Estudo da participação da via de sinalização dependente de ERK5
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Estudo da participação da via de sinalização dependente de ERK5
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM IMUNOLOGIA BÁSICA E APLICADA Estudo da participação da via de sinalização dependente de ERK5 na polarização de macrófagos M2 induzida por IL-4 João Paulo Mesquita Luiz Ribeirão Preto 2015 João Paulo Mesquita Luiz Estudo da participação da via de sinalização dependente de ERK5 na polarização de macrófagos M2 induzida por IL-4 Dissertação apresentada ao Programa de pós-graduação em Imunologia Básica e Aplicada da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São para obtenção do título de Mestre em Ciências. Área de concentração: Imunologia Básica e Aplicada Orientador: Prof. Dr. José Carlos Farias Alves-Filho Ribeirão Preto 2015 AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE. FICHA CATALOGRÁFICA Luiz, João Paulo Mesquita Estudo da participação da via de sinalização dependente de ERK5 na polarização de macrófagos M2 induzida por IL-4. Ribeirão Preto, 2015. 90 p. Dissertação de mestrado, apresentada à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Programa de Pós-Graduação em Imunologia Básica e Aplicada. Orientador: Alves-Filho, José Carlos Farias. 1. Macrófagos; 2. Polarização; 3. IL-4; 4. M2; 5. ERK5 FOLHA DE APROVAÇÃO JOÃO PAULO MESQUITA LUIZ ESTUDO DA PARTICIPAÇÃO DA VIA DE SINALIZAÇÃO DEPENDENTE DE ERK5 NA POLARIZAÇÃO DE MACRÓFAGOS M2 INDUZIDA POR IL-4 Dissertação apresentada ao Programa de Pósgraduação em Imunologia Básica e Aplicada da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade São Paulo como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Ciência. Área de concentração: Imunologia Banca examinadora ________________________________________ Prof. Dr. José Carlos Farias Alves-Filho FMRP-USP ________________________________________ Profª. Drª. Vânia Luiza Deperon Bonato FMRP-USP ________________________________________ Prof. Dr. Niels Olsen Saraiva Câmara ICB-USP Trabalho realizado no Laboratório de Inflamação e Dor do Departamento de Farmacologia e associado ao Programa de pós-graduação em Imunologia Básica e Aplicada da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo, com auxílio financeiro da CAPES e do CNPq. “Eu defendo uma maneira pessoal de viver com sobriedade, porque para viver é preciso ter liberdade e para ter liberdade devemos ter tempo ..." José Mujica, o Pepe - Ex-presidente do Uruguai DEDICATÓRIA À minha amada família: Meus pais, Ilaine e Paulo Edgar Minha irmã Juliane Ao meu avô Olindor Minha eterna gratidão pelo seu amor, dedicação, paciência, incentivo e apoio incondicional. Agradeço muito a vocês pela ótima vida que me deram. Obrigado por tudo! AGRADECIMENTOS Ao Prof. José Carlos pela orientação, confiança e ensinamentos que auxiliaram meu crescimento profissional e intelectual. Ao Prof. Fernando Cunha, pela oportunidade de trabalhar em seu laboratório e pela competência cientifica. A Drª. Priscilla Tartari, Paula Viacava e a Drª. Daniele Nascimento pela colaboração e execução do presente trabalho. Aos colegas de laboratório, por proporcionarem discussões produtivas e um ótimo ambiente de trabalho. Aos membros da banca, pela atenção e disponibilidade em participar da minha banca examinadora. Aos técnicos do Laboratório de Infalmação e Dor: Giuliana, Diva, Kátia, Ieda e Marquinhos, por todo apoio e companheirismo. A todos os docentes e funcionários do Programa de pós-graduação em Imunologia Básica e Aplicada. Aos amigos da USP: André (capaz), Annie, Flávio, Paula, Rafael (Ferrerinha), Cássia, Vanessa, Douglas, Paulo, Caio, Rafael (Panda), Alexandre (Kanashiro), Rangel, Priscilla, Daniele, pelos bons momentos de discussão cientifica e descontração. Aos amigos Lucas, André (Brandão), Paula e aos demais amigos pelo convívio, amizade, parceria e pelos bons momentos vividos durante a realização do meu mestrado. A minha namorada, Nayara, pelo companheirismo, amor, amizade e pelos ótimos momentos que temos vivido juntos. Aos meus pais (Paulo Edgar e Ilaine), minha irmã (Juliane), meu avô (Olindor) e a toda minha familia, por todo apoio e carinho concedido. Ao CNPq e à CAPES pelo suporte financeiro. A todos, que diretamente ou indiretamente, contribuiram para meu crescimento pessoal e profisional e para a realização deste trabalho. Resumo I RESUMO LUIZ, J. P. M. Estudo da participação da via de sinalização dependente de ERK5 na polarização de macrófagos M2 induzida por IL-4. Ribeirão Preto, 2015. 90 p. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2015. Os macrófagos são células imunológicas que apresentam uma alta capacidade plástica que permite sua polarização em diferentes súbtipos celulares em respostas a diversos estímulos ambientais. Dentre esses súbtipos, os macrófagos M2a desempenham um papel central no reparação tecidual, na resposta imune contra parasitas e na regulação imunológica. A polarização de macrófagos M2a é induzida por citocinas tipo-2, IL-4 e IL-13, e envolve a ativação do receptor da IL-4 e, subsequentemente, o fator de transcrição STAT6. Estudos recentes têm descrito que a ERK5 regula a expressão de genes relacionados ao perfil M2 em macrófagos durante o processo de eferocitose. No presente estudo, investigamos se a via MEK5/ERK5 participa da polarização de macrófagos M2 induzida por IL-4. Nossos resultados mostraram que a IL-4 induz a fosforilação de ERK5 em macrófagos derivados da medula óssea (BMDMs). A inibição farmacológica da EKR5, com o inibidor XMD 8-92, reduziu significativamente a expressão de marcadores M2 clássicos, tais como Fizz-1, Arg-1, YM-1, bem como a produção de quimiocinas e citocinas CCL17, CCL22 e IGF-1 por macrófagos ativados por IL-4. Além disso, a inibição de ERK5 reduziu os níveis proteicos de Arg-1 e a produção de ureia. Investigamos também o papel de MEK5, o ativador imediato à montante de ERK5, na regulação da expressão de marcadores M2. A inibição da MEK5, com o inibidor BIX 02189, recapitulou os resultados obtidos com inibidor de ERK5 na polarização M2 induzida por IL-4, confirmando o envolvimento do eixo MEK5/ERK5 em respostas M2. Adicionalmente, observamos que macrófagos STAT6-KO tiveram menor capacidade em polarizar para fenótipo M2. Interessantemente, a inibição de ERK5 não afetou os níveis de fosforilação de STAT6, nem a expressão gênica de Cebpb, sugerindo que a via de sinalização de EKR5 regula a expressão de marcadores M2 possivelmente em paralelo ou à jusante da via de STAT6 e C/EBPβ. Em geral, estes achados revelam um papel central da via MEK5/ERK5 na polarização de macrófagos M2 induzida por IL-4. Palavras-chave: Macrófagos, polarização, M2, IL-4, ERK5. II ABSTRACT LUIZ, J. P. M. Study of participation of the signaling pathway ERK5-dependent on the IL-4-induced M2 macrophage polarization. Ribeirão Preto, 2015. 90 p. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2015. Macrophages are immune cells that have a high plastic capacity which allows its polarization in different cells subtypes in response to various environmental stimuli. Among these subtypes, the M2a macrophages play a central role in tissue repair, immune response against parasite and immune regulation. The polarization of M2a macrophages is induced by Th2 cytokine patterns such as IL-4 and IL-13, and involves the activation of the IL-4 receptor and, subsequently, the transcription factor STAT6. Recent studies have described that ERK5 regulates the gene expression M2-related profile in macrophages during efferocytosis process. In the present study, we investigated whether MEK5/ERK5 pathway plays a role in the polarization of IL-4-induced M2 macrophages. Our results show that IL-4 as well as LPS induced phosphorylation of ERK5 in bone-marrow-derived macrophages (BMDMs). The pharmacological inhibition of EKR5, with XMD 8-92 inhibitor, markedly reduced the expression of classical M2 markers, such as Fizz-1, Arg-1, Ym-1, as well as the production of M2-related chemokines and cytokines, CCL22, CCL17 and IGF-1 in activated macrophages by IL-4. Moreover, ERK5 inhibition reduced protein Arg-1 expression and urea production. We also investigated the role of the MEK5, an immediate upstream activator of ERK5, in the regulation of M2 markers expression. The inhibition of MEK5, with BIX 02189 inhibitor, recapitulated the results obtained with ERK5 inhibitor in IL-4 induced M2 polarization, confirming the involvement of MEK5/ERK5 axis in M2 responses. Additionally, we observed that STAT6-KO macrophage had lower capacity to polarize for M2 phenotype. Interestingly, ERK5 inhibition did not affect the phosphorylation levels of STAT6, neither gene expression of Cebpb, suggesting that EKR5 signling pathway regulates M2-associated genes possibly in parallel or downstream of the STAT6 and C/EBPβ pathway. Overall, this finding reveals a central role of MEK5/ERK5 pathway in the IL-4-induced M2 macrophage polarization. Key words: Macrophages, polarization, M2, IL-4, ERK5. III Lista de Abreviaturas IV LISTA DE ABREVIATURAS °C – graus Celsius µg – micrograma μL – microlitro BMDM – macrófagos derivados da medula óssea bp – pares de base BSA – Albumina derivada de soro bovino CCR – receptor de quimiocinas CC CD – “Cluster of differentiation” cm – centímetros DNA – ácido desoxirribonucleico EDTA – ácido etilenodiamino tetracético ELISA – “Enzyme Linked Immuno Sorbent Assay” FITC – Isotiocianato de fluoresceína g – grama g – unidade de medida de força centrífuga relativa h – horas H2O2 – Água oxigenada HEPES – 2-4-(2-hidroxietil)-piperazinil-(1) ácido etanosulfônico IFN-γ – Interferon gama Ig – Imunoglobulina IL – Interleucina kb – kilobase kg – kilograma L – litro M – molar mg – miligrama min – minuto mL – mililitro mM – milimolar mRNA – ácido ribonucléico mensageiro nm – nanometro V PBS – tampão fosfato salina PE – Ficoeritrina pg – picograma RNA – ácido ribonucléico rpm – rotações por minuto s – segundos SBF Soro bovino fetal SDS – dodecil sulfato de sódio SDS-PAGE – eletroforese em gel de poliacrilamida com SDS TGF-β – Fator de crescimento e transformação β TNF – Fator de necrose tumoral Tregs – células T reguladoras Tris – tris(hidroximetil)aminoglicano V – volts WT – animais selvagens (Wild-type) C57BL/6 ou BALB/c VI Lista de Figuras VII LISTA DE FIGURAS Figura 1: Interleucina-4 e lipopolissacarídeo induzem fosforilação de ERK5 durante a polarização de macrófagos. ........................................................................................................................................... 31 Figura 2: Figura 2A via de sinalização de ERK5 participa do processo de polarização de macrófagos. ............................................................................................................................................................... 32 Figura 3: Expressão de marcadores M2 em macrófagos após estimulação com interleucina-4. .......... 34 Figura 4: Expressão de Arginase-1 e produção de uréia por macrófagos M2 induzidos por IL-4. ....... 35 Figura 5: Expressão de Arginase-1 em macrófagos M2 induzidos por IL-4......................................... 36 Figura 6: A inibição de ERK5 reduz a produção de quimiocinas e fatores marcadores de fenótipo M2 de maneira concentração-dependente.................................................................................................... 38 Figura 7: A sobrevivência e a viabilidade celular de BMDMs não foram alteradas pela inibição de ERK5. .................................................................................................................................................... 39 Figura 8: A via de sinalização de ERK5 controla a produção de quimiocinas e fatores de fenótipo M2. ............................................................................................................................................................... 40 Figura 9: A expressão de marcadores M2 induzida por IL-4 envolve a ativação da via de sinalização de ERK5. ............................................................................................................................................... 43 Figura 10: Expressão de Arginase-1 e produção de uréia induzida por IL-4 envolve a ativação da via de sinalização de ERK5......................................................................................................................... 44 Figura 11: Expressão do receptor de manose (MR) é regulado negativamente pela ativação da via de sinalização de ERK5. ............................................................................................................................ 45 Figura 12: A via de sinalização de MEK5 controla a produção de quimiocinas e fatores de fenótipo M2. ........................................................................................................................................................ 47 Figura 13: A via de sinalização de MEK5/ERK5 a controla a expressão de marcadores de fenótipo M2. ........................................................................................................................................................ 48 VIII Figura 14: Expressão de Arginase-1 e produção de uréia induzida por IL-4 envolve a ativação da via de sinalização de MEK5/ERK5............................................................................................................. 49 Figura 15: A expressão de marcadores de fenótipo M2 induzida por IL-4 está prejudicada na ausência de STAT6. ............................................................................................................................................. 52 Figura 16: IL-4 estimula a fosforilação de STAT6 em macrófagos independente de ERK5. ............... 53 Figura 17: IL-4 induz a expressão de C/EBPβ em macrófagos independente de ERK5. ..................... 54 IX Sumário X SUMÁRIO INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 2 1. 1.1. Macrófagos .............................................................................................................................. 2 1.2. Polarização de Macrófagos ..................................................................................................... 3 1.2.1. Ativação clássica de macrófagos ..................................................................................... 4 1.2.2. Ativação alternativa de macrófagos ................................................................................ 5 1.3. Macrófagos M2a ..................................................................................................................... 7 1.3.1. Ativação dos receptores de IL-4 ...................................................................................... 7 1.3.2. Caracterização dos macrófagos M2a ............................................................................... 8 1.3.3. Respostas M2 em doenças inflamatórias....................................................................... 10 1.4. Via de sinalização de MEK5/ERK5 ...................................................................................... 11 1.4.1. Proteínas MAPK ........................................................................................................... 11 1.4.2. Via de ERK5 ................................................................................................................. 11 1.4.3. Sinalização de ERK5 em macrófagos ........................................................................... 12 2. OBJETIVOS ................................................................................................................................. 15 3. MATERIAIS E MÉTODOS ....................................................................................................... 176 4. 3.1. Animais de experimentação .................................................................................................. 17 3.2. Preparo das soluções e reagentes........................................................................................... 18 3.3. Cultura celular de macrófagos derivados da medula óssea ................................................... 21 3.4. Detecção de citocinas por ensaio imunoenzimático (ELISA) ............................................... 22 3.5. Extração de Proteínas ............................................................................................................ 23 3.6. Eletroforese e Western Blotting ............................................................................................ 23 3.7. Extração do RNA total .......................................................................................................... 24 3.8. Reações de transcrição reversa .............................................................................................. 25 3.9. PCR quantitativo em tempo real ........................................................................................... 25 3.10. Citometria de fluxo............................................................................................................ 27 3.11. Determinação da concentração de uréia ............................................................................ 27 3.12. Imunofluorescência por Microscopia Confocal ................................................................ 28 3.13. Análise estatística .............................................................................................................. 28 RESULTADOS ............................................................................................................................. 29 4.1. Ativação de ERK5 durante a polarização de macrófagos ..................................................... 30 4.2. Caracterização da ativação alternativa de macrófagos induzida por IL-4 ............................. 33 4.3. A produção de quimiocinas e mediadores marcadores M2 necessita da ativação de ERK5 . 37 4.4. A expressão gênica de marcadores M2 depende da ativação de ERK5 ................................ 41 XI 4.5. Envolvimento da via de sinalização de MEK5 na expressão de marcadores M2 ...................... 46 4.6. A via de sinalização de ERK5 na polarização de macrófagos M2 não regula a ativação de STAT6 nem a expressão de C/EBPβ................................................................................................. 50 4. DISCUSSÃO ................................................................................................................................. 56 5. CONCLUSÃO ............................................................................................................................ 621 6. REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 643 XII Introdução 1 1. INTRODUÇÃO 1.1. Macrófagos O sistema fagocitário mononuclear é um sistema orgânico com capacidade fagocitária, que inclui todas as células derivadas de precursores monocíticos da medula óssea, tais como, monócitos do sangue periférico, macrófagos teciduais e células dendríticas derivadas de monócitos. Sobre certas condições, os monócitos do sangue podem migrar para os tecidos, onde se diferenciam em macrófagos e células dendríticas, e participam de respostas inflamatórias e infeciosas (Gordon e Taylor, 2005; Geissmann et al., 2010). Os macrófagos estão presentes com distintos fenótipos em quase todos tecidos, incluindo células de Langerhans na pele, células de Kuppfer no fígado, células da micróglia no cérebro, osteoclasto nos ossos e macrófagos alveolares nos pulmões (Gordon e Taylor, 2005). Neste sentido, os macrófagos são componentes essenciais da imunidade inata, atuando nas primeiras barreiras de resistência contra patógenos, e também da imunidade adaptativa, onde auxiliam na montagem de uma resposta mais forte e especifica após exposição secundaria a um mesmo antígeno. Além disso, essas células apresentam uma notável plasticidade e diversidade que permite alterar sua fisiologia e responder eficientemente a diferentes estímulos ambientais (Mosser e Edwards, 2008; Biswas e Mantovani, 2010). Em 1908, Ilya Metchnikoff e Paul Ehrlich receberam o prêmio Nobel de fisiologia pela descoberta da função dos macrófagos, sendo as primeiras células descritas envolvidas com defesa do hospedeiro. Metchnikoff propôs que os macrófagos influenciavam o desenvolvimento do hospedeiro, assegurando a homeostase e protegendo-o de infecções, através de um processo chamado de fagocitose (Nathan, 2008). Através de vários receptores de superfície e intracelulares os macrófagos monitoraram e respondem à mudanças no seu 2 ambiente secretando uma série de mediadores inflamatórios. Receptores do tipo Toll, receptores lectina do tipo C, tipo NOD e scavengers reconhecem produtos microbianos, substâncias exógenas e células mortas, levando a fagocitose, ativação celular e a liberação de citocinas, quimiocinas e fatores de crescimento (Hajishengallis e Lambris, 2011). Além de participar de respostas imunológicas, os macrófagos exercem um papel fundamental na preservação da homeostase do organismo (Kawai e Akira, 2011) (Elinav et al., 2011). Assim, uma das principais funções dos macrófagos é a limpeza de material extracelular no espaço intersticial, como células que entraram em apoptose ou debris celulares formados durante o remodelamento tecidual. Esse processo ocorre diariamente na ausência de outras células do sistema imune e resulta em baixa produção de mediadores inflamatórios e baixa ativação celular (Kono e Rock, 2008). Por outro lado, a fagocitose de debris de células necróticas, carregadas com sinais de dano endógenos, leva a uma profunda ativação dos macrófagos e a produção de citocinas e mediadores pró-inflamatórios (Zhang e Mosser, 2008). Desta forma, as funções protetoras e patogênicas dos diferentes fenótipos de macrófagos revelam uma incrível capacidade de alteração fisiológica em resposta a diferentes estímulos ambientais. 1.2. Polarização de Macrófagos Os macrófagos são capazes de responder rapidamente a uma ampla gama de estímulos endógenos produzidos após uma lesão ou infecção. Esses primeiros estímulos, geralmente produzidos por células da imunidade inata, exercem um acentuado e transiente efeito na fisiologia dos macrófagos, enquanto que estímulos secundários, produzidos por células antígeno-especificas, são mais direcionados e geram mudanças fenotípicas de longa de duração (Gordon, 2007). Em publicações anteriores, os macrófagos eram classificados em 3 escala linear com a nomenclatura M1 para macrófagos classicamente ativados e a nomenclatura M2 para macrófagos alternativamente ativados, para representar os dois extremos das possíveis formas de ativação de macrófagos (Martinez et al., 2008). No entanto, essa nomenclatura M2 incluía praticamente todos os outros tipos de ativação de macrófagos, mesmo possuindo grandes diferenças bioquímicas e fisiológicas (Edwards et al., 2006). Recentemente, Mosser e colaboradores (2008) sugeriram uma nova classificação baseada nas três funções fundamentais dos macrófagos: defesa do hospedeiro, reparo tecidual e imunorregulação. 1.2.1. Ativação clássica de macrófagos Os macrófagos classicamente ativados, também chamados de macrófagos M1, são uma população celular com alta capacidade microbicida e tumoricida, com eficiente apresentação de antígeno e secretam grandes quantidades de citocinas e mediadores próinflamatórios. Esses macrófagos M1 promovem respostas imunológicas de perfil Th1, medeiam a resistência contra uma variedade de bactérias, protozoários, vírus, mas também contribuem para a destruição tecidual (Liu et al., 2014). Certos produtos bacterianos como Lipopolissacarídeos (LPS) e citocinas como interferon-γ (IFN-γ) estimulam a polarização de macrófagos para fenótipo M1. Como resultado, induzem um forte fenótipo pró-inflamatório com a produção de citocinas como TNF-α, IL-12 e IL-23, além de aumentar a produção de intermediários reativos de oxigênio e nitrogênio, a expressão de moléculas do MHC de classe II e moléculas co-estimulatórias (Dale, Boxer e Liles, 2008); (Wynn, Chawla e Pollard, 2013). Assim, os macrófagos classicamente ativados são gerados a partir de respostas imunes celulares, sendo vital para a defesa do hospedeiro. Contudo, uma ativação exacerbada pode levar ao dano tecidual, como ocorre em várias doenças inflamatórias crônicas e autoimunes, 4 incluindo a doença de Crohn, artrite reumatoide, hepatite autoimune e esclerose múltipla (Murphy et al., 2003; Smith et al., 2009). 1.2.2. Ativação alternativa de macrófagos A definição genérica de macrófagos M2 ou macrófagos alternativamente ativados é baseada no compartilhamento de propriedades funcionais, como a alta expressão de receptor de manose, IL-10 e fatores angiogênicos, baixa produção de IL-12 e em geral no seu envolvimento em respostas do tipo II, na regulação imunológica e no remodelamento tecidual (Mantovani et al., 2002; Mantovani et al., 2004). Baseado em trabalhos anteriores, foram definidas duas formas de M2: macrófagos M2a, induzidos por IL-4 ou IL-13; e macrófagos M2b e M2c. Os macrófagos M2b são induzidos por imunocomplexos e agonistas de receptor tipo-Toll ou IL-1R, enquanto que os macrófagos M2c podem são induzidos por IL-10 e hormônios glicocorticoides (Mosser e Edwards, 2008; Biswas e Mantovani, 2010). A polarização de macrófagos M2a ocorre durante respostas imunológicas do tipo Th2, principalmente na presença de IL-4 e/ou IL-13. Em geral, essas células participam de diversos processos imunológicos, como na remoção de parasitas, redução da inflamação, promoção de remodelamento tecidual, progressão tumoral e na regulação imunológica (Lawrence e Natoli, 2011). Macrófagos M2a apresentam maior atividade fagocítica, alta expressão de receptores scavenger, de manose e galactose, produção de poliaminas e ornitina através da atividade da arginase, baixa expressão de IL-12 e alta expressão de IL-10 e de quimiocinas CCL17, CCL22 e CCL24, importantes para a indução de diferenciação de células Th2 e Treg (Martinez et al., 2006; Gordon e Martinez, 2010). IL-4 promove reparo tecidual, estimulando a atividade da arginase para a formação de precursores de poliaminas e colágeno, favorecendo a produção de matriz extracelular (Kreider et al., 2007). Essas células podem também 5 contribuir na defesa do hospedeiro, auxiliando na remoção de helmintos e nematódeos através do aumento da motilidade intestinal e da secreção do fluído luminal (Zhao et al., 2008). Além disso, os macrófagos podem também ser polarizados em um fenótipo tipo-M2, também chamados de macrófagos M2b ou M2c, os quais compartilham alguns, mas não todos marcadores característicos de M2 (Shaul et al., 2010). Em geral, essas células estão envolvidas com atividade anti-inflamatória, regulação imunológica, progressão tumoral e transformação neoplásica e são induzidas por vários estímulos, como imunocomplexos de anticorpos junto com LPS ou IL-1, IL-10, glicocorticoides, dando origem a fenótipos funcionais tipo-M2 que compartilham propriedades com macrófagos ativados por IL-4 e IL13 (Mosser, 2003). O desenvolvimento de células T reguladoras, importante para a inibição de respostas imunológicas e para frear processos inflamatórios, pode ser induzido direta ou indiretamente por macrófagos M2b e M2c. A produção da citocina reguladora TGF-β por macrófagos após eferocitose, fagocitose de células apoptóticas, na presença de estímulo próinflamatório também contribui para a propriedade de regulação imunológica dessas células (Fadok et al., 1998). A citocina imunossupressora IL-10 também é produzida altos níveis por essa população de macrófagos, diminuindo a produção de IL-12 e outras citocinas próinflamatórias, predispondo o hospedeiro a infecção (Gerber e Mosser, 2001). Certos patógenos aprenderam a induzir esse subtipo de macrófago mimetizando alguns estímulos. Como exemplo, o bacilo Anthracis promove aumento AMPc intracelular, ocasionando uma reduzida atividade microbicida e consequente aumento da sobrevivência e disseminação de microorganismos (Kim et al., 2008). 6 1.3. Macrófagos M2a 1.3.1. Ativação dos receptores de IL-4 O desenvolvimento de macrófagos alternativamente ativados do tipo M2a ocorre na presença das citocinas IL-4 e IL-13, através da ativação da cadeia α comum do receptor da IL4. São conhecidos dois tipos de receptores de IL-4. O receptor tipo I é composto pela cadeia IL-4Rα, e pela cadeia IL-2Rγ e é expresso principalmente em células derivadas da medula óssea, sendo ativado somente pela ligação de IL-4. Por outro lado, o receptor tipo II é composto pela cadeia IL-4Rα e pela cadeira IL-13Rα1 e é expresso por células não hematopoiéticas e pode ser ativado tanto por IL-4 quanto por IL-13 (Zurawski et al., 1993) (Gordon e Martinez, 2010). A sinalização de IL-4 através do receptor de IL-4 tipo I, induz fosforilação de IRS-2 de forma muito mais potente que IL-13. Em termos de funcionalidade, a sinalização de IL-4 via receptor tipo I resulta em uma maior indução da expressão gênica de marcadores de ativação alternativa de macrófagos como Arginase 1 (Stein et al., 1992)(Stein et al., 1992)(Stein et al., 1992), moléculas tipo-quitinase (Ym1/2 e AMCase) e moléculas tiporesistina (RELM) α/FIZZ1, em comparação ao receptor de IL-4 tipo II (Heller et al., 2008). Basicamente, a cadeia IL-4Rα se associa com JAK1 enquanto IL-2Rγ se associa exclusivamente com JAK3. A quinase JAK3 é ativada por IL-4 através do receptor tipo I por associação e heterodimerização de receptores que levam a fosforilação nos resíduos de tirosina no domínio citoplasmático do IL-4Rα (Nelms et al., 1999). A JAK3 está constitutivamente associada com a cadeia IL-4Rα e é a única JAK envolvida com a ativação do receptor de IL-4 tipo I (Kelly-Welch et al., 2003). Além disso, JAK3 seletivamente ativa IRS-2 (Blaeser et al., 2003), e através da fosforilação preferencial de tirosinas que servem 7 como sítios de acoplamento para o recrutamento e interação com Grb-2 e PI3K (Sun et al., 1995), facilita a integração com a via de sinalização do transdutor de sinal e ativador de transcrição 6 (STAT6), fator de transcrição crucial para a regulação gênica de marcadores de ativação alternativa de macrófagos (Heller et al., 2008). As vias de sinalização em comum compartilhada por IL-4 e IL-13 envolvem a fosforilação e translocação de STAT6 para o núcleo, onde regula a transcrição de uma série de genes marcadores M2 (Gordon e Martinez, 2010). 1.3.2. Caracterização dos macrófagos M2a A ativação alternativa de macrófagos induzida IL-4 foi documentada por Stein e colegas em 1992 (Stein et al., 1992). Além da IL-4, outras citocinas de padrão Th2 como IL13, e também IL-33 potencializar a polarização de macrófagos alternativamente ativados (M2a) que são classificados pela expressão de um painel de genes marcadores M2 (Raes et al., 2002; Gordon, 2003). Esse tipo de polarização de macrófagos contrasta com a ativação clássica induzida por IFN-γ em ambientes de resposta imunes Th1. Em geral, citocinas de padrão Th2 são produzidas por basófilos, eosinófilos, células inatas, mastócitos, macrófagos e outras células. Além disso, células Th2 e células B ativadas, células tumorais e epiteliais são importantes fontes da produção dessas citocinas nos tecidos (Moro et al., 2010; Neill et al., 2010). Uma variedade de processos fisiológicos e patológicos, incluindo homeostase, inflamação, funções metabólicas, câncer e reparo tecidual têm sido relacionados com macrófagos M2a. Além de seu papel na imunidade, essas células também participam na hipersensibilidade, infecções parasitárias, fibrose e alergia (Gordon e Martinez, 2010). Ao se tratar de receptores caracteristicos de M2, citocinas IL-4 e IL-13 desempenham o papel em aumentar a expressão do receptor de manose (MR) e moléculas do MHC de classe II, 8 estimulando a fagocitose e a apresentação de antígeno, e induzem a produção de quimiocinas de padrão M2a – (MDC; também conhecida como CCL22), TARC (CCL17) e o fator de crescimento semelhante à insulina (IGF-1). As quimiocinas CCL17 e CCL22, ambas ligantes do receptor CCR4, são fortes quimioatraentes de células Th2 e monócitos, e outras células que expressam CCR4, como as células T reguladoras (Mantovani et al., 2002; Wirnsberger et al., 2006). Uma outra citocina produzida por macrófagos M2a é IGF-1, um fator de crescimento indutor de proliferação e diferenciação que desempenha um papel crucial na regeneração tecidual em lesões renais, pulmonares e musculares. (Lu et al., 2011). Uma assinatura de marcadores gênicos de macrófagos murinos tratados com IL-4, Arg1, Ym1, Fizz1 e Mrc1, têm sido utilizada para estabelecer a ativação alternativa de macrófagos. Arginase-1 é uma enzima intracelular expressa durante a ativação alternativa, principalmente por IL-4 e IL-13, mas também por outras vias de sinalização. Através da atividade da arginase a arginina é convertida em ornitina e uréia, formando poliaminas e prolina, um importante precursor de colágeno (Munder, Eichmann e Modolell, 1998; Pesce et al., 2009). FIZZ1 (também conhecido como RELMα ou Retnla) e Ym1 são induzidos fortemente na ativação alternativa de macrófagos in vivo e in vitro (Sanson, Distel e Fisher, 2013). FIZZ1 é uma proteína secretada tipo-resistina produzida por macrófagos, eosinófilos e no epitélio alveolar durante inflamação alérgica pulmonar e asma (Nair et al., 2009). Estudos anteriores identificaram efeitos contraditórios de RELMα na regulação da inflamação, podendo promover a inflamação pulmonar, mas também regulando negativamente inflamação mediada por citocinas Th2 no pulmão (Nair et al., 2009). Ym1 é uma lectina secretória tipoquitinase que forma cristais nos espaços alveolares e em macrófagos e células gigantes hiperreativas do pulmão fortemente induzidas por estímulos de células Th2. Essas moléculas ligam-se a quitina de insetos, nematódeos e ovos de helmintos, forte indutor de respostas Th2 (Reese et al., 2007). O receptor de manose (MR, ou também chamado de CD206) é um 9 importante receptor fagocítico que aumenta a ingestão de microorganismos com resíduos de manose na superfície. No entanto pode também contribuir para infecção. Embora seja expresso principalmente em macrófagos M2a, o receptor de manose pode também ser expresso por outros subtipos de macrófagos (Gordon e Martinez, 2010; Murray e Wynn, 2011). 1.3.3. Respostas M2 em doenças inflamatórias Para controlar a resposta inflamatória excessiva, os macrófagos podem sofrer apoptose ou polarizar para o fenótipo M2 para proteger o hospedeiro de lesões exarcebadas e facilitar a regeneração tecidual. Os macrófagos M2a induzidos por IL-4/IL-13 são importantes reparadores teciduais, os quais expressam altos níveis de arginase, alguns componentes de matriz extracelular e TGF-β, um potente ativador da produção de colágeno e aumento da proliferação de fibroblastos. Após a exposição a algum agente tóxico ou estresse mecânico, os macrófagos podem ser gerados facilitando a recuperação de tecidos, inibidindo citocinas próinflamatórias e formando matriz extracelular. Uma série de fatores como TGF-β, EGF e VEGF são produzidos por macrófagos M2a para promover angiogênese, regeneração tecidual e reparo. Entretanto, a liberação desses mediadores deve ser finamente regulada, pois a produção excessiva pode levar ao desenvolvimento de patologias como fibrose e tumor (Murray e Wynn, 2011; Novak e Koh, 2013). O perfil de citocinas Th2 na asma, uma doença pulmonar crônica, contribui para o aparecimento de macrófagos M2, que com seus fatores pró-alergicos contribuem para as respostas inflamatórias e na remodelação das vias aéreas. Macrófagos alveolares de pacientes asmáticos produzem altos níveis de IL-13 (Prieto et al., 2000) assim como em camundongos asmáticos induzidos com Aspergillus fumigatus expressam altos níveis de marcadores M2 10 como FIZZ1 e Ym1, que quando ativadas em excesso essas células podem causar aumento do recrutamento celular, secreção de muco e hiperresponsividade das vias aéreas (Moreira e Hogaboam, 2011). 1.4. Via de sinalização de MEK5/ERK5 1.4.1. Proteínas MAPK A cascata de proteínas quinases ativadas por mitogenos (MAPKs) constituem uma complexa rede de vias de sinalização altamente conservada envolvidas em varias funções celulares, incluindo proliferação celular, diferenciação e migração. Estímulos extracelulares como fatores de crescimento e uma série de estresses induzem ativação sequencial de MAPK quinase quinase (MAPKKK), MAPK quinase (MAPKK) e MAPK (Chang e Karin, 2001). Pelo menos quatro membros da família das MAPK já foram identificados: quinase regulada por sinal extracelular 1/2 (ERK1/2), quinase c-Jun N-terminal (JNK), p38 e ERK5, a mais nova MAPK descrita. Os ativadores de MAPK incluem MEK1 e MEK2 para ERK1/2, MEK5 para ERK5, MKK4 e MKK7 para JNK, e MKK3 e MKK6 para a MAPKs p38 (Robinson e Cobb, 1997; Chen et al., 2001). 1.4.2. Via de ERK5 A via MEK5/ERK5 é ativada por uma variedade de estímulos incluindo estresse oxidativo e osmótico, fatores de crescimento, ativação de receptores tirosina quinases, entre outros. ERK5, também conhecida como grande MAPK (MAPK-1, BMK1 ou MAPK7) é uma molécula de 98 kDa, quase duas vezes maior que as outras MAPK, que compartilha uma alta 11 homologia com ERK1/2 (Lee, Ulevitch e Han, 1995; Zhou, Bao e Dixon, 1995). A molécula ERK5 desempenha um papel importante na regulação numa série de funções celulares, como sobrevivência, proliferação e diferenciação celular. Assim como outros membros da família das MAPKs, ERK5 contem dois sítios de fosforilação em resídios de treonina (T) e tirosina (Y) dentro de um motivo T-X-Y que são críticos para a ativação e um domínio conservado serina/treonina quinase (Widmann et al., 1999). A molécula ERK5 também contem um domínio de oligomerização, um sinal de localização nuclear e uma região rica em prolina (Yan et al., 2001). MEKK2 e MEKK3, mas não MEKK1, membros da família das MAPKKK, são capazes de ativar MEK5, uma MAPKK especifica para ERK5, em resposta ao uma série de estímulos diferentes (Nakamura e Johnson, 2003). Após a ativação por MEK5, ERK5 transloca para o núcleo e fosforila um número de proteínas a jusante, incluindo MEF2C, c-Fos, Sap1, c-Myc e NF-κB (Nishimoto e Nishida, 2006; Wang e Tournier, 2006). Compreender os mecanismos de regulação e função da via de sinalização de ERK5 fornecem informações importantes para o estudo de uma variedade de desordens patológicas, incluindo doenças cardiovasculares e câncer. 1.4.3. Sinalização de ERK5 em macrófagos Estudos recentes mostram que a ativação da via de sinalização de MEK5/ERK5 pode ser essencial para direcionar os macrófagos para fenótipo mais anti-inflamatório ou imunorregulador. A proliferação e sobrevivência de macrófagos induzida por M-CSF são dependentes da ativação de ERK5, que rapidamente transloca do citosol para o núcleo, onde aumenta a expressão de c-Jun e reduz p27, afetando o controle do crescimento celular (Rovida et al., 2008). Além disso, a fagocitose de células apoptóticas (eferocitose) por macrófagos induz a expressão de ARG II através da ativação da sinalização de ERK5/CREB, competindo 12 com iNOS pela L-arginina, reduzindo a produção de óxido nítrico (Barra et al., 2011). Adicionalmente, ERK5 participa também do aumento da eferocitose de células apoptóticas induzida por estatinas, drogas com ação preventiva em doenças cardiovasculares. De fato, a deleção de ERK5 em macrófagos de camundongos suscetíveis ao desenvolvimento de aterosclerose resultou no aumento da expressão de genes associados a polarização de macrófagos M1 e numa acelerada formação de placas ateroscleróticas (Heo et al., 2014). (Kozicky et al., 2015). Embora já tenha sido descrito a participação de ERK5 na ativação e diferenciação de macrófagos, nenhum trabalho até o presente momento havia demonstrado o envolvimento da via de sinalização de ERK5 na polarização de macrófagos M2 induzida por IL-4. 13 Objetivos 14 2. OBJETIVOS 2.1. Objetivo Geral: Investigar a participação da via de sinalização de ERK5 na polarização de macrófagos M2 induzida por IL-4 2.2. Objetivos Específicos: Avaliar a ativação da via de sinalização de ERK5 em macrófagos estimulados com IL-4 e LPS Avaliar se a inibição de ERK5 afeta a expressão de marcadores M2a induzida por IL4 em macrófagos Avaliar se a inibição de MEK5 afeta a expressão de marcadores M2a induzida por IL4 em macrófagos Avaliar o envolvimento da via ERK5 na ativação da via de STAT6 induzida por IL-4 15 Materiais e métodos 16 3. MATERIAIS E MÉTODOS 3.1. Animais de experimentação No presente estudo foram utilizados camundongos isogênicos da linhagem C57BL/6 (wild type, WT) e BALB/c (wild type, WT), machos, com 6 a 8 semanas de idade. Esses camundongos foram fornecidos pelo Serviço de Biotério da Prefeitura do Campus da USPRP. Foram utilizados camundongos machos, de 6 a 8 semanas de idade, deficientes para STAT6 (STAT6-/-) (linhagem Balb/c) adquiridos da Jackson Laboratory (Bar Harbor, ME) e gentilmente cedidos pelo Prof. João Santana da Silva (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, USP). Além disso, também utilizamos camundongos transgênicos machos YARG (Arg1-YFP) (linhagem C57BL/6), de 6 a 8 semanas de idade, nos quais a proteína fluorescente YFP é expressa sob o controle do promotor para o marcador de M2, Arg1. Esses animais também foram adquiridos da Jackson Laboratory (Bar Harbor, ME) e gentilmente cedidos pelo Prof. Niels Olsen Câmara (Instituto de Ciências Biomédicas, USP). Os camundongos deficientes e transgênicos foram criados e fornecidos pelo Centro de Criação de Camundongos Especiais do Departamento de Genética da FMRP-USP. Todos os animais para experimentação foram mantidos no biotério do Departamento de Farmacologia da FMRPUSP, sob condições de temperatura (23-25 ºC) e o ciclo claro/escuro controlados, com livre acesso à água e ração. Todos os procedimentos experimentais envolvendo animais estão de acordo com os Princípios Éticos de Experimentação Animal, adotado pelo Colégio Brasileiro de Experimentação Animal (COBEA), e foram aprovados pela Comissão de Ética em Experimentação Animal (CETEA) do hospital das Clínicas e da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP. 17 3.2. Preparo das soluções e reagentes Solução de Ketamina e Xilazina: Cetamina 10% (Agener União) ................................................................................1,25 mg/mL Xylazina 2% (Agener União) .....................................................................................0,5 mg/mL Salina 0.9 % q.s.p ............................................................................................................100 mL A solução estocada a 4 ºC. Solução de Tampão Salina-fosfato (PBS) 10X (Solução Mãe): Cloreto de Sódio (NaCl, Merck) ...........................................................................................80 g Cloreto de Potássio (KCl, Merck)............................................................................................2 g Fosfato de Sódio dibásico (Na2HPO4, Merck)....................................................................11,5 g Fosfato de Potássio monobásico (KH2PO4, Merck)...............................................................20 g Água deionizada Milli-Q q.s.p. .....................................................................................1000 mL A solução estocada a 4 ºC. PBS 1X: PBS10X ...........................................................................................................................100 mL Água Milli-Q q.s.p. ..........................................................................................................900 mL O pH ajustado para 7.2, filtrada e estocada à 4 °C. PBS/EDTA (1mM): PBS 1X q.s.p. ...................................................................................................................100 mL Etilenodiaminotetracético (EDTA, Merck) ....................................................................37,2 mg O pH ajustado para pH 7.2, filtrada e estocada a 4 °C. 18 Meio RPMI incompleto: Hepes (C8H18N2O4S, Sigma) ..............................................................................................2,38 g RPMI 1640 (Sigma) – 1 frasco ..........................................................................................10,4 g Bicarbonato de sódio (NaHCO3, Vetec) ........................................................................... 2,20 g Água de Milli-Q q.s.p.....................................................................................................1000 mL O pH ajustado para pH 7.2, filtrada e estocada a 4 °C. Meio RPMI completo: Soro Bovino Fetal inativado (SBF-I, Difco) .....................................................................10 mL Estreptomicina (10mg/mL)/penicilina (10 unidades) (antibiótico, Sigma) .........................1 mL Fungizona (antifúngico, Sigma) .......................................................................................120 µL L--Gultamina (200mM, Sigma) ........................................................................................1,3 mL Gentamicina (Sigma) ........................................................................................................100 µL RPMI incompleto q.s.p. ...................................................................................................100 mL A solução foi preparada no dia do uso. Tampão de citometria de fluxo (Tampão de FACS): Soro Bovino Fetal inativado (SBF-I, Difco) 2% .................................................................2 mL PBS 1X q.s.p. ...................................................................................................................100 mL A solução foi preparada no dia do uso e utilizada gelada. Tampão de bloqueio (ELISA) Albumina derivada de soro bovino (BSA, Sigma) 1 % ..........................................................1 g PBS 1X q.s.p. ...................................................................................................................100 mL A solução foi preparada no dia do uso. 19 Tampão de lavagem (ELISA) Teewn 20 (Sigma) 0,05 % ...................................................................................................1 mL PBS 1X q.s.p. .................................................................................................................2000 mL A solução foi preparada no dia do uso. Tampão de lise: Cloreto de amônio (NH4Cl, Merck) ...................................................................................4,01 g EDTA (Labsynth) ..............................................................................................................0,18 g Bicarbonato de sódio (NaHCO3, Vetec) ............................................................................0,42 g Água de Milli-Q q.s.p. .....................................................................................................500 mL O pH ajustado para pH 7.2, filtrada e estocada a 4 °C. 20 3.3. Cultura celular de macrófagos derivados da medula óssea Macrófagos derivados da medula óssea (BMDMs) foram obtidos como descrito previamente por Kurowska (2009). As células foram isoladas da medula óssea do fêmur e cultivadas em meio RPMI (Sigma) contendo 10% de SFB (v/v) e 20% (v/v) do sobrenadante de cultura de células L929, rico em fator estimulante de colônia de macrófagos (M-CSF). As culturas de macrófagos foram realizadas em placa de petri especificas para a cultura (BD OPTILUX) por 6 a 8 dias na estufa a 37ºC e 5% CO2. Após 8 dias de cultura, os macrófagos foram removidos com auxilio de suporte plástico, contados e ajustados para a densidade celular requerida para o experimento. Como controle, os macrófagos para controle foram cultivados em meio RPMI completo para manter estado de M0. Por outro lado, para a polarização de M2, os macrófagos foram incubados com IL-4 (10 ou 30 ng/mL; R&D), e em alguns experimentos, utilizamos LPS (100 ng/mL; Sigma) e IFN-γ (200 ng/mL; R&D) para polarização de M1. Após a incubação com os diferentes estímulos polarizantes, a diferenciação das células foi confirmada por citometria de fluxo. Inicialmente, os macrófagos foram plaqueados em placas Costar (Sigma) de 96 poços (3 x 105 células/poço) ou 12 poços (3 x 106 células/poço)em meio RPMI-completo. Após 2 horas de descanso, os macrófagos foram pré-tratados com os inibidores por 1 hora antes da adição dos estímulos. Todos os inibidores foram preparados em meio RPMI completo onde a droga XMD 8-92 (10 µM; Tocris) foi utilizada para inibir a ativação da ERK5; a droga BIX 02189 (10 µM; Tocris) para inibir MEK5, e para inibir MEK1/2, foi utilizado a droga PD98059 (10 µM; Cell Signalling). Como controle as células foram pré-tratadas com DMSO em concentração máxima de 0,05%, uma vez que o DMSO foi o diluente das drogas. Após o pré-tratamento as células foram estimuladas com IL-4 ou LPS + IFN-γ por 24 ou 48 horas. 21 3.4. Detecção de citocinas por ensaio imunoenzimático (ELISA) As quantificações de CCL17, CCL22 e IGF-1 murinos no sobrenadante de cultura de macrófagos (3 x 105 células/poço) foram realizadas com material coletado 48 horas após a polarização de macrófagos. A determinação dos níveis destas citocinas foi realizada por método imunoenzimático (ELISA) utilizandos kits DuoSet ELISA Development Systems (R&D Systems) de acordo com as informações do fabricante. Resumidamente, as placas de microtitulação (96 poços) foram recobertas com 50 µL/ poço do anticorpo específico antiCCL17, anti-CCL22 e anti-IGF-1 na concentração descrita pelo fabricante. Esses anticorpos foram diluídos em PBS pH 7.4 e incubados overnight a 4 ºC. As placas foram lavadas por quatro vezes com PBS/Tween-20 (0,05 % Sigma). As ligações não-especificas foram bloquedas com 100 µL de PBS contendo BSA 1% durante 1 hora a 37 ºC. A curva padrão iniciou-se com concentrações conhecidas de CCL17 (8000 pg/mL), CCL22 (1000 pg/mL), IGF-1 (4000 pg/mL) foram colocadas nas placas (50 µL) e incubados overnight 4 ºC. Após esse período, as placas foram lavadas com PBS/T e 50 µL dos anticorpos biotinilados específicos para cada citocina foram adicionados nas concentrações descritas pelo fabricante. Após uma hora, as placas foram lavadas com PBS/T e o conjugado estreptavidina-peroxidase, na diluição de 1:200 foi adicionado a cada poço e incubadas por 45 min. Novamente as placas foram lavadas com PBS/T e foi adicionado o substrato TMB (KPL, USA). A densidade ótica foi medida a 630 nm no espectrofotômetro SpectraMAX 190 Microplate Reader (Molecular Devices) e os dados foram analisados usando o software SoftMax Pro 5. A concentração de citocinas contidas nas amostras foi calculada a partir de uma curva padrão com 10 pontos obtidos por diluição seriada. O resultados foram expressoss em pg/mL. 22 3.5. Extração de Proteínas Para avaliar a expressão de arginase I, macrófagos foram cultivados em meio RPMI com 10% de SFB em placa de 6 poços (3x106/mL) e submetidos aos tratamentos com IL-4 (10 ng/mL) ou LPS (1 µg/mL) + IFN-γ (200 ng/mL) por 48 horas. Para avaliar a ativação de ERK5, macrófagos foram cultivados em meio RPMI com 10% de SFB em tubos eppendorf de 2 mL (2,5 x 106 células/tubo) e submetidos aos tratamentos com IL-4 (30 ng/mL) ou LPS (300 ng/mL) por 5, 15, 30 e 60 minutos. Após este período, o sobrenadante foi coletado e separado para posterior dosagem de citocinas, e as células foram coletadas com PBS1x gelado, centrifugadas e seguidas por lise em tampão RIPA (Tris-HCl 50 mM pH 7,4, NP-40 1%, desoxicolato de sódio 0,25%, NaCl 150 mM, EDTA 1 mM pH 7,4) contendo os inibidores de protease (Roche) e fosfatase (Calbiochem) sob leve agitação por 10 min a 4º C. Uma alíquota do lisado foi separada para dosagem de proteínas pelo método colorimerico Coomassie (Bradford) Protein Assay Kit (Pierce, Rockford, IL USA). 3.6. Eletroforese e Western Blotting As amostras proteicas, correspondentes a 30 ou 50 ug de proteínas foram incubadas com tampão de amostras na proporção de 1:2, a 95°C por 10 minutos, condição desnaturante. Posteriormente, as amostras foram aplicadas em gel de poliacrilamida de 10-8% dependendo da proteína a ser investigada na presença de SDS (SDS-PAGE) para separação por eletroforese (Mini-Protean II Eletrophoresis Cell, Bio-Rad Laboratories, Hercules CA, USA) As proteínas separadas foram transferidas para membrana de nitrocelulose 0.2µm (Amersham Pharmacia Biotech, Little Chalfont, UK), utilizando o sistema de transferência Trans Blot Turbo (Bio-Rad Laboratories, Hercules CA, USA). Após transferência as membranas foram 23 lavadas em água deionizada e o bloqueio dos sítios antigênicos inespecíficos foi realizado pela incubação das membranas com TBST (Tris-HCl 100 mM pH 7,5, NaCl 150 mM, Tween20 0,05%) com 5% de leite em pó desnatado ou BSA 5% por 2 h. Após o bloqueio, as membranas foram lavadas três vezes com TBST, por 5 minutos. Em seguida foram incubadas com anticorpos primários por 18-24 h sob leve agitação a 4º C. Para a caracterização dos macrófagos foram utilizados anticorpos primários contra ARG1 (AF5868; R&D), iNOS (N7782; Sigma), β-actin (A1978; Sigma), p-Erk5 (#3371; CellSignaling). Anticorpos secundários apropriados conjugados a HRP foram adicionados e incubados de 1-2 h atemperatura ambiente. Após esta incubação as membranas foram novamente lavadas com TBST por 5 minutos. Para revelar as membranas, foi utilizado substrato Luminata (Millipore) para a detecção por quimioluminescência utilizando o equipamento ChemiDoc™ XRS com o software ImageLab 3.0 (Bio-Rad). Como controle de carregamento proteico foi utilizado a βactina. 3.7. Extração do RNA total Para analisar a expressão gênica, o RNA total dos macrófagos (5 x 105 células/poço) derivados da medula óssea de murinos foi extraído usando utilizando o RNeasy Mini Kit 250 (Qiagen), de acordo com as instruções do fabricante. Em seguida, 200 μl de clorofórmio (Gibco BRL) foram adicionados à suspensão, a qual foi centrifugada a 13000 g, por 15 minutos, a 4 °C. A fase aquosa formada foi transferida para um novo tubo, no qual foram adicionados isopropanol na proporção de 3:1 e, após agitação em Vortex, a mistura foi incubada overnight a -20 °C para precipitação do RNA contido na fase aquosa. Após incubação e centrifugação a 12000 g durante 15 minutos a 4 °C, o sobrenadante foi descartado. O precipitado foi ressuspenso em etanol 75%, e centrifugado a 7500 g por 5 24 minutos a 4 °C. O sobrenadante foi novamente descartado e o precipitado ressuspenso em água livre de RNAse. A concentração de RNA foi determinada pela densidade ótica no comprimento de onda de 260 nm, por meio do aparelho Nanovue (GE). As amostras foram armazenadas no -70 °C. O RNA total foi utilizado para as reações de transcrição reversa. Para garantir a ausência de DNA genômico, as amostras foram tratadas com DNAsel (Invitrogen) seguindo as indicações do fabricante. 3.8. Reações de transcrição reversa As reações de transcrição reversa foram realizadas com 1 μg de RNA total, 1 μl de oligo (dT) e 1 μl de DNTP mix 10 nM, em um volume de 12 μl, através da utilização do kit High-Capacityc DNA Reverse Transcription (Applied Biosystems) de acordo com as instruções fornecidas pelo fabricante e protocolo estabelecido no nosso laboratório. As amostras permaneceram a 65 °C durante 5 minutos e, depois, foram colocadas imediatamente no gelo. Posteriormente, adicionou 4 μl de Buffer 5x firststrand, 2 μl de dTT e 1 μl de RNAsin, seguida da incubação por 2 minutos a 42 °C. Após esta incubação, foi adicionado 1 μl de enzima Superscript II RNase H Reverse Transcriptase (Invitrogen Corporation, Carlsbad, CA, USA) em volume final de 20 μl. Esta reação permaneceu a 42 °C por 50 minutos, e depois a 70 °C por 15 minutos. 3.9. PCR quantitativo em tempo real O PCR quantitativo em tempo real foi realizado usando kit TaqMan (AppliedBiosystems) ou kit SYBR Green (Life Technologies) e o sistema Viia7 Real-Time 25 PCR (Life Technologies). O protocolo de ciclagem térmica foi: 1 x 95 ºC durante 1 minuto (Holdingstage); 40x: desnaturação a 95 ºC, 15 segundos e anelamento 60 ºC, 1 minuto (Cyclingstage); obtenção da curva de melting (Melting curve stage). A curva foi obtida após três passos, sendo o primeiro a 95 ºC, 15 segundos; o segundo a 60 ºC, 1 minuto e o terceiro a 95 ºC, 15 segundos; para verificar se apenas um produto foi amplificado. Amostras que obtiveram mais de um pico foram excluídas. Os resultados foram analisados através do método comparative cyclethreshold (CT). Para realizar os qPCRs foram usados primersTaqman (Mm00485148_m1), (AppliedBiosystems) Cebpb para Arg1 (Mm00843434_s1), Gapdh (Mm00475988_m1),Mrc1 (Mm99999915_g1), Retlna (Mm00445109_m1) e pares de primersSYBR Green (Life Technologies) mostrados na tabela. Tabela – Primers utilizados nas reações de qPCR e seus respectivas sequências sense e antisense: Primers Sense Anti-sense Ym1 5´-CATGAGCAAGACTTGCGTGAC-3´ 5´-GGTCCAAACTTCCATCCTCCA-3´ Gapdh 5´-GGGTGTGAACCACGAGAAAT-3´ 5´-CCTTCCACAATGCCAAAGTT-3´ Todos dados foram normalizados em relação aos valores de Gapdh, e a quantificação das diferenças entre os grupos foi calculada de acordo com as instruções do fabricante. A expressão gênica foi apresentada baseada na quantidade de vezes que aumentou em relação aos macrófagos não-estimulados. A expressão de GAPDH foi utilizada como controle interno para cada reação de PCR. 26 3.10. Citometria de fluxo Macrófagos de animais WT e YARG (3 × 106 células/poço) da linhagem C57BL/6 foram plaqueados em placas de 6 poços e estimulados com RPMI-C ou IL-4 (10 ng/mL) por 48 horas. Para avaliar a fosforilação de STAT6 induzida por IL-4, macrófagos de animais WT (1,2 x 106 células/tubo) foram colocados em tubos FACS e estimulados com RPMI-C ou IL-4 (30 ng/mL) por 15 e 60 minutos. Após esse estímulo, os macrófagos foram lavados uma vez com PBS pH 7,4 gelado e coletados para marcação celular. As suspensões celulares foram marcadas com a combinação dos seguintes anticorpos: anti-F4/80 conjugado à APC (eBioscience; San Diego, CA), anti-F4/80 conjugado à FITC (eBioscience; San Diego, CA), anti-CD206 (MMR) conjugado à APC (Biolegend;San Diego, CA), anti-p-STAT6(pY641) conjugado à AlexaFluor647 (BD Biosciences, San Jose, CA), anti-CD11b conjugado à FITC (BD Biosciences, San Jose, CA). As células foram fixadas em formalina 2% e analisadas usando o citometro BD FACSVerse™ (BD Bioscience) e o software FCS Express V3 (De Novo Sotware; Glendale, CA). Os resultados foram expressos como intensidade média de fluorescência (quantitativo) ou porcentagem (qualitativo) de expressão de marcadores de macrófagos. 3.11. Determinação da concentração de uréia A formação de uréia foi dosada dos sobrenadantes das culturas de macrófagos após 24 ou 48 horas na presença ou não de IL-4. A quantificação foi conduzida utilizando o ensaio colorimétrico enzimático Uréia CE LABTEST Diagnóstica conforme recomendação do fabricante. As absorbâncias foram determinadas em leitor de ELISA (Espectra Max-250, Molecular Devices), no comprimento de onda de 600 nm e os valores expressos em mg/dL. 27 3.12. Imunofluorescência por Microscopia Confocal A fim de verificar a polarização de macrófagos para o perfil M2 com a Incubação com IL-4, tais células, ou seja, macrófagos de camundongos YARG (5 × 105 células/poço) foram plaqueadas em poços contendo lamínulas (13mm) e incubados com IL-4 (30 ng/mL). Meio RPMI-C foi utilizado como controle. Após 48h de estimulação, os sobrenadantes da cultura foram removidos e a expressão de arginase I foi avaliada por imunofluorescência como descrita a seguir. Depois do tempo de estímulo, as células foram lavadas duas vezes com PBS, fixadas por 15 minutos com PBS contendo 2% de paraformaldeído, A marcação do núcleo celular foi realizada usando 4’,6-diamidino-2- phenylindole, 2 HCl (DAPI; Calbiochem) durante 15 minutos. Após a marcação, as lâminas foram montadas usando Acqua Poly/Mount (Polysciences) e examinadas por microscopia confocal a laser Leica DMI6000B (Wetzlar, Alemanha). Imagens individuais foram obtidas objetivas de 20X e 40X. 3.13. Análise estatística Os dados foram apresentados como média ± DP de três experimentos independentes. A significância estatística foi estimada por teste t de Student não-pareado para comparação entre dois grupos. Para comparação entre três ou mais grupos foi usado ANOVA de uma via, seguido pelo pós-teste de Bonferroni. O teste ANOVA de duas vias seguido pelo pós-teste de Bonferroni foi utilizado para avaliar análises agrupadas. Diferenças com p<0,05 foram consideradas significativas. Todas analises estatísticas foram conduzidas usando GraphPadPrism 5.0 (GraphPad Software). 28 Resultados 29 4. 4.1. RESULTADOS Ativação de ERK5 durante a polarização de macrófagos O envolvimento da participação da via de sinalização de ERK5 já foi descrito em vários processos biológicos em macrófagos, como sobrevivência, proliferação e ativação celular (Zhu et al., 2000; Rovida et al., 2008). Para avaliar o papel de ERK5 na ativação de clássica e alternativa de macrófagos, estimulamos macrófagos derivados da medula óssea (BMDMs) com lipopolissacarídeo (LPS) ou interleucina-4 (IL-4), respectivamente. O padrão de fosforilação de ERK5 em macrófagos com estímulo de LPS e IL-4 foi determinado por western blot. Como mostrado na Fig. 1, ambos os estímulos, LPS ou IL-4, foram capazes de induzir a fosforilação de ERK5 em BMDMs. O estímulo de LPS promoveu ativação de ERK5 a partir de 5 minutos com pico de ativação mais tardio (60 min), enquanto que IL-4 promoveu ativação de ERK5 nos primeiros minutos com um pico de fosforilação em 15 minutos (figura 1). Para investigar o papel da via de sinalização de ERK5 na polarização de macrófagos M1 e M2, foi determinado os níveis proteicos de iNOS e Arg-1 por western blot. Para isso os macrófagos foram pré-tratados com um inibidor de ERK5 (XMD 8-92) por 1 hora e então estimulados com LPS/IFN-γ ou IL-4 por 48 horas. O pré-tratamento com XMD reduziu a expressão de Arg-1 induzida por IL-4 e aumentou a expressão de iNOS induzida por LPS e IFN-γ (figura 2). Esses resultados sugerem que a via de sinalização de ERK5 pode estar envolvida controle diferencial da polarização de macrófagos M1 e M2. No presente estudo, concentramos nossos esforços no entendimento do papel da ERK5 na polarização de macrófagos M2 induzida por IL-4. 30 Figura 1: Interleucina-4 e lipopolissacarídeo induzem fosforilação de ERK5 durante a polarização de macrófagos. Macrófagos derivados da medula óssea de camundongos C57Bl/6 foram estimulados com LPS (300 ng/mL) e IL-4 (30 ng/mL) nos tempos indicados. Os níveis de fosforilação foram determinados por Western Blot. As imagens foram cortadas para apresentação. A intensidade das bandas de Western blot foi analisada por densitometria, normalizada pelos níveis de β-actina. Os valores relativos de densidade ótica de cada banda em relação ao controle não tratado foram mostrados sob cada banda. Um de dois experimentos independentes com resultado idêntico foi mostrado. 31 Figura 2: A via de sinalização de ERK5 participa do processo de polarização de macrófagos. Macrófagos derivados da medula óssea de camundongos C57Bl/6 foram pré-tratados com inibidor de ERK5 (XMD8-92, 5 µM) por 1 hora, seguido pelos estímulos de LPS+IFN-γ (1 µg/mL e 200 ng/mL) e IL-4 (10 ng/mL) por 48 horas. Os níveis de expressão de iNOS (marcador de M1) e ARG1 (marcador de M2) foram determinados por Western Blot. As imagens foram cortadas para apresentação. A intensidade das bandas de Western blot foi analisada por densitometria, normalizada pelos níveis de β-actina. Os valores relativos de densidade ótica de cada banda em relação ao controle não tratado foram mostrados sob cada banda. DMSO foi utilizado como veículo (<0,05%). Um de dois experimentos independentes com resultado idêntico foi mostrado. 32 4.2. Caracterização da ativação alternativa de macrófagos induzida por IL-4 Para avaliar a ativação alternativa de macrófagos induzida por IL-4, realizamos uma caracterização e examinamos os níveis de diversos marcadores de fenótipo M2. Por ensaio de ELISA, observamos que a produção da quimiocina CCL22 e do fator IGF-1 foi nitidamente aumentada após estimulação de macrófagos usando diferentes concentrações de IL-4 (figura 3A). Após esses resultados determinamos a concentração de 10 ng/mL de IL-4 como padrão para os experimentos seguintes. O aumento na produção desses mediadores pela indução com IL-4 foi tempo-dependente com uma ótima indução entre 24 e 48 horas (figura 3B). Em adição ao ELISA, a regulação da expressão e da atividade de Arg-1 foi também analisada por citometria de fluxo e pela produção de uréia. Os níveis de expressão de Arg-1 foram detectáveis após 12 horas de tratamento com máxima indução em 48 horas (figura 4A). Além disso, de acordo com níveis aumentados de Arg-1, observamos aumento na atividade da arginase através da formação de uréia por macrófagos estimulados com IL-4 (figura 4B). Esses dados foram confirmados também por imunofluorescência utilizando BMDMs de camundongos repórter para Arg1-YFP, nos quais o gene repórter YFP é expresso sob o controle do promotor de Arg-1 (Reese et al., 2007). Nesse experimento observamos maior quantidade de macrófagos Arg1-YFP+ no grupo estimulado com IL-4 do que no grupo controle (figura 5). De acordo com outros estudos confirmamos que durante a polarização de macrófagos M2, IL-4 induz a expressão de uma série de marcadores M2, como Arginase I, CCL22, IGF-1, entre outros. 33 Figura 3: Expressão de marcadores M2 em macrófagos após estimulação com interleucina-4. Macrófagos derivados da medula óssea de camundongos C57Bl/6 foram estimulados com IL-4 pelos tempos indicados. A) Os níveis de produção de CCL22 e IGF-1 foram determinados por ELISA após 48 horas de estimulo com IL-4 (10, 30 e 100 ng/mL). B) Os níveis de produção de CCL22 e IGF-1 foram determinados por ELISA nos tempos indicados após estímulo com IL-4 (10 ng/mL). Dados foram mostrados como média ± EPM (n=3). ###p < 0,001 comparado com controle RPMI. Diferenças foram analisadas por (A) one-way ANOVA e (B) two-way ANOVA, seguido por pós-teste Bonferroni. Um de três experimentos independentes foi mostrado. 34 Figura 4: Expressão de Arginase-1 e produção de uréia por macrófagos M2 induzidos por IL-4. Macrófagos derivados da medula óssea de camundongos YARG e WT (linhagem C57Bl/6) foram estimulados com IL-4 pelos tempos indicados. A) Porcentagem de expressão de ARG-1 em BMDMs YARG foi avaliada por citometria de fluxo nos tempos indicados com IL-4 (10 ng/mL). O Dot plot acima é uma imagem representativa de BMDMS controle e estimulados com IL-4 após 48 horas. B) A atividade de ARG-1 em BMDMs WT foi avaliada pela produção de uréia após 48 horas de estímulo com IL-4 (10 ng/mL). Dados foram mostrados como média ± EPM (n=3). #p < 0,05 e ### p < 0,001 comparado com controle RPMI. Diferenças foram analisadas por (A) two-way ANOVA, seguido por pós-teste Bonferroni e (B) teste t de student. 35 Figura 5: Expressão de Arginase-1 em macrófagos M2 induzidos por IL-4. Macrófagos derivados da medula óssea de camundongos YARG (linhagem C57Bl/6) foram estimulados com IL-4. A expressão de Arg1 em BMDMs YARG foi avaliada por imunofluorescencia após 48 horas de estímulo com IL-4 (30 ng/mL). A presença de macrófagos M2 (Arg1-YFP+) esta mostrada em amarelo e o núcleo em azul. A barra de escala representa 50 µM (20x) e 25 µM (40x). 36 4.3. A produção de quimiocinas e mediadores marcadores M2 necessita da ativação de ERK5 A ativação da MAPK ERK5 por células apoptóticas, imunogobulinas e outros estímulos induz polarização para um fenótipo anti-inflamatório/regulador e promove a expressão de marcadores M2, como Arg-1 e IL-10 (Barra et al., 2011; Heo et al., 2014; Kozicky et al., 2015). Para investigar o papel da via de sinalização de ERK5 na regulação da produção de quimiocinas e mediadores marcadores de fenótipo M2, pré-tratamos os macrófagos com inibidor de ERK5, XMD 8-92. A produção de marcadores M2, como as quimiocinas CCL17 e CCL22 e do mediador IGF-1 por macrófagos estimulados com IL-4 foi reduzida em resposta ao tratamento com inibidor de ERK5 de maneira concentraçãodependente (figura 6). As diferentes concentrações do inibidor de ERK5 não tiveram efeito na sobrevivência celular de BMDMs não-estimulados e estimulados com IL-4 (figura 7A e B). A redução da produção das quimiocinas e mediadores M2, CCL17, CCL22 e IGF-1 induzida por IL-4 foi tempo-dependente com ótima inibição entre 12 e 24 horas, e como mostrado anteriormente também em 48 horas (figura 8). Nossos achados sugerem o envolvimento via de sinalização de ERK5 na regulação da produção de quimiocinas e mediadores característicos de macrófagos M2 estimulados com IL-4. 37 Figura 6: A inibição de ERK5 reduz a produção de quimiocinas e fatores marcadores de fenótipo M2 de maneira concentração-dependente. Macrófagos derivados da medula óssea de camundongos WT (linhagem C57Bl/6) foram pré-tratados com inibidor de ERK5 (XMD8-92) por 1 hora, e em seguida foram estimulados com IL-4 (10 ng/mL). Os níveis de produção de CCL17, CCL22 e IGF-1 foram determinados por ELISA após 48 horas de estimulo com IL-4. Dados foram mostrados como média ± EPM (n=3). ### p <0,001 comparado com controle RPMI. *p <0,05, **p <0,01, ***p <0,001 comparado ao grupo estimulado com IL-4. Diferenças foram analisadas por one-way ANOVA, seguido por pós-teste Bonferroni. Um de três experimentos independentes foi mostrado. 38 Figura 7: A sobrevivência e a viabilidade celular de BMDMs não foram alteradas pela inibição de ERK5. Macrófagos derivados da medula óssea de camundongos WT (linhagem C57Bl/6) foram pré-tratados com inibidor de ERK5 (XMD8-92) por 1 hora, seguido pelo estímulo IL-4 (10 ng/mL). Viabilidade celular, expressa em porcentagem, após tratamento com inibidor de ERK5 foi avaliada em BMDMs (A) controle e (B) estimulados com IL-4 por 48 horas. Dados foram mostrados como média ± EPM (n=3). Diferenças foram analisadas por one-way ANOVA, seguido por pós-teste Bonferroni. Um de três experimentos independentes foi mostrado. 39 Figura 8: A via de sinalização de ERK5 controla a produção de quimiocinas e fatores de fenótipo M2. Macrófagos derivados da medula óssea de camundongos WT (linhagem C57Bl/6) foram pré-tratados com inibidor de ERK5 (XMD8-92, 10 µM) por 1 hora, e em seguida foram estimulados com IL-4 (10 ng/mL). Os níveis de produção de CCL17, CCL22 e IGF-1 foram determinados por ELISA após a estimulação com IL-4 nos tempos indicados. Dados foram mostrados como média ± EPM (n=3). ##p <0,01, ### p <0,001 comparado com controle RPMI. *p <0,05, **p <0,01, ***p <0,001 comparado ao grupo estimulado com IL-4. Diferenças foram analisadas por two-way ANOVA, seguido por pós-teste Bonferroni. Um de três experimentos independentes foi mostrado. 40 4.4. A expressão gênica de marcadores M2 depende da ativação de ERK5 Durante a ativação alternativa, macrófagos estimulados com IL-4 expressam arginase I (Arg-1), Fizz1 e YM1, marcadores característicos de macrófagos M2 (Mosser e Edwards, 2008). Adicionalmente, (Heo et al., 2014) descreveram recentemente o envolvimento da via de sinalização de ERK5 na regulação de marcadores M2 e na polarização alternativa de macrófagos induzida por fagocitose de células apoptóticas. Para investigar o papel da via de sinalização de ERK5 na regulação da expressão de marcadores de M2, usamos um inibidor de ERK5. Macrófagos derivados da medula óssea foram tratados com inibidor de ERK5 antes do estimulo com IL-4. O tratamento com inibidor de ERK5 reduziu os níveis de expressão gênica de marcadores M2, Retnla (Fizz1), Ym1 induzido por IL-4 (figura 9). Além disso, o mRNA e os níveis proteicos de Arg-1 também foram reduzidos na presença do inibidor de ERK5 (figura 10A e C). Assim como a redução nos níveis de arginase I, também observamos diminuição na atividade da enzima, verificado pela menor produção de ureia por macrófagos tratados inibidor de ERK5 (figura 10B). Esses resultados sugerem o envolvimento da via de sinalização de ERK5 na regulação da expressão gênicos de marcadores M2. O receptor de manose (MR) é outro importante marcador de macrófagos M2, induzido por IL-4 e também por uma série de outros estímulos (Mantovani et al., 2002). Ao contrário do observado na expressão gênica dos outros marcadores M2, o tratamento com inibidor de ERK5 aumentou os níveis de mRNA do receptor de manose em relação ao grupo não tratado (figura 11A). Confirmando nossos resultados, observamos que a inibição de ERK5 aumentou a frequência de macrófagos que expressam receptor de manose (figura 11B). Esse achado sugere que a expressão do receptor de manose é regulada por um mecanismo dependente de ERK5 diferente do que o dos outros marcadores de M2 e por isso novos experimentos devem ser realizados para comprovar esta relação. Portanto, nossos resultados confirmam o papel da 41 via de sinalização de ERK5 controle da expressão de marcadores, exceto MR, durante a polarização de macrófagos M2. 42 Figura 9: A expressão de marcadores M2 induzida por IL-4 envolve a ativação da via de sinalização de ERK5. Macrófagos derivados da medula óssea de camundongos WT (linhagem C57Bl/6) foram pré-tratados com inibidor de ERK5 (XMD8-92, 10 µM) por 1 hora, e em seguida foram estimulados com IL-4 (10 ng/mL). Os níveis de expressão de Retlna e Ym1 foram determinados por PCR quantitativo após a estimulação com IL-4 nos tempos indicados. Dados foram mostrados como média ± EPM (n=3). #p <0,05, ## p <0,01, ### p <0,001 comparado com controle no tempo 0 h. *p <0,05, **p <0,01, ***p <0,001 comparado ao grupo pré-tratado com veículo. Diferenças foram analisadas por two-way ANOVA, seguido por pós-teste Bonferroni. Um de três experimentos independentes foi mostrado. 43 Figura 10: Expressão de Arginase-1 e produção de uréia induzida por IL-4 envolve a ativação da via de sinalização de ERK5. Macrófagos derivados da medula óssea de camundongos WT (linhagem C57Bl/6) foram pré-tratados com inibidor de ERK5 (XMD8-92, 10 µM) por 1 hora, e em seguida foram estimulados com IL-4 (10 ng/mL). O nível de expressão de Arg1 foi determinado por (A) PCR quantitativo após a estimulação com IL-4 nos tempos indicados e (C) Western blot após 48 horas. B) A atividade de ARG-1 foi avaliada pela produção de uréia após 48 horas de estímulo com IL-4 (10 ng/mL). Dados foram mostrados como média ± EPM (n=3). #p <0,05, ## p <0,01, ### p <0,001 comparado com controle no tempo 0 h ou RPMI. *p <0,05, **p <0,01, ***p <0,001 comparado ao grupo pré-tratado com veículo. Diferenças foram analisadas por two-way ANOVA, seguido por pós-teste Bonferroni. Um de três experimentos independentes foi mostrado. 44 Figura 11: Expressão do receptor de manose (MR) é regulado negativamente pela ativação da via de sinalização de ERK5. Macrófagos derivados da medula óssea de camundongos WT (linhagem C57Bl/6 e BALB/c) foram pré-tratados com inibidor de ERK5 (XMD8-92, 10 µM) por 1 hora, e em seguida foram estimulados com IL-4 (10 ng/mL). A) Os níveis de expressão de Mrc em BMDM WT (linhagem C57Bl/6) foi determinado por PCR quantitativo após a estimulação com IL-4 nos tempos indicados. B) A porcentagem de expressão de MR em BMDM WT (linhagem BALB/c) foi avaliada por citometria de fluxo após 48 horas de estímulo com IL-4. Dados foram mostrados como média ± EPM (n=3). ### p <0,001 comparado com controle no tempo 0 h. **p <0,01, ***p <0,001 comparado ao grupo prétratado com veículo. Diferenças foram analisadas por two-way ANOVA, seguido por pós-teste Bonferroni. Um de três experimentos independentes foi mostrado. 45 4.5. Envolvimento da via de sinalização de MEK5 na expressão de marcadores M2 Em resposta ao uma série de diferentes estímulos MEK5, uma MAPKK, promove a ativação de ERK5 através de fosforilação, que transloca para o núcleo e fosforila uma série de proteínas alvos (Wang e Tournier, 2006). Para investigar o possível papel da via de sinalização de MEK5 na produção de quimiocina e mediadores de marcadores de ativação alternativa, macrófagos derivados da medula óssea foram pré-tratados com inibidor de MEK5 (BIX 02189) antes do estimulo com IL-4. A produção de quimiocinas e mediadores de perfil M2 foram detectados usando ensaio de ELISA. O tratamento com o inibidor de MEK5 reduziu a produção de CCL17, CCL22 e IGF-1 induzida por IL-4 (figura 12). Como mostramos acima, a sinalização de ERK5 é importante para a expressão de marcadores M2 em macrófagos estimulados com IL-4. Para avaliar a participação do eixo MEK5/ERK5 na regulação da expressão de arginase I em macrófagos induzida por IL-4. Os níveis de expressão de arginase I foram determinados por citometria de fluxo usando BMDMs de camungongos YARG. Ambos os inibidores, de ERK5 e de MEK5, reduziram fortemente os níveis de expressão de arginase I em macrófagos estimulados com IL-4, tanto em frequência relativa quanto em níveis de expressão (figura 13A e B). Para confirmar nossos resultados, foram também determinados os níveis proteicos de arginase I por western blot. Da mesma maneira, ambos os inibidores, de ERK5 e MEK5, reduziram profundamente os níveis proteicos de arginase I induzida por IL-4 (figura 14A). Além disso, assim como o inibidor de ERK5, o inibidor de MEK5 diminui produção de uréia por macrófagos estimulados com IL-4 (figura 14B). Dessa forma, nossos resultados mostram que a inibição da sinalização de ERK5 e MEK5 resulta em baixa ativação alternativa de macrófagos e confirmam a participação do eixo MEK5/ERK5 na polarização de macrófagos M2 induzida por IL-4. 46 Figura 12: A via de sinalização de MEK5 controla a produção de quimiocinas e fatores de fenótipo M2. Macrófagos derivados da medula óssea de camundongos WT (linhagem C57Bl/6) foram pré-tratados com inibidor de MEK5 (BIX02189) por 1 hora, e em seguida foram estimulados com IL-4 (10 ng/mL). Os níveis de produção de CCL17, CCL22 e IGF-1 foram determinados por ELISA após 48 horas de estimulo com IL-4. Dados foram mostrados como média ± EPM (n=3). ### p <0,001 comparado com controle RPMI. ***p <0,001 comparado ao grupo estimulado com IL-4. Diferenças foram analisadas por one-way ANOVA, seguido por pós-teste Bonferroni. Um de três experimentos independentes foi mostrado. 47 Figura 13: A via de sinalização de MEK5/ERK5 controla a expressão de marcadores de fenótipo M2. Macrófagos derivados da medula óssea de camundongos YARG (linhagem C57Bl/6) foram prétratados com inibidor de ERK5 (XMD8-92, 10 µM) e MEK5 (BIX02189, 10 µM) por 1 hora, e em seguida foram estimulados com IL-4 (30 ng/mL). A) A frequência de BMDMs Arg1-YFP+ foi avaliada por citometria de fluxo após 48 horas de estimulo com IL-4. O Dot plot acima é uma imagem representativa da frequência de BMDMS Arg1-YFP+. B) Os níveis de expressão de ARG1 por intensidade média de fluorescência em YARG BMDMs foram expressos em histograma. Dados foram mostrados como média ± EPM (n=3). ### p <0,001 comparado com controle RPMI. ***p <0,001 comparado ao grupo estimulado com IL-4. Diferenças foram analisadas por one-way ANOVA, seguido por pós-teste Bonferroni. Um de três experimentos independentes foi mostrado. 48 Figura 14: Expressão de Arginase-1 e produção de uréia induzida por IL-4 envolve a ativação da via de sinalização de MEK5/ERK5. Macrófagos derivados da medula óssea de camundongos WT (linhagem C57Bl/6) foram pré-tratados com inibidor de ERK5 (XMD8-92, 10 µM) e MEK5 (BIX02189, 10 µM) por 1 hora, e em seguida foram estimulados com IL-4 (10 ng/mL). A) O nível de expressão de Arg1 foi determinado por Western blot após 48 hs de estimulo com IL-4. B) A atividade de ARG-1 foi avaliada pela produção de uréia após 48 horas de estímulo com IL-4 (10 ng/mL). Dados foram mostrados como média ± EPM (n=3). ### p <0,001 comparado com controle RPMI. *p <0,05, ***p <0,001 comparado ao grupo estimulado com IL-4. Diferenças foram analisadas por one-way ANOVA, seguido por pós-teste Bonferroni. Um de três experimentos independentes foi mostrado. 49 4.6. A via de sinalização de ERK5 na polarização de macrófagos M2 não regula a ativação de STAT6 nem a expressão de C/EBPβ O fator de transcrição STAT6 desempenha um papel central na expressão de genes marcadores de M2 induzida por IL-4, como Arg1, Ym1 e Fizz1 (Mantovani et al., 2002). Assim, investigamos o papel de STAT6 na produção de quimiocionas e mediadores marcadores de M2 induzida por IL-4 em BMDMs de camundongo deficientes para STAT6. Após estimulação com IL-4, BMDMs deficientes para STAT6 apresentaram uma dramática redução na produção das quimiocinas e mediadores M2, como CCL17, CCL22 e IGF-1 comparado com os BMDMs WT (figura 15A). Adicionalmente, foi demonstrado que em macrófagos a expressão de arginase I induzida por IL-4 depende da ativação de STAT6 (Gray et al., 2005). De acordo com essa informação, observamos também menor produção uréia pelos macrófagos deficientes para STAT6 (figura 15B). Nossos resultados juntos de outros publicados anteriormente confirmam o papel essencial de STAT6 na regulação da expressão de marcadores M2. A ligação da IL-4 no seu receptor ativa proteínas tirosina quinases da família JAK, levando a uma rápida fosforilação e ativação de STAT6, o qual transloca para o núcleo e se liga em regiões especificas de promotores de genes marcadores de M2 (Heller et al., 2008). Baseado nessa informação, investigamos se a polarização de macrófagos M2 mediada pela sinalização de ERK5 está envolvida com a ativação de STAT6 induzida por IL-4. Os níveis de fosforilação de STAT6 foram determinados usando citometria de fluxo. A estimulação de macrófagos com IL-4 induz rapidamente (15 min) a fosforilação de STAT6 com pico de ativação após 1 hora. Os macrófagos tratados com inibidor de ERK5 apresentaram os mesmos níveis de fosforilação de STAT6 comparado com o grupo controle (figura 16). Esses resultados demonstram que a IL-4 induz fosforilação de STAT6 de forma independente da 50 ativação de ERK5, sugerindo que a via de sinalização de ERK5 age em paralelo ou à jusante da via de STAT6 para regular a polarização de macrófagos M2. C/EBPβ exerce também um papel importante na polarização de macrófagos M2 induzida por IL-4 (Gray et al., 2005). A indução da expressão de Cebpb mediada por CREB é necessária para regulação expressão gênica marcadores M2, como IL10, Arg-1, IL13ra e Msr1 (Ruffell et al., 2009). Por esta razão, avaliamos se a ativação de ERK5 regula a expressão de Cebpb durante a polarização de macrófagos M2 induzida por IL-4. A expressão gênica de Cebpb foi determinada por PCR quantitativo. O tratamento com inibidor de ERK5 não alterou os níveis de mRNA de Cebpb em macrófagos estimulados com IL-4 (figura 17). Assim, esses dados mostram que a expressão de C/EBPβ em macrófagos induzida pela estimulação com IL-4 não necessita da ativação de ERK5. 51 Figura 15: A expressão de marcadores de fenótipo M2 induzida por IL-4 está prejudicada na ausência de STAT6. Macrófagos derivados da medula óssea de camundongos WT e STAT6-/- (linhagem BALB/c) foram pré-tratados com inibidor de ERK5 (XMD8-92, 10 µM) por 1 hora, e em seguida estimulados com IL4 (10 ng/mL). A) Os níveis de produção de CCL17, CCL22 e IGF-1 foram determinados por ELISA e (B) a atividade de ARG-1 pela produção de uréia após 48 horas de estímulo com IL-4 (10 ng/mL). Dados foram mostrados como média ± EPM (n=3). ### p <0,001 comparado com controle RPMI. ***p <0,001 comparado ao grupo estimulado com IL-4. Diferenças foram analisadas por two-way ANOVA, seguido por pós-teste Bonferroni. Um de dois experimentos independentes foi mostrado. 52 Figura 16: IL-4 estimula a fosforilação de STAT6 em macrófagos independente de ERK5. Macrófagos derivados da medula óssea de camundongos WT (linhagem C57Bl/6) foram pré-tratados com inibidor de ERK5 (XMD8-92, 10 µM) por 1 hora, e em seguida estimulados com IL-4 (30 ng/mL) nos tempos indicados. Os níveis de fosforilação de STAT6 foram determinados por citometria de fluxo após estimulo com IL-4. Os níveis de fosforilação por intensidade média de fluorescência em BMDMs CD11b+ foram expressos em histograma, representado pelo tempo 60 minutos. Dados foram mostrados como média ± EPM (n=3). #p <0,05, ###p <0,001 comparado com controle RPMI. *p <0,05, ***p <0,001 comparado ao grupo estimulado com IL-4. Diferenças foram analisadas por two-way ANOVA, seguido por pós-teste Bonferroni. Um de dois experimentos independentes foi mostrado. 53 Figura 17: IL-4 induz a expressão de C/EBPβ em macrófagos independente de ERK5. Macrófagos derivados da medula óssea de camundongos WT (linhagem C57Bl/6) foram pré-tratados com inibidor de ERK5 (XMD8-92, 10 µM) por 1 hora, e em seguida foram estimulados com IL-4 (10 ng/mL). A) O nível de expressão de C/EBPβ foi determinado por PCR quantitativo após 48 hs de estimulo com IL-4. Dados foram mostrados como média ± EPM (n=3). #p <0,05, ## p <0,01, ### p <0,001 comparado com controle do tempo 0 h. Diferenças foram analisadas por two-way ANOVA, seguido por pós-teste Bonferroni. Um de três experimentos independentes foi mostrado. 54 Discussão 55 4. DISCUSSÃO Os macrófagos desempenham um papel crucial na homeostase tecidual e na iniciação e resolução de respostas inflamatórias. Estas células são dinâmicas, pois polarizam para fenótipos pró-inflamatórios e anti-inflamatórios, dependendo do microambiente de citocinas, enxercendo diferentes funções fisiológicas (Biswas e Mantovani, 2010). Em um estudo publicado anteriormente, os macrófagos foram classificados basicamente em três subtipos de acordo com suas funções: defesa do hospedeiro, reparo tecidual e imunoregulação (Mosser e Edwards, 2008). Macrófagos alternativamente ativados (macrófagos M2) estão envolvidos com regulação imunológica, remodelamento tecidual, destruição de parasitas e promoção tumoral. Os macrófagos M2 podem ser divididos em dois tipos: macrófagos M2a e macrófagos M2b e M2c. Os macrófagos M2a, induzidos por IL-4 e IL-13, regulam o reparo tecidual e tem função anti-inflamatória. Por outro lado, os macrófagos M2b e M2c exercem funções imunoreguladoras, contribuem para a progressão tumoral e podem secretar grandes quantidades de IL-10 em resposta a imuno-complexos, células apoptóticas, entre outros (Gerber e Mosser, 2001). Macrófagos M2a e M2b/M2c são claramente distintos, tanto funcional quanto bioquimicamente. Macrófagos M2a contribuem para a produção de matriz extracelular, enquanto que macrófagos M2b e M2c expressam altos níveis de moléculas coestimulatórias (CD80 e CD86) e por isso podem apresentar antígenos a células T. Embora existam diferenças entre os subtipos de macrófagos M2, a principal característica em comum é a atividade de regulação imunológica (Edwards et al., 2006). A via de sinalização da ERK5 participa de uma série de processos celulares, como ativação, proliferação e polarização em diferentes tipos celulares, incluindo macrófagos. Anteriormente, um estudo demonstrou que em resposta ao estímulo com LPS, macrófagos murinos da linhagem RAW264.7 ativam diferentes vias de MAPK, incluindo a via de ERK5 56 (Zhu et al., 2000). No entanto, outro trabalho observou que potentes ativadores de macrófagos como LPS e IFN-γ, bem como outros citocinas pró-inflamatórias como IL-1 e IL6 falham em ativar ERK5 em linhagem de macrófagos murinos BAC1.2F5 (Rovida et al., 2008). No presente estudo, investigamos a ativação de ERK5 induzida por LPS e IL-4 em macrófagos derivados da medula óssea. Nossos resultados demonstram que embora tenham cinéticas diferentes, tanto IL-4 quanto LPS induzem a ativação da via de sinalização de ERK5 em macrófagos derivados da medula óssea, sugerindo o envolvimento da via de ERK5 na polarização de macrófagos M1 e M2. Recentemente, foi demonstrado que a estimulação de macrófagos com imunoglobulinas polarizam para um estado anti-inflamatório, através da sinalização de ERK5, (Kozicky et al., 2015). Embora alguns trabalhos já tenham demonstrado o papel de ERK5 na regulação da expressão de marcadores M2 (Heo et al., 2014), ainda não havia sido descrito o envolvimento da via de sinalização de ERK5 na polarização de macrófagos M2a induzida por IL-4. Uma vez observada a ativação de ERK5 em macrófagos estimulados com IL-4, a próxima etapa foi investigar os efeitos da inibição farmacológica de ERK-5. Para tanto, utilizamos XMD, um inibidor de ERK5, e observamos que esses macrófagos produziram menores quantidades de mediadores inflamatórios M2, CCL17, CCL22, IGF-1 por um período prolongado quando comparado aos macrófagos não tratados, indicando que macrófagos com a via de ERK5 inibida são altamente resistentes a polarização M2, sugerindo que ERK5 é um ativador intrínseco de respostas inflamatórias M2. Além disso, também demonstramos que macrófagos tratados com inibidor de ERK5 apresentam menor polarização para M2, representada pela baixa expressão de marcadores M2 como Arg-1, Fizz1 e Ym2 após estimulação com IL-4. A baixa resposta inflamatória de macrófagos tratados com inibidor de ERK5 é consistente com um trabalho recente que observou diminuição de marcadores M2 em macrófagos isolados de camundongos com deleção especifica de ERK5 57 em células mieloides (ERK5-MKO) (Heo et al., 2014). De fato, camundongos ERK5-MKO são mais suscetíveis ao desenvolvimento de aterosclerose induzida por dieta hipercalórica e apresentam uma baixa capacidade eferocitica e pobre polarização M2 (Heo et al., 2014). A MAPK quinase MEK5 é o ativador imediato a montante de ERK5, promovendo sua fosforilação e translocação para o núcleo onde regula uma série de fatores de transcrição (Nishimoto e Nishida, 2006; Wang e Tournier, 2006). Assim como o tratamento com inibidor de ERK5, macrófagos derivados da medula óssea tratados com um inibidor de MEK5 também foram mais resistentes em polarizar para fenótipo M2. A inibição da via de MEK5 resultou em baixa expressão de Arg-1 e diminuição da produção de mediadores inflamatórios M2, CCL17, CCL22, IGF-1 após ativação com IL-4. Dessa forma, MEK5 é também essencial para a polarização de macrófagos M2 e reforça a importância da via de sinalização de MEK5/ERK5 no controle da polarização de macrófagos M2. Contudo, experimentos futuros serão necessários para investigar através de qual transdutor de sinal à ativação do receptor de IL-4 promove a ativação de MEK5/ERK5. STAT6 e C/EBPβ desempenham um papel central, bem estabelecido, na polarização de macrófagos M2 (Gray et al., 2005). A ativação de STAT6 induzida por IL-4 é crucial para a expressão de marcadores característicos de M2, como Arg-1, Ym1, Fizz1, IRF-4 (Biswas e Mantovani, 2010). Em concordância com esses estudos, observamos que a estimulação com IL-4 promove uma rápida ativação de STAT6 em macrófagos WT. Macrófagos deficientes para STAT6 foram menos responsivos a estimulação com IL-4. De fato, os macrófagos STAT6-KO produziram menores quantidades de quimiocinas e mediadores M2, CCL17, CCL22, IGF-1 após ativação in vitro com IL-4, indicando que a depleção genética de STAT6 em macrófagos torna-os altamente resistentes a polarização M2, confirmando o papel central de STAT6 na regulação de respostas inflamatórias M2. Além disso, foi detectada menor produção de uréia pelos macrófagos STAT6-KO, possivelmente devido a uma menor 58 expressão de Arg-1, marcador M2 fortemente regulado por STAT6. Curiosamente, não observamos diferença nos níveis de fosforilação de STAT6 induzidos por IL-4 em macrófagos WT tratados e não-tratados com inibidor de ERK5, sugerindo que ERK5 possa regular a polarização de macrófagos M2 em paralelo ou à jusante da sinalização de STAT6. Embora a maior parte das atividades de IL-4 seja regulada pela ativação da via de JAK/STAT6, estudos indicam que outras moléculas de sinalização, tais como as MAPK também podem estar envolvidas (Kelly-Welch et al., 2003). Recentemente, demonstraram que a MAPK p38, mas não ERK1/2 e JNK, regula a polarização de macrófagos induzida por IL-4 através de mecanismo dependente tanto da via de STAT6, quanto da via de PI3K/Akt, ambas independentes uma da outra (Jiménez-Garcia et al., 2015). E assim como a via PI3K/Akt ativada por p38, observamos que a MAPK ERK5 pode controlar a polarização de macrófagos M2 induzida por IL-4 por uma via de sinalização paralela ou à jusante de STAT6. A expressão C/EBPβ induzida por CREB é necessária para regeneração de músculo lesionado e para regulação de genes associados ao fenótipo M2, como Arg-1, IL-10 e MR (Ruffell et al., 2009). De fato, após a eferocitose de células apopticas, ERK5 é capaz de promover a ativação de CREB e a subsequente expressão de Arginase II, polarizando os macrófagos para um fenótipo regulador (Barra et al., 2011). Entretanto, em macrófagos estimulados com IL-4, a tratamento com inibidor de ERK5 não alterou os níveis de expressão gênica de cebpb, sugerindo que a baixa polarização M2 promovida pela inibição de ERK5 não é regulada pela expressão de C/EBPβ, apesar de já ter sido demonstrado que a depleção de sítios para ligação de CREB no promotor de Cebpb (Ruffell et al., 2009), e consequentemente sua expressão, reduz a aquisição de fenotipo M2. Portanto, os dados indicam que a deficiente polarização M2 em macrófagos tratados com inibidor de ERK5 não é mediada pela via CREB-C/EBPβ. 59 Embora neste estudo não tenha sido possível identificar por qual mecanismo ERK5 regula a polarização de macrófagos M2 induzida por IL-4, algum entre os diversos fatores de transcrição com papel bem estabelecido na ativação alternativa pode esta participando no controle desta via de sinalização. Dentre os fatores conhecidas envolvidos com a polarização de macrófagos M2, além de STAT6 e CREB-C/EBP-β, destacam-se: PPARγ, IRF4, o cMYC, KLF4. A atividade de PPARγ pode ser regulada positivamente por ERK5 e a ativação de ERK5 pode inibir respostas pró-inflamatórias através da ativação de PPARγ (Woo et al., 2006). De fato, a depleção de PPAR-γ em macrófagos prejudica a polarização para fenótipo M2 (Odegaard et al., 2007). Além disso, IRF-4 também é um dos fatores que exercem um papel crucial na polarização de macrófagos M2, o qual regula uma série de genes com funções imunológicas (El Chartouni et al., 2010), e pode ser induzido por IL-4, M-CSF, quitina e durante a defesa do hospedeiro contra infecções helmínticas (Satoh et al., 2010). Adicionalmente, outro fator está envolvido com a indução de genes associados com ativação alternativa por IL-4 (Pello et al., 2012), c-MYC, o qual a expressão pode ser regulada pela ativação de ERK5 (Takaoka et al., 2012). Em conjunto, esses estudos podem nos auxiliar na identificação do mecanismo molecular pelo qual ERK5 controla a polarização de macrófagos M2 induzida por IL-4. Entender os mecanismos que participam na polarização dos macrófagos M2a é um passo importante para o desenvolvimento de diagnóticos em doenças e estratégias terapêuticas contra respostas infecciosas, câncer e fibrose. No presente estudo, demonstramos que macrófagos derivados da medula óssea tratados com um inibidor de ERK5 ou MEK5 foram mais resistentes em polarizar para fenótipo M2. Sendo assim, nosso trabalho demonstrou que a via de sinalização de MEK/ERK5 é um regulador crítico que controla a polarização de macrófagos M2 induzida por IL-4 e pode ser uma importante molécula alvo para o controle da polarização de macrófagos M2 em diferentes desordens patológicas. 60 Conclusão 61 5. CONCLUSÃO Concluímos que a ativação da via de sinalização de MEK5/ERK5 é crítica para a expressão de marcadores M2 durante a polarização de macrófagos M2 induzida por IL-4. Desta forma, nossos achados contribuem para uma melhor compreensão dos mecanismos envolvidos nas respostas de macrófagos M2a, e assim auxiliam no desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas para o tratamento de uma série de doenças inflamatórias. 62 Referências 63 6. REFERÊNCIAS BARRA, V. et al. 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