésia, Brasil e Estados Unidos.
Vol. 4, No. 3
Março 2008 | Adventist World
31
Q U E
L U G A R
É
E S S E ?
O Lugar Das
AS
CAI X A D E E N T R A D A
(breves pensamentos sobre a Bíblia e nossa fé)
Pescador ou professor? Jesus chamou Seus
discípulos e lhes disse: “Eu vos farei pescadores
de homens.” Não professores de homens. Fica
bem claro que, se as pessoas não são fisgadas
no lugar onde se encontram, não podem ser
ensinadas. Hoje, muitos preferem ensinar em
igrejas em vez de sair para pescar.
Embora ensinar seja um dos dons proféticos,
creio que não podemos ensinar antes de pescar.
No evangelismo, apreciamos quando alguém
prepara o caminho antes de nós; esperamos
pela liderança e um João Batista. Se o terreno
não estiver preparado ou o caminho aberto, o
trabalho não prossegue.
Retardamos a segunda vinda de Cristo
com sentimentos e desculpas. O Senhor chama
você e a mim, e pergunta: “Quem há de ir por
Mim, hoje?”
—Opeyemi Ogunjimi, África
A R V I N
M A G B U H AT
PESS
VIDA ADVENTISTA
Quando minha sobrinha Heather tinha três anos de idade,
gostava de memorizar, durante a semana, o versinho bíblico
do sábado seguinte. Um dia, casualmente, seu pai deixou uma
escada encostada em um grande barril de óleo diesel. Heather,
aproveitando a oportunidade, subiu rapidamente até o topo.
Quando seu pai retornou, ficou muito preocupado ao ver a
filhinha em pé, em cima do barril.
− Como você conseguiu subir aí? – perguntou, apavorado.
− Posso todas as coisas nAquele que me fortalece! – respondeu prontamente a garotinha.
—Mildred White, Hayden, Idaho, Estados Unidos
FRASE
DO
MÊS
“Você nunca pode subir
tão alto que seja incapaz
de pecar, e nunca pode
descer tão fundo que seja
incapaz de subir.”
—Pastor Gary Rustad, secretário associado da Divisão Ásia-Pacífico Sul,
durante o concílio anual da União-Missão do Sul Asiático, em Cingapura,
no dia 21 de novembro de 2007.
RESP O S TA : Em Dubai, Emirados Árabes Unidos, adventistas do sétimo dia que fazem parte de um programa de intercâmbio de visitação a outras igrejas de Dubai. Os adventistas daquele país glorificam e servem a Deus com muito entusiasmo.
Muitos dos membros das igrejas em Dubai vieram de diferentes países do mundo e reúnem-se para adorar a Deus.