Baixar essa Seção do Catálogo this Catalog Section
Transcrição
Baixar essa Seção do Catálogo this Catalog Section
Two or three things I know about Aloysio Raulino Arthur Autran The recent and unexpected death of Aloysio Raulino interrupted the career of one of the most important cinematographers of the contemporary Brazilian Cinema. In his curriculum, there are highlighted films of our cinematography, such as O homem que virou suco (João Batista de Andrade, 1981), Romance (Sérgio Bianchi, 1987), O Prisioneiro da Grade de Ferro (Paulo Sacramento, 2003), Serras da Desordem (Andrea Tonacci, 2006) and Cartola – Música para os Olhos (Lírio Ferreira and Hilton Lacerda, 2006). In the late 60s, Raulino studied Cinema at ECA-USP, later he was Professor of Photography at the same institution. In college, I had the opportunity to meet him because I was his student in the early 90s, a devastated land period for the Brazilian cinema, and the mediocrity empire of Fernando Collor de Mello as president. Despite, or perhaps because of, the intense crisis moment, there was at ECA a very rich discussion climate about cinema. Raulino certainly felt better filming than in the classroom, the somewhat formal university environment seemed to reinforce his natural shyness. At least in my experience, the random contacts with Raulino, on the school hall or having a coffee, were richer than the classes; in informal situations he seemed to feel more at ease. His comments and touches are part of my training, as certainly also homenagem tribute Duas ou três coisas que eu sei sobre Aloysio Raulino Arthur Autran A morte recente e inesperada de Aloysio Raulino interrompeu a carreira de um dos mais importantes diretores de fotografia do cinema brasileiro contemporâneo. No seu currículo há filmes de destaque da nossa cinematografia, tais como O Homem que Virou Suco (João Batista de Andrade, 1981), Romance (Sérgio Bianchi, 1987), O Prisioneiro da Grade de Ferro (Paulo Sacramento, 2003), Serras da Desordem (Andrea Tonacci, 2006) e Cartola – Música para os Olhos (Lírio Ferreira e Hilton Lacerda, 2006). Em fins dos anos 1960, Raulino cursou Cinema na ECA-USP, posteriormente ele foi professor de Fotografia nesta mesma instituição. Na universidade, tive a oportunidade de conhecê-lo, pois fui seu aluno no início da década de 1990, época de terra arrasada para o cinema brasileiro e do império da mediocridade homenagem tribute 117 de Fernando Collor de Mello como presidente do país. Apesar disso, ou talvez por causa da situação de crise intensa, havia então na ECA um clima muito rico de discussão sobre cinema. Raulino certamente se sentia melhor filmando do que em sala de aula, o ambiente algo formal da universidade parecia que reforçava a sua timidez natural. Pelo menos na minha experiência, os contatos fortuitos com Raulino, pelos corredores da escola ou para tomar um café, foram mais ricos do que as aulas; em situações informais ele parecia se sentir mais à vontade e seus comentários e toques são parte da minha formação, como, certamente, também de muitas outras pessoas que estudaram ali naquele período (José Roberto Torero, Paulo Sacramento, Luiz Adelmo, Christian Saghaard, Geórgia Costa Araújo, Nathalia Rabczuk, Francisco Mosquera e Marcelo Toledo, só para citar alguns). Correndo o risco de ser muito pessoal, lembro de certa vez procurá-lo todo preocupado: eu iria fazer um filme com um ator negro e temia que as pessoas interpretassem erroneamente minha proposta, ele me disse para simplesmente filmar o roteiro e não me preocupar com isso naquele momento. Parece simples, mas foi algo essencial para um jovem muito inseguro que dirigia o seu primeiro curta-metragem. Não se afigura casual que boa parte dos filmes fotografados por Raulino nos últimos anos tenham sido dirigidos por pessoas bem mais novas do que ele. Uma mistura de companheirismo, inventividade e conhecimento técnico tornavam-no o diretor de fotografia adequado para os jovens realizadores. O falecimento de Raulino também impede que possamos ver um novo filme de sua autoria. Dirigiu apenas um longa-metragem de ficção, Noites paraguaias (1982), e no que pese are for many other people who studied there in that period (José Roberto Torero, Paulo Sacramento, Luiz Adelmo, Christian Saghaard, Georgia Costa Araújo, Nathalia Rabczuk, Francisco Mosquera and Marcelo Toledo, just to mention a few). At the risk of being too personal, I remember once looking for him very worried: I was going to make a film with a black actor and feared that people would misinterpret my proposal, he told me to just shoot the script and not worry about it at that time. Sounds simple, but it was something essential for a non confident young filmmaker on his first short film. It seems no coincidence that many of the films photographed by Raulino in recent years have been directed by people much younger than him. A mixture of camaraderie, ingenuity and expertise made him the suitable director of photography for young filmmakers. The death of Raulino also stops us from seeing a new film of his own autorship. He directed only one feature film fiction, Noites Paraguaias (1982), and in spite of the recent years he has not returned for directing, Raulino was an important inventor of the Brazilian Documentary Film, as indicated by the analyzes of Jean-Claude Bernardet in the book Cineastas e Imagens do Povo. Particularly, the act of handing the camera for an ordinary person to film some takes, such as in short Jardim Nova Bahia (1971), was the element of a crucial break with nos últimos anos ele não ter voltado a dirigir, Raulino foi um importante inventor do documentarismo brasileiro, conforme indicam as análises de Jean-Claude Bernardet no livro Cineastas e imagens do povo. Particularmente, o ato de entregar a câmera a um popular para que este filmasse algumas imagens, tal como ocorre no curta Jardim Nova Bahia (1971), foi um elemento de ruptura fundamental com a postura sociológica do documentarismo brasileiro de então. Não por acaso, Paulo Sacramento chamou Raulino para ser o diretor de fotografia de O Prisioneiro da Grade de Ferro, filme que retoma e amplifica a opção de entregar a câmera, pois boa parte das suas imagens foi gravada por presidiários. Trata-se de uma importante ligação estética na história do cinema brasileiro, a que relaciona Jardim Nova Bahia e O Prisioneiro da Grade de Ferro. Ao meu ver, os filmes de Raulino possuem algumas das imagens marcantes do nosso cinema: o longo travelling feito a partir de um carro pela Marginal Tietê em Lacrimosa (1970), o homem negro alto e musculoso que dança seminu ao som de Sidney Magal em O Porto de Santos (1978) e o lento travelling lateral que vai e volta enquadrando a entrada de uma estação do metrô em São Paulo – Cinemacidade (1994). Estes são apenas alguns poucos exemplos de imagens com uma pregnância intensa que caracterizavam o olhar deste fotógrafo e diretor, cuja obra possui um lirismo poético cada vez mais raro no cinema e que inclui ainda duas pérolas como O Tigre e a Gazela (1976) e Inventário da Rapina (1986). the sociological posture of the Brazilian documentaries at that time. It was not by chance that Paulo Sacramento called Raulino to be the director of photography for O Prisioneiro da Grade de Ferro, film that incorporates and amplifies the option of handing the camera to others, as much of its images were recorded by prisoners. It is an important aesthetical link in the history of Brazilian cinema, which relates Jardim Nova Bahia and O Prisioneiro da Grade de Ferro. In my view, Raulino´s movies have some of the most relevant images of our cinema: the long travelling made from the view of a car through Marginal Tietê in the movie Tearful (1970), the tall, muscular black man who dances half naked under Sidney Magal´s song in The Port of Santos (1978) and the slow travelling that goes back and forward framing the entry of a subway station in São Paulo - Cinemacidade (1994). These are just a few examples of images with an intense influence that characterized this photographer and director look, whose work has a poetic lyricism increasingly rare in film, and also includes two pearls as O Tigre e a Gazela (1976) and Inventário da Rapina (1986). Arthur Autran é formado em Cinema pela ECA- Arthur Autran is graduated in USP e doutor pelo Instituto de Artes da UNICAMP. É professor do Depto. de Artes e Comunicação da UFSCar. Dirigiu os documentários Minoria Absoluta (1994) e A Política do Cinema (2011). Escreveu o livro “Alex Viany: crítico e historiador”. Cinema by ECA-USP and doctor at the Art Institute of UNICAMP. He is a professor at the Department of Arts and Communication at UFSCar. He directed the documentaries Minoria Absoluta (1994) and A Política do Cinema (2011). He wrote the book “Alex Viany: critic and historian.” homenagem tribute 119 O som e a fúria Lacrimosa, O Tigre e a Gazela e O Porto de Santos Luís Alberto Rocha Melo Texto originalmente publicado na revista Filme Cultura – Edição 58 Em diversas ocasiões, Aloysio Raulino definiu a câmera como uma extensão de seu próprio corpo. Três curtas-metragens dirigidos e fotografados por Raulino nos anos 1970 e restaurados em 2009 pela Cinemateca Brasileira – Lacrimosa, O Tigre e a Gazela e O Porto de Santos – confirmam essa íntima relação The sound and the fury Lacrimosa, O Tigre e a Gazela do cineasta com a fotografia: são and The Port of Santos ensaios audiovisuais que arrebatam o espectador pela força das ima- Luis Alberto Rocha Melo gens. Mas o intuito aqui não é falar This text was originally published in the desses três curtas a partir da fotogra- magazine Filme Cultura, Issue 58 fia, e sim de um outro elemento com On several occasions, Aloysio o qual Raulino também soube lidar Raulino has set the camera as de forma admirável: o som e seus an extension of his own body. múltiplos significados políticos. Three short films directed and Lacrimosa (correalizado com Luna Alkalay, 1970) é certamente aquele que traduz com maior dramaticidade o clima de asfixia imposto pela ditadura. Compõe-se de um longo travelling de carro pela Marginal Tietê, então recém-aberta, e de vários planos tomados em uma favela, na periferia de São Paulo. O clima chuvoso torna a paisagem ainda mais desoladora. Na favela, crianças circulam pelo lixo; um morador canta algo para a câmera, em close. Mas não ouvimos a sua voz. Assim como não ouvimos nenhum som proveniente da favela ou da rodovia. A pista sonora é uma longa faixa de silêncio, quebrada aqui e ali por excertos musicais – entre eles, uma canção latina e photographed by Raulino in 1970 and restored in 2009 by the Brazilian Cinematheque Lacrimosa, O Tigre e a Gazela and The Port of Santos - confirm this close relationship of the filmmaker with the photography: audiovisual essays that enrapture the viewer by the force of the images. But the intention here is not to talk about these three short films based on photo, but based on another element that Raulino also learned how to deal with in an admirably way: the sound and its multiple political meanings. o Réquiem de Mozart, especialmente o trecho Tearful (co-directed by Luna “Lacrimosa”, usado em dois breves momentos Alkalay, 1970) is certainly the one que não ocupam mais do que 30 segundos. O that translates most dramatically silêncio é soberano – mas desafiado ao final the suffocation climate imposed pela canção chilena “Paloma Pueblo”, de Ángel by the dictatorship. It consists of a Parra: “Han muerto tantas palomas/de mil for- long car traveling on the Marginal mas y colores/pero a la paloma pueblo/no hay Tietê, newly opened, and several muerte que la aprisione.” takes on a slum on the outskirts Já nesse filme, portanto, insinua-se a impor- of São Paulo. The rainy weather tância da canção popular – embora cantada em makes the landscape even more outra língua – como forma de resistir e desobe- devastated. In the slum, children decer. Seis anos depois, em O Tigre e a Gazela roam the garbage; a villager (1976), essa estratégia será aprofundada. Na sings something to the camera faixa sonora, ainda persistem os momentos de in close. But we do not hear his longo silêncio. Mas eles disputam lugar com voice. Just as we do not hear any ritmos percussivos, batucadas, fragmentos de sound coming from the slum or música erudita e textos de Frantz Fanon narra- the highway. The soundtrack is dos por um locutor off. Aqui, a música popular a long stretch of silence, broken brasileira ganha maior relevância, quase sem- here and there by musical excerpts pre ressignificando as imagens. Por exemplo, - including a Latin song and Mozart’s Requiem, especially the verse “Lacrimosa”, used in two brief moments that do not take more than 30 seconds. The silence is sovereign - but challenged by the late Chilean song “Paloma Pueblo” O Porto de Santos / The Port of Santos by Ángel Parra: “Han muerto tantas palomas/de mil formas y colores/pero a la paloma pueblo/ no hay muerte que la aprisione.” Thus, already in this film, the importance of popular song although sung in another language – slowly instill as a way to resist and disobey. Six years later, in O Tigre e a Gazela (1976), this strategy will be deepened. On the soundtrack, there are still moments of long silence. But they follow vying place with percussive rhythms, drumming, fragments of classical music and texts by Frantz Fanon narrated by an off speaker. Here, Brazilian popular music gains more relevance, often reframing the images. An example is when the beautiful “Salve homenagem tribute 121 quando a bela “Salve Linda Canção Sem Linda Canção Sem Esperanaça”, Esperança”, de Luiz Melodia, dialoga com pla- of Luiz Melodia, dialogues with nos documentais de operários e populares em documentary plans of workers situações de ócio. Ou ainda quando a latina and people in leisure situations. “Pablo nº 2 (Festa)”, de Milton Nascimento, é Or when the Latin “Pablo number surpreendentemente combinada à coreografia (Party)” by Milton Nascimento, is dos passistas de uma escola de samba. Não só surprisingly combined to the dance a trilha sonora se diversifica como provém de choreography in a samba school. várias origens: fonogramas, locução gravada em Not only does the soundtrack estúdio para o filme e – o que é mais significativo diversifies as it also comes from – a voz na rua em som direto. Em dois momen- several sources: phonograms, tos, uma mulher negra, talvez moradora de rua, voiceovers recorded in studio rosto inchado pelo álcool, aparece cantando aos for the film and - what is more berros. No primeiro, ela canta o samba “Salve a significant - the voice on the street Princesa Isabel”: “Todo negro pode ser doutor/ in direct sound. On two occasions, Deputado, senador/Não há mais preconceito de a black woman, maybe homeless, cor”. No segundo momento, ela grita o Hino face swollen from alcohol, appears da Independência. Para além do sentido irônico singing blaring. At first, she sings que o filme empresta a essas músicas, importa samba “Salve a Princesa Izabel”: o gesto libertador de cantar, aqui reforçado pelo “All black can be a doctor/Deputy, uso do som direto em sincronismo – presente Senator/ No more color prejudice”. In the second time, she screams apenas nessas duas passagens. Em O Porto de Santos (1978), o som diegético the Anthem of Independence. parece ainda mais pronunciado. Mas se trata de Beyond the ironic sense that the uma ilusão: os sons que ouvimos destacam-se film lends to these songs, what com frequência da imagem referencial. A trilha matters is the liberating gesture of sonora compõe-se de trechos de música instru- singing, here enhanced by the use mental (“Entre Dos Aguas”, com Paco de Lucía), of the direct sound in sync – that muitos ruídos (embarcações, docas, ambiente appears just in these two passages. praiano, gaivotas, ondas de rádio, boates na In The Port of Santos (1978), the noite santista) e vozes gravadas em som direto. diegetic sound seems even more Além disso, a locução off também cumpre uma pronounced. But this is an illusion: função irônica: uma voz feminina, didática the sounds we hear often stand out e impessoal, fornece breves dados históricos the referral image. The soundtrack consists of excerpts of instrumental music (“Entre Dos Aguas” with Paco de Lucía), many noises (boats, docks, beach atmosphere, radio waves, night clubs O ruído, a voz e a música seagulls, from Santos) and recorded voices parecem ter enfim conquistado into direct sound. Furthermore, the off expression also fulfills an o direito à expressão – ironic function: a female voice, jamais como ilustração das imagens, e sim contraponto, elementos de criação poética. The noise, the voice and the music seem to have finally won the right to expression - never as an illustration of the images, and rather as a counterpoint, elements of poetic creation. didactic and impersonal, provides brief historical data on the city of Santos. The space for silence now is minimal, almost reduces the sound fades. The noise, the voice and the music seem to have finally won the right to expression - never as an illustration of the images, and rather as a counterpoint, elements of poetic creation. Thereof the total asynchrony (lines disconnected sobre a cidade de Santos. O espaço para o silên- from images) or an only apparent cio agora é mínimo, quase se reduz aos fades sync that also gives a new meaning sonoros. O ruído, a voz e a música parecem to popular music. In the most ter enfim conquistado o direito à expressão – striking scene of The Port of jamais como ilustração das imagens, e sim Santos, which shows a worker or a contraponto, elementos de criação poética. Daí fisherman in a swimsuit dancing o total assincronismo (falas desconectadas das “Amante Latino” (latin lover), imagens) ou a sincronização apenas aparente. sung by Sidney Magal, we have Daí também um novo sentido dado à música the synthesis of this new stance popular. Na cena mais marcante de O Porto de advocated by Raulino: the music Santos, a que mostra um operário ou caiçara (put on the image) not only as an dançando de sunga a canção “Amante Latino” instrument of denunciation, but (cantada por Sidney Magal), temos a síntese also as a place of pleasure and dessa nova postura defendida por Raulino: a sensuality. música (posta sobre a imagem) não apenas From the gray silence to the como instrumento de denúncia, mas também joy of singing and dancing, a new understanding of the word como espaço do prazer e da sensualidade. Do silêncio cinzento à alegria do canto e da “politics.” Or, as Fanon says in dança, um novo entendimento da palavra “polí- one of the signs of O Tigre e a tica”. Ou, como diz Fanon em um dos letreiros Gazela: “Despite all his technique de O Tigre e a Gazela: “Apesar de toda a sua téc- and his firepower, the enemy nica e de sua potência de fogo, o inimigo dá a seems to be wallowing and impressão de chafurdar e desaparecer pouco a gradually disappearing in the mud. We sing, sing.” pouco na lama. Nós cantamos, cantamos.” Luís Alberto Rocha Melo é cineasta, pesquisador Luis Alberto Rocha Melo is a e professor no Curso de Cinema e Audiovisual e no Mestrado em Artes, Cultura e Linguagens do Instituto de Artes e Design da UFJF. Dirigiu, entre outros trabalhos, o longa Nenhuma fórmula para a contemporânea visão do mundo (2012), o curta Que cavação é essa? (2008), e o média O Galante rei da Boca (2004). filmmaker and researcher. He is also professor in the Film and Audiovisual Course and in the Culture,Languages and Arts Master Course at the Institute of Art and Design from UFJF. He directed , among other works, the feature film Nenhuma Fórmula Para a Contemporânea Visão do Mundo (2012), the short feature film Que cavação é essa? (2008), and O Galante Rei da Boca (2004) homenagem tribute 123 Lacrimosa Direção director Aloysio Raulino Tearful Produção producer Brasil,1970, 12 min Tânia Savietto O retrato da cidade de São Paulo a partir de alguns itinerários. Pela Marginal Tietê e outras vias da metrópole, terrenos baldios, construções de edifícios, fachadas de fábricas e favelas compõem um triste cenário. E nesta lacrimosa paisagem urbana, crianças em completa miséria. Aloysio Raulino Roteiro writer The portrait of the city of São Paulo through some itineraries. From the Marginal Tietê and other avenues of the metropolis, vacant land, construction sites, factories facades and slums make up a sad scenario. And in this tearful urban landscape, children in complete misery. Direção director Aloysio Raulino e Luna Alkalay Produção producer Aloysio Raulino e Luna Alkalay Roteiro writer Aloysio Raulino e Luna Alkalay Fotografia cinematographer Aloysio Raulino Edição editor Aloysio Raulino O Porto de Santos The Port of Santos Brasil, 1978, 19 min Fotografia cinematographer Aloysio Raulino A histórica cidade de Santos e o seu porto. Embarcações atracadas e o trabalho dos José Motta doqueiros: suas atividades e reivindicações. Navios ancorados em alto-mar. O comércio do café, que desde 1909 propiciou a Santos a sua riqueza. O transporte de sacas de café e o carregamento num caminhão. Crianças e senhoras recolhem grãos caídos no chão. Monumento em exaltação ao trabalho. O transporte de caiçaras e a dificuldade de viver da pesca local. Destaque para um mulato dançando, com sensualidade, a canção “Amante Latino” e para outros homens jogando capoeira. O movimento noturno na zona de meretrício com prostitutas e luminosos de bares. Retorna o dia, e a rotina no porto recomeça. Edição editor The historic city of Santos and its port. Boats moored and dockers’ work: their activities and demands. Ships anchored in the high seas. The coffee trade, which since 1909 has provided Santos its wealth. The bags of coffee transport and loading of a truck. Children and ladies gather grains lying on the ground. Monument in exaltation to work. The transportation of caiçaras, and the difficulty of living of local fishing. Highlight for mulatto dancing with sensuality, the song “Amante Latino” and other men playing capoeira. The night movement in the red-light district with prostitutes and bright bars. Returns the day, and the routine restarts at the port. homenagem tribute 125 O Tigre e a Gazela The Tiger and the Gazelle Brasil, 1976, 14 min As fisionomias, os gestos e as Direção director falas de mendigos, pedintes, Aloysio Raulino loucos e foliões que passam Produção producer pelas ruas de São Paulo. Os sons Aloysio Raulino, Tânia Savietto e Jorge Bouquet e imagens são ilustrados com extratos de Frantz Fanon. Roteiro writer Aloysio Raulino Fotografia cinematographer The faces, gestures and speeches Aloysio Raulino of beggars, madmen and revelers Edição editor passing through the streets of São Aloysio Raulino Paulo. The sounds and images are illustrated with extracts of Frantz Fanon. homenagem tribute 127