44 anos acompanhando o educador
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44 anos acompanhando o educador
9912258812 44 ANOS ACOMPANHANDO O EDUCADOR www.fundacaoamae.com.br ANO 44 . Nº 378 ABRIL . 2011 EXPEDIENTE EDITORIAL Capa de Renata Pimenta Fotos: Nina Alexandrina e arquivo Konvyt Konvyt ABRIL . 2011 . Nº 378 Av. Bernardo Monteiro, 861 - Santa Efigênia - Belo Horizonte - CEP 30150-281 - MG - Brasil - Telefax: (31) 3224-5400 / 3224-6158 - www.fundacaoamae.com.br PRESIDENTE DA FUNDAÇÃO AMAE: Lêda Botelho Martins Casasanta CONSELHO CURADOR: Ajax Gonçalves Ribeiro (Presidente), Ana Lúcia Amaral (Secretária), Audineta Alves de Carvalho de Castro, Fernanda Fernandes Sobreira Corrêa, José Leão Marinho Falcão Filho, Margarida Magda Machado Michel, Maria Auxiliadora Campos Araújo Machado, Raymundo Nonato Fernandes, Rosa Emília de Araujo Mendes CONSELHO DIRETOR: Diretora-Presidente: Lêda Botelho Martins Casasanta Diretora-Vice-Presidente: Maria Antonieta Bianchi Diretora Administrativo-Financeira: Helena Lopes Diretora de Relações Institucionais: Rui Cesar Rezende Souza Diretora de Publicações e Eventos: Albertina Salazar CONSELHO FISCAL: Francisco Liberato Póvoa Filho, Maria Odília Figueiredo De Simoni, Elza Marie Petrucelli Carayon Suplentes do Conselho Fiscal: Arlete Duarte Silva, Hortência Gatti Queiroga, Janice Lúce Martins Fortini EQUIPE EXECUTIVA: Célia Sanches, Cristina Elizabeth de Vasconcelos Ministerio, Flávia Duarte Carvalho, Gilda Pazzini Lodi, Maria da Anunciação Duarte Carvalho, Vera Lúcia Pyramo Costa Pimenta [email protected] Diretora e jornalista responsável: Cristina Elizabeth de Vasconcelos Ministerio - Reg. prof. MG 06124/SJP - cristina@ fundacaoamae.com.br Editoras: Célia Sanches, Vera Lúcia Pyramo Costa Pimenta Estagiárias: Camila Corrêa e Bárbara Diniz Ilustração: Mirella Spineli (31) 3482-0081/9184-8954 Projeto gráfico: Renata Pimenta (31) 3267-6762/8489-3851 Impressão: Gráfica Del Rey (31) 3369-9400 Conselho Editorial: Ailton Luiz Costa Moreira, Isa Teresinha Rodrigues da Silva, Lenita Ferreira de Oliveira, Mairy Barbosa Loureiro dos Santos, Magda Becker Soares, Marília Barcellos Guimarães Atendimento ao assinante: Rejane Pereira Lopes Av. Bernardo Monteiro, 861 - Santa Efigênia - Belo Horizonte - MG - Brasil- CEP 30150 - 281 -Telefax (31) 3224-5400 / 3224-6158 - [email protected] Nosso jeito de ser – A revista AMAE Educando é uma publicação da Fundação AMAE para Educação e Cultura. Escrita por professores para professores, com uma abordagem ligada à realidade vivida em sala de aula, a revista diferencia-se das publicações acadêmicas pela linguagem clara e objetiva, voltada, principalmente, para educadores de Educação Infantil e Ensino Fundamental. Suas oito edições anuais (quatro em cada semestre) são comercializadas por assinaturas. Seja pelas ideias que defendem, seja pelas ações que empreendem, alguns homens ganham o direito de brilhar no glamouroso mundo da história. Nelson Mandela é um deles. As autoras do artigo de capa (p. 8) iniciaram o texto, com muita propriedade, usando uma citação do grande líder sul-africano. Ele tem toda razão, se as pessoas “podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar”. Esta foi a proposta do projeto interdisciplinar “Cultura afro-brasileira e africana”, valorizar as contribuições da cultura negra, estabelecer relações entre as culturas africana e brasileira e combater os preconceitos raciais para que os estudantes negros sejam devidamente acolhidos pela comunidade escolar. “De quebra”, elas cumprem exigências legais e curriculares expostas no Mural da teoria da página 9. Outras matérias também estão contaminadas pela ideia de ensinar a amar. “O civismo nos dias de hoje” (p.12) reflete sobre as atitudes cívicas, a necessidade de compreender o Hino e a Bandeira Nacional como frutos de um processo histórico, expressões de um país, “em que é possível criar, construir e amar”, diz o autor, jornalista Rogério Faria Tavares. A reportagem da página 27 aborda o voluntariado educativo, proposta que, alinhada a objetivos pedagógicos, ultrapassa os muros da escola e estimula os alunos a se comprometer com uma sociedade mais justa. A busca por uma avaliação mais justa no que diz respeito aos erros e acertos cometidos nos processos de ensino e aprendizagem motivou dois professores da Universidade Estadual da Paraíba a escreverem a matéria da página 18. Nela, os educadores desmitificam certos conceitos que colocam, nos alunos, toda a culpa pelo fracasso escolar. Enquanto isso, em Juiz de Fora (MG), o projeto “Consumo cidadão” (p.42) contribui para que os acertos sejam em maior número do que os erros, utilizando a linguagem como suporte na conquista da cidadania. Excepcionalmente, publicamos às páginas 16 e 17 algumas receitas que podem ser feitas nas cantinas escolares ou nas nossas residências. Elas estão contextualizadas em uma matéria que combate os desperdícios e incentiva hábitos alimentares saudáveis. Lições fáceis de aprender de amor à saúde e ao meio ambiente. AMAE educando - 378 . Abril . 2011 3 NESTA EDIÇÃO As autonomias que devem ser trabalhadas na escola 30 RELATO DE EXPERIÊNCIA 34 EDUCAÇÃO INFANTIL 38 CIÊNCIAS NATURAIS 42 LÍNGUA PORTUGUESA O voluntariado educativo e o reconhecimento das escolas solidárias BOLETIM Notas sobre educação e cultura Nina Alexandrina 8 12 OPINIÃO 14 ESPECIAL 17 LITERATURA 18 PENSANDO A ESCOLA TEMAS TRANSVERSAIS/ PLURALIDADE CULTURAL Trabalho interdisciplinar valoriza as contribuições dos afrodescendentes para a cultura brasileira Projeto faz dos alunos, pequenos multiplicadores, ao abordar importantes problemas do trânsito Uma proposta para o educar que leva em consideração uma das linguagens da criança - o brincar Um roteiro para que o estudo de campo seja realmente proveitoso Maria Aparecida Vianna Lodi 4 27 REPORTAGEM Arquivo Escola Gaivotas 5 6 EM FOCO O civismo nos dias de hoje - valor nem sempre presente nas atividades escolares Os benefícios para a saúde de uma cozinha que aproveita o que, quase sempre, vai para o lixo Poesia: Sábado-feira O que contribui para o sucesso do ensino/aprendizagem, a partir da análise de atitudes na sala de aula AMAE educando - 378 . Abril . 2011 Proposta de trabalho que permite a formação de alunos-cidadãos, a partir da linguagem ENCARTE Conte um conto Sá Dona Inês, a bisa Fabiana Bezerra Gomes Borges é pedagoga, especialista em Educação com Ênfase na Ação Pedagógica e professora do Ensino Fundamental do Colégio Efigênia Vidigal COC (Belo Horizonte – MG). A instituição escolar tem por princípio fundamental a formação integral do indivíduo. Essa formação envolve o desenvolvimento de suas capacidades e habilidades intelectuais e físicas. A escola tem procurado, através de estudos, discussões e da consequente implementação de práticas, oferecer à sociedade esse serviço. Entretanto, tem relegado a segundo plano e, em muitos casos, nem tem tratado, a dimensão emocional e moral como parte do indivíduo. Há uma clara dissociação entre os aspectos emocional e moral e o aspecto cognitivo. A primeira dimensão tem sido tratada como um campo pertencente à família ou um dever da sociedade, e não deixa de sê-lo. Com isso, o aluno é visto como uma mente ávida por conhecimento e apenas isso. Suas emoções, seus pensamentos em relação ao outro, suas relações com os pares, seus princípios e valores são desconsiderados, pois a escola “é lugar de aprender” e não tem tempo de tratar dessas questões. Os professores estão empenhados em desenvolver os planejamentos e não podem gastar tempo com o tratamento das questões morais. A sociedade avançou na construção de um conhecimento científico. A evolução do último século foi impressionante, porém parece que o ser humano vive um paradoxo: quanto mais desenvolvimento intelectual, científico, mais estagnação moral. O mundo está cada vez mais violento, intolerante e injusto. Os princípios éticos vêm sendo cada vez mais relativizados e trocados pela busca do bem-estar próprio a qualquer custo. Diante de um quadro caótico como esse, é possível considerar que há urgência na tomada de providências que mudem esse estado de coisas. A escola precisa voltar seus olhos e seus esforços para abarcar essa dimensão deixada de lado. Da mesma maneira que a autonomia intelectual é valorizada e buscada, incansavelmente, a autonomia moral deve ser também objeto de estudo por parte da escola, visto “ que elas são dimensões de um todo: o ser humano. A partir dos estudos feitos sobre o tema, por autores como Jean Piaget, L. S. Vygotsky e outros, podemos afirmar que o trabalho pedagógico não poderá ser completo ou bem-sucedido sem o desenvolvimento da autonomia moral dos alunos. Esse desenvolvimento, no entanto, não poderá ocorrer se o professor acreditar que virá de forma natural. O tratamento informal do tema poderá e deverá ocorrer, através da análise dos acontecimentos do dia a dia. O professor deve ter uma intencionalidade ininterrupta para que o desenvolvimento da autonomia moral de fato aconteça. Essa formação poderá ocorrer através do jogo, estratégia que permite a reflexão e a elaboração de regras pelas próprias crianças, além de momentos de diálogo, contação de histórias, estudo de poesias, etc. Apesar da grande distância existente entre a autonomia intelectual e moral, distância essa colocada por uma sociedade consumista e cada vez mais individualista, se a escola compreender que as duas dimensões fazem parte do mesmo processo, ela poderá romper essa lógica, construindo uma prática mais solidária. Penso que a Educação Infantil é o momento pedagógico mais propício para o início dessa jornada que não terá fim, pois o ser humano aprende até seu último momento de vida. Iniciei este texto pontuando algumas das condições do mundo atual e irei finalizá-lo com um alerta sobre a urgência de reflexão, no âmbito escolar, acerca das implicações da falta de investimento na formação moral, em primeiro lugar. Em segundo lugar, é necessário um estudo teórico sobre esta questão. Finalmente, é necessária uma proposta que envolva o aluno como sujeito da construção de sua autonomia moral, movimento que requer interação, pensamento e avaliação. O professor deve ter uma intencionalidade ininterrupta para que o desenvolvimento da autonomia moral de fato aconteça. “ EM FOCO AUTONOMIA MORAL X AUTONOMIA INTELECTUAL AMAE educando - 378 . Abril . 2011 5 TEMAS TRANSVERSAIS P L U R A L I D A D E C U LT U R A L CULTURA EM BRANCO E PRETO Fotos: arquivo pessoal Aline Tadeu Lopes é pedagoga, pós-graduada em Psicopedagogia Clínica e Institucional; Jaqueline dos Santos Martins Matias é pedagoga, pósgraduada em Psicopedagogia Clínica e Institucional e Andréa de Jesus Lopes é fisioterapeuta, mestre em Ciências da Reabilitação e professora no curso de Fisioterapia do Centro Universitário Newton Paiva (Belo Horizonte-MG). Projeto permite o cumprimento da Lei 10.639 ao trabalhar a cultura afro-brasileira nos níveis fundamental e médio, alcançando visíveis resultados. “Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e, se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar.” Nelson Mandela Diversas pesquisas demonstram que o racismo, em nossa sociedade, constitui, também, ingrediente para o fracasso escolar de alunos. Estatísticas apresentadas pelo Ministério da Educação (MEC) apontam para um pior rendimento escolar de estudantes negros da 4ª à 8ª série do Ensino Fundamental. Desigualdades socioeconômicas, preconceito e discriminação de pessoas negras estão presentes na sociedade brasileira, prejudicando a sua formação de maneira mais justa 8 AMAE educando - 378 . Abril . 2011 e inclusiva, englobando o âmbito escolar. Na escola, a história afro-brasileira e africana, tradicionalmente, é retratada com o foco implícito de submissão, exploração, desvalorização do negro, levando o aluno a absorver/valorizar aspectos negativos sobre sua etnia, contribuindo para a baixa autoestima, não aceitação e não reconhecimento da sua origem, traços, história e batalha por mudanças na sociedade, com cobrança de seus direitos e oportunidades. Tendo em vista esses problemas, diversas ações governamentais e não governamentais já foram discutidas e implementadas, incluindo políticas de reparações, reconhecimento Máscara africana na sala de aula e valorização do negro. Resgatar e valorizar a história e cultura afro-brasileira e africana é um passo inicial rumo à reparação humanitária para o povo negro brasileiro, pois abre caminho para a nação brasileira adotar medidas para corrigir os danos materiais, físicos e psicológicos resultantes do racismo e de formas conexas de discriminação. Mural da teoria O governo federal, no mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sancionou, em 2003, a Lei 10.639, que instituiu a obrigatoriedade do ensino da história e cultura afrobrasileira e africana nos níveis fundamental e médio. A lei estabelece que os currículos deverão incluir o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, O projeto “Cultura afrobrasileira e africana” foi idealizado a partir desta demanda. Teve caráter inovador, com ações pedagógicas que proporcionaram a discussão do tema na escola, envolvendo os alunos, com base em referências positivas através da história, da cultura e da política possibilitando, também, o trabalho interdisciplinar. Além do conteúdo de História, foi possível englobar as áreas de Língua Portuguesa, Literatura, Arte, Educação Física e, até mesmo, temas de Geografia e Matemática, a partir do trabalho com dados demográficos. Participaram do projeto alunos do 1° ao 5° ano do Ensino Fundamental, em grupos de 20 a 25 participantes, com idades diferentes. Objetivos do projeto: - Ampliar o conhecimento da cultura e história africana estabe- econômica, política e cultural. Portanto, esses conteúdos deverão ser ministrados em todo o currículo escolar, em especial nas áreas de educação artística, literatura e história brasileiras. Além disso, tal obrigatoriedade já consta na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Sendo assim, as instituições de ensino devem reconhecer a importância de trabalhar as questões etnorraciais no âmbito escolar e se adequarem para cumprir as exigências legais e curriculares. lecendo relações com a cultura brasileira. - Discutir sobre o papel do negro ao longo da história. - Conhecer e valorizar as contribuições do negro em diversas áreas da cultura, tais como a música, literatura, culinária e artes. -Sensibilizar os alunos sobre o preconceito racial, suas formas e consequências, discutindo “brincadeiras que são sérias”, expressões e ações preconceituosas. - Romper imagens negativas forjadas por diferentes meios de comunicação. - Criar condições para que os estudantes negros não sejam rejeitados em virtude da cor de sua pele. - Discutir algumas conquistas em relação ao combate das desigualdades raciais e valorização da identidade e cultura negras. O projeto na prática Este projeto foi desenvolvido com um encontro semanal e duração de um semestre letivo. As atividades estão listadas a seguir: - Roda de conversa sobre o tema. - Teatro Menina bonita do laço de fita (Ática), de Ana Maria Machado, que mostra a diversidade cultural. Reflexão e sensibilização sobre a importância da cultura africana e Trabalhando com o mapa-múndi, aluno refaz o caminho dos navios negreiros AMAE educando - 378 . Abril . 2011 9 afro-brasileira. Desenho da menina do livro, levando em conta sua cor e seus traços. - Narração da história sobre a escravidão e o trajeto do navio negreiro a partir do mapa-múndi e de um navio feito de palitos de picolé, enfatizando as contribuições positivas do negro naquela época, como jogos, dança, culinária, espírito de resistência e de luta. - Apresentação de diferentes estilos musicais e grandes mestres da música (Cartola, Gilberto Gil e Pixinguinha) relacionados à cultura afrobrasileira e africana (samba, semba, afoxé, jongo, maracatu, maxixe). Análise da letra da música “Aquarela do Brasil” de Ari Barroso. - Pesquisa sobre Zumbi dos Palmares. - Explicação e debate sobre quilombos e a atuação de Zumbi dos Palmares, mostrando a importância desses acontecimentos para a libertação dos escravos. - Visita à Comunidade dos Arturos, que é um quilombo na região de Contagem (MG). Esta comunidade tem sua origem ligada à história do negro Arthur Camilo Silvério, filho de escravo. Portanto, mantém importantes tradições da cultura negra brasileira, transmitidas de pai para filho, desde aspectos culinários e cultivo da terra até a organização da vida comunitária. Relato da visita através de desenhos e textos. Conversa sobre os melhores momentos do passeio. - Pesquisa sobre a maior e mais veloz serpente da África – a mamba, assinalando no mapa do Continente Africano onde ela vive. Foi construída uma mamba de pano, de 10 AMAE educando - 378 . Abril . 2011 acordo com o comprimento encontrado nas pesquisas, e feita pintura coletiva da cobra. Em seguida, os alunos vivenciaram a brincadeira africana mamba, em que uma pessoa é escolhida para ser a serpente, isto é, o pegador. O professor desenha no chão um quadrado de 10 X 10 metros, tamanho ideal para 20 crianças. Durante a brincadeira, todos os participantes permanecem dentro dessa demarcação, tentando escapar da serpente. Para começar a brincadeira, a mamba tenta pegar os jogadores. Cada participante que é tocado por ela se junta ao último do corpo da serpente. Se um jogador sai do quadrado é eliminado da brincadeira que acaba quando resta apenas um jogador a ser pego. - Leitura de alguns contos africanos do livro História africana para contar e recontar, de Rogério Andrade Barbosa (Editora do Brasil LTDA). O conto escolhido pelos alunos, “Por que a girafa não tem voz”, foi reproduzido em quadrinhos e poemas (3°, 4° e 5° ano). Os pequenos da fase introdutória fizeram releitura do livro. - Degustação de diversos alimentos e pratos culinários de origem africana: angu, pamonha, ovo cozido, cenoura, moranga, batata-doce, chuchu, feijão-branco, feijão-preto, aipim, quiabo, cana-de-açúcar, entre A obra de Gilberto Gil é motivo de estudo: importante contribuição da cultura afro-brasileira outros. - Explicação de antigos símbolos da arte iorubá (Nigéria) e sobre as máscaras africanas utilizadas em algumas tribos e seus significados. - Confecção e pintura, em grupos, de máscaras africanas. - Apresentação de slides com as diferentes esculturas produzidas por afro-brasileiros (mestre Valentim, Veríssimo de Freitas, Manuel da Cunha e Aleijadinho). Os alunos fizeram, com argila, em grupos, uma releitura das esculturas. - Estudo da biografia e de obras do pintor Marcial Ávila que, através da estética da beleza negra, procura despertar valores, virtudes e atenção da população a não discriminação por motivos de religião e etnia. Em seguida, foram feitas releituras com materiais diversificados da obra do pintor mineiro. - Palestra de um africano sobre a cultura, história e política de Angola e de outros países do Continente Africano. As perguntas apresentadas no debate foram elaboradas pelos alunos. - Discussão e reflexão sobre o preconceito racial contra o negro através de slides da tirinha da Mafalda. - Vivência e compreensão de alguns movimentos de dança afrobrasileira e capoeira que retratam a força e a luta do negro. - Avaliação feita pelos alunos da sua participação no projeto. - Exposição dos trabalhos dos alunos e das obras de Marcial Ávila. Resultados positivos Após a realização das ativida- des do projeto, na escola, foi possível verificar o interesse, a participação e o envolvimento dos alunos e dos professores. Os temas foram levados para a sala de aula, o que viabilizou discussão com outros professores em suas respectivas disciplinas. Também houve relato de debates em família sobre o assunto. Dessa forma, o resultado final foi considerado positivo. O fato de mesclar alunos de diferentes idades nos grupos não prejudicou o andamento das discussões e, sim, enriqueceu o debate e a mostra das atividades artísticas. A discussão e a sensibilização de alunos para o respeito e a valorização da pessoa negra permitiram a mudança de atitudes por parte dos envolvidos. Dessa forma, foi possível contribuir para uma sociedade mais justa e inclusiva, minimizando preconceitos e discriminações. O aluno, independente de sua cor, teve a oportunidade de discutir e refletir sobre a questão racial. Entretanto, para isso acontecer, foi necessário que o professor fosse reeducado e capacitado para a questão etnorracial. Dessa forma, este trabalho, baseado em ações pedagógicas dinâmicas, interdisciplinares e com referência positiva, viabilizou maior nível de conhecimento e reflexão sobre questões raciais na escola e na sociedade e atendeu às exigências legais e curriculares. Na prática, foi possível ampliar o conhecimento dos alunos participantes sobre a cultura e história afrobrasileira e africana, discutir sobre o papel do negro e suas contribuições positivas para o Brasil, sensibilizar os alunos sobre preconceito e discriminação, resgatar-lhes a autoestima e, assim, viabilizar que o estudante negro explore suas potencialidades. A referência positiva aos estudantes negros agiu como um facilitador no processo de ensino/aprendizagem e na inclusão escolar. Bibliografia AMANCIO, Iris Maria da Costa. Literaturas africanas na prática pedagógica. Belo Horizonte: Autêntica, 2008. BARBOSA, Rogério de Andrade. Contos africanos para crianças brasileiras. São Paulo: Paulinas, 2004. GOMES, Nilma Lino et al. Identidade e corporeidades negras: reflexões sobre uma experiência de formação de professores (as) para a diversidade étnico-racial. Belo Horizonte: Autêntica, 2006. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Orientações e ações para a educação das relações étnico-raciais. Brasília: Secad, 2006. RIBEIRO, Álvaro Sebastião Teixeira. História e cultura afro-brasileira e africana na escola. Àgere Cooperação em Advocacy, 2008. Este projeto foi classificado na categoria Ensino Fundamental, na IX Mostra de Inovações Pedagógicas realizada em Belo Horizonte, pelo Sesc/MG. Contatos: Paulo Azulay – (31) 3272-0150 www.sescmg.com.br [email protected] AMAE educando - 378 . Abril . 2011 11