- Câmara de Comércio Americana
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Entrevista Wärtsilä Brasil: Robson Campos fala sobre os planos da empresa no País Brasil Urgente Perspectivas para 2012 das relações entre Brasil e Estados Unidos Radar À espera da criação do marco regulatório para os resíduos eletroeletrônicos Revista da Câmara de Comércio Americana para o Brasil Desde 1921 nº273 jan/fev 2012 A vez do Brasil Como o País se tornou parte da solução para a crise global editorial Neste contexto conturbado, o Brasil se apresenta como uma das alternativas mais interessantes para os investidores internacionais, o que nos coloca no centro das atenções. Com o acentuado crescimento nas relações comerciais com outros mercados, especialmente a China, hoje efetivamente um dos principais motores da economia mundial, o Brasil ganha espaço na governança internacional e passa, por outro lado, a ser alvo de uma análise cada vez mais apurada por parte do chamado mundo desenvolvido. Nesta edição procuramos, conforme indica o tema de capa, abordar essas questões, inclusive sob o ângulo das relações bilaterais com os Estados Unidos e suas repercussões, com uma análise do diplomata Luiz Augusto de Castro Neves. Na tradicional entrevista, ouvimos Robson Campos, diretorpresidente da Wärtsilä Brasil, empresa de capital originalmente finlandês que vem ampliando cada vez mais a presença no País, já que identifica aqui uma das mais altas taxas de investimento para os negócios, com o fornecimento de equipamentos de grande porte para o setor energético. Temos ainda um artigo sobre a Etiópia, uma das economias que mais crescem no continente africano, refletindo também uma mudança geográfica importante no cenário de investimentos internacionais para os próximos anos. Boa leitura! divulgação Editora-chefe e jornalista responsável Andréa Blum (MTB 031188RJ) [email protected] Colaboraram nesta edição: Fábio Matxado (edição de arte), Giselle Saporito, Guilherme Zabael e Tom Cardoso (texto), Luciana Areas (foto) e Luciana Maria Sanches (revisão) Canal do leitor [email protected] Os artigos assinados são de total responsabilidade dos autores, não representando, necessariamente, a opinião dos editores e a da Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro Comercial e marketing Gerente Ricardo Santos [email protected] Publicidade Gisela Medeiros [email protected] thinkstock O ano de 2012 começa com a incerteza sobre o futuro das economias dos países desenvolvidos. Enquanto os Estados Unidos dão leves sinais de recuperação, cujos reflexos certamente serão determinantes para as eleições presidenciais de novembro, a Europa enfrenta talvez um dos momentos mais difíceis desde a adoção do euro, com impactos sociais que se avolumam à medida que a recessão se prolonga. Conselho editorial Helio Blak Henrique Rzezinski João César Lima Omar Carneiro da Cunha Rafael Sampaio da Motta Roberto Castello Branco Robson Barreto A tiragem desta edição, de 8 mil exemplares, é comprovada por Ernst & Young Terco artigos relacionados Impressão: Gráfica Stamppa Uma publicação da Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro 32 2012 pode ser melhor que 2011 George Vidor 33 Um cenário diferente em 2012 Clóvis Abreu Vieira 34 Em busca da competitividade Praça Pio X, 15, 5º andar 20040-020 Rio de Janeiro RJ Tel.: (21) 3213-9200 Fax: (21) 3213-9201 [email protected] www.amchamrio.com Leia a revista também pelo site amchamrio.com Henrique Rzezinski, presidente da Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro Caso não esteja recebendo o seu exemplar ou queira atualizar seus dados, entre em contato com Terezinha Marques: (21) 3213-9220 ou [email protected] Rodrigo Tostes 35 O cenário macroeconômico e os metais Roberto Castello Branco 06 10 16 18 22 24 26 28 30 36 38 40 42 Em Foco Notícias sobre as empresas associadas e a Amcham Rio Entrevista O diretor-presidente da Wärtsilä Brasil, Robson Campos, fala sobre os investimentos no País da empresa de soluções e equipamentos de energia Perfil A centenária White Martins vira referência em sustentabilidade com projeto inovador de reciclagem de CO2 Brasil Urgente A parceria entre Brasil e Estados Unidos na visão do presidente da Amcham Rio, Henrique Rzezinski, e do diplomata Luiz Augusto de Castro Neves Artigo Cristiano Gaspar Machado, CFO da Brookfield, expõe as razões para a pujança do mercado imobiliário no Brasil e no Rio de Janeiro Ponto de Vista As boas notícias em transferência de tecnologia por Andreia de Andrade Gomes, sócia na área de propriedade intelectual da TozziniFreire Advogados From the USA Michael P. Ryan discorre sobre como a inovação ajudou países a alavancar o crescimento Radar A política de resíduos sólidos e sua urgência para a sociedade no artigo da doutora em ambiente e sociedade pela Unicamp Cristiane de S. Soares Especial O Brasil em meio à crise global: como o País vai reagir à turbulência mundial Ponto de Vista Qual o perfil desejado de um líder de RH?, pergunta Marcelo C. Leite, diretor de recursos humanos do Momsen, Leonardos & Cia. Artigo As redes sociais e o impacto nos negócios na visão do diretor do Grupo Bradesco Seguros, Tarcísio Godoy Dialogues Etiópia: uma das cinco economias mundiais mais promissoras pode representar oportunidades para investidores brasileiros Amcham News Notícias sobre os eventos da Amcham Rio 54_Edição 273_jan/fev 2011 Edição 272_Brazilian Business_55 em foco em foco O avanço das mulheres em cargos de chefia N Crise lá, otimismo aqui divulgação Calendário de ações para 2012 Iniciado em 1994, um dos projetos sociais mais bem-sucedidos da Dufry, o Cidadania, Trabalho e Aprendizagem, capacita e profissionaliza jovens de comunidades carentes do entorno do aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. Os cerca de 30 jovens selecionados a cada ano recebem, além de acompanhamento médico e odontológico, seguro de vida, material didático, vale-transporte e outros benefícios, formação cívica e técnica proporcionada por um conjunto de voluntários selecionados entre os quadros da Dufry. O projeto é um sucesso: a taxa de empregabilidade dos jovens envolvidos beira os 90%. fotos Luciana Areas Preparados para o mercado 28/3, quarta-feira Talk show Tendências e Expectativas para RH em 2012 31/5, quinta-feira President’s Lunch com o ministro do Trabalho 8/6, sexta-feira 1º Young Professionals 28/8, terça-feira Tema a definir 18/10, quinta-feira Tema a definir 30/10, terça-feira 2º Young Professionals Turma de formandos de 2011 em festa de encerramento do projeto 6_Edição 273_jan/fev 2012 A chairperson do comitê, Cláudia Danienne Marchi, e os vice-chairmen, Alexandre de Botton e Carlos Vitor Strougo Graça, como é conhecida, assume a presidência da Petrobras no lugar de José Sergio Gabrielli alexandre conceição/divulgação Copa do Mundo em 2014 no Brasil, Olimpíada de 2016, no Rio, investimentos maciços no pré-sal. O bom momento do País tem reflexo imediato no humor dos executivos. É o que aponta uma recente pesquisa realizada pela Robert Half, que entrevistou 155 empresários e executivos de 128 empresas dos setores automotivo, bancário, de bens de capital, construção civil, petróleo e gás, telecomunicações e seguros. O otimismo, pelos acontecimentos listados acima, era esperado, mas os números, mesmo assim, impressionam: em tempos de crise internacional, 90% dos entrevistados afirmam que vão investir mais ou o mesmo valor que em 2011. Cerca de 80% do grupo, formado por representantes de empresas que faturam mais de R$ 1 bilhão por ano, também está disposto a contratar mais ou o mesmo número de profissionais que no ano passado. O Comitê de Recursos Humanos da Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro prevê para 2012 um ano com muitas novidades, não apenas em conteúdo, como também na forma de apresentar as ações e os eventos Agência Petrobras omeada recentemente presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster será a décima mulher a ocupar um cargo de peso no governo Dilma Rousseff. A indicação de Graça, também a primeira mulher a assumir o comando de uma petrolífera no mundo, reflete o que já acontece com cada vez mais frequência no mercado privado: o aumento da participação feminina em cargos de gerência e diretoria. É o que revela uma pesquisa divulgada recentemente pela Michael Page, empresa referência em recrutamento especializado de executivos para média e alta gerência. O estudo mostra que em 2011 os cargos de gerência e diretoria preenchidos por mulheres chegaram a 40% na área de finanças – em 2009 esse número era de apenas 23%. O setor de seguros é outro que mostra um avanço na participação das mulheres – passando de 44% de contratações de profissionais do sexo feminino em 2009 para 50% em 2011. Os dados demonstram também uma mudança de perfil na gestão de tecnologia da informação, tradicionalmente chefiada por homens. As mulheres respondiam por 25% dos cargos de chefia e gerência em 2009. Esse número foi para 29% em 2010 e atingiu 30% em 2011. Por outro lado, áreas que são historicamente redutos femininos, caso de recursos humanos, apresentaram queda no percentual de contratações de mulheres. Dos gerentes e diretores, 72% eram mulheres em 2009 – hoje não passam de 67%. Comitê de Recursos Humanos começa 2012 com novos ideais A nova estratégia de posicionamento do comitê é fruto de brainstorming entre os membros que, alinhadamente, aspiram incrementar as ações neste ano que se inicia, criando oportunidades de conhecimento e inspirando reflexões sobre o tema Pessoas para o Mercado. A prática dessa intenção terá esforço com foco em três targets: top manager, middle manager e young professionals. “Queremos propor ao mercado iniciativas diferenciadas, com conteúdo estimulante, de alta qualidade, por meio de abordagens alinhadas a cada públicoalvo de RH”, explica a chairperson do comitê, Cláudia Danienne Marchi, remodelando assim um posicionamento dos últimos três anos para o mercado. Uma das iniciativas para fomentar esse novo ambiente é ouvir mais o mercado e interagir melhor com ele para conseguir direcionar de maneira adequada os conteúdos dos eventos. Para isso, serão realizados encontros periódicos com altas lideranças de recursos humanos das empresas e consultorias expressivas para entender as tendências e os assuntos que mais correspondem às expectativas dos diferentes públicos dos eventos. “Assim, conseguiremos transformar as necessidades do mercado em ações – e atendendo ao foco de cada segmento”, disse o vice-chairman do comitê, Alexandre de Botton. “Três elementos resumem bem a nossa estratégia de posicionamento: queremos representar as demandas do mercado – e por isso vamos criar ações periódicas de aproximação com os top managers para ouvi-los e poder traduzir suas perspectivas –, oferecer temas atuais e qualificados como propostas de conteúdo e incluir diferentes perfis de públicos, com a criação de eventos feitos sob medida para os jovens profissionais que estão chegando às empresas”, explicou o também vice-chairman do comitê, Carlos Vitor Strougo. Engajar outros comitês da Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro em torno do desenvolvimento humano e promover o relacionamento entre os profissionais das empresas associadas também são enfoques do projeto para este ano. “Queremos criar espaços para trocar conhecimento relevante e aproximar as pessoas interessadas nesse mesmo fim. O nosso objetivo é fazer a diferença e deixar um legado no olhar sobre gestão de pessoas. Estamos perseverantes com esse propósito”, reforçou Cláudia. Os eventos estão programados para acontecer a cada dois meses, de março a novembro de 2012, e podem ser de diferentes formatos, como café da manhã, brunch, workshop, happy hour, seminário, entre outros. O projeto piloto Young Professionals, desafio inovador do comitê, em formato de workshop, será colocado em prática este ano, com foco em jovens profissionais em início de carreira, com até um ano após a conclusão da graduação. A ideia é contribuir para a capacitação dos iniciantes em desenvolvimento de carreira e habilidades no que tange aos temas pessoas, gestão, relacionamento, tendências mercadológicas etc. A princípio estão programados dois workshops no ano, cada um com quatro horas de duração, para os young professionals. O comitê abre suas portas para sugestões e faz questão de ouvir você, leitor desta matéria. Portanto, não hesite em estar up-to-date com Recursos Humanos e envie suas considerações para [email protected]. Edição 273_Brazilian Business_7 em foco Impacto econômico Tema: Novo comitê – Entretenimento, Cultura e Turismo Com Helio Blak, diretor-superintendente da Amcham Rio O ano de 2012 começa com mudanças nos comitês da Amcham Rio? No processo de revisão das atividades dos 13 comitês setoriais em atividade na Amcham Rio, resolvemos rever as funções de alguns, de modo a ajustá-los às alterações pelas quais vem passando a economia carioca. Identificamos que a chamada economia criativa é cada vez mais uma vocação local das mais relevantes, especialmente numa cidade com as características do Rio. Como pensaram em atender a essa demanda? Resolvemos transformar o antigo Comitê de Cidade, Negócios e Turismo no Comitê de Entretenimento, Cultura e Turismo, sob a coordenação de Steve Solot, com o apoio direto de Alícia Perez e Dolores Piñero. Desta forma, os temas que dialoguem com a economia criativa, cada vez mais significativos para a cidade e o Estado do Rio, serão aqui endereçados. Quais os rumos para o Comitê de Propriedade Intelectual? Em paralelo, na medida em que a questão da propriedade intelectual ganha cada vez mais contornos jurídicos relevantes para a proteção dos direitos de criação, transformamos o Comitê de Propriedade Intelectual em um dos novos braços do Comitê de Assuntos Jurídicos, sob a coordenação de Andreia de Andrade Gomes. A pesquisa “Panorama empresarial 2012 – a visão dos empresários diante de cenários de instabilidade”, realizada pela Deloitte, em novembro de 2011, com 456 empresas de todo o Brasil, aponta que os tomadores de decisão não sentiram impactos significativos da volatilidade internacional nesse ano. Apesar disso, eles revelam estar atentos a possíveis impactos em seus negócios nos próximos anos. A previsão de crescimento e investimentos para os negócios dos entrevistados, em relação a 2012 e aos anos seguintes, é, de forma geral, contida. A maioria apontou para um crescimento moderado da receita líquida para 2012 e para os próximos três anos (57% e 59%, respectivamente), indicando essa tendência. A maior parte também prevê um aumento do número de empregados de 43% em 2012 e de 56% nos próximos três anos, além de uma projeção de investimentos moderada em 2012 e nos anos seguintes (44% e 52%). Sobre as estratégias adotadas para ganhar espaço no mercado nos próximos anos, 57% apontaram o lançamento de novos produtos e serviços, enquanto 56% trabalharão na busca de novas parcerias e associações. Investimentos em inovação e pesquisa foram sinalizados por 52% dos que responderam a pesquisa. divulgação 4 perguntas para... Inglês no Cantagalo Copacabana palace: ainda mais charmoso e moderno Um dos hotéis mais tradicionais e charmosos do Rio de Janeiro, o Copacabana Palace, ficará ainda mais moderno. A partir de junho, após a conferência Rio+20, o hotel fechará parcialmente por cem dias para dar início a uma grande reforma. No prédio principal, 90 banheiros entre os 147 apartamentos serão totalmente redesenhados. Entre várias modificações, o lobby deve crescer em área cerca de 60% e a rotunda para carros será ampliada e ganhará uma cobertura de vidro para proteger os hóspedes que chegam ao local. A rede britânica Orient-Express, que hoje detém 52% das ações do Copacabana Palace, não teve dificuldades para aprovar o investimento de R$ 30 milhões na reforma do hotel carioca: há anos os resultados anuais do Copacabana estão entre os melhores desempenhos dos 51 hotéis que compõem o portfólio da companhia. 8_Edição 273_jan/fev 2012 Fernando Dall’Acqua/wikimedia commons Há mais mudanças previstas? Com essa reformulação, os comitês setoriais da Amcham Rio passam a ser 12, em vez dos 13 anteriores. Desta maneira, pretendemos atender de uma forma mais adequada às demandas que se ampliam nesses segmentos. No decorrer do ano, estaremos também revendo as atividades dos demais comitês e poderemos sugerir outras mudanças se houver consenso entre os participantes. agenda 2012 Amcham Rio O programa de ensino de inglês UP with English – Uso Prático da Língua Inglesa no Cantagalo, comunidade localizada na zona sul do Rio, foi estendido com recursos do setor privado, por meio de uma parceria com a Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro e empresas associadas. A iniciativa, do Consulado-Geral dos EUA no Rio de Janeiro em parceria com o Ibeu, vai contar agora com o apoio financeiro da BG Brasil. O curso é voltado para jovens entre 13 e 18 anos, que aprendem inglês com o objetivo de ajudá-los na inserção no mercado de trabalho. A parceria foi celebrada em evento (foto) realizado em novembro, no Espaço Criança Esperança do Cantagalo, onde acontecem as aulas, e contou com a presença do cônsul-geral dos EUA, Dennis Hearne, do presidente da Câmara de Comércio Americana do Rio e vice-presidente de Assuntos Corporativos da BG E&P do Brasil Ltda., Henrique Rzezinski, do presidente do Ibeu, Ítalo Mazzoni, e de vários outros parceiros e autoridades. Os alunos fizeram uma apresentação teatral em comemoração ao Dia da Consciência Negra. “Quando solicitamos o apoio da Amcham Rio, a BG Brasil foi a primeira empresa a se entusiasmar pelo projeto. Ficamos muito felizes com a continuidade do UP with English nessa comunidade. O apoio da BG Brasil é fundamental para complementar o segundo ano desse programa. O interesse da iniciativa privada é muito bemvindo porque nos permite ampliar o ensino da língua inglesa aos jovens do Cantagalo”, afirmou o cônsul-geral dos EUA, Dennis Hearne. O programa UP with English foi originalmente implementado no Cantagalo, em agosto de 2010, com recursos do Departamento de Estado e já foi implementado na comunidade da Providência, com apoio da consultoria Case Benefícios e Seguros. Os preparativos estão em andamento para o lançamento em outras comunidades ao longo do ano de 2012. Março Cerimônia de posse da nova diretoria I Biênio 2012-2013 Seminário “Petróleo e Gás – Aspectos Regulatórios e Fiscais” Talk show “Tendências e Expectativas em RH para 2012” 8º Prêmio Brasil Ambiental Inscrições de projetos Junho III Fórum de Comércio Internacional Prêmio de Inovação em TIC Inscrições de projetos agosto Brasil Energy & Power setembro Rio Oil & Gas Expo Espaços disponíveis no stand coletivo Executivos em alta A sexta edição do estudo “A governança corporativa e o mercado de capitais”, realizado pelo ACI - Audit Committee Institute, da KPMG do Brasil, revelou um dado animador: a remuneração média anual dos executivos das companhias abertas brasileiras teve aumento de até 100% no ano passado em relação a 2010. Os dados foram apurados nos Formulários de Referência publicados pelas empresas em 2011, uma fonte valiosa de informações, pois trazem, além de dados financeiros e do negócio, a estrutura e as práticas de governança das empresas abertas no País. Edição 273_Brazilian Business_9 entrevista Robson Campos Diretor-presidente da Wärtsilä Brasil A hora da Wärtsilä A unidade brasileira pretende triplicar o faturamento até 2015 e chegar à terceira posição na escala global da multinacional, que tem operações em mais de 70 países Por Tom Cardoso e Andréa Blum E mpresa de origem finlandesa fundada em 1834 e líder global no fornecimento de motores e prestação de serviços para navios e usinas termelétricas – também oferece equipamentos e soluções de energia para diversos tipos de embarcações e aplicações offshore –, a Wärtsilä se prepara para pegar carona no bom momento econômico do Brasil, principalmente no boom do mercado de óleo e gás, fortalecido com o advento do pré-sal. Desde 1990 no País, onde enfrentou, além da conhecida instabilidade financeira, a derrocada da indústria naval (o grupo chegou a ficar seis anos sem fazer um só negócio por aqui), a Wärtsilä agora se diz preparada para fechar grandes acordos no Brasil. A meta de crescimento é ambiciosa: triplicar o faturamento até 2015 e fazer com que o mercado de óleo e gás, que hoje representa cerca de 20% do faturamento anual da empresa, dobre de tamanho nos próximos anos. A Wärtsilä Brasil já trabalha a todo vapor. A empresa fechou joint ventures com a gigante Odebrecht e com a estatal Nuclebrás Equipamentos Pesados S.A. (Nuclep), além de anunciar investimentos no Complexo Industrial Portuário de Suape, em Pernambuco, e em Macaé, no Rio de Janeiro. Com os investimentos, ela espera contribuir para fortalecer a nossa indústria de construção naval e aumentar a participação do Brasil no mercado global – o País, hoje o sétimo faturamento da multinacional, deve pular, em breve, para o quinto lugar, e ocupar, até 2015, a terceira posição na escala global da companhia. Para saber mais sobre os planos da Wärtsilä, a Brazilian Business passou uma manhã conversando com o atual diretor-presidente da companhia no Brasil, Robson Campos. Na conversa, ocorrida na sede brasileira da Wärtsilä, localizada no centro do Rio de Janeiro, Campos, um jovem executivo que fez toda a sua brilhante carreira no grupo finlandês (entrou como office boy e, em 20 anos, chegou à presidência, tornando-se o primeiro brasileiro a dirigi-la) em nenhum momento se mostrou relutante quanto ao sucesso da Wärtsilä no Brasil nos próximos anos. “Não tenho dúvida: vamos chegar lá.” n O executivo começou na empresa divulgação 10_Edição 273_jan/fev 2012 como office boy e, após 20 anos de carreira, não só alcançou a presidência, como se tornou o primeiro brasileiro a liderar a operação nacional Edição 273_Brazilian Business_11 entrevista robson campos BB: Uma das ações mais pontuais da Wärtsilä no Brasil, também levando em conta o boom da construção naval no País, foi o acordo firmado, em 2005, com a Nuclebrás Equipamentos Pesados S.A. (Nuclep) para a formação de uma joint venture. O objetivo da parceria é montar uma fábrica de motores (em Itaguaí, no Grande Rio) para navios e plataformas e, consequentemente, fortalecer a indústria nacional e diminuir a dependência das importações. Como está esse projeto? Quando vocês começam a fabricar? RC: Está quase tudo fechado. Diria que 95%. Somos majoritários Brazilian Business: A Wärtsilä tem grandes planos para o Brasil. Pretende, até 2015, triplicar o faturamento e o número de funcionários. Vai investir pesado nas três áreas de atuação no País. Mas nem sempre foi assim. A empresa está no Brasil desde 1990 e de lá para cá sofreu com a instabilidade financeira e, principalmente, com a derrocada da indústria naval. Não foram momentos de grande prosperidade... Robson Campos: Vivemos aqui momentos complicados. Ficamos nessa parceria com a Nuclep. Ainda em 2012 começaremos a fabricar definitivamente no Brasil, atendendo especialmente ao mercado de óleo e gás. É um salto muito importante. Há dez anos, nem sonhávamos com uma fábrica em território brasileiro. Com a migração da manufatura para a Ásia, o Brasil ficou muito longe. A gente precisava chegar. Mas é preciso encarar a realidade. O governo quer fomentar o produto nacional. Eu concordo. Acho ótimo. Mas a gente não pode ser cego. Nossa indústria ainda está muito longe de ser competitiva. Não dá, por exemplo, para fazer uma sonda com o mesmo preço internacional. Não conseguimos fabricar um só componente com o preço com que é feito na Europa ou na Ásia. Esse é um paradoxo que precisa ser tratado com urgência. seis anos sem um só negócio no Brasil. A indústria da construção naval brasileira foi praticamente dizimada nos anos 1990. Todos os grandes estaleiros quebraram. E começamos aqui para atender exclusivamente ao mercado naval. A área de energia sequer existia. E também não havia qualquer indicação de que o País virasse a potência emergente que é hoje. Não se falava do Brasil como o país do futuro. Mesmo assim, em nenhum momento foi discutida a nossa saída daqui. A gente tinha condição de esperar o melhor momento. A Wärtsilä sempre foi uma empresa sustentável. Foi fundada em 1834 como uma fundição e hoje é uma grande provedora de soluções. A empresa acredita fortemente no Brasil, tanto que o mercado brasileiro, hoje o sétimo faturamento da multinacional, deve pular, em breve, para o quinto lugar, ultrapassando a Itália e a Holanda (Estados Unidos, Alemanha, China e Coreia são os quatro primeiros), e ocupar, até 2015, a terceira posição na escala global da companhia. Mas há muito trabalho pela frente para recuperar o atraso, principalmente no segmento naval [a frota brasileira representa apenas 0,6% da marinha mercante mundial e o País detém somente 0,1% da produção naval]. “Vamos crescer com a Petrobras, que, no início de 2011, foi levada à categoria de cliente global estratégico da Wärtsilä” BB: Agora vocês vão, finalmente, pisar no acelerador. Até que ponto a impulsão que tem alavancado o mercado de óleo e gás no Brasil foi decisiva para que a Wärtsilä revisse sua estratégia de investimento e produção? RC: É claro que a Wärtsilä não tinha como ignorar o crescimento do mercado de óleo e gás no Brasil, principalmente o advento do pré-sal, que vai impulsionar esse comércio nos próximos dez anos. Hoje, a frente de óleo e gás representa cerca de 10% a 20% do nosso faturamento anual – queremos chegar, em breve, a 40%. Vamos crescer com a Petrobras, que, no início de 2011, foi levada à categoria de cliente global estratégico da Wärtsilä. Acreditamos no pré-sal. Estamos tomando várias medidas para reduzir alguns gargalos. Formamos uma equipe de automação elétrica, que é uma área que tem conhecimento no mundo inteiro, mas não tem no Brasil. Essa área de automação integra todos os equipamentos de uma plataforma. Por meio dela você consegue alavancar uma série de produtos. Há muitas iniciativas. 12_Edição 273_jan/fev 2012 divulgação “A meta é triplicar o faturamento até 2015 e fazer com que o mercado de óleo e gás, que hoje representa cerca de 20% do faturamento anual da empresa, dobre de tamanho nos próximos anos” BB: A parceria com a Nuclep e o forte investimento no setor de óleo e gás mostram que a Wärtsilä não tem a menor dúvida sobre a viabilidade do pré-sal? E até que ponto a crise internacional pode atrapalhar os planos da empresa no País? RC: O pré-sal já se mostrou viável economicamente. O que preocupa, na verdade, é o adiamento constante. Todo mundo se prepara, se prepara. Mas a velocidade está em um ritmo menor do que o mercado esperava. Nós somos muito conservadores. Nunca fomos com muita sede ao pote. Não fizemos como outras empresas, que investiram pesado após o advento do pré-sal e hoje estão com dificuldade para se manter vivas. Nós vamos chegar ao momento certo. E o momento é do Brasil. A Wärtsilä, por ser finlandesa, é muito contagiada pela crise europeia. As recomendações que chegam de lá são sempre as mesmas: “Vamos poupar”, “olho na rentabilidade”, “prudência”, mas essa é uma preocupação que não chegou aqui. Eles sabem que precisam, mesmo na crise, preservar os bolsões de crescimento. E o Brasil é uma grande aposta. Somos o ponto fora da curva. Claro, vai haver um impacto, mas não como no ano passado. BB: A Wärtsilä Brasil também fechou, recentemente, outra joint venture importante, desta vez com a Odebrecht Óleo & Gás (OOG). Fale um pouco mais sobre essa parceria e a importância dela para o mercado de óleo e gás brasileiro. RC: A Odebrecht é um parceiro potencial muito forte. Eu digo que é um casamento quase perfeito. Nós vamos fornecer o projeto e o sistema de propulsão de dois navios de lançamento de linhas flexíveis (PLVs) para operações no Brasil. As embarcações serão erguidas pela Odebrecht no estaleiro Daewoo Shipbuilding & Marine Engineering (DSME), na Coreia do Sul. Toda a parceria foi concebida com foco na otimização do consumo de combustível nas condições de projeto e para atender à necessidade de eficiência nas operações. Edição 273_Brazilian Business_13 entrevista robson campos BB: O projeto de expansão da Wärtsilä no Brasil passa por dois grandes investimentos. O primeiro prevê uma unidade para dar suporte ao mercado offshore implantada em Macaé, no Rio de Janeiro. O outro seria uma nova unidade para dar suporte a plantas termelétricas e instalações marítimas no Complexo Industrial Portuário de Suape, em Pernambuco. Fale sobre esses dois projetos. RC: Quando fui chamado de volta à empresa, em 2010, o que mais me atraiu foi a possibilidade de investir pesado no Brasil. O projeto de Suape está mais adiantado. Será uma espécie de workshop para atender aos estaleiros da área industrial.É um investimento muito importante e que já é realidade. Vamos começar a obra em setembro de 2012 e no início de 2013 já estaremos operando. Quanto a Macaé, a única certeza que temos é que vamos para lá. Ainda não sabemos de que forma. Se vamos adquirir uma empresa, que já tem uma estrutura, ou se vamos ter uma fábrica própria. BB: O senhor tem uma trajetória de sucesso dentro da empresa. Começou como office boy, em 1990, e, em 20 anos, com um pequeno intervalo de sete meses, quando deixou a empresa, tornou-se diretorpresidente. Conte um pouco sobre essa trajetória. RC: Em 1990, no mesmo ano em que comecei o curso de Direito, consegui um emprego na Wärtsilä Brasil como office boy. Eram tempos difíceis. Mas tive paciência para aguentar as turbulências do Plano Collor, da instabilidade financeira e dos poucos negócios da empresa no País. Assim que me formei, em 1995, assumi o meu primeiro cargo de chefia, como gerente de controladoria. A Wärtsilä Brasil era uma empresa pequena, com 30 funcionários. Eu fui obrigado a jogar nas 11 posições e aprendi muito. Em 1998 fui convocado para abrir o escritório em Manaus, hoje a segunda maior filial brasileira, com 200 funcionários. Voltei ao Rio em 2000 como diretor da área de energia. Consegui ótimos resultados. Saímos de uma base instalada de 500 negócios para 2.500 negócios em apenas seis anos. De uma equipe de cinco pessoas para 40. O resultado me expôs muito ao mercado, que também estava bastante aquecido, e eu acabei saindo, em novembro de 2009. Fiquei apenas alguns meses fora. Em fevereiro de 2010, o presidente da Wärtsilä Brasil, Tomas Hakala, foi convocado para assumir uma posição importante nos Estados Unidos. Fui chamado de volta e me tornei o primeiro presidente brasileiro da companhia. BB: E qual foi a principal mudança a partir de sua chegada? RC: Melhorou a relação com os clientes e, principalmente, com os divulgação “Ainda em 2012 começaremos a fabricar definitivamente no Brasil, atendendo especialmente ao mercado de óleo e gás” funcionários da empresa, de todos os escalões, ao eliminarmos a barreira do idioma. O Tomas já estava ambientado no Brasil, é um apaixonado pelo País, mas por causa da língua, não tinha como dialogar com os funcionários que não sabiam inglês. O Tomas também tinha certa dificuldade de fazer o chamado “lobby do bem”, de conversar com autoridades de várias áreas governamentais. A relação com a imprensa também melhorou. Mas há algumas desvantagens. Eu sou muito mais demandado, todo mundo vem falar comigo. Às vezes é um caos. (risos) 14_Edição 273_jan/fev 2012 Edição 273_Brazilian Business_15 perfil A solução está no ar Fundada há cem anos, a White Martins investe pesado em inovação e tecnologia e faz do seu projeto de reciclagem de CO2 referência em sustentabilidade Por Tom Cardoso M divulgação aior empresa de gases industriais e medicinais da América do Sul, a White Martins vem colecionando prêmios na área de inovação – em 2011, ganhou destaque no ranking elaborado pela revista Época Negócios em parceria com a consultoria A.T. Kearney, que premia as empresas mais inovadoras do Brasil. O reconhecimento não chega a ser uma surpresa para os executivos envolvidos na rotina da empresa. Criada há exatos cem anos, a White Martins nasceu justamente da visão inovadora de cinco profissionais, que anteviram o potencial da soldagem oxiacetilênica no desenvolvimento industrial do Brasil. Hoje, o portfólio do grupo é composto por uma gama ampla de produtos, que vai desde a produção de equipamentos para aplicação, transporte e armazenamento de gases até o tratamento de águas e efluentes. A excelência em inovação não significa que a White Martins freou os investimentos no setor. Pelo contrário. “Fizemos uma revolução cultural aqui, ao mostrar aos nossos funcionários que o termo inovação não precisa – e nem deve – estar associado apenas à tecnologia”, afirma William Macedo, diretor de inovação e tecnologia da empresa. “Cada funcionário, independentemente de função e cargo que ocupe, pode fornecer ideias inovadoras, inclusive para áreas que fogem da sua especialidade”, conta Macedo. Recentemente foi criada uma diretoria exclusiva 320 mil toneladas de CO2 para o desenvolvimento de produtos e processos focaforam capturadas e utilizadas dos em inovação e sustentabilidade. Um dos processos no processo produtivo de maior visibilidade, responsável pelos prêmios recede mais de 800 indústrias bidos pela empresa, é o que garante a reciclagem de toneladas de dióxido de carbono (CO2), um dos principais gases causadores do efeito estufa. A White Martins já disponibiliza uma série de aplicações para reciclagem de CO2 para diversos segmentos da indústria. O gás é 100% captado de parques industriais, que normalmente o lançariam para a atmosfera, e, em seguida, fixado nesses processos sem causar alteração do produto final. Para se ter uma ideia do alcance e da importância das aplicações, somente no ano de 2010 cerca de 320 mil toneladas de CO2 foram capturadas e utilizadas no processo produtivo de mais de 800 indústrias. Com o trabalho da White Martins, 60 mil toneladas de ácidos nocivos, como o sulfúrico (H2SO4), o clorídrico (HCl) e o fosfórico (H3PO4), deixaram de ser utilizadas, uma vez que o CO2 passa a ser usado em substituição a esses produtos. “O programa de reciclagem foi amplamente aceito pelas indústrias. Só as vendas de CO2 devem aumentar cerca de 30% nos próximos dois anos. O potencial é enorme”, afirma Macedo. Atenta ao crescimento desse mercado, a White Martins já inaugurou uma fábrica na cidade de Camaçari (BA), no último trimestre de 2010, e vai instalar mais uma unidade, no início de 2012, em Minas Gerais. Esta irá capturar CO2 do próprio processo produtivo da White Martins, gerado na fabricação de carbureto de cálcio. 16_Edição 273_jan/fev 2012 Edição 273_Brazilian Business_17 brasil urgente A abrangência da parceria Brasil-Estados Unidos Henrique Rzezinski_presidente da Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro (Amcham Rio) E thinkstock stou otimista com a grande oportunidade que Brasil e Estados Unidos têm pela frente, em meio à crise internacional, de construir uma forte parceria estratégica. Nosso papel, no setor privado, é ir além da nossa atuação na agenda comercial e contribuir para o debate e a formulação de uma visão estratégica e, sobretudo, de como aprofundar essa parceria. E, a partir daí, fortalecer a agenda de negócios de forma mais sustentável, sob o ponto de vista geopolítico. O Brasil é um país imenso, uma democracia vibrante, com uma economia emergente fundamentalmente movida pelas forças de mercado. A política externa do País tem se lastreado tradicionalmente em sua agenda de desenvolvimento econômico e em constante evolução. Os Estados Unidos têm uma política externa que, por décadas, tem sido reflexo de sua posição como a maior economia e potência militar do mundo. Exercer esse poder, em todas as suas formas, tem sido a grande prioridade para os Estados Unidos, sobretudo na era pós-Segunda Guerra Mundial. Ao passo que a relativa emergência do Brasil, em termos de potência além de sua região imediata, tem sido mais recente e dentro de um contexto mais restrito. 18_Edição 273_jan/fev 2012 Além dos efeitos dessas perspectivas diferentes na relação bilateral, dois enormes obstáculos têm historicamente dificultado os esforços para fortalecer o relacionamento entre o Brasil e os Estados Unidos. Em primeiro lugar, existe uma assimetria econômica e política entre os dois países, e a América do Sul não tem ocupado um lugar de grande prioridade na visão estratégica americana. Esses dois aspectos têm, naturalmente, até mais recentemente, desestimulado os Estados Unidos a investirem mais na relação bilateral. Em segundo lugar, na perspectiva brasileira, a assimetria entre os dois países sempre se consubstanciou como uma ameaça às metas brasileiras de desenvolvimento econômico autônomo. Um dos paradigmas da política externa do Brasil nos últimos 50 anos se lastreou na busca de alianças regionais e extrarregionais como um dos mecanismos para “reequilibrar” o poder no continente ou para reduzir os efeitos da assimetria entre o País e os Estados Unidos. A maior relevância do Brasil em questões importantes da agenda internacional pode ajudar a estabelecer uma parceria estratégica entre as duas potências das Américas. O Brasil, por exemplo, tornou-se uma potência na produção de biocombustíveis. Juntos, o País e os EUA produzem quase 70% do etanol mundial – e tudo indica que os dois podem desempenhar papéis centrais no desenvolvimento desse setor e dos mercados afins em escala global. Com relação às formas tradicionais e ainda proeminentes de energia, o Brasil é destaque atualmente por suas enormes reservas de petróleo e gás natural. Nem todas as informações estão disponíveis para determinar o real valor econômico dessas reservas, mas o Brasil está pronto para se tornar, possivelmente, um exportador importante. Na agricultura, o País é uma potência global incontestável. É o maior exportador mundial de açúcar, suco de laranja, carne bovina, aves, tabaco e café; o segundo maior exportador de soja e alimentos à base de soja; e o quarto maior exportador de milho e carne de porco. A mineração é outra área em que o Brasil é uma potência. De acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), o Brasil está entre os países com as maiores reservas mundiais de diversos minerais e é também líder em exportação. É importante lembrar que muitos minerais têm papel fundamental em diversas tecnologias e produtos industriais. Os EUA dependem 100% da importação de determinados minerais, como bauxita, grafite, nióbio e tântalo, dos quais o Brasil é fornecedor. Por fim, talvez um dos setores de maior sinergia estratégica seja o aeronáutico. Esta é uma nova área a ser explorada, à medida que o Brasil se torna um dos quatro maiores produtores de aviões comerciais do mundo, com importantes potenciais desdobramentos geopolíticos. O setor aeronáutico, tanto civil como militar, merece especial destaque, pois apresenta notável potencial de cooperação estratégica entre os dois países na área industrial, em tecnologia de ponta e defesa hemisférica. Outra indicação das novas tendências é o Brasil ter se tornado rapidamente um importante detentor de títulos do Tesouro dos EUA e protagonista das discussões globais. Em maio de 2011, o País possuía US$ 211,4 bilhões em títulos do Tesouro, valor que representa um aumento de 30,89% em um ano e mantém o Brasil como quinto maior credor externo dos Estados Unidos – atrás apenas de China, Japão, Reino Unido e um grupo de países exportadores de petróleo. Mais uma amostra da abrangência dessa relação Brasil-EUA, que tem ainda muito espaço para crescer. “Temos uma grande oportunidade de negociar, de forma soberana, uma parceria estratégica que seja ganhadora para ambos os países e que posicione o Brasil cada vez mais no centro da governança global” A visita da presidente Dilma Rousseff aos Estados Unidos no primeiro semestre deste ano se consubstancia, portanto, numa grande oportunidade de levar ao presidente Barack Obama uma proposta de uma agenda de trabalho abrangente, desde os tópicos comerciais até os delicados assuntos políticos, condizente com a posição de protagonista do Brasil na Agenda de Governança Global. Essa visão abrangente tem a grande virtude de colocar para os nossos interlocutores americanos a mensagem do Brasil de que tanto os temas bilaterais quanto os multilaterais, com a sua dimensão bilateral, devem ser vistos de forma integrada numa agenda que permita estabelecer uma parceria estratégica de dimensões globais. Esta abrangeria assuntos de comércio e investimentos (tratado de bitributação, acordo de investimento e acordo de livre comércio), energia (renováveis e não renováveis), governança global (Conselho de Segurança, FMI, Banco Mundial e OMC), desenvolvimento sustentável e mudanças climáticas e segurança hemisférica (aviação civil e militar). Temos uma grande oportunidade de negociar, de forma soberana, uma parceria estratégica que seja ganhadora para ambos os países e que posicione o Brasil cada vez mais no centro da governança global. Independentemente da importância de outras parcerias estratégicas, é fundamentalmente na relação Brasil-Estados Unidos que se estabelecerão os principais alicerces do protagonismo do Brasil na governança global. Edição 273 Brazilian Business_19 brasil urgente Relações BrasilEstados Unidos: ambiguidades, preconceitos e perspectivas A thinkstock Luiz Augusto de Castro Neves_presidente do Centro Brasileiro de Relações Internacionais – Cebri 20_Edição 273_jan/fev 2012 próxima visita da presidente Dilma Rousseff a Washington, em março, poderá sinalizar com mais clareza qual será o tom das relações entre Brasil e Estados Unidos para o futuro próximo. Os dois países, além de serem os mais populosos, constituem as duas maiores economias das Américas, e não seria um absurdo imaginar que um entendimento mais amplo e frutífero entre ambos seja um elemento essencial para uma cooperação hemisférica em bases mais equitativas. Em termos formais (alguns diriam “em linguagem burocrática”), a relação Brasil-Estados Unidos é intensa, diversificada e apresenta uma agenda com temas estrategicamente importantes para os dois países e para as relações internacionais em geral, como é o caso, entre outros, do tema energia. Parece, contudo, faltar em ambos os lados o convencimento de que a parceria é “para valer”. “As relações entre os dois países ainda refletem a mentalidade que predominou durante a Guerra Fria” Alguns importantes políticos norteamericanos, como o ex-presidente Nixon em 1971, fizeram declarações do tipo “aonde for o Brasil irá o resto do continente”; tais declarações, como era de se esperar, foram mal recebidas na América Hispânica e, no Brasil, foram vistas com desconfiança, inclusive pelas autoridades de então (recordese que o governo militar tinha uma retórica antiesquerdista e anticomunista, o que por si só alinharia inequivocamente o Brasil com os EUA em tempos de Guerra Fria). Na verdade, contudo, a desconfiança mútua permeou com frequência as relações bilaterais. Os Estados Unidos reagiam com ambiguidade e, às vezes, com mal disfarçada hostilidade, a iniciativas brasileiras destinadas a reforçar a cooperação hemisférica (como foi o caso da Operação Pan-Americana, lançada por Juscelino Kubitschek, que acabou substituída pela Aliança para o Progresso, fruto de uma ação unilateral dos EUA). A ambiguidade em relação à iniciativa de Kubitschek se transformava em hostilidade quando os temas comerciais vinham à baila. Quando o Brasil, ao lado de Argentina, Paraguai e Uruguai, buscou fortalecer a integração regional por meio do Mercosul, a secretária de Estado, Madeleine Albright, criticou o empreendimento, dizendo que o Brasil deveria focar sua atenção na Alca, iniciativa norte-americana. Posteriormente, Madeleine foi desmentida pelo presidente Bill Clinton em entrevista à imprensa nos jardins do Palácio da Alvorada, mas suas declarações davam uma boa medida da atitude de “indiferença benigna” que permeava as relações bilaterais e que existia também no lado brasileiro. As relações entre os dois países ainda refletem a mentalidade que predominou durante a Guerra Fria. Parece haver no Brasil uma percepção generalizada de que o establishment norte-americano de política externa não atribui a devida prioridade às relações com o Brasil. As atenções norteamericanas são frequentemente percebidas como uma reação a questões que irritam Washington, como certas manifestações localizadas de nacionalismo populista em alguns países da região. Assimetrias de poder e de estágio de desenvolvimento à parte, não parece haver razões que impeçam os dois principais países do hemisfério de buscar estabelecer uma relação estratégica, positiva, importante e que, quando necessário, seja também, para usar uma frase do ex-embaixador soviético em Washington, Anatoly Dobrynin, “um compromisso frutífero de interesses”. Os dois países, além das características já mencionadas de dimensões, compartilham valores políticos e culturais importantes. A sociedade brasileira, assim como a norte-americana, tem uma origem multicultural e étnica; é também um melting pot que, não obstante os problemas sociais que ainda são enfrentados, permite uma mobilidade econômica e social muito rara em outros países. Do lado de Washington, é de se esperar que a importância da parceria com o Brasil receba o devido reconhecimento e prioridade. Parcerias não excluem eventuais discrepâncias em relação a certos assuntos. Na realidade, diferenças ocasionais de percepções constituem a essência da convivência entre duas nações democráticas, em que os valores básicos que predominam são comuns às duas. Já do lado de Brasília, parece oportuno promover uma ampla reavaliação das relações entre o Brasil e os Estados Unidos, exercício fundamental no mundo pós-Guerra Fria, globalizado e que assiste, entre maravilhado e apreensivo, à emergência de novos gigantes no cenário das grandes decisões internacionais. No mundo da razão, 2012 pode ser o ponto de partida de uma nova fase, uma nova parceria menos assimétrica entre as duas maiores nações democráticas do mundo ocidental. O caminho poderá ser complexo e, às vezes, eivado de dificuldades. O êxito da empreitada dependerá da capacidade de ambos os lados avaliarem a questão com uma visão estratégica de longo prazo e, sobretudo, sem os preconceitos do passado. Edição 273 Brazilian Business_21 thinkstock artigo O mercado imobiliário brasileiro e a participação do Rio de Janeiro Cristiano Gaspar Machado_CFO da Brookfield Incorporações S.A. É notório que nos últimos cinco anos o mercado imobiliário brasileiro cresceu de forma impressionante. A partir de 2006, passamos a ter uma visão mais abrangente e detalhada do mercado imobiliário em função da abertura de capital de diversas empresas e o acompanhamento do desempenho do setor, com base na divulgação de resultados dessas organizações. Nesse período, as empresas que abriram capital mais que dobraram suas vendas contratadas. Em 2011, nos primeiros nove meses, os três principais mercados do País – São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal – aumentaram a oferta de novas unidades em 28%, sendo que na cidade do Rio essa elevação foi de 29%. Entre os principais fatores para essa expansão imobiliária, o aumento de renda de todas as faixas da população e a disponibilidade de crédito merecem destaque. O aumento da renda fez com que mais de 20 milhões de pessoas ingressassem nas classes A, B e C, e é esperada para os próximos 20 anos a inclusão de mais 20 milhões. No que diz respeito à disponibilidade de crédito, os números também impressionam. 22_Edição 273_jan/fev 2012 A principal fonte de recursos do mercado imobiliário no Brasil é a poupança, com 65% do saldo aplicado destinado ao setor imobiliário. O valor financiado via Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) passou de R$ 18 bilhões, em 2007, para R$ 56 bilhões, em 2010, uma elevação três vezes superior em três anos. Esse aumento no volume de financiamentos veio acompanhado da ampliação de prazos. Enquanto em 2007 era de dez a 15 anos, em 2011, o prazo de financiamento atingiu 25 anos em média. Nas principais economias mundiais, além dos recursos específicos para o setor, existe o mercado de títulos lastreados em recebíveis imobiliários, que no Brasil são denominados Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI). Essa alternativa ainda está em sua fase inicial no Brasil, mas os progressos já são visíveis. Só nos primeiros dez meses de 2011 foram emitidos CRIs em valores que suplantaram em mais de 50% o total emitido em 2010. A expectativa é que o mercado de Certificados de Recebíveis Imobiliários continue em alta, alavancado pelo cenário de redução na taxa de juros do País, o que aumenta a atratividade desse tipo de investimento, uma vez que o CRI é isento de imposto de renda para pessoas físicas. Olhando para o futuro, a expectativa é de que o mercado continue com boa demanda em 2012. Uma barreira para esse crescimento seria o aumento nas taxas de desemprego, o que felizmente não é a realidade atual no Brasil. O mercado brasileiro também está longe de ter uma “bolha imobiliária”, como ocorreu nos Estados Unidos nos últimos anos. Aqui o cenário é outro. Lá, grande parte do mercado estava focada em comprar para investir; nosso mercado é basicamente composto por pessoas em busca de moradia. E a grande prova disso é o fato de que as maiores valorizações imobiliárias ocorrem em áreas em que existe um desequilíbrio entre oferta e demanda. Na zona sul do Rio de Janeiro, por exemplo, onde a oferta é muito baixa pela falta de terrenos disponíveis, o preço dos imóveis cresceu enormemente. Já a valorização em bairros que ainda possuem muito espaço, como o Recreio, foi moderada. De forma geral, a valorização será cada vez maior em regiões em que não há oferta de imóveis. Em termos de apostas para investimentos, podemos citar as lajes corporativas, um mercado que deve continuar superaquecido, em razão da grande procura. Grandes empresas precisam de espaços maiores, e a vacância no Rio de Janeiro está abaixo dos 4%, o que é um índice muito reduzido. O Rio também irá se beneficiar dos grandes investimentos em infraestrutura feitos para a Copa do Mundo e a Olimpíada. Edição 273 Brazilian Business_23 ponto de vista Andreia de Andrade Gomes SÓCIA DA TOZZINIFREIRE ADVOGADOS E CHAIRPERSON DO COMITÊ DE PROPRIEDADE INTELECTUAL DA AMCHAM RIO Boas-novas na transferência de tecnologia A tecnologia é fator fundamental para o desenvolviAlém disso, contrariando as práticas internacionais mento de uma nação, que pode adquiri-la capaci- adotadas nesse tipo de contrato, há também o tando suas empresas mediante investimentos diretos em entendimento de que a tecnologia não poderá ser pesquisa e desenvolvimento ou adotando uma já desen- licenciada, mas somente transferida, passando a volvida por terceiros. Neste último processo, a empresa empresa brasileira recipiente da tecnologia a ser brasileira adquirente da tecnologia paga royalties para a considerada como adquirente. Não há uma utilização empresa fornecedora. Essa modalidade contratual, ao temporária da tecnologia, mas, sim, sua completa envolver parceiros internacionais, deve ser registrada no aquisição por parte da empresa brasileira contratante, Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), de que, ao término da relação contratual, poderá utilizáacordo com o previsto na Lei de Propriedade Industrial, la livremente. como condição prévia para legitimar remessas de valores Ainda sobre a titularidade da tecnologia, surge para o exterior e permitir a dedutibilidade fiscal dos mais uma restrição por parte do Inpi quanto à pagamentos contratuais efetuados, além de torná-los possibilidade de aceitação de cláusulas, que estipula válidos em relação a terceiros. que a empresa brasileira adquirente retorne ao forneSem o registro do contrato no cedor, após o término do instituto, não há autorização para contrato, quaisquer docu“O papel do Inpi deve as remessas; e sem pagamentos mentos, materiais e/ou inforse limitar a examinar, para a empresa detentora da tecnomações transmitidas, uma recomendar e logia, sediada no exterior, não há vez que são considerados registrar os contratos, transferência de tecnologia. Com como adquiridos. Apenas em respeitando a liberdade isso, o Inpi foi investido de amplos caso de rescisão contratual das partes quanto poderes, que visavam promover o por falta ou inadimplência ao que foi pactuado desenvolvimento econômico, ciendo licenciado poderá ocorrer tífico e tecnológico do País. esse tipo de devolução. entre elas” Esses poderes, reconhecidos Esses entraves dificultam pelo Supremo Tribunal Federal e atrasam o processo de (STF), inclusive quanto à discricionariedade e capaci- registro dos contratos no Inpi e faziam mais sentido dade do Inpi de decidir caso a caso, fortaleceram os quando o País vivia outra realidade econômica. No chamados “entendimentos” do órgão, que, embora cenário atual, com um empresariado brasileiro muitas vezes não possuam base legal, passaram a ter maduro e uma economia forte, não cabe mais ao importância fundamental nas decisões do instituto e se instituto adotar uma postura de tutor monitorando tornaram passíveis de discussão. o seu pupilo. O papel do Inpi deve se limitar a De fato, alguns se encontram ultrapassados, mas examinar, recomendar e registrar os contratos, ainda vivos no Inpi, como aqueles que questionam ou respeitando a liberdade das partes quanto ao que foi não admitem cláusulas de sigilo e confidencialidade com pactuado entre elas. prazos superiores a dez anos após o término do contrato. A boa-nova que parece se descortinar mais Outro exemplo de restrição é quando o instituto não recentemente é a de um Inpi mais aberto ao diálogo aceita pagamento por vários direitos que envolvam os com as partes, permitindo que ajustem as formas mesmos produtos contratuais. O adquirente é obrigado que melhor lhes convenham para a contratação a optar por apenas um contrato, como de licença de uso desejada. Já era hora. de marca ou de transferência de tecnologia. O empresariado brasileiro aplaudirá. 24_Edição 273_jan/fev 2012 from the usa Professor Michael P. Ryan, PhD Georgetown University’s McDonough School of Business n o i t T a v ce of Inno 26_Edição 273_jan/fev 2012 er Gov nan o l b G a e l h I nnovation drives growth in the world economy. The economy in Brazil has grown in the 2000s because the Brazilian government has invested in technology innovations in agriculture, bio-fuels, oil, and mining. The economy in China grew for 30 years in its reform era because the Chinese government opened its doors to innovation in technology and manufacturing management knowledge by multinational enterprises. The economy in India left “Hindu growth”, that is, no growth, behind when it initiated a liberalizing process that brought innovation to a long stagnant economy. The economies of Brazil, China and India all face common challenges of rising middle-class expectations regarding health improvement, pollution abatement, and lifestyle improvement, yet a slowdown in growth. All three great emerging economies face new challenges of governance to restore innovation and growth. The European Union escaped the 1980s “sclerosis” by promoting both private and public sector innovation through intensified Union market integration and expansion of the Union eastward. The economy of Japan achieved global leadership in automobile and electronics production, and remarkable growth through an innovation-learning export-led “catch-up”. The United States government has long nurtured world-leading innovations in agriculture, bio-medicine, information technology, and cultural arts through investments in science, technology, and education; inducement to private investment through intellectual property rights; and commitment to an open economy. The trilateral developed economies of the European Union, Japan, and the United States face similar challenges-financial crises followed by recessions, first in Japan, then in the United States, now in the European Union; aging healthcare-demanding populations, and technology and globalization-induced re-structuring of local businesses, local middle-class workers, and local public service providers. The leading governments of the world economy, including the governments of Brazil, China, the European Union, India, Japan, and the United States must further enable new innovations in the world economy as a matter of self-interest and global public good. The other economies of Africa and the Middle East, the Americas, Europe, and Asia depend for their future growth on leadership by the large developed and emerging economies. I explained in my book Knowledge Diplomacy that it was clear by the late 1990s that the world economy was innovation-driven. Innovation possesses distinctive economics of risky knowledge investment appropriation, which was recognized in the 1990s World Trade Organization and World Intellectual Property Organization agreements. The economic and social opportunities in the world regarding consumer-focused growth, healthcare provision, pollution abatement, and cultural arts expression can be promoted through a renewed commitment to global governance regarding innovation. The global governance for innovation agenda considers biodiversity and genetic resources, clinical and field research information, fundamental science and applied technology, and cultural arts and communication media as knowledge for development. Dr. Ryan is a Professor at the Center for Intercultural Education and Development at Georgetown University’s McDonough School of Business in Washington, DC and will be hosting a regional workshop, Intellectual Property Law and Strategic Management for Sustainable Economic Development, scheduled to take place with the support of the U.S. Patent and Trademark Office (USPTO) in Rio de Janeiro in April 2012. Edição 273_Brazilian Business_27 radar O futuro das regras de consumo e descarte de equipamentos eletroeletrônicos no Brasil A Política Nacional de Resíduos Sólidos representa um marco histórico na área ambiental e, se bem aplicada, pode mudar em pouco tempo a forma como poder público, empresas e consumidores lidam com a questão do descarte de produtos Cristiane de S. Soares_doutora em ambiente e sociedade pela Unicamp, membro do Grupo Temático de Trabalho do Ministério do Meio Ambiente, que trata do Acordo Setorial sobre a Logística Reversa de Resíduos Eletroeletrônicos, e representante da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) O atual estilo da sociedade contemporânea desencadeia um frenético ritmo de consumo e instiga os indivíduos a adotar um comportamento voraz pela inovação tecnológica. Tal conduta encurta o ciclo de obsolescência, estimulando a substituição de equipamentos com uma frequência cada vez maior, sendo assim, os aparelhos eletrônicos ocupam a categoria de sucata tecnológica. A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), Lei Federal nº 12.305/10, representa um marco histórico na área ambiental e, se bem aplicada, pode mudar em pouco tempo a forma como poder público, empresas e consumidores lidam com a questão do descarte de produtos. Entre os novos instrumentos da lei está a logística reversa, que determina a devolução dos produtos pós-consumo para os fabricantes de embalagens e outros artigos descartados pela população. As novas regras estabelecidas para a destinação adequada desses descartes seguem o princípio da responsabilidade compartilhada entre os diferentes elos da cadeia produção-comercialização-consumo, que envolve: fabricantes e importadores, distribuidores e comerciantes, poder público e também os consumidores. A responsabilidade da governança pública é ampliar a coleta seletiva domiciliar, que hoje é de pouco mais de 7% nos municípios brasileiros, e ainda, banir até 2014 os depósitos de lixo irregulares e/ ou inadequados. Para o setor privado o desafio vai além da obrigatoriedade da destinação final ambientalmente adequada; está voltado também para a adoção ampla “Não restam dúvidas de que do conceito de sustentabilidade, que significa o problema precisa ser abraçar os três pilares que regem o tema: enfrentado e que o atraso meio ambiente, por meio da recuperação de um marco regulatório dos materiais dos produtos; inclusão social, já causou sérios passivos por intermédio da inserção das cooperativas de reciclagem; e viabilidade econômica, com ambientais” destaque para que todo o sistema de logística reversa seja autossustentável. Não restam dúvidas de que o problema precisa ser enfrentado e que o atraso de um marco regulatório já causou sérios passivos ambientais, e mesmo que uma parcela significativa da sociedade compreenda que é necessário e que existe uma premência do assunto, o caminho para o engajamento ainda é longo e prescindirá de muita negociação para que esse sistema se torne uma realidade. A regulamentação da PNRS foi o primeiro passo para avançar em direção a um grande acordo nacional que irá tratar os resíduos sólidos do País, no entanto, ainda existem muitos entraves que comprometem a agilidade da implantação da logística reversa. Segundo o Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab), a gestão dos resíduos sólidos é de responsabilidade dos municípios. Ocorre que cada Estado da federação possui o seu próprio conjunto de regras para o assunto e impõe taxas, restrições, compensações ou metas para a recuperação de embalagens e produtos pós-consumo. Para que o novo modelo comece a funcionar plenamente, a regulamentação da lei definiu etapas, entretanto, muitos pontos importantes que envolvem o estabelecimento dos fluxos da logística reversa ainda estão em discussão. Entre os diferentes assuntos que não entram em consenso entre poder público e iniciativa privada, estão a responsabilidade dos fabricantes sobre os produtos cujas indústrias se retiraram do País ou não existem mais, produtos contrabandeados ou ainda os chamados produtos “piratas”. Representantes da indústria e do comércio vêm traçando um acordo que definirá a modelagem para a governança dos fluxos da logística reversa, o perfil do estabelecimento comercial que servirá como posto de recebimento, os locais para concentração e segregação das marcas e tipos de equipamentos, procedimentos de controle, construção de indicadores para o monitoramento e outros quesitos que ainda estão sendo levantados. Apesar de estarem previstos pela PNRS os incentivos e instrumentos financeiros, não existem regras para que sejam disponibilizados. No caso de eletroeletrônicos, o descarte de tais produtos carece de arcabouço legal mais apurado. Comerciantes e fabricantes precisam de segurança jurídica em temas que dizem respeito à titularidade do bem e esclarecimentos sobre ponto de recebimento, bitributação, licenciamento ambiental, armazenamento e transporte desses produtos nas esferas intermunicipal e interestadual. Outro gargalo a ser enfrentado está relacionado à carência de empresas especializadas na desmanufatura desses equipamentos, que, apesar de não serem resíduos perigosos, possuem elementos que se manuseados inadequadamente podem se tornar tóxicos. Mesmo que muitas empresas já tenham se antecipado à lei implantando programas de reciclagem, dentro da visão de sustentabilidade, é sabido que ainda é baixa a adesão dos consumidores e que serão necessárias muitas ações educativas para sensibilizar e conscientizar a população do seu papel. A mediação entre setor privado e público para a assinatura do acordo setorial é o primeiro passo do longo caminho que será trilhado para que sejam implantados os fluxos da logística reversa. Não há dúvida de que a cadeia da reciclagem de eletroeletrônicos se constitui promissora, ainda que a solução do problema esteja apenas assumindo seus primeiros contornos. Se por um lado a aplicação da lei representa uma maior quantidade de resíduos coletados e destinados adequadamente, por outro gera desafios na implantação de uma logística reversa em escala nacional, demandando ações conjuntas do setor privado e público e elevados investimentos financeiros e tecnológicos. De certo a implantação desses fluxos de logística reversa implica uma longa jornada de erros e acertos que carecerá da sociedade o emprego de esforços para buscar soluções que viabilizem a cadeia de reciclagem de eletroeletrônicos. Edição 273_Brazilian Business_29 especial artigos relacionados O ano de 2011 foi marcado pela crise da dívida na Europa, pelo rebaixamento dos Estados Unidos e até por catástrofes no Japão, acontecimentos que serviram como freio para a economia brasileira. Mas como serão os próximos anos? Para alguns analistas, o pior do cenário global já passou, e o País deve viver um novo patamar de crescimento, acima da média internacional. Outros, contudo, ainda veem riscos e volatilidade no curto prazo, impactando o investimento. Mas todos concordam em um ponto: em momentos de estagnação nos países ricos, a situação nacional se destaca ainda mais com os potenciais únicos do Brasil. Carlos Langoni, diretor do Centro de Economia Mundial da FGV, acredita que o cenário externo este ano está mais favorável para o Brasil. Em que pese uma quase estagnação na Europa, os Estados Unidos devem crescer entre 1,8% e 2% neste ano, e nenhum dos prováveis eleitos para presidente americano em novembro defende uma mudança brusca da política econômica, com o FED indicando juros baixos até 2014. E, no Velho Continente, a situação já está bem melhor, com o avanço da união fiscal entre os países. A forma como Espanha e Itália conseguiram rolar suas dívidas neste ano com juros relativamente baixos confirma a melhora. Langoni vê a China crescendo entre 8,5% e 9%, o que vai garantir bons preços para as commodities brasileiras. “Podemos crescer entre 3,5% e 4%. O grande desafio do Brasil será mudar o patamar do crescimento mantendo a inflação declinante”, afirmou o economista, que já foi presidente do Banco Central. Eduardo Velho, economista-chefe da Prosper Corretora, também acredita que o pior já ficou para trás e que o começo do ano mostra que há mais confiança em uma solução negociada para o problema grego e que Itália e Espanha não se “contaminaram”. Com isso, o mercado financeiro tende a beneficiar países como o Brasil. “Claro que há o risco, mas ele já está precificado. A instabilidade deste ano será menor. O cenário externo é melhor que a crise de 2008/2009, que foi muito forte, e que o do ano passado”, afirma. Mas há alguns analistas que não estão tão otimistas. Luís Afonso Lima, diretor-presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet) acredita que o momento será de muita variação de preços e cotações e que o cenário externo só começa a favorecer de fato o Brasil em 2013. “Neste ano teremos ainda fortes emoções, a relativa calmaria que vivemos desde outubro, quando o BCE mudou sua forma de ação, tem chances de acabar, pois os remédios europeus podem ter controlado o desespero, mas ainda não resolveram o problema, o que só será feito com um forte choque fiscal”, afirmou. Na opinião de Lima, a maior volatilidade deve intensificar a aversão ao risco, combinado com o fato de que os bancos terão de reduzir suas exposições. Isso deve desacelerar um pouco o investimento direto no País em 2012, apesar do bom momento que o Brasil vive. Além do pré-sal e dos eventos esportivos, ele acredita que o avanço social continua tornando o Brasil um país único. “A nossa grande vantagem é o imenso mercado consumidor, que, ao contrário da Europa, está crescendo, seja pela melhor distribuição de renda, seja pela ampliação de renda. Desde 2003, o aumento real da massa salarial foi de 70% e, no período, 40 milhões de pessoas ascenderam de classe social, o equivalente à população da Espanha. E, até 2013, espera-se que esse fenômeno ocorra com mais 17 milhões de pessoas, o que equivale a um Chile”, disse Lima. Assim, para ele, o futuro é promissor: “O Brasil passou de 14º entre os maiores receptores de investimentos, em 2009, para 4º, em 2011. E uma pesquisa realizada com empresários pela United Nations Conference on Trade and Development (Unctad) mostra que o Brasil é o país mais citado na hora de se pensar em investimentos”, lembra. Economistas acreditam que, aos poucos, o pior está ficando para trás e que o futuro do País é animador Por Guilherme Zabael, do Rio O despertar do gigante 30_Edição 273_jan/fev 2012 n 2012 pode ser melhor que 2011 George Vidor pág. 32 n Um cenário diferente em 2012 Clóvis Abreu Vieira pág. 33 n Em busca da competitividade Rodrigo Tostes pág. 34 n O cenário macroeconômico e os metais Roberto Castello Branco pág. 35 artigos relacionados 2012 pode ser melhor que 2011 George Vidor_colunista do jornal O Globo e comentarista econômico da Globo News A crise financeira na Europa vem se refletindo nas previsões dos economistas para o ano de 2012. De fato, não faltam motivos para preocupações, pois não se trata de uma crise de fácil solução, que possa ser superada no curto prazo. O excessivo endividamento acumulado por décadas terá de ser forçosamente reduzido, e esse processo tem gerado retração dos mercados do sul da Europa, especialmente na região do Mediterrâneo. Mas nem a Grã-Bretanha, cuja economia é tradicionalmente mais ligada à dos Estados Unidos e que ainda mantém uma moeda própria (a libra esterlina), conseguiu resistir ao enfraquecimento do euro. Ainda que esse quadro seja pouco previsível, a dimensão dos riscos parece ter sido mapeada, o que deixou os mercados financeiros mais ativos, inclusive na Europa. Em janeiro, o Tesouro Nacional captou recursos, com a venda de bônus de longo prazo, oferecendo rendimentos muito baixos aos investidores, e logo a seguir grandes companhias brasileiras, como a Petrobras e a Vale, foram na esteira e aproveitaram a oportunidade, buscando financiamentos a custos reduzidos em moeda estrangeira. Bancos brasileiros têm feito o mesmo porque é muito vantajoso repassar tais créditos para o mercado doméstico, diante do diferencial entre as taxas de juros que vigoram lá fora e aqui. “A conjugação desses fatores permite que a economia brasileira prossiga com investimentos em infraestrutura de grande vulto, com destaque para as áreas de transporte e energia” Ora, com um ambiente internacional aparentemente tão negativo, por quais motivos o mercado permanece tão receptivo a títulos e papéis brasileiros? Primeiro, os investidores têm poucas opções nas economias mais desenvolvidas. Em função do “freio de arrumação”, as autoridades monetárias europeias, americanas e japonesas já deixaram claro que não devem alterar significativamente os juros básicos nos próximos dois anos, e que os sistemas financeiros serão irrigados para evitar que a crise se agrave por uma eventual quebradeira de bancos e de outros tipos de instituições com participação relevante no setor. Segundo, a economia brasileira, em razão de seus próprios méritos e também pela perspectiva de a demanda por alimentos e matérias-primas (produtos que o Brasil tem a oferecer) continuar firme, é, sem dúvida, uma das exceções nesse ambiente negativo. Terceiro, não há indicação de que os bons ventos da Ásia venham a sofrer uma súbita e abrupta interrupção, o que nos beneficia. 32_Edição 273_jan/fev 2012 A conjugação desses fatores permite que a economia brasileira prossiga com investimentos em infraestrutura de grande vulto, com destaque para as áreas de transporte e energia. A indústria de petróleo vive um momento invejável, pois, concretamente a produção brasileira deverá triplicar até o fim da década. A cadeia produtiva do petróleo é extensa e envolve desde centros de pesquisa a prestadores de serviços e fornecedores de grandes equipamentos, incluindo navios e plataformas. O calendário de eventos internacionais vem impulsionando investimentos em instalações esportivas, sistemas de transportes de alta capacidade, recuperação de áreas urbanas e programas habitacionais nas principais cidades do País. Com isso, o mercado de trabalho não dá sinais de enfraquecimento, e o resultado é um círculo virtuoso de aumento de renda, consumo doméstico e substancial arrecadação de impostos, fazendo com que um dos desafios da política econômica seja exatamente o de moderar esse ritmo para que o comportamento da inflação não fuja ao controle. Felizmente o setor público voltou a acumular superávits primários robustos, deixando de pôr mais lenha na fogueira da demanda global. De qualquer forma, o ambiente internacional exige uma postura de cautela e precaução. Por enquanto, a economia brasileira tem mostrado capacidade de conviver com a crise, e ainda ter fôlego para crescer. A tendência é que o País chegue ao fim de 2012 melhor do que em 2011, que, por sinal, já foi um ano bom. Um cenário diferente em 2012 Clóvis Abreu Vieira_economista e diretor-executivo da Câmara de Comércio Americana do Espírito Santo (Amcham-ES) E m 2012, a agitação social deve permear Com relação ao Brasil, vamos assistir ao cenário internacional toda a Europa, que vai atravessar seu influenciando o quadro doméstico, e crescer estatisticamente os pior ano de crescimento. Claro que haverá mesmos 3% de 2011, mas com uma leve sensação de recuperação alternâncias nas taxas de crescimento entre de energias. Sem dúvida, vamos experimentar o crescimento da os diversos países, melhor para Alemanha e inadimplência, e o desemprego poderá até aumentar, mas o reajusFrança, e pior para Itália e Grécia. Isso por- te de quase 14% ao salário mínimo, equivalente a uma injeção de que a união das moedas, que não levou em recursos da ordem de R$ 60 bilhões, estimulará o consumo de bens consideração as enormes diferenças entre os pelas classes D e E, assim como nas regiões menos desenvolvidas países membros, como a produtividade e o do País. desempenho fiscal, paga agora a conta de A maior seletividade dos bancos na concessão de crédito, dado anos de fartura e bonança, graças ao crédito que encontrarão maiores dificuldades na captação interna e exterfarto e barato. na, conjugada com a alta inadimplência, repercutirá na desaceleraNos Estados Unidos o desempenho da ção do consumo de bens de valor mais elevado. Ainda que os baneconomia será um pouco mais animador, cos públicos devam atuar de forma mais agressiva no crédito, para com um crescimento assegurado de 1% do amenizar esses impactos, ele crescerá menos que o esperado. PIB, conseguindo se afastar das taxas negaCabe enfatizar que o Brasil continua com os velhos problemas tivas que até então vinha experimentando. estruturais, como um sistema tributário perverso e ultrapassado, Na China, o crescimento também deverá ser que impede a competitividade da economia e não viabiliza o retorligeiramente menor, entre 7% e 8% a.a., mas no dos bens públicos requeridos pelos cidadãos. Tudo isso aliado a a temida inflação se arrefeceu, sem a concre- uma precária infraestrutura que eleva os custos logísticos e a uma tização da expectativa de valorização do péssima qualificação da mão de obra, o que reduz sobremaneira a yuan, o que poderia competitividade do produto brasileiro. agravar a recessão O Espírito Santo vive um bom momenO Espírito Santo vive mundial. to, e outros melhores ainda estão por vir se um bom momento, Portanto, o cenáo Estado conseguir apropriar melhor os e outros melhores ainda rio para a economia benefícios sociais e econômicos decorrentes mundial em 2012 dos investimentos que estão aportando em estão por vir levou a uma revisão seu território nos últimos anos. Mas esse do crescimento para desenvolvimento ainda é muito desigual nas baixo, diante da gravidade da situação na várias dimensões como renda, emprego e acesso a serviços públicos. Europa, do baixo desempenho da economia Essa iniquidade se materializa concretamente nas diferenças entre norte-americana, da desaceleração, ainda níveis de desenvolvimento em seu território, em regiões e municíque positiva, dos países asiáticos e da crítica pios. situação dos países de baixa renda. Será É notório que o governo estadual terminou 2011 com cerca de um ano de crédito mais restrito em todo R$ 1,7 bilhão de investimentos públicos, mas postergaram-se para o mundo. 2012 as sérias questões fiscais que envolvem as finanças do Estado e dos municípios, decorrentes da reforma do ICMS – que coloca em risco o mecanismo Fundap –, da distribuição dos royalties do petróleo e da partilha do FPE e FPM. Como é um ano de eleições municipais, não é difícil supor quão complicado será obter consenso em âmbito nacional. Portanto, grandes desafios se antepõem para 2012 e os anos subsequentes. E mais: é crucial pensar urgentemente em uma nova vocação para a economia estadual voltada para a exploração de seu potencial logístico diante do iminente pacto do federalismo fiscal. Com isso, espera-se que o Espírito Santo possa vir a ser um ator preponderante do cenário nacional. Edição 273_Brazilian Business_33 artigos relacionados Em busca da competitividade Rodrigo Tostes_VP de finanças do complexo siderúrgico ThyssenKrupp CSA, localizado no distrito industrial de Santa Cruz, zona oeste do município do Rio de Janeiro A desejada competitividade que a indústria cobra e que o País precisa estimular esbarra em entraves e custos genericamente sintetizados na expressão “custo Brasil”. Uma das principais dificuldades para esse crescimento é a arrecadação de impostos, que representa cerca de um terço das riquezas produzidas aqui. No Brasil, o empreendedor enfrenta, além do risco do negócio, um “sócio” que cobra sua parte via imposto antes da geração de qualquer faturamento, ou seja, não há estímulo ao investimento, já que grande parte do risco não é dividida. Todo empresário trabalha de quatro a seis meses do ano só para pagar impostos, isto é, quase metade da receita é destinada aos tributos. A carga tributária excessiva, que no caso dos produtos siderúrgicos eleva entre 40% e 50% o custo final do que é produzido no País, reduz a competitividade da indústria brasileira. Estudo da LCA Consultores realizado em 2011 mostrou que o Brasil poderia mais que dobrar o Produto Interno Bruto (PIB) por habitante se reduzisse as ineficiências que afetam a competitividade, tais como falta de infraestrutura, complexidade do sistema tributário e tempo necessário para fazer valer o cumprimento dos contratos e para lidar com licenças em geral, além dos custos de exportação. O Brasil pode estar perdendo preciosos investimentos em todos os segmentos, já que temos atualmente uma situação macroeconômica favorável, ou seja, uma janela de oportunidades que seguramente não durará para sempre. “É necessário que o País Um dos fatores que precisam ser resolvidos coloque em prática, em caráter emergencial é a guerra fiscal entre urgentemente, uma agenda os Estados, situação que traz prejuízos ao País de forma geral. Certamente, a única alternatide competitividade” va para o problema seria um novo pacto federativo. A discussão dos royalties do pré-sal e os da mineração deveria ser vista como a solução para equacionar as perdas e os ganhos dos Estados por meio de uma legislação nacional para o ICMS, por exemplo. O governo federal tem agora uma oportunidade única e, se ela for desperdiçada, não haverá outra. A desonesta guerra tributária não atrai os investimentos de que o País precisa para crescer, ao contrário, provoca efeitos como o que já é sentido na cadeia metal mecânica, que vive hoje um claro processo de desindustrialização. Análise encomendada pelo Instituto Aço Brasil (IABr) à Booz&Company mostra que o custo de tributos sobre produção e vendas de produtos siderúrgicos compromete o bom desempenho do aço brasileiro, assim como a elevada tributação também onera, em cerca de 50%, os investimentos realizados pela indústria siderúrgica no Brasil. Considerando o impacto de tributos associados a novos investimentos, o aço no País perde ainda mais competitividade. O aço para exportação também carrega um custo tributário maior que o de outros países – 12,7% contra 7,2%. Além disso, os insumos registram custos elevados, o que, aliado à volatilidade do câmbio, reduz a competitividade do setor frente ao produto chinês, tanto na briga pelo mercado interno como externo. 34_Edição 273_jan/fev 2012 A China é, desde 2009, o maior parceiro comercial do Brasil. Vem se tornando, também, um grande investidor no País, com valores superiores a US$ 13 bilhões em 2010. A siderurgia e a mineração têm participação relevante nas relações bilaterais, tanto no que se refere aos investimentos como ao comércio. De acordo com dados do CEBC – Conselho Empresarial Brasil-China, os investimentos chineses estão concentrados em cinco setores, sendo que a siderurgia e a mineração representaram 34% do total. O setor siderúrgico registra elevado crescimento nas importações brasileiras de produtos chineses intensivos em aço, em particular máquinas e equipamentos, autopeças, mais recentemente, automóveis e utilitários. Há também outros fatores que impactam negativamente a capacidade de o País concorrer no mercado internacional e internamente com importações da China, principalmente. São obstáculos e gargalos de infraestrutura que reduzem a eficiência da economia brasileira. Altas taxas de juros destoando dos padrões do mercado externo, condições de crédito não tão favoráveis e burocracia são fatores negativos sobre os quais as empresas têm pouco ou nenhum controle e dependem de políticas governamentais. Por isso, é necessário que o País coloque em prática, urgentemente, uma agenda de competitividade. É igualmente importante que as regulamentações sejam mais flexíveis para responder com eficiência às mudanças na economia global. Analisando a questão de forma mais abrangente, tirando os olhos do Brasil, esta é uma preocupação mundial. Como preservar a economia doméstica e fortalecer a economia de um país sem apelar para o protecionismo, mantendo o progresso gerado por um mundo globalizado? O desafio não só do Brasil como da comunidade internacional é manter o equilíbrio com regulamentações adequadas, regras claras que não beneficiem apenas um ou outro setor, a fim de não criar distorções difíceis de corrigir, desenvolvendo um ambiente propício ao crescimento. O cenário macroeconômico e os metais Roberto Castello Branco_diretor da Vale S.A. A pós a forte recuperação da grande recessão de A reaceleração dos mercados emergentes é bastante importante: 2008/2009, a economia global se desacelerou em (i) as economias desenvolvidas continuarão a crescer lentamente no 2011, crescendo abaixo da tendência de longo prazo, es- futuro próximo; (ii) neste século os emergentes têm sido a principal timada em 4% ao ano. Vários fatores concorreram para fonte de crescimento da economia global; (iii) face às suas transa desaceleração, gerando também maior volatilidade de formações estruturais, o crescimento dessas economias é definitipreços de ativos financeiros – dívida, ações e moedas – e vamente a maior fonte de aumento da demanda global por metais e de commodities, e um ambiente dominado por expecta- recursos naturais. tivas pessimistas. A crise da dívida soberana da zona do euro levou a Europa à O choque de preços de petróleo e alimentos produziu recessão, por meio da ampliação das incertezas, da necessidade de alta temporária da inflação, provocando perda de poder aperto fiscal e de desalavancagem dos balanços dos bancos. O maior aquisitivo, com impacto sobre o consumo. Contudo, os risco para a estabilidade da economia reside, entretanto, na perda efeitos desses choques se dissiparam a partir da segunda do controle da crise, tendo em vista a importância das interações da metade de 2011. zona do euro com a economia global. No momento, esta parece conA perspectiva de novo choque do petróleo pelo fecha- tida pelo financiamento de quase 600 bilhões de euros por três anos mento do Estreito de Ormuz nos parece mais um tail risk. concedido aos bancos pelo European Central Bank (ECB), o que A produção da Líbia está se recuperando rapidamente, trouxe tranquilidade aos mercados financeiros neste início de ano. e a disposição da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes O crescimento da economia americana se processa em ritmo inUnidos de compensar o eventual corte das exportações ferior à capacidade potencial, fenômeno natural em recuperações de iranianas ajuda a manter os preços em intervalo que não crises financeiras, porém influenciado também pela alta taxa de deameaça a estabilidade da economia. semprego – em parte devido ao mismatch entre tecnologia e educação Os desastres naturais causaram efeitos macroeco- – e a indefinição sobre o déficit e a dívida pública. No Japão, a incapanômicos relevantes, com o tercidade do país em lidar com problemas estruremoto de março de 2011 no turais o condena ao crescimento lento. “As economias emergentes Japão provocando queda abrupAssumindo que a situação europeia não continuarão a se expandir, ta da atividade econômica local se deteriore, a economia global deverá ter com a Ásia crescendo acima e rupturas na cadeia global de um novo ano de crescimento abaixo da cade 6%, com destaque para suprimentos, com amplas reperpacidade potencial, embora com melhoria cussões. Mais tarde, as enchentes de desempenho no segundo semestre. Nesse China (8,5%) e Índia (7%)” na Tailândia provocaram efeitos contexto, as economias emergentes contisemelhantes, embora de intensinuarão a se expandir, com a Ásia crescendo dade menor considerando-se as dimensões de sua eco- acima de 6%, com destaque para China (8,5%) e Índia (7%). nomia. Tais efeitos pertencem ao passado: a cadeia de O crescimento chinês, fundamental para os metais, será impulsuprimentos se recompôs e a economia desses países sionado pela demanda doméstica, principalmente pelos investimenvoltou à normalidade. tos em infraestrutura nas regiões central e oeste, prioridade do XII Em consequência da expansão monetária de 2009 e Plano Quinquenal, pelo programa de construção de moradias poparte de 2010 e da alta das commodities, a inflação nas pulares e pela redução dos controles de crédito. economias emergentes se elevou. Todavia, essa tendência A persistência de restrições ao aumento da oferta de minério de se reverteu, permitindo aos bancos centrais o afrouxa- ferro e cobre contribui para preços reais historicamente elevados. A mento da política monetária. despeito da entrada em operação de vários projetos de níquel, seus A normalização das políticas monetária e fiscal das preços se manterão face ao papel de swing producers dos produtos economias emergentes – depois dos estímulos para se chineses de custo elevado. Já os preços do alumínio continuarão contrapor ao choque financeiro global de 2008 – a par- baixos em função da ampla oferta da China. Ao contrário do que tir de meados de 2010 conteve a escalada inflacionária, acontece com outros metais, o alumínio é exportado pelo país, que mas promoveu significativa desaceleração do cresci- detém influência baixista sobre os preços. mento. Mais recentemente, seus bancos centrais, em Acreditamos, portanto, que o minério de ferro permanecerá como movimento iniciado pelo Brasil, reverteram a direção o principal produto da pauta de exportação brasileira, ajudando o fida política monetária, passando a reduzir taxas de ju- nanciamento da importação de máquinas e equipamentos para a moros e de reservas compulsórias dos bancos. dernização e o aumento de competitividade da indústria do País. Edição 273_Brazilian Business_35 ponto de vista Marcelo C. Leite diretor de RH do Momsen, Leonardos & Cia. RH: líder total flex Ó tima formação acadêmica, com diversos cursos de Sempre ouço e leio de consultores espeextensão e especialização, currículo profissional des- cializados na área que o RH, para ter suceslumbrante e fluência em idiomas estrangeiros são diferen- so na liderança e na gestão das pessoas, tem ciais que alavancam a carreira de qualquer profissional, que compreender o negócio da companhia. certo? Depende. Mas isso não é tudo, é preciso conhecer os O profissional de hoje está entrando numa espécie de funcionários além de suas expertises profisrobotização em busca de títulos. Nada contra, muito pelo sionais. Saber sua visão sobre o negócio, contrário, se em paralelo ele também buscar o desenvol- sobre a gerência, a estrutura que lhes é ofevimento de seu lado humano, de pessoa, de gente. Interagir recida e também conhecer seus problemas, com seus pares e subordinados, em especial com estes últi- compartilhar de tristezas e alegrias, ser um mos, de uma maneira mais informal e menos forçada deve amigo deles. ser uma meta a ser alcançada. Com esse contato próximo e amigável, Essas boas características, que complementam um esse líder saberá traduzir as diversas linguaexcelente perfil de profissional, devem estar presentes gens que existem numa mesma corporação, nos líderes, fundamentalmente. Venho percebendo essa proporcionando-lhe a receita para se antelacuna nas lideranças de recursos humanos, e isso me cipar a crises, por exemplo, e tocar a admideixa triste. nistração como um líder da organização, Recentemente, fui visitar um amigo em seu trabalho como deve ser. e quando estávamos indo em direção à saída, nos despeFalta, portanto, a habilidade para consedindo, estava entrando a diretora de RH da empresa. guir ser simples. Em português claro, esse Sem nos cumprimentar, seguiu seu caminho, e meu líder, além de participar dos planejamentos e amigo teceu o seguinte comentário, sabendo que atuo na das decisões estratégicas, de estar ao lado do área: “Precisamos de uma área de RH que entenda e goste CEO e palestrar em idioma estrangeiro para de gente”. uma plateia de altos executivos, tem que Não há como liderar uma equipe de pessoas sem saber tomar café com o “peão” no boteco da conhecê-las a fundo. O líder de esquina em que a empresa está RH não se limita ao seu setor, mas localizada, beber uma cerveja “Precisamos de deve ter em mente que a empresa com a equipe depois do expeuma área de RH é o seu setor, a sua área de atuação. diente, ouvi-los no ambiente que que entenda e É obrigação, portanto, compreenadoram estar. E, claro, deve fazer der todo o negócio da organização isso com naturalidade, com vongoste de gente” e conhecer seu pessoal de A a Z. tade mesmo, porque se for forçado não adianta, não vai fazer você se aproximar das pessoas. Por conta de nossa formação acadêmica e profissional, somos colocados na liderança pelos donos das empresas na qual trabalhamos. Mas, para nos manter nela, precisamos também de uma formação mais humana e social, lado a lado com os funcionários, servindo de espelho para novas lideranças. 36_Edição 273_jan/fev 2012 artigo A evolução das mídias sociais: o consumidor no comando das inovações dos produtos e serviços Tarcísio Godoy Ouvidor-geral e diretor do Grupo Bradesco Seguros Na sociedade moderna, o agente principal não poderia ser outro que não o consumidor. Mas não foi sempre assim. Antes do CDC e das redes sociais, o cliente se comunicava por reação. Agora, participa de forma proativa de todo o processo de uma empresa, e essa atitude é uma enorme possibilidade para que a companhia melhore seus produtos e serviços. Um exemplo do poder do consumidor com as redes sociais vem de Dave Carroll, músico canadense que usou seu talento para denunciar ao mundo, pelo YouTube, a maneira como foi destratado por uma companhia aérea. Ele provou com sua canção de protesto – ouvida por milhões de pessoas – que as empresas devem “escutar” o cliente, sob o risco de um contratempo se reverter em uma imagem negativa. divulgação S “As empresas entenderam a importância desse novo consumidor e de seu poder por meio das redes sociais” Hoje o mundo virtual está tão presente nas relações de consumo que o próprio CDC passa por atualização. Isso porque, quando houve a elaboração do texto, há mais de duas décadas, nem se cogitava a existência de lojas virtuais, com empresas e consumidores vendendo, comprando e se comunicando on-line. reprodução e John F. Kennedy vivesse hoje, certamente reescreveria o discurso lido no Congresso norte-americano em 15 de março de 1962, data que, décadas depois, transformou-se no Dia Mundial do Consumidor. O presidente americano disse que o consumidor precisava ser “ouvido”. Naquele momento, foi dado o pontapé para que o mundo empresarial passasse a olhar o cliente sob nova perspectiva: a de que era necessário conhecer as expectativas, os desejos, as opiniões, as reclamações e as críticas dos cidadãos. No Brasil, o Código de Defesa do Consumidor (CDC), em conjunto com as mídias sociais Orkut, Facebook, LinkedIn e Twitter, tem conseguido fazer com que o consumidor seja “ouvido” pelas empresas de maneira rápida e eficiente. Apoiando-se no CDC, as comunidades na rede mundial de computadores puseram fim à comunicação unilateral. Na maioria das vezes, ambos falam e são ouvidos. E a conversa não se restringe a reclamações. Pesquisas mostram que o consumidor usa mais as redes para opinar, criticar ou sugerir ações às empresas do que para reclamar de problemas, numa conectividade que atinge milhões de pessoas em minutos. 38_Edição 273_jan/fev 2012 As empresas entenderam a importância desse novo consumidor e de seu poder por meio das redes sociais e estão montando estruturas para acompanhar o que postam sobre elas no Twitter, Facebook, Orkut e outros sites. Pela internet, trocam informações em tempo real com seus consumidores objetivando atendê-los em seus pleitos, alteram fórmulas de produtos, criam serviços, reformatam embalagens. E também usam as mídias sociais para encantar o cliente. Se a reclamação vem rapidamente, entendem as empresas modernas, a melhoria dos processos e a solução dos problemas devem ter a mesma agilidade. Utilizar de forma positiva esse novo canal de comunicação com os clientes é o grande desafio das empresas. É preciso planejar suas ações de modo a entender onde está seu público, como ele se comporta e o que procura na internet. Para isso, é preciso dar alguns passos: monitorar, analisar, criar e interagir com o consumidor. E não nos esqueçamos nunca de que estamos na era do compartilhamento: nós só podemos ganhar algo se tivermos algo a oferecer. O músico canadense Dave Carroll usou o YouTube para reclamar, de forma criativa, do serviço de uma companhia aérea Edição 273 Brazilian Business_39 dialogues Dynamic and continuously improving: Ethiopia’s investment operating environment Aklilu Shiketa Minister counselor at the Ethiopian Embassy in Brazil 40_Edição 273_jan/fev 2012 W ith 80 million people, Ethiopia is the second most populous country in Sub-Saharan Africa. Covering 1.14 million km2, Ethiopia’s land area is larger than the land area of France and Spain together. Its economy has been growing at an unprecedented 11 percent annual average for the last seven years. Between 2003 and 2009 Ethiopia’s GDP expanded five fold. The November 2010 edition of The Economist forecast that Ethiopia would be one of the world’s five fastest-growing economies in the years that followed. With a double-digit growth rate, the forecast has come true. Ethiopia has made significant strides in reducing rural poverty, improving life expectancy, raising educational levels, and expanding infrastructure such as roads and hydropower plants. Ethiopia’s remarkable growth has been attributed to a number of reform measures. Better regulatory and institutional frameworks such as streamlined business registration requirements, have helped enhance investor confidence. Large investments in infrastructure have boosted domestic demand and helped realize the economy’s productive potential. The introduction of a range of special incentives and policy instruments helped exports grow at an average annual rate of 22 percent between 2004 and 2009, thus boosting the country’s foreign exchange reserves. According to the World Bank’s 2010 Doing Business ranking, Ethiopia holds a position (107) better than that of other fast-growing economies such as India (133), Russia (120), and even Brazil (129). At number 89, only China exceeds Ethiopia among the BRIC countries. The dynamic and continuously improving investment operating environment in the country enabled it to attract direct investments from across the globe, including China, India, Saudi Arabia, Turkey, France, The Netherlands, United Kingdom, and Canada. The sectors in which investments from the above mentioned countries are made include textiles, breweries, infrastructure development, agroprocessing, floriculture, leather, livestock, crops, and mining. Though some Brazilian companies have begun exploiting opportunities in Ethiopia, “Though some Brazilian they are yet to implement their ideas. Given companies have begun their extensive experience in Africa, their exploiting opportunities technological and financial capacity and, in Ethiopia, they are yet to most important, the convergence of what Ethiopia offers and what Brazilian business implement their ideas” needs, they are conspicuously absent from the list of foreign investors in Ethiopia. Indeed, one should not be present somewhere just for the sake of being there. The multi-billion infrastructure development plan, which includes the construction of railways and hydropower plants, the ambitious plan to expand the country’s sugar sector by a staggering 350 percent, the allocation of three million hectares of land for agricultural investment, and the country’s geographic proximity to the Middle East, Europe, and Asia, should be the right reasons for Brazilian companies to be in Ethiopia. news O presidente da Amcham Rio, Henrique Rzezinski, e o diretor-presidente da Agência Nacional de Águas, Vicente Andreu Guillo Amcham Rio entrega o 7º Prêmio Brasil Ambiental Eletrobras Eletronuclear, Petrobras, Fetranspor, Tractebel Energia, Samarco Mineração e Canal Energia foram as empresas premiadas nas sete categorias da sétima edição do prêmio, que valoriza as melhores práticas ambientais Reportagens Giselle Saporito Fotos Luciana Areas 42_Edição 273_jan/fev 2012 A Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro (Amcham Rio), por iniciativa de seu Comitê de Meio Ambiente, entregou, na noite do dia 8 de dezembro de 2011, no Salão Nobre da Bolsa do Rio, o 7º Prêmio Brasil Ambiental aos melhores projetos de preservação do meio ambiente – foram inscritos 39 projetos, em sete categorias. O evento tem como objetivo estimular ações e reconhecer os méritos de programas que envolvam a questão da sustentabilidade. O presidente da Amcham Rio, Henrique Rzezinski, e o chairman do Comitê de Meio Ambiente, Luiz Pimenta, deram as boas-vindas aos convidados do prêmio e agradeceram a participação dos jurados. “A Amcham Rio espera estar na vanguarda de iniciativas que contribuam para estimular o empresariado brasileiro e fomentar, no ambiente de negócios, práticas voltadas para a preservação do meio ambiente”, enfatizou Rzezinski. O diretor-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu Guillo, palestrante de honra, destacou a importância da realização do Prêmio Brasil Ambiental e da continuidade da discussão do tema, que este ano foi a água, e sua importância no desenvolvimento sustentável. “Um evento dessa natureza sinaliza que a questão ambiental é irreversível no que se refere ao mundo globalizado”, disse. Guillo ressaltou a urgência da criação de uma política de uso ordenado da água e afirmou que a interferência do setor produtivo nos comitês das bacias hidrográficas será decisiva para a criação de uma gestão ambiental dos recursos hídricos. “O setor agrícola tem sido resistente no que diz respeito à cobrança do uso da água e na gestão das bacias hidrográficas. Estou convencido de que a ação do setor produtivo e empresarial é de grande importância para a implementação dessa política. Há uma atenção do mundo para a gestão da água no Brasil, e a consolidação de seu uso ordenado pode ser um referencial para todo o planeta.” Segundo Guillo, a contabilização do uso da água não está disponível nem mesmo em nível internacional, mas um estudo apresentado recentemente em Brasília mostrou que em muitos países a contabilidade do uso da água fica por conta do número de funcionários das empresas. “Acredito que com esse exemplo, um evento chamando atenção para o tema, o Brasil possa avançar. Já se prepara uma primeira experiência piloto no Vale do Paraíba para quantificar o uso de água no País”, destacou. Ele chamou atenção para a discussão sobre o código florestal e pediu que o assunto fosse mais debatido no âmbito das cidades para deixar de parecer o que Guillo chamou de “briga de agricultores”. “A sociedade precisa se manifestar, isso vai ser a cara do Brasil, principalmente porque precisamos rever a questão da área de proteção ao longo dos rios”, concluiu. A premiação teve como patrocinadores masters a Chevron e a Vale, como copatrocinadores a BG Brasil e o Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP) e como apoiadores a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o Portogalo Suíte Hotel e a empresa O Melhor da Vida. 8ª edição do Prêmio Brasil Ambiental Inscrições de projetos: março de 2012 Edição 273_Brazilian Business_43 news os vencedores Responsabilidade Socioambiental: Haroldo Mattos, presidente do Instituto Brasil Pnuma, e Reginaldo Sales Magalhães, gerente do UniEthos – Instituto Ethos. Eletrobras Eletronuclear S.A. Área de atuação: opera e constrói usinas termonucleares no Brasil Categoria vencedora: Gestão Sustentável Projeto: Gestão Ambiental e de Resíduos Inovação Ambiental: Luiz Felipe Guanaes, diretor Nima (PUCRio), Vânia Maria Junqueira Santiago, consultora sênior do Cenpes – Tecnologia em Tratamento e Reuso da Água, e Luiz Pimenta, chairman do Comitê de Meio Ambiente da Amcham Rio. P ara a gerente de planejamento estratégico da Eletrobras Eletronuclear S.A., Ruth Soares Alves, um prêmio na área ambiental é sempre muito importante para qualquer empresa e mais ainda quando se trata de empresa de geração de energia por fonte nuclear, cujas atividades são, em geral, desconhecidas do público. “Já são mais de 25 anos nesse processo para a unidade Angra 1 e 11 anos para a Angra 2. Há muita experiência acumulada e uma grande troca de informações e conhecimentos com organismos internacionais, tanto operadores de usinas como nós, como órgãos e agências reguladores nucleares”, disse Ruth. “Todo o processo é para nós uma atividade natural que envolve praticamente todas as áreas da empresa, com procedimentos bem definidos e obrigatórios. Essa é uma característica da indústria nuclear”, completou a gerente, destacando ainda que a empresa desenvolve atividades de educação ambiental com o objetivo de formar uma consciência ecológica nas comunidades locais, buscando um equilíbrio entre preservação e desenvolvimento tecnológico. Petrobras Área de atuação: petróleo e gás Categoria vencedora: Inovação Ambiental Projeto: Avaliação de Tecnologias Visando ao Reuso de Efluentes de Refinaria de Petróleo A engenheira de meio ambiente da empresa Andréa Azevedo Veiga recebeu o troféu do especialista em engenharia de meio ambiente da UFRJ Ricardo Luiz Barros 44_Edição 273_jan/fev 2012 O troféu foi entregue pelo chairman do Comitê de Meio Ambiente da Amcham Rio, Luiz Pimenta, ao gerente de meio ambiente, José Lourival Magri comissão julgadora O troféu foi entregue pela presidente do Conselho Estadual de Recursos Hídricos, Luiza Cristina Krau de Oliveira, ao gerente de planejamento estratégico da empresa, Marcelo Gomes P ara a pesquisadora de tecnologia em tratamento e reuso de água da Petrobras, Fátima Cunha, o prêmio representa o reconhecimento externo a um trabalho de equipe dedicado envolvendo diversas áreas da Petrobras, tendo como base o abastecimento e a engenharia na busca pela preservação dos recursos hídricos como um dos eixos do tripé de sustentabilidade dos seus negócios. “Este ano, comemoramos dez anos de início da busca pelo conhecimento que viabilizasse a introdução do reuso da água na Petrobras”, disse Fátima, explicando que o começo foi norteado por iniciativas do SMES Corporativo (Segurança, Meio Ambiente, Eficiência Energética e Saúde), sinalizado em 2001 para a busca da excelência socioambiental da companhia. “Ao vermos hoje o reuso de efluentes como uma realidade na companhia, tanto nas unidades existentes quanto nas futuras refinarias, elevando a Petrobras para um patamar sem similar no âmbito nacional e internacional, podemos afirmar que o objetivo desse programa foi plenamente atingido”, disse Fátima. Os projetos irão permitir, segundo ela, até 2012, uma redução do consumo de água de 850 mil m3/mês. Gestão Sustentável: Luiz Paulo Vellozo Lucas, engenheiro de meio ambiente e professor da PUC-Rio, e Carlos Augusto Victal, coordenador de Responsabilidade Social do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP). Uso Racional de Recursos Hídricos: Marcos Freitas, especialista em recursos hídricos da Agência Nacional de Águas (ANA), e Luiza Cristina Krau de Oliveira, presidente do Conselho Estadual de Recursos Hídricos (Cerhi-RJ). Preservação e Manejo de Ecossistemas: Volney Zanardi Júnior, secretário executivo do Ministério do Meio Ambiente, e Mário Cesar Mantovani, diretor de políticas públicas da SOS Mata Atlântica. Tractebel Energia S.A. Área de atuação: comercialização de energia Categorias vencedoras: Preservação e Manejo de Ecossistemas e Uso Racional de Recursos Hídricos Projetos: Conservação da Biodiversidade no Alto Uruguai e Implantação de um Sistema de Ciclo Fechado para Utilização de Água na Extração de Cinzas Úmidas do Complexo Termelétrico Jorge Lacerda S egundo o gerente de meio ambiente da Tractebel Energia S.A., José Lourival Magri, a premiação é um reconhecimento de que a empresa está caminhando na direção certa para um planeta sustentável. “Temos ao mesmo tempo uma boa oportunidade de compartilhar nossos trabalhos com toda a sociedade, já que tivemos a satisfação de ver dois de nossos projetos vencedores”, acrescentou Magri. Um deles, explica Magri, está ligado a ações relacionadas à conservação na área da biodiversidade na região do alto do rio Uruguai. “Estamos desenvolvendo pesquisas e ações para a conservação e preservação de espécies da fauna e flora ameaçadas de extinção, como peixes migradores do rio Uruguai, como a piracanjuba, e plantas, como as reófitas endêmicas dessa região, além da recuperação das áreas de APPs no entorno desses reservatórios”, disse o gerente. Já o segundo projeto vencedor da Tractebel, a implantação de um sistema integrado de recirculação das águas do Complexo Termelétrico Jorge Lacerda, permitiu, segundo Magri, que o complexo passasse a operar em circuito fechado com a reutilização das águas, possibilitando a eliminação da captação de mais de 15 milhões de m3. Inventário de Emissões: Ricardo Luiz Barros, especialista em engenharia do meio ambiente da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e Antônio Henrique Araújo Freitas, gerente de tecnologia da Golder Associates Brasil Consultoria e Projetos. Texto Jornalístico: Sidney Rezende, jornalista da Globo News, e Agostinho Vieira, editor da coluna Eco Verde, do jornal O Globo. O time da Tractebel, única empresa premiada com projetos em duas categorias, na noite do evento Edição 273_Brazilian Business_45 Samarco Mineração Área de atuação: mineração Categoria vencedora: Responsabilidade Socioambiental Projeto: Taboa Lagoa – Gestão Compartilhada de Recursos Hídricos news Fetranspor Área de atuação: transporte urbano, interurbano e de turismo e fretamento Categoria vencedora: Inventário de Emissões Projeto: Biodiesel B20 – O Rio de Janeiro Anda na Frente O gerente de planejamento e operações da Fetranspor, Guilherme Wilson, afirmou que é essencial o reconhecimento de projetos especiais que nascem totalmente alinhados com a consciência ambiental no setor de transportes. “A divulgação das boas práticas nos últimos anos é necessária para o fortalecimento de novas e sustentáveis iniciativas. Neste sentido a premiação da Amcham Rio é uma das mais importantes para nós. A Fetranspor se elevou muitíssimo com esse reconhecimento”, disse. Sobre o projeto, Wilson explicou que o Biodiesel B20 – O Rio de Janeiro Anda na Frente é uma iniciativa conjunta da Fetranspor com o Estado do Rio de Janeiro, por meio das secretarias estaduais de transporte e meio ambiente, voltado à identificação das oportunidades e barreiras associadas ao uso do biodiesel em frotas de ônibus urbanos da cidade do Rio de Janeiro. O programa contou com o apoio de montadoras e empresas de petróleo e gás. “Os resultados foram excepcionais em termos de redução de poluentes locais e globais, mostrando a viabilidade do uso desse combustível renovável em frotas de ônibus urbanos. O objetivo desse projeto foi preparar os setores envolvidos para o seu uso nos Jogos Olímpicos de 2016”, explicou. O gerente de tecnologia da Golder Associates Brasil Consultoria e Projetos, Antônio Henrique Araújo Freitas, entregou o prêmio à coordenadora de meio ambiente da empresa, Giselle Ribeiro 46_Edição 273_jan/fev 2012 A analista de meio ambiente da Samarco Mineração, Sandrelly Amigo Lopes, coordenadora e idealizadora do projeto, afirmou que o prêmio é o reconhecimento pelo valor do trabalho de responsabilidade socioambiental desenvolvido desde 2006. “Esse troféu é um indicador de que a O gerente corporativo de empresa está no caminho certo”. O projeto meio ambiente da empresa, foi desenvolvido junto às seis comunidades Paulo Cezar de Siqueira Silva, do entorno da Lagoa de Mãe-Bá, segunda e a coordenadora do projeto, maior lagoa do Espírito Santo, onde está Sandrelly Lopes, receberam o localizada a Samarco. “Cerca de 3 mil pessoas troféu do presidente do Instituto divididas entre as áreas rural e ribeirinha Brasil Pnuma, Haroldo Mattos foram capacitadas como agentes ambientais. Elas auxiliaram no desenvolvimento de sustentabilidade, pesca e uso da água do projeto e também no diagnóstico de futuras empreitadas”, disse. Foram criadas duas associações, o Núcleo de Artesões de Fibra da Taboa (Naboa) e a de Produtores e Pescadores de Tilápia, formada por pescadores da região e seus filhos, além de capacitações de artesãos e de educação socioambiental com as escolas da região. Na área rural são feitas ações de recuperação das nascentes com replantio de vegetação típica da Mata Atlântica. “Esse trabalho é feito em parceria com os produtores rurais, e a empresa realiza a manutenção dessas nascentes de três em três meses.” Canal Energia Área de atuação: site do setor elétrico Categoria vencedora: Texto Jornalístico Projeto: Hidreletricidade: Sustentabilidade e Desenvolvimento A jornalista Carolina Medeiros, do Canal Energia, avaliou a premiação como um importante reconhecimento pessoal, assim como a todo o trabalho que foi desenvolvido durante o ano de 2011 no site. “Buscamos sempre mostrar, dentro do contexto de energia elétrica, as ações que vêm sendo realizadas em prol do meio ambiente”, disse. A matéria mostra a possibilidade de se aliar hidreletricidade e desenvolvimento, explicando como a construção de uma hidrelétrica poderia ser feita minimizando os impactos ambientais e levando desenvolvimento à região. “Qualquer construção de hidrelétricas traz danos ao meio ambiente. O importante é avaliar se os impactos estão bem dimensionados e se poderão ser compensados. Melhor ainda se a construção puder trazer mais qualidade de vida à população do entorno”, acrescentou. A subeditora da publicação, Carolina Medeiros, foi receber o prêmio do vicepresidente da Amcham Rio, Rafael Motta Edição 273_Brazilian Business_47 news Responsabilidade social e esporte: resultado de boas práticas O presidente do Instituto Bola Pra Frente e ex-jogador de futebol, Jorge de Amorim Campos, o Jorginho, o secretário municipal de Esportes e Lazer, Romário Galvão Maia, e a gerente da área tributária da Martinelli Advocacia Empresarial, Rosa Maria de Castro, mostram que há muito mais a ganhar investindo no social do que as empresas pensam esponsabilidade Social e Esporte foi o tema do talk show realizado no dia 7 de novembro de 2011 pelo Comitê de Responsabilidade Social Empresarial da Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro, na Bolsa do Rio. O presidente do Instituto Bola Pra frente, Jorge de Amorim Campos, o Jorginho, o secretário municipal de Esportes e Lazer, Romário Galvão Maia, e a gerente da área tributária da Martinelli Advocacia Empresarial, Rosa Maria de Castro, falaram sobre sucessos, entraves e oportunidades para as empresas apoiarem projetos de responsabilidade social bemsucedidos no Estado. O evento foi patrocinado pelas empresas Ulhôa Canto e Case Benefícios e Seguros, mediado pela chairperson do Comitê de Responsabilidade Social Empresarial da Câmara de Comércio Americana do Rio, Silvina Ramal, e apresentado pelo diretor-superintendente da Amcham Rio, Helio Blak. O ex-jogador e técnico de futebol Jorginho contou um pouco da história de seu instituto, o Bola Pra Frente. Localizada no bairro de Guadalupe, mais precisamente no Complexo do Muquiço, onde o jogador cresceu, no subúrbio do Rio, a instituição utiliza o lado educacional do esporte para formar cidadãos. Ao todo, o instituto atende a 900 crianças, entre 6 e 17 anos, divididas em três faixas etárias (6 a 9, 10 a 13 e 14 a 17 anos), que normalmente têm dificuldades de aprendizado na escola. 48_Edição 273_jan/fev 2011 Luciana Areas R A chairperson do Comitê de Responsabilidade Social Empresarial da Amcham Rio, Silvina Ramal, recebeu para o debate Jorginho, o secretário Romário Galvão Maia e a advogada Rosa Maria de Castro “O esporte trouxe uma educação muito grande para a minha vida, principalmente o respeito às regras. Perdi meu pai aos 10 anos e cresci em uma comunidade em que muitos amigos morreram por conta do tráfico. Nós criamos uma metodologia especial para as crianças do instituto que utiliza o futebol como ponto de partida, sendo aplicada em várias áreas. Na matemática, por exemplo, usando placares dos jogos do fim de semana ou o número da camisa de um dos jogadores para ensinar. Também criamos um alfabeto que remete ao esporte. O J, por exemplo, é sempre de Jorginho”, explicou o técnico. Na opinião de Jorginho, muitas empresas não se interessam em se aprofundar nas leis de incentivo porque temem a seriedade de algumas ONGs. “Acho que isso é falta de informação. É preciso debater mais o assunto e, principalmente, ter transparência no dinheiro aplicado. Quando montei o Bola Pra Frente usei o dinheiro que recebi por quatro anos de um contrato com a Nike. É preciso ser claro nas suas ações”, acrescentou. O secretário municipal de Esportes e Lazer, Romário Galvão Maia, falou um pouco do trabalho de responsabilidade da prefeitura do Rio, principalmente das vilas olímpicas, e destacou o empenho na criação de incentivos fiscais municipais para empresas que venham a investir no setor, nos moldes do que já existe em âmbito federal e estadual. “A questão do esporte é muito importante dentro da educação como instrumento de inclusão. O Ministério do Esporte tem um bom orçamento, mas as secretarias se consolidaram com o Pan de 2007 e com a vinda da Copa do Mundo e da Olimpíada de 2016. As 14 vilas olímpicas da cidade do Rio são um case de sucesso, mas precisamos aprimorar a gestão desses ferramentas. Já estamos tendo uma atenção especial do BID e da NBA. O esporte é uma atividade econômica de muito sucesso, e as leis de incentivos valorizam as empresas e beneficiam as instituições”, disse o secretário. Ele reforçou que a prefeitura está pensando em utilizar a dedução do IPTU e/ou do ISS como incentivo fiscal para empresas e pessoas físicas que queiram investir na área. O secretário lembrou ainda que é preciso aproveitar o potencial que o Rio de Janeiro tem para o esporte. “A Olimpíada vai deixar um legado além do próprio evento. A geografia carioca permite que se descubram novas modalidades, como o rúgbi e o futebol americano, que estão sendo praticados na praia. O esporte é uma expressão cultural e uma área de entretenimento com um grande mercado para se investir”, disse comentando sobre as partidas do Super Bowl americano, que reúne vários eventos em um só, transformando o esporte em um show. A parte burocrática do incentivo fiscal na responsabilidade social, tanto na esfera federal quanto no Estado do Rio, foi abordada pela gerente da área tributária da Martinelli Advocacia Empresarial, Rosa Maria de Castro. Segundo ela, o assunto precisa ser mais debatido e desmistificado, para mostrar que há muito mais a ganhar investindo no social do que as empresas pensam. “É preciso realizar mais eventos como este para deixar claro que é simples utilizar as leis de incentivo para fazer a diferença, além de ser uma boa oportunidade de divulgação da própria empresa. É preciso deixar claro que a aplicação do dinheiro não vai denegrir a imagem das empresas. Existe todo um mecanismo de controle da aplicação da verba”, esclareceu. Rosa também comentou sobre a Lei 11.438/2006, que deduz do Imposto de Renda 1% do valor devido para o projeto de escolha da empresa no âmbito federal. E no caso do Estado do Rio de Janeiro, a advogada explicou que existe todo um processo de títulos que a ONG deve possuir para receber incentivos fiscais e que as empresas que aplicam recursos nessa área deduzem 4% do ISS. Edição 273_Brazilian Business_49 news Proatividade é ingrediente de empresas líderes A experiência da gigante IBM O professor e pesquisador da Fundação Dom Cabral, Leonardo Araújo, e o diretor de comunicação e marketing da IBM, Mauro Segura, mostram como as empresas que captam as mudanças e lançam tendências são as que mais se consolidam no mercado A 50_Edição 273_jan/fev 2012 Mauro Segura, diretor de comunicação e marketing da IBM fotos Luciana Areas Proatividade de Mercado foi o tema do café da manhã realizado no dia 18 de novembro de 2011 pela Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro (Amcham Rio) e a Fundação Dom Cabral, com o apoio do Comitê de Marketing da Amcham Rio e o apoio institucional da Sisen Soluções Empresariais, no hotel Everest, em Ipanema, zona sul do Rio. O diretor-superintendente da Amcham Rio, Helio Blak, deu as boasvindas aos presentes no evento. O professor e pesquisador da Fundação Dom Cabral Leonardo Araújo fez uma apresentação sobre como as empresas podem crescer sendo proativas e as estratégias que devem usar. Os cases concretos relatados estão no seu livro Empresas Proativas, escrito em parceria com Rogério Gava e publicado pela editora Campus-Elsevier. Na publicação, que foi desenvolvida em cinco anos, os autores destacam que das cerca de 300 empresas pesquisadas 95% mostraram nível de proatividade entre baixo e médio e elaboraram um estudo com quatro tipos de empresas: aflitas, ajustadas, atentas e ativadoras. Entre as mencionadas na publicação está a IBM, que teve sua história de proatividade contada também durante o evento, com uma palestra do diretor de comunicação e marketing da empresa, Mauro Segura. Segundo Araújo, uma empresa proativa é aquela que se antecipa às mudanças no mercado, criando mecanismos e desenvolvendo estratégias para que a companhia construa esse foco de transição. “Isso significa responder às mudanças antes de ser forçada pelo mercado, ou mesmo criando sua mudança de forma deliberada. Esse tipo de empresa vai além da simples reação e adaptação às demandas dos clientes e movimentos da concorrência. É uma estrutura que olha o ambiente externo fazendo suas escolhas”, disse, destacando que enquanto as empresas reativas jogam as regras do mercado, as proativas passam a ditar as regras em um mundo em transformação, principalmente com a globalização. Entre as várias organizações citadas no livro, Araújo mencionou dois exemplos, uma do ramo de cervejas e outra do setor de brinquedos, que, na década de 1980, foram impactadas pela transformação do mercado globalizado, mas de forma diferente. De acordo com os casos citados, a cervejaria se antecipou e instalou plantas de produção em países do Mercosul. Depois incorporou outra marca e se preparou para um novo mundo. Já a de brinquedos sofreu com a entrada dos chineses no ramo e pagou um preço por sua reatividade até encontrar uma solução anos depois para conseguir se reerguer – e hoje até importa brinquedos daquele país. “Por que as empresas são reativas? Não é uma ideia ruim, mas elas tendem a ter um movimento de adaptação. As proativas agem antes que o chamado ‘momento zero’ aconteça”, explicou. Leonardo Araújo, professor da Fundação Dom Cabral Outro setor que também sofreu muito com a globalização, segundo Araújo, foi o da indústria têxtil, com a entrada de roupas chinesas de baixo custo. “A Hering é um exemplo de uma empresa que deu a volta por cima, investiu pesado na mudança de sua estratégia e hoje é bemsucedida, com uma marca forte no mercado.” Araújo explicou que as empresas podem ser proativas por antecipação, por criação ou por oferta complementar, quando desenvolvem novos produtos para a sua linha. “São por antecipação quando captam as mudanças que os concorrentes não conseguem perceber, agindo sobre pistas que sempre precedem a mudança. Mas ela pode se antecipar ao ‘momento zero’ e provocar sua própria mudança, modelando e criando novas realidades. É a antecipação por criação. Ou seja, antecipa mudanças em relação à oferta do mercado, aos concorrentes, distribuidores, fornecedores e mecanismos reguladores da indústria e aos clientes e suas “Empresa proativa é preferências e necessidades”, destacou. aquela que se antecipa Ele disse ainda que o tamanho da empresa às mudanças no mercado, não interfere na maneira de reagir e que a criando mecanismos atitude de uma empresa pequena pode mudar e desenvolvendo as regras do ambiente e encontrar um novo estratégias para que a rumo. “Quando eu mudo as regras do jogo eu companhia construa esse quero me favorecer disso.” Para Araújo, nem sempre uma estratégia de foco de transição” marketing é realizada em cima da opinião dos clientes de uma determinada empresa. Para exemplificar, citou uma frase de Henry Ford: “Se eu tivesse perguntado a meus clientes o que queriam, teriam dito um cavalo mais rápido”. Na opinião do pesquisador, a estratégia de atender às necessidades dos clientes foi por anos uma leitura equivocada. “É preciso ir além do que o cliente quer. É preciso criar aquilo de que ele precisa. A inovação é a chave do negócio”, afirmou, mencionando a Toyota, que se antecipou na criação do carro híbrido, a Consul, que lançou geladeiras frost-free para as classes B e C, e a Danone, que criou o Activia, que, na verdade, já existia desde 1987, na França, com outro nome. “A Danone nos fez tomar um iogurte regularmente mexendo com nossa necessidade. Hoje, a empresa não liga mais a marca ao problema intestinal das mulheres, mas já fala com toda a família. Este é um case de comunicação de sucesso”, concluiu. O diretor de comunicação e marketing da IBM, Mauro Segura, fez um balanço dos 100 anos da empresa e seus movimentos proativos para que ela migrasse da área de produção para a de geração de serviços de tecnologia da informação. Ele destacou que a mudança estrutural da empresa começou nos anos 1990, quando a IBM não enxergou que os PCs seriam algo comercial e continuou com o foco nos grandes computadores. “A IBM negligenciou e não viu que os PCs, que foram criados por ela, dariam certo, enxergando-os como algo marginal, e amargou um grande prejuízo, mas [Louis V.] Gerstner assumiu a empresa e reintegrou as divisões da companhia com o foco na área de serviços e produtos. Foi ele quem teve a visão de que havia uma demanda de soluções integradas e viu que esse seria o melhor foco da IBM”, afirmou. Esse foi o caminho seguido pela empresa a partir de meados da década de 1990, quando a internet dava seus primeiros passos e era possível pensar em um mundo interligado não apenas pelo PC, mas pelo celular. “A IBM reforçou sua unidade de serviços e, no fim de 1996, foi construído o e-business com o conceito de um mundo centrado em rede. Só para se ter uma ideia, em 1996 a área de serviços da empresa representava 18% das receitas, enquanto hoje já é responsável por 60%”, disse. Após o ano 2000, a IBM migrou da área de componentes para a consultoria empresarial e execução de outros serviços de TI que usariam todo o hardware e o software já produzidos. A empresa vem desenvolvendo parcerias com a iniciativa pública, como o Centro de Controle Operacional do Rio de Janeiro, que usa a tecnologia para antecipar a realidade, com inteligência. Na avaliação do diretor da IBM, a empresa conseguiu perceber os sinais do mercado e reagiu, lançando novos portfólios de negócios. “Soubemos criar uma dinâmica de aprendizado contínuo, com um trabalho de transformação cultural, posicionando a empresa em um leque muito maior do que existia dentro do mundo corporativo”, comemorou. Edição 273_Brazilian Business_51 M a i o news Trabalhar com determinação. Nós conhecemos bem a sua história. Empreender, crescer e ser líder de mercado não é uma questão de sorte. O ambiente de negócios, cada vez mais complexo, exige uma gestão Representantes das empresas recém-associadas à Amcham Rio no café da manhã oferecido pela instituição Amcham Rio recebe novos sócios em café da manhã A Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro (Amcham Rio) realizou, no dia 9 de novembro de 2011, um café da manhã para dar boas-vindas aos novos associados. O objetivo do encontro, que acontece periodicamente, é apresentar o funcionamento da instituição e mostrar o leque de oportunidades às empresas e a seus membros de participar das atividades e ações da Câmara, como os comitês setoriais, as missões internacionais, os eventos customizados e os veículos de comunicação da casa. Representantes dos recém-associados aproveitaram para se apresentar e conversar para abrir possibilidades de novas parcerias de negócios. O evento foi realizado na Bolsa do Rio, no centro da cidade. O diretor-superintendente da Amcham Rio, Helio Blak, apresentou a instituição e pediu a cada um dos representantes que falasse um pouco sobre a sua empresa. Em seguida, expôs a missão e a rotina da instituição, que tem hoje 300 empresas associadas, dando destaque aos comitês setoriais, apresentando as coordenadoras de cada grupo de trabalho, que estavam presentes no evento. Blak falou ainda sobre a história da Amcham Rio, chamando a atenção para o centenário da instituição. “A Câmara foi fundada em 16 de abril de 1916 por empresas americanas que chegaram ao Brasil e perceberam que, para facilitar as parcerias estrangeiras, seria necessária uma infraestrutura de apoio em solo estrangeiro. Vamos completar 100 anos em 2016, ano em que o Rio vai sediar a Olimpíada”, destacou. 52_Edição 273_jan/fev 2012 Luciana Areas efetiva dos riscos e oportunidades. O diretor-superintendente apresentou um balanço de 2011 e salientou que a Amcham Rio já estava programando sua agenda para 2012, permanentemente aberta a sugestões dos novos associados por meio dos comitês responsáveis. “Em 2011, já realizamos 65 eventos com os mais variados temas envolvendo os comitês, com destaque especial para o 7º Prêmio Brasil Ambiental [que aconteceu no dia 8 de dezembro de 2011]. A agenda para 2012 promete ser ainda mais intensa”, enfatizou. Os novos sócios corporativos que se afiliaram à Amcham Rio ao longo de 2011 foram: A. Repsold Assessoria e Marketing (Lide-Rio), Aecom do Brasil Ltda., benCorp S.A. Corretora de Seguros, Burrill Brasil Gestão de Recursos Ltda., Business Partners Recrutamento e Seleção Ltda., C&V Consultoria Ltda., CesceBrasil Seguros de Garantias e Crédito S.A., CMS Cameron McKenna Consultores em Direito Estrangeiro, Dattis Brasil Comunicação Ltda., Distribuidora de Equipamentos Médicos Hospitalares Vipmed Ltda., Engenet Soluções Integradas Ltda., Esporte Interativo, G-Comex Óleo e Gás Ltda., Global Industries, Golden Cross Assistência Internacional de Saúde Ltda., Hays Recrutamento e Seleção Ltda., Herrero & Associados Brasil Propriedade Intelectual Ltda., ILOS/LGSC - Instituto de Logística e Supply Chain Ltda., ISDN Consultoria e Empreendimentos de Telecomunicações Ltda., Lobo & de Rizzo Sociedade de Advogados, M. I. Montreal Informática Ltda., Master Qual Serviços Especializados Ltda., Metal Fênix Comércio de Artigos Industriais e Serviços Navais, Metroflex Telecomunicações Ltda., MXM Sistemas e Serviços de Informática S/A., Naibert Consultoria Empresarial Ltda., Oil States Industries do Brasil Instalações Marítimas Ltda., Pedrosa e Contadores Associados Ltda., Radix Engenharia e Desenvolvimento de Software Ltda., Robert Half Assessoria em Recursos Humanos Ltda., Softway S.A., Technion Engenharia e Tecnologia Ltda., Tomé Engenharia S.A., Visla Consultoria de Petróleo Ltda., X-Com Tecnologias em Comunicação Convergente Ltda. (Telmart), Zemax Log Soluções Marítimas Ltda., além dos sócios físicos Ana Sabina de Campos Henriques de Brito, Arthur Felipe Tavora, Leonardo Pacheco Murat de Meirelles Quintella, Myriam Duffles e Rodrigo de Oliveira Botelho Corrêa. A constante evolução tecnológica, mudanças nas estruturas de negócios e o dinamismo do mercado global são fatores que evidenciam essa tendência. Qualquer que seja sua área de atuação ou estágio de crescimento, para que sua empresa consiga se destacar no mercado, colocamos, lado a lado, nosso conhecimento global e a experiência no middle market. É por isso que somos a mais completa empresa de auditoria e consultoria do Brasil. Auditoria | Consultoria Tributária e Trabalhista | Consultoria de Estratégia e Gestão | Transações Corporativas www.ey.com.br d e 2 0 1 1 • Ta x V i e w • 1 por dentro da câmara Novos Sócios Alteração no Quadro de associados BSP Empreendimentos Imobiliários S.A. Samuel Monteiro dos Santos Júnior Diretor-presidente Av. Paulista, 1.415 - Bela Vista 01311-925, São Paulo, SP Tel.: (11) 3265-5871 Fax: (11) 3265-5313 [email protected] Pedrosa e Contadores Associados Ltda. Frederico Ferreira Pedrosa - Sócio-diretor Av. Almirante Barroso, 91, sala 912 - Centro 20031-005, Rio de Janeiro, RJ Tel.: (21) 3553-9934/9198 [email protected] www.pedrosacontadores.com.br Filial Espírito Santo IRPF 2012 Alvaro A. C. Notaroberto Barbosa Sócio TozziniFreire Advogados Eduardo Cruz del Rio Diretor-geral Posadas do Brasil Empreendimentos Hoteleiros Ltda. Getúlio Brasil Nunes Consultor Pedro Marcelo Dittrich Sócio TozziniFreire Advogados Lopes de Oliveira, Lambert Advogados Lopes de Oliveira, Lambert Advogados Mauricio Lopes de Oliveira - Sócio Av. das Américas, 7.935, salas 604/606, Sunplaza I – Barra da Tijuca 22793-081, Rio de Janeiro, RJ Tel/Fax.: (21) 3325-6050 [email protected] lopesdeoliveira.com Confie suas informações patrimoniais e financeiras a especialistas Regus do Brasil Ltda. Fabíola Gonçalves – Area Sales Manager Rua José Alexandre Buaiz, 300, salas 2001/2002 – Enseada do Suá 29050-545, Vitória, ES Tel.: (27) 9238-9945 [email protected] www.regus.com.br Ricardo Karbage Presidente Xerox Comércio e Indústria Ltda. Roberto Haddad Sócio KPMG Com Imposto de Renda, não dá para brincar. Estão em jogo seu patrimônio e toda sua vida financeira. Pessoa Física. Um time de profissionais aptos a elaborar Declarações de IRPF de diferentes complexidades, inclusive para cidadãos expatriados. As transações online estão cada vez mais acompanhadas pela máquina fiscal: compras com cartões de débito e crédito, aquisições de bens duráveis, operações de investimento, despesas médicas, remessas ao exterior – tudo isso vem sendo monitorado pelos sistemas de fiscalização. A DPC sabe, antes de mais nada, que a informação imprecisa representa riscos de retenção na malha fina e multas para o contribuinte. Assim, o núcleo Pessoa Física trabalha o ano todo para garantir exatidão na entrega de todas as obrigações federais e estaduais e está atento às diferentes demandas de seus clientes. Por isso, entregue sua Declaração nas mãos de especialistas. A Domingues e Pinho possui um núcleo dedicado exclusivamente a assessorar contribuintes Dia 30 de Abril é o prazo limite para a entrega das declarações de IRPF 2012, Ano Base 2011. 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Pedro Paulo Pereira de Almeida_Diretor IBM Setor Industrial e Diretor Regional, IBM Brasil Indústria, Máquinas e Serviços Ltda. Petronio Ribeiro Gomes Nogueira_Sócio-diretor, Accenture do Brasil Rafael Sampaio da Motta_CEO, Case Benefícios e Seguros Roberto Castello Branco_Diretor de Relações com Investidores, Vale S.A. DIRETORIA AMCHAM ESPÍRITO SANTO Presidente Otacílio José Coser Filho_Membro do Conselho de Administração, Coimex Empreendimentos e Participações Ltda. Vice-Presidente Maurício Max_Diretor do Departamento de Pelotização, Vale S.A. DIRETORES António Diogo_Diretor-geral, Chocolates Garoto Bruno Moreira Giestas_Diretor, Realcafé Solúvel do Brasil S.A. Carlos Fernando Lindenberg Neto_Diretor-geral, Rede Gazeta DIRETOR-SECRETÁRIO Steve Solot_Presidente & CEO, LATC - Latin American Training Center Roberto Furian Ardenghy_Diretor de Assuntos Corporativos, BG E&P do Brasil Ltda. João Carlos Pedroza da Fonseca_Superintendente, Rede Tribuna DIRETOR-TESOUREIRO Manuel Domingues e Pinho_Presidente, Domingues e Pinho Contadores Roberto Prisco Paraíso Ramos_Diretor-presidente, Odebrecht Óleo e Gás Ltda. Márcio Brotto Barros_Sócio, Bergi Advocacia – Sociedade de Advogados Rodrigo Tostes Solon de Pontes_Diretor Financeiro, ThyssenKrupp Companhia Siderúrgica do Atlântico Paulo Ricardo Pereira da Silveira_Gerente-geral Industrial, Fibria Celulose CONSELHEIRO JURÍDICO Julian Fonseca Peña Chediak_Sócio, Chediak Advogados EX-PRESIDENTES João César Lima, Robson Goulart Barreto e Sidney Levy PRESIDENTES DE HONRA Mauro Vieira_Embaixador do Brasil nos EUA Thomas Shannon_Embaixador dos EUA no Brasil DIRETORES Benedicto Barbosa da Silva Junior_Diretorpresidente, Odebrecht Infraestrutura Carlos Henrique Moreira_Presidente do Conselho, Embratel Cassio Zandoná_Superintendente Amil Rio de Janeiro, Amil – Assistência Médica Internacional David Zylbersztajn_Engenheiro Eduardo de Albuquerque Mayer_Private Banker, Banco Citibank Fabio Lins de Castro_Presidente, Prudential do Brasil Seguros de Vida S.A. Fernando José Cunha_Gerente Executivo para América, África e Eurásia - Diretoria Internacional, Petrobras Guillermo Quintero_Presidente, BP Energy do Brasil Ltda. Henrique Rzezinski_Vice-presidente de Assuntos Corporativos, BG E&P do Brasil Ltda. Humberto E. Cesar Mota_Presidente, Dufry do Brasil Rogério Rocha Ribeiro_VP Sênior e Diretor de Área América Latina e Caribe, GlaxoSmithKline Brasil Steve Solot_Presidente & CEO, LATC - Latin American Training Center DIRETORES EX-OFÍCIO Andres Cristian Nacht | Carlos Augusto C. Salles | Carlos Henrique de Carvalho Fróes | Gabriella Icaza | Gilberto Duarte Prado | Gilson Freitas de Souza | Ivan Ferreira Garcia | João César Lima | Joel Korn | José Luiz Silveira Miranda | Luiz Fernando Teixeira Pinto | Omar Carneiro da Cunha | Peter Dirk Siemsen | Raoul Henri Grossmann | Robson Goulart Barreto | Ronaldo Camargo Veirano | Rubens Branco da Silva | Sidney Levy PRESIDENTES DE COMITÊS Propriedade Intelectual - Andreia de Andrade Gomes Tax Friday - Richard Edward Dotoli Entretenimento, Cultura e Turismo - Steve Solot Alícia Perez e Dolores Piñeiro Negócios Internacionais Marcilio Rodrigues Machado Relações Governamentais Maria Alice Paoliello Lindenberg ADMINISTRAÇÃO DA AMCHAM ES Diretor Executivo Clóvis Vieira Coordenadora de Associados Keyla Corrêa LINHA DIRETA COM A CÂMARA DE COMÉRCIO AMERICANA Administração e Finanças: Victor Cezar Teixeira (21) 3213-9208 | [email protected] Associados: Terezinha Marques (21) 3213-9220 | [email protected] Marketing - Noel De Simone Meio Ambiente - Luiz Pimenta Responsabilidade Social Empresarial - Silvina Ramal Saúde - Gilberto Ururahy Seguros, Resseguros e Previdência - Luiz Wancelotti Tecnologia da Informação e Comunicação Álvaro Cysneiros ADMINISTRAÇÃO DA AMCHAM RJ Mauricio Vianna_Diretor, MJV Tecnologia Ltda. Diretor-superintendente Helio Blak Michael Seidner_Presidente, ExxonMobil Química Ltda. Gerente Administrativo Victor C.S. Teixeira Ney Acyr Rodrigues de Oliveira_Vice-presidente Embratel Empresas São Paulo, Embratel Gerente Comercial e Marketing Ricardo Santos 56_Edição 273_jan/fev 2012 Victor Affonso Biasutti Pignaton_Diretor, Centro Educacional Leonardo da Vinci Logística e Infraestrutura - Em definição Relações Governamentais - João César Lima Manuel Fernandes R. de Sousa_Sócio, KPMG Simone Chieppe Moura_Diretora-geral, Metropolitana Transportes e Serviços Comercial e Marketing: Ricardo Santos (21) 3213-9226 | [email protected] Ivan Luiz Gontijo Junior_Diretor-gerente, Jurídico e Secretaria Geral, Bradesco Seguros Manuel Domingues e Pinho_Presidente, Domingues e Pinho Contadores Rodrigo Loureiro Martins_Advogado-sócio Principal, Advocacia Rodrigo Loureiro Martins Energia - Roberto Furian Ardenghy Recursos Humanos - Cláudia Danienne Marchi Luiz Ildefonso Simões Lopes_Presidente, Brookfield Brasil Ricardo Vescovi Aragão_Diretor de Operações e Sustentabilidade, Samarco Mineração Assuntos Jurídicos - Julian Chediak Italo Mazzoni da Silva_Presidente, Ibeu Julian Fonseca Peña Chediak_Sócio, Chediak Advogados Marcos Guerra_Presidente, Findes Novos Associados e Eventos Tailor-made: Jaqueline Rufino (21) 3213-9294 | [email protected] Mantenedores e Patrocínio: Vanessa Barros (21) 3213-9286 | [email protected] Publicidade e Visto: Gisela Medeiros (21) 3213-9291 | [email protected] Comitês e Eventos Ana Paula Macieira (21) 3213-9229 | [email protected] Giuliana Sirena (21) 3213-9227 | [email protected] Helen Mazarakis (21) 3213-9231 | [email protected] Jaqueline Paiva (21) 3213-9232 | [email protected] Revista Brazilian Business: Andréa Blum (21) 9285-4717 | [email protected] Espírito Santo: Keyla Corrêa (27) 3324-8681 | [email protected] Edição 272_Brazilian Business_57 54_Edição 273_jan/fev 2011
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