Neurobiologia da Vinculação e Emocionalidade, Mário David
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Neurobiologia da Vinculação e Emocionalidade, Mário David
NEUROBIOLOGIA da VINCULAÇÃO Mário David Psiquiatra, Psicoterapeuta Psicanalítico e Grupanalista 02-02-2014 Mário David 2013 1 Porque Amamos a nossa Mãe e (nosso Pai)? Integração Neuro-Bio-Psicológica da Vinculação e da Emocionalidade Associada 02-02-2014 Curso de Neurociências Mário David 2 Estamos Nós Orientados para o Amor ? (I) Segundo a Teoria das Pulsões (“Drive Theory”) Estas forças mentais básicas impulsionavam o funcionamento da Psyché, como explicavam o nosso desenvolvimento psíquico. Esta 1ª Teoria foi uma tentativa para descrever quais eram os determinantes mais básicos do comportamento humano a partir da perspetiva das experiências subjetivas. S. Freud dividiu e categorizou as Pulsões de diversas maneiras e considerou que elas estariam sempre submetidas a um princípio determinante e organizador: a Líbido; o Eros; a Pulsão de Vida (Freud, 1915; 1920; 1940) 02-02-2014 Curso de Neurociências Mário David 3 Porquê um Bebé Ama a sua Mãe? • Freud acreditava que a Vinculação Inicial do Bebé à sua Mãe seria secundária ao fato dela satisfazer as suas necessidades e de o proteger • Este Conceito de Líbido revela significativas similaritudes com a função das Vias Ascendentes Dopaminérgicas Mesolímbicas e Mesocorticais ou SEEKING System (J. Panksepp, 1998) 02-02-2014 Curso de Neurociências Mário David 4 Estaremos Nós Orientados para o Amor? (II) • S. Freud entendia que as Pulsões “faziam a Mente trabalhar, e eram consequência da sua conexão com o Corpo” • (Freud, 1915, pp.122) • Todas as Motivações Humanas estavam baseadas na Pulsão Libidinal • Bebé vincularia com a Mãe porque ela lhe reduzia a sua tensão pulsional através dos cuidados maternais e da proteção fornecida por si • A Vinculação Inicial do Bebé seria então algo de secundário, de algo aprendido. 02-02-2014 Curso de Neurociências Mário David 5 Sistemas Instintivos de Vinculação (John Bowlby, 1907-1990) • Crianças Maltratadas e Abandonadas e Delinquentes • Impacto da Separação e da Perda Parental no Desenvolvimento Normal e Patológico das Crianças • Ideia de que a Vinculação é uma estratégia evolucionária de protecção dos predadores • Função de Proteção e de Sobrevivência cujo objetivo é a Manutenção de Proximidade a uma Figura Cuidadora (Bowlby, 1969; 1980) • A ligação à nossa Mãe ou a um Cuidador Primário tem haver com algo de motivação primária ou inata (Bowlby,1969 ;1973) 02-02-2014 Curso de Neurociências Mário David 6 Sistemas Instintivos de Vinculação (Bowlby, J. 1969;1980;1988) (Holmes, J. 1993) • Figuras de Vinculação; • Procura de Proximidade ou de uma Base Segura • Conjunto de Sistemas Biológicos e Motivacionais • Tratam-se de Memórias Implícitas que desencadear rápidas e inconscientes decisões de Aproximação-Evitação • “Interações precoces Mãe-Filho criariam certos Esquemas de Vinculação, os quais podiam predizer as reações subsequentes em relação aos Outros” (Bowlby, 1988) 02-02-2014 Mário David 2013 7 A Situação Estranha (Ainsworth, M. e colab., 1978) A criança é observada a brincar durante 20 minutos enquanto os Cuidadores e as Pessoas Estranhas entram e saem da sala, recriando um fluxo de presenças familiares e nãofamiliares na vida da criança 02-02-2014 Mário David 2013 8 Observações sobre as Mães nas suas Casas A Situação Estranha para a Criança (ISS) Entrevista sobre a Vinculação do Adulto (AAI) (Main & Goldwing, 1993) Livre e Autónomo: Efectivamente, Perceptivamente e Emocionalmente Disponível Abandónico: Distante e Rejeitante 02-02-2014 Segura: Memórias detalhadas, Criança procura a balanceadas, com Proximidade e é perspetiva e com facilmente acalmada / coerência na narrativa Ela retorna para o jogo Evitante: Criança não procura proximidade e não se mostra preocupada Curso de Neurociências Mário David Abandónico, Denegação, Minimização, Idealização e falhas na re-memorização 9 Observações sobre as Mães nas suas Casas A Situação Estranha para a Criança (ISS) Entrevista sobre a Vinculação do Adulto (AAI) (Main M. & Goldwing, P. 1993; 1998) Embrulhado Ambivalente : Efectivamente, Perceptivamente e Emocionalmente não Disponível Ansiosa Ambivalente: Criança não procura a Proximidade, ela não é facilmente acalmada / Dificilmente retorna para o jogo Verborreia, Intrusões, Pressões, Preocupados, Idealização com Raivas Desorganizado: Desorientado, Receoso com Comportamentos sexualmente 02-02-2014 desadequados Desorganizado: Caótico, Autoflagelação Desorientado, Comportamentos Conflituais, Perdas não resolvidas e 10 Passado Traumático Curso de Neurociências Mário David Processos de Vinculação • Através da interação com os Cuidadores primários, a Criança desenvolve uns tais Modelos Internos (Internal Working Models) que irão regular os seus Padrões dos Comportamentos e a Percepção de Si-Próprio (Self) e dos “Outros”. • Vão organizar-se em expectativas conscientes e inconscientes acerca das relações sociais e as relações de intimidade (Waters & Waters, 2006; Lichtenberg, 1989) • Motivações Fundamentais dos Seres Humanos: • A Necessidade de Pertença (Baumeister e Leary, 1995) • A Afiliação Social • O Desejo de um Relacionamento Interpessoal 02-02-2014 Mário David 2013 11 02-02-2014 Curso de Neurociências Mário David 12 Experiência Humana do Cérebro e da Mente é um Processo Unificado (S.. Cobb, 1944) 02-02-2014 Curso de Neurociências Mário David 13 O Cérebro Tri-Uno (P. D. MacLean, 1990) 02-02-2014 Curso de Neurociências Mário David 14 Neuro-Anatomia Dinâmica (J. Panksepp, 1998) 02-02-2014 3º Ano Curso SPG 2010 / 2011 Mário David 15 Sequência dos Fenómenos Neuroplásticos na Depressão (D. F. Watt, 2007) 02-02-2014 Curso de Neurociências Mário David 16 Cérebro Social GAP Research Committee (Gardner Jr. R. et al., 2004) • …O Cérebro é um órgão do Corpo que medeia as Interações Sociais enquanto serve de repositório para as mesmas Interações… ... entre a Fisiologia Cerebral e o Meio Envolvente do Individuo. • O Cérebro é o órgão mais influenciado ao nível celular por fatores sociais ao longo do desenvolvimento … a expressão da função cerebral determina e estrutura as vivências pessoais e sociais de cada Indivíduo…. 02-02-2014 Mário David 2013 17 Neurobiologia Interpessoal (A.N. Schore, 1993;2003a,b,c; L. Cozolino, 2006; 2010) • Nos 3 primeiros anos de vida, aonde a importância da Vinculação é máxima, para o desenvolvimento das Conexões Neurofisiológicas Cerebrais, nomeadamente, das linhas de Evolução Sensorial, Motórica, Cognitiva e Emocional (A.N.Schore, 2003a,b,c;) • Tudo isto pode ser perspetivadas numa lógica de Fenómenos e de Mecanismos Interpessoais (L. Cozolino, 2006; 2010) 02-02-2014 Mário David 2013 18 Socio-Biologia / Socio-Psicofisiologia (Wilson, E.O., 975) / Gardner Jr. R. & Wilson, D. R., 2004) • Comportamento Social resulta da Evolução Natural e é explicado e examinado dentro de Contextos Sociais, Biológicos • Baseia-se em duas permisas fundamentais: • 1) Certos traços do Comportamento são herdados; • 2) Eles são trabalhados pela Seleção Natural. • Ao nível do Individuo, 2 Mecanismos Proximais: a Causalidade (Mecanismo) e o Desenvolvimento (Ontogenia) • Ao nível da Espécie, 2 Mecanismos Últimos: • a Função (Adaptação) e a Evolução (Filogenia) (N. Tinbergen, Prémio Nobel da Medicina de 1973) 02-02-2014 Curso de Neurociências Mário David 19 Neurociência Social J.T. Cacioppo & G G. Berntson(2004); J. Decety & J.T. Cacioppo (2011) • Estudo e Compreensão de como os Sistemas Biológicos implementam os Processos Sociais e os Comportamentos, recorrendo a Conceitos e a Métodos Biológicos podem informar e re-definir as Teorias dos Processos Sociais e do Comportamento • As Pessoas são encaradas como sendo fundamentalmente uma espécie social, mais do que indivíduos isolados. 02-02-2014 Mário David 2013 20 Neurociências Afetivas (J. Panksepp, 1998; 2013) • Existem 2 tipos de Consciência: (Afetiva / Cognitiva) • O Funcionamento do Cérebro/Mente é determinado por balanços energéticos/informacionais gerados entre os diferentes Sistemas Operativos Básicos e os seus Sistemas de Regulação (subcorticais e corticais) • (In “Affective Neuro-Sciences” - J. Panksepp, 1998) • 3 Níveis de Controlo das Atividades Afetivo-Emocionais • Importantes Relações entre os Níveis de Processamento Emocional e o Desenvolvimento e a Maturidade Neuronal (In “The Archaelogy of Mind” - J. Panksepp & L. Biven (2013) 02-02-2014 Mário David 2013 21 Níveis de Processamento Mental: Estimulação Não específica / P. Primário / P. Secundário / P. Terciário Por Sandra Paulsen in “The Archaelogy of Mind” (J. Panksepp & L. Biven, 2013) 02-02-2014 Curso de Neurociências Mário David 22 Dois Tipos de Consciência Cerebral (In “The Archaelogy of Mind” (J. Panksepp & L. Biven, 2013) 02-02-2014 Mário David 2013 23 Relações entre os Níveis de Processamento Emocional e o Desenvolvimento e a Maturidade Neuronal (The Archaelogy of Mind - J. Panksepp & L. Biven (2013) 02-02-2014 Mário David 2013 24 Sistemas Operativos Emocionais (J. Panksepp, 1998) 02-02-2014 Curso de Neurociências Mário David 25 A Libido e o “SEEKING SYSTEM” • Sistema Apetitivo-Motivacional Que vai Suportar os nossos Desejos Sexuais e não Sexuais “de todos os dias”: • “Vamos em direcção ao Mundo e a procurar nele, as coisas e as pessoas que nos irão satisfazer as nossas necessidades e que nos irão dar o prazer” (Panksepp, 1998) • Neurotransmissor Dominante é a DOPAMINA • ↑↑ na Psicose e na Mania / ↓↓na Depressão • Ativado pela Cocaína e por outras Substâncias Aditivas 02-02-2014 Curso e Neurociências Mário David 26 Vias dopaminégicas Ascendentes Mesocorticais e Mesolímbicas (“SEEKING System”) 02-02-2014 Curso de Neurociências Mário David 27 Correlatos Neuronais com a Vinculação Sistema “PÂNICO/LUTO” / “PANIC/GRIEF System” • Sistema Límbico e filogenéticamente mais recente • Giro Cingulato Anterior, Núcleos Talámicos e hipotalámicos, com fibras descendentes que alimentam a área cinzenta periacdutal (PAG) • Serve provavelmente para ligar o Bebé à Mãe através do desencadeamento de uma Ansiedade de Separação logo um deles se afasta do Outro • Modulado por Aminas Biogénicas(Serotonina) Neuropeptidos : a Oxitocina e as Endorfinas Neuromoduladores: a Prolatina 02-02-2014 Curso de Neurociências Mário David 28 Zubieta, J.K., et al (2003). Regulation of human affective responses by anterior cingulate and limbic mu-opioid neurotransmission. Archives of General Psychiatry, 60, 1145-1153. Panksepp, J. (2003). Feeling the pain of social loss. Science, 302: 237-239. Similaridades entre Adicção a Opiáceos e a Dependência Social (Depressão) (J. Panksepp, 1998) 1. Dependência a Drogas 1. Conexão Social 2. Tolerância a Drogas 2. Alienação 3. Ressaca a Drogas 3. Ansiedade de Separação a) Dor Psíquica b) Lacrimejo a) Solidão b) Choro c) Anorexia d) Desespero c) Perda de Apetite d) Depressão e) Insónia 02-02-2014 f) Agressividade e) Dificuldade em Adormecer Mário David f)2013 Irritabilidade 30 Porque o Amor Doí? • Provoca Ansiedade, Tristeza, Dor (Psíquica e Física) e Sensação de Perda de Objecto • A Disforia ou Ansiedade de Separação => Paragem da Libertação de Endorfinas Cerebrais • os Narcóticos são tão Aditivos 02-02-2014 Cuirso de Neurociências Mário David 31 Dados Neurobiológicos Básicos em Sujeitos Humanos • Privação Materna Precoce através da Separação ou de Depressão Maternas “resultaram numa ↓↓ do Funcionamento Cerebral, em ↑↑ níveis de Ansiedade e em maiores dificuldades numa Vinculação subsequente” (Brennan 2008; Tyrka, 2008) • ↓↓ Níveis de Cuidados Maternais correlacionam-se: • Comportamentos (+) receosos / (-) positivos / (-) atenção • Desvio mais para o lado direito na Ativação Cerebral do Lobo Frontal (para emoções negativas / Depressividade) • Todos estes dados foram correlacionáveis com níveis ↑↑ de Estresse e Excitação (Hane e Fox, 2006) 02-02-2014 Curso de Neurociências Mário David 32 Intervenções Biológicas e Ambientes Físicos e Sociais Enriquecidos • Podem-se reverter os efeitos de ↓↓ níveis de Atenção Materna e de Privação Precoce através do eixo ACHT e pelo Comportamento (Bredy e colab., 2004; Francis e colab., 2002; Szyf, e colab., 2005) • Estresse Crónico / Trauma durante a Adolescência ou na Idade Adulta: • “podem-se reverter os efeitos positivos ↑↑ dos níveis de Atenção Materna, nas fases precoces da Vida, pois eles podem modelar o Cérebro de modo a que ele se assemelhe a um (Cérebro) que foi privado precocemente por falta de Atenção Materna” (Ladd, Thrivikraman, Hout, Plotsky e colab., 2005) 02-02-2014 Curso de Neurociências Mário David 33 Impactos dos Cuidados Precoces Parentais • Têm impacto nos Circuitos Emocionais Primários , os quais mantêm uma Plasticidade Dependente da Experiência ao longo da vida, em particular, em relação aos Relacionamentos Íntimos (Bowlby, 1988; Davidson, 2000) • Esta Plasticidade Dependente da Experiência correlaciona-se principalmente com alterações nas dimensões do Córtex Pré-Frontal e do Hipocampo (Kolb & Gibb, 2002) • Estruturas Centrais para a Aprendizagem e para as Memórias • Áreas-Chave na Formatação dos Esquemas de Vinculação. 02-02-2014 Curso de Neurociências Mário David 34 Estruturas e Sistemas do Cérebro Social Estruturas Corticais e Subcorticais Sistemas Sensórios, Motóricos e Afetivos Córtex Pré-frontal Orbital Mediano; Córtices Somato-Sensórios; Ínsula; Córtex Cíngulado Amígdala; Hipocampo; Hipotálamo Sistemas de Reconhecimento da Face e da Expressão Facial; Sistemas do “Espelhamento” (Mirror Neuron System) Sistema da Ressonância Sistemas Regulatórios 02-02-2014 Regulação do Stress (Regulação Hormonal do Sistema ACTH) Regulação do Medo (Córtex Pré-Frontal Orbital Mediano e a Amígdala) Envolvimento Social (Regulação autonómica do Sistema Vagal) Motivação Social (Reforço da Representação) 35 Estruturas Corticais e Sub-Corticais (Davidson e colab. 2002) dorsolateral PFC (DLPFC) orbital PFC (OFC) ventrolateral PFC (VLPFC) anterior cingulate amygdala hippocampus 02-02-2014 Curso de Neurociências Mário David 36 Córtex Pré-Frontal Orbital Mediano • Ápex das Redes Neuronais do Cérebro Social • Zona de Convergência Integração da Informação Sensorial e da Informação Emocional • Conexão directa c/ Hipotálamo Integração da Informação dos Mundos Interno e Externo com a Emoção, a Motivação e os Sistemas de Recompensa • Papel Inibitório através da Amígdala e de outras Estruturas Adjacentes (Regulação Afectiva) (Schore,A.N. 1994) 02-02-2014 Curso de Neurociências Mário David 37 Córtex Somato-Sensórios e Áreas Adjacentes (L. J. Cozolino, 2006) 02-02-2014 3º Ano Curso SPG 2010 / 2011 Mário David 38 Córtices Somato-Sensórios (SI/SII) • Contêm a Informação sobre as Experiências Corporais e possuem Múltiplas Representações do Corpo (com a participação da Ínsula e Córtex Cingulado Anterior) Base da nossa Experiência sobre os nossos Selves Somáticos • Estes Córtices SI/SII participam na geração da Intuição ou em sensações de base (“gut feelings”) ativadas pelas Memórias Implícitas relacionadas com as nossas experiências e que nos ajudam a tomar decisões com convicção (A. Damásio, 1994) 1. Geram-se no contexto das relações precoces e são dependentes da Experiência 2. As Experiências com os nossos Corpos tornam-se em Modelos para a Conexão, Compreensão e Empatia nos Relacionamentos com os Outros (A. Damásio, 2000) 39 02-02-2014 Curso de Neurociências Mário David Estruturas Corticais e Sub-Corticais (L. J. Cozolino, 2006) 02-02-2014 3º Ano Curso SPG 2010 / 2011 Mário David 40 Córtex Cingulado • Área de Associação Informacional: (Visceral, Motora, Táctil, Autonómica e Emocional) • Comportamento Maternal, Brincar, Cuidados Parentais • Certas Comunicações de Predador-Presa, de Procura de Companheiro Sexual e de Mãe-Filho (P. MacLean, 1995) • A Integração de certos aspectos dos Processos Cognitivos e Emocionais mais a ativação, a modulação, e a coordenação entre os Circuitos Frontais/Motores (Bush, Luu & Posner, 2000; Paus,1993) • Destruição => Mutismo; Perda de Resposta ou Neglect Maternal e a Instabilidade Emocional e Autonómica 02-02-2014 (Bush, Luu & Posner,2000; Bush, 2002; Joseph, 1996) 41 Curso de Neurociências Mário David Localização da Ínsula (J. Nolte & J.B. Angevine, 2007) 02-02-2014 Curso de Neurociências Mário David 42 Córtex da Ínsula • “Córtex de Integração límbica” área de interconexão entre Estruturas Límbicas e os Lobos Frontal, Parietal e Temporal • Organizada como um Mapa do Corpo: Como Experiências e Expressões da Auto-Consciência Corporal, Emoção e Comportamento (Carr, 2003; Phan, 2002) • Expressões Faciais, Mudanças da Direcção do Olhar, Estados de Desconfiança perante os Outros (Kawashima, 1999; Morris Friston, 1998) • Destruição => Anosognosia 02-02-2014 (Garavan, Ross, & Stein, 1999) Curso de Neurociências Mário David 43 Estruturas Sub-Corticais • Amígdala: Medo, Vinculação, Memorias Recentes e Memória Emocional • Hipocampo: Evocação das Memórias e das Aprendizagens Conscientes (em colaboração com a Amígdala e o Córtex Cerebral) • Hipotálamo: Tradução dos nossas Interacções Sociais em Processos Corporais via Eixo Adreno-Pituitário-Hipotalâmico 02-02-2014 Curso de Neurociências Mário David 44 Sistemas Internos Facilitadores da Conexão Interpessoal e de Regulação Afectiva (I) • Sistemas do Medo e do Estresse: Níveis de Excitação / Luta – Fuga / Aproximação – Evitação • Sistemas de Recompensa ou de Reforço Procura da Proximidade / Dependência – Ligação / Vinculação / Conforto - Alívio / Motivação Social Sistemas de Envolvimento: Regulação Afetiva / Modulação do Medo /Redução do Estresse / Esquemas de Vinculação 02-02-2014 Curso de Neurociências Mário David (L. Cozolino, 2006) 45 Sistemas Internos Facilitadores da Conexão Interpessoal e de Regulação Afectiva (II) • Sistemas Visuo-Sociais: Orientação e Reconhecimento das Faces Orientação da Atenção / Expressões Faciais Sistemas de Espelhamento: Imitação / Aprendizagem / Comunicação / Coordenação / Ressonância / Empatia / Sistemas Simbólicos: Objetos Internos / Palavras / Metáforas / Narrativas (L. Cozolino, 2006) 02-02-2014 Curso de Neurociências Mário David 46 Áreas Conectadas pelos Neurónios de Espelhamento (L. J. Cozolino, 2006) 02-02-2014 47 Neurónios de Espelhamento(Humanos) • Encontram-se Áreas Pré-Motoras dos Córtices Sensoriais (SI/SII) e da área de Broca • Estendem-se aos Lobos Temporais, Parietais e Frontais (mais na Imaginação dos Movimentos) (Decety & Chaminade, 2003a) • Para a Ínsula, a Amígdala (mais na Imitação ou na Observação da Expressão Facial) (Carr, 2003) • Para os Gânglios da Base e o Cerebelo (mais na Observação dos Movimentos das Mãos) (Decety & Chaminade, 2003a) 02-02-2014 Curso de Neurociencias Mário David 48 Sistemas de Ressonância e Espelhamento • Observação das Acções, Gestos e Expressões Faciais dos Outros => Activação Reflexiva dos Sistemas Motóricos => Activação de Pensamentos e das Emoções associadas a estes Comportamentos • Ex: criança a chorar, atleta que perdeu a corrida • Promovem a Ressonância Emocional, a Sintonização Empática e a Compreensão Mútua (Wolf, 2000) • Ativados durante a Observação, a Imaginação, a Empatia e a Execução de Acções, em particular, com as Mãos (Bonda, 1994; Buccino, 2004; Decety e Chaminade, 2003a, 2003b) 02-02-2014 Curso de Neurociências Mário David 49 Reflexos e Instintos (Vinculação) (I) “a Mãe e o Bebé ajustam, entre si, sons, gestos, movimentos e emoções num dueto lírico” (Trevarthen, 1993) • RN vem equipados com um aparato de reflexos que desencadeiam os Instintos Maternais, ↑ contacto visual e prolongam o contacto físico • Mães reconhecem pelo cheiro os seus RN após 1hora de contacto / / Bebés reconhecem muito cedo o cheiro do corpo da Mãe e do leite materno e do mamilo materno • Mães reconhecem o choro dos RN ao fim do 1ºDia • Ao fim de algumas horas os Bebés reconhecem e distinguem as caras mais familiares 02-02-2014 Curso Neurociências Mário David 50 Reflexos e Instintos (Vinculação) (II) • Imitação Reflexa da Mãe ensina o RN a relacionar entre as expressões faciais da Mãe, as interacções sociais entre si e os Outros e ainda, os seus estados emocionais internos • “A Visão, em geral e a Face Emocionalmente Expressiva, da Mãe vão ter um papel central na Conexão e na Vinculação Humanos” (A. N. Schore, 1994) • Sons, Sensações, Visão da Face Expressiva da Mãe ↑ os níveis de Dopamina e Endorfinas, tornando a Mãe na fonte primária de prazer e bem-estar do bebé 02-02-2014 Curso de Neurociências Mário David 51 Sistema de Motivação Social (E. E.Nelson & J. Panksepp, 1998) ( H. Fischer, 1998) • Estende-se para a Amígdala, para o Cíngulo Anterior e para Córtex Pré-Frontal Orbital Mediano A Vinculação / O Acasalamento / A Empatia / O Comportamento Altruísta (Decety & Lamm, 2006) • Três Subsistemas ou Circuitos: 1. Bonding e Vinculação (péptidos, vasopressina e oxitocina) 2. Atratividade (dopamina e outras catecolaminas) 3. Impulso Sexual (androgéneos e estrogéneos) (H. Fischer, 1998) 02-02-2014 Curso de Neurociências Mário David 52 Uma Boa Mãe Internalizada (L. Cozolino, 2006) Uma Regulação dos Afetos e uma Auto-Estima Saudáveis Ter sido tocado de modo agradável Ter sido embalado suavemente e de modo seguro Ter sido confortado de modo “quente” Ter experienciado uma regulação homeostática em relação ao sono, à fome e à estimulação sensorial geral, etc. Experiências Repetidas sobre transições emocionais a partir de Estados de Angústia para Estados de Tranquilidade Ter experienciado Estados Emocionais Positivos Sustentados 02-02-2014 Curso de Neurociências Mário David 53 Capacidade Parental Adequada (L. Cozolino, 2006) • Os melhores Preditores são: • Capacidade de Elaboração Psíquica • Processamento das Emoções e dos Afetos • Integração das Experiências Precoces • Construção de Narrativas Coerentes • Os Pais mais Autónomos e mais Seguros: • Níveis mais elevados de Integração Neuronal • Atingem Níveis mais elevados de Regulação Afetiva • Não usam tanto as Defesas de tipo Dissociativa 02-02-2014 Mário David 2013 54 FUNCIONAMENTO MENTAL PARENTAL • Pais com Vinculação não Segura (3 Tipos): • Apresentam Baixos Níveis de Integração Neurológica e Psicológica; • Usam Defesas Psicológicas mais primitivas; • Diminuição nos seus Níveis de Atenção e de Disponibilidade Emocional para com a criança. 02-02-2014 Mário David 2013 55 Bibliografia (I) • • Adler, HM (2002). The sociophysiology of caring in the doctor-patient relationship. Journal of General Internal Medicine. Vol.17, nº11, pp. 883-890 Ainsworth, M.D.S., Blehar, M.C., Waters, E., & Wall, S. (1978). 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