Apresentação - Liga dos Combatentes
Transcrição
Apresentação - Liga dos Combatentes
NOITE PêTêeF – 18 de outubro 2013 APRESENTAÇÃO Em nome do Exmo. Sr. General Chito Rodrigues, Presidente da Liga dos Combatentes, da Direcção Central da Liga dos Combatentes e de todos nós, funcionários ou voluntários do Museu do Combatente / Forte do Bom Sucesso e da Liga dos Combatentes, agradeço a vossa presença nesta noite cujo produto reverte a favor da Liga Solidária, concretamente na ajuda para a construção dos Lares de Estremoz e do Porto. Podem ler mais sobre o Programa completo da Liga dos Combatentes no folheto que se encontra em cada lugar, e onde também está o GRITO e a letra do HINO DA LIGA DOS COMBATENTES. É bom ver tantos amigos reunidos e combatentes, tanto por opção de vida como simplesmente por terem vestido a camisola de uma Instituição que adoptaram como sendo também a sua casa. Assim, esta é a vossa casa, hoje e sempre que se queiram reunir aqui ou simplesmente visitar. Perpetrando os carismas da Liga dos Combatentes, damos hoje continuidade a dois dos Programas Estruturantes da Liga dos Combatentes, reflectindo a Solidariedade, na construção dos lares de idosos no Porto e Estremoz, na creche no Porto, nos apoios médicos e sociais, e o da Cultura e Cidadania nas exposições temporárias e permanentes do Museu do Combatente, chamando a atenção para as duas exposições inauguradas dia 16 de Outubro corrente no âmbito das comemorações do 90º Aniversário da Liga dos Combatentes, a exposição de Fotografia da Caixa Geral de Depósitos e particularmente para a de 200 anos de Armas Regulamentares em Portugal – 1800 a 2000. São 200 anos de história das armas que equiparam os homens na luta pelas causas que, em cada período, representaram os interesses da Nação e organizada pelo Núcleo Museológico da APCA, Associação Portuguesa dos Colecionadores de Armas. Referimos ainda as Tertúlias Finis Imperii com edições da Liga dos Combatentes, e abrangendo um leque de artistas plásticos, poetas, escritores, que já começaram esta semana em Oeiras na Galeria Verney e vão continuar na Ship, sociedade Histórica para a Independência de Portugal, no Porto e em Coimbra.Poderão sempre consultar o site da Liga dos Combatentes e os FAcebooks da Liga dos Combatentes e do Museu do Combatente para se inteirarem de todos os eventos e acontecimentos relativos à acção dinâmica e actual da Liga dos Combatentes. Um agradecimento muito especial ao nosso editor e amigo Daniel Gouveia que me permitiu colaborar no seu programa na vertente poesia no Tango, e à querida amiga Miriam Nieli pela sua preciosa intervenção. Uma pessoa aqui presente, e na nossa anterior noite de 5 de Julho, de Fados de Coimbra e Lisboa em que realizámos um leilão de vinhos raros, adquiriu esta garrafa de vinho do Porto Warre´s colheita de 2009, edição comemorativa dos 200 anos da libertação da cidade do Porto pelo exército Luso-Britânico comandado por Sir Arthur Wellesley, Duque de Wellington e que homenageia a bravura do soldado William Warre, que aí combateu e recebeu a condecoração da Ordem de Aviz pela sua bravura. Vinho feito em sua honra, é um vinho feito com a selecção das melhores uvas da região do douro e já não existe no mercado nacional. Era vendido a 150 euros a garrafa,vinho extremamente elegante e complexo mas que se bebe já com enorme prazer… num pequeno intervalo após a apresentação do capítulo relativo ao fado pelo daniel gouveia e seus amigos tiago morna na guitarra e ricardo portugal na viola, faremos um sorteio (rifas que serão vendidas a 1 euro cada no seguimento da campanha que a liga tem divulgado de “1 euro 1 lar”, pelo que agradecemos a vossa generosidade. Neste espectáculo serão então apresentadas as relações do fado com o tango argentino, dois géneros classificados pela Unesco como património cultural imaterial da humanidade, e teremos poesia de fado pelo daniel gouveia, que todos conhecem sobejamente e temos a prova tendo esta sala hoje cheia com os seus amigos; poesia de tango de minha autoria e a concretização em termos de movimento do tango dançado pela professora argentina miriam nieli e seu par joão sabino. Apresento seguidamente um poema original, sendo que os outros foram escritos durante o período 1995-2003 em que colaborei e estive bastante ligada a eventos nacionais e em Espanha relacionados com festivais de tango argentino e sua divulgação em Portugal, onde escrevi para jornais e revistas associadas a esta temática, e em que tive formação de tango, e permitam-me mencionar alguns nomes conhecidos por presentes nesta sala, com professores como o grande mestre reconhecido em todo o mundo Carlos Gavito, Geraldin Rojas e Javier Rodriguez e vários professores argentinos radicados há anos em Portugal como a Miriam Nieli, Alejandro Laguna, Juan Capriotti e Graciana Romeo, Oscar e Gladys, Adam Vucetic… FADO E TANGO NO FORTE Num dia diferente,enublado, Reflectem as muralhas do Forte Músicas com ar distante, envolvente, Mas com o mesmo sentimento Único e visceral Do fado em andamento Num tango original. Entre muralhas antigas Ficam assim bem enquadradas As rimas belas do fado Entre cantos e guitarradas, E os compassos ritmados Da milonga e do tango, Em ganchos e caminhadas Com a elegância rimando. Apurem-se pois os ouvidos, E de olhos semicerrados Se sintam as sensações De dois géneros proclamados Património da Humanidade Na beleza e poesia, No dramático e no terno, Na tristeza e na alegria. Isabel Martins 2013-10-17 AO TANGO Por vezes sentas-te ali ao meu lado. Uma presença que me estimula e não me deixa parar. E no entanto, periodicamente, fazes-me sentir um mau estar indiscritível, como que uma náusea, um conflito visceral que me tira o fôlego. E o sono. Acompanhas-me no dia-a-dia com o teu perfil alongado de fugitivo. Sem cor, sem forma, como um fantasma infeliz que já não causa assombramento, mas ele próprio bem ou mal assombrado. Quero libertar-me, rápido, deste cansaço louco que me assola, me isola, do mundo das palavras. Que me transforma, por momentos, em bloco de gelo errante, inanimado. Fugir-te, não posso, não é solução. e depois, tu persegues-me como um abismo móvel, insondável, e atacas-me inesperadamente em transitória violação. Mas a realidade é por demais cruel para me deixar fugir, incólume e serena, para o refúgio ignoto do lápis, da tinta, do papel. Para uma cidade eterna povoada de fantásticas quimeras, para um universo que é um entrelaçar luminoso, ofuscante, de mil e uma – e muitas mais inapreensíveis esferas. Mas tu recusas as tréguas suplicadas, e não me deixas tratar dos meus remendos no tempo suspenso, imparcial, limitado, vazio de ruídos e de lamentos, em que recupero as forças tresmalhadas. Isabel Martins 2000-11-24 SIMPLESMENTE TANGO Porque te imiscuis nos meus sentimentos e me atormentas com os teus sons melancólicos, dolentes, com a impetuosidade que determina o teu existir, Tango!!! Encontro momentâneo de um homem e de uma mulher, envolvidos no teu ritmo apaixonante, na marcação permanente, estonteante, de uma dança que se perpetua eternamente, para lá dos sentidos, para lá da razão, Tango!! Encontro e desencontro… Volvidos que são os primeiros acordes de um bandonéon que geme, dilacerado pela dor que agudiza o sentir.,….. O querer e o não querer deixar-me envolver por ti, enquanto prossegue o desenrolar dos compassos, lentos ou rápidos, de um “gancho” inesperado, de uma caminhada compassada, de um pé travado, de um oito delineado suavemente num percurso nunca adivinhado conjunto ou alternado, executado com a cumplicidade consciente ou não do par. Tango!! Que magia ofereces a quem te compreende, te segue, te entende, e a quem possuis sem te deixares possuir. E a continuares através dos tempos a ser um desafio permanente àqueles que seduziste somente por seres o que és… o Tango!!! NA VIDA E NO TANGO No Tango, como na Vida, uma paixão pode durar um só momento, e ser paixão sem o saber. E o que a faz ser? Um arrumar de sentimento nascido da solidão, da ansiedade; o redescobrir a importância do efémero, um pensamento de solidariedade. Pode ser abraço ou cumprimento lisonjeiro, um sorriso maroto, passageiro, ou o gesto gratuito da amizade. Pode ser simples como a quadra popular, ou rebuscada, intelectual. Pode ser carnal violenta, terna, ou duma sublimidade divinal. Ou a encarnação da virtude, em acto de emundação. Apanágio do erudito, por simples ostentação. Pode ser ode ou soneto, elegia ou oratória, difamante, erubescente, mas sempre contraditória. Isabel Martins 2000-11-24