Programa - Coro AnimaMea
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Programa - Coro AnimaMea
desenhos de José Rodrigues Design Gráfico Bernardo Portugal AnimaMea | 2012 o 2012 Domingo | 20 Mai 1. Programa _ A ABRIR Prelúdio da Suite em Sol J. S. Bach (1685-1750) Ubi CaritasGregoriano Ave Maria Gregoriano Ave Maria Tomás L. de Victoria (1548-1611) Coral B (Santa Maria) Eurico Carrapatoso (n. 1962) _ 1º ANDAMENTO TEXTOS que, na mesma época, inspiraram diferentes criações Ave Maria Ave Maria Zoltán Kodály (1882-1967) Heitor Villalobos (1887-1959) Pater Noster Pater Noster Rimsky Korsakov (1844-1908) Igor Stravinsky (1882-1971) De profundis De profundis Christoph W. Gluck (1714-1787) W. A. Mozart (1756-1791) Ubi Caritas Maurice Duruflé (1902-1986) Ubi Caritas (Taizé) Jacques Berthier (1923-1994) _ 2º ANDAMENTO os mesmos TEMAS musicais, USOS distintos Innsbruck, ich much dich lassen Heinrich Isaak (c.1450-1517) O Welt, ich much dich lassen Heinrich Isaak (c.1450-1517) Wer hat dich so geschagen J. S. Bach (1685-1750) (construído sobre a melodia de Innsbruck) Sonata (2º andamento) George Crumb (n. 1929) _ 3º ANDAMENTO TEXTOS que atravessaram o TEMPO Kyrie / Cunctipotens Generator Kyrie / Cunctipotens Generator Gregoriano Organum do Codex Calistinus (da Catedral de Santiago de Compostela) Precónio da Vigília Pascal Precónio (coro “Inimaginável”) Gregoriano Fernando C. Lapa (n.1950) Magnificat (excerto) Magnificat António Vivaldi (1678-1741) Arvo Pärt (n.1935) Stabat Mater (parte de coro) Stabat Mater J.R. Esteves (c.1690-c.1755) Zoltán Kodály (1882-1967) 2. Apresentação do programa Este projecto visa explorar os diferentes ambientes sonoros que reflectem, no intervalo de muitos séculos, as diferentes experiências de sentir, traduzir e interpretar os textos sagrados. Além de temas mais consagrados da história de música, este programa permitir-nos-á dar a conhecer compositores e obras musicais contemporâneas que configuram estéticas que atravessaram o séc. XX na busca de expressões contemporâneas da espiritualidade, desde o estónio Arvo Pärt até aos portugueses Eurico Carrapatoso e Fernando Lapa. O título que pensámos inicialmente foi “Espiritualidade Contemporânea”, depois surgiram “O Espírito do Tempo” e outros. À medida que se escolhiam as composições para construir o mosaico diversificado e uno que temos procurado em cada um dos projectos que já realizámos, fomos sentindo a necessidade de remeter também para o passado, para a tradição milenar da música sacra, isto é, de mostrar as pontes que conduzem e justificam a música de hoje. Entretanto, queríamos um instrumentista para apoiar as peças que têm baixo contínuo, e ficáramos há muito surpreendidos com os projectos do grupo Hilliard Ensemble com o saxofonista Jan Garbarek, juntando à pura música vocal (medieval ou renascentista) a improvisação e a provocação jazzistica do saxofone. Desafiámos, por isso, o músico de excepção que é o jovem Fernando Costa a assumir também um papel de diálogo, de improviso, de apresentação da sonoridade do violoncelo em contraponto com as vozes (justificadamente, o timbre do violoncelo tem sido considerado, ao longo dos tempos, como o que mais se aproxima da expressividade e variedade da voz humana!). A participação do violoncelo assume-se, pois, como um elemento fulcral do diálogo frutuoso e diverso entre tempos históricos, ambientes musicais, estilos e sonoridades. Quando elegemos o nome final para este projecto, marcado pela espiritualidade, o diálogo e a abertura à novidade, surgiu naturalmente o próprio título do livro “Dialogo della musica antica et della moderna”, publicado em 1602. Essa obra de Vicenzo Galilei (1533-1591, compositor e alaudista italiano) teve um importante papel na revolução estética e musical que conduziu da polifonia renascentista para a música maneirista e barroca. Vicenzo é pai do célebre cientista Galileu Galilei, o que também remete para o diálogo - ou oposição - entre o antigo e o novo, o dogma e a ciência, o mundo geocêntrico e o mundo heliocêntrico. Na organização do programa sucedem-se, naturalmente, grupos de peças que conciliam ou diferenciam elementos comuns. A ABRIR Em que se ouvirão peças musicais que fazem um enunciado do Programa: o som instrumental, o som vocal, a diversidade do tempo histórico, a variedade das texturas. 1º ANDAMENTO: TEXTOS que, na mesma época, inspiraram diferentes criações Em que se ouvirão peças musicais com o mesmo texto, música diferente e composta no mesmo período histórico. 2º ANDAMENTO: Os mesmos TEMAS musicais, USOS distintos Em que se ouvirão peças musicais com o mesmo tema musical, com textos diferentes, de natureza profana inicial e posterior apropriação sacra. 3º ANDAMENTO: TEXTOS que atravessaram o TEMPO Em que se ouvirão peças musicais com o mesmo texto, música diferente e composta em período histórico diferente. Atendendo ao profundo significado que tem o mosteiro de S. Pedro de Rates no Diálogo de Culturas, em particular no Caminho de Santiago, acrescentámos neste último grupo de peças um Kyrie a duas vozes que figura no Codex Calistinus da Catedral de Santiago, uma das mais antigas fontes de polifonia da música ocidental. Em conclusão, este programa constitui um desafio para os intérpretes e para os ouvintes, tanto pela incursão em obras dos sécs. XX e XXI, como pela novidade da introdução de um instrumento que nalguns casos completa e complementa o que é óbvio, mas em outras situações assume um papel de diálogo, comentário ou até de “provocação”. Que os ouvidos, os sentidos e as mentes se abram a este Dialogus. 3. Alguns textos cantados Magnificat [Lc. 1, 45-54] Arvo Pärt (n. 1940) 1. Magnificat anima mea Dominum. 1. A minha alma glorifica o Senhor. 2. Et exultavit spiritus meus in Deo salutari meo. 2. E o meu espírito se alegra em Deus meu salvador. 3. Quia respexit humilitatem ancillae suae: ecce enim ex hoc beatam me dicent omnes generationes. 3. Porque pôs os olhos na humildade da sua serva: de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações. 4. Quia fecit mihi magna qui potens est: et sanctum nomen ejus. 4. Porque o todo-poderoso fez em mim maravilhas: Santo é o seu nome. 5. Et misericordia ejus a progenie in progenies: timentibus eum. 5. E a sua misericórdia se estende de geração em geração sobre aqueles que O temem. 6. Fecit potentiam de brachio suo: dispersit superbos mente cordis sui. 6. Manifestou o poder do seu braço: afastou do Seu coração os que têm pensamentos soberbos. 7. Deposuit potentes de sede, et exaltavit humiles. 7. Derrubou os poderosos do seu trono, e exaltou os humildes. 8. Esurientes implevit bonis: et divites dimisit inanes. 8. Encheu de bens os que tinham fome: e despediu os ricos de mãos vazias. 9. Suscepit Israel puerum suum: recordatus misericordiae suae. 9. Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia. 10. Sicut locutus est ad patres nostros, Abraham et semini ejus in saecula. 10. Assim como tinha dito aos nossos pais, a Abraão e à sua descendência para sempre. 11. Gloria Patri et Filio et Spiritui Sancto. 11. Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. 12. Sicut erat in principio et nunc et semper et in saecula saeculorum. Ámen. 12. Assim como era no princípio, [seja] agora e sempre, e pelos séculos dos séculos. Amen. Stabat Mater João Rodrigues Esteves e Zoltán Kodály 1. Stabat Mater dolorosa Juxta crucem lacrimosa Dum pendebat Filius. 1. Estava a mãe dolorosa junto da cruz, lacrimosa, Enquanto o Filho pendia. 2. Cuius animam gementem Contristatam et dolentem Pertransivit gladius. 2. Ele cuja alma agoniada, contristada e sofrida a espada atravessou 3. O quam tristis et afflicta Fuit illa benedicta Mater Unigeniti. 3. Oh, quão triste e aflita estava a bendita Mãe do Unigénito. 20. Quando corpus morietur, 20. Quando o meu corpo morrer, Fac, ut animae donetur faz com que seja dada à minha alma Paradisi gloria. a glória do Paraíso. Amen.Amén. Inimaginável (excerto do Precónio Pascal) Inimaginável é o amor do Pai pelo Filho do Homem Para salvar o Servo, à morte foi dado o Filho Unigénito! Necessário foi que tivesse entrado no mundo o Pecado? Ó culpa ditosa, que nos mereceu um tal Redentor! De Ti está escrito que a noite será como a luz do dia E a luz desta noite há-de perdurar no meu coração. Ó Noite bendita, só tu conheceste o tempo e a hora! Só tu esperaste Cristo ressurgido vivo do sepulcro, vivo! Texto profano (Innsbruck, ich muß dich lassen) Innsbruck, ich muss dich lassen, ich fahr dahin mein Strassen im fremde Land dahin. Mein Freud ist mir genommen, die ich nit weiß bekommen, wo ich im Elend bin. Coro Anima Mea O Coro Anima Mea, criado em 2004, corporiza um projecto musical que pretende divulgar o património da música vocal polifónica, em particular da música portuguesa e ibérica dos sécs. XVI - XVIII. Na sua intervenção cultural procura privilegiar públicos com menos oportunidades de contacto com a música coral desta época, promovendo concertos comentados com uma intenção pedagógica que visa despertar o gosto pela música e contribuir para o enriquecimento cultural dos cidadãos. O Coro Anima Mea é constituído por 18 elementos residentes na área do Grande Porto, e integra igualmente intérpretes de órgão e flauta. Para os seus projectos, convida igualmente instrumentistas e cantores solistas. Francisco Melo é o director musical. Projectos já realizados (ano e local de alguns concertos) - “Magnificat anima mea” – música centrada na figura de Maria” (2005, Igreja N. S. de Fátima, Porto); - “Música no Metro” (2005, 2006, 2007, Estações do Metro do Porto); - “Música e Evangelização - Intercâmbio musical entre Europa, África e América” (2006, Capela das Pereiras, Ponte de Lima); - “Ó Culpa Ditosa - Música da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo” (2007, Igreja de Valpradinhos, Macedo de Cavaleiros); - “Música no Parque” (2005, 2007, Parque Biológico de Gaia); - “À Escuta do Lugar - Música polifónica dos sécs. XVI/XVII” (2007, Mosteiro de Pitões das Júnias, Montalegre; 2009, Igreja do Mosteiro de Cête, Dia Internacional dos Monumentos e Sítios); - “Stabat Mater: música sacra na Paixão de Cristo” (2008, Mosteiro de Arouca). - “João Rodrigues Esteves, compositor português do tempo de D. João V” (2008, Igreja românica de S. Pedro de Rates); - “Aquela cativa que me tem cativo: Camões, Poesia e Música” (2010, Mosteiros de Arouca, Pombeiro e Alcobaça). Elementos do coro Sopranos Argentina Nunes, Elisa Soares, Fátima Alves, Helena David, Inês Marques, Maria Eugénia Moreira Contraltos Graça Silva, Isabel Costa, Manuela Bravo, Rosário David Tenores André Marques, David Matamá, José Graça Rocha, Manuel Gomes, Sesinando Osório, Vítor Passos Baixos António Santos, José António Coutinho, José Manuel Lima, José Portugal Innsbruck, tenho que te deixar, parto pela estrada para uma outra terra desconhecida. Estou privado da minha alegria que não sei como obtive, Eu estou na miséria. Francisco Melo - Direcção Natural de Ponte de Lima, estudou Guitarra, Piano, Canto, Direcção Coral e Ciências Musicais. Terminou em 1982 o Curso Superior de Canto com a Prof. Fernanda Correia (CMP) e a licenciatura em Engenharia Civil (FEUP), e posteriormente concluiu a licenciatura e pós-graduação em Ciências Musicais. Integrou o “Grupo de Música Vocal Contemporânea”, dirigido por Mário Mateus, tendo participado no Festival de Bratislava de 1979. Dirigiu grupos vocais e instrumentais, como o Orfeão Académico de Coimbra. É maestro adjunto do Coro da Sé Catedral do Porto. Leccionou nos Conservatórios de Música do Porto e Braga, Escola Superior de Música de Lisboa e U. N. de Lisboa. É Professor na ESMAE desde 1998, sendo actualmente presidente do Conselho Científico. Ó mundo, tenho que te deixar, Parto seguindo o meu caminho Para a pátria eterna. Quero entregar o meu espírito, Para que meu corpo e vida Fiquem na mão misericordiosa de Deus. Fernando Costa - Violoncelo Nascido em 1991 em V.N. Gaia, estudou Violoncelo com Valter Mateus, no Conservatório Regional de Gaia, onde concluiu o curso complementar com nota máxima. Frequenta o 3º ano de Licenciatura na ESMAE - Escola Superior de Música, Artes e Espectáculo do Porto na classe de Jed Barahal e em 2010 foi distinguido com bolsa de mérito do Instituto Politécnico do Porto. Mantém contacto regular com o prestigiado violoncelista Lluis Claret, em Barcelona, e frequentou masterclasses com eminentes mestres como Natalia Gutman e Pavel Gomziakov. Tem realizado projectos a solo e com várias orquestras, e venceu, entre outros, o Prémio Jovens Músicos nível Superior, em 2011. Texto sacro (O Welt, ich muß dich lassen) O Welt, ich muß dich lassen, ich fahr dahin mein Straßen ins ewig Vaterland. Mein’ Geist will ich aufgeben, dazu mein’ Leib und Leben legen in Gottes gnädig Hand. 4. Intérpretes
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