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1 2 Junho · 2016 C Á E N TRE N ÓS A boa recepção do setor ao governo Temer O presidente Temer durante posse de presidentes de estatais C omo todo o Brasil, o setor sucroenergético vive a expectativa de como será o governo Temer, integrando a ala dos brasileiros que torce para que as ações do Presidente interino deem certo e recoloquem o país nos trilhos. O fato de contar em sua equipe com Henrique Meirelles e José Serra recebeu elogios de dirigentes sucroenergéticos, que também acenaram positivamente à escolha de Maria Silvia Bastos Marques no cargo de Presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e de Pedro Parente como Presidente da Petrobras. Logo após sua posse, Pedro Parente enfatizou que a decisão sobre preços de combustíveis será “profissional”. “A decisão de preço é de natureza empresarial. O governo não vai interferir na gestão profissional que ele quer que a Petrobras tenha. Essa foi a orientação do senhor presidente da República quando ele me convidou [para o cargo de presidente da Petrobras]”. Parente enfatizou que a influência política na Petrobras “já acabou”. A queda de 0,3% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre, na comparação com os três meses anteriores, foi considerada uma surpresa positiva por economistas. A queda, para muitos, reforça a expectativa de virada da economia até o fim do ano. Isso se não acontecer mais uma “bomba” na área política, como a volta de Dilma Rousseff. Temer, seu quadro de profissionais e posições como esta de Parente contribuem para que volte o ânimo do empresariado e de investidores. Mas o tempo para mudanças é curto. Os políticos, além de viverem sob a sombra da operação Lava-Jato, não pensam no país, e a oposição age como brigador de rua - onde o jogo não tem regras - o Brasil não importa, o que vale é retomar o poder. A situação continua preocupante. Mas a esperança por dias melhores é maior! Luciana Paiva [email protected] Clivonei Roberto [email protected] 3 ÍN D I C E CAPA AGORA É TEMER! Holofote Amigos da Cana -Como fazer um controle eficiente das plantas daninhas incidentes no canavial? -Muito obrigada, Doutor Cícero! Economia Tendências -Desaceleração chinesa: oportunidade ou desafio para o agronegócio brasileiro? -A empresa sucroenergética começa no campo Pesquisa & Desenvolvimento -Variedade RB966928 ganha espaço nos canaviais -Uso de helicópteros deve inovar o controle de plantas daninhas nos canaviais Mecanização -Não faltaram lançamentos na Agrishow 2016 Fitotécnico -Como libertar o canavial das cordas-de-viola -Como a Usina Cerradão controlou a infestação de folhas largas Editores: Luciana Paiva [email protected] Clivonei Roberto [email protected] Redação: Adair Sobczack Jornalista [email protected] Leonardo Ruiz Jornalista [email protected] Marketing Regina Baldin Comercial Gilmar Messias [email protected] [email protected] Editor gráfico Thiago Gallo Conjuntura -A Fenasucro da virada Aproveite melhor sua navegação clicando em: Vídeo Fotos Áudio Link Entre em contato: Opiniões, dúvidas e sugestões sobre a revista CanaOnline serão muito bem-vindas: Redação: Rua João Pasqualin, 248, cj 22 Cep 14090-420 – Ribeirão Preto, SP Telefones: (16) 3627-4502 / 3421-9074 Email: [email protected] www.canaonline.com.br CanaOnline é uma publicação digital da Paiva& Baldin Editora H O LOFOTE Uso de agricultura de precisão T emos que dar foco grande no controle em pré-emergência: 80% do contro- le está nesta fase. No nosso Grupo [São Martinho], temos algumas plantas de difícil controle. Na unidade de Goiás [Boa Vista], há forte pressão porque ainda há um banco de sementes alto, principalmente de gramíneas, como a própria braquiária, o colchão e o colonião. Enxergamos que o sucesso exige um trabalho preventivo. É verdade que sempre sobra umas catações para fazer, principalmente para preservar a colheita. Uma prioridade no Grupo é ten- da adequado e na dosagem correta. Isto é importante para o aumento do resultado da empresa. Na gestão da Coruripe, a base é o planejamento, que permite a adoção das melhores estratégias de combate de todo tipo de planta daninha ou de pragas. Nos polos de produção da Usina Coruripe, temos um canavial bem limpo por conta da eficiência do controle. Algumas das plantas daninhas que mais têm trazido preocupação são colonião, capim colchão e corda-de-viola. Lucilene de Vecchio, supervisora de tar otimizar a aplicação do produto, ata- Planejamento e Desenvolvimento cando o foco e reduzindo custos. Por isso, Agrícola da Usina Coruripe é importante destacar que investimos em – Unidade Iturama agricultura de precisão, que é importante para localizar com exatidão os focos e fazer aplicação dirigida. Assim, usamos menos produto. E com o uso da tecnologia, mesmo depois quando fazemos a reforma, temos ideia de como está o banco de sementes em cada local. Molécula barata nem sempre vale a pena P ara a maximização da produtividade da cana-de-açúcar (cana de três dí- gitos), a cultura deve ser protegida dos Renê de Assis Sordi, efeitos da competição com as plantas assessor de tecnologia daninhas, evitando assim interferências do Grupo São Martinho negativas, como efeitos alelopáticos, decréscimos da longevidade e da produtividade do canavial, da qualidade da maté- Planejamento O controle de ervas daninhas é de suma importância para a produtivi- dade da usina. Tem que ocorrer na hora certa, com a liberação de um herbici- ria-prima, dificuldades nas operações de colheita, hospedagem de pragas e doenças. Para reduzir a incidência das plantas daninhas é importante um manejo integrado que se inicia pelo conhecimento 7 H O LOFOTE da flora local por meio da matologia. Ou- derando também que tras medidas importantes na redução das a palha tem um exce- plantas daninhas são: aproveitar lente potencial de con- o momento da reforma para fa- trole. Cada espécie de zer uma desinfestação, o cuida- planta daninha é sen- do com a tecnologia de aplica- sível a uma quanti- ção utilizada e a necessidade dade de palha, sen- de se verificar o uso ou não do que algumas são de adjuvante. Também controladas com 4 a 5 toneladas, enquan- é preciso fazer o uso to outras precisam de 10 a 11 toneladas. correto dos defensi- Então não se dimensiona a quantidade vos, considerando a para controle, a gente tem controle em sua recomendação função da quantidade que ocorreu. como: época de Edivaldo Domingues Velini, aplicação, cuida- professor titular da UNESP/Botucatu dos, controle realizado etc. O custo é importante, mas o produtor deve priorizar, ao fazer a compra do defensivo agrícola, o retorno que terá em reais por tonelada, e não simplesmente comprar o defensivo mais barato. Trabalhar com molécula de baixo custo nem sempre vale a pena. Rogério do Nascimento, gestor de produção agrícola O preço do descuido é alto O controle das plantas invasoras do canavial é um desafio muito sério, pois podem comprometer a produção final da área. Caso estas ervas daninhas não sejam controladas, as perdas em produtividade podem chegar a 41%. Para ter sucesso, Em ambiente de palha N temos que controlar as plantas daninhas por, pelo menos, 127 dias do ciclo da cul- o combate às ervas daninhas da la- tura. Um problema cada vez maior para voura, a aplicação de herbicidas em usinas e produtores de cana, as folhas lar- um ambiente de palha não difere tanto de gas têm ganhado importância nos últimos um ambiente com solo exposto. Num solo coberto, existe tanto o controle exercido pelo herbicida quanto pela palha. Dessa forma, tem que aproveitar o controle dos dois agentes, utilizando um produto que consiga atravessar essa matéria e consi- 8 Junho · 2016 anos devido, principalmente, à colheita mecanizada. Atualmente, 26% das recomendações de herbicidas são feitas para essas espécies. Já 74%, para as gramíneas. Pedro Jacob Christoffoletti, pesquisador da ESALQ/USP Tecnologia de aplicação P ara um bom controle das plantas daninhas que infestam a lavoura, é neces- sário seguir recomendações práticas para o melhor uso da tecnologia de aplicação de herbicidas. O produtor deve conhe- Controle fitossanitário precisa de boa gestão de pessoas P cer as condições de seu canavial para saber como e quando vai aplicar o produto. Se eu tenho uma área com 30% de infestação, não posso aplicar em 100%, senão ara se atingir um bom nível de contro- perderei 70% da aplicação. A solução é fa- le, e ainda obter seletividade para a cul- zer uma aplicação direcionada, utilizando tura, é importante contar com uma ges- pingentes ou sensores que, instalados em tão compartilhada, em que todas as fases barras ou quadriciclos, aplicam o herbici- dos processos, como plantio, tratos cultu- da apenas em cima da planta daninha. rais e colheita, interajam entre si. E fico feliz Marcelo da Costa Ferreira, em notar que muitos produtores e pesqui- professor da UNESP de Botucatu sadores já estão afirmando que a gestão é a base dessa pirâmide. Os profissionais do setor estão percebendo que bons níveis de controle de plantas daninhas com seletividade para a cultura da cana-de-açúcar não passam apenas por bons produtos, mas também pela gestão de pessoas. Weber Valério, sócioproprietário da AgroAnalítica e da ConsultAgro 9 TE N D ÊN CIAS Desaceleração chinesa: oportunidade ou desafio para o agronegócio brasileiro? Lara Moraes1 e Raphael Garrone2 A China já estava acostumada com anos. A desaceleração chinesa preocupou um crescimento elevado do seu o mundo e ainda deve gerar receios nos Produto Interno Bruto (PIB) que próximos anos, uma vez que o menor ní- registrou aumentos anuais de dois dí- vel de atividade econômica da China não gitos nas últimas décadas. No entanto, deve ser passageiro, por ser fruto das no- essa conjuntura econômica mudou e, no vas diretrizes da sua economia, que ago- ano passado, o PIB chinês cresceu em tor- ra preza por taxas de crescimento mais no de 7%, a menor taxa dos últimos 25 sustentáveis. 10 Junho · 2016 Desde 2010, o governo da China mu- importância na economia mundial uma dou a estratégia econômica, com o lança- vez que, por ser uma das maiores impor- mento dos planos quinquenais 2011-2015 tadoras do mundo, todos os países que, e 2016-2020. Anteriormente, o país era fo- de alguma forma, se relacionam comer- cado em prover investimento para esti- cialmente com ela serão afetados. mular a produção e posterior exportação, No caso do Brasil, a China é uma fazendo com que os produtos chineses grande parceira comercial, principalmen- fossem encontrados no mundo todo. Esse te quando se fala no agronegócio. A Chi- modelo econômico permitiu à China atin- na está em primeiro lugar no ranking dos gir altos níveis de crescimento, mas não principais destinos dos produtos agrope- garantiu melhoria na qualidade de vida cuários brasileiros. Em 2015, 24% do valor da população. Agora, o objetivo principal da China é estimular o consumo interno, por meio do aumento de salários, garantia de poder de compra e maior acessibilidade da população aos serviços básicos como saúde, educação, moradia e seguridade social. Os números chineses mostram que a nova política já surtiu efeito. O PIB foi reduzido e o crescimento do consumo já é superior ao investimento. Agora, a economia mundial terá que se adaptar à nova condição chinesa e, como em toda transição, sobressaltos são esperados. A China tem um papel de extrema Agora, o objetivo principal da China é estimular o consumo interno 11 TE N D ÊN CIAS No caso da soja, 71% do valor gerado pelas exportações brasileiras é proveniente da China gerado com as exportações do agronegó- commodities não agrícolas pela China, a cio vieram da China, segundo o Ministério exemplo do petróleo e dos minerais, de- da Agricultura Pecuária e Abastecimen- vem gerar instabilidades nas bolsas inter- to (Mapa). Em alguns segmentos, a Chi- nacionais e nos mercados futuros. No co- na realiza compras expressivas, como, por meço de 2015, em diversos momentos, exemplo, a soja em que 71% do valor ge- algumas commodities agrícolas, como no rado pelas exportações brasileiras é pro- caso do açúcar, apresentaram quedas mo- veniente da China. Assim, é importante ter mentâneas em decorrência das especula- em mente como o agronegócio brasileiro ções provenientes da China. pode ser impactado pelas mudanças chi- Mas no longo prazo, o agronegócio nesas, a fim de se preparar para os desa- brasileiro não deve ser impactado negati- fios que virão e para as oportunidades que vamente. Com o estímulo do consumo, a podem surgir. China vai continuar demandado produtos No curto prazo, o agronegócio bra- alimentícios em grande quantidade e ain- sileiro deve se preparar para a volatilida- da estar aberta para o consumo de produ- de de preços no mercado financeiro. A alta tos de maior valor agregado, como carnes, especulação e a redução do consumo de leite e derivados e até produtos mais es- 12 Junho · 2016 pecíficos como os alimentos ready-to-eat e o Brasil tem aumentado as exportações (prontos para o consumo). de carnes para a China, com crescimento O consumo de grãos também acaba considerável quando se analisa os anos de sendo estimulado. Apesar do menor valor 2014 e 2015. Também podemos vislum- agregado, os grãos são matérias-primas brar oportunidades relacionadas à trans- para a produção de ração, um setor que ferência de know-how na pecuária, uma deve crescer, acompanhando o aumento vez que o Brasil é referência do setor. na demanda de proteína animal. No en- Assim, a posição do agronegócio tanto, a produção de grãos na China não brasileiro em relação à desaceleração chi- deve aumentar para atender o maior con- nesa deve ser de observação e acompa- sumo. O governo chinês, anteriormente, nhamento próximo. O menor crescimento buscava uma autossuficiência, um aumen- da China, por vir seguido da política inter- to de produção para poder atender o seu na de ativação do consumo, não deve re- mercado interno. Mas, essa visão mudou duzir o volume de transações comerciais e, atualmente, a percepção é de que a au- entre os países e ainda pode estimular no- tossuficiência está cada vez mais distante. vos acordos de exportação. Além disso, O foco passou a ser em culturas intensivas as empresas brasileiras do agronegócio em mão de obra e que possuem maior va- devem ficar atentas a um novo nicho de lor agregado, como frutas e vegetais, em mercado que antes não existia: a venda de detrimento do plantio de lavouras que de- produtos de maior valor agregado ou par- mandam muita área e possuem menor va- cerias para a produção desses produtos lor, como os grãos. em território chinês. O momento de pen- Portanto, no caso dos grãos, a Chi- sar nessas oportunidades é agora, quando na possivelmente deve abrir ainda mais há boas chances de expansão e desenvol- o mercado e fazer investimentos em ou- vimento de negócios. tros países para garantir o abastecimento local. Isso é uma grande oportunidade para o Brasil que pode aumentar os volumes exportados para a China, fazer novos acordos e estabelecer novos modelos de negócios com o país. No caso das carnes, o governo chinês tem estimulado a indústria local para atender a maior demanda. Mesmo assim, o país não atinge a autossuficiência Analista Sênior do Centro PwC de Inteligência em Agronegócio 2 Analista do Centro PwC de Inteligência em Agronegócio 1 13 A M I G OS DA CAN A Cícero Junqueira Franco fala durante Prêmio 40 anos de Etanol, realizado pela Datagro Consultoria, em 22 de setembro de 2015 Muito obrigada, Doutor Cícero! CÍCERO JUNQUEIRA FRANCO E SEUS PARCEIROS, OS OUTROS “PAIS” DO PROÁLCOOL, MUDARAM A MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA E TURBINARAM O SETOR SUCROENERGÉTICO Luciana Paiva A última vez que encontrei o em- como era chamado, seria homenageado, presário Cícero Junqueira Franco juntamente com outras 26 personalida- foi em 22 de setembro de 2015 des, pela Datagro Consultoria com o Prê- na 15ª Conferência Internacional Datagro mio 40 Anos de Etanol. sobre Açúcar e Etanol, ocorrida no Grand Ao lado de seu filho, Celso Torquato Hyatt, na capital paulista. Doutor Cícero, Junqueira Franco, presidente da União dos 14 Junho · 2016 Produtores de Bioenergia (Udop), Doutor álcool anidro à gasolina, diminuindo sen- Cícero e eu conversamos mais uma vez so- sivelmente o consumo do combustível de- bre o ProÁlcool e seus desdobramentos. rivado do petróleo. Discorrer sobre o tema deixava o empresário ainda mais empolgado. O sucesso do Proálcool contou com uma série de invenções de Stumpf, de- Doutor Cícero não destacou sua par- vidamente patenteadas: um carburador ticipação no desenvolvimento do Progra- com corpo em material plástico, sem ca- ma, mas lembrou a presença decisiva do nais ou roscas; um turbocompressor acio- professor Urbano Ernesto Stumpf, conhe- nado apenas pela energia do sopro gera- cido como o “pai do motor a álcool” e sua do pela abertura da válvula de escape; um Doutor Cícero e seu filho Celso Torquato Junqueira Franco, presidente da Udop, na Conferência Internacional Datagro dedicação aos estudos sobre o uso do ál- sistema que permite a saída de gases de cool em motores a combustão. Durante admissão de um cilindro de motor à com- quatro anos, sob a orientação de Stumpf, bustão interna; e um dispositivo para car- técnicos do Instituto de Pesquisa e Desen- buração combinada de combustíveis (ga- volvimento (IPD) e do Centro Técnico Ae- solina e álcool), entre outras. roespacial (CTA) de São José dos Campos, SP, testaram todos os motores disponíveis Os pais do Proálcool no mercado, para verificar seu desempe- Claro que em nossa conversa, Doutor nho com o álcool. Foram seus estudos que Cícero não esqueceu de destacar Lamartine possibilitaram adicionar quantidades de Navarro Júnior, seu parceiro no desenvolvi- 15 A M I G OS DA CAN A Cícero no posto de combustível da usina, feliz por abastecer seu veículo com álcool mento do projeto “Fotossíntese como fonte de energia”, produzido em 1974, e que serviu de base para a criação do Programa Nacional de Álcool (ProÁlcool), o maior programa de combustível renovável do mundo. Instituído em 1975, no governo Ernesto Geisel, o ProÁlcool tinha o objetivo de reduzir a depen- tas histórias contadas por Cícero, e que dência do petróleo, com a substituição da ilustra muito bem o seu envolvimento com gasolina pelo álcool. Na época, o planeta a causa. O ano era 1979. O empresário enfrentava o primeiro choque dos preços paulista Cícero Junqueira Franco encheu do combustível fóssil e o Brasil dependia com etanol o tanque do recém-lançado – de importações. Pensar no etanol naquele e adquirido – Fiat 147 antes de se dirigir tempo foi antever o papel estratégico do a Pereira Barreto, SP, onde visitaria a obra País no século XXI como grande potência de construção da usina Pioneiros. O veícu- energética e baseada em combustíveis re- lo, movido exclusivamente com o biocom- nováveis e sustentáveis. bustível, era à época a grande novidade Como engenheiros, Cícero e Lamarti- do setor automotivo e ele soube pelos jor- ne criaram as bases para a implantação do nais que em Pereira Barreto, a 350 quilô- Programa Nacional do Álcool. Como em- metros de Morro Agudo, SP, onde morava, presários, montaram destilarias para a pro- havia um posto que abastecia com álcool. dução de etanol (Cícero, além da Usina Vale A viagem poderia ser feita sem ris- do Rosário, também investiu em destilarias co de ficar sem combustível, que na épo- como a Pioneiros. E Lamartine montou a ca não era facilmente encontrado. Ao che- primeira destilaria do ProÁlcool, a Alcídia, gar ao posto soube pelo proprietário que no Vale do Paranapanema, SP). E como ide- apenas a bomba tinha sido instalada. De alistas nunca deixaram de lutar pelo reco- etanol, nada havia. A opção do empresário nhecimento do combustível verde. para não ficar na estrada foi ir às farmácias Vale a pena lembrar de uma das mui- 16 e aos supermercados da cidade e comprar Junho · 2016 o que pudesse de álcool nas prateleiras, qual os fabricantes deveriam desenvolver encher o tanque e voltar com o Fiat 147 novas tecnologias para a produção em sé- até Morro Agudo. rie de veículos a etanol. No mesmo ano, foi lançado o primeiro carro movido 100% O Proálcool mudou o Brasil a etanol, o Fiat 147. O ProÁlcool ganhava Em 13 de maio deste ano, Doutor Cí- raízes mais sólidas. cero faleceu, foi se unir ao amigo Lamar- O Brasil, com a contribuição efeti- tine, ao professor Stumpf e a outros “país va da Petrobras, implantou nos postos do ProÁlcool” como o empresário Mauri- de combustíveis uma estrutura inédita lio Biagi. Eles partiram, mas deixaram uma no mundo de abastecimento de veículos história de sucesso, na qual coloca o Brasil com etanol hidratado. Este biocombustí- no pioneirismo do uso de um combustí- vel passou a ser importante componente vel verde em larga escala. Na primeira fase da matriz energética brasileira e alçou o do ProÁlcool, em 1975, o objetivo foi utili- país a um dos grandes consumidores de zar o etanol anidro como aditivo à gasoli- energia limpa e renovável do mundo. na na proporção de 13%, em substituição Desde 1975, o etanol brasileiro ganhou ao chumbo tetraetila, que era importado e destaque no cenário do desenvolvimento altamente poluente. sustentável. Dentre tantas conquistas, o uso No final da década, em setembro de do biocombustível evitou emissões de mais 1979, com a segunda crise do petróleo, o de 800 milhões de toneladas de CO2. Segun- Governo Federal e a Associação Nacional do evidências científicas apresentadas pela dos Fabricantes de Veículos Automotores União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Uni- (Anfavea) assinaram um protocolo pelo ca), mesmo incluindo-se emissões indiretas, o etanol de cana atinge uma redução de 73% a 82% nas emissões de gases de efeito estufa se comparado à gasolina. Proálcool turbinou o setor sucroenergético O Programa também turbinou o setor sucroenergético. Pesquisa realizada pela Datagro Consultoria aponta que a produOutra paixão de Cícero Junqueira Franco é a raça equina Mangalarga 17 A M I G OS DA CAN A da produção e 60% das exportações mundiais de etanol. Segundo a Unica, o setor gera quase 1 milhão de empregos diretos em 25 estados brasileiros e a cadeia sucroenergética reúne cerca de 70 mil fornecedores de cana, 355 unidades em atividade e mais de mil empresas produtoras de produtos e serviços. O etanol já representa mais da metade do consumo nacional de combustíveis para automóveis leves e a biomassa da cana responde por cerca de 4% da produção de eletricidade, com potencial de chegar a 15% da matriz elétrica brasileira até 2020. Esses são apenas alguns exemplos do que se tornou e o que pode vir a ser a agroindústria canavieira e o Brasil a partir da criação do ProÁlcool . Tudo isso começou com o idealismo de brasileiros como Cícero e Lamartine Navarro Júnior desenvolveram o projeto “Fotossíntese como fonte de energia”, base para o ProÁlcool Cícero Junqueira Franco. Por isso, nosso muito obrigada! ção anual de cana no Brasil, que era de 57 milhões de toneladas até 1969, a partir da década de 1970 alcançou a casa das 300 milhões de toneladas. O novo grande salto de produção aconteceu em 2003. Com o lançamento dos motores flex, o Brasil ultrapassou as 600 milhões de toneladas de cana por safra. Atualmente, o Brasil responde por um terço da produção mundial de canade-açúcar, 20% da produção e 40% das exportações mundiais de açúcar, e 30% 18 Em seu discurso na homenagem da Datagro aos idealizadores do ProÁlcool, Cícero chama Plínio Nastari de o “caixeiro viajante do etanol” Junho · 2016 19 E CON OMIA O monitoramento agrícola é a atividade mais conhecida do mercado A empresa sucroenergética começa no campo CONSULTOR REVELA CAMINHO PARA APLICAÇÃO CORRETA DE RECURSOS NAS USINAS Andréia Moreno, da MBF Agribusiness A escassez de crédito aliada à fal- sicas, intensificando-se as exigências de ta de confiança no mercado tem monitoramento de lavoura e também a da elevado cada vez mais os custos figura do observador de resultados. Essa financeiros totais pagos pelas empresas. é a opinião de Marcos Françóia, diretor da Se não bastasse as altas taxas praticadas, MBF Agribusiness, ao revelar os caminhos as exigências das instituições financeiras para aplicação correta de recursos. ultrapassam os limites das garantias fí- 20 Para discutir sobre o universo da em- Junho · 2016 presa sucroenergética é preciso começar mento de dívidas. “Trata-se de um traba- pelo campo. “O monitoramento agrícola lho que visa identificar a aplicação correta é a atividade mais conhecida do mercado dos recursos financeiros disponibilizados, e consiste no acompanhamento, por parte bem como se a administração das empre- de empresas especializadas, do desenvol- sas está gerindo sob as metas estabeleci- vimento da cultura já implantada, possibi- das no plano de negócios acordado com litando segurança em relação à qualidade os credores, portanto um exercício que e produtividade, e em alguns casos, ainda exige competência técnica de campo e agrega a figura de fiel depositário da la- econômica”, diz. voura. O monitoramento também pode ser do processo de colheita e processamento Exigências maiores da cana-de-açúcar, principalmente quando Segundo o consultor, para a empre- a garantia é o produto final”, explica. sa que faz o trabalho de monitoramento e Françóia explica que apesar da figura observação, no setor de açúcar e etanol, do observador, ou da empresa de monito- as exigências ainda são maiores, pois é um ramento de resultados operacionais, eco- processo agroindustrial com nuances es- nômicos e financeiro, não ser uma novi- pecíficas, que exige um amplo conheci- dade no mercado, tem sido mais exigida mento das atividades agrícolas, industriais nos últimos anos pelas instituições finan- e das regras que permeiam as atividades ceiras para flexibilizar acordos de alonga- administrativas e comerciais. “Tendo em mente a exigência de rigor e complexidade para a avaliação de uma empresa do setor sucroenergético, o analista deverá atuar sob os diversos temas, com alto grau de conhecimento e capacidade crítica, minimizando as falhas comuns identificadas em muitos dos trabalhos submetidos ao mercado nos últimos anos e minimizando as possibilidades de perdas. A MBF Agribusiness é uma das empresas pioneiras na elaboração de Boletins de Resultados Operacionais, Econômicos e Financeiros, tendo atuado para “O monitoramento agrícola visa identificar a aplicação correta dos recursos financeiros disponibilizados”, diz Françóia bancos e fundos nacionais e internacionais”, enfatiza. 21 E CON OMIA O transporte de açúcar e etanol também faz parte da gestão sucroenergética As várias áreas da agroindústria canavieira sando pela manutenção e colheita; Marcos Françóia admite que o agro- de toda a infraestrutura de apoio agrícola, negócio sucroenergético é um setor das mais simples as mais novas tecnolo- agroindustrial que tem segmentos dis- gias de campo, atendendo a um plano lo- tintos, como se empresas de ramos dife- gístico estratégico e detalhado; - Mecanização e Logística – Gestão rentes atuassem dentro do próprio negó- - Industrialização, Meio Ambien- cio, exigindo uma gestão qualificada para te e Segurança Alimentar – Gestão da cada área, tais como: tecnologia e exigências legais em relação - Recursos Humanos e Segurança ao meio ambiente e segurança alimentar, – Gestão de grande quantidade de mão para a extração, produção, estocagem e de obra, com qualificações diversas e ní- carregamento de açúcar, etanol e forneci- veis culturais e educacionais muito distin- mento de energia; tos, do campo até a gestão de comércio internacional; - Administração e Comercialização – Gestão de todo o processo agroin- - Agronomia e Meio ambiente – dustrial, em toda a sua complexidade, Gestão da biotecnologia e exigências le- além da estratégia comercial que atende gais em relação ao meio ambiente, com os ao mercado nacional e internacional e, Fi- cuidados com a terra, com o uso da água nanças – Gestão de caixa e estratégias fi- e desenvolvimento da lavoura de da cana- nanceiras que navegam entre administra- de-açúcar, desde o preparo do solo, pas- ção do capital de giro até as operações estruturadas. 22 Junho · 2016 23 MARCELO CAMARGO - AGENCIA BRASIL C A PA Entre todos os problemas que pesam sobre Temer está a sombra de Dilma Agora é Temer! AS EXPECTATIVAS SOBRE O GOVERNO DE MICHEL TEMER PARA O BRASIL E O SETOR Luciana Paiva e Clivonei Roberto F icou muito difícil fazer alguma pre- A presidente Dilma Rousseff foi afas- visão sobre o que vai acontecer com tada, Michel Temer assumiu como presi- a política brasileira, pois, a cada mo- dente interino, instituiu um novo gover- mento surgem novas revelações envol- no, mas a sombra de Dilma e as ações de vendo corrupção, desmandos e tentativas seu partido, o PT, pesam fundo na tentati- de interromper a operação Lava Jato. No- va de desestabilizar a gestão Temer. Além tícias que derrubam dirigentes e abalam disso, a continuidade do Presidente interi- ainda mais as instituições. no no poder ainda depende da última vo- O caos político tem provocado um tação no Senado para decidir sobre o im- tsunami na economia do País: crescimento peachment de Dilma, o que significa que negativo, falta de credibilidade, quase 12 ela pode voltar. milhões de desempregados, 60 milhões A CanaOnline procurou saber com de inadimplentes, inclusive o governo fe- representantes e profissionais do setor deral com um déficit de R$ 170 bilhões. qual a expectativa que têm sobre o go- 24 Junho · 2016 verno Temer para o Brasil e para o setor. líticas que cumpram o que o país assumiu “Sempre é complicado um governo de de compromisso na COP-21, no ano pas- transição, que tem pouco tempo para tra- sado, em Paris.” balhar e que precisa fazer muito. No eninternacional, Temer escolheu nomes inte- O agronegócio entre as prioridades ressantes, como Henrique Meirelles e José Luiz Carlos Corrêa Carvalho, presiden- Serra. Mas essa história de governo de co- te da Associação Brasileira do Agronegócio tanto, pelo menos na área econômica e alizão é sempre um inferno num país que não tem lideranças, nem tradição, e onde a moralidade é fluida. Mas acredito e quero acreditar que vai dar certo, que Temer vai conduzir o país a bom termo”, diz Jorge dos Santos, diretor executivo do Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras do Estado de Mato Grosso (Sindálcool-MT) Para o setor sucroenergético, Jorge espera de Temer políticas de Estado. “Queremos ter um horizonte de pelo me- Carvalho: “Nos comprometemos a continuar acreditando, investindo e produzindo...” nos vinte anos, tanto em política tributária, como energética. Inclusive com posiciona- (ABAG), pronunciou-se confiante que, “com mento do governo brasileiro quanto a po- determinação, coragem e senso de respeito constante aos ditames das leis e da Constituição, retomaremos os rumos corretos em direção ao crescimento econômico, preservando a harmonia social e política.” De acordo com Carvalho, para o agronegócio, a volta da confiança se dará com a inclusão do setor entre as prioridades do governo, com o retorno ao investimento e à produção na dimensão que o Brasil necessita. “Nos comprometemos a continuar acreditando, investindo e pro- “Queremos ter um horizonte de pelo menos vinte anos, tanto em política tributária, como energética”, salienta Jorge duzindo para colaborar com o desenvolvimento pleno da sociedade brasileira, 25 C A PA pedido para que nos mantenhamos uni- Otimismo e sensação de alívio dos em torno da superação das dificulda- Rubens Ometto Silveira Mello, fun- des e estamos certos de que temos con- dador e presidente do conselho de admi- dições de mudar a atual realidade, com nistração do grupo Cosan, disse em en- esperança e senso de justiça, marcas ine- trevista para o “O Estado de São Paulo”, rentes ao povo brasileiro.” acreditar que a mudança de governo de- como aliás sempre fizemos. Reiteramos o verá promover a retomada da confiança. Constante diálogo Voltará a dar ânimo ao empresariado e in- União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) divulgou nota informando que o setor sucroenergético está confiante na retomada do crescimento econômico e em uma atuação firme que enfrente os desafios do abastecimento de combustíveis e da redução de emissões do setor de transportes nos próximos 15 anos – metas ambientais assumidas pelo Brasil na COP21 (18% de biocombustíveis na matriz energética até 2030). A economia de baixo carbono, na qual a indústria sucroenergética tem papel estraté- “Acho que o novo governo vai criar condições de se fazer as reformas com o apoio do Congresso”, disse Ometto gico, pode constituir um elemento fundamental de um projeto de desenvolvimento vestidores, de forma geral. Havia uma in- para o País, ao permitir a retomada do cres- segura jurídica grande, um clima de incer- cimento econômico, dos níveis de emprego teza de saber como as coisas iriam ficar e e renda de maneira sustentável. isso é ruim para o País. A Unica entende que estas questões “Acho que o novo governo vai criar permanecem na pauta da nação e estare- condições de se fazer as reformas com o mos empenhados em manter o constan- apoio do Congresso. As reformas tinham te diálogo para que esta indústria inova- de ser feitas, mas não passavam pelo Con- dora, vital para a matriz energética e para gresso. Agora, qualquer reforma que ve- a sustentabilidade, retome um ciclo virtu- nha (a ser feita) tem grandes chances de oso de investimentos em capacidade pro- ser aprovada. Acredito que a situação vai dutiva, de forma a garantir oferta e segu- melhorar [...] Pelo que ouço dos empresá- rança energética. rios, investidores e fundos estrangeiros, há 26 Junho · 2016 um otimismo e uma sensação de alívio... de uma coisa resolvida. A insegurança é a pior coisa que existe”, informou Ometto. Reconhecimento do etanol “No governo Temer, o melhor que poderia acontecer seria o reconhecimento do etanol em relação à redução de emissões. E a precificação dos combustíveis com a taxação do carbono de cada combustível. O modelo adotado na Califórnia “O Governo Temer chega depois de um processo de clamor popular, sob grande expectativa”, observa Roberto Hollanda Filho é o ideal a ser alcançado”, espera Edmundo Barbosa, presidente do Sindálcool-PB. O que preocupa Barbosa é o esta- O executivo acredita que Temer terá do de “saúde” da Petrobrás. “O momento sensibilidade para compreender a impor- exige renovação e profissionalismo, che- tância de medidas que favoreçam o setor, ga de improviso. O aparelhamento e as in- bem como a favor da economia e do se- terferências causaram esse imenso prejuí- tor produtivo. “Espero que comece pela zo a todos. Chegou a hora de traçar metas adoção da CIDE. Através do Fórum Na- aos combustíveis, reconhecendo o valor cional Sucroenergético, estamos manten- do etanol. E precisamos de previsibilida- do contatos com a equipe econômica do de para sair do endividamento. O açúcar governo.” em 2010 gerou R$ 13 bilhões de divisas. Agora é preciso negociar melhor com a União Europeia e demais blocos econômicos, tanto no açúcar como no etanol. Nossa inserção no comércio internacional é mínima. Temos muito para crescer na bioeconomia.” Roberto Hollanda Filho, presidente da Biosul/MS, observa que o Governo Temer chega depois de um processo de clamor popular, sob grande expectativa. Também é composto por uma grande aliança “O momento exige renovação e profissionalismo, chega de improviso”, ressalta Edmundo Barbosa política, o que lhe confere uma boa base de apoio parlamentar. “O que é necessá- 27 C A PA rio agora é que, com a devida urgência, se ponha em andamento as medidas e reformas necessárias para recolocar o País no eixo, inclusive aquelas que são necessárias para a recuperação de nosso setor”, salienta. “O país precisa de muita credibilidade para que os investimentos voltem a ocorrer. O presidente Temer tem a chance “O presidente Temer tem a chance de implementar medidas que tenham caráter menos populista e mais estruturante”, diz Renato Cunha de implementar medidas que tenham caráter menos populista e mais estruturan- beneficiam o meio ambiente” te. Para o setor de açúcar e etanol são ne- O setor sucroenergético ainda não cessárias políticas claras e que acarretem tem um interlocutor com o novo gover- previsibilidade visando a continuidade da no, mas isso não deverá demorar a ocorrer existência do negócio”, coloca Renato Pon- e, quando vier, Cunha acredita que a pos- tes Cunha, presidente do Sindaçúcar-PE. sibilidade do diálogo será aprofundada, principalmente ouvindo-se e levando-se Adoção de medidas estruturantes em conta aqueles que geram emprego e Sobre a possibilidade de o governo car-PE, os governos precisam ter caráter aumentar a Contribuição de Intervenção no mais regulatório e que o empreendedo- Domínio Econômico (Cide), Cunha diz que rismo tenha os privados como principais além de arrecadar para o país, a Cide irá protagonistas. renda. Na visão do Presidente do Sindaçú- incentivar a matriz de combustíveis limpos, legada ao um segundo plano. “Precisamos Kátia abreu foi uma decepção para o agronegócio fortalecer a cadeia produtiva dos combus- Como a maioria dos brasileiros, Ale- tíveis limpos que acarretam bônus ambien- xandre Andrade, presidente da União Nor- tal e geram emprego, renda e tributos em destina dos Produtores de Cana (Unida), favor de mais de 1 milhão de pessoas que torce para que este país mude, para que gravitam direta ou indiretamente na cadeia todos os políticos envolvidos em corrup- produtiva da cana-de-açúcar. O consumi- ção sejam punidos. “E que tenhamos um dor poderá ter uma opção mais constan- governo competente. O país precisa de te pelos biocombustíveis, se houver menos boa gestão”. que desde 2008 está sendo preterida e re- carga tributária para os combustíveis que 28 Andrade salienta que também vive a Junho · 2016 expectativa de mudanças favoráveis para já provou que é pujante para se recuperar. o setor sucroenergético. “O aumento da É só não atrapalhar. A esperança é essa. O CIDE será uma boa notícia para nós”, diz. que acontece agora é que, havendo con- Também tem boa expectativa em relação fiança e os empresários voltando a inves- a Blairo Maggi como Ministro da Agricul- tir, a roda volta a girar. Estava tudo parali- tura. “É um produtor rural, entende do ne- sado. Se o governo Temer sinalizar para o gócio, isso nos dá esperança. Porém, tam- mercado que teremos as mudanças estru- bém tínhamos boas expectativas com a turais que têm de ser feitas, acredito que Kátia Abreu, produtora rural, presidente da há esperança”, diz Luiz Alberto Bortoletto, CNA (Confederação da Agricultura e Pe- gerente agrícola da Usina Santo Ângelo cuária do Brasil), mas foi uma frustração. Alan Pavani, líder de produto de Acho que ela estava no cargo mais por um marketing do CTC (Centro de Tecnologia projeto pessoal do que pelo agronegócio.” Canavieira), tem a expectativa que o novo governo organize o país. “Chega de notícia para baixo, chega de crise. A expectativa é que mude para melhor. Chega de palhaçada, de corrupção. Que o novo governo olhe mais para o agronegócio, que é o que sustenta o país. É o que mais contribui para o PIB (Produto Interno Bruto). Um novo governo tem que dar atenção a esse segmento.” “O país precisa de boa gestão”, diz Alexandre Andrade Confiante também está José Bressia- O setor espera por mudanças Não só os dirigentes sucroenergéticos anseiam por mudanças que permitam a retomada do país e que acelerem a recuperação do setor, os profissionais da agrícola, indústria, gestão, pesquisa, enfim, todos querem o mesmo. “O setor sucroenergético se profissionalizou muito. Acho que se não tiver interferência, como a que ocorreu no governo Dilma, o setor Bortoletto: “´Basta o governo não atrapalhar” 29 C A PA ni, diretor agrícola da GranBio. Para ele, para fazer uma transição para um próxi- as expectativas são as melhores possíveis. mo governo e que consiga de fato colocar “No governo Dilma tínhamos expectati- o país na rota do desenvolvimento, como foi com período FHC e no primeiro mandato de Lula.” René de Assis Sordi, assessor de tecnologia do Grupo São Martinho, conta que, como cidadão, acredita que o país vai melhorar. O mercado deverá reagir positivamente a essa mudança. “Esperamos que haja mais confiança e segurança para o empresário voltar a investir. Um exemplo de falta de segurança que temos, dos últi- Pavani: “A expectativa é que mude para melhor” mos anos, é a cogeração de energia pelas va nenhuma. O horizonte era de hoje para padecendo com esse preço de energia amanhã. Não conseguíamos fazer plane- que nos deparamos hoje. Mas vamos ser jamento. Nossa empresa (GranBio) está otimistas, o país vai sair dessa crise sim.” usinas. Quem investiu em cogeração está começando, foca muito no futuro. Quem Para Dib Nunes, diretor do Grupo trabalha com pesquisa foca no futuro, e IDEA, pior do que estava não fica. Em sua precisamos de visão de mercado, visão de opinião, o PT (Partido dos Trabalhadores) médio e longo prazo, de como a economia vai crescer. Precisamos de estabilidade, até para os investidores. E não estávamos tendo. O que vivíamos era completa anarquia, sem perspectivas, vendo as empresas fecharem as portas aos montes, vendo setores altamente produtivos padecendo amargamente, como o setor sucroenergético. E se o empresariado vai mal, a população sente o reflexo disso. Tudo depende da economia. Estávamos muito angustiados. Agora, vejo uma luz no fim do túnel. Antes não tínhamos mais o túnel. Espero que o governo do Temer seja bom 30 “Tudo depende da economia. Estávamos muito angustiados. Agora, vejo uma luz no fim do túnel”, diz Bressiani Junho · 2016 conseguiu destruir o país: desemprego, recessão, dívidas, corte de investimentos, a Petrobras quebrou. “Não temos, com o governo Dilma, nenhuma perspectiva. Com Temer, temos esperança sim, mesmo que ele esteja sob uma enorme pressão de mostrar muita coisa em seis me- Dib: “Qualquer esboço de mudança dos rumos da política reflete na economia” as empresas voltem a crescer. E que seja positivo para o setor sucroenergético também. Muitas unidades canavieiras fecharam. Acredito que esse governo que começa tem condição de colocar o Brasil de volta aos trilhos. Espero que agora tenham a vontade de fazer com que o melhor aconteça.” René: “Esperamos que haja mais confiança e segurança para o empresário voltar a investir ses. Mas acreditamos que o processo de Assim seja, Lucinele. Nosso maior desejo é que as boas notícias voltem a ser rotina em nossas pautas. “vagabundização” vai diminuir. Vamos mudar nosso rumo. O Temer, como é político experiente, está sabendo de seu papel. Sabe que tem uma bala apenas para atirar. E qualquer esboço de mudança dos rumos da política reflete na economia.” A maioria dos brasileiros é como Lucilene de Vecchio, supervisora de Planejamento e Desenvolvimento Agrícola da Coruripe – Unidade Iturama: não é partidária e pensa no melhor para o país. “Espero que esse novo governo aumente o emprego, consiga promover mais oportunidades, que Lucilene: “Que o novo governo seja positivo para todos” 31 P E S Q U ISA & D E SE N VOLV IMENTO Em 2015, cresceu o plantio da RB966928, que passou a ser a mais plantada no estado de São Paulo Variedade RB966928 ganha espaço nos canaviais 32 Junho · 2016 EM SÃO PAULO E MATO GROSSO DO SUL, A RB966928 FOI A MAIS PLANTADA, ULTRAPASSANDO A RB867515. O CENSO VARIETAL 2016 NOS DOIS ESTADOS COMEÇOU NA SEGUNDA QUINZENA DE MAIO Clivonei Roberto, com informações da assessoria de imprensa da RIDESA UFSCar J á está a todo vapor a safra 2016/2017 zir açúcar e etanol, cerca de 70% do total, de cana-de-açúcar no Centro-Sul. vem de variedades denominadas pela si- Empresas e entidades têm diferen- gla RB, que se refere às variedades desen- tes estimativas, mas a produção total de- volvidas pela Rede Interuniversitária para verá ultrapassar 600 milhões de tonela- o Desenvolvimento do Setor Sucroenergé- das de cana processadas, embora alguns tico (RIDESA). fatores ameacem a produtividade nes- No maior estado produtor de cana-de te ciclo, como as condições climáticas, o -açúcar do país, São Paulo, assim como no envelhecimento médio dos canaviais e a Mato Grosso do Sul, que recentemente as- isoporização. sumiu o quarto lugar no ranking nacional de A maior parte de toda matéria-prima utilizada no país pelas usinas para produ- produção canavieira, as variedades RB também ocupam a maior parte das lavouras. Chapola: “a RB966928 se destaca por seu desempenho tanto em plantio mecanizado como em colheita mecanizada” 33 P E S Q U ISA & D E SE N VOLV IMENTO De acordo com o Censo Varietal 2015 desenvolvido pelo Programa de Melhora- CENSO VARIETAL 2015* mento Genético de Cana-de-açúcar (PMG- SÃO PAULO E MATO GROSSO DO SUL CA) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) – uma das dez universidades federais que fazem parte da RIDESA -, 65% ÁREA TOTAL OCUPADA COM das variedades cultivadas no ano passado, CANA E ÁREA TOTAL DE PLANTIO nos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, são da família RB. Já considerando apenas o plantio de cana realizado em 2015 nos dois estados, as variedades RB também ocuparam 65% de toda área plantada. O levantamento contou com a participação de 138 unidades sucroenergéticas dos dois estados, totalizando uma área recenseada de 3,9 milhões de hectares, o que representa 73% da área cultivada com cana em São Paulo e Mato Grosso do Sul. Os canaviais plantados em 2015 por estas 138 unidades cobriram 443.027 hectares. RB966928 avança Segundo o Censo Varietal, a variedade que tem sido mais plantada é a RB966928, que ocupou 17,3% das áreas de plantio em 2015, desbancando outra RB, a 867515, que fechou a pesquisa com 16,7% * Levantamento feito com 138 unidades de SP e MS das áreas de plantio - em 2014, esta última variedade havia terminado em primeiro da pela Universidade Federal do Paraná em nesse ranking, com 22,4% da área planta- 2010. Tem apresentado elevado teor de sa- da. No levantamento, em SP e MS, as qua- carose no início de safra, é indicada para o tro variedades mais plantadas são RBs. cultivo em ambientes de médio a alto poten- A 6928 conquistou a preferência dos cial e apresenta como restrição afinamen- produtores por suas qualidades. Filha das to de colmos em soqueira nos ambientes variedades RB855156 x RB815690, foi libera- de produção mais restritivos. “Além disso, a 34 Junho · 2016 A variedade RB867515 é a mais plantada no Brasil RB966928 se destaca por seu desempenho tanto em plantio mecanizado como em colheita mecanizada”, destaca Roberto Chapola, pesquisador da RIDESA UFSCar. A maior utilização desta variedade em 2015 ocorreu no Estado de São Paulo, que plantou 18,2% de suas áreas com a RB966928. As mais cultivadas A RB867515 manteve sua supremacia como a variedade mais cultivada em SP e MS em 2015, ocupando 26% da área canavieira total. Uma pequena queda em relação ao ano anterior: em 2014, ocupou 27,3% da área total. Das sete variedades mais cultivadas nos dois estados, seis são RBs. Especificamente em SP, a 7515 está em 25,1% dos canaviais, com larga dianteira em relação à segunda variedade mais cultivada, a RB966928 (10,6%). Já o terceiA RB966928 se destaca por seu desempenho tanto em plantio mecanizado como em colheita mecanizada ro material mais cultivado no estado é a SP81-3250 (7,7%). 35 P E S Q U ISA & D E SE N VOLV IMENTO Já no MS, a liderança da 7515 é ainda rietal 2016 para os estados de São Paulo e maior: ocupou 30,1% das áreas cultivadas Mato Grosso do Sul, promovido pela RIDE- com cana em 2015, bem à frente da SP81- SA UFSCar, começou a ser feito na segun- 3250 (10%) e da RB855156 (7,3%). da quinzena de maio e deverá ser finaliza- De acordo com Chapola, o Censo Va- do no início do segundo semestre de 2016. CENSO VARIETAL 2015* PARTICIPAÇÃO DAS VARIEDADES EM PLANTIO E EM ÁREA TOTAL – SP E MS * Levantamento feito com 138 unidades de SP e MS 36 Junho · 2016 F I TOT ÉCN ICO Como libertar o canavial das cordas-de-viola NO HERBISHOW, ARYSTA REFORÇOU A EFICIÊNCIA DO DINAMIC® NO CONTROLE DE CORDAS-DE-VIOLA, DANINHAS QUE EM GRANDES ATAQUES PODEM REGISTRAR QUEDA DE PRODUTIVIDADE DE ATÉ 46% Família de folhas largas que arrasa o canavial N os dias 11 e 12 de maio, em Ribei- bre “Aspectos técnicos e econômicos no rão Preto, aconteceu um dos prin- controle de cordas-de-viola com as solu- cipais seminários sobre controle de ções Arysta”. Salientou em sua apresenta- plantas daninhas de cana-de-açúcar do ca- ção que os níveis de produtividade podem lendário sucroenergético: o 15º Herbishow, registrar queda de até 46% em grandes ata- que contou com a participação dos gran- ques, de acordo com trabalhos de institui- des fabricantes de herbicidas para a cultu- ções de pesquisa. “Portanto, uma daninha ra canavieira. tão agressiva deve ser combatida da manei- No evento, a Arysta LifeScience teve ra mais eficiente possível.” uma participação de destaque. Profissio- A principal solução da Arysta para esse nal da Área de Desenvolvimento de Merca- problema é o Dinamic®, herbicida de alta do da empresa, Carlos Peres palestrou so- tecnologia já consagrado no mercado, vol- 37 F I TOT ÉCN ICO tado ao cultivo de cana-de-açúcar. O produto, com especial eficácia no combate a folhas largas e capim-brachiaria, se destaca por sua versatilidade no manejo em diversas condições, tanto na presença como na ausência de palha e no período seco e úmido do ano. Peres frisou que este herbicida já se tornou ‘padrão de controle’ no combate a Carlos Peres palestrou sobre o controle de cordas-de-viola com as soluções Arysta no Herbishow 2016 daninhas como Mamona, Mucuna e Ipomeias. “Com apenas 1,2 kg de Dinamic® por rente de Marketing de Produto e Mercado hectare, a porcentagem de controle média das Culturas de Cana e Pastagem da Arys- é de 95%.” ta LifeScience. “Temos observado através do Arysta Lucas Rona frisou que o controle de Fly alguns resultados dos prejuízos que cor- plantas daninhas é a grande fortaleza da das-de-viola trazem aos canaviais, além de companhia. “E o nosso portfólio é renovado daninhas como Mamona e Mucuna. E dados constantemente pensando principalmen- de pesquisas de universidades mostram te em plantas daninhas de difícil controle e que o herbicida Dinamic® tem o melhor resistentes. Todo ano temos lançado novas controle preventivo de diversas espécies soluções pensando em controle com sus- de corda-de-viola”, afirma Lucas Rona, ge- tentabilidade. Então, o Herbishow é o espaço ideal para levar novidades, posicionando nosso portfólio de forma sustentável e contribuindo com o setor sucroenergético”, explica. Custo-benefício De acordo com Rona, o Dinamic® é o único produto no mercado com registro em pré-emergência para controle de Mamona e Mucuna em cana-de-açúcar. Além das características e da eficiência do produto, a Arysta aproveitou o HerLucas Rona: “o herbicida Dinamic tem o melhor controle preventivo de diversas espécies de corda-de-viola” ® 38 bishow para apresentar um estudo técnico e econômico que comprova o retorno Junho · 2016 39 F I TOT ÉCN ICO O prejuízo em não usar Dinamic® financeiro que usinas e produtores de cana têm ao utilizar o Dinamic®. “O estudo mostra que, para cada real que se gasta com esse produto, o produtor deixa de ter um prejuízo de 9 reais (considerando perda em produtividade média na literatura causada por infestação de ipomeias e perda na colheita), empresa oferece no manejo sustentável gerando uma relação investimento X bene- de plantas daninhas na cultura da cana-de fício de 1 para 9.” -açúcar. A característica principal do Oris é ser um produto completo, de amplo espec- Oris, novo produto da Arysta tro para o controle de folhas largas e gra- Durante o evento, a Arysta também míneas, como braquiária e colonião”, acres- lançou um novo produto para cana, o Oris®. centa Rona, destacando que o produto é “É mais uma excelente ferramenta que a resultado da mistura do amicarbazone com o tebuthiuron. Eficácia do Oris® no controle de folha larga 40 Junho · 2016 F I TOT ÉCN ICO Como a Usina Cerradão controlou a infestação de folhas largas COM O CRESCIMENTO DA MECANIZAÇÃO AGRÍCOLA, A PROLIFERAÇÃO DE PLANTAS DANINHAS DE FOLHAS LARGAS SALTOU DE 3% PARA 24% EM SETE ANOS, MAS COM O USO DO HERBICIDA HEAT® EM ASSOCIAÇÃO A OUTROS INGREDIENTES ATIVOS, O CONTROLE SE FAZ DE FORMA EFICIENTE, CHEGANDO A QUASE 100% Área com aplicação de Clomazone e outra com HEAT® Leonardo Ruiz M uitas unidades sucroenergéticas já como maior quantidade de palha no solo, estão colhendo 100% de cana crua propiciando ganhos agronômicos, ambien- e com o auxílio de máquinas. É o tais e financeiros – e ainda com a possibili- caso da Usina Cerradão, instalada no mu- dade do uso da palha para a produção de nicípio de Frutal, Minas Gerais. E, com isso, energia. desfruta dos benefícios da lavoura sem fogo, Porém, essa alteração no sistema pro- 41 F I TOT ÉCN ICO “Neste cenário é essencial aplicações sequenciais de herbicidas”, salientou Daniel Medeiros dutivo da cana-de-açúcar mudou profundamente o ambiente dos canaviais, já que, agora, um colchão de palha permanece sobre o solo - entre 5 a 15 t/ha, dependendo da variedade -, alterando o microclima da área e resultando em mudanças de microclima nos dias 11 e 12 de maio, em Ribeirão Pre- (umidade, temperatura e amplitude térmica). to, SP, Daniel Medeiros, engenheiro agrôno- Esse novo ambiente de produção, to- mo da área de Desenvolvimento Técnico de talmente diferente do anterior, acabou modi- Mercado da BASF, explicou que as folhas lar- ficando a flora da cultura canavieira, impac- gas são as que mais se “beneficiam” desse tando não apenas na proliferação de “novas” novo ambiente. “As espécies de Cordas-de- espécies de plantas daninhas, mas também Viola, Merremias, Mamonas, Mucunas, Buvas, em toda a forma de manejo. Buchas e Melões-de-São-Caetano são algu- Em sua apresentação no 15º Her- mas das ervas que passaram a emergir com bishow (Seminário Sobre Controle de Plan- maior frequência nos canaviais após a altera- tas Daninhas na Cana-de-Açúcar), realizado ção do sistema produtivo”. 42 Junho · 2016 Já as folhas estreitas, também conheci- aumento da importância da tiririca e da gra- das como gramíneas, tiveram sua germina- ma seda, as quais exigem um planejamento ção e proliferação reduzidas, pois a quebra e tempo maior para um controle adequado de dormência dessas espécies foi dificulta- e eficiente. da em função das novas condições de luz Medeiros destacou a importância em e temperatura das áreas. É o caso do capim realizar o Manejo Integrado de Plantas Dani- colchão, braquiária, marmelada e colonião, nhas em Cana (MIPD-Cana), com o Contro- entre outras. No entanto, isto não quer di- le Mecânico, por meio do preparo antecipa- zer que os canaviais estão livres dessas plan- do e bem feito do solo, capina e realização tas. Muito pelo contrário, em várias situações de quebra lombo. O Controle Cultural com essas espécies passam a reinfestar os cana- rotação de culturas; stand; escolha da varie- viais a partir dos carreadores, emergindo nas dade correta; época de plantio; coberturas falhas dos canaviais e na base da touceira. mortas. E o Controle Químico que envolve Portanto, o manejo tem que considerar esta as etapas de Dessecação pré-plantio; De- possibilidade. Além disso, percebe-se um sinfestação; PP/ PPI; Pós-plantio / corte; pós A ausência do fogo e o corte mecanizado também alteraram as formas de manejo, ressaltou Medeiros. O conceito de que o controle era necessário até o fechamento da cultura, por exemplo, já não é mais correto. E a ideia de uma única aplicação, também não, já que agora trabalha-se com aplicações sequenciais. 43 F I TOT ÉCN ICO “Controlar e conviver com as plantas daninhas de folhas largas só será possível se usarmos um herbicida eficiente e com residual adequado para os diferentes tipos de manejo”, alertou Fernandes -quebra lombo/ sequencial; Repasse/ Catação; Dessecação pré-colheita. E apresentou casos de sucesso de controle com gramíne- de 3% de folhas largas. Ano passado, quan- as e folhas largas por meio do uso das so- do a mecanização da colheita atingiu 100%, luções BASF, como os herbicidas Plateau® e as espécies de folhas largas já somavam 24%. Contain® e Heat® Michel Fernandes, gerente de produção agrícola da Cerradão, contou no 15º Her- O controle das folhas largas na Usina Cerradão bishow quais as medidas que tomaram para A área total de moagem da Usina Cer- solução ideal, nos últimos anos desenvolve- radão é de 35.364 hectares. Na unidade, o ram diferentes trabalhos com o objetivo de crescimento das espécies de folhas largas foi encontrar a melhor forma de se manejar as diretamente proporcional à evolução da co- plantas daninhas de folhas largas na cultura lheita mecanizada. Em 2009, o cenário era de da cana-de-açúcar. 64,22% de corte mecânico, com a presença 44 controlar essas daninhas. Para encontrar a “É preciso entender que estamos per- Junho · 2016 dendo espaço para as folhas largas. Temos ser um herbicida seletivo para gramíneas, que lutar de igual para igual, e isso só será que age de maneira veloz, com rápida absor- feito se usarmos um herbicida eficiente e ção pelas plantas daninhas. “O produto, lan- com residual adequado para cada modalida- çado há três anos, possui ação em pós e pré de de manejo”, disse Fernandes, completan- -emergência de plantas daninhas, sendo que do que os estudos realizados comprovaram sua aplicação na cana-planta tem ação resi- que a melhor opção, em decorrência de sua dual até a operação de quebra-lombo. Pos- alta eficiência, é o herbicida HEAT®, da BASF. sui, ainda, um ótimo custo-benefício, pois “Nossa experiência atestou que o uso deste sua eficiência varia de 95% a 100%. Além de produto, em associação a outros ingredien- ser seletivo, pode ser utilizado em rotação tes ativos, se mostrou uma ótima ferramenta com outros ingredientes ativos.” para o controle das folhas largas, pois, além de entregar um excelente nível de controle, Benefícios no uso do HEAT® superior a 90%, também se apresentou com 1.Produto com alta eficiência no um custo compatível às demais alternativas controle de plantas daninhas de fo- do mercado. lhas largas; Daniel Medeiros explicou que essas vantagens ocorrem em função de o HEAT® 2. Seletivo para o cultivo cana-de-açúcar; 45 da F I TOT ÉCN ICO 3. Retorno favorável sobre o investimento; 4.Flexibilidade de usos (pré e pós emergência das plantas daninhas); 5.Excelente para uso em associações com outros herbicidas; 6.Contribui para a eliminação da mato-competição desde o início; 7.Baixa dose por hectare, formulação WG. Medeiros apresentou vários exemplos de sucesso no controle de plantas daninhas com a utilização do portfólio BASF e ressaltou que o produtor deve pensar em um controle efetivo, mas que também seja o mais seletivo possível. “Nesse cenário, o HEAT® é um herbicida eficiente para controle de plan- TEXTO LEGAL: Aplique somente as doses recomendadas. Descarte corretamente as embalagens e restos de produtos. Incluir outros métodos de controle dentro do programa do Manejo Integrado de Pragas (MIP) quando disponíveis e apropriados. Uso exclusivamente agrícola. Venda sob receituário agronômico. Leia atentamente e siga rigorosamente as instruções contidas no rótulo, na bula e receita. Consulte sempre um engenheiro agrônomo. Utilize sempre os equipamentos de proteção individual. Atenção, constam produtos perigosos à saúde humana, animal e ao meio ambiente. Nunca permita a utilização do produto por menores de idade. Restrições no Estado do Paraná: Plateau® para os alvos Indigofera hirsuta e Emilia sonchifolia em Cana-de-açúcar e em Amendoim e Contain® para o alvo Brachiaria plantaginea em Cana-de-açúcar. Registro MAPA: Heat® nº 01013, Contain® nº 00128895 e Plateau® nº 02298. tas daninhas ”, finalizou. 46 Junho · 2016 F I TOT ÉCN ICO Uso de helicópteros deve inovar o controle de plantas daninhas nos canaviais FERRAMENTA PROPORCIONA MAIOR MOBILIDADE, AGILIDADE E SEGURANÇA, ALÉM DE EXCELENTE CUSTO-BENEFÍCIO NO BALDAN SOLUÇÕES INTEGRADAS MANEJO DE ERVAS INVASORAS EM PÓS-EMERGÊNCIA Helicópteros prometem ser mais eficientes, econômicos, ágeis e seguros no combate às plantas daninhas Leonardo Ruiz E m fevereiro deste ano, a Agência Na- Estados Unidos e Austrália, chega ao país cional de Aviação Civil (ANAC) apro- prometendo alto rendimento operacional vou a primeira certificação de heli- no manejo integrado de plantas daninhas. cópteros para a aplicação de defensivos O projeto, idealizado pela Syngenta, junta- agrícolas no Brasil. A modalidade, ampla- mente com a Climb Aircraft Division e com mente utilizada em outros países, como a Baldan Soluções Agrícolas, visa o trata- 47 ARQUIVO CANAONLINE F I TOT ÉCN ICO “Uma área com 10% de reboleiras diminui cerca de 11% o rendimento da colhedora”, observa Baldan Júnior mento de reboleiras com o auxílio de helicópteros, que poderão realizar um controle muito mais eficiente, econômico, ágil e seguro. O consultor e proprietário processo. “Uma área com 10% de rebolei- dan Júnior, afirma que essa é mais uma ras diminui cerca de 11% o rendimento da ferramenta que contribuirá para manter a colhedora, número extremamente alto se eficiência da colheita mecanizada em áre- levarmos em consideração o fato de que a as onde a presença de plantas daninhas colheita representa 60% do custo de pro- diminuiria o rendimento operacional do dução da agroindústria.” DIVULGAÇÃO SYNGENTA da Baldan Soluções Integradas, Edson Bal- 48 Junho · 2016 por promover perdas de gotas nas pontas pais vantagens dessa tecnologia, quando das asas do avião, bem como distribuição comparada aos já tradicionais aviões agrí- desuniforme entre as faixas de aplicação.” colas, é sua capacidade de aplicação lo- A agilidade e mobilidade da ferra- calizada. “Com o helicóptero, é possível menta também são pontos importantes aplicar o herbicida apenas onde há neces- destacados pelo consultor, já que as cur- sidade, ao invés de em área total, o que re- vas de reversão do helicóptero são 50% sulta em economia de produto, que pode mais rápidas do que as de um avião agríBALDAN SOLUÇÕES INTEGRADAS Baldan salienta que uma das princi- Efeito Downwash melhora substancialmente a deposição e distribuição do produto no alvo devido à força física das hélices do helicóptero chegar a mais de 50%.” Outro benefício apontado por Bal- cola, o que permite aplicação próxima a obstáculos e em terrenos acidentados. dan é relacionado à substancial melhora Além disso, observa Baldan, o uso do na deposição e distribuição do produto helicóptero agiliza o processo de aplica- através do Efeito Downwash, que empur- ção devido à facilidade de pouso e abaste- ra as gotas para o alvo devido à força físi- cimento dentro da área onde ocorrem os ca das hélices do helicóptero. “Há também trabalhos, sendo possível, inclusive, pou- a diminuição do Efeito Vortex, responsável sar em cima de um caminhão. Lembran- 49 F I TOT ÉCN ICO ARQUIVO CANAONLINE do que esse veículo já é adaptado para a operação, sendo que, além de servir como pista móvel, o automóvel ainda armazena os defensivos e o combustível do helicóptero. “Assim, ocorre otimização de tempo das condições climáticas, já que não é necessário um campo ou aeródromo para pousar e fazer o abastecimento. Isso pode ser feito ali mesmo, ao lado do talhão onde o produto está sendo aplicado.” Integrando tecnologias Por último, Baldan ressalta a segurança do processo, que reduz exposição a riscos ao meio ambiente devido aos bene- Béber, da Syngenta, indica o herbicida LUMICA, produto seletivo e de ação sistêmica, para o controle pós-emergente de plantas daninhas fícios citados anteriormente. ra de Precisão está cada vez mais presente ção de defensivos agrícolas chega ao Bra- no cotidiano dos produtores e das usinas sil em um momento em que a Agricultu- de açúcar e etanol. Portanto, essa tecnoBALDAN SOLUÇÕES INTEGRADAS O uso de helicópteros para aplica- Pouso e abastecimento do helicóptero em cima de um caminhão estacionado em um local próximo ao talhão que está recebendo a aplicação 50 Junho · 2016 logia já aterrissa integrando-se a outras res devido à melhor resolução da câmera. ferramentas para que a eficiência final do “Porém, com ambas as tecnologias é pos- processo seja a mais alta possível. sível ter uma visão macro das reboleiras, identificar as ervas infestantes e criar um tificar as áreas onde há mato-competi- mapa que, posteriormente, será utilizado ção. Para isso, o produtor tem à disposi- pelo helicóptero para realizar uma aplica- ção duas tecnologias: o satélite ou o VANT ção localizada”, afirma. BALDAN SOLUÇÕES INTEGRADAS Primeiramente, é necessário iden- O uso de helicópteros para aplicação de herbicidas, aliado ao LUMICA, da Syngenta, promove níveis de controle de praticamente 100% (veículo aéreo não tripulado). Entretanto, não adianta tanto apor- O DTM da Syngenta, Leandro Mati- te tecnológico se o produto aplicado não nata Béber, explica que a principal dife- for eficiente em combater as espécies de rença entre elas é relacionada à defini- plantas daninhas presentes na área. Nes- ção das imagens coletadas. O satélite, por se momento, a Syngenta indica o herbi- exemplo, tem pixels de 5m. Já o VANT, de cida LUMICA, produto seletivo, de ação 3m. Ou seja, com a aeronave não tripula- sistêmica, indicado para o controle pós-e- da será possível pegar reboleiras meno- mergente. Contendo o ingrediente ativo 51 ARQUIVO CANAONLINE F I TOT ÉCN ICO Rodrigues Alves diz que a Usina Santa Cruz passará a utilizar o helicóptero para catação em áreas onde houve o escape do controle pré-emergente mesotriona na sua formulação, o produto foram incríveis, sendo que o principal be- caracteriza-se pelo seu amplo espectro de nefício foi a economia de produto. “Caso controle das plantas infestantes anuais de fossemos utilizar o avião agrícola, teria folhas largas, controlando a corda-de-vio- que aplicar o herbicida em toda aquela la e o capim-colchão. área, ou seja, em quase 2.000 hectares. Economia em 1.400 hectares Com o helicóptero, apliquei apenas nos locais necessários: cerca de 300 hectares.” Como a homologação para apli- Ele ressalta que a Usina já tentou re- cação de defensivos agrícolas com heli- alizar aplicações localizadas com o uso do cópteros ocorreu recentemente, poucas avião agrícola, porém, a menor área em usinas já testaram a tecnologia para ve- que conseguiram aplicar foi em meio ta- rificação de sua eficácia. Uma delas é a lhão. “Já o helicóptero permite voar mais Usina Santa Cruz, do Grupo São Marti- localizado. E a estrutura de aplicação fica nho, localizada no município paulista de bem ao lado do talhão.” Américo Brasiliense. Na unidade, as pri- Alves conta que a empresa deve con- meiras aplicações foram feitas no mês de tinuar investindo nessa tecnologia para re- abril deste ano, em uma área de 1.700 alizar catação em áreas onde houve o es- hectares, com infestações de Mucuna e cape do controle pré-emergente, visando Cordas-de-viola. aumentar o rendimento da colheita. “Po- O supervisor de produção agrícola rém, quando houver a necessidade de da empresa, Luiz Otávio Longo Rodrigues aplicar em área total, o avião agrícola ain- Alves, afirma que os resultados obtidos da será a alternativa mais vantajosa.” 52 Junho · 2016 53 ME C A NIZ AÇÃO Não faltaram lançamentos na Agrishow 2016 O FATURAMENTO FOI APENAS 2% SUPERIOR AO DE 2015 E O PÚBLICO 6% MENOR, MAS HÁ MUITO TEMPO NÃO SE VIA TANTAS INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS Agrishow 2016 contou com 800 expositores A pesar de todas as dúvidas com tende a ser maior considerando os negó- a macroeconomia, juros altos cios fechados após o término do evento. e dificuldades de crédito, a 23ª Na abertura da feira, os organizadores es- Agrishow, que ocorreu de 25 a 29 de abril timavam um faturamento igual ao do ano em Ribeirão Preto, SP, obteve um resulta- anterior. do final melhor do que o registrado em Segundo a direção da Agrishow, o 2015: movimentou R$ 1,95 bilhão em ne- saldo é atribuído a fatores como valoriza- gócios até o dia 29 de maio: 2% a mais ção de commodities como a soja e à arti- em relação à edição de 2015. Patamar que culação dos bancos na oferta de linhas de 54 Junho · 2016 crédito. “Acho o número muito positivo, nações como Argélia, Canadá, Colômbia, muito alvissareiro, porque havia temores Senegal e Tailândia. de que houvesse uma queda forte de ven- Mas a Agrishow está muito longe das por conta desse clima [crise política/ de suas melhores marcas: o faturamento econômica]. Isso mostra a pujança desse foi apenas 2% superior ao da edição de setor econômico do agronegócio que, de 2015 que apresentou um tombo histórico fato, está sustentando a economia do Bra- no total de negócios de 30% em relação a sil”, disse o presidente da Associação Bra- 2014. E o público na edição de 2016 foi de sileira da Indústria de Máquinas e Equipa- 150 mil visitantes, 6% menor que o do ano mentos (Abimaq), Carlos Pastoriza. passado. Em relação à queda de público, A Feira também teve alta de 23% nas de acordo com os organizadores e exposi- rodadas internacionais de negócios, com tores, os visitantes de 2016 tinham maior faturamento de US$ 18 milhões em pedi- interesse em finalizar compras. Muitas ve- dos fechados entre 46 empresas expor- zes utilizando recursos próprios, o que de- tadoras e 18 delegações estrangeiras, de monstra confiança no negócio por parte 55 ME C A NIZ AÇÃO A dinâmica de máquinas é um dos destaques da Agrishow, considerada a terceira maior feira agrícola do mundo dos produtores, mesmo em um cenário de constatar melhorias na infraestrutura: fo- instabilidade política nacional. ram asfaltadas mais duas avenidas e duas Mesmo com o cenário baixista no ruas, no total de 25.000 metros, construí- país, foi possível perceber que um ar de do mais um sanitário de alvenaria, melho- esperança circulava pela Agrishow ,que es- rias no paisagismo e o sinal de telefonia e tava muito bonita. Os visitantes puderam internet foi de melhor qualidade. Em 2017, a Agrishow ocorrerá de 1º a 5 de maio e a organização já anunciou que pretende trazer novidades em termos de infraestrutura e soluções tecnológicas que contribuam para a visitação dos profissionais do agronegócio Produtor confiante, em muitos casos, fechou negócio com recursos próprios 56 Junho · 2016 Show de inovações GRANDE PARTE DO PORTFÓLIO VALTRA ATENDE O SETOR DE CANA, INDO DO PLANTIO À COLHEITA A crise pode ter derrubado vendas e público, mas não eliminou o ânimo das empresas em investir em novas tecnologias ou no aprimoramen- Valtra levou para a Agrishow tecnologia de ponta e trator gigante to das máquinas. O que não faltou na Agrishow foi lançamento. Do maior ao menor expositor, era possível encontrar alguma novidade. As áreas de grãos e cana-de -açúcar foram os principais destaques da feira, sendo que o setor canavieiro enormes na Feira. Uma delas foi a Valtra foi brindado com tecnologias do preparo - a empresa expôs seu portfólio comple- do solo à colheita, passando pelo plantio to, do qual grande parte atende o setor de convencional, de mudas pré-brotadas, ir- cana do plantio à colheita. rigação, recolhimento de palha, enfardamento, trituração e transporte. Grandes marcas ocuparam espaços A marca destacou a atuação da sua nova colhedora de cana, a BE 1035e, que foi introduzida no mercado em 2015 e que agora inicia seu período de consolidação, para ganhar market share no segmento Conheça os principais comandos da BE 1035e, a Colhedora de cana da Valtra de colhedoras de cana, considerando que já é líder e referência no setor de tratores canavieiros. Um dos diferenciais da BE 1035 é o avançado sistema de telemetria desenvolvido pelo grupo para garantir que o fabricante possa acompanhar o trabalho do 57 ME C A NIZ AÇÃO das pela empresa na feira, destaque para Central de Monitoramento Valtra acompanha da fábrica o desempenho das colhedoras de cana BE 1035e em ação nos canaviais os tratores das Linhas BM e BT, o Transbordo série Be 1000, o Pulverizador Rogator, o sistema de agricultura de precisão Auto-Guide3000 e a enfardadora Challenger 2270X. Durante a Agrishow, a Valtra lançou o trator com esteira de borracha da marca Challenger, o MT875E, o de maior potência do mercado, com 655 cv. Ou seja, o equipamento e atuar de forma ativa no su- MT875E equivale a um trator de 750cv de porte ao cliente. O novo sistema de tele- pneus. Um dos destaques deste equipa- metria do grupo tem como base três pila- mento é o sistema Mobil-Trac, tecnologia res: correção, prevenção e otimização. Isto patenteada pela Challenger que foi desen- porque, com a novidade, a Valtra pode- volvida para tirar o máximo de rendimen- rá verificar a forma como a máquina está to do trator e reduzir a compactação do sendo usada e orientar o operador como solo. Com este sistema, o índice de patina- utilizá-la da maneira mais adequada. Tam- gem é reduzido em 10% devido à grande bém será possível indicar e orientar quan- área de contato das esteiras com o solo, to às manutenções preventivas, evitando proporcionando uma excelente tração e longas paradas para manutenções. Com gerando um desempenho superior com- todo este suporte, ficará muito mais fácil parado ao de máquinas do mesmo porte identificar quais peças necessitam de re- com pneus. posição e de que maneira a máquina poderá alcançar todo o seu potencial, assegurando a rentabilidade da produção. Na área da Valtra, na Agrishow, o visitante pode conhecer a Central de Monitoramento Valtra que acompanha da fábrica o desempenho de todas as colhedoras de cana BE 1035e em ação pelos canaviais Saiba detalhes do Challenger MT875E, o maior trator do mundo, que a Valtra levou à Agrishow brasileiros. [Veja o vídeo] Entre as demais soluções apresenta- 58 Junho · 2016 59 ME C A NIZ AÇÃO Além de mostrar novidades, Agrishow fortalece o relacionamento PARA OS PRODUTORES, VISITAR O ESTANDE DA DMB NA AGRISHOW JÁ VIROU TRADIÇÃO DMB na Agrishow, ponto de encontro do pessoal da cana P reparo de solo, plantio e tratos cul- des oferecidas que possam elevar a pro- turais bem feitos são a base para o dutividade e a eficiência das operações sucesso da lavoura canavieira, por agrícolas da sua fazenda, localizada no mu- isso, os profissionais do setor que visitam a nicípio sul mato-grossense de Nova Alvo- Agrishow não abrem mão de conferir a tec- rada do Sul e que abrange 25 mil hectares nologia desenvolvida pela DMB Máquinas de área total. e Implementos. Ferreira conta que possui 10 aduba- Para alguns, visitar o estande da DMB dores de discos da DMB, sendo que a reco- na Agrishow já virou tradição. É o caso do mendação para a compra foi feita por uma produtor de cana Francisco Ferreira, forne- consultoria contratada do Grupo Odebre- cedor da Usina Santa Luzia, do Grupo Ode- cht. “Essa empresa fez uma análise dos im- brecht. Ele sempre faz questão de parar no plementos disponíveis do mercado, ve- estande da DMB para conhecer as novida- rificando 60 custo-benefício, rendimento Junho · 2016 “Conheço os implementos da DMB desde 1979”, contou Francisco Ferreira operacional e adaptação aos nossos tra- mentos comprados, aumentando a capaci- tores. Após isso, optamos pela DMB, que, dade para que houvesse maior autonomia além da sua tradição, nos oferecia tudo o operacional. “A DMB atendeu nosso pedido que estávamos procurando.” e quase dobrou a capacidade das caixas. O O equipamento permite a deposição do adubo nos dois lados da linha da resultado foi um ganho operacional de cerca de 30%.” cana, numa profundidade ao redor de 10 cm, onde se concentra a maior porcenta- Cultivadores de cana gem de renovação do sistema radicular da O produtor Wilson Ribeiro Toledo Al- cultura e, como fica protegido, podem ser ves, fornecedor de cana da Usina Andra- utilizadas formulações com qualquer fonte de, do Grupo Guarani, visitou o estande da nitrogenada, podendo-se escolher a mais econômica no momento da aplicação. De acordo com Francisco, outra grande vantagem desse implemento é sua durabilidade, item esse que é de extrema importância, já que o desgaste é muito comum devido ao tipo de operação que ele realiza. De fábrica, o depósito de adubo do implemento sai com capacidade para 1.250 kg. Porém, o produtor pediu para que a DMB fizesse uma adaptação nos equipa- Wilson Toledo Alves queria saber mais sobre o Cultivador Novo São Francisco para Cana-Crua 61 3,5 toneladas e aplica o adubo em três linhas simultâneas com rendimento operacional médio de 2,8 ha por hora. A distribuição é feita por rosca sem fim com acionamento através de motor hidráulico, com válvula de regulagem de fluxo de óleo que permite regular facilmente e com grande precisão a quantidade de adubo a Leonardo Montovani já possui um sulcador de cana da DMB ser aplicada. Alexandre e Brito também aproveita- DMB para conhecer um pouco mais sobre o ram a visita ao estande para dar uma “boa Cultivador Novo São Francisco para Cana- olhada” na Plantadora Automatizada PCP Crua, implemento de grande versatilidade, 6000, máquina desenvolvida para o plan- que permite fazer a adubação e o cultivo tio mecanizado da cana e que busca atingir nas socarias de cana-crua com total efici- dois grandes objetivos: diminuir o consu- ência e sem a necessidade de se trocar kits mo de mudas por área plantada e a influ- para realizar o trabalho. ência da ação humana no resultado final Leonardo Montovani, filho de forne- do plantio. “Atualmente, trabalhamos com cedor de cana da Usina Clealco, Unidade uma distribuidora de cana, porém, estamos Penápolis, visitou o estande da DMB na fei- pensando em trocar para uma plantadora ra, também interessado em saber mais so- sem cabine”, afirmou Brito. bre os cultivadores da empresa. Atualmente, o produtor de Lins já possui um sulcador de cana da DMB. Plantadora Automatizada Joel Alexandre, supervisor de preparo de solo, e Marcelo Brito, gerente de produção agrícola da Usina Moreno, visitaram o estande da DMB a fim de conhecer um pouco mais sobre a Adubadeira de Superfície da empresa. O equipamento é composto por um depósito com capacidade para 62 Alexandre e Brito: uma “boa olhada” na plantadora Automatizada PCP 6000 Junho · 2016 63 ME C A NIZ AÇÃO Nova Geração de Tratores Puma e a Nova Colhedora de Cana A8800 AS MÁQUINAS CUMPREM AS NOVAS NORMAS DE EMISSÕES TIER III, SEM SACRIFICAR A POTÊNCIA E A EFICIÊNCIA DE COMBUSTÍVEL rador produtivo durante as longas CASE IH apresentou a nova geração dos tratores Puma na Agrishow 2016 jornadas diurnas e noturnas. A companhia também aproveitou a feira para mostrar todos os diferenciais da nova colhedora de cana Case IH A8800 que apresenta mais de 40 melhorias, desenvolvidas em três pilares: maior disponibilidade, me- A nor custo operacional e tecnologia CASE IH marcou presença de gestão. O equipamento aumenta a na Agrishow 2016 com toda produção em 10.080 toneladas por sa- sua linha de tratores, de 60 fra e possibilita um acréscimo de 211 cv a 340 cv. A grande novidade deste horas/safra. ano foi a nova geração dos tratores Puma, flexíveis o suficiente para lidar com o trabalho de culturas em linha, pecuária, pulverização e fenação. As máquinas cumprem as novas normas de emissões Tier III, sem O visitante conferiu na feira os detalhes da nova colhedora de cana da CASE IH A8800 sacrificar a potência e a eficiência de combustível. Além disso, são confortáveis e intuitivas para manter o ope- 64 Junho · 2016 Novas versões do carretel irrigador Irrigabras O EQUIPAMENTO IRRIGABRAS NÃO POSSUI SISTEMA MECÂNICO COM POLIA E CORREIA, O QUE GARANTE TODAS ESTAS VANTAGENS N a Agrishow 2016 a Irriga- As usinas sucroalcooleiras, em bras, empresa que atua a 30 tempos de crise, vêm cada vez mais anos no mercado de irriga- buscando aumentos de produtivida- ção, principalmente voltado ao setor de e redução de custo. Para isso é fun- sucroenergético, lançou as novas ver- damental usar equipamentos que te- sões de Carretel Irrigador. Equipamen- nham menor custo de manutenção, tos mais modernos, robustos, com sis- menor risco à segurança do operador tema automático de levante do carro e que possuam maior eficiência. aspersor com Aliado ao dispositivo hi- Carretel, a Irri- dráulico autô- gabras nomo e proteções da bobina em alumínio mais resisten- Carretel irrigador em ação tes e duráveis. O segue líder em qualidade e tecnologia nos tubos de alumínio, com abraçadei- Carre- ras e acessó- tel Irrigador Irri- rios totalmen- gabras vem a cada ano ganhando mais te em inox para irrigação e aplicação espaço no mercado, por oferecer maior de vinhaça, características que garan- segurança ao operador, alto desempe- tem efetivamente o uso em alta pres- nho de seu turbo-redutor monobloco são e conferem maior durabilidade e e por sua facilidade de manutenção. O resistência quando comparados com equipamento Irrigabras não possui sis- outros tubos e acessórios do merca- tema mecânico com polia e correia, o do fabricados em alumínio fundido de que garante todas estas vantagens. baixa resistência mecânica. 65 ME C A NIZ AÇÃO As vantagens dos pneus radiais na agricultura ENQUANTO NA EUROPA O USO DOS PNEUS RADIAIS JÁ ULTRAPASSA OS 85%, NO BRASIL GIRA EM TORNO DE 6% Pneu Taurus é uma opção radial mais acessível inclusive ao pequeno e médio produtor N o Brasil, utilizam-se máqui- tor a sair dos pneus diagonais e a ado- nas agrícolas tão modernas tar os radiais. como na Europa e EUA, mas De acordo com Christian Men- os pneus usados são os mesmos da donça, diretor de comércio e marke- década de 1970. Em coletiva de im- ting de pneus agrícolas da Michelin, prensa realizada durante a Agrishow enquanto na Europa o uso dos pneus 2016, a Michelin apresentou suas es- radiais já ultrapassa os 85%, no Brasil tratégias para contribuir com o pro- gira em torno de 6%. Isso mostra que cesso de mudança do parque de o agricultor brasileiro tem que evoluir, pneus do país, estimulando o produ- até pelas vantagens do radial, como 66 Junho · 2016 Christian Mendonça explica com detalhes os diferenciais da marca Taurus Calculadora de pressão Durante sua participação na Agrishow deste ano, a Michelin também provou que está, cada vez mais, conectada ao mundo da agricultura. A empremenor compactação do solo, menor sa apresentou na feira a Calculadora de uso de combustíveis e maior potência Pressão MICHELIN, disponível em apli- à máquina. cativos mobiles (IOS e ANDROID). Para fortalecer essa estratégia O programa permitirá saber a da Michelin em ampliar a adesão aos pressão adequada dos pneus MICHE- pneus radiais agrícolas, traz ao Bra- LIN do trator, de forma simples e prá- sil outra marca da empresa, a Taurus, tica em 3 passos: que é uma opção radial mais acessí- 1°: Preencher as informa- vel inclusive ao pequeno e médio pro- ções referentes ao eixo dianteiro do dutor. “É uma marca de entrada para equipamento, o produtor ingressar nesse mercado de pneus radiais. Nosso objetivo é au- 2°: Preencher as informações do eixo traseiro mentar esse mercado no Brasil.” Mes- 3° Tirar uma foto da máqui- mo sendo um produto de mais fácil na agrícola com o próprio celular (ou acesso aos pequenos produtores, não informar a distância entre os pneus perde nada em benefícios como esta- dianteiros e traseiros). bilidade, segurança e qualidade nas operações. A partir daí, será indicada a pressão correta dos pneus MICHELIN que Na coletiva de imprensa, a Mi- melhor se adapta ao trator em ques- chelin aproveitou para apresentar os tão. Ainda é possível salvar estas in- resultados da Usina Ferrari no uso dos formações e/ou enviá-las por e-mail. radiais. A empresa reduziu em 55% os gastos com pneus de 2010 a 2015. “Máquina com pneu errado não entrega o que poderia entregar na produção. Por isso nosso trabalho pela radialização dos pneus no país”, disse Usina Ferrari apresenta benefícios obtidos com os Pneus Michelin Christian. 67 ME C A NIZ AÇÃO Um show de MPB na Agrishow BASF E COOPERCITRUS REALIZARAM DINÂMICAS COM PLANTIO DE MUDAS PRÉ-BROTADAS, E OS VISITANTES CONFERIRAM DETALHES E VANTAGENS DA TECNOLOGIA Máquina adaptada para o plantio semimecanizado de MPB AgMusa U m dos diferenciais da plantio das mudas pré-brotadas Ag- Agrishow é a dinâmica das Musa™, da BASF, que é realizado com máquinas. Este ano, a cana- uma plantadora própria, desenvol- de-açúcar ocupou um papel de des- vida pela Empresa, em parceria com taque nesta área. A BASF realizou uma a Agricef, especialmente para esta série de dinâmicas de campo que de- finalidade. monstrou o sistema AgMusa™ de mudas pré-brotadas. A máquina, adaptada para o plantio semimecanizado de MPB Ag- No plot, feito em parceria com Musa, realiza a sulcação e toda a ope- a Coopercitrus, os visitantes pude- ração de adubação e aplicação de de- ram conferir, de terça a sexta-feira, as fensivos. O gerente de operações de apresentações técnicas em dois horá- campo da Agricef, Henrique Pigat- rios: 9h40 e 13h40. O público presen- to Rodrigues, explicou que a máquina te acompanhou todo o processo de executa o plantio de duas linhas, che- 68 Junho · 2016 gando a plantar de 2 a 4 hectares por tribuirá a muda no solo, cabendo ao dia, dependendo do comprimento do produtor sulcar, pulverizar e cobrir o talhão e do treinamento do pessoal. sulco de plantio. “Essa plantadora de- “O produtor terá apenas que disponi- verá ser acoplada a um trator de 50 bilizar um trator adequado, de cerca a 60 cv de potência e terá capacida- de 180 cv, além de mão de obra para de de plantar de 0,8 a 1 ha/dia, neces- a operação.” sitando de apenas três pessoas para a Durante a Agrishow 2016, a BASF operação.” divulgou que está desenvolvendo uma plantadora de mudas pré-brota- Irrigar as mudas MPB das AgMusa™ de uma linha, ideal para Após a demonstração do plan- os produtores que possuam áreas me- tio da muda MPB, a Netafim apresen- nores e que também desejam fazer tou sua solução para a irrigação dessas uso da tecnologia. mudas. O coordenador agronômico Rodrigues relatou que, diferen- da empresa, Daniel Pedroso, informou te da plantadora de duas linhas, que que o kit é inteligente, pois, além de realiza a sulcação e toda a operação proporcionar economia de água, não de adubação e aplicação de defensi- necessita de recursos hídricos locais ou vos, o novo equipamento apenas dis- mesmo de energia elétrica. “Através de Duas vezes ao dia, a BASF levou centenas de produtores até o local das dinâmicas de plantio MPB AgMusa 69 ME C A NIZ AÇÃO Plantio de MPB AgMusa e irrigação após o plantio na de 4mm por cerca de quatro horas. Ao todo, é possível realizar a irrigação de até 20 hectares por dia.” Os cooperados da Coopercitrus que adotam a tecnologia de mudas pré -brotadas AgMusa™, da BASF, podem contar com grandes serviços ofereci- um caminhão pipa, uma moto bomba dos pela Cooperativa. Renato Douglas e um sistema de filtragem, o produtor Pereira Junior, da área de Agricultura já consegue garantir a irrigação.” de Precisão da Coopercitrus, explicou Pedroso explicou, ainda, que o que aqueles produtores que adquirem kit é móvel e voltado a áreas de cin- as mudas para áreas de, no mínimo, co hectares. “Ele é formado por tubos cinco hectares, ganham um amplo pa- flexíveis, passíveis de serem montados cote de serviços. “Após a entrega das e desmontados por apenas duas pes- mudas, a Coopercitrus disponibiliza soas.” No total, segundo ele, são ne- uma plantadora automatizada para a cessárias de cinco a seis pessoas para realização do plantio e um trator mu- a operação. “Você apenas desenrola o nido de agricultura de precisão. Além tubo flexível e consegue irrigar a área disso, durante todo o processo, uma completamente utilizando uma lâmi- equipe técnica irá acompanhar o pro- Toletes de cana, provenientes de cana-muda originada de MPB, tombados nas linhas que antes foram ocupadas por grãos 70 Junho · 2016 dutor, garantindo, assim, máxima eficiência da operação.” BASF destacou, na Agrishow, os benefícios da Meiosi As dinâmicas com AgMusa também serviram para ressaltar junto ao público presente os benefícios decorrentes da adoção do sistema de Meiosi (Método Inter-rotacional Ocorrendo Simultaneamente), que intercala algumas linhas de mudas pré-brotadas (MPB) AgMusa™ com outras cultu- Nilton Degaspari em dinâmica AgMusa na Agrishow 2016 ras, como amendoim, soja e feijão, por exemplo. O objetivo desse sistema é Produtores que já realizam o sis- tombar uma cana já sadia em solos re- tema afirmam que a taxa média de vigorados por outras culturas, turbi- multiplicação é de 1 para 14, ou seja, nando, dessa forma, seu desempenho. uma única linha de cana gera mudas Além desse benefício, existe tam- para outras 14 ruas. Porém, já existem bém aqueles decorrentes da utilização produtores que estão conseguindo das mudas AgMusa™. Entre eles, pode- multiplicações de 1 para 20. se destacar a redução de custos na for- Nilton Degaspari, gerente de mação de viveiros e a implantação do Novos Negócios da BASF, salientou canavial comercial; maior velocidade durante as apresentações, que a ado- na introdução de novas variedades; in- ção desse método pode reduzir forte- cremento de sanidade (menor risco da mente os custos com plantio. Segun- ocorrência de doenças como raquitis- do ele, a economia pode chegar a até mo e escaldadura); eliminação de ris- R$ 2.500,00 por hectare. “Isso ocorre cos de transporte e introdução de pra- devido ao menor uso de mudas, ren- gas (Sphenophorus levis) via mudas; e tabilidade auxiliar na cultura interca- formação de canavial comercial com lar e maior quantidade de cana entre- viveiro de mudas de alta qualidade. gue à usina.” 71 DIVULGAÇÃO FENASUCRO CO N J UN TU RA 24ª Fenasucro & Agrocana acontece de 23 a 26 de agosto, em Sertãozinho, SP A Fenasucro da virada PARA AUTORIDADES E EMPRESÁRIOS, EVENTO DESTE ANO IRÁ SERVIR COMO ALAVANCA DA RECUPERAÇÃO DO SETOR SUCROENERGÉTICO NACIONAL Clivonei Roberto e Leonardo Ruiz N o dia 18 de maio, a 31ª Feira In- E o que se viu durante o lançamen- ternacional da MECÂNICA, em to foi um otimismo geral entre as autori- São Paulo, foi palco para o lan- dades presentes. O presidente do Centro çamento da 24ª Fenasucro & Agrocana, Nacional das Indústrias do Setor Sucroe- maior feira do mundo voltada ao setor su- nergético e Biocombustíveis (CEISE-Br), croenergético, que acontece de 23 a 26 de Paulo Gallo, salientou que o segmento ca- agosto em Sertãozinho, SP, e que prome- navieiro já enfrentou inúmeras crises, po- te apresentar soluções e inovações tecno- rém, nenhuma tão longa ou árdua como lógicas para toda a cadeia produtiva da a atual. Ele explica que a crise instaura- cana-de-açúcar. da em 2008 abalou profundamente o se- 72 Junho · 2016 ARQUIVO CANAONLINE Paulo Gallo: “A Fenasucro 2016 irá marcar o ano da virada, sendo a alavanca que irá recuperar o setor canavieiro” anos, o que levou as usinas a absorverem custos que não poderiam ser repassados para os produtos, devido ao preço artificialmente mantido da gasolina.” Ele afirma que o cenário só começou a mudar a partir do ano passado, devido a várias ações tomadas pelas entidades representativas do setor sucroenergético, entre elas o CEISE-Br e a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica). “Com isso, tor, que vinha registrando um bom cres- conseguimos com que fossem implanta- cimento até aquele ano. “A partir daí, só das medidas que deram novo fôlego ao tivemos notícias ruins, como o congela- setor, como o reajuste do PIS/Cofins, a vol- mento do etanol por, praticamente, cinco ta da CIDE e o aumento da mistura de ani- DIVULGAÇÃO FENASUCRO A expectativa é receber 30 mil visitantes/compradores vindos de mais de 40 países 73 DIVULGAÇÃO FENASUCRO CO N J UN TU RA dro à gasolina.” Já este ano começou com um cenário ainda mais positivo, de acordo com o presidente do CEISE Br, em função dos preços do etanol mais remuneradores, da expectativa de um déficit de 7 milhões de toneladas de açúcar no mercado mundial e de uma possível busca maior por energias renováveis. Aliados, esses fatores, ob- Para o gerente geral da Feira, Paulo Montabone, a grande vedete deste ano será o Retrofit servou Gallo, farão com que o “segmento comece a sair de uma tempestade para a pouco menos de três meses do evento, um cenário com ótimas perspectivas.” cerca de 95% dos espaços da Fenasucro & Agrocana já estão comercializados. A ex- Tecnologias e eventos de conteúdo pectativa é receber 30 mil visitantes/com- E parece que a indústria canavieira somarão uma movimentação total de cer- compartilha dessa visão otimista, já que, pradores vindos de mais de 40 países que ca de R$ 2,8 bilhões. Para os quatro dias de feira, já estão confirmados os seguintes eventos: • Conferência Datagro/Ceise Br Fenasucro & Agrocana • Congresso de Automação e Inovação Tecnológica Sucroenergética • Congresso de Automação ISA Estudantil Sertãozinho • Workshop do Grupo Gerhai • Seminário Bioeletricidade Ceise Br/Unica • Seminário Agroindustrial STAB • Encontro de Empresários do Grupo Lide • Seminário do Grupo Gegis • Encontro Anual de Produtores de Cana • Seminário de Transporte e Logística • Rodada Internacional de Negócios APLA/APEX • Perspectiva Econômica da Biomassa • Workshop de Custos Agrícolas • I Fórum de Comunicação Sucroenergético 74 Junho · 2016 e informações, além de promover a capa- lo Montabone, os destaques desse ano fi- citação dos profissionais que atuam no se- carão por conta das colunas de destila- tor canavieiro. Na edição deste ano, a gra- ção e de equipamentos para uma extração de de eventos passará a ter 180 horas, o mais eficiente. “Porém, a grande vedete dobro da edição passada, divididas entre será o retrofit, solução que pode, de ime- palestras, workshops, debates, encontros e diato, melhorar a eficiência das plantas e seminários. “Nosso diferencial nos eventos aumentar a oferta do excedente de ener- de conteúdo está em fomentar a educa- gia, tornando as unidades mais competiti- ção e pontuar a feira como um norte para DIVULGAÇÃO FENASUCRO Para o gerente geral da Feira, Pau- Fenasucro traz soluções e inovações tecnológicas para toda a cadeia produtiva da cana-de-açúcar vas e garantindo a operação da usina com a capacitação técnica e, com isso, colabo- o compromisso de entregar ao mercado rar com o desenvolvimento completo do etanol, açúcar e energia elétrica.” setor”, afirma Montabone. Porém, não é só da venda de tecnolocro. A feira também conta com uma ampla É hora de recuperar a indústria gama de eventos paralelos, com o objeti- Nos últimos anos, a falta de cana vo de levar para o visitante conhecimento aliada à crise sucroenergética reduziu gias de última geração que vive a Fenasu- 75 DIVULGAÇÃO FENASUCRO CO N J UN TU RA Na edição deste ano, a grade de eventos paralelos passará a ter 180 horas, o dobro da edição passada drasticamente os investimentos na indús- do desgaste natural dos equipamentos, tria. Como o objetivo do setor passou a ser que estão há anos sem manutenção ou o aumento da produtividade no campo, reforma, teremos um aumento na deman- 75% do orçamento das usinas passaram a da que não poderá ser atendida caso não ser direcionados para a área agrícola. hajam investimentos apropriados”, ressal- Coube, portanto, à indústria traba- ta Paulo Gallo. lhar com pouco ou quase nenhum investi- “E será agora”, afirmou o Presiden- mento, o que criou, na maioria das usinas, te do Ceise Br, que a Fenasucro irá bri- um parque industrial cada vez mais suca- lhar mais do que nunca, já que, embora teado, com equipamentos velhos e, até também tenha espaços reservados para mesmo, sem manutenção adequada. En- a agrícola, é na área industrial que a feira tretanto, esse cenário deverá ser revertido se destaca, oferecendo produtos e servi- com urgência, pois, com os preços mais ços completos, seja para a construção, re- remuneradores e o caixa negativo, a or- forma ou manutenção dos parques indus- dem do momento é moer. E a indústria, triais das usinas. “A feira é realizada num de um jeito ou de outro, terá que dar con- momento em que as usinas começam a ta do recado. tomar as decisões de investimentos, fun- “Agora é a hora de investir, pois, além 76 cionando como uma catalisadora do mer- Junho · 2016 cado, reunindo tanto aqueles players que E exatamente por conta dessa característi- desejam continuar no setor ou entrar nele.” ca que o município vem enfrentando difi- Para Gallo, esse fato, aliado à urgente ne- culdades ao longo dos últimos anos, pois, cessidade de investimentos industriais, irá bem antes da crise econômica se instalar fazer com que todos os empresários do no país, a cidade vinha “mal das pernas”, setor canavieiro tenham um destino cer- refletindo, em números, os resultados de to em agosto desse ano: a 24ª Fenasucro uma crise anterior bem mais setorizada. & Agrocana. Estima-se que, apenas nos últimos cinco anos, Sertãozinho tenha perdido Sertãozinho está pronta para a retomada cerca de 10 mil carteiras assinadas. Isso A Fenasucro não é realizada no muni- lo, por exemplo, pode não ser muita coi- cípio paulista de Sertãozinho por acaso. A sa, mas em um município de apenas 110 cidade é considerada o maior polo sucro- mil habitantes, esse fato é bem preocu- energético do mundo, congregando gran- pante. “Temos vivido uma situação degra- de parte da indústria de base fornecedora dante. O desemprego atual é o segundo de equipamentos para o setor canavieiro. maior de nossa história, sendo que temos DIVULGAÇÃO USINA SANTA TEREZINHA em uma cidade do tamanho de São Pau- Nos últimos anos, a falta de cana aliada à crise sucroenergética reduziram drasticamente os investimentos na indústria 77 DIVULGAÇÃO USINA LINS CO N J UN TU RA Usinas terão que investir com urgência nos parques industriais para dar conta do aumento esperado na produção três vezes mais desempregados do que a talizados pela cadeia produtiva chegarão média do Estado do São Paulo e do Brasil, à indústria de base em um ou dois anos, que gira em torno de 4,4%. Somente nos o que alavancará o parque industrial da últimos 12 meses, o número de emprega- cidade.” dos caiu mais de 10%”, relata o secretário E, quando esse momento chegar, Li- de desenvolvimento econômico de Ser- boni afirma que o município estará pron- tãozinho, Carlos Roberto Liboni. tíssimo para atender a todas as demandas Porém, o secretário já vislumbra um possíveis. “Já as primeiras encomendas re- futuro melhor, devido ao início de uma sultarão em alto poder de lucratividade, possível recuperação industrial por par- com margens altíssimas devido à ociosi- te das usinas de açúcar e etanol. “Acredito dade em que a indústria de base se en- que os recursos que já estão sendo capi- contra atualmente.” ARQUIVO CANAONLINE Porém, segundo o secretário, a desidratação da capacidade profissional é um fator preocupante, já que, ao longo dessa crise, as empresas perderam inúmeros talentos de alto nível. “A partir de agora, temos que trazer de volta nossa musculatura tecnológica e investir na formação de novas lideranças.” Mas Liboni não acredita que esse será um problema tão grande, pois o processo será feito gradativamente. “Na mesma medida em que o setor recu- Carlos Roberto Liboni: “Na mesma medida em que o setor recupera a demanda, Sertãozinho irá recuperar a oferta” 78 pera a demanda, nós recuperaremos nossa oferta.” Junho · 2016 Empresários acreditam que chegou a hora da retomada D urante a coletiva de impren- do momento que acreditamos que a sa que marcou o lançamen- recuperação é possível. E no campo to da Fenasucro & Agrocana político já tivemos um pontapé, com 2016, em meados de maio, um grupo a virada do jogo em Brasília”, diz. de empresários do setor sucroener- Os bons ventos não vêm ape- gético, associados ao Ceise-Br (Cen- nas do mercado interno. Na análise tro Nacional das Indústrias do Setor de Geradini, o fato de outros países, Sucroenergético e Biocombustíveis), inclusive da América Latina – a exem- revelou entusiasmo na recuperação plo da Argentina -, estarem imple- das empresas que fazem parte da ca- mentando o etanol na matriz ener- deia da cana-de-açúcar. gética em mistura com a gasolina, Silvio Silas Geraldini, diretor co- amplia as perspectivas de exporta- mercial da Turbimaq Turbinas e Má- ção de equipamentos e know-how quinas, acredita muito na retomada brasileiro nessa área para outros do setor. “A virada começa a partir mercados. Para Luiz Fernando Saran, diretor da Engevap Engenharia e Equipamentos, o cenário começou a melhorar no final de 2015, com a recuperação dos preços do etanol e do açúcar. “Foi quando o ânimo do setor começou a mudar. Depois de anos trabalhando no negativo, vimos a situação ficar positiva, e já temos boas perspectivas até para 2017.” Na visão de Saran, o comportamento dos preços é determinan- Geraldini: “A virada começa a partir do momento que acreditamos que a recuperação é possível” te para a retomada do setor, embora as mudanças políticas que o país 79 CO N J UN TU RA tas usinas. “Algumas tiveram que falir por falta de espaço para expansão na mesma área geográfica e muitas por problemas financeiros”, salienta Frederico Biagi Becker, gerente comercial da Zanini Indústria. Nos últimos meses, o executivo da Zanini visitou 434 empresas de vários setores ligados à agroindústria, inclusive do sucroenergético. “Todas as empresas que visitei já estavam na expectativa da mudança de Saran: “Depois de anos no negativo, vimos a situação ficar positiva” governo.” passou nos últimos meses, com Mi- era a insegurança jurídica, causada chel Temer chegando à presidência por um governo federal imprevisível. do país, mesmo que interinamente, Para ele, tanta insegurança contami- contribuam para se traçar um cená- nou todo o setor produtivo. “Levou rio ainda mais promissor. “Mas reco- as usinas, por exemplo, a represarem Afinal, o que imperava no país nheço que ainda é cedo para afirmar que a mudança de governo será positiva. O que anima mesmo o setor é o preço. Faz dez anos que teve essa coincidência, de preço bom do açúcar e do álcool, o que na época contribuiu para um grande crescimento da atividade.” Governo Temer O setor sucroenergético atravessou cinco anos consecutivos, ou até mais, de represamento de preços, o que culminou na falência de mui- 80 Becker: “Governo Temer tem um perfil mais técnico do que político” Junho · 2016 até mesmo a manutenções de entressafra. Muita usina deixou de fazer manutenção na hora certa porque não tinha segurança de investir, mesmo que apenas em serviços de manutenção”, relata Becker. É fato que a melhoria do preço do açúcar, no final do ano passado, encorajou alguns empresários a fazerem investimentos, mas timidamente. “O pessoal enxergou que teria de investir em dezembro, mas é muito tarde para se contratar manuten- Valochi: “a retomada será mesmo a partir do final deste ano” ção para a entressafra. Não há tempo hábil para fazer a manutenção devi- retor da Vemag Equipamentos Indus- da e já começar a safra em março/ triais, de Sertãozinho, SP, as perspec- abril. Por isso muita gente postergou tivas para a Fenasucro & Agrocana os contratos e muitas manutenções, 2016 são as melhores possíveis. “Com que são feitas na entressafra, ocorre- o novo governo, há indícios de que rão durante a safra.” teremos uma melhora na economia A aposta de Becker é que ago- que proporcione um aumento de ga- ra, depois do afastamento de Dilma nho de produção no setor sucroener- Rousseff e da posse de Michel Te- gético, que está já há algum tempo mer, a confiança do empresário vol- sem demanda de fabricação e sem te. “Esse novo governo tem viés mais perspectivas.” técnico do que político, acredito que No momento em que é promo- os empresários terão mais fôlego, vida, em 2016, a feira terá condições ânimo e visão de futuro para inves- de alavancar essa nova realidade tir tanto em manutenção como em que se está vivendo. Embora lenta- equipamentos novos.” mente, essa melhora já vem desde o ano passado, quando a remuneração Feira será um termômetro do setor começou a melhorar. “Já tí- Para André Ricardo Valochi, di- nhamos alguns sinais, como o me- 81 CO N J UN TU RA lhor preço do açúcar e do álcool. Isso Mas até agora ainda não houve me- vem aos passos, mas acredito que a lhoria efetiva.” retomada será mesmo a partir do final deste ano.” Para uma retomada sustentável de toda cadeia sucroenergética, o se- O vice-presidente do Ceise-Br, tor precisa de políticas públicas que Rafael Azevedo Gomides, diretor da estimulem a atividade, bem como de RG Sertal, de Sertãozinho, SP, acre- uma remuneração justa para os pro- dita que a Fenasucro 2016 será a fei- dutos do setor. ra da virada. “Sinto nos empresários “As usinas no geral estão fazen- de Sertãozinho que o pessoal está do dinheiro nesse momento. Mas es- animado com essa troca de gover- tão vindo de anos de resultado ne- no. Todos estão ansiosos e otimis- gativo e precisam pagar contas. Num tas com os resultados que essa troca segundo momento é que vão come- vai refletir na economia. A tendência çar a investir”, acredita Gomides. daqui pra frente é de melhoria. Nos- Mas, para o vice-presidente do sa expectativa é para que a confian- Ceise-Br, já houve uma melhora, com ça volte e com ela os investimentos. pequenos investimentos. “Mas os grandes investimentos mesmo virão mais pra frente, se continuarem esses preços. Acredito que o próximo ano seja de muito investimento no setor.” E o segundo semestre de 2016? Gomides projeta que a Fenasucro deste ano será um bom termômetro dessa recuperação, porque a feira coincide com o início das encomendas para a próxima entressafra. “Com a alta de preços, valendo a pena produzir etanol e açúcar, acredito que para 2017 podemos voltar Gomides: “acredito que para 2017 podemos voltar a ver o setor funcionando bem, com efetivamente novas aquisições de equipamentos” 82 a ver o setor funcionando bem, com efetivamente novas aquisições de equipamentos.” Junho · 2016 83