LA NIÑA E EL NIÑO
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LA NIÑA E EL NIÑO
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA CURSO TÉCNICO DE METEOROLOGIA - DASS Jaqueline Estivallet Lidiane da Silva Piter Rafael Scheuer Priscilla Lüdtke Espíndola Roseli de Oliveira LA NIÑA E EL NIÑO A Influência nas ocorrências tornádicas em Santa Catarina Orientadora: Prof.ª Doutora Márcia Fuentes Florianópolis SC, 2009 1 AGRADECIMENTOS Agradecemos as professoras Eliane Bareta e Márcia Fuentes pela valorosa atenção, pelo suporte didático e orientação. Ao Instituto Tecnológico SIMEPAR, em especial a Cézar G. Duquia, pelas imagens de radar cedidas para uso neste trabalho. À EPAGRI/CIRAM, Maria Laura, pela permissão a acesso e pesquisa em banco de dados, além de uso de informações meteorológicas para complemento de casos aqui estudados. Ao meteorologista João Luiz W. Rolim, pelo gentil envio de informações referentes aos tornados ocorridos em Lebon Régis. À colega Geisa Rocha que facilitou o acesso a importantes referências que nortearam a base desse trabalho. À Marilei Foss, pelo envio de seus trabalhos relacionados a tornados. E a todas as pessoas amigas e familiares que de alguma forma nos ajudaram a elaborar e finalizar esse trabalho. 2 RESUMO Explicações sobre os fenômenos meteorológicos El Niño Oscilação Sul (ENOS), El Niño (EN) e La Niña (LN) e uma possível relação com a ocorrência de eventos tornádicos em Santa Catarina (SC) ainda não fazem parte do cenário da pesquisa científica. Esses fenômenos meteorológicos têm grande influência no clima de todo o Globo, inclusive no Estado de Santa Catarina, alterando o regime das precipitações e ocasionando tempo severo. Pelo estudo do fenômeno ENOS, este trabalho consiste em analisar, levantar dados, e comparar, através de uma média climatológica de 33 anos os eventos tornáticos ocorridos em Santa Catarina relacionando setenta e sete (77) casos de tornados ocorridos no Estado de Santa Catarina aos fenômenos El Niño, La Niña e Neutralidade que ocorrem no Oceano Pacífico Equatorial. Como a proposta inicial foi conhecer a casuística de tornados em SC, desprezou-se uma análise sinótica complexa e estudo de caso, o que demandaria tempo e estudo mais profundo, foi feita apenas uma Revisão da Literatura e pesquisas em materiais jornalísticos. Dessa forma apenas se complementaram as ocorrências com imagens de satélite, imagens de radar, dados do Boletim do CPTEC, informações da Defesa Civil, informações de meteorologistas e EPAGRI/CIRAM, imagens de danos locais, para dar visibilidade e suporte simples a aspectos sinóticos encontrados nos dias informados, bem como evidenciar situações conhecidas na literatura científica, como presentes na dinâmica da atmosfera capazes de gerar tornados. Através da análise do material acima citado foi possível visualizar que tornados ocorrem durante todo o ano em Santa Catarina, porém, a maior freqüência de ocorrência se deu no período de La Niña. Já a análise de meses com mais concentração dos eventos tornádicos verificou-se que janeiro, fevereiro e março são os meses que mais registram as ocorrências tornádicas, correspondente ao verão, que concentrou 61,03 % das ocorrências tornádicas, já no outono 9%, no inverno 12,98% e na primavera 16,88%, sendo que anos de influência de El Niño não foram encontradas ocorrências de tornados no outono. Palavras-chaves: El Niño. ENOS. La Nina. Neutralidade. Tornado. Tromba d’água. 3 LISTA DE FIGURAS FIGURA 1: Padrão de circulação no oceano Pacífico Equatorial em anos de Neutralidade....................................................................................................................18 FIGURA 2: Evolução do Índice de oscilação Sul desde janeiro de 1951 até janeiro de 1998................................................................................................................................ 21 FIGURA 3: Anomalias de temperatura no Oceano Pacífico...........................................22 FIGURA 4: O Oceano Pacífico Equatorial em condições de EL Niña............................23 FIGURA 5: O Oceano Pacífico Equatorial em condições de La Niña............................25 FIGURA 6: Mostra a prefeitura de Blumenau cercada de água.....................................41 FIGURA 7: Jato Subtropical sobre Santa Catarina em anos de El Niño........................43 FIGURA 8: Visão frontal de uma supercélula com tornado............................................46 FIGURA 9: Idealização da escala Fujita.....................................................................48 FIGURA 10: Comparação entre a Escala Fujita antiga com a EF-Scale em uso nos EUA.................................................................................................................................49 FIGURA 11: Mapa da região do Tornado Alley...............................................................50 FIGURA 12: Mapa sobre ocorrência de tornados na Bacia do Prata..........................51 FIGURA 13: Zonas de maior probabilidade de ocorrências de tornados no mundo.......52 FIGURA 14: Mapa mundial de ambientes propícios para gerar tornados (19701999)...............................................................................................................................53 FIGURA 15: Encontro de massas de ar sobre a região sul do Brasil.............................54 FIGURA 16: Canoinhas, SC – 1928................................................................................59 FIGURA 17: Manchete de jornal com imagem de estragos..........................................65 FIGURA 18: Matéria de jornal informando a ocorrência de tornado em Painel..............69 FIGURA 19: Núcleos convectivos associados a frente fria no RS e SC........................70 4 FIGURA 20: Estragos em Campo Erê............................................................................71 FIGURA 21: Linha de instabilidade avançando sobre o litoral norte gaúcho antes do tornado em Passo de Torres..........................................................................................75 FIGURA 22: Frente fria avançando pela região sul do Brasil.......................................76 FIGURA 23: Capa do jornal com imagem da Igreja cortada ao meio, Criciúma – 27/01/2006.......................................................................................................................77 FIGURA 24: Notícia da Igreja destruída pelo tornado voltou a funcionar 3 anos após a destruição total.....................................................................................................................................78 FIGURA 25: Linha de tempestade com formação supercelular no momento da formação de tromba d´água............................................................................................................80 FIGURA 26: Célula da tempestade em Laguna, nuvem com topo de 16 km...........81 FIGURA 27: Danos por vendaval em Capivari de Baixo, 06/02/ 2007...........................82 FIGURA 28: Supercélula, Laguna, 06/02/2007...............................................................82 FIGURA 29: Spray giratório de tromba d´água em Laguna, 06/02/2007.......................83 FIGURA 30: Imagem realçada do satélite GOES 10, 22/07/2007.............................84 FIGURA 31: Danos decorrentes de tornado em imóveis da zona rural de Campos Novos..............................................................................................................................85 FIGURA 32: Notícias do vendaval em Chapecó na capa do Jornal Diário Catarinense, SC....................................................................................................................................86 FIGURA 33: Danos decorrentes do vendaval que atingiu o município...........................87 FIGURA 34: Capa do Jornal informando a possibilidade de um tornado ter atingido a região...............................................................................................................................88 FIGURA 35: Célula de tempestade que gerou danos em Içara....................................89 FIGURA 36: Destruição na rodoviária nova de Correia Pinto, que ainda nem fora inaugurada.......................................................................................................................91 FIGURA 37: Célula convectiva junto a Correia Pinto, 20/06/2008..................................92 FIGURA 38: Célula de tempestade sobre Zortéa – 12/08/2008......................................93 FIGURA 39: Estragos em Zórtea em telhados na mesma rua........................................94 5 FIGURA 40: Notícia sobre possível ocorrência de tornado em Cerro negro..................95 FIGURA 41: Eucalipto tombado na Estação do Epagri, em 11/01/2009.........................98 FIGURA 42: Carta de superfície em 18z, de 11/01/2009................................................98 FIGURA 43: Imagem realçada do satélite GOES 10, com o núcleo convectivo que gerou o tornado em Urussanga, 11/01/2009.............................................................................99 FIGURA 44: Danos em imóveis em Sombrio................................................................100 FIGURA 45: Noticia sobre os danos de tornado em Sombrio.......................................101 FIGURA 46: Núcleo convectivo isolado sobre Sombrio, 31/01/2009........................102 FIGURA 47: Quadra coberta desabada, imagem de Marcelo Becker..........................103 FIGURA 48: Núcleo convectivo sobre Capivari de Baixo, 01/03/2009..........................104 FIGURA 49: Danos do temporal ocorrido em Criciúma................................................105 FIGURA 50: Núcleo convectivo sobre Faxinal dos Guedes..........................................108 FIGURA 51: Núcleo convectivo sobre Faxinal dos Guedes..........................................109 FIGURA 52: Formação de tornado, 27/09/2009,14h10.................................................110 FIGURA 53: Carta sinótica das 12h45, localizando uma baixa pressão sobre a região Sul.................................................................................................................................111 FIGURA 54: Núcleos convectivos sobre Fraiburgo.................................................112 FIGURA 55: Cuba retorcida pelo vento, com árvore tombada e galhos partidos ao fundo..............................................................................................................................113 FIGURA 56: Ginásio totalmente abalado estruturalmente, com ferragens retorcidas visão interna..................................................................................................................113 FIGURA 57: Ginásio totalmente abalado estruturalmente, com ferragens retorcidas, visão lateral...................................................................................................................114 FIGURA 58: Torre de transmissão tombada com ferragens retorcidas, visão lateral ......................................................................................................................................114 FIGURA 59: Danos internos decorrentes de sucção de telhado...................................115 FIGURA 60: Célula de tempestade, Araranguá, 28/09/2009.......................................116 6 FIGURA 61: Núcleo convectivo sobre Campos Novos – 14/10/2009.....................118 FIGURA 62: Assinatura do tornado de Campos Novos – 14/10/2009..........................119 FIGURA 63: Ocorrências totais de tornados...............................................................124 FIGURA 64: Sazonalidade............................................................................................125 FIGURA 65: Percentual de ocorrências tornádicas ......................................................126 FIGURA 66: Trombas d’água........................................................................................127 FIGURA 67: Trombas d’água e Tornados.....................................................................127 FIGURA 68: Meses de maior ocorrência.......................................................................128 7 LISTA DE TABELAS TABELA.1: Anos neutros com duração em meses.........................................................19 TABELA 2: Episódios de El Niño, início, final e sua duração em meses.......................24 TABELA 3: Episódios de La Niña inicio, final e duração em meses...............................26 TABELA 4: Perdas na safra 1982/83 (Região Sul) ........................................................40 TABELA 5: EF-Scale, com conversão de velocidade de vento em Km/h.......................49 TABELA 6: El Niño/Tornados........................................................................................121 TABELA 7: La Niña/Tornados.......................................................................................122 TABELA 8: Neutralidade/Tornados...............................................................................123 TABELA 9: Influência/Estação/Tornados......................................................................124 8 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS . ASAS - Anticiclone Semifixo do Atlântico Sul CCM - Complexo Convectivo de Mesoescala CDC - Comissão de Defesa Civil do Município CI - Cavado Invertido CIRAM - Centro de Informações de Recursos Ambientais e Hidrometeorologia de Santa Catarina CPC - Climate Prediction Center CPTEC - Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos DEDC - Delegacia Estadual da defesa Civil EF-1 - Tornado força 1 na Escala Fujita Aprimorada EF-Scale - Escala Fujita Aprimorada EPAGRI - Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina ENOS - El Niño Oscilação Sul EN - El Niño ETA - Modelo Meteorológico EUA - Estados Unidos da América FUJITA - Fujita-Pearson Tornado Intensity Scale GMT- Greenwich Mean Time GPT - Grupo de Previsão de Tempo IOS - Índice de Oscilação Sul JBN - Jatos em Baixos Níveis JPN - Jato Polar Norte JST - Jato Subtropical km/h - Quilômetro por hora LN - La Niña N/C - Não consta a informação NCAR - National Center for Atmospheric Research NCEP- National Centers for Environmental Prediction 9 NOAA - Agência Nacional da Atmosfera e Oceano Ma - Mach mP - Massa Polar mTa - Massa Tropical Atlântica mTc - Massa Tropical Continental OC - Oscilação Sul PR - Paraná RBS - Rede Brasil Sul RS - Rio Grande do Sul SC - Santa Catarina SP - São Paulo Sr. - Senhor TCU - Cúmulus Congestus TO - Tornado TR - Tromba d’água TSM - Temperatura da Superfície do Mar TV - Televisão VC - Vórtices Ciclônicos VCAN - Vórtice Ciclônico em Altos Níveis Z - Zulu ZCAS - Zona de Convergência do Atlântico Sul ZCIT - Zona de Convergência Intertropical 10 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................13 1.1 OBJETIVOS..............................................................................................................15 1.1.1 Objetivo Geral.........................................................................................................16 1.1.2 Objetivos Específicos.............................................................................................16 1.2 JUSTIFICATIVA........................................................................................................16 2 CARACTERIZAÇÃO DA NORMALIDADE - OCEANO PACÍFICO EQUATORIAL...17 2.1 DEFINIÇÃO...............................................................................................................17 2.1.1 Anos Neutros..........................................................................................................18 2.2 CARACTERIZAÇÃO DOS FENÔMENOS ENOS, EL NIÑO E LA NIÑA.................19 2.2.1 ENOS - El Niño Oscilação Sul................................................................................19 2.2.2 Definição.................................................................................................................19 2.3 El NIÑO.....................................................................................................................21 2.3.1 Definição.................................................................................................................21 2.3.2 Anos de El Niño......................................................................................................24 2.4 LA NIÑA.....................................................................................................................24 2.4.1 Definição.................................................................................................................25 2.4.1.1 Anos de La Niña..................................................................................................26 3 CARACTERIZAÇÃO DO CLIMA EM SANTA CATARINA.........................................27 3.1 CARACTERIZAÇÃO DO CLIMA............................................................................27 3.1.1 Sistemas estáveis..................................................................................................27 3.1.2 Sistemas Instáveis..................................................................................................29 3.2 EFEITOS DE EL NIÑO E LA NIÑA NO SUL DO BRASIL.........................................38 3.2.1 Efeitos de El Niño...................................................................................................38 3.2.1.1 Um dos El Niños mais intensos do século: 1982/83...........................................39 3.2.2 Efeitos de la Niña...................................................................................................41 11 3.2.2.1 Um dos La Niñas mais intensos do século: 1988/89...........................................41 3.3 ENOS, EL NIÑO e LA NIÑA INFLUENCIANDO O CLIMA CATARINENSE.............42 3.4 TORNADOS .............................................................................................................44 4 TORNADOS EM SANTA CATARINA.........................................................................45 4.1 DEFINIÇÃO...............................................................................................................45 4.2 ESCALA DE CLASSIFICAÇÃO DOS TORNADOS..................................................47 4.3 CORREDOR DOS TORNADOS NA AMÉRICA DO SUL..........................................49 4.4 A FORMAÇÃO DE TORNADOS NO SUL DO BRASIL – ESTADO DA ARTE.........53 4.5 HISTÓRICO DOS TORNADOS EM SANTA CATARINA..........................................56 4.5.1 Cidades com ocorrências tornádicas em SC ........................................................57 4.5.1.1 Cidade com ocorrência em 1928.........................................................................58 4.5.1.2 Cidades com ocorrências em 1976.....................................................................59 4.5.1.3 Cidades com ocorrências em 1977.....................................................................60 4.5.1.4 Cidades com ocorrências em 1984.....................................................................60 4.5.1.5 Cidades com ocorrências em 1987.....................................................................60 4.5.1.6 Cidades com ocorrências em 1989.....................................................................61 4.5.1.7 Cidades com ocorrências em 1995.....................................................................62 4.5.1.8 Cidades com ocorrências em 1996.....................................................................63 4.5.1.9 Cidades com ocorrências em 1997.....................................................................63 4.5.1.10 Cidades com ocorrências em 1998...................................................................64 4.5.1.11 Cidades com ocorrências em 1999...................................................................66 4.5.1.12 Cidades com ocorrências em 2000...................................................................66 4.5.1.13 Cidades com ocorrências em 2002...................................................................67 4.5.1.14 Cidades com ocorrências em 2003...................................................................68 4.5.1.15 Cidades com ocorrências em 2004...............................................................71 4.5.1.16 Cidades com ocorrências em 2005..................................................................72 4.5.1.17 Cidades com ocorrências em 2006...................................................................74 4.5.1.18 Cidades com ocorrências em 2007...................................................................79 4.5.1.19 Cidades com ocorrências em 2008...................................................................89 4.5.1.20 Cidades com ocorrências em 2009...................................................................96 12 5 ANÁLISE DE DADOS E DISCUSSÃO......................................................................120 6 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES......................................................................129 REFERÊNCIAS.............................................................................................................131 ANEXOS.......................................................................................................................140 ANEXO A – Episódios de tornados e trombas d´água em Santa Catarina de 1976 a 2000...............................................................................................................................141 ANEXO B – Distribuição espacial dos tornados em SC de 1976 a 2003......................142 ANEXO C – Tornados pesquisados e classificados......................................................143 ANEXO D – Tornados e trombas d´água ocorridos em Santa Catarina.......................144 ANEXO E – Localização de trombas d’água em Santa Catarina..................................145 ANEXO F – Resumo de dados sobre Trombas d’água em Santa Catarina .................146 ANEXO G – Tornado destrói 1 km de floresta..............................................................147 ANEXO H – Até agora me arrepio................................................................................148 ANEXO I – Sul do Estado revive o drama do Catarina.................................................149 ANEXO J – Três ficam feridos em temporal na terça-feira...........................................150 ANEXO K – Vendaval e granizo atingem Correia Pinto................................................151 ANEXO L – Hospital de cidade atingida por tornado em SC ainda tem 20 leitos interditados....................................................................................................................152 ANEXO M – Tragédia em Capivari: Previsão é de mais temporais..............................153 ANEXO N – Tornado destrói na Serra Catarinense......................................................154 ANEXO O – Tempo Severo castiga mais uma vez o Rio grande do Sul e Santa Catarina.........................................................................................................................155 ANEXO P – Decreto no 185 – Correia Pinto.................................................................156 ANEXO Q – Episódios de El Niño, La Niña e Neutralidade, CPC, 2009.......................157 13 1 INTRODUÇÃO Explicações sobre os fenômenos meteorológicos El Niño Oscilação Sul (ENOS), El Niño (EN) e La Niña (LN) e uma possível relação com a ocorrência de eventos tornádicos em Santa Catarina (SC) ainda não fazem parte do cenário da pesquisa científica. Na América do Sul, grande parte da variabilidade interanual do tempo e clima, principalmente das precipitações e eventos severos, é modulada pelos efeitos do fenômeno El Niño Oscilação Sul no Oceano Pacífico Equatorial (GRIMM, 2009). O fenômeno ENOS foi caracterizado por Gilbert Walker, devido à variação da pressão atmosférica nos extremos leste e oeste do Oceano Pacífico. No entanto, a dinâmica sazonal que ocorre na região Sul do Brasil, principalmente no Estado de Santa Catarina pode ser modificada quando há interferências do ENOS. Isto se dá tanto em sua fase quente ou negativa (EL Niño), quanto fria ou positiva (La Niña), influenciando no ritmo climático da região, podendo causar chuvas e estiagens, respectivamente (BERLATO e FONTANA, 2003). O fenômeno El Niño pode ser caracterizado por um aquecimento anormal das águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial. Este aquecimento produz mudanças na posição da convecção das águas do Pacífico, causando alterações nas condições climáticas em várias regiões ao redor do planeta. No Brasil, extremos deste fenômeno estão associados a ocorrências de secas no Nordeste e enchentes no Sul e Sudeste. Nos anos de 1982/83 o sistema climático global exibiu a maior variabilidade observada no século. Os desastres climáticos ocorridos neste período são exemplos das conseqüências de um El Niño de magnitude histórica, responsável pela maior enchente do século na região Sul do Brasil. Já o fenômeno La Niña corresponde ao resfriamento anômalo das águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial. E durante os eventos de La Niña, as anomalias climáticas são geralmente inversas às observadas durante o El Niño (OLIVEIRA, 2003). Em condições de La Niña o globo Terrestre sofre várias modificações, através do resfriamento acima do normal no Pacífico que acaba alterando a circulação dos ventos, 14 acelerando a atuação de frentes frias, contabilizando recordes de baixas temperaturas, além de causar seu principal efeito, as secas severas. Segundo Schaefer & Marzban (2000), possíveis relações entre El Nino/La Nina e a ocorrência de tornados nos Estados Unidos foi estudada recentemente. As conclusões foram bastante variadas e indicaram que entre os meses de fevereiro e julho, em anos de El Niño ocorria uma diminuição acentuada no número de tornados no Tornado Alley, Arkansas, Louisiana, e Iowa. Porém, em Ohio e Tennessee, as ocorrências aumentavam consideravelmente durante anos de La Niña. O autor informou que foram contabilizados tornados anualmente, tempestades de granizo e tempestades de vento, no Missouri. Notou que na região teve mais tornados em anos de La Niña que em anos de El Niño. No entanto, tempestades de granizo e vento eram mais freqüentes em épocas de El Niño. Os referidos autores pesquisaram a relação da temperatura da superfície do mar no Pacífico tropical e os tornados nos Estados Unidos da América (EUA) e de acordo com achados informaram que o El Niño parece não ter nenhuma correlação positiva com a atividade tornádica nos EUA (SCHAEFER e MARZBAN, 2000). No Brasil, os tornados têm adquirido maior visibilidade em anos recentes. Os equipamentos eletrônicos de mídia digital têm documentado fartamente os eventos tornádicos. Os meios de comunicação divulgam danos e tragédias pessoais, e os governos contabilizam prejuízos quando uma tempestade tornádica devasta uma cidade. A intensidade que os tornados alcançam tornam esses fenômenos um dos principais responsáveis pela ocorrência do desastre natural em diferentes partes do globo (MARCELINO et al., 2004). Em contraponto ao desastre gerado por um tornado que é catastrófico quando se faz presente, pouco se encontram pesquisas sobre o assunto, e percebe-se, então, a escassez de estudos de tornados no Brasil. Alguns centros de meteorologia brasileiros (Climatologia Urbana de São Leopoldo, METSUL, SIMEPAR, CPTEC, EPAGRI/CIRAM, CLIMATERRA, CLIMATEMPO, CEPAGRI) sempre informaram sobre a ocorrência de tornados e pesquisadores fizeram importantes trabalhos para que a visualização do fenômeno fosse possível a nível climatológico (DYER, 1986; NECHET, 2002; MARCELINO, 2000, MARCELINO 2003) 15 outros fizeram estudos de caso (LIMA, 1982; SILVA DIAS e GRAMMELSBACHER, 1991; MENEZES, 1994; MASSAMBANI, 1998; ANTONIO, 1995; NASCIMENTO, 2004; NASCIMENTO, 2005; NASCIMENTO, 2006) gerando dados relacionados à formação e dinâmica atmosférica no momento em que o fenômeno deixou suas marcas em solo. O estudo sobre tornados em Santa Catarina é recente, pesquisas científicas começaram a ser desenvolvidas na década atual (MARCELINO, 2000; MARCELINO, 2003; MARCELINO, 2004; MARCELINO, 2005; NASCIMENTO e MARCELINO, 2005; FOSS e PAMPUCH, 2008; CARDOSO et al., 2008; CRUZ et al., 2008; SILVA, 2009), mesmo assim o Estado, segundo Brooks e Dotzek (2007), situa-se em uma das áreas de maior probabilidade de ocorrência de tornados no mundo. Em um resumo sobre o verão atípico de 2007/2008, Cruz et al (2008) afirmam que Santa Catarina é propícia à ocorrência de fenômenos como tornados, por sua localização geográfica e orográfica, devido ao encontro das massas de ar tropical e extratropical o que constitui uma região frontogenética. Os autores contabilizam dois tornados e uma tromba d´água em Santa Catarina durante esse verão, com queda de granizo e ventos fortes, por ocasião de passagem de frentes frias. Os autores informaram que o verão de 2007/2008 foi influenciado pelo fenômeno “La Nina”, e os temporais que ocorreram no estado precipitaram granizo e foram acompanhados de ventos fortes durante a passagem de frentes frias. A riqueza da fenomenologia climática catarinense e o entendimento das combinações atmosféricas que regem o dia a dia do estado emerso em desastres é o foco deste trabalho. 1.1 OBJETIVOS Os objetivos desse trabalho consistiram em analisar, levantar dados, e comparar, através de uma média climatológica de 33 anos os eventos tornádicos ocorridos em Santa Catarina com o fenômeno ENOS. 16 1.1.1 Objetivo Geral Verificar a influência do fenômeno El Niño e La Niña nas freqüências de ocorrência de eventos tornádicos em Santa Catarina. 1.1.2 Objetivos Específicos Os objetivos específicos que nortearam a pesquisa são: a) conhecer o fenômeno ENOS; b) verificar a influência do ENOS nas freqüências de ocorrência de tornados no EUA; c) conhecer o clima de Santa Catarina; d) analisar características de tornados em Santa Catarina; e) fazer levantamento histórico de tornados em Santa Catarina; f) comparar as freqüências de eventos tornádicos com eventos ENOS, num período de 33 anos. 1.2 JUSTIFICATIVA Estabelecer uma climatologia dos tornados em Santa Catarina é algo que norteou pesquisas recentes. Renovar e ampliar esses dados é algo muito importante para gerar novos referenciais e aprofundar o entendimento de fenômenos tornádicos no cenário do Estado catarinense, que é um estado que demarca sua história com eventos severos ligados ao clima e aos desastres naturais. Na tentativa de reconhecer vínculos consistentes que possibilitem estabelecer relações entre os fenômenos El Niño, La Niña e neutralidade e o entendimento na influência ou não na freqüência de ocorrências tornádicas no estado catarinense, colaboram na produção de dados e resultados para o entendimento do que ocorre na atmosfera e em superfície e do que pode tornar-se um parâmetro atmosférico potencial ou não. Este estudo climatológico ampara estudos futuros focados nos tornados, bem como no entendimento dos fenômenos que influenciam na atmosfera do estado catarinense. 17 2 CARACTERIZAÇÃO DA NORMALIDADE - OCEANO PACÍFICO EQUATORIAL À compreensão de como funciona a circulação atmosférica e marítima em anos com ocorrência de El Niño e La Niña, necessita, primeiramente, entender como é o padrão de circulação no Oceano Pacífico Equatorial nos anos sem anormalidades, ou seja, sem a atuação desses fenômenos. 2.1 DEFINIÇÃO Os ventos alísios, que sopram de leste para oeste, sobre a superfície do oceano Pacífico Equatorial, fazem as águas mais quentes se acumularem na parte ocidental do oceano, junto à Indonésia. Como a temperatura das águas nessa região está maior, há mais evaporação e conseqüentemente maior formação de nuvens e chuva. A atuação dos ventos alísios favorece a ressurgência na parte oriental do Pacífico Equatorial, próximo à costa oeste da América do Sul. Esse mecanismo é responsável pela afloração das águas mais profundas do oceano, que segundo (OLIVEIRA, 2003) são mais frias e ricas em nutrientes e microorganismos que servem de alimento para os peixes, tornando a região uma das mais piscosas do mundo. A diferença de temperatura na superfície do oceano Pacífico Equatorial, forma uma região que separa as águas quentes a oeste, das águas frias a leste, denominada Termoclina. Que é mais rasa junto à costa oeste da América do Sul e mais profunda no Pacífico Equatorial Ocidental, como pode ser observado na Figura 1. 18 Fonte: OLIVEIRA, 2003. FIGURA 1: Padrão de circulação no oceano Pacífico Equatorial em anos sem a presença de El Niño e La Niña A circulação atmosférica no Oceano Pacífico Equatorial forma a Célula de Walker, onde o ar é deslocado de leste para oeste pelos ventos alísios em baixos níveis e na direção contrária pelos ventos contra alísios em altos níveis, juntamente com o ar ascende no Oceano Pacífico Equatorial Central e Ocidental. Responsável pelas chuvas na Indonésia, e descende no Oriental, que impede a formação de nuvens e chuvas na costa da América do Sul (OLIVEIRA, 2003). 2.1.1 Anos Neutros Na Tabela 1, constam os anos em que a interação oceano-atmosfera encontrava em condição normal, de neutralidade, isto é, não tinha nenhuma atuação dos fenômenos El Niño e La Niña. 19 TABELA 1: Anos neutros com duração em meses. ANOS DE NEUTRALIDADE Início do evento 06/1976 03/1977 02/1978 07/1983 10/1985 03/1988 06/1989 08/1992 04/1995 04/1996 06/1998 07/2000 03/2001 04/2003 03/2005 02/2007 07/2008 06/2009 Fim do evento 08/1976 08/1977 04/1982 09/1984 05/1986 04/1988 04/1991 04/1994 08/1995 04/1997 08/1998 09/2000 04/2002 05/2004 07/2006 08/2007 11/2008 08/2009 Duração (meses) 04 06 51 15 08 02 23 21 05 13 03 03 14 14 17 07 05 15 Fonte: Adaptação de Climate Prediction Center (CPC), Estados Unidos da América (E.U.A) 2.2 CARACTERIZAÇÃO DOS FENÔMENOS ENOS, EL NIÑO E LA NIÑA O fenômeno El Niño Oscilação Sul (ENOS) mostra a interação oceano-atmosfera, já El Niño e La Niña são fenômenos associados ao aquecimento ou resfriamento da temperatura da superfície do mar no Oceano Pacífico Equatorial, resultando efeitos diversos no clima do planeta. 2.2.1 ENOS - El Niño Oscilação Sul El Niño Oscilação Sul caracteriza-se por ser um fenômeno atmosférico de grande escala que ocorre no Oceano Pacífico e relaciona-se a dois mecanismos que revelam a ligação existente entre o oceano e a atmosfera. 2.2.2 Definição 20 O fenômeno El Niño Oscilação Sul mostra de forma marcante o forte acoplamento oceano-atmosfera que se manifesta no Oceano Pacífico Equatorial. O El Niño (EN) representa o componente oceânico, como será explicado mais a frente, enquanto a Oscilação Sul (OS) correlaciona a inversibilidade entre a pressão atmosférica nos extremos leste e oeste do Oceano (BERLATO e FONTANA, 2003). Esta correlação foi comprovada pelo matemático britânico Gilbert Walker na década de 1920 e é conhecida como gangorra barométrica. Analisaram-se duas estações meteorológicas, uma no Oceano Pacífico e outra no Índico e verificou-se que, quando a pressão aumentava no Oceano Pacífico, diminuía no Oceano Índico e vice-versa. Além da variação de pressão percebidas nos oceanos, também se leva em conta a grande extensão da região onde ocorrem às anomalias da Temperatura da Superfície do Mar no Pacífico e somado a grande capacidade de um fluído, como a água, em transportar energia faz com que os fenômenos provoquem mudanças no padrão normal de circulação atmosférica. Por isso, a ocorrência do ENOS é vista como o principal agente das anomalias climáticas que ocorrem em várias partes do globo. O fenômeno ENOS pode ser quantificado pelo Índice de Oscilação Sul (IOS). Este índice representa a diferença entre a pressão atmosférica reduzida ao nível médio do mar entre o Oceano Pacifico Central (Taiti) e o Oceano Pacífico do Oeste (Darwin/Austrália). Esse índice se relaciona com as mudanças na circulação atmosférica nos níveis baixos da atmosfera, conseqüência do aquecimento/resfriamento das águas superficiais na região (OLIVEIRA, 2003). Quando os valores são negativos ocorre o El Niño, já os valores positivos são indicadores da La Niña e valores próximos de zero indicam anos normais, como se pode observar nas oscilações apresentadas na Figura 2. 21 Fonte: OLIVEIRA, 2003, p.20. FIGURA 2: Evolução do Índice de oscilação Sul desde janeiro de 1951 até janeiro de 1998 A observação das condições do Oceano Pacífico Equatorial é considerada essencial para a predição de curto período de variações climáticas, pois, além do monitoramento no Oceano através do IOS, a Agência Nacional da Atmosfera e Oceano (NOAA), dos Estados Unidos, opera uma rede de bóias que medem temperatura, correntes e ventos na faixa equatorial. Assim, estes equipamentos transmitem diariamente dados que são colocados à disposição, em tempo real, de pessoas e instituições envolvidas com pesquisa e previsão de tempo em todo o globo terrestre. 2.3 El NIÑO A palavra El Niño em espanhol significa “o menino”, e se refere à presença de águas quentes que todos os anos apareciam na costa norte do Peru na época de Natal. Os pescadores do Peru e Equador chamaram a esta presença de águas mais quentes de “Corriente de El Niño” em referência ao Menino Jesus. 2.3.1 Definição El Nino é o fenômeno natural e ao mesmo tempo um componente oceânico que está associado ao aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico Equatorial, entre a costa peruana e australiana, que afeta o clima de muitos países da América do Sul, 22 inclusive o Brasil. Este fenômeno resulta em excessiva precipitação em algumas regiões bem como seca em outras e representa uma alteração do sistema oceanoatmosfera com conseqüências climáticas em todo o planeta. Constata-se não somente a presença das águas quentes da Corrente El Niño, mas também mudanças na atmosfera próxima à superfície do oceano, com o enfraquecimento dos ventos alísios, que sopram de leste para oeste na região equatorial, podendo até inverter de sentido, passando a soprar de oeste. Segundo Oliveira (2003) devido a esse enfraquecimento há uma diminuição no acúmulo de água quente no Oceano Pacífico Oeste - anomalia da Temperatura da Superfície do Mar (TSM) - que fica mais acentuada no Oceano Pacífico Equatorial e costa oeste da América do Sul. E também afeta a ressurgência das águas frias do Oceano Pacífico Leste, pois existe a diminuição da diferença de temperatura e de pressão entre leste e oeste, reduzindo ainda mais os ventos alísios. Com o aquecimento do oceano e o enfraquecimento dos ventos, começam a ser observadas determinadas mudanças nos padrões de transporte de umidade, e, portanto variações na distribuição das chuvas em regiões tropicais e de latitudes médias e altas. A Figura 3 representa as diferentes temperaturas do Oceano Pacífico e, nas cores avermelhadas, as temperaturas mais elevadas. Fonte: NOAA, dez 1997. FIGURA 3: Anomalias de temperatura no Oceano Pacífico. A termoclina (fronteira entre a água quente superficial e a água quente do fundo), em tempos de El Niño, adquire menor inclinação, tornando-se mais profunda no Pacífico leste, costa da América do Sul e mais rasa no Pacífico oeste (Indonésia). No entanto, quando ocorre o evento de El Niño muito forte, a Termoclina se transforma em uma 23 superfície plana em todo o Oceano Pacífico Tropical. Com isso, passa a existir uma diminuição nas ressurgências, fazendo com que animais marinhos busquem alimentos nas áreas mais profundas do oceano; este fato faz com que haja muitos prejuízos na atividade pesqueira, aliando-se numa diminuição na população de pássaros (OLIVEIRA, 2003). A Figura 4 mostra a Termoclina na região do Equador e as condições gerais de formação do fenômeno El Niño. Acima tem a célula de Walker (nebulosidade) e as convecções marítimas e atmosféricas indicadas por setas. Fonte: OLIVEIRA, 2003. FIGURA 4: O Oceano Pacífico Equatorial em condições de EL Niño Com o aquecimento das águas no Oceano Pacífico Central, há um deslocamento da Célula de Walker (alta pressão atmosférica) para leste. Esse deslocamento força o ramo de ar descendente a posicionar-se sobre o continente sul-americano, provocando condições favoráveis de estiagem sobre a Amazônia e, em alguns destes eventos mais intensos, sobre o Nordeste do Brasil. A Temperatura da Superfície do Mar (TSM) se estende em grande extensão do Oceano Pacífico Central e próximo à costa oeste da América do Sul. Em anos de El Niño mais intenso, a diferença pode chegar a mais que 5ºC em relação aos valores normais. No Oceano Pacífico Equatorial Oeste, as águas 24 quentes ficam mais concentradas sobre a Linha Internacional de Data (180ºW) e ficam menos quentes próximos à Indonésia e norte da Austrália. Outra conseqüência de um El Niño é a alteração do clima em todo o Pacífico equatorial: as massas de ar quentes e úmidas acompanham a água mais quente, provocando chuvas excepcionais na costa oeste da América do Sul e secas na Indonésia e Austrália. Pensa-se que este fenômeno é acompanhado pelo deslocamento de massas de ar a nível global, provocando alterações do clima em todo o mundo. E hoje a ligação entre os efeitos climáticos em diferentes partes do globo com o "El Niño" está razoavelmente estabelecida. 2.3.2 Anos de El Niño Na Tabela 2, mostram-se dados temporais do efeito El Niño com sua respectiva intensidade. As células em azul da duração de El Niño indicam eventos acoplados desse fenômeno, os dados utilizados para análise provêm de pesquisas do Dr. John Janowiak do Climate Prediction Center (CPC) - Estados Unidos da América. TABELA 2: Episódios de El Niño, início, final e sua duração em meses. ANOS DE EL NIÑO Início do evento 08/1976 09/1977 04/1982 08/1986 04/1991 05/1994 05/1997 05/2002 06/2004 08/2006 09/2009 Fonte: Adaptação de OLIVEIRA, 2003. 2.4 LA NIÑA Duração Fim do evento 02/1977 01/1978 07/1983 02/1988 07/1992 03/1995 05/1998 03/2003 02/2005 01/2007 10/2009 (meses) 07 05 16 18 16 10 13 11 09 06 02 Intensidade Do El Niño Fraco Fraco Forte Moderado Moderado Moderado Forte Moderado Fraco Fraco Fraco 25 O termo La Niña ("a menina", em espanhol) surgiu, pois o fenômeno se caracteriza por ser oposto ao El Niño. Pode ser chamado também de episódio frio, tanto que algumas pessoas chamam La Niña de anti-El Niño. Portanto, La Niña é conhecida como a menina das águas frias. 2.4.1 Definição O fenômeno La Niña corresponde ao resfriamento anômalo das águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial, formando uma “piscina de águas frias” nesse oceano. À semelhança do El Niño, porém apresentando uma maior variabilidade do que este, tratando de um fenômeno natural que produz fortes mudanças na dinâmica geral da atmosfera, altera o comportamento climático (OLIVEIRA, 2003). Em anos de La Niña os ventos alísios mostram-se mais intensos que o habitual (média climatológica) e as águas mais frias, que caracterizam o fenômeno, estendem-se numa faixa cerca de 10 graus de latitude ao longo do Equador desde a costa peruana até aproximadamente 180 graus de longitude no Oceano Pacífico Central. Observa ainda, uma intensificação da pressão atmosférica no Oceano Pacífico Central e Oriental em relação à pressão no Oceano Pacífico Ocidental. Fonte: OLIVEIRA, 2003. FIGURA 5: O Oceano Pacífico Equatorial em condições de La Niña A intensificação dos ventos alísios influencia diretamente dois fatores em condições de La Niña. A termoclina que por um lado aumenta, fazendo com que exista um aumento 26 na ressurgência, ou seja, virão mais nutrientes das profundezas para a superfície do Oceano, melhorando a atividade pesqueira na costa oeste da América do Sul. Por outro lado, as águas mais quentes ficarão represadas mais a Oeste que o normal o que significa mais evaporação e, conseqüentemente, movimentos ascendentes que por sua vez geram nuvens e que também formam a célula de Walker que tende a ficar mais alongada em anos de La Niña (OLIVEIRA, 2003). Já os valores das anomalias de temperatura da superfície do mar (TSM) em anos de La Niña têm desvios menores que em anos de El Niño uma vez que são observadas as anomalias de até 4 e 5ºC acima da média em El Niño, e em La Niña as maiores anomalias observadas não chegam a 4ºC abaixo da média. Em geral, um episódio de La Niña começa a se desenvolver em certo ano, atingindo sua intensidade máxima no final daquele ano, vindo a dissipar-se em meados do ano seguinte. O episódio pode, no entanto, durar até dois anos. Os eventos de La Niña favorecem a chegada de frentes frias até a região Nordeste do Brasil, principalmente no litoral da Bahia, Sergipe e Alagoas (OLIVEIRA, 2003, p.56). De acordo com as avaliações de tempo e clima, de eventos de La Niña ocorridos no passado, verificou-se que o La Niña apresentou maior variabilidade, enquanto os episódios de El Niño apresentam um padrão mais consistente. 2.4.1.1 Anos de La Nina Na Tabela 3, são citados os anos em que o Episódio La Niña esteve em atuação no Oceano-Atmosfera e a célula destacada em azul indicam evento acoplado. Além de constar à intensidade do fenômeno de cada ano. TABELA 3: Episódios de La Niña inicio, final e duração em meses. ANOS DE LA NIÑA Início do evento 01/1974 10/1984 05/1988 09/1995 07/1998 10/2000 09/2007 12/2008 Fonte: Adaptação de OLIVEIRA, 2003. Duração Fim do evento 05/1976 09/1985 05/1989 03/1996 07/2000 02/2001 06/2008 05/2009 (meses) 16 12 13 07 26 05 10 06 Intensidade Do La Niña Moderado Moderado Forte Fraco Moderado Fraco Moderado Fraco 27 3 CARACTERIZAÇÃO DO CLIMA EM SANTA CATARINA 3.1 CARACTERIZAÇÃO DO CLIMA Os sistemas atmosféricos que atuam no sul do Brasil apresentam características que os diferenciam conforme a dinâmica de atuação, de uma forma geral, os sistemas podem ser estáveis ou instáveis, porém isso não indica que agem de forma independente, uma vez que diferentes sistemas atmosféricos podem interagir. Neste capítulo descreve-se o clima de SC conforme Monteiro (2007). 3.1.1 Sistemas Estáveis Classificadas como sistemas estáveis, as altas pressões atmosféricas ou anticiclones fazem parte da climatologia catarinense e estão associadas às poucas formações de nuvens e precipitações. Sua principal característica é a uniformidade de temperatura, pressão atmosférica e umidade, próximo à superfície. Além dos anticiclones, são considerados sistemas estáveis: a Massa Polar, responsável pelas baixas temperaturas; a Massa Tropical Continental e a Massa Tropical Atlântica, ambas são massas de ar quente, sendo esta mais úmida do que aquela. A Massa Tropical Continental (mTc) é caracterizada por conter ar quente e seco, pois funciona como uma barreira em altos níveis da atmosfera que não deixa a umidade proveniente de outra área avançar. Suas atuações na região sul do Brasil são restritas ao verão, principalmente nos meses de janeiro e fevereiro, e pouco notáveis em comparação a outras regiões como o centro-oeste. Diferentemente das outras massas de ar citadas acima, a mTc não possui anticiclone à superfície, ao contrário muitas vezes ao ocorrer convergência surge uma baixa pressão, especialmente quando ocorre frontogênese, ou seja, formação de uma frente, sobre o Uruguai. Essa baixa pressão é denominada de baixa do Chaco, baixa continental ou baixa do interior. Além disso, o forte calor com valores acima de 30ºC, mesmo nas regiões topograficamente mais altas 28 como a Serra Gaúcha e o Planalto Sul Catarinense, é característico dessa massa, sendo que quanto mais tempo ela atuar sobre uma região, mas altas se tornam as temperaturas. A Massa Tropical Atlântica (mTa) apresenta seu centro de ação, o Anticiclone Semifixo do Atlântico Sul (ASAS), próximo ao Trópico de Capricórnio, sobre o oceano Atlântico. Devido à subsidência de ar, a área ao redor do centro de ação é muito estável, porém na costa da região sul do Brasil a subsidência é menor e a camada de inversão térmica se encontra mais alta, mesmo assim, ajuda manter a estabilidade. A atuação desse sistema atmosférico é praticamente perceptível em todo o ano na região sul, sendo que no verão devido ao aquecimento do continente o ASAS é mais fraco, podendo gerar no final da tarde convecção na costa, causando as típicas chuvas de verão e no inverno, devido ao continente estar mais frio, o centro de ação se torna mais estável, ocasionando céu limpo e muitas vezes impedindo a entrada de frentes frias no sul do Brasil. A Massa Polar (mP) é determinada pelo anticiclone polar, de característica migratória e que se organiza sobre o Atlântico, nas latitudes da Patogônia. A trajetória desse anticiclone influencia fortemente as condições de tempo no sul do Brasil, quando ela é continental determina ar seco, inibindo a formação de nuvens e causando uma grande amplitude térmica, e quando ela está sobre o oceano Atlântico a leste do Uruguai e do Rio Grande do Sul, há mais formação de nuvens, favorecendo a ocorrência de chuvas isoladas em toda a costa da região sul do Brasil, devido à circulação marítima. A dinâmica atmosférica associada aos diversos sistemas que ocorrem na região sul do Brasil pode ser alterada quando há interferência dos bloqueios atmosféricos, que são caracterizados pela alta de bloqueio, um sistema de alta pressão que se desenvolve em torno da latitude de 45°S, onde os ventos são de oeste. Essa alta, após se estabelecer, impede a passagem de sistemas transitórios, como as frentes frias, anticiclones e ciclones para menores latitudes. Os bloqueios atmosféricos são mais freqüentes em anos com a atuação de La Niña e menos freqüentes em anos com a ocorrência de El Niño (MARQUES E RAO, 1996 apud MONTEIRO, 2007). Sobretudo nos anos de La Niña, os bloqueios atmosféricos ocorrem principalmente no mês de maio, e nos anos de El Niño nos meses de junho e julho (FUENTES, 1996). A atuação de bloqueios 29 atmosféricos em Santa Catarina impede o avanço de sistemas produtores de chuva, como as frentes frias, tornando o tempo estável com poucas nuvens, temperaturas elevadas e baixa umidade relativa do ar. A persistência dessa situação provoca estiagens muito freqüentes no mês de maio, quando ocorrem os veranicos, devido à ocorrência de massas de ar quentes e secas. 3.1.2 Sistemas Instáveis Os sistemas atmosféricos instáveis são responsáveis pelas chuvas e pela pequena amplitude térmica devido à grande quantidade de vapor d’água, uma vez que estão associados, de forma geral, às massas de ar quentes e úmidas, onde ocorre a ascensão do ar quente, e aos contrastes térmicos entre duas massas de ar de diferentes densidades. Na região sul do Brasil, ocorre a passagem de sistemas instáveis, como as frentes frias, pelo menos uma vez por semana, interferindo nas condições de tempo durante todo ano. A frente fria é um sistema de baixa pressão alongado, geralmente associado a duas baixas pressões fechadas onde o ar converge, uma sobre o continente na região do Chaco argentino (baixa do Chaco) e outra sobre o oceano Atlântico que, por vezes desenvolve um ciclone extratropical. Ela resulta do encontro de duas massas de ar de densidades diferentes, sendo que, quanto maior essa diferença, mais ativa a frente fria se torna, resultando em instabilidade, formação de nuvens cumulonimbus, granizo, pancadas de chuva e ventos fortes. Ou seja, uma frente fria se forma, quando o ar polar, mais denso, avança em direção ao ar mais quente e menos denso, fazendo-o ascender e, consequentemente, resfriar e condensar, formando as nuvens e originado as chuvas. Na região sul do Brasil, a atuação das frentes frias varia conforme as estações do ano, sendo que no verão elas são mais ativas sobre o oceano Atlântico, porém mesmo assim, ocasionam chuva, pois ao se deslocarem, na costa brasileira, em direção ao equador, organizam nebulosidades convectivas no interior do continente (UVO, 1998 apud MONTEIRO, 2007). Além disso, a passagem de frentes frias nessa época do ano 30 é responsável por alterações na direção dos ventos e na temperatura, que apresenta um pequeno declínio (RODRIGUES, 2003). No outono as frentes frias apresentam um trajeto mais continental e devido às incursões de massas de ar mais frias após a passagem frontal, há uma dinâmica de aumento e diminuição da temperatura, porém que não se repete durante toda a estação, pois, é comum a atuação de bloqueios atmosféricos que impedem a passagem de frentes frias para menores latitudes, modificando as condições de tempo na região sul. Entretanto no inverno, as frentes frias são os sistemas atmosféricos mais importantes na distribuição de precipitação no sul do Brasil, pois o continente está mais frio e as massas de ar provenientes das grandes latitudes tornam-se mais intensas e continentais, gerando chuvas fortes e bem distribuídas. Na primavera as frentes frias apresentam um deslocamento menos continental e são mais freqüentes do que nas outras estações do ano. Após a passagem de frentes frias pela região sul, nos meses de setembro e outubro, ocorrem episódios de frios intensos que diminuem as temperaturas e que pode formar geadas nas áreas de maior altitude e até mesmo neve no mês de setembro no Planalto Sul de Santa Catarina. No entanto ao final da primavera o tempo torna-se mais estável no sul do Brasil, o que pode resultar em estiagens, devido à atuação da Massa Tropical Continental em conjunto com a grande quantidade de horas de brilho solar. A convecção está associada ao ar que em contato com a superfície aquece e se eleva na atmosfera sob a forma de correntes ascendentes espiraladas, esse ar, à medida que sobe, resfria-se e se torna saturado formando as nuvens cumulus. Nesse processo, há o predomínio de correntes ascendentes em relação às descendentes, fazendo com que as nuvens tendam a crescer verticalmente até atingirem o estado de cumulonimbus. No entanto, quando há o predomínio de correntes descendentes ocorre precipitação e rajadas de vento á superfície, além da dissipação das nuvens. Essas correntes ascendentes e descendentes são as maiores responsáveis pelas chuvas de verão que ocorrem na região sul. A convecção é fundamental para a geração dos tornados, os quais têm maior ocorrência em Santa Catarina no verão (OLIVEIRA, 2000), e que se originam das nuvens cumulonimbus, quando o ar se encontra muito instável. 31 A intensidade do processo convectivo não depende exclusivamente das altas temperaturas em superfície, pois para gerar chuva em toda a Região sul do Brasil, o ar precisa receber umidade de outras regiões. Por isso, a posição da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), os jatos em baixos níveis (JBN) e a Cordilheira dos Andes são muito importantes para o transporte de umidade, tanto do Atlântico Norte quanto da Amazônia para o sul do Brasil. A ZCIT é uma área alongada de baixa pressão entre duas altas subtropicais dos hemisférios e resulta da convergência dos ventos alísios de nordeste da Alta dos Açores e de sudeste do Anticiclone Semi-fixo do Atlântico Sul (ASAS), além disso, caracteriza-se por ser migratória, seguindo o verão em cada hemisfério e por gerar tempo instável, com a formação de nuvens cumulonimbus. Ao se deslocar para o hemisfério sul, a ZCIT provoca um aumento na umidade e nas chuvas nas regiões norte, nordeste, centro-oeste e sudeste do Brasil, no entanto o transporte de umidade e calor para a região sul é efetuado através dos Jatos em Baixos Níveis, que por causa da Cordilheira dos Andes sofrem uma deflexão (OLIVEIRA, 1986 apud MONTEIRO, 2007). Nas áreas influenciadas pelos JBN o tempo se torna instável e com nuvens que apresentam aglomerados isolados de cumulunimbus. Existem outros fatores que reforçam o processo convectivo, tais como a passagem de frentes frias sobre pelo oceano, formação de baixas pressões à superfície e a circulação marítima. Baixa pressão, sistema de baixa e ciclone são denominações para um sistema atmosférico em que ocorre convergência de ventos e giro no sentido horário no hemisfério sul, devido à força de Coriólis. Em geral, é formado pela contraposição de massas de ar com características opostas, ou seja, massas de ar frio polares e quentes tropicais, ao longo de uma frente fria. Pode também ser originado a partir de vórtices ciclônicos (VC), os quais se propagam desde o Oceano Pacífico, da intensificação do jato subtropical, ou de cavados à superfície. A baixa pressão a superfície é responsável pela organização de precipitação na Região Sul do Brasil (SILVA DIAS E MARENGO, 2002 apud MONTEIRO, 2007) e pela atração de umidade proveniente da 32 Amazônia e do Atlântico Norte. Em Santa Catarina esse sistema é muito freqüente e associado ao processo convectivo no verão, torna-se mais instável gerando nuvens e temporais com granizo isolado e vento forte no lado leste da baixa pressão, e no lado oeste, em muitos casos, o tempo é estável e seco. A Baixa do Chaco é um sistema atmosférico que se forma em uma estreita zona baixa, quente e árida, a leste da Cordilheira dos Andes e ao sul do Trópico de Capricórnio, que corresponde ao Chaco argentino-paraguaio (NIMER 1979 apud MONTEIRO, 2007) e se instala quando há um avanço de sistemas frontais em direção ao Sul do Brasil, servindo de ligação entre a frente fria sobre o Oceano Atlântico e a instabilidade vinda das baixas latitudes favorecidas pelos jatos. Está associada à presença de aglomerados de cumulunimbus que provocam temporais com relâmpagos, trovões, chuva forte, granizo e vendaval. Na Região Sul do Brasil, com a atuação da baixa do Chaco, o tempo fica instável com grande volume de chuva, principalmente no noroeste do Rio Grande do Sul, oeste de Santa Catarina e sudoeste do Paraná, além de gerar pancadas de chuvas associadas à trovoadas na área costeira, pois o processo convectivo ganha mais umidade. Porém quando não existe ingresso de umidade suficiente ou os ventos fortes em 850hPa forem desviados para outra área, pela atuação da Massa Tropical Continental sobre o interior do continente, a baixa do Chaco não se torna ativa e o processo convectivo é mais expressivo somente na costa da região sul, pois as frentes frias se deslocam sobre o oceano Atlântico. Com a persistência dessa estabilidade podem ocorrer estiagens no interior, sendo assim, a baixa do Chaco é imprescindível para a boa distribuição de precipitação na região sul. O Complexo Convectivo de Mesoescala (CCM) é um aglomerado de nuvens convectivas com forma circular que se origina sobre o Paraguai e norte da Argentina durante a madrugada, deslocando-se posteriormente para leste e atingindo a Região Sul do Brasil, sendo que ao meio dia o sistema perde totalmente sua atividade (SILVA DIAS e MARENGO, 2002 apud MONTEIRO, 2007). 33 Os CCM’s têm duração maior do que um sistema convectivo isolado e são mais freqüente nos meses de setembro e outubro (FIGUEIREDO e SCOBAR, 1996), os quais são caracterizados por serem os mais chuvosos em alguns municípios de Santa Catarina. Por influência desses sistemas, todas as regiões catarinenses apresentam, nesses meses, menos horas de insolação (MONTEIRO, 2001 apud MONTEIRO, 2007). Os CCM’s surgem pela aproximação de uma frente fria e se juntam a ela formando um único sistema, uma frente fria de forte intensidade, ou desenvolvem-se isoladamente, mas para que esse sistema se forme e adquira suas características de instabilidade é preciso que ocorra forte advecção de ar quente e úmido proporcionada por jatos em baixos níveis vindos da Amazônia (VELASCO; FRITSCH, 1987 apud MONTEIRO, 2007). O tempo associado aos CCM’s é instável com presença de nuvens cumulunimbus e nimbustratus, pancadas fortes de chuva, intensas rajadas de vento, granizo isolados e até tornados (SILVA DIAS, 1996 apud MONTEIRO, 2007). O Ciclone Extratropical é um sistema atmosférico originado pela forte oposição e compressão entre duas massas de ar de origem diferentes. Ele pode ser formado por um cavado invertido à superfície, principalmente no outono-inverno, quando intensos anticiclones polares avançam pela Argentina em direção ao Atlântico, fazendo a pressão decair no Paraguai e no norte da Argentina. À medida que esse anticiclone se afasta para o oceano, o cavado se aprofunda e desenvolve uma baixa pressão, originando o ciclone extratropical no Rio Grande do Sul e/ou Uruguai. Porém, a sua formação entre o litoral centro-norte da Argentina e do Rio Grande do Sul, também pode estar associada à presença de uma frente estacionária. Quando ocorre a formação de um ciclone extratropical, é observado forte calor e ventos de noroeste no norte do Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e no Paraná. No entanto, no Uruguai e sudeste do Rio Grande do Sul o tempo é instável com presença de muitas nuvens, chuva fraca e temperatura em declínio por influência do anticiclone em alto mar e pela formação de outro sobre o norte da Argentina. Essa dinâmica atmosférica envolve uma nova frente fria no Rio Grande do Sul, que avança para norte trazendo pancadas rápidas de chuva, ou até mesmo temporais para o norte do Rio 34 Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, quando o ciclone extratropical se desloca para leste-sudeste. A passagem da frente fria é rápida e após seu afastamento para o oceano, o tempo se mantém instável com muitas nuvens stratus e stratuscumulus e chuva fraca no centro-norte do Rio Grande do Sul, oeste, meio-oeste e planalto catarinense e nos municípios paranaenses que fazem divisa com Santa Catarina. Essa instabilidade é originada por ventos fortes e úmidos de sudeste que entram pelo Rio Grande do Sul e chegam ao sul do Paraná. A variação de pressão entre o ciclone extratropical e o anticiclone polar, principalmente o que está sobre a Argentina, gera fortes ventos do quadrante sul que deixam o mar muito agitado e com grandes ondas próximas à costa. Com isto, e dependendo da direção do vento e do tamanho da superfície do mar onde o vento atua, pode ocorrer maré de tempestade (RUDORFF et al., 2006 apud MONTEIRO, 2007), um tipo de inundação costeira causada pela sobreelevação do nível do mar e relacionado às “ressacas”. A Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) é caracterizada por uma faixa de nuvens estacionárias e por chuvas intensas, orientada no sentido noroeste-sudeste e associada ao escoamento convergente na baixa troposfera, que se estende desde o sul da Amazônia até o Oceano Atlântico. Sob sua influência a região Sul, especialmente Santa Catarina e o Paraná, apresenta tempo muito instável, que pode levar á tempestades severas e chuvas freqüentes que provocam deslizamento de encostas e enchentes (SILVA DIAS e MARENGO, 2002). Nessa situação sinótica, um anticiclone de pouca intensidade, chamado de “alta secundária” se desenvolve no centro-sul do Rio Grande do Sul, pois o ar ascendente a partir da superfície na ZCAS resfria-se, tornando-se mais denso e descendo na periferia (MONTEIRO e FURTADO, 1995 apud MONTEIRO, 2007). Quando a ZCAS fica muito tempo no sudeste do Brasil faz com que ocorram enchentes de verão nessa região e veranicos na região sul, pois existe a possibilidade da forte subsidência sobre o Uruguai e norte da Argentina influenciar na escassez de chuva na 35 região sul (QUADRO, 1994). Além disso, as temperaturas ficam mais baixas devido à persistência de anticiclones polares sobre o Atlântico Sul, entre o litoral norte argentino e o gaúcho, que forçam a penetração de ar frio ao sul da banda de nebulosidade associada à ZCAS (SANCHES e SILVA DIAS, 1996). A Circulação Marítima ou oceânica é uma brisa em escala regional, ou seja, ventos úmidos que chegam a zona costeira oriundos dos anticiclones polares com trajetórias marítimas, que se deslocam sobre o Atlântico a leste do Uruguai e Sul do Brasil em direção a região sudeste. A circulação anti-horária dos ciclones polares no hemisfério sul provoca ventos frios, úmidos e fortes de sul/sudeste, que em Santa Catarina recebem o nome de “vento sul” (MONTEIRO e FURTADO, 1995 apud MONTEIRO, 2007). Sua umidade é condensada e forma nebulosidade do tipo stratus e stratuscumulus que fica mais concentrada de Laguna para o sul, atingindo toda a costa do Rio Grande do Sul e persiste enquanto a circulação se mantiver, gerando leve e contínua precipitação (FEDOROVA, 2001). Quando o anticiclone polar avança mais para norte, entretanto, passando pelo litoral catarinense ou paranaense, ou ainda quando já está configurado como ASAS, origina ventos de leste a nordeste, que também são úmidos, porém mais quentes e ocasionam nebulosidade e chuva de Florianópolis para o norte. Nessa situação a nebulosidade predominante é stratuscumulus, mas quando o ar está muito instável pode ocorrer formação de nebulosidade do tipo cumulus que resulta em pancadas de chuva, no entanto, esse tipo de circulação não atinge o litoral sul catarinense que fica, na maioria das vezes, com poucas nuvens e ar mais seco. As condições de tempo com ventos úmidos de sul a nordeste são temporárias devido ao contínuo deslocamento dos anticiclones polares, mas quando eles estacionam, sobretudo com ação de bloqueios atmosféricos, as condições passam a ser persistentes. Se os ventos soprarem de sudeste a leste, o tempo fica muito instável com céu encoberto visibilidade horizontal reduzida e chuvisco contínuo, ocorre ainda, um aumento nas alturas das ondas, principalmente quando os ventos sopram com forte intensidade de alto mar para a costa. 36 Os cavados são modificações no fluxo do ar que ocorrem em superfície, em médios e altos níveis. Os cavados em superfície apresentam fluxo de vento de leste para oeste, e os cavados em médios e altos níveis, de oeste para leste. Por possuir fluxo invertido aos demais, o cavado em superfície é denominado de “cavado invertido” (CI) (SATYAMURTY e FERNANDES, 1996 apud MONTEIRO, 2007). O cavado invertido forma-se a partir de uma alta pressão que não possui uma circulação completa no sentido anti-horário, onde o ar acaba apresentando uma circulação ciclônica. A origem desses fenômenos está associada à passagem de uma frente fria, uma vez que, os cavados invertidos (CI) se formam a norte do anticiclone polar, situação bem comum na Argentina, assim que o anticiclone cruza a Cordilheira dos Andes. Em Santa Catarina há formação de cavados invertidos quando uma frente fria se encontra sobre o Paraná ou São Paulo e o anticiclone polar está nas imediações do Uruguai e Rio Grande do Sul. Sem a presença do CI, o anticiclone determinaria, em Santa Catarina, ventos de sudoeste a sudeste, tempo estável com poucas nuvens, temperaturas em declínio e baixa umidade relativa por influencia da massa de ar frio, porém, sua presença torna o tempo instável com muitas nuvens e chuva, às vezes até com intensidade de moderada a forte e acompanhada de trovoadas. Os cavados de médios e altos níveis estão associados a tempo instável com muitas nuvens e chuvas persistentes, são formados por correntes de oeste e possuem características semelhantes aos jatos e vórtices ciclônicos, no entanto a diferença entre esse três sistemas está na organização dos fluxos de oeste: os jatos possuem fluxo mais zonal, percorrendo milhares de quilômetros na mesma latitude; os vórtices ciclônicos são caracterizados por um fluxo fechado no sentido horário, no hemisfério sul, formando uma baixa pressão, e os cavados em médios e altos níveis apresentam inclinação do fluxo para sul na tentativa de organizar uma baixa pressão. De um modo geral, a intensa instabilidade faz as correntes de jatos originarem os cavados e estes, os vórtices. Porém, existem cavados em médios e altos níveis associados ou não diretamente aos jatos. Os cavados originados a partir de uma 37 corrente de jato podem ser encontrados onde as nuvens associadas ao sistema frontal começam a se dissipar e ficam mais esparsas ou em área com cumulus mais desenvolvidos na vertical, onde pode haver um desenvolvimento ciclônico (GEM, 2005 apud MONTEIRO, 2007). Os cavados não relacionados aos jatos ou aos sistemas frontais penetram na América do Sul, geralmente vindos do Pacífico e ao cruzarem a Cordilheiras dos Andes ocorre instabilidade e chuvas a jusante do seu eixo. A corrente de jato ou simplesmente jato, ocorre em função da descompressão adiabática das massas de ar que formam uma frente fria, causando um resfriamento desigual das massas de ar, o que em altitude se reflete em gradiente de pressão. Esse gradiente horizontal em altos níveis é o responsável pela geração das correntes de jatos entre 10 e 12 km de altitude, que se formam pouco abaixo da tropopausa e deslocam-se para leste com uma velocidade superior a 93 km/h, podendo chegar a mais de 300 km/h no inverno, quando alcançam maior intensidade devido as maiores diferenças de temperatura. Existem duas correntes de jato, uma denominada de Corrente de Jato Polar, não muito regular e associada ao forte gradiente horizontal de temperatura que ocorre nas frentes frias, principalmente entre as latitudes de 35ºS a 70ºS. E outra, chamada de Jato Subtropical (JST), associada à circulação da Célula de Hadley e localizada no limite polar dessa célula, entre as latitudes de 20ºS e 35ºS (PEZZI et al., 1996 apud MONTEIRO, 2007). Como as correntes de jatos influenciam na circulação geral da atmosfera, acabam tornando-se importantes fatores na determinação do clima em qualquer região. A inteiração das frentes frias com o Jato Subtropical em altos níveis determina a intensificação das precipitações (INAZAWA, 1997 apud MONTEIRO, 2007), além disso, os JST são responsáveis pelo desenvolvimento e intensificação de atividade convectiva que ocorre paralela à linha da frente fria, de direção noroestesudeste, a cerca de 500 a 600 km da sua retaguarda. Nesse caso, uma frente fria pode estar sobre o Paraná e a nebulosidade não diminuir em Santa Catarina. O jato subtropical também atua no bloqueio e deslocamento das frentes frias, tornando-as estacionárias e elevando os totais de precipitação local. Assim como os jatos em altos 38 níveis, os jatos em baixos níveis (JBN) são importantes no transporte de umidade do Atlântico Norte e da Amazônia, tornando os sistemas atmosféricos, como as frentes frias, a Baixa do Chaco e o processo convectivo, mais ativos e melhorando a distribuição de chuva na Região Sul do Brasil. O vórtice ciclônico em altos níveis (VCAN) é um sistema fechado de baixa pressão, que se forma na alta troposfera (GAN e KOUSKY, 1982 apud MONTEIRO, 2007), propagase desde o Oceano Pacífico, cruza as Cordilheiras dos Andes e frequentemente causa ciclogênese, dando origem a ciclones em superfície, próximos à costa na Região Sul do Brasil (SILVA DIAS e MARENGO, 2002 apud MONTEIRO, 2007). Quando penetra o continente, ocorrem instabilidade e precipitação intensa nos setores leste e nordeste do vórtice, situação que persiste de um a dois dias. A maioria dos vórtices ciclônicos em altos níveis ocorre nos meses de inverno, principalmente em julho, enquanto que a menor freqüência de todos os meses é constatada em março (LOURENÇO et al., 1996 apud MONTEIRO, 2007). No verão, estão associados a efeitos orográficos e proporcionam um aumento na convecção tropical (SILVA DIAS e MARENGO, 2002 apud MONTEIRO, 2007). O tempo associado aos vórtices é muito instável e favorece a ocorrência de temporais com chuvas que muitas vezes superam as médias, ventos com fortes rajadas e granizo. 3.2 EFEITOS DE EL NIÑO E LA NIÑA NO SUL DO BRASIL A variabilidade climática causada por El Niño e La Niña no sul do Brasil, especificamente no Estado de Santa Catarina, provoca tanto aumento de precipitação como intensificação de secas, respectivamente. 3.2.1 Efeitos de El Niño No Sul do Brasil o fenômeno El Niño provoca precipitações abundantes, principalmente na primavera. A maior intensidade pluviométrica concentra-se entre os meses de maio e junho, e entre setembro e novembro, devido à atuação deste fenômeno. Também há 39 um aumento da temperatura média (TSM), além das frentes frias que vêm do Sul do Brasil ficarem estacionadas por vários dias sobre a região, provocando chuvas constantes ao longo de certo tempo (MONTEIRO, 2007). 3.2.1.1 Um dos El Niños mais intensos do século: 1982/83 Os números a respeito dos fenômenos El Niño marcam o Estado de Santa Catarina. Conforme afirma Oliveira (2003): “Os impactos do evento de 1982/83 foram amplamente divulgados por diversos países. Estima-se que os prejuízos em todo globo totalizaram 13 bilhões de dólares e que foram devidos principalmente às secas e enchentes”. Complementa o autor que, especificamente na região Sul houve um aumento cerca de 70 a 100% de precipitação. Dos estados do Sul, Santa Catarina foi o mais severamente afetado. Além disso, setores como a de geração de energia elétrica e outros foram muito afetados. Também foi no Estado que ocorreram as chuvas mais intensas, durante o trimestre: junho/julho/agosto de 1983 e ficaram muito acima da média. Conforme informou o Relatório N° 4, COMISSÃO EL NIÑO DO SENADO FEDERAL, foram severamente atingidos 75 mil dos 95 mil km² do território catarinense, 135 cidades e desabrigadas 300.000 pessoas. Ficaram isolados pela água o Vale do Itajaí (com seu enorme parque industrial), o Planalto Norte (centro da indústria moveleira), o Planalto Central (agropecuária), o Vale do Rio do Peixe (agroindústria e agricultura) e todo o Oeste (grande produtor rural). Das 10.700 empresas do Estado, 6.894 foram atingidas pelo transbordamento dos rios e 64% foram integralmente paralisadas. Em Santa Catarina a agricultura sofreu prejuízo cerca de 900 milhões de dólares por causa deste excesso de chuvas, correspondendo a perdas de 1.626.298 toneladas na safra, conforme mostra a Tabela 4. No campo, pouca coisa restou em pé, pois o estado foi obrigado a importar cerca de 500 mil toneladas de milho. O feijão da chamada "safrinha" teve sua produção rebaixada de 90 mil para 23 mil toneladas de produto de qualidade inferior. A soja teve uma quebra de 50% na safra. Os pequenos agricultores 40 foram os mais prejudicados porque, das culturas que já haviam sido colhidas, 70% eram mecanizadas. Das restantes, consorciadas e solteiras, só haviam sido colhidos 10%. TABELA 4: Perdas na safra 1982/83 (Região Sul) ESTADO PERDAS (ton.) RIO GRANDE DO SUL 1.693.777 SANTA CATARINA 1.626.298 PARANÁ 1.568.700 REGIÃO SUL 4.888.775 Fonte: Universidade Federal do Rio Grande do Sul Segundo o Senador Waldeck Ornelas sobre o acima citado Relatório N° 4, algumas cidades catarinenses foram inundadas, como por exemplo, Rio do Sul, Videira e Porto União. Porém, em nenhuma delas o prejuízo foi semelhante ao ocorrido em Blumenau, um dos Pólos Industriais mais importantes do Estado. Todas as 23 agências bancárias da cidade ficaram inoperantes e indústrias como a Teka, por exemplo, que empregava 2.000 funcionários, ficou com suas atividades prejudicadas por cerca de 4 meses. Os efeitos sobre a população do Estado foram enormes. Um total de 15.000 pessoas foi desalojado; sendo que, desse total, 5.725 pessoas ficaram ao inteiro desabrigo, necessitando apoio do Estado. Foram atingidas 5.000 casas, das quais 515 danificadas e 38 destruídas. Ficaram feridas 152 pessoas e foram registrados 3 óbitos. Os prejuízos totais da cidade foram de cerca de 46 milhões de reais. A cidade catarinense que mais sofreu devido a intensas chuvas, como já citada acima, foi Blumenau (mostrada em parte na Figura 6, parcialmente destruída pelas águas do rio Itajaí-Açu, em 07 de julho), onde as águas alcançaram a marca de 15,37 metros, e a cidade ficou submersa durante 10 dias. 41 Fonte: Foto Hélio. FIGURA 6: Mostra a prefeitura de Blumenau cercada de água. 3.2.2 Efeitos de La Niña No Brasil este fenômeno causa menos danos que o El Niño, porém alguns prejuízos são registrados em cada episódio. Em ocorrência de da La Niña, as frentes frias que atingem o centro-sul do país têm sua passagem mais rápida que o normal e com mais força (OLIVEIRA, 2003), consequentemente ocorre uma redução nos índices pluviométricos e a frente alcança o Nordeste do Brasil mais facilmente. As ocorrências de estiagens estão predominantemente relacionadas aos anos de La Nina. As estiagens caracterizam-se por ocorrer durante longos períodos, até em mais de uma estação do ano, afetando grandes extensões territoriais. Referem-se a um período de precipitação baixa ou ausente, em que a perda de umidade do solo é superior à sua reposição, causando desequilíbrio hidrológico (CASTRO, 2003). Em Santa Catarina, mais na região do Oeste catarinense, há “estiagem” com grande queda no índice pluviométrico, principalmente nos meses de setembro a fevereiro e no outono, pois as massas de ar polar chegam com mais intensidade. Com o fenômeno La Niña, o inverno na região sul tende a chegar antes e já no outono grandes quedas de temperatura são registradas. 3.2.2.1 Um dos La Niñas mais intensos do século: 1988/89 42 O período de 1988-1989 classifica-se como de forte atuação da fase positiva da oscilação sul no Pacífico (CPTEC, 2008) e assim, apresentou desvios negativos de precipitação na região Sul, ou seja, períodos de baixa precipitação. Em Santa Catarina, no verão de 1988, as anomalias foram todas negativas e variaram na escala entre 89,60 e 2,2 mm de chuva abaixo do normal, neste período foram registrados apenas três ocorrências de estiagens. No outono, as anomalias foram positivas, variando entre 2,2 e 85,2 mm de chuva abaixo da média, e foram registradas cinco ocorrências de inundações graduais e uma de inundação brusca. (CPTEC, 2008). No entanto, no inverno os índices pluviométricos foram reduzidos em grande parte do Estado de Santa Catarina, principalmente no extremo Oeste Catarinense. Essa situação se estendeu até a primavera, embora com menor intensidade. Assim, após o longo período com baixos valores de precipitação, 84 municípios do Oeste Catarinense e no Vale do Itajaí decretaram situação de emergência por estiagem nos meses de primavera (HERMANN, 2006). 3.3 ENOS, EL NIÑO E LA NIÑA INFLUENCIANDO O CLIMA CATARINENSE O Estado de Santa Catarina é severamente castigado pelas adversidades atmosféricas, principalmente quando há interferências do Fenômeno El Niño-Oscilação Sul (ENOS), que tanto em El Niño, quanto La Niña causa mudanças no clima desta região. Este fenômeno ao atuar no ritmo de deslocamento das frentes, também influencia nas temperaturas, que tendem a se apresentar mais altas em anos de El Niño e mais baixas em anos de La Niña (HERMANN, 2007). El Niño, um fenômeno climático natural, comporta-se de maneira irregular e possui intensidades e conseqüências diferentes para cada local em que ele atue. Por exemplo, no Brasil ocorrem secas no Nordeste e enchentes no Sul e Sudeste por estarem sobre influência do fenômeno. Em Santa Catarina, segundo Monteiro (2007) o El Niño, influência no Jato Subtropical intensificando-o, por causa do gradiente térmico entre o equador e os pólos. O fortalecimento desses jatos gera bloqueios nos sistemas frontais tornando-os 43 estacionários ao chegarem ao Estado. Na Figura 7, observa-se a corrente de jato bloqueando a atuação das massas de ar que formam as frentes fazendo com que estacionem sobre o Estado intensificando as precipitações. Esses bloqueios resultam em intensa cobertura de nuvens, em altos valores de umidade do ar e em temperaturas altas. Fonte: EPAGRI/CIRAM. FIGURA 7: Jato Subtropical sobre Santa Catarina em anos de El Niño. Além disso, os jatos favorecem o aumento da precipitação na primavera do ano de atuação do El Niño e no inverno do ano seguinte (GRIMM et al., 1996; GRIMM et al., 1998). Marcelino et al., (2004b) verificaram também aumento na ocorrência de precipitação de granizo. No Estado catarinense o El Niño provoca chuvas acima da média, sendo comum a ocorrência de grandes enchentes, apesar de não ser o único causador das inundações. La Niña, fenômeno natural e fase fria do ENOS, afeta o Estado Catarinense resultando em precipitação abaixo da média climatológica. Essa baixa precipitação pode estar associada à rápida passagem das frentes frias e a bloqueios atmosféricos em que as frentes ficam estacionárias sobre o Uruguai e sul do Rio Grande do Sul. Em santa Catarina, em anos de La Niña, há uma diminuição na umidade atmosférica com forte amplitude térmica diária, com baixas temperaturas na madrugada e em elevação durante o dia (MONTEIRO, 2007). Também em La Niña há o aumento da ocorrência de geadas em Santa Catarina (AGUIAR E MENDONÇA, 2004). 44 No entanto, a baixa precipitação ocorrida no estado de Santa Catarina nem sempre está associada ao fenômeno. Uma vez que períodos de constantes bloqueios e atuação da Massa Tropical continental acabam provocando estiagens durante vários meses seguidos na região. 3.4 TORNADOS Nas pesquisas dos autores Cruz et al (2008, p.11), observa-se que em função da localização geográfica e orografia, Santa Catarina sofre influências de massas de ar tropical e extratropical, o que torna este estado propício à ocorrência de tornados. Cardoso et al (2008) informam que é no verão e na primavera que a massa de ar tropical atua no estado, deixando boa parte dos dias quentes e com alta umidade, influenciando na formação de convecção localizada, forçada também pelo relevo acidentado do estado. A formação de tornados e trombas d’água é facilitada através do desenvolvimento de outros sistemas como CCM, ou a entrada de um sistema frontal. Já no outono e inverno, com a entrada mais freqüente de sistemas frontais e ciclones extratropicais, pode também haver favorecimento na formação do fenômeno. Os sistemas frontais e as áreas de instabilidades provocam precipitações pluviométricas intensas, vendavais, precipitações de granizo e tornados (MARCELINO, 2002). 45 4 TORNADOS EM SANTA CATARINA 4.1 DEFINIÇÃO A palavra tornado se origina etimologicamente da palavra espanhola tornada, que significa tempestade. No dicionário El Mundo, na definição da palavra tornado em espanhol observa-se que não há uma configuração distinta do fenômeno tornado, tal definição compreende palavras como tufão, tempestade, ciclone, tormenta, furacão e temporal. Em português, segundo o Aurélio (2007, p.781), tem-se a seguinte definição para tornado: Tempestade que se caracteriza por grande nuvem negra, que se prolonga em forma de cone invertido, o qual, girando em alta velocidade, desce até a superfície, onde destelha casas, arranca árvores, etc. A definição de tornado no Glossário de Meteorologia da American Meteorological Society é “uma coluna de ar em rotação violenta em contato com o solo, pendente de uma nuvem cumuliforme ou sob uma nuvem cumuliforme e geralmente (mas nem sempre) visível como um funil de condensação. Este enunciado torna possível caracterizar, por exemplo, um tornado que gerou danos, sem a obrigatoriedade da presença de um funil visível, fato que deve ser levado em consideração na avaliação também de tornados noturnos no Brasil, principalmente quando não há imagens de radares meteorológicos disponíveis, ou a impossibilidade da visualização pela população de uma nuvem funil em contato com o solo e há danos. Neste caso, tornarse-á necessária a utilização da Escala de Classificação de tornados, a fim de observar a peculiaridade e conceitualizar se foi ou não um dano ocasionado pelo fenômeno. Os tornados podem-se formar a partir de duas dinâmicas diferentes: de uma supercélula ou sem a presença de supercélula. A primeira formação a partir de uma supercélula define-se como uma tempestade caracterizada pela presença do mesociclone. Tem uma profunda e contínua rotação ascendente, que faz com que estas formações produzam ventos fortes, granizo e tornados. Ocorrem em qualquer 46 parte do mundo, tanto em latitudes médias como subtropicais. A Figura 8 apresenta a representação de uma supercélula a partir da visão frontal da tempestade, com todas as etapas, precipitação de granizo ou água, anvil, o topo da nuvem com mesociclone interno, e na parte seca da tempestade, o tornado. Os tornados gerados por este tipo de tempestade são os mais intensos. A segunda englobaria os tornados não-supercélulas, que se formam de nuvens cumulonimbus, de pouca duração e em geral com menor intensidade. Fonte: NOAA. FIGURA 8: visão frontal de uma supercélula com tornado Dentre os tornados que não são gerados por uma supercélula, estão as trombas terrestres (Landspout), as quais são tornados que se desenvolvem a partir de tempestades menores. Essas formações tornádicas apresentam funis bem mais estreitos e certa semelhança visual com as trombas d’água (BLUESTEIN, 2006). As trombas d’água (Waterspout) são tornados que ocorrem em superfície aquosa, em geral, se formam em rios, lagos, oceanos e mares. Desenvolvem-se frequentemente debaixo de nuvens tipo cúmulus congestus (TCU) antes do estágio de cumulonimbus. 47 São formações relativamente mais fracas que tornados ocorridos em terra, mas, alguns se originam de tornados fortes, oriundos de tempestades severas que avançaram da terra para a superfície aquosa. (BLUESTEIN, 2006). 4.2 ESCALA DE CLASSIFICAÇÃO DOS TORNADOS Atualmente, os tornados passaram a ser foco de muitos estudos no Brasil. Fotografias e filmagens passaram a apontar que o fenômeno ocorre com freqüência no País. As tempestades fortemente destrutivas passaram a ser analisadas também pelas características dos danos gerais e estruturais deixados em residências, prédios comerciais e públicos, plantações, árvores, ferragens, telhados e estruturas de concreto armado. Embora existam muitas escalas de classificação de tornados no mundo, pesquisadores passaram a usar a Escala Fujita para analisar danos de tornados no Brasil. Em 1971, Theodore Fujita elaborou uma escala de avaliação de danos gerados por tornados para categorizar a força do vento existente no fenômeno a partir do dano causado. Trabalhou com parâmetros da Escala Beaufort e a velocidade do som em MACH. Se utilizou do conceito de um Mach (Ma), que era equivalente a 1224 km/h, e correspondia à velocidade mínima para que qualquer corpo pudesse ultrapassar a barreira do som. As 5 categorias de velocidade determinavam qual velocidade em que o corpo se encontrava: a) subsônica: Ma< 1; b) transônica: 0.8< Ma<1.2; c) sônica: Ma = 1; d) supersônica: Entre 1.2 Ma e 5 Ma; e) hipersônica: Ma>5. 48 A escala Fujita (ou Fujita-Pearson Tornado Intensity Scale) tornou-se então uma escala intermediária entre a Escala Beaufort e o número Mach (ver Figura 9), passando a ser utilizada para avaliar a força do vento em danos gerados por tornados em construções, árvores, carros, telhados, prédios. Fonte: Theodore Fujita, 1971. FIGURA 9: Idealização da escala Fujita Após anos de uso para a classificação de tornados, em 2004, um grupo de meteorologistas e engenheiros de ventos da Universidade do Texas decidiu aprimorar 49 essa escala e submeteram um novo instrumento a análise pelo Storm Prediction Center e foi aceita a EF-Scale ou Escala Fujita Aprimorada, em 01 de fevereiro de 2007. Esta escala oferta suporte muito mais amplo às análises de danos gerados por tornados com 28 indicadores. Na Figura 10, há uma comparação entre as duas escalas e a diferença em termos de velocidade de vento na nova classificação. Fonte: NOAA. FIGURA 10: Comparação entre a Escala Fujita antiga com a EF- Scale em uso nos EUA. Na tabela 5, há a conversão da velocidade do vento em de mph da EF-Scale para km/h, que é a unidade de medida de velocidade de vento em uso no Brasil. TABELA 5: EF-Escale com a conversão para ventos em km/h EF-Scale Velocidade do vento (km/h) EF0 105-125 EF1 126-279 EF2 180-227 EF3 228-308 EF4 309-324 EF5 > 325 Com rajada de pelo menos 3 segundos Fonte: Adaptação de EF-Scale, 2007. 4.3 CORREDOR DOS TORNADOS DA AMÉRICA DO SUL 50 Tornados ocorrem por todo o globo terrestre, América do Norte, Europa, Austrália, África, Ásia, e América do Sul. Nos EUA, há uma área de destaque chamada Tornado Alley (BLUESTEIN, 2006), que fica nas grandes Planícies Centrais, onde se dá o choque de massas de ar frio de origem polar e massas de ar quentes, vindas do Golfo do México. É o local onde mais tempestades severas geram tornados na Terra, em geral há mais de 1200 (SPC, 2009) registros anuais. A época mais propícia para o desenvolvimento das tempestades severas com potencial de gerar tornados nesta região vai de abril a julho. No mapa da Figura 11 está um esboço da região do Tornado Alley, com ilustração do encontro das massas de ar e a influência da corrente de jato. No centro da imagem, está identificado o Tornado Alley e os estados que compõem o corredor dos tornados dos EUA. Fonte: Wikipedia, 2009. FIGURA 11: Mapa da região do Tornado Alley. Dyer (1986, p. 602) identificou uma zona na América do sul, compreendida entre leste do Paraguai, sudoeste do Brasil e nordeste da Argentina, onde haviam sido registrados os maiores números de rastros e tornados estudados até então. Nota-se que as 51 ocorrências identificadas neste mapa (Figura 12), muito se aproximam dos achados atuais, faltando apenas inserir as partes brasileiras, que na época era carente de estudos. Fonte: Robert C. Dyer, 1986. FIGURA 12: Mapa sobre ocorrência de tornados na Bacia do Prata. O National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), em 1995, elaborou um mapa mundial das Zonas de maior probabilidade de ocorrências de tornados (Figura 13). Posteriormente outras pesquisas foram sendo realizadas e o Brasil, na sua porção sul, sempre figurou nas áreas de risco de ocorrências de tempestades severas e tornados. Observa-se que neste mapa já começou a ser identificada a região sul do Brasil como potencial ao desenvolvimento de tornados. 52 Fonte: NOAA, 1995. FIGURA 13: Zonas de maior probabilidade de ocorrências de tornados no mundo Nascimento e Doswell (2006) informaram que convecção severa profunda foi observada na região Sul do Brasil e continente sul americano, identificando áreas de maior ocorrência de tempo severo, incluindo muitas capitais da América do Sul, entre elas, Buenos Aires, Montevidéu, Assunción e no Brasil, em Porto Alegre, Florianópolis, Curitiba e São Paulo. Estudos realizados por Brooks e Dotzek (2007), com dados levantados a partir da análise de radiossondagens atmosféricas do mundo e dados de reanálise do NCAR/NCEP no período de 1970-1999, revelaram que a região compreendendo o norte da Argentina, Paraguai, Uruguai, e a região sul do Brasil, aparece como região assim como parte da Ásia, com possibilidades de desenvolver tempestades severas e até tornados, como mostra a figura 14. 53 Fonte: Harold E. Brooks, 2007. FIGURA 14: Mapa mundial de ambientes propícios para gerar tornados (1970-1999) 4.4 A FORMAÇÃO DE TORNADOS NO SUL DO BRASIL - ESTADO DA ARTE No Brasil, conforme a imagem da Figura 15 (NASCIMENTO, 2006, p.12) observa-se que se dá sobre a região sul, sudeste, e parte do centro-oeste, o encontro dos jatos de baixos níveis úmidos vindos da Amazônia, com o ar polar e seco, trazido pelos jatos em altos níveis vindo dos Andes. Esta composição atmosférica é potencial para causar atividade convectiva e gerar supercélulas, que podem formar tornados a partir dessas supercélulas, onde a corrente de ar frio em altura ao encontrar com a corrente quente e úmida da superfície ascendendo, passa a girar em movimentos ascendentes no interior 54 da nuvem cumulusnimbus, formando o mesociclone e finalizando na formação do tornado. Fonte: Nascimento E Doswell, 2006. FIGURA 15: Encontro de massas de ar sobre a região sul do Brasil Em pesquisa de Marcelino (2004) sobre a formação de tornados em Santa Catarina, há constatação de que as ocorrências no litoral norte estão associadas aos elevados índices de umidade local devido à proximidade com o oceano e a Serra do Mar, propiciando a formação de nuvens convectivas profundas a barlavento. No oeste catarinense, tais ocorrências estão associadas com as passagens dos sistemas frontais, mais freqüentes e intensos no inverno, e Complexos Convectivos de Mesoescala (CCM), que são áreas de instabilidade que se formam sobre o Paraguai e deslocam-se no Estado. Dos casos estudados a autora traçou um perfil atmosférico sinótico para as ocorrências, o qual apontou que em tornados ocorridos nas estações do outono, inverno e primavera, ocorreram a difluência do escoamento zonal em altos níveis e em baixos níveis o escoamento de noroeste foi influenciado por anticiclone sobre o Oceano Atlântico e cavado sobre a Bacia do Prata. Com relação à formação das trombas 55 d’água, a autora concluiu que estas foram se a partir de instabilidades associadas a sistemas frontais no oceano, em dissipação, com a presença da Alta da Bolívia, dividida em dois centros que interagiam com um vórtice ciclônico sobre a costa sudeste/nordeste, e do cavado de latitudes médias. Em baixos níveis: apresentaram escoamento de noroeste associado ao anticiclone subtropical do Atlântico Sul e circulação de baixa ao sul do continente sul Americano, estendendo-se sob a forma de um cavado até Santa Catarina. (MARCELINO, 2004, p. 163) Para episódios ocorridos no verão, achados revelaram que a Alta da Bolívia atuou junto com circulação anticiclônica sobre o Oceano Atlântico, vórtice ciclônico sobre o nordeste brasileiro e cavado de latitudes médias. Em baixos níveis, o escoamento de noroeste sofreu influência de circulação anticiclônica sobre o Brasil central e vórtice ciclônico no sul do continente alcançando o estado de SC, como cavado. Observou também a autora: A atuação de duas outras circulações atmosféricas: o anticiclone subtropical do Atlântico Sul dividido em dois centros sobre o oceano e a circulação anticiclônica interagindo com o cavado no continente, próximo a Bacia do Prata. (MARCELINO, 2004, p. 163) Na primavera, ela encontrou um único caso, no qual ocorreu a atuação de um ciclone extratropical profundo. Em altos níveis, o ciclone extratropical estava no litoral do Rio Grande do Sul, cavado de latitudes médias inclinado para noroeste, Alta da Bolívia centrada no Oceano Pacífico. Na baixa troposfera atuação de ciclone extratropical no Uruguai, Rio Grande do Sul e Santa Catarina e um cavado no sul da Argentina. Monteiro et al (2004, p. 602) estudou ocorrências tornádicas na região sul, e informou que o sistema de nuvem vírgula invertida (hemisfério sul), mesmo se desenvolvendo em área reduzida (mesoescala), pode ser um sistema com condições de tempo muito instáveis, podendo desenvolver tempestades potencialmente tornádicas. Foss (2008) informou que o transito de sistemas frontais e sistemas convectivos isolados favorecem a ocorrência de fenômenos potencialmente severos em Santa Catarina 56 4.5 HISTÓRICO DOS TORNADOS EM SANTA CATARINA O estudo sobre tornados em Santa Catarina é bem recente, pesquisas científicas começaram a ser desenvolvidas na década atual. Jornais catarinenses até mencionavam o fenômeno, algumas vezes de forma equivocada, nominando vendavais e destruição extrema como efeitos de ciclone, tufão, furacão. Hoje, já se sabe que tornados e trombas d’água ocorrem com certa freqüência no estado catarinense. Mas, conforme a constatação de Marcelino (2000, p. 73), há pouca informação sobre o fenômeno tornado e certo prejuízo na contabilização de ocorrências devido denominação errônea, em que o mesmo sería caracterizado na maioria das vezes como vendaval. A autora fez levantamento de 1976 a 2000, em arquivos da DEDC-SC, em jornais de SC e concluiu 23 ocorrências tornádicas, entre trombas d´água e tornados, em um período de 25 anos. Posteriormente confirmou 15 e classificou 8 como possíveis ocorrências do fenômeno, com a ressalva de que o número de tornados ocorridos no estado na época levantada poderia ser ainda maior (MARCELINO, 2004a). Achados na pesquisa informaram que da amostra levantada, os meses de maiores ocorrências em Santa Catarina foram janeiro e novembro, sendo que a primavera concentrou 40% dos casos e o verão 35%. Com relação à classificação dos tornados, as intensidades variaram entre F0 e F3, segundo a escala Fujita, ver anexo C. Marcelino (2004a) analisou sinóticamente casos de tornados ocorridos em Santa Catarina, informando que a distribuição espacial de tornados tornou visível que o fenômeno é comum em praticamente todas as regiões do estado, exceto no planalto norte e meio oeste, o oeste e litoral norte de Santa Catarina foram as regiões que apresentaram maior registro, a autora criou um mapa com a catalogação, ver mais no anexo B. Silva (2009) pesquisou a ocorrência de trombas d’água em Santa Catarina em registros do EPAGRI/CIRAM e encontrou doze ocorrências desde 1996 até 2008. Sete ocorreram no Litoral Norte, cinco no município de São Francisco do Sul e duas no 57 município de Itapoá. Outros cinco casos ocorreram na Grande Florianópolis, sendo que um ocorreu em Palhoça e os demais na Ilha de Florianópolis. Aquele autor informou ainda que a costa catarinense está propensa a tempestade severa. O relevo é propício à formação de tromba d’água em conjunto com a localização geográfica, rota de diversos sistemas meteorológicos que favorecem mudanças bruscas no tempo devido o contraste térmico entre uma massa de ar quente e outra fria. Aquele autor produziu um mapa de localização da ocorrência do fenômeno em Santa Catarina, que se encontra no anexo, e, um resumo dos sistemas climáticos que geraram as trombas d’água que pode ser visto no anexo F. 4.5.1 Cidades com ocorrências tornádicas em SC Mediante leitura de jornais, pesquisas científicas sobre tornados em SC, reportagens de TV e arquivos pessoais, catalogaram-se outras ocorrências de tornados no estado catarinense. Desprezaram-se possíveis ocorrências cujos dados eram insuficientes, casos de nuvem funil com imagem, mas sem danos locais. Consideraram-se como possíveis ocorrências quando teve informação da Defesa Civil em jornais, notícias jornalísticas sobre vendaval com destruição e suspeita de tornado, pesquisas com ocorrências confirmadas de tornados e danos severos de vendavais, referidos em notícias sem a menção a palavra tornado. . Apresenta-se abaixo a catalogação mais ampla, visando uma atualização, remontando a casos citados na catalogação anterior de Marcelino (2000), sendo que esses números podem ser muito maiores, pois não foi consultado o acervo da Defesa Civil catarinense de forma ampla; neste acervo foram analisados apenas casos referidos em documentação disponível na Internet, como também não foram mencionados tornados ocorridos em locais remotos e não informados, mas com assinatura no radar, nem arquivos históricos do Estado catarinense. Como a proposta inicial foi conhecer a casuística de tornados em SC, desprezou-se uma análise sinótica complexa ou estudo de caso, o que demandaria tempo e uma 58 pesquisa aprofundada. Dessa forma apenas complementaram-se as ocorrências com imagens de satélite, imagens de radar, dados do Boletim do CPTEC e EPAGRI/CIRAM, imagens de danos locais, para dar visibilidade e suporte simples a aspectos sinóticos encontrados nos dias informados, bem como evidenciar situações conhecidas na literatura científica, como presentes na dinâmica da atmosfera capaz de gerar tornados. Os dados seguirão conforme a legenda abaixo, respeitando a data mais remota até a mais recente: LEGENDA * Catalogação desta pesquisa ** Achados na pesquisa de Marcelino (2000), em tabela anexa A. *** EPAGRI/CIRAM – (2009), em tabela anexa C. **** Pesquisas científicas de autores diversos ***** Informações da Defesa Civil ****** Informações de meteorologistas N/C não consta a informação 4.5.1.1 Cidade com ocorrência em 1928 Canoinhas * Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Canoinhas - 26º 10' 38" S - 50º 23' 24" O 839m 1928 N/C Tornado Canoinhas, município catarinense do Planalto Norte, no final dos anos 20, foi totalmente devastado por uma tempestade intensa em que muitas pessoas foram ao óbito. No jornal Correio do Norte foi comunicado como o furacão de Canoinhas, e narra a tempestade ocorrida em 1928. Na imagem da Figura 16 a família está com os pés descalços e os pertences reduzidos a sacos de lençóis, cena de uma família que tudo 59 perdeu. Ao fundo, nos sinais deixados na vegetação, pode-se inferir que um vento fraco não deixaria uma região de mata densa, com aspecto desértico, árvores completamente sem copa, tampouco casa em escombros, nem ceifaria 26 vidas de moradores locais. Na verdade, esse ocorrido se assemelha muito ao efeito de um tornado, que abateu duramente essa comunidade, alterando completamente seu rumo próspero à aniquilação total, já que posteriormente à tempestade, deixou até de ser rota do trem que passaria no local (SAAVEDRA, A Notícia, 20/05/2008, p.3). Fonte: Jornal Correio do Norte (A Notícia, 20/05/2008). FIGURA 16: Canoinhas, SC – 1928 4.5.1.2 Cidade com ocorrência em 1976 Guarujá do Sul** Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Fonte: Guarujá do Sul - 26º 23' 07”S - 53º 31' 40”O 850m 08.08.1976 15h Tornado Marcelino (2000)—Ver mais no Anexo A 60 4.5.1.3 Cidade com ocorrência em 1977 Bom jardim da Serra**** Município Bom Jardim da Serra Latitude: - 28º 20' 13" S Longitude: - 49º 37' 29" O Altitude: 1245m Data: 28.01.1977 Horário: 15h Fenômeno: Tornado Fonte: Marcelino (2004a) - Ver mais no Anexo C 4.5.1.4 Cidade com ocorrência em 1984 Maravilha**** Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Fonte: Maravilha - 26º 45' 39" S - 53º 10' 21" O 554m 09.10.1984 00h Tornado Marcelino (2004a) - Ver mais no Anexo C 4.5.1.5 Cidades com ocorrências em 1987 São Joaquim**** Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Fonte: São Joaquim - 28º 17' 38" S - 49º 55' 54" O 1353m 11.01.1989 15h Tornado Marcelino (2004a) - Ver mais no Anexo C 61 Xanxerê** Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Fonte: Xanxerê - 26º 52' 37" S - 52º 24' 15" O 800m 11.01.1989 15h Tornado Marcelino (2000) - Ver mais no Anexo A Indaial** Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Fonte: Indaial - 26º 53' 52" S - 49º 13' 54" O 64m 11.01.1989 N/C Tornado Marcelino (2000) - Ver mais no Anexo A 4.5.1.6 Cidades com ocorrências em 1989 São Carlos** Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Fonte: São Carlos - 27º 04' 39" S - 53º 00' 14" O 264m 11.01.1989 N/C Tornado Marcelino (2000) - Ver mais no Anexo A Xanxerê** Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Fonte: Xanxerê - 26º 52' 37" S - 52º 24' 15" O 800m 11.11.1989 N/C Tornado Marcelino (2000) - Ver mais no Anexo A 62 Correia Pinto** Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Fonte: Correia Pinto - 27º 35' 05" S - 50º 21' 40" O 850m 24.11.1989 N/C Tornado Marcelino (2000) - Ver mais no Anexo A 4.5.1.7 Cidades com ocorrências em 1995 Benedito Novo** Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Fonte: Benedito Novo - 26º 46' 58" S - 49º 21' 52" O 130m 06.01.1995 Fim de Tarde Tornado Marcelino (2000) - Ver mais no Anexo A Benedito Novo** Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Fonte: Benedito Novo - 26º 46' 58" S - 49º 21' 52" O 130m 08.01.1995 N/C Tornado Marcelino (2000) - Ver mais no Anexo A Paraíso** Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Fonte: Paraíso - 26º 36' 50" S - 53º 40' 19" O 520m 27.01.1995 N/C Tornado Marcelino (2000) - Ver mais no Anexo A 63 4.5.1.8 Cidades com ocorrências em 1996 São Francisco do Sul**** Município São Francisco do Sul Latitude: - 26º 14' 36" S Longitude: - 48º 38' 17" O Altura: 09m Data: 27.01.1996 Horário: Durante a tarde Fenômeno: Tromba d´água Fonte: Marcelino (2004a) - Ver mais no Anexo C Meleiro**** Município Latitude: Longitude: Altura: Data: Horário: Fenômeno: Fonte: Meleiro - 28º 49' 43" S - 49º 38' 09" O 38m 27.02.1996 18h Tornado Marcelino (2004a) - Ver mais no Anexo C 4.5.1.9 Cidades com ocorrências em 1997 Itapoá**** Município Latitude: Longitude: Altura: Data: Horário: Fenômeno: Fonte: Itapoá - 26º 07' 01" S - 48º 36' 58" O 18m 02.02.1997 10h20 Tromba d´água Marcelino (2004a) - Ver mais no Anexo C Florianópolis** Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Fonte: Florianópolis - 27º 35' 48" S - 48º 32' 57" O 0 (nível do mar) 02.02.1997 N/C Tromba d´água Marcelino (2000) - Ver mais no Anexo A 64 Zortéa** Município Latitude: Longitude: Altura: Data: Horário: Fenômeno: Fonte: Zortéa - 27º 27' 05" S - 51º 33' 19" O 834m 09.07.1997 N/C Tornado Marcelino (2000) - Ver mais no Anexo A 4.5.1.10 Cidades com ocorrências em 1998 Abelardo Luz* Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Abelardo Luz - 26º 33' 53" S - 52º 19' 42" O 760m 07.02.1998 N/C Tornado Grande parte do Oeste catarinense foi atingida no dia 07/02/1998 por um temporal que causou prejuízos incalculáveis em cinco municípios. Postes de energia elétrica foram arrancados, pontes arrastadas, mais de 500 casas destelhadas e quatro desabaram. O município de Abelardo Luz foi muito castigado. Ventos em forma de tornado, segundo moradores, destruíram parte do centro e bairros da cidade. Um levantamento inicial da Defesa Civil de Abelardo Luz informou que mais de 300 casas sofreram destelhamento e três desabaram completamente (ver Figura 17) (Jornal A Notícia, 08/02/1998). 65 Fonte: Jornal A Notícia, 1998. FIGURA 17: Manchete de jornal com imagem de estragos. Conforme informações do Boletim do EPAGRI/CIRAM de 07/02/1998, uma frente fria atuava no Rio Grande do Sul, com deslocamento para Santa Catarina. Pela intensidade da destruição, 300 casas foram destelhadas, três desabaram e pelo tempo curto em que ocorreu a tempestade e pela referência de moradores que vivenciaram a tempestade a “ventos na forma de tornado”, pode ter se tratado de um tornado de fato. Abdon Batista**** Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Fonte: Abdon Batista - 27º 36' 40" S - 51º 01' 21" O 716m 07.02.1998 Madrugada Tornado Marcelino et all (2003) 66 4.5.1.11 Cidades com ocorrências em 1999 Joinville**** Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Fonte: Joinville 26º 18' 16" S 48º 50' 44" O 4m 07.02.1999 17h Tornado Marcelino et all (2004b) Forquilhinha**** Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Fonte: Forquilhinha - 28º 44' 51" S - 49º 28' 20" O 42m 24.11.1999 15h Tornado Marcelino (2004a) - Ver mais no Anexo C 4.5.1.12 Cidades com ocorrências em 2000 Florianópolis**** Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Fonte: Florianópolis - 27º 35' 48" S - 48º 32' 57" O 0 (nível do mar) 23.02.2000 15h Tromba d´água SILVA (2009, p.77) Itapoá**** Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Fonte: Itapoá - 26º 07' 01" S - 48º 36' 58" O 18m 01.03.2000 15h Tromba d´água SILVA (2009, p.72) 67 4.5.1.13 Cidades com ocorrências em 2002 Piçarras*** Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Fonte: Piçarras - 26º 45' 50" S - 48º 40' 18" O 18m 2,3,4,5.01.2002 N/C Tornado EPAGRI/CIRAM (2009) São Francisco do Sul**** Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Fonte: São Francisco do Sul - 26º 14' 36" S - 48º 38' 17" O 09m 9.01.2002 Durante a tarde Tromba d´água SILVA (2009, p.47) Taió***** Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Fonte: Taió - 27º 06' 59" S - 49º 59' 53" O 360m 10.02.2002 N/C Tornado DEDC-SC, 2002 Witmarsum***** Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Fonte: Witmarsum - 26º 55' 34" S - 49º 47' 45" O 410m 21.11.2002 N/C Tornado DEDC-SC, 2002 68 4.5.1.14 Cidades com ocorrências em 2003 Painel* Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Painel 27º 55' 44" S 50º 06' 18" O 1.144m 19.02.2003 Noite Tornado No início da noite de 19 de fevereiro de 2003, um forte temporal atingiu a região serrana catarinense. De acordo com o levantamento preliminar da Comissão de Defesa Civil do Município (CDC) na época, cinco residências foram totalmente destruídas, 18 tiveram os telhados totalmente arrancados, em 71 residências ocorreu destelhamento parcial. Não houve feridos, mas após o temporal o município ficou 24 horas sem água, energia ou telefone. Mais de cinco quilômetros de fios da rede elétrica foram danificados durante a passagem do tornado. Na zona rural da cidade, onde os ventos atingiram mais força, mais de 800 araucárias pela raiz ou tiveram seus troncos quebrados (ver Figura 18). foram arrancadas 69 Fonte: Jornal A Notícia, 2003. FIGURA 18: Matéria de jornal informando a ocorrência de tornado em Painel. No Boletim do EPAGRI/CIRAM de 19.02.2003, a Análise Sinótica (latitude 20S-45S) observa: encontra-se uma frente fria em deslocamento do Uruguai para o RS. Em SC, há um aumento de áreas de instabilidade. Durante a tarde, ocorreu um aumento na nebulosidade sobre o Estado. No Planalto Sul, choveu forte com trovoadas em algumas localidades entre final da tarde e noite, essa chuva foi forte em áreas isoladas do Oeste, com registro de 93,2 mm em Itapiranga. Na imagem de satélite do dia 20/02/2003 (Figura 19), observam núcleos convectivos muito intensos associados à frente fria, sobre o mar, e provavelmente foram os responsáveis por fortes temporais. 70 Fonte: NOAA/NESDIS, 20/02/2003. FIGURA 19: Núcleos convectivos associados a frente fria no RS e SC. Campo Erê* Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Campo Erê 26º 23' 39" S 53º 04' 41" O 930m 22.12.2003 15h Tornado Conforme informações de moradores, uma nuvem preta cobriu a cidade de Campo Erê por volta das 15h. Em seguida, abaixo da nuvem, foi visto um prolongamento, na forma de um cone invertido, fortes ventos atingiram o local, acompanhados de chuva intensa. O poder de destruição do fenômeno deixou danos em 500 casas, quatro veículos 71 foram destruídos pela queda de postes e árvores, e sete moradores ficaram feridos pela queda de telhas e vidros. "Tomando por base o que algumas pessoas que presenciaram a tempestade disseram e pela destruição encontrada, não temos dúvidas em classificar o fenômeno como um tornado", disse a meteorologista Gilsânia Araújo. Para ela, a característica da área atingida é o fator mais notável da presença do tornado (ver Figura 20). Fonte: Foto de Andrea Rolim, Jornal A Notícia. FIGURA 20: Estragos em Campo Erê. Informações do CLIMERH comunicaram que a formação do tornado ocorreu pelo encontro de nuvens carregadas vindas do norte da Argentina e Paraguai com uma frente fria vinda do Rio Grande do Sul. Além dos fortes ventos, a chuva castigou o município por aproximadamente duas horas (RONDON et al., 2003). 4.5.1.15 Cidades com ocorrências em 2004 Xanxerê*** Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Fonte: Xanxerê - 26º 52' 37" S - 52º 24' 15" O 800m 17.01.2004 N/C Tornado EPAGRI/CIRAM (2009) 72 Itajaí**** Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Fonte: Itajaí (Cabeçudas) - 26º 54' 28" S - 48º 39' 43" O 0m 11.01.2004 16h Tornado Monteiro et all (2004) 4.5.1.16 Cidades com ocorrências em 2005 Criciúma**** Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Fonte: Criciúma - 28º 40' 39" S - 49º 22' 11" O 46m 03.01.2005 14h40, 15h40 Dois tornados NASCIMENTO e MARCELINO (2005) Florianópolis**** Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Fonte: Florianópolis - 27º 35' 48" S - 48º 32' 57" O 0 (nível do mar) 08.02.2005 8h30 Tromba d´água SILVA (2009, p.82) São Francisco do Sul**** Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Fonte: São Francisco do Sul - 26º 14' 36" S - 48º 38' 17" O 09m 26.02.2005 15h Tromba d´água SILVA (2009, p.56) 73 Florianópolis**** Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Fonte: Florianópolis - 27º 35' 48" S - 48º 32' 57" O 0 (nível do mar) 31.03.2005 15h Tromba d´água SILVA (2009, p.87) Itapoá**** Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Fonte: Itapoá - 26º 07' 01" S - 48º 36' 58" O 18m 22.04.2005 Final da Tarde Tornado EPAGRI/CIRAM (2009) São Francisco do Sul**** Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Fonte: São Francisco do Sul - 26º 14' 36" S - 48º 38' 17" O 09m 22.04.2005 15h Tromba d´água SILVA (2009, p.60) São Francisco do Sul**** Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Fonte: São Francisco do Sul - 26º 14' 36" S - 48º 38' 17" O 09m 23.07.2005 05h30 Tromba d´água SILVA (2009, p.66) 74 São Joaquim* Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Fonte: São Joaquim (Boava) - 28º 17' 38" S - 49º 55' 54" O 1353 29/12/05 18h30 Tornado Climatología Urbana de São Leopoldo (2006) 4.5.1.17 Cidades com ocorrências em 2006 Florianópolis*** Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Fonte: Florianópolis (Sambaqui) - 27º 35' 48" S - 48º 32' 57" O 0 (nível do mar) 02.01.2006 15h30 Tornado EPAGRI/CIRAM (2009) Passo de Torres*** Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Fonte: Passo de Torres - 29º 20' 06" S - 49º 43' 22" O 10m 16.01.2006 18h30 Tornado Climatología Urbana de São Leopoldo (2006) Durante a tarde de 16.01.2006, uma intensa tempestade avançou pelo Rio Grande do Sul, atravessando o estado. Em Torres, a linha de instabilidade formou um tornado que causou danos na região do Rio Mampituba divisa com Passo de Torres. O fenômeno foi testemunhado por muitas pessoas (Climatología Urbana de São Leopoldo, 2006). O tornado, de fraca intensidade, arrancou árvores, sugou cadeiras de bares da orla e jogou no mar, mas não teve feridos, nem danos maiores. 75 A linha de instabilidade pode ser vista na Figura 21, a qual formou um tornado ao avançar sobre Torres e Passo de Torres. Fonte: Jornal Zero Hora, 16/01/2006. FIGURA 21: Linha de instabilidade avançando sobre o litoral norte gaúcho antes do tornado em Passo de Torres. No Boletim do EPAGRI/CIRAM de 16.01.2006, a Análise Sinótica (latitude 20S-45S) de superfície informava que uma frente fria estava em deslocamento pelo sul do Brasil, e havia uma baixa pressão com centro no litoral da Argentina (Figura 22). 76 Fonte: INPE/CPTEC/G-12. FIGURA 22: Frente fria avançando pela região sul do Brasil. Criciúma* Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Criciúma - 28º 40' 39" S - 49º 22' 11" O 46 m 25.01.2006 20h Tornado Na noite de 25.01.2006, um tornado de pequena intensidade destruiu completamente uma igreja em Criciúma e causou danos menores em telhados, árvores e placas no município catarinense. A Igreja foi partida ao meio como mostra a Figura 23. 77 FONTE: Jornal A Tribuna, 27/01/2006. FIGURA 23: Capa do jornal com imagem da Igreja cortada ao meio, Criciúma – 27/01/2006. No Boletim do EPAGRI/CIRAM de 26.01.2006, a Análise Sinótica (latitude 20S-45S) de superfície informava uma frente fria semiestacionária entre o PR e SP e um sistema de alta pressão com centro na altura do litoral sul do Brasil. A nebulosidade e chuva ocorreram na madrugada e início da manhã do Planalto ao Litoral, além de chuva durante tarde em todo o estado, devido ao forte aquecimento. Núcleos de instabilidade se deslocaram da direção oeste para o Litoral, provocando temporais isolados. No litoral norte de Florianópolis, formou-se um mesociclone (CB mamatus) na praia dos Ingleses. Foi relatada por muitos moradores a formação de uma Tromba d’água. Choveu na cidade Chapecó 60,3mm em vinte e quatro horas. Dos fenômenos indicados no Boletim, ocorreu trovoada em Urussanga, que fica muito próxima a Criciúma e uma tromba d’água em Florianópolis, o que demonstra haver muita instabilidade neste dia tanto na região litorânea quanto no Planalto. O Jornal A Tribuna informou, em 21.05.2008, que a Igreja destruída pelo tornado voltou a funcionar mais de dois anos depois, tamanho foram os danos no imóvel (Figura 24). 78 Fonte: Jornal A Tribuna, 2009. FIGURA 24: Notícia da Igreja destruída pelo tornado voltou a funcionar 3 anos após a destruição total. Florianópolis*** Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Fenômeno: Fonte: Florianópolis (Ingleses) - 27º 35' 48" S - 48º 32' 57" O 0 (nível do mar) 25.01.2006 Tromba d´água EPAGRI/CIRAM (2009) Florianópolis*** Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Fonte: Florianópolis (Ingleses) - 27º 35' 48" S - 48º 32' 57" O 0 (nível do mar) 23.03.2006 22h15 Tornado EPAGRI/CIRAM (2009) 79 Lebon Régis****** Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Fonte: Lebon Régis - 26º59'19" - 50º42'54" 1041m 17.11.2006 N/C Tornado Jornal Informe (31/10/2007) - Ver anexo G e H Lebon Régis****** Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Fonte: Lebon Régis - 26º59'19" - 50º42'54" 1041m 10.12.2006 N/C Tornado Jornal Informe (31/10/2007) - Ver anexo G e H 4.5.1.18 Cidades com ocorrências em 2007 Laguna* Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Laguna - 28º 28' 57" S - 48º 46' 51" O 02m 06.02.2007 15h00 Tromba d’água Durante a tarde do dia 6 de fevereiro de 2007, núcleos intensos de instabilidades avançaram de sudoeste, causando muita destruição por onde passaram. Em Capivari de Baixo, uma seqüência de árvores tombou sobre a região comercial local, causando inúmeros prejuízos, destelhou diversas residências e ocorreu precipitação de granizo com aproximadamente 3 cm no município. Em diversas praias de Laguna, litoral sul catarinense, e muito próximo deste município ocorreu também a precipitação de granizo. 80 Uma casa tombou na praia em Laguna. Quando a tempestade chegou sobre o mar, iniciou-se a formação de duas trombas d’água, que foram avistadas por todas as pessoas que se encontravam na beira da praia. Os ventos intensos jogaram cadeiras, mesas no mar, bem como arrancaram lixeiras dos quiosques junto à orla. Os danos também ocorreram junto ao canal da travessia da barca em Laguna, onde foram avistadas duas trombas d´água se deslocando para o alto mar. Junto às casas ribeirinhas telhados foram danificados e outras residências foram destelhadas, onde os ventos mais intensos passaram. Na Figura 25 do satélite de alta resolução MODIS, a seta indica na imagem a supercélula que gerou as trombas d’água em Laguna. Fonte: MODIS. FIGURA 25: Linha de tempestade com formação supercelular no momento da formação de tromba d´água 81 No mesmo horário da ocorrência do temporal, havia uma célula de tempestade com eco de mais de 60dBz no radar de MAXCAPPI 400 km de Morro da igreja (Figura 26). Fonte: Radar meteorológico da REDEMET. FIGURA 26: Célula da tempestade em Laguna, nuvem com topo de 16 km Em Capivari de Baixo, o tombamento de inúmeros eucaliptos bloqueou ruas e destruiu parcialmente lojas e residências (Figura 27). 82 Fonte: Jornal Notisul, 06/02/2007. FIGURA 27: Danos por vendaval em Capivari de Baixo, 06/02/ 2007. Após provocar muitos danos em Capivari de baixo, a tempestade avançou para o mar, a formação de supercélula encobriu todo o litoral de Laguna (Figura 28). Fonte: Foto de Jaqueline Estivallet. FIGURA 28: Supercélula, Laguna, 06/02/2007. Neste episódio chuva intensa, precipitação de granizo e a formação de duas trombas d´água em alto mar, aproximadamente há 300m da costa, onde se observa o spray 83 giratório de uma delas, com altura estimada de 40m (Figura 29). Fonte: Foto de Jaqueline Estivallet. FIGURA 29: Spray giratório de tromba d´água em Laguna, 06/02/2007. No Boletim do EPAGRI/CIRAM de 06.02.2006, a Análise Sinótica (latitude 20S-45S) de superfície informava que uma frente fria se encontrava no Atlântico em direção ao Sudeste e uma outra atuava no litoral do RS (secundária). Também influenciava nas condições de tempo de Santa Catarina um sistema de baixa pressão com centro no litoral do Uruguai. O forte calor que fez durante o dia intensificou a instabilidade no estado à tarde, associada aos Jatos de Baixos Níveis, que começaram a organizar núcleos de trovoadas no Planalto Sul, região de São Joaquim, Litoral Sul, entre Araranguá e Criciúma. No final da tarde, por volta das 18h à instabilidade chegou a Grande Florianópolis e ao Litoral Norte com ventos intensos e chuva forte isolada. Teve precipitação de granizo em São Joaquim, Joinville, Rio do Sul, Içara, Balneário Rincão, Tubarão, Laguna e Blumenau, com a precipitação de saraiva (granizo) em Lages. 84 Campos Novos* Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Campos Novos - 27º 24' 06" S - 51º 13' 30" O 934 m 22.07.2007 18h Tornado Na Figura 30, Imagem do canal realçado do satélite GOES10, com núcleos de tempestades sobre a região de Campos Novos no horário em que o município era abatido por forte tempestade. Fonte: NOAA/GOES/CPTEC. FIGURA 30: Imagem realçada do satélite GOES 10, 22/07/2007 Em uma análise preliminar, conforme nota no site da Prefeitura de Campos Novos, datado de 23/07/2007, no final da tarde de domingo, ocorreu um tornado no município Campos novos, além de precipitação de granizo em regiões do município, que provocaram grande destruição, deixando casas destelhadas, árvores arrancadas, ginásio de esportes totalmente destruído e tombado, danos estruturais severos em prédios públicos e residenciais. Conforme o relatório da Coordenadoria Municipal de Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros, 108 famílias ficaram desalojadas e 27 desabrigadas; 46 pessoas ficaram feridas—11 com gravidade; 46 casas foram danificadas (ver Figura 31) e dez 85 completamente destruídas; 15 galpões foram danificados e sete destruídos; três estabelecimentos comunitários sofreram danos e um desabou; e três prédios públicos também foram parcialmente danificados no município (DEFESA CIVIL - SC, 2007). Fonte: Fotos cedidas pela Prefeitura de Campos Novos, SC. 03/07/2007. FIGURA 31: Danos decorrentes de tornado em imóveis da zona rural de Campos Novos. Lebon Régis****** Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Fonte: Lebon Régis - 26º59'19" - 50º42'54" 1041m 29.10.2007 14h Tornado Jornal Informe (31/10/2007) - Ver anexos G e H 86 Chapecó* Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Chapecó - 27º 05' 47" S - 52º 37' 06" O 670 m 14.11.2007 06h Tornado Conforme noticiado no Jornal Diário Catarinense do dia 15.11.2007, Figura 32, cerca de doze municípios do Oeste e Meio-Oeste catarinense tiveram fortes temporais. O aeroporto de Chapecó registrou rajadas de vento na ordem de 180 km/h, as quais deixaram um rastro de destruição em telhados e tombamento e destruição de casas. Árvores com raiz foram arrancadas e a prefeitura decretou situação de emergência em Águas de Chapecó, Campos Novos, Caxambu do Sul, Chapecó, Guatambu e Flor do Sertão. Na manchete, segundo análise da Defesa Civil de SC, tratou-se de um tornado, o qual atingiu mais de 600 residências. As autoridades que avaliaram os estragos disseram que estes só não foram maiores porque a zona rural dos municípios foi a mais afetada. Fonte: Diário Catarinense, 15/11/2007. FIGURA 32: Notícias do vendaval em Chapecó na capa do Jornal Diário Catarinense, SC. 87 Içara* Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Içara - 28º 42' 48" S - 49º 18' 00" O 48m 25.12.2007 15h30 Tornado Núcleos convectivos se formaram durante a tarde do dia 25 de dezembro de 2007, causando fortes tempestades na região sul catarinense. Um temporal na região de Içara, litoral sul, causou ferimentos em 3 pessoas (Jornal A Tribuna, 2007) e muitos estragos em residências, galpões e estabelecimentos comerciais. O agricultor Lindomar Niero, morador da Ponta do Mato, teve parte da estrutura da estufa de fumo destruída e o galpão de alojamento dos animais desmoronou ficando com prejuízo de R$ 3 mil (três mil reais). Ele contou que brinquedos da filha ficaram esparramados pela propriedade (ver Figura 33), pois estavam alojados dentro da casa de brinquedo que foi arrastada por mais de 60m. Fonte: Jornal A Tribuna, 2007. FIGURA 33: Danos decorrentes do vendaval que atingiu o município 88 O vendaval também foi noticiado no Diário de Criciúma (27/12/2007) a manchete diz: “moradores afirmam ter visto um tornado”. O jornal informa ainda que a destruição foi visível, principalmente destelhando casas e estufas, um galpão foi derrubado, árvores ficaram retorcidas, postes foram arrancados (ver Figura 34). Fonte: Diário de Criciúma, 2007. FIGURA 34: Capa do Jornal informando a possibilidade de um tornado ter atingido a região. Outras pessoas deram depoimento ao jornal, como uma agricultora, que revelou o medo que sentiu de morrer: Veroni Dalmolim comentou que todos acharam que iam morrer, quando foi salvar a colheita de fumo: Nós entramos dentro do paiol para salvar o fumo que tínhamos acabado de colher. Foi quando a árvore de dez metros que tem do lado da estufa caiu em cima da gente, foi um barulhão. (Diário de Criciúma). No radar meteorológico do SIMEPAR, em 25.12.2007, pode-se observar um núcleo convectivo forte na região do ocorrido, às 16h15 (- 2GMT) (ver Figura 35). 89 Fonte: Radar Meteorológico SIMEPAR. FIGURA 35: Célula de tempestade que gerou danos em Içara. Outras reportagens acerca da ocorrência deste fenômeno podem ser conferidas e J. 4.5.1.19 Cidades com ocorrências em 2008 Papanduva****** Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Fonte: Papanduva - 26º 22' 13" S - 50º 08' 40" O 788m 01.02.2008 19h Tornado EPAGRI/CIRAM (2009) 90 Tubarão**** Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Fonte: Tubarão - 27º 35' 48" S - 48º 32' 57" O 9m 16.02.2008 18h30 Tornado FOSS et all (2008) Florianópolis* Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Fonte: Florianópolis - 27º 35' 48" S - 48º 32' 57" O 0 (nível do mar) 02.03.2008 17h45 Tromba d´água Cardoso et al (2008) Correia Pinto* Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Correia Pinto - 27º 35' 05" S - 50º 21' 40" O 850m 20.06.2008 12h45 Tornado Segundo informes do prefeito Cláudio Roberto Ziliotto, no CORREIO LAGEANO, edição on-line de, 21/06/2008, em nota sobre o vendaval ocorrido em Correia Pinto, informou que o fenômeno não teve duração de mais de cinco minutos, e descobriu casas, escolas, estabelecimentos comerciais e o prédio da rodoviária (que ainda seria inaugurado). Foi uma ventania com chuva de granizo que durou no máximo cinco minutos, mas serviu para fazer uma devassa", lamentou o prefeito, ao comunicar que equipes do Corpo de Bombeiros tentavam apurar o número de domicílios atingidos. (CORREIO LAGEANO, 2008). 91 Destruição na Rodoviária local (Figura 36), prédio novo, alvenaria. Percebe-se que as telhas foram picotadas pelo fenômeno, gerando um rastro de destruição da parte de trás para frente do prédio. Mais informações podem ser lidas no anexo K. Fonte: Correio Lageano, 2008. FIGURA 36: Destruição na rodoviária nova de Correia Pinto, que ainda nem fora inaugurada. Segundo dados da Síntese Sinótica mensal do CPTEC para o mês de junho de 2008, dia 20 um ciclone extratropical associado a uma onda frontal gerou ventos intensos sobre o nordeste de Buenos Aires, Argentina e o sudeste do Rio grande do Sul, onde em algumas localidades, os ventos ultrapassaram os 80 Km/h. Os ventos já começaram a se intensificar no dia anterior a formação do ciclone e a se intensificar sobre a Bacia do Prata ocorrendo o fenômeno “Sudestada”. O sistema frontal provocou chuvas moderadas e precipitação de granizo no RS. (CPTEC, 2008, p. 2) Imagem do radar meteorológico do SIMEPAR apresenta a célula da tempestade ocorrida no município (Figura 37). 92 Fonte: Radar meteorológico do SIMEPAR. FIGURA 37: Célula convectiva junto a Correia Pinto, 20/06/2008. Zortéa* Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Zortéa - 27º 27' 05" S - 51º 33' 19" O 834m 12.08.2008 12h Tornado Conforme análise preliminar: Um sistema frontal associado ao deslocamento de áreas de baixa pressão em níveis médios, com fortes ventos, provocou instabilidades no sul do Brasil, causando precipitação de granizo gigante, chuvas moderadas, deixando muitos municípios de SC em estado de emergência. O município de Zortéa teve destelhamentos em 5 casas na mesma rua e em seqüência na entrada e danos estruturais em casas e casas comerciais na parte central da cidade. Ivair Lopes, morador local, em entrevista cedida a jornalista Joseane Reis Duarte (2008), para a rádio Capinzal, descreveu o ocorrido, com possíveis características de tornado: Tava na borracharia ali, né, daí até fechei a porta e começou um vento seco e daí começou tipo um redemunho, que começou a jogar brita nas paredes e daí não vi mais nada, só aquele barulhão de telha quebrando tudo. (...) Arrancou tudo aqui, só as telha, arrancou tudo (...) O Sr. tem idéia de quanto que seja o 93 prejuízo hoje na sua residência – Na minha eu calculo que seja uns R$10.000, (dez mil reais) se arrumar tudo.(...) telhas e ripamento. A imagem de radar meteorológico do morro da igreja (Figura 38), mostra o deslocamento das instabilidades sobre a região de Zortéa, com núcleos equivalentes a 50dBz classificados como fortes, deslocavam-se sobre o local, no momento da tempestade. Fonte: Radar meteorológico da REDEMET. FIGURA 38: Célula de tempestade sobre Zortéa – 12/08/2008 Nas imagens da Figura 39, observam-se os danos nos telhados das casas da rua Antônio Zortéa Primo, que ocorreram na mesma direção e antena parabólica com partes internas torcidas ou arrancadas, onde o redemoinho foi avistado. 94 Fonte: Fotos cedidas por Joseane Reis Duarte. FIGURA 39: Estragos em Zórtea em telhados na mesma rua Cerro negro* Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Cerro negro - 27º 47' 43" S - 50º 52' 33" O 996m 12.08.2008 12h Tornado Informes de Glauco Freitas, da Central de Meteorologia da RBS (DIÁRIO CATARINENSE, 2008, p. 32), dizem que a região serrana de Santa Catarina registrou novo tornado em menos de dois meses (Figura 40). granizo causaram estragos intensos na região. O vento forte e o 95 Fonte: Diário Catarinense, 2008. FIGURA 40: Noticia sobre possível ocorrência de tornado em Cerro Negro Essa frente fria deslocou-se pelo litoral, entre a Província de Buenos Aires (Bahia Blanca) e Santa Catarina (Florianópolis), entre os dias 10 e 13 de agosto de 2008. Durante o deslocamento da frente fria foi registrada a ocorrência de tempo severo sobre o nordeste da Argentina, sul do Paraguai, norte do Uruguai, na Bacia do Prata, no RS e em SC. Houve queda de granizo na Grande Buenos Aires, sobre o norte do Uruguai, no oeste e sul do RS e em SC (CPTEC, 2008, p.2). Durante o dia 12/08/2008 a frente fria causou muitos estragos em todas as regiões do estado catarinense. No Planalto Sul em Campo Belo do Sul, Lages e Cerro Negro houve destelhamento de casas e granizo. Em Nova Trento, na Grande Florianópolis, foram mais de 100 casas destelhadas, segundo dados da Defesa Civil. Na Capital Ocorreu registro de granizo, assim como em Biguaçu, Itacorubi, São João Batista e Major Gercino, na Grande Florianópolis. Outras cidades como Ponte Serrada, no Oeste, Campos Novos, no Meio-Oeste e Ituporanga e Brusque, no Alto Vale do Itajaí, também tiveram registro de granizo. Os ventos fortes chegaram a aproximadamente 74 km/h em Navegantes, no Vale do Itajaí, 66 km/h em Florianópolis, na Grande Florianópolis e 64 km/h em Chapecó, no Oeste (EPAGRI/CIRAM, 2008 Apud CPTEC 2008). 96 Papanduva*** Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Fonte: Papanduva - 26º 22' 13" S - 50º 08' 40" O 788m 18.08.2008 N/C Tornado EPAGRI/CIRAM (2009) Abelardo Luz*** Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Fonte: Canoinhas*** Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Fonte: Abelardo Luz - 26º 33' 53" S - 52º 19' 42" O 760m 24.10.2008 12h Tornado EPAGRI/CIRAM (2009) Canoinhas - 26º 10' 38" S - 50º 23' 24" O 839m 26.10.2008 Durante a tarde Tornado EPAGRI/CIRAM (2009) Urupema*** Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Fonte: Urupema - 27º 57' 10" S - 49º 52' 23" O 1350m 31.12.2008 19h00 (- 3 GMT) Tornado EPAGRI/CIRAM (2009) 4.5.1.20 Cidades com ocorrências em 2009 97 Urussanga* Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Urussanga - 28º 31' 04" S - 49º 19' 15" O 49 m 11.01.2009 14h45 (- 3 GMT) Tornado Um vendaval atingiu Urussanga durante a tarde. Os ventos chegaram a uma velocidade média de 101 km/h. O fenômeno meteorológico agiu em uma faixa de pelo menos 500 metros de largura em uma extensão de três quilômetros. Deixou árvores no chão quebradas (Figura 41), e retorcidas e telhados completamente destruídos. Em entrevista ao Jornal Jovem Vanguarda, Augustinho Mazon informou: O vento vinha de rolo, trazendo tudo que achava pela frente. Pedaços de telhas da casa que fica lá na esquina, há uns 100 metros vieram parar aqui na frente da minha casa. Cacos fincaram no chão, foi difícil de arrancar. O pinheiro do jardim foi cortado a uns 20 centímetros da terra. Muitas vezes levamos uma vida inteira para construir uma casa e vemos que em apenas alguns minutos podemos ficar sem nada. Na mesma reportagem, há informes do engenheiro e doutor em agrometeorologia da Epagri, Márcio Sonego, o qual comentou que o fenômeno meteorológico que aconteceu em Urussanga atingiu áreas alternadas e isoladas, e que este tipo de fenômeno pode atingir velocidades bem acima da registrada neste caso. Como a estação está sob efeito do La Niña, o clima fica extremamente intempestivo com mudanças bruscas. A ocorrência de novos tornados é perfeitamente possível. (JORNAL VANGUARDA, 15.01.2009) 98 Fonte: Foto Ulisses Job. FIGURA 41: Eucalipto tombado na Estação do Epagri, em 11/01/2009 Fonte: INPE/CPTEC/GPT. FIGURA 42: Carta de superfície em 18z, de 11/01/2009 Na previsão para as 18z, Figura 42, do Boletim Técnico do CPTEC de SILVA JUNIOR (2009), havia informes de que o deslocamento de um cavado pela Região Sul do Brasil daria origem a uma nova onda frontal de característica subtropical próximo à costa do RS. O cavado sobre o Sul do país deixaria o domingo com tempo instável 99 principalmente no sul, leste e nordeste do RS, centro-leste de SC. Também havia a previsão de precipitação de granizo, com ventos de moderados a fortes, rajadas ocasionais e acima de 70 km/h desde a costa desde SC até o Uruguai. O deslocamento do cavado pelo RS (Figura 43), gerou ventos muito intensos em SC e associados à formação de onda frontal, geraram o tornado em Urussanga. FONTE: NOAA/GOES/CPTEC. FIGURA 43: Imagem realçada do satélite GOES 10, com o núcleo convectivo que gerou o tornado em Urussanga, 11/01/2009. Sombrio* Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Sombrio - 29º 06' 50" S - 49º 37' 00" O 10m 31.01.2009 17:30h Tornado Ao final da tarde de sábado, dia 31/01/2009, conforme manchete do jornal NOTICIANDO (NOTICIANDO, 2009), mais de 300 edificações foram atingidas por 100 vendaval, residências foram danificadas, empresas sofreram avaria nos imóveis, a rede de comércio teve vários prédios danificados, uma escola teve perda do telhado, diversas árvores tombaram assim como postes de iluminação, além de pessoas que ficaram desalojadas. (Figura 44). Fonte: Jornal Noticiando, 02/02/2009. FIGURA 44: Danos em imóveis em Sombrio Segundo a análise sinótica de 31/01/2009 - 00Z do Boletim Técnico do CPTEC, Lima (2009) informou que um vórtice ciclônico de altos níveis (VCAN) atuava sobre o centrosul do Brasil, com a intensificação dos ventos a noroeste e a nordeste do sistema, onde havia ramos do Jato Subtropical. O posicionamento do VCAN e a área de crista a sudeste e sul dele configuram um padrão de bloqueio atmosférico, o que durante este dia manteve o sistema entre Uruguai e RS com fraco deslocamento para leste. Em manchete do jornal A Tribuna (A TRIBUNA, 05/02/2009), Figura 45, foi veiculada a informação que “tornado destelha casas em Sombrio”, informando que a velocidade dos ventos chegou a 120 km/h. 101 Fonte: Jornal A Tribuna. 05/02/2009. FIGURA 45: Noticia sobre os danos de tornado em Sombrio No fim de tarde, áreas de baixa pressão com rápido deslocamento (Figura 45), e o calor formaram nuvens cumulonimbus na região sul de Santa Catarina, provocando uma tempestade explosiva e rotatória com a provável formação de tornado. 102 Fonte: NOAA/GOES10/CPTEC. FIGURA 46: Núcleo convectivo isolado sobre Sombrio, 31/01/2009 Capivari de Baixo* Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Capivari de Baixo - 28º 26' 41" S - 48º 57' 28" O 12m 01.03.2009 17h30 Tornado Por volta de 17h30, do dia 01.03.2009, uma intensa tempestade deixou um rastro de destruição em Capivari de Baixo, e os bairros Três de Maio, Loteamento Camila e Bandeirantes, foram seriamente atingidos. Árvores e postes de energia elétrica foram arrancados, inúmeras casas ficaram destelhadas, outras tombaram ou foram arrastadas, motos e carros foram amassados por escombros, móveis e eletrodomésticos foram destruídos, gerando abalo emocional nas vítimas do temporal. O proprietário de uma residência de madeira no bairro Três de Maio soube por vizinhos que sua casa havia sido arrastada pelo vento: “Saímos para ver os estragos assim que a chuva parou e tomamos um susto quando vimos que a casa praticamente deu uma cambalhota. Ele e a esposa juntavam dinheiro para ampliar a casa. “Não sobrou nada. Nada. Agora, só 103 podemos contar com a ajuda dos desconhecidos para superar tudo isso”, ver mais no anexo M (NOTISUL, 2009). Devido aos estragos em pelo menos 600 residências, a prefeitura de Capivari de Baixo, no Sul do Estado, decretou situação de emergência. Pelo menos três casas foram destruídas totalmente e muitas ficaram destelhadas. Na Figura 47 podemos ver a imagem da quadra de esportes coberta que desabou ninguém se feriu. (CLIC RBS, 2009) Fonte: Imagem de Marcelo Becker. CLIC RBS, 2009. FIGURA 47: Quadra coberta desabada. Na única previsão para 01/03/2009, do Boletim Técnico do CPTEC das 00z, MOURA (2009), informava que Jato de Baixos Níveis se intensificariam, trazendo mais umidade da região Amazônica para latitudes mais altas. Também havia informes da atuação de um cavado em níveis altos e médios da atmosfera que viria dos Andes entre a segunda-feira (02/03) e a terça-feira (03/03), advectando vorticidade ciclônica para níveis mais baixos da atmosfera, dando condições para formação de uma onda frontal subtropical (OFST) sobre o Uruguai na terça-feira, a qual seria a responsável por manter instabilidade sobre o sul do Brasil nos dias seguintes. 104 Havia muitas instabilidades sobre a região de Capivari de Baixo, topos de -40ºC e outros menores de -70ºC, como se pode observar na Figura 47, no momento em que ocorreu destruição em superfície. Fonte: NOAA/GOES10/CPTEC. FIGURA 48: Núcleo convectivo sobre Capivari de Baixo, 01/03/2009 Ponte Alta*** Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Fonte: Ponte Alta - 27º 29' 03" S - 50º 22' 49" O 856m 08.03.2009 12h Tornado EPAGRI/CIRAM (2009) Turvo*** Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Fonte: Turvo - 28º 55' 34" S - 49º 40' 45" O 28m 08.03.2009 7h45 Tornado EPAGRI/CIRAM (2009) 105 Criciúma* Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Criciúma - 28º 40' 39" S - 49º 22' 11" O 46m 08.03.2009 16h Tornado A capa do Jornal A Tribuna, apresenta a manchete do temporal ocorrido em Criciúma (A TRIBUNA, 09/03/2009, Capa), Figura 49. Fonte: Jornal A Tribuna, (09/03/2009). FIGURA 49: Danos do temporal ocorrido em Criciúma Após vendaval, queda de granizo e chuva forte, quatorze municípios catarinenses registraram estragos e tornados (Diário Catarinense, 9/03/2009, p. 4 e 5). 106 Sobre esse dia, o jornal Diário Catarinense informou ainda que um forte vendaval espalhou destruição na região serrana e planalto sul catarinense no dia 08.03.2009. Foram 12 os municípios mais atingidos. Na mesma data, foi confirmada a ocorrência de cinco tornados na região catarinense (DIÁRIO CATARINENSE, 11/03/2009). Dez bairros de Criciúma foram alagados depois da forte chuva na tarde de domingo. Por volta das 16h, um temporal se formou com muita chuva e vento e durou cerca de 20 minutos. Aproximadamente 40 mil pessoas ficaram sem energia elétrica. A suspeita é que um tornado tenha se formado na região. O vento forte e a chuva destruíram parte das lavouras de milhos e aproximadamente 30 residências, além de derrubar 30 postes da rede de distribuição de energia. Ver mais sobre o assunto no anexo N. Bocaína do Sul*** Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Fonte: Bocaína do Sul - 27º 44' 40" S - 49º 56' 40" O 860m 08.03.2009 10h Tornado EPAGRI/CIRAM (2009) Foi confirmado pela Central RBS de Meteorologia a ocorrência do terceiro tornado a atingir a região serrana catarinense. Um forte vendaval espalhou destruição na região serrana e planalto sul catarinense no dia 08.03.2009. No mesmo dia foi confirmada a ocorrência de cinco tornados na região, dentre eles, Bocaína do Sul (DIÁRIO CATARINENSE, 11/03/2009). Ver mais em anexo N. Ituporanga* Município Latitude: Longitude: Altitude: Ituporanga - 27º 24' 52" S - 49º 36' 09" O 370m 107 Data: Horário: Fenômeno: Fonte: 08.03.2009 10h30 Tornado Central RBS de Meteorologia, 2009 Segundo Glauco Freitas da Central de Meteorologia da RBS (DIÁRIO CATARINENSE, 08/03/2009), o fenômeno que atingiu a Serra Catarinense na manhã do domingo e que durou entre 10 a 15 min. No município Ponte Alta, 500 casas tiveram danos, 60 famílias ficaram desabrigadas e duas pessoas ficaram feridas. A rede elétrica foi muito danificada e a cidade chegou a ficar 70% sem energia elétrica. No mesmo dia foi confirmada a ocorrência de cinco tornados na região, dentre eles, Ituporanga, ver Anexo N. Otacílio Costa* Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Fonte: Otacílio costa - 27º 28' 59" S - 50º 07' 19" O 884m 08.03.2009 10h30 Tornado Central RBS de Meteorologia, 2009 Faxinal dos Guedes****** Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Faxinal dos Guedes - 26º 51' 10" S - 52º 15' 37" O 860m 13.05.2009 21h ( - 3 GMT) Tornado Em Faxinal dos Guedes (Diário Catarinense, 2009), oeste catarinense, um vento forte que veio junto com a chuva chegou a causar prejuízos em três propriedades na Linha Froza, por volta das 21h de quarta-feira de 13/05/2009. O vento causou o destelhamento de um aviário e causou a morte de cerca de mil pintos. A ventania 108 também derrubou árvores e o telhado de um chiqueiro. A Defesa Civil acredita que pode ter se tratado de um tornado. Havia muitos núcleos convectivos com nuvens com topos -70ºC sobre a região onde situa-se o município Faxinal dos Guedes, como se pode observar na Figura 50, no momento em que ocorreu destruição em superfície. Fonte: NOAA/GOES10/CPTEC, 14/05/2009. FIGURA 50: Núcleo convectivo sobre Faxinal dos Guedes. Na Análise Sinótica de 14/05/2009, no Boletim Técnico do CPTEC (MOURA, 2009) há informações de que uma frente fria se deslocava pela região sul do Brasil, sobre o Atlântico junto a costa sul do RS, prolongando seu ramo entre o sul e oeste do RS, ao longo da divisa com o Uruguai, e nordeste da Argentina: “Na frente do cavado frontal, e nos níveis mais altos da atmosfera, a atuação de um cavado entre o sul do Paraguai e do PR e SC, provocará forte instabilidade sobre esta área, somado a instabilidade préfrontal.” Na imagem da Figura 51, vê-se o canal colorido do satélite GOES 10, no qual observase um núcleo com muita refletividade sobre a região. 109 Fonte: NOAA/GOES10/CPTEC, 13/05/2009. FIGURA 51: Núcleo convectivo sobre Faxinal dos Guedes. Este tornado provavelmente foi formado pelas instabilidades associadas a passagem de frente fria sobre o estado de SC. Guaraciaba****** Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Fonte: Guaraciaba - 26º 35' 57" S - 53º 31' 05" O 740m 07.09.2009 21h30 Tornado METSUL (2009) Salto Veloso*** Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Fonte: Salto Veloso - 26º 54' 19" S - 51º 24' 23" O 820m 08.09.2009 Madrugada Tornado EPAGRI/CIRAM (2009) 110 Santa Cecília*** Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Fonte: Santa Cecília - 26º 57' 39" S - 50º 25' 37" O 988m 08.09.2009 Madrugada Tornado EPAGRI/CIRAM (2009) Fraiburgo* Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Fraiburgo - 27º 01' 34" S - 50º 55' 17" O 1048m 27.09.2009 14h10 Tornado Por volta de 14h10 do dia 27 de setembro de 2009, foi registrada a imagem de uma nuvem escura (Figura 52), muito baixa e com deslocamento rápido e em rotação na região da destruição ocorrida em Fraiburgo. Fonte: registro fotográfico de Ana Paula Knabben de Carvalho. FIGURA 52: Formação de tornado, 27/09/2009, 14h10. No momento da tempestade, uma área de baixa pressão explosiva, conforme Figura 53, passava sobre a região provocando fortes tempestades, precipitação de granizo 111 tamanho gigante e chuva intensa. Fonte: EPAGRI/CIRAM, GOES 12 IR, 27/09/2009. FIGURA 53: Carta sinótica das 12h45, localizando uma baixa pressão sobre a região sul. Na Análise Sinótica das 00hora de 27/09/2009, o Boletim Técnico do CPTEC (SOUZA, 2009) informou que o Jato Subtropical (JST) deu suporte à onda frontal que se formou sobre o RS, e o Jato Polar Norte (JPN) deu suporte dinâmico à frente fria que estava na Bacia do Prata: “Nesta segunda-feira 27/10, a onda frontal que se formou sobre a Região Sul do Brasil se deslocará pelo Atlântico e deverá atingir o litoral do Estado de SP no fim do dia”. Informou ainda que a onda frontal subtropical, através da borda ocidental da baixa pressão, intensificaria os ventos que soprariam de moderados a fortes entre o litoral norte do RS e o litoral de SC, onde as rajadas ficariam entre 50-70 km/h. A Figura 54 mostra o canal realçado do satélite GOES 10, e a localização no mapa da região de Fraiburgo, que no momento era atingida pela tempestade, onde se destacavam núcleos convectivos com topos de -70ºC, sobre a região. 112 Fonte: NOAA/GOES10/CPTEC, 27/09/2009. FIGURA 54: Núcleos convectivos sobre Fraiburgo. Após forte temporal na porção central do estado catarinense, foi possível verificar danos associados a ventos muito fortes, e na seqüência de imagens dos danos em um mesmo local, nas Figuras 55, 56, 57 e 58, observa-se que as estruturas foram retorcidas, dando indicação de vento convergente. Na Figura 55, atrás da cuba retorcida há uma árvore tombada e alguns topos de árvores quebrados, cena típica de atuação de tornados na mesma linha por onde passou. 113 Fonte: Iliane Garcez. FIGURA 55: Cuba retorcida pelo vento, com árvore tombada e galhos partidos ao fundo. Fonte: Iliane Garcez. FIGURA 56: Ginásio totalmente abalado estruturalmente, com ferragens retorcidas visão interna 114 Fonte: Aloísio Lucas. FIGURA 57: Ginásio totalmente abalado estruturalmente, com ferragens retorcidas, visão lateral. Fonte: Iliane Garcez. FIGURA 58: Torre de transmissão tombada com ferragens retorcidas, visão lateral A partir do tipo de dano, fotografia do fenômeno e intensidade de danos no município pode-se categorizar tal evento como tornado. Ver mais no Anexo O. Araranguá* 115 Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Araranguá - 28º 56' 05" S - 49º 29' 09" O 13m 28.09.2009 01h45 Tornado Por volta de 01h45 da madrugada de 28 de setembro, Araranguá foi atingida por ventos muito fortes e tempestade com granizo. O vendaval provocou danos severos em área restrita da cidade, gerando um rastro de destruição (Figura 59). Segundo o coordenador estadual de Defesa Civil, major Márcio Luiz Alves, não está descartada a possibilidade de que um tornado atingiu as regiões de Araranguá e Sombrio (G1, 28/09/09). Fonte: Clic RBS, 28/09/2009. FIGURA 59: Danos internos decorrentes de sucção de telhado A situação meteorológica no horário apontava a presença de um sistema de baixa pressão e incursão de ar quente e úmido oriundos da região amazônica. O sistema atuou na intensificação dos ventos (JBN) sobre a região. Observaram-se ainda 116 perturbações ciclônicas que foram determinantes na geração de fortes chuvas sobre parte do RS e SC quando estas interagiram com a massa de ar quente e úmida. (CPTEC, 01/10/2009) Em pesquisa no Radar meteorológico da REDEMET no horário do ocorrido, foi achado um núcleo intenso, com célula de aproximadamente 70dBz, a qual cruzou sobre Araranguá e avançou íntegro e bem organizado um pouco adiante (Figura 60), sobre o mar. A célula de tempestade tinha altura de mais de 10 km, havendo a condição propícia para desenvolver uma célula tornádica. Fonte: Radar Meteorológico da REDEMET. FIGURA 60: Célula de tempestade, Araranguá, 28/09/2009. No Boletim do EPAGRI/CIRAM de 28.09.2009, sobre as condições observadas nas informações constou que ocorreu Chuva forte durante toda manhã com trovoadas em todas as regiões de Santa Catarina, diminuindo a intensidade da chuva no final do período. Ocorrência de Granizo e suspeita de tornado em Araranguá. Nas observações de Superfície, havia um Sistema frontal se estendendo desde SC até o 117 oceano além de amplo sistema de alta pressão sobre a Argentina. Nos baixos, médios e altos níveis, um jato subtropical estava associado ao sistema frontal. Nas notícias do CPTEC do dia 01/10/2009, conforme exposto no Anexo O, foi informado que: No domingo (27/09) à noite a frente fria estava sobre o RS e oeste de SC ajudando a intensificar ainda mais as chuvas sobre estes Estados. A partir deste momento os temporais começaram a tomar conta de grande parte de SC e do leste do Paraná. Devido aos fortes impactos causados à população e à situação meteorológica recentemente descrita não se descarta a ocorrência de tornados sobre esta região. Porém, a ocorrência deste tipo de fenômeno de tempo severo poderá ser afirmada uma vez que sejam avaliados os danos e os destroços associados. Campos Novos* Município Latitude: Longitude: Altitude: Data: Horário: Fenômeno: Campos Novos - 27º 24' 06" S - 51º 13' 30" O 934m 14.10.2009 18h15 Tornado Durante temporal na tarde de 14.10.2009, o município de Campos Novos teve danos em cinco bairros da cidade e no interior, com o destelhamento de 235 casas, sendo que duas pessoas ficaram feridas com a queda da cobertura das casas e foram encaminhadas ao hospital e plantações de trigo foram devastadas. Segundo Cadore (2009) ventos com velocidade superior 120 km/h ocasionaram a queda de três torres de transmissão de energia elétrica e uma ficou inclinada na Linha Pádua no Meio-Oeste catarinense. Os danos às estruturas metálicas das torres de transmissão de mais de 25 metros, provocaram a interrupção do fornecimento de energia elétrica para 300 mil moradores da Serra, Oeste e Meio-Oeste. Durante a tempestade houve precipitação intensa e além de precipitação de granizo e conforme manchete jornalística a Polícia Militar atendeu ocorrências de pessoas feridas pela precipitação de granizo (FOLHA ONLINE, 14.10.2009). 118 Conforme imagem da Figura 61, do canal realçado do satélite GOES 10, destacava-se núcleo convectivo, com topo de nuvens à temperatura de -70ºC sobre a região de Campos Novos no momento em que ocorria a destruição no local, além da precipitação de granizo e intenso vendaval. Fonte: NOAA/GOES10/CPTEC, 14/10/2009. FIGURA 61: Núcleo convectivo sobre Campos Novos – 14/10/2009. Imagem do radar meteorológico do SIMEPAR, Figura 62, no momento em que ocorria a destruição no município Campos Novos, apontando um núcleo de intensidade máxima de chuva sobre a região. 119 Fonte: Radar meteorológico do SIMEPAR. FIGURA 62: Assinatura do tornado de Campos Novos – 14/10/2009. 120 5 ANÁLISE DE DADOS E DISCUSSÃO Na tentativa de compor uma amostra que definisse uma climatologia para tornados em Santa Catarina foram levantados dados de tornados de 1976 a 2009, compreendendo 33 anos e 78 casos, inicialmente. Essa amostra foi levantada a partir de informes em monografias de Marcelino (2000) e Silva (2009), Dissertação de Mestrado de Marcelino (2004a), dados de pesquisas científicas, dados do EPAGRI/CIRAM 2009, jornais, jornais online, arquivos pessoais, informes da Defesa Civil de Santa Catarina e Informes de Instituições de Meteorologia. Para fins de tabulação, desprezamos o caso ocorrido em 1928, o qual não foi considerado para efeito de análise por tratar-se de um episódio único, desprovido de dados tais como mês e dia de ocorrência, totalizando um universo de 77 casos. Foram geradas tabelas com dados totais, com dados de episódios de El Niño, La Niña e Neutralidade as quais foram sincronizadas com ocorrências de tornados, verificando a sazonalidade, percentagens de tornados e trombas d’água para construir um conjunto de dados atualizados de ocorrências tornádicas em Santa Catarina. Na Tabela 6 estão os dados encontrados de períodos de influencia do fenômeno El Niño, ocorrências tornádicas nesses períodos, cidades e estação do ano. 121 Tabela 6: El Niño/Tornados EL NIÑO (em Meses) Ocorrências de Tornados e Trombas d´água Cidade Data Estação 08/1976 02/1977 01TO Guarujá do sul 08/08/1976 Inverno 01 TO Bom Jardim da Serra Verão 03 TO 01 TO Benedito Novo Benedito Novo Paraíso Zortéa 28/01/1977 06/01/1995 08/01/1995 27/01/1995 09/07/1997 Verão Verão Verão Inverno 01 TO Abelardo Luz 07/02/1998 Verão 01 TO Abdon Batista 07/02/1998 Verão 02 TO 01TR Painel Witmarsum Criciúma Criciúma São Francisco do Sul 19/02/2003 21/11/2002 03/01/2005 03/01/2005 26/02/1995 Verão Primavera Verão Verão Verão 01TR Florianópolis 08/02/2005 Verão 08/2006 01/2007 02TO 09/2009 10/2009 01 TO 01 TO 01 TO 01 TO Lebom Régis Lebom Régis Guaraciaba Salto Veloso Santa Cecília Fraiburgo Ararangua Campos Novos 05/1994 03/1995 05/1997 5/1998 05/2002 03/2003 02 TO 07/2004 02/2005 01 TO 01 TO Siglas: Tornado - TO 17/11/2006 10/12/2006 07/09/2009 08/09/2009 08/09/2009 27/09/2009 28/09/2009 14/10/2009 Primavera Primavera Inverno Inverno Inverno Primavera Primavera Primavera Tromba d´água - TR Conforme se observa na tabela 6, com dados da amostra levantada em anos de El Niño ocorreram vinte e dois (22) tornados, destes, vinte (20) foram tornados e duas (2) foram tromba d’água. Sendo que cinco (5) tornados ocorreram no inverno, onze (11) ocorreram no verão, seis (6) na primavera e nenhum no outono. As duas (2) trombas d´água ocorreram exclusivamente no verão. Na Tabela 7 estão os dados encontrados referentes a períodos de influencia do fenômeno La Niña, ocorrências tornádicas nesses períodos, cidades e estação do ano. 122 Tabela 7: La Niña/Tornados LA NIÑA (em Meses) 19/1984 06/1985 05/1988 05/1989 09/1995 03/1996 09/1998 12/1999 07/1998 07/2000 09/2007 06/2008 12/2008 05/2009 Ocorrências de Tornados e Trombas d´água Cidade Data Estação 01TO 01TO 01TO 01TO 01TO 01TO 01TR 01TO 01TO 01TR 01TR Maravilha São Joaquim Xanxerê Indaial São Carlos Meleiro São Franc. do Sul Joinville Forquilhinha Florianópolis Itapoá 09/10/1984 11/01/1989 11/01/1989 11/01/1989 11/01/1989 27/06/1996 27/01/1996 07/02/1999 24/11/1999 23/02/2000 01/03/2000 Primavera Verão Verão Verão Verão Inverno Verão Verão Primavera Verão Verão 01TO 01TO 01TO 01TO 01TO 01TO Lebom Régis Chapecó Içara Papanduva Tubarão Correia Pinto 29/10/2007 14/11/2007 25/12/2007 01/02/2008 16/02/2008 20/06/2008 Primavera Primavera Verão Verão Verão Outono 01TO 01TO 01TO 01TO 01TO 01TO 01TO 01TO 01TO 01TO 01TO Urupema Urussanga Sombrio Capivari de Baixo Ponte Alta Turvo Criciúma Bocaína do Sul Ituporanga Otacílio Costa Fax. dos Guedes 31/12/2008 11/01/2009 31/01/2009 01/03/2009 08/03/2009 08/03/2009 08/03/2009 08/03/2009 08/03/2009 08/03/2009 13/05/2009 Verão Verão Verão Verão Verão Verão Verão Verão Verão Verão Outono Siglas: Tornado - TO Tromba d´água - TR Conforme se observa na Tabela 7 com dados da amostra levantada, em anos de La Nina ocorreram vinte e oito (28) tornados, deste total, vinte e cinco (25) foram tornados e três (3) foram tromba d’água, sendo que um (1) tornado ocorreu no inverno, vinte um (21) ocorreram no verão, quatro (4) na primavera e dois (2) no outono. As três (3) trombas d´água ocorreram exclusivamente no verão. Na Tabela 8 estão os dados encontrados referentes a períodos de influência da neutralidade, ocorrências tornádicas nesses períodos, cidades e estação do ano. 123 Tabela 8: Neutralidade/Tornados NEUTRO (em meses) Ocorrências de Tornados e Trombas d´água Cidade Data 06/1989 04/1991 01TO 01TO Xanxerê Correia Pinto 11/11/1989 24/11/1989 04/1996 04/1997 01TR 01TR Itapoá Florianópolis 02/02/1997 02/02/1997 03/2001 04/2002 01TO 01TR 01TO Piçarras São Franc. do sul Taió 04/01/2002 09/01/2002 10/02/2002 04/2003 05/2004 01TO 01TO 01TO Campo Erê Xanxerê Itajaí 22/12/2003 17/01/2004 11/01/2004 01TO 01TO 01TO 01TO 01TO 01TR 01TO 01TR 01TR 01TR Itapoá São Joaquim Florianópolis Passo de Torres Criciúma Florianópolis Florianópolis Florianópolis São Franc. do Sul São Franc. do Sul 22/04/2005 29/12/2005 02/01/2006 16/01/2006 25/01/2006 25/01/2006 23/03/2006 31/03/2005 22/04/2005 23/07/2005 Verão Verão Verão Outono Verão Verão Verão Verão Verão Outono Outono Outono Inverno 01TR 01TO 01TO 01TO 01TO 01TO 01TO Laguna Campos Novos Zorteá Cerro Negro Papanduva Abelardo Luz Canoinhas 06/02/2007 27/07/2007 12/08/2008 12/08/2008 18/08/2008 24/10/2008 26/10/2008 Verão Verão Outono Inverno Inverno Inverno Primavera 03/2005 07/2006 02/2007 08/2007 07/2008 11/2008 Siglas: Tornado - TO Estação Primavera Primavera Verão Verão Verão Verão Verão Tromba d´água - TR Conforme se observa na tabela 8 com dados da amostra levantada, em anos neutros vinte e sete (27) foram ocorrências tornádicas, destas, dezenove (19) foram tornados e oito (8) foram tromba d’água, sendo que quatro (4) tornados ocorreram no inverno, quinze (15) tornados ocorreram no verão, três (3) tornados na primavera e 5 (5) tornados no outono. Do total de trombas d’água, seis (6) trombas d´água ocorreram no verão, duas (2) trombas d´água ocorreram no outono e 1 (1) tromba d´água ocorreu no inverno. Das 77 ocorrências tornádicas levantadas e sincronizadas com a tabela do CPC 2009 de anos de ocorrências de El Niño, La Niña e Neutralidade (ver Anexo Q), foi montada a Figura 63, com informes sobre os totais encontrados. 124 Tornados 30 25 20 15 10 5 0 Total El Niño La Niña Neutralidade 22 28 27 Figura 63: Ocorrências totais de tornados A Figura 63 apresenta a totalidade da amostra estudada, sendo que das 77 ocorrências tornádicas 22 ocorreram sob influência do fenômeno El Niño, 28 sob influência de La Niña e 27 sob influência de neutralidade. Dados encontrados referentes a períodos de influencia dos fenômenos El Niño, La Niña e Neutralidade, tornados e a sazonalidade. Tabela 9: Influência/Estação/Tornados Estação/influência Verão Outono Inverno Primavera El Niño 11 0 5 6 La Niña 21 2 1 4 Neutro 15 5 4 3 Total 47 7 10 13 Do total geral da amostra de ocorrências tornádicas na tabela 9, quarenta e sete (47) tornados ocorreram no verão, sete (7) no outono, dez (10) no inverno e treze (13) na primavera, sendo que a estação outono registrou mais tornados sob influência da neutralidade com cinco (5) ocorrências em La Niña duas (2), sob influência de El Niño 125 não foram registrados tornados no outono. Nos registros, conforme a tabela 9, apenas sob neutralidade se pode constatar a ocorrência de tromba d’água no outono. As ocorrências tornádicas por estação do ano foram relacionadas na Figura 64, com as quais os fenômenos El Niño, La niña e neutralidade foram cruzados. Ocorrências Sazonais 25 Tornados 20 El Niño 15 La Niña 10 Neutro 5 0 Verão Outono Inverno Primavera Estações Figura 64: Sazonalidade Na Figura 64, seguindo as legendas, nota-se que em anos de El Niño (cor vermelha) foram registrados 11 tornados no verão, em período de neutralidade (cor alaranjada) foram registrados 15 tornados, sob influência de La Niña (cor azul) ocorreram 21 tornados, destacando-se no verão a influência de La Niña na ocorrência de tornados. No outono, não foram relacionados episódios de tornados durante a ocorrência de El Niño, sob influência de neutralidade foram registrados cinco (5) tornados e sob influência de La Niña ocorreram dois (2) tornados. No inverno, as ocorrências tornádicas sob influência de El Niño foram cinco (5), sob influência de La Niña foi um (1) e sob a neutralidade foram registradas quatro (4) ocorrências tornádicas. Na primavera, ocorreram seis (6) tornados sob a influência de El Niño, sob a influência de La Niña ocorreram quatro (4) tornados e na neutralidade três (3). Conforme a Figura 64, se 126 observa que na primavera sob influência do fenômeno El Niño teve mais ocorrências tornádicas que durante episódios do fenômeno La Niña. Já durante o inverno nota-se mais ocorrências tornádicas sob influência de El Niño e neutralidade. No verão, destaca-se a La Niña como principal influência nas ocorrências tornádicas e no outono, destaca-se a neutralidade. Ocorrências Tornádicas 70,00% 60,00% 50,00% 40,00% 30,00% 20,00% 10,00% 0,00% Verão Outono Inverno Primavera Total Figura 65: Percentual de ocorrências tornádicas Na Figura 65, observa-se que foram registrados 77 ocorrências tornádicas ao longo de 33 anos, no verão se concentrou 61,03% das ocorrências, no outono 9%, no inverno 12,98% e na primavera 16,88%. Na Figura 66 encontram-se os dados sobre trombas d’água em relação às ocorrências por estações do ano. 127 Tromba D'água/Estações 10 8 6 Tromba d'água 4 2 0 Verão Outono Inverno Primavera Figura 66: Trombas d’água Com relação à ocorrência de trombas d’água, na Figura 66, nota-se que foram registradas 13 trombas d’água ao longo de 33 anos, no verão se concentraram dez (10) ocorrências, no outono duas (2) e no inverno uma (1). A Figura 67 apresenta a proporção de ocorrências de tornados e de trombas d’água da amostra estudada. Tornados e Trombas d'água Trombas d'água 17% Tornados Trombas d'água Tornados 83% Figura 67: Trombas d’água e Tornados 128 Na Figura 67, observa-se que os tornados ocorridos em terra totalizaram 83%, com 64 ocorrências e as trombas d’água totalizaram 17%, com 13 ocorrências. Na Figura 68 são apresentadas as ocorrências mensais de tornados e de trombas d’água segundo a amostra estudada. Tornados em Santa Catarina - 1976 a 2009 25 20 15 Tornados 10 5 Ju l Ag o Se t O ut No v De z Ja n Fe v M ar Ab ril M ai o Ju n 0 Figura 68: Meses de maior ocorrência Os meses de maior ocorrência de tornados na Figura 68 informam que as maiores ocorrências de tornados foram no mês de janeiro, com vinte (20) ocorrências, o mês de Fevereiro vem em segundo com quatorze (14) ocorrências, e o mês de março vem em terceiro com onze (11) ocorrências, com menos ocorrências observa-se novembro onde aparecem seis (6) ocorrências, em setembro, outubro e dezembro cinco (5) ocorrências, agosto quatro (4) ocorrências, julho três (3) ocorrências, abril duas (2) ocorrências, maio e junho registraram uma (1) ocorrência cada. Na descrição das Tabelas e das Figuras sazonalidade e percentual de ocorrências, no período de 33 anos, período desta análise, as maiores ocorrências tornádicas se concentram no verão, representando 61,3% do universo pesquisado, enquanto que a primavera concentrou apenas 16,88% dos casos. Os meses de maiores ocorrências tornádicas em Santa Catarina foram janeiro, fevereiro e março, quando atuação de sistemas atmosféricos próprios da dinâmica atmosférica do Estado, passagem de Frentes Frias, Núcleos Convectivos isolados, atuação da Massa Tropical Continental foram acentuados pela influência do fenômeno La Niña. 129 6 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES Esta pesquisa procurou caracterizar a influência dos fenômenos El Niño (EN) e La Nina (LN) nas ocorrências tornádicas em Santa Catarina, devido a grande relevância da atuação destes fenômenos no Sul do Brasil. Esses eventos, como foram descritos anteriormente, são componentes de outro fenômeno relevante conhecido como ENOS (El Niño Oscilação Sul) que revela à interação oceano-atmosfera, manifestada sobre o Oceano Pacífico Equatorial alterando os padrões normais do clima de muitas regiões. Além disso, esse trabalho observou a ocorrência de tornados em épocas na qual nenhuma destas fases de anomalia ocorria, ou seja, uma fase de neutralidade. A partir do conhecimento do fenômeno ENOS com sua influência no clima de Santa Catarina observou-se que a fase quente (EL) deste fenômeno causa chuvas acima da média, vendavais e granizos. E em sua fase fria (LN) causa chuvas abaixo da média, secas, além temperaturas muito baixas. No entanto, a fase de neutralidade do Oceano Pacífico também afeta o clima catarinense, inclusive na ocorrência de tornados no Estado. No desenvolver da pesquisa, mediante caracterização do clima de Santa Catarina, constatou-se que o Estado é severamente castigado pelas adversidades atmosféricas, devido a sua localização geográfica e também pelas atuações de vários sistemas meteorológicos como o Jato Subtropical, os Bloqueios Atmosféricos, Ciclone Extratropical, Zona de Convergência do Atlântico Sul, Sistemas Convectivos Isolados, Frentes Frias, além do encontro de massas de ar Tropical e Extratropical. As revisões bibliográficas, levantamento histórico e a consolidação de dados das mais diversas fontes sobre tornados no Estado catarinense, permitiram descobrir que a freqüência nas ocorrências tornádicas dá-se em maior número em anos de La Nina (total 28). Entretanto, a fase de Neutralidade (total 27) também tem grande influência nos eventos tornádicos, uma vez que revelou a diferença de um só evento comparado 130 com a fase de La Niña, já o fenômeno El Niño (total 22) foi o que menos se constatou no número de ocorrências tornádicas no estado de Santa Catarina. Ainda, partindo de análises das estações do ano, esse trabalho verificou que ocorrem mais eventos tornádicos na estação de verão nos meses de janeiro, fevereiro e março. Foram contabilizadas 77 Ocorrências tornádicas sendo que treze são trombas d’água e sessenta e quatro tornados. É importante ressaltar que constatou-se a nível climatológico que sob influencia de La Niña na estação verão, ocorrem mais tornados que em verões sob influência do fenômeno El Niño. Conclui-se que existe uma limitação desta pesquisa no sentido da constatação de que podem existir locais sem a presença humana onde fenômenos tornádicos possam ter acontecido sem que tenham sido percebidos, outros eventos tornádicos classificados como vendavais que não foram estudados e ficaram fora da amostra, a qual poderia ser ainda muito maior se também fosse levantados dados junto aos arquivos da Defesa Civil catarinense. Recomenda-se que novos estudos sejam realizados e que os casos apresentados nesta pesquisa sejam estudados um a um para que mais dados sejam gerados ajudando na compreensão mais apurada de como esses fenômenos, com alto potencial destrutivo, possam até futuramente serem previstos. 131 REFERÊNCIAS AGUIAR, D; MENDONÇA, M. Climatologia das geadas em Santa Catarina. Anais... I Simpósio Brasileiro de Desastres Naturais. Florianópolis, GEDN/UFSC, 2004. p. 762773 (CD-ROM). ANTONIO, M. A. Ocorrência de tornado na região tropical do Brasil. 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Disponível em: <http://www.defesacivil.rs.gov.br/meteorologia/meteorologia_view_html?tipo=P&id_not= 20050103-194139> Acessado em 25.08.2009. 140 ANEXOS 141 ANEXO A - Episódios de tornados e trombas d´água em Santa Catarina de 1976 a 2000 Fonte: Marcelino (2000). 142 ANEXO B – Distribuição espacial dos tornados em SC de 1976 a 2003 Fonte: Marcelino (2004a). 143 ANEXO C – Tornados pesquisados e classificados Fonte: Marcelino (2004a) 144 Anexo D – Tornados e trombas d´água ocorridos em Santa Catarina Fonte: EPAGRI/CIRAM, 2009. 145 ANEXO E– Localização de trombas d’água em Santa Catarina Fonte: Silva (2009) 146 ANEXO F – Resumo de dados sobre Trombas d’água em Santa Catarina Fonte: Silva, 2009 147 ANEXO G – Tornado destrói 1 Km de floresta Fonte: Jornal Vanguarda, 2007. 148 ANEXO H – Até agora me arrepio Fonte: Jornal Vanguarda, 2007. 149 ANEXO I – Sul do Estado revive o drama do Catarina Fonte: DC, 27/12/2007 150 ANEXO J – Três ficam feridos em temporal na terça-feira FONTE: Jornal A Tribuna, 27/12/2007 151 ANEXO K – Vendaval e granizo atingem Correia Pinto Fonte: Jornal Correio Lageano, 26/06/2008. 152 ANEXO L – Hospital de cidade atingida por tornado em SC ainda tem 20 leitos interditados Figura: O Globo. 13/03/2009. 153 ANEXO M – Tragédia em Capivari: Previsão é de mais temporais Fonte: Jornal Notisul, Tubarão, 03/03/2009. 154 ANEXO N – Tornado destrói na Serra Catarinense Fonte: DC, 09/03/2009 155 ANEXO O – Tempo Severo castiga mais uma vez o Rio grande do Sul e Santa Catarina Fonte: CPTEC, 2009 156 ANEXO P – Decreto n° 185 – Correia Pinto Em 20 de junho de 2008, foi declarada situação de emergência no município, devido: - a ocorrência de vendaval acompanhado de granizo no dia vinte de junho de dois mil e oito, atingindo parte da área urbana e parte da área rural do Município, conforme mapa e croqui das áreas afetadas, anexos a este Decreto; - como conseqüências deste desastre, resultam em danos humanos e materiais, constante do Formulário de Avaliação de Danos, anexo a este Decreto; - a recomendação do Conselho a situação de anormalidade; Municipal de Defesa Civil, após avaliar e quantificar - concorrem como critérios agravantes da situação de anormalidade: a grande vulnerabilidade do cenário, da população e o despreparo da Defesa Civil local frente ao desastre (Decreto Nº 185 de 20 de junho de 2008 de Correia Pinto). Fonte: Decreto n° 185 157 ANEXO Q – Episódios de El Niño, La Niña e Neutralidade, CPC, 2009 Fonte: CPC, 2009.