Matéria - Lina de Albuquerque
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Matéria - Lina de Albuquerque
& pouco mais de um século a culhi4ria brasileira levou uni choque cultural do qual jamais se recuperaria. Melhor para ela, pois enriqueceu. Ao abrir os portos para receber os imigrantes italianos, o país começou a conhecer libitos novos, estranhos a princípio. Levados por aqueles homens de vastos bigodes e suas uIheves silenciosas, invariavelnienl, vesuidas de e o, os brasileiros eperimncntaran, as maseiideraun a acompanhar as refeições coma o h - jaóê o viuho, descobriram a polenta. 'l'ralmlhar por hI4r4ios exleiuiaiiles eia a u'inicam lmeumlmção dos imigrantes. () uiik4) prazer lIermuiiilo era comer. Até porque (1 l)4•eaI4liIlio (la gula Seria PCI'doado por estarem gainlunido força para 1 ralalhar mais. Esse traço, da alegria às refeições, eles deix.4ranm prolun4latnenle iiiarcado entre tos brasileionde miiil liii gota 414- sangue raté em famílias À id qual correntenieute se i(leIi 4íi -á' ~1UMa esconde um passado muito (lifer Na origcni da Luugraçao, uno lia uma Insteiabundfuicia. COUWÇOII (0111 C!4)CraflÇas qast todas as sagas luas foi deempelonante p a maioria dos protagonistas. Especial iessoas naturalmente enfraquecidas. no porlo de Cnova, vin(los da :t1miihia, L Calábria, V'nmio, Treuto, \ apoIes, traziam, (Ia pl)l(Zi, OS s(,friiiiefliOs (las guerras da ti,iificação italiana. Couieçaraiu a chegar cai 1.88 1 e logo - «1. -, (lemiS eram o centro de unia pol.nica: como seria organizada a imnigraçíio. A Sociedade Central de Imigração, fundada no Rio de jauieiro, ciii 1883, defendia mii projeto liberal, o (lo Império, Ixislo em i.r&tIca no sul do pa: abrir cohiiias, onde seria fieiliiudu aos europeus a compra ik terras. Dessa forimia abririam novos tcrriL4'rios, criando aio uiiesiiio tempo mua classe miIé(hia rural. A SociediuW Proniotora 4k huiiigraçiio, controlada lmu 4ult'icultous lxILilisiaI. fundada cai 1886, imnaigimiavai outro rumo, pois 11141i1i dispor de mão-deobra para a hivouura, em substituição aos escravos. A importação de uuião-de-ohra foi movida por cano- - A;R,,tI)EcI11N1bos N o (1) o o 1w z w o 1- o BRODETO À ROMANA s'S & 61t.0S 11 ES Asas de frango ao alho. .()5 r'ieo e SiuI\ ia Co oro as ('1)01 p0!i-'o! a )1 .63 I'rango ('anil 105! i'k' .61 Galeto M O(jli eca (!e Iran go .65 .63 Pato agridoce Li italiana Perdizada ...............................65 Salada de frango com uvas .64 1i1X ES 8. Flil T( )S 1H) M U Caniarões ao gorgonzola com risoto de espinafre ................69 Espaguete ao moi ho de (amarão ..68 1 'asanha ao molho de eixe ..........68 Maccheroncini to creme e Uru los do m ai. .............................69 Tainha recheada ..... . .....................69 Peixe à ironia de I'arento ..............68 'Falhari m ao niolho de lo Ias..........(11 1 iohri n has recheadas .................. 74 liagna cauda................................. 73 l'ettuc'eine ('0111 hi'óco1s ............... 73 lasanha de heri njela.................... 72 Molho ao sugo ..............................43 Nhoque de ricota e espinafre ....... 73 lortel Ii de batata... ....................... 72 Bolinhos de arroz à italiana .......... 76 Caldo de feijão roni niassiiha ...... 77 Feijão branco à loscana ................ 76 Feijão branco COR) arroz ............... 77 Lentilha com lingUiça italiana e acelga ........................... 77 11 isotii à liii lanesa ......................... 75 I isoto de frango ........................... 75 aos profissionais (ia cozinha: Albino Demarchi ( i'estaurante São Judas 'larica. São Be rniardo do Co topo. SP(. Ali re)i)) (;uzzoi ii (rest. CadOro, SP). Antonio Carlos Marino (rest. Canino. SP). Aflita e SiiV!o Alhanese (Padaria São Domingos. SP), Armando Puglisi (Museu de Memória do ilixiga. SP). Clube de Mães de São Luis da Ferceira 1 .égua ( R 5, Eracv i'raealossi (Bento Conçal ves. i(), Hora Ma(lalosso Bertol li rest. \iadalosso. Co ri tiba. PR). tranca de M iec'ohs (rest. Spaghetti Notie, SP(. Ci o anui B ru ri)) (rest. li Sogno ch A narel lo. SP). Hanulton Meilo Jr. o incansável Meilão rotisseria 1 \itelloni, SP), Hcimherto iluperto (Cantina Roperto, SP). Iria Soinla (Bento (ànçaives. RS). João Donato (Pizzaria Castelões. SP) Juan Comes \asqiez e Manoci ''Maiiolo Alonso A litoiliO (Canti na do M aninhei no. SP(, Léa Cama 'go (SP). I,iane Trenagno (Bento Gonç'aives, 85). i.uc'iano Boseggia (rest. Vasanu. SP). lIdara Baidacci (rest. Da F'ioreila. SP), Marco Antonio (li Conto (Doceira Di Cunto. SP), Marcos Rassi (Bassi Artesanato ria Carne. SP). Massimo F'errari (rest. Massimo. SP. Maúc'ha Çuei roz (SP). Mi moio Mancin i ( rest. Pasta e Brusca. SP), Pierluigi Marsigli (rest. Hipocanipo, 1 tapoá. S(,' (. Sói'gio A ruo ( rest. l.a \e('chia Cucina. SP). icrezitilia hrretii (Bento Gonçalves. R5 S( ) U1'1FS I'ritole ..........................................82 Gelado de frutas ...........................82 Monte rosa ....................................80 Morango rti Vi 11110 .........................80 Pe ias ao ' iiiho..............................80 Sorvete de melão .......................... 79 Ti iam isu .......................................82 Torta de maçã ...............................81 torta de ricota caseira ..................8 1 tor(a italiana ................. . ..............80 Zahaione ...................................... 79 .VFIÇX () Todas as receitas são para 4 pessoas, salvo indicação eni contrário. aos inugrailtes 1 tal i aoo. [Jus eiisnlai'ani a emoção e a perseverauça. a generosidade e a compassiviciade. a paciência e a esperança .a Gianbattista Bocloni (1740-1813). Tipógrafo italiano, inventou a escrita cine chamamos de romana moderna, substituta da pesada gótica. Os tipos utilizados nos textos (lesta edição foram concebidos por ele. dntetizaula ciii uni artigo de José Yigueio, filho do se.iador Vergueiro, publicada em 18,70 no jornal Correio Paulistano. O dinheiro com o qual se comprariam 100 escravos daria iara contratar 1.666 trabalhadores livres, calculava ele. Não havia, porém, Ohiuw de se lidar com trabaIbadores livPs; as fainilias recrutadas iwlos cafeiemultores para as fazendas, na maioria, recebiani o itiesilio tratamento dos escravos. Militas desistiram voltaram para a h6Jiiiz outras arriscaram a sorte 92% na capital e abriraimi semi caminho: em 1900, dos trabalhai lores mias imnliW rias lwusi leiras eram estrangeiros, 8 1 Y deles italianos. 1km ou mal, essas duas linhas de atuação eoiivieram. No Rio Grande do Sul foram fundadas 17 colônias entre 1 89 1 e 1900 e outras 21 entre 19 1 O e 1920, quando as primneii'as já estavam pQOadas. 0 fato de o sislema de eolonatd:' 9)iração liberuI niio fez melhor a viola dos imi. (es. As melhores terras guúclias já tinlianu dobs, os ulefliãeg, chegados anteriornieumte aos italianos sobraraium as serras, de topografia acidentada e uso mais ililïeiI para a agricultura. Entregues à própria sorte, sem assistência do governo, eram incentivados apenas Reportagens de Adetia Portp, Carlos Stegernnikn pelo, fito de estarem em terra própria, coisa proibida a iles no país natal Naturalmente a trajetória dos imigrantes desembarcados em São Paulo e no sui foi diferente. No sul, embora temihain se integrado, mantiveram comunidades fechadas, preservando mais a identida4le cultural. Ao ponto de terem criado um dialeto, o "Latiam:", niescla dos dialetos do Vêneto, Lomimbardia e Trento. Os de São Paulo, inicialuiemite dispersos pelas fazendas — onde não eram donos —' na volta à capital fizeram suas próprias "coInias", ocupando bairros aos quais derani sua feição, comó' Barra Funda, Bixiga (a Beta Vista), Bom Retiro, Br, Moo i Miturarumn-se mais, adotando hábit nativos e ensinando os seus. . Na qiieslão 1l uoiiitda. corriam lendas sobre supostas 'sciclisitices dos estrangeiros. Lnia das versões iaiii o nome do hailTo do F3ixiga, por exemplo, é uma lenda segundo a qual tal apelido se devia ao costume (los italianos de guardar alimentos em bexigas de boi. U nu conipleto absurdo, ri-se Armando Puglisi, morador do bairro. fundador do Museu de Memúria do Bixiga. Mas os brasileiros logo assimilaram as novidades. Segundo o pesquisador Arv Machado Cuimarães [no livro Continiu',n BernV1F1(LOS. sobre a imigração]. o cardápio de massas, pão e vinho teria siclo o meio de os italianos tentarem se livrar de ceita "ditadura do açougue". Conseguiram: em 1925. ele anota, o consumo de carne per capita no Brasil ficava nos 18,12 quilos. enqLlanto o dos argentinos batia em 89.81 quilos.Era imperioso fugir daquela ditadura. No começo (lo século, a alimentação era relativamente barata, mas os operários. mesmo ganhando o dobro dos trabalhadores rurais, tinham salários baixos: para levar 50 mil réis para casa, enfrentavam turnos de 12 a 16 horas diárias. Essa paga correspondia ao preço de 20 quilos de carne, 45 de arroz ou 25 de açúcar. r ' [Para coni parar: com um salário iii íii mio de agora. comprani-se : quilos de carne. 146 de arroz e 81 de açúcar - preços de abril, em São Paulo.] A reverência com a carne, um produto caix), é um traço atávico. "Na Itália, entrar num açougue é como entrar em uma joalheria: lá há grandes açougueiros, como na França", diz Marcos Bassi, dono da Bassi Artesanato (la Carne, de São Paulo. neto de italianos e açougueiro de linhagem. NAS COLÔNIAS, 1 4 TRADIÇÃO À MESA Nova Trento, Nova Pádua e São Pedro são o retrato, parado no tempo, da colonização do sul do país. A primeira, uma cidade, fica a 86 quilômetros de Flonanópolis, em Santa Catarina: a segunda, também município, foi recentemente emancipada; o terceiro é uni distrito de Bento Gonçalves. a 12 quilômetros ula sede do municíj.io. Nova Trento, 10 mil habitantes, esconde-se em belos vales aos pés da Serra do Mar, abertos aos inligrantes vindos. em 1875, cia província autônoma do 'irenio. 8 (:o/r\II•\ 1) \ I•\/I:NI) \ Puglisi (ao alto) acha "absurdas" os lendas que corriam sobre alguns dos hábitos alimentares; Bassi (acima) lembra o costume dos italianos de trabalhar com carne como quem está em joalheria norte (LI Itália. Passadas ILêS geiiIçõc. (is Su(eSSOieS estreitaram ainda mais OS vínculos com o paÍs (bis bisavós. além de trarisfonuaretu-se em prósperos produtores firais. No lugar resf)ira-se unia profunda religiosidade, por ser a terra da primeira santa brasileira, madre Paulina. Nascida À mábile V isiritainer, essa rei igo)sa fundou, em 1890. a Coiigregaço das Irmõzinlias da 1 niaculada Coneeiçio no distrito de Vigolo e (ledicou-se aos (loeiltes. pobres e outros necessitados ia colônia: depois, transferiu-se para Nova Trento, em Santa Catarina, centro de religiosidade... Sõo Paulo. O papa Joõo Patilo 11 lieatifioou-a, em 1992. em sua última visita ao Brasil. () sobrinho e oi sobrinho-neto (lela, Agenor e Alexandre \' isintainer. vivem perto daii. Graças à madre Paulina. o município transformou-se em roteiro obrigatório de romeiros e é cllania(lO de "Aparecida (lo Sul" em col1iparaçío a Aparecida (lo) Norte. Sl. Por obra do Círculo 'l'rentino. centenas de moradores de Nova Trento, entre eles muitos produtoi-es rurais, foram à h1i ia ciii progranias de cooperação e aprimoramento pro- . 1 fissional. O dialeto da regiõo de origem é Falado comumen- TO 3, 1 te. Vez por outra cruza-se com pessoas aparenteniente saídas de um filme sobre os camponeses italianos. como (lona Clara Sipriane. com sua (esta de taquara embaixo (lo braço. Na hora (lo lazer. jogam-se o doibelijo, o niora. a hocha, e os nomes (los distritos lembram forteineniu a F Itália: V igolo, Besenelio, 1 oml)ardia e Serraval. Nesse meio vive a família Boso. em Rio Bonito, a 18 quilômetros da sede do município. Viiidos de Prado, no Trento. Francisco Boso e a esposa. Benta Ti II Boso, de 54- e 52 ...Nova Pádua, isolada na serra gaúcha, voltada à agricultura... anos, presidem uma família de nove lilho e dez netos que. com genros e noras, somam 10 pessoas. A família trabalha tanto quanto na época da colonizaçõ(). - )as 6 da nianhõ as, 10 da noite", conta Boso. Liii troca, ganha fartura. "l'ora olaqu i, só compramos trigo para moer em farinha, sal. açúcar branco, arroz e café." Os Boso sào fiéis às tradições culinárias, com algtinia adaptações aos produtos nati os. Na mesa da fanifi ia. as lingüiças têm lugar especial, entre queijos. massas, polerita ou minestras. as gordas sopas. E o coteguino. chamado por eles (le "scodeghin'', feito com a pele de porco: a ''scodeglia', ou 1 ingitiça de seda. (IC carne e torresmo ie porco; a "Iuganeghe'. (le pura carne de porco; a "nioitadela de ci ( i ot( u''. corri torresnio. Todo o torresmo e a banha usao los nesses embLotidos são feitos COM o "lardo'. gordura cio suíno. Para consegui-ia, abatem uni mii mal a cada t rês meses. As carnes para a linguiça v&iii (los músculos, pescoço e costela. principalmente. As partes nobres lomubi nho ou lk is (01110 são consumidas ciii peças inteiras. Nas preparações, não) abusam de teniperos 1 (OOdiilicIitOs. -. a -, " ... e o distrito de São Pedro: tradição colonial preservada 1) 1- oti:\I \ ') I --f4j - : 4'.,, -' i _:2"• - -- -- - - ., I,,_ i- •t •- - -'-'- , - « A .ï. Dona Clara Sipriane (acima), a família Boso reunida em frente ao galpão (página seguinte, ao alto) e o fabricante de vinho Camilo Sonda em sua "cantina" (à direita): cenas da Itália no sul brasileiro 1 O COZ1N 1 A DA VAZCN DA ;- utilizando principalmente alho, cebola verde e l)iTieIiI 1 cio-reino. "São unnirnal islas", define a extensionista município, Cinelânclia Stapropor. "Preferem sentir o saboi origina.! dos alimeiltos." As liugüiças são conudas a quil 1ciuer hora: no café (ia nianhã. no almoço e no jantar. "Cnci. frita, cozida, com ovos, pão, na po!enta. com l)i-oas, bol. está sempre na nossa mesa", conclui duna Benta. Em contraste com a abertura para o uni udo (ou p(i menos para a Itália natal) promovida pelos habitantes i catarinense Nova Trento, Nova Pádua, na serra gaúcici. permanece mais isolada, mantendo o ar de colônia. asfalto chegou há apenas quatro anos a essa comunidade (Iivi(li(la em pequenos núcleos, ou "capelas", onde vivem 500 famílias, das quais mais de 100 são agricultores. Das terras escassamente aproveitáveis riri a agricultura, os pioneiros retiravam o sustento principalmente com a uva e o vinho. Hoje, a produção está diversilicacia: criam-se frango, porco e gado colhem-se pêssego, ameixa e maçã, alho e cebola. Um aspecto, além do isolamento, é semefiante aos primeiros tempos: trabalha-se muito, em regime liiniiliar, com raríssimos assalaiiados, sem horário. "Somos como máquinas', resume Camilo Sonda. 74 anos, descendente de um dos primeiros habitantes cio lugar, de pé as 5 da niarihã para verificar a fermentação de seu vinho. Apesar da trabalheira, é um mundo silencioso, sereno e rico. Cada casa meio escondida entre árvores tem no porão a "cantina", construída em pe(lras de basaltu onde as pipas guardam o vinho, acompanhante dos infalíveis almoços fami liares cloniingueiros, nos quais pontifica a polenta. O pder aquisitivo cresceu. E (el-tos rnodermnsmos chegaram lá; lor exemplo, as câmaras frias para conseivar os perecíveis. "O l)rogrosso serve para não tra1 )alhar tanto", diz Sonda. "A rapaziida pode até ir para a l)maia." O pequeno e único hotel de Nova Pádua é ad iin ni st rado por Iria Sonda, filha de Camilo. Ela se abastece nas casas das i-eilotidlezas (uni leite. ge- ! ' As perdizes coiiieçaiatli a es(isseai lii) (atxkqli(i (ICSSCS ital anos, acostumados eni seu país a usar passari obus na falta de coiiuda. ( ) liíhto persiste at( hoje. escondido (1(1 lhania e de fiscais ecológicos. segundo os quais os italianos iiiatarain a tiros as aves nas malas de aiaucria (lo iloi'(leste do Estado. isaías Piccoli. 72 anos, confessa-se soulu e 1 tua 1 Ht ct:I riu] cota. "ELi comia tico-tico (1)111 bico (' tudo. hoilira. Faia comer, não sou (1(1 ica- lias e outros i tigiedienles para servir aos hóspedes \aria(la refeiçio sopa de agnoliui e iodos os tipos de massas sua mãe, dona Assanta, comanda a manufatura -. galetos. bifes à milanesa. E polenta. mole, frita. hrustolada (losLatia), empanada cio ovo, queijo e farinha de rosca. De vez ('ii) quando aparece ((([11(1 alração extra unia pelrliZa(la. Iii iaiih a Iemj iIa la e _____ , . 1 1 ( ia . i • . dos dois filhos. Ficcoli só leve eletiici lade ciii iasa pali i r ld 1969 ( ti nd i lembiançci' de Liii) 1 \ id i (lLoa. (11' incilinl) triado pela 'nonna . depois de aos II jflos, 11 ((5 pais os innaos plantavali trigo e milho. al€ni das parreiras. iaia o sLiSteTllo. Se \ (ii(lia j)Oii(a ((liSO j)(iitjtie i1i(i havia (i(l(i(le )eito . e\puica. numa iii is- ttii , '' - . . .. '-. •u . .. 1 (i( poitLiti( (0111 o (lialeto "talian iii i dl i polIle \ i\ ii ili peixe (pescado no vizizi;\i( \ ii ulio rio Li- \iilaH (0111 iidichc. Quando SC poleilla lllata\ LI III 1)O( o. a ca rile. e tIl pc Liç( s. ia pala tini barril cheio de / banha, de onde cri rei rada aos -1 poucos e assadi no loino de coiinhar o pii• 1 )ura a tiiii ou (bis lileses. Cal iiilias ahalti(liiS 110 dIli 'iri(1 )d ia eram guari la( las t('gjt das ii1osc-a. ficai- Eu gostava (la comida. Na roça de niilho, iva a alto assilil de ra( 1 iche. iorca comia Ci'd (0111 i11isfid, se toicilibio. \ noite - -sopa de ícijão polenta. queijo e salanle. IU\ a. 1. 50 nunca ml- E vilillo, sempre te\ e. feito em casa at( hoje.' Piceo! 1 ai uda gosta de comer heiii. \os - domingos, reúne os dois Iii tios e muilleres, as três filhas e mat ido. 110\ e 0 - udo-,, primos e eniprcgados para uni longo ai nioço ÏN atura 1 tile tite. lega (lo a vinho l>iiiico. :» \ intocahi 1 idade (le:ses loca is cheios de história, se é clelend da de de litro para fora, não 3 resiste às in\ estirlas e\terlias. Isaias Piccoli, bisneto cle imigrantes, e a esposa: saudade das passarinhadas IV! uilos \ isitantcs telli (-Ilegal lo para Vai logo recehetido uni ealezitiho. Ou frutas da estação. Ou São Pedro, (listrilo de Bento Conçal es. H. ulais de 80k pau listas. (lcscc»udentes de inugl antes, à prol - ii ia de se vê (Fiante de uni 1 nato de fritolc". ptruenos bolinhos fritos e açucarados. LIa mesma, com ajudantes. Ie iara as gosta. F nuassas e não abre não (Id uni preceito: comida boa., só a traços ila eui lula (]os aiitcpassado-, 0 unia » ol ia à o são-pcdrensc \\ i Iso origens '. diz st1-apa//on. Jó veio gente da ILilia. pois lá não e\istertl niais lugares como este aqui. segun lo (lisserain." 1 iiIeslllO de - e ver: a ocu )JÇJO z \ 1 nho. da fani íl ia Strapazioii é Faer qual é arniazenado em ii lfld i-asa de te Ira centenária, colHer. (leci)-»lLi. Por isso. rec(ui-cliegaibo por ah. specialt11e11te lias temporadas de janeiro e íe creilo, numa nageun - (lit incuta1. Dos turistas recebidos eiii O kita na hora. (is ares mundanos levados petos turistas não chegam a asstistar Cali didLI Merlin, a tunis idosa niortdorade São Pedio. Aos 93 anos, ela não 1xt55Lt de vinho rosé. Magra. corpo curvado. sciii 101H um copo diário o Ieitço a cobrir erguida pelo bisas Ô (le ' V 1Iso. Uiovafllii. Liii) \ eueziano. A5 os cabelos, ainda tem olhos tilInes para produzir um deta- pipas, inmageias, nár guai»dam 8 uni litros. (J turistas iliado e (-obtido bordado e observar tudo a le\ am quase tn( lo. mais queijos. salames e geléias casei- nove Filhos, criou (luatro. foi professora mtuncipal. t-ontro- i-os. De graça, oni em a histórias do lilgar. Mais ptgniátca 1 lelena lavievo \Iutei-Ie, administradoi-a do Hotel de I)ona Adélia (da mãe (lela) cui 0tá lo S( ,ti redor. 'leve lado dnraiiie 37 anos classes de até 80 alunos. Cresceu ouvindo os pais (- ontarein LiS peripécias da viagem ao Brasil. Cltegauanu tio nico) (lo Inato. tinhatii Inedo dos Rocha. (listrilo de [boies la ( unha. teto outra opinião tigres, dornnani em cinta das árvores e tinham de fazei- soltIe a \erdadeila atlação para estrada a facão. leIilbi»Lt. eut pai tlLihLtl Fiou muito. plLnitoi 12 LOZiNti 1)1 i-A/J-\IL\ os loristas. "Qucui \clii 'Ps f Na casa centenária dos Strapazzon (ao lado), vinho para turistas; no hotel de dona Adélia (abaixo, esq.), massas à vontade. Enquanto dona Cândida (abaixo) observa as modernidades t todo tipo de árvores, mas a vida era de pobre. Adulta, dona Cândida quis viver tia cidade, mas o marido era contra. "Sou mulher e tinha de obedecer", aceita. "Não era como hoje, quando as mulheres já têm liberdade." Agora, ela espera terminar seus (lias na colônia. Fi S Se em São Paulo os intigiantes italianos se (lispersaratil pelas fazendas de café, ao se reagruparem na capital, alguns deles iriam abrir uma das atuais referências elogiosas à cidade, lugar onde se cofie bem": os cantineiros. A verdadeira cantina, conio é denominada na Itália, é uni ponto essencialmente familiar (os donos moram e trabalham no local), geralmente freqüentado por pessoas de origem mais humilde. Nela, servem-se vinho, alguns pet iscos e li'ês ou (Itiatro F)11t05 1lil(ieiiles. Na piesimucki l iineira delas, esse era o espírito. No livro Retalhos da Velha São Paulo (OESP-Maltese, 987), Geraldo Sesso Jr. faz menção à Dom Carmeniélo, fundada nos primeiros anos da imigração. Localizado no bairro do Brás, onde estava boa parte da colônia, o estabelecimento foi dirigido por Carmino Corvino, um napolitano de Salerno conhecido por dom Carmeniélo, por quase meio século. Ele morava com a família no fundo de sua casa de negócio. Um quartinho no quintal ficava reservado para acolher patrícios recémchegados em dificuldades, aos quais, além de cama e comi(la, o cantineiro costumava emprestar algum dinheiro até a regularização da sua situação no país. Assim, o lugar tornou-se logo um dos pontos de reunião obrigatórios da colônia italiana. Teria sido dom Carmeniélo o introdutor da pizza napolitana no Brasil e inventado a mezzo a mezzo (aliche e miiusaiela) na época dele, a pizza já seria vendi- DA Foii À Fi'rri da por anibulantes_ jwlto a batatas e tatarilias assadas. Cenas de grandes famílias italianas à mesa, camenda, rindo, falanda muito e cantando não são apenas ilustrações folclóricas. Pelo menos para Cleudes Piazzo, 50 anos, bisneta de um imigrante lombardo, produtor de óleo de oliva, aportada no Rio Grande do Sul no Fim do sáculo passado num dos grupos que levaram ao Estado as milhares de famílias em rafa de fuga da fome. Fortemente identificada com o passado de sua gente - que construiu na serra gaúcho um invejável pólo de desenvolvimento industrial, ela coordena o projeto Ecira, vinculado ao Instituto de Memória Histórica e Cultura da Universidade de Caxias do Sul, o qual pretende investigar e documentar a história da cultura italiana na região. "A mesa abundante da descendente da colônia parece um ritual coletivo e permanente de exorcização de uma fome atávico", diz a pesquisadora. "O móvel da imigração foi a fome. Mas o encontro prometido com a país da fartura, do pote de ouro, não se concretizou de imediato." As primeiras lavouras demoraram a pegar; aos colonos, restavam os pinhões, o almeirão nativo e a caça do mato. Supõe-se que a primeira grande festa tenha ocorrido na colheita dos primeiras abóboras. Logo que puderam ser colhidos o milho e o feijão, as famílias recuperaram a polenta e o minestrane. Porcas e galinhas criados junto à casa substituíom a caça nativa e a carne de boi, de preço proibitivo. No comecinho do século, surgiram na região os "cargueiros", comerciantes de mercadorias; eles abriram as estradas e fortaleceram as trocas entre imigrantes e brasileiros. Com os tropeiros, os colonos conheceram o churrasco e a chimarrão, não se interessaram pelo charque, comum no resto do Estado. "Comer parece ter sido o único aspecto do prazer admitido e legitimado", diz Cleudes Piazza. "A comida não sofre nenhum interdito, parque carpa bem alimentada acumula energias para o trabalho." Festas de casamento duravam o dia inteiro, com três ou quatro refeições. E as sagras - homenagem ao santo padroeiro dos comunidades - ainda hoje reúnem o povo em torno da farta mesa. Nos fundos do salão paroquial da igreja de Nova Pádua, de fato, uma cozinha industrial, panelões e compridas mesas denunciam a importância da comida como culminância dos festas. Uma refeição típica dessas ocasiões tem vários pratos: sopa, "carne essa" - a carne da galinha da sopa desfiado, misturada à raiz forte ralada e imerso em vinagre de vinho tinto - com muito verdura, vinho e pão, um risoto de miúdos, galeto no espeto e churrasco. Por fim, cafezinho bem forte com biscoitos caseiros. "Comem devagarinho. O almoça pode durar 2 horas ou mais. E cantam", conta o padre Antonio Galioto. Membro de uma família de 17 irmãos, pós-graduado na Universidade Gregoriano de Roma, ele escolheu a vida simples de suo terra natal - recémas do emancipada de d ' ia da priln('Ita pilzzaria paulistana. em 1926. a Castelões, )uira versão atribui o feito à fainíl ia Siniscalchi, fundado- hoje t'iii fiiIl(iollanleiito. ialfll)éiii no E3rús. L11( No (-omeço deste século as (-alitirlas foraiii traindo o nonie. tianslornianr lo-si' em restaurantes ao estilo francês. Pi atender a unia clientela lormada pela gente do ('alé e por imigrantes tirais ahastados. Para satisfazer a vários paladales. os cozinheiros (oram obrigados a fazer urna alqiririnia (ouiplicada (1)111 leniperos e outras rliatérias-prlilias nacio- riais. f)ata daí o snrgiilieiito de tinia eozmlia italiana-brasileira. como quercili alguns. E iiiuito difícil, a pn)pósiio, rltia(r1r tniia coiinrla típica. pois, tia Itália, os sabores dos pralos variam minto conforme a região. Na Toscana. usara-se tiraiS ervas e óleo de oliva e menos condimentos e aluo foi praticamente abolido: tia Calábria. ao contrário. tcmf retos sã kajíssiunos. ''A cozinha italiana no Brasil 05 ataboti sendo urna tremenda misiura de todas as inlluências'. avalia Antônio Carlos Marino. dono ilo restaurante mais antigo de São Patilri, o Canino (103 anos). Instalada no ecrit ri) da cidade. a (-asa bá aberta por Cano Cecehini. Canino original - ( 0111 qucnr Antônio Carlos não tem parei tescí -. (01110 especializada ciii ('ozirilia toscana. Seu cardápio atual espelha bem a mistura de influências: nele eouvivcni o espaguete à PutLnies. romano: a berinjela (-oni aliche, do sul: a mussarela de búfala. de Napáles: o coelho, saboreado na itália inteira: o peixe soliola. do \'lediterrârneo. foi substituído pelo linguado. Não se pode negar às chamadas cantinas. nir.iltipl icadas 110 período 1945/50. a honra de (lessas casas é uru (apítLnlo à parte. "Eu tive a felicidade dc muni lar alguns dos hábitos aliuneritares do brasileiro. e nu o objetiv(> de atender a 11111 póblito diversiíi'ado. A Final, recebo ciii Ilie.11 res 1 aurante pe550i15 de 30 importante personagem do e mi rerlo, o vete ano Ciovan iii 131.11110. cujo nome se tornou tuu si nôninio da inlegração italiana na panela brasileira. Nascido em Casall oonno. ald-ia PlixirIki a Nápoles, viveu lá 15 anos 11 (i)/l\H \ I)\ ii/I:\l)\ a l)i('se1a da ali, levava a receita para casa e a rei etia A proliferação regiões diferentes'', diz uni prolemo é o colesterol, o ácido úrico, o coração que patino", brinco o podre. As pessoas comem .. demais. Tenho dito nos sermões que podemos 1 reduzir um pouco a comida." Padre Galioto: "Comem demais" (011501idn coniida italiana nos cardápios palilistanos. ..\lgiiénn cOmia Giovanni Bruno: "O cardápio sou eu" — Guzzoni: "Confundiam açafrão com remédio" sem nunca lei' posto os pés ouro restaurante: era irlirneritado peias massas da manirua Salvia A nionia Bruno. Chegou ao Brasil riu fim da Segunda Guerra Mundial, chamado pelo pai. l'raricesco Antonio Bruno, vindo antes para trabalhar num posto de gasolina. Na carta, o pai avisava ter ari'umado um emprego para Giovanni corno enipi lhailor de garraias e tiescascador' de batatas nLrm tradii'iorial reduto ria hoênua Pltilistana, o i'estairr'ante Gigetto (cujo (loirri, Dona Franca: "Minha massa canta" pooic ser datado cru 10.53. (1tlando l'abr'izio Guzzorni, uni Gigetio. ('ia um antigo garçom do Canino). O emprego suíço de asceridêru'ia italiana corri experiência rio ramo de durou 17 anos, nos quais Ginvariui aprendeu quase tudo 1 rotelirria, nrontou ir restaurante (a'd'Oi'o. tali ri ri l' -'o estalrr'lec'iriic.ntrr a intr'odunzir s-r'ianir'rit-' a nunlirrár'ia do sobre cozinha, Em 1967, montou o seu lmrimei'o negócio, a Cantina do Júlio. no l3ixiga. hairn'o de inrugr'antes e de boêmia na época. íecliada no ano seguinte por obras do alargamento da rua . A Cantina do ,Júlio deu lugar a outro ponto, agora ('OrO o rronie do (1000. Ele ia fechando e n'ca- rrrrm'tn rIa Itália no Brasil. Sua 1'o1ostr era a de errnrn'r'gLnr' 'recitas clássicas r' Lu-ostililiaro paladar brasileiro às caças e risotos d fere rrciados. Missão difícil. ''\irquele teni1xi, processo. acontecia (le um ou outro sentava-se uniu r'estaunn'anite Forno coroem' filé noni h'itas''. diz Alfredo Gnnuzorri. ri filho, admniriistrarlon do Cr'anrl 1 loteI garçom sair para abri' sua própria cariti ia - repeti ido a Ca'd'Or'o. nascido ira ruida do srnceso do r'estnrrranrtc, história protagonizada por Gigelto e por Giovannini —: ''Seguridrr conta iurnn ra. rrrmnita gente m'cclama a por cou- brindo sua casa: 110 assim, as ('asas foram se multiplicaudw ''Hoje exisleni fundir o ar'orrin do açafrão no risoto à irulirnesa norrr gosto mais de 70 Gigeltos em São Parnlo''. orgulha-se Giovarnnii. de r'enrédio.'' ()urrrntas queixas do gênero rolo tr'r'iarrr ouvi- As acusações de ter ahastardado a ('ulinár'ia italiana ''E o responsável pelo uso exagerado (Ir) rireijo e do t'r'enre rle rio os pr cimos chefes rir nozinrlia do restaurante. os tal anos Errril io 1 mateI Ii. í'aleeirlo cru 1991. e Allrrrtrr leite''. dispara mii conneor'reritej, fica indiferente. -- Na ver(lade. (1 cardápio aqui sou cii rlerrrlo a apreciar A miscigenação ('ulirlár'ia citada 10)1' .Ant(rnii (:rrIis Marino e Giovanni Bruno não foi total cru todas as carrt inas. Algumas niantiver'arn-se mais apegarias ao raninoria1, lima (lelas é a Capuano, do l3ixiga, fundada em 1907 \licheletti? Aos poniros, por'érrm. os brasileiros hrr'ainn atn'errr'abai Ia, a corlonira 'ornn rolcrita. o Fígado à vêrneto e o ear'J macrio. r'uja i rrt r'rulrrçãri rio Brasil é atriLI lrrrída ao Ca'rl'Ono, "Assinnn crrrrro a nrúsica. a r'ozinrlia r'lássina é etr'r'rra. (àrrnro rnirnlificrr' irnt listados e aptirados ao lorrgrr rIos sér'rr ris?". pi 'r'gurrtn Crrziomu, pelo calahrês Fr'aneeseo Capuano. O dono atual, o napol itano Angelo Mariano Luisi. para entretei' os fregueses ilur'arnte as rei'eições. toca barndolini e clarinete, m'oriro f'aziani muitos f'anuliiu'es de velhos caritinein'os italianos. Omitia a guardar a tradição é a Camntinia Roper'to. tarrnliémri rio Bixiga. inaugurada em 1892 e desde 1912 adnninistrada por Humberto Roper'to, neto de Car'los. o fundador. I)epois (los iestauri'antes ('155Ie0s e tios ''adaptadirs . ri)mida italiana em São Paulo entra cru unia provável eeira geração, a qumi traz pratos ('liíssi(os. mais daI miar l 0115. (mii ecilos ('15I). ilititos 1 iiO\lr'ii'5. 0 Amo: "A comida, hoje, é mais leve" Proj tosta i gui!1 au 11111)11 ioria lianca de J'Vliccotis a abril, uni ieslauraiite, o Spaghetti Notte, Mutile de um a casa de Bom a ai o ria tarde da uioite para rcceher quem quer jai ital, depois do teatro. Nascida na elegante Tu ri tu, chamada "a pequena Paris'' do Piemonte. ela eia casada (0111 UM! ttíicial • do Lxércuto italiano. Ao -final da Segunda Guerra Mundial, o casal decidiu / vir para o Brasil e se insta'-IOU em 'ílo Paulo ciii 1918. Melão: culinária em Por anos cozinhou apenas 3.500 livros para a laiiiíiia e só deenliii inaugurar o restaurante ao enviuvar, aos 62 anos. Hoje. 18 anos passados. (oflti iva à frente da casa, supervisionando o trahali io de Zenaldo Alves de Souza, o chefe de cozinha. Como Giovanni Bruno, não tem receitas. ou seja. é O próprio cardápio. "It preciso receitas se estou aqui?'. pergunta. 'Fein gran( le orgu Fio da casa. "Quando IJIOVO outras massas. si ItO-as grudaunlo na hoca, enquanto a mi iiha canta. diz. Na opinião de Sérgio Amo, há seis anos dono do restaurante La Vecchia Cucina, sofisticado. de pratos toscanos. a cozinha italiana no Brasil conservou muito pouco da iradição. "Na própria Itália, a comida tornou-se mais leve. - -- Mancini: "Brasileiro tem a mania do queijo" JÀ$ o 1 o cozuti 1 •\ O c()nl menos creme e aconupanhadi de niais legumes. 1 lá algLmi tempo a lasanha e o caileloile (leixarauli dc ser pratos tão especiais. diz. "Ao inesnio tempo. existe hoje ULii niotilieiito para retomar as antigas raízes. Amo, da nova geração de donos de uestaiirantes, tem conseguido fazer alginilas inovações, introduzindo ingredientes hrasileiis eti seus piatos. 1 lá ter os supostos maus liáltitos (tULise peipctuados, poiéiii. thfíeeis de it'iliovei. Para (1 roniano Minino J\/1inc1111. o mais giac é a ohsessão pelo (1ieij(t. "O i)iasileili teili niania de colocar queijo ciii tinlo. E uiii crime jogar queijo ialLidO ('iii lunghi teni1teiado no az('ite, alho e (Fiei O-\ -'udt-t Do tnesino nuodo. não tenu (ahimento colocar (liieiio ciii massa coni atuni. I'lais excessos podem iião sei. porélil. 11111 pecado nativo. ''' pit5('tlçti de queijo ralado em doces, sopas. massas dc farinha de trigo não é oltra (los portugueses e não poderi i ler vindo dos iuudígenas e dos africanos. Até Irova expressa ciii contrário, deveniola ao italiano''. alimiuua o pesqitisador Luís da Câmara Cascudo. em seti H,sio,ia da 1Iiinco/ação ,mo Brasti. 10111 mii crítica de MLLnciu é cli - igicia aos molhos. "Na Itália, um molho é geralmente lei lo só ctitii a cebola ou só tttiii O alho. Não (011vém misturá-los ((1111(1 se faz aqui. E queijo mamanicnte cond>iiia ciii niol fios (011l alho. diz, Ftx-prtfessor de Educação Física e especialista em iliassagetn Slnatsu, excessos ciii restaurantes paulistadepois de ter \ , Isto nos, Muioiii tlecidii abrir sua própria casa, a Pasta & Brusca. há inn alio. Enibora sua cozinha artesanal às vezes pemnuta algumas escapadelas para outros países e regiões da Itália, ele scrc tinia típica culinária romana. Nessa nova geração. outro especialista destacado é FIaunilton MelIo ii.. o "Melão. dono da rotisseria I Viteiloni. e um restaurante com o niesnio nome - do li une dc I'ederico Fellitti. aqin cliamadc Os Boa-vidas. Ele leni uma casa smgular lio itiurro de Piudieimos. pois coloca à (lisposição dos fregueses. para consulta, unia nutrida 1 tihlioteca cio- clii inária italiana e assuntos ligados a ela com nada menos de $.â(X) títi.ilos. Com tanta leitura. Melão está credenciado a dar a receita piuLu quem (junstr euitcutder tiiii pouco mais da nustnra italiana na panela hiasi leita. sugerindo a leitora de tuls livros básicos. Como entrada. o leme cc Com uio's.-llc O »'altto ( C 1\, iiização lImas ii eira, 1961). urna ie e reuiinão de (Liriosidades (li) torno da gastronomia coictadas 100 Giniliemnue Figuieiredo. Couio prato priicipal. o mucos consistente, llLçiona da - i/uoen/a( - c7o Fio Brasil ((onitauilt ia Etlitoua Nacional, 1 %8). uni dos mais ic'speitados tuatatios de so(-iologia da aumentação do país, de Ln ís da Câmara Cascudtt. Conuo acoiluilliuiliauuelito, Broto Gente! (Brasiliense. 1986). de Zuleika .Alvim. Nos B%IiRos I)t COMILNÇL O liii liUo (Oxido iia iíua (iii Oi(() Hill )I('I)0i4 ai (flieflie tian101,1na- se na ''heila j)oienla . herança dos iIa (II.) 1 1Li1H)5 \iieto. ilOii(' (ia Itdi ia. Faii ., lOS iiileitos )iedi(Lid'. à eoil)iiança. \i)iigalll (Ooiflle' rstLl(iranL(L. bani. 111e11[os. IludI' IlliIi)Ll1)' de ffl-'S'OciL4 LII) nlesnlo tempo se (111 r(-'&&anu alegrenleulte LII) peiado (111 gula. ltnu LI() Heruuaudu( ii)) ( 1i)lj)0. (lii) 1 hlI-L. ieiiId a latiiíl ia 2. i)elllareiui, i )r i)rietLiriLi (LO 1(StLitIiLIlltl Os Demarchi (em foto de 1956): a família cresceu; o restaurante também 't() ilitiLis ILIdeI.i. O Imits ali! igo (la I('giio. IIll 1889 \IaIhe) l)eiliLireiiI e '.iiai I.l)o-Li. \iL111L1 2.5(1(1 (flnlos (te ítd)LÍ 1 uLiiislorlivad 15 (,til mais ie 3 nill 1)0r Serxid(-1 I)einai'elii. eiiegi\ 11111 Lio Uicii] pala biliar posse (la ções de polelilhi (' 2 11111 llLnigos. "Até 1972. (fliLindO nÍlo Lena eoiiipiada 1111 iegiio de 'io Rell1LiI')1(l sel\ atnos OlIti)) Hp)) II)' comi) Ia. ('1111)1 ) 11111 fiLiIigOs Li (Li)iLi 'aulipo. (111 ROldLi (1(1 A nhigo pou-.)) (II' tiopei 04. IIL1"('i( II) LI)) lollgo da finLd Itt selllLil(Li . Il-'Inl 1111. Shili)lüs)l. :\ihlllO, 11111 (bIs Li lims eStiLl(la i(l Kfulo—Swi[os e ai (aiid )iiido desde a niangula- de A 11)111)) e 'al1tLi. \IUdLOIO pelos irnlõos ()snuar e 1 .au-'rte. (i0 (tIl ieiio III '(LIIit05—jtn1thLií. ('1)1 sete sol,rilillos e htead 18)07, () Iti, w, lora ' \ ('lididO (0111 1LI(ilidlldes Li iuiliiliLlulteS 1111110105. selilL(iihi, \ Ianiil ia iiio SUl)0ItOU LI- (iili(LlIuiLi( leS (II) iSOiLin1I'ntl) 1 228 elilpuegades. ('II' ateiide. Li 1111111 liiíL)hLi lI)) nais (te d-' 8.50() t0'0Li5 01) sistema serti (e.:\ úiliehi )sp(eie (te )oiiuida SelVidhi at( 1972 era Ll(Lii)OIi \ OitLilldo PzitLi LI liLíl ILI. 1 )eiviu raÍzes. no eiitLni!o: (1 a mistura origilual (ia ''lH)llula MLiria: salada (te rLoliehe - liho 1h) (dSli. \InheLi_ IlLe4(ilI() 1H) Riasi 1, (ie(id iii vol[m- 1)111 llleilõo -. -o (Li de )Lipeiet i. fralugo aillo-e-óIuo. I)ol('litLi. risoto e lllaeLirrõo. aeollipLuliliada (II-' inho tinto caseiro. )ar(ilÍpi() lLll1llHfl1 hei III LigoiLi puLitu)s (111 ('OZillila i 11t)-'rua"N:IZ[S ulleta) e (I))s peliduus ainda ( de 1 uLingo ('((III pzirzi Li iliesIliLi 'Íh) BeilILildo 1' iii du Seu, lulhos. DeliuLirelo. Affillio. 11(1 lunular 11111 lii (11011 51111 pl6)riLi iLiliiÍhLi. O 1101111 dos lia tornar iainoso Li1Illli/(I11 ()lid foi illol.zll. ie Lindo 1010111 lua)) existia a 1110111 1)i0p1d50iLi do (ieeIi\Oi\ iiiueiilo lia uiea.o I('u(dLiui)) \ I(. f)i 115111 as (te I)1L1IL1S São 1t'iiiiido lorlieeianl (Lll\ ilo. \l1(lL1(l0leLi (II) i )Lnrio ti)) IpilLlIlOci. ('III 'LL)) fLi1dO. 111111 ité iL (te (L0iOçLi a nuÍbe iú\a. \es,Li p'Li ia - \lleilielLI. e-tlLidd f )LilLi nlbl). buscar () (OnlhlisIl\el e j)LiiLl\Llifl j)ol('litLl. l(i!O e\atalllelltt (01110 ilOS telllpos (111 ln)IIllLi' . (1)11 li 111111 il)ili(). A)) kido (II) São ,JI1I1LIS iLideli. llLi Livenida iLiI'iLI ervidei l)lilhlleili - ilonlemiLlgelul à iliLilriLileLi 1111 iLilIIÍliLl -. hoje existem II rtstauiuhilites. sete especializados em fraulgo arinaieni dos (10111 f)Olt'lilhl. 1,111 ('('li! r)) III' (01111 lLlllÇLl 01111 to pLireeido ao I)emarehi e LielihLi\Lllli f)loVLilidl.) LI (01111) Ia (II' (lOhili M1iii1i. do bairro III' Swilzi lelieiliade. em Curitiba, onde estabele- lnÍi( ie \ 11)1110. A fio (Li5U foi lnl),i011aiH lo (1)111)) LIIIILI (LilItiiLl teuain-se. i1Li fueLi do ll11foro). (Is iunigmaliles ItLlIiLiilos. eiLissiea. illeeiltivLil)(i0 r\ihiiio e 511h (s)osa. santa. Li IillJli- Iu'anu iuiipedulos (II-' 11101111 1ls regiões lentiais ula cidLlde. tLil('lll () l('5lLltliallte Sião jIidLis iLid)ll. (111 1918. (_oi1lo LI pl6prlL1 Íauiiíi Li, ele eidLi Llt ocupar luovas áreas. 1 Hoje. os ló restLllil'alltes (II) (Liii- cile ar a imits 1k 1 .1)0(1 ilielllI)l05 LlltiLiiillellte, LI ('LiliuiliLI onde (101111 \iLlria serviLi ii() lilLi\illl)) 2() ieie iÇi('5 aiimentoui. laui 1962 ua lona (Lisa li)' 80 ligares. A lama 1k (orlolia farta torna. III (\Ii!ii( lO 5\('Oi ieleições tà(.l geuuerosas (jilLilit() as (te SÍIo Rerliludo. I;les sIngiuLiul liLi (iIeLida li)' 60. (itiLlIldl) )-'Xf)l0WLI LI 10O1lliçàll (te )Lit do 11(11!)' do PamaliLí. PcI)) 1)111110, f)Li551l VLl LI alitiga ('stlLI)tLi 1h) Cerlie. 1 igaullto II ilortezko porto m)\ LIS an)pi Lições. Na úit nua, em 19(80. chegou- de PalaulaguiLí. ouile ('ILI ('unhareLuiLi pLirte (II) ('Lill pIOlhli'/i- se tios ituuiis 1.200. SeiiianiliiiejiIe sõ)) )ollsllIlli)Ios ali (lo li)> 1';StL011). No imlo 1111 1)llôlliLl. 1111)11 harieirade fiseah- 0/1 \l 1 1I SI• \tI\l I\ 17 j tihonei ois a longas llaIadLlS. N5o iiioiad les (OflieÇartilil a servil refei- zaç5o obrigava 05 (ilili dciiioroii tititili) ( 05 çies aos motoristas. ahniidn peqnenos bares, logo translorinados em l)-(lt1et1os rslaurantes. Em 1963. Fio-a Matialosso I3(itt)iii ('olnpron tini (ides. 1) Flórida, eniõo com :34 luga es. l'rocou o nome para \i a lalosso e passoi 1 a servir pratos conto polenta fii ia, ra(li(lle. frango e risoto. tudo leito em kgao a lenha €oiii inatrias-pnnias produzitias na própria colônia. l)o llifuio singelo. (lona Flora, aos 54 anos, fez nascer wn pequeno império. A frente de 800 < empregados, ela pode (lar de comer siniultaneamente a 6.200 pessoas: 4 mil lugares dc novo '\Ia lalosso. 2 mii rio restaurante l)oti Antonio e 200 na Cantina Fadanell i. Só no novo Madalosso, onde eia própria comanda uni batatlióo dc 275 pessoas, (nt janeiro passaraiii 57 mil pessoas - uma média diL'iria de 1.1300 pessoas e iolaç5o leria nos finais de semana. l)ona lioia atri htn o sucesSo de seu enipiecfldilfleilto - i ijud i 1 tini1 iii [quati o de seus seis ii mios tiaihu11d511c ia da 1) lh mi com ( 1 i] nia ((0111(1 1 — ainda e o maior atrativo. Sao 15 pratos servidos 10(11/1(1 dii e- sajadas, sete Iii e-s e- (li!eien cm tes.IrLuigoeni quatro ve [Maa registrada cia inhigraçto italiana, esse prato MeÈ-eCe SeT i prinieira 1(1 ( itt (ii ,t ( tio in POLENTA (t'..It.\ 0 I'ES)e-) Flora (acima): comida para 6.2 e a polenta (ao alto) impera Ingredieiites 1/2 kg (1ef(Irin/10 /e 2 Ii Foi (/C ligou 1111 /10 inédi ( 0t0.Vi 11(11(10/ri cole) Como fazer lena a igtia colo sai. iiiaiiiciidu-a ciii eiflhiiÇ5(). c \li Li(1(5((lItiiII(iO, LiUs i1}Ii(O. Li tniihi p(iiciiada. Iilc\en(l() a nusltna iiicessantemeiite coni tini a rol lier (II- )an . ti and o 1011ieç ar a engrossar. di innuia o fogo. toiit inc a iliexer at( a niassa ficar compl(,twIjeifle sua do itililil) da panela. i)cp(Iiilrndo (ia iarinha qii( nsar. auiiicrilc mi diuti iitiLi a (11ianitidadc (id Lígua Llté (liegar a coiisistiici desejadaS irva a poteIiILi siniiiies. (((iii 11lciJo ((ii (((III iilolli() til 1oiiiites. 18 (:)/lii,\ o\i• \zI•:\I) No carnaval cada um exibe seu contrario terninhos, tênis, mocassinos, cabelos quase recos capazes de provocar tanta confusão que fica impossível distinguir uns das outras. "Em caso de dúvida é mulher", ensinam os moradores de San Francisco, talvez os americanos mais acostumados a conviver com a androginia em voga em todo o mundo. Aliás, é da psicoterapeuta americana June Singer, autora do livro Androgiaia rumo a unia nova teoria da sexualidade, a comparação do andrógino com o ovo fecundado. Ela considera que, por reunir características psicológicas abrangentes, a androginia é achave do futuro. Talvez seja um exagero, mas, para que dela fique alguma marca indelével na história humana, será preciso que assuma resolutamente o que é específico de cada gênero. Sem prejuízoda divisão de responsabilidades sociais e sem a soberba dos seres esféricos que pretenderam invadir o Olimpo. Haverá mais chances de sucesso na vida afetiva e profissional e nenhuma necessidade de invejar os deuses. -, curo dialeto profissional no livro Dimensões simbólicas cia personalidade. A psicóloga Leniza Castello Branco, de São Paulo, completa e clarifica o raciocínio: "A mulher recupera seu lado masculino sem tornar-se lésbica, e o homem seu lado feminino sem tornarse gay". Para essa psicoterapcuta, a androginia traria um retorno do reprimido: o corpo, o sexo, a magia, o feminino. "Por causa do reprimido existe carnaval em todas as culturas", explica. "Permite-se a vivência do contrário, a inversão. O pobre se veste de rico, o homem se veste de mulher, alguns se fantasiam de animais. O carnaval é a festa de Dioniso, o deus pagão que representava o campo, a fertilidade, o vinho. Ele nasceu da coxa de Zeus, um andrógino, pois gestou um filho." Os primeiros andróginos explícitos da atual voga no Brasil começaram a aparecer na década de 70, inspirados em cantorespop americanos e, logo em seguida, brasileiros (veja o quadro). Naquela época não se viam, como hoje, homens e mulheres anônimos vestidos e penteados com tal ambigüidade 1 L - Judith Patarra, com Lina de Albuquerque Personas sexuais, Camille Paglia, Companh,a das Letras, São Paulo, 1992 Androginia -rumo a uma nova teoria da sexualidade, June Singer, Editora Cultrix, São Paulo, 1990 - Esses rapazes tão lindos gino. "Todas as O inconsciente humano sempre figuras masculiconviveu com nas do clássico italiano Leonaruma certa confudo Da Vinci são entre os dois (1452-1519) são gêneros. Os esfemininas e até cultores gregos clássicos fundiam mereceram um estudo de feminino e masFreud", lembra a culino de tal forpintora e profesma que, não raro, sora de desenho os restauradores Ely Bueno, de modernos equiSão Paulo. "Os vocaram-se rehomens e mulheconstruindo eferes de Marc Chabos (rapazes ado- Marilyn: auto retrato de Warhol? gall (1877-1985) lescentes) como apresentam ambigüidades de gênese fossem moças. Nos antigos baixoro. O contemporâneo americano relevos da India, da mesma forma, Andy Warhol (1927-1980) fez uma quase não há separação por sexo; Marilyn Monroe que é ele próprio. afinal, divindades precisam ser comHoje, o ótimo cuiabano Humberto pletas, não teria sentido empobrecêlas fazendo-as masculinas ou femi- Spíndola faz figuras andróginas. São ninas. Os pintores também criaram apenas alguns poucos exemplos", garante a pintora. mulheres e homens com jeito andró78 Ligações dúbias, porem amorosas 1 --1~M - Bruna-Diadorim mulher-homem Ambigüidade sexual intriga. Desde a antiguidade, o tema excita a imaginação humana. David Arrigucci, professor de Teoria Literária e Literatura Comparada da Universidade de São Paulo vai longe para apontar um exemplo: a peça As hacantes, do dramaturgo grego Eurípides (485-407 a.C.). Uma homenagem ao deus Dioniso (Baco, para os romanos), que se vestiu de mulher durante um longoperíodo. "Umexemplomais próximo e brasileiro", continua o professor, "está no romance Grande sertão veredas, do mineiro Guimarães Rosa. Ali se explora a ligação amorosa entre dois jagunços, Riobaldo e Diadorim, este uma mulher travestida de homem. E no começo do século o escritor cearense Domingos Olímpio explorou em Luzic,-Jio,nem, romance sobre as secas do Nordeste, uma personagem feminina dotada de força física e coragem." O tema da donzela-guerreira também foi estudado por Walnice Galvão Ferraz, professora de Teoria Literária da Universidade de São Paulo, no livro Gatos de outros sacos. Ela notou que as guerreiras têm nomes como Joana d'Are Palas Atena, a figura mitológica nascida da cabeça de Zeus.ou lansã, divindade do candomblé que roubou o raio da boca de Xangô e se tornou senhora das tempestades e das mulheres fortes. - SUPER JULHO 1993