Avaliação da viabilidade econômica da concessão e análise dos
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Avaliação da viabilidade econômica da concessão e análise dos
Avaliação da viabilidade econômica da concessão e análise dos riscos e incertezas do tráfego da BR-163, com o uso da Teoria das Opções Reais Relatório de Trabalho Projeto Institucional n° 52.0177/2003-7 – MT/CNPq Contrato CNPq - 17/01/2005 Luiz Eduardo Teixeira Brandão, Ph.D. Marcus Vinicius Quintella Cury, D.Sc. Rio de Janeiro Junho/2005 Agradecimentos Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, representado pelo pesquisador Alexandre Gavriloff, pela oportunidade e apoio para o desenvolvimento deste importante trabalho. Ao Engenheiro Eduardo Saraiva, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES, pela criação das condições com o CNPq para a realização deste trabalho, bem como pela colaboração técnica no referencial teórico. Ao Instituto Militar de Engenharia – IME e à Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC, pelo apoio aos professores e pesquisadores Marcus Vinicius Quintella Cury e Luiz Eduardo Teixeira Brandão, respectivamente, na participação neste trabalho. À professora e pesquisadora Adriana Fonseca Lins, M.Sc., pela participação e colaboração técnica na realização deste trabalho. Índice 1- 2- 3- Introdução 1 1.1 Panorama Geral ..............................................................................................1 1.2 Os Programas de Concessão de Rodovias no Brasil ......................................7 1.3 Considerações sobre os Programas de Concessão de Rodovias no Brasil .....12 1.4 Objetivo..........................................................................................................15 1.5 Justificativa.....................................................................................................16 Modelagem Tradicional de Concessões Rodoviárias17 2.1 Considerações Gerais .....................................................................................17 2.2 Concessões Privadas ......................................................................................18 2.4 Parcerias Público - Privadas ...........................................................................20 2.3 Project Finance...............................................................................................24 2.5 Fluxo de Caixa Descontado............................................................................32 Avaliação Financeira Clássica da BR-163 34 3.1 Aspectos Gerais..............................................................................................34 3.2 Característica do projeto de concessão...........................................................35 3.3 Fluxo de caixa da concessão ..........................................................................35 3.3.1 Investimentos......................................................................................37 3.3.2 Manutenção e melhorias .....................................................................38 3.3.3 Receitas operacionais de pedágio .......................................................38 3.3.4 Tributos incidentes sobre as receitas ..................................................39 3.3.5 Custos e despesas operacionais ..........................................................39 3.3.6 Depreciação de ativos e Imposto de Renda ........................................39 3.3.7 Empréstimo do BNDES......................................................................40 3.3.8 Resultados e Análise de Sensibilidade ...............................................40 4- Modelagem Híbrida Proposta 43 5- A Teoria das Opções Reais 47 5.1 Histórico .........................................................................................................47 5.2 Mercados Completos......................................................................................49 5.3 Mercados Incompletos ...................................................................................53 5.4 Análise por Árvore de Decisão ......................................................................55 5.5 O Modelo Binomial........................................................................................57 5.6 Modelagem Matemática.................................................................................58 5.6.1 Modelagem Determinística.................................................................59 5.6.2 Simulação Monte Carlo (SMC)..........................................................60 5.6.3 Árvore Binomial do Projeto ...............................................................62 5.6.4 Árvore de Decisão do Projeto.............................................................65 5.6.5 Modelagem das Opções......................................................................66 6 - Avaliação Financeira da BR-163 com o uso da Teoria das Opções Reais 68 7- 6.1 O Estado da Arte em Análise de Concessões Rodoviárias ............................68 6.2 Riscos de um Projeto de Concessão Rodoviária ............................................72 6.3 Garantias oferecidas pelo Poder Público........................................................74 6.4 Premissas do Modelo .....................................................................................76 6.5 Modelagem Estocástica do Tráfego ...............................................................77 6.6 Determinação da Volatilidade do Projeto ......................................................78 6.7 Modelagem da Garantia de Tráfego Mínimo (Piso) ......................................80 6.8 Modelagem do Limite de Tráfego Máximo (Teto) ........................................83 Conclusões e Recomendações 87 7.1 Conclusões .....................................................................................................87 7.2 Recomendações ..............................................................................................88 7.3 Sugestões para extensões e estudos futuros ...................................................89 8- Referências Bibliográficas 90 9- Anexos 92 Anexo 1 – Investimentos Anexo 2 – Custos Operacionais Anexo 3 – Projeção do Tráfego Médio Diário Anual Anexo 4 – Fluxo de Caixa do Acionista – Modelagem Clássica Anexo 5 – Trabalho Publicado Luiz Eduardo Teixeira Brandão 1- Introdução 1.1 Panorama Geral Marcus Vinicius Quintella Cury Em 1926, sob o lema “governar é construir estradas”, Washington Luís assumiu o governo brasileiro construindo duas importantes rodovias: a RioPetrópolis, que leva o seu nome, e a Rio-São Paulo, que leva o nome do expresidente, Eurico Gaspar Dutra. Desde então, a matriz de transportes brasileira vem apresentando um desequilíbrio histórico a favor do modo rodoviário, que pode ser constatado numa simples comparação com as matrizes de transporte de dois importantes parceiros comerciais do Brasil, a China e os Estados Unidos. Enquanto que nos Estados Unidos 33% do transporte de carga é realizado por rodovia e 44% por ferrovia, na China, os modos ferroviário e aquaviário respondem por 87% do mesmo tipo de transporte. Em contraposição, no Brasil, as rodovias são responsáveis por 65% das cargas transportadas e as ferrovias por apenas 20%. (Cury, 2004) Na Tabela 1, pode-se ver a comparação da extensão das malhas de transporte do Brasil com a de outros países. País Rodovias (km) Ferrovias (km) EUA Brasil Japão França Alemanha Índia 6.300.000 1.700.000 1.100.000 811.000 636.000 NA 177.712 30.277 20.251 32.574 40.398 62.486 Fonte: U. S. Department of Commerce - National Trade Data Bank, 2000 Tabela 1 Comparação das malhas de transporte Devido à pequena extensão da sua malha ferroviária e hidroviária, e o alto custo do transporte aéreo, o transporte rodoviário representava mais de 60% do transporte de carga doméstica e 90% do movimento de passageiros no Brasil. Os gastos anuais com o transporte rodoviário eram significativos, e, em 1995, eram estimados em US$ 60 bilhões, o que correspondia a quase 15% de Produto Interno Bruto (PIB) do país. Na Figura 1 pode-se ver a importância do transporte rodoviário Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 1 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury no transporte de carga no Brasil, em relação a outros países no mundo, em toneladas por km. 75% 63% 50% 26% 24% 25% 8% 0% China Australia EUA Brasil Fonte: Centro de Estudos em Logística – Ano: 2002 Figura 1 Participação do Transporte Rodoviário de Carga Além de ser o principal meio de transporte no país, a importância da malha rodoviária vem crescendo em importância com o tempo como podemos ver pela Figura 2. TKm m ilhões 500,000 400,000 300,000 200,000 100,000 0 1990 1993 Dutos Hidrovias 1996 Ferrovias 1999 Rodovias Fonte: Confederação Nacional dos Transportes – CNT, 2000 Figura 2 Carga transportada por modalidade no Brasil (1990-1999) Desta forma, não há como negar que vivemos num país que prioriza o modo rodoviário, mas que praticamente não possui rodovias. Esta assertiva pode ser facilmente comprovada pela extensão de nossa malha rodoviária pavimentada, de Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 2 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury 165 mil quilômetros, que corresponde a menos de 10% do total das rodovias do país. Os Estados Unidos possuem uma malha com 5.169 mil quilômetros de rodovias pavimentadas, ou seja, 31 vezes maior que a brasileira, e a França, com 6,5% da superfície do Brasil, possui 738 mil quilômetros de rodovias. (Cury, 2004) Durante a fase de grande crescimento econômico ocorrido durante a década de 70, verificou-se um significativo aumento nos investimentos em infra-estrutura no Brasil. Estes investimentos, no entanto, não foram suficientes para atender a demanda por novas estradas ou o problema da deterioração das rodovias existentes, e nas décadas seguintes, com a redução da capacidade de investimento do setor público, a questão da expansão e manutenção da rede viária se agravou sensivelmente. Para tentar amenizar o problema rodoviário do país, a partir de meados da década de 90 foram lançados os primeiros contratos de concessão rodoviária com o setor privado, que, por sua vez, passou a assumir a responsabilidade pelos investimentos necessários em troca do direito de exploração dos serviços concedidos através da cobrança de pedágios. Essa situação também se verificou nos Estados Unidos e Europa, onde o uso de pedágio para financiar a construção e manutenção de novas estradas está em franco crescimento. Apenas no estado do Texas, por exemplo, existem projetos que somam US$ 4 bilhões de dólares atualmente em construção, com outros US$100 bilhões em fase de planejamento, representando cerca de 6.400 km de novas estradas a serem construídas, nos próximos dez anos (Persad et al., 2003). A crise fiscal do Estado Brasileiro vem reduzindo progressivamente os investimentos da União e os impactos dessa redução na área de infra-estrutura são expressivos. (Mascarenhas, 2005). O Brasil apresenta elevado déficit na oferta dos serviços de transporte rodoviário, ferroviário, marítimo e fluvial, no sistema portuário e de saneamento básico, e forte incerteza no suprimento futuro de energia elétrica. A falta de investimentos na expansão, manutenção e modernização desses serviços tem provocado um elevado impacto sobre a atividade econômica e o país não poderá manter um crescimento econômico sustentado, a menos que expanda o volume e melhore a qualidade dos investimentos em infra-estrutura. Os recursos devem ser canalizados para a eliminação de gargalos de maior impacto imediato e, posteriormente, devem ser orientados segundo uma lógica de prioridades mais Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 3 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury elaborada, exigindo, para isso, um bom sistema de governança para a tomada de decisão. A execução das obras de infra-estrutura tem na disponibilidade de fundos para seu financiamento o seu problema central. Nas décadas anteriores, o Estado e suas empresas eram os grandes supridores de recursos para as obras, quase sempre alavancando fundos obtidos junto aos bancos multilaterais para aquelas de grande vulto. Quer porque a escala dos problemas do país cresceu, quer porque esses bancos modificaram seu perfil de atendimento, eles não se constituem mais em uma solução de financiamento como no passado. Os recursos do Estado também minguaram, reduzindo as suas disponibilidades para a realização dos investimentos e hoje muitas vezes ele se apresenta como um competidor da área privada no uso da poupança interna do país. A percepção deste quadro é importante porque, excetuando o BNDES, a CEF e os fundos de previdência privada, as disponibilidades maiores para o financiamento da infra-estrutura dependerão do acesso às instituições financeiras privadas internacionais. Investimentos em infra-estrutura exigem longo prazo de retorno, e conseqüentemente, maiores prazos de financiamento para as obras. Não existem ainda condições para a concessão de financiamento privado com prazos acima de 10 anos no Brasil, e, portanto, o financiamento de projetos de infra-estrutura exigirá acesso a instituições de fomento governamentais e/ou agencias internacionais. Tais financiadores irão buscar as garantias dentro do ordenamento jurídico do país onde, somente recentemente, as discussões em torno dos marcos regulatórios modernos foram intensificadas e não há ainda consenso sobre a qualidade dos instrumentos existentes, sua adequação a padrões internacionais. Portanto, quando são analisadas as possibilidades de atendimento das demandas correntes é recomendável cautela em relação à disponibilidade de recursos. Em relação à infra-estrutura de transportes no país, apenas 20% das rodovias brasileiras podem ser consideradas boas ou ótimas. As estradas restantes apresentam precário estado de conservação com pavimentos em decomposição, sinalizações inexistentes, gerenciamento de tráfego ineficaz, traçados perigosos e não contam com policiamento adequado. Em conseqüência, ocorrem diariamente cerca de 720 acidentes nas rodovias pavimentadas do país, provocando a morte de Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 4 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury 35 pessoas e deixando 417 feridos, dos quais 30 morrem posteriormente em decorrência do acidente. São quase três mortes por hora, em média, ou uma morte a cada vinte minutos. Apesar dessa situação, o transporte rodoviário é considerado o alicerce do progresso e do desenvolvimento do país. Contudo, o escoamento das exportações e das produções industrial e agrícola brasileiras ficará comprometido nos próximos anos caso esse quadro não seja revertido. Como exemplo, a produção de soja estimada de 120 milhões de toneladas para 2006 terá que ser transportada pelas mesmas rodovias e ferrovias utilizadas para transportar a produção de 52 milhões de toneladas em 2004. (Cury, 2004) Segundo a ANTT (2005), as opções para a área de transportes são o orçamento da União, as parcerias público-privadas (PPPs) e as concessões. Na primeira opção, o Governo Federal reconhece as necessidades de investir na infraestrutura para reduzir os problemas, embora os recursos do orçamento da União sejam os únicos efetivamente disponíveis para o atendimento das demandas em 2005. Mas por outro lado, esbarra em problemas de cunho político e, desta forma, há demora nas decisões e na escolha dos projetos prioritários e, conseqüentemente, as obras não saem do papel. No caso das PPPs, Lei nº. 11.079, de 30/12/2004, sancionada com um atraso considerável face as necessidades do país, existe a intenção de se atrair investimentos privados para as obras de infra-estrutura, especialmente em transportes, sempre que houver prestação de serviços, vedada a sua utilização para a realização de obra pública. Os obstáculos a serem vencidos com as PPPs são muitos e complexos, necessitando, antes de qualquer coisa, grande determinação e apoio governamental, plena transparência nas ações, visando obter aceitação e confiança públicas. Apesar de ser considerada uma via de financiamento de projetos útil, correta e adequada, não deverá proporcionar, no curto prazo, muitas soluções e não deverá ter impacto substantivo sobre o volume de recursos disponível. A última opção, as concessões, pode ser considerada o mecanismo mais simples de todos, visto que usa os recursos e a capacidade de endividamento do setor privado, para a realização das obras que o Governo seleciona para exploração concedida, durante determinado período e retorno posterior à propriedade pública. É paga diretamente apenas por quem usa o serviço. O problema é que as concessões não são aplicáveis em áreas que não propiciem retorno financeiro condizente com os riscos privados ou quando signifiquem riscos Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 5 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury políticos inaceitáveis aos governos tendo em vista o valor das tarifas a ser cobrada do público usuário. Atualmente o regime de concessões vem se concentrando no setor elétrico e, mais timidamente, na área do transporte rodoviário. O setor de transportes é o que apresenta, atualmente os maiores problemas, requerendo as intervenções mais imediatas. O setor ferroviário ainda não encontrou solução para sua expansão física e ainda enfrenta problemas de regulação. No portuário a administração pública não conseguiu modernizar satisfatoriamente o sistema e no segmento hidroviário há falta de planejamento e incentivos governamentais. Há uma grande apreensão com as dificuldades enfrentadas pelo Governo Federal de fazer avançar o programa de concessões rodoviárias. Considerando o realizado até 2004, segundo a ANTT (2005), há apenas 36 concessionárias privadas no país operando cerca de 165 praças, para um total de 9.547 km. Destas, apenas seis são concessões federais, enquanto 29 são concessões estaduais e uma municipal. O sistema rodoviário conta ainda com operadoras públicas estaduais que são responsáveis por 20 praças de pedágio e administram 805 km. Além da lentidão e timidez do programa de concessões, outro ponto a considerar é a sua concentração nas rodovias dos estados do centro-sul do país. Apenas cerca de 2,6 mil km estão previstos para serem concedidos à iniciativa privada no futuro próximo. Segundo o Governo Federal, em 2003 foram investidos R$ 818,9 milhões na manutenção da malha rodoviária federal, contra R$ 528,3 investidos em 2002, o que representou um aumento de 55%. Na lei orçamentária de 2005, o Governo alocou R$ 1.131 milhões para a manutenção das rodovias, contra 942,1 milhões alocados em 2004. Dos compromissos anunciados pelo Governo Federal para investimentos no setor rodoviário em 2005, merecem destaque o Programa Integrado de Revitalização (PIR IV) destinado à recuperação, manutenção e conservação de 7.700 km de rodovias, abrangendo 11 Estados, ao custo previsto de R$ 710 milhões. A duplicação e restauração das BR-101/Nordeste, BR-101/Rio de Janeiro e a BR 493/Rio de Janeiro ao custo total previsto de R$ 2 bilhões. Destaca-se ainda a restauração da BR-324/Bahia. Com 126 km de extensão, ao custo de R$ 250 milhões. (Mascarenhas, 2005) Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 6 Luiz Eduardo Teixeira Brandão 1.2 Marcus Vinicius Quintella Cury Os Programas de Concessão de Rodovias no Brasil O programa de concessões de rodovias federais começou a ser implantado em 1993, com a licitação dos cinco trechos que haviam sido pedagiados diretamente pelo Ministério dos Transportes, numa extensão total de 854,5 km, enquanto estudos eram realizados para identificar outros segmentos considerados técnica e economicamente viáveis para inclusão no programa. Inicialmente, foram analisados 17.247 km de rodovias, dos quais 10.379 km foram considerados viáveis para concessão e 6.868 km viáveis somente para a concessão dos serviços de manutenção. Entre 1997 e 1998, esse estudo foi revisto, mediante empréstimos externos ou dotações orçamentárias do então DNER, incluindo-se no programa trechos que estavam em obras de duplicação (BR-381/MG/SP, entre Belo Horizonte e São Paulo, bem como todo o corredor da BR-116/SP/PR, BR-376/PR e BR-101/SC, entre São Paulo, Curitiba e Florianópolis). Outros trechos, que eram objeto de programas de restauração e ampliação de capacidade foram excluídos. A promulgação da Lei nº 9.277, de maio de 1996 (denominada Lei das Delegações), criou a possibilidade de estados, municípios e o Distrito Federal solicitarem a delegação de trechos de rodovias federais para incluí-los em seus programas de concessão de rodovias. A Portaria nº 368/96, do Ministério dos Transportes, estabeleceu os procedimentos para a delegação de rodovias federais aos estados dentre outras definições. Entre 1996 e 1998, foram assinados convênios de delegação com os Estados do Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais. O Estado de Mato Grosso do Sul, ainda em 1997, assinou convênio de delegação visando a construção de uma ponte sobre o Rio Paraguai, na BR-262/MS. Esta ponte foi financiada com recursos do FONPLATA - Fundo Financeiro dos Países da Bacia do Prata e está sendo explorada mediante cobrança de pedágio para amortização do financiamento. Trechos de rodovias federais dos estados de Goiás e do Pará foram incluídos no programa, para serem delegados e concedidos. Os estudos, porém, demonstraram que os trechos, tal como apresentados, não tinham viabilidade para concessão e por isso foram retirados do programa. Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 7 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury Face às dificuldades para implementação dos programas estaduais, através da Resolução nº 8, de 05/04/2000, o Conselho Nacional de Desestatização - CND recomendou "a revisão do Programa de Delegação de Rodovias Federais, de que trata a Lei nº 9.277/96", e autorizou o Ministério dos Transportes a "adotar medidas necessárias à unificação da política de concessões rodoviárias". Em função dessa autorização, o Ministério dos Transportes, analisando o desempenho dos estados na implantação e gestão de seus programas, decidiu: a) denunciar os convênios de delegação de rodovias federais ao Estado de Minas Gerais; b) sub-rogar à União os contratos de concessão do Pólo de Pelotas, devido à denúncia dos respectivos convênios pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul, que passou a integrar o grupo de concessões administradas diretamente pelo Ministério dos Transportes; c) denunciar o convênio de delegação das rodovias federais que compõem o Pólo do Complexo Metropolitano (Polão) com o Governo do Estado do Rio Grande do Sul e avocar o processo licitatório, paralisado há dois anos sem decisão final do Estado. Concessões Administradas pela ANTT km Concessões contratadas Concessões em licitação Em estudo 1.475 2.610 5.915 TOTAL Delegações para Concessão Rodovias federais delegadas aos Estados para concessão Concessões contratadas pelos Estados 10.000 Km 3.007 Fonte: ANTT, 2005 Tabela 2 Resumo das concessões Muito embora a experiência com a cobrança de pedágio em rodovias administradas e mantidas pelo DNER/DNIT, DERSA/DER-SP e pelo DAER-RS seja antiga, os programas de concessão rodoviária no Brasil iniciaram-se somente em 1995. Ao final de 2002, os estados do Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia, além da União, já haviam implantado um programa de concessão. Hoje existem 36 concessões, num total de 9.644 km, sendo 6.120 km Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 8 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury de pista simples e 3.525 km de pista dupla. A tabela 3, a seguir, mostra a lista de todas as concessões existentes. Programa de Concessão Rodoviária Concessionárias Pista Simples (km) Pista Dupla (km) Total Federal Federal Federal Federal Federal Federal São Paulo São Paulo São Paulo São Paulo São Paulo São Paulo São Paulo São Paulo São Paulo São Paulo São Paulo São Paulo Paraná Paraná Paraná Paraná Paraná Paraná Rio de Janeiro Rio de Janeiro Rio de Janeiro Rio Grande do Sul Rio Grande do Sul Rio Grande do Sul Rio Grande do Sul Rio Grande do Sul Rio Grande do Sul Rio Grande do Sul Espírito Santo Bahia Concepa Concer CRT Ecosul NovaDutra Ponte S.A. Autoban Autovias Centrovias Colinas Ecovias dos Imigrantes Intervias Renovias SPVias Tebe Triângulo do Sol Vianorte Viaoeste Econorte Ecovia Caminhos do Paraná Rodovia das Cataratas Rodonorte Viapar Via Lagos Linha Amarela Rota 116 Brita Convias Coviplan Metrovias Rodosul Santa Cruz Sulvias Rodosol CLN 0,000 37,000 102,000 623,400 0,000 0,000 0,000 153,600 86,610 154,150 0,000 250,880 129,370 287,950 110,250 180,930 96,880 51,000 305,410 0,000 405,900 416,390 322,260 419,490 0,000 0,000 139,460 122,900 173,750 250,400 536,000 132,660 197,000 256,900 17,500 170,870 112,300 143,000 40,500 0,000 402,200 20,000 316,750 163,100 131,550 144,850 176,790 120,140 161,800 227,730 45,730 261,000 139,780 104,180 35,360 175,100 0,000 42,550 245,720 127,050 57,000 25,000 0,000 9,100 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 50,000 46,300 112,300 180,000 142,500 623,400 402,200 20,000 316,750 316,700 218,160 299,000 176,790 371,020 291,170 515,680 155,980 441,930 236,660 155,180 340,770 175,100 405,900 458,940 567,980 546,540 57,000 25,000 139,460 132,000 173,750 250,400 536,000 132,660 197,000 256,900 67,500 217,170 Total 6.130,910 3.524,580 9.655,490 Fonte ABCR – Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias, 2002 Tabela 3 Concessões existentes no Brasil Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 9 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury Os diversos programas de concessão (federal e estaduais) diferem entre si, refletindo a diversidade geográfica e econômica e a estrutura da malha rodoviária em cada caso, bem como as estratégias adotadas tendo em vista objetivos específicos. Como já foi dito, o programa de concessões de rodovias federais começou a ser implantado em 1993 e, até junho de 2003, 1.483 km de rodovias foram efetivamente concedidos. A duração dos contratos existentes varia de 15 a 25 anos. Era objeto das licitações o trecho a ser concedido, o montante de investimento a ser realizado, bem como outras obrigações do concessionário, tais como serviço médico, reboque, comunicação etc. O critério adotado para a escolha do vencedor foi a menor tarifa de pedágio. O modelo federal foi elaborado visando à modicidade tarifária, a partir de um programa de investimentos a ser realizado ao longo do período de concessão, além da operação e manutenção e da prestação de um pacote de serviços ao usuário da rodovia. Desse modo, as obrigações da concessionária ficam definidas e a arrecadação do pedágio garante a execução desse conjunto de compromissos. As tarifas de pedágio são reajustadas anualmente. Os índices de reajuste das tarifas adotados nas concessões rodoviárias no Brasil variam de acordo com o programa e estão definidos no próprio contrato de concessão. O objetivo da determinação do índice é assegurar a manutenção do valor da tarifa frente à variação nos custos das concessionárias ao longo de todo o prazo de concessão. No caso da Nova Dutra este índice é formado por uma cesta de índices de preços setoriais calculados pela Fundação Getúlio Vargas – FGV, de acordo com uma fórmula paramétrica. Entram na sua composição os seguintes: índice de preços de pavimentação, índice de preços de obras de artes especiais, índice de preços de serviços de consultoria e índice de preços de terraplenagem. A regulação das concessões federais está a cargo, desde fevereiro de 2002, da Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT. Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 10 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Rodovia Marcus Vinicius Quintella Cury Extensão (km) Concessionárias Investimentos Duração (R$ milhões*) (anos) BR/290 Osório – Porto Alegre 112 Concepa 33 20 BR/040 Juiz de Fora – Rio de Janeiro 180 Concer 984 25 BR/116 Além Paraíba – Teresópolis 145 CRT Concessionária Rio – Teresópolis 2116 25 BR/116/293/392 623 Ecosul 269 15 BR/116 Rio de Janeiro – São Paulo 402 NovaDutra 1973 25 BR/101 Ponte Pres. Costa e Silva 20 Concessionária da Ponte Rio –Niterói 264 20 Fonte ABCR * Em valores de abril de 2005 atualizados de acordo com a variação do IGP-DI Tabela 4 Concessões de Rodovias Federais Administradas pela ANTT O marco legal para que rodovias federais fossem delegadas a estados e municípios com a finalidade de serem concedidas à iniciativa privada foi a Lei nº 9.277, denominada de Lei das Delegações, que teve a sua promulgação em maio de 1996. O DNER era o órgão responsável pela coordenação e fiscalização dos convênios de delegação com os estados do Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. Diferentemente dos demais, o estado do Mato Grosso do Sul recebeu delegação visando à construção de uma ponte sobre o rio Paraguai na BR-262. Em virtude de ter havido algumas dificuldades na implementação dos programas em alguns estados, o Conselho Nacional de Desestatização (CND) recomendou a revisão do Programa de Delegação de Rodovias Federais. O Ministério dos Transportes foi então autorizado a adotar medidas necessárias à unificação da política de concessão rodoviária, o que levou alguns trechos delegados de volta à administração federal, como foi o caso do Estado de Minas Gerais, cujo convênio de delegação foi denunciado pelo Ministério dos Transportes. Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 11 Luiz Eduardo Teixeira Brandão 1.3 Marcus Vinicius Quintella Cury Considerações sobre os Programas de Concessão de Rodovias no Brasil A persistência ao longo dos últimos anos da limitada capacidade de investimentos dos diversos níveis de governo obrigou a União, os estados e os municípios a reduzir drasticamente os recursos destinados à manutenção e à ampliação do sistema de rodovias no Brasil. O resultado foi uma crescente degradação da qualidade das rodovias, acompanhada, no caso de algumas, de uma capacidade limitada perante a demanda crescente por seu uso. As limitações que estados e a União enfrentam para fazer frente a esse problema devem-se não só à falta de recursos orçamentários, mas também a dificuldades administrativas na gestão dos recursos e na operação técnica das rodovias. A solução adotada pela União e por diversos estados para esse quadro foi a concessão à iniciativa privada dos serviços de recuperação, operação e conservação das rodovias. Em troca da arrecadação de pedágio, empresas concessionárias se comprometem a prestar esses serviços e, na maioria dos casos, a ampliar a capacidade das rodovias. O processo consiste em passar a responsabilidade para agentes com maior capacidade de investimento e maior capacidade administrativa, nesse ramo de atividade, do que o estado. As rodovias concedidas apresentam uma significativa melhora na qualidade de seus serviços, sem que isso implique a cobrança de pedágios substancialmente mais elevados do que aqueles que já vinham sendo praticados pelo setor público em algumas rodovias. Além disso, os diferentes níveis de governo, desonerados da necessidade de manter suas rodovias em condições mínimas de operação, viram os recursos que seriam destinados a esse fim tornarem-se disponíveis para o financiamento de outras atividades, tais como construção de escolas, saneamentos básico, pagamento de funcionários etc. Nesse sentido, a concessão à iniciativa privada dos serviços rodoviários parece ser um processo bem sucedido e sem volta, pelo menos se analisado do ponto de vista do benefício público proporcionado. É desejável que esse processo se mostre sustentável, isto é, consistente ao longo do tempo. Para que isso ocorra é necessário garantir que as concessionárias sejam remuneradas adequadamente: uma remuneração suficiente para gerar um retorno normal sobre o capital, acrescido Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 12 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury de uma compensação para o risco do investimento. O principal problema com que se defronta diante dessa equação é a determinação da remuneração adequada. Tal determinação se torna especialmente difícil em virtude da longa duração dos contratos de concessão, do elevado risco de quebra de contratos que o país ainda apresenta e da ausência de experiência com esse tipo de contrato no Brasil. A longa duração dos contratos faz com que a concessionária esteja sujeita a riscos dificilmente previstos no momento da assinatura do contrato de concessão. A dificuldade em se prever esses riscos fica ainda mais acentuada pela ausência de uma experiência passada para servir de guia para a previsão. A experiência internacional e a recente experiência brasileira mostram que a principal fonte de riscos para o negócio de concessão é o arbítrio do poder concedente. Em virtude do caráter de interesse público dos objetos contratados, os governos contam com certa liberdade legal para rever contratos de concessão. Nesse sentido, os contratos deveriam oferecer cláusulas de proteção contra revisões contratuais unilaterais. A lei que estabelece o processo de concessão no Brasil é rígida e não prevê a possibilidade de o governo aportar recursos a partir do momento que iniciou o processo. Além disso, a economia brasileira é considerada, ainda, um mercado incompleto, onde os agentes econômicos não podem obter todas as proteções financeiras que precisam. Como conseqüência disso, a percepção de risco se eleva e o custo financeiro aumenta. Para contratos muito longos, como é o caso dos contratos de concessão de rodovias no Brasil, essa característica de mercado incompleto se sobressai e resulta em prejuízo para os dois lados. Para o governo, porque recebe pouco pela exploração dos seus “ativos”, para o consumidor, porque paga mais caro pelo serviço, e para as concessionárias, porque acabam correndo um risco acima do que é recomendável. Na verdade, os mais prejudicados acabam sendo os consumidores. O governo atenua as suas perdas exercendo o seu papel através da responsabilidade de poder concedente. As concessionárias, também, reduzem os seus prejuízos porque têm um amparo legal no Brasil, oferecido a qualquer serviço público, incluindo-se neles as concessões, que é uma proteção contra os riscos de abuso do poder público e revisão contratual. Trata-se da garantia do direito à manutenção do Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 13 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury equilíbrio econômico-financeiro do contrato de concessão. Tal garantia está plenamente estabelecida por lei e assegurada nos contratos de concessão. Duas dificuldades, contudo, prejudicam a aplicação eficiente do direito ao equilíbrio econômico-financeiro. A primeira diz respeito à compreensão e à formação de consenso sobre o que vem a ser equilíbrio econômico-financeiro. A segunda diz respeito à morosidade dos sistemas jurídicos, que pode acarretar que a reposição de tal equilíbrio seja muitas vezes feita com atraso de anos, prejudicando seriamente o negócio. É, portanto, do interesse público e do próprio Estado garantir que sejam contornadas as situações – previstas ou não em contrato – que ameacem o desempenho econômico-financeiro das concessionárias de rodovias. Ademais, existe uma grande expectativa do setor privado no que diz respeito à atratividade financeira das concessões rodoviárias futuras, principalmente naquelas com risco potencial do tráfego futuro, como, por exemplo, em rodovias sem histórico de tráfego e situadas em regiões pouco desenvolvidas economicamente e dentro de áreas de restrições ambientais. Neste contexto, pode-se incluir a recuperação e construção da rodovia Cuiabá-MT – Santarém-PA, com 1.569 km, classificada pelo DNIT como BR-163, por ser uma rodovia longitudinal. Dificilmente, a iniciativa privada investirá pesado na construção ou recuperação da BR-163 sem uma garantia por parte do poder concedente, visto que não há registro confiável do tráfego histórico que passou pelo trecho pavimentado da rodovia, com pouco mais de 500 km, nem existem estudos sócio-econômicos consensuais que garantam um considerável tráfego futuro na referida rodovia. No caso da BR-163, uma PPP poderá ser a solução para atrair a iniciativa privada, pois permite que haja a participação pecuniária do parceiro público durante a operação da rodovia, por meio de subsídios ou de garantia de tráfego mínimo, por exemplo. Assim sendo, um estudo de viabilidade financeira para a BR163 que incorpore o valor de eventuais garantias que possam ser concedidas pelo setor publico consistente é de suma importância tanto para o governo quanto para o ente privado. Para o governo, porque é um modelo que lhe permite avaliar a extensão e o limite das garantias que poderão ser oferecidas. Para o ente privado, porque lhe permite estimar com mais precisão os riscos e as recompensas que o Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 14 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury projeto oferece e a importância e o impacto das garantias oferecidas no retorno do seu investimento. 1.4 Objetivo O objetivo deste trabalho é avaliar a viabilidade econômica, sob o enfoque privado, da rodovia BR-163, no trecho Cuiabá-MT a Santarém-PA, com extensão de 1.569 km, com uso da Teoria das Opções Reais, de modo a subsidiar o poder concedente na modelagem de uma possível concessão privada ou parceria públicoprivada. Para tanto, será utilizada a base de dados e informações do Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica – EVTE realizado pelo Instituto Militar de Engenharia – IME, no convênio com o Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes – DNIT, disponível na Internet, no endereço eletrônico http://dnit.ime.eb.br. A principal preocupação do poder público é a viabilização das concessões rodoviárias de forma a atrair o capital privado sem causar um ônus excessivo ao Estado. No caso da BR-163, por se tratar de uma rodovia pioneira, os riscos de tráfego são significativos, e, portanto, alguma forma de mitigação de riscos por parte do governo se torna necessária. Dentre as diversas alternativas existentes optou-se por modelar os efeitos sobre a concessão de uma garantia de tráfego mínimo, e possivelmente, determinar qual seria o nível ótimo dessa garantia. Essa garantia dará ao concessionário a opção de recorrer ao poder público para se ressarcir de perdas de receita toda vez que o tráfego observado na rodovia for menor do que um nível pré-determinado. O valor dessas garantias não pode ser determinado através dos métodos tradicionais de avaliação de projetos, portanto, torna-se necessário recorrer a outras ferramentas existentes, como a avaliação pela Teoria das Opções Reais. A análise por opções reais permitirá a determinação dos instrumentos mais adequados para a redução dos riscos do projeto e envolverá uma modelagem híbrida para a concessão privada da rodovia, utilizando os fundamentos das concessões convencionais, das PPPs e do Project Finance, como forma de tornar a rodovia atraente para a iniciativa privada. Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 15 Luiz Eduardo Teixeira Brandão 1.5 Marcus Vinicius Quintella Cury Justificativa Devido ao pioneirismo da BR-163, os riscos associados às previsões das receitas de pedágio podem ser considerados incomuns, em comparação às concessões já consolidadas no Brasil. O principal motivo disso é que as demandas de tráfego para a BR-163 foram definidas com base em estudos econômicos e estimativas de especialistas, e não em função de séries históricas de tráfego e em contagem de tráfego nas rodovias em operação, porque tais métodos não são aplicáveis neste caso. Assim sendo, o presente trabalho justifica-se pela necessidade de incorporar ao estudo de viabilidade econômica desenvolvido pelo IME uma análise do impacto que possíveis garantias governamentais poderiam ter sobre o risco, valor e viabilidade econômica da concessão. Como foi abordado anteriormente, a atratividade financeira da concessão da BR-163, sob o ponto de vista privado, tem como ponto principal a análise de risco das previsões de tráfego, em virtude da grande dose de subjetividade e de suposições contidas no estudo do IME. Outro argumento que justifica o presente trabalho é o interesse do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES, única fonte de financiamento de projetos de grande porte do país, na concessão da BR-163, já que, certamente, a iniciativa privada recorrerá ao próprio BNDES para conseguir o financiamento necessário para a construção e recuperação da rodovia em questão. Ao BNDES também interessa conhecer os riscos da concessão, pois o repagamento do empréstimo dependerá fundamentalmente da capacidade financeira do fluxo de caixa do tomador, durante todo o prazo da concessão. Em última análise, existe o consenso quanto à importância estratégica da BR163 para a economia brasileira, especialmente no caso do escoamento da produção da soja, e quanto mais aprofundados forem os estudos de viabilidade financeira da concessão mais tranqüilidade para todos os intervenientes no projeto: o poder concedente, o parceiro privado, o BNDES e a sociedade como um todo. Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 16 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury 2- Modelagem Tradicional de Concessões Rodoviárias 2.1 Considerações Gerais O processo de implantação do programa de concessões de rodovias federais brasileiras iniciou-se em 1995, com a concessão de 856 km de rodovias federais por meio de licitação de cinco trechos que já haviam sido pedagiados diretamente pelo próprio Ministério dos Transportes. Paralelamente, eram realizados estudos para identificar outros segmentos considerados técnica e economicamente viáveis para inclusão no referido programa. Inicialmente, foram analisados 17.247 km de rodovias, dos quais 10.379 km foram considerados viáveis para concessão total e 6.868 km viáveis somente para a concessão dos serviços de manutenção. (ANTT, 2003) Concessão e privatização são palavras cujos cernes possuem um aspecto comum, que é a transferência de bens públicos a agentes da iniciativa privada. Todavia, existe uma diferença semântica, baseada na duração da posse do bem em questão. Desse modo, na privatização, o bem público é vendido e transferido em caráter definitivo para uma ou mais empresas privadas, enquanto que a concessão implica na transferência do bem por tempo determinado, após o qual o bem público volta a ser responsabilidade do poder público. Ele continua sendo um patrimônio público, mas sob a responsabilidade da iniciativa privada durante esse período. (Cury e Veiga, 2003). No Brasil, dada a sua grande extensão territorial e às crescentes necessidades de melhoramentos e de expansão da malha rodoviária do país, é grande a necessidade de formas de financiamentos, em virtude do poder público ter perdido sua capacidade financiadora. Por outro lado, dado que investimentos em infra-estrutura rodoviária são tipicamente de longo prazo de maturação para o investidor privado, estes investimentos apresentam consideráveis riscos econômicos, decorrentes da incerteza quanto ao volume de tráfego futuro na rodovia. Na modelagem tradicional de concessões rodoviárias, quaisquer variações em torno do valor esperado do tráfego futuro são de responsabilidade e devem ser arcados pelo concessionário. Embora isso possa representar um nível de risco Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 17 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury aceitável para rodovias que atravessam áreas relativamente já desenvolvidas e, portanto, de estimativa mais simples, para o caso de rodovias pioneiras ou estratégicas, o risco de tráfego pode ser tornar excessivo a ponto de inviabilizar a participação da iniciativa privada. Nesse caso, a participação do estado como parceiro do ente privado e elemento de redução de risco através de alguma forma de garantia de receita torna-se necessária, assim como uma modelagem apropriada que leve em consideração o fato de que a operação da concessão num ambiente de incerteza pode ser realizada com alguma flexibilidade operacional que pode afetar significativamente o valor do projeto e a necessidade de garantias do poder público. De um modo geral, existem três possibilidades de se financiar a construção e a operação de rodovias no país, que envolvem, em todos os casos, a associação entre a iniciativa privada e o Estado. As três formas de financiamento citadas são as concessões privadas, as parcerias público-privadas e o project finance, cujas principais características encontram-se descritas abaixo. 2.2 Concessões Privadas Há cerca de dez anos, surgiu no Brasil uma nova maneira para se organizar e gerenciar a infra-estrutura de transportes, seja ela de propriedade pública, privada ou mista: as concessões. Na realidade, nas concessões, a propriedade da rodovia é separada de sua operação. Atualmente, existem várias modalidades de concessão, que abordam desde a posse e/ou operação apenas pública, até às concessões puramente privadas. As concessões podem existir sob diferentes desenhos, desde aquelas que envolvem a concessão total, ou seja, o bem não retorna à propriedade do Estado, o chamado BOO (Buy, Own, Operate), até aos contratos de concessão para o ente privado atuar em nome do Poder Público, sendo por ele remunerado, sem cobrança de tarifas (Régie Interessée). No Brasil, quase todas as concessões se enquadram no sistema MOT (Modernization, Operate and Transfer), onde o Estado concede um ativo existente ao setor privado, exige a realização de melhorias e investimentos, em geral de recuperação e, firma um contrato de operação privada. Em alguns casos o sistema se mistura com o BOT (Build, Operate and Transfer), ficando o concessionário com a responsabilidade de construir trechos novos ou ampliar os existentes. Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 18 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury As concessões podem ser dos seguintes tipos: gratuitas, subsidiadas e onerosas. No tipo gratuito, não haverá cobrança de outorga ao concessionário privado, mas haverá a cobrança de pedágio. No tipo subsidiado, o poder concedente complementa um valor ao pedágio cobrado pelo concessionário, para tornar viável a concessão, visto que o fluxo de tráfego não é suficiente. No último tipo, o oneroso, o concessionário privado cobra pedágio e paga ao poder concedente uma outorga pela utilização da concessão. Existe ainda um quarto tipo, não utilizado no Brasil, que é a concessão sem custo para o utilizador, ou seja, não há cobrança de pedágio, mas o concessionário privado recebe do poder concedente um subsídio para operar a rodovia. No Brasil, para regulamentar as concessões privadas, foi promulgada a a Lei 8.987, de 13/02/1995, que dispõe sobre o regime de concessão e permissão da prestação de serviços públicos previsto no art. 175 da Constituição Federal. A lei estabelece que, através de contrato, os capitais privados prestarão serviços públicos em nome do Estado, explorando bens que, ao final de um período, serão revertidos ao poder público. Foi criada, assim, uma alternativa concreta aos investimentos estatais, que desde o início da década de 80 estavam insuficientes. Em resumo, a Lei 8.987/95 trata da concessão de serviço público, precedida da execução de obra pública, ou seja, construção, total ou parcial, conservação, reforma, ampliação ou melhoramento de quaisquer obras de interesse público, delegada pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para a sua realização, por sua conta e risco, de forma que o investimento da concessionária seja remunerado e amortizado mediante a exploração do serviço ou da obra por prazo determinado. Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço adequado ao pleno atendimento dos usuários, conforme estabelecido na Lei 8.987/95, nas normas pertinentes e no respectivo contrato. Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas. A atualidade compreende a modernidade das técnicas, do equipamento e das instalações e a sua conservação, bem como a melhoria e expansão do serviço. No que tange à política tarifária, a Lei 8.987/95 preconiza que a tarifa do serviço público concedido será fixada pelo preço da proposta vencedora da licitação Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 19 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury e preservada pelas regras de revisão previstas nesta lei, no edital e no contrato. No atendimento às peculiaridades de cada serviço público, poderá o poder concedente prever, em favor da concessionária, no edital de licitação, a possibilidade de outras fontes provenientes de receitas alternativas, complementares, acessórias ou de projetos associados, com ou sem exclusividade, com vistas a favorecer a modicidade das tarifas. A Lei 8.987/95 prevê que, nos contratos de financiamento, as concessionárias poderão oferecer em garantia os direitos emergentes da concessão, até o limite que não comprometa a operacionalização e a continuidade da prestação do serviço. Os casos em que o organismo financiador for instituição financeira pública, deverão ser exigidas outras garantias da concessionária para viabilização do financiamento. No que concerne ao julgamento da licitação para escolha da concessionária, a Lei 8.987/95 considera os critérios do menor valor da tarifa do serviço público a ser prestado, da maior oferta, nos casos de pagamento ao poder concedente pela outorga de concessão, ou a combinação de ambos os critérios citados. 2.4 Parcerias Público - Privadas O setor privado é um parceiro que, em razão de sua experiência e recursos financeiros, deve ser privilegiado tanto no que se refere ao financiamento quanto à realização e à gestão direta e delegada de missões de serviços públicos. Dentro do contexto atual de rigor orçamentário, o interesse do recurso às Parcerias PúblicoPrivadas (PPPs) parece primordial. As PPPs apresentam diversas vantagens reconhecidas a serem exploradas pelo setor público, como a possibilidade de se levantar um financiamento adicional em um ambiente de restrições orçamentárias, fazer o melhor uso da eficiência operacional do setor privado para reduzir os custos e aumentar a qualidade para o público, além da capacidade de acelerar o desenvolvimento de infra-estrutura. As características positivas dos arranjos de PPPs no desenvolvimento de infra-estrutura parecem particularmente atraentes para o caso brasileiro, em razão das enormes necessidades financeiras, as grandes deficiências de financiamento, a necessidade de serviços públicos eficientes, a crescente estabilidade de mercado e tendência de privatização, que criam um ambiente favorável ao investimento privado. Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 20 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury Os arranjos das PPPs surgem de várias formas e constituem ainda um conceito em evolução, que deve ser adaptado às necessidades e características individuais de cada projeto e de cada parceiro. As PPPs bem-sucedidas requerem legislação e estrutura de controle eficientes e que cada parceiro reconheça os objetivos e as necessidades do outro. Embora os benefícios das parcerias em PPPs com o setor privado sejam claros, tais relacionamentos não devem ser encarados como o único curso de ação possível que, com efeito, seja complexo para projetar, implementar e operar. Dessa forma, as PPPs devem ser cuidadosamente avaliadas no contexto do projeto, do benefício público e dos ganhos relativos a serem obtidos nas diferentes abordagens. Além disso, as características nacionais, situações macroeconômicas específicas e a estrutura política local devem permitir e facilitar as PPPs. No Brasil, a deficiência histórica de infra-estrutura em vários segmentos criou gargalos para a produção e o transporte de mercadorias. Além disso, em função da redução do espaço orçamentário para o investimento público direto e a reconhecida ineficiência do setor público para mobilizar recursos para o investimento, surgiu o mecanismo de Parceria Público - Privada. Conhecido pela sigla PPP, este instrumento é uma nova categoria de contratos públicos em que o Poder Público define o que quer em termos de serviços públicos, e o parceiro privado diz como e a que preço poderá atuar. A definição da qualidade desejada dos serviços passa a ser muito importante, assim como a escolha da tecnologia e do momento do investimento, que passa a ser uma atribuição do parceiro privado. Trata-se de uma forma de se compartilhar riscos de forma economicamente mais eficiente. Assim sendo, depois de longas e amplas discussões sobre a regulamentação da cooperação entre os setores público e privado para o desenvolvimento e a operação de infra-estrutura, foi promulgada, no final de 2004, a Lei das Parcerias Público-Privadas (PPPs), Lei 11.079, de 30/12/04, para suprir a limitação dos recursos públicos para cobrir as necessidades de investimentos e também para ensejar esforços para se ampliar a qualidade e a eficiência dos serviços públicos. Embora as PPPs possam apresentar diversas vantagens, cabe ressaltar que essas parcerias são complexas para planejar, implementar e administrar, e, além disso, não devem constituir a opção preferencial, devendo ser considerada como um Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 21 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury mecanismo de financiamento que poderá gerar valor adicional em comparação a outras abordagens. A Lei das PPPs, Lei 11.079, de 30/12/04, institui normas gerais para licitação e contratação de parceria público-privada no âmbito dos poderes da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, e se aplica aos órgãos da Administração Pública direta, aos fundos especiais, às autarquias, às fundações públicas, às empresas públicas, às sociedades de economia mista e às demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Por definição, parceria público-privada é o contrato administrativo de concessão, na modalidade patrocinada ou administrativa. Concessão patrocinada é a concessão de serviços públicos ou de obras públicas de que trata a Lei das Concessões, quando envolver, adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado. Concessão administrativa é o contrato de prestação de serviços de que a Administração Pública seja a usuária direta ou indireta, ainda que envolva execução de obra ou fornecimento e instalação de bens. Não constitui parceria público-privada a concessão comum, assim entendida a concessão de serviços públicos ou de obras públicas de que trata a Lei das Concessões, quando não envolver contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado. Segundo a Lei das PPPs, na contratação de parceria público-privada são fundamentais os seguintes aspectos: (a) eficiência no cumprimento das missões de Estado e no emprego dos recursos da sociedade; (b) respeito aos interesses e direitos dos destinatários dos serviços e dos entes privados incumbidos da sua execução; (c) indelegabilidade das funções de regulação, jurisdicional, do exercício do poder de polícia e de outras atividades exclusivas do Estado; (d) responsabilidade fiscal na celebração e execução das parcerias; (e) transparência dos procedimentos e das decisões; (f) repartição objetiva de riscos entre as partes; e (g) sustentabilidade financeira e vantagens socioeconômicas dos projetos de parceria. Um ponto a ser ressaltado para o caso das PPPs em rodovias, é que a Lei das PPPs permite que o contrato preveja o pagamento ao parceiro privado de remuneração variável vinculada ao seu desempenho, conforme metas e padrões de Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 22 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury qualidade e disponibilidade definidos no contrato. Entretanto, a contraprestação da Administração Pública será obrigatoriamente precedida da disponibilização do serviço objeto do contrato de parceria público-privada. As obrigações pecuniárias contraídas pela Administração Pública em contrato de parceria público-privada poderão ser garantidas mediante vinculação de receitas, instituição ou utilização de fundos especiais previstos em lei e contratação de seguro-garantia com as companhias seguradoras que não sejam controladas pelo Poder Público. Além disso, podem ser também garantidos por organismos internacionais ou instituições financeiras que não sejam controladas pelo Poder Público, garantias prestadas por fundo garantidor ou empresa estatal criada para essa finalidade e por outros mecanismos admitidos em lei. A Lei das PPPs impõe, antes da celebração do contrato de parceria, a constituição de uma sociedade de propósito específico (SPE), incumbida de implantar e gerir o objeto da parceria. A SPE deverá obedecer aos bons padrões de governança corporativa e adotar contabilidade e demonstrações financeiras padronizadas, conforme regulamento. Além disso, a contratação de parceria públicoprivada será precedida de licitação na modalidade de concorrência, estando a abertura do processo licitatório condicionada a: autorização da autoridade competente, fundamentada em estudo técnico que demonstre a conveniência e a oportunidade da contratação, mediante identificação das razões que justifiquem a opção pela forma de parceria público-privada. As concessões patrocinadas, em que mais de 70% da remuneração do parceiro privado for paga pela Administração Pública, dependerão de autorização legislativa específica. O edital deverá especificar, quando houver, as garantias da contraprestação do parceiro público a serem concedidas ao parceiro privado. O certame para a contratação de parcerias público-privadas obedecerá ao procedimento previsto na legislação vigente sobre licitações e contratos administrativos e o julgamento poderá adotar como critérios, além dos previstos na Lei das Concessões, os seguintes: o menor valor da contraprestação a ser paga pela Administração Pública e a melhor proposta em razão da combinação do critério do menor valor a com o de melhor proposta técnica, de acordo com os pesos estabelecidos no edital. Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 23 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury As operações de crédito efetuadas por empresas públicas ou sociedades de economia mista controladas pela União, como o BNDES, por exemplo, não poderão exceder a 70% do total das fontes de recursos financeiros da sociedade de propósito específico. Nas áreas das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, onde o Índice de Desenvolvimento Humano – IDH seja inferior à média nacional, essa participação não poderá exceder a 80%. A Lei das PPPs mostra claramente que o Poder Concedente deverá compartilhar riscos com os operadores privados, ao contrário do que estabelece a Lei das Concessões, que transfere o risco para o concessionário. Assim, a Lei das PPPs proporciona a possibilidade de se estabelecer uma matriz de risco para orientar os contratos de concessão, com uma nova divisão de riscos entre o Poder Público e o parceiro privado. Desta forma, os contratos ficarão mais flexíveis e poderão incorporar variações de risco ao longo da vida das concessões. Outrossim, os pagamentos pelos serviços prestados poderão, a partir de agora, ser proporcionais e variáveis, conforme o desempenho da concessão, e a definição e o controle da qualidade passam a ser fundamentais. A Lei das PPPs permite a contratação de projetos de interesse público, que não teriam atratividade para a iniciativa privada, sem uma complementação tarifária ou sem um apoio do governo para a obtenção do financiamento. Com isso, haverá sustentação jurídica para o subsídio. Em resumo, a Lei das PPPs incentiva o parceiro privado a obter mais criatividade, competência e menor custo na fase de projeto e construção, uma vez que o sucesso da operação, que será do próprio parceiro privado, estará vinculado à forma que foi concebido o empreendimento. 2.3 Project Finance O project finance pode ser definido como a captação de recursos para financiar um projeto de investimento de capital economicamente separável, no qual os provedores de recursos vêem o fluxo de caixa vindo do projeto como fonte primária de recursos para atender ao serviço de seus empréstimos e fornecer o retorno sobre seu capital investido no projeto. Os prazos de vencimento da dívida e dos títulos patrimoniais são projetados sob medida para as características do fluxo de caixa do projeto. Para sua garantia, os títulos da dívida do projeto dependem, ao Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 24 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury menos parcialmente, da lucratividade do mesmo e do valor de seus ativos. Tais ativos têm sido financiados com base em projetos de oleodutos, gasodutos, refinarias, hidrelétricas, portos, rodovias, ferrovias e minas. O project finance é uma forma de engenharia financeira que como base de sustentação o fluxo de caixa de um projeto, cujos ativos futuros desse projeto e os recebíveis ao longo da operação servem como garantia contratual. No caso das concessões rodoviárias, a sustentação do fluxo de caixa do projeto seria dada pela demanda de usuários atual, futuro e gerado pela rodovia e os recebíveis seriam as receitas de pedágio. O project finance, conhecido também por project financing, é um instrumento de financiamento de projeto, direcionado pelo contrato, com certeza de fluxo de caixa e clara alocação dos riscos. Em outras palavras, é um conceito de financiamento pleno ou limitado, não subvencionado, que se fundamenta nos méritos de um projeto e não no crédito do promotor do projeto. Deve-se distinguir o project finance do financiamento direto convencional ou daquilo que poderia ser denominado financiamento com base no crédito geral da empresa. No que diz respeito ao financiamento direto convencional, os credores de uma empresa contam com o total da carteira de ativos da mesma para a geração de fluxo de caixa para o serviço de seus empréstimos. Os ativos e seu financiamento são integrados às carteiras de ativos e passivos da empresa. Freqüentemente, tais empréstimos não são respaldados por qualquer garantia. A característica fundamental que distingue o project finance dos demais financiamentos é que o projeto é uma entidade jurídica distinta; ativos do projeto, contratos a ele relacionados e o fluxo de caixa do mesmo são segregados em grau substancial da entidade patrocinadora. A estrutura de financiamento é projetada de forma a alocar retornos financeiros e riscos com maior eficiência do que a estrutura do financiamento convencional. No project finance, os patrocinadores fornecem, na maioria dos casos, direitos de regresso limitados aos fluxos de caixa de seus demais ativos que não fazem parte do projeto. Além disso, normalmente oferecem os ativos do projeto, mas nenhum dos demais ativos, para garantir empréstimos ao mesmo. O project finance é uma evolução conceitual, ou seja, uma questão de arquitetura e engenharia financeira, que parte do esquema tradicional de crédito Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 25 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury (corporate financing), com garantias hipotecárias reais, chegando ao limited recourse project financing, com garantias presumidas pelo fluxo de caixa e com minimização e proteção aos riscos. No project finance, o risco é o próprio projeto. Portanto, project finance é a arte de distribuir riscos. O termo project finance é amplamente mal empregado e talvez ainda mais mal compreendido. Para esclarecer a definição, é importante compreender o que o termo não significa. Project finance não é um meio de financiar um projeto que não possa ser financiado em bases convencionais. Um project finance requer uma cuidadosa engenharia financeira para alocar os riscos e retornos entre as partes envolvidas, de forma que sejam mutuamente aceitáveis. O project finance é um instrumento conceitualmente simples, mas de realização altamente complexa. A disponibilidade de recursos para um projeto dependerá da capacidade do patrocinador convencer os provedores de recursos de que o projeto é tecnica e economicamente viável. Os credores devem ser convencidos de que os processos tecnológicos são viáveis para sua aplicação comercial na escala pretendida. Em resumo, a viabilidade técnica deve ser comprovada e, geralmente, os credores exigem opiniões de consultores de engenharia independentes. Por outro lado, existe também a necessidade da comprovação da viabilidade econômica do projeto. Assim, a capacidade de um projeto em operar com sucesso e gerar um fluxo de caixa é preocupação primordial para os credores prospectivos. Esses provedores de recursos financeiros devem estar convencidos de que o projeto irá gerar um fluxo de caixa suficiente para cobrir o serviço da dívida do projeto e oferecer uma taxa de retorno sobre o capital investido, adequado aos investidores de capital. O project finance envolve o levantamento de recursos financeiros para o financiamento de um projeto de investimento de capital economicamente separável, através da emissão de títulos (ou de empréstimos bancários), que têm por finalidade serem servidos e resgatados exclusivamente pelo fluxo de caixa do projeto. Os prazos de vencimento da dívida e dos títulos patrimoniais são estabelecidos sob medida para as características do projeto. Para sua garantia, os títulos de dívida do projeto dependem, ao menos em parte, da lucratividade e do valor de garantia dos ativos do projeto. Dependendo da lucratividade do projeto e da proporção de Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 26 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury financiamento da dívida desejada, fontes adicionais de suporte de crédito podem ser necessárias. Para que um projeto obtenha financiamento como entidade econômica separada, os relacionamentos entre os participantes devem ser discriminados em contratos detalhados. Deve-se exigir que o projeto tenha “fontes de suporte de crédito” na forma de contratos de compra de produção do projeto e/ou de fornecimento dos insumos necessários a custos controlados. Os patrocinadores do projeto tipicamente não dão garantia do pagamento da dívida do projeto, de forma que partes com credibilidade creditícia devem fornecer suporte através de instrumentos contratuais adequados. Optar por um project finance, em vez de financiamento direto convencional, envolve escolher uma forma organizacional que difere da corporação tradicional em dois aspectos fundamentais: (a) O projeto tem uma vida finita. Portanto, a entidade jurídica proprietária do projeto também tem. A identidade daquela entidade é definida pelo projeto, dando origem a uma empresa de propósito específico (special purpose company - SPC). Em contrapartida, uma corporação tradicional não tem vida limitada. (b) A entidade-projeto distribui os fluxos de caixa do projeto diretamente para os credores e investidores de capital do projeto. Numa corporação tradicional, os gerentes corporativos podem reter o fluxo de caixa líquido proveniente de projetos lucrativos e reinvestí-lo em outros projetos da escolha da própria gerência. Num verdadeiro project finance, os investidores de capital recebem o fluxo de caixa líquido e eles mesmos tomam a decisão de reinvestimento. A estrutura contratual de um project finance pode ser representada conforme mostrado na Figura 3. O centro da estrutura é a special purpose company (SPC), que é a empresa constituída com o único propósito de administrar o projeto. A SPC também tem a função de contratar os empréstimos para financiar o projeto. Os principais agentes de um Project finance são: Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 27 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury • Sponsors: São os promotores do project finance e sócios da SPC. Geralmente, os sponsors incluem as várias empresas que têm interesse no projeto, como, por exemplo, o construtor, o operador, o fornecedor etc. • Poder concedente: É aquele que possui os ativos da concessão e controla a exploração da concessão pela concessionária. • Lenders: São os financiadores do project finance, que podem ser: (a) as agências multilaterais, tais como o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento; (b) os bancos comerciais e de desenvolvimento, como o BNDES; (c) as export credit agencies, que são empresas financeiras estrangeiras que fornecem empréstimos para financiar exportações, tais como o Eximbank-Japão, o Eximbank-EUA, a COFACE-França e a SACE-Itália. • Construtor: Deve ser uma empresa com grande experiência no setor, já que é a ele a alocação da maior parte do risco de construção. • Operador: Como no caso do construtor, deve ter experiência o bastante para minimizar o risco da operação. O contrato de concessão é a base do projeto e define o serviço concedido e seu preço, os quais têm um impacto determinante sobre a rentabilidade do projeto, bem como a alocação dos riscos entre a SPC, os usuários e o poder concedente. Ademais, o contrato de concessão deve permitir que os bancos possuam garantias efetivas na concessão e deve ser coerente com o mercado, considerando o preço que os usuários podem pagar e os hábitos da população. O contrato de construção deve incluir um preço fixo, uma data certa para o fim das obras, multas para atraso e um teste de conclusão da obra. O contrato de operação deve ter um preço fixo, indexado da mesma maneira que as receitas. A documentação financeira é o conjunto de todos os contratos a serem firmados entre os lenders e a SPC e/ou os sponsors. O documento central é o contrato de crédito, entre os lenders e a SPC, que descreve as modalidades do financiamento, define as situações de inadimplemento, põe restrições sobre a utilização do fluxo de caixa da SPC e limita as decisões que o projeto pode tomar Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 28 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury sem o acordo dos bancos. Geralmente, o pacote de garantias se materializa em vários outros contratos entre os lenders e os sponsors. O shareholders' agreement é um conjunto de contratos entre os sponsors e a SPC. No funding agreement, os sponsors se comprometem a aplicar capital próprio na SPC, definido no contrato, e a injetar capital próprio adicional que seja suficiente para acabar as obras, se houver uma falta de caixa durante a construção. No share retention agreement, os sponsors aceitam não mudar a estrutura de acionistas, antes do reembolso da dívida, sem o acordo dos lenders. Figura 3 Estrutura de um Project Finance O project finance deve ser utilizado quando puder oferecer um custo de capital, após o pagamento de impostos, mais baixo do que o financiamento convencional. Num caso extremo, o crédito dos patrocinadores pode ser tão fraco que seja incapaz de obter recursos suficientes para financiar um projeto a custo razoável, por si só. O project finance poderá, então, oferecer o único meio viável para o financiamento do projeto. As principais vantagens do project finance podem resumidas conforme segue: (a) oferece taxas de retorno sobre o investimento bem acima do normal; (b) permite o compartilhamento dos riscos do projeto através, por exemplo, de uma joint venture; (c) permite ao patrocinador de um projeto financiá-lo com base no crédito Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 29 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury de terceiros, que, freqüentemente, é o comprador da produção do projeto; (d) permite, dependendo do caso, custos gerais de recursos financeiros mais baixos; (e) permite a distribuição do fluxo de caixa líquido do projeto aos investidores de capital do projeto. O project finance não levará necessariamente a um menor custo de capital em todas as circunstância. Os project finance são onerosos ao serem montados e os custos podem sobrepujar as vantagens relacionadas anteriormente. As mais importantes desvantagens do project finance são: (a) alta complexidade em sua estruturação, pois envolve um conjunto de contratos que deve ser negociado por todas as partes de um projeto; (b) suporte de crédito indireto, já que este é proveniente de compromissos contratuais em vez da promessa direta de pagamento; (c) devido à sua maior complexidade, envolve custos de transação mais elevados do que os financiamentos convencionais comparáveis. A obtenção do financiamento necessário para suportar o custo de elaboração de um projeto requer que se convençam os credores prospectivos de longo prazo (e os investidores de capital externos prospectivos, se houver) quanto à viabilidade técnica e financeira e à capacidade de obtenção de crédito para o projeto. Os investidores se preocupam com todos os riscos envolvidos em um projeto, com quem assumirá cada um deles e se seus retornos serão suficientes para compensálos pelos riscos que lhes estão sendo solicitados assumir. Tanto os patrocinadores quanto seu assessor financeiro devem estar plenamente familiarizados com os aspectos técnicos do projeto e os riscos envolvidos, e deverão avaliar, de forma independente, os aspectos econômicos do projeto e a capacidade em atender ao serviço dos empréstimos a ele relacionados. Antes do início da construção, deve ser realizada o estudo de viabilidade técnica do projeto, para verificar os processos tecnológicos e o projeto da instalação proposta. O projeto e a viabilidade técnica de uma instalação podem ser influenciados por fatores ambientais que podem vir a afetar sua construção e operação. Além disso, existe ainda a necessidade do estudo de viabilidade econômica, cuja questão principal é se o valor presente líquido (VPL) esperado do projeto é positivo. Todos os fatores que possam afetar os fluxos de caixa do projeto são importantes ao se fazer essa determinação. O consultor financeiro do projeto Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 30 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury elabora um plano financeiro básico e, então, avalia a sensibilidade da lucratividade do projeto e da taxa de retorno sobre o capital dos investidores, sob diferentes contingências. Devem ser utilizados modelos computacionais para a realização de análises de sensibilidade, de simulações de risco e de determinação do break even point do projeto. A lucratividade esperada de um projeto representa a principal fonte de recursos financeiros para o serviço da dívida do projeto e oferece uma taxa de retorno adequada aos investidores de capital do projeto. Um aspecto crítico da engenharia financeira de um projeto de grande porte envolve a identificação e mensuração de todos os riscos significativos do projeto e a elaboração de dispositivos contratuais para alocar esses riscos (entre as partes dispostas a assumí-los) ao custo final mais baixo possível para o projeto. Os arranjos de garantias são elaborados de forma a fortalecer a força do crédito de um projeto. Na verdade, aumentam a proporção do custo de construção de um projeto que possa ser financiada com empréstimos tomados pelo projeto. Os arranjos de garantia recaem em duas categorias gerais: (a) os que asseguram a conclusão do projeto (ou então a quitação total da dívida do projeto) e (b) os que asseguram o pagamento pontual do serviço da dívida após a construção do projeto. Os arranjos de garantias de um projeto são elaborados de forma a se adequarem às características econômicas do projeto e às preferências de risco e retorno das várias partes associadas ao projeto. Tomam a forma de obrigações contratuais que alocam os riscos do projeto além de retornos financeiros. As tolerâncias dos credores ao risco e suas preferências em relação a empréstimos mudam com o tempo. O modelo de capacidade de endividamento é suficientemente geral para abranger qualquer conjunto específico de restrições impostas por credores, através da modificação adequada dos parâmetros do modelo. A engenharia financeira de projetos requer o exame de todas as fontes prováveis de dívida e capital, não apenas das tradicionais, para que se possa determinar quais os mercados que podem oferecer os recursos necessários em condições aceitáveis, ao menor custo possível. O project finance poderá constituir uma estratégia atraente para as concessões rodoviárias quando (a) o projeto for capaz de se sustentar por si, como Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 31 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury unidade econômica independente; (b) a(s) empresa(s) patrocinadora(s) for(em) sensível(eis) à exposição ao risco do projeto; (c) a(s) empresa(s) patrocinadora(s) for(em) sensível(eis) à utilização de sua capacidade de assumir dívida para dar suporte ao projeto; e (d) a(s) empresa(s) patrocinador(as) deseje(m) manter o controle operacional do projeto e esteja(m) disposta(s) a aceitar os complexos dispositivos contratuais e o estreito monitoramento exigidos pelo project finance. 2.5 Fluxo de Caixa Descontado Um projeto de concessão rodoviária normalmente envolve investimentos de grande monta e seus patrocinadores devem avaliar os fluxos de caixa futuros esperados para que possam conhecer sua viabilidade financeira. Para isso, existe a consensual técnica do Fluxo de Caixa Descontado - FCD para facilitar o processo de avaliação. O objetivo é encontrar projetos que valham mais para os patrocinadores do que custam, ou seja, projetos que tenham um Valor Presente Líquido - VPL positivo. (Cury, 1997) A avaliação de um projeto de concessão rodoviária é semelhante à decisão de investimento de projetos empresariais. Os passos são os mesmos: (a) estimar os fluxos de caixa futuros esperados para o projeto; (b) avaliar o risco e determinar uma taxa de retorno exigida (custo de capital) para o desconto dos fluxos de caixa futuros esperados; (c) calcular o valor presente dos fluxos de caixa futuros esperados; e (d) determinar o custo do projeto e compará-lo a seu valor, avaliando se o VPL é positivo. A análise do Fluxo de Caixa Descontado desempenha um papel importante em todos os mecanismos citados anteriormente. Um projeto não pode ser financiado com base em projeto, ou em qualquer outra base, a não ser que se espere que seja lucrativo. A análise de Fluxo de Caixa Descontado é crucial na determinação da lucratividade esperada de um projeto. No Brasil, as principais concessões rodoviárias celebradas na última década têm sido analisadas exclusivamente através da metodologia tradicional de Fluxo de Caixa Descontado, tanto por parte do poder concedente quanto por parte das concessionárias privadas. Desta forma, os riscos do projeto são levados em consideração na forma de uma taxa de desconto mais elevada e o valor da Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 32 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury flexibilidade das principais variáveis projeto são desconsideradas, tais como o valor da tarifa e a demanda de tráfego. Por outro lado, o método do Fluxo de Caixa Descontado não captura o valor das flexibilidades inerentes a alguns tipos de projetos, pois considera que os dados do projeto são determinísticos. Desta forma, o modelo do Fluxo de Caixa Descontado ignora, por exemplo, a opção que o concessionário tem para expandir o projeto caso o fluxo de tráfego seja significativamente maior do que o esperado, e a opção de abandonar a concessão, devolvendo o projeto ao governo, no caso dos fluxos resultarem insuficientes. Embora a opção de abandono não esteja explicitamente definida nos contratos de concessão, ela está implícita em qualquer contrato e será exercida sempre que a concessionária concluir que o ônus da continuação de um contrato deficitário será maior do que o ônus da sua rescisão. O primeiro trabalho no Brasil a analisar uma concessão rodoviária incorporando o valor das flexibilidades gerenciais existentes no contrato de concessão, que seja do conhecimento destes autores, foi Brandão (2000). Este trabalho utilizou a metodologia da Teoria das Opções Reais (TOR) para determinar o valor da concessão da Rodovia Presidente Dutra considerando a existência de opções de expansão e de abandono e incorporando o risco político. A conclusão deste trabalho é que a existência destas opções aumenta substancialmente o valor da concessão comparado aos métodos de valoração tradicionais como o fluxo de caixa descontado. A seguir, apresentaremos a fundamentação teórica da metodologia das Opções Reais que será aplicada neste trabalho, com o objetivo de incorporar às avaliações das concessões rodoviárias a possibilidade de valoração de situações como o abandono da concessão por não atingir a demanda prevista ou extensão do prazo da concessão para que os objetivos de recuperação dos investimentos possam efetivamente ocorrer. Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 33 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury 3- Avaliação Financeira Clássica da BR-163 3.1 Aspectos Gerais A avaliação financeira do projeto de concessão da rodovia BR-163, considerada no presente trabalho, foi realizada sob a ótica privada, ou seja, considerando-se o ponto de vista do agente empreendedor, com os preços dos fatores de produção avaliados com base em preços de mercado. A base de dados utilizada, especialmente aquela relativa às previsões de tráfego para o horizonte de estudo da concessão e o nível de trafego inicial, assim como os valores estimados para os investimentos, custos e despesas, entre outros, foram retirados do relatório final do Estudo de Viabilidade Técnica-Econômica – EVTE da BR-163, Nova Mutum-MT – Santarém-PA, desenvolvido pelo Instituto Militar de Engenharia – IME, através do Convênio n° PP-169/2003-00 com o Departamento Nacional de Infra-estrutura em Transportes – DNIT, disponível na Internet, no endereço eletrônico httt://dnit.ime.eb.br. Cabe ressaltar que não houve quaisquer modificações nas previsões de tráfego nem nos valores considerados na EVTE do IME neste trabalho. Foram realizados, no entanto, alguns ajustes conceituais nos cálculos dos veículos equivalentes e na montagem do fluxo de caixa, mais especificamente no que tange ao financiamento hipotético do BNDES, cujo valor financiado foi reduzido de 80% para 60% do investimento total no projeto, com o objetivo de melhor refletir o limite efetivo de endividamento da concessão. Algumas outras alterações foram procedidas no presente trabalho, devido a divergências de interpretações, sem, contudo, afetar significativamente os resultados do EVTE do IME. Desta forma, este capítulo apresenta a reprodução da EVTE do IME, com alguns ajustes conceituais e pequenas modificações na estrutura do fluxo de caixa, sem, contudo, modificar a base dados relativas às estimativas de tráfego, tarifas, custos, despesas e investimentos, como já foi colocado anteriormente. Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 34 Luiz Eduardo Teixeira Brandão 3.2 Marcus Vinicius Quintella Cury Característica do projeto de concessão A extensão total do trecho da rodovia BR-163, objeto deste trabalho, é de 1.569,63 km, integralmente em pista simples. Da extensão total, 975,17 km serão implantados e pavimentados, sob responsabilidade integral da iniciativa privada. O cenário de estudo é o mesmo do EVTE do IME, que considerou a concessão se estendendo de Nova Mutum-MT a Santarém-PA, incluindo o trecho da BR-230, que dá acesso ao porto de Miritituba-PA. Considerou-se como ano 0 da concessão o ano de 2007, sendo que a construção e pavimentação da rodovia levarão cerca de três anos. Dessa forma, as primeiras receitas operacionais com pedágio estão previstas para o ano 2, que corresponde ao ano de 2009. Não haverá cobrança de pedágio no ano 1 e, nos anos 2 e 3, a cobrança ocorrerá apenas em quatro praças de pedágio, representando 23% do fluxo total de veículos na rodovia nestes dois anos. A tarifa básica para o pedágio, adotada no presente trabalho, foi de R$ 7,60, que corresponde à menor tarifa considerada na EVTE do IME. O horizonte de estudo corresponde ao prazo contratual da concessão de 25 anos. Portanto, o estudo tem início no ano 2007 (ano 0) e término no ano 2032 (ano 25). 3.3 Fluxo de caixa da concessão Para a elaboração do fluxo de caixa da concessão, com horizonte de tempo de 25 anos, adotou-se a clássica convenção de fim de período, onde o valor resultante de todas as entradas e saídas de capitais de cada ano, bem como o dos investimentos, são considerados alocados no final desse mesmo ano. Outra convenção utilizada é que a geração do lucro e o desembolso para pagamento do respectivo imposto de renda estarão ocorrendo no mesmo ano. Não foi considerado nenhum beneficio de compensação fiscal resultante de um eventual prejuízo em algum ano particular do projeto. O fluxo de caixa foi elaborado em reais constantes, de dezembro de 2004, sem qualquer consideração de inflação, como é comum neste tipo de avaliação. Como taxa de retorno exigida para o capital próprio, também denominada de Taxa Mínima de Atratividade - TMA, foi adotada a taxa de juros real de 15% ao ano, Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 35 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury tal qual ao trabalho do IME. Em comparação com avaliações de projetos semelhantes, a taxa de desconto adotada pelo IME está razoável, visto que as TMAs no Brasil, em termos reais, oscilam entre 12% e 20% ao ano. Isto não exclui, no entanto, a possibilidade de que a taxa de desconto se modifique ao longo do tempo e que sofra alguns ajustes para diferentes níveis de risco de projetos alternativos. Para avaliar a viabilidade econômica do fluxo de caixa da concessão, foi utilizado o mesmo indicador do estudo do IME, o Valor Presente Líquido - VPL, considerado o critério mais rigoroso e isento de falhas técnicas e, de maneira geral, o melhor procedimento para avaliação de projetos. Como é sabido, o indicador do VPL equivale, no tempo zero, ao fluxo de caixa do projeto, calculado a uma determinada TMA, e deve ser positivo para que o projeto possa ser considerado viável. Na análise realizada com o método do VPL, todos os dados que participam do seu cálculo são estimativas ou previsões, pois o objetivo é a medição da potencialidade de uma idéia, na tentativa de se antecipar os possíveis bons resultados no futuro. Nessa análise, considera-se que o valor da TMA permanecerá constante durante a duração do projeto. O risco associado com a variabilidade do custo de capital pode ser analisado a partir de uma análise de sensibilidade do valor do VPL em função da taxa de juros, conforme será mostrado adiante. No presente trabalho, segundo os conceitos de finanças corporativas, o VPL positivo será interpretado como a potencialidade de riqueza a ser gerada pelo projeto, representado no ano zero a um valor equivalente a todo o fluxo de caixa. Em outras palavras, o VPL positivo indica que o projeto tem potencialidade para recuperar o capital investido, remunerar esse capital à taxa de retorno exigida e ainda gerar um excedente, denominado de riqueza do projeto. Assim como no estudo do IME, foi também utilizado o indicador da Taxa Interna de Retorno – TIR, que é a taxa de juros que torna o VPL do fluxo de caixa igual a zero, desde que haja receitas e investimentos envolvidos. Isoladamente, a TIR não tem qualquer significado prático, já que não indica qualquer criação de riqueza futura para o projeto de investimento em análise. Desta forma, a TIR precisa ser comparada à TMA. Além disso, a TIR somente deve ser recomendada quando o fluxo de caixa em análise apresentar os investimentos antecedendo os resultados Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 36 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury positivos, ou seja, fluxo de caixa convencional. Nestas condições, existe a garantia matemática da existência de uma TIR, o que não ocorre em fluxos de caixa não convencionais. Assim sendo, para que o fluxo de caixa seja considerado viável, há a necessidade da TIR ser maior que a TMA, cuja composição depende de vários fatores inerentes aos investidores, principalmente os riscos envolvidos e percebidos. Cabe ressaltar que fluxos de caixas não convencionais podem não produzir uma TIR ou mesmo produzir uma ou mais TIR, o que invalida a análise econômica. Outrossim, a TIR, isoladamente, não é uma medida de atratividade do investimento, não podendo ser usada diretamente como critério de seleção, ordenação ou viabilidade de oportunidades de investimentos, a não ser em casos específicos de projetos convencionais com mesmos investimentos, horizontes de tempos e taxas mínimas de oportunidades. (Cury, 1999) Em adição aos indicadores do VPL e da TIR, este estudo propõe a utilização de um outro indicador de lucratividade relativa, denominado de Taxa Interna de Retorno Modificada – TIRM, em decorrência da possibilidade de existência de fluxos de caixa não convencionais durante as simulações para a aplicação da teoria das opções reais. Matematicamente, a TIRM é a taxa média geométrica de juros de um fluxo de caixa, para o horizonte de tempo de 25 anos, encontrada entre o valor presente dos investimentos e o valor futuro das receitas líquidas do projeto, com utilização da taxa de juros que representa o custo do capital, ou seja, a TMA. A TIRM leva uma significativa vantagem sobre a TIR, visto que a TIRM pressupõe que os fluxos de caixa do projeto são reinvestidos a alguma taxa explícita, geralmente o custo de capital, enquanto a TIR pressupõe que os fluxos de caixa são reinvestidos à própria TIR, o que não é verdadeiro. Como a consideração do reinvestimento ao custo de capital é mais próxima da realidade, a TIRM é melhor indicador da verdadeira lucratividade do projeto e pode ser utilizado no caso de fluxos de caixa não convencionais. 3.3.1 Investimentos Os investimentos considerados pelo IME, no montante de R$ 1.026.173.000,00, compreendem a restauração dos trechos pavimentados Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 37 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury existentes e a implantação dos trechos não pavimentados. O cronograma de aplicação dos investimentos está apresentado na Tabela 5. 0 1 2 2007 2008 2009 257.779 322.223 340.636 Ano da Concessão Ano Calendário Primeira Fase 25.786 Edificações 10.594 Veículos Desp. Pré-Operac. 50.073 558 Investimento Inicial 307.852 359.161 920.638 25.786 17.925 Equipamentos Total 599 17.925 11.192 50.631 359.160 1.026.172 Tabela 5 Cronograma Físico Financeiro do Investimento Inicial 3.3.2 Manutenção e melhorias No estudo do IME, as intervenções periódicas de maior monta que serão executadas para restabelecer os parâmetros técnicos pré-estabelecidos, quando eles atingem os respectivos limiares mínimos, foram denominadas de manutenção e totalizam R$ 1.146.613.991,00. Nessas manutenções, que, na verdade, são investimentos de capital, estão caracterizadas as intervenções de grande monta após a implantação dos novos trechos e depois da recuperação geral da rodovia nos trechos já pavimentados por ocasião do início da concessão. Além disso, foram programadas melhorias para a rodovia, ao longo do período de concessão, no total de R$112.144.817,00 tecnicamente considerados investimentos de capital. 3.3.3 Receitas operacionais de pedágio O IME calculou as receitas por simulação, ao longo dos 25 anos do tráfego, por eixo de veículo da frota atribuída ao tráfego, de acordo com as pesquisas e a evolução estimada para a carga agrícola e carga geral, separadamente. A Tabela 6 mostra as receitas de pedágio estimadas ao longo da concessão, com pequenos ajustes realizados no cálculo dos veículos equivalentes, mantendo-se as projeções originalmente realizadas pelo IME. Nos anos 2009 e 2010, foram adotados redutores, em virtude do fato de que a cobrança dos pedágios ainda não estará ocorrendo em todas as praças de pedágio. A tarifa básica de pedágio adotada foi de R$ 7,60. Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 38 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Ano 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030 2031 2032 Marcus Vinicius Quintella Cury Tráfego anual em veículos equivalentes Receita anual em R$ (dez/2004) 0 22.350.410 24.278.705 57.491.515 61.306.678 64.826.920 68.094.948 71.165.875 72.170.538 73.202.028 74.270.748 75.348.410 76.440.855 77.600.643 78.776.855 80.003.803 81.259.950 82.569.205 83.902.550 85.315.100 86.723.453 88.219.405 89.769.743 91.369.173 93.031.383 0 169.863.116 184.518.158 436.935.514 465.930.749 492.684.592 517.521.601 540.860.650 548.496.085 556.335.409 564.457.681 572.647.916 580.950.498 589.764.883 598.704.098 608.028.899 617.575.620 627.525.958 637.659.380 648.394.760 659.098.239 670.467.478 682.250.043 694.405.711 707.038.507 Tabela 6 Receitas Esperadas do Pedágio 3.3.4 Tributos incidentes sobre as receitas Foram considerados os mesmos tributos do estudo do IME, incidentes diretamente sobre as receitas operacionais no total de 14,03%, distribuídos da seguinte forma: PIS (0,65%), COFINS (7%), ISS (5%), CPMF (0,38%) e ANTT (1%). 3.3.5 Custos e despesas operacionais Os custos referem-se à conservação da rodovia e as despesas operacionais englobam os salários e encargos de pessoal, os serviços terceirizados, os seguros etc. e também foram obtidos da base de dados do IME. 3.3.6 Depreciação de ativos e Imposto de Renda O estudo do IME considerou as seguintes taxas anuais de depreciação legais para os cálculos das depreciações: rodovia (4%), edificações (4%), equipamentos (10%), veículos (20%) e despesas pré-operacionais (4%). No presente trabalho, Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 39 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury foram realizados alguns ajustes nos cálculos das depreciações com relação aos investimentos, manutenção e melhorias capitalizados. A principal consideração é que a legislação atual permite que a totalidade dos investimentos na concessão sejam depreciados dentro do prazo contratual. Dessa forma, e também para efeito de simplificação, o montante dos investimentos líquidos a cada ano é depreciado pelo prazo restante da concessão. Quanto ao Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, foi utilizada a alíquota única de 34% sobre a base tributável. 3.3.7 Empréstimo do BNDES O EVTE do IME considerou um empréstimo do BNDES para a implantação da BR-163 de 80% dos investimentos totais. O presente trabalho adotou a premissa de que devido ao risco do projeto, o BNDES não colocará à disposição do concessionário privado tal percentual. Desta forma, a alavancagem financeira da concessão foi calculada com base num empréstimo de 60% dos investimentos iniciais, desembolsados na mesma proporção de sua aplicação. A taxa de juros, a carência e o prazo do empréstimo considerado pelo IME de 10% ao ano, 4 anos e 15 anos, respectivamente, foram mantidos. 3.3.8 Resultados e Análise de Sensibilidade O Anexo I mostra o fluxo de caixa determinístico da concessão, cujos indicadores de viabilidade financeira indicam que, para uma TMA de 15% a.a., o projeto oferece um VPL de R$ 332.776.341,00, uma TIR de 22,2% a.a. e uma TIRM de 17,9% a.a. Dado que existem incertezas a respeito das variáveis do projeto, analisamos a sensibilidade da concessão em relação às algumas das suas variáveis mais críticas. A primeira variável de interesse é a tarifa básica do pedágio, cujo valor adotado para o projeto é de R$ 7,60, por veiculo equivalente, sendo que a análise de sensibilidade desta variável está apresentada na Figura 5. Podemos observar que o valor do projeto é bastante sensível à tarifa do pedágio, sendo que o ponto de equilíbrio da tarifa é de R$ 5,79, ou seja, o projeto suporta uma redução tarifária máxima de 24%. Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 40 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury 800.000 600.000 VPL (15%) 400.000 200.000 0 4,00 5,00 6,00 7,00 8,00 9,00 10,00 (200.000) (400.000) Tarifa Básica do Pedágio Figura 4 Sensibilidade da Tarifa Básica de Pedágio Outra variável de interesse é a estimativa do tráfego inicial. Todas as projeções de tráfego futuro se baseiam na estimativa de trafego inicial da rodovia referenciado ao ano de 2004, que é de 89.964 veículos equivalentes diários. Cabe ressaltar que este não é o nível de trafego observado na rodovia naquele ano, mas o volume de trafego inicial estimado pelo estudo do IME para o ano de 2007, que foi regredido a 2004 a uma taxa de 2,8% a.a. A utilização do ano base de 2004 não tem nenhum impacto sobre a análise determinística apresentada neste capítulo, mas se torna necessária para a análise de risco dinâmica do Capitulo 6, para efeitos de incorporação das incertezas dos anos de 2005 a 2007. Como o tráfego nos demais anos é função do tráfego do ano 2004, alterandose o tráfego neste ano inicial, as demais previsões de tráfego também serão alteradas, segundo as mesmas proporções originais do estudo do IME. A análise de sensibilidade apresentada na Figura 5 mostra que o projeto também é bastante sensível a erros na estimativa do tráfego inicial, podendo suportar uma redução de 24%, no máximo, assim como a tarifa do pedágio. O ponto de equilíbrio do nível de tráfego inicial é de 68.212 veículos equivalentes diários. Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 41 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury 600.000 VPL (15%) 300.000 0 40.000 60.000 80.000 100.000 (300.000) (600.000) Trafego Inicial (2004) Figura 5 Sensibilidade do Volume de Tráfego Inicial, em veículos equivalentes diários Os resultados encontrados indicam a viabilidade financeira da concessão, visto que o VPL é positivo e as TIR e TIRM superam a TMA. Entretanto, a análise de sensibilidade indica uma alta sensibilidade do projeto ao tráfego e à tarifa básica de pedágio, e, dadas as incertezas existentes, principalmente a respeito do tráfego futuro na rodovia, tornam-se necessário estudos probabilísticos adicionais. Estes resultados por si só não são suficientes para que o concessionário possa tomar sua decisão, pois não dão uma indicação dos riscos envolvidos na implantação e operação do projeto da BR-163. Além disso, esta análise não incorpora o valor e os impactos sobre o projeto de possíveis garantias que o governo pode oferecer para tornar o projeto mais atrativo para a iniciativa privada. Essa análise será tratada no Capítulo 6, com a utilização da Teoria das Opções Reais para a avaliação da viabilidade econômica da concessão e análise dos riscos e incertezas do tráfego da BR-163. Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 42 Luiz Eduardo Teixeira Brandão 4- Marcus Vinicius Quintella Cury Modelagem Híbrida Proposta Com base nas legislações e conceituações relativas às formas de exploração de rodovias pela iniciativa privada, pode-se verificar que existem semelhanças e partes comuns entre os mecanismos das concessões privadas (Lei 8.957/95), parcerias público-privadas (Lei 11.079/04) e Project Finance. Desse modo é possível a criação de um mecanismo híbrido que seja interessante tanto para a iniciativa privada como para o Estado, quando tratarmos de rodovias com grandes incertezas do tráfego futuro. No caso da rodovia BR-163, objeto deste trabalho, o mecanismo mais conveniente para atrair a iniciativa privada e satisfazer o Estado será aquele que garanta um tráfego mínimo pagante de pedágio, independentemente de sua ocorrência efetiva, e, por conseguinte, minimize os riscos do parceiro privado quanto ao fluxo de caixa da concessão da rodovia. O modelo híbrido aqui proposto para a BR-163 é uma parceria públicoprivada, que tem por base o conceito de concessão privada preconizado na Lei 8.967/95 e impõe, previamente, a execução das obras de construção e/ou melhoramentos da rodovia, bem como as obras de conservação, e a remuneração e amortização desses investimentos ocorrerá por meio das receitas de pedágio. Tratase da modalidade BFOT (Build, Finance, Operate and Transfer), no qual o ente privado constrói, financia, opera a estrada e, no final do contrato, devolve a rodovia ao governo. Quanto aos riscos de tráfego futuro, será utilizada a parte da Lei 11.079/04 que permite remuneração variável vinculada ao desempenho, conforme metas e padrão de qualidade pré-determinado, bem como a contraprestação pecuniária do parceiro público, até 70% da receita do concessionário. Desta forma, sugere-se uma faixa mínima de tráfego a ser garantida ao parceiro privado, independentemente de sua ocorrência efetiva, que será coberta pelo parceiro público, com base no valor da tarifa básica de pedágio. Ainda fundamentado na Lei 11.079/04 e no mecanismo do Project Finance, o modelo híbrido prevê a constituição de uma sociedade de propósito específico – SPE, juridicamente independente, e a instituição de um fundo garantidor para as contraprestações do parceiro público, além da criação de uma conta especial, denominada de Escrow Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 43 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury Account, que servirá para concentrar as receitas operacionais de pedágio da rodovia e as contraprestações do parceiro público. Como recomenda o Project Finance, a distribuição dos fluxos de caixa da concessão ocorrerá entre os investidores, os operadores e os credores, ou seja, a receita operacional de pedágio garantida deverá ser direcionada aos players que participam diretamente da operação da rodovia, de forma a garantir a continuidade dos serviços mínimos necessários. Por outro lado, quando a receita operacional ultrapassar a faixa mínima garantida, haverá um ganho adicional, ou um lucro incremental, que deverá ser dividido entre os parceiros público e privado. A parte do parceiro público poderá ser paga na forma de outorga, transformando a concessão em onerosa, a partir de uma determinada faixa de tráfego. Os riscos de construção serão totalmente assumidos pelo parceiro privado, da mesma forma que determina a Lei 11.079/04, mas os riscos de solução de problemas relativos ao meio-ambiente e às desapropriações, porventura necessárias, antes da construção, são assumidos pelo Estado. O modelo híbrido aqui proposto tem precedentes pelo mundo afora, como relata Neuto Gonçalves dos Reis, no livro intitulado “Um livro a favor do pedágio”, publicado pela NTC - Associação Nacional do Transporte de Cargas. No México, o governo fixa os valores iniciais dos pedágios, que passam a ser reajustados pela variação dos índices de preços ao consumidor, mas, ao contrário do modelo brasileiro, há a garantia para um volume de tráfego pré-determinado. No caso desse volume não for atingindo, o prazo da concessão é prorrogado e, em caso contrário, se o volume for ultrapassado, a receita excedente é repartida entre o governo e a concessionária. O processo de licitação adotado no Chile é bastante semelhante ao brasileiro, em que as concessionárias são empresas privadas, mas as concessões contam com garantia de tráfego mínimo, cujo eventual excesso é também repartido com o governo, como ocorre no México. No governo britânico, a concessionária é remunerada por um “pedágio-sombra”, enquanto o pedágio real destina-se à constituição de um fundo e, em alguns contratos adotam o regime DBFOT (Draw, Build, Operate, Finance and Transfer), no qual o ente privado projeta, constrói, opera, financia a estrada e, no final do contrato, devolve a rodovia ao governo. Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 44 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury O esquema da Figura 6 apresenta o mecanismo híbrido proposto: Figura 6 Modelo Híbrido de Concessão Rodoviária A Escrow Account, muito utilizada no project finance, é uma espécie de conta especial para garantir o destino correto das receitas de pedágio e das contraprestações do poder concedente. A conta tem suporte contratual e legal para garantir ao credor o pagamento dos encargos da dívida vinculada ao fluxo de caixa do projeto. A SPE é uma empresa juridicamente independente dos sponsors, contituída especificamente para atuar como a concessionária privada responsável pelo gerenciamento e operação da rodovia concedida, além de ser a responsável legal pelos empréstimos contraídos para a concessão. Os lenders são as instituições financeiras, nacionais ou internacionais, que financiarão a concessão. No caso da BR-163, provavelmente, o único lender deverá ser o BNDES. O parceiro privado e o investidor podem se confundir, visto que pode ser um grupo de empresas, fundos de pensão, bancos e pessoas físicas com interesse na concessão, exceto empresas governamentais. Tal grupo responderá pelo aporte do capital próprio aplicado na concessão, através da SPE, cuja remuneração do capital acontecerá com o sucesso do fluxo de caixa do empreendimento. Além disso, o parceiro privado e o investidor serão responsáveis pelas garantias e fianças Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 45 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury complementares exigidas pelos lenders, independentemente da securitização dos recebíveis da concessão. O Estado, além de ser o poder concedente, atuará como a fonte orçamentária das contraprestações que serão destinadas à concessão, no caso do não atingimento do tráfego mínimo contratual. Para isso, antes da assinatura do contrato de concessão, como reza na Lei das PPPs, deverá haver a garantia legal, por meio do Fundo Garantidor, da dotação orçamentária para cobrir as referidas contraprestações, caso sejam necessárias. Em resumo, o método híbrido de concessão tem os seguintes pontos principais: 1) modalidade BFOT (Built, Finance, Operate e Transfer); 2) receita garantida, a partir de tráfego mínimo pré-determinado; 3) prazo da concessão flexível, numa faixa de 25 a 35 anos, quando a concessão não atingir o tráfego mínimo até o 25° ano; 4) receita incremental, proveniente do tráfego excedente ao mínimo, repartida com o governo, sob a forma de outorga. A modelagem híbrida aqui sugerida depende da garantia regulatória, que é a verdadeira garantia de funcionamento correto desse tipo de mecanismo. Para isso, o governo deverá assegurar as garantias contratuais de receita mínima. A modelagem híbrida é uma PPP que poderá servir como instrumento viabilizador de investimentos necessários na área de infra-estrutura rodoviária, proporcionando boa dose de previsibilidade para o fluxo de caixa do ente privado e, conseqüentemente, garantia de retorno ao investidor. Além disso, a modelagem permite a repartição dos riscos do projeto entre ambos os parceiros, já que existe uma forma legal e contratual de complementação de remuneração, por parte do Estado, com seus próprios recursos orçamentários, em caso de retorno insatisfatório da concessão. Para isso, haverá a garantia de pagamento da receita mínima por meio dos fundos garantidores previstos na Lei das PPPs, que terão ativos como ações, bens móveis e imóveis, além da dotação do orçamento da União. A modelagem híbrida aqui proposta servirá de base para a aplicação da Teoria das Opções Reais na avaliação da viabilidade da concessão da BR-163, objetivo principal do presente trabalho, em virtude da possibilidade de utilização das flexibilidades de tráfego e de prazo. Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 46 Luiz Eduardo Teixeira Brandão 5- A Teoria das Opções Reais 5.1 Histórico Marcus Vinicius Quintella Cury Devido a sua importância para a criação de valor para o acionista, a decisão de investimento na empresa sempre foi o foco de grande interesse acadêmico e empresarial. O método do Fluxo de Caixa Descontado - FCD, introduzido nas empresas na década de 50, foi inicialmente considerado um método sofisticado de avaliação de projetos devido à necessidade do uso de tabelas de valores presentes. Apesar das suas óbvias vantagens sobre o obsoleto método do Payback utilizado até então, a sua popularização só se deu após o advento dos computadores e calculadoras portáteis que automatizaram os cálculos de matemática financeira necessários, sendo atualmente o método de uso mais difundido nas empresas. Mais recentemente, a partir do trabalho pioneiro de Black, Scholes e Merton (1973), para a avaliação de opções financeiras, surgiu a idéia de se incorporar métodos semelhantes ao problema do investimento sob condições de incerteza. Estes métodos visam agregar o valor da flexibilidade gerencial à metodologia de valoração tradicional do FCD, e passaram a ter denominação geral de Teoria das Opções Reais, para indicar o conceito de opções sobre ativos reais, ao invés de sobre ativos financeiros. No entanto, apesar de representar uma importante evolução sobre o método do FCD, devido a sua complexidade teórica e matemática avançada, o seu uso mais difundido na indústria tem sido limitado. Um dos motivos é a complexidade adicional que decorre do uso de opções reais. Opções financeiras têm como ativo básico, ativos financeiros ou commodities que possuem determinadas características que facilitam o seu tratamento, como preço de mercado, séries históricas, divisibilidade e razoável conhecimento das suas distribuições probabilísticas, que permitem modelar as suas distribuições futuras com alguma facilidade. Já o mesmo não ocorre com as opções reais, onde o ativo básico geralmente não possui essas características necessárias. Outro motivo é o alto grau de complexidade matemática exigido para a modelagem em tempo contínuo, geralmente acima das qualificações dos gerentes tradicionais. Mas, da mesma forma com o que ocorreu com o método do FCD, a contínua evolução das ferramentas computacionais disponíveis para automatizar as partes trabalhosas do Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 47 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury processo e alguns avanços teóricos tendem a tornar o seu uso cada vez mais difundido. Para que um projeto apresente valor de opção, três condições são necessárias: que o investimento seja total ou pelo menos parcialmente irreversível, que exista flexibilidade suficiente no projeto que permita ao gerente operar o projeto de forma diferenciada (adiando, suspendendo, ampliando, abandonando, etc.) dependendo do estado da natureza que venha a ocorrer no futuro e que exista incerteza sobre o nível dos fluxos de caixa futuros que este projeto poderá gerar. O motivo disso é que uma empresa que está considerando uma oportunidade de investimento é detentora de uma opção de compra: ela tem o direito, mas não a obrigação de investir num projeto num tempo futuro. Ao realizar o investimento, a empresa perde a opção de adiar e de levar em conta novas informações que possam afetar a sua decisão de investimento. Assim, tomar uma decisão de investimento irreversível tem um custo de oportunidade que precisa ser considerado para avaliarmos corretamente a decisão de investimento. Dessa forma, pode-se observar que existe valor mesmo que a empresa não tenha ainda realizado o investimento: esse valor é o valor da opção de investir. Se esse valor é perdido uma vez que o projeto é realizado, então o valor do projeto deve cobrir não apenas o custo do seu investimento inicial, mas também o custo de oportunidade da opção de investir. Embora acadêmicos e executivos de empresas soubessem, há muito tempo, que projetos apresentam valor de opção, não existia uma metodologia quantitativa que permitisse a sua valoração. Via de regra, esses valores são incorporados através de análises qualitativas e subjetivas sob o titulo genérico de “Valor Estratégico”, e a decisão tomada ignora os valores obtidos pelo método do FCD. O problema com essa metodologia são vários: 1. Sendo subjetivos, esses ajustes são difíceis de terem a sua consistência ou acertos verificados, ficando a sua determinação na dependência da intuição do gerente responsável. 2. A presença de opções altera o risco do projeto, tornando difícil determinar qual a taxa de desconto apropriada no caso. Um dos primeiros trabalhos a abordar as limitações do método do FCD foi Robichek & Van Horne (1967) que analisou a opção de abandono de um projeto e Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 48 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury concluiu que a análise tradicional não incorpora esse valor. Embora as suas conclusões estivessem corretas, a sua função de valoração estava incorreta, pois não incorporava os métodos de valoração de opções que só seriam desenvolvidos anos mais tarde por Black, Sholes e Merton (1973). Assim, foi apenas com o desenvolvimento da Teoria das Opções Reais, nos últimos vinte anos, que se pode estabelecer uma metodologia para se quantificar esses valores (Pindyck & Dixit, 1994). Diversos trabalhos pioneiros abriram o caminho para a aplicação a ativos reais dos conceitos desenvolvidos por Black & Scholes (1973) e Merton (1974) para opções financeiras. Tourinho (1979) utilizou o conceito de opção para avaliar uma reserva de recursos naturais não renováveis com incerteza de preço; Brenann & Schwartz (1985) analisaram a política operacional ótima de uma mina de cobre; McDonald e Siegel (1986) determinaram o timing ótimo para se investir num projeto que demande investimentos irreversíveis e cujos custos e benefícios sejam representados por processos estocásticos de tempo contínuo. Nesse trabalho, verificaram que este custo de oportunidade, não capturado pelo método do FCD, pode assumir valores significativamente maiores que o investimento original no projeto. Dixit e Pindyck (1994) e Trigeorgis (1995) foram os primeiros a sintetizar diversas destas idéias em um único texto. Quando existem significativas flexibilidades gerenciais como a de adiar, abandonar, expandir, suspender ou retomar um projeto com investimento irreversível em condições de incerteza, o método das opções reais pode levar a valores substancialmente maiores que os determinados pelo método do FCD. A implicação disso é que o método do FCD tende a subestimar projetos que apresentem valor de opção. 5.2 Mercados Completos A literatura a respeito da aplicação da Teoria das Opções Reais em mercados completos é bem extensa, sendo Dixit e Pindyck (1994), Trigeorgis (1995), Brennan e Schwartz (1985), MacDonald e Siegel (1986) alguns dos autores mais representativos. O fundamento teórico é o mesmo aplicado às opções financeiras, e como tal, parte do princípio da não arbitragem para determinar que o valor de um projeto é idêntico ao de um portfólio dinâmico de mercado que replique Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 49 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury perfeitamente as características estocásticas desse projeto. Dado que o detentor do projeto tem direito a exatamente o mesmo fluxo de caixa que o detentor deste portfólio, o valor do projeto será o mesmo que o valor de mercado deste portfólio replicante, pois qualquer diferença porventura existente daria margem a ganhos de arbitragem. A premissa básica, neste caso, é de que existe no mercado um número suficiente de ativos linearmente independentes que possibilite a estruturação desse portfólio replicante. Nesse sentido, diz-se que o mercado é completo, sendo que esta é uma premissa largamente utilizada na avaliação de opções reais, e é o que torna possível a avaliação neutra do risco. Tipicamente neste caso, o problema é resolvido por Contingent Claims Analysis. A premissa fundamental no Contingent Claims Analysis é que o mercado seja suficientemente completo para que as mudanças estocásticas no valor do investimento possam ser replicadas através de um portfólio dinâmico de ativos, cujo preço seja perfeitamente correlacionado com o valor do projeto. Uma vez feito isso, podemos utilizar a avaliação neutra a risco para resolver o problema. Caso se queira ainda saber qual a taxa de desconto apropriada para o projeto, basta observar no mercado o retorno do portfólio replicante, embora isso não seja necessário para a determinação do valor do projeto. Seja V(x,t) o valor de mercado de uma empresa que terá um fluxo de lucro futuro C (x,t), onde x é uma variável de estado do preço do seu produto e µ o retorno deste ativo, onde µ = α + δ = ganho de capital + dividendos. Assumindo que este produto é negociado no mercado e que seu preço x segue um Movimento Geométrico Browniano (MGB), temos dx = α x dt + σ x dz, onde dz é o incremento de processo de Wiener. Podemos montar um portfólio composto de um investimento unitário em um ativo sem risco e n unidades do ativo produzido pela empresa a um custo total de (1 + nx). Num período de tempo dt o retorno deste portfólio será o retorno do investimento no ativo sem risco, r dt, dividendos auferidos de n x δ dt e um ganho de capital de n dx = nα x dt + nσ x dz. Dessa forma, a taxa de retorno deste portfólio replicante será dada por: ( r + nx(α + δ ) ) dt + σ nxdz . 1 + nx Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 50 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury O projeto tem um valor de V(x,t) e um retorno instantâneo de C(x,t) dt além de um ganho de capital de dV(x,t). Expandindo dV(x,t) pelo Lema de Itô chegamos a um retorno de C ( x, t ) + Vt + Vxα x + 12 Vxxσ 2 x 2 Vσx dt + x dz . Por definição ambos V ( x, t ) V ( x, t ) investimentos devem apresentar o mesmo risco e o mesmo retorno, e igualando os termos ficamos com um sistema com duas equações: Vx x ⎧ nx ⎪1 + nx = V ( x, t ) ⎪ ⎨ 2 2 1 ⎪ r + nx(α + δ ) dt = C ( x, t ) + Vt + Vxα x + 2 Vxxσ x dt ⎪⎩ 1 + nx V ( x, t ) A resolução deste sistema nos dá a equação diferencial parcial para o valor do projeto: (Uma análise mais detalhada desta metodologia pode ser encontrada em Dixit & Pindyck (1994)). 1 2 σ 2 x 2Vxx ( x, t ) + (r − δ ) xVx ( x, t ) + Vt ( x, t ) − rV ( x, t ) + C ( x, t ) = 0 (1) O valor das opções reais do projeto é determinado estabelecendo-se condições de contorno especificas para o tipo de opção em consideração. O nível de complexidade aumenta substancialmente quando incorporamos mais de uma incerteza no projeto. Seja V(x,y,t) o valor de um projeto com duas variáveis estocásticas, que gera um fluxo de caixa C(x,y,t) ao longo de toda a sua vida útil. Assumimos que o mercado é suficientemente completo que possibilite a montagem de um portfólio de ativos de mercado que repliquem as características estocásticas do projeto e utilizamos o método de Contingent Claims Analysis para resolver o problema. Caso o mercado não seja completo, recorremos ao método da Programação Dinâmica para a sua solução, adotando uma taxa de desconto exógena ρ. Assumindo que x e y seguem uma MGB, tem-se: ⎧dx = α x xdt + σ x xdz x ⎨ ⎩dy = α y ydt + σ y ydz y E (dz x2 ) = E (dz 2y ) = dt Assim temos onde ρ = ρ dz x dz y = Cov(dz x , dz y ) σ dz .σ dz x = e E (dz x .dz y ) = ρ dt E (dz x .dz y ) dt y Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 51 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury Monta-se, a seguir, um portfólio livre de risco φ com duas posições curtas, uma para cada variável aleatória. φ = V – mx – ny dφ = dV – mdx – ndy dV = onde 1 ∂ 2V 2 1 ∂ 2V 2 1 ∂ 2V 2 ∂ 2V ∂V ∂V ∂V dx + dy + dt + dx + dy + dt + dxdy + 2 ∂x 2 2 ∂y 2 2 ∂t 2 ∂x ∂y ∂t ∂x∂y + ∂ 2V ∂ 2V dxdt + dydt ∂x∂t ∂y∂t Eliminando os termos em dt2 e mudando-se a notação: 1 1 dV = Vx dx + Vy dy + Vt dt + Vxx dx 2 + Vyy dy 2 + Vxy dxdy + Vxt dxdt + Vyt dydt 2 2 e (2) 1 1 dV = Vx (α x xdt + σ x xdz x ) + Vy (α y ydt + σ y ydz y ) + Vt dt + Vxxσ x2 x 2 dt + Vyyσ y2 y 2 dt + 2 2 + Vxyσ xσ y xy ρ dt Substituindo em dφ, tem-se: 1 dφ = (Vx − m)(α x xdt + σ x xdz x ) + (Vy − n)(α y ydt + σ y ydz y ) + Vt dt + Vxxσ x2 x 2 dt + 2 1 + Vyyσ y2 y 2 dt + Vxyσ xσ y xy ρ dt 2 Como se deseja que este portfólio seja sem risco, eliminam-se os termos estocásticos com m = Vx e n = Vy. Assim, fica-se com: 1 1 dφ = Vt dt + Vxxσ x2 x 2 dt + Vyyσ y2 y 2 dt + Vxyσ xσ y xy ρ dt 2 2 Para evitar ganhos de arbitragem, o retorno deste portfólio sem risco durante um espaço curto de tempo dt deverá ser (r φ dt). Por outro lado, os ganhos com este ativo durante o mesmo período de tempo dt são o ganho de capital (dφ), o fluxo de lucros C(x,y,t)dt, menos o custo de se manter a posição curta deste portfólio, (m δ x x + n δ y y) dt. Igualando estes dois retornos tem-se: rφ dt = dφ + C ( x, y, t )dt − mxδ x dt − nyδ y dt Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 52 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury 1 1 r (V − Vx x − Vy y ) = Vt + Vxxσ x2 x 2 + Vyyσ y2 y 2 + Vxyσ xσ y xy ρ + C − Vx xδ x − Vy yδ y 2 2 e, finalmente 1 1 Vxxσ x2 x 2 + Vyyσ y2 y 2 + Vxyσ xσ y xy ρ + (r − δ x )Vx x + (r − δ y )Vy y − 2 2 − rV ( x, y, t ) + Vt + C ( x, y, t ) = 0 (3) A equação (3) fornece a função valor de um projeto sujeito a duas fontes de incertezas estocásticas lognormais. Essa equação não tem solução analítica, sendo necessário recorrer a métodos numéricos para a sua solução. 5.3 Mercados Incompletos Quando não é possível montar um portfólio de ativos que mapeie as mudanças estocásticas do projeto, ou quando a correlação entre o projeto e o portfólio de mercado é menos do que perfeita, diz-se que o mercado é incompleto. Um dos principais problemas que ocorrem nesse caso é a determinação da taxa de desconto apropriada para o projeto, uma vez que não se pode, neste caso, utilizar a avaliação neutra de risco. Dixit e Pindyck (1994) propõe o uso de Programação Dinâmica para a solução destes casos, através da aplicação da Equação de Bellman, que estabelece que o valor de um investimento é a soma do valor auferido em um pequeno intervalo de tempo, acrescido do valor esperado de todos os fluxos de caixa futuros, descontados a uma taxa de risco e considerando-se que todas as decisões futuras são ótimas. O problema deste método é que ele pressupõe uma taxa de desconto exógena arbitraria. Dixit e Pindyck afirmam que sem mercados completos não existe uma teoria para determinar o valor correto para a taxa de desconto, dado que, nesse caso, o Capital Asset Pricing Model (CAPM) não pode ser utilizado para calcular a taxa de desconto ajustada ao risco da maneira usual. Dessa forma, apenas na condição de neutralidade ao risco a Programação Dinâmica dará os mesmos resultados que o CAPM. Copeland e Antikarov (2001) propõe que se adote o valor presente do projeto sem nenhuma opção, com a taxa de desconto calculada de acordo com o CAPM, como numa avaliação pelo método do FCD tradicional, como o seu valor de Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 53 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury mercado. Isso permitiria a utilização do próprio projeto como o ativo básico do portfólio replicante (o outro seria um investimento sem risco), ou seja, como o seu ativo básico do projeto com opções. A esta premissa ele dá o nome de Marketed Asset Disclaimer (MAD). A utilização do próprio projeto como o seu ativo básico e parte do seu portfólio replicante torna o mercado completo para este projeto, garante uma perfeita correlação entre o projeto e este portfólio replicante, e permite o uso da condição de neutralidade ao risco para a solução do problema de valoração. Smith e Nau (1993) fazem uma distinção entre o risco de mercado de um projeto, para qual o mercado é completo, e o seu risco privado, para o qual o mercado é incompleto. Os riscos correlacionados com o mercado permitem a montagem de um portfólio replicante e o hedge desse risco, que por ser tratar de um risco sistemático, não pode ser diversificado pelo investidor. O risco privado não é correlacionado com o mercado, portanto, não pode ser hedgeado, mas por ser um risco não sistemático, pode ser diversificado pelo investidor. Os autores propõem que a função utilidade do investidor seja utilizada para se determinar o Equivalente Certo do risco privado, descontando-o em seguida pela taxa livre de risco O método dos ativos contingenciais requer que os mercados sejam completos. Quando este não é o caso, uma solução utilizada é o método da programação dinâmica, onde se adota uma taxa de desconto exógena ρ e o problema de valoração é dividido em duas partes: a decisão imediata e uma função de valoração que engloba as conseqüências de todas as decisões subseqüentes. Uma vez modelado desta forma, a solução do problema é obtida a partir da otimização estática do último período, e voltando-se deste ponto final até o instante inicial, considerando-se que sempre serão tomadas decisões ótimas em cada período a partir das informações existentes naquele instante. A programação dinâmica pode ser expressa através da Equação Geral de Bellman, onde ut é a variável de controle utilizada para maximizar o valor do projeto, e Ct (xt, ut) é o fluxo de lucros no instante t. ⎧ ⎫ 1 Ft ( xt ) = max ⎨Ct ( xt , ut ) + Et [ Ft +1 ( xt +1 )]⎬ 1+ ρ ut ⎩ ⎭ Seguindo procedimentos padrão na literatura, obtém-se uma equação de valor similar ao que pode ser obtido pelo método de Contingent Claims Analysis, Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 54 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury exceto pelo fato de que em Programação Dinâmica substitui-se a taxa livre de risco por uma taxa de risco exógena ρ. Assim, a taxa de apreciação do projeto (drift rate) α é dada por α = ρ - δ. 5.4 Análise por Árvore de Decisão As limitações do método do FCD podem ser superadas também com o uso de modelos de árvore de decisão. Com a Decision Tree Analysis (DTA), a flexibilidade gerencial é modelada em tempo discreto através de instantes de decisão futuros que permitem ao gerente maximizar o valor do projeto, condicionado às informações disponíveis naquele instante, quando diversas incertezas possivelmente já foram resolvidas. Dessa forma, a presença da flexibilidade gerencial embutida nos nós de decisões futuras permite a modelagem de um processo de gerenciamento ativo do projeto. Essa modelagem, no entanto, altera os fluxos de caixa futuros esperados e, conseqüentemente, as características de risco do projeto. O desvio-padrão dos fluxos de caixa do projeto com flexibilidade não é o mesmo do projeto sem flexibilidade. Isso faz com que a taxa de desconto ajustada ao risco, determinada inicialmente para o projeto sem flexibilidade, não possa ser utilizada para a determinação do valor do projeto com opções reais. Esse problema pode ser resolvido com o uso de probabilidades neutras a risco, conforme demonstrado a seguir. Seja S0 o valor do projeto sem flexibilidade e S1+ e S1- os fluxos de caixa esperados após um período nos dois estados da natureza possíveis. Seja F0 o valor do projeto com flexibilidade. S0 S1+ F0 S1- F1+ F1- Figura 7 Projeto com dois estados da natureza Supõe-se ainda que p seja a probabilidade neutral a risco de S0. Isso implica que p é a probabilidade que dá o valor do ativo básico quando são descontados os fluxos de caixa futuros à taxa livre de risco. Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 55 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury S1+ p S0 1-p Então S0 = S1- pS1+ + (1 − p ) S1− 1+ r ⇒ p= S0 (1 + r ) − S1− S1+ − S1− (4) Monta-se um portfólio sem risco (Φ), composto do projeto com flexibilidade e n posições vendidas de S. Ao final de um período, os valores possíveis para este portfólio serão: Φ0 = F0 – n S0 Φ1+ = F1+ – n S1+ Φ1- = F1- – n S1Figura 8 Portfólio livre de Risco Como este portfólio é sem risco, o valor do portfólio em ambos os estados deve necessariamente que ser o mesmo, e pode-se determinar o valor de n: n= F1+ − F1− S1+ − S1− Também, para evitar ganhos de arbitragem, um investimento sem risco tem necessariamente que retornar a taxa livre de risco: Φ0 = Φ1+ 1+ r F1+ − nS1+ 1+ r + F − nS1+ + nS0 (1 + r ) F0 = 1 1+ r F0 − nS0 = Substituindo o valor de n, após alguma álgebra chega-se a: F1+ + F0 = F1+ F1− − S (1 + r ) − S − S (1 + r ) − S1+ ) ( ) 0 1 + − + − ( 0 S1 − S1 S1 − S1 1+ r Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 56 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury 1− p p ⎡ S (1 + r ) − S ⎤ ⎡ S − S0 (1 + r ) ⎤ F1+ ⎢ 0 + + F1− ⎢ ⎥ − S1 − S1 S1+ − S1− ⎥⎦ ⎣ ⎦ ⎣ F0 = 1+ r − 1 + 1 Então, pF1+ + (1 − p) F1− F0 = 1+ r (5) A equação (5) mostra que pode-se determinar o valor do projeto com opções (F0) utilizando probabilidades neutras a risco, determinadas para o projeto sem opções, conforme equação (4), e descontando o valor esperado destes fluxos de caixa através da taxa livre de risco. 5.5 O Modelo Binomial A distribuição de probabilidade lognormal contínua pode ser modelada através de uma árvore binomial discreta. De acordo com o modelo primeiramente desenvolvido por Cox, Ross and Rubinstein (1979), a cada passo o preço (S) é multiplicado por uma variável aleatória que pode tomar dois valores, u ou d. (Figura 9) Su Su 3 2 Su Su 2 d Su d S Su d 2 Sd S d2 Sd3 Figura 9 Modelo de Cox, Ross e Rubinstein Para que essa representação emule uma distribuição lognormal, é necessário escolher valores apropriados para u, d e a probabilidade p, de forma que a média (µ) e a variância (σ2) dos retornos de S sejam os mesmos que os parâmetros do Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 57 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Movimento Geométrico Browniano (MGB) de S, Marcus Vinicius Quintella Cury dS = µ S dt + σ S dz . Com base nisso, os seguintes parâmetros são obtidos: u = eσ d = e −σ p= e 5.6 ∆t ∆t (1 + r ) − d u−d (6) (7) (8) Modelagem Matemática Seja um projeto com vida útil de m períodos, que exige um investimento inicial I para ser implantado e que se espera a geração de um fluxo de caixa Ci, i = 1,2,...,m em cada período. Esses fluxos de caixa representam os dividendos distribuídos pelo projeto, onde δi é a taxa de distribuição instantânea destes dividendos representada por Ci / Vi , e Vi é o valor do projeto pré-dividendos no período i. A taxa de desconto ajustada ao risco do projeto, conforme determinada pelo CAPM, é µ. Isso significa que dado o atual valor de mercado do projeto, um investidor exigiria uma taxa de retorno µ para investir nele.1 Se o projeto representa a totalidade da empresa, então a taxa µ será a taxa de retorno exigida pelos acionistas (ke). O projeto está sujeito tanto a incertezas privadas quanto de mercado, que irão afetar os seus fluxos de caixa futuros, e também apresenta suficiente flexibilidade gerencial que permita uma administração ativa dos seus gerentes visando maximizar o seu valor ao longo de sua vida útil. Essas flexibilidades representam as Opções Reais do projeto que se deseja valorar. A modelagem do problema será feita em três etapas onde primeiramente o projeto é analisado em condições de certeza para se determinar o seu Valor Presente Esperado no instante inicial. Em seguida é realizada uma Simulação Monte Carlo, com o objetivo de reduzir as fontes de incerteza a uma só, definindo com isso o processo estocástico do valor do projeto. A terceira e última etapa envolve a criação da árvore binomial do projeto e posterior transformação em árvore de 1 Note que µ é a taxa de desconto do projeto. A taxa interna de retorno (TIR) do projeto poderá ser maior ou menor do que µ, dependendo do montante do investimento inicial exigido. Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 58 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury decisão com a incorporação dos instantes de decisão que representam as opções reais, onde ocorre a maximização de valor do projeto. 5.6.1 Modelagem Determinística Inicialmente, determina-se o valor presente do projeto no instante inicial através do método do Fluxo de Caixa Descontado tradicional, utilizando-se, para isso, uma planilha Excel. Para tanto, calcula-se o valor esperado dos fluxos de caixa do projeto { E [Ci ] , i = 1, 2, ..., m} em condições de certeza, ainda sem a inclusão das opções reais decorrentes de eventuais flexibilidade gerenciais que o projeto possa apresentar. Estes fluxos de caixa são em seguida descontados a taxa de risco determinada pelo CAPM (µ) para a determinação do valor presente do projeto a cada período, através da equação (9) : m Vi = ∑ t =i E [Ct ] (1 + µ )t −i valor do projeto pré-dividendos (9) De um modo geral, considera-se que não existe fluxo de caixa positivo no instante inicial, apenas os investimentos necessários, que não são computados para o cálculo do valor do projeto. O valor presente do projeto no instante inicial então é dado por: m V0 = ∑ t =1 E [Ct ] (1 + µ )t Além do valor do projeto no instante inicial, nessa etapa são também calculados o valor presente em cada um dos períodos do projeto. O valor do projeto tende a se reduzir em cada período, à medida que os fluxos de caixa são pagos como dividendos e menos períodos de operação restam no projeto. Na Figura 10 podemos ver a dinâmica da evolução do valor do projeto com o tempo em condições de certeza. Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 59 Luiz Eduardo Teixeira Brandão 1,500 1,250 Marcus Vinicius Quintella Cury V1 V0 V2 1,000 V3 750 V4 500 250 0 (250) 0 1 2 3 4 Figura 10 Dinâmica da Evolução do Valor do Projeto 5.6.2 Simulação Monte Carlo (SMC) Nesta etapa são adicionadas as incertezas sobre as variáveis relevantes do projeto. Isso é feito tornando estocásticas as variáveis do modelo, através da determinação e simulação do processo estocástico de cada uma delas. Isso faz com que os fluxos de caixa do projeto também passem a ser estocásticos, sendo que, a cada iteração da Simulação Monte Carlo, é gerado um novo conjunto de fluxos de caixa futuros, a partir dos quais é calculado um novo valor presente do projeto prédividendos em cada período. Ao final do período 1, o valor do projeto será a variável aleatória V1 , e a taxa de crescimento do valor do projeto (α) pode ser computada através da equação (10), que reflete o ganho de capital observado durante o primeiro ano do projeto, conforme equação: ⎛ V1 ⎞ ⎟ ⎝ V0 ⎠ α = ln ⎜ (10) Em um projeto que paga dividendos, a taxa de retorno total do investidor (µ) é composto de uma parcela de ganho de capital, que é a taxa de crescimento do valor do projeto com o tempo (α), mais os dividendos (δ) gerados pelo projeto ao longo da sua vida útil. Assim tem-se: µ=α+δ Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 60 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury Como será visto a seguir, no modelo de aproximação binomial da evolução do valor do projeto adotado, os dividendos são incluídos de forma explícita e discreta na árvore binomial do projeto. Assim, nenhuma outra consideração a respeito dos dividendos se faz necessária, e a determinação dos parâmetros do modelo binomial é feita desconsiderando-se qualquer efeito da taxa de distribuição de dividendos a fim de evitar incluí-los novamente. Assim, para a árvore binomial tem-se δ = 0 e µ = α. Com um número suficiente de iterações (10.000), calcula-se a volatilidade do projeto, que é o desvio padrão dos retornos (σ ), conforme equação (11). σ= n∑ µ i2 − ( ∑ µi ) 2 (11) n2 Conforme já mencionado anteriormente, pela premissa segunda assume-se que os retornos do projeto tem distribuição normal, com média µ − σ2 2 e volatilidade σ, e conseqüentemente, V1 tem distribuição lognormal. O projeto será então definido por (V0 , µ , σ , δ i , I ) , e o seu processo estocástico em tempo contínuo será: dV ( x, t ) = ( µ − δ t )V ( x, t )dt + σ V ( x, t )dz onde αt = µ – δt Em um projeto com vida útil ilimitada, podemos considerar δ como uma constante. De forma inversa, uma taxa de distribuição de dividendos e retorno esperado constantes, implica que o projeto tem vida infinita. No caso de um projeto com vida útil finita, a taxa de distribuição de dividendos não é constante, pois podemos observar que no último período a taxa de distribuição de dividendo corresponderá a 100% do valor do projeto, uma vez que o valor do projeto será zero após a distribuição do último dividendo e final da sua vida útil. Nesses casos, se considerarmos que a taxa ajustada ao risco do projeto (µ) é uma constante de mercado, uma variação em δt implica que também a taxa de crescimento do valor do projeto também é variável, uma vez que µ = αt + δt. Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 61 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury 5.6.3 Árvore Binomial do Projeto Dado o Valor do Projeto V0 , o custo de capital µ e a volatilidade σ, conforme determinados anteriormente, o valor do projeto é agora modelado no tempo como um processo estocástico lognormal com volatilidade σ, através de uma árvore binomial recombinante discreta, conforme o modelo de Cox, Ross and Rubinstein (1979) (Figura 11). V0 u3 ……... V0 u2d ……... V0 ud2 ……... V0 d3 ……... V0 u2 V0 u p V0 ud V0 (1-p) V0 d V0 d2 Figura 11 Árvore Binomial Recombinante onde u = eσ ∆t e d = e −σ Vi , j = V0 u i − j d j ∆t e a probabilidade de subida é dado por p = i = 0,1,2,...m, e µ .t − d e u−d j = 0,1,2,....i O projeto, no entanto, gera fluxos de caixa (dividendos) em cada período, portanto, o valor do projeto sofre uma descontinuidade no instante dessa distribuição, à semelhança do que ocorre com uma ação que paga dividendos. A taxa de distribuição dos dividendos é dada pela razão entre os fluxos de caixa e o valor do projeto em cada período conforme computado através do modelo determinístico, onde Vi é dado pela equação (12): δi = Ci Vi (12) Em condições de incerteza e com variáveis estocásticas, assume-se a taxa de distribuição de dividendos, embora variável de um período para o outro, se mantém constante para todos os estado de um período, de tal forma que os fluxos Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 62 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury de caixa em qualquer estado de um mesmo período sejam sempre uma proporção fixa do valor do projeto naquele período e estado, ou seja: δi = Ci , j ∀j Vi , j (13) onde i = período (i = 0, 1, 2, ..., m) j = estado (j = 0, 1, 2, ..., i) δi = taxa de distribuição de dividendos no período i Assim, uma representação mais correta do valor do projeto no tempo é mostrada na Figura 12 : VP0 VP0 u(1-δ1) VP0 u2(1-δ1)(1-δ2) VP0 u3(1-δ1)(1-δ2)(1-δ3) ……... VP0 d(1-δ1) VP0 ud(1-δ1)(1-δ2) VP0 u2d(1-δ1)(1-δ2)(1-δ3) ……... VP0 d2(1-δ1)(1-δ2) VP0 ud2(1-δ1)(1-δ2)(1-δ3) ……... VP0 d3(1-δ1)(1-δ2)(1-δ3) ……... Figura 12 Árvore Binomial com Dividendos Pode-se verificar que em condições de incerteza, o valor V (i,j) do projeto no período i, estado j, é dado pela seguinte fórmula recorrente: i −1 Vi , j = V0 u i − j d j ∏ (1 − δ k ) pré-dividendos (14) k =1 onde Vi , j = valor do projeto no período i e estado j, pré-dividendos A probabilidade P(i,j) e ocorrer o valor V(i,j) é: ⎛i⎞ P(i, j ) = ⎜ ⎟ p i − j (1 − p) j ⎝ j⎠ ⎛i⎞ i! onde ⎜ ⎟ = é o coeficiente binomial e ⎝ j ⎠ (i − j )! j ! (15) e µ.t − d p= . u−d Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 63 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury Com a árvore binomial apresentada, pode-se determinar o valor do projeto em condições de incerteza em cada período e estado. A seguir, passa-se a inserir as flexibilidades gerenciais que o projeto apresenta de forma a observar o seu impacto sobre o valor do projeto. Dado que as opções do projeto alteram o seu fluxo de caixa (e o seu risco), para calcular o valor do projeto com opções é necessário determinar um novo portfólio de mercado que replique os fluxos do projeto, em todos os estados e períodos. Alternativamente, podem-se utilizar probabilidades neutras a risco para a mesma finalidade e resultados. Isso é possível devido à premissa do Marketed Asset Disclaimer (MAD), que assume que o valor presente do projeto sem opções de flexibilidade é o melhor estimador não tendencioso do seu valor de mercado. Isso permite modelar o problema como se o mercado fosse completo, computando-se as probabilidades neutras a risco, e dessa forma utilizar a taxa livre de risco para descontar os fluxos de caixa do projeto, ao invés de se adotar uma taxa de desconto exógena arbitrária. Por ser mais simples no caso, este será o método adotado, e com isso, os fluxos do projeto serão descontados à taxa livre de risco e a probabilidade p modificada para: e r .t − d p= u−d (16) Antes de passar para a fase seguinte, é feita uma transformação na árvore binomial do projeto, de forma a expressá-la em função dos seus fluxos de caixa determinísticos, ao invés de ser função do valor do projeto nos períodos e estados anteriores. Essa transformação visa facilitar a inclusão das opções de flexibilidade do projeto, que transformarão a árvore binomial numa árvore de decisão. Uma vantagem disso é que a definição das opções do projeto em função dos seus fluxos de caixa permite um maior nível de detalhe do que é possível quando as definimos sobre o valor do projeto a cada período, já que o fluxo de caixa é uma variável mais básica do que o valor do projeto, que é determinado a partir do fluxo de caixa. Uma opção para suspender temporariamente a operação do projeto é mais facilmente modelada como função dos fluxos de caixa suspensos do que como função do valor Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 64 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury do projeto. E a partir dos novos fluxos de caixa, o valor do projeto pode ser facilmente computado. Outra vantagem é que o valor do projeto sofre descontinuidade ao longo do tempo, devido às saídas dos fluxos de caixa em cada período, e, com a transformação proposta, isso é incorporado automaticamente no modelo. 5.6.4 Árvore de Decisão do Projeto No modelo de árvore binomial desenvolvido anteriormente, o valor prédividendo do projeto no período i e estado j, é dado em função do valor V0 do projeto no instante inicial, da taxa de drift µ, da volatilidade σ e da taxa de distribuição de dividendos δi. (Equação (14). Dessa forma temos Vi , j = f (V0 , σ , µ , δ i ) , onde V0 = f ( Ci , µ ) . Ao incorporamos as opções reais do projeto, transformamos a árvore binomial (incerteza) em uma árvore de decisão (incerteza + opções). Por outro lado, a modelagem das opções é mais facilmente implantada determinando-se o seu impacto sobre os fluxos de caixa do que sobre o valor do projeto. Dessa forma, fazemos uma transformação algébrica para explicitar o valor do projeto em função de uma série de fluxos de caixa artificiais que têm a propriedade de garantir que o processo estocástico seguido pela função valor do projeto siga o mesmo Movimento Geométrico Browniano estabelecido anteriormente. Esses fluxos, que serão denominados de pseudos fluxos de caixa, por sua vez, serão função dos fluxos determinísticos do projeto Ci (i = 1, 2, ..., m), do drift µ e dos parâmetros u e d do modelo binomial. Como estaremos descontando os pseudos fluxos à taxa livre de risco, utilizando probabilidades neutras a risco, tem-se também p= e r .t − d . A principal vantagem desta u−d transformação é que ela permite explicitar a função de valor do projeto em termos de uma variável mais básica, que é o fluxo de caixa do projeto, possibilitando uma maior flexibilidade na modelagem das opções reais do projeto. Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 65 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury Na Figura 13, pode-se ver a árvore binomial onde o valor do projeto está expresso em função desses pseudos fluxos. ( Vi , j = f ( Ci , σ , δ i , µ ) ) C2 0 C2 1 C10 C30 ……... C31 ……... C32 ……... C33 ……... V0 C1 1 C22 Figura 13 Pseudo Fluxos de Caixa Para programas geradores de árvore de decisão, que possuem estrutura incremental, a fórmula do valor do projeto como função dos pseudos fluxos de caixa é dado por: m V0 = ∑ i=0 i ∑ j =0 ⎛ i ⎞ i− j j ⎜ j ⎟ p (1 − p) Ci , j ⎝ ⎠ (1 + r )i (17) 5.6.5 Modelagem das Opções Uma vez definido e estruturado o modelo de difusão do valor do projeto, a inclusão das flexibilidades gerenciais é feita inserindo-se os instantes de decisão onde será maximizada a função valor do projeto. A cada oportunidade de se exercer uma opção do projeto, a decisão ótima será do tipo: max {valor de continuação; valor da opção} O valor de continuação é dado pela equação (17). O valor da opção dependerá, é claro, das características dessa flexibilidade gerencial naquele Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 66 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury período. Uma opção de garantia de tráfego mínimo, por exemplo, como sugerido na modelagem híbrida de concessão do capítulo 4 deste trabalho, pode significar que a empresa abre mão do fluxo de caixa corrente em favor de um valor terminal de garantia Ω. Consideramos o caso de uma única opção de garantia no período (T) com valor de Ω. A decisão ótima em cada estado possível do período (T) será: max {valor de continuação; Ω } Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 67 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury 6- Avaliação Financeira da BR-163 com o uso da Teoria das Opções Reais 6.1 O Estado da Arte em Análise de Concessões Rodoviárias Atualmente, a pesquisa no setor de concessões rodoviárias tem como enfoque principal o estudo da evolução do tráfego com o tempo e a identificação dos riscos envolvidos num projeto. Embora as flexibilidades inerentes a projetos de concessão rodoviária sejam conhecidas, a literatura a respeito da modelagem de concessões rodoviárias e estradas pedagiadas utilizando a metodologia das opções reais é escassa. Por outro lado, a modelagem desses riscos como um processo estocástico, bem como a determinação dos seus parâmetros, geralmente não é discutida (Charoenpornpattana et.al, 2002). Tipicamente, a análise de projetos no setor rodoviário é feita adotando-se a premissa de que as projeções de tráfego são determinísticas e que o concessionário não dispõe de flexibilidade gerencial alguma para modificar ou alterar de qualquer forma os fluxos de caixa do projeto. Tal modelo ignora, entre outros, a opção do concessionário de expandir o projeto caso o fluxo de tráfego seja significativamente maior do que o esperado, e a opção de abandonar a concessão, devolvendo o projeto ao governo, no caso dos fluxos resultarem insuficientes. Uma concessão rodoviária, por exemplo, pode ser expandida através da construção de faixas de tráfego adicionais que aumentem a sua capacidade de escoamento e, conseqüente, venha a incrementar as receitas de pedágio, ou mesmo através do investimento em atividades correlatas, decorrentes da administração da faixa de domínio ou até mesmo de novas concessões em estradas vicinais. Embora a opção de abandono possa não encontrar-se explicitamente definida nos contratos de concessão, ela está implicitamente presente e será exercida sempre que uma das partes concluir que o ônus da rescisão de um contrato deficitário será maior do que o ônus da sua continuada operação. Este foi o caso de diversas concessionárias no México, na década passada, entre elas a Tribasa Toll Road Trust, que se viram numa situação de insolvência em função da crise cambial e da desvalorização do peso mexicano em 1994. Dessa forma, existem diversas opções em projetos de concessão que aumentam o seu valor acima daquele obtido Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 68 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury através dos métodos tradicionais de análise de Fluxo de Caixa Descontado, mas a ausência até recentemente de uma metodologia apropriada para capturar o valor dessas opções impedia que o real potencial de um projeto de concessão fosse valorado adequadamente. Um melhor entendimento desses modelos pode levar a um salto qualitativo no processo de decisão de investimentos rodoviários por parte da concessionária privada e a um aporte mais eficiente de recursos públicos por parte do governo. No Brasil, as principais concessões rodoviárias, celebradas na última década, têm sido analisadas exclusivamente através da metodologia tradicional de Fluxo de Caixa Descontado, tanto por parte do poder concedente quanto por parte da concessionária privada. (Relatório do IFC, Via Dutra, 1994). Nesse caso, os riscos do projeto são levados em consideração na forma de uma taxa de desconto mais elevada e o valor da flexibilidade do projeto é desconsiderado. Essa metodologia tende a subavaliar sistematicamente esses projetos, resultando em maiores custos de concessão para o poder público e para os usuários do serviço. Mais recentemente, surgiram alguns trabalhos que se propõem a considerar metodologias que incorporam a flexibilidade gerencial na valoração do projeto. Brandão (2002) apresenta uma modelagem da concessão da Rodovia Presidente Dutra através da metodologia das opções reais, que incorpora o valor da opção de expansão, de abandono e os efeitos do risco político, e conclui que essas flexibilidades gerenciais aumentam substancialmente o valor do projeto em relação à modelagem tradicional. Ng e Björnsson (2004) apresentam argumentos a favor do uso da teoria das opções reais para a análise de um projeto de concessão rodoviária, em comparação com os métodos tradicionais de análise de decisão. Esse estudo inclui tanto o caso de mercados completos como incompletos e concluem que projetos de concessão rodoviária são sempre casos de mercados incompletos, e propõe o uso de uma função utilidade para considerar os riscos privados nesses casos. Rose (1998) mostra que o valor do projeto da via pedagiada de Melbourne na Austrália (Melbourne Central Toll Project) aumenta consideravelmente quando é incorporado na análise o valor das opções de acréscimo de receita disponíveis para a concessionária privada. Bowe e Lee (2004) analisam o projeto de transporte rápido por trilhos de Taiwan (Taiwan High-Speed Rail (THSR) Project), onde o concessionário tem a opção de desenvolver projetos Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 69 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury imobiliários ao longo da via e mostram que o valor destas opções reduz significativamente o risco do projeto. No entanto, os modelos desenvolvidos para ambos os trabalhos são específicos para os projetos em análise e não se prestam para aplicações a outros projetos semelhantes. Uma das dificuldades da aplicação desses métodos é o fato de que as opções de flexibilidade existentes nos projetos de concessão são do tipo Americanas, de valoração mais complexa do que as opções do tipo Européias. Nas opções Européias, o exercício da opção pode ser feito apenas no vencimento, enquanto que uma opção tipo Americana pode ser exercida a qualquer momento, como é o caso das flexibilidades do projeto de concessão. Charoenpornpattana et.al, (2002), por exemplo, avalia dois tipos de subsídios governamentais, a garantia de preço mínimo e o pedágio sombra, como uma cesta de opções Put Européias independentes, mas o seu modelo é limitado a casos simples e desconsidera as interações entre as opções. Dessa forma, dentro do universo pesquisado não foi encontrado nenhum estudo que tenha como objetivo a valoração de projetos de concessão rodoviária que incorpore modelos de flexibilidade gerencial realistas incluindo as interações de combinações de opções. A pesquisa corrente nessa área tem se limitado a aceitar o fato de que existem diversas opções nesses tipos de projetos, que podem aumentar consideravelmente o seu valor. Quando a rentabilidade da concessão for insuficiente ou o risco excessivo, o poder concedente pode oferecer vantagens e/ou garantias adicionais que tornem o projeto viável do ponto de vista do concessionário privado, na forma de flexibilidades ou opções contratuais. No entanto, o valor dessas opções raramente é levado em consideração ou incluído na análise de viabilidade econômica do projeto de forma apropriada devido às limitações das metodologias tradicionais. No caso das receitas ficarem muito abaixo das expectativas, por exemplo, o projeto poderia receber um subsídio governamental proporcional à redução no tráfego esperado, de forma a manter o equilíbrio econômico financeiro do contrato. Outras opções também podem estar presentes, como a opção de estender o período da concessão ou o adiamento de pagamentos devidos ao poder concedente. A presença dessas opções faz com que a análise tradicional pelo método do Fluxo de Caixa Descontado tradicional não Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 70 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury valore adequadamente o empreendimento uma vez que esta metodologia ignora o valor destas opções, que apenas é capturado pelo método das opções reais. A necessidade de uma correta avaliação do valor e do potencial de uma concessão rodoviária decorre das necessidades diretas das diversas entidades envolvidas no processo. A concessionária tem interesse em identificar e valorar corretamente a oportunidade de investimento bem como os riscos associados ao projeto em consideração de modo a poder oferecer uma proposta factível na licitação da concessão. Parte do capital investido na concessão, geralmente, é obtido através de financiamento das agências de desenvolvimento nacionais e internacionais, como o BNDES e o International Financial Corporation - IFC/World Bank, que também têm grande interesse na valoração e quantificação dos riscos do projeto. A participação do poder público como garantidor de ultima instância do projeto faz com que tenha uma responsabilidade importante na implantação de concessões que possuam viabilidade técnica e econômica e possa, se necessário, oferecer opções que aumentem os lucros ou reduzam os prejuízos do concessionário de forma a garantir a continuidade do projeto. O apoio do governo a contratos de concessão pode assumir diversas formas, desde a extensão do período contratual até uma garantia de rentabilidade mínima para o capital investido no projeto, representando diferentes graus de mitigação de risco. Atualmente, a determinação do nível ótimo de tais modalidades de apoio são realizados de forma subjetiva, uma vez que a metodologia utilizada para a modelagem dos projetos não comporta a análise do impacto das flexibilidades que tais apoios oferecem ao concessionário. Por outro lado, o objetivo básico do apoio governamental é oferecer flexibilidades ao concessionário, visando a mitigação do risco do projeto de concessão. Assim, por definição, a própria existência desses fatores mitigadores irá alterar o risco do projeto a cada etapa da sua realização, tornando o cálculo da taxa de desconto apropriada para o projeto extremamente difícil. A única metodologia que permite determinar o valor de um programa de apoio governamental para a viabilização de um projeto de concessão são aquelas que incorporam conceitos de valoração de opções na sua metodologia, também conhecidos como método das opções reais. No método das opções reais, cada uma dessas distintas formas de apoio são modeladas como opções que o concessionário Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 71 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury ou o próprio poder público dispõe e a sua valoração é realizada com base na análise tradicional de Fluxo de Caixa Descontado, levando-se em consideração as incertezas do projeto, a irreversibilidade do investimento e as flexibilidades definidas contratualmente. Adiante, são apresentadas as informações básicas do projeto de concessão objeto deste trabalho e os conceitos básicos do método das opções reais e como ela pode ser aplicada a projetos de concessão rodoviária. 6.2 Riscos de um Projeto de Concessão Rodoviária Os riscos associados a um projeto de concessão rodoviária têm sido identificados, mas a sua modelagem geralmente não é discutida. Trabalhos realizados por Standard and Poor’s (2002, 2003) concluíram que os modelos de projeção de tráfego geralmente oferecem resultados otimistas que não se verificam na prática, e esses projetos tendem a ter uma performance abaixo das expectativas nos anos iniciais. Em função disso, existe a necessidade de se realizar análises de sensibilidade sobre as projeções e os resultados esperados do projeto (Garvin et.al, 2004). Fishbein e Babbar (1996) relacionam os principais riscos a que está sujeito uma concessionária que seja responsável pelo financiamento, construção e operação do projeto: 1. Riscos pré-construção: aquisição e liberação da faixa de domínio, obtenção das licenças ambientais e de construção. 2. Risco de Construção: problemas técnicos e geológicos inesperados, alteração de traçado e de projeto, atrasos e aumento de custos. 3. Risco de Tráfego e Receita: baixa demanda de tráfego, baixo valor do pedágio. 4. Risco de Cambio: flutuação na taxa de cambio, inconvertibilidade de moeda. 5. Risco de Força Maior: terremotos, enchentes, guerra. 6. Risco de Responsabilidade Civil: indenizações por acidentes. 7. Risco Político: Interrupção unilateral do projeto, não cumprimento do contrato de concessão, aumento de impostos. 8. Risco Financeiro: fluxo de caixa insuficiente para o pagamento dos juros da divida ou dividendo aos acionistas. O impacto de cada um dos riscos citados acima dependerá das características do projeto em análise. Para o caso da rodovia BR-163, objeto de estudo deste trabalho, o risco pré-construção é minimizado devido ao fato de já Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 72 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury haver uma estrada existente no traçado proposto e que a responsabilidade pela obtenção das licenças ambientais necessárias é do governo federal, sendo que a concessão somente será licitada após ser concluída essa etapa. Os riscos de construção e de força maior também não são considerados relevantes neste caso uma vez que se trata de uma região conhecida, com estrada existente, ainda que precária, e com condições climáticas também conhecidas e não sujeita a forças excessivas da natureza. O risco de câmbio é relevante apenas no caso da concessionária obter uma parcela significativa do financiamento em moeda estrangeira, com órgãos internacionais. Dessa forma, as principais fontes de risco para o projeto são o risco político, risco de tráfego e o risco financeiro. O risco político depende essencialmente da probabilidade do poder público tomar atitudes que possam afetar negativamente o fluxo de caixa do projeto. Esse risco, no entanto, pode ser mitigado através da contratação de seguro de risco político e/ou cláusulas contratuais especificas de proteção aos termos contratuais. Grande parte do risco financeiro é função das incertezas a respeito das receitas geradas pelo tráfego futuro, e devido às dificuldades de se estimar corretamente níveis de tráfego futuro, o risco de tráfego geralmente é considerado o principal risco de um projeto de concessão rodoviária. O potencial para erros nestas estimativas pode ser ilustrado pelos resultados do projeto M1 na Hungria, onde nos primeiros seis meses de operação conseguiu atrair apenas metade do tráfego esperado. Também a Dulles Greenway, no estado da Virginia do Norte, nos Estados Unidos da América, que tinha um nível de tráfego projetado de 34.000 veículos diários no seu primeiro ano de operação, registrou apenas 11.500 veículos por dia nos primeiros seis meses de operação. Em alguns projetos de concessão o concessionário assume todo o risco de tráfego, enquanto que em outros o governo pode oferecer alguma forma de garantia que releve e/ou minimize esses riscos de forma a tornar o projeto viável do ponto de vista econômico. A seguir, veremos os principais tipos de garantias que o poder público pode oferecer nesses casos, a sua importância para a mitigação de risco para o concessionário e o correspondente o custo para o poder concedente. Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 73 Luiz Eduardo Teixeira Brandão 6.3 Marcus Vinicius Quintella Cury Garantias oferecidas pelo Poder Público Em projetos de concessão, uma parte significativa do fluxo de caixa do projeto é redirecionada ao serviço da dívida e ao pagamento aos acionistas. Dessa forma, a estabilidade destes fluxos é de fundamental importância para a minimização do risco do projeto, o que torna o projeto extremamente sensível ao risco de tráfego. Uma das formas de viabilização do projeto é o estabelecimento de alguma forma de garantia de receita ao projeto visando reduzir o risco de ter um fluxo de caixa insuficiente. As formas mais utilizadas são: (Fishbein e Babbar, 1996) • Garantias de Investimento • Garantia de Financiamento • Garantia de risco cambial • Empréstimos subordinados • Pedágio sombra • Garantia de tráfego mínimo • Extensão do prazo de concessão • Garantias de aumento de receita De todos os mecanismos de garantia de que o governo dispõe, as garantias de investimento, de financiamento e de risco cambial são as que expõem o governo ao maior risco. Na garantia de investimento, o governo dá ao concessionário a opção de vender a sua participação no projeto por um valor que garante um retorno mínimo no seu investimento. Embora não haja custo para o governo no caso do projeto gerar retornos suficientes para o concessionário, nesta modalidade o governo assume todo o risco do projeto e os incentivos para obter um bom desempenho no projeto por parte do concessionário se reduz consideravelmente. A garantia de financiamento protege o credor contra qualquer deficiência de caixa do projeto, mas também apresenta um alto risco para o governo. A garantia cambial é relevante apenas em projetos onde a moeda de financiamento é diversa daquela em que as receitas são incorridas, o que muito provavelmente não será o caso da BR163. Outras formas de suporte, como recursos a fundo perdido e empréstimos subordinados, podem ser importantes para viabilizar um projeto e têm a vantagem Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 74 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury de limitar os riscos do governo a um valor pré-determinado. A concessão da Linha Amarela, no Rio de Janeiro, em 1994, por exemplo, incluiu um aporte a fundo perdido de US$ 112 milhões, para um valor total de projeto de US$ 174 milhões. (Dailami and Klein, 1997). Os empréstimos subordinados têm precedência sobre o pagamento de dividendos aos acionistas, mas não em relação aos demais empréstimos. Uma alternativa para o desembolso inicial é o pagamento do pedágio sombra e a garantia de tráfego ou receita mínima. Nessas modalidades o custo para o governo é distribuído ao longo do período da concessão, ao invés de ser concentrado no seu início. No pedágio sombra, o governo complementa o pedágio pago por cada veiculo que trafega na estrada, através de um pagamento anual por veiculo. O problema com esta garantia é que ela pode ser onerosa para o governo se o volume de tráfego for alto e insuficiente para garantir o retorno dos investidores se o volume for baixo, resultando num aumento de risco do projeto, ao invés de uma redução. A garantia de tráfego mínimo, como proposta na modelagem híbrida sugerida no capítulo 4, por outro lado, é uma forma comum de apoio governamental. Nesta modalidade, o governo compensa o concessionário se o nível de tráfego ou a receita do projeto cair abaixo de um valor mínimo pré-estabelecido. Tipicamente, o nível de tráfego mínimo é estabelecido num patamar de 70% a 90% do tráfego previsto. Da mesma forma, o governo pode também exigir uma contrapartida para o estabelecimento de um piso na forma de um teto de tráfego ou receita, acima do qual o concessionário repassa todo ou parte da receita excedente. A extensão do prazo de concessão é uma das formas de garantia que menos oneram o setor público, mas por outro lado, também não protegem os investidores contra eventuais quedas de receita no curto prazo. O incremento de receitas se dá através de concessões governamentais que limitam a construção de vias alternativas que poderiam desviar o tráfego da rodovia concedida, construção de acessos ou estradas que possam alimentar o tráfego existente, e a autorização para utilizar a faixa de domínio para outras atividades de geração de receita. Essa garantia geralmente tem baixo custo para o governo e pouco impacto sobre a viabilidade econômica da concessão, dada a grande dificuldade em prever receitas futuras decorrentes destas garantias. Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 75 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury Na Figura 14 podemos observar que dentre as garantias mencionadas, quatro apresentam o melhor custo beneficio. Alto Impacto para o Concessionário Garantia de Investimento Garantia de Financiamento Garantia de Risco Cambial Recursos a Fundo Perdido Empréstimos Subordinados Garantia de trafego mínimo Pedágio Sombra Incremento de Receitas Extensão da Concessão Baixo Custo para o Governo Alto Fonte: Fishbein e Babbar, 1996 Figura 14 Alternativas de Garantias Governamentais 6.4 Premissas do Modelo Para a modelagem do projeto da BR-163 foram tomados como base o fluxo de caixa determinístico do projeto, conforme apresentado no Capitulo 3 e a correspondente previsão de tráfego. Conforme visto anteriormente, sem a consideração das opções reais, o valor do projeto básico, sem os investimentos de capital próprio, é de R$ 689.472.997,00 e o seu VPL determinístico é de R$ 332.776.341,00. Para a análise de opções reais do projeto, foi considerado que o valor da concessão varia estocasticamente no tempo, seguindo um Movimento Geométrico Browniano (MGB), na forma dV = µVdt + σ Vdz , onde dz = ε dt e ε ∼ N (0,1) é um processo de Wiener padrão. A taxa de crescimento µ equivale ao retorno esperado do projeto de 15% a.a., exigido pelos acionistas, e a volatilidade σ será determinada pela Simulação Monte Carlo realizada sobre o fluxo de caixa estocástico do projeto. O valor inicial do projeto é dado pelo valor presente esperado do seu fluxo de caixa descontado tradicional, sem os investimentos de capital próprio, no caso, R$ 689,47 milhões. A única fonte de incerteza considerada para esta análise é a incerteza a Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 76 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury respeito do nível de tráfego futuro na rodovia. Foi considerada uma taxa livre de risco de 7% a.a., em termos reais. 6.5 Modelagem Estocástica do Tráfego Considerando a grande sensibilidade do projeto ao volume de tráfego pedagiado, a modelagem dos níveis de tráfego futuro se torna de extrema importância. Para efeitos da simulação do tráfego, foi considerado que o ano base é 2004, embora o tráfego só seja cobrado integralmente a partir do ano 2009, após a conclusão das obras iniciais previstas. No entanto, o estudo do IME apresenta projeções de tráfego apenas para os anos 2007 em diante. Para o ano de 2004, temos apenas medições históricas realizadas nos postos de medição 1, 2, 3 e 4, e nenhuma medição para o restante da estrada. Estes valores não podem simplesmente ser extrapolados para o período da concessão, pois se referem ao tráfego numa estrada que é significativamente diferente da nova estrada que será implantada a partir do ano 2007, quando se espera que o tráfego tenha um crescimento acentuado. Dessa forma, torna-se necessário, portanto, fazer uma regressão dos níveis de tráfego projetados para 2007 para o ano base de 2004, em todas as praças de pedágio. Para tanto, os níveis de 2007 foram descontados a uma taxa de 2,8% ao ano. O nível de tráfego futuro foi modelado estocasticamente como um Movimento Geométrico Browniano (MGB). A sua discretização foi feita utilizando-se períodos anuais com a equação (18), onde S é o nível de tráfego médio diário anual: St +1 = St e ( µt − σ2 2 ) ∆t + σ ε ∆ t (18) O parâmetro de crescimento foi obtido do crescimento do tráfego esperado determinado pelo estudo do IME. A volatilidade dá uma indicação do risco do tráfego futuro de uma estrada que ainda não existe, nos moldes e padrão em que será implementada, portanto, a sua correta estimativa apresenta grande dificuldade. Para efeitos desta análise, foi adotada uma taxa de 6% a.a., que pode ser considerada uma taxa conservadora considerando a grande incerteza existente sobre os reais níveis de tráfego futuro na região. Para efeito de comparação, Charoenpornpattana Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 77 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury et.al, (2002) adotam uma volatilidade de 30% para o risco de tráfego. No entanto, maiores volatilidades resultarão em maior valor para as garantias governamentais, uma vez que elas possuem características de uma opção, correndo-se, portanto, o risco de superestimar o valor desse apoio, caso se adote uma taxa de volatilidade excessivamente alta. A Figura 15 mostra alguns dos possíveis caminhos da evolução do tráfego com tais parâmetros. Tráfego Médio Diário Anual em Veículos Equivalentes 400.000 300.000 Trafego Esperado 200.000 100.000 0 2007 2012 2017 2022 2027 2032 Figura 15 Modelagem Estocástica do Tráfego 6.6 Determinação da Volatilidade do Projeto O modelo de simulação foi aplicado ao fluxo de caixa do projeto utilizando-se 10.000 iterações. Os resultados indicam que o VPL do projeto apresenta um desvio padrão de R$ 254.976.800,00, para um valor esperado de R$ 332.776.341,00, o que indica que o projeto apresenta um grau significativo de risco, e a volatilidade medida pela simulação de 40,65% a.a. confirma essa conclusão. Esse resultado confirma e quantifica a indicação de risco obtida quando da realização da análise de sensibilidade. Na Figura 16, está apresentada a distribuição do VPL do projeto, incluindo o seu intervalo de confiança de 90%, onde pode-se observar que essa Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 78 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury distribuição segue aproximadamente uma lognormal deslocada, conforme previsto pelo modelo teórico apresentado no Capitulo 3. 2,000 Distribution for VPL0 =/I49 -0,3 Mean=332516,8 1,800 Values in 10^ -6 1,600 1,400 1,200 1,000 0,800 0,600 0,400 0,200 0,000 -0,3 0 0,3 0,6 0,9 1,2 1,5 Values in Millions < 5% 90% -,0485 5% > ,7792 Figura 16 Distribuição do VPL do projeto Dado que a volatilidade do tráfego é de apenas 6%, deve-se analisar porque a volatilidade do projeto apresenta valor tão diferente. Uma explicação é o alto grau de alavancagem operacional do projeto, que aumenta o seu risco devido a presença de altos custos fixos de operação e manutenção da rodovia, como é típico nesse tipo de projeto. Além disso, a alta alavancagem financeira do projeto, da ordem de 60%, também contribui para o aumento do risco do investidor à medida que aumenta ainda mais a parcela dos custos fixos através da incorporação no fluxo de caixa dos juros devidos do financiamento, que têm precedência sobre a distribuição de dividendos aos acionistas e investidores. Este risco pode ser minimizado reduzindose a parcela de endividamento, enquanto que um aumento acima dos níveis aqui analisados tenderá a aumentar o risco e a volatilidade do projeto. Cabe ressaltar que, embora a alavancagem operacional represente um risco privado, portanto, diversificável, este risco tem impacto sobre as opções do projeto e não pode ser ignorado na modelagem. Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 79 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Com estes dados, Marcus Vinicius Quintella Cury é possível então modelar o valor do projeto estocasticamente como o ativo básico sobre o qual serão exercidas as opções de garantia que visam a redução do risco para o concessionário. Esta modelagem é feita de modo discreto, considerando-se intervalo de tempo de um ano, seguindo o modelo binomial de Cox, Ross e Rubinstein (1979), descontando-se os fluxos de caixa resultantes à taxa livre de risco, conforme descrito no Capitulo 3 deste trabalho. Sem a inclusão de qualquer opção, o valor do projeto obtido através da aproximação binomial é idêntico ao valor obtido pela análise clássica de fluxo de caixa descontado. Além disso, esta modelagem permite a obtenção do valor do projeto Vt,,j em cada estado j de cada período t durante toda a vigência do contrato de concessão. Este valor é dado por: Vt , j = Ct , j + pVt +1, j + (1 − p)Vt +1, j +1 1+ r (19) onde Ct,j é o fluxo de caixa no tempo t e período j, e r é a taxa livre de risco. 6.7 Modelagem da Garantia de Tráfego Mínimo (Piso) Conforme estabelecido na modelagem híbrida, assume-se que a ação governamental adotada para a redução de risco e a conseqüente viabilização econômica e financeira do projeto será o estabelecimento de um piso de receitas vinculadas a um nível de tráfego mínimo. Desta forma, sempre que o nível de tráfego acarretar uma redução no fluxo de caixa abaixo deste mínimo, o poder público deverá aportar recursos para a concessionária, visando manter o equilíbrio econômico-financeiro do contrato de concessão. O montante desses recursos seria determinado pela diferença entre o piso pré-estabelecido e o real nível observado no período. O tráfego mínimo não é um valor absoluto, mas é referenciado sempre ao nível de tráfego esperado do projeto em cada período como percentagem do tráfego total esperado para aquele ano. Nesta modelagem, estabelece-se, inicialmente, qual o nível mínimo de tráfego a ser garantido e em seguida determina-se o fluxo de caixa correspondente a esse nível de tráfego, ano a ano. Considerando-se a distribuição do valor do projeto no tempo, poderão ocorrer estados onde o valor do fluxo de caixa estará situado abaixo Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 80 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury do mínimo. A garantia de tráfego mínimo é então modelada como uma opção Americana, onde, a cada período, é dado ao concessionário a opção de escolher entre receber o fluxo de caixa do projeto ou o piso pré-estabelecido2. A incorporação de opções ao valor do projeto é então realizada, expandindose a equação (19) para refletir o valor das opções disponíveis num dado período, obtendo-se, então, a equação (20). Dessa forma, fica-se com: pV + (1 − p)Vt +1, j +1 pV + (1 − p )Vt +1, j +1 ⎫ ⎧ , Pt + t +1, j Vt , j = max ⎨Ct , j + t +1, j ⎬ 1+ r 1+ r ⎩ ⎭ (20) onde Pt é o fluxo de caixa referente ao piso de tráfego estabelecido para o período t. Considerando-se apenas o efeito da garantia de tráfego mínimo, observa-se que o valor do projeto aumenta consideravelmente mesmo para valores baixos de garantia. Este aumento deve-se a dois motivos: primeiro, porque a garantia de tráfego complementa o fluxo de caixa do concessionário sempre que ocorrerem situações de tráfego adversas; segundo, porque esta opção tem a característica de um seguro contra baixos volumes de tráfego, ou seja, uma opção to tipo Put, o que contribui para a redução do risco do projeto e que é capturado pela análise de opções reais. Na Figura 17, pode-se observar como esse aumento de valor ocorre à medida que o nível mínimo de garantia de tráfego aumenta. Para um nível de garantia de apenas 60% do tráfego esperado, por exemplo, o VPL do projeto aumenta de R$ 332,8 milhões para R$ 712,9 milhões. Como toda opção, o seu valor é fortemente influenciado pela volatilidade do seu ativo básico, que neste caso são os fluxos de caixa do projeto. Estes, por sua vez, têm a sua variabilidade afetada pela variabilidade do tráfego futuro e pelas alavancagens operacional e financeira que o projeto apresenta. 2 O projeto do acesso sul a Concepción no Chile adota uma garantia de receita mínima, enquanto que a rodovia Buga-Tuluá na Colômbia utiliza um modelo de garantia de tráfego mínimo. Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 81 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury 1.500.000 1.000.000 VPL VPL com garantia de trafego mínimo 500.000 VPL sem garantia de tráfego 0 0% 30% 60% 90% Percentagem de Tráfego Garantido Figura 17 Valor Esperado do Projeto, em função do nível de garantia de tráfego Deve-se considerar, também, que o forte efeito dessa garantia é devido em parte ao fato de que a modelagem foi feita em relação ao fluxo de caixa correspondente ao nível de tráfego mínimo, e, conseqüentemente, em relação ao valor do projeto. O valor de uma opção é influenciado pela volatilidade do ativo básico. Dessa forma, uma modelagem de opção de garantia de tráfego, feita diretamente sobre o nível de tráfego, possivelmente indicará um valor diferente, uma vez que a volatilidade do tráfego de 6% é significativamente menor do que a volatilidade do projeto, que é de 40,7%. Por outro lado, o retorno dos acionistas está vinculado, em última análise, ao fluxo de caixa do projeto. Não obstante, esta modelagem pode ser considerada a mais relevante para a tomada de decisão do investidor. De qualquer forma, a implementação desses modelos alternativos pode também ser realizada sem maiores dificuldades. Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 82 Luiz Eduardo Teixeira Brandão 6.8 Marcus Vinicius Quintella Cury Modelagem do Limite de Tráfego Máximo (Teto) A modelagem do garantia de tráfego mínimo, realizada no item anterior, não contempla contrapartida alguma da concessionária com relação aos eventuais excessos de tráfego, acima do tráfego esperado. Uma contrapartida que tem sido adotada em outros projetos3 é o estabelecimento de um limite de tráfego, acima do qual as receitas ou os fluxos líquidos são transferidos, em todo ou em parte, para o poder público. O modelo proposto é ilustrado na Figura 18. 400.000 Tráfego 300.000 Teto de Tráfego Concessionária e Governo dividem receita gerada por tráfego acima do teto Concessionária retém totalidade da receita 200.000 Tráfego Esperado Piso de Tráfego Garantia de Tráfego Mí i 100.000 Concessionária recebe subsídio proporcional ao tráfego abaixo do piso 0 2007 2012 2017 2022 2027 2032 Ano Figura 18 Modelagem do Piso e Teto de Tráfego Na modelagem conjunta do piso e teto de tráfego, tem-se o caso de opções compostas, onde ambas opções podem ser exercidas sobre o mesmo ativo básico. A modelagem dessas opções deve ser feita considerando-se que o real nível de tráfego pode estar em três regiões distintas e mutuamente exclusivas: abaixo do mínimo, entre o mínimo e o máximo, ou acima do máximo. Neste caso, a regra do 3 A rodovia Buga-Tuluá na Colômbia também adota um modelo onde a totalidade das receitas acima de um determinado limite são transferidas ao governo. Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 83 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury valor ótimo do projeto, em cada período t, considerando-se que a totalidade do excedente de receita é revertido para o governo, é dada por: Vt , j = min {max {tráfego observado, piso} , teto} Essa modelagem tem por conseqüência reduzir os incentivos ao concessionário de realizar melhoramentos na estrada que possibilitem o aumento do tráfego na rodovia, acima do teto estabelecido. Uma outra forma de limite de tráfego permite ao concessionário reter parte destes fluxos de caixa excedentes. Nesse caso, a regra ótima passa a ser: Vt , j = min {max {tráfego observado, piso} , teto + FR(tráfego observado − teto)} onde FR é o Fator de Retenção dos fluxos excedentes em percentagem do total, representando a parcela que é retida pelo concessionário. 400.000 Retenção de 100% 300.000 VPL Retenção de 50% 200.000 Retenção de 0% 100.000 0 100% 110% 120% 130% 140% 150% Teto de Tráfego Figura 19 VPL Esperado em função do Limite de tráfego máximo (Tráfego mínimo = 0) Na Figura 19, pode-se observar como o VPL do projeto é afetado pelo teto de tráfego estabelecido e pelo fator de retenção adotado. Para isolar os efeitos do teto de tráfego neste gráfico, foi considerado que não existe garantia de tráfego mínimo. Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 84 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury Podemos observar que o VPL do projeto aumenta à medida que o teto de tráfego aumenta e também à medida que é permitido ao concessionário reter parcelas maiores do fluxo excedente. Na Figura 20, são apresentados os mesmos resultados, considerando-se agora a interação do limite de tráfego com a garantia de piso mínimo, estabelecido no nível de 50% do tráfego esperado. Observa-se que não há simetria nos efeitos do piso e do teto de tráfego, sendo que o efeito do piso de tráfego é muito mais significativo que o do teto. 600.000 Retenção de 100% VPL 500.000 Retenção de 50% 400.000 Retenção de 0% 300.000 100% 110% 120% 130% 140% 150% Teto de Trafego Figura 20 VPL Esperado em função do Limite de tráfego máximo (Tráfego mínimo = 50%) Finalmente, analisa-se o caso em que o piso de tráfego foi estabelecido em 75% e pode-se verificar o impacto da introdução de um teto de tráfego no projeto. Observa-se que um nível de retenção de 100% equivale a inexistir um limite de tráfego máximo. Como nos casos anteriores, verifica-se que limites mais altos de tráfego reduzem o ônus para o concessionário. Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 85 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury 1.000.000 Retenção de 100% 900.000 VPL Retenção de 50% Retenção de 0% 800.000 700.000 100% 110% 120% 130% 140% 150% Teto de Tráfego Figura 21 VPL Esperado em função do Limite de tráfego máximo (Tráfego mínimo = 75%) Analisando-se o efeito conjunto de uma garantia de tráfego mínima e um limite de tráfego máximo, para diversos níveis de garantia, obtém-se o gráfico apresentado na Figura 22, onde considera-se que o concessionário é obrigado a repassar 50% do fluxo excedente para o governo. Pode-se observar que o efeito da criação de um limite superior de tráfego tem um efeito reduzido sobre o valor esperado do projeto e que a opção de maior impacto é a de garantia de tráfego mínima. 1.500.000 VPL com garantia de tráfego mínimo 1.000.000 VPL VPL com garantia de tráfego mínimo e limite de tráfego máximo 500.000 Projeto sem Opções 0 0% 30% 60% 90% Tráfego Mínimo Figura 22 VPL em função das Opções do Projeto Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 86 Luiz Eduardo Teixeira Brandão 7- Conclusões e Recomendações 7.1 Conclusões Marcus Vinicius Quintella Cury Neste trabalho, foi apresentada a aplicação da teoria das opções reais para o estudo de viabilidade do projeto de concessão da BR-163. A análise realizada mostra que as garantias que o poder público pode dar ao concessionário têm um forte impacto sobre o risco, o valor e viabilidade financeira do projeto. Embora diversos tipos distintos de garantias possam ser modeladas, neste trabalho foi apresentada apenas a modelagem das garantias de tráfego mínimo e limite de tráfego máximo, donde conclui-se que uma garantia de tráfego mínimo, em níveis modestos, é suficiente para viabilizar a implantação do projeto de concessão da BR163, dentro das premissas adotadas neste modelo. A modelagem aqui adotada foi baseada no fluxo de caixa do projeto gerado pelo nível desejado de garantia de tráfego, onde o ativo básico sobre o qual a opção de garantia é exercida é o valor do projeto. Por outro lado, pode-se observar que uma modelagem onde o ativo básico seja o nível de tráfego pode levar a resultados diferentes. A escolha do ativo básico a ser modelado é uma opção do analista, e, neste caso, entende-se que o ativo escolhido reflete bem os fatores que influenciam a tomada de decisão do investidor. Dado que as modalidades de apoio governamental a projetos de infraestrutura do tipo BFOT (Build, Finance, Operate, Transfer) são importantes para o sucesso do empreendimento, o desenho e implementação de garantias deve ser objeto de estudo minucioso para que se possa obter o máximo de impacto ao menor custo para o governo. Para isso, no entanto, torna-se necessário uma ferramenta que permita a modelagem ótima dessas garantias. A modelagem híbrida apresentada, com utilização da teoria das opções reais, é flexível e permite incorporar outros modelos de garantia, conforme as necessidades do projeto ou interesses do poder público e do concessionário. Dado que projetos de concessão rodoviária têm características próprias, que são dificilmente replicáveis em outros projetos, essa flexibilidade torna-se importante para efeito da customização da análise. Esta metodologia permite, por exemplo, com algumas alterações, quantificar o valor do impacto destas garantias e auxiliar na Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 87 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury determinação do nível de garantia ótima que viabilize o projeto sem onerar em demasia os cofres públicos. Este trabalho mostra que é possível valorar as opções de garantia do projeto, ou quaisquer outras a que o projeto possa estar sujeito, como, por exemplo, a possibilidade de expansão futura através do aumento de capacidade de escoamento da rodovia. Pesquisas realizadas sobre a literatura de opções reais aplicadas a projetos rodoviários, indicam a possibilidade do presente trabalho ser inédito e que esta é a primeira vez em que a análise simultânea de uma garantia de tráfego mínimo e máximo são valorados simultaneamente como opções americanas, no contexto de um projeto de concessão rodoviária. Em última análise, pode-se constatar, pela aplicação da teoria das opções reais, que o projeto da BR-163, para ser atrativo para a iniciativa privada e para os lenders envolvidos, deve adotar a modelagem híbrida para a concessão, na modalidade BFOT, com faixa de tráfego garantida pelo poder concedente, para que os riscos da concessão sejam minimizados. Caso contrário, ou seja, sem a garantia de tráfego mínimo, os riscos para o concessionário privado podem ser considerados altos, com grande sensibilidade a qualquer erro nas previsões de tráfego originais, fato que torna o projeto praticamente inviável, mesmo tendo apresentado um VPL positivo. Desta forma, a modelagem da concessão da BR-163, com utilização da modelagem híbrida, pode ser considerada como uma PPP viável financeiramente e com baixo nível de risco para o parceiro privado, considerando-se que as previsões de tráfego realizadas pelo IME tenham margens de erros não exageradas. 7.2 Recomendações Toda a análise realizada neste trabalho foi baseada nos dados levantados pelo estudo do IME, conforme relatado anteriormente. Fatores críticos para os resultados aqui apontados são as estimativas de tráfego inicial e sua evolução esperada no tempo, a volatilidade destas projeções e a tarifa básica a ser adotada para o pedágio, bem como estimativas de custo do investimento, manutenção e operação da rodovia. Variações significativas nestes dados e parâmetros podem levar a resultados diferentes daqueles apresentados aqui e devem ser analisados com cautela por parte dos órgãos públicos e agentes interessados. Por este motivo, recomenda-se que esforços sejam realizados no sentido de se obter as melhores Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 88 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury estimativas possíveis para estes itens, especialmente no que diz respeito às previsões de tráfego na BR-163. 7.3 Sugestões para extensões e estudos futuros O prazo da concessão neste estudo foi fixado em 25 anos, conforme estipula a lei das concessões. Uma outra opção que poderia ser trabalhada dentro da modelagem híbrida é a flexibilização deste prazo, situando-o numa faixa entre 25 e 35 anos. Com a evolução da concessão, do desempenho da concessionária e à medida que as incertezas de tráfego do projeto se resolvem com o tempo, em relação às metas previamente determinadas, o concessionário teria a opção de estender o prazo contratual até o limite de 35 anos. Essa opção seria então exercida de forma a permitir à concessionária atingir suas metas financeiras durante os anos excedentes. Outra análise que poderia ser realizada é a estimativa do custo para o governo das garantias oferecidas para a viabilização da concessão e um estudo da relação benefício/custo de diferentes modalidades de suporte. Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 89 Luiz Eduardo Teixeira Brandão 8- Marcus Vinicius Quintella Cury Referências Bibliográficas Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT (2003) “Apresentação e Aspectos Gerais do Programa de Concessões” Artigo capturado em 30/04/2003 no endereço: http://www.antt.gov.br. Black, F. and Scholes, M., “The Pricing of Options and Corporate Liabilities,” Journal of Political Economy, 81 (1973), 637-59. 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Traffic Forecasting Risk: Study Update 2003, Standard and Poor's Infrastructure Finance, November 6, 2003 Traffic Risk in Start-up Toll Facility, Standard and Poor’s infrastructure Finance, 2002 Triantis, A., and Borison, A., “Real Options: State of the Practice”, Journal of Applied Corporate Finance, 14 (2001) 8-24. Trigeorgis, L., Real Options - Managerial Flexibility and Strategy in Resource Allocation, MIT Press (1996). Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 91 Luiz Eduardo Teixeira Brandão 9- Marcus Vinicius Quintella Cury Anexos Anexo 1 – Investimentos Anexo 2 – Custos Operacionais Anexo 3 – Projeção do Tráfego Médio Diário Anual Anexo 4 – Fluxo de Caixa do Acionista – Modelagem Clássica Anexo 5 – Trabalho Publicado Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 92 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury Anexo 1 (R$ 1.000,00) Investimentos Ano da Concessão Ano Calendário 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030 2031 2032 Investimento Inicial Manu-tenção Melhorias 257.779 359.161 359.160 42.209 42.209 42.209 42.209 62.329 62.329 62.329 62.329 62.329 21.600 21.600 718.320 121.579 121.579 121.579 121.579 121.579 1.131.575 463 933 10.539 7.146 48.266 11.579 11.215 5.322 95.462 Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais Total Investimento Acumulado 257.779 359.161 359.160 0 463 43.143 52.748 49.355 90.475 73.908 73.544 67.651 62.329 62.329 21.600 21.600 0 0 0 0 0 121.579 121.579 121.579 121.579 121.579 1.945.358 257.779 616.940 965.788 940.082 898.555 898.966 908.926 913.333 955.970 979.137 996.447 1.002.902 998.801 989.495 934.263 873.405 788.472 701.131 613.523 525.882 438.236 472.168 506.099 509.636 462.515 329.276 1.849.895 93 Depreciação Invest Acum Liquido (10.311) (25.706) (41.991) (42.731) (42.788) (44.948) (47.838) (50.741) (56.234) (61.196) (66.430) (71.636) (76.831) (82.458) (84.933) (87.341) (87.608) (87.641) (87.646) (87.647) (87.647) (118.042) (168.700) (254.818) (329.276) 257.779 606.628 940.082 898.091 855.824 856.178 863.978 865.495 905.229 922.903 935.251 936.472 927.166 912.664 851.805 788.472 701.131 613.523 525.882 438.236 350.589 384.520 388.057 340.936 207.697 0 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury Anexo 2 (R$ 1.000,00) Custos Operacionais Ano da Concessão Ano Calendário 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030 2031 2032 Conservação Salários e Encargos 0 4.525 4.525 9.807 16.584 19.317 19.317 19.317 19.317 19.317 19.317 19.317 19.317 19.317 19.317 19.317 19.317 19.317 19.317 19.317 19.317 19.317 19.317 19.317 19.317 421.785 6.787 9.495 22.777 35.457 35.457 35.457 35.457 35.457 35.457 35.457 35.457 35.457 35.457 35.457 35.457 35.457 35.457 35.457 35.457 35.457 35.457 35.457 35.457 35.457 35.457 819.113 Desp. G&A Serviços Teceirizados Seguros Outros Total Custos Operacionais 1.433 3.463 3.564 7.405 7.405 7.405 7.405 7.405 7.405 7.405 7.405 7.405 7.405 7.405 7.405 7.405 7.405 7.405 7.405 7.405 7.405 7.405 7.405 7.405 7.405 171.370 1.150 1.150 1.150 1.150 1.150 1.150 1.150 1.150 1.150 1.150 1.150 1.150 1.150 1.150 1.150 1.150 1.150 1.150 1.150 1.150 1.150 1.150 1.150 1.150 1.150 28.750 1.234 1.234 1.234 1.234 1.234 1.234 1.234 1.234 1.234 1.234 1.234 1.234 1.234 1.234 1.234 1.234 1.234 1.234 1.234 1.234 1.234 1.234 1.234 1.234 1.234 30.850 0 0 0 1.825 1.825 1.825 1.825 1.825 1.825 1.825 1.825 1.825 1.825 1.825 1.825 1.825 1.825 1.825 1.825 1.825 1.825 1.825 1.825 1.825 1.825 40.151 10.604 19.867 33.250 56.878 63.655 66.388 66.388 66.388 66.388 66.388 66.388 66.388 66.388 66.388 66.388 66.388 66.388 66.388 66.388 66.388 66.388 66.388 66.388 66.388 66.388 1.512.019 Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 94 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury Anexo 3 Projeção de Tráfego: Ano Calendário 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030 2031 2032 Ano Concessão -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 1 12.894 13.255 13.626 14.008 16.062 17.679 19.079 20.340 21.501 22.589 23.618 24.590 25.146 25.710 26.262 26.832 27.396 27.979 28.557 29.175 29.772 30.391 31.019 31.678 32.336 33.016 33.709 34.410 35.149 2 11.215 11.529 11.852 12.184 13.959 15.457 16.753 17.903 18.989 19.982 20.907 21.788 22.121 22.461 22.818 23.173 23.550 23.929 24.326 24.749 25.172 25.604 26.058 26.523 26.994 27.485 28.005 28.530 29.093 3 10.391 10.682 10.981 11.289 13.267 14.773 16.070 17.242 18.307 19.280 20.210 21.077 21.377 21.675 22.002 22.327 22.646 22.994 23.348 23.712 24.094 24.478 24.882 25.285 25.714 26.154 26.620 27.090 27.580 4 9.072 9.326 9.587 9.856 11.827 13.326 14.616 15.772 16.822 17.773 18.663 19.509 19.735 19.960 20.202 20.450 20.701 20.964 21.234 21.511 21.811 22.117 22.428 22.753 23.094 23.446 23.806 24.187 24.571 Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais VHE 5 7.116 7.316 7.520 7.731 9.550 10.927 12.092 13.123 14.046 14.904 15.691 16.428 16.626 16.833 17.050 17.266 17.483 17.726 17.968 18.216 18.475 18.752 19.025 19.329 19.619 19.938 20.267 20.613 20.965 Praça 6 7.116 7.316 7.520 7.731 9.550 10.927 12.092 13.123 14.046 14.904 15.691 16.428 16.626 16.833 17.050 17.266 17.483 17.726 17.968 18.216 18.475 18.752 19.025 19.329 19.619 19.938 20.267 20.613 20.965 7 7.116 7.316 7.520 7.731 9.550 10.927 12.092 13.123 14.046 14.904 15.691 16.428 16.626 16.833 17.050 17.266 17.483 17.726 17.968 18.216 18.475 18.752 19.025 19.329 19.619 19.938 20.267 20.613 20.965 95 8 7.116 7.316 7.520 7.731 9.550 10.927 12.092 13.123 14.046 14.904 15.691 16.428 16.626 16.833 17.050 17.266 17.483 17.726 17.968 18.216 18.475 18.752 19.025 19.329 19.619 19.938 20.267 20.613 20.965 9 7.116 7.316 7.520 7.731 9.550 10.927 12.092 13.123 14.046 14.904 15.691 16.428 16.626 16.833 17.050 17.266 17.483 17.726 17.968 18.216 18.475 18.752 19.025 19.329 19.619 19.938 20.267 20.613 20.965 10 5.570 5.726 5.887 6.052 7.600 8.743 9.695 10.533 11.269 11.957 12.582 13.182 13.364 13.568 13.755 13.951 14.167 14.373 14.593 14.830 15.069 15.316 15.574 15.842 16.117 16.407 16.707 17.021 17.352 11 5.241 5.388 5.538 5.694 7.246 8.364 9.304 10.110 10.848 11.511 12.128 12.694 12.857 13.019 13.196 13.372 13.555 13.739 13.931 14.133 14.341 14.555 14.787 15.015 15.251 15.500 15.763 16.027 16.314 Total 89.964 92.483 95.073 97.735 117.710 132.973 145.976 157.511 167.964 177.608 186.562 194.975 197.728 200.554 203.482 206.434 209.427 212.605 215.827 219.189 222.630 226.217 229.870 233.740 237.599 241.697 245.945 250.327 254.881 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury Anexo 4 Fluxo de Caixa para o Acionista (R$ 1.000,00) Ano da Concessão Ano Calendário 0 2007 1 2008 2 2009 3 2010 4 2011 5 2012 6 2013 7 2014 8 2015 9 2016 10 2017 11 2018 12 2019 Investimentos: Investimento Inicial (307.852) (359.161) (359.160) Financiamento BNDES 184.711 215.496 215.496 Investimento Liquido (123.141) (143.664) (143.664) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 VP do Invest Liquido (356.697) 0 0 0 Receita de Pedágio Imposto sobre pedágio Receita Liquida 84.839 (11.903) 72.936 Custos Operacionais Juros Depreciação Total Custos 10.604 18.471 10.311 39.386 19.867 40.021 25.706 85.594 LAIR IR Lucro Liquido (39.386) 0 (39.386) (12.657) 0 (12.657) + Depreciação - Amortizações - Manutenção - Melhorias 10.311 0 0 0 25.706 0 0 0 (29.075) 13.048 FCLA (356.697) Ks = 15% VP0 = 689.473 TIR = 93.136 436.936 465.931 492.685 517.522 540.861 548.496 556.335 564.458 572.648 (13.067) (61.302) (65.370) (69.124) (72.608) (75.883) (76.954) (78.054) (79.193) (80.343) 80.069 375.633 400.561 423.561 444.913 464.978 471.542 478.282 485.264 492.305 33.250 61.570 41.991 136.811 56.878 61.570 42.731 161.179 63.655 57.466 42.788 163.909 66.388 53.361 44.948 164.698 66.388 49.256 47.838 163.483 66.388 45.152 50.741 162.281 66.388 41.047 56.234 163.669 66.388 36.942 61.196 164.527 66.388 32.838 66.430 165.656 66.388 28.733 71.636 166.757 (56.742) 214.455 236.652 258.863 281.431 302.697 307.873 313.755 319.609 325.548 0 (72.915) (80.462) (88.014) (95.686) (102.917) (104.677) (106.677) (108.667) (110.686) (56.742) 141.540 156.190 170.850 185.744 199.780 203.196 207.078 210.942 214.862 41.991 0 0 0 42.731 (41.047) 0 (463) (14.752) 142.761 22,2% Investim = (356.697) Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 42.788 (41.047) (42.209) (933) 44.948 (41.047) (42.209) (10.539) 47.838 (41.047) (42.209) (7.146) 50.741 (41.047) (42.209) (48.266) 56.234 (41.047) (62.329) (11.579) 61.196 (41.047) (62.329) (11.215) 66.430 (41.047) (62.329) (5.322) 71.636 (41.047) (62.329) 0 114.789 122.003 143.180 118.999 144.475 153.684 168.673 183.122 TIRM = 17,9% VPL0 = 332.776 96 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury Anexo 4 Fluxo de Caixa para o Acionista Ano da Concessão Ano Calendário Investimentos: Investimento Inicial Financiamento BNDES Investimento Liquido 13 2020 14 2021 15 2022 16 2023 17 2024 18 2025 19 2026 20 2027 21 2028 22 2029 23 2030 24 2031 25 2032 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 VP do Invest Liquido Receita de Pedágio 580.950 589.765 598.704 608.029 617.576 627.526 637.659 648.395 659.098 670.467 682.250 694.406 707.039 Imposto sobre pedágio (81.507) (82.744) (83.998) (85.306) (86.646) (88.042) (89.464) (90.970) (92.471) (94.067) (95.720) (97.425) (99.198) Receita Liquida 499.443 507.021 514.706 522.722 530.930 539.484 548.196 557.425 566.627 576.401 586.530 596.981 607.841 Custos Operacionais Juros Depreciação Total Custos 66.388 24.628 76.831 167.847 66.388 20.523 82.458 169.370 66.388 16.419 84.933 167.740 66.388 12.314 87.341 166.043 66.388 8.209 87.608 162.206 66.388 4.105 87.641 158.134 66.388 0 87.646 154.035 66.388 0 87.647 154.035 66.388 66.388 66.388 66.388 66.388 0 0 0 0 0 87.647 118.042 168.700 254.818 329.276 154.035 184.430 235.088 321.206 395.664 LAIR 331.596 337.651 346.966 356.680 368.724 381.350 394.161 403.390 412.591 391.971 351.442 275.774 212.177 IR (112.743) (114.801) (117.968) (121.271) (125.366) (129.659) (134.015) (137.152) (140.281) (133.270) (119.490) (93.763) (72.140) Lucro Liquido 218.853 222.850 228.997 235.409 243.358 251.691 260.146 266.237 272.310 258.701 231.952 182.011 140.037 + Depreciação - Amortizações - Manutenção - Melhorias 76.831 (41.047) (62.329) 0 FCLA 192.308 82.458 (41.047) (21.600) 0 84.933 (41.047) (21.600) 0 87.341 (41.047) 0 0 87.608 (41.047) 0 0 87.641 (41.047) 0 0 87.646 0 0 0 242.661 251.284 281.702 289.919 298.285 347.793 Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 97 87.647 87.647 118.042 168.700 254.818 329.276 0 0 0 0 0 0 0 (121.579) (121.579) (121.579) (121.579) (121.579) 0 0 0 0 0 0 353.884 238.379 255.164 279.073 315.250 347.734 Luiz Eduardo Teixeira Brandão Marcus Vinicius Quintella Cury Anexo 4 – Trabalho Publicado sobre Opções Reais Avaliação da Viabilidade Econômica da BR-163 por Opções Reais 98 Decision Analysis informs Vol. 00, No. 0, Xxxxx 2005, pp. 1–20 issn 1545-8490 eissn 1545-8504 05 0000 0001 ® doi 10.1287/deca.1050.0040 © 2005 INFORMS Using Binomial Decision Trees to Solve Real Option Valuation Problems Luiz E. Brandao IAG Business School, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ 22453-900, Brazil, [email protected] James S. Dyer, Warren J. Hahn McCombs School of Business, The University of Texas at Austin, Austin, Texas 78712 {[email protected], [email protected]} T raditional decision analysis methods can provide an intuitive approach to valuing projects with managerial flexibility or real options. The discrete-time approach to real option valuation has typically been implemented in the finance literature using a binomial lattice framework. Instead, we use a binomial decision tree with risk-neutral probabilities to approximate the uncertainty associated with the changes in the value of a project over time. Both methods are based on the same principles, but we use dynamic programming to solve the binomial decision tree, thereby providing a computationally intensive but simpler and more intuitive solution. This approach also provides greater flexibility in the modeling of problems, including the ability to include multiple underlying uncertainties and concurrent options with complex payoff characteristics. Key words: decision analysis; real options; decision trees; binary approximations History: Received on September 15, 2004. Accepted by Robert Clemen and Don Kleinmuntz on May 25, 2005, after 2 revisions. 1. Introduction the cash flows and probabilities that give the correct project values when discounted to each period and to each uncertain state. Project flexibilities, or real options, can then be modeled easily as decisions that affect these cash flows. This specification of project uncertainties, cash flows, and decisions allows the problem to be modeled and solved using commercially available decision tree software familiar to the decision analysis community. Our discussion expands on the ideas presented originally by Brandao and Dyer (2004) and illustrates the approach with several examples. While many of these ideas are relatively straightforward and build on concepts suggested by Nau and McCardle (1991) and Smith and Nau (1995), we hope to make this material more accessible to decision analysts and to encourage additional work on the relationship between decision analysis and finance. Triantis and Borison (2001) provide an assessment of the use of options-based project valuation methods in practice and conclude that a modest evolution is occurring within some companies to support their Discounted cash flow (DCF) methods are commonly used for the valuation of projects and for decisionmaking regarding investments in real assets. One of the most important limitations of DCF is that it fails to account for the value of managerial flexibility inherent in many types of projects. The options derived from managerial flexibility are commonly called “real options” to reflect their association with real assets rather than with financial assets. Although appealing from a theoretical perspective, the practical use of real option valuation techniques in industry has been limited by the mathematical complexity of these techniques and the resulting lack of intuition associated with the solution process, or the restrictive assumptions required to obtain analytical solutions. In this article we outline how traditional decision analysis tools can be used as an alternative to solve real option valuation problems based on the ideas suggested by Copeland and Antikarov (2001) and further illustrated in Copeland and Tufano (2004). We do this by using a binomial decision tree to determine 1 2 Brandao, Dyer, and Hahn: Using Binomial Decision Trees to Solve Real Option Valuation Problems Decision Analysis 00(0), pp. 1–20, © 2005 INFORMS adoption. In particular, Triantis and Borison anticipate increasing convergence among the various real options approaches, particularly the decision-analytic and options-pricing approaches. In that spirit we also review some basic options-pricing concepts that will be familiar to many readers but that are nonetheless included as a useful reference in the context of this discussion. We will also take care to discuss the underlying assumptions and limitations of these methods and to suggest when they might be a valuable addition to the decision-analysis tool kit when used appropriately. The remainder of the article is organized as follows. Section 2 reviews the traditional approaches to project valuation. Section 3 outlines a decision tree approach to the real option problem discussed by Copeland and Tufano (2004). Section 4 provides an extension of this approach to problems in which project cash flows over time are explicitly modeled and used as the basis for valuing real options. This approach is illustrated in §5 with a numerical example. In §6 we conclude with a discussion of the limitations of this approach and identify some areas for further research. 2. Background on Project Valuation With the DCF approach to valuation, the net present value of a project is calculated by discounting the future expected cash flows at a discount rate that takes into account the risk of the project. In practice, this discount rate is often the weighted average cost of capital (WACC) for the firm, based on the assumption that both the firm and the project share identical market risks. While this assumption may be valid for projects that mimic the risks associated with the firm as a whole, it may not be appropriate for unusual or innovative investment projects. In such cases, the practitioner must exercise judgment in choosing an appropriate discount rate for the project. For a discussion of the issues associated with the selection of a project discount rate and the calculation of the WACC, see Grinblatt and Titman (1998, Chapters 10 and 12). A major criticism of DCF is the implicit assumption that the project’s outcome will be unaffected by future decisions of the firm, thereby ignoring any value that comes from managerial flexibility. Management flexibility is the ability to make decisions during the execution of a project so that expected returns are maximized or expected losses are minimized. Examples of project flexibilities include expanding operations in response to positive market conditions, abandoning a project that is underperforming, deferring investment for a period of time, suspending operations temporarily, switching inputs or outputs, reducing the project scale, or resuming operations after a temporary shutdown. The incremental value of these options can only be determined using an options-pricing or decision analysis approach. Option-pricing methods were first developed to value financial options. However, the potential application of these methods to the valuation of options on real assets was quickly identified, and hundreds of scholarly papers have been written on this topic. Nevertheless, applications of real option valuation methods to practical problems have been limited by the mathematical complexity of the approach, by the restrictive theoretical assumptions required, and by their lack of intuitive appeal. The mathematical complexity associated with option theory stems from the fact that the general problem requires a probabilistic solution to a firm’s optimal investment decision policy, not only at present but also at all instances in time up to the maturity of its options. To solve this problem of dynamic optimization, the evolution of uncertainty in the value of the real asset over time is first modeled as a stochastic process. Then the value of the firm’s optimal policy is a partial differential equation that is obtained as the solution to a value function represented by Bellman’s principle of optimality, where appropriate boundary conditions reflect the initial conditions and terminal payoff characteristics. When closed-form mathematical solutions are unavailable, which is usually the case for more complex problems where the project may be subject to several sources of uncertainty and more than one type of option, numerical methods and discrete dynamic programming must be used to obtain a solution. A discrete approximation to the underlying stochastic process can be developed to provide a transparent and computationally efficient model of the valuation problem. The first example of this approach is a binomial lattice model that converges weakly to a lognormal diffusion of stock prices, developed by Cox et al. (1979). A binomial lattice may be viewed as Brandao, Dyer, and Hahn: Using Binomial Decision Trees to Solve Real Option Valuation Problems 3 Decision Analysis 00(0), pp. 1–20, © 2005 INFORMS a probability tree with binary chance branches, with the unique feature that the outcome resulting from moving up u and then down d in value is the same as the outcome from moving down and then up. Thus, this probability tree is recombining, since there are numerous paths to the same outcomes, which significantly reduces the number of nodes in the lattice. A binomial lattice and the corresponding binomial tree are shown in Figure 1, where S is the current market price of the asset and q is the probability of an upward move to Su. The binomial lattice model can be used to accurately approximate solutions from the Black-ScholesMerton continuous-time valuation model for financial options, with the added advantage of allowing a solution for the value of early-exercise American options, whereas the Black-Scholes-Merton model can value only European options. Unfortunately, the process of working through lattices can be cumbersome and nonintuitive, especially for more complex applications to real assets, which can involve several simultaneous and compound options. The typical approach to using a lattice involves finding a replicating portfolio at each node. This approach is based on traditional optionpricing methods, which require that markets be complete in the sense that there are enough traded assets to allow the creation of a portfolio of securities whose payoffs replicate the payoffs of the asset in all states Figure 1 of nature and in all future periods. The assumption of the existence of a replicating portfolio underlies much of the initial work done in the field of continuous-time, real option valuation by Brennan and Schwartz (1985), MacDonald and Siegel (1986), Dixit and Pindyck (1994), and Trigeorgis (1995). The use of traditional option-pricing methods and the replicating portfolio approach is complicated by the fact that, for most projects involving real assets, no such replicating portfolio of securities exists, so markets are incomplete. In this case, Dixit and Pindyck (1994) propose the use of dynamic programming using a subjectively defined discount rate, but the result does not provide a market value for the project and its options. The application of decision analysis to real option valuation problems seems natural because decision trees are commonly used to model project flexibility, but there has been limited work in this area (Howard 1996). Nau and McCardle (1991) and Smith and Nau (1995) study the relationship between option pricing theory and decision analysis and demonstrate that the two approaches yield the same results when applied correctly. Smith and Nau propose a method that integrates the two approaches by distinguishing between market risks, which can be hedged by trading securities and valued using option pricing theory, and private uncertainties, which are project-specific risks and can be valued using decision analysis techniques. Recombining Binomial Lattice and Corresponding Binomial Tree Su q S Su 3 Su 2 1– q Su 2d Sd Su Su 3 Su2 Sud 2 S Su q Su 2d Sud Sud Su 2d Sud Su 2d Sud 2 S 1–q Sud Sd 2 Sud 2 Sd Sd2 Sd 2 t=0 1 2 Sd 3 Sd 3 3 t=0 1 2 3 4 Brandao, Dyer, and Hahn: Using Binomial Decision Trees to Solve Real Option Valuation Problems Smith and McCardle (1998, 1999) illustrate how this approach can be applied in the context of oil and gas projects and provide a discussion of lessons learned from applications to some case studies. The distinction between market risks and projectspecific risks is often a very natural one in oil and gas exploration projects, since oil and gas prices are market risks, while the project-specific risks may be the probability of a dry hole or the probability distribution regarding the volume of reserves. The McCardleNau-Smith approach (henceforth MNS) has a natural appeal in problem contexts such as these. However, there are projects in other industries where the distinction between market risks and project-specific risks is not as sharp. Copeland and Antikarov (2001) have proposed a more general approach (henceforth CA) to valuing real options that may be applied to problems in cases where there is no market-traded asset. To obtain this generality, they make the assumption that the present value of the project without options is the best unbiased estimator of the market value of the project (the marketed asset disclaimer, or MAD assumption). Under this assumption, the value of the project without options serves as the underlying asset in the replicating portfolio, which implies that the markets are complete for the project with options. If the changes in the value of the project without options are then assumed to vary over time according to a random walk stochastic process, more formally called geometric Brownian motion (GBM), then the options can be valued with traditional option pricing methods. These assumptions are conceptually similar to those adopted earlier by Luehrman (1995, 1998) to rationalize the direct application of the classic Black and Scholes (1973) option-pricing model to real options. While Luehrman’s approach has generally been discounted as too simplistic (Triantis and Borison 2001), the development by CA is more robust. For example, it allows for the modeling of project cash flows and other project-specific risks to capture a more realistic representation of the underlying problem, for the use of stochastic processes other than the GBM, and for the separation of market and private risks. Copeland and Tufano (2004) have recently championed this approach in an article in Harvard Business Review, guaranteeing it high visibility among Decision Analysis 00(0), pp. 1–20, © 2005 INFORMS practitioners. However, their presentation is based on the use of binomial lattices and the construction of market portfolios that replicate the risk characteristics of the project, and therefore it suffers from a lack of intuitive appeal. Adapting this method to use binomial decision trees provides transparency to its logic and offers a link to decision analysis approaches to real options valuation. 3. A Decision Analysis Approach to Valuation Decision tree analysis (DTA) can be used to model managerial flexibility in discrete time by constructing a tree with decision nodes that represent decisions the manager can make to maximize the value of the project as uncertainties are resolved over the project’s life. This approach allows some of the limitations of the static DCF approach to be overcome. In fact, a naïve approach to valuing projects with real options would be to simply include decision nodes corresponding to project options into a decision tree model of the project uncertainties and solve the problem using the same risk-adjusted discount rate judged to be appropriate for the original project without options. However, the naïve approach does not provide a correct valuation of the real options. This is because the optimization that occurs at the decision nodes changes the expected future cash flows, thereby altering the risk characteristics of the project. Thus, the standard deviation of the project cash flows with flexibility is different from that of the project without flexibility, and the risk-adjusted discount rate for the project without options may not be appropriate after the real options have been included in the model. This observation has caused some authors to incorrectly conclude that DTA cannot be used to value real options (e.g., see the discussion in CA 2002). However, as noted by Smith (1999), the differences between the DTA and finance approaches are largely matters of style, and DTA can readily be augmented to incorporate market information about risk. To adjust the naïve approach, we can use the replicating portfolio method to determine the correct discount rates for the project and thereby capture the market information about project risks. Let us first Brandao, Dyer, and Hahn: Using Binomial Decision Trees to Solve Real Option Valuation Problems 5 Decision Analysis 00(0), pp. 1–20, © 2005 INFORMS assume there is a project of an unknown value V and a replicating portfolio of an amount A of a markettraded stock with a current price S and of B dollars invested in a risk-free bond that pays an interest rate r. For simplicity, we assume that for a one-period model with probability q the stock price will move up to Su at the end of the period, and with probability 1 − q it will move down to Sd, where u is a number greater than 1 reflecting a proportional increase in the stock value, and d = 1/u is a number smaller than 1 reflecting a proportional decrease. This approach can be extended to multiple time periods by simply continuing to apply these same percentage changes to the values determined at the end of the one-period model, as we will show later. The value of this portfolio-one period from now will be ASu + B1 + r and ASd + B1 + r in the up and down states, respectively, and we assume that the values of the project in these same up and down states, Vu and Vd , are known. The dynamics of the stock, the bond, and the replicating portfolio are shown in Figure 2. For these portfolio values to replicate the value of the project in each of the up and down states exactly, the appropriate values of A and B must be determined by solving a system of two equations in two unknowns, Vu = ASu + 1 + rB and Vd = ASd + 1 + rB, which yield A = Vu − Vd /u − dS and B = uVd − dVu /u − d1 + r. If the holdings A and B are the replicating portfolio for the project at the end of the period, then by the basic no-arbitrage argument of finance theory, their current price, AS + B, must also be the price, or value, of the project V . While this form of the replicating portfolio method provides a market-based adjustment for the risk in the project, for a multiperiod and multistate project this proves to be cumbersome computationally, since this exercise must be repeated for each node of the lattice. Figure 2 Note that the expressions for A and B do not include the probability q of an increase in the stock price, which eliminates the necessity of trying to estimate this variable. This is an important advantage of this approach to valuation, since it relies only on information that can be calculated from market data. If the value of q were known, then the appropriate discount rate for the project could be found by solving the relationship between the expected future value and the current value V of the project for k, as shown in Equation (1). V= quVu + 1 − qdVd 1+k Fortunately, there is an equivalent but simpler pricing algorithm that is analogous to the replicating portfolio approach and that avoids the need to estimate q or k. In this alternative approach, we account for the project risk by adjusting the up and down probabilities rather than by adjusting the discount rate. The discount rate in Equation (1) is set equal to the risk-free rate of interest r, which is known, and (1) is solved for the value of the implied probability p instead of the value k. Since the risk-free rate r will be less than the risk-adjusted discount rate k, the derived probability p will be less than the true probability of the “up state,” q. The solution for p is easily obtained by using the relationship V = AS + B and substituting the values for A and B determined above. The resulting equation for the current value of the project is: 1+r −d u − 1 + r V= Vu + Vd 1 + r or u−d u−d V= pVu + 1 − pVd 1+r where p = 1 + r − d/u − d. These values are often called “risk-neutral” probabilities, since assets Dynamics of the Stock Price, the Bond Yield, and the Project Value q q Su S A Su + (1+r)B AS + B 1– q Sd Stock q (1+r) 1 1– q Bond (1) (1+r) 1– q A Sd + (1+r)B Replicating Portfolio 6 Brandao, Dyer, and Hahn: Using Binomial Decision Trees to Solve Real Option Valuation Problems are priced as if there is a risk-neutral representative investor with an estimate of probability p for the up state. This risk-neutral probability p can then be used in a binomial lattice or tree to calculate an expected value given the future payoffs, and the risk-free rate can be used to discount the future payoffs. This shifts the problem of finding the appropriate risk-adjusted discount rate for a project to the problem of finding the appropriate risk-neutral probabilities to use in calculating the risk-neutral measure of value. Fortunately, the latter problem is often easier to solve, since these risk-neutral probabilities may be available from market data or from assumptions based on theoretical arguments regarding the underlying stochastic process associated with the value of the project. Moreover, the GBM with constant volatility is the most common assumption regarding the stochastic process associated with the project value, and this implies that the values of p and 1 − p are constant and applied throughout the lattice or tree, whereas the values of A and B must be calculated for every node. We demonstrate this approach by solving an example from a recent article by Copeland and Tufano (2004). In this example, a firm is considering a phased investment in a plant. An initial investment of $60 million to cover the cost of permits and preparation for the effort is due immediately. At the end of one year, a commitment of $400 million is required for the design phase of the new plant. Once the design is completed one year later, the firm would have a twoyear window during which to make the final investment in the plant of $800 million, which would pay for construction. If the firm decides not to invest during these two years, it then foregoes the opportunity to build the plant. From the real options perspective, this investment opportunity is a compound option. The initial payment of $60 million gives the firm the option to continue with the project for one year, at the end of which it has the option to invest an additional $400 million in the design phase. In turn, the completion of the design phase gives the firm the option to construct the plant at the end of year two or at the end of year three. The firm estimates that if the plant existed today it would be worth $1 billion based on a traditional NPV Decision Analysis 00(0), pp. 1–20, © 2005 INFORMS calculation with the information currently available, but the value of this plant in future years is uncertain and is expected to change over time. The investments at the end of years one, two, and three are options and will be made only if they are justified by the revised estimate of the project at that point in time. To carry out an analysis of this problem some assumptions must be made regarding the uncertainty in the future value of the project. A common assumption regarding stock prices is that current prices already incorporate all relevant information available at this point in time, and that future changes will be the effect of random and thus unpredictable shocks, which are modeled as a random walk. This assumption and other arguments support the use of a GBM to model the dynamic uncertainty associated with stock prices (Hull 2003). CA (2001, Chapter 8) use similar arguments to justify the use of the GBM to model changes in the value of a project over time in some instances, and it is used in this example for simplicity. However, the assumption of the GBM model may not be appropriate in all situations, and it is not a requirement of the CA approach. In the discussion section we describe how alternate models of stochastic processes may be approximated using binomial lattices or trees and used with this approach. The critical parameters required to model the GBM are the starting value, $1 billion in this example, the risk-free interest rate r, assumed to be 8% per year, and the volatility, denoted as , which is the annualized percentage standard deviation of the returns and is given as 18.23% in this example. This allows the computation of the values of p, u, and d, respectively the risk-neutral probabilities and the up and down proportional changes in the value per period illustrated in the previous example. With these parameters, this continuous-time stochastic process can be approximated with a discrete time binomial lattice. Copeland and Tufano assume this process represents the evolution of the project value, without options, over time and that this serves as the underlying asset (MAD assumption). The idea behind the calculation of the parameters used in the binomial approximation of the stochastic process is relatively simple. If the value of the project is assumed to follow a GBM, then the estimate of its Brandao, Dyer, and Hahn: Using Binomial Decision Trees to Solve Real Option Valuation Problems 7 Decision Analysis 00(0), pp. 1–20, © 2005 INFORMS Figure 3 The Binomial Tree Approximation to the Geometric Brownian Motion Up Up Time 2 [1,111] Time 3 [1,235] 0.673 0.673 Down Time 3 [857] 0.327 Time 1 [1,000] Time 3 Up Down Time 2 [772] [857] 0.673 0.327 Time 3 Down 0.327 value at any point in time has a lognormal distribution. By equating the first and second moments of a binomial and a lognormal distribution, we can calculate the corresponding values of u and d, and thus Vu = Vu and Vd = Vd, for each branch of the binomial approximation to ensure that the discrete distribution approximates its continuous counterpart in the limit as t becomes small. Adding the convenient specification that u = 1/d to the equations for matching √ the mean and variance of the GBM yields u = e t . We then obtain the risk-neutral probability p = 1 + rt − d/u − d. In this example, we model three periods and choose t = 1. Therefore, u = e01823 = 12, d = 083, and p = 0673. We emphasize again that only three parameters are needed to specify this discrete approximation to the GBM estimate of the evolution of the uncertain project value over time: the estimate of the current value of this project, the volatility of the returns from the project, and the risk-free rate. For details associated with this binomial approximation, see Cox et al. (1979) or Hull (2003). Copeland and Tufano (2004) solve this problem using a recombinant binomial lattice and obtain the value of the options by calculating a replicating portfolio with values for A and B at each node in the lattice. The value of the project at any point in this lattice is given by Vi j = V0 ui−j d j . While this approach is technically correct (given their assumptions), it is [595] Up [1,372] 0.673 1,372 Down [953] 0.327 953 Up [953] 0.673 953 Down [662] 0.327 662 Up [953] 0.673 953 Down [662] 0.327 662 Up [662] 0.673 662 Down [459] 0.327 459 neither intuitively appealing nor computationally transparent. The same parameters can be used in a decision tree with binary chance nodes to yield an equivalent binomial tree for the project value, as shown in Figure 3. The values shown at each node in the tree are discounted Year 3 values, instead of the actual values at each point. However, it can easily be verified that this binomial tree corresponds to the lattice developed by Copeland and Tufano. Notice, for example, that the value at the end of the up move in Time 1 and the down move in Time 2 is exactly equal to the value at the end of the down move in Time 1 and the up move in Time 2. These two nodes would be combined into one node in the corresponding binomial lattice. The advantage of using the corresponding binomial tree rather than a binomial lattice can now be illustrated. The real options in the project can simply be modeled with decision nodes in the tree. This results in the tree in Figure 4, which shows that the expected value of the project with options is $11 million after subtracting the initial investment cost. Notice, however, that the effort should be abandoned if the expected value of the project is lower at the end of the first time period, one year in this case. The approximation to the GBM could be improved by adding additional periods of shorter duration at the expense of some computational burden. Brandao, Dyer, and Hahn: Using Binomial Decision Trees to Solve Real Option Valuation Problems 8 Decision Analysis 00(0), pp. 1–20, © 2005 INFORMS Figure 4 Solution to the Real Options Problem Using a Binomial Tree Yes [118] 549 Up Up Invest 2? [169] Defer 0.673 Time 3 [169] 0.673 Down Up Invest 0? Yes [11] Time 1 [11] Invest 1? [46] Yes Invest 3? [306] Invest 3? [–113] 0.327 Time 2 [46] Yes [306] No 737 [–430] Yes 0 [–113] No 318 [–430] 0 Yes –370 0.673 [–259] 171 –60 Down 0.327 Up Invest 2? [–208] Defer Time 3 [–208] Invest 3? [–113] 0.327 Invest 3? [–404] [–113] Yes 318 [–430] 0 [–404] No 26 [–430] No 0.673 Down Yes 0 Down 0.327 No Invest 1? [–60] No [–60] Yes Time 2 [–275] No –370 [–60] [0] 0 This alternative approach yields the same optimal exercise policy and the project value of $71 million shown in Copeland and Tufano (2004) prior to subtracting the investment cost. However, by using riskneutral probabilities in a decision tree, we did not need to solve for the replicating portfolio at each node. Further, the optimal policy is obvious from the graphic view of the decision tree, whereas it must be inferred from a binomial lattice representation. The decision analyst might remain somewhat skeptical at this point, however, since this approximation to the value of the project over time is based on the GBM assumption, and the volatility of 18.23% was simply given as one of the parameters for this problem. How might the volatility be derived in practice? One might conjecture that the source of this volatility would be associated with uncertainties in some underlying factors, such as sales volumes, prices, costs, and competitors’ actions. Further, this analysis is focused on the change in the estimated value of the project and is very similar conceptually to the analysis of the value of a stock option using the Black and Scholes model. Therefore, it is similar in spirit to the simplistic option valuation approach suggested by Leuhrman (1995). There are no allowances for changes in the cash flows over time, for the fact that the value of any project with a finite life will change as it is being executed or for options that occur during the operating life of the project. A traditional DTA of this same problem might include estimates of the uncertainties associated with these underlying factors (sales volumes, prices, etc.) in the calculation of the present values for the project, highlighting what Smith (1999) has called an emphasis on modeling the sources of uncertainty in decision analysis versus an emphasis on modeling the dynamics of the uncertainty in real options. As we shall see, however, these same sources of uncertainty can be used to estimate the volatility of the project returns, and their impacts on cash flows over time can be modeled as well within this same generalized framework. The latter, in turn, allows the representation of real options that may occur during the operating life of the project. Brandao, Dyer, and Hahn: Using Binomial Decision Trees to Solve Real Option Valuation Problems Decision Analysis 00(0), pp. 1–20, © 2005 INFORMS 4. Solving Real Options Problems with Binomial Decision Trees Building on the work of Nau and McCardle (1991), Smith and Nau (1995) suggested an approach for the valuation of real options using decision analysis techniques that differ in some significant ways from the one described above. The valuation procedure utilizes a separation of the project cash flows into two components, one subject to market risks and the other subject to private risks. Market risks depend only on market states and can be hedged by creating a replicating portfolio of traded securities. Private risks are project specific and thus cannot be hedged by trading securities. The market component is then valued using market information (risk-neutral probabilities), while the private component is valued using subjective beliefs and preferences (subjective probabilities and certainty equivalents). In this approach, as long as all the market risks can be hedged with a marketed commodity or security, there is no need to estimate a risk-adjusted discount rate for the project risks. This approach is generalized in an integrated rollback method. The steps of the procedure are as follows: (1) Calculate the NPV for all endpoints; (2) for chance nodes with private uncertainties, use the firm’s subjective probabilities and exponential utility function; and (3) for chance nodes with market uncertainties, use risk-neutral probabilities inferred from market information. Smith and Nau (1995) demonstrate this approach for the example of a plant investment with two underlying uncertainties: future demand (which is correlated to a marketed security) and plant efficiency (private risk). In many projects, some uncertainties fall somewhere in between the notions of private and market risks. For example, a pharmaceutical company’s new drug development project may not include risks that can be replicated by a traded asset, but the price of the product is clearly a “market risk.” Moreover, a project may have numerous uncertainties to model. Even if we can separate them into these two classes and establish replication for each individual market uncertainty, the underlying decision tree is computationally unwieldy since we must include a separate chance node for each uncertainty in each time period. Smith and McCardle (1999) refer to the latter 9 as a “dream tree” that cannot be solved because of its large size and suggest ways of trimming it. An alternative to the construction of large trees with multiple uncertainties in each time period is the application of binomial decision trees to the approach proposed by CA (2001), illustrated in the previous example. In the discussion that follows, we will let Vi and Ci be random variables representing the uncertain project values and cash flows in period i, and i and Ci will be their corresponding means. RealizaV tions of these random variables will be denoted with lower case, and the values associated with the discrete approximations to these random variables will be denoted as Vij and Cij , where j indicates an outcome state. In this development, we make the assumption that the value of the project will evolve following a GBM process but describe alternative assumptions in the discussion. To show how this GBM assumption is utilized, let Vi be the value of a project at time period i and Vi+1 /Vi be its return over the time period between i and i + 1. Under the random walk assumption, the logarithm of the random return z = lnVi+1 /Vi is normally distributed, and we define z and 2 as the mean and variance of this normal distribution. The assumption that the distribution of the logarithm of the project returns at any time is normal implies that the distribution of the project value at any time is lognormal. Therefore, Vi will be lognormally distributed and can be modeled as a GBM stochastic process in the form dV√= V dt + V dw, where = z + 1/2 2 and dw = dt is a standard Wiener process. For a discussion of the random walk assumption, see also Hull (2003) and Luenberger (1998). The assumption that project returns follow a random walk is important for projects that involve several uncertainties, because it allows any number of uncertainties in the project model to be combined into a single representative uncertainty: the uncertainty associated with the stochastic process of the project value V . The parameters of this process can be obtained from a Monte Carlo simulation of the project cash flows. With these parameters, a discretetime model using a binomial lattice or tree can be used to approximate the composite continuous-time stochastic process as before. Brandao, Dyer, and Hahn: Using Binomial Decision Trees to Solve Real Option Valuation Problems 10 Decision Analysis 00(0), pp. 1–20, © 2005 INFORMS Consider a project that will last n periods that requires an initial investment I to be implemented and that generates an expected cash flow Ci , i = 1 2 n in each of these periods. For simplicity we assume that the cash flows are paid instantaneously at the end of each time period in a manner analogous to stock dividends. The problem is modeled in three steps. First, the expected present value of the project at Time 0 is calculated. Next, a Monte Carlo simulation is performed to combine several sources of uncertainty into a single representative uncertainty, which defines the stochastic process for the value of the project. The third and last step is to construct a binomial tree to model the dynamics of the project value using the parameters of the stochastic process and to add the decision nodes to model the project’s real options. These first two steps are identical to those proposed by CA (2001). For the third step we provide an alternative solution methodology based on a binomial tree that offers computational advantages and a more intuitive logic. For completeness, we briefly summarize the first two steps below and then discuss our proposed modifications of the third step in more detail. Step 1 The expected present value of the project at Time 0, 0 , is determined using the traditional DCF method V and without considering any managerial flexibility. This requires the estimation of the appropriate riskadjusted discount rate for the project without options and introduces an element of judgment into this valuation approach (which we shall discuss subsequently). These cash flows are then discounted at this estimated risk-adjusted discount rate to obtain the expected present value of the project in each period: t = V n i=t Ci 1 + i−t (2) The expected present value of the project will decrease in each period as t increases if the cash flows are all positive, due to the payout of the cash flows in each period. Thus, for a project with finite life, the final value of the project will be 0. The lognormal distribution of the project’s value can be defined by the mean and standard deviation of its returns. Under the MAD assumption, the present value of the project without options is taken as its market price, as if the project were a traded asset. Assuming that markets are efficient, purchasing the project at this price guarantees a zero NPV, and the expected return of the project will be exactly the same as its risk-adjusted discount rate . As a result, the mean of the project’s returns is exogenously defined. Step 2 The standard deviation of the returns, or volatility of the project, can be estimated from a Monte Carlo simulation of the project returns. In this process, key project uncertainties are entered as simulation input variables in the project cash flow pro forma worksheet, so that each iteration of a simulation of the worksheet provides a new set of future cash flows ci , i = 1 n, from which a new project value v1 at the end of the first period is computed from (2): v1 = n i=1 ci 1 + i−1 Then a sample of the random variable z can be determined using the relationship V z = ln 1 (3) 0 V where z = Ez is the mean of the distribution of the project returns between Time 0 and Time 1. The estimate of the standard deviation of z, denoted as s, is obtained from the simulation results. The project volatility is then defined as the annualized percentage standard deviation of√the returns and is estimated from the relationship s/ t, where t is the length of the period in years used in the cash flow pro forma 0 is worksheet. If the time period between V1 and V one year, then = s. Step 3 With the project volatility determined as indicated 0 , above, and given the initial expected project value V a binomial lattice can be constructed to model the stochastic process for project value. The volatility √ for each time period in the binomial lattice is t, where t is the time period used in the lattice. This is the approach illustrated by CA (2001). In contrast to the CA approach, we use a binomial tree and express the project value in terms of a more Brandao, Dyer, and Hahn: Using Binomial Decision Trees to Solve Real Option Valuation Problems Decision Analysis 00(0), pp. 1–20, © 2005 INFORMS basic variable: the project cash flows. To do this, we i , to calcuuse the cash flow payout rate, #i = Ci /V late the cash flows that are paid out at the end of each time period as a function of the project value. We assume that the cash flows will vary over time, reflecting the uncertainty in the project value, but that they will remain a constant fraction of the residual value of the project in each time period. These cash flows Ci j will therefore be a function of the project value and the stochastic process that drives the binomial model. The primary advantage of this approach is that it provides greater flexibility in the modeling of the real options of the project. To obtain the cash flows, we begin by building the tree of pre–cash flow payout values. These values are calculated according to the following equations, where the superscripts u and d correspond to the up and down state values and the state subscript is suppressed: Viu = Vi−1 − Vi−1 #i−1 u Vid = Vi−1 − Vi−1 #i−1 d The logic of this relationship should be transparent. Vi−1 is the value of the project in the previous state, and Ci−1 = Vi−1 #i−1 is the cash flow paid out at the end of the period, which reduces the project value in the subsequent states. There are no cash flows in the initial period i = 0, since the project has not yet been initiated, so #0 = 0. For i = 1, V1u = uV0 and V1d = dV0 . For all subsequent periods, the cash flow payout rate is assumed to be constant across states in each period but variable in time, so the cash flows in each period are a fixed proportion of the value of the project in that period and state, as noted above. That is, #i = Ci Ci j = i Vi j V ∀ j (4) Therefore, the discounted cash flow in each period/ state is simply given by Ci j = Vi j #i 1 + ri (5) Thus, (5) provides the branch values in each chance node of the binomial tree. Since risk-neutral probabilities are being used, these cash flows are discounted 11 at the risk-free rate to arrive at the present value of the project at Time i = 0. The use of project cash flows in this approach provides a greater level of detail in modeling the operation of the project and the effects of managerial decisions. For example, these cash flows could “ramp up” over the early years of a project as sales are forecasted to grow and decrease at an increasing rate at the end of the project life-cycle. As another example, a model of the development of an oil field could show “lumpy” increases in production as new wells are added, and then show a decrease in production that would follow a decline curve. The model allows simple abandon options to be included in the tree and expansion and contraction options that can be modeled as percentage changes in the underlying cash flows. For example, the option to sell a half interest in the project could be modeled as a 50% reduction in subsequent cash flows, or the option to expand operations could be modeled as a percentage increase in cash flows. The use of these cash flows, rather than project values, allows the easy use of decision trees rather than binomial lattices to evaluate project options. As a result, the evaluation of real options can be carried out conveniently using “off-the-shelf” decision tree software and allows options to be included in the models using decision nodes that are a natural part of this problem representation. 5. An Example Problem We illustrate this approach to the evaluation of real options by solving for the value of an oil production project using commercially available decision analysis software, DPL™ . While a decision tree representation in DPL™ does not take advantage of the recombining feature of binomial lattices and thus results in larger trees than necessary, it is a convenient and flexible modeling tool that provides a simple and intuitive visual interface. The example project has estimated reserves of 90 million barrels, and the initial production level of 9 million barrels declines by 15% per year over its 10-year operating life. The variable operating cost starts at $10 per barrel in Year 0 and grows at 2% per year. Oil price starts at $25 per barrel and grows at 3% per year. There is also a $5 million per year fixed Brandao, Dyer, and Hahn: Using Binomial Decision Trees to Solve Real Option Valuation Problems 12 Decision Analysis 00(0), pp. 1–20, © 2005 INFORMS Table 1 Base Case Expected Cash Flows for the Project Year Remaining reserves Production level Variable op cost rate Oil price Revenues Production cost Cash flow Profit sharing Net cash flows PV of cash flows Cash flow payout rate 0 4040 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 900 90 102 258 2318 968 1350 337 1012 4445 0.228 810 77 104 265 2029 846 1183 296 887 3776 0.235 734 65 106 273 1776 740 1036 259 777 3177 0.245 668 55 108 281 1555 648 907 227 680 2640 0.258 613 47 110 290 1362 569 793 198 595 2156 0.276 566 40 113 299 1192 500 692 173 519 1717 0.302 526 34 115 307 1044 440 604 151 453 1318 0.344 492 29 117 317 914 388 526 131 394 951 0.414 463 25 120 326 800 343 457 114 343 613 0.559 439 21 122 336 700 304 396 99 297 297 1.000 cost that is not shown in the table. The appropriate risk-adjusted discount rate is assumed to be 10% per year, and the risk-free rate is 5% per year. We initially determine the expected value of the future cash flows, which are shown in Table 1. All values are in millions of dollars. The Time 0 present value of the expected cash flows is $404.0 million, which was calculated using the riskadjusted discount rate of 10% per year. This is used as the best estimate of the current market value of the project without options (base case). The required up-front investment is $180 million, so the project’s NPV is $224.0 million. The project value at the end of each year may be determined using Equation (2), along with the corresponding cash flow payout rate #i in each period using (4). For example, the cash flow payout rate in Year 1, #1 , is 1012/4445 = 0228, as shown in Table 1. In the next step, project uncertainties that may have some correlation with the market are inserted into this deterministic model to perform a Monte Carlo simulation on the project cash flows. We assume that the project has two primary sources of market uncertainty, price and variable operating costs, which follow a GBM stochastic diffusion process with a mean annual rate of increase of 3% and volatility of 15% for the price process and of 2% and 10%, respectively, for the variable costs process. We could have made additional input variables to this model uncertain and included correlations or other relationships among them without any impact on the subsequent computational burden. After a large number (e.g., 10,000) of iterations, the Monte Carlo simulation will provide the standard deviation of the project returns (3) to obtain an estimate of the project volatility, which was determined to be = 466%. This estimate of the project volatility was calculated directly from the simulation as explained earlier, and since the time periods are one year in length in this example, this is the annualized volatility of the project returns. The project volatility may be significantly different from the volatility of the underlying project uncertainties because of the effects of operational leverage. In this example, the impact of price uncertainties on project cash flows may be magnified by the subtraction of operating and fixed costs. The final assumption is that these returns are normally distributed; consequently, the project values are lognormally distributed and can be modeled as a GBM with constant volatility. The binomial approximation to the GBM process may be modeled using the DPL™ software. The input parameters are the Time 0 value of the project, the volatility , the riskfree rate of return r, and the project cash flow payout ratios. The values of u, d, and the risk-neutral probability p are incorporated into the model and computed according to the formulas defined previously. The cash flows in the DPL™ model are computed using (5), and the value of the project is determined by applying the usual procedures of dynamic programming implemented in a binomial tree and discounting the expected cash flows at the risk-free rate of return. This construction of the tree guarantees that the present value obtained with this model is the same as the one calculated with the spreadsheet, as illustrated in Figure 5, where only the first four of the ten periods Brandao, Dyer, and Hahn: Using Binomial Decision Trees to Solve Real Option Valuation Problems 13 Decision Analysis 00(0), pp. 1–20, © 2005 INFORMS Figure 5 Binomial Tree Model of Value of Project Without Options High 0.437 High T3 [858.3] 0.437 168.9 T2 [613.2] 139.6 Low 0.563 T3 [422.6] 66.51 T1 [404] Low 0.563 High T3 [338] 0.437 66.51 T2 [241.4] 54.98 High T4 [1,143] 0.437 204.1 Low 0.563 80.37 High T4 [534.7] 0.437 80.37 Low 0.563 T4 [335.5] 31.65 High 0.437 T4 [450.1] 80.37 Low T4 [250.9] 0.563 Low 0.563 T3 [166.4] 26.19 High 31.65 T4 [210.5] 0.437 31.65 Low 0.563 of the tree are shown. Tree building can be greatly simplified by developing a standard template for a binomial tree for any given number of time periods. The inputs to the binomial tree can also be linked to a spreadsheet using software packages such as DPL™ . This binomial tree represents the underlying asset and can now be used to evaluate real options. Suppose the project can be divested in the fifth year of its life for a price of $100 million. The firm might specifically want this option if it is averse to risks later in the project life. Given the binomial tree representation, this option can be evaluated by simply inserting a decision node in Time 5 that models the managerial flexibility that exists in the fifth year of the project. Additional options can be evaluated by adding the appropriate decision nodes in the tree. For example, suppose the firm can also buy out its partner (assume the partner holds a 25% interest) in Year 5 at a cost of $40 million. Since the firm already owns 75% of the project, purchasing the remaining 25% represents an increase in value of one-third. A new value for the project is then computed using the same risk-neutral probabilities, as illustrated in Figure 6, where again, not all nodes are expanded. In some of the states the option to abandon by divesting ownership in the project will be exercised, T4 [637.1] T4 [132.1] 12.46 and in others the buy-out option is exercised. The value of the project with these real options is increased to $444.9 million, as shown in Figure 6. More options and time periods can be added in a straightforward manner. As noted earlier, additional market uncertainties could be added to the simulation model and would increase the volatility estimate for the project if not negatively correlated with the other risks. As a result, the value of the options would increase relative to the project base value because of the increase in volatility. In a manner consistent with the approach Smith and Nau outlined earlier, we can also add private uncertainties to this problem. For example, suppose the oil production in this example is driven by an underlying aquifer, and there is uncertainty about the level at which the oil-water interface exists. When this interface reaches the well, it will begin producing water, and operations will be shut down. This is an example of an uncertainty that has zero correlation with any marketed security. We can model this uncertainty in the decision tree by adding chance nodes in the appropriate time periods in the tree and increasing the probability as time goes on and the limit of oil production is approached. A decision tree for this addition to our model is shown in Figure 7, where we Brandao, Dyer, and Hahn: Using Binomial Decision Trees to Solve Real Option Valuation Problems 14 Decision Analysis 00(0), pp. 1–20, © 2005 INFORMS Figure 6 Value of Project with Option to Buy Out and Divest High 0.437 T1 [444.9] T4 [1,225] 204.1 High 0.437 High 0.437 High 0.437 T3 [909.6] 168.9 Low T4 [664.8] 0.563 80.37 Low 0.563 T1 [444.9] High 0.437 T5 [801.7] Low 0.437 97.08 T5 [558.4] High 0.563 Option [662.1] 46.11 Low Option [603.2] 0.437 46.11 High 0.563 Option [523.6] 18.16 38.23 T2 [653.7] 139.6 High T5 [699.4] 0.437 97.08 Low 0.437 High 0.563 Low 0.563 T3 High [454.8] 0.437 66.51 T4 [562.4] 80.37 T5 [456] 38.23 Low 0.437 High 0.563 Low Low 0.563 [282.6] T 2 0.563 Buyout Continue T6 [981.5] –31.34 T6 [910.4] [681.4] 78.35 T6 [662.1] –31.34 T6 [653.1] Buyout [610.4] 78.35 T6 [603.2] Continue –31.34 T6 [594.2] Divest Divest Buyout Continue Divest [551.6] 78.35 T6 [477.5] –31.34 T6 [492.9] [523.6] 78.35 [879.1] T6 Buyout Option [879.1] Continue 117.1 Divest –31.34 T6 [808] Buyout Option [559.7] Continue 46.11 Divest –31.34 T6 [550.7] Option [500.8] 46.11 [579] 78.35 T6 [559.7] Continue [508] 78.35 T6 [500.8] –31.34 T6 [491.8] Divest [449.2] Buyout Low 0.563 T4 [371.2] Buyout Option [981.5] Continue 117.1 Divest Buyout Option [421.2] Continue 18.16 Divest 78.35 T6 [375.1] –31.34 T6 [390.5] [421.2] 78.35 31.65 54.98 assume that water can only reach the well after five years of operation. As we would expect, adding this uncertainty reduces the overall value of the project ($428.0 million, solved tree not shown), since the occurrence of water in the well terminates the cash flows but the exposure to this downside loss is greatly limited by our option to divest. Without this option, the project value would fall to $397.1 million. This value is easily calculated by simply removing the decision branch for the abandon option. Thus far, in considering the private uncertainty, we have assumed the firm is risk-neutral. This may be reasonable for a very large firm that has exposure to many such projects. However, a small firm with a limited number of such capital investments may be risk averse, rather than risk neutral. As the cost of the investment increases, a risk-averse firm will have Brandao, Dyer, and Hahn: Using Binomial Decision Trees to Solve Real Option Valuation Problems 15 Decision Analysis 00(0), pp. 1–20, © 2005 INFORMS Figure 7 Project with Real Options and a Private Risk T1 T2 High T3 High High (T2*d2)/(1+rf )^2 (T3*d3)/(1+rf )^3 Low (T1*d1)/(1+rf )^1 Low (T2*d2)/(1+rf )^2 Low (T3*d3)/(1+rf )^3 Buyout – 40/(1+rf )^5 Continue T6 T5 Low High (T 1*d1)/(1+rf )^1 Option a T4 W6 (T5*d5)/(1+rf )^5 (T4*d4)/(1+rf )^4 High (T5*d5)/(1+rf )^5 Low (T4*d4)/(1+rf )^4 T7 W7 b High b b (T 7*d 7)/(1+rf )^7 No No c (T8*d8)/(1+rf )^8 (T 7*d 7)/(1+rf )^7 Yes (T8*d8)/(1+rf )^8 Low Low (T6*d6)/(1+rf )^6 Divest T8 High High (T6*d6)/(1+rf )^6 Low a Yes 100/(1+rf )^5 T9 W8 High c No (T9*d9)/(1+rf )^9 High No Low (T9*d9)/(1+rf )^9 Yes T10 W9 (T 10*d 10)/(1+rf )^10 Low Yes (T 10*d 10)/(1+rf )^10 a decreasing marginal value for the project because it loses the ability to diversify its risks. The risk aversion of such a firm can be modeled by assessing its utility function. For this example, we assume the firm’s utility function is the exponential form U c0 c1 cT = − Tt=0 exp−ct /RTt , where ct and RTt are the cash flows and risk tolerances, respectively, in each period. We use RT0 = $100MM and increase each subsequent risk tolerance over time to reflect the firm’s time preference for cash flows, as indicated by a 10% discount rate. An effective risk tolerance for each period can then be calculated as described by Smith and Nau (1995) and entered into the chance nodes for the private risks for the calculation of the certainty equivalent for the project. The firm’s effective risk tolerance is applied to chance nodes for the private risk only, so the riskneutral view is retained for the chance nodes in the tree that are risk-adjusted by the risk-neutral probabilities. This change in the model results in a drop in value measured by the certainty equivalent to $400.5 million. Although the value has been further reduced, the risk-averse firm is protected by the abandon option. 6. Discussion The objective of showing the developments in the previous sections was to illustrate how binomial decision trees can be used to solve real option problems using the approach suggested by CA (2001). To make this discussion as simple and transparent as possible, we have focused on their basic approach as it is presented in their textbook. However, this approach can be modified to include the use of alternate stochastic processes rather than the GBM, and therefore it provides additional flexibility. In practice, there are a number of issues that should be considered in an attempt to apply this methodology within a decision-analysis framework. Like all modeling approaches, this framework has its limitations, but it also has some flexibility that should be recognized. We will organize this discussion to focus on the assumptions required by this approach, and on ways in which this model might be extended. As we shall see, the CA (2001) approach implemented using binomial decision trees can be viewed as complimentary to the decision analysis approach to solving real options problems developed by McCardle, Nau, and Smith. 16 Brandao, Dyer, and Hahn: Using Binomial Decision Trees to Solve Real Option Valuation Problems The MAD Assumption The use of the MAD by CA (2001) as the basis for creating a complete market for an asset that is not traded could lead to significant errors, since the approach is based on assumptions regarding the value of the project without options that cannot be tested in the market place. Since identical copies of the project are not freely traded in the market, this should be recognized as a strong modeling assumption to justify the use of risk-neutral pricing for project options. The choice of the discount rate for the project without options is left to the discretion of the analyst, and the use of the WACC will not be appropriate for all projects even though it is commonly used in practice. Therefore, it is important to realize that the issue of selecting a “risk-adjusted” discount rate for the project is not resolved by this methodology. Under ideal conditions, the MNS approach avoids this problem by dividing risks into market and private categories and by using information from market-traded commodities (oil prices in the case of Smith and McCardle 1999) or from a correlated stock price (Smith and Nau 1995) to estimate the riskneutral probabilities for these risks. We agree that this should be done when such market information is available, and in fact it can be incorporated into the CA (2001) simulation model was well. For example, the stochastic process for oil price in the example provided in the previous section could easily be specified using market information (e.g., see Schwartz and Smith 2000). It might also be possible to find market replication to approximate the cost process, in which case the appropriate risk-adjusted rate for the project would be the risk-free rate, and this would be logically consistent with the MNS approach. As a practical matter it may be difficult to identify replicating portfolios of market-traded assets for all market risks in a project. For example, the risks associated with a pharmaceutical company’s new drug might include marketing costs, market size, and price, and it may be impractical to estimate replicating portfolios of market-traded assets for each of them. In such a case, Smith (personal communication, 2002) suggests estimating the risk premiums for these risks by considering their correlations with the market and effectively estimating their appropriate “risk-adjusted” discount rates, which would result in Decision Analysis 00(0), pp. 1–20, © 2005 INFORMS a similar discounting approach to the one suggested by CA (2001). Therefore, when used with proper judgment regarding the pricing of market risks, the MNS and CA approaches will use similar modeling inputs. Market versus Private Risks The risks that are included in the simulation model used by CA (2001, Chapter 9)—price, quantity, and variable costs—may all have some correlation with the market and therefore be considered market risks. The use of the simulation model as a basis for estimating the project’s value without options and its volatility should be restricted to include only risks that arguably have some correlation with the market. CA (2001, Exhibit 10.1) illustrate how to include private risks in their analysis as well, and treat them independently in a manner similar in spirit to the approach suggested by Smith and Nau (1994). That is, these risks are kept separate in their “event tree,” but the solution is still carried out using replicating portfolios at each node. We provide an example solution of this same problem using DPL™ , where the discrete approximation to the underlying stochastic process is kept separate from chance nodes representing the private risk. This approach is also illustrated by the incorporation of the private risk associated with the oil-water interface in the example in the previous section. GBM Assumption The GBM assumption is a standard one in finance as an estimate of the price or value of a market-traded asset. As indicated earlier, CA provide a rationale and some empirical results to support this assumption as a reasonable one to consider for estimating the future value of a project. However, they also recognize that this assumption may not be appropriate for every project. For example, they discuss the use of the binomial lattice to value options on projects that follow an arithmetic Brownian motion in instances when the change in the asset’s value is assumed to be additive rather than multiplicative and project value may go negative. However, there is considerable flexibility in modeling the underlying stochastic process with a binomial tree. If the primary uncertainty associated with an asset is thought to be mean reverting, as in the Brandao, Dyer, and Hahn: Using Binomial Decision Trees to Solve Real Option Valuation Problems Decision Analysis 00(0), pp. 1–20, © 2005 INFORMS case of oil or other commodity prices, then Hahn and Dyer (2004) show how a binomial tree may be used to approximate such mean-reverting models as the onefactor Ornstein-Uhlenbeck process or the two-factor Schwartz and Smith (2000) process. CA (2001, Chapter 9) also discuss the use of a mean-reverting stochastic process within this framework. We have illustrated the use of simulation to estimate the volatility associated with a project by calculating its value at the first period only and then assuming that it remains constant over the life of the project, as required by the GBM assumption. That assumption could be verified by calculating the volatility at other time periods during the simulated project life using Equation (3), modified to adjust for the appropriate time period. This would be especially relevant if some of the risks in the simulation model were changing over its life in idiosyncratic ways. For example, if the production rate were decreasing over time, the volatility might be decreasing as well. Other uncertainties may not occur until several time periods have passed, such as those associated with a planned investment decision or new product introduction, or they may even be modeled as jump processes. This heteroskedasticity could be incorporated by changing the volatility in the binomial tree at the appropriate time periods, which would be implemented by corresponding changes in the values of u, d, and the risk-neutral probability p in these time periods. CA (2001, p. 342) recognize this possibility and note that the stochastic process could be modeled with a binomial tree rather than with a binomial lattice. While it may be possible to develop a recombining lattice with changing volatility over time, this introduces additional complexity into the calculation of the probabilities on the branches. It is relatively straightforward, however, to model a heteroskedastic process using the decision tree approach that we have illustrated. The obvious alternative to the CA approach is to use the model and distributions from the Monte Carlo simulation to build a traditional decision tree with chance nodes for each uncertainty in each period and value the options in the problem without using the GBM approximation or one of the extensions mentioned above. This may lead to a more complex model and would require the estimation of a set of 17 conditional probability distributions for the uncertainties in each period where they appear. If the uncertainties were correlated, this approach would become even more challenging. But if one were careful about exploiting the recombining nature of the resulting trees, it could still be manageable. The representation of the individual market risks with separate chance nodes might provide additional insights into the way the optimal exercise strategies for the options depend on a key uncertainty, and this might be lost when these uncertainties are combined into a single stochastic process using the CA approach. The choice of one approach or the other should depend, we suggest, on both the nature of the problem and the preferences of the modeler. Binomial Lattice vs. Binomial Trees We have discussed how binomial trees with riskneutral probabilities may be used to provide discrete time approximations to the stochastic processes that are often used in the valuation of real options. While this approach is suggested by CA, they emphasize the use of binomial lattices and replicating portfolios. We believe that most decision analysts—and most managers without technical training in real options— would find a problem representation based on binomial trees to have more intuitive appeal. Even for a simple model such as the one illustrated in the previous section, the decision tree very quickly becomes large. In most practical problems the complexity of the decision tree will be such that full visualization will be impossible. However, even large problems with literally millions of endpoints for the tree can be solved using this approach. Brandao (2002) provides an example of the application of this methodology to the evaluation of options associated with a highway project in Brazil that includes 20 time periods and several different options, resulting in a decision tree with 2 × 109 endpoints that is solved within practical computational times. If only the expected value of a project is needed, it is not necessary to expand the binomial tree beyond the point at which the last option is introduced as a decision node, since the expected value of this expansion is known at that point. This is illustrated in Figure 4, where the binomial chance node for the third period is not expanded if the decision to invest in the Brandao, Dyer, and Hahn: Using Binomial Decision Trees to Solve Real Option Valuation Problems 18 Decision Analysis 00(0), pp. 1–20, © 2005 INFORMS new plant is made. This could provide some computational efficiency in some applications. While an n period recombining binomial lattice has a total of n + 1n + 2/2 nodes, an equivalent binomial tree has 2n+1 − 1 nodes, which represents a significant difference for large values of n. Therefore, we conducted a simple comparison of the computational performance of a real options problem modeled with the binomial tree versus the binomial lattice. The problem we selected was the example problem used by Copeland and Tufano (2004) and solved using a binomial tree with n = 3 time periods in our earlier example. We created a binomial lattice to solve this problem using a VBA code and compared its performance to the corresponding binomial tree representation solved using DPL™ (version 6). While other commercial decision tree software, such as PrecisionTree™ , could be used for example problems in a classroom setting, we believe that the influence diagram interface in DPL™ is useful for modeling problems of realistic size using this approach. We made no effort to optimize the computational efficiency of the DPL™ software, and simply used the default settings. According to Hull (2003), in practice solving a binomial lattice with n = 30 usually gives reasonable results, so we used this as the upper limit for our range. The results were obtained with an IBM T40 laptop computer using a 1.5 GHz processor and 256 K RAM, and are shown in Figure 8. As indicated in Figure 8, a well-constructed lattice is much more computationally efficient, which may be very important in large problems or when a high Figure 8 Comparison of Computational Efficiency: Tree versus Lattice Computational time (minutes) 10,000 Lattice Tree 100 1 0.01 0.0001 0.000001 3 6 9 12 15 18 Number of periods 21 24 27 30 degree of accuracy in the estimate is required. However, the binomial tree is certainly a practical computational tool for n = 20 periods and could even be used for larger numbers of time periods, up to approximately the n = 30 periods suggested by Hull. A characteristic of the binomial method is that the convergence is not smooth and oscillates around the true value (Clewlow and Strickland 1998, p. 20). For this reason it may be desirable to make several computer runs with binary decision trees of different time periods and average the results. On the other hand, estimates of value in real options problems may not require the same accuracy that is typically demanded when using lattices to value financial options. The lattice also provides a representation of the problem that is visually more compact. The optimal exercise decisions can be indicated by shading or formatting values shown in the lattice, and it may be easier to see thresholds, e.g., exercise if the value exceeds some specific number, in the lattice. However, binomial lattices do become complex when dealing with multiple uncertainties, “path-dependent” uncertainties or payoffs, and complex options. These problems can be handled more conveniently with binomial trees. For example, compound options can be modeled simply by adding additional decision nodes to the binomial trees. According to Triantis and Borison (2001), the choice of a binomial lattice or tree structure by analysts in practice often reflects the background of the individual as well as the complexity of the project being evaluated. Binomial lattices are typically used by those with finance training who are looking at relatively straightforward investment problems. Perhaps a more relevant comparison of the computational efficiency of the binomial tree based on the CA approach would be with the probability tree required by the MNS method. If there is only one market uncertainty in the corresponding tree, and a trinomial chance node is created with estimates of high, medium, and low outcome values, for example, then after 10 periods it would contain 88,573 nodes, compared with 66 for the binomial lattice and 2,047 for the binomial decision tree. Of course the use of the trinomial chance nodes would provide more precision in the estimation of the stochastic process associated with the risk, so a smaller number of periods might Brandao, Dyer, and Hahn: Using Binomial Decision Trees to Solve Real Option Valuation Problems Decision Analysis 00(0), pp. 1–20, © 2005 INFORMS be used. If there were two market uncertainties in the problem, as in the example in the previous section, the MNS probability tree with trinomial chance nodes would contain almost 4 billion nodes after 10 peri ods. In general, it would contain 1 + ni=1 xm i chance nodes, where x is the number of branches at each node, m is the number of market risks, and n is the number of periods. A seasoned analyst would never try to build such a tree and would find ways to trim it to a manageable size. For example, Smith and McCardle (1998, 1999) discuss the use of dynamic programming formulations and lattices in such settings. Nevertheless, it should be clear that the MNS approach will generate very large “dream trees” as well and cannot be applied naively to projects on a period-by-period basis. In practice, we think that the decision analyst should be aware of the trade-offs between the use of the binomial tree and the binomial lattice to model real option problems and to recognize that there may be situations in which one or the other would be preferred. Similar considerations would apply to the use of the MNS approach as well. Summary We have shown an approach for solving real option valuation problems with decision analysis methods that is consistent with finance-based method used in practice. This approach provides a straightforward yet flexible way to implement real option valuation techniques using off-the-shelf decision analysis software. Additional computational efficiencies may be obtained by using specially coded algorithms to solve binomial lattices, although at the cost of having to forgo the simple user interface offered by decision tree programs such as DPL™ and the advantage of visual modeling and a logical representation. The CA approach can be used to create models that are consistent with the ideas developed by MNS. The primary difference between these two approaches is in the treatment of the market risks in the models. CA suggest reducing them to one stochastic process by focusing on their impacts on cash flows. MNS model these individual risks in each time period. This suggests that the CA approach might be an appropriate choice if there are several market risks and several time periods in a model, whereas the MNS approach 19 may be the preferred approach if the number of market risks is limited, as in oil and gas exploration. Individual modeling skills and preferences would also be a major consideration. We agree with Triantis and Borison (2001) that there should be a convergence of real option evaluation models between finance and decision analysis. In their recent summary article, Smith and von Winterfeldt (2004) also call for more research on the links between decision analysis and finance. The recognition of the similarities between the use of binomial decision trees and the use of binomial lattices for solving real option problems offers a rich opportunity for further research. Our comparisons between the CA and MNS approaches have been based on observations and modeling experiences rather than on a rigorous theoretical analysis, and we acknowledge that more could be done to explore these ideas. Likewise, our computational comparisons were merely suggestive of more rigorous work that could be done to investigate the computational properties of these methods. Based on our experience in modeling ABM and GBM processes, we have also developed a binomial decision tree approach that can be applied to model mean-reverting stochastic processes (Hahn and Dyer 2004). In this spirit there may be more to be gained by reviewing other work on binomial lattices that has appeared in the finance literature and adapting some of these models into a decision analysis framework. All of the spreadsheets and DPL™ models for the example problems in this paper are available in the Online Supplements section of the Decision Analysis web page. References Black, F., M. Scholes. 1973. The pricing of options and corporate liabilities. J. Political Econom. 81 637–659. Brandao, L. 2002. An application of real option theory in discrete time to the valuation of a highway concession project in Brazil. Unpublished doctoral dissertation, Pontificia Universidade Catolica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brazil. Brandao, L., J. Dyer. 2005. 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