André Médici - IBRE
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André Médici - IBRE
Financiamento e Sistemas de Remuneração de Hospitais Perspectivas Internacionais e Brasileiras André Medici Seminário FGV-IBRE Governança e Gestão dos Hospitais Brasileiros Rio de Janeiro (RJ) 20 de Outubro, 2014 Temas a Abordar • Perspectivas Internacionais nos Sistemas de Remuneração de Hospitais • Transições dos Modelos de Remuneração em Saúde • O caso norte-americano • Lições aprendidas y perspectivas • Perspectivas Brasileiras nos Sistemas de Remuneração de Hospitais • • • • Alguns dados sobre hospitais no Brasil Gastos Públicos com Hospitais no Brasil O caso das OSS O caso das PPPs Perspectivas Internacionais para os sistemas de remuneração de hospitais Dos sistemas tradicionais aos inovadores A Transição do Processo de Remuneração em saúde Formas Tradicionais Formas Transicionais Pagamento por Serviço Capitação Pagamento por Diagnóstico (DRG) Formas Tendenciais Pagamento por Desempenho (eficiência) Orçamento Global Pagamento por Resultado (efetividade) Remuneração Fixa Produto, Processo Formas Únicas de Remuneração Remuneração Variável Resultado, Qualidade de Vida Formas Mistas ou Combinadas Transição do Modelo Tradicional ao Modelo Tendencial O Caso Norte-Americano: A Trajetória do Affordable Care Act (Obamacare) Aprovação do ACA 2010 Reformas Reformas nas no Medicare Normas e Medicaid Regulação da e Seguros Privados Qualidade de Saúde 2012 2013 Seguro de Saúde Obrigatorio para todos. Reformas nos seguros privados, medicare e medicaid 2014 Penalidade para todos os empregadores que não ofereçam seguros de saúde 2015 Sistemas de Remuneração Previstos no ACA Por Serviço (FFS) Pagamentos adicionais Medical Homes (PCMH) Meta Pagamento Global (ACO) Melhoria da Qualidade em Saúde Pagamento por Desempenho (P4P) Pagamento por Episodio (PPS – Bundled Payments) Formas de remuneração médica relacionadas a novos modelos assistenciais definidos pelo ACA • Bundled Payments (PPS)– São sistemas de pagamento prospectivos por episodio que garantem o reembolso de qualquer recurso adicional gasto pelos médicos (incluindo tecnologia) para melhorar a saúde do paciente. Economiza custos pela coordenação dos provedores e por evitar gastos catastróficos mediante intervenções oportunas. • Primary Care Medical Homes (PCMH)– São Instituições Centradas nos Pacientes que recebem recursos adicionais ao pagamento por serviço (fee-for-service) para remunerar trabalho extra realizado pelos médicos no uso de tecnologia adicional, comunicação com pacientes, etc em serviços de atenção primária de alta qualidade. • Accountable Care Organizations (ACO)– Os provedores são responsáveis por todos os custos incorridos em uma população definida de beneficiários. (como Orçamento Global) • Pay-for-Performance (P4P) - Os provedores são pagos de acordo ao atingimento de metas pactadas, de forma adicional ao fee-for-service Rota Crítica para a integração dos cuiados e os mecanismos de remuneração no ACA (Obamacare) Impacto dos Novos Sistemas de Pagamento na Redução de Custos, Melhoria da Qualidade e Eficiência Impactos Potencialmente Positivos • Accountable Care Organizations (ACO) – Pagamentos Globais • Sistema de Pagamento Prospectivo do Medicare (primeiro bundled payment system) • Reformas para o pagamento de pacientes pos-agudos do Medicare • Oficinas de Atenção Básica Centradas nos Pacientes (PCMH) Impactos Potenciamente Pequenos ou Neutros • Hospital Value Based Purchasing Program Do pagamento por serviço aos contratos alinhados por Incentivos Relação entre o Risco Financeiro dos Provedores e das Instituições Financiadoras de Acordo com o Tipo de Sistema de Pagamento Accountable Care Organizations (ACO): crescimento nos últimos anos Número de ACOs: 2010-2013 Número de ACOs por Estados - 2013 Resultados das Accountable Care Organizations (ACO) • Blue Shield da California – Implantado em 2010 para aposentados do Governo da California, levou a uma redução de mais de US$ 20 milhões nos custos hospitalares no primeiro ano • 15% na redução de re-internações • 15% na redução de pacientes-dia • 13% na redução de cirurgias Oficinas de Atenção Básica Centradas nos Pacientes Principais problemas das novas formas de remuneração • Alta variabilidade dos preços referenciais para serviços • Falta de padronização de procedimentos e protocolos divergentes levam a custos diferenciais elevados Lições Aprendidas • • • Regular o crescimento rápido e abrangente das novas formas de remuneração no setor privado. • Formas Contratuais Alternativas • Modelos de Atenção com Responsabilidades Definidas Reformar os mecanismos de pagamento e entrega de serviços das instituições públicas. Exemplo: Programas Públicos Lançados pelo MEDICARE • Advanced Primary Care Demo • Comprehensive Primary Care • Medicare Shared Savings Program • Bundled Payments O Sucesso depende das interações entre o setor público e privado. O Papel do Governo nos sistemas de remuneração é... • Promover e regular para gerar sistemas eficientes e de alta qualidade na entrega de serviços • Balanço adequado entre custos e beneficios • Flexibilidade para a adaptação a diferentes contextos regionais • Considerar instrumentos para supervisionar falhas nos sistemas • Reformas nos Mecanismos PERSPECTIVAS de Remuneração tem que ser parte das Reformas nos INTERNACIONAIS Mecanismos de Entrega de Serviços. • O pagamento por serviço continuará a ser dominante, embora necessite organizarse de forma distinta em torno das novas alternativas. • Os incentivos para os médicos não devem estar associados a redução de custos, mas sim a melhoria dos resultados. Redução de custos deve ser resultado de melhores práticas Perspectivas Brasileiras para os sistemas de remuneração de hospitais Desafios dos Prestadores Publicos e Privados Alguns dados sobre hospitais no Brasil: • Evolução do Número de Hospitais no Brasil: 19822009 8 000 • 7 000 Número de Hospitais 6 000 5 000 Total 4 000 • Publicos Privados 3 000 • 2 000 1 000 1982 1992 2002 2009 Entre 1982 e 1992 o número de hospitais no Brasil passou de 6,5 para 7,4 mil, descendo para 6,9 mil em 2009. A redução se deve ao fechamento de hospitais privados que passou de 5,3 mil para 4,0 mil entre 1992 e 2009 O número de hospitais públicos no Brasil dobrou entre 1992 e 2009, passando de 1,4 mil para 2,8 mil. Assim, a participação do setor privado no número de hospitais se reduzu de 78% para 59% entre 1992 e 2009. Condições que levaram ao crescimento diferenciado dos hospitais no Brasil Hospitais Públicos Hospitais Privados • São incentivados pelo SUS e recebem mais recursos que os hospitais privados contratados (além da AIH e pagamento de procedimentos ambulatoriais, o financiamento do pessoal fixo e recursos adicionais para a cobertura de deficits) • Há uma política sustentada de crescimento para atenção da demanda qualificada por especialidades • A maioria não tem a demanda necessária dos planos de saúde e outros financiadores privados, sendo basicamente SUS dependentes. • Dependem basicamente dos recursos da AIH ou pagamentos ambulatoriais com tabelas irrealistas em relação aos custos • Muitos hospitais filantrópicos, como as Santas Casas, apesar de sua relevância no atendimento Oferta declinante de leitos hospitalares (65% dos leitos eram privados em 2009) • • • • • Nos últimos 20 anos o número de leitos hospitalares vem declinando rapidamente, em função da perda de leitos privados. Em 1984, o Brasil alcançou seu número máximo de leitos hospitalares (539 mil). A partir desta data, o número vem declinando acentuadamente, alcançando 432 mil em 2009. A perda de leitos privados ocorre num momento onde a população continuou a crescer, fazendo com que a disponibilidade de leitos atual percapita seja praticamente a metade da que existia nos anos oitenta. A expansão do número de hospitais públicos tem ocorrido em unidades com poucos leitos e com uma taxa de ocupação muito baixa. Como são financiadas as despesas hospitalares das família? • • A maioria dos gastos com hospitais associados às famílias (69%) são financiados pelo setor público (SUS). Os gastos com hospitais como parte dos gastos diretos de saúde das famílias tem se reduzido ao longo dos anos: • • • • • 3,6% em 1987-1988 2,8% em 1995-1996 1,1% em 2002-2003 0,5% em 2008-2009 Portanto a forma pela qual o governo financia e paga o gasto hospitalar é de extrema relevância Sistemas de Financiamento e Remuneração de Hospitais Praticados no Brasil Tipo de Sistema Tipos de Financiador Setor Público Sistema de Orçamento Tradicional (histórico) Sistema de Orçamento Global Sistema de Pagamento por Serviço Sistemas de Pagamento por Procedimento Sistemas de Pagamento por Diagnóstico Sistema de Pagamento por Capitação Sistema de Pagamento por Resultados Operadoras de Planos de Saúde xxx Seguridade Social Empresas Entidades Filantrópicas x x xxx xxx x x x xx xxx xxx xxx xxx x x x xx x x Famílias x x – Pouco frequente; xx - Medianamente frequente; xxx – Muito frequente xxx Modelo OSS – Características Básicas Autonomia Decisoria Alocação de recursos (exceto investimentos) Processos Gerenciais Contratos com Fornecedores Gestão de Pessoal (Contratos, salários) Exposição • Venda de serviços clinicos e de hotelaria sem ao Mercado intervenção governamental • Não é permitido venda de serviços a planos de saúde Liberdade de Alocar recursos e investimentos Benefícios Proibido receber participação de capital externo Modelo OSS – Ambiente Institucional Gestão Contratual Contratos com a Secretaria de Saúde Vinculação com Resultados Cancelamento por não cumprimento Ambiente Favorável Monitoramento e Relatórios trimestrais de produção de serviços e resultados Avaliação Benchmarking em temas como custos e produção de serviços (ainda não qualidade) Orçamento Global Em Duas Partes 90 % (Vol.)) 10% Retidos para Realocação por Benchmarking) Ajustes 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 111112 Distribuição (Mensal) Redistribuição (Trimestral) (Semestral) Distribuição por Volume METAS Unit Costs Internação Internação Orçamento Global (Volume) = Hospital-Dia No. De Pacientes Pacientes Externos No. of Pacientes X Hospital-Dia Pacientes Externos Emergencias No. De casos Emergência Exames de Diagnóstico Exames Fundo de Retenção (10%) Indicadores Associados a: Qualidade Fundo de Retenção Entrega de Informes = Qualidade da Informação Eficiência Satisfação do Usuário X 10% of valor do Orçamento Global PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS Consórcio Privado Construção • Desenho • Obras Civis • Equipamento Operação •Serviços Clínicos •Serviços não Clínicos •Manutenção •Contratação de Pessoal Setor Público, Ministério ou Secretaria de Saúde Regulação Financiamento Avaliação Monitoramento Licensiamento Certificação Beneficiam diferentes atores sociais Beneficios Esperados • Governo Investidores Privados • • • Gestores de Saúde População Usuária • • • Financiamento adicional para atividades tradicionalmente financiadas pelo setor público; Flexibilidade na gestão dos recursos públicos. Maximização do retorno do capital empregado em novas construções com fluxos de recebimiento pactuados a longo prazo, permitindo investimentos planejados. Maior capacidade de controle dos custos e racionalização dos gastos e gestão de RRHH. Melhoria dos processos de gestão clínica e de monitoramento e avaliação; Melhoria da cobertura, da qualidade e dos benefícios assistenciais; Humanização do atendimento da população usuária Andre Medici (www.monitordesaude.blogspot.com) MUITO OBRIGDO