Estudo comparativo entre o Doppler de arteria umbilical e a
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Estudo comparativo entre o Doppler de arteria umbilical e a
17 Estudo comparativo entre o Doppler de arteria umbilical e a cardiotocografia basal e estimulada na avaliacáo da vitalidade fetal. ARTÍCULO ORIGINAL Estudo comparativo entre o Doppler de arteria umbilical e a cardiotocografia basal e estimulada na avaliacáo da vitalidade fetal. Comparative study between umbilical artery Doppler and basal cardiotocography in assessing fetal well being. * Dr. Henrique Vitor Leite * Dr. Antonio Carlos Vieira Cabral * Dr. Alamanda Kfoury Pereira * Dr. Mario Jorge Viegas Castro RESUMO Foram acompanhados 138 gestantes de alto-risco, submetidas a propedéutica da vitalidade fetal com dopplerfluxometria de artéria e cardiotocografia basal e estimulada. O resultado perinatal foi analisado em relacáo ao apgar de 5 minuto menor que 7, mortalidade perinatal, crescimento intra-uterino retardado, presenca de mecónio no parto e intemacáo nas unidades de cuidado intensivo neonatal. A cardiotocografia quando reativa mostrou ser o melhor método em assegurar a higides do concepto e a dopplerfluxometria mostrou ser o melhor marcador em relacao ao sofrimento fetal crónico. PALAVRA CERTA: Doppler de arteria umbilical; Avaliacao da vitalidade fetal por cardiotocografia. ABSTRACT One hundred and thirty-eight high-risk pregnancies were followed-up and submitted to fetal vitality with umbilical artery stimulated and basal doppler velocimetry and cardiotocography. The perinatal result was analized according to the 5 minute apgar when it was less than 7, perinatal mortality, growth retarded fetus, meconious at the time of delivery and the presence of the neonate at the intensive care units. When the cardiotocography was reactive, it showed to be the best method to assess the vitality of the fetus and doppler velocimetry showed to be better in relation to fetal distress. PALABRAS CLAVES: Doppler de arteria umbilical; Vigilancia de la vitalidad fetal por cardiotocografia. Centro de Medicina Fetal Do Hospital Clínicas Facultade da Medicina de Belo Horizonte. Universidade Federal de Minas Gerais INTRODUCAO A busca por métodos propedéuticos adequados na avalicáo da vitatidade fetal tem levado a um progresso muito grande no desenvolvimiento e a perfeito aumento de técnicas de avaliacáo do bem estar fetal. A cardiotocografia basal e estimulada sao métodos consagrado de detecáo do comprometimento fetal quanto ao sofrimento agudo. A dopplerfluxometria das artérias umbilicais tem nestes últimos anos demonstrado ser de grande valor na identificacáo do comprometimento crónico da vitalidade fetal (10). O objetivo do presente trabalho é estudar comparativamente a cardiotocografia basal e estimulada (CTG) com a dopplerfluxometria das artérias umbilicais (DU) na avaliacáo da vitalidade fetal em gestares de alto-risco e se a associacáo dos métodos melhor a cuidade dos mesmos. MATERIALES E METODOS Foram acompanhados 138 gestantes com feto único, oriundas do pré-natal de alto risco do Hospital das Clínicas da UFMG (tab. 1). A idade gestacional foi determinada pela data da última menstruacáo e por exame de ultra-som realizado até a 20’’ semana de gravidez. Na 28a semana de gesta?áo iniciou-se a avaliagáo fetal seriada através da ultra- sonografia, (vitalidade e crescimento fetal), cardiotocografia e dopplerfluxometria, sendo esses exames realizados por um mesmo examinador. Rev. Latin. Perinat. 16 (1) 2013 18 A cardiotocografia basal e estimulada segundo protocolo do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais de Cabral et al, 1987 (4) foi realizada em aparelho Sonicaid-FM4 na velocidade de 1cm/min. Com a paciente em posigáo de semi-fowler, o exame basal foi de até 5 minutos. Quando nao ocorreu o movimento fetal ou se a este nao se seguiu urna aceleragáo transitoria da frequéncia cardíaca, era realizado estímulo sonoro no polo cefálico fetal. Se diante da aceleragáo transitoria da frequéncia cardíaca fetal foi definido como reativo e na auséncia da mesma como nao reativo. O intervalo entre os exames nào Tabela 1: Distribuição das pacientes de acordo com a pricipal indicação de inclusão no estudo INDICAÇÃO Número % DOENÇA HIPERTENSIVA ESPECIFICA GRAVIDEZ (DHEG) 26 18,8 HIPERTENSÃO ARTERIAL CRÕNICA (HAC) 17 12,3 DHEG + HAC 11 7,9 DIABETES 15 10,9 SUSPEITA CLINICA DE CIUR 24 17,4 CARDIOPATIA 10 7,2 NEFROPATIA 08 5,8 ISOIMUNIZAÇÃO 04 2,9 OLIGODRAMNIA 03 2,2 LÚPUS ERITEMA SISTÊMATICO 03 2,2 OUTRAS 17 12,3 TOTAL 138 100,0 DHEG -Doença hipertensiva especifica da gravidez HAC - Hipertensão arterial crônica CIUR - Crescimento intra-uterino retardado foi superior a 7 dias, sendo sua repetigào determinada pela patologia materna. A dopplerfluxometria das artérias umbili- cais foi realizado em aparelho de doppler pulsátil, Sondine CF (Software versión 3,20 - SIEMENS 1988, 1989, 1991) com transdutores de 3,5 e 5,0 Mhz. A artèria umbilical foi insonada na sua por?áo proximal a placenta. Com o feto em apnéia foram seleccionadas 30 ondas e realizada a medida da rela?áo entre a sístole e a diàstole (Relagào A/B) em 5 ondas e calculada a mèdia. Os resultados foram comparados com os da curva de Stuart 1980, e classificados como normal, alterado e auséncia de fluxo ao final da diàstole (diàstole zero). O intervalo entre os exames foi definido pela patologia materna, mas nunca superior a 15 dias. Os resultados obtidos foram utilizados para cálculo da sensibilidade, especifici- dade, valor preditivo positivo (VPP) e valor preditivo negativo (VPN) dos exames alterados em rela9§o a: presen- <?a de mecónio, apgar de quinto minuto menor que 7, internado em unidade de cuidados intensivos, mortalidade perinatal e crescimento intra-uterino retardado (CIUR). Foi empregado o qui-qua- drado, considerando-se p<0,05 como estatisticamente significativo. Emprega- mos o índole de Jappa para retirar a concordáncia real entre os métodos, excluindo assim a concordáncia ao acaso. Consideramos os valores de Kappa de 0 a 1,0 sendo que de 0 a 0,2 baixo gráu de concordáncia, 0,2 a 0,8 como boa e acima destes alto gráu de concordáncia. RESULTADOS Foram realizados 314 exames de doppler (média de 2,3 exames/paciente) e 731 CTG (media de 5,3/paciente). A incidencia do crescimento intra-uterino retardado (CIUR) foi de 38,4%, fato este devido a gravidade da populaçâo estudada. A CTG alterada esteve associada ao CIUR em 58,3% das vezes, mostrando urna sensibilidade de 39,6%. Já o doppler quando o resultado foi diàstole zero, associou-se em 100% ao CIUR. Quando os exames de doppler se mostraram normáis, somente 4% dos fetos se apresentaram pequeños para a idade gestacionl (PIG), sendo que em um destes casos o feto era portador de um CIUR simétrico (síndrome de Potter), mostrando un VPP de 100% e um VPN de 96%. A internaçâo em unidades de dudados intensivos neonatais ocorreu em todos os casos em que o exame de doppler esteve gravemente alterado (diàstole zero), e diante de um fluxo normal somente 8% dos recém nascidos (RN) necessitaram de cuidados especiáis. Quando a CTG mostrou-se reativa em 75,5% dos RN, esses nào necessitaram de cuidados intensivos. Quando a CTG era reativa, 98% nào apresentaram mecónio no parto o mesmo ocorrendo em relaçâo ao apgar de 59 minuto maior que 7. Este achado se repetiu com o doppler normal, 97.3% com apgar maior que 7 e 100% de ausencia de mecónio. Ocorreram 17 óbitos, sendo quatro fêtais e 13 neonatais e desses um com sindrome de Potter e um com trissomia do 21. Dos fetos que evoluiram para o óbito, em très o doppler revelou diàstole zero e um alterado, sendo que em todos a cardiotocografia mostrou Rev. Latin. Perinat. 16 (1) 2013 19 Tabela 2: Avaliacao da CTG e Doppler Umbilical frente ás variáveis estudadas CTG ALTERADA DOPPLER ALTERADO DIASTOLE ZERO Sens. Esp. VPP VPN Sens. Esp. VPP VPN Sens. Esp. VPP VPN CIUR 39,6 82,4 58,4 68,6 89,7 84,7 66,7 96,0 88,9 100,0 100,0 96,0 APGAR 5 83,3 82,0 31,4 98,0 50,0 66,9 5,2 97,3 80,0 84,9 38,0 97,0 83,3 82,0 31,4 98,0 100,0 69,4 13,2 100,0 100,0 84,2 33,2 100,0 UCI 41,9 84,6 56,2 75,9 72,7 51,0 42,1 92,0 77,7 100,0 100,0 92,0 MORTALIDADE 88,2 88,6 41,5 98,0 50,0 66,7 7,7 96,0 76,6 84,7 96,0 min.>7 MECONIO NO PARTO 45,8 CIUR - Crescimento intra-uterino retardado UCI - Unidade de cuidados intensivos neonatais padráo nao reativo. Quanto a mortalidade périnatal, a CTG alterada e a diàstole zero, mostraram urna sensibilidade de 88,2% e 78,5%. 0 VPN dos exames mostrou para a CTG 98% e para o Doppler normal de 96%. A comparado da diátole zero com a CTG alterada, mostrou um índole de Kappa de 0,5 com p menor que 0,001, portando adequada, o mesmo nao ocorrendo em relagáo ao doppler alterado e a CTG alterada, índice de Kappa de 0,13. Ao associar os exames de doppler alterados (diàstole zero e alterado) com CTG alterada, encon-tramos um índice de Kappa de 0,4, portando adequado. DISCUSSAO A cardiotocografia basal e estimulada sao métodos consagrados de avaliagáo da vitalidade fetal, estando indicada no acompanhamento rotineiro de pacientes portadoras de gestagáo de alto-risco. A dopplerfluxometria das artérias umbi-licais, surgiu e tem se mostrado de grande valor na avaliagáo das alteragóes de perfusáo fetal, mostrándose alterada nos estados de hipóxia fetal por insuficiencia plancentária. Alguns autores (9,8), sugerem que a dopplerfluxometria umbilical se altera mais precocemente que a cardiotocografia e teria como finalidade selecionar um grupo de pacientes que deveria ter urna monitorizagáo da vitalidade mais acurada. Farmakides (3,5) encontraram um pior prognòstico quandoo doppler e a cardiotocografia se apresenta- vam altera-do, dados estes confirmados nesse estudo. Bornia 1989 (2), estudando comparativa-mente a cardiotocografia, o perfil biofisico fetal e a dopplerfluxometria umbilical encontraram elevada correlagáo entre os métodos, sendo que em todos os casos de diàstole zero a cardiotocografia apresentava-se alterada e um caso de CTG terminal com doppler normal. Em 50% dos casos de diàstole zero, encontramos a cardiotocografia normal. Este fato se deve ao processo de “centrali zagáo de fluxo” detai, que mantém bem ozigenado o sistema nervo-so central. Isto pode ser comprovado nos estudos de Nicolaides et al, 1988, que encontraram 7 fetos com CIUR e diàstole zero com gasometría normal. A identificagáo dos fetos portadores de CIUR assimétrico devído a insuficiéncia placentária, daqueles portadores do CIUR simétrico é de fundamental importancia quanto ao prognòstico e a conduta obstétria. A dopplerfluxometria tem demonstrado ser de grande valor na identifica?áo dos fetos com CIUR (1,6,7). Os resultados obtidos confirmam os dados da literatura, principalmente quando o exame de doppler apresenta diàstole zero, sensibilídade 89%, especi- ficidade 100% e VPP de 100%. O exame normal mostra una sensibilídade de 96%, sendo que o único caso de doppler normal com CIUR este era simétrico e o feto portador de síndrome de Potter. BIBLIOGRAFÍA 1. Amnin Jr. J, Lima MLA, Fonseca A La, et al: Dopperfluxometria da artèria umbilical. Importancia no diagnòstico do retardo de crescimiento intra-uterino Rev. Latin. Perinat. 16 (1) 2013 20 na gesta<;ào de alto-risco. J. Bras. Ginecol 101 (1-2): 9-19, 1991. 2. Bornia RBG: Dopperfluxometria da artèria umbilical na avalia$ao da vitalidade fetal na gesta9ào de alto-risco. Rio de Janeiro: UFRJ, 1989, 111 p. Tese Doutorado em Obstetricia. 3. Brar H S, Platt L D, Paul R: Fetal umbilical blood flow velocity wareforms using doppler ultrasonography in patients with late desacelerations. Obstet Gynecol 73, 363-367, 1989. 4. 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Trudinger BJ, Cook CM, Jones L, et al: A comparasion of fetal heart rate monitoring and umbilical artery waveforms in the recognition of fetal compromise. Br J Obstet Gynecol 93, 171-175, 1986. 10. Vasconcelos AC, Cabral, ACV: Avalia$áo de um protocolo cardiotocográfico em fetos de gestantes hipertensas crónicas J Brass Ginecol 100 (10): 357-360, 1990. Dirección del autor Dr. Henrique Vitor Leite Centro de Medicina Fetal Do Hospital Clínicas Universidade Federal de Minas Gerais Minas Gerais. Brasil CEP 150 - 240 Rev. Latin. Perinat. 16 (1) 2013