Um ano estratégico
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Um ano estratégico
Impresso fechado, pode ser aberto pela ECT Impresso Especial 9912285067/2011-DR/CE Publicação do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Ceará Ano V n No 55 n DEZEMBRO/2011 FIEC CORREIOS 3 Um ano estratégico Incertezas do cenário econômico internacional preocupam, mas as perspectivas são positivas para o Ceará. Os investimentos para a Copa do Mundo de 2014 e o fortalecimento da indústria da construção devem impulsionar o crescimento no próximo ano Publicação do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Ceará DEZEMBRO 2011 | No 55 ........................................................................................ Congresso Nacional 08 Pense como um líder. Aja como um líder. Faça o curso Estratégias para Inovação em Novos Mercados do Programa Educação Executiva IEL e aperfeiçoe seus conhecimentos sobre o mundo empresarial. A FIEC participou em Brasília, ao lado de outras federações de indústrias, do Plantão Legislativo, movimento organizado pela CNI Serviços 12 IEL expande portfólio De olho na competitividade, o IEL está mudando de estratégia e se antecipando às demandas das empresas Inovação 14 Relação universidade-empresa 2 Edição Wharton School 22 a 24 de março de 2012 Aquiraz/CE, Brasil a Parceria entre o IEL e a Wharton School. Ministrado no Brasil, por professores da Wharton com conteúdo programático que contempla temas sobre estratégias para o mercado global, desafios gerenciais e inovação. A metodologia combina aulas expositivas, estudos de caso, trabalhos e discussões em grupos. IEL/CE Tel.: (85) 3421-6520 / 3224-0868 – Fax: (85) 3421-6507 [email protected] Cenário positivo na incerteza Mesmo com a crise internacional, a tendência é de crescimento econômico para o Brasil e o Ceará Copa do Mundo 18 História Ritmo de obras preocupa Com exceção do Castelão, nenhuma intervenção prevista nas áreas de mobilidade urbana e de infraestrutura turística tiveram início 42 Pão da vida Alimento dos mais antigos feitos pelo homem, o pão está presente em todas as culturas e é consumido por todas as classes sociais Construção de lajes 17 24 Curso com tradução simultânea e materiais em português e inglês. Vagas limitadas. Inscreva-se pelo site www.iel.org.br/eduexecutiva. 30 Universidade de Ben-Gurion, em Israel, dará consultoria à FIEC visando consolidar a relação universidade-empresa Método permite economia Empresário cearense Joaquim Caracas adota método para potencializar economia na construção de lajes China Estratégias para Inovação em Novos Mercados CAPA De olho no oriente Acompanhando o movimento global da economia, a FIEC organizou missões à China na busca de novos negócios 40 SESI/CE é reconhecido Com menos de três anos da adoção de novo modelo de gestão, SESI é um dos vencedores do Prêmio Ceará de Excelência em Gestão Seções MensagemdaPresidência........5 Vale 36 Gestão Foto: JOSÉ SOBRINHO Sair da zona de conforto amedronta ou incentiva você? Plantão Legislativo Oportunidades para fornecedores Empresa quer se tornar a maior mineradora do mundo e, para isso, terá de superar desafios logísticos no eixo norte Notas&Fatos..............................6 Inovações&Descobertas.........11 Dezembro de 2011 | RevistadaFIEC | 3 Fernandes, Geraldo Bastos Osterno Júnior, Hélio Perdigão Vasconcelos, Hercílio Helton e Silva, Ivan José Bezerra de Menezes, José Agostinho Carneiro de Alcântara, José Alberto Costa Bessa Júnior, José Dias de Vasconcelos Filho, Lauro Martins de Oliveira Filho, Marcos Augusto Nogueira de Albuquerque, Marcus Venicius Rocha Silva, Ricard Pereira Silveira e Roseane Oliveira de Medeiros. CONSELHO FISCAL Titulares Francisco Hosanan Pinto de Castro, Marcos Silva Montenegro e Vanildo Lima Marcelo Suplentes Fernando Antonio de Assis Esteves, José Fernando Castelo Branco Ponte e Verônica Maria Rocha Perdigão. Delegados da CNI Titulares Fernando Cirino Gurgel e Jorge Parente Frota Júnior Suplentes Roberto Proença de Macêdo e Carlos Roberto Carvalho Fujita. Superintendente geral do Sistema FIEC Paulo Studart Filho Serviço Social da Indústria — sesi CONSELHO REGIONAL Presidente Roberto Proença de Macêdo Delegados das Atividades Industriais Efetivos Marcos Silva Montenegro, Alexandre Pereira Silva, Carlos Roberto Carvalho Fujita, Cláudio Sidrim Targino Suplentes Pedro Jacson Gonçalves de Figueiredo, Marcus Venicius, Coutinho Rodrigues, Ricardo Nóbrega Teixeira, Vicente de Paulo Vale Mota Representantes do Ministério do Trabalho e Emprego Efetivo Júlio Brizzi Neto Representantes do Governo do Estado do Ceará Efetivo Denilson Albano Portácio Suplente Paulo Venício Braga de Paula Representantes da Categoria Econômica da Pesca no Estado do Ceará Efetivo Elisa Maria Gradvohl Bezerra Suplente Eduardo Camarço Filho Representante dos Trabalhadores da Indústria no Estado do Ceará Efetivo Pedro Valmir Couto Suplente Raimundo Lopes Júnior Superintendente Regional Francisco das Chagas Magalhães Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial — senai CONSELHO REGIONAL Presidente Roberto Proença de Macêdo Delegados das Atividades Industriais Efetivos Aluísio da Silva Ramalho, Ricard Pereira Silveira, Edgar Gadelha Pereira Filho, Ricardo Pereira Sales Suplentes Luiz Eugênio Lopes Pontes, Francisco Túlio Filgueiras Colares, Paula Andréa Cavalcante da Frota, Luiz Francisco Juaçaba Esteves Representante do Ministério da Educação Efetivo Cláudio Ricardo Gomes de Lima Suplente Samuel Brasileiro Filho Representantes da Categoria Econômica da Pesca no Estado do Ceará Efetivo Paulo de Tarso Teófilo Gonçalves Neto Suplente Eduardo Camarço Filho Representante do Ministério do Trabalho e Emprego Efetivo Júlio Brizzi Neto Representante dos Trabalhadores da Indústria no Estado do Ceará Efetivo Francisco Antônio Ferreira da Silva Suplente Antônio Fernando Chaves de Lima Diretor do Departamento Regional Francisco das Chagas Magalhães Instituto Euvaldo Lodi — IEL Diretor-presidente Roberto Proença de Macêdo Superintendente Vera Ilka Meireles Sales Coordenação e edição Luiz Carlos Cabral de Morais ([email protected]) Redação Ângela Cavalcante ([email protected]), G evan Oliveira ([email protected]), Luiz Henrique Campos ([email protected]) e Ana Paola Vasconcelos Campelo ([email protected]) Fotografia José Sobrinho e Giovanni Santos Diagramação Taís Brasil Millsap Coordenação gráfica Marcograf Endereço e Redação Avenida Barão de Studart, 1980 — térreo. CEP 60.120-901. Telefones (085) 3421-5435 e 3421-5436 Fax (085) 3421-5437 Revista da FIEC é uma publicação mensal editada pela Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia (AIRM) do Sistema FIEC Coordenador da AIRM Luiz Carlos Cabral de Morais Tiragem 5.000 exemplares Impressão Marcograf Publicidade (85) 3421-5434, 9187-5063, 8857-1594 e 8786-2422 — [email protected] e [email protected] Endereço eletrônico www.sfiec.org.br/publicacao/ revistadafiec Revista da FIEC. – Ano 5, n 55 (dez. 2011) – Fortaleza : Federação das Indústrias do Estado do Ceará, 2008 v. ; 20,5 cm. Mensal. ISSN 1983-344X 1. Indústria. 2. Periódico. I. Federação das Indústrias do Estado do Ceará. Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia. CDU: 67(051) 4 | RevistadaFIEC | Dezembro de 2011 MensagemdaPresidência Roberto Proença de Macêdo Acelerar em 2012 Em 2011, foram feitos levantamentos, análises e A articulação dos setores produtivos entre si e com estudos das necessidades de mão de obra para a indústria, as universidades deverá produzir condições atrativas contemplando em um primeiro momento o horizonte de para trazer de volta parte significativa dos talentos que 2014. Em função disso, a CNI preparou planos para atender o Ceará tem exportado ao longo dos anos. O retorno às demandas de formação de mão de obra, em número, qua- desses conterrâneos, que encontraram em outros lugalidade e especialidade em todo o país. res as oportunidades que não tiveram aqui, aumentará o Neste sentido, aqui no Ceará, estão sendo destinados mais nosso capital humano, acelerando nossa caminhada em de cem milhões de reais ao SENAI, SESI e IEL para a constru- busca do desenvolvimento. ção de novas estruturas e ampliação das existentes, tanto na A questão do desenvolvimento do Ceará está na agencapital como em polos do interior. da do Conselho Estratégico da São escolas, laboratórios, centros FIEC. Na reunião do último de capacitação setoriais e dois insdia 12, os Conselheiros deO setor produtivo titutos SENAI, um de Tecnologia e monstraram preocupação com tem a consciência de o outro de Inovação nas áreas de a dinâmica da economia estatecnologias construtivas, esse para dual, quando comparada com que as potencialidades do prestar serviços em nível nacional. os avanços de outros estados Ceará para serem efetivadas O protagonismo empresarial, nordestinos. Propostas de ações requerem que o comércio, como propulsor da inovação, da do setor industrial estão sendo melhoria de processo e do aumenpensadas, com vistas à reversão o agronegócio, os serviços to da competitividade, impõe uma desse quadro. e a indústria trabalhem de visão estratégica de médio e lonAssim como o Conselho Esgo prazo para o planejamento e a tratégico, também está sendo forma integrada. execução. O setor produtivo tem a redimensionado o Instituto de consciência de que as potencialiDesenvolvimento Industrial do dades do Ceará para serem efetivadas requerem que o co- Ceará (INDI), com a tarefa de contribuir com o trabalho mércio, o agronegócio, os serviços e a indústria trabalhem da FIEC em sua integração com os demais setores emprede forma integrada. sariais, para a dinamização da indústria no interior, a criaPor outro lado, é indispensável intensificar o nosso rela- ção de um ambiente favorável ao empreendedorismo e à cionamento com as universidades e outros centros de pes- eficiência produtiva, a prospecção do futuro e a expansão quisas e inovação, criando a ambiência propícia ao desen- e promoção da competitividade sustentável dos negócios. volvimento de uma cultura de grandes sonhos e realizações Concluímos 2011 preparados para iniciarmos o ano de consistentes, capazes de elevar a nossa competitividade aos 2012 impulsionados pela vontade de avançar com celerimelhores padrões internacionais. O primeiro passo nessa di- dade, de modo que o Ceará volte a ser visto como referênreção foi concretizado recentemente com a visita conjunta cia nacional de inovação em gestão pública e privada, por de empresários e acadêmicos a Israel que a FIEC organizou. meio do trabalho conjunto e da ação coletiva. “ “ Federação das Indústrias do Estado do Ceará — fiec DIRETORIA Presidente Roberto Proença de Macêdo 1o Vice-Presidente Ivan Rodrigues Bezerra Vice-presidentes Carlos Prado, Jorge Alberto Vieira Studart Gomes e Roberto Sérgio Oliveira Ferreira Diretor Administrativo Carlos Roberto Carvalho Fujita Diretor Administrativo Adjunto José Ricardo Montenegro Cavalcante Diretor Financeiro José Carlos Braide Nogueira da Gama Diretor Financeiro Adjunto Edgar Gadelha Pereira Filho Diretores Antonio Lúcio Carneiro, Fernando Antonio Ibiapina Cunha, Francisco José Lima Matos, Frederico Ricardo Costa Dezembro de 2011 | RevistadaFIEC | 5 q u e Notas&Fatos a c o n t e c e n o S i s t em a FI E C , n a P o l í t i c a e n a E c o n om i a Prêmio Finep SESI CIC Ceará vence EM três das cinco categorias Esporte e Cidadania reúne 2 500 pessoas Nicole Barbosa é a nova presidente Os vencedores do Prêmio Finep de Inovação 2011 da região Nordeste foram divulgados em 30 de novembro, na Federação das Indústrias do Estado da Paraíba (FIEP), em Campina Grande. O Ceará conquistou três das cinco categorias. Na categoria Micro e Pequena Empresa, venceu a BioClone Produção de Mudas. A Protensão Impacto foi a ganhadora da categoria Média Empresa. Na categoria Inventor Inovador, o vencedor foi o engenheiro cearense Joaquim Caracas. Ele criou o Sistema de Construção de Lajes PréMoldadas com a Utilização de Caixas Removíveis e Autossustentáveis em Vigotas (veja matéria na página 17), que proporciona redução de custos na construção civil. Os primeiros colocados regionais concorrem à etapa nacional no dia 15 de dezembro em Brasília. O A empresária Nicole Barbosa foi eleita presidente do Centro Industrial do Ceará (CIC). Ex-presidente do Sindicato da Indústria Editorial de Formulários Contínuos e de Embalagens Gráficas do Estado do Ceará (Unigráfica), esteve à frente de chapa única nas eleições realizadas em 6 de dezembro. Ela substitui a empresária Roseane Medeiros, presidente do Sindicato da Indústria do Curtimento de Couros e Peles do Estado do Ceará (Sindicouros). O mandato da nova diretoria do CIC é de dois anos, sem direito à reeleição. ERRAMOS A Revista da FIEC errou ao citar, na matéria Preocupação à vista (páginas 14 e 15 da edição de nº 54 – novembro/2011), o nome do presidente do Sindicato das Indústrias de Extração e Beneficiamento de Rochas para Britagem do Estádio do Ceará (Sindbrita) e presidente da Câmara Setorial Mineral, José Ricardo Montenegro Cavalcante, chamando-o de José Ricardo Cavalcante Montenegro. Foto: GIOVANNI SANTOS SESI/CE realizou a edição 2011 do Esporte e Cidadania no dia 26 de novembro, no Clube da Parceria, em Maracanaú. Esse foi o sétimo ano da iniciativa, que reuniu cerca de 2 500 pessoas e realizou 9 179 atendimentos. O evento é promovido simultaneamente em todo o país em parceria com a Rede Globo e suas afiliadas – no Ceará, com o apoio da TV Verdes Mares – para difundir o esporte como ferramenta de inclusão social e estimular a prática esportiva entre crianças, adolescentes e adultos. Foram ofertados serviços gratuitos como massoterapia, distribuição de material educativo, torneios esportivos, verificação de pressão e orientação nutricional, dentre outros. SENAI Certrem forma 29ª turma de Moleiro Júnior O Centro Regional de Treinamento em Moagem e Panificação (Certrem), unidade do SENAI, realizou em 2 de dezembro a cerimônia de formatura da 29ª turma do curso de Moleiro Júnior. O Certrem lançou ao mercado 16 novos profissionais, de 11 estados do país, capacitados com conhecimentos técnicos e tecnológicos 6 | RevistadaFIEC | Dezembro de 2011 específicos da área moageira. O curso de Moleiro Júnior desenvolve habilidades para o desempenho das atividades, incrementando a produtividade e a competitividade da indústria moageira. Cerca de 60 pessoas participaram do evento que, além da entrega de certificados, contou com descerramento da placa da turma e apresentações musicais. Sindmóveis Sindmassas Osterno Júnior é reeleito à presidÊnCIA Setor apresenta pleitos ao senador José Pimentel O empresário Osterno Júnior foi reeleito para um novo mandato de quatro anos na presidência do Sindicato das Indústrias do Mobiliário do Estado do Ceará (Sindmóveis), que conta com mais de 90 empresas associadas. Para Osterno Júnior, o número reflete o sucesso do setor no estado. Em 2010, com base em dados do Instituto de Desenvolvimento Industrial do Ceará (INDI), organismo ligado à FIEC, o setor vendeu produtos para países como Alemanha, Angola, México, França, Portugal e Estados Unidos, ficando em terceiro lugar em volume de exportações no Nordeste. O Sindicato das Indústrias de Massas Alimentícias e Biscoitos do Ceará (Sindmassas) apresentou as reivindicações do setor ao líder do governo no Congresso Nacional, senador José Pimentel (PT/CE), durante almoço na FIEC em 25 de novembro. A desoneração tributária do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) sobre o macarrão e a não aprovação de proposta de inclusão obrigatória da fécula de mandioca na farinha de trigo são os pleitos do setor. Também participaram do almoço o presidente da FIEC, Roberto Proença de Macêdo, o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Massas Alimentícias (Abima), Cláudio Zanão, e representantes do Sindicato das Indústrias da Panificação e Confeitaria do Estado do Ceará (Sindpan). Foto: GIOVANNI SANTOS O Notas&Fatos AGENDA ................................................... De 25 a 27 de janeiro, Fortaleza recebe o evento Educador Futuro, com palestrantes do Brasil e de Portugal. Promovido pela Futuro Eventos e com apoio do SENAI/CE, o encontro oferece conferências, palestras e debates em mais de 30 temas, como inovação, educação profissional e tecnológica. Informações e inscrições: www.futuroeventos.com.br / [email protected] / (41) 3033 8100 Educação n SENAI investirá 1,5 bi de reais na implantação e ampliação de unidades O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) emprestará 1,5 bilhão de reais ao SENAI. O dinheiro será investido na implantação, ampliação e modernização de 22 institutos de inovação e 65 institutos de tecnologia, além da rede de escolas e unidades móveis do SENAI. O financiamento foi anunciado em 2 de dezembro, pelo presidente do BNDES, Luciano Coutinho, na CNI. A liberação dos recursos deve ocorrer ao longo de 2012. CURTAS --------------------- n A Eternit, multinacional de materiais de construção, irá instalar sua 12ª fábrica no país no município de Caucaia, região metropolitana de Fortaleza. As obras, com investimento de 97 milhões de reais, terão início no 1º trimestre de 2012. Na primeira fase, o empreendimento irá fabricar louças sanitárias e deve gerar 330 empregos diretos. A empresa será a nona do Complexo Industrial e Portuário do Pecém. n Beberibe recebeu a 8ª edição do Caju Nordeste de 23 a 26 de novembro, com o tema Aproveitamento Integral e Sustentável das Potencialidades do Cajueiro. Além da entrega do Troféu Caju de Ouro 2011, a programação contou com cursos, oficinas, palestras e seminários. O evento é promovido pelo Instituto Caju Nordeste e teve parceria do INDI. n A FIEC sediou, em 6 de dezembro, o seminário Pré-sal e o Futuro do Brasil, realizado pela Petrobras. O objetivo foi discutir o novo marco regulatório do petróleo no país. Estiveram em pauta temas como capacidade de exploração, legislação e royalties. Dezembro de 2011 | RevistadaFIEC | 7 Congresso Nacional FIEC participa do Plantão Legislativo Movimento organizado pela CNI visa colocar a indústria brasileira mais perto das decisões políticas em Brasília, propondo caminhos que assegurem maior competitividade interna e externa ao setor industrial C erca de 80 empresários e representantes de federações de indústrias, dentre eles quatro ligados à Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), participaram no Congresso Nacional, em Brasília, do primeiro Plantão Legislativo, movimento organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), no último dia 8 de novembro, para propor caminhos que assegurem maior competitividade interna e externa à indústria brasileira em um contexto de dificuldades crescentes no campo internacional. 8 | RevistadaFIEC | Dezembro de 2011 Na sua primeira edição, o Plantão Legislativo reivindicou a tramitação de 12 projetos de lei que estão na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJC) e que são considerados prioritários para o setor produtivo nacional. Na oportunidade, o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, entregou ao presidente da comissão, deputado João Paulo Cunha (PT/SP), uma cartilha contendo os 12 projetos de lei prioritários. O deputado se comprometeu a pautar, até o final do ano, alguns projetos discutidos pela CNI na comissão. Foto: AGÊNCIA CNI Elias Souza, Sérgio Lopes, Affonso Taboza, Mauro Benevides, Robson Braga, Vicente Arruda, Frederico Hosanan, Gorete Pereira e Danilo Forte no Congresso Nacional A FIEC, por meio do Conselho de Assuntos Legislativos (Coal), participou ativamente do evento. Conforme o presidente do órgão, Affonso Taboza Pereira, o setor articulou previamente com os deputados cearenses que são membros das comissões de Constituição, Justiça e Cidadania e do Trabalho – Mauro Benevides, Vicente Arruda, Gorete Pereira, Edson Silva, Chico Lopes, Danilo Forte, Domingos Neto, André Figueiredo e Eudes Xavier – a fim de que conhecessem os 12 projetos prioritários para a indústria em tramitação e as reivindicações dos empresários, além de participarem da reunião. Os parlamentares também conversaram com o grupo e receberam a cartilha com os temas prioritários. A FIEC foi representada pelos empresários cearenses Frederico Hosanan Pinto de Castro, presidente do Sindicato da Indústria de Lacticínios e Produtos Derivados do Estado do Ceará (Sindlaticínio), e Elias Souza do Carmo, presidente do Sindicato das Empresas de Serviços do Setor Elétrico (Sindenergia), além de Affonso Taboza e do secretário executivo do Coal, Sérgio Lopes. A mobilização dos empresários em torno da causa da indústria, explica Sérgio Lopes, é a parte mais importante do Plantão Legislativo. Segundo ele, é um trabalho considerado estratégico e de muita importância que vem sendo desempenhado pela CNI e pelas federações. No âmbito estadual, a FIEC também realiza trabalho semelhante na Assembleia Legislativa, acompanhando as proposições dos parlamentares. Monitoramento O monitoramento dos poderes Legislativo, tanto no âmbito federal como estadual, é uma das ações desempenhadas pela CNI e também pelas federações para garantir a competitividade da indústria. Atualmente, a CNI acompanha 130 políticas públicas implementadas pelo governo federal e 4 500 projetos de lei que tramitam no Congresso Nacional. Esse trabalho já resultou em mais de 70 ações diretas de inconstitucionalidade (Adin) e importantes vitórias em defesa da indústria nacional. O plantão se dá mediante ações legislativas que são desenvolvidas permanentemente no Congresso por meio da mobilização de empresários das federações de indústrias para tratar de assuntos relevantes, porém pontuais, assuntos que geralmente são discutidos nas Comissões Temáticas Permanentes do Congresso Nacional. O objetivo do setor industrial é influenciar, participando de forma efetiva do processo de formatação final dos projetos de lei e mensagens do Executivo, no momento que eles tramitam nas Comissões Temáticas Permanentes da Câmara e do Senado. Dessa forma, as chances de mudar os textos das proposições legislativas aumentam consideravelmente por meio de emendas aos projetos de lei e de outros instrumentos legislativos que são legalmente utilizados. DOZE projetos prioritários À indústria 1 2 Projeto de Lei – (PL 5140/05) – Penhora on-line nas Execuções Trabalhistas e a aplicação do Princípio da Desconsideração da Personalidade Jurídica A CNI e a FIEC atuam para disciplinar o instituto da penhora on-line com a adoção de regras já existentes no âmbito da legislação processual civil e da jurisprudência consolidada no Tribunal Superior do Trabalho (TST). Sobre a desconsideração da personalidade jurídica, a CNI tem posição contrária ao uso indiscriminado e abusivo desse instituto, que desrespeita os princípios constitucionais da ampla defesa, do contraditório, da segurança jurídica, da livre iniciativa e da ordem econômica. 3 Projeto de Lei Complementar – PLP 378/06 – Prazo para Extinção da Contribuição Adicional de 10% do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) O objetivo é que seja fixado um prazo para a extinção da contribuição adicional de 10% a ser paga na demissão sem justa causa, eis que não é justificável a manutenção da mesma por tempo indeterminado. Além do FGTS não ser mais deficitário, a contribuição adicional onera em muito a carga tributária, refletindo negativamente na competitividade de produtos e serviços formalmente oferecidos. Projeto de Decreto Legislativo – PDC 2839/10 – Registro Eletrônico de Ponto Sustar a portaria do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que impõe a adoção do registro eletrônico de ponto, é uma reivindicação do setor. A edição da portaria não foi precedida de diálogo entre empregadores, trabalhadores e Poder Executivo e nem de estudo técnico eficiente acerca de eventuais problemas relativos ao controle da jornada de trabalho. Torna-se necessária a busca de uma solução normativa mais apropriada ao tema do controle da jornada de trabalho. Dezembro de 2011 | RevistadaFIEC | 9 5 4 Adoção da Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho – OIT MSC 59/08) A CNI atua para que a Mensagem 59/08, que dispõe sobre a adoção da Convenção 158 da OIT, seja rejeitada. A proteção da relação de emprego tratada pela MSC 59 está em descompasso com as práticas do mundo globalizado, que requer renovações contínuas para fazer frente às inovações tecnológicas e nos modos de produção. O Brasil já dispõe de um sistema de proteção ao trabalhador e uma compensação monetária na dispensa sem justa causa. 7 PL 7971/10 – Estabilidade provisória do empregado indicado como testemunha A CNI/FIEC tem posições contrárias à estabilidade provisória do empregado indicado como testemunha e tem atuado para rejeitar a proposição. Já existem mecanismos suficientes na ordem jurídica para reparação do dano à pessoa, inclusive sob o fundamento da dispensa em virtude de motivo discriminatório. 11 Projeto de Lei Complementar PLP 75/2003 – Concessão de medida liminar ou de tutela antecipada em matéria tributária O funcionamento eficiente do setor privado pressupõe a existência de normas claras e estáveis que garantam segurança ao investidor. Não se pode, pois, admitir, proposta que permite a concessão de medida liminar em mandado de segurança com exigência obrigatória do depósito em montante integral até o trânsito em julgado da decisão de mérito. Tal medida viola princípios e regras constitucionais (artigos 1º, 5º e 5º, XXXV da CF), prejudicando o contribuinte e fazendo tábula rasa da garantia constitucional da tutela jurisdicional adequada. Se institutos processuais eventualmente não são bem utilizados por quem os maneja, deve-se apurar e punir essa má conduta, mas nunca extirpar uma medida judicial democrática e que observa os freios e contrapesos entre os Poderes do Estado, inerentes ao regime democrático. 6 PL 4330/04 – Terceirização A CNI e a FIEC têm contribuído com propostas para compor os interesses dos trabalhadores terceirizados, das empresas contratadas e das contratantes, inserindo no ordenamento jurídico uma regulamentação necessária. A lacuna de regulamentação para a prática dos serviços terceirizados constitui fator de agravamento do desemprego, pois a incerteza quanto à possibilidade ou não de terceirizar serviços inibe investimentos e constitui mais um entrave ao desenvolvimento econômico e à geração de empregos. 8 PL 1981/03 – Participação dos sindicatos na inspeção do trabalho A CNI e a FIEC têm posições divergentes acerca da participação dos sindicatos no sistema de inspeção das disposições legais relativas às condições de trabalho e têm atuado para rejeitar essa proposta. O poder de fiscalizar e inspecionar disposições legais relativas às condições de trabalho e à proteção dos trabalhadores no exercício profissional é responsabilidade do poder público, não podendo ser transferida ou compartilhada com entidade privada. PL 6530/09 – Crédito financeiro de Imposto sobre Produtos Importados (IPI), nas aquisições de bens de uso e consumo e bens de capital A indústria defende o conceito de crédito financeiro no IPI, que assegura o creditamento não apenas dos produtos efetivamente empregados para fins de saída tributada, mas também do ativo permanente e dos itens de uso e consumo, além de estabelecer a manutenção dos créditos relativos a etapas anteriores, substituindo um complexo sistema que inclui a análise física por controle puramente contábil e evita a cumulatividade. Tributo menos complexo é tributo mais barato para o contribuinte apurar e para a administração tributária fiscalizar, com menos riscos para os contribuintes de descoberta de passivos tributários ocultos e, para o fisco, de perdas acidentais (erros) ou intencionais (sonegação) de receita. 9 PL 3401/08 – Disciplina o procedimento de declaração judicial de desconsideração da personalidade jurídica e dá outras providências A segurança jurídica é um dos fatores determinantes na tomada de decisões empresariais sobre investimentos em negócios, países ou regiões. Levando isso em consideração, a CNI desenvolveu ações na Câmara dos Deputados para aprovar, na Comissão de Desenvolvimento Econômico, projeto que estabelece regras claras para desconsideração da personalidade jurídica das empresas. O texto aprovado na comissão representa efetivo avanço na disciplina da matéria e possibilitará a correção de inúmeros abusos e equivocadas aplicações do instituto por parte do Judiciário. 12 10 PL 1018/11 – Expedição de título executivo extrajudicial pelo Departamento Nacional de Defesa do Consumidor A simplificação da executoriedade das decisões dos órgãos fiscalizadores, defendida por alguns, a pretexto de conferir rapidez e efetividade a esses atos decisórios e, notadamente, às multas aplicadas pelos órgãos de defesa do consumidor, não pode implicar violação das garantias do contraditório e do amplo direito de defesa, do devido processo legal e, fundamentalmente, do pleno acesso ao Judiciário, princípios constitucionalmente assegurados. A proposta que permite a órgãos de proteção e defesa do consumidor emitirem documento líquido, certo e exigível, e para sua inclusão no rol dos títulos executivos extrajudiciais, deve ser rejeitada, pois, além de inadequada, gera insegurança jurídica. PLP 8/03 – Despedida arbitrária do empregado A CNI/FIEC tem posições divergentes ao projeto e tem atuado fortemente para a sua rejeição. Propostas que cerceiam a liberdade do empreendedor em gerenciar seu quadro de pessoal, em vez de proteger as relações de trabalho, acabam por inviabilizar empreendimentos, comprometendo a manutenção e criação de empregos no setor formal da economia. Inovaçoes &Descobertas Polímero de milho Aço mais forte que titânio Pesquisadores brasileiros e norte-americanos desenvolveram um novo polímero (categoria de plásticos) à base de milho que substitui o bisfenol – composto usado na fabricação de embalagens plásticas de alimentos, em mamadeiras e no revestimento interno de latas e que está sendo proibido em vários países, incluindo o Brasil, por suas propriedades cancerígenas. Segundo o professor Luiz Henrique Catalani, do Instituto de Química (IQ) da Universidade de São Paulo (USP), esse novo polímero, denominado de isosorbídeo, é importante “tanto pelo fato de ser proveniente de insumos da biomassa – e, portanto, uma alternativa aos derivados de petróleo – como também por substituir o bisfenol em resinas epóxi", afirmou Catalani à Agência Fapesp. Além de várias aplicações na indústria plástica e de embalagens, a intenção é também usar a descoberta para desenvolver um suporte ao crescimento de diversos tipos de células, que representa o primeiro passo para se tentar produzir tecidos artificiais, como tecido ósseo ou para reconstituição de tímpano. Já produzido em escala comercial a partir do milho, o isosorbídeo também poderia ser obtido de outras matérias-primas, como a cana-de-açúcar. Foi inventado nos Estados Unidos um novo tratamento térmico que cria um poderoso aço, deixando-o mais forte do que as ligas de titânio usadas pela indústria. Para chegar lá, o engenheiro Gary Cola explica que elevou a temperatura do aço comum até 1 100 graus Celsius, e depois o esfriou rapidamente em água – tudo em cerca de 10 segundos. O novo aço pode ser laminado e estirado 30% mais do que os aços tradicionais e ainda preservar suas qualidades superiores. Isso significa que a descoberta pode permitir Tomada economiza energia O designer coreando Ya-Hui Chi desenvolveu uma tomada inteligente que economiza energia de uma forma simples e eficaz. Um sensor detecta, por meio da queda de passagem de energia, quando um utensílio plugado não está mais em uso. Com isso, é disparado um sinal, que então promove a desconexão entre tomada e aparelho, em um movimento de expulsão. A novidade, que está sendo chamada de Eco-socket, já está à venda no mercado asiático e deve chegar aos outros países em 2012. O produto foi um dos finalistas do prêmio LiteOn Award pelo seu design, simplicidade e, sobretudo, sustentabilidade. que a indústria automobilística construa chassis, carrocerias e monoblocos 30% mais leves sem qualquer perda de segurança para os carros. A invenção está surpreendendo até mesmo os cientistas, como o grupo de engenheiros da Universidade de Ohio, que agora trabalha para entender como ele chegou ao resultado. "O aço é o que podemos chamar de uma tecnologia madura. Se alguém inventa uma forma de tornar o aço ainda mais forte um mínimo que seja, isso já seria um grande feito”, explica o professor Suresh Babu. Travesseiro acaba com ronco Um travesseiro robô que movimenta a cabeça da pessoa enquanto dorme, fazendo com que haja a abertura das vias aéreas. Essa é a solução criada por cientistas da Universidade de Wasaeda, no Japão, para acabar com um problema que aflinge milhões de pessoas em todo o mundo: a apneia do sono – problema que pode até fazer com que a pessoa pare de respirar no meio da noite – causando o famoso ronco. Batizada de Jusui-Kun, a inovação tem o formato de um ursinho de pelúcia, mas, por dentro, possui um microfone embutido que capta o áudio do ronco e, de acordo com a intensidade do som, reage fazendo "cócegas agradáveis", como dizem os responsáveis pelo projeto, O travesseiro conta ainda com um monitor para controlar o nível de oxigênio no sangue a fim de saber a hora exata de agir para impedir os roncos. Basta colocar uma pulseira no pulso e, quando o oxigênio baixar, o ursinho vai entrar em ação. Dezembro de 2011 | RevistadaFIEC | 11 “ “ Foto: GIOVANNI SANTOS Hoje, são contatadas semanalmente entre 20 a 25 empresas. Pelo menos cinco delas recebem visita presencial de nossa equipe. Graziella Antunes de Rodriguez Rey, consultora do IEL/CE IEL/CE Mudança de estratégia expande portfólio de serviços Ao se antecipar às demandas das empresas, a entidade aumenta atendimento. Na área de Prospecção e Tendências, por exemplo, os profissionais vão às empresas divulgar e vender seus serviços D e olho na competitividade cada vez mais acirrada do mercado globalizado, o Instituto Euvaldo Lodi (IEL/CE), entidade componente do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), mudou de estratégia e está se antecipando às demandas das empresas, expandindo seu portfólio de serviços e de atendimentos. Na área de Prospecção e Tendências, gerenciada por Margaret Lins Teixeira, por exemplo, o foco deixou de ser exclusivamente a execução de pesquisas solicitadas por outras instituições. Agora, os profissionais vão ao mercado divulgar e vender os serviços colocados à disposição pelo IEL. A postura proativa, iniciada há pouco mais de um mês, já impacta no quantitativo de clientes do IEL/CE. “Antes, cerca de três a quatro empresas por semana buscavam a entidade para obter informações sobre as pesquisas. Hoje, são contatadas semanalmente entre 20 a 25, sendo que pelo menos cinco delas recebem visita presencial de nossa equipe”, observa a consultora Graziella Antunes de Rodriguez Rey. 12 | RevistadaFIEC | Dezembro de 2011 Segundo ela, dentre os serviços que mais têm atraído clientes para o IEL/CE estão novos produtos como pesquisa de mercado, pesquisa de clima organizacional e pesquisa de satisfação de clientes internos e externos. “Quando Margaret decidiu abrir os serviços ao mercado, usou como ponto de partida pesquisa publicada recentemente sobre as cem melhores empresas para trabalhar no Ceará. Depois, cada empresa que visitávamos acabava indicando outra e nossa agenda foi se ampliando”, diz Graziella Antunes. Com o esforço, existem vários trabalhos sendo formatados, outros em fase de aplicação e dois concluídos. Um deles – uma pesquisa de avaliação de desempenho – foi aplicada para 83 funcionários da Fotosensores. Outro trabalho, de pesquisa de mercado, foi desenvolvido para a DCH Construtora e Empreendimentos Ltda. com o objetivo de avaliar a receptividade da população pela construção de um empreendimento residencial no município de Horizonte, na região metropolitana de Fortaleza. “Com o trabalho do IEL, tive o embasamento técnico e científico que precisava para me sentir mais seguro e tomar decisões na formatação do empreendimento. A pesquisa mostrou, inclusive, a faixa salarial dos potenciais clientes do residencial”, destaca o empresário Pompeu Costa Souza Gurgel, proprietário da construtora, que lançou recentemente o condomínio de casas Germana Gurgel III, no Eusébio. Pompeu Gurgel, que comercializou em 2004 um loteamento no mesmo município, reconhece que sentiu dúvidas em contratar a pesquisa. “No primeiro momento, achei desnecessária, até porque já havia vendido um loteamento por lá. Depois, surgiram dúvidas a partir de contatos que tive com imobiliárias e outras empresas que atuam naquele mercado”, admitiu o empresário, que garante estar satisfeito com o trabalho de convencimento e de pesquisa dos profissionais do IEL. Além da qualidade das pesquisas realizadas, o Instituto se diferencia do mercado em relação à flexibilidade do trabalho porque trabalha desde a concepção da pesquisa, aplicação e tabulação, até a análise dos dados e a conclusão do diagnóstico. Porém, de acordo com a preferência do cliente, pode desenvolver apenas a parte do processo de pesquisa. “No caso da DCH, a aplicação da pesquisa de campo foi feita por pessoas da própria construtora, o que acabou barateando o trabalho”, diz Graziella Antunes, para quem o IEL trabalha com preços até 15% mais baixos do que a média do mercado. A área de Prospecção e Tendências do IEL/CE trabalha também com pesquisas qualitativas e quantitativas de satisfação, de opinião, de clima organizacional e personalizadas, dentre outras modalidades, além de realizar estudos socioeconômicos setoriais. Serviço Para informações e contratação de pesquisas, ligue (85) 3421 6502 ou 3421 6503. Ceará O desafio da inovação FIEC contrata consultoria da universidade de Ben-Gurion, em Israel, para consolidar a relação universidade-empresa no Ceará É redundante afirmar que a inovação impulsiona a competitividade. Principalmente na indústria, essa premissa é ratificada dia a dia, do chão de fábrica aos dividendos adicionais captados a partir da exportação e da expansão das vendas no mercado interno. O desafio que se impõe nessa equação é consolidar a inovação no cenário empresarial. Conhecedora de que o caminho para sedimentar a cultura inovadora é a parceria entre os setores acadêmico e produtivo, a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) foi buscar as formas de promover essa integração em Israel, onde a relação universidade-empresa é responsável pela trajetória crescente de desenvolvimento que se instalou no país nos últimos 30 anos. Durante quatro dias, de 14 a 17 de novembro, o presidente da FIEC, Roberto Proença de Macêdo, liderou a comitiva cearense composta de empresários e representantes do meio acadêmico em missão a Israel. Organizada pelo Instituto de Desenvolvimento Industrial do Ceará (INDI), em parceria com a Universidade de Ben-Gurion, a visita fez valer seu objetivo de identificar como Israel trabalha e convive fazendo o desenvolvimento acontecer com base no relacionamento entre a universidade e o meio empresarial. Desde a fundação do estado de Israel em 1948 – e até os dias de hoje –, os sucessivos governos fizeram dos investimentos em ciência e tecnologia a principal ferramenta para o crescimento nacional, reforçando sua capacidade competitiva e criando, ainda, mecanismos para estimular a atuação da iniciativa privada. Hoje, como resultado dessa conjugação de esforços, a indústria israelense se caracteriza pela forte presença nos setores de alta tecnologia, aviônica, telecomunicações, manufatura, equipamentos médicos eletrônicos e de fibra óptica. Atualmente, a indústria high-tech de Israel responde por 12% do Produto Interno Bruto (PIB) e por mais de 80% das exportações. O foco do país na inovação tecnológica visa suprir deficiências estruturais. Sem grandes recursos naturais e cercado por vizinhos hostis, os israelenses foram obrigados, desde os primeiros anos, a definir prioridades estratégicas para garantir sua sobrevivência e seu desenvolvimento. O maior 14 | RevistadaFIEC | Dezembro de 2011 diferencial, porém, não se resume ao avanço no 20 325 quilômetros quadrados, enquanto o campo da tecnologia. Uma das principais ca- Ceará tem 148 920 quilômetros quadrados. racterísticas da inovação em Israel é sua capaci- Ou seja, corresponde a 16% do nosso territódade de integração no cotidiano da sociedade, rio. O país tem uma população de 7,6 milhões contra 8,4 milhões do Ceará. A densidade demelhorando a qualidade de vida das pessoas. Segundo Roberto Macêdo, 30 anos atrás o mográfica é 373,9 habitantes por quilômetro governo central de Israel percebeu que preci- quadrado, contra 56,8 habitantes por quilôsava ser competente em todas as áreas para ser metro quadrado no nosso estado. Em concompetitivo porque é pobre em recursos na- trapartida, o PIB do Ceará, em 2010, foi de turais, cercado por inimigos e sua única expe- apenas 44,2 bilhões de dólares e o de Israel riência era a tecnologia bélica. “Foi então que superou os 217 bilhões de dólares. Roberto Macêdo destaca a disparidade começou a desenvolver trabalhos e a financiar pesquisas das universidades com as empresas. existente entre Ceará e Israel: “Nossas empreTudo é feito e aplicado diretamente na indús- sas têm dificuldade de identificar a academia tria. Lá, eles respiram e vivem 24 horas por dia como uma forte alavanca para seus negócios a relação academia-empresa. Não é como no por meio de parcerias para o desenvolvimenBrasil, onde as pesquisas são publicadas em re- to de tecnologias, de processos, enfim, de tudo vista internacional, o pesquisador ganha ponto que possa ser proveitoso nas universidades. Por no meio acadêmico, mas o objeto de estudo sua vez, a própria academia não tem muito innão é aplicado, ninguém sabe o resultado prá- teresse de trabalhar com o setor produtivo ou tico da pesquisa que foi feita e a sociedade não de procurar as empresas para oferecer serviço”. Além de ressaltar as diferenças e ampliar o usufrui”, compara Roberto Macêdo. A integração dos setores acadêmico e pro- conhecimento dos integrantes da missão emdutivo na produção e a aplicação do conhe- presarial, a visita a Israel foi o ponto de particimento científico em Israel refletem-se nos da para mudar a realidade do Ceará, inserindo indicadores econômicos e sociais do país. O definitivamente a inovação na estratégia de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) – desenvolvimento do estado. “Nossa Federação medida comparativa usada para classificar os está assinando um contrato de consultoria com países pelo seu grau de "desenvolvimento hu- uma dupla de professores da universidade de mano", como desenvolvidos, em desenvolvi- Ben-Gurion por um período de 12 meses para mento e subdesenvolvidos – de Israel é o mais que possamos consolidar aqui esse processo de elevado do Oriente Médio e ocupa a 27ª po- instalação da relação universidade-empresa. sição mundial. Em 2010, o PIB do país totali- Esse é o caminho para que nos tornemos mais zou 217,1 bilhões de dólares, consolidando-se competitivos”, ressalta Roberto Macêdo. Em Israel, além da universidade de Ben-Gucomo o 41º mais alto do mundo. O PIB per capita, em torno de 4 milhões de dólares/ano, rion, a comitiva da FIEC visitou outras instituições como o Centro para Empreendedorisé 22º maior do planeta. Israel é também um dos países que mais in- mo e Gestão de Alta Tecnologia (Bengis) e os vestem em P&D em relação ao seu PIB. Cerca centros universitários Sapir e Ruppin. A agenda de 4,2%, ou cerca de 9 bilhões de dólares, são também proporcionou aos visitantes conhecer aplicados anualmente em inovação. Em rela- como funciona o programa governamental ção ao porte das empresas, 85% dos investimentos de Israel são voltados às pequenas Ciência, tecnologia e inovação em Israel e médias empresas e apenas 15% se destinam às grandes. Principais dados1985 2000 2005 2009 Outro diferencial diz respeito Gasto com P&D % do PIB 2,5% 4,2% 4,2% 4,2% às exportações: 42% delas são Participação do setor privado nos gastos 48% 71% 69% 79% de produtos de alta tecnologia. Participação dos trabalhadores em P&D 16% 26% 23% 25% Em 2009, o país somou 7 745 Exportação de produtos de alta tecnologia 37% 53% 46% 42% patentes registradas. Total de patentes 4 457 6 740 5 895 7 745 Traçando um comparativo com o Ceará, são grandes as diFonte: Centro Bureal of Statistics - Israel ferenças. A área de Israel mede Dezembro de 2011 | RevistadaFIEC | 15 Não há mais dúvidas de que a aproximação entre a academia e o setor produtivo é o caminho para desenvolver a inovação, mas o grande desafio é como promover essa integração. Carlos Matos Lima, diretor geral do INDI Israel, o Ceará deve criar incentivos para estimular a integração”, acrescenta Carlos Matos. Os pesquisadores israelenses são estimulados financeiramente, chegando a ter 40% de participação nos lucros advindos de sua inovação. Existe também um programa de governo que incentiva a formação de incubadoras tecnológicas multissetoriais. No último ano de faculdade, o governo coloca os alunos para aplicar seus projetos dentro das empresas e, a partir dessa experiência, todos saem praticamente empregados. Segundo Carlos Matos, outro ganho em relação à visita foi a possibilidade de formação de joint ventures com empresas israelenses que demonstraram interesse em estabelecer parcerias com o Ceará e o Brasil. Inovação em dobro Empresário cearense descobre como potencializar método que já permite economia de mão de obra e concreto na construção de lajes S empre em busca de novas soluções para baratear custos, diminuir tempo de execução e otimizar a obra, a construção civil mostra competência para criar processos inovadores. Dentre aqueles com maior aceitação mundial está a laje nervurada, que substitui com sucesso as tradicionais lajes maciças. A estrutura apresenta formato de colmeia e é, por definição normativa (ABNT NBR 6118:2003), “lajes moldadas no local ou com nervuras pré-moldadas, cuja zona de tração é constituída por nervuras entre as quais pode ser colocado material inerte (vergalhões)”. Esses materiais de enchimento entre as nervuras visam diminuir o peso próprio da estrutura e melhorar o acabamento, quando comparado com a laje maciça tradicional. Por requererem menos vigas de sustentação, as lajes nervuradas são indicadas, sobretudo, quando as obras necessitam de vãos livres, como nos estacionamentos e edifícios de escritório. Sua estrutura em forma de colmeia apresenta espaços não preenchidos, sendo mais leve e econômica que as lajes maciças. Em algumas obras, a economia de material chega a 20%. “A laje nervurada é uma excelente solução estrutural que apresenta rápido processo de execução, produtividade alta e redução do peso da estrutura, além de suportar grandes sobrecargas”, explica o engenheiro cearense Joaquim Caracas, proprietário da Impacto Protensão, empresa responsável por difundir essa técnica no Ceará e em vários outros estados brasileiros. No último dia 30 de novembro, ele recebeu, na cidade de Campina Grande (PB), o prêmio Finep de Inovação 2011 como vencedor da categoria Inventor Inovador pelo projeto Sistema de Construção de Lajes Pré-moldadas com a utilização de caixas removíveis e autossustentáveis. Foto: JOSÉ SOBRINHO “ Construção de lajes “ Magnet, que atua na formação de consórcios universidade/empresa para a inovação, e o programa Magneton, referência na produção de alumínio com baixo consumo de energia a partir da utilização de magnésio – um recurso natural abundante no Mar Morto. “A nova tecnologia reduz em 30% o consumo de energia durante o processo produtivo do alumínio”, sublinha Carlos Matos Lima, diretor geral do INDI. De acordo com ele, o Instituto assume uma nova face a partir das novas estratégias a serem empreendidas pela FIEC visando promover o investimento integrado em inovação no Ceará. Ele diz que a contratação da consultoria para promover a relação universidade-empresa no estado tem no INDI seu principal articulador. “A missão a Israel foi um importante passo decorrente da decisão estratégica da FIEC de concentrar esforços em prol da inovação. Não há mais dúvidas de que a aproximação entre a academia e o setor produtivo é o caminho para desenvolver a inovação, mas o grande desafio é como promover essa integração”, entende Carlos Matos. “Não podemos simplesmente copiar o que foi feito em Israel. É preciso criar nosso próprio sistema de inovação num esforço integrado dos governos com as empresas e a universidade. A missão a Israel ajudou o Ceará a ganhar tempo. A experiência do país fala por si só, daí porque decidimos queimar etapas para construir nosso próprio modelo nessa relação. A exemplo de Joaquim Caracas: "A laje nervurada é uma excelente solução estrutural que apresenta rápido processo de execução, produtividade alta e redução do peso da estrutura, além de suportar grandes sobrecargas" Invento potencializado A pesar de a ideia apresentar praticidade e economia de aço e concreto já amplamente reconhecidas, Joaquim Caracas e o seu sócio, engenheiro Marcelo Silveira, perceberam que ainda era possível potencializar o invento. Em seu escritório na capital cearense, Fortaleza, descobriu, após seis meses de cálculos em softwares de simulação, que rotacionando em 45º as formas utilizadas para pré-moldar a laje nervurada era possível obter uma economia de até 24% de concreto, em comparação ao sistema de lajes nervuradas convencionais, e de 37% em relação ao sistema de lajes maciças. Além do ângulo diferente, Joaquim Caracas explica que há necessidade de inserir formas com uma terceira nervura preenchida com vergalhões – as normais funcionam com duas. A intenção é substituir as vigas, motivo principal da economia. “O sistema é baseado no princípio do fluxo natural de cargas que devem convergir aos seus apoios na maneira mais direta possível”, explica. Na prática, a terceira nervura na forma serve para direcionar o peso da laje para os pilares e não para as vigas, como na ideia original. No geral, há diminuição da espessura final da laje, menor deformação e redução de mão de obra de carpinteiros e armadores. A novidade, que foi patenteada e batizada de Sistema Tridirecional de Lajes Nervuradas, foi apresentada em novembro no 53° Congresso Brasileiro do Concreto, realizado em Florianópolis (SC). Joaquim Caracas diz que sua empresa já foi contratada para aplicar a inovação em obras nas cidades de Fortaleza (CE), Rio de Janeiro (RJ) e Brasília (DF). Dezembro de 2011 | RevistadaFIEC | 17 Copa do Mundo Mundial conseguirá se deslocar até o Castelão? A reforma do Aeroporto Internacional Pinto Martins ficará pronta a tempo? Quando começarão a pavimentação e a ampliação das avenidas que darão acesso ao estádio, aos pontos turísticos e à rede hoteleira? Como está o cronograma de instalação do veículo leve sobre trilhos (VLT)? Todos esses projetos estão previstos na Matriz de Responsabilidades. O documento, assinado em 13 de janeiro de 2010 pelo então ministro do Esporte, Orlando Silva, além de 11 prefeitos e 12 governadores, define as responsabilidades de cada ente federativo na preparação do evento, apontando e destinando recursos para obras prioritárias de infraestrutura nas 12 cidades que irão receber os jogos da Copa do Mundo, como aeroportos, portos, mobilidade urbana, estádios e hotelaria. No Ceará, os projetos de mobilidade urbana previstos na matriz somam recursos da ordem de 1,58 bilhão de reais. Segundo Ferrúcio Feitosa, todas as ações do estado “estão em andamento ou em conclusão” e em breve irão melhorar a vida dos cearenses, além de possibilitar a realização dos eventos que irão destacar e colocar o Ceará na rota do turismo nacional e internacional. O coordenador do Programa de Transporte Urbano de Fortaleza (Transfor), Daniel Lustosa, também garante que os projetos de competência da prefeitura estão dentro do cronograma, com início das obras previsto entre o fim de dezembro deste ano e o início de janeiro de 2012. "Sem atraso" S À exceção do estádio Castelão, nenhuma obra de infraestrutura turística e de mobilidade urbana, fundamentais para o porte dos eventos esportivos que se aproximam, começou até agora. E isso é preocupante Foto: JOSÉ SOBRINHO Que comecem as obras Foto: JOSÉ SOBRINHO O Castelão será um dos estádios mais modernos do mundo e o maior do Norte/Nordeste egundo Daniel Lustosa, no contexto das competências da prefeitura englobadas na matriz, Fortaleza sofrerá intervenções na Via Expressa (corredor Norte/Sul) e nas avenidas Raul Barbosa, Dedé Brasil, Alberto Craveiro e Paulino Rocha. As obras totalizam investimentos de 261,50 milhões de reais. “Em primeiro lugar, trabalharemos no eixo Via Expressa com a Raul Barbosa, que visa interligar o setor hoteleiro da Beira-Mar ao Castelão, passando pelo Aeroporto Pinto Martins até o POR ÂNGELA CAVALCANTE E m menos de dois anos, o Ceará será palco, ou melhor, será o gramado pelo qual rolará a bola de pelo menos três partidas da Copa das Confederações, a ser realizada entre 15 e 30 de junho de 2013. No ano seguinte, o estado vai sediar seis jogos da Copa do Mundo. Nesse período, os olhares de todo o Brasil e do mundo estarão voltados à capital cearense, Fortaleza. Serão gerados empregos, a economia estará mais aquecida do que nunca e o turismo experimentará uma movimentação histórica sem precedentes. Mas até lá, muitos preparativos ainda precisam ser providenciados, como obras de infraestrutura turística e de mobilidade urbana - fundamentais para o porte dos eventos esportivos que se aproximam. De acordo com a Secretaria Especial da Copa (Secopa), vinculada ao governo estadual, as obras de reforma, modernização e ampliação do estádio Plácido Aderaldo Castelo (Castelão) – 18 | RevistadaFIEC | Dezembro de 2011 orçadas em 518,606 milhões de reais – foram intensificadas. O estádio já alcançou 50,09% de execução e possui duas das quatro etapas terminadas. A primeira fase foi concluída no dia 20 de agosto e inaugurada oficialmente no dia 11 de novembro. A etapa II do projeto foi encerrada este mês. As etapas III e IV terminaram em novembro com 38,34% e 13,29% de conclusão, respectivamente. A previsão do titular da Secopa, Ferrúcio Feitosa, é fechar 2011 com 53% da obra concluídos. “Vamos entregar o maior estádio do Norte/Nordeste e um dos quatro maiores da Copa do Mundo. Será um dos mais modernos e melhores do planeta”, antecipa o secretário. Mas, enquanto as obras do Castelão seguem em ritmo acelerado, nenhuma obra de infraestrutura ou de mobilidade urbana tinha começado até o momento que esta matéria era fechada. E isso preocupa. Muito. Sem infraestrutura de acesso, como a multidão de torcedores que virá assistir ao Todo o trecho da Alberto Craveiro até o Castelão será alargado para 45 metros, passando a ter quatro faixas de trânsito por sentido terminal da Parangaba. Essa obra prevê a restauração da Via Expressa, com a retirada dos semáforos e a instalação de túneis: um no cruzamento da Via Expressa com a avenida Santos Dumont e outro no cruzamento da avenida Padre Antônio Tomás”, explica Daniel Lustosa. Na continuação da Raul Barbosa, a prefeitura vai reformar a pista e construir um viaduto no entroncamento com a avenida Murilo Borges. E mais: todo o trecho da Alberto Craveiro até o Castelão será alargado para 45 metros, passando a ter quatro faixas de trânsito por sentido. No total, a Alberto Craveiro terá oito faixas. “Todas as obras terão drenagem e pavimentação novas, além da construção de ciclovias e implantação da prioridade para transporte público”, explica o coordenador do Transfor. Do Castelão ao terminal da Parangaba, a Dedé Brasil também será reformada. Serão construídos dois viadutos no bairro: um na Dedé Brasil com rua Germano Franck e outro no cruzamento da avenida Osório de Paiva. Na Paulino Rocha, será construído um túnel por baixo da rotatória do Castelão. No dia 7 de outubro foi lançada a licitação da primeira fase das obras municipais, que engloba a Via Expressa e a Alberto Craveiro, além da restauração da Dedé Brasil e da Paulino Rocha. A abertura das propostas ocorreu em novembro e duas empresas – a Delta Construções S/A e a Queiroz Galvão Construções – estão concorrendo ao processo de licitação. A perspectiva é que até o fim de dezembro seja realizada a contratação da vencedora para que as obras sejam iniciadas no começo de janeiro de 2012. Na segunda quinzena de dezembro, deve ser publicado o edital de licitação para as obras da segunda fase, referente aos viadutos da Murilo Borges com Raul Barbosa e da Dedé Brasil. A estimativa é que todo o processo licitatório termine até o fim de janeiro e que as obras sejam iniciadas em fevereiro. “Até agosto de 2013, todas as obras estarão finalizadas”, promete Daniel Lustosa. Ele acrescenta que serão priorizadas as obras de acesso ao Castelão e no seu entorno para que tudo esteja funcionando na Copa das Confederações. Dezembro de 2011 | RevistadaFIEC | 19 VLT deve começar em janeiro N a responsabilidade do governo estadual, além das obras adiantadas do estádio Castelão – motivo de orgulho para o secretário Ferrúcio Feitosa e para o governador Cid Ferreira Gomes –, estão previstas também a construção da linha do VLT ParangabaMucuripe e de duas estações de embarque e desembarque na avenida Padre Cícero e no bairro Montese. Juntas, as obras pertinentes ao estado somam 819,12 milhões de reais. “Na concepção inicial do projeto, eram previstas 18 estações para a linha sul do metrô de Fortaleza, mas conseguimos aumentar mais duas. Então, teremos agora 20 estações, no total 35 milhões de reais”, observa Ferrúcio Feitosa. Com 12,7 quilômetros de extensão, a linha do VLT Parangaba-Mucuripe pretende ligar porto, zona hoteleira, rodoviária e aeroporto. Orçadas em 330 milhões de reais, as obras, bem como as duas estações adicionais do metrô, estão prestes a iniciar, afirma a Secopa. “Está previsto iniciarmos as duas estações e também a linha do VLT em janeiro de próximo ano. E finalizaremos até junho ou julho de 2013, podendo ficar prontas já para a Copa das Confederações. Vamos trabalhar nessa perspectiva”, planeja o secretário. Maior avanço C om as duas primeiras etapas prestes a ser inauguradas, o estádio Castelão é a mais avançada obra em todos os estados, segundo a Secopa. “Fechamos novembro com 50,09% do Castelão executados. Nossa meta é chegar ao fim do ano com 53% totalmente concluídos. Além de ser um dos estádios mais modernos do mundo, é o maior do Norte/Nordeste e está entre os quatro maiores para a Copa do Mundo, com Maracanã (RJ), Mineirão (MG) e Mané Garrincha (Brasília)”, destaca. Outro mérito do projeto, ressaltado por Ferrúcio Feitosa, é a quantidade de acessos. “Passamos a ter 19 no estádio. Isso significa praticamente reduzir a zero o tempo de espera e também possibilita retirar as pessoas em caso de urgência em no máximo oito minutos”. Outro destaque é a coberta que alcança 100% dos lugares ofertados no estádio e também o material utilizado, que irá melhorar as transmissões das TVs devido à inexistência de sombreamento. A distância do torcedor para o campo de jogo, que antes ficava há 40 metros, agora vai ficar a apenas dez metros, permitindo ao torcedor interagir mais com o campo de jogo. “Tivemos de rebaixar o gramado em quatro metros e isso é exatamente para melhorar a visibilidade em qualquer ponto do equipamento”, diz o secretário. Das 1 900 vagas do estacionamento coberto previstas no projeto, o Castelão já dispõe de mil. O estádio foi dividido em quatro etapas. Duas foram entregues. A terceira tem previsão para julho de 2012 e a Foto: JOSÉ SOBRINHO impactados com os projetos da Copa de 2014, Roberto Sérgio Oliveira Ferreira, vice-presidente da FIEC e presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado do Ceará (Sinduscon/CE), está reticente em relação ao cumprimento dos prazos. “O estádio vai ficar pronto, mas a mobilidade urbana, nem que comece hoje, não dá mais tempo. São muitas desapropriações. O VLT, nós acreditamos que pode dar certo. Em termos, o projeto é simples, mas o problema são os cruzamentos das vias, que necessitam da construção de viaduto ou túnel para dar passagem”, avalia. Apesar do receio, o presidente do Sinduscon afirma que haverá maior incremento no setor da construção civil. “A tendência é que o mercado seja aquecido por conta das obras da Copa, principalmente agora que a gente tem a certeza de que vários jogos do mundial vão ocorrer em Fortaleza”, observa o empresário. “ Está previsto iniciarmos as duas estações e também a linha do VLT em janeiro de próximo ano. “ Otimista, ele não acredita em contratempos que possam atrasar o cronograma de entrega das obras. “Estamos no prazo. Até o fim de dezembro daremos a ordem de serviço para iniciar as ações em janeiro. Não consigo antevê fatores que possam causar o atraso ou a defasagem temporal do cronograma”, afirma. Para Daniel Lustosa, Fortaleza vive um “momento singular” após a confirmação da tabela de jogos. “A capital deve sediar nove jogos. Fomos agraciados duplamente (com a Copa do Mundo e a Copa das Confederações)”, comemora. Ele destaca ainda o legado de infraestrutura e de estrutura de apoio aos esportes que serão deixados pelo Mundial. “Tudo converge para que tenhamos sucesso tanto no momento dos jogos como depois devido às obras que ficarão, como drenagem, pavimentação, construção de ciclovias, acessibilidade e transporte”, completa. Representante de um dos setores produtivos mais Ferrúcio Feitosa, secretário da Secopa última para dezembro, bem antes dos jogos. “Estamos trabalhando com um cronograma de dois a dois meses e meio à frente do contrato. Além de ser o mais adiantado, o Castelão é o mais barato dos estádios públicos que estão sendo construídos para a Copa. Se dividirmos o valor investido pelo número de assentos, teremos o assento mais barato do Brasil”, reforça Ferrúcio Feitosa. Segundo ele, juntando o estádio, as obras do entorno e a operação do Castelão por oito anos o valor ainda é menor do que as obras de outros estádios. Ele afirma que o plano de governo do estado engloba também outras obras, que não estão no escopo da Matriz de Responsabilidades. “Para as áreas de transporte, turismo, segurança, saúde, tecnologia da informação, saneamento e meio ambiente temos investimentos próximos de 5 bilhões de reais. Estou considerando somente Fortaleza e região metropolitana”, diz Ferrúcio Feitosa. Novos horizontes Foto: ARQUIVO SECOPA S 20 | RevistadaFIEC | Dezembro de 2011 egundo o titular da Secopa, antes mesmo de iniciarem os jogos previstos para Fortaleza, já estão se desenhando novos horizontes para o Ceará. “Hoje, quem tem lucrado mais é a indústria da construção civil por causa da quantidade de obras, mas vamos ter a curto prazo um grande desenvolvimento, sobretudo do turismo, comércio e serviços”, projeta. O estado do Ceará e Fortaleza passaram a ter visibilidade mundial depois do anúncio de que irão sediar nove jogos. “Todos agora querem saber que cidade é essa que vai receber tantos jogos da Copa das Confederações e do Mundial. Será uma grande oportunidade de divulgar internacionalmente as potencialidades cearenses. Esse é um legado extraordinário que vamos ter, especialmente para as futuras gerações do estado. Também há investidores que estão vindo realizar negócios aqui, principalmente no setor do turismo. Vejo como uma grande oportunidade de melhorar a economia do estado do Ceará”, encerra Ferrúcio Feitosa. Dezembro de 2011 | RevistadaFIEC | 21 Governo federal A Foto: JOSÉ SOBRINHO Terminal de passageiros será construído no Porto do Mucuripe s duas obras da Matriz de Responsabilidades do governo federal em Fortaleza ainda não foram iniciadas: a ampliação do Aeroporto Internacional Pinto Martins e a construção do terminal de passageiros no Porto do Mucuripe. Com a ampliação do Pinto Martins, a área atual do aeroporto vai passar de 38 500 metros quadrados (m²) para 117 620 m² em 2014 e 133 829 m² em 2016. A capacidade será aumentada de 6,2 milhões de passageiros para nove milhões, em 2014, e 14,2 milhões em 2016. A obra de 349,8 milhões de reais está prevista para começar em janeiro de 2012 e término até dezembro de 2013, seis meses antes da Copa do Mundo. O terminal de passageiros no Porto do Mucuripe – uma obra de 149 milhões de reais – dotará o local de toda infraestrutura para receber o visitante, englobando esteiras de bagagem, lanchonetes, restaurantes, banheiros etc. Em visita a Fortaleza, o titular da Secretaria Especial dos Portos, ministro Leônidas Cristino, antecipou que entre dezembro deste ano e janeiro de 2012 a construção será iniciada. Copa do Mundo Fifa Brasil 2014 Recursos viabilizados para mobilidade urbana pelo governo federal para o Ceará Investimento total: 1,58 bilhão de reais 1. Competência: governo do estado do Ceará - 819,12 milhões de reais 3. Competência: governo federal - 498,8 milhões de reais VLT Parangaba / Mucuripe Total do projeto: 265,5 milhões de reais Porto do Mucuripe Total do projeto: 149 milhões de reais Estações: Padre Cícero e Montese Total do projeto: 35 milhões de reais Aeroporto Pinto Martins Total do projeto: 349,8 milhões de reais Reforma do Castelão Total do projeto: 518,6 milhões de reais 2. Competência: Prefeitura de Fortaleza - 261,50 milhões de reais Corredor Norte/Sul (Via Expressa) Total do projeto: 98 milhões de reais Melhoramentos da avenida Dedé Brasil Total do projeto: 41,60 milhões de reais Status da obra do Castelão Etapa I – 100% de execução Edifício-sede de dois órgãos do governo do estado (Secretaria do Esporte do Estado e do Departamento de Arquitetura e Engenharia) e primeira etapa do estacionamento Coberto 1 mais a praça de acesso do setor norte. Melhoramentos da avenida Raul Barbosa Total do projeto: 53,6 milhões de reais Etapa II – 100% de execução Segunda etapa do estacionamento e praça de acesso setor sul, além da construção da primeira bilheteria e de trecho da via que dará acesso ao estacionamento da Arena Castelão. Melhoramentos da avenida Alberto Craveiro Total do projeto: 33,70 milhões de reais Etapa III – 38,34% de execução Melhoramentos da avenida Paulino Rocha Total do projeto: 34,60 milhões de reais Etapa IV – 13,29% 22 | RevistadaFIEC | Dezembro de 2011 C M Y CM MY CY CMY K ^ ^ Comércio exterior Crescimento da economia chinesa atrai negócios em todos os mercados. Acompanhando o movimento global, a FIEC/CIN organizou missões à China para empresários cearenses Parceiro do Brasil China se tornou o principal parceiro comercial do Brasil em 2009. As exportações brasileiras para a China atingiram 30,8 bilhões de dólares em 2010, apresentando um taxa média de crescimento anual superior a 30% no período de 2005 a 2010. central dessas missões é prospectar o mercado, realizar networking. É muito raro alguém fechar um negócio. Em outras palavras, você vai para fazer contato”, diz Veridiana Soarez, analista de Inteligência Comercial do CIN/CE que acompanhou a missão à China. Para ela, a forma de negociação do empresariado chinês torna ainda mais importante uma missão prospectiva. Segundo Veridiana, o chinês valoriza o contato e a confiança na hora de fechar um negócio. “É importante manter o contato depois da viagem. O maior desafio é após a missão, realizar um follow-up dos resultados. Por isso é importante o empresário ir com foco e entender quais contatos deve consolidar”, acrescenta. No dia 8 de outubro, um grupo de 57 empresários cearenses viajou com destino à China. Estavam representados os setores ligados às atividades do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânica e de Material Elétrico do Estado do Ceará (Simec), Sindicato das Indústrias Químicas, Farmacêuticas e da Destilação e Refinação de Petróleo do Estado do Ceará (Sindquímica), Sindicato das Empresas de Reciclagem de Resíduos Sólidos, Domésticos e Industriais (Sindverde), Sindicato das Indústrias da Alimentação e Rações Balanceadas do Estado do Ceará (Sindialimentos), Sindicato das Indústrias de Serrarias, Carpintarias e Tanoarias de Fortaleza (Sindserrarias) e Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon). Ricard Pereira, presidente do Simec, destaca que os empresários de seu segmento foram focados em prospectar fornecedores de matérias-primas, como alumínio para esquadrias, em conhecer novas tecnologias e em adquirir máquinas para renovação da planta fabril. “A China é uma economia gigante e basicamente “ A ideia central dessas missões é prospectar o mercado, realizar networking. “ De olho no oriente A economia chinesa cresce. O país experimenta um processo intenso de modernização de sua economia e integração aos fluxos internacionais de comércio e investimentos. Entre 2004 e 2010, o Produto Interno Bruto (PIB) chinês aumentou, em média, 11,3%. O Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que, em 2011, o PIB da China alcance os 6,51 trilhões de dólares, o segundo maior do planeta. O desenvolvimento da economia chinesa causa profunda transformação de sua própria realidade socioeconômica, além de modificar a ordem econômica e política internacional. A relação bilateral entre Brasil e China passa por um momento intenso. Segundo relatório da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), a China se tornou o principal parceiro comercial do Brasil em 2009. As exportações brasileiras para a China atingiram 30,8 bilhões de dólares em 2010, apresentando um taxa média de crescimento anual superior a 30% no período de 2005 a 2010. As importações chegaram a 25,5 bilhões de dólares, caracterizando um saldo superavitário superior a 5,1 bilhões de dólares. Apesar dos valores expressivos, as exportações brasileiras para o mercado chinês estão concentradas, sobretudo, em matérias-primas, e as importações em produtos manufaturados de alto valor agregado. O superintendente do Centro Internacional de Negócios (CIN) da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), Eduardo de Castro Bezerra Neto, vê a China como dona de uma economia em expansão, mas com posição consolidada no mercado global. “A China já não é uma perspectiva que se tem adiante. É realidade concreta, cujas bases estão construídas no presente”, diz. De acordo com o Ceará em Comex, análise mensal publicada pelo CIN/CE, a China ocupou, em outubro, a segunda posição na lista dos países-origem das importações do Ceará e a sexta posição na lista de países-destino das exportações do estado. Diante dessa posição estratégica da China dentro da economia nacional e cearense, a FIEC, por meio do CIN, organizou duas missões de empresários cearenses com destino ao país asiático. As missões tinham dois objetivos claros: conhecer in loco empresas chinesas e dar passos iniciais para realizar negócios no país. “A ideia Veridiana Soarez, analista de Inteligência Comercial do CIN/CE Dezembro de 2011 | RevistadaFIEC | 25 Foto: ARQUIVO INDI 26 | RevistadaFIEC | Dezembro de 2011 Foto: JOSÉ SOBRINHO Embaixador Studart Filho, avalia a missão como bem sucedida. “A FIEC pôde, pela primeira vez, montar uma missão à China com efetivo expressivo de empresários e executivos, mostrando que já existe no Ceará uma visão de desenvolvimento industrial voltado à internacionalização e à globalização”, ressalta. Paulo Studart destaca a importância de visitas a grandes feiras, como a Canton Fair: “São oportunidades que facilitam a realização de negócios, o estreitamento de relações internacionais e, sobretudo, a visualização de novas oportunidades”. Outro resultado positivo, para ele, foi o relacionamento entre os empresários participantes da missão. “Eles puderam estabelecer novos contatos e promover negócios em nível local”, arremata Paulo Studart. P articipantes da missão cearense à China almoçaram, em 14 de outubro, com o cônsul geral do Brasil em Xangai, Marcos Caramuru de Paiva. Na ocasião, o diplomata firmou o compromisso de participar de reunião na FIEC. Em 21 de novembro, Marcos Caramuru esteve na reunião da diretoria plena da Federação e falou sobre as relações entre Brasil e China. O cônsul destacou a velocidade das mudanças socioeconômicas na China. “Às vezes, há a visão de que o câmbio é esse para sempre, de que a mão de obra é barata para sempre, de que a China vai ser sempre um país exportador. Isso é um equívoco”, explica. Para ele, o empresariado brasileiro precisa buscar formas de se adaptar às condições que o país asiático leva ao mercado global. “A China é um jogador novo, que joga com um baralho com vários coringas, enquanto a maioria dos países possui poucos coringas. Mas é preciso jogar. Conviver com a China vai ser inevitável pela própria atividade empresarial. Eu vejo um grande número de empresários que vai à China adquirir máquinas e equipamentos porque eles estão cada vez mais sofisticados e com preços razoáveis. Para muitos, estabelecer negócios lá é uma oportunidade muito grande, e essa oportunidade vai ser explorada”, sublinha Marcos Caramuru. Explica o diplomata que missões de empresários, como as organizadas pelo FIEC/CIN, são fundamentais para consolidar negócios no país asiático. “O contato para a criação de um ambiente de confiança é extremamente importante ao empresário chinês. Enquanto o ambiente de confiança não existe, o negócio não acontece”, resumiu. China é desafio para confeccionista “ A segunda missão organizada pelo Centro Internacional de Negócios (CIN/CE) com destino à China partiu no dia 25 de outubro, reunindo empresários do setor de confecções ligados ao Sindicato da Indústria de Confecção de Roupas e Chapéus de Senhoras do Estado do Ceará (Sindconfecções), ao Sindicato das Indústrias de Confecções de Roupas de Homem e Vestuário do Estado do Ceará (Sindroupas), ao Sindicato das Indústrias de Calçados e Vestuário de Juazeiro do Norte e Região (Sindindústria) e ao Sindicato da Indústria de Curtimento de Couros e Peles do Estado do Ceará (Sindicouros). Para o presidente do Sindconfecções, Marcus Venícius Rocha Silva, a concorrência com a indústria chinesa é um grande desafio ao setor. “O custo de produção do produto chinês é apenas de 10% a 15% menor do que o nosso, mas o custo de comercialização chega a ser 40% menor”, explica. É essa diferença no custo de comercialização que torna vantajoso para as grandes redes lojistas importar o produto acabado direto da China, aponta Marcus Venícius. Foto: JOSÉ SOBRINHO Foto: JOSÉ SOBRINHO Paulo Studart: "A FIEC pôde, pela primeira vez, montar uma missão à China com efetivo expressivo de empresários e executivos cearenses" Marcos Caramuru: "Missões de empresários são fundamentais para consolidar negócios na China" O custo de produção do produto chinês é apenas de 10% a 15% menor do que o nosso, mas o custo de comercialização chega a ser 40% menor. “ Em Xangai, a comitiva cearense realizou visita técnica à montadora Honda exportadora. Não há como fugir dessa realidade”, afirma Ricard. Segundo ele, o setor metal-mecânico cearense pode beneficiar-se das relações comerciais sino-brasileiras. “No Ceará, não produzimos máquinas operatrizes, que é o que utilizamos para fazer o nosso produto. Para nós, é uma grande vantagem poder comprar o equipamento chinês por um custo baixo para modernizar a nossa força de transformação por meio dos equipamentos e, a partir daí, gerar riqueza ao estado. Não vamos à China para simplesmente comprar um produto acabado e revender aqui”, explica. O grupo passou por Xangai, onde conheceu o porto da cidade e realizou visitas técnicas à montadora de automóveis Honda e a outras empresas dos setores metal-mecânico, químico, ambiental e de rações. Um momento de destaque da missão foi a passagem pela Canton Fair, a principal feira multissetorial da Ásia e a segunda maior feira do mundo. Localizada na cidade de Guangzhou, um importante polo industrial da China, a edição 2011 reuniu cerca de 25 000 expositores de mais de 210 países em 32 000 estandes, gerando aproximadamente 37 milhões de dólares em negócios. Segundo o CIN/CE, a missão rendeu em torno de 150 contatos a cada empresa participante, totalizando 8 550 contatos e boas perspectivas de negócios. O superintendente geral do Sistema FIEC, Paulo Marcus Venícius Rocha Silva presidente do Sindconfecções Ele avalia que a indústria de confecção brasileira, em especial a cearense, não deve em nada à capacidade industrial chinesa. “Pelas visitas que realizamos em indústrias de lá, percebemos que a tecnologia empregada é muito semelhante à nossa e os equipamentos também são iguais. O tempo operacional de costura, por exemplo, é muito próximo”, afirma. “O que dificulta a concorrência entre os países é o Custo Brasil.” Dezembro de 2011 | RevistadaFIEC | 27 “Quase 30% do que é comercializado no Brasil no setor têxtil são de origem estrangeira”, diz Marcus Venícius. Ele sugere uma proteção governamental à indústria brasileira para defender os mais de 8 milhões de empregos gerados pelos vários segmentos da cadeia têxtil no país. “Temos de reivindicar ações governamentais que dificultem a importação. Nosso produto só é mais caro por causa da carga tributária”, completa. O diretor financeiro do Sindconfecções, Herbert da Costa Velho, afirma que a indústria local é igualmente produtiva e mais versátil que a indústria chinesa. “Eles se especializaram na produção de grandes volumes, o que atrai importantes lojistas. Nós temos uma estrutura de just in time bem melhor que a deles para atender a pedidos menores”, diz Herbert, que aponta a manutenção da qualidade no processo produtivo como trunfo do empresariado cearense. Conforme ele, no cenário atual da indústria de confecção, são grandes as dificuldades ao competir com o empresariado chinês. “O governo tem de decidir: o emprego vai ficar aqui ou vai para a China?”, questiona. Bélgica, o próximo alvo C Porto de Antuérpia é o segundo maior do mundo om um PIB de 467,47 bilhões de dólares, de acordo com dados do Banco Mundial referentes a 2010, a Bélgica é uma das economias mais modernas do mundo, de base industrial e comercial diversificada. Seu parque industrial está concentrado na região de Flandres, ao norte do país. Apesar da riqueza que posiciona o país como 18º no ranking de competitividade do Fórum Econômico Mundial, é pobre em recursos naturais e importa grandes volumes de matérias-primas, exportando principalmente manufaturados. Cerca de três quartos do comércio belga são feitos com outros países da União Europeia. Assim mesmo, é expressivo o potencial para novos negócios com outros mercados fora da Europa. 28 | RevistadaFIEC | Dezembro de 2011 Com o propósito de prospectar negócios e ampliar a balança comercial do Ceará, Eduardo Bezerra visitou o país entre os dias 14 e 18 de novembro, identificando oportunidades de negócio em 12 setores industriais, que se destacam simultaneamente na economia dos dois mercados. As indústrias química, de plásticos, construção civil, tecnologia ambiental, componentes automotivos (partes de carro), fármacos, biotecnologia, suporte industrial, têxtil, alimentos e moda, além de móveis e decoração, poderão contribuir com a melhoria da qualidade dos produtos cearenses por meio da transferência de tecnologia. "O Porto de Antuérpia, na Bélgica, é o segundo maior do mundo. Ele reúne muitas indústrias que importam matérias-primas e exportam produtos acabados. Dos vários setores industriais que existem na Região de Flandres, há 12 que o Ceará tem e que podem se beneficiar por meio de parcerias com a Bélgica", explica Eduardo Bezerra. De acordo com o superintendente, Flandres é a única região da Europa na qual a crise não chegou. "A economia está funcionando normalmente. Como toda a região é bastante desenvolvida, os produtos são de alta qualidade e têm grande competitividade no mercado mundial." A Câmara da Indústria e Comércio da Região de Flandres demonstrou interesse pelo Ceará e propôs a Eduardo Bezerra que a FIEC promova uma visita de empresários cearenses à região para conhecer o porto e as indústrias e ver as oportunidades que as empresas de lá podem oferecer para melhorar nossos produtos. "Pretendemos organizar uma missão à Bélgica no primeiro semestre de 2012", planeja Eduardo Bezerra. 2012 A crise econômica internacional ainda assusta o Brasil e, mesmo com as incertezas, a tendência é de crescimento em 2012 e 2013. O que se espera é que o Brasil e o Ceará não sofram tanto os efeitos das turbulências POR PAOLA VASCONCELOS E PAULO ARAÚJO 30 | RevistadaFIEC | Dezembro de 2011 E “ Caso não ocorra um agravamento maior da crise econômica mundial, o ano de 2012 pode ser melhor do que 2011 para a indústria cearense. “ Mesmo na incerteza, cenário é positivo m agosto de 2011, o Poder Executivo enviou proposta orçamentária ao Congresso Nacional com previsão de crescimento de 5% em 2012. Depois dos abalos causados pela crise econômica europeia no mundo e de pacotes de incentivo ao consumo interno para amenizar seus efeitos, as estimativas do próprio governo brasileiro estão mais modestas, permeadas de “poréns”, sem, no entanto, serem negativas. Caso os cofres europeus não sofram novamente um quadro mais grave, a expectativa do Ministério da Fazenda é que a economia brasileira cresça entre 4% e 5% em 2012, mantidos os parâmetros atuais. Tal ritmo, segundo o ministério, será sustentado mesmo com a permanência do superávit primário de 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB) e a meta central de inflação de 4,5%. A própria presidente da República, Dilma Rousseff, repetiu várias vezes que acredita que o Brasil não será afetado pela crise europeia. Aposta no mercado interno para isso, mas, nos últimos momentos do ano passado, pregou sobriedade. Apesar do bom prognóstico de economistas e especialistas da área, que acreditam que 2012 e 2013 serão anos de crescimento, na indústria os empresários estão cautelosos. A pesquisa Investimentos na Indústria, divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), no início de dezembro, aponta que a crise externa é o principal risco aos investimentos das empresas em 2012. Para 75,7% dos empresários, as incertezas em relação ao desempenho da economia mundial podem comprometer os planos de expansão futuros. Em 2011, 42,2% das empresas adiaram ou cancelaram investimentos, principalmente por causa das turbulências econômicas. Além da crise, as empresas estão sentindo o acirramento da concorrência. Por isso pretendem aumentar os investimentos em inovação e ganhar competitividade. No próximo ano, 20,9% das empresas têm como principal foco dos investimentos a criação de produtos. O alvo de 11,6% dos empreendimentos será a implantação de novos processos. Neste ano, a criação de produtos foi o principal destino dos investimentos de 12% das empresas. A inovação em processos era a prioridade de 6,3% das indústrias. A CNI mostra que, mesmo com a crise, os empresários brasileiros estão otimistas, com 86,6% Pedro Jorge Ramos Vianna, coordenador da Unidade de Economia e Estatística do INDI Foto: JOSÉ SOBRINHO pretendendo investir em 2012. O percentual é próximo ao registrado neste ano, no qual 88,7% aplicaram recursos na ampliação das fábricas e melhoria de processos e produtos. O que acontecer no cenário internacional, inevitavelmente atingirá o Brasil e, por consequência, o Ceará. Mas o Brasil pode se considerar numa posição estratégica porque a economia está fortalecida e o país preparado para possíveis baixas. O próprio ministro Guido Mantega mantém o otimismo, entendendo que o Brasil tem condições de reagir à crise e neutralizar os seus resultados. Conforme o coordenador da Unidade de Economia e Estatística do Instituto de Desenvolvimento Industrial (INDI), instituição ligada à Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), economista Pedro Jorge Ramos Vianna, caso não ocorra um agravamento da crise econômica mundial, o ano de 2012 pode ser melhor do que 2011 para a indústria cearense. “Isso se a Europa e o próprio Estados Unidos superarem o momento de crise. Espero que seja melhor porque, no Ceará, o papel do setor público é ainda muito importante para a economia. O governo estadual tem realmente feito grandes investimentos, com recursos próprios, um montante razoável entre 3 a 4 bilhões de reais. Além disso, há os recursos da Copa de 2014, ainda não gastos na sua totalidade. A perspectiva é que se gaste algo em torno de 7 a 9 bilhões de reais no Ceará”, diz Pedro Jorge. Segundo o economista, 2012 e 2013 seriam os anos para aplicar esses recursos. Nesse período, o Ceará teria algo em torno Dezembro de 2011 | RevistadaFIEC | 31 de 10 bilhões de reais em investimentos, o que representa cerca de 14% do PIB de 70 bilhões de reais. “Isso é uma taxa de investimento muito elevada e com certeza fará com que a economia cresça”, diz Pedro Jorge. Em nível nacional, ele destaca que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal ainda continua com um comportamento modesto, uma vez que, a cada ano, gasta-se entre 10% e 15% dos recursos. “Em 2012 e 2013, o PAC deverá deslanchar e os recursos serão implementados.” No setor industrial, explica o economista, é do mesmo jeito: “Se a economia cresce, a indústria cresce também. Ao entrar recursos na economia, significa consumo e também produção; portanto, a indústria aumenta. Quanto será não é possível aquilatar, mas, certamente, crescerá mais do que em 2011”. A previsão é que os mais beneficiados sejam os setores da construção civil, mineral não metálico e metalúrgico. Se aumentar a renda da população (é o que se espera), o segmentos de calçados, vestuários e produtos alimentares também crescerão. “Talvez o mais beneficiado seja a construção civil, pelos investimentos em infraestrutura”, prevê Pedro Jorge. Dentre as dificuldades que o Brasil e o Ceará podem enfrentar, em primeiro lugar está a crise internacional. Em segundo lugar, vêm as políticas cambial, fiscal e financeira do país, com juros muito elevados. “O Brasil terá de modificar essas três políticas para que o governo seja o indutor de um maior crescimento. Não tem sentido manter o câmbio como está nem a taxa de juros tão elevada. Espero que o Banco Central consiga reduzir. É claro que o Brasil vai ter de fazer o dever de casa”, destaca o economista do INDI. Resistência brasileira é impossível que a crise internacional não afete o Brasil e o Ceará. A opinião é do economista e empresário Fernando Castelo Branco Ponte, presidente do Conselho Temático de Economia, Finanças e Tributação da FIEC. “Para quantificar a dimensão dessa influência, é preciso ter uma bola de cristal porque o cenário é incerto”, diz. O investimento do governo, explica, ameniza os efeitos da crise e a indústria nacional, com a diminuição das exportações, pode desviar sua produção para o mercado interno. De acordo com Fernando Castelo Branco, o Brasil está em boas condições para enfrentar as possíveis dificuldades e limitações que o cenário internacional impõe. “Os fundamentos Foto: JOSÉ SOBRINHO Fernando Cirino Gurgel: "É preciso que os governantes tenham juízo para que o país não seja prejudicado" 32 | RevistadaFIEC | Dezembro de 2011 da economia brasileira são favoráveis para que o país não fique estagnado. Por outro lado, em períodos de crises sempre surgem novas oportunidades de negócio. “Empresas de países capitalizados e com liquidez vão procurar mercados com retorno melhor”, considera. Por causa da crise, os países europeus mais bem relacionados com o Brasil, sobretudo com o Ceará, como Itália, Espanha e Portugal, acrescenta Fernando Castelo Branco, podem reduzir seus negócios por um lado, mas, por outro, podem ensejar novas conquistas. “A ideia é que, se formos atingidos, possamos sair menos chamuscados.” O empresário Fernando Cirino Gurgel, presidente da Durametal, destaca que, apesar de a crise afetar o mundo todo, o Brasil está mais protegido do que os países da América do Sul, Europa ou Estados Unidos. Para ele, o Ceará está em situação “razoável” e crescerá da mesma forma. No entanto, com os grandes investimentos em infraestrutura que o Brasil receberá nos próximos anos, o seu setor, o metal-mecânico, está bem aquecido. “São muitos pedidos de estruturas para caminhões e ônibus”, completa. Para combater as dificuldades que a crise pode trazer, Fernando Cirino diz que o governo brasileiro deve fazer o tal do “dever de casa”. Isso significa, na sua visão, melhorar a qualidade do gasto público com o custeio da máquina e estabelecer prioridades, além de combater fortemente a corrupção. “É preciso que os governantes tenham juízo para que o país não seja prejudicado”, alerta. Exportações E m época de crise, todas as perspectivas em relação ao futuro estão associadas a incertezas. O prognóstico é do superintendente do Centro Internacional de Negócios (CIN), Eduardo de Castro Bezerra Neto, da FIEC. “Devemos levar em consideração que os governos dos países em crise e os governos dos que estão a ajudá-los procuram soluções para sair desse cenário. Não há como garantir se haverá sucesso ou insucesso. Todavia, não existe crise alguma na história que tenha sido infindável; todas têm um fim”, ressalta. O Ceará, assim como o Brasil, está situado numa posição muito confortável no cenário econômico global, entende Eduardo Bezerra. “Isso porque o Ceará termina o ano de 2011 com um recorde nas suas exportações e não há indício de que em 2012 venha a ocorrer uma queda.” Ele acrescenta: “Vamos superar 1,3 bilhão de dólares em exportações. Estamos dentro do círculo virtuoso da economia brasileira”. Apesar da crise internacional, o Ceará, segundo Eduardo Bezerra, deve manter o ritmo das exportações. Um dos motivos é o fato de seus produtos terem entrado em 12 novos países. “Isso em economia significa avançar em novos nichos de mercado. Como o Ceará é um estado responsável por apenas 0,5% das exportações brasileiras, vender valores pequenos em muitos países é que forma o valor global.” O comportamento das exportações brasileiras é bem concentrado. Os dez maiores estados exportadores do país comercializam 90% daquilo que o país exporta, enquanto que os 10% restantes são disputados pelos demais estados. A criatividade do empresário cearense é algo que impulsiona a economia, conforme Eduardo Bezerra. Os empresários enxergam oportunidades e saem em busca de novos mercados. “O século 21 é da Ásia. E a Coreia já revelou interesses no Ceará. É também o momento de nosso estado expandir seus negócios para a América Central e o Caribe”, considera. Para Eduardo Bezerra Neto, embora os analistas internacionais façam estimativas de que a crise da União Europeia deverá se prolongar por mais de três anos, o Ceará tem a probabilidade de são ser afetado e continuar expandindo as suas exportações. A pesar do otimismo do governo federal, que prevê crescimento entre 4% a 5% em 2012, relatório semestral de perspectivas da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), divulgado no fim de novembro último, diz que a economia brasileira está experimentando um arrefecimento por causa da deterioração do contexto internacional e essa mudança se traduzirá em crescimento de 3,4% em 2011 e de 3,2% em 2012. As expectativas de crescimento são menores das que o mesmo organismo apresentou em maio, quando projetou uma progressão do PIB do Brasil de 4,1% em 2011 e de 4,5% em 2012. Em um capítulo dedicado às economias emergentes, a OCDE, que prevê aumento do PIB do Brasil de 3,9% em 2013, destaca que a demanda interna será o motor da economia brasileira, graças à expansão do crédito e do aumento da receita do trabalho e, em menor medida, do investimento. Na avaliação do organismo, após as medidas de estímulo aplicadas para combater a crise em 2008-2009, a prioridade deve continuar sendo o ajuste fiscal. Ao mesmo tempo, confia que, apesar do “amplo aumento do salário mínimo” planejado para o próximo ano, os objetivos sejam cumpridos. Caso a crise econômica se agrave, a OCDE aconselha uma série de reformas para o Brasil, como o estímulo à política monetária, que poderia ser acompanhada de incentivos fiscais, com garantias de consolidação fiscal no médio prazo, para garantir a sustentabilidade das finanças públicas e da Seguridade Social. O relatório recomenda às autoridades que simplifiquem o sistema fiscal e apostem em aplicar algum tipo de retenção nas relações de empregados e harmonizar os impostos sobre o valor agregado dos estados. Com relação à indústria, em vez de uma nova política, destaca a importância de medidas que reduzam de forma duradoura os custos de produção no Brasil, simplificando o sistema fiscal e desenvolvendo infraestruturas para diminuir o impacto dos transportes. Construção mantém otimismo Foto: JOSÉ SOBRINHO A incerteza que preocupa outros setores da economia cearense parece não existir na construção civil A incerteza que preocupa outros setores da economia cearense parece não existir na indústria da construção civil. O fortalecimento do mercado imobiliário e o investimento em obras públicas deram fôlego ao setor em 2011, que já vinha de expansão nos anos anteriores. A expectativa é de manutenção do crescimento. O presidente do Sindica- 34 | RevistadaFIEC | Dezembro de 2011 to da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon/CE), Roberto Sérgio Oliveira Ferreira, afirma que o setor espera um 2012 equivalente a 2011, com crescimento entre 5% e 5,5%. “Esse crescimento é, sem dúvida, uma grande vitória. O aumento esperado do PIB nacional é de cerca de 3,5% e estamos crescendo 2% acima”, comemora. O cenário positivo para a construção no Ceará deve permanecer também em 2013. “O biênio 2012-2013 deve trazer uma situação muito razoável”, avalia Roberto Sérgio. Os investimentos públicos em infraestrutura e em mobilidade urbana, impulsionados pela realização da Copa do Mundo, devem colaborar para movimentar o setor de construção em 2012. “Se contarmos apenas as obras do estádio Castelão, de mobilidade urbana e do VLT (veículo leve sobre trilhos), os investimentos são da ordem de 1,5 bilhão de reais”, diz Roberto Sérgio. A construção civil cearense, principalmente em Fortaleza, também ganha força para o futuro com os financiamentos públicos ao setor de habitação, como o programa de financiamento habitacional da Caixa Econômica Federal (CEF) e o crédito imobiliário do Banco do Brasil (BB), de acordo com Roberto Sérgio. A tendência é nacional. A carteira de crédito imobiliário do BB atingiu 7,02 bilhões de reais em novembro, o que representa aumento de 105% em relação ao registrado em dezembro de 2010. Em 1º de dezembro de 2011, o ministro Guido Mantega anunciou uma série de medidas com o objetivo de acelerar a economia. Para estimular o setor da construção, o governo elevou o valor para classificação de imóvel popular para ingresso no Regime Especial de Tributação (RET) de 75 000 reais para 85 000 reais, aplicável às incorporadoras imobiliárias. As obras no Ceará do PAC colaboram para o aquecimento do setor da construção civil. Em relação aos próximos anos, Roberto Sérgio aponta como destaque as obras da terceira fase do Porto do Pecém, da estação de passageiros do Aeroporto Internacional Pinto Martins e da estação de passageiros do Porto do Mucuripe. O Minha Casa, Minha Vida, programa de habitação do governo federal, é forte propulsor da construção civil em todo o país. Porém, Roberto Sérgio aponta que, no estado, o programa vem decaindo. “O Minha Casa, Minha Vida está diminuindo no Ceará, sobretudo em Fortaleza. A capital tem um déficit habitacional grande, mas tem o custo do terreno muito alto pela pequena área do município, o que dificulta a expansão do programa. Se houver expansão, é em Caucaia, Maracanaú e Aquiraz, municípios da região metropolitana de Fortaleza”, finaliza. Impulso à mão de obra A FIEC tem o importante desafio de impulsionar o crescimento do estado. O presidente da FIEC, Roberto Proença de Macêdo, destaca que a federação também tem seu “dever de casa” em 2012: atender à nova demanda de mão de obra especializada para a indústria, algumas delas de uso inédito no Ceará. “Temos de avançar para atender a essas demandas no setor de automação industrial e operacional. Só a siderúrgica, na sua implantação, vai precisar de 15 000 novos profissionais especializados. É papel da nossa federação treinar, preparar essa mão de obra e também a gestão. É necessário formar isso aqui. Ciente dessa necessidade, nosso dever de casa é muito forte e estamos preparados para isso”, destaca. O cenário internacional, segundo Roberto Macêdo, ainda está obscuro. Ele acredita que vários cenários podem surgir, uma vez que não se sabe o desdobramento dos problemas que afetam os países em crise. “Não temos claro ainda como essas dívidas serão renegociadas, prorrogadas, e como ficarão os bancos que estão dando suporte. Então, como o Brasil depende muito de suas exportações, nós poderemos ter algum reflexo.” Apesar das incertezas resultantes do quadro internacional, ele mantém o oti- “ “ Crescer 3,2% em 2012 A economia poderá crescer 4% em 2012 e, este ano, ficar em torno de 3% no país, sendo o Ceará um pouco acima. Roberto Proença de Macêdo, presidente da FIEC mismo: “O Brasil é um país que está ainda em construção, temos uma demanda interna não atendida fora de série, tanto na infraestrutura como no próprio consumo”. Por conta do mercado interno, principalmente após o novo pacote de reduções fiscais do governo, o presidente da FIEC acredita que a economia deverá ter respostas muito favoráveis que compensarão os efeitos externos. “A economia poderá crescer 4% em 2012 e, este ano, ficar em torno de 3% no país, sendo o Ceará um pouco acima”, avalia. Em relação ao nosso estado, Roberto Macêdo ressalta que há uma dupla oportunidade: “A implantação da siderúrgica e da refinaria. Temos também vários outros projetos que estão em maturação e, implantados, passarão a dar bons resultados”. Dezembro de 2011 | RevistadaFIEC | 35 Foto: GIOVANNI SANTOS Ceará Vale quer atrair fornecedores Segundo Rogério Amaral, a vinda ao Ceará está relacionada à política da Vale de manter em sua carteira de fornecedores agentes produtivos situados nas áreas em que atua. No caso dos três estados que compõem o chamado projeto do sistema norte, diz o diretor, se todas as empresas desses estados fornecessem para a Vale, mesmo assim não conseguiriam atender à demanda da mineradora. Para dar uma ideia da dimensão da demanda, Rogério trouxe para a reunião na Casa da Indústria diretores de várias áreas e projetos que relacionaram suas necessidades. Na carteira de projetos mostrada aos cerca de 50 empresários participantes do encontro na FIEC, foram apresentados 122 obras e serviços que estão abertos a fornecedores nas áreas de infraestrutura, terraplenagem, montagem eletromecânica, obra industrial, edificação predial, drenagem, pavimentação, contenção, estabilização e elaboração de projetos de engenharia, dentre outras. Rogério Amaral disse que as demandas se referem apenas a obras, havendo muitas outras em diversos segmentos que iriam além da questão relacionada à estrutura física. Conforme o gerente, a concepção que a empresa deseja na concretização de negócios com seus fornecedores é de parceria. Parceria que, explicou, baseia-se na proposta de que para tra- C om a missão de ser a maior empresa mineradora do mundo nos próximos anos, a Vale aposta na atuação na região chamada de eixo norte (Maranhão, Pará e Tocantins) para garantir grande parte de seu crescimento na produção de minério de ferro. Para concretizar tal intenção, porém, a empresa deverá enfrentar desafios logísticos e terá de investir forte na ampliação da infraestrututa existente, incluindo minas, ferrovias e porto. Com isso, a expectativa é aumentar de 115 milhões de toneladas a produção de minério atual para 150 milhões já em 2012. A meta vai exigir, por outro lado, investimentos em torno de 3 bilhões de dólares, podendo atingir a casa dos 36 | RevistadaFIEC | Dezembro de 2011 7 bilhões de dólares a longo prazo, levando-se em conta a previsão de expandir, até o fim de 2014, a movimentação de minério para 230 milhões de toneladas no sistema norte da Vale. Desde já, no entanto, um problema aflora: a ausência de fornecedores dos mais variados serviços, de acordo com Rogério Amaral, gerente geral de Suprimentos da empresa, que participou em novembro último, na Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), de encontro promovido pelo Instituto Euvaldo Lodi (IEL/CE) com empresários cearenses. A ideia era apresentar as possibilidades de atração de fornecedores locais para os projetos em curso. “ Temos como um de nossos valores principais a questão da segurança, o valor à vida. E disso não abrimos mão. “ POR LUIZ HENRIQUE CAMPOS Foto: GIOVANNI SANTOS Para garantir a produção de minério de ferro no Maranhão, Pará e Tocantins (eixo norte), a empresa terá de enfrentar desafios logísticos e investir forte na ampliação da infraestrutura existente, incluindo minas, ferrovias e porto Rogério Amaral, gerente geral de Suprimentos da Vale balhar com a Vale é preciso haver uma mudança de cultura por parte dos fornecedores. “Mudanças de cultura de várias ordens, da gestão financeira à gestão de obra.” Rogério Amaral admite que os processos de capacitação para atuar como fornecedor são burocráticos, mas que os preços são justos. “Não existe almoço grátis. É importante ter uma gestão responsável nas áreas trabalhista, tributária etc.", acrescentou. Ele disse, ainda, que a Vale sabe das dificuldades das empresas para atender às suas exigências. Por isso foi criado, em 2010, um programa de gestão de fornecedores por meio do Inove. "Temos como um de nossos valores principais a questão da segurança, o valor à vida. E disso não abrimos mão", destacou. O programa prevê desde o incentivo financeiro à instalação de plantas e centros de serviços até priorizar a contratação de fornecedores com perfil regional com alta criticidade no quesito qualidade. Na visão do vice-presidente da FIEC e presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon/CE), Roberto Sérgio Oliveira Ferreira, que participou da reunião com a direção da Vale, o Brasil passa por momento impar em sua economia com reflexos nas mais variadas áreas. Isso acarreta, afirma, problemas como os que as empresas estão enfrentando, como a falta de fornecedores e de mão de obra qualificada. Ele lembrou que a proposta da Vale de atrair empreendimentos cearenses para sua carteira de clientes é importante porque oferece também a oportunidade de as empresas locais se aperfeiçoarem em seus modelos de gestão, já que, para ser fornecedor de grandes empresas-âncora, é preciso adotar modelos diferenciados. Na reunião na FIEC, foram apresentados aos empresários obras e serviços abertos a fornecedores Dezembro de 2011 | RevistadaFIEC | 37 Regiões onde estão previstas obras da Vale Revolução estrutural A proposta da Vale de se tornar a maior mineradora do mundo vai exigir uma transformação estrutural na logística do chamado eixo norte de operações da empresa. Para se ter uma ideia, na Baía de São Marcos, em São Luís, capital do estado do Maranhão, uma ponte de concreto de mais de um quilômetro adentrará ao mar para garantir a construção do terminal marítimo de Ponta da Madeira, pertencente à Vale, que irá operar a partir de 2012 o carregamento de navios graneleiros que escoarão a produção de Carajás. Quase metade da produção de 522 milhões de toneladas de minério de ferro prevista pela empresa para 2015 sairá de Carajás. Em cinco anos, a estimativa é produzir no eixo norte volume adicional semelhante ao que levou 25 anos naquela região. O primeiro trem de minério partiu de Carajás em janeiro de 1985 e, em 2009, o sistema atingiu produção de cerca de 110 milhões de toneladas. A Vale começou a planejar, há três anos, obras que hoje estão em plena execução e que devem ganhar força até 2015. O esforço passa por garantir o crescimento da produção e evitar gargalos que podem surgir por aumento da demanda, em especial da China. Na primeira fase do projeto, o conselho de administração da Vale aprovou um conjunto de obras para levar a produção para 150 milhões de toneladas em 2012. Os investimentos aprovados são a construção do quarto píer no terminal marítimo de Ponta da Madeira e o aumento da capacidade de transporte da Estrada de Ferro de Carajás (EFC), linha férrea de 892 quilômetros que leva o minério de ferro das minas, no Pará, até os navios, em São Luís. As obras na ferrovia já começaram em parte dos 120 quilômetros que passarão por intervenções até 2012. Em um segundo momento, até 2015, a ferrovia estará toda duplicada. A EFC é uma linha simples com 56 pátios para manobras dos trens. A ampliação consiste em fazer conexões nos trechos da ferrovia onde há gargalos. Na segunda fase, até o fim de 2014, será concluída a expansão da EFC e será construído um ramal ferroviário de 90 quilômetros ligando as minas de serra norte e serra sul, em Carajás. O píer quatro de Ponta da Madeira vai ganhar mais um berço e equipamentos. Na área ferroviária, as novas linhas no terminal maranhense vão chegar a 120 quilômetros e haverá mais quatro pátios para minério e mais dois viradores de vagões. Maranhão: Pará: Porto Franco (infraestrutura, terraplenagem, edificação predial). Mina do Sossego (edificação predial, infraestrutura, drenagem, terraplenagem, obra industrial). Imperatriz (obra industrial, edificação predial, infraestrutura, terraplenagem). Projeto Salobo (infraestrutura, terraplenagem, edificação predial, pavimentação). São Francisco do Brejão (infraestrutura, terraplenagem). Parauapebas (drenagem, infraestrutura). São Luís (edificação predial, drenagem, infraestrutura, contenção, estabilização, obra industrial, pavimentação, projetos de engenharia, infraestrutura de via, montagem eletromecânica, engenharia básica). Carajás (montagem eletromecânica, infraestrutura, terraplenagem). Açailândia (infraestrutura, pavimentação, montagem eletromecânica, terraplenagem). Alto Alegre (infraestrutura e pavimentação). Santa Inês (drenagem, infraestrutura). Veja como se candidatar a fornecedor da Vale N a Vale, todo o processo de gestão de fornecedores é eletrônico. Para se candidatar, acesse a URL https://snm.quadrem.net, selecione o idioma no topo da página e clique no link Registre-se hoje! Depois disso, você receberá um e-mail informando as condições para o registro, login e senha para acesso ao Portal Quadrem, onde fará o cadastramento das informações de sua empresa. 38 | RevistadaFIEC | Dezembro de 2011 Para a execução do cadastro, é necessário preencher corretamente as informações e anexar todos os documentos solicitados. A partir dessas informações, a Vale qualifica as empresas para participar de processos de cotação e contratação. Em caso de dúvidas sobre o processo de registro, entre em contato com a Central de Atendimento Quadrem pelo telefone 0800-604 7171. Marabá (montagem eletromecânica, infraestrutura, terraplenagem). Tocantins: Palmeirantes (montagem eletromecânica, edificação predial, infraestrutura, terraplenagem). Brejão (infraestrutura, terraplenagem). Araguaina (edificação predial). SESI/CE é reconhecido por modelo de gestão Com menos de três anos de implantação de seu programa de gestão, a entidade está entre as três empresas ganhadoras do Prêmio Ceará de Excelência em Gestão O Serviço Social da Indústria no Ceará (SESI/CE), a EIM Instalações Industriais e a Ultragaz foram contemplados em dobro pelo Movimento Ceará Competitivo (MCC) depois de terem seus modelos de gestão avaliados e reconhecidos publicamente pela instituição. Além de receberem o Prêmio Ceará de Excelência em Gestão, durante solenidade realizada em 1º de dezembro na Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), fizeram jus a relatórios mostrando onde estão obtendo êxito e orientações dos pontos que precisam ser melhorados em suas respectivas gestões. O SESI/CE e a EIM foram premiados na categoria bronze. Já a Ultragaz foi destaque na modalidade prata, além de ser reconhecida nos critérios clientes e sociedade. O prêmio, que visa estimular e reconhecer práticas bem sucedidas de gestão em micro, pequenas, médias e grandes empresas que utilizam o Modelo de Excelência em Gestão (MEG), contou 40 | RevistadaFIEC | Dezembro de 2011 com sete empresas inscritas, sendo que quatro não obtiveram a pontuação necessária à premiação. Mas todas receberam relatórios de gestão para nortear suas ações em 2012. Em sua primeira edição, o Prêmio Ceará de Excelência em Gestão avaliou as empresas a partir de 11 fundamentos de excelência estabelecidos pela Fundação Nacional para a Qualidade (FNQ) e de oito critérios estabelecidos pelo MEG – liderança, estratégias e planos, clientes, sociedade, informações e conhecimento, pessoas, processos e resultados – que compõem uma série de práticas e indicadores de qualidade. Os 11 fundamentos de excelência na gestão das organizações são pensamento sistêmico, aprendizado organizacional, cultura de inovação, liderança e constância de propósitos, orientação por processos e informações, visão de futuro, geração de valor, valorização de pessoas, conhecimento sobre o cliente e o mercado, desenvolvimento de parcerias e responsabilidade social. Para o SESI/CE, a classificação bronze é recebida como ouro, considerando que o seu modelo de gestão foi implantado há menos de três anos. “É muito importante o reconhecimento público porque hoje as organizações que sobrevivem são aquelas que modernizam a gestão, que tem foco no cliente, que trabalham processos, que tem constância de propósitos, que lidam com visão de futuro, com missão bem definida. São organizações de resultados. Então, o modelo de gestão do SESI ser reconhecido publicamente como referência comprova que a organização está firme e no caminho certo para o cumprimento da sua missão: oferecer saúde, educação, lazer, esporte, cultura e responsabilidade social às indústrias e aos industriários. Esse reconhecimento com apenas dois anos e meio de adoção do modelo prova também que já estamos colhendo resultados”, sublinha Francisco das Chagas Magalhães, superintendente regional do SESI/CE. O gerente executivo do MCC, Helder de Holanda Castro, destaca que o MEG é um modelo focado em resultados. Segundo ele, no ano passado 60 empresas cearenses foram capacitadas para aplicar o modelo e somente 20 retornaram para reciclagem. Dessas, sete se consideraram aptas a se inscrever no prêmio para serem avaliadas. Para presidente da FIEC e do Conselho Regional do SESI, Roberto Proença de Macêdo, o exemplo das três empresas encoraja e mostra que melhorar deve ser um processo contínuo. À equipe do SESI, ele agradeceu: “Vocês estão fazendo a diferença. É essa vontade que faz a gente mudar de atitude e se superar a cada dia”. Ele lembrou que o programa mede a evolução das empresas no campo da gestão e que cabe a cada um avançar cada vez mais. O Prêmio Ceará de Excelência em Gestão é realizado com apoio da FIEC, por meio do Instituto de Desenvolvimento Industrial do Ceará (INDI), do Movimento Brasil Competitivo (MBC), da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), do Serviço de Apoio às Pequenas e Médias Empresas (Sebrae/CE) e do governo estadual. “ O modelo de gestão do SESI ser reconhecido publicamente como referência comprova que a organização está firme e no caminho certo para o cumprimento da sua missão. Francisco das Chagas Magalhães, superintendente do SESI/CE “ A solenidade para entrega de premiação ao SESI, EIM e Ultragaz foi realizada no auditório Waldyr Diogo Foto: JOSÉ SOBRINHO Destaque SINDCALF SINDICATO DA INDÚSTRIA DE CALÇADOS DE FORTALEZA 2011 foi sem dúvida um ano de várias conquistas para nós, a principal com certeza foi a sua presença ao nosso lado nessa jornada! Desejamos em 2012 estar juntos novamente nesta caminhada rumo ao sucesso. O SINDCALF deseja a todos os seus associados e parceiros Um Feliz Natal e um Ano Novo cheio de Paz, Amor e Prosperidade. História Pão da vida Um dos alimentos mais antigos feitos pelo homem e consumido por ricos e pobres, o pão está presente em todas as culturas há milhares de anos, representando mais do que alimento para o corpo POR GEVAN OLIVEIRA “O pão nosso de cada dia nos dai hoje.” A frase em recorte faz parte da universal oração do Pai Nosso, proferida por Jesus Cristo há mais de 2 000 anos e hoje replicada diariamente por milhões de pessoas em todos os continentes. Quando usou o pão como símbolo de alimento para o corpo e a alma, Jesus já conhecia sua importância e simbologia aos povos da época, algo que persiste até nossos dias, o que lhe dá uma importância sobrenatural, quase divina. Descobertas arqueológicas indicam que o pão foi o primeiro alimento a ser processado por mãos humanas a partir de uma matéria-prima natural. Sua origem é tão antiga que os historiadores divergem quanto a sua gênese. Estima-se ter surgido há cerca de 10 000 anos na região da Mesopotâmia, onde atualmente está o Iraque, com o cultivo de cereais, como aveia, cevada, sorvo e, claro, o trigo, que eram apenas mastigados sem nenhum preparo. Anos depois, esses cereais passaram a ser triturados com pedras e transformados em uma espécie de farinha, usada no preparo de sopas e mingaus rudimentares. Em seguida, o homem passou a misturar mel, azeite, suco de uva, tâmaras, ovos e carne moída a essa farinha, formando uma espécie de massa de bolo que era assada sobre pedras quentes ou sob cinzas. Os primeiros pães propriamente ditos eram achatados, duros e secos e feitos de farinha misturada ao fruto do carvalho (a bolota). Como eram muito amargos, não podiam ser consumidos logo depois de prontos. Necessário se fazia lavá-los várias vezes em água fervente e depois expô-los ao sol para secar. Pão dos deuses A medicina, a matemática e a engenharia, dentre outras, são legados do povo egípcio à nossa civilização. A invenção de fornos de barro para assar pães também. Isso por volta de 4 000 a.C. Segundo o historiador Heródoto, o pão preparado às margens do rio Nilo era amassado com os pés e normalmente feito de cevada ou espelta – trigo de qualidade inferior; os melhores grãos eram destinados apenas aos ricos. À época dos faraós, o pão era moeda para pagamento de salário: um dia de trabalho valia três pães e dois cântaros de cerveja. 42 | RevistadaFIEC | Dezembro de 2011 Atribui-se também aos egípcios a descoberta do fermento, responsável por deixar a massa do pão leve e macia como se conhece hoje. As evidências mais antigas de pão fermentado datam cerca de 3 000 a.C. A mistura de água e farinha era deixada ao sol até que se formassem bolhas e então assada entre pedras aquecidas. O feito se espalhou pelo mundo antigo a ponto de os gregos chamarem os egípcios de “arthophagoi”, ou seja, comedores de pão. Em outro momento da história, os gregos passaram a atribuir a origem do pão aos deuses, dando-lhe caráter sagrado (na Antiguidade, os deuses – e os mortos – egípcios, gregos e romanos eram honrados com oferendas de animais e flores feitos com a massa de pão). Aos romanos se deve a instituição das primeiras padarias como pontos comerciais, feito repassado ao povo romano que, por sua vez, se encarregou de instituir a primeira associação oficial de panificadores. Seus membros gozavam de status privilegiado: eram livres de alguns deveres sociais e isentos de muitos impostos. “Pão e circo” O s romanos melhoraram o processo de moagem e, como resultado disso, foram os primeiros a produzir o chamado pão branco. Antes, faziam-se apenas pães escuros, de grão integral. Uma escola para padeiros foi criada pelos romanos em 500 a.C e, por volta de 100 a.C., já possuía mais de 200 padarias. A panificação ganhou tal prestígio durante o Império Romano que passou a ser considerada no mesmo nível de outras artes, como escultura, arquitetura ou literatura. Politicamente, as classes dominantes usaram o pão para satisfazer o povo e fazê-lo esquecer dos problemas econômicos oriundos da expansão do império, que massacrava, sobretudo, o camponês. O pão desempenhou um papel tão importante para a dominação política romana que ficou célebre a expressão “pão e circo”, uma alusão ao assistencialismo da época e aos espetáculos de horrores praticados nas arenas de Roma, regados a pão e sangue. Enquanto o povo se divertia com leões comedores de gente e gladiadores trucidas, os imperadores saciavam a fome da plateia ensandecida jogando-lhe o alimento. Foram tantas as festas para manter a população sob controle, que o calendário romano chegou a ter 175 feriados. Revolução Francesa A o todo, os romanos dominaram cerca de 70 variedades diferentes de pães, mas, com a queda do império, houve o fechamento das padarias e a população passou a preparar os pães em suas próprias casas, fato que entrou Idade Média adentro. Nessa época, apenas castelos e conventos possuíam padarias. A Igreja Católica passou, então, a ser responsável pela manutenção e divulgação do hábito de comer pão, ato vivenciado na celebração da Eucaristia e nas trocas de receitas entre mosteiros e conventos. Nessa época, a fome, as guerras e a peste negra dizimavam a população europeia, fazendo com que o povo recorresse a todos os ingredientes para sobreviver. O pão passou a ser feito com bolotas, sangue de porco e até palha, misturado com o centeio e as sementes disponíveis. Em muitas regiões, o pão voltou a ser escuro e duro, sendo consumido com caldos e sopas. Apenas a nobreza e parte do clero tinham o privilégio do trigo. Porém, algumas casas senhoriais tinham os seus próprios padeiros, que foram, pouco a pouco, difundindo de novo os seus dotes. Na França do século 12 já se consumia mais de 20 variedades de pães e, no século 17, a nação se tornaria o centro de fabricação de pães de luxo (assim como ainda é hoje), com a introdução de novos processos de panificação. Ricos e pobres dependiam dele para sobreviver, tanto que muitos historiadores afirmam que a Revolução Francesa teria se iniciado em função do aumento do preço do pão, causado pela escassez do trigo em consequência de rigorosos invernos. O auge dos protestos foi em 14 de julho de 1789, com a invasão da Bastilha – uma prisão construída em 1370 para adversários políticos que se opunham ao governo ou mesmo à religião oficial. De acordo com pesquisadores, foi a partir da Revolução Francesa que o consumo de pão de trigo se expandiu como hábito alimentar no Ocidente. Alguns veem aí a origem da expressão "pão francês". Moinhos A té meados do século 19, o pão foi o alimento básico de toda a população europeia. O desenvolvimento dessa indústria se deu com a modernização dos processos de moagem da farinha, inicialmente triturado em moinhos manuais de pedra, depois movidos a animais, a água e a vento. Os movidos a vapor, que muito acelerou o processo, são de 1784. Em 1881, ocorre na Europa a invenção dos cilindros, proporcionando outro importante aprimoramento na produção do pão. No velho continente, era costume os pais oferecerem um pouco de massa de pão como parte do dote para a filha. Fazendo isso, eles acreditavam que a nova família sempre comeria um pão de Dezembro de 2011 | RevistadaFIEC | 43 44 | RevistadaFIEC | Dezembro de 2011 N os últimos dez anos, o setor da panificação no Brasil vem passando por uma revolução silenciosa, mas muito eficaz. As mudanças ocorreram, sobretudo, depois que os supermercados abriram pequenas lojas de bairro e também começaram a vender pães feitos no local, muitas vezes a preços reduzidos. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Panificação (Abip), de 1995 a 2000, mais de 13 000 pequenos negócios fecharam as portas por causa da concorrência. A quebradeira fez as padarias diversificarem os serviços, investir no visual das lojas e em produtos para públicos específicos. As mudanças começaram em 2001, com o lançamento nacional do Programa de Apoio à Panificação (Propan), uma iniciativa da Abip e da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), que detectou algumas falhas no setor, como a falta de conhecimento de gestão e a necessidade de avanço tecnológico. A saída foi a capacitação em massa de gestores e empregados, além de mudanças em produtos, processos e layouts. Desde então, o Propan, por meio de seus consultores, em parceria com os sindicatos das federações de indústrias, passou a visitar centenas de cidades brasileiras, disseminando um novo conceito de panificação. Atualmente, segundo o presidente da Abip, Alexandre Pereira, a padaria se tornou um centro gourmet (um misto de restaurante e loja de conveniência), que oferece, em instalações espaçosas e bem iluminadas, refeições, delivery e internet sem fio, dentre outras comodidades. As mudanças fizeram surgir um novo modelo de negócio que as estatísticas confirmam ter dado certo. Em 2010, o setor cresceu 13,7%, com faturamento de 56,3 bilhões de reais. Ao todo, estima-se que haja mais 63 000 padarias em todo o país, sendo 97% de micro e pequenas empresas, com mais de 700 000 empregos diretos e faturamento próximo a 50 bilhões de reais. De fato, as mudanças são hoje facilmente percebidas nas principais panificadoras de cada estado. Além dos tradicionais pãezinhos, que ainda representam mais de 50% do faturamento, as lojas servem uma variedade de outras opções que vão desde comida japonesa, sanduíches, sopas, risotos e massas, até carnes, sobremesas, sucos e drinques à base de café. Também segundo a Abip, mais de 6 000 panificadoras, em todo o país, participam do programa; dessas, 89% aumentaram suas vendas, 74% cresceram o número de clientes e de postos de trabalho, 6,4% conseguiram aumento na produtividade de seus colaboradores e 83% aumentaram seus lucros. Estão envolvidos cerca de 10 000 empresários e 74 000 colaboradores. No Ceará, o Propan é realizado desde 2001 pelo Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria do Estado do Ceará (Sindpan). Explica o presidente do sindicato, Lauro Martins de Oliveira Filho, que a capacitação local consiste de consultorias e treinamentos em parceria com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Organizado pelo Instituto Tecnológico da Panificação e Confeitaria (ITPC) e distribuído em módulos, o trabalho é composto de conteúdo teórico e aplicações práticas nos próprios estabelecimentos. Os cursos reúnem tópicos que abordam a forma mais eficiente de eliminar desperdícios, como padronizar os processos produtivos, melhoria na qualidade do atendimento, gestão de pessoas, gerenciamento de produção e otimização de vendas, dentre outros temas. O programa oferece informações e orientações aos empresários visando aperfeiçoar e tornar mais eficaz a administração de panificadoras. Após o treinamento, com o objetivo de elevar o conceito dos empreendimentos frente ao público, o Propan concede-lhes certificados de qualidade, de acordo com o grau de otimização atingido pelas padarias. Foto: JOSÉ SOBRINHO Tempos modernos “ Temos hoje padarias modernas, mais bem administradas e com rentabilidade crescente. “ No século 19, os moinhos de vento foram fundamentais para o processo de modernização da indústria de moagem qualidade e a noiva herdaria os dotes culinários da mãe. Por falar em qualidade, conta-se que os irmãos austríacos Fleischmann, ao visitarem uma irmã nos Estados Unidos, em 1865, ficaram impressionados com a má qualidade do pão. Ao emigrarem definitivamente, dois anos depois, levaram um pouco do levedo usado na casa da mãe – e iniciaram a indústria de produção do levedo prensado ou desidratado que existe hoje no mundo inteiro. Segundo o antropólogo Gilberto Freyre (19001987), o Brasil só conheceu o pão no século 19. Antes, usavam-se o beiju de tapioca, a farofa, o pirão escaldado ou a massa de farinha de mandioca feita no caldo de peixe ou de carne. No início, a fabricação por aqui obedecia a uma espécie de ritual próprio, com cerimônias, cruzes nas massas, rezas para crescer, afofar e dourar a crosta, especialmente quando eram assados em casa. A atividade da panificação se expandiu com os imigrantes italianos. Os pioneiros da indústria de panificação surgiram em São Paulo e Minas Gerais. Até o fim do século 19, o pão mais comum no Brasil tinha miolo e casca escuros. O chamado “pão francês” consumido hoje surgiu no início do século 20, perto da 1ª Guerra Mundial, por encomenda de alguns brasileiros que voltavam de viagem a países europeus. Na época, era popular em Paris um pão curto com miolo branco e casca dourada – espécie de precursor da baguete, predileta dos franceses. Os viajantes descreviam o produto a seus cozinheiros, que tentavam, então, reproduzir a receita pela aparência. O resultado foi a invenção do "pão francês" brasileiro, que difere de sua fonte de inspiração por levar um pouco de açúcar e gordura na massa antes de ir ao forno. Com o tempo, o novo produto foi ganhando apelidos locais diferentes, como “cacetinho”, “média”, “filão”, “pão jacó”, “pão de sal” ou “carioquinha” (no Ceará). Lauro Martins, presidente do Sindpan Conforme números do Sindpan, 90% das panificadoras cearenses certificadas cresceram em média mais de 40% em seu faturamento, registrando um ganho de produtividade de quase 20% por funcionário. “De 2001 para cá, passaram mais de 120 padarias cearenses pelo Propan. Dessas, cerca de 70% aplicaram os conteúdos disseminados. Com isso, hoje temos padarias modernas, mais bem administradas e com rentabilidade crescente”, afirma Lauro Martins. Em todo o Ceará, existem cerca de 2 500 panificadoras, a maior parte localizada em municípios do interior, sendo 95% micro e pequenos negócios. O segmento é responsável pela geração de 30 000 postos de trabalho. São associadas aos Sindpan 228 padarias. “Nosso desafio é chegar a representar pelo menos 20% do setor”, reconhece Lauro Martins, empossado no cargo em 8 de julho de 2010 para liderar o sindicato até 2013. Curiosidades sobre a história do pão No Egito, o pão servia para pagar salários: um dia de trabalho podia ser pago com três pães e dois vasos grandes de cerveja. Na Europa, passou a ser costume as mães darem para as filhas que se casavam um pouco de sua massa de pão. Com isso, elas seriam abençoadas e fariam um pão tão bom quanto o delas. Em algumas épocas, a posição social de uma pessoa podia ser discernida pela cor do pão que ela consumia. Pão escuro representava baixa posição social; pão branco, alta posição. Isso se devia ao alto preço do processo de refino da farinha branca. Atualmente, os pães escuros são os mais caros por causa de seu valor nutritivo. Às vésperas da Revolução Francesa, Maria Antonieta, rainha da França que morreu na guilhotina, foi informada de que o povo passava fome: “Eles não têm pão, Alteza”. Ao que ela respondeu: “Se não tem pão, que comam brioches”. Não se sabe se o diálogo realmente ocorreu, mas a frase ficou famosa. Para os judeus, o fermento simboliza a corrupção. Por isso eles só oferecem a Deus pães ázimos, sem fermento. Até hoje, esse é o pão que eles comem na Páscoa. Dezembro de 2011 | RevistadaFIEC | 45 Tipo exportação uma grande oportunidade para que o Brasil diversifique e mude o nível de sua pauta de exportação para a China", acrescenta. Em 2012, a ideia deve ser apresentada em outros feiras internacionais. Oito países já estão na lista: Estados Unidos, México, Angola, Espanha, Chile, Colômbia, Venezuela e Emirados Árabes Unidos. Foto: ACESSORIA DE IMPRENSA DA ABIP O sucesso do Propan é tão grande que deve ser exportado para outros países. A novidade foi anunciada durante o 29º Congresso Brasileiro da Indústria da Panificação e Confeitaria (Congrepan), realizado de 25 a 28 de outubro em Foz do Iguaçu (PR). O modelo nacional de padaria, que une desde produção e venda de pães até food service, passando por varejo de conveniência e central de produção de alimentos, receberá investimento de um milhão de dólares da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) e 900 000 reais em contrapartida de associados (panificadoras). O apoio da Apex começou em novembro, quando o modelo de padarias-gourmet foi apresentado ao mercado chinês por uma missão brasileira, despertando, segundo o presidente da Abip, Alexandre Pereira, grande interesse de empresários e importadores asiáticos. "O potencial de negócios para o mercado chinês, em 2011, é de 2 milhões de dólares. A meta para o próximo ano é o dobro desse total", prevê o presidente da Abip, entidade que integrou a missão. "Esse projeto pode ser a grande porta de entrada para novos produtos brasileiros na China", diz Alexandre Pereira, lembrando que o país asiático é hoje grande importador de soja e de ferro do Brasil. "A padaria-gourmet representa Cartão de Natal.pdf 1 7/12/2011 13:34:43 Diretor-executivo da Abip, Giovani Mendonça (esq.), presidente da Abip, Alexandre Pereira, e o diretor do Propan, Márcio Rodrigues: na China, exportando o modelo de padaria brasileira SINDCERAMICA O Sindcerâmica agradece a todos os os parceiros que contribuíram para o sucesso de suas ações durante o ano, e deseja que em 2012 possamos estar juntos construindo uma indústria cerâmica cada vez melhor. Parceiros: O Laboratório de Controle Ambiental do SENAI agora oferece o serviço de Análises de Emissões Atmosféricas, desenvolvendo ações para eficiência dos processos produtivos, atendimento à legislação e melhoria da qualidade do ar. SENAI, soluções ambientais para sua indústria. Centro de Treinamento e Assistência às Empresas Rua Júlio Pinto, 1873 - Jacarecanga 85 3421.5200 | cetae-nac@sfiec.org.br www.senai-ce.org.br