Edição nº 30 - ano XVII - Jul a Set de 2011
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Edição nº 30 - ano XVII - Jul a Set de 2011
Impresso Especial 9912278225/DR/SPM SBDens CORREIOS Informativo Oficial da Sociedade Brasileira de Densitometria Clínica, Sociedade Brasileira de Osteoporose e Sociedade Brasileira para Estudos do Metabolismo Ósseo e Mineral Edição nº 30 - ano XVII - Jul a Set de 2011 FILIADA À: CONVITE Ao longo dos últimos dois anos, “exercitando” a convivência entre as três sociedades - SBDens/ SOBRAO/SOBEMOM - os três presidentes vêm se revezando na tarefa de escrever o editorial do Conectividade Óssea. Essa é apenas uma das ações que desenvolvemos de forma conjunta e harmoniosa, sendo o BRADOO, indubitavelmente, a maior de todas. E ele se avizinha, bem como as assembléias de cada uma dessas sociedades, momento em que as propostas de alterações estatutárias e de fusão definitiva entre elas serão apreciadas e votadas. Durante esses últimos meses, pudemos observar o grande empenho e entusiasmo do querido amigo Sergio Ragi Eis para que isso se concretize. Decidimos então convidá-lo a escrever o presente editorial, tratando do tema. É com você Sergio! Um grande abraço a todos e compareçam ao IV BRADOO. José Carlos Amaral Fº - Presidente SBDens João L. C. Borges - Presidente Sobemom Cristiano A. F. Zerbini - Presidente Sobrao EDITORIAL A união faz a força ou a força faz a união? E ste mês fui brindado com o honroso convite de escrever o editorial dessa publicação que, trimestralmente, visita profissionais ligados ao metabolismo ósseo em todo o território brasileiro. Nos últimos 25 anos, o interesse pelos meandros fisiopatológicos da saúde óssea vem atraindo cada vez mais profissionais que, intrigados pelas múltiplas conexões entre o osso e corpo humano, têm buscado respostas para as inesgotáveis lacunas da ciência. Apesar de sedutor, decidi não falar sobre isso. Penso que uma reflexão sobre o caminho percorrido e as possibilidades à frente seria mais produtivo. Falaremos de evolução. Como as espécies evoluíram na terra é razoavelmente simples entender. Temos fósseis e teorias que indicam as adaptações que foram necessárias à sobrevivência. Mas, entender como o nosso comportamento se modificou até o ponto em que nos tornamos Homo societarius (ou quem sabe: Homo electus) é bem mais Jean Jacques Rousseau, autor da obra “Du Contrat Social” complicado. Comportamentos, ao contrário de ossos, não fossilizam, e as pistas são bem mais sutis que um crânio de Australopiteco. As chaves desse entendimento, normalmente, são duas: economia e ecologia. INFORMATIVO OFICIAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DENSITOMETRIA CLÍNICA Informativo Oficial da Sociedade Brasileira de Densitometria Clínica, Sociedade Brasileira de Osteoporose e Sociedade Brasileira para Estudos do Metabolismo Ósseo e Mineral - ed. 30 · ano XVII · jul a set/2011 Rua Itapeva, 518, Ed. Scientia - cj. 111/112 - Bela Vista CEP: 01332-000 - São Paulo (SP) - Tel: (11) 3253-6610 Fax: (11) 3262-1511 - E-mail: [email protected] Jornalista responsável: Renato H. S. Moreira (Mtb 338/86 - ES). 2 CONSELHO EDITORIAL EXPEDIENTE Não é por acaso que essas duas palavras começam por um mesmo prefixo: “eco-”, em grego “oikos”, que significa a casa, a moradia, o lar. Como o sufixo “-nomia” (em grego, “nomos”) significa organização. Já o sufixo “logia” (em grego, “logos”), é o mesmo onipresente no final da palavra osteologia e metabologia, significando “estudo” ou, nesse contexto, “estudo da nossa casa”. Nesses últimos 23 anos, grupos de profissionais – muitos deles os mesmos –, interessados em metabolismo ósseo, criaram três sociedades interdisciplinares: a SOBEMOM, a SBDens e a SOBRAO (nessa ordem cronológica). Num primeiro momento, três entidades com focos de atuação ligei- ramente distintos e com propostas aparentemente complementares, mas não conflitantes. Logo adiante, disputas por espaços em periódicos, em disciplinas acadêmicas e, ainda mais notavelmente, por apoios institucionais e patrocínios se tornaram evidentes. Curiosos são os caminhos que percorre nossa sociedade. No século XVIII, Jan Jacques Rousseau já fazia diversas referências em sua publicação “Du Contrat Social”, explicando a agregação social como uma evolução do estado primitivo, sempre que motivações fortes como, por exemplo, as dificuldades de desenvolvimento se apresentam. "Eu imagino os homens chegados ao ponto em que os obstáculos prejudiciais à sua conservação no estado natural, os arrastam, por sua resistência, sobre as forças que podem ser empregadas por cada indivíduo a fim de se manter em tal estado. Então, esse estado primitivo não tem mais condições de subsistir, e o gênero humano pereceria se não mudasse a sua maneira de ser. Ora, como não é impossível aos homens engendrar novas forças, mas apenas unir e dirigir as existentes, não lhes resta outro meio, para se conservarem, senão formando, por agregação, uma soma de forças que possa arrastá-los sobre a resistência, pô-los em movimento por um único móbil e fazêlos agir de comum acordo". Estivesse ainda Rousseau entre nós, teria dito: “non pas tant mes amis, non pas tant...” (nem tanto meus amigos, nem tanto...) Em 2007, realizamos o 1o Bradoo, uma histórica iniciativa de união das três sociedades dedicadas ao nosso campo de atuação. Já na pri- Coordenadora: Mirley do Prado Membros: meira experiência, uma grata surpresa: nascia o maior evento, em nosso campo, da América Latina. As duas edições seguintes confirmaram essa vocação e ampliaram a tríplice aliança então estabelecida. Hoje, SBDens, SOBEMOM e SOBRAO compartilham mais de 50% do seu quadro de associados; suas diretorias sempre foram compostas por profissionais que já ocuparam cargos em duas ou até nas três entidades; vêm trabalhando juntas na edição do seu veículo informativo oficial (Conectividade Óssea); estabeleceram suas operações em um mesmo endereço, com o mesmo staff executivo, administrativo e jurídico; Assim, no mais fiel alinhamento com o pensamento moderno, e em linha com evidências produzidas nos últimos quatro anos, unir suas energias, recursos e operações em torno de uma só legenda se faz consequência lógica, inexorável e irreversível. Só assim todos os projetos, eventos, publicações, obrigações, atividades educativas, treinamento, científicas, de pesquisa e de apoio jurídico poderão transformar uma área científica de interesse comum em uma área de habilitação específica, em respeito, sobretudo, às necessidades da sociedade brasileira. Só assim crescemos! Um forte ABrASSO, Sergio Ragi Eis Diretor do ProQuaD Sergio Ragi Eis ([email protected]) Laura Maria C. Mendonça ([email protected]) José Carlos Amaral Filho ([email protected]) Presidente SBDens Cristiano A. F. Zerbini ([email protected]) Presidente da Sobrao João Lindolfo C. Borges ([email protected]) Presidente da Sobemom TIRAGEM: 3.000 exemplares Bruno Muzzi Camargos ([email protected]) EDITORAÇÃO: RH comuni cação INFORMATIVO OFICIAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DENSITOMETRIA CLÍNICA Dilemas em Densitometria Óssea Tabela 1 Os temas aqui apresentados são de cunho prático e visam acender o debate sobre dilemas do cotidiano densitométrico. Participe, colabore enviando sugestões de novos dilemas e também enviando a sua opinião para [email protected] Como posicionar a ROI na análise do fêmur proximal? ecentemente, muito se tem questionado quanto ao posicionamento correto da caixa de análise do colo femoral. Os softwares novos têm demonstrado que manter quantidades desiguais de partes moles acima e abaixo do colo, desde que o movimento da ROI seja apenas longitudinal em relação ao eixo do colo, ou excluir ísquio, com amostra de partes moles simétrica, não leva a diferenças significantes na maioria dos casos. No entanto, a quantidade de tecidos moles semelhantes dos dois lados é desejada para se conseguir amostragem suficiente e que, na média, a atenuação provocada pelos tecidos moles seja reprodutível. O quadril, em geral, diferente da coluna, apresenta tecidos moles razoavelmente uniformes, predominantemente de musculatura, o que resulta nesta pouca variação. No entanto, em pacientes com calcificações vasculares, de tecidos moles e entesites, esta diferença pode ser significante. Assim, sempre que possível, aconselhamos deixar amostragem semelhante de tecidos moles dos dois lados do colo, e nunca alterar a dimensão da ROI, para que tenhamos resultados mais exatos e precisos. Em casos onde não conseguimos a amostragem ideal, seria aceitável a desigualdade, com movimentação da ROI, sempre a menor R possível e com exclusão do ísquio, se necessário. Não podemos nunca esquecer a ferramenta de busca, que deve ser usada sistematicamente nos aparelhos GE-Lunar. O laudo densitométrico e transição menopausal: como agir? Esse tema já foi discutido no Conectividade de abril/junho de 2008, no artigo “Transição Menopausal e Posições Oficiais 2007 da ISCD”. Trazemos novamente o tema, posto que é merecedor de ênfase. Conforme disposto nas Posições Oficiais da SBDens de 2008 (Arq Bras Endocrinol Metab. 2009;53), a utilização dos critérios diagnósticos da OMS (1994) deve ser usada para diagnóstico em pacientes na transição menopausal. Estes critérios anteriormente eram aplicáveis em mulheres menopausadas e em homens acima de 50 anos e NÃO aplicáveis em mulheres na menacme. Restam as muitas dificuldades encontradas na prática para a determinação desta transição, principalmente em pacientes histerectomizadas, pois raramente o médico solicitante informa o status hormonal das pacientes, que frequentemente prestam informações imprecisas, podendo nos induzir a erros. Agravando o problema, não dispomos ainda de dados oficiais sobre a média da idade da transição menopausal nas mulheres brasileiras, embora segundo Leon Speroff, a média de idade de início da menopausa seja de 46 anos (em 95% das mulheres entre 39-51 anos), com média de duração de 5 anos (95% entre 2-8 anos). Assim, a idade não deve ser considerada como o único determinante para a caracterização da transição menopausal, sendo sugerido que, além da idade, busquemos informações adicionais nos dados clínicos (alterações menstruais, fogachos, amenorréia etc) e laboratoriais (FSH elevado no quinto dia do ciclo) obtidos durante cuidadosa anamnese densitométrica. Apenas quando dispusermos de dados consistentes devemos empregar os critérios da OMS e quando não tivermos dados consistentes devemos empregar o Z-score no laudo, com as devidas observações referentes à pré-menopausa. Mirley do Prado Coordenadora do Conselho Editorial 3 INFORMATIVO OFICIAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DENSITOMETRIA CLÍNICA ARTIGO Highlights ASBMR 2011 Foto: arquivo O congresso anual ASBMR 2011 ocorreu de 16 a 20 de setembro de 2011, em San Diego (EUA). O programa cobriu recentes avanços da pesquisa básica e clínica em osteometabolismo. A comunidade osteometabólica brasileira compareceu em peso, participando inclusive com alguns temas livres. Confira a tradicional foto sob o pórtico de entrada e alguns dos temas principais do Evento. Metabolismo do músculo esquelético O eixo GH / IGF-1 é um mecanismo regulatório da hipertrofia e da força muscular. O GH promove o desenvolvimento muscular através da fusão de mioblastos mas também associa-se à efeitos metabólicos capazes de regular a adiposidade periférica, resistência à insulina e intolerância à glicose. A administração de GH melhora a força muscular e diminui a gordura corporal em pacientes com deficiência do mesmo. Para diferenciar a ação do GH e do IGF-1, foram estudados camundongos com deleções no receptor para estas substâncias no músculo esquelético. Os autores concluíram que a ação do GH no desenvolvimento muscular depende do IGF-1 e que sua ação metabólica, de normalização da insulina mediada pelo músculo esquelético, não dependente do IGF-1. Também foi demonstrado que a atividade física aumenta o conteúdo mitocondrial no músculo e que várias doenças, além do próprio processo 4 Médicos brasileiros marcaram presença no evento de envelhecimento, estão associados à disfunção mitocondrial. Os autores descreveram a ação da enzima AMPK (AMP-activated protein kinase) que age como um sensor de energia da célula e trabalha como um regulador da biogênese mitocondrial. A atividade do AMPK diminui com a idade, o que pode contribuir com a diminuição da biogênese mitocondrial do envelhecimento. Foram apresentados estudos sobre as miocinas: substâncias secretadas pelo músculo que podem influenciar a massa óssea positiva ou negativamente. Os autores levantaram a hipótese de que as miocinas podem ser uma via de tradução dos sinais mecânicos em sinais biológicos no osso. Lipotoxicidade e massa óssea O esqueleto contribui para o clea- rance da gordura dietética, servindo também como depósito de gordura. A gordura corporal total e as concentrações de LDL se correlacionam negativamente com a massa óssea. A aterosclerose e osteoporose têm em comum o aumento do estresse oxidativo, aumento da oxidação lipídica, formação de radicais livres, aumento da atividade PPARy e inibição da via Wnt. A hiperlipemia e sua oxidação se correlacionam com a diminuição da função dos osteoblastos, aumento da função dos osteoclastos e diminuição da via de sinalização do PTH. Outro estudo avaliou o papel da localização sobre a função e secreção dos adipócitos. Os autores demonstraram que, enquanto o tecido adiposo subcutâneo tem um efeito protetor, o tecido adiposo visceral provoca um efeito ne- INFORMATIVO OFICIAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DENSITOMETRIA CLÍNICA gativo sobre a massa óssea. Osteoporose masculina Até o momento não havia estudos sobre osteoporose em homens com fraturas no objetivo primário. Foi apresentado um estudo prospectivo de 24 meses, multicêntrico, randomizado e controlado que investigou a eficácia e a segurança do ácido zoledrônico 5 mg por via intravenosa anual (ZOL) em homens com osteoporose. O objetivo principal foi analisar a proporção de pacientes com ≥ 1 fratura vertebral nova morfométricas após 24 meses. A proporção de pacientes com nova fratura vertebral morfométrica foi significativamente menor no grupo ZOL (1,6%) se comparado ao grupo placebo (4,9%), evidenciando uma redução de 67% no risco relativo de fraturas. O estudo concluiu que o tratamento com ZOL, por um período de 24 meses, reduziu o risco de novas fraturas vertebrais em homens com osteoporose. Hipoparatireoidismo e PTH 1-84 Hipoparatireoidismo (HypoPT) é uma desordem caracterizada por baixos níveis séricos de cálcio e os níveis de paratormônio. Os efeitos a lon- go prazo do paratormônio sintético (1-84) sobre os parâmetros bioquímicos e densitométricos foram demonstrados no estudo que, pela primeira vez, forneceu informações sobre o uso de PTH (1-84) em pacientes com HypoPT durante 48 meses. O tratamento com PTH (1-84) reduziu a necessidade de suplementação de cálcio em 36% (p <0,01). A necessidade de calcitriol caiu (p = NS), com três sujeitos capazes de interromper totalmente o uso calcitriol. Os dados demonstram que o tratamento com PTH (1-84) no HypoPT por até quatro anos mantém a calcemia, reduzindo a necessidade de suplementação de cálcio e calcitriol. Estes dados fornecem suporte para a segurança e eficácia de PTH no HypoPT por até 4 anos. A autofagia do osteócito A última década tem proporcionado uma explosão de dados sobre a biologia molecular e a função dos osteócitos. Esta célula possui várias funções, tais como agir como um orquestrador da remodelação óssea através da regulação das atividades dos osteoclastos e osteoblastos, além do seu papel endócrino. O osteócito é uma fonte de fatores solúveis não só para atingir as células na superfície óssea, mas também para atingir órgãos distantes como músculo, rim e outros tecidos. Esta célula desempenha um papel no metabolismo de fosfato e na disponibilização de cálcio. Osteócitos representam 90% a 95% de todas as células ósseas adultas e são as células com maior longevidade do tecido ósseo. Além de sofrer morte celular programada, os osteócitos podem sofrer um processo chamado autofagia, especialmente em resposta aos glicocorticóides. Autofagia é um processo de degradação lisossomal necessário para reciclagem de produtos celulares. Durante a autofagia, partes do citoplasma e organelas intracelulares, que se localizam dentro de vacúolos autofágicos, são transferidos para lisossomos para degradação. A autofagia pode preservar a viabilidade ou, alternativamente, pode ser um processo auto-destrutivo que leva à morte celular. Maria Marta Sarquis Soares Endocrinologista - Profa associada de Clínica Médica da UFMG 5 INFORMATIVO OFICIAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DENSITOMETRIA CLÍNICA ARTIGO CIENTÍFICO Microarquitetura óssea: o elo perdido A osteoporose tornou-se um problema de saúde coletiva em praticamente todos os países industrializados (1-3). Estima-se que nove milhões de novas fraturas osteoporóticas ocorram a cada ano no mundo (4). Das mulheres na quinta década de vida, 10% delas já experimentaram alguma fratura osteoporótica (5,6). Considerando apenas dados Norte-Americanos, é possível afirmar que a osteoporose esteja presente entre 4 e 6 milhões de mulheres na pós-menopausa (7). Neste grupo, ocorrem aproximadamente 2 milhões de fraturas por ano (8), elevando a mortalidade excedente em até 20% (5, 6). Estimativas apontam que, na América Latina, a taxa de fraturas osteoporóticas deva aumentar em seis vezes nos próximos 50 anos (8), constituindo uma questão de saúde pública de relevância crescente, alimentada principalmente pelo aumento na expectativa de vida da população idosa e modificações nos hábitos de vida inerentes aos grandes centros urbanos. O grande desafio dos métodos diagnósticos tem sido desenvolver uma técnica inovadora que permita a avaliação clínica não-invasiva da microarquitetura óssea e, ao mesmo tempo, que seja aplicável em larga escala (09-14). Rastreamento populacional da osteoporose A densitometria óssea duo-energética (DXA) tem sido considerada o padrão-ouro para o diagnóstico de osteoporose na ausência de fraturas osteoporóticas. Ela representa um dos maiores determinantes da resistência óssea capaz de estimar clinicamente o risco de fraturas (15, 16) em indivíduos fraturados ou não. Contudo, há uma considerável sobreposição nos valores de DMO 6 entre os indivíduos que irão se fraturar e indivíduos que não experimentarão qualquer fratura osteoporótica (17). Isso pode ser explicado pela presença de outros fatores que também influenciam a resistência óssea. São eles: a macro-geometria (ex: comprimento do colo femoral), a micro-arquitetura, a presença de micro-fraturas, o grau de mineralização e o turnover ósseo (18, 19). A natureza multifatorial da osteoporose tem estimulado a utilização de complexos algoritmos matemáticos que associam fatores de risco à medida da massa óssea. O exemplo mais famoso de ferramentas de cálculo de risco de fratura é o algoritmo FRAX®, amplamente discutido em edições anteriores do Congresso BRADOO e do informativo Conectividade Óssea. Tais modelos de cálculo de risco aumentam a sensibilidade do rastreamento da osteopoose sem prejudicar a sua especificidade. Mesmo assim, uma lacuna na abordagem baseada em fatores de risco e DMO persiste: a microar- quitetura óssea. Avanços tecnológicos recentes contribuíram para o estudo da microarquitetura óssea. Dentre as técnicas não-invasivas, destacam-se a micro tomografia computadorizada quantificada periférica (µ-CT) (20,21) e a ressonância nuclear magnética (RNM) (22). Apesar de modernas, tais técnicas são inúteis na prática para o rastreamento rotineiro da população devido ao alto custo, baixa disponibilidade de aparelhos configurados para este fim, falta de cobertura pelo sistema de saúde e difícil acessibilidade para o paciente. Embora considerada padrão-ouro para avaliação da micro-arquitetura óssea, a histomorfometria por biópsia de crista ilíaca é uma técnica invasiva e não-tridimensional, igualmente inadequada para o rastreamento populacional da osteoporose. A Evolução da Densitometria Nos últimos anos, a DXA avançou drasticamente em termos de hardware e software (27). Novas gerações de INFORMATIVO OFICIAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DENSITOMETRIA CLÍNICA aparelhos DXA produzem medidas acuradas e precisas e também permitem o diagnóstico de fraturas vertebrais através de técnicas conhecidas como VFA - Vertebral Fractures Assessment - (23, 24) bem como a avaliação da resistência óssea do fêmur proximal ou hip strength analysis (HSA) (25, 26, 27, 28). Tais medidas macroscópicas da geometria óssea constitum fatores de risco independentes da DMO e, a possibilidade de serem obtidos a partir do mesmo exame de DXA convencional (sem necessidade de uma nova exposição radiológica) constitui uma vantagem adicional significativa. Langton e colaboradores (29) desenvolveram uma técnica denominada análise de elementos finitos (FEXI). Essa técnica, realizada a partir da escala de cinza do exame DXA, leva em conta a distribuição da massa óssea em diferentes regiões do fêmur proximal, um dado além da simples medição da densidade mineral óssea (30) . Padrão Microarquitetural Ósseo por DXA da Coluna Lombar O escore trabecular ósseo ou trabecular bone score (TBS) é um novo parâmetro que propõe o uso de variogramas derivados da imagem densitométrica convencional. Este novo algoritmo matemático é capaz de diferenciar características do arranjo trabecular em estuturas de igual densidade, agregando dados qualitativos à densitometria da coluna lombar. Assim como a análise de elementos finitos, o TBS avalia a taxa média de variação da escala de cinza obtida nos exames DXA. Valores elevados de TBS refletem uma microrquitetura resistente à fraturas enquanto valores baixos refletem uma microarquitetura propensa à fraturas. O escore trabecular ósseo (TBS) é um indicador de qualidade que avalia o padrão de distribuição da microarquitetura óssea da coluna sem radiação adicional para o paciente. Constitui uma forma de avaliar o risco de fratura aplicável em conjunto com a densitometria e que possibilita a identificação de pa- cientes em risco eventualmente não identificados pela densitometria óssea isoladamente. O TBS discrimina indivíduos osteoporóticos fraturados dos controles? O valor adicional do TBS para a densitometria na avaliação do risco de fratura foi bem documentado em diversos estudos transversais (3135). Tais estudos demonstraram que o TBS foi capaz de discriminar indivíduos saudáveis e fraturados em todos os sítios esqueléticos. O TBS é capaz de predizer fraturas osteoporóticas? O Estudo de Manitoba avaliou 29.407 mulheres com idade ≥ 50 anos, no Canadá. Tanto TBS quanto densidade mineral óssea foram menores em mulheres com fraturas (p<0.001). A combinação entre TBS e DXA mostrou-se superior a qualquer um deles isoladamente na predição do risco de fraturas (p < 0.001). Em mulheres osteopênicas, a capacidade de predizer o risco de fraturas foi igualmente independente da DXA e, quando aliada à mesma, demonstrou aprioramento da estimativa do risco de faturas.(36) O Estudo OFELY avaliou de forma prospectiva por um período médio de 8 anos, mulheres com idade entre 58 e 74 anos. (37) O objetivo de testar a capacidade do TBS em predizer novas fratras foi atingido numa amostra de 564 pacientes. Os autores concluíram que a DXA da coluna lombar e o TBS foram capazes de predizer fraturas e que, a combinação entre T-score e TBS, permitiu identificar um subgrupo de mulheres osteopênicas com maior susceptibilidade à fraturas osteoporóticas. Apesar de demonstrarem um significativo aprimoramento no diagnóstico de indivíduos fraturados, nenhum desses estudos definiu os pontos de corte para o TBS. O TBS é afetado pela osteoartrose da coluna lombar ? Com o avançar da idade, as medidas de DXA da coluna são confundidas pela presença de artefatos degenerativos como a osteo-artrose (38). Os efeitos da presença de tais ar- tefatos no cálculo do TBS foram avaliados por Winzenrieth e colaboradores (39) num estudo transversal com 390 indivíduos. Os casos foram estratificados pela severidade da artrose a partir da diferença de T-score entre L3 e L4. O estudo demonstrou que a severidade da osteoartrose não afetou o cálculo do TBS que demonstrou melhor performance que a DXA nestes pacientes. Assim o TBS provou ser capaz de estudar a microarquitetura mesmo na presença de osteoartrite. Conclusão O valor agregado pelo TBS à DXA convencional já foi documentado em estudos transversais, prospectivos e longitudinais. Sua capacidade para discriminar o risco de fraturas também se fez presente em estudos com bisfosfonatos, paratormônio e ranelato de estrôncio, bem como em populações com osteoporose induzida por corticóides e causas secundárias. A partir desses achados, o TBS demonstrou: - prover incremento adicional no odds ratio (taxa que gradua a intensidade de associação do risco) para fraturas vertebrais quando combinado à medida da densidade mineral óssea por DXA; - ser mais baixo em mulheres osteopênicas e osteoporóticas portadoras de fraturas vertebrais em relação à mulheres com as mesmas características sem fraturas osteoporóticas prévias; - ser capaz de predizer prospectivamente fraturas osteoporóticas em osteoporoe primária e secundária (40); - permitir a reclassificação de cerca de 1/3 dos pacientes não diagnostcados através da DXA convencional quando esta é utilizada isoladamente. Embora tenha tido sua eficácia cientificamente demonstrada, são aguardadas definições mais precisas sobre os pontos de corte adequados para o TBS e sua subsequente incorporação nos protocolos oficiais de rastreamento populacional da osteoporose. 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Na opção de primariamente as artérias elásticas. realização da Avaliação de A investigação de calcificação de aorFratura Vertebral (VFA), ta abdominal em pacientes assintoResultados: realizamáticos é realizada com a radiografia dos 80 exames, sendo 50 lateral de coluna. Os equipamentos no grupo com calcificação de densitometria para investigação de de aorta abdominal. Em fratura vertebral que utilizam a inci- relação à idade e o IMC dência lateral de coluna lombar pertivemos grupos semelhanmitem investigar a presença de calcites com idade média de 74,56 ± 10,55 diagnóstico foi demonstrada pelo ínficação de aorta abdominal. anos e 68,40 ± 10,80 anos e IMC de dice de correlação de Kappa de 0,922. Objetivo: analisar a acurácia da 28,94 ± 6,06 Kg/m2 e 26,84 ± 4,11 Conclusão: Os resultados obtidos detecção de calcificação da aorta ab- Kg/m2 nos grupos com calcificação através da radiografia e da densitomedominal por meio de densitometria de aorta abdominal e sem calcificação tria são estatisticamente equivalentes, em comparação com a radiografia lade aorta abdominal, respectivamente. o que permite indicar a investigação teral de coluna. A comparação estatística da densitode calcificação de aorta abdominal Método: casuística de 80 indivídumetria com a radiografia mostra que através do equipamento de densitoos, sendo 50 com diagnóstico de calos dois exames são semelhantes na metria para pacientes assintomáticos cificação de aorta abdominal e 30 sem identificação da calcificação de aorta com o objetivo de detectar quadros calcificação de aorta abdominal. Exame abdominal, com valores de 100% na iniciais de aterosclerose. densitométrico realizado uma única vez especificidade e valor preditivo posiem cada participante, com o pacientivo; sensibilidade de 94%, 10:47 valor preDr Osvaldo Sampaio Netto 4980 - Anuncio Densitometria GE_184x130_2:Layout 1 24.03.10 Página 1 te em decúbito lateral direito, em um ditivo negativo de 90,9% e acurácia Resumo dos estudos realizados para elaboração de sua de tese de doutorado mesmo aparelho de densitometria da de 96,3%. Equivalência qualitativa no Os sistemas de densitometria óssea que unem inovação e produtividade: Requerem espaço mínimo para instalação e operação Oferecem alta produtividade e rápido retorno do investimento 0800.122.345 www.gehealthcare.com As imagens podem variar de acordo com as especificações técnicas de cada equipamento. Liderança, tecnologia, inovação e produtividade no diagnóstico da osteoporose 9 INFORMATIVO OFICIAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DENSITOMETRIA CLÍNICA ARTIGO Hipoparatiroidismo associado a outras falências endócrinas: Síndrome Poliglandular Autoimune Tipo 1 D entre as causas de hipocalcemia crônica, o hipoparatiroidismo é, sem dúvida, a principal delas. O hormônio da paratiroide (PTH) é o principal mantenedor das concentrações plasmáticas de cálcio por diferentes mecanismos. Além de estimular a mobilização destes íons dos estoques ósseos, ainda aumenta a reabsorção tubular renal do cálcio. Portanto, é pela na ausência destes efeitos do PTH que as concentrações podem chegar a valores mais baixos, levando a quadros bastante sintomáticos de hipocalcemia. A causa mais frequente de hipoparatiroidismo é pós-cirúrgica. Entretanto, outras causas mais raras devem ser lembradas. Uma entidade bastante interessante, na qual o hipoparatiroidismo se acompanha de outras falências endócrinas, é a Síndrome Poliglandular Autoimune Tipo 1. Síndromes poliglandulares autoimunes (SPA) são distúrbios caracterizados pela coexistência de insuficiência de ao menos duas glândulas endócrinas, como consequência de mecanismos autoimunes. De acordo com a classificação de Neufeld e Blizzard, existem quatro tipos de SPA (tipos 1 a 4). A síndrome poliglandular autoimune do tipo 1 (SPA1), também conhecida como poliendocrinopatia autoimune-candidíase-distrofia ectodérmica (APECED) ou Síndrome de Whitaker, é definida classicamente pela presença de ao menos dois componentes da tríade hipoparatiroidismo, insuficiência adrenal primária e candidíase mucocutânea crônica ou a presença de somente uma dessas condições em parente de primeiro grau de um indivíduo afetado. Habitualmente a candidíase mucocutânea é o primeiro componen10 te a surgir, o que ocorre frequentemente antes dos cinco anos de idade. Está presente em quase 100% dos afetados e a gravidade varia de caso a caso. O hipoparatiroidismo é a primeira doença endócrina a aparecer, geralmente em torno dos 10 anos de idade. É descrito em 70-93% dos casos, com predominância entre as mulheres. Os sintomas de hipocalcemia são inespecíficos, como parestesias e câimbras, mas crises tetânicas e convulsões podem ocorrer em casos mais graves. “O hipoparatiroidismo é a primeira doença endócrina a aparecer, geralmente em torno dos 10 anos de idade.” O terceiro componente da tríade, a insuficiência adrenal, apresenta pico de incidência entre 12 e 15 anos, com prevalência de 60-100%. Os portadores podem apresentar várias outras manifestações, incluindo disfunção intestinal, distrofia ectodérmica (com formação defeituosa de esmalte dentário, distrofia ungueal, e ceratoconjuntivite), hipogonadismo hipergonadotrófico, doenças tiroidianas, diabete melito tipo 1, anemia perniciosa, hepatite autoimune, hipopituitarismo, vitiligo, alopécia, vasculite, plaquetopenia autoimune, asplenia, deficiência de IgA, alterações renais e pulmonares, entre outras. A disfunção intestinal presente na síndrome parece ser causada por um ataque autoimune contra as células endócrinas do sistema gastrointestinal. Porém é importante lembrar que a diarréia pode ser também causada ou agravada pela presença do hipoparatiroidismo, já que a hipocalcemia pode causar um déficit funcional de colecistoquinina. Assim, um ciclo vicioso pode ser desencadeado: hipocalcemia causa malabsorção e esta prejudica a absorção de cálcio e vitamina D, piorando a hipocalcemia. A massa óssea desses pacientes depende da presença e da gravidade do hipoparatiroidismo (que pode aumentar a densidade óssea) e do hipogonadismo e malabsorção (que causam diminuição da densidade). Portanto, a densitometria pode evidenciar valores normais, altos ou baixos de densidade mineral óssea. Estudos genéticos demonstraram que a SPA1 apresenta padrão de transmissão autossômico recessivo e resulta de mutações no gene AIRE (autoimmune regulator). Este gene é expresso principalmente em células medulares do timo e codifica uma proteína com estruturas sabidamente envolvidas na regulação da transcrição gênica. Po meio desta proteína, o gene AIRE regula a transcrição, no timo, de diversos autoantígenos órgão-específicos, que são apresentados por células apresentadoras de antígenos (Ag) a linfócitos T. Os linfócitos tímicos que reconhecem tais Ag (portanto linfócitos autorreativos) sofrem deleção antes de ganharem a circulação. Com a mutação do AIRE, o sistema imune perde essa capacidade de autotolerância. Os portadores da SPA1 e os indivíduos predispostos desenvolvem autoanticorpos contra diversos Ag expressos nos órgãos afetados, como anticorpo (Ac) anti-21-hidroxilase, INFORMATIVO OFICIAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DENSITOMETRIA CLÍNICA anti-17-hidroxilase, anti-tiroperoxidase, entre outros. Na paratiroide foram identificadas proteínas que funcionariam como auto-Ag: o domínio extracelular do sensor-receptor de cálcio (CaSR) e o NALP5 (NACHT leucine-rich-repeat protein 5). Os Ac correspondentes podem ser dosados no plasma e utilizados como marcadores do processo autoimune paratiroidiano. Outra importante correlação descoberta é a que ocorre entre a positividade de Ac anti-interferon α e a presença da síndrome, com altas sensibilidade e especificidade. Cada vez mais, autores sugerem que Ac anti-interferon α faça parte dos critérios diagnósticos, assim como mutação do gene AIRE. SPA1 é, portanto, uma síndrome complexa caracterizada por danos em diversos órgãos e tecidos. Embora seja rara, deve receber especial atenção já que apresenta altas mortalidade e morbidade, devendo ser preferencialmente diagnosticada em estágios iniciais. Além disto, o estudo de sua fisiopatologia tem contribuído para o conhecimento dos mecanismos que controlam a resposta autoimune. O tratamento e acompanhamento exigem envolvimento multidisciplinar, com o objetivo principal de manter a qualidade de vida do paciente. Os médicos devem estar atentos para reconhecer e tratar precocemente novos componentes da síndrome, que podem surgir ao longo de toda a vida. Estamos iniciando na Disciplina de Endocrinologia da Escola Paulista de Medicina um Núcleo de Estudos Endócrinos e Moleculares da SPA1, a ser oferecido a todo paciente diagnosticado ou com suspeita de pertencer a esta síndrome. Para isto, basta que entrem em contato com Fernanda (fgweiler@unifesp. br) ou Marise (lazaretti.castro@ unifesp.br). REFERÊNCIAS: 1. Perheentupa J. Autoimmune polyendocrinopathy-candidiasis-ectodermal dystrophy. The Journal of clinical endocrinology and metabolism. 2006;91(8):2843-50. 2. Betterle C, Greggio NA, Volpato M. Clinical review 93: Autoimmune polyglandular syndrome type 1. The Journal of clinical endocrinology and metabolism. 1998;83(4):1049-55. 3. Anderson MS, Venanzi ES, Klein L, Chen Z, Berzins SP, Turley SJ, et al. Projection of an immunological self shadow within the thymus by the aire protein. Science. 2002;298(5597):1395-401. 4. Meloni A, Furcas M, Cetani F, Marcocci C, Falorni A, Perniola R, et al. Autoantibodies against type I interferons as an additional diagnostic criterion for autoimmune polyendocrine syndrome type I. The Journal of clinical endocrinology and metabolism. 2008;93(11):4389-97. Dra Fernanda Guimarães Weiler Dra Marise Lazaretti-Castro Unidade de Doenças OsteometabólicasServiço de Endocrinologia e Metabologia da Escola Paulista de MedicinaUniversidade Federal de São Paulo News on current events in osteoporosis and rheumatology www.osteoscoop.com O que é Osteoscoop? Osteocoop é um informativo enviado semanalmente por e-mail fornecendo curtas análises sobre os eventos atuais na osteoporose e reumatologia Quem pode fazer assinatura no osteoscoop? Osteocoop é um serviço gratuito para médicos envolvidos no tratamento de osteoporose e reumatologia O que você encontrará em Osteoscoop? O e-mail semanal fornece um link para a seção Osteocoop. Cada edição da Osteocoop contém uma breve análise (em inglês) com notícias e eventos atuais em osteoporose e reumatologia, uma atraente ilustração animada relacionada com o tema da análise e que pode ser usada como um slide, um áudio podcast (mp3) explicando a ilustração. Como se increver no Osteoscoop? Para se inscrever no osteoscoop, acesse www.osteoscoop. com ou www.servier.com/osteoporose. Você precisa ser um profissional da saúde. Preencha com seu endereço de e-mail e seu país. O seu representante local Servier também pode cuidar da sua assinatura. ito rviço gratu e s m u é p ssão Osteoscoo uma conce a s a ç a r g l ier possíve al da Serv educacion Na vanguarda da pesquisa clínica em osteoporose Anuncio Osteoscoop Abr2010.indd 1 4/14/10 5:32:23 PM 11 INFORMATIVO OFICIAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DENSITOMETRIA CLÍNICA SBDENS ASSEMBLÉIAS GERAIS ORDINÁRIA E EXTRAORDINÁRIA - DIA 12/10/2011 Cumprindo disposições estatutárias e atendendo disposição de membros da Diretoria, durante o IV BRADOO, no dia 12/10/2011, às 12h00 em primeira convocação, no Salão Ouro do Minas Centro, ocorrerão as Assembléias Geral Ordinária e Extraordinária da SBdens. Estão incluídos na pauta temas de grande relevância (veja abaixo), sendo importante a participação de todos. Compareçam, discutam, contribuam e votem! ASSEMBLÉIA GERAL EXTRAORDINÁRIA 1. Apreciação e votação da Proposta de Alteração Estatutária; 2. Apreciação e votação da Proposta de Fusão das Sociedades à seguir: • Sociedade Brasileira de Densitometria Clínica; • Sociedade Brasileira de Osteoporose; • Sociedade Brasileira para o Estudo do Metabolismo Ósseo e Mineral ASSEMBLÉIA GERAL ORDINÁRIA 1. Prestação de contas do exercício fiscal de Outubro de 2009 à Setembro de 2011; 2. Eleição da nova Diretoria Nacional da SBDens, com exceção do Presidente, para o próximo mandato; 3. Referendar a assunção do Vice Presidente ao cargo de Presidente para o próximo mandato; 4. Examinar, aprovando ou recusando as contas, balancetes, balanços e outros documentos financeiros da SBDens; devidamente analisados e com parecer do Conselho Consultivo e Fiscal; 5. Assuntos Gerais. José Carlos Amaral Filho Presidente - SBDens SOBEMOM EDITAL DE CONVOCAÇÃO ASSEMBLÉIA GERAL A Sociedade Brasileira Para o Estudo do Metabolismo Ósseo e Mineral - (SOBEMOM), convoca seus associados, nos temos dos artigos 20 a 26 do seu Estatuto Social, para ASSEMBLÉIA GERAL , a ser realizada no Minas Centro, Salão Ouro, com entrada pela Rua Guajajaras, 1022, em Belo Horizonte (MG), dia 12/10/2011, às 12 horas, em primeira convocação e, às 12:30 horas em segunda convocação será com o coro presente, para tratar da seguinte pauta: 1) Prestação de conta do Exercício Out 2009 – set 2011. 2) Aprovar a Fusão da SOBRAO/SBDens/SOBEMOM em uma única Associação, que seguira na condição constitutiva da SBDens, cuja nova denominação social será escolhido e aprovada na Assembleia, como também na mesma será apresentado , votado e Aprovado o Estatuto na nova entidade surgida com o advento da Fusão SOBRAO/SBDens/SOBEMOM; 3) Apreciação e aprovar o cancelamento cadastral da SOBEMOM, que terá suas atividades executadas e efetuadas na entidade surgida com o advento da Fusão SOBRAO/SBDens/SOBEMOM 4) Eleição da nova Diretoria Nacional da SBDens/SOBRAO/SOBEMOM, com exceção do Presidente, para o próximo mandato; São Paulo, 10 de setembro de 2011. Dr. João Lindolfo C. Borges – Presidente SOBRAO EDITAL DE CONVOCAÇÃO ASSEMBLÉIA GERAL EXTRAORDINARIA E ORDINÁRIA A Sociedade Brasileira de Osteoporose (SOBRAO), convoca seus associados, nos temos dos artigos 42, 43 do seu Estatuto Social, para ASSEMBLÉIA GERAL ORDINÁRIA E EXTRAORDINARIA, a ser realizada no Minas Centro, Salão Ouro, com entrada pela Rua Guajajaras, 1022, em Belo Horizonte (MG), dia 12/10/2011, às 12 horas, em primeira convocação e, às 12:30 horas em segunda convocação será com o quórum presente, para tratar da seguinte pauta: - Assembleia Extraordinária: 1) Alteração da condição constitutiva da SOBRAO: - Apreciação e votação da Fusão da SOBRAO/SBDens/SOBEMOM em uma única Associação, que seguira na condição constitutiva da SBDens, cuja nova denominação social será escolhido e aprovada na Assembleia, como também na mesma será apresentado , votado e Aprovado o Estatuto na nova entidade surgida com o advento da Fusão SOBRAO/SBDens/SOBEMOM - Apreciação e votação do cancelamento cadastral da SOBRAO, que terá suas atividades executadas e efetuadas na entidade surgida com o advento da Fusão SOBRAO/SBDens/SOBEMOM - Assembleia Ordinária: 1. Prestação de contas do exercício fiscal de Outubro de 2009 à Setembro de 2011; 2.Eleição da nova Diretoria Nacional da SBDens/SOBRAO/SOBEMOM, com exceção do Presidente, para o próximo mandato; 3.Referendar a assunção do Vice Presidente ao cargo de Presidente para o próximo mandato; 4.Examinar, aprovando ou recusando as contas, balancetes, balanços e outros documentos financeiros da SOBRAO; devidamente analisados e com parecer do Conselho Consultivo e Fiscal; 5.Assuntos Gerais. São Paulo, 10 de setembro de 2011. Dr. Cristiano A F Zerbini – Presidente 12
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