Untitled - Jazz ao Centro Clube
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Untitled - Jazz ao Centro Clube
PROGRAMA Teatro Académico de Gil Vicente 2 Junho, 21:30 JOÃO PAULO SOLO 23:30 LOU GRASSI’S AVANTI GALOPPI ROB BROWN HERB ROBERTSON, KEN FILIANO 3 Junho, 21:30 MICHEL PORTAL/ LOUIS SCLAVIS/ SEBASTIEN BOISSEAU/ DANIEL HUMAIR 4 Junho, 21:30 RUDRESH MAHANTHAPPA QUARTET VIJAY IYER, FRANÇOIS MOUTIN, ELLIOT HUMBERTO RAVEE 23:30 JACC WORKSHOP ORCHESTRA DIRECÇÃO ADAM LANE ONS I S S E S JAM TICO C Á D I D TO R E C N O C RUA E D O Ã FIA A R G ANIMAÇ O T E FO D O Ã Ç I EXPOS EDITORIAL Jazz ao Centro – Encontros Internacionais de Jazz de Coimbra 2005 – 1ª parte Bem vindos a mais uma edição do “Jazz ao Centro – Encontros Internacionais de Jazz de Coimbra”. Continuando o rumo seguido nas anteriores edições, a grande aposta da organização para este evento, reside na pluralidade de ofertas, como forma de surpreender continuamente o público. O maior desejo do Jazz ao Centro Clube é poder aproveitar esta ocasião para apresentar Jazz de qualidade vindo de diversas proveniências, apresentado em diferentes estilos e capaz de surpreender. Na primeira parte o TAGV irá contar com a presença de músicos Americanos, Indianos, Franceses, Suiços e Portugueses (Lisboa, Évora e Porto). O objectivo é que cada noite não se resuma apenas a mais um concerto de jazz mas que seja vivida como uma experiência nova e diferente. Músicos com propostas e formações de altíssima qualidade, capazes de criar, em cada actuação, cenários novos e ainda pouco difundidos nos palcos desta cidade, irão concerteza mostrar ao público presente o que de mais interessante se faz hoje, no mundo do Jazz. A última edição dos “Encontros” já tinha conseguido tudo isto com a energia do Quarteto de Adam Lane, a profundidade do piano solo de Bernardo Sassetti, a magia e a surpresa do trio de Will Holshouser, e a irreverência e modernidade dos Spring Heel Jack. Este ano, a abertura do evento fica a cargo do piano intenso, lírico e original do João Paulo, seguido pelo estelar quarteto liderado pelo baterista Lou Grassi, que mostrará uma música aberta com óptimas composições de todos os membros do grupo, naquele que foi considerado um dos melhores discos de 2004, “Avanti Galoppi”. Para o segundo dia, um quarteto de luxo, uma espécie de all stars do Jazz francês e uma oportunidade para ver ao vivo alguns dos melhores músicos do mundo... Louis Sclavis, Michel Portal, Sebastien Boisseau e Daniel Humair prometem incendiar o TAGV. No terceiro dia é apresentada a grande surpresa dos “Encontros” que garantidamente ficará marcada na memória de cada um e na história deste evento: o concerto do quarteto do saxofonista Indiano Rudresh Mahanthappa, um nome que os livros perpetuarão no futuro. A fechar o festival, aquele que é o maior desafio de sempre do JACC: a realização da “JACC Workshop Orchestra (JWO)” - big band de músicos portugueses liderados por Adam Lane, um músico e compositor Nova Iorquino, de qualidade singular. . Estes prometem ser mais uns Encontros históricos entre todos aqueles que se dirigirem ao TAGV, e o melhor do Jazz contemporâneo JACC – Jazz ao Centro Clube JOÃO PAULO SOLO João Paulo nasceu em Lisboa em 1961, filho de mãe pianista. Começou muito cedo os seus estudos musicais, na Academia de Santa Cecília, iniciando-se rapidamente no piano. Posteriormente, ingressou no Conservatório Nacional, onde, em 1984, obteve o diploma do Curso Superior de Piano com a classificação máxima. Com uma bolsa de estudo da Secretaria de Estado da Cultura, muda-se imediatamente para Paris. Aí, durante três anos, aprofunda os seus estudos no Conservatório de Rueil-Malmaison e obtém sucessivamente as mais altas distinções - Médaille d' Or, Prix Jacques Dupont, Prix d' Excellence e Prix de Perfectionement. Terminados os estudos, permanece em Paris durante mais quatro anos, dando vários recitais em França e Estados Unidos, dos quais se destacam os de Nova Iorque (Carni Hall em 1986 e Carnegie Hall em 1989). Mas quando abandona Portugal, em 1984, interrompe uma já extensa actividade na área do jazz e da música popular. O primeiro reflexo público dessa sua actividade musical surge em 1979, com a participação do grupo Quinto Crescente no Festival de Jazz de Cascais 79. Esta formação, que ainda hoje perdura na memória de muita gente, era constituída, para além do próprio João Paulo (piano), por Luís Caldeira (saxofone), Laurent Filipe (trompete), Pedro Wallenstein (contrabaixo) e José Martins (bateria). Entre 1979 e 1981, com o contrabaixista José Eduardo e o baterista José Martins, forma um trio, famoso na época, que desenvolveu concertos e serviu como base de acompanhamento a numerosos músicos estrangeiros. É também desse período o seu trabalho como professor da Escola de Jazz do Hot Clube de Portugal. Nessa mesma altura, na área da música popular, participa como pianista acompanhante em numerosos discos de artistas nacionais. Destaca-se a sua colaboração com Fausto ("Por este rio acima"), José Mário Branco ("Ser solidário") e Sérgio Godinho. Foi com este último que desenvolveu um trabalho mais intenso: acompanhou-o em espectáculos e colaborou, primeiramente como músico (1981), no disco "Canto da boca", sendo mais tarde (1983) o arranjador e director musical do álbum "Coincidências" Em 1992, depois de oito anos em França, regressa a Portugal e, de imediato, reconstitui as relações profissionais que interrompera em 1984. Colabora, então como arranjador e director musical no álbum que Vitorino compõe sobre textos de António Lobo Antunes "Eu que me comovo por tudo e por nada" (1992). O excelente trabalho que assina neste disco não passa despercebido da crítica, merecendolhe uma distinção especial: o Prémio José Afonso – galardão que a Câmara Municipal da Amadora atribui anualmente aos melhores trabalhos da música portuguesa – pela primeira vez entregue a um arranjador. Com Sérgio Godinho, companheiro de outros tempos agora reencontrado, grava "Tinta permanente" (1993), em que se encarrega dos arranjos e direcção musical, tarefa que se estende igualmente aos espectáculos, sendo de destacar a encomenda de Lisboa '94 levada à cena no Coliseu dos Recreios. Ainda em 1993, funda com o pianista Mário Laginha a orquestra de câmara "Almas e Danças" que, em Março de 1995, deu um concerto memorável no Centro Cultural de Belém. Em 1994, trabalha em "L'Amar", o disco de estreia de Filipa Pais, para quem compõe três temas, faz os arranjos e a direcção musical. Simultaneamente, realiza uma série de improvisações na Cinemateca Nacional como acompanhante de filmes mudos e actua como solista com a Orquestra do Norte. Colabora regularmente com músicos como Tomás Pimentel, Carlos Martins, Pedro Caldeira Cabral, Mário Laginha, Pedro Burmester e Maria João, entre outros. Dessas colaborações resultam numerosos concertos e a participação em mais um disco, "Descolagem" (1994), o álbum estreia do septeto do trompetista Tomás Pimentel. Juntamente com Jorge Reis, Mário Franco e José Salgueiro, forma o quarteto de João Paulo. É com esses músicos que grava "Serra sem fim", o primeiro disco em seu nome. Presentemente, as suas «working bands» são NASCER, que se dedica à música tradicional portuguesa e sefardita, o trio AS SETE ILHAS DE LISBOA, música improvisada com Paulo Curado e Bruno Pedroso e o trio COR com Cláudio Puntin e Samuel Rohrer. . Para além disto, continua a fazer recitais a solo, quem já presenciou, diz que é a melhor maneira de se compreender toda a sua magia Dele disseram: Sérgio Godinho: "1980. Tinham-me vindo falar dele, o Zé Carrapa e o Luís Caldeira, e segredavamme o seu nome como se de um mistério se tratasse: "Há um tipo que se chama João Paulo , que se senta ao piano e ...". Sobravam os elogios. E de facto o João Paulo entrou com o seu piano pelo "Canto da boca" dentro, passeou o seu fulgor de intérprete e arranjador pelo "Coincidências", pelos meus primeiros Coliseus, por muitos espectáculos que me marcaram. Foi para França, perdi-lhe o rasto. E, depois, voltou ainda melhor e fez comigo o "Tinta permanente". Devo-lhe alguns sons importantes da minha vida, e isso é de facto um mistério que me apetece partilhar: "Há um tipo que se chama João Paulo." Mário Laginha: "O João Paulo é um músico com características raras. O seu enorme talento abarca a composição, a interpretação e a improvisação. Tem uma imensa inteligência musical e é ainda um músico muitíssimo estimulante para partilhar ideias, opiniões e experiências. Nos dias que correm, ouvir música inspirada não é, na minha opinião, de todo vulgar. A música do João Paulo é! Gozemos o privilégio de a ouvir." Vitorino: "Palavras para quê? O que é bom é ouvi-lo ao vivo. Não cede nem um milímetro no essencial. É senhor de umas mãos prodigiosas e de um grande talento. E é um grande amigo! Chama-se João Paulo Esteves da Silva." DISCOGRAFIA: Serra sem fim (Farol, 1995) Almas e Danças (Farol, 1996) O Exílio (MA recordings, 1999) Almas (MA recordings, 2000) Esquina MA recordings, 2001) Roda (L'empreinte Digitale, 2002) As Sete Ilhas de Lisboa (Clean Feed, 2003) João Paulo, fotografia por Daniel Sequeira LOU GRASSI’S AVANTI GALOPPI Formação Lou Grassi – bateria Rob Brown – saxofone alto Herb Robertson – trompete Ken Filiano - contrabaixo Lou Grassi está de volta a Portugal. Regressa para uma apresentação nos Encontros Internacionais de Jazz de Coimbra/2005. Desta feita, não com a sua PoBand, com a qual tem feito (re)brilhar estrelas do jazz de vanguarda de tempos passados, como Marshall Allen, John Tchicai e Joseph Jarman, mas com um grupo que, pese embora a sua recente formação, já se encontra plenamente rodado: o Avanti Galoppi. Neste combo, ao lado do sensacional baterista de Nova Iorque, galopam Rob Brown, saxofone alto; Ken Filiano, contrabaixo; e Herb Robertson, trompete e corneta - o mesmo quarteto que em 2004 gravou o álbum homónimo para a editora norte-americana Creative Improvised Music Projects (CIMP), um programa estilisticamente diversificado em que todos os intervenientes contribuem com composições. No início da carreira, Lou Grassi tocou em bandas de dixieland e de swing. No início dos anos 70 tomou parte em projectos liderados pelo trombonista Roswell Rudd. Teve no baterista Beaver Harris (1936-1991) o seu principal mentor artístico. Esta última colaboração, além de o fazer evoluir tecnicamente, ajudou a que, mais de uma década passada, tenha começado a ser reconhecido como acompanhante, e passado de primeira escolha a líder das suas próprias formações. Actualmente, Grassi possui uma extensa carreira discográfica em nome próprio, assente fundamentalmente nas gravações realizadas para a Cadence e para a CIMP. Além de colaborações avulsas, Lou Grassi participa num quarteto com Burton Greene, Roy Campbell e Adam Lane, e ainda no trio de Gunter Hampel, com Perry Robinson; na NuBand, com Roy Campbell, Mark Whitecage e Joe Fonda, e no quinteto de William Gagliardi. Quem acompanha, ainda que de longe, as movimentações do jazz actual fora dos círculos concêntricos do mainstream, não pode deixar de notar as ondas de agitação que se têm vindo a formar em torno destas quatro figuras cimeiras da improvisação moderna novaiorquina. Rob Brown é seguramente uma das vozes (ou a voz) mais activamente criativas do jazz contemporâneo, como líder e acompanhante. É justo dizer que o mesmo sucede com Ken Filiano e Herb Robertson, que comungam da mesma característica: sendo músicos de enorme craveira técnica e artística - cada um deles mestre no seu instrumento - têm permanecido fora dos holofotes da indústria e da imprensa que dá cobertura aos acontecimentos relacionados com o jazz, facto que, contribuindo para uma menor difusão do seu trabalho, nada prejudica a importância estética e o valor artístico do quarteto. A música de Avanti Gallopi combina aspectos melódicos previamente estabelecidos e swing moderno, com o desenho composicional de criação imediata, alternando improvisação estruturada e espontânea, solidamente ancorada numa base polirrítmica assegurada por Grassi e Filiano, que é tributária tanto do jazz no sentido comum do termo, como da improvisação livre. Neste tipo de música, saber ouvir é tão ou mais importante que tocar. «Não se toca; ouve-se. E então tudo acontece» – disse Grassi em entrevista recente. É isso justamente que o líder instiga e a que quarteto corresponde na perfeição. Mas Avanti Galoppi trás consigo um aliciante adicional: será a primeira oportunidade de assistir em Portugal ao jogo de contrastes e aproximações entre Rob Brown e Herb Robertson, participantes de um colectivo em que todos semeiam, tratam e criam, para que o público possa colher em tempo real . Eduardo Chagas Discografia Selecionada: Pogressions (com a Po Band) (Cadence, 1995) Quick Wits (Cimp, 1996) Mo’ Po (com a Po Band) (Cimp, 1997) Neo Neo (com Ron Horton, Tomas Ulrich e Tom Varner) (Cimp, 2000) Joy of Being (com a Po Band) (Cimp, 2001) At Seixal (com “Implicate Order”, Steve Swell e Ken Filiano) (Clean Feed, 2001) Live at the Bop Shop (com Roy Campbell, Mark Whitecage e Joe Fonda) (Clean Feed, 2001) ComPosed (com a Po Band) (Cimp, 2002) Avanti Galoppi (Cimp, 2004) Avanti Galoppi Quartet, fotografia por Don Ver Ploeg MICHEL PORTAL/ LOUIS SCLAVIS/ SEBASTIEN BOISSEAU/ DANIEL HUMAIR Formação Michel Portal Louis Sclavis Sébastien Boisseau Daniel Humair Chegou a vez de Coimbra receber a graça que é a música de Michel Portal e Louis Sclavis. E de Daniel Humair e Sébastien Boisseau. Quatro em um; um em quatro. Torna-se arriscado falar da têmpera desta gente sem cair no excesso de predicados e na facilidade encomiástica. Mas há riscos que se têm que correr, a bem da verdade. Porque, ter em casa um quarteto com este “peso”, não é coisa pouca. Michel Portal, clarinetes e saxofones. Louis Sclavis, clarinetes, saxofone soprano. Sébastien Boisseau, contrabaixo. Daniel Humair, bateria. Três deles são dos maiores músicos da história contemporânea do Jazz, todos com várias décadas de criação musical na cena europeia. Outro, mais jovem (1974) mas não menos apetrechado e talentoso, está a caminho de o ser. E Coimbra certamente confirmará o enorme potencial de S. Boisseau, reconhecendo nele o pleno direito de acompanhar com os maiores. Porque são mesmo os maiores. Vejamos: Michel Portal, clarinetista, saxofonista, compositor para cinema, multifacetado improvisador francês. Com uma costela da música clássica (executante de obras de Mozart, Brahms, Schumann, e de compositores contemporâneos, como Luciano Berio, Pierre Boulez, Karlheinz Stockhausen, etc), apesar disso, o multi-instrumentista prefere interpretar a sua própria música, e, mais ainda, fazê-lo no exacto momento em que a cria, preferencialmente acompanhado de outros músicos que com ele estejam irmanados no mesmo espírito, poliglotas das mesmas linguagens musicais, como os que integram o quarteto que aporta a Coimbra, no âmbito dos Encontros Internacionais de Jazz/2005. Louis Sclavis, clarinetista e saxofonista extraordinário, compositor de mérito, primeira escolha de Michel Portal que sobre ele exerceu a mais benéfica das influências e o ajudou a firmar a reputada craveira de mestre elegante da arte de tocar clarinete. Um dos músicos mais criativos da cena jazz europeia. Território para onde transportou múltiplas geografias musicais, de que é catalisador e difusor, sem perder a visão musical íntegra que equilibra a conta-corrente entre composição e improvisação. Daniel Humair, suíço a viver em França desde os anos 50, é um colosso da música em geral e do jazz em particular. Modernista por vocação e baterista por escolha ou predestinação, Humair deixou marca profunda no que à bateria-jazz diz especificamente respeito. Dono de um som personalizado – uma forma única de trabalhar o tempo enquanto matéria-prima – a suas gestualidade e sonoridade possuem indiscutivelmente o sinal distintivo dos maiores da história do Jazz. São elas que justificam que, em palco, Humair seja o principal ponto de encontro dos olhos e os ouvidos da assistência. Está por todo o lado e faz-se ouvir, mesmo quando, não tocando, constrói os mais refinados e oportunos pedaços de silêncio. Sébastien Boisseau, jovem contrabaixista francês, original no vocabulário e talentoso na invenção musical. Sem querer entrar em detalhes fastidiosos, diria apenas que o seu curriculum se torna evidente em função das companhias requisitantes, entre elas o Baby-Boom, quinteto de Daniel Humair; o Newdécaband, de Martial Solal; e também Bruno Chevillon, Kenny Wheeler, Lee Konitz, para citar apenas alguns dos que nele sabem encontrar, além da musicalidade, a excepcional qualidade de saber o impulsionar os acontecimentos, mantendo sempre a capacidade de inovar e a intensidade em toda a linha. Boisseau conhece de trás para a frente o papel do contrabaixista neste tipo de formações: ser o centro de uma máquina complexa e altamente sofisticada, que swinga e improvisa colectivamente a um nível de excelência. Tal é a que ora se desvenda em Coimbra . Eduardo Chagas Michel Portal Louis Sclavis Sebastien Boisseau Daniel Humair RUDRESH MAHANTHAPPA QUARTET Formação Rudresh Mahanthappa – saxofone alto Vijay Iyer – piano François moutin – contrabaixo Elliot Humberto Kavee - bateria Repetidamente questionado sobre se fala indiano, o saxofonista indo-americano Rudresh Mahanthappa, há vinte anos a residir nos Estados Unidos, responde invariavelmente que não, querendo significar que isso de Indiano, enquanto língua, não existe; que o que se fala e escreve no imenso país que é a Índia, são centenas de línguas e dialectos (o Português foi e talvez ainda seja uma delas), assim existe um mosaico de culturas e religiões que não se reconduzem a uma unidade homogénea. O que é mais interessante é que Rudresh tenha resolvido responder de forma musical à questão com que recorrentemente se vê confrontado. E como? De maneira ainda mais interessante, através da composição de música baseada na transcrição melódica das respostas dadas em vários dialectos indianos à mesma questão: «Você fala Indiano? E Hindu?» Mother Tongue, o mais recente álbum de Rudresh Mahanthappa, é o resultado desse processo, no qual Rudresh foi assistido por Vijay Iyer (pianista, também ele um indo-americano), François Moutin (contrabaixo) e Elliot Humberto Kavee (bateria), consistente em pôr sob a forma de música (e sob ela improvisar) as respostas dadas em sete diferentes línguas faladas na Índia, adaptá-las ao discurso musical por via do estabelecimento de uma relação de proximidade sonora entre a resposta verbal e a transcrição musical. Mas nem só de Mother Tongue, o terceiro disco como líder, se fez, até à data, a carreira de Rudresh Mahanthappa. Antes, em 1996 lançara o álbum Yatra (Ryan Shultz, trompete; Jim Trompeter, piano; Larry Kohut, contrabaixo; e Jerry Steinhilber, bateri). Em 2002, com a mesma formação de Mother Tongue, gravara Black Water (Red Giant Records), a par da figuração como sideman de luminárias como David Murray, Steve Coleman, Jack DeJohnette, Von Freeman, Tim Hagans, David Liebman, Greg Osby, etc. Vindo de Chicago, o saxofonista aportou a Nova Iorque em 1997, onde iniciou intensa actividade com músicos locais, entre os quais Vijay Iyer, com quem passou a ter uma relação de total empatia musical e muito contribuiu para o guindar à posição que actualmente ocupa no panorama do jazz americano. Foi esse percurso que valeu a Rufresh a obtenção de bolsas da Fundação Rockefeller e do American Composers Forum, além de prémios da revista Downbeat, em 2003 e 2004 (International Critics Poll). Mother Tongue, foi incluído no Top Ten Jazz CDs of 2004 pelo Chicago Tribune, pela All About Jazz, e pela Jazzmatazz, Além das quatros estrelinhas da ordem, dadas pela Downbeat. O som de Rudresh é brilhante, tanto em grande velocidade como nos trechos de maior placidez e contemplação. A técnica, a coloratura, o estilo, a variabilidade tonal e a articulação fazem dele um dos grandes do saxofone alto da actualidade, superiormente acompanhado pelo correlativo Vijay Iy, no piano (Andrew Hill anda por perto), e por dois soberbos produtores de ritmo, François Moutin e Elliot Humberto Kavee. O quarteto de Rudresh Mahanthappa, mantendo a tensão indispensável à renovada vitalidade musical, diverte-se(nos) a tocar uma música efervescente, não referenciável ao world, beneficiária do ambiente multicultural em que se inscreve e desenvolve, assumindo a multiculturalidade como sinal distintivo da sociedade (e, por extensão, da música) moderna . Eduardo Chagas Discografia: Yatra (RM, 1997) Black Water (Red Giant, 2002) Mother Tongue (Pi Recordings, 2004) Rudresh Mahanthappa JACC WORKSHOP ORCHESTRA JACC Workshop Orchestra Um dos principais motivos da existência do JACC - Jazz ao Centro Clube prende-se com a vontade, gerada no movimento que nasceu do primeiro “Jazz ao Centro – Encontros Internacionais de Jazz de Coimbra”, de dinamizar o jazz no centro do país. Neste seguimento, a JACC Workshop Orchestra (JWO) tem sido um sonho de todos aqueles que desde a primeira hora acompanharam a construção do JACC. A ideia que preside a esta iniciativa é juntar improvisadores portugueses de várias vertentes e de diversos pontos do país (Lisboa, Évora, Porto) sob a égide de um compositor e director convidado, e com ele trabalhar durante alguns dias, antes da realização de um concerto, neste caso a fechar a programação da primeira parte dos Encontros. A escolha para a primeira direcção da JWO recaiu com alguma lógica num dos mais prestigiados músicos da nova geração, o contrabaixista/compositor/arranjador/director Adam Lane. Lane lidera nos EUA um dos mais interessantes ensembles dos últimos anos, a Full Throttle Orchestra, que conta já com dois discos editados, outro a sair brevemente, e que apresenta um jazz moderno com algumas raízes na tradição, servindo Charles Mingus e Sun Ra como referências. Uma das características fortes das suas bandas, é o som robusto, por vezes os seis/sete músicos que a compõe soam como orquestras de 15 ou mais músicos. As suas composições são inesperadas a cada instante numa mescla de free jazz/hard bop/blues/electrónica, com variações rítmicas constantes e surpreendentes. Tal como Adam Lane, cada personalidade convidada a dirigir a orquestra no futuro terá a oportunidade de trabalhar com os músicos durante alguns dias, passando as suas ideias e composições até se conseguir uma plena identificação entre as partes. Esta é a forma de se chamar a esta associação de músicos e ideias uma Orquestra que se pretende toque mais vezes e noutros locais. Pretende-se associar ao conceito desta formação alargada uma veia contemporânea, que demonstre o jazz do tempo em que vivemos, mas que não se afaste da música que lhe está na origem, o Jazz. Esta será a melhor maneira de espelhar o espírito do JACC e dos seus “Encontros Internacionais de Jazz”, iniciativa que tem vindo a ganhar o seu espaço na programação de Jazz em Portugal. . JACC – Jazz ao Centro Clube JAM SESSIONS Nos dias 3 e 4 de Junho terão lugar jam-sessions, ambas agendadas para as 24h00m em dois espaços distintos: Sexta-feira, dia 3 de Junho no Quebra Club, Parque Verde do Mondego. Sábado, dia 4 de Junho no Salão Brazil, Baixa de Coimbra. . A entrada é livre para ambos os espectáculos CONCERTO DIDÁCTICO No seguimento da preocupação na formação de novos públicos, o JACC - Jazz ao Centro Clube vai realizar, uma vez mais, um concerto didáctico direccionado aos alunos do ensino secundário das escolas de Coimbra e ao público em geral. O concerto didáctico ficará a cargo de Lou Grassi (bateria), Herb Robertson (trompete), e Ken Filiano (contrabaixo) e terá lugar no Teatro Académico de Gil Vicente, na Sexta-feira, dia 3 de Junho, pelas 15h00m . ANIMAÇÃO DE RUA 30 de Maio a 3 de Junho Peinture Fraiche Viktor Randrianasoloson - bateria, percussão Michel Stawicki - saxofone tenor Margarida Guia - voz/poesia . Na semana dos Encontros esta formação de origem francesa percorrerá animadamente as ruas da cidade de Coimbra divulgando o Jazz e o programa dos Encontros EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA No café do Teatro Académico de Gil Vicente decorrerá uma exposição de fotografia de autoria de Nuno Martins, fotógrafo lisboeta que tem acompanhado os Encontros Internacionais de Jazz de Coimbra desde a primeira hora. As imagens serão referentes às anteriores edições dos Encontros . BILHETES As entradas para o Jazz ao Centro - Encontros Internacionais de Jazz de Coimbra encontram-se à venda nos seguintes locais: - bilheteira do Teatro Académico de Gil Vicente; - Discoteca Almedina; - Trem Azul Jazz Store (Rua do Alecrim, 21-A, ao Cais do Sodré em Lisboa); - Centro de Design de Coimbra (Rua da Casa Branca, nº 10 em Coimbra). Os preços são os seguintes: 1 DIA -12 Euros 3 DIAS - 25 Euros Sócio do JACC - Jazz ao Centro Clube / Estudante 1 DIA - 8 Euros 3 DIAS - 20 Euros NOTA: Para aquisição de bilhetes a preço de Estudante deverá ser apresentado o respectivo cartão. Para aquisição de bilhetes a preço de Sócio do JACC deverá ser apresentado o respectivo cartão de sócio, devendo as quotas estar regularizadas. DOSSIER DE IMPRENSA Na página oficial do JACC - Jazz ao Centro Clube estão disponíveis os seguintes recursos: . Documento PDF de apresentação da primeira parte do “Jazz ao Centro - Encontros Internacionais de Jazz de Coimbra 2005”. . Fotografias de alta resolução dos músicos convidados. Quaisquer questões devem ser remetidas para o endereço de correio electrónico [email protected] www.jacc.pt dossier de imprensa www.jacc.pt/imprensa email [email protected] site oficial JACC - Jazz ao Centro Clube 2005