universidade federal do pará hospital bettina ferro de souza
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ HOSPITAL BETTINA FERRO DE SOUZA COORDENAÇÃO ACADÊMICA COORDEDNAÇÃO DE RESIDÊNCIA MÉDICA 42° Congresso Brasileiro de Otorrinolaringologia 14 a 17 de novembro de 2012 - Recife Centro de Convenções de Pernambuco SÍNDROME DE NOONAN: UM RELATO DE CASO NOONAN’S SYNDROME: A CASE REPORT Carlos Anderson Monteiro Dias Carneiro, Cecília Pereira Paes, Marjorie Souza Banhos Carepa,Thiago Barros Silva, Weidinara de Oliveira Rodrigues Médicos Residentes em Otorrinolaringologia RESUMO Os autores apresentam um caso de síndrome de Noonan em criança de 13 anos de idade, diagnosticada por meio de exame clínico, que apresentava ao exame clínico: baixa estatura, face triangular, baixa implantação auricular, hipertelorismo, presença de pectus escavatum e alteração do desenvolvimento cognitivo. Além disso, mostrava-se com sinais e sintomas de respiração bucal, em virtude de desvio septal acentuado, diagnosticado após exame físico e de imagem. Discute-se a importância do otorrinolaringologista para esta síndrome. ABSTRACT The authors present a case of Noonan syndrome in a child 13 years of age, diagnosed by clinical examination, which showed the clinical examination: short stature, triangular face, low set ear, hypertelorism, pectus escavatum, and presence of developmental disorders cognitive. Moreover, he showed up with signs of mouth breathing due to severe septal deviation, diagnosed after physical examination and imaging. Discusses the importance of the otorhinolaryngologist for this syndrome. PALAVRAS-CHAVE: Síndrome de Noonan. respiração bucal. hipertelorismo KEYWORDS: Noonan´s Syndrome. mouth breathin.; hypertelorism INTRODUÇÃO A Síndrome de Noonan foi primeiramente descrita por Noonan e Ehmke em 1963, tendo incidência estimada de 1: 1000 a 1: 2500 nascimentos vivos. Caracterizada por baixa estatura, dismorfismo craniofacial, pescoço curto, diátese hemorrágica, anormalidades cardíacas e esqueléticas (MALAQUIAS, 2008). O gene responsável por esta síndrome foi localizado no braço longo do cromossomo 12, porém algumas famílias não apresentam alterações nesta região, indicando heterogenidade genética nesta patologia. Tem herança genética autossômica dominante, com distribuição semelhante entre os sexos e fenótipo bastante variável (DIAS, 2004). As alterações de cabeça e pescoço mais comuns são a face triangular, baixa implantação auricular com espessamento de hélice, filtrum nasal alargado, palato ogival e micrognatia (BERTOLA, 1999). Além disso, existem relatos de hipoacusia de transmissão em pacientes com esta síndrome, sendo necessária atenção para a avaliação auditiva deste pacientes (PORTMANN, 1993). A figura 1 demonstra as características faciais do paciente. O diagnóstico desta síndrome é clínico, baseado na história clínica e no exame físico. No entanto, em virtude da grande variabilidade fenotípica, às vezes tem-se dificuldade para sua ratificação (ROMANO, 2010). Nosso objetivo é descrever um quadro de Síndrome de Noonan enfocando os aspectos otorrinolaringológicos. RELATO DO CASO YBS, masculino, pardo, 13 anos, natural de Belém-PA. Ao exame clínico revela baixa estatura, face triangular, baixa implantação auricular, hipertelorismo, presença de pectus escavatum e alteração do desenvolvimento cognitivo. Não apresenta alterações cardiológicas. Apresenta-se com queixa de obstrução nasal constante, com conseqüente respiração oral e roncos noturnos. Nega prurido e coriza nasal. Ao exame otorrinolaringológico evidencia-se, à otoscopia, timpanosclerose bilateral. A rinoscopia revela cornetos inferiores aumentados de tamanho e desvio septal anterior acentuado em fossa nasal esquerda, visualizado na figura 2. Oroscopia mostra palato ogival e amígdalas Grau I. Diante dos achados, o paciente foi submetido a uma Endoscopia Nasal e a uma Tomografia de Seios de Face. A primeira evidencia, em fossa nasal direita, aumento de cornetos, tanto o inferior quanto o médio, com mucosa hipocorada e reentrância septal em área I. Já na fossa nasal esquerda, encontrou-se desvio septal acentuado em área I, impedindo a progressão do endoscópio, impossibilitando a visualização de outras estruturas intranasais. Na Tomografia de Seios de Face encontramos seio frontal hipoplásico, células etmoidais e seio etmoidal velados à esquerda, hipertrofia de cornetos nasais e desvio septal acentuado à esquerda. DISCUSSÃO A Síndrome de Noonan é composta de múltiplas malformações, sendo que a alteração cardiológica é a mais temida, pois é a segunda síndrome mais freqüente com alterações cardíacas (PIERPONT, 2010). No entanto não se podem negligenciar as demais alterações, necessitando, portanto de acompanhamento multidisciplinar para estes pacientes. Apesar das poucas citações na literatura das manifestações otorrinolaringológicas desta patologia, neste relato de caso o paciente em questão apresentou comprometimento respiratório nasal, promovido por acentuado desvio septal. CONCLUSÕES A Síndrome de Noonan apresenta uma grande variedade de fenótipos, dentre estes as alterações craniofacias estão comumente presentes. Diante desse dado, é importante uma atenção especial do otorrinolaringologista para esses pacientes, em virtude dos possíveis comprometimentos nasais destes. REFERÊNCIAS BERTOLA, Débora Romeo et al. Síndrome de Noonan: um estudo clínico e genético de 31 pacientes. Revista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo, v.54, n.5, p.147-150, 1999. DIAS, Vanderson Glerian et al. Síndrome de Noonan: Relato de caso. Arquivo Brasileiro de Oftalmologia, Presidente Prudente, v.67, n.4, p.665-667, 2004. MALAQUIAS, Alexsandra C. et al. Síndrome de Noonan. Arquivo Brasileiro de Endocrinologia e Metabologia, São Paulo, v.52, n.5, p.800-808, 2008. PIERPONT, Elizabeth I. et al. The Language phenotype of children and adolescents with Noonan syndrome. Journal of speech, language and hearing research, Madison, v.53, p.917-932, 2010. PORTMANN, D. et al. Síndrome de Noonan e Manifestações Otorrinolaringológicas: apresentação de um caso. Jornal Brasileiro de Otorrinolaringologia, São Paulo, v.59, n.4, p.281-283, 1993. ROMANO, Alicia A. et al. Noonan Syndrome: clinical features, diagnosis and management guidelines. PEDIATRICS, New York, v.126, n.4, p.746-759, 2010