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Junho · 2016
C Á E N TRE N ÓS
A boa recepção do setor ao governo Temer
O presidente Temer durante posse de presidentes de estatais
C
omo todo o Brasil, o setor sucroenergético vive a expectativa de como será
o governo Temer, integrando a ala dos
brasileiros que torce para que as ações do
Presidente interino deem certo e recoloquem
o país nos trilhos.
O fato de contar em sua equipe com
Henrique Meirelles e José Serra recebeu elogios de dirigentes sucroenergéticos, que
também acenaram positivamente à escolha
de Maria Silvia Bastos Marques no cargo de
Presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e de
Pedro Parente como Presidente da Petrobras.
Logo após sua posse, Pedro Parente enfatizou que a decisão sobre preços de
combustíveis será “profissional”. “A decisão
de preço é de natureza empresarial. O governo não vai interferir na gestão profissional que ele quer que a Petrobras tenha. Essa
foi a orientação do senhor presidente da República quando ele me convidou [para o cargo de presidente da Petrobras]”. Parente enfatizou que a influência política na Petrobras
“já acabou”.
A queda de 0,3% do Produto Interno
Bruto (PIB) no primeiro trimestre, na comparação com os três meses anteriores, foi
considerada uma surpresa positiva por economistas. A queda, para muitos, reforça a expectativa de virada da economia até o fim do
ano. Isso se não acontecer mais uma “bomba” na área política, como a volta de Dilma
Rousseff.
Temer, seu quadro de profissionais e
posições como esta de Parente contribuem
para que volte o ânimo do empresariado e
de investidores. Mas o tempo para mudanças
é curto. Os políticos, além de viverem sob a
sombra da operação Lava-Jato, não pensam
no país, e a oposição age como brigador de
rua - onde o jogo não tem regras - o Brasil
não importa, o que vale é retomar o poder.
A situação continua preocupante. Mas
a esperança por dias melhores é maior!
Luciana Paiva
[email protected]
Clivonei Roberto
[email protected]
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ÍN D I C E
CAPA
AGORA É TEMER!
Holofote
Amigos da Cana
-Como fazer um controle
eficiente das plantas daninhas
incidentes no canavial?
-Muito obrigada,
Doutor Cícero!
Economia
Tendências
-Desaceleração chinesa:
oportunidade ou desafio
para o agronegócio brasileiro?
-A empresa sucroenergética
começa no campo
Pesquisa &
Desenvolvimento
-Variedade RB966928
ganha espaço
nos canaviais
-Uso de helicópteros deve
inovar o controle de plantas
daninhas nos canaviais
Mecanização
-Não faltaram
lançamentos na
Agrishow 2016
Fitotécnico
-Como libertar o canavial
das cordas-de-viola
-Como a Usina Cerradão controlou
a infestação de folhas largas
Editores:
Luciana Paiva
[email protected]
Clivonei Roberto
[email protected]
Redação:
Adair Sobczack
Jornalista
[email protected]
Leonardo Ruiz
Jornalista
[email protected]
Marketing
Regina Baldin
Comercial
Gilmar Messias
[email protected]
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Editor gráfico
Thiago Gallo
Conjuntura
-A Fenasucro da virada
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digital da Paiva& Baldin Editora
H O LOFOTE
Uso de agricultura
de precisão
T
emos que dar foco grande no controle em pré-emergência: 80% do contro-
le está nesta fase. No nosso Grupo [São
Martinho], temos algumas plantas de difícil controle. Na unidade de Goiás [Boa Vista], há forte pressão porque ainda há um
banco de sementes alto, principalmente
de gramíneas, como a própria braquiária,
o colchão e o colonião. Enxergamos que
o sucesso exige um trabalho preventivo. É
verdade que sempre sobra umas catações
para fazer, principalmente para preservar a
colheita. Uma prioridade no Grupo é ten-
da adequado e na dosagem correta. Isto é importante para o aumento do resultado da empresa. Na
gestão da Coruripe, a base é
o planejamento, que permite a adoção das melhores
estratégias de combate de
todo tipo de planta daninha ou de pragas. Nos
polos de produção da
Usina Coruripe, temos um canavial bem
limpo por conta da eficiência do controle.
Algumas das plantas daninhas que mais
têm trazido preocupação são colonião, capim colchão e corda-de-viola.
Lucilene de Vecchio, supervisora de
tar otimizar a aplicação do produto, ata-
Planejamento e Desenvolvimento
cando o foco e reduzindo custos. Por isso,
Agrícola da Usina Coruripe
é importante destacar que investimos em
– Unidade Iturama
agricultura de precisão, que é importante para localizar com exatidão os
focos e fazer aplicação dirigida. Assim,
usamos menos produto. E com o uso
da tecnologia, mesmo depois quando
fazemos a reforma, temos ideia
de como está o banco de sementes em cada local.
Molécula barata nem
sempre vale a pena
P
ara a maximização da produtividade
da cana-de-açúcar (cana de três dí-
gitos), a cultura deve ser protegida dos
Renê de Assis Sordi,
efeitos da competição com as plantas
assessor de tecnologia
daninhas, evitando assim interferências
do Grupo São Martinho
negativas, como efeitos alelopáticos, decréscimos da longevidade e da produtividade do canavial, da qualidade da maté-
Planejamento
O
controle de ervas daninhas é de
suma importância para a produtivi-
dade da usina. Tem que ocorrer na hora
certa, com a liberação de um herbici-
ria-prima, dificuldades nas operações de
colheita, hospedagem de pragas e doenças. Para reduzir a incidência das plantas daninhas é importante um manejo integrado que se inicia pelo conhecimento
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H O LOFOTE
da flora local por meio da matologia. Ou-
derando também que
tras medidas importantes na redução das
a palha tem um exce-
plantas daninhas são: aproveitar
lente potencial de con-
o momento da reforma para fa-
trole. Cada espécie de
zer uma desinfestação, o cuida-
planta daninha é sen-
do com a tecnologia de aplica-
sível a uma quanti-
ção utilizada e a necessidade
dade de palha, sen-
de se verificar o uso ou não
do que algumas são
de adjuvante. Também
controladas com 4 a 5 toneladas, enquan-
é preciso fazer o uso
to outras precisam de 10 a 11 toneladas.
correto dos defensi-
Então não se dimensiona a quantidade
vos, considerando a
para controle, a gente tem controle em
sua recomendação
função da quantidade que ocorreu.
como: época de
Edivaldo Domingues Velini,
aplicação, cuida-
professor titular da UNESP/Botucatu
dos, controle realizado etc. O custo é importante, mas o produtor deve priorizar,
ao fazer a compra do defensivo agrícola,
o retorno que terá em reais por tonelada,
e não simplesmente comprar o defensivo
mais barato. Trabalhar com molécula de
baixo custo nem sempre vale a pena.
Rogério do Nascimento, gestor
de produção agrícola
O preço do
descuido é alto
O
controle das plantas invasoras do canavial é um desafio muito sério, pois
podem comprometer a produção final da
área. Caso estas ervas daninhas não sejam
controladas, as perdas em produtividade podem chegar a 41%. Para ter sucesso,
Em ambiente de palha
N
temos que controlar as plantas daninhas
por, pelo menos, 127 dias do ciclo da cul-
o combate às ervas daninhas da la-
tura. Um problema cada vez maior para
voura, a aplicação de herbicidas em
usinas e produtores de cana, as folhas lar-
um ambiente de palha não difere tanto de
gas têm ganhado importância nos últimos
um ambiente com solo exposto. Num solo
coberto, existe tanto o controle exercido
pelo herbicida quanto pela palha. Dessa
forma, tem que aproveitar o controle dos
dois agentes, utilizando um produto que
consiga atravessar essa matéria e consi-
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anos devido, principalmente, à colheita
mecanizada. Atualmente, 26% das recomendações de herbicidas são feitas para
essas espécies. Já 74%, para as gramíneas.
Pedro Jacob Christoffoletti,
pesquisador da ESALQ/USP
Tecnologia
de aplicação
P
ara um bom controle das plantas daninhas que infestam a lavoura, é neces-
sário seguir recomendações práticas para
o melhor uso da tecnologia de aplicação
de herbicidas. O produtor deve conhe-
Controle fitossanitário
precisa de boa
gestão de pessoas
P
cer as condições de seu canavial para saber como e quando vai aplicar o produto.
Se eu tenho uma área com 30% de infestação, não posso aplicar em 100%, senão
ara se atingir um bom nível de contro-
perderei 70% da aplicação. A solução é fa-
le, e ainda obter seletividade para a cul-
zer uma aplicação direcionada, utilizando
tura, é importante contar com uma ges-
pingentes ou sensores que, instalados em
tão compartilhada, em que todas as fases
barras ou quadriciclos, aplicam o herbici-
dos processos, como plantio, tratos cultu-
da apenas em cima da planta daninha.
rais e colheita, interajam entre si. E fico feliz
Marcelo da Costa Ferreira,
em notar que muitos produtores e pesqui-
professor da UNESP de Botucatu
sadores já estão afirmando que a gestão é
a base dessa pirâmide. Os profissionais do
setor estão percebendo que bons níveis de
controle de plantas daninhas com seletividade para a cultura da cana-de-açúcar não
passam apenas por bons
produtos, mas também
pela gestão de pessoas.
Weber Valério, sócioproprietário da
AgroAnalítica e
da ConsultAgro
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TE N D ÊN CIAS
Desaceleração chinesa:
oportunidade ou desafio para
o agronegócio brasileiro?
Lara Moraes1 e Raphael Garrone2
A
China já estava acostumada com
anos. A desaceleração chinesa preocupou
um crescimento elevado do seu
o mundo e ainda deve gerar receios nos
Produto Interno Bruto (PIB) que
próximos anos, uma vez que o menor ní-
registrou aumentos anuais de dois dí-
vel de atividade econômica da China não
gitos nas últimas décadas. No entanto,
deve ser passageiro, por ser fruto das no-
essa conjuntura econômica mudou e, no
vas diretrizes da sua economia, que ago-
ano passado, o PIB chinês cresceu em tor-
ra preza por taxas de crescimento mais
no de 7%, a menor taxa dos últimos 25
sustentáveis.
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Desde 2010, o governo da China mu-
importância na economia mundial uma
dou a estratégia econômica, com o lança-
vez que, por ser uma das maiores impor-
mento dos planos quinquenais 2011-2015
tadoras do mundo, todos os países que,
e 2016-2020. Anteriormente, o país era fo-
de alguma forma, se relacionam comer-
cado em prover investimento para esti-
cialmente com ela serão afetados.
mular a produção e posterior exportação,
No caso do Brasil, a China é uma
fazendo com que os produtos chineses
grande parceira comercial, principalmen-
fossem encontrados no mundo todo. Esse
te quando se fala no agronegócio. A Chi-
modelo econômico permitiu à China atin-
na está em primeiro lugar no ranking dos
gir altos níveis de crescimento, mas não
principais destinos dos produtos agrope-
garantiu melhoria na qualidade de vida
cuários brasileiros. Em 2015, 24% do valor
da população. Agora, o objetivo principal da China é estimular o consumo interno, por meio
do aumento de salários, garantia de poder de compra e maior
acessibilidade da população aos
serviços básicos como saúde,
educação, moradia e seguridade social.
Os números chineses mostram que a nova política já surtiu efeito. O PIB foi reduzido e
o crescimento do consumo já é
superior ao investimento. Agora, a economia mundial terá que
se adaptar à nova condição chinesa e, como em toda transição,
sobressaltos são esperados. A
China tem um papel de extrema
Agora, o objetivo
principal da China
é estimular o
consumo interno
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TE N D ÊN CIAS
No caso da soja, 71% do valor gerado pelas exportações brasileiras é proveniente da China
gerado com as exportações do agronegó-
commodities não agrícolas pela China, a
cio vieram da China, segundo o Ministério
exemplo do petróleo e dos minerais, de-
da Agricultura Pecuária e Abastecimen-
vem gerar instabilidades nas bolsas inter-
to (Mapa). Em alguns segmentos, a Chi-
nacionais e nos mercados futuros. No co-
na realiza compras expressivas, como, por
meço de 2015, em diversos momentos,
exemplo, a soja em que 71% do valor ge-
algumas commodities agrícolas, como no
rado pelas exportações brasileiras é pro-
caso do açúcar, apresentaram quedas mo-
veniente da China. Assim, é importante ter
mentâneas em decorrência das especula-
em mente como o agronegócio brasileiro
ções provenientes da China.
pode ser impactado pelas mudanças chi-
Mas no longo prazo, o agronegócio
nesas, a fim de se preparar para os desa-
brasileiro não deve ser impactado negati-
fios que virão e para as oportunidades que
vamente. Com o estímulo do consumo, a
podem surgir.
China vai continuar demandado produtos
No curto prazo, o agronegócio bra-
alimentícios em grande quantidade e ain-
sileiro deve se preparar para a volatilida-
da estar aberta para o consumo de produ-
de de preços no mercado financeiro. A alta
tos de maior valor agregado, como carnes,
especulação e a redução do consumo de
leite e derivados e até produtos mais es-
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pecíficos como os alimentos ready-to-eat
e o Brasil tem aumentado as exportações
(prontos para o consumo).
de carnes para a China, com crescimento
O consumo de grãos também acaba
considerável quando se analisa os anos de
sendo estimulado. Apesar do menor valor
2014 e 2015. Também podemos vislum-
agregado, os grãos são matérias-primas
brar oportunidades relacionadas à trans-
para a produção de ração, um setor que
ferência de know-how na pecuária, uma
deve crescer, acompanhando o aumento
vez que o Brasil é referência do setor.
na demanda de proteína animal. No en-
Assim, a posição do agronegócio
tanto, a produção de grãos na China não
brasileiro em relação à desaceleração chi-
deve aumentar para atender o maior con-
nesa deve ser de observação e acompa-
sumo. O governo chinês, anteriormente,
nhamento próximo. O menor crescimento
buscava uma autossuficiência, um aumen-
da China, por vir seguido da política inter-
to de produção para poder atender o seu
na de ativação do consumo, não deve re-
mercado interno. Mas, essa visão mudou
duzir o volume de transações comerciais
e, atualmente, a percepção é de que a au-
entre os países e ainda pode estimular no-
tossuficiência está cada vez mais distante.
vos acordos de exportação. Além disso,
O foco passou a ser em culturas intensivas
as empresas brasileiras do agronegócio
em mão de obra e que possuem maior va-
devem ficar atentas a um novo nicho de
lor agregado, como frutas e vegetais, em
mercado que antes não existia: a venda de
detrimento do plantio de lavouras que de-
produtos de maior valor agregado ou par-
mandam muita área e possuem menor va-
cerias para a produção desses produtos
lor, como os grãos.
em território chinês. O momento de pen-
Portanto, no caso dos grãos, a Chi-
sar nessas oportunidades é agora, quando
na possivelmente deve abrir ainda mais
há boas chances de expansão e desenvol-
o mercado e fazer investimentos em ou-
vimento de negócios.
tros países para garantir o abastecimento local. Isso é uma grande oportunidade
para o Brasil que pode aumentar os volumes exportados para a China, fazer novos
acordos e estabelecer novos modelos de
negócios com o país.
No caso das carnes, o governo chinês tem estimulado a indústria local para
atender a maior demanda. Mesmo assim, o país não atinge a autossuficiência
Analista Sênior
do Centro PwC de
Inteligência em
Agronegócio
2
Analista do
Centro PwC de
Inteligência em
Agronegócio
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A M I G OS DA CAN A
Cícero Junqueira
Franco fala durante
Prêmio 40 anos de
Etanol, realizado
pela Datagro
Consultoria, em 22
de setembro de 2015
Muito obrigada,
Doutor Cícero!
CÍCERO JUNQUEIRA FRANCO E SEUS PARCEIROS, OS OUTROS
“PAIS” DO PROÁLCOOL, MUDARAM A MATRIZ ENERGÉTICA
BRASILEIRA E TURBINARAM O SETOR SUCROENERGÉTICO
Luciana Paiva
A
última vez que encontrei o em-
como era chamado, seria homenageado,
presário Cícero Junqueira Franco
juntamente com outras 26 personalida-
foi em 22 de setembro de 2015
des, pela Datagro Consultoria com o Prê-
na 15ª Conferência Internacional Datagro
mio 40 Anos de Etanol.
sobre Açúcar e Etanol, ocorrida no Grand
Ao lado de seu filho, Celso Torquato
Hyatt, na capital paulista. Doutor Cícero,
Junqueira Franco, presidente da União dos
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Produtores de Bioenergia (Udop), Doutor
álcool anidro à gasolina, diminuindo sen-
Cícero e eu conversamos mais uma vez so-
sivelmente o consumo do combustível de-
bre o ProÁlcool e seus desdobramentos.
rivado do petróleo.
Discorrer sobre o tema deixava o empresário ainda mais empolgado.
O sucesso do Proálcool contou com
uma série de invenções de Stumpf, de-
Doutor Cícero não destacou sua par-
vidamente patenteadas: um carburador
ticipação no desenvolvimento do Progra-
com corpo em material plástico, sem ca-
ma, mas lembrou a presença decisiva do
nais ou roscas; um turbocompressor acio-
professor Urbano Ernesto Stumpf, conhe-
nado apenas pela energia do sopro gera-
cido como o “pai do motor a álcool” e sua
do pela abertura da válvula de escape; um
Doutor Cícero e seu filho Celso Torquato Junqueira Franco,
presidente da Udop, na Conferência Internacional Datagro
dedicação aos estudos sobre o uso do ál-
sistema que permite a saída de gases de
cool em motores a combustão. Durante
admissão de um cilindro de motor à com-
quatro anos, sob a orientação de Stumpf,
bustão interna; e um dispositivo para car-
técnicos do Instituto de Pesquisa e Desen-
buração combinada de combustíveis (ga-
volvimento (IPD) e do Centro Técnico Ae-
solina e álcool), entre outras.
roespacial (CTA) de São José dos Campos,
SP, testaram todos os motores disponíveis
Os pais do Proálcool
no mercado, para verificar seu desempe-
Claro que em nossa conversa, Doutor
nho com o álcool. Foram seus estudos que
Cícero não esqueceu de destacar Lamartine
possibilitaram adicionar quantidades de
Navarro Júnior, seu parceiro no desenvolvi-
15
A M I G OS DA CAN A
Cícero no posto de
combustível da usina,
feliz por abastecer seu
veículo com álcool
mento do projeto “Fotossíntese
como fonte de energia”, produzido em 1974, e que serviu de
base para a criação do Programa
Nacional de Álcool (ProÁlcool),
o maior programa de combustível renovável do mundo.
Instituído em 1975, no
governo Ernesto Geisel, o ProÁlcool tinha o objetivo de reduzir a depen-
tas histórias contadas por Cícero, e que
dência do petróleo, com a substituição da
ilustra muito bem o seu envolvimento com
gasolina pelo álcool. Na época, o planeta
a causa. O ano era 1979. O empresário
enfrentava o primeiro choque dos preços
paulista Cícero Junqueira Franco encheu
do combustível fóssil e o Brasil dependia
com etanol o tanque do recém-lançado –
de importações. Pensar no etanol naquele
e adquirido – Fiat 147 antes de se dirigir
tempo foi antever o papel estratégico do
a Pereira Barreto, SP, onde visitaria a obra
País no século XXI como grande potência
de construção da usina Pioneiros. O veícu-
energética e baseada em combustíveis re-
lo, movido exclusivamente com o biocom-
nováveis e sustentáveis.
bustível, era à época a grande novidade
Como engenheiros, Cícero e Lamarti-
do setor automotivo e ele soube pelos jor-
ne criaram as bases para a implantação do
nais que em Pereira Barreto, a 350 quilô-
Programa Nacional do Álcool. Como em-
metros de Morro Agudo, SP, onde morava,
presários, montaram destilarias para a pro-
havia um posto que abastecia com álcool.
dução de etanol (Cícero, além da Usina Vale
A viagem poderia ser feita sem ris-
do Rosário, também investiu em destilarias
co de ficar sem combustível, que na épo-
como a Pioneiros. E Lamartine montou a
ca não era facilmente encontrado. Ao che-
primeira destilaria do ProÁlcool, a Alcídia,
gar ao posto soube pelo proprietário que
no Vale do Paranapanema, SP). E como ide-
apenas a bomba tinha sido instalada. De
alistas nunca deixaram de lutar pelo reco-
etanol, nada havia. A opção do empresário
nhecimento do combustível verde.
para não ficar na estrada foi ir às farmácias
Vale a pena lembrar de uma das mui-
16
e aos supermercados da cidade e comprar
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o que pudesse de álcool nas prateleiras,
qual os fabricantes deveriam desenvolver
encher o tanque e voltar com o Fiat 147
novas tecnologias para a produção em sé-
até Morro Agudo.
rie de veículos a etanol. No mesmo ano,
foi lançado o primeiro carro movido 100%
O Proálcool mudou o Brasil
a etanol, o Fiat 147. O ProÁlcool ganhava
Em 13 de maio deste ano, Doutor Cí-
raízes mais sólidas.
cero faleceu, foi se unir ao amigo Lamar-
O Brasil, com a contribuição efeti-
tine, ao professor Stumpf e a outros “país
va da Petrobras, implantou nos postos
do ProÁlcool” como o empresário Mauri-
de combustíveis uma estrutura inédita
lio Biagi. Eles partiram, mas deixaram uma
no mundo de abastecimento de veículos
história de sucesso, na qual coloca o Brasil
com etanol hidratado. Este biocombustí-
no pioneirismo do uso de um combustí-
vel passou a ser importante componente
vel verde em larga escala. Na primeira fase
da matriz energética brasileira e alçou o
do ProÁlcool, em 1975, o objetivo foi utili-
país a um dos grandes consumidores de
zar o etanol anidro como aditivo à gasoli-
energia limpa e renovável do mundo.
na na proporção de 13%, em substituição
Desde 1975, o etanol brasileiro ganhou
ao chumbo tetraetila, que era importado e
destaque no cenário do desenvolvimento
altamente poluente.
sustentável. Dentre tantas conquistas, o uso
No final da década, em setembro de
do biocombustível evitou emissões de mais
1979, com a segunda crise do petróleo, o
de 800 milhões de toneladas de CO2. Segun-
Governo Federal e a Associação Nacional
do evidências científicas apresentadas pela
dos Fabricantes de Veículos Automotores
União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Uni-
(Anfavea) assinaram um protocolo pelo
ca), mesmo incluindo-se emissões indiretas, o etanol de cana atinge uma redução de
73% a 82% nas emissões de gases de efeito
estufa se comparado à gasolina.
Proálcool turbinou o
setor sucroenergético
O Programa também turbinou o setor
sucroenergético. Pesquisa realizada pela
Datagro Consultoria aponta que a produOutra paixão de Cícero
Junqueira Franco é a
raça equina Mangalarga
17
A M I G OS DA CAN A
da produção e 60% das exportações mundiais de etanol. Segundo a Unica, o setor
gera quase 1 milhão de empregos diretos
em 25 estados brasileiros e a cadeia sucroenergética reúne cerca de 70 mil fornecedores de cana, 355 unidades em atividade e mais de mil empresas produtoras de
produtos e serviços.
O etanol já representa mais da metade do consumo nacional de combustíveis para automóveis leves e a biomassa
da cana responde por cerca de 4% da produção de eletricidade, com potencial de
chegar a 15% da matriz elétrica brasileira até 2020.
Esses são apenas alguns exemplos
do que se tornou e o que pode vir a ser a
agroindústria canavieira e o Brasil a partir
da criação do ProÁlcool . Tudo isso começou com o idealismo de brasileiros como
Cícero e Lamartine Navarro Júnior
desenvolveram o projeto “Fotossíntese como
fonte de energia”, base para o ProÁlcool
Cícero Junqueira Franco. Por isso, nosso
muito obrigada!
ção anual de cana no Brasil, que era de 57
milhões de toneladas até 1969, a partir da
década de 1970 alcançou a casa das 300
milhões de toneladas. O novo grande salto de produção aconteceu em 2003. Com
o lançamento dos motores flex, o Brasil ultrapassou as 600 milhões de toneladas de
cana por safra.
Atualmente, o Brasil responde por
um terço da produção mundial de canade-açúcar, 20% da produção e 40% das
exportações mundiais de açúcar, e 30%
18
Em seu discurso na homenagem da
Datagro aos idealizadores do ProÁlcool,
Cícero chama Plínio Nastari de o
“caixeiro viajante do etanol”
Junho · 2016
19
E CON OMIA
O monitoramento agrícola é a
atividade mais conhecida do mercado
A empresa sucroenergética
começa no campo
CONSULTOR REVELA CAMINHO PARA APLICAÇÃO
CORRETA DE RECURSOS NAS USINAS
Andréia Moreno, da MBF Agribusiness
A
escassez de crédito aliada à fal-
sicas, intensificando-se as exigências de
ta de confiança no mercado tem
monitoramento de lavoura e também a da
elevado cada vez mais os custos
figura do observador de resultados. Essa
financeiros totais pagos pelas empresas.
é a opinião de Marcos Françóia, diretor da
Se não bastasse as altas taxas praticadas,
MBF Agribusiness, ao revelar os caminhos
as exigências das instituições financeiras
para aplicação correta de recursos.
ultrapassam os limites das garantias fí-
20
Para discutir sobre o universo da em-
Junho · 2016
presa sucroenergética é preciso começar
mento de dívidas. “Trata-se de um traba-
pelo campo. “O monitoramento agrícola
lho que visa identificar a aplicação correta
é a atividade mais conhecida do mercado
dos recursos financeiros disponibilizados,
e consiste no acompanhamento, por parte
bem como se a administração das empre-
de empresas especializadas, do desenvol-
sas está gerindo sob as metas estabeleci-
vimento da cultura já implantada, possibi-
das no plano de negócios acordado com
litando segurança em relação à qualidade
os credores, portanto um exercício que
e produtividade, e em alguns casos, ainda
exige competência técnica de campo e
agrega a figura de fiel depositário da la-
econômica”, diz.
voura. O monitoramento também pode ser
do processo de colheita e processamento
Exigências maiores
da cana-de-açúcar, principalmente quando
Segundo o consultor, para a empre-
a garantia é o produto final”, explica.
sa que faz o trabalho de monitoramento e
Françóia explica que apesar da figura
observação, no setor de açúcar e etanol,
do observador, ou da empresa de monito-
as exigências ainda são maiores, pois é um
ramento de resultados operacionais, eco-
processo agroindustrial com nuances es-
nômicos e financeiro, não ser uma novi-
pecíficas, que exige um amplo conheci-
dade no mercado, tem sido mais exigida
mento das atividades agrícolas, industriais
nos últimos anos pelas instituições finan-
e das regras que permeiam as atividades
ceiras para flexibilizar acordos de alonga-
administrativas e comerciais.
“Tendo em mente a exigência de rigor e complexidade para a avaliação de
uma empresa do setor sucroenergético, o
analista deverá atuar sob os diversos temas, com alto grau de conhecimento e
capacidade crítica, minimizando as falhas
comuns identificadas em muitos dos trabalhos submetidos ao mercado nos últimos anos e minimizando as possibilidades de perdas. A MBF Agribusiness é uma
das empresas pioneiras na elaboração de
Boletins de Resultados Operacionais, Econômicos e Financeiros, tendo atuado para
“O monitoramento agrícola visa identificar
a aplicação correta dos recursos financeiros
disponibilizados”, diz Françóia
bancos e fundos nacionais e internacionais”, enfatiza.
21
E CON OMIA
O transporte de
açúcar e etanol
também faz
parte da gestão
sucroenergética
As várias áreas da
agroindústria canavieira
sando pela manutenção e colheita;
Marcos Françóia admite que o agro-
de toda a infraestrutura de apoio agrícola,
negócio sucroenergético é um setor
das mais simples as mais novas tecnolo-
agroindustrial que tem segmentos dis-
gias de campo, atendendo a um plano lo-
tintos, como se empresas de ramos dife-
gístico estratégico e detalhado;
- Mecanização e Logística – Gestão
rentes atuassem dentro do próprio negó-
- Industrialização, Meio Ambien-
cio, exigindo uma gestão qualificada para
te e Segurança Alimentar – Gestão da
cada área, tais como:
tecnologia e exigências legais em relação
- Recursos Humanos e Segurança
ao meio ambiente e segurança alimentar,
– Gestão de grande quantidade de mão
para a extração, produção, estocagem e
de obra, com qualificações diversas e ní-
carregamento de açúcar, etanol e forneci-
veis culturais e educacionais muito distin-
mento de energia;
tos, do campo até a gestão de comércio
internacional;
- Administração e Comercialização – Gestão de todo o processo agroin-
- Agronomia e Meio ambiente –
dustrial, em toda a sua complexidade,
Gestão da biotecnologia e exigências le-
além da estratégia comercial que atende
gais em relação ao meio ambiente, com os
ao mercado nacional e internacional e, Fi-
cuidados com a terra, com o uso da água
nanças – Gestão de caixa e estratégias fi-
e desenvolvimento da lavoura de da cana-
nanceiras que navegam entre administra-
de-açúcar, desde o preparo do solo, pas-
ção do capital de giro até as operações
estruturadas.
22
Junho · 2016
23
MARCELO CAMARGO - AGENCIA BRASIL
C A PA
Entre todos os
problemas que
pesam sobre
Temer está a
sombra de Dilma
Agora é Temer!
AS EXPECTATIVAS SOBRE O GOVERNO DE
MICHEL TEMER PARA O BRASIL E O SETOR
Luciana Paiva e Clivonei Roberto
F
icou muito difícil fazer alguma pre-
A presidente Dilma Rousseff foi afas-
visão sobre o que vai acontecer com
tada, Michel Temer assumiu como presi-
a política brasileira, pois, a cada mo-
dente interino, instituiu um novo gover-
mento surgem novas revelações envol-
no, mas a sombra de Dilma e as ações de
vendo corrupção, desmandos e tentativas
seu partido, o PT, pesam fundo na tentati-
de interromper a operação Lava Jato. No-
va de desestabilizar a gestão Temer. Além
tícias que derrubam dirigentes e abalam
disso, a continuidade do Presidente interi-
ainda mais as instituições.
no no poder ainda depende da última vo-
O caos político tem provocado um
tação no Senado para decidir sobre o im-
tsunami na economia do País: crescimento
peachment de Dilma, o que significa que
negativo, falta de credibilidade, quase 12
ela pode voltar.
milhões de desempregados, 60 milhões
A CanaOnline procurou saber com
de inadimplentes, inclusive o governo fe-
representantes e profissionais do setor
deral com um déficit de R$ 170 bilhões.
qual a expectativa que têm sobre o go-
24
Junho · 2016
verno Temer para o Brasil e para o setor.
líticas que cumpram o que o país assumiu
“Sempre é complicado um governo de
de compromisso na COP-21, no ano pas-
transição, que tem pouco tempo para tra-
sado, em Paris.”
balhar e que precisa fazer muito. No eninternacional, Temer escolheu nomes inte-
O agronegócio
entre as prioridades
ressantes, como Henrique Meirelles e José
Luiz Carlos Corrêa Carvalho, presiden-
Serra. Mas essa história de governo de co-
te da Associação Brasileira do Agronegócio
tanto, pelo menos na área econômica e
alizão é sempre um inferno num país que
não tem lideranças, nem tradição, e onde
a moralidade é fluida. Mas acredito e quero acreditar que vai dar certo, que Temer
vai conduzir o país a bom termo”, diz Jorge
dos Santos, diretor executivo do Sindicato
das Indústrias Sucroalcooleiras do Estado
de Mato Grosso (Sindálcool-MT)
Para o setor sucroenergético, Jorge espera de Temer políticas de Estado.
“Queremos ter um horizonte de pelo me-
Carvalho: “Nos comprometemos a continuar
acreditando, investindo e produzindo...”
nos vinte anos, tanto em política tributária,
como energética. Inclusive com posiciona-
(ABAG), pronunciou-se confiante que, “com
mento do governo brasileiro quanto a po-
determinação, coragem e senso de respeito
constante aos ditames das leis e da Constituição, retomaremos os rumos corretos em
direção ao crescimento econômico, preservando a harmonia social e política.”
De acordo com Carvalho, para o
agronegócio, a volta da confiança se dará
com a inclusão do setor entre as prioridades do governo, com o retorno ao investimento e à produção na dimensão que o
Brasil necessita. “Nos comprometemos a
continuar acreditando, investindo e pro-
“Queremos ter um horizonte de pelo menos
vinte anos, tanto em política tributária,
como energética”, salienta Jorge
duzindo para colaborar com o desenvolvimento pleno da sociedade brasileira,
25
C A PA
pedido para que nos mantenhamos uni-
Otimismo e
sensação de alívio
dos em torno da superação das dificulda-
Rubens Ometto Silveira Mello, fun-
des e estamos certos de que temos con-
dador e presidente do conselho de admi-
dições de mudar a atual realidade, com
nistração do grupo Cosan, disse em en-
esperança e senso de justiça, marcas ine-
trevista para o “O Estado de São Paulo”,
rentes ao povo brasileiro.”
acreditar que a mudança de governo de-
como aliás sempre fizemos. Reiteramos o
verá promover a retomada da confiança.
Constante diálogo
Voltará a dar ânimo ao empresariado e in-
União da Indústria de Cana-de-Açúcar
(Unica) divulgou nota informando que o setor sucroenergético está confiante na retomada do crescimento econômico e em uma
atuação firme que enfrente os desafios do
abastecimento de combustíveis e da redução de emissões do setor de transportes nos
próximos 15 anos – metas ambientais assumidas pelo Brasil na COP21 (18% de biocombustíveis na matriz energética até 2030).
A economia de baixo carbono, na qual a indústria sucroenergética tem papel estraté-
“Acho que o novo governo vai criar
condições de se fazer as reformas com
o apoio do Congresso”, disse Ometto
gico, pode constituir um elemento fundamental de um projeto de desenvolvimento
vestidores, de forma geral. Havia uma in-
para o País, ao permitir a retomada do cres-
segura jurídica grande, um clima de incer-
cimento econômico, dos níveis de emprego
teza de saber como as coisas iriam ficar e
e renda de maneira sustentável.
isso é ruim para o País.
A Unica entende que estas questões
“Acho que o novo governo vai criar
permanecem na pauta da nação e estare-
condições de se fazer as reformas com o
mos empenhados em manter o constan-
apoio do Congresso. As reformas tinham
te diálogo para que esta indústria inova-
de ser feitas, mas não passavam pelo Con-
dora, vital para a matriz energética e para
gresso. Agora, qualquer reforma que ve-
a sustentabilidade, retome um ciclo virtu-
nha (a ser feita) tem grandes chances de
oso de investimentos em capacidade pro-
ser aprovada. Acredito que a situação vai
dutiva, de forma a garantir oferta e segu-
melhorar [...] Pelo que ouço dos empresá-
rança energética.
rios, investidores e fundos estrangeiros, há
26
Junho · 2016
um otimismo e uma sensação de alívio...
de uma coisa resolvida. A insegurança é a
pior coisa que existe”, informou Ometto.
Reconhecimento do etanol
“No governo Temer, o melhor que
poderia acontecer seria o reconhecimento
do etanol em relação à redução de emissões. E a precificação dos combustíveis
com a taxação do carbono de cada combustível. O modelo adotado na Califórnia
“O Governo Temer chega depois de um
processo de clamor popular, sob grande
expectativa”, observa Roberto Hollanda Filho
é o ideal a ser alcançado”, espera Edmundo Barbosa, presidente do Sindálcool-PB.
O que preocupa Barbosa é o esta-
O executivo acredita que Temer terá
do de “saúde” da Petrobrás. “O momento
sensibilidade para compreender a impor-
exige renovação e profissionalismo, che-
tância de medidas que favoreçam o setor,
ga de improviso. O aparelhamento e as in-
bem como a favor da economia e do se-
terferências causaram esse imenso prejuí-
tor produtivo. “Espero que comece pela
zo a todos. Chegou a hora de traçar metas
adoção da CIDE. Através do Fórum Na-
aos combustíveis, reconhecendo o valor
cional Sucroenergético, estamos manten-
do etanol. E precisamos de previsibilida-
do contatos com a equipe econômica do
de para sair do endividamento. O açúcar
governo.”
em 2010 gerou R$ 13 bilhões de divisas.
Agora é preciso negociar melhor com a
União Europeia e demais blocos econômicos, tanto no açúcar como no etanol.
Nossa inserção no comércio internacional é mínima. Temos muito para crescer na
bioeconomia.”
Roberto Hollanda Filho, presidente
da Biosul/MS, observa que o Governo Temer chega depois de um processo de clamor popular, sob grande expectativa. Também é composto por uma grande aliança
“O momento exige renovação e
profissionalismo, chega de improviso”,
ressalta Edmundo Barbosa
política, o que lhe confere uma boa base
de apoio parlamentar. “O que é necessá-
27
C A PA
rio agora é que, com a devida urgência,
se ponha em andamento as medidas e reformas necessárias para recolocar o País
no eixo, inclusive aquelas que são necessárias para a recuperação de nosso setor”,
salienta.
“O país precisa de muita credibilidade para que os investimentos voltem a
ocorrer. O presidente Temer tem a chance
“O presidente Temer tem a chance de
implementar medidas que tenham
caráter menos populista e mais
estruturante”, diz Renato Cunha
de implementar medidas que tenham caráter menos populista e mais estruturan-
beneficiam o meio ambiente”
te. Para o setor de açúcar e etanol são ne-
O setor sucroenergético ainda não
cessárias políticas claras e que acarretem
tem um interlocutor com o novo gover-
previsibilidade visando a continuidade da
no, mas isso não deverá demorar a ocorrer
existência do negócio”, coloca Renato Pon-
e, quando vier, Cunha acredita que a pos-
tes Cunha, presidente do Sindaçúcar-PE.
sibilidade do diálogo será aprofundada,
principalmente ouvindo-se e levando-se
Adoção de medidas
estruturantes
em conta aqueles que geram emprego e
Sobre a possibilidade de o governo
car-PE, os governos precisam ter caráter
aumentar a Contribuição de Intervenção no
mais regulatório e que o empreendedo-
Domínio Econômico (Cide), Cunha diz que
rismo tenha os privados como principais
além de arrecadar para o país, a Cide irá
protagonistas.
renda. Na visão do Presidente do Sindaçú-
incentivar a matriz de combustíveis limpos,
legada ao um segundo plano. “Precisamos
Kátia abreu foi uma decepção
para o agronegócio
fortalecer a cadeia produtiva dos combus-
Como a maioria dos brasileiros, Ale-
tíveis limpos que acarretam bônus ambien-
xandre Andrade, presidente da União Nor-
tal e geram emprego, renda e tributos em
destina dos Produtores de Cana (Unida),
favor de mais de 1 milhão de pessoas que
torce para que este país mude, para que
gravitam direta ou indiretamente na cadeia
todos os políticos envolvidos em corrup-
produtiva da cana-de-açúcar. O consumi-
ção sejam punidos. “E que tenhamos um
dor poderá ter uma opção mais constan-
governo competente. O país precisa de
te pelos biocombustíveis, se houver menos
boa gestão”.
que desde 2008 está sendo preterida e re-
carga tributária para os combustíveis que
28
Andrade salienta que também vive a
Junho · 2016
expectativa de mudanças favoráveis para
já provou que é pujante para se recuperar.
o setor sucroenergético. “O aumento da
É só não atrapalhar. A esperança é essa. O
CIDE será uma boa notícia para nós”, diz.
que acontece agora é que, havendo con-
Também tem boa expectativa em relação
fiança e os empresários voltando a inves-
a Blairo Maggi como Ministro da Agricul-
tir, a roda volta a girar. Estava tudo parali-
tura. “É um produtor rural, entende do ne-
sado. Se o governo Temer sinalizar para o
gócio, isso nos dá esperança. Porém, tam-
mercado que teremos as mudanças estru-
bém tínhamos boas expectativas com a
turais que têm de ser feitas, acredito que
Kátia Abreu, produtora rural, presidente da
há esperança”, diz Luiz Alberto Bortoletto,
CNA (Confederação da Agricultura e Pe-
gerente agrícola da Usina Santo Ângelo
cuária do Brasil), mas foi uma frustração.
Alan Pavani, líder de produto de
Acho que ela estava no cargo mais por um
marketing do CTC (Centro de Tecnologia
projeto pessoal do que pelo agronegócio.”
Canavieira), tem a expectativa que o novo
governo organize o país. “Chega de notícia para baixo, chega de crise. A expectativa é que mude para melhor. Chega de
palhaçada, de corrupção. Que o novo governo olhe mais para o agronegócio, que
é o que sustenta o país. É o que mais contribui para o PIB (Produto Interno Bruto).
Um novo governo tem que dar atenção a
esse segmento.”
“O país precisa de boa gestão”,
diz Alexandre Andrade
Confiante também está José Bressia-
O setor espera por mudanças
Não só os dirigentes sucroenergéticos anseiam por mudanças que permitam a retomada do país e que acelerem a
recuperação do setor, os profissionais da
agrícola, indústria, gestão, pesquisa, enfim, todos querem o mesmo. “O setor sucroenergético se profissionalizou muito.
Acho que se não tiver interferência, como
a que ocorreu no governo Dilma, o setor
Bortoletto: “´Basta o governo não atrapalhar”
29
C A PA
ni, diretor agrícola da GranBio. Para ele,
para fazer uma transição para um próxi-
as expectativas são as melhores possíveis.
mo governo e que consiga de fato colocar
“No governo Dilma tínhamos expectati-
o país na rota do desenvolvimento, como
foi com período FHC e no primeiro mandato de Lula.”
René de Assis Sordi, assessor de tecnologia do Grupo São Martinho, conta
que, como cidadão, acredita que o país
vai melhorar. O mercado deverá reagir positivamente a essa mudança. “Esperamos
que haja mais confiança e segurança para
o empresário voltar a investir. Um exemplo
de falta de segurança que temos, dos últi-
Pavani: “A expectativa é
que mude para melhor”
mos anos, é a cogeração de energia pelas
va nenhuma. O horizonte era de hoje para
padecendo com esse preço de energia
amanhã. Não conseguíamos fazer plane-
que nos deparamos hoje. Mas vamos ser
jamento. Nossa empresa (GranBio) está
otimistas, o país vai sair dessa crise sim.”
usinas. Quem investiu em cogeração está
começando, foca muito no futuro. Quem
Para Dib Nunes, diretor do Grupo
trabalha com pesquisa foca no futuro, e
IDEA, pior do que estava não fica. Em sua
precisamos de visão de mercado, visão de
opinião, o PT (Partido dos Trabalhadores)
médio e longo prazo, de como a economia vai crescer. Precisamos de estabilidade, até para os investidores. E não estávamos tendo. O que vivíamos era completa
anarquia, sem perspectivas, vendo as empresas fecharem as portas aos montes,
vendo setores altamente produtivos padecendo amargamente, como o setor sucroenergético. E se o empresariado vai mal, a
população sente o reflexo disso. Tudo depende da economia. Estávamos muito angustiados. Agora, vejo uma luz no fim do
túnel. Antes não tínhamos mais o túnel.
Espero que o governo do Temer seja bom
30
“Tudo depende da economia. Estávamos
muito angustiados. Agora, vejo uma
luz no fim do túnel”, diz Bressiani
Junho · 2016
conseguiu destruir o país: desemprego,
recessão, dívidas, corte de investimentos,
a Petrobras quebrou. “Não temos, com
o governo Dilma, nenhuma perspectiva.
Com Temer, temos esperança sim, mesmo que ele esteja sob uma enorme pressão de mostrar muita coisa em seis me-
Dib: “Qualquer esboço de mudança dos
rumos da política reflete na economia”
as empresas voltem a crescer. E que seja
positivo para o setor sucroenergético também. Muitas unidades canavieiras fecharam.
Acredito que esse governo que começa tem
condição de colocar o Brasil de volta aos trilhos. Espero que agora tenham a vontade
de fazer com que o melhor aconteça.”
René: “Esperamos que haja mais confiança e
segurança para o empresário voltar a investir
ses. Mas acreditamos que o processo de
Assim seja, Lucinele. Nosso maior
desejo é que as boas notícias voltem a ser
rotina em nossas pautas.
“vagabundização” vai diminuir. Vamos mudar nosso rumo. O Temer, como é político experiente, está sabendo de seu papel.
Sabe que tem uma bala apenas para atirar.
E qualquer esboço de mudança dos rumos
da política reflete na economia.”
A maioria dos brasileiros é como Lucilene de Vecchio, supervisora de Planejamento e Desenvolvimento Agrícola da Coruripe – Unidade Iturama: não é partidária
e pensa no melhor para o país. “Espero que
esse novo governo aumente o emprego,
consiga promover mais oportunidades, que
Lucilene: “Que o novo governo
seja positivo para todos”
31
P E S Q U ISA & D E SE N VOLV IMENTO
Em 2015, cresceu o
plantio da RB966928,
que passou a ser a
mais plantada no
estado de São Paulo
Variedade
RB966928
ganha espaço
nos canaviais
32
Junho · 2016
EM SÃO PAULO E MATO GROSSO DO SUL, A RB966928 FOI A MAIS
PLANTADA, ULTRAPASSANDO A RB867515. O CENSO VARIETAL 2016
NOS DOIS ESTADOS COMEÇOU NA SEGUNDA QUINZENA DE MAIO
Clivonei Roberto, com informações da
assessoria de imprensa da RIDESA UFSCar
J
á está a todo vapor a safra 2016/2017
zir açúcar e etanol, cerca de 70% do total,
de cana-de-açúcar no Centro-Sul.
vem de variedades denominadas pela si-
Empresas e entidades têm diferen-
gla RB, que se refere às variedades desen-
tes estimativas, mas a produção total de-
volvidas pela Rede Interuniversitária para
verá ultrapassar 600 milhões de tonela-
o Desenvolvimento do Setor Sucroenergé-
das de cana processadas, embora alguns
tico (RIDESA).
fatores ameacem a produtividade nes-
No maior estado produtor de cana-de
te ciclo, como as condições climáticas, o
-açúcar do país, São Paulo, assim como no
envelhecimento médio dos canaviais e a
Mato Grosso do Sul, que recentemente as-
isoporização.
sumiu o quarto lugar no ranking nacional de
A maior parte de toda matéria-prima
utilizada no país pelas usinas para produ-
produção canavieira, as variedades RB também ocupam a maior parte das lavouras.
Chapola: “a RB966928 se destaca por seu desempenho tanto
em plantio mecanizado como em colheita mecanizada”
33
P E S Q U ISA & D E SE N VOLV IMENTO
De acordo com o Censo Varietal 2015
desenvolvido pelo Programa de Melhora-
CENSO VARIETAL 2015*
mento Genético de Cana-de-açúcar (PMG-
SÃO PAULO E MATO
GROSSO DO SUL
CA) da Universidade Federal de São Carlos
(UFSCar) – uma das dez universidades federais que fazem parte da RIDESA -, 65%
ÁREA TOTAL OCUPADA COM
das variedades cultivadas no ano passado,
CANA E ÁREA TOTAL DE PLANTIO
nos estados de São Paulo e Mato Grosso do
Sul, são da família RB. Já considerando apenas o plantio de cana realizado em 2015
nos dois estados, as variedades RB também
ocuparam 65% de toda área plantada.
O levantamento contou com a participação de 138 unidades sucroenergéticas
dos dois estados, totalizando uma área recenseada de 3,9 milhões de hectares, o
que representa 73% da área cultivada com
cana em São Paulo e Mato Grosso do Sul.
Os canaviais plantados em 2015 por estas
138 unidades cobriram 443.027 hectares.
RB966928 avança
Segundo o Censo Varietal, a variedade que tem sido mais plantada é a
RB966928, que ocupou 17,3% das áreas de
plantio em 2015, desbancando outra RB, a
867515, que fechou a pesquisa com 16,7%
* Levantamento feito com 138
unidades de SP e MS
das áreas de plantio - em 2014, esta última
variedade havia terminado em primeiro
da pela Universidade Federal do Paraná em
nesse ranking, com 22,4% da área planta-
2010. Tem apresentado elevado teor de sa-
da. No levantamento, em SP e MS, as qua-
carose no início de safra, é indicada para o
tro variedades mais plantadas são RBs.
cultivo em ambientes de médio a alto poten-
A 6928 conquistou a preferência dos
cial e apresenta como restrição afinamen-
produtores por suas qualidades. Filha das
to de colmos em soqueira nos ambientes
variedades RB855156 x RB815690, foi libera-
de produção mais restritivos. “Além disso, a
34
Junho · 2016
A variedade
RB867515
é a mais
plantada
no Brasil
RB966928 se destaca por seu desempenho
tanto em plantio mecanizado como em colheita mecanizada”, destaca Roberto Chapola, pesquisador da RIDESA UFSCar.
A maior utilização desta variedade
em 2015 ocorreu no Estado de São Paulo, que plantou 18,2% de suas áreas com
a RB966928.
As mais cultivadas
A RB867515 manteve sua supremacia como a variedade mais cultivada em SP
e MS em 2015, ocupando 26% da área canavieira total. Uma pequena queda em relação
ao ano anterior: em 2014, ocupou 27,3% da
área total. Das sete variedades mais cultivadas nos dois estados, seis são RBs.
Especificamente em SP, a 7515 está
em 25,1% dos canaviais, com larga dianteira em relação à segunda variedade mais
cultivada, a RB966928 (10,6%). Já o terceiA RB966928 se destaca por seu
desempenho tanto em plantio
mecanizado como em colheita mecanizada
ro material mais cultivado no estado é a
SP81-3250 (7,7%).
35
P E S Q U ISA & D E SE N VOLV IMENTO
Já no MS, a liderança da 7515 é ainda
rietal 2016 para os estados de São Paulo e
maior: ocupou 30,1% das áreas cultivadas
Mato Grosso do Sul, promovido pela RIDE-
com cana em 2015, bem à frente da SP81-
SA UFSCar, começou a ser feito na segun-
3250 (10%) e da RB855156 (7,3%).
da quinzena de maio e deverá ser finaliza-
De acordo com Chapola, o Censo Va-
do no início do segundo semestre de 2016.
CENSO VARIETAL 2015*
PARTICIPAÇÃO DAS VARIEDADES EM
PLANTIO E EM ÁREA TOTAL – SP E MS
* Levantamento feito com 138 unidades de SP e MS
36
Junho · 2016
F I TOT ÉCN ICO
Como libertar o canavial
das cordas-de-viola
NO HERBISHOW, ARYSTA REFORÇOU A EFICIÊNCIA DO DINAMIC® NO
CONTROLE DE CORDAS-DE-VIOLA, DANINHAS QUE EM GRANDES
ATAQUES PODEM REGISTRAR QUEDA DE PRODUTIVIDADE DE ATÉ 46%
Família de folhas largas que arrasa o canavial
N
os dias 11 e 12 de maio, em Ribei-
bre “Aspectos técnicos e econômicos no
rão Preto, aconteceu um dos prin-
controle de cordas-de-viola com as solu-
cipais seminários sobre controle de
ções Arysta”. Salientou em sua apresenta-
plantas daninhas de cana-de-açúcar do ca-
ção que os níveis de produtividade podem
lendário sucroenergético: o 15º Herbishow,
registrar queda de até 46% em grandes ata-
que contou com a participação dos gran-
ques, de acordo com trabalhos de institui-
des fabricantes de herbicidas para a cultu-
ções de pesquisa. “Portanto, uma daninha
ra canavieira.
tão agressiva deve ser combatida da manei-
No evento, a Arysta LifeScience teve
ra mais eficiente possível.”
uma participação de destaque. Profissio-
A principal solução da Arysta para esse
nal da Área de Desenvolvimento de Merca-
problema é o Dinamic®, herbicida de alta
do da empresa, Carlos Peres palestrou so-
tecnologia já consagrado no mercado, vol-
37
F I TOT ÉCN ICO
tado ao cultivo de cana-de-açúcar. O produto, com especial eficácia no combate a folhas largas e capim-brachiaria, se destaca
por sua versatilidade no manejo em diversas condições, tanto na presença como na
ausência de palha e no período seco e úmido do ano.
Peres frisou que este herbicida já se
tornou ‘padrão de controle’ no combate a
Carlos Peres palestrou sobre o controle
de cordas-de-viola com as soluções
Arysta no Herbishow 2016
daninhas como Mamona, Mucuna e Ipomeias. “Com apenas 1,2 kg de Dinamic® por
rente de Marketing de Produto e Mercado
hectare, a porcentagem de controle média
das Culturas de Cana e Pastagem da Arys-
é de 95%.”
ta LifeScience.
“Temos observado através do Arysta
Lucas Rona frisou que o controle de
Fly alguns resultados dos prejuízos que cor-
plantas daninhas é a grande fortaleza da
das-de-viola trazem aos canaviais, além de
companhia. “E o nosso portfólio é renovado
daninhas como Mamona e Mucuna. E dados
constantemente pensando principalmen-
de pesquisas de universidades mostram
te em plantas daninhas de difícil controle e
que o herbicida Dinamic® tem o melhor
resistentes. Todo ano temos lançado novas
controle preventivo de diversas espécies
soluções pensando em controle com sus-
de corda-de-viola”, afirma Lucas Rona, ge-
tentabilidade. Então, o Herbishow é o espaço ideal para levar novidades, posicionando nosso portfólio de forma sustentável e
contribuindo com o setor sucroenergético”,
explica.
Custo-benefício
De acordo com Rona, o Dinamic® é o
único produto no mercado com registro em
pré-emergência para controle de Mamona
e Mucuna em cana-de-açúcar.
Além das características e da eficiência do produto, a Arysta aproveitou o HerLucas Rona: “o herbicida Dinamic
tem o melhor controle preventivo de
diversas espécies de corda-de-viola”
®
38
bishow para apresentar um estudo técnico e econômico que comprova o retorno
Junho · 2016
39
F I TOT ÉCN ICO
O prejuízo em não
usar Dinamic®
financeiro que usinas e produtores de cana têm ao utilizar o Dinamic®. “O estudo
mostra que, para cada real
que se gasta com esse produto, o produtor deixa de ter
um prejuízo de 9 reais (considerando perda em produtividade média na literatura causada por infestação de ipomeias e perda na colheita),
empresa oferece no manejo sustentável
gerando uma relação investimento X bene-
de plantas daninhas na cultura da cana-de
fício de 1 para 9.”
-açúcar. A característica principal do Oris é
ser um produto completo, de amplo espec-
Oris, novo produto da Arysta
tro para o controle de folhas largas e gra-
Durante o evento, a Arysta também
míneas, como braquiária e colonião”, acres-
lançou um novo produto para cana, o Oris®.
centa Rona, destacando que o produto é
“É mais uma excelente ferramenta que a
resultado da mistura do amicarbazone com
o tebuthiuron.
Eficácia do Oris® no controle de folha larga
40
Junho · 2016
F I TOT ÉCN ICO
Como a Usina Cerradão controlou
a infestação de folhas largas
COM O CRESCIMENTO DA MECANIZAÇÃO AGRÍCOLA, A PROLIFERAÇÃO
DE PLANTAS DANINHAS DE FOLHAS LARGAS SALTOU DE 3% PARA
24% EM SETE ANOS, MAS COM O USO DO HERBICIDA HEAT® EM
ASSOCIAÇÃO A OUTROS INGREDIENTES ATIVOS, O CONTROLE
SE FAZ DE FORMA EFICIENTE, CHEGANDO A QUASE 100%
Área com aplicação de Clomazone e outra com HEAT®
Leonardo Ruiz
M
uitas unidades sucroenergéticas já
como maior quantidade de palha no solo,
estão colhendo 100% de cana crua
propiciando ganhos agronômicos, ambien-
e com o auxílio de máquinas. É o
tais e financeiros – e ainda com a possibili-
caso da Usina Cerradão, instalada no mu-
dade do uso da palha para a produção de
nicípio de Frutal, Minas Gerais. E, com isso,
energia.
desfruta dos benefícios da lavoura sem fogo,
Porém, essa alteração no sistema pro-
41
F I TOT ÉCN ICO
“Neste cenário é essencial aplicações
sequenciais de herbicidas”,
salientou Daniel Medeiros
dutivo da cana-de-açúcar mudou profundamente o ambiente dos canaviais, já que, agora, um colchão de palha permanece sobre o
solo - entre 5 a 15 t/ha, dependendo da variedade -, alterando o microclima da área
e resultando em mudanças de microclima
nos dias 11 e 12 de maio, em Ribeirão Pre-
(umidade, temperatura e amplitude térmica).
to, SP, Daniel Medeiros, engenheiro agrôno-
Esse novo ambiente de produção, to-
mo da área de Desenvolvimento Técnico de
talmente diferente do anterior, acabou modi-
Mercado da BASF, explicou que as folhas lar-
ficando a flora da cultura canavieira, impac-
gas são as que mais se “beneficiam” desse
tando não apenas na proliferação de “novas”
novo ambiente. “As espécies de Cordas-de-
espécies de plantas daninhas, mas também
Viola, Merremias, Mamonas, Mucunas, Buvas,
em toda a forma de manejo.
Buchas e Melões-de-São-Caetano são algu-
Em sua apresentação no 15º Her-
mas das ervas que passaram a emergir com
bishow (Seminário Sobre Controle de Plan-
maior frequência nos canaviais após a altera-
tas Daninhas na Cana-de-Açúcar), realizado
ção do sistema produtivo”.
42
Junho · 2016
Já as folhas estreitas, também conheci-
aumento da importância da tiririca e da gra-
das como gramíneas, tiveram sua germina-
ma seda, as quais exigem um planejamento
ção e proliferação reduzidas, pois a quebra
e tempo maior para um controle adequado
de dormência dessas espécies foi dificulta-
e eficiente.
da em função das novas condições de luz
Medeiros destacou a importância em
e temperatura das áreas. É o caso do capim
realizar o Manejo Integrado de Plantas Dani-
colchão, braquiária, marmelada e colonião,
nhas em Cana (MIPD-Cana), com o Contro-
entre outras. No entanto, isto não quer di-
le Mecânico, por meio do preparo antecipa-
zer que os canaviais estão livres dessas plan-
do e bem feito do solo, capina e realização
tas. Muito pelo contrário, em várias situações
de quebra lombo. O Controle Cultural com
essas espécies passam a reinfestar os cana-
rotação de culturas; stand; escolha da varie-
viais a partir dos carreadores, emergindo nas
dade correta; época de plantio; coberturas
falhas dos canaviais e na base da touceira.
mortas. E o Controle Químico que envolve
Portanto, o manejo tem que considerar esta
as etapas de Dessecação pré-plantio; De-
possibilidade. Além disso, percebe-se um
sinfestação; PP/ PPI; Pós-plantio / corte; pós
A ausência do fogo e o corte mecanizado também alteraram as formas de manejo,
ressaltou Medeiros. O conceito de que o controle era necessário até o fechamento da cultura, por exemplo, já não é mais correto. E a ideia de uma única aplicação,
também não, já que agora trabalha-se com aplicações sequenciais.
43
F I TOT ÉCN ICO
“Controlar e conviver com as plantas
daninhas de folhas largas só será possível
se usarmos um herbicida eficiente e com
residual adequado para os diferentes
tipos de manejo”, alertou Fernandes
-quebra lombo/ sequencial; Repasse/ Catação; Dessecação pré-colheita. E apresentou
casos de sucesso de controle com gramíne-
de 3% de folhas largas. Ano passado, quan-
as e folhas largas por meio do uso das so-
do a mecanização da colheita atingiu 100%,
luções BASF, como os herbicidas Plateau® e
as espécies de folhas largas já somavam 24%.
Contain® e Heat®
Michel Fernandes, gerente de produção agrícola da Cerradão, contou no 15º Her-
O controle das folhas
largas na Usina Cerradão
bishow quais as medidas que tomaram para
A área total de moagem da Usina Cer-
solução ideal, nos últimos anos desenvolve-
radão é de 35.364 hectares. Na unidade, o
ram diferentes trabalhos com o objetivo de
crescimento das espécies de folhas largas foi
encontrar a melhor forma de se manejar as
diretamente proporcional à evolução da co-
plantas daninhas de folhas largas na cultura
lheita mecanizada. Em 2009, o cenário era de
da cana-de-açúcar.
64,22% de corte mecânico, com a presença
44
controlar essas daninhas. Para encontrar a
“É preciso entender que estamos per-
Junho · 2016
dendo espaço para as folhas largas. Temos
ser um herbicida seletivo para gramíneas,
que lutar de igual para igual, e isso só será
que age de maneira veloz, com rápida absor-
feito se usarmos um herbicida eficiente e
ção pelas plantas daninhas. “O produto, lan-
com residual adequado para cada modalida-
çado há três anos, possui ação em pós e pré
de de manejo”, disse Fernandes, completan-
-emergência de plantas daninhas, sendo que
do que os estudos realizados comprovaram
sua aplicação na cana-planta tem ação resi-
que a melhor opção, em decorrência de sua
dual até a operação de quebra-lombo. Pos-
alta eficiência, é o herbicida HEAT®, da BASF.
sui, ainda, um ótimo custo-benefício, pois
“Nossa experiência atestou que o uso deste
sua eficiência varia de 95% a 100%. Além de
produto, em associação a outros ingredien-
ser seletivo, pode ser utilizado em rotação
tes ativos, se mostrou uma ótima ferramenta
com outros ingredientes ativos.”
para o controle das folhas largas, pois, além
de entregar um excelente nível de controle,
Benefícios no uso do HEAT®
superior a 90%, também se apresentou com
1.Produto com alta eficiência no
um custo compatível às demais alternativas
controle de plantas daninhas de fo-
do mercado.
lhas largas;
Daniel Medeiros explicou que essas
vantagens ocorrem em função de o HEAT®
2.
Seletivo
para
o
cultivo
cana-de-açúcar;
45
da
F I TOT ÉCN ICO
3.
Retorno
favorável
sobre
o
investimento;
4.Flexibilidade de usos (pré e pós
emergência das plantas daninhas);
5.Excelente para uso em associações com outros herbicidas;
6.Contribui para a eliminação da
mato-competição desde o início;
7.Baixa dose por hectare, formulação WG.
Medeiros apresentou vários exemplos
de sucesso no controle de plantas daninhas
com a utilização do portfólio BASF e ressaltou que o produtor deve pensar em um controle efetivo, mas que também seja o mais
seletivo possível. “Nesse cenário, o HEAT® é
um herbicida eficiente para controle de plan-
TEXTO LEGAL: Aplique somente as doses
recomendadas. Descarte corretamente as
embalagens e restos de produtos. Incluir
outros métodos de controle dentro do
programa do Manejo Integrado de Pragas (MIP) quando disponíveis e apropriados. Uso exclusivamente agrícola. Venda
sob receituário agronômico. Leia atentamente e siga rigorosamente as instruções
contidas no rótulo, na bula e receita. Consulte sempre um engenheiro agrônomo.
Utilize sempre os equipamentos de proteção individual. Atenção, constam produtos perigosos à saúde humana, animal
e ao meio ambiente. Nunca permita a utilização do produto por menores de idade. Restrições no Estado do Paraná: Plateau® para os alvos Indigofera hirsuta e
Emilia sonchifolia em Cana-de-açúcar e
em Amendoim e Contain® para o alvo
Brachiaria plantaginea em Cana-de-açúcar. Registro MAPA: Heat® nº 01013, Contain® nº 00128895 e Plateau® nº 02298.
tas daninhas ”, finalizou.
46
Junho · 2016
F I TOT ÉCN ICO
Uso de helicópteros deve
inovar o controle de plantas
daninhas nos canaviais
FERRAMENTA PROPORCIONA MAIOR MOBILIDADE, AGILIDADE
E SEGURANÇA, ALÉM DE EXCELENTE CUSTO-BENEFÍCIO NO
BALDAN SOLUÇÕES INTEGRADAS
MANEJO DE ERVAS INVASORAS EM PÓS-EMERGÊNCIA
Helicópteros prometem ser mais eficientes, econômicos,
ágeis e seguros no combate às plantas daninhas
Leonardo Ruiz
E
m fevereiro deste ano, a Agência Na-
Estados Unidos e Austrália, chega ao país
cional de Aviação Civil (ANAC) apro-
prometendo alto rendimento operacional
vou a primeira certificação de heli-
no manejo integrado de plantas daninhas.
cópteros para a aplicação de defensivos
O projeto, idealizado pela Syngenta, junta-
agrícolas no Brasil. A modalidade, ampla-
mente com a Climb Aircraft Division e com
mente utilizada em outros países, como
a Baldan Soluções Agrícolas, visa o trata-
47
ARQUIVO CANAONLINE
F I TOT ÉCN ICO
“Uma área com 10% de
reboleiras diminui cerca de 11%
o rendimento da colhedora”,
observa Baldan Júnior
mento de reboleiras com o auxílio
de helicópteros, que poderão realizar um controle muito mais eficiente, econômico, ágil e seguro.
O consultor e proprietário
processo. “Uma área com 10% de rebolei-
dan Júnior, afirma que essa é mais uma
ras diminui cerca de 11% o rendimento da
ferramenta que contribuirá para manter a
colhedora, número extremamente alto se
eficiência da colheita mecanizada em áre-
levarmos em consideração o fato de que a
as onde a presença de plantas daninhas
colheita representa 60% do custo de pro-
diminuiria o rendimento operacional do
dução da agroindústria.”
DIVULGAÇÃO SYNGENTA
da Baldan Soluções Integradas, Edson Bal-
48
Junho · 2016
por promover perdas de gotas nas pontas
pais vantagens dessa tecnologia, quando
das asas do avião, bem como distribuição
comparada aos já tradicionais aviões agrí-
desuniforme entre as faixas de aplicação.”
colas, é sua capacidade de aplicação lo-
A agilidade e mobilidade da ferra-
calizada. “Com o helicóptero, é possível
menta também são pontos importantes
aplicar o herbicida apenas onde há neces-
destacados pelo consultor, já que as cur-
sidade, ao invés de em área total, o que re-
vas de reversão do helicóptero são 50%
sulta em economia de produto, que pode
mais rápidas do que as de um avião agríBALDAN SOLUÇÕES INTEGRADAS
Baldan salienta que uma das princi-
Efeito Downwash melhora substancialmente a deposição e distribuição
do produto no alvo devido à força física das hélices do helicóptero
chegar a mais de 50%.”
Outro benefício apontado por Bal-
cola, o que permite aplicação próxima a
obstáculos e em terrenos acidentados.
dan é relacionado à substancial melhora
Além disso, observa Baldan, o uso do
na deposição e distribuição do produto
helicóptero agiliza o processo de aplica-
através do Efeito Downwash, que empur-
ção devido à facilidade de pouso e abaste-
ra as gotas para o alvo devido à força físi-
cimento dentro da área onde ocorrem os
ca das hélices do helicóptero. “Há também
trabalhos, sendo possível, inclusive, pou-
a diminuição do Efeito Vortex, responsável
sar em cima de um caminhão. Lembran-
49
F I TOT ÉCN ICO
ARQUIVO CANAONLINE
do que esse veículo já é adaptado para a
operação, sendo que, além de servir como
pista móvel, o automóvel ainda armazena
os defensivos e o combustível do helicóptero. “Assim, ocorre otimização de tempo das condições climáticas, já que não
é necessário um campo ou aeródromo
para pousar e fazer o abastecimento. Isso
pode ser feito ali mesmo, ao lado do talhão onde o produto está sendo aplicado.”
Integrando tecnologias
Por último, Baldan ressalta a segurança do processo, que reduz exposição a
riscos ao meio ambiente devido aos bene-
Béber, da Syngenta, indica o herbicida LUMICA,
produto seletivo e de ação sistêmica, para o
controle pós-emergente de plantas daninhas
fícios citados anteriormente.
ra de Precisão está cada vez mais presente
ção de defensivos agrícolas chega ao Bra-
no cotidiano dos produtores e das usinas
sil em um momento em que a Agricultu-
de açúcar e etanol. Portanto, essa tecnoBALDAN SOLUÇÕES INTEGRADAS
O uso de helicópteros para aplica-
Pouso e abastecimento do helicóptero em cima de um caminhão
estacionado em um local próximo ao talhão que está recebendo a aplicação
50
Junho · 2016
logia já aterrissa integrando-se a outras
res devido à melhor resolução da câmera.
ferramentas para que a eficiência final do
“Porém, com ambas as tecnologias é pos-
processo seja a mais alta possível.
sível ter uma visão macro das reboleiras,
identificar as ervas infestantes e criar um
tificar as áreas onde há mato-competi-
mapa que, posteriormente, será utilizado
ção. Para isso, o produtor tem à disposi-
pelo helicóptero para realizar uma aplica-
ção duas tecnologias: o satélite ou o VANT
ção localizada”, afirma.
BALDAN SOLUÇÕES INTEGRADAS
Primeiramente, é necessário iden-
O uso de helicópteros para aplicação de herbicidas, aliado ao LUMICA,
da Syngenta, promove níveis de controle de praticamente 100%
(veículo aéreo não tripulado).
Entretanto, não adianta tanto apor-
O DTM da Syngenta, Leandro Mati-
te tecnológico se o produto aplicado não
nata Béber, explica que a principal dife-
for eficiente em combater as espécies de
rença entre elas é relacionada à defini-
plantas daninhas presentes na área. Nes-
ção das imagens coletadas. O satélite, por
se momento, a Syngenta indica o herbi-
exemplo, tem pixels de 5m. Já o VANT, de
cida LUMICA, produto seletivo, de ação
3m. Ou seja, com a aeronave não tripula-
sistêmica, indicado para o controle pós-e-
da será possível pegar reboleiras meno-
mergente. Contendo o ingrediente ativo
51
ARQUIVO CANAONLINE
F I TOT ÉCN ICO
Rodrigues Alves
diz que a Usina
Santa Cruz
passará a utilizar
o helicóptero
para catação
em áreas onde
houve o escape
do controle
pré-emergente
mesotriona na sua formulação, o produto
foram incríveis, sendo que o principal be-
caracteriza-se pelo seu amplo espectro de
nefício foi a economia de produto. “Caso
controle das plantas infestantes anuais de
fossemos utilizar o avião agrícola, teria
folhas largas, controlando a corda-de-vio-
que aplicar o herbicida em toda aquela
la e o capim-colchão.
área, ou seja, em quase 2.000 hectares.
Economia em 1.400 hectares
Com o helicóptero, apliquei apenas nos
locais necessários: cerca de 300 hectares.”
Como a homologação para apli-
Ele ressalta que a Usina já tentou re-
cação de defensivos agrícolas com heli-
alizar aplicações localizadas com o uso do
cópteros ocorreu recentemente, poucas
avião agrícola, porém, a menor área em
usinas já testaram a tecnologia para ve-
que conseguiram aplicar foi em meio ta-
rificação de sua eficácia. Uma delas é a
lhão. “Já o helicóptero permite voar mais
Usina Santa Cruz, do Grupo São Marti-
localizado. E a estrutura de aplicação fica
nho, localizada no município paulista de
bem ao lado do talhão.”
Américo Brasiliense. Na unidade, as pri-
Alves conta que a empresa deve con-
meiras aplicações foram feitas no mês de
tinuar investindo nessa tecnologia para re-
abril deste ano, em uma área de 1.700
alizar catação em áreas onde houve o es-
hectares, com infestações de Mucuna e
cape do controle pré-emergente, visando
Cordas-de-viola.
aumentar o rendimento da colheita. “Po-
O supervisor de produção agrícola
rém, quando houver a necessidade de
da empresa, Luiz Otávio Longo Rodrigues
aplicar em área total, o avião agrícola ain-
Alves, afirma que os resultados obtidos
da será a alternativa mais vantajosa.”
52
Junho · 2016
53
ME C A NIZ AÇÃO
Não faltaram lançamentos
na Agrishow 2016
O FATURAMENTO FOI APENAS 2% SUPERIOR AO DE 2015
E O PÚBLICO 6% MENOR, MAS HÁ MUITO TEMPO NÃO
SE VIA TANTAS INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS
Agrishow 2016 contou com 800 expositores
A
pesar de todas as dúvidas com
tende a ser maior considerando os negó-
a macroeconomia, juros altos
cios fechados após o término do evento.
e dificuldades de crédito, a 23ª
Na abertura da feira, os organizadores es-
Agrishow, que ocorreu de 25 a 29 de abril
timavam um faturamento igual ao do ano
em Ribeirão Preto, SP, obteve um resulta-
anterior.
do final melhor do que o registrado em
Segundo a direção da Agrishow, o
2015: movimentou R$ 1,95 bilhão em ne-
saldo é atribuído a fatores como valoriza-
gócios até o dia 29 de maio: 2% a mais
ção de commodities como a soja e à arti-
em relação à edição de 2015. Patamar que
culação dos bancos na oferta de linhas de
54
Junho · 2016
crédito. “Acho o número muito positivo,
nações como Argélia, Canadá, Colômbia,
muito alvissareiro, porque havia temores
Senegal e Tailândia.
de que houvesse uma queda forte de ven-
Mas a Agrishow está muito longe
das por conta desse clima [crise política/
de suas melhores marcas: o faturamento
econômica]. Isso mostra a pujança desse
foi apenas 2% superior ao da edição de
setor econômico do agronegócio que, de
2015 que apresentou um tombo histórico
fato, está sustentando a economia do Bra-
no total de negócios de 30% em relação a
sil”, disse o presidente da Associação Bra-
2014. E o público na edição de 2016 foi de
sileira da Indústria de Máquinas e Equipa-
150 mil visitantes, 6% menor que o do ano
mentos (Abimaq), Carlos Pastoriza.
passado. Em relação à queda de público,
A Feira também teve alta de 23% nas
de acordo com os organizadores e exposi-
rodadas internacionais de negócios, com
tores, os visitantes de 2016 tinham maior
faturamento de US$ 18 milhões em pedi-
interesse em finalizar compras. Muitas ve-
dos fechados entre 46 empresas expor-
zes utilizando recursos próprios, o que de-
tadoras e 18 delegações estrangeiras, de
monstra confiança no negócio por parte
55
ME C A NIZ AÇÃO
A dinâmica de máquinas é um dos destaques da Agrishow,
considerada a terceira maior feira agrícola do mundo
dos produtores, mesmo em um cenário de
constatar melhorias na infraestrutura: fo-
instabilidade política nacional.
ram asfaltadas mais duas avenidas e duas
Mesmo com o cenário baixista no
ruas, no total de 25.000 metros, construí-
país, foi possível perceber que um ar de
do mais um sanitário de alvenaria, melho-
esperança circulava pela Agrishow ,que es-
rias no paisagismo e o sinal de telefonia e
tava muito bonita. Os visitantes puderam
internet foi de melhor qualidade. Em 2017,
a Agrishow ocorrerá de 1º
a 5 de maio e a organização já anunciou que pretende trazer novidades em
termos de infraestrutura e
soluções tecnológicas que
contribuam para a visitação dos profissionais do
agronegócio
Produtor confiante,
em muitos casos,
fechou negócio com
recursos próprios
56
Junho · 2016
Show de inovações
GRANDE PARTE DO PORTFÓLIO VALTRA ATENDE O
SETOR DE CANA, INDO DO PLANTIO À COLHEITA
A
crise pode ter derrubado vendas e público, mas
não eliminou o ânimo das
empresas em investir em novas
tecnologias ou no aprimoramen-
Valtra
levou para
a Agrishow
tecnologia
de ponta
e trator
gigante
to das máquinas. O que não faltou na Agrishow foi lançamento.
Do maior ao menor expositor, era
possível encontrar alguma novidade. As áreas de grãos e cana-de
-açúcar foram os principais destaques da feira, sendo que o setor canavieiro
enormes na Feira. Uma delas foi a Valtra
foi brindado com tecnologias do preparo
- a empresa expôs seu portfólio comple-
do solo à colheita, passando pelo plantio
to, do qual grande parte atende o setor de
convencional, de mudas pré-brotadas, ir-
cana do plantio à colheita.
rigação, recolhimento de palha, enfardamento, trituração e transporte.
Grandes marcas ocuparam espaços
A marca destacou a atuação da sua
nova colhedora de cana, a BE 1035e, que
foi introduzida no mercado em 2015 e que
agora inicia seu período de consolidação,
para ganhar market share no segmento
Conheça os
principais
comandos da BE
1035e, a Colhedora
de cana da Valtra
de colhedoras de cana, considerando que
já é líder e referência no setor de tratores
canavieiros.
Um dos diferenciais da BE 1035 é o
avançado sistema de telemetria desenvolvido pelo grupo para garantir que o fabricante possa acompanhar o trabalho do
57
ME C A NIZ AÇÃO
das pela empresa na feira, destaque para
Central de
Monitoramento
Valtra acompanha
da fábrica o
desempenho das colhedoras
de cana BE 1035e em ação
nos canaviais
os tratores das Linhas BM e BT, o Transbordo série Be 1000, o Pulverizador Rogator,
o sistema de agricultura de precisão Auto-Guide3000 e a enfardadora Challenger
2270X.
Durante a Agrishow, a Valtra lançou
o trator com esteira de borracha da marca Challenger, o MT875E, o de maior potência do mercado, com 655 cv. Ou seja, o
equipamento e atuar de forma ativa no su-
MT875E equivale a um trator de 750cv de
porte ao cliente. O novo sistema de tele-
pneus. Um dos destaques deste equipa-
metria do grupo tem como base três pila-
mento é o sistema Mobil-Trac, tecnologia
res: correção, prevenção e otimização. Isto
patenteada pela Challenger que foi desen-
porque, com a novidade, a Valtra pode-
volvida para tirar o máximo de rendimen-
rá verificar a forma como a máquina está
to do trator e reduzir a compactação do
sendo usada e orientar o operador como
solo. Com este sistema, o índice de patina-
utilizá-la da maneira mais adequada. Tam-
gem é reduzido em 10% devido à grande
bém será possível indicar e orientar quan-
área de contato das esteiras com o solo,
to às manutenções preventivas, evitando
proporcionando uma excelente tração e
longas paradas para manutenções. Com
gerando um desempenho superior com-
todo este suporte, ficará muito mais fácil
parado ao de máquinas do mesmo porte
identificar quais peças necessitam de re-
com pneus.
posição e de que maneira a máquina poderá alcançar todo o seu potencial, assegurando a rentabilidade da produção.
Na área da Valtra, na Agrishow, o visitante pode conhecer a Central de Monitoramento Valtra que acompanha da fábrica o desempenho de todas as colhedoras
de cana BE 1035e em ação pelos canaviais
Saiba detalhes
do Challenger
MT875E, o maior
trator do mundo,
que a Valtra levou
à Agrishow
brasileiros. [Veja o vídeo]
Entre as demais soluções apresenta-
58
Junho · 2016
59
ME C A NIZ AÇÃO
Além de mostrar novidades,
Agrishow fortalece o relacionamento
PARA OS PRODUTORES, VISITAR O ESTANDE
DA DMB NA AGRISHOW JÁ VIROU TRADIÇÃO
DMB na Agrishow, ponto de encontro do pessoal da cana
P
reparo de solo, plantio e tratos cul-
des oferecidas que possam elevar a pro-
turais bem feitos são a base para o
dutividade e a eficiência das operações
sucesso da lavoura canavieira, por
agrícolas da sua fazenda, localizada no mu-
isso, os profissionais do setor que visitam a
nicípio sul mato-grossense de Nova Alvo-
Agrishow não abrem mão de conferir a tec-
rada do Sul e que abrange 25 mil hectares
nologia desenvolvida pela DMB Máquinas
de área total.
e Implementos.
Ferreira conta que possui 10 aduba-
Para alguns, visitar o estande da DMB
dores de discos da DMB, sendo que a reco-
na Agrishow já virou tradição. É o caso do
mendação para a compra foi feita por uma
produtor de cana Francisco Ferreira, forne-
consultoria contratada do Grupo Odebre-
cedor da Usina Santa Luzia, do Grupo Ode-
cht. “Essa empresa fez uma análise dos im-
brecht. Ele sempre faz questão de parar no
plementos disponíveis do mercado, ve-
estande da DMB para conhecer as novida-
rificando
60
custo-benefício,
rendimento
Junho · 2016
“Conheço os implementos da DMB desde 1979”, contou Francisco Ferreira
operacional e adaptação aos nossos tra-
mentos comprados, aumentando a capaci-
tores. Após isso, optamos pela DMB, que,
dade para que houvesse maior autonomia
além da sua tradição, nos oferecia tudo o
operacional. “A DMB atendeu nosso pedido
que estávamos procurando.”
e quase dobrou a capacidade das caixas. O
O equipamento permite a deposição do adubo nos dois lados da linha da
resultado foi um ganho operacional de cerca de 30%.”
cana, numa profundidade ao redor de 10
cm, onde se concentra a maior porcenta-
Cultivadores de cana
gem de renovação do sistema radicular da
O produtor Wilson Ribeiro Toledo Al-
cultura e, como fica protegido, podem ser
ves, fornecedor de cana da Usina Andra-
utilizadas formulações com qualquer fonte
de, do Grupo Guarani, visitou o estande da
nitrogenada, podendo-se escolher a mais
econômica no momento da aplicação. De
acordo com Francisco, outra grande vantagem desse implemento é sua durabilidade,
item esse que é de extrema importância, já
que o desgaste é muito comum devido ao
tipo de operação que ele realiza.
De fábrica, o depósito de adubo do
implemento sai com capacidade para 1.250
kg. Porém, o produtor pediu para que a
DMB fizesse uma adaptação nos equipa-
Wilson Toledo Alves queria saber mais sobre o
Cultivador Novo São Francisco para Cana-Crua
61
3,5 toneladas e aplica o adubo em três linhas simultâneas com rendimento operacional médio de 2,8 ha por hora. A distribuição é feita por rosca sem fim com
acionamento através de motor hidráulico, com válvula de regulagem de fluxo de
óleo que permite regular facilmente e com
grande precisão a quantidade de adubo a
Leonardo Montovani já possui
um sulcador de cana da DMB
ser aplicada.
Alexandre e Brito também aproveita-
DMB para conhecer um pouco mais sobre o
ram a visita ao estande para dar uma “boa
Cultivador Novo São Francisco para Cana-
olhada” na Plantadora Automatizada PCP
Crua, implemento de grande versatilidade,
6000, máquina desenvolvida para o plan-
que permite fazer a adubação e o cultivo
tio mecanizado da cana e que busca atingir
nas socarias de cana-crua com total efici-
dois grandes objetivos: diminuir o consu-
ência e sem a necessidade de se trocar kits
mo de mudas por área plantada e a influ-
para realizar o trabalho.
ência da ação humana no resultado final
Leonardo Montovani, filho de forne-
do plantio. “Atualmente, trabalhamos com
cedor de cana da Usina Clealco, Unidade
uma distribuidora de cana, porém, estamos
Penápolis, visitou o estande da DMB na fei-
pensando em trocar para uma plantadora
ra, também interessado em saber mais so-
sem cabine”, afirmou Brito.
bre os cultivadores da empresa. Atualmente, o produtor de Lins já possui um sulcador
de cana da DMB.
Plantadora Automatizada
Joel Alexandre, supervisor de preparo de solo, e Marcelo Brito, gerente de produção agrícola da Usina Moreno, visitaram
o estande da DMB a fim de conhecer um
pouco mais sobre a Adubadeira de Superfície da empresa. O equipamento é composto por um depósito com capacidade para
62
Alexandre e Brito: uma “boa olhada”
na plantadora Automatizada PCP 6000
Junho · 2016
63
ME C A NIZ AÇÃO
Nova Geração de
Tratores Puma e a Nova
Colhedora de Cana A8800
AS MÁQUINAS CUMPREM AS NOVAS NORMAS
DE EMISSÕES TIER III, SEM SACRIFICAR A
POTÊNCIA E A EFICIÊNCIA DE COMBUSTÍVEL
rador produtivo durante as longas
CASE IH
apresentou a
nova geração
dos tratores
Puma na
Agrishow 2016
jornadas diurnas e noturnas.
A companhia também aproveitou a feira para mostrar todos os diferenciais da nova colhedora de cana
Case IH A8800 que apresenta mais de
40 melhorias, desenvolvidas em três
pilares: maior disponibilidade, me-
A
nor custo operacional e tecnologia
CASE IH marcou presença
de gestão. O equipamento aumenta a
na Agrishow 2016 com toda
produção em 10.080 toneladas por sa-
sua linha de tratores, de 60
fra e possibilita um acréscimo de 211
cv a 340 cv. A grande novidade deste
horas/safra.
ano foi a nova geração dos tratores
Puma, flexíveis o suficiente para lidar
com o trabalho de culturas em linha,
pecuária, pulverização e fenação.
As máquinas cumprem as novas normas de emissões Tier III, sem
O visitante
conferiu na feira
os detalhes da
nova colhedora
de cana da CASE
IH A8800
sacrificar a potência e a eficiência de
combustível. Além disso, são confortáveis e intuitivas para manter o ope-
64
Junho · 2016
Novas versões do carretel
irrigador Irrigabras
O EQUIPAMENTO IRRIGABRAS NÃO POSSUI SISTEMA MECÂNICO COM
POLIA E CORREIA, O QUE GARANTE TODAS ESTAS VANTAGENS
N
a Agrishow 2016 a Irriga-
As usinas sucroalcooleiras, em
bras, empresa que atua a 30
tempos de crise, vêm cada vez mais
anos no mercado de irriga-
buscando aumentos de produtivida-
ção, principalmente voltado ao setor
de e redução de custo. Para isso é fun-
sucroenergético, lançou as novas ver-
damental usar equipamentos que te-
sões de Carretel Irrigador. Equipamen-
nham menor custo de manutenção,
tos mais modernos, robustos, com sis-
menor risco à segurança do operador
tema automático de levante do carro
e que possuam maior eficiência.
aspersor
com
Aliado ao
dispositivo hi-
Carretel, a Irri-
dráulico autô-
gabras
nomo e proteções da bobina
em
alumínio
mais
resisten-
Carretel
irrigador
em ação
tes e duráveis.
O
segue
líder em qualidade e tecnologia nos tubos
de
alumínio,
com abraçadei-
Carre-
ras e acessó-
tel Irrigador Irri-
rios totalmen-
gabras vem a cada ano ganhando mais
te em inox para irrigação e aplicação
espaço no mercado, por oferecer maior
de vinhaça, características que garan-
segurança ao operador, alto desempe-
tem efetivamente o uso em alta pres-
nho de seu turbo-redutor monobloco
são e conferem maior durabilidade e
e por sua facilidade de manutenção. O
resistência quando comparados com
equipamento Irrigabras não possui sis-
outros tubos e acessórios do merca-
tema mecânico com polia e correia, o
do fabricados em alumínio fundido de
que garante todas estas vantagens.
baixa resistência mecânica.
65
ME C A NIZ AÇÃO
As vantagens dos pneus
radiais na agricultura
ENQUANTO NA EUROPA O USO DOS PNEUS RADIAIS JÁ
ULTRAPASSA OS 85%, NO BRASIL GIRA EM TORNO DE 6%
Pneu Taurus é uma opção radial mais acessível inclusive ao pequeno e médio produtor
N
o Brasil, utilizam-se máqui-
tor a sair dos pneus diagonais e a ado-
nas agrícolas tão modernas
tar os radiais.
como na Europa e EUA, mas
De acordo com Christian Men-
os pneus usados são os mesmos da
donça, diretor de comércio e marke-
década de 1970. Em coletiva de im-
ting de pneus agrícolas da Michelin,
prensa realizada durante a Agrishow
enquanto na Europa o uso dos pneus
2016, a Michelin apresentou suas es-
radiais já ultrapassa os 85%, no Brasil
tratégias para contribuir com o pro-
gira em torno de 6%. Isso mostra que
cesso de mudança do parque de
o agricultor brasileiro tem que evoluir,
pneus do país, estimulando o produ-
até pelas vantagens do radial, como
66
Junho · 2016
Christian
Mendonça
explica com
detalhes os
diferenciais da
marca Taurus
Calculadora de pressão
Durante
sua
participação
na
Agrishow deste ano, a Michelin também
provou que está, cada vez mais, conectada ao mundo da agricultura. A empremenor compactação do solo, menor
sa apresentou na feira a Calculadora de
uso de combustíveis e maior potência
Pressão MICHELIN, disponível em apli-
à máquina.
cativos mobiles (IOS e ANDROID).
Para fortalecer essa estratégia
O programa permitirá saber a
da Michelin em ampliar a adesão aos
pressão adequada dos pneus MICHE-
pneus radiais agrícolas, traz ao Bra-
LIN do trator, de forma simples e prá-
sil outra marca da empresa, a Taurus,
tica em 3 passos:
que é uma opção radial mais acessí-
1°:
Preencher
as
informa-
vel inclusive ao pequeno e médio pro-
ções referentes ao eixo dianteiro do
dutor. “É uma marca de entrada para
equipamento,
o produtor ingressar nesse mercado
de pneus radiais. Nosso objetivo é au-
2°: Preencher as informações do
eixo traseiro
mentar esse mercado no Brasil.” Mes-
3° Tirar uma foto da máqui-
mo sendo um produto de mais fácil
na agrícola com o próprio celular (ou
acesso aos pequenos produtores, não
informar a distância entre os pneus
perde nada em benefícios como esta-
dianteiros e traseiros).
bilidade, segurança e qualidade nas
operações.
A partir daí, será indicada a pressão correta dos pneus MICHELIN que
Na coletiva de imprensa, a Mi-
melhor se adapta ao trator em ques-
chelin aproveitou para apresentar os
tão. Ainda é possível salvar estas in-
resultados da Usina Ferrari no uso dos
formações e/ou enviá-las por e-mail.
radiais. A empresa reduziu em 55%
os gastos com pneus de 2010 a 2015.
“Máquina com pneu errado não entrega o que poderia entregar na produção. Por isso nosso trabalho pela radialização dos pneus no país”, disse
Usina Ferrari
apresenta
benefícios
obtidos com os
Pneus Michelin
Christian.
67
ME C A NIZ AÇÃO
Um show de MPB na Agrishow
BASF E COOPERCITRUS REALIZARAM DINÂMICAS COM
PLANTIO DE MUDAS PRÉ-BROTADAS, E OS VISITANTES
CONFERIRAM DETALHES E VANTAGENS DA TECNOLOGIA
Máquina adaptada para o plantio semimecanizado de MPB AgMusa
U
m
dos
diferenciais
da
plantio das mudas pré-brotadas Ag-
Agrishow é a dinâmica das
Musa™, da BASF, que é realizado com
máquinas. Este ano, a cana-
uma plantadora própria, desenvol-
de-açúcar ocupou um papel de des-
vida pela Empresa, em parceria com
taque nesta área. A BASF realizou uma
a Agricef, especialmente para esta
série de dinâmicas de campo que de-
finalidade.
monstrou o sistema AgMusa™ de mudas pré-brotadas.
A máquina, adaptada para o
plantio semimecanizado de MPB Ag-
No plot, feito em parceria com
Musa, realiza a sulcação e toda a ope-
a Coopercitrus, os visitantes pude-
ração de adubação e aplicação de de-
ram conferir, de terça a sexta-feira, as
fensivos. O gerente de operações de
apresentações técnicas em dois horá-
campo da Agricef, Henrique Pigat-
rios: 9h40 e 13h40. O público presen-
to Rodrigues, explicou que a máquina
te acompanhou todo o processo de
executa o plantio de duas linhas, che-
68
Junho · 2016
gando a plantar de 2 a 4 hectares por
tribuirá a muda no solo, cabendo ao
dia, dependendo do comprimento do
produtor sulcar, pulverizar e cobrir o
talhão e do treinamento do pessoal.
sulco de plantio. “Essa plantadora de-
“O produtor terá apenas que disponi-
verá ser acoplada a um trator de 50
bilizar um trator adequado, de cerca
a 60 cv de potência e terá capacida-
de 180 cv, além de mão de obra para
de de plantar de 0,8 a 1 ha/dia, neces-
a operação.”
sitando de apenas três pessoas para a
Durante a Agrishow 2016, a BASF
operação.”
divulgou que está desenvolvendo
uma plantadora de mudas pré-brota-
Irrigar as mudas MPB
das AgMusa™ de uma linha, ideal para
Após a demonstração do plan-
os produtores que possuam áreas me-
tio da muda MPB, a Netafim apresen-
nores e que também desejam fazer
tou sua solução para a irrigação dessas
uso da tecnologia.
mudas. O coordenador agronômico
Rodrigues relatou que, diferen-
da empresa, Daniel Pedroso, informou
te da plantadora de duas linhas, que
que o kit é inteligente, pois, além de
realiza a sulcação e toda a operação
proporcionar economia de água, não
de adubação e aplicação de defensi-
necessita de recursos hídricos locais ou
vos, o novo equipamento apenas dis-
mesmo de energia elétrica. “Através de
Duas vezes ao dia, a BASF levou centenas de produtores
até o local das dinâmicas de plantio MPB AgMusa
69
ME C A NIZ AÇÃO
Plantio de
MPB AgMusa e
irrigação após
o plantio
na de 4mm por cerca de quatro horas.
Ao todo, é possível realizar a irrigação
de até 20 hectares por dia.”
Os cooperados da Coopercitrus
que adotam a tecnologia de mudas pré
-brotadas AgMusa™, da BASF, podem
contar com grandes serviços ofereci-
um caminhão pipa, uma moto bomba
dos pela Cooperativa. Renato Douglas
e um sistema de filtragem, o produtor
Pereira Junior, da área de Agricultura
já consegue garantir a irrigação.”
de Precisão da Coopercitrus, explicou
Pedroso explicou, ainda, que o
que aqueles produtores que adquirem
kit é móvel e voltado a áreas de cin-
as mudas para áreas de, no mínimo,
co hectares. “Ele é formado por tubos
cinco hectares, ganham um amplo pa-
flexíveis, passíveis de serem montados
cote de serviços. “Após a entrega das
e desmontados por apenas duas pes-
mudas, a Coopercitrus disponibiliza
soas.” No total, segundo ele, são ne-
uma plantadora automatizada para a
cessárias de cinco a seis pessoas para
realização do plantio e um trator mu-
a operação. “Você apenas desenrola o
nido de agricultura de precisão. Além
tubo flexível e consegue irrigar a área
disso, durante todo o processo, uma
completamente utilizando uma lâmi-
equipe técnica irá acompanhar o pro-
Toletes de cana, provenientes de cana-muda originada de MPB,
tombados nas linhas que antes foram ocupadas por grãos
70
Junho · 2016
dutor, garantindo, assim, máxima eficiência da operação.”
BASF destacou,
na Agrishow,
os benefícios da Meiosi
As dinâmicas com AgMusa também serviram para ressaltar junto ao
público presente os benefícios decorrentes da adoção do sistema de Meiosi (Método Inter-rotacional Ocorrendo Simultaneamente), que intercala
algumas linhas de mudas pré-brotadas (MPB) AgMusa™ com outras cultu-
Nilton Degaspari em dinâmica
AgMusa na Agrishow 2016
ras, como amendoim, soja e feijão, por
exemplo. O objetivo desse sistema é
Produtores que já realizam o sis-
tombar uma cana já sadia em solos re-
tema afirmam que a taxa média de
vigorados por outras culturas, turbi-
multiplicação é de 1 para 14, ou seja,
nando, dessa forma, seu desempenho.
uma única linha de cana gera mudas
Além desse benefício, existe tam-
para outras 14 ruas. Porém, já existem
bém aqueles decorrentes da utilização
produtores que estão conseguindo
das mudas AgMusa™. Entre eles, pode-
multiplicações de 1 para 20.
se destacar a redução de custos na for-
Nilton Degaspari, gerente de
mação de viveiros e a implantação do
Novos Negócios da BASF, salientou
canavial comercial; maior velocidade
durante as apresentações, que a ado-
na introdução de novas variedades; in-
ção desse método pode reduzir forte-
cremento de sanidade (menor risco da
mente os custos com plantio. Segun-
ocorrência de doenças como raquitis-
do ele, a economia pode chegar a até
mo e escaldadura); eliminação de ris-
R$ 2.500,00 por hectare. “Isso ocorre
cos de transporte e introdução de pra-
devido ao menor uso de mudas, ren-
gas (Sphenophorus levis) via mudas; e
tabilidade auxiliar na cultura interca-
formação de canavial comercial com
lar e maior quantidade de cana entre-
viveiro de mudas de alta qualidade.
gue à usina.”
71
DIVULGAÇÃO FENASUCRO
CO N J UN TU RA
24ª Fenasucro & Agrocana
acontece de 23 a 26 de
agosto, em Sertãozinho, SP
A Fenasucro da virada
PARA AUTORIDADES E EMPRESÁRIOS, EVENTO DESTE ANO IRÁ SERVIR COMO
ALAVANCA DA RECUPERAÇÃO DO SETOR SUCROENERGÉTICO NACIONAL
Clivonei Roberto e Leonardo Ruiz
N
o dia 18 de maio, a 31ª Feira In-
E o que se viu durante o lançamen-
ternacional da MECÂNICA, em
to foi um otimismo geral entre as autori-
São Paulo, foi palco para o lan-
dades presentes. O presidente do Centro
çamento da 24ª Fenasucro & Agrocana,
Nacional das Indústrias do Setor Sucroe-
maior feira do mundo voltada ao setor su-
nergético e Biocombustíveis (CEISE-Br),
croenergético, que acontece de 23 a 26 de
Paulo Gallo, salientou que o segmento ca-
agosto em Sertãozinho, SP, e que prome-
navieiro já enfrentou inúmeras crises, po-
te apresentar soluções e inovações tecno-
rém, nenhuma tão longa ou árdua como
lógicas para toda a cadeia produtiva da
a atual. Ele explica que a crise instaura-
cana-de-açúcar.
da em 2008 abalou profundamente o se-
72
Junho · 2016
ARQUIVO CANAONLINE
Paulo Gallo: “A Fenasucro 2016
irá marcar o ano da virada,
sendo a alavanca que irá
recuperar o setor canavieiro”
anos, o que levou as usinas a absorverem
custos que não poderiam ser repassados
para os produtos, devido ao preço artificialmente mantido da gasolina.”
Ele afirma que o cenário só começou
a mudar a partir do ano passado, devido a
várias ações tomadas pelas entidades representativas do setor sucroenergético,
entre elas o CEISE-Br e a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica). “Com isso,
tor, que vinha registrando um bom cres-
conseguimos com que fossem implanta-
cimento até aquele ano. “A partir daí, só
das medidas que deram novo fôlego ao
tivemos notícias ruins, como o congela-
setor, como o reajuste do PIS/Cofins, a vol-
mento do etanol por, praticamente, cinco
ta da CIDE e o aumento da mistura de ani-
DIVULGAÇÃO FENASUCRO
A expectativa é receber 30 mil visitantes/compradores vindos de mais de 40 países
73
DIVULGAÇÃO FENASUCRO
CO N J UN TU RA
dro à gasolina.”
Já este ano começou com um cenário ainda mais positivo, de acordo com
o presidente do CEISE Br, em função dos
preços do etanol mais remuneradores, da
expectativa de um déficit de 7 milhões de
toneladas de açúcar no mercado mundial
e de uma possível busca maior por energias renováveis. Aliados, esses fatores, ob-
Para o gerente geral da Feira,
Paulo Montabone, a grande
vedete deste ano será o Retrofit
servou Gallo, farão com que o “segmento comece a sair de uma tempestade para
a pouco menos de três meses do evento,
um cenário com ótimas perspectivas.”
cerca de 95% dos espaços da Fenasucro &
Agrocana já estão comercializados. A ex-
Tecnologias e
eventos de conteúdo
pectativa é receber 30 mil visitantes/com-
E parece que a indústria canavieira
somarão uma movimentação total de cer-
compartilha dessa visão otimista, já que,
pradores vindos de mais de 40 países que
ca de R$ 2,8 bilhões.
Para os quatro dias de feira, já estão confirmados os seguintes eventos:
• Conferência Datagro/Ceise Br Fenasucro & Agrocana
• Congresso de Automação e Inovação Tecnológica Sucroenergética
• Congresso de Automação ISA Estudantil Sertãozinho
• Workshop do Grupo Gerhai
• Seminário Bioeletricidade Ceise Br/Unica
• Seminário Agroindustrial STAB
• Encontro de Empresários do Grupo Lide
• Seminário do Grupo Gegis
• Encontro Anual de Produtores de Cana
• Seminário de Transporte e Logística
• Rodada Internacional de Negócios APLA/APEX
• Perspectiva Econômica da Biomassa
• Workshop de Custos Agrícolas
• I Fórum de Comunicação Sucroenergético
74
Junho · 2016
e informações, além de promover a capa-
lo Montabone, os destaques desse ano fi-
citação dos profissionais que atuam no se-
carão por conta das colunas de destila-
tor canavieiro. Na edição deste ano, a gra-
ção e de equipamentos para uma extração
de de eventos passará a ter 180 horas, o
mais eficiente. “Porém, a grande vedete
dobro da edição passada, divididas entre
será o retrofit, solução que pode, de ime-
palestras, workshops, debates, encontros e
diato, melhorar a eficiência das plantas e
seminários. “Nosso diferencial nos eventos
aumentar a oferta do excedente de ener-
de conteúdo está em fomentar a educa-
gia, tornando as unidades mais competiti-
ção e pontuar a feira como um norte para
DIVULGAÇÃO FENASUCRO
Para o gerente geral da Feira, Pau-
Fenasucro traz soluções e inovações tecnológicas para toda a cadeia produtiva da cana-de-açúcar
vas e garantindo a operação da usina com
a capacitação técnica e, com isso, colabo-
o compromisso de entregar ao mercado
rar com o desenvolvimento completo do
etanol, açúcar e energia elétrica.”
setor”, afirma Montabone.
Porém, não é só da venda de tecnolocro. A feira também conta com uma ampla
É hora de recuperar
a indústria
gama de eventos paralelos, com o objeti-
Nos últimos anos, a falta de cana
vo de levar para o visitante conhecimento
aliada à crise sucroenergética reduziu
gias de última geração que vive a Fenasu-
75
DIVULGAÇÃO FENASUCRO
CO N J UN TU RA
Na edição deste ano, a grade de eventos paralelos
passará a ter 180 horas, o dobro da edição passada
drasticamente os investimentos na indús-
do desgaste natural dos equipamentos,
tria. Como o objetivo do setor passou a ser
que estão há anos sem manutenção ou
o aumento da produtividade no campo,
reforma, teremos um aumento na deman-
75% do orçamento das usinas passaram a
da que não poderá ser atendida caso não
ser direcionados para a área agrícola.
hajam investimentos apropriados”, ressal-
Coube, portanto, à indústria traba-
ta Paulo Gallo.
lhar com pouco ou quase nenhum investi-
“E será agora”, afirmou o Presiden-
mento, o que criou, na maioria das usinas,
te do Ceise Br, que a Fenasucro irá bri-
um parque industrial cada vez mais suca-
lhar mais do que nunca, já que, embora
teado, com equipamentos velhos e, até
também tenha espaços reservados para
mesmo, sem manutenção adequada. En-
a agrícola, é na área industrial que a feira
tretanto, esse cenário deverá ser revertido
se destaca, oferecendo produtos e servi-
com urgência, pois, com os preços mais
ços completos, seja para a construção, re-
remuneradores e o caixa negativo, a or-
forma ou manutenção dos parques indus-
dem do momento é moer. E a indústria,
triais das usinas. “A feira é realizada num
de um jeito ou de outro, terá que dar con-
momento em que as usinas começam a
ta do recado.
tomar as decisões de investimentos, fun-
“Agora é a hora de investir, pois, além
76
cionando como uma catalisadora do mer-
Junho · 2016
cado, reunindo tanto aqueles players que
E exatamente por conta dessa característi-
desejam continuar no setor ou entrar nele.”
ca que o município vem enfrentando difi-
Para Gallo, esse fato, aliado à urgente ne-
culdades ao longo dos últimos anos, pois,
cessidade de investimentos industriais, irá
bem antes da crise econômica se instalar
fazer com que todos os empresários do
no país, a cidade vinha “mal das pernas”,
setor canavieiro tenham um destino cer-
refletindo, em números, os resultados de
to em agosto desse ano: a 24ª Fenasucro
uma crise anterior bem mais setorizada.
& Agrocana.
Estima-se que, apenas nos últimos
cinco anos, Sertãozinho tenha perdido
Sertãozinho está
pronta para a retomada
cerca de 10 mil carteiras assinadas. Isso
A Fenasucro não é realizada no muni-
lo, por exemplo, pode não ser muita coi-
cípio paulista de Sertãozinho por acaso. A
sa, mas em um município de apenas 110
cidade é considerada o maior polo sucro-
mil habitantes, esse fato é bem preocu-
energético do mundo, congregando gran-
pante. “Temos vivido uma situação degra-
de parte da indústria de base fornecedora
dante. O desemprego atual é o segundo
de equipamentos para o setor canavieiro.
maior de nossa história, sendo que temos
DIVULGAÇÃO USINA SANTA TEREZINHA
em uma cidade do tamanho de São Pau-
Nos últimos anos, a falta de cana aliada à crise sucroenergética
reduziram drasticamente os investimentos na indústria
77
DIVULGAÇÃO USINA LINS
CO N J UN TU RA
Usinas terão que
investir com
urgência nos parques
industriais para dar
conta do aumento
esperado na produção
três vezes mais desempregados do que a
talizados pela cadeia produtiva chegarão
média do Estado do São Paulo e do Brasil,
à indústria de base em um ou dois anos,
que gira em torno de 4,4%. Somente nos
o que alavancará o parque industrial da
últimos 12 meses, o número de emprega-
cidade.”
dos caiu mais de 10%”, relata o secretário
E, quando esse momento chegar, Li-
de desenvolvimento econômico de Ser-
boni afirma que o município estará pron-
tãozinho, Carlos Roberto Liboni.
tíssimo para atender a todas as demandas
Porém, o secretário já vislumbra um
possíveis. “Já as primeiras encomendas re-
futuro melhor, devido ao início de uma
sultarão em alto poder de lucratividade,
possível recuperação industrial por par-
com margens altíssimas devido à ociosi-
te das usinas de açúcar e etanol. “Acredito
dade em que a indústria de base se en-
que os recursos que já estão sendo capi-
contra atualmente.”
ARQUIVO CANAONLINE
Porém, segundo o secretário, a desidratação da capacidade profissional é um
fator preocupante, já que, ao longo dessa
crise, as empresas perderam inúmeros talentos de alto nível. “A partir de agora, temos que trazer de volta nossa musculatura tecnológica e investir na formação de
novas lideranças.” Mas Liboni não acredita que esse será um problema tão grande,
pois o processo será feito gradativamente.
“Na mesma medida em que o setor recu-
Carlos Roberto Liboni: “Na mesma medida
em que o setor recupera a demanda,
Sertãozinho irá recuperar a oferta”
78
pera a demanda, nós recuperaremos nossa oferta.”
Junho · 2016
Empresários acreditam que
chegou a hora da retomada
D
urante a coletiva de impren-
do momento que acreditamos que a
sa que marcou o lançamen-
recuperação é possível. E no campo
to da Fenasucro & Agrocana
político já tivemos um pontapé, com
2016, em meados de maio, um grupo
a virada do jogo em Brasília”, diz.
de empresários do setor sucroener-
Os bons ventos não vêm ape-
gético, associados ao Ceise-Br (Cen-
nas do mercado interno. Na análise
tro Nacional das Indústrias do Setor
de Geradini, o fato de outros países,
Sucroenergético e Biocombustíveis),
inclusive da América Latina – a exem-
revelou entusiasmo na recuperação
plo da Argentina -, estarem imple-
das empresas que fazem parte da ca-
mentando o etanol na matriz ener-
deia da cana-de-açúcar.
gética em mistura com a gasolina,
Silvio Silas Geraldini, diretor co-
amplia as perspectivas de exporta-
mercial da Turbimaq Turbinas e Má-
ção de equipamentos e know-how
quinas, acredita muito na retomada
brasileiro nessa área para outros
do setor. “A virada começa a partir
mercados.
Para Luiz Fernando Saran, diretor da Engevap Engenharia e Equipamentos, o cenário começou a
melhorar no final de 2015, com a recuperação dos preços do etanol e do
açúcar. “Foi quando o ânimo do setor
começou a mudar. Depois de anos
trabalhando no negativo, vimos a situação ficar positiva, e já temos boas
perspectivas até para 2017.”
Na visão de Saran, o comportamento dos preços é determinan-
Geraldini: “A virada começa a partir
do momento que acreditamos
que a recuperação é possível”
te para a retomada do setor, embora as mudanças políticas que o país
79
CO N J UN TU RA
tas usinas. “Algumas tiveram que falir
por falta de espaço para expansão na
mesma área geográfica e muitas por
problemas financeiros”, salienta Frederico Biagi Becker, gerente comercial da Zanini Indústria.
Nos últimos meses, o executivo da Zanini visitou 434 empresas
de vários setores ligados à agroindústria, inclusive do sucroenergético.
“Todas as empresas que visitei já estavam na expectativa da mudança de
Saran: “Depois de anos no negativo,
vimos a situação ficar positiva”
governo.”
passou nos últimos meses, com Mi-
era a insegurança jurídica, causada
chel Temer chegando à presidência
por um governo federal imprevisível.
do país, mesmo que interinamente,
Para ele, tanta insegurança contami-
contribuam para se traçar um cená-
nou todo o setor produtivo. “Levou
rio ainda mais promissor. “Mas reco-
as usinas, por exemplo, a represarem
Afinal, o que imperava no país
nheço que ainda é cedo para afirmar
que a mudança de governo será positiva. O que anima mesmo o setor é
o preço. Faz dez anos que teve essa
coincidência, de preço bom do açúcar e do álcool, o que na época contribuiu para um grande crescimento
da atividade.”
Governo Temer
O setor sucroenergético atravessou cinco anos consecutivos, ou
até mais, de represamento de preços,
o que culminou na falência de mui-
80
Becker: “Governo Temer tem um
perfil mais técnico do que político”
Junho · 2016
até mesmo a manutenções de entressafra. Muita usina deixou de fazer manutenção na hora certa porque não tinha segurança de investir,
mesmo que apenas em serviços de
manutenção”, relata Becker.
É fato que a melhoria do preço
do açúcar, no final do ano passado,
encorajou alguns empresários a fazerem investimentos, mas timidamente. “O pessoal enxergou que teria de
investir em dezembro, mas é muito tarde para se contratar manuten-
Valochi: “a retomada será mesmo
a partir do final deste ano”
ção para a entressafra. Não há tempo
hábil para fazer a manutenção devi-
retor da Vemag Equipamentos Indus-
da e já começar a safra em março/
triais, de Sertãozinho, SP, as perspec-
abril. Por isso muita gente postergou
tivas para a Fenasucro & Agrocana
os contratos e muitas manutenções,
2016 são as melhores possíveis. “Com
que são feitas na entressafra, ocorre-
o novo governo, há indícios de que
rão durante a safra.”
teremos uma melhora na economia
A aposta de Becker é que ago-
que proporcione um aumento de ga-
ra, depois do afastamento de Dilma
nho de produção no setor sucroener-
Rousseff e da posse de Michel Te-
gético, que está já há algum tempo
mer, a confiança do empresário vol-
sem demanda de fabricação e sem
te. “Esse novo governo tem viés mais
perspectivas.”
técnico do que político, acredito que
No momento em que é promo-
os empresários terão mais fôlego,
vida, em 2016, a feira terá condições
ânimo e visão de futuro para inves-
de alavancar essa nova realidade
tir tanto em manutenção como em
que se está vivendo. Embora lenta-
equipamentos novos.”
mente, essa melhora já vem desde o
ano passado, quando a remuneração
Feira será um termômetro
do setor começou a melhorar. “Já tí-
Para André Ricardo Valochi, di-
nhamos alguns sinais, como o me-
81
CO N J UN TU RA
lhor preço do açúcar e do álcool. Isso
Mas até agora ainda não houve me-
vem aos passos, mas acredito que a
lhoria efetiva.”
retomada será mesmo a partir do final deste ano.”
Para uma retomada sustentável
de toda cadeia sucroenergética, o se-
O vice-presidente do Ceise-Br,
tor precisa de políticas públicas que
Rafael Azevedo Gomides, diretor da
estimulem a atividade, bem como de
RG Sertal, de Sertãozinho, SP, acre-
uma remuneração justa para os pro-
dita que a Fenasucro 2016 será a fei-
dutos do setor.
ra da virada. “Sinto nos empresários
“As usinas no geral estão fazen-
de Sertãozinho que o pessoal está
do dinheiro nesse momento. Mas es-
animado com essa troca de gover-
tão vindo de anos de resultado ne-
no. Todos estão ansiosos e otimis-
gativo e precisam pagar contas. Num
tas com os resultados que essa troca
segundo momento é que vão come-
vai refletir na economia. A tendência
çar a investir”, acredita Gomides.
daqui pra frente é de melhoria. Nos-
Mas, para o vice-presidente do
sa expectativa é para que a confian-
Ceise-Br, já houve uma melhora, com
ça volte e com ela os investimentos.
pequenos investimentos. “Mas os
grandes investimentos mesmo virão
mais pra frente, se continuarem esses
preços. Acredito que o próximo ano
seja de muito investimento no setor.”
E o segundo semestre de 2016?
Gomides projeta que a Fenasucro deste ano será um bom termômetro dessa recuperação, porque a
feira coincide com o início das encomendas para a próxima entressafra. “Com a alta de preços, valendo a
pena produzir etanol e açúcar, acredito que para 2017 podemos voltar
Gomides: “acredito que para
2017 podemos voltar a ver
o setor funcionando bem,
com efetivamente novas
aquisições de equipamentos”
82
a ver o setor funcionando bem, com
efetivamente novas aquisições de
equipamentos.”
Junho · 2016
83