Monitoramento de Riscos
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Monitoramento de Riscos
Monitoramento de Riscos 11 Algumas questões precisam ser respondidas antes do estabelecimento de normas e procedimentos para monitoramento do fluxo gênico, conforme a seguir sugerido: • Que tipo de fluxo gênico deve ser monitorado? Fluxo para parentes silvestres, plantas voluntárias, microrganismos ou outras variedades de mesma espécie. • É importante monitorar a freqüência do fluxo gênico ou suas conseqüências? • Se a preocupação é com os parentes silvestres, uma das primeiras considerações é com o conhecimento disponível sobre os potenciais receptores do pólen transgênico. • Qual a distância da fonte que deve ser monitorada? Este parâmetro dependerá da distância que o pólen é capaz de percorrer e dos recursos disponíveis. • Qual o tamanho da amostra dos receptores de pólen deve ser avaliado para se ter acurácia nas estimativas calculadas? Esse tamanho dependerá da 124 A. Borém • • • • • • freqüência com que a hibridação ocorre. Se a taxa de hibridação é muito pequena, a amostra deve ser grande, ao passso que, se a taxa de cruzamento é grande, o tamanho da amostra pode ser pequeno. Após a decisão sobre a distância e a área a ser estudada, as técnicas de avaliação devem ser selecionadas. Dentre essas técnicas estão as de avaliações fenotípicas, como a pulverização com herbicidas e as avaliações moleculares. Se a opção pela avaliação das conseqüências do fluxo gênico for tomada, um dos principais aspectos a ser estudado é a habilidade de sobrevivência ou de competição no ambiente. No caso de transgenes que conferem resistência a pragas serem transferidos para espécies silvestres, o monitoramento da diversidade genética do inseto pode ser importante. Quando a preocupação é com o fluxo gênico para plantas voluntárias, é necessário reconhecer o motivo da preocupação, porque, se as plantas voluntárias recebem transgenes que conferem resistência a herbicidas, o seu controle não poderá ser realizado com aquele herbicida. Se a preocupação for com o fluxo para culturas vizinhas, os mesmos aspectos relevantes para as plantas voluntárias se aplicam. Para qualquer monitoramento, um dos aspectos importantes é o período de avaliação ou coleta de dados. Enquanto em alguns casos o monitoramento realizado em apenas uma geração é suficiente, em outros haverá necessidade de avaliações ao longo de várias gerações. Ambientalistas tendem a se preocupar com os riscos associados às variedades transgênicas, enquanto os defensores da biotecnologia se focalizam nos seus Monitoramento de Riscos 125 benefícios. Como resultado, debates inflamados têm sido evidenciados quando o tema é monitoramento de riscos. As estratégias de monitoramento dos riscos são de grande interesse público, uma vez que, por eles, pode-se antever tais problemas. Os programas de monitoramento devem ser delineados para cada risco potencial e ser realistas o suficiente ao adotarem níveis de sensibilidade que produzam alertas de falsos positivos. Uma das maneiras de delinear essas estratégias de monitoramento é simular uma situação específica que se deseja evitar e, então, avaliar se, com os erros de amontagem e a variabilidade natural, é possível, pelo monitoramento, evitar a situação indesejável prevista. Os padrões resultantes da introdução de plantas em uma região podem fornecer evidências gerais sobre o que esperar quando uma variedade transgênica se torna espécie invasora ou se cruza com parentes silvestres, produzindo uma espécie daninha. Um dos fatos da introdução de plantas é que a maioria das espécies introduzidas não se torna invasora. Na verdade, grande parte das espécies introduzidas não consegue se estabelecer como populações naturais (Williamson, 1993). Embora as espécies introduzidas não se tornem, em sua maioria, daninhas, certa precaução deve ser tomada ao se avaliarem os possíveis riscos em cada caso. Com certeza, algumas das modificações genéticas são mais propícias a causar problemas do que outras. Obviamente, o monitoramento associado a medidas de controle pode reduzir, substancialmente, qualquer risco associado ao escape gênico. Literatura Consultada 126 A. Borém Arias, D.M.; Rieseberg, L.H. 1994. Gene flow between cultivated and wild sunflowers. Theoretical and Applied Genetics 89: 655-660. Baker, H.G. 1965 Characteristics and modes of origin of weeds. In: H.G. Baker, C.L. Stebbins (eds.): The genetics of colonizing species. New York: Academic Press, 147169. Barber, S. 1999. 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