(Relatório Provisório) Núcleo de Pesquisa em História
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(Relatório Provisório) Núcleo de Pesquisa em História
PUBLICAÇÃO CRÍTICA DO RECENSEAMENTO GERAL DO IMPÉRIO DO BRASIL DE 1872 (Relatório Provisório) Núcleo de Pesquisa em História Econômica e Demográfica - NPHED CLOTILDE A. PAIVA Pesquisadora do Cedeplar MARCELO MAGALHÃES GODOY Prof. da FACE/UFMG/ Pesquisador do Cedeplar MARIO MARCOS SAMPAIO RODARTE Prof. da FACE/UFMG/ Pesquisador do Cedeplar DOUGLAS SANTOS Programador ANTÔNIO DA MATTA DE JESUS, HENRIQUE MIRANDA, MATHEUS MENDONÇA, PATRÍCIA VARGAS Bolsistas BAT e IC Janeiro de 2012 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 Índice INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................................... 4 PARTE I: O CENSO DE 1872 – ASPECTOS GERAIS DA PESQUISA.............................................................. 6 1. O RECENSEAMENTO GERAL DO IMPÉRIO DO BRASIL DE 1872: UMA ANÁLISE DA CONSISTÊNCIA E UMA PROPOSTA DE CORREÇÃO DOS DADOS ............................................................ 7 1.1 Introdução ........................................................................................................................................................... 7 1.2 O censo de 1872 e as contagens populacionais anteriores .................................................................................. 7 1.2.1 O período proto-estatístico no Brasil (1750 – 1872)................................................................................... 7 1.2.2 Um censo nacional.................................................................................................................................... 10 1.2.3 O censo de 1872 em campo ....................................................................................................................... 12 1.3 Considerações sobre o censo a partir do seu pré-teste e dos registros de uma família quase recenseada ......... 13 1.4 Divulgação dos dados divulgados e os ajustados do Censo de 1872 ................................................................ 21 1.5 Considerações finais ......................................................................................................................................... 26 1.6 Fontes e referências bibliográficas.................................................................................................................... 27 1.6.1 Fontes primárias........................................................................................................................................ 27 1.6.2 Referências bibliográficas ......................................................................................................................... 27 PARTE II: A DIGITALIZAÇÃO DO CENSO DE 1872 ...................................................................................... 29 2. A DIGITALIZAÇÃO DO CENSO DE 1872 ...................................................................................................... 30 PARTE III: A CORREÇÃO DOS DADOS DO CENSO DE 1872....................................................................... 32 3. O MÉTODO DO RESULTADO PREDOMINANTE (MRP) PARA CORREÇÃO DOS DADOS DO CENSO DE 1872 ....................................................................................................................................................... 33 3.1 Aspectos gerais ................................................................................................................................................. 33 3.2 Primeiro módulo: Os resultados predominantes gerais..................................................................................... 36 3.3 Segundo módulo: o cotejamento automático da mesma variável entre tabelas do censo ................................. 37 3.4 Terceiro módulo: ajuste das variáveis singulares pelo valor modal ou de vizinhança espacial ........................ 38 3.5 Considerações finais do MRP........................................................................................................................... 39 3.6 Anexo estatístico............................................................................................................................................... 39 PARTE IV: AVALIAÇÃO CRÍTICA DO CENSO DE 1872 ............................................................................... 55 4. OS DOIS CENSOS DA CORTE – 1870/1872 .................................................................................................... 56 5. A INSTRUÇÃO PÚBLICA E OS CENSOS DEMOGRÁFICOS NAS DÉCADAS DE 1830 E 1870, EM MINAS GERAIS: UM ESTUDO DE CASO .......................................................................................................... 59 5.1 Introdução ......................................................................................................................................................... 59 5.2 O Censo de 1872............................................................................................................................................... 61 5.3 Resultados......................................................................................................................................................... 63 5.3.1 Centralidade urbana.................................................................................................................................. 63 5.3.2 Nível de desenvolvimento........................................................................................................................... 64 5.3.3 Dinâmica demográfica .............................................................................................................................. 65 5.4 Considerações finais ......................................................................................................................................... 67 5.5 Referências bibliográficas................................................................................................................................. 68 PARTE V: ANEXOS ................................................................................................................................................ 69 6. O SOFTWARE POP 72 - BRASIL: ASPECTOS TÉCNICOS DO APLICATIVO ....................................... 70 7. RELATÓRIO DE PESQUISA DE DIGITALIZAÇÃO DO CENSO DE 1872, EM 1983.............................. 71 8. PRODUÇÃO CIENTÍFICA E DIVULGAÇÃO .............................................................................................. 105 8.1 Produção acadêmica ....................................................................................................................................... 105 8.2 Divulgação acadêmica .................................................................................................................................... 105 8.3 Atividades dos bolsistas.................................................................................................................................. 106 2 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 Índice de Tabelas TABELA 1: POPULAÇÃO TOTAL. BRASIL - 1872 ...................................................................................................................................20 TABELA 2: DIFERENÇA ENTRE OS DADOS PUBLICADOS E A SOMA TOTAL DAS PARÓQUIAS, POR CONDIÇÃO, COR E ESTADO CIVIL. BRASIL, 1872 ..................................................................................................................................................................................................25 TABELA 3: DIFERENÇA ENTRE OS DADOS PUBLICADOS E A SOMA TOTAL DAS PARÓQUIAS, POR RELIGIÃO, NACIONALIDADE E FREQUÊNCIA ESCOLAR. BRASIL, 1872 ............................................................................................................................................................26 TABELA 4 – TOTAL DA POPULAÇÃO SEGUNDO O OFICIALMENTE DIVULGADO E SEGUNDO A SOMA NAS 11 SEÇÕES DAS TABELAS PAROQUIAIS – BRASIL – 1872...........................................................................................................................................................................33 TABELA 5 – TOTAL DA POPULAÇÃO NAS 11 SEÇÕES DAS TABELAS PAROQUIAIS, SEGUNDO CONDIÇÃO E SEXO - PARÓQUIA DE NOSSA SENHORA DO PILAR DE OURO PRETO - 1872...................................................................................................................................................34 TABELA 6 – PARÓQUIAS SEGUNDO OCORRÊNCIA DE TOTAIS DIVERGENTES AO NÚMERO MODAL NAS 11 SEÇÕES DE TOTALIZAÇÕES DAS TABELAS PAROQUIAIS, POR CONDIÇÃO E SEXO - BRASIL - 1872................................................................................................................35 TABELA 7 – DISTRIBUIÇÃO DAS PARÓQUIAS SEGUNDO O RESULTADO MODAL NAS 11 SEÇÕES DE TOTALIZAÇÕES DAS TABELAS PAROQUIAIS, EM RELAÇÃO AO NÚMERO MODAL E DIVERGÊNCIA PARA MAIS E PARA MENOS, POR CONDIÇÃO E SEXO – BRASIL – 1872...............36 TABELA 8 SOMATÓRIA DOS DADOS PAROQUIAIS NÃO CORRIGIDOS CONTIDOS NO PRIMEIRO “QUADRO GERAL DA POPULAÇÃO” – BRASIL – 1872 ..................................................................................................................................................................................................40 TABELA 9 SOMATÓRIA DOS DADOS PAROQUIAIS AJUSTADOS PELO MRP CONTIDOS NO PRIMEIRO “QUADRO GERAL DA POPULAÇÃO” – BRASIL – 1872 ..........................................................................................................................................................................................41 TABELA 10 SOMATÓRIA DOS DADOS PAROQUIAIS NÃO CORRIGIDOS CONTIDOS NO SEGUNDO “QUADRO”, RELATIVO À POPULAÇÃO DE FATO (PRESENTE) EM RELAÇÃO ÀS IDADES – BRASIL – 1872 ..............................................................................................................42 TABELA 11 SOMATÓRIA DOS DADOS PAROQUIAIS AJUSTADOS PELO MRP CONTIDOS NO SEGUNDO “QUADRO”, RELATIVO À POPULAÇÃO DE FATO (PRESENTE) EM RELAÇÃO ÀS IDADES – BRASIL – 1872 ..............................................................................................................43 TABELA 12 SOMATÓRIA DOS DADOS PAROQUIAIS NÃO CORRIGIDOS CONTIDOS NO TERCEIRO “QUADRO”, RELATIVO À POPULAÇÃO AUSENTE EM RELAÇÃO ÀS IDADES – BRASIL – 1872.......................................................................................................................................44 TABELA 13 SOMATÓRIA DOS DADOS PAROQUIAIS AJUSTADOS PELO MRP CONTIDOS NO TERCEIRO “QUADRO”, RELATIVO À POPULAÇÃO AUSENTE EM RELAÇÃO ÀS IDADES – BRASIL – 1872 .................................................................................................................................45 TABELA 14 SOMATÓRIA DOS DADOS PAROQUIAIS AJUSTADOS PELO MRP CONTIDOS NOS QUADROS DE IDADES, RELATIVO À POPULAÇÃO TOTAL – BRASIL – 1872...........................................................................................................................................................................46 TABELA 15 SOMATÓRIA DOS DADOS PAROQUIAIS NÃO CORRIGIDOS CONTIDOS NA PRIMEIRA PARTE DO QUARTO “QUADRO”, RELATIVO À POPULAÇÃO MASCULINA BRASILEIRA, EM RELAÇÃO À ORIGEM – BRASIL – 1872......................................................................47 TABELA 16 SOMATÓRIA DOS DADOS PAROQUIAIS AJUSTADOS PELO MRP CONTIDOS NA PRIMEIRA PARTE DO QUARTO “QUADRO”, RELATIVO À POPULAÇÃO MASCULINA BRASILEIRA, EM RELAÇÃO À ORIGEM – BRASIL – 1872......................................................................48 TABELA 17 SOMATÓRIA DOS DADOS PAROQUIAIS NÃO CORRIGIDOS CONTIDOS NA SEGUNDA PARTE DO QUARTO “QUADRO”, RELATIVO À POPULAÇÃO FEMININA BRASILEIRA, EM RELAÇÃO À ORIGEM – BRASIL – 1872 .........................................................................49 TABELA 18 SOMATÓRIA DOS DADOS PAROQUIAIS AJUSTADOS PELO MRP CONTIDOS NA PRIMEIRA PARTE DO QUARTO “QUADRO”, RELATIVO À POPULAÇÃO FEMININA BRASILEIRA, EM RELAÇÃO À ORIGEM – BRASIL – 1872 .........................................................................50 TABELA 19 SOMATÓRIA DOS DADOS PAROQUIAIS NÃO CORRIGIDOS CONTIDOS NO QUINTO “QUADRO”, RELATIVO À POPULAÇÃO ESTRANGEIRA, EM RELAÇÃO À ORIGEM – BRASIL – 1872 ..................................................................................................................................51 TABELA 20 SOMATÓRIA DOS DADOS PAROQUIAIS AJUSTADOS PELO MRP CONTIDOS NO QUINTO “QUADRO”, RELATIVO À POPULAÇÃO ESTRANGEIRA, EM RELAÇÃO À ORIGEM – BRASIL – 1872 ..........................................................................................................52 TABELA 21 SOMATÓRIA DOS DADOS PAROQUIAIS NÃO CORRIGIDOS CONTIDOS NO SEXTO “QUADRO”, RELATIVO À POPULAÇÃO TOTAL, EM RELAÇÃO ÀS PROFISSÕES – BRASIL – 1872................................................................................................................................53 TABELA 22 SOMATÓRIA DOS DADOS PAROQUIAIS AJUSTADOS PELO MRP CONTIDOS NO SEXTO “QUADRO”, RELATIVO À POPULAÇÃO TOTAL, EM RELAÇÃO ÀS PROFISSÕES – BRASIL – 1872................................................................................................................................54 TABELA 23: POPULAÇÃO DA CORTE EM 1870 E 1872..........................................................................................................................57 TABELA 24: NÍVEL DE CENTRALIDADE URBANA, POR INSTRUÇÃO – 1838...........................................................................................64 TABELA 25: NÍVEL DE CENTRALIDADE URBANA, POR INSTRUÇÃO – 1872...........................................................................................64 TABELA 26: NÍVEL DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO X INSTRUÇÃO – 1838 ...................................................................................65 TABELA 27: NÍVEL DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO X INSTRUÇÃO – 1872 ...................................................................................65 TABELA 28: TIPOLOGIA DE DINAMISMO DEMOGRÁFICO X INSTRUÇÃO – 1838 ....................................................................................66 TABELA 29: TIPOLOGIA DE DINAMISMO DEMOGRÁFICO X INSTRUÇÃO – 1872 ....................................................................................67 TABELA 30: DIVISÃO ADMINISTRATIVA E POPULAÇÃO SEGUNDO A CONDIÇÃO ...................................................................................77 TABELA 31: PROVÍNCIAS, PARÓQUIAS E POPULAÇÕES RESPECTIVAS SEGUNDO O ANO DE REALIZAÇÃO DO CENSO.............................78 TABELA 32: POPULAÇÃO PRESENTE POR IDADE, SEGUNDO SEXO E CONDIÇÃO MINAS GERAIS – 1872 TABELA PROVINCIAL ORIGINAL88 TABELA 33: POPULAÇÃO PRESENTE POR IDADE, SEGUNDO SEXO E CONDIÇÃO MINAS GERAIS – 1872 TABELA PROVINCIAL CORRIGIDA89 TABELA 34: DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DA POPULAÇÃO PRESENTE POR SEXO, CONDIÇÃO E IDADE – MINAS GERAIS 1872 COMPARAÇÃO ENTRE AS TABELAS PROVINCIAIS ORIGINAL E CORRIGIDA ....................................................................................................................90 TABELA 35: POPULAÇÃO LIVRE SEGUNDO IDADE, SEXO E COR – MINAS GERAIS – 1872 – TABELA PROVINCIAL ORIGINAL ................91 TABELA 36: PULAÇÃO LIVRE SEGUNDO IDADE, SEXO E COR – MINAS GERAIS – 1872 – TABELA PROVINCIAL CORRIGIDA ..................92 TABELA 37: POPULAÇÃO EM RELAÇÃO À NACIONALIDADE BRASILEIRA MINAS GERAIS – 1872 – TABELA PROVINCIAL ORIGINAL .....93 TABELA 38: POPULAÇÃO EM RELAÇÃO A NACIONALIDADE BRASILEIRA MINAS GERAIS - 1872 – TABELA PROVINCIAL CORRIGIDA ...94 TABELA 39: DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO POR PROFISSÕES SEGUNDO SEXO E CONDIÇÃO – MINAS GERAIS – 1872 TABELA PROVINCIAL CORRIGIDA ................................................................................................................................................................................95 TABELA 40: DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO POR PROFISSÕES SEGUNDO SEXO E CONDIÇÃO – MINAS GERAIS – 1872 TABELA PROVINCIAL ORIGINAL...................................................................................................................................................................................96 TABELA 41: DISTRIBUIÇÃO, POR MUNICÍPIO, DA POPULAÇÃO DE MINAS GERAIS, EM 1872, SEGUNDO SEXO E CONDIÇÃO ..................97 3 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 Introdução O momento da concretização dos resultados da pesquisa “Publicação crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872” simboliza o fechamento de um ciclo que durou três décadas, que acabaram unindo o nome do Cedeplar/UFMG ao primeiro censo demográfico brasileiro, pois foi a instituição que identificou, no início da década de 1980, a importância de voltar a atenção com mais cuidado para esta preciosa documentação demográfica e dar a ela maior publicidade. A ideia de que se conclui uma etapa importante se baseia, principalmente, no fato de que a pesquisa logrou disponibilizar os dados da primeira iniciativa de retratar a população brasileira (sem os erros de soma e de impressão dos originais) da forma mais ampla possível, por meio da internet, com acesso gratuito. Seria tarefa árdua e, ao mesmo tempo, desnecessária, elencar as inúmeras aplicações e utilidades que os dados do Censo de 1872, agora trabalhados e mais acessíveis, teriam para a comunidade científica e para a sociedade em geral. Um censo demográfico, qualquer que seja, pode ser considerado fonte inesgotável de pesquisas, mas as particularidades do censo em questão o tornam ainda mais especial: foi o primeiro censo brasileiro e o único do período imperial e escravista. Além disso, o Censo de 1872 pode ser considerado bem completo, mesmo para os padrões atuais, devido à quantidade de atributos da população que conseguiu levantar. A ampla repercussão da divulgação do acesso aos dados do Censo de 1872 pode ser atestada pelo interesse de inúmeros sites e portais de notícia de repercutirem a informação, que foi também ecoado nos blogs e nas redes sociais. O resultado disso se traduziu em uma ampliação de cerca de 45 vezes os acessos ao site, em relação ao fluxo médio anterior. O principal produto da pesquisa foi o “Pop 72 – Brasil, v 1.0”, aplicativo hospedado no site do Cedeplar/UFMG1 que permite extrair os dados do Censo de 1872 de diversas formas de consulta, que podem ser transferidos facilmente para planilha eletrônica (do tipo Excel). O presente texto, na forma de relatório, procura, entre outras coisas, descrever as etapas da pesquisa, a participação dos membros da pesquisa, além de apresentar o conteúdo pesquisado, que versa principalmente sobre a descrição do Censo de 1872 e os métodos empregados para suprir suas deficiências e petencializar seu uso. O relatório encontra-se composto em cinco partes. A primeira parte propõe realizar uma apresentação geral do Censo de 1872, sua contextualização histórica, além de conter uma 1 http://www.nphed.cedeplar.ufmg.br/ 4 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 primeira reflexão sobre as diferenças entre os dados divulgados e os dados efetivamente coletados em campo, depois de eliminadas as incorreções. A parte dois do relatório propõe fazer um resgate de toda a trajetória de três décadas de pesquisa que culminaram, agora, na disponibilização dos dados em versão digital. Dois aspectos devem ser ressaltados aqui que justificaram a iniciativa, desde o início. O primeiro aspecto refere-se à necessidade de ajustar os dados, uma vez que as inconsistências eram evidentes e os dados divulgados davam margem a uma leitura diferente daquela realidade. O outro aspecto diz respeito à necessidade de se dar maior publicidade aos dados do censo, tão necessários para a historiografia brasileira, quer local, quer nacional. A terceira parte volta-se a apresentar o método pelo qual foi possível vencer o desafio de eliminar todas as inconsistências dos dados de 1872 de forma a tornar o censo um todo harmônico, buscando, para tanto, realizar o mínimo de intervenção sobre os registros originais. Trata-se de um método que procura corrigir os dados não por alguma evidência externa, mas sim orientado, tão somente, pela coerência intrínseca dos próprios dados censitários de 1872. A parte quatro contém estudos de caso que auxiliam no entendimento das possibilidades e limitações do Censo de 1872, ainda que incipientes. O primeiro propõe fazer uma comparação entre os resultados do censo da Corte, de 1870 (considerado o pré-teste do censo de 1872) e os dados da Corte do Censo de 1872. O segundo estudo versa sobre as informações de frequencia escolar e alfabetização contidas nesse registro demográfico. Optou-se ai, fazer um estudo da província de Minas Gerais, que já continha um censo regional que tratava esse tempo (de 1838), o que permitiu fazer comparações dos dados e acompanhar a evolução no tempo. A quinta parte é composta por anexos que objetivam complementar os conteúdos anteriores do relatório. Apresenta-se, primeiramente, os aspectos técnicos do aplicativo Pop 72 – Brasil, v. 1.0. Na sequencia, é apresentada uma versão ligeiramente modificada do relatório de pesquisa que deu início à digitalização dos dados de 1872, no Cedeplar. Por último, apresenta-se a produção científica dos pesquisadores e bolsistas. 5 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 PARTE I: O Censo de 1872 – Aspectos gerais da pesquisa 6 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 1. O Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872: uma análise da consistência e uma proposta de correção dos dados2 1.1 Introdução O Recenseamento Geral do Império de 1872 desperta natural interesse não apenas por ter sido o primeiro censo brasileiro de abrangência nacional, mas também por ter sido única experiência de arrolamento populacional que logrou sucesso no período imperial e escravista. Além disso, teve o primado de ser o levantamento demográfico com leque de temas divulgados mais amplo que os dois censos de 1890 e 1900, que o sucederam, além de ter sido considerado mais exato na captação e com maior cobertura que estes. Apesar de sua relevância esta obra não havia sido objeto de um estudo crítico até cerca de três décadas quando, no Cedeplar, teve início o estudo crítico deste censo. O presente trabalho é um estudo minucioso do censo e, de certa forma, tem a função de apresentar a sua base de dados disponibilizada no site do Núcleo de Pesquisa em História Econômica e Demográfica do Cedeplar. O trabalho propõe lançar luz sobre duas questões. Em primeiro lugar, pretende-se investigar como foram coletadas as informações censitárias, o que passa, necessariamente, pela análise do questionário do censo, então denominado lista (ou boletim) de família. Em segundo lugar, foca-se os dados divulgados como síntese da população do Brasil, procurando analisar em que medida eles guardam coerência com a soma dos dados locais. O texto está subdivido em três partes, além desta introdução e das considerações finais. No item seguinte, procura-se descrever o contexto histórico em que esse censo se inseria. Além disso, buscou-se fazer uma síntese dos aspectos legais e institucionais que o cerca. No item dois, fez-se um estudo comparativo do censo do Município da Corte de 1870 (considerado o pré-teste) e do de 1872, mediante análise dos questionários remanescentes. No item seguinte investigou-se alguns dados efetivamente publicados, buscando compará-los com as agregações de dados somente possíveis de se fazer agora, com a base de dados de 1872 do Cedeplar. 1.2 O censo de 1872 e as contagens populacionais anteriores3 1.2.1 O período proto-estatístico no Brasil (1750 – 1872) É bastante disseminada a periodização quanto ao registro de informações demográficas no Brasil proposta por Luiza Marcílio (1986: 14) e também apresentada de forma mais sintética 2 Esta é uma versão ligeiramente modificada do texto apresentado no XVIII Encontro Nacional de Estudos Populacionais, pela Associação Brasileira de Estudos Populacionais – ABEP, em novembro de 2012. 3 Este item e o seguinte são adaptações de parte do conteúdo do trabalho de tese desenvolvido por Rodarte (2008). 7 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 no texto de Paiva, Carvalho e Leite (1990). Segundo Marcílio, haveria três fases distintas: 1) a pré-estatística (de 1500 a cerca de 1750), em que há escassez de registros de levantamento populacional baseados em contagem direta da população; 2) a proto-estatística (de 1750, aproximadamente, a 1872), caracterizada pela abundância de censos regionais e séries estatísticas vitais provenientes de registros paroquiais; e 3) a estatística (a partir de 1872), com a criação dos censos nacionais, inicialmente por órgãos estatísticos centrais e pela secularização das estatísticas vitais (de nascimentos, óbitos e casamentos), com a institucionalização dos cartórios. O marco da mudança para o período proto-estatístico seguramente foi dado com a realização do primeiro levantamento de caráter censitário, simultaneamente, em toda a colônia portuguesa, em 1776, por meio de mapas de população com formato provavelmente inspirado no levantamento espanhol de 1768 (Botelho, 1998: 17). Atribui-se o esforço de realização desse primeiro censo à influência do caráter modernizante da gestão do marquês de Pombal. Ainda segundo o autor: “Desde as reformas pombalinas, descrever e conhecer a realidade brasileira começaram a fazer parte das preocupações dos seus letrados. Inseridos em uma lógica pragmática que buscava promover o renascimento agrícola da colônia e fomentar a produção de matérias primas para a industrialização de Portugal, partia-se para o estudo da realidade brasileira” (Botelho, 1998: 32). Apesar de baseados na efetiva contagem in loco da população, os primeiros arrolamentos demográficos tinham a qualidade limitada por vários fatores relativos ao seu contexto histórico. Em documentos coevos, os capitães-mores (administradores municipais) e vigários paroquiais, responsáveis últimos pelos levantamentos locais da população, manifestavam a existência de subcontagem, pelo temor do fisco, do recrutamento militar e mesmo pela impossibilidade de recensear as áreas rurais mais isoladas de forma plena (Botelho, 1998: 18). A exatidão desses documentos em aferir as dimensões populacionais também era comprometida, segundo Botelho (1998: 19-20), pelo interesse das autoridades locais em omitir o verdadeiro tamanho da população, causado pelo receio de subdivisão de paróquias, pelos conflitos entre as instâncias administrativas, pela falta de preparo técnico dos envolvidos na organização do trabalho demográfico e pela ausência de coordenação entre os agentes. Tudo isso, vez por outra, também resultava em duplicação de tarefas. Acresce a isso, o temor da população pelo aumento de tributação e o alistamento militar. Pode-se dizer que, em maior ou menor grau, esses elementos afetaram a qualidade de todos os recenseamentos ao longo do período proto-estatístico. 8 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 Por cerca de um século, depois de 1776, como dito, os levantamentos demográficos eram regionais e desarticulados entre as unidades da Colônia/Império4. No caso de Minas Gerais, área mais populosa do Brasil, um documento anônimo elaborado, provavelmente em 1833, transcrito na Revista do Arquivo Púbico Mineiro (RAPM, 1899: 294-296) apresenta sínteses das contagens gerais da população, para os anos de 1786, 1805, 1808, 1821 e 1823 desagregadas por condição e sexo, segundo cor. Em breves palavras, o mesmo documento aponta para o fato de que os dados de 1823 tinham sido extraídos de “relações nominais”, mais conhecidas como listas nominativas. Esse enunciado pode estar sugerindo uma mudança importante nos procedimentos para levantamentos populacionais. Ela seria a substituição de mapas de população, documentos de síntese de população, normalmente com totais por sexo, faixa etária, condição e cor, por um documento mais minucioso5. Supostamente, ele trazia, linha por linha, a relação de todos os habitantes com as respectivas informações de nome, idade, cor, condição social6, domicílio de pertencimento e outras7. Em Minas Gerais, a adoção das listas nominativas, que resultava em maior confiabilidade aos arrolamentos populacionais, foi advogada pelo major Luiz Maria da Silva Pinto (1775-1869), um dos principais organizadores das estatísticas de Minas Gerais por quase quatro décadas8. Lotado no cargo de secretário de Governo, desde o ano da Independência, Luiz Maria, que também havia sido presidente da província, justificava a mudança alegando que na elaboração dos seus mapas de população, as autoridades dos municípios e distritos de paz freqüentemente agregavam as informações em categorias estranhas ao padrão previamente definido pelo governo 4 As clássicas “Investigações sobre os Recenseamentos da População Geral do Império”, de Souza e Silva (1986) e o “Resumo Histórico dos Inquéritos Censitários Realizados no Brasil” (Vianna, 1986), trabalhos de recapitulação dos levantamentos populacionais para subsidiar o planejamento dos censos de 1872 e 1920, respectivamente, mencionam diversas contagens populacionais importantes. Mais recentemente, o trabalho de Botelho (1998) apresenta as experiências e relatos desses diversos recenseamentos e contagens populacionais em cada capitania/província da colônia/nação, ao longo do século XIX. 5 Apesar de mais frequentes após a independência, existem remanescentes de listas nominativas em períodos anteriores, como nos termos de Ouro Preto e Mariana, em 1808, estudadas, dente outros, por Costa (1981). Mesmo para a década de 1770 foram encontradas algumas listas nominativas, em Minas Gerais e em outras capitanias, sobretudo em São Paulo. 6 Entre as condições sociais, livre e escravo eram as mais freqüentes. Forros (cativo liberto) e quartados (cativo em processo de alforriamento) eram menos incidentes, inclusive pela menor frequência dessas condições, mas também por não constituir categorias normalmente exigidas nos ofícios que solicitavam os levantamentos das listas. Por isso, forros poderiam ser classificados, simplesmente, como livres e quartados, como escravos. A ausência dessa informação, em geral, foi tomada como indicação do indivíduo ser livre, pelo elevado número de casos de não informação de condição entre os brancos. 7 Em Paiva e Arnaut (1990), consta uma descrição mais detalhada sobre as características das listas nominativas mineiras. 8 A atuação do Major Luiz Maria da Silva Pinto na constituição de estatísticas demográficas, socioeconômicas e elaboração cartográfica foi reconhecida por um dos coordenadores da parte econômica do censo de 1920 e, depois, um dos diretores do IBGE, Mário Augusto Teixeira de Freitas, ao ponto de chamá-lo “pai da estatística geral mineira”. (Freitas, 1932: 171). 9 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 da província. Isso impossibilitava as totalizações provinciais de forma satisfatória e rápida (Botelho, 1998: 22). Já com as listas nominativas, as próprias autoridades provinciais poderiam calcular e tabular as informações da forma como lhes conviesse. O mesmo secretário, entretanto, advertia que os números apurados pelas listas nominativas deveriam ser expandidos em, aproximadamente, 1/3, ou no mínimo, ¼, “pois é sabido, que muitos chefes de famílias ocultam o que podem aos empregados nestas diligências”9. Esse mesmo raciocínio esteve presente na avaliação do censo de 1823. Segundo consta no documento transcrito na RAPM, a população arrolada era de 563.671 pessoas. O autor pondera, entretanto, que a razão de pessoas por domicílio era baixa e que, por isso, a população deveria ter por volta de 800.000 habitantes (RAPM, 1899: 296). Ao longo do período proto-estatístico, a historiografia apresenta algumas tentativas, próximas de uma dezena, de sistematização dos dados gerados regionalmente, para todo o Brasil. As estimativas mais conhecidas referem-se aos anos de 1808, 1818, 1823 e 1854. Em geral, as somas das capitanias/províncias apresentam-se, com frequência, arredondadas, o que sugere pouca exatidão dos levantamentos populacionais, um produto mais próximo de uma conjectura do que de algo fundamentado em uma contagem populacional efetiva. 1.2.2 Um censo nacional Deve-se considerar que com a Independência, aumentou-se a necessidade de se saber o tamanho da população, por questão eleitoral, com o voto censitário (que estabelecia proporções entre número de domicílios de cada paróquia e província e a quantidade de eleitores, deputados e senadores), como se observa em Senra (2006: 91). Mas os levantamentos regionais não atendiam a contendo as demandas do Estado10, pela pouca precisão e baixa qualidade da informação. De fato, a modernização da gestão do estado requeria a disponibilidade de informações mais acuradas sobre a totalidade da população e suas principais características. Pode-se dizer, mesmo, que o interesse o governo imperial brasileiro em realizar o censo geral da população esta dentro do espírito tecnocrático que estava se gestando no mundo ocidental no decorrer do século XIX. 9 Arquivo Nacional – Códice 808, volume 1, folha 200, citado por Botelho (1998: 23). A necessidade de dados populacionais, por parte de membros do governo, passou a ser mais explicitada e documentada a partir da Independência, em 1822 e nos anos subsequentes. Senra (2006: 73-78) transcreveu e analisou trechos dos anais do parlamento e do senado brasileiro, da época, que mostravam a demanda do legislativo dessa e de outras estatísticas. O autor também analisou depoimentos de minístros e próceres do Império que evidenciavam a mesma desejo de conhecimento do tamanho populacional, para municiar políticas de governo (Senra, 2006: 66- 72). 10 10 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 “É preciso, primeiro de tudo, que o Governo geral mostre ostensivamente ligar a assunto tão transcendente toda a importância que merece nas nações que nos precederam na marcha da civilização (...) a necessidade de semelhantes operações, que não tem por fim nem o recrutamento, nem o lançamento de novos impostos e outros pesados ônus, meros fantasmas com que se assombram e que as perseguem quando se trata de incluí-las no número que representa a totalidade da população de seu país” (Souza e Silva, 1986: 16-17). A referência do autor sobre os receios da população em serem recenseadas justifica-se, principalmente, pelas revoltas populares insufladas por boatos sobre as razões por trás da modernização da coleta de informações demográficas, o que frustrou a tentativa de se realizar um censo nacional já em 1852. “A notícia da obrigatoriedade do registro civil deu origem a uma série de revoltas pelo Império. Segundo o Visconde de Monte Alegre, Ministro do Império, estas revoltas foram estimuladas pelo boato de que o registro “só tinha por fim escravizar a gente de cor”. Em seu depoimento, o ministro registrou a ocorrência de distúrbios, alguns de muita gravidade, nas províncias da Paraíba, do Ceará, de Alagoas, Sergipe e Pernambuco. Como bem notou Souza e Silva [1986: 14-15], a revolta contra o registro civil teve como efeito colateral a impossibilidade de levar adiante a realização do censo” (BOTELHO, 1998: 39). Em 1870 o Império promove um verdadeiro ensaio para a realização de um censo nacional, ao levantar, num período relativamente muito curto, o Censo do Município da Corte, com os seus 235 mil habitantes. Em dois de abril de 1870, cria-se uma Comissão Central para presidir os trabalhos. Até o dia 16, todos os questionário ou “listas de famílias” já deviriam ser entregues aos chefes de famílias de “cada morada” para preenchimento das mesmas. Na sequência, elas seriam recolhidas pelos recenseadores, denominados inspetores, entre os dias 17 e 21 de abril. Seguindo as instruções, todo o material produzido estaria reunido, em maio de 1870, para que a Comissão Central desse início ao trabalho de apuração geral. Data de 1871 o Relatório que divulga o censo, com circunstanciada análise dos dados, além do relato do processo de arrolamento populacional, entre outras informações. (RELATÓRIO, 1871). Parece não haver dúvida de que havia um sentimento de que o Censo da Corte representava um salto em relação a tudo que já se tinha feito em termos de contagem populacional, sendo a iniciativa paradigmática para as novas iniciativas do gênero, a começar pelo Censo de 1872. Em dois de maio de 1870, Souza e Silva já sugeria em seu estudo que “o modo por que se esta procedendo ao arrolamento da Corte, os brilhantes resultados já obtidos dão as mais lisonjeiras esperanças de que o pequeno ensaio servirá de incentivo e norma para o arrolamento geral do Império” (Souza e Silva, 1986: 17). Em 1871, Albuquerque chega mesmo a dizer que “não existem no Império nenhum trabalho estatístico de população que mereça fé, a 11 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 não ser o recenseamento , a que se procedeu no Município da Corte, em abril de 1870” (Albuquerque, 1942: 132) 11. Os outros dois passos determinantes para que o censo se concretizasse foram dados com a promulgação da lei nº. 1829 de 09 de setembro de 1870 – que estabelecia a constituição de censos decenais, que seriam executados pela Diretoria Geral de Estatística (DGE), também criada por essa lei – e do decreto n° 4856 de 30 de dezembro de 1871, que tratava da fixação dos detalhes da execução do censo, em 1872. 1.2.3 O censo de 1872 em campo Por esse decreto de n° 4856, “ficou determinado que, em cada paróquia do Império, haveria uma comissão censitária composta de cinco membros e um corpo de agentes recenseadores, a ela subordinado, cujo número seria fixado pelos presidentes de província, tendo em vista a população de cada paróquia e sua distribuição no espaço”. As comissões censitárias receberiam da DGE, os lotes de “boletins de família”, que eram os questionários do censo e os redistribuiriam para os agentes recenseadores (IBGE, 1951). Eles iriam de casa em casa encaminhar, para cada chefe de família, um “boletim de família”, durante os 15 dias anteriores a 1º de agosto de 1872, data de referência do censo, ao modo semelhante como determinado em 1870. Na sequência, ainda pelo decreto n° 4856, os “boletins de família”, uma vez preenchidos, seriam recolhidos pelos mesmos agentes recenseadores, no prazo de 10 dias após a data de referência. Os dados constantes nos “boletins de família” seriam checados e os erros, corrigidos. Por fim, nos cinco dias seguintes, as comissões receberiam o material e, após uma conferência e cumpridos outros trâmites legais, os expediriam de volta para a DGE, na Corte (IBGE, 1951). A autodeclaração censitária, adotada nos censos de 1870 e de 1872, por trazer graves deficiências aos dados, é um procedimento banido dos censos contemporâneos, mesmo em se tratando de sociedades mais letradas. Além disso, deve-se considerar que os problemas referentes à falta de uniformidade das respostas, omissão e de erros de interpretação das questões se agravavam pelo fato de que o número de pessoas que sabiam ler e escrever, pelos próprios dados do Censo de 1872, era quase igual ao número de famílias. Daí imagina-se o farto volume 11 Segundo relatório de pesquisa de Paiva e Martins, as normas previstas no decreto nº 4856 de 30 de dezembro de 1871 procuravam contornar algumas dificuldades enfrentadas pelos recenseadores na execução do arrolamento da população do Município da Corte, de abril de 1870, que por isso, pode ser considerado a pesquisa de ensaio para o Recenseamento de 1872. Ver PAIVA, Clotilde A.; MARTINS, Roberto B. Um estudo crítico do recenseamento de 1872. Belo Horizonte: PNPE, 1983. Relatório de Pesquisa. Mimeografado, p. 4. 12 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 de trabalho na checagem e correção das informações produzidas pelos próprios chefes de família, ou por algum outro residente alfabetizado, caso este existisse. Além dessa questão, o formato do questionário também pode facilitar ou dificultar o preenchimento e a sua posterior apuração. O item seguinte procura analisar este aspecto, ressaltando, sobretudo os aspectos mantidos e os alterados entre o boletim de família de 1870 e o de 1872 e, na sequência, os dados efetivamente apurados pela DGE. 1.3 Considerações sobre o censo a partir do seu pré-teste e dos registros de uma família quase recenseada O cotejamento entre os questionários dos censos de 1870 (Figura 1) e o de 1872 (Figura 2) foi sintetizado no Quadro 1. Para questionários respondidos pelos próprios chefes de fogos, sem o acompanhamento de um manual, os campos para preenchimento das variáveis deveriam ter as alternativas de resposta (ou as categorias), e/ou acompanhadas de notas explicativas, para que o questionário fosse autocontido. Observou-se do primeiro para o segundo arrolamento populacional um avanço nesse quesito, uma vez que todos os campos eram precedidos de explicação no boletim de família de 1872, ao passo que o anterior, apenas o de estado civil e de religião. 13 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 Figura 1: Boletim de família do Censo do Município da Corte, 1870 Fonte: Recenseamento do Município da Corte de 1870 – Paróquia de São Cristóvão (IBGE, 1980). 14 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 Figura 2: Boletim de família do Censo de 1872 Província da Bahia Quarteirão ignoro Recenseamento Geral do Imperio em 1872 Municipio da Capital Logar próximo ao largo da matriz Bahia, (...) Julho de 1872 LISTA DE FAMÍLIA No 222 da Matrícula geral do Município Parochia de N. Sra. da Victória Districto de Paz Cor Casa N.º 332 F Idade Estado Logar de Nascimento Nacionalidade para de de 1872) Profissão Religião Instrucção 1º Antonio Gonçalves Gravatá branco 2º D. Luisa Adelaide Gonçalvez de Almeida Idem 3º Flora Preta 4º Argentina Idem Condições especiaes e observações (A respeito dos hóspedes e transeuntes deve-se declarar o logar de seu domicilio, e dos ausentes o logar em que se acham, sendo sabido. Si algumas das pessoas da relação forem surdo-mudos, cegos, tortos, aleijados, dementes, alienados, isto será aqui declarado. A respeito das crianças de 6 a 15 M ez es (Annos Sabe No Brazil Fora do Brazil Brazileiro Estrangeiro Sabe ler ? completos. escrever? (Declara-se si a (Declara-se si (Declara-se primeiramente o nome (Declara-se o So se pessoa é branca, catholico ou do chefe de familia, depois o da declaram os estado pelas (Declara-se a parda, cabocla acatholico , (Declara-se profissão, officio mulher, dos filhos, dos outros palavras mezes das (Deve-se (Declara-se (Declara-se si é ou preta comprehendidas o Estado parentes que com elle morem e em solteiro, crianças de ou occupação declarar a sómente o Estado nato, adoptivo (Responde- (Respondecomprehendidas nesta ultima ou Nação a habitual ou os seguida o dos criados, escravos, menos de um casado ou provincia em ou Paiz em que ou na designação de designação todas se sim ou se sim ou que aggregados e hospedes.) viuvo. ) anno.) meios de vida) que nasceu.) naturalisado.) nasceu.) não. ) não. ) caboclas as de as outras pertence) raça indigena.) religiões) A nnos N um e ros de orde m (Deve comprehender todas as pessoas que pernoitarem na casa na noite de Nomes sobenomes e appellidos Rua estrada da Victória e 1 da relação apresentada por mim. annos deve-se declarar si frequentam ou não a eschola) [Vive de sua própria Catholico lavoura e Apostólico Romano actualmente (...)] 72 casado Na Bahia Nato 54 casada Na Bahia Idem solteira N'A frica N'Africa Estrangeiro Cozinheira Idem Não Não Escrava Idem Idem Idem Idem Lavadeira Idem Não Não Idem Idem mais de 40 Idem Idem Sim Sim Sim Sim 5º Paciencia Idem 13 Idem Na Bahia Na Bahia Brasileira Todo o serviço Idem Não Não 6º João Idem 17 Idem Idem Idem Idem Aprende Carapina Idem Não Não Idem, he filho da escrava Flora 7º Estevão Idem 13 Idem Idem Idem Idem Aprende a Pedreiro Idem Idem Idem Idem, he filho de uma escrava q libertou-se 8º Theodorico Idem Idem Idem Idem Idem (...) Idem Idem Idem 9º Adão Idem Idem África África África Serviço da casa Idem Idem Idem Idem, he filho da escrava Flora Este preto foi liberto com a condiçam de acompanhar seus senhores durante sua vida Idem 10º Tobias Idem 8 mais de 40 Idem Idem Idem Idem Idem Idem Idem Idem Idem 11º Auta Idem Idem Idem Idem Idem Idem Idem Idem Idem Idem Idem 12º [Fava ] Idem 13 Idem Bahia Bahia Bahia Do serviço da casa Idem Idem Idem Idem, he filha da preta Auta 13º Cleta Idem 10 Idem Idem Idem Idem Idem Idem Idem Idem 14º Hypólito Idem 10 meses Idem Idem Idem Idem [Não presta serviço ] [Ainda não foi baptizado ] (...) (...) Idem, idem He livre por ter nascido em 6 de outubro de 1871 Auta, Fava e Cleta sairao de casa em 7 de setembro de 1872 O recenseador, O Chefe de família Antonio Gonçalves Gravatá Obs.: Lista de família preenchida pelo chefe e não recolhido pelo agente recenseador. Original pertencente a família do bibliógrafo Hélio Gravatá, cujos antepassados residiam em Salvador na província da Bahia nesta época. Traz no verso a anotação: “Este exemplar me foi deixado em casa quando eu me achava fora; na volta disse-me hua escrava que o portador voltaria no dia seguinte; é por isso que recebendo-me no dia 16 de julho, a organizei no dia 17 á espera do portador que não voltou. Agora te [ilegível] poderia ser datada no 1º de Agosto de 1872 como vai [ilegível] agora”. 15 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 Quadro 1 – Informações coletadas e divulgadas no primeiro censo demográfico do Brasil e no censo do município da Corte Informação 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. Atributos pessoais Sexo Idade Estado marital Cor Nacionalidade País de origem Província de origem dos brasileiros Religião Condição de presença Incapacidade física Alfabetização Frequência escolar (6 a 15 anos) Relação com chefe do fogo Condição (livre ou escravo) Atividade econômica 14. Ocupação principal individual 15. Posição na ocupação Atributos do domicílio e locacionais 16. Igrejas 17. Prisões 18. Quartéis e postos militares 19. Outros prédios públicos 20. Hospitais e casas de saúde 21. Casas habitadas 22. Localização (logradouro) da casa 23. Residências vagas 24. Fogos existentes Censo de 1870 - Corte Questionário Divulgado Censo de 1872 - Brasil Questionário Divulgado X (1) X X X X - X X (2) X X - X (1) X X X X X X X X (2) X X X X X X X - X - X X X X X X X X X X X X X(3) X (4) (5) X(3) X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X - X X X X X X X X - X X X X X X Fonte dos dados básicos:. (1) Deduzido pelo nome dos indivíduos; (2) Em grandes faixas etárias; (3) Apenas número de chefes, não-chefes e escravos; (4) Determinado pelo regulamento do decreto nº 4.856 de 30 de dez. de 1871. O questionário indica a ordem dos membros do fogo segundo a posição do domicílio, mas não pede a declaração dos mesmos. (5) Situação análoga à “relação com o chefe”, mas moradores parecem ter declarado espontaneamente os escravos, com frequência. Entre os atributos acrescentados, ou mais detalhados, observou-se mais elementos para o estudo da mobilidade espacial e migração, uma vez que o censo de 1872 inquiria naturalidade (isto é, lugar de nascimento) dos brasileiros e o de 1870, não. Contudo, nas instruções para o recenseamento da Corte, de 1870, constava a necessidade de se apurar, de cada indivíduo a “condição, idade, religião, estado e profissões dos habitantes”, sob a justificativa de que tais dados serviriam “para o estudo e apreciação de muitos fatos sociais” e sob as justificativas mais específicas de “regular convenientemente a distribuição do 16 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 ensino primário garantido pelo art. 179 (...) da Constituição, e para efetuar-se uma melhor divisão e organização administrativa do mesmo Município”. Apesar dessa demanda de mais informações sobre a educação, tal informação não foi captada em 1870, mas passou a ser explicitada no boletim de família de 1872. Um outra inovação foi a introdução da declaração sobre a (in)capacidade física e mental. Com relação aos pontos em comum entre 1870 e 1872, observou-se a manutenção dos atributos mais elementares de um levantamento populacional (como sexo e idade). Mas também foram mantidas algumas fragilidades e indeterminações decorrentes do momento histórico e do próprio estágio de desenvolvimento do conhecimento demográfico. Uma das principais refere-se à junção das informações “profissão” e a inserção produtiva, mais conhecida atualmente como “posição na ocupação”. Segundo Rodarte (2008), a forma de inserção produtiva do chefe do fogo e dos demais membros assumia grande importância, pois constituía um fator determinante da conformação do domicílio, o que explicita a estreita relação entre o universo laboral e a organização da vida doméstica, e, em outras palavras, sinaliza uma forma específica de vinculação entre economia e demografia nessa sociedade. Ocorre porém, que as informações de profissão não são separadas das de posição na ocupação. Assim, um comerciante poderia ser declarado como tal, ou como proprietário (no caso, de uma loja, por exemplo), pelas categorias constituídas tanto no censo de 1870 (Figura 1) quanto no de 1872 (Tabela 21). Entre as duas experiências, também foram observados alguns retrocessos. O principal deles refere-se à captação da informação da posição dos membros no fogo, inclusive a declaração da condição social de escravo, a despeito das instruções dadas pelo decreto nº 4.856 de 30 de dez. de 1871. A segmentação dos membros entre grandes grupos de posição no fogo (membros da família, agregados12 e escravos) era inequívoca no boletim da família do censo de 1870, ao passo que no Censo de 1872, não. De fato, a informação sobre a condição escrava (que deveria caber destaque, pela importância com que apareceu nos dados apurados do Censo de 1872, como se antevê na Figura 2) contou com a iniciativa voluntariosa dos chefes de fogos que se deram ao trabalho declarar a condição de escravos, quando achavam apropriado, o que deve ter comprometido a qualidade dessa informação. Deve-se aqui, fazer algumas considerações pontuais sobre cada aspecto investigado dos habitantes em ambos arrolamentos populacionais. Em 1872, a informação de cor levantada por 12 Provavelmente, o parente que fosse agregado figuraria entre os membros da família em 1870, sendo explicitada a condição de agregado na coluna de observações. 17 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 apenas 4 categorias resultava em uma agregação grande para considerável parcela da sociedade, em especial, para os “pardos” que, a princípio, abarcaria todos os mestiços, independente da específica relação interétnica. A informação sobre a idade foi solicitada sem agregação por categoria ou faixa etária, para ambos os censos. O de 1870 contava com uma coluna para este dado, enquanto que o de 1872 tinha o refinamento de ter dois campos, um para anos completos e outro para meses (para crianças antes de completar seu primeiro ano de vida), o que deveria facilitar a correta tabulação de dados de idade. Conquanto o boletim de família ter uma forma adequada de captação da informação de idade, o correto registro de idade esbarrava-se em duas questões. A primeira decorria da falta de padronização do registro decorrente da autodeclaração. Observa-se, no exemplo, que o Antônio Gravatá registrou a idade de Hipólito (de 10 meses) na coluna anos completos. Caso esse erro tenha sido recorrente, a distribuição etária nas primeiras idades estaria bastante comprometida. A segunda questão envolve o próprio desconhecimento da idade para indivíduos adultos e, principalmente, idosos, com posição mais subalterna no domicílio, tal como os escravos. Nota-se, no exemplo, que o Adão teria a idade declarada como “mais de 40 anos”. Até o momento da pesquisa, desconhece-se como as equipes da DGE encarregadas da apuração do censo procederam em casos como este. 18 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 Figura 3: Dados gerais do Recenseamento da Corte de 1870 Fonte: Recenseamento do Município da Corte de 1870 (IBGE, 1980). 19 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 Tabela 1: População total. Brasil - 1872 Quadro geral - Império - 1872 Grupos Total Categorias Almas Branco Raças Pardo Preto Caboclo Solteiro Estado civil Casado Viúvo Religião Católicos Acatólico Nacionalidade Brasileira Estrangeira Instrução Sabem Ler e Escrever Analfabetos Frequentam Escola Instrução - população escolar Não Frequentam Escola de 6 a 15 anos S./ Inf. da Frequência Escolar Cegos Surdos-Mudos Defeitos físicos Aleijados Alienados Dementes Ausentes Ausentes Transeuntes Transeuntes Parte de domicílios Casas habitadas Casas desabitadas 1.297.447 32.930 Homens 4.318.699 1.967.118 1.680.046 470.552 200.983 2.977.146 1.164.547 177.006 4.302.387 16.312 4.139.274 179.425 1.013.078 3.305.621 155.622 779.343 2.782 7.990 6.538 23.656 4.838 3.103 35.631 23.221 Livres Mulheres 4.100.973 1.813.992 1.651.608 449.122 186.251 2.751.978 1.122.881 226.114 4.089.538 11.435 4.036.624 64.349 550.973 3.550.000 96.170 786.110 3.706 5.409 3.863 9.823 3.449 2.027 15.819 13.786 Soma 8.419.672 3.781.110 3.331.654 919.674 387.234 5.729.124 2.287.428 403.120 8.391.925 27.747 8.175.898 243.774 1.564.051 6.855.621 251.792 1.565.453 6.488 13.399 10.401 33.479 8.287 5.130 51.450 37.007 Homens 805.170 246.641 558.529 711.881 73.094 20.195 803.946 1.224 719.632 85.538 958 804.212 114 147.806 1.504 728 4.680 637 374 6.484 1.449 Escravos Mulheres 705.636 223.397 482.239 623.199 62.684 19.753 705.017 619 652.816 52.820 445 705.191 114 132.054 982 590 2.925 523 333 4.662 885 Soma Soma 1.510.806 470.038 1.040.768 1.335.080 135.778 39.948 1.508.963 1.843 1.372.448 138.358 1.403 1.509.403 228 279.860 2.486 1.318 7.605 1.160 707 11.146 2.334 9.930.478 3.781.110 3.801.692 1.960.442 387.234 7.064.204 2.423.206 443.068 9.900.888 29.590 9.548.346 382.132 1.565.454 8.365.024 251.792 1.565.681 286.348 15.885 11.719 41.084 9.447 5.837 62.596 39.341 Fogos 1.332.465 Fonte dos básicos: Censo de 1872 (DGE, 1876). Obs.: Dados ajustados pelo MRP. 20 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 O boletim de família de 1872 reservou nada menos que quatro campos para registrar a origem (naturalidade ou país de origem), o que resultou em certa redundância (como se pode observar no preenchimento do documento). Certamente, este excesso cumpria a função de tornar mais clara a necessidade de se declarar a procedência, de forma precisa, tanto estrangeiros quanto de nacionais. Apesar disso, para a família de Gravatá constatou-se o arrolamento da naturalidade africana de forma genérica, sem especificar a região do continente. Mesmo que tenha sido mais detalhado que o boletim de família de 1870, o campo reservado à profissão continha elevada indeterminação quanto à informação a ser declarada ou privilegiada, em 1872. Isto porque, em vários casos, a “profissão” ou a “ocupação” poderiam se diferir dos “meios de vida”. Sobre isso, a título de recomendação, o relatório sobre o censo de 1870 sugeria que fosse privilegiada, nos próximos censos, a informação sobre a posse de unidades produtivas sobre qualquer outra informação ocupacional (Relatório, 1871: 17). Desconhece-se em que medida esta suposta orientação tenha sido repassada aos declarantes da informação. Tanto o censo de 1870 como o de 1872 continham um campo dedicado a observações. O de 1870 apresenta-se aqui mais vago, mas explicita que o campo deveria ser explicitada a situação de ausência (no caso de não pernoitar na noite da data de referência). O boletim de 1872 indicava, além desta, a necessidade de declarar a existência de transeuntes e hospedes. Além disso, outras informações que seriam dignas de serem declaradas neste campo, que seriam a existência de incapacidades físicas e mentais, a frequência escolar de crianças. Sobre isso, Senra ponderou que: “Há, aqui, um excesso de registros a serem feitos. Não há razão para não se ter aberto colunas específicas para a maior parte desses temas. Como foi feito, terá dificultado muito o trabalho de apuração” (Senra, 2006: 361). Deve-se considerar, inclusive, que todos os atributos indicados neste campo foram efetivamente apurados e usados nas tabulações do censo, o que confere maior gravidade deste problema colocado. Além disso, os declarantes acabaram por adicionar outras informações (o que dificultaria mais a apuração), como observado no exemplo da lista de família de Gravatá, em que se mencionou um evento que se referia a uma futura mudança de domicílio, ou alforria ou venda de 3 escravos. 1.4 Divulgação dos dados divulgados e os ajustados do Censo de 1872 O fato de se ter um questionário de difícil transcrição e apuração, acrescido à da questão da baixa escolarização da população contribuíram, provavelmente, para o agravamento dos erros 21 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 de planejamento logístico para a execução do censo. Estes derivaram, sobretudo, da subestimação dos problemas inerentes ao desafio de se recensear um país de proporções continentais, com a infra-estrutura de meios de transporte e comunicação daquela época13. Com isso, os prazos muito curtos inicialmente estipulados para o levantamento do censo não foram cumpridos e quatro das 21 províncias adiaram a data de execução do censo14. A não realização simultânea do censo em todo o território pode também ter comprometido a qualidade do censo, como foi ressaltado por Paiva e Martins (1983). Deve-se frisar, como lembrou Senra (2006: 362), que os artigos 13 e 14 do decreto nº 4.676, de 14 de janeiro de 1871, determinavam, aos presidentes de província, o envio de todo o material censitário para a DGE, na Corte, para que: “à proporção que for recebendo os elementos originais do recenseamento, procederá ao apuramento (...) e depois de concluído fará publicar em um ou mais volumes” (IBGE, 1951: 6). A diminuta estrutura física da DGE e pequeno número de pessoas para receber e trabalhar tamanho volume do material que foi chegando das províncias se fez perceber em 1873, tornando necessário contratação adicional de pessoas, aumento de turnos e adicional de remuneração por produtividade (DGE, 1874: 50). Supostamente, a DGE detectou a necessidade de se apurar o segmento escravo da população quando o censo já estava em campo. No relatório sobre as atividades de 1873 o seu diretor geral Manuel Correia justificaria proceder assim: “uma vez que no Brasil era de summa vantagem fazel-a [a separação entre livres e escravos] em mappas separados, para mais facilmente se poder apreciar no proximo recenseamento a proporção em que tiver decrescido a população escrava” (DGE, 1874: 52). Também nesse relatório parece se apresentar, pela primeira vez, a ideia do plano tabular, isto é, da configuração dos seis quadros (com relação entre variáveis) que efetivamente veio a público, com a divulgação do censo: “[A DGE] entendia ser muito proveitosa a organização [de um quadro geral e] de mais cinco mappas indicativos: o primeiro da população presente, o segundo da população ausente no dia do recenseamento considerada em relação às 13 A construção de um cronograma que previa um rápido período de levantamento de dados pode ter sido fundado na perspectiva que poderiam reproduzir, em escala nacional, a bem sucedida e célere experiência do levantamento do censo de 1870 do Município da Corte. 14 São Paulo foi a província que mais atrasou o levantamento de informações, que se deu, por fim, em janeiro de 1874. Em Minas Gerais, o censo só foi aplicado em agosto de 1873. 22 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 idades, o terceiro da população nacional, o quarto dos estrangeiros, e o ultimo da população total em relação às profissões15” (DGE, 1874: 52). A apuração, questionário a questionário, procurando captar todas as variáveis para preencher o plano tabular concebido, fazia-se em equipes com um indivíduo lendo em vós alta e os demais tomando nota (Senra, 2006: 367). Por tudo o que foi tratado, desconhece-se o nível de exatidão e da fidelidade ao conteúdo das listas de famílias, uma vez que as mesmas não existem mais. Para que não atrasasse ainda mais o término da contagem e publicação do Censo de 1872, optou-se por não esperar o levantamento e a chegada dos dados de 32 paróquias. A despeito do enorme volume de informações a serem trabalhadas, a DGE conseguiu finalizar seus trabalhos ainda em 1876. Para cada uma das 1.440 paróquias recenseadas, foram gerados seis quadros padronizados contendo as principais informações produzidas a partir da síntese dos dados contidos nos “boletins das famílias”, como se observa no Quadro 2. Quadro 2 – Organização das informações divulgadas no Censo de 1872, por atributos pessoais e socioeconômicos, segundo quadro padronizado disponível por paróquia Quadros paroquiais 1. Quadro geral da população Atributos pessoais e socioeconômicos Sexo, condição, cor, estado civil, religião, nacionalidade, nível de alfabetização, frequência escolar de crianças, defeitos físicos e número casas (habitas e desabitadas) e de fogos 2. População presente em relação à idade Sexo, condição, cor, idades 3. População ausente em relação à idade Sexo, condição, cor, idades 4. População em relação à nacionalidade brasileira Sexo, condição, estado civil, cor, província de origem 5. População em relação à nacionalidade estrangeira Sexo, condição, estado civil, religião, país de origem 6. População em relação à profissão Sexo, condição, estado civil, nacionalidade, profissões Fonte: DGE – Recenseamento do Império de 1872. A edição original da publicação do Censo de 1872 foi organizada em 23 volumes, e conta-se que apenas 50 exemplares dessa publicação foram disponíveis à venda. Com isso, esses exemplares da edição original do censo transformaram-se em obras raras. Atualmente, além das fontes secundárias com dados do Recenseamento de 1872, o acesso às informações ampliou-se com a disponibilização, por internet, do acervo referente à edição original de 1876, na biblioteca virtual do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Cabe ressaltar, contudo, que não se trata de dados compilados em planilhas eletrônicas, mas de arquivos digitais de imagem das páginas do Censo, nem sempre inteligíveis. 15 O enunciado sugere que na época não havia o conceito de população em idade ativa (PIA), já que a tabela de profissão contava com toda a população, sem a subtração de crianças, mesmo as de 0 a 4 anos. 23 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 Em princípios da década de 1980, um importante passo em direção à maior acessibilidade, permitindo o manuseio computacional dos dados foi dado pelo Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (CEDEPLAR) que, em uma pesquisa com financiamento do INPES/IPEA, através do Programa Nacional de Pesquisa Econômica (PNPE), transcreveu, em meio digital, todo o acervo dos dados das paróquias recenseadas, o que representou a digitalização dos 8.640 quadros paroquiais. A partir de 2012, o Cedeplar passa a disponibilizar em seu site essa base de dados com os dados divulgados e os corrigidos, segundo o método do resultado predominante (MRP) desenvolvido por Rodarte (2008). Como tratado anteriormente, o que viria a ser os microdados do censo de 1872 (ou seja, os dados contidos no boletim de família) não existem mais e, com isso, o que se pode ter, de mais desagregado desse arrolamento populacional, são os dados das 1.440 paroquiais. Deve-se, supor, por uma questão de lógica e de coerência, que os dados sintéticos do censo, que expressam as características do Império e das províncias, teriam como lastro e forma de sustentação, a soma dos dados das suas paroquiais. Assim, pelo menos, deveria ser. De fato, o que se pode observar é que os números agregados divulgados e a soma dos dados paroquiais se coincidem no total de pessoas, subdivididas entre livres e escravas. Encontra-se no primeiro volume do Censo de 1872, uma população no Brasil de 9.930.478 habitantes, sendo 8.419.672 livres e 1.510.806 escravos16 (DGE, 1876). Ao somar todas as paróquias recenseadas com os dados ajustados pelo método MRP, os mesmos totais são encontrados. Contudo, no restante dos atributos analisados, quase tudo tem divergência. Analisase, abaixo, algumas das principais características investigadas no primeiro quadro do censo. Pelos dados publicados, a população brasileira seria ligeiramente mais branca e com um número maior de casados (Tabela 2). Até aqui, é difícil supor uma intencionalidade ou manipulação dos dados, uma vez que, em termos relativos, a distribuição por cor e estado civil da população mantém-se a mesma em ambas totalizações. O mais provável teria sido erros de soma para justificar essas divergências. O mesmo pode ser dito em relação à composição da população por religião, e nacionalidade, uma vez que são diferenças em número que não influem em termos percentuais (Tabela 3). 16 O cálculo aqui desconsidera a população residente nas paróquias não recenseadas. 24 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 Tabela 2: Diferença entre os dados publicados e a soma total das paróquias, por condição, cor e estado civil. Brasil, 1872 12.000 (Habitantes) 10.000 8.000 6.000 4.000 Livres 2.000 Escravos 0 Total -2.000 -4.000 -6.000 -8.000 -10.000 Branco Pardo Preto "Raças" Caboclo Solteiro Casado Viúvo Estado civil Fonte dos básicos: Censo de 1872 (DGE, 1876). A frequência escolar de crianças de 6 a 15 anos, contudo, apresenta números muito discrepantes entre as duas formas de mensuração. Segundo a DGE, havia 320,7 mil crianças nas escolas, ao passo que pela soma das paróquias esse número era de 251, 7 mil. Os motivos pelos quais levaram a DGE divulgar um numero 27,4% maior que o apurado nas sub-unidades ainda devem ser investigados. Deve-se considerar, contudo, que esta questão era objeto de muita atenção por parte do governo, uma vez que a necessidade de números para se promover políticas públicas de educação era uma das justificativas explicitadas para se fazer censos demográficos. 25 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 Tabela 3: Diferença entre os dados publicados e a soma total das paróquias, por religião, nacionalidade e frequência escolar. Brasil, 1872 (Habitantes) 80.000 70.000 60.000 50.000 Livres 40.000 Escravos 30.000 Total 20.000 10.000 (10.000) Católicos Acatólico Religião Brasileira Estrangeira Nacionalidade Frequentam Escola Não Frequentam Escola Crianças (6 a 15 anos) Fonte dos básicos: Censo de 1872 (DGE, 1876). 1.5 Considerações finais O presente trabalho procurou apresentar e investigar as formas de captação das informações demográficas no primeiro esforço bem sucedido do Império em se realizar um censo nacional. A experiência teve, inclusive, o mérito de ser abrangente em temas, ao se levantar, inclusive, características da população que não tinham sido objeto de atenção em censos de outros países. Observou-se, inclusive, que esta ousadia estatística foi em grande parte concebida depois de se realizar o Censo do Município da Corte, de 1870, o que fica evidente pela cotejamento entre os questionários de ambos os censos. Outra inovação foi o fato de o questionário de 1872 ter-se tornado quase totalmente auto-explicativo, aspecto essencial para sua aplicação, uma vez que a captação da informação não era mediada por agentes recenseadores. Isso não implica dizer que o preenchimento tenha ocorrido sem problemas pelos indivíduos, uma vez que as notas explicativas para a declaração tinham lacunas e indeterminações, em especial, no caso do campo reservado à declaração da profissão de cada indivíduo. A forma do questionário do censo de 1872 permitia aos declarantes serem muito detalhistas, o que pode ter dificultado a apuração dos resultados. Mas o fator mais dificultoso no processamento das informações foi o fato de ter desejado investigar quantos escravos havia no Brasil, sem que o questionário (que já tinha ido a campo) estivesse adaptado para coletar esta informação. Isso deve, certamente, ter comprometido a captação do fenômeno de forma mais acurada. 26 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 Outra questão importante seria, em que medida os dados divulgados mais agregados condizem com a soma das partes. Para qualquer censo a resposta inequívoca seria a correspondência total entre estes dois. Contudo erros de soma do Censo de 1872 levaram a algumas distorções que, contudo, não eram grandes ao ponto de subverter a pesquisa, para vários atributos analisados. Mas observou-se porém, que a DGE divulgou a frequência escolar das crianças de 17,2%, quando, pela soma dos dados paroquiais – corrigidos – apontaram uma cobertura escolar expressivamente menor (de 13,8%). Mais pesquisas deverão ser feitas para diagnosticar estas e outras possíveis distorções. A base de dados ajustada dos dados de 1872, que se encontra disponível no site do Cedeplar, possibilita a realização desse estudo. 1.6 Fontes e referências bibliográficas 1.6.1 Fontes primárias IBGE. Recenseamento do Município da Corte de 1870; volume de manuscritos pelos próprios moradores da "Parochia de São Cristóvão do Município da Corte”. Rio de Janeiro: IBGE, 1980, microfilme.. Disponível em: < http://biblioteca.ibge.gov.br/colecao_digital_publicacoes.php >. Acesso em: 11 jul. 2012. DIRETORIA GERAL DE ESTATÍSTICA – DGE. Recenseamento geral do império de 1872. Rio de Janeiro: Typ. Leuzinger; Tip. Commercial, 1876. 23 v. < http://biblioteca.ibge.gov.br/colecao_digital_publicacoes.php >. Acesso em: 11 jul. 2012. DIRETORIA GERAL DE ESTATÍSTICA – DGE. Relatório e trabalhos estatísticos apresentados ao ministro e secretario de estado dos negócios do império pelo diretor geral conselheiro Manuel Francisco Correia. Rio de Janeiro: Typ. Franco-Americana, 1874. <http://brazil.crl.edu/bsd/bsd/u1701/000791.html>. Acesso em: 11 jul. 2012. DIRETORIA GERAL DE ESTATÍSTICA – DGE. Relatório e trabalhos estatísticos apresentados ao ministro e secretario de estado dos negócios do império pelo diretor geral conselheiro Manuel Francisco Correia. Rio de Janeiro: Typ. de Hippólito José Pinto, 1877. IBGE. Legislação básica dos recenseamentos de 1872 e 1890. Documentos Censitários, série A – Número 1. Rio de Janeiro: IBGE, Conselho Nacional de Estatística, 1951. 17 p. RAPM. “Documentos” Diversos. Revista do Arquivo Publico Mineiro, Ouro Preto, v. 4, n. 4, p. 287-316, 1899. SOUSA e SILVA, Joaquim Norberto de. Investigação sobre os recenseamentos da população geral do Império e de cada província de per si tentados desde os tempos coloniais até hoje. São Paulo: IPE/USP, 1986. (ed. facsimilar; 1ª ed.: 1870). VIANNA, Oliveira. Resumo histórico dos inquéritos censitários realizados no Brasil: recenseamento do Brasil, 1920. São Paulo: IPE/USP, 1986. (ed. fac-similar). RELATORIO apresentado ao Ministro e Secretario d'Estado dos Negocios do Imperio pela Commissão encarregada da direcção dos trabalhos do arrolamento da população do Municipio da Côrte em abril de 1870. Rio de Janeiro: Typographia Perseverança, 1871. 65 p. 1.6.2 Referências bibliográficas ALBUQUERQUE, Joaquim José de C. da C. M. As atividades da Diretoria Geral de Estatística no ano de sua criação (1871). Revista Brasileira de Estatística. Rio de Janeiro, p. 131-144, Jan.-Mar. 1942. BOTELHO, Tarcísio R. População e nação no Brasil do século XIX. 1998. 241 f. Tese (Doutorado em História) Departamento de Ciências Sociais da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1998. COSTA, Iraci del N. da. Populações mineiras: sobre a estrutura populacional de alguns núcleos mineiros no alvorecer do século XIX. São Paulo: IPE-USP, 1981. 335 p. FREITAS, Mário A. T. Os serviços de estatística no Estado de Minas Gerais. Revista da Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, Tomo 26, p. 170-229, 2. sem. 1932. 27 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 MARCÍLIO, Maria L. A população do Brasil em perspectiva histórica. In: COSTA, Iraci del N. da (Org.). Brasil: história econômica e demográfica. São Paulo: IPE/USP, 1986. p. 11-27. PAIVA, Clotilde A., CARVALHO, José A. M. de; LEITE, Valéria da M. Demografia. In: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Estatísticas históricas do Brasil. 2. ed.. Rio de Janeiro: IBGE, 1990. p. 19-52. PAIVA, Clotilde A.; ARNAUT, Luiz D. H. Fontes para o estudo de minas oitocentista: listas Nominativas. In: SEMINÁRIO SOBRE ECONOMIA MINEIRA, 5., 1990, Diamantina. Anais... Belo Horizonte: UFMG/ CEDEPLAR, 1990. p. 85-106. RODARTE, Mario M. S. O trabalho do fogo: perfis de domicílios enquanto unidades de produção e reprodução na Minas Gerais Oitocentista. Belo Horizonte: Cedeplar/UFMG, 2008. 365f. Tese (doutorado em Demografia) – Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2008. SENRA, Nelson de C. História das estatísticas brasileiras. v. 1. Estatísticas desejadas (1822-1889). Rio de Janeiro: IBGE, 2006. 614 p. 28 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 PARTE II: A digitalização do Censo de 1872 29 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 2. A digitalização do Censo de 1872 Podemos identificar três momentos em que os avanços na transcrição, avaliação e disponibilização do censo de 1872 foram mais significativos, embora o trabalho com este censo nunca tenha sido totalmente interrompido. O primeiro, aquele que deu origem a pesquisa, foi financiado com recursos do INPES/ IPEA dentro do programa PNPE. Em 1981 os professores Roberto Martins e Clotilde Paiva, integrantes do corpo docente do Cedeplar, submeteram ao PNPE um projeto intitulado “Um estudo crítico do recenseamento de 1872”. Este projeto estava calcado na transcrição dos dados da publicação original de 1876, composta de 12 volumes17. Naquele momento, colocar em meio eletrônico todas as tabelas, então denominadas “quadros” paroquiais publicados. Como havia 1.473 paróquias e o plano tabular da Directoria Geral de Estatística (DGE) previa seis “quadros” por paróquia, contabilizava-se um total de 8.840 tabelas a serem transcritas. Soube-se, no avançar dos trabalhos, que algumas poucas paróquias não foram recenseadas, o que reduzia o total de tabelas a serem trabalhadas para 8.640. Dada a tecnologia da época, a tarefa implicava a transcrição para o papel todos os dados microfilmados e, depois, a digitalização dos mesmos para computador18. Os pesquisadores propuseram, no prazo de um ano, digitar todas as tabelas paroquiais, conferir a cópia e a digitação, e fornecer uma primeira avaliação da qualidade e do grau de cobertura deste registro censitário, que foi o primeiro levantamento censitário realizado no Brasil. Desnecessário ressaltar a relevância da pesquisa proposta e, também, a ingenuidade dos pesquisadores ao imaginarem que no período de um ano poderiam realizar tarefa desta dimensão. No “Relatório Final” apresentado ao INPES/IPEA em 1983 resgatamos aspectos importantes do planejamento do censo, analisamos sua cobertura em todo o território nacional e inventariamos as paróquias omitidas da publicação. De fato, foram digitalizados dados de todas as províncias. Contudo, apenas os dados das tabelas paroquiais das províncias de Minas Gerais, Alagoas, Rio Grande do Norte, Pará, Pernambuco e Espírito Santo puderam ser conferidos e comparados com os das tabelas originais. Como se observou grandes divergências de resultados, adotou-se, como metodologia de ajuste, o procedimento de se recalcular os totais de cada tabela no pressuposto de que o seu miolo (ou seja, os dados mais desagregados das tabelas) estaria correto, que quanto 17 A equipe reconhece os esforços do IBGE e, em especial, da Hespéria Zulma de Rosso, chefe do Departamento de Documentação e Referência da Biblioteca Central do IBGE (Rio de Janeiro) que, naquela ocasião, havia nos recebido e nos orientado no uso do acervo de seu departamento. Sem a liberação do material censitário, esta pesquisa teria sido inviável. 30 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 menor a unidade de informação melhor seriam os dados19. Ainda que os dados tivessem sido apenas parcialmente conferidos, a base de dados digitalizada do censo de 1872 passou a ser cedida (ainda com reservas) para pesquisadores. A identificação de enorme demanda por informação dessa natureza conferiu novo estímulo ao Cedeplar para que o se retomasse o trabalho deste censo. O segundo momento de grande avanço ocorreu em duas etapas entre os anos de 1995 e 2002, quando se recebeu apoio financeiro e institucional da Fundação João Pinheiro (FJP) e, em seguida, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). O professor Tarcisio Botelho coordenou ambas as etapas. Com o auxílio da FJP, completou-se o trabalho de conferência de conferência dos dados digitados das tabelas paroquiais com relação aos originais microfilmados. Em seguida, com apoio do IPEA, foi dada continuidade aos trabalhos com vistas à produção de um CD-ROM que teria, além de um software de consulta aos dados, um conjunto de estudos relevantes sobre a obra (com relato da história, institucionalidade, legislação, e outros elementos relacionados ao censo) contando com a participação de alguns especialistas da área. Assim, Botelho cuidou de completar a transcrição, elaborar a primeira proposta de correção dos dados e coordenar a produção de estudos. Embora o CD-ROM nunca tenha sido produzido, o avanço nesta etapa foi decisivo para que o projeto pudesse ser agora concluído. O terceiro momento, que agora se finaliza, teve inicio em novembro de 2010 com recursos da FAPEMIG. Obtivemos financiamento para concluir o trabalho e disponibilizar, via internet, o censo acompanhado dos estudos relativos a ele que ao longo do tempo foram sendo realizados. Este relatório mostra o sucesso alcançado pela equipe e contém todas as informações necessárias para que o acesso a esta obra tão importante esteja ao alcance de todos. 18 Deve-se mencionar aqui o apoio de Hélio Mário Neves Pimentel de Oliveira (Engepel), por sua assistência durante as fases de coleta de dados, e de transposição destes dados para fita magnética. 19 A proposta de correção dos dados é mais bem detalhada no item 8 deste relatório. 31 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 PARTE III: A correção dos dados do Censo de 1872 32 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 3. O método do resultado predominante (MRP) para correção dos dados do Censo de 187220 3.1 Aspectos gerais O primeiro problema que se depara ao se buscar utilizar os dados mais gerais da Província pelo Censo de 1872 relaciona-se à decisão de qual número privilegiar. Isso porque, como se observa na Tabela 4, para cada atributo pessoal ou característica socioeconômica a soma dos números paroquiais dificilmente correspondiam ao total que a Diretoria Geral de Estatística (DGE) divulgou para o Brasil (e também para as províncias), chegando ao paroxismo de se defrontar com números divergentes sobre um mesmo aspecto analisado, em dois momentos da exposição das estatísticas, para uma mesma unidade paroquial. Tabela 4 – Total da população segundo o oficialmente divulgado e segundo a soma nas 11 seções das tabelas paroquiais – Brasil – 1872. Livres Escravos DiferenSeções dos quadros Natureza dos Total (1) ça do paroquiais resultados Homens Mulheres Homens Mulheres oficial A) Total (oficial DGE) Dados oficiais 4.318.699 4.100.973 805.170 705.636 B) Quadros paroquiais 1º Quadro geral 1 - Total - "Almas" 2 - Cor "Raças" 3 - Estado marital 4 - Religião 5 - Nacionalidade 6 - Instrução Coluna de total 4.319.510 4.322.576 4.315.199 Soma das 4.316.596 categorias 4.318.627 4.318.638 4.108.325 4.101.295 4.148.554 4.104.956 4.102.482 4.228.222 805.203 856.115 805.626 804.682 805.113 802.960 705.709 9.938.747 8.269 706.178 9.986.164 55.686 706.512 9.975.891 45.413 705.315 9.931.549 1.071 705.824 9.932.046 1.568 705.818 10.055.638 125.160 4.326.075 4.098.487 804.597 705.177 9.934.336 Colunas de totais 4.317.827 4.174.553 853.566 737.088 10.083.034 152.556 804.478 705.545 9.932.879 804.155 704.425 10.013.251 82.773 804.908 705.597 2º e 3º quadros - por grupos de idade 7 - Pop. presente/ausente Soma das por idade categorias 8 - Total da pop. presente/ausente 4º e 5º quadros - por província ou nação de origem 9 - População por local Soma das 4.319.678 4.103.178 de origem categorias 6º quadro - por profissão 10 - População por Soma das 4.334.802 4.169.869 profissão categorias 11 - Total da população Colunas de totais 4.319.474 4.100.562 9.930.478 9.930.541 - 3.858 2.401 63 Fonte dos dados básicos: DGE – Recenseamento do Império de 1872. Base de dados digital do Cedeplar. As seções de 1 a 6 correspondem à 1º “quadro geral” (ver Tabela 8, no Apêndice); As duas seções seguintes referem-se aos segundo e terceiro quadros de distribuição etária (ver Tabela 10 e Tabela 12); A nona seção mescla dados do quarto e quinto quadros, sobre população por origem de província ou nação (Ver Tabela 15, Tabela 17 e Tabela 19). As duas últimas seções originam do 6º quadro (ver Tabela 21). (1) Pela soma dos dados apresentados e não pela coluna de somatória original da publicação das paróquias. 20 Este item constitui uma adaptação de parte do conteúdo do trabalho de tese desenvolvido por Rodarte (2008), que se apresentava ainda em uma forma incipiente. 33 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 Se as divergências predominam em cada seção de totalização dos dados da população no conjunto das paróquias mineiras, como indica a Tabela acima, o mesmo não se sucede com os números apresentados em cada paróquia, que se mostram mais coerentes entre si. Os dados censitários de uma das duas paróquias que formam a sede municipal da capital de Minas Gerais, na Tabela 5, ilustram essa afirmação. Na Paróquia de N. Sra. do Pilar de Ouro Preto, não havia divergência de totais entre as mulheres escravas. Mesmo nos outros três segmentos populacionais por sexo e condição, que apresentaram ocorrências de totais discrepantes em relação ao resultado predominante, a maioria dos resultados mantiveram-se coerentes uns com os outros. Tabela 5 – Total da população nas 11 seções das tabelas paroquiais, segundo condição e sexo - Paróquia de Nossa Senhora do Pilar de Ouro Preto - 1872. Seções dos quadros Natureza dos resultados Livres Escravos Total (1) Homens Mulheres Homens Mulheres Moda 3.661 3.089 480 471 7.701 Coluna de total Soma das categorias Soma das categorias Soma das categorias Soma das categorias Soma das categorias 3.661 3.661 3.661 3.661 3.661 3.661 3.089 3.089 3.089 3.089 3.089 3.089 480 480 480 480 480 480 471 471 471 471 471 471 7.701 7.701 7.701 7.701 7.701 7.701 2º e 3º quadros - por grupos de idade 7 - Pop. Presente/ausente por idade 8 - Total da pop. presente/ausente Soma das categorias Colunas de totais 3.661 3.661 3.089 3.089 479 480 471 471 7.700 7.701 4º e 5º quadros - por província ou nação de origem 9 - População por local de origem Soma das categorias 3.661 3.089 480 471 7.701 6º quadro - por profissão 10 - População por profissão 11 - Total da população Soma das categorias Colunas de totais 3.657 3.661 3.093 3.089 480 480 471 471 7.701 7.701 Quadros paroquiais 1º Quadro geral 1 - Total - "Almas" 2 - Cor "Raças" 3 - Estado marital 4 - Religião 5 - Nacionalidade 6 - Instrução Fonte dos dados básicos: DGE – Recenseamento do Império de 1872. Base de dados digital do Cedeplar. Números divergentes em relação à moda estão em negrito. (1) Pela soma dos dados apresentados e não pela coluna de somatória original da publicação das paróquias. Com efeito, as discrepâncias são exceções à regra, como mostra a análise de todas as 1.440 paróquias brasileiras recenseadas, pela Tabela 6. Entre os livres, para ambos os sexos, notou-se que as totalizações de pouco mais de 60% das paróquias não se divergiram entre si, tanto entre homens (61,3%) quanto para mulheres (64,1%). O número máximo de divergências em relação ao resultado modal em uma mesma paróquia foi equivalente a quatro e isso só se observou em apenas uma paróquia. 34 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 Tabela 6 – Paróquias segundo ocorrência de totais divergentes ao número modal nas 11 seções de totalizações das tabelas paroquiais, por condição e sexo - Brasil - 1872. Ocorrências de Livres Escravos discrepâncias em Homens Mulheres Homens Mulheres relação à moda N. % N. % N. % N. % Total Sem desvio 1 Ocorrência 2 Ocorrências 3 Ocorrências 4 Ocorrências 1.440 100,0 1.440 100,0 1.440 100,0 1.440 100,0 882 431 114 12 1 61,3 29,9 7,9 0,8 0,1 923 406 95 15 1 64,1 28,2 6,6 1,0 0,1 1.143 264 30 3 0 79,4 18,3 2,1 0,2 0,0 1.159 254 24 3 0 80,5 17,6 1,7 0,2 0,0 Fonte dos dados básicos: DGE – Recenseamento do Império de 1872. Base de dados digital do Cedeplar. Inicialmente, suspeitava-se que os desvios da moda decorriam da omissão da população sem informação para determinados atributos pesquisados, como profissão. Mediante análise da Tabela 7, refutou-se essa hipótese como única responsável pelos desvios em relação à moda, uma vez que os mesmos eram, ora positivos, ora negativos. Com isso, os resultados expostos sugerem a existência de outras razões para os erros, como os advindos de impressão e, também, de soma. É provável que este último tenha uma responsabilidade menor do que apregoava Paiva e Martins21. No caso dos desvios superiores à moda, seria preciso supor correta a soma das categorias e desprezar as outras 10, nove ou oito totalizações das demais tabelas, o que parece pouco razoável. 21 Ver PAIVA, Clotilde A.; MARTINS, Roberto B. Um estudo crítico do recenseamento de 1872. Belo Horizonte: PNPE, 1983. Relatório de Pesquisa. Mimeografado, p. 2. 35 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 Tabela 7 – Distribuição das paróquias segundo o resultado modal nas 11 seções de totalizações das tabelas paroquiais, em relação ao número modal e divergência para mais e para menos, por condição e sexo – Brasil – 1872. Natureza dos resultados Seções dos quadros 1º Quadro geral 1 - Total - "Almas" 2 - Cor "Raças" 3 - Estado marital 4 - Religião 5 - Nacionalidade 6 - Instrução Coluna de total Diferença em relação à moda Livres Escravos Homens Mulheres Homens Mulheres menor maior menor maior menor maior menor maior 3 13 18 6 11 5 5 18 12 2 13 7 4 10 15 10 9 19 4 8 20 9 10 10 3 3 9 8 6 5 1 11 6 7 4 3 3 8 10 5 9 7 1 4 7 4 4 6 2º e 3º quadros - por grupos de idade 7 - Pop. presente/ausente por Soma das 137 idade categorias 8 - Total da pop. presente/ausente Colunas de totais 12 135 141 139 64 70 73 47 7 12 9 4 8 12 5 56 42 43 21 20 14 14 26 79 102 80 63 31 53 44 16 8 8 5 4 2 1 4 2 Soma das categorias 4º e 5º quadros - por província ou nação de origem Soma das categorias 9 - População por local de origem 6º quadro - por profissão 10 - População por profissão 11 - Total da população Soma das categorias Colunas de totais Fonte dos dados básicos: DGE – Recenseamento do Império de 1872. Base de dados digital do Cedeplar. (1) Para brasileiros, 22 categorias; para estrangeiros livres, 27; e escravos africanos, 1. De posse das evidências apresentadas, passou-se para a tarefa de elaboração de uma forma de correção dos dados do censo que valorizasse os resultados predominantes das estatísticas paroquiais quanto ao sexo e condição social, e, mais do que isso, tomasse como ponto de partida esses valores modais. 3.2 Primeiro módulo: Os resultados predominantes gerais O princípio do processo de correção, com efeito, consistiu no estabelecimento do valor modal da população segmentada por sexo e condição social como os valores que deveriam ser considerados como corretos22. Não deixou de surpreender o fato de que a soma dos valores modais das paróquias havia correspondido com os valores totais da população divulgados pela DGE, constante na primeira linha da Tabela 4, como se pode observar comparando esses números com a primeira linha da Tabela 9 (pág. 41). Uma vez que os resultados do procedimento de correção corresponderam ao total oficialmente divulgado pelo Recenseamento, concluiu-se que o método provavelmente resgatava 36 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 o expediente adotado pelos técnicos da DGE, que consistiria em empregar, nas somatórias de províncias e do Brasil, o resultado predominante ao nível paroquial, desvencilhando-se das inconsistências e dos problemas de soma, vez por outra encontrados. Deve-se sublinhar que este módulo do MRP corrige apenas os dados paroquiais da população por sexo e condição. Para se fazer avançar no ajuste de dados de composição da população, era forçoso pensar também, como corrigir as discrepâncias de informação da distribuição da população por cor, estado marital, e, sobretudo, idade, origem e profissão. Tais atributos, entretanto, não eram passíveis de serem obtidas pelo mesmo processo de extração da moda. Daí formulou-se outros dois módulos do método, interdependentes, para a correção dos dados mais desagregados do censo e que mantivessem a coerência com o processo de correção da primeira etapa. 3.3 Segundo módulo: o cotejamento automático da mesma variável entre tabelas do censo O segundo módulo do método consistiria na correção de atributos que se repetiriam nas seis tabelas do censo, ao menos em três momentos tal como “raças” – presente no Quadro Geral (Tabela 8, no apêndice, pág. 40); e duas vezes nos 2º e 3º quadros do censo, das quais, uma era distribuída por faixas etárias; e outra, como total, na última linha das tabelas (Tabela 10 e Tabela 12, págs. 42 e 44). Trata-se de um processo de escolhas automáticas, feitas por programa de computador, em que se confrontam os valores de cor nas três partes do censo, sendo escolhidas aquelas distribuições por cor, a nível paroquial, cujas somas correspondessem aos valores modais obtidos na primeira parte do método. O “estado civil” – presente no Quadro Geral e duas vezes nos 4º e 5º quadros (das populações por província de origem e “nacionalidade”) (Tabela 15, Tabela 17 e Tabela 19) – também foi obtido mediante aplicação do segundo módulo do método. 22 Todos as etapas do MRP foram realizadas mediante a concepção de um algoritmo, processado no software SPSS. 37 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 3.4 Terceiro módulo: ajuste das variáveis singulares pelo valor modal ou de vizinhança espacial Por fim, para corrigir atributos mais específicos que não se repetiam como idade (Tabela 10 e Tabela 12), origem (Tabela 15, Tabela 17 e Tabela 19) e profissões (Tabela 21, das págs. 42 a 53), desenvolveu-se o terceiro módulo de correção, dependente dos dois módulos anteriores. Tal como na etapa anterior, o método de correção das idades ao nível de paróquias prevê manutenção dos dados das colunas da somatória dos 2º e 3º quadros (para o caso da variável idade) que corresponderam com os dados mais agregados obtidos no módulo anterior e uma alteração criteriosa apenas das demais colunas com discrepância de resultados, obedecendo ao princípio de se minimizar intervenções realizadas sobre os dados originais. A programação por computador prediz duas situações distintas nos casos em que se requeriam correções: 1) Nas paróquias em que essa diferença em relação ao dado “correto” era pequena (inferior a 1%), corrigiam-se os valores de cada categoria dos grupos de idade, distribuindo o dado “correto” pro rata à distribuição original; 2) Nos casos mais graves de distorção, em que a soma de pessoas por faixa etária era muito acima, ou muito abaixo, dos totais indicados nos dois módulos anteriores de correção, pressupunha-se que a função de distribuição estava corrompida e, por isso, deveria ser substituída por outra, supostamente, mais “realista”. No caso, a programação excluía a distribuição distorcida e a trocava por uma nova composição etária, calculada com base no conjunto das demais paróquias que formavam o município da paróquia sob processo de correção23. Na seqüência, o processamento repetia uma operação semelhante à prevista na primeira situação, ao tomar o valor total corrigido e distribuí-lo pro rata à nova distribuição. 23 Nos casos em que o município era composto de apenas uma paróquia, algoritmo MRP considerava a distribuição média das demais paróquias da província em questão. 38 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 3.5 Considerações finais do MRP Em síntese, a correção pelo MRP para os dados de 1872 é um método que visa eliminar as contradições internas aos dados do censo, existentes na publicação, devido aos erros de contagem, no processo de sistematização das informações, que foram somados, mais tarde, aos erros tipográficos. Estes últimos existem em menor quantidade no primeiro volume da publicação, que contém a síntese dos dados do Império, mas são freqüentemente notados nos volumes seguintes, referentes às províncias, que continham os dados mais desagregados das paróquias, que são, justamente, as fontes mais interessantes para se trabalhar organizando as informações em regiões, ou sob outras formas de agregação. Tomou-se a decisão por introduzir a correção pelo MRP no programa POP 72-Brasil, ao invés de, simplesmente, apresentar apenas os dados originais do Censo de 1872. Isso porque se avaliou que o emprego do método era ainda mais oportuno em estudos espacialmente mais desagregados. Nesses casos, os erros devem assumir uma dimensão maior que aqueles presentes em unidades mais agregadas, pois as chances de um sub-registro ser compensado por outro sobre-registro, ou vice-versa, diminuem na medida em que se reduzem os tamanhos das unidades espaciais de análise. Cumpre destacar, contudo, que a correção pelo MRP não pode ser vista como ajuste final e decisivo para os dados de 1872. É, sim, o começo. Uma vez corrigidos os dados, percebeu-se que deformidades da distribuição etária persistiam em algumas paróquias. Por isso, a aplicação do MRP não prescinde dos métodos de análises e ajustes convencionais da demografia, existentes para a avaliação de qualquer censo. 3.6 Anexo estatístico 39 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 Grupos Total Raças Estado civil Religião Nacionalidade Instrução Instrução - população escolar de 6 a 15 anos Defeitos físicos Ausentes Transeuntes Parte de domicílios Casas habitadas 1.297.447 Tabela 8 Somatória dos dados paroquiais não corrigidos contidos no primeiro “Quadro Geral da População” – Brasil – 1872 Categorias Livres Escravos Homens Mulheres Soma Homens Mulheres Almas 4.319.510 4.108.325 8.426.435 805.203 705.709 Branco 1.967.574 1.814.074 3.778.101 Pardo 1.683.148 1.651.771 3.330.390 247.062 224.272 Preto 470.762 449.288 919.801 609.053 481.906 Caboclo 201.092 186.162 387.075 Total* 4.322.576 4.101.295 8.415.367 856.115 706.178 Solteiro 2.973.627 2.799.005 5.687.794 712.367 624.139 Casado 1.164.486 1.123.279 2.290.908 73.079 62.627 Viúvo 177.086 226.270 402.987 20.180 19.746 Total* 4.315.199 4.148.554 8.381.689 805.626 706.512 Católicos 4.300.284 4.093.522 8.378.495 804.682 705.315 Acatólico 16.312 11.435 27.747 Total* 4.316.596 4.104.957 8.406.242 804.682 705.315 Brasileira 4.139.208 4.037.920 8.170.602 719.578 652.925 Estrangeira 179.419 64.562 243.673 85.535 52.899 Total* 4.318.627 4.102.482 8.414.275 805.113 705.824 Sabem Ler e Escrever 1.012.986 588.001 1.561.501 958 445 Analfabetos 3.305.652 3.640.221 6.866.308 802.002 705.373 Total* 4.318.638 4.228.222 8.427.809 802.960 705.818 Frequentam Escola 155.848 96.170 252.156 Não Frequentam Escola 783.745 793.101 1.569.954 114 114 Total 942.117 886.992 1.825.440 Cegos 7.990 5.409 13.388 1.504 982 Surdos-Mudos 6.538 3.863 10.392 728 590 Aleijados 23.656 9.823 33.371 4.680 2.925 Alienados 3.103 2.027 5.126 374 333 Dementes 4.838 3.449 8.282 637 523 Ausentes 34.138 14.555 48.576 6.410 4.612 Transeuntes 23.221 13.786 36.910 1.449 885 Casas desabitadas 32.930 Soma Soma 1.510.981 470.636 1.042.650 1.513.286 1.334.779 135.712 39.975 1.510.466 1.511.653 1.511.653 1.372.621 138.349 1.510.970 1.397 1.510.067 1.511.464 228 2.486 1.314 7.608 717 1.156 11.018 2.341 9.952.948 3.778.102 3.801.123 1.959.873 387.179 9.926.277 7.066.854 2.420.419 443.092 9.930.365 9.886.340 27.747 9.914.087 9.549.196 382.136 9.931.332 1.565.454 8.366.947 9.932.401 252.240 1.574.120 1.828.859 15.880 11.710 41.002 5.859 9.444 59.645 39.325 Fogos 1.332.465 Fonte dos dados básicos: Censo de 1872 (DGE, 1876). Obs.: Resultados obtidos das soma dos dados originais das paróquias. 40 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 Grupos Total Raças Estado civil Religião Nacionalidade Instrução Instrução - população escolar de 6 a 15 anos Defeitos físicos Ausentes Transeuntes Parte de domicílios Casas habitadas 1.297.447 Tabela 9 Somatória dos dados paroquiais ajustados pelo MRP contidos no primeiro “Quadro Geral da População” – Brasil – 1872 Categorias Livres Escravos Homens Mulheres Soma Homens Mulheres Almas 4.318.699 4.100.973 8.419.672 805.170 705.636 Branco 1.967.118 1.813.992 3.781.110 Pardo 1.680.046 1.651.608 3.331.654 246.641 223.397 Preto 470.552 449.122 919.674 558.529 482.239 Caboclo 200.983 186.251 387.234 Total* 4.318.699 4.100.973 8.419.672 805.170 705.636 Solteiro 2.977.146 2.751.978 5.729.124 711.881 623.199 Casado 1.164.547 1.122.881 2.287.428 73.094 62.684 Viúvo 177.006 226.114 403.120 20.195 19.753 Total* 4.318.699 4.100.973 8.419.672 805.170 705.636 Católicos 4.302.387 4.089.538 8.391.925 803.946 705.017 Acatólico 16.312 11.435 27.747 1.224 619 Total* 4.318.699 4.100.973 8.419.672 805.170 705.636 Brasileira 4.139.274 4.036.624 8.175.898 719.632 652.816 Estrangeira 179.425 64.349 243.774 85.538 52.820 Total* 4.318.699 4.100.973 8.419.672 805.170 705.636 Sabem Ler e Escrever 1.013.078 550.973 1.564.051 958 445 Analfabetos 3.305.621 3.550.000 6.855.621 804.212 705.191 Total* 4.318.699 4.100.973 8.419.672 805.170 705.636 Frequentam Escola 155.622 96.170 251.792 Não Frequentam Escola 779.343 786.110 1.565.453 114 114 S./ Inf. da Frequência Escolar 2.782 3.706 6.488 147.806 132.054 Cegos 7.990 5.409 13.399 1.504 982 Surdos-Mudos 6.538 3.863 10.401 728 590 Aleijados 23.656 9.823 33.479 4.680 2.925 Alienados 4.838 3.449 8.287 637 523 Dementes 3.103 2.027 5.130 374 333 Ausentes 35.631 15.819 51.450 6.484 4.662 Transeuntes 23.221 13.786 37.007 1.449 885 Casas desabitadas 32.930 Soma Soma 1.510.806 470.038 1.040.768 1.510.806 1.335.080 135.778 39.948 1.510.806 1.508.963 1.843 1.510.806 1.372.448 138.358 1.510.806 1.403 1.509.403 1.510.806 228 279.860 2.486 1.318 7.605 1.160 707 11.146 2.334 9.930.478 3.781.110 3.801.692 1.960.442 387.234 9.930.478 7.064.204 2.423.206 443.068 9.930.478 9.900.888 29.590 9.930.478 9.548.346 382.132 9.930.478 1.565.454 8.365.024 9.930.478 251.792 1.565.681 286.348 15.885 11.719 41.084 9.447 5.837 62.596 39.341 Fogos 1.332.465 Fonte dos dados básicos: Censo de 1872 (DGE, 1876). 41 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 Tabela 10 Somatória dos dados paroquiais não corrigidos contidos no segundo “Quadro”, relativo à população de fato (presente) em relação às idades – Brasil – 1872 Homens Grupos Meses Anos completos Quinquênios Decênios Categorias Livres Brancos 1 mês 6.206 2 meses 5.794 3 meses 5.907 4 meses 5.978 5 meses 5.732 6 meses 7.006 7 meses 6.179 8 meses 7.053 9 meses 6.994 10 meses 7.405 11 meses 8.162 1 ano 32.068 2 anos 37.829 3 anos 38.710 4 anos 42.134 5 anos 51.092 6-10 anos 218.247 11-15 anos 197.911 16-20 anos 206.176 21-25 anos 208.333 26-30 anos 221.768 31-40 anos 250.538 41-50 anos 180.197 51-60 anos 109.044 61-70 anos 53.630 71-80 anos 23.317 81-90 anos 10.356 91-100 anos 3.940 Maiores de 100 1.151 Não determinados 1.534 Total por raça (soma coluna)* 1.960.391 Total por raça 1.950.770 Total por condições 4.274.903 Total por sexo 5.078.101 Total 9.863.270 Pardos 6.234 5.744 5.784 5.754 5.650 6.773 5.788 6.383 6.433 6.817 7.451 32.110 38.175 39.420 43.299 51.639 207.390 175.645 178.851 175.297 177.243 189.981 130.143 80.706 41.258 20.207 9.198 3.903 1.075 1.303 1.665.654 1.668.300 - Pretos 2.138 1.797 2.087 2.348 2.128 2.470 2.371 2.574 2.691 2.613 3.045 8.096 8.819 8.774 10.044 11.522 47.453 42.448 45.579 48.456 51.280 58.851 40.223 27.309 16.027 7.751 3.747 1.519 461 695 465.316 464.135 - Caboclos 620 549 637 678 729 809 849 907 983 1.066 1.258 3.778 4.158 4.418 4.922 6.279 22.291 20.904 22.200 21.526 20.721 21.783 15.566 10.167 5.483 2.624 1.285 632 214 1.076 199.112 199.051 - Mulheres Escravos Pardos Pretos 8 4 3 1 7 127 210 3.528 6.098 4.951 8.961 5.772 10.897 6.340 12.103 7.980 15.001 25.711 47.224 25.255 49.059 27.861 57.381 28.797 59.345 29.878 65.490 31.880 78.242 20.920 64.954 12.777 41.903 6.543 20.968 3.297 8.835 1.644 4.176 679 1.657 192 363 314 791 244.447 553.680 244.504 602.569 797.832 - Livres Brancas 5.533 5.327 5.556 5.625 5.609 6.446 5.916 6.438 6.551 6.885 7.508 29.868 35.057 36.395 39.961 47.058 201.283 186.902 197.518 196.198 201.972 225.525 161.187 95.045 48.573 20.737 9.478 3.591 940 1.331 1.806.013 1.803.566 4.080.966 4.778.080 - Pardas 5.923 5.311 5.245 5.410 5.428 6.294 5.732 6.379 6.142 6.642 7.278 30.886 36.518 38.321 42.099 49.628 198.679 171.284 185.391 180.449 181.325 188.243 123.653 75.624 40.765 20.123 9.384 3.887 942 1.350 1.644.335 1.699.885 - Pretas 2.011 1.674 1.970 1.938 2.016 2.340 2.159 2.422 2.543 2.602 2.732 7.687 8.198 8.403 9.239 11.464 44.291 40.912 47.187 47.648 49.162 55.769 38.180 25.652 14.881 7.681 3.658 1.648 477 430 446.974 471.242 - Caboclas 573 514 607 653 624 793 795 919 872 947 1.132 3.473 3.883 4.191 4.774 6.056 20.420 19.065 21.491 20.404 20.631 20.671 13.774 8.723 4.558 2.286 1.129 523 175 688 185.344 184.062 - Escravas Pardas Pretas 1 1 2 1 1 100 196 3.368 5.388 4.760 7.780 5.464 9.208 6.017 10.434 7.520 12.979 24.469 41.280 23.374 42.646 25.124 49.647 25.350 53.592 26.795 59.062 28.913 69.898 18.208 53.485 10.926 33.215 5.942 17.164 2.993 7.094 1.416 3.292 667 1.377 147 333 264 635 221.821 478.707 256.245 476.136 700.303 - Soma 29.229 26.681 27.812 28.391 27.911 32.941 29.778 33.046 33.209 34.961 39.203 166.361 199.083 209.899 231.284 277.862 1.097.603 995.181 1.063.464 1.062.906 1.094.746 1.220.267 881.155 530.849 276.198 126.889 58.758 24.050 6.472 10.414 9.876.603 9.899.382 10.006.706 9.913.907 - Fonte dos dados básicos: Censo de 1872 (DGE, 1876). Obs.: Resultados obtidos das soma dos dados originais das paróquias. 42 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 Tabela 11 Somatória dos dados paroquiais ajustados pelo MRP contidos no segundo “Quadro”, relativo à população de fato (presente) em relação às idades – Brasil – 1872 Homens Grupos Meses Anos completos Quinquênios Decênios Categorias 1 mês 2 meses 3 meses 4 meses 5 meses 6 meses 7 meses 8 meses 9 meses 10 meses 11 meses 1 ano 2 anos 3 anos 4 anos 5 anos 6-10 anos 11-15 anos 16-20 anos 21-25 anos 26-30 anos 31-40 anos 41-50 anos 51-60 anos 61-70 anos 71-80 anos 81-90 anos 91-100 anos Maiores de 100 Não determinados Total Livres Brancos 6.213 5.798 5.893 5.978 5.731 7.000 6.167 7.045 7.005 7.419 8.216 32.199 37.987 38.865 42.211 51.268 218.457 198.001 205.720 208.249 211.166 250.636 180.259 109.132 53.509 23.155 10.340 3.957 1.139 1.814 1.950.529 Pardos 6.259 5.749 5.797 5.760 5.643 6.788 5.769 6.380 6.405 6.799 7.382 32.086 38.218 39.416 43.230 51.690 207.941 175.964 179.109 175.524 177.701 190.197 130.282 80.718 41.188 20.184 9.198 3.899 1.067 1.580 1.667.923 Pretos 2.139 1.782 2.084 2.342 2.124 2.465 2.365 2.569 2.674 2.606 3.032 8.099 8.803 8.768 9.999 11.513 47.531 42.250 45.435 48.469 51.407 58.874 40.349 27.343 16.063 7.760 3.756 1.516 453 974 465.544 Mulheres Escravos Livres Caboclos Pardos Pretos Brancas Pardas Pretas Caboclas 616 5.525 5.915 1.990 566 533 5.305 5.308 1.629 501 630 1 5.536 5.280 1.876 603 671 5.602 5.394 1.918 643 724 5.593 5.401 2.007 624 811 3 6.440 6.305 2.338 802 838 5.885 5.719 2.141 756 880 1 6.440 6.404 2.319 892 975 6.539 6.119 2.533 866 1.039 1 6.886 6.661 2.573 955 1.212 127 210 7.508 7.267 2.712 1.143 3.767 3.514 6.011 29.799 31.010 7.583 3.480 4.177 4.934 8.908 34.884 36.647 8.215 3.883 4.387 5.767 10.819 36.349 38.405 8.408 4.206 4.899 6.337 12.090 39.975 42.229 9.305 4.785 6.276 7.972 14.969 46.917 49.779 11.524 6.072 22.382 25.671 47.222 201.187 198.835 44.519 20.572 20.914 25.276 49.066 186.941 171.555 41.144 19.078 22.248 27.912 57.400 197.191 185.855 46.787 21.167 21.597 28.713 59.337 196.285 179.994 46.804 20.286 20.781 29.864 65.468 202.316 181.702 49.274 20.552 21.765 31.923 78.421 225.914 188.753 56.083 20.528 15.565 20.998 65.116 161.158 123.460 38.290 13.630 10.089 12.803 42.062 95.034 75.746 25.754 8.906 5.357 6.568 20.994 48.623 40.734 14.927 4.567 2.571 3.246 8.828 20.839 20.200 7.740 2.232 1.255 1.656 4.166 9.461 9.424 3.677 1.071 619 684 1.639 3.572 3.889 1.640 510 200 192 361 937 946 478 176 1.294 435 1.001 1.752 1.795 802 988 199.072 244.593 554.093 1.806.393 1.646.731 446.990 185.040 Fonte dos dados básicos: Censo de 1872 (DGE, 1876). Escravas Pardas Pretas 1 1 1 1 1 100 181 3.382 5.405 4.758 7.750 5.459 9.194 6.021 10.407 7.507 12.882 24.376 41.285 23.382 42.601 25.111 49.675 25.399 53.744 26.835 59.185 28.929 70.087 18.153 53.550 10.901 33.261 5.946 17.001 2.990 7.089 1.416 3.285 668 1.362 146 333 396 817 221.878 479.096 Soma 29.223 26.605 27.701 28.308 27.847 32.953 29.640 32.931 33.117 34.940 39.090 166.335 199.164 210.043 231.488 278.369 1.099.978 996.172 1.063.610 1.064.401 1.096.251 1.222.110 860.810 531.749 275.477 126.834 58.705 23.955 6.428 13.648 9.867.882 43 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 Tabela 12 Somatória dos dados paroquiais não corrigidos contidos no terceiro “Quadro”, relativo à população ausente em relação às idades – Brasil – 1872 Grupos Meses Anos completos Quinquênios Decênios Homens Mulheres Livres Livres Escravos Brancos Pardos Pretos Caboclos Pardos Pretos Brancas Pardas Pretas Caboclas 1 mês 5 3 2 1 5 1 2 meses 2 1 5 2 1 3 3 meses 4 2 2 2 1 1 4 meses 2 7 2 3 2 1 2 5 meses 3 2 8 4 1 2 2 4 6 meses 15 4 3 3 6 7 3 7 meses 5 8 6 6 6 1 3 8 meses 7 10 3 7 4 8 2 9 meses 5 4 5 2 3 6 6 8 10 meses 6 7 1 4 10 6 3 5 11 meses 4 9 3 4 6 3 2 8 1 ano 67 31 14 11 5 7 47 29 15 4 2 anos 68 37 16 6 5 14 32 27 6 7 3 anos 60 42 9 14 4 12 42 16 13 13 4 anos 76 59 28 16 7 15 54 26 20 7 5 anos 112 71 26 23 14 21 70 46 18 12 6-10 anos 833 562 155 84 100 135 461 265 104 54 11-15 anos 1.311 928 298 174 171 280 643 382 137 107 16-20 anos 2.281 1.706 700 261 264 509 895 557 266 133 21-25 anos 2.559 1.911 814 283 326 619 1.129 659 268 175 26-30 anos 2.522 1.967 924 291 402 700 1.224 791 336 214 31-40 anos 3.016 2.375 977 322 405 925 1.272 878 378 168 41-50 anos 1.863 1.290 486 192 230 728 959 617 279 118 51-60 anos 1.098 673 338 116 72 339 449 327 151 96 61-70 anos 383 289 123 46 22 99 182 145 74 40 71-80 anos 167 104 37 32 12 15 59 52 44 17 81-90 anos 44 17 11 5 3 5 19 14 5 2 91-100 anos 2 2 4 2 1 2 4 1 3 Maiores de 100 1 1 1 1 Não determinados 37 14 7 1 2 1 5 4 2 2 Total por raça (soma coluna)* 16.557 12.135 4.994 1.916 2.045 4.425 7.592 4.887 2.131 1.211 Total por raça 16.558 12.115 4.988 1.910 2.048 4.445 7.585 4.884 2.128 1.201 Total por condições 35.601 4 6.473 15.828 2 Total por sexo 42.088 35 20.468 Total 62.251 Fonte dos dados básicos: Censo de 1872 (DGE, 1876). Obs.: Resultados obtidos das soma dos dados originais das paróquias. Categorias Escravas Pardas Pretas 4 3 6 9 10 2 4 12 16 17 82 103 130 208 205 343 252 408 242 540 305 749 169 482 59 184 23 60 4 18 1.511 3.138 1.511 3.196 4.703 2 6 Soma 17 14 12 19 26 41 35 41 39 42 39 238 233 237 324 445 2.938 4.751 8.123 9.400 10.146 11.767 7.416 3.906 1.487 561 125 21 7 72 62.522 65.704 62.495 62.529 6 44 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 Tabela 13 Somatória dos dados paroquiais ajustados pelo MRP contidos no terceiro “Quadro”, relativo à população ausente em relação às idades – Brasil – 1872 Grupos Meses Anos completos Quinquênios Decênios Categorias 1 mês 2 meses 3 meses 4 meses 5 meses 6 meses 7 meses 8 meses 9 meses 10 meses 11 meses 1 ano 2 anos 3 anos 4 anos 5 anos 6-10 anos 11-15 anos 16-20 anos 21-25 anos 26-30 anos 31-40 anos 41-50 anos 51-60 anos 61-70 anos 71-80 anos 81-90 anos 91-100 anos Maiores de 100 Não determinados Total Brancos 5 2 4 2 3 15 5 7 5 6 4 67 68 60 76 112 839 1.311 2.289 2.569 2.522 3.016 1.870 1.098 383 167 44 2 38 16.589 Homens Livres Escravos Pardos Pretos Caboclos Pardos Pretos Brancas 3 2 1 1 5 2 2 2 7 2 3 2 2 8 4 2 4 3 3 6 8 6 6 10 3 7 4 4 5 2 3 7 1 4 10 9 3 4 6 31 14 11 5 7 47 37 16 6 5 14 32 42 9 14 4 12 42 59 28 16 6 15 54 71 26 22 14 21 70 561 155 84 98 135 465 912 298 174 165 280 643 1.706 705 258 262 509 897 1.911 814 281 328 618 1.129 1.966 924 289 398 699 1.222 2.372 984 322 404 927 1.272 1.283 486 192 229 727 958 672 338 116 72 339 448 291 123 46 22 99 182 104 37 32 12 15 59 17 11 5 2 5 19 2 4 2 1 2 1 1 1 29 9 4 22 13 10 12.123 5.008 1.911 2.048 4.436 7.599 Fonte dos dados básicos: Censo de 1872 (DGE, 1876). Mulheres Livres Pardas Pretas Caboclas 5 1 2 1 3 1 1 1 2 2 4 7 3 6 1 3 8 2 6 6 8 6 3 5 3 2 8 29 15 4 27 6 7 16 13 13 26 20 7 46 18 12 265 104 54 382 137 107 557 266 133 658 268 173 778 336 214 873 378 168 616 279 119 319 152 96 143 74 40 52 44 17 13 5 2 4 1 3 1 25 2 3 4.877 2.132 1.211 Escravas Pardas Pretas 4 3 6 9 10 2 4 12 16 17 82 103 130 209 207 342 252 407 242 539 307 746 169 482 59 184 26 60 4 19 1 9 1.519 3.143 Soma 17 14 12 19 25 41 35 41 39 42 39 237 233 237 323 445 2.945 4.748 8.131 9.408 10.129 11.769 7.410 3.893 1.489 562 123 21 4 165 62.596 45 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 Tabela 14 Somatória dos dados paroquiais ajustados pelo MRP contidos nos quadros de idades, relativo à população total – Brasil – 1872 Homens Grupos Categorias 1 mês 2 meses 3 meses 4 meses 5 meses Meses 6 meses 7 meses 8 meses 9 meses 10 meses 11 meses 1 ano 2 anos Anos 3 anos completos 4 anos 5 anos 6-10 anos 11-15 anos Quinquênios 16-20 anos 21-25 anos 26-30 anos 31-40 anos 41-50 anos 51-60 anos Decênios 61-70 anos 71-80 anos 81-90 anos 91-100 anos Maiores de 100 Não determinados Total Livres Brancos 6.218 5.800 5.897 5.980 5.734 7.015 6.172 7.052 7.010 7.425 8.220 32.266 38.055 38.925 42.287 51.380 219.296 199.312 208.009 210.818 213.688 253.652 182.129 110.230 53.892 23.322 10.384 3.959 1.139 1.852 1.967.118 Pardos 6.262 5.749 5.799 5.767 5.645 6.792 5.777 6.390 6.409 6.806 7.391 32.117 38.255 39.458 43.289 51.761 208.502 176.877 180.814 177.434 179.668 192.569 131.571 81.390 41.479 20.288 9.215 3.901 1.068 1.603 1.680.046 Pretos 2.139 1.783 2.084 2.344 2.132 2.468 2.365 2.572 2.679 2.607 3.035 8.113 8.819 8.777 10.027 11.539 47.686 42.548 46.140 49.283 52.331 59.858 40.835 27.681 16.186 7.797 3.767 1.520 454 983 470.552 Mulheres Escravos Livres Caboclos Pardos Pretos Brancas Pardas Pretas Caboclas 618 5.526 5.920 1.990 567 533 5.310 5.310 1.630 504 630 1 5.538 5.281 1.877 603 674 5.604 5.395 1.918 645 728 5.595 5.403 2.007 628 812 3 6.446 6.312 2.338 805 844 5.891 5.725 2.142 759 884 1 6.444 6.412 2.319 894 977 6.542 6.125 2.539 874 1.043 1 6.896 6.667 2.576 960 1.215 127 210 7.514 7.270 2.714 1.151 3.777 3.521 6.018 29.846 31.039 7.598 3.484 4.182 4.939 8.922 34.916 36.674 8.221 3.890 4.402 5.770 10.831 36.391 38.421 8.421 4.219 4.915 6.343 12.105 40.029 42.255 9.325 4.792 6.299 7.984 14.990 46.987 49.825 11.542 6.085 22.452 25.767 47.357 201.652 199.099 44.623 20.624 21.074 25.450 49.346 187.584 171.938 41.281 19.185 22.506 28.176 57.909 198.088 186.411 47.053 21.301 21.877 29.038 59.955 197.414 180.654 47.072 20.459 21.081 30.267 66.167 203.538 182.484 49.610 20.765 22.054 32.328 79.348 227.186 189.630 56.461 20.697 15.765 21.229 65.843 162.116 124.078 38.569 13.747 10.209 12.874 42.401 95.482 76.067 25.906 9.002 5.413 6.590 21.093 48.805 40.879 15.001 4.607 2.613 3.258 8.843 20.898 20.252 7.784 2.249 1.262 1.658 4.171 9.480 9.438 3.682 1.073 622 684 1.640 3.574 3.893 1.641 513 200 192 361 938 947 478 176 1.322 445 1.014 1.762 1.804 804 993 200.983 246.641 558.529 1.813.992 1.651.608 449.122 186.251 Fonte dos dados básicos: Censo de 1872 (DGE, 1876). Escravas Pardas Pretas 1 1 1 1 1 100 181 3.386 5.408 4.764 7.759 5.469 9.196 6.025 10.419 7.523 12.899 24.458 41.388 23.512 42.810 25.318 50.017 25.651 54.151 27.077 59.725 29.236 70.835 18.322 54.034 10.960 33.444 5.972 17.061 2.994 7.108 1.416 3.285 668 1.362 146 333 397 822 223.397 482.239 Soma 29.240 26.619 27.711 28.327 27.872 32.992 29.675 32.969 33.156 34.982 39.128 166.573 199.396 210.280 231.811 278.814 1.102.904 1.000.917 1.071.742 1.073.806 1.106.401 1.233.854 868.238 535.646 276.978 127.406 58.831 23.977 6.432 13.801 9.930.478 46 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 Tabela 15 Somatória dos dados paroquiais não corrigidos contidos na primeira parte do quarto “Quadro”, relativo à população masculina brasileira, em relação à origem – Brasil – 1872 Grupos Categorias Brasileiros adotivos Estrang. Naturalizados Amazonas Pará Maranhão Piauhy Ceará Rio Grande do Norte Parahyba Pernambuco Alagoas Sergipe Província Bahia Espírito Santo Rio de Janeiro São Paulo Paraná Santa Catharina Rio Grande do Sul Minas Geraes Goyaz Matto Grosso Total por raça (soma coluna)* Total de raças Total de estado civil Total de condição Total Brancos 224 190 3.489 32.724 36.731 14.873 94.482 38.767 49.850 98.870 31.204 15.079 118.441 7.314 118.714 134.289 23.518 39.340 84.434 290.109 13.846 5.229 1.251.717 1.251.715 2.867.568 4.140.258 4.858.985 Solteiros Pardos Pretos Caboclos Brancos 0 12 0 373 0 4 0 380 2.779 319 15.879 790 34.428 6.360 18.071 10.876 54.241 10.218 4.574 12.468 35.252 4.692 3.797 5.218 119.777 10.521 19.142 38.692 29.938 8.465 4.069 12.042 57.870 7.953 3.274 20.538 136.754 22.695 5.106 45.870 64.300 5.341 2.049 11.758 23.905 6.183 1.087 7.831 211.023 93.787 19.084 44.440 6.420 2.003 2.034 3.406 57.640 24.931 2.823 43.439 47.776 16.765 12.538 56.749 10.352 2.393 4.158 11.557 4.709 1.648 1.022 14.519 18.542 12.344 9.071 23.914 207.860 70.644 10.739 112.673 26.871 5.848 1.364 5.250 7.004 2.468 3.270 2.807 1.157.441 1.157.443 0 0 0 315.594 315.592 0 0 0 143.151 143.132 0 0 0 485.590 485.599 1.103.897 0 0 Livres Casados Viúvos Solteiros Pardos Pretos Caboclos Brancos Pardos Pretos Caboclos Pardos Pretos 0 8 1 150 1 0 0 0 0 0 5 1 64 1 3 0 0 0 809 103 2.361 158 163 46 393 160 240 10.947 2.124 4.314 1.390 1.655 408 1.077 5.259 7.250 16.685 2.517 1.465 2.019 2.223 443 352 11.420 24.145 12.736 1.652 1.678 993 1.557 242 199 4.096 6.293 50.772 3.819 7.047 3.228 4.522 699 1.034 8.619 7.109 12.642 2.696 1.386 2.328 1.734 783 348 3.088 3.203 26.892 2.954 1.523 2.283 3.425 484 255 4.609 5.671 61.280 7.664 1.484 4.715 5.905 1.344 310 13.091 30.978 30.152 2.922 961 1.502 2.776 379 164 4.339 10.849 12.470 2.157 384 793 1.387 319 136 3.839 5.074 79.927 30.516 6.249 8.104 12.864 6.324 1.649 27.191 45.472 2.493 982 860 386 268 116 80 2.785 4.810 17.826 7.724 991 8.822 4.240 2.132 245 42.402 86.679 18.870 6.557 4.758 6.731 3.408 1.716 870 19.667 40.322 4.659 1.125 1.911 1.379 876 314 424 2.042 2.803 1.133 392 409 1.173 160 98 60 2.543 4.871 4.109 2.303 2.387 2.825 1.006 642 670 11.036 19.932 84.737 27.210 5.464 18.693 14.934 7.241 2.151 50.079 113.649 10.378 2.043 596 596 1.006 303 111 1.636 2.409 3.191 950 939 587 698 298 281 1.306 1.594 462.708 462.684 0 0 0 108.423 108.453 0 0 0 47.169 47.172 0 0 0 68.919 68.948 168.420 0 0 64.809 64.793 443 0 0 24.334 24.336 0 0 0 10.809 10.818 0 0 0 219.207 219.246 641.742 717.760 0 423.353 423.339 863 898 0 Escravos Casados Pardos Pretos 0 0 0 0 9 6 354 489 485 887 268 464 629 585 198 183 330 532 1.253 3.046 487 982 620 541 5.815 9.316 330 737 2.840 4.777 2.299 5.396 109 194 75 100 297 486 5.055 9.349 183 280 117 174 21.753 21.723 60.222 0 0 38.524 38.528 27 0 0 Viúvos Pardos Pretos 0 0 0 0 4 2 116 122 118 238 65 74 122 113 40 52 51 104 257 563 94 195 90 87 1.588 2.228 51 106 722 1.410 502 901 36 54 28 17 62 107 2.226 3.128 44 81 35 58 6.251 6.254 15.886 0 0 9.640 9.633 8 0 0 Fonte dos dados básicos: Censo de 1872 (DGE, 1876). Obs.: Resultados obtidos das soma dos dados originais das paróquias. 47 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 Tabela 16 Somatória dos dados paroquiais ajustados pelo MRP contidos na primeira parte do quarto “Quadro”, relativo à população masculina brasileira, em relação à origem – Brasil – 1872 Grupos Categorias Brancos Província Solteiros Pardos Pretos Caboclos Brancos Livres Casados Pardos Pretos Caboclos Brancos Viúvos Pardos Pretos Solteiros Pardos Pretos Escravos Casados Pardos Pretos Viúvos S/ inf. Pardos Pretos Est. civil Brasileiros adotivos Estrang. Naturalizados Amazonas Pará Maranhão 224 184 3.499 32.131 37.055 2.762 34.731 54.356 12 4 315 6.360 9.750 15.891 18.270 4.505 378 378 775 10.719 12.498 812 10.986 16.568 8 5 95 2.117 2.424 1 1 2.370 4.358 1.416 144 63 158 1.373 1.984 1 1 161 1.670 2.127 3 46 407 407 398 1.085 330 - 160 5.284 11.405 240 7.262 24.122 - - - - 9 354 483 6 487 881 4 114 118 2 119 236 - Piauhy Ceará Rio Grande do Norte Parahyba Pernambuco Alagoas 14.460 94.460 38.646 49.868 98.776 31.107 35.297 119.806 30.057 57.885 137.796 64.192 4.600 10.521 8.557 7.952 22.782 5.309 3.606 19.137 4.035 3.274 5.030 2.036 5.168 38.696 11.924 20.539 45.232 11.753 12.782 50.769 11.456 26.898 60.540 30.172 1.589 3.817 2.742 2.951 7.726 2.921 1.597 7.042 1.376 1.520 1.444 953 952 3.225 2.334 2.275 4.674 1.504 1.580 4.516 1.753 3.421 5.876 2.779 245 696 789 480 1.361 375 191 1.031 347 252 300 164 - 4.089 8.599 3.088 4.609 13.099 4.339 6.296 7.091 3.210 5.689 30.979 10.849 268 628 197 358 1.255 487 464 579 186 524 3.036 982 65 122 39 49 257 94 74 112 52 94 563 195 - Sergipe Bahia Espírito Santo Rio de Janeiro 15.033 118.599 7.313 118.637 24.177 211.593 6.413 57.897 6.255 94.281 2.003 25.047 979 19.171 2.023 2.855 7.883 44.017 3.401 43.201 12.543 80.085 2.492 17.756 2.194 30.574 975 7.729 359 6.313 859 995 803 7.796 386 8.832 1.414 12.623 268 4.252 324 6.077 116 2.136 134 1.664 80 244 - 3.839 27.180 2.784 42.768 5.070 45.463 4.809 86.421 620 5.813 330 2.857 541 9.306 737 4.664 90 1.588 51 719 87 2.226 106 1.402 - São Paulo Paraná Santa Catharina Rio Grande do Sul 133.956 23.518 39.320 84.367 47.710 10.347 4.697 18.354 16.909 2.393 1.637 11.766 12.594 4.139 1.022 9.512 56.750 11.554 14.509 24.322 19.014 4.621 1.126 4.123 6.604 1.117 389 2.266 4.760 1.893 400 2.423 6.785 1.372 1.168 2.841 3.429 874 155 1.017 1.724 312 98 636 872 422 57 680 - 19.675 2.040 2.542 11.141 40.331 2.800 4.867 19.920 2.302 107 72 293 5.396 193 99 490 500 36 28 62 901 54 17 106 - Minas Geraes Goyaz Matto Grosso S/ Informação 292.098 13.837 5.213 - 206.397 26.870 7.002 - 70.133 5.844 2.467 - 10.728 1.357 3.268 - 113.090 84.306 10.370 3.190 - 27.149 2.037 950 - 5.464 586 931 - 18.729 588 587 - 14.946 1.005 698 - 7.233 303 298 - 2.149 111 280 - 1.443 50.302 1.635 1.306 - 114.257 2.408 1.594 - 5.025 183 117 - 9.269 280 174 - 2.215 44 35 - 3.105 81 58 - 198 Total 1.252.301 1.158.339 314.897 143.432 484.817 460.609 108.379 47.061 68.573 64.566 24.066 10.791 1.443 219.884 423.678 21.758 38.294 6.230 9.590 198 5.229 2.801 - - S/ inf. Caboclos Est. civil Fonte dos dados básicos: Censo de 1872 (DGE, 1876). 48 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 Tabela 17 Somatória dos dados paroquiais não corrigidos contidos na segunda parte do quarto “Quadro”, relativo à população feminina brasileira, em relação à origem – Brasil – 1872 Grupos Categorias Brasileiros adotivos Estrang. Naturalizados Amazonas Pará Maranhão Piauhy Ceará Rio Grande do Norte Parahyba Pernambuco Alagoas Sergipe Província Bahia Espírito Santo Rio de Janeiro São Paulo Paraná Santa Catharina Rio Grande do Sul Minas Geraes Goyaz Matto Grosso Total por raça (soma coluna)* Total de raças Total de estado civil Total de condição Total Brancos 23 18 2.619 29.915 35.590 12.967 89.603 35.826 45.299 88.968 27.144 16.070 104.937 7.623 112.240 131.065 21.069 37.894 80.013 284.817 12.730 5.200 1.181.630 1.181.642 2.722.640 4.038.837 4.691.476 Solteiros Pardos Pretos Caboclos Brancos 0 9 0 11 0 1 0 36 1.942 362 13.525 726 34.736 5.447 16.367 10.381 53.785 9.728 4.311 12.730 36.962 4.008 2.878 4.906 109.536 10.534 18.382 38.455 29.086 7.722 4.190 11.900 55.607 7.106 3.060 21.418 128.557 23.178 4.557 47.601 63.012 5.957 1.814 12.237 25.826 6.524 1.092 7.768 197.191 84.326 16.075 41.930 7.262 2.151 1.560 3.739 56.143 24.894 2.351 50.591 47.123 15.814 10.772 59.110 9.729 2.259 3.247 11.111 4.219 1.565 1.004 15.048 17.954 11.806 8.711 25.166 201.297 67.769 9.359 110.744 27.559 5.425 1.276 5.318 6.825 2.203 3.336 2.625 1.114.351 1.114.362 0 0 0 298.788 299.226 0 0 0 127.867 127.860 0 0 0 493.551 493.546 1.095.152 0 0 Livres Casados Viúvos Solteiros Pardos Pretos Caboclos Brancos Pardos Pretos Caboclos Pardos Pretos 0 2 0 36 0 1 0 0 0 0 3 0 15 0 0 0 0 0 597 133 2.844 244 258 44 1.060 133 244 10.116 1.615 4.080 2.109 2.071 422 1.344 5.362 6.906 16.173 2.151 1.270 2.886 3.238 621 324 11.393 24.773 12.992 1.752 1.031 1.143 2.487 410 286 4.854 6.113 50.827 3.766 7.218 5.324 7.914 952 1.296 9.222 7.532 11.308 2.870 1.427 2.501 2.217 685 428 3.075 3.004 26.974 2.511 1.337 3.586 4.828 715 440 4.669 5.666 60.214 6.103 1.708 7.795 10.337 1.887 415 11.946 26.702 30.221 2.040 895 2.937 5.711 810 256 4.842 10.941 13.174 2.372 409 995 1.789 352 129 3.905 5.423 76.705 29.836 4.497 8.148 14.228 5.714 1.770 24.142 41.257 2.861 934 1.383 468 362 173 107 2.750 4.884 18.553 7.823 918 12.073 5.239 2.733 261 36.306 78.286 18.546 6.038 4.332 8.548 4.152 1.869 1.008 16.196 32.468 4.792 1.168 1.765 2.078 1.093 341 333 2.007 2.498 1.353 333 410 3.353 328 177 106 2.416 4.585 4.701 2.740 2.864 5.598 1.497 867 1.099 10.469 18.325 81.566 25.774 4.617 20.606 17.619 7.740 2.061 42.061 100.990 11.007 1.487 569 1.137 2.094 443 134 1.658 2.493 2.945 771 877 480 607 207 212 1.143 1.278 455.625 455.528 0 0 0 102.222 102.304 0 0 0 44.451 44.674 312 0 0 92.060 91.857 219.770 0 0 88.069 88.129 0 0 0 27.163 27.016 0 0 0 13.069 13.074 384 0 0 198.549 198.677 582.641 652.190 0 384.368 384.296 22 408 0 Escravos Casados Pardos Pretos 0 0 0 0 5 9 274 400 436 788 184 192 852 541 162 146 407 398 1.128 2.757 406 821 536 599 4.628 7.193 327 604 2.578 5.003 2.052 5.301 97 136 55 93 269 522 4.643 8.502 137 226 125 177 19.301 19.132 53.520 0 0 34.408 34.411 7 0 0 Viúvos Pardos Pretos 0 0 0 0 2 3 113 157 77 221 65 57 126 147 39 51 75 129 329 738 104 233 64 74 1.326 2.100 50 87 778 1.453 473 1.086 34 56 29 40 89 177 2.069 3.155 53 64 24 44 5.919 5.913 15.978 0 0 10.072 10.072 0 0 0 Fonte dos dados básicos: Censo de 1872 (DGE, 1876). Obs.: Resultados obtidos das soma dos dados originais das paróquias. 49 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 Tabela 18 Somatória dos dados paroquiais ajustados pelo MRP contidos na primeira parte do quarto “Quadro”, relativo à população feminina brasileira, em relação à origem – Brasil – 1872 Grupos Categorias Brancos Província Solteiros Pardos Pretos Caboclos Brancos Livres Casados Pardos Pretos Caboclos Brancos Viúvos Pardos Pretos Brasileiros adotivos Estrang. Naturalizados Amazonas Pará Maranhão 23 18 2.619 29.913 35.564 1.942 34.735 53.754 9 1 362 5.447 9.726 13.525 16.367 4.311 11 36 726 10.381 12.711 597 10.116 16.117 2 3 133 1.615 2.149 2.844 4.080 1.268 36 15 244 2.109 2.881 258 2.071 3.226 Piauhy Ceará Rio Grande do Norte Parahyba Pernambuco Alagoas 13.126 89.474 35.826 45.312 89.037 27.149 34.009 109.690 29.084 55.619 127.992 63.023 4.047 10.499 7.720 7.109 22.947 5.964 2.916 18.344 4.198 3.061 4.321 1.813 4.891 38.492 11.900 21.424 48.094 12.241 12.969 51.156 11.304 26.986 60.965 30.229 1.720 3.762 2.871 2.516 6.058 2.041 992 7.241 1.428 1.341 1.617 894 1.151 5.304 2.499 3.587 7.888 2.938 Sergipe Bahia Espírito Santo Rio de Janeiro 16.073 104.860 7.623 111.377 25.828 197.057 7.262 56.781 6.526 84.321 2.151 25.038 1.092 16.074 1.560 2.383 7.774 41.920 3.739 50.533 13.175 76.639 2.861 18.707 2.374 29.833 934 7.789 409 4.495 1.383 930 São Paulo Paraná Santa Catharina Rio Grande do Sul 131.012 21.067 37.896 80.046 47.424 9.730 4.219 18.086 15.835 2.258 1.565 11.828 10.869 3.247 1.003 8.484 58.599 11.113 15.048 25.075 18.633 4.795 1.352 4.764 6.021 1.166 332 2.777 Minas Geraes Goyaz Matto Grosso S/ Informação 284.666 12.649 5.204 - 201.166 27.672 6.825 - 67.776 5.439 2.202 - 9.360 1.286 3.348 - 110.808 81.594 11.076 2.947 - Total 1.180.534 1.111.898 298.770 127.562 493.470 456.982 5.328 2.626 - 1 S/ inf. Caboclos Est. civil Solteiros Pardos Pretos Escravos Casados Pardos Pretos Viúvos S/ inf. Pardos Pretos Est. civil - 131 5.359 11.388 243 6.902 24.770 - - - - 44 422 618 1.060 1.344 322 4 272 436 9 398 786 2 112 77 3 156 218 - 2.522 7.923 2.219 4.829 10.413 5.712 415 950 685 713 1.893 809 281 1.282 427 441 406 256 - 4.850 9.465 3.073 4.665 11.942 4.838 6.110 7.422 3.004 5.664 26.661 10.932 184 698 162 407 1.122 406 191 543 144 397 2.751 819 65 123 39 75 327 104 57 148 50 129 733 233 - 994 8.144 468 12.099 1.789 14.220 362 5.274 352 5.711 173 2.750 129 1.769 107 262 - 3.903 24.113 2.748 36.113 5.417 41.239 4.879 78.677 536 4.622 326 2.578 598 7.184 601 5.002 63 1.325 50 782 74 2.097 86 1.459 - 4.340 1.763 410 2.793 8.380 2.073 3.353 5.584 4.122 1.092 328 1.508 1.855 341 177 868 1.004 331 105 1.072 - 16.229 2.000 2.415 10.473 32.540 2.494 4.584 18.334 2.039 97 55 268 5.233 137 92 521 465 34 29 88 1.078 53 40 177 - 25.810 1.522 770 - 4.613 581 877 - 20.590 1.148 481 - 17.614 2.100 607 - 7.737 445 207 - 2.054 134 212 - 592 42.030 1.650 1.140 - 101.004 2.489 1.279 - 4.629 137 125 - 8.496 226 177 - 2.049 53 24 - 3.152 64 44 - 302 102.198 44.299 91.966 88.189 27.166 12.998 592 198.525 384.644 19.103 34.305 5.886 10.051 302 - Fonte dos dados básicos: Censo de 1872 (DGE, 1876). 50 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 Tabela 19 Somatória dos dados paroquiais não corrigidos contidos no quinto “Quadro”, relativo à população estrangeira, em relação à origem – Brasil – 1872 Homens Grupos Africanos Países Categorias Escravos Livres Alemães Austríacos Argentinos Belgas Bolivianos Chineses Dinamarqueses Franceses Gregos Espanhóis Holandeses Húngaros Ingleses Italianos Japoneses Mexicanos Norte-americanos Orientais Paraguaios Persas Peruanos Portugueses Russos Suissos Suecos Turcos Total por estado civil (soma coluna)* Total por estado civil Total por religião Total de estrangeiros Solteiros 68.544 14.204 4.627 202 651 154 506 315 42 2.530 112 2.271 122 2 726 4.200 9 4 256 1.474 1.413 6 163 66.571 18 542 24 0 Católicos Casados 12.901 5.182 5.177 168 329 129 150 65 30 1.577 17 1.094 98 2 375 2.791 0 1 145 755 278 6 81 34.971 17 431 22 2 Viúvos 4.305 1.697 566 14 44 13 17 10 5 231 0 159 6 2 55 225 0 0 26 72 32 1 8 4.429 0 49 3 0 169.688 66.794 11.969 Mulheres 0 64 5.792 70 3 10 23 58 52 48 2 13 50 0 778 5 2 1 433 11 9 2 8 15 14 265 32 4 Acatólicos Casados 0 34 6.427 73 0 19 14 10 28 35 3 23 85 5 491 19 1 1 346 13 26 1 5 10 20 221 29 3 7.764 7.942 Solteiros 0 17 461 8 2 1 0 0 1 1 0 1 4 0 56 0 0 0 17 0 2 0 0 6 0 25 5 0 Solteiras 39.966 11.440 3.037 83 300 68 232 11 10 1.130 0 244 33 1 238 398 3 2 68 548 842 14 18 8.442 5 278 7 0 Católicas Casadas 9.172 3.428 3.863 98 111 64 86 6 19 771 1 182 52 4 188 427 0 1 62 326 260 9 41 9.158 13 264 15 0 Viúvas 3.790 1.887 685 15 106 18 19 0 5 301 0 62 8 0 62 110 0 0 11 169 66 0 1 2.323 3 79 3 0 607 67.418 28.621 9.723 Viúvos Solteiras 0 41 3.588 19 4 12 7 0 18 7 0 5 17 4 206 1 0 0 266 6 2 3 1 8 7 103 21 1 Acatólicas Casadas 0 16 5.236 32 1 6 0 2 8 8 0 6 76 5 201 28 0 0 494 18 19 3 2 5 3 149 15 0 Total Viúvas 0 8 598 5 1 1 0 0 3 0 0 0 3 0 133 1 0 0 25 4 0 0 0 0 0 32 4 0 138.465 36.975 40.072 785 1.543 495 1.354 477 221 6.639 135 4.061 554 25 3.336 8.205 15 10 2.149 3.393 2.926 45 324 125.803 94 2.439 180 10 4.347 6.333 818 380.730 169.924 67.432 11.963 7.767 7.942 615 67.407 28.606 9.710 4.349 248.689 0 21 16.308 0 21 105.727 0 7 11.435 265.270 0 0 0 0 21 116.840 0 0 0 Fonte dos dados básicos: Censo de 1872 (DGE, 1876). Obs.: Resultados obtidos das soma dos dados originais das paróquias. 6.346 0 0 740 0 7 382.062 379.892 382.116 51 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 Tabela 20 Somatória dos dados paroquiais ajustados pelo MRP contidos no quinto “Quadro”, relativo à população estrangeira, em relação à origem – Brasil – 1872 Homens Grupos Africanos Países Categorias Escravos Livres Alemães Austríacos Argentinos Belgas Bolivianos Chineses Dinamarqueses Franceses Gregos Espanhóis Holandeses Húngaros Ingleses Italianos Japoneses Mexicanos Norte-americanos Orientais Paraguaios Persas Peruanos Portugueses Russos Suissos Suecos Turcos S./ Inf. Total Solteiros 67.765 14.199 4.473 207 633 145 397 387 43 2.539 111 2.246 131 2 729 4.205 9 4 255 1.655 1.407 6 234 66.592 18 540 23 0 0 168.955 Católicos Casados 12.767 5.166 5.127 175 328 124 78 71 30 1.598 17 1.100 101 2 384 2.825 0 1 149 803 281 6 83 35.049 16 421 22 2 0 66.726 Viúvos 4.267 1.676 487 15 41 10 9 9 4 229 0 157 6 2 54 224 0 0 27 68 32 1 8 4.391 0 45 3 0 0 11.765 Acatólicos Católicas Sem Solteiros Casados Viúvos Informação Solteiras Casadas 0 0 0 739 39.042 9.036 64 34 17 0 11.223 3.396 5.880 6.524 465 0 3.078 3.892 75 82 7 0 84 97 3 0 2 0 305 112 11 21 1 0 72 66 24 14 0 0 271 117 58 11 0 0 11 6 51 30 1 0 10 19 52 37 1 0 1.210 833 2 3 0 0 0 1 13 26 1 0 253 185 50 87 4 0 34 52 0 5 0 0 1 3 755 467 55 0 245 175 5 22 0 0 378 415 1 1 0 0 3 0 1 1 0 0 2 3 435 347 17 0 65 64 13 13 0 0 561 326 9 28 2 0 800 256 2 1 0 0 12 7 8 5 0 0 12 46 17 10 6 0 8.378 9.155 14 19 0 0 5 13 264 217 24 0 281 268 32 29 5 0 7 15 4 3 0 0 0 0 0 0 0 290 0 0 7.843 8.037 608 1.029 66.343 28.558 Fonte dos dados básicos: Censo de 1872 (DGE, 1876). Mulheres Acatólicas Sem Viúvas Solteiras Casadas Viúvas Informação 3.721 0 0 0 1.021 1.855 44 17 8 0 694 3.583 5.255 598 0 13 19 35 5 0 99 4 1 1 0 17 12 6 1 0 25 9 0 0 0 0 0 1 0 0 5 19 8 3 0 323 7 8 0 0 0 0 0 0 0 64 5 6 0 0 8 17 76 3 0 0 4 5 0 0 51 200 213 59 0 110 1 36 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 11 268 503 25 0 162 6 24 4 0 64 2 27 0 0 0 0 3 0 0 0 1 2 0 0 2.265 9 4 0 0 3 7 3 0 0 78 103 148 32 0 3 21 15 4 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 194 9.571 4.342 6.396 744 1.215 Total 138.358 37.699 40.056 814 1.529 486 944 554 223 6.837 134 4.056 569 24 3.387 8.222 14 12 2.166 3.635 2.908 38 399 125.876 98 2.421 179 10 484 382.132 52 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 Tabela 21 Somatória dos dados paroquiais não corrigidos contidos no sexto “Quadro”, relativo à população total, em relação às profissões – Brasil – 1872 Brasileiros livres Grupos Categorias Solteiros Seculares (religiosos) Homens (relig. Regular) Mulheres (relig. Regular) Juizes Advogados Notários e escrivães Procuradores Prof. liberais Oficiais de justiça Médicos Cirurgiões Farmacêuticos Parteiros Professores e homens de letras Empregados públicos Artistas Militares Marítimos Pescadores Capitalistas e proprietários Manufatureiros e fabricantes Prof. Industriais e Comerciantes, guarda-livros e comerciais caixeiros Costureiras Canteiros, calcoteiros, mineiros e cavouqueiros Operários em metais Operários em madeiras Profissões Manuais Operários em tecidos e Mecânicas. Operários de edificações Operários em couros e peles Operários em tinturaria Operários de vestuários Operários de chapéus Operários de calçado Lavradores Prof. Agric. Criadores Pessoas assalariadas Criados e jornaleiros Serviço doméstico Sem profissão Total por estado civil (soma coluna)* Total por estado civil Total por sexo Homens Casados Viúvos Estrangeiros livres Mulheres Solteiras Casadas Viúvas Homens Solteiros Casados Escravos Mulheres Solteiras Casadas Viúvas Viúvos Total Homens Mulheres 2.249 109 0 310 693 562 592 642 666 71 699 22 2.128 5.734 18.375 20.393 12.738 10.305 9.294 7.700 3 0 0 459 1.155 1.043 629 981 947 93 617 26 2.519 5.949 11.819 5.701 4.413 7.996 14.611 5.220 2 0 0 46 136 125 145 139 136 18 86 15 320 959 2.203 947 724 1.513 2.680 1.028 0 0 230 0 0 0 0 0 0 0 0 419 1.058 2 1.770 0 0 33 3.233 2.459 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 526 923 1 910 0 0 14 2.423 1.614 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 798 267 0 367 0 0 2 3.253 596 395 12 0 1 14 0 45 0 68 28 152 8 409 8 4.375 167 2.365 442 781 1.514 8 0 0 0 16 0 35 1 123 24 142 4 377 16 2.533 31 1.256 239 744 811 1 0 0 0 3 0 7 0 11 4 21 2 50 2 362 6 108 56 188 119 0 0 63 0 0 0 0 0 0 0 0 30 80 0 226 0 0 0 108 54 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 28 43 0 168 0 0 0 79 38 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 54 31 0 55 0 0 1 123 18 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1.664 0 2.164 1.462 0 77 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 8 0 0 305 0 0 2 0 3 2.659 121 295 814 2.017 1.730 1.453 1.762 1.953 238 1.718 1.940 8.194 12.669 45.117 27.245 23.788 22.033 37.556 21.283 45.242 37.000 5.798 3.635 2.417 1.758 25.866 13.677 1.970 971 365 316 1 0 139.058 72 55 13 277.389 143.574 31.210 69 39 3 3.851 2.814 897 761 48.762 509.698 3.420 2.510 414 869 478 111 1.708 1.208 120 31 16 5 2.419 315 13.624 11.335 21.019 6.037 10.166 3.102 139 9.516 606 10.551 849.528 45.704 201.444 94.833 1.471.214 9.502 18.516 2.857 7.135 2.775 96 6.778 279 8.491 653.810 39.834 110.310 50.205 92.027 1.744 3.051 536 1.511 490 18 1.435 85 1.752 89.053 5.121 18.897 8.300 22.196 677 6 65.738 45 5 64 215 137 119 344.158 6.280 46.398 451.771 1.507.404 693 2 38.037 28 3 43 63 64 116 236.293 4.731 21.679 376.219 266.135 221 0 13.243 15 3 26 30 45 51 56.295 2.037 5.736 52.967 52.163 2.300 3.996 239 2.150 450 46 1.554 323 1.665 17.820 546 19.028 6.902 12.381 1.582 2.719 86 1.334 382 23 870 167 1.219 18.016 474 8.613 2.331 4.041 222 365 12 188 38 2 148 27 180 2.251 63 1.046 283 769 1 0 197 0 1 6 15 1 25 4.397 50 1.926 10.618 9.327 1 0 149 3 1 3 5 1 10 5.544 39 804 8.629 7.012 0 7 76 1 0 1 5 1 4 1.124 24 276 75.290 1.533 3.265 8.093 1.548 5.450 799 32 1.949 175 2.997 373.624 12 95.489 95.362 206.812 37 22 10.044 0 3 6 76 50 3 204.032 83 45.894 187.310 207.470 31.590 57.793 138.929 28.017 8.022 505 22.647 1.961 27.184 2.848.101 104.973 578.520 1.349.731 3.857.653 2.877.210 1.106.361 171.636 2.714.114 1.096.987 221.196 107.827 63.141 8.627 31.978 25.752 79.842 804.155 704.425 9.932.591 2.867.579 4.140.585 1.103.575 0 168.919 0 2.719.676 4.034.399 1.096.437 0 220.095 7 109.234 179.387 61.915 0 8.252 0 31.865 64.361 25.814 0 6.675 0 0 0 0 0 8.424.002 8.419.502 Fonte dos dados básicos: Censo de 1872 (DGE, 1876). Obs.: Resultados obtidos das soma dos dados originais das paróquias. 53 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 Tabela 22 Somatória dos dados paroquiais ajustados pelo MRP contidos no sexto “Quadro”, relativo à população total, em relação às profissões – Brasil – 1872 Grupos Categorias Solteiros Seculares (religiosos) Homens (relig. Regular) Mulheres (relig. Regular) Juizes Advogados Notários e escrivães Procuradores Prof. liberais Oficiais de justiça Médicos Cirurgiões Farmacêuticos Parteiros Professores e homens de letras Empregados públicos Artistas Militares Marítimos Pescadores Capitalistas e proprietários Manufatureiros e fabricantes Prof. Industriais e Comerciantes, guarda-livros e comerciais caixeiros Costureiras Canteiros, calcoteiros, mineiros e cavouqueiros Operários em metais Operários em madeiras Profissões Manuais Operários em tecidos e Mecânicas. Operários de edificações Operários em couros e peles Operários em tinturaria Operários de vestuários Operários de chapéus Operários de calçado Lavradores Prof. Agric. Criadores Pessoas assalariadas Criados e jornaleiros Serviço doméstico Sem profissão S./ Informação Total Brasileiros livres Homens Casados Viúvos S./ Inf. Solteiras Estrangeiros livres Escravos Mulheres Homens Mulheres Casadas Viúvas S./ Inf. Solteiros Casados Viúvos S./ Inf. Solteiras Casadas Viúvas S./ Inf. Homens Mulheres Total 2.190 108 0 284 663 529 573 624 639 72 670 22 2.074 5.746 18.498 20.372 12.715 10.220 9.225 7.606 3 0 0 425 1.119 986 613 932 902 89 584 26 2.472 5.853 11.855 5.793 4.419 7.921 14.418 5.175 2 0 0 43 130 112 136 126 134 18 83 14 297 942 2.198 966 719 1.471 2.678 992 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 229 0 0 0 0 0 0 0 0 406 1.036 2 1.768 0 0 32 3.268 2.484 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 512 900 1 904 0 0 14 2.462 1.628 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 786 255 0 357 0 0 1 3.258 587 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 387 10 0 0 13 0 43 0 66 26 148 5 403 8 4.368 152 2.405 462 756 1.433 8 0 0 0 15 0 33 1 121 19 142 3 378 17 2.500 29 1.283 251 742 793 1 0 0 0 3 0 6 0 9 3 18 2 57 1 352 6 105 57 185 116 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 80 0 0 0 0 0 0 0 0 29 75 0 226 0 0 0 106 54 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 24 40 0 165 0 0 0 74 38 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 57 29 0 50 0 0 0 121 18 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1.523 0 1.866 1.451 0 80 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 8 0 0 237 0 0 0 0 3 2.591 118 311 752 1.943 1.627 1.404 1.683 1.871 227 1.645 1.894 8.016 12.570 45.001 27.318 23.512 21.880 37.293 21.007 45.335 36.874 5.705 0 3.674 2.430 1.756 0 25.425 13.610 1.949 0 862 367 312 0 0 0 138.299 72 55 13 0 278.703 144.851 31.152 0 27 35 2 0 3.913 2.796 890 0 1 49.577 512.087 3.521 2.584 419 0 874 482 112 0 744 477 51 0 6 0 0 0 2.510 320 12.100 9.271 1.672 18.205 2.966 2.806 532 7.032 1.474 2.717 458 94 18 6.689 1.391 278 83 8.355 1.696 650.473 88.745 39.831 5.070 111.088 18.986 49.650 6.825 89.514 20.819 0 0 1.099.101 167.933 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3.510 3.510 675 1 65.803 45 5 65 215 135 116 343.765 6.256 46.139 453.840 1.504.060 0 2.713.596 692 219 2 0 38.168 13.260 28 13 3 1 42 23 62 27 63 44 115 51 234.029 56.314 4.650 2.081 21.253 5.624 379.263 53.113 267.527 52.563 0 0 1.100.082 221.598 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1.348 1.348 2.292 4.006 124 1.820 437 45 1.538 323 1.623 18.588 543 19.880 6.335 13.093 0 107.528 1.568 2.685 65 1.214 379 22 854 161 1.192 18.602 458 8.481 2.310 4.375 0 62.823 222 354 12 183 36 2 143 24 171 2.324 61 1.030 255 763 0 8.503 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 571 571 0 0 220 0 1 6 14 0 24 4.512 50 1.965 10.662 9.166 0 31.971 1 0 220 3 1 3 3 1 10 5.614 39 846 8.234 7.020 0 25.499 0 0 77 1 0 1 2 0 3 1.054 24 269 2.274 1.577 0 6.759 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 120 120 3.152 7.873 1.550 5.328 794 31 1.964 168 2.947 376.450 12 94.466 95.655 207.084 265 805.170 37 24 10.161 0 3 6 76 50 1 204.637 88 45.534 187.628 207.130 116 705.636 30.979 56.897 138.961 27.231 7.890 495 22.432 1.932 26.701 2.847.927 104.976 577.735 1.350.630 3.854.613 5.930 9.930.478 11.178 20.781 5.963 10.090 3.055 137 9.454 602 10.397 842.820 45.813 202.174 94.586 1.469.922 0 2.868.730 Fonte dos dados básicos: Censo de 1872 (DGE, 1876). 54 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 PARTE IV: Avaliação crítica do Censo de 1872 55 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 4. Os dois censos da Corte – 1870/1872 Com o fim da Guerra do Paraguai em 1870, percebeu-se a necessidade de estudos cartográficos e demográficos mais acurados do Império. Em (1871), através da Lei 1829 foi criada a Diretoria Geral de Estatística, (DGE), cuja função era a de coordenação da atividade censitária e de elaboração de estatísticas, sendo ela a primeira instituição com esse fim na história do país. Futuramente ela seria substituída pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, (IBGE). A Corte, como o maior centro econômico e político do Império, acabava por polarizar também a atenção de todos: tudo o que acontecia nela era ressonante mesmo nas áreas mais remotas do país. Por essa razão, mostrar a viabilidade e as vantagens da realização de um censo geral seria plausível a experiência de realizá-lo antes no Município Neutro da Corte. Através da experiência de realização do Censo da Corte, podia-se detectar os possíveis problemas, as dificuldades, podendo levar assim maior fluência e agilidade para a realização do Censo Geral do Império, em 1872. Além disso, pode-se esquematizar a forma como seriam divididas as tarefas, como a divisão de Paróquias, além da logística de todo o recenseamento. As principais finalidades da realização de um Censo da Corte, ditas pelo Imperador para a população era que, com os dados coletados, poder-se-ia melhorar a administração pública, a organização municipal, assim como supracitado, embasar, com a experiência deste Censo, a realização do Censo Geral o Império em 1872. As listas utilizadas no recenseamento de 1870 continham dados como Nome, Idade, Religião, Nacionalidade, Estado Civil, Profissão, e ainda levava em conta qualquer observação que fosse notória. Além disso, elas informavam o número da casa recenseada, assim como a rua em que a residência se encontrava. As listas eram distribuídas pelos agentes censitários, e, após determinado prazo, eram recolhidas pelos mesmos já devidamente preenchidas. Após a conclusão do recenseamento da Corte, através do decreto 4856 de 31 de dezembro de 1871, ficou estabelecido que o primeiro recenseamento da população brasileira seria realizado em todo o território no dia 1º de Agosto de 1872, e ainda que todos os habitantes do Império, nacionais e estrangeiros, livres e escravos, seriam recenseados no lugar ou habitação em que se encontrassem no dia. A identificação era feita por boletins e listas de família, que continham o nome, o sexo,a idade, a cor, o estado civil, a naturalidade, a nacionalidade, a residência, o grau de instrução primária, a religião e as enfermidades aparentes; também se declarava a relação de parentesco ou de convivência de cada pessoa 56 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 com o chefe da família, e a respeito das crianças de 6 a 15 anos notar-se-á se frequentam ou não as escolas. Além disso, a recusa em responder os boletins de família levaria punição na forma da lei por crime de desobediência. Para o desenvolvimento do recenseamento havia em cada paróquia do Império uma comissão censitária composta por cinco cidadãos residentes na paróquia, conhecedores dos limites e dos habitantes dela, além de um determinado número de agentes recenseadores. Para a realização da pesquisa, uma das maneiras de se fazer o estudo crítico do Censo Geral de 1872, era se utilizar de uma comparação deste com o Censo da Corte, 1870, já que para este dava-se maior confiabilidade devido às circunstâncias com que o mesmo foi realizado, menor espaço amostral, por exemplo. (RELATORIO, 1871) Já em relação ao Censo Geral do Império, utilizou-se os dados ajustados pelo método MRP, disponíveis no software Pop 72 (www.nphed.cedeplar.ufmg.br/pop72). Ao realizar os cotejamentos desses censos, 1870 e 1872, notou-se discrepâncias expressivas, ao observarmos os dados da comparação (Tabela 23). Tabela 23: População da Corte em 1870 e 1872 Variáveis Categorias Total Ano Masculino Nacionalidade 70.843 171.144 23.779 22.714 46.493 217.637 226.033 24.886 24.053 48.939 274.972 Casado 32,1% 4,7% 5,9% 5,3% 26,3% 69.988 168.200 23.775 22.676 46.451 214.651 1872 132.552 91.553 224.105 23.662 23.434 47.096 271.201 35,0% 30,8% 33,2% -0,5% 3,3% 1,4% 26,3% 1.789 885 2.674 4 8 12 2.686 1.328 600 1.928 1.224 619 1.843 3.771 -25,8% -32,2% -27,9% 30500,0% 7637,5% 15258,3% 40,4% 1870 54.100 54.286 108.386 15.407 18.120 33.527 141.913 1872 77.876 74.851 152.727 18.009 19.957 37.966 190.693 43,9% 37,9% 40,9% 16,9% 10,1% 13,2% 34,4% 1870 46.201 15.557 61.758 8.402 4.591 12.993 74.751 1872 56.004 17.302 73.306 6.877 4.096 10.973 84.279 21,2% 11,2% 18,7% -18,2% -10,8% -15,5% 12,7% 1870 77.628 48.687 126.315 23.280 22.030 45.310 171.625 1872 104.036 64.073 168.109 24.525 23.584 48.109 216.218 1872 34,0% 31,6% 33,1% 5,3% 7,1% 6,2% 26,0% 1870 19.562 15.810 35.372 417 369 786 36.158 1872 25.762 20.175 45.937 243 262 505 46.442 28,4% Variação (%) Viúvo 30,1% 98.212 Variação (%) Estado Civil 33,5% 1870 Variação (%) Solteiro Total 92.153 Variação (%) Estrangeiro Total 100.301 Variação (%) Brasileiro ESCRAVOS Feminino 133.880 1870 Diferente Masculino 1872 Variação (%) Religião Total 1870 Variação (%) Do Estado LIVRES Feminino 31,7% 27,6% 29,9% -41,7% -29,0% -35,8% 1870 3.111 6.346 9.457 112 315 427 9.884 1872 4.082 7.905 11.987 118 207 325 12.312 31,2% 24,6% 26,8% 5,4% -34,3% -23,9% 24,6% Variação (%) Fonte dos dados básicos: Censos demográficos de 1870 e 1872 Nota-se, através das comparações de crescimento existentes, que as variações de um ano para o outro são muito grandes, inconstantes. Por exemplo, o crescimento populacional 57 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 total do Município Neutro da Corte, entre 1870 e 1872 foi de 26,3%, superando a média do crescimento vegetativo esperado. Assim como houve, também, um aumento de 40,4% na quantidade pessoas que professam uma religião diferente da do estado, neste município, o que só poderia ser explicado com o caso de um elevado crescimento vegetativo, ou migração interna intensa ou conversão em massa dos habitantes, fenômenos que provavelmente não teriam ocorrido nesse curto espaço de tempo. Ainda, ao se proceder às comparações, percebem-se casos de crescimentos negativos elevados, como pode ser notado no caso de homens que professam uma religião diferente da do Estado, que teve um decréscimo de 25,8%. Contudo, para sanar qualquer possibilidade de dúvida quanto a confiabilidade de um ou de outro censo, resolveu-se fazer também a recontagem do recenseamento de 1870, da paróquia de São Christóvão, cujas listas estão disponíveis na Biblioteca virtual do IBGE, e, assim que este órgão disponibilizar as listas faltantes, poder-se-á concluir o cotejamento, e sanar-se-ão as dúvidas quanto a confiabilidade dessas contagens, e por fim, pretende-se colocar disponível a nova recontagem da Paróquia de São Christóvão na internet, como foi feito com o recenseamento de 1872. 58 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 5. A instrução pública e os censos demográficos nas décadas de 1830 e 1870, em Minas Gerais: Um estudo de caso 5.1 Introdução Na primeira metade do século XIX, as famílias eram, ao mesmo tempo, unidades de parentesco e unidades de produção econômica. Os tipos mais frequentes eram as unidades escravistas e camponesas. No meio urbano, contudo, assumia maior protagonismo as famílias de artesãos – principalmente as formadas por mulheres tecedeiras e fiandeiras. Nesse contexto em que não havia uma separação maior entre a unidade de habitação e o locus do trabalho, entre consumo e produção, era natural que as próprias famílias se incumbissem da formação para o trabalho dos novos membros, fossem eles crianças, parentes, agregados e escravos. Entretanto, grandes transformações empreendidas pelo Estado ocorrem entre as décadas de 1830 a 1850, no sentido de subverter a velha ordem e promover um esforço decisivo para se estabelecer a ordem capitalista. As iniciativas mais emblemáticas foram as promulgações da Lei de Terras, da Lei Eusébio de Queiroz e pelo estabelecimento do Código Comercial, que acabam por criar condições de desenvolvimento do mercado de terras e de trabalho, além de propiciar a cisão entre as unidades familiares e as unidades produtivas. Nesse novo contexto, destaca-se a crescente preocupação do Estado com a educação e formação para o trabalho, que se mostra, entre outras coisas, através do estabelecimento de normas para a regulação da prática educacional. Como exemplo, tem-se a Lei Mineira n° 13. Ao investigarem as relações entre as famílias, a escola e o estado no que concerne à instrução pública na província de Minas Gerais, Viana e Veiga (2002) ressaltam que a partir de 1835 com a Lei, os pais passaram a ser obrigados a dar instrução primária para seus filhos por meio de escolas públicas, particulares ou em suas próprias casas, sendo que a fiscalização do cumprimento desta determinação cabia aos Delegados dos Círculos Literários. Além disso, a legislação mineira, que incluía a Lei n° 1400 de 1867, que isentava a inspeção do ensino familiar domiciliar, reforçava as diferenças socioeconômicas nas formas de acesso à instrução, já que fazia com que a fiscalização estivesse mais presente para as famílias pobres e aulas públicas (VIANA e VEIGA, 2002). Para as autoras, a obrigatoriedade dos pais em dar instrução aos filhos possibilitou uma alteração na cultura familiar oitocentista, particularmente nas famílias pobres que passaram a perceber a instrução como um fator de alteração da condição social. 59 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 Em Minas Gerais, fica clara a preocupação do Estado, que também pôde ser observada nos levantamentos censitários da população, que passaram a contar, a partir de finais da década de 1830, com a informação, indivíduo a indivíduo, do atributo de alfabetização (se sabe ler e escrever), o que não se observava, por exemplo, nas chamadas listas nominativas de 1831/32. Fonseca (2006), por exemplo, desenvolve em sua obra uma visão diferenciada da inserção do negro - incluindo aqui todas as derivações do período como os pardos, crioulos e africanos – nas escolas mineiras do século XIX fazendo uso de diferentes registros históricos, dando enfoque a um conjunto de listas nominativas do início da década de 1830, fruto de uma tentativa de se realizar um censo da população mineira desse recorte temporal. A partir da análise desses registros, Fonseca critica a historiografia denominada por ele de tradicional apontando que: “houve uma excessiva valorização da ideia de contexto histórico, passandose a conferir grande destaque aos aspectos econômicos e políticos, sobretudo ao antagonismo entre as classes sociais, que foi elevado à categoria de elemento explicativo das diversas dimensões do fenômeno educacional”. (FONSECA, 2006 p.117) O autor argumenta que a “historiografia tradicional” deixa de observar elementos importantes para a compreensão da história da educação ao entender todo o processo educacional apenas como um reflexo da situação econômica e social majoritária no país. Além disso, Fonseca critica a forma como o escravo e o negro livre são tratados na historiografia tradicional ao reduzi-los ao caráter econômico de escravo e tirando deles o aspecto humano e racional, o que limita suas tentativas de ascensão social em uma sociedade altamente racista e hierarquizada. Contrapondo esse ponto acima exposto, Fonseca aponta uma tendência e uma maior importância dada pelos negros ao processo de escolarização. Segundo o autor, a escola era, para a população negra livre, “uma forma de afirmação da sua condição e como demonstração de um domínio dos códigos de liberdade” (Fonseca, p.229). Vale notar que os negros eram sub-representados nas escolas secundárias em contraposição ao perfil das escolas de instrução elementar. Em geral, a participação dos brancos nas escolas era superior ao índice de participação na sociedade, estando mais representados nas escolas secundárias. Fonseca (2009) acredita que isso se deve aos valores atribuídos pelos diferentes perfis raciais à educação. Para os brancos, as escolas seriam um elemento de consolidação de sua condição de elite. Já para os negros, a escolarização era uma maneira de afirmação e maior inserção social. 60 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 Há autores que trabalham sob uma outra perspectiva relacionada à infância, que não a educação, para apresentar as ocupações possíveis às crianças. A obra de Teixeira consiste em mostrar a forma como, muitas vezes, o trabalho infantil era utilizado e mascarado pelos proprietários de fazendas, pois essa mão-de-obra não necessitava receber uma remuneração, visto que parte desses proprietários agia legalmente como tutores, o que lhes isentava de qualquer tipo de pagamento de soldo aos menores. Segundo Teixeira, o processo de tutorização funcionava “(...) em torno da troca. O domicílio acolhedor fornecia proteção, subsistência e educação e o acolhido pagava com tarefas, serviços ou trabalhos.” (Teixeira, p.4). Apesar do caráter exploratório, observado por Teixeira a partir de um olhar retrospectivo, esse processo ocorria devido principalmente à orfandade e à pobreza e constantemente era visto como benéfico à criança, inclusive na visão de parte das famílias originárias dos tutorados, que viam nessa situação uma possibilidade de crescimento das oportunidades para a inserção futura da criança no mercado de trabalho. Para uma melhor compreensão do censo de 1872 e da configuração populacional geral do período imperial, esses dados sobre o trabalho infantil são de extrema importância, principalmente no que concerne à relação escola-trabalho, que muitas vezes funciona como uma exclusão de uma em relação ao outro. Além disso, esses dados nos mostram a necessidade de crianças oriundas de famílias pobres ingressarem no mercado de trabalho precocemente, decorrente constantemente da falta de estrutura financeiro-familiar que garantisse aos menores uma possibilidade de maior escolarização. O objetivo principal desse trabalho é mostrar as rupturas e permanências no lento processo de consolidação do sistema educacional na província de Minas Gerais entre os censos de 1838 e 1872, além de investigar a sua relação com o nível de centralidade urbana, desenvolvimento econômico, bem como a dinâmica demográfica das províncias nos dois períodos em questão. 5.2 O Censo de 1872 O presente trabalho utiliza o Recenseamento do Império de 1838 e o censo de 1872, digitalizado pelo núcleo de Pesquisa em História Econômica e Demográfica do Cedeplar/UFMG, ao longo das últimas quase três décadas. Como verificado por Rodarte (2008), o Recenseamento Geral do Império de 1872, que contemplou quase que toda a população do Brasil no período imperial e escravista, possui problemas referentes à falta de uniformidade das respostas, omissão e de erros de interpretação, que advém também dos problemas inerentes ao desafio de se recensear um país 61 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 de proporções continentais, com a infra-estrutura de meios de transporte e comunicação daquela época. A partir de análises dos resultados do censo, Rodarte (2008) conclui que, apesar de serem exceções, as discrepâncias e divergências dos números de uma mesma paróquia ocorriam, não só pela omissão da população sem informação para determinados atributos, mas possivelmente erros de soma e impressão. Dessa forma, o autor elaborou uma metodologia de correção que valoriza os resultados paroquiais em relação ao sexo e condição social a partir de seus valores modais. O procedimento para a correção é composto por três módulos distintos (Rodarte, 2008): MÓDULO 1: estabelece os valores modais da população por sexo e condição social, considerados os corretos para a correção dos demais dados segmentados. Verificou-se que os valores modais eram correspondentes aos valores oficialmente divulgados pelos técnicos da Diretoria Geral de Estatística (DGE). Com a necessidade de se conhecer outros atributos da população, como idade e nível de instrução, o autor propõe mais duas etapas que possibilitassem a correção de dados mais desagregados. MÓDULO 2: consiste na correção de variáveis que se repetem nas tabelas do censo, tal como sexo que se repete no 2º e 3º quadros do censo e se distribui a partir de distintas categorias (nacionalidade, estado civil, etc.). A correção se dá por um processo de escolhas dos valores das somas correspondentes aos valores modais previamente estabelecidos feitos por programa de computador. MÓDULO 3: o último procedimento de correção buscou corrigir atributos mais específicos que não se repetiam tanto (profissões, idade) a partir da manutenção dos dados das colunas da somatória dos 2º e 3º quadros, priorizando a intervenção mínima sobre os dados originais. Assim, para paróquias cuja diferença dos dados com relação à moda era inferior a 1%, a correção dos valores para cada categoria era feita a partir dos dados modais respeitando-se a distribuição original. Para os demais dados incorretos e de maior distorção, a distorção regional era excluída e os dados por categoria eram corrigidos por uma nova composição, de acordo com o conjunto das demais paróquias que formavam o município da paróquia sob o processo de correção. 62 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 5.3 Resultados Os resultados abaixo mostram que as taxas de alfabetização eram bastante próximas de zero para os escravos, sendo que, em geral, os homens livres apresentavam taxas mais elevadas que as mulheres livres. Este resultado pode estar atrelado ao fato de haviam escolas em determinadas cidades, sendo que os alunos deveriam se ausentar de casa para estudar, o que era mais recorrente entre os homens. As seções a seguir apresentam os resultados para a taxa de instrução por sexo e condição com relação ao nível de centralidade urbana, nível de desenvolvimento e dinâmica demográfica das regiões. 5.3.1 Centralidade urbana A ideia de centralidade aqui empregada está de acordo com a definição de (RODARTE, PAULA e SIMÕES, 2004) que associa a estrutura ocupacional ao nível de urbanização. As regiões centrais seriam aquelas que compreendem as instituições e as construções mais importantes, o que a pode tornar um centro tanto para a área rural quanto para outras cidades menores vizinhas. Assim, a tabela abaixo apresenta a taxa de alfabetização da população de 6 a 15 de acordo com o nível de centralidade que vai de 1 (maior nível) a quatro (menor nível). Pode-se perceber que a proporção de indivíduos instruídos entre os homens livres é maior nas regiões de nível de centralidade urbana 1 e 2, representando mais de 40% deles, ao passo que para as mulheres livres, 24% são alfabetizadas e locais de alta centralidade e 17% para aqueles de nível de centralidade 2. Para os níveis de centralidade 3 e 4 não há uma grande diferença da proporção de alfabetizados entre os homens livres e entre as mulheres livres. Vale ressaltar que no caso dos escravos, que apresentam taxas de alfabetização bastante baixas, a proporção de mulheres alfabetizadas é maior que as dos homens em locais de alta centralidade urbana. (Tabela 24). 63 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 Tabela 24: Nível de centralidade urbana, por instrução – 1838 Nível de Centralidade Urbana /Instrução Taxa de alfabetização (%) - população de 6 a 15 anos Condição/ Sexo Livres Escravos HOMEM MULHER HOMEM MULHER Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4 49 41 28 25 24 17 4 5 1,0 0,8 0,2 0,2 1,4 0,4 0,1 0,1 Total 26 6 0,3 0,2 Fonte: IBGE- Recenseamento de 1838 De acordo com o Censo de 1872, a proporção de indivíduos instruídos entre os homens livres é maior nas regiões de nível de centralidade urbana 1 e 2, sendo que quanto maior o nível de centralidade urbana, menor a taxa de alfabetização. Já para as mulheres livres, as maior taxa de alfabetização pode ser percebida em regiões que correspondem ao nível de centralidade urbana 2, sendo que este não varia para as demais regiões. (Tabela 25). Tabela 25: Nível de centralidade urbana, por instrução – 1872 Nível de Centralidade Urbana /Instrução Taxa de alfabetização (%) - população de 6 a 15 anos Condição/ Sexo Livres Escravos HOMEM MULHER HOMEM MULHER Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4 30 22 18 16 11 12 10 8 0 0,3 0,02 0,02 0 0,1 0,02 0,03 Total 18 9 0,05 0,03 Fonte: IBGE- Recenseamento de 1872 5.3.2 Nível de desenvolvimento A definição do nível de desenvolvimento econômico baseou-se em (PAIVA, 1996) que define três níveis de desenvolvimento econômico a partir da magnitude dos impactos regionais e posição relativa na economia provincial levando em conta a presença de atividades de produção e comércio. A partir da tabela abaixo, pode-se perceber que as maiores taxas de alfabetização estão associadas ao maior nível de alfabetização, não havendo, no entanto, uma relação linear, na medida em que o nível de desenvolvimento decresce. Nesse sentido, os homens livres 64 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 apresentam taxas de alfabetização superiores em regiões de baixo de nível de desenvolvimento (24%) se comparada com a taxa em regiões de nível médio (21%). No que diz respeito às mulheres e aos escravos, quanto menor o nível de desenvolvimento, menor as taxas de alfabetização. (Tabela 3). Tabela 26: Nível de desenvolvimento econômico x instrução – 1838 Taxa de alfabetização (%) Nível de Desenvolvimento /Instrução Condição/ Sexo Livres Escravos HOMEM MULHER HOMEM MULHER 31 8 0,31 0,26 21 5 0,26 0,09 24 2 0,25 0,05 Nível Alto Nível Médio Nível Baixo 26 Total 6 0,3 0,2 Fonte: IBGE- Recenseamento de 1838 Os dados obtidos a partir do censo de 1872 mostram que, em termos gerais, a taxa de alfabetização da população decresceu com relação a 1838, exceto para as mulheres livres que apresentaram uma taxa superior à de 1838. Além disso, as maiores taxas de alfabetização estão associadas aos altos níveis de desenvolvimento. A instrução decresce na medida em que o nível de desenvolvimento vai de “alto” para “baixo”, sendo que as mulheres livres e os homens escravos apresentam taxas de alfabetização em regiões de nível de desenvolvimento médio superiores ás de regiões de nível de desenvolvimento baixo (Tabela 27). Tabela 27: Nível de desenvolvimento econômico x instrução – 1872 Taxa de alfabetização (%) Nível de Desenvolvimento /Instrução Nível Alto Nível Médio Nível Baixo Condição/ Sexo Livres Escravos HOMEM MULHER HOMEM MULHER 19 10 0,04 0,01 18 11 0,05 0,02 15 5 0,08 0,12 Total 18 9 0,05 0,03 Fonte: IBGE- Recenseamento de 1872 5.3.3 Dinâmica demográfica Para se compreender a conformação da dinâmica demográfica nos diversos espaços da província de livres e escravos, sem se ater sempre às especificidades de cada região, elaborouse uma tipologia de regiões, com a definição de grupos de entidades espaciais que tiveram 65 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 evoluções populacionais semelhantes, tendo em vista não só a população total, como também o recorte por condição social. O dinamismo demográfico das regiões foi classificado de acordo com Rodarte (2008) da seguinte forma: • • • Tipo A: áreas menos dinâmicas de Minas Gerais, do ponto de vista demográfico, ao dobrar de tamanho a cada 45 anos (com crescimento de 1,6% a.a.); Tipo B: áreas de evolução explosiva de seu ritmo de crescimento populacional, duplicando de tamanho a cada 18 anos (3,9% a.a.) Tipo C: áreas de dinamismo intermediário com crescimento próximo da média provincial (2,6% a.a.). Os dados do recenseamento de 1838 mostram que as áreas mais dinâmicas de Minas Gerais são aquelas com maior taxa de alfabetização exceto no caso dos homens escravos. Estes, apesar de apresentarem baixas taxas de alfabetização, demonstram possuir um nível de instrução maior em áreas do tipo B, de evolução demográfica explosiva, do que em área de elevado crescimento demográfico (tipo A), pela Tabela 28. Tabela 28: Tipologia de dinamismo demográfico x instrução – 1838 Taxa de alfabetização (%) Dinamismo Demográfico/Instrução Condição/ Sexo Livres Escravos HOMEM MULHER HOMEM MULHER Tipo A Tipo B Tipo C 29 20 22 8 3 2 0,28 0,41 0,16 0,22 0,14 0,03 Total 26 6 0,3 0,2 Fonte: IBGE- Recenseamento de 1838 No que diz respeito aos dados de 1872, percebe-se que as maiores taxas de instrução de homens e mulheres livres se concentram em área do tipo B, de evolução demográfica explosiva e onde os escravos apresentam as menos taxas (Tabela 29). 66 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 Tabela 29: Tipologia de dinamismo demográfico x instrução – 1872 Taxa de alfabetização (%) Dinamismo Demográfico/Instrução Condição/ Sexo Livres Tipo A Tipo B Tipo c Total Escravos HOMEM MULHER HOMEM MULHER 19 10 0,07 0,02 20 12 0,00 0,00 14 6 0,05 0,08 18 9 0,05 0,03 Fonte: IBGE- Recenseamento de 1872 5.4 Considerações finais A analise dos resultados dos censos de 1838 e de 1872 com base em características econômicas e demográficas das regiões mostrou que o fator que mais influenciou a taxa de alfabetização foi a centralidade urbana. Percebe-se que tanto para os homens a para as mulheres quanto para os livres e os escravos, o nível de instrução foi sensível ao movimento de urbanização. Vale ressaltar que parece existir o "ruído" da informação associado ao status dos indivíduos. Os resultados mostram que pode haver uma tendência a declarar como instruído aqueles indivíduos que assumem posição de destaque na sociedade, senda esta uma questão que deve ser futuramente investigada. 67 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 5.5 Referências bibliográficas FONSECA, M. O predomínio dos negros nas escolas de Minas Gerais do século XIX. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 35, n.3, p. 585-599, set./dez. 2009. FONSECA, Marcus V. População negra e educação: o perfil racial das escolas no século XIX. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2009. PAIVA, Clotilde A. População e economia nas Minas Gerais do século XIX. 1996. 229 f. Tese (Doutorado de História) - Departamento de Ciências Sociais da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1996. RODARTE, Mario M. S. O trabalho do fogo: Perfis de domicílios enquanto unidades de produção e reprodução na Minas Gerais Oitocentista. 2008, 365 f. Tese (Doutorado em Demografia) - Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2008. RODARTE, Mario M. S.; PAULA, João A. de; SIMÕES, Rodrigo F. Rede de cidades em Minas Gerais no Século XIX. História Econômica & História de Empresas, São Paulo, v. 7, n. 1, p. 7-45, jan./jun. 2004. TEIXEIRA, H. M.. A labuta sem ciranda: crianças pobres e trabalho em Mariana. História. Questões e Debates, v. 24, 2006. (http://www.cedeplar.ufmg.br/seminarios/seminario_diamantina/2006/D06A051.pdf) VIANA, F. S.; VEIGA, C. G.. Relação governo, família e educação na primeira metade do século XIX em Minas Gerais. In: II Congresso Brasileiro de História da Educação, 2002, Natal. II Congresso Brasileiro de História da Educação: História e Memória da Educação Brasileira, 2002. V. II. 68 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 PARTE V: Anexos 69 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 6. O Software POP 72 - Brasil: Aspectos técnicos do aplicativo O Pop 72 – Brasil foi desenvolvido utilizando Java, uma linguagem altamente difundida e gratuita, também deve ser levada em consideração a técnica utilizada para desenvolvimento, todo o software foi desenvolvido em camadas o que facilita futuras modificações em qualquer parte do software. A linguagem Java é totalmente orientada a objetos e seu pacote de desenvolvimento o Java JDK, é distribuído gratuitamente e cheia de recursos. Algumas características da linguagem são: Garbage Colector, Threads, Exceptions, Controlled Resources, Java API. • • • • • Garbage Colector: coleta partes do programa na memória que não são mais úteis; Threads: suporte para que seu programa rode em vários processadores; Exceptions: para tratamento de erros, melhora o desempenho do software; Controlled Resources: controle de acessos a recursos, aumentando a segurança; Java API: pacote com vários recursos a serem reaproveitados assim não existe a necessidade de reescrever algumas rotinas. O software foi construído em quatro camadas: primeira camada de persistência, segunda camada de entidades, terceira camada de controle, quarta camada de visão. Na camada de persistência ou acesso aos dados, é realizado todo controle de acesso ao banco de dados, a camada de entidades é responsável pelo formato dos dados, a camada de controle visa à regra de negócios do sistema, já a camada de visão é responsável pela parte gráfica do sistema, o que o usuário vê. Para implementação destas camadas foram utilizados diferentes frameworks, para a de persistência o Hibernate, para a de controle o JSF e para a camada de visão foi utilizado o PrimeFaces. O software escolhido para gerencia dos dados foi o MySQL por ser um dos softwares mais utilizados hoje, gratuito e totalmente compatível com a técnica escolhida para desenvolvimento. A parte visual é desenvolvida totalmente para acesso via internet utilizando os melhores navegadores, toda navegação é feita utilizando uma técnica de programação chamada Ajax que da melhor interatividade e desempenho para o usuário final. Parte totalmente implementada pelo Framework PrimeFaces. O Ajax é uma técnica que utiliza várias linguagens e scripts em conjunto. 70 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 7. Relatório de pesquisa de digitalização do Censo de 1872, em 1983 “Um estudo crítico do recenseamento de 1872”24 Introdução O censo brasileiro de 1872 constitui, inegavelmente, uma das fontes importantes para a pesquisa da história demográfica, social e econômica do Brasil na segunda metade do século XIX. Apesar de sua inegável importância histórica como o único censo nacional do período imperial e escravista, e de ser o primeiro censo que cobriu de forma sistemática todo o território brasileiro, ele nunca foi submetido a um exame crítico rigoroso. A necessidade e a oportunidade de um estudo crítico deste censo foi apontada, por exemplo, por Mortara (1959) quando, analisando a estrutura etária da população nacional enumerada, chamou a atenção para as evidências de subenumeração no grupo etário de 0 a 1 ano, e para o percentual aparentemente alto da população acima de 100 anos.25 Da mesma forma, Martins, (1980) trabalhando com os dados da província de Minas Gerais descobriu que, ao se proceder à agregação dos quadros paroquiais para se obter os totais provinciais, foram cometidos grandes erros de soma. Segundo Martins (1980), a soma correta dos quadros paroquiais altera, consideravelmente, a distribuição ocupacional dos escravos da província de Minas Gerais. O percentual de escravos ocupados na agricultura conforme os resultados publicados no censo corresponde a 75,3% do total da população escrava, enquanto que após a soma correta dos quadros paroquiais este valor passa a ser 30,9%, com evidentes alterações para a interpretação da estrutura ocupacional escrava feita com base nesta fonte histórica..26 As evidências de incorreções na estrutura etária, e de erros na agregação dos totais provinciais que podem acarretar grandes alterações na distribuição da população segundo um dado atributo (ocupação, procedência, idade, etc.) são, sem dúvida, argumentos que apontam para a importância de um estudo crítico deste censo. 24 Esta é uma versão modificada pelo Prof. Tarcísio Rodrigues Botelho do Relatório Final da pesquisa intitulada “Um estudo crítico do Recenseamento de 1872”, realizada com financiamento do INPES/IPEA, através do Programa Nacional de Pesquisa Econômica (PNPE). Ver PAIVA, Clotilde A.; MARTINS, Roberto B. Um estudo crítico do recenseamento de 1872. Belo Horizonte: PNPE, 1983. Relatório de Pesquisa. Mimeografado. 25 MORTARA, Giorgio (1975), “Demographic Studies in Brazil” in Philip M. Hanser e Otis D. Duncan. Eds., The Study of Population. An Invetory and Appraisal, Chicago: University of Chicago Press. 71 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 No entanto, é também importante mencionar que estas incorreções, quer estejam ligadas à execução do censo, quer à sua apuração, são perfeitamente compreensíveis dada a complexidade do trabalho censitário em território tão extenso, e à grande massa de informações a ser manipulada sem os recursos eletrônicos modernos. Portanto, para que a utilização dos dados do recenseamento de 1872, tal como estão publicados, não venha conduzir a interpretações distorcidas, seria conveniente fornecer aos seus usuários alguns parâmetros para a avaliação da qualidade do dado a ser utilizado. Embora sem a pretensão de esgotar o assunto, foi este o objetivo principal deste ensaio. A proposta básica deste trabalho consiste em fornecer ao usuário do censo informações sobre: • As condições de planejamento, execução e apuração do censo apontando para suas possíveis influências nos resultados, tanto a nível nacional como a nível provincial; • Os totais provinciais que realmente correspondam à soma correta das paróquias que formam cada província; fornecer, também, todas as informações a nível municipal;27 • A comparação dos resultados originais da publicação com aqueles corrigidos, avaliando as modificações que a soma correta dos totais provinciais está introduzindo com relação aos diferentes atributos da população recenseada. Nosso ponto de partida é, portanto, a informação paroquial no censo. É importante ressaltar que esta informação ao nível de paróquia é, por sua vez, resultante da compilação dos vários boletins ou listas de famílias que compõem cada paróquia, podendo, portanto, já conter erros de apuração. A volta aos manuscritos originais que nos permitiria, inclusive, avaliar esta etapa inicial da apuração dos dados é impossível neste caso.28 Fica claro, portanto, que tomar a informação paroquial publicada no censo como ponto de partida não quer dizer desconsiderar a existência de possíveis erros nas fases anteriores da realização do censo. Pretendeu-se, com isto, eliminar ou pelo menos minimizar os erros de agregação dos dados daí para frente. 26 MARTINS, Roberto B. (1980), “Growing in Silence: The Slave Economy of Nineteenth Century – Minas Gerais, Brazil”. Tese de doutorado, Vanderbilt University. 27 Embora os erros de agregação dos quadros paroquiais devam ser tanto maiores quanto maior for o número de paróquias que compõem cada província, eles existem e foram detectados em todas elas. Além disso, o censo de 1872 é uma obra rara. Um subproduto importante desta pesquisa foi tornar disponível, em meio digital, todas as tabelas paroquiais originais, o que possibilita a obtenção de totais municipais para todas as tabelas. A única informação que existe no censo de 1872, a nível municipal, é a referente à população total do município. 28 Surgiram, nas últimas década, especialmente na Europa, vários estudos que retomam as fontes originais do material publicado no século XIX dando-lhe tratamento mais rigoroso (Ver Tillot, 1972). No caso brasileiro, este material original parece já ter sido todo destruído. Tillot, P. M. (1972), “Sources or Inaccuracy in 1851 ando 1861 Censues” in Wrigley, E. A. (ed.), Nineteenth Century Society, Cambridge University Press. 72 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 Além da contagem da população, o recenseamento de 1872 apresenta, organizados por paróquias, dados sobre sexo, idade, estado civil, raça, condição (livre ou escravo), ocupação e outros, constituindo-se numa fonte insubstituível para o estudo da realidade brasileira do século passado. É possível extrair do censo a composição municipal a nível de paróquias e reconstituir, com o nível de detalhes apresentado no censo, os totais municipais da época. Os quase 10 milhões de habitantes do Brasil em 1872, achavam-se distribuídos entre 20 províncias e 1 Município Neutro (corte), que se subdividiam em 641 municípios e 1473 paróquias. A cada uma destas paróquias foi dado exatamente o mesmo tratamento: transposição dos dados paroquiais, da forma como estão publicados no censo, para meio digital; identificação dos erros de soma contidos nos quadros paroquiais, que no entanto, foram mantidos, uma vez que se buscou a obtenção de uma cópia digital que reproduzisse cada tabela paroquial tal como ela se apresenta na publicação original.29 A qualquer momento é possível gerar, para qualquer subconjunto (de paróquias, de municípios, ou mesmo de províncias) totais corretos, pela agregação adequada dos dados paroquiais originais, respectivos de cada caso. Dado o volume de informações manipuladas nesta pesquisa, decidiu-se selecionar, para constar deste texto, a província de Minas Gerais, que era a mais populosa da época. A parte 1 deste trabalho apresenta alguns aspectos de história deste recenseamento, desde a legislação que lhe deu origem até os relatórios da Diretoria Geral de Estatística descrevendo a marcha dos trabalhos de apuração. Esta informação histórica é analisada, tendo em vista as limitações que elas passam impor à qualidade da informação censitária. A parte 2 descreve, detalhadamente, a forma como a pesquisa foi realizada, principalmente naquilo que concerne ao levantamento dos dados. Apresenta informações relativas à todas as etapas do processo, desde a elaboração dos formulários de coleta até os procedimentos utilizados para a emissão das tabelas provinciais e municipais corrigidas. A parte 3 analisa os resultados obtidos pela cópia digital e compara-os com as tabelas dos totais provinciais originalmente publicadas no Recenseamento Geral do Império. Esta primeira comparação tem por objetivo mostrar o impacto da correção nos resultados que são comumente utilizados pelos historiadores e, ao mesmo tempo, sugerir a realização de trabalhos semelhantes para outras províncias brasileiras. 29 O procedimento usado foi o seguinte: os subtotais e totais das linhas e das colunas de cada tabela paroquial são recalculados, imprimindo-se, para posterior conferência com o original, as tabelas que contém erros internos de 73 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 1. Um pouco de história O interesse do governo imperial brasileiro em realizar um censo geral da população em 1872 está dentro do espírito que predominava em todo o mundo ocidental no decorrer do século XIX.30 Na verdade, este censo foi precedido de vários censos regionais, e de algumas tentativas fracassadas de se obter um arrolamento da população total, conforme cita o conhecido trabalho de Joaquim Norberto de Souza e Silva.31 Este autor termina seu trabalho em maio de 1870, recomendando enfaticamente à autoridade competente que empreenda a árdua tarefa de realizar o censo geral do Império. Sugere, simultaneamente, que para o bom desempenho desta tarefa incorpore a experiência obtida com o censo do Município da Corte, realizado em abril de 1870. A lei 1829, de 9 de setembro de 1870, dá início a este processo quando estabelece o censo decenal, e cria a Diretoria Geral de Estatística com a incumbência, entre outras, de dirigir os trabalhos do censo de todo o império. Com o decreto no. 4856 de 30 de dezembro de 1871 a matéria é regulamentada e os detalhes de execução do censo fixados.32 Os relatórios da Diretoria Geral de Estatística, elaborados anualmente, entre 1871 e 1878, constituem fonte importante de informação sobre o recenseamento de 1872. Estes relatórios eram preparados pelo Diretor Geral e dirigidos ao Ministro e Secretário de Estado dos Negócios do Império. As informações neles contidas eram incorporadas na “Falla” que o Ministro e Secretário dos Negócios do Império dirigia à Assembléia Geral na abertura de cada legislatura. Na maioria das vezes, eram reproduzidos na íntegra nos vários anexos que, geralmente, acompanhavam estas “Fallas”. A importância destes documentos está ligada, sobretudo, à riqueza de informações que eles contém. Os vários relatórios elaborados entre 1871 e 1878 apresentam detalhes importantes quanto: A – à organização inicial do censo, no Rio de Janeiro, logo após a publicação da legislação básica dos recenseamentos. Incluem informações relativas à preparação do material impresso que seria usado (boletins de família e cadernetas de agente recenseador); a estimativa da quantidade de impressos necessária e a forma mais apropriada de se proceder à agregação. Em seguida, calculam-se os totais municipais e os provinciais que são comparados com os resultados impressos, detectando os erros de agregação do censo. 30 Vários países ocidentais já haviam criado o censo decenal, tais como, Estados Unidos a partir de 1790, Inglaterra (1801), Portugal (1864), etc. 31 Vide Joaquim Norberto de Souza e Silva (1870) “Investigações sobre os recenseamentos da população geral do Império e de cada província de per si tentados desde os tempos coloniais até hoje”. Memória anexa ao Relatório do Ministro do Império apresentado em 1870 pelo titular da mesma pasta, Conselheiro Paulino José Soares de Souza. (Reproduzido em Documentos Censitários Série B, 1, IBGE, 1951). 32 A legislação básica do censo de 1872 consta do Anexo 1. 74 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 sua distribuição pelas províncias; a organização do trabalho, tanto a nível interno na Diretoria Geral de Estatística, quanto a nível externo, com relação à constituição das comissões censitárias; os recursos disponíveis para as várias etapas do recenseamento, etc. B – à forma de realização da operação censitária, a nível das diversas províncias. Estão aqui incluídas informações relativas à formação das comissões censitárias locais; à forma de distribuição do material impresso e de seu retorno devidamente preenchido; às alterações introduzidas em algumas províncias quanto à data prevista para o censo (1o de agosto de 1872) e quais as razões que levaram à alteração; que parte da população não foi incluída nos resultados do censo, sugerindo as razões da omissão, etc. C – ao desenrolar dos trabalhos de apuração dos resultados (à medida que as províncias devolviam os impressos preenchidos) e de preparação do material para publicação. D – finalmente, os relatórios de 1877 e 1878 comentam detalhadamente os resultados do censo em todo o território nacional, cuja impressão é declarada concluída por volta desta data. O relatório de 1877 é particularmente importante, porque apresenta um inventário das paróquias omitidas em cada província, descreve o procedimento usado para estimar a população destas paróquias omitidas e seu uso para ajustar o total da população recenseada. Dificuldades na distribuição deste material, tanto da Diretoria Geral de Estatística para as Seções de Estatísticas Provinciais, como destas para as comissões censitárias paroquiais, têm sido apontadas como as responsáveis pelo atraso na execução do censo em algumas províncias. A leitura dos relatórios dos presidentes de províncias no ano censitário e nos subseqüentes nos permite identificar as razões alegadas para o atraso na execução do censo.33 A Tabela 30 apresenta a divisão administrativa do Brasil e sua população segundo a condição à época do censo de 1872, e indica a data de realização do censo nas diversas províncias. De um modo geral, o censo foi realizado na data estabelecida pela lei (1o de agosto de 1872), exceto nas províncias de Minas Gerais (1o de agosto de 1873), São Paulo (30 de janeiro de 1874), Mato Grosso (1o de outubro de 1872) e Goiás (25 de junho de 1873). A Tabela 31 apresenta, em termos absolutos e percentuais, as províncias com as suas paróquias e respectivas populações, divididas em 2 grupos de acordo com o ano de execução do censo, isto é, 1872 ou 1873/74. 33 A maior parte do levantamento das informações contidas nos Relatórios dos Presidentes de Província foi realizada por Maria Luíza Marcílio no Arquivo Público de São Paulo e no Arquivo Nacional, que nos cedeu as informações. A demora no recebimento do material e as dificuldades para redistribuí-lo a nível provincial são os principais motivos que levaram à alteração da data de realização do censo. 75 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 Embora apenas 3 províncias tenham realizado o censo cerca de uma ano após a data estabelecida, estas províncias englobam 38,42% das paróquias existentes na época, e nelas viviam 35,59% da população escrava do país e quase 30% da população livre. A realização simultânea do censo em todo território é um requisito importante, uma vez que minimiza erros tais como dupla contagem. Mesmo sabendo que os governos das províncias retardatárias recomendaram, através de ofício que a data de referência do censo fosse aquela fixada pela lei, sabe-se que, quanto maior foi o intervalo de tempo decorrido entre a data a que a informação deve se referir a aquela em que ela é recolhida, maiores são as possibilidades de erros. Apenas como exemplo, poderíamos mencionar as dificuldades que os informantes, em geral, têm de estabelecer datas precisas para eventos que ocorreram no passado. Esta dificuldade poderia levar, indevidamente, à inclusão de crianças que nasceram ou à exclusão de pessoas que morreram após a data de referência do censo. Erros de memória poderão, também, distorcer informações sobre atributos que variam no tempo, tais como estado civil, ocupação, idade, freqüência à escola, condição (livre/escravo), etc. Os movimentos migratórios, neste caso, também podem aumentar a incidência de erros, que serão tanto mais graves quanto maior for a mobilidade da população na região. Famílias que tiveram migrado da província antes da data de realização do censo, mas após a sua data de referência, não serão recenseadas.34 Por outro lado, a inclusão de pessoas que chegaram ao local após a data de referência, e cuja origem é uma província onde já haviam sido recenseados, resultará, em termos nacionais, em dupla contagem. O uso de informações adicionais sobre o desenvolvimento econômico e social da região poderá indicar, ao usuário dos dados, em que medida estes problemas levantados podem estar alterando seus resultados. 34 Mesmo que a migração tenha se dado em direção a uma província onde o censo ainda não tenha se realizado, estas famílias e/ou pessoas deveriam ser incluídas no local de origem e não de destino. 76 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 Tabela 30: Divisão administrativa e população segundo a condição Província* Amazonas ......................................... Pará ................................................... Maranhão .......................................... Piauí .................................................. Ceará ................................................ Rio Grande do Norte ........................ Parayba do Norte .............................. Pernambuco ...................................... Alagoas ............................................. Sergipe .............................................. Bahia ................................................ Espírito Santo ................................... Rio de Janeiro ................................... São Paulo (30.1.1874) ...................... Paraná ............................................... Santa Catarina ................................... Rio Grande do Sul ............................ Minas Gerais (1.8.1873) ................... Goiás (25.5.1873) ............................. Mato Grosso (1.10.1872) ................. Município Neutro (Corte) ................ Número Número de Paróquias de Não Município Total Incluídas s 7 22 32 70 37 1 53 22 2 27 46 57 22 27 24 38 39 71 19 28 24 5 30 72 169 13 25 33 6 123 89 142 16 23 11 38 28 4 72 72 14 370 26 54 9 15 19 641 32 1.473 População Livre 56.631 274.779 284.101 178.427 689.773 220.959 354.700 752.511 312.268 153.620 1.211.792 59.478 490.087 680.472 116.162 144.818 367.022 1.669.276 149.743 53.750 223.033 8.419.672 Escrava 979 27.458 74.939 23.795 31.913 13.020 21.526 89.028 35.741 22.623 167.824 22.659 292.637 156.612 10.560 14.984 67.791 370.459 10.652 6.667 48.939 1.510.806 Total 348.009 275.237 359.040 202.222 721.686 233.979 376.226 841.539 348.009 176.243 1.379.616 82.137 782.724 837.354 126.722 159.802 434.813 2.039.735 160.395 60.417 274.972 9.930.478 TOTAL FONTE: Directoria Geral de Estatística, Recenseamento da População do Império do Brasil de 1872, Rio de Janeiro, Leuziger e Filhos 1873-1876. O censo realizou-se em todo o território nacional no dia 1o de Agosto de 1872. 77 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 Tabela 31: Províncias, paróquias e populações respectivas segundo o ano de realização do Censo Ano de Realização do Censo Número de Paróquias População Número de Províncias % 1872 18 85,71 907 61,58 1873/74 3 14,29 566 Total 21 100,00 1.473 % Livre % Escrava % Total % 5.920.181 70,31 973.083 64,41 6.893.264 69,42 38,42 2.499.491 29,69 537.723 35,39 3.037.214 30,58 100,00 8.419.672 100,00 1.510.806 100,00 9.930.478 100,00 FONTE: Tabela 1 78 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 A importância, em termos de população, destas paróquias omitidas, é difícil de ser avaliada. Há, na literatura da época, referências a estimativas indiretas da população destas paróquias que não foram recenseadas em 1872. Existem, também, alguns casos em que o recenseamento foi realizado, mas o resultado não chegou à Diretoria Geral de Estatística a tempo de ser incluído na publicação final do censo. Para estes casos, os dados relativos à população total estão publicados nos Relatórios da Diretoria Geral de Estatística permitindo sua utilização para o ajustamento da população total. Estão nesta situação as paróquias de Sant’Ana das Traíras de Minas Gerais onde foram contados 11745 habitantes; a de São José do Barreto (Rio de Janeiro) com 3971 habitantes; e a de São João Baptista do Herval (Rio Grande do Sul) com 4940 habitantes. Para os demais casos de exclusão, não existem senão cálculos aproximados, com base em critérios que são discutíveis como veremos mais adiante. No caso da província de Minas Gerais, a situação das 15 paróquias omitidas, entre as 370 recenseadas, em seus respectivos municípios, consta no quadro abaixo. Paróquias Omitidas Recenseadas Total Curvelo 1 3 4 Conceição 1 7 8 Diamantina 2 3 6 São João Baptista 3 3 4 Santo Antônio do Arassuahy 1 2 4 Passos 1 6 7 São Sebastião do Paraíso 1 3 4 Caldas 1 4 5 São João D’El Rei 1 4 5 Juiz de Fora 1 4 5 Muriahé 1 10 11 Pode-se observar que, a não ser o caso de Diamantina e de Santo Antônio de Arassuahy onde foram recenseadas apenas a metade das paróquias existentes, nos demais municípios apenas uma paróquia foi omitida. O peso relativo desta paróquia omitida vai variar em cada caso. É importante observar ainda que, no caso de Minas Gerais, os municípios com paróquias omitidas não estão concentrados em nenhuma região da província, há casos isolados de omissão espalhados pelo território. Os motivos da não inclusão destas paróquias de Minas Gerais variam. Há casos conforme vimos anteriormente, como o de Sant’Ana das Traíras, no município de Curvelo, cujos dados chegaram à Diretoria Geral de Estatística quando o processo de impressão do censo já havia se iniciado. Há referências aos 11754 habitantes desta paróquia que foram 79 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 enumerados, mas não estão incluídos nos resultados publicados. Não há, contudo, informações sobre a maioria das paróquias omitidas. Possivelmente, o censo não tenha se realizado nestes locais. O Conselheiro Manoel Francisco Correia, diretor geral da Diretoria Geral de Estatística em 1876, estimou a população das paróquias omitidas no censo usando a proporção de 400 habitantes por eleitor, conforme estabelecia a lei eleitoral.35 Segundo seus cálculos, a população total de Minas Gerais publicada no censo deveria ser acrescida de 51200 habitantes (correspondentes a 11 paróquias omitidas), e mais os 11754 habitantes de Sant’Ana das Traíras. A população total da Província passaria de 2.039.735 para 2.102.689, um ajustamento da ordem de 3%. É curioso mencionar que o peso relativo das paróquias omitidas no município de Curvelo parece ser bem alto. Nas 3 paróquias recenseadas foram contados 18273 habitantes. No entanto, somente em uma das paróquias omitidas neste município, a de Sant’Ana das Traíras foram contados 11754 habitantes, o que representa em termos relativos mais da metade da população de Curvelo à época. No caso das demais províncias onde houve casos de omissão, os cálculos do Conselheiro Manoel Francisco Correia, com base na relação eleitor/habitante citada anteriormente, sugerem o seguinte ajustamento a nível de província: acrescentar à população do Maranhão 1600 habitantes; 9600 habitantes à população do Piauí; 58400 habitantes à população de Sergipe; 28400 habitantes à população do Rio de Janeiro e 7200 à população do Rio Grande do Sul. Se compararmos a população total recenseada em cada uma destas províncias onde ocorreram as omissões citadas, com os ajustamentos propostos pelo Conselheiro Manoel Francisco Correia, teremos uma aproximação da subenumeração da população destas províncias estimada à época do censo. Com relação a este aspecto, a situação da província de Sergipe parece ser a mais vulnerável, pois a população recenseada (58400 habitantes) constitui 33% da população total estimada (176243 habitantes). Além disto, o município de Itabaiana, cuja população não foi recenseada, se coloca segundo as estimativas do Conselheiro Manoel Francisco Correia entre os mais populosos da região. Se realizarmos todos estes ajustamentos citados anteriormente, aos 9.930.478 habitantes, passando o total da população brasileira para 10.112.061, o que significa um 80 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 ajustamento da ordem de 1,8%. É importante ressaltar que este percentual significa apenas uma parte pequena da chamada subenumeração censitária. Para se estimar o grau de cobertura do censo seria necessário poder investigar, a nível das paróquias que responderam ao censo, que parcela da população foi omitida. Esta é, evidentemente uma tarefa muito mais complexa que as aproximações citadas anteriormente. Finalmente, é importante mencionar, ainda, que o uso da relação eleitor/habitante poderia subestimar o valor estimado da população omitida. Há na literatura da época, algumas referências à necessidade de se recalcular esta relação, que se baseava nas estimativas da população disponíveis em 1870. O censo nacional, fornecendo estimativas atuais do efetivo populacional do império, seria inclusive usado para este fim. Também, a classificação da população brasileira considerada com relação às profissões que consta no recenseamento de 1872, coloca, para o seu usuário, uma série de dúvidas. O critério de classificação das profissões é nitidamente ambíguo. Ora as profissões são definidas em função da natureza da atividade exercida (manuais ou liberais), ora segundo o tipo de remuneração (pessoal assalariado). Além disto, não há indicações de critérios de escolha que deveriam ser usados no caso de dupla profissão. Inúmeras tentativas foram feitas para se localizar as cadernetas dos agentes recenseadores na expectativa que pudessem prover algum esclarecimento. No entanto, os modelos do material de coleta dos dados usados em 1872 não foram localizados. Como alternativa, foram analisados os modelos de boletins de família usados em 1870 no censo do município da corte, e em 1890, no segundo censo nacional, na suposição de que eles refletissem o espírito da época. Em termos práticos, porém muito pouco ficou esclarecido com a análise deste material. Os dados relacionados à estrutura ocupacional da população brasileira aparecem, do censo de 1872, na tabela que fornece a “população considerada em relação às profissões”, e esta é, sem dúvida, a tabela que levanta o maior número de questões (Ver Anexo). A comparabilidade destes dados com os existentes para período posteriores depende de ser compreender o significado do sistema de classificação das profissões usado em 1872.36 35 Na relação das paróquias omitidas em Minas Gerais, apresentadas por este conselheiro, faltam as paróquias de Nossa Senhora das Dores de Guanhães e Divino Espírito Santo (Curato) em Muriaé. 36 Ver a este respeito Merrick, Thomas e Douglas Graham (1979), “Population and Economic Development in Brazil: 1800 to the present” The Johns Hopkins University Press, Maryland, USA. 81 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 Certamente este sistema reflete a forma como as atividades econômicas se organizavam no final do século XIX. As informações sobre as profissões individuais foram classificadas em 35 categorias diferentes, como dissemos, segundo critérios mal definidos. O quadro 7 do Anexo mostra a lista das 35 “profissões” usadas para classificar os profissionais brasileiros, estrangeiros e escravos, de ambos os sexos, recenseados em 1872 e agrupadas de acordo com os critérios da época. Em torno das categorias “criados e jornaleiros” (pessoal assalariado) e “serviço doméstico” é que se colocam as maiores dificuldades. No caso de Minas Gerais, nestas duas categorias estão incluídos cerca de 25% da população com alguma profissão. Via de regra, a categoria “criados e jornaleiros” parece incluir pessoas que se dedicam a atividade de vários tipos: artesãos, diferentes tipos de serviço doméstico, algum tipo de trabalho na agricultura ou outros setores, etc. Uma análise conceitual de todas as profissões usadas na classificação deste censo e de seu significado histórico poderia, certamente, esclarecer estas e várias outras dúvidas, mas está além dos limites estabelecidos para este trabalho. 2. Coleta e tratamento dos dados Os dados que foram utilizados na versão digital do censo foram coletados da publicação do Recenseamento Geral do Império de 1872, datado de ano de 1876, cujos trabalhos de impressão foram divididos entre a Typ. G. Leuzinger e Filhos, Ouvidor 31, Rio de Janeiro (que imprimiu a maior parte), e a Typ. Comercial, rua do Hospício n. 205, ambas no Rio de Janeiro. A edição original do censo é constituída de 12 volumes apresentados da seguinte maneira: Volume 1 – Império do Brasil Volume 2 – Amazonas e Alagoas Volume 3 – Bahia Volume 4 – Ceará Volume 5 – Espírito Santo, Paraíba e Pará Volume 6 – Goiás, Maranhão, Mato Grosso e parte de Minas Gerais Volume 7 – Minas Gerais Volume 8 – Minas Gerais Volume 9 – Paraná, Piauí e Pernambuco Volume 10 – Rio de Janeiro Volume 11 – Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Santa Catarina Volume 12 – São Paulo e Sergipe A preparação dos dados paroquiais publicados no censo, para seu posterior processamento eletrônico consumiu horas de trabalho e recursos muitas vezes superiores 82 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 àqueles previstos inicialmente pelos pesquisadores. Embora, como veremos a seguir, a tarefa de codificação, digitação e processamento dos dados apresenta um nível de sofisticação muito simples, a sua implementação é onerosa por causa do volume de dados a ser manipulado. O objetivo desta parte é descrever este trabalho dando simultaneamente uma idéia de sua dimensão. Ao contrário dos censos atuais, que são agrupados ao nível de município, no censo de 1872 a menor unidade da federação é a paróquia. Os quadros ferais da população por província fornecem uma lista completa das paróquias separadas por municípios. A partir desses Quadros foi possível obter uma lista de todas as paróquias do Brasil. Estas 1473 paróquias existentes em 1872 receberam um código de identificação composto de seis dígitos, mais um dígito de controle. Os dois primeiros dígitos correspondem à província a qual pertence a paróquia, o terceiro e o quarto dígitos ao município e o quinto e o sexto dígito à paróquia propriamente dita. Isso, além de facilitar o trabalho de codificação e digitação dos dados, facilita também a localização de qualquer província, ou município, ou paróquia para pesquisa futura. É preciso salientar que a partir das listagens alfabéticas e numéricas das paróquias localizamos alguns casos de alteração nos nomes das paróquias. Na maioria dos casos trata-se de simples abreviação do nome ou de ortografia diferente para a mesma palavra. Houve, no entanto, algumas situações em que a mesma paróquia apresentava-se com dois nomes diferentes. Adotou-se como nome oficial aquele que consta dos quadros dos totais provinciais. Estão listados abaixo os casos encontrados. Província Nome oficial Sergipe Nossa Senhora da Parida Santo Antônio de Jequeriçá Bahia Rio de Janeiro Minas Gerais Santíssima Trindade de Massaraçá Nossa Senhora da Conceição de Mambucaba Sant’Ana de Itacurussa São Francisco do Ribeirão Vermelho Nossa Senhora Mãe dos Homens da Bagagem Nome que consta dos quadros paroquiais Nossa Senhora da Conceição Aruá Nossa Senhora da Conceição de Carirys Santíssimo Sacramento de Massaraca Nossa Senhora do Rosário de Mambucaba Sant’Ana de Itacuruça de Mangaratiba São Francisco de Assis do Vermelho Nossa Senhora dos Homens da Bagagem 83 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 No recenseamento de 1872 a informação a nível paroquial é apresentada em 6 Quadros diferentes: • • • • • • Quadro geral da população (condição, sexo, raça, estado civil, religião, nacionalidade, instrução, defeitos físicos e casas). População considerada em relação às idades. Presentes (população de fato) (sexo, condição, raça, idade). População ausente considerada em relação às idades (sexo, condições, raças, idades). População em relação à nacionalidade brasileira (sexo, condição, estados civis, raças, província de origem). População considerada em relação à nacionalidade estrangeira (estrangeiros, sexos, religião, estado civil, país de origem). População considerada em relação às profissões (nacionalidade, condição, sexo, estado civil, profissões). Para possibilitar a digitação destes quadros paroquiais foram elaborados formulários para a codificação dos dados a nível paroquial. Esses formulários correspondem aos seis quadros de população existentes no censo. O Quadro 4 referente à população em relação à nacionalidade brasileira, que no censo é apenas um, foi desdobrado em dois quadros, um referente à população masculina, outro referente à população feminina. Para se ter uma idéia do volume de trabalho que o preenchimento destes formulários exigiu, basta analisar a complexidade de cada um, e saber que cada um dos modelos foi preenchido 1473 vezes perfazendo um total de quase 11000 quadros preenchidos. Como se pode observar pelos formulários apresentados no Anexo 2, o trabalho de codificação consistiu na transposição dos dados numéricos para as folhas de codificação. Os dados foram copiados diretamente dos originais impressos do recenseamento de 1872, ou de cópias xerox destes originais cedidos pela FIBGE. Para esclarecer os trechos danificados ou ilegais do material original, foi usada cópia microfilmada existente no CEDEPLAR/FACE/UFMG. O preenchimento dos 11000 quadros citados anteriormente foi feito por 5 estagiários (4 horas por dia) durante um período de oito meses. O trabalho dos estagiários era periodicamente checado, usando uma produção mais eficiente e racional. Esses estagiários receberam instruções cuidadosas no sentido de copiar os dados nos lugares adequados, sem corrigir os erros que eventualmente aparecessem, uma vez que a precisão na cópia dos dados é da mais alta importância para a pesquisa. Desde que é possível cometer erros mesmo quando são simples os problemas de codificação, decidiu-se que cada formulário codificado por um estagiário fosse revisto por outro para evitar que eventuais erros de codificação passassem para a etapa seguinte, a digitação dos dados. A consistência interna de cada quadro foi testada após a digitação e decidiu-se imprimir cada paróquia que apresentasse algum tipo de erro nos totais das linhas 84 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 e/ou colunas. Esse material impresso foi revisto pela equipe de estagiários da pesquisa, sendo os erros de codificação e digitação apontados e corrigidos. O trabalho só foi considerado perfeito quando os erros de soma encontrados correspondiam exatamente aos erros encontrados no censo. Dessa maneira, é possível ter certeza de que a primeira reprodução em meio digital do Recenseamento de 1872 é cópia perfeita do censo original. 3. Alguns resultados São apresentados a seguir os resultados obtidos para a província de Minas Gerais. Foram comparados os resultados originais e corrigidos referentes à distribuição da população por idade, sexo, e condição, e idade, sexo e cor. Comparamos também a distribuição original e corrigida da população destas províncias, segundo a nacionalidade brasileira e a distribuição por profissões. É importante mencionar que é possível comparar os resultados originais e corrigidos de todas as tabelas provinciais. A seleção, para fins comparativos, das tabelas referentes à estrutura etária ou à distribuição da população por profissões e segundo a nacionalidade brasileira, foi feita em função dos comentários de Mortara e Martins apresentados na introdução deste relatório. A Tabela 32 e a Tabela 33 apresentam a população por idade, sexo e condição. A primeira mostra os resultados originais publicados no censo, e a Segunda os resultados corrigidos após a soma correta dos quadros paroquiais. Nas tabelas provinciais originais do censo pudemos detectar vários tipos de erro de soma, além daqueles resultantes da agregação incorreta dos dados paroquiais. Em todas as tabelas que reproduzem os dados originais há dois valores para os totais: aqueles que aparecem na publicação e aqueles que correspondem à soma correta dos valores das colunas respectivas. A Tabela 34 compara a distribuição percentual da população presente por sexo, condição e idade apresentadas nas 2 tabelas anteriores. No caso da Província de Minas que constitui o primeiro exemplo, a agregação correta dos quadros paroquiais alterou a distribuição etária em pontos importantes. A população total desta província no grupo etário de 0 a 1 ano passa de 2,90% para 3,64%. A maior mudança no entanto, foi observada no grupo etário de 1 a 5 que passa de 3,20% para 8,39%. O percentual da população acima de 90 anos, que pareceu a Mortara, excessivamente alto em termos de Brasil, também o era para a província de Minas Gerais, pois segundo os dados originais do censo estava em torno de 1,44%. Após a soma correta das tabelas paroquiais este valor cai para 0,22%. 85 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 Se considerarmos o percentual de população abaixo de 5 anos (incluindo esta idade 5) veremos que também foram registradas enormes alterações após a correção da soma. Na tabela original os homens livres abaixo de 5 anos constituíam 6,69% do total de homens livres, valor este que passa para 12,78% após a correção. Também grande alteração pode ser observada, para este mesmo grupo, nas idades acima de 90 anos que passam de 1,74% para 0,23% após a correção. Mesmo que as evidências de subenumeração nas primeiras idades continuem acentuadas, há uma redução de alguns pontos percentuais neste erro. Dada a forma peculiar como os dados foram agrupados por idade neste censo, o uso de modelos para fins comparativos fica praticamente prejudicado. O mesmo tipo de erro observado na distribuição etária por sexo e condição na Província de Minas Gerais pode ser observado para a população por idade, sexo e cor. Há um crescimento relativo do contingente populacional nas idades mais novas e uma redução nas idades mais avançadas (Tabela 35 e Tabela 36). Estas alterações apresentam alguma variação, embora pequena, quando se leva em consideração, juntamente com idade e sexo, a variável cor ou condição. Contudo, é importante ressaltar que o baixo percentual (0,02%) de população escrava de ambos os sexos, nas idades abaixo de 1 ano, é decorrência da lei do Ventre Livre que havia entrado em vigor no ano anterior e permanece após a correção. É possível, no entanto, que esta população, nascida no ano anterior, tenha sido declarada como mais velha. Ainda com relação aos dados da província de Minas Gerais, algumas modificações aparecem quando se comparam os resultados originais e corrigidos da população brasileira segundo a origem e condição. A Tabela 37 e a Tabela 38 apresentam estes resultados. Embora para ambos os sexos e ambas as condições, a grande maioria da população brasileira recenseada em Minas Gerais, tenha nascido também em Minas Gerais, após a correção dos totais aumentou sensivelmente o número de pessoas nascidas nas províncias vizinhas de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia. Há evidências, portanto, de que o movimento de população entre Minas Gerais e as províncias vizinhas não era tão desprezível como os dados originais parecem indicar. Este é um dado particularmente significativo quando se considera a população escrava, pois possuir escravos nascidos fora da província era um importando mãode-obra escrava. No caso de Minas Gerais a mudança ocorrida nesta direção após a correção é da seguinte ordem: o número de escravos homens nascidos na Bahia e Rio de Janeiro, era de 184 86 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 na tabela original e passou para 3205 na corrigida. Também, para o sexo feminino a mudança nos números é desta magnitude, passando de 135 para 2641. Em termos dos totais o menor erro absoluto observado foi o relativo às mulheres escravas. A Tabela 39 e a Tabela 40 vão apresentar os dados originais e corrigidos de Minas Gerais distribuída por profissões. Após as correções grandes alterações foram observadas para ambos os sexos e condições. Os resultados mais surpreendentes são aqueles relativos à categoria “sem profissão” cuja participação percentual cresce muito. Além deste merece destaque a mudança observada no percentual de escravos dedicados à agricultura que corresponde à 90,47% da população escrava masculina recenseada, e, após a agregação correta dos quadros paroquiais passa a ser 39,24%. Seria importante ainda mencionar um produto importante desta etapa da pesquisa que foi o fornecimento da população de cada província distribuída por seus municípios, segundo o sexo e a condição. As possibilidades de comparar estes resultados com os originais do censo se limitou à população total do município. A Tabela 41 apresenta, para Minas Gerais, estes resultados. 87 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 Tabela 32: População presente por idade, segundo sexo e condição Minas Gerais – 1872 Tabela provincial original Idades Até 11 meses 1– 5 6 – 10 11 – 15 16 – 20 21 – 25 26 – 30 31 – 40 41 – 50 51 – 60 61 – 70 71 – 80 81 – 90 91 – 100 + de 100 Não determinado Total* ............................................ Livres 30.196 26.740 71.177 57.835 88.842 107.984 110.797 110.157 86.528 69.049 41.730 20.439 15.157 12.842 1.937 182 851.592 (847.592) Homens Escravos 35 6.941 21.280 21.026 23.504 24.150 23.687 25.263 17.702 15.831 10.882 4.421 2.763 1.299 12 138 198.934 (199.434) Total 30.231 33.681 92.457 78.861 112.346 132.134 134.484 134.420 104.230 84.880 52.612 24.860 17.920 14.141 1.949 320 1.050.526 (1.047.026) Livres 28.606 25.632 66.758 58.006 78.076 103.368 109.155 107.517 86.006 62.817 41.386 18.073 13.348 11.487 1.211 238 811.684 (821.684) Mulheres Escravos 26 5.702 18.432 18.301 20.493 20.337 20.763 22.415 15.240 13.612 9.251 3.293 2.383 547 7 123 170.925 (171.025) Total 28.632 31.334 85.190 76.307 98.569 123.705 129.918 129.932 101.246 76.429 50.637 21.366 15.371 12.034 1.218 361 982.609 (992.709) Total 58.836 65.015 177.647 155.168 210.915 255.839 264.402 265.352 205.476 161.309 103.249 46.226 33.651 26.175 3.167 681 2.033.135 (2.039.735) FONTE: D.G.E., Recenseamento Geral do Império, 1872. Este total corresponde a soma correta dos valores de cada coluna. Os valores entre parênteses são aqueles totais que aparecem na publicação do censo 88 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 Tabela 33: População presente por idade, segundo sexo e condição Minas Gerais – 1872 Tabela provincial corrigida Idades Até 11 meses 1– 5 6 – 10 11 – 15 16 – 20 21 – 25 26 – 30 31 – 40 41 – 50 51 – 60 61 – 70 71 – 80 81 – 90 91 – 100 + de 100 Não determinado Total................................................ Livres 37.644 70.008 53.385 68.789 81.186 93.081 107.116 132.458 98.689 57.837 26.420 9.557 3.914 1.437 493 2 842.036 Homens Escravos 35 17.583 11.745 14.971 18.675 22.641 28.168 34.738 24.039 14.854 6.700 2.189 838 345 117 197.638 Total 37.699 87.591 65.130 83.760 99.861 115.722 135.284 167.196 122.728 72.691 33.120 11.746 4.752 1.782 610 2 1.039.674 Livres 36.191 66.970 53.458 66.602 79.619 91.799 108.126 129.821 94.024 53.626 25.001 8.569 3.612 1.274 430 819.122 Mulheres Escravos 30 15.617 10.146 12.948 16.490 19.584 24.004 30.512 20.564 11.423 5.361 1.938 730 335 123 169.805 Total 36.221 82.587 63.604 79.550 96.109 111.383 132.130 160.333 114.588 65.049 30.362 10.507 4.342 1.609 553 988.927 Total 73.920 170.178 128.734 163.310 195.970 227.105 267.414 327.529 237.316 137.740 63.482 22.253 9.094 3.391 1.163 2 2.028.601 FONTE: D.G.E., Recenseamento Geral do Império, 1872. 89 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 Tabela 34: Distribuição percentual da população presente por sexo, condição e idade – Minas Gerais 1872 Comparação entre as tabelas provinciais original e corrigida Tabela Original Idades Até 11 meses 1– 5 6 – 10 11 – 15 16 – 20 21 – 25 26 – 30 31 – 40 41 – 50 51 – 60 61 – 70 71 – 80 81 – 90 91 – 100 + de 100 Não determinado Total ............................................... (N) .................................................. Homens Livres Escravos 3,55 0,02 3,14 3,49 8,36 10,70 5,79 10,57 10,43 11,81 12,68 12,14 13,01 11,91 12,94 12,70 10,16 8,90 8,11 7,96 4,90 5,47 2,40 2,22 1,78 1,39 1,51 0,65 0,23 0,01 ... 0,07 100,00 100,00 (851.592) (198.934) Mulheres Livres Escravos 3,52 0,02 3,16 3,34 8,22 10,78 7,15 10,71 9,62 11,99 12,74 11,90 13,45 12,15 13,25 13,11 10,60 8,92 7,74 7,96 5,10 5,41 2,23 1,93 1,64 1,39 1,42 0,32 0,15 ... 0,03 0,07 100,00 100,00 (811.864) (170.925) Tabela Corrigida Homens Mulheres Livres Escravos Livres Escravos 4,47 0,02 4,42 0,02 8,31 8,90 8,18 9,20 6,34 5,94 6,53 5,98 8,17 7,57 8,13 7,63 9,64 9,45 9,67 9,71 11,05 11,46 11,21 11,53 12,72 14,25 13,20 14,14 15,73 17,58 15,85 17,97 11,72 12,16 11,48 12,11 6,87 7,52 6,55 6,73 3,14 3,39 3,05 3,15 1,13 1,11 1,05 1,14 0,46 0,42 0,44 0,43 0,17 0,17 0,16 0,20 0,06 0,06 0,05 0,07 ... 100,00 100,00 100,00 100,00 (842.036) (197.638) (819.122) (169.805) FONTE: Tabelas 1 e 2. Obs.: ... = menor que 0,01 - = zero 90 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 Tabela 35: População livre segundo idade, sexo e cor – Minas Gerais – 1872 – Tabela provincial original Idades Até 11 meses 1– 5 6 – 10 11 – 15 16 – 20 21 – 25 26 – 30 31 – 40 41 – 50 51 – 60 61 – 70 71 – 80 81 – 90 91 – 100 + de 100 Não determinado Total * ............................. Brancos 14.757 12.745 23.332 24.163 43.356 52.264 54.305 53.940 43.229 39.327 23.448 11.541 9.184 8.645 186 1 415.861 (421.681) Homens Pretos 2.511 2.385 22.854 12.106 11.240 12.202 12.141 12.334 9.542 8.324 5.220 2.441 1.205 924 12 66 115.507 (105.507) Pardos e Caboclos 12.928 11.610 24.991 21.566 34.246 43.518 44.351 43.883 33.757 21.398 13.062 6.457 4.768 3.273 364 52 320.224 (320.224) Brancos 14.017 12.036 27.145 22.322 44.316 52.718 54.608 53.381 43.737 33.715 23.836 10.607 8.341 7.335 936 49 409.126 (409.126) Mulheres Pretos Pardos e Caboclos 2.283 12.306 2.307 11.289 15.584 24.029 13.131 22.553 10.320 33.440 10.124 40.526 11.009 43.538 10.030 44.106 9.310 32.959 8.120 20.982 5.116 12.434 2.317 5.149 1.109 3.898 801 3.351 10 238 76 113 101.647 310.911 (101.647) (310.911) FONTE: D.G.E., Recenseamento Geral do Império, 1872. * Este total corresponde à soma correta dos valores de cada coluna. Os valores entre parênteses são os totais que aparecem na publicação do censo. 91 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 Tabela 36: pulação livre segundo idade, sexo e cor – Minas Gerais – 1872 – Tabela provincial corrigida Idades Até 11 meses 1– 5 6 – 10 11 – 15 16 – 20 21 – 25 26 – 30 31 – 40 41 – 50 51 – 60 61 – 70 71 – 80 81 – 90 91 – 100 + de 100 Não determinado Total ............................ Brancos 17.039 32.084 25.417 32.754 40.156 46.392 53.144 69.523 52.892 30.570 13.426 4.365 1.683 581 186 1 420.213 Homens Pretos 6.463 9.870 6.161 8.244 9.585 10.876 12.843 15.751 10.984 7.133 3.806 1.592 660 271 109 104.348 Pardos e Caboclos 14.162 28.054 21.807 27.791 31.445 67.258 41.129 47.184 34.183 20.134 9.188 3.600 1.571 585 198 1 317.475 Brancos 15.896 29.823 24.857 32.087 37.881 44.534 54.541 69.219 51.695 28.033 12.867 3.523 1.461 544 151 407.112 Mulheres Pretos Pardos e Caboclos 6.549 13.746 9.772 27.375 6.420 22.181 7.897 26.618 9.653 32.085 11.003 36.262 12.732 40.853 14.792 45.810 9.922 32.407 6.546 19.047 3.361 8.773 1.460 3.586 697 1.454 241 489 107 172 101.152 310.858 FONTE: D.G.E., Recenseamento Geral do Império, 1872. 92 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 Tabela 37: População em relação à nacionalidade brasileira Minas Gerais – 1872 – tabela provincial original Local de Nascimento Brasileiros adotivos ................ Estr. Naturalizados ................. Amazonas ............................... Pará ......................................... Maranhão ............................... Piauí ....................................... Ceará ...................................... Rio Grande do Norte ............. Paraíba ................................... Pernambuco ........................... Alagoas .................................. Sergipe ................................... Bahia ...................................... Espírito Santo ........................ Rio de Janeiro ........................ São Paulo ............................... Paraná .................................... Santa Catarina ........................ Rio Grande do Sul ................. Minas Gerais .......................... Goiás ...................................... Mato Grosso ........................... Total .................................... Livres Homens 10 8 1 5 17 4 22 9 8 79 20 8 153 67 99 84 6 5 16 832.463 65 18 833.157 (833.167) Mulheres 1 3 13 3 17 4 8 71 15 5 144 34 85 59 4 5 13 817.154 40 14 817.692 (817.692) Homens 7 15 6 19 8 11 46 24 8 120 40 64 43 5 3 12 182.058 7 5 182.501 (182.501) Escravos Mulheres 3 11 6 15 6 7 36 18 6 87 36 48 37 6 5 15 159.457 7 4 159.810 (159.810) FONTE: D.G.E., Recenseamento Geral do Império, 1872 93 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 Tabela 38: População em relação a nacionalidade brasileira Minas Gerais - 1872 – tabela provincial corrigida Livres Escravos Local de Nascimento Homens Mulheres Homens Mulheres Brasileiros adotivos ................ Estr. Naturalizados ................. Amazonas ............................... Pará ......................................... Maranhão ............................... Piauí ....................................... Ceará ...................................... Rio Grande do Norte ............. Paraíba ................................... Pernambuco ........................... Alagoas .................................. Sergipe ................................... Bahia ...................................... Espírito Santo ........................ Rio de Janeiro ........................ São Paulo ............................... Paraná .................................... Santa Catarina ........................ Rio Grande do Sul ................. Minas Gerais .......................... Goiás ...................................... Mato Grosso ........................... Total .................................... 34 19 6 39 93 96 178 5 162 493 113 101 3.190 134 4.073 2.094 516 48 74 820.814 562 74 832.918 4 8 20 23 80 17 99 286 46 52 2.273 119 3.067 1.813 88 31 8 809.154 468 26 817.682 1 36 25 64 72 418 45 37 1.203 48 2.002 729 47 11 5 176.951 111 4 181.809 22 1 27 17 248 23 21 885 43 1.756 566 15 13 3 156.302 74 2 160.018 FONTE: D.G.E., Recenseamento Geral do Império, 1872 94 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 Tabela 39: Distribuição da população por profissões segundo sexo e condição – Minas Gerais – 1872 Tabela provincial corrigida Grupos de Profissões Livres % 1,53 Escravos Prof. Liberais .................................. H 13.038 M 1.716 % 0,21 Prof. Industriais e comerciais ......... 15.298 1,79 411 Prof. Manuais ou mecânicos .......... 39.344 4,60 Prof. Agrícolas ............................... 268.394 Pessoas assalariadas ....................... H % M % 4 ... 5 ... 0,05 46 0,02 - - 201.430 24,59 5.358 2,68 22.485 13,48 31,40 104.674 12,78 78.444 39,24 32.266 19,34 157.468 18,42 12.304 1,50 19.864 9,94 7.885 4,73 Serviço doméstico .......................... 33.623 3,93 215.965 26,36 35.783 17,90 46.211 27,70 Sem profissão ................................. 327.678 38,33 282.648 34,51 60.412 30,22 57.951 34,74 Total ........................................... 854.843 199.911 100,00 166.803 100,00 100,00 819.148 100,00 FONTE: D.G.E., Recenseamento Geral do Império, 1872. 95 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 Tabela 40: Distribuição da população por profissões segundo sexo e condição – Minas Gerais – 1872 Tabela provincial original Livres Grupos de Profissões Escravos Prof. Liberais .................................. H 3.339 % 0,35 M 665 % 0,21 Prof. Industriais e comerciais ......... 1.441 0,15 291 Prof. Manuais ou mecânicos .......... 3.957 0,41 Prof. Agrícolas ............................... 266.933 Pessoas assalariadas ....................... H 16 % 0,01 0,05 - 178.531 24,59 27,90 34.749 159.124 16,63 Serviço doméstico .......................... 31.673 Sem profissão ................................. 490.180 Total ........................................... 956.647 M % - - - - - 179 0,09 16.191 9,47 12,78 180.436 90,47 98.331 57,50 32.183 1,50 513 0,26 16.120 9,43 3,31 93.899 26,36 125 0,06 14.231 8,32 51,24 481.371 34,51 18.165 9,11 26.152 15,29 199.434 100,00 171.025 100,00 100,00 821.689 100,00 FONTE: D.G.E., Recenseamento Geral do Império, 1872. 96 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 Tabela 41: Distribuição, por município, da população de Minas Gerais, em 1872, segundo sexo e condição Município Total H Livres M Ouro Preto 48.214 21.830 20.752 Que Luz 56.902 21.693 21.216 Mariana 42.036 17.282 16.332 Pitanguy 40.353 16.605 17.158 Marmellada 25.828 11.806 11.356 Santa Bárbara 48.344 20.605 20.129 Itabira 42.614 17.942 17.208 Ponte Nova 57.231 24.637 24.990 Sabará 55.449 23.111 23.356 Caeté 16.756 6.863 7.095 Bom-Fim 35.586 14.727 15.035 Santa Luzia 27.431 10.628 10.850 Sete Lagoas 14.399 6.066 6.038 Serro 67.436 29.460 28.556 Grão-Mongol 53.005 24.537 24.767 Minas Novas 54.447 25.134 25.001 Rio Pardo 51.583 22.370 22.491 Guaycuy 7.185 3.367 3.334 São Romão 7.373 3.533 3.407 Januária 16.285 7.622 7.548 Parcatu 34.398 15.743 16.017 Bagagem 26.130 11.750 11.417 Santo Antônio de Patos 15.081 6.863 6.823 Araxá 23.565 10.297 8.902 Patrocínio 31.378 11.964 12.237 Três Pontas 24.136 9.056 9.083 Flores da Boa Esperança 20.477 7.916 7.797 Baependy 37.453 14.518 13.805 Cristina 24.412 9.922 9.943 Espanha 27.521 10.401 10.370 Itaruoca 16.674 6.632 6.478 Alfenas 25.305 10.576 10.559 Piunhy 22.876 9.696 9.168 Cabo Verde 12.601 5.520 5.571 Tamanduá 31.745 13.543 13.438 Formiga 20.806 8.439 8.742 FONTE: D.G.E., Recenseamento Geral do Império, 1872. T 42.582 42.909 33.614 33.763 23.162 40.734 35.150 49.627 46.467 13.958 29.762 21.478 12.104 58.016 49.304 50.135 44.861 6.701 6.940 15.170 31.760 23.167 13.686 19.199 24.201 18.139 15.713 28.323 19.865 20.771 13.110 21.135 18.864 11.091 26.981 17.181 H Escravos M 3.018 7.217 4.644 3.488 1.377 3.986 4.015 4.098 4.672 1.535 3.179 3.008 1.195 5.181 2.074 2.181 3.612 268 217 650 1.361 1.588 732 2.658 3.725 3.205 2.480 4.972 2.605 3.636 1.926 2.251 2.162 799 2.530 1.955 2.614 6.776 3.778 3.102 1.289 3.624 3.449 3.506 4.310 1.263 2.645 2.945 1.100 4.239 1.627 2.131 3.110 216 216 465 1.277 1.375 663 1.708 3.452 2.792 2.284 4.158 1.942 3.114 1.638 1.919 1.850 711 2.234 1.670 T 5.632 13.993 8.422 6.590 2.666 7.610 7.464 7.604 8.982 2.798 5.824 5.953 2.295 9.420 3.701 4.312 6.722 484 433 1.115 2.638 2.963 1.395 4.366 7.177 5.997 4.764 9.130 4.547 6.750 3.564 4.170 4.012 1.510 4.764 3.625 Município Oliveira Pouso Alegre Ouro Fino Paraíso Jaguary Itajubá São João Del Rei Bom Sucesso Lavras Barbacena Porto do Turvo Pomba Leopoldina Mar de Espanha S. S. Sacramento Rio Novo Ubá Santa Rita do Turvo Piranga Rio Preto Monte Alegre Sto. Ant. do Monte Montes Claros Uberaba Prata Curvelo Conceição Diamantina São João Babtista S.A. do Arassuahy Passos S.S. do Paraíso Caldas São José Del Rei Juiz de Fora Muriahé Total 27.046 22.004 24.196 21.535 12.590 23.261 36.100 13.300 31.813 39.513 14.252 32.556 41.886 32.290 22.775 22.795 32.460 37.096 22.436 22.059 11.332 18.331 40.317 19.973 10.759 18.273 29.200 15.974 14.429 26.258 23.369 19.428 13.798 10.405 38.336 34.620 H 9.662 8.908 10.529 8.643 5.822 9.642 13.766 5.690 11.836 15.320 5.376 13.463 13.913 10.663 10.272 7.911 13.272 15.766 9.263 8.172 4.555 8.084 18.563 8.780 4.557 8.569 12.608 7.128 6.106 12.148 9.859 8.161 5.854 3.925 13.721 14.431 Livres M 9.945 9.021 10.066 8.728 5.698 9.123 14.242 5.286 11.597 13.845 5.225 12.065 12.720 8.969 9.901 9.927 12.039 14.694 8.978 7.574 4.104 8.405 17.708 7.891 4.211 8.275 12.506 6.810 6.011 11.687 9.447 7.669 5.553 3.745 10.247 13.251 T 19.157 17.929 20.595 17.371 11.520 18.765 28.008 10.976 23.433 29.165 10.601 25.528 26.663 19.632 20.173 15.838 25.311 30.460 18.241 15746 8.659 16.489 36.271 16.671 8.768 16.844 25.144 13.938 12.117 23.835 19.306 15.830 11.47 7.670 23.968 27.682 H Escravos M T 4.102 2.081 1.876 2.121 575 2.453 4.439 1.251 4.409 5.706 1.855 3.976 8.160 7.337 1.371 3.585 3.882 3.559 2.271 3.365 1.545 940 2.112 1.748 1.128 721 2.157 1.176 1.285 1.236 2.236 1.998 1.278 1.484 8.156 3.660 3.787 1.994 1.698 2.043 4.95 2.043 3.653 1.073 3.971 4.642 1.796 3.052 7.093 5.321 1.211 3.372 3.267 3.077 1.924 2.948 1.128 902 1.934 1.554 863 708 1.929 860 1.027 1.187 1.827 1.600 1.113 1.251 6.212 3.278 7.889 4.075 3.574 4.163 1.070 4.496 8.092 2.324 8.380 10.348 3.651 7.028 15.253 12.658 2.582 6.957 7.149 6.636 4.195 6.313 2.673 1.842 4.046 3.302 1.991 1.429 4.086 2.036 2.312 2.423 4.063 3.598 2.391 2.735 14.368 6.938 97 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 Anexo: Formulários de compilação dos dados paroquiais do Censo de 1872 98 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 99 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 100 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 101 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 102 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 103 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 104 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 8. Produção científica e divulgação 8.1 Produção acadêmica Capítulos de livros As correções dos dados de 1872 foram utilizadas em dois capítulos de livros, sendo um lançado em 2012. Outro ainda encontra-se no prelo: RODARTE, Mario M. S. O trabalho do fogo: domicílios ou famílias do passado Minas Gerais, 1830. 1. ed. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2012. v. 1. 279p . PAIVA, Clotilde A.; RODARTE, Mario M. S. Uma província em transformação: dinâmica demográfica e econômica de Minas Gerais entre as décadas de 1830 e 1870. In: RESENDE, Maria Efigênia L. A província de Minas Gerais. Belo Horizonte: Companhia do Tempo, 2013. (no prelo). Trabalhos em anais de congressos RODARTE, Mario M. S. ; PAIVA, Clotilde A. ; GODOY, Marcelo M. . A Reinvenção das Minas pelas Gerais: Transformações Econômicas e Demográficas nas Regiões das Minas Gerais Oitocentistas. In: XIV Encontro Nacional da ANPUR, 2011, Rio de Janeiro. Anais.... Rio de Janeiro: ANPUR, 2011. p. 1-20. (Trabalho com apresentação oral). RODARTE, Mario M. S. ; PAIVA, Clotilde A. ; GODOY, Marcelo M. . O Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872: uma análise da consistência e uma proposta de correção dos dados. In: XVIII Encontro Nacional da ABEP, 2012, Águas de Lindóia. Anais.... Campinas: ABEP, 2012. p. 1-20. (Trabalho com apresentação oral em painel especial). OLIVEIRA, Patrícia V. S. C.; JESUS, Antônio da M. de; FIGUEIREDO, Henrique M. Educação e formação para o trabalho em Minas Gerais pelos censos de 1838 e 1872. In: XVIII Encontro Nacional da ABEP, 2012, Águas de Lindóia. Anais.... Campinas: ABEP, 2012. p. 1-20. (Trabalho com apresentação oral em pôster). 8.2 Divulgação acadêmica A divulgação no ambiente acadêmico ocorreu em dois eventos: • XVIII Encontro Nacional de Estudos Populacionais, organizado pela Associação Brasileira de Estudos Populacionais – ABEP e realizado em Águas de Lindóia – SP, entre 19 e 23 de novembro de 2012. O núcleo de pesquisa NPHED apresentou o painel especial “O Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872: uma análise da consistência e uma proposta de correção”. Foram expositores a Profa. Clotilde Paiva e Mario Rodarte • XV Seminário sobre a Economia Mineira, organizado pelo Cedeplar/UFMG, realizado em Diamantina-MG, entre 29 e 31 de agosto de 2012. O núcleo de pesquisa NPHED apresentou a Sessão Temática Especial “O Censo de 1872 e seu Acesso pelo Site do Cedeplar”. Foram expositores a Profa. Clotilde Paiva 105 Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872 (UFMG), Roberto Borges Martins (UFMG), Carlos de Almeida Prado Bacellar (USP), Mario Rodarte (UFMG), Marcelo Magalhães Godoy (UFMG) • XXI Semana de Iniciação Científica, organizado pela UFMG, realizado em Belo Horizonte, entre 15 e 19 de outubro de 2012. O bolsista Matheus Soares de Mendonça apresentou o trabalho “Estudo Crítico do Recenseamento de 1872”. 8.3 Atividades dos bolsistas Os bolsistas de aperfeiçoamento técnico e de iniciação científica permaneceram parcialmente envolvidos nos trabalhos de prospecção da documentação primária, participando das consultas aos instrumentos de pesquisa das instituições arquivísticas e bibliotecas, bem como da consulta exploratória das fontes. Mais especificamente, houve o trabalho de compilação do Censo da Corte, de 1870, ajustes na base de dados do Censo de 1872, que serviram de base para os trabalhos científicos desenvolvidos por eles e por toda a equipe do NPHED. Assim, os bolsistas também atuaram integrados à equipe, no desenvolvimento do processo de análise dos dados, articulação entre evidências empíricas e literatura especializada, e na elaboração dos relatórios, e artigos que consubstanciaram os resultados finais da pesquisa. 106