TÍTULO Avaliação da sensibilidade pós
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TÍTULO Avaliação da sensibilidade pós
INTRODUÇÃO Atualmente, a demanda por restaurações consideradas estéticas tem aumentado, fazendo com que materiais à base de resinas compostas sejam regularmente utilizados para realizar procedimentos restauradores 1,2 . Esses materiais possuem duas características principais: a coloração similar a estrutura dental e a capacidade de serem aderidos aos substratos dentais 3,4. Com o desenvolvimento dos primeiros produtos comerciais, após a introdução da técnica de condicionamento ácido na prática clínica desde a década de 19505, os sistemas de união utilizados conjuntamente com resinas compostas têm sido aprimorados. A estratégia adesiva de condicionamento ácido total pressupõe a desmineralização do substrato dentinário com ácido, infiltração do primer e depois do adesivo, ou do primer/adesivo, e posterior polimerização deste composto, formando a camada híbrida em esmalte e dentina 6,7 . Especialmente para a dentina, a técnica úmida é requerida, a qual mantém certa quantidade de água, a fim de preservar as fibras colágenas expandidas, 2 impedindo o seu colapso, bem como facilita a infiltração do primer e do adesivo 8. Cabe ressaltar que nesta técnica existe também a possibilidade de ocorrer discrepância entre a zona desmineralizada e a infiltrada pelos monômeros 9. Essa zona de dentina enfraquecida, denominada de hiato submicrométrico, é caracterizada pela presença de colágeno exposto não infiltrado por monômero e cristalitos de apatita dispersos10, sendo uma região susceptível a degradação hidrolítica ao longo do tempo, a qual promove uma redução da resistência de união 11. Com a evolução das pesquisas nesta área, os sistemas adesivos experimentaram modificações em sua estratégia e em sua composição, na tentativa de evitar alguns fatores que interferem na adesão como os anteriormente citados9,10. Dentre essas, a mais significativa foi o desenvolvimento dos sistemas autocondicionantes, os quais dispensam a etapa de condicionamento prévio, procedimento que eleva significativamente a permeabilidade da dentina e, como consequência principal, aumenta sua umidade5,8. Assim, os sistemas autocondicionantes têm a capacidade de evitar a degradação hidrolítica, ainda que a camada híbrida formada seja rasa, contudo uniforme, devido à interação química com a hidroxiapatita residual localizada nas fibras colágenas expostas12. 3 Estes sistemas contêm monômeros ácidos funcionais, geralmente ésteres derivados do ácido fosfórico, os quais são responsáveis pelo condicionamento e infiltração simultânea pela smear layer, promovendo sua incorporação à interface adesiva 13, 14 . Uma das principais vantagens desses sistemas é reduzir os múltiplos passos de aplicação clínica, comum aos dos sistemas adesivos convencionais, deixando a técnica menos sensível a erros de manipulação por parte do operador15, 16, 17. Atualmente, a longevidade de uma restauração está, sobretudo, relacionada ao desempenho do sistema adesivo 18 e o seu correto uso 19 . A utilização desses sistemas não promove aumento de permeabilidade, e, por conseguinte o aumento de sensibilidade 5,8. Considerando a sensibilidade, várias teorias foram propostas para tentar explicar a transmissão da dor. Contudo, a teoria mais aceita para esclarecer a sensibilidade dentinária é a teoria hidrodinâmica, a qual propõe que a movimentação de líquido através dos túbulos dentinários estimula as terminações nervosas próximas a camada odontoblástica, promovendo a sensibilidade dolorosa 20. Deste modo, a sensibilidade pós-operatória (SPO), como consequência da aplicação de resinas composta em dentes posteriores é frequentemente relatada por cirurgiões-dentistas, e diversos estudos clínicos revelam a presença desta ocorrência 2, 4, 13, 21. Esse inconveniente clínico, em curto prazo, pode ser explicado, em parte, pelo aumento da permeabilidade 4 transdentinária, mais relacionada aos sistemas convencionais (condicionamento ácido), associado às características hidrofílicas dos monômeros presentes nos sistemas adesivos5, como também pela tensão de contração provocada durante a polimerização das resinas compostas22. Em médio e longo prazo, a SPO pode estar relacionada com a contração de polimerização e com a infiltração marginal, que ainda são problemas comuns enfrentados pelos profissionais 2, 21 . O estresse de contração no processo de polimerização pode ser reduzido pela aplicação da resina composta em camadas (técnica incremental)23. Algumas vantagens desta técnica são: a redução dos efeitos da contração de polimerização e redução do fator-C pela possibilidade de aplicação oblíqua das camadas de resina 24,25 22, 23, . Ainda neste contexto, a SPO pode ser causada por infiltração marginal devido à formação de fendas 23, 26, em virtude do estresse de contração durante a polimerização 25, 27 e de deformação da restauração sob tensão oclusal que também pode ser denominada deflexão de cúspide 13, 28, 29, 30. Em alguns trabalhos pós-operatória quando 4,13, 26 são , não foi notado aumento na sensibilidade utilizados sistemas autocondicionantes. Considerando que em diversos estudos não foi observado aumento de SPO com sistemas autocondicionantes, quando avaliadas cavidades rasas 13, 25, 30, 31, 32,33 , optou-se neste estudo por realizar uma verificação em cavidades 5 profundas, uma vez que a tendência é aumentar a sensibilidade pós-operatória neste cenário, como afirma Hayashi & Wilson 200334. Por outro lado, foi decidido realizar uma avaliação clínica de SPO por longo período, uma vez que no estudo realizado por Chermont et al.35 em curto prazo, não foi observado aumento de SPO para os sistemas adesivos estudados. Ademais, será utilizada uma resina composta que possui nanopartículas em sua composição, desenvolvida para restaurações em dentes posteriores, que apresenta capacidade de reforço das estruturas dentais, baixa contração de polimerização e propriedades estéticas essenciais para o uso em dentes posteriores 36. 6 OBJETIVO Este estudo objetivou avaliar a ocorrência de sensibilidade pósoperatória quando são utilizados sistemas autocondicionantes em restaurações diretas de cavidades profundas em dentes posteriores. 7 REVISÃO DE LITERATURA Para a compreensão da interação entre os materiais adesivos e os substratos, é fundamental ter o conhecimento do comportamento, da composição e da morfologia desses substratos envolvidos no processo de adesão, pois, em muitas situações clínicas, as paredes de cavidades preparadas em dentina encontram-se contíguas com paredes de esmalte, requerendo muitas vezes a formação de uma interface de união simultânea sobre substratos diferentes. Esmalte Esse tecido é composto por 96% de material inorgânico, 3% de água, e 1% material orgânico. A maior parte da estrutura do esmalte, em peso, é composta por cristais de hidroxiapatita, em forma de fosfato de cálcio e carbonato. O restante consiste em material orgânico composto de proteínas em forma de amelogenina e enamelina7. É preenchido por milhões de cristais de hidroxiapatita, posicionados com seu longo eixo aproximadamente alinhado com o longo eixo dos prismas de esmalte. As propriedades químicas do prisma variam entre o centro e a periferia 37 . E devido ser composto em maior parte de substância 8 inorgânica, a união com a resina composta é mais satisfatória por conta do efeito de ancoragem produzido pelo condicionamento ácido38. Dentina A dentina é um substrato biológico composto por fibrilas colágenas e por cristais nanométricos de hidroxiapatita, ricos em carbonato e pobres em cálcio, dispersos entre túbulos paralelos e hipermineralizados. É um tecido que apresenta na sua composição química 50% de mineral, 20% de água e 30% de material orgânico, basicamente colágeno do tipo I39. Dessa forma, a dentina é penetrada por uma densa rede de túbulos dentinários que contém os processos odontoblásticos, os quais se comunicam com a polpa. Além disso, os túbulos contêm fluido que se movimenta no sentido da polpa para a junção esmaltedentina, e esta movimentação ocorre em virtude de procedimentos clínicos que podem aumentar a pressão dentro da polpa20, 40,41 . Os túbulos dentinários são circundados por um colar de dentina peritubular, mais mineralizada que a dentina intertubular, a qual possui maior conteúdo orgânico composto por fibrilas colágenas42. Além disso, o número e o diâmetro dos túbulos são menores na junção dentina-esmalte e maiores próximo à polpa, o que determina uma variação de acordo com a área do dente39. Compatível com a complexidade desta estrutura, a permeabilidade da dentina depende significativamente da sua localização no interior do dente. A 9 permeabilidade aumenta à medida que se aproxima da polpa; assim, o terço cervical apresenta uma maior permeabilidade que o terço oclusal 5,7, 8, 42 . Desta forma, todas estas características exercem influência sobre a permeabilidade da dentina, tornando crítica a obtenção da adesão8. Além disso, existe a presença de “smear layer” resultante do preparo cavitário, que oblitera os túbulos e reduz a permeabilidade dentinária 17, 43 . Esta camada é então removida com o condicionamento ácido, o qual promove o aumento da porosidade na dentina intertubular, removendo a hidroxiapatita e deixando o colágeno, que é um tecido que possui baixa energia de superfície 44, 45. Haveria deste modo, a necessidade de se aplicar uma substância que restaurasse a energia de superfície e facilitasse a infiltração dos monômeros resinosos na dentina desmineralizada, função esta realizada pelo “primer”46, e o complemento do processo de união com a utilização de uma resina hidrofóbica de baixa viscosidade denominada “bond”. Estes sistemas são denominados de três passos6, 14, 47, 48. Os sistemas adesivos de dois passos apresentam ainda o condicionamento ácido separado. Os monômeros resinosos de características hidrofílicas (primer), o agente de união de alta viscosidade, com caráter hidrofóbico (bond) e os solventes são colocados em um só frasco, e aplicados ao mesmo tempo 6,47 . A técnica adesiva que utiliza esses sistemas, se não for criteriosa, pode provocar uma discrepância entre a profundidade do substrato desmineralizada e a real infiltração dos monômeros resinosos, o que deixa esta camada susceptível à degradação hidrolítica ao longo do tempo, promovendo uma redução da resistência de união 5,11. 10 Sistemas adesivos autocondicionantes Diante dessa sensibilidade técnica, foram desenvolvidos os sistemas autocondicionantes, que dispensam a etapa de condicionamento prévio com ácido fosfórico, com o objetivo de simplificar as etapas operatórias, o controle da umidade e os possíveis riscos de erro durante a aplicação clínica 6, 7, 8, 14. O surgimento dos sistemas autocondicionantes introduziu um novo modo de condicionamento do substrato dentinário, utilizando-se monômeros funcionais ácidos e solventes orgânicos, com a finalidade de desmineralizar a estrutura dentinária e infiltrar nos espaços interfibrilares 7, 17,46 . Esses monômeros são moléculas bifuncionais que contêm os seguintes componentes: Um grupo polimerizável (P), que pode reagir com outros monômeros do adesivo e do material restaurador por co-polimerização; um grupo adesivo ácido (AD) capaz de condicionar ambos os tecidos dentais duros e interagir com eles; e um grupo “espaçador” (R) que exerce influência sobre as propriedades de solubilidade, de flexibilidade e de molhamento do monômero adesivo (P=R=AD). Os grupos adesivos são ácidos, em particular, ácido fosfônico e grupos mono ou dihidrogênio fosfato, que formam ácidos fortes como o correspondente ácido carboxílico. O potencial de agressividade de um monômero aumenta na seguinte ordem: álcool < ácido carboxílico < ácido fosfórico < ácido fosfônico < ácido sulfônico 49,50. 11 Quimicamente, os monômeros resinosos acídicos podem apresentar no grupo funcional ácido o grupamento fosfórico [-O-P-(OH) (OR)], sulfônico (SO3H) e carboxílico (-COOH)49, 50. Exemplo de monômeros ácidos, com o grupo funcional sulfônico, é o 2-acriloamido-2-metilpropano ácido sulfônico (AMPS); com o grupo funcional fosfórico, os representantes são: 2-metacriloxietil-fenil hidrogênio fosfato (Fenil-P) e o 10-metacriloxidecil di-hidrogênio fosfato (10MDP). Entre os monômeros derivados do ácido carboxílico, estão o 10metacriloxidecil ácido malônico (10MAC) e o 4-metacriloxi-etil-trimetilatoanidro (4-META)47,49. A adesão química dos monômeros com os tecidos duros pode se realizar pela formação de uma união química primária, como as covalentes ou iônicas, reagindo com o principal componente inorgânico do tecido dental, a hidroxiapatita. Assim, grupos reativos adicionais nos ácidos monoméricos podem resultar no estabelecimento de união covalente entre as fibras colágenas na dentina e os monômeros dos adesivos autocondicionantes. Além disso, a adesão física pode ser realizada pelas forças secundárias de Van Der Waals e indução dipolar, ou pontes de hidrogênio49. Teoricamente, o uso dos adesivos autocondicionantes pode eliminar a possibilidade de discrepância entre a profundidade de desmineralização da dentina e a penetração do adesivo51. De acordo com os mesmos autores, que utilizaram três sistemas autocondicionantes e por meio de microscopia eletrônica 12 de emissão de campo e espectroscopia de micro-Raman, quando um adesivo autocondicionante é aplicado na superfície da dentina o primer/adesivo condiciona superficialmente através da “smear layer” e dentro da dentina, subjacente desmineralizada, dissolve parcialmente os cristais minerais, permitindo simultaneamente a infiltração do monômero para formar uma fina camada hibridizada com 0,5-2 micrômetros de espessura. Em relação à agressividade de condicionamento, os adesivos autocondicionantes podem ser classificados atualmente em fortes, intermediários e moderados. Os fortes possuem pH baixo(<1), o que promove a obtenção de uma morfologia semelhante aos convencionais, além de sua alta acidez inicial enfraquecer o seu desempenho adesivo e possivelmente deixar água dentro da interface adesiva. Os moderados possuem um pH em torno de 2, levando à incorporação da “smear layer” a interface adesiva, e a preservação de resíduos minerais associados às fibras colágenas, o que pode servir como receptáculo para o embricamento mecânico e químico de alguns monômeros, ajudando a prevenir a infiltração marginal. Os intermediários apresentam pH próximo de 1.5, promovendo a desmineralização total da superfície da dentina e parcialmente a sua base 11, 47, 52. Vale a pena lembrar que o pH do ácido fosfórico à 34% em gel, utilizado comumente nos sistemas convencionais é de 0.4 53. Na dentina condicionada por sistemas adesivos autocondicionantes, classificados como moderados e intermediários, hidroxiapatita pode ainda 13 permanecer sobre a superfície das fibras colágenas e unir-se quimicamente aos monômeros resinosos que possuem o grupo funcional derivado do ácido carboxílico ou do fosfórico54. Contudo, essa união química parece contribuir muito pouco para os valores de união, aproximadamente 7%, sendo que a sua maior importância pode ser atribuída à proteção das fibras colágenas de uma possível degradação hidrolítica, o que poderia prolongar a união 47. Os sistemas adesivos autocondicionantes geralmente utilizam água como solvente, por esta levar a dissociação iônica do grupo ácido do monômero funcional, o que promove o condicionamento do substrato 49 . Entretanto, o excesso de água pode prejudicar a reação de polimerização do adesivo e resultar em um polímero com propriedades mecânicas reduzidas 55 . Com a finalidade de reduzir o conteúdo de água residual, co-solventes como o etanol são adicionados à solução, formando uma mistura azeotrópica com a água, acelerando sua volatilização. A acetona também pode ser utilizada como co-solvente; todavia, a sua rápida volatilização, além do fato de não formar um composto azeotrópico com a água, leva a uma rápida alteração na relação água-acetona, o que pode gerar separação de fases e precipitação dos componentes resinosos 49, 50 . Esses solventes possuem a finalidade de diluir os monômeros resinosos, facilitando sua difusão pela superfície do dente 8. Por outro lado, a redução da concentração de água, ou ausência deste componente, aumenta a concentração do monômero funcional, o que leva a um 14 aumento da viscosidade, permitindo a criação de uma densa concentração de adesivo, a qual leva a uma redução da durabilidade da união e degradação hidrolítica56. Nestes compostos, é evidenciada a presença do 2-hidroxietil metacrilato (HEMA), que é um monômero solúvel em água frequentemente empregado nos adesivos dentais, para aumentar a umidade da dentina, melhorar a estabilidade das soluções que contêm monômeros hidrofílicos e hidrofóbicos, prevenindo a separação de fases 49, 50, 57, 58, 59 . Como alguns trabalhos evidenciaram a capacidade destes sistemas funcionarem como uma membrana permeável 8,60, 61, 62 , existe a necessidade da utilização de uma camada de um composto hidrofóbico denominado de “liner”, cuja finalidade é impedir o contato da água proveniente das camadas de dentina subjacente “water trees” com a resina composta, bem como diminuição da permeabilidade destes sistemas à degradação hidrolítica, melhorando seu desempenho clínico 63, 64, 65 . Ainda, uma dupla camada de adesivo pode ser utilizada com o mesmo propósito66. Os sistemas adesivos autocondicionantes podem também ser classificados de acordo com número de passos clínicos, em autocondicionantes de 1 e 2 passos. Nos sistemas de 2 passos, inicialmente, é aplicada na superfície dental uma solução aquosa contendo monômeros ácidos e solventes, com o intuito de desmineralizar a estrutura dentária e infiltrar-se nos espaços interfibrilares (1º passo). Em seguida, este é coberto com uma camada de um composto de baixa viscosidade, com característica hidrofóbica e desprovido de solventes ou água (2º 15 passo), o qual possui a finalidade de promover a união entre a superfície hibridizada e a resina composta. Nos sistemas de 1 passo, a solução aplicada é composta de uma associação de monômeros hidrofílicos ácidos, monômeros hidrofóbicos, água e co-solventes, que é aplicada de uma só vez sobre as estruturas dentárias com a função de desmineralizar, infiltrar e se unir posteriormente ao material restaurador 6, 8, 42. Sensibilidade pós-operatória Mecanismo da dor A teoria hidrodinâmica, proposta inicialmente por Gysi em 1900, e posteriormente melhor explicada por Brännstrom & Aström40, é a mais aceita até os dias atuais. Considera que a camada odontoblástica é estimulada pela variação de pressão intrapulpar decorrente da movimentação do fluido intradentinário em direção à polpa, ou em sentido contrário, a ponto de ativar os mecano-receptores, fenômeno este que depende da natureza do estímulo 40, 41, 67, 68. Utilizando técnicas de pressão negativa ou dissecação, e envolvendo forças capilares, Brännstrom (1986)69, demonstrou como o deslocamento do fluido dentinário causa dor. Por meio desses exames, pode-se observar que ocorre uma rápida movimentação do fluido através dos túbulos dentinários como resultado de forças de capilaridade. Este trabalho demonstra ainda que a própria estrutura dos túbulos favorece a movimentação do fluido por meio dessas forças, e sugere que a 16 sensibilidade do dente à temperatura pode ser explicada com base no movimento hidrodinâmico do fluido. Em um estudo de Pashley (1986)70, o autor sugere que a oclusão dos túbulos dentinários reduz a permeabilidade e a sensibilidade dentinária. Este conceito ratifica a possibilidade de diminuição da movimentação do fluido e, consequentemente, a sensibilidade dentinária. Entretanto, nem todos os agentes utilizados são eficientes para a redução da sensibilidade, bem como oclusão tubular, visto que, segundo o autor, existem dois tipos de mecanismos para dessensibilização, um é a oclusão e o outro envolve o bloqueio da atividade nervosa pulpar. Estudos sobre a sensibilidade pós-operatória (SPO) A associação de sensibilidade pós-operatória com o sistema adesivo utilizado tem sido estudada com frequência na literatura 2, 4, 13, 16,1 8, 20, 21, 26, 30, 31, 32, 33, 71, 72, 73 ; desta forma, é importante discorrer sobre esta relação. Opdam et al 199820, investigaram a relação da técnica restauradora e do sistema adesivo com a sensibilidade pós-operatória e adaptação marginal em cavidades de classe II rasas, utilizando 2 adesivos convencionais e 1 adesivo autocondicionante, e concluíram que a sensibilidade e a microinfiltração foram mínimas com os sistemas convencionais e os autocondicionantes reduziram significantemente a sensibilidade, porém a infiltração aumentou ao longo da 17 margem oclusal, e ressaltou a importância do conhecimento do operador na realização do procedimento adesivo. Unemori et al, em 200121, avaliaram a relação entre a profundidade da cavidade e a sensibilidade operatória. Os procedimentos foram realizados por alunos do último ano da graduação, num total de 319 restaurações. Um grupo não recebeu proteção pulpar e os outros três grupos recebiam uma das três proteções: base com hidróxido de cálcio, base com ionômero de vidro e base com hidróxido de cálcio e ionômero de vidro. E algumas conclusões foram que a sensibilidade não está relacionada com ausência de proteção pulpar após restaurações com resina e restaurações feitas em cavidades rasas e de média profundidade mostraram menor sensibilidade pós-operatória em comparação as cavidades profundas. Murray et al, em 200374, utilizaram cinco sistemas para avaliar microinfiltração, injúria pulpar e formação de dentina reparadora em cavidades profundas. Estes autores observaram que não houve reação pulpar em todos os sistemas utilizados e todos foram biocompatíveis, mesmo em cavidades profundas. A preservação dos prolongamentos odontoblásticos foi mantida, e atribuíram o insucesso das restaurações à inflamação pulpar proporcionada pela contaminação bacteriana. 18 Perdigão et al, em 200313, realizaram uma avaliação da sensibilidade pósoperatória (SPO) utilizando um sistema de condicionamento ácido total e outro autocondicionante. Os 30 dentes com restaurações de classe I e II receberam avaliações pré-operatória, após 2 semanas, 8 semanas e 6 meses, em relação à sensibilidade ao frio, ar e forças mastigatórias por meio de uma escala visual e analógica de dor (EVA). Não houve diferença significativa em relação à sensibilidade pós-operatória com os sistemas autocondicionantes e de condicionamento total. Os autores concluíram que a SPO está relacionada mais com a técnica restauradora, que com o sistema de união. Em 2004, Unemori et al71 avaliaram também a sensibilidade pós-operatória em restaurações, utilizando três sistemas autocondicionantes e outros três de condicionamento ácido total. Os estudantes do último ano realizaram 330 restaurações, classificadas como rasas, médias e profundas. A incidência de sensibilidade pós-operatória foi avaliada após uma semana da realização das restaurações. Os autores concluíram que a sensibilidade pós-operatória não está relacionada com a ausência de proteção pulpar em cavidades profundas e nem quando são utilizados sistemas autocondicionantes. Deste modo, as situações clínicas encontradas diariamente não devem ser negligenciadas, a ponto de não obter as propriedades completas do sistema adesivo a assim reduzir o desempenho clínico da restauração72, 75, 76. 19 Schneider et al, 200977, compararam a presença de microinfiltração marginal em restaurações confeccionadas por três diferentes operadores, todos seguindo o mesmo protocolo. E concluíram que houve diferença significativa entre os resultados, ressaltando a sensibilidade da técnica quando da confecção de restaurações adesivas. Quando os monômeros são transformados em polímeros, as duplas ligações são quebradas e reduzidas a ligações simples, o que gera uma aproximação entre os átomos, e, por conseguinte, à contração volumétrica 78. O estresse gerado por esta contração pode provocar clinicamente o rompimento da interface adesiva, microinfiltração marginal, cáries secundárias, sensibilidade pós-operatória, substituição da restauração e até a necessidade de um tratamento endodôntico75, 79, 80, 81 . Com a finalidade de reduzir a contração de polimerização pela diminuição da porcentagem de ligações de carbono (C=C), foi-se, ao longo dos anos, incorporando partículas de carga às resinas compostas, o que aumentou seu módulo de elasticidade, possibilitou maior resistência ao desgaste e também mais resistência ao estresse gerado pela contração de polimerização82, 83, 84. Em cavidades amplas e profundas, quando o material restaurador sofre contração e as cúspides se apresentam enfraquecidas, o sistema adesivo resiste às forças geradas pelo estresse e isso origina um fenômeno de deformação das 20 cúspides, o que muitas vezes reduz a distância intercuspídea85. E esta deflexão pode ocasionar desadaptação da restauração, trincas no esmalte, e com a atividade mastigatória, pode causar movimentação do fluido dentinário e conduzir a sensibilidade pós-operatória 28,29, 85, 86,87, 88. No estudo de Ratih et al, 200728, os autores, por meio de um sistema computadorizado, conectado à pré-molares humanos extraídos, tentaram correlacionar a deflexão de cúspide com a movimentação do fluido dentinário. Esta movimentação, de acordo com os autores, é intensificada durante o procedimento restaurador e permanece após a conclusão da restauração, e concluem que, embora seja um fenômeno com interações complexas de vários estímulos, pode implicar em sensibilidade pós-operatória. A deflexão de cúspide pode ser influenciada pelo tipo e pelo tamanho de cavidade, gerando também sensibilidade pós-operatória. O fator de configuração cavitária (Fator-C), referido na literatura com a razão entre o número de paredes aderidas e as não aderidas, está diretamente relacionado com as tensões geradas pela contração resinosa, e a possibilidade de redução deste fator, implica na redução do estresse localizado na interface adesiva 24,89, 90, 91. Alguns autores citam que a quantidade de contração vezes o módulo de elasticidade da resina corresponde ao estresse de contração gerado e, quanto maior for a conversão de monômero para polímero, maior será a contração. Sendo assim, a fase inicial de pré-gel, na qual a resina ainda possui uma capacidade de 21 acomodação, pode ser prolongada por meio de uma intensidade de luz inicial mais baixa e posteriormente aumentada, na tentativa de minimizar essa tensão de contração (fotoativação modulada) 78, 92, 93, 94 . Porém, outro não encontrou diferenças estatísticas entre a técnica convencional (potência contínua) e a modulada95. Deste modo, observa-se que o fenômeno da contração pode ser reduzido por outros fatores, como técnica de inserção, fator C, composição química da resina e qualidade adesiva, caracterizando-se um fenômeno complexo, no qual a sub-polimerização é o único fator amplamente contra-indicado na literatura 2, 78, 92, 93, 96 . Métodos de avaliação de SPO Alguns estudos clínicos avaliaram a dor utilizando a escala visual e analógica (EVA) como meio de avaliação ordinal de dor 13, 30, 72 . Outros, apenas identificaram, por meio do relato do paciente, a presença ou não da sensação dolorosa, antes e depois do procedimento restaurador 30, 26, 33, 72, 97, 98, 99. A dor, de acordo com a sociedade internacional de dor (IASP), é uma experiência emocional e sensorial desagradável, que muitas vezes está associada à lesões ou disfunções teciduais, sendo classificada de diversas maneiras em agudas, crônicas, recorrentes, nociceptivas e neuropáticas 100 . Sendo assim, a mensuração dolorosa é considerada relativa, pela subjetividade das respostas do indivíduo, e muitas vezes são conceituadas ao invés de definidas. Porém, o que 22 torna o método mais confiável é a sua reprodutibilidade 101, 102 , além da associação de escalas de medição 101. A EVA é um traçado numérico crescente que inicia com número zero e vai até dez, definindo as categorias de intensidade de dor. A Escala Visual Analógica Modificada (EVAM), associa a EVA com a Escala de Dor de Wong Baker, na qual se observa 6 faces que variam gradativamente o humor, iniciando com fisionomia alegre (face alegre) à fisionomia triste (face de choro), onde o paciente realiza sua descrição verbal 100 . Além disso, a comparação de respostas de uma situação normal com outra considerada alterada fisiologicamente, frente a um determinado estímulo, é considerado um diferencial que favorece a confiabilidade do método, uma vez que promove uma adaptação apropriada às sensações do paciente100. Ver figura 1. FIGURA 1. Escala visual e analógica, faces de Wong Baker (frente), e escala numérica (verso). 23 METODOLOGIA MATERIAIS Neste estudo, foram utilizados os materiais abaixo relacionados. MARCA COMERCIAL COMPOSIÇÃO (Segundo fabricante) FABRICANTE CLASSIFICAÇÃO (Quanto ao nº de passos) Adper Scotchbond Primer: Ácido Polialcenóico, 2- Hidroxietilmetacrilato (HEMA) Multi-Uso ® (Lote:7BP) 3M ESPE Dental Products St. Paul, MN.USA Convencional de 3 passos Adesivo: Bis-GMA/HEMA(Lote:7PY) Ácido: ácido fosfórico à 35%, espesante. (Lote: 7JW) Adper SE Plus® Liq A:Lote- 7AK Liq B:Lote- 7JQ Líquido A: água, 2-Hidroxietil metacrilato (HEMA), corante rosa bengal. 3M ESPE Dental Products St. Paul, MN. USA. Líquido B: Zircônia, trietileno glicoldimetacrilato (TEGDMA), Dihema fosfato Trihemafosfato, éster do ácido fosfórico, trimetilol propano trimetacrilato, etildimetilamino benzoato, canforoquinona. All Bond SE® Lote: 0700010531 Parte I: Etanol, benzeno sulfinato de sódio. Parte II: Hidroxietilmetacrilato, Bis (gliceril 1,3dimetilacrilato) fosfato, Bisfenil dimetacrilato. BISCO, Inc. Schaumburg, IL.USA. Autocondicionante de 2 passos Autocondicionante de 1 passo. Liner: Bis-GMA, Uretano dimetacrilato, hidroxietil dimetacrilato, partículas de vidro. Filtek Z 350® Cerâmica tratada com silano, bisfenol A dimetacrilato, diglicidil éter, dimetacrilato de 2,2'etilenodioxidietilo. 3M ESPE Dental Products St. Paul, MN. Lote: 7HE FIGURA 2. Marca comercial, fabricante, composição e classificação dos materiais utilizados no estudo. 24 MÉTODO Seleção da amostra Foram selecionados pacientes adultos, por meio de triagem dentro da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal da Pará, incluindo funcionários e alunos, na faixa etária entre 18 e 50 anos, de ambos os sexos. O projeto foi apreciado e aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa em Seres Humanos da Universidade Federal do Pará, sob o nº170/08 (Apêndice A), para somente depois, iniciarem as etapas clínicas. Durante a triagem, todos os pacientes foram informados sobre a natureza do estudo, procedimentos envolvidos, desconfortos, riscos, benefícios e a forma de acompanhamento do tratamento. Os pacientes não foram expostos a nenhum tratamento desnecessário ou que pudessem colocar em risco a saúde e a integridade dos mesmos, uma vez que todos os sistemas utilizados são de uso rotineiro em clínica odontológica. 25 Inicialmente cada paciente foi submetido à anamnese e exame clínico com auxílio de espelho bucal e sonda exploradora, e depois, foram analisados em relação aos critérios gerais de inclusão e de exclusão, descritos nas figuras a seguir. CRITÉRIOS DE INCLUSÃO Idade entre 18 e 50 anos; Saúde geral considerada dentro da normalidade; Boas condições de higiene oral; Boas condições periodontais; No mínimo, um dente posterior que necessitasse de troca de restauração, ou preparos que resultassem em cavidades profundas de classe I e classe II. Que o dente selecionado tivesse oclusão com o dente antagonista; Leitura, e no caso de concordância, assinatura do termo de esclarecimento livre e consentido. FIGURA 3. Critérios gerais de inclusão para seleção dos voluntários do estudo 26 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO Presença de patologias dentais que causassem dor espontânea, tais como pulpites; Pacientes sob tratamento ortodôntico; Presença de hábitos parafuncionais, tais como bruxismo; Patologias sistêmicas que contra indicassem o uso do isolamento absoluto, como alergias; Pacientes impossibilitados de realizar os controles periódicos. FIGURA 4. Critérios gerais de exclusão para seleção dos voluntários do estudo Os critérios específicos para a inclusão do dente no estudo foram: 1. Oclusão normal com o antagonista; 2. Ocorrência de cavidade profunda (0,5 a 1 mm de proximidade com a câmara pulpar, de acordo com RX inicial); 3. Extensão vestíbulo-lingual maior que ½ da distância entre as cúspides. 27 FIGURA 5. Elemento dental que reuniu os critérios acima mencionados (A) e RX inicial (B) Os pacientes que estavam dentro dos critérios estabelecidos, leram e concordando com as condições do estudo, assinaram o termo de consentimento para o início do tratamento. (Apêndice D) No início do estudo, os pacientes selecionados receberam instruções de como manipular a escala analógica de dor, método de avaliação utilizado neste estudo. Após esta fase, foram realizadas radiografias dos dentes selecionados, por meio das técnicas periapical e interproximal, por meio de filmes radiográficos intrabucais (Kodak Dental intraoral E-Speed Film, Vancouver, Canadá) e com uso de posicionadores (Cone Indicador®, Maquira, Maringá, PR, Brasil), a fim de padronizar as imagens obtidas. Foram realizados testes pré-operatórios de sensibilidade (baseline –T0) ao estímulo térmico (frio), tanto nos dentes que fizeram parte do estudo, como em dentes adjacentes, antes de se realizar qualquer procedimento. Assim, o paciente tinha uma referência de como era o seu padrão de resposta. 28 O dente que apresentasse sintomatologia alterada era desconsiderado. Além disso, foram realizadas fotografias do dente a ser restaurado, sendo uma inicial, outra após a conclusão do preparo cavitário, e uma final com o dente restaurado. Após o término da seleção da amostra, foram retirados 08 pacientes para realizar o teste piloto, com o objetivo de definir todo o protocolo de atendimento, bem como auxiliar na observação de adversidades que porventura ocorressem. Em que, baseado na literatura103, foi considerado o número de 20 dentes por sistema adesivo a ser avaliado, sendo então iniciada a realização das restaurações nos pacientes. Seleção de pacientes 168 Pacientes avaliados 80 dentes Clinica odontológica da UFPA Critérios de inclusão 80 dentes Teste piloto 8 dentes BASELINE Submetidos ao teste de sensibilidade 72 dentes Selecionados para o estudo 1 dente BASELINE Exposição pulpar 11 dentes Os pacientes não se interessaram em ser atendidos ou faltaram 60 dentes Amostra composta por 3 grupos/20. FIGURA 6. Organograma de seleção dos pacientes que participaram do estudo 29 P reparos cavitários Previamente à execução dos preparos cavitários com ponta de alta rotação (Dabi Atlante®, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil), todos os pacientes foram submetidos a uma profilaxia com pedra pomes e água, utilizando-se uma escova de Robinson (KG Sorensen®, Barueri, São Paulo, Brasil), com o intuito de remover qualquer resíduo e biofilme bacteriano. Após a anestesia e o isolamento absoluto do campo operatório pela técnica do dique de borracha, observou-se a correta invaginação do lençol para dentro do sulco gengival. Os preparos cavitários foram realizados em alta rotação, com ponta diamantada esférica compatível ao tamanho da cavidade (KG Sorensen® ) além de brocas esféricas nº6 e nº8 (KG Sorensen®), em baixa rotação, restringindo-se à remoção de tecido cariado, cada ponta foi substituída a cada três preparos. Em seguida, foi empregado o recortador de margem gengival nº 28 e nº 29 (Duflex®,SS White, Rio de Janeiro, RJ, Brasil), com a finalidade de eliminar todo o esmalte fragilizado das paredes circundantes do preparo. Os ângulos internos foram arredondados, e o ângulo cavo-superficial mantido reto e sem bisel. FIGURA 7. Aspecto final do preparo cavitário. 30 Divisão dos grupos e procedimentos restauradores Grupo I – Sistema adesivo convencional de três passos (Scotch Bond Multi UsoSBMU) Após a finalização do preparo cavitário, esse recebeu desinfecção com solução de Digluconato de Clorexidina a 2% (Cav clean®– Dentisply, Milford. OH, USA) aplicada com bolinhas de algodão estéril por 30 segundos; em seguida, foi realizada uma lavagem com “spray” água-ar, por 15 segundos. O excesso de água era removido com jato de ar, procedimento realizado em todos os grupos do estudo. Feita a assepsia da cavidade, todas as paredes foram condicionadas com ácido fosfórico a 35% (Adper Scotchbond® ácido fosfórico a 35%, 3M ESPE, St. Paul, MN, USA) por 15 segundos, lavadas também por 15 segundos, e “secas” com discos de papel absorvente autoclavado (União®- Sara Lee Cafés do Brasil Ltda., Jundiaí, São Paulo, Brasil). O excesso de umidade era removido, sem, contudo, ressecar a dentina. Na sequência, procedeu-se a aplicação do primer (Adper Scotchbond primer® 3M ESPE), com pincel aplicador (Cavibrush®- TDV Dental Ltda., Pomerode, Santa Catarina, Brasil), sendo utilizado um jato de ar, à distância de aproximadamente 20 cm, por 5 segundos para evaporação do solvente, seguido da aplicação do adesivo (Adper Scotchbond adesivo®, 3M 31 ESPE) com outro pincel aplicador (Cavibrush® \TDV), o qual era fotopolimerizado por 10 segundos. Na etapa restauradora propriamente dita, após os devidos ajustes da banda matriz de aço inox (Injecta®, Injecta Produtos Odontológicos, Diadema, São Paulo, Brasil), ou da matriz metálica seccional (Unimatrix®, TDV Dental Ltda., Pomerode, Santa Catarina, Brasil), a resina composta Filtek Z350® (3M ESPE, St. Paul, MN, USA) foi transferida para a cavidade em incrementos oblíquos, de no máximo 2 mm de espessura, com a espátula 8A™ e Multiuse™ (Cosmedent,Inc. Chicago, IL, USA) os quais eram fotopolimerizados individualmente por 20 segundos. Toda atenção foi tomada durante a inserção do material para evitar, sobretudo, excesso além do ângulo cavo-superficial oclusal, que caso ocorresse, era removido com o auxílio de uma lâmina de bisturi nº11(Becton & Dickinson ®, São Paulo, Brasil). Em seguida, foram verificados os pontos de contatos oclusais e, quando detectados contatos excessivos ou prematuros, todos eram eliminados com brocas 3118 F \FF (KG Sorensen®), girando em baixa velocidade. O aparelho fotopolimerizador empregado neste estudo foi o Flash Lite 1410 (DISCUS DENTAL®, Culver City, USA), o qual apresenta um LED de alta potência, bem como um radiômetro acoplado à base do aparelho. Este aparelho foi monitorado uma vez por semana, por meio de um radiômetro (Demetron 100™, USA) específico, e deveria apresentar no mínimo 800mW/cm2 de densidade de potência. 32 As etapas de acabamento e de polimento foram efetuadas depois de decorridas 48 horas, com pontas diamantadas 3118 FF e 2200 F/FF (KG Sorensen®), pontas de borracha impregnadas por abrasivos em ordem decrescente de granulação (Polimix®, TDV Dental Ltda., Pomerode, Santa Catarina, Brasil), período em que foi realizado o segundo teste de sensibilidade pós-operatória, antes do acabamento e polimento. Conveniente mencionar que o paciente que possuísse mais de um dente para ser restaurado recebia uma restauração por vez, com intervalo 7 dias. A restauração foi considerada concluída quando o operador deslizava a sonda exploradora na interface dente/restauração e não verificava nenhum degrau ou rugosidade nessa área. (Figura 8) FIGURA 8. Aspecto da restauração concluída. Grupo II- Sistema autocondicionante de dois passos (Adper SE Plus- ADSE) Neste grupo, após o término das cavidades, estas receberam desinfecção idêntica ao grupo anterior, bem como o preparo e a secagem do mesmo. Em seguida, foi utilizado o sistema adesivo cujo protocolo foi realizado de acordo com as recomendações do fabricante: inicialmente o líquido A (cor-de-rosa) foi 33 transferido para a superfície dental com um aplicador do próprio sistema, e com outro o líquido B (amarelo), friccionando-os por 20 segundos, até que exibisse um aspecto transparente. Após essa etapa, realizava-se secagem com jatos de ar por 10 segundos, aplicava-se novamente o líquido B, de modo suave sem friccionar e procedeu-se a polimerização por 10 segundos (figura 9). Os procedimentos restauradores, de acabamento e polimento foram realizados conforme descrito para o grupo I. FIGURA 9. Apresentação e modo de aplicação do sistema Adper SE®. Grupo III- Sistema autocondicionante de um passo (All Bond SE- ABSE) Neste grupo, foi realizada a desinfecção de modo igual aos dois grupos anteriores, assim com as etapas de preparo e secagem do mesmo. Neste sistema, seguindo as instruções do fabricante, foi necessário misturar a parte I com a parte 34 II, até que a mistura apresentasse uma coloração cor-de-rosa, antes de levar à cavidade. Esta aplicação foi feita de forma ativa sobre a superfície dental com aplicador que pertence ao sistema, por 10 segundos, até que uma superfície brilhante fosse observada. Depois, de forma suave, aplicou-se um jato de ar à aproximadamente de 20 cm de distância, até que não houvesse movimento visível do material, sendo então realizada a fotopolimerização por 10 segundos. Na sequência, aplicou-se uma camada uniforme de aproximadamente 2 mm de Liner®, fotopolimerizando-a por 10 segundos. A inserção da resina composta Filtek Z350®, as etapas de acabamento e polimento foram executadas de modo análogo aos grupos I e II. FIGURA 10. Apresentação do sistema All Bond SE® Avaliação da sensibilidade pós-operatória (SPO) Relato do paciente O paciente foi instruído a retornar 2 dias após a conclusão do procedimento restaurador, momento em que foram anotadas quaisquer alterações da normalidade (T2), bem como após 7 dias da realização da restauração, para 35 novamente ser avaliado (T7). Após 180 dias, foi realizada uma avaliação intermediária (T180) e outra avaliação após 360 dias (T360). O paciente foi orientado a relatar o que sentiu no período, e este relato foi classificado em escores de zero (0) a três (3), em cada tempo das avaliações, de acordo com os seguintes critérios: Zero (0) - Nenhum tipo de desconforto foi notado pelo paciente durante o período de avaliação. O paciente não alterou sua rotina de mastigação e de ingestão de alimentos. Um (1) - Desconforto discreto durante o período de mastigação e de ingestão de alimentos. O paciente percebeu uma leve alteração na sensibilidade, porém não alterou sua rotina de mastigação e ingestão de alimentos. Dois (2) - O paciente referiu desconforto acentuado e dor durante a mastigação e/ou ingestão de alimentos, alterando assim sua rotina de mastigação naquele local. Três (3) - Foram classificadas em grau 3, aquelas restaurações que apresentassem elevado grau de desconforto, e houvesse a necessidade de substituição imediata, de acordo com Chermont (2010)35. Testes clínicos Nos mesmos períodos, foi realizada uma avaliação da sensibilidade pósoperatória com a aplicação de estímulo (frio) da seguinte forma: 36 Frio - para o teste de sensibilidade ao frio, foi utilizado um “spray” a base de propano/butano (Endo-Frost®, Roeko, Langenau, Germany), aplicado na ponta de algodão de uma haste flexível (Bastonetes YORK®, YORK S/A Indústria e comércio, São Paulo, Brasil), o qual foi posicionado com leve pressão, por até 5 segundos, na superfície oclusal do dente restaurado. Imediatamente, o paciente registrava em uma escala de zero a dez (Escala Visual Analógica- EVA) a intensidade de percepção do desconforto. De acordo com essa escala, o número zero (0), corresponde a ausência de dor e o dez (10) corresponde a máxima dor possível, sendo os graus intermediários também anotados. Zero---------2----------4------------6-------------8-----------10 Zero ------- 1 (Sem dor) 2 ----------- 3 (Leve dor) 4 ----------- 5 (Dor moderada) 6 ----------- 7 (Dor incômoda) 8 ----------- 9 (Dor intensa) 10 ------------(Máxima dor possível). O panorama geral dos pacientes, dos dentes e a situação inicial que o elemento dental apresentava, é descrito a seguir. Sistema Adesivo Dente* Situação inicial** Sexo*** SBMU PM (06) M (14) R(19) C(01) Masc.(10) Fem. (10) AD SE PM (03) M (17) R(15) C(05) Masc.(05) Fem. (15) AB SE PM (04) M (16) R(15) C(05) Masc.(10) Fem. (10) *Grupo de dentes envolvidos no estudo; **Estado inicial do dente; R (restaurado), C (Cariado); 37 ***Distribuição dos sujeitos envolvidos no estudo por sexo. FIGURA 11. Apresentação de outros fatores observados no estudo. Todos os dados foram tabulados numa ficha clínica que auxiliou a sistematização das análises. Nessa ficha (Apêndice E), constam os critérios de avaliação da sensibilidade (relatos do paciente e teste clínico), o nome do paciente e um quadro para cada dente e período de observação. Ao final de todas as avaliações, os dados foram digitados e ordenados com o auxílio do programa Excel® (Office 2007, Microsoft Corporation, Redmond, Washington, USA) e analisados estatisticamente por meio do programa BIOESTAT 5.0®. O teste de Kruskall Wallis comparou os diferentes tratamentos em cada tempo, enquanto que o teste de Friedman analisou cada sistema ao longo dos tempos, com nível de significância de 5% (p<0,05). 38 RESULTADOS Testes clínicos A figura 12 mostra o número de dentes e as respectivas intensidades reais de desconforto, de acordo com a EVAM (0 a 10) após a realização dos testes de frio para os adesivos e os períodos avaliados. Sistema T0 T2 T7 T180 T360 Escore* Escore* Escore* Escore* Adesivo Escore* (número de (número de (número de (número (número dentes) dentes) dentes) dentes) dentes) SBMU 6 (01) 0 (19) 4 (01) 0 (19) 2 (02) 0 (18) 2 (03) 0 (17) 2 (06) 0 (14) AD SE 4 (02) 6 (01) 0 (17) 2 (03) 4 (01) 0 (16) 2 (04) 4 (02) 0 (14) 2 (02) 6 (01) 0 (17) 2 (02) 4 (01) 6 (01) 0 (16) 2 (04) 0 (16) 2 (01) 2 (02) 0 (20) 2 (03) 4 (01) 0 (18) 4 (01) 0 (18) 0 (16) * De acordo com a Escala Visual Analógica Modificada (0 – 10). AB SE de FIGURA 12. Valores de SPO de acordo com os testes de frio nos diferentes tempos. Foi utilizado para comparar a SPO ao frio entre os diferentes tratamentos, o teste Kruskall Wallis, pois os grupos possuem a mesma quantidade de amostras, as quais são aleatórias, independentes, ordinais, em de 39 relação ao fator de variação que foi o sistema adesivo, além dos dados não apresentarem distribuição normal. De acordo com o teste de Kruskall Wallis, todos foram estatisticamente semelhantes. Tempo Sistema adesivo Valor (p) ABSE ADSE SBMU T0 27,50 27,50 30,47 0,51 T2 29,90 32,98 28,63 0,29 T7 26,50 35,60 29,40 0,017 T180 31,53 30,13 29,85 0,88 T360 29,30 30,00 32,20 0,75 TABELA 1- Média dos valores comparando os sistemas adesivos FONTE: dados estatísticos do presente trabalho, p< 0,05 (Teste de Kruskall-Wallis). A figura 13, por sua vez, ilustra os resultados correspondentes às médias Media dos postos dos postos observados após o teste ao frio, usando a EVAM. 40 35 30 25 20 15 10 5 0 a ab b 0 2 7 180 360 Tempo (dias) AB SE AD SE SBMU FIGURA 13. Gráfico com os postos dos valores de SPO para o teste ao frio comparando os três sistemas adesivos (AB SE, ADSE e SBMU). 40 Quando foi observado o período de sete dias (T7), evidenciou-se a diferença significante entre eles (p=0,017). Desta forma, houve necessidade de ser realizado o teste de Dunn para determinar onde existiam tais diferenças entre as médias observadas (Tabela 1). A diferença numérica no teste de Dunn foi de 9,1 para as médias dos postos, entre os sistemas adesivos Adper SE e All Bond SE; assim, pode-se admitir que para o período T7, as restaurações feitas com o sistema Adper SE Plus apresentaram significantemente mais SPO. Avaliando os tempos isoladamente, para cada sistema adesivo, a tabela 2 foi elaborada, a qual descreve o posto médio para os sistemas adesivos, nos diferentes tempos. Tempo SBMU AD SE AB SE T0 46,80 48,83 49,70 T2 46,75 50,03 49,40 T7 48,90 55,00 44,50 T180 51,35 47,98 54,65 T365 58,70 50,68 54,36 Valor de p 0,14 0,83 0,22 TABELA 2- Média dos valores dos sistemas adesivos ao longo dos períodos FONTE: dados estatísticos do presente trabalho, p< 0,05 (Teste de Friedman). 41 A SPO ao frio foi avaliada em relação aos períodos para cada adesivo separadamente, como estão ilustrados na figura 14. Tratando-se de uma amostra dependente, o teste mais apropriado a ser aplicado a esses resultados é o de Friedman. 70 Média dos postos 60 50 40 30 20 10 0 T0 T2 T7 Tempo AB SE AD SE T180 T360 SBMU FIGURA 14. Gráfico com os postos dos valores de SPO para o teste ao frio considerando cada sistema adesivo ao longo do tempo. FONTE: Fichas de avaliação dos pacientes envolvidos neste trabalho. Quando o fator de variação foi o tempo e os sistemas adesivos foram avaliados separadamente, todos foram estatisticamente semelhantes de acordo com o teste de Friedman. Relato do paciente Para o relato do paciente, foram observados resultados com escores zero (0) na maioria dos períodos avaliados; mesmo assim, houve a necessidade de teste estatístico para não suscitar dúvidas quanto a este quesito. 42 Para esta avaliação, foi aplicado o teste de Friedman para cada sistema adesivo (SBMU, ADSE, ABSE) ao longo dos tempos (T0, T2, T7, T180, T360), porém não houve diferença estatística. Os valores de p para SBMU=0, 998; ADSE=0, 997; ABSE=0, 982. Sistema T0 T2 T7 T180 T360 Escore*(núme Escore*(núme Escore*(núme Escore*(núme Escore*(núme ro de dentes) ro de dentes) ro de dentes) ro de dentes) ro de dentes) Adesivo SBMU 0 (20) 0 (20) 0 (20) 0 (20) 1 (01) 0 (19) AD SE 0 (20) 0 (20) 1 (02) 0 (18) 0 (20) 1 (01) 0 (19) AB SE 1 (01) 0 (19) 0 (20) 0 (20) 1 (02) 0 (18) 0 (20) * (0 – 3) escore de acordo com os parâmetros determinados. FIGURA 15. Valores reais, considerando o relato do paciente. Foi realizado o cálculo das médias e do desvio padrão dos escores de SPO, para os sistemas adesivos, nos testes de frio, ao longo dos períodos avaliados (Apêndice F). 43 DISCUSSÃO Metodologia Em odontologia moderna, o uso de resinas compostas aplicadas por meio de técnicas adesivas se tornou muito comum104. Um dos aspectos ainda discutidos em relação a essas restaurações é a SPO, fenômeno constantemente relatado no meio clínico, mesmo que aconteça por curto período de tempo 13, 26, 105. Considerando a teoria hidrodinâmica postulada por Brännstrom 40,41, que atribui esta sensibilidade ao aumento da movimentação do fluido dentro dos túbulos dentinários 25 , qualquer evento que possibilite o aumento da permeabilidade dentinária, e provoque esta movimentação, como o condicionamento com ácido fosfórico, pode elevar a sensibilidade 21,70 ; por outro lado, algo que possa diminuir a permeabilidade dentinária ocasionaria diminuição na sensibilidade70. Assim, a utilização de sistemas autocondicionantes por não aumentar a permeabilidade dentinária, tem sido investigado com relação à SPO. No entanto, poucos estudos clínicos têm avaliado o inconveniente quando se emprega estes sistemas 4, 13, 21, 26,30 . Como a tecnologia adesiva tem progredido rapidamente, os sistemas autocondicionantes atuais tornaram-se 44 mais populares, especialmente por conta de sua facilidade de uso e redução de etapas no procedimento de aplicação 106. Neste trabalho foram realizadas restaurações em cavidades amplas e profundas, um cenário bastante adverso, uma vez que essas cavidades podem apresentar características específicas, como presença de substrato dentinário esclerosado; irregularidades nas paredes; enfraquecimento das cúspides; túbulos dentinários com diâmetro maior, aspecto este que aumenta a permeabilidade dentinária5, 107. De acordo com Briso et al 73, as restaurações MOD são mais propensas à falhas clínicas, em relação às oclusais, por exemplo, devido ao maior enfraquecimento dental e a sensibilidade técnica que demandam. O estresse residual causado pela contração de polimerização pode causar deflexão de cúspides, propagação de rachaduras no esmalte, infiltração marginal, fendas na interface e, como uma das consequências a SPO 108, 109. Akpata et al 30 e Chermont et al 35, em seus estudos, sugerem a avaliação da SPO em cavidades profundas com sistemas autocondicionantes, uma vez que em cavidades rasas, e em curto prazo, os autores não observaram aumento de SPO quando foram utilizados esses sistemas . A técnica restauradora do presente estudo foi feita por meio de inserção incremental, visto que esta técnica permite o maior relaxamento das tensões de contração durante a de polimerização 24, 85, 110. 45 A técnica de polimerização empregada foi a contínua, tendo em vista a formação de um polímero mais entrelaçado 111 , quando comparado ao formado por meio das técnicas moduladas. Além do mais, a fotoativação modulada, com redução da potência nos segundos iniciais, pode também afetar o grau final de conversão do polímero formado112. Sensibilidade pós-operatória Existem diferentes formas de avaliar a SPO. Algumas se baseiam em respostas do tipo sim ou não. Alguns trabalhos empregam estímulos, que sob a ótica dos pesquisadores do presente estudo, são imprecisos, como jato de ar ou seringas com água gelada 13,26 , pois podem atingir mais de um dente simultaneamente. Neste estudo, optou-se por aplicar estímulos diretamente sobre o dente a ser avaliado, por meio de hastes flexíveis umedecidas com Propano/Butano (Endo Frost), e a avaliação propriamente dita da SPO foi realizada por meio da EVAM como descrito no método, mais elaborada que simplesmente considerar a presença ou ausência do desconforto. O emprego de uma Escala Visual Analógica Modificada (EVAM), que apresenta de um lado uma escala numérica (0-10), e do outro, desenhos de uma face com a expressão de ausência de desconforto, até a fisionomia que expressa uma condição de extrema dor, denominadas de faces de Wong 46 Baker 100, 101 , o que assegura melhor entendimento por parte do sujeito do estudo, tornando seu relato mais autêntico. Um dos cuidados que foram tomados neste estudo foi o de informar ao paciente, por meio de aplicação de teste frio em dente adjacente não envolvido na pesquisa, qual era seu limiar de tolerância frente ao estímulo a ser aplicado, para que esse soubesse de sua resposta normal. Após, era aplicado o teste nos dentes que foram restaurados, e instruído ao paciente registrar na EVAM a sensação percebida, além do seu padrão normal de resposta a esse estímulo. Assim, procurou-se eliminar as diferenças de padrão de resposta entre os pacientes, como realizado por Chermont (2010)35. Como forma de análise complementar e confirmatória, uma outra análise foi executada. Foi a partir dos relatos dos pacientes como descrito no capítulo de Metodologia, onde foram considerados para essa avaliação 4 níveis de resposta, de acordo com a rotina de mastigação do paciente. Sistemas adesivos e resultados Como forma de facilitar o entendimento da discussão, faremos, a seguir, a relação dos resultados com o tipo de sistema adesivo escolhido. Foram utilizados três sistemas adesivos, cujos protocolos e composição estão explicados no capítulo de Método. O sistema convencional de três passos SBMU emprega o condicionamento ácido prévio, o que aumenta a 47 permeabilidade dentinária. O “primer”, cujo solvente é água, etanol e Hema, possui características hidrofílicas em função das propriedades dentinárias. O adesivo formado por metacrilatos, com a função de produzir uma camada hidrofóbica de maior resistência mecânica e menos permeável 8 ,47, 50. Seria interessante, neste momento, mencionar um evento que se instala durante a aplicação de um sistema adesivo convencional, o qual leva a um extravasamento do fluído dentinário, pois torna o meio mais hipertônico 5,8 . Este aspecto poderia levar ao acúmulo de umidade na região, onde monômeros hidrofílicos estão presentes, monômeros estes permeáveis e dentro da composição do “primer”. Assim, a aplicação de uma camada hidrofóbica e menos permeável formada pelo adesivo, poderia, em tese, atuar preventivamente evitando o aumento da SPO. Outra razão da escolha desse sistema foi por ser considerado como “padrão ouro” em avaliações laboratoriais e clínicas17. No presente estudo, não foi observado aumento significante de sensibilidade ao frio para o tratamento com sistema convencional, para todos os períodos de avaliação, o que está de acordo com o trabalho de Swift Jr et al33, que consideraram SPO ao frio avaliada pelo período de três anos, utilizando sistemas adesivos convencionais. Nos estudos de Perdigão et al.200313 e Turkün.200318, ficou também demonstrado comportamento semelhante quando foram empregados sistemas convencionais e avaliada SPO. 48 Por outro lado, nos trabalhos de Unemori et al.200121 e Unemori et al.200471, foi encontrado aumento de SPO. No trabalho específico de Briso et al.200773, sete dias após a realização das restaurações, a sensibilidade permaneceu por um período de até noventa dias, necessitando, algumas, de substituição . A única razão que pode-se aventar estaria relacionada ao operador. No presente estudo, as cavidades e as restaurações foram feitas por um único operador com treinamento específico, enquanto que nos trabalhos de Türkün. 200318, Unemori et al.200471, a amostragem foi composta por cavidades restauradas por clínicos ou alunos do curso de graduação. De acordo com Giachetti et al.200819 , o nível de treinamento pode influenciar na qualidade final da restauração. Além disto, na clínica diária e na de graduação envolvendo inúmeros procedimentos, convém admitir a influência, por exemplo, dos instrumentos operatórios empregados, do isolamento do campo operatório, da técnica restauradora, e até dos aparelhos fotopolimerizadores, os quais podem apresentar densidades de potência diferentes. Os sistemas autocondicionantes, por serem mais simples em relação a forma de aplicação clínica, podem apresentar menos chances de erro. Não pressupõem a etapa de condicionamento, entretanto, criam vias de difusão em virtude de sua acidez incorporando a “smear layer” à interface adesiva. São misturas aquosas de monômeros ácidos funcionais, em que a água é um 49 componente muito importante como agente ionizante destes monômeros, o qual é responsável por desencadear a reação ácida 50, 113 ; contudo, o excesso de água pode comprometer a força de união do sistema adesivo devido ao seu acúmulo formando bolhas “Overwet phenomenon” como descrito por Tay et al.2002 60 . De acordo com Carvalho et al.20048, outro aspecto a ser considerado é que o dente possui estruturas mineralizadas. Estas são capazes de tamponar os elementos ácidos do material e assim neutralizar sua ação, após alguns segundos à aplicação. Um dos sistemas autocondicionantes empregados foi o AD SE classificado como de dois passos, cujo monômero é o TMPTMA (Trimetilol propano trimetacrilato), considerado um autocondicionante forte47, 105 . A primeira solução composta por água/Hema não possui a capacidade de condicionamento, a reação somente se inicia quando a solução dois, com o monômero ácido é aplicada e misturada na cavidade105, 114. Posteriormente outra camada da solução dois é aplicada. Alguns estudos 64, 65 consideram que uma dupla camada de adesivo melhora o desempenho deste material na dentina. Na avaliação de sete dias, ocorreu diferença significativa na SPO para esse sistema, em relação ao outro autocondicionante. Aspecto semelhante foi observado por Briso et al.200773, que no mesmo período (sete dias) observou sensibilidade ao frio nas cavidades de classe I e classe II. Importante mencionar que a SPO observada após sete dias em ambos os 50 trabalhos diminuíram com o passar do tempo. Parece difícil encontrar uma justificativa para este fato, visto que, apesar de ser detectada sensibilidade, esta é irrelevante, pois ao longo dos períodos avaliados não foi observado aumento deste inconveniente. O outro sistema autocondicionante utilizado foi o AB SE, classificado como de um passo, cujo monômero é o BPDM (Bisfenil dimetacrilato), é considerado um autocondicionante moderado49, 105 . Este sistema difere do anterior uma vez que sua mistura é realizada antes de ser aplicado na cavidade. Este sistema apresenta também uma resina de baixa viscosidade, com características hidrofóbicas denominada de Liner® pelo fabricante. Como visto, foram utilizados dois sistemas autocondicionantes com diferentes graus de acidez 53 . Esta escolha deve-se justamente para tentar identificar se o pH poderia ser um aspecto relevante no surgimento de SPO. Trabalhos indicam 6,47 que os autocondicionantes com maior acidez tendem a formar camadas híbridas mais finas em relação aos convencionais, porém com alta força de união. No entanto, essas diferenças químicas não influenciaram no surgimento de diferentes graus de SPO. Outra razão pela escolha do sistema ABSE foi pela presença do Liner®, o qual poderia prevenir o aparecimento de SPO115, baseado na mesma explicação feita aos sistemas convencionais. Este aspecto não pode ser evidenciado, uma vez que, do ponto de vista estatístico não houve diferença significante entre os dois sistemas autocondicionantes empregados. 51 Situações que possam favorecer a deflexão de cúspide, como a rotina mastigatória em cavidades com grande volume de resina, pode resultar no aumento de SPO 29, 86; entretanto, esta situação adversa não foi determinante para os resultados deste estudo. Um dos aspectos fundamentais para o bom comportamento clínico de restaurações, especialmente as adesivas, é a correta observação do protocolo clínico. Neste estudo, procurou-se seguir a risca todos os passos operatórios, evitando alguns traumas e discrepâncias ou falhas clínicas. Assim, realizouse substituição de brocas a cada três preparos, o uso do isolamento absoluto, a técnica de aplicação de acordo com as instruções sugeridas pelos fabricantes, condições essas determinantes para os resultados apresentados nesta pesquisa, o que concorda com Sobral et al.2005 116 , que consideram o sucesso de uma restauração e a incidência de SPO próxima de zero quando a técnica correta é realizada, toda a preparação da cavidade é criteriosa, e as normas de procedimento da restauração são cuidadosamente seguidos . Neste estudo, todos os sistemas foram considerados estatisticamente semelhantes entre eles com relação à SPO, bem como quando avaliados separadamente ao longo do tempo, quando não foi observado o aumento de SPO. O que concorda com outros estudos comportamento semelhante entre 4, 13, 18, 20, 33 sistemas que mostram convencionais autocondicionantes em relação à SPO, ao longo dos períodos avaliados. e 52 Apesar das dificuldades de se realizar uma pesquisa clínica, esta é a única forma de avaliar a sensibilidade pós-operatória, e poder dispor de um diagnóstico correto com o intuito de minimizar este desconforto. Finalizando, essa queixa tem sido muito relatada por clínicos de diferentes graus de especialização, e em alguns trabalhos de pesquisa ela foi evidenciada, porém neste trabalho especificamente, não foi comprovada. De modo geral, a SPO provavelmente está relacionada a procedimentos operatórios inadequados, diagnóstico impreciso, indicação incorreta do material, negligência ao protocolo de uso, e não somente atribuída às características do sistema adesivo. 53 CONCLUSÃO Considerando a metodologia empregada neste estudo, e de acordo com os resultados, é possível concluir que não há influência dos sistemas adesivos utilizados em relação à sensibilidade pós-operatória, ao longo do tempo em cavidades profundas. 54 REFERÊNCIAS 1 1.Manhart J, Chen H I, Hamm G, Hickel R. Clinical survival of direct and indirect restorations in posterior teeth of the permanent dentition. Oper Dent. 2004; 29 (5): 481-508. 2.Auschill T M, Koch C A, Wolkewitz M, Hellwig E, Arweiler N B. Occurrence and causing stimuli of postoperative sensitivity in composite restorations. Oper Dent. 2009; 34(1): 3-10. 3.Kurokawa H, Miyazaki M, Takamizawa T, Rikuta A, Tsubota K, Uekusa S. 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The effects of filling techniques and low-viscosity composite liner on bond strength to Class II cavities. J Dent . 2003; 31: 59-66. 116.Sobral MA, Garone-Netto N, Luz MA, Santos AP. Prevention of postoperative tooth sensitivity : As preliminary clinical trial. J Oral Rehabil. 2005; 32(9):661-668. 64 APÊNDICES APÊNDICE A- Carta provisória do comitê de Ética e Pesquisa com Seres Humanos 65 APÊNDICE B- Carta de aprovação do comitê de Ética e Pesquisa com Seres Humanos 66 APÊNDICE C- Ficha clínica para avaliação(Anamnese) dos pacientes 67 APÊNDICE D- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 68 Testes Espontâneos *Relatos do paciente (sem aplicação de estímulos) 0 (zero) – nenhum tipo de desconforto notado. O paciente não alterou sua rotina de mastigação e ingestão de alimentos. 1 (um) - desconforto discreto no período durante a mastigação e a ingestão de alimentos . O paciente percebeu uma leve alteração na sensibilidade, mas não alterou sua rotina de mastigação e ingestão de alimentos. 2 (dois) - desconforto acentuado (dor) durante a mastigação e a ingestão de alimentos. O paciente alterou sua rotina de mastigação naquele local. 3 (três) - Insuportável desconforto que condicionasse ao tratamento endodôntico ou substituição imediata da restauração **Com aplicação de estímulo (Frio ): Escala visual analógica modificada de 0 a 10. Baseline Sem estímulo* Frio** Dente: 2dias Sem estímulo* Frio** Sem estímulo* Frio** Sem estímulo* Frio** Dente: 7 dias Dente: 180dias Dente: 360dias Sem estímulo* Frio** Sem estímulo Frio Dente: Controle Dente Observações: APÊNDICE E- Ficha para avaliação do teste de sensibilidade. 69 Média de Sensibilidade Adesivo Tempo AB SE AD SE SBMU Total geral 0 0,3 ± 0,21 0,7±0,39 0,3±0,3 0,433±0,178 2 0,2 ± 0,13 0,5±0,24 0,2±0,2 0,3±o,114 7 0±0 0,8±0,30 0,2±0,13 0,333±0,118 180 0,5±0,24 0,5±0,32 0,3±0,16 0,433±0,143 360 0,4±0,18 0,7±0,36 0,6±0,21 0,566±0,151 Total geral 0,28±0,08 0,64±0,14 0,32±0,093 0,413±0,063 APÊNDICE F- Médias e desvio padrão dos valores dos escores de SPO.