MONGORAFIA DE REGINA TANEA FINAL_1
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MONGORAFIA DE REGINA TANEA FINAL_1
1 UNIP UNIVERSIDADE PAULISTA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRÂNSITO REGINA TANEA DA SILVA FERREIRA TESTES PSICOLÓGICOS PARA RENOVAÇÃO DA CARTEIRA NACIONAL DE HABILITAÇÃO PARA O EXERCÍCIO DE ATIVIDADES REMUNARADAS MACEIÓ - AL 2013 2 REGINA TANEA DA SILVA FERREIRA TESTES PSICOLÓGICOS PARA RENOVAÇÃO DA CARTEIRA NACIONAL DE HABILITAÇÃO PARA O EXERCÍCIO DE ATIVIDADES REMUNARADAS Monografia apresentada à Universidade Paulista/UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicologia do Trânsito. Orientador: Prof. dr. Jorge Luís de Souza Riscado. MACEIÓ - AL 2013 3 REGINA TANEA DA SILVA FERREIRA TESTES PSICOLÓGICOS PARA RENOVAÇÃO DA CARTEIRA NACIONAL DE HABILITAÇÃO PARA O EXERCÍCIO DE ATIVIDADES REMUNARADAS Monografia apresentada à Universidade Paulista/UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicologia do Trânsito. APROVADO EM: _____/_____/_____ ________________________________________________ Prof.Dr. Jorge Luís de Souza Riscado Orientador: ________________________________________________ Prof. Dr. Liércio Pinheiro de Araújo Banca Examinadora ________________________________________________ Prof.Dr. Manoel Ferreira do Nascimento Filho Banca Examinadora 4 DEDICATÓRIA A Deus; A meus familiares. 5 AGRADECIMENTOS Aos meus pais; Aos meus familiares, pela presença e inestimável incentivo; Aos colegas de profissão, por longas datas de companheirismo; Aos candidatos participantes deste trabalho, obrigada! 6 "A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém viu, mas pensar o que ninguém ainda pensou sobre aquilo que todo mundo vê." (Arthur Schopenhauer) 7 RESUMO No Brasil a Psicologia do Trânsito passou a ser aplicada ao trânsito centralizando-se no fator humano e seu comportamento a partir de graves acidentes de trânsito que tornaram-se problemas de saúde pública. Desde então tornou-se obrigatória nos exames para a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) em todo o território brasileiro. Neste processo está a Avaliação Psicológica, a qual é um procedimento que visa avaliar, utilizando-se de instrumentos previamente validados para uma determinada função, os diversos processos psicológicos que compõe o indivíduo, sendo o psicólogo o único profissional habilitado por lei para exercer esta função. O presente estudo teve principal objetivo identificar os principais fatores que possam estar relacionado à reprovação de tais candidatos, bem como delinear o perfil dos candidatos à renovação das categorias B, C, D e E de atividade remunerada. Para isso foram entrevistados 50 candidatos no município de Belém, Pará, atendidos na Clínica da Avaliação Psicológica (CLIMEPT) para a renovação da CNH categorias B,C,D e E através da ficha e questionário complementar. Dentre eles, 25 foram reprovados na Avaliação Psicológica e 25 foram aprovados, sendo estes últimos, portanto, o grupo controle. Dos 50 candidatos, 47 (94%) pertenciam ao gênero masculino e apenas três (6%) pertenciam ao gênero masculino. A partir de uma distribuição de frequência quantitativa da faixa-etária dos indivíduos da pesquisa, notou-se que 36% dos motoristas concentram-se na faixa-etária de 41 a 50 anos de idade. O nível de escolaridade da população total está em 38% concentrada no nível de Ensino Médio Completo. Entretanto, ao analisar separadamente os dois grupos observou-se que o grupo de aprovados são responsáveis por 30% dos indivíduos com Ensino Médio completo e,no grupo dos desaprovados, 18% e 14% correspondem à classe de Ensino Fundamental Incompleto e Ensino Fundamental Completo. Os resultados do presente estudo demonstram que os candidatos que não foram aprovados na Avaliação Psicológica responderam não estarem preparados para tal (24%),a maioria (42%) dos candidatos avaliados são taxistas e que o grupo dos “caminhoneiros” possuiram maior índice de reprovação no teste e que o grupo dos reprovados concentram a maior quantidade de indivíduos que possuem baixa escolaridade, dificultando assim o entendimento dos testes a eles aplicados. Palavras-chave: Trânsito. Atividade Remunerada. Psicologia. 8 ABSTRACT In Brazil Traffic Psychology began to be applied to traffic centering on the human factor and its behavior from serious traffic accidents that have become public health problems. Since then it has become mandatory exams for obtaining the Driver's License (CNH) throughout the Brazilian territory. This process is Psychological Assessment, which is a procedure that aims to evaluate, using previously validated instruments for a given function, the various psychological processes that make up the individual, being the only professional psychologist enabled by law to exercise this function . The main objective of this study was to identify the key factors that may be related to the failure of such candidates, as well as outlining the profile of applicants for renewal of categories B, C, D and E of paid. For that were interviewed 50 candidates in the city of Belém, Pará, served in Clinical Psychological Assessment (CLIMEPT) for the renewal of CNH categories B, C, D and E through the plug and supplementary questionnaire. Among them, 25 were disapproved in Psychological Assessment, 25 were approved, the latter being, therefore, the control group. Of the 50 candidates, 47 (94%) were male and only three (6%) were male. From a quantitative frequency distribution of the age range of subjects in the study, it was noted that 36% of drivers are concentrated in age group 41-50 years old. The educational level of the population is concentrated in 38% in the level of Full High School. However, when analyzing separately the two groups showed that the group approved are responsible for 30% of individuals with high school education, and in the disfavored group, 18% and 14% correspond to the class of elementary school and Primary Incomplete Complete. The results of this study demonstrate that candidates have not been approved in Psychological Assessment responded they were not prepared for this (24%), most (42%) of candidates are evaluated taxi drivers and the group of "truckers" possessed higher index fail the test and that the group of reprobates concentrate the greatest amount of individuals who have low education, thus hindering the understanding of the tests applied to them. Keywords: Traffic. Remunerated activity. Psychology. 9 LISTA DE TABELAS Tabela 01 – Distribuição por faixa-etária da população estudada.................. 33 10 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Gráfico 01. Distribuição de frequência por escolaridade da população de estudo........................................................................................................... 34 Gráfico 02. Distribuição de frequência por escolaridade segundo os dois grupos da pesquisa “Aprovados” e “Reprovados” na Avaliação Psicológica... 34 Gráfico 03. Distribuição de frequência de acordo com as condições para avaliação da população do estudo.................................................................. 36 Gráfico 04. Distribuição de frequência de acordo com as dificuldades demonstradas pelos candidatos ao realizar a Avaliação Psicológica.............. 36 Gráfico 05. Respostas à pergunta: “Você já teve sua habilitação suspensa?”.................................................................................................... 37 Gráfico 06. Respostas à pergunta: “Você já se envolveu em acidente de trânsito?”....................................................................................................... 38 Gráfico 07. Respostas à pergunta: “Você utiliza energéticos ao dirigir?”........ 39 Gráfico 08. Distribuição de frequência de acordo com o tempo de trabalho na área............................................................................................................. 39 Gráfico 09. Distribuição de frequência de acordo com o ramo da profissão como motorista................................................................................................. 40 11 LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES AC - Teste de Atenção Concentrada AS - Teste de Atenção Sustentada CFP- Conselho Federal de Psicologia CNH - Carteira Nacional de Habilitação CONTRAN - Conselho Nacional de Trânsito CPF - Cadastro Pessoa Física CTB - Código de Trânsito Brasileiro DENATRAN - Departamento Nacional de Trânsito DETRAN - Departamento Estadual de Trânsito RG - Identidade TACOM-A - Teste de Atenção Concentrada para Motoristas – Forma A TCLE - Termo de Consentimento Livre Esclarecido 12 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 15 2.1 Breve Histórico da Psicologia no Trânsito ..................................................... 15 2.2 A Avaliação Psicológica ................................................................................... 18 2.3 A Carteira Nacional de Habilitação e Suas Categorias .................................. 24 2.4 A Educação no Trânsito ................................................................................... 28 3 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 31 3.1 Ética .................................................................................................................... 31 3.2 Tipo de pesquisa ............................................................................................... 31 3.3 Universo da Pesquisa ....................................................................................... 31 3.4 Sujeitos da Amostra .......................................................................................... 31 3.5 Instrumentos de Coleta de Dados ................................................................... 32 3.6 Plano para Coleta dos Dados ........................................................................... 32 3.7 Plano para Análise dos Dados ......................................................................... 32 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 33 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 41 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 42 ANEXO ..................................................................................................................... 45 APÊNDICE ................................................................................................................ 49 13 1 INTRODUÇÃO Dentre as áreas da Psicologia, a Psicologia do Trânsito, segundo Rozestraten (1981), está relacionada a quase todas as áreas (multidisciplinaridade) permeando desde a psicofísica e psicofisiologia à teoria de decisão e os processos cognitivos, procurando explicações na teoria do condicionamento operante e na teoria psicanalítica. Também está interessada na Psicologia do Desenvolvimento e na Psicologia Gerontológica, a qual se relaciona também com a Psicologia da Motivação e da Aprendizagem, com a Psicopedagogia e com a Psicologia social. Após a inserção de automóveis e o incentivo para a instalação de indústrias automobilistas no Brasil houve um considerável crescimento econômico, e, assim, a utilização de automóveis em massa no Brasil. Entretanto, foi a partir do aumento da violência e acidentes no trânsito, sendo classificados como problemas sociais, causados nas décadas de 1940 e 1950, passaram a aumentar os problemas sociais que as autoridades buscaram desenvolver e implementar medidas preventivas, dentre elas, a seleção médica e psicotécnica (FIORELLI, 2007). Silva e Gunther (2009) vão além e afirmam que foi a partir deste momento que a Psicologia passou a ser aplicada ao trânsito centralizando-se no fator humano e seu comportamento e, através da seleção de pessoal, orientação e instrução profissional, buscava identificar os indivíduos adequados para os lugares certos. Desde então tornou-se obrigatória nos exames para a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) em todo o território brasileiro, visto que, de acordo com Rozestraten (1981), a Psicologia do Trânsito oferece subsídios para garantir a todo o ser humano melhores condições de maior segurança no trânsito, diminuindo os riscos de acidentes e as ameaças de perder a vida. OTT et al. (2003) ao afirmarem que os acidentes de trânsito são considerados uma problemática da vida urbana e da civilização suscitada pela popularização dos veículos automotores no cotidiano dos cidadãos, concordam com Jomar et al. (2011), os quais afirma que os acidentes de trânsito e a violência em geral constituem-se uma verdadeira e urgente questão de Saúde Pública no mundo moderno. Além disso, estudos de Malta et al. (2012) demonstram que os acidentes no trânsito geram uma violência contra a humanidade principalmente em relação ao hoje e ao futuro. 14 O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) delega ao Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN) o poder de expedição da CNH, porém, compete aos órgãos executivos estaduais, o Departamento Estadual de Trânsito (DETRAN), aferir através de exames se o candidato está ou não habilitado a conduzir. A partir de minhas experiências profissionais, bem como estudos acadêmicos, foi observado um elevado número de reprovação de candidatos à obtenção ou renovação da CNH que para fins de atividade remunerada. Mediante este aspecto, o presente estudo se propôs a identificar os principais fatores que possam estar relacionado à reprovação de tais candidatos, bem como delinear o perfil dos candidatos à renovação das categorias B, C, D e E de atividade remunerada. 15 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Breve Histórico da Psicologia no Trânsito Historicamente, de acorco com Rozestraten (2003) a Psicologia do trânsito nasceu em 1910 com Hugo Musterberg, aluno de Wundt. Musterber, o qual foi pioneiro em submeter motoristas de bonde de Nova York a baterias de testes de habilidades e inteligência. Assim, Rozestraten (2003) define tal área de atuação como “uma área da psicologia que estuda, através de métodos científicos válidos, os comportamentos humanos no trânsito e os fatores e processos externos e internos, conscientes e inconscientes que os provocam ou os alteram”. Em outras palavras, é o estudo dos comportamentos-deslocamentos no trânsito e de suas causas. Para o autor, o objetivo da Psicologia do trânsito é estudar e analisar todos os comportamentos relacionados com o trânsito; e em sentido restrito, o comportamento dos usuários: o do pedestre, do motorista, do ciclista e do motociclista. Todas as pessoas são alvo e poderão ter seus comportamentos estudados pela psicologia do trânsito já que todos são sujeitos, ativos ou passivos, do trânsito (ROZESTRATEN, 2003). Voltando às considerações do passado de Rozestraten (1981), o comportamento no trânsito é algo que compreende as reações de todas as pessoas que se movimentam, independente de sua idade, condição socioeconômica, nível de instrução, sexo ou profissão, ou seja, é uma área atuante no espaço e no tempo, como o próprio autor afirma: “É um campo que envolve grande complexidade de fatores, e por isto mesmo não muito fácil de ser estudado. Além de estar ligado às diversas áreas da Psicologia, este campo requer também contatos com a engenharia de estradas e de veículos, com a medicina do trabalho, com a estatística, a física (um carro é uma massa em movimento), a ergonomia,a sociologia, a psicopedagogia e mesmo com o direito e com a criminologia” Sendo assim, o objeto de estudo da Psicologia do Trânsito é o comportamento dos cidadãos que participam do trânsito, procurando compreender tal comportamento através de diversos métodos, tal como, a observação experimental por exemplo (ROZESTRATEN, 2003). 16 Teles (2003) define a psicologia como: “Uma observação para compreender o homem, seu comportamento para facilitar a convivência consigo próprio e com o outro. Pretende fornecer-lhe subsídios para que ele saiba lidar consigo mesmo e com as experiências da vida. É, pois, a Ciência do comportamento, compreendida esta em seu sentido mais amplo”. Além disso, Lamounier e Rueda (2005) expõem que a Psicologia de Trânsito e a Avaliação Psicológica são áreas afins, visto que: “A avaliação consiste em um processo técnico-científico de coleta de dados, estudos e interpretação de informações a respeito dos fenômenos psicológicos, realizado por meio de estratégias psicológicas como métodos, técnicas e instrumentos que permitem um conhecimento de capacidades cognitivas e sensório-motoras, componentes sociais, emocionais, afetivos, motivacionais, aptidões específicas e indicadores psicopatológicos”. Hoffnann & Cruz (2003) afirmam que apesar da inserção de técnicas psicológicas para condutores já presentes, o reconhecimento da profissão do psicólogo, no Brasil, só ocorreu na década de 1960, por meio da Lei n° 4.119/1962, e sua regulamentação pelo Decreto n° 53.464/1964. Nessa época, os psicólogos iniciaram o movimento de criação do Conselho Federal e dos Conselhos Regionais de Psicologia. Foi em 23 de setembro de 1997 que foi promulgada pelo Congresso Nacional a Lei nº 9.503 que instituiu o CTB, sancionada pela Presidência da República, entrando em vigor em 22 de janeiro de 1998, estabelecendo, logo em seu artigo primeiro, aquela que seria a maior de suas diretrizes, qual seja, a de que o "trânsito seguro é um direito de todos e um dever dos órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trânsito". Antes de sua vigência, vigorava o Código Nacional de Trânsito, instituído pela Lei nº 5.108, de 21 de setembro de 1966, e alterações posteriores, revogadas pela nova lei. O CTB delega ao Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN) o poder de expedição da CNH, porém, compete aos órgãos executivos estaduais, o 17 DETRAN, aferir através de exames se o candidato está ou não habilitado a conduzir (BRASIL, 1997). Com o advento do CTB em 1998, o psicólogo foi incluso no processo de habilitação nos DETRANs para realizar a avaliação psicológica pericial de motoristas. Além disso, a criação dos DETRANs também formalizou e valorizou as importantes contribuições que os psicólogos passaram a exercer de fato decorrentes da evolução da legislação de habilitação e de novas demandas sociais: a capacitação de psicólogos peritos em trânsito, capacitação de diretores e instrutores de trânsito e elaboração/implantação de programas de reabilitação e educação de motoristas infratores (HOFFNANN & CRUZ, 2003). O Conselho Federal de Psicologia (CFP) é uma autarquia federal, uma entidade de direito público, instituída pela Lei nº 5.766/1971 e regulamentada pelo Decreto nº 79.822/1977. Seus principais objetivos são orientar, normatizar, fiscalizar e disciplinar a profissão de psicólogo, zelar para que os princípios éticos sejam observados e contribuir para o desenvolvimento da Psicologia como ciência e profissão (CFP, 2010). Nesse sentido, Madeira (2009) esclarece que, para que se possa compreender o trânsito não basta discutir apenas os problemas de congestionamentos e acidentes, mas analisar a maneira como as pessoas se comportam,considerando seus interesses e necessidades. Partindo desse pressuposto, pode-se dizer que o trânsito é caracterizado por pessoas de uma dada sociedade com diferenças políticas, sociais e importâncias diversas, se caracterizando por uma disputa de tempo, espaço físico e acesso aos equipamentos urbanos. A psicologia aplicada ao trânsito tem como cerne o fator humano, tendo como fundamento a teoria da propensão aos acidentes, segundo a qual, “algumas pessoas são mais propensas do que outras a se envolver em acidentes” (HAIGHT apud SILVA; GUNTHER, 2009). Tal aspecto justificava a elaboração de um processo de habilitação para identificar os indivíduos propensos/não propensos aos acidentes, com vistas a aumentar a segurança no trânsito. 18 2.2 A Avaliação Psicológica A Avaliação Psicologia no Brasil é de acordo com o CTB, no qual no art. 7º nomeia o CONTRAN (Conselho Nacional de Trânsito) como coordenador do Sistema e Órgão Máximo Normativo e Consultivo. Os primeiros passos voltados à avaliação psicológica surgiram de maneira evidenciada na Res. 51/98 e na Res. 80/98 que, respectivamente, foram revogadas pela Resolução do 267/08 que dispõe sobre a avaliação psicológica. Tal resolução enfatiza em seu art. 5º os processos psíquicos. A avaliação psicológica é um procedimento que visa avaliar, utilizando-se de instrumentos previamente validados para uma determinada função, os diversos processos psicológicos que compõe o indivíduo, sendo o psicólogo o único profissional habilitado por lei para exercer esta função. “A avaliação psicológica é uma função privativa do psicólogo, assegurada pela Lei N.º 4.119 de 27/08/62, que pretende investigar aspectos da personalidade de determinado sujeito no seu respectivo contexto de vida, segundo a queixa apresentada e suas específicas características. Entendida como um processo no qual o psicólogo pode ou não utilizar testes, inclui o Psicodiagnóstico, este sim, definido como um procedimento científico que, necessariamente, utiliza testes psicológicos. Esta técnica visa abarcar os aspectos passados, presentes (psicodiagnóstico) e futuros (prognóstico) da personalidade avaliada, por meio de métodos e técnicas psicológicas reconhecidas” (AMENDOLA, 2004). Conforme observado e citado na literatura, os automóveis possuem uma presente e forte influência decisiva no desenvolvimento das sociedades, aumentando a capacidade e a rapidez da locomoção das pessoas, comercialização de produtos, conhecimentos, tecnologias e cultura. Em contrapartida a esse desenvolvimento, tem-se observado também negativas e graves consequências nas questões ambientais, saúde e segurança pública, com altos custos sociais e emocionais para os envolvidos (INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA, DEPARTAMENTO NACIONAL DE TRÂNSITO & ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE TRANSPORTES PÚBLICOS, 2006; MARÍN & QUEIROZ, 2000). 19 Especificamente no Brasil, ao final da década de 40 já era possível perceber alguns desses impactos sociais com relação, principalmente aos acidentes de trânsito, levando assim as autoridades a desenvolverem e programarem urgentemente medidas de controle e prevenção para conter o aumento nos índices de mortos e feridos (SPAGNHOL, 1985). Dentre tais medidas tomadas, a obrigatoriedade do processo de avaliação psicológica – outrora denominado exame psicotécnico – no processo de obtenção da CNH foi uma dessas medidas, sendo atualmente uma exigência para todo o Brasil (HOFFMANN & CRUZ, 2003). Desta forma os psicólogos vem exercendo suas atividades neste processo, coletando e analisando informações para avaliar as habilidades, a inteligência e a personalidade dos futuros condutores, a fim de definirem como aptos ou inaptos, na perspectiva de colaborar para a segurança viária (CAMPOS, 1978A, 1978B; FORBES, 1954; ROTHENGATTER, 1997; TORTOSA & MONTORO, 2002; VIEIRA, PEREIRA, & CARVALHO, 1953). A literatura em psicologia do trânsito, tanto nacional quanto internacional, tem questionado se avaliar aspectos psicológicos dos motoristas traz uma efetiva colaboração para a diminuição dos acidentes ou das infrações. Alguns estudos apontam a existência de poucas pesquisas que comprovam a validade. Silva e Alchieri (2007) observaram que o trabalho pioneiro sobre a temática em questão na literatura brasileira foi de VIEIRA, PEREIRA, & CARVALHO (1953), os quais divulgaram os resultados de exames psicológicos e tabelas de diversos testes de aptidão (Atenção Difusa, Inibição Retroativa, Visão Noturna e Ofuscamento, Volante Dinamógrafo) contribuindo criticamente através de comentários realizados ao exame psicotécnico, principalmente, relativas ao prejuízo imposto aos motoristas avaliados como inaptos, do afastamento do meio de vida, ao não recebimento de aposentadoria e o elevado custo dos exames. Três anos posteriormente, em outro estudo, Vieira et al. (1956) apresentaram resultados de exames de motoristas realizados no antigo Instituto de Seleção e Orientação Profissional (ISOP): teste de Atenção Difusa, Tacodômetro, Visão Noturna e Ofuscamento. A amostra foi aleatória, composta por 4.935 motoristas, divididos em três categorias: candidatos a novas matrículas ou renovação, causadores de acidentes, e motoristas de uma empresa. Os autores expuseram tabelas com a porcentagem de reprovação dos sujeitos por testes de aptidão, que foi de 5,56% no caso da categoria de causadores de acidentes. 20 Ainda utilizando-se dos dados da revisão bibliográfica de Silva e Alchieri (2007), a partir da linha histórica dos avanços nos estudos e avaliação Psicológica do Trânsito, demonstraram que Antipoff (1956) estudou em 110 pessoas a influência da idade e da emotividade no exame de motorista no teste de Atenção Difusa de Lahy. De acordo com os dados, indivíduos mais novos (entre 18 e 24 anos) se saíram melhor nos exames. Seguindo, Andrade (1983) realizou investigação sobre a capacidade intelectual em 120 motoristas de transporte coletivo, com o grau de instrução até a 4a série, com o Teste de Matrizes Progressivas de Raven. A partir de seus resultados, o autor inferiu que os motoristas caracterizavamse em fase de aquisição do estágio das operações concretas definido por Piaget e sugeriu que treinamentos e campanhas educativas endereçadas a esses motoristas deveriam levar em conta a adequação ao seu nível mental, a fim de que pudessem ser bem compreendidas. Após outros estudos na década de 80, foi na década seguinte que Rozestraten (1990) realizou estudo para investigar a validade dos instrumentos psicológicos aplicados em motoristas, procurando identificar elementos que diferenciassem um grupo de não-acidentados e outro de pluriacidentados. A amostra foi composta por 20 sujeitos, e foram usados vários instrumentos para medir aptidões e personalidade. No entanto, foram apresentados apenas os resultados das seguintes aptidões: atenção difusa; Atenção Concentrada – AC (Teste de Cambraia); capacidade visual – acuidade estática, visão cromática e visão noturna – (Teste de Aptidão para Motorista Militar); tempo de reação visual seletiva e auditivo seletivo; coordenação visomotora (Reprodução de Figuras de Freitas); habilidade motora bimanual (Teste de Discos de Walther); estilo perceptivo dependênciaindependência de campo (Group Embedded Figures Test - GEFT); orientação espacial (Teste dos Três Labirintos); interesses (Kuder); inteligência não-verbal (INVC) e entrevista. Os resultados não indicaram a existência de um único fator importante que diferenciasse claramente os dois grupos. O autor concluiu afirmando que, se houvesse alguma diferença, ela deveria ser buscada na personalidade. Em outro estudo, Chiança e Chiança (1999a) construíram tabela padronizada para o Teste de AC. A amostra foi de 1000 candidatos à habilitação, com faixa etária entre 18 e 80 anos, com nível de instrução entre o 1o grau incompleto (5a série) e ensino superior. Assim como no estudo anterior, os dados foram coletados em 1995. 21 Chiança e Chiança (1999b) desenvolveram ainda um estudo com o Teste Não Verbal de Inteligência (R-1), a fim de construir uma tabela padronizada para avaliar condutores da cidade do Recife-PE. A amostra foi composta também com 1000 examinados, com faixa etária variando entre 18 e 64 anos, com nível de instrução entre o primeiro grau incompleto (5a série) e ensino superior. De acordo com os autores, os dados foram coletados em 1995, sendo o estudo publicado somente quatro anos depois. Montiel, Figueiredo, Lustosa e Dias (2006), por exemplo, investigaram a evidência de validade convergente entre o teste de Atenção Concentrada ToulousePiéron e o Teste de Atenção Concentrada para Motoristas – Forma A (TACOM-A). Participaram 139 candidatos à obtenção da CNH de uma clínica credenciada. O TACOM-A relacionou positiva e significativamente apenas com a medida de Rapidez no Toulouse-Piéron. Em relação à medida de Qualidade, os autores não verificaram relações significativas e fortes. Os resultados obtidos foram considerados evidência de validade para a medida de Rapidez do Teste de Atenção Concentrada ToulousePiéron. Noronha, Sisto, Bartholomeu, Lamounier e Rueda (2006) desenvolveram um estudo para identificar evidências de validade para o Teste de Atenção Sustentada (AS) por meio da comparação com o Teste de Atenção Concentrada (AC), em uma amostra foi de 212 candidatos à CNH. De acordo com os resultados, as correlações, embora significativas, não foram fortes. O percentual de comunalidade baixo foi interpretado como sendo um indicador de que a atenção concentrada e sustentada são construtos distintos. Os autores comentaram que os grupos formados em função da sustentação não foram discriminados no Teste de Atenção Concentrada, mas sendo considerados como evidência de validade discriminante para a medida de sustentação do AS. Observando os coeficientes encontrados, os autores inferiram que o termo concentrada, utilizado pelos diferentes testes de atenção, pode estar tendo diferentes conotações. A palavra “psicologia” significa o estudo científico do comportamento e dos processos mentais. Em suas raízes na Grécia, a psicologia passou a ser considerada a ciência da alma (da “psique”, ou seja, da mente ou do comportamento) (HILGARD, 2002). 22 Com relação à Psicologia do Trânsito, Rozestraten (1981) sugeriu que este é o estudo científico do comportamento dos participantes do trânsito, sendo que para ele trânsito é o conjunto de deslocamentos dentro de um sistema regulamentado. Este tipo de psicologia estuda o comportamento dos pedestres, de motoristas, de motoqueiros, de ciclistas e dos passageiros e do motorista de coletivos. Para restringir e definir melhor o termo, Rozestraten (1981) afirmou que a Psicologia do Trânsito se restringe ao comportamento dos usuários das rodovias e das redes viárias urbanas. Para Rozestraten (1981) o comportamento no trânsito que a priori parece ser simples, está envolvido por uma profunda complexidade, visto que ele pode: “Ele pode incluir processo de atenção, de detecção, de diferenciação e de percepção, a tomada e o processamento de informações, a memória a curto e a longo prazo, a aprendizagem e o conhecimento de normas e de símbolos, a motivação, a tomada de decisões bem como uma série de automatismos percepto-motores, de manobras rápidas e uma capacidade de reagir prontamente ao feedback, a previsão de situações em curvas, em cruzamentos e em lombadas, e também, uma série de atitudes em relação aos outros usuários, aos inspetores, às normas de segurança, ao limite de velocidade, etc.” A Psicologia do Trânsito não se limita ao Exame Psicológico de motorista, pois toda participação no trânsito é um comportamento, portanto, a psicologia do trânsito estuda de forma científica a mobilidade humana e urbana quanto ao comportamento dos usuários, construtores, fiscais e mantenedores das vias públicas e em geral todos os comportamentos relacionados com o trânsito (ROZESTRATEN,1988). E, durante algum tempo o trabalho do Psicólogo do Trânsito se resumia a aplicação de testes psicológicos, sem muita fundamentação teórico-científica, pois de acordo com tais pensamentos, o psicólogo deveria fazer a seleção de motoristas e de candidatos a motoristas, antes de ter em mãos resultados de estudos sobre os processos psicológicos envolvidos no ato de dirigir e sequer sem ter submetido os testes a estudos críticos sobre sua validade e fidedignidade para a seleção de motorista (ROZESTRATEN,1988). 23 A entrevista psicológica não deve ser uma simples conversa ou a realização de um inquérito de “perguntas e respostas”, porém, um momento para conhecimento e compreensão do sujeito (DALGALARRONDO, 2008). Machado (1996) traz grandes contribuições quando à Psicologia do Trânsito e a elucidação de determinados termos. O pedestre, por exemplo, definido como cidadão de segunda classe por este mesmo autor, é vulnerável, com incapacidade de defesa frente ao poder de morte manifesto pelos motoristas. Entre os próprios motoristas há uma diferenciação de poder, de afirmação de domínio, dentre os quais pode-se observar um sistema de crenças estruturado, por exemplo: Há uma crença de que todas as pessoas têm habilidades e condições para dirigir, e que tal ato é simples, até mesmo banal, sem levar-se em consideração as diferenças individuais; A crença de que a CNH é apenas um documento e, assim, direito de quem a busca; A crença na incompetência e na corrupção das instituições que administram o trânsito, não havendo reconhecimento por parte da população da seriedade e legalidade de seus problemas e exigências; A crença na invulnerabilidade: o acidente só acontece com o outro, isto é, as pessoas tendem a negar a possibilidade de que coisas negativas aconteçam com elas próprias e com os seus; A crença da impunidade, já os delitos de trânsito são considerados crimes culposos e, quando impostas penas, as mesmas são brandas e sujeitas a diversos atenuantes. E dentro dessa cultura se encontram os indivíduos, com as questões e condições diversificadas, sujeitos portadores de problemas de saúde e emocionais que afetam com seriedade o ato de direção. Ainda neste raciocínio, Machado (2007) explica que: “Qualquer psicólogo que pretenda trabalhar com avaliações deverá ter em mente as dimensões técnicas, relacionais, éticas, legais, profissionais e sociais diretamente implicadas em seu trabalho. Se todas estas percepções caminham juntas e se inter-relacionam, é provável que possamos perceber a infinitude de cuidados e preocupações que devemos ter como profissionais que buscam, principalmente e acima de tudo, o respeito e a “construção” daquele que nos procura para se submeter a um processo de Avaliação Psicológica”. 24 2.3 A Carteira Nacional de Habilitação e Suas Categorias A CNH auferida pelo DENATRAN (Departamento Nacional de Trânsito) é categorizada de acordo com o tipo de veículo que o condutor está habilitado a conduzir, ou seja, a CNH atesta que o cidadão brasileiro está apto a conduzir veículos e está dividida em categorias. O porte é obrigatório para quem está dirigindo (BRASIL, 1997). O modelo atual de CNH possui fotografia da pessoa, o número da Carteira de Identidade (RG) e do Cadastro de Pessoa Física (CPF) e, desta forma, a CNH pode ser utilizada para identificação em todo território nacional, conforme observado na figura 1(BRASIL, 1997). De acordo com o CTB, os cidadãos interessados em obter uma CNH devem se submeter a exames de aptidão que são específicos para cada uma das categorias. As categorias A e B são as categorias iniciais, ou seja, qualquer cidadão que satisfaça os requisitos para adquirir uma habilitação pode se submeter aos exames destas duas categorias (BRASIL, 1997). Todavia, para a obtenção de uma CNHC, o condutor deve antes possuir uma da categoria B, da mesma forma que um condutor deve possuir uma CNHC antes de obter uma das categorias D ou E, salvo se o candidato já possuir a categoria B há pelo menos 2 anos, neste caso ele poderá se habilitar na categoria D (BRASIL, 1997). Sendo assim, o CTB classifica as seguintes categorias: Categoria A: habilita a condução de veículo motorizado de duas ou três rodas, com ou sem carro lateral (motos, triciclos etc); Categoria B: habilita a condução de veículo motorizado, não abrangido pela categoria A, cujo peso bruto total não exceda a três mil e quinhentos quilogramas e cuja lotação não exceda a oito lugares, excluído o do motorista (carros de passeio); Categoria C: habilita a condução de veículo motorizado utilizado em transporte de carga, cujo peso bruto total exceda a três mil e quinhentos quilogramas (caminhões) e utilizado para transporte de até 8 pessoas. Para habilitar-se na categoria C, o condutor deve estar habilitado há, pelo menos, um ano na categoria B e não ter cometido nenhuma infração grave ou 25 gravíssima, nem ser reincidente em infrações médias, durante os últimos doze meses. Categoria D: condutor de veículo motorizado utilizado no transporte de passageiros, cuja lotação exceda a oito lugares, excluído o do motorista (ônibus). Para habilitar-se na categoria D, o condutor deve estar habilitado há, pelo menos, um ano na categoria C ou há dois anos na categoria B e não ter cometido nenhuma infração grave ou gravíssima, nem ser reincidente em infrações médias nos últimos doze meses. Categoria E: condutor de combinação de veículos em que a unidade tratora se enquadre nas categorias B, C ou D e cuja unidade acoplada, reboque, semirreboque, trailer ou articulada tenha 6.000 kg (seis mil quilogramas) ou mais de peso bruto total, ou cuja lotação exceda a 8 (oito) lugares (BRASIL, 1997; 2011). Figura 1. Carteira de motorista comprova que o cidadão brasileiro está apto a dirigir veículos. Fonte: BRASIL, 2013. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/para/servicos/documentacao/carteiranacional-de-habilitacao-cnh>. Ainda em acordo ao CTB, há a imposição de pontuações às infrações cometidas, de acordo com a natureza de cada uma (art. 259): gravíssima - 7 pontos; 26 grave - 5 pontos; média - 4 pontos e leve - 3 pontos. Sendo que a penalidade de suspensão do direito de dirigir será aplicada: Nos casos em que o condutor atingir 20 pontos ou mais num período de 12 meses (não necessariamente nos últimos 12 meses; a contagem está sendo feita a partir de autuações datadas de 2006, desde que os pontos estejam ativos); Nas infrações que têm como penalidade, autonomamente, a suspensão do direito de dirigir (veja abaixo). Nestes casos, a pontuação derivada, por essa condição de autonomia, não será computada no cálculo da suspensão por excesso de pontos. O período de suspensão aplicável poderá ser de um mês até um ano e, no caso de reincidência, de seis a 24 meses, segundo critérios estabelecidos pelo CONTRAN. Nos casos de cassação da habilitação o período será de no mínimo dois anos (BRASIL, 1997). As infrações a seguir, por sua própria natureza, preveem a suspensão do direito de dirigir: “dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer substância entorpecente; dirigir ameaçando os pedestres que estejam atravessando a via pública ou os demais veículos; disputar corrida por espírito de emulação; promover ou participar, na via pública, de competição esportiva sem permissão da autoridade de trânsito; deixar o condutor envolvido em acidente com vítima; de prestar ou providenciar socorro à vítima, podendo fazê-lo; de adotar providências, podendo fazê-lo , no sentido de evitar perigo para o trânsito no local; de preservar o local, de forma a facilitar os trabalhos da polícia e da perícia; de adotar providências para remover o veículo do local, quando determinadas por policial ou agente da autoridade de trânsito; de identificar-se ao policial e de lhe prestar informações necessárias à confecção do boletim de ocorrência; 27 transitar em velocidade superior em mais de 50% à máxima permitida em rodovias, vias de trânsito rápido, vias arteriais e demais vias; utilizar-se de veículo para, em via pública, demonstrar ou exibir manobra perigosa; transpor, sem autorização, bloqueio viário policial . conduzir motocicleta, motoneta e ciclomotor; sem usar capacete de segurança com viseira ou óculos de proteção; transportando passageiro sem o capacete de segurança; fazendo malabarismo ou equilibrando-se apenas em uma roda com os faróis apagados; transportando criança menor de sete anos” (BRASIL, 1997). Ainda segundo a legislação, antes de ter seu direito de dirigir suspenso, o condutor deve responder a processo administrativo, com amplo direito de defesa. Ressalve-se que esse procedimento é válido apenas aos portadores de CNH definitiva; os portadores de Permissão não podem cometer, enquanto permissionários (12 meses), qualquer infração de natureza gravíssima ou grave, ou mais de uma de natureza média, sob pena de ter de repetir o processo de habilitação desde o início (BRASIL, 1997). Há ainda a possibilidade de cassação da CNH com base no artigo 263 do CTB, a cassação da CNH ocorrerá: “quando, suspenso o direito de dirigir, o infrator for flagrado conduzindo qualquer veículo no caso de reincidência, no prazo de 12 meses, das infrações previstas no inciso III do art. 162 e nos artigos 163, 164, 165, 173, 174 e 175 do CTB: dirigir veículo de categoria diferente da qual está habilitado dirigir embriagado disputar corrida por emulação promover competição esportiva ou dela participar utilizar o veículo para exibir manobras perigosas entregar o veículo a pessoa que não possua CNH ou Permissão, de categoria diferente do veículo, com CNH ou Permissão cassada ou suspensa, com a CNH vencida há mais de 30 dias ou sem usar lentes, aparelho de audição, prótese ou adaptação do veículo 28 quando condenado judicialmente por delito de trânsito Decorridos dois anos da cassação da CNH, o infrator poderá requerer sua reabilitação, submetendo-se a todos os exames necessários à habilitação”. 2.4 A Educação no Trânsito A educação para o trânsito, apesar de não ser tão divulgada na mídia televisita e, tão pouco, nas escolas, colégios, universidades e instituições educacionais, está proposta na legislação também. Conforme observado na Lei “Art. 74. A educação para o trânsito é direito de todos e constitui dever prioritário para os componentes do Sistema Nacional de Trânsito. § 1º É obrigatória a existência de coordenação educacional em cada órgão ou entidade componente do Sistema Nacional de Trânsito. § 2º Os órgãos ou entidades executivos de trânsito deverão promover, dentro de sua estrutura organizacional ou mediante convênio, o funcionamento de Escolas Públicas de Trânsito, nos moldes e padrões estabelecidos pelo CONTRAN. Art. 75. O CONTRAN estabelecerá, anualmente, os temas e os cronogramas das campanhas de âmbito nacional que deverão ser promovidas por todos os órgãos ou entidades do Sistema Nacional de Trânsito, em especial nos períodos referentes às férias escolares, feriados prolongados e à Semana Nacional de Trânsito. § 1º Os órgãos ou entidades do Sistema Nacional de Trânsito deverão promover outras campanhas no âmbito de sua circunscrição e de acordo com as peculiaridades locais. § 2º As campanhas de que trata este artigo são de caráter permanente, e os serviços de rádio e difusão sonora de sons e imagens explorados pelo poder público são obrigados a difundi-las gratuitamente, com a frequência recomendada pelos órgãos competentes do Sistema Nacional de Trânsito. Art. 76. A educação para o trânsito será promovida na pré-escola e nas escolas de 1º, 2º e 3º graus, por meio de planejamento e ações coordenadas entre os órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trânsito e de Educação, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, nas respectivas áreas de atuação. Parágrafo único. Para a finalidade prevista neste artigo, o Ministério da Educação e do Desporto, mediante proposta do CONTRAN e do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras, diretamente ou mediante convênio, promoverá: 29 I - a adoção, em todos os níveis de ensino, de um currículo interdisciplinar com conteúdo programático sobre segurança de trânsito; II - a adoção de conteúdos relativos à educação para o trânsito nas escolas de formação para o magistério e o treinamento de professores e multiplicadores; III - a criação de corpos técnicos interprofissionais para levantamento e análise de dados estatísticos relativos ao trânsito; IV - a elaboração de planos de redução de acidentes de trânsito junto aos núcleos interdisciplinares universitários de trânsito, com vistas à integração universidades-sociedade na área de trânsito. Art. 77. No âmbito da educação para o trânsito caberá ao Ministério da Saúde, mediante proposta do CONTRAN, estabelecer campanha nacional esclarecendo condutas a serem seguidas nos primeiros socorros em caso de acidente de trânsito. Parágrafo único. As campanhas terão caráter permanente por intermédio do Sistema Único de Saúde - SUS, sendo intensificadas nos períodos e na forma estabelecidos no art. 76. Art. 78. Os Ministérios da Saúde, da Educação e do Desporto, do Trabalho, dos Transportes e da Justiça, por intermédio do CONTRAN, desenvolverão e implementarão programas destinados à prevenção de acidentes. Parágrafo único. O percentual de dez por cento do total dos valores arrecadados destinados à Previdência Social, do Prêmio do Seguro Obrigatório de Danos Pessoais causados por Veículos Automotores de Via Terrestre - DPVAT, de que trata a Lei nº 6.194, de 19 de dezembro de 1974, serão repassados mensalmente ao Coordenador do Sistema Nacional de Trânsito para aplicação exclusiva em programas de que trata este artigo. Art. 79. Os órgãos e entidades executivos de trânsito poderão firmar convênio com os órgãos de educação da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, objetivando o cumprimento das obrigações estabelecidas neste capítulo.”. Para Silva e Gunter (2009) a elaboração de futuras políticas públicas de mobilidade urbana que visem reduzir o uso do automóvel, que estimulem outros modos de transporte ou possibilitem a integração entre os diversos modais, uma vez que o Brasil deverá discutir e implementar algumas dessas medidas com maior ênfase neste século. Para a investigação desses e de outros tópicos de pesquisa, sugere-se a Copa do Mundo de Futebol em 2014 e as Olimpíadas de 2016, que serão realizados em nosso país. Grandes eventos como esses intensificam os deslocamentos e têm impacto na vida das pessoas e das cidades próximas. Se 30 essas oportunidades ímpares forem aproveitadas para elaborar, testar e desenvolver instrumentos, métodos e teorias, impulsionaremos o desenvolvimento da psicologia do trânsito. Além disso, os conhecimentos produzidos poderão ser aplicados em curto-prazo. 31 3 MATERIAL E MÉTODOS 3.1 Ética O presente estudo desenvolveu-se em acordo às exigências éticas e científicas fundamentais conforme determinação Conselho Nacional de Saúde – CNS nº 196/96 do Decreto nº 93933 de 14 de janeiro de 1987 o qual determina as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa envolvendo seres humanos. Os participantes foram informados sobre os objetivos da pesquisa e que não incorriam em nenhum tipo de risco, atendendo assim à Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, do Ministério da Saúde, que tem nos Comitês de Ética em Pesquisa com Seres Humanos o atendimento aos quatro princípios da Bioética, a saber, autonomia, beneficência, não-maleficência e justiça. Sendo assim, todos assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). 3.2 Tipo de pesquisa O presente estudo utilizou-se de uma abordagem exploratório-metodológica de caráter quantitativo, permitindo assim, traduzir estatisticamente as opiniões dos sujeitos entrevistados. 3.3 Universo da Pesquisa A pesquisa foi realizada na Clínica da Avaliação Psicológica CLIMEPT, Belém, Pará, através da aplicação de questionário semi-estruturados aos candidatos à renovação das carteiras profissionais CNHB/C/D/E. 3.4 Sujeitos da Amostra A seleção da amostragem foi por conveniência, onde lançou-se mão de 50 candidatos à renovação CNHB/C/D/E (25 candidatos reprovados e 25 candidatos aprovados), que após terem lido e assinado o TCLE podendo então participar da referida pesquisa, responderam aos questionários a eles entregues. 32 3.5 Instrumentos de Coleta de Dados Utilizou-se um instrumento estruturado, a Ficha de Cadastro da Avaliação Psicológica e o Inventário Psicológico, um questionário com perguntas objetivas que levavam a repostas abertas, o qual abrange a caracterização dos sujeitos da pesquisa, cujas variáveis incorporadas tais como idade, tempo de profissão e tempo atuação como profissional do trânsito, cidade e estado de atuação profissional, etc. Posteriormente foram aplicados o questionário semi-estruturado complementar com perguntas específicas aos fatores possivelmente associados à reprovação de tais candidatos à renovação de CNHB/C/D/E. 3.6 Plano para Coleta dos Dados Na oportunidade, os questionários foram entregues pessoalmente aos 50 candidatos após a entrevista e avaliação psicológica, sendo que todos aceitaram a participar do presente trabalho. 3.7 Plano para Análise dos Dados Os dados foram tratados e analisados com auxílio do software Microsoft Excel para o tratamento estatístico (frequência, tabelas e gráficos). Quanto à parte qualitativa recorreu-se a análise de conteúdo enquanto técnica para dar sentido às falas dos sujeitos entrevistados. 33 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Para o CFP (2010) a Avaliação Psicológica é um “processo técnico-científico de coleta de dados, estudos e interpretação de informações a respeito dos fenômenos psicológicos, que são resultantes da relação do indivíduo com a sociedade, utilizando-se para tanto de estratégias psicológicas- métodos, técnicas e instrumentos”, sendo que os instrumentos de avaliação mais utilizados são os testes psicológicos e as entrevistas psicológicas, incluindo outros instrumentos e técnicas reconhecidas pela Psicologia. Assim, avaliações que consideram a aplicabilidade e reconhecimento dos desafios aos candidatos em categorias específicas são válidas. No presente estudo foram entrevistados 50 candidatos que aceitaram participar do presente do mesmo. Dentre eles, 25 foram reprovados na Avaliação Psicológica e 25 foram aprovados, sendo estes últimos, portanto, o grupo controle. Dos 50 candidatos, 47 (94%) pertenciam ao gênero masculino e apenas três (6%) pertenciam ao gênero feminino. Tal fato é o esperado, uma vez que a maioria dos candidatos que possuem carteira de motorista com finalidade de atividade remunerada são pertencentes ao gênero masculino. Com relação ao gênero dos candidatos estudos demonstram que a demanda do gênero masculino é maior. Bessa (2013) em um estudo o qual pesquisou sobre o perfil social de candidatos a primeira CNH na cidade de Manaus, verificou-se que 45% pertenciam o sexo feminino e 55% ao sexo masculino. Apesar de não haver prevalência de sexos, a população masculina ainda está em maior frequência. A partir de uma distribuição de frequência quantitativa da faixa-etária dos indivíduos da pesquisa, notou-se que 36% dos motoristas concentram-se na faixaetária de 41 a 50 anos de idade, seguido de 28% na faixa-etária de 51 a 60 anos, conforme observado na tabela 1. Tabela 01. Distribuição por faixa-etária da população estudada. Idade 31 - 40 41 - 50 51 -60 61 - 70 71 - 80 Total Frequência 7 18 14 8 3 50 Percetagem (%) 14 36 28 16 6 100 Fonte: Dados da Pesquisa. Belém/PA. 2013. 34 O nível de escolaridade da população total está em 38% concentrada no nível de Ensino Médio Completo, conforme observado no gráfico 01. Gráfico 01. Distribuição de frequência por escolaridade da população de estudo. Fonte: Dados da Pesquisa. Belém/PA. 2013. Entretanto, ao analisar separadamente os dois grupos (aprovados e reprovados), observou-se que o grupo de aprovados são responsáveis por 30% dos indivíduos com Ensino Médio completo e, no grupo dos desaprovados, 18% e 14% correspondem à classe de Ensino Fundamental Incompleto e Ensino Fundamental Completo, respectivamente, conforme observado no gráfico 02. Gráfico 02.Distribuição de frequência por escolaridade segundo os dois grupos da pesquisa “Aprovados” e “Reprovados” na Avaliação Psicológica. Fonte: Dados da Pesquisa. Belém/PA. 2013. 35 Alves e cols. (1998) usaram o teste PMK abreviado em 114 motoristas profissionais de três níveis de escolaridade, verificando diferenças em relação aos traços de personalidade. Os pesquisadores objetivaram determinar se a escolaridade era um fator importante nas análises dos resultados do PMK de motoristas e concluíram que não haveria diferenças estatisticamente significativas para nenhuma das 58 variáveis do instrumento. Utilizando-se da Ficha de Avaliação Psicológica para a Pergunta: “No momento, sente-se em condições (físicas e psicológicas) de ser avaliado?”, obtiveram-se os seguintes dados conforme demonstrado no gráfico 03. Silva e Alchieri (2007) ao realizarem uma revisão na literatura sobre a avaliação psicológica da personalidade dos condutores, concluem: “Milhões de brasileiros são avaliados psicologicamente para conduzir veículos anualmente, porém, tomando-se a literatura apresentada e analisada na revisão, verifica-se que as pesquisas sobre personalidade de motoristas são escassas e bastante restritas quanto a generalizações, não apresentando resultados conclusivos que justifiquem a necessidade de avaliação do construto para conduzir veículos. Diante disso, a discussão quanto às características de personalidade dos candidatos a condutores e condutores revela-se estéril diante do quadro de pesquisas anteriormente conduzidas, uma vez que a validade na indicação de um teste está nos estudos aprimorados e controlados metodologicamente, tendo como foco as condições comportamentais na atividade de dirigir e não somente na apresentação de resultados em tabelas normativas. Os esforços de alguns poucos estudiosos definiram a pesquisa sobre avaliação psicológica de motoristas no Brasil, denotando que muito ainda necessita ser realizado. Reverter essa situação passa pelo investimento na elaboração de perfil (ou perfis) de motorista(s) quanto aos aspectos da personalidade, por estudos sobre a validade e fidedignidade dos testes de personalidade atualmente utilizados, pelo desenvolvimento de melhores instrumentos de avaliação ou, mesmo, pelo delineamento de uma alternativa metodológica para a avaliação psicológica.” Os resultados do presente estudo demonstram que os candidatos que não foram aprovados na Avaliação Psicológica responderam não estarem preparados para tal (24%) conforme pode-se observar no gráfico 03. 36 Desta forma, pode-se propor realizar uma entrevista de triagem que possa anteceder à aplicação dos testes e Avaliação Psicológica, uma vez que os problemas emocionais, preocupações e outros fatores podem influenciar no déficit de atenção dos candidatos e refletir em seus desempenhos. Gráfico 03. Distribuição de frequência de acordo com as condições para avaliação da população do estudo. Fonte: Dados da Pesquisa. Belém/PA. 2013. As principais dificuldades encontradas entre os aprovados foram o “nervosismo” em 40% dos candidatos e, dentre os reprovados o fator “falta de compreensão” demonstrou maior frequência (26%) (Gráfico 04). Gráfico 04. Distribuição de frequência de acordo com as dificuldades demonstradas pelos candidatos ao realizar a Avaliação Psicológica. Fonte: Dados da Pesquisa. Belém/PA. 2013. 37 Com relação à pergunta: “Você já teve sua habilitação suspensa?”, 66% responderam “Não”. Gráfico 05. Respostas à pergunta: “Você já teve sua habilitação suspensa?” Fonte: Dados da Pesquisa. Belém/PA. 2013. Conforme observado no gráfico 06, 34% de cada grupo não se envolveram em acidentes de trânsito, totalizando 68% de toda os indivíduos estudados. Apesar de ser a maioria, tais números ainda demonstram preocupações que as instituições de controle do trânsito devam ter. Queiroz e Oliveira (2003) ao realizar uma análise dos acidentes de trânsito a partir das perspectivas das vítimias em Campinas observaram que de um modo geral, os entrevistados sustentaram que o problema não é o carro em si, mas o motorista que o conduz inadequadamente. Além disso, afirmam: “Como vimos, o acidente de trânsito obriga o pesquisador a confrontar-se com o fato de que a grande maioria dos acidentes de trânsito ocorre entre uma população masculina jovem, no interior de dois tipos principais de atividades, o lazer e o trabalho. Tal característica é fundamental para informar os programas desenvolvidos pelo poder público, que visam à mudança de valores, atitudes e comportamentos no trânsito, por meio da Educação e Ações Preventivas.” 38 Gráfico 06. Respostas à pergunta: “Você já se envolveu em acidente de trânsito?” Fonte: Dados da Pesquisa. Belém/PA. 2013. No total de 50 invidíduos, 66% não utilizam energéticos ao dirigir. Destes, 34% e 32% correspondem aos grupos “aprovados” e “reprovados”, respectivamente conforme observado no gráfico 07. Segundo Hoffmann, Cruz e Alchieri (2003), o homem ou a mulher ao volante é um ser humano que, além de uma série de aptidões, de uma personalidade, hábitos e atitudes definidos, possui necessidades fisiológicas (alimento, sono, descanso), necessidades psicológicas e socioculturais (segurança, comodidade, auto-realização, aceitação). O equilíbrio entre estas várias instâncias e necessidades e a capacidade para supri-las, superá-las ou adaptar-se a elas permitem o funcionamento psicofísico normal do indivíduo. Desta forma, não é aconselhável a utilização de tais recursos para manter-se acordado ao volante. De acordo com reportagem recente, a Folha de São Paulo divulgou que a ingestão de energéticos aumentou consideravelmente nos últimos anos, causando problemas de saúde em diversos indivíduos. Esses problemas, normalmente ligados ao consumo excessivo de cafeína, podem incluir ansiedade, dores de cabeça, arritmia cardíaca e ataques cardíacos. O setor de energéticos, que no ano passado teve vendas estimadas em mais de US$10 bilhões, vem sendo alvo de atenção crescente após a revelação recente de que a FDA (agência americana que regula remédios e alimentos) teria recebido várias denúncias de mortes e ferimentos em que foram citadas as bebidas energéticas (FOLHA DE SÃO PAULO, 2013). 39 Gráfico 07. Respostas à pergunta: “Você utiliza energéticos ao dirigir?”. Fonte: Dados da Pesquisa. Belém/PA. 2013. O intervalo de classe de oito à 18 anos de experiência profissional por tempo de serviço como motorista abriga a maioria dos candidatos (52%), seguido do intervalo de 19-29 anos. Dentre os candidatos, 10% são aposentados (Gráfico 08). Gráfico 08. Distribuição de frequência de acordo com o tempo de trabalho na área. Fonte: Dados da Pesquisa. Belém/PA. 2013. 40 Pode-se observar ainda no gráfico 09 que a maioria (42%) dos candidatos avaliados são taxistas e que o grupo dos “caminhoneiros” possuiram maior índice de reprovação no teste. Gráfico 09. Distribuição de frequência de acordo com o ramo da profissão como motorista. Fonte: Dados da Pesquisa. Belém/PA. 2013. 41 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente estudo identificou que o nervosismo e a falta de entendimento sobre os testes psicológicos para a Avaliação psicológica configuram-se como os principais desafios para aprovação dos candidatos à renovação da carteira nacional de habilitação para exercer atividade remunerada nas categorias B, C, D e E. Além disso, um dos fatores que possam estar influenciando na elevada reprovação neste grupo específico de candidatos seja a baixa escolaridade, que, por sua vez, possa estar conduzindo a tal resultado. Dentre o grupo dos que foram reprovados, a frequência é elevada (18%; n=50). Com relação ao perfil social, dentre os 50 candidatos entrevistados 47 (94%) pertenciam ao gênero masculino e apenas três (6%) pertenciam ao gênero masculino, sendo que 36% dos motoristas concentram-se na faixa-etária de 41 a 50 anos de idade. O nível de escolaridade da população total está em 38% concentrada no nível de Ensino Médio Completo. Os resultados do presente estudo demonstram que os candidatos que não foram aprovados na Avaliação Psicológica responderam não estarem preparados para tal (24%),a maioria (42%) dos candidatos avaliados são taxistas e que o grupo dos “caminhoneiros” possuiram maior índice de reprovação no teste e que o grupo dos reprovados concentram a maior quantidade de indivíduos que possuem baixa escolaridade, dificultando assim o entendimento dos testes a eles aplicados. 42 REFERÊNCIAS AMENDOLA, M.F. O Processo "Mágico" da Avaliação Psicológica. AMENDOLA, Marcia Ferreira. O Processo "Mágico" da Avaliação Psicológica. CanalPsi, 2004. 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Durante o processo de Avaliação Psicológica qual foi sua principal dificuldade? ( ) Nervosismo ( ) Não compreensão do Teste ( ) Pouco Tempo ( ) Outro. Especifique _________________. 2. Qual o seu ramo específico de atividade como motorista? ( ( ( ( ( ) Táxi ) Caminhão ) Carreta ) Motorista de Empresa ) Outro. Especifique: ______________. 3. Ao dirigir, você ingere algum tipo de energético para manter-se acordado(a)? ( ( )Sim ) Não