- Núcleo de Ensino e Estudos em Forragicultura
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Consumo e desempenho de ovinos alimentados com dietas contendo quatro níveis de farelo de mamona1 Magno José Duarte Cândido2, Marieta Maria Martins Vieira3, Marco Aurélio Delmondes Bomfim4, Liv Soares Severino5, Abner José Girão Meneses6, José Nery Rocha Junior7, Joana Paula Belém Fernandes8 1 Parte da dissertação de mestrado da segunda autora. Pesquisa financiada pelo consórcio CENP/Energia; Prof. Dpto. Zootecnia, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza-CE, e-mail: [email protected]; Pesquisador do CNPQ. 3 Zootecnista, Mestrando(a) em Zootecnia da Universidade Federal do Ceará, Fortaleza-CE, e-mail: [email protected]; 4 Pesquisador da Embrapa Caprinos, Sobral - CE, e-mail: [email protected]; 5 Pesquisador da Embrapa Algodão, Campina Grande - PB, e-mail: [email protected]; 6 Zootecnista, e-mail: [email protected]; 7 Aluno de graduação do Curso de Zootecnia da Universidade Federal do Ceará, Fortaleza-CE, e-mail: [email protected]; 8 Aluna de graduação do Curso de Agronomia da Universidade Federal do Ceará, Fortaleza-CE, e-mail: [email protected]; 2 Resumo: Este trabalho foi conduzido com objetivo de avaliar a influência de quatro níveis de substituição (0; 33; 67 e 100) do farelo de soja pelo farelo de mamona destoxificado em rações sobre o desempenho de ovinos mestiços de Morada Nova, machos, inteiros, com peso vivo médio de 18 kg e idade média de 7 meses. O delineamento experimental empregado foi inteiramente casualizado com quatro tratamentos e cinco repetições. O volumoso utilizado foi o feno de capim-elefante, cortado aos 70 dias. O confinamento durou 70 dias, sendo 14 de adaptação e 56 dias de coleta. Não foram observadas diferenças entre os tratamentos quanto ao consumo de matéria seca. Houve diferenças para CA entre os tratamentos, no qual o nível 33% proporcionou melhor CA. A análise de regressão indicou um nível biológico ótimo que maximiza a conversão alimentar quando ocorreu substituição de 46% do farelo de soja pelo farelo de mamona destoxificado. Não foram observadas diferenças entre os tratamentos para o ganho de peso total, ganho médio diário e dias para ganhar 12 kg. Por outro lado, a análise de regressão indicou um nível que maximizou o GPT, GMD e minimizou a D12 com 52, 51 e 60% de substituição, respectivamente. A substituição do farelo de soja pelo farelo de mamona destoxificado promoveu melhor resposta em termos de desempenho animal no nível de 46%. Palavras–chave: conversão alimentar, coprodutos do biodiesel, confinamento, fonte alternativa de proteína, ganho médio diário Consumption and performance of sheeps fed with diets containing four levels of bran of castor oil plant Abstract: The effect of the inclusion of detoxified castor meal in sheep rations on the animal performance was evaluated in crossbreed Morada Nova lambs, with initial body weight of 18 kg and 7 months-old. Four treatments (0.0; 33.0; 67.0 and 100.0% of substitution of soybean meal by castor meal, on a dry matter basis) in a completely randomized design with five replicates (lambs). The roughage used consisted of elephant grass, cut at 70 days-old and the confinement lasted 70 days, with weekly weighs , afterwards the slaughter was carried out. There was no differences among treatments in the dry-matter intake (CMS). There was differences among treatments in the feed conversion (CA), and the substitutionlevel that provided the best CA was the 33% one. The regression analysis indicated a optimum level to maiximize the CA até 46% of substitution. There were no differences among treatments in the total weight gain (GPT), average daily gain (GMD) and days to gain 12 kg (D12). On the other hand, the regression analysis showed an optimum GPT, GMD and D12 at the substitution levels of 52, 51 and 60%, respectively. The substitution of soybean meal by detoxified castor meal promoted the best results in terms of animal performance at the level of 46%. Keywords: feed conversion, biodiesel coproducts, confinement, alternative protein source, average daily gain Introdução O confinamento de ovinos tem sido estimulado para atender às exigências do mercado consumidor por carcaças de melhor qualidade, bem como manter a regularidade da oferta de carne durante todo o ano, contribuindo para elevar as taxas de desfrute dos rebanhos. A prática de 1 confinamento também reduz as perdas de animais jovens por deficiências nutricionais e infestações parasitárias, proporciona retorno mais rápido do capital investido e diminui a idade ao abate e a pressão de pastejo na caatinga, disponibilizando forragens para outras categorias animais (Siqueira, 2000; Vasconcelos, 2000; Barros et al., 2003). Deve-se atentar, no entanto, a fatores como o plano nutricional, a idade, o sexo, o peso de abate e o genótipo, diretamente relacionados ao desempenho e a aspectos qualiquantitativos das carcaças dos ovinos produzidos (Field et al., 1990; Snowder et al., 1994; Quintero et al., 2002). Notter et al. (1991) e Haddad & Husein (2004) reportaram que, para obtenção de ganhos que compensem economicamente a prática de confinamento, a dieta deve ser de alta energia e conter adequados níveis de proteína (Manso et al., 1998; Titi et al., 2000) com vistas a reduzir o tempo de permanência dos animais na fase de terminação, elevar as taxas de ganho de peso, a eficiência alimentar e, conseqüentemente, diminuir os custos de produção No intuito de baratear os custos de produção, uma das alternativas mais promissores tem sido a utilização de alimentos alternativos, oriundos de processos industriais que geram grande quantidade de resíduos com valor nutritivo variável. O farelo de mamona destoxificado é um coproduto da indústria do biodiesel, resultante da extração do óleo de suas sementes (Azevedo & Lima, 2001), este apresenta elevado teor protéico, e dependendo das condições de cultivo e da semente, para cada tonelada de óleo extraída há a produção de 1,2 toneladas de farelo. Assim, com este trabalho objetivou-se avaliar a influência de quatro níveis de substituição do farelo de soja pelo farelo de mamona destoxificado em rações no desempenho de ovinos mestiços de Morada Nova. Material e Métodos O presente trabalho foi conduzido no Núcleo de Ensino e Estudos em Forragicultura do Departamento de Zootecnia do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Ceará NEEF/DZ/CCA/UFC (www.neef.ufc.br) em Fortaleza, Ceará. O município de Fortaleza situa-se na zona litorânea a 15,49 m de altitude, 30º43’02” de latitude sul, e 38º32’35” de longitude oeste. O experimento durou 70 dias e constou de quatro níveis de substituição (0; 33; 67 ou 100%) do farelo de soja pelo farelo de mamona destoxificado em rações para ovinos, num delineamento inteiramente casualizado com cinco repetições (ovinos). Os animais consistiam de 20 ovinos mestiços de Morada Nova, machos, inteiros, com peso vivo inicial de, aproximadamente 18 kg. Foram alojados em baias individuais, providas de comedouros, bebedouros e saleiros. Foram alimentados com uma ração contendo uma relação volumoso:concentrado de, aproximadamente 40:60, em todos os tratamentos, sendo o volumoso feno de capim-elefante (Pennisetum purpureum Schum.), cortado aos 70 dias de idade. O farelo de mamona foi fornecido pela empresa Bom-Brasil® Óleo de Mamona Ltda., localizada em Salvador-BA. As rações eram isoprotéicas e isoenergéticas. Os animais foram pesados semanalmente durante todo o período experimental, que consistiu de 14 dias de adaptação e 56 de coleta de dados. O alimento fornecido e as sobras foram pesados e amostrados diariamente, com o ajuste de sobras sendo feito uma vez por semana para mantê-las em torno de 15%. Semanalmente também, as amostras do alimento fornecido e das sobras eram agrupados para perfazer uma amostra composta por unidade experimental, da qual retirou-se uma amostra para as análises laboratoriais. Os teores de matéria seca foram determinados no Laboratório de Nutrição Animal do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Ceará, por meio de pré-secagem em estufa de ventilação forçada a 60ºC por 72 horas e, em seguida, secagem em estufa de secagem definitiva a 105ºC, por três horas. Também foram avaliados o ganho de peso total, ganho médio diário, o número de dias para o animal ganhar 12 kg e a conversão alimentar. Os dados foram analisados por meio de análise de variância e teste de comparação de médias, por meio do teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade e análise de regressão. Como ferramenta de auxílio às análises estatísticas, utilizou-se o procedimento GLM do programa estatístico SAS (Sas Institute, 2003). Resultados e Discussão Não foram observadas diferenças (P>0,05) entre os quatro níveis de substituição do farelo de soja pelo farelo de mamona destoxificado para a variável CMS (Tabela 1). No trabalho de Oliveira et al. (2006) a substituição de 100% do farelo de soja pelo farelo de mamona tratado com a cal (fonte de hidróxido de cálcio) e não tratado não afetaram o consumo ou a digestibilidade. Ocorreu na verdade um maior aproveitamento do farelo de mamona tratado em função da hidrólise alcalina. Houve diferenças (P<0,05) para CA entre os níveis de substituição do farelo de soja pelo farelo de mamona destoxificado na alimentação de ovinos em confinamento, no qual o nível 33% proporcionou menor CA. A análise de regressão indicou (P<0,1) um nível biológico ótimo que maximiza a conversão alimentar quando ocorreu substituição de 46% do farelo de soja pelo farelo de mamona destoxificado 2 (Tabela 1). Não foram observadas diferenças (P>0,05) entre os quatro níveis de substituição do farelo de soja pelo farelo de mamona destoxificado para as variáveis GPT, GMD e D12. Por outro lado, a análise de regressão indicou (P<0,1) um nível biológico ótimo que maximizou o GPT, GMD e D12 de 52, 51 e 60%, respectivamente. É possível que o farelo de mamona destoxificado substitua satisfatoriamente o farelo de soja até certo nível, a partir do qual seria requerido não só um percentual total de proteína bruta na ração, mas também um equilíbrio entre proteína degradável no rúmen e não degradável no rúmen e entre aminoácidos, momento a partir do qual pode ter havido efeito adverso quando da substituição do farelo de soja em maiores níveis. Tabela 1. Consumo de matéria seca (CMS), conversão alimentar (CA), ganho de peso total (GPT), ganho médio diário (GMD) e quantidade de dias para atingir 12 kg (D12) de ovinos mestiços Morada Nova alimentados com quatro níveis de substituição do farelo de soja pelo farelo de mamona destoxificado Variáveis CMS (g/animal x dia) CA (g/g) GPT (kg) GMD (g/animal x dia) D12 (dias) Níveis de substituição (% da matéria seca) 0 33 67 100 1157 A 1110 A 1130 A 1052 A 6,29 A 5,16 B 5,66 AB 5,72 AB 10,5 A 12,1 A 11,4 A 10,4 A 188 A 217 A 204 A 185 A 66,3 A 56,0 A 60,2 A 65,3 A Regressão NS CA = 6,18 – 0,03x + 0,0003x² NS NS NS Médias na mesma linha, seguidas de letras diferentes, diferem entre si (P<0,05) pelo teste de Tukey; NS = não significativo (P>0,1). Conclusões O farelo de mamona destoxificado apresenta potencial para utilização na alimentação de ovinos em terminação. A substituição do farelo de soja pelo farelo de mamona destoxificado promoveu melhor conversão alimentar no nível de 46%. Literatura citada AZEVEDO, D.M.P.; LIMA, E.F. O agronegócio da mamona do Brasil. Campina Grande: Embrapa Algodão, 2001. 350p. il. BARROS, N.N.; VASCONCELOS, V.R.; ARAÚJO, M.R.A. et al. Influência do grupo genético e da alimentação sobre o desempenho de cordeiros em confinamento. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.38, n.9, p.1111-1116, 2003. FIELD, R.A.; MAIORANO, G.; McCORNICK, R.J. et al. Effect of plane of nutrition and age on carcass maturity of sheep. Journal of Animal Science, v.68, p.1616-1623, 1990. HADDAD, S.G.; HUSEIN, M.Q. Effect of dietary energy density on growth performance and slaughtering characteristics of fattening Awassi lambs. Livestock Production Science, v.87, p.171-177, 2004. MANSO, T.; MANTECÓN, A.R.; GIRALDEZ, F.J. et al. Animal performance and chemical body composition of lambs fed diets with different protein supplements. Small Ruminant Research, v.29, p.185-191, 1998. OLIVEIRA, A.S.; CAMPOS, J.M.S.; VALADARES FILHO, S.C. et al. 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In: Simpósio Internacional De Caprinos E Ovinos De Corte, 1., 2000, João Pessoa. Anais... João Pessoa: EMEPA-PB, 2000. p.107-117. SNOWDER, G.D.; GLIMP, H.A.; FIELD, R.A. Carcass characteristics and optimal slaughter weights in four breeds of sheep. Journal of Animal Science, v.72, p.932-937, 1994. 3 TITI, H.H.; TABBAA, M.J.; AMASHEH, M.G. et al. Comparative performance of Awassi lambs and Black goat kids on different crude proteína levels in Jordan. Small Ruminant Research, v.37, p.131135, 2000 VASCONCELOS, V.R.; BARROS, N.N. Nutrição de caprinos e ovinos jovens. In: CONGRESSO NORDESTINO DE PRODUÇÃO ANIMAL, 2., 2000, Teresina. Anais... Teresina: Sociedade Nordestina de Produção Animal, 2000. p.143-153. 4
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Estudante de graduação de agronomia da UFC, e-mail:[email protected]
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