Edição para Impressão - Boletim Técnico da FATEC-SP
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ISSN 1518-9082 Boletim Técnico da Faculdade de Tecnologia de São Paulo BT/39 São Paulo – Junho/2015 BOLETIM TÉCNICO DA FACULDADE DE TECNOLOGIA DE SÃO PAULO ISSN 1518-9082 VOLUME 39 - JUNHO/2015 CEETEPS Centro Estadual de Educação Tecnológica "Paula Souza" Governo do Estado de São Paulo Conselho Editorial Diretora da FATEC-SP Prof ª. Dr ª. Luciana Reyes Pires Kassab Vice-Diretor da FATEC-SP Prof. Dr. Juarez Antonio Delibo Editor Presidente Profª. Drª. Regina Maria Ricotta Corpo editorial Prof. Dr. Eduardo Acedo Barbosa Prof ª. Me. Elizabeth Neves Cardoso Prof. Dr. Marcelo Bariatto Andrade Fontes Prof. Dr. Paulo Jorge Brazão Marcos Prof. Dr. Silvio do Lago Pereira Prof. Dr. Francisco Tadeu Degasperi Edição Web: CEPE - Centro de Pesquisa - FATEC/SP O Boletim Técnico é uma publicação da FATEC/SP para divulgação de trabalhos científicos e tecnológicos realizados por docentes e discentes das FATECs nas áreas dos cursos: Análise e Desenvolvimento de Sistemas; Automação de Escritórios e Secretariado; Edifícios; Eletrônica Industrial; Gestão de Turismo; Gestão Empresarial EAD; Hidráulica e Saneamento Ambiental; Instalações Elétricas; Materiais; Materiais, Processos e Componentes Eletrônicos; Mecânica de Precisão; Movimentos de Terra e Pavimentação; Processos de Produção; Projetos e Soldagem. Regras, normas e submissão on-line encontram-se no endereço: http://bt.fatecsp.br Boletim Técnico da Faculdade de Tecnologia de São Paulo – FATEC/SP Praça Coronel Fernando Prestes, 30 01124-060 São Paulo, SP Contato: [email protected] BOLETIM TÉCNICO DA FACULDADE DE TECNOLOGIA DE SÃO PAULO BOLETIM TÉCNICO DA FACULDADE DE TECNOLOGIA DE SÃO PAULO VOLUME 39 – JUNHO/2015 SUMÁRIO ALGORITMO EVOLUCIONÁRIO PARA APRENDIZAGEM DE CONCEITOS Rodrigo Morgon, Silvio do Lago Pereira...............................................................................................................................................1 ANÁLISE DE CARACTERÍSTICAS MECÂNICAS DE MATERIAIS RECICLADOS COM A UTILIZAÇÃO DE ESPUMA ASFÁLTICA Josué Alves Roso, André Luis Martin, Ronaldo Almeida Costa, Fernando Augusto Uyehara Mantuani.............................................7 CARACTERIZAÇÃO DO EXPERIMENTO DO TUBO DE IMPEDÂNCIA DE UM MICROFONE Roberto Outa, Fábio Roberto Chavarette............................................................................................................................................12 CONDICIONAMENTO DE SINAIS ANALÓGICOS PARA APLICAÇÕES INDUSTRIAIS Lucas da Silva Candido, Leandro Zeidan Toquetti..............................................................................................................................16 DIFRAÇÃO DE RAIOS-X E ANÁLISE RIETVELD NA HIDRATAÇÃO DE CIMENTOS EM MODO DINÂMICO E ESTÁTICO – APONTAMENTOS Cleusa Maria Rossetto, Xabier Turrillas.............................................................................................................................................22 ESTUDO DO ÍNDICE DE PERDA DO CURSO DE MOVIMENTO DE TERRA E PAVIMENTAÇÃO DA FATEC-SP Décio Moreira.......................................................................................................................................................................................29 EXPERIÊNCIA DO ENSINO DE METODOLOGIA DE PROJETOS EM SISTEMAS BIOMÉDICOS Marcos José de Lima............................................................................................................................................................................35 MINIATURIZAÇÃO DE PRÉ-COLUNA CROMATOGRÁFICA: PRODUÇÃO E TESTES Gabriel Antonio Fernandes Soga, Walter Pichi Jr., Daniel Couto Gatti, Maria Lúcia Pereira da Silva...........................................41 REGRESSÃO SIMBÓLICA COM SELEÇÃO POR AMOSTRAGEM Rodrigo Morgon, Silvio do Lago Pereira.............................................................................................................................................47 ALGORITMO EVOLUCIONÁRIO PARA APRENDIZAGEM DE CONCEITOS Rodrigo Morgon¹, Silvio do Lago Pereira² ¹Aluno do Curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas – FATEC-SP ²Prof. Dr. do Departamento de Tecnologia da Informação – FATEC-SP [email protected], [email protected] Resumo Aprendizagem de conceitos é uma técnica que permite ao computador aprender a reconhecer objetos de uma classe (a partir de exemplos e contraexemplos) e que tem aplicações práticas em várias áreas, tais como medicina, economia, negócios, biologia e computação. O objetivo desse trabalho é propor um algoritmo evolucionário para aprendizagem de conceitos e, com base nele, criar um sistema correspondente denominado ECL (Evolutionary Concept Learner). Para avaliar a viabilidade dessa proposta, foi feita uma comparação do ECL com outros três sistemas de aprendizagem tradicionais: MLP (Multilayer Perceptron), ID3 (Iterative Dichotomiser) e NB (Naïve Bayes). Os resultados dessa comparação mostraram que, embora nenhum dos sistemas comparados possa ser considerado o melhor em todos os casos, no geral, o sistema ECL teve um ótimo desempenho. 1. Introdução A capacidade de aprender por meio de experiência é essencial para o comportamento inteligente. De fato, a aprendizagem de máquina [1] é uma importante área da inteligência artificial que visa projetar algoritmos capazes de aprender, melhorando automaticamente seu desempenho como resultado de sua própria experiência. Há várias tarefas em aprendizagem de máquina, tais como classificação, agrupamento e associação. Nesse artigo, o foco é aprendizagem de conceitos, um tipo particular de classificação com aplicações práticas em diversas áreas [2]. Essencialmente, um conceito ࣝ é um conjunto de objetos de um universo ࣯, cada um deles descrito por uma lista de atributos. Um objeto ࣯ א ݔé um exemplo positivo de ࣝ se e só se ( ࣝ א ݔcaso contrário, ݔé um exemplo negativo de ࣝ). Um exemplo rotulado é um par ordenado ሺݔǡ ݕሻ, em que ݔé um objeto e א ݕሼǡ െሽ é um rótulo de classe. Um conjunto de exemplos rotulados para um conceito desconhecido a ser aprendido é um conjunto de treinamento. Dado um conjunto de treinamento, a tarefa de aprendizagem de conceitos consiste em encontrar uma hipótese que melhor se ajuste ao conjunto de treinamento e que possa ser usada para predizer corretamente a classe de um objeto, como uma função de seus atributos [3]. Um algoritmo que aprende a partir de exemplos deve encontrar uma hipótese, no espaço de todas as possíveis hipóteses, que melhor caracterize os objetos pertencentes ao conceito sendo aprendido. Claramente, a complexidade desse espaço de busca depende de como as hipóteses são representadas pelo algoritmo. Há três métodos tradicionalmente usados para aprendizagem a partir de exemplos [1]: MLP (Multilayer Perceptron), que representa hipóteses usando redes neurais, ID3 (Iterative Dichotomiser), que representa hipóteses usando árvores de decisão e NB (Naïve Bayes), que representa hipóteses usando distribuições de probabilidades. Esse artigo propõe uma abordagem evolucionária em que as hipóteses são representadas por expressões booleanas. A motivação para essa proposta foi inspirada no fato de que algoritmos evolucionários [4] são métodos de busca estocástica e adaptativa que têm excelente desempenho com grandes espaços de busca [5]. Basicamente, um algoritmo evolucionário manipula uma população de indivíduos representando possíveis hipóteses. A cada geração, a aptidão de cada indivíduo (e.g., a precisão da hipótese correspondente em relação ao conjunto de treinamento) é calculada e alguns dos melhores indivíduos são selecionados para gerar novos indivíduos que irão compor a próxima geração da população. Este processo é repetido até que uma condição terminal seja satisfeita (e.g., até que um número máximo de gerações seja atingido). No final, o melhor indivíduo na população é devolvido como resposta do algoritmo. Para avaliar o desempenho do algoritmo proposto, um sistema correspondente, chamado ECL (Evolutionary Concept Learner), foi desenvolvido e uma comparação com os sistemas MLP, ID3 e NB foi efetuada. Essa comparação, baseada em dados coletados de situações do mundo real, mostrou que nenhum desses sistemas pode ser considerado o melhor em todos os casos analisados; porém, na maioria deles, ECL tem o melhor desempenho. O restante desse artigo está organizado do seguinte modo: a Seção 2 introduz os fundamentos da aprendizagem de conceitos; a Seção 3 descreve os principais detalhes do algoritmo evolucionário proposto, bem como do sistema correspondente que foi desenvolvido; a Seção 4 descreve os experimentos feitos para avaliar o desempenho do sistema desenvolvido; e, finalmente, a Seção 5 apresenta as conclusões deste trabalho. 2. Aprendizagem de conceitos Esta seção aborda os fundamentos da aprendizagem de conceitos, usados na implementação do sistema ECL. 2.1. Objetos e Conceitos Um objeto pode ser descrito por uma tupla de atributos. Um atributo é uma variável qualitativa (nominal ou categórica) ou quantitativa (discreta ou contínua). Nesse trabalho, apenas atributos nominais são considerados. O conjunto de todos os possíveis objetos (tuplas de atributos) é chamado universo. Por exemplo, considere o problema Lenses [?], em que os objetos denotam pacientes de uma clínica de oftalmologia, descritos por tuplas da forma ሺܽ݃݁ǡ ݊݅ݐ݅ݎܿݏ݁ݎǡ ܽܿ݅ݐܽ݉݃݅ݐݏǡ ݁ݐܽݎ̴ݏݎܽ݁ݐሻ, sendo: Boletim Técnico da FATEC-SP — BT/39 — Junho / 2015 1 ܽ݃݁ אሼ݃݊ݑݕǡ ܿ݅ݕܾݏ݁ݎ̴݁ݎǡ ܿ݅ݕܾݏ݁ݎሽ, א ݊݅ݐ݅ݎܿݏ݁ݎሼ݉݁ݕǡ ݄݁ݎݐ݁݉ݎ݁ݕሽ, ܽ א ܿ݅ݐܽ݉݃݅ݐݏሼݏ݁ݕǡ ݊ሽ, א ݁ݐܽݎ̴ݏݎܽ݁ݐሼ݈݊ܽ݉ݎǡ ݀݁ܿݑ݀݁ݎሽ. Claramente, para o problema Lenses, o universo contém ͵ ൈ ʹ ൈ ʹ ൈ ʹ ൌ ʹͶ objetos distintos. Um conceito pode ser definido por uma função que mapeia objetos do universo em elementos do conjunto ሼǡ െሽ ou, equivalentemente, do conjunto ሼ݁ݑݎݐǡ ݂݈ܽ݁ݏሽ. Por exemplo, o conceito de pacientes com prescrição de usar lentes de contato pode ser descrito pela expressão booleana ሺܽ ܿ݅ݐܽ݉݃݅ݐݏൌ ݊ሻܽ݊݀ሺ ݁ݐܽݎ̴ݏݎܽ݁ݐൌ ݈݊ܽ݉ݎሻ. 2.2. Exemplos e Conjuntos de Dados Se ࣝ é um conceito em um universo ࣯, então ࣝ ࣯ ؿ. Dado um objeto ࣯ א ݔ, pode-se dizer que ݔé um exemplo positivo de ࣝ se e somente se ;ࣝ א ݔcaso contrário, ݔé um exemplo negativo de ࣝ. Por exemplo, o objeto ሺ݃݊ݑݕǡ ݉݁ݕǡ ݊ǡ ݈݊ܽ݉ݎሻ é um exemplo positivo do conceito de paciente com prescrição para uso de lentes; e, por outro lado, o objeto ሺ݃݊ݑݕǡ ݉݁ݕǡ ݊ǡ ݀݁ܿݑ݀݁ݎሻ é um exemplo negativo desse mesmo conceito. Um exemplo rotulado é um par ሺݔǡ ݕሻ, em que ݔé um objeto e א ݕሼǡ െሽ é um rótulo de classe. Por exemplo, no problema Lenses, ൫ሺ݃݊ݑݕǡ ݉݁ݕǡ ݊ǡ ݈݊ܽ݉ݎሻǡ ൯ e ൫ሺ݃݊ݑݕǡ ݉݁ݕǡ ݊ǡ ݀݁ܿݑ݀݁ݎሻǡ െ൯ são exemplos corretamente rotulados. Um conjunto de exemplos rotulados de um conceito a ser aprendido é denominado conjunto de dados. Um conjunto de dados é dividido em duas partes: conjunto de treinamento e conjunto de validação. O conjunto de treinamento é usado pelo sistema de aprendizagem para formular uma hipótese que possa predizer corretamente a classe de cada objeto do universo considerado, em função de seus atributos. Por outro lado, o conjunto de validação é usado para avaliar a qualidade da hipótese formulada pelo sistema de aprendizagem. 2.3. Avaliação de Hipóteses As métricas mais usadas para avaliação de hipóteses são obtidas a partir da análise de uma matriz de confusão, ilustrada na Tabela I. Dada uma hipótese , a matriz correspondente é criada com o resultado da comparação entre ሺݔሻ e ݕ, para cada exemplo ሺݔǡ ݕሻ no conjunto de validação. Quando ሺݔሻ ൌ ݕ, temos um verdadeiro positivo (se ݕൌ ) ou um verdadeiro negativo (se ݕൌ െ). Inversamente, quando ሺݔሻ ് ݕ, temos um falso positivo (se ݕൌ െ) ou um falso negativo (se ݕൌ ). Tabela I - Matriz de confusão. 3UHGLomR3RVLWLYD 3UHGLomR1HJDWLYD &ODVVH3RVLWLYD 939HUGDGHLUR3RVLWLYR )1)DOVR1HJDWLYR &ODVVH1HJDWLYD )3)DOVR3RVLWLYR 919HUGDGHLUR1HJDWLYR Várias métricas úteis podem extraídas de uma matriz de confusão [6]. A acurácia, definida por ሺܸܲ ܸܰሻȀ ሺܸܲ ܲܨ ܰܨ ܸܰሻ, é o percentual de objetos corretamente classificados pela hipótese. A taxa de verdadeiro positivo (ܸܶܲ), dada por ܸܲ Ȁሺܸܲ ܰܨሻ, é o percentual de objetos corretamente classificados como exemplos positivos. A taxa de verdadeiro negativo (ܸܶܰ), por ܸܰȀሺ ܲܨ ܸܰሻ, é a percentual de objetos corretamente classificados como exemplos negativos. 2 Embora a acurácia seja a medida mais comumente usada no contexto de classificação, observa-se que esta não é a medida de desempenho mais adequada quando se têm conjuntos de treinamento desbalanceados (e.g., conjuntos de dados com poucos exemplos positivos e muitos exemplos negativos). Por exemplo, seja ି uma hipótese que classifica todos os exemplos do universo como negativos. Então, para um conjunto de dados com apenas ͳΨ de exemplos positivos, a hipótese ି tem acurácia de ͻͻΨ. Nesse caso, recomenda-se o uso da média geométrica entre ܸܶܲ e ܸܶܰ, chamada medida-G. De fato, essa é a métrica adotada nesse trabalho. 3. A Abordagem Evolucionária Proposta A abordagem evolucionária [7] é baseada em algoritmos de busca estocásticos que são inspirados na teoria da evolução de Darwin. Diversas técnicas são agrupadas sob a denominação genérica de algoritmo evolucionário [8]. Todas elas compartilham três características principais: uso de uma população de indivíduos representando soluções candidatas; uso de operadores genéticos para geração de novos indivíduos na população; e uso de uma medida de aptidão para selecionar indivíduos que devem sobreviver de uma geração para outra (Figura 1). Figura 1 – Ciclo de um algoritmo evolucionário. O algoritmo proposto nesse artigo combina ideias de diferentes tipos de algoritmos evolucionários: da programação genética [9], ele usa a ideia de representar os indivíduos da população por árvores; da programação evolucionária [10], ele usa a ideia de aplicar apenas mutação para gerar novos indivíduos na população e, por fim, da estratégia evolutiva [11], ele usa o esquema de seleção ȝ+ȝ para evoluir a população através das gerações. Essas ideias, com base nas quais o sistema de aprendizagem de conceitos ECL foi desenvolvido, são discutidas mais detalhadamente nas próximas seções. 3.1. Criação de Árvores Uma expressão booleana pode ser representada por uma árvore cujas folhas são rotuladas com testes sobre atributos e cujos nós internos são rotulados com operadores booleanos. Por exemplo, a Figura 2 mostra uma árvore representando a expressão ݊ݐሺܽ ܿ݅ݐܽ݉݃݅ݐݏൌ ݏ݁ݕሻܽ݊݀൫ሺ ݁ݐܽݎ̴ݏݎܽ݁ݐൌ ݈݊ܽ݉ݎሻݎሺܽ݃݁ ൌ ݃݊ݑݕሻ൯. and not astigmatic=yes or tears_rate=norm age=young Figura 1 – Expressão representada por árvore. A representação em árvore facilita a implementação das operações sobre expressões booleanas, que precisam ser efetuadas pelo algoritmo evolucionário proposto. Boletim Técnico da FATEC-SP — BT/39 — Junho / 2015 Em programação genética [9], há dois métodos para geração de árvores aleatórias: o método full cria árvores completas nas quais todas as folhas são posicionadas no último nível; por outro lado, o método grow cria árvores de formas mais variadas. Apesar de fáceis de implementar, esses métodos têm a desvantagem de não garantir uma distribuição uniforme das árvores que são geradas. Assim, por exemplo, quando o número de testes sobre atributos é muito maior que o número de operadores, o método grow frequentemente gera árvores com apenas uma folha; inversamente, se o número de operadores é muito maior, o método grow se comporta quase que de maneira idêntica ao método full. Para evitar essa limitação, um novo método de geração de árvores aleatórias é usado nesse trabalho. Uma distribuição uniforme é obtida com base num limite superior para o número de árvores que podem ser criadas, com altura no máximo ݄, a partir da combinação de testes sobre atributos e operadores booleanos. Seja ݇ o total de testes sobre todos os atributos usados para descrever objetos em um determinado universo. Então, considerando que apenas os operadores ݊ݐ, ܽ݊݀ e ݎ sejam usados, o limite superior desejado, ܶ , pode ser indutivamente definido como segue: se ݄ ൌ ͳ, a raiz da árvore deve ser rotulada por um teste sobre atributo e, então, ܶଵ ൌ ݇. Caso contrário, se ݄ ͳ, cada árvore enraizada num nó rotulado por um teste sobre atributo é uma árvore de altura no máximo ݄; cada árvore de altura no máximo ݄ െ ͳ, estendida com uma raiz rotulada com operador ݊ ݐé uma árvore de altura no máximo ݄; e cada par de árvores de altura no máximo ݄ െ ͳ, combinadas por uma raiz rotulada com ܽ݊݀ ou ݎé uma árvore de altura no máximo ݄; portanto, ଶ ܶ ൌ ݇ ܶିଵ ʹ ή ܶିଵ . Assim, uma distribuição uniforme de árvores aleatórias pode ser garantida se, durante a criação de uma árvore, as escolhas de testes e operadores (unário e binário) para rotular sua raiz forem feitas com probabilidades iguais a ݇Ȁܶ , ܶିଵ Ȁܶ , ଶ ሻȀܶ e ሺʹ ή ܶିଵ , respectivamente, e se suas subárvores forem criadas recursivamente. subárvore enraizada nesse nó é substituída por uma árvore aleatória de altura no máximo 2 (possivelmente aumentando a altura da árvore, como mostra a Figura 6). and age=young prescription=myope astigmatic=no and age=young or prescription=myope astigmatic=no Figura 2 - Mutação interna Figura 3 – Modificação interna (a). and age=young and prescription=myope astigmatic=no and age=young tears_rate=normal Figura 4 – Modificação interna (b). and age=young and prescription=myope 3.2. Mutação de Árvores Depois de criada, uma árvore pode ser modificada pela função de mutação. Essa função seleciona aleatoriamente uma operação de modificação, aplica essa operação na árvore e devolve a árvore mutante resultante. Há duas operações de modificação que podem ser aplicadas a uma árvore: modificação interna e modificação externa. Quando uma modificação interna é aplicada, um nó interno da árvore é aleatoriamente selecionado para sofrer mutação e: (a) seu rótulo é aleatoriamente substituído por outro do mesmo tipo (preservando a altura da árvore, como mostra a Figura 3), ou (b) a subárvore enraizada nesse nó é substituída por uma árvore aleatória de altura no máximo 2 (possivelmente diminuindo a altura da árvore, como mostra a Figura 4). Por outro lado, quando uma modificação externa é aplicada, um nó externo da árvore é aleatoriamente selecionado para sofrer mutação e: (a) seu rótulo é aleatoriamente substituído por outro do mesmo tipo (preservando a altura da árvore, como mostra a Figura 5), ou (b) a and astigmatic=no and age=young and tears_rate=reduced astigmatic=no Figura 5 – Modificação externa (a). and age=young and prescription=myope astigmatic=no and age=young and not astigmatic=no tears_rate=normal Figura 6 – Modificação externa (b). Boletim Técnico da FATEC-SP — BT/39 — Junho / 2015 3 3.3. Avaliação de Árvores Como dito anteriormente, cada árvore representa uma possível hipótese sobre um conceito sendo aprendido a partir de um conjunto de exemplos. Assim, a qualidade de uma árvore depende de sua avaliação nesse conjunto de exemplos. No algoritmo proposto, a avaliação de árvores é feita com o uso de expressões lambda da forma ሺߣܽଵ ǡ ǥ ǡ ܽ ǣߚሻ, onde ߚ é uma expressão booleana sobre os atributos ܽଵ ǡ ǥ ǡ ܽ . Data uma árvore ݐ, uma função lambda correspondente, ௧ , pode ser facilmente obtida. Ademais, como cada exemplo no conjunto de treinamento é um par ሺݔǡ ݕሻ, em que ݔé um objeto descrito pelos atributos ܽଵ ǡ ǥ ǡ ܽ , o rótulo de classe associado a ݔpela árvore ݐpode ser determinado pela simples avaliação de ௧ ሺݔሻ. Assim, a matriz de confusão para ݐpode ser obtida pela avaliação de ௧ ሺݔሻ, para cada objeto ݔno conjunto de treinamento (vide Subseção 2.3). A partir dessa matriz, várias métricas de desempenho para ݐpodem ser extraídas, como, por exemplo, acurácia e medida-G. 3.4. Seleção de Árvores Em programação genética, o método mais usado para geração da população inicial é conhecido como ramped half-and-half [9]. Esse método resulta da combinação dos métodos grow e full, definidos na Subseção 3.1. Porém, esses métodos não garantem uma distribuição uniforme das árvores na população inicial. Assim, para garantir essa propriedade, o algoritmo proposto usa uma função de geração de árvores aleatórias uniforme para criar a população inicial. Ademais, para garantir que as árvores na população sejam todas distintas, o algoritmo usa uma tabela de dispersão para manter a população. De fato, nessa tabela, cada árvore ݐé uma chave à qual são associados um valor ݃ሺݐሻ, indicando seu desempenho no conjunto de treinamento, e um valor ݏሺݐሻ, indicando seu número de nós. Essa técnica evita o reprocessamento de árvores idênticas, que seria um desperdício de recursos computacionais, e contribui para aumentar a diversidade da população, o que é um benefício. A cada geração, o algoritmo transforma a população corrente em uma nova população, usando o esquema de seleção ߤ ߤ [11]. Primeiramente, cada uma das ߤ árvores na população corrente produz um descendente mutante que incluído na população (i.e., uma nova entrada com a árvore mutante, sua medida de desempenho e seu tamanho é criada na tabela de dispersão). Em seguida, a partir da população resultante com ߤ ߤ árvores distintas, apenas as ߤ árvores com maior aptidão (i.e., fitness) são selecionadas para sobreviver na próxima geração. Esse esquema de seleção é altamente elitista e garante que, ao longo de todo o processo de evolução, a aptidão média da população nunca decresce. A aptidão de uma árvore ݐé um valor que depende de seu desempenho ݃ሺݐሻ. Assim, árvores com melhores desempenhos devem ter maior aptidão. Ademais, de acordo com o princípio de parcimônia [9], a melhor hipótese é sempre aquela mais simples. Assim, árvores menores também devem ter maior aptidão. Portanto, o objetivo do processo evolutivo é maximizar o desempenho e minimizar o tamanho das árvores. 4 Sejam ߛ e ߪ, respectivamente, a medida-G e o tamanho da melhor árvore numa população de árvores mães. O peso de uma árvore ݐcom relação à melhor árvore mãe é ݓሺݐǡ ߛǡ ߪሻ ൌ ͳ ሺ݃ሺݐሻ െ ߛሻ ൫ߪ െ ݏሺݐሻ൯ ିͲͳ ڄ. A aptidão de uma árvore ݐé ݃ሺݐሻ ݓ ڄሺݐǡ ߮ǡ ߪሻ. Quando a população com árvores mães e filhas é colocada em ordem decrescente de aptidão, as ߤ árvores com maiores medidas-G e menores tamanhos são agrupadas na primeira metade da sequência ordenada. Então, tomando a primeira metade dessa sequência, temos as árvores mais aptas que devem sobreviver na próxima geração. 3.5. O Sistema Desenvolvido Com base nas ideias discutidas nas seções anteriores, um sistema de aprendizagem, chamado ECL (Evolutionary Concept Learner), foi desenvolvido em Python [12]. Essa linguagem foi escolhida devido às suas facilidades para lidar com árvores, expressões lambda e tabelas de dispersão. Esse sistema é composto por duas funções: a primeira delas evolui uma população de hipóteses e, no final, devolve a melhor hipótese (com relação ao conjunto de treinamento); a segunda delas avalia essa melhor hipótese (com relação ao conjunto de validação) e reporta algumas estatísticas correspondentes. 4. Resultados Empíricos Os experimentos descritos nessa seção comparam o ECL a três sistemas de aprendizado tradicionais [1], embutidos no Weka (Waikato Environment for Knowledge Analysis) [13] (i.e., MLP, ID3 e NB), com o objetivo de verificar se o desempenho do ECL em aplicações reais pode ser comparável àqueles dos métodos tradicionais. Para tanto, uma ampla avaliação empírica, usando 14 conjuntos de dados, foi efetuada. Esses conjuntos de dados foram selecionados de repositórios públicos bem conhecidos na comunidade de aprendizado de máquina (KEEL [14] e UCI [15]), levando-se em conta o tipo dos atributos usados na descrição dos exemplos, bem como o número de classes. Somente conjuntos de dados com atributos nominais foram selecionados. Ademais, para conjuntos de dados com mais que duas classes, uma das classes foi aleatoriamente escolhida como classe positiva e as demais foram agrupadas para formar a classe negativa. Em todos os experimentos, os mesmos conjuntos de dados foram usados como entrada para todos os sistemas. Além disso, todos os resultados do ECL foram obtidos com uma população de 25 árvores e 20 rodadas, cada uma delas com no máximo 5000 gerações, para cada conjunto de treinamento. O tempo de execução do ECL em cada experimento não é reportado porque é um fato bem conhecido que abordagens evolucionárias são naturalmente mais lentas que métodos tradicionais de aprendizado. Entretanto, os tempos de execução mínimo e máximo observados para uma rodada foram 0.1 seg. e 15.71 min., respectivamente. O tempo de execução médio foi 3 min., executando o sistema ECL implementado em Python 2.6.7, num processados Intel Core i5-1.6 GHz, com 4GB de memória e sistema operacional Windows 7. De qualquer forma, em aplicações de aprendizado de conceitos, melhores soluções devem compensar tempos de execução mais longos. Boletim Técnico da FATEC-SP — BT/39 — Junho / 2015 4.1. Conjuntos de Dados Os conjuntos de dados selecionados para os experimentos são provenientes de aplicações práticas reais tais como diagnóstico (breast, heart, lenses, post-operative), tomada de decisão (bankruptcy, housevotes, nursery), jogos eletrônicos (chess, kr-vs-k, tic-tac-toe) e estudos biológicos (mushroom, zoo). Esses conjuntos de dados são subdivididos em conjunto de treinamento e conjunto de validação. Os tamanhos desses conjuntos são dados na Tabela II. 4.2. Discussão dos Resultados O procedimento adotado para obtenção dos resultados apresentados na Tabela II foi o seguinte: para cada conjunto de dados, o Weka foi executado três vezes, uma vez para cada um dos sistemas considerados na comparação (NB, ID3 e MLP), e as medidas exibidas pelo Weka (i.e., acurácia, TVP, TVN, medida-G) foram devidamente registradas. Cada um desses sistemas foi executado apenas uma vez porque, como eles são determinísticos, apresentam sempre os mesmos resultados. Por outro lado, o ECL foi executado 20 vezes; sendo que, a cada vez, foram registradas mesmas medidas já citadas. Então, após as 20 rodadas, foram calculados a média, o desvio padrão e o máximo das medidas registradas. A análise dos dados exibidos na Tabela II mostra que o ECL teve um ótimo desempenho na maioria dos casos. Mais precisamente, com relação à medida-G, o sistema ECL teve o melhor desempenho em 12 dos 14 conjuntos de dados considerados. Evidentemente, esse resultado deve-se ao fato de o ECL ser um algoritmo estocástico e pressupõe que o usuário dispõe de tempo para executar o sistema várias vezes para um mesmo conjunto de dados e, então, selecionar a melhor hipótese obtida. Vale lembrar que, como mencionado na Seção 2.3, a medida-G é uma métrica de desempenho mais informativa que a acurácia (sobretudo quando o conjunto de dados é desbalanceado). Isso pode ser visto na Tabela III. Por exemplo, para o conjunto breast, o NB é o sistema com maior acurácia (69.1%), seguido por MLP (65.5%). Porém, quando as taxas de verdadeiros positivos e negativos (TVP e TVN) são analisadas, pode-se perceber que o MLP tem maior capacidade de predizer corretamente a classe de objetos positivos e negativos. Assim, maior acurácia nem sempre indica maior poder preditivo. Tabela II – Resultados dos experimentos. Conjunto de dados Exemplos de Treinamento + Validação NB ID3 MLP Bankruptcy Breast Car Chess Flare Heart Housevotes Kr-vs-k Lenses Mushroom Nursery Post-operative Tic-tac-toe Zoo 124+126 222+50 1382+346 2557+639 1066+1066 80+187 186+46 1450+1451 19+5 4515+1129 10368+2592 70+17 766+192 81+20 98.4 69.1 93.4 89.7 92.2 64.7 95.7 57.7 60.0 97.3 100.0 76.5 72.4 90.0 99.2 52.7 94.8 99.5 97.9 65.2 89.1 87.0 60.0 100.0 100.0 52.9 86.5 100.0 98.4 65.5 98.8 99.1 97.8 65.2 93.5 79.6 80.0 100.0 100.0 58.8 97.4 100.0 Acurácia Medida-G ECL Média ± σ 98.9 ± 0.770 58.0 ± 5.243 95.5 ± 1.367 96.9 ± 0.896 90.0 ± 1.542 64.9 ± 3.001 94.2 ± 2.405 87.7 ± 9.492 78.0 ± 6.000 100.0 ± 0.000 100.0 ± 0.000 55.9 ± 10.097 91.2 ± 3.159 99.0 ± 2.550 Máx. 100.0 69.1 97.4 98.0 92.3 71.1 97.8 97.1 80.0 100.0 100.0 70.6 98.4 100.0 NB ID3 MLP 0.983 0.555 0.927 0.895 0.779 0.650 0.960 0.722 0.577 0.967 1.000 0.447 0.592 0.943 0.993 0.446 0.987 0.996 0.817 0.645 0.894 0.752 0.577 1.000 1.000 0.381 0.878 1.000 0.983 0.599 0.991 0.991 0.803 0.643 0.938 0.888 0.816 1.000 1.000 0.387 0.966 1.000 ECL Média ± σ 0.990 ± 0.007 0.537 ± 0.063 0.967 ± 0.011 0.968 ± 0.009 0.924 ± 0.009 0.635 ± 0.038 0.942 ± 0.024 0.924 ± 0.056 0.792 ± 0.072 1.000 ± 0.000 1.000 ± 0.000 0.402 ± 0.185 0.874 ± 0.046 0.982 ± 0.068 Max. 1.000 0.658 0.981 0.980 0.936 0.709 0.980 0.985 0.816 1.000 1.000 0.632 0.977 1.000 Tabela III – Comparação entre taxas de acerto e acurácia. Conjunto de dados Bankruptcy Breast Car Chess Flare Heart Housevotes Kr-vs-k Lenses Mushroom Nursery Post-operative Tic-tac-toe Zoo TVP 0.981 0.821 0.942 0.916 0.651 0.563 1.000 0.925 0.500 0.940 1.000 0.200 0.904 1.000 NB TVN 0.986 0.375 0.913 0.875 0.934 0.750 0.920 0.564 0.667 0.994 1.000 1.000 0.388 0.889 Acurácia 98.4 69.1 93.4 89.7 92.2 64.7 95.7 57.7 60.0 97.3 100.0 76.5 72.4 90.0 TVP 1.000 0.694 0.975 0.995 0.674 0.699 0.952 0.633 0.500 1.000 1.000 0.200 0.925 1.000 ID3 TVN Acurácia 0.986 99.2 0.286 52.7 1.000 94.8 0.997 99.5 0.992 97.9 0.595 65.2 0.840 89.1 0.893 87.0 0.667 60.0 1.000 100.0 1.000 100.0 0.727 52.9 0.833 86.5 1.000 100.0 TVP 0.981 0.718 0.983 0.985 0.651 0.709 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 0.200 0.992 1.000 Boletim Técnico da FATEC-SP — BT/39 — Junho / 2015 MLP TVN Acurácia 0.986 98.4 0.500 65.5 1.000 98.8 0.997 99.1 0.992 97.8 0.583 65.2 0.880 93.5 0.788 79.6 0.667 80.0 1.000 100.0 1.000 100.0 0.750 58.8 0.940 97.4 1.000 100.0 5 5. Conclusões Aprendizagem de conceitos é um tipo de tarefa de classificação para a qual existem diversas técnicas e aplicações práticas. Porém, nenhuma dessas técnicas é capaz de resolver todos os problemas de aprendizagem possíveis com alto desempenho. Sendo assim, novas abordagens para aprendizagem de máquina são sempre bem vindas. Neste artigo, um novo algoritmo evolucionário para resolver problemas de aprendizagem de conceitos foi proposto e um sistema correspondente, chamado ECL, foi desenvolvido. A novidade da proposta está na combinação de ideias provenientes de diferentes algoritmos evolucionários canônicos (isto é, programação genética, programação evolucionária e estratégia evolutiva). Para verificar o desempenho do ECL, foram realizados experimentos usando conjuntos de dados extraídos de conhecidos repositórios públicos de aprendizagem de máquina. Esses experimentos mostraram que o ECL pode ter um bom desempenho em aplicações práticas de aprendizagem de conceitos. Assim, a principal contribuição deste trabalho é proporcionar uma técnica alternativa e viável para resolver problemas práticos de classificação em aprendizagem de máquina. Algumas considerações também devem ser feitas sobre o tempo de execução maior do ECL. Em primeiro lugar, observa-se que a aprendizagem de um conceito específico é uma tarefa realizada apenas uma vez; por outro lado, a hipótese aprendida é usada muitas vezes. Assim, melhores hipóteses podem justificar um tempo de execução mais longo. Em segundo lugar, devido ao inerente não-determinismo da abordagem evolucionária, quando o usuário tem mais tempo disponível, executando o ECL várias vezes, ele tem maior chance de obter melhores hipóteses. Claramente, o mesmo não vale para outras abordagens de aprendizagem de máquina que, por serem determinísticas, produzem sempre as mesmas hipóteses, para os mesmos conjuntos de treinamento. Finalmente, embora a avaliação empírica feita mostre que o algoritmo proposto tem um bom desempenho geral, uma extensão natural deste trabalho seria a realização de novos experimentos para verificar como o algoritmo proposto de comporta com conjunto de dados desbalanceados (e.g., com poucos exemplos positivos e muitos exemplos negativos) ou com ruídos (e.g., contendo exemplos incorretamente classificados). [3] L. M. Moreira. The use of Boolean Concepts in General Classification Contexts, Ph.D. Thesis, École Polythechnique Fédérale de Lausanne, 2000. [4] D. Whitley. An Overview of Evolutionary Algorithms: Practical Issues and Common Pitfalls, Information and Software Technology, vol. 43, p. 817–831, 2001. [5] J. Hekanaho. An Evolutionary Approach to Concept Learning, Ph.D. Thesis, Åbo Akademi University, Vasa, 1998. [6] V. Labatut; H. Cherifi. Accuracy Measures for the Comparison of Classifiers, Proceedings of the 5th International Conference on Information Technology, CoRR, p. 1-5, 2012. [7] K. A. De Jong. Evolutionay Computation: A Unified Approach, MIT Press, London, 2006. [8] T. Weise. Global Optimization Algorithms: Theory and Application, 2nd edition, 2008. [9] J. R. Koza. Genetic Programming, MIT Press, London, 1998. [10] L. J. Fogel. On the Organization of Intellect. Ph.D. Thesis, University of California, 1964. [11] I. Rechenberg. Cybernetic Solution Path of an Experimental Problem, Royal Aircraft Establishment, Translation 1122, Farnborough, 1965. [12] V. L. Ceder. The Quick Python Book, 2nd edition, Manning Publications Co., USA, 2010. [13] I. H. Witten; E. Frank; M. A. Hall. Data Mining. 3rd edition, Morgan Kaufmann, Burlington, 2011. [14] J. Alcalá-Fdez. et all. KEEL Data-Mining Software Tool: Data Set Repository, Integration of Algorithms and Experimental Analysis Framework, Journal of Multiple-Valued Logic and Soft Computing, vol. 17:2-3, p. 255-287, 2011. [15] K. Bache; M. Lichman. UCI Machine Learning Repository, University of California, School of Information and Computer Science, 2013. Agradecimentos Ao CNPq pela bolsa de Iniciação Científica¹ (Processo 103170/2014-6) e pela bolsa de Produtividade em Pesquisa² (Processo 305484/2012-5). Referências Bibliográficas [1] D. Michie; D. Spiegelhalter; C. Taylor. Machine Learning, Neural and Statistical Classification, Ellis Horwood, New York, 1994. [2] S. B. Kotsiants; I. D. Zaharakis; P. E. Pintelas. Machine Learning: A Review of Classification and Combining Techniques, Artificial Intelligence Review, vol. 26:3, p. 159–190, 2006. 6 Boletim Técnico da FATEC-SP — BT/39 — Junho / 2015 ANÁLISE DE CARACTERÍSTICAS MECÂNICAS DE MATERIAIS RECICLADOS COM A UTILIZAÇÃO DE ESPUMA ASFÁLTICA Josué Alves Roso1,André Luis Martin2Ronaldo Almeida Costa3Fernando Augusto Uyehara Mantuani4 1 Prof. Mestre da Faculdade de Tecnologia de São Paulo 2,3,4 Alunos do curso de Movimento de Terra e Pavimentação FATEC-SP 1 [email protected], [email protected], [email protected], [email protected] Resumo Os resíduos de construção e demolição (RCD), bem como os resíduos asfálticos de petróleo (RAP) material resultante da fresagem da malha viária, vem sendo elementos que contribuem para a geração de impactos ambientais notórios, portanto, a fim de amenizar tais impactos, governos estaduais em conjunto com os municípios, desenvolvem programas que incentivam sua utilização. Esse trabalho se propôs a desenvolver estudos que verificam a viabilidade técnica da utilização desses materiais na pavimentação, para isso, foram feitos ensaios de laboratório para avaliar propriedades físicas e o comportamento mecânico desses materiais. Com o emprego da mistura desses materiais, entre si, com estabilizantes químicos e espuma de asfalto, buscou-se analisar seu comportamento, em alguns parâmetros, para verificar sua utilização na construção de pavimentos. As experimentações verificaram os resultados dos ensaios de resistência a tração (RT) por compressão diametral, ensaios de resistência Marshall. Esse universo amostral demonstrou que, a utilização desses materiais e misturas propostas atendem as especificações brasileiras, tanto no parâmetro RT, quanto no parâmetro Marshall, demonstrando que as misturas com adição de cimento tem melhor desempenho que as com cal e que as misturas com maior quantidade de RAP tendem a ter melhor desempenho para o emprego em camadas de pavimento. 1. Introdução Segundo dados da Confederação Nacional do Transporte (CNT) [1] de julho de 2013 o Brasil soma uma malha rodoviária de 1.584.402 km, entre estradas federais, estaduais, municipais e concessionadas. Esta modalidade de transporte é responsável por 96,2% da locomoção de passageiros e a 61,8% da movimentação de cargas no país. Em uma avaliação recente foi descoberto que 69% da malha rodoviária está em péssimo, ruim ou regular estado de conservação. Desde 2003, até setembro de 2009, a CNT [1] mostra que foram investidos R$ 23,8 bilhões na conservação das estradas. O valor, apesar de elevado, está longe do ideal considerado pela confederação. Dados divulgados pela CNT [1] mostram que seria necessário o empenho de R$ 32 bilhões para a restauração da malha rodoviária brasileira. Pavimentos deteriorados têm superfícies com baixa qualidade de rolagem, apresentando defeitos, como trincas, ondulações e desagregação. A deterioração do pavimento é influenciada, em grande parte, por condições climáticas severas, alto volume de tráfego e excesso de cargas, assim como pela qualidade da construção e manutenção da estrada que são mau conservadas depois de concluídas. Essa deterioração tende a acelerar-se após vários anos de serviço, mas a recuperação oportuna com recapeamento ou reciclagem pode restaurar a serventia do pavimento e aumentar a vida de serviço da rodovia. A camada da superfície dos pavimentos asfálticos é composta de asfalto, um subproduto do petróleo, agregado mineral e areia. Diversos métodos de restauração ou conservação rodoviária e tecnologias de restauração já foram utilizados durante muitos anos, na tentativa de utilizar melhor os agregado e asfalto presentes nos pavimentos asfálticos deteriorados. Um dos métodos mais promissores é a reciclagem de pavimentos, para a qual há uma variedade de equipamentos e processos consagrados. Estudos do Banco Mundial têm demonstrado que a reciclagem de pavimentos asfálticos é, particularmente, uma alternativa efetiva em termos de custo, quando realizada em momento oportuno. (BRASIL ENGENHARIA, 2011) [2]. Segundo Cunha et al. (2010) [3] o consenso no meio técnico internacional sobre as vantagens da reciclagem vêm também justificar por si só o desenvolvimento desta técnica. Como principais vantagens pode referir-se que a utilização de pavimentos danificados como fonte de matéria prima reduz significativamente a utilização de recursos naturais nomeadamente de agregados e betumes, promove a diminuição das zonas de vazadouro e depósito de resíduos provenientes da fresagem de antigos pavimentos com os respectivos benefícios ambientais e por fim, reduz o custo da manutenção dos pavimentos. Uma nova alternativa de reciclagem de pavimentos com adição de espuma de asfalto está ganhando importância no mercado. A tecnologia de espuma de asfalto é uma modalidade de reciclagem in situ a frio do pavimento, de forma que se obtém uma camada de base reciclada, utilizando-se revestimento asfáltico removido do pavimento, produtos de britagem, cimento Portland ou outro agente estabilizador.(PINTO, 2002) [4]. A utilização da espuma de asfalto traz o beneficio de poder construir, por meio da adição de pequenas Boletim Técnico da FATEC-SP — BT/39 — Junho / 2015 7 quantidades de ligante betuminoso, uma camada com capacidade estrutural adequada para suportar as cargas do tráfego atuante e também auxilia o envolvimento dos componentes granulares da mistura e permite construir, de forma econômica, camadas de bases flexíveis. (WIRTGEN, 2012) [5]. Segundo DNIT 166/2013 [6], reciclagem à frio com espuma de asfalto consiste no reaproveitamento de estruturas de pavimento danificadas através da adição de agregados pétreos, cimento Portland e de espuma de asfalto obtendo-se, assim, bases recicladas de boa qualidade. Vários autores definem a espuma asfáltica de várias maneiras, mas que são equivalentes. Fresar (2013) [7] afirma que a reciclagem com espuma de asfalto é um processo particular de reciclagem profundo que é o asfalto (CAP) em forma de espuma que se adere à parte fina dos materiais gerados na trituração de pavimento que está sendo reutilizado. E o processo é realizado por equipamentos projetados, dotados de tambor reciclador e controle eletrônico que adiciona água e CAP. O DER-PR (2005) [8] define a espuma de asfalto obtida a partir da injeção de mistura de ar comprimido e pequena quantidade de água sobre cimento asfáltico de petróleo CAP aquecido por volta de 175ºC, gerando forte expansão volumétrica do ligante. Nesta condição o produto obtido é trabalhável à temperatura ambiente. As vantagens do uso dessa tecnologia consegue entrar em harmonia com a proposta de preservar o meio ambiente, já que praticamente todo o material retirado (revestimento e/ou base) é reutilizado no mesmo momento em que o trabalho é realizado. Dessa forma, não há desperdício de materiais (quase nada é jogado fora) e, na maioria das vezes, não necessita de exploração de pedreiras e jazidas para retirada de novos materiais. (PINTO, 2002) [4]. 2. Objetivo Esta pesquisa tem por objetivo avaliar algumas características do comportamento mecânico de materiais reciclados com espuma de asfalto utilizado em pavimentos flexíveis, visando contribuir para melhor entendimento desta técnica de pavimentação. Confeccionar corpos de prova com a mistura de materiais recicláveis de construção civil, variando suas quantidades e adicionando estabilizantes químicos, tais como cal e cimento, afim de avaliar suas características mecânicas quanto a resistência à tração e resistência Marshall. Os resultados poderão indicar o seu desempenho na utilização em camadas de pavimentos flexíveis, utilizando-se de parâmetros especificados por normas brasileiras. 3. Experimentação Como principais parâmetros para definição de comparação e análise foram escolhidos os resultados dos ensaios Marshall e Resistência à Tração, portanto, busca-se com os ensaios determinar a estabilidade Marshall e a Resistência à Tração de materiais utilizados em camadas de pavimento flexível. Essa 8 etapa visa, dentro do universo amostral proposto, determinar se o composto escolhido para determinada camada de pavimento resistirá aos esforços de tração a que são submetidos ao longo de sua vida de serviço, atendendo as especificações estabelecidas para cada parâmetro verificado. Foram utilizados para os ensaios misturas de materiais Resíduos de Construção e Demolição (RCD) e Reclaimed Asphalt Pavement (RAP) em proporções distintas e misturados com cal e cimento com emprego da espuma de asfalto para estabilização das misturas. Resistência à tração por compressão diametral é definida como a tensão de tração que ocorre no plano diametral vertical de um corpo de prova cilíndrico, no momento da ruptura, quando o mesmo é solicitado diametralmente por uma carga de compressão (PREUSLLER, 1983) [9]. Para os ensaios de resistência a tração, os corpos de prova Marshall, após a compactação, passam por um período de cura de 72 horas em estufa a 600C, e é determinada de acordo com o método de ensaio DNIT ME 136/2010 [10]. O DNIT -ES em sua especificação de serviço ES166/2013 [6] define os seguintes valores mínimos de resistência à tração: • 0,25 MPa para valores de resistência à tração por compressão diametral seca • 0,15 MPa para valores de resistência à tração por compressão diametral saturada a 250C O DER-SP em sua especificação de serviço ET033/2006 [11] define os seguintes valores mínimos de resistência à tração: • 0,40 MPa para valores de resistência à tração por compressão diametral seca • 0,20 MPa para valores de resistência à tração por compressão diametral saturada a 250C. Para os ensaios de Resistência Marshall foram empregados os procedimentos de acordo com a norma DNER-ME 107/94 [12] Mistura betuminosa a frio, com emulsão asfáltica - ensaio Marshall. O DNIT em sua especificação de serviço DNIT – 153/2010 ES [13] define os seguintes valores mínimos de resistência Marshall: • 250 kgf para valores de Estabilidade mínima a 75 golpes. O DER-SP em sua especificação de serviço ET-DEP00/025/2006 [14] define os seguintes valores mínimos de resistência Marshall: • 350 kgf para valores de Estabilidade mínima a 75 golpes, para misturas densas. 3.1 - Matriz de ensaios Foram utilizados para os ensaios misturas de materiais RCD e RAP em proporções distintas misturados com cal e cimento com emprego da espuma de asfalto para estabilização das misturas. A matriz de ensaios conforme figura 1, foi definida de acordo com amostras fornecidas pela usina FREMIX para confecção dos corpos de prova. Serão realizados 6 tipos de misturas distintas, e para observar e analisar as condições propostas, foram confeccionados cinco corpos de prova para ruptura de Boletim Técnico da FATEC-SP — BT/39 — Junho / 2015 Resistência a Tração a seco, cinco corpos de prova para ruptura de Resistência à Tração saturado (úmido) para cada mistura proposta e mais cinco corpos de prova de cada mistura, para ruptura à resistência Marshall. RCD % de Materiais 29% CP 1 2 3 4 5 MISTURAS RCD (% ) RAP (% ) CAL (% ) CIMENTO (% ) 29 70 2 29 70 3 99 4 70 29 1 5 70 29 1 99 1 1 Figura 1 - Matriz de ensaios com misturas RCD e RAP. O teor de asfalto utilizado para as misturas foram definidos pelo ensaios Marshall a frio DNER-ME10794. • Para a mistura 1 os resultados dos ensaios demonstraram que o teor mínimo de espuma admissível foi de 2,3%, o teor ótimo recomendável 2,6% e o teor Máximo admissível de 2,9%. Para a mistura 2 os resultados dos ensaios foram: teor mínimo de espuma admissível 2,2%, teor ótimo recomendável 2,5%, teor Máximo admissível 2,8%. Para a mistura 3 os resultados dos ensaios foram: teor mínimo de espuma admissível 3,0%, teor ótimo recomendável 3,3%, teor máximo admissível 3,6%. • Para a mistura 4 os resultados dos ensaios demonstraram que o teor mínimo de espuma admissível foi de 2,4%, o teor ótimo recomendável 2,7% e o teor Máximo admissível de 2,9%. • Para a mistura 5 os resultados dos ensaios foram: teor mínimo de espuma admissível 2,3%, teor ótimo recomendável 2,7%, teor Máximo admissível 2,9%. • Para a mistura 6 os resultados dos ensaios foram: teor mínimo de espuma admissível 3,2%, teor ótimo recomendável 3,4%, teor máximo admissível 3,8%. úmido 0,23 0,22 0,24 0,23 0,22 0,44 0,23 RAP 70% Resitência a Tração (MPa) 3 4 RAP RCD RAP 0% 70% 29% RCD 99% cimento (1% ) cimento (1% ) seco 0,55 0,54 0,56 0,52 0,53 seco 0,43 0,42 0,44 0,43 0,45 úmido 0,30 0,27 0,26 0,27 0,24 0,54 0,27 5 RCD 70% cal (1% ) 6 RAP 29% RCD 0% RAP 99% cimento (1% ) cimento (1% ) úmido 0,23 0,23 0,24 0,25 0,23 seco 0,43 0,42 0,40 0,44 0,45 úmido 0,23 0,20 0,21 0,21 0,22 seco 0,50 0,48 0,45 0,48 0,46 úmido 0,26 0,25 0,26 0,24 0,23 seco 0,58 0,56 0,58 0,59 0,57 úmido 0,29 0,32 0,30 0,33 0,31 0,43 0,24 0,43 0,21 0,47 0,25 0,58 0,31 A figura 3 demonstra graficamente os valores médios da Resistência à tração, dos resultados das amostras secas, das amostras úmidas e os valores médios das duas rupturas. Ϭ͕ϳϬ Ϭ͕ϲϬ RT das amostras seca s ϭϭ Ϭ͕ϱϬ Ϭ͕ϰϬ RT das amostras saturadas ϭϮ (úmidas) Ϭ͕ϯϬ Ϭ͕ϮϬ Média das RTs ϭϯ Amostras secas Ϭ͕ϭϬ Ϭ͕ϬϬ ϭ 3.2 - Dosagem - espuma de asfalto A figura 2 demonstra o resultado da mistura de asfalto nas seis misturas indicadas. MISTURAS de ESPUMA DE ASFALTO MINIMO (% ) MÁXIMO (% ) 1 2,3 2,6 2 2,2 2,5 3 3,0 3,3 4 2,4 2,7 5 2,3 2,7 6 3,4 3,8 Figura 2 - Quantidade de espuma de asfalto a ser misturado nas misturas. 3.3 - Resultados dos ensaios de Resistência à tração (RT): A tabela 1 mostra os resultados obtidos com o ensaio de Resistência à Tração, demonstrando os tipos de mistura e de ruptura de cada corpo de prova, visualizando ainda os valores médios em cada tipo de mistura. Ϯ ϯ ϰ ϱ ϲ ϳ ϴ ϵ ϭϬ ϭϭ ϭϮ ϭϯ ϭϰ Médias das RTs Amostras saturadas (úmidas) ϭϰ Corpos de Prova Figura 3 - Representação gráfica dos resultados de ensaio de Resistência à Tração. 3.4 - Resultados dos ensaios de Resistência Marshall: A tabela 2 - mostra os resultados obtidos com o ensaio de resistência à compressão, e a tabela 3 representa os resultados pelo método Marshall com a utilização de espuma de asfalto e o pré misturado a frio: Tabela 2 - Resultados dos ensaios da resistência Marshall. Resistência Marshall medida em (kgf) Misturas MISTURA RCD 29% 1 1 6 seco 0,41 0,48 0,44 0,45 0,41 MÉDIA 1 2 RAP 70% cal (1% ) Resistência a tração RT (MPa) MISTURA 1 Misturas CP 1 2 3 4 5 1 RCD RAP 29% 70% cal (1%) 1 325,00 398,00 378,00 328,00 325,00 2 RCD RAP 29% 70% cimento (1%) 2 529,00 506,00 472,00 466,00 430,00 3 RCD RAP 99% 0% cimento (1%) 3 430,00 428,00 397,00 445,00 432,00 4 RCD RAP 70% 29% cal (1%) 4 385,00 387,00 404,00 416,00 393,00 5 RCD RAP 70% 29% cimento (1%) 5 564,00 562,00 521,00 584,00 567,00 MÉDIA 328,00 472,00 430,00 393,00 564,00 % de Materiais 6 RCD RAP 0% 99% cimento (1%) 6 686,00 656,00 690,00 604,00 557,00 656,00 Tabela 3 - Resultados dos ensaios da resistência Marshall misturas PMF - Fonte: Própria (2014) PMF A B C D MISTURA RL-1C RL-1C RL-C modificada RL-C modificada Marshall (kgf) 428 472 596 696 A figura 4 demonstra graficamente os resultados dos ensaios de Resistência Marshall das misturas realizadas com os materiais reciclados, e os resultados de Resistência Marshall de misturas de pré misturados a frio utilizadas para revestimento de pavimentos de baixo tráfego e também como camada intermediária em estrutura de pavimentos com tráfego mais pesados. Tabela 1 – Resultados dos ensaios de RT indireta seca e saturada mínima com espuma. Boletim Técnico da FATEC-SP — BT/39 — Junho / 2015 9 Referências Bibliográficas [1] CNT – CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE. BOLETIM ESTATÍSTICO – JULHO 2013. Brasília, 2013. Disponível em: <http://www.cnt.org.br/Imagens%20CNT/PDFs%20CN T/Boletim%20Estat%C3%ADstico/boletim_estatistico_ julho.pdf>. Acesso em: 05 out. 2013. Figura 4: Gráfico dos resultados dos ensaios da resistência à compressão com misturas PMF. 4. Análises dos resultados Quanto aos resultados observou-se que: • As misturas com cimento apresentaram resultados de resistência a tração maiores que as com cal; • As misturas com RAP puro e cimento apresentaram melhor desempenho nos parâmetros avaliados, tanto na RT, como no Marshall. • As misturas com quantidades maiores de RAP apresentaram desempenho melhor nos parâmetros avaliados que as com quantidades maiores de RCD. - O melhor desempenho com material frezado pode ser atribuído pelo resíduo de asfalto que situa-se nesse material, este fato, entretanto, depende de experimentação para certificar-se dessa conjectura. • Os valores verificados nos ensaios de Resistência a Tração foram maiores que os especificados, tanto no DNIT, como no DER-SP, pode-se observar que todos os valores da RT estão superiores aos demonstrados no item 3. • Os valores de Resistência Marshall estão todos acima do especificado pelo DNIT e pelo DER-SP, também demonstrados no item 3. • Os valores de Resistência Marshall encontrados para os materiais reciclados apresentaram, com exceção dos reciclados misturados com cal, valores acima dos apresentados nas misturas de PMF, geralmente utilizadas para revestimento e camadas intermediárias, dependendo da condição. 5. Conclusão As técnicas de reciclagem com asfalto espuma são promissoras, pois, verificou-se que os parâmetros analisados mostraram sua viabilidade, podendo ser aplicada para incorporação do revestimento à base e em camadas intermediárias da estrutura do pavimento. Também há tendência de uso desta técnica em construções novas quando o projeto prevê base tratada com asfalto como opção estrutural. Nas misturas analisadas verificou-se que os parâmetros estão acima dos especificados no DER-SP e DNER, viabilizando sua utilização em estruturas de pavimento. A principal vantagem dessa técnica está no fato de que, a maior parte dos materiais já está no local para utilização, reduzindo o transporte e a exploração de jazidas, preservando assim, o meio ambiente e diminuindo o custo na obra. 10 [2] BRASILENGENHARIA –O uso de reciclagem de pavimentos como alternativa para o desenvolvimento sustentável em obras rodoviárias no Brasil, REVISTA ENGENHARIA, São Paulo, n. 602, p. 96-102, 2011 <http://www.brasilengenharia.com/portal/images/stories /revistas/edicao602/602_EngRodovias.pdf>. Acesso em: 05 out. 2013. [3] CUNHA, A. et al. RECICLAGEM A FRIO “IN SITO” COM ESPUMA DE ASFALTO.Minas Gerais: UFMG, 2010. 83 p. Seminário apresentado para a disciplina de Sistemas Construtivos –Curso de Especialização de Sistemas Construtivos – Universidade Federal de Minas Gerais. [4] PINTO, Isaac Eduardo E. ESTUDO DAS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E MECÂNICAS DE MISTURAS RECICLADAS COM ESPUMA DE ASFALTO. 2002. 236 p. Tese (Mestrado) Curso de Engenharia, Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo. 2002. [5] WIRTGEN GROUP. ESPUMA DE ASFALTO – O LIGANTE INOVADOR PARA A CONSTRUÇÃO DE RODOVIAS. Wirtgen GmbH, 2001. 05ReciclaPavFrioInSituEspumaAsfalto.pdf>. Acesso em: 04 nov. 2013. [6] DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES DNIT 166/2013-ES : PAVIMENTAÇÃO – RECICLAGEM DE PAVIMENTO A FRIO “IN SITU” COM ADIÇÃO DE ESPUMA DE ASFALTO – Especificação de serviço. Rio de Janeiro. 2013, 09p. [7] FRESAR. ESPUMA DE ASFALTO. [S.I.: s.n.] [8] DEPARTAMENTO DE ESTRADAS DE RODAGEM DO ESTADO DO PARANÁ. ES-P 32/05: PAVIMENTAÇÃO: RECICLAGEM DE PAVIMENTO A FRIO "IN SITU" COM ESPUMA DE ASFALTO. Paraná, 2005. 17p. [9] PREUSSLER, Ernesto Simões, ESTUDO DA DEFORMAÇÃO RESILIENTE DE PAVIMENTOS FLEXÍVEIS E APLICAÇÃO AO PROJETO DE CAMADAS DE REFORÇO. Rio de Janeiro 1983, 266p. (COPPE/UFRJ) tese de doutoramento. [10] DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES. DNIT 136/2010 - ME: PAVIMENTAÇÃO ASFÁLTICA - Boletim Técnico da FATEC-SP — BT/39 — Junho / 2015 MISTURAS ASFÁLTICAS – DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA À TRAÇÃO POR COMPRESSÃO DIAMETRAL – Método de ensaio. Rio de Janeiro. 2010, 6p. [11] DEPARTAMENTO DE ESTRADA DE RODAGEM DE SÃO PAULO - ET-033/2006 RECICLAGEM IN SITU A FRIO COM ESPUMA DE ASFALTO, Especificação Técnica 2006. [12] DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS E RODAGEM. DNER 107/94 ME: MISTURA BETUMINOSA A FRIO COM EMULSÃO ASFÁLTICA – ENSAIO MARSHALL. Rio de Janeiro. 1994, 14 p. [13] DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES. DNIT – 153/2010 ES - PRÉ- MISTURADO A FRIO COM EMULSÃO CATIÔNICA CONVENCIONAL – ESPECIFICAÇÃO DE SERVIÇO. Rio de Janeiro. 2010 11p. [14] DEPARTAMENTO DE ESTRADA DE RODAGEM DE SÃO PAULO - ET-025/2006 - PRÉ MISUTADO A FRIO, Especificação Técnica 2006. Boletim Técnico da FATEC-SP — BT/39 — Junho / 2015 11 CARACTERIZAÇÃO DO EXPERIMENTO DO TUBO DE IMPEDÂNCIA DE UM MICROFONE 5REHUWR2XWD)iELR5REHUWR&KDYDUHWWH )DFXOGDGHGH7HFQRORJLDGH$UDoDWXED±)$7(&$UDoDWXED 3URI0HFXUVRGH%LRFRPEXVWtYHLV)$7(&$UDoDWXED633URI'U'HS0DWHPiWLFD81(63,OKD6ROWHLUD63 HPDLOUREHUWRRWD#KRWPDLOFRPIDELRFK#PDWIHLVXQHVSEU Resumo (VWHWUDEDOKRGHSHVTXLVDGHPRQVWUDDFDUDFWHUL]DomR GHXPH[SHULPHQWREDVHDQGRVHQDDSOLFDomRGDWpFQLFD GDQRUPD,62GRWXERGHLPSHGkQFLDGH XP PLFURIRQH 2V UHVXOWDGRV GDV GLIHUHQWHV SUHVV}HV VRQRUDV FDOFXODGDV QR PRGHOR WHyULFR H DGTXLULGDV QR PRGHOR H[SHULPHQWDO GHPRQVWUDP VLPLODULGDGH HQWUH HODV H WDPEpP p SRVVtYHO DQDOLVDU VLWXDo}HV GH OLPLWDo}HVGRH[SHULPHQWR 1. Introdução $KLVWyULDGDDF~VWLFDDGYpPGHUHODWRVGDpSRFDGR DQWLJR (JLWR DQWHULRU D D& 2V SULPHLURV UHJLVWURVVREUHDF~VWLFDRFRUUHUDPQRSHUtRGRHQWUH D&HD&TXDQGR$ULVWyWHOHVSDVVDYDHPIUHQWHD XPD IHUUDULD H REVHUYRX TXH RV VRQV GD EDWLGD GH GLIHUHQWHV PDUWHORV SURGX]LDP WLPEUHV GLIHUHQWHV H HVWHV VRQV VH SURSDJDYDP D ORQJDV GLVWkQFLDV 'HVGH HQWmR HVWXGLRVRV HQWUH R VpFXOR ;9,,, H ;,; FRPR <RXQJ )UHVQHO )RXULHU 3RLVVRQ /DSODFH (XOHU '$ODPEHUWHQWUHRXWURVFRQWLQXDUDPDGHVHQYROYHURV FRQFHLWRVHWHRULDDF~VWLFDTXHVmRXWLOL]DGDVDWXDOPHQWH HPGLIHUHQWHViUHDVFRPRPHGLFLQDILVLRORJLDP~VLFD DUTXLWHWXUD HQJHQKDULD RFHDQRJUDILD HQWUH RXWURV DILUPD 0DOHFNL H %LVWDID 'HQWUH HVWHV FRQFHLWRV GHVHQYROYLGRV GLYHUVRV HTXLSDPHQWRV IRUDP GHVHQYROYLGRV H HP HVSHFLILFR R WXER GH LPSHGkQFLD FXMR SULPHLUR PRGHOR p R PRGHOR TXH XWLOL]D XP PLFURIRQH H DSyV IRL GHVHQYROYLGR XP VHJXQGR PRGHOR FRP R XVR GH GRLV PLFURIRQHV $ ,62 HVSHFLILFDRPpWRGRSDUDDGHWHUPLQDomRGRFRHILFLHQWH GH DEVRUomR VRQRUD IDWRU GH UHIOH[mR H LPSHGkQFLD GH VXSHUItFLH H IRL SUHSDUDGD SHOR FRPLWr WpFQLFR ,627& $F~VWLFD VXEFRPLWrV 6& H &RQVWUXo}HV $F~VWLFDV (VWD QRUPD IRL GLYLGLGD HP GXDV SDUWHV FRP R WtWXOR $FRXVWLF'HWHUPLQDWLRQRI6RXQG$EVRUSWLRQFRHILFLHQWH DQG ,PSHGDQFH LQ ,PSHGDQFH 7XEHV VHQGR D SDUWH 0pWRGR XWLOL]DQGR RQGDV HVWDFLRQiULDV H D SDUWH 0pWRGR XVDQGR GRLV PLFURIRQHV 1D QRUPD ,662 VmRHQFRQWUDGRVDLQGDRVDQH[RV$%H &QDIRUPDLQWHJUDOGD,62HRDQH[R'pDSHQDV LQIRUPDomR 1R PpWRGR XWLOL]DQGR GRLV PLFURIRQHV QRUPD ,62 p XWLOL]DGR D PHVPD PRQWDJHP GD QRUPD ,62 SRUpP D GLIHUHQoD p D DSOLFDomR GH GRLV PLFURIRQHV SDUD D PHGLomR GR FRHILFLHQWH GH DEVRUomR VRQRUD 1HVWH PpWRGR VmR JHUDGDVRQGDVSODQDVSRUPHLRGHXPDIRQWHVRQRUDHD PHGLomRGDSUHVVmRDF~VWLFDpIHLWDSRUGRLVPLFURIRQHV ORFDOL]DGRVQDWUDQVYHUVDOGRWXER$SyVDDTXLVLomRGD SUHVVmR DF~VWLFD p HIHWXDGR R FiOFXOR GD IXQomR GH 12 WUDQVIHUrQFLDGRFRHILFLHQWHGHDEVRUomRHSRUILPGDV LPSHGkQFLDVDF~VWLFDV(VWHPpWRGRSDUDDDTXLVLomRGD SUHVVmR VRQRUD p PDLV UiSLGR VH FRPSDUDGR DR GD ,62 2REMHWLYRPRWLYDFLRQDOGHVWHWUDEDOKRpGHPRQVWUDU D FDUDFWHUL]DomR GH XP H[SHULPHQWR GR WXER GH LPSHGkQFLD GH XP PLFURIRQH XWLOL]DQGR D QRUPD ,62 3DUD HIHWXDU D FDUDFWHUL]DomR GR H[SHULPHQWR IRL XWLOL]DGR XP PRGHOR WHyULFR QXPpULFR GD QRUPD ,62 FXMRV UHVXOWDGRV REWLGRV GDV IUHTXrQFLDV GH +] +] H +] IRUDP FRPSDUDGRV D XP UHVXOWDGR QXPpULFR DGTXLULGR GD DSOLFDomRGRH[SHULPHQWRGRWXERGHLPSHGkQFLDGHXP PLFURIRQH 2. Metodologia e Materiais *HUJHVH.LQVOHUHWDOFRPHQWDPTXH DWpFQLFD,62SUHYrRSRVLFLRQDPHQWRGH XP DOWR IDODQWH YHGDGR HP XPD GDV H[WUHPLGDGHV GR WXERHQDH[WUHPLGDGHRSRVWDpSRVLFLRQDGRXPDWDPSD FRP XP IXUR FHQWUDOL]DGR 3RU PHLR GH XP IXUR XPD VRQGDFRPPLFURIRQHHPEXWLGRVHPRYLPHQWDDRORQJR GR WXER OLQHDUPHQWH FDSWDQGR D SUHVVmR VRQRUD 1R LQWHULRU GR WXER GH IRQWH FRQVWDQWH D SUHVVmR VRQRUD FDSWDGD p FKDPDGD GH RQGD HVWDFLRQiULD IRUPDGD SHOD VXSHUSRVLomR GDV RQGDV LQFLGHQWHV H UHLQFLGHQWHV $ )LJXUD PRVWUD QD SDUWH VXSHULRU R GHVHQKR HVTXHPiWLFRGHXPH[SHULPHQWRGRWXERGHLPSHGkQFLD H QD SDUWH LQIHULRU R FRPSRUWDPHQWR GD RQGD HVWDFLRQiULD LQWHUQD DR WXER LQFLGLQGR QR PDWHULDO RSRVWD j IRQWH FXMD DPSOLWXGH p Pi[LPD RX PtQLPD GHSHQGHQGR GR WLSR GH PDWHULDO DEVRUYHGRU (VWD FRQGLomR p UHODFLRQDGD GLUHWDPHQWH DR FRHILFLHQWH GH DEVRUomRVRQRUDGRPDWHULDOHPHVWXGR )LJXUD([SHULPHQWRGRWXERGHLPSHGkQFLDHRFRPSRUWDPHQWRGD RQGDHVWDFLRQiULDLQWHUQDDRWXER Boletim Técnico da FATEC-SP — BT/39 — Junho / 2015 2.1. Conceito de MHS e Propagação de onda %DODFKDQGUDQ H 0DJUDE S GHVFUHYHP ³RVFLODomR FRPR PRYLPHQWRV DOWHUQDGRV GH DYDQoR H UHFXR R TXDO p XWLOL]DGR FRPR VLQ{QLPR GH YLEUDomR´ &URFNHUSGHILQHTXHD³RVFLODomRYLEUDFLRQDO p FRQKHFLGD FRPR PRYLPHQWR KDUP{QLFR VLPSOHV H SRGHPVHUUHSUHVHQWDGRVHPXPJUiILFRSRUXPDIRUPD VHQRLGDO QR WHPSR´ &RQVLGHUDQGR TXH XP SRQWR TXDOTXHU ܲ VH GHVORFD FRP PRYLPHQWR FXUYLOtQHR H XQLIRUPHQRVHQWLGRDQWLKRUiULRDWUDMHWyULDFXUYLOtQHD GHܲDSyVXPGHWHUPLQDGRWHPSRݐIRUPDXPkQJXORߠ HPUHODomRjUHIHUrQFLDGHRULJHPRTXDOߠ = ߱ݐVHQGR D YHORFLGDGH DQJXODU ߱ PXOWLSOLFDGD SHOR WHPSR ݐHP XP LQVWDQWH TXDOTXHU $ )LJXUD PRVWUD GR ODGR HVTXHUGR D UHSUHVHQWDomR GR GHVORFDPHQWR FXUYLOtQHR GRSRQWRܲHPGLIHUHQWHVLQVWDQWHVIRUPDQGRRkQJXOR HPUHODomRjRULJHP2ODGRGLUHLWRGDILJXUDPRVWUDR PHVPR GHVORFDPHQWR FXUYLOtQHR GH ܲ UHSUHVHQWDGR HP XP SODQR FDUWHVLDQR FRP ܲ VH PRYLPHQWDQGR QD GLUHomR GH SURSDJDomR KRUL]RQWDO QR VHQWLGR SDUD D GLUHLWDHPGLIHUHQWHVLQVWDQWHV Sentido de movimento Direção de propagação Sentido da propagação y y=A.sin(ʘt) horizontal P t2 P t1 A ݂ ߱ ݂= 2ߨ ݔ =ݑ ݐ ߣ = ݑ. ܶ 2ߨ ݇= ߣ 3DUD .QREHO H &URFNHU D HTXDomR JHUDOGDRQGDRXHTXDomRGHVROXomRJHUDOGDRQGDSRGH VHUHVFULWDFRPR ߲2 ݕ1 ߲ ݔ2 ݇ 2 y=A.sin(ʘt) ɽ= ʘt x=A.cos(ʘt) WUDQVPLWLGDV XPD D XPD DWp VH GLVVLSDUHP QR PHLR GH SURSDJDomR HRX VHUHP UHWLGDV HP EDUUHLUDV DILUPD &URFNHU 3RUWDQWR R PRYLPHQWR GD RQGD SRGH VHUGHVFULWRQRSODQRFDUWHVLDQRQDILJXUDUHFRUUHQWH DR PRYLPHQWR GH ܲ (VWD RQGD WHP SHUtRGR ܶ IUHTXrQFLD ݂ YHORFLGDGH GH SURSDJDomR ݑ GHVORFDPHQWRݔFRPSULPHQWRGHRQGDߣHRQXPHURGH RQGD ݇ 0DWHPDWLFDPHQWH DV HTXDo}HV SRGHP VHU HVFULWDVFRPR 1 ܶ= P t x = ߲2 ݕ1 ߲ ݐ2 ߱ 2 2.2. Princípio de reflexão e transmissão de um meio )LJXUD±5HSUHVHQWDomRJUiILFDGHXP0+6 2EVHUYDVHDLQGDQRODGRHVTXHUGRGDILJXUDTXH SRUPHLRGHXP PRYLPHQWRFRQVWDQWHGHܲQRLQVWDQWH ݐ1 IRUPDVH XPD ILJXUD JHRPpWULFD XP WULkQJXOR H SHOR FRQFHLWR WULJRQRPpWULFR R SRQWR ܲ SRGH VHU UHSUHVHQWDGRQRVHL[RVݔHݕFRQVLGHUDQGRDVHTXDo}HV ܣ = )ݐ(ݕ. )ݐ߱(݊݁ݏ ܣ = )ݐ(ݔ. ܿݏ༌ (߱ )ݐ $PEDVDVHTXDo}HVHVmRHTXDo}HVTXHWHPR IRUPDWRGHXPDRQGDVHQRLGDO6HVRPDGDVDVHTXDo}HV H WHUHPRV XPD HTXDomR GH XPD IXQomR QR WHPSR TXHGHVFUHYHRPRYLPHQWRGRSRQWRܲDVVLP ݂(ܣ = )ݐ൫cos༌ (߱ )ݐ+ ݆)ݐ߱(݊݁ݏ൯ 4XHWDPEpPSRGHVHUHVFULWRFRPR ݂(ܣ = )ݐ. ݁ ݆߱ ݐ 2EVHUYDVHSRUWDQWRTXHDRVFLODomRGHܲSRGHVHU HVFULWD PDWHPDWLFDPHQWH FXMDV IXQo}HV QR WHPSR SHUWHQFHPDXPPRYLPHQWRKDUP{QLFRVLPSOHV0+6 8PDRQGDVHSURSDJDSRUPHLRGHGRVFKRTXHVHQWUH DV PROpFXODV FXMDV HQHUJLDV SRWHQFLDO H FLQpWLFD VmR 3DUD.LQVOHUHWDOH*HUJHVRFRQFHLWR DF~VWLFR GH RQGDV GH SUHVVmR VRQRUD TXH VH SURSDJDP HP GRLV PHLRV GHPRQVWUD TXH H[LVWHP GLIHUHQWHV WLSRV GHVLWXDo}HVGHUHIOH[mRHWUDQVPLVVmRGHXPPHLRSDUD R RXWUR QD UHJLmR GH FRQWRUQR GD EDUUHLUD VRQRUD $V FRQGLo}HV GD LQFLGrQFLD GD RQGD GH SUHVVmR VRQRUD QD UHJLmR GH FRQWRUQR VmR D RQGD GH SUHVVmR VRQRUD LQFLGHQWH ܲ݅ RQGD GH SUHVVmR VRQRUD UHIOHWLGD ܲ ݎH D RQGD GH SUHVVmR VRQRUD WUDQVPLWLGD ܲ ݐ$ )LJXUD PRVWUD R FRQFHLWR GH UHIOH[mR H WUDQVPLVVmR GH XP PHLR )LJXUD±3UHVV}HVLQFLGHQWHVHUHIOHWLGDVQRPHLR,HDSUHVVmR WUDQVPLWLGDQRPHLR,,FXMDLPSHGkQFLDpGLIHUHQWHQRVGRLVPHLRV 1D)LJXUDGRODGRHVTXHUGRPHLR,ܲ݅ LQFLGHHP XP PHLR TXDOTXHU GHVWD LQFLGrQFLD XPD SDUWH GD RQGD GH SUHVVmR VRQRUD p UHIOHWLGD ܲ ݎH D RXWUD SDUWH p Boletim Técnico da FATEC-SP — BT/39 — Junho / 2015 13 WUDQVPLWLGD ܲ ݐQR PHLR ,, $ LPSHGkQFLD DF~VWLFD QR PHLR,pݎ1 = ߩ1 + ܿ1 QRPHLR,,pݎ2 = ߩ2 + ܿ2 &RQVLGHUDVH TXH ܲ݅ܽ p D DPSOLWXGH GD RQGD LQFLGHQWHHܲ ܽݎpDDPSOLWXGHGDRQGDUHIOHWLGDܲ ܽݐpD DPSOLWXGH GD RQGD WUDQVPLWLGD DVVLP DV HTXDo}HV GDV SUHVV}HV LQFLGHQWHV ܲ݅ UHIOHWLGDV ܲ ݎH WUDQVPLWLGDV ܲ ݐ VmRHVFULWDVFRPR $HTXDomRGDSUHVVmRLQFLGHQWHܲ݅ p ܲ݅ = ܲ݅ܽ . ݁ ݆ (߱ ) ݐ $HTXDomRGDSUHVVmRUHIOHWLGDܲ ݎp ܲ ܽݎܲ = ݎ. ݁ ݆ (߱ ) ݐ (DHTXDomRGDSUHVVmRWUDQVPLWLGDܲ ݐp ܲ ܽݐܲ = ݐ. ݁ ݆ (߱ ) ݐ 2.3. Frequência de corte e Comprimento de onda $ HTXDomR GD IUHTXrQFLD GH FRUWH XWLOL]DGD HP FRUSRV FLOtQGULFRV FRPR R FDVR GHVWH WUDEDOKR p XP HVWXGRGHULYDGRGDDF~VWLFDGHDPELHQWHVIHFKDGRVFXMD JHRPpWULFD p UHWDQJXODU H DSUHVHQWD OLPLWHV GH FDPSRV VRQRURV FRPR D FkPDUD UHYHUEHUDQWH H FDPSR OLYUH HP FkPDUD DQHFyLFD VHJXQGR *HUJHV 0DWHPDWLFDPHQWHDIUHTXrQFLDGHFRUWHpRUHVXOWDGRGD VROXomRGDHTXDomRGDRQGDGHFRRUGHQDGDVFLOtQGULFDV GD DSOLFDomR GD IXQomR GH %HVVHO $ HTXDomR GD IUHTXrQFLDGHFRUWHQHVWHH[SHULPHQWRpXWLOL]DGDSDUD SURYHU GDGRV QD FRPSRVLomR GD PRQWDJHP GR H[SHULPHQWR FXPSULQGR D QRUPD ,62 3RUWDQWRDHTXDomRGDIUHTXrQFLDGHFRUWHHTXDomR PRVWUD XP UHVXOWDGR TXH GHYH VHU DQDOLVDGR FRP DWHQomR SRLV R UHVXOWDGR GHWHUPLQD D Pi[LPD IUHTXrQFLDSHUPLWLGDQRH[SHULPHQWRRXVHMDRVYDORUHV DFLPD GHVWH UHVXOWDGR SURYDYHOPHQWH HVWmR IRUD GD DQiOLVHHQWmR 1,84.ܿ ݂ܿ = ߨ.݀ 2 TXDO ܿ p D YHORFLGDGH GR VRP QR DU H ݀ p R GLkPHWURGRWXER2UHVXOWDGRGRFiOFXORGDIUHTXrQFLD GH FRUWH FRP R GLkPHWUR GR WXER GH PP p ݂ܿ = 2.014,77 ݖܪSRUWDQWR DV IUHTXrQFLDV TXH SRGHP VHU XWLOL]DGDVQHVWHWUDEDOKRGHSHVTXLVDVmRDVLQIHULRUHVDR YDORUFDOFXODGR &RQVLGHUDQGR TXH XPD RQGD VHQRLGDO HP PRYLPHQWRKDUP{QLFRpDUHSUHVHQWDomRJUiILFDGHXPD IRUPD GH RQGD D GLVWkQFLD HQWUH GXDV DPSOLWXGHV VXFHVVLYDV p FKDPDGD FRPSULPHQWR GH RQGD 3RUWDQWR R FRPSULPHQWR GH RQGD p D GLVWkQFLD TXH VH UHSHWH VXFHVVLYDPHQWH GD IRUPD GD RQGD DR ORQJR GR WHPSR DILUPD .LQJ $ HTXDomR GR FRPSULPHQWR GH RQGD HTXDomR TXDQGR DSOLFDGD DSUHVHQWD XP UHVXOWDGRFXMRFRPSULPHQWRGHRQGDQmRSRGHVHUPDLRU TXHRFRPSULPHQWRGRWXEROLPLWDQGRDVVLPDDSOLFDomR GDIUHTXrQFLDQRH[SHULPHQWRHQWmR 14 ܿ ߣ= ݂ $ 7DEHOD PRVWUD RV YDORUHV GR FiOFXOR GR FRPSULPHQWRGHRQGD 7DEHOD5HODomRGRFRPSULPHQWRGHRQGDFRPDIUHTXrQFLD Descrição Comprimento de Onda (m) Frequencia utilizada no Projeto de Pesquisa (Hz) 125 250 500 1000 2000 62,5 5,50 2,75 1,38 0,69 0,34 0,17 4000 0,09 2EVHUYDVH TXH R FRPSULPHQWR GH RQGD QmR SRGH XOWUDSDVVDU R FRPSULPHQWR GR WXER GH P SRUWDQWR DV IUHTXrQFLDV TXH SRGHP VHU XWLOL]DGDV VmR DV GH +]+]+]H+] 8WLOL]DQGRFRPRUHIHUrQFLDVD݂ܿ HߣQHVWHWUDEDOKR GH SHVTXLVD XWLOL]DUHPRV DV IUHTXrQFLDV GH +] +]H+] 2.4. Modelo teórico 2 PRGHOR WHyULFR GR WXER GH LPSHGkQFLD XWLOL]D D WHRULD DF~VWLFD FRQMXQWDPHQWH FRP D QRUPD ,62 D HTXDomR TXDQGR DSOLFDGD UHVXOWD HP GLIHUHQWHV SUHVV}HV VRQRUDV GH PtQLPD DPSOLWXGH TXH PRVWUDPDORFDOL]DomRIUHQWHjUHIHUrQFLDGHLQFLGrQFLD ODGRRSRVWRjIRQWHGHHPLVVmR (2݊െ1)ߣ 0 ݊݅݉ݔ,݊ = , = ݊ ܽݎܽ1,2, … , ݊ 4 2.5. Modelo experimental $PRQWDJHP GRH[SHULPHQWRIRLIHLWDFRQVLGHUDQGR D QRUPD TXH TXDQGR DSOLFDGR REWpP GLIHUHQWHVSUHVV}HVVRQRUDVFDSWDGDVSHODVRQGDTXHVH ORFRPRYH DR ORQJR GR WXER H LQWHUQDPHQWH D HVWH 1D )LJXUDpPRVWUDGDHVTXHPDWLFDPHQWHDPRQWDJHPGR H[SHULPHQWR EHP FRPR RV UHVSHFWLYRV HTXLSDPHQWRV XWLOL]DGRV Gerador de Funções x1 Altofalante Amplificador Amostra Tubo Sonda Microfone 0 f(x1 .. .xn ) 0 0 0 0 u1 x2 Onda Senoidal x1 * /* u1 Osciloscópio x1 * /* u1 x2 x2 Informações Aquisitadas de Pressão Acústica Medidor de Pressão de Bancada (dB) )LJXUD'HVHQKRHVTXHPiWLFRGDPRQWDJHPGRH[SHULPHQWRGH EDQFDGD±WXERGHLPSHGkQFLD 2 H[SHULPHQWR p FRPSRVWR GH HTXLSDPHQWRV GH EDQFDGD JHUDGRU GH IXQomR DPSOLILFDGRU PHGLGRU GH SUHVVmR VRQRUD RVFLORVFySLRH DFHVVyULRV$FRSODGR DR WXER HQFRQWUDPVH R DXWRIDODQWH WXER VRQGD PLFURIRQHWDPSDHDFHVVyULRV Boletim Técnico da FATEC-SP — BT/39 — Junho / 2015 1D HWDSD LQLFLDO p IHLWR XP WHVWH R TXDO D IRQWH VRQRUD OLJDGD HPLWH XP VLQDO GH IUHTXrQFLD TXDOTXHU DPSOLILFDGR H FRQVWDQWH TXH p FDSWDGR SRU XP PLFURIRQH /LJDGRV DR DPSOLILFDGRU H DR PHGLGRU GH SUHVVmRVRQRUDHVWiRRVFLORVFySLRTXHPRQLWRUDRVLQDO HPLWLGR H UHFHELGR TXH GHYH WHU R FRPSRUWDPHQWR HP DPEDV DV FRQGLo}HV GH XPD RQGD VHQRLGDO $ SDUWLU GHVWDDQiOLVHRSURFHVVRGHPHGLomRGDSUHVVmRVRQRUD VHLQLFLDPHGLQGRVHQRLQWHULRUGRWXERDFDGDPP SRU PHLR GH XP PLFURIRQH (VWD PHGLomR p IHLWD FRQVLGHUDQGR TXH WRGRV RV HTXLSDPHQWRV HVWmR GHYLGDPHQWH FDOLEUDGRV H HVWH SURFHGLPHQWR GH FDSWDomR GD SUHVVmR VRQRUD p UHSHWLGR QR PtQLPR SRU WUrV YH]HV SDUD JDUDQWLU TXH RV HUURV VHMDP PtQLPRV $VVLPpSRVVtYHOHVWDEHOHFHUTXHH[LVWDXPSDGUmRGDV SUHVV}HVVRQRUDVFROHWDGDV3DUDFDGDIUHTXrQFLDIRUDP DTXLVLWDGDVWULQWDHVHWHPHGLo}HVGHSUHVVmRVRQRUDQR LQWHULRUGRWXERGHLPSHGkQFLD 3. Conclusões 2 UHVXOWDGR GD ORFDOL]DomR GD SUHVVmR PtQLPD GR PRGHORWHyULFRpFRQVLGHUDGR³LGHDOVHPSHUGD´HVH FRPSDUDGR DRPRGHOR H[SHULPHQWDO WHP XPD GLIHUHQoD QXPpULFD TXH SRGH VHU FDXVDGD SRU XP HUUR H[SHULPHQWDOVLVWHPiWLFROLJDGRjFDOLEUDomRGRDUUDQMR H[SHULPHQWDO $ GLIHUHQoD PpGLD HQWUH RV SRQWRV WHyULFRVHRVPHGLGRVQDVIUHTXrQFLDVGH+] +] H +] p GH FP $ 7DEHOD PRVWUD D FRPSDUDomRHQWUHHVWHVYDORUHVGRPRGHORWHyULFRHGR PRGHORH[SHULPHQWDO 7DEHOD±&RPSDUDomRGDSRVLomRGRVSRQWRVGHSUHVVmRPtQLPD Comparação dos pontos de pressão mínima no interior do tubo 500Hz Ponto Medido teórico 3 1000Hz posição da pressão mínima (m) 0,86 Ponto Medido experim. 0,81 2000Hz posição da pressão mínima (m) teórico Ponto Medido experim. posição da pressão mínima (m) teórico experim. 5 0,77 0,73 9 0,73 0,69 6 0,95 0,91 10 0,82 0,78 11 0,90 0,87 12 0,99 0,96 2 PpWRGR GH DQiOLVH GR HUUR IRL DSOLFDGR SDUD R QtYHO GH FRQILDQoD ± H XWLOL]DGR D HTXDomR GR FiOFXOR DPRVWUDO ILQLWR FXMR UHVXOWDGR PRVWUD TXH SDUD VH WHU GH FRQILDQoD p QHFHVViULD XPD DPRVWUD GH WDPDQKRVHQGRDDPRVWUDFROHWDGDGHWDPDQKR HVWHYDORUpPDLRUTXHHLVVRUHSUHVHQWDTXH RHUURpGH$7DEHODPRVWUDRtQGLFHGHFRQILDQoD GRV SRQWRV PHGLGRV GR PRGHOR H[SHULPHQWDO H PRGHOR WHyULFR 7DEHOD ± ËQGLFH GH FRQILDQoD GRV SRQWRV PHGLGRV GR PRGHOR H[SHULPHQWDOHWHyULFR Hz Modelo Média ± desvio padrão (m) teórico 0,516 ± 0,281 experimental 0,416 ± 0,294 500 Hz teórico 0,516 ± 0,294 experimental 0,485 ± 0,290 teórico 0,516 ± 0,297 experimental 0,520 ± 0,276 1000 Hz 2000 Hz $QDOLVDQGR RV UHVXOWDGRV FRQFOXLVH TXH D FDUDFWHUL]DomR GR H[SHULPHQWR p FRUUHWD SHOD VLPLODULGDGH GRV YDORUHV 3RUWDQWR R H[SHULPHQWR HVWi FDUDFWHUL]DGRHYDOLGDGRSDUDDSOLFDo}HVIXWXUDVRTXDO RV UHVXOWDGRV GH LPSHGkQFLD FRHILFLHQWH GH DEVRUomR VRQRUD HQWUH RXWURV SRGHP VHU IHLWRV FRP UHIHUrQFLDV TXDOLWDWLYDV H TXDQWLWDWLYDV SDGURQL]DGDV PHVPR FRP DSOLFDo}HVHPGLIHUHQWHVPDWHULDLV 4. Referências %$/$&+$1'5$1 % 0$*5$% ( % Vibrações mecânicas 6mR 3DXOR &HQJDJH /HDUQLQJ S %,67$)$65Acústica aplicada ao controle de ruído.6mR3DXOR(GJDUG%OXFKHUS &52&.(5 0 - Handbook of noise and vibration control.+RERNHQ-RKQ:LOH\6RQV S *(5*(661<Ruído: IXQGDPHQWRVHFRQWUROHV )ORULDQySROLV15(GLWRUDS .,1**&Vibrations and waves.+RERNHQ-RKQ :LOH\6RQVS .,16/(5/(HWDOFundamentals of acoustics. HG+RERNHQ-RKQ:LOH\6RQVS .12%(/ 5 An introduction to the mathematical theory of waves3URYLGHQFH$PHULFDQ 0DWKHPDWLFDO6RFLHW\S 0$/(&., , Physical foundations of technical acoustic/RQGRQ3HUJDPRQ3UHVVS Boletim Técnico da FATEC-SP — BT/39 — Junho / 2015 15 !"##$# %&'$!( !% ' !#$ )*+ , -*&$,. !" # $% ! & $ ' ! ( ' ) * $ $$ + # * ! , - ./ - .)0 1.3 $ # $ * $ ! 0 * ' # 123!0 % 4# + * 5' 6 ! 7 $ 4 13 1&3 4 !8097 ' 16 $ ! " $ $ 097 * ! : % ,#;/ ,#;)<% ! !"# "$% !"# $ 7 $ ' $ $ 5097 6 0 *) 097 7 $ += = > 7 ?@ 7 * A)2B $ * # $ 097 ' B)C& #? !"* = ! 7 ' ) * * $! - 2 $ ! : * ! < ? # D 5E :6! Boletim Técnico da FATEC-SP — BT/39 — Junho / 2015 - 2)EEGI &"'/ 9(FB.G 4 7;( 4HI,! ()* &" #"&) &" +"$$/ - 2 # ;;! # # # ! +",)$/BBAJ )' &" $-& '/!),/A)2B ')#" /2A&52 6 ,#;;)- $ #! )01 KFF4.BBB $) BFB4FL.F #2+ 2BMC42ANBKN < A)2B ! ,#2 5 ,# F6 / .L' G2CLB .B# !7 ' C& 5B&6! < (0 5 ( 0 6 ,2CLB % % % ' "$.1A3! ' / 0 !.B2A 5.6 / 1! < / 0 ' $ / 1! 4C&! : $ (0 ? = ! ! 7 $ (0 5B).B2F 6 $ ? 5 6! <Q* . ! ,#;;;)- $ #! -)# 3&) 4*)# # A .2 2B )01 KFF CBA.LC .BBB $) BFB .K2.C FL.F #2+ 2BMC .2CCK2 2ANBKN < ' * D ! ; # ! < G2CLB #,2CLB!"CA ;O<5$ .C7PG6 .L' A8I,5 6. .LGH 8E> ;0E7#1F3! Q* .)7 (Q* . $ 5"$26/ 2 2 B 2. 2 B 526 33 B 3. 3B ( "$ 2 $ R5"$F6/ Boletim Técnico da FATEC-SP — BT/39 — Junho / 2015 17 2 2 . 2 B ! 3 3 B 2 B 5F6 3 .3 B :"$F# # * ' 56 ! "# 0 * 9(FB.G ' A)2B! < ,2CLB G2CLB ' B)C&! < 5- F6! 50 ;6 ?+ S # # ! ( 2A& 9GFCK 5- A61C3,;)$ )$ F) F2&! - A)9GFCK / "$ &" ')#" 5 / / .LF2& "$ &" " +& &)6"+",)'5 / ' / F2& "$ &" " +&5 / 78# &$9: ;<5= =1 "$ 66$" &" " +&/F&5 6 )* &" %+) !> 8) 4+)/ F&OT 5 6 )#2'!)/ # * - C! - F)( $ I2 "$A! / 1 ! 5A6 E# * $ * "$%CL ! - C)E # < * $? 5+ * 6!( S ) # # + * ) U ! * 5- L6/ / 2CB ! A . / 5C6 / 432CB! 2B C/ 5L6 ?* * #* ! 0 # $D 0; 18 - L) + * Boletim Técnico da FATEC-SP — BT/39 — Junho / 2015 < + 5- L6 * ? / / ! <$@ - M! - K)G#' : #' / ANKC/ 5- N6 5- .B6! / ANKA / - M)0 @ , = ;E;E 7 WBB.& 9GFCK # ) !" !<WBB.&B2J -E<5-E<6 "$M! / / / ! .BB 5M6 6 / - N)G / @ E# "$ M # = 5"$K6! CBKCBM/ !.BB B2 5K6 C / "$% '$ =4$ ) #' # $ $ !<* # $ ? ' ! 0 # ' * # $ ?0; @ ! < #' - K! - .B)G / @ E# "$M #' # 5"$N6! ANKCANKA/ !.BB BB2 5N6 C/ ' U A)2B Boletim Técnico da FATEC-SP — BT/39 — Junho / 2015 19 U' ! &! ! !'#!$ * + $% ! ,&"$.B! 2/ CB !3BB 5.B6 .B2FB 0"$..! 2 2BA !32BALA 5..6 .B2F2BAL 7 H2<"$.2! 27 2 6 .BBBKFF ! 32BALKFF 5.26 .B2F2BAL 7 "$.F! 2 $ FL.FBF ! 32BALBF 5.F6 .B2F2BAL 7#"$.A! 2. 2ANBKN2BMC ! 32BAL2BMC 5.A6 .B2F2BAL < ' B 5"$.C6! ' 8 5.C6 < * "B5"' B6 $ %B! ) ' + # ! 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Empregaram-se difratômetros convencionais (reflexão) e difratômetro com fonte de alta intensidade (transmissão). Das análises dos resultados pode-se conhecer as possibilidades dos difratômetros disponíveis nos: Laboratório de Processamento e Caracterização de Materiais – LPCM/FATEC-SP; Laboratório do Grupo de Cristalografia Aplicada à Ciência dos Materiais CrisMat/IPEN e Estação BL4-MSPD do Laboratori de Llum Síncrotró - ALBA de Barcelona/Espanha, assim como, as possibilidades do Software TOPAS. Citam-se ainda algumas características da Estação XRD1 do Laboratório de Luz Síncrotron - LNLS/SP. O objetivo do estudo não foi o de comparar a mesma mescla utilizando técnicas distintas, mas sim, conhecer as práticas e dificuldades de cada método. 1. Introdução Segundo Taylor [1], em química do cimento, o termo 'hidratação' indica a totalidade das alterações que ocorrem quando um cimento anidro ou uma das suas fases constituintes é misturado com água. As reações químicas que ocorrem são geralmente mais complexas do que simples conversões de compostos anidros nos correspondentes hidratos. Uma mistura de cimento e água é denominada pasta, que irá na sequência ter uma pega e posteriormente o seu endurecimento. A relação água/cimento ou a/c refere-se à razão entre a água e o sólido em peso e tipicamente gira em torno de 0,3-0,6. O endurecimento sem a ocorrência de significativa resistência à compressão ocorre tipicamente em algumas horas. Já o ganho de resistência normalmente é um processo mais lento. A cura significa o armazenamento sob condições tais em que ocorre a hidratação. Embora o cimento seja empregado mundialmente e com uma produção superior a de qualquer outro material de importância tecnológica, os mecanismos da evolução de sua hidratação, formação ou decréscimo de produtos de hidratação, comportamento das fases cristalinas presentes e respectivos géis desta estrutura 22 mesoscópica são mal compreendidos. A identificação, quantificação e acompanhamento das oscilações temporais resultantes dos diversos meios e formas de hidratação dos compostos cristalinos requerem um esforço grande já que as variáveis são muitas e que podem conduzir a resultados distintos dependendo da técnica e da escala de observação. Quando se planeja um estudo de hidratação dos cimentos e/ou das mesclas destes com outros materiais, pode-se conduzir o experimento utilizando um método dinâmico, com a coleta de dados em tempo real, acompanhando todas as transformações das fases cristalinas ou ainda, um método estático em que tais fases serão observadas de forma segmentada. Só recentemente foi possível o estudo da hidratação, em tempo real, em escalas de tempo e em temperaturas convenientes, sendo no entanto, necessários equipamentos apropriados e disponíveis para a condução de um estudo pleno. Num experimento pelo método dinâmico, para que as reações da pasta possam ocorrer em tempos reduzidos (∼ 4 horas), normalmente se recorre ao uso de aditivos aceleradores e/ou de cura térmica, sendo que, cada qual poderá influenciar na formação das novas fases cristalinas de forma distinta. Neste estudo adotouse a temperatura de cura em 70 °C devido à semelhança com as temperaturas geradas internamente nos concretos quando da reação exotérmica da hidratação dos cimentos. A temática sobre a hidratação dos cimentos e a formação de fases cristalinas, interessam não só aos fabricantes, mas também ao meio acadêmico e científico, pois ajudam a melhor conhecer e dirimir dúvidas sobre os materiais, assim como, abrir portas para novas possibilidades. Ao longo do texto se utiliza a nomenclatura abreviada da química do cimento. 2. Materiais Nos estudos de hidratação foram utilizados como materiais básicos o cimento aluminoso (CAC), o hidrato de cimento aluminoso (CAH10), clínquer Portland e a sílica ativa na condição de pastas frescas preparadas com água deionizada e com relação água/aglomerante variável. Boletim Técnico da FATEC-SP — BT/39 — Junho / 2015 3. Métodos Nos difratômetros convencionais tanto da FATECSP (Figuras 1 e 2) como do IPEN (Figura 3) foram realizados experimentos nos materiais básicos e, num segundo momento testes em pastas frescas e endurecidas, com relações água/aglomerantes e temperaturas diversas. Aproveitou-se ainda, para provar a eficiência deste tipo de equipamento para o estudo da conversão dos hidratos em cimentos aluminosos. No difratômetro com fonte de alta intensidade, do ALBA (Figura 4), optou-se por realizar os experimentos de hidratação dos cimentos e suas mesclas (cimento aluminoso, hidrato de cimento aluminoso, cimento Portland e sílica ativa) pelo método dinâmico, utilizando-se para isto as pastas frescas inseridas em porta-amostras – tubos capilares de borosilicato com diâmetro interno de 0,7 mm. Algumas citações sobre os equipamentos, softwares e modus operandi na coleta de dados constam a seguir. Características dos difratômetros convencionais (por reflexão / Geometria Bragg-Brentano): para o modus operandi utilizado na FATEC-SP empregou-se o MiniFlex – da Rigaku e quando no IPEN/CRISMAT o Rigaku - Ultima 4. Para ambos utilizou-se: monocromador; porta-amostras fixo; coleta de dados entre ângulos de 10º a 90º, em passos de 0,01 º2θ com dois segundos por passo; software para a aquisição de dados da Rigaku; formato na aquisição de dados próprio da Rigaku e radiação de cobre (kα1,2). Características do difratômetro com fonte de alta intensidade (por transmissão / Geometria DebyeScherrer) utilizado no ALBA (experimentos com pasta fresca) tendo como modus operandi: Estação BL4MSPD; comprimento de onda real: 0,619601 Å (comparativo com um padrão de difração de Si da NIST e com o refinamento dos dados calculado através do software TOPAS). Tal comprimento foi selecionado de maneira a permitir que a energia atravessasse a amostra de cimento sem perder muitos fótons antes de se chegar ao detector. A aquisição de dados no modo de transmissão foi realizada com um detector linear do tipo MYTHEN II. Os padrões de difração e respectivos histogramas foram coletados e acumulados a cada dois minutos aprox., variando em escala 2Θ (de 3º a 50º) por passo de aprox. 0,012 2Θ (depois do re-binning – nivelamento dos passos para se conseguir que estes fossem regulares). Quanto aos indicadores estatísticos Rwp, neste caso, esperava-se 7%, porém foi obtido 14,72%, e χ2 = 1,91, indicando uma estatística pobre. (A qualidade foi calculada mediante valores obtidos nos difratogramas comparativos entre o modelo teórico e o modelo experimental). Descartando o problema com a amostra ficou por compreender o porque deste valor. No caso do experimento com a pasta de CAH10 + clínquer Portland foram coletados 81 difratogramas em 179 minutos no qual se supõe 2,21 min. por difratograma. No caso do cimento aluminoso + sílica ativa foram coletados 69 difratrogramas em 167,5 min. No qual se supõe 2,43 min. por difratograma. Porta-amostras em tubo capilar de borosilicato com diâmetro interno de 0,7 mm e operando em modo giratório. O aquecimento da amostra foi realizada a uma temperatura constante de 70 ± 2 °C através de uma corrente de ar. No LNLS, por exemplo, a comunidade científica conta com a Estação XRD1 (Figuras 5 e 6), cujos experimentos, tanto em pasta fresca como em endurecida, podem ser conduzidos sob energia de 12 keV com a aquisição de dados sob modo de transmissão utilizando um detector linear do tipo MYTHEN II. Pode-se assim, obter um difratograma a cada 5 minutos, sendo que, as amostras precisam estar inseridas em capilares identificados e já posicionados em uma mesa robotizada (Figura 7) . O braço autômato se encarrega de substituir as amostras ao final de cada experimento, ocorrendo assim uma optimização na coleta de dados. O porta-amostras é giratório (Figura 8). Quando se almeja estudar a evolução da hidratação do aglomerante em pastas endurecidas, utilizando o Método Estático, pode-se, por exemplo, confeccionar corpos-de-prova nas dimensões de 2 x 2 x 2 cm, com relação a/c = 0,35 utilizando água deionizada e que, posteriormente, em idades pré-determinadas, através de uma broca deve-se perfurar cada corpo-de-prova até sua região central para a extração de material particulado. O pó obtido deverá na sequência ser colocado em contato com a acetona para que toda a água presente neste seja extraída, ocorrendo assim a suspensão de sua hidratação. Quando do preparo dos capilares, para o experimento de DRX, o material particulado e desidratado deve de ser melhor refinado utilizando-se para isto um almofariz. Convém alertar que neste tipo de procedimento é importante se trabalhar em ambiente controlado para que não ocorra a carbonatação das amostras por CO2, pois acabaria influenciando sobremaneira nos resultados. Em quaisquer dos métodos (modo dinâmico ou estático) são necessários uma série de ferramentas informáticas de apoio, não só na condução dos experimentos, como também para a realização dos cálculos de forma geral para a identificação e a quantificação das fases cristalinas. Neste estudo foram empregadas as seguintes ferramentas informáticas e com as seguintes funções: o TOPAS [2] para a calibração do comprimento de onda; os Scripts para IDL (personalizado) para o tratamento dos dados [Notas: 1Para a variação das áreas dos picos x tempo e ajuste dos picos às Gaussianas. 2- Para se obter a tabela com os dados sequênciais dos difratogramas permitindo a construção de gráficos da evolução da intensidade das fases cristalinas (hidratação x tempo)]; o Transform de Noesys [3] para a execução dos gráficos em 2D e 3D; o PowDLL [4] para a transformação dos difratogramas em formato ASCII para um formato X´Pert High Score Plus (para identificar as fases cristalinas). 4. Resultados Foram abordados com maiores detalhes apenas os resultados dos experimentos, em modo dinâmico, realizados na estação de Luz Síncrotron ALBA (fonte de alta intensidade). No entanto, visando melhor Boletim Técnico da FATEC-SP — BT/39 — Junho / 2015 23 conhecer as possibilidades de cada tipo de equipamento / método estes serão considerados no item 5. Apontamentos / Ocorrências. Figura 1 – FATEC-SP - Difratômetro – DRX MiniFlex – da Rigaku. Figura 5 – LNLS - Vista geral da Estação XRD1 e braço robótico. Figura 2 – FATEC-SP - Difratômetro - DRX MiniFlex – da Rigaku – Detalhe do Porta-amostras. Figura 6 – LNLS - Banca óptica - Diferentes settings de óptica (colimadores, focalizadores e fendas). Figura 3 - IPEN - Detalhe interno do Difratômetro. Figura 7 – Mesa robotizada / vista dos capilares 0,3 / 0,5 / 0,7 mm (o diâmetro dos capilares está relacionado à absorção dos raios-X). Figura 4 – ALBA - Estação BL4-MSPD. Figura 8 – LNLS - Capilar posicionado para receber feixes de luz (Espalhamento 360º). 24 Boletim Técnico da FATEC-SP — BT/39 — Junho / 2015 4.1- Mescla de pasta fresca com clínquer Portland + CAH10 - O clínquer Portland normal e o CAH10 foram misturados com água deionizada na relação água/aglomerante de 0,4 e mantidos sob temperatura de 70 ºC. O experimento durou três horas. A fase principal do cimento Portland (C3S) começou a desaparecer desde o início da hidratação; o hidrato de aluminato de cálcio foi continuamente reduzido, mas seguindo uma tendência diferente. Depois de um período latente, bastante longo (80 minutos), o hidróxido de cálcio começou a crescer, porém, a coleta de dados foi interrompida com o término planejado do experimento. Na Figura 9 há uma representação global de toda a sequência de padrões de difração adquiridos ao longo do experimento. A região de interesse limitouse à escolha dos picos principais envolvendo as fases mais visíveis. Uma evolução quantitativa das principais fases pode ser apreciada na Figura 10, onde o produto inicial de hidratação do cimento de alta alumina hidratado, a baixas temperaturas, é o CAH10. Pelos gráficos observa-se que durante a hidratação, a 70 ºC, o CAH10 leva mais de duas horas para desaparecer quase que completamente, ou seja, desaparece lentamente. Ao cabo de três horas já não há mais vestígios do mesmo. Há uma desidratação da porção cristalina em outras porções amorfas. O silicato tricálcico vai desaparecendo lentamente, porém ainda permanece bastante no final do experimento. O hidróxido de cálcio (CH) - Ca(OH)2 tem vários picos de difração. Antes da metade do experimento este começa a crescer e a se cristalizar (assemelha-se à barbatana dorsal de um tubarão conforme na Figura 9). Figura 9 – ALBA - Representação da sequência de padrões de difração (mistura de clínquer Portland e CAH10) na região onde os picos de difração das principais fases estão relativamente isolados. No topo, a representação 3D [Coordenadas x, y, z: ângulo de difração (2theta), tempo (minutos), intensidade relativa (unidades arbitrárias)], e na parte inferior a projeção 2D. Imagem dos 81 difratogramas obtidos. Boletim Técnico da FATEC-SP — BT/39 — Junho / 2015 25 Figura 10 – ALBA – Misturas de clínquer Portland e CAH10 - Resumo da evolução quantitativa das principais fases obtidas depois da integração de picos de difração. 4.2- Mescla de cimento aluminoso (CAC) e sílica ativa - Outra mistura testada foi a de cimento aluminoso (aluminato de cálcio) e sílica ativa em proporções iguais por peso, misturados com água deionizada (relação água /sólido de 0,4). Uma representação global de toda a sequência de padrões de difração adquiridos ao longo da experiência esta apresentada na Figura 11. Foi escolhida a região de interesse entre 5º e 14º, em 2Θ. Nesta área, os picos principais das fases envolvidas estão relativamente isolados, mais visíveis e mais fáceis de na sequência serem encaixados para se obter a Figura 12, onde a evolução quantitativa das principais fases podem ser apreciadas. A hidratação à temperatura de 70 ºC foi monitorizada durante 167 minutos. As principais características observadas foram uma diminuição contínua de (CA) - CaAl2O4, uma rápida formação de C2AH8 até atingir um máximo após 20 minutos e com um posterior desaparecimento após 100 minutos. Um crescimento contínuo de hidrogranate [Ca3Al2(OH)12], o hidrato cúbico estável a altas temperaturas. Após 90 minutos, ao parecer que a reação havia sido concluída, o Ca3Al2(OH)12 atingiu um platô máximo e o CaAl2O4 desapareceu. A sílica ativa parece não ter nenhum efeito sobre a hidratação. Pode-se dizer que o hidrato de aluminato de cálcio (C2AH8) é uma fase transitória aparece e desaparece - e conforme desaparece se forma o hidrogranate (C3AH6), fase estável a alta temperatura (> 29 °C); o aluminato de cálcio (CA) - CaAl2O4 apresenta uma reação rápida. Figura 11 – ALBA - Representação da sequência de padrões de difração (mistura de cimento de aluminato de cálcio e sílica ativa) na região onde os picos de difração das principais fases estão relativamente isolados. No topo a representação 3D [Coordenadas x, y, z: ângulo de difração (2theta), tempo (minutos), intensidade relativa (unidades arbitrárias)], e na parte inferior a projeção 2D. Imagem dos 69 difratogramas obtidos. Explanação sobre os principais pontos considerados nos experimentos e nos traçados dos gráficos. Os difratogramas foram refinados pelos métodos de 26 Rietveld [5] y de Pawley [6] através do TOPAS. Para se ter uma visão global das reações que ocorreram, ao longo dos experimentos, os dados de difração foram colocados em ordem sequencial e Boletim Técnico da FATEC-SP — BT/39 — Junho / 2015 representados como mapas pseudotridimensionais. Também foram plotadas as projeções correspondentes em duas dimensões, utilizando-se o IDL e o Transform. Em seguida se fez necessário analisar em detalhes os difratogramas individualmente. Numa situação ideal, a análise do quantitativo obtido através do TOPAS deveria ser feita a cada difratograma, o que requereria mais tempo, porém, conseguindo uma melhor estatística. Não foi este o caso e por isso, para a quantificação da variação das fases cristalinas em separado foram escolhidos picos de difração isolados e suficientemente intensos que se ajustaram às funções gaussianas. Os valores das intensidades foram normalizadas (a um) para cada uma das fases e representados nas Figuras 10 e 12. Figura 12 – ALBA – Pasta com CAC e sílica ativa Resumo da evolução quantitativa das principais fases obtidas depois da integração de picos de difração. 5. Apontamentos / Ocorrências A título de contribuição apresentam-se a seguir alguns apontamentos / ocorrências encontrados quando da utilização das 3 instalações distintas ou mesmo sobre os métodos empregados - quando do estudo completo. Tais informações são importantes para o planejamento de experimentos futuros. 1- Laboratório de Processamento e Caracterização de Materiais - LPCM – FATEC-SP - No início dos experimentos foram detectados vários problemas, sobretudo com relação à desidratação rápida e descontrolada da pasta fresca no porta-amostras, devido à sua pouca espessura e ao contato desta com o ambiente do laboratório obrigando na adoção de uma película isolante. Foram testados dois tipos de películas. A película de Kapton (uma poliimida comercializada pela DuPont) provocou interferência nos registros, por absorver os raios-X. Após outros testes foi adotado o filme estirável de PVC, normalmente utilizado para proteger alimentos. Outro problema identificado foi o da impossibilidade de aquecimento das amostras, para sua ativação térmica, já que as pastas não vinham apresentando um comportamento satisfatório quanto à velocidade de hidratação. O difratômetro MiniFlex – da Rigaku não dispõe de espaço suficiente em sua câmara interna, junto ao porta-amostras, para a instalação de um sistema de aquecimento convencional. Outro fator limitante trata-se do pouco fluxo de energia prejudicando na captação das reações de hidratação em tempo real. Este equipamento é mais indicado para a caracterização dos materiais na forma de pó, em modo estático. 2- Laboratórios do Grupo de Cristalografia Aplicada à Ciência dos Materiais - CrisMat/IPEN – O difratômetro da Rigaku - Ultima 4 – permitiu, por sua vez a instalação de instrumentação de aquecimento junto à câmara, e que aliado à possibilidade na condução dos ensaios de forma ininterrupta, por 24 horas, serviu ao propósito do estudo da conversão dos hidratos em cimentos aluminosos. No entanto, em casos onde se requer um maior rigor quanto à não orientação dos cristais, este difratômetro, assim como o da FATEC-SP, não dispõem de porta-amostras giratório. O porta-amostras fixo é indicado para o modo reflexão (superficialmente), utilizando a geometria de BraggBrentano. Quando se utiliza pastas de cimento é mais indicado o modo transmissão (através de) utilizando a Geometria Debye-Scherrer e com um porta-amostras giratório para minimizar a orientação dos cristais. 3- Laboratório do Síncrotron de ALBA/Barcelona – Com uma instalação mais moderna (inclusive em relação ao atual síncrotron brasileiro) este possui maior fluxo de intensidade de fótons. O único problema é o tempo de utilização, sendo que no planejamento de experimentos estes não devem durar mais de três dias. Dificilmente se consegue maior tempo, pois ademais de caro, reduziria o número de usuários. Nas instalações do ALBA, cada amostra de pasta deste projeto, pôde ser varrida por centenas de difratogramas em questão de horas. A título comparativo, os mesmos difratogramas numa estação com fonte de luz muito intensa, como o do ESRF em Grenoble, estes poderiam ser obtidos em questões de segundos (escalas reduzidas). No ALBA utilizou-se a estação BL4-MSPD (Materials Science Powder Difraction) com a pasta de cimento confinada num tubo capilar de 0,7 mm de diâmetro interno e analisada no modo giratório. Nesta instalação conseguiu-se realizar o estudo de hidratação da pasta em tempo real através do aquecimento da amostra de forma controlada. O tempo de aquisição de dados em cada difratograma foi de pouco mais de dois minutos, o que não é muito menor do que hoje é possível no LNLS. Convém comentar ainda, que não basta a fixação das temperaturas para a aceleração dos experimentos. O plano inicial consistia em reunir dados de difração, sob diferentes temperaturas constantes, para uma reação escolhida, visando assim, deduzir a cinética de formação ou decomposição das fases cristalinas envolvidas. Previa-se a realização de uma experiência rápida sob a temperatura de 90 ºC, no entanto, percebeuse que seria necessário pelo menos dois minutos para a obtenção de um padrão de difração do plano, exigindo uma alteração da temperatura para uma solução de compromisso, tão alta quanto possível, e onde fosse viável a coleta dos dados, compatível com uma cadência de cerca de trinta padrões por hora, assim que, concluiuse não ser possível trabalhar a temperaturas superiores a 70 ºC. Boletim Técnico da FATEC-SP — BT/39 — Junho / 2015 27 6. Conclusões Quando do planejamento de novos estudos de hidratação em pastas de cimento, através de DRX, atentar às conclusões parciais e ocorrências ora apresentadas. Para as medições da hidratação, em tempo real, a pasta fresca deve de ser introduzida em um capilar com comprimento ≥ 7 cm podendo ocorrer que nas extremidades deste a mesma perca sua homogeneidade resultando numa > relação a/c e com consequente aumento do número de poros. Diante disto será conveniente a obtenção dos difratogramas na parte central do tubo capilar. Considerar ainda, que a amostra sendo minúscula (com 0,3 / 0,5 / 0,7 mm de diâmetro) há de se pensar num sistema de aquecimento externo que simule o que ocorre no interior de um concreto. A razão de se estudar a hidratação dos cimentos em função da temperatura é porque a reação exotérmica depende, em grande parte, do volume concentrado de material. As idades de coleta de dados devem de ser compatíveis com o tipo de material a ser analisado. Se planejado utilizar amostras de pasta frescas de cimento será necessário conhecer ainda a dificuldade da introdução destas nos capilares. Provavelmente será necessário o uso de aditivos retardadores para não se perder o início das reações de hidratação. O uso da pasta fresca contida num capilar evita, em parte, o problema da carbonatação diminuindo as limitações do método da acetona. Num planejamento a longo prazo, uma amostra de pasta fresca contida em capilar poderia inicialmente passar por coleta de dados de DRX em modo dinâmico, por período inferior a 12 horas, e posteriormente, quando endurecida, passar a modo estático, em idades fixas, como por exemplo, de 3, 7, 28 dias, dependendo do tipo de material a ser estudado. A solução da robotização seria adequada a este tipo de planejamento. No caso de se estudar a hidratação da pasta já endurecida e pulverizada, mais sensível à carbonatação devido à grande superfície específica e a pouca quantidade de amostra (Método da acetona), esta deve de ser cuidadosamente manuseada em ambiente não contaminado por CO2. Uma vez constatado uma precisão suficiente nos resultados deste tipo de experimento, em pasta endurecida, se poderia, por exemplo, verificar a hidratação do cimento em qualquer obra, em idades distintas e sob quaisquer estágios de hidratação e assim conhecer qual a situação do concreto na peça. Convém alertar entretanto, que no concreto da estrutura também ocorrem variações de homogeneidade. Em ambos os casos haverá a necessidade de uso de grandes instalações, com porta amostras giratório e leituras no modo transmissão. Assim, no planejamento dos experimentos deve-se considerar: tipo de material; obtenção das amostras; tipo de mesclas; relação água/aglomerantes; tipo de água (deionizada ou destilada); procedimento de preparo das amostras; proteção das amostras para impedir perda de água ou a carbonatação; condições ambientais que evitem contaminações; determinação quanto ao modo do ensaio, se estático ou dinâmico; tipo de portaamostras; definições das condições térmicas e 28 parâmetros de ensaio; necessidade de instrumentação; infraestrutura mínima necessária nas instalações e equipamentos (modo reflexão ou transmissão); intensidade de raios-X; resolução necessária; ajustes dos equipamentos; velocidade; tempo de coleta e forma de acompanhamento na coleta de dados; os cálculos de Rietveld e a interpretação de resultados, incluindo aqui a definição dos softwares necessários a cada situação. Quando do uso de capilares nos experimentos considerar ainda, o tempo para a inserção das amostras de pastas nestes (devido à reologia) e a perda do início das reações devido a esta demora. Considerar também a necessidade de aquisição dos capilares, pois muitas vezes estes não se encontram disponíveis para doação. Um item importante será a necessidade da elaboração de propostas para os experimentos e a consequente resposta favorável da concessão de tempo para utilização das instalações de luz síncrotron. Ao planejar experimentos em grandes instalações cuidar detalhadamente da logística, pois a concessão do tempo é limitada. Quanto ao software TOPAS ficou constatado ser uma ferramenta confiável, prática e robusta nas análises mediante Rietveld dos dados de difração de raios-X. Agradecimentos À ELFUSA e à ABCP, pelo fornecimento de amostras. Aos Laboratórios de Processamento e Caracterização de Materiais - LPCM da FATEC-SP; Grupo de Cristalografia Aplicada à Ciência dos Materiais - CrisMat/IPEN e Laboratori de Llum Síncrotró - ALBA, pela infraestrutura laboratorial. Ao Pesquisador Prof. Dr. Luis Gallego Martinez pela aprovação dos ensaios no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares - IPEN. Aos Pesquisadores M. C. Alonso; M. Sánchez Moreno; J. L. García Calvo do Instituto E. Torroja pela cooperação durante o experimento no ALBA. Referências Bibliográficas [1] Taylor, H. F. W. Cement Chemistry. Academic Press, London, 1990. 408p. ISBN: 0-12-683900-X. [2] Topas – Academic, Versão 4.1, Coelho Software, 2007. [3] Noesys 1.2. Data Analysis Software Transform Version 3.4. Edition. Copyright ©1990-1999. Fortner Software LLC and its Licensors. All Rights Reserved. May, 1999. [4] PowDLL Converter, versão 2.42. Nikos Kourkoumelis. [5] Rietveld, H. M. A Profile Refinement Method for Nuclear and Magnetic Structures, J. Appl. Cryst., 2, 65-71 (1969). [6] Pawley, G.S. Unit-cell refinement from powder diffraction scans. J. Appl. Cryst. 14, 357 (1981). Boletim Técnico da FATEC-SP — BT/39 — Junho / 2015 ESTUDO DO ÍNDICE DE PERDA DO CURSO DE MOVIMENTO DE TERRA E PAVIMENTAÇÃO DA FATEC-SP Décio Moreira Tecnólogo, Professor Mestre da disciplina de Topografia do Departamento de Transportes e Obras de Terra da FATEC-SP. [email protected] Resumo Este artigo apresenta o resultado da pesquisa com os alunos do curso de Movimento de Terra e Pavimentação, motivada pelo alto índice de perda do curso. Destaca algumas características dos estudantes e motivos de dificuldades e consequente desistência, reprovação e evasão. Diante dos resultados observa-se que existe uma situação preocupante, mas apresenta algumas sugestões de ações que podem minimizar o problema e garantir a permanência do aluno no curso e, ainda que difícil por depender de ações externas, tentar mantê-lo como tecnólogo. 1. Introdução Segundo o relatório de avaliação institucional – SAI/Fatec-2009 [1], melhorar as perspectivas de emprego e salários é uma oportunidade que a faculdade pode oferecer e reflete o índice de sucesso escolar. Em contra partida o Índice de Perda de 35% do curso de Movimento de Terra e Pavimentação indica a necessidade de se buscar soluções para diminuir esse índice e melhorar o índice de produtividade. É um problema que fundamentalmente está relacionado com a metodologia, o diálogo, a comunicação com os alunos, os componentes curriculares com mais dificuldades, os conteúdos programáticos e outros. O Sistema de Avaliação Institucional - SAI/Fatec do período de 2011 a 2014 apresenta um índice de perda de 36,5%, 40,9%, 19,32% e 17.97%, respectivamente, para o curso de Movimento de Terra e Pavimentação. O documento publicado - SAI/Fatec2009 [1], afirma que a baixa produtividade pode estar vinculada a repetência, evasão ou desistência do curso, de qualquer forma a faculdade não pode se eximir de reconhecer seu papel social e buscar alternativas para a permanência dos estudantes nos cursos. O índice de perda de estudantes das FATEC usava uma metodologia que considerava os reprovados por conceito, por falta e os cancelamentos de matrícula. No cálculo para 2013 e 2014 a metodologia retirou do cálculo os reprovados por falta e incluiu os trancamentos de matricula, razão pela qual o índice teve uma redução. Destaca-se que a situação de trabalho do tecnólogo está diretamente relacionada com a formação. Certamente a maior ou menor inserção, o sucesso ou as dificuldades profissionais do egresso são reflexos da graduação. As dificuldades de plena inserção e reconhecimento dos tecnólogos podem refletir no índice de perda. O 11º relatório SAI/FATEC 2010 [2] confirma que a falta de motivação, falha na formação, problemas socioeconômicos estão associados ao índice de perda. Essa constatação também confirma a necessidade de a faculdade buscar alternativas para garantir a permanência dos estudantes. Essa afirmação motivou a realização dessa pesquisa quantitativa razão pela qual foi necessário definir um universo de alunos matriculados a serem entrevistados, assim como a criação do questionário (Anexo 1). O questionário ficou pronto no 2º semestre de 2012, portanto esse foi o universo adotado para as entrevistas. Dos 241 estudantes matriculados, responderam ao questionário 177 estudantes, portanto um índice de 73% de retorno considerado representativo para indicar possíveis causas do índice de perda. 2. Referencial teórico Segundo Puppi (1997) apud Brissac (2009) [3] a não conclusão da graduação pelo estudante está diretamente associada à sua limitação de perspectivas ocupacionais e econômicas. Os elevados índices de evasão nas instituições públicas representam um ônus adicional à sociedade, pois implica no uso indevido das poucas vagas no ensino superior que são oferecidas à sociedade e no mau uso das verbas públicas (MACHADO, MELO FILHO e PINTO, 2005; GAIOSO, 2005; RIOS, SANTOS e NASCIMENTO, 2001 apud BRISSAC, 2009). [3] Importante contribuição teórica para o tema tem inicio nos Estados Unidos com Vincent Tinto, a partir de 1950. O destaque está na importância da integração acadêmica, ou seja, compromissos pessoais, sociais e acadêmicos, estabelecendo um forte vínculo do estudante com a Instituição de Ensino - IE evitando a decepção e consequente perda (ADACHI, 2009). [4] Pode-se afirmar que as causas das perdas estão associadas a causas endógenas e exógenas a IE, portanto é necessário criar um canal de comunicação permanente com os estudantes para melhor entender e contribuir com soluções desse problema. Esse trabalho é revestido de dificuldades a começar pelo conceito de evasão que segundo a Comissão Boletim Técnico da FATEC-SP — BT/39 — Junho / 2015 29 Especial para o Estudo da Evasão, instituída pela Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação em 1995 é: 1) evasão de curso: aquela que ocorre quando o estudante desliga-se do curso superior em situações diversas, tais como: abandono (deixa de matricular-se), desistência (oficial), transferência ou reopção (mudança de curso), exclusão por norma institucional; 2) evasão da instituição: quando o estudante desliga-se da instituição na qual está matriculado, e 3) evasão do sistema: quando o estudante abandona de forma definitiva ou temporária o ensino superior (ADACHI, 2009). [4] Para Tinto (1975) apud Brissac, 2009 [3], a evasão voluntária ocorre por vontade própria do estudante que decide deixar o ensino superior e a evasão por demissão acadêmica se refere aos casos em que o aluno descumpre algumas normas presentes na instituição, por exemplo: não efetuar a matrícula. Os estudantes informam que 64% e 87% das mães e dos pais, respectivamente, trabalham. Apenas 16% das mães têm ensino superior completo e 14% dos pais tem essa escolaridade. (Figura 2 e 3) Figura 2 - Escolaridade da mãe. 3. Metodologia Para o estudo das causas do índice de perda do curso de Movimento de Terra e Pavimentação foram realizadas, a partir de um questionário, entrevistas com os estudantes tendo como referência o cadastro do Departamento de Transportes e Obras de Terra. Escolaridade do Pai 24% 21% 18% 14% 8% 5% 5% 1% 4. Resultados Após a tabulação dos questionários obteve-se as informações e alguns destaques que indicam características dos estudantes, motivos de dificuldades e consequente desistência ou reprovação ou evasão estão apresentados a seguir para reflexões. Do grupo de alunos pesquisados 75% são do gênero masculino e 33 % deles estão na faixa etária de 18 a 23 anos e 20 % na faixa de 24 a 28 anos. O estado civil de 64% dos alunos é solteiro e 50% dos entrevistados moram com os pais. Conforme Figura 1, são responsáveis financeiros pelo local onde moram 48% dos alunos, em seguida vem o pai com 26% e a mãe é responsável financeira pela casa em 12% dos entrevistados. Fundamental Fundamental médio incompleto incompleto médio técnico superior incompleto 2% 2% superior Pós-graduado Alfabetizado Analfabeto Figura 3 - Escolaridade do pai. Os pais influenciaram a escolha educacional para 43% dos estudantes, 58% considera a influência boa. A mãe é indicada como a que mais interage com os filhos, neste caso para 55% dos entrevistados. A maioria dos pais conhece a FATEC, mas 48% deles não sabe o que é tecnólogo. Cursaram ensino fundamental e médio público, 80% dos estudantes. No ensino fundamental respondem que tiveram dificuldade em matemática, 38% e português 23%. No ensino médio as reprovações foram em matemática e física, para 21% dos estudantes, 18% de reprovação em química e 11% apontam reprovação em português, conforme observado na Figura 4. Figura 1 - Responsável financeiro. A maioria, 72%, trabalha na área, 53% tem automóvel e 94% tem computador. Não tem fluência em outro idioma 52% dos entrevistados. 30 Figura 4 - Disciplinas que obteve reprovação. A dificuldade no ensino médio é atribuída a qualidade do ensino para 29% dos estudantes. As Boletim Técnico da FATEC-SP — BT/39 — Junho / 2015 disciplinas de física, matemática e química representam dificuldade para 15% dos entrevistados. No ensino superior, a Figura 5, mostra as reprovações em cálculo para 22% dos estudantes, física para 19% e resistência dos materiais para 13%. Um mesmo aluno pode ter reprovações nas três disciplinas. Principais motivos: - melhorar o salário - melhorar a ocupação - participar de concursos - melhorar o reconhecimento - exigência do mercado de trabalho Teve reprovação 22% 19% 19% 13% Figura 7 - Cursar engenharia e motivos 8% 6% 5% Cálculo Física RESISTÊNCIA MATERIAIS ESTATÍSTICA ELETRICIDADE TOPOGRAFIA 4% 3% DESENHO TÉCNICO GEOMETRIA ANALÍTICA OUTRAS Figura 5 - Disciplinas com reprovações A falta de base, de tempo e de dedicação aparece em 62% das respostas quando perguntado qual o motivo das reprovações. A didática ruim como motivo aparece em 13% das respostas. Quando questionado sobre a qualidade dos professores, 95% respondem que são bons ou ótimos. A previsão de conclusão do curso é de 4 anos para 27% dos estudantes e mais de 4 anos para 34%. Quando perguntado qual a dificuldade em concluir o curso no prazo de 3 anos a resposta para 36% dos estudantes é porque o curso é puxado, 21% indicam a falta de tempo e 10% indicam o trabalho. Fazer outra graduação é a vontade de 91% dos estudantes que apontam como motivos a evolução profissional, mais oportunidade, salário, reconhecimento e realização profissional, esse motivo é apontado por 10% dos estudantes. (Figura 6) Motivo para fazer outra graduação 35% 14% 16% 16% 10% reconhecimento salário oportunidade realização pessoal evolução profissional 5% 4% nada não pensa nisso Figura 6 - Motivo para fazer outra graduação. Cursar engenharia é a intenção de 67% dos estudantes e os principais motivos são: melhorar salário, a ocupação, o reconhecimento; participar de concursos e exigência do mercado de trabalho. (Figura 7) Motivos que levariam os estudantes a desistir do curso e são indicados por 46% deles: reprovações nas disciplinas básicas; dificuldades nas disciplinas; falta de profissionalismo, de tempo, de perspectiva; outras prioridades; problemas familiares. Quando solicitado a opinar sobre os motivos que levariam um estudante a desistir da FATEC-SP, acrescenta-se às respostas dadas para a desistência do curso: problema financeiro; retorno financeiro; restrições profissionais e professores. A escolha pela FATEC-SP está associada ao seu reconhecimento, 39%, e por ser pública é indicado em 29% das respostas. A escolha do curso está relacionada ao interesse pela área e representa 48% das respostas; porque trabalha na área é a resposta de 26% dos estudantes; demanda de oportunidade na área é apontada por 12% deles e 10% indicam a demanda do vestibular. As restrições profissionais que são destacadas pelos entrevistados são: não participação em concursos públicos; não podem projetar; é comparado com o técnico; tem responsabilidade técnica limitada e restrições do Conselho Profissional - CREA. Fazer pós-graduação é a vontade de 55% dos estudantes e quando perguntado se ingressou na FATEC-SP para obter aproveitamento de estudo em outra faculdade, 34% deles responderam que sim. Os estudantes destacam como objetivos que pretendem alcançar na vida: bom emprego; constituir família; estabilidade financeira; negócio próprio; reconhecimento; sucesso profissional e ser engenheiro. 5. Conclusão e comentários Diante desses resultados observa-se que existe uma situação, no meu ponto de vista, preocupante e que merece mais estudos na busca de soluções que visem à permanência do estudante para concluir o curso. Ajudálo a manter-se tecnólogo e seguir o caminho natural dos graduados que é a pós-graduação é outra ação que precisa estar na pauta das preocupações da FATEC-SP e do CEETEPS. Constatou-se que os alunos pretendem cursar outra graduação (engenharia) e alguns apontam que querem ser engenheiros. Essa postura não é característica de um graduado, cujo caminho natural é a pós-graduação. Boletim Técnico da FATEC-SP — BT/39 — Junho / 2015 31 Fazer outra graduação é uma decisão para melhorar o salário, ser reconhecido e obter realização profissional. Ingressaram na FATEC-SP para obter aproveitamento de estudo em outra faculdade é outra distorção. As restrições profissionais também são motivo de preocupação. São destacadas pelos entrevistados: não participação em concursos públicos; não podem projetar; são comparados com o técnico; tem responsabilidade técnica limitada e restrições do Conselho Profissional - CREA. Desistir do curso ou da FATEC está vinculado a reprovações nas disciplinas básicas; dificuldades nas disciplinas; falta de profissionalismo, de tempo, de perspectiva; outras prioridades; problema familiar; problema financeiro; retorno financeiro; restrições profissionais e professores. Remete inferir que o trabalho é prioridade, pois boa parte dos estudantes é responsável financeiro da família. As disciplinas de cálculo, física e resistência dos materiais são apontadas como as de maior dificuldade e, consequentemente, maiores índices de reprovações. Os estudantes apontam que no ensino médio e básico também tiveram dificuldades com as disciplinas de matemática e física e ainda química e português. O curso ser puxado, a falta de tempo e o trabalho são algumas justificativas para as dificuldades e reprovações no curso superior. O fato de terem cursado o ensino médio em escola pública pode refletir as dificuldades no ensino superior. Os alunos apontam a falta de base e a baixa qualidade daquele ensino como motivo das dificuldades. As reprovações são responsáveis por um prazo de integralização maior, na média o curso é concluído em 4 anos e meio. Alguma ação precisa ser estudada. A situação familiar também pode interferir nas decisões dos estudantes e refletir nas reprovações e evasão ou desistência da faculdade. Manter o aluno na faculdade é um desafio. Os estudantes têm muitas opções de Instituições de Ensino para cursar o ensino superior. Bem aplicar os recursos públicos é uma obrigação e, portanto minimizar a evasão e a desistência do curso e da faculdade é o desafio que precisa ser resolvido. Importante afirmar que o papel das Instituições de Ensino é oferecer um ensino com qualidade e perspectivas concretas de emprego e de responsabilidades compatíveis com a graduação cursá-la após uma reprovação naquela disciplina. A sugestão de ser matemática é por entender que esse conhecimento é facilitador para todas as disciplinas do curso. Acompanhar o desempenho dos alunos e oferecer essas informações para os responsáveis de disciplinas. Essas informações podem viabilizar novas estratégias e metodologias pedagógicas com o objetivo de motivar, incluir e possibilitar que os estudantes não só concluam o curso, mas também o faça no prazo normal de integralização sem perder a qualidade e o reconhecimento construídos ao longo de décadas. Outra ação que precisa ser incentivada é a relação da Faculdade com os Conselhos Profissionais. A faculdade pode intervir para que o perfil profissional aprovado para o curso seja aceito pelo Conselho responsável pela fiscalização do exercício profissional. Afinal, a construção de um projeto pedagógico tem por finalidade oferecer aos graduados conhecimento e competências para ingressar no mercado de trabalho com condições de assumirem responsabilidades e permanecerem como tecnólogos. Agradecimentos Ao Departamento de Transporte e Obras de Terra da Faculdade de Tecnologia de São Paulo, do qual sou professor, e ao CEETEPS, por permitirem-me pesquisar temas de interesse na formação de tecnólogos e poder trabalhar na divulgação e na valorização da Instituição e dos tecnólogos. Referências bibliográficas [1]SAI/FATEC 2009 – FATEC São Paulo. 10º Relatório de avaliação. 2009. CEETEPS. [2]SAI/FATEC 2010 – FATEC São Paulo. 11º Relatório de avaliação. 2010. CEETEPS. [3]BRISSAC, Rafaela de Menezes Souza. Fatores anteriores ao ingresso como preditivos de evasão nos anos iniciais dos cursos superiores de tecnologia. 2009. Dissertação (Mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação, São Paulo. [4] ADACHI, Ana Amélia Chaves Teixeira. Evasão e evadidos nos cursos de graduação da Universidade Federal de Minas Gerais. 2009. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Minas Gerais / FaE, Belo Horizonte. 6. Sugestões de ações Estabelecer um canal de comunicação pessoal com os alunos para identificar problemas, dificuldades e principalmente encaminhar propostas de soluções. Oferecer inicialmente uma disciplina de matemática para complementar os conhecimentos matemáticos na perspectiva de melhorar o desempenho dos alunos nas disciplinas curriculares. Essa disciplina ocuparia o mesmo horário de cálculo I e o aluno poderia optar por 32 Boletim Técnico da FATEC-SP — BT/39 — Junho / 2015 ANEXO 1 ROTEIRO DE ENTREVISTA Estudo sobre o Índice de Perda do curso de Movimento de Terra e Pavimentação 1) SEXO ( ) MASCULINO ( ) FEMININO 2º/sem/12 2) IDADE? 3) ESTADO CIVIL? 4) FILHOS? QUANTOS? 5) QUAL O BAIRRO ONDE MORA? Qual é a região ( ) norte ( ) sul ( ) leste ( ) oeste 6) O IMÓVEL É PRÓPRIO? 7) COM QUEM MORA? 8) QUEM É O PRINCIPAL RESPONSÁVEL FINANCEIRO DO LOCAL ONDE MORA? 9) QUAL A SUA OCUPAÇÃO ATUAL? 10) QUAL O RAMO DE ATIVIDADE DA EMPRESA EM QUE TRABALHA? 11) O QUE VOCÊ FAZ NESSA EMPRESA? 12)TRABALHOU ANTES? 13) O QUE FAZIA? 14) TEM VEÍCULO PRÓPRIO? 15)TEM COMPUTADOR PESSOAL? 16) DOMINA OUTRO IDIOMA? QUAL? ( )BOM ( )MÉDIO ( )REGULAR 17) ONDE (MUNICÍPIO) CURSOU O ENSINO FUNDAMENTAL? ESCOLA ( ) PÚBLICA ( ) PRIVADA 18) SUAS NOTAS NO ENSINO FUNDAMENTAL FORAM ( )MÍNIMAS ( )BOAS ( )ÓTIMAS 19) VOCÊ TEVE ALGUMA DIFICULDADE NO ENSINO FUNDAMENTAL? QUAL? 20) VOCÊ IDENTIFICA O MOTIVO DA DIFICULDADE? 21) ONDE (MUNICÍPIO) CURSOU O ENSINO MÉDIO? ESCOLA PÚBLICA OU PRIVADA? 22) SEU CURSO FOI ( ) DIURNO OU ( ) NOTURNO 23) VOCÊ TEVE REPROVAÇÃO? QUAL(IS) DISCIPLINA(S)? 24) SUAS NOTAS NO ENSINO MÉDIO FORAM ( ) MÍNIMAS ( ) BOAS ( ) ÓTIMAS 25) OS PROFESSORES DO ENSINO MÉDIO FORAM ( ) ÓTIMOS ( ) BONS ( ) RUINS 26) VOCÊ IDENTIFICA ALGUMA DIFICULDADE NO ENSINO MÉDIO? 27) O QUE VOCÊ DESTACA DE POSITIVO NA ESCOLA QUE FREQUENTOU? 28) VOCÊ FEZ CURSINHO? QUAL? QUANTO TEMPO? 29) QUAL A ESCOLARIDADE DO SEU PAI? 30) QUAL A ESCOLARIDADE DA SUA MÃE? 31) QUAL A PROFISSÃO DA SUA MÃE? 32) QUAL A PROFISSÃO DO SEU PAI? 33) SEUS PAIS O INFLUENCIARAM NAS ESCOLHAS EDUCACIONAIS? ISSO FOI BOM? 34) QUAIS DOS SEUS PAIS MAIS INTERAGE COM VOCÊ PARA CONVERSAR SOBRE EDUCAÇÃO? Boletim Técnico da FATEC-SP — BT/39 — Junho / 2015 33 35) SEU PAI E A SUA MÃE SABEM O QUE É A FATEC? 36) SEU PAI E A SUA MÃE SABEM O QUE É UM PROFISSIONAL TECNÓLOGO? 37) COMO VOCÊ SE ATUALIZA? 38) PARTICIPA DE ALGUMA ATIVIDADE EXTRA CLASSE NA FATEC? QUAIS? 39) VOCÊ PRATICA ATIVIDADE ( ) SOCIAL ( ) ESPORTIVA ( ) RELIGIOSA FORA DA FATEC? 40) QUANTO TEMPO POR SEMANA VOCÊ DEDICA A ESSA ATIVIDADE? 41) QUAL SEMESTRE VOCÊ INGRESSOU NA FATEC? EM QUAL SEMESTRE DO CURSO VOCÊ ESTÁ (CONSIDERE O MAIOR Nº DE DISCIPLINAS)? 42) VOCÊ TEVE ALGUMA REPROVAÇÃO? QUAIS DISCIPLINAS? QUANTAS VEZES? 43) VOCÊ IDENTIFICA O MOTIVO DA(S) REPROVAÇÃO(ÕES)? 44) OS PROFESSORES DO SEU CURSO SÃO ( ) ÓTIMOS ( ) BONS ( ) RUINS 45) SUAS NOTAS NA FATEC SÃO ( ) MÍNIMAS ( ) BOAS ( ) ÓTIMAS? 46) VOCÊ IDENTIFICA O MOTIVO DA DIFICULDADE COM AS DISCIPLINAS? 47) O QUE VOCÊ DESTACA DE POSITIVO NA FATEC? 48) QUANTAS VEZES POR SEMANA VOCÊ ESTUDA? QUANTAS HORAS POR SEMANA? 49) O QUE LHE MOTIVARIA PARA FAZER OUTRA GRADUAÇÃO? 50) GOSTARIA QUE ALGUMA COISA FOSSE DIFERENTE NA FATEC? 51) A FATEC ESTÁ ATENDENDO SUAS EXPECTATIVAS? 52) QUE MOTIVOS LHE FARIA DESISTIR DO CURSO? 53) O CURSO TEM DURAÇÃO DE 3 ANOS. QUAL SUA PREVISÃO PARA CONCLUI-LO? 54) POR QUE É DIFÍCIL CONCLUIR O CURSO EM 3 ANOS? 55) POR QUE ESCOLHEU A FATEC? 56) POR QUE ESCOLHEU O CURSO DE MOVIMENTO DE TERRA E PAVIMENTAÇÃO? 57) VOCÊ VAI CURSAR ENGENHARIA ( ) SIM ( ) NÃO OU ESTA CURSANDO ( ) SIM ( ) NÃO? QUAL O MOTIVO? 58) ESTUDAR NA FATEC AJUDA NA INSERÇÃO DO PROFISSIONAL NO MERCADO DE TRABALHO? ( ) SIM ( ) NÃO 59) COMO TECNÓLOGO VOCÊ ESTARÁ PREPARADO PARA DESEMPENHAR AS ATIVIDADES, NA SUA ÁREA DE FORMAÇÃO, TAIS COMO: ( ) NÃO PREPARADO ( ) SUPERVISÃO ( ) COORDENAÇÃO ( ) DIREÇÃO ( ) PROJETO ( ) FISCALIZAÇÃO ( ) ASSESSORIA ( ) PARECER ( ) ORÇAMENTO ( ) ESTUDO DE VIABILIDADE ( ) EXCUÇÃO ( ) ORIENTAÇÃO TÉCNICA ( ) ESTUDOS ( ) ENSINO ( ) EXPERIMENTAÇÃO ( ) ESPECIFICAÇÃO ( ) PLANEJAMENTO 60) INDIQUE 3 MOTIVOS RELEVANTES, NA SUA OPINIÃO, PARA QUE UM ESTUDANTE DESISTA DA FATEC. 61) QUAL A IMPORTÂNCIA DE UM CURSO DE NÍVEL SUPERIOR? 62) VOCÊ CONHECE ALGUMA RESTRIÇÃO PARA O EXERCÍCIO PROFISSIONAL DOS TECNÓLOGOS? QUAL? 63) APÓS CONCLUIR O CURSO VOCÊ PRETENDE FAZER OUTRA GRADUAÇÃO SIM ( ) NÃO ( ) OU PÓSGRADUAÇÃO SIM ( ) NÃO ( )? 64) VOCÊ INGRESSOU NUM CURSO DE TECNOLOGIA PARA OBTER APROVEITAMENTO DE ESTUDO EM OUTRA FACULADADE? ( ) SIM ( ) NÃO 65) CITE 2 OBJETIVOS QUE PRETENDE ALCANÇAR NA VIDA. CASO QUEIRA APRESENTAR MAIS ALGUMA INFORMAÇÃO USE O VERSO. 34 OBRIGADO. Boletim Técnico da FATEC-SP — BT/39 — Junho / 2015 EXPERIÊNCIA DO ENSINO DE METODOLOGIA DE PROJETOS EM SISTEMAS BIOMÉDICOS Marcos José de Lima Prof. Me. do Curso de Tecnologia em Sistemas Biomédicos - FATEC “José Crespo Gonzales” - Sorocaba [email protected] Resumo 2. Objetivo É apresentada a metodologia de ensino aplicada a projetos de produtos técnicos com base nas diretrizes da Associação dos Engenheiros Alemães (VDI) na área de Tecnologia em Sistemas Biomédicos da Fatec Sorocaba e voltada ao desenvolvimento de equipamentos médicohospitalares. No período de ensino da disciplina os documentos de projeto elaborados pelos alunos evidenciaram estrutura sistemática que propiciaram soluções de qualidade para as questões técnicas. 1. Introdução As exigências da população por assistência à saúde de maior qualidade e acessível se justifica e o governo brasileiro, por intermédio do Ministério da Saúde, tem promovido ações visando estabelecer regulamentações para que as empresas fabricantes e os fornecedores de produtos para a saúde observem rigorosos processos de certificação para a comercialização. O fortalecimento da indústria nacional e regional passa pela formação de um contingente de profissionais especializados e dedicados a projetos. A adoção de uma metodologia de desenvolvimento construtivo pode beneficiar na prática a colaboração entre instituições de ensino e industriais do ramo de produtos médicos. O ensino de projetos nos cursos de tecnologia e engenharia no Brasil é realidade há décadas. Somente no final da década de 80 e durante os anos 90 é que começaram a surgir os cursos de pós-graduação e graduação voltados para o segmento de produtos e equipamentos médico-hospitalares. Para situar sua importância na economia brasileira, em 2013, o consumo foi de 5,64 bilhões de dólares e apesar do faturamento da indústria nacional do setor ter sido expressivo e apresentar crescimento de 6,09%, o déficit da balança comercial do segmento foi de 4,16 bilhões de dólares [1] e [14]. A parcela no consumo do mercado interno da produção da indústria nacional em 2013 foi de 31,9% [1] demonstrando a necessidade de crescer e para alavancar sua produção necessita de investimentos, bem como da participação de profissionais nas áreas de projetos e produção em número e qualificação compatíveis. Visando alcançar tal qualificação a metodologia empregada visou responder questões básicas de projetos tais como: Com o que e como projetar? Projetar para quem? Qual o valor técnico das soluções de projeto? Quanto poderá ser o custo do produto projetado? Este trabalho objetiva apresentar a experiência na formação especializada do profissional da tecnologia em sistemas biomédicos para a área de projetos e sugerir a adoção de metodologia construtiva com base nas diretrizes da VDI, visando contribuir com a qualidade do desenvolvimento de sistemas biomédicos. 3. Materiais e Métodos O trabalho inicial consistiu em realizar uma revisão da literatura relacionada à metodologia de projeto de sistemas técnicos. Por tratar-se de trabalho voltado à aplicação de metodologia de projeto no ambiente de ensino superior de tecnologia apresenta-se breve histórico da implantação do Curso de Sistemas Biomédicos bem como da Teoria da Construção Sistemática. A experiência de 22 anos no ensino da Disciplina de Construção de Equipamentos Médicohospitalares permitiu retratar a aplicação da metodologia das diretrizes VDI 2221 a 2225 [2] em todas as suas etapas e passos. Observa-se no site da VDI a comercialização destas diretrizes com datas de publicação da década de 90, indicado que os originais são válidos na atualidade [2]. O acervo de documentos de projetos executados por discentes, desde a implantação da disciplina de Construção de Aparelhos em 1992 até a atualidade, existentes em biblioteca do Laboratório de Construção de Equipamentos Médicohospitalares da Faculdade de Tecnologia de Sorocaba, foi examinado quanto aos benefícios trazidos para o aprendizado de desenvolvimento construtivo. Além disto, foram consideradas as resoluções e normas vigentes para a área da produção e comercialização de produtos para a saúde no Brasil, tornando a experiência da aplicação da metodologia alemã adaptável às condições do nosso meio. A aplicação desta metodologia no ambiente de ensino buscou obter, com adaptações, a capacitação para o exercício profissional da Tecnologia em Sistemas Biomédicos no mercado nacional de produção, comercialização e aplicação de equipamentos médico-hospitalares. 4. Histórico Com base na literatura especializada e experiência de ensino de 22 anos foi possível desenvolver o procedimento sistemático do processo de desenvolvimento construtivo voltado a sistemas biomédicos, o que permite a documentação de projeto Boletim Técnico da FATEC-SP — BT/39 — Junho / 2015 35 dentro das exigências normativas atuais da área da tecnologia em saúde e necessárias às exigências da fase de produção de produto técnico. 1, Anexo I. A metodologia do PDC é apresentada a seguir, passo a passo. 5.1. Fundamentos 4.1. Histórico do Curso de Tecnologia em Sistemas Biomédicos Em 1991, o Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza, por intermédio da Faculdade de Tecnologia em Sorocaba, identificou a oportunidade de contribuir com a formação profissional oferecendo o Curso Superior de Tecnologia em Saúde. Em 2009 o curso sofreu reformulação na sua grade curricular e passou a ser denominado Curso Superior de Tecnologia em Sistemas Biomédicos, de modo a atender a terminologia de cursos adotada pelo Catálogo Nacional de Cursos Superiores do MEC. A composição curricular do Curso está regulamentada na Resolução CNE/CP nº 03/2002 [3]. 4.2. Histórico da Construção Sistemática O trabalho do projetista a partir do tratamento científico aplicando metodologia de projeto deixou de ser aleatório e dependente das características ou do talento pessoal. O desenvolvimento de projeto tornouse, deste modo, metódico ou sistemático, principalmente com as importantes contribuições dos renomados personagens relacionados no Quadro I. Quadro I - Fatos da Teoria de Projetos Personagem Época Contribuição Leonardo da Vinci Reuleaux Erkens 1452 a 1519 Esboços 1854 Técnicas de Mecanismos Construção passo a passo Wögebauer Kesselring Niemann Hansen Rodenaker Roth Anos 40 Koller Pahl & Beitz Hubka 1986 1986 Anos 20 Anos 40 1950 1956 1970 1982 1984 1985 Ehrlenspiel Atualidade Softwares de Projeto Fontes: [5], [10] e [12]. Técnicas de Construção Die Starke Konstruktion Elementos de Máquinas Construção Sistemática Método de Construção Konstruiren mit Konstruktionskatalogen Fases de Construção Teoria de Projetos Teoria de Projetos Teoria de Projetos Automação de projeto 5. Construção Sistemática O Processo de Desenvolvimento Construtivo (PDC) segundo as Diretrizes da VDI é estabelecido na Figura 36 A metodologia Alemã de projetos, segundo as diretrizes VDI 2222 a 2225, publicada pela Associação dos Engenheiros Alemães [1], juntamente às informações da literatura especializada [7], [8], [9] e [10] permitem fundamentar a construção sistemática. 5.2. Esclarecimento da Tarefa de Projeto Esclarecer a tarefa de projeto proposta é o início do trabalho do construtor e consiste em realizar estudo do problema proposto. Tornar mais precisa a ideia de projeto possibilita um domínio maior ou familiarização e enquadramento global sobre a situação da tarefa, não sendo, no entanto, necessário considerar todos os detalhes técnicos. Inicialmente, para precisar a situação, devem-se empregar perguntas orientadas: o que, para que, quem, quando, quanto e por que. O estudo de literatura especializada e também o acesso a sites de fornecedores de produtos fornece meios para obtenção de informações e dados que são organizados em uma fundamentação do projeto e também subsidiam a construção da Lista de Requisitos. De acordo com [4] a definição de projeto de engenharia é: “um processo sistemático, inteligente no qual os projetistas geram, avaliam e especificam conceitos para os equipamentos, sistemas ou processos, cujas formas e funções atingem as necessidades e objetivos dos clientes e usuários enquanto satisfazem um conjunto especificado de restrições”. 5.3. Lista de Requisitos A coletânea de necessidades ou características desejadas e estabelecidas por normas e restrições de produções e operação pode ser organizada na forma de tabela, a qual é comumente designada por lista de requisitos ou de exigências. A lista de requisitos é um tabelamento das principais e significativas informações e dados relevantes, listados no Quadro II, quer seja qualitativamente ou quantitativamente, que formam a base para o desenvolvimento do sistema funcional e estrutural. Para conseguir que a mesma contenha um bom nível de dados e informações é necessário que a equipe de projeto conduza um trabalho intenso de pesquisa. Normalmente recomenda-se adicionar um tópico de fundamentação para o projeto, o que pode produzir dezenas de páginas de documentos. Destes registros de fundamentação são extraídos, portanto, o conteúdo para a lista de exigências ou requisitos. 5.4. Desenvolvimento da Estrutura Funcional Nesta fase deve-se abstrair qual a função principal ou total e as funções parciais visando o funcionamento desejado para o sistema técnico. Este é um trabalho de Boletim Técnico da FATEC-SP — BT/39 — Junho / 2015 concepção da estrutura funcional, que em inglês denomina-se de Conceptual Design e em alemão de Konzepieren. Quadro II - Termos para orientar o desenvolvimento de uma lista de requistos Termo Exemplos de termos relacionados Principal Tamanho, altura, largura, comprimento, Geometria secção, volume necessário, número, ordem, ligações, acabamento. Tipo de movimento, direção de Cinemática movimento, velocidade e aceleração. Intensidade da força, direção da força, Força frequência da força, peso, carga, conformação, rigidez, elasticidade, estabilidade e ressonância. Potência, rendimento, perda, atrito, Energia ventilação, grandezas de estado como pressão, temperatura, umidade, aquecimento, resfriamento, energia de armazenamento, trabalho absorvido e transformação de energia. Propriedades físicas e químicas dos Material produtos de entrada e de saída, materiais auxiliares, materiais previstos, fluxos e transporte de material. Sinais de entrada e saída, tipo de Sinal mostrador instrumentos de indicação e controle e forma de sinal. Técnica da segurança imediata, sistema Segurança de proteção, segurança de funcionamento de trabalho e ambiental. Relacionamento homem-máquina; Ergonomia manejo, tipo de manejo e observação, iluminação e forma de configuração. Restrições de fabricação. Máxima Fabricação medida, processo preferido de fabricação, meios de fabricação, qualidade e tolerância possível. Possibilidade de medição e provas, Controle regulamentações (DIN, ISO, ABNT). Regras parciais de montagem, Montagem montagem conjunta, de união, sequência de montagem e fundações. Limitações, percurso de transporte Transporte considerando peso e tamanho, tipo e experiência de expedição. Inodoro, taxas de desgaste, emprego e Uso mercado, local de emprego (p. exemplo: atmosfera sulfídrica, tropical, etc.). Manutenção Tempo de espera, inspeção, calibração, manutenabilidade, pintura e limpeza. Retorno, revalorização, deposição e Reciclagem eliminação. Máximo custo admissível de produção, Custo custos de ferramentas, investimento e amortização. Fim do desenvolvimento, passos Prazo intermediários e planos. Fonte: [5] A técnica normalmente empregada é a elaboração de diagrama de blocos funcionais [5] e [6]. Embora não ocorra uma normalização da simbologia utilizada na construção dos diagramas, existe a necessidade de se estabelecer regras de elaboração e de símbolos. Por exemplo, os fluxos de energia, substância/material e sinal/informação. 5.5. Desenvolvimento de Soluções para as Funções Parciais Nesta fase conceitual buscam-se soluções que satisfaçam as funções parciais do sistema [7]. Existem inúmeras possibilidades para se encontrar soluções técnicas, dentre as quais determinados métodos de encontrar ideias. Em literatura técnica de projeto comumente constam os métodos Brainstorming, 635, Delphi e Cinética [5], [6] e [8]. Também os métodos da combinação e da variação de soluções são frequentemente utilizados. Os princípios físicos e as diretrizes de construção constituem igualmente recursos a que se pode recorrer. Os meios auxiliares em software e hardware de processamento de dados e informações são hoje em dia imprescindíveis para a eficiência de desenvolvimento de projetos. O projeto auxiliado por computador (CAD) é amplamente empregado. Os catálogos elaborados pelos fornecedores de peças e componentes são de alto valor como meios auxiliares. Os livros e revistas especializadas somam-se aos demais para oferecer as mais diversas possibilidades de soluções. Mesmo com tudo o que está hoje em dia disponível nos meios de comunicação, muitas vezes é necessário recorrer à criatividade e inventividade humana. A metodologia TRIZ [9] e as ferramentas de auxílio à criatividade desempenham fundamental importância como meios de se obter maior efetividade neste processo cognitivo. 5.6. Matriz de Variantes A matriz de variantes segundo a VDI 2222 [1] tem como estrutura a representada no Quadro III e visa oferecer uma visão geral das alternativas, bem como permitir o raciocínio quanto às combinações de soluções possíveis. Recomenda-se que nas células sejam inseridos desenhos simplificados ou ilustrações para as soluções desenvolvidas, seus dados e referências relevantes. Caso o projetista necessite de informações adicionais, pode recorrer aos registros da etapa anterior de desenvolvimento. Quadro III - Estrutura da matriz de variantes. Variante Função V1 V2 Vj Vn ... Parcial FP1 FP2 ... FPn Boletim Técnico da FATEC-SP — BT/39 — Junho / 2015 37 5.7. Avaliação Técnica das Variantes A fase de avaliação das variantes tem como objetivo básico quantificar/qualificar os níveis de soluções para um projeto. A qualidade do produto final está diretamente relacionada ao poder que a metodologia oferece à avaliação das soluções. Igualmente importantes são o conhecimento especializado e a experiência acumulada dos membros da equipe de trabalho na condução deste processo. As decisões a serem tomadas na escolha dos sistemas definitivos para os desenhos finais do projeto do produto são mais refinadas à medida que o procedimento de avaliação seja conduzido com rigor de detalhamento. São diversas as técnicas existentes e disponíveis para realizar a avaliação de soluções em projeto. Dentre as principais voltadas para a tecnologia destacam-se as avaliações bivalentes, as multivalentes e as de multicritérios. Mais detalhadamente, após a determinação das vantagens e desvantagens de cada variante do sistema, consideram-se os critérios mais exigentes a fim de classificá-las tecnicamente. Os critérios de avaliação são organizados com peso numérico para a determinação do grau de exigência de cada um. Na tabela utilizada, cada variante recebe uma nota de 0 a 4, conforme anteriormente comentado. Essas notas são multiplicadas pelo grau de exigência (1 a 10 de 1 em 1) para quantificar a viabilidade quanto ao critério estipulado. O cálculo é realizado de acordo com a Fórmula 1: Xi = ∑ (grau de exigência x nota atribuída) (∑ grau de exigência) x nota máxima (1) O resultado obtido deve estar compreendido entre 0 e 1. Quanto mais próximo de 1 estiver o resultado, mais perto do ideal será a solução. Sendo assim, dentre as variantes é escolhida aquela que possui o maior Xi, ou seja, a que apresenta melhores características nos critérios avaliados. A nota máxima será sempre igual a 4. A avaliação econômica das soluções combinações dá-se através de um fator Yi, obtido pela aplicação da Fórmula 2: Yi = CPid/CP (2) Onde CPid = Custo de produção ideal e CP = Custo de produção calculado. Em aproximação, CPid = 0,5 x PMmin (3) Onde, PMmin é o menor preço equivalente para o produto encontrado no mercado. Observa-se que no caso do produto ser novo, deve-se estipular um preço que o consumidor está disposto a pagar. O CP para produtos com um grau de eletrônica razoável pode ser considerado 2,5 vezes o Custo de Material a ser empregado na construção do produto em projeto. Assim, CP = 2,5 x CM (4) 5.10. Avaliação Técnico-Econômica O desenvolvimento da Solução Ótima abrange também uma avaliação técnica e econômica das soluções combinações, realizada através de tabelas e gráficos como, por exemplo, gráfico de Kesselring segundo [11]. No gráfico de Kesselring da Figura 1 são posicionados os pares (Xi,Yi) para as soluções combinações. A região assinalada na diagonal refere-se à região de soluções consideradas ótimas. Para conduzir a avaliação econômica de maneira detalhada é necessário que sejam adotados os conceitos econômicos voltados à produção industrial, quando na fase do processo de desenvolvimento das soluções técnicas. Além disto, podem ser considerados os conceitos apresentados por [12]. Este autor apresenta uma estrutura para os custos e seus cálculos. Yi (1,1) (0,0) Xi 5.8. Soluções Combinações Após a avaliação técnica de cada uma das variantes, para todas as funções parciais do sistema, procede-se a combinação de variantes. Com a avaliação técnica de cada uma das soluções combinações, podem ser obtidos os seus respectivos valores médios, que serão inseridos no gráfico de Kesselring da Figura 1. 5.9. Avaliação Econômica Um trabalho importante foi conduzido por Kesselring em 1954 [10] relativamente à questão da avaliação técnica e econômica das soluções combinações. A metodologia de avaliação desenvolvida por este autor foi posteriormente incorporada em outras publicações do gênero, inclusive pela VDI 2225 [1]. 38 Figura 1- Gráfico de Kesselring [11]. 5.11. Decisão e Desenhos A equipe de projetistas deve ao final do processo de desenvolvimento construtivo, tomar decisões quanto à qualidade das soluções combinações, para em seguida, conduzir a definição dos desenhos técnicos da solução ótima para permitir a fabricação. Os equipamentos e instrumentos médicos normalmente envolvem sistemas Boletim Técnico da FATEC-SP — BT/39 — Junho / 2015 mecânicos e eletrônicos, exigindo elaboração de desenhos técnicos para compor o Registro Mestre de Produto, conforme a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) RDC 16:2013 [13]. 5.12. Documentação de Projeto A ANVISA RDC 16:2013 [13] trata do Regulamento Técnico de Boas Práticas de Fabricação de Produtos Médicos e Produtos para Diagnóstico de Uso In Vitro e visa buscar a garantia da qualidade, segurança e eficácia nos produtos comercializados no Brasil. São destaques os capítulos 3, 4 e 5, que respectivamente tratam de documentos e registros da qualidade, controle de projeto, registro mestre de produto (RMP) e controles de processo e produção. 5.13. Validação A validação da solução de projeto só será possível com todos os registros efetuados e com a submissão à análise da ANVISA. Também são importantes de serem estabelecidos os conceitos relativos à Produção, Vendas, Pós-Vendas e Obsolescência. Na grade curricular do Curso de Sistemas Biomédicos constam disciplinas voltadas para o ensino da Construção, Manutenção, Gestão da Qualidade e Gestão da Manutenção, oferecendo ao discente visão ampla a respeito do tema. 6. Comentários Finais Espera-se que a experiência no ensino de projetos de Equipamentos Médicos, dentro de Curso Superior de Tecnologia em Sistemas Biomédicos na Faculdade de Tecnologia de Sorocaba, utilizando o procedimento sugerido pela VDI e adaptada às exigências normativas brasileiras tenha sido proveitosa, à medida que visou contribuir para formação especializada de profissionais com cultura de projetos necessária à produção, comercialização e utilização de equipamentos médicos no Brasil. Os cerca de 200 projetos conduzidos em equipes formadas por discentes dentro da disciplina de projetos e empregando a metodologia de desenvolvimento construtivo sugerida pela VDI, mostraram-se vantajosos levando em consideração a obtenção de documentação exigida por normas e nos moldes adequados à fase subsequente que é a da construção de protótipos. A análise de tais documentos permitiu constatar o aprendizado de aplicação do desenvolvimento sistemático de projeto e a obtenção de soluções técnicas de bom nível de qualidade. As literaturas empregadas embora sejam de datas não recentes, ainda são consideradas válidas. O tempo de experiência de aplicação em ensino desta metodologia pode ter contribuído significativamente para a formação de 957 tecnólogos, que atuam nas diversas áreas da Tecnologia em Saúde no Brasil em estabelecimentos assistenciais de saúde, empresas produtoras e prestadoras de serviços, o que pode merecer atenção em estudos posteriores para a sua verificação. Referências [1] ABIMO. Associação Brasileira das Indústrias de Equipamentos Médicos e Odontológicos. Dados do Setor. Disponível em: <http://www.abimo. com.br>. Acesso em: 26 jun. 2014. [2] VDI – Verein Deutscher Ingenieure – Richtlinien VDI. Conjunto de Diretrizes publicadas de 1972 a 2004 e edições originais disponíveis na VDI. Disponível em: <http://www.vdi.de>. Acesso em: 26 jun. 2014. [3] BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes curriculares nacionais gerais para a organização e o funcionamento dos cursos superiores de tecnologia. Resolução CNE/CP nº 3, de 18/12/2002. Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/setec/arquivos/pdf/resol_c ne3.pdf>. Acesso em: 26 jun. 2014. [4] DYM, C. L. et al. Engineering design thinking, teaching, and learning. Journal of Engineering Education, 94:103–119, 2005 apud NORDLAND, Kate Elizabeth. Information flow between tools early in the engineering design process. Tese Rochester Institute of Technology - Kate Gleason College of Engineering, 2007. 138p. [5] PAHL, Gerhard & W. Beitz. Konstruktionslehre: Handbuch für Studium u. Praxis. 2. Neubearb. u. Erw. Aufl. – Berlin; Heidelberg; New York; Tokio : Springer, 1986. ISBN 3-540-16427-8. [6] BACK, Nelson. Metodologia de projeto de produtos industriais. Rio de Janeiro : Guanabara Dois, 1983. [7] ASIMOW, M.. 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Regulamento Técnico de Boas Práticas de Fabricação de Produtos Médicos e Produtos para Diagnóstico de Uso In Vitro. 28 mar. 2013. [14] DADOS DO MERCADO: O setor mundial de produtos para saúde. Brazilian Health Devices. Disponível em: <http://brazilianhealthdevices.com. br/market>. Acesso em: 26 jun. 2014. Boletim Técnico da FATEC-SP — BT/39 — Junho / 2015 39 Tarefa Esclarecimento da tarefa Esclarecimento da Tarefa apresentada. Elaboração da lista de requisitos Estabelecimento da Lista de exigências e passagem para a concepção Apresentação do princípio e estrutura de funcionamento Concretização para as variantes soluções princípios Avaliação por critérios técnicos e econômicos Desenvolvimento da Estrutura construtiva: Configuração grosseira: Forma, material e cálculos Seleção dos esboços grosseiros apropriados Configuração refinada dos esboços grosseiros Avaliação por critérios técnicos e econômicos Definição dos desenhos apropriados e passagem para os registros finais Definição da documentação de produção Liberação para a Fabricação Solução Anexo I - Figura 1 – Processo de Desenvolvimento Construtivo [5]. 40 Boletim Técnico da FATEC-SP — BT/39 — Junho / 2015 Refinamento Desenvolvimento das instruções de uso: Refinamento das orientações de fabricação Definição dos testes de fabricação, montagem e transporte Otimização para a produção Adequação final da Configuração da Estrutura construtiva: Eliminação de pontos fracos; Controle dos erros Descobrimento das influências de grandezas interferentes e dos custos; Apresentação da lista de peças Instruções de fabricação e montagem Otimização da Configuração Esboço Definição dos esboços e passagem para o passo da configuração final Tornar de alto valor, melhorar Informação: Ajustes da lista de requisitos Fixação da solução princípio (conceito) e passagem para o passo de esboço Otimização dos Princípios Concepção Desenvolvimento das soluções princípios: Identificação do problema científico; Identificação da função MINIATURIZAÇÃO DE PRÉ-COLUNA CROMATOGRÁFICA: PRODUÇÃO E TESTES *DEULHO$QWRQLR)HUQDQGHV6RJD:DOWHU3LFKL-U'DQLHO&RXWR*DWWL0DULD/~FLD3HUHLUDGD6LOYD $OXQRGRFXUVRGH03&(GD)$7(&63 $OXQRGHGRXWRUDGRGRFXUVRGH7,''GD38&63 3URI'UGRFXUVRGH7,''GD38&63 3URID'UDGR'6(GD)$7(&63 JDEULHOVRJD#XROFRPEUMUZZ#JPDLOFRPGDQLHO#SXFVSEUPDOX#OVLXVSEU Resumo (VWH WUDEDOKR REMHWLYRX D SURGXomR GH GLVSRVLWLYRV PLQLDWXUL]DGRVSDUDHQVLQRGHFURPDWRJUDILDUHDWRUHVH SURSULHGDGHV GH VXSHUItFLH 2V UHDJHQWHV XVDGRV SDUD GHWHFomR IRUDP FRPSRVWRV RUJkQLFRV YROiWHLV 92&V XP SUREOHPD DPELHQWDO VpULR $ PHWRGRORJLD XWLOL]DGD FRQVLGHURX DV IHUUDPHQWDV GR HQVLQR SRU UHVROXomR GH SUREOHPDV 3%/ 2V GLVSRVLWLYRV GHVHQYROYLGRV VmR PLQLDWXUL]DGRVSRUWDQWRSRUWiWHLVHGHEDL[RFXVWR7DLV GLVSRVLWLYRV TXH IRUDP FDUDFWHUL]DGRV SRU PLFURVFRSLD ySWLFD H DQiOLVH 5DPDQ PRVWUDUDP ERD UHSURGXWLELOLGDGH 7HVWHV DR ORQJR GR WHPSR LQGLFDUDP UHDo}HV HP VXSHUItFLH DOpP GH GHWHFomR GH 92&V R TXH SHUPLWH XVDU WDLV GLVSRVLWLYRV SDUD HQVLQR GH PLFURUHDWRUHV H FROXQDV FURPDWRJUiILFDV 2 XVR GRV GLVSRVLWLYRV SRU DOXQR GH JUDGXDomR QmR DSUHVHQWRX GLILFXOGDGHV PDV FRPR REVHUYDGR HP TXHVWLRQiULR HVWUXWXUDGR H HQWUHYLVWD p QHFHVViULD D RULHQWDomR FRQVWDQWHSDUDVHSHUFHEHUFODUDPHQWHRVIHQ{PHQRVGH VXSHUItFLHVREDQiOLVH 1. Introdução $ PLQLDWXUL]DomR GD PDLRULD GDV RSHUDo}HV HRX SURFHVVRV GD 4XtPLFD H GD (QJHQKDULD 4XtPLFD p XPD WHQGrQFLD EHP HVWDEHOHFLGD H TXH SHUPLWH D IDEULFDomR GHYiULRVGLVSRVLWLYRVSHTXHQRVGHQWUHHOHVFROXQDVGH GHVWLODomR H PLFURVHSDUDGRUHV (P SULQFtSLR WDLV GLVSRVLWLYRVDSHVDUGHDSUHVHQWDUHPSURFHVVRVGLVWLQWRV SRGHPVHUDJUXSDGRVQDVPHVPDV2SHUDo}HV8QLWiULDV GHVGH TXH VLJDP DV PHVPDV OHLV ItVLFDV >@ (VWH SRGH VHU R FDVR GH UHDWRUHV H FROXQDV FURPDWRJUiILFDV PLQLDWXUL]DGDVSRLVDSUHVHQWDPVHPHOKDQoDVHVWUXWXUDLV H FRQFHLWXDLV $ JUDQGH PDLRULD GRV PLFURUHDWRUHV HVWi QD IRUPD GH FDSLODUHV FRP SRXFRV PLOtPHWURV GH GLkPHWUR RX TXDQGR HP PHQRUHV GLPHQV}HV PLFURFDQDLV FRP GH]HQDV GH PLFU{PHWURV GH GLkPHWUR >@ R TXH JHURX QR LQtFLR GR VpFXOR D H[SUHVVmR ³UHYROXomR GR PLFURFDQDO´ 7DLV FDQDLV SRGHP HVVHQFLDOPHQWH VHU WUDWDGRV GH GXDV IRUPDV SDUD IDYRUHFHU D UHDomR H .ROE >@ RV FODVVLILFRX FRPR SRURVRV H QmR SRURVRV UHVSHFWLYDPHQWH RX WrP VXD VXSHUItFLH PRGLILFDGD HP JHUDO SRU ILOPHV ILQRV RX LQVHUHPVH SDUWtFXODV QR LQWHULRU GHVWH FDQDO 1HVWH DVSHFWRH[FHWRSHODVGLPHQV}HVGRFDQDOTXHHPJHUDO VmR GD RUGHP GH FHQWtPHWURV H PXLWR UDUDPHQWH GH DOJXQV PHWURV >@ DV HVWUXWXUDV DVVHPHOKDPVH jV FROXQDV FDSLODUHV TXH WHP GLPHQV}HV GD RUGHP GH GH]HQDV GH PHWURV H HPSDFRWDGDV FRP GLPHQV}HV QD RUGHP GH GH]HQD GH FHQWtPHWURV UHVSHFWLYDPHQWH (P UHODomR jV FROXQDV HPSDFRWDGDV HQIDWL]DVH QmR p LQFRPXP R XVR GH SUpFROXQDV FXMD GLPHQVmR p GH SRXFRV FHQWtPHWURV SDUD SUpWUDWDPHQWR GH DPRVWUDV $V FROXQDV HPSDFRWDGDV VmR GLVSRVLWLYRV TXH WrP VHX GHVHPSHQKR PHOKRUDGR GH PRGR VHPHOKDQWH DR GH PLFURUHDWRUHVSHODDGLomRGHSDUWtFXODVRXGHILEUDVHP PLFURFDQDLV $V IXQo}HV GHVWH SUHHQFKLPHQWR VmR IDFLOLWDU D PLVWXUD H D UHDomR QRV PLFURUHDWRUHV H D DGVRUomR HRX VHSDUDomR GH FRPSRQHQWHV QDV PLFURFROXQDV GH GHVWLODomR RX FURPDWRJUiILFDV $VVLP D FRQVWUXomR GHVWHV GLVSRVLWLYRV p EDVWDQWH GHSHQGHQWH GHPDWHULDLVFRPJUDQGHiUHDVXSHUILFLDOHTXDQGRQmR DGVRUYHQWHV GD PRGLILFDomR VXSHUILFLDO GHVWHV FRP UHDo}HVSRUYLD~PLGDRXSRUYLDVHFD $ iUHD VXSHUILFLDO GH ILEUDV Wr[WHLV HVSHFLDOPHQWH PLFURILEUDVpDOWDHDPRGLILFDomRGHWDLVILEUDVSDUDR GHVHQYROYLPHQWR GH VHQVRUHV Mi RFRUUHX 'HQWUH HVWDV ILEUDV DV GH FDUERQR DSUHVHQWDP IDFLOLGDGH GH PRGLILFDomR VXSHUILFLDO DVVLP VHX XVR FRPR SUHHQFKLPHQWRHPUHDWRUHVpUHFRPHQGiYHO>@ 3DUD PRGLILFDomR VXSHUILFLDO RV RUJDQRVLODQRV VmR H[WHQVLYDPHQWHXWLOL]DGRVHVSHFLDOPHQWHVHDWRSRJUDILD GD VXSHUItFLH p LUUHJXODU FRPR QDV ILEUDV 'HQWUH RV RUJDQRVLODQRV PDLV FRPXQV HQFRQWUDVH R WHWUDHWLORUWRVVLOLFDWR 7(26 SURGX]LGR Ki YiULDV GpFDGDVSDUDREWHQomRGHy[LGRGHVLOtFLRWDQWRSRUYLD VHFDTXDQWRSRUYLD~PLGDQHVWHFDVRSHORSURFHVVRVRO JHO $ YDQWDJHP GD YLD ~PLGD p R ³EDL[R FXVWR EDL[D WHPSHUDWXUD GH SURFHVVDPHQWR H JUDQGH YDULHGDGH GH SURSULHGDGHV GRV PDWHULDLV SURGX]LGRV VLPSOHVPHQWH DOWHUDQGRVH D FRPSRVLomR GD VROXomR´ DOpP GD SURGXomR GH ³PDWHULDLV SRURVRV RX DOWDPHQWH KHWHURJrQHRVPXLWDVYH]HVFRP SDUWLFXODGRVLQVHULGRV´ $OpPGLVVRILOPHVDEDVHGH7(26SHUPLWLUDPSURGX]LU VHQVRUHV SDUD XPLGDGH H 92&V RX &29V FRPSRVWRV RUJkQLFRVYROiWHLV>@92&VVmRSURGXWRVFRPXQVWDLV FRPR VROYHQWHV H FRPEXVWtYHLV DPSODPHQWH GLVVHPLQDGRV QR DPELHQWH H TXH VH FRQVWLWXHP HP FRQWDPLQDomR DPELHQWDO VpULD SDUD WRGDV DV YLDV GH SURSDJDomRGHSROXLomR3DUDDQiOLVHGH92&VRXVRGH FURPDWRJUDILDpFRPXP>@ 1D DWXDO VRFLHGDGH WHFQROyJLFD SDUD XPD QDomR DV GLVFLSOLQDV FRQKHFLGDV HP LQJOrV SHOD VLJOD 67(0 sFLHQFH tHFKQRORJ\ eQJLQHHULQJ mDWKHPDWLFV VmR IXQGDPHQWDLVSDUDJDUDQWLUDERDIRUPDomRGRLQGLYLGXR H GD IRUoD GH WUDEDOKR DOpP GDV FRQGLo}HV GH FRPSHWLWLYLGDGH$VVLPRVSDtVHVLQYHVWHPHVIRUoRVQR HQVLQR GHVVDV GLVFLSOLQDV SHOR GHVHQYROYLPHQWR GH QRYDV HVWUDWpJLFDV H PDWHULDO GLGiWLFR QD WHQWDWLYD GH Boletim Técnico da FATEC-SP — BT/39 — Junho / 2015 41 DWUDLUMRYHQVWDOHQWRVHPQtYHLVFDGDYH]PDLVSUy[LPRV GRHQVLQR IXQGDPHQWDO6mRH[HPSORVGHVVDVWHQWDWLYDV R HQVLQR GH DOJRULWPRV SDUD DOXQRV GR . 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Metodologia 2V VHJXLQWHV PDWHULDLV IRUDP XWLOL]DGRV SDUD D SURGXomR GDV FROXQDV FDSLODU GH VLOLFRQH GH ó GLkPHWUR LQWHUQR PP PLFURILEUD GH FDUERQR GH FHUFDGHPLFUDGHGLkPHWURQDIRUPDGHPDQWDFRP HVSHVVXUD GHVSUH]tYHO GRDomR GR SURI 'U - 6 0DUFX]]R >@ FRQH[}HV GH ó GD +DUWPDQ ,QG H &RP GH 3URG 0pGLFR+RVSLWDODUHV SLQoDV H HVWLOHWH $V PLFURILEUDV GH FDUERQR QmR DSUHVHQWDUDP DGVRUomR VLJQLILFDWLYD QD IDVH JDVRVD SDUD SURSDQRO >@ RX DSUHVHQWDUDP EDL[D DGVRUomR TXDQGR SUHYLDPHQWH H[SRVWDV D SODVPD SRU GHVFDUJD GH EDUUHLUD GLHOpWULFD >@ $ FRQIHFomR GDV FROXQDV VHJXLX HWDSDV EHP VLPSOHV FRP FRUWHV SURFHVVDGRV PDQXDOPHQWH XVDQGR HVWLOHWHHPDWHULDOPDQLSXODGRFRPOXYDVFRPRVHJXH XPFDSLODUIRLFRUWDGRQRFRPSULPHQWRGHPP DDPRVWUDGHILEUDGHFDUERQRIRLFRUWDGDHPXPDWLUD GH DSUR[LPDGDPHQWH PP ; PP H SHVDGD HP EDODQoDDQDOtWLFD D WLUD GH ILEUDV IRL LQVHULGD QR LQWHULRU GR WXER H FHQWUDOL]DGDVHPSUHXWLOL]DQGRVHSLQoDV HQWUDGDHVDtGDVmRVHODGDVFRPFRQH[mRFHJDTXDQGR HPHVWRTXHHFRPFRQH[mR00GXUDQWHDVPHGLGDV PHGLGDHPHTXLSDPHQWRSDUDDQiOLVHGH92&V 8PDYDULDomRQRSURFHVVRGHSURGXomRGDVFROXQDV IRLRWUDWDPHQWRSRUYLD~PLGDGDVWLUDVGHPLFURILEUDV 3DUD WDQWR DV WLUDV IRUDP DFRQGLFLRQDGDV HP XP UHFLSLHQWH GH SROLHVWLUHQR FRP WDPSD H DVSHUJLGDV HP VHJXLGD FRP PO GH 7(26 XVDQGR VHULQJD GHVFDUWiYHO GH PO 2 YROXPH XWLOL]DGR SRGH VHU OLJHLUDPHQWHGLIHUHQWHaVHDVXSHUItFLHDSUHVHQWDU YDULDomR QD DSDUrQFLD 2 FRQWUROH GD PDVVD GH 7(26 DGLFLRQDGD p IHLWR SRU SHVDJHP HP EDODQoD DQDOtWLFD (VVH SURFHGLPHQWR p FRPXP QR SUHSDUR GH FROXQDV HPSDFRWDGDV3DUDSHUPLWLUDUHDomRFRPiFLGRVHEDVHV 42 QRUHFLSLHQWHHPTXHDVILEUDVIRUDPWUDWDGDVDGLFLRQD VH PO GH +&O FRQFHQWUDGR PHLR iFLGR RX 1+ 2+ PHLREiVLFRFRQFHQWUDGRHPUHJLmRGLVWDQWHGDVILEUDV R UHFLSLHQWH p HQWmR IHFKDGR SDUD TXH D UHDomR RFRUUD SHOR FRQWDWR GRV YDSRUHV FRP R 7(26 DGHULGR j VXSHUItFLH GD ILEUD $ HVFROKD GH XVR GH YDSRU GHYHVH DR LQWHUHVVH GH SURGX]LU ILOPHV ILQRV RX SDUWtFXODV SHTXHQDV VREUH DV ILEUDV 2 WHPSR DSUR[LPDGR GH UHDomR p GH PLQXWRV HVWLPDGR H[SHULPHQWDOPHQWH SRU REVHUYDomR GDV ILEUDV SRU PLFURVFRSLD ySWLFD $ 7DEHOD , DSUHVHQWD YDORUHV WtSLFRV GR WUDWDPHQWR GDV PLFURILEUDV e SRVVtYHO REVHUYDU TXH DV WLUDV XVDGDV FRPRSUHHQFKLPHQWRWrP PDVVDGDRUGHPGHPJRX VHMD Ki ERD UHSURGXWLELOLGDGH QD GHILQLomR GR SUHHQFKLPHQWR GDV FROXQDV SHOR FRUWH PDQXDO GD DPRVWUD H D ERD SURSRUomR GD PDVVD GH 7(26 HP UHODomR jV ILEUDV D VHUHP WUDWDGDV XPD YH] TXH QmR VH REVHUYDSUHVHQoDGHOtTXLGR±LQGLFDWLYRGHH[FHVVRGH UHDJHQWH±GXUDQWHDDVSHUVmRGR7(26 7DEHOD,±&RQGLo}HVGHWUDWDPHQWRGDDPRVWUDGHILEUDV GHFDUERQR 7LSRGHDPRVWUD 0DVVDGH ILEUDVPJ 0DVVDGH 7(26PJ 07(26 0ILEUDV 6HPWUDWDPHQWR $GLomRGH7(26 7(26HPHLR iFLGR 7(26HPHLR EiVLFR $V PHGLGDV GD LQWHUDomR GDV FROXQDV FRP DPRVWUDV GH 92&V IRUDP IHLWDV XWLOL]DQGR DU FRQWDPLQDGR SRU YDSRU GH SURSDQRO FRUUHVSRQGHQGR j LQMHomR GH PJ GH LVRSURSDQRO &DGD PHGLGD IRL SURFHVVDGD QR PtQLPR YH]HV H VHTHQFLDOPHQWH SDUD YHULILFDU UHSURGXWLELOLGDGH $V PHGLGDV DOWHUQDUDP GLDV H HYHQWXDOPHQWH XWLOL]DUDP IOX[R FRQWtQXR GH DU HQWUH PHGLo}HV SDUD DYDOLDU D LPSRUWkQFLD GD UHPRomR GH SRVVtYHLV FRQWDPLQDQWHV DGVRUYLGRV $V PHGLGDV XWLOL]DUDP IOX[RFRQWtQXRGHDUPOPLQHVHQVRUHVD EDVH GH y[LGR GH HVWDQKR 7*6 )tJDUR 6HQVRU -DSmRTXHVmRDOWDPHQWHVHQVtYHLVD92&VFRPOLPLWH GHGHWHFomRQDRUGHPGHSSEHPHTXLSDPHQWRGHGLFDGR jDQiOLVHGHGLVSRVLWLYRVPLQLDWXUL]DGRV>@ 7RGRV RV UHDJHQWHV XWLOL]DGRV VmR JUDX 3$ SDUD DQiOLVH&DVD$PHULFDQD/WGDH[FHomRDR7(26JUDX LQGXVWULDO0HUFN 3DUD DYDOLDU DV YDQWDJHQV GH WUDEDOKDU FRP HVVH FRQMXQWR GH HVWUXWXUDV XP DOXQR GH JUDGXDomR SHUFRUUHXWRGRRFLFORGHWHVWHVSURSRVWRHUHVSRQGHXD XP TXHVWLRQiULR HP GXDV IDVHV H XPD HQWUHYLVWD QmR HVWUXWXUDGD $R ILQDO R DOXQR UHFHEHX H[SOLFDomR GRV UHVXOWDGRV REWLGRV H FRPSDURX FRP VXDV H[SOLFDo}HV (VVD DERUGDJHP p EDVWDQWH FRPXP FRPR IHUUDPHQWD SDUD HVWXGR GH FDVR H SDUD DYDOLDomR GD DGHTXDomR GH SURGXWRVSURFHVVRVSDUDRHQVLQRSRU3%/>@ Boletim Técnico da FATEC-SP — BT/39 — Junho / 2015 3. Resultados e Discussão (VWH LWHP DSUHVHQWD DV SULQFLSDLV REVHUYDo}HV VREUH D SURGXomR GDV FROXQDV H UHVSHFWLYR SUHHQFKLPHQWR VHJXLGD GDV PHGLGDV REWLGDV FRP WDLV GLVSRVLWLYRV 3RU ILPFRPHQWDVHVREUHRXVRHPHQVLQR 3.1. Produção de colunas $ )LJXUD DSUHVHQWD LPDJHQV SRU PLFURVFRSLD ySWLFD GD DSDUrQFLD GDV ILEUDV REWLGD DQWHV H DSyV R WUDWDPHQWR FRP 7(26 H PHLR iFLGR RX EiVLFR 1D )LJXUD$DPRVWUDVHPWUDWDPHQWRREVHUYDPVHILEUDV DOHDWRULDPHQWH GLVWULEXtGDV PDV FRP GLkPHWUR FRQVWDQWH $ DGLomR GH 7(26 )LJXUD % SDUHFH WHU RULHQWDGR IUDFDPHQWH DV ILEUDV PDV QmR VH REVHUYDP JRWDVRXVHMDRUHDJHQWHVHGLVWULEXLKRPRJHQHDPHQWH SHODVILEUDVSURYDYHOPHQWHRFRUUHQGRDGVRUomRRTXHp FRQVLVWHQWH FRP D DYDOLDomR YLVXDO GH TXH R 7(26 ³PROKD´DDPRVWUDHDSHTXHQDRULHQWDomRVHQGRREWLGD SHOD YDULDomR QD HQHUJLD GH VXSHUItFLH 9DSRU GH iFLGR FORUtGULFR)LJXUD&IDFLOLWRXDIRUPDomRGHJRWDVYHU GHWDOKH QD ILJXUD FRP WDPDQKRV YDULDGRV HQWUH H PP D RULHQWDomR QmR p PDLV SHUFHELGD R TXH p FRQVLVWHQWH FRP UHDo}HV RFRUUHQGR H IRUPDQGR RV DJORPHUDGRVJRWDV3RURXWURODGRHPPHLREiVLFRRX VHMDDGLomRGH1+ 2+)LJXUD'DSDUHQWDIRUPDomR GHILOPHOtTXLGRQmRJRWDVEHPGLVWULEXtGRSRUWRGRR PHLRHQWUHDVILEUDV$VVLPSRGHPWHURFRUULGRUHDo}HV WDPEpPQHVVHPHLR 7(26 SRGH FRPR FRPHQWDGR 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GHUHDJHQWHGHWHFWDGRSRUORQJRWHPSR )LJXUD±0LFURVFRSLD5DPDQGDVILEUDV$VHP WUDWDPHQWR%DSyVDVSHUVmRGH7(26HH[SRVLomRD& PHLRiFLGRRX'EiVLFR A 3.2. Uso das colunas $V FROXQDV IRUDP FRQWLQXDPHQWH XWLOL]DGDV HP H[SHULPHQWRV TXH RFRUUHUDP QHVVD VXFHVVmR GH SUD]RVHYHQWRV ,PHGLDWDPHQWHDSyVDIDEULFDomRGDFROXQD $SyVKRUDVGRSULPHLURFRQMXQWRGHPHGLGDV ,PHGLDWDPHQWH DSyV R FRQMXQWR GH PHGLGDV XWLOL]DVHIOX[RGHDUGHPOPLQSRUPLQXWRVH SURFHGHVHjVPHGLGDV 44 B )LJXUD±*UiILFRVHGHWDOKHVGRVSLFRVGDLQWHQVLGDGH XDHPIXQomRGRWHPSRGHWUrVDGPLVV}HVVHTHQFLDLV SDUDFROXQDV$VHPSUHHQFKLPHQWRH%FRPDGLomRGH PLFURILEUDV Boletim Técnico da FATEC-SP — BT/39 — Junho / 2015 4,0 3,5 intensidade (u.a.) 3,0 2,5 2,0 TEOS H+ OH- 1,5 1,0 0,5 0 200 400 A tempo (s) 1,3 1,2 intensidade (u.a.) 1,1 TEOS H+ OH- 1,0 0,9 0,8 0,7 0 100 200 300 400 500 B )LJXUD±*UiILFRVGDLQWHQVLGDGHXDHPIXQomRGR WHPSRSDUDDVFROXQDVPRGLILFDGDVH$SDVVDJHPGHDU H%LQVHUomRGHLVRSURSDQRO tempo (s) 3 intensidade (u.a.) Modificação por TEOS 1a. 2a. 3a. 2 UHDJHQWH QD QRYD VXSHUItFLH $V PHGLGDV DSyV H GLDVGDPRGLILFDomRFRP7(26QmRVmRUHSURGXWtYHLVH LQGLFDPTXHUHDo}HVGHYHPHVWDURFRUUHQGRQDVFROXQDV $SHQDV SDUD H[HPSOLILFDU DV SURYiYHLV UHVSRVWDV D )LJXUD DSUHVHQWD SDUD FROXQD PRGLILFDGD SRU 7(26 RV UHVXOWDGRV REWLGRV DSyV H GLDV GD PRGLILFDomR 1RV GRLV FDVRV FRQWXGR ILFD FODUR TXH D DGLomR GR UHDJHQWHGHYHHVWDUIDYRUHFHQGRDVUHDo}HVGHKLGUyOLVH H FRQGHQVDomR Mi TXH VXD UHPRomR p GLILFXOWDGD $SyV GLDVGHXVRFRQWXGRRVLVWHPDWRUQDVHUHSURGXWtYHO SURYDYHOPHQWH SRUTXH R UHDJHQWH VH QmR IRL WRGR FRQVXPLGR HQFRQWUDVH HP SHTXHQD TXDQWLGDGH R TXH WRUQD D UHDomR EDVWDQWH OHQWD H SRU FRQVHJXLQWH D VXSHUItFLH PHQRV UHDWLYD $ )LJXUD DSUHVHQWD UHVXOWDGRVWtSLFRVRQGHVHREVHUYDTXHRUHDJHQWHWHQGH D VHU DGVRUYLGR RX VHMD R VLVWHPD IXQFLRQD FRPR XP SUpFRQFHQWUDGRU R TXH SRGH VHU GHILQLGR FRPR XPD SUpFROXQDSDUDSUpWUDWDPHQWRGHDPRVWUDV>@$VVLP HVVHSHTXHQRVLVWHPDGHVHQYROYLGRSRGHVHUXVDGRSDUD GHPRQVWUDUWDQWRDSURGXomRGHXPDFROXQDFRPRRXVR GHUHDWRUHVFRPUHFKHLRSUHHQFKLPHQWRRTXHWDPEpP VHHVSHUDTXHXPDOXQRGHJUDGXDomRSRVVDREVHUYDU 1 0 100 200 300 400 500 600 A tempo (s) 1,10 1,05 Modificação por TEOS intensidade (u.a.) 1,00 0,95 0,90 0,85 A 1a. 2a. 3a. 0,80 0,75 0,70 0 100 200 300 400 500 600 B )LJXUD±*UiILFRVGDLQWHQVLGDGHXDHPIXQomRGR WHPSRSDUDDVFROXQDVDSyV$RX%GLDVGD PRGLILFDomRSRU7(26 $ DGLomR GR RUJDQRVLODQR jV ILEUDV FULD D SRVVLELOLGDGH GH UHDomR PXLWR HPERUD HVWD GHYD VHU OHQWDMiTXHQmRKiFDWDOLVDGRUHVSUHVHQWHVHRVROYHQWH D VHU XWLOL]DGR p R LVRSURSDQRO LQVHULGR QmR iJXD $GLomR GH YDSRUHV GH iFLGR RX GH EDVH DXPHQWD D YHORFLGDGH GHVVD UHDomR PXLWR HPERUD GHYLGR DR JUDQGH Q~PHUR GH SDUkPHWURV HQYROYLGRV QmR VHMD SRVVtYHOHVWLPDUWDODXPHQWRRXPHVPRSUHYHUTXDQGR D UHDomR VH HQFHUUD $VVLP PHGLGDV GDV FROXQDV FRP SDVVDJHPGHDULWHPSHUPLWHDYDOLDUVHKiGHVVRUomR GHFRPSRVWRVRUJkQLFRVQHVVHFDVRHWDQROGHFRUUHQWHGD UHDomRGHKLGUyOLVHRXFRQGHQVDomRHTXDo}HVH$ )LJXUD$DSUHVHQWDRVJUiILFRVSDUDDVFROXQDVWUDWDGDV FRP7(26HIOX[RGHDUQHVVHFDVRRDSDUHFLPHQWRGH SLFR RX PXGDQoD GH OLQKD GH EDVH LQGLFD UHDomR 6XUSUHHQGHQWHPHQWH 7(26 DSUHVHQWD OLQKD GH EDVH QR YDORU GH VDWXUDomR RX VHMD D UHDomR IRL IDYRUHFLGD SURYDYHOPHQWH FRP D ILEUD DJLQGR FRPR FDWDOLVDGRU 3DUDUHDo}HVFRPiFLGRHEDVHFRPRHVSHUDGRREWpP VH PDLRU GHVVRUomR FRP PHLR iFLGR UHDomR PDLV UiSLGD $SyV KRUDV GH UHDomR D LQVHUomR GH LVRSURSDQRO)LJXUD%HPILEUDVFRP7(26REVHUYD VHDVDtGDGRUHDJHQWHDSHVDUGHH[WUHPDPHQWHOHQWDR TXHLPSHGHDIRUPDomRGHXPSLFR PDVRPHVPR QmR RFRUUHVHKRXYHXVRGHPHLRiFLGRRXEiVLFRLQGLFDQGR SURYiYHO UHDomR WRWDO GR RUJDQRVLODQR H DGVRUomR GR tempo (s) B C )LJXUD±*UiILFRVHGHWDOKHVGRVSLFRVGDLQWHQVLGDGH XDHPIXQomRGRWHPSRGHWUrVDGPLVV}HVVHTHQFLDLV SDUDFROXQDVSUHHQFKLGDVHWUDWDGDVFRP$7(26H% PHLRiFLGRRX&EiVLFR 3.3. A avaliação do aluno em relação aos dispositivos 8P DOXQR GH JUDGXDomR UHVSRQGHX D XP TXHVWLRQiULRRQGHVHSURFXUDYDVDEHUVHXFRQKHFLPHQWR VREUHPLQLDWXUL]DomRHFURPDWRJUiILFDRTXHVHPRVWURX UD]RiYHO $SyV LVVR R DOXQR VHJXLX WRGR R SURFHVVR GHVFULWR DQWHULRUPHQWH ± IDEULFDomR GH FROXQDV WHVWHV HWF ± VHQGR REVHUYDGR FRQWLQXDPHQWH SRU SURILVVLRQDO H[SHULHQWH PDV TXH LQWHUIHULULD QDV DWLWXGHV GR DOXQR Boletim Técnico da FATEC-SP — BT/39 — Junho / 2015 45 DSHQDVHPGXDVFRQGLo}HVVHDMXGDIRVVHSHGLGDRXVHD DWLWXGHGRDOXQRLPSOLFDVVHHPULVFRSDUDDSDUHOKDJHPH SDUDDSUySULDSHVVRD $SyV REWHU RV UHVXOWDGRV R DOXQR UHVSRQGHX D XPD FRPSOHPHQWDomR GR TXHVWLRQiULR QHVVH PRPHQWR SDUD YHULILFDU ± QD RSLQLmR GHVWH ± VH HUD SRVVtYHO GHVHQYROYHUWRGRRSURMHWRVHPWXWRULDGLUHWDQRTXHD UHVSRVWD IRL DILUPDWLYD 3RU ILP IRL GDGR DR DOXQR KRUDVSDUDHQFRQWUDUDVH[SOLFDo}HVSDUDRREVHUYDGRH DSyVRSUD]RDSUHVHQWDUVXDVFRQFOXV}HVjVSHVVRDVGR JUXSRTXHRPRQLWRUDUDP$SHVDUGHRDOXQRHQFRQWUDU ELEOLRJUDILD DGHTXDGD SDUD HQWHQGHU DV UHDo}HV TXH RFRUUHUDP QR VLVWHPD VXDV UHVSRVWDV IRUDP YDJDV SRUpPDFHUWLYDV$VVLPHOHS{GHVHUFDWHJyULFRVREUHR IDWR GH RFRUUHU UHDo}HV TXtPLFDV QR LQtFLR GR SURFHVVR DomRDFHUWLYDPDVQmRIRLFODURVREUHTXDLVGHYHULDP VHUUHVSRVWDYDJDPHVPRWHQGRHQFRQWUDGRDVUHDo}HV GHVFULWDV DQWHULRUPHQWH HTXDo}HV D 'H TXDOTXHU PRGR R UHVXOWDGR p H[WUHPDPHQWH SRVLWLYR XPD YH] TXH D JUDGXDomR GR DOXQR QmR p HP TXtPLFD 6XUSUHHQGHQWHPHQWHSRUpPTXDQGRFRQVXOWDGRVREUHD SDUWH PDLV LPSRUWDQWH GH WRGR R VLVWHPD XWLOL]DGR ± GHWHFomRFROXQDVHWF±DUHVSRVWDIRLRGHWHFWRUQmRDV FROXQDV &RQIURQWDGR FRP R IDWR GH TXH DV FROXQDV SHUPLWHP HQWHQGHU DV UHDo}HV SURSULHGDGHV GH VXSHUItFLH HWF HOH UHWRUTXLX TXH R GHWHFWRU SDUHFH VHU LPSRUWDQWH SRUTXH VH GHSHQGH GHOH SDUD VH REWHU DV UHVSRVWDV 3HUJXQWDGR VH HOH FRQVLGHUD PHOKRU UHFHEHU LQIRUPDomRSUpYLDDQWHVGHPRQWDUHXWLOL]DUDVFROXQDV HOH UHVSRQGHX DILUPDWLYDPHQWH R TXH VXJHUH TXH R HVWXGRGHXPSUREOHPD PDLVGRTXHRSURMHWRGHWRGR XP GLVSRVLWLYR VHULD ~WLO SDUD R HQVLQR FRP HVWHV GLVSRVLWLYRV 4. Conclusões (VWH WUDEDOKR EXVFRX GLVSRVLWLYRV PLQLDWXUL]DGRV SDUD HQVLQR TXH DERUGDVVHP WUrV FRQFHLWRV PXLWR LPSRUWDQWHV FURPDWRJUDILD UHDWRUHV H SURSULHGDGHV GH VXSHUItFLH&URPDWRJUDILDpXPDGDVWpFQLFDVGHDQiOLVH PDLV LPSRUWDQWH GD DWXDOLGDGH H VXD FRPSUHHQVmR p EDVWDQWH GHSHQGHQWH GD FRPSUHHQVmR VREUH DGVRUomR 0LFURUHDWRUHV XPD LPSRUWDQWH RSHUDomR XQLWiULD VmR UHDOLGDGH QD YLGD PRGHUQD H WDPEpP DOWDPHQWH GHSHQGHQWHV GDV SURSULHGDGHV GH VXSHUItFLH GRV GLVSRVLWLYRVSURMHWDGRV$VVLPHQTXDQWRRWUDQVSRUWHGH IOXLGRV H[LJH VXSHUItFLH LQHUWH UHDWRUHV SDUD FDWiOLVH QHFHVVLWDPGHVXSHUItFLHVH[WUHPDPHQWHUHDWLYDV1HVVH FRQWH[WR FRPSUHHQGHU D PRGLILFDomR VXSHUILFLDO p IXQGDPHQWDO (P UHVXPR HVVH DUWLJR H[SORURX DOWHUQDWLYDVSDUDVHGHPRQVWUDUWRGRVHVVHVFRQFHLWRVGH PRGRVHJXUREDUDWRHSULQFLSDOPHQWHFRPDXWRQRPLD SDUDRDOXQR2VUHVXOWDGRVREWLGRVVXJHUHPTXHFRPR PtQLPRGHLQWHUIHUrQFLDGRLQVWUXWRUXPDOXQRSRGHULD VHJXLU HVVH FLFOR GH GHVFREHUWDV 0XLWR HPERUD RV SURGXWRV DTXL XWLOL]DGRV VHMDP FRPXQV DSHQDV HP ODERUDWyULRDDGDSWDomRSDUDSURGXWRVGRGLDDGLDQmRp LPSRVVtYHO Mi TXH R UHDJHQWH 7(26 p YHQGLGR QR SDtV iFLGRVHEDVHVmRSURGXWRVFRPXQVHPORMDGHPDWHULDLV GH FRQVWUXomR H ILEUDV Wr[WHLV VmR UHVtGXRV GH IiFLO REWHQomR Agradecimentos ¬)$7(&63DR/6,(3863HDR/0((3863$ ,<$EHSHODVDQiOLVHV5DPDQ Referências Bibliográficas >@/ 0 6LOYD Conjuntos de estruturas miniaturizadas usadas para manipulação de misturas6mR3DXOR7HVH(3863SS >@$ 0HOOR 5. :RRWWRQ But what is it good for? Applications of microreactor technology for the fine chem. ind. /DE&KLSYROS1±1 >@*.ROEMicro-structured reactors for gas phase reac.&KHP(QJ-, 9ROS± >@69&DPDUJREstudo das propriedades de fibras de carbono oxidadas por processo a seco, 0RQRJUDILD)$7(&63SS >@/)+HUQDQGH]Produção de Filmes Compósitos a Partir de TEOS para Aplicação em Estruturas Miniaturizadas em Detecção de VOCs/Umidade 6mR3DXOR7HVH(3863SS >@6*URYHU53HDComputational Thinking in K– 12: A Review of the State of the Field, (GXF 5HVHDUFKHUYQ-DQ)HESS >@/-%HUNHWDOInspiring careers in STEM and healthcare fields through medical simulation embedded in high school science education, $GY LQ3K\VLRORJ\(GYROQSS >@6 . 'RQRKXH / * 5LFKDUGV Workshop Elementary Engineering Education: Engineering Teaching Kits for K-5 StudentsWK$6((,((( )URQWLHUV LQ (GXFDWLRQ &RQIHUHQFH 6HVVLRQ :% 6DUDWRJD6SULQJV1< >@6)HUQDQGHVHWDOEngaging students in learning: findings from a study of project-led education (XURSHDQ-RI(QJ(GYQSS >@: 3LFKL -U Construção de Protótipo Para Ensino na Área Tecnológica, 6mR 3DXOR 'LVVHUWDomR&((7(36SS >@- 6 0DUFX]]R Corrosão de filmes finos de carbono tipo diamante (DLC) em pressão sub atmosférica7HVH,7$6mR3DXOR >@9:%0DUWLQVHWDOAnálise do desenvolvimento de competências gerenciais na construção civil através do modelo da Aprendizagem Baseada em Problemas adaptado ao contexto organizacional, $PELHQWFRQVWU.YQSS >@& 6 GH 6 5LEHLUR Síntese e Caracterização de Estruturas de Sílica Oca obtidas a partir de Esferas de Poliestireno 6mR 3DXOR 'LVVHUWDomR 8)$%&SS >@,<$EHSíntese de nanotubos de carbono pela técnica de deposição química a vapor6mR3DXOR 'LVVHUWDomR(3863SS >@0 5 <X HW DO Preparation of organic– inorganic (SWCNT/TWEEN–TEOS) nano hybrids and their NO gas sensing properties, 6HQVRUV$FWXDWRUV%YROSS >@0,(UHPHWHWDOSingle-bonded cubic form of nitrogen, 1DWXUH0DWYROSS± 46 Boletim Técnico da FATEC-SP — BT/39 — Junho / 2015 REGRESSÃO SIMBÓLICA COM SELEÇÃO POR AMOSTRAGEM Rodrigo Morgon¹, Silvio do Lago Pereira² ¹Aluno do Curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas – FATEC-SP ²Prof. Dr. do Departamento de Tecnologia da Informação – FATEC-SP [email protected], [email protected] Resumo Regressão é uma técnica usada para verificar a relação existente entre duas variáveis observadas e obter um modelo que possa expressar essa relação. A abordagem tradicional de regressão usa modelos predefinidos, sendo inviável quando não se tem uma suposição a respeito do melhor modelo a ser adotado. A regressão simbólica, por outro lado, é capaz de encontrar o melhor modelo sem nenhuma hipótese adicional. O objetivo desse artigo é propor um algoritmo evolucionário para regressão simbólica, e com base nele, criar um sistema correspondente chamado SRS (Symbolic Regression with Sampling). A novidade no algoritmo é o uso de amostragem para selecionar indivíduos da população que terão descendentes na próxima geração. A conjectura é que o uso de amostragem pode acelerar a evolução da população e reduzir o tempo necessário para obtenção do melhor modelo procurado. Os resultados empíricos confirmaram essa conjectura. 1. Introdução Regressão [1] é uma técnica usada em aplicações práticas em diversas áreas, para verificar se duas variáveis observadas estão relacionadas de alguma forma e, caso estejam, definir um modelo que expresse essa relação. Este tipo de modelagem permite compreender como o comportamento de uma variável ݔinfluencia o comportamento de outra variável ݕ. A relação entre essas variáveis pode ser vista como um processo com entrada ݔe saída ݕ, i.e., ݕൌ ݂ሺݔሻ. Observando-se esse processo, é possível obter vários pares de entrada e saída, ሼሺݔଵǡ ݕଵ ሻǡ ǥ ǡ ሺݔ ǡ ݕ ሻሽ, a partir dos quais um modelo correspondente pode ser formulado. Como a função ݂ሺݔሻ é desconhecida (i.e., representa um processo do tipo caixa-preta), o problema de regressão consiste em encontrar uma função ݄ሺݔሻ que produza saídas “próximas” daquelas geradas pela função ݂ሺݔሻ, relativas aos pares de entrada e saída considerados. Ao contrario da regressão tradicional, que adota um modelo de função predefinido e apenas ajusta coeficientes, a regressão simbólica [1] encontra o modelo propriamente dito (com coeficientes devidamente ajustados). Neste artigo, o objetivo é propor um algoritmo evolucionário [2] para o problema de regressão simbólica, bem como descrever um sistema correspondente, denominado SRS (Symbolic Regression with Sampling). A motivação para essa proposta foi inspirada no sistema ECL (Evolutionary Concept Learner) [3], que trata um problema correlato (porém, com variáveis discretas) e apresenta excelente desempenho quando comparado a sistemas tradicionais da área de aprendizado de máquina [4]. Assim como o ECL, o sistema SRS proposto nesse artigo é um algoritmo evolucionário que manipula uma população de indivíduos, cada um deles representando uma possível hipótese (i.e. melhor modelo procurado). Inicialmente, os indivíduos na população são gerados aleatoriamente (de acordo com regras que definem que componentes, ou genes, podem ser usadas para criar um indivíduo). Essa população é denominada geração zero. A partir daí, a cada nova geração, a aptidão dos indivíduos é calculada (e.g., proximidade da saída esperada em relação àquela obtida) e alguns dos melhores indivíduos são selecionados para produzir descendentes na próxima geração. O processo é repetido até que uma condição terminal seja satisfeita (e.g., até o tempo máximo de execução seja atingido). No final, o melhor indivíduo na última geração é devolvido como resposta do algoritmo. O restante desse artigo está organizado da seguinte forma: a Seção 2 introduz os fundamentos da regressão simbólica; a Seção 3 descreve o algoritmo proposto, bem como o sistema correspondente implementado; a Seção 4 descreve resultados empíricos obtidos com esse sistema; e, por fim, a Seção 5 apresenta as conclusões do trabalho. 2. Regressão Simbólica Esta seção introduz os fundamentos da regressão simbólica, necessários para entender o algoritmo proposto. 2.1. Problemas de Regressão A abordagem tradicional para regressão consiste em supor que ݄ሺݔሻ tem uma forma padrão (e.g., ܽ ݔଶ ܾ ݔ ܿ) e que apenas seus coeficientes precisam ser encontrados, para que ela se ajuste aos dados observados. O problema com essa abordagem é que diferentes funções precisam ser testadas até que uma apropriada (i.e., que se ajuste bem aos dados observados) seja encontrada. Assim, o resultado desse tipo de análise depende muito da habilidade de quem escolhe as funções a serem testadas. Por isso, até mesmo entre especialistas, é uma prática comum testar apenas funções lineares e quadráticas, ainda que modelos mais complexos possam produzir melhores resultados. A regressão simbólica [1], por outro lado, consiste em encontrar uma função que se ajuste ao conjunto de dados observados, sem que qualquer suposição sobre a forma da função precise ser feita. Diferentemente da abordagem tradicional, a regressão simbólica encontra não apenas os coeficientes de uma função, mas a própria função (seja ela linear ou não). Essa ideia é ilustrada na Figura 1. Boletim Técnico da FATEC-SP — BT/39 — Junho / 2015 47 y dado 3. Inovações na Abordagem Proposta regressão não linear regressão linear regressão simbólica x Figura 1 – Problemas de regressão. Para solucionar o problema de regressão, o sistema correspondente ao algoritmo proposto formula hipóteses aproximadas através do seu aprendizado na observação dos objetos contidos no conjunto de dados. O algoritmo usado como base para a implementação do SRS é um algoritmo de busca estocástica, inspirado na teoria da evolução de Darwin, também chamado de algoritmo evolucionário. Esse tipo de algoritmo possui as seguintes características principais: uso de uma população de indivíduos representando soluções candidatas; uso de operadores genéticos para geração de novos indivíduos na população; e uso de uma medida de aptidão para selecionar indivíduos que devem sobreviver de uma geração para outra e/ou produzir descendente. O ciclo básico de um algoritmo evolucionário é ilustrado na Figura 2. 2.2. Objetos e Conjuntos de Dados Na regressão simbólica, um objeto é um par ordenado ሺݔǡ ݕሻ, em que ݔrepresenta a entrada e ݕrepresenta a saída de um processo. Um conjunto de dados observados para um processo caixa-preta é chamado conjunto de dados. À primeira vista, pode parecer que quanto maior o conjunto de dados, mais fácil é encontrar um modelo que se ajuste a eles. Na prática, entretanto, observa-se que uma quantidade excessiva de dados pode levar a um superajustamento do modelo obtido, isto é, o modelo se ajusta perfeitamente ao conjunto de dados observados, mas não é capaz de extrapolar esse conjunto (i.e., se ajustar a novos objetos, ainda não observados). Para evitar o superajustamento do modelo, o conjunto de dados usado na regressão é dividido em duas partes: conjunto de treinamento e conjunto de validação. O conjunto de treinamento é usado pelo sistema para encontrar hipóteses que satisfaçam os objetos observados, ou seja, uma função ݄ tal que ݕൌ ݄ሺݔሻ. Por outro lado, o conjunto de validação é usado para verificar se as hipóteses encontradas também valem para objetos que não estavam no conjunto de treinamento (ou seja, o conjunto de validação é usado para avaliar a capacidade de extrapolação dos modelos obtidos). Figura 2 – Ciclo de um algoritmo evolucionário. Para gerar novos indivíduos, o algoritmo proposto nesse artigo emprega operadores genéticos de mutação e cruzamento. Para selecionar os indivíduos usados nessas operações, o algoritmo usa um novo método (descrito na Subseção 3.5), denominado seleção por amostragem. Como observado em experimentos realizados (relatados na Seção 4), esse método é capaz de acelerar a evolução da população e reduzir o tempo necessário para obtenção das melhores hipóteses. 3.1. Criação de Árvores e População Inicial Uma expressão aritmética pode ser representada por uma árvore cujas folhas são rotuladas com uma variável ݔe cujos nós internos são rotulados com operadores aritméticos ሺǡ െǡכǡȀሻ. Por exemplo, a Figura 3 mostra uma árvore representando a expressão ݔଶ െ ݔ ͳǤ Note que, mesmo usando apenas variáveis, é possível criar expressões equivalentes a constantes (e.g., ݔെ ݔൌ Ͳ e ݔȀ ݔൌ ͳ, para )Ͳ ് ݔ. + A qualidade de uma hipótese reflete o quanto ela se aproxima da função desconhecida (sobre a qual se conhece apenas os pares de entrada e saída observados). De fato, a qualidade de uma hipótese pode ser definida em termos da diferença entre a saída que ela produz e a saída que é esperada. Por exemplo, seja ݂ሺݔሻ ൌ ʹ ݔ ͳ a função que modela um processo caixa-preta observado (evidentemente, na prática, essa função é desconhecida). Então, a entrada ʹ produz a saída ͷ. Esse fato é representado pelo objeto observado ሺʹǡͷሻ. Suponha agora que a hipótese encontrada seja ݄ሺݔሻ ൌ ʹͳ כ ݔ. Então, quando a hipótese é avaliada com a entrada ʹ, obtém-se a saída Ͷ, representada pelo par ሺʹǡͶሻ. A diferença entre a saída obtida e a saída esperada, nesse caso, é ͳ. Essa diferença é denominada erro. Assumimos que quanto menor for o somatório dos erros quadrados obtidos, em relação a todos os objetos no conjunto de dados considerado, maior a qualidade de uma hipótese. 48 / - 2.3. Avaliação de Hipóteses * X X X X X Figura 3 - Expressão aritmética representada por árvore A representação de expressões em forma de árvore permite que operações genéticas, como mutação e cruzamento, sejam efetuadas mais facilmente. Em programação genética [1], há dois métodos básicos de geração de árvores aleatórias para compor a população inicial: o método full gera apenas árvores completas, nas quais todas as folhas estão no mesmo nível; por outro lado, o método grow é capaz de gerar árvores de vários formatos. A implementação desses métodos é relativamente simples. Porém, nenhum deles garante uma distribuição uniforme das árvores na população inicial. Boletim Técnico da FATEC-SP — BT/39 — Junho / 2015 No algoritmo proposto nesse artigo, uma distribuição mais uniforme das árvores aleatórias na população inicial é baseada em um limite superior para o número de árvores que podem ser criadas, com altura de no máximo ݄ níveis, compostas por operadores nulários, unários e binários. Esse limite superior, denotado por ܶ , pode ser indutivamente definido como segue: Se ݄ ൌ ͳ, a raiz da árvore deve ser rotulada por uma variável 1 (tratada como um operador nulário, isto é, um operador que não tem operandos) e, então, ܶଵ ൌ ݇ (sendo ݇ o número de variáveis consideradas). Caso contrário, se ݄ ͳ, cada árvore enraizada num nó rotulado por uma variável é uma árvore de altura no máximo ݄; cada árvore de altura no máximo ݄ െ ͳ, estendida com uma raiz rotulada com operador unário é uma árvore de altura no máximo ݄; e cada par de árvores de altura no máximo ݄ െ ͳ, combinadas por uma raiz rotulada com um operador binário é uma árvore de altura no máximo ݄; portanto, ଶ ܶ ൌ ݇ ܶିଵ ʹ ή ܶିଵ . Assim, uma distribuição uniforme de árvores aleatórias pode ser garantida se, durante a criação de uma árvore, as escolhas de variáveis e operadores (unário e binário) para rotular sua raiz forem feitas ଶ ሻȀܶ com probabilidades iguais a ݇Ȁܶ, ܶିଵ Ȁܶ, e ሺʹ ή ܶିଵ , respectivamente, e se suas subárvores forem criadas recursivamente. Na versão do sistema considerado nesse artigo, as folhas das árvores ainda podem ser rotuladas com constantes reais ou potências (e.g., ݔଶ), geradas aleatoriamente. Embora isso possa aumentar a diversidade sintática das árvores geradas, em termos semânticos, não há influência. + / X X X + * X X X Figura 4 – Mutação por modificação interna + X / X X + X X Figura 5 – Mutação por modificação interna + / X X X + / X X^2 X 3.2. Mutação Depois de criada, uma árvore pode ser modificada pela função de mutação. Essa função seleciona aleatoriamente uma operação de modificação, aplica essa operação na árvore e devolve a árvore mutante resultante. Há dois tipos de operações de modificação que podem gerar uma mutação de uma árvore: interna e externa. Quando uma modificação interna é aplicada, um nó interno da árvore é aleatoriamente selecionado para sofrer mutação e seu rótulo é aleatoriamente substituído por outro do mesmo tipo (preservando a altura da árvore, como mostra a Figura 4) ou, então, a subárvore enraizada nesse nó é substituída por uma árvore aleatória de altura no máximo ʹ (possivelmente diminuindo a altura da árvore, como mostra a Figura 5). Por outro lado, quando uma modificação externa é aplicada, um nó externo da árvore é aleatoriamente selecionado para sofrer mutação e seu rótulo é aleatoriamente substituído por outro do mesmo tipo (preservando a altura da árvore, como mostra a Figura 6) ou, então, a subárvore enraizada nesse nó é substituída por uma árvore aleatória de altura no máximo ʹ (possivelmente aumentando a altura da árvore, como mostra a Figura 7). Figura 6 – Mutação por modificação externa + X X + X * X X Figura 7 – Mutação por modificação externa 3.3. Cruzamento Além da operação de mutação, o algoritmo proposto também usa a operação de cruzamento, que cria uma nova árvore a partir de duas outras selecionadas da população, cujas características estarão presentes na árvore resultante da operação. Essa função seleciona aleatoriamente o ponto em que a árvore será segmentada para o cruzamento com outra árvore. O resultado desse cruzamento permite que novas combinações e possibilidades de aproximação da função desejada sejam obtidas. Essa ideia é ilustrada na Figura 8. 1 Embora o artigo trate apenas de funções univariadas, o método também serve para funções multivariadas (i.e., com múltiplas entradas). Boletim Técnico da FATEC-SP — BT/39 — Junho / 2015 49 / * X X / X X + X X * X X + * X X X X Figura 8 – Resultado de cruzamento entre indivíduos 3.4. Avaliação de Árvores Cada árvore representa um indivíduo (i.e., uma possível hipótese para o modelo da função a ser encontrada pela regressão). Logo, a qualidade da árvore é avaliada de acordo com o resultado do erro considerado na saída obtida pela mesma (vide Subseção 2.3). No algoritmo proposto, a avaliação é feita com base no somatório do erro quadrático gerado pela hipótese no conjunto de treinamento. O erro quadrático, definido pela expressão (1), evita que erros positivos e negativos se anulem, o que causaria uma melhora irreal no desempenho do modelo avaliado. σୀଵሺ݄ሺݔ ሻ െ ݕ ሻ; (1) 3.5. Seleção por Amostragem Para garantir que as árvores na população sejam todas distintas, o algoritmo usa uma tabela de dispersão para manter a população. Nessa tabela, cada árvore ݐé uma chave à qual são associados um valor ݃ሺݐሻ, indicando seu erro no conjunto de treinamento, e um valor ݏሺݐሻ, indicando seu tamanho (i.e., número de nós). Isso evita o reprocessamento de árvores idênticas, o que seria um desperdício de recursos computacionais, e contribui para aumentar a diversidade da população, o que é um benefício. A cada nova geração, a população corrente é transformada em uma nova população, usando operadores genéticos de cruzamento e mutação. A técnica tradicionalmente usada para selecionar os indivíduos a serem submetidos às operações genéticas é a seleção proporcional à aptidão (conhecida como roleta russa) [1]. Essa técnica, cuja ideia é ilustrada na Figura 9, garante que os indivíduos com menores erros tenham maiores chances de serem escolhidos. Nesse trabalho, uma nova estratégia de seleção, baseada em amostragem, foi adotada. Essa estratégia foi inspirada na observação de que a combinação dos indivíduos mais aptos (i.e., com os menores erros) nem sempre gera filhos com os menores tamanhos. Isso acontece porque, à medida que a população evolui, todos os indivíduos têm seus erros gradativamente diminuídos; porém, aqueles com menores erros não necessariamente têm os menores tamanhos. O problema é que, durante a avaliação dos indivíduos, o tamanho das árvores é usado quase que exclusivamente como critério de desempate. Por exemplo, se uma árvore ܣଵ tem erro ͲǤͲͺ e tamanho ͵Ͳ e uma árvore ܣଶ tem erro ͲǤͲͺ e tamanho ͳͷ, então a árvore ܣଶ é considerada mais apta que a árvore ܣଵ . Por outro lado, se uma árvore ܣଷ tem erro ͲǤͲͺ e tamanho ͷͲ e uma árvore ܣସ tem erro ͲǤͲͻ e tamanho ͳͷ, então a árvore ܣଷ é considerada mais apta que a árvore ܣସ (mesmo que a diferença nos erros seja muito pequena e a diferença nos tamanhos seja muito grande). Assim, quando a população é ordenada em função da aptidão (erro como critério principal e tamanho como critério secundário), os indivíduos no início da sequência ordenada podem ter erros pequenos e tamanhos muito grandes (i.e., podem estar superajustados). Por outro lado, indivíduos no final dessa sequência podem ter tamanhos muito pequenos e erros não muito maiores que aqueles dos indivíduos no início da sequência. Como as características dos indivíduos selecionados são transferidas para seus filhos, o cruzamento entre indivíduos menos aptos pode resultar em indivíduos com excelente desempenho. O processo de amostragem proposto ocorre da seguinte maneira: a população ordenada é segmentada em quatro partes e cada uma delas é combinada com as demais, resultando nas seguintes combinações ሺͳǡʹሻ, ሺͳǡ͵ሻ, ሺͳǡͶሻ, ሺʹǡ͵ሻ, ሺʹǡͶሻ, ሺ͵ǡͶሻ. Então, durante a fase de amostragem, cada combinação ሺݔǡ ݕሻ é avaliada do seguinte modo: escolhe-se um indivíduo no segmento ݔe outro no segmento ݕpara gerar um filho; esse procedimento é repetido até que o conjunto de filhos gerados represente 5% do tamanho da população (amostragem). Em seguida, calcula-se média de desempenho dos indivíduos gerados para cada combinação. Então, adota-se a combinação que produziu a melhor média como padrão para a geração dos demais indivíduos da população (os indivíduos gerados durante a fase de amostragem também são aproveitados para compor a próxima geração, evitando o desperdício do esforço computacional na fase de amostragem). 3.6. O Sistema Desenvolvido Com base nas ideias discutidas nas seções anteriores, um sistema denominado SRS (Symbolic Regression with Sampling) foi desenvolvido em Python [5]. A escolha da linguagem foi baseada no bom desempenho e facilidade em manipular árvores, expressões lambda (necessárias para avaliação das hipóteses que são geradas em tempo de execução) e tabelas de dispersão. O sistema SRS possui duas funções principais: a primeira delas gera uma população inicial, simula sua evolução no decorrer do tempo, aplicando operadores de cruzamento e mutação, e, no final, devolve a melhor hipótese (com relação ao conjunto de treinamento); a segunda delas avalia essa melhor hipótese Figura 9 - Método de seleção roleta russa 50 Boletim Técnico da FATEC-SP — BT/39 — Junho / 2015 (com relação ao conjunto de validação) e reporta algumas estatísticas correspondentes. 4. Resultados Empíricos Nessa seção são descritos os experimentos feitos com duas versões do sistema SRS: uma que não usa a estratégia de amostragem e outra que usa essa estratégia. O objetivo do experimento foi verificar o impacto do uso de amostragem no tempo necessário para evolução da população e obtenção dos melhores modelos. Todos os resultados foram obtidos com uma população de ͶͲͲͲ árvores e ͳͲ rodadas, cada uma delas com no máximo ʹͲͲ gerações para cada conjunto de treinamento. 4.1. Conjuntos de Dados Os conjuntos de dados usados nos experimentos foram obtidos com o uso de uma função geradora do próprio sistema. Vale ressaltar que, embora o programa gerador conheça a função ݂ሺݔሻ, essa função é desconhecida para o programa evolutivo que gera as aproximações ݄ሺݔሻ. As funções ݂ሺݔሻ usadas nos experimentos são polinômios com grau variando entre ʹ e . Os conjuntos de dados têm tamanhos variando entre ʹͲ e ʹͲͲͲ objetos, dos quais ͲΨ são usados para treinamento e ͵ͲΨ são usados para validação. Durante a geração dos dados, as entradas para função ݂ሺݔሻ foram escolhidas no intervalo ሾെͳǡͳሿ, de duas formas distintas: distribuição uniforme e distribuição aleatória. Na distribuição uniforme, o intervalo é segmentado uniformemente de acordo com quantidade de entradas esperadas e cada ponto separando dois segmentos é usado como uma entrada (a distância entre dois pontos consecutivos quaisquer é constante). Por outro lado, na distribuição aleatória, os pontos usados como entradas são escolhidos aleatoriamente no intervalo (a distância entre dois pontos consecutivos quaisquer é variável). 4.2. Discussão dos Resultados Como algoritmos evolucionários são estocásticos [6], para cada função foram feitas ͳͲ rodadas e, dos resultados obtidos, o pior e o melhor casos foram desconsiderados no cálculo da média (Tabela I). Isso evita que casos excepcionais influenciem na avaliação. Os resultados mostraram que o SRS possui uma ótima habilidade em encontrar boas aproximações para vários tipos de funções, sem que seja suposto um tipo ou forma. Essas aproximações podem dar base para o trabalho dos especialistas habituados com a regressão tradicional. Ademais, a inclusão da seleção por amostragem resultou em uma melhora no resultado final na maioria dos casos (i.e., melhor desempenho em menor tempo). A comparação dos resultados obtidos confirmou a conjectura de que o uso de amostragem pode acelerar a evolução da população, permitindo obter melhores aproximações em menor tempo. Tabela I – Resultados dos experimentos. Função do Conjunto de Dados ݔଷ ݔଶ ݔ ݔସ ݔଷ ݔଶ ݔ ݔହ ݔସ ݔଷ ݔଶ ݔ ݔ ݔହ ݔସ ݔଷ ݔଶ ݔ ݔଷ ݔଶ ݔ ସ ݔ ݔଷ ݔଶ ݔ ݔହ ݔସ ݔଷ ݔଶ ݔ ݔ ݔହ ݔସ ݔଷ ݔଶ ݔ ݔଷ ݔଶ ݔ ସ ݔ ݔଷ ݔଶ ݔ ݔହ ݔସ ݔଷ ݔଶ ݔ ݔ ݔହ ݔସ ݔଷ ݔଶ ݔ ݔଷ ݔଶ ݔ ସ ݔ ݔଷ ݔଶ ݔ ݔହ ݔସ ݔଷ ݔଶ ݔ ݔ ݔହ ݔସ ݔଷ ݔଶ ݔ ݔଷ ݔଶ ݔ ݔସ ݔଷ ݔଶ ݔ ݔହ ݔସ ݔଷ ݔଶ ݔ ݔ ݔହ ݔସ ݔଷ ݔଶ ݔ ݔଷ ݔଶ ݔ ݔସ ݔଷ ݔଶ ݔ ݔହ ݔସ ݔଷ ݔଶ ݔ ݔ ݔହ ݔସ ݔଷ ݔଶ ݔ ݔସ ݔଷ ݔଶ ݔ ͳ ʹ ݔହ െ ͵ ݔସ Ͷ ݔଷ െ ͷ ݔଶ ݔെ ʹ ݔହ െ ͵ ݔସ Ͷ ݔଷ െ ͷ ݔଶ ݔെ Exemplos de Treinamento + Validação 14+6 14+6 14+6 14+6 140+60 140+60 140+60 140+60 1400+600 1400+600 1400+600 1400+600 14+6 14+6 14+6 14+6 140+60 140+60 140+60 140+60 1400+600 1400+600 1400+600 1400+600 14+6 21+9 70+30 Intervalo entre as entradas Uniforme Uniforme Uniforme Uniforme Uniforme Uniforme Uniforme Uniforme Uniforme Uniforme Uniforme Uniforme Aleatório Aleatório Aleatório Aleatório Aleatório Aleatório Aleatório Aleatório Aleatório Aleatório Aleatório Aleatório Uniforme Uniforme Uniforme Seleção com Amostragem Seleção Aleatória Tempo Erro Tempo Erro 2.86 4.48 85.83 14.31 10.61 15.08 21.99 26.21 70.76 112.35 124.16 163.89 3.33 6.04 9.74 13.16 8.76 14.84 21.04 26.84 57.75 95.98 138.06 183.81 136.55 1288.97 1224.48 0.00 0.00 0.16 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.26 0.07 6.39 10.36 32.36 25.25 18.89 25.31 40.08 56.54 102.09 207.98 244.70 400.79 6.76 10.99 21.54 34.16 12.46 26.68 39.31 57.88 145.33 191.13 298.11 677.70 37.13 1288.23 1285.60 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.08 0.10 Boletim Técnico da FATEC-SP — BT/39 — Junho / 2015 51 5. Conclusões Referências Bibliográficas A regressão consiste em encontrar a relação entre duas variáveis (uma entrada ݔe uma saída )ݕe expressar essa relação por meio de uma função. A abordagem tradicional da regressão adota um modelo específico de função (e.g., ܽ ݔଶ ܾ ݔ ܿ ) e tenta encontrar coeficientes que ajustem esse modelo aos dados de treinamento. O problema é que, quando esse modelo é desconhecido, o método tradicional não pode ser aplicado. Nesse caso, o uso de regressão simbólica é uma alternativa mais apropriada, pois ela é capaz de encontrar a função que se ajusta aos dados de treinamento, mesmo sem a adoção de um modelo de função específico. Neste artigo, um novo algoritmo evolucionário para a regressão simbólica foi proposto e um sistema correspondente chamado SRS foi desenvolvido. A principal inovação neste algoritmo está no uso de amostragem para a seleção de indivíduos da população que irão produzir descendentes para compor a próxima geração da população. A conjectura é que o uso de amostragem pode acelerar a evolução da população e reduzir o tempo necessário para obtenção do melhor modelo de regressão. Os resultados dos experimentos feitos com o sistema que foi implementado confirmaram essa conjectura. Diferentemente de abordagens determinísticas, algoritmos evolucionários podem obter melhores resultados conforme a disponibilidade de tempo (ou seja, quanto mais tempo disponível para a evolução da população, maior a probabilidade de se encontrar um modelo ótimo). Assim, o principal objetivo deste trabalho foi propor um algoritmo evolucionário que pudesse encontrar modelos ótimos em menor tempo. Evidentemente, modelos mais complexos podem ter múltiplas entradas e envolver outros tipos de operadores (e.g., funções trigonométricas e logarítmicas). Assim, uma extensão natural desse trabalho consiste em alterar a implementação o sistema SRS para lidar com outros tipos de funções (além das polinomiais). Outra extensão interessante é implementar simplificação de expressões (expressões mais simples são representadas por árvores mais simples). Isso poderia reduzir do tempo necessário para avaliação das expressões e aumentar o desempenho do sistema. [1] J. R. Koza. Genetic Programming, MIT Press, London, 1998. [2] D. Whitley. An Overview of Evolutionary Algorithms: Practical Issues and Common Pitfalls, Information and Software Technology, vol. 43, p. 817–831, 2001. [3] Morgon, R. and Pereira, S. Evolutionary Learning of Concepts, Journal of Computer and Communications, 2, 76-86 (2014). [4] S. B. Kotsiants; I. D. Zaharakis; P. E. Pintelas. Machine Learning: A Review of Classification and Combining Techniques, Artificial Intelligence Review, vol. 26:3, p. 159–190, 2006. [5] V. L. Ceder. The Quick Python Book, 2nd edition, Manning Publications Co., USA, 2010. [6] T. Weise. Global Optimization Algorithms: Theory and Application, 2nd edition, 2008. Agradecimentos Ao CNPq pela bolsa de Iniciação Científica¹ (Processo 151579/2014-8) e pela bolsa de Produtividade em Pesquisa² (Processo 305484/2012-5). 52 Boletim Técnico da FATEC-SP — BT/39 — Junho / 2015 FATEC/SP A Faculdade de Tecnologia de São Paulo,XPDGDVPDLVDQWLJDVXQLGDGHVGR&HQWUR(VWDGXDOGH (GXFDomR7HFQROyJLFD3DXOD6RX]D&((7(36YLQFXODGR H DVVRFLDGR j 81(63 IRL FULDGD QR ILQDOGDGpFDGDGHHRIHUHFHWUH]H&XUVRV6XSHULRUHVGH7HFQRORJLDFRPXPTXDGURGH SURIHVVRUHV IXQFLRQiULRV PDLV GH DOXQRV WHQGR Mi IRUPDGR PDLV GH 7HFQyORJRV 'LVS}H GH ODERUDWyULRV H RILFLQDV &HQWUR GH 3HVTXLVD H 3URJUDPD GH ,QLFLDomR &LHQWtILFD3,%,&&13THGH3yV*UDGXDomR/DWRVHQVX 2V&XUVRVGH*UDGXDomRRIHUHFLGRVSHOD)$7(&63VmR $QiOLVHH'HVHQYROYLPHQWRGH6LVWHPDV $XWRPDomRGH(VFULWyULRVH6HFUHWDULDGR (GLItFLRV (OHWU{QLFD,QGXVWULDO *HVWmR(PSUHVDULDO($' *HVWmRGH7XULVPR +LGUiXOLFDH6DQHDPHQWR$PELHQWDO ,QVWDODo}HV(OpWULFDV 0DWHULDLV&HUkPLFRV3ROLPpULFRVH0HWiOLFRV 0DWHULDLV3URFHVVRVH&RPSRQHQWHV(OHWU{QLFRV 0HFkQLFDGH3UHFLVmR 0RYLPHQWRGH7HUUDH3DYLPHQWDomR 3URFHVVRVGH3URGXomR 3URMHWRV 6ROGDJHP 3UDoD&RURQHO)HUQDQGR3UHVWHV±%RP5HWLUR &(36mR3DXOR63 7HOHIRQHV)$; ZZZIDWHFVSEU