Cyberspace and Higher Education: a study of educational practices
Transcrição
Cyberspace and Higher Education: a study of educational practices
6) CIBERESPAÇO EDUCATIVAS E ENSINO SUPERIOR: UM ESTUDO SOBRE AS PRÁTICAS Cyberspace and Higher Education: a study of educational practices El ciberespacio y la Educación Superior: un estudio de las prácticas educativas 1 Rossana Cristina Ribeiro Morais 2 Maria Gabriela Parenti Bicalho Maria Celeste Reis Fernandes Souza 3 Resumo: O desenvolvimento tecnológico multiplica as possibilidades de conexão entre indivíduos e grupos sociais, ocasionando uma diversificação nas formas como as pessoas se relacionam em diferentes contextos sociais. O surgimento do ciberespaço pode ser considerado um marco nesse processo, constituindo um novo meio de comunicação por meio do qual se estruturam novas relações sociais, econômicas e de poder (LEVY, 1999). Um dos elementos do ciberespaço são as redes sociais, cuja utilização encontra-se cada vez mais difundida e se coloca como uma questão para o campo da educação. Apresentamos neste trabalho dados parciais de pesquisa que tem por objetivo analisar as possibilidades criadas pela comunicação entre professores e estudantes nas redes sociais para a prática educativa no ensino superior. Trata-se de um estudo de cunho qualitativo que visa conhecer as principais formas de utilização das redes sociais na interação entre professores e alunos, a frequência da interação, as relações que se estabelecem entre professores e estudantes, os temas abordados e as influências dessa interação sobre os processos de ensino e aprendizagem. A metodologia abrange a observação das interações entre professores e estudantes de uma universidade na rede social Facebook e entrevistas com professores. Como resultados parciais, observamos que as redes sociais proporcionam uma discussão coletiva, troca de saberes e maior interatividade entre aluno-professor-aluno e aluno-aluno. O processo de ensino aprendizagem sofre modificação na perspectiva de uso do ciberespaço, uma vez que o mesmo possibilita novas formas de acesso às informações virtualizadas e novos estilos de raciocínio e conhecimento. Ainda é necessário, com o desenvolvimento da pesquisa, analisar os impactos efetivos dessas mudanças sobre os processos de ensino-aprendizagem. Abstract: Technological development multiplies the possibilities of connection between individuals and social groups, leading to a diversification in the ways people relate in different social contexts. The emergence of cyberspace can be considered a milestone in this process, providing a new medium through which to structure new social, economic and power (Levy, 1999). One of the elements of cyberspace are social networks, whose use is increasingly widespread and poses a question for the field of education. Here we present partial data from research that aims to analyze the possibilities created by the communication between teachers and students on social networks for educational practice in higher education. This is a qualitative study aimed to know the main ways of using social networks in that one interaction between teachers and students, the frequency , the relationships established , the themes and influences about the processes of teaching and learning. The methodology covers the observation of interactions between teachers and students of a university in the social network Facebook and interviews with educators. As partial results, we found that social networks provide a collective discussion, exchange of knowledge and greater interactivity between student-teacher-student and student-student. The teaching-learning process undergoes modification in view of use of cyberspace, since it enables new ways to access information virtualized and new styles of reasoning and knowledge. It is still necessary to develop the research, analyzing the effective impact of these changes on the processes of teaching and learning. 1 Coord. Curso Ciência da Computação e Mestranda em Gestão Integrada do Território – Universidade Vale do Rio Doce – [email protected] 2 professora do curso de Pedagogia e do Curso de Mestrado em Gestão Integrada do Território da Universidade Vale do Rio Doce – UNIVALE. [email protected] 3 professora do curso de Pedagogia e do Curso de Mestrado em Gestão Integrada do Território da Universidade Vale do Rio Doce – UNIVALE. [email protected] II Fórum Internacional Sobre Prática Docente Universitária Universidade Federal de Uberlândia – 2012 356 Resumen: El desarrollo tecnológico multiplica las posibilidades de conexión entre individuos y grupos de personas dando lugar a una diversificación de las formas de comunicación y cómo ellas se relacionan en los diferentes contextos sociales. La emergencia del ciberespacio puede ser considerada como un hito en este proceso creando así un nuevo medio de comunicación a través del cual se estructuran nuevas relaciones sociales, económicas y de poder (Levy, 1999). Uno de los elementos del ciberespacio son las redes sociales cuya utilización se haz cada vez más difundida y se coloca como una alternativa para el campo de la educación. Este trabajo presenta datos preliminares de una investigación que tiene por objetivo el análisis de las posibilidades creadas por la comunicación entre profesores y estudiantes en las redes sociales para la práctica educativa en la educación superior. Se trata de un estudio cualitativo que busca conocer las principales formas de utilización de las redes sociales en la interacción entre profesores y alumnos, la frecuencia de la interacción, las relaciones que se establecen entre profesores y estudiantes, los temas abordados y la influencias de la interacción sobre los procesos de enseñanza - aprendizaje. La metodología incluye la observación de las interacciones entre profesores y estudiantes de una universidad en la red social Facebook y entrevistas con los profesores como resultados parciales, el estudio señalo que las redes sociales proporcionan una discusión colectiva, el intercambio de conocimientos y una mayor interactividad entre el estudiante-maestro-estudiante y estudiante-estudiante. El proceso de enseñanza aprendizaje sufre una modificación en la perspectiva del uso del ciberespacio, una vez que posibilita nuevas formas de acceso a las informaciones virtuales y nuevos estilos de raciocinio y conocimiento; siendo necesario en el desarrollo de la investigación, el análisis de los impactos efectivos de estos cambios en los procesos de enseñanza - aprendizaje. Introdução As novas tecnologias de informação e comunicação são elementos importantes para a compreensão de questões relativas às sociedades e às culturas, podendo ser analisadas como ferramentas utilizadas pela humanidade na busca pelo atendimento de suas necessidades. Para Levy, “a técnica é um ângulo de análise dos sistemas sócio-técnicos globais, um ponto de vista que enfatiza a parte material e artificial dos fenômenos humanos, e não uma entidade real, que existiria independente do resto, que teria efeitos distintos e agiria por vontade própria” (LEVY, 1999, p.22). A técnica se desenvolve dentro de uma cultura em uma dada sociedade, portanto ela pode ser considerada fator condicionante – e não determinante – da vida social, possibilitando novas perspectivas de ações culturais e sociais (Lévy, 1999). Esta afirmação mostra que o desenvolvimento tecnológico está relacionado às formas como os atores humanos inventam, produzem, utilizam e interpretam as técnicas. (Levy, 1999). A partir do avanço tecnológico e suas transformações na sociedade, educação, cultura, comunicação e lazer, têm se buscado cada vez mais aprofundar os estudos e recursos a serem disponibilizados na Educação. Após influenciar a forma como as pessoas se comunicam e fazem negócios, o uso de diversas tecnologias vem influenciando significativamente a forma como as pessoas aprendem. O uso crescente das tecnologias digitais e das redes de comunicação interativa acompanha e amplifica a relação com o saber, que segundo Charlot (2000) é constituído em uma história coletiva e está submetida a processos coletivos de validação, capitalização e transmissão. Neste cenário, alguns pesquisadores e educadores defendem a educação colaborativa, por meio da qual os alunos aprendem de forma ativa através das interações entre aluno-aluno e aluno-professor (BARKLEY et al, 2005 apud ISOTANI; ISOTANI; ISOTANI; PORTO ALEGRE, 2008,p 1-11 ). Apresentamos neste trabalho dados parciais de pesquisa que tem por objetivo analisar as relações que se estabelecem entre professores e estudantes do curso de Ciência da Computação do ensino superior. Trata-se de um estudo de cunho qualitativo que visa conhecer as principais formas de utilização das redes sociais na interação entre professores e alunos, a frequência dessa utilização, os temas abordados e as influências dessa interação sobre os processos de ensino e aprendizagem. A metodologia abrange a observação das interações entre professores e estudantes de uma II Fórum Internacional Sobre Prática Docente Universitária Universidade Federal de Uberlândia – 2012 357 universidade comunitária da região leste de Minas Gerais na rede social Facebook e entrevistas com professores. Como resultados parciais, apresentamos um mapeamento da utilização das redes sociais por estudantes e professores, identificando as características e a forma de funcionamento dos grupos formados em cada período do curso. Ciberespaço e Educação Entre os diferentes contextos relacionados à evolução da tecnologia, o surgimento do ciberespaço pode ser considerado um marco, pois se apresenta como espaço onde as informações digitais circulam, permitindo às pessoas a construção e partilha de inteligência coletiva. Para Lévy o ciberespaço se apresenta como um meio de comunicação proporcionada pela interconexão de computadores. Para o autor, o ciberespaço, também chamado de rede, não é apenas a infraestrutura material de comunicação digital, mas se constitui em um “universo oceânico de informações que ela abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo.” (LEVY,1999, p. 17). O acesso ao ciberespaço pode ser feito por meio de módulos de processamento, como computadores pessoais, celulares, tablets, notebooks, entre outros, que deixam de ser um centro e passam a ser um nó de uma grande rede universal, sendo impossível traçar os limites e as possibilidades de acesso ao conteúdo deste espaço no qual se estruturam novas relações sociais, econômicas e de poder. Segundo Lévy (1999), o ciberespaço encoraja um estilo de relacionamento quase independente dos lugares geográficos e da coincidência dos tempos. As informações estão situadas fisicamente em algum lugar, mas o seu acesso pode ser feito de qualquer ponto desta gigantesca rede de conexão. Quanto mais o ciberespaço cresce, mais ele se torna universal, o que não significa a totalidade do mundo informacional. Para Lévy a universalidade do ciberespaço não pode ser considera “neutra” tendo em vista o fato de que a interconexão permite o contato entre pontos quaisquer podendo ter uma repercussão em diversas atividades da sociedade, como por exemplo, as atividades econômicas, políticas e culturais. Esta universalidade transforma as condições de vida em sociedade. Contudo, trata-se de um universo indeterminado e que tende a manter sua indeterminação, pois cada novo nó da rede de redes em expansão constante pode tornar-se produtor ou emissor de novas informações, imprevisíveis, e reorganizar uma parte da conectividade global por sua própria conta. (LEVY, 1999, p. 111) O ciberespaço pode ser visto como “prática de comunicação interativa, recíproca, comunitária e intercomunitária, o ciberespaço como horizonte de mundo virtual vivo, heterogêneo e intotalizável no qual cada ser humano pode participar e contribuir.”(LEVY, 1999. p. 126). Esta rede tende a crescer, cada vez mais, em interconexão, em integração, e em sistemas independentes, universais e “transparentes”. A universalidade sem a totalidade constitui um paradoxo, quanto mais universal, menos totalizável, pois “cada conexão suplementar acrescenta ainda mais heterogeneidade, novas fontes de informação, novas linhas de fuga, a tal ponto que o sentido global encontra-se cada vez menos perceptível, cada vez mais difícil de circunscrever, de fechar, de dominar.”(LEVY, 1999, p. 120). Para o autor, o movimento social e cultural que o ciberespaço propaga, um movimento potente e cada vez mais vigoroso, não converge sobre um conteúdo particular, mas sobre uma forma de comunicação não midiática, interativa, comunitária, transversal, rizomática (LEVY, 1999, p.132). II Fórum Internacional Sobre Prática Docente Universitária Universidade Federal de Uberlândia – 2012 358 Assim, a cibercultura é universal, aberta, redes que não se circunscrevem em uma totalidade. A interconexão possibilita a compatibilidade, a interoperabilidade e permite o acesso às comunidades virtuais e seus conteúdos possibilitando o desenvolvimento da inteligência coletiva. Isso constitui o universal. Entretanto, a interconexão de todos com todos possibilitando uma comunicação interativa, nos leva a pensar que não será possível chegar a uma totalização, pois sempre existirão novas linhas de fuga, fontes sempre mais heterogêneas e novos dispositivos de comunicação. (LEVY, 1999). Podese pensar então, que o ciberespaço é um espaço virtual onde são formados grupos, comunidades, redes de aprendizagem, de relacionamento e que a informação está virtualmente presente em cada ponto onde for solicitada, entendendo aqui que o virtual irá possibilitar novas oportunidades de atualizar o real e não substitui-lo. (LEVY, 1999). As redes de computadores são infraestrutura física do universo informacional da virtualidade, e quanto mais crescem, tanto em extensão quanto em capacidade, mais possibilitam a multiplicação de mundos virtuais. Segundo Lévy (1999), um mundo virtual é possível simular o mundo real, o mundo imaginário e os espaços não físicos e pode ser pensado como um lugar de encontro e um meio de comunicação uma vez que possibilita ser percorrido e atualizado coletivamente. A interconexão dos mundos virtuais é proporcionada pela infraestrutura técnica do ciberespaço. O autor considera a Internet como o maior símbolo do ciberespaço. A rede mundial de computadores passou a ser disponibilizada para a sociedade na década de 90, mesma década em que foi criada a World Wide Web (WWW), tecnologia que permitiu a criação de softwares e sites que possibilitavam a navegação por este novo universo informacional. Nos anos 2000 um novo conceito conhecido como Web 2.0 é implementado. A Web 2.0 é considerada uma segunda geração de comunidades e serviços na Internet que proporcionam um ambiente de interação e participação dos usuários, ampliando as chances de construção coletiva de novos conhecimentos, consequência dos modos de relações vivenciados no ciberespaço (O'REILLY, 2005). A filosofia da Web 2.0 visa à utilização coletiva e social das ferramentas e serviços, num ambiente acessível a todos os sujeitos conectados a rede, permitindo a livre publicação e compartilhamento de informações, de acordo com os seus interesses e necessidades (PATRICIO E GONÇALVES, 2010). O uso de tecnologias da Web 2.0 permite a interação e a construção de relações e conhecimentos de acordo com a necessidade de cada usuário. Neste contexto, o processo de ensino aprendizagem sofre modificação na perspectiva de uso do ciberespaço, uma vez que o mesmo possibilita novas formas de acesso às informações virtualizadas e novos estilos de raciocínio e conhecimento. Para Lévy (1999) o uso do ciberespaço pode modificar os processos educativos se pensamos que os conteúdos aprendidos se tornam obsoletos mais facilmente, que o trabalho adquire novas formas, pois entra em jogo as questões do aprender, do transmitir saberes e produzir conhecimento. Além disso, as tecnologias intelectuais existentes no ciberespaço podem amplificar, exteriorizar e modificar as funções cognitivas humanas, levando ao aumento do potencial de inteligência coletiva dos grupos humanos. (LÉVY, 1999). O ciberespaço permite, portanto, a construção de novos “espaços de conhecimentos” organizados em fluxos não lineares, nos quais os saberes estão acessíveis em mapas continuamente transformados pela interação entre os sujeitos on line. Algumas técnicas existentes no ciberespaço, como por exemplo, a World Wide Web (WWW), possibilitam o compartilhamento e a integração de documentos, que agora possuem um caráter dinâmico e aberto. A multiplicidade da rede proporciona uma articulação transversal, em rizoma, sem unificação sobrejacente e cada ponto desta rede, cada indivíduo, cada grupo pode ser um emissor de informação (LÉVY, 1999). Desta forma, com as possibilidades proporcionadas pelo ciberespaço, o conhecimento passa para o lado do intotalizável, do indominável. (LEVY,1999). O ciberespaço permite a criação de zonas de significação móveis e mutáveis, e deverão ser devidamente apropriadas a cada II Fórum Internacional Sobre Prática Docente Universitária Universidade Federal de Uberlândia – 2012 359 navegação pela imensa rede informacional Os elementos do ciberespaço podem expressar desejos, ideias, saberes, transações. Por trás desses elementos “fervilham a multiplicidade e suas relações”(LEVY, 1999, p. 162). . Para o autor, “as redes digitais interativas são fatores potentes de personalização ou de encarnação do conhecimento” (LEVY, 1999, p. 162), assim, independentes de encontros, o ciberespaço promove várias formas de comunicação, sendo uma delas a interação que possibilita a participação ativa dos sujeitos envolvidos em uma transação de informação (LEVY, 1999,). Portanto, no ciberespaço, as comunidades passam a conhecer a si mesmas como coletivos inteligentes. O conceito de interatividade envolve o processo de reapropriação, recombinação e de personalização de uma mensagem e para Lévy (1999), cada vez mais questões educacionais estão ligadas ao meio de comunicação. Por meio da interação, os usuários podem explorar e atualizar os mundos virtuais. A interação permite uma participação ativa dos sujeitos aprendentes e possibilita uma intervenção direta no fluxo informacional, possibilitando interrompê-lo e reorientá-lo em tempo real. (Lévy, 1999). A produção de conhecimento encontra-se descentralizada, uma vez que o ciberespaço proporciona a interconexão de todos com todos Nesse sentido, o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação pode modificar a aquisição, classificação, acesso e exploração do saber e do conhecimento. Dentro das várias possibilidades tecnológicas permitidas na Web 2.0 no contexto educacional, destacaremos as redes sociais, que permitem comunicação e interação entre os usuários, além do compartilhamento de informações. Redes sociais no Ensino Superior presencial: o ciberespaço na sala de aula? A interação e a colaboração proporcionadas pelas novas tecnologias têm se configurado como um desafio para os professores, abrindo possibilidades para que os mesmos estabeleçam práticas educativas que permitam uma apropriação adequada das mídias digitais no processo educacional. O acesso à internet já faz parte da rotina diária da maioria dos alunos do ensino superior proporcionando o acesso às informações virtuais que estão localizadas em algum ponto do ciberespaço. O uso de Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) na educação permite que o processo de ensino aprendizagem e a integração entre os sujeitos que participam deste processo ultrapassem as barreiras físicas das salas de aula. Neste contexto, conforme afirma Barbosa (2010), a integração às novas tecnologias e a utilização das mesmas como recursos complementares não é mais uma opção para os professores, . As redes sociais digitais são exemplos de tecnologia que podem auxiliar no processo de ensino aprendizagem, e são consideradas recursos online de interação social, com a capacidade de compartilhar opiniões, conceitos, experiências, ideias, perspectivas e conteúdos de forma colaborativa. Essas mídias sociais promovem a difusão da informação utilizando um modelo “todos para todos” (Lévy, 1999), nas quais todos os sujeitos conectados podem produzir, divulgar e compartilhar os conteúdos disponibilizados nesses ambientes digitais. Podem proporcionar grandes mudanças, uma vez que permitem a formação de pequenos grupos compartilhando informações e conhecimento de forma diversificada e descentralizada. Atualmente as redes sociais possuem milhões de usuários interagindo em comunidades virtuais. Na ótica de Lévy (1999) as comunidades virtuais ou redes sociais são espaço onde as pessoas trocam informações. Uma comunidade virtual é construída sobre as afinidades de interesses, de conhecimentos, sobre projetos mútuos, em um processo de cooperação ou de troca, tudo isso independentemente das proximidades geográficas e das filiações institucionais. (LÉVY, 1999. p.127) II Fórum Internacional Sobre Prática Docente Universitária Universidade Federal de Uberlândia – 2012 360 As redes sociais se apresentam como uma nova maneira de partilhar contatos, informações e conhecimentos. O seu uso no ensino superior permite que os professores utilizem estratégias pedagógicas que possibilitem aos alunos aprenderem no ciberespaço, construindo seu próprio conhecimento através da cooperação, da partilha e da interação. Pode-se pensar que as redes sociais proporcionam uma discussão coletiva, uma troca de saberes e maior interatividade entre alunoprofessor-aluno e aluno-aluno, e permitem, além do compartilhamento de informações, a interação entre os sujeitos, visto que essas redes proporcionam um novo ambiente de ligação entre pessoas. Além de serem um meio de interação social, as redes sociais podem se configurar como um meio de aquisição de conhecimento. Isso vai depender de como alunos e professores irão se apropriar desta tecnologia. O Facebook foi desenvolvido em 2004 por alunos de Harward com o objetivo de permitir que os alunos desta universidade pudessem trocar informações entre os “amigos virtuais” ou entre grupos de interesse comum. Rapidamente a rede estava sendo disponibilizada para outras universidades e em seguida para todo o mundo. Em fevereiro de 2012, o Facebook já tinha 845 milhões de usuários ativos. O Facebook permite a interação entre seus usuários através de comentários, participação de grupos de discussão, utilização de jogos e aplicativos. É um espaço de encontro, partilha, discussão de ideias e, provavelmente, é a rede social mais utilizada entre estudantes universitários. Proporciona uma vasta lista de ferramentas e aplicações que permitem aos utilizadores comunicar e partilhar informação, assim como controlar quem pode acessar a informação ou realizar determinadas ações. (EDUCAUSE, 2007). No contexto desta pesquisa estamos considerando como objeto de estudo o uso da rede social Facebook por professores e estudantes de um curso de Ciência da Computação. Em uma etapa inicial da pesquisa, foram mapeadas as principais formas de interação desses sujeitos nessa rede social. . Observou-se que cada uma das três turmas em funcionamento no curso possui um grupo específico no Facebook, sendo que a iniciativa de criação dos grupos na rede social foi dos próprios alunos. Nas turmas do oitavo e quarto períodos os grupos tem participação somente dos alunos, e segundo relato dos mesmos, é utilizada para compartilhamento de material acadêmico, auxílio mútuo em atividades propostas pelos professores e discussão de problemas acadêmicos. Todos os estudantes desses dois períodos participam dos grupos. Na turma do segundo período, o grupo conta com a participação de alunos e professores. Pode ser observado que 40% dos professores deste período utilizavam o Facebook para interagir com seus alunos, o que fazem com o objetivo de acompanhar as discussões sobre a disciplina, perceber possíveis dificuldades dos alunos e compartilhar material complementar. Entre os estudantes deste período, a participação é de 100%, e os objetivos da utilização, além da troca de informações e interação com os colegas de turma, inclui a troca de informações que extrapolam os assuntos acadêmicos. Em alguns relatos dos alunos do segundo período ficou clara a preferência pelo uso de redes sociais como ferramenta de interação entre alunos-professores e alunos-alunos. Alguns afirmaram que praticamente não utilizam mais e-mail para comunicar com seus colegas de turma, pois as redes sociais proporcionam uma comunicação mais dinâmica e interativa. Os professores que participaram do grupo do segundo período informaram que os comentários dos estudantes sobre as questões das disciplinas proporcionaram, além de uma maior dinâmica nas discussões tanto no ambiente virtual quanto no real, uma revisão na prática pedagógica. II Fórum Internacional Sobre Prática Docente Universitária Universidade Federal de Uberlândia – 2012 361 Os comentários dos alunos faziam com que os professores tivessem a oportunidade de modificar as atividades de avaliação e a maneira de expor os conteúdos conforme o nível de entendimento da turma. De maneira geral, podemos afirmar que para os docentes e estudantes do curso de Ciência da Computação que compõem este estudo, a utilização do Facebook como ferramenta de auxílio no processo de ensino aprendizagem trouxe uma maior integração e interação entre aluno – professor, proporcionado uma nova dinâmica na troca de conhecimento. A continuidade da pesquisa, conclusão das observações e realização de entrevistas com os professores, poderá aprofundar a análise dessa interação. Considerações finais A emergência do ciberespaço e todas as possibilidades de comunicação e interação proporcionadas por este meio vem interferindo nos processos educativos do Ensino Superior. Tecnologias como redes sociais digitais que são implementadas no ciberespaço permitem aos usuários uma comunicação participativa possibilitando interação entre os sujeitos, cooperação e compartilhamento de informações. As observações realizadas como etapa inicial de uma pesquisa sobre as interações entre professores e estudantes de um curso de Ciência da Computação, mostrou que a rede social Facebook como ferramenta complementar no processo de ensino aprendizagem é amplamente utilizada pelos alunos e professores sujeitos da pesquisa. Essa utilização acontece com diferentes objetivos: compartilhamento de material complementar, solução de dúvidas, troca de informações sobre atividades acadêmicas. Para alguns professores, a interação com os estudantes no Facebook possibilitou alterações da prática pedagógica. Pretende-se, com o desenvolvimento da pesquisa, analisar com maior profundidade a qualidade das interações entre professores e estudantes, discutindo sua organização e suas consequências para o processo de ensino-aprendizagem no curso estudado construindo, desse modo, um repertório teórico que contribua para ampliar as discussões sobre o comparecimento das TICs no ensino superior. Referências BARBOSA, Cristiane. Apropriação das Mídias Sociais como recurso no processo ensino‐aprendizagem. In: 3º Simpósio de Hipertexto e Tecnologias na Educação, 2010, Recife. Disponível em: http://www.ufpe.br/nehte/simposio/anais/simposio2010.html. Acessado em: 10/09/2012 CHARLOT, Bernard. Da relação com o saber: elementos para uma teoria. Porto Alegre: Artmed, 2008. EDUCAUSE; (2007). 7 Things You Should Know About Facebook II. [Online]; disponível em http://net.educause.edu/ir/library/pdf/ELI7025.pdf . Acesso em: 12 de julho de 2012. ISOTANI, S. ; ISOTANI, S. ; ISOTANI, N. . Ontologias e Web Semântica no Suporte ao Ensino Colaborativo em Salas de Aula Presenciais. In: XIX Simpósio Brasileiro de Informática na Educação, 2008, Fortaleza. Anais do XIX Simpósio Brasileiro de Informática na Educação. Porto Alegre : Sociedade Brasileira de Computação, 2008. p. 1-11. LÉVY, Pierre. Cibercultura. 1. ed. São Paulo. Ed. 34, 1999. II Fórum Internacional Sobre Prática Docente Universitária Universidade Federal de Uberlândia – 2012 362 O'REILLY, T. What is Web 2.0: design patterns and business models for the next generation of software. [Sebastopol, CA]: O'Reilly, 2005. Disponível em: <http://oreilly.com/web2/archive/what-isweb-20.html>. Acesso em: 04 de setembro de 2012. PATRÍCIO, M.R.; GONÇALVES, V.M.B. Utilização Educativa do Facebook no Ensino Superior. Instituto Politécnico de Bragança – Escola Superior de Educação, Portugal, 2010. Disponível em: https://bibliotecadigital.ipb.pt/ bitstream/10198/2879/4/7104.pdf Acesso em 11 de setembro de 2012. II Fórum Internacional Sobre Prática Docente Universitária Universidade Federal de Uberlândia – 2012 363